prevalência de sintomas neuro-músculo-esqueléticos...

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Instituto Politécnico do Porto Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto Prevalência de Sintomas Neuro-Músculo-Esqueléticos nos Agricultores Implementação de um Projecto Comunitário Relatório Final de Estágio Curso de Mestrado em Fisioterapia, Opção Comunidade Sandra Eugénia Ribeiro Professora Doutora Cristina Damas Argel de Melo Vila Nova de Gaia 2010

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Instituto Politécnico do Porto

Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto

Prevalência de Sintomas

Neuro-Músculo-Esqueléticos nos

Agricultores

Implementação de um Projecto Comunitário

Relatório Final de Estágio

Curso de Mestrado em Fisioterapia, Opção Comunidade

Sandra Eugénia Ribeiro

Professora Doutora Cristina Damas Argel de Melo

Vila Nova de Gaia

2010

II

ÍNDICE GERAL

Índice de Figuras ------------------------------------------------------------------------------------ II

Índice de Tabelas ----------------------------------------------------------------------------------- III

Índice de Anexos ------------------------------------------------------------------------------------ III

Resumo --------------------------------------------------------------------------------------- IV

Abstract --------------------------------------------------------------------------------------- V

Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------- 1

Métodos

Desenho de estudo ------------------------------------------------------------------

Amostra ---------------------------------------------------------------------------------

Instrumentos ---------------------------------------------------------------------------

Procedimentos ------------------------------------------------------------------------

Ética -------------------------------------------------------------------------------------

Estatística -------------------------------------------------------------------------------

3

3

5

6

8

8

Resultados ----------------------------------------------------------------------------------- 9

Discussão ----------------------------------------------------------------------------------- 16

Conclusão ----------------------------------------------------------------------------------- 28

Bibliografia ----------------------------------------------------------------------------------- 29

Anexos ------------------------------------------------------------------------------------------------- 38

Índice de Figuras

Figura I - Representação esquemática da selecção da amostra do Estudo A ----- 4

Figura II - Representação esquemática da selecção da amostra do Estudo B ---- 4

Figura III - Prevalência de SNME dos agricultores avaliada no Questionário

Nórdico Músculo-Esquelético--------------------------------------------------------------------

9

Figura IV - Intensidade Média da dor dos agricultores avaliada na Escala

Numérica da Dor ------------------------------------------------------------------------------------

10

Figura V - Prevalência de SNME nos agricultores avaliada no Questionário

Nórdico Músculo-Esquelético --------------------------------------------------------------------

14

III

Índice de Tabelas

Tabela I - Factores de risco pessoais ------------------------------------------------------ 11

Tabela II - Factores de risco organizacionais -------------------------------------------- 12

Tabela III - Factores de risco psicossociais----------------------------------------------- 12

Tabela IV- Factores de risco físicos -------------------------------------------------------- 13

Tabela V- Diferenças do número de agricultores com lombalgia antes e após

a implementação do projecto -----------------------------------------------------------------

15

Tabela VI - Diferenças na intensidade de dor lombar antes e após a

implementação do projecto --------------------------------------------------------------------

15

Tabela VI- Avaliação dos conhecimentos-------------------------------------------------- 16

Índice de Anexos

Anexo A - Instrumentos de avaliação – Estudo A -------------------------------------- 39

Anexo B- Instrumentos de avaliação – Estudo B --------------------------------------- 44

Anexo C - Acta da Reunião – Estudo B --------------------------------------------------- 51

Anexo D- Divulgação do Projecto – Estudo B ------------------------------------------- 54

Anexo E- Acção de Educação para a Saúde – Estudo B ----------------------------- 57

Anexo F - Cartazes Publicitários das Actividades – Estudo B ----------------------- 66

Anexo G- Análise Biomecânica do Programa dos Exercícios – Estudo B ------- 69

Anexo H- Material de Apoio à Realização dos Exercícios - Estudo B ------------- 95

Anexo I- Autorização para a utilização do Questionário Nórdico ------------------- 98

Anexo J- Tabelas complementares dos resultados ------------------------------------ 101

Lista de Abreviaturas

IMC – Índice de Massa Corporal

JFB - Junta de Freguesia de Britelo.

QNM - Questionário Nórdico Músculo-Esquelético.

SNME - Sintomatologia Neuro-Músculo-Esquelética.

UCC-CSPB - Unidade de Cuidados na Comunidade do Centro de Saúde de

Ponte da Barca.

IV

RESUMO

Objectivos: O presente estudo teve como objectivos avaliar a prevalência da

sintomatologia neuro-músculo-esquelética nos agricultores, identificar os seus

factores de risco e avaliar a implementação de um projecto comunitário na

sintomatologia neuro-músculo-esquelética dos agricultores.

Metodologia: O estudo foi dividido em Estudo A e B. A amostra do Estudo A

foi constituída por 250 agricultores seleccionados por amostragem consecutiva em 5

Cooperativas Agrícolas da Região Agrária entre Douro e Minho. A amostra do

Estudo B foi constituída por 10 agricultores da Freguesia de Britelo - Concelho de

Ponte da Barca, que aceitaram participar nas actividades do projecto (acção de

educação e programa de exercícios específicos). Os dados foram recolhidos, por

entrevista, através do Questionário de Avaliação dos Agricultores e o Questionário

Nórdico Músculo-Esquelético. A análise estatística foi realizada recorrendo ao

programa Statistical Package for Social Sciences, versão 17.0, considerando um

nível de significância de 0,05.

Resultados: No Estudo A observou-se que 74,4% dos agricultores referiram

sintomatologia neuro-músculo-esquelético durante as actividades agrícolas e as

regiões mais afectadas, foram a lombar, o pescoço e os ombros. Encontrou-se

também uma associação significativa (p<0.05) entre a presença de sintomas nos

agricultores e alguns factores de risco. Relativamente ao Estudo B, verificou-se uma

diminuição significativa (p<0.05) na intensidade média de dor referida na lombar em

algumas actividades e um aumento significativo (p<0.05) na pontuação final dos

conhecimentos sobre os factores de risco.

Conclusão: A população agrícola apresenta factores de risco que levam ao

surgimento de sintomas neuro-músculo-esqueléticos, os quais podem ser

prevenidos com a implementação de projectos comunitários.

Palavras-chave: Agricultores, Sintomatologia Neuro-Músculo-Esquelético,

Factores de Risco, Projecto Comunitário.

V

ABSTRACT

Purpose: The purpose of this study was to assess the prevalence of neuro-

musculoskeletal symptoms in farmers, identify their risk factors and evaluate the

implementation of a community project in neuro-musculoskeletal symptoms among

farmers.

Methods: The study was divided into Study A and B. The sample of the study

A consisted on 250 farmers selected at consecutive sampling in five Agricultural

Cooperatives in the Agriculture Region between the Douro and Minho. The sample of

Study B consisted of 10 farmers from Britelo of Ponte da Barca Council, who agreed

to participate in project activities (health education session and specific exercises

program). Data were collected through the Farmers‟ Assessment Questionnaire and

the Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Statistical analysis was performed using

the Statistical Package for Social Sciences, version 17.0, assuming a significance

level of 0.05.

Results: In Study A, was observed that 74.4% of farmers reported neuro-

musculoskeletal symptoms during agricultural activities and the most affected regions

were the lower back, neck and shoulders. It was also found a significant association

(p <0.05) between farmers‟ symptoms and some risk factors. In Study B, the

implementation of a specific exercise programme decreased significantly (p <0.05)

pain‟s intensity referred to lower back in some activities and a significant increase (p

<0.05) in the final score of knowledge about risk factors.

Conclusions: The farmers present risk factors that produce neuro-

musculoskeletal symptoms which may be prevented with the implementation of

community projects.

Key words: Farmers, Neuro-Musculoskeletal Symptomatology, Risk Factors,

Community Project.

1

INTRODUÇÃO

A agricultura é considerada a actividade mais antiga da Humanidade e uma

das profissões mais perigosas, acarretando riscos para a saúde e bem-estar dos

seus trabalhadores (Colémont e Broucke 2008, Fathallah 2010, Frank 2004).

Em Portugal, a agricultura é constituída fundamentalmente por milhares de

explorações de subsistência. Nestas, os agricultores realizam a maior parte das

tarefas, recorrendo quase sempre a ferramentas agrícolas tradicionais e ao trabalho

familiar (Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar 2003, Silvetti et al.

2007, McNeill e O‟Neill 1998, Villarejo 2003).

Esta actividade, pouco modernizada, torna os agricultores susceptíveis a

várias patologias, nomeadamente, as do sistema neuro-músculo-esquelético

(Fathallah 2010, Meyers et al. 2001, Suutarinen 2004) A este nível, podem ocorrer

condições inflamatórias e degenerativas que afectam músculos, tendões,

ligamentos, articulações e nervos periféricos, podendo os agricultores manifestar

dor, parestesia, sensação de peso e fadiga (Hansen e Donohoe 2003, Punnet e

Wegman 2004). A sintomatologia neuro-músculo-esquelética (SNME) relacionada

com a agricultura afecta múltiplas regiões do corpo, sendo a lombar, os ombros e a

cervical os locais mais referenciados (Antonopoulou et al. 2007, Nonnenmann et al.

2008).

Antonopoulou et al. (2007) avaliaram a prevalência de SNME em agricultores

gregos através do Questionário Nórdico Músculo-Esquelético. A amostra foi

constituída por 455 agricultores, 260 mulheres e 155 homens com idade média de

52 anos. Os autores concluíram que 82,6% dos agricultores relataram pelo menos

um episódio de SNME, durante o ano anterior, nas actividades agrícolas. As regiões

anatómicas mais afectadas foram a lombar (56,9%), o pescoço (34,1%) e os ombros

(29,9%).

Nonnenmann et al. (2008) realizaram um estudo no qual pretenderam avaliar

a prevalência de SNME em 341 agricultores do Iowa, Estados Unidos da América. A

amostra foi constituída por 305 agricultores do sexo masculino e 36 do sexo

feminino, com idade média de 49,6 anos. Os agricultores preencheram 4

questionários enviados por correio: questionário com as características

demográficas, questionário com os factores de risco do trabalho agrícola,

questionário Nórdico Músculo-esquelético e o Disorders of the Arm, Shoulder, and

Hand. Os autores verificaram que 75% dos agricultores apresentaram SNME, nos

2

últimos 12 meses e as regiões anatómicas com maior sintomatologia foram o

pescoço (58%) e os ombros (71%).

Sprince et al. (2007) para identificar os factores que estavam na origem da

SNME relacionada com o trabalho agrícola, realizaram um estudo caso-controlo que

incluiu 49 casos (agricultores com SNME) e 465 controlos (agricultores sem SNME).

Os autores encontraram uma associação entre a SNME e as características

pessoais, psicossociais, aspectos físicos e organizacionais do trabalho.

Os factores de risco pessoais englobam a idade, o índice de massa corporal,

o sexo, o nível de escolaridade, os hábitos tabágicos, os antecedentes clínicos,

outra ocupação, os anos de trabalho e o local de residência (Calker et al. 2007,

Colémont e Broucke 2008, Kang et al. 2009, Sprince et al. 2007). Em relação aos

aspectos físicos, destacam-se as posturas adoptadas (como por exemplo, posturas

mantidas em flexão e rotação do tronco para trabalhar na terra e as mãos acima do

nível dos ombros para trabalhar plantações em altura), a repetitividade de

movimentos, a área de cultivo, a utilização de instrumentos e a movimentação de

cargas no campo (Chen 2000, Cooper et al. 2006, Hwang et al. 2010, Marras 2000,

Punnet e Wegman 2004).

A nível da organização do trabalho, a SNME está associada com o número de

horas de trabalho e a realização de pausas (Faucett et al. 2007, Lilley et al. 2002,

Sprince et al. 2007). Alguns autores consideram, ainda, a exposição a condições

atmosféricas adversas como outro factor de risco organizacional (Chapman et al.

2010, Earle-Richardson et al. 2006, 2005). A nível psicossocial, a satisfação pelo

trabalho constitui um dos factores que predispõe o agricultor a SNME (Alencar et al.

2009, Ajayi 2006, Alterman et al. 2008).

Em Portugal, são escassos os estudos que se direccionam aos agricultores e,

principalmente, em relação aos que cultivam para auto-consumo. Considerando que

esta população constitui um grupo exposto a inúmeros factores de risco

predispondo, assim, a ocorrência de SNME torna-se pertinente a realização de

intervenções comunitárias que visam a promoção da saúde nos agricultores

(Arphorn et al. 2006, Buranatrevedh e Sweatsriskul 2005, Taattola et al. 2006).

O presente artigo teve como objectivos avaliar a prevalência da

sintomatologia neuro-músculo-esquelética nos agricultores, identificar os seus

factores de risco e avaliar a implementação de um projecto comunitário (acção de

educação para a saúde e um programa de exercícios específicos), intitulado de

“Cultivar Saúde” na sintomatologia neuro-músculo-esquelética dos agricultores.

3

MÉTODOS

Desenho de estudo

O artigo abordou dois estudos: um estudo observacional analítico transversal

para avaliar a prevalência da sintomatologia neuro-músculo-esquelética nos

agricultores e identificar os seus factores de risco (Estudo A); e um estudo quasi-

experimental, no sentido de avaliar a implementação de um projecto comunitário na

diminuição da sintomatologia neuro-músculo-esquelética nos agricultores (Estudo

B).

Amostra

A população em estudo foi constituída por agricultores da Região Agrária

entre Douro e Minho (Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar 2003).

A amostra do Estudo A foi constituída por 250 agricultores, de todas as idades

e de ambos os sexos, que foram seleccionados por amostragem consecutiva, na

proporção de 50 agricultores, de cada uma das seguintes cooperativas: Cooperativa

Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, C.R.L.; Cooperativa Agrícola de

Baião, C.R.L.; Agoncoop-Cooperativa dos Agricultores de Gondomar C.R.L.;

ÁGRIMA-Cooperativa Agrícola de Matosinhos, C.R.L.; e Cooperativa dos Produtores

Agrícolas do Concelho de Valongo, C.R.L. Estas cooperativas foram seleccionadas

aleatoriamente pela técnica da lotaria.

No inicio do Estudo B, foram seleccionados 25 agricultores por conveniência

da Freguesia de Britelo - Concelho de Ponte da Barca para participar no projecto

“Cultivar Saúde”. Durante o mesmo, existiram 15 perdas devido a não comparência

nas actividades. A amostra final foi constituída por 10 agricultores que participaram

assiduamente nas actividades do projecto.

4

Figura I: Representação esquemática da selecção da amostra do Estudo A

Figura II: Representação esquemática da selecção da amostra do Estudo B

5

Instrumentos

Os instrumentos utilizados no Estudo A foram o Questionário de Avaliação

dos Agricultores, construído pela investigadora, e o Questionário Nórdico Músculo-

Esquelético.

O Questionário de Avaliação dos Agricultores (anexo I) permitiu compilar

informações acerca das características pessoais, aspectos físicos, organizacionais e

psicossociais do trabalho agrícola, bem como, avaliar a presença de sintomatologia

neuro-músculo-esquelética associada ao trabalho no campo.

As questões acerca das características pessoais incidiram sobre a idade,

peso, altura, sexo, nível de escolaridade, hábitos tabágicos, antecedentes clínicos,

outra ocupação, anos de trabalho e local de residência do agricultor (Calker et al.

2007, Colémont e Broucke 2008, Kang et al. 2009, Sprince et al, 2007).

Os aspectos físicos do trabalho foram avaliados através do tamanho da área

de cultivo, instrumentos utilizados e posturas adoptadas durante as actividades

agrícolas (Chen 2000, Cooper et al. 2006, Jin et al. 2009, Hwang et al. 2010, Marras

2000).

Relativamente à organização do trabalho, foi recolhida informação acerca do

tempo dispendido nas actividades agrícolas (horas/dia e dias/semana), realização de

pausas e exposição a condições atmosféricas adversas (Chapman et al. 2010,

Faucett et al, 2007, Lilley et al. 2002, Sprince et al. 2007). Foi, ainda, questionada a

satisfação com o trabalho agrícola de forma a inferir sobre os factores psicossociais

(Alencar et al. 2009, Ajayi 2006, Alterman et al. 2008).

