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informação Revista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Assessoria de Comunicação Social – Ano XXVIII Nº 123 – Março-Abril/2005 Entrevista com Luiz Antônio Marcuschi PÁGINA CENTRAL A UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA A UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA Lançada planta pré-industrial de fabricação de módulos fotovoltaicos que transformam energia solar em elétrica PÁGINAS 6 A 11 Lançada planta pré-industrial de fabricação de módulos fotovoltaicos que transformam energia solar em elétrica PÁGINAS 6 A 11 Assume nova gestão, comprometida com o futuro PÁGINA 5 Formação humanística e religiosa é reestruturada PÁGINA 18

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informaçãoRevista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SulAssessoria de Comunicação Social – Ano XXVIIINº 123 – Março-Abril/2005

Entrevista com LuizAntônio MarcuschiPÁGINA CENTRAL

A UNIVERSIDADEEMPREENDEDORAA UNIVERSIDADEEMPREENDEDORALançada planta pré-industrial de fabricaçãode módulos fotovoltaicos que transformamenergia solar em elétrica PÁGINAS 6 A 11

Lançada planta pré-industrial de fabricaçãode módulos fotovoltaicos que transformamenergia solar em elétrica PÁGINAS 6 A 11

Assume nova gestão,comprometida com o futuroPÁGINA 5

Formação humanística ereligiosa é reestruturadaPÁGINA 18

2 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

NESTA EDIÇÃO

ReitorJoaquim ClotetVice-ReitorEvilázio Teixeira

Diretor-Editor daPUCRS InformaçãoCarlos Alberto Carvalho([email protected])

Editora ExecutivaMagda Achutti

([email protected])Repórteres

Ana Paula Acauan([email protected])

Bianca Garrido([email protected])

Carine Simas([email protected])

Mariana Vicili([email protected])

EstagiáriosCaroline Eidt

Matheus BonezFotógrafosGilson Oliveira

([email protected])Marcos Colombo

([email protected])Arquivo Fotográfico

Cléo Belicio([email protected])

RevisãoJosé Renato

Schmaedecke([email protected])

CirculaçãoMirela Vieira

da Cunha Carvalho([email protected])

Relações PúblicasSandra Becker

([email protected])

DocumentaçãoLauro Dias

Rodrigo Ojeda([email protected])

Conselho EditorialIr. Elvo Clemente,Délcia Enricone e

Solange Medina Ketzer

ImpressãoEpecê-Gráfica

Projeto Gráfico eEditoração Eletrônica

Pense Design([email protected])

PUCRS Informaçãoé editada pela Assessoriade Comunicação Social

da Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio Grande do Sul

Avenida Ipiranga, 6681,Prédio 1, 5º andar,

CEP 90619-900Porto Alegre – RS

Fone: (51) 3320-3500,ramais 4446 e 4338Fax: (51) [email protected]

www.pucrs.br/pucinformacaoTiragem: 45 mil exemplares

13 Pelo Campus – Atividades lúdicas atraem crianças em férias

14 Reitoria – Nova gestão, comprometida com o futuro

12 Pesquisa – Metade das prefeituras tem área de comunicação

13 Pesquisa – Economistas projetam o Brasil em 2020

14 Pesquisa – Educar para a liberdade é mostrar deveres

15 Panorama – Antenas inteligentes para TV digital

16 Saúde – Alunos praticam a atenção domiciliar

17 Saúde – HSL é referência no tratamento da epilepsia

18 Novidades Acadêmicas – Formação humanística e religiosa reestruturada

20 Ciência – Museu serve de exemplo para centros de ciências

21 Tecnologia – Alunos da Química desenvolvem biodiesel

22 Ambiente – Esquistossomose expande-se para o Sul

23 Universidade Aberta – O céu visto de perto

26 Radar – PUCRS é destaque em Comunicação

27 Em Foco – Aluno virtual, aprendizagem real

28 Alunos da PUCRS

32 Lançamentos da Edipucrs

33 Mercado de Trabalho – Odontologia – Dentista: saúde para todo o corpo

34 Memória – O professor e político das causas sociais

35 Bastidores – Centro de Pastoral, abrindo horizontes

36 Ação Comunitária – A presença do voluntariado na PUCRS

40 Sinopse

44 Perfil – Thales, o amigo dos animais

46 Social – PUCRS lança Relatório Social

47 Opinião – Novos ventos na Universidade – Ir. Elvo Clemente

6 CAPA

Projetos viramprodutos,idéias setornam ações

38CULTURAO teatro ganhaespaço naUniversidade

24 ENTREVISTA

O império da escrita nomundo que fala – LuizAntônio Marcuschi,um dos principaispesquisadores emLíngua Portuguesa eLingüística do Brasil

Fedrizzi: testando oslimites da comunicação

45EU ESTUDEINA PUCRS

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 3

PELO CAMPUS

Atividades lúdicas atraemCRIANÇAS EM FÉRIAS

As férias escolares não servemapenas para divertir as crianças,mas também podem ajudá-las aentender melhor o mundo. O Pro-

jeto Recreare, organizado em janeiro pelasPró-Reitorias de Extensão e de Assuntos Co-munitários, possibilita à comunidade infanto-juvenil o contato direto com o ambiente aca-dêmico durante as férias. Por meio de brinca-deiras, apresenta as diversas áreas do co-nhecimento presentes na Universidade.

A Química foi uma das unidades maisapreciadas. Os pequenos observaram a pre-paração de um sorvete que utiliza nitrogênio eaprenderam a tingir camisetas. Suellen Silva,nove anos, encantou-se. “Foi muito legal!Também mexemos numas ‘gelecas’ e vimosaçúcar virar carvão”, conta. A unidade sor-teou três camisetas tingidas para o grupo e,

ao final do encontro, cada criança recebeu umpote com “geleca” que foi levado para a casa.

Nas Ciências Aeronáuticas, a garotadademonstrou sua performance de vôo median-te a construção de um avião de papel. Houvetambém no Túnel Aerodinâmico a demonstra-ção de como uma aeronave consegue manter-se no céu, além da realização de um vôo si-mulado.

Larissa Custódio, dez anos, está em dúvi-da entre ser modelo ou seguir a carreira aero-náutica. Para ela, a atividade oportunizou co-nhecer um pouco mais sobre as áreas nasquais poderá atuar futuramente. JessamineMelo, 11 anos, concorda: “Aqui aprendemos,brincando, coisas para o nosso futuro”.

A segunda edição do evento, coordenadopelas professoras Helenita Franco e Rosa Ma-ria Caldas, contou com a participação de oito

Em dezembro, o então Reitor daPUCRS, Ir. Norberto Rauch, inau-gurou uma placa e realizou visita

oficial da comunidade acadêmica aoEstádio Universitário. Na ocasião, foramprestadas informações técnicas sobre aobra que está praticamente concluída.

A estrutura elevada, com 20 milmetros quadrados, conta com uma pis-ta de atletismo, arquibancada para2.400 pessoas, estádio de futebol comgrama natural e pista de aquecimentocoberta. A pista de atletismo terá oitoraias, com 400 me-tros de extensão episo de fabricaçãoitaliana. O local re-ceberá praticantesde variadas modali-dades olímpicascomo lançamentosde disco, dardo,martelo e peso, sal-tos em distância,triplo, em altura ecom vara, além decorrida com obstá-

A religião comocaminho para a paz

A religião vem sendo usada como causa paraconflitos sangrentos nas mais variadas épocas e re-giões do planeta. No mundo contemporâneo, o Ori-ente Médio é o cenário de um fundamentalismo re-ligioso que põe em pé de guerra diariamente ho-mens e mulheres que habitam o mesmo espaço.Mas com tolerância e inspiração nos aspectos posi-tivos de cada credo é possível mudar esse contexto.Uma teologia para outro mundo possível foi a pro-posta do primeiro Fórum Mundial de Teologia e Li-bertação, realizado em janeiro na PUCRS.

O evento reuniu cerca de 200 teólogos de todosos continentes, antecedendo o 5º Fórum SocialMundial. Estiveram presentes o sociólogo portuguêsBoaventura de Sousa Santos; o doutor em Teologia eautor de mais de 60 livros Leonardo Boff; o jornalis-ta e teólogo Frei Betto; e o chileno Sérgio Torres, queatuou no Movimento Cristão para o Socialismo nogoverno Salvador Allende. Os debates tentaramidentificar como as igrejas cristãs estão engajadasnas causas sociais e refletir sobre o papel da reli-gião no atual mundo complexo e repleto de conflitos.

O Fórum Mundial de Teologia foi realizado peloCentro de Pastoral e pela Pró-Reitoria de Extensãoda PUCRS, sendo promovido por diversas entidadesligadas à causa teológica.

culos. A iluminação contará com seistorres metálicas de 27 metros e 20 re-fletores com lâmpadas de vapor metá-lico de 2 mil watts.

O conjunto do Parque Esportivo,além do Prédio Poliesportivo (já inaugu-rado) e do Estádio Universitário, temespaços para outras modalidades es-portivas como futebol sete, vôlei emareia, tênis e caminhada. Oportuna-mente, será construída a arena esporti-va que poderá receber público de até 7mil pessoas.

Brincadeiras dentro da Universidade

Rauch apresentaESTÁDIO UNIVERSITÁRIO

Faculdades: Arquitetura e Urbanismo; Bio-ciências; Ciências Aeronáuticas; Enfermagem,Fisioterapia e Nutrição; Educação Física eCiências do Desporto; Matemática e Quími-ca. Também integraram a programação aPUCRS Virtual e o Museu de Ciências e Tec-nologia.

Rauch mostrou a obra à comunidade

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REITORIA

4 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

NOVA GESTÃO,Odia 9 de dezembro de 2004 foi uma data importante na histó-

ria da PUCRS. Marcou a posse do novo Reitor da Instituição,Ir. Joaquim Clotet, substituindo o Ir. Norberto Francisco Rauch,

que a dirigiu por 26 anos con-secutivos. Foi uma cerimôniainesquecível, antecedida pormissa de ação de graças, ce-lebrada pelo Chanceler da Uni-versidade e Arcebispo Metro-politano de Porto Alegre, DomDadeus Grings, na Igreja Uni-versitária Cristo Mestre, noCampus Central.

No Salão de Atos, repletode professores, de funcioná-rios, de alunos e de familia-res, ocorreu a cerimônia deposse que começou com ohino nacional brasileiro e ohino pontifício cantados pelo

Coral da PUCRS, acompanhado pela Orquestra da Universidade, regidapelo maestro Frederico Gerling Jr.

O Ir. Norberto Rauch fez seu discurso de despedida. Durante o pro-nunciamento, em mais de uma ocasião, emocionou-se e foi aplaudidode pé. Em palavras sóbrias e objetivas apresentou a trajetória de maisde duas décadas de Reitoria. Fez referência a alguns tópicos que consi-derou importantes em sua administração, citando a política de pessoalcomo a grande chave do sucesso. Destacou, também, as condições deinfra-estrutura física, o enriquecimento do ensino de graduação e aconsolidação notável da pesquisa.

A transmissão do cargo de Reitor ao Ir. Joaquim Clotet realizou-sepela imposição do Capelo e da Samarra de cor branca, símbolos daReitoria, pelo Ir. Norberto Rauch. Depois tomou posse o Vice-Reitor, Ir.Evilázio Teixeira.

O novo Reitor Joaquim Clotet iniciou o seu pronunciamento des-tacando o trabalho de seu antecessor. Lembrou os compromissos daPUCRS como Universidade católica, dando destaque especial à qualida-de e à visão da Instituição como entidade empreendedora. Depois en-tregou as portarias de nomeação dos demais integrantes da Adminis-tração Superior: pró-reitores, chefe de gabinete, assessores da Reitoria,diretores de Faculdades, institutos, órgãos suplementares e dos campi.

Homenagem especial foiprestada ao ex-Reitor Norber-to Rauch. O presidente do Con-selho de Reitores das Univer-sidades Brasileiras, ManassésFonteles, entregou-lhe o diplo-ma de Membro Honorário daentidade. O Vice-Governadordo Estado, professor AntônioHohlfeldt, também falou naocasião. Na parte final da ce-rimônia, Coral e Orquestra daPUCRS interpretaram o HinoRio-Grandense.

Salão de Atos ficou lotado

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Foto: José Ernesto/Correio do Povo

comprometida com o futuro“Para enfrentar os grandes desafios do século

21, a PUCRS está comprometida com o desenvolvi-mento das ciências e sua utilidade, o prestígio dosaber, a liberdade da pesquisa científica e a prepa-ração dos acadêmicos para a vida pública.”

“A PUCRS olha com otimismo e confiança parao futuro, orientada por uma longa e desafiadoramissão educativa que requer de todos os que nelase envolvem muito amor, doação e saber.”

“A Universidade continuará sua marcha histó-rica, pautada pela qualidade e pela responsabilida-de a serviço da comunidade, sem fechar os olhospara as profundas desigualdades sociais do Brasil. Aceita os desafios dacontemporaneidade no que tange ao progresso tecnológico, sem esquecerdo compromisso solidário com a chamada inclusão social.”

“Em nosso projeto institucional ocupa um lugar destacado o interessepela qualidade. Qualidade do multiforme exercício da docência, por meio daatualização didática, conceitual, científica e profissional dos professores, vi-sando a que o nosso estudante aprenda a aprender. Qualidade da pesquisanos mais diversos níveis, considerando a sua relevância e pertinência. Quali-dade da extensão. Olhamos para uma universidade aberta e compromissadacom o seu entorno social, empenhada no aperfeiçoamento dos seus egressos.”

“Às três características que definem a instituição universitária, ensi-no, pesquisa e extensão, deve-se acrescentar hoje uma quarta que é oempreendedorismo. Esta nova visão da universidade como entidade em-preendedora, resultado das condições sociais do novo século, de modonenhum deve desviá-la do seu compromisso histórico com as ciênciashumanas e teológicas que foram e continuam sendo sua matriz.”

“O exercício da Reitoria representa a renúncia de muitos projetos pes-soais para assumir em plenitude o grande Projeto Institucional. (...) Nãome perguntem, ao término da sessão, se meus ombros estarão mais ali-viados. Nunca considerei o exercício da Reitoria como um fardo a carregar,mas sim, uma missão a realizar, desafios a superar.

Confesso com singeleza que depois de 26 anos de reitorado saio comos mesmos bens materiais e financeiros com que entrei, isto é: nada alémde uns poucos e pequenos objetos de uso pessoal. Gostaria que fosse

compreendido por todos, que ainda há bom nú-mero de pessoas que entregam suas forças, suavida, por outros ideais que não sejam os bensmateriais e financeiros.

Dois são os sentimentos e atitudes maiscondizentes para este momento: o reconheci-mento das próprias limitações, erros e omissõesno exercício do cargo. Por isso, renovo meu pe-dido de perdão. Em segundo lugar, o reconheci-mento de tudo quanto de bom, de positivo, deavanços e progressos foi possível atingir. Comoninguém o pode fazer sozinho, por suas própriasforças, cabe o meu profundo agradecimento aDeus, a Nossa Senhora e São Marcelino Cham-pagnat pelas inspirações e forças do alto.

A Universidade não é obra de um Reitor, mas de uma comunidade universi-tária. Por isso, com ela partilho os méritos de todos os resultados alcançados.”

TRECHOS DO DISCURSO DO REITOR IR. JOAQUIM CLOTET

EMOÇÃO NA DESPEDIDA DO IR. NORBERTO RAUCH

A busca da excelênciaAs três áreas essenciais da Universidade, ensino, pesquisa e ex-

tensão, estarão focadas na busca de mais excelência em nível inter-nacional durante a nova gestão. A intenção é ampliar a interação coma sociedade. Na área da pesquisa, uma das formas de atingir esseobjetivo é direcionar os estudos para as demandas da comunidade.“A PUCRS deve destacar-se como uma das mais importantes do Paísem pesquisas nas áreas básica e aplicada”, destaca o Pró-Reitor dePesquisa e Pós-Graduação, Jorge Audy. A Pró-Reitoria tentará ampliaro registro e a comercialização de patentes da Instituição.

A relação com a comunidade também constitui fator importante emtodos os currículos de graduação, pois os alunos interagem com práticase ações sociais no âmbito dos estágios. “Os novos currículos inseremcom ênfase atividades práticas desde o início da formação, encami-nhando o futuro profissional a situações de campo, reduzindo significa-tivamente as horas destinadas à teoria em sala de aula”, diz a Pró-Rei-tora de Graduação, Solange Ketzer. A grande mudança em relação aospadrões estabelecidos pelos currículos anteriores ocorre com a implan-tação de uma visão teórico-prática sobre todas as formações.

A Pró-Reitoria de Extensão (Proex) terá como foco as relações com acomunidade empresarial e órgãos governamentais e não-governamen-tais. “A missão da Extensão é levar as ações da graduação e pós-gra-duação, o ensino e a pesquisa, ao conhecimento da comunidade”, diz oPró-Reitor Roberto Moschetta. Uma das mudanças na estrutura da Proexque possibilitará melhor cumprimento do seu papel será a inclusão doCentro de Eventos e da PUCRS Virtual – Unidade de Educação a Distân-cia. “A Graduação e a Pós-Graduação são áreas reguladas pelo Ministé-rio da Educação. A Extensão permite o exercício da criatividade da Insti-tuição”, lembra Moschetta. As atividades de extensão também passama contar no novo sistema de avaliação dos cursos feita pelo MEC.

Os aspectos prioritários da Pró-Reitoria de Graduação, nesta novagestão, centram-se na qualificação de todos os processos acadêmicosafetos ao setor, incluindo capacitação dos professores para acompa-nhar as novas mudanças curriculares estabelecidas pelas DiretrizesCurriculares Nacionais do Ensino, ênfase ao acompanhamento do alunoque apresenta dificuldades de aprendizagem não apenas cognitivas,mas de várias naturezas e o estudo de novas modalidades de acesso,como Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e mesmo o Universida-de para Todos (ProUni).

A capacitação dos docentes passa a ser obrigatória, diz Solange,uma vez que é preciso prepará-los para currículos diferenciados. “É ur-gente e necessária tal adequação, pois de nada adianta mudar os cur-rículos ‘no papel’, sem que haja reflexos em novas formas de ensinar.”Ao longo dos últimos dois anos, mais de 40 dos cursos passaram porreformulações curriculares. “Há que se alinhar a tarefa do docente à vi-são de uma formação empreendedora, que permita aos nossos alunosnão apenas a reprodução do que foi estabelecido, mas que consigamser criativos na solução dos problemas a serem enfrentados em seucampo profissional.”

Associado a esta “nova sala de aula”, que exigirá de todos muitomais do que ensinar a ensinar, mas o ensinar a aprender, será dadaênfase à formação da pessoa, como parte integrante do currículo. So-lange destaca a importante tarefa a ser exercida por educadores queformarão os profissionais do futuro em busca de relações humanascompromissadas não apenas com o foco de seu trabalho, mas com asolidariedade planetária.

A PUCRS tem tido o cuidado de criar cursos após pesquisa que re-vela as necessidades locais de implantação de determinadas forma-ções. Com isso, espera atuar de forma integrada ao desenvolvimentoregional, abrindo novas frentes a partir das demandas.

CAPA

6 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

Por Ana Paula Acauan

APUCRS está adotando uma série demedidas para se tornar uma uni-versidade empreendedora. Em vezde praticar apenas ações inova-

doras isoladas – importantes, mas não sufi-cientes –, professores, funcionários e alunosencontrarão cada vez mais espaço para propore integrar projetos que se transformem em pro-dutos ou serviços e encampar idéias que pode-rão ser concretizadas. Um dos principais resul-tados a alcançar é que o processo de ensino-aprendizagem combine geração de conheci-mento e práticas que aproximem o estudantedo mercado de trabalho antes da formatura. Oambiente de pesquisa também deve levar emconta, além da excelência, a relevância para asociedade.

Um exemplo de sucesso que integra fatorescomo formação de pessoal, alta tecnologia,preservação do ambiente, cumprimento de de-manda social e relação com empresas é aplanta pré-industrial de fabricação de módulosfotovoltaicos eficientes (para transformação deenergia solar em elétrica), que será lançadaneste mês de março. O Núcleo Tecnológico deEnergia Solar (NT-Solar), do Centro de Pesquisae Desenvolvimento em Física, instalado no Tec-nopuc (Parque Tecnológico), em conjunto comCEEE, Petrobras e Eletrosul, tem o prazo dedois anos para implementar um processo com-pleto de fabricação de 200 módulos. A minifá-brica, pioneira na América Latina, será a ga-rantia da viabilidade em escala industrial. Se-

rão investidos R$ 4 milhões na iniciativa.Se no final desse período nenhumadas companhias envolvidas no pro-

cesso tiver interesse na comer-

Projetoidéias Projetoidéias

cialização, o projeto será repassado a outraempresa, de preferência nacional. O objetivodos parceiros é que o País consiga a auto-sufi-ciência em energia solar e chegue a exportardevido à falta no mercado do Primeiro Mundode células solares de alta qualidade com valo-res acessíveis. No Brasil, 12 milhões de pesso-as não têm acesso à energia elétrica. Há casosem que o sistema solar fotovoltaico é mais viá-vel economicamente, como na Amazônia, emque a distância e a baixa densidade populacio-nal inviabilizam a extensão da rede elétrica de-vido ao custo. Como a energia solar é renová-vel, sem prejuízo ao ambiente, há ainda a metade atingir todas as classes sociais.

A PUCRS foi escolhida para sediar a plantapré-industrial porque o NT-Solar, coordenado

pelos professores Adriano Moehlecke e IzeteZanesco, abriga o Centro Brasileiro para Desen-volvimento de Energia Solar Fotovoltaica, queenvolve parceria com os governos federal, es-tadual e municipal e CEEE. A Universidadetambém tem uma patente relativa às célulassolares eficientes de baixo custo. A iniciativafaz parte da Rede Brasil de Tecnologia, do Mi-nistério da Ciência e Tecnologia, que articulagoverno, universidades, agentes financeiros eempresas, contribuindo para o desenvolvimen-to da pesquisa aplicada e a capacitação tecno-lógica do País. O objetivo é que o Brasil, alémde produzir os módulos fotovoltaicos, formepessoal capacitado. Trabalharão na planta pré-industrial da PUCRS 15 alunos de graduação epós-graduação em Física e Engenharia.

PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO MÓDULO FOTOVOLTAICO

Lâmina de silício, a matéria-prima.

Forno de difusão: com temperaturas em torno de1.000ºC, altera as propriedades físico-químicas damatéria-prima para produzir a célula solar.

Processo de metalização: usa-se um forno de infra-vermelho para recozer a malha metálica visando acoletar a energia elétrica produzida e equipamentode serigrafia de alta precisão para depositar a ma-lha metálica (foto).

Está pronta a célula solar.Soldadora automatizada com infraver-melho: une as células solares para ob-ter uma determinada potência.Laminadora: as células são combina-das com vidro e EVA (acetato de vini-la), para protegê-las das intempéries.Módulo fotovoltaico.

Cases de sucesso

Somando capacidades

Ao abrirem a própria empresa, aGetter, TI para Gestão e Vendas (www.getter.com.br), Rodrigo Pereira, FábioPfeiffer e Fabiano Barboza fugiram dosriscos que fazem com que os empreende-dores não tenham sucesso. Evitaram osaltos juros – não fizeram financiamentos– e planejam os seus passos. Os primei-ros projetos renderam os recursos paramontar o negócio. Somente neste primeirosemestre se desligarão das empresasonde trabalham para se dedicar total-mente aos seus clientes. A partir da iden-tificação das necessidades, a Getter ofe-rece a implantação de sistemas, forne-cendo toda a solução, desde a infra-es-trutura até o modelo de gestão. Um exem-plo é a elaboração de ferramentas espe-cíficas para cada caso.

Pereira e Pfeiffer se conheceram naFaculdade de Engenharia da PUCRS,onde se formaram em Engenharia Elétri-ca, ênfase em Computadores, uniram-sea Barboza, ex-aluno de Administração deEmpresas da Universidade, e resolveramsomar capacidades. Uma característicaem comum é a ambição de que o negóciose consolide. “Montar uma empresa ex-trapola ocupar um bom cargo numagrande companhia”, destaca Pfeiffer. Opróximo passo da Getter é contar comoutros especialistas, como em finanças.A qualificação constante também é umadas metas dos três sócios.

Pfeiffer (esq.), Pereira e Barboza

os viram produtos,se tornam ações

os viram produtos,se tornam ações

Cases de sucesso

Prática no mestradoPara Taisa Novello e Virgínia Cunha,

a dissertação de mestrado passa longeda teorização pura e simples. Bolsistasda HP, no Tecnopuc, dizem que o grandediferencial do Programa de Pós-Gradua-ção em Ciência da Computação daPUCRS é a proximidade com as empre-sas. “Fazemos mestrado e estamos nomercado”, festeja Taisa. Virgínia destacao fato de o trabalho ser aplicado na orga-nização. Elas realizam um sistema paraacompanhar o processo de desenvolvi-mento de software. O tema foi amadure-cido em conjunto entre as mestrandas,os orientadores da bolsa e da disserta-ção e dirigentes da empresa.

