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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Werley Carlos de Oliveira Uma visão da complexidade sobre o uso das tecnologias digitais em vivências formativas no Sesc SP Doutorado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital São Paulo 2018

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP

Werley Carlos de Oliveira

Uma visão da complexidade sobre o uso das tecnologias digitais

em vivências formativas no Sesc SP

Doutorado em Tecnologias da Inteligência

e Design Digital

São Paulo 2018

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP

Werley Carlos de Oliveira

Uma visão da complexidade sobre o uso das tecnologias digitais em vivências

formativas no Sesc SP

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital – Aprendizagem em Semiótica Cognitiva, sob a orientação da Professora Doutora Ana Maria Di Grado Hessel.

São Paulo

2018

Banca Examinadora

_________________________________

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_________________________________

AGRADECIMENTOS

À direção do Serviço Social do Comércio no Estado de São Paulo (Sesc SP),

na pessoa do Diretor Regional Danilo Santos de Miranda, pela confiança e autorização

para a realização desta pesquisa dentro da instituição.

Ao Superintendente de Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina, pela

motivação e apoio – meus sinceros agradecimentos.

Ao Gerente de Pessoas (GEP) José Menezes Neto, pela inclusão do meu nome

no programa de bolsa de estudos da instituição, sem a qual este trabalho não teria

sido possível. Minha sincera gratidão.

À Professora Doutora Ana Maria Di Grado Hessel, pela orientação e

acompanhamento deste trabalho em todas as fases, e por ter despertado o meu

interesse pela teoria da complexidade.

À Professora Doutora Izabel Cristina Petraglia e ao Professor Doutor Claudio

Fernando André, pelas valiosas correções, sugestões e indicações de leitura na

Qualificação.

Aos colegas de Doutorado, que dividiram angústias e principalmente alegrias

no decorrer do curso.

Aos companheiros de trabalho do núcleo de T&D, Vania Feichas

(coordenadora), Deleni, Eduardo, Célia e Thamires, e a todos os colegas da Gerência

de Pessoas (GEP), pela parceria nas ações formativas da instituição.

A todos os funcionários do Sesc SP que, de maneira direta ou indireta,

contribuíram para a realização deste trabalho.

Aos companheiros do Programa de Bolsa de Estudos do Sesc, Éverton e

Cynthia, por terem cuidado com muita competência, carinho e amizade de todo o meu

processo de Bolsa de Estudos na instituição.

À Nívia Maria de Moura, coordenadora no núcleo de Produção e Impressão

Digital do Sesc SP, pelo incentivo, apoio e motivação na elaboração de materiais

didático-pedagógicos digitais para os funcionários da instituição.

Às designers gráficas Débora Bonilha e Telma Maria das Graças Corrêa,

profissionais sempre empenhadas em fazer o melhor, pela produção de materiais

digitais e pelo aprendizado nessa parceria.

À minha família, que sempre apoiou minhas escolhas, cada um ao seu modo,

mas sempre com um olhar de admiração, incentivando-me a continuar, a despeito de

minhas ausências (físicas): Mãe Martinha, Tia Graça, Ednilson, Cirlei, Gutemberg,

Lailoka, Yara, Matheus, Manuela... a todos, minha gratidão.

Ao querido José Moura de Souza Filho, que por mais de 18 anos me faz

acreditar que a vida é um presente divino. Não tenho palavras para agradecer a

oportunidade de compartilhar a vida com uma pessoa tão especial. Pela presença

amorosa e generosa, minha eterna gratidão.

À minha querida amiga personal terapeuta holística Maria Cristina Souza Silva,

pelas consultas e energias positivas que sempre apaziguaram a minha ansiedade.

Ao querido Professor Doutor Fernando Genaro Junior, que, desde a graduação

em Psicologia, tem sido um companheiro fiel. Obrigado pelo carinho, incentivo e

eterna amizade.

OLIVEIRA, Werley Carlos de. Uma visão da complexidade sobre o uso das tecnologias digitais em vivências formativas no Sesc SP. 145 p. Tese (Doutorado). Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2018.

RESUMO

Este trabalho, realizado no período de 2014 a 2018, relata a experiência de uma

investigação com a abordagem pesquisa-ação, uma vez que os procedimentos

metodológicos fizeram parte do caminho percorrido na praxe de atuação profissional

do pesquisador. Dessa maneira, assumiu a perspectiva central para o

desenvolvimento da investigação proposta. O estudo procurou mapear os aspectos

emergentes da vivência formativa dos funcionários do Serviço Social do Comércio de

São Paulo – Sesc SP, com o objetivo de entender como se dá a incorporação das

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação na educação institucional. Para

fundamentar a investigação, foi construído um olhar analítico e reflexivo a partir dos

estudiosos sobre educação e cultura, educação corporativa, recursos humanos e os

respectivos resultados em ações educacionais. Foi utilizada, principalmente, a Teoria

da Complexidade dos autores Edgar Morin, Fritjof Capra, Humberto Maturana e

Francisco Varela, a fim de analisar a viabilidade do conceito de trilha de aprendizagem

no ambiente virtual do Sesc SP, para o desenvolvimento de competências

profissionais. A pesquisa considera que as ações educacionais devem ser

desenvolvidas para um público específico, e por esse motivo foi delimitada ao quadro

de funcionários da instituição, correlacionando-os com as faixas etárias dentro do

contexto de gerações e as suas respectivas áreas de atuação. As descobertas

esclareceram que o uso das tecnologias digitais educacionais desvelou uma nova

dinâmica de formação, na qual um modelo colaborativo passa a enriquecer o processo

de ensino e aprendizagem. A gestão do conhecimento institucional com ênfase no

processo de aprendizagem direcionado para o aluno passou a substituir o antigo

modelo educacional praticado que tinha o professor como centro. Novos indicadores

de aprendizagem e processos podem ser elaborados e definidos com base nessa

pesquisa. Palavras-chave: Aprendizagem. Tecnologias Digitais. Complexidade. Trilhas de Aprendizagem. Formação Online.

OLIVEIRA, Werley Carlos de. A view of the complexity on the use of digital technologies in formative experiences in Sesc SP. 145 p. Thesis (Doctorate degree). Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2018.

ABSTRACT

This work, carried out in the period from 2014 to 2018, reports the experience of an

investigation with the research-action approach, since the methodological procedures

were part of the path taken in the practice of the researcher's professional practice. In

this way, it assumed the central perspective for the development of the proposed

research. The study sought to map emerging aspects of the formative experience of

the employees of the Social Service of Commerce of São Paulo - Sesc SP, in order to

understand how the incorporation of Digital Technologies of Communication and

Information in institutional education takes place. To substantiate the research, an

analytical and reflective view was built from the scholars on education and culture,

corporate education, human resources and the respective results in educational

actions. It was used mainly the Complexity Theory of the authors Edgar Morin, Fritjof

Capra, Humberto Maturana and Francisco Varela, in order to analyze the viability of

the concept of learning tracks in the virtual environment of Sesc SP, for the

development of professional competences. The research considers that the

educational actions should be developed for a specific audience, so it was delimited to

the staff of the Institution, correlating them with the age groups within the context of

generations and their respective areas of activity. The findings clarified that the use of

digital educational technologies unveiled a new training dynamic, in which a

collaborative model began to enrich the teaching and learning process. The

management of institutional knowledge with emphasis on the learning process directed

to the student began to replace the old educational model practiced that had the

teacher as a center. New learning indicators and processes could be drawn up and

defined based on this research.

Keywords: Learning. Digital Technologies. Complexity. Learning Tracks. On-line Training.

OLIVEIRA, Werley Carlos de. Una visión de la complejidad sobre el uso de las tecnologías digitales en vivencias formativas en el Sesc SP. 145 p. Tesis (Doctorado). Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2018.

RESUMEN

Este trabajo, realizado en el período de 2014 a 2018, relata la experiencia de una

investigación con el abordaje investigación-acción, una vez que los procedimientos

metodológicos hicieron parte del camino recorrido en la praxis de actuación

profesional del investigador. De esta manera, asumió la perspectiva central para el

desenvolvimiento de la investigación propuesta. El estudio procuró mapear los

aspectos emergentes de la vivencia formativa de los funcionarios del Servicio Social

del Comercio de São Paulo - Sesc SP, con el objeto de entender cómo se da la

incorporación de las Tecnologías Digitales de Comunicación e Información en la

educación institucional. Para fundamentar la investigación, fue construida una mirada

analítica y reflexiva a partir de los estudiosos sobre educación y cultura, educación

corporativa, recursos humanos y los respectivos resultados en acciones educativas.

Fue utilizada principalmente la Teoría de la Complejidad de los autores Edgar Morin,

Fritjof Capra, Humberto Maturana y Francisco Varela, a fin de analizar la viabilidad del

concepto de sendero de aprendizaje en el ambiente virtual del Sesc SP, para el

desarrollo de competencias profesionales. La investigación considera que las

acciones educativas deben ser desarrolladas para un público específico, por ese

motivo fue delimitada al cuadro de funcionarios de la Institución, correlacionándolos

con los grupos de edad dentro del contexto de generaciones y sus respectivas áreas

de actuación. Los descubrimientos mostraron que el uso de las tecnologías digitales

educativas desveló una nueva dinámica de formación, en la cual un modelo

colaborativo pasa a enriquecer al proceso de enseñanza y aprendizaje. La gestión del

conocimiento institucional con énfasis en el proceso de aprendizaje dirigido para el

alumno pasó a substituir el antiguo modelo educacional practicado que tenía al

profesor como centro. Nuevos indicadores de aprendizaje y procesos pueden ser

elaborados y definidos con base en esta investigación. Palabras clave: Aprendizaje. Tecnologías Digitales. Complejidad. Senderos de Aprendizaje. Formación On-line.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ano de abertura das unidades do Sesc SP. .............................................................. 42

Figura 2 - Tela do primeiro curso on-line do Sesc SP. .............................................................. 53

Figura 3 - Logotipo PERCURSOS - AVA Sesc SP. ........................................................................ 54

Figura 4 - Tela Catálogo de Cursos da plataforma PERCURSOS. .............................................. 55

Figura 5 - Tela de cursos concluídos. ........................................................................................ 56

Figura 6 - Modelo de competências adotado pelo Sesc SP. .................................................... 60

Figura 7 - Trilha de aprendizagem para o curso “Reforma Ortográfica”. ................................ 65

Figura 8 - Relação triádica. ................................................................................................... 73

Figura 9 - Relação triádica institucional.............................................................................. 74

Figura 10 - Relação circular (retroativa/recursiva) Sesc/Funcionário. ..................................... 78

Figura 11 - Reunião virtual - Saba Meeting. ............................................................................. 90

Figura 12 - Comunidade de prática on-line - Fórum Ambientação. ......................................... 91

Figura 13 - Exemplo 1 de videoaula adotada para a trilha de aprendizagem. ........................ 97

Figura 14 - Exemplo 2 de videoaula, adotada para ensinar sobre criação de gráficos. ........... 98

Figura 15 – Personagens principais do curso on-line. ............................................................ 110

Figura 16 - Personagem introduzindo o assunto. .................................................................. 110

Figura 17 - Exemplo 1 de exercício de fixação. ...................................................................... 111

Figura 18 - Exemplo 2 de exercício de fixação. ...................................................................... 111

Figura 19 - Exemplo 1 de teste de revisão de conceito. ........................................................ 112

Figura 20 - Módulo 00 - Boas-vindas - Tela 1/5. .................................................................... 112

Figura 21 - Módulo 01 - Armazenagem na cadeia de logística - Tela 2/18. ........................... 113

Figura 22 - Armazenagem na cadeia de logística - Tela 9/18 - exercício/game. .................... 113

Figura 23 - Aspectos físicos do armazém - Tela 3/15. ............................................................ 114

Figura 24 - Aspectos físicos do armazém - Tela 8/15 - exercício. .......................................... 114

Figura 25 - Módulo 03 – Gestão de estoques - Tela 2/16. ..................................................... 115

Figura 26 - Módulo 03 – Gestão de estoques - Tela 16/16. ................................................... 115

Figura 27 - Item de aprendizagem: validade até 2 anos. ....................................................... 122

Figura 28 - Item de aprendizagem: inclusão de avós. ............................................................ 123

Figura 29 - Item de aprendizagem: inclusão de netos. .......................................................... 124

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Unidades e quadro funcional. ................................................................................ 41

Gráfico 2 - Você recomendaria cursos on-line para outros funcionários do Sesc? ............... 126

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Produções acadêmicas correlatas à Tese. ............................................................. 32

Quadro 2 – Gerações. ............................................................................................................... 46

Quadro 3 - Áreas, subáreas e atividades. ................................................................................. 49

Quadro 4 - Ações de desenvolvimento segundo a natureza das capacidades. ....................... 61

Quadro 5 - Atividades para o curso de Logística, o esboço de uma trilha. .............................. 88

Quadro 6 - Especialistas e suas principais atividades. ........................................................... 103

Quadro 7 - Cronograma de atividades no desenvolvimento do curso on-line Administração de

Armazenagem. ........................................................................................................................ 107

Quadro 8 - Flexibilidade X maturidade. ................................................................................. 128

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Funcionários do Sesc SP por gerações. ................................................................... 47

Tabela 2 - Área, subárea, atividade e funcionários. ................................................................. 48

Tabela 3 - Funcionários que participaram do curso Administração de Armazenagem

classificados por gerações. ..................................................................................................... 125

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância

AMT - Aprendizagem Mediada por Tecnologia

AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBT - Computer based training (treinamento baseado em computador)

EAD - Educação a Distância

LMS - Learning Management System (sistema de gerenciamento da

aprendizagem)

MEC - Ministério da Educação e Cultura

PUC - Pontifícia Universidade Católica

RH - Recursos Humanos

ScieELO - Scientific Electronic Library On-line

Scorm - Shareable Content Object Reference Model

SEED - Secretaria de Educação a Distância do MEC

SESC - Serviço Social do Comércio

SESC SP - Serviço Social do Comércio de São Paulo

RA - Realidade Aumentada

T&D - Treinamento e Desenvolvimento

TEDE - Teses e Dissertações dos Programas de Pós-Graduação da PUC-SP

TI - Tecnologia da Informação

TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação

TDICs - Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

WBT - Web Based Training (treinamento baseado na web)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 15

Questão da pesquisa ......................................................................................................... 18

Objetivo geral .................................................................................................................... 18

Objetivos específicos ......................................................................................................... 18

Justificativa ........................................................................................................................ 19

CAPÍTULO 1: O CAMINHO PERCORRIDO .................................................................................. 22

1.1 Estratégias metodológicas ........................................................................................... 23

1.2 Objeto de estudo ......................................................................................................... 25

1.3 Diretivas para pesquisa-ação....................................................................................... 26

1.4 O diário de campo ....................................................................................................... 27

1.5 Revisão de estudos ...................................................................................................... 29

CAPÍTULO 2: UMA VISÃO GERAL DO QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DO SESC SP, GERAÇÕES E

ATIVIDADES DESEMPENHADAS ................................................................................................ 39

2.1 O Sesc SP ...................................................................................................................... 40

2.2 As gerações (veterana, baby boomer, X, Y e Z) e suas relações com os funcionários do

Sesc .................................................................................................................................... 43

2.3 As áreas de atuação dos funcionários do Sesc SP ....................................................... 48

2.4 Educação a Distância no Sesc SP, um recorte do momento ....................................... 52

CAPÍTULO 3: COMPETÊNCIAS E TRILHAS DE APRENDIZAGEM ................................................. 57

3.1 Competências .............................................................................................................. 58

3.1.1 Competências e complexidade ................................................................................ 58

3.2 Trilhas de aprendizagem ............................................................................................. 62

3.3 Aprendizagem e conhecimento .................................................................................. 66

3.4 Sesc SP: um sistema vivo que aprende e se transforma, a complexidade e as trilhas de

aprendizagem .................................................................................................................... 70

3.5 Autopoiese e trilhas de aprendizagem ........................................................................ 75

CAPÍTULO 4: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS PARA O DESENHO DE TRILHA DE APRENDIZAGEM

RELATADAS COM BASE NAS OBSERVAÇOES DOCUMENTADAS NO CADERNO DE CAMPO ..... 80

4.1 A identificação da necessidade: o inicio da mudança do padrão de pensamento ..... 83

4.2 primeira experiência de educação on-line: os primeiros passos para uma trilha de

aprendizagem .................................................................................................................... 87

4.2.1 Videoconferência ................................................................................................. 89

4.2.2 Comunidade de prática on-line ........................................................................... 90

4.2.3 Videoaula ............................................................................................................. 95

4.2.4 PDF ....................................................................................................................... 99

4.2.5 E-learning ............................................................................................................. 99

4.2.5.1 E-learning em Administração de Armazenagem ................................... 101 4.2.5.2 O processo de desenvolvimento do curso on-line: uma visão complexa e

transdisciplinar ................................................................................................... 102 4.2.5.3 O curso on-line produzido ...................................................................... 109 4.2.5.4 Itens de aprendizagem anexados ao curso on-line.................................. 116

4.2.6 Visita técnica ...................................................................................................... 119

4.3 O QR Code como ferramenta educacional ................................................................ 119

4.3.1 Primeiro QR Code - Validade do cartão de matrícula, que passou de 12 para 24

meses .............................................................................................................................. 121

4.3.2 Segundo QR Code - netos passariam a colocar avós como dependentes ............ 122

4.3.3 Terceiro QR Code - avós teriam a possibilidade de incluir seus netos como

dependentes ................................................................................................................... 124

4.4 Os resultados ............................................................................................................. 125

CAPÍTULO 5: MATURIDADE PROFISSIONAL VERSUS ATIVIDADES FLEXÍVEIS EM DESENHO DE

TRILHAS DE APRENDIZAGEM .................................................................................................. 128

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 132

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 137

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......................................... 144

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO DE PESQUISA NA INSTITUIÇÃO ............................ 145

15

INTRODUÇÃO

As tecnologias educacionais sempre despertaram o meu interesse; por esse

motivo, realizei duas formações acadêmicas distintas na área, que fazem parte do

meu percurso estudantil, profissional e pessoal.

A minha primeira graduação foi em Psicologia, no ano de 1995, fase na qual

adquiri subsídios para entender as principais abordagens teóricas que dialogam com

as questões do desenvolvimento humano com ênfase na aprendizagem de adultos.

Alguns anos depois, ingressei no curso superior de Tecnologia da Informação –

graduando-me em 2002 –, formação que ampliou a minha visão acerca das diversas

maneiras de utilizar recursos tecnológicos a favor do ensino/aprendizagem para

promover o desenvolvimento socioeducativo. No ano de 2010, concluí a pós-

graduação em Gestão e Tecnologia de Segurança da Informação. Em 2012,

complementei minha formação com uma especialização em Gerenciamento de

Projetos.

Continuando a busca por conhecimento, em 2015, ampliei meu conhecimento

acadêmico realizando o curso de mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design

Digital, na PUC SP, na área de concentração de Aprendizagem e Semiótica Cognitiva.

Como psicólogo, trabalhei no departamento de recursos humanos de diversas

empresas, atuando diretamente em treinamento e desenvolvimento (T&D). Fui

responsável por coordenar, elaborar e, muitas vezes, ministrar treinamentos técnicos,

operacionais, comportamentais e motivacionais. Nessa época usava os

conhecimentos advindos do curso de Psicologia, referentes aos processos mentais e

comportamentais do ser humano e às suas interações com o ambiente corporativo.

Participei ativamente de uma série de iniciativas que abordavam questões de

ensino/aprendizagem em âmbitos organizacionais, sempre com ênfase na

andragogia, considerando que a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem

do profissional que, por sua vez, só é motivado a aprender se sentir a necessidade e

o interesse para sua vida, seja ela pessoal, acadêmica ou profissional.

A experiência profissional me levou a perceber a expansão e a popularização

da tecnologia e sua crescente utilização em ambientes corporativos, despontando um

novo desafio para as empresas que, dessa maneira, passam a ter a necessidade de

incorporar a educação digital, com cursos a distância veiculados pela internet, os tão

16

conhecidos e explorados e-learnings, que trazem como principal característica a fusão

da educação com a tecnologia.

A construção do projeto desta tese teve início com as experiências advindas

de pesquisas e estudos realizados ao longo da minha trajetória acadêmica e

profissional, sobretudo, durante o mestrado, em que defendi a dissertação intitulada

“Ambiente Virtual de Aprendizagem: uma imersão no Sesc SP – Serviço Social do

Comércio”. Nesse trabalho tive a oportunidade de estudar o processo de implantação

de um LMS (Learning Management System), correlacionando conceitos da pedagogia

construtivista de Piaget e Vigotsky com as definições de “andragogia” de Malcolm

Knowles, pensados para a modalidade de Educação a Distância nos ambientes

corporativos, com o objetivo de, finalmente, explorar a diversidade de ferramentas

disponíveis em um ambiente virtual de aprendizagem. O trabalho realizado no

mestrado me permitiu observar, analisar e apresentar as contribuições do uso da

tecnologia digital, concepções e formatos de ensino e aprendizagem para adultos em

um ambiente institucional. Nesse período surgiram alguns questionamentos que, para

obter respostas imediatas, precisei me afastar do tema proposto na dissertação de

mestrado, fato que motivou a atual pesquisa de doutorado. Assim, o interesse em

continuar pesquisando uma temática semelhante à abordada no mestrado era latente

e, desse modo, despontou a disposição por seguir com uma nova investigação que

também trata de questões de aprendizagem on-line no ambiente educacional

destinado aos funcionários do Sesc SP.

A educação institucional do Sesc SP foi analisada, nesta tese, como parte de

um sistema que se relaciona com as mudanças sociais advindas das inovações

tecnológicas. Dessa maneira, foi possível constatar que as tecnologias digitais de

informação e comunicação podem ser entendidas como extensões do corpo humano,

“na medida em que sistemas cibernéticos vão se integrando a sistemas psíquicos, na

medida em que redes neurais artificiais vão se ligando a redes neurais biológicas, é

um conjunto cognitivo inaudito que se configura” (SANTAELLA, 1997, p. 41).

Este trabalho se insere num contexto de formação continuada e de histórias

de vida emaranhadas entre tecnologias e educação. Para melhor compreensão da

multidimensionalidade dos fenômenos e das situações associadas ao ensino no

contexto on-line, foi importante pensar sobre a dinâmica processual do curso digital

que revela, ora as partes, ora o todo, e pode possibilitar um melhor entendimento das

relações estabelecidas e do processo de construção do conhecimento no qual se

17

retornam os objetivos, as estratégias, as relações, as limitações e as avaliações das

ações que são propostas em um ambiente virtual de aprendizagem.

As atividades educacionais desenvolvidas para os profissionais do Sesc SP

enfrentam o desafio de incorporar as Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação (TDICs) como ferramentas para auxiliarem a formação e a capacitação

dos funcionários.

Cabe destacar que a informática na educação ainda não penetrou os

princípios dos educadores e, por isso, não está consolidada no nosso sistema

educacional, fato que se torna um obstáculo a ser ultrapassado e um ambiente

propício para o desenvolvimento de pesquisas (VALENTE; ALMEIDA, 2007).

O Sesc SP está vivenciando uma fase de transição, passando de uma

educação puramente presencial para uma educação que começa a utilizar a

tecnologia digital como recurso formativo. Em um momento histórico, em que a

informação e o conhecimento crescem de maneira exponencial, torna-se

imprescindível o uso de recursos tecnológicos na área de treinamento e

desenvolvimento.

A Educação a Distância on-line é uma das alternativas de formação que está

se estabelecendo no Sesc SP por meio de uma série de ações virtuais pensadas para

o ambiente de aprendizagem institucional. Essa maneira de pensar o ensino tem se

configurado com extensa flexibilidade para atender às demandas advindas do

crescente quadro de funcionários, devido à abertura de novas unidades, além de gerar

estratégias capazes de impulsionar o compartilhamento do conhecimento institucional

de forma cada vez mais versátil e dinâmica.

O referencial teórico utilizado para esta tese foi, principalmente,

fundamentado nos autores: Edgar Morin, Fritjof Capra, Humberto Maturana e

Francisco Varela. Dessa maneira, desenvolvi um olhar em consonância com a teoria

da complexidade que me direcionou a interpretar a educação institucional como um

sistema vivo, associado a diferentes dimensões da sociedade contemporânea.

No tocante à abordagem metodológica, optei pela pesquisa qualitativa, por

meio da tipologia denominada pesquisa-ação. De acordo com os princípios e

pressupostos da pesquisa qualitativa, a investigação não é neutra, objetiva, tampouco

isenta de valores. Daí a consciência de que as concepções gnosiológicas,

interpretativas e subjetivas do pesquisador se engendram à sua análise (CHIZZOTTI,

2013).

18

Questão da pesquisa

Com base na relevância acadêmica e com a preocupação de aproximar a

investigação de minha vida profissional, tendo como base o mestrado, em que

pesquisei a implantação de um ambiente virtual de aprendizagem para o Sesc SP,

surge a pergunta central que ajuda a delimitar a questão da pesquisa desta tese de

doutorado:

Como se dá a incorporação das Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação (TDICs) em um contexto de trilhas de aprendizagem

para os profissionais do Sesc SP?

Objetivo geral

Compreender os caminhos pelos quais se dá a incorporação das TDICs na

educação institucional do Sesc SP.

Objetivos específicos

Analisar o papel das ações de capacitação no formato on-line em uma

abordagem de trilhas de aprendizagem para os funcionários do Sesc SP,

considerando a mudança do comportamento das pessoas/empresas que buscam

conhecimento com mediações tecnológicas.

Pesquisar o papel dos cursos on-line na mudança do paradigma educacional

no contexto da formação continuada do quadro de funcionários do Sesc SP e as

possíveis consequências resultantes dessa nova maneira de entender a educação.

Analisar a transição do formato de educação puramente presencial para o

formato híbrido de ensino/aprendizagem.

Entender o processo de criação dos cursos on-line considerando:

profissionais de RH, profissionais que desenvolvem os códigos fontes do e-learning,

pessoas envolvidas no conteúdo e alunos que realizam esses cursos on-line.

Investigar o processo de conversão dos cursos presenciais em ações de

treinamento, capacitação e formação a distância, sob os pontos de vista:

19

da área de treinamento e desenvolvimento;

dos funcionários que realizaram os cursos;

da equipe de designers e programadores responsáveis pelo

desenvolvimento do e-learning.

Justificativa

A dinâmica organizacional é um tema recorrente em uma série crescente de

pesquisas acadêmicas. Nesse sentido, é possível encontrar trabalhos científicos que

abordam as mudanças no ambiente institucional e, como consequência, a utilização

das TDICs para fazer frente a uma conjuntura cada vez menos estável na sociedade

contemporânea.

A tentativa de identificar modelos de gestão que tenham o objetivo de

promover o desenvolvimento das pessoas para melhorar os processos das atividades

profissionais corporativas tem sido uma prática comum.

As diversas tecnologias digitais estão possibilitando uma ampliação quase

ilimitada do acesso a informações. Tais ferramentas, quando utilizadas na educação,

podem facilitar o caminho ao conhecimento para um maior número de pessoas, de

uma maneira rápida e eficaz, respeitando o ritmo de aprendizado de cada indivíduo.

Os ambientes institucionais de trabalho, de maneira geral, têm reagido às

inovações decorrentes das tecnologias de modo a se adaptarem ao contexto social e

tecnológico da era digital e aos benefícios por ela viabilizados, principalmente no que

tange a questões relacionadas à área de treinamento e desenvolvimento. Para isso,

grupos de estudo e de trabalho têm se constituído para a reformulação dos cursos

presenciais com o objetivo de migrarem para ações de capacitação on-line, incluindo

o uso de recursos pedagógicos que permitam a interatividade síncrona e assíncrona.

A utilização dos múltiplos mecanismos de comunicação em prol da educação,

por meio da internet, amplia as possibilidades de ensino/aprendizagem dinâmica e

participativa, ultrapassando o modelo tradicional de tempo e espaço, “estabelecendo

novas pontes entre o estar junto fisicamente e virtualmente” (MORAN; MASSETO;

BEHERENS, 2004, p. 8).

20

A maneira como se ensina/aprende está em exponencial mudança com o uso

das novas tecnologias digitais e a ampliação dos meios de comunicação, junto com a

enorme quantidade de informação disponível em tempo real, diferentemente do

século passado em que a informação era estática e seu acesso mais demorado. Os

profissionais/alunos não são os mesmos, dado que a experiência das vivências

sociais e cotidianas se ampliou em função dos estímulos e da facilidade em receber

e trocar informações. Assim, é preciso considerar que, muitas vezes, o aluno já chega

à sala de aula com subsídios acerca do assunto a ser estudado; o grande desafio do

educador contemporâneo é transformar a informação em conhecimento, ou seja, fazer

a gestão desse conhecimento.

Os meios de comunicação e as redes sociais alargaram o repertório de

informações, colaborando, juntamente com as instituições formais de ensino, para a

formação pessoal e coletiva dos agentes no contexto da sociedade em que vivem e

interagem.

Como elucida Morin (2011), a educação representa um dos mais poderosos

instrumentos de mudança e, para que ela cumpra seu papel social, é importante que

seja permanentemente compreendida como tal. Esse pensamento, também, se aplica

às questões educacionais voltadas para a formação continuada de profissionais em

ambientes corporativos.

Investigar uma instituição como o Sesc SP, que está mudando a maneira com

que o ensino/aprendizagem acontece para os seus funcionários, é uma oportunidade

que poderá dar margem a uma série de reflexões e contribuições para a educação de

uma maneira geral.

Assim, o trabalho foi organizado da seguinte forma:

No Capítulo 1, O caminho percorrido, discorri acerca da metodologia

pesquisa-ação. Retratei o estado da arte, identificando trabalhos científicos que se

situavam na vizinhança da incorporação das TDICs à educação corporativa. A opção

por esse capítulo teórico se deu pela necessidade de apresentar os conceitos

referentes a esse tipo de abordagem e justificar minha escolha.

No Capítulo 2, Uma visão geral do quadro de funcionários do Sesc SP,

gerações e atividades desempenhadas, apresentei informações sucintas da

instituição, estabelecendo um paralelo com autores que versam com os temas

“gerações” e “tecnologias”, pretendendo entender a diversidade de pessoas com

idades e características variadas que trabalham no Sesc SP e suas distintas maneiras

21

de aprenderem e se relacionarem com as mudanças marcadas por inovações

tecnológicas digitais.

No Capítulo 3, Competências e trilhas de aprendizagem, esclareci esses dois

conceitos com base em autores que articulam estudos sobre a área de gestão de

pessoas de maneira a situar o uso das tecnologias educacionais. A teoria da

complexidade é utilizada para sustentar as ideias apresentadas.

Já no Capítulo 4, Tecnologias educacionais para o desenho de trilha de

aprendizagem relatadas com base nas observações documentadas no caderno de

campo, apresentei experiências advindas do uso de tecnologias educacionais no Sesc

SP, inserindo-as em um conceito de trilhas de aprendizagem para o desenvolvimento

de competências profissionais articulando com preceitos oriundos da teoria da

complexidade.

