prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos

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Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE Alves, RP 0 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FCF / FEA / FSP Programa de Pós-Graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada – PRONUT Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo - Pesquisa SABE Renata Pinotti Alves São Paulo 2006 Dissertação para obtenção do grau de Mestre Orientadora: Profª Drª Maria de Fátima Nunes Marucci

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Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

0

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FCF / FEA / FSP

Programa de Pós-Graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada – PRONUT

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo

- Pesquisa SABE

Renata Pinotti Alves

São Paulo

2006

Dissertação para obtenção do grau de Mestre

Orientadora: Profª Drª Maria de Fátima Nunes Marucci

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

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RENATA PINOTTI ALVES

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo - Pesquisa SABE

Comissão Julgadora Dissertação para obtenção do grau de Mestre

Profª Drª Maria de Fátima Nunes Marucci (Orientador/Presidente)

__________________________

Prof. Dr. José Maria Pacheco de Souza

__________________________

Prof. Dr. Sami Liberman

São Paulo, 21 de dezembro de 2006.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profª. Drª. Maria de Fátima Nunes Marucci, por

todos os ensinamentos, oportunidades, confiança, apoio, compreensão,

carinho e amizade prestados durante estes anos e, principalmente, pelo meu

amadurecimento profissional e acadêmico.

À Profª. Drª. Ana Gambardela, por ter me apresentado à Profª Fátima,

pela confiança no meu trabalho e indicações,.., enfim, por ter direcionado o

rumo certo que minha vida deveria seguir.

Ao Prof. Dr. José Maria Pacheco de Souza, por sua paciência,

dedicação; carinho e preocupação em me ajudar com as análises estatísticas

da dissertação. “Todas as palavras serão poucas para demonstrar o quão

grata eu sou pela ajuda do senhor. Muito obrigada mesmo”.

À Profª. Drª. Sônia Bungermino de Souza por todo carinho, auxílio e

oportunidade de aprendizado na disciplina Dietoterapia, que foi de grande

valia para minha formação como professora.

À minha família: Papai, Mamãe, Rô e Rafa, que eu amo tanto, por toda

força, por acreditarem e torcerem por mim, enfim, por me amarem sempre,

independente da distância que nos separa. Em especial, pela ajuda da minha

mãezinha na configuração da dissertação.

Às minhas queridas estagiárias: Líria, Regicely Aline, Roseane, Lívia,

Silvana e Mariana e ao querido Benê, pela ajuda e “socorro” na Secretaria,

para que eu pudesse cumprir os créditos, ir às reuniões, por tudo!!! Graças a

vocês eu consegui terminar a dissertação!!

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Às minhas amigas, que sempre estiveram do meu lado, mesmo nos

dias mais chatos, em especial:

� À Tatiana, que está sempre ao meu lado, incentivando e apoiando!

� À Mônica, que cumpriu quase todos os créditos comigo, me ajudou em

tudo na dissertação, me avisando sobre os prazos e burocracias afins,

me salvou tantas vezes! “Ai, que saudade dos momentos de café com

chocolate”.

� À Karina, que praticamente virou minha motorista quando eu quebrei o

pé e tinha aula no Campus, buscou documentos para mim no Campus,

sempre do lado me ajudando no que precisava.

� À Mariana, amiga desde o 1º dia de aula na faculdade, sempre me

ajudando com artigos, aulas, sempre me socorrendo.

� À Andréa Latterza e Vera Lúcia de Salvo, que ouviram meus gritos de

socorro e meus surtos de “não vou dar conta”, sempre me acalmando

e me dando forças para continuar.

A todos que, direta ou indiretamente, me ajudaram a atravessar mais

uma importante e difícil fase da minha vida e estão ao meu lado neste

momento, compartilhando mais uma conquista!

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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“Dedico esta dissertação aos velhinhos

da minha vida, meus avós queridos”.

(para os que aqui estão e para os que,

infelizmente, já se foram).

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“Curar quando possível, aliviar quase sempre, consolar sempre” “Faz do alimento seu remédio”.

Hipocrates

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RESUMO

Alves, R P. Prevalência de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo - Pesquisa SABE [dissertação de mestrado]. São Paulo: Programa de Nutrição Humana Aplicada – PRONUT – FCF/FEA/FSP da USP; 2006. Orientadora: Profª Drª Maria de Fátima Nunes Marucci Endereço eletrônico: [email protected] Objetivo: Verificar a prevalência de desnutrição e risco de desnutrição em idosos não institucionalizados. Casuística: Idosos (> 60 anos), de ambos os sexos, residentes na área urbana do município de São Paulo (Brasil), que participaram da Pesquisa Saúde, Bem Estar e Envelhecimento (SABE), 2000. Método: a desnutrição foi diagnosticada a partir da Mini Avaliação Nutricional® (MAN), foi aplicado teste de regressão linear ordenada e logística ordenada. Resultados: A amostra foi de 1788 indivíduos, que representaram população de 699.392 idosos. Destes, 2,2% (n=15.600) apresentaram desnutrição e 23,1% (n=161.511) com risco de desnutrição. Houve aumento significativo desta prevalência (P<0,05) em idosos mais velhos, atingindo percentual de 6,6% nas mulheres e 3,9% nos homens acima de 80 anos. Não houve correlação significativa entre desnutrição e sexo (P>0,05). Conclusão: A prevalência de desnutrição foi baixa, dentro do esperado para idosos não institucionalizados (2,2%) e a prevalência de risco de desnutrição foi de 23,1%. O aumento da idade é um fator de risco para desnutrição. Palavras-chave: Desnutrição, idosos, Mini Avaliação Nutricional.

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ABSTRACT Alves, R P. Prevalence of malnutrition and of risk of malnutrition in no institutionalized elderly that sheltered in São Paulo´s city (Brazil)- SABE Research [master thesis]. São Paulo: Human Applied Nutrition Program being - PRONUT - FCF/FEA/FSP from USP; 2006. Instructors: Prof. Drª. Maria de Fatima Nunes Marucci Electronic address: [email protected] Objective: To Verify the prevalence of malnutrition and of risk of malnutrition in no institutionalized elderly. Casuistic: elderly (> 60 years), of both genders, sheltered in the urban area of São Paulo’s City (Brazil), who had participated of the Survey on Aging, Health, Wellbeing (SABE), 2000. Method: The malnutrition and the risk of malnutrition were detected from the Mini Nutritional Assessment® (MAN), and utilized the ordered liner and ordered logistic regression test. Results: The sample was of 1788 persons that had represented the population of 699.392 aged ones. Of these, 2.2% (n=15.600) had presented malnutrition and 23.1% (n=161.511) with risk of malnutrition. It had considerable increase in this prevalence (p < 0,05) in older aged, achieving the percent level of 6,6% in women and 3.9% in men over than 80 years. It did not have noteworthy association between malnutrition and gender (p>0,05). Conclusion: The malnutrition prevalence was low, according to the research expectations to no institutionalized elderly (2,2%) and the prevalence of risk of malnutrition (23,1%). The age is a factor of risk to malnutrition. Keywork: Malnutrition, elderly, Mini Nutritional Assessment.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 11

1.1 O envelhecimento populacional .......................................... 11

1.2 O processo de envelhecimento humano ........................... 13

1.3 Desnutrição e envelhecimento............................................. 15

1.3.1 Etiologia da desnutrição em idosos.............................................. 16

1.3.2 Epidemiologia da desnutrição em idosos..................................... 19

1.4 Mini Avaliação Nutricional (MAN)® ........................................ 23

2. HIPÓTESE ................................................................................................ 29

3. OBJETIVOS............................................................................................... 30

4. MÉTODOS................................................................................................. 31

4.1 Delineamento do estudo........................................................... 31

4.2 População de estudo e amostragem.................................. 32

4.3 Variáveis do estudo................................................................... 33

4.3.1 Variáveis explanatórias................................................................ 33

4.3.2 Variável dependente.................................................................... 33

4.3.2.1 Avaliação do estado nutricional....................................... 33

4.4 Análise estatística..................................................................... 43

5. RESULTADOS........................................................................................... 44

6. DISCUSSÃO.............................................................................................. 51

7. CONCLUSÃO............................................................................................ 61

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 62

ANEXOS 70

ANEXO 1 – Aprovação da pesquisa SABE pela CONEP e CEP/FSP/USP 01

ANEXO 2 – Aprovação do projeto de pesquisa pela CEP/FCF/USP 04

ANEXO 3 - Solicitação do uso do banco de dados da Pesquisa SABE 06

ANEXO 4 – Informações aos membros da banca 08

ANEXO 5 – Ficha do aluno 10

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Mini Nutritional Assessment (MNA®). 35

Quadro 2 – Questões do banco de dados da Pesquisa SABE, correspondestes às questões da MAN®.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição da amostra do estudo, segundo sexo e grupo etário.

44

Tabela 2 – Distribuição da população de estudo, segundo sexo e grupo etário.

45

Tabela 3 – Distribuição da população,segundo diagnóstico nutricional.

46

Tabela 4 – Prevalência de idosos desnutridos, com risco de desnutrição e sem risco de desnutrição, segundo sexo e grupo etário.