Cases de sucesso

Atuação como bolsistarende emprego

Apesar de ter sido selecionado paradois programas de pós-graduação, Lean-dro Lopes escolheu o Mestrado em Ciên-cia da Computação da PUCRS por acredi-tar nas parcerias que a Universidademantém. Não se arrependeu. Bolsista daDell, a sua dissertação está sendo apli-cada na empresa e, ainda antes de de-fendê-la, tornou-se funcionário na áreade qualidade de software do Global De-velopment Center (GDC), no Tecnopuc,em setembro de 2004. O seu trabalhotratou da engenharia de requisitos emambientes de desenvolvimento distribuí-do de software. Criou um modelo paradetectar as necessidades do usuário edescobrir as melhores soluções paraatendê-las. Lopes lembra que o processosofre interferências culturais, e grandeparte dos produtos da empresa feitos noBrasil vai para o exterior. Acompanhouprojetos da Dell na PUCRS e entrou emcontato com as coordenações de outrosdois GDC (na Índia e nos EUA). “Não en-cerro a vida acadêmica. A experiênciaprática leva a enxergar dificuldades quepodem ter soluções por meio do estudo.”

CAPA

8 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

mentais e de fomento. “Estamos numa etapa deconsolidação das conquistas e de buscar maisinteração com a sociedade. O grande desafioagora é integrar as áreas humanas e sociaisaplicadas neste processo”, diz o Pró-Reitor dePesquisa e Pós-Graduação, Jorge Audy. Alémdas parcerias nacionais, a Universidade procuraintegrar-se a redes internacionais. “O nossoprincipal fim é dar mais oportunidades aos alu-nos, aumentar o seu nível de empregabilidade,desenvolvendo suas competências e estimulan-do atitudes.” Em 2004, as empresas convenia-das com a PUCRS pagaram o curso de mestradode 119 estudantes.

No âmbito interno, será incentivada a atua-ção mais colaborativa. Na Faculdade de Enge-nharia (Feng), a idéia é aproximar as pessoasem busca de resultados mais eficazes. “Pode-mos obter ganhos substanciais por meio dacombinação de perfis acadêmicos e empresari-ais”, observa o diretor da Feng, Edgar Bortolini.O vice-diretor da Faculdade de Administração,Contabilidade e Economia (FACE), André Duhá,lembra que os dirigentes dão oportunidades,mas é preciso haver o comprometimento de to-dos na concretização de uma universidade em-preendedora.

Para Ricardo Bastos, diretor da Agência deGestão Tecnológica e Propriedade Intelectual(AGT), gestora do Tecnopuc, chegou o momentode gerar frutos a partir da sinergia entre as em-presas e entidades presentes no Parque. Diz queo ambiente é rico e propício a iniciativas que vi-sem ao crescimento profissional dos alunos etragam benefícios aos envolvidos. Essas idéiaspoderão ser fomentadas em reuniões bimensaisque a AGT realizará, a partir de março, com re-presentantes das companhias instaladas noTecnopuc. O Centro de Convivência também foicriado com o objetivo de integração, para reali-zação de eventos (a sala tem 100 lugares) e con-fraternizações. “Cada vez mais deveremos a-proveitar as potencialidades que há aqui. O am-biente acadêmico emana vida e a existência devárias empresas propicia a troca”, avalia o geren-te de Consulting da HP, Ricardo Jacobus. Após ainstalação de companhias de Tecnologia da In-formação e do Centro da Física, o Parque conso-lida a área de Biotecnologia e Ciências da Saúde.

Serviços inovadores e tecnologiaUm dos canais para a intermediação com a

sociedade é a Pró-Reitoria de Extensão (Proex),com foco na comunidade empresarial, entida-des e órgãos do governo. O Centro de EducaçãoContinuada da Proex tem por missão identificaras demandas do mercado e servir como ponteentre as empresas e a Universidade. A PUCRS

oferece cursos adequados a necessidades es-pecíficas e também a sua infra-estrutura deesportes e cultura. O Pró-Reitor Roberto Mos-chetta explica que são prestados serviços emáreas de competência exclusiva da Universida-de, em que não há solução equivalente no mer-cado, a exemplo do que fazem os LaboratóriosEspecializados em Eletroeletrônica, Calibraçãoe Ensaios (Labelo).

Entre as medidas que começam a ser im-plementadas pela PUCRS está o Escritório de In-teração e de Transferência de Tecnologia (EITT),ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Gradua-ção. O Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq) aprovou doisprojetos destinando verbas para a consolidaçãodo Escritório e do Núcleo de Comercialização. Oobjetivo é ampliar o registro e a comercializaçãodas patentes derivadas dos projetos de pesqui-sa da Universidade, não apenas os realizadosem parceria com empresas, e criar mecanismosde transferência tecnológica para empresas eindústrias. O EITT representa uma evolução noconceito de interação e transferência de tecno-logia na PUCRS, pois amplia sua área de atua-ção, abrangendo agora todos os projetos depesquisa e desenvolvimento da Universidade, enão somente os realizados com apoio financeirode empresas sob gestão da AGT.Lopes atua no Tecnopuc

Redes e relações internasParceira de um grande número de empre-

sas, entre elas quatro das maiores de Tecnologiada Informação do mundo, HP, Dell, IBM e Micro-soft, a PUCRS trabalha agora na consolidaçãodas relações para se viabilizar como universida-de empreendedora. A nova fase requer estreita-mento das relações internas e externas. As Fa-culdades e os Institutos devem buscar desen-volver ações conjuntamente e firmar acordoscom companhias, associações, órgãos governa-

Virgínia e Taisa: perto das empresas

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 9

Microsoft, PUCRS e empresasUm dos projetos em parceria da PUCRS

com a Microsoft se refere à preparação de em-presas para qualificação e certificação no mo-delo Capability Maturity Model Integration(CMMI), utilizado internacionalmente para me-dir a qualidade de desenvolvimento de softwa-re. A PUCRS e o Centro de Estudos de SistemasAvançados do Recife (Cesar), associado aoCentro de Informática da Universidade Federalde Pernambuco, participam do processo, emconjunto com a empresa Integrated SystemDiagnostics (ISD). O objetivo é aumentar acompetitividade do software do Brasil no exte-rior, alinhando-o aos padrões internacionais. OCentro de Tecnologia XML Microsoft/PUCRS/Dell, situado no Tecnopuc, será responsávelpelo apoio logístico e parte dos cursos de capa-citação para as empresas. O processo começa-rá em março.

O professor da Faculdade de InformáticaDaniel Callegari, coordenador técnico do CentroXML, desenvolverá a sua tese em qualidade desoftware no novo Doutorado em Ciência daComputação. Acredita que, com o envolvimentoda PUCRS no processo de certificação CMMI, o

seu trabalho pode-rá ter aplicação di-reta. Callegari atuano relacionamentocom as empresasque usufruem dosserviços do CentroXML. “Nos EUA,80% dos cientis-tas atuam em em-presas. No Brasil,a proporção é in-versa”, diz, com-

plementando que é necessário mudar essamentalidade. A coordenadora-geral do CentroXML, Lúcia Giraffa, afirma que cada vez mais aUniversidade deixa de ser considerada umainstituição isolada e está focada na solução deproblemas em benefício da comunidade.

QualificaçãoO Centro de Tecnologia XML conta com di-

versos estudantes dos cursos de Sistemas deInformação, Ciência da Computação, Engenha-ria da Computação e Pedagogia Multimeios eInformática Educativa. Completará dois anosem abril tendo encaminhado 27 alunos ao mer-cado de trabalho. A novidade é o lançamentodo programa de residência, em que bolsistas,escolhidos por empresas que usam a tecnolo-gia .NET (para o desenvolvimento de aplicaçõesno ambiente Web), passam um período de ca-pacitação no Centro XML. O principal objetivo écapacitar e certificar profissionais de empresaspúblicas e privadas, além de instituições deensino gaúchas. O Centro também preparamultiplicadores que trabalham em escolas deinformática numa parceria com a FundaçãoPensamento Digital.

O aluno do 7º semestre deSistemas de Informação AndréLuiz Becker começou a atuar noCentro XML como voluntário, inte-grando o Programa Especial deTreinamento (PET). Líder técnicodos bolsistas, diz que a experiên-cia contribui para a sua formaçãoacadêmica. Ele também tem cer-tificação Microsoft Certified Appli-cation Developer.

Outro convênio assinado noinício deste ano foi com a IBMpara o uso no ensino e na pes-quisa de softwares (mais de 1,2

Cases de sucesso

Inventor na sala de aula

André Bobsin desenvolveu o Sistemade Coleta de Dados Meteorológicos nadisciplina de Trabalho de Integração docurso de Engenharia Elétrica, ênfase emTelecomunicações. Recém-formado, Bob-sin atua na Infraero desde 1998. O siste-ma consiste numa placa que obtém da-dos a partir dos sensores instalados noanemômetro (aparelho que mede a velo-cidade, intensidade e direção do vento)que compõe o sistema. Poderá incluir amedição de outras variáveis. Os dadosadquiridos, apresentados em tempo real,são acumulados para cálculo da média deobservações. A inovação está na trans-missão. Usando o módulo wireless GSM,há duas formas de envio dos dados: se aaplicação exigir transmissão em temporeal, usa-se o CSD (via comutação de cir-cuitos). O microcontrolador envia coman-dos de discagem ao módulo, que efetuauma ligação para um terminal telefônicomóvel ou fixo que esteja equipado comum modem. A outra forma é o GPRS(transmissão de dados via internet), emque se transmite o histórico dos dadoscoletados. Os serviços são disponibiliza-dos pelas operadoras GSM, tornando autilização possível em locais com cober-tura das operadoras de telefonia móvel.

Uma possível aplicação é a trans-missão de dados sobre o histórico deocorrência de ventos, visando à implan-tação de uma fazenda eólica. Após a ins-talação dos geradores, os registros po-dem ser adquiridos pelo sistema, dis-pensando a coleta manual. No desenvol-vimento Bobsin contou com a ajuda dopessoal da Mobisol, empresa integranteda Incubadora Raiar.

Bobsin formou-se em 2004

Alunos aprendem no Centro de Tecnologia XML

A prática como aliada:Becker (esq.) e Callegari

CAPA

10 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

rão multipli-cadores juntoaos colegas.A primeira ex-periência seráv i ab i l i z adacom a criaçãodo Laborató-rio de Robóti-ca Educacio-nal, num pro-jeto em con-junto com asescolas ma-ristas e a empresa Muri, da área de automa-ção, e mais adiante se expandirá para outroscampos da Engenharia. O projeto pretende serinédito quanto à inserção de alunos de EnsinoMédio numa área de interesse, envolvendo otreinamento e a pesquisa desenvolvida pelosestudantes na área de robótica e a capacita-ção dos futuros profissionais para o mercadode trabalho.

Os alunos do 1º e do 2º semestres da En-genharia também poderão praticar como de-senvolver uma empresa real por meio de pro-grama elaborado pela Junior Achievement, or-ganização de educação prática em economiae negócios, criada em 1919 nos EUA. Os es-tudantes criarão um produto e deverão ela-borar um plano incluindo o capital inicial, omercado, os concorrentes e o preço, entre ou-tros itens. Serão acompanhados por professo-res da Universidade ou profissional ligado à

área envolvida. A atividade estará aberta ainteressados, será extracurricular e poderá ge-rar competições.

A Feng terá uma empresa júnior, a partir demarço, sem fins lucrativos, integrada por 50 a100 alunos a partir do 3º semestre (os cursosda Engenharia têm o total de dez) que atuarãocomo consultores. Os membros terão a oportu-nidade de trabalharem problemas reais, exerci-tando-se como profissionais ainda antes daformatura. Poderão inclusive contar com oapoio da AGT e da Raiar – Incubadora de Em-presas da PUCRS.

Os grupos de pesquisa e Pós da Feng estãoorientados a adotar uma postura empreende-dora. Um dos exemplos é o Grupo de Sistemasde Energia Elétrica (GSEE), focado em resulta-dos e na busca de soluções inovadoras de bai-xo custo. O Grupo conta com 32 integrantes,entre bolsistas, professores e ex-profissionais

Cases de sucesso

Empresa atendea 23 cooperativas

O aluno do 6º semestre de Adminis-tração – ênfase em Análises de Siste-mas da PUCRS Giancarlo Montanari eFrancisco Freitas, que estudou o mesmocurso na Universidade, uniram-se aMarcos Ferreira e Guilherme Martinspara formar a 4 TI (www.4ti.com.br),uma das incubadas da Raiar. Em menosde um ano – a empresa foi constituídaem abril de 2004 e se instalou na incu-badora em junho –, a 4 TI conseguiu 23cooperativas de crédito como clientes ecomeça a pensar em novos públicos. Aempresa é especializada em prestar as-sessoria em informática e consultoriapara a formação das cooperativas. Tra-balha, por exemplo, para a Cecres, Coo-perativa de Crédito Mútuo dos Emprega-dos e Servidores da Sabesp e em Empre-sas de Saneamento Ambiental do Estadode São Paulo. “Ter a nossa empresa é arealização de um sonho”, destaca Mon-tanari. “Há dias em que trabalhamos nostrês turnos”, cita Freitas.

4 TI é incubada da Raiar

mil) voltados aos cursos de Administração deEmpresas, com ênfase em Análise de Siste-mas, Engenharia e Informática. São ferramen-tas para o desenvolvimento de programas emonitoramento de redes, por exemplo.

Engenharia e o empreendedorismoA cultura do empreendedorismo deve ser

estimulada desde cedo. A Faculdade de Enge-nharia implanta, a partir de março, um projetoenvolvendo os alunos do Ensino Médio, quepodem ser os futuros universitários. Os parti-cipantes, selecionados pelas escolas (no iní-cio, apenas as maristas de Porto Alegre), se-

GSEE: foco em resultados e soluções inovadoras

Ao atingir um grau de maturidade eexcelência na área acadêmica,com posição de liderança cientí-

fica, a Universidade encontra-se num de-safio, analisa o professor do Departamentode Filosofia e doutor em Ética Ricardo Timmde Souza, que assume a partir de março achefia do Escritório de Ética na Pesquisana PRPPG. O desafio da PUCRS é preser-var a consistência e a identidade acadêmi-ca sem se isolar, cumprindo seu compro-misso com a comunidade. “Ciência, Ética eEpistemologia (estudo do conhecimento)não podem ser vistas separadamente”,destaca Souza, dizendo que a Ciência devebeneficiar a sociedade. Para responder aesses desafios e estabelecer as diretrizesgerais, a PUCRS, na vanguarda dos assun-

Caminho traz desafios éticostos relacionados à Ética, lançará o Comitê deÉtica do Desenvolvimento Científico e Tecno-lógico (Cedecit). O grupo preparatório publica-rá em março um livro sobre desafios éticosem diversos campos de atuação, organizadopor Souza.

Os Comitês de Bioética do Hospital São Lu-cas, de Ética em Pesquisa e de Ética e Animaisda PUCRS, o último em implantação, atendemà legislação sobre pesquisas com seres huma-nos e animais. O Cedecit pretende antepor-seaos problemas que possam surgir das relaçõescom empresas, como o conflito de interesses.Além de Souza, fazem parte professores de di-ferentes áreas do conhecimento: Anamaria Fei-jó, Clarice Alho, Délio Kipper, Érico Hammes,Jorge Audy, José Roberto Goldim, Gabriel Gauer,Paulo Vinicius de Souza e Pergentino Pivatto.

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 11

Cases de sucesso

Cinemaníaco atraiamantes do cinemaA recém-formada em Jornalismo

Clariane Retamozo, conhecida porBiba, criou o site Cinemaníaco (www.cinemaniaco.com.br). Com um ano emeio, a página é, na Capital gaúcha,uma dasque maisfazem pro-m o ç õ e s ,tendo doismil filmescadastra-dos e críti-cas sobred i v e r s a spelículas ea média de15 mil a-cessos mensais. Chega a sortear 200 in-gressos por semana. A idéia surgiu emconjunto com o crítico de cinema RafaelLorenzato, quando Biba estava na Facul-dade de Comunicação Social. Eles rece-bem material de todas as partes do Bra-sil. “Começamos sem muitas pretensõese quando vimos o site havia se tornadoprofissional”, destaca.

Agora os dois buscam parceiros parauma campanha de divulgação. Tambémentraram com pedido da Lei de Incentivoà Cultura para o projeto Cinema-Escola,pelo qual exibirão filmes para alunos deescolas públicas de Porto Alegre. ParaBiba, a maior desvantagem de empreen-der é nunca se desligar do trabalho. “Te-nho uma preocupação redobrada pelaqualidade da informação, relevância dasnotícias, constante atualização e ausên-cia do erro.”

• Criação de um núcleo para disseminar essa cultura entre os integrantes da Universidade.• Oferta de disciplinas com enfoque no empreendedorismo aos alunos de todos os cursos.• Realização de feiras, seminários e relatos de casos de sucesso.• Criação de empresa júnior na Faculdade de Engenharia e outra envolvendo diversas Faculdades.• Capacitação docente por meio de cursos na área de empreendimentos.• Mutirão de Empreendedorismo, que começou em janeiro e será realizado de julho a de-zembro, incluindo cursos e oficinas para professores e alunos, com promoção da Raiar e daIncubadora Empresarial Tecnológica de Canoas.

de empresas de energia. Todos os projetos doGSEE passam por processo de registro da pro-priedade intelectual. “Como estamos no Ter-ceiro Mundo, temos de descobrir no que sedestacar”, adverte o coordenador do Progra-ma de Pós-Graduação em Engenharia Elétricae do GSEE, Flávio Lemos. Outra meta do Gru-po é ajudar na formação de profissionais alta-mente especializados, competitivos e empre-endedores. O segredo do sucesso, diz Lemos,é manter a equipe coesa e trabalhando emharmonia. “Não adianta uma parte do projetoestar concluída e outra no início.”

Os alunos que integram o Grupo podemter a oportunidade de continuar trabalhandodepois de formados, freqüentar cursos na áreae apresentar projetos fora do Estado e do País.Para Lemos, é importante buscar dois tiposde empreendedorismo: o acadêmico (publicartrabalhos, desenvolver vários projetos) e o pro-

fissional (despertar interesse no que está cri-ando, negociar e trabalhar para ver a aplica-ção das idéias). O professor lembra que o gru-po de pesquisa da Universidade não pode im-por suas soluções, mas trabalhar de acordocom os interesses da companhia estatal ouprivada, muitas vezes se submetendo à con-dução da empresa.

FACE com disciplinas eletivas“Pouco se empreende por falta de conheci-

mento”, alerta Duhá, informando que a Univer-sidade, por meio da FACE, oferecerá disciplinaseletivas, como a de Empreendimentos Empre-sariais. Segundo o vice-diretor, o exemplo éfundamental e o que ocorre na FACE, com visi-tas de empresários de sucesso, deve ser ex-pandido para toda a Universidade.

Na Faculdade, até mesmo o trote solidáriovisa a estimular os alunos desde o início docurso. Os calouros precisam cumprir metas eidealizam campeonatos, festas e visitas a em-presas. Alunos da PUCRS, dois de Administra-ção de Empresas com Ênfase em Empreende-dorismo e Sucessão, um de Administração deEmpresas e uma de Farmácia, participaram em2004 do Desafio Sebrae, um jogo de empresasque prepara os estudantes para a tomada dedecisões reais. Das 738 equipes (no total de3.026 alunos) inscritas no Estado, a da PUCRSfoi campeã, ao lado da UFRGS.

A Raiar, numa parceria com a IncubadoraEmpresarial Tecnológica de Canoas, tambémrealiza o Mutirão de Empreendedorismo voltadoa alunos de graduação, pós-graduação, profes-sores, pesquisadores e pessoas interessadasem ingressar nas incubadoras. São realizadosminicursos, oficinas e consultoria em grupo.Além de conteúdos relativos à abertura de umnegócio, há ênfase na atitude empreendedora.De julho a dezembro, será realizada nova edi-ção. No final do ano, o melhor plano de negó-cios receberá prêmio em dinheiro para quepossa virar realidade.

AÇÕES PARA INCENTIVAR O EMPREENDEDORISMO

MARCO REFERENCIALPARA O DESENVOLVIMENTO

CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO*O processo de estabelecer e aper-

feiçoar políticas de pesquisa e desen-volvimento científico e tecnológico noâmbito de abrangência da PUCRS tema ética como fundamento. Entende-sepor “ética” o estabelecimento concre-to e a manutenção constante de rela-ções com a alteridade que promovame protejam o ser humano em sua dig-nidade, a vida em geral e o ambiente.Entende-se por “ciência” a obtençãode conhecimentos, por meio de pro-cedimentos metódicos de pesquisa,do significado, das causas ou não-causas, assim como das possibilida-des de explicação de fenômenos erealidades. Entende-se por “tecnolo-gia” a transposição e aplicação doconhecimento científico visando à al-teração do real e do social. Nestestermos, a pesquisa e o desenvolvi-mento científico e tecnológico no âm-bito de abrangência da PUCRS dar-se-ão em concordância com o objeti-vo fundamental de promoção e prote-ção do ser humano em sua dignidade,da vida em geral e do ambiente.

*Elaborado pelo grupo preparatório do futuro Co-mitê de Ética para o Desenvolvimento Científicoe Tecnológico

Metade das prefeiturastem área de comunicação

Atese de doutorado Gestão da Co-municação na Esfera PúblicaMunicipal, do professor Nelson

Fossatti, mapeou as principais mediaçõesutilizadas pelas prefeituras do Rio Grande doSul para aproximar os administradores dosagentes de influência (representantes de as-sociações e conselhos gestores, por exem-plo). Partiu da idéia de que a comunicaçãoauxilia no processo de interação social entreos prefeitos e a comunidade. Ao pesquisar123 municípios, onde vivem 53% da popu-lação do Estado, Fossatti chegou à conclu-são de que a gestão da área apresenta umapostura conservadora e tradicional. Do total,50% têm setor de comunicação, dos quais28% são compostos por profissionais de re-lações públicas, publicidade e jornalismo e72% por outros. Na maioria dos casos, aárea está vinculada ao Gabinete do Prefeito.

Dos responsáveis pela área de comuni-cação, 33% são jornalistas. “Esse setor nãopode ser terceirizado, mas o gestor indepen-de de sua formação”, opina Fossatti. Entreos instrumentos mais utilizados pelos cida-dãos para se comunicar com o município, otelefone aparece com 89%. O jornal está em4º lugar, com 54%. O sermão da igreja ficouem 8%. Para se informar sobre o município,as pessoas preferem o rádio (82%), jornal(80%), contato direto (77%) e telefone(73%). As questões permitiam mais de umaresposta. “A grande maioria opera em ambi-

entes participativos, mas ainda não utilizainstrumentos e mediações apropriadas parase relacionar, prejudicando o processo de co-municação com associações e conselhos”,diz Fossatti. Uma das constatações da tese éque, entre os consultados reeleitos, a área decomunicação se apresenta mais atuante.

A partir da Constituição de 1988 e daemenda constitucional nº 19, de 1998, foioutorgada aos municípios mais autonomiaem relação à federação e aos estados, coma descentralização de demandas sociais.Cabe aos prefeitos o atendimento envolven-do saúde, educação, transportes e projetosde inclusão social. A implementação desseprocesso ocorre por meio de ambientes par-ticipativos. A comunidade se aproximou doprefeito, cobrando iniciativas, fiscalizando agestão e sugerindo novos projetos. A legisla-ção também exigiu a criação de conselhos(da mulher, da criança, da saúde e da cultu-ra, entre outros) e fóruns, permitindo que asdecisões sejam acompanhadas por setoresinteressados. A vinda de verbas do Tesouro,por exemplo, depende da existência de ges-tão participativa. Porém, adverte Fossatti, asimples instituição, pela lei, desses órgãos ea atuação de associações não garantemuma gestão com democracia direta.Divergências e confrontos podem ser ate-nuados com menos desgastes quando con-duzidos por profissionais de comunicaçãocompetentes e habilitados.

Fossatti destaca que a participação po-pular, uma realidade independentemente daposição ideológica, exige que as prefeiturasidentifiquem novos públicos, como empre-sas, fornecedores, integrantes do Tribunal deContas do Estado, de associações comuni-tárias e comerciais. “Quanto mais esclare-cida a população, maior a necessidade degerar informações, fato que reduz o desgastenatural entre o gestor público e a comuni-dade”, diz. A tese foi defendida no Progra-ma de Pós-Graduação em Comunicação So-cial da PUCRS, com apoio da Federação dasAssociações dos Municípios do RS. Gradua-do em Engenharia, especialista em Redes deComunicação de Dados e mestre em Admi-nistração, Fossatti é professor da Faculda-de de Administração, Contabilidade e Eco-nomia, onde ministra a disciplina de Admi-nistração Pública.

PESQUISA

12 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

MUNICÍPIOS GAÚCHOS*50% têm setor de comunicação.

Destes, 28% são compostos por profis-sionais de relações públicas, publicida-de e jornalismo e 72% por outros.

Dos responsáveis pela área de comuni-cação, 33% são jornalistas.* Foram pesquisados 123 municípios, que cor-respondem a 53% da população do Estado

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Comunidadescobram iniciativas

dos prefeitos

Economistasprojetam o Brasil em 2020

Oprofessor Duílio Bêrni, do Departa-mento de Economia da Faculdade

de Administração, Contabilidade eEconomia, enfrentou o desafio de projetar aeconomia brasileira para 2020, partindo darealidade de 2002. Enviou questionários so-bre as perspectivas setoriais do emprego,valor adicionado (total de salários e lucrosrecebidos pelos agentes econômicos) e valorda produção (vendas totais) a 18 profissio-nais, estudantes e outros observadores dacena brasileira. Em média, a opinião dos en-trevistados sinalizou para modificações nasestruturas setoriais de emprego e produção.Sua visão do futuro, porém, apontou modes-tas transformações na distribuição da ren-da, na participação do governo na dimensãodistributiva da ação da sociedade e, comoconseqüência, no consumo familiar. “Os re-sultados sugerem que a mudança estruturaldo País nos próximos 15 ou 20 anos precisaser mais arrojada para dar lugar à constru-ção de uma sociedade dinâmica e igualitá-ria”, alerta Bêrni.