O vocabulário utilizado no questionário, bem como, a clareza das questões

foram averiguadas através da aplicação do mesmo a um grupo de agricultores não

pertencentes à amostra utilizada e por 2 experts na área (Günther 2003, Hill e Hill

2008).

A presença de sintomatologia neuro-músculo-esquelética nos agricultores foi

investigada pela pergunta “Sente dores quando trabalha no campo?”, presente no

Questionário de Avaliação dos Agricultores e pelo Questionário Nórdico Músculo-

Esquelético (anexo I). O Questionário Nórdico Músculo-Esquelético tem por

objectivo quantificar as regiões acometidas pela sintomatologia neuro-músculo-

esquelética relacionada com o trabalho e graduar a intensidade da dor (Kourinka et

al. 1987, Mesquita et al. 2007). Consiste em questões de resposta dicotómica acerca

de nove regiões anatómicas, nas quais o agricultor deve relatar a ocorrência de

sintomatologia nos últimos 12 meses e 7 dias, assim como, referir se sentiu alguma

6

limitação nas actividades agrícolas nos últimos 12 meses. A Escala Numérica da Dor

está acoplada ao Questionário Nórdico Músculo-Esquelética na validação para a

população portuguesa, realizada por Mesquita (2007). Neste estudo, foi encontrada

uma consistência interna de 0,855 através do coeficiente de correlação de Kuder-

Richarson e uma fiabilidade, através do método do teste-reteste, em que a maioria

dos coeficientes de concordância Kappa variou entre 0,8 e 1, mostrando uma

associação de forte a muito forte (Mesquita et al. 2007).

No Estudo B, foi anexado aos instrumentos acima referidos, uma avaliação da

sintomatologia em cada actividade agrícola e dos conhecimentos acerca dos

factores de risco (anexo II). A avaliação da sintomatologia associada a cada

actividade agrícola consistiu na identificação das regiões sintomáticas e da

intensidade da dor. Na avaliação dos conhecimentos dos agricultores face aos

factores de risco, foi averiguada a veracidade de 20 afirmações. A pontuação obtida

variou entre 0 e 20 valores, conforme o número de respostas certas.

A análise psicométrica dos instrumentos utilizados foi obtida através do

método teste-reteste, realizado num estudo-piloto que envolveu 10 agricultores não

pertencentes à amostra utilizada. Assim para o Questionário de Avaliação dos

Agricultores obteve-se uma consistência interna de 0,768 através do alfa de

Cronbach e uma fiabilidade intra-observador de 0,982 pelo coeficiente de correlação

intra-classe. Para o Questionário Nórdico Músculo-Esquelético, a fiabilidade intra-

observador encontrada, para esta amostra, variou de 0,783 a 1 pelo coeficiente de

concordância Kappa.

Procedimentos

No Estudo A, o Questionário de Avaliação dos Agricultores e o Questionário

Nórdico Músculo-Esquelético foram aplicados através de entrevista (Morgaine et al.

2005) a 250 agricultores, nas sedes das Cooperativas Agrícolas acima referidas.

Para a implementação do projecto comunitário, intitulado de “Cultivar Saúde”,

no Estudo B, foram estabelecidas parcerias com a Unidade de Cuidados na

Comunidade do Centro de Saúde de Ponte da Barca (UCC-CSPB) e com a Junta de

Freguesia de Britelo (JFB).

Inicialmente, foi realizada uma reunião (Acta no Anexo III) com a enfermeira

coordenadora da UCC-CSPB, o presidente e o ex-presidente da JFB, com o

objectivo de apresentar as ideias gerais do projecto e planear as actividades a

implementar.

7

Foi elaborado um cartaz publicitário e convites sob a forma de “saco de

sementes de centeio” (Anexo IV) para divulgar o projecto e convidar os agricultores

a comparecer na JFB para a primeira actividade. Os convites foram entregues pelo

presidente e ex-presidente da JBF.

A primeira actividade consistiu na avaliação dos agricultores através do

Questionário de Avaliação dos Agricultores (com o anexo) e o Questionário Nórdico

Músculo-Esquelético, aplicados através de entrevista (Morgaine et al. 2005).

Após a análise dos dados obtidos, foi realizada uma acção de educação para

a saúde (Anexo V) que abordou a fisiopatologia das lesões músculo-esqueléticas

relacionadas com o trabalho agrícola, factores de risco e sua prevenção. No final

desta acção, os agricultores foram convidados a participar num programa de

exercícios específicos.

Para a divulgação da acção de educação para a saúde e implementação dos

exercícios foram elaborados dois cartazes publicitários colocados em locais

estratégicos da freguesia (Anexo VI).

O programa de exercícios específicos, elaborado pela investigadora, teve em

consideração os factores de risco identificados na avaliação (Anexo VII) e foi

desenhado para ser realizado no domicílio. Era constituído por 6 exercícios de fácil

execução que visam a endurance e o alongamento musculares. Foram realizadas

três sessões práticas. A primeira consistiu na explicação e demonstração do

programa implementado, na qual se ofereceu a cada agricultor um calendário de

parede com os exercícios ilustrados, para servir de apoio à realização destes em

casa (Anexo VIII). Nas duas sessões seguintes, foi efectuada a progressão dos

exercícios e entregue um folheto com a nova informação (Anexo VIII).

Semanalmente, realizaram-se telefonemas de forma a incentivar a execução dos

mesmos em casa.

Após 2 meses de implementação do programa de exercícios os agricultores

foram reavaliados com os mesmos instrumentos da avaliação inicial.

8

Ética

No Estudo A, os questionários foram aplicados nas sedes das Cooperativas

Agrícolas, após autorização do responsável. O consentimento dos agricultores foi

considerado válido, desde o momento que estes aceitaram responder aos

questionários, após a explicação prévia dos objectivos (Park et al. 2001).

Na primeira reunião do Estudo B, foram apresentadas as linhas orientadoras

do projecto “Cultivar Saúde” à coordenadora da Unidade de Cuidados na

Comunidade do Centro de Saúde de Ponte da Barca e ao Presidente da Junta de

Freguesia de Britelo. Foi considerado válido o consentimento para implementação

do projecto, desde o momento que estes aceitaram participar. O Consentimento de

cada agricultor para participar no projecto foi obtido da mesma forma que no Estudo

A (Park et al. 2001). Cada agricultor foi livre de aceitar ou recusar a participação no

projecto e informado de que poderia interrompê-lo a qualquer momento.

A utilização do Questionário Nórdico Músculo-Esquelético foi autorizada por

Mesquita, autora da adaptação trans-cultural do questionário para a população

portuguesa (Anexo IX).

Estatística

A análise estatística foi realizada recorrendo ao programa Statistical Package

for Social Sciences, SPSS, versão 17.0 para o Windows.

A caracterização da amostra foi efectuada através de uma estatística

descritiva dos dados, usando as medidas sumárias adequadas (média e desvio

padrão para as variáveis numéricas e frequências para as variáveis categóricas).

No estudo A, foi aplicado o Teste do Qui-Quadrado para testar a associação

entre os potenciais factores de risco do trabalho agrícola e a presença de

sintomatologia neuro-músculo-esquelética durante o trabalho no campo.

No Estudo B, foi utilizado o Teste de McNemar para testar a existência de

alterações na presença de sintomatologia neuro-músculo-esquelética lombar, nas

diversas actividades agrícolas, antes e após a implementação do projecto. Recorreu-

se ao Teste de Wilcoxon, para avaliar as diferenças estatisticamente significativas

na intensidade média da dor na região lombar, bem como, nos resultados finais dos

conhecimentos dos agricultores, antes e após a implementação do projecto. Todos

os testes anteriormente referidos foram considerados estatisticamente significativos

quando p-value ≤ α=0,05. Foram respeitados todos os pressupostos para a

aplicação dos testes estatísticos (Pestana e Gageiro 2005).

9

RESULTADOS

Estudo A

A amostra do Estudo A foi constituída por 250 agricultores, 88 mulheres e 162

homens, com idade média de 55 anos (24-84 anos) e um Índice de massa Corporal

(IMC) médio de 27 Kg/m2. Em média, os agricultores trabalhavam no campo há 34

anos, cultivavam cerca de 5 horas/dia, 22h/semana, numa área de 8422 m2 (Anexo

J).

Relativamente à sintomatologia neuro-músculo-esquelética (SNME) durante

as actividades agrícolas, dos 250 agricultores inquiridos, 74,4% (n=186) referiram

SNME, no Questionário de Avaliação dos Agricultores.

No Questionário Nórdico Músculo-Esquelético, as regiões anatómicas que

apresentaram mais SNME, nos últimos 12 meses, foram a região lombar (68,4%), o

pescoço (24,4%) e os ombros (20,4%). Pelo contrário, a região que apresentou

menor SNME foi o tornozelo/pé (6,0%) como se pode constatar na Figura III.

Analisando a proporção de SNME nos últimos 7 dias, verificou-se que as regiões

com maior prevalência são equivalentes às regiões apontadas para os últimos 12

meses, no entanto, existe uma diminuição no número de agricultores com

sintomatologia, em todas regiões investigadas (Figura III).

Figura III: Prevalência de SNME dos agricultores avaliada no Questionário Nórdico

Músculo-Esquelético

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tornozelo/pé

Joelho

Anca/coxa

Região lombar

Região torácica

Punho/mão

Cotovelos

Ombros

Pescoço

Prevalência de SNME (%)

Últimos 12 meses

Últimos 7 dias

Limitações nos últimos 12 meses

10

Relativamente à limitação que a SNME pode causar nas diversas actividades

pessoais e laborais, a região lombar (37,6%) é a responsável por maior limitação

nos agricultores (Figura III) e a qual apresenta valores mais elevados na intensidade

média da dor referida (Figura IV). A estatística descritiva do questionário Nórdico

Músculo-Esquelético encontra-se no Anexo J.

Figura IV: Intensidade Média da dor dos agricultores avaliada na Escala Numérica da Dor

A SNME relacionada com o trabalho agrícola possui uma etiologia variada,

estando os agricultores expostos a uma multiplicidade de factores de risco.

A nível das características pessoais, verificou-se que a presença de SNME

está associada ao sexo (p=0,0001), escolaridade (p=0,047), antecedentes clínicos

(p=0,0001), outra ocupação (p=0,0001) e ao local de residência do agricultor

(p=0,007) (Tabela I).

Estas associações traduzem-se da seguinte forma: as mulheres

apresentaram mais sintomatologia (93,2%); à medida que o nível de escolaridade

aumenta, os agricultores apresentaram menos sintomatologia; a presença de

antecedentes clínicos associou-se a uma maior sintomatologia (89,3%); os

agricultores com outra ocupação profissional apresentaram menos sintomatologia

(58,5%) e os agricultores que residem em meios rurais foram os que apresentaram

maior sintomatologia (84%) (Tabela I).

Observou-se ainda, que os agricultores com mais sintomatologia se

encontraram na faixa etária dos 44-63 anos (77,0%), possuíam um IMC> 25 kg/m2

(83,3%), não possuíam hábitos tabágicos (75,2%) e trabalhavam no campo entre 10

a 50 anos (77,2%) (Tabela I).

0 1 2 3 4 5

Tornozelo/pé

Joelho

Anca/coxa

Região lombar

Região torácica

Punho/mão

Cotovelos

Ombros

Pescoço

Intensidade Média da Dor

Média

11

Tabela I: Factores de risco pessoais. NS – Não significativo.

A nível dos aspectos organizacionais do trabalho agrícola, verificaram-se

evidências estatisticamente significativas para afirmar que a presença de SNME está

associada ao número de horas dispendidas no campo por semana (p=0,020) e à

realização de pausas (p=0,014). Quanto maior o número de horas de trabalho por

semana, maior é a proporção de agricultores com sintomatologia e os agricultores

que realizam pausas apresentam mais queixas (79,5%) (Tabela II).

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para afirmar

que a presença de SNME está associada ao número de horas de trabalho diário e

às condições atmosféricas adversas. No entanto, verificou-se que quanto maior o

número de horas de trabalho diário, maior o número de agricultores com

sintomatologia. Os agricultores que trabalharam em condições atmosféricas

adversas apresentaram mais queixas (75,3%) (Tabela II).

Presença de dor Pearson Chi-Square

n (%) n (%) Valor p

Idade

24-43

44-63

64-84

48(19,2)

139(55,6)

63(25,2)

32(66,7)

107(77,0)

47(74,6)

NS

IMC

Peso Normal (≤ 25 kg/m2)

Acima do peso (> 25 kg/m2)

70(28,0)

180(72,0)

51(72,9)

135(83,3)

NS

Sexo

Feminino

Masculino

88(35,2)

162(64,8)

82(93,2)

104(64,2)

0,0001

Escolaridade

Sem escolaridade

4º ano

Acima do 4º ano

18(7,2)

146(115)

86(34,4)

15(83,3)

115(78,8)

56(65,1)

0,047

Hábitos tabágicos

Sim

Não

32(12,8)

218(87,2)

22(68,7)

164(75,2)

NS

Antecedentes Clínicos

Sim

Não

140(56,0)

110(44,0)

125(89,3)

61(55,4)

0,0001

Outra ocupação

Sim

Não

94(37,6)

156(62,4)

55(58,5)

131(84,0)

0,0001

Anos de trabalho

Menos de 10

10-50

Mais de 50

50(20)

145(58)

55(22)

34(68)

112(77,2)

40(72,7)

NS

Local de Residência

Rural

Urbana

100(40)

150(60)

84(84)

102(68)

0,007

12

Tabela II: Factores de risco organizacionais. NS – Não significativo.

Presença de dor Pearson Chi-Square

n (%) n (%) Valor p

Horas/dia

Menos de 5

5-9

10-14

166(66,4)

58(23,2)

26(10,4)

120(72,3)

45(77,6)

21(80,8)

NS

Horas/semana

Menos de 10

10-29

30-49

50-70

Mais de 70

41(16,4)

72(28,8)

83(33,2)

47(18,8)

7(2,8)

24(58,5)

50(69,4)

65(78,3)

41(87,2)

6(85,7)

0,020

Pausas

Sim

Não

166(66,4)

84(33,6)

132(79,5)

54(64,3)

0,014

Condições atmosféricas

adversas:

Sim

Não

223(89,2)

27(10,8)

168(75,3)

18(66,7)

NS

A nível psicossocial, não foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas para afirmar que a presença de SNME está associada com a

satisfação do agricultor pelo seu trabalho. No entanto, verificou-se que à medida que

a satisfação aumenta, o número de queixas diminui (Tabela III).

Tabela III: Factores de risco psicossociais. NS – Não significativo

Presença de dor Pearson Chi-Square

n (%) n (%) Valor p

Satisfação

Insatisfeito

Nem satisfeito, nem insatisfeito

Satisfeito

12(4,8)

32(12,8)

206(82,4)

12(100)

26(81,25)

148(71,8)

NS

A nível das características físicas do trabalho agrícola, as posturas adoptadas

mais frequentemente pelos agricultores foram: “mãos acima dos ombros” para

trabalhar plantações em altura (38,0%) e “flexão anterior do tronco” para trabalhar na

terra (61,6%) e para levantar cargas (84,0%). Para transportar cargas no campo,

27,6% usam um transportador e 25,6% transportam às costas/ombro. Relativamente

aos instrumentos mais utilizados, 54,8% dos agricultores recorrem à enxada para

preparar a terra para a nova plantação (Tabela IV).

Verificou-se que a presença de SNME está significativamente associada à

postura utilizada para trabalhar plantações em altura (p=0,011) e para transportar

cargas (p=0,007). Assim, a postura mais sintomática para trabalhar plantações em

13

altura foi trabalhar com as “mãos acima dos ombros” (85,3%) e para transportar

cargas foi o transporte à cabeça (85,7%) e às costas/ombros (82,8%) (Tabela IV).