Finalmente, no Capítulo 5, Maturidade profissional versus atividades flexíveis

em desenho de trilhas de aprendizagem, desenvolvi uma proposta de trilhas de

aprendizagem de acordo com três níveis de ponderação profissional pensadas para

o Sesc SP.

Nas Considerações Finais, retomei alguns pontos discutidos nos capítulos

anteriores com o objetivo de responder à pergunta/problema da tese. Concluí que a

as tecnologias educacionais digitais se estabelecem na instituição na medida em que

as competências profissionais são mapeadas na necessidade de desenhar caminhos

alternativos que possibilitem a aprendizagem dos profissionais.

22

CAPÍTULO 1

O CAMINHO PERCORRIDO

Neste capítulo apresento o caminho percorrido, de maneira a explicitar a

escolha da metodologia pesquisa-ação, sua natureza, os instrumentos e

procedimentos utilizados na coleta de dados, o ambiente cuja investigação esteve

inserida e a caracterização dos indivíduos participantes, dentro de um contexto

denominado “procedimentos metodológicos”.

Começo dissertando a respeito dos procedimentos metodológicos adotados,

para a investigação em pauta, com uma reflexão acerca do pensamento complexo,

do filósofo Edgar Morin (2013, p. 36):

Originalmente, a palavra método significa caminhada. Aqui, é preciso aceitar caminhar sem um caminho, fazer caminho enquanto se caminha. [...] O método só pode se construir durante a pesquisa; ele só pode emanar e se formular depois, no momento em que o termo transforma-se em um novo ponto de partida, desta vez dotado de método.

A definição de método de Morin é bem propícia para um trabalho que tem

como objetivo primordial pesquisar as tecnologias digitais educacionais para o

desenvolvimento de competências profissionais, uma investigação cuja configuração

está em construção, tanto no sentido amplo da educação on-line, que irá se expandir,

como na utilização dessa modalidade de ensino no Sesc SP, que ainda tem muito a

crescer, organizar, e – por que não dizer? – desorganizar, assumindo uma função de

auto-organização. Assim, segundo Morin, o método é construído durante todo o

processo da pesquisa, fato que se relaciona diretamente com as características por

meio das quais este estudo foi estruturado.

Emprestando o conceito de autopoiese (MATURANA, 1997) é possível afirmar

que a educação institucional do Sesc SP está constantemente se autoproduzindo,

autorregulando, mantendo interações com o meio, tanto na organização quanto com

os funcionários. Essas interações desencadeiam mudanças determinadas em sua

própria estrutura, na medida em que esta se modifica e se adapta à organização e ao

funcionário, e estes também se adaptam às novas tecnologias digitais educacionais.

Contudo, em um cenário acadêmico-científico, é considerável a delimitação

da investigação dentro de um procedimento racional e sistemático que tenha como

23

objetivo principal proporcionar respostas aos problemas que emergem, buscando

solucioná-los por meio de ações concretas que apontem para um resultado.

Dessa maneira, tomando-se como pressuposto que “uma pesquisa se

desenvolve por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do

problema até a apresentação e discussão dos resultados” (GIL, 2007, p. 17), a

estratégia metodológica escolhida para o desenvolvimento deste trabalho foi a

pesquisa-ação, a qual será devidamente esclarecida no próximo tópico.

1.1 Estratégia metodológica

Esta pesquisa foi desenvolvida utilizando uma abordagem qualitativa, por

meio da tipologia denominada pesquisa-ação (BARBIER, 2007; SUSMAN; EVERED,

1978; THIOLLENT, 2004; ENGEL, 2000; MIOTO, 2001; TRIPP, 2005; FRANCO,

2001).

Os procedimentos metodológicos adotados na investigação fizeram parte de

todo o caminho percorrido na prática de minha atuação profissional como

psicólogo/educador da área de “Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas” da

instituição Sesc SP. Desse modo, fui responsável por ações pedagógicas em formato

digital e pela implantação do ambiente virtual de aprendizagem que abrigou essas

ações.

O “caminho percorrido” assumiu aspecto central e primordial para o

desenvolvimento da pesquisa em pauta.

A pesquisa-ação é compreendida como um tipo de pesquisa social com base

empírica concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo no qual o pesquisador e os participantes estão

diretamente envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2004).

Os procedimentos metodológicos foram construídos no percurso do trabalho,

uma vez que a investigação aconteceu de maneira a analisar a minha prática

profissional frente ao desafio da utilização das TDICs como ferramenta no auxílio ao

ensino/aprendizagem nos meandros da educação institucional para os funcionários

do Sesc SP.

Ressalto que os aspectos relevantes durante o trajeto da pesquisa foram

anotados em uma caderneta que, para os fins deste estudo, será denominada de

24

diário de campo, o qual posteriormente também foi utilizado como material para

análises e interpretações, visto que os dados da pesquisa foram edificados no

decorrer da investigação.

A base para o estudo foi composta pela imersão na prática educativa proposta

para os funcionários da instituição, com o objetivo de entender a transposição de um

modelo de ensino puramente presencial para uma série de ações virtuais que

pudessem contribuir para a educação institucional do Sesc SP.

Saliento a importância dada ao devido acompanhamento dos

alunos/funcionários que estavam inseridos no contexto da pesquisa e dos

profissionais de recursos humanos da instituição envolvidos no projeto.

A pesquisa-ação, como o próprio nome sugere, tem dois propósitos: a

pesquisa e a ação. Dessa maneira, especificamente neste estudo:

a pesquisa foi ampliada na busca constante de entender as

contribuições das TDICs na educação institucional, sempre ancorada

por aportes teóricos;

a ação foi voltada para a adoção de conteúdos digitais que provocaram

mudanças na maneira de aprendizagem dos alunos/funcionários e no

modo de pensar a educação institucional do Sesc SP.

Segundo Tripp (2005, p. 5), a “pesquisa-ação é uma forma de investigação-

ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar a ação que se decide

tomar para melhorar a prática”.

Nessa categoria de investigação, o pesquisador torna-se um praticante social,

intervindo numa situação “com a finalidade de verificar se um novo procedimento é

eficaz ou não” (ENGEL, 2000, p. 4).

Diante do exposto, senti-me seguro na escolha dessa metodologia, visto que,

como pesquisador, busquei entender o contexto dentro do qual eu estava imerso,

visando a direcionar minhas ações profissionais em consonância com os processos

que eu vivenciava no Sesc SP. A ênfase e a apropriação recaíram sobre os aportes

teóricos que tive oportunidade de estudar nas disciplinas cursadas como aluno de

doutorado da PUC SP.

25

1.2 Objeto de estudo

Nesta pesquisa, o objeto de estudo são as TDICs utilizadas na educação

institucional do Sesc SP.

Os indivíduos participantes do projeto de pesquisa-ação foram considerados

“co-investigadores”, uma vez que contribuíram como componentes potenciais para a

análise interpretativa. Dessa maneira, foram considerados os diversos pontos de vista.

Comentários e críticas dos participantes serviram de insumos para múltiplas

interpretações e tomadas de decisões no decorrer do trabalho.

Como profissional de recursos humanos da área de treinamento e

desenvolvimento, fiz parte do projeto de implantação de cursos on-line de cinco

maneiras distintas:

1) na configuração do ambiente virtual de aprendizagem;

2) na gestão pedagógica da elaboração dos cursos on-line;

3) na formação/mediação dos alunos que realizam cursos on-line;

4) como mediador entre o conteudista e a equipe de designers que

desenvolvia o e-learning;

5) no treinamento dos profissionais de recursos humanos para o uso da

plataforma de ensino a distância.

Portanto, minha ação se desdobrou em vários aspectos do processo de

implementação dos cursos virtuais voltados para os funcionários do Sesc SP.

Como pesquisador, analisei e anotei no diário de campo as questões que

emergiam dessa prática educacional. Fui responsável por propor soluções que

colaborassem com a resolução imediata, a fim de contribuir com a elaboração do

curso digital que seria disponibilizado. Busquei na teoria e na prática desenvolvida

análises mais profundas que fossem capazes de apontar novos elementos para a

transposição do curso presencial para o curso on-line.

As adversidades encontradas na introdução de conteúdos digitais na

educação institucional transformaram-se em questão-problema desta pesquisa, e os

objetivos emergiram a partir desse esforço, simultaneamente no individual e no

coletivo, entre pesquisador e participantes da pesquisa.

26

No transcorrer da investigação, os elementos fenomenológicos observados

foram acompanhados pelos aportes teóricos, a fim de explicar a realidade e buscar

soluções para os problemas apontados.

1.3 Diretivas para a pesquisa-ação

O ponto forte da pesquisa-ação, segundo Susman e Evered (1978), está

intimamente relacionado com o seu caráter prático, cujas principais propriedades

foram descritas por esses autores em cinco características e diretivas fundamentais

que nortearam a investigação:

1) orientação para o futuro, facilitando a criação de soluções voltadas para

um futuro desejável pelos interessados;

2) colaboração entre pesquisador e participantes;

3) desenvolvimento da capacidade de identificar e resolver problemas;

4) geração de teoria fundamentada na ação confirmada ou revisada por meio

da avaliação de sua adequação à ação;

5) não pré-determinação e adaptação situacional às próprias relações

estabelecidas no contexto de pesquisa que variam e não são totalmente

previsíveis.

Fundamentado nas premissas dos autores que versam acerca do tema

pesquisa-ação, elenquei cinco diretivas e critérios para a ação segundo os quais esta

pesquisa foi desenvolvida:

1) ampla e explícita interação entre pesquisador e:

o profissionais de recursos humanos responsáveis por

treinamentos (presenciais e virtuais);

o funcionários em formação;

o profissionais responsáveis pelo conteúdo dos cursos;

o equipe de design desenvolvedora de e-learning.

2) das interações do item 1 resultou a ordem de prioridade dos problemas

a serem pesquisados;

27

3) os mitos sobre converter temáticas presenciais em conteúdos a

distância, por terem se apresentado insistentemente de diferentes

formas e meios, surgiram dentre as anotações do diário de campo como

elementos direcionadores da pesquisa.

4) o desenrolar da investigação foi constituído pelas situações concretas

que se deram no percurso do trabalho como profissional de recursos

humanos responsável pela implantação do ambiente virtual de

aprendizagem, e que apontavam as dificuldades na elaboração de

conteúdo que fossem adequados à realidade do Sesc SP, no que tange

às incertezas com relação à aceitação do material digital que estava em

fase de produção;

5) os objetivos desta pesquisa foram estabelecidos para esclarecer os

problemas da situação observada, ou seja, entender os elementos

conceituais pedagógicos que estivessem na raiz da introdução de

conteúdos digitais na educação institucional do Sesc SP.

1.4 O diário de campo

O diário se constitui em uma ponte que estabelece diversas conexões entre teoria-prática/academia-campo de estágio/supervisão. Através dele são evidenciados subsídios para a intervenção crítica no real e para a orientação da ação profissional (LEWGOY; ARRUDA, 2004, p. 124).

A elaboração das ações educativas digitais do Sesc SP foi conduzida pela

equipe de treinamento e desenvolvimento da área de recursos humanos da instituição.

Para que o processo de incorporação da educação digital acontecesse de

forma efetiva na instituição, foi necessária uma série de reuniões com diversos

profissionais de áreas distintas; parte dessas reuniões foi documentada em um diário

de campo.

As atividades para a elaboração de conteúdos digitais envolveram

profissionais que atuavam diretamente com as áreas dos conteúdos dos cursos e a

equipe de designers, a fim de desenvolverem a programação dos códigos fontes

digitais.

Na procura de um referencial teórico que desse suporte à prática do diário de

campo como ferramenta de pesquisa, encontrei os autores Lewgoy e Arruda

28

destacando que o diário de campo consiste em um instrumento capaz de possibilitar

“o exercício acadêmico na busca da identidade profissional à medida que, através de

aproximações sucessivas e críticas, pode-se realizar uma reflexão da ação

profissional cotidiana, revendo seus limites e desafios” (2004, p. 123-124).

O diário de campo utilizado como ferramenta de pesquisa pode ser entendido

como um documento que apresenta tanto um caráter descritivo-analítico como

também um caráter investigativo e de sínteses provisórias e cada vez mais reflexivas,

ou seja, consiste em uma fonte inesgotável de construção, desconstrução e

reconstrução do conhecimento profissional e do agir por meio de registros

quantitativos e qualitativos que podem auxiliar tanto a pesquisa quanto a prática de

atuação profissional (LEWGOY; ARRUDA, 2004).

O diário de campo abriu espaço para pensar, em conjunto, as noções de

ordem, de desordem e de organização, na complementaridade, concorrência e

antagonismo com que se apresentavam na minha atuação profissional. Nessa linha

de raciocínio, ao utilizar esse instrumento de pesquisa, fui me apropriando dos

conceitos da teoria da complexidade compreendendo que “pensar não é servir às

ideias de ordem ou de desordem, é servir-se delas de modo organizador e, às vezes,

desorganizador, para conceber nossa realidade” (MORIN, 1996b, p. 231).

Assim, é possível afirmar que o diário de campo assumiu um caráter dinâmico

e flexível quando foram consideradas as suas finalidades, enquanto base para a

investigação e para o direcionamento do exercício profissional.

Contudo, esse instrumento não deve ser tratado como uma mera burocracia

no cotidiano profissional e na técnica de pesquisa, uma vez que toda documentação

deve estar em constante movimento e a sua utilização diretamente vinculada aos

objetivos do pesquisador de conhecer ou intervir nas exigências do trabalho em

questão, atendimento direto em situações singulares, planejamento e gestão,

assessoria aos movimentos sociais e organizações populares, ensino e formação

profissional, no arcabouço teórico e ético-político do profissional (MIOTO, 2001).

Diante desses pressupostos e ancorado no aporte teórico, a dinâmica de

atividades, na maioria das vezes, foi registrada em diário de campo com anotações

advindas do ambiente virtual e das demais pessoas envolvidas no processo do

trabalho.

Nessa investigação, o diário de campo foi um instrumento para a seleção dos

dados produzidos, constituindo-se de anotações que registraram os dados mais

29

relevantes observados no campo de pesquisa. Dessa maneira, a minha visão de

pesquisador passou a ser a experiência fenomênica do ser humano no ambiente de

trabalho.

O caráter subjetivo do olhar a partir do qual as anotações foram produzidas

forma-se, por um lado, na produção de conteúdos digitais para o ambiente

educacional voltado para os funcionários do Sesc SP e, por outro lado, das possíveis

relações que as questões emergentes puderam ter com a fala central e geral de todos

os envolvidos no bojo do processo da pesquisa.

Também serviram de insumos para a análise os diversos materiais

disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem, tais como avaliação de reação,

comentários em fóruns de discussão, agenda de cursos e o próprio curso on-line.

Cabe considerar que os dados desta pesquisa não foram simplesmente

coletados, mas sim construídos durante o processo pelas vias de aproximação da

realidade na qual o estudo foi tomando forma ao longo da investigação na prática de

educador.

O diário de campo permitiu a construção, desconstrução e reconstrução dos

dados da pesquisa, fato que se aproximou do princípio de incerteza apresentado por

Morin, ao exemplificar que “o cenário pode e deve ser modificado de acordo com as

informações recolhidas, os acasos, os contratempos ou as boas oportunidades

encontradas ao longo do caminho” (2012, p. 79).

Morin, para elucidar o conceito de incerteza nos meandros da educação,

sustenta que “o conhecimento é a navegação em um oceano de incertezas, entre

arquipélagos de certezas” (2012, p. 75).

Essa ferramenta de pesquisa, ou seja, o diário de campo, fez-me entender

que a aceitação da incerteza de nossa condição e do nosso conhecimento nos dá

condições de superar as ambiguidades por meio de escolhas, apostas e tomadas de

responsabilidade, o que nos permite agir diretamente sobre a nossa realidade

educacional.

1.5 Revisão de estudos

Cada nova investigação exige que o pesquisador se situe nesse processo, analisando criticamente o estado atual de conhecimento em sua área de interesse, comparando e contrastando abordagens teórico-metodológicas utilizadas e avaliando o peso e a confiabilidade de resultados de pesquisa, de modo a identificar pontos de consenso, bem como controvérsias, regiões

30

de sombra e lacunas que merecem ser esclarecidas (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998, p. 180).

Com o objetivo de identificar trabalhos científicos que se situam na vizinhança

da incorporação das TDICs à educação corporativa, realizei uma revisão bibliográfica

para desvelar possíveis teses, dissertações e artigos acadêmicos que versam sobre

a temática em pauta.

Nesse sentido, Lüdke e André (1986, p. 47) destacam que “relacionar as

descobertas feitas durante o estudo com o que já existe na literatura é de fundamental

importância para que possamos tomar decisões mais seguras sobre as direções em

que vale a pena concentrar o esforço e as atenções”.

A consolidação da revisão de estudos se deu por meio das bases eletrônicas

de dados da Scientific Electronic Library On-line (ScieELO), no Banco de Teses da

Capes/MEC e no Sistema de Publicações Eletrônicas de Teses e Dissertações da

PUC SP (TEDE).

Para essa etapa de investigação foram considerados alguns descritores que

dialogam com os objetivos do trabalho proposto.

O critério de pesquisa, nas bases eletrônicas de dados, foi efetivado com a

combinação de termos descritivos mencionados no título ou no resumo das obras

publicadas, de acordo com as seguintes expressões:

“educação on-line” com “educação corporativa”;

“trilhas de aprendizagem” com “educação corporativa”;

“aprendizagem on-line” com “aprendizagem presencial”;

“capacitação on-line” com “treinamento presencial”;

“e-learning corporativo”;

“Educação a Distância” com “educação corporativa”;

“trilhas de aprendizagem” com “TDICs”.

Foram consideradas, na revisão bibliográfica, as obras publicadas a partir do

ano de 2000, aproximadamente 17 anos atrás, de maneira a trazer uma maior relação

da mudança dos modelos educacionais consolidados com o momento em que

vivemos.

31

A data de corte temporal está amparada pelos avanços tecnológicos ocorridos

nas últimas décadas e a grande difusão das TDICs como recursos educacionais em

ambientes acadêmicos e corporativos, fenômeno que foi impulsionado,

especificamente no Brasil, pela regulamentação da modalidade de Educação a

Distância por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei no

9.394/1996, artigo 80: “O poder público incentivará o desenvolvimento e veiculação

de programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e

de educação continuada” (BRASIL, 1996).

Para captar as possíveis aderências ao tema do trabalho, realizei uma leitura

dos títulos e resumos dos trabalhos científicos recuperados nas bases de dados

virtuais mencionadas.

O processo de leitura das produções científicas foi realizado de maneira

exploratória, tendo como referência a temática central abordada em cada obra e sua

correspondência com as palavras-chaves mencionadas; dessa maneira, eliminei os

trabalhos que não apresentavam relação com a temática a ser desenvolvida nesta

investigação e considerei apenas obras que apresentavam questões relacionadas à

aprendizagem mediada por tecnologia com relação mais próxima a ambientes

corporativos.

Desconsiderei trabalhos que versavam sobre educação on-line em meios

acadêmicos como universidades, faculdades e instituições de ensino formal.

Com base no método descrito, foram selecionados 15 trabalhos

potencialmente relevantes nas bases eletrônicas avaliadas, os quais se subdividem

em:

dois artigos;

dez dissertações;

três teses. O quadro seguinte apresenta as produções científicas com algum tipo de

aderência à investigação desta Tese.

32

Quadro 1 - Produções acadêmicas correlatas à Tese.

Autor Título Instituição/ Veículo de publicação

Tipo de produção e

ano de publicação

Área do conhecimento

PILLA, Bianca Smith

Desenvolvimento de um sistema de avaliação de e-

learning corporativo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Tese 2007

Administração

SILVA, Nivaldo Pereira da

O impacto da implementação da

Educação Corporativa a Distância (ECaD) na

Companhia Paranaense de

Energia - COPEL

Universidade Tecnológica Federal do

Paraná

Dissertação 2010

Engenharia de Produção

TAVARES-SILVA, Tania

A educação baseada no paradigma da

produção em massa de servidores do

estado de São Paulo, via cursos on-line: a

comunidade virtual de aprendizagem como

recurso para valorizar e resgatar a

capacidade de pensar, interagir e construir do

aprendiz

Pontifícia Universidade Católica - SP

Tese 2006

Educação

LOPES, Laurinda Maia

Capacitação on-line: um estudo sobre

processos de formação continuada

no Ministério da Previdência Social

Universidade Estácio de Sá -

RJ

Dissertação 2012

Educação

GHEDINE, Tatiana; TESTA,

Maurício Gregianin; FREITAS,

Henrique Mello Rodrigues de

Compreendendo as iniciativas de

Educação a Distância via internet: estudo de caso em duas grandes

empresas no Brasil

Revista de Administração

Pública

Artigo 2006

ScieELO Administração

URIBE, Maria Magdalena Vila

Criação de um training game: subsídios

teóricos e práticos

Pontifícia Universidade Católica - SP

Dissertação 2012

Mídias Digitais

SILVA, Marcelo Claro

Curso on-line ludificado e o processo de

gamification como recurso educacional

Pontifícia Universidade Católica - SP

Dissertação 2013

Mídias Digitais

SILVA, Angelo Nunes da

EAD nas universidades

corporativas: o desafio das empresas

públicas na busca pela competitividade

Universidade Federal Rural

de Pernambuco

Dissertação 2014

Tecnologia e Gestão em Educação a

Distância

33

Autor Título Instituição/ Veículo de publicação

Tipo de produção e

ano de publicação

Área do conhecimento

CASTRO, Gisele Vieira de Oliveira

Educação a Distância corporativa: da informação à experiência

Pontifícia Universidade Católica - SP

Dissertação 2012

Mídias Digitais

FRANÇA, Suely Morais de

Efetividade dos programas de formação na modalidade a distância nas instituições

corporativas: o caso do e-learning

Universidade Federal Rural

de Pernambuco

Dissertação 2014

Tecnologia e Gestão em Educação a

Distância

FRAGA, Claudia Gonçalves

Ensino a distância: Reflexões sobre a forma, conteúdo e

público.

Pontifícia Universidade Católica - SP

Dissertação 2005

Administração

SANTANDER, Marli Teresa

Jordan

Jogo empresarial em ambiente virtual –

diferenças no processo de treinamento empresarial

Pontifícia Universidade Católica - SP

Dissertação 2012

Mídias Digitais

POSSOLLI, Gabriela Eyng;

PEREIRA, Flávio Anastácio;

LOPES, Gustavo

Educação corporativa por meio de

tecnologias da informação e comunicação

Revista Intersaberes,

Curitiba

Artigo 2012

Educação

BRAUER, Marcus

Resistência à Educação a Distância

na educação corporativa

Fundação Getúlio Vargas -

SP

Tese 2008

Administração

CARDOSO, Fernando de

Carvalho

Resultados em e-learning corporativo

Pontifícia Universidade Católica - SP

Dissertação 2011

Mídias Digitais

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após a etapa de investigação de trabalhos científicos com algum tipo de

aderência à presente pesquisa, nas bases de dados eletrônicas consultadas, foi

possível concluir que muitos são os trabalhos que apresentam alguma relação com

as tecnologias educacionais, porém, não encontrei nenhuma referência direta sobre

a possibilidade de conversão do modelo educacional presencial a um sistema de

educação on-line baseado numa abordagem de trilhas de aprendizagem para o

desenvolvimento de competências, principalmente no que se refere aos meios

corporativos intimamente relacionados com a educação continuada de profissionais

que trabalham em empresas privadas e/ou públicas.

34

A tese de Pilla (2007) considerou a importância do e-learning para os

ambientes corporativos da contemporaneidade, marcados pela globalização do

mundo do trabalho. Descreveu as características das organizações do Brasil e da

Austrália, países em que realizou seus estudos acerca da implantação de sistemas

de e-learning. O trabalho chegou à conclusão de que esse modelo de

ensino/aprendizagem pode gerar resultados positivos para as empresas e para os

funcionários. Em sua pesquisa, propôs um sistema que valoriza a sensibilização dos

sujeitos para processos de avaliação desenvolvidos em parceria (alunos e

profissionais de RH). A contribuição de Pilla remeteu à reflexão, do ensino a distância

por meio de cursos on-line, acerca de impactos positivos: a rápida atualização do

conhecimento; e negativos: as empresas pesquisadas deram ênfase excessiva à

redução de custo, o que levou a cursos com pouca interação entre as pessoas,

acarretando em uma baixa qualidade do produto final. Contudo, não foi encontrado

nesse trabalho nada a respeito da conversão de ações educacionais presenciais em

virtuais, visto que o trabalho limitou-se ao conceito de e-learning e seus resultados,

sem menção à trilha de aprendizagem como recurso para o desenvolvimento de

competências corporativas.

A dissertação de Silva (2010) investigou o impacto da implantação da

Educação Corporativa a Distância na qualificação dos funcionários da Companhia

Paranaense de Energia – COPEL. A pesquisa foi realizada por meio do método

exploratório/descritivo, utilizando um questionário estruturado e observação direta. Os

resultados evidenciaram a necessidade de se explicitar a política de EAD da empresa,

bem como a de levar os funcionários a assumirem o papel pelo aprendizado contínuo.

O estudo apontou a necessidade de se reconhecer explicitamente que a Educação

Corporativa a Distância deve ser entendida como um importante facilitador da

aprendizagem. Esse trabalho trouxe uma contribuição relevante para a minha

pesquisa quando abordou a disseminação da política de EAD como uma das

modalidades de capacitação em nível corporativo; porém, não tratou das dificuldades

enfrentadas na mudança do modelo presencial para o on-line dentro de um contexto

de trilhas de aprendizagem.

Tavares-Silva (2006) pesquisou a Educação a Distância por meio de cursos

on-line com suporte de comunidade de prática virtual, tendo como objeto de estudo a

educação baseada no paradigma da produção em massa de servidores do estado de

São Paulo. Os fundamentos teóricos que apoiaram as reflexões da dissertação foram

35

baseados no significado do ato de aprender a fim de responder aos desafios atuais

na aprendizagem de adultos e sobre como saber conciliar os aspectos afetivo e

cognitivo no processo de construção do conhecimento, no que se refere ao professor

como mediador da comunidade, ao respeito ao silêncio virtual, à distinção entre

colaboração e cooperação à luz do olhar de Piaget, à definição de uma comunidade

virtual de aprendizagem e às abordagens de Educação a Distância. A autora aponta

que as interações sociais virtuais têm o poder de construir, por meio do

compartilhamento das informações e das experiências de seus membros, soluções

inovadoras para a instituição. Como contribuição para a minha pesquisa, a autora

trouxe a possibilidade de vincular questões afetivas e cognitivas em ambientes

virtuais, fato que pode colaborar para o sucesso de um curso on-line, principalmente

se houver a possibilidade de vinculá-lo a uma comunidade de prática virtual.

Lopes (2012) investigou como as capacitações on-line, oferecidas a

servidores públicos pela Escola da Previdência Social, foram avaliadas por seus

participantes – técnicos e gestores. Como resultado, descobriu que a maioria se

mostrou favorável às capacitações on-line, sinalizando diversas vantagens, como:

horário flexível para o estudo; crescimento profissional e pessoal; permanência no

posto de trabalho; democratização das informações (comunicação igualitária e

simultânea). No que tange às desvantagens desse modelo de capacitação, a pesquisa

apontou: inexistência, no trabalho, de ambiente físico (reservado) para o estudo;

cursos que apresentam uma visão limitada da instituição; propostas que não

contemplam todas as necessidades dos servidores. A autora concluiu o estudo

relatando que as capacitações on-line para a prática profissional contribuíram para o

aumento dos conhecimentos previdenciários, a ampliação de informações

relacionadas à carreira, bem como a melhoria no desempenho corporativo e no

atendimento ao cidadão.

O artigo de Ghedine, Testa e Freitas (2006) apresentou dois estudos de caso

acerca de cursos on-line, sendo eles, respectivamente: uma universidade corporativa

de uma multinacional americana, com cinco mil funcionários, e um centro de

treinamento da produção (CTP) de uma multinacional europeia, com dois mil. Os

autores destacaram que o crescimento dos cursos de EAD nas organizações vinha

sendo potencializado pelo alto custo da educação tradicional, pela rapidez da

mudança dos conteúdos dos cursos de forma dinâmica e personalizada, pela limitação

de ordem temporal (ditadas por horários de trabalho e dificuldades de deslocamento),

36

pela importância crescente da aprendizagem continuada e pelas limitações

geográficas (impossibilitando o deslocamento de potenciais alunos localizados em

regiões distantes).

A dissertação de Uribe (2012) abordou a capacitação de profissionais em

ambientes corporativos com suporte de jogos desenvolvidos para uso em dispositivos

eletrônicos, apresentando um breve panorama das tendências tecnológicas na área

de educação. Tratou do uso de jogos na área de treinamento e desenvolvimento

organizacional e alinhou conceitos utilizados nos treinamentos, como vivência,

dinâmica de grupo, jogo e game.

Silva (2013) pesquisou sobre uma nova tendência de curso on-line explorada

por meio do processo de gamification. Com esse viés, ele abordou as mudanças

ocorridas na educação, colocando a tecnologia como principal responsável por essas

transformações. O autor elucidou as maneiras como os jogos estavam sendo usados

como materiais didáticos on-line e concluiu que o uso de jogos no contexto de cursos

on-line tornava o aprendizado mais atraente e motivador, de maneira a causar um

maior engajamento do estudante em prosseguir no curso.

Castro (2012) pesquisou o papel que a Educação a Distância (EAD), por meio

da universidade corporativa, estava desempenhando no desenvolvimento dos

funcionários de empresas públicas. A investigação usou o método qualitativo

descritivo, demonstrando a visão do corpo diretivo e dos colaboradores das

organizações no que diz respeito às novas tecnologias de aprendizagem utilizadas

nas corporações. A pesquisa atingiu funcionários de organizações públicas de

diferentes ramos de atuação, por meio de questionários fechados e entrevistas

semidiretivas. Os resultados indicaram que, apesar de apresentar falhas em seu

planejamento e estruturação (ausência de tutoria e baixa produção de material

próprio), a decisão dessas organizações em optar pela utilização da EAD nas

universidades corporativas estava sendo satisfatória, tanto para os funcionários

quanto para a alta gestão que, ao buscar excelência na formação de seus

empregados, viabilizava a construção de uma “organização que aprende”, dentro da

esfera pública, de modo a contribuir para o aumento na qualidade dos serviços

prestados por essas empresas, tornando-as cada vez mais competitivas em suas

áreas de atuação.

França (2014) analisou a efetividade do modelo pedagógico de cursos a

distância na modalidade on-line de uma instituição financeira. A autora pontuou que

37

os funcionários reconheceram a efetividade do programa no que tange à

aprendizagem, mas indicou a necessidade de adequações metodológicas ao

programa, sobretudo para permitir uma maior interatividade entre os alunos, fato

atribuído à completa ausência de tutoria, que inviabilizava a troca de informações.

Fraga (2005) apresentou um estudo sobre a forma, o conteúdo e o público da

experiência de cursos on-line em contextos empresariais. A autora fez um paralelo

entre o ensino a distância e o ensino presencial, mostrando que, no primeiro, é

possível fazer alterações no conteúdo a qualquer momento, e, no segundo, as

alterações de conteúdo não possuem a mesma flexibilidade.