Segundo o professor, as pesquisas delongo prazo permitem que possam ser pen-sadas e concretizadas mudanças, ao emba-sarem, por exemplo, um plano nacional dedesenvolvimento. O estudo contou com fi-nanciamento da PUCRS, Fapergs e CNPq efoi realizado com o apoio de bolsistas de ini-ciação científica. Os questionários e a poste-rior análise utilizaram o Método Delphi.

As mudanças na estrutura produtivaocorridas no período 1950-1980 refletem orápido crescimento econômico do País e oaumento da importância do setor industrialna geração do valor adicionado. O reduzidocrescimento no período 1980-2000 demons-trou a mudança da estrutura produtiva, coma diminuição do papel do setor industrial naprodução e emprego. “O Brasil deve percor-rer parte da trajetória desenvolvimentistados países capitalistas avançados”, projetaBêrni. Deverá cair a participação da agricul-tura na formação do valor adicionadoe do emprego. Reproduzindo aexperiência dos últimos 25anos, tende a ficar redu-zida a importância da in-dústria, elevando-se ados serviços.

A distribuição derenda permaneceure la t ivamenteestável de 1950a 1980 e de1980 a 2000.Em 2002,segundo da-dos deriva-dos das in-formaçõesdo IBGE, 3%da popula-ção respon-

Valor adicionado e pessoal ocupado por setores econômicos (%)

Agricultura 9 19 7 12Indústria 34 20 30 22Serviços 57 61 63 66TOTAL 100 100 100 100

VALORADICIONADO

2002* 2020PESSOALOCUPADO

VALORADICIONADO

PESSOALOCUPADO

SETORES

* Fonte: IBGE

Consumo familiar por classe de renda (%)

Pobres (71% do total) 22 23Remediadas (18% do total) 24 24Ricas (8% do total) 22 23Muito ricas (3% do total) 32 30

2002* 2020FAMÍLIAS

* Fonte: IBGE

dia por 32% do consumo total, enquantoque 71% dos mais pobres, por 22% do con-sumo. “Ainda que com pequenas variações,o quadro de exclusão social hoje vigente noBrasil não será modificado muito, segundoas opiniões dos especialistas”, destaca oprofessor. Mas, mesmo que o País não setorne mais igualitário, deverá haver melhoriade vida da população carente devido à pro-jeção de crescimento do Produto InternoBruto.

Na tentativa de prever o fu-turo, entre as técnicas científicas se tornou

popular desde os anos 50 o Método Delphi, em home-nagem à cidade da Grécia que abrigou o mais famoso de to-

dos os oráculos. Em seu ressurgimento contemporâneo, o métodobusca as opiniões de especialistas sobre

determinados assuntos. As respostas têm inte-rações sucessivas e começa a haver consenso en-

tre os entrevistados, mensurado pelo desvio padrãoem relação à média das estimativas do grupo.

Pesquisadores norte-americanos utilizaram o mé-todo logo após o final da Segunda Guerra Mundial na

RanD Corporation, entidade privada associada ao governodos EUA. Na fase experimental, o primeiro uso do MétodoDelphi foi oferecer palpites aos apostadores de corridas decavalo. Um uso menos lúdico e mais assustador veio em se-guida. Com o domínio da tecnologia nuclear e a criação dabomba atômica na União Soviética, o governo norte-americano incumbiu a RanD depensar na devastação que ocorreria nos EUA como conseqüência de um ataque nu-clear soviético. Os pesquisadores projetaram uma situação desoladora e associa-ram-se à opinião pública norte-americana contra a perspectiva da “guerra quente”,o que praticamente impediu sua deflagração. EUA e União Soviética se tornaram

protagonistas da Guerra Fria dos anos 50 em diante.Fonte: Professor Duílio Bêrni

PESQUISA

14 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

Educar para a liberdadeé mostrar deveres

Por Ana Paula Acauan

Apartir dos anos 60 se instalou umaidéia de que educar para a liberda-de é “deixar fazer”. Mas, de acordo

com a professora Adriana Wagner, do Grupode Pesquisa Dinâmica das Relações Fami-liares da Faculdade de Psicologia, o primei-ro direito de uma criança, para ser ensinadonas famílias, é o de saber seus deverescomo filha, irmã e cidadã. É comum o en-tendimento de que educar para os direitos énão ensinar os deveres. Essas são algumasdas constatações do estudo de pós-douto-rado de Adriana, realizado no Instituto dePesquisas sobre Qualidade de Vida (IRQV)da Universidade de Gerona (Espanha).

A pesquisa trata do tema Os direitosda infância: a perspectiva das crianças,progenitores e professores. Adriana inte-grou a equipe de investigação do IRQV como propósito de refletir melhor como podertrabalhar nas famílias para que se exerçauma educação de consciência. A linha depesquisa dirigida pelo professor Ferran Ca-sas é integrada por 16 equipes de diferen-tes universidades da Catalunha. A metodo-logia é quantitativa com um questionáriopara pais, outro para professores e outropara as crianças. Atualmente, existem da-dos da Índia, da Itália, da Espanha e aamostra brasileira está em fase de conclu-são de coleta. A faixa etária das crianças éa idade escolar, de 7 a 12 anos.

O questionário para meninos e meni-nas consta de 16 dilemas de caráter moralcom uma situação hipotética.Foi constatado que na Índia,por exemplo, as criançastendem a dar mais respostasde submissão às ordens e de-sejos parentais do que na Ca-talunha (Espanha). Na com-paração entre a Catalunha eMolise (Itália), os pontos devista são homogêneos. Ospaíses têm raízes culturaisem boa parte comuns. Osdireitos ligados à educação,satisfação de necessidadesbásicas e os relativos à

vontade própria, participação e privacidadeestão entre os que meninos e meninas pa-recem conhecer com mais freqüência. Osque têm a ver com brincadeiras, ócio e osreferentes a bom tratamento são os queobtêm as percentagens menos elevadas.

As diferenças em função da procedên-cia (rural ou urbana) aparecem principal-mente na mostra molisiana. As criançasque vivem em cidades consideram commais freqüência injusto que os pais mudemde canal ao considerarem um programa detelevisão inapropriado. O direito à intimida-de e à proteção da vida privada não é reco-nhecido por aproximadamente a metadedos pesquisados entre 10 e 13 anos. É per-cebido como subsidiário da prerrogativados pais de supervisionar o que fazem. Aeducação está à frente dos demais benefí-cios, mas há uma porcentagem considerá-vel de crianças que consideram a ajuda àsfamílias mais importante do que a sua for-mação. Todos exigem ser consultados emrelação a uma decisão que possa afetá-los, mas muitos dão grande importância aoque os pais pensam em relação a isso.

No Rio Grande do Sul, a amostra seráconstituída por mil participantes, 500 crian-ças de 8 a 12 anos, 250 pais e 250 profes-sores da Capital de distintos níveis sociais.As crianças, professores e pais foram con-tatadas por meio de escolas. O intercâmbioentre a PUCRS e o IRQV se manterá, inclusi-ve com o envio de alunos de pós-graduaçãopara a Espanha visando ao estudo de te-mas sobre a qualidade de vida.

Dilemasapresentados

para as criançasInclusão X ExclusãoConfrontou-se numa das questões o direi-to do grupo de sala de aula a representaruma peça de teatro de forma tecnicamen-te brilhante com o direito de uma meninaque não falava muito bem o idioma a serincluída no grupo.- 8,7% dos catalães e 10,1% dos moli-sianos preferiram a exclusão.- Mais meninos do que meninas defende-ram a inclusão.

Direito dos pais X Direito à privacidadeÀs crianças foi perguntado se ficariamaborrecidas se os pais lessem uma cartaque um amigo seu lhes enviasse.- 49,4% dos catalães e 47,3% dos moli-sianos responderam que não gostariam.- Na mostra catalã, a porcentagem demeninas é superior à de meninos (52,5%versus 46,3%).- A porcentagem de incomodados com asituação aumenta com a idade.

Direito dos pais de imporempreferências X Direito individualdo(a) filho(a) de exercer as suasPerguntou-se às crianças se os pais poderi-am impor-lhes uma atividade extra-escolardistinta da que os filhos prefeririam pelo fatode pensarem que é importante para eles.- Na mostra catalã, 69,3% pensam que éinaceitável tal imposição. Entre os moli-sianos, 76,9%.

Menina cegaUma menina cega teria o direito de freqüen-tar uma escola para alunos “normais”?- Na Catalunha, 75,9% consideram quesim (meninas 81% e meninos 70,7%)- Em Molise, 66,4% defenderam a inclusão.

Na Índia, ascrianças são

mais submissasàs ordens dos pais

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 15

PANORAMA

Antenas inteligentesfeitas para TV DIGITALOprojeto Saint – Sistema de Antenas

Inteligentes, submetido à Financia-dora de Estudos e Projetos (Finep)

do Ministério da Ciência e Tecnologia pelaPUCRS, foi selecionado para integrar o Siste-ma Brasileiro de TV Digital (SBTVD). O maiorobstáculo a ser superado na área de trans-missão e recepção, codificação de canal emodulação do SBTVD é a questão do multi-percurso, principalmente o dinâmico, queocorre sob operação móvel, quando a antenareceptora se encontra no centro de um cená-rio de reflexões da onda eletromagnética origi-nalmente enviada pelo transmissor digital.Um problema conhecido como ISI (inter sym-bol interference) resulta no aumento da taxade erros do sistema e na conseqüente inter-rupção da recepção. Uma das técnicas maisefetivas para diminuí-lo é a adoção de umsistema de antenas inteligentes, que modela

em tempo real o seu diagrama de radiaçãopara minimizar o efeito das múltiplas frentesde onda que chegam à antena receptora dediversas direções, maximizando o ganho nadireção do sinal desejado.

O sistema proposto pela PUCRS permitirárobustez operacional, mantendo boa perfor-mance sob operação fixa e móvel, baixo custocomputacional e operação autodidata, dis-pensando a necessidade do envio de seqüên-cia de treino pelo transmissor digital, melho-rando a eficiência espectral do sistema. Paraatingir esse desempenho, é empregado o Pro-cesso Autodidata Concorrente, desenvolvidopelos professores Fernando De Castro e MariaCristina Felippetto De Castro, da Faculdade deEngenharia da PUCRS, e Dalton Arantes, daUnicamp, com sete patentes internacionais depropriedade conjunta entre as duas universi-dades.

Oapoiofinancei-ro da Finepao Saint ultra-passa R$ 2 mi-lhões. O projetoSBTVD na PUCRSé coordenado pelodiretor do Instituto dePesquisas Científicas e Tecnológicas, DarioAzevedo, e conta com professores das Facul-dades de Engenharia, Informática e Comuni-cação Social. Para o desenvolvimento doSaint, a Universidade tem como parceiros oCentro Universitário Feevale, Centro de Exce-lência em Tecnologia Eletrônica Avançada,Ibero American Science & Technology Educati-on Consortium, Diveo do Brasil Telecomunica-ções e TSM Antennas.

PUCRS GANHA PRÊMIO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

APUCRS e a Carris conquistaram pre-miação máxima na Bienal de Marke-ting da Associação Nacional de

Transportes Públicos, na categoria de Res-ponsabilidade Social do País, com o ProjetoUniversidade Corporativa Carris. A condeco-ração visa a reconhecer os esforços para apromoção do transporte público, do trânsito epara melhoria das condições de concorrênciano mercado de viagens urbanas. Os resulta-dos foram divulgados no seminário Brasil daBienal, em dezembro, em São Paulo.

O Projeto Universidade Corporativa Carrisé uma parceria entre a Faculdade de Admi-nistração, Contabilidade e Economia e a Cia.Carris Porto-alegrense, dentro do Planeja-mento Estratégico da PUCRS e da Universida-de Corporativa Carris. Por intermédio de umcurso seqüencial com formação específica naárea, 32 funcionários da empresa tiveram agarantia de um diploma de curso superior euma nova turma está programada para co-meçar em março.

A parceria é uma oportunidade de qualifi-cação e motivação dos funcionários. As aulas,com duração de dois anos, foram oferecidaspela companhia, que fez um processo de se-leção interna. Os conteúdos foram previamen-

te escolhidos por técnicos da Carris e profes-sores da Universidade.

O Conselho Nacional de Educação garanteaos egressos dos cursos seqüenciais de for-mação específica possibilidade de freqüentarcursos de pós-graduação em nível de especia-lização. O aluno pode também aproveitar asdisciplinas caso venha a ingressar, posterior-mente, em curso de graduação, sem necessi-dade de vestibular, desde que haja vagas.

A PUCRS oferece três modalidades decursos seqüenciais a empresas interessadas

em firmar parceria. Os de formação específicapossibilitam a obtenção de diploma de nívelsuperior e têm duração de dois anos. Os decomplementação de estudos com destinaçãocoletiva oportunizam aos alunos escolheremas disciplinas e o tempo a cursar e, com aaprovação, receber um certificado. Nos decomplementação de estudos individual asdisciplinas podem ser escolhidas pelo alunoentre as graduações da Universidade, masdependem da complementação de vagas nonível superior.

1ª turma: Transporte Coletivo Urbano formou-se em agosto

SAÚDE

Alunos praticam aATENÇÃO DOMICILIAR

Envolvimentocom o cuidado

As alunas Louise Cardoso e Mari-liane de Oliveira recomendaram à es-posa e filha de um homem de 86 anosque a tarefa deve envolver mais pesso-as, pois um dos diagnósticos de enfer-magem identificado foi “desgaste dapessoa que presta cuidados”. Lembra-ram que o cuidador precisa organizar ocotidiano do paciente e resolver proble-mas da casa, o que faz com que fiquetotalmente envolvido, praticamentesem tempo para si. O idoso, acompa-nhado pelas estudantes, apresenta da-nos permanentes causados por uma is-quemia cerebral. Mas elas tiveram difi-culdade na coleta de dados pela faltade informações registradas. Deram-seconta de que as famílias devem sermelhor informadas e guardar consigotodas as informações referentes à in-ternação hospitalar, quando o pacientetem alta do hospital. “Essa é umaconstatação que se repete na atençãodomiciliar”, afirma a professora MariaÉlida Machado.

Aatenção domiciliar, prevista noSistema Único de Saúde (SUS), éuma forma de assistir a pessoascom dificuldades de se locomo-

ver e orientar a família sobre como cuidarmelhor. A modalidade vem crescendo no Bra-sil e se constitui numa nova abordagem dosserviços de saúde. Os alunos do curso de En-fermagem, da Faculdade de Enfermagem, Fi-sioterapia e Nutrição (Faenfi), têm a oportuni-dade de vivenciar situações nas casas dospacientes, na disciplina de Enfermagem naSaúde do Adulto I. Exercitam o diagnóstico deenfermagem, identificando as necessidadesdos doentes, realizam o plano de cuidados,dando atenção especial aos responsáveis(normalmente familiares) pela atenção nodomicílio.

As atividades, que ocorrem há mais dedois anos, são realizadas na Unidade de Saú-de Camaquã, em Porto Alegre, que faz partedo conjunto de campos de estágio da disci-plina. Primeiramente são reconhecidas as fa-mílias que pedem atendimento domiciliar àequipe da Unidade Camaquã. A equipe dire-ciona esses pedidos aos estagiários daPUCRS. Os critérios de inclusão da famíliana atenção domiciliar são a existência deum cuidador, condição clínica do usuário, quepossa ser atendido com os recursos da uni-dade de saúde e moradia na área de abran-gência.

A supervisora do estágio naatenção domiciliar da UnidadeCamaquã, professora MariaÉlida Machado, lembra que opaciente internado está maissujeito às determinações daequipe de saúde. Nodomicílio muitas ve-zes as recomenda-ções não são se-guidas, tornan-do o trabalhodos alunosdesafiador.Houve umcaso deuma cuida-dora que re-

tirou alguns dos medicamentos prescritospara o marido, 85 anos, que sofreu acidentevascular cerebral. Alegou que ele não se tinhaadaptado. Além de alertar para a importânciado uso correto dos remédios, as alunas Caro-lina Brasil e Cristhiane Vieira orientaram acuidadora a não deixá-lo muito tempo namesma posição e atentar para a postura ade-quada em especial na hora da alimentação.“Se fizermos, por exemplo, um curativo umavez por semana, não mudaremos nada, masse orientarmos, os cuidadores poderão agircorretamente todos os dias”, afirma a super-visora.

Um dos relatos da coordenação da Unida-de de Saúde é que as famílias visitadas pelogrupo demandam menos atendimento, poisestão recebendo a atenção dos alunos e su-pervisora de forma sistemática. No caso demorte de algum paciente, o desligamento doscuidadores é feito de forma gradual para queeles recebam apoio por causa da perda. “Aatenção domiciliar ainda é uma alternativapouco utilizada, mas essa experiência acadê-mica, ainda que tímida frente às grandes ne-cessidades da população, constitui-se emimportante espaço de aprendizagem da Enfer-magem, contribui para a qualificação dos ser-viços e a melhoria das condições dos usuá-rios”, destaca Maria Élida.

Na disciplina de Saúde do Adulto I, osalunos também têm atuaçãoem unidades de interna-

ção e nos ambulató-

16 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

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lgaçã

o

rios do Hospital São Lucas. Uma das tarefasé a realização de estudos de caso sobre umdos pacientes atendidos. As alunas Fernan-da Silva, Talita Donato e Carolina Machadoacompanharam no domicílio um idoso de 82anos que sofre de Mal de Alzheimer há oito.É totalmente dependente e não fala há qua-tro anos. As alunas enfatizaram à cuidadoraa importância de observar as expressões não-verbais do marido e de estimulá-lo auditivae visualmente.

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 17

Novos centrosde pesquisa

OInstituto de Pesquisas Biomédicas(IPB) da PUCRS criou dois novos

centros para o desenvolvimento de pes-quisas na área da neurologia: o Centro deTerapia Celular e o Centro de Memória. OCentro de Terapia Celular, primeiro do gê-nero no RS, concentrará as pesquisasrealizadas com células-tronco, iniciandotestes com seres humanos assim queaprovados. Um dos projetos envolve arealização de uma cirurgia para tratar deacidentes vasculares cerebrais, em quecélulas-tronco retiradas da medula ósseado próprio paciente serão injetadas ondeo vaso sangüíneo estiver obstruído.

Entre as outras pesquisas que terãocontinuidade estão a de regeneração denervos periféricos e de neurônios, injeçãode células-tronco na coronária de paci-entes que sofreram enfarte, tratamentode diabetes e projetos em parceria com aOdontologia. Fazem parte da equipe pes-quisadores e alunos de pós-graduação ebolsistas de iniciação científica, a maio-ria atuando no IPB.

O objetivo principal do Centro de Me-mória, segundo o coordenador Iván Izqui-erdo, é o estudo do mecanismo básico emodulado da formação, educação e ex-tinção das memórias, com ênfase naparte molecular e clínica. Entre as razõesapontadas para a criação do Centro estáo interesse mundial pelo tema da memó-ria e as pesquisas com duas grandes po-pulações com problemas de memóriaatualmente no Brasil: os idosos e pesso-as submetidas à violência constante.

O grupo do Centro está publicandotrabalhos e tem atuado em conjunto como Centro de Diagnóstico por Imagem doHospital São Lucas, estudando via resso-nância magnética as alterações no fluxosangüíneo de regiões cerebrais durante aformação e extinção de memórias. Sa-bendo os locais exatos há a possibilidadede desenvolver terapias mais avançadase drogas.

HSL É REFERÊNCIA NOTRATAMENTO DA EPILEPSIA

OPrograma de Cirurgia de Epilepsiado Hospital São Lucas (HSL), cria-

do em 1991, é considerado atual-mente um dos melhores centros do Brasilpara a cirurgia da epilepsia e um dos maisimportantes do mundo.

Segundo o neurologista André Palmini e oneurocirurgião Eliseu Paglioli Neto, chefe doServiço de Neurocirurgia, 1% a 1,5% da po-pulação sofre de epilepsia, sendo que dentrodessa porcentagem cerca de 25% a 30% nãoconseguem controlar suas crises com remédi-os, sendo potencialmente candidatos a umacirurgia para a retirada do local afetado nocérebro.

Em primeiro lugar é feita uma investiga-ção pré-cirúrgica pela equipe multidisciplinar.Os pacientes são monitorados por um sistemade vídeo-EEG durante vários dias consecuti-vos, no qual registram-se as crises que sequer curar. A equipe de neuropsicologia tam-bém detecta riscos de seqüelas na fala, com-portamento e memória, e os neuro-radiologis-tas tentam mostrar pequenas lesões cere-brais próximas ao foco epiléptico.

Desses achados depende a decisão sobrese um paciente pode ser operado ou não. Pes-soas de todo o País, principalmente do Sul,são atendidas pelo HSL. O programa realiza,em média, 100 cirurgias anuais, 2/3 delaspelo SUS. Mais de 75% dos pacientes opera-dos apresentam quadro de melhora ou cura.

Palmini, um dos diretores do programa,acredita que, com a aquisição de dois novossistemas de monitorização de pacientes, re-centemente instalados no Hospital, a oferta

desse procedimento para a comunidade deveaumentar. “Este é um procedimento subutili-zado. Muitos médicos não têm o devido co-nhecimento sobre a eficiência e segurançadesse tipo de cirurgia, quando os pacientessão adequadamente investigados, seleciona-dos e operados”, observa. Para 2005, o planotambém é receber um número maior de pós-graduandos no programa.

A equipe que acolhe os chamados fellows,profissionais de outros locais que passam umou dois anos em formação no HSL, recente-mente recebeu dois prêmios, o Paulo Nie-meyer, durante o 29º Congresso Brasileiro deEpilepsia, num estudo coordenado por EliseuPaglioli Neto e André Palmini e o Paulo PintoPuppo, no 21º Congresso Brasileiro de Neuro-logia, em trabalho comandado pelo professorJaderson Costa da Costa e sua equipe de pes-quisa básica em epilepsia, e realizado no Ins-tituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS.

ENTENDA MELHORAntes de realizar a cirurgia da epi-

lepsia, a equipe busca responder atrês questões:

De que parte do cérebro vêm ascrises.Quais as chances de remoçãodessa área sem deixar seqüelas.Quais as chances de superar ascrises com a cirurgia.

As respostas para essas questõessão determinadas pela atuação deuma equipe multidisciplinar com exa-mes clínicos, neurofisiológicos, avalia-ção neuropsicológica e ressonânciamagnética estrutural e funcional.

Sistema monitora pacientes

18 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

NOVIDADES ACADÊMICAS

FORMAÇÃO HUMANÍSTICAE RELIGIOSA reestruturada

As disciplinas de forma-ção humanística e reli-giosa dos cursos degraduação e seqüen-

ciais da PUCRS (Cultura Religiosa Ie II, Filosofia I e II e Sociologia Ge-ral I e II) passarão por mudançassignificativas.

Em 2002 uma comissão deprofessores foi designada pelo en-tão Reitor Norberto Rauch para es-tudar e propor alterações nas dis-ciplinas, abrangendo cargas horá-rias e conteúdos. Em novembro de2004 a proposta da comissão foiaprovada, por unanimidade, peloConselho Universitário, e entrou emvigor a partir deste ano.

Para a formação religiosa, foiaprovada a disciplina Humanismoe Cultura Religiosa, com quatrocréditos (60 horas), integrando ocurrículo de todos os cursos degraduação da Universidade e rea-lizada num único semestre. Ela es-tará posicionada a partir da se-gunda metade dos cursos, excetono último nível. A ementa e o pro-grama da disciplina serão únicos,mas os procedimentos didático-metodológicos serão adequados àsnecessidades de cada curso.

O diretor da Faculdade de Teo-logia, professor Urbano Zilles,acredita que a disciplina deve con-tribuir para uma formação maiscompleta do aluno, não só técni-ca, mas humana. “Era necessáriohaver essa mudança, principal-mente no nível em que é realiza-da. No início do curso os estudan-tes geralmente são mais imaturose chegam querendo ver algo liga-do diretamente à sua profissão.Com essa alteração creio queaproveitarão mais”, observa.

Na área da Filosofia, serão ofe-recidas quatro disciplinas, de acor-do com a natureza dos cursos. Osnomes propostos são Filosofia eÉtica Geral (para os cursos das

Ciências Econômico-Administrati-vas e Jurídicas); Ética e Filosofiada Ciência (Ciências Exatas) Éticae Cidadania (Ciências Humanas eEngenharias) e Filosofia e Bioética(para os cursos da área da saúde,Ciências Biológicas e Agrárias).Cada disciplina, com quatro cré-ditos (60 horas), será desenvolvi-da num único semestre, no níveldeterminado no Projeto Pedagógi-co de cada Faculdade.

O diretor da Faculdade de Fi-losofia e Ciências Humanas, pro-fessor Draiton Gonzaga de Souza,considera as mudanças comoprioridade na Faculdade. “Acho ex-celente essa reconfiguração. A Fi-losofia tem que interagir com osdemais campos do saber e trazernovas respostas para novas ques-tões, como da bioética, direito einternet, entre outras. A ex-pectativa entre os profes-sores é muito positiva”,afirma.