47

Tabela 5 – Análise de regressão múltipla logística ordenada das três categorias do diagnóstico nutricional, segundo sexo e grupo etário.

48

Tabela 6 – Análise de regressão logística das duas categorias de diagnóstico nutricional, segundo sexo e grupo etário.

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LISTA DE FIGURA

Gráfico 1 - Prevalência de desnutrição em idosos, de diferentes cenários, segundo países desenvolvidos.

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Gráfico 2 – Prevalência de idosos desnutridos e com risco de desnutrição, segundo sexo e grupo etário

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LISTA DE SIGLAS

AMB Área Muscular do Braço

DNT Desnutrição

IMC Índice de Massa Corporal

MAN® Mini Avaliação Nutricional

PNSN Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição

RDNT Risco de desnutrição

S/RDNT Sem risco de desnutrição

SABE Pesquisa Saúde, Bem Estar e Envelhecimento

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1. INTRODUÇÃO

1.1 O envelhecimento populacional

O envelhecimento populacional, caracterizado pelo aumento de

indivíduos idosos na população total, tanto em números absolutos

quanto em números relativos, é hoje uma realidade, não apenas

dos países desenvolvidos, mas do mundo todo (SILVA, 2000; PALLONI e

PELÁEZ, 2003).

São considerados idosos indivíduos com 65 e mais nos países

desenvolvidos e com 60 anos e mais nos países em desenvolvimento, entre

eles o Brasil (BRASIL, 1994; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Segundo os resultados da amostra do Censo Demográfico feito pelo

IBGE, em 1996, havia 836.223 idosos no município de São Paulo,

correspondendo a 8,1% da população. No ano 2000, o percentual de idosos

aumentou para 8,9% da população, o que equivale em números absolutos, a

973.007 idosos.

Espera-se que a fração da população com 60 anos e mais, em alguns

países da América Latina, aumente acentuadamente e se aproxime dos

valores alcançados pelos Estados Unidos e Japão (PALLONI e PELÁEZ,

2003). A projeção para 2025 é que o Brasil possuirá cerca de 32 milhões de

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idosos, o que o caracterizará como o sexto país do mundo com o maior

número de idosos (KALACHE e col., 1987; FLORENTINO, 2002).

Entretanto, nos países desenvolvidos, este processo se deu de forma

lenta e gradativa. Já nos países em desenvolvimento, a velocidade de

envelhecimento populacional está surpreendentemente acelerada. Esta

brusca transição demográfica deve-se à queda nos coeficientes de

fecundidade e de mortalidade concentrada em poucos anos, concomitante à

introdução de métodos de controle da natalidade; melhoria nas condições de

vida (alimentação, moradia) e evolução tecnológica e científica, propiciando

diagnósticos e tratamentos mais precoces (PALLONI e PELÁEZ, 2003;

WALDMAN, 2000).

Estes fatores contribuíram para o aumento da esperança de vida e

mudança na estrutura etária da população, ilustrada atualmente no Brasil

pela pirâmide populacional de base estreita, alargando-se para o topo

(MARUCCI e PINOTTI, 2006).

A transição demográfica presenciada atualmente não influenciou

apenas a estrutura etária da população, como também levou a uma mudança

no perfil de morbi-mortalidade, ou seja, à transição epidemiológica. Em 1950,

as principais causas de morte na população eram as doenças infecciosas e

parasitárias (40%). Hoje, são as doenças crônicas não transmissíveis

(doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, câncer) que

predominam, correspondendo atualmente a 30%, sendo que, em 1950,

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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representavam apenas 12% da taxa de mortalidade nesta população

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Além disso, como há um excedente de mortalidade nos homens com

relação às mulheres, em todas as idades, o aumento da expectativa de

vida também favoreceu a predominância do sexo feminino dentre os

idosos. De acordo com a pesquisa SABE (Saúde, Bem-Estar e

Envelhecimento), realizada no município de São Paulo em 2000, o número

de mulheres acima de 60 anos é maior do que de homens, correspondendo

a 58,6% e 41,4% da população, respectivamente (LEBRÃO, 2003).

Considerando que o processo de envelhecimento tem repercussões

diretas nos setores sociais, econômicos, políticos, de assistência e serviços

de saúde, o grande desafio é saber como lidar com tal situação, uma vez que

tanto a população como os órgãos públicos nunca estiveram preparados para

isto.

1.2 O processo de envelhecimento humano

O envelhecimento humano é considerado um processo natural,

dinâmico, progressivo e irreversível, em que ocorrem alterações

morfológicas, bioquímicas, fisiológicas, comportamentais e psicossociais

(PAPALÉO NETTO e BORGONOVI, 2002).

Tais alterações acarretam perdas progressivas da capacidade de

adaptação ao meio ambiente e prejuízo na forma de se alimentar, tornando o

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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idoso mais vulnerável e propício a desenvolver má nutrição e processos

patológicos (PAPALÉO NETTO e BORGONOVI, 2002; FLORENTINO, 2002).

Segundo Jacob Filho e Souza (1994) é preciso ter um aprofundado

conhecimento das alterações decorrentes do envelhecimento e dos fatores a

que estes indivíduos estão vulneráveis para a prevenção de dois tipos de

vícios de interpretação, que infelizmente são muito comuns:

1. considerar, erroneamente, todas as alterações encontradas no

idoso como processo natural de envelhecimento, prejudicando o diagnóstico

de enfermidades passíveis de tratamento e/ou cura;

2. diagnosticar de forma equivocada doenças a partir dos sinais e

sintomas decorrentes das alterações fisiológicas do processo de

envelhecimento, levando profissionais da saúde a tratarem o envelhecimento

como uma enfermidade.

Löwik e col. (1989) e Westenbrink e col. (1989) citam que pessoas

idosas são mais vulneráveis à desnutrição.

As alterações decorrentes do envelhecimento, como diminuição da

independência, mudanças no estilo de vida e nas condições sócio-

econômicas, alterações orgânicas e fisiológicas, presença de enfermidades

influenciam diretamente o estado nutricional do idoso, caracterizando-o como

um segmento da população com características peculiares no que diz

respeito à ingestão de alimentos e absorção de nutrientes, diagnóstico

nutricional e resposta à terapia dietética (PAPALÉO NETTO e BORGONOVI,

2002; SILVA, 2000).

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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1.3 Desnutrição e envelhecimento

Diferentes estudos, em diferentes países, vêm mostrando a elevada

prevalência de distúrbio nutricional na população idosa, em que a desnutrição

e o excesso de peso predominam sobre os indivíduos com peso adequado

(AMERICAN ACADEMY OF FAMILY PHYSICIANS, THE AMERICAN

DIETETIC ASSOCIATION e NATIONAL COUNCIL ON THE AGING,

Inc.,1994).

Caldwell e col. (1981) definem desnutrição como “um estado mórbido

secundário a uma deficiência, relativa ou absoluta, de um ou mais nutrientes

essenciais, que se manifesta clinicamente ou é detectado por meio de testes

bioquímicos, antropométricos e topográficos ou fisiológicos”.

Em idosos, a desnutrição, quando avançada, pode apresentar-se na

forma de sarcopenia, caracterizada pela perda involuntária de massa

muscular, que está associada à diminuição da força muscular,

comprometimento da capacidade funcional e, consequentemente, da

independência (LAURETANI e col., 2003; ROLLAND e col., 2003).

Entretanto, frequentemente, a desnutrição não é diagnosticada neste

grupo etário, pois é mascarada pelos fatores decorrentes do envelhecimento.

Outro fator que caracteriza tal realidade é a ausência ou baixa qualidade na

utilização de métodos diagnósticos e registros de diagnóstico do estado

nutricional nos serviços de saúde do país (WAITZBERG e col., 1999; SILVA

2000; OTERO e col., 2002).

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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1.3.1 Etiologia da desnutrição em idosos

Denominam-se fatores de risco para o pobre estado nutricional as

situações que estão associadas ao aumento da probabilidade de desnutrição

ou de outro tipo de má nutrição, como: presença de doenças agudas ou

crônicas, ingestão alimentar inadequada, pobreza,

dependência/incapacidade, uso crônico de medicamentos (AMERICAN

ACADEMY OF FAMILY PHYSICIANS, THE AMERICAN DIETETIC

ASSOCIATION e NATIONAL COUNCIL ON THE AGING, Inc.,1994).

O próprio processo de envelhecimento humano pode acarretar

alterações fisiológicas, morfológicas, socioeconômicas, culturais e

psicológicas que favorecem a perda de peso e, conseqüentemente, a

desnutrição (WHITE, 1994; BATES e col., 2002).

A mudança na composição corporal, caracterizada pela redução de

massa magra (água, tecido ósseo, tecido muscular) e de massa adiposa

inicia-se a partir da terceira década de vida, podendo chegar a uma perda de

0,3kg/ano, o que pode predispor a uma desnutrição protéica e até sarcopenia

(WHO, 1995; MORIGUTI e col., 2001, ACUÑA e CRUZ, 2004). Segundo

Bates e col. (2002), a redução de massa magra é acentuada após os

70 anos, podendo diminuir até 40%, quando comparado a um adulto jovem

(5kg nas mulheres e 12kg nos homens).