A dissertação de Santander (2012) investigou a inserção de games em

treinamentos on-line. O trabalho relatou um histórico sobre a Educação Corporativa,

abordando os tipos de treinamentos e quais os momentos adequados para a aplicação

de cada um deles para o desenvolvimento de competências profissionais. Também

apresentou um estudo de caso em que foram observados sujeitos adeptos e não

adeptos a jogos on-line, tendo como referência o game “Indiana Jones”, com o objetivo

de observar as competências utilizadas no decorrer do processo e construção do

conhecimento para o trabalho. A autora concluiu que os participantes foram capazes

de desenvolver as competências profissionais propostas.

O artigo de Possolli et al. (2012) apresentou as contribuições das tecnologias

da informação e comunicação para a efetivação das ações da Educação Corporativa.

Relatou alguns sistemas de informação aplicados à aprendizagem organizacional e a

experiência de várias empresas que ofereciam treinamentos para os funcionários nos

modelos presencial e a distância em diversas mídias.

A tese de Brauer (2008) investigou os principais motivos que levam

funcionários de grandes corporações a terem resistência à Educação a Distância em

ambiente corporativo, pesquisando a percepção de funcionários que já tiveram

alguma experiência com EAD. O autor concluiu que, se o empregado perceber o

sistema de EAD como algo complicado, difícil de usar e de aprender, se não tiver

condições adequadas de infraestrutura para a utilização da EAD ou se o curso não

tiver interatividade, ele provavelmente considerará que tal sistema será pouco útil ao

seu trabalho ou que tal sistema não irá melhorar seus resultados. Braeur ressaltou

que quanto menor for a capacidade do funcionário “de aprender sozinho e realizar o

que planeja (autoeficácia), e quanto menores forem suas crenças de que o sistema

38

de ensino a distância vai lhe agregar valor no trabalho, maior será a resistência do

empregado em relação à Educação a Distância” (2008, p. 159).

A dissertação de Cardoso (2011) realizou uma investigação acerca da

utilização do e-learning e seus processos na educação corporativa, abordando o

processo evolutivo do profissional de RH e seus atuais desafios; nesse percurso, o

autor demonstrou como o e-learning tem sido inserido como solução para a área de

treinamento corporativo. A pesquisa concluiu que essa modalidade de ensino vem

permitindo novas possibilidades em aprendizagem, produtividade do departamento de

treinamento, economia financeira e retorno sobre o investimento. Nas palavras do

autor, “o maior impacto do e-learning é a evolução da educação corporativa como um

todo, sua reinvenção, a evolução mesmo na educação na forma presencial e uma

evolução também do aluno na sua forma de aprender” (p. 100).

A revisão dos trabalhos acadêmicos mencionados foi de grande importância

para ampliar meu repertório referente às diversas iniciativas de educação corporativa

que utilizam as TDICs como meio de disseminação do conhecimento. Porém, não foi

possível encontrar nenhuma pesquisa que tratasse especificamente da conversão de

conteúdo educacional presencial para o on-line, dentro de um contexto de trilhas de

aprendizagem, para o desenvolvimento de competências profissionais. Em geral, os

assuntos abordados apontavam para cursos on-line formatados ou desenvolvidos

sem a existência de um curso presencial já existente. Assim, é possível inferir que a

questão da pesquisa apresentada nesta tese desponta como um campo muito fértil e

pouco problematizado, o que demonstra a existência de possibilidades de

investigação nesse âmbito.

39

CAPÍTULO 2

UMA VISÃO GERAL DO QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DO SESC SP, GERAÇÕES

E ATIVIDADES DESEMPENHADAS

Este capítulo apresenta uma visão geral do Sesc SP, considerando o perfil

dos funcionários, de maneira a estabelecer um paralelo com autores que dialogam

com os temas “gerações” e “tecnologia”.

São exibidas as áreas de atuação do Sesc SP e a maneira como a Educação

a Distância, por meio da utilização das TDICs, está sendo incorporada às ações

educacionais propostas ao quadro de funcionários como estratégia para suprir as

necessidades de formação continuada em consonância com o crescimento da

instituição no âmbito do estado de São Paulo.

Apresento uma análise da diversidade de pessoas com idades e

características variadas que trabalham no Sesc SP, sob o ponto de vista das áreas de

atuação e suas distintas maneiras de aprenderem e se relacionarem com as

mudanças constantes em uma sociedade marcada por inovações tecnológicas

digitais. Esse fato me levou a interpretar a instituição como um sistema complexo que

corresponde à multiplicidade, ao entrelaçamento e à contínua interação de fenômenos

que compõem o ambiente de trabalho como uma instância dinâmica que evolui no

tempo por meio de comunicações complexas entre sociedade, funcionários, público

de frequentadores, fornecedores e outras instituições as quais, de forma direta ou

indireta, relacionam-se com o Sesc SP.

Tal explanação surgiu a fim de se compreender que a educação pensada para

a formação das diversas gerações de profissionais do Sesc SP consiste em

fenômenos sociais e históricos que variam conforme o tempo a que pertencem, o que

faz com que a educação on-line se torne uma necessidade para o momento atual,

uma vez que é bem presente essa fase de transição entre o presencial e o digital.

Utilizo como referencial a teoria da complexidade, de Edgar Morin, que

esclarece que “como mecanismo vivo, a empresa se auto-organiza e faz sua

autoprodução. Ao mesmo tempo, ela faz auto-eco-organização e auto-ecoprodução”

(2012, p. 87).

Diante desse conceito, compreendi o Sesc SP como um organismo vivo que

se auto-organiza, ou seja, está em constante reorganização ou em regeneração

40

permanente, fato que ocorre também nos meandros em que a educação institucional

perpassa.

É preciso lembrar que na instituição sempre haverá relações ambíguas,

complementares e antagônicas. Como exemplo, basta pensar no conceito de

gerações trabalhando juntas, ou mesmo na relação gestor-subordinado, ou ainda na

relação entre as diversas áreas profissionais.

Diante desse pressuposto, é possível afirmar que as pessoas podem ter

atitudes opostas, ou seja, colaborar e resistir ao mesmo tempo, tanto no que concerne

à produção de trabalho como à aceitação das ações de aprendizagem que são

propostas, sejam elas virtuais ou presenciais.

Assim, para a conversão de uma ação de educação presencial a uma virtual,

em um conceito de trilhas de aprendizagem para desenvolvimento das competências

aqui mapeadas pelos profissionais da instituição, é considerável a compreensão das

relações humanas que cercam o ambiente institucional, valorizando o todo e as

partes, entendendo “todo e parte” como elementos subjetivos e complementares do

processo educacional.

2.1 O Sesc SP

O Serviço Social do Comércio – Sesc é uma instituição brasileira de caráter

privado, presente em todos os estados do País.

Foi criado em 1946, por iniciativa do empresariado do comércio de bens,

serviços e turismo. Tem a finalidade de promover o bem-estar social, o

desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do

comércio e serviço, de sua família e da comunidade em geral.

O Sesc desenvolve uma ação de educação não formal e permanente que

procura valorizar as pessoas, ao estimular a autonomia pessoal, a interação e o

contato com expressões e modos diversos de pensar e agir.

Esta pesquisa teve como cenário a educação institucional dos profissionais

do Sesc do estado de São Paulo que, para fins deste estudo, foi nomeada pela sigla

Sesc SP.

O Sesc SP, em 2017, contava com uma rede de 38 unidades (com previsão

de abertura de outras seis unidades), em sua maioria, centros culturais e desportivos

41

que atuam nas áreas de Educação, Saúde, Cultura, Lazer e Assistência, dentro das

quais desenvolvem atividades programáticas com ênfase em ações artísticas,

desenvolvimento físico-esportivo, alimentação, educação para sustentabilidade,

educação para infância, educação para adolescentes e jovens, odontologia,

identidade e diversidade, segurança alimentar e nutricional, educação em saúde,

trabalho social com idoso, encontros temáticos e turismo social.

O gráfico seguinte demonstra o crescimento do Sesc SP, por década,

relativamente ao número de funcionários e às respectivas aberturas de unidades

operacionais.

Gráfico 1 - Unidades e quadro funcional.

Fonte: Gerência de Pessoas do Sesc SP.

São necessários, portanto, profissionais de diversas áreas do conhecimento,

o que faz com que a instituição seja direcionada a oferecer programas de treinamentos

“específicos” (cargo/função) e “transversais” (comuns a todos os cargos/função).

A figura seguinte ilustra o ano de abertura e as respectivas unidades

operacionais de acordo com a sua localização no estado de São Paulo.

42

Figura 1 - Ano de abertura das unidades do Sesc SP.

Fonte: Gerência de Pessoas do Sesc SP.

O Gráfico 1 e a Figura 1 ilustram os funcionários do Sesc SP locados em

diferentes unidades operacionais, geograficamente distantes, além de possuírem

idades e formações variadas, o que tornou desafiador propor atividades educacionais

presenciais que fossem capazes de contemplar as diferentes gerações e áreas do

conhecimento.

Assim, a Educação a Distância, por meio de cursos on-line, emergiu como

uma possibilidade viável, porém desafiadora, considerando, principalmente, que esse

modelo de educação representa uma mudança de paradigma do atual modelo de

educação presencial que vem sendo praticado desde o ano de 1946 (data da criação

do Sesc).

Um dos fatores importantes, ao se pensar em utilizar a Educação a Distância,

por meio de cursos on-line, são as idades dos funcionários e suas respectivas

afinidades com as novas tecnologias, partindo do princípio de que uma ação a

distância, na maioria das vezes, deve ser mediada por tecnologia.

A seguir, farei uma reflexão acerca do tema “gerações”, apresentando os

funcionários da Instituição distribuídos pelas respectivas faixas etárias. Em seguida,

apresento uma explanação acerca das diferentes funções desempenhados pelos

profissionais do Sesc SP.

43

2.2 As gerações (veterana, baby boomer, X, Y e Z) e suas relações com os

funcionários do Sesc

Um dos fatores importantes para o planejamento de um curso institucional,

seja a distância ou presencial, é o conhecimento do público participante, de maneira

a entender a melhor forma de comunicar-se com ele.

Uma situação é planejar uma ação de capacitação para um adolescente por

volta dos 15 anos de idade, outra é o planejamento de uma ação de capacitação para

uma pessoa de 70 anos. Isso não quer dizer que o conteúdo deva ser diferente, mas

as ferramentas tecnológicas podem ser variadas e adequadas para cada faixa etária.

Nesse sentido, cabe lembrar que a forma como as pessoas se comunicam

vem sofrendo mudanças significativas.

Correspondência tradicional, fax, telex, ICQ, Messenger, e-mail, Skype, redes

sociais, whatsapp, são meios de comunicação que algumas pessoas já utilizaram;

outras, nem sequer utilizaram e/ou utilizarão alguns desses recursos.

Segundo Levitin (2015), o e-mail, hoje, é uma ferramenta quase obsoleta, na

medida em que a maioria das pessoas com menos de 30 anos de idade considera-o

um modo antiquado de comunicação. No lugar dele, mandam mensagens de textos,

e alguns ainda postam no Facebook, anexam documentos, fotos, vídeos e links, do

mesmo modo que pessoas com mais de 30 anos fazem com o e-mail. Por outro lado,

indivíduos com menos de 20 anos de idade, hoje, veem o Facebook como uma

ferramenta da geração mais velha. Para eles, a mensagem de texto, no padrão

whatsapp, tornou-se o principal meio de comunicação por oferecer a privacidade que

os telefones não propiciam e um imediatismo que não se tem por e-mail.

Portanto, conhecer a faixa etária dos alunos e, como consequência, algumas

características de sua idade, principalmente para cursos no formato on-line, pode

contribuir para que os recursos utilizados sejam os mais adequados ao perfil das

pessoas que utilizarão o curso, fazendo com que a aprendizagem aconteça de forma

mais efetiva, uma vez que o modelo de Educação a Distância tem como princípio o

fato de que parte do conteúdo realiza-se de forma individualizada.

Tendo em vista que a pesquisa em pauta abordou a inserção da educação

on-line em ambiente institucional como parte de um projeto de trilha de aprendizagem,

não há como separar o indivíduo das circunstâncias que ele vivencia, pois estas se

apresentam responsáveis formativas dentro de sua vida cotidiana.

44

Dessa maneira, a familiaridade (ou não) com as tecnologias digitais é algo

que pode se relacionar com a época em que cada ferramenta é criada. Contudo, isso

não significa que tal familiaridade não possa ser adquirida e incorporada às ações do

dia a dia, seja por adolescentes ou por indivíduos com 70 anos.

Diante desse pressuposto, esclarecendo o conceito de gerações, posso

posicionar o quadro de funcionários do Sesc SP nessa concepção.

Os eventos significativos vivenciados pelo homem desde o início do século

XX até os dias atuais trazem subsídios teóricos sobre aspectos culturais, sociais e

políticos, assim como sobre seu comportamento frente aos principais recursos

tecnológicos criados em cada época. Nessa mesma linha de raciocínio, Indalécio e

Campos (2016, p. 16) afirmaram que “os processos formativos, os eventos

significativos, e o vir a ser de cada geração, dentro da dualidade fim ou causa, que

concebem historicamente, se evidencia o cenário que as gerações contemporâneas

configuram na sociedade moderna”.

Entende-se por gerações a referência ao conjunto de pessoas que, por terem

nascido no mesmo período histórico, receberam ensinamentos e estímulos culturais

e sociais similares e, por conseguinte, em geral, podem apresentar gostos,

comportamentos e interesses em comum.

A visão das gerações fornece recursos para a compreensão dos fenômenos

que acontecem no ambiente de trabalho do Sesc SP, entre eles a necessidade de

incorporação da Educação a Distância por meio de cursos on-line, um dos pilares no

qual este trabalho se fundamentou.

É preciso salientar que o que permite a vida em sociedade é a capacidade de

olhar o outro como outro dentro de suas diferenças em convivência. Nessa mesma

linha de pensamento, Morin (2011, p. 106) esclareceu que: “somos

indivíduo/sociedade/espécie e que nosso destino, em suas antinomias e plenitude, é

construído a partir do projeto ético que coletivamente definirmos”.

Em sociologia, o termo geração é usado para definir um conjunto ou grupo de

pessoas, dentro de uma população, que experimenta os mesmos eventos

significantes em um determinado período (PILCHER, 1994).

Em filosofia, a palavra geração é usada como maneira de localizar grupos de

nascimento em circunstâncias culturais e históricas específicas, como forma de

diferenciar e comparar, como demonstra a reflexão de Abbagnano:

45

GERACAO (gr. YEVEOIC; lat. Generatio; in. Generation; fr. Génération; ai. Erzeugung; it. Generazioné). Segundo Aristoteles, "a mudança que vai do não­ser ao ser do sujeito, segundo a contradição": a passagem da negação da coisa à coisa. A G. pode ser absoluta, e nesse caso é a passagem do não­ser ao ser da substância, ou qualificada, e nesse caso é a passagem do não­ser ao ser de uma qualidade da substância (Fís., V, I 225 a 12 ss.). O oposto de G. é corrupção (v.). G. e corrupção constituem a primeira das quatro espécies de mudança, mais precisamente a mudança substancial (Ubid, 225 a 1) (v. DEVIR) (2007, p. 484).

Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra “geração”

apresenta os seguintes significados: “sf. 2. Cada grau de filiação de pai a filho. 3.

Conjunto de pessoas nascidas pela mesma época. 4. O espaço de tempo

(aproximadamente 25 anos) que vai de uma geração (3) a outra” (FERREIRA, 2010,

p. 377).

As citações mencionadas levaram à interpretação de que cada geração, no

decorrer da sua história, carrega consigo particularidades, modelos e crenças. Tal

contexto pode ser nomeado de cultura, o que Morin (2011, p. 56) define como “o

conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças,

ideias, valores, mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz em cada

indivíduo, controla a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e

social”.

Gabriel (2013, p. 85-86) e Zemke (2008, p. 51-55) trazem um panorama sobre

algumas características das gerações veteranas, baby boomers, Y, X e Z, situando

acontecimentos históricos e datas marcantes, as quais serão descritas com algumas

adaptações, de maneira resumida, captando a ideia central desses autores.

A geração veterana (1922 a 1945) está representada por indivíduos que

nasceram durante a grande depressão e a II Guerra Mundial. No ambiente de trabalho

são formais e cumpridores de regras. Em geral, possuem pouca afinidade com as

novas TDICs.

A geração baby boomers (1946 a 1964) é a geração de pessoas que

nasceram após a Segunda Guerra Mundial, marcada por um aumento das taxas de

natalidade. No trabalho, preferem ser reconhecidas pelas suas experiências a ter

notadas suas capacidades de inovação. Em geral, possuem pouca afinidade com as

TDICs, mas já incorporaram alguns dispositivos tecnológicos ao seu dia a dia.

A geração X (1965 a 1980) engloba os filhos dos baby boomers. Foram

educados para serem autossuficientes e aprenderem a viver com a ausência dos pais,

46

optaram por uma relação de equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, valorizando a

flexibilidade e a satisfação no ambiente corporativo. Já estão habituados com a

maioria das TDICs.

Indivíduos da geração Y (1980 a 2000), também conhecidos como millenials,

generation next e echo boomers, são filhos dos baby boomers e dos primeiros

membros da geração X. Como profissionais, essa geração valoriza o trabalho e busca

ascensão profissional, sendo independentes e autoconfiantes. Possuem bastante

afinidade com as TDICs.

A geração Z (a partir de 2001) é também conhecida como iGeneration,

Generation@, Net Generation, Generation AO (Always on), Generation Tex e Nativos

Digitais. Integrados com as tecnologias, valorizam a comunicação virtual e fazem

várias atividades ao mesmo tempo.

Cabe lembrar que existem divergências entre os especialistas no que

concerne às datas em que cada geração termina ou começa. Desse modo, os

períodos descritos podem variar um pouco de uma referência para outra.

Por uma necessidade de definição de metodologia, foram adotadas as

definições de datas do autor Zemke (2008) para a geração de veteranos; para as

demais gerações, adotei as definições de datas de Gabriel (2013).

O quadro a seguir traz um resumo mais didático sobre as gerações

mencionadas.

Quadro 2 – Gerações.

Geração Veterana/ tradicional

Baby boomers X Y Z

Ano 1922 | 1945 1946 | 1964 1965 | 1980 1981 | 2000 A partir de 2001

Visão de mundo

Conformistas Não Contestadores

Otimistas Lado Positivo

Céticos Questionadores

Interativos Contestadores

Imediatistas Excêntricos

Trabalho

Crescimento se dá passo a passo, não questiona autoridade

Razão de viver, envolvimento desenvolvimento pessoal

Independência, autoconfiança, questionam autoridade

Diversidade, colaboração, realização / consumo

Fazem várias coisas ao mesmo tempo

Tecnologia Alheios às tecnologias

Têm conhecimento e experiência, mas são cercados de temor com a tecnologia

Adaptação rápida, proficiência em tecnologia

Tecnologia é algo natural na vida

Ligados à internet

Ideal de vida Tradição e sabedoria

Ideal de reconstrução do mundo

Ideal da paz, liberdade sexual e anarquismo

Globalização, diversidade, multiculturas

Comunicação virtual

Fonte: Adaptado de Gabriel (2013) e Zemke (2008).

47

A partir do conceito de gerações, foi elaborada uma tabela que contém o

quadro de profissionais do Sesc SP, na qual se verifica que a instituição é formada

por indivíduos de cinco gerações; o funcionário mais idoso da instituição nasceu em

1929 (88 anos), e o mais jovem, em 2002 (15 anos).

Cabe salientar que apenas a geração Z não possui funcionários ocupando

cargos gestores do Sesc SP.

A tabela seguinte demonstra como estão distribuídas as gerações em

números de pessoas no Sesc SP.

Tabela 1 - Funcionários do Sesc SP por gerações.

GERAÇÃO FUNCIONÁRIOS PERCENTUAL

VETERANOS (1922 –1945) 6 00,09%

BABY BOOMERS (1946 –1964) 716 10,46%

GERAÇÃO X (1965 –1980) 3.474 50,73%

GERAÇÃO Y (1981–2000) 2.620 38,26%

GERAÇÃO Z (A partir de 2001) 32 00,47%

SOMA 6.848

Fonte: Cadastro de funcionários do Sesc, extraído em 02 fev. 2017. As gerações foram adaptadas de acordo com Gabriel (2013) e Zemke (2008).

De acordo com a tabela, fica nítida a diversidade de funcionários com as mais

variadas idades, dispostos em gerações, que desenvolvem atividades profissionais no

Sesc SP.

A diversidade é o que torna o ambiente institucional rico e produtivo em termos

de convivência e aprendizagem mútua, num contexto em que pessoas mais velhas

aprendem com pessoas mais novas, e pessoas mais novas também aprendem com

pessoas mais velhas, caracterizando o que Morin define como a “[...] possibilidade de

transformar os círculos viciosos em ciclos virtuosos, refletidos e geradores de um

pensamento complexo [...] não é preciso quebrar as nossas circularidades, é preciso

ao contrário, vigiar-se para não nos desligarmos delas” (2013, p. 32).

Nesse sentido, a concepção de cursos para profissionais tão diversificados

indicam a complexidade organizada da vida e os acontecimentos em relação a seus

contextos, colocando a ênfase nas relações e estimulando o convívio entre as

gerações.

48

2.3 As áreas de atuação dos funcionários do Sesc SP

Para que o Sesc SP possa realizar as suas atividades com o objetivo de

cumprir a sua missão, respeitando os seus valores e as metas de um crescimento

equilibrado, são necessários profissionais de diversas áreas do conhecimento:

Administração;

Comunicação;

Engenharia e Infraestrutura;

Programação;

Saúde;

Serviços;

Tecnologia da Informação.

Nessas áreas, ainda existe uma subdivisão denominada subárea, com uma

série de funções e especialidades que caracterizam a atividade de cada funcionário

do Sesc SP.

A tabela seguinte demonstra a quantidade de funcionários distribuídos por

área de atuação, além de apresentar o número de subáreas de cada área e a

quantidade de atividades que cada subárea comporta.

Tabela 2 - Área, subárea, atividade e funcionários.

Área Subárea Atividade Funcionários

Administração 11 53 1.441

Comunicação 9 49 1.317

Engenharia e Infraestrutura 3 16 518

Programação 16 38 1.315

Saúde 6 20 1.359

Serviços 2 16 793

Tecnologia da Informação 2 4 105

Soma 49 196 6.848

Fonte: Sesc SP, extraído em 6 fev. 2017.

A área de Administração se divide em onze subáreas e mais 53 atividades

que comportam 1.441 funcionários.

49

A área de Comunicação se divide em 9 subáreas e mais 49 atividades que

abrigam 1.317 funcionários.

A área de Engenharia e Infraestrutura se divide em 3 subáreas e mais 16

atividades, comportando 518 funcionários.

A área de Programação se divide em 16 subáreas com 38 atividades,

abrigando 1.315 funcionários.

A área de Saúde está dividida em 6 subáreas com 20 atividades, comportando

1.359 funcionários.

A área de Serviços se divide em 2 subáreas com 16 atividades abrigando 793

funcionários.

A área tecnologia da Informação se divide em 2 subáreas com 3 atividades,

abrigando 105 funcionários.

O quadro a seguir detalha as áreas, subáreas e atividades.

Quadro 3 - Áreas, subáreas e atividades.

ÁREA SUBÁREA ATIVIDADES

Administração

Bens Bens Patrimoniais | Coordenação de Bens Patrimoniais

Compras e Contratações

Consultoria em Licitação | Coordenação de Compras e Contratações | Documentações, Licitações, Compras e Contratações

Contratos Coordenação de Contratos | Gestão de Contratos

Documentação Administrativa

Coordenação de Documentação Administrativa | Documentação Administrativa

Estatística Coordenação de Estatística | Estatística

Finanças

Auxiliar de Atividades Administrativas | Contabilidade | Controladoria | Coordenação de Contabilidade | Coordenação de Controladoria | Coordenação de Orçamento | Coordenação de Tesouraria | Financeiro | Orçamento |Tesouraria

Geral

Aprendizagem | Auxiliar de Atividades Administrativas | Auxiliar de Atividades de Atendimento | Consultoria da Diretoria Regional | Consultoria de Planejamento | Consultoria em Administração | Consultoria Jurídica | Coordenação Administrativa | Coordenação de Núcleo Temático | Coordenação Jurídica | Coordenação Técnica e de Planejamento | Diretor Regional | Gerente | Gerente Adjunto (a) | Secretaria | Superintendente | Supervisão Administrativa

Gestão de Pessoas

Coordenação de Gestão de Pessoas | Coordenação de Recrutamento e Seleção | Coordenação de Saúde e Benefícios | Coordenação de Treinamento e Desenvolvimento | Gestão de Pessoas | Recrutamento e Seleção | Saúde e Benefícios | Treinamento e Desenvolvimento

Logística Almoxarife de Gêneros e Materiais | Coordenação de Materiais | Materiais Transporte

Materiais Materiais

Operações e Serviços

Coordenação de Operações e Serviços | Operações e Serviços

Comunicação Acervo Coordenação de Acervo | Pesquisador de Acervo

Artes Gráficas Coordenação de Artes Gráficas | Designer Gráfico

50

ÁREA SUBÁREA ATIVIDADES

Audiovisual

Assistente de Audiovisual | Assistente de Câmera | Cinegrafista | Coordenação de Audiovisual | Editor de Audiovisual | Editor de Fotos | Fotógrafo | Operador de Controle Mestre de Exibição | Produtor de Audiovisual | Supervisão de Manutenção Técnica

Comunicação Institucional

Comunicação Institucional | Coordenação de Comunicação Institucional

Divulgação

Assessoria de Imprensa | Assistente Editorial | Consultoria Editorial | Coordenação de Comunicação | Coordenação de Divulgação | Coordenação de Gestão da Comunicação | Coordenação de Mídia Web | Coordenação Editorial | Divulgação | Editor Web | Relações com a Imprensa | Supervisão de Comunicação

Geral

Aprendizagem | Auxiliar de Atividades de Atendimento | Consultoria de Relações Internacionais | Consultoria em Comunicação | Coordenação de Relações Internacionais | Gerente | Gerente Adjunto (a)

Produtos

Coordenação de Desenvolvimento de Produtos | Coordenação de Gestão de Produtos | Desenvolvimento de Produtos | Difusão de Produtos | Gestão de Produtos | Supervisão de Desenvolvimento de Produtos | Supervisão de Gestão de Produtos

Relações com o Público

Agente de Atendimento | Atendimento e Relações com o Público | Coordenação de Atendimento e Relações com o Público | Coordenação de Comunicação | Supervisão de Atendimento

Vestuário Coordenação de Vestuário | Vestuário

Engenharia e Infraestrutura

Engenharia Coordenação de Engenharia | Engenharia Agronômica Engenheiro (a) | Supervisão de Obras | Técnico de Engenharia e Infraestrutura

Geral Gerente | Gerente Adjunto (a)

Infraestrutura

Aprendizagem | Auxiliar de Atividades de Infraestrutura | Coordenação de Infraestrutura | Eletricista | Encanador | Engenharia Agronômica | Supervisão de Infraestrutura | Técnico de Engenharia e Infraestrutura | Tratador de Piscina

Programação

Artes Cênicas Programação em Artes Cênicas

Artes Visuais Instrutoria de Artes e Tecnologia | Instrutoria de Atividades Culturais | Programação em Artes Visuais

Audiovisual Programação em Audiovisual

Biblioteca Biblioteca

Cursos de Valorização Social

Programação de Cursos de Valorização Social

Desenvolvimento Comunitário

Programação em Desenvolvimento Comunitário

Desenvolvimento Físico-Esportivo

Instrutoria de Atividades Físicas | Programação em Desenvolvimento Físico-Esportivo

Educação Complementar

Agente de Desenvolvimento Infantil | Auxiliar de Berçário | Auxiliar de Desenvolvimento Infantil | Instrutoria de Atividades Infanto-juvenis | Monitor Pedagógico | Programação em Educação

Educação em Ciências e Humanidades

Instrutoria de Artes e Tecnologia | Programação em Artes e Tecnologia | Programação em Educação Ambiental | Programação em Educação em Ciências e Humanidades

Geral

Consultoria em Programação | Coordenação de Núcleo Temático | Coordenação de Programação | Gerente Gerente Adjunto (a) | Programação em Desenvolvimento Físico-Esportivo | Supervisão de Programação

Literatura Programação em Literatura

51

ÁREA SUBÁREA ATIVIDADES

Música Instrutoria de Música | Programação em Música

Recreação Auxiliar de Atividades de Lazer | Instrutoria de Atividades Físicas | Instrutoria de Atividades Recreativas

Segurança Alimentar e Apoio Social

Coordenação Mesa Brasil | Programação em Segurança Alimentar e Apoio Social | Supervisão Mesa Brasil

Trabalho Social com Grupos

Programação em Trabalho Social com Grupos

Turismo Social Programação em Turismo Social

Saúde

Cuidado Terapêutico

Fisioterapia

Educação em Saúde

Programação em Educação em Saúde

Geral Consultoria em Saúde| Gerente | Gerente Adjunto (a)

Nutrição Aprendizagem | Auxiliar de Atividades de Alimentação | Coordenação de Alimentação | Cozinheiro | Distribuição |Produção | Supervisão de Alimentação

Ocupacional Engenharia e Segurança do Trabalho | Saúde Ocupacional | Supervisão de Saúde e Segurança Ocupacional

Saúde Bucal Auxiliar de Atividades em Saúde Bucal | Coordenação de Saúde Bucal | Radiologia Odontológica | Saúde Bucal Supervisão de Saúde Bucal

Serviços

Geral Auxiliar de Serviços

Operações e Serviços

Ascensorista | Auxiliar de Hotelaria | Auxiliar de Serviços | Coordenação de Serviços Gerais | Encarregado de Frota | Encarregado de Serviços | Guarda Parque | Guarda Vidas | Iluminação | Motorista Operações e Serviços | Operador Cinematográfico | Sonorização e Multimídia | Supervisão de Serviços Gerais | Viveirista

Tecnologia da Informação

Desenvolvimento Coordenação de Desenvolvimento de TI | Desenvolvimento de TI

Suporte Técnico Coordenação de Suporte Técnico de TI | Suporte Técnico de TI

Fonte: Sesc SP, extraído em 6 fev. 2017.

O quadro anterior indica a diversidade de atividades que o Sesc SP possui,

fazendo com que o objetivo de desenhar e converter treinamentos presenciais em

virtuais, dentro de um contexto de trilha de aprendizagem para o desenvolvimento de

competências, torne-se um grande desafio.

O conceito de trilhas de aprendizagem em ambiente institucional pode ser

aplicado considerando as atividades profissionais do quadro funcional. É possível

vislumbrar 196 atividades a serem pensadas como possíveis ações virtuais e/ou

híbridas (virtual/presencial) para o desenvolvimento de competências.