Tabela IV: Factores de risco físicos. NS – Não significativo

Presença de dor Pearson Chi-Square

n (%) n (%) Valor p

Área (m2) de cultivo

Menos 5000

De 5000 – 10000

Mais de 10000

172(68,8)

43(17,2)

35(14,0)

124(72,1)

34(70,1)

28(80)

NS

Instrumentos utilizados

Enxada

Tractor e enxada

137(54,8)

112(44,8)

103(75,2)

83(74,1)

NS

Postura para trabalhar a terra

Costas dobradas

Cócoras ou joelhos

Várias posições

154(61,6)

29(11,6)

67(26,8)

111(72,1)

27(93,1)

48(71,6)

NS

Postura para trabalhar

plantações altas

Mão acima dos ombros

Mãos ao nível dos ombros

Mãos abaixo dos ombros

Várias posturas

Não faço a actividade

95(38,0)

28(11,2)

10(4,0)

20(8,0)

97(38,8)

81(85,3)

22(78,6)

7(70)

15(75)

61(62,9)

0,011

Transportar cargas

Manualmente

Na cabeça

Nas costas/ombro

Transportador

Várias formas

Não transporta

43(17,2)

21(8,4)

64(25,6)

69(27,6)

42(16,8)

11(4,4)

25(58,1)

18(85,7)

53(82,8)

45(65,2)

36(85,7)

9(21,4)

0,007

Levantar cargas

Inclina a coluna para a frente

Dobra os joelhos e mantém a

coluna direita

Não levanta as cargas

210(84,0)

29(11,6)

11(4,4)

157(74,8)

20(69)

9(82,0)

NS

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para afirmar

que a presença de SNME está associada com a área de cultivo, com os

instrumentos para preparar a terra, com a postura utilizada para trabalhar na terra e

para levantar cargas. Contudo, verificou-se que os agricultores que apresentaram

mais sintomatologia cultivavam terrenos com área superior a 10000m2 (80%),

recorriam à “enxada” para preparar a terra para a nova plantação (75,2%), utilizavam

14

a postura de “cócoras e joelhos” (93,1%) para trabalhar na terra e levantavam as

cargas através da “flexão anterior do tronco” (74,8%) (Tabela IV).

Estudo B

A amostra do Estudo B foi constituída por 10 agricultores, 9 mulheres e 1

homem, com idade média de 59 anos (48-71 anos) e um IMC médio de 28 Kg/m2.

Em média, os agricultores trabalhavam no campo há 31 anos, cultivavam cerca de 5

horas/dia, 27h/semana, numa área de 7076 m2 (Anexo J).

Através do QNM, constatou-se que todos os agricultores apresentavam

SNME na região lombar (100%), nos últimos 12 meses (Figura V). Esta região foi,

ainda, referenciada como o principal local de SNME durante a realização das

actividades agrícolas. Por isso, utilizou-se o número de agricultores com SNME

lombar para avaliar as diferenças ocorridas nas diversas actividades, entre os dois

momentos de avaliação. A estatística descritiva do questionário Nórdico Músculo-

Esquelético usado no encontra-se no Anexo J.

Figura V: Prevalência de SNME nos agricultores avaliada no Questionário Nórdico

Músculo-Esquelético

0 20 40 60 80 100

Tornozelo/pé

Joelho

Anca/coxa

Lombar

Punho/mão

Cotovelo

Ombros

Pescoço

Prevalência de SNME

Últimos 12 meses

15

Em todas as actividades agrícolas, com excepção da actividade cavar, ouve

uma diminuição do número de agricultores com SNME lombar, após a

implementação do programa de exercícios específicos. Contudo, as diferenças

encontradas não foram estatisticamente significativas (Tabela V).

Tabela V: Diferenças do número de agricultores com sintomatologia lombar antes e após a

implementação do projecto. NS – Não significativo

Actividades Avaliação Reavaliação Teste McNemar

n (%) n (%) Valor p

Cavar 9(90) 9(90) NS

Semear 4(40) 2(20) NS

Plantar 7(70) 3(30) NS

Mondar 5(50) 3(30) NS

Sachar 4(40) 3(30) NS

Arrancar 5(59) 2(20) NS

Apanhar 6(60) 3(30) NS

Sulfatar 2(20) 1(10) NS

Movimentar cargas 6(60) 5(50) NS

Relativamente à intensidade média de dor lombar, verificaram-se diferenças

estatisticamente significativas, na Escala Numérica da Dor, entre os dois momentos

de avaliação para as actividades: “cavar” (p=0.034), “plantar” (p=0.039), “arrancar”

(p=0,041), “apanhar” (p=0,041) e “movimentar cargas” (p=0,041) (Tabela VI).

Tabela VI: Diferenças na intensidade média de dor lombar antes e após a implementação do projecto. NS – Não

significativo

Avaliação Reavaliação Teste Wilcoxon

sx sx Valor p Z

Cavar 5,10 ± 2,424 4,20 ± 2,573 0.034 -2,121

Semear 2,50 ± 3,375 1,00 ± 2,108 NS -1,826

Plantar 3,40 ± 3,239 1,70 ± 2,791 0.039 -2,060

Mondar 3,10 ± 3,479 1,80 ± 3,155 NS -1,826

Sachar 2,60 ± 3,502 2,00 ± 3,266 NS -1,633

Arrancar 3,20 ± 3,490 1,20 ± 2,530 0,041 -2,041

Apanhar 3,30 ± 2,983 1,70 ± 2,751 0,041 -2,041

Sulfatar 1.00 ± 2,108 0,40 ± 1,265 NS -1,342

Movimentar cargas 4,00 ± 3,559 2,80 ± 3,120 0,041 -2,041

16

O projecto implementado também pretendia melhorar os conhecimentos dos

agricultores face aos factores de risco associados ao trabalho agrícola. Neste

contexto, verificaram-se evidências estatisticamente significativas na pontuação final

dos conhecimentos (p=0,12) entre os dois momentos de avaliação, que se traduz

num aumento dos valores médios das pontuações finais (Tabela VII).

Tabela VII: Avaliação dos conhecimentos.

Teste Wilcoxon

Mínimo Máximo sx Valor p Z

Pontuação na

avaliação 8 20 13,30 ± 3,917

0.012 -2,524 Pontuação na

reavaliação 13 20 17,90 ± 2,234

DISCUSSÃO

No Estudo A, quase três quartos dos agricultores apresentaram

sintomatologia neuro-músculo-esquelética (SNME) durante as actividades agrícolas.

As regiões anatómicas mais afectadas foram a lombar, o pescoço e os ombros. A

região lombar foi responsável por maior limitação nas actividades pessoais e

laborais e a que apresentava valores mais elevados na intensidade média da dor

referida. Estes resultados estão de acordo com vários autores. O‟Sullivan et al.

(2008) quando avaliaram a prevalência de SNME, em 104 agricultores irlandeses,

através de questionários, concluíram que quase três quartos dos agricultores (74%)

apresentavam SNME, no último ano, durante as actividades agrícolas. Antonopoulou

et al. (2007) verificaram que mais de três quartos dos agricultores gregos (82,6%)

relataram pelo menos um episódio de SNME no Questionário Nórdico Músculo-

Esquelético (QNM), durante o ano anterior. As regiões anatómicas mais afectadas

foram a lombar (56,9%), o pescoço (34,1%) e os ombros (29,9%). A região lombar

foi responsável por maior limitação nas actividades pessoais e laborais (28,6%).

McNeill e O‟Neill (1998) também concluíram que mais de três quartos dos

agricultores (76%) apresentaram SNME durante o trabalho no campo e que a região

lombar foi a mais afectada e a responsável por maior limitação nas actividades da

vida diária.

17

Alencar et al. (2009) desenvolveram um estudo exploratório descritivo com o

objectivo de analisar as actividades agrícolas, investigar a prevalência SNME nos

agricultores e identificar factores de risco associados à agricultura. A amostra foi

constituída por 80 trabalhadores agrícolas, de ambos os sexos, provenientes de

duas regiões do estado do Paraná. O critério de selecção das regiões foi a

produtividade nos últimos três meses, caracterizando a região A como "baixa

produtividade" e a região B como "alta produtividade" A avaliação foi feita por

entrevista através de questionários (QNM e questionário construído pelo autor) e por

observação sistemática das actividades. Os autores concluíram que a SNME, nos

últimos 12 meses, foi relatada por 61,0% dos trabalhadores na região A e 50,0% na

região B. As regiões anatómicas mais afectadas foram a lombar (região A – 42,5% e

B- 40%), cervical (região A e B - 5,0%) e ombros (região A - 5,0% e B - 2,5%).

Alterman et al. (2008) quando estudaram a prevalência de SNME em 7137

agricultores, através de entrevistas por telefone (88%) e pessoalmente (12%),

concluiram que mais da metade dos inquiridos apresentavam SNME. A região

anatómica mais sintomática foi a lombar, com mais de um quarto dos agricultores

com queixas (36,5%).

Park et al. (2001) realizaram um estudo para estimar a prevalência de SNME

na população agrícola e investigar associações entre a sintomatologia e potenciais

factores de risco. Duzentos e oitenta e sete agricultores, do sexo masculino,

responderam a um questionário sobre a presença de sintomatologia, durante as

actividades agrícolas. Os autores concluiram que mais de um quarto (31%) dos

agricultores queixaram-se de SNME nos últimos 12 meses, sendo a região lombar o

local com mais queixas (83,9%). Quarenta e seis por cento dos agricultores (n=40)

com SNME na lombar apresentaram limitações nas suas actividades de trabalho.

Neste estudo, a SNME relacionada com o trabalho agrícola está

significativamente associada com o sexo, escolaridade, antecedentes clínicos, outra

ocupação e o local onde reside o agricultor.

Quase a totalidade das mulheres que participaram no estudo apresentaram

SNME, enquanto que, apenas a metade dos homens se queixaram de

sintomatologia, durante as actividades agrícolas. Estes dados estão de acordo com

o estudo de Antonopoulou et al. (2007), que também encontraram uma associação

entre a SNME relatada e o sexo, onde os agricultores do sexo feminino

apresentaram maior prevalência de sintomatologia em cada região (excepto para os

cotovelos e pés) e maior limitação nas actividades. Pinzke (2003) também concluiu

18

que as mulheres que trabalhavam no campo apresentavam um risco mais elevado

para a SNME comparativamente aos homens, em todas as regiões do corpo.

Diferenças significativas entre as mulheres e os homens foram observados para os

sintomas nos ombros (OR=2,8; IC 95% 1,3-6,0), nas mãos (OR=3,9; IC 95% 1,88,3)

e nos os pés (OR=2,3; IC 95% 1,1-4,6). As razões para as diferenças de SNME nos

sexos advêm das características biológicas nas mulheres (aspectos fisiológicos,

hormonais e genéticos), do facto de estas apresentarem outras actividades

simultâneas com o trabalho no campo, como por exemplo, o trabalho doméstico e

devido às mulheres recordarem-se melhor dos problemas de saúde e valorizá-los

mais do que os homens (Antonopoulou et al. 2007, Maciel et al. 2006, Shipp et al.

2009, 2007, Xiang et al. 2000,1999). No entanto, existem estudos que contradizem

estes resultados, uma vez que encontraram uma prevalência de SNME maior nos

homens do que nas mulheres. Justificaram esta conclusão, pelo facto de as

mulheres terem comportamentos mais saudáveis, serem-lhes atribuídas tarefas

agrícolas com menor risco de lesão e porque as mulheres iniciam a sua actividade

agrícola mais tarde, devido a razões culturais (Browning et al. 1998, Frank et al.

2004, McCurdy et al. 2003, Shipp et al. 2009, 2007). No entanto, Shipp et al. (2009,

2007) refutaram os seus próprios resultados, defendendo que seria de esperar uma

maior prevalência de SNME nas mulheres.

No presente estudo, constatou-se que à medida que o nível de escolaridade

aumenta, o número de agricultores com SNME diminui significativamente. As

mesmas conclusões foram alcançadas no estudo de Browning et al. (1998) que

concluíram que baixos níveis de educação e formação estão associados a um maior

risco de sintomatologia. Em contrapartida, Sprince et al. (2007) ao avaliar os factores

de risco para a SNME relacionada com o trabalho agrícola, num estudo caso-

controlo, concluíram que o nível de educação superior estava associado com a

sintomatologia nos agricultores. Apesar da associação encontrada no estudo, os

autores afirmaram que não existe uma causalidade directa entre o nível de

educação superior e a SNME, justificando que, possivelmente, os agricultores com

maior escolaridade estavam mais propensos a recordar a sintomatologia relacionada

com o trabalho agrícola. Xiang et al. (2000) concluíram que não existe uma relação

entre o nível de educação e o risco SNME nos agricultores, uma vez que as

actividades agrícolas são muito diferentes e uma simples comparação com os anos

de ensino não poderiam fornecer uma associação objectiva.

19

A presença de antecedentes clínicos associou-se a um maior número de

queixas durante as actividades agrícolas indo de encontro ao estudo de Browning et

al. (1998) que encontrou que o risco de surgimento de SNME aumentava,

notavelmente, em agricultores que apresentavam antecedentes clínicos (OR = 2,4;

IC 95% 1,01–5,71). Fuchs et al. (2007) também concluíram que os agricultores com

antecedentes clínicos apresentavam um risco maior de ter SNME (OR= 3,28; IC

95% 2,1-5,1). A associação entre os antecedentes clínicos e o risco de SNME pode

ser explicado pelo facto, da presença de patologias anteriores deixarem o indivíduo

fisicamente mais frágil. Neste caso, o ambiente de trabalho torna-se ainda mais

perigoso, as tarefas mais extenuantes e os instrumentos mais difíceis de manusear,

conduzindo ao surgimento antecipado da fadiga muscular (Browning et al. 1998).

No actual estudo, os agricultores com outra ocupação profissional

apresentaram menos SNME durante o trabalho no campo do que aqueles que

apenas trabalhavam na agricultura. Estes resultados contrariaram a maior parte dos

estudos, os quais encontraram que os agricultores com outra actividade profissional

tinham um risco mais elevado para o surgimento de SNME do que aqueles que

apenas trabalhavam no campo (Antonopoulou et al. 2007, Browning et al. 1998, Park

et al. 2001). Uma explicação plausível para este resultado advém do facto, de que

os agricultores que apresentaram outra ocupação, não dependiam da agricultura

como forma de sustento e realizavam esta actividade como lazer.

Os agricultores que residiam em meios rurais apresentaram mais SNME

comparativamente aos que residiam em meios urbanos. Estes resultados estão de

acordo com o estudo de Kang et al. (2009), no qual compararam a prevalência de

osteoartrose no joelho, em agricultores de uma região rural com uma região urbana,

no norte da China. Concluíram que a prevalência sintomática e radiológica de

osteoartrose no joelho era mais elevada na comunidade rural em comparação com a

urbana, relacionando este facto com uma actividade agrícola mais exigente, nos

meios rurais.

No presente estudo, não foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas para poder afirmar que a presença de SNME está associada à idade,

IMC, hábitos tabágicos e os anos de trabalho no campo.

Em relação à idade, constatou-se que os agricultores com mais SNME

encontraram-se na faixa etária dos 44-63 anos. Os resultados, deste estudo, estão

de acordo com os obtidos por Park et al. (2001) e Xiang et al. (2000). Park et al.

(2001) verificaram que os agricultores com idades entre 45-60 anos tinham mais

20

probabilidade de ter SNME (OR=2,68; IC 95% 1,55-4,65) comparativamente aos que

tinham idades inferiores a 45 anos e aos que tinham idades superiores a 60 anos.