As disciplinas dasáreas de Sociologia eAntropologia obedecerãoàs Diretrizes Curricula-res dos respectivos cur-sos, cabendo a cada Fa-culdade definir a carga horá-ria, conteúdos e nomes. Os cur-sos de Jornalismo, Publicidade ePropaganda e Relações Públicasda Faculdade de Comunicação So-cial, por exemplo, terão a matériaSociologia da Comunicação, comquatro créditos. Os alunos da Fa-culdade de Serviço Social farão adisciplina Antropologia Social, dedois créditos, enquanto os estu-dantes de Turismo terão quatrocréditos da disciplina Sociologiado Turismo e Lazer.

Os cursos seqüenciais e oscursos tecnológicos obedecerão àsdeterminações das Diretrizes Cur-riculares no que se refere à for-mação humanística.

O QUE VOCÊ ACHOU DAS MUDANÇAS?O QUE VOCÊ ACHOU DAS MUDANÇAS?

FÁBIO MAEDAFÍSICA – 10º SEMESTRE

Acho boa a mudança.Se mudar o conteúdo serámelhor, porque normal-mente os alunos fazem es-sas disciplinas porque elassão obrigatórias, mas semmaior interesse.

PATRÍCIA PIETROBONGEOGRAFIA – 7º SEMESTRE

Acho muito melhor ser uma úni-ca cadeira, principalmente ao final

do curso. Quando a gente entra naFaculdade tudo é novidade e que-remos aprender coisas mais vol-tadas ao nosso curso. As discipli-nas filosóficas e religiosas aca-bam sendo feitas por obrigação e

ninguém aproveita. Com essa mu-dança acho que vai ficar melhor e me-

nos cansativo.

MICHELE ALVESFÍSICA – 9º SEMESTRE

Acredito que essa rees-truturação será positiva. Eufiz as cadeiras no início docurso, mas avalio que seriamelhor agora ao final. Mes-mo assim eu gostava dasdisciplinas, porque o profes-sor sempre trazia coisas liga-das à nossa área.

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 19

Laboratóriosimula o dia-a-dia

de um hotelOs estudantes do curso de Hotelaria dis-

põem agora de um moderno Laboratório deHospedagem, localizado no térreo do prédio 41,com todos os instrumentos necessários parainstrução, prática e pesquisa na área. O localtem um apartamento completo, lobby, recepção,escritórios, computadores com softwares nosquais os alunos poderão simular atividadescomo a entrada e cadastro de hóspedes e fe-chamento de contas, bem como aprenderão alidar com cartões magnéticos, usados em mui-tos hotéis como chaves dos quartos. O laborató-rio será utilizado em disciplinas práticas e ad-ministrativas do curso e poderá ser um recursotambém em aulas do curso de Turismo.

Com mais este novo espaço, o curso equili-bra a teoria e a prática, oferecendo aos seusalunos laboratórios especializados e inúmerosconvênios. De acordo com o coordenador docurso, professor Marcelo Schenk de Azambuja,o bacharelado em Hotelaria, com duração detrês anos, formará gestores de hotéis e outrosmeios de hospedagem, hoteleiros e extra-hote-leiros. “A formação permite que o profissionalatue nos principais setores de hotelaria e hospi-talidade: alimentos e bebidas, hospedagem,controladoria, marketing e eventos em hotela-ria”, garante.

Além do Laboratório de Hospedagem, o cur-so ainda conta com o Laboratório de Ciência eArte dos Alimentos, onde os estudantes apren-dem a preparar cardápios, bebidas e alimentosem uma cozinha comercial completa como a deum hotel.

Lançadodoutorado em

Ciência daComputação

O Programa de Pós-Graduação em Ciênciada Computação passa a contar com o curso dedoutorado, recomendado com nota 4 pela Co-ordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal deNível Superior, tornando-se o segundo do gê-nero realizado na região Sul. As linhas de pes-quisa oferecidas são Inteligência Artificial, Sis-temas Digitais e Arquiteturas de Computado-res, Sistemas de Informação, ProcessamentoParalelo Distribuído e Computação Científica.Informações complementares pelo telefone (51)3320-3611 ou site www.pucrs.br/inf/pos.

AERONÁUTICAScria turma especial

para pilotosAFaculdade de Ciências Aeronáu-

ticas oferece um processo seleti-vo complementar ao curso de

graduação em Ciências Aeronáuticas paraingresso de pilotos em atividade profis-sional. A seleção da primeiraturma, realizada em ja-neiro, foi por meiode uma prova deRedação emLíngua Portu-guesa euma provao b j e t i v acom 15questõesde LínguaInglesa.

Os can-didatos tive-ram de apre-sentar certificadode conclusão do En-sino Médio ou equiva-lente, Licença de Piloto Comer-cial com Habilitação em Instrument FlightRules ou em aeronave “Tipo” e a Cader-neta Individual de Vôo ou declaração dehoras de vôo do operador referente à ati-

vidade profissional, como piloto, em em-presa de transporte aéreo regular, não re-gular ou aviação geral, com duração mí-nima de três anos e de 2.500 horas devôo. Para solicitarem a dispensa de algu-

ma disciplina específica, tam-bém houve provas e

análise do currículodos candidatos.

O vice-di-retor da Fa-

c u l d a d e ,Hildebran-do Hoff-mann, ex-plica queo objetivoé oportuni-

zar aos pro-f i s s i o n a i s

possibilidadesde qualificação e

graduação em ensi-no superior, tentando

mudar a realidade do merca-do. A próxima seleção está prevista paraocorrer depois do vestibular de verão2006. Informações: (51) 3320-3542 [email protected].

AFaculdade de Educação Física eCiências do Desporto oferece aprimeira edição do curso de pós-

graduação, em nível de especialização,em Esportes de Aventura. Entre as disci-plinas oferecidas estão Ecoturismo,Motivação na atividade física, Ativida-des de aventura no meioaéreo, aquático e terres-tre e Conhecimentos am-bientais e ecológicos. Asaulas começam em abrilde 2005 e vão até agostode 2006, às sextas-feiras

COMEÇA ESPECIALIZAÇÃOEM ESPORTES DE AVENTURA

à noite e aos sábados pela manhã. Se-rão realizados alguns encontros aos sá-bados à tarde e domingos, previamenteagendados. As inscrições podem ser fei-tas até março. Informações adicionais:(51) 3320-3683 ou e-mail educaçã[email protected].

MUSEU serve de exemplo para centros de ciênciasOMuseu de Ciências e Tecnologia (MCT)

da PUCRS está servindo de exemplopara 35 museus e centros de ciências do Bra-sil. Por meio do Programa de estágios paraprofissionais de museus e centros de ciên-cias, 120 técnicos dessas instituições estive-ram em Porto Alegre para aprender na práticaa administração e o funcionamento de ummuseu, baseados na excelência do MCT. O pro-jeto, que começou em outubro e vai até agostode 2005, tem a finalidade de contribuir para aqualificação das instituições e é custeado emmais de R$ 500 mil pela Vitae, associação civilsem fins lucrativos que apóia projetos nas áre-as de cultura, educação e promoção social.

Os temas são organização administrati-va e sua execução em um museu de ciên-cias e tecnologia com multiatividades,estrutura e funcionamento de exposições,design e produção de experimentos interati-vos de Ciências Naturais e de Física, pro-dução e design de equipamentos de Física,

programas educacionais e Projeto Museu Iti-nerante (Promusit).

A coordenadora da exposição do MCT, AnaBertoletti, destaca que a iniciativa está ensi-nando a “fórmula de sucesso” do Museu, con-siderado o maior da categoria na América doSul, com 700 experimentos interativos. “De-mos início ao ensino diferenciado, interativo, enos tornamos um centro de referência. Assim,temos a responsabilidade de apresentar onosso trabalho da melhor maneira possível.”

Entre as instituições que participam doprojeto estão a Casa da Ciência (UniversidadeFederal do Rio de Janeiro), a Escola Municipalde Astrofísica (Prefeitura de São Paulo), o Mu-seu de Ciências (Instituto de Física da Uni-camp), o Museu de Ciência e Tecnologia (Lon-drina), a Usina de Ciência (Universidade Fe-deral de Alagoas) e a Seara da Ciência (Uni-versidade Federal do Ceará), entre outras.

O Museu de Ciências e Tecnologia daPUCRS tem uma área de exposição de 12,5

mil metros quadrados e 120 profissionais en-volvidos diariamente em seu funcionamento,com o objetivo principal de despertar em seupúblico o espírito científico, a curiosidade e ogosto pelas ciências. A exposição permanen-te oferece aos visitantes uma maneira inusi-tada e estimulante de conhecer os fenômenosnaturais e as relações do homem com o mun-do. A idéia é que o visitante participe de expe-riências ligadas a grandes descobertas dahumanidade.

O MCT recebe pessoas do Brasil e exterior,sobretudo escolas e professores de todos osníveis. Apresenta um dos maiores acervoscientíficos do Sul do País, totalizando mais de5 milhões de peças. Os experimentos interati-vos encontram-se na exposição aberta à visi-tação pública e a sua apresentação está emconstante rodízio. O museu conta ainda comlaboratórios de arqueologia, aquacultura, bo-tânica, herpetologia, ictiologia, mastozoologia,ornitologia e paleontologia.

Livro Vermelho recebe troféu ambientalOLivro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no

RS recebeu o troféu Prêmio Ambiental von Martius.A distinção é concedida pela Câmara de Comércio e In-dústria Brasil-Alemanha para reconhecer o mérito deiniciativas de empresas, poder público, indivíduos e dasociedade civil que promovam o desenvolvimento econô-mico, social e cultural com respeito ambiental.

A obra foi lançada pelo Museu de Ciências e Tecno-logia e pela Edipucrs em março de 2003 e editada

pelos zoólogos e pesquisadores Carla Fon-tana e Roberto Reis, do MCT daPUCRS, e Glayson Ariel Bencke,do Museu de Ciências Naturaisda Fundação Zoobotânica doEstado.

A cerimônia de entregaocorreu no Club Transatlân-tico, em São Paulo. O Prê-mio Ambiental von Mar-

tius homenageia o emérito botânico alemão Karl Frie-drich von Martius, cujo trabalho contribuiu para o co-nhecimento e valorização dos ambientes natural e cul-tural do Brasil.

O Livro Vermelho apresenta a situação de 261 inver-tebrados, mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixesameaçados. São 632 páginas com ilustrações, informa-ções de distribuição geográfica, situação populacional,biologia, principais ameaças e ações para a conservaçãodas espécies.

O projeto Livro Vermelho foi desenvolvido ao longo dequatro anos por 43 pesquisadores de 18 instituições emais de 100 colaboradores. Houve intensa reunião detextos sobre as espécies na literatura, pesquisas em co-leções de museus e trabalho de campo. O projeto gerou aLista Oficial das Espécies Ameaçadas de Extinção no RioGrande do Sul e uma base de dados informatizada dasespécies ameaçadas, presumivelmente ameaçadas e in-suficientemente conhecidas no Estado.

CIÊNCIA

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 21

TECNOLOGIA SEM FIO ACELERA ACESSO À INTERNET

Uma nova tecnologia está proporcionandointeração na Faculdade de Comunica-

ção Social (Famecos). O uso do Wireless Fi-delity (Wi-Fi), que permite o acesso à internetsem a necessidade de fios e cabos, faz comque as salas de aula se transformem em la-boratórios on-line, mesmo as que não têm in-fra-estrutura de fiação.

A Famecos foi a primeira a utilizar oWi-Fi, em 2001, a partir de um acordo coma Apple. Hoje há sete bases espalhadas peloprédio 7 do Campus Central. Essa tecnologia

é usada para pesquisas, no laboratório dejornalismo on-line e para transmissão jorna-lística de eventos. “Não precisamos estar en-tre quatro paredes, pois agora a internet vaionde estivermos”, observa Eduardo Pellan-da, coordenador do Centro de Produção Mul-timídia da Universidade.

Um projeto de laboratório móvel deve serinstalado em 2005. Trata-se de um carrinhocom laptops que poderá ser levado para qual-quer sala, tornando o uso dessa tecnologiaainda mais econômico e prático.

Um caminhão acelera e deixa no arum leve cheiro de pastel. Essacena curiosa é parte do resultadode uma experiência feita por alu-

nos recém-graduados da Faculdade de Quí-mica. Luis De Boni e Eduardo Goldani, acadê-micos dos cursos de Licenciatura Plena emQuímica e Habilitação em Química Industrial,respectivamente, desenvolveram biodiesel àbase de óleo vegetal usado, reaproveitado defrituras feitas no bar do prédio 12 do Campusda PUCRS. A pesquisa foi realizada sem re-cursos externos, com o auxílio de alguns pro-fessores e funcionários.

Para fazer o biocombustível, além do óleousado, utilizaram reagentes químicos como hi-dróxido de sódio, fenolftaleína e metanol, alémde materiais simples como fogão, liquidifica-dor, copo de vidro e conta-gotas. “No começojuntamos um óleo usado em casa, mas vimosque era muito pouco, então tivemos a idéia depedir as sobras do bar”, lembra De Boni.

Os resultados foram satisfatórios. O com-bustível foi testado em um caminhão do Exér-cito, em porcentagem de 20% de biodieselmisturado ao diesel comum, sem interferir nofuncionamento do motor, que não foi modifi-cado. A medida é dez ve-zes maior do que a quan-tia recentemente aprova-da pelo governo federalpara ser utilizado. “Onosso biocombustívelemite menos gás carbô-nico e a emissão de en-xofre cai para pratica-mente zero. O subprodutoresultante é a glicerina,que pode ser reaprovei-tada”, afirma Goldani.

O biodiesel tambémpode ser feito com óleode soja novo e outrosóleos, como de babaçu,

girassol, carnaúba, mamona e dendê. Se-gundo o Ministério de Minas e Energia o usodesse tipo de combustível reduzirá a impor-tação de óleo diesel, que hoje representa10% da quantidade consumida no Brasil.Além de ser usado em veículos, também podegerar energia elétrica em comunidades iso-ladas e substituir o óleo diesel em usinastermelétricas.

O próximo passo de De Boni e Goldani étestar o combustível a 30% e buscar umaparceria para a realização de um projetoaprofundado sobre o tema, fazendo testesmais avançados para buscar respostas comoos custos, disponibilidade de matéria-primae a possibilidade da produção em escala in-dustrial.

No site www.tchequimica.cjb.net, criadopelos alunos, pode-se baixar o aplicativo queexplica como fazer o biocombustível, lem-brando que deve ser manipulado apenas porpessoas capacitadas.

Biocombustívelreaproveita óleo vegetalde frituras do bar do 12

Laboratório: 20% de biodiesel é misturado ao diesel comum

ALUNOS DA QUÍMICAALUNOS DA QUÍMICAdesenvolvem biodiesel

TECNOLOGIA

ESQUISTOSSOMOSE

AMBIENTE

22 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

Aesquistossomose é uma das cincodoenças parasitárias mais dissemi-nadas no mundo. As regiões Nordes-

te e Sudeste do Brasil estiveram, duranteanos, entre as áreas mais afetadas. No entan-to, hoje se verifica a expansão do problemanas regiões ao Sul do planeta. Para estudar ofenômeno, os professores da Faculdade deBiociências, Nelson Fontoura e Carlos GraeffTeixeira, que também preside a SociedadeBrasileira de Parasitologia, e Regis Lahm, co-ordenador do Laboratório de Tratamento deImagens e Geoprocessamento, realizam o pro-jeto de pesquisa Otimização do monitoramen-to da disseminação de caramujos vetores daesquistossomose no Lago Guaíba através damodelagem de sua circulação superficial.

A identificação do foco de transmissãoativa da esquistossomose, em 1997, no mu-nicípio de Esteio, localizado a 17 km de PortoAlegre, fez com que as análises fossem reali-zadas no Rio Grande do Sul junto às margensdo Rio dos Sinos e Delta do Jacuí.

O estudo dos pesquisadores da PUCRSbusca identificar a possível localização doscaramujos e seus potenciais criadouros. Des-sa forma, a infecção poderá ser monitoradaem sua fase inicial de instalação. Isso contri-

buirá para a possível erradicação da enfermi-dade ou, pelo menos, um eficaz controle.

O mapeamento dos focos da Biomphala-ria (molusco transmissor da esquistossomo-se) foi realizado com o auxílio do sistema GPSe das técnicas de sensoriamento remoto comimagens orbitais do satélite Landsat ETM 7.Os equipamentos identificaram oito locaisideais para o monitoramento dos moluscos.Cada ponto selecionado contará com um ban-co de dados que será unido a informaçõesgeorreferenciadas.

Os resultados preliminares mostraram orisco de contaminação associado aos indiví-duos que praticam a pesca no Rio dos Sinos,numa área com bom saneamento básico. Emgeral, a deficiência do tratamento de esgoto éo principal fator de perpetuação da doença.Esse fato novo será um dos assuntos analisa-dos pelos docentes.

Orientar a Secretaria da Saúde sobre asprioridades de monitoramento e ações decontrole sobre o molusco integra as metas dotrabalho. Melhorar o saneamento básico faz-se fundamental para diminuir a proliferaçãoda doença. “Somente tendo água e esgoto emtodas as casas a tendência que se constatahoje poderá diminuir”, destaca Teixeira.

ESQUISTOSSOMOSEexpande-se para o Sul

COMO SE MANIFESTAA esquistossomose é causada, no

Brasil, pelo Schistossoma mansoni, ver-me parasita da classe Trematoda. O ho-mem é o hospedeiro definitivo, sendo aenfermidade disseminada na natureza apartir de suas fezes e urina. Possui ain-da um hospedeiro intermediário, quecorresponde aos caramujos de águadoce cuja função é desenvolver o cicloevolutivo da esquistossomose.

Os sintomas da doença são variá-veis. Quando o parasita encontra-se nocorpo humano podem ocorrer reaçõesalérgicas na pele, a exemplo de coceirase vermelhidão. Os quadros de febre, ca-lafrios, dores abdominais, náuseas, vô-mito, tosse seca e ínguas surgem dequatro a oito semanas depois da infec-ção. No entanto, há casos nos quais, de-pendendo da quantidade de vermes, apessoa pode tornar-se portadora semdemonstrar sintoma algum.

Estar atento às normas básicas dehigiene e saneamento ambiental, evitar ocontato com águas de enxurradas e usarbotas e luvas de borracha se for neces-sário entrar em contato com águas su-postamente infectadas são algumas dasmedidas preventivas. Informar a popula-ção sobre as formas de transmissão dadoença é outra maneira de evitar suadisseminação. O diagnóstico e o trata-mento devem seguir orientação médica.

A foto do satélite mostrapontos da presença deBiomphalaria sp aolongo do Rio dos Sinos

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 23

UNIVERSIDADE ABERTA

O CÉU visto de pertoObservar as estrelas e os planetas

do Sistema Solar sempre fascinouo homem. As populações que habi-

tavam as áreas consideradas “berço da so-ciedade ocidental” estudaram os astros du-rante séculos. Na PUCRS, eles são admira-dos há quase 30 anos. O Laboratório de As-tronomia da Faculdade de Física possibilitaà comunidade conhecer um pouco maissobre o assunto. Coma restauração dotelescópio, rea-lizada peloLaboratóriode Ótica doInstituto dePesqu isasCientíficas eTecno lóg i -cas, foramreabertas asvisitações.

O equipamentorecebeu pintura nova,tratamento completo nas superfícies, ajus-tes na parte de movimentação e troca dosdois espelhos de aumento. Segundo ArnoSteiger, coordenador do Laboratório de Ótica,a principal novidade será a vinda, em breve,de oculares mais modernas. “As lentes per-mitirão deixar todo o objeto em foco”, adian-ta. A cúpula onde está o instrumento óptico,localizada no terraço do prédio 8, tambémpassou por reformas, realizadas pela Divi-são de Obras e Prefeitura Universitária.

O eclipse total da Lua, ocorrido em outu-bro, marcou o reinício das observações nolocal. Câmeras fotográficas registraramtodas as etapas do fenômeno.As imagens tiveram a re-produção efetuada

por um software de alta precisão ao mesmotempo que ocorria o evento.

O campo de visualização do telescópio évasto. Nas noites de céu sem nuvens ebaixa umidade do ar, pode-se avistar galá-xias e planetas como Marte, Saturno, alémdas fases de Vênus e o deslocamento dossatélites de Júpiter. A nebulosa de Orion,composta por gases, poeira e corpos celes-

tes, é outro atrativo. Considerada umadas mais belas do céu de verão,

ela faz parte da constelação deOrion, cujo cinturão é formadopelo grupo de estrelas conhe-cido por Três Marias.

As crateras e montanhasda Lua são vistas com me-lhor nitidez a partir do tercei-ro dia da fase

Nova até oquinto da Cres-

cente. “Nesseperíodo, a zona do sa-

télite que corresponde ao limiteque separa a parte iluminada da escuramostra as montanhas e vales numa clarezaimpressionante”, diz o professor Plínio Fa-solo, coordenador do Laboratóriode Astronomia.

Uma das estrelas maisveneradas no antigo Egi-to e a mais brilhante docéu também pode servista com o auxíliodo telescópio. Oaparecimento

de Sírius no firmamento, representada peladeusa Sothis e pelo deus Hermes Thot,coincidia com o momento da cheia do rioNilo. Esse evento trazia prosperidade e ferti-lidade às terras da região. O astro pertenceà constelação de Cão Maior.

As visitas ocorrem à noite e recebem oacompanhamento de monitores que expõemas possibilidades de observação do céu paraaquela noite. São utilizados os softwaresDance of the planets e o Planetarium paraextrair mapas celestes do horário e local dosfenômenos. Interessados em ir ao Observa-tório devem agendar a data da visita pelotelefone (51) 3320-3535 ou na secretaria daFaculdade de Física, prédio 10 do CampusCentral. São permitidas, no máximo, dez pes-soas por grupo. A entrada é gratuita.

Telescópio do Laboratóriode Astronomia foitotalmente restaurado.O equipamento tem vastocampo de visualizaçãopermitindo, por exemplo,ver as crateras da Lua

Foto

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24 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

ENTREVISTA

LUIZ ANTÔNIO MARCUSCHI

O império da escritano mundo que fala

Por Mariana Vicili

Mais de 80% do tempo emque o homem está verbal-mente atuando é na formaoral. Mesmo assim, o culto

à escrita na sociedade, o chamado grafo-centrismo, não permitiu que se introduzis-se de forma sistemática o trabalho com aoralidade no ensino, deixando um pouco àmargem o desenvolvimento dessa impor-tante forma de expressão da linguagempresente em todas as culturas. A constata-ção é do professor Luiz Antônio Marcuschi,da Universidade Federal de Pernambuco,considerado atualmente um dos principaispesquisadores em Língua Portuguesa eLingüística do Brasil. Marcuschi graduou-se em Filosofia na PUCRS em 1968 e fezdoutorado e pós-doutorado em Lingüísticana Alemanha. Trabalha com análise deconversação e de gêneros textuais, intera-ção, textualização e compreensão digitalda língua falada e escrita. Ele esteve naPUCRS realizando a conferência de aber-tura do 22º Seminário Brasileiro de CríticaLiterária e do 21º Seminário de Crítica doRio Grande do Sul, promovidos pela Facul-dade de Letras. Na oportunidade, falou so-bre a Oralidade no mundo da grafia: de-safios para o ensino e a vida diária.

urbanas, a prática oral sistemática desapare-ceu, o que permanece é a prática oral conven-cional: você fala com as pessoas, discute, te-lefona, reúne-se num bar para conversar comos amigos. Mas a tradição oral está desapa-recendo. Se você vai para o interior ainda vêum pouco isso, mas muito pouco.

E O QUE ISSO IMPLICA? QUE DIFICULDADESTRAZ?

Há estudos demonstrando que, com a su-premacia e a prática absoluta da escrita, aspessoas deixam de exercitar a memória, con-fiam simplesmente. Existem hoje esses tele-fones celulares com agenda telefônica e decompromissos, câmeras de vídeo cada vezmenores, gravadores. Ou seja, as pessoas jánão guardam muitas coisas na memória –que está sendo cada vez menos exigida –,pois podem usar tecnologias para armazenar

as memórias externamente. Um exemplo sãoas piadas. Muitos não lembram mais das pia-das porque as receberam por e-mail e repas-saram. Também não lembram nomes de auto-res, de livros, filmes, entre outros.

COMO OS PROFESSORES PODEM ESTIMU-LAR A ORALIDADE EM SALA DE AULA?

Creio que os professores poderiam pas-sar bons exercícios, organizar discussões,apresentações, mesas-redondas, trabalhosem que os alunos tenham que argumentarsobre determinado tema, posicionando-se afavor ou contra. A fala tem que ser exercita-da, não oralizar a escrita, lendo um texto,mas argumentar.

MAS A ESCRITA ATUALMENTE É MUITO MAISVALORIZADA...

Com certeza, mas para valorizar a escri-

O QUE PERDEMOS AO DAR MAIS VALOR ÀESCRITA DO QUE À ORALIDADE?