Assim, qualquer ação de formação, presencial ou a distância, dentro de um

contexto heterógeno, como o que se apresenta (considerando cinco gerações com as

mais variadas idades dispersas em 196 atividades), torna-se relevante interpretar a

52

instituição como um organismo em que cada funcionário faz parte de uma espécie de

célula que necessita se conectar com as outras células da mesma área e de outras

áreas. As interações nesse cenário são constantes e devem ser estimuladas em todos

os sentidos e meios possíveis.

2.4 A Educação a Distância no Sesc SP, um recorte do momento

Até o ano de 2013, o Sesc SP realizava todas as ações de capacitação para

o seu quadro de funcionários na modalidade de educação presencial, por meio de

grades de treinamento pontuais, com horários fixos e inflexíveis, fazendo com que o

desenvolvimento do funcionário fosse, essencialmente, vinculado a uma estrutura

engessada.

Com o aumento do quadro funcional, em virtude da ampliação da rede Sesc

SP, surgiu a necessidade de gerenciar, distribuir e atualizar o conhecimento

institucional de uma maneira mais eficaz em um ambiente de trabalho dinâmico,

acompanhando as mudanças tecnológicas e se beneficiando dessas técnicas como

estratégia para a formação continuada, respeitando a maneira de aprender de cada

indivíduo.

Surgiu, então, a necessidade de utilizar a modalidade de Educação a

Distância (EAD), tendo como ênfase o desenvolvimento profissional continuado de

cerca de sete mil funcionários, distribuídos nas unidades operacionais do estado de

São Paulo.

Dessa maneira, a Educação a Distância, por meio de cursos on-line,

despontou como ferramenta necessária para a construção do conhecimento

institucional.

No final do ano de 2013, com a implantação da plataforma LMS1 Saba,

futuramente nomeada pela área de T&D por PERCURSOS, iniciou-se uma nova fase

para a educação institucional do Sesc SP.

Após a superação de uma série de dificuldades técnicas referentes à

estruturação de um ambiente virtual de aprendizagem, foi desenvolvido, no ano de

1 LMS (Learning Management System) são plataformas de software para administrar, documentar, acompanhar, descrever e disponibilizar cursos e programas de treinamento.

53

2014, o primeiro curso no formato on-line. Esse curso, um projeto piloto, foi elaborado

para a área de logística, com ênfase em administração de armazenagem, destinado

a um público de cerca de 140 funcionários, representando 2% do total na época.

A Figura 2 retrata parte do primeiro e-learning desenvolvido que poderia, em

um futuro próximo, integrar uma trilha de aprendizagem para o desenvolvimento da

competência de logística.

Figura 2 - Tela do primeiro curso on-line do Sesc SP.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP – PERCURSOS.

Após o projeto piloto, com o primeiro curso on-line, no ano de 2014 a

plataforma LMS Saba passou a fazer parte de um projeto de gestão do conhecimento

institucional, incorporando todo o calendário de treinamentos presenciais e o histórico

de cursos, internos e externos, realizados pelos funcionários.

O núcleo de T&D percebeu a necessidade de dar um nome à plataforma, com

o objetivo de iniciar um programa de educação baseado em trilhas de aprendizagem.

Assim, surgiu o nome PERCURSOS, após uma reunião na qual foi realizada

a técnica “brainstorming”2, com uma nova proposta de ambiente virtual de

2 Brainstorming, termo do inglês, que significa tempestade de ideias, é uma atividade desenvolvida para explorar a potencialidade criativa. A técnica propõe que o grupo se reúna e utilize a diversidade de pensamentos e experiências para gerar soluções inovadoras, sugerindo qualquer pensamento ou ideia que vier à mente a respeito do tema tratado. Espera-se reunir o maior número possível de ideias, visões, propostas e possibilidades que levem a um denominador comum e eficaz para solucionar problemas e entraves que impedem um projeto de seguir adiante.

54

aprendizagem que, futuramente, seria atrelado ao mapeamento de competências com

o objetivo de disponibilizar o conceito de trilhas de aprendizagem.

Dessa maneira, o PERCURSOS começou a ser idealizado como um ambiente

virtual de aprendizagem no qual cada usuário poderia criar seus caminhos nas trilhas

oferecidas para o desenvolvimento profissional. Foram disponibilizadas ferramentas

de reuniões e sessões de salas de aula virtuais, comunidade, enquetes e chats para

discutir assuntos profissionais e partilhar conteúdos das áreas de conhecimentos

praticadas na instituição.

A marca surgiu de estudos e pesquisas e foi desenvolvida em parceria com a

Gerência de Comunicação Administrativa pela designer Débora Bonilha. Sua ideia

consistiu na distorção da letra “P” para denotar um balão de diálogo, que retrata a

troca de informações, formada por várias conexões sugerindo as trilhas que se

encontram na possibilidade do aluno/funcionário escolher os seus caminhos, que

formam os PERCURSOS.

Figura 3 - Logotipo PERCURSOS - AVA Sesc SP.

Fonte: Gerência de Pessoas do Sesc SP – T&D.

Em 2017, o ambiente PERCURSOS, com identidade visual definida, fazia a

gestão dos treinamentos presenciais e abrigava os seguintes cursos no formato e-

learning:

Microsoft Office (Word, Excel e Power Point);

Administração de Armazenagem;

Mala Direta;

PDV;

Referencial Programático.

55

Cada ação de desenvolvimento no formato on-line ou presencial passava a

ser vislumbrada como uma possibilidade de constituir uma trilha de aprendizagem a

partir de um contexto de competência.

Os títulos disponíveis no catálogo, como se pode observar na Figura 4,

contemplavam as áreas de Administração, Comunicação, Programação e MS Office,

este último, considerado um item transversal, por ser de interesse de todas as áreas.

A figura seguinte retrata o catálogo de cursos no formato e-learning

disponíveis na plataforma PERCURSOS do Sesc SP.

Figura 4 - Tela Catálogo de Cursos da plataforma PERCURSOS.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP – PERCURSOS.

Em termos de gestão de aprendizagem, o ambiente PERCURSOS já

apresentava muitos avanços, entre eles a possibilidade de o funcionário poder

visualizar e gerenciar as ações de capacitação já realizadas no Sesc SP, como se

pode observar na Figura 5.

A figura seguinte demonstra um recorte de tela que exemplifica como estava

configurada essa possibilidade na plataforma de gestão do conhecimento do Sesc SP.

56

Figura 5 - Tela de cursos concluídos.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP – PERCURSOS.

57

CAPÍTULO 3

COMPETÊNCIAS E TRILHAS DE APRENDIZAGEM

A elucidação do conceito de competências e trilhas de aprendizagem é

necessária, visto que as ações educacionais desenvolvidas para o Sesc SP fizeram

parte de uma trilha de aprendizagem baseada nas competências desenhadas para as

áreas, subáreas e atividades, devidamente demonstradas no Capítulo anterior.

Os conceitos são aqui esclarecidos com base em autores que articularam

teorias acerca da área de gestão de pessoas, com ênfase no núcleo de T&D.

Estabeleceu-se uma relação com a teoria da complexidade, dialogando com Morin

(1996a, 2002, 2102, 2013), Capra (2002), Maturana (1997, 2014) e Maturana e Varela

(1995), entre outros pensadores contemporâneos.

Diante desses pressupostos, fui direcionado a relacionar a conversão de um

curso puramente presencial em ações de desenvolvimento virtual como parte de uma

mudança de paradigma da educação institucional do Sesc SP, uma vez que isso

passa a incorporar o ensino a distância, por meio de cursos on-line, como um dos

pontos da rede de conexões e possibilidades que pode ser ofertada, levando em

consideração a diversidade de gerações de funcionários com suas variadas faixas

etárias e o dinamismo das atividades profissionais associadas a três fatores:

a) interesse do funcionário em aprender com a liberdade de escolha do

formato de aprendizagem dentro de uma gama de possibilidades

oferecidas pela instituição;

b) ambiente de trabalho que incentiva a aprendizagem, disponibilizando

diferentes formatos de ensino, permitindo que o funcionário escolha o

caminho a trilhar, momento em que emerge a ideia de trilha de

aprendizagem;

c) sistema de formação continuada disponível no ambiente virtual de

aprendizagem.

De maneira resumida, é possível afirmar que um curso on-line, com seus

respectivos desdobramentos, constitui um dos itens de um AVA que pode fazer parte

de uma trilha de aprendizagem para o desenvolvimento de uma competência

profissional.

58

3.1 Competências

A palavra “competência” surgiu no século XV como um termo jurídico,

encontrando o seu melhor significado como a faculdade atribuída a um indivíduo ou a

uma instituição para apreciar e julgar uma determinada questão (ISAMBERT-JAMATI,

1997). Como consequência, a expressão passou a designar o reconhecimento social

sobre a capacidade de uma pessoa em pronunciar-se acerca de certo assunto e, mais

tarde, começou a ser utilizada para qualificar um sujeito capaz de realizar um tipo de

trabalho específico.

Em abordagens contemporâneas, direcionadas para a área de gestão de

pessoas, nota-se um movimento crescente de se considerar não apenas as diversas

dimensões do trabalho, mas também associar “competência” ao desempenho, àquilo

que o indivíduo realmente entrega como fruto de seus conhecimentos, habilidades,

atitudes e valores (ROPÉ; TANGUY, 1997; DUTRA et al., 1998; LE BOTERF, 1999;

EBOLI, 2004).

Assim, é possível afirmar que as ações de capacitação, presencial ou a

distância, em um contexto corporativo, são elaboradas para desenvolver uma

competência que tem como principal objetivo melhorar e alinhar o desempenho de um

profissional em uma determinada atividade, obedecendo a um plano estratégico da

instituição.

Porém, é preciso estar atento para os novos significados de gestão de

pessoas em decorrência das mudanças sociais que afetam as organizações no

mundo do trabalho, principalmente considerando a incorporação dos meios digitais e

de seus desdobramentos à área de educação institucional.

Em um cenário de mudanças constantes, motivado pelas inovações

tecnológicas, a tentativa de identificar modelos de gestão mais eficazes, que tenham

como objetivo promover o desenvolvimento, a capacitação e a formação dos

funcionários para melhorar o desempenho individual e aprimorar os processos

organizacionais torna-se bastante comum.

3.1.1 Competências e complexidade

Capra (2002) apresenta o conceito de “aprendizado nas organizações”,

destacando que a aquisição de conhecimento nas instituições é um fenômeno social,

59

esclarecendo que o “conhecimento tácito em que se baseia todo o conhecimento

explícito é gerado coletivamente” (p. 126).

Elaborar ações de capacitação coletivas que possam atender as pessoas de

maneira individualizada transformou-se num fomento necessário para as

organizações contemporâneas.

O entendimento de Capra (2002) sobre as empresas se aproxima ao tema

deste capítulo, visto que, para o desenvolvimento de uma competência profissional, é

preciso considerar aspectos individuais e sociais.

No caso específico do Sesc SP, surgiu a necessidade de se pensar

estratégias formativas que permitissem o desenvolvimento do todo [aspectos sociais]

e das partes [aspectos individuais]. Nesse sentido, também se caracterizou, de

maneira próxima, a virtude cognitiva do princípio de Pascal:

Sendo todas as coisas causadas e causadoras, ajudadas e ajudantes mediatas e imediatas, e sustentando-se todas por um elo natural e insensível que une as mais distantes e as mais diferentes, considero ser impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tampouco conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes (PASCAL, 1976, apud MORIN, 2012, p. 35).

Essa linha de raciocínio conduziu o pensamento para os programas de

desenvolvimento, de maneira a atentar para que aspectos individuais não excluíssem

aspectos sociais [todo], e que aspectos sociais não apagassem os aspectos

individuais [partes]. Essa ideia, também, se aproxima ao conceito de Unitas Multiplex,

de Edgar Morin, reforçando a concepção de que “cabe à educação do futuro cuidar

para que a ideia de unidade da espécie humana não apague a ideia de diversidade,

e que a da sua diversidade não apague a da unidade” (2012, p. 49).

A noção de Unitas Multiplex esclarece que a educação deverá ilustrar esse

princípio de unidade/diversidade na esfera individual e na esfera social. Portanto, na

esfera individual há unidade/diversidade cerebral, mental, psicológica, afetiva,

intelectual e subjetiva.

Na esfera social, existe a unidade/diversidade das organizações sociais e das

culturas. Nesse sentido, é justificável concordar com Morin, quando ele afirma que o

“ser humano é, ao mesmo tempo, singular e múltiplo” (MORIN, 2012, p. 51).

Considerando que o domínio de certos recursos é um fator determinante do

desempenho de pessoas que atuam nas organizações, o termo “competências”

aparece como uma proposta para integrar e orientar esforços, sobretudo os

60

relacionados à gestão de pessoas, visando desenvolver e sustentar habilidades

consideradas fundamentais para o desenvolvimento e manutenção de uma

organização [todo] e do funcionário [parte].

A figura a seguir foi elaborada a partir de anotações realizadas no diário de

campo, nas diversas reuniões com profissionais de RH de que tive a oportunidade de

participar, e representa graficamente o conceito de competências para o Sesc SP.

adotado para os funcionários do Sesc SP.

Capacidades

Conhecimento

Habilidades

Atitudes/Valores

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para Durand (2000), o conhecimento corresponde a um conjunto de

informações integradas pelo indivíduo dentro de um esquema pré-existente, que lhe

permite entender o mundo e causa impacto em seu julgamento. Relacionam-se à

compreensão e técnicas. É o saber fazer.

De acordo com Bloom et al. (1973), a habilidade está relacionada à

capacidade de fazer uso produtivo do conhecimento. O indivíduo pode buscar em

suas experiências, conhecimentos, sejam eles de fatos ou princípios, para examinar

e solucionar um problema. As habilidades representam aptidão e capacidade de

realizar e estão associadas à experiência e ao aprimoramento progressivo. É o poder

fazer.

Para Durand (2000), a atitude diz respeito a aspectos sociais e afetivos

relacionados ao trabalho. Gagné et al. (1988) corrobora com esse conceito afirmando

que atitudes são estados complexos do ser humano, que afetam o comportamento

em relação a pessoas, coisas e eventos, determinando a escolha de um curso de

ação. Dessa maneira, podemos reconhecer que atitudes se referem à postura e ao

modo como as pessoas agem e procedem em relação a fatos, objetos e outras

pessoas de seu ambiente. É o querer fazer.

entradas Funcionário

do Sesc SP

Contribuição Agregação de

valor. Desempenho,

entrega do trabalho

entregas

Entregas

Figura 6 - Modelo de competências adotado pelo Sesc SP.

61

Trabalhar com competências é, então, ajudar o funcionário a desenvolver as

condições que deverão ser mobilizadas para resolver uma situação complexa; assim,

quanto maior a gama de recursos disponíveis, melhor poderá ser o aprendizado,

trazendo benefício para o funcionário e para a instituição. E é nesse contexto que as

iniciativas virtuais, aliadas a uma intencionalidade pedagógica, podem beneficiar tanto

a instituição [todo] quanto o funcionário [parte].

A aprendizagem, em ambientes corporativos, está intimamente relacionada

ao processo pelo qual se adquire uma determinada competência. Por outro lado, a

competência pode ser entendida como a manifestação do que foi aprendido.

O quadro seguinte, desenvolvido com base em anotações oriundas do diário

de campo, sugere algumas alternativas. Dentre elas, a utilização dos recursos digitais

emerge como caminho alternativo e/ou complementar para o desenvolvimento de

competências.

Quadro 4 - Ações de desenvolvimento segundo a natureza das capacidades.

Capacidade / atributo

Ações de desenvolvimento

Conhecimentos

Ações voltadas ao ensino e à assimilação de conhecimentos: 6) treinamento em sala de aula 7) treinamento on-line 8) leitura de livros e artigos 9) visitas/benchmarking 10) estudo/realização de pesquisa

Habilidades

Realização e repetição de atividades práticas relacionadas à habilidade que se quer adquirir:

on the job training (treinamento ‘on the job’)

treinamento on-line

treinamentos experienciais (de longa duração)

project assignment (atribuição de projetos)

estudos de caso

simulações

trabalhos paralelos (ex.: realizar trabalhos sociais, ministrar aulas etc.)

discussão e atividades voltadas ao autoconhecimento e conscientização (podem ser presenciais ou virtuais)

Atitudes

Sobre a motivação de comportamentos:

coaching

psicoterapia

encontros on-line

Valores

Mas também:

treinamentos experienciais (presenciais ou on-line)

leituras de clássicos

trabalhos sociais

fóruns de discussões

Fonte: Adaptado do Mapa de Competências do Sesc SP.

62

Como observado no quadro anterior, ações virtuais são itens de aprendizagem

que podem ser disponibilizados em todas as etapas do desenvolvimento de uma

competência, fato que impulsiona a elaboração dos conteúdos digitais de maneira

adequada, com recursos tecnológicos capazes de facilitar a aquisição do

conhecimento, levando em consideração a diversidade de pessoas que irão acessá-

los.

Em síntese, para o Sesc SP foi possível constatar que, a partir do

desenvolvimento das capacidades de “conhecimento, habilidade, atitude e valores”,

aliados ao desempenho que o funcionário tinha, ou seja, as suas entregas esperadas

de trabalho, propriamente ditas, definidas no plano estratégico da instituição, o

funcionário adquiriu uma determinada “competência”. Assim, para atribuir alguma

competência ao indivíduo, é necessário também verificar o seu desempenho, uma vez

que de nada vale ter conhecimento, habilidade, atitude e valores e não os utilizar em

prol do trabalho esperado.

3.2 Trilhas de aprendizagem

O conceito de trilhas de aprendizagem surgiu, no cenário corporativo, como

uma estratégia para auxiliar o desenvolvimento de uma determinada competência,

tendo como referência não só as expectativas da organização, mas também

aspirações e necessidades profissionais dos indivíduos.

Assim, um dos itens de aprendizagem ofertado como opção para uma trilha

de aprendizagem resulta de ações de desenvolvimento no formato digital; mais uma

vez emerge a importância de analisar e entender os meandros que essa nova maneira

de ensino perpassa.

Para Freitas (2002), trilhas de aprendizagem são caminhos alternativos e

flexíveis com o objetivo de promover o desenvolvimento de pessoas. Segundo esse

autor, cada indivíduo, apoiado pela instituição em que trabalha, concebe o seu

caminho de aprendizagem a partir de suas conveniências, necessidades, ponto de

partida e de acordo com o lugar a que deseja chegar, integrando em seu planejamento

de carreira as expectativas da organização, o desempenho esperado, suas

aspirações, as competências que já possui e aquelas que necessita desenvolver.

Assim, a organização deve disponibilizar diferentes formatos de aprendizagem.

63

Segundo Senge (1998), o termo “learning”, aprendizagem em inglês, é

derivado do indo-europeu “leis”, que tem o seu melhor significado como “trilha” ou

“sulco na terra”, fazendo uma analogia à atividade de arar e semear.

Outro autor que corrobora com essa teoria é Junqueira (2000), esclarecendo

que aprender pode ser entendido como desenvolver a competência por meio de uma

trilha.

Para Capra, “a compreensão sistêmica da vida e da cognição demonstra de

maneira bem clara que o aprendizado das organizações tem aspectos individuais e

sociais” (2002, p. 127).

Porém, é viável considerar que o desenvolvimento humano está nas

organizações, assim como está para os indivíduos, de maneira que os desejos,

crenças, escolhas e comportamentos das diversas gerações que contemplam uma

instituição podem ser mais ou menos semelhantes de acordo com as inter-relações

estabelecidas entre tempos, lugares, pessoas, atividades profissionais e objetivos em

comum.

Algumas perguntas emergem, após a reflexão do conceito de aprendizagem

por meio de trilhas. São elas:

a) as trilhas de aprendizagem, além de individuais podem também estar

relacionadas a aspectos sociais? A resposta para essa pergunta é “sim”,

visto que programas de aprendizagem são elaborados com o objetivo de

atender tanto aos anseios individuais (desenvolvimento profissional)

quanto às expectativas de crescimento institucional;

b) as trilhas de aprendizagem podem ser ações coletivas? Sim. A experiência

adquirida, por meio da pesquisa, demonstra que das ações coletivas

podem surgir efeitos de desenvolvimento individual, como, por exemplo, o

item de aprendizagem “jogos em grupo”, que pode ser uma ação coletiva

capaz de desenvolver competências individuais, além de considerar que

alguns itens de aprendizagem permitem ser desenhados de forma

transversal, de maneira a serem disponibilizados para todos os

funcionários;

c) a aprendizagem é individual, mas a produção do conhecimento pode ser

em grupo? É fato que toda aprendizagem só ocorre de maneira individual,

porém, a produção do conhecimento pode acontecer de forma coletiva.

64

Como exemplo, é possível citar as comunidades de prática e os fóruns de

discussão on-line, em que o conhecimento de um indivíduo pode colaborar

para a elaboração do conhecimento do grupo e o conhecimento do grupo

pode contribuir para a construção da aprendizagem do indivíduo.

Contudo, para que a sequência de atividades de aprendizagem seja

disponibilizada para o aluno, é necessário trabalhar com o conceito de “tipo de

entrega”, que compreende o formato do conteúdo pedagógico a ser oferecido ao

aluno/funcionário, que por sua vez será disponibilizado no AVA da instituição.

Dessa maneira, posso relacionar os três possíveis tipos de entregas,

adotados pelo LMS do Sesc SP, com as suas respectivas explicações:

a) tipo de entrega programada (turmas fechadas) – qualquer oferta de

aprendizagem que tenha data programada de início e fim. Por exemplo:

aula presencial expositiva, videoconferência, visita técnica etc. Pode

comportar ações presenciais e virtuais de forma síncrona. São ações de

desenvolvimento inflexíveis no que diz respeito à data e hora;

b) tipo de entrega individualizada – qualquer oferta de aprendizagem que não

tenha datas de início e fim estritamente rígidas. Exemplos: e-learning,

comunidade de prática, fórum de discussões etc. Comporta atividades

assíncronas. São ações de desenvolvimento flexíveis em que o aluno

escolhe realizar a atividade de acordo com a sua própria conveniência.

Modelo de ensino conhecido como Educação a Distância on-line;

c) tipo de entrega física – o aluno recebe algo físico, podendo ser: livro, DVD

etc. Comporta atividades assíncronas. Modelo de ensino também

conhecido como Educação a Distância (EAD).

Os três tipos de entregas podem ser combinados, o que transforma a ação de

capacitação em um formato híbrido, como, por exemplo: um e-learning que pode estar

vinculado a uma visita técnica e a um fórum de discussão, com uma sugestão de um

filme entregue em um DVD, associado a um artigo científico sobre o tema proposto.

Para que a compreensão desse conceito fique evidente, apresento como

exemplo uma proposta simples de trilha de aprendizagem para o desenvolvimento da

competência “Comunicação”, que abriga uma atividade ofertada em três formatos

65

distintos de aprendizagem, contemplando os três tipos de entrega já devidamente

esclarecidos.

Dessa maneira, pode-se imaginar que, após o mapeamento de competências

de uma determinada empresa, foi identificada a necessidade do desenvolvimento da

competência “Comunicação” para os indivíduos com a atividade profissional

“Secretária”.

Tomando como princípio que a escrita e a exposição verbal são qualidades

essenciais para o desempenho da função de “Secretária”, podem ser pensadas ações

que abordem o conteúdo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa.

Assim, o curso “Reforma Ortográfica” pode ser oferecido de diversas

maneiras, permitindo ao profissional escolher o formato que lhe for mais conveniente

para seus estudos.

A figura seguinte, elaborada no mês de outubro/2014, a partir de reuniões no

período da implantação do LMS do Sesc SP (documentado no diário de anotações),

exemplifica recursos virtuais como alternativas para a trilha de aprendizagem dessa

ação de capacitação.

Figura 7 - Trilha de aprendizagem para o curso “Reforma Ortográfica”.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 7 traz em sua primeira linha o nome da trilha de aprendizagem

representada pelo curso “Reforma Ortográfica”. A segunda linha refere-se ao tipo de

entrega dessa ação de capacitação. Por último, a terceira linha demonstra como o

curso será oferecido.

Reforma Ortográfica

Presencial

(programado)

Turma 1

Sesc SP

Turma 2

Sesc SP

Turma 3

Sesc SP

E-learning

(individualizado)

Disponível no AVA

Livro

(físico)

Entregue em mãos

Curso

Tipo de Entrega

Oferta

Fórum de discussão on-line

66

Os três tipos de entrega propostos estão vinculados a um fórum de discussões

on-line com a mediação de um especialista da área capaz de responder às dúvidas

dos participantes da trilha de aprendizagem “Reforma Ortográfica”, além de criar

situações assíncronas em que todos os alunos/funcionários podem participar,

independentemente do tipo de entrega escolhido para a aprendizagem.

Qualquer caminho escolhido pelo profissional, nesse contexto, o levará ao

mesmo destino: a construção de conhecimento da nova reforma ortográfica.

3.3 Aprendizagem e conhecimento

Os conceitos apresentados de competência e de trilha de aprendizagem

remetem aos termos “aprendizagem” e “conhecimento”.

Quando se fala em construção de conhecimento, sob a égide da visão

complexa, uma das obras mais importantes sobre o assunto é “Os sete saberes

necessários à educação do futuro”, de Edgar Morin (2012).

Nesse trabalho, o autor não revela uma fórmula infalível de como deve ser a

educação, mas ilustra algumas lacunas existentes entre o que é a educação hoje e

como deveria ser a educação do futuro. Por meio de uma série de argumentos

contundentes, ele esclarece que a educação depende da combinação desses

saberes, e que deveria ser tratada em toda sociedade e em toda cultura. O texto está

dividido em sete capítulos, e cada capítulo equivale a um saber. Resumi, a seguir, os

sete saberes de forma a correlacioná-los com os conceitos de competências e de

trilhas de aprendizagem.

Primeiro saber: “As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão”: O principal

objetivo da educação é preparar indivíduos para enfrentar os não saberes com

lucidez, ou seja, a necessidade de integrar os erros nas concepções para que o

conhecimento consiga avançar. Segundo Morin (2012, p. 14), “é impressionante que

a educação que visa a transmitir conhecimentos seja cega ao que é conhecimento

humano, seus dispositivos, enfermidades, dificuldades, tendências ao erro e à ilusão

e não se preocupe em fazer conhecer o que é conhecer”. Seria uma grande ilusão

achar que uma instituição possa impor uma maneira de aprender. É preciso entender

que as diferentes gerações constroem o conhecimento de maneira heterogênea. E

67

uma trilha de aprendizagem pode romper com o padrão pré-estabelecido ao permitir

várias maneiras de construção do conhecimento.

Segundo saber: “Os princípios do conhecimento pertinente”. É preciso ter uma

visão capaz de perceber o conjunto. Porém, não é a quantidade de informações, nem

a sofisticação, que podem fornecer sozinhas um conhecimento pertinente, mas sim a

capacidade de colocar o conhecimento no contexto. É primordial que os responsáveis

pela educação corporativa apresentem aos funcionários realidades locais, ao mesmo

tempo em que as contextualizem com acontecimentos da instituição, pois eventos e

conhecimentos fragmentados dificultam o entendimento e o conhecimento global.

Quando se constrói uma trilha de aprendizagem para o desenvolvimento de uma

competência profissional, é importante pensar a relação que cada ação tem com a

organização e com o que está ao redor do indivíduo, compreendendo que o

funcionário sem a organização não é funcionário, e organização sem o funcionário

também não é uma organização.

Terceiro saber: “Ensinar a condição humana”. É preciso entender que os

seres humanos são naturais, físicos, psíquicos, míticos, sociais, dentre outros. Morin

busca demonstrar que eles necessitam reaprender sua própria condição, e ensinar

com razão e sensibilidade, razão e emoção. O ser humano deveria ser objeto para a

educação do futuro. Os caminhos alternativos de aprendizagem propostos por uma

trilha, via de regra, levam em conta a razão e a emoção ao permitir a escolha de uma

situação mais adequada ao perfil do aluno, de maneira a desenvolver uma

competência desenhada no plano estratégico da organização, considerando sua

importância para o indivíduo e para a instituição.

Quarto saber: “Ensinar a identidade terrena”. E necessário ensinar aos alunos

a ideia de sustentabilidade com o objetivo de construir um planeta que seja viável para

as futuras gerações; ensinar, portanto, a identidade da terra pátria. A educação do

futuro deve estimular o conhecimento do planeta e a forma como se deve relacionar

com ele, a fim de salvar a unidade humana e a biodiversidade. Um dos pontos de uma

trilha pode ser orientado às questões ambientais. No Sesc SP, por exemplo, existe o

“programa lixo menos é mais”, um conceito passado para todos os funcionários e,

possivelmente, será desenvolvida uma ação que comporte esse programa de maneira

transversal, com o objetivo de atingir todos os funcionários.

Quinto saber: “Enfrentar as incertezas”. É preciso saber lidar com as dúvidas,

limitações, imprevistos e novidades que surgem a cada dia. O caminho proposto em

68

um modelo ancorado em trilhas não impõe uma certeza absoluta de aprendizagem, e

permite que a qualquer momento as ações de ensino sejam revistas e reelaboradas.

Sexto saber: “Ensinar a compreensão”. O autor enfatiza a necessidade do

ensinar a compreender, pois, se a educação atual for analisada, pode-se notar que

ela prioriza a incompreensão, a incompreensão dos outros, a incompreensão do

mundo. A educação do futuro precisa buscar na incompreensão o entendimento e a

aceitação para se alcançar a compreensão, evitar o egocentrismo e o etnocentrismo.

É preciso deixar de tentar compreender os outros pelas próprias crenças e valores. O

desenho de uma trilha de aprendizagem faz com que vários profissionais trabalhem

em prol de um mesmo objetivo. Para esse conceito funcionar, é necessário

estabelecer um cenário no qual diversas áreas do conhecimento interajam,

respeitando e compreendendo as suas diferenças.

Sétimo saber: “A ética do gênero humano”. Ensinar a cidadania terrestre, “pela

democracia”, “pelo diálogo”. Surge, dessa forma, um termo denominado pelo autor de

antropoética, o qual se ancora em três elementos: o indivíduo, a sociedade e a

espécie, ou seja, seria preciso arranjar uma antropoética que religasse esses três

fatores e não os afastasse. Morin enfatiza a necessária consciência dos atos

praticados, desenvolvendo no ser humano suas aptidões individuais e coletivas. É

possível enfatizar um item de aprendizagem, que pode ser disponibilizado em uma

trilha, denominado “fórum de discussões on-line”, tendo como base a construção

conjunta do conhecimento na compreensão das ideias dos indivíduos que fazem parte

do assunto em pauta.

Para aplicar os sete saberes de Morin às trilhas de aprendizagem, é

necessário ultrapassar os limites da educação tradicional, na qual o conhecimento

está segmentado em núcleos de superespecialização que não dialogam com as

demais áreas do conhecimento.

Todo ser humano é ligado ao mundo pela sua cultura e relações sociais;

nenhum indivíduo é neutro e imparcial sobre o que acontece ao seu redor. Portanto,

na construção de uma trilha de aprendizagem, a instituição deve levar em

consideração que a proposta de Morin é uma provocação, um desafio que não deve

ser simplesmente resolvido, pois não se trata de um fim, mas de um processo

constante de transformação. Vivenciar essa transformação é admitir ser incompleto e

sujeito ao erro, e concluir que a elaboração do conhecimento também se dá pela troca

e pela comunicação entre indivíduos.