A diminuição da acuidade do olfato; da gustação, caracterizada pela

redução da sensibilidade por gostos primários (doce, amargo, ácido e

salgado); xerostomia, dificuldade de mastigação, devido à ausência de

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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dentes, próteses inadequadas, gengivites, são alterações comumente

presenciadas no idoso e acarretam prejuízos na quantidade e na qualidade

dos alimentos ingeridos (BATES e col., 2002; SILVA, 2005).

Algumas situações, como a perda do cônjuge, morar sozinho ou estar

institucionalizado, a sensação de abandono, diminuição da mobilidade e

independência, a perda do papel social diante da sociedade com a vigência

da aposentadoria, os constantes conflitos e quadros de depressão e

demência, normalmente levam o idoso à solidão e ao isolamento social,

acarretando desinteresse nas atividades diárias, dentre elas a de

preparar refeições variadas e até de se alimentar (FLORENTINO, 2002;

SCATTOLIN e col., 2005).

A presença de doenças aguda ou crônica também afeta o estado

nutricional, seja pela necessidade de restrição dietética, pela alteração nas

necessidades diárias, ou por alterarem os processos metabólicos de

digestão, absorção e excreção de nutrientes. Concomitante à presença de

enfermidades, há a necessidade de medicação, que neste grupo etário

geralmente é elevada. A interação entre drogas, drogas e nutrientes e efeitos

colaterais (como xerostomia, anorexia) podem prejudicar a digestão de

alimentos e absorção de nutrientes, debilitando ainda mais o estado

nutricional (ALENCAR e CURIATI, 1994, MARUCCI e GOMES, 1997,

MARUCCI e col,, 2007; BATES e col., 2002).

Os resultados de um inquérito domiciliar publicados em 1993,

realizado com 1.602 idosos, residentes no distrito de São Paulo, mostraram

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

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que 86% da população apresentaram pelo menos um tipo de doença

crônica (RAMOS e col., 1993).

O custo despendido com o tratamento de indivíduos com doenças

é alto e onera o serviço público e o orçamento familiar, uma vez que o

serviço púbico de saúde nem sempre consegue atender a todos os que

dele necessitam. Considerando que grande parte dos idosos possui uma

baixa renda orçamentária, em decorrência dos insuficientes recursos

econômicos provenientes de aposentadorias e/ou pensões, os custos com

o tratamento das pessoas doentes acabam sendo priorizados, prejudicando a

aquisição de alimentos (MARUCCI 1998; 2000).

A estimativa média é que mais de 15% dos idosos apresentam

alimentação diária, cujo valor calórico é inferior a 1.000 kcal/dia,

aumentando esta porcentagem entre as populações menos favorecidas

economicamente. Além da diminuição na quantidade calórica, como os

idosos tendem a consumir alimentos de menor custo e mais fácil

preparo, como pães, bolachas, normalmente fontes de carboidrato, a

oferta de alimentos mais caros, como carnes e laticínios, acaba ficando

prejudicada, contribuindo para a monotonia da alimentação, deficiência

de alguns nutrientes (proteínas, cálcio, ferro, vitamina B12) e,

conseqüentemente, para a deficiência nutricional (MARUCCI, 1998; 2000;

CAMPOS e col., 2000).

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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1.3.2 Epidemiologia da desnutrição em idosos

No início da década de 90, a freqüência de baixo peso em idosos era

de 20,75% em homens e 17% das mulheres, o que representava em

números absolutos 1,3 milhões de idosos com baixo peso no Brasil. Os

idosos de baixa renda eram os mais atingidos, visto que, à medida que

aumentava a renda per capita, reduzia o percentual de baixo peso (CAMPOS

e col., 2000).

A Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em

1989 para verificar as condições nutricionais da população brasileira, mostrou

que a prevalência de desnutrição em idosos ( >65 anos), diagnosticada

através do IMC < 20 kg/m², foi de 16,75% nos homens e 13,37% nas

mulheres (COUTINHO e col., 1991).

Tavares e Anjos (1999) avaliaram os dados da PNSN com outros

pontos de corte de IMC (<18,5 kg/m²) e verificaram que a prevalência de

magreza nesta população foi de 7,8% nos homens e 8,4% nas mulheres.

Os resultados de estudo realizado por Landi e col. (1999), com idosos

vivendo no domicílio, na cidade de Rovereto na Itália, no período de 1994 a

1996, mostraram que 33,3 % da população apresentavam desnutrição (IMC <

22kg/m²).

DELACORTE e col. (2004) realizaram estudo para avaliar o estado

nutricional de idosos, vivendo no domicílio, na cidade de Ribeirão Preto,

localizada no estado de São Paulo, Brasil. Os resultados mostraram que,

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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dos 42 idosos avaliados, 13 apresentaram risco de desnutrição e 9 estavam

desnutridos, usando a Mini Avaliação Nutricional®.

GUIGOZ e VELLAS (1999) verificaram que, em diferentes países da

Europa e nos EUA, a desnutrição prevaleceu nos idosos hospitalizados e

institucionalizados aos não institucionalizados, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1. Prevalência de desnutrição em idosos, de diferentes cenários, segundo países desenvolvidos.

Legenda: RU = Reino Unido; Fr = França, Hol = Holanda; Sue = Suécia; Sui = Suiça; Ale = Alemanha; EUA = Estados Unidos da América. Fonte: Guigoz e Vellas, 1999.

A desnutrição é característica marcante de anciãos internados,

institucionalizados e/ou que moram sozinhos (GUIGOZ e VELLAS,1999).

Segundo VELLAS e col. (2001), a desnutrição em pacientes idosos

hospitalizados, institucionalizados e/ou sob cuidados de algum sistema de

atendimento domiciliar, apresenta uma prevalência de 30-60%, enquanto

em idosos não institucionalizados a prevalência é de 5-10%.

0102030405060708090

Hol1992

Sue1992

Fr1992

RU1972

RU1979

Ale1992

Sue1992

Fr1990

Sui1985

EUA1989

EUA1990

EUA1992

Não Institucionalizados Hospitalizados Institucionalizados

2-7%

22-59% 30 – 85%

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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Scattolin e col. (2005) avaliaram o estado nutricional de idosos

internados na enfermaria do Hospital Leonor Mendes de Barros – Conjunto

Hospitalar de Sorocaba, São Paulo, Brasil, por meio da Mini Avaliação

Nutricional® . Os resultados mostraram que, dos 51 pacientes avaliados,

25% apresentaram desnutrição, 44%, risco de desnutrição e apenas 31% não

apresentavam risco de desnutrição.

No Brasil, foi realizado pela Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e

Parenteral o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar

(IBRANUTRI), estudo epidemiológico, transversal, que avaliou o estado

nutricional de 4.000 pacientes adultos e idosos, internados na rede pública

hospitalar de 12 estados brasileiros e Distrito Federal, entre 1° de maio e 15

de novembro de 1996 (WAITZBERG e col., 1999). O método de avaliação

nutricional usado neste estudo foi a Avaliação Nutricional Subjetiva. Os

resultados mostraram que 48,1% dos pacientes doentes internados eram

desnutridos e a porcentagem de pacientes desnutridos aumentava,

progressivamente, com o tempo de internação; 81,2% dos pacientes não

tinham qualquer referência de estado nutricional registrada em prontuário,

sendo que havia balança a menos de 50 m de distância do leito dos

pacientes; os indivíduos desnutridos apresentavam tempo maior de

internação (13 dias) do que os não desnutridos (6 dias) (WAITZBERG e col.,

1999).

Os resultados do IBRANUTRI enfatizam o que também foi verificado

por outros autores, que um estado nutricional deficiente está associado

diretamente a um pior prognóstico clínico, maior susceptibilidade a infecções,

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

22

maior incidência de morbi-mortalidade, maior tempo de internação e redução

da qualidade de vida (CHUMLEA e col., 1998; SILVA, 2000; SHINTAKU

2003).

Otero e col. (2002) realizaram estudo para verificar a incidência de

mortalidade em idosos por desnutrição no Brasil, de 1980-1997. Os

resultados mostraram que ocorreram 36.955 óbitos por desnutrição em

idosos no país neste período, sendo que 64,9% do total (23.968) foram na

região Sudeste.

Landi e col. (1999) verificaram associação entre taxa de mortalidade e

IMC em idosos italianos não institucionalizados. Os resultados mostraram

que idosos com IMC < que 22 kg/m² apresentavam maior risco de morrer

(IMCxtaxa de mortalidade:>27kg/m²=4%; 22-27kg/m²=6,5%; <22kg/m²=22%).

A melhor forma de prevenir as complicações decorrentes da

desnutrição é prevenindo-a e/ou tratando-a precocemente, antes que o idoso

seja hospitalizado, institucionalizado ou acometido por outra enfermidade.

Para isto, a implantação de métodos eficazes que permitam a avaliação e

diagnóstico nutricional destes pacientes se faz cada vez mais necessária.