Xiang et al. (2000) ao determinar a prevalência de SNME para 2358 agricultores

chineses também concluíram que os agricultores com idades entre 40-59 anos

apresentaram maior prevalência de sintomatologia (39,5%), relativamente aos que

tinham idades inferiores e superiores. No presente estudo, tal como nos trabalhos

anteriormente referenciados, verificou-se que não existe uma relação crescente

entre a idade e o surgimento de SNME, ao contrário do que foi evidenciado por

outros estudos (Antonopoulou et al. 2007, Fuchs et al. 2007, Hartman et al. 2006,

2005, 2004, Pinzke 2003, Shipp et al. 2009). Antonopoulou et al. (2007) concluíram

que a prevalência da SNME foi estatisticamente associada ao aumento da idade. Os

agricultores mais jovens (20-39 anos) relataram poucos sintomas e, menos

frequentemente, em comparação com os mais idosos (≥60 anos). Segundo estes

autores, a idade constitui um factor de risco para a SNME. Shipp et al. (2009) e

Fuchs et al. (2007) verificaram, também, uma associação entre a SNME nos

agricultores e a idade, ou seja, por cada ano que passa, o risco associado à

sintomatologia aumenta 1,04 vezes (IC 95%: 1,01-1,07) e 1,06 (IC 95%: 1,04-1,09)

vezes, respectivamente. Em oposição, Sprince et al. (2007) e Xiang et al. (1999)

encontraram um maior risco de SNME no grupo etário mais jovem (20 a 29 anos).

Segundo estes autores, os agricultores mais jovens estavam mais vulneráveis à

sintomatologia, porque eram muitas vezes atribuídos trabalhos fisicamente mais

esforçados aos agricultores jovens em comparação com os mais idosos. A presença

de SNME em agricultores jovens é um forte predictor de problemas no futuro (Shipp

et al. 2007, Sprince et al. 2007, Xiang et al. 1999). Xiang et al. (1999) demonstraram

que a ocorrência de SNME diminuiu com o avançar da idade, mas após ajustar a

idade pelos anos de trabalho no campo, verificaram que a associação da idade com

a SNME tornou-se não significativa, sugerindo que a idade pode ser confundida com

outros factores de risco. A idade por si só, pode dar informações acerca de vários

tipos de factores de risco incluindo o estado de saúde, experiencia profissional,

comportamentos de risco e número de horas de trabalho semanal. No presente

estudo, a SNME na faixa etária dos 64-84 anos diminuiu comparativamente com a

faixa etária dos 44-63 anos. Uma explicação para este facto, advém da possibilidade

dos agricultores mais idosos terem experienciado episódios anteriores de

sintomatologia e modificaram o seu ambiente de trabalho de forma a reduzir o risco

de futuros episódios (Sprince et al. 2007). Por outro lado, estes resultados puderam,

21

também, estar relacionados ao efeito do “trabalhador saudável'', no qual os

agricultores inquiridos correspondiam aqueles que não experienciaram

sintomatologia anteriormente (Park et al. 2001, Xiang et al. 1999).

No que respeita ao Índice de Massa Corporal (IMC) como factor de risco para

a SNME, o estudo não encontrou uma associação significativa, no entanto, verificou-

se que agricultores com IMC acima do peso (IMC > 25 kg/m2) apresentavam mais

sintomas. Estes resultados estiveram de acordo com os obtidos pelo Antonopoulou

et al. (2007) e Park et al. (2001) que concluíram que os agricultores com IMC acima

do peso (IMC > 25 kg/m2) tinham uma tendência para relatar mais SNME, embora a

associação não fosse estatisticamente significativa. São vários os estudos que

defendem que o risco de SNME aumenta à medida que o IMC aumenta (Holmerg e

Thelin 2003, Hartman et al. 2006, 2005, 2004, Fuchs et al. 2007, Kouimintzis et al.

2007).

Relativamente aos hábitos tabágicos, observou-se que os agricultores não

fumadores apresentavam mais SNME comparativamente com os fumadores,

embora esta associação não fosse significativa. Estes resultados estão de acordo

com os obtidos pelo Park et al. (2001), no qual também não encontraram uma

associação significativa entre os agricultores que fumavam e a SNME e verificaram

que dos agricultores com sintomatologia (n=89), 54 agricultores eram não fumadores

e 35 eram fumadores. Estes resultados foram refutados por outros estudos. Shipp et

al. (2009, 2007) verificaram que os hábitos tabágicos aumentavam o risco para a

SNME. Os agricultores fumadores apresentavam um risco de 2,19 (IC 95%: 1,20-

4,02) vezes superior de apresentar SNME comparativamente aos não fumadores.

Fuchs et al. (2007) também verificaram que agricultores fumadores apresentavam

um risco acrescido para a SNME comparativamente aos não fumadores (OR= 1,90;

IC 95% 1,2-2,9). Hartman et al. (2004), através de um estudo caso-controlo

holandês, avaliaram a prevalência de pedidos de baixa médica devido a SNME

relacionada com o trabalho agrícola e identificaram os seus factores de risco. A

amostra final foi constituída por 142 agricultores no grupo de casos (agricultores com

baixa médica devido a SNME) e 195 no grupo de controlos (agricultores sem baixa

médica). A percentagem de fumadores foi significativamente maior entre os casos.

Os autores concluíram que na ausência do factor de risco “hábitos tabágicos”, 24%

dos casos, poderiam ter sido evitados. McCurdy et al. (2003) apesar de terem

encontrado uma associação entre os agricultores fumadores e o risco de SNME,

concluíram que esta associação poderia estar confundida por outras características

22

pessoais, tais como, o nível de atenção dedicado as tarefas agrícolas durante o acto

de fumar.

Vários estudos concluíram que os agricultores que trabalhavam há mais de 10

anos, apresentaram um risco duas vezes maior de SNME comparativamente com os

que trabalhavam há menos tempo (Walker-Bone e Palmer 2002, Fuchs et al., 2007,

Kouimintzis et al. 2007). Nos resultados do presente estudo, também, se verificou

que os agricultores que trabalhavam há mais de 10 anos apresentavam mais SNME

do que aqueles que trabalhavam há menos de 10 anos. Vários autores concluíram

que quanto maior o número de anos de trabalho no campo maior é o risco de SNME

nos agricultores (Antonopoulou et al. 2007, Browning et al. 1998, Frank et al. 2004)

A nível dos aspectos organizacionais do trabalho agrícola, observou-se uma

associação significativa entre a SNME e o número de horas dispendidas no campo

por semana. Apesar da associação com as horas de trabalho por dia não ter sido

significativa, verificou-se que a tendência desta variável era semelhante à da

anterior, ou seja, quanto maior o número de horas de trabalho, maior é a proporção

de agricultores com sintomatologia. Estes resultados estiveram de acordo com os

obtidos por vários autores, que concluíram que quanto maior o número de horas

gastas no campo, maior é o risco de SNME (Antonopoulou et al. 2007, Frank et al.

2004, Hartman et al. 2004, Hasalkar et al. 2007, Walker-Bone e Palmer 2002). À

medida que aumenta o número de horas de trabalho, aumenta a exposição aos

factores de risco e a degradação do desempenho físico dos agricultores, devido à

fadiga muscular (Lilley et al. 2002, Akerstedt 1995, Spurgeon et al. 1997).

No presente estudo, a realização de pausas estava associada à presença de

SNME, verificando-se que os agricultores que realizavam pausas foram os que

apresentaram mais sintomatologia. Estes resultados contrariam os obtidos nos

vários estudos, que defendem que a realização de pequenas pausas durante o

trabalho agrícola é uma estratégia eficaz para prevenir a SNME (Akerstedt 1995,

Faucett et al. 2007, Lilley et al. 2002, Spurgeon et al. 1997). Realizar breves pausas

regularmente reduz os sintomas de cansaço e desconforto músculo-esquelético,

permitindo ao indivíduo recuperar da fadiga muscular, durante o dia de trabalho

(Akerstedt 1995, Faucett et al. 2007, Lilley et al. 2002, Spurgeon et al. 1997). A

explicação encontrada para a elevada percentagem de SNME nos agricultores que

realizavam pausas, poderá estar relacionada com o facto de 100 agricultores dos

166 que realizavam pausas, apresentarem antecedentes clínicos. A presença de

outra patologia poderá ter deixado os agricultores mais vulneráveis a SNME, logo

23

necessitavam de realizar pausas, devido a presença de sintomas (Browning et al.

1998).

Não foi encontrada associação significativa entre a presença de SNME nos

agricultores e trabalhar em condições atmosféricas adversas. No entanto, os

agricultores que trabalham no campo, nestas condições, apresentam mais

sintomatologia. A agricultura é caracterizada como uma actividade sazonal, ou seja,

algumas tarefas têm que ser realizadas em determinados períodos do ano,

independentemente das condições climáticas que existirem. Muitas vezes, o

agricultor é obrigado a trabalhar no campo com calor, frio ou chuva (Chapman et al.

2010, 2008, 2004, Earle-Richardson et al. 2006, 2005, Hansen e Donohoe 2003;

McCurdy et al. 2003). A exposição a condições atmosféricas adversas predispõe o

agricultor a muitas doenças, nomeadamente às do sistema neuro-músculo-

esquelético (McNeill e O‟Neill 1998).

A nível psicossocial, não foi encontrada associação entre a presença de

SNME e a satisfação do agricultor pelo seu trabalho. No entanto, verificou-se que à

medida que a satisfação aumenta, o número de queixas diminui, estando de acordo

com Hartman et al. (2006, 2004) e Park et al. (2001) que também não encontraram

uma associação significativa entre os factores de risco psicossociais e a SNME

relacionada com o trabalho agrícola. Shipp et al. (2009, 2007) verificaram que os

trabalhadores rurais com baixa satisfação têm 8,72 vezes mais probabilidade de

apresentar SNME, durante o trabalho agrícola, comparativamente aos que

exprimiram maior satisfação. Vários foram os autores que justificaram a associação

entre a satisfação pelo trabalho e a SNME, pelo facto de os agricultores insatisfeitos

terem mais comportamentos de risco durante o trabalho agrícola (Alencar et al.

2009, Ajayi 2006, Alterman et al. 2008, Holmberg 2003, Thurston e Blundell-Gosselin

2005, Walker-Bone e Palmer 2002).

Não foram encontradas diferenças significativas entre a SNME e a área de

cultivo. No entanto, observou-se uma maior percentagem de sintomatologia em

agricultores que cultivavam terrenos com áreas superiores a 10000m2. Estes dados

confirmaram os resultados obtidos pelo Borwning et al. (1998), que encontraram

uma associação positiva entre o tamanho da propriedade de cultivo e o risco de

desenvolver SNME, durante o trabalho agrícola. Quanto maior for a propriedade de

cultivo, maiores serão os riscos de lesão para os agricultores, uma vez que a

superfície agrícola cultivada poderá indicar o número de horas de exposição aos

factores de risco (Browning et al. 1998). Shipp et al. (2009) também verificaram que

24

os agricultores que cultivavam pequenos campos tinham menos probabilidade de

sofrer de SNME.

Mais da metade dos agricultores utilizam à enxada e, destes, mais de três

quartos queixaram-se de SNME. No entanto, não foi encontrada uma associação

significativa entre o uso da enxada e a presença de sintomatologia durante o

trabalho agrícola. Nas explorações agrícolas de subsistência, a maioria das

actividades são realizadas com recurso a ferramentas manuais, incluindo a enxada

(McNeill e O‟Neill 1998, Xiang et al. 2000, 1999). McNeill & O‟Neill (1998) verificaram

que quase a metade dos agricultores que trabalhavam com enxadas manifestavam

SNME.

A nível das características físicas do trabalho agrícola, observou-se que as

posturas mais, frequentemente, adoptadas pelos agricultores foram: “mãos acima

dos ombros” para trabalhar plantações em altura e “flexão anterior do tronco” tanto

para trabalhar na terra como para levantar cargas. As posturas anteriormente

mencionadas, bem como, o transporte manual de cargas foram classificados pela

maioria dos estudos como factores de risco para a SNME (Cooper et al. 2006, Jin et

al. 2009, Nevala e Puranen 1996,1995, Palmer 1996, Shipp et al. 2009).

Mais da metade dos agricultores que recorreram à “flexão anterior do tronco”

para trabalhar na terra apresentaram SNME. Estes resultados estão de acordo com

os obtidos por Cooper et al. (2006) e Shipp et al. (2009). Cooper et al. (2006),

através de um estudo coorte, com duração de 2 anos, avaliaram a prevalência de

SNME em 267 agricultores durante diversas actividades agrícolas. Os resultados

mostraram que 43,8% dos agricultores queixaram-se de SNME, no 1º ano, e 46,2%,

no 2º ano durante tarefas que com flexão anterior do tronco. Shipp et al. (2009)

desenvolveram um estudo com o objectivo de descrever a prevalência de SNME em

posturas adoptadas no trabalho agrícola. Este estudo de coorte teve duração de dois

anos e incluiu 580 agricultores (n = 315 no ano 1; n = 265 no ano 2). Os resultados

obtidos mostraram que dos 565 agricultores que adoptavam a postura de “flexão

anterior do tronco”, 44,9% apresentaram SNME. No presente estudo, também se

constatou que quase a totalidade dos agricultores que utilizavam as posturas de

“cócoras ou joelhos” apresentaram SNME. Concluiu-se que, quer a postura “flexão

anterior do tronco” quer a postura de “cócoras ou joelhos” despoletaram SNME nos

agricultores, tal como foi evidenciado por Jin et al. (2009). Estes investigadores

concluíram que nas posturas “flexão anterior do tronco” e “cócoras ou joelhos”, a

actividade muscular do erector da espinha e dos multífidos é baixa. A diminuição da

25

actividade muscular dos extensores é acompanhada pelo aumento da tensão nas

estruturas passivas da região lombar, tendo-se registado 83Nm na postura de

“flexão anterior do tronco”, 38Nm na postura de “cócoras” e 17Nm na postura de

“joelhos”. A postura de “cócoras ou joelhos”, também provocou grande tensão nas

estruturas internas do joelho e má circulação nas extremidades inferiores, podendo

causar SNME (Jin et al. 2009).

Mais de três quartos dos agricultores que usaram a postura “mãos acima dos

ombros” para trabalhar plantações em altura queixaram-se de SNME. A associação

entre esta postura e a presença de sintomatologia foi significativa. Estes resultados

confirmaram o estudo Palmer (1996), o qual pretendeu comparar a frequência de

SNME em 108 agricultores divididos em dois grupos, através do Questionário

Nórdico Músculo-Esquelético. Os agricultores do grupo 1 (n=56) trabalhavam com as

mãos acima do nível dos ombros e os agricultores do grupo 2 (n=52) trabalhavam

com as mãos abaixo do nível da cintura. O risco de SNME nos ombros foi mais

elevado no grupo 1, quer para os últimos 7 dias (OR = 5,9; IC 95% 2,4-16,7) quer

para os últimos 12 meses (OR = 3,6; IC 95% 1,2-11,1), e as diferenças foram

estaticamente significativas entre os dois grupos. O autor também verificou que 21%

dos agricultores do grupo 1 estiveram limitados nas suas actividades ocupacionais

devido à SNME, enquanto no grupo 2, não existiram queixas relativamente à

limitação.

Para levantar cargas, mais de três quartos dos agricultores recorreram a

postura “flexão anterior do tronco”, e destes, quase três quartos apresentaram

SNME. Para transportar as cargas, verificou-se que os comportamentos com mais

queixas associaram-se ao transporte “na cabeça” e “nas “costas/ombros”. Segundo

Nevala-Puranen (1995, 1996), a elevação de cargas pode ser realizada de várias

formas, sendo a “flexão anterior do tronco” a postura que produz maiores forças

compressivas na coluna e, consequentemente, mais SNME. Da mesma maneira, o

transporte de cargas, também, pode ser realizado de várias formas, sendo

desaconselhado, o transporte “na cabeça” e “nas costas/ombros”, devido às forças

compressivas que são exercidas sobre todas as estruturas da coluna. A presença de

sintomatologia associada ao levantamento e transporte de cargas também foi

evidenciado por Cooper et al. (2006), os quais demonstraram que dos agricultores

que levantavam cargas com “flexão anterior do tronco”, 23,3% queixaram-se de

SNME no 1º ano e 26,1%, no 2º ano. Constataram ainda que dos agricultores que

transportavam cargas nas “costas/ombros”, 20,5% apresentavam SNME no 1º ano e

26

24,6% no 2º ano. Shipp et al. (2009) concluíram que dos 570 agricultores que

adoptavam a postura “flexão anterior do tronco” para levantar cargas, 24,6%

apresentavam SNME; e que dos 560 agricultores que transportavam cargas

pesadas nas “costas/ombros”, 22,4% queixaram-se de sintomatologia.