Acho que nós perdemos a capacidade deinteragir pessoalmente de formas diferencia-das. A escrita não consegue reproduzir muitosdos fenômenos da oralidade. Hoje as pessoascostumam ficar assistindo a televisão, ouvin-do rádio ou lendo um livro. Na escola mesmo,são levadas apenas a lerem, a desenvolverema escrita. Todos os processos de oralização,em que se ativam certas capacidades de ar-gumentar, desenvolver formas diferentes dese expressar ficam de lado. Nas sociedades

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 25

ta não é preciso desvalorizar a oralidade.Acho um preconceito dizer que só estuda-mos quando temos a escrita ou copiamosalgo. Os índios são um bom exemplo, poisdesenvolveram conhecimentos ao longo devárias gerações só oralmente, sem terem bi-bliotecas. Na escola ou até na universidade,quando o aluno não anota o professor ficainsistindo “Anota aí! Copia!”. Imaginam quese o estudante não escreve nada não estáguardando, não está aprendendo, o que éum equívoco. Não se deve valorizar demaisa escrita nem a oralidade. Temos que dar àsduas o que lhes convém, são duas maneirasde representarmos o que pensamos, nossalíngua.

COMO SE DEU ESSA VALORIZAÇÃO DA ES-CRITA?

Em primeiro lugar porque há a idéia deque a escrita consegue reproduzir com fideli-dade aquilo que se pensa, dando acesso dire-to às idéias. Em segundo porque se imaginouque, com a escrita, é possível raciocinar abs-tratamente na medida em que se prescindeda situação concreta, verbalizando tudo. Emterceiro porque a escrita descontextualizaria eexplicitaria tudo. Isso não é verdade. Vocêprecisa saber muita coisa para entender o queestá escrito num jornal, por exemplo. É outrotipo de contexto, muito maior. Mas cada so-ciedade lida de um jeito com isso, em cadauma a escrita tem uma função.

O SENHOR PODERIA CITAR EXEMPLOS?Existem hoje povos que são ágrafos, com

pouca prática na escrita. Povos em que so-mente os homens ou as mulheres escrevem.Em alguns povos na África só as mulheresescrevem, porque nessas culturas a escritatem um valor totalmente secundário. Eles va-lorizam a fala. Acreditam que na fala está averdade, o compromisso. A escrita serviriaapenas para escrever cartas, poemas, ouseja, teria um valor menor. Em outros povos,as mulheres não escrevem. A escrita é con-siderada coisa de homem, de valor, de pres-tígio. Encontram-se culturas que são ágra-fas, não têm escritas, com uma ou duas pes-soas que sabem ler e escrever, e essas pes-soas são valorizadas. Em alguns lugares aspessoas não sabem ler, mas têm livros im-portantes em casa, como a Bíblia, porqueacreditam no seu valor e no prestígio de pos-suir um exemplar. Para se ter uma idéia, me-nos de 10% das línguas faladas hoje possu-em tradição escrita.

A ESCRITA INFLUENCIA A ORALIDADE OU ÉA ORALIDADE QUE INFLUENCIA A ESCRITA?

Os dois. Hoje em dia a escrita influenciamuito a oralidade. As pessoas falam pratica-mente como leram, é comum essa influênciana forma de oralizar. A escrita é muito varia-da, não é uma só. A idéia é que só existe umaescrita, quando na verdade existem muitasformas de escrever. Na internet, por exemplo,veja os bate-papos, blogs, e-mails. Os e-mails ainda são os mais formais, mas estãodistantes das cartas. Os blogs são o extremodo informal. Nos bate-papos eu escrevo algoagora e a pessoa logo já está lendo, ao con-trário do que acontecia antes, em que se es-crevia e a pessoa lia algum tempo depois.Está havendo uma mudança no processo deescrita. Os bate-papos não vão promover umarevolução na escrita ou na oralidade, mas nasmaneiras de a gente se relacionar com a es-crita. Vai-se continuar escrevendo do modotradicional, só que está surgindo uma novaforma de escrever.

NÃO HÁ PERIGO DE HAVER UMA INFLUÊN-CIA NEGATIVA DISSO?

Não. Muito provavelmente o que nós va-mos ter é uma mudança em alguns aspectosda escrita, onde vão entrar novos e enrique-cedores recursos, mas isso não tem nenhumainfluência negativa. Se a pessoa teclar cari-nhas ou meia lua com dois pontos para dizerque está rindo ou chorando, isto não traz ne-nhum problema, porque a idéia de escrita quenós temos, completamente baseada em si-nais alfabéticos, é uma bobagem. Existemmuitas coisas, números, sinais que utilizamosquando anotamos que não estão no alfabeto.A nossa escrita é basicamente alfabética,mas não apenas. Se você olhar os anúnciospublicitários, às vezes há muito menos alfa-beto em questão do que fotos, marcas, sinaisde outros tipos. A nossa escrita hoje é semi-alfabética e isso é anterior à internet.

HÁ UMA PREOCUPAÇÃO GLOBAL EM RETO-MAR OS VALORES DA ORALIDADE?

Sim, em todos os países, principalmentena Suíça, Alemanha e França, há uma reflexãoimensa sobre essa questão. Em todos os paí-ses essa preocupação com a relação da fala eda escrita é muito intensa e está havendo umgrande movimento, uma mudança na opiniãosobre a fala. Sempre se disse que a oralidadeera o lugar do erro, do caos, que a fala nãotem normas. Se não existissem normas aspessoas não iriam se entender.

Os professorespoderiam passarbons exercícios,

organizardiscussões,

mesas-redondas,trabalhos em queos alunos tenhamque argumentar

sobre determinadotema,

posicionando-sea favor ou contra.A fala tem que ser

exercitada, nãooralizar a escrita,lendo um texto,mas argumentar.

26 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

RADAR

PUCRS é destaqueem Comunicação

AAssessoria de Comunicação Socialda PUCRS foi a primeira colocadanas duas categorias em que ficou

como finalista no 2º Prêmio Destaque em Co-municação, promovido pelo Sindicato dos Es-tabelecimentos do Ensino Privado no RioGrande do Sul (Sinepe/RS). A revista PUCRSInformação foi a vencedora na categoria Re-vista de Ensino Superior e a Sala de Imprensada PUCRS (www.pucrs.br/imprensa) recebeuo prêmio na categoria Case de Assessoria deComunicação.

A revista, que recebeu a premiaçãopelo segundo ano conse-cutivo, circula bimes-tralmente, tem cerca de50 páginas e tira-gem de quase 50mil exemplarespor edição. Todaem cores, divulgaas novidades,pesquisas, lança-mentos de livros e ati-vidades desenvolvidaspor alunos e professo-res da PUCRS.

A Sala de Imprensadisponibiliza no site epor uma newsletter

para quase 2 mil cadastrados as notíciasdiárias da Universidade. Oferece ainda fotosinstitucionais e de eventos, uma agenda coma programação da PUCRS e a clipagem digi-tal das notícias veiculadas na imprensa so-bre a Instituição.

O resultado do concurso foi divulgadoem dezembro, durante cerimônia e entregade troféus no Restaurante Panorama. A As-sessoria de Comunicação foi representadapelo coordenador, Carlos Alberto Carvalho, epelas jornalistas Magda Achutti e Carine Si-mas. O prêmio tem o objetivo de destacar

as instituições de ensinoque estão melhor se co-municando com seus pú-

blicos de interesse. Acomissão julgadorafoi formada por pes-soas do meio jorna-lístico, de comunica-

ção e de instituições nãoligadas ao Sinepe e àsescolas associadas.

IncubadoraRaiar: um ano

AIncubadora Raiar comemorou, emdezembro, um ano de atividades,

com um evento no Centro de Convivên-cias do Tecnopuc. A Raiar foi criadacomo um mecanismo destinado a am-parar o desenvolvimento de novas em-presas voltadas à produção de inova-ções tecnológicas, dando estrutura paraa transformação do conhecimento emprodutos, processos e serviços que pos-sam ser colocados no mercado.

Segundo o coordenador acadêmicoda incubadora, Vicente Zanella, a Raiaré a oportunidade para alunos da PUCRSdesenvolverem seu espírito empreende-dor e colocarem em prática o que é en-sinado na Faculdade. “O trabalho, ape-sar de recente, tem acolhido projetos dequalidade que apresentam grandesperspectivas de inserirem, em breve,produtos inovadores no mercado nacio-nal”, diz Zanella.

Atualmente, a Raiar conta com 12empresas de diversos segmentos, ofere-cendo espaço físico individualizado e deuso compartilhado, acesso a laboratóri-os, recepção e secretaria, espaço deconvivência, sala de reuniões, vigilânciae infra-estrutura geral. Rafael Rehm, só-cio da Telemon, empresa que desenvol-ve produtos na área de segurança patri-monial incubada na Raiar, cita a redu-ção de custos operacionais e o ambientepropício ao aprendizado para lidar como mercado como um dos grandes dife-renciais da incubação.

Outros serviços oferecidos pela In-cubadora são as assessorias nasáreas de comunicação social, admi-nistração e informática orientando oincubado na elaboração de planos denegócios, criação de identidade visuale divulgação.

APUCRS destacou-se entre os pre-miados pelo Conselho Regional de

Economia do Rio Grande do Sul (Corecon/RS). O professor do Departamento de Eco-nomia da Faculdade de Administração,Contabilidade e Economia Aod Cunha deMoraes Júnior recebeu o prêmio de Econo-mista do Ano 2004. Moraes Júnior é o atu-al presidente da Fundação de Economia eEstatística (FEE) e foi eleito por uma co-missão com representantes dos setorespúblico e privado entre economistas indi-cados por instituições e universidades doEstado. Esta foi a segunda edição do Eco-nomista do Ano, que avalia o currículo dosprofissionais, a inserção na comunidade eas obras publicadas.

No 18º Prêmio Corecon de Monogra-

Magda Achutti,Carlos Alberto Carvalho

e Carine Simas, naentrega dos prêmios

fias, entregue na mesma ocasião, trêsdos cinco agraciados são estudantes daPUCRS. O segundo lugar ficou para o tra-balho O regime de metas de inflação:análise teórica, evidências empíricas eo caso brasileiro, do estudante RafaelQuevedo do Amaral, orientado pelo pro-fessor André Luís Contri.

A dissertação Evolução e transforma-ções da agroindústria gaúcha nos anos90, de Gianfrancesco Zucchetti, sob orien-tação do professor Ronaldo Herrlein Júnior,conquistou a primeira menção honrosa.

A segunda menção honrosa ficou paraa monografia A credibilidade do regimede metas inflacionárias no Brasil, de Má-rio Braccini Neto, orientado pelo docenteDuílio de Ávila Bêrni.

Professor é o Economista do Ano

Comemoração no Centro de Convivência

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 27

EM FOCO

ALUNO VIRTUAL,aprendizagem real

Que tal poder fazer um cursoem casa, assistindo às aulasquando quiser e quantas vezesachar necessário, ter colegas de

várias partes do País e domundo, obter o material didático comum clique no mouse, participar de de-bates e realizar exercícios sem precisardeixar a companhia das pessoas comquem vive?

Para os estudantes da PUCRS Vir-tual, tudo isso é possível. A comodida-de e a flexibilidade de horário são al-guns dos motivos que levam centenasde profissionais todos os anos a procu-rarem a Universidade para realizaremcursos de extensão e de pós-gradua-ção, como o psicólogo Rangel Barbosade Lima.

Morador da cidade de FredericoWestphalen, na região do Alto Uruguaino Rio Grande do Sul, Lima está fa-zendo, desde abril de 2004, o curso deespecialização em Psicologia nas Or-ganizações. “Para mim, que moro lon-ge de Porto Alegre, é muito vantajosopela questão do deslocamento e dotempo. Procuro me organizar e me de-dicar ao curso nos finais de semana”,conta.

Muitos alunos também assistem àsaulas nos chamados pontos distantes,normalmente localizados em institui-ções de ensino conveniadas, por meiode tele ou videoconferências. A coor-denadora pedagógica Maria da GlóriaFernandes (de Natal, Rio Grande doNorte) assiste às aulas do curso deespecialização em Orientação Educacional noColégio Marista de Natal, junto com outrascolegas. “Criou-se uma relação muito legalcom os colegas e professores, ficamos co-nhecidas como As meninas de Natal. Agorajá estamos fazendo a monografia. Achei ocurso excelente, me enriqueceu como pes-soa e profissionalmente, além de ter conhe-cido pessoas do Brasil inteiro”, observa Ma-ria da Glória, que recebe as aulas gravadasem CD, às quais assiste novamente em casapara não perder nenhum detalhe.

No Colégio Marista de Brasília a profes-sora Rosana Giacomazzi também assistiaàs transmissões ao vivo do curso de espe-cialização em Supervisão Escolar. Mesmoquando descobriu que poderia ver as aulas

em casa, preferiu ir ao colégio, para ter umcontato mais humano. “Em julho de 2003fui a Porto Alegre a passeio, assisti a umaaula na PUCRS e adorei! Foi muito estranhoencontrar ao vivo os professores. A primeiraque vi foi a professora Lezy Masotti. Reco-nheci-a no mesmo instante, mas ela nãome conhecia, obviamente. Fui tão bem re-cepcionada que decidi defender meu traba-lho de conclusão em Porto Alegre pessoal-mente, e não por telefone, como é de costu-me”, lembra.

Mesmo tendo as mais avançadas ferra-mentas de ensino à distância, possibilidadede tirar dúvidas via e-mail, telefone, fórum ebate-papos com os professores, a questãodo contato pessoal é um obstáculo observa-

do pelos estudantes. “A interação físi-ca com os colegas faz falta. Aconteceum processo de introspecção constantee ficamos um pouco isolados do con-tato afetivo e interpessoal. Entretanto,quem sabe se eu tivesse um poucomais de tempo poderia interagir maison-line com meus colegas e fazer maisamizades”, comenta Lima.

Rosana lembra que, apesar da dis-tância, seu grupo era bem interativo.“Conversávamos muito no fórum, bate-papos e por e-mail. Sentia falta deum diálogo maior durante as aulas aovivo, porque quando telefonávamos aprofessora havia avançado no assun-to e tínhamos que retomar o tema”,observa.

Todo o material de aula, exercíciose a entrega de trabalhos são feitos pelocomputador, o que exige dos estudan-tes conhecimentos básicos de infor-mática, mas contratempos tecnológi-cos podem ser solucionados com a aju-da da equipe do help desk. “Preciseialgumas vezes de auxílio, mas sempreligava para o pessoal do help desk elogo estava resolvido”, comenta Mariada Glória.

A experiência de realizar um cursoà distância exige disciplina e compre-ensão ao conviver, mesmo que on-line,com pessoas de realidades diferentes,

ou às vezes nem tanto. Quem passa por issoacaba percebendo que o conhecimento e asamizades reais adquiridas durante um anoou dois de cursocompensam al-gumas dificul-dades do mundovirtual. “Gosteitanto que já es-tou de olho emoutro curso”, afir-ma Rosana.

Rosana defendeu seu trabalho em Porto Alegre

Rangel Lima mora em Frederico Westphalen

COMO ENTRAREM CONTATO

PUCRS [email protected]

ALUNOS

28 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

A5ª edição do Salão deIniciação Científica daPUCRS contou com a

participação de 709 estudos de2.943 alunos de graduação dediversas instituições de ensinosuperior do País. O evento des-tacou 21 pesquisas, entre asquais 14 da Universidade. Apartir desta edição, a revistaPUCRS Informação apresenta-rá os trabalhos desses estu-dantes. Foram agraciadosEduardo Fonseca-Born (Ciên-cias da Computação), PaulaOrtmann (Literatura), Eduar-do Feltes (Lingüística), Lean-dro Campos (Enfermagem),Marina Jahns (Farmácia), Ra-faela Moura (Medicina), Ga-briela Ferreira (Odontologia),Eduardo Pedrazza (Farmaco-logia), Fernanda Vianna (Ge-nética), Juliane Picanço (Zo-ologia), Karina Santos (Mor-fologia), Felipe Vecchia (En-genharia de Materiais e Me-talúrgica), Tiago Benetti (En-genharia Mecânica) e Gui-lherme Felippe (História).

Os acadêmicos Aline Pundrich,Augusto Mallmann, Camila

Picolli, Diana Correa, Fabia-no Spohr, Lia Paula Bertani, MelanieGoulart, Rodrigo Jabur, Sérgio Pache-co, Vicente Bortollini e Virgílio Tonolli,do curso de Publicidade e Propagan-da, conquistaram o 1º lugar na sextaedição do Prêmio Detran-RS Publicidadepela Vida. Com a campanha Não inter-rompa sua trajetória o grupo recebeu R$3 mil. Na 2ª colocação ficou o trabalhoVovó Prudência e, em 3º, Animais, pro-teja sua espécie. O tema dessa ediçãofoi Segurança em duas rodas.

Por meio de peças publicitárias os jovens mos-traram todo o contexto que acompanha o motoci-clista, a exemplo dos familiares e amigos, incenti-vando a valorização da vida. “Fizemos uma cam-panha de massa, cujo objetivo era atingir não ape-nas o público-alvo, mas todos os agentes do trân-sito”, explica Mallmann. “O empenho do grupo e oforte planejamento de mídia foram nossos diferen-ciais”, destaca Spohr.

O Prêmio Detran-RS visa a desenvolver nos uni-versitários espírito crítico e responsabilidade sociale chamar atenção para o crescente número de víti-mas no trânsito gaúcho.

Vigilância e educação emsaúde para idosos

Com o crescente aumento da populaçãoidosa brasileira, a preocupação com as for-mas de acesso à saúde desse público in-tensificou-se. O acadêmico Leandro Cam-pos, da Enfermagem, recebeu destaque no

5º Salão de Iniciação Científica da PUCRScom pesquisa sobre o tema. Ele veri-

ficou o impacto das ações de vigi-lância e educação em saúdenos idosos moradores de áreasvinculadas a unidades bási-cas de atendimento médicoem Porto Alegre. Os dadospreliminares foram coletadosno Centro de Saúde IAPI.

O trabalho identificou osriscos a que estão submetidas

pessoas com mais de 60 anos, de-senvolveu métodos de educação em

saúde coerentes com os aspectos culturaise sociais do grupo analisado e examinou oimpacto das ações de vigilância e educaçãoem saúde desenvol-vidas nos casosde hospitali-zação, re-ospital i-zação eóbitos. Apesqui-sa terácontinui-dade em2005.

Pecados indígenas sãotema de estudo

Na sua primeira participação no Salãode Iniciação Científica da PUCRS, GuilhermeFelippe, do 8º semestre de História, desta-cou-se com a pesquisa Pecados indígenas ecastigos divinos: casos das missões do Ita-tim (1614) e Guairá (1628). A relação entreos pecados dos nativos – en-tendidos como a profana-ção dos dogmas cris-tãos – e os castigosaplicados por Deus,de acordo com odiscurso dos je-suítas, foi o enfo-que escolhido. Oestudo das cartasjesuíticas mostrouque, mesmo quandoum pecado não era re-preendido pelos padres, osmissionários acreditavam que aspunições divinas atingiam os índios.

A professora Maria Cristina dos Santos,orientadora de Felippe, é a responsável pelaorganização do instrumento de consulta utili-zado: o CD-Rom Xamanismo e Cura – Na Co-leção de Angelis, onde constam documentoshistóricos originais, incluindo os da época.

Futuros publicitáriosganham Prêmio Detran

Pesquisa daOdonto é premiada

Aline Costa, mestranda em Cirurgia e Trau-matologia Bucomaxilofacial, da Faculda-de de Odontologia, conquistou o 1º lugar

no Prêmio Professor Garcia do Prado de Anatomia Hu-mana, concedido pela Faculdade de Biociências. A dis-tinção é nacional e refere-se ao melhor trabalho da árearealizado por alunos e professores de ciências morfológicas.Essa foi a primeira vez que um estudo feito na PUCRS e em Odontologia destacou-se.

A pesquisa Estudo da anatomia e dos acessos cirúrgicos em região periorbitária descreve asdiversas estruturas anatômicas da periórbita (região dos olhos), relacionando-as a diferentesacessos cirúrgicos usados em traumatismos. “A Odontologia não se limita à boca”, explica Aline.

Alysson de Oliveira, formado em Ciências Aeronáuticas pela PUCRS, recebeu men-ção honrosa. Ele relacionou seus conhecimentos de aviação com a Medicina, curso quefaz na Universidade de Uberaba. O estudo é intitulado Medição angular dos côndi-

los das mandíbulas humanas. “É comum nos acidentes aeronáuticos nãoencontrar a arcada dentária ou tecido para coleta de DNA. A medi-

ção dos côndilos é uma das alternativas para o reco-nhecimento”, explica.

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 29

A arte marcial coreana é utilizada para

defesa pessoal e caracteriza-se pelo ensi-

namento das técnicas de combate sem ar-

mas. A modalidade tem fortes princípios

educacionais, estando o poder do praticante

centrado no humanismo, justiça e moralida-

de. Segundo Fernanda, a atividade ajuda na

construção da formação pessoal. “O esporte

auxilia no controle do nervosismo e ansie-

dade”, acredita. A atleta está à procura de

academia para realizar seus treinos. Inte-

ressados podem entrar em contato pelo e-

mail [email protected].

Conquistar títulos nacionais e inter-

nacionais de taekwondo, modali-

dade que pratica há seis anos, tor-

nou-se constante para Fernanda Borba,

faixa preta no 1º Dan da modalidade e alu-

na do 7º semestre de Farmácia. Ela obte-

ve, em 2004, o primeiro lugar na Copa do

Brasil e nos Jogos Intermunicipais do Rio

Grande do Sul, a 2ª colocação no Brasilei-

ro Universitário e a medalha de prata no

Argentina Open Taekwondo Championships.

No último, contou com o total apoio finan-

ceiro da Universidade.

Fernanda vence no taekwondo

Alunas têmreconhecimento

nacional einternacional

As alunas de iniciação científica Bi-biana Dutra, do curso de Farmá-

cia, e Karina da Silva, da Biologia, re-ceberam, respectivamente, menção hon-rosa da Federação de Sociedades deBiologia Experimental e o prêmio BestUndergraduate Student, concedido noBrazilian Crustacean Congress & TheCrustacean Society Meeting.

Bibiana desenvolveu pesquisa paraverificar o efeito do transresveratrol (pre-sente em frutas e no vinho) na longevida-de da Drosophila melanogaster, a mos-quinha da fruta. A estudante comprovouque o uso da substância aumenta em mé-dia 30% o ciclo de vida da espécie, signi-ficando um ganho de 13 dias, além damédia de vida de 30 dias. Segundo a ori-entadora do trabalho, professora Guenda-lina Oliveira, outros estudos mostram o vi-nho como um geroprotetor que poderia au-mentar a longevidade em seres humanos.

Karina desenvolveu um estudo sobre oParastacus, um lagostin de água doce,consumido como alimento por seres huma-nos em outros países. A estudante acompa-nhou as modificações fisiológicas do animalatravés da oferta de alimentos, numa dietarica em proteínas ou carboidratos. A orienta-dora, Guendalina, observa que, se for com-provado que essas dietas potencializam a re-produção e o crescimento do animal, a pesqui-sa, no futuro, pode servir de subsídio para apossível exploração comercial do animal.

L eandro Demori, recém-formado em Jornalis-mo, e Luciano Seade criaram uma revista demúsica para o público jovem. A iniciativa tor-

nou-se realidade em junho passado e, apesar do poucotempo de existência, a Revista Vinil, com circulação bi-mestral, é considerada sucesso de crítica e público.

A publicação traz entrevistas com músicos de diversosestilos, além da cobertura de shows e resenhas. A produ-ção é realizada por Demori, Seade e a fotógrafa Gabriela DiBella, também graduada em Jornalismo na Famecos. Oscolaboradores somam, em média, 15 pessoas de diferentesestados do País. Quando se referem ao projeto, os jornalistasafirmam que é um investimento profissional. “Com a revistaestamos fazendo nosso portfólio”, ressalta Demori.

Jornalistascriam revista Vinil

Foto: Divulgação

Pilotos oferecem apoio aéreo humanitário

Crianças hospitalizadasfizeram passeio

Grupo Ases emmissão com o Institutodo Câncer Infantil

Para oferecer o serviço de apoio áereoa um maior número de pessoas os

acadêmicos Carlos Recena, João Ma-druga e Rudolf Fonseca, da Faculdadede Ciências Aeronáuticas, criaram o gru-po de voluntários Ases. Segundo os alu-nos, a entidade é a primeira da Américado Sul a oferecer suporte aéreo humanitá-rio de forma não-remunerada. Entre asentidades com que a Ases mantém convê-nio está o Instituto do Câncer Infantil.

Nas atividades, realizadas com ae-ronaves de particulares, são atendidaspessoas com doenças graves, transplan-tadas ou à espera de doação de órgãos.

Transportar medicamentos para vítimasde envenenamento, peço-nha e doenças raras, alémde auxiliar na busca

de desapareci-dos tam-

bém configura o trabalho. Em janeiro, em par-ceria com a Companhia de Trens Urbanos,iniciou a campanha SOS Vítimas Tsunami.

A relevância do transporte aéreo pode serconstatada nos seus benefícios: redução damortalidade e incidência de complicações noestado clínico, menor tempo de internaçãohospitalar e diminuição de possíveis seqüelase custos do tratamento. A professora ThaisRussomano, do Laboratório de Microgravida-de, atua no projeto de forma voluntária e ana-lisa as condições técnicas dovôo e as suas influências.

Para participar, o paci-ente precisa do parecer fa-

vorável do médico com o qual faz trata-mento. O passageiro não pode necessitarde qualquer apoio externo, como macas,respiradores ou soro. “A ação não confi-gura transporte aeromédico”, lembra Ma-druga. “Por precaução, há o acompanha-mento de agentes da saúde”, destacaFonseca. Cada missão é informada aoServiço Regional de Aviação Civil. Conta-tos pelo (51) 3325-2710, 3325-2114 oue-mail [email protected].