Dentre os métodos de avaliação do estado nutricional que existem

atualmente, a Mini Avaliação Nutricional (MAN®) e a Avaliação Subjetiva

Global (ASG) são considerados métodos rápidos, práticos, não invasivos e

eficazes. Entretanto, a ASG não é específica para idosos, sendo usada em

pacientes hospitalizados de uma maneira geral (MARUCCI e col., 2007). Já a

MAN® é específica para este grupo etário, pois aborda os principais

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

23

indicadores de risco de desnutrição comuns em idosos (VELLAS e col. 1998;

BARONE e col., 2003).

1.4 MINI AVALIAÇÃO NUTRICIONAL (MAN) ®

A MAN® é um método de avaliação nutricional, desenvolvido por

pesquisadores franceses, americanos e suíços com o objetivo de

diagnosticar a desnutrição e o risco de desnutrição em idosos de forma

precoce e favorecer a intervenção quando necessária (GUIGOZ e col., 1996).

A validação e a validação cruzada deste método foram decorrentes de

um conjunto de pesquisas, realizadas nos departamentos de medicina interna

e gerontologia clínica do Hospital Universitário de Toulouse, França; do

programa de nutrição clínica da Faculdade do Novo México, EUA, e do

Centro de Pesquisa Nestlé em Lausanne, Suíça. Foram realizados 3 estudos

sucessivos, com mais de 600 idosos, incluindo indivíduos saudáveis e ativos,

frágeis, restritos ao lar ou internados (GUIGOZ e col., 1996).

O primeiro estudo foi realizado no ano de 1991 em Toulouse (França)

com o objetivo de testar a MAN® em 155 idosos. O segundo estudo, também

realizado em Toulouse, em 1993, teve o objetivo de validar e avaliar o

potencial discriminatório da MAN® com 120 idosos saudáveis e frágeis. Os

resultados destes estudos mostraram que 70 a 75% dos indivíduos

poderiam ser diretamente classificados como desnutridos ou não

desnutridos pela MAN®, sem a necessidade de exames bioquímicos. O

terceiro estudo foi realizado em Albuquerque (Novo México), em 1993, com o

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

24

objetivo de avaliar a MAN® em uma população saudável e não

institucionalizada e também validá-la num contexto de cultura diferente

(GUIGOZ e col., 1996; VELLAS e col., 1999).

A MAN® é constituída por 18 questões divididas em 4 seções:

(1) avaliação antropométrica;

(2) avaliação global;

(3) avaliação dietética;

(4) avaliação subjetiva.

Cada pergunta recebe uma pontuação, totalizando 30 pontos. Os

indivíduos com pontuação ≥24, são considerados sem risco de desnutrição;

entre 17 e 23,5 pontos, com risco de desnutrição e <17 pontos

como desnutridos (GUIGOZ e col., 1996; VELLAS e col., 1999).

As questões abordadas na MAN® são consideradas indicadores de

desnutrição em idosos, pois além de serem alterações normalmente

encontradas em idosos desnutridos, elas apresentam correlação direta com

os fatores de risco para o pobre estado nutricional (AMERICAN ACADEMY

OF FAMILY PHYSICIANS, THE AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION e

NATIONAL COUNCIL ON THE AGING, Inc., 1994).

Vários estudos realizados com idosos de diferentes locais

(hospitalizados, institucionalizados, em suas casas, em clínicas) e diferentes

países (Bélgica, Dinamarca, França, Grécia, Irlanda, Itália, Polônia, Espanha,

Suécia, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos), também apresentaram

resultados satisfatórios com relação à sensibilidade e especificidade da

MAN® quando comparada com métodos objetivos de avaliação do estado

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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nutricional, como com um conjunto de variáveis antropométricas e

bioquímicas, com métodos subjetivos e com métodos que auxiliam na

avaliação do risco para desnutrição como o Mini Mental Status Exam (MMSE)

e as Activies of Daily Living (ADL) (GUIGOZ e col., 1996; VELLAS e col.,

1999). No Brasil, FERREIRA (2005) verificou, em seu estudo com idosos

institucionalizados de Guaratinguetá, São Paulo, Brasil, que a MAN®

apresenta boa sensibilidade (84%), mas baixa especificidade (36%).

Segundo Guigoz e col. (1996), os estudos realizados para validação

da MAN® verificaram que ela apresenta uma boa correlação com

indicadores objetivos do estado nutricional (variáveis antropométricas e

bioquímicas). Foi verificado por Vellas e col. (1999) que indivíduos com

pontuação menor que 17 também apresentavam valor de IMC e albumina

inferior ao valor de referência para indivíduos não desnutridos. Por esta

razão, estes autores consideram possível classificar idosos com pontuação

<17 com desnutrição protéico-calórica.

Como a MAN® avalia uma série de fatores biopsicossociais

decorrentes do processo de envelhecimento, os quais são considerados

fatores de risco nutricional para esta população, não verificando

apenas as variáveis antropométricas, ela pode sinalizar precocemente o

risco de desnutrição, antes mesmo de haver alguma alteração de peso ou

composição corporal (GUIGOZ e col., 1996; VELLAS e col., 1999,

KONDRUP e col., 2002).

Alguns estudos também têm usado o IMC como indicador de avaliação

do estado nutricional de idosos. Entretanto, os pontos de corte de IMC

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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26

sugerido pela WHO, 1995 e 2000, para peso adequado (18,5-24,9 kg/m²) não

é considerado ideal para a população idosa, uma vez que maiores reservas

de gordura seriam consideradas fator protetor, garantindo maior expectativa

de vida ao idoso. A American Academy of Family Physicians, The American

Dietetic Association e National Council on the Aging Inc. (1994) sugerem

que os pontos de corte de IMC para classificação de peso adequado

nesta população sejam entre 22 e 27 kg/m². Já a Organização Pan-America

de Saúde (OPAS) (2002), utilizou valores entre 23 e 28 kg/m² na

pesquisa SABE.

Estudo realizado na Suécia, por SALETTI e col. (2000), avaliou o risco

de desnutrição e desnutrição em 872 idosos institucionalizados através da

MAN e do IMC, durante o ano de 1992. Foi verificado que 71% da

população estudada apresentaram desnutrição pela MAN (<17 pontos),

enquanto apenas 33% dos idosos foram classificados como desnutridos

segundo o IMC ( <20 kg/m²). Entretanto, estes autores verificaram que,

agrupando-se os indivíduos que apresentaram IMC < que 23 kg/m², a

prevalência de desnutrição foi de 70%, ou seja, valor similar à porcentagem

de idosos com pontuação <17 pela MAN (71%), obtendo a mesma proporção

de desnutridos por ambos os métodos.

Bleda e col. (2002), após estudo realizado em Barcelona, Espanha,

Europa, com 67 pacientes idosos, em que foi feita avaliação nutricional

destes indivíduos através da MAN por 2 enfermeiras treinadas, verificaram

que este método além de prático e rápido, também apresentou boa

reprodutibilidade.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

27

Com relação à execução da MAN, na grande totalidade dos estudos

realizados, os autores referenciam-na como sendo um método sistemático,

objetivo, rápido (cerca de 10-15 minutos para preenchimento), relativamente

fácil, não invasivo, além de não requerer um especialista em nutrição para

realizá-la e dispensar a necessidade de realização de exames bioquímicos,

tornando-a também mais barata que outros métodos (GARRY e VELLAS

1999; VELLAS e col., 1999; GUIGOZ e col., 1996; BLEDA e col., 2002).

Entretanto, Ferreira (2005) verificou em seu estudo com idosos

institucionalizados na cidade de Guaratinguetá, São Paulo, Brasil, que a

MAN® não pode ser realizada por profissionais de qualquer formação, uma

vez que possui questões de competência específica de algumas áreas da

saúde, como aferição de medidas antropométricas e inquérito sobre hábitos

alimentares, e a utilização da MAN por profissionais não aptos pode

comprometer o resultado final. A autora também observou que o tempo

despendido para a realização da MAN® é maior que o citado por outros

autores (10-15 minutos), devido à complexidade das questões e à dificuldade

de se abordar o idoso, principalmente em casos de demência, em que é

necessário um cuidador para responder às questões. Com relação à

avaliação do estado cognitivo do idoso, Ferreira (2005) recomenda que seja

feito a partir de métodos de triagem específicos, como o Mini Mental Status

Exam (MMES).

A MAN® é um bom método de avaliação da desnutrição e risco de

desnutrição precoce, pois ela também aponta quais são os fatores

determinantes da desnutrição, sinalizando onde deverá ser realizada a

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intervenção nutricional, favorecendo a reversão do quadro de forma precoce

(VELLAS e col., 1998; GARRY e VELLAS, 1999).

Além disso, a MAN também pode ser utilizada na determinação de

diretrizes para o tratamento dietético deste grupo etário, como citado por

Garry e Vellas (1999).

Segundo Murphy e col. (2000), a prevalência de desnutrição em idosos

não institucionalizados é baixa. Apesar de as alterações biopsicossociais,

decorrentes do processo de envelhecimento, serem consideradas fatores de

risco para desnutrição, espera-se que idosos não institucionalizados

apresentem melhores condições de saúde, maior ingestão de alimentos e

menor exposição a tais fatores de risco, consequentemente, menor

prevalência de desnutrição do que idosos institucionalizados como verificado

por Guigoz e Vellas (1998) e Löwik e col. (1992).