O Estudo B teve como objectivo avaliar a implementação de um projecto

comunitário na SNME referida pelos agricultores. Através do QNM, constatou-se que

todos os agricultores apresentavam SNME na região lombar, nos últimos 12 meses.

Este local foi o referenciado por vários autores, como o mais prevalente de SNME

nos agricultores (Xiang et al. 2000, 1999, Park et al. 2001, Antonopoulou et al. 2007,

O‟Sullivan et al. 2008).

O projecto englobou uma acção de educação para a saúde e um programa de

exercícios específicos. A acção abordou a fisiopatologia das lesões músculo-

esqueléticas relacionadas com o trabalho agrícola, seus factores de risco e sua

prevenção. Segundo McCurdy et al. (2003) a educação constitui uma componente

importante nas estratégias de prevenção de SNME nos agricultores. O fornecimento

de informação sobre os factores de risco pode melhorar a adopção de

comportamentos saudáveis, minimizando o risco de lesões (Allen et al. 1995, Fulmer

et al. 2002, Hansen e Donohoe 2003, McCurdy et al. 2003).

McCurdy et al. (2003) e Thurstom e Blundell-Gosseli (2005) defenderam que

educação é claramente necessária para promover a saúde nos agricultores, mas, só

por si é insuficiente. Assim, implementou-se um programa de exercícios que

pretendeu compensar as estruturas mais utilizadas no trabalho e activar as que não

são requeridas, de forma a promover a saúde e o desempenho do indivíduo (Hansen

e Donohoe 2003, Macedo e Garganta 2008, Machado e Garganta 2008).

Após a implementação do projecto, verificou-se um aumento significativo dos

valores médios das pontuações finais referentes aos conhecimentos, uma

diminuição do número de agricultores com sintomatologia lombar em todas as

actividades e uma diminuição significativa da intensidade média da dor em algumas

actividades (cavar, plantar, arrancar, apanhar e movimentar cargas). Estes

resultados estão de acordo com Nevala-Puranen (1995, 1996) que analisou os

efeitos de um projecto comunitário em 27 agricultoras femininas com SNME. Os

objectivos do projecto foram aumentar as capacidades físicas e psicológicas das

agricultoras e ensinar os comportamentos mais seguros. O projecto foi executado

por um fisioterapeuta e incluiu formação ergonómica sobre as melhores posturas a

utilizar no trabalho agrícola e um programa de exercícios específicos. No final do

27

curso, o autor verificou que a proporção de posturas de trabalho inadequadas tinha

decrescido (34% para 4%), bem como, tinha diminuído a SNME. Chapman et al.

(2010, 2008, 2004) e Taattola et al. (2006) também verificaram que após a aplicação

de um programa de promoção de saúde, os agricultores tinham uma maior

consciência sobre os factores de risco e adoptavam melhores práticas para

prevenção da SNME.

O presente trabalho possuiu alguns pontos fortes, os quais se relacionaram

com o facto de consistir num estudo pioneiro em Portugal direccionado para a

população agrícola, utilizar uma amostra proveniente de meios rurais e urbanos e

demonstrar a eficácia de um projecto comunitário para a promoção da saúde nos

agricultores.

Existiram, no entanto, algumas limitações na realização deste trabalho. Uma

das limitações deve-se ao facto do trabalho agrícola consistir numa actividade

sazonal (Antonopoulou et al. 2007, Xiang et al. 2000, 1999) e tendo em conta que a

duração do estudo foi de 5 meses, a prevalência de SNME encontrada não

representa a variação durante um ano de trabalho. Outra das limitações consiste na

ausência de grupo de controlo no Estudo B, o qual permitiria uma comparação mais

objectiva dos resultados do projecto. A utilização do Questionário Nórdico Músculo-

Esquelético também pode acarretar uma limitação ao estudo, devido ao elevado

carácter subjectivo das respostas, uma vez que as pessoas tendem a recordar com

mais facilidade da SNME mais recente ou mais limitativa (Antonopoulou 2007, Shipp

2009, 2007, Xiang 2000,1999).

28

CONCLUSÃO

Com os estudos atrás descritos poder-se-á concluir que existe uma elevada

prevalência da sintomatologia neuro-músculo-esquelética (SNME) nos agricultores

sendo a coluna lombar, a cervical e os ombros as regiões mais afectadas. O sexo, a

escolaridade, os antecedentes clínicos, outra ocupação, o local de residência do

agricultor, o número de horas dispendidas no campo por semana, a realização de

pausas, a postura utilizada para trabalhar plantações em altura e o modo utilizado

para transportar cargas parecem estar associados à presença de SNME nos

agricultores

Após a implementação do projecto comunitário, verificou-se uma diminuição

significativa na intensidade média de dor na lombar em algumas actividades e um

aumento na pontuação final dos conhecimentos dos agricultores relativamente aos

factores de risco associado ao trabalho agrícola.

A SNME relacionada com o trabalho agrícola pode limitar o agricultor nas

suas actividades, por esta razão, torna-se pertinente a realização de projectos

comunitários que visam a promoção da saúde. A identificação dos factores de risco

associados ao trabalho agrícola é imprescindível para a viabilização destes

projectos.

Os resultados deste estudo fornecem dados importantes aos profissionais de

saúde, para que no futuro, estes possam promover mudanças de comportamentos

nos agricultores alcançando ganhos em saúde.

29

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Shipp, Eva, Sharon Cooper, Deborah Junco, George Delclos, Keith Burau,

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Leon Burmeister, Kendall Thu, Patricia Gillette, Michael Alavanja. 2007. Risk

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37

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Suutarinen, J. 2004. Management as a risk factor for farm injuries. Journal of

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Xiang, Huiyun, Lorann Stallones, Thomas Keefe. 1999. Back pain and

agricultural work among farmers: An analysis of the Colorado farm family health

and Hazard surveillance survey. American Journal of Industrial Medicine. 35:

310–316.

38

ANEXOS

39

ANEXO A Instrumentos de Avaliação

Estudo A

Questionário de Avaliação dos Agricultores

40 Questionário construído por Sandra Ribeiro, no âmbito do Mestrado em Fisioterapia – Opção Comunidade, sob a orientação da Professora Doutora Cristina Melo.

1) Localidade: _________________________________________

2) Idade: ______ 3) Peso: ______ 4) Altura ______

5) Género: □ Feminino □ Masculino

6) Qual é o seu nível de escolaridade?

□ Não sabe ler nem escrever □ 9º ano de escolaridade

□ Sabe ler e escrever □ 12º ano de escolaridade

□ 4º ano de escolaridade □ Bacharelato/ Licenciatura

□ 6º ano de escolaridade □ Outra: _______________ 7) É fumador?

□ Sim □ Não

8) Tem algum problema de Saúde?

□ Sim □ Não

9) Se sim, qual?

□ Músculo-esquelético □ Neoplásico □ Outra

□ Cardiovascular □ Psíquico

□ Respiratório □ Neurológico

10) Tem mais alguma ocupação para além da agricultura?

□ Sim □ Não Se sim, qual? ___________________________

11) Em média, qual é a área da sua propriedade de cultivo?

Hectares (ha) ________ ou Metros quadrados (m²) ________

12) Há quantos anos trabalha na agricultura? ________

13) Em média, quanto tempo passa no campo?

Horas/ dia ________ Dias / semana ________

14) Como organiza o seu trabalho ao longo do dia?

□ Inicio uma actividade e faço-a até ao fim

□ Mudo de actividade quando me sinto cansado

15) Faz pausas quando trabalha no campo?

□ Sim □ Não

16) Sente dores quando trabalha no campo?

□ Sim □ Não

17) Trabalha no campo quando está:

Frio? □ Sim □ Não

Calor? □ Sim □ Não

Chuva? □ Sim □ Não

18) Em que medida está satisfeito ou insatisfeito com o trabalho na agricultura?

Muito Insatisfeito

Insatisfeito Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito Satisfeito

Sem opinião

1 2 3 4 5 6

Código:

Questionário de Avaliação dos Agricultores

41 Questionário construído por Sandra Ribeiro, no âmbito do Mestrado em Fisioterapia – Opção Comunidade, sob a orientação da Professora Doutora Cristina Melo.

19) Como executa as seguintes actividades? (pode assinalar mais do que uma opção)

a) Como prepara a terra para a nova plantação?

□ Cava a terra com uma enxada

□ Lavra a terra com um tractor

□ Lavra a terra com animais

□ Outra, qual _____________________

b) Quando tem que apanhar batatas que postura utiliza?

□ Costas dobradas para a frente com as

pernas esticadas

□ Coloca-se em Cócoras

□ Coloca-se em joelhos

□ Senta-se no chão

□ Utiliza várias posições

□ Outra, qual ___________________

c) Quando tem que vindimar que postura utiliza?

□ Mãos acima da altura dos ombros com

o pescoço inclinado para trás

□ Mãos ao nível dos ombros

□ Mãos a baixo do nível dos ombros

com o pescoço inclinado para a frente

□ Não faço a actividade

□ Outra, qual _____________________

d) Como transporta as cargas no campo?

□ Transporta manualmente

□ Transporta a cabeça

□ Transporta ao ombro

□ Puxa e empurra as cargas

□ Utiliza um transportador (carrinho de

mão)

□ Não transporta cargas

□ Outra, qual ______________________

e) Demonstre como levanta as cargas no campo?

□ Inclina a coluna para a frente com as

pernas esticadas

□ Dobra os joelhos e mantém a coluna

direita

□ Inclina a coluna e dobra os joelhos

□ Não levanta cargas

□ Outra, qual _______________________

Questionário Nórdico Músculo-esquelético

42 Versão Portuguesa: Cristina Carvalho Mesquita Contacto para a autorização de utilização: [email protected]

Instruções para o preenchimento

Por favor, responda a cada questão assinalando um “X” na caixa apropriada:

Marque apenas um “X” por cada questão.

Não deixe nenhuma questão em branco, mesmo se não tiver nenhum problema em

qualquer parte do corpo.

Para responder, considere as regiões do corpo conforme ilustra a figura abaixo.

Questionário Nórdico Músculo-esquelético

43 Versão Portuguesa: Cristina Carvalho Mesquita Contacto para a autorização de utilização: [email protected]

Idade_____Data de nascimento____/___/___Sexo_________Data de hoje____/____/_____

Posto de trabalho_________________________________Estado civil__________________

Nome_______________________________________________________________________

Considerando os últimos 12 meses, teve algum problema (tal como dor, desconforto ou dormência) nas seguintes regiões:

Responda, apenas, se tiver algum problema

Teve algum problema nos últimos 7 dias, nas seguintes regiões:

Durante os últimos 12 meses teve que evitar as suas actividades normais (trabalho, serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões:

1. Pescoço?

Não Sim

1 2

2. Pescoço?

Não Sim

1 2

3. Pescoço?

Não Sim

1 2

4.

5. Ombros? Não Sim

1 2 , no ombro direito

3 , no ombro esquerdo

4 , em ambos

6. Ombros? Não Sim

1 2 , no ombro direito

3 , no ombro esquerdo

4 , em ambos

7. Ombros? Não Sim

1 2 , no ombro direito

3 , no ombro esquerdo

4 , em ambos

8.

9. Cotovelo? Não Sim

1 2 , no cotovelo direito

3, no cotovelo esquerdo

4, em ambos

10. Cotovelo? Não Sim

1 2 , no cotovelo direito

3, no cotovelo esquerdo

4, em ambos

11. Cotovelo? Não Sim

1 2, no cotovelo direito

3, no cotovelo esquerdo

4, em ambos

12.

13. Punho/Mãos? Não Sim

1 2, no punho/mãos direitos

3, no punho/mãos esquerdos

4, em ambos

14. Punho/Mãos? Não Sim

1 2, no punho/mãos direitos

3, no punho/mãos esquerdos

4, em ambos

15. Punho/Mãos? Não Sim

1 2, no punho/mãos direitos

3, no punho/mãos esquerdos

4, em ambos

16.

17. Região Torácica?

Não Sim

1 2

18. Região Torácica?

Não Sim

1 2

19. Região Torácica?

Não Sim

1 2

20.

21. Região Lombar?

Não Sim

1 2

22. Região Lombar?

Não Sim

1 2

23. Região Lombar?

Não Sim

1 2

24.

25. Ancas/Coxas?

Não Sim

1 2

26. Ancas/Coxas?

Não Sim

1 2

27. Ancas/Coxas?

Não Sim

1 2

28.

29. Joelhos?

Não Sim

1 2

30. Joelhos?

Não Sim

1 2

31. Joelhos?

Não Sim

1 2

32.

33. Tornozelo/Pés?

Não Sim

1 2

34. Tornozelo/Pés?

Não Sim

1 2

35. Tornozelo/Pés?

Não Sim

1 2

36.

Código:

44

ANEXO B Instrumentos de Avaliação

Estudo B

Questionário de Avaliação dos Agricultores

45 Questionário construído por Sandra Ribeiro, no âmbito do Mestrado em Fisioterapia – Opção Comunidade, sob a orientação da Professora Doutora Cristina Melo.

1) Localidade: _________________________________________

2) Idade: ______ 3) Peso: ______ 4) Altura ______

5) Género: □ Feminino □ Masculino

6) Qual é o seu nível de escolaridade?

□ Não sabe ler nem escrever □ 9º ano de escolaridade

□ Sabe ler e escrever □ 12º ano de escolaridade

□ 4º ano de escolaridade □ Bacharelato/ Licenciatura

□ 6º ano de escolaridade □ Outra: _______________ 7) É fumador?

□ Sim □ Não

8) Tem algum problema de Saúde?

□ Sim □ Não

9) Se sim, qual?

□ Músculo-esquelético □ Neoplásico □ Outra

□ Cardiovascular □ Psíquico

□ Respiratório □ Neurológico

10) Tem mais alguma ocupação para além da agricultura?

□ Sim □ Não Se sim, qual? ___________________________

11) Em média, qual é a área da sua propriedade de cultivo?

Hectares (ha) ________ ou Metros quadrados (m²) ________

12) Há quantos anos trabalha na agricultura? ________

13) Em média, quanto tempo passa no campo?

Horas/ dia ________ Dias / semana ________

14) Como organiza o seu trabalho ao longo do dia?

□ Inicio uma actividade e faço-a até ao fim

□ Mudo de actividade quando me sinto cansado

15) Faz pausas quando trabalha no campo?

□ Sim □ Não

16) Sente dores quando trabalha no campo?

□ Sim □ Não

17) Trabalha no campo quando está:

Frio? □ Sim □ Não

Calor? □ Sim □ Não

Chuva? □ Sim □ Não

18) Em que medida está satisfeito ou insatisfeito com o trabalho na agricultura?

Muito Insatisfeito

Insatisfeito Nem Satisfeito

Nem Insatisfeito Satisfeito

Muito Satisfeito

Sem opinião

1 2 3 4 5 6

Código:

Questionário de Avaliação dos Agricultores

46 Questionário construído por Sandra Ribeiro, no âmbito do Mestrado em Fisioterapia – Opção Comunidade, sob a orientação da Professora Doutora Cristina Melo.

19) Como executa as seguintes actividades? (pode assinalar mais do que uma opção)

a) Como prepara a terra para a nova plantação?

□ Cava a terra com uma enxada

□ Lavra a terra com um tractor

□ Lavra a terra com animais

□ Outra, qual _____________________

b) Quando tem que apanhar batatas que postura utiliza?

□ Costas dobradas para a frente com as

pernas esticadas

□ Coloca-se em Cócoras

□ Coloca-se em joelhos

□ Senta-se no chão

□ Utiliza várias posições

□ Outra, qual ___________________

c) Quando tem que vindimar que postura utiliza?

□ Mãos acima da altura dos ombros com

o pescoço inclinado para trás

□ Mãos ao nível dos ombros

□ Mãos a baixo do nível dos ombros

com o pescoço inclinado para a frente

□ Não faço a actividade

□ Outra, qual _____________________

d) Como transporta as cargas no campo?