ALUNOS

Somente o conhecimento é capaz de gerarmudanças sociais. Acreditando nisso as

professoras do curso de História MárciaAndréa Schmidt e Maria José Barreras, daFaculdade de Filosofia e Ciências Huma-nas, criaram o programa-oficina Histo-riando: brincando com o tempo. O proje-to voluntário é voltado a crianças de cin-co a dez anos da Vila Santa Anita, nazona Sul de Porto Alegre. A atividade inte-gra o programa socioambiental Ecos.

Utilizando variadas formas de arte,acadêmicos dos cursos de História, Peda-gogia e Educação

Física ensinam aosjovens, de uma ma-

neira didática e re-creativa, as transfor-mações que a socieda-

de sofreu ao longo dos anos. Segundo TacianaMonteiro, aluna de História, os encontros nãose limitam à mera exposição de conteúdos.“Queremos passar novos valores, fazer comque eles se percebam como indivíduos impor-tantes e atuantes na sociedade”, afirma.

Em janeiro, por iniciativa dos voluntários,foram realizadas gincanas para os pequenos,nas quais eles aprenderam sobre a origem dosjogos olímpicos. A partir de março, o projetoserá ampliado para adolescentes. Os encon-tros são quinzenais e ocorrem às quartas-fei-ras. Interessados podem entrar em contato

pelo e-mail historiandob r i [email protected] ou com a professoraMárcia pelo telefone(51) 9124-9865.

Cantose recantossob o olharde estudantes

Caroline Eidt, Felipe Rosa, LaraEly, Ramon Barbosa, Rhaoni

Rückheim e Vinicius Cruxen, da Facul-dade de Comunicação Social, tiveramsuas fotografias selecionadas na 2ª ediçãodo concurso Fotos de cantos e recantos. Aqualidade técnica, assim como a diversidadee criatividade na escolha do ambiente doscampi a ser registrado, estiveram entre os cri-térios de classificação. Os alunos receberamcertificado e um Kit Griffe PUCRS.

Um dos destaques do evento foi Cruxen,que teve três imagens selecionadas. Seu fascí-

nio pela arte o fez tro-car o curso de Admi-nistração de Empresaspelo Tecnológico emProdução Audiovisual/ Cinema e Vídeo. “Via possibilidade deunir o meu hobbycom uma área naqual gostaria detrabalhar”, ob-serva.

História é ensinada de forma lúdicaFo

tos:

Divu

lgaçã

o

Foto: Vinicius Cruxen

Foto: Divulgação

lexandre de Paula, recém-forma-do em Engenharia Mecânica,Cristiano Ferreira, da Enge-

nharia Elétrica, Milca Martins, da Admi-nistração de Empresas com ênfase emAnálise de Sistemas, e Luciano Spinelli, doJornalismo, foram destaques no 16º Salão deIniciação Científica da UFRGS. Cíntia Vilano-va, da Biociências, foi a única premiada no

10º Salão de Iniciação Científica da Ulbraque não fazia parte da unidade promotora

do evento.O trabalho de Milca – Exclusão

digital em Porto Alegre: pano-rama, contexto, abrangên-

cia e ações de inclusão– identificou os

níveis e ti-

Acadêmicos sãovalorizados em salõespos de exclusão digital dos alunos de6ª, 7ª e 8ª série das escolas públicaspróximas ao Campus da PUCRS. Trazeros jovens que não têm computadoresem casa nem acesso à internet para

aulas de informática na Universidade, peloProjeto Sinergia Digital, esteve entre as solu-ções encontradas para amenizar o problema. Aorientação foi da professora Edimara Lucianoe do Ir. Evilázio Teixeira.

Apresentar as modificações realizadas noPro-Fae, aplicativo desenvolvido pelo NúcleoTecnológico de Energia e Meio Ambiente daPUCRS que ajuda no desenvolvimento do pro-jeto preliminar de fazendas eólicas, foi o temaapresentado por De Paula. O acadêmico fezalterações no software para facilitar a inter-pretação e inserção de dados no sistema. OPro-Fae disponibiliza telas didáticas, diferen-ciando-se dos softwares comerciais.

A reverberação artificial (reflexões que osom sofre num ambiente fechado) foi o temade Ferreira. A pesquisa, orientada pelo profes-sor Dênis Fernandes, abordou as formas de se

obter no computador efeitos acústicos desalas. O acadêmico desenvolveu um aplicativoque possibilita adicionar a reverberação a ar-quivos de áudio para aplicações em jogos,produções musicais e simulações acústicas.

Spinelli, bolsista CNPq na área de Antro-pologia Visual, apresentou um estudo sobreGrafites na paisagem porto-alegrense. O en-foque escolhido expôs o modo como as pes-soas assimilam o piche – cuja intenção estárelacionada à sabotagem – e o grafite – feitopara embelezar a cidade.

Cíntia, bolsista no Laboratório de Malaco-logia da Faculdade de Biociências, sobres-saiu-se com o estudo Caracterização da co-nha rádula e mandíbula de Simpulopsis (Eu-dioptus) sp. ocorrente no Rio Grande do Sul,Brasil. Ela auxilia a mestranda Letícia daSilva que realiza sua dissertação so-bre o gênero. A acadêmica fez onovo registro do Simpulop-sis (Eudioptus) sp.para o RS.

Alunosconquistam prêmios

Cassandra Coradin,do 9º semestre da

Faculdade de Arquitetu-ra e Urbanismo, foi pre-miada na categoria estu-dante do Prêmio Caixa /IAB – 2004, Concurso Na-cional de Idéias e Solu-ções para Habitação So-cial no Brasil. O trabalhoHabitação Popular e Sus-tentabilidade na Arquite-tura e Urbanismo, orien-tado pelas professorasRosane Bauer e Maria Re-gina Paradeda, abordou otema da urbanização emelhoria das vilas e fave-las do País. A acadêmicaapresentou propostaspara a criação e amplia-ção das áreas de lazer e aintrodução de novas ca-sas na região analisada,preservando as caracte-rísticas da localidade.

Osmar Petrikovski (à dir., nafoto), do 6º semestre de Teo-

logia, conquistou o primeiro lugar no4º Concurso Literário Escritor Uni-versitário, prêmio CIEE/RS 35 anos.A crônica O dia em que o ser huma-no se encontrou com o amor desta-cou-se entre os 300 participantes detodo o Estado. O acadêmico recebeuR$ 4 mil. Petrikovski escreveu seutexto refletindo sobre como, no iníciode um novo milênio, a maioria daspessoas deseja que as coisas ruinssejam modificadas. “A sociedadeestá muito edonista. Devemos va-lorizar mais o amor e o respeito”,acredita.

Ana Brenner, Fábio Carvalho, Gisleine Guerra e

Luís Adriano Madruga, da Faculdade de Comu-

nicação Social, conquistaram o Ouro na categoria vídeo

do Prêmio Criatividade Digital 2004, promovido pela Ap-

ple. A gratificação consiste num estágio de seis meses

na Rede TV!, uma câmera de vídeo digital, um computa-

dor Apple eMac com Final Cut Express em comodato e

um mouse Microsoft. O evento é considerado um dos

maiores da área de Publicidade e Propaganda do País.

Os trabalhos institucionais, segundo o regulamento

do Prêmio, deveriam estar relacionados com a Fundação

Gol de Letra, criada em 1998 pelos ex-jogadores de fute-

bol Raí e Leonardo. O concurso visa a revelar novos ta-

lentos, estimulando a criatividade e responsabilidade

social através das mídias digitais.O comercial de 30 segundos intitulado Novos Senti-

dos passou uma mensagem de apoio e ajuda aos pe-

quenos abrigados na instituição. O vídeo mostrou os ru-

mos que a Fundação proporciona aos jovens. “Fomos

um dos poucos grupos que tentaram fugir do estereótipo

de escola futebolística”, destaca Carvalho. O trabalho

foi orientado pelo professor Claudio Mércio, com apoio

dos docentes Mágda Cunha e Eduardo Pellanda.

LANÇAMENTOS DA EDIPUCRS

32 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

EPI INFO SEM MISTÉRIOSUM MANUAL PRÁTICO

Ângelo José Gonçalves Bós – 248p.Consolidando, em um volume aces-sível, a experiência do autor comousuário do Epi Info, na condição depesquisador e professor, o manualpossibilita que os recursos disponí-veis no programa sejam adequada-mente compreendidos e utilizados.Trata-se de um volume de consultae orientação, servindo como recursopara aprender a para solucionar dú-vidas.

AS FONTES DO HUMANISMOLATINO VOLUME 3

Luiz Carlos Bombassaro e JaymePaviani – 352p.

Apresentando os resultados parciaisdas atividades desenvolvidas peloprojeto As Fontes do Humanismo La-tino, a obra completa a coleção ho-mônima, da qual já foram publica-dos dois volumes. Para este terceirovolume foram selecionados textosque tratam do sentido humano nacultura brasileira e latino-americana.

SELEÇÃO DE SEXO E BIOÉTICAJoaquim Clotet

e José Roberto Goldim (Orgs.) – 90p.

A seleção de sexo é um grande desafio bioéti-

co para diferentes áreas de conhecimento e

para a sociedade como um todo. A possibili-

dade de interferir na determinação do sexo de

uma pessoa, no período pré ou pós-concep-

cional é hoje uma realidade. O presente volu-

me apresenta o posicionamento de renomados

autores abordando desde os aspectos molecu-

lares e celulares até os teológicos, morais e

sociais deste importante tema.

TRAJETÓRIA DO PROGRAMA DEEDUCAÇÃO TUTORIAL NA PONTIFÍCIA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIOGRANDE DO SUL (DE NOVEMBRO DE

1991 A JUNHO DE 2004)Maria Tasca (Org.) – 94p.

O livro, idealizado pela Pró-Reitora de Gradua-ção da PUCRS, professora Solange MedinaKetzer, é fruto do trabalho de uma equipe in-terdisciplinar. Tem como objetivo fundamentalregistrar os quase 15 anos de história do Pro-grama de Educação Tutorial (PET) na Universi-dade. O programa, que nasceu no âmbito daCAPES no final da década de setenta, é atualmente administrado pela SESu/MEC etem como objetivo maior qualificar, em grau de excelência, grupos de alunos da Gra-duação, sob a orientação de um professor-tutor do respectivo curso.

A ÉTICA MEDIEVALFACE AOS DESAFIOS DACONTEMPORANEIDADE

Marcos Roberto N. Costa e Luis A. de Boni

(Orgs.) – 768p. – Coleção Filosofia 172

Os textos que integram a obra procuram, em

sua maioria, sob ângulos diferentes, dar mos-

tra de como diversos pensadores medievais

tentaram responder aos problemas éticos de

seu tempo. Sem a pretensão de fazer uma

ponte direta com a contemporaneidade, eles

abrem caminho para o diálogo entre duas

épocas.

MERCADO DE TRABALHO

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 33

ODONTOLOGIADentista: saúde para todo o corpoManter o sorriso bonito não é

apenas questão de estética,mas também de saúde. A re-

moção da placa bacteriana, através da es-covação dos dentes e do uso de fio dental,diminui a possibilidade de se ter problemascardíacos decorrentes da doença periodon-tal (inflamação do conjunto de tecidos res-ponsáveis pela fixação do dente).

Os responsáveis por ensinar as formasmais eficazes de prevenir enfermidades daboca pela correta higiene, manutenção deuma dieta equilibrada – com menos inges-tão de açúcar entre as refeições – e aplica-ção de flúor são os cirurgiões-dentistas.Corrigir defeitos na arcada dentária com ouso de aparelhos, realizar restaurações eextrações, fazer cirurgias ou tratar de trau-mas na região da face são algumas desuas atividades.

Quem escolhe esta carreira precisa seruma pessoa atenta a detalhes, ter boa co-ordenação motora, capacidade de concen-tração e vontade de ajudar o próximo. Nosúltimos anos, a área de trabalho sofreualterações consideráveis, em vista da cres-cente organização do Sistema Único deSaúde (SUS) e dos custos de manutençãode um consultório. As especializações dei-xaram de ser as únicas alternativas. Omercado volta-se hoje para o profissionalgeneralista que realiza práticas e políticasem saúde pública. “Qualificar o atendi-mento, humanizando-o, é uma das me-tas”, destaca Denis Dockhorn, professorda Faculdade de Odontologia da PUCRS.

Atuar no Programa Saúde da Famí-lia, do Ministério da Saúde, é opçãonão apenas para os recém-for-mados. O projeto prioriza as

ações de promoção, proteção e recupera-ção dos pacientes e seus familiares deforma integral e contínua. A equipe desaúde, da qual o dentista faz parte, temcomo parte de suas atribuições a realiza-ção de visitas domiciliares. Dessa forma,o profissional conhece a fundo os costu-mes de cada grupo, identificando situa-ções de risco. Isso acaba por facilitar odiagnóstico.

Segundo o Sindicato dos Odontologis-tas do Rio Grande do Sul, a remuneraçãoequivalente a 4h diárias é de R$ 1.080,mais 20% de insalubridade. Para quemtrabalha com raios-X, o benefício é maior,40%. Nos órgãos públicos, a exemplo dasprefeituras, o salário dependerá do municí-pio e da tarefa a ser realizada.

Sintonizada com o mundo do trabalho,a Faculdade de Odontologia da PUCRS en-sina, desde o primeiro semestre, a parteteórica sobre o SUS. No terceiro ano ini-ciam-se as atividades práticas no ambu-latório simulado de atenção básica.

Com a finalidade de aperfeiçoar aindamais a formação profissional serão imple-mentadas, em 2005, mudanças curricula-res para os estudantes do 1º e 2º níveis.Será obrigatória a realização de trabalho deconclusão de curso, além do estágio no Hos-pital da Brigada Militar e na Vila Fátima. Noúltimo, as atividades já são realizadas de

forma vo-luntária.

A l é mdisso,have-

rá 120hde disci-

plinas op-tativas e

120h de ati-vidades com-

plemen-tares.

Entre os serviços oferecidos pela uni-dade está o atendimento a pacientes cujotratamento interessa à formação profissio-nal dos estudantes. Todas as consultas sãoagendadas no térreo do prédio 6 e recebema supervisão dos professores. Há também14 cursos de pós-graduação que disponibi-lizam consultas especializadas aos interes-sados. Nos últimos quatro anos a Faculda-de de Odontologia recebeu conceito A noantigo Provão, substituído pelo Exame Na-cional de Desempenho dos Estudantes(Enade).

Paixão pelotrabalho

Era um desejo de criança. O exem-plo de cuidados com a higiene, prati-cados pelo seu primeiro dentista, emSão Sebastião do Caí, fez Janete Fi-delis Müller, já aos 12 anos, escolhera Odontologia como profissão. No en-tanto, sua trajetória não foi fácil. Defamília humilde, Janete tinha poucascondições financeiras para cursaruma Faculdade. A realização do so-nho veio aos 29 anos, quando ela es-tava casada e com dois filhos.

Na Faculdade de Odontologia daPUCRS apaixonou-se pela área soci-al. Trabalhou na Secretaria de Saúdede Bom Princípio e criou o plano mu-nicipal para a cidade. “No projeto, im-plementei o plano de saúde da famí-lia”. “Vi acontecer na prática o queidealizei”, lembra.

Janete é especialista em saúdecoletiva e trabalha hoje na prefeiturade Pareci Novo. Atualmente faz o cur-so de especialização em odontope-diatria pela PUCRS. “Tudo é muito bomaqui, superorganizado”, salienta. “AFaculdade de Odontologia é a minhacasa”.

ONDE CURSARFaculdade de Odontologia– Campus Central – AvIpiranga, 6681, prédio 6.Informações:(51) 3320-3562,3320-3500, ramal 4218,[email protected] www.pucrs.br/odonto.

MEMÓRIA

34 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

O PROFESSOR E POLÍTICOdas causas sociais

Em março, José Sanseverino completa80 anos com a satisfação de ter de-dicado a vida a duas de suas maio-res paixões: a universidade e a polí-

tica. Dividiu o tempo entre as aulas na PUCRSe UFRGS e os compromissos em governos oucomo parlamentar. Ligado à Santa Casa deMisericórdia desde 1955, quando auxiliavavoluntariamente na área jurídica, esperou aaposentadoria para assumir como provedor,em 1997. Havia recusado o convite por trêsvezes. No dia em que deixou a UniversidadeFederal, foi à Provedoria para se colocar àdisposição e atuar como o responsável pelocomplexo de sete hospitais. “Nossa missão émanter a linha histórica de atender carentes.”Em 2005, cumpre o último ano do terceiromandato.

Sanseverino viveu duas fases da PUCRS,a primeira como secretário da Faculdade deDireito. Atuou de 1952 a 1955, na gestão doReitor Cônego Alberto Etges, a quem conhe-cia por ter sido filiado à Juventude Universi-tária Católica (JUC). Etges era então as-sistente eclesiástico e presidente da JUC.Sanseverino sabia de cor os nomes detodos os alunos. Lembra que hoje issoseria impossível. Também assumiucomo secretário-geral da Universida-de. Doze anos depois de afastadodevido aos compromissos políti-cos, retornou à PUCRS comoprofessor em 1969.

Na Universidade, asamizades renderam frutospolíticos. Com o professorFernando Gay da Fonseca,Cid Furtado, Júlio de Rosee Jorge Casa de Azevedo,fundou o Partido DemocrataCristão (PDC) no Estado em1953. O auge foi em 1959, quando José Lou-reiro da Silva, expulso do Partido TrabalhistaBrasileiro (PTB), elegeu-se pelo PDC prefeitode Porto Alegre, em coligação com o PartidoLibertador. Sanseverino tomou posse comovereador. Seis meses depois assumiu comosecretário do Governo Municipal. Exerceu pordiversos momentos a Secretaria da Fazenda,substituindo o titular Manoel Braga Gastal,quando havia atraso de três meses no paga-

mento dos funcionários. Certa vez um grupode guardas municipais foi ao seu gabinete.Ficou até tarde recebendo cada um em parti-cular. Estabeleceu um esquema de pagamen-to com prioridade para os servidores que re-cebiam menos.

Eleito deputado estadual, chegou à presi-dência da Assembléia Legislativa em 1965.Viveu as conseqüências do golpe militar, coma cassação de colegas. Protestou contra o bi-partidarismo, defendendo, em vez da extin-ção, o fortalecimento dos partidos. Foi votovencido. Filiou-se à Aliança Renovadora Na-cional, mas lembra que as diferenças entre oslíderes eram grandes.

O engajamento começou cedo. Sanseveri-no ingressou no Partido Social Democrático(PSD) quando aluno do Colégio Anchieta. Não

demorou para ficar descontente com algunsfatos, como a retirada de cartazes da sede doPSD exibindo Getúlio Vargas após a criação doPTB. A mudança de posição o descontentava.Achava que era impossível compatibilizar aação católica com a política. Até surgir o PDC.

A paixão pela política o levou, em 1975, arenunciar à carreira de juiz federal, para aqual havia sido nomeado em 1968. Aceitou oconvite do então governador Synval Guazzelli,para assumir a Secretaria da Justiça. “Meuscolegas e amigos me chamaram de malucopor eu ter deixado um cargo vitalício, algunsaté perderam o sono.” Mais tarde ocupou ocargo de procurador do Estado no Tribunal deContas, onde se aposentou. Foi diretor da Fa-culdade de Direito da UFRGS a partir de 1988,quando se afastou da PUCRS.

Casado com Maria Thereza Vieira, temseis filhos e 13 netos. Nasceu em Encruzilha-da do Sul, onde viveu até os 10 anos. Chega-va ao fim do curso primário – o único que ha-via na cidade –, o pai era alfaiate e não podiacustear os estudos num internato. Em PortoAlegre, a família morava perto da Igreja SãoGeraldo, que tinha como pároco Vicente Sche-rer, mais tarde arcebispo metropolitano e pro-vedor da Santa Casa. Sanseverino se inspira

em Dom Vicente, que ajudou a entidade asuperar uma grande crise. “O pesso-al tem veneração por ele. Um diaserá santo.” Conta que o Papa JoãoPaulo II disse ao então Bispo Auxili-ar de Porto Alegre, Dom AntônioCheuiche, que reza para Dom Vi-cente ajudá-lo no pontificado. “In-voco-o nas horas boas e difí-ceis”, repete Sanseverino.

Uma das preocupações doprovedor é com a preservaçãoda memória da instituição de202 anos. Perto de sua mesa detrabalho está o quadro do Vis-conde de São Leopoldo, o pri-meiro a ocupar o cargo. No jar-

dim, fica o busto do Irmão Joa-quim Francisco do Livramento,considerado fundador da SantaCasa por ter pedido autorizaçãoao imperador de Portugal paraa construção do hospital.

BASTIDORES

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 35

CENTRO DE PASTORAL,abrindo horizontes

Um espaço dentro da Universidadepromovendo momentos de medi-tação, reflexão, atividades solidá-rias, celebração e oração incenti-

vando a qualidade nas relações e desper-tando para o transcendente: este é o Centrode Pastoral, que conta com uma equipe doschamados agentes de pastoral, sempre pron-tos para acolher com muita alegria e dina-mismo alunos, professores e funcionários daPUCRS.

Criado em 1994, sob coordenação do Ir.Avelino Madalozzo, é atualmente um órgãosuplementar da Universidade, com autonomiapara fazer seu regimento. Em 1999 ganhousua sede atual, junto ao Colégio MaristaChampagnat, com várias salas adaptadas àssuas atividades. A direção está a cargo dosirmãos maristas Edison Hüttner, diretor, eMarcelo De Bastiani, vice-diretor.

Dentre as atividades realizadas estão arecepção aos novos alunos, por meio doStand Calouros, atividades de acolhimentopara vestibulandos e familiares, com o ProjetoAcalanto, atendimento personalizado comapoio espiritual de sacerdotes e agentes, or-ganização de grupos reflexivos, como o DuasAsas – Psicologia e Espiritualidade, Universi-dade Missionária, encontros de convivência,seminários, retiros e atos celebrativos, entreoutros.

Momentos culturais, como a promoção deshows e do piquete na Semana Farroupilhatambém são realizações dessa equipe quenão se cansa de criar novidades. “Pela proxi-midade dos objetivos acaba sendo inevitáveltrabalharmos sempre em conjunto. Atuamosmuito em equipe, sempre um consultando ooutro, é um ambiente muito bom”, conta aagente de pastoral Carolina Possobon. Trêsvezes ao ano o grupo costuma fazer retiros,para trabalhar questões espirituais, revisãode vida e planejamento das atividades do se-mestre.

De acordo com o vice-diretor do Centro dePastoral, Ir. Marcelo De Bastiani, a missãoprincipal é tornar a filosofia marista mais co-nhecida no Campus, trabalhando o lado espi-ritual da comunidade acadêmica. “O nomeCentro de Pastoral às vezes assusta, muitosalunos acham que participar de atividadesaqui resume-se a rezar, e não é bem assim,

temos diversos projetos. Cada um pode tersuas crenças, não queremos converter nin-guém. A espiritualidade é muito mais abran-gente do que a religião”, observa.

Para engajar a comunidade acadêmicanos projetos e no ideal de uma Universidademais solidária, a Pastoral conta com a aju-da de dois grupos, o Grupo dos Represen-tantes das Unidades e o Grupo dos AgentesMultiplicadores, formado por estudantes.Além deles, outros grupos também estão li-gados à unidade, como o Jumar Universitá-rio, Meditação Oriental, Missões, PastoralUniversitária, Alfa e Ômega, Escola Fé eMissão e o Grupo Universitário Marista, queconta com alunos, professores e funcioná-rios desenvolvendo ações, relacionando so-lidariedade e conhecimentos acadêmicospostos em prática.

Pessoas interessadas em realizar os sa-cramentos do batismo, crisma e eucaristiatambém podem procurar o Centro de Pasto-ral, que oferece o projeto Creio em ti. A pre-paração para os sacramentos ocorre numperíodo de seis meses, em encontros sema-nais. A experiência desse projeto foi transfor-mada no livro Compreender para crer, queestá sendo lançado pela Editora Paulinas.

O Projeto Solidariedade, setor vinculadoao Centro de Pastoral e à Pró-Reitoria de As-suntos Comunitários, promove atividades decunho social e solidário, muitas já consolida-das na Universidade, como a Semana da So-lidariedade, a Semana da Alimentação, Con-curso de Monografias e campanhas de arre-cadação de alimentos, brinquedos, agasa-lhos e material escolar. O Projeto tambématende diariamente pessoas carentes, re-presentantes de entidades e grupos quebuscam doações.

O trabalho voluntário também é estimu-lado. O setor presta apoio administrativo aprojetos como o Programa SocioambientalECOS, uma iniciativa interdisciplinar que atuajunto a comunidades com diferentes níveissocioeconômicos e de risco, o Projeto Siner-gia Digital, que capacita alunos carentes deescolas estaduais a utilizarem recursos de in-formática e conta com o Núcleo Avesol (As-sociação do Voluntariado e da Solidariedade),no qual os alunos podem cadastrar-se paraparticipar de projetos voluntários.

Campus CentralPrédio 17, térreo

(51) 3320-3500 - ramal 4027www.pucrs.br/pastoral

Atendimento:de segunda a sexta-feira,das 7h30min às 22h30min

Projeto Solidariedade: ações sociais

A equipe de agentes de pastoral

Sucesso: Stand Calouros

AÇÃO COMUNITÁRIA

36 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

A presença do VOLUNPor Mariana Vicili

Alunos, professores e funcionáriosda PUCRS dispostos a começarum ano diferente e ceder um pou-co de tempo, conhecimento e cari-

nho a causas sociais podem fazer parte de pro-jetos voluntários existentes na Universidade.