69

A sugestão de caminhos alternativos de construção do conhecimento, assim

como a obra de Morin (2012), não é uma fórmula para a educação corporativa, mas

pode permitir que diferentes perfis escolham o trajeto mais conveniente, respeitando

o ritmo e a maneira do aprendizado. Exemplificando esse conceito:

indivíduos acostumados com o método tradicional de ensino podem optar

pelo tipo de entrega “presencial”, oferecido por meio de aula expositiva,

com professor e alunos em uma turma fechada;

indivíduos familiarizados com as novas tecnologias podem optar pelo tipo

de entrega “e-learning”, disponibilizado por meio de um curso desenvolvido

no formato on-line, em que o aluno/funcionário estuda de acordo com o seu

tempo, sem a necessidade de um horário pré-determinado;

indivíduos com perfil de aprendizagem autodidata podem optar pelo tipo de

entrega “física”, preparado na forma de um item físico que o funcionário

consulta e aprende, estudando de acordo com o seu próprio ritmo.

Contudo, nada impede que pessoas familiarizadas com o ensino tradicional e

indivíduos autodidatas experimentem um novo caminho de aprendizagem, como um

curso no formato e-learning.

É importante ressaltar que essas são apenas sugestões didáticas, outras

estratégias e modelos podem ser criados utilizando as TDICs atreladas a

intencionalidades educacionais.

Qualquer exemplo também pode estar vinculado a um fórum de discussões

on-line com a mediação de um especialista que, ao longo do processo, responde às

dúvidas e compartilha as experiências dos conteúdos da ação de capacitação.

Nesse contexto, é preciso lembrar que nem todos os profissionais são iguais

em termos de aprendizagem. Cada indivíduo possui níveis diferentes de motivação,

aspiração profissional e objetivo de carreira, experiências prévias e, principalmente,

facilidade ou dificuldade de aprendizagem a partir de determinado formato de

conteúdo. O desenho de uma trilha de aprendizagem sugere o respeito ao ritmo e à

escolha de ascensão de carreira para cada indivíduo.

Seria oportuno lembrar-se de que, para se apropriar do conceito de trilhas de

aprendizagem, é necessário o uso de uma plataforma de ensino que faça a gestão da

aprendizagem. No caso do Sesc SP, o ambiente virtual de aprendizagem utilizado foi

70

o da plataforma LMS Saba que, dentro do projeto educacional, da área de treinamento

e desenvolvimento, recebeu o nome de PERCURSOS, devidamente detalhado no

Capítulo 1. Por esse motivo, o cerne desta pesquisa está na utilização da Educação

a Distância, por meio de cursos on-line, dentro do conceito de trilha de aprendizagem

para o desenvolvimento de competências profissionais no ambiente institucional do

Sesc SP.

A incorporação das TDICs como recurso de ensino/aprendizagem tem sido

um grande desafio; criar ações de capacitação on-line não é tão simples e rápido

como muitas pessoas imaginam.

A experiência adquirida nesse processo de pesquisa demonstrou que, na

maioria das vezes, o desenvolvimento de ações de formação virtual foi muito

trabalhoso e demandou mais tempo do que a sua aplicação propriamente dita no

formato presencial. Porém, uma vez criado, pôde ser disponibilizado a um número

elevado de pessoas, rompendo com a barreira de distância física, uma vez que

ultrapassou os muros da sala de aula tradicional.

Diante do exposto, surgiu a necessidade de se trabalhar com uma

intencionalidade pedagógica em um ambiente educacional que permitisse vários tipos

de entrega de aprendizagem, sejam presenciais ou virtuais.

3.4 Sesc SP: um sistema vivo que aprende e se transforma, a complexidade e as

trilhas de aprendizagem

Uma questão latente que precisa ser respondida, depois de esclarecido o

conceito de competências organizacionais para o Sesc SP e de trilhas de

aprendizagem, é: Uma instituição como o Sesc SP pode ser entendida como um

sistema vivo que aprende e se transforma por meio da elaboração de conhecimento

para seus funcionários?

Antes de responder a essa questão, é importante definir de que lugar eu falo

quando elaboro tal pergunta.

O fato é que, se por um lado, sou funcionário, parte integrante do Sesc SP,

representando apenas um elemento da instituição, por outro lado, assumo a posição

de observador que analisa as regularidades e criações da complexa dinâmica

71

organizacional da construção de conteúdos educacionais digitais com a proposta de

realizar uma pesquisa-ação.

Portanto, essa pergunta foi elaborada na posição de observador.

Assim, cabe expor o destaque que Humberto Maturana faz sobre o

observador no seu ato de fazer distinções:

Tudo que é dito é dito por um observador a outro observador, que pode ser ele mesmo. Um observador é um ser humano que pode fazer distinções e especificar o que ele distingue como uma unidade, como uma entidade diferente dele mesmo. Um observador pode fazer distinções em atos e pensamentos, recursivamente, e é capaz de operar como se fosse externo (distinto) à circunstância na qual ele se encontra. Cada vez que fazemos referência a algo, explícita ou implicitamente, estamos especificando um critério de distinção que indica aquilo de que falamos e especifica suas propriedades como ente, objeto, unidade ou sistema. Todas as distinções sustentadas, conceitualmente ou concretamente, são feitas por nós, enquanto observadores (MATURANA, 2014, p. 292-293).

Assumindo o papel de observador destacado por Maturana (2014), respondo,

amparado na teoria da complexidade, sobre se o Sesc SP pode ser entendido como

um sistema vivo que aprende e se transforma por meio da elaboração de

conhecimento para seus funcionários.

Segundo Morin (2011), uma empresa pode ser entendida como uma

organização viva, como um sistema auto-eco-organizador, que possui uma autonomia

relativa, de individualidade, de incertezas e ambiguidades. Dessa maneira, interage

constantemente com o seu exterior e é capaz de criar suas próprias determinações e

finalidades.

A biologia do conhecimento de Maturana (1997) define que sistema é

qualquer conjunto de elementos que, por meio de suas interações prioritárias,

estabelece para si uma fronteira operacional, separando-o de outros componentes

com os quais também pode interagir e que, então, constituem o meio no qual tal

coleção de elementos opera, estabelecendo, assim, uma “quase totalidade”, visto que,

segundo a teoria da complexidade, até o absoluto pode ser relativo.

Contudo, é preciso considerar o fato de que interpretar uma empresa como

um “sistema vivo” significa, antes mais nada, encontrar-se diante de situações as

quais, apesar de divergentes, subsistem em uma relação íntima com aquelas

apresentadas pela biologia do conhecimento de Maturana (1997).

72

Diante dessas reflexões, é possível afirmar que a educação institucional

constitui um dos fatores que interferem no modo como uma empresa se auto-eco-

organiza em uma visão complexa.

Amparado na hipótese de considerar o Sesc SP como um sistema vivo, pude

constatar que, por meio das diversas formações oferecidas pela instituição, os

indivíduos aprimoraram as suas atividades, fenômeno que se relaciona a “auto”, visto

que, de certa maneira, a elaboração do conhecimento permitiu autonomia no

desempenho das funções profissionais.

Os programas educacionais, na maioria das vezes, são influenciados por

tendências da sociedade contemporânea, como, por exemplo, os cursos on-line como

influência do mundo digital. Nota-se uma referência ao “eco”, uma vez que está

diretamente relacionado ao ambiente externo.

Contudo, é preciso salientar que “a produção do conhecimento so ocorre

quando o objeto estiver relacionado a um contexto, ou seja, na medida em que a

informação estiver conectada a um sentido mais amplo, influenciando a cultura que

se sobrepõe à informação” (PETRAGLIA, 2001, p. 24).

De acordo com esse ponto de vista, é possível afirmar que uma instituição

como o Sesc SP está em permanente desenvolvimento organizacional, no qual “o

clima institucional pode determinar a vontade dos membros, de uma determinada

equipe, em participar ou alienar-se do processo educativo” (HESSEL, 2005, p. 4).

O Sesc SP também pode ser interpretado por meio do conceito de “sistema

vivo” e auto-eco-organizador proposto por Edgar Morin (2002). Como foi demonstrado

no capítulo anterior, assim estão caracterizados os funcionários: são cerca de 7 mil

pessoas que, juntas, formam uma parte da instituição; esses indivíduos estão

distribuídos em 196 atividades, formando uma outra parte da instituição, que precisa

se auto-organizar [pessoas e atividades], a fim de encontrar um equilíbrio entre as

diversas maneiras de pensar e agir das gerações, considerando as diversas faixas

etárias dos funcionários.

Dessa maneira, cada um dos funcionários possui uma autonomia relativa, pois

necessita respeitar a cultura institucional, uma vez que, como “seres culturais e

sociais, só podemos ser autônomos a partir de uma dependência original

relativamente a uma cultura” (MORIN, 2002, p. 126). É preciso considerar a cultura

organizacional do Sesc SP e o respeito a cada modo de pensar, que pode variar de

73

acordo com a idade/geração/experiência de vida de cada pessoa inserida na

organização.

Assim, concluo que cada funcionário precisa realizar interações constantes

para o desenvolvimento de seu trabalho, mas essas interações sugerem incertezas e

ambiguidades intrínsecas aos indivíduos da instituição.

Tal linha de raciocínio me direcionou ao paradoxo da autonomia e

dependência, fazendo com que o Sesc SP se transformasse por meio da construção

de novos conhecimentos, fato ocorrido nas interações entre as diversas áreas e os

respectivos funcionários. Ou seja, assim como a empresa depende dos funcionários,

os funcionários dependem da empresa em uma configuração circular e/ou recursiva.

Posso afirmar que os funcionários são autônomos, porém dependentes da

cultura institucional estabelecida, sofrendo influências diretas da cultura externa

representada pela sociedade na qual a instituição está inserida.

Ao interpretar o Sesc SP dessa maneira, estabeleci uma relação próxima ao

que Morin (2012) denomina de relação triádica indivíduo- sociedade-espécie, na qual

“os indivíduos são produtos do processo reprodutor da espécie humana [...]. As

interações entre indivíduos produzem a sociedade, que testemunha o surgimento da

cultura e que retroage sobre os indivíduos pela cultura” (p. 49).

A figura a seguir ilustra a relação triádica indivíduo-sociedade-espécie.

Figura 8 - Relação triádica.

Fonte: Morin (2012, p. 49).

A construção do conhecimento no Sesc SP foi compreendida de acordo com

os elementos que o constituíam; dentre eles, o desenvolvimento de competências

organizacionais e, como consequência, a elaboração de trilhas de aprendizagem,

significando também o desenvolvimento das autonomias individuais, das

participações em projetos e do sentimento de pertencer à instituição na qual o sujeito

está inserido, despertando, assim, a noção do indivíduo-sujeito que aprende.

74

Tomando como base a noção de sujeito do conhecimento, a partir de Morin

(2002), é possível compreender que, ao mesmo tempo em que produz uma realidade,

o sujeito é também por ela produzido. De imediato fica evidente que um sujeito é o

que é essencialmente em razão da sua interdependência constitutiva. Assim, o sujeito

só se faz um outro na cultura, no social, no ambiente em que trabalha, no saber que

é do outro, mas que também é seu, porque é constituído justamente na interação que

lhe é fundamental.

Nas relações empresa, equipe de trabalho e funcionário, essa concepção se

mostra ainda mais evidente. Portanto, também é possível estabelecer a relação

triádica institucional nos ambientes de trabalho, conforme ilustrado na figura a seguir.

Figura 9 - Relação triádica institucional.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Assim, o sujeito diferencia-se e passa a ser o que é na relação de trabalho, o

que, por isso mesmo, o relativiza e impossibilita de ser absoluto. Nessa interação, ele

se reinventa a cada nova vivência, a cada novo projeto entregue, a cada nova

aprendizagem, a cada nova interação com outro funcionário, ainda quando seus

processos afetivo-cognitivos estejam focados em si mesmo.

E, na medida em que se reinventa, transforma e recria também a sua

realidade, pois, como lembra Morin (2002), é o sujeito que confere unidade à

pluralidade e à diversidade; é ele que aproxima e sintetiza os opostos. Nesse sentido,

requer ser pensado em sua dimensão de autonomia, mas, simultaneamente, na sua

estrita dimensão de dependência.

Ao mesmo tempo, identifica-se o princípio de inclusão, pelo qual o sujeito

assemelha-se ao outro, ao ambiente institucional, e segue indefinidamente em busca

de algo que possa suprir sua incompletude, ainda que reconheça ser isso impossível.

Dessa forma, trata-se de uma dinâmica em que, ao apreender ou conhecer uma

75

realidade, o sujeito do conhecimento já a transforma e simultaneamente se

transforma, numa incessante relação circular.

Diante de um ambiente tão complexo, desponta a necessidade de um

processo educacional que permita ao funcionário escolher, a partir de algumas

possibilidades, a maneira como pretende se desenvolver profissionalmente,

considerando a cultura da empresa e as suas próprias expectativas de crescimento

profissional.

Nesse contexto, emergiu a necessidade de se pensar no conceito de

competências e, consequentemente, de trilhas de aprendizagem, como fomentador

de transformação do complexo sistema institucional.

3.5 Autopoiese e trilhas de aprendizagem

Para Maturana, Varela e Uribe (1974), os seres vivos são autônomos,

capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio. Para

designar esse conceito, os autores adotaram o termo “autopoiese”, que quer dizer

autoprodução. Eles também destacaram que, ao se observar os seres vivos em seu

relacionamento com o meio, torna-se perceptível o fato de que são dependentes de

recursos externos para manter a sua sobrevivência. Isso significa que, enquanto seres

vivos, estes são autônomos, mas também dependentes de uma série de fatores

externos à sua estrutura para se manterem vivos.

Morin (2013) auxilia na compreensão do conceito de autopoiese, introduzindo

a ideia da auto-eco-organização, esclarecendo que os seres vivos são seres auto-

organizadores que se autoproduzem constantemente e, por isso, gastam energia para

manter a autonomia. Cabe ressaltar que essa energia é captada no meio externo a

esse ser vivo. Na verdade, há uma troca de informação entre ser vivo e ambiente,

nessa dinâmica comunicativa, a qual se movimenta retroativamente.

O conceito de autopoiese, inicialmente criado no contexto da biologia, já

ultrapassou o domínio dessa área. Hoje, essa concepção também é utilizada “em

campos tão diversos como a sociologia, a psicoterapia, a administração, a

antropologia, a cultura organizacional e muitos outros” (MARIOTTI, 1999, p. 1).

A maneira como uma instituição direciona as ações de capacitação,

treinamento e formação de seus funcionários faz parte da sua cultura e, conforme

76

esclarece Mariotti (1999), a autopoiese também pode ser aplicada à cultura

organizacional.

É possível traçar um paralelo entre a capacidade do funcionário/aluno em

produzir seus próprios conhecimentos pela interação com o meio ambiente e os

objetos que nele estão disponíveis, considerando que os objetos podem ser

interpretados como as sequências de atividades pedagógicas nos diversos formatos

oferecidos.

A construção do conhecimento dos funcionários de uma organização fomenta

diversos fatores associados ao desempenho e à sobrevivência da organização a que

esses funcionários pertencem. Tal fato indica que “funcionário” e “organização” fazem

parte de uma estrutura de troca constante de algum tipo de informação. Assim, dois

termos emergem: “organização” e “estrutura”.

Maturana e Varela esclarecem que “organização são relações que devem se

dar entre os componentes de um sistema para que este seja reconhecido como

membro de uma classe específica” (1995, p. 87). Quanto à definição de estrutura,

esses autores afirmam ser “os componentes e as relações que concretamente

constituem uma determinada unidade e realizam sua organização” (1995, p. 87).

Portanto, “organização” e “estrutura”, em um primeiro momento, sob o ponto

de vista biológico, apresentam-se como conceitos amplos, mas também podem ser

analisados em diferentes contextos, tais como uma organização-empresa, uma

organização-entidade, uma organização-educação-institucional, que pode ser

instanciada a pessoas e seres de uma maneira geral e até mesmo a sequências de

atividades pedagógicas, ora denominadas trilhas de aprendizagem, da mesma forma,

aplica-se à terminologia “estrutura”.

Muitos estudos foram realizados sobre as alterações estruturais que ocorrem

nos seres vivos, desde aquelas em nível molecular e celular até as que são

influenciadas pelo ambiente em que vivem ou convivem. Essas alterações são

explicadas, por Maturana e Varela, pelo conceito de acoplamento estrutural, no qual

“duas unidades autopoiéticas podem ter suas ontogenias acopladas quando suas

interações adquirem caráter recorrente” (1995, p. 113). Logo, essas interações

causam mudanças estruturais mútuas, resultando no denominado acoplamento

estrutural.

O conceito de trilha de aprendizagem pressupõe a sequência de atividades

complementares e em diferentes formatos, que permitem uma autonomia ao

77

indivíduo, pressupondo uma dependência do modelo educacional disponibilizado pela

organização.

Nesse mesmo sentido, Morin nos esclarece que os seres humanos “têm

necessidade de colher energia, informação e organização no seu ambiente, a

autonomia é inseparável desta dependência” (2013, p. 101).

Assim, o paradoxo autonomia/dependência deixa de ser entendido como

contradição, pois a autonomia é complementar à dependência. Uma polaridade

integra a outra e por ela é constituída e complementada, numa relação circular.

Embasado na teoria da complexidade de Morin (2002) – a qual nos elucida

que o ser humano tem na liberdade uma condição que emerge enquanto constrói sua

própria identidade, pois conta com a possibilidade de escolher e decidir –, relaciono

neste trabalho o conceito de “trilhas de aprendizagem”, que pode fortalecer a

democratização do processo de educação institucional, permitindo autonomia ao

indivíduo, uma vez que o funcionário pode escolher, dentro de uma gama de

possibilidades, o seu caminho de desenvolvimento profissional no formato que mais

lhe for conveniente, representando não apenas novas ideias, mas a quebra de um

paradigma, uma orientação transformadora na rede de relações da instituição.

Para Morin, autonomia é um conceito intimamente relacionado à dependência

do meio: “na autonomia, pois, há uma profunda dependência energética, informativa

e organizativa a respeito do mundo exterior [...] é por isso que, sistematicamente, eu

não falo de auto-organização, mas de auto-eco-organização” (1996a, p. 47).

Portanto, a autonomia não seria somente a capacidade de livre escolha, mas

a capacidade de estar em conformidade com a organização do meio ambiente no qual

o indivíduo se encontra, um sujeito autônomo no mundo, capaz de se perceber no

“todo complexo” em que está inserido.

Quando se pensa em “meio”, é preciso considerar todo o mundo das

ferramentas, máquinas e tecnologias que existem e, consequentemente, como se

relacionar com esses dispositivos, inclusive como incorporá-los aos ambientes em que

a educação está inserida dentro de uma cultura organizacional.

Se, de um lado, o funcionário tem a autonomia para escolher se quer ou não

aprender um determinado conteúdo, de outro, esse mesmo indivíduo, para exercer

essa liberdade de modo autônomo, precisa recorrer a recursos do meio ambiente, que

são externos à sua estrutura mental e biológica. Esses recursos, por sua vez, devem

ser variados e respeitarem a autonomia do indivíduo em busca do saber.

78

A elaboração de novos conhecimentos pode ser auxiliada por meio do suporte

de professor, do material didático, do acesso a um ambiente virtual de aprendizagem,

de recursos tecnológicos ou mesmo da simples observação do próprio indivíduo a

fatores externos (por exemplo, por meio de uma visita técnica) que, agregados à sua

estrutura interna, propiciam a aprendizagem propriamente dita. Nesse sentido, o

conceito de trilha de aprendizagem está relacionado com o paradoxo

autonomia/dependência, uma vez que permite ao aluno/funcionário escolher o

caminho a seguir de acordo com a função que ele desempenha na instituição.

Ao se considerar o desenvolvimento de competências, por meio de trilhas de

aprendizagem, como um mecanismo vivo em constante transformação e, dessa

maneira, assumir o conceito de autopoiese (MATURANA, 1997), que surge como uma

propriedade dos sistemas organizacionais de se produzirem continuamente a si

mesmos, num processo autorreferente que faz com que a relação entre

funcionário/organização seja ao mesmo tempo produtor e produto.

Segue um exemplo de produto e produtor relacionado à aplicabilidade de uma

trilha de aprendizagem:

produtor: o Sesc SP, por meio dos programas de capacitação,

desenvolve o funcionário que se apropria das trilhas de aprendizagem

disponíveis para a sua área de atuação;

produto: o funcionário, por meio das competências, desenvolve a

instituição de acordo com o seu desempenho e as suas entregas de

trabalhos.

A relação aqui é retroativa-recursiva, a qual corresponde a um movimento

circular de trocas e co-construção.

A figura seguinte ilustra essa relação circular.

Figura 10 - Relação circular (retroativa/recursiva) Sesc/Funcionário.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Sesc desenvolve o funcionário

O funcionário desenvolve o

Sesc

79

O exemplo ilustrado na Figura 10 demonstra os conceitos de todo e parte, em

que o todo Sesc está na parte funcionário e a parte funcionário está no todo Sesc.

Petraglia corrobora com esse conceito ao afirmar que “o todo está também

dentro da parte; o indivíduo não está somente dentro da sociedade, a sociedade

enquanto todo está no indivíduo” (1995, p. 82).

80

CAPÍTULO 4

TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS PARA O DESENHO DE TRILHA DE

APRENDIZAGEM RELATADAS COM BASE NAS OBSERVAÇOES

DOCUMENTADAS NO CADERNO DE CAMPO

Neste capítulo apresento algumas experiências advindas do uso de

tecnologias educacionais que poderão, em um futuro próximo, fazer parte de trilhas

de aprendizagem para profissionais do Sesc SP, com atividades no formato digital e

presencial, em substituição a cursos que aconteciam exclusivamente no formato

presencial, as quais eu tive a oportunidade de acompanhar desde a concepção inicial,

implantação e disponibilização no ambiente virtual de aprendizagem, até a avaliação

das ações formativas. Participei como protagonista e responsável de todas as fases

do projeto.

Em relação aos procedimentos éticos de investigação, cumpre esclarecer que

a pesquisa teve anuência do Sesc SP e dos participantes que porventura tiveram falas

transcritas e analisadas, conforme Anexos A e B.

No bojo da narrativa, ressalto que alguns mitos e padrões de pensamento

tradicional, referentes à educação institucional, foram rompidos e são explanados a

partir da análise das anotações realizadas no diário de campo.

Foram relatadas as experiências que provocaram transformações na minha

forma de entender os fenômenos científicos e naturais que dialogam diretamente com

as mudanças ocorridas nos modelos tradicionais de educação dos ambientes

corporativos com a inserção das TDICs como ferramentas para auxiliar o

ensino/aprendizagem.

Em um contexto de educação corporativa, o formato de aula tradicional – com

o professor detentor exclusivo do conteúdo, proprietário único da informação, e o

aluno passivo, apenas recebendo o conteúdo – está destinado a ocupar um espaço

bem menor nos meios institucionais perpassados pela educação.

O conhecimento está espalhado nas mais diversas mídias e tecnologias.

Partilha desse ponto de vista o Prof. Dr. Cláudio Fernando André, ao declarar que:

A chegada das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tornou possível a criação de novas formas de registrar o conhecimento, armazená-lo, acessá-lo, comunicá-lo e usá-lo. A concepção de documento tradicional, que continha texto e ilustrações impressos, foi

81

ampliada para documentos eletrônicos, que podem conter sons e imagens (desenhos, gráficos, fotografias e vídeos, ou seja, imagens estáticas e em movimento). Em outras palavras, as TIC introduziram o conceito de multimídia: um documento dinâmico que inclui vários tipos de informações em vários formatos. O documento eletrônico transcende as relações tradicionais entre autor e usuário e entre espaço e tempo, além de incluir a sua constante alteração e atualização virtual por meio do ciberespaço. (2009, p. 2)

Durante o processo de desenvolvimento das tecnologias educacionais a

serem apresentadas, realizei uma série de registros no caderno de campo usando

como insumos os itens relacionados a seguir:

narrativas oriundas de reuniões e conversas com profissionais

responsáveis pelo conteúdo do desenvolvimento dos cursos;

reuniões técnicas com profissionais responsáveis pelo

desenvolvimento do código fonte do e-learning;

reuniões técnicas com profissionais de recursos humanos

responsáveis pelos treinamentos presenciais;

material digital de validação produzido durante o processo do trabalho;

funcionários que participaram dos cursos;

material publicado no ambiente virtual de aprendizagem.

No ano de 2013, com a saída voluntária de uma funcionária da área de

recursos humanos do Sesc SP, responsável por um curso que estava sendo

convertido do presencial para o formato on-line, eu assumi o meu primeiro projeto de

construção de uma capacitação on-line para a instituição, curso que poderia fazer

parte de uma trilha de aprendizagem para a área de administração.

Até então, eu era responsável pela implantação do ambiente virtual de

aprendizagem, ocasião em que adquiri bagagem para compreender os recursos

tecnológicos que a plataforma LMS Saba, adquirida pelo Sesc SP e nomeada de

PERCURSOS, disponibilizava para trabalhar com o ensino/aprendizagem.

Dessa maneira, passei a ser o elo principal para fazer a mediação entre

diferentes áreas e profissionais, respectivamente:

os gestores financeiros e administrativos;

os programadores e designers gráficos e de web;

82

os profissionais que desenvolviam programação do código fonte dos

cursos on-line;

os profissionais das diversas áreas que atuavam como conteudistas3;

os funcionários que participaram dos cursos.

As experiências advindas da inter-relação dessas diversas áreas me fizeram

entender que as pessoas da área de tecnologia, na maioria das vezes, pouco

conheciam de processos pedagógicos. Por outro lado, os conteudistas e pedagogos,

também na maioria das vezes, não dominavam as tecnologias que podiam ser

empregadas na metodologia de ensino/aprendizagem. Tal fato dificultava a produção

de um curso on-line e, também, a integração das ações virtuais com ações

presenciais.

Nesse contexto, minha função principal foi a de estabelecer o diálogo e a

harmonia entre a área de tecnologia e a área pedagógica institucional, sem nunca

deixar de lado a parte gerencial do projeto, que envolvia qualidade, prazos e custos.

Como primeiro registro de anotação do diário de campo, relato um comentário

de uma designer instrucional4, numa reunião em que tratávamos da conversão de um

curso presencial em ação de capacitação virtual:

Não podemos comparar curso on-line com curso presencial porque são duas modalidades de ensino completamente diferentes. Esse tipo de colocação seria como você querer comparar cachorro com macaco, ambos são animais porém de espécie diferentes, com comportamentos distintos (P. O. – 7 fev. 2013).

O comentário foi referente a uma indagação realizada por um conteudista, na

reunião do dia 7 de fevereiro de 2013 (terça-feira), acerca de como seria possível

encaixar um treinamento presencial que havia acontecido com uma carga de 40 horas,

distribuídas em cinco dias, em uma capacitação on-line no formato e-learning de

apenas 2 horas, podendo ser feita no dia e horário à escolha do aluno.

Após alguns meses acompanhando o desenvolvimento do curso on-line,

compreendi a analogia que a designer instrucional P. O. havia usado, ou seja, que é

possível comparar a aprendizagem a fim de entender o domínio de uma competência,

3 Profissional responsável pelo conteúdo técnico de um trabalho (possível curso on-line) desenvolvido por equipe multidisciplinar. 4 O termo design instrucional é empregado para se referir ao profissional responsável pelo planejamento, desenvolvimento e avaliação de cursos de Educação à Distância (EaD).

83

representada por uma habilidade, um conhecimento ou uma atitude – conforme

conceitos explorados no capítulo anterior –, mas não a forma pela qual ela foi

adquirida, que pode ser presencial, a distância ou híbrida5.

O caminho percorrido, desde a implantação da plataforma LMS no Sesc SP

até a avaliação das atividades que foram disponibilizadas para os funcionários, tem

demonstrado que, com a internet, os AVAs, as comunidades de práticas, os fóruns de

discussões, as avaliações on-line, as videoaulas, o e-learning, as videoconferências,

as redes sociais, as tecnologias educacionais, em geral, assumem uma nova

dimensão de comunicação para impulsionar a construção de conhecimento

direcionada à vida pessoal, familiar, profissional e escolar.

É preciso considerar que o uso das TDICs em benefício da educação emerge

como uma grande tendência, e tem revolucionado os processos pedagógicos

corporativos e acadêmicos, sem prejuízo para os resultados da aprendizagem quando

comparados com os métodos tradicionais de ensino, sejam eles em ambientes

corporativos ou em instituições de ensino formal.

4.1 A identificação da necessidade: o início da mudança do padrão de

pensamento

O Sesc SP havia adquirido, no ano de 2011, a plataforma de educação

distância e precisava iniciar o processo de popularizar o ambiente virtual com

conteúdos digitais para atender à crescente demanda por capacitar, treinar e formar

os funcionários, beneficiando-se dos recursos educacionais disponíveis no LMS.

Mudanças significativas nessa época começaram a ser incorporadas ao

modelo educacional da instituição, dentre elas o mapeamento de competências de

gestão, a estruturação de cargos e funções e a introdução do conceito de trilhas de

aprendizagem.

É válido ressaltar que os avanços das tecnologias digitais educacionais

levaram a educação on-line a ser concebida como ferramenta indispensável dentro

de uma nova maneira de pensar o ensino/aprendizagem na instituição.

5 Entende-se por educação híbrida a combinação de on-line e presencial.

84

Com esse cenário de mudanças, a equipe de treinamento e desenvolvimento

do Sesc SP começou a pensar em uma série de cursos presenciais pré-existentes

que pudessem ser convertidos para o formato digital, além, evidentemente, de novas

ações de capacitação que eventualmente poderiam ser oferecidas no formato de

cursos on-line ou com recursos apresentados por meio de tecnologias digitais para

auxiliarem na construção do conhecimento. Tudo pensado para fazer parte do

conceito de trilha de aprendizagem.

Em contato com áreas demandantes de cursos presenciais, fase em que

comecei a observar e registrar a visão dos possíveis conteudistas acerca da educação

on-line, um comentário, anotado no diário de campo, despertou a minha atenção sobre

o risco de se cair na armadilha de replicar o treinamento presencial exatamente da

mesma maneira no virtual, deixando de lado a importância da autoria nos processos

de ensino/aprendizagem, sem levar em conta o contexto em que o curso seria

oferecido:

Vamos gravar um vídeo com as aulas presenciais e disponibilizá-lo no ambiente virtual de aprendizagem. Os funcionários poderão assistir às aulas no tempo em que for conveniente (J. A. – 3 fev. 2013).

O comentário de J. A. me fez refletir sobre como o modelo educacional da

instituição era, naquela época, um sistema fechado, estruturado no formato tradicional

educacional em que o professor fala e o aluno escuta, unidirecional, exatamente igual

ao que acontece em grande parte das instituições educacionais presentes na nossa

sociedade.