□ Transporta manualmente

□ Transporta a cabeça

□ Transporta ao ombro

□ Puxa e empurra as cargas

□ Utiliza um transportador (carrinho de

mão)

□ Não transporta cargas

□ Outra, qual ______________________

e) Demonstre como levanta as cargas no campo?

□ Inclina a coluna para a frente com as

pernas esticadas

□ Dobra os joelhos e mantém a coluna

direita

□ Inclina a coluna e dobra os joelhos

□ Não levanta cargas

□ Outra, qual _______________________

Questionário de Avaliação dos Agricultores

47 Questionário construído por Sandra Ribeiro, no âmbito do Mestrado em Fisioterapia – Opção Comunidade, sob a orientação da Professora Doutora Cristina Melo.

20) Apenas para cada actividade agrícola que efectua, responda às seguintes

questões.

Actividades

Sente dor quando

realiza as

actividades

Se sim,

Onde? e Qual é a intensidade da sua dor segundo a

Escala Numérica da Dor ?

Cavar □ Não □ Sim

Semear □ Não □ Sim

Plantar □ Não □ Sim

Mondar □ Não □ Sim

Sachar □ Não □ Sim

Regar □ Não □ Sim

Arrancar □ Não □ Sim

Apanhar □ Não □ Sim

Podar/ limpar □ Não □ Sim

Sulfatar □ Não □ Sim

Levantar e

transportar cargas □ Não □ Sim

Questionário de Avaliação dos Agricultores

48 Questionário construído por Sandra Ribeiro, no âmbito do Mestrado em Fisioterapia – Opção Comunidade, sob a orientação da Professora Doutora Cristina Melo.

21) Classifique as seguintes afirmações como Verdadeira (V), Falsa (F) ou Não Sei (NS).

Afirmações V F NS

1. Para apanhar frutos da árvore devemos esticar os braços o máximo que se puder

porque assim melhoramos os movimentos.

2. Não se deve fazer pausas porque demoramos mais tempo a acabar o trabalho.

3. Para mondar as plantações devemos dobrar as costas para a frente com os joelhos

esticados.

4. Devemos esticar os braços e o pescoço para apanhar uvas em vez de usar uma

escada, para não cansar as pernas.

5. Para transportar cargas pesadas devemos usar o carrinho-de-mão.

6. Para podar, devemos posicionar-nos na escada, de forma a que o objecto de trabalho

fique ao nível dos olhos.

7. Conduzir tractores por períodos prolongados permite fazer o trabalho mais rapidamente

e, assim, diminuir as dores nas costas.

8. Quando estamos a cavar, se surgir dor devemos continuar a trabalhar até que o nosso

corpo se adapte ao esforço.

9. Fazer exercício pode ajudar a ter menos dores quando se trabalha no campo.

10. Para apanhar batatas devemos pôr-nos de joelhos para evitar as dores nas costas

11. Para levantar uma carga do chão, a melhor maneira de o fazer é inclinarmo-nos para o

chão com os joelhos esticados para termos mais força.

12. As tesouras que obriguem a fazer muita pressão com as mãos são as melhores, porque

permitem ganhar mais força.

13. Conduzir tractores pode provocar problemas na coluna devido à vibração e à posição

prolongada em sentado.

14. Manter um peso adequado e beber muita água permite evitar o aparecimento de dores

associadas às actividades agrícolas.

15. Para transportar cargas elevadas devemos arrasta-las, de forma a não provocar dores

nas costas.

16. Durante actividades prolongadas, para além de fazer pausas, devemos usar diferentes

posições de forma a prevenir o aparecimento de dores.

17. Para levantar um saco com batatas devemos dobrar os joelhos com as costas direitas e

fazer força nas pernas.

18. Para sulfatar devemos usar uma máquina manual porque obriga a fazer mais

movimentos com o braço.

19. Trabalhar no campo quando está frio ou a chover pode provocar dores no corpo.

20. Durante o dia devemos trocar de actividade agrícola, de forma a não ficar muito tempo

na mesma.

Questionário Nórdico Músculo-esquelético

49 Versão Portuguesa: Cristina Carvalho Mesquita Contacto para a autorização de utilização: [email protected]

Instruções para o preenchimento

Por favor, responda a cada questão assinalando um “X” na caixa apropriada:

Marque apenas um “X” por cada questão.

Não deixe nenhuma questão em branco, mesmo se não tiver nenhum problema em

qualquer parte do corpo.

Para responder, considere as regiões do corpo conforme ilustra a figura abaixo.

Questionário Nórdico Músculo-esquelético

50 Versão Portuguesa: Cristina Carvalho Mesquita Contacto para a autorização de utilização: [email protected]

Idade_____Data de nascimento____/___/___Sexo_________Data de hoje____/____/_____

Posto de trabalho_________________________________Estado civil__________________

Nome_______________________________________________________________________

Considerando os últimos 12 meses, teve algum problema (tal como dor, desconforto ou dormência) nas seguintes regiões:

Responda, apenas, se tiver algum problema

Teve algum problema nos últimos 7 dias, nas seguintes regiões:

Durante os últimos 12 meses teve que evitar as suas actividades normais (trabalho, serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões:

4. Pescoço?

Não Sim

1 2

5. Pescoço?

Não Sim

1 2

6. Pescoço?

Não Sim

1 2

4.

5. Ombros? Não Sim

1 2 , no ombro direito

3 , no ombro esquerdo

4 , em ambos

6. Ombros? Não Sim

1 2 , no ombro direito

3 , no ombro esquerdo

4 , em ambos

7. Ombros? Não Sim

1 2 , no ombro direito

3 , no ombro esquerdo

4 , em ambos

8.

9. Cotovelo? Não Sim

1 2 , no cotovelo direito

3, no cotovelo esquerdo

4, em ambos

10. Cotovelo? Não Sim

1 2 , no cotovelo direito

3, no cotovelo esquerdo

4, em ambos

11. Cotovelo? Não Sim

1 2, no cotovelo direito

3, no cotovelo esquerdo

4, em ambos

12.

13. Punho/Mãos? Não Sim

1 2, no punho/mãos direitos

3, no punho/mãos esquerdos

4, em ambos

14. Punho/Mãos? Não Sim

1 2, no punho/mãos direitos

3, no punho/mãos esquerdos

4, em ambos

15. Punho/Mãos? Não Sim

1 2, no punho/mãos direitos

3, no punho/mãos esquerdos

4, em ambos

16.

17. Região Torácica?

Não Sim

1 2

18. Região Torácica?

Não Sim

1 2

19. Região Torácica?

Não Sim

1 2

20.

21. Região Lombar?

Não Sim

1 2

22. Região Lombar?

Não Sim

1 2

23. Região Lombar?

Não Sim

1 2

24.

25. Ancas/Coxas?

Não Sim

1 2

26. Ancas/Coxas?

Não Sim

1 2

27. Ancas/Coxas?

Não Sim

1 2

28.

29. Joelhos?

Não Sim

1 2

30. Joelhos?

Não Sim

1 2

31. Joelhos?

Não Sim

1 2

32.

33. Tornozelo/Pés?

Não Sim

1 2

34. Tornozelo/Pés?

Não Sim

1 2

35. Tornozelo/Pés?

Não Sim

1 2

36.

Código:

51

ANEXO C Acta da Reunião

Estudo B

“Cultivar Saúde”

52

Acta da Reunião

Aos quinze dias do mês de Dezembro de dois mil e nove, pelas dez horas, decorreu no

Gabinete da Enfermeira Chefe do Centro de Saúde de Ponte da Barca, a primeira reunião do

Projecto “Cultivar Saúde”. ________________________________________________

Estiveram presentes: _____________________________________________________

Fisioterapeuta Sandra Ribeiro, aluna de Mestrado em Fisioterapia – especialização

Comunidade, dinamizadora do projecto ______________________________________

Enfermeira Odete Alves, Enfermeira Chefe do Centro de Saúde de Ponte da Barca e

Coordenadora da Unidade de Cuidados na Comunidade _________________________

Sr. Laranjeira, Presidente da Junta de Freguesia de Britelo _______________________

Prof. Outeiro, Ex-Presidente da Junta de Freguesia de Britelo ____________________

A reunião desenrolou-se com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Apresentação do projecto “Cultivar Saúde” _________________________________

2. Abordagem às especificidades do projecto _________________________________

3. Discussão das actividades a serem implementadas no âmbito do projecto _________

4. Planeamento das próximas actividades ____________________________________

Iniciada a reunião, a Fisioterapeuta Sandra procedeu à apresentação do projecto “Cultivar

Saúde”, através de um suporte em PowerPoint. Findada a apresentação, os restantes membros

da reunião expressaram a sua opinião face ao projecto. Afirmaram ser um projecto

interessante e desafiadora, uma vez que os agricultores nunca tinham sido alvo de nenhuma

intervenção. ___________________________________________________________

O Presidente da Junta de Freguesia afirmou que a intervenção do Responsável da Cooperativa

Agrícola não era possível, uma vez que não existe esta organização. Acrescentou ainda que a

participação do Pároco local não se mostrava vantajosa, pois este não mantinha uma relação

de proximidade com a população. __________________________________________

A Enfermeira Odete Alves nomeou o Enfermeiro Miguel Cunha, especialista em Enfermagem

de Reabilitação para acompanhar o desenvolvimento do projecto. _________________

Ficou acordado que as actividades decorrerão num espaço da Junta de Freguesia de Britelo,

local cedido pelo Presidente. _______________________________________________

A dinamizadora deste projecto comprometeu-se a entregar três posters e cinquenta convites

até ao final do ano corrente, para que na primeira quinzena de Janeiro, o Presidente da Junta

de Freguesia e o Prof. Outeiro possam proceder ao convite dos agricultores para participar na

próxima actividade. _____________________________________________________

“Cultivar Saúde”

53

Ficou acordado, para o dia dezasseis de Janeiro de dois mil e dez, às quinze horas, uma

reunião com os agricultores para se proceder a avaliação dos mesmos. _____________

Nada havendo a tratar, foi encerrada a reunião pelas onze horas. Posteriormente, a autora do

projecto elaborou a presente acta, a qual foi assinada pela mesma _________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Fisioterapeuta Sandra Ribeiro

__________________________________________

54

ANEXO D Divulgação do Projecto

Estudo B

Cartaz Publicitário

55

Convite

56

57

ANEXO E Acção de Educação para Saúde

Estudo B

Acção de Educação

58

Promover Saúde nos Agricultores

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

% de Agricultores que sentem dores

% de Agricultores que não sentem dores

72%• Coluna

16%

• Ombros

• Braços

8%• Pescoço

• Mãos

4%• Coxas

32%• Coluna

24%• Joelhos

4%

• Pescoço

• Ombros

• Mãos

44%• Coluna

8%• Pescoço

4%

• Ombros

• Braços

• Mãos

Acção de Educação

59

40%• Coluna

8%• Joelhos

4%

• Pescoço

• Ombros

• Braços

40%• Coluna

12%• Joelhos

4%

• Ombros

• Mãos

52%• Coluna

4%

• Ancas

• Joelhos

• Mãos

44%• Coluna

8%• Pernas

4%• Braços

16%• Coluna

8%• Pescoço

4%

• Ombros

• Mãos

20%• Coluna

12%• Ombros

8%• Braços

4%

• Pescoço

• Joelhos

Acção de Educação

60

44%• Coluna

20%• Pescoço

8%• Braços

4%• Coxa

48%• Coluna

8%

• Pescoço

• Pés

4%

• Braços

• Ancas

Acção de Educação

61

Acção de Educação

62

Absorver choques Assegurar a mobilidade

Esticar

Dobrar

Inclinação e torção da coluna

Acção de Educação

63

Acção de Educação

64

Errado

Certo

Certo

Errado

Acção de Educação

65

Participe nas Sessões de Exercíciospela sua saúde

66

ANEXO F Cartazes Publicitários das Actividades

Estudo B

Cartaz para a Acção de Educação

67

Cartaz para o Programa de Exercícios Específicos

68

69

ANEXO G Análise Biomecânica do Programa dos Exercícios

Estudo B

70

Cultivar Saúde

Análise Biomecânica dos Exercícios Implementados

Trabalho Elaborado: Sandra Ribeiro

Orientadora: Prof. Doutora Cristina Melo

Maio/2010

71

Evidência

A cervical é a porção da coluna que apresenta maior mobilidade, estando,

deste modo, propensa a um grande número de lesões.

A taxa de prevalência de cervicalgias é elevada na população agrícola

comparativamente às outras profissões, uma vez que os agricultores utilizam a

hiper-extensão da cervical por longos períodos quando trabalham com as mãos

acima do nível dos ombros (Fulmer, 2002). Sakakibara (1995) avaliou a prevalência

de sintomatologia músculo-esquelética em 52 agricultoras japonesas de peras e

maças. Este autor conclui que os sintomas de dor na região da cervical foram de 25-

50% nas produtoras de maças e de 40-60% nas produtoras de peras.

Assim, torna-se pertinente realçar a importância dos músculos cervicais

anteriores e posteriores na estabilidade deste segmento vertebral, em particular, os

músculos flexores profundos. Estes são responsáveis pelo suporte da lordose

cervical, bem como, pelo controlo do movimento intervertebral (Falla, 2004, 2007;

Olson, 2006).

Vários autores verificaram que em pacientes com dor cervical, a activação

dos músculos flexores profundos estava comprometida, existindo uma maior

actividade dos músculos superficiais (como por exemplo, o esterno-cleudo-

mastoideu e os escalenos anteriores). A ausência de co-activação destes dois

grupos musculares acarreta, assim, um défice no controlo do movimento segmentar

cervical (Falla, 2004; Olson 2006). Para além disto, verifica-se que existe um

desequilíbrio muscular antero-posterior, estando os flexores da cervical mais fracos

relativamente aos extensores (Jull, 2004).

Jull (2004) com o objectivo de estudar a acção dos músculos flexores

profundos da cervical utilizou o movimento de flexão crâneo-cervical. Segundo esta

autora, este movimento permite reduzir as cargas adversas impostas às articulações

cervicais, durante posturas incorrectas, ao mesmo tempo que reeduca os músculos

profundos relativamente à sua função estabilizadora e de suporte postural dinâmico.

Objectivo

Activar os músculos flexores profundos da cervical;

Exercício 1 – Flexão crâneo-cervical

72

Descrição do Exercício

O agricultor deve estar de pé com o tronco correctamente alinhado. Deve

realizar a flexão craneo-cervical (puxar o queixo para dentro, fazendo barbela)

seguida da extensão da mesma.

Progressão

Data 13-03-2010 27-03-2010 24-04-2010

Número de

repetições 15x 20x 25x

Tabela 1: Progressão do exercício 1

A American College of Sports Medicine (ACSM) (2009) preconiza que o treino

de endurance deve incidir em exercicios de baixa intensidade com um alto número

de repetições (10-25 repetições). Assim, o agricultor realizou inicialmente 15

repetições e progrediu através de aumentos de 5 repetições, atingindo um máximo

de 25 repetições.

Ilustração 1: Flexão Crâneo-Cervical

73

Evidência

Os agricultores utilizam diariamente posturas mantidas de flexão da cervical/

anteriorização dos ombros (por exemplo, cavar, semear, plantar, mondar, sachar e

regar), extensão da cervical/ elevação dos membros superiores (por exemplo,

vindimar, sulfatar, podar, apanhar os frutas das árvores) e levantamento e transporte

de cargas (por exemplo, trsacos de batatas, cestos) (Fulmer, 2002). Estas

actividades provocam encurtamento e aumento da tensão dos músculos trapézio

superior, elevador da omoplata, escalenos e esternocleudomastóideo (Fulmer, 2002;

Gerwin, 2001; Weon, 2008).

O aumento da tensão muscular constituem a causa mais comum de

formação de “trigger points” na cervical e ombro e consequentemente, dor muscular.

(Gerwin, 2001; Weon, 2008).

O auto-alongamento regular é efectivo na redução da tensão e dor cervical e

assim, deve ser considerado como a primeira escolha de tratamento uma vez que

são fáceis de realizar e apresentam baixo custo (Gerwin, 2001; Ylinen, 2003).