A partir deste ano as atividades voluntáriasserão centralizadas num novo núcleo. Em outu-

bro de 2004, durante a Semana da Alimenta-ção, foi assinado um convênio com a organiza-ção não-governamental Associação do Volunta-riado e da Solidariedade (Avesol) que prevê acriação de um núcleo da organização na Uni-versidade, junto ao Projeto Solidariedade eao Centro de Pastoral. Estão sendo cadastradosentre a comunidade acadêmica voluntários queserão capacitados e atuarão em projetos soli-dários, de acordo com a área de interesse.

Oprojeto Sinergia Digital, promovidopelo Laboratório de Informática

da Faculdade de Administração,Contabilidade e Economia e pelo Centro dePastoral, tem ajudado, desde o ano passa-do, jovens estudantes de escolas públicascom aulas gratuitas de informática.

A primeira turma, formada por 41 alu-nos, completou o curso em dezembro. Osestudantes assistiam às aulas aos sábadosna PUCRS, ministradas por alunos, profes-sores, funcionários e ex-alunos sobre soft-wares como Word, Power Point e Excel. Aca-dêmicos da Faculdade de Psicologia tam-bém participaram do projeto realizando di-nâmicas de grupo. No encerramento, umapesquisa detectou que a maioria dos estu-dantes considera que o Sinergia Digital mu-dou sua vida para melhor.

A aluna do quarto semestre do curso deAdministração com Ênfase em Análise deSistemas Raquel Cecco Baldissera nuncahavia pensado em ser professora e acabouse surpreendendo. “Foi uma experiênciabem gratificante. Eu ia ser apenas monitora,mas acabei dando algumas aulas e gosteimuito, foi tranqüilo”, conta.

Francisco Paz, graduado recentementeno mesmo curso, decidiu continuar partici-pando do projeto mesmo depois de ter con-cluído a Faculdade. “Participar de um proje-to que ligasse minha profissão com o servi-ço aos menos favorecidos sempre foi umsonho pra mim, tenho prazer em ajudar. Em2004 tive a oportunidade de atuar em trêsfunções diferentes, como animador de en-contros com músicas, monitor e instrutordas aulas”.

A coordenadora do projeto, pro-fessora Edimara Mezzomo, diz que,em abril, o projeto será retomadocom o mesmo conteúdo e planospara ampliar as turmas. “Em agostopretendemos iniciar uma turma comprofessores de escolas estaduais,dando aulas de manutenção e mon-tagem de micros e desenvolvimentode websites. Esses cursos ainda es-tão em gestação, pois precisamosde patrocínio”, afirma a professora,que está satisfeita e motivada coma participação dos voluntários.“Queremos ampliar bastante o con-tato com eles fazendo encontros se-mestrais de integração e reflexãosobre o projeto e a exclusão digital”.

Combate à exclusão digital

Aulas gratuitas de informática

Em 2005, a PUCRS quer retomar umde seus trabalhos comunitários demaior destaque. Entre 1972 e 1989,

2,6 mil universitários participaram do Proje-to Rondon, que levou a Universidade até aoAmazonas, na região do Alto Solimões. Parao projeto, desenvolvido com o então Mi-nistério do Interior, foi criado o CampusAvançado, queatendia a po-pulação ribeiri-nha dos muni-cípios de Ben-jamin Constante São Paulo deOlivença.

Equipes deestudantes serevezavam du-rante o ano in-teiro prestando serviços ligados à alimenta-ção e à saúde, contando inclusive com umbarco especial, o Igara Catuçaua, que ia atéàs comunidades, e à educação, com cursos

Universidade vol

O grupo que retornou ao

A lguns alunos da Faculdade deOdontologia preferem trocar diasde lazer nas férias por trabalhos

voluntários no Projeto Litoral, implantadoem 1991. Os estudantes atendem a popula-ção carente das cidades conveniadas emuma unidade móvel e em postos de saúde.Além da educação de saúde bucal, são fei-tos tratamentos odontológicos, sempreacompanhados por professores. Os partici-pantes são, preferen-cialmente, acadêmi-cos do último semes-tre do curso.

Em fevereiro umgrupo realizou ativi-dades em Rosário doSul e, em julho, parti-rão novas equipes.Estão em negociaçãocidades como Osório

Férias so

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 37

NTARIADO na PUCRSlta ao Amazonas

de capacitação e preparação de recursoshumanos. Também foram realizadas cam-panhas de regularização de situação eleito-ral, registro civil, assessoria em audiênciasde instrução e julgamento.

Um pequeno grupo voltou à região em ja-neiro deste ano para fazer um diagnóstico epropor sugestões para a programação de

atividades a se-rem realizadas.Segundo o coor-denador do Pro-grama de AçõesComun i t á r i asde Extensão daPUCRS, profes-sor Edgar Erd-mann, a previsãoé selecionar vo-luntários a partir

de abril. “Estamos tentando voltar a realizaralgo que foi extremamente válido, uma expe-riência incrível”, conta o coordenador, quetambém participou do primeiro projeto.

PARTICIPE DE UM PROJETONúcleo Avesol – (51) 3320-3500, ramal 4506Projeto Rondon – (51) 3320-3500, ramal 4065 (professor Edgar Erdmann)Projeto Litoral – (51) 3320-3500, ramal 4065 (professor Edgar Erdmann)Sinergia Digital – (51) 3320-3500, ramal 4082 – tarde/noite (professora Edimara Mezzomo) ouramal 4506 – manhã/tarde (Carolina Possobon)Universidade Missionária – (51) 3320-3576 (Sílvio de Almeida Júnior)

OPrograma Universidade Missioná-ria, coordenado pelo Centro de

Pastoral, desenvolve projetos emque conhecimentos acadêmicos, experiên-cias de fé, solidariedade, espiritualidade,valores éticos, princípios do cristianismo e amissão educativa marista são colocados aserviço da sociedade. O programa abrangevisitas a famílias, oficinas educativas dire-cionadas a crianças, jovens e adultos, tra-balhos comunitários e pastorais e ativida-des de integração, entre outras.

A idéia surgiu de uma experiência emjaneiro de 2004, quando 19 universitáriosforam enviados ao Chile para participar doprojeto Misión País, promovido pela Ponti-fícia Universidade Católica do Chile.

Maria Elisa Corrêa, estudante de Rela-ções Públicas e coordenadora de comunica-ção do programa, conta que foram recebi-dos com alegria e curiosidade pelos chile-nos. “Dizer que éramos brasileiros fazia asportas se abrirem para nós, as pessoas per-guntavam muito sobre a vida no Brasil.Nesse projeto a gente se entrega para aju-dar os outros, é uma experiência única.Houve um momento muito curioso em queeu fiquei ouvindo uma senhora, mas nãoentendia boa parte do que ela dizia. Mesmoassim, depois ela me agradeceu e pareciamuito feliz só por ter desabafado com al-guém”, lembra.

Em janeiro deste ano, 29 estudantesvoltaram ao país. Com o tema En comuni-ón, construyamos con Cristo el alma deChile, visitaram diversas regiões juntamentecom 1,5 mil universitários de toda a Améri-ca Latina, participando de atividades mis-sionárias diárias.

Universidade Missionária

A partir desse projeto da universidadechilena, participantes da PUCRS resolveramdesenvolver o Universidade Missionária,cuja primeira missão abrangeu 47 universi-tários e foi realizada de 11 a 19 de dezem-bro na cidade de Butiá, no Rio Grande doSul. Os estudantes promoveram atividadesde educação ambiental, discussões sobrerelacionamento familiar, drogas e espiritua-lidade, visitaram cerca de 900 domicílios di-vulgando mensagens de solidariedade eparticiparam da Festa de Natal da CriançaButiaense, apoiados pela Prefeitura Munici-pal de Butiá, Associação de Mulheres Butia-enses e pela Paróquia Santa Teresinha. Du-rante a festa, que reuniu cerca de 600 cri-anças, os participantes desenvolveram brin-cadeiras, jogos e fizeram um show, que tevea presença da banda Domus Dei.

Em julho outro grupo sairá para Butiá.Posteriormente pretende-se estender o pro-jeto para outras cidades do Estado e para aAmazônia.

Alunos foram ao Chile em 2004

olidáriase Veranópolis e, possivelmente, serão leva-dos também alunos do curso de Medicina.

A recém-graduada em Odontologia Pa-trícia Camargo da Rosa recomenda a experi-ência. Participou do projeto quando aindaestava no penúltimo ano do curso. “Nóspassamos duas semanas em Rosário do Sule fomos bem acolhidos pela população.Acho que é uma boa oportunidade para oaluno ter uma visão da Odontologia fora da

Universidade, na saú-de pública, e não deuma clínica particular,por exemplo. Noto queo projeto está cres-cendo e sendo cadavez mais reconheci-do”, observa.

Alunos trocamlazer por trabalho

Alto Solimões

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CULTURA

38 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

O teatro ganha espaço na UnivPor Mariana Vicili

Aarte de representar, cuja história seconfunde com a da humanidade, en-tretendo e informando civilizações,

ganha espaço e admiradores na PUCRS. A par-tir deste ano, com a criação de novos grupos deteatro, alunos, professores e funcionários terãoa oportunidade de aprender e desenvolver ha-bilidades no palco.

A peça A Gramática, de Eugène Labiche,apresentada em novembro, reiniciou o projetoPUCRS em Cena em grande estilo e com muitasgargalhadas. O elenco era formado, em suamaioria, por alunos da Universidade, incluindoa direção, que ficou a cargo do ator e diretorMarcelo Adams, acadêmico do mestrado emTeoria da Literatura. Os cenários foram feitospela marcenaria instalada no Campus. O proje-to, realizado em parceria pelo Instituto de Cul-tura Musical e a Pró-Reitoria de Assuntos Co-munitários, também prevê a criação de umgrupo teatral. De acordo com a coordenadorado Instituto, Adriana Cardoso de Almeida, seráfeita uma seleção prévia dos integrantes, queparticiparão de uma oficina durante um períodoainda não estipulado, para depois realizaremapresentações. O período de seleção será di-vulgado no início das aulas.

O PUCRS em Cena tem tradição em PortoAlegre e ficou conhecido por trazer peças derenome. No ano de criação, 1996, foi apresen-tada a peça Bailei na Curva. No ano seguinte,3.500 pessoas assistiram a espetáculos comoSe meu ponto G falasse, Farsa Trágica e Tan-gos e Tragédias. Em 1998, 1999 e 2001 os es-pectadores, 8 mil em média, puderam ver pe-ças como O Marido do Dr. Pompeu, O Carteiroe o Poeta, O Homem e a Mancha, com o atorMarcos Breda, O Quadrante, com Paulo Autran,Pois é Vizinha, No Tempo do Onça, Rádio Es-meralda, Little Red Ridding-Hood e apresenta-ções de teatro de rua.

GRUPO TEATRALEstudantes, vinculados ao Centro de Pasto-

ral, também estão formando um grupo teatral,do qual poderão participar alunos, funcionáriose professores. Segundo a responsável pelo pro-jeto, a acadêmica de Jornalismo Camila Wein-mann, o objetivo é realizar peças para transmi-tir mensagens de solidariedade, promovendoprincipalmente a educação ambiental. “Preten-demos percorrer primeiro os campi da PUCRS,

atuando em peças com temáticas sociais, eposteriormente os espetáculos serão apresen-tados em hospitais, asilos, creches e vilas”,conta Camila. Experiência não é necessária. Oúnico pré-requisito é querer se engajar em pro-jetos sociais. Os interessados devem procurar oCentro de Pastoral a partir de março para reali-zar seu cadastro.

Na últimadécada, a Universidade teve diversos gruposteatrais. Entre eles os Batalhatores, que movi-mentaram o Campus de 97 a 99, com peças narecepção dos calouros, uma performance cêni-ca no PUCRS em Cena de 98 e a montagem dapeça Cabaret Valentin. O grupo foi formado poriniciativa do Diretório Central dos Estudantes

Alunos em cena na peça A Gramática

Em 2002, Pucaretas fez laboratório de teatro

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 39

REVISTA DO GLOBOem acervo completoDepois de 12 anos de trabalho, está

concluída a organização do acervocompleto da Revista do Globo. O

projeto integrado do Centro de PesquisasLiterárias da Faculdade de Letras daPUCRS, Instituto de Pesquisas Científicas eTecnológicas e Agência Experimental da Fa-culdade de Comunicação Social reuniu em14 CD-ROMs as 943 edições digitalizadasdo periódico gaúcho publicadas no períodocompreendido entre 1929 e 1967.

É a única coleção completa da revista,em edição fac-similar de alta definição,destaca a pesquisadora Alice Campos Mo-reira, coordenadora do projeto que foi fi-nanciado pela Livraria do Globo e Lei Esta-dual de Incentivo à Cultura com apoio daPUCRS, Fapergs e CNPq. Voltado principal-mente a pesquisadores, o catálogo pode serinvestigado de diversas maneiras ofereci-das pelo inovador processo de indexação.

A catalogação da Revista do Globo che-gou a sofrer dificuldades pela falta deexemplares. Sua coleção ficou completagraças à junção dos acervos do Museu daBrigada Militar, do Museu de ComunicaçãoHipólito José da Costa e do Arquivo Históri-co Moysés Vellinho.

No início, o projeto consistia numa ca-talogação simples através de fichas. Como

a quantidade dematerial eramuito exten-sa paratal fim,a idéiafoi infor-matizart u d o .Criou-seentão ogrupo depesquisado projeto (divi-dido em catalogação, di-gitalização e edição) que, de 1990 até2004, contou com cerca de 70 bolsistas deiniciação científica da Faculdade de Letras.Dentre as três etapas de trabalho, a catalo-gação foi o processo mais demorado, per-durando de 1990 a 1996.

Para bibliotecas públicas e universitá-rias, museus, centros culturais e de pes-quisa adquirirem a coleção, deve ser pre-enchida ficha cadastral no site www.pucrs.br/ipct. Depois é preciso enviá-la à coorde-nação do Centro de Pesquisas Literárias daPUCRS (sala 430 do prédio 8 – Avenida Ipi-ranga, 6681), para seleção e possível en-trega do volume.

Os fatos que foram notícia, os cos-tumes e a vida no Rio Grande do

Sul de 1929 a 1967 foram registradosnas 943 edições da Revista do Globo. Apublicação gaúcha quinzenal circulouno País durante quase quatro décadas.São milhares de páginas com literatu-ra, notícias, história, moda, cultura,esportes, culinária e vida social. Osmaiores escritores da época fizeramparte do veículo. Entre eles, Erico Ve-rissimo, como diretor, Moysés Vellinho,Mario Quintana e Mansueto Bernardi,escrevendo artigos.

Um pouco de história

(DCE) e apoiado pela Pró-Reitoria de Assun-tos Comunitários. A coordenadora era a atrizRaquel Alfonsin. “Depois que o grupo termi-nou alguns participantes continuaram fazen-do teatro, mas certamente todos tiveramacréscimos na carreira, já que o teatro ajuda

muito na comunicação e no trabalho em gru-po”, afirma Raquel.

Outro grupo foi o Pucaretas, fundado emjunho de 2002 com o apoio do Centro de Pas-toral. No início, um laboratório de teatro eraaberto a toda comunidade acadêmica, deonde saíram os participantes do grupo, queexistiu até janeiro de 2003, tendo apresenta-do uma única peça. Em 13 de setembro de2002, a convite da diretoria do Jornal MundoJovem, publicado na PUCRS, os Pucaretasparticiparam das festividades dos 40 anos defundação do jornal representando uma peçaque contava sua história.

O grupo, formado por 21 pessoas, entrealunos, funcionários e alguns conhecidos, en-saiava aos sábados à tarde numa sala re-servada da Faculdade de Educação Física.Um dos participantes, o estudante MarcosCaetano Corrêa, lembra com saudades dabreve atuação com os colegas: “Era um am-biente super descontraído, criamos vínculosfortes, apesar do pouco tempo, estávamossempre nos reunindo em outros horários, or-ganizando churrascos e até algumas açõessociais. No Dia das Crianças daquele anofizemos uma peça improvisada, vestidos depalhaços, para crianças de rua numa praçaperto do Gasômetro. Um momento inesque-cível”, lembra.

Sucesso: O Carteiro e o Poeta

versidade

40 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

SINOPSE

CONVÊNIO COM A CHINAA Assessoria para Assuntos Internacionais e Interinstitucio-

nais (AAII) e a Pró-Reitoria de Extensão assinaram convêniocom a Universidade de Multimeios da China para oportunizar atroca de experiências entre estudantes de Comunicação chine-ses e brasileiros. Em agosto está prevista a vinda à PUCRS de20 alunos chineses que terão dez horas/aula semanais nas Fa-culdades de Comunicação Social e Letras. Na oportunidade, oReitor Ir. Joaquim Clotet recebeu a visita da delegação da uni-versidade chinesa representada pela diretora da Faculdade deComunicação, Cai Guofen, a vice-diretora, Xu Qinyuan, e a pro-fessora Yan Qiaorogng. O acordo, que visa ao intercâmbio dealunos, professores e pesquisadores de ambas as instituições,foi elaborado pelo diretor do Centro de Educação Continuada daPró-Reitoria de Extensão, Francisco Lummertz, e a coordenadorada AAII, Silvana Silveira.

Brigada MilitarA Faculdade de Direito do Campus Zona Norte promoveu curso

gratuito de formação para o efetivo da Brigada Militar do Estado. Naoportunidade, 250 policiais do 20° Batalhão de Polícia Militar daZona Norte de Porto Alegre aprenderam a redigir o termo circunstan-ciado, que eqüivale a uma ocorrência policial. Para o coordenador doprojeto e professor da Faculdade de Direito, Wambert Di Lorenzo, aexpectativa é capacitar todos os policias da Capital.

CONSTITUIÇÃO DA REDE DE DESIGNAs entidades parceiras da Rede Gaúcha de

Design (RGD), que tem um de seus núcleos noprédio 7 da Faculdade de Comunicação Social daPUCRS, assinaram a ata que constitui, legal e juri-dicamente, a Associação Rede Gaúcha de De-sign. O Sebrae/RS, representado pela diretora deOperações Susana Kakuta, assumiu a presidênciada entidade. O projeto foi lançado em 2003,quando as entidades parceiras da RGD – Apde-sign, Cooparigs, Feevale, PGD, PUCRS, Senai eUFRGS – assinaram um convênio com o Sebrae/RS. A Rede Gaúcha de Design viabiliza a presta-ção de serviços em design nas áreas de artesana-to, móveis, vestuário, design gráfico, jóias e cal-çados. A partir de 2005, haverá a possibilidadede novas entidades unirem-se à RGD na forma desócias colaboradoras.

PROFESSOR EMÉRITOA Universidade Federal de Pe-

lotas homenageou o professor Al-berto Rufino Rosa Rodrigues deSousa, do Programa de Pós-Gra-duação em Ciências Criminais daFaculdade de Direito, com o títulode Professor Emérito.

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃOEm pesquisa anual realizada pela

Revista Você S/A, publicada em novem-bro, o Mestrado em Administração eNegócios da Faculdade de Administra-ção, Contabilidade e Economia daPUCRS conquistou o 6º lugar no Brasil eo 2º na região Sul referente à categoriaMestrado Profissional. O conceito de-corre de um levantamento realizado en-tre ex-alunos, professores, coordenado-res de curso e diretores de RecursosHumanos. O curso está entre os 60 me-lhores do País.

PEDAGOGIAMULTIMEIOS

Jaqueline Maissiat, mestranda em Edu-cação, e Jossiane Bitencourt, ex-aluna docurso de Pedagogia Multimeios e InformáticaEducativa, auxiliaram os alunos do ColégioBatista, em Porto Alegre, a criar um jornalon-line sobre química, física e biologia. Otrabalho realizado pelos alunos do 1º ano doEnsino Médio conquistou o 3º lugar no con-curso Tecnologia e informática, promovidopelo caderno Eureka, do jornal Zero Hora. Asacadêmicas ensinaram os jovens a montar osite e deram dicas sobre a melhor maneirade escrever um texto para a internet. Partici-param do evento colégios particulares e pú-blicos de 20 municípios gaúchos.

GRADES COMPUTACIONAISA Financiadora de Estudos e Pro-

jetos aprovou um projeto da Faculda-de de Informática para adaptar apli-cações governamentais aproveitandoa capacidade das grades computa-cionais, que interligam diversoscomputadores dividindo o processa-mento entre eles. O projeto, que temvigência de um ano, executará aadaptação de uma ferramenta daPrefeitura de Porto Alegre que moni-tora as condições dos pavimentos dacidade (Gerpav) para a execução nagrade piloto da HP, denominadaPauá. A equipe, liderada por dois la-boratórios de pesquisa da Faculdade(Centro de Pesquisa em Alto Desem-penho e Centro de Pesquisa e Desen-volvimento de Aplicações Paralelas),em cooperação com a HP, é compostapela Universidade Federal de Campi-na Grande, Procempa, Smov e HP.

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 41

TABAGISMOO Serviço de Pneumologia do Hospi-

tal São Lucas desenvolve pesquisa so-bre o Tabagismo e Doenças Tabaco-re-lacionadas. Nos últimos meses, o proje-to recebeu seis distinções e prêmios.Entre os destaques estiveram o 2004European Respiratory Society GoldenSponsorship Award, o 1º Prêmio MárioRigatto da Associação Médica do RioGrande do Sul e o Prêmio de Melhor Tra-balho 2004 da Sociedade Brasileira dePneumologia e Tisiologia.

DESENVOLVIMENTO DE SOFTWAREO trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Desenvol-

vimento Distribuído de Software em parceria com a Universidadede Illinois (EUA), recebeu a Distinction of Honorable Mention in the2004 AIS Award for Innovation in Information Systems Education.A distinção referiu-se ao módulo de treinamento The Managementof Outsourcing: Development of a Module With Implications for theIT Curriculum. O projeto foi desenvolvido pelos professores JorgeAudy, Rafael Prikladnicki e Roberto Evaristo (da Universidade de Illi-nois) com os alunos de mestrado Leandro Lopes e Leonardo Pilatti.

GRÁFICA EPECÊO Centro Nacional de Tecnologias Lim-

pas do Senai concedeu à Gráfica Epecê ocertificado do Programa de Produção MaisLimpa. O primeiro projeto desenvolvido pelagráfica teve por meta reduzir as aparas (so-bras) de papel. No estudo de caso sobre oformato da revista PUCRS Informação, im-pressa pela Epecê, identificou-se o consumoinicial de 46 toneladas/ano de papel. Dessetotal, 5 toneladas/ano geravam aparas, cor-respondendo a 11% do custo do papel. Coma aplicação do Programa, a Gráfica Epecêpassou a consumir 41 toneladas/ano, comzero de sobras. A próxima etapa do progra-ma objetiva diminuir os custos/aparas nautilização de chapas. O objetivo é economi-zar ainda mais, em média 4%.

ATEROSCLEROSEEmilio Moriguchi, professor da

Pós-Graduação da Faculdade de Me-dicina e chefe do Serviço de Geriatriado Hospital São Lucas, foi eleito mem-bro da International AtherosclerosisSociety até 2006. Ele é diretor do Cen-tro Colaborador da OPAS/OMS para aPrevenção das Patologias e DoençasCrônico-Degenerativas Asssociadasao Envelhecimento.

Aline Mello e Leandro Möller,mestrandos em Ciência daComputação, recebem, em

março, no Fórum de Projetistas daDesign and test in Europe – maiorconferência européia na área de au-tomação e teste de circuitos eletrô-nicos – o prêmio Europractice demelhor projeto conceitual com otrabalho MultiNoC: a multiproces-sing system enabled by a networkon chip, orientado pelo professorFernando Moraes com o apoio deEverton Carara e do docente Ney

Calazans. Os acadêmicos desenvol-veram um sistema de multiproces-samento. “Foram colocados doisprocessadores em um único chipinterconectados numa rede para fa-cilitar a troca de informações entreeles e deixar mais rápida a resolu-ção de problemas”, explica Cala-zans. Em setembro de 2004, o mes-mo estudo conquistou o 1º lugar noconcurso Xilinx Design Contest(foto) que integra o Simpósio Brasi-leiro de Concepção de Circuitos In-tegrados.

Ciência da Computação conquista prêmio

RELAÇÕESPÚBLICAS

Os professores da Faculdade de Co-municação Social Jerônimo Braga, Lau-ry Job e Marisa Soares conquistaramtrês dos cinco prêmios da categoriaacadêmica da 3ª edição do Prêmio Re-lações Públicas que Fazem e Aconte-cem. A realização foi do Conselho Re-gional de Relações Públicas.

DIREITOINTERNACIONALHUMANITÁRIO

O Ministério das Relações Exteriores emparceria com o Comitê Internacional da CruzVermelha promoveu, em 2004, curso sobreDireito Internacional Humanitário. A profes-sora Rosa Maria Abrão, da Faculdade de Di-reito, esteve entre os 15 professores univer-sitários do Brasil selecionados para partici-par. O evento ocorreu em Brasília.

Foto: Divulgação

SINOPSE

Um dos mais destacados centros deformação artística da Europa, o Con-

servatório Liceo de Barcelona, assinouconvênio com o Instituto de Cultura Musi-cal da PUCRS. Com o acordo, assinadopelo Reitor Joaquim Clotet, as entidades

PUCRS assina convênio culturalserão integradas ao Programa de Colabo-ração Ibero-americana, que busca promo-ver o intercâmbio das atividades culturaisentre as instituições escolhidas. O conser-vatório poderá colaborar com o desenvol-vimento do Pólo Cultural da Universidade.