Assim, seria necessário abrir esse sistema para as novas possibilidades e,

dessa maneira, deixar entrar as TDICs com o devido cuidado de usá-las sempre com

uma intencionalidade aplicada dentro de um contexto que comportasse os recursos

tecnológicos disponíveis. Ficou evidente que era preciso promover a ruptura das

ideias pré-estabelecidas acerca dos meandros de como a educação era vista na

instituição.

Cabe ressaltar que todo o progresso importante no conhecimento se opera

necessariamente pela ruptura dos sistemas fechados, que não trazem em si mesmos

uma atitude de superação (KUHN, 1991).

Quando se pensa nos modelos tradicionais de ensino, fica nítida a sua

principal característica de organização fechada, em que, na maioria das vezes, o

conhecimento é fatiado em disciplinas sem conexão com o mundo que o cerca,

85

baseado em um modelo unidirecional consolidado no professor transmitindo e o aluno

recebendo a informação. Dessa maneira, forma-se uma “inadequação cada vez mais

ampla, profunda e grave entre os saberes separados, partidos, compartimentados

entre disciplinas e, por outro lado, as realidades ou problemas cada vez mais poli

disciplinares, transversais, globais, planetários” (MORIN, 2002, p. 13).

Utilizar um recurso digital apenas para uma videoaula transmitida pelo

computador não é usar a tecnologia como aliada da educação. Não gera interatividade

real. A integração total ainda foge aos planos de aula. Não basta apenas transmitir

conteúdo. É preciso interagir, engajar a mente do funcionário e fazê-lo usar a

tecnologia para resolver problemas. A tecnologia deve ajudar, não ser só uma via

expositiva.

A disponibilização de gravação de uma videoaula de 40 horas seria

exatamente a replicação de um modelo presencial unidirecional em um modelo virtual

também unidirecional, compartimentado e inadequado. Isso mostra que existe uma

equivocada tendência em transportar os modelos pedagógicos tradicionais,

disfarçados pelas atrativas roupagens tecnológicas, para o modo virtual.

Mais uma vez, observa-se a importância de pensar as ações educacionais a

partir do princípio epistemológico e metodológico constitutivo de um processo de

construção do saber que propicie embasamentos para superar as barreiras

disciplinares, permitindo criar formas de relacionamentos, novos espaços, resultando

em diversas maneiras de aprendizagem (MORAES, 2014).

Assim, vale pena ressaltar que a educação on-line ultrapassa o limite da

Educação a Distância, se esse modelo de ensino/aprendizagem for entendido dentro

de um contexto do ciberespaço. Assim, ao caracterizar a educação on-line como um

evento da cibercultura, Santos (2017) esclarece que a educação on-line não se

consubstancia como sinônimo da Educação a Distância. Para a pesquisadora, a

Educação a Distância caracteriza-se pela separação física entre os estudantes e os

formadores e seus dispositivos e narrativas de formação. E a educação on-line está

para além disso, sobretudo considerando-se suas premissas. Nas palavras da autora:

A educação on-line não é simplesmente sinônimo de Educação a Distância. A educação on-line é uma modalidade de educação que pode ser vivenciada e exercitada tanto para potencializar situações de aprendizagem mediadas por encontros presenciais; a distância, caso os sujeitos do processo não possam ou não queiram se encontrar face a face; ou híbridos, onde os encontros presenciais podem ser combinados com encontros mediados pelo digital em rede. [...] os sujeitos podem até encontrar-se geograficamente

86

dispersos, entretanto, em potência estão juntos e próximos, compartilhando informações, conhecimentos, seus dispositivos e narrativas de formação a partir da mediação tecnológica das e com as interfaces e dispositivos de comunicação síncronas e assíncronas e de conteúdos hipertextuais disponíveis no ciberespaço a partir do AVA (SANTOS, 2017, p. 3).

Nas empresas, em geral, há uma demanda crescente em inovar treinamentos,

capacitação e formação continuada dos funcionários, usando uma mescla de prática

com teoria, ferramenta física com ferramenta virtual. Porém, tudo isso ainda precisa

ser incorporado à cultura institucional, e é exatamente o que está acontecendo com a

introdução desse novo contexto com ênfase no ambiente virtual de aprendizagem.

A sugestão de J. A. (vide página 84) indicou como seria necessária uma

quebra de paradigma do modelo educacional e que isso deveria ocorrer no todo [Sesc

SP] e na parte [funcionário], visto que, dentre uma gama de possibilidades disponíveis

em tecnologias educacionais, usar uma videoaula de 40 horas seria colocar o mesmo

curso presencial em um formato digital, adotando apenas a configuração da Educação

a Distância e desprezando os benefícios que poderiam ser oferecidos pela educação

on-line, deixando de lado as vantagens que as tecnologias poderiam oferecer para a

interação, a agilidade, a disponibilidade e a criatividade, a fim de estimular a

aprendizagem. Isso poderia se transformar num erro que inviabilizaria o uso desse

recurso dentro de um conceito de trilhas de aprendizagem para o desenvolvimento de

uma competência profissional.

Cabe lembrar que o Sesc SP não é necessariamente contra o uso de uma

videoaula. Pode-se verificar, na análise de uma das tecnologias educacionais

apresentadas neste trabalho, que o recurso da videoaula foi usado de uma maneira

adequada, considerando uma demanda específica, com carga horária delimitada e

flexível, assim diferenciando-a de uma aula presencial, ou seja, é necessário um

contexto para o uso desse recurso. A desvantagem, nessa conjuntura, seria vestir

concepções tradicionais com novas roupagens, isto é, videoaula igual à aula

tradicional, unidirecional, com o professor falando e o aluno ouvindo, utilizando o

formato virtual (nova roupagem).

O uso da tecnologia educacional faz mais sentido quando se abordam as

melhores condições na complexidade dos problemas educacionais, buscando em

outras áreas do conhecimento princípios e processos de ação, produtos e

instrumentos que, aplicados ao ensino/aprendizagem, possam contribuir para conferir

um efeito transformador mais amplo e significativo.

87

Nessa mesma linha de raciocínio, Morin (2013, p. 34) elucida que as

“revoluções do pensamento são sempre fruto de um abalo generalizado, de um

turbilhão que vai da experiência fenomenal aos paradigmas que organizam a

experiência”.

Sim, as tecnologias educacionais, AVA, redes sociais, fóruns de discussão,

comunidades de prática, e-learning, chats, games, avaliação on-line, causaram um

abalo generalizado na maneira que o Sesc SP pensava a educação.

A conhecida educação tradicional presencial continuará a existir no Sesc SP,

porém, aliada a uma série de ferramentas tecnológicas, desde a concepção, aplicação

e avaliação dos resultados. Assim, é possível dizer que não existe o melhor formato

de ensino, mas sim o mais adequado à realidade e à infraestrutura do momento

organizacional.

4.2 A primeira experiência de educação on-line: os primeiros passos para uma

trilha de aprendizagem

A primeira experiência de sequência de atividades, que abrigava ações

presencial e on-line, desenhada para a instituição foi para a área da Administração,

subárea Logística, e contemplava funcionários que desempenhavam as seguintes

atividades: Almoxarife de Gêneros e Materiais; Coordenação de Materiais e

Coordenação de Materiais de Transporte (para uma melhor compreensão das áreas,

subáreas e atividades dos funcionários do Sesc SP, consulte o Capítulo 2, item 2.3).

Como já abordado, o conceito de trilhas de aprendizagem pode ser entendido

por caminhos alternativos construídos a partir de sequências de atividades

complementares que utilizam recursos presenciais e virtuais, nos formatos síncrono e

assíncrono. Dessa maneira, o curso a ser analisado se assemelha ao conceito em

pauta.

Para um melhor entendimento das sequências de atividades educacionais e

com o objetivo de mostrar na prática o que foi dissertado na teoria, o quadro seguinte

foi elaborado para demonstrar as ações disponibilizadas para o curso de

administração de armazenagem.

Cabe ressaltar que as atividades propostas são flexíveis e podem ser

alteradas, acrescentadas ou excluídas de acordo com a evolução das ações de

formação.

88

Quadro 5 - Atividades para o curso de Logística, o esboço de uma trilha.

ATIVIDADE ITEM DE

APRENDIZAGEM TÓPICOS FORMATO AÇÃO

FUNCIONALIDADE SABA

Am

bie

nta

ção

Videoconferência (reunião virtual)

1. Netiqueta 2. Demonstração de ferramentas do

Saba 3. Breve introdução EAD 4. Agenda de atividades

Síncrono Conversa Saba Meeting

Comunidade de prática on-line

1. Apresente-se 2. Navegue pelo LMS 3. Descreva o seu local de trabalho 4. Publique uma foto

Assíncrono Postar informações na comunidade

Comunidade

Víd

eo

Videoaula

Netiqueta Microsoft Excel Microsoft Word Microsoft Power Point

Assíncrono Assistir ao vídeo

Catálogo de aprendizagem

Ma

teri

al

pa

ra

leit

ura

PDF Artigos científicos e livros que abordam as questões de logística

Assíncrono Leitura Catálogo de aprendizagem

e-l

earn

ing

e-learning

Módulo 0 - Apresentação do curso Módulo 1 - Armazenagem na cadeia de logística Fórum de discussão Módulo 2 - Aspectos físicos do armazém Módulo 3 - Gestão de estoques

Assíncrono e-learning Catálogo de aprendizagem

Comunidade de prática

e-learning Assíncrono Conversa sobre visitas etc.

Comunidade

Pre

sen

cia

l

Visita técnica

Centro de Apoio e Logística do Sesc

Síncrono Reunião com equipe

Catálogo de aprendizagem

Porto de Santos Síncrono Escuna Catálogo de aprendizagem

Empresa de logística Hipercon Síncrono Visita à empresa de logística

Catálogo de aprendizagem

Comunidade de prática

Visitas técnicas

Co

ns

ide-

raçõ

es

fin

ais

Videoconferência (reunião virtual)

Encerramento de atividades Síncrono Conversa Saba Meeting

Avali

a-

ção

Feedback Feedback de reação Assíncrono Responder questionário

Avaliações

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Quadro 5 sugere seis itens de aprendizagem dispostos em sete atividades.

Alguns itens de aprendizagem foram usados mais de uma vez em diferentes ações,

como é o caso da videoconferência e do fórum de discussões on-line.

A seguir, descrevo os itens de aprendizagem que formaram as sequências de

atividades propostas. Aproveito para contextualizar e dissertar acerca de cada

tecnologia utilizada vinculando teoria à prática, de maneira a responder à questão da

pesquisa (vide página 18).

89

4.2.1 Videoconferência

A videoconferência é uma tecnologia que coloca em contato, por meio de um

sistema de vídeo e áudio, pessoas separadas geograficamente. O sistema funciona

como um canal de TV bidirecional e proporciona uma grande naturalidade à interação

entre essas pessoas.

É uma tecnologia usada em prol da educação de maneira síncrona. A

vantagem é que evita o deslocamento dos envolvidos. A desvantagem é que pode se

tornar cansativa e pouco produtiva se tiver uma duração muito longa.

No Sesc SP, a tecnologia de videoconferência foi nomeada de reunião virtual,

e é realizada utilizando o recurso “Meeting” do LMS Saba. Para uma reunião virtual

acontecer, é necessário que o funcionário tenha computador, headset e webcam com

acesso à internet e acesse o hiperlink disponibilizado pela equipe de T&D da

instituição.

Para a ação de desenvolvimento em pauta, o recurso de videoconferência foi

utilizado em duas atividades:

1) Atividade de ambientação: visto que se tratava de uma primeira ação

virtual para os funcionários da área de Logística, a equipe pedagógica

do Sesc SP considerou a necessidade de abordar os seguintes temas:

netiqueta: o conjunto de boas maneiras e normas gerais de bom

senso que proporcionam o uso da internet de forma mais amigável,

eficiente e agradável. É importante ressaltar que, em alguns casos,

o descumprimento dessas regras pode significar a perda de

grandes oportunidades de elaboração de conhecimento;

demonstração das ferramentas do LMS Saba: naquele momento,

a equipe de T&D ainda não havia desenvolvido nenhuma ação

formativa que comportasse a utilização do AVA; por esse motivo,

foi necessário transmitir essas informações por meio dos recursos

de videoconferência;

breve introdução EAD: para muitos funcionários, aquele era o

primeiro contato com esse formato de educação, e, por esse

motivo, foi realizada uma explanação acerca dos benefícios que a

educação on-line pode trazer;

90

agenda de atividades: explicação das sequências de atividades

elaboradas.

2) Atividade Considerações Finais: ação utilizada para fechamento da

ação de desenvolvimento. Substitui uma reunião presencial, evitando

o deslocamento dos funcionários.

A figura seguinte ilustra o recurso de videoconferência utilizado como uma

das atividades do curso em pauta.

Figura 11 - Reunião virtual - Saba Meeting.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Cabe salientar que essa atividade foi fácil de ser disponibilizada, uma vez que

imitou uma atividade presencial e a ferramenta para uso do recurso já havia sido

utilizada diversas vezes pela equipe de T&D responsável pelo processo.

4.2.2 Comunidade de prática on-line

Comunidade de prática é um recurso muito empregado em ambientes virtuais

de aprendizagem. Esse termo foi usado, inicialmente, por Jean Lave e Etienne

Wenger (1991) para descrever um grupo de pessoas que se unem em torno de um

mesmo tópico ou interesse. Esses indivíduos trabalham unidos para encontrar meios

de aperfeiçoar o que fazem, ou seja, na resolução de um problema na comunidade ou

no aprendizado diário. Por meio de interações regulares, constroem algo comum a

todos.

91

A ação de aprendizagem em análise propiciou a criação de fóruns de

discussões dentro de uma comunidade de prática on-line com o objetivo de dialogar

acerca de assuntos que estivessem relacionados com o tema de Logística.

A comunidade de prática on-line foi concebida no formato assíncrono e

utilizada em três atividades distintas, sendo elas, respectivamente: ambientação, e-

learning e visita técnica (conforme Quadro 5).

Em busca de um referencial teórico que dialogasse com o assunto em pauta,

encontrei Capra (2002), que compara as comunidades de prática com redes vivas que

são autogeradoras. Elas suscitam pensamentos e um contexto comum de

significados, com os quais os conhecimentos são compartilhados, regras de conduta

são estabelecidas e há identidade coletiva.

A comunidade de prática caracteriza-se por ter uma organização interna que

se alimenta dela mesma, ou seja, em ciclos múltiplos de retroalimentação. Dessa

forma, o conhecimento gerado no seu interior emerge de fora para dentro.

O primeiro fórum de discussões on-line se deu no ambiente virtual, com a

apresentação de todos os funcionários inscritos na ação de capacitação, com a

finalidade de trocar informações pessoais, conversar sobre seus interesses,

estabelecer elos e relações. A figura a seguir ilustra esse momento, retratando a tela

do ambiente virtual de aprendizagem do Sesc SP.

Figura 12 - Comunidade de prática on-line - Fórum Ambientação.

Fonte: Página virtual do Ambiente Virtual de Aprendizagem Saba / Sesc SP.

92

Esse recurso permite que alunos/funcionários publiquem suas pesquisas,

esclareçam suas dúvidas e, na maioria das vezes, também, contribuam nas

publicações de outros participantes.

Foi possível observar, nessa atividade, a construção de uma aprendizagem

colaborativa em que os indivíduos não estavam posicionados numa relação

hierárquica.

A análise dos diálogos que se formaram nos fóruns on-line me permite afirmar

que nessa atividade não havia um centro irradiando o saber, uma vez que não existia

um “chefe” ou mesmo a figura do “professor”, propriamente dita, mas a de um

moderador, que se restringiu a estimular as participações, sem polarizar o debate.

Os dados coletados direcionaram uma reflexão acerca do conceito de

“circularidade” de informações e trocas, visando ao alcance de objetivos contratados

por todos no início da discussão, uma vez que os diálogos começavam com um tema

pré-estabelecido e, na maioria das vezes, sugerido pelos próprios participantes. É

possível afirmar que “as contribuições que circulam nessas comunidades expressam

o somatório das individualidades, percepções, racionalidades, e contribuem para a

constituição rizomática dos saberes, em permanente transformação” (KENSKI, 2003 p.

113).

De acordo com Mariotti, em seu texto dedicado aos operadores cognitivos do

pensamento complexo, no qual explica o conceito de circularidade, “os efeitos

retroagem sobre as causas e as realimentam” (2007, p. 140).

Assim, foi possível verificar que, em um fórum on-line, após um tópico ser

estabelecido, era possível o participante, ao ler uma mensagem, ser estimulado a

modificar sua forma de pensar pois era motivado a elaborar uma resposta relevante

ao assunto em questão e, ao publicá-la, estava indiretamente causando modificações

na comunidade de prática.

Todo esse procedimento pode ser interpretado como um processo de

alimentação e retroalimentação que impulsiona a produção de diferentes formas de

pensar a cada nova contribuição. Para entender essa dinâmica, pode-se aplicar o

conceito de circularidade (MARIOTTI, 2007) aliado ao conceito de comunidade de

prática.

Nesses termos, de acordo com reflexões advindas da teoria da complexidade,

foi possível traçar um paralelo, comparando os fóruns de discussões virtuais a um

93

ambiente complexo, uma vez que tópicos são produzidos por estudantes que

produzem os assuntos que são produzidos por todos.

Portanto, os participantes e a comunidade de prática se modificam de forma

congruente. A comunidade de prática on-line produz mudanças na maneira de pensar

dos estudantes que, por sua vez, agem sobre esse ambiente, alterando-o, numa

relação circular. Da mesma maneira que o participante se ajusta ao meio virtual

“comunidade de prática”, o meio virtual se ajusta ao participante.

Ao mesmo tempo, é importante compreender que os participantes não são

apenas uma pequena parte de um todo, o todo “comunidade de prática”, mas que

esse “todo” está no interior de cada aluno, ou seja, temos as regras que compõem a

comunidade e os respectivos temas que são discutidos. Segundo esse princípio, não

só a parte está no todo como o todo está na parte.

A utilização dessa tecnologia digital educacional me leva a depreender que o

processo de produção do conhecimento coletivo pode auxiliar na construção do

aprendizado individual, considerando que a colaboração de cada participante contribui

para o crescimento da instituição e, também, para o crescimento individual de cada

membro do grupo – notando-se, mais uma vez, a ideia de circularidade (MARIOTTI,

2007).

As anotações no diário de campo, acerca da atividade comunidade de prática

on-line, fez-me entender que se as pessoas forem analisadas separadamente, forma-

se uma disjunção entre elas e o ambiente natural de aprendizagem que, nesse

exemplo, está representado pelas ações educacionais e pela instituição Sesc SP.

Assim, ficou evidente que “responsabilidade conjunta” e “participação coletiva” foram

ideias compartilhadas por quase todos os membros dessa comunidade.

Cabe ressaltar uma fala colhida por meio de entrevista e devidamente

registrada em meu diário de anotações, a qual me permitiu considerar que os

indivíduos dessa atividade de ensino se sentiam responsáveis pelos assuntos

publicados:

Na verdade, todos os que participam e integram a rede de logística são responsáveis pelos assuntos abordados, a partir do momento em que lançamos o questionamento e todos se posicionam formando a rede (RS).

O registro dessa informação me autoriza a concluir que as consciências de

muitos integrantes da ação de capacitação despertaram para questões da

94

aprendizagem colaborativa. Diante dos dados coletados, observei que houve um

envolvimento real dos sujeitos no grupo de discussão, pois sentiram a sustentação da

rede para a construção de um saber comum, um saber coletivo.

Com o objetivo de complementar o conceito de produção coletiva de

conhecimento que emergiu nas interações ocorridas na comunidade de prática on-

line, transcrevo quatro comentários colhidos do fórum de discussões, estabelecido a

partir de assuntos pertinentes à capacitação para a área de logística:

Conhecendo o dia a dia de cada unidade/gerência, é legal saber como os colegas respondem aos desafios e questionam algumas regras para chegar a melhores soluções no dia a dia (AF). Como estamos fisicamente longe um do outro, o fórum promove a interação e a discussão de assuntos correlatos na vida profissional de cada profissional do Sesc SP (GP). Podemos desenvolver trabalhos juntos, compartilhar e sanar dúvidas e interagir, também de maneira mais informal do que em um canal oficial (RN). Como trabalhamos sobre as mesmas diretrizes, porém, muitas vezes, distantes de nossos pares, o grupo possibilita uma aproximação que fortalece a linha de trabalho desenvolvida pela instituição e pode colaborar em questões rotineiras, na troca de experiências (ES).

Os relatos descritos legitimaram a ideia comum de que as possibilidades de

aprendizagem foram reais e efetivas durante o fórum de discussões on-line. Eles

exprimiram sentidos similares e demonstraram que os indivíduos têm a noção da

atividade colaborativa e o fundamento de aprendizagem envolvida. Houve um

reconhecimento no plano individual daquilo que foi construído no plano coletivo e vice-

versa. Segundo Maturana (1997), os sujeitos, como seres autopoiéticos, aprendem

juntos porque estão em congruência uns com os outros.

O estudo do fórum de discussões ajuda a lembrar os ensinamentos de Paulo

Freire:

Ninguém sabe tudo, assim como ninguém ignora tudo. O saber começa com a consciência do saber pouco (enquanto alguém matuta). É sabendo que sabe pouco que uma pessoa se prepara para saber mais. [...] O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz constantemente o seu saber. E é por isso, que todo saber novo se gera num saber que passou a ser velho, o qual, anteriormente, gerando-se num outro saber que também se tornara velho, se havia instalado como saber novo. Há, portanto, uma sucessão constante do saber, de tal forma que todo novo saber, ao instalar-se, aponta para o que virá substituí-lo (FREIRE, 1981, p. 47).

95

O fórum on-line propiciou a rede de conversação, na qual muitas trocas

significativas foram realizadas, facilitando a manutenção de comunidades de

aprendizagem.

Na avaliação dos participantes, o recurso contribuiu para a melhoria do

ambiente profissional, e, dessa forma, estabeleceu um fluxo de aprendizagem

colaborativo que transcendeu o período de formação e perdurou no dia a dia de

trabalho dos funcionários do Sesc SP.

Contudo, é viável relatar que um grande desafio precisou ser superado, ou

seja, o engajamento das pessoas nas atividades propostas. Foi um grande

aprendizado entender que o papel de mediador é de extrema necessidade, pois sem

ele a comunidade de prática não sobrevive nem à primeira semana.

4.2.3 Videoaula

Um dos conhecimentos necessários para indivíduos que desenvolvem

atividades profissionais na área de logística é o domínio do pacote Microsoft Office,

que compreende os softwares Word, Excel e PowerPoint, nos níveis básico,

intermediário e avançado.

Diante dessa necessidade, pensou-se na importância de desenvolver ações

que contemplassem a proficiência do uso desses softwares.

Para que essa ferramenta fizesse parte de ações formativas para a área de

logística, havia três opções:

1) contratar professores;

2) encaminhar os funcionários para centros de treinamento presencial;

3) implantar cursos no formato on-line.

A opção de implantar cursos no formato on-line foi a escolhida, visto que, uma

vez concebida, poderia ser utilizada para outras possíveis trilhas de aprendizagem

que estavam em fase de incubação.

96

Portanto, a proposta inicial foi desenvolver um curso no formato e-learning

que contemplasse os três softwares do pacote Microsoft Office. Porém, cabe lembrar

que cursos on-line produzidos internamente ou sob demanda exigem tempo e

dedicação na elaboração, além do período de validação e testes; quanto mais

informação o curso propõe, mais demorado torna-se o seu desenvolvimento. A

produção de todos os módulos do pacote Microsoft Office parecia algo que

demandaria muita energia e tempo, além de ser necessário um conteudista que

dominasse o assunto em um nível avançado para fazer a validação de todas as etapas

do projeto.

Após algumas reuniões de equipe com a área de Tecnologia da Informação

do Sesc SP, surgiu a sugestão de um analista de informática, devidamente

documentada no diário de campo:

Muitas são as empresas que trabalhavam com o pacote Microsoft Office, por esse motivo é bem possível que possamos encontrar cursos de prateleira de excelente qualidade que atendam as nossas necessidades. Essa opção economizaria um bom tempo em desenvolvimento e validação de conteúdo, por se tratar de uma solução já desenvolvida, e o custo deve ser bem mais em conta (KM).

Cabe esclarecer que os cursos de prateleira recebem esse nome porque

estão no formato on-line, já prontos, cujo conteúdo tenha sido previamente elaborado.

Dessa maneira, trariam a vantagem de dispensar a contratação de uma equipe

especializada ou de desenvolver conteúdos internamente.

Por estarem prontos, os cursos de prateleira têm o conteúdo definido e

revisado, metodologias e tecnologias já testadas. Esses cursos poderiam ser

disponibilizados para a plataforma LMS quase que imediatamente após a sua

aquisição.

Porém, possuem a desvantagem de não poderem ser personalizados

segundo o modelo da empresa contratante, e as alterações possíveis são limitadas.

Entretanto, para a aprendizagem de um software como o Microsoft Office,

esse formato se encaixaria perfeitamente nas necessidades do Sesc SP, uma vez que

o importante para essa ação seria apenas o domínio da ferramenta no que concerne

às suas diversas funcionalidades.

Após algumas semanas pesquisando empresas fornecedoras de cursos de

prateleira, a equipe de T&D encontrou uma produtora de conteúdos para plataformas

LMS que comercializava cursos em formato de videoaula. O curso de Microsoft Office

97

era composto por cerca de trezentas videoaulas. Cada uma tinha aproximadamente

três minutos de duração e abordava um tema específico do software. Esse modelo

permitia flexibilidade na organização do conteúdo, uma vez que as aulas podiam ser

agrupadas em níveis básico, intermediário e avançado, ou segmentadas por temas,

de acordo com a necessidade. Assim, o aluno/funcionário que, por exemplo, já

conhecia recursos avançados do Microsoft Word, mas não tinha conhecimento de

como fazer um sumário automático, podia assistir apenas a videoaula relacionada ao

tema “Sumário”.

Esse modelo de transmissão de conteúdo também poderia contemplar o

conceito de trilhas de aprendizagem a fim de dar liberdade para o aluno escolher

apenas o que precisasse aprender, diferentemente de um curso presencial de

Microsoft Office, em que o aluno provavelmente teria de acompanhar o curso inteiro

mesmo dominando parte dos assuntos abordados.

A figura seguinte retrata uma videoaula com as características essenciais do

software Microsoft Word.

Figura 13 - Exemplo 1 de videoaula adotada para a trilha de aprendizagem.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem Sesc SP.

Uma videoaula é uma aula gravada e distribuída em forma de vídeo. As

videoaulas são muito usadas na Educação a Distância, com o objetivo de ilustrar,

reforçar e complementar um determinado assunto. É um importante recurso didático

que auxilia na fixação do conteúdo.

98

Na busca de uma referência teórica acerca do uso de vídeos em situações

educacionais, encontramos Gabriel (2013, p. 211-213), que esclarece que o vídeo

auxilia o processo de educação nas seguintes formas:

aumenta o engajamento e o entusiasmo entre os estudantes;

otimiza os recursos das escolas e universidades;

facilita a colaboração;

atende a diferentes estilos de aprendizado;

melhora os resultados do aprendizado.

Figura 14 - Exemplo 2 de videoaula, adotada para ensinar sobre criação de gráficos.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Os vídeos elaborados para o desenvolvimento das habilidades nos softwares

do pacote Microsoft Office demonstraram ser uma ferramenta capaz de adaptar o

ritmo do aprendizado para as necessidades individuais, pois possibilitaram

visualizações e/ou consultas ilimitadas, até que o conhecimento fosse absorvido pelo

funcionário/aluno.

O uso de vídeos para aprendizagem já é um recurso bem difundido nos meios

digitais, inclusive para a educação não formal, como, por exemplo, o youtube,

99

consolidado como o maior e mais popular website de compartilhamento de vídeos on-

line do mundo, com usuários de todas as faixas etárias.

4.2.4 PDF

A sigla PDF tem origem no termo inglês Portable Document Format. Em

tradução literal significa Formato Portátil de Documento. Esse padrão de arquivo

digital foi criado pela empresa Adobe Systems para que qualquer documento digital

possa ser visualizado, independentemente de qual tenha sido o software que o

originou. Por exemplo, um documento criado no Microsoft Excel, convertido para o

formato PDF, poderá ser visualizado em outros dispositivos de forma idêntica ao

documento original, mesmo que o software Excel não esteja instalado no aparelho.

Os documentos convertidos em PDF possuem duas vantagens: a primeira é

a capacidade de preservar a visualização do arquivo original; a segunda é não permitir

que o documento seja alterado, mantendo o conteúdo original do autor que o criou.

A maioria dos softwares utilizados em grande escala (Word, Excel,

PowerPoint, Photoshop, Illustrator, Corel Draw etc.) permite gerar documentos no

formato PDF. Contudo, para a visualização e também impressão dos arquivos neste

formato é necessário adquirir o software Acrobat Reader, distribuído gratuitamente

pela Adobe Systems.

Cabe ressaltar que, por se tratar de um formato de arquivo muito utilizado, a

grande maioria dos dispositivos, incluindo os smartphones, já possui esse software

instalado.

Os documentos disponibilizados para a ação formativa dos funcionários da

área de logística foram convertidos em formato PDF. Dessa maneira, os alunos

tiveram acesso a artigos científicos e textos que tratam do assunto de logística,

podendo ser acessados em qualquer dispositivo (notebook, tablet, smartphone etc.).

4.2.5 E-learning

Um dos itens de aprendizagem muito importante que pode ser ofertado em

um conceito de trilhas de aprendizagem é o curso on-line, também conhecido como

e-learning.

100

O termo “e-learning” vem do inglês “eletronic learning” (aprendizado

eletrônico) e pode ser definido como uma modalidade de ensino a distância oferecido

totalmente por meio digital, com a utilização de algum dispositivo eletrônico:

computador, notebook, smartphone, tablet etc.

Para fins deste estudo, considerei-o como “item de aprendizagem,

associando-o a outras ações de desenvolvimento e capacitação profissional aliadas

ao conceito de trilhas de aprendizagem oferecidas para o desenvolvimento de uma

competência específica.

O e-learning pode ser desenvolvido a partir de uma ação presencial existente

ou de um conteúdo que ainda não tenha sido transmitido de maneira presencial.

Esse item de aprendizagem, na maioria das vezes, é disponibilizado na

internet; dessa maneira, pode ser acessado a qualquer hora e de qualquer lugar do

mundo, fato que promove maior flexibilidade de aprendizagem rompendo com

barreiras geográficas.

O e-learning, se utilizado da maneira apropriada, resulta num grande

propulsor da difusão de conteúdos educacionais e da democratização do acesso à

informação.

No ambiente virtual de aprendizagem do Sesc SP, o e-learning é utilizado no

método assíncrono, ou seja, as aulas não acontecem em tempo real, como uma aula

presencial ou uma videoconferência, e sim em tempos diferentes.

A equipe de T&D disponibiliza o item de aprendizagem no AVA e o aluno, no

momento em que lhe for mais conveniente, acessa o conteúdo.