Entretanto, no Brasil, não existem estudos utilizando amostra

representativa da população, sobre a prevalência de desnutrição em idosos

não institucionalizados. Coutinho e col (1991) e Tavares e Anjos (1999)

publicaram trabalhos sobre o estado nutricional de adultos e idosos no Brasil,

porém os dados destes estudos são provenientes da Pesquisa Nacional

sobre Saúde e Nutrição (PNSN), coletados em 1989.

Por esta razão, faz-se necessária a realização de estudos que

mensurem a prevalência de desnutrição em idosos uma vez que possibilitam

o tratamento precoce, a prevenção de maiores agravos à saúde, além de

direcionar programas e políticas públicas destinadas à promoção da saúde e

prevenção de doenças neste grupo etário.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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2. HIPÓTESE

As prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não

institucionalizados são baixas.

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3. OBJETIVO

Estimar as prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em

idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo,

segundo sexo e grupo etário.

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4. MÉTODOS

4.1 Delineamento do estudo

Para este trabalho foi utilizado o banco de dados da Pesquisa SABE,

que é um estudo epidemiológico, transversal, multicêntrico, de base

populacional (LEBRÃO e DUARTE, 2003) .

A pesquisa SABE (PELÁEZ e col., 2003) foi realizada em sete países

da América Latina (Argentina, Barbados, Cuba, Uruguai, Chile, México e

Brasil) e Caribe, com idosos não institucionalizados. Os métodos utilizados

pelos entrevistadores foram padronizados em todos os locais em que a

pesquisa foi realizada, sendo utilizado um questionário multidimensional

[http://www.fsp.usp.br/sabe].

No Brasil, a pesquisa foi realizada no município de São Paulo,

coordenada por docentes da Faculdade de Saúde Pública da Universidade

de São Paulo.

A pesquisa SABE foi aprovada pela CONEP e o pelo Comitê de Ética

da Faculdade de Saúde Pública da USP, e financiada pela FAPESP,

processo nº 99/05/25-7, Ministério da Saúde e OPAS (Anexo 1).

Para a realização deste trabalho, o projeto foi encaminhado e

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas da USP, protocolo CEP nº 342 (Anexo 2).

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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4.2 População de estudo e amostragem

A população estudada foi constituída por indivíduos com 60 anos e

mais, de ambos os sexos, residentes em domicílio na área urbana do

município de São Paulo no ano 2000, que concordaram em participar da

Pesquisa sobre Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE), organizada

pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) (SILVA, 2003).

O trabalho de campo para a coleta de dados foi realizado no período

de janeiro de 2000 a março de 2001 (SILVA, 2003).

De acordo com o recenseamento realizado pela Fundação do IBGE,

em 1996, o número de idosos na cidade de São Paulo era de 836.223,

correspondendo a 8,1% da população. Com base neste dado, para atender

ao plano de análise estatística, o tamanho inicial da amostra seria de 1.500

idosos, distribuídos segundo sexo e grupo etário. Entretanto, esta amostra foi

ampliada para a população acima de 75 anos, devido à baixa densidade na

população deste grupo etário, e a amostra do sexo masculino foi ajustada

para um número igual ao sexo feminino, devido ao excesso de mortalidade

entre os homens (SILVA, 2003).

Por esta razão, a amostra final, constituída por 2.143 idosos foi

composta por dois segmentos (SILVA, 2003):

(1) Amostra probabilística (1568 entrevistas), resultante de sorteio;

(2) 575 entrevistas a partir de composição livre para os grupos

ampliados.

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Dos 2.143 idosos entrevistados, 1.893 realizaram a avaliação

antropométrica, apresentando 11,7% de perdas (NAZÁRIO, 2003). Este é um

dado relevante para este trabalho, uma vez que, para a avaliação do estado

nutricional, serão necessários dados sobre peso e estatura, para o cálculo do

IMC, circunferência do braço e da panturrilha.

4.3 Variáveis do estudo

4.3.1 Variáveis explanatórias

� Sexo;

� Grupo etário (60 a 69,9 anos; 70 a 79,9 anos e > 80 anos).

4.3.2 Variável dependente

� Estado Nutricional (desnutrido, com risco de desnutrição e sem risco

de desnutrição).

4.3.2.1 Avaliação do estado nutricional

Para a avaliação da desnutrição e do risco de desnutrição da

população estudada foi utilizada a Mini Avaliação Nutricional (MAN®).

Segundo Guigoz e col. (1996), a MAN® (Quadro 1) é constituída por 18

questões, divididas em 4 seções:

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(1) avaliação antropométrica, em que as variáveis avaliadas são IMC

(peso/altura²), circunferência do braço, circunferência da panturrilha e perda

de peso nos últimos 3 meses;

(2) avaliação global, que inclui questões como dependência,

mobilidade, úlcera por pressão, uso de medicamentos, problemas

neuropsicológicos e presença de doenças ou estresse agudo;

(3) avaliação dietética, em que são avaliados o número de

refeições/dia, consumo de alimentos protéicos e lácteos, consumo de frutas e

hortaliças, ingestão hídrica, perda de apetite e/ou dificuldade de se alimentar

nos últimos 3 meses e capacidade de se alimentar sozinho;

(4) avaliação subjetiva, que avalia a percepção do idoso com relação

à sua saúde e sua condição nutricional.

Cada questão apresenta de 2 a 4 alternativas como resposta, sendo

que apenas uma alternativa deve ser escolhida por questão. Para cada

resposta há uma pontuação, que pode variar de 0 a 3 pontos, totalizando 30

pontos.

As questões do banco de dados da pesquisa SABE foram agrupadas

da forma como propõe a MAN®, a fim de se obter uma pontuação

correspondente, para então classificar os idosos segundo o escore proposto

pela MAN®.

Como nem todas as questões da Pesquisa SABE eram iguais às da

MAN®, foi elaborado o Quadro 2, de correspondência entre as questões da

Pesquisa SABE que melhor reproduziam as da MAN®..

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A questão 5 pergunta se o indivíduo vive independente em sua própria

casa, não em instituições de longa permanência ou hospital. Como todos os

idosos da pesquisa SABE não são institucionalizados, atribuiu-se “sim” para

todos os indivíduos.

A questão 7 refere-se à presença de doença aguda ou estresse

psicológico nos últimos 3 meses. Como não havia no questionário do SABE

uma pergunta semelhante, atribuiu-se a resposta “sim” para os idosos que

internaram pelo menos 1 noite nos últimos 4 meses que antecederam à

pesquisa.

A questão 8 refere-se à mobilidade. Infelizmente, no questionário

SABE não havia uma única questão que contemplasse todas as alternativas,

sendo necessário agrupar 3 questões distintas para esta pergunta. Para a

primeira alternativa, confinado ao leito ou cadeira de rodas, como na

pesquisa SABE não havia qualquer registro sobre pacientes acamados,

foram considerados apenas os que estavam em cadeira de rodas. Com

relação aos que apresentavam dificuldade de deitar ou levantar, a questão da

SABE correspondente considerava os que precisavam de ajuda para deitar

ou levantar.

A questão 9, problemas neuropsiquiátricos, foi baseada nos

instrumentos utilizados na Pesquisa SABE, Mini Mental Status Exam (MMSE)

e o questionário Pfeffer Functional Activities Questionnaire (PFAQ). O

MMSE é considerado um instrumento de rastreamento de deterioração

cognitiva, e foi utilizado como um filtro para PFAQ, idosos com pontuação

maior ou igual a 13, foram considerados sem deterioração cognitiva. Já, os

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idosos com pontuação menor ou igual a 12 no MMSE, foram encaminhados

para responder o PFAQ, com objetivo de verificar se a deficiência cognitiva

estava ou não acompanhada de limitações de capacidade funcional.

Pontuação maior ou igual a 6 no PFAQ, foi indicativo de indivíduos que

precisavam de ajuda para desenvolver atividades cotidianas, denominadas

instrumentais, portanto, considerados com demência grave pela MAN®;

pontuação menor ou igual a 5 no PFAQ foram considerados com demência

leve pela MAN®. Vale ressaltar que os idosos que apresentaram pontuação

menor ou igual a 12 no MMSE contaram com um informante substituto ou

auxiliar para o resto da pesquisa (CERQUEIRA, 2003).

A única questão da MAN® que não foi abordada na pesquisa SABE foi

com relação à presença ou não de úlcera por pressão (questão 10 da MAN®).

De acordo com estudos analisados, a incidência de úlcera por pressão em

idosos é de 11,4% a 20% em desnutridos e de 3,6% em eutróficos

(LANDI e col., 1999, SALETTI e col., 2000). Como o esperado é que a

prevalência de desnutrição neste estudo seja baixa e, considerando que

idosos não institucionalizados estão em melhores condições de saúde, optou-

se por utilizar a maior pontuação para todos os indivíduos estudados nesta

questão, esperando que nenhum idoso tenha apresentado úlcera por

pressão.