O exercício implementado consiste no movimento de inclinação, realizado no

plano frontal e pretende alongar os músculos trapézio superior, elevador da

omoplata, escalenos e esternocleudomastóideo (Kapandji, 1987c; Palastanga,

2000).

Os músculos trapézio e o elevador da omoplata desempenham uma

importante função na estabilização da cintura escapular durante os movimentos do

membro superior, como por exemplo, quando se transporta uma carga nas mãos. A

contracção unilateral destes músculos produz inclinação da cervical juntamente com

os escalenos e esternocleudomastóideo (Kapandji, 1987a; Palastanga, 2000).

Ylinen (2007), para estudar o efeito de exercícios de alongamento na

cervicalgia, utilizou o alongamento mantido por 30 segundos dos músculos trapézio

superior, escalenos e extensores da cervical, num grupo de 63 mulheres

diagnosticadas com dor cervical não específica. Como resultado, obteve uma

redução de 39% na dor cervical, avaliada através da escala visual analógica.

Objectivo

Alongar os músculos trapézio, elevador da omoplata, escalenos,

esternocleudomastóideo;

Exercício 2 – Alongamento lateral da cervical

74

Descrição do Exercício

O agricultor deve estar de pé com o tronco correctamente alinhado. Deve

colocar o membro superior direito atrás das costas, de forma a que o ombro esteja

em extensão, rotação interna e adução. A mão esquerda irá traccionar o punho

direito, aumentando a adução do ombro. Simultaneamente, realizará inclinação da

cervical para o lado esquerdo. Repetir para o lado oposto, alternadamente.

Progressão

Data 13-03-2010 27-03-2010 24-04-2010

Tempo de

alongamento 10‟‟ 15‟‟ 20‟‟

Número de

Repetições 4x + 4x 4x + 4x 4x + 4x

Tabela 2: Progressão do exercício 2

De acordo com a ACSM (2010), para existirem melhorias na flexibilidade o

alongamento deve ser mantido entre 10 a 30 segundos e repetido pelo menos 4

vezes por cada grupo muscular. Inicialmente, o agricultor realizou 4 repetições do

alongamento durante 10 segundos. O exercício progrediu através de aumentos de 5

segundos, atingindo um máximo de 20

Ilustração 2: Alongamento lateral da cervical

75

Evidência

Os agricultores que cultivam para auto-consumo quase sempre recorrem ao

trabalho manual (Amaral, 2000). Diariamente, são expostos a uma multiplicidade de

factores de risco que predispõem o desenvolvimento de lesões músculo-

esqueléticas (Earle-Richardson, 2006; Fulmer, 2002).

Segundo Earle-Richardson (2006), os agricultores que apresentam um défice

de endurance muscular a nível dos ombros, rapidamente entram em fadiga, ficando

mais vulneráveis às lesões.

O ombro consiste na região com maior mobilidade do corpo humano, porém,

a sua estabilidade é reduzida tornando-o propenso a lesões. A articulação está,

assim, dependente das estruturas ligamentares e musculares para obter estabilidade

(Hamill & Knutsen, 2008; Kuechle, 1997; Muraki, 2006; Wickham, 2010). Esta

característica torna pertinente a realização de exercícios de endurance muscular do

ombro, essencialmente, nos agricultores porque realizam actividades em amplitudes

articulares extremas (Hamill & Knutsen, 2008; Wickham, 2010).

O exercício implementado para melhorar a endurance do ombro consiste na

adução/abdução horizontal, movimento realizado no plano horizontal em torno de

um eixo vertical, determinado pela interacção do plano sagital e frontal. Este

movimento ocorre simultaneamente na articulação gleno-umeral e escápulo-torácica

(Kapandji, 1987a).

A posição inicial corresponde a 90º de abdução do ombro, no plano frontal,

combinada com rotação externa. A adução horizontal consiste no movimento

combinado de flexão e adução, no sentido anterior; e a abdução horizontal, no

movimento de retorno, combinando a extensão e abdução, no sentido posterior

(Kapandji, 1987a; Kuechle, 1997). Aquando da adução horizontal, ocorre protracção

e rotação externa das omoplatas, enquanto que na abdução horizontal, ocorre

retracção e rotação interna (Kapandji, 1987a).

A adução horizontal é realizada pelos músculos deltóide, subescapular,

grande e pequeno peitorais e serrátil anterior sendo limitada pelo contacto das

palmas das mãos, na linha média. A abdução horizontal será realizada pelos

músculos deltóide, supraespinhoso, infraespinhoso, redondo maior e menor,

rombóides, trapézio e grande dorsal, ultrapassando a posição inicial em 30 a 40

graus (Hamill & Knutsen, 2008; Kapandji, 1987a; Kuechle, 1997).

Exercício 3 – Endurance dos músculos do ombro

76

O músculo deltóide desempenha um papel importante neste exercício, uma

vez que se encontra activo em todo o arco de movimento. O pico máximo de

actividade deste músculo foi verificado aos 90 graus de abdução. O músculo

supraespinhoso também apresenta maior actividade, nesta amplitude, possuindo

uma dupla funcionalidade. Para além de auxiliar o deltóide nos movimentos de

abdução é também responsável pela estabilização articular do ombro juntamente

com os restantes músculos da coifa dos rotadores (infraespinhoso, pequeno

redondo e subescapular) (Ackland & Pandy; 2009; Antony & Keir, 2010; Halder,

2001; Hamill & Knutsen, 2008; Kapandji, 1987a; Kuechle, 1997; Wickham, 2010).

O movimento de abdução é limitado na articulação gleno-umeral pelo

contacto do troquiter com o arco coracoacromial. A associação da rotação externa

permite desviar o troquiter no sentido posterior, retardando esse bloqueio mecânico.

Simultaneamente, permite evitar a compressão gerada nos tecidos moles desta

região (Hamill & Knutsen, 2008).

O exercício implementado permite ainda trabalhar a endurance dos músculos

extensores do tronco, uma vez que a sua diminuição tem sido apontada como factor

de risco para a ocorrência de lombalgia (Adegoke & Babatunde, 2007; Knutson,

2005; Liebenson, 2000; Nourbakhsh & Arab, 2002).

A evidência sugere que a diminuição da endurance muscular dos extensores

do tronco aumenta a tensão sobre as estruturas passivas da coluna lombar,

podendo surgir lombalgia. Indivíduos com esta patalogia apresentam um limiar de

fadiga muscular mais baixo dos extensores do tronco comparativamente aos

indivíduos saudáveis (Adegoke & Babatunde, 2007; Chok, 1999). Chok (1999)

conclui que o treino de endurance para extensores da coluna pode ser efectivo no

alívio da dor nas costas.

Objectivo

Melhorar a endurance dos músculos responsáveis pelos movimentos de

adução e abdução horizontal;

Melhorar a endurance dos estabilizadores do ombro (supraespinhoso,

infraespinhoso, subescapular e pequeno redondo);

Melhorar a endurance dos músculos extensores do tronco.

77

Descrição do Exercício

O agricultor deve estar de pé com o tronco correctamente alinhado. Deve

realizar 90º abdução e rotação externa dos ombros. De seguida, efectua adução

horizontal até ao contacto das palmas das mãos e, finalmente, abdução horizontal

máxima.

Progressão

Data 13-03-2010 27-03-2010 24-04-2010

Número de

repetições 15x 20x 25x

Tabela 3: Progressão do exercício 3

A progressão deste exercício segue os princípios enunciados pela ACSM

(2009), descritos no exercício 1.

Ilustração 3: Endurance dos músculos do ombro

78

Evidência

Nas posturas mantidas de flexão anterior do tronco, Solomonow (2002)

verificou um constante stress colocado sobre as estruturas viscoelásticas, que

desencadeia uma activação reflexa dos músculos paravertebrais de forma a manter

a estabilidade. Esta activação repercute-se na ocorrência de espasmos e no

aumento de tensão sobre estes músculos reportando-se em episódios de lombalgia.

Como os agricultores adoptam, muitas vezes, posturas mantidas de flexão

anterior do tronco (Earle-Richardson, 2006; Fulmer, 2002) estão sujeitos ao aumento

da actividade reflexa dos músculos paravertebrais, tornando-se pertinente o

alongamento dos músculos do tronco. Assim, o exercício implementado consiste no

movimento de inclinação realizado no plano frontal e pretende alongar o quadrado

lombar, erector da espinha e psoas (Kapandji, 1987c; Knutson & Owens, 2005;

Norris, 1995; Palastanga, 2000).

O quadrado lombar desempenha importantes funções a nível da coluna

lombar e cintura pélvica. A nível da coluna é o principal músculo responsável pela

inclinação, participando também na extensão. É ainda um importante estabilizador

quando os membros superiores suportam uma carga. Tomando a sua inserção na

coluna como ponto fixo, este músculo pode, ainda, elevar a crista ilíaca ipsilateral

(Hamill, 2008; Kapandji, 1987c; Knutson & Owens, 2005; Liebenson, 2000; McGill,

1996; Palastanga, 2000). O erector da espinha e o psoas também contribuem para o

movimento de inclinação do tronco quando actuam unilateralmente (Kapandji,

1987c; Palastanga, 2000). Os músculos acima citados, sendo considerados

músculos posturais, tendem a encurtar e a desenvolver “trigger points” (Huguenin,

2004; Norris, 1995; Nourbakhsh & Arab, 2002; Tunnell, 1998)

O encurtamento destes músculos repercute-se numa alteração no

alinhamento e na biomecânica lombo-pélvica, contribuindo para a hiperlordose

lombar e anteversão pélvica e, consequentemente, originar lombalgia (Knutson &

Owens, 2005; Liebenson, 2000; McGill, 1996; Norris, 1995; Nourbakhsh & Arab,

2002). O exercício de alongamento lateral do tronco implementado associa, ainda, o

alongamento do grande dorsal. Este músculo é um poderoso extensor, aductor e

rotador interno do ombro (Bogduk, 1998; Hamill & Knutsen, 2008; Halder, 2001;

Palastanga, 2000; Pouliart & Gagey, 2005).

Exercício 4 – Alongamento lateral do tronco

79

Bogduk (1998) ainda considera que o grande dorsal pode realizar extensão e

inclinação do tronco. Ferguson (2004) verificou que durante o manuseamento de

objectos e instrumentos existe uma actividade acrescida deste músculo. O

encurtamento do grande dorsal mantém o úmero em rotação interna, limita o

movimento de flexão e abdução do ombro e diminui a drenagem linfática do membro

superior (Chaitow & DeLany, 2008; Hertling & Kessler, 2006).

Objectivo

Alongar os músculos quadrado lombar, erector da espinha e psoas;

Alongar o músculo grande dorsal.

Descrição do Exercício

O agricultor deve estar de pé com o tronco correctamente alinhado. Deve

realizar uma inclinação do tronco para o lado esquerdo, acompanhando com o

membro superior direito em abdução máxima. Repetir para o lado oposto,

alternadamente.

Progressão

Data 13-03-2010 27-03-2010 24-04-2010

Tempo de

alongamento 10‟‟ 15‟‟ 20‟‟

Número de

Repetições 4x + 4x 4x + 4x 4x + 4x

Tabela 4: Progressão do exercício 4.

A progressão deste exercício segue os princípios enunciados pela ACSM

(2010), descritos no exercício 2.

.

Ilustração 4: Alongamento lateral do tronco

80

Evidência

Os agricultores adoptam, muitas vezes, posturas mantidas de flexão anterior

do tronco associadas a flexão da anca (Earle-Richardson, 2006; Fulmer, 2002).

Nestas posturas, os extensores da anca apresentam uma relação comprimento-

tensão desfavorecida que pode acarretar uma diminuição da endurance destes

músculos (Earle-Richardson, 2006). É, assim, pertinente a realização de exercícios

de endurance dos extensores da anca.

Os músculos que realizam a extensão da anca são o grande glúteo e os

isquiotibiais (semitendinoso, semimembranoso e bicípite femural). Estes músculos

desempenham, ainda, uma importante função no controlo do movimento da pélvis e

na sua estabilização (Clarck, 2002; Grimaldi, 2009; Hamill & Knutsen, 2008;

Kankaanpää,1998; Palastanga, 2000).

O grande glúteo é um músculo poderoso que para além de ser um forte

extensor da anca, também, desempenha um papel importante em equilibrar a pélvis

sobre as cabeças femurais. Relaciona-se com os paravertebrais lombares através

da fáscia toracolombar, permitindo a transferência de forças da coluna vertebral para

os membros inferiores. A relação existente entre a coluna, pélvis e anca possibilita

que a amplitude de hiperextensão da anca seja maior quando ocorre anteversão da

pélvis e hiperlordose lombar (Clarck, 2002; Hamill & Knutsen, 2008;

Kankaanpää,1998; Kapandji, 1987b; Leinonen, 2000; Palastanga, 2000).

Grimaldi (2009) constatou que o grande glúteo apresenta uma tendência para

enfraquecer e atrofiar. As alterações que podem surgir na marcha devido a este

facto, têm conduzido que este músculo seja alvo de intervenção (Goldberg &

Neptune, 2007; Grimaldi, 2009; Lyons, 1983).

Os isquiotibiais são músculos biarticulares que actuam tanto como extensores

da anca como flexores do joelho. Contudo, a sua contribuição para a extensão da

anca aumenta com a extensão do joelho (Hamill & Knutsen, 2008; Kapandji, 1987b;

Palastanga, 2000).

A diminuição da endurance dos músculos extensores da anca tem sido

considerada como um importante factor de risco de dor lombar (Adegoke &

Babatunde, 2007; Clarck, 2002; Kankaanpää,1998).

Exercício 5 – Endurance dos extensores da anca

81

Adegoke & Babatunde (2007) verificaram que o aumento da endurance dos

músculos extensores da anca podem auxiliar na diminuição da dor lombar e,

consequentemente, redução da incapacidade.

O exercício de endurance dos extensores da anca é mais eficiente na posição

de pé, uma vez que a sua acção é essencialmente antigravítica, facilitando a

propulsão dos membros inferiores (Hamill & Knutsen, 2008).

Objectivo

Melhorar a endurance da musculatura extensora da anca (grande glúteo e

isquiotibiais);

Descrição do Exercício

O agricultor deve estar de pé com as mãos apoiadas numa cadeira. Mantendo

o tronco correctamente alinhado, deve realizar a hiperextensão da anca do membro

inferior direito com o joelho em extensão. Posteriormente, deve repetir com o

membro inferior contralateral.

Progressão

Data 13-03-2010 27-03-2010 24-04-2010

Número de

repetições 15x + 15x 20x + 20x 25x + 25x

Tabela 5: Progressão do exercício 5.

A progressão deste exercício segue os princípios enunciados pela ACSM

(2009), descritos no exercício 1.

Ilustração 5: Endurance dos extensores da anca.

82

Evidência

A agricultura é considerada uma actividade extenuante com uma variedade

de tarefas que exigem aos agricultores um trabalho muscular global (Fulmer, 2002;

Earle-Richardson, 2006).

O exercício implementado aborda assim, o corpo humano de uma forma

holística, focando tanto os membros superiores como os inferiores sem esquecer o

importante papel estabilizador do tronco e da cintura pélvica.

Partindo da postura erecta, o agricultor deverá efectuar a flexão do ombro

simultaneamente à flexão da anca e joelho contralateral. Os movimentos de

flexão/extensão são executados no plano sagital em torno de um eixo transversal

(Kapandji, 1987a, b). Este exercício pretende simular a actividade muscular

recrutada durante a marcha e em determinadas tarefas agrícolas, como por

exemplo, subir e descer uma escada.

O movimento de flexão do ombro é realizado pelos músculos deltóide

anterior, coracobraqueal, grande peitoral e bicípite braqueal. A partir dos 60º de

flexão, há uma participação da articulação escápulo-torácica pela acção dos

músculos trapézio e serrátil anterior (Hamill & Knutsen, 2008; Kapandji, 1987a;

Palatanga, 2000; Wickham, 2010).