Cada aluno pode acessar os itens de aprendizagem em seu tempo e em sua

velocidade. Dessa maneira, o participante pode refletir e pesquisar com calma antes

de avançar para a próxima aula, prosseguindo sem ter de esperar pelos outros alunos.

O aluno progride nas atividades propostas de acordo com o seu próprio ritmo,

avançando para o passo seguinte quando se sentir preparado.

Ao analisar esse item de aprendizagem, foi fácil perceber o que já havia sido

previsto por Herbert Marshall McLuhan (1964), quando ele afirmou que o planeta seria

a nossa sala de aula e o nosso endereço virtual.

O e-learning rompeu com a ideia de tempo exclusivo para a aprendizagem.

Nota-se, então, que o espaço de aprendizagem passa a acontecer em qualquer lugar,

fazendo com que o tempo de aprender seja o tempo do aluno e não mais o tempo

ditado pela instituição de ensino.

101

Contudo, é viável conhecer os caminhos que um curso no formato e-learning

percorre, desde o momento da identificação de sua necessidade até a sua finalização

e futura disponibilização no LMS.

Entender como o desenvolvimento desse curso acontece é importante para o

desenho de trilhas de aprendizagem que despontam como necessárias para as

diversas áreas de atuação dos funcionários da instituição. Segue, portanto, um relato

de como aconteceu a produção do curso e-learning para a área de logística do Sesc

SP, que recebeu o nome de Administração de Armazenagem. Cabe lembrar que esse

curso já acontecia no formato presencial; assim, o desafio era convertê-lo para o

formato on-line, a fim de oferecer mais uma possibilidade de escolha no que se refere

ao formato de aprendizagem.

4.2.5.1 E-learning em Administração de Armazenagem

O e-learning, elaborado para a ação de desenvolvimento em pauta, recebeu

o nome de Administração de Armazenagem.

O curso de Administração de Armazenagem apresentou técnicas da cadeia

de logística nas definições dos processos que compõem as atividades desenvolvidas

pelos funcionários que atuam nessa área no Sesc SP.

Essa ação de capacitação abordou uma série de questões dos aspectos

físicos dos materiais e os seus respectivos espaços para estocagem, cálculos e

principais tecnologias que contemplam o gerenciamento de estoques.

A primeira versão desse curso aconteceu no formato presencial, no ano de

2010, com duração de 40 horas (em cinco dias), com cerca de noventa alunos

divididos em três turmas. Desde então, todos os novos funcionários dessa área de

atuação são orientados a realizar essa capacitação.

O projeto de conversão contava com a vantagem de trazer todo o conteúdo

presencial documentado em uma apostila digital, fato que facilitou o desenvolvimento

das atividades e programação de telas e animações que seriam disponibilizadas em

forma de e-learning. Contudo, cabe ressaltar que a experiência adquirida com outros

projetos de curso on-line demonstrou que ter o conteúdo documentado não garante o

sucesso do projeto.

102

De posse do conteúdo, que contemplava por volta de 200 páginas e já havia

sido ministrado em formato presencial, a equipe da Gerência de Pessoas do Sesc SP

precisou contratar uma empresa desenvolvedora de conteúdos digitais para a

produção do código fonte, visto que seria necessário o envolvimento de profissionais

de várias áreas do conhecimento, dada a complexidade envolvida nesse curso on-

line.

A conversão dessa ação de desenvolvimento presencial em virtual foi

realizada em parceria com a equipe de conteúdos pedagógicos de ensino a distância

da instituição Senac Corporativo.

4.2.5.2 O processo de desenvolvimento do curso on-line: uma visão complexa e

transdisciplinar

Nas primeiras reuniões com os profissionais das duas instituições – Sesc e

Senac – realizei uma série de anotações referentes aos profissionais envolvidos na

produção do curso on-line, fato que desde o início deixou claro o necessário

intercâmbio com diversas áreas do conhecimento, concedendo a essa modalidade de

educação um caráter complexo e transdisciplinar.

Nessa fase, emergiu a importância de se perceber a complexidade organizada

da vida a fim de compreender os acontecimentos em relação a seus contextos,

evidenciando que é nas relações que realmente se dá o desenvolvimento humano

profissional. Somente por meio da valorização das interações é possível atingir um

bom resultado nos projetos educacionais, sejam eles presenciais ou a distância.

Esse princípio aparece no discurso do biólogo Humberto Maturana (1997),

elucidando que todas as atividades humanas surgiram como conversações (redes de

coordenações comportamentais consensuais entrelaçadas com o emocional).

Portanto, todo o viver humano consiste na convivência em conversações e

redes de conversações. Em outras palavras, “o que nos constitui como seres humanos

é nossa existência no dialogar” (MATURANA; VERDEN-ZÖLLER, 2004, p. 25).

O ponto de partida para entender o conceito de diálogo é a afirmação:

“somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo [o

conhecimento]. Sem ele não há comunicação e sem esta não há verdadeira

educação” (FREIRE, 2002, p. 83).

103

No entanto, ao considerar etimologicamente a palavra diálogo, do latim

dialogos: palavra, fala, discurso (logos) que atravessa, que perpassa (dia), como

caminho para convivência humana, há um esforço a se fazer: ir além da acepção de

tornar comum, para compreender o outro e, a partir dele, produzir algo novo, como

pontua David Bohm (2005):

Num diálogo, cada pessoa não tenta tornar comum certas ideias ou fragmentos de informação por ela já sabidos. Em vez disso, pode-se dizer que os interlocutores estão fazendo algo em comum, isto é, criando juntos alguma coisa nova. Entretanto é claro que uma comunicação como essa só pode levar à produção de algo novo se as pessoas forem capazes de ouvir livremente umas às outras (BOHM, 2005, p. 29).

Tomando como princípio que essa investigação foi desenvolvida em um

contexto da pesquisa-ação, que valoriza a importância da participação do pesquisador

em todo o processo de análise (BARBIER, 2007), realizei diálogos que deram origem

a diversas anotações no diário de campo, na tentativa de entender as principais

atividades de cada indivíduo envolvido no processo de virtualização de um conteúdo

educacional presencial.

Analisando as informações anotadas, foi possível perceber a importância de

uma visão complexa e transdisciplinar capaz de valorizar as diferenças individuais de

cada área, sem deixar de lado o todo.

O quadro seguinte apresenta os principais profissionais envolvidos na

elaboração de um curso on-line, bem como suas atividades/responsabilidades mais

relevantes.

Quadro 6 - Especialistas e suas principais atividades.

Especialistas Atividades

Analista de Treinamento e Desenvolvimento

Profissional da área de recursos humanos, normalmente responsável pelos treinamentos presenciais.

Conteudista

Profissional da área demandante do curso on-line. É dele a responsabilidade de criar e selecionar conteúdos normalmente na forma de textos explicativos/dissertativos e preparar o programa do curso. No curso Administração de Armazenagem, o responsável foi o coordenador da área de logística do Sesc.

Web roteirista Articula o conteúdo fornecido pelo conteudista por meio de um roteiro que o potencializa com o uso de linguagens e formatos variados (hipertexto, mixagem e multimídia).

Ilustrador Profissional responsável por criar as ilustrações, artes gráficas e personagens que farão parte do curso.

Locutor Profissional que empresta a sua voz para o personagem do curso. O curso Administração de Armazenagem foi

104

Especialistas Atividades

desenvolvido com dois personagens, portanto, foram necessários dois locutores diferentes.

Web designer

Cria a interface gráfica do curso on-line, a fim de ocorrerem as interações do aluno com o conteúdo proposto por meio de ilustrações, personagens e locuções. Desenvolve o roteiro, criado pelo web roteirista, trabalhando a arte final do conteúdo por meio das potencialidades da linguagem digital.

DBA Profissional da área de TI responsável pelo banco de dados.

Programador Desenvolve o código fonte do e-learning, criando programas e interfaces de comunicação entre AVA, aluno e conteúdo.

Revisor Faz a revisão ortográfica e gramatical dos conteúdos que serão disponibilizados no formato e-learning.

Designer Instrucional

Na maioria das vezes esse profissional é um educador com experiência em tecnologia educacional. Assim, é ele que analisa, constrói o desenho do ambiente de aprendizagem, seleciona as tecnologias de acordo com as necessidades de aprendizagem e condições estruturais, avalia os processos de construção de todo o curso e faz a mediação do trabalho de toda a equipe de especialistas envolvida no processo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com o quadro anterior, participaram do processo de elaboração da

ação de capacitação em pauta dez profissionais de diferentes áreas atuando

conjuntamente, cada qual com a sua especialidade, tendo como objetivo final a

conversão de um curso presencial em uma ação de desenvolvimento virtual.

O quadro anterior foi elaborado tomando como base os preceitos de Barbier

(2007), que preconiza a importância do diálogo nas relações de cooperação e

participação; portanto, para o levantamento dessas informações, foi preciso construir

um diálogo com todos os profissionais envolvidos, a fim de entender o papel de cada

profissional na elaboração de um curso on-line.

A inclusão é um conceito que emerge da complexidade, da ideia de trama, de

tecido, proposto por Morin (2002), implicando o entrelaçamento entre as diferenças

humanas, que podem ser entendidas também como as diferentes áreas do

conhecimento unidas em prol de uma realização. Quando se observa a maneira como

o curso on-line é concebido, identifica-se esse conceito facilmente, uma vez que tal

ação sofre a interferência de vários profissionais unidos por um único objetivo.

A elaboração de uma ação educacional que contempla a colaboração de

profissionais de áreas do conhecimento distintas lhe outorga um caráter complexo e

deve ser pensada de maneira transdisciplinar; portanto, faz-se necessário um breve

resumo acerca desse conceito, de maneira a conectá-lo ao contexto do curso on-line.

105

Minha experiência na construção dessa ação de capacitação on-line me fez

perceber que, do ponto de vista pedagógico, só é possível a entrega final do curso se

for adotada uma atitude empática de abertura ao outro, valorizando o seu

conhecimento.

Nicolescu (2001) e Morin (2011) partilharam da mesma ideia quando

defenderam a transdisciplinaridade na educação apontando para a obsolescência dos

sistemas educacionais contemporâneos, independentemente do país que se analise,

diante do distanciamento entre a realidade complexa e as abordagens pedagógicas

atuais.

Para Nicolescu, a visão transdisciplinar “diz respeito àquilo que está ao

mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de

qualquer disciplina” (2001, p. 53).

Essa definição questiona o atual sistema de ensino, tal como está

institucionalizado na sociedade contemporânea ocidental, e tem similaridade com a

concepção do conhecimento na origem da civilização ocidental.

A transdisciplinaridade é “um princípio epistemo-metodológico constitutivo

dos processos de construção do conhecimento e que nos ajuda a superar barreiras

disciplinares na tentativa de compreender o que está mais além dos limites

estabelecidos ou das fronteiras conhecidas” (MORAES, 2014, p. 34).

Nessa linha de raciocínio, ressalta-se a importância de refletir acerca de Morin

(2002, p. 95), quando ele afirma: “A um pensamento que isola e separa, é necessário

substituir um pensamento que distingue e religue”.

Distinguir, nesse sentido, não deve ser jamais interpretado como segregar,

mas sim como um reconhecimento do uno respeitando e valorizando toda a

diversidade de saberes ao seu redor que podem contribuir para a compreensão do

fenômeno individual e – por que não dizer? – do tema que se pretende

ensinar/aprender.

E assim foi feito, para que cada área desempenhasse o seu papel,

entendendo e valorizando a importância das outras áreas no contexto de

desenvolvimento do curso. Tecnologia e pedagogia se fundem, se entrelaçam e se

complementam.

Dessa maneira, aflora a necessidade de se considerar o processo de

elaboração de cursos on-line de maneira complexa, substituindo o pensamento

disjuntivo e redutor pelo termo complexus: o que é tecido em conjunto (MORIN, 2011).

106

Assim, pode-se entender uma educação transdisciplinar como aquela que não

se restringe à simples reunião das disciplinas nem à possibilidade de haver diálogo

entre duas ou mais disciplinas, pois ultrapassa a sua dimensão.

A transdisciplinaridade se preocupa com a interação contínua e ininterrupta

de todas as disciplinas, num momento e lugar que figuram entre os alicerces do

pensamento complexo, uma vez que traz no seu significado a ideia de

interdependência, da necessidade de religação e do diálogo entre as diversas áreas

do conhecimento.

No manifesto da transdisciplinaridade, publicado por Nicolescu (2001),

encontra-se a sistematização dessa metodologia a partir de três pilares:

a complexidade, princípio articulador do pensamento e não como aquilo

que é difícil e complicado de se compreender, segundo Morin (2011);

a lógica do terceiro incluído, que supera o binarismo entre o certo e o errado

para, assim, associar as categorias e conceitos aparentemente

excludentes;

os diferentes níveis de realidade, que possibilitam a construção da noção

da multidimensionalidade e da multirrefencialidade do ser.

De posse desse conceito, é possível conectar itens de aprendizagem,

utilizados no contexto da modalidade de Educação a Distância on-line e suas variadas

maneiras de transmissão de informação, como solos férteis para transformarem-se

em conhecimento por meio de uma abordagem transdisciplinar, principalmente, se

associados a um conceito de trilha de aprendizagem, no qual é considerada a

possibilidade de o indivíduo escolher sua própria maneira de aprender sem impor um

padrão único a ser seguido.

A visão complexa me ajudou a expandir a mente para as possibilidades de

interação com os profissionais que estavam envolvidos, entendendo que cada um tem

a sua maneira de pensar: alguns pensam de forma linear, outros de forma sistêmica

e outros de forma complexa. Contudo, nenhum modo de pensar é melhor que o outro,

mas podem ser complementares.

Para que eu conseguisse me integrar a essas diferentes maneiras de

trabalhar foi preciso me apropriar do pensamento complexo, considerando como

107

importante, ou mesmo essencial, tanto a linearidade quanto a forma sistêmica de ver

o trabalho.

Assim, o processo de elaboração do curso e-learning Administração de

Armazenagem seguiu-se amparado em um cronograma estabelecido pela empresa

produtora de conteúdo contratada.

Para melhor exemplificar as fases de produção desse curso on-line, o quadro

seguinte demonstra as respectivas fases de produção do curso com as quais as

diversas áreas do conhecimento envolvidas na produção da ação de capacitação se

entrelaçaram.

Quadro 7 - Cronograma de atividades no desenvolvimento do curso on-line Administração de Armazenagem.

Tarefa Início Fim

Desenvolvimento de curso

Proposta de abordagem

Desenvolvimento de proposta de abordagem - Senac 02/12/12 02/12/12

1ª validação da proposta de abordagem - SESC 02/12/12 05/12/12

1ª adequação da proposta de abordagem - Senac 06/12/12 06/12/12

Proposta de identidade visual

Desenvolvimento de proposta de identidade visual - Senac 07/12/12 13/12/12

1ª validação de proposta de identidade visual - SESC 14/12/12 15/12/12

Adequação de proposta de identidade visual - Senac 16/12/12 16/12/12

Roteiro

Escrita do roteiro – Senac 08/12/12 16/12/12

1ª validação de roteiro - Equipe Técnica - SESC 19/12/12 22/12/12

1ª validação de roteiro - Coordenação - SESC 23/12/12 12/07/13

1ª correção de roteiro - Senac 13/07/13 18/07/12

2ª validação de roteiro - SESC 19/07/13 25/07/13

2ª correção de roteiro - Senac 26/07/13 30/07/13

Realização da revisão gramatical - Senac (revisor) 31/07/13 03/08/13

Proposta de identidade visual

Readequação e validação da proposta 26/07/13 03/08/13

Ajustes 06/08/13 09/08/13

2ª validação 10/08/13 14/08/13

Finalização 15/08/13 16/08/13

Produção

Desenvolvimento de curso multimídia - Senac 17/08/13 05/10/13

1ª qualidade interna da produção multimídia - Senac 08/10/13 10/10/13

1ª adequação na produção multimídia - Senac 11/10/13 15/10/13

2ª qualidade interna (conferência) da produção multimídia – Senac 16/10/13 18/10/13

2ª adequação na produção multimídia - Senac 19/10/13 22/10/13

1ª validação do SESC (receber lista de ajustes) - SESC 23/10/13 25/10/13

3ª adequação na produção multimídia - Senac 26/10/13 31/10/13

Conferência dos ajustes na produção multimídia - Senac 01/11/13 05/11/13

108

Tarefa Início Fim

2ª validação do SESC (receber lista de ajustes) - SESC 06/11/13 09/11/13

4ª adequação na produção multimídia - Senac 12/11/13 14/11/13

Conferência dos ajustes – Senac 19/11/13 20/11/13

Tecnologia

Empacotamento do curso finalizado em SCORM 21/11/13 23/11/13

Entrega do Projeto 26/11/13

Fonte: Caderno de anotações do pesquisador.

O cronograma foi organizado de maneira linear, mas, como qualquer

planejamento, deve ser flexível a adaptações. Portanto, cabe lembrar que a produção

de um curso on-line não se resume ao cumprimento das tarefas e datas propostas,

dado o número de interações e profissionais envolvidos no projeto.

Seguem comentários registrados no caderno de anotações de campo.

Vamos economizar muito com os cursos on-line, além de poder concluir em prazo muito mais rápido do que no presencial (J. F. – 13 mai. 2013).

O comentário de J. F. comprovou a existência de um mito sobre a Educação

a Distância ser um recurso mais barato que a aula presencial e, por esse motivo,

muitos a consideram uma educação de segunda linha. Esse mito, porém, foi rompido,

visto que a experiência demonstrou diversas dificuldades na produção, fato relatado

pelo conteudista do curso Administração de Armazenagem:

Se eu soubesse que seria tão complicado e demorado realizar as validações de conteúdo para esse curso on-line, eu teria ficado na tradicional educação presencial (A. M. – 13 mai. 2013).

Após encerrar o cronograma, ficou claro que a conversão de conteúdos

presenciais para uma aula on-line é mais hermética do que aparentava inicialmente,

pois consome muito mais tempo do que desenvolver os materiais para a sala de aula

presencial.

Assuntos simples podem se tornar confusos e causar muitos equívocos em

sua programação, visto que envolvem profissionais de naturezas diversas (conforme

Quadro 6). Esse fato se dá porque, na maioria das vezes, os profissionais

responsáveis pelo design, diagramação e programação do curso não são

especialistas na área para a qual o curso está sendo desenvolvido. Por esse motivo,

cabe ressaltar sobre a importância de se trabalhar com uma equipe multidisciplinar,

com uma visão transdisciplinar, dando igual importância a todos os envolvidos no

109

processo de desenvolvimento do curso on-line e, dessa maneira, estabelecendo o

diálogo com todas as áreas envolvidas.

4.2.5.3 O curso on-line produzido Após o período de acompanhamento do desenvolvimento do curso on-line

Administração de Armazenagem, finalmente tudo ficou pronto.

Foram várias as validações até o recebimento do arquivo SCORM6. Portanto,

só faltava importá-lo para o LMS e disponibilizar o curso aos funcionários da área de

logística da instituição.

Antes de relatar as experiências dos alunos, cabe um breve histórico de como

ficou o curso, reforçando que a conclusão dessa ação só foi possível devido à

interação que aconteceu entre as diversas áreas do conhecimento integradas para

atingir um único objetivo: o curso on-line.

O curso foi produzido em um conceito denominado de alta complexidade,

utilizando uma programação que comportou personagens, roteiro, exercícios, jogos e

áudios com diferentes locutores. Para atingir o objetivo, os seguintes recursos foram

utilizados:

a) desenvolvimento de três personagens (João, Alfredo e Pedro, conforme

Figura 15), com locução e legenda para as falas centrais, sendo uma

delas a principal e orientadora do curso; personagens diversificados, sem

locução, a serem utilizados em plano secundário para somar na

construção de cenários;

6 Trata-se da sigla para a nomenclatura em inglês “Sharable Content Object Reference Model”, que pode ser traduzida como “Modelo de Referência de Objeto de Conteúdo Compartilhável”, a qual designa o conjunto de padrões e especificações que compõem o protocolo de comunicação entre os objetos de aprendizagem EAD (animações, vídeos, imagens, fotografias, textos, funções e conteúdos em geral) e a plataforma Learning Management System (LMS).

110

Figura 15 – Personagens principais do curso on-line.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

b) no início de cada módulo, foi desenvolvido um vídeo com um especialista

introduzindo o assunto do curso que seria abordado em sequência (Figura

16);

Figura 16 - Personagem introduzindo o assunto.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

c) foram produzidas imagens representativas do objeto de estudo,

animações, histórias em quadrinhos, jogos, testes de revisão de

111

conceito, com a intenção de reforçar os conteúdos trabalhados por

meio de exercícios de fixação.

As três próximas figuras retratam exercícios on-line elaborados para o curso.

Figura 17 - Exemplo 1 de exercício de fixação.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Figura 18 - Exemplo 2 de exercício de fixação.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

112

Figura 19 - Exemplo 1 de teste de revisão de conceito.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Com o objetivo de elucidar o conteúdo do e-Learning Administração de

Armazenagem, segue um resumo de cada módulo com algumas imagens ilustrativas.

Módulo 00 – Boas-vindas. Composto por cinco telas com o objetivo de

introduzir o curso com as boas-vindas, apresentação da personagem

principal, conteúdo programático – resumo de apresentação de cada

módulo – e carga horária.

Figura 20 - Módulo 00 - Boas-vindas - Tela 1/5.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Módulo 01 – Armazenagem na Cadeia Logística. Composto por 18 telas

com o objetivo de apresentar a definição dos processos, bem como

113

funções, princípios e objetivos que compõem as atividades de

armazenagem na conceituação atual.

Figura 21 - Módulo 01 - Armazenagem na cadeia de logística - Tela 2/18.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Figura 22 - Armazenagem na cadeia de logística - Tela 9/18 - exercício/game.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Módulo 02 – Aspectos físicos do armazém. Composto por 15 telas com o

objetivo de caracterizar os aspectos físicos dos materiais e espaços para

estocagem, apresentando alguns fatores e funções importantes ao

sistema de armazenagem.

114

Figura 23 - Aspectos físicos do armazém - Tela 3/15.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Figura 24 - Aspectos físicos do armazém - Tela 8/15 - exercício.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Módulo 03 – Gestão de estoques. Composto por 16 telas com o objetivo

de apresentar os cálculos e tecnologias que contemplam o gerenciamento

de estoques.

115

Figura 25 - Módulo 03 – Gestão de estoques - Tela 2/16.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

Figura 26 - Módulo 03 – Gestão de estoques - Tela 16/16.

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sesc SP.

As figuras apresentadas exprimem a complexidade comprometida nesse

formato de aprendizagem, uma vez que dispõem de áudio, transcrição do áudio, vídeo

com animação e enredo, exercícios e jogos. Esses diversos objetos dentro de um item

de aprendizagem retratam a impossibilidade de elucidar o conceito de forma linear.

A construção desse curso on-line só foi possível graças a uma abordagem

transdisciplinar a qual reforçou a ideia de que nenhuma área do conhecimento é mais

importante do que a outra. De nada adiantaria a programação web, sem o designer;

de nada adiantaria toda a parte pedagógica, sem os profissionais de Tecnologia da

Informação.

116

Portanto, há relações implícitas e principalmente inter-relações nas áreas do

conhecimento para possibilitar a construção de um item de aprendizagem a ser

publicado em um LMS.

4.2.5.4 Itens de aprendizagem anexados ao curso on-line

Este tópico inicia-se com um comentário de um funcionário da Gerência de

Pessoas do Sesc SP, que já havia participado de várias ações de desenvolvimento

virtual em outras empresas antes de ser funcionário da instituição. O comentário foi

registrado no caderno de anotações no momento dos testes para incorporar o pacote

SCORM à plataforma LMS:

Curso on-line sem mediação é como abandonar o aluno à própria sorte. Por se tratar de uma primeira experiência no Sesc SP, poderíamos nesse primeiro momento pensar em fazer um curso hibrido que combinasse algumas ações presenciais. Tudo vinculado a uma comunidade de prática on-line (D. M. – 13 dez. 2013).

O comentário de D. M. fez a equipe de recursos humanos repensar a maneira

como o curso seria disponibilizado. Assim, foram adicionadas algumas atividades a

essa capacitação, de maneira a oferecer uma maior sustentação ao conteúdo

proposto.

A experiência do funcionário D. M., expressa por meio do comentário

devidamente anotado em diário de campo, fez com que se rompesse um dos grandes

mitos em EAD, ao se acreditar que o e-learning, isoladamente, sem mediação e o

devido acompanhamento de um professor/tutor, daria conta de substituir uma ação de

capacitação presencial e, dessa maneira, seria muito mais econômico, no sentido

financeiro, um curso on-line, visto que o valor gasto com o seu desenvolvimento se

diluiria com o tempo.

Assim, torna-se importante destacar que “é um erro pensar que a máquina

substitui a pessoa em suas atividades após o conteúdo de determinado curso ter sido

concluído e isto faz com que muitas instituições vejam a EAD como fonte de recursos

financeiros” (NETO, GUIDOTTI e SANTOS, 2012, p. 6).

O conteúdo on-line desenvolvido representa apenas uma parte da formação.

A partir do e-learning, diferentes estratégias de ações devem ser planejadas para que

117

ele tenha como resultado situações autênticas de aprendizagem, e para tal, não se

prescinde da “presença” do professor/conteudista e da equipe de recursos humanos.

Estes devem ser os responsáveis por desencadear e planejar as ações que

demandem o total aproveitamento do curso.

Ao analisar essa estrutura de educação, observou-se o afloramento de uma

nova dinâmica que envolveu o processo de aprendizagem no ambiente do Sesc SP,

visto que ressignificou o espaço e o tempo propriamente ditos.

Com esse olhar, foi possível constatar que a concepção do e-learning e a

implantação no LMS Saba – PERCURSOS – permitiram a adição de novos recursos

característicos do contexto de trilha de aprendizagem para o desenvolvimento de uma

competência utilizando a modalidade de Educação a Distância, por meio das TDICs,

estabelecendo novas maneiras de propiciar acesso ao conhecimento, tais como:

a multiplicidade das fontes e objetos de estudo (visto que fez uso de

diversos itens de aprendizagem que se relacionaram com o objeto

principal);

a não linearidade do processo de ensino (o aluno pode escolher realizar

um e-learning, participar de uma visita técnica ou uma reunião virtual

síncrona ou mesmo de fórum pertinente ao assunto estudado);

a condição hipertextual do conhecimento;

a sincronia e a assincronia no acesso ao ambiente de aprendizagem.

Ao visitar a obra de Morin, pode-se encontrar uma definição muito pertinente

ao assunto em pauta: “[...] procura pôr ordem e unidade num universo de fenômenos

que se apresentam com encadeamentos, multiplicidades, singularidades, incertezas,

desordem...” (MORIN, 1996, p. 236).

A experiência, com a condução dessa ação formativa, demonstrou uma maior

autonomia no sentido da obtenção, ampliação e consolidação dos saberes, o que, de

maneira geral, possibilitou a reconstrução de referenciais de conhecimento, habilidade

e atitude [competência], criando, assim, um novo sentido para o ato de aprender na

tentativa de pôr ordem em uma série de fenômenos voltados à aprendizagem

propriamente dita dentro do contexto institucional.

Nessa análise, é possível observar a educação institucional em contraposição

aos espaços tradicionais de ensino corporativo que o Sesc SP adotava no passado,

118

indicando uma significativa diminuição das questões relativas à restrição do acesso à

informação, fato que se evidenciou, uma vez que, mesmo após o aluno/funcionário

concluir o curso, todo o conteúdo continuou disponível para consulta durante todo o

tempo de sua permanência na empresa. Essa ideia ajuda a compreender que a

educação pela memorização de conteúdo está gradativamente dando lugar à

educação por meio da criatividade, uma vez que no processo educacional se torna

mais importante saber como conectar e associar a informação do que tê-la

memorizada.

Essa perspectiva permitiu uma ênfase no processo de aprendizado

direcionado para o aluno, em substituição ao tradicional modelo educacional

praticado, que tinha como ênfase o professor, uma vez que o caráter interativo

possibilitou muitas conexões e construções cognitivas, direcionando para uma

diversidade de atividades, tanto no individual como no grupal, sempre pensando nas

interações do aluno com o ambiente de aprendizagem.

A competência “logística” foi desenvolvida por meio de uma sequência de

atividades presenciais e virtuais que se complementaram e foram planejadas para

tornar o processo de aprendizagem flexível, em que o aluno/funcionário pudesse ter

autonomia para escolher qual das atividades lhe seria mais conveniente realizar.

Dessa maneira, ainda embrionária, foi elaborada a primeira trilha de aprendizagem

para os funcionários da área de logística do Sesc SP. Talvez, em um futuro próximo,

outros recursos digitais possam ser integrados a essa formação.

Essa experiência serve como base para a criação de outras trilhas de

aprendizagem. Contudo, cabe lembrar que cada ação de capacitação deve ser

pensada no seu próprio contexto; por esse motivo, não se pode afirmar que essa

experiência tornou-se um “modelo padrão”, mas sim, como base de experiência, para

a construção de trilhas de aprendizagem, uma vez que, de acordo com Franco (2001),

as situações educativas estão sempre sujeitas a circunstâncias imprevistas, não

planejadas, e, dessa forma, o inesperado acaba redirecionando o processo e muitas

vezes provoca uma reconfiguração da situação, exatamente o que aconteceu com o

curso Administração de Armazenagem que, em um primeiro momento, foi pensado

em uma versão exclusivamente e-learning, sendo posteriormente acrescentadas

mediações e ações presenciais tornando-o uma formação híbrida, inspirada no

conceito de trilha de aprendizagem.

119

4.2.6 Visita técnica

As atividades presenciais elaboradas para o curso Administração de

Armazenagem foram compostas por três visitas técnicas, sendo, respectivamente:

entro de Apoio e Logística do Sesc SP;

Porto de Santos;

empresa de logística Hipercon.

As visitas técnicas tiveram como objetivo a demonstração de como os

conceitos de logística que foram apresentados nas ações virtuais são organizados.

4.3 O QR Code como ferramenta educacional

Uma das vantagens do uso das TDICs em ações de desenvolvimento

profissional é a possibilidade de usá-las para dar sustentação e/ou para atualização

de conteúdos que, porventura, tenham surgido após as atividades educacionais

estarem prontas e devidamente aplicadas, ou mesmo em andamento.

Em ambientes organizacionais dinâmicos, como no Sesc SP, existe uma

necessidade constante de ações que transmitam informações importantes para

muitos profissionais. Conteúdos transversais precisam ser disseminados para todas

as áreas de maneira rápida e eficaz. Uma das maneiras de alcançar esse objetivo é

investir em TDICs com viés educacional, a fim de tirar os profissionais da rotina,

despertando atenção para aquilo que se pretende transmitir. Como exemplo de

recurso com essa finalidade podemos citar a tecnologia QR Code, utilizada na

instituição para elaboração de um determinado conhecimento que viria a fazer parte

de uma trilha de aprendizagem da área de Comunicação e também para todas as

áreas do Sesc SP.