Na questão 12, todos os itens foram abordados pela MAN®, entretanto

a freqüência de consumo dos alimentos não era a mesma nos dois

questionários.

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Na questão 14, como não havia uma única questão na Pesquisa SABE

que abordasse tudo, foram agrupadas as respostas de 2 questões: (1) se

houve diminuição na ingestão alimentar decorrente de problemas dentários e

(2) por problemas digestivos e falta de apetite.

As questões 1, 2, 3, 4, 6, 11, 13, 15, 16, 17 e 18 da MAN® estavam

contempladas do questionário da Pesquisa SABE.

A partir da pontuação final da avaliação do idoso, o diagnóstico foi

determinado mediante o escore proposto pela MAN® (GUIGOZ e col. 1996;

VELLAS e col. 1999):

≥≥≥≥24 pontos = sem risco de desnutrição

17-23,5 pontos = com risco de desnutrição

< 17 pontos = desnutrido

A MAN® foi desenvolvida para identificar idosos com desnutrição e

com risco de desnutrição. Assim, neste trabalho, não foram diferenciados os

idosos obesos dos eutróficos, sendo classificados como sem risco de

desnutrição todos os indivíduos que não estavam desnutridos e nem em risco

de desnutrição.

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4.4 Análise estatística

A população de estudo foi classificada segundo estado nutricional

como: desnutridos, com risco de desnutrição e sem risco de desnutrição.

As prevalências de idosos desnutridos, com risco de desnutrição e

sem risco de desnutrição foram apresentadas com seus respectivos

intervalos de confiança.

A comparação das prevalências foi realizada entre os sexos

(masculino e feminino) e os grupos etários ( 60 a 69,9 anos, 70 a 79,9 anos;

maior ou igual a 80 anos), usando modelo de regressão múltipla logística

ordenada.

Utilizou-se o modelo de regressão logística para a comparação entre

os sexos e grupos etários, agrupando-se os diagnósticos de desnutrição e

risco de desnutrição.

Para todas as análises, foram consideradas as unidades primárias da

amostragem e a ponderação do plano de amostragem.

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5. RESULTADOS

A amostra total do estudo foi de 1.788 idosos (> 60 anos), sendo 1.059

do sexo feminino e 729 do sexo masculino, como mostra a tabela 1.

Tabela 1. Distribuição da amostra do estudo, segundo sexo e grupo etário, São Paulo, 2000.

SEXO FEMININO SEXO MASCULINO TOTAL Grupo

Etário

(anos) N % N % N %

60-69,9 421 39,8 258 35,4 679 38,0

70-79,9 407 38,4 285 39,1 692 38,7

> 80 231 21,8 186 25,5 417 23,3

TOTAL 1.059 59,2 729 40,8 1.788 100,0

Fonte: Banco de dados da Pesquisa SABE.

A tabela 1 mostra que, dos 1893 idosos entrevistados que realizaram a

avaliação antropométrica na pesquisa SABE, 1.788 responderam a todas as

questões correspondentes à MAN, o que representou apenas 5,5% de perda

da amostra.

O número de mulheres idosas na amostra é maior que número de

homens, correspondendo a 59,2% e 40,8%, respectivamente.

Com relação à distribuição da amostra segundo grupo etário, nota-se

uma concentração maior na faixa etária dos 60 aos 69,9 anos, diminuindo

progressivamente, no sexo feminino. Entretanto, com relação à amostra total

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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45

e ao sexo masculino, a maior concentração está entre os 70 e 79,9 anos,

como mostra a tabela 1.

De acordo com o plano de amostragem, a população de estudo é de

699.391 idosos, como pode ser observado na tabela 2.

Tabela 2. Distribuição da população de estudo, segundo sexo e grupo etário. São Paulo, 2000.

SEXO FEMININO SEXO MASCULINO TOTAL Grupo Etário

(anos) N % N % N %

60-69,9 238.269 57,7 177.235 61,9 415.505 59,4

70-79,9 128.706 31,2 85.187 29,8 213.893 30,6

> 80 46.073 11,1 23.921 8,3 69.993 10,0

TOTAL 413.048 59,2 286.343 40,8 699.391 100,0

Fonte: Banco de dados da Pesquisa SABE.

Na tabela 2, observa-se que a amostra de estudo representa 699.391

idosos residentes no município de São Paulo.

Ao expandir a amostra de forma ponderada para a população, nota-se

que a densidade de idosos entre os 60-69,9 anos é maior, diminuindo

progressivamente com o avançar da idade, tanto na população total como

entre os sexos, como mostra a tabela 2.

Na população estudada, observa-se, na tabela 2, que o sexo feminino

é predominante ao masculino em todos os grupos etários.

A tabela 3 mostra as prevalências de desnutrição, risco de desnutrição

e ausência do risco na população de estudo.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

46

Tabela 3. Distribuição da população, segundo diagnóstico nutricional. São Paulo, 2000. Diagnóstico

Nutricional N %

Intervalo de Confiança

(95%)

DNT 15.600 2,2 1,6 - 3,1

R.DNT 161.511 23,1 20,8 - 25,5

S/R.DNT 522.280 74,7 72,0 - 77,2

TOTAL 699.391 100,0 Legenda: DNT = desnutridos R.DNT = risco de desnutrição S/ R.DNT = sem risco de desnutrição Fonte: Banco de dados da Pesquisa SABE, 2000.

A tabela 3 mostra que, na população idosa não institucionalizada do

município de São Paulo, a prevalência de desnutrição foi de 2,2% (n=15.600)

e o risco de desnutrição foi de 23,1% (n=161.511), ou seja, ¼ (25,3%) da

população apresenta algum déficit do ponto de vista nutricional.

A tabela 4 mostra a comparação do diagnóstico nutricional entre os

sexos e grupos etários.

Tabela 4. Prevalência de idosos desnutridos, com risco de desnutrição e sem risco de desnutrição, segundo sexo e grupo etário.

GRUPO ETÁRIO

60-69,9

70 a 79,9

> 80

TOTAL SEXO D.N.

N % I.C. (95%) N % I.C. (95%) N % I.C. (95%) N % I.C. (95%)

DNT 3.812 1,6 0,8 - 3,4 3.475 2,7 1,5 - 4,8 3.041 6,6 3,8 - 11,4 10.326 2,5 1,7- 3,8 X² = 3,23

R DNT 47.177 19,8 16,8 -23,3 39.127 30,4 25,7 - 35,5 15.987 34,7 28,6 - 41,3 102.436 24,8 22,4 -27,3 MULHER

S/R DNT 187.280 78,6 74,7 - 82,0 86.104 66,9 61,7 - 71,8 27.045 58,7 52,1 - 65,1 300.286 72,7 69,8 -75,5 P = 0,0000

TOTAL 238.269 100,0 - 128.706 100,0 - 46.073 100,0 - 413048 100,0 -

DNT 2.304 1,3 0,4 - 4,0 1.959 2,3 0,8 - 6,3 933 3,9 1,9 - 7,9 5.154 1,8 1,0 - 3,4 X² = 1,48

R DNT 31.548 17,8 13,9 -22,6 18.997 22,3 17,6 -28,0 8.683 36,3 28,9 - 44,4 59.273 20,7 17,5 - 24,4 HOMEM

S/R DNT 143.383 80,9 75,9 - 85,0 64.231 75,4 69,2 -80,7 14.305 59.8 52,0 - 67,1 221.916 77,5 73,8 - 80,8 P = 0,0079

TOTAL 177.235 100,0 - 85.187 100,0 - 23.921 100,0 - 286.343 100,0 -

Legenda:

DN = Diagnóstico Nutricional DNT = desnutridos

R.DNT = risco de desnutrição S/ R.DNT = sem risco de desnutrição

Fonte: Fonte: Banco de dados da Pesquisa SABE, 2000.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

11

Pode-se observar, na tabela 4, que a prevalência de desnutrição e de

risco de desnutrição aumenta progressivamente com o avançar da idade, de

forma estatisticamente significativa (P<0,05).

A prevalência de desnutrição entre as mulheres com 60-69,9 anos é

de 1,6%, de 2,7% entre os 70 e 79,9 anos, atingindo percentual de 6,6% com

80 anos e mais.

Entre os homens, este aumento da prevalência também ocorre,

atingindo percentual de 1,3%, 2,3% e 3,9%, respectivamente nos grupos

etários de 60-69,9 anos; 70-79,9 anos e > 80 anos, porém, não é de forma

tão expressiva quanto entre as mulheres.

Foi utilizado o modelo de regressão múltipla logística ordenada para

verificar se havia correlação significativa do estado nutricional (desnutrição,

risco de desnutrição e sem risco de desnutrição) com os sexos e grupos

etários, como mostra a tabela 5.

Tabela 5. Análise de regressão múltipla logística ordenada das três categorias do diagnóstico nutricional (desnutrição, risco de desnutrição e sem risco de desnutrição), segundo sexo e grupo etário.