Quando atingir os 90º de flexão, o agricultor deverá realizar a extensão do

ombro até à posição inicial. Este movimento é controlado pela acção excêntrica dos

músculos flexores anteriormente descritos e a nível da escápulo-torácica pela acção

concêntrica dos rombóides e trapézio (Hamill & Knutsen, 2008; Kapandji, 1987a;

Palatanga, 2000).

Nos movimentos do ombro, os músculos constituintes da coifa dos rotadores

(supraespinhoso, infraespinhoso, subescapular e pequeno redondo) desempenham

um papel importante na estabilização, mantendo a cabeça do úmero na cavidade

articular. A força da coifa dos rotadores diminui, acima dos 90º de flexão, deixando a

articulação do ombro mais vulnerável a lesões. (Antony & Keir, 2010; Hamill &

Knutsen, 2008; Wickham, 2010). Por esta razão, a amplitude escolhida para o

exercício consistiu em 90º de flexão.

Relativamente aos membros inferiores, um dos membros realizará flexão da

anca e joelho enquanto o outro permanecerá em extensão, constituindo a única

base de suporte corporal Andersson, 1997).

Exercício 6 – Exercício global

83

O principal flexor da anca é o ílio-psoas, uma combinação de três músculos

diferentes – o psoas maior, psoas menor e ilíaco. Este é um músculo biarticular que

actua na coluna lombar e na anca. Se a coluna estiver estabilizada, o ílio-psoas

produzirá flexão na articulação coxo-femural. Este músculo torna-se mais activo na

amplitude média do movimento de flexão e a sua participação diminui com a flexão

do tronco. O recto femural é também flexor da anca, estando a sua acção depende

do posicionamento da articulação do joelho, uma vez que este actua ainda como

extensor desta articulação. Quanto maior a flexão do joelho, maior é a contribuição

do recto femural para a flexão da anca. Existem três outros flexores da anca

secundários: o sartório, o pectíneo e o tensor da fáscia lata (Andersson, 1997; Hamill

& Knutsen, 2008; Palastanga, 2000).

Como o grupo muscular flexor da anca é constituído por músculos que se

inserem na coluna e por músculos que atravessam a articulação do joelho, a

contribuição para a flexão da anca é favorecida com o tronco na posição neutra e o

joelho em flexão (Andersson, 1997; Hamill & Knutsen, 2008).

A flexão do joelho é realizada essencialmente pelos isquiotibiais (bicípite

femural, semitendinoso e semimembranoso), sendo a sua acção mais efectiva

quando a coxo-femural se encontra em flexão. Existem outros músculos que

contribuem para a flexão do joelho como: o grácil, o sartório e os gastrocnêmios

(Hamill & Knutsen, 2008, Palastanga, 2000).

Relativamente ao membro inferior que suporta o peso corporal, este encontra-

se com extensão da anca e joelho, apresentando uma intensa actividade muscular

anti-gravítica. Os músculos que realizam a extensão da anca são o grande glúteo e

isquiotibiais (semitendinoso, semimembranoso e bicípite femural). Estes músculos

desempenham ainda uma importante função no controlo do movimento da pélvis e

na sua estabilização. A extensão do joelho é mantida pela contracção isométrica do

quadrícipite femural e está limitada pelo sistema cápsulo-ligamentar e músculos

posteriores desta articulação (Hamill & Knutsen, 2008; Palastanga, 2000).

No apoio unipodálico, o solear é um importante músculo postural. Tendo em

conta que a sua fixação inferior funciona como ponto fixo, a contracção deste

músculo evitará que a perna caia para a frente sob a influência do peso corporal

(Adlerton & Moritz, 1996; Balasubramaniam & Wing, 2002; Fitzpatrick, 1994;

Palastanga, 2000).

A coluna lombar, pélvis e anca constituem três elementos essenciais que

devem interagir harmoniosamente para a funcionalidade dos membros inferiores.

84

Durante o movimento de flexão da anca em pé, ocorre uma transferência de

carga para o outro membro inferior induzindo ajustes na posição da cintura pélvica.

De acordo com Hamill & Knutsen (2008), a pélvis posterioriza, inclina e roda para o

lado do membro que suporta o peso corporal, sendo necessário um eficiente

equilíbrio muscular para a estabilizar. Perturbações na estabilidade pélvica podem

contribuir para o aparecimento de dor lombar (Palastanga, 2000).

O equilíbrio médio-lateral da pélvis é promovido pela sinergia entre o glúteo

médio, o quadrado lombar e o erector da espinha. A contracção do glúteo médio do

lado do membro que suporta o peso corporal e do quadrado lombar e erector da

espinha do lado contralateral evitam com que a cintura pélvica caia sobre o membro

que não está apoiado (Hamill & Knutsen, 2008; Palastanga, 2000).

O equilíbrio antero-posterior da pélvis é promovido pelos flexores e

extensores da anca. É importante que exista uma harmonia em termos de

resistência e de flexibilidade nestes dois grupos antagonistas, de modo que a pélvis

não se posicione nem em retroversão nem em anteversão, como resultado de um

grupo mais forte ou menos flexível que o outro (Gajdosik, 1985; Hamill & Knutsen,

2008; Norris, 1995). Os abdominais actuando sinergicamente aos extensores da

anca, contribuem para a retroversão da pélvis, participando deste modo no equilíbrio

antero-posterior (Palastanga, 2000).

A coluna lombar possui mecanismos próprios de estabilização que são

recrutados no exercício implementado.

Biomecanicamente, Bergmark (1989) definiu dois sistemas musculares que

actuam na manutenção da estabilidade lombar. O sistema muscular global que é

constituído pelo recto abdominal, obliquo externo e porção torácica do iliocostal.

Estes músculos apesar de não inserirem directamente na coluna apresentam uma

função estabilizadora do tronco. O sistema muscular local é constituído por

músculos que se inserem directamente nas vértebras e são responsáveis pela

estabilidade segmentar. São constituídos essencialmente por fibras tónicas

desempenhando um papel importante na manutenção da postura anti-gravítica

(Richardson & Jull, 1995). Deste sistema fazem parte vários músculos, dos quais se

destacam multifido, fásciculo posterior do psoas maior, transverso abdominal e

diafragma (Bergmark, 1989).

O recrutamento muscular coordenado destes dois sistemas (local e global)

durante o exercício promove a manutenção da estabilidade dinâmica (Bergmark,

85

1989; O‟Sullivan, 2000). A activação inadequada dos sistemas pode conduzir à

instabilidade lombar.

Nelson-Wong & Callaghan (2010) concluíaram que indivíduos com maior

susceptibilidade ao desenvolvimento de lombalgia apresentavam uma co-activação

de flexores/extensores do tronco em actividade prolongadas em pé, em vez de uma

estratégia de activação dos estabilizadores locais. Koumantakis (2005) verificou que

a reeducação desses músculos diminui a sintomatologia da dor lombar a curto e

longo prazo, especialmente em indivíduos sujeitos aos factores de risco da

lombalgia.

Liebenson (2000) verificaram que durante movimentos do membro superior,

pacientes com lombalgia apresentavam um atraso na activação do transverso

abdominal, comparativamente a indivíduos normais.

Cresswell (1994) constatou que a musculatura abdominal era activada antes

dos músculos extensores do tronco durante uma perturbação esperada ou

inesperada do tronco. A pré-activação dos músculos abdominais e aumento da

pressão intra-abdominal antes da perturbação indica uma estratégia feed-forward

postural que também permite aumentar a estabilidade do tronco.

Carpes (2008) concluiu que a intervenção em todos os grupos musculares do

complexo lombar-pélvis-anca é uma estratégia efectiva para melhorar a estabilidade

postural estática e restaurar o equilíbrio após uma perturbação.

Os agricultores durante as suas actividades no campo utilizam, muitas vezes,

posturas prolongadas em pé, bem como, realizam marcha em terrenos duros e

acidentados. Estas actividades constituem desafios para o agricultor, tendo este que

possuir mecanismos de ajuste postural íntegros de forma a evitar uma possível

queda.

Ficar em pé com apoio unipodálico constitui uma tarefa complexa, uma vez

que vários sistemas fisiológicos (visual, vestibular e somatossensorial) e

psicológicos (motivação e concentração) têm que interagir para manter o equilíbrio.

Inicialmente, há uma transferência de carga de forma que a projecção do centro de

gravidade esteja na base de suporte. Posteriormente, são requeridos contínuos

ajustes posturais para melhor orientar os segmentos corporais no espaço (Adlerton

& Moritz, 1996; Anacker & Fablo, 1992; Jonsson, 2004).

Perante uma perturbação, o indivíduo pode recorrer a diferentes reflexos

posturais para recuperar o equilíbrio. A estratégia do tornozelo é usada quando a

perturbação é pequena e a superfície de apoio é firme. A estratégia da anca é

86

observada quando há uma maior perturbação e a base de suporte é pequena.

Quando a perturbação é ainda maior, os indivíduos recorrem à estratégia do passo

para restaurar o equilíbrio (Anacker & Fablo, 1992; Balasubramaniam & Wing, 2002)

A dificuldade em permanecer em pé com apoio unipodálico pode depender de

componentes musculares (força e resistência), componentes de ajustes posturais ou

de ambos (Adlerton & Moritz, 1996; Jonsson, 2004).

Em jovens saudáveis, a instabilidade postural resulta apenas de alterações

dos inputs proprioceptivos no pé e tornozelo. Com o avançar da idade, a perda de

força dos membros inferiores e o aumento do limiar de activação dos inputs

proprioceptivos articulares e cutâneos dificultam o controlo da postura, aumentando

o número de quedas (Adlerton & Moritz, 1996; Anacker & Fablo, 1992).

Alguns autores encontaram uma correlação positiva entre o tempo de

permanência em apoio unipodálico e a força muscular dos flexores, extensores e

abdutores da anca (Adlerton & Moritz, 1996; Jonsson, 2004).

Adlerton & Moritz (1996) verificaram que o equilíbrio aumentou

significativamente em mulheres idosas após terem participado, três vezes por

semana, num programa de exercícios de resistência e controlo postural

comparativamente as mulheres que realizaram apenas exercícios de controlo

postural.

Em suma, este exercício aborda o corpo humano como um todo, fornecendo

uma perspectiva aproximada de como o nosso corpo actua nas actividades da vida

diária.

Objectivo

Melhorar a endurance dos flexores do ombro, anca e joelho;

Fortalecer isometricamente os músculos responsáveis pela postura

antigravítica (grande glúteo, isquiotibiais, quadricípite femural e solear);

Promover a sinergia entre o glúteo médio, quadrado lombar e erector da

espinha na estabilização pélvica;

Promover a sinergia entre os flexores e extensores da anca e abdominais

na estabilização pélvica;

Promover a estabilização local e global da coluna lombar;

Melhorar o equilíbrio e o controlo postural.

87

Descrição do Exercício

O agricultor deve estar de pé. Simultaneamente, realiza flexão do ombro

direito e da anca e joelho esquerdos. Repete com os lados opostos, alternadamente.

Progressão Data 13-03-2010 27-03-2010 24-04-2010

Número de

repetições 15x + 15x 20x + 20x 25x + 25x

Tabela 6: Progressão do exercício 6.

A progressão deste exercício segue os princípios enunciados pela ACSM

(2009), descritos no exercício 1.

Ilustração 6: Exercício global.

88

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95

ANEXO H Material de Apoio à Realização dos Exercícios no

Domicílio Estudo B

Calendário de Parede

96

Folheto informativo

97

98

ANEXO I Autorização para a utilização do

Questionário Nórdico Músculo-Esquelético

Pedido de Autorização

99

De: [email protected]

Para: [email protected]

Assunto: Autorização do Questionário Nórdico Músculo-Esquelético

Exma Terapeuta Cristina Mesquita, Sou aluna do Curso de Mestrado em Fisioterapia, opção Comunidade, da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto. Na realização do Relatório Final de Estágio do referido curso, proponho-me a realizar um estudo que tem por objectivo avaliar a prevalência de sintomatologia músculo-esquelética nos agricultores. Como instrumento de avaliação, gostaria de utilizar a versão portuguesa do Questionário Nórdico Músculo-Esquelético. Dado tratar-se de um estudo académico, venho por este meio solicitar a vossa excelência a autorização e coloboração para a cedência do questionário referido anteriormente, bem como, se possivel, do artigo de validação. Agredeço desde já toda atenção dispensada e aguardo uma resposta com maior brevidade possível. Sem outro assunto de momento, subscrevo-me, Com os melhores cumprimentos, Sandra Eugénia Ribeiro Fisioterapeuta [email protected] Tlm:914318968

Consentimento da utilização

100

De: Cristina Mesquita <[email protected]>

Para: [email protected]

Assunto: Re: Autorização do Questionário Nórdico Músculo -Esquelético

Parte(s):

QNM-versão portuguesa.pdf 50 KB

Abstract.pdf 40 KB

Cara Sandra! É com imenso prazer que autorizo a utilização e lhe envio a versão portuguesa do questionário nordico. Contudo não deve deixar de referenciar o autor original (Kuorinka et al, 1987). Para referenciar o meu artigo ainda tem de colocar o doi pois ainda aguardo publicação escrita. Agradecia que quando tivesse o seu trabalho pronto me enviasse uma copia. Melhores cumprimentos, Cristina Cristina Carvalho Mesquita Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto Instituto Politécnico do Porto Rua Valente Perfeito, 322 4400-330 - Vila Nova de Gaia Portugal Telef.: + 351 222 061 012 Fax: + 351 222 061 001

Anexos:

QNM-versão portuguesa.pdf 50 KB

Abstract.pdf 40 KB

101

ANEXO J Tabelas Complementares dos Resultados

102

Caracterização da amostra do Estudo A

Mínimo Máximo sx

Idade 24 84 55±12

Índice de Massa Corporal 19 40 27±4

Anos de Trabalho 2 76 34±19

Horas/Dia 1 14 5±3

Horas/Semana 1 98 22±20

Área de Cultivo 5 150000 8422±18856

Questionário Nórdico Músculo-Esquelético – Estudo A

Regiões do

corpo

Últimos 12 meses Últimos 7 dias Limitações nos

últimos 12 meses

Intensidade

da dor

n (%) n (%) n (%) sx

Pescoço 61(24,4) 36(14,4) 37(14,8) 1,52±2,819

Ombros 51(20,4) 36(14,4) 28(11,2) 1,25±2,632

Cotovelos 19(7,6) 15(6,0) 8(3,2) 0,73±5,095

Punho/mão 25(10) 14(5,6) 12(4,8) 0,53±1,768

Região torácica 24(9,6) 13(5,2) 9(3,6) 0,64±2,063

Região lombar 171(68,4) 113(45,2) 94(37,6) 4,48±3,405

Anca/coxa 38(15,2) 24(9,6) 20(8,0) 0,93±2,378

Joelho 47(18,8) 26(10,4) 22(8,8) 1,11±2,492

Tornozelo/pé 15(6,0) 10(4,0) 7(2,8) 0,40±1,662

Caracterização da amostra do Estudo B

Mínimo Máximo sx

Idade 48 71 59±8

Índice de Massa Corporal 21 32 28±3

Anos de Trabalho 4 63 31±21

Horas/Dia 2 8 5±3

Horas/Semana 4 48 27±14

Área de Cultivo 60 40000 7076±13045

Questionário Nórdico Músculo-Esquelético – Estudo B

Regiões do

corpo

Últimos 12 meses Últimos 7 dias Limitações nos

últimos 12 meses

Intensidade

da dor

n (%) n (%) n (%) sx

Pescoço 1(10) 1(10) 1(10) 0,70±2,214

Ombros 4(40) 4(40) 4(40) 2,20±3,553

Cotovelos 1(10) 1(10) ----- 0,40±1,265

Punho/mão 3(30) 1(10) 1(10) 2,00±3,559

Região torácica ----- ------ ----- -----

Região lombar 10(100) 7(70) 4(40) 6,00±2,211

Anca/coxa 2(20) 2(20) 2(20) 1.30±2,830

Joelho 1(10) 1(10) ------ 0,50±1,581

Tornozelo/pé 1(10) ----- ------ 1,10±2,331