QR Code é a sigla de "Quick Response"; em uma tradução literal, do inglês

para o português, significa resposta rápida. Essa tecnologia constitui-se por um código

de barras, inventado em 1994 pela Toyota e padronizado pela norma internacional

ISO/IEC 18004. Essa nomenclatura derivou de sua capacidade de ser interpretado

rapidamente por meio de um telefone celular equipado com câmera, acesso à internet

e um aplicativo específico de leitura de QR. Existem aplicativos, em geral gratuitos,

na AppleStore ou na PlayStore, disponíveis para download.

120

A utilização do QR Code tornou-se popular com o uso da internet em

celulares. Dessa maneira, empresas encontraram uma boa estratégia de marketing

para um público, via de regra, jovem. A principal característica do QR Code é

direcionar o indivíduo para um website, ou então trazer textos com informações do

produto.

Essa tecnologia é exponencialmente utilizada em museus, supermercados,

pontos de ônibus, cartazes, embalagens e em inúmeras aplicações criativas e

originais. Também é empregada em várias indústrias, na forma de revistas e

propagandas, com o objetivo de armazenar endereços de internet que depois são

direcionados para um website, hotsite, vídeo, entre outras mídias digitais.

A tecnologia QR Code permitiu criar um conceito denominado Realidade

Aumentada (RA), que vem sendo cada vez mais utilizado por meio de aplicativos de

smartphone, tornando viável, por exemplo, apontá-lo para algum lugar e obter uma

sobreposição de informações, como encontrar os restaurantes mais próximos ou

consultar preços de produtos.

O conceito de RA é utilizado com sucesso em vários setores, como educação,

medicina, física, geologia e turismo. Em Berlim, por exemplo, um aplicativo, por meio

do QR Code, permite visualizar como eram setores da cidade quando ainda existia o

Muro de Berlim, simplesmente apontando o smartphone para o local indicado.

Entendendo o potencial dessa tecnologia como mais uma ferramenta para dar

subsídio às ações de capacitação técnica, e possivelmente incluí-la em futuras trilhas

de aprendizagem, o Sesc SP realizou uma experiência utilizando esse recurso: criou

um item de aprendizagem tendo início no meio físico, representado por um marcador

de livro com informação reduzida, que ampliou seu conteúdo para o meio virtual,

permitindo o acesso a um curso digital.

A ideia principal desse item de aprendizagem era transmitir três significativas

mudanças que a instituição havia recentemente incorporado a seus clientes,

respectivamente:

1) a validade da Credencial Plena7 do Sesc SP, que passou de 12 para 24

meses;

2) netos teriam a possibilidade de incluir seus avós como dependentes;

7 Credencial Plena é o cartão de matrícula do trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo utilizado para realizar atividades no Sesc.

121

3) avós teriam a possibilidade de incluir seus netos como dependentes;

Em um primeiro momento, essas ações de capacitação utilizando o QR Code

foram desenvolvidas para os funcionários da área de Comunicação, que contemplava

aproximadamente 1.300 funcionários (cf. Capítulo 2, Tabela 2).

Em um segundo momento, notou-se a importância de todos os funcionários

do Sesc SP terem conhecimento das mudanças significativas que afetariam a

instituição e os seus clientes em geral. Dessa maneira, esses itens de aprendizagem

acabaram assumindo um caráter transversal. Assim, essa ação, também, foi incluída

para os funcionários da área de Logística, apresentada no Quadro 6 deste capítulo.

O QR Code mostrou-se uma ferramenta muito versátil, capaz de unificar os

ambientes físicos e virtuais na elaboração de conhecimento. Foi a tecnologia digital

responsável por estreitar a relação dos funcionários com um conteúdo que não

terminaria com a entrega de um item físico de aprendizagem. Essa ferramenta gerou

o estímulo de descobrir o que existe por trás de um símbolo, já que não havia um texto

no item físico, representado pelo marcador de livro.

A utilização dessa tecnologia teve como proposta central criar um clima lúdico

e descontraído que despertasse a curiosidade dos funcionários. Nesse sentido, foram

elaborados três modelos de marcador de livro que continham apenas ilustrações,

dando pistas sobre a informação que o indivíduo receberia ao acessar o QR Code.

Seguem, de maneira resumida, as três significativas mudanças com as quais

todos os funcionários precisariam estar familiarizados, e a respectiva utilização do QR

Code como recurso tecnológico no auxílio da construção do conhecimento

organizacional.

4.3.1 Primeiro QR Code - Validade do cartão de matrícula, que passou de 12 para

24 meses

A primeira mudança para transmitir aos funcionários foi a validade da

Credencial Plena do Sesc SP, que passou de 12 para 24 meses. Existia um contexto

e uma necessidade de atendimento aos clientes da instituição de maneira

uniformizada, e, por isso, os funcionários que trabalhavam diretamente com o público

122

precisavam conhecer essa mudança, para que pudessem explicá-la aos

frequentadores da instituição de maneira correta.

Figura 27 - Item de aprendizagem: validade até 2 anos.

Fonte: Sesc SP - Desenvolvido pelas designers Débora Bonilha | Telma Maria da Graça Corrêa.

A ideia desse marcador de livro, representado na Figura 27, foi demonstrar o

passado (12 meses) em um tom sépia, e o presente (24 meses) em um tom colorido.

Contudo, essa era uma informação lúdica e subjetiva. Para obter a informação

completa, seria necessário acessar o QR Code e, assim, ser levado para o curso

digital, que apresentaria todo o contexto no qual essa aprendizagem aconteceria, com

as devidas orientações de como seriam transmitidas essas informações para os

clientes da instituição.

4.3.2 Segundo QR Code - netos passariam a colocar avós como dependentes

A segunda mudança a transmitir para os funcionários era a de que os

credenciados do Sesc teriam a possibilidade de incluir os seus respectivos avós

123

(paternos e maternos) como dependentes, a fim de usufruírem de todos os benefícios

que o Sesc oferecia para os indivíduos com carteirinha denominada Credencial Plena.

Cabe lembrar que essa não era uma informação simples, uma vez que existia

uma série de regras normativas a serem cumpridas. Assim, mais uma vez seria

necessária uma ação de desenvolvimento capaz de permitir o rápido acesso ao

conteúdo, de maneira a elaborar esse conhecimento.

A figura seguinte mostra como foi realizada a transmissão desse conteúdo por

meio do QR Code.

Figura 28 - Item de aprendizagem: inclusão de avós.

Fonte: Sesc SP - Desenvolvido pelas designers Débora Bonilha | Telma Maria da Graça Corrêa.

Esse marcador de livro, representado na Figura 28, mostrava, na frente, uma

figura representando uma neta, e, no verso, uma imagem representando a avó.

Contudo, essa era uma informação lúdica e subjetiva; para se obter a

informação completa seria necessário acessar o QR Code e, assim, ser direcionado

para o curso on-line que apresentava todo o contexto no qual essa aprendizagem

aconteceria.

124

4.3.3 Terceiro QR Code - avós teriam a possibilidade de incluir seus netos como dependentes

A terceira mudança a transmitir para os funcionários foi que os avós teriam a

possibilidade de incluir os seus netos como dependentes para usufruírem de todos os

benefícios que o Sesc oferecia aos indivíduos com a carteirinha denominada

Credencial Plena.

A figura seguinte demonstra como foi realizada a transmissão desse conteúdo

por meio do QR Code.

Figura 29 - Item de aprendizagem: inclusão de netos.

Fonte: Sesc SP - Desenvolvido pelas designers Débora Bonilha | Telma Maria da Graça Corrêa.

A proposta desse marcador de livro, representado na Figura 29, indicou na

parte da frente uma figura representando um avô, e no verso uma ilustração

representando uma neta.

Contudo, essa era uma informação lúdica e subjetiva; para ter acesso ao

conteúdo completo seria necessário acessar o QR Code e, assim, ser direcionado

125

para o curso digital que apresentaria todo o contexto no qual essa aprendizagem

aconteceria.

4.4 Os resultados

Participaram dessa ação de capacitação híbrida 146 funcionários da área de

Logística, representados, em questão de idade, por três gerações, respectivamente:

26 indivíduos (17,81%) da geração baby boomer (nascidos entre 1946

a 1964);

80 indivíduos (54,79%) da geração X (nascidos entre 1965 a 1980);

40 (27,40%) indivíduos da geração Y (nascidos entre 1981 a 2000).

A tabela seguinte apresenta a divisão dos funcionários dentro do conceito de

gerações (devidamente apresentado no Capítulo 1).

Tabela 3 - Funcionários que participaram do curso Administração de Armazenagem classificados por gerações.

GERAÇÃO FUNCIONÁRIOS PERCENTUAL

VETERANOS - 1922 – 1945 0 0,00%

BABY BOOMER - 1946 - 1964 26 17,81%

GERAÇÃO X - 1965 - 1980 80 54,79%

GERAÇÃO Y - 1981 - 2000 40 27,40%

GERAÇÃO Z - A partir de 2001 0 0,00%

SOMA 146 100,00%

Fonte: LMS Saba – Percursos – Sesc SP.

Durante o processo de desenvolvimento da ação de formação, adúvida que

frequentemente aparecia nas reuniões, levantada por alguns gestores do Sesc SP,

era se pessoas acima de 50 anos e, portanto, pertencentes às gerações baby boomer

e geração X, teriam boa adaptação frente a uma formação com itens de aprendizagem

no formato digital.

Esse questionamento surgiu baseado na crença de que as novas gerações

nasceram em meio às TDICs e, por isso, existia a equivocada impressão de que

apenas eles poderiam aproveitar os benefícios das tecnologias digitais.

126

A análise e a avaliação das atividades on-line dessa ação de capacitação

demonstraram adesão e aceitação de 100% de todos os funcionários que

participaram.

Uma das maneiras de conhecer a aceitação dos alunos frente a uma ação

proposta veio da avaliação de reação8. Esse meio é muito utilizado na área de

recursos humanos e, também, foi utilizado para aferir a aceitação dos funcionários

acerca das atividades on-line propostas. Assim, uma das perguntas feitas aos

alunos/funcionários foi se eles recomendariam cursos on-line para outros funcionários

do Sesc. O resultado foi significativo, já que 100% dos alunos responderam

afirmativamente.

Com base nessa questão e, também, a partir de observações e análises de

dados, foi possível interpretar as respostas como uma adesão completa às atividades

não presenciais no formato on-line.

O gráfico a seguir exemplifica o exposto:

Gráfico 2 - Você recomendaria cursos on-line para outros funcionários do Sesc?

Fonte: Avaliação de reação – Gerência de Pessoas do Sesc SP.

Os dados apresentados, colhidos por meio da avaliação de reação, sugerem

que, sob o ponto de vista de conteúdo e aproveitamento, esse formato de ensino e

aprendizagem cumpriu o seu objetivo e foi devidamente validado pelos alunos que

participaram da ação de desenvolvimento. Assim, é possível afirmar que o formato

on-line pode caminhar ao lado do presencial, e que, juntos, contribuem para a

melhoria e a qualidade do ensino na educação institucional do Sesc SP.

8 A avaliação de reação tem como objetivo principal saber se os participantes de uma ação de treinamento gostaram das atividades realizadas e qual o seu grau de satisfação em relação a elas, ajudando a identificar possíveis erros que tenham ocorrido no processo e, a partir disso, traçar possíveis melhorias.

127

É preciso, no entanto, levar em consideração que essa ação foi concebida

dentro de um contexto institucional, fazendo com que, na maioria das vezes, o

indivíduo se sinta motivado a conhecer o novo devido à pressão que porventura possa

sofrer pela estrutura hierárquica em que está inserido.

O acompanhamento do processo de desenvolvimento e implantação das

sequências de atividades analisadas me fez entender que o modelo de aula tradicional

com o professor dominando o conteúdo, dono da informação, e o aluno só ouvindo,

ocupará, em um futuro próximo, menos espaço no cenário educacional,

principalmente em um contexto organizacional que visa ao desenvolvimento de uma

competência. É preciso entender que o conhecimento está espalhado nas mais

diversas mídias, e as salas de aulas precisam incorporar metodologias ativas como

meios de ensino e aprendizagem.

Nessa proposta de ensino/aprendizagem, o professor assume o papel,

extremamente importante, de fazer a gestão do conhecimento e mediar as diversas

maneiras de transmissão de conteúdos que são disponibilizados de acordo com o

desenvolvimento das TDICs.

Assim, pode-se afirmar que o professor abre a porta, mas é o aluno que deve

elaborar o conhecimento da maneira que ele considerar mais conveniente.

128

CAPÍTULO 5

MATURIDADE PROFISSIONAL VERSUS ATIVIDADES FLEXÍVEIS EM DESENHO

DE TRILHAS DE APRENDIZAGEM

Apesar de bem-sucedidas, as sequências das atividades relatadas foram

pouco flexíveis e projetadas de maneira linear. E cabe ressaltar que a experiência

apresentada ainda está numa fase embrionária e precisa ser explorada por outras

áreas do Sesc SP. Por esses motivos levantaram-se duas questões:

Como determinar a flexibilidade de uma trilha de aprendizagem?

Qual o melhor modelo de trilha a seguir: linear ou não linear?

As respostas para essas questões poderiam abrigar o preceito de que a

flexibilidade pode oscilar dependendo da maturidade do profissional. Nessa linha de

pensamento, é viável estabelecer três níveis de maturidade:

maturidade I – profissional com pouca experiência na função, recém

contratado;

maturidade II – profissional com experiência na função;

maturidade III – profissional especialista com muita experiência na

função.

Para a compreensão da definição de flexibilidade, foi elaborado o quadro

seguinte com o intuito de apresentar um resumo dos três níveis de maturidade

profissional, correlacionando-os com as sequências de aprendizagem sugeridas.

Quadro 8 - Flexibilidade X maturidade.

MATURIDADE I MATURIDADE II MATURIDADE III

Ações de aprendizagem com pouca flexibilidade

Ações de aprendizagem mais flexíveis

Ações de aprendizagem completamente flexíveis

Funcionário é conduzido ao longo do curso/trilha de

aprendizagem

Funcionário com maior liberdade de escolha da sua

trajetória

Percorre sua trilha totalmente de acordo com a sua

necessidade

O caminho é mais linear, é indicado seguir quase todas as

ações de aprendizagem

Funcionário seleciona parte das ações educacionais de seu interesse/necessidade

Elabora novos conhecimentos, contribui para a aprendizagem

de outros funcionários

Fonte: Elaborado pelo autor.

129

Funcionário com maturidade I: indicado para ser conduzido ao longo da trilha.

A sugestão é a de que a autonomia seja pequena, as sequências de atividades

educacionais possam ser produzidas de maneira mais rígida, considerando aspectos

lineares, contemplando um número considerável de ações pré-determinadas, com o

objetivo de guiá-lo em caminhos pré-definidos pela área de educação institucional.

Esse nível de maturidade profissional deve ser atribuído a indivíduos que

estão assumindo uma nova função ou que foram recentemente contratados e,

portanto, ainda não possuem as habilidades esperadas para as novas atividades que

deverão desempenhar. Assim, faz-se necessária uma atenção especial e

acompanhamento para orientá-los passo a passo sobre o caminho a seguir. É

indicado que a autonomia seja considerada apenas no formato da ação e talvez no

tipo de entrega da ação de desenvolvimento (presencial, a distância, on-line ou

híbrida).

Como exemplo para a maturidade I, há um funcionário do Sesc SP com a

função de Auxiliar de Atividades de Atendimento (cf. Quadro 3, Capítulo 2), recém-

contratado. É fato que ele ainda não conhece a cultura institucional, e a nova função

ainda deve ser assimilada, precisando percorrer quase todas as ações educacionais

prescritas na trilha de aprendizagem, com acompanhamento da equipe de

treinamento, em conjunto com os demais recém-contratados, sob a orientação do

gestor da área de atuação a que foi contratado. A flexibilidade para esse tipo de

maturidade poderia ser adotada apenas no que concerne ao tempo e formato

(presencial, a distância ou híbrido) da atividade, mas necessariamente seria preciso

passar por todo o conteúdo proposto.

Funcionário com maturidade II: a trilha poderá ser um pouco mais flexível do

que na maturidade I, opcional e com autoinscrição. É esperado que o profissional

nesse nível tenha maturidade e autonomia para selecionar grande parte das ações

educacionais de seu interesse e necessidade, bem como a ordem preferencial para

incluir em sua jornada de aprendizagem.

Para a maturidade II, tem-se como exemplo um Coordenador de

Contabilidade (cf. Quadro 3, Capítulo 2) que já domina sua função por estar no cargo

por mais de 3 anos. As competências já adquiridas durante o processo de ascensão

profissional poderão ser fatores que lhe permitirão encurtar sua passagem ao longo

da trilha. Assim, participará de desafios que tragam novos conhecimentos e

130

possibilitem novas competências, ou em patamares de complexidade mais elevados.

Nesse caso, a trilha poderá sugerir uma série de atividades de aprendizagem

opcionais e algumas obrigatórias.

Por fim, o funcionário com maturidade III: esse profissional não possui limites

ou fronteiras, pois é conhecedor dos detalhes de várias atividades. Além de já ter a

cultura institucional assimilada, desenvolve novas competências, e espera-se que

seja capaz de orientar funcionários inexperientes acerca de caminhos de

desenvolvimento.

Para o nível de maturidade III temos os profissionais especialistas. Para eles,

uma sequência de atividades de aprendizagem linear e rígida não faz muito sentido,

pois dele já seriam esperados o domínio de quase todo o conteúdo técnico da trilha e

a capacidade de auxiliar na construção de novos conhecimentos, contribuindo com o

processo de aprendizagem de outros funcionários. Porém, é interessante deixar os

conteúdos disponíveis para que, dentro de uma gama de opções, possa escolher a

temática que sinta a necessidade de aprimorar.

Como exemplo, para esse último nível de maturidade, podemos citar o cargo

de Gerente de Unidade do Sesc SP, com mais de três anos na função. Difícil dizer

com que tipo de contribuição uma trilha técnica de desenvolvimento poderia auxiliá-

lo. É bem provável que ele possa ajudar na construção de ações educacionais de

várias trilhas a fim de compartilhar o seu conhecimento, adquirido durante anos de

experiência na instituição.

Assim, é preciso considerar que um gerente de unidade operacional do Sesc

SP deva ser conhecedor das diversas áreas da organização, possivelmente já tendo

atuado em vários núcleos e unidades antes de ter assumido a função gerencial.

Porém, a flexibilidade de uma sequência de atividades também pode ser

influenciada por algumas variáveis, como: escala, tempo e cultura organizacional.

Vale ressaltar que, quanto mais pessoas percorrerem a trilha, maior poderá

ser a sua flexibilidade, visto que a quantidade de pessoas em ação de capacitação

pode justificar o investimento de recursos financeiros no que concerne a novas ações

educacionais. Da mesma maneira, o tempo exerce uma influência na flexibilidade das

sequências de atividades, ou seja, trilhas mais antigas podem ter ações educacionais

opcionais se forem otimizadas e adaptadas ao longo do tempo.

Os exemplos dos diferentes graus de maturidade apresentados seguem um

modelo de cargo/função especificamente desenhado para o Sesc SP, empresa na

131

qual as posições hierárquicas de gestão dificilmente são assumidas por meio de novas

contratações, mas pela ascensão de indivíduos que iniciaram carreiras na própria

instituição em cargos técnicos.

Contudo, uma trilha de aprendizagem e a sua respectiva flexibilidade e

linearidade devem respeitar a cultura organizacional. Cabe lembrar que algumas

instituições permitem mais autonomia e protagonismo, enquanto outras são mais

impositivas e restritas. É fato que o desenho de trilhas só se torna possível por meio

da utilização das TDICs, sem as quais seria difícil até imaginar esse novo conceito

educacional.

132

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Retomo aqui a questão que a pesquisa se propôs a responder: Como se dá a

incorporação das TDICs em um contexto de trilhas de aprendizagem para os

profissionais do Sesc SP?

Em um primeiro momento, para responder à pergunta/problema, foi

necessário analisar como estava organizado o quadro de funcionários da instituição e

suas respectivas áreas de atuação, correlacionando-os com as faixas etárias na

concepção do conceito de gerações.

Constatou-se, por meio de revisão literária de especialistas que, em geral,

baby boomers e geração Z, por exemplo, aprendem e se motivam por diferentes

razões. A partir desse fundamento, foi apresentado um perfil do quadro funcional do

Sesc SP no que concerne às gerações escalonadas por faixas de idade.

Em um segundo momento, foi pertinente esclarecer a definição de

competências e trilhas de aprendizagem, além de entender quais ações educacionais

virtuais estavam em desenvolvimento na instituição. Em fase embrionária, porém,

apontavam para uma necessidade latente de utilização como meio de atender à

crescente demanda da construção de conhecimento institucional aliada ao

crescimento do quadro de funcionários.

A pesquisa demonstrou que a incorporação das tecnologias educacionais

digitais na instituição se dá na medida em que as competências profissionais são

mapeadas pela necessidade de desenhar caminhos alternativos que possibilitem a

aprendizagem dos profissionais. Dessa maneira, as TDICs se infiltram na educação

organizacional e vão tecendo novos espaços de conhecimento, assumindo um papel

relevante como ferramentas e/ou ambientes pedagógicos para o desenvolvimento do

processo de ensino e aprendizagem, antes limitados física e temporalmente.

O ambiente virtual de aprendizagem PERCURSOS, representado pela

plataforma LMS Saba, foi o caminho pelo qual se deu a incorporação das tecnologias

digitais na educação institucional do Sesc SP, uma vez que permitiu integrar múltiplas

mídias. Por meio dessa plataforma, linguagens e recursos tecnológicos digitais

apresentaram informações de maneira organizada, desenvolveram interações entre

pessoas e objetos de conhecimento, elaboraram e socializaram produções, tendo em

vista atingir os objetivos estabelecidos no desenvolvimento de uma competência.

133

A pesquisa demonstrou ser precisa uma visão complexa e interdisciplinar para

a elaboração de conteúdos pedagógicos dentro de um contexto de trilhas de

aprendizagem para desenvolver uma competência profissional. Tal afirmação se

justifica pelo fato de a gama de profissionais e as diversas áreas do conhecimento

envolvidas serem importantes, de igual grandeza, para o sucesso de uma ação

formativa. Como visto no Capítulo 4, Quadro 6, a escolha, desenvolvimento e oferta

de uma ação de aprendizagem pode envolver cerca de dez profissionais de diferentes

áreas, atuando conjuntamente.

Na medida em que acontece a interação entre três instâncias: [1]

conteudistas; [2] profissionais de Tecnologia da Informação; e [3] profissionais da área

de treinamento, ocorre um alinhamento para se entender que nenhuma área do

conhecimento é mais importante que a outra, fenômeno que outorga uma

característica transdisciplinar na maneira como aconteceu a construção dos materiais

didático-pedagógicos analisados. Essas três instâncias possuem conexões entre si, e

também com o meio que as cercam, visto que são formadas por seres que vivem em

um mesmo mundo. Além de se conectarem, elas se transpassam, deixando um rastro

emaranhado de aprendizagem. Nesse sentido, é preciso lembrar que “[...] o

conhecimento nunca estará completo e a racionalidade tem limites” (MORIN, 2007, p.

27).

Emerge, então, a importância de profissionais envolvidos no processo de

produção de conteúdos educacionais on-line considerarem que mudanças constantes

são necessárias para atender às transformações culturais e sociais que ocorrem na

sociedade e se refletem diretamente no ambiente de trabalho. Assim, a incorporação

de recursos digitais que auxiliem nas questões pedagógicas passam a fazer parte da

realidade institucional.

A experiência com o desenvolvimento de materiais didático-pedagógicos no

formato eletrônico para o Sesc SP me fez entender que o ensino/aprendizagem, as

instituições e as TDICs se unem de uma forma que se estende, não como uma linha,

em que há possibilidade de fuga, de desvio, mas como uma área, uma grande faixa

ampliada ao futuro, um trajeto em que evoluem, adaptam-se e se modificam constante

e conjuntamente. Um caminho sem retorno em que a Tecnologia da Informação e a

Educação se entrelaçam na rede de construção do conhecimento.

Em uma instituição como o Sesc SP, um desafio é reconhecer que parte do

aprendizado acontece em grupo; dessa maneira, a experiência de usar o fórum de

134

discussões on-line demonstrou que a colaboração constitui um dos caminhos para a

elaboração do conhecimento, uma vez que, se analisarmos as pessoas

separadamente, formaremos uma disjunção entre elas e o seu ambiente de

aprendizagem, lembrando que, segundo Morin (1998, p. 187), “tudo que isola um

objeto, destroi a sua realidade”.

A utilização do conceito de trilhas de aprendizagem pode ser favorável ao

Sesc SP e aos seus respectivos funcionários na medida em que suporta e orienta

alguns caminhos para elaborar um determinado conhecimento, possibilitando

autonomia, flexibilidade e autodesenvolvimento, principalmente se forem levadas em

consideração as diversas maneiras de ofertar a aprendizagem, por meio de diferentes

mídias, que podem ser utilizadas na hora de oferecer materiais pedagógicos e

experiências complementares, respeitando a maturidade profissional apresentada no

Capítulo 5.

Foram abordados alguns recursos pedagógicos mediados pela tecnologia

(videoconferência, comunidade de prática on-line, game, videoaula, e-learning e QR

Code), com suporte do AVA, disponibilizados para os funcionários do Sesc SP.

Porém, o desafio futuro é desenvolver e possibilitar mais itens de aprendizagem que

possam dar conta da demanda crescente da área de T&D de maneira a desenhar

trilhas que abriguem as áreas e subáreas descritas no Capítulo 2.

Uma das vantagens em utilizar o conceito de trilhas de aprendizagem é o fato

de que esse processo otimiza o tempo investido em produção, tornando possível

disponibilizar o mesmo conteúdo para diversas áreas. Deve-se levar em consideração

que existem conteúdos transversais que precisam ser associados às diversas

atividades profissionais, atendendo a várias áreas/subáreas, como, por exemplo, as

videoaulas de MS Office e o uso do QR Code, que puderam ser oferecidos para

praticamente todos os funcionários do Sesc SP.

Muitas ferramentas educacionais mediadas por tecnologia estão disponíveis,

e outras ainda serão inventadas nos próximos anos. Cabe ao profissional da educação

selecionar quais recursos oferecer de acordo com o público que deseja atingir e o tipo

de conhecimento que precisa elaborar.

A educação sempre se apropriou das tecnologias que foram sendo inventadas

no decorrer da história da humanidade. Foi assim com o giz e a lousa, o retroprojetor,

o vídeo, o mimeógrafo, o computador, a xerocópia, entre outros. Não seria diferente

nos dias atuais, em que se pode contar com recursos da informática, ampliando,

135

diversificando e agilizando a comunicação e a disponibilidade, em rede, de conteúdos

escolares, acadêmicos e sociais. Nesse contexto, nada mais normal o fato de a

educação institucional do Sesc SP utilizar as TDICs disponíveis em prol de uma

educação significativa e autônoma, ultrapassando o modelo de repetição do saber.

Contudo, é fato que a instituição enfrenta o estímulo de incorporar o virtual às

ações de formação, uma vez que a educação está em uma fase de transição

digital/presencial, e, por esse motivo, ainda não consegue ser completamente “digital”

nem completamente presencial. Cabe lembrar que ensinar é algo da natureza

humana, mas o que é possível fazer com a máquina se ampliou, expandindo os limites

físicos das instituições escolares. A tecnologia pode estar a favor da educação. É

preciso se adaptar, pois esse é um caminho sem volta, uma vez que o digital penetra

nos meios educacionais e torna-se parte integrante da malha de ensino e

aprendizagem.

O estudo demonstrou que a educação on-line não deve ser considerada como

método alternativo ou compensatório do tradicional ensino presencial, mas como uma

oportunidade para repensar a educação numa proposta em que presencial e a

distância se complementem, num formato híbrido de ensino, emergindo uma nova

forma de ensinar e aprender na sociedade contemporânea. Assim, a educação on-

line passa a ser o yin para o yang da educação presencial; os dois meios de

ensino/aprendizagem precisam de uma ligação congênita, um escorando e

complementando o outro para que o formato da trilha de aprendizagem possa

acontecer com sucesso. Porém, é importante salientar que o ensino on-line exige

linguagem, recursos e orientações distintos dos utilizados na modalidade presencial

e sob medida para cada conteúdo, objetivo didático e público a que se destina.

As sequências de atividades de aprendizagem, com o especial protagonismo

dos cursos on-line, estabelecem um novo “ecossistema educacional” no Sesc SP. Se,

há alguns anos, a construção do conhecimento só poderia ser alcançada a partir de

instituições formais de ensino públicas ou privadas, com o uso das TDICs, qualquer

funcionário pode “contratar a aprendizagem” de um espectro bem mais amplo, uma

vez que conteúdos transversais no formato digital podem ser acessados facilmente.

O termo ecossistema traduz uma realidade na medida em que cada participante nele

influencia os outros de forma direta ou indireta, como visto no exemplo da comunidade

de prática on-line analisada.

136

O AVA do Sesc SP ganhou um papel importante na formação dos seus

funcionários, por facilitar a reunião dos profissionais alocados em contextos distantes.

Entretanto, a constatação mais relevante foi a de que, no ambiente virtual, os

funcionários podem exercitar a solução de desafios que ocorrem na dinâmica diária

da instituição. O saber prático é discutido no ambiente virtual e emerge como saber

oriundo da experiência, incorporado ao conhecimento local.

Por se tratar de pesquisa sobre assunto emergente no Sesc SP e que ainda

se encontra em estágio incipiente de desenvolvimento, espera-se que este texto tenha

oferecido contribuições de ordem prática às organizações. Do ponto de vista

acadêmico, espera-se ter contribuído para o debate teórico, fomentando a realização

de novas investigações sobre o tema.

137

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2007.

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55.

144

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa “Uma

visão da complexidade sobre o uso das tecnologias digitais em vivências formativas no Sesc

SP”. Neste estudo pretendemos compreender os caminhos pelos quais se dá a incorporação

das tecnologias digitais na Educação Institucional do Sesc SP, analisando o papel das ações

de capacitação no formato on-line em uma abordagem de trilhas de aprendizagem.

Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer

vantagem financeira. Você será esclarecido(a) sobre o estudo em qualquer aspecto que

desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu

consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é

voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na

forma em que você é atendido(a) pelo pesquisador. O pesquisador irá tratar a sua identidade

com padrões profissionais e sigilo. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que

possa resultar deste estudo.

Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou

material que indique sua participação não serão liberados sem a sua permissão. Os dados e

instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por

um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos.

Eu, ___________________________________________, portador(a) do documento de

identidade ___________________, fui informado(a) dos objetivos do presente estudo de

maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que qualquer a momento poderei

solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar, se assim desejar. Declaro

que concordo em participar desse estudo e recebi uma cópia deste Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido.

São Paulo, ______ de ____________ de 2014.

_______________________________ _______________________________ Assinatura do(a) participante Assinatura do pesquisador Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar: Pesquisador Responsável: Werley Carlos de Oliveira Fone: (11) 97048-6581 / e-mail: werleycoliveira@gmail

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ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO DE PESQUISA NA INSTITUIÇÃO