Diagnóstico Odds

Ratio P Intervalo de confiança (95%)

Sexo 0,8 0,066 0,63 - 1,01

70-79,9 anos 1,6 0,000 1,28 - 2,08

> 80 anos 2,7 0,000 2,11 - 3,50

Fonte: Banco de dados da Pesquisa SABE, 2000.

__________________________________________________________________________ 48

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

12

A tabela 5 confirma os dados da tabela 4, mostrando, de forma

estatisticamente significativa, que a chance do idoso apresentar desnutrição

e risco de desnutrição aumenta com o avançar da idade.

Entretanto, apesar de parecer que o sexo feminino está mais

associado à desnutrição que o sexo masculino, a diferença não é

significativa.

O gráfico a seguir mostra a média das prevalências de desnutrição, ao

se agrupar os idosos desnutridos e com risco de desnutrição, segundo sexo e

grupo etário.

Gráfico 2. Prevalência de idosos desnutridos e com risco de desnutrição, segundo sexo e grupo etário.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

60 65 70 75 80 85 90

Grupo Etário

Pre

valê

ncia

de

desn

utriç

ão

sexo masculino sexo feminino

Fonte: Banco de dados da Pesquisa SABE, 2000.

O gráfico mostra que a média das prevalências de desnutrição e risco

de desnutrição entre as idades é uma curva ascendente.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

13

O gráfico mostra que há uma tendência aparente de que o sexo

masculino esteja menos associado à desnutrição que o feminino.

A tabela 6 mostra a análise de regressão logística realizada com

apenas duas categorias de diagnóstico nutricional: (1) desnutridos, em que

foram agrupados os idosos desnutridos e com risco de desnutrição, e (2) sem

risco de desnutrição.

Tabela 6. Análise de regressão logística das duas categorias de diagnóstico nutricional, segundo sexo e grupo etário.

Diagnóstico Odds

Ratio P Intervalo de confiança (95%)

Sexo 0,8 0,069 0,63 - 1,02

70-79,9 anos 1,6 0,000 1,28 - 2,08

> 80 anos 2,6 0,000 2,05 - 3,42

Fonte: Banco de dados da Pesquisa SABE, 2000.

Agrupando-se os idosos desnutridos e com risco de desnutrição,

observa-se na tabela 6, que a chance de apresentar desnutrição aumenta

com a idade de forma significativa, confirmando que a idade é um fator de

risco para desnutrição. Porém, o sexo ainda não influencia significativamente

na chance dos idosos apresentarem desnutrição.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

14

6. DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo brasileiro sobre prevalência de desnutrição e

risco de desnutrição em amostra representativa da população idosa,

utilizando a MAN®. Não foi encontrado na literatura qualquer estudo com as

mesmas características no país.

A população de estudo se aproximou do total de idosos recenseados

pelo IBGE, em 1996, no município de São Paulo, mantendo a

proporcionalidade entre sexo e grupo etário, apesar da perda de 5,5% na

amostra.

Esta perda na amostra ocorreu pelo fato de alguns idosos não terem

respondido e/ou participado de todas as perguntas e/ou etapas do

questionário da Pesquisa SABE.

A predominância do sexo feminino ao masculino confirma a maior

sobrevida das mulheres, resultante da maior mortalidade dos homens em

todas as idades, devido à maior exposição ao risco (RAMOS e col., 1993;

COELHO FILHO e RAMOS, 1999).

A diminuição na densidade de idosos, em ambos os sexos, com o

avançar da idade, também é verificada em vários estudos nacionais

realizados com indivíduos deste grupo etário, confirmando o predomínio de

uma população idosa jovem no Brasil, com maior concentração entre

os 60 e 69,9 anos (RAMOS e col, 1993; COELHO FILHO e RAMOS, 1999;

TAVARES e ANJOS, 1999; LEBRÃO, 2003). Tavares e Anjos (1999)

referem que tal realidade influencia no perfil de saúde da população, uma vez

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

15

que idosos mais velhos seriam mais frágeis, mais suscetíveis a doenças,

além de requerer serviços de maior complexidade.

A maior concentração no número de idosos entre 70 e 79,9 anos

encontrada na amostra é decorrente da técnica de amostragem usada para a

população acima de 75 anos, a fim de compensar o menor número de idosos

nesta faixa etária. Porém, esta diferença não afeta a população de estudo,

uma vez que foram feitas as ponderações pertinentes.

A prevalência de desnutrição foi de 2,2% na população total de

estudo. Este resultado condiz com os valores encontrados por Guigoz e

Vellas (1999), 2-7%, ao estudarem idosos não institucionalizados de países

da Europa e EUA, utilizando o mesmo método.

Groot e col. (1998) avaliaram 1.161 idosos europeus não

institucionalizados, de ambos os sexos, através da MAN®. Os resultados

mostraram que 1% da população de estudo apresentou desnutrição,

44% risco de desnutrição e 55% ausência de risco de desnutrição. Estes

dados são semelhantes aos encontrados neste estudo com relação aos

indivíduos desnutridos, porém, apresentou uma prevalecia maior de idosos

em risco de desnutrição.

Kicklighter e Duchon (2002) ao avaliarem o estado nutricional de

51 indivíduos hispânicos, com 52 anos e mais, atendidos na Universidade

do Estado da Geórgia, através da MAN®. Os resultados mostraram que

2% da amostra apresentaram desnutrição, 33% risco de desnutrição e

65% ausência de risco de desnutrição, dados estes muito semelhantes aos

encontrados no presente trabalho.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

16

Observa-se a partir dos estudos citados, que a população idosa do

município de São Paulo apresenta perfil nutricional semelhante ao de países

desenvolvidos.

Tavares e Anjos (1999) verificaram o perfil antropométrico de idosos

brasileiros (> 60 anos), que participaram da PNSN (Pesquisa Nacional

sobre Saúde e Nutrição) em 1989, de acordo com o índice de massa

corpórea (IMC), segundo a classificação da OMS, 1995. Os resultados

mostraram que 1,7% da população geral do Brasil apresentaram magreza

severa (IMC <16 kg/m²), 1,7% magreza moderada (16 < IMC < 17 kg/m²) e

5% magreza leve (17 < IMC < 18,5 kg/m²), ou seja, uma média de 8,4% de

idosos desnutridos.

Esse valor é maior que o encontrado neste estudo, entretanto não é

possível dizer que o estado nutricional da população melhorou, uma vez que

esse estudo foi realizado no Brasil inteiro, não apenas em São Paulo, além

de ter utilizado um método de avaliação do estado nutricional diferente do

utilizado neste estudo.

Porém, Marucci e Barbosa (2003) verificaram que os valores

médios de IMC, para ambos os sexos, dos idosos de São Paulo, avaliados

na Pesquisa SABE em 2000, eram maiores que os valores médios de

IMC encontrados na PNSN, em 1989.

Delacorte e col (2004) avaliaram o estado nutricional de idosos não

institucionalizados atendidos pelo Programa de Saúde da Família em

Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Neste estudo, os autores verificaram que,

dos 49 voluntários avaliados, 9 estavam desnutridos e 13 apresentaram risco

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

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de desnutrição pela MAN. Tais valores mostram uma proporção de idosos

desnutridos maior do que o presente trabalho, entretanto, a amostra não é

representativa da população, além de apresentar um nível sócio-econômico

baixo, uma vez que eram, na sua totalidade, atendidos pelo SUS.

Matos (2005) avaliou o estado nutricional de 98 idosos não

institucionalizados, na zona urbana de Bonfim Paulista, cidade do

interior de São Paulo, Brasil, através da MAN. Os resultados mostraram que

11,2% estavam desnutridos, 37,7% com risco de desnutrição e 51,1% sem

risco de desnutrição. Os percentuais de indivíduos desnutridos e com risco

de desnutrição foram maiores do que os encontrados no presente estudo,

porém Matos (2005) também não avaliou uma amostra representativa da

população.

Os resultados do estudo realizado por Tavares e Anjos (1999), com a

população da PNSN/89, mostraram que há associação entre precárias

condições de vida e magreza na população idosa como um todo e que, o

aumento da renda, do grau de escolaridade e da qualidade da moradia,

associados ao maior acesso a bens e serviços, reduziram e/ou até

eliminaram os problemas de deficiência nutricional nos idosos mais

privilegiados (TAVARES e ANJOS, 1999). Tais evidências podem justificar a

diferença nas prevalências de desnutrição deste estudo e dos estudos

realizados no interior de São Paulo, considerando o perfil sócio-econômico da

população estudada.

Com relação aos sexos, 2,5% (n=10.326) das mulheres estavam

desnutridas e 24,8% (n=102.436) com risco de desnutrição. No grupo do

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

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sexo masculino, a proporção foi de 1,8% (n=5.154) e 20,7% (n=59.273)

respectivamente. Esta diferença entre os sexos se torna ainda mais evidente

com o aumento da idade, apesar de não ter sido encontrada correlação

significativa entre desnutrição e sexo.

Tavares e Anjos (1999) verificaram que a prevalência de desnutrição

em idosos nas áreas urbanas da região sudeste foi de 5,7% para as

mulheres e 5,6% para os homens.

Segundo a publicação do National Diet and Nutrition Survey (NDNS),

apenas 3% dos homens e 6% das mulheres acima de 65 anos, não

institucionalizados do Reino Unido, apresentavam desnutrição (IMC<20kg/m²)

(MURPHY e col, 2000).

Apesar de os métodos utilizados para a avaliação do estado

nutricional não serem os mesmos nos trabalhos mencionados, observa-se

uma tendência maior de desnutrição no sexo feminino em todos os estudos.

Tais resultados podem ser decorrentes da maior densidade de mulheres do

que de homens após os 60 anos, acarretando uma maior influência da

diminuição da renda e solidão, uma vez que a grande maioria é viúva

(RAMOS e col., 1998; TAVARES e ANJOS, 1999).

Além disso, segundo Santos (2003), apesar da taxa de mortalidade ser

maior entre os homens, as mulheres são mais frágeis, ou seja, são mais

suscetíveis a apresentar algum tipo de incapacidade.

Com relação aos grupos etários, os resultados mostraram, de forma

estatisticamente significativa, que a prevalência de desnutrição e risco de

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

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desnutrição em idosos, de ambos os sexos, é diretamente proporcional à

idade, sendo ilustrada por uma curva ascendente.

Idosos entre 60-69,9 anos apresentam menor prevalência de

desnutrição e risco de desnutrição do que idosos de idade mais avançada,

em ambos os sexos.

Idosos de 70-79,9 apresentaram quase 2 vezes mais desnutrição do

que os idosos com 60-69,9 anos. A partir dos 80 anos de idade, estes valores

aumentaram ainda mais, atingindo uma prevalência 4 vezes maior de idosas

com desnutrição (6,6%) e 3 vezes maior de idosos desnutridos (3,9%),

quando comparado aos idosos de 60-69,9 anos.

Estudos realizados na Europa, com o objetivo de definir padrões

antropométricos de referência para a população idosa, mostraram que

indivíduos com idade superior a 70 anos, apresentam menores reservas

de massa gordurosa, massa muscular e valores de índice de massa

corporal (IMC), quando comparados com idosos mais jovens (BURR e

PHILLIPS, 1984; DELARUE e col, 1994; BANNERMAN e col., 1997;

KUCZMARSKI e col, 2000; PERISSINOTTO e col 2002).

Barbosa e col (2006), em estudo realizado com idosos no município de

São Paulo, que participaram da Pesquisa SABE, também verificaram que os

valores de IMC e área muscular do braço (AMB) eram menores em idades

mais avançadas, sendo este declínio mais acentuado após os 80 anos. A

área muscular do braço é um indicador que estima as reservas de massa

muscular, usada para diagnosticar desnutrição protéica (GURNEY e

JELLIFFE, 1973).

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

Alves, RP

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Valores menores do peso corporal e do IMC em idades mais

avançadas também foram verificadas por Menezes e Marucci (2005) em

estudo sobre idosos residentes em instituições geriátricas de Fortaleza.

Ferreira (2005), em estudo que avaliou o estado nutricional de idosos

residentes em instituição de longa permanência, através da MAN®, na cidade

de Guaratinguetá, também verificou um percentual maior de idosos

desnutridos e em risco de desnutrição com 80 anos e mais, do que em

idades menores.

Segundo Chernoff (2004), além da diminuição nas reservas de massa

muscular, com a idade também há redução nas proteínas plasmáticas, nos

componentes sangüíneos e na imunidade, sendo este declínio potencializado

após os 70 anos.

Os estudos citados enfatizam os resultados encontrados nesse

trabalho, mostrando que a idade apresenta uma correlação positiva com a

desnutrição.

Este estudo não avaliou a evolução dos idosos com o passar dos

anos, mas, a partir dos resultados, é possível levantar a hipótese de que os

idosos com risco de desnutrição aos 60 anos, podem se tornar desnutridos

aos 70 anos e assim progressivamente.

Este dado é de grande relevância científica, pois a desnutrição,

principalmente em idosos, está diretamente associada à maior

incidência de infecção, maior número e tempo de internação hospitalar e

aumento da morbi-mortalidade (BIENIA e col., 1982; TROIANO e col., 1996;

SHINTAKU, 2003).

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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Otero e col. (2002) publicaram estudo sobre o número de óbitos por

desnutrição em idosos na Região Sudeste do Brasil, de 1980 a 1987. Seus

resultados mostraram que, nas maiores taxas encontradas, os coeficientes

foram de 11 óbitos por 10.000 habitantes na faixa etária de 70 anos e mais, e

de 3,34 óbitos por 10.000 habitantes com idade entre 60 e 69 anos.

Isto mostra que a prevalência de desnutrição, além de aumentar com a

idade, também influencia no prognóstico clínico e na expectativa de vida

destes idosos.

Apesar da prevalência de desnutrição verificada neste trabalho ter sido

baixa, dentro do percentual esperado para a população não

institucionalizada, em números absolutos representa 15.700 idosos

desnutridos e 161.511 com risco de desnutrição. O somatório destes idosos

totaliza um número de impacto no âmbito da saúde pública, chegando a

177.111 indivíduos com 60 anos e mais que requerem atenção nutricional

especial.

Segundo Dinsdale (2006) o custo estimado da desnutrição na

Inglaterra é de 73 bilhões de libras britânicas ao ano, uma vez que idosos

desnutridos realizam um número muito maior de exames, apresentam mais

complicações clínicas e demoram mais tempo para se recuperar das

enfermidades.

Arnaud-Battandier e col. (2004) realizaram estudo com uma coorte de

378 idosos, com 70 anos e mais, na França, com o objetivo de avaliar o custo

da desnutrição e comorbidades associadas entre os idosos não

institucionalizados e determinar o impacto da prática da terapia nutricional na

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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sustentação destes resultados. Eles avaliaram o estado nutricional dos

idosos através da MAN® e dividiram a amostra em dois grupos (1) que

raramente recebia algum suporte nutricional e (2) que frequentemente

recebia suplementação nutricional. Após 12 meses de acompanhamento foi

verificado que o grupo 2 teve uma evolução muito mais rápida do estado

nutricional e o custo com cuidados médicos e de saúde tiveram uma

economia de 195 Euros por paciente, incluindo os custos com os

suplementos utilizados. Os autores concluíram que o fornecimento de um

adequado suporte nutricional direcionado para idosos não institucionalizados

com desnutrição pode contribuir para reduzir os custos e cuidados de saúde.

Segundo Mccormack (1997), muitos idosos já são admitidos, nos

hospitais e/ou em instituições de longa permanência, com desnutrição ou

com algum comprometimento do estado nutricional.

Kruizenga e col. (2005) verificaram em seu estudo que padronizar

métodos de diagnóstico e ntervenção nutricional em pacientes

desnutridos no ato da internação favorece sua reabilitação em tempo

hábil e os custos adicionais do cuidado nutricional precoce são

relativamente baixos (76 euros /91 dólares por pessoa), especialmente em

pacientes ainda com risco de desnutrição, quando comparado aos custos de

tratamento de indivíduols com comorbidades decorrentes da desnutrição.

Considerando as repercussões clínicas da desnutrição, bem como sua

influência na mortalidade e no tempo de sobrevida dos idosos, é necessário

que ela seja prevenida e, por esta razão, diagnosticada e tratada ainda no

ambiente domiciliar, pois após a internação e/ou a ocorrência de algum

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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agravo de saúde, isto poderá ser irreparável, complicando ainda mais o

quadro clínico destes indivíduos.

Uma alternativa para tal problemática seria a realização de algum

método de triagem nutricional (IMC, Determine sua saúde nutricional - NSI ou

MAN®) pelas Unidades Básicas de Saúde, como já é sugerido pelos

programas municipais (Caderno de Atenção Básica no Envelhecimento) e

federais (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – MS), a fim de

diagnosticar o idoso em risco de desnutrição e encaminhá-lo posteriormente

a um serviço que tenha atendimento nutricional. Desta forma, seria possível

prevenir e tratar a desnutrição em tempo hábil.

De acordo com Bienia e col (1982), a exata prevalência de desnutrição

depende do critério usado para o diagnóstico. Para este estudo foi utilizada a

MAN® como método de avaliação do estado nutricional dos idosos,

entretanto alguns estudos citados utilizaram o IMC e com pontos de cortes

diferentes. Por esta razão, a escassez de estudos sobre este tema e,

principalmente, que tenham utilizado os mesmos métodos, dificultaram a

comparação dos resultados com outros estudos.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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7- CONCLUSÃO

A prevalência de desnutrição foi baixa, dentro do esperado para idosos

não institucionalizados (2,2% n=15.600). A prevalência de risco de

desnutrição foi de 23,1% (n=161.511).

O aumento da idade é fator de risco para desnutrição, uma vez que foi

verificado um aumento significativo nas prevalências, tanto de desnutrição,

como de risco de desnutrição em idosos mais velhos, atingindo percentual de

6,6% nas mulheres e 3,9% nos homens acima de 80 anos.

Não houve correlação estatisticamente significativa entre prevalência

de desnutrição e sexo.

Prevalências de desnutrição e de risco de desnutrição em idosos não institucionalizados, residentes no município de São Paulo – Pesquisa SABE

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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