VETERINÁRIAO Conselho Regional de Medicina Vete-

rinária concedeu ao professor Nedio Semi-notti, da Faculdade de Psicologia, o PrêmioDestaque na Medicina Veterinária 2004, nacategoria Interação Homem-Animal. O traba-lho realizado pelo grupo de pesquisa Rela-ções Grupais: Emergentes e Organizações,reconhecido como pioneiro nas pesquisassobre a interação homem-animal dentro deuma abordagem interdisciplinar, recebeuainda mais destaque com a conquista.

CONCHASMARINHAS

Os pesquisadores da PUCRS JoséWillibaldo Thomé, Paulo Bergonci e

Guacira Gil lançaram, em2004, o livro As Conchasdas Nossas Praias – GuiaIlustrado. A obra objetivaaumentar a consciênciaecológica sobre esse patri-mônio marinho, que corres-ponde ao segundo maiorsistema de animais em nú-mero de espécies, com dis-tribuição geográfica e am-biental mundial. Organizadapela Editora União Sul-Ame-

ricana de Estudos de Biodiversidade,recebeu apoio do CNPq e da Universi-dade. As informações estão distribuídasem 94 páginas. Há conceituação e clas-sificação das sete classes, lista classi-ficada e ilustrada com figuras e fotos deconchas, além de instruções para estu-do das conchas.

HOMENAGEMO Ir. Norberto Rauch foi homenageado

pela turma de seus ex-alunos do curso deEngenharia de 1974 no dia em que comemo-raram 30 anos de formatura. A homenagemocorreu na Associação Leopoldina Juvenil.Rauch recebeu uma placa e um quadro alu-sivos à data.

PRÊMIO SOBRE VAREJOOs professores do Mestrado em Admi-

nistração e Negócios Marcelo Perin e CláudioSampaio conquistaram o 3º lugar com o tra-balho Entendendo a relevância dos antece-dentes da lealdade em dois segmentos devarejo do Brasil no 9º Prêmio Excelência emVarejo. O evento foi realizado pelo Programade Administração de Varejo da FundaçãoInstituto de Administração, conveniada coma Faculdade de Economia, Administração eContabilidade da USP.

Arte em folhasde palmeira

O que para muitos pode ser consideradolixo torna-se arte nas mãos de Adão Cardo-so, encarregado pela Alvenariada Prefeitura Universitá-ria. Utilizando apenaslixa e estilete, ele expres-sa seus sentimentos na con-fecção de máscaras feitas coma parte mais rija das folhasdas palmeiras reais encontra-das no Campus Central daPUCRS. Alguns meses antes deiniciar os trabalhos, Cardosoconheceu uma artesã de Ca-choeira do Sul, município lo-calizado a 196 km de PortoAlegre. Foi ela quem perce-beu o talento do amigo e o incentivou a ex-plorar sua criatividade e imaginação.

ADMINISTRAÇÃOO artigo Valor mútuo em relaciona-

mentos de negócios na percepção dadíade: um estudo no setor de desen-volvimento de software realizado pelaprofessora Rita de Cássia Pereira, daFaculdade de Administração, Contabili-dade e Economia, foi indicado comomelhor trabalho apresentado no IMPDoctoral Consortium, realizado na Uni-versity of Southern Denmark, na Dina-marca. O IMP Group é formado por pes-quisadores internacionais que se dedi-cam ao desenvolvimento de conceitos econhecimento na área de marketingbusiness-to-business. O trabalho con-correu com outras 21 pesquisas de di-versos países.

PROUNIA PUCRS assinou o termo de adesão

ao Programa Universidade para Todos(ProUni). No primeiro semestre de 2005são oferecidas 611 bolsas de estudosintegrais e 301 bolsas parciais de 50%,distribuídas entre as turmas iniciais detodos os cursos de graduação. O progra-ma destina-se a estudantes carentesque cursaram o Ensino Médio em esco-las da rede pública ou em instituiçõesprivadas na condição de bolsista inte-gral e a alunos portadores de necessida-des especiais. A lei estabelece um per-centual de bolsas de estudo para oscandidatos negros e índios. Os professo-res da rede pública de ensino tambémpodem ser contemplados com a bolsapara os cursos de licenciatura e pedago-gia, destinados à formação do magisté-rio da educação básica. O processo se-letivo ocorre semestralmente. Estima-seque ao final de quatro anos a PUCRS es-teja beneficiando mais de 7 mil alunos.

TRAJETÓRIADO REITOR

Antes de deixar em dezembro o cargo deReitor da PUCRS, o Ir. Norberto Rauch despe-diu-se pessoalmente de todos os funcioná-rios e professores entregando para cada um olivro Trajetória do Período 1979-2004 – 26anos de Reitorado. A obra de 256 páginas,publicada pela Edipucrs, retrata a Universi-dade du-rante op e r í o d oda gestãode Rauch,analisan-do o de-s e n v o l -v imentode várioss e t o r e sda PUCRS. Há também a manifestação pes-soal de Rauch sobre a vivência no cargo. Ostextos referentes às unidades acadêmicassão de autoria de seus dirigentes.

NATAL SEM FOMEA terceira edição da campanha Na-

tal Solidário e Sem Fome da PUCRS be-neficiou, em dezembro, cerca de 50 fa-mílias de baixa renda de Porto Alegre.Foram arrecadados mais de uma tone-lada de alimentos não-perecíveis, en-tregues aos trabalhadores do galpão dereciclagem de lixo da Ilha Grande dosMarinheiros e aos moradores da VilaSão Judas Tadeu. Houve também a doa-ção de 300 brinquedos, 200 distribuídosna Ilha dos Marinheiros e 100 na VilaNossa Senhora de Fátima. O Projeto So-lidariedade e a Pró-Reitoria de AssuntosComunitários promoveram o evento.

ODONTOLOGIAA dissertação de mestrado realizada na

Universidade de Londres pela professoraMaria Arlete Nascimento, da Faculdade deOdontologia, fez com que a docente fossehomenageada pela Associação Brasileira deOdontologia do Paraná por sua relevantecontribuição à ciência. A pesquisa OralHealth Care Guidelines for Elderly PeopleCare Homes foi desenvolvida no Reino Uni-do entre dirigentes de serviços odontológi-cos, profissionais e instituições relaciona-das à saúde de idosos. O trabalho teve comofoco orientar profissionais, cuidadores e di-rigentes de casas geriátricas.

Processo Matrimonial Canônico

Aprimeira turma de especializaçãoem Processo Matrimonial Canô-nico conclui, em janeiro, o curso

promovido pela Faculdade de Teologia. Ini-ciado em 2003, o curso visa a prepararnotários, advogados, promotores de justi-ça, defensores de vínculo e juízes de Tri-bunais Eclesiásticos para atuarem naárea. O corpo docente foi composto porprofessores das Faculdades de Teologia e

Direito e contou com a presença de JairFerreira Pena (juiz auditor do Tribunal daRota Romana, Vaticano), Luís Madero Lo-pes (Instituto Superior de Direito Canônicodo Rio de Janeiro) e João Carlos Orsi (Fa-culdade de Teologia Nossa Senhora daAssunção de São Paulo). A turma eracomposta de padres e leigos de diversosestados brasileiros. A coordenação foi doprofessor Manoel dos Santos.

GRUPOSINFORMAIS

Os grupos informais da PUCRS,constituídos a partir do desejo ou ne-cessidade de seus integrantes, torna-ram-se tema de estudo na Universida-de. A pesquisa está sendo realizadapelo grupo Relações Grupais: Emergen-tes e Organizações, do Programa dePós-Graduação em Psicologia em par-ceria com a Pró-Reitoria de AssuntosComunitários. Até o momento, foramidentificados 20 conjuntos distintos edesses, 70% encontram-se vinculadosa alguma unidade da PUCRS. O profes-sor Nédio Seminotti e a pesquisadoraassociada, Maria Lúcia Moraes, estãocoletando informações. Contatos pelo(51) 3320-3633, sub-ramal 226 oue-mail [email protected].

EDUCAÇÃO FÍSICAO Jornal 100% Esporte concedeu à

Faculdade de Educação Física e Ciênci-as do Desporto da PUCRS o Troféu100% Esporte na categoria Melhor Es-cola de Educação Física do Rio Grandedo Sul. Participaram da comissão julga-dora o presidente do Conselho Regionalde Educação Física, Jeane Cazelato, odelegado regional da Federação Inter-nacional de Educação Física (Fiep/RS),Vilson Bagatini, o presidente da Associ-ação dos Profissionais de Educação Fí-sica, Alvaro Laitano, o então secretárioMunicipal de Esportes, Gilmar Tondin, odiretor Técnico da Fundergs, EdgarMeurer, o diretor do Jornal 100% Espor-te, Vinícius Kaster e o diretor de Marke-ting do Jornal, Vinícius Leal.

Saúde dos médicosEm janeiro foi lançada a 1ª Semana da

Qualidade de Vida dos Médicos do HospitalSão Lucas da PUCRS. O evento integra a pro-gramação da campanha 2005: Ano I da Qua-lidade de Vida, uma ação conjunta entre oCentro de Estudos de Psiquiatria Integrada, aAssociação dos Médicos do Hospital São Lu-cas, o Hospital São Lucas e as Faculdades deMedicina, Educação Física e Ciências do Des-porto, Fisioterapia, Enfermagem e Nutrição.

IR. PEDRO FINKLERNo dia 6 de novembro faleceu, aos

85 anos, na Casa São José, em Viamão,o Ir. Pedro Finkler. Naturalde Cerro Largo, o religiosoiniciou os estudos maristasem Passo Fundo e atuoumais de três décadas naUniversidade. Foi diretor eprofessor da Faculdade dePsicologia e, por muitosanos, prestou atendimentopsicológico na PUCRS. Diri-giu o Colégio InternacionalMarista de Roma e criou a Clínica PioXII. Também escreveu 36 livros e as-sessorou diversas congregações religio-sas na América e Europa.

OBITUÁRIO

PERFIL

44 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

THALES, o amigodos animais

Por Ana Paula Acauan

Oprofessor Thales de Lema viverodeado de animais desde ainfância. Levantava cedo

para observar a natureza, equando chovia recortava ou desenhava bi-chos. Até que não se contentou em dar vidaaos papéis e começou a colecionar. A par-tir dos 8 anos, chegou a ter 600 aranhasde espécies venenosas – para o desespe-ro da mãe – num corredor da casa no bair-ro Cidade Baixa, em Porto Alegre. A curio-sidade do menino era maior do que omedo. “Às vezes me mordiam, mas nãocontava temendo que proibissem a cria-ção.” Também caçava moscas e gafanho-tos para as aranhas. O que poderia se res-tringir ao mundo infantil permaneceu du-rante toda a carreira de Thales e ainda ficaevidente quando ele revela o seu sonho:“Queria morar na Amazônia, mas não pos-so deixar minha família”.

Professor da Faculdade de Biociênciase integrante do Laboratório de Herpetologia(ciência que estuda répteis e anfíbios) doMuseu de Ciências e Tecnologia da PUCRS,Thales começou estudando marimbondos.Depois passou para as aranhas e os peixesmarinhos – fundou na Universidade o La-boratório de Ciências do Mar, que mais tar-de se tornou Ictiologia. Mas a sua especia-lidade são as serpentes. Descreveu maisde dez espécies novas. Alunos de várioslocais do País e do continente vêm àPUCRS realizar pesquisas sob orientaçãode Thales. Em 2004, recebeu o título deDestaque na Pesquisa e Educação, da So-ciedade Brasileira de Herpetologia. Pelamesma entidade, foi escolhido em 2001 oherpetólogo mais destacado.

Os trabalhos de campo nem sempre ti-veram resultados positivos. O professor foipicado 19 vezes por cobras venenosas(sem contar as não-peçonhentas). Em al-gumas ocasiões carrega soro antiofídico.No Cânion Malacara, ficou seis horas sem

socorro após ter sido picado por uma cas-cavel. O pessoal do acampamento o en-controu à noite e o levou para um hospitalem São Francisco de Paula. Recebeu 15ampolas de soro e recobrou a consciênciano dia seguinte. No mesmo hospital haviadado palestra aos enfermeiros sobre aten-dimento a esse tipo de acidente. Depoisque o susto passou brincaram: “Se ele ti-vesse ensinado errado, não acordaria nun-ca mais”.

O menino Thales também colecionouserpentes. Chegou a caçar cascavéis nobairro Teresópolis. Quando a avó paternamorreu, ficou com parte do apartamento emque ela morava para abrigar coleções debotânica, sementes, peles, esqueletos, co-bras acondicionadas em vidros e aranhas.

Antes de seguir pela área da Biociênci-as, foi bancário e se dedicou à música. Fezdois anos de preparatórios num conserva-tório. Tocava piano e estudou órgão, violinoe pícolo (flauta pequena). Em 1954, vendeutodos os instrumentos para comprar ins-trumental cirúrgico, tábuas para pratelei-ras, vidros, álcool, formol e algodão. Con-seguiu dessa forma manter sua coleção,que era muito numerosa.

Thales cursou História Natural naUFRGS e Licenciatura em Biologia, Ci-ências e Matemática na PUCRS. Nasdécadas de 50 e 60 especializou-seem Zoologia Médica pela FundaçãoOswaldo Cruz e Herpetologia no Mu-seu de Zoologia da Universidadede São Paulo e Instituto Butan-tan (SP). Em 1992 e 1993,morou no Canadá, ondefez o pós-doutorado noRoyal Ontario Museume Universidade deToronto, na áreade Biologia Mo-lecular, traba-lhando comsalamandrase serpentes.

O seu acervo de esqueletos, peles, ca-ramujos foi para a Fundação Zoobotânicado RS. Em 1955, esse material e a coleçãode insetos do professor Ludwig Buckup de-ram origem ao Museu Rio-grandense deCiências Naturais. Para a fundação, os doiscontaram com o padre Balduíno Rambo. Acoleção de répteis de Thales foi vendida em1960 para a UFRGS, onde lecionou de 1958a 1965 e de 1973 a 1981.

Na PUCRS desde 1959, Thales partici-pou da formação da Pós-Graduação emBiociências, a convite do professor JoséWillibaldo Thomé, criando a linha de pes-quisa em Herpetologia e Ictiologia. Nos pri-meiros tempos, com a PUCRS no ColégioRosário (Av. Independência), as aulas prá-ticas de Thales passavam das 23h. O pré-dio fechava e a turma tinha de sair pela ja-nela. A direção da Faculdade deixou umporteiro de plantão até as 23h30min. Mui-tas vezes o grupo não respeitava o horário.

Aos 77 anos, viúvo de Nilva, Thales sededica mais do que nunca ao trabalho enão pensa em se aposentar. Alegra-se coma neta recém-nascida (tem outros três), e

começou a freqüentaracademia para cuidarda saúde. A paixãopela música perma-nece. Tem quasetoda a obra de

Beethoven.

EU ESTUDEI NA PUCRS

FEDRIZZI:testandoos limites dacomunicação

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 45

Ojornalista e publicitário AlfredoFedrizzi diz que a comunicaçãosempre esteve no seu sangue.

A lembrança do pai, o jornalistaNestor Fedrizzi, chegando em casa com o jor-nal pronto debaixo do braço, a convivênciacom comunicadores de renome desde peque-no e a admiração por aquela batalha diáriaem busca da notícia reforçam a teoria.

Nascido em 1953, em Joaçaba, meio-oes-te catarinense, logo veio com a família paraPorto Alegre, a primeira viagem de muitas quefaria nos anos seguintes. Apesar do apelo dopai para que nenhum dos filhos seguisse suacarreira, na hora de fazer o vestibular Fedrizzinão teve dúvidas: Jornalismo.

Da Famecos, onde estudava à noite, de-pois de trabalhar durante o dia, guarda boasrecordações.

– Era um ambiente caseiro, principal-mente porque boa parte dos professores euconhecia. Na época era a única Faculdade deComunicação com estúdio de TV, o que era omáximo para nós. Também não me esqueçoda badalação no intervalo. Muitos estudantesde outros cursos iam para a Famecos só paraolhar as alunas, sempre as mais bonitas daPUCRS”, lembra Fedrizzi, que também foivice-presidente do Centro Acadêmico e colegados repórteres Caco Barcellos e Carlos Dorne-les, da Rede Globo.

Na formatura, em 1975, emocionou-se aoreceber o canudo das mãos do pai, ex-profes-sor da Faculdade. No mês seguinte foi convi-dado a lecionar a disciplina de Introdução à

Teleradiodifusão, Cinema e Teatro na Famecos.“No começo me sentia constrangido. Muitosdos alunos eram mais velhos do que eu. Noprimeiro dia de aula o coordenador me apre-sentou a um auditório lotado e a primeira per-gunta que uma aluna me fez foi: ‘É casado?’.Eu não sabia onde me esconder!”, conta rindo.

Durante 12 anos Fedrizzi atuou como pro-fessor na PUCRS. A última disciplina que le-cionou foi Projeto Experimental em Televisão,quando percebeu que não podia mais conci-liar o trabalho na Universidade com as diver-sas atividades que realizava fora. “Não pensoem dar aula novamente. Faço muitas pales-tras, principalmente para universitários, o queé mais tranqüilo. Aceito quando posso. Achoque todo o profissional deveria assumir essecompromisso de estabelecer choques de rea-lidade com os alunos”, comenta.

Mesmo antes de entrar na Faculdade, Al-fredo Fedrizzi estava no mercado de trabalhoda comunicação. Aos 16 anos começou a tra-balhar na Inter Propaganda, como arte-fina-lista, de onde saiu para a Mercur, uma dasmaiores agências da época. A aproximaçãocom o Jornalismo ocorreu quando foi convida-do para dirigir o departamento de arte da TVGaúcha. Mais tarde trabalhou como repórterna TV Gaúcha e na Folha da Manhã. Aos 25anos, conseguiu uma bolsa para fazer pós-graduação em marketing na Itália, voltandopara ser coordenador de produção e chefe dejornalismo da Rádio Gaúcha. Posteriormentefoi gerente-geral de produção da RBS TV, tra-balhou com marketing político, assessoria de

imprensa, direção teatral e de comerciais,atuou como diretor-assistente do seriado OTempo e o Vento e presidente da TVE-RS.

Desde cedo percebeu que gostava de tudona comunicação. “Ter atuado em diversasfrentes ajudou muito na minha carreira, poisconsigo ter uma visão do todo. Há muitassemelhanças entre o trabalho dos jornalis-tas e dos publicitários, principalmente a va-riedade da rotina”, afirma Fedrizzi, que atu-almente é sócio-diretor da Escala Comuni-cação & Marketing.

Recentemente arriscou-se também nomercado editorial, organizando o livro O hu-mor abre corações e bolsos, que trata do hu-mor na propaganda. “O livro foi uma brinca-deira que deu certo, de uma área que tempouca coisa documentada”, observa.

Fora do trabalho, não consegue ficar para-do. “Sempre sobra tempo quando a gentequer”, observa. Fedrizzi é vice-presidente daFundação Projeto Pescar, que prepara adoles-centes de baixa renda para o exercício de umaprofissão, é conselheiro do Hospital de ProntoSocorro de Porto Alegre e integra o Conselhopara Democratização da Informática. Pai deduas filhas, além de ficar com a família praticaesportes radicais, gosta de cinema e de viajarpara lugares pouco convencionais. Em 2005pretende subir o monte Aconcágua, na Argenti-na, e o Kilimanjaro, na África. “Gosto de testaros meus limites, ir além em tudo o que faço.Ainda tenho muita coisa para fazer, lugarespara conhecer. O que mais consigo planejarsão minhas viagens, o resto vou vivendo”.

Na sua agência, Escala, e, em 1975 (destaque), recebendo o diploma do pai

SOCIAL

46 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005

Ecos buscaconsciênciaambiental

Orelatório das atividades de-senvolvidas pelo ProgramaEcos/PUCRS, lançado em

maio passado, foi apresentado à comu-nidade acadêmica. O Ecos tem a pro-posta de desenvolver trabalhos socio-ambientais na área de alfabetizaçãoecológica e gestão ambiental. É umprojeto interdisciplinar que busca me-lhorar as condições de vida de comuni-dades, integrando os setores de ensino,pesquisa e extensão da Universidade.

Segundo a coordenadora do progra-ma, professora Maria Izabel Mallmann,a iniciativa atende necessidades depopulações considerando o contexto emque vivem. As ações são desenvolvidasbaseadas em diagnósticos socioeconô-micos e ambientais previamente de-senvolvidos. “Queremos introduzir nocotidiano das pessoas a consciênciaambiental”, diz.

O primeiro local beneficiado foi avila Parque Santa Anita, em Porto Ale-gre, onde o programa identificou pro-blemas ligados ao trabalho, lazer eperspectiva de vida da comunidade.Também foram detectados fatores ne-gativos no ambiente, como esgoto, lixo,animais doentes, moradias precárias econdições de higiene ruins.

A comunidade de pescadores dePalmares do Sul é outra participante.Representantes das Faculdades de Bio-ciências e Ciências Sociais realizam umdiagnóstico social do local. Nos bairrosRubem Berta-Cohab, de Porto Alegre,alunos e professores de Economia e Ci-ências Sociais finalizaram um projetopara atuação juntamente com o Institu-to Strohalm de Desenvolvimento Inte-gral. Em 2005, devem ser firmadosconvênios e iniciadas atividades nopresídio Madre Pelletier e na EscolaApeles Porto Alegre, além da continui-dade das ações em andamento.

PUCRS lançaRelatório Social

Os trabalhos de promoção humana,social e cultural da PUCRS estão

registrados no primeiro RelatórioSocial da Instituição lançado no final de 2004.As atividades que constam do relatório dizemrespeito ao ano de 2003 e estão agrupadasnas dimensões acadêmica, social, institucio-nal, ambiental e cultural.

Na dimensão social são destacados os77.653 atendimentos odontológicos realizadosgratuitamente para a população de baixa ren-da, representando a média de 220 por dia.Também constam do documento, entre ou-tras, as ações do Serviço de Assistência Jurí-dica Gratuita, com mais de 7,72 mil orienta-ções e encaminhamentos no ano passado.Outros programas sociais citados são o Pro-grama Geron, que beneficiou quase 5 mil ido-sos com atividades culturais e de saúde em

2003; e o Alfabetização Solidária, responsávelpor capacitar 911 alfabetizadores de jovens eadultos.

Na dimensão ambiental, a PUCRS é umadas poucas universidades a ter uma unidadeespecífica da área, o Instituto do Meio Ambi-ente, que visa a promover a qualidade de vidapelo cuidado ambiental e desenvolvimentosustentável, principalmente promovendo cur-sos. O Centro de Pesquisas e Conservação daNatureza (Pró-Mata), com 4,5 mil hectares deflorestas e campos nativos em São Franciscode Paula, serve para pesquisas e estudosambientais e de biodiversidade.

Quanto ao aspecto institucional, 77% dosdocentes tinham titulação de doutor ou mes-tre em 2003. No aspecto cultural, o ProjetoMuseu Itinerante (Promusit), que leva ciênciae conhecimento para cidades do Interior, e oInstituto de Cultura Musical, que através doPólo Cultural realiza eventos artísticos para acomunidade interna e a sociedade.

A PUCRS consolidou, em seus 56 anos deatividades, uma trajetória fortemente centra-da na formação humana e profissional, bus-cando uma sociedade justa e fraterna. Comum permanente trabalho voltado ao aprimora-mento e à melhoria contínua de sua infra-es-trutura, da capacitação de seus docentes efuncionários, da renovação dos conteúdos emeios didático-pedagógicos, além da forma-ção dos serviços prestados, já formou maisde 112 mil cidadãos nas diversas áreas deconhecimento, sendo hoje reconhecida em ní-vel nacional e internacional.

O compromisso social da PUCRS, comoinstituição de ensino, pesquisa, extensão eações comunitárias, é crescente e o exercíciode sua responsabilidade social é uma respos-ta estratégica da Instituição à exigência detransparência e conduta ética das instituiçõespara com a sociedade.

Promusit leva ciência ao Interior

Ações sociais beneficiam carentes

Pró-Mata, um centro de pesquisasem São Francisco de Paula

OPINIÃO

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 123 – MAR-ABR/2005 47

NOVOS VENTOSna UniversidadeAequipe da nova administração

da PUCRS, que prestou com-promisso na noite de 9 de de-zembro, quando tomou posse

o Reitor Ir. Joaquim Clotet, tem diante de sia Universidade de 56 anos, jovem mas jáexperimentada em crises e vendavais, su-perados com amor, suor e inteligência.Agora é o momento de realizar com sabe-doria a transição de cargos e de tarefas. Oentendimento e a visão dos membros daequipe proporcionarão continuidade noprocesso e mudanças no que se faça mis-ter. É impossível evitar quaisquer percalçosou dissabores. Por mais que haja extremocuidado, facilmente se esbarra em dificul-dades, incompreensões ou resistências. Éo período precioso e vital da transição dotimoneiro calejado na direção do barco e donovo guia conhecedor da nave, mas sem-pre iniciante na arte de navegar.

Os próximos meses são importantespara conhecer a fundo a Universidade emseu todo, nas suas unidades acadêmicas,nos institutos, nos setores acadêmicos eadministrativos, os cargos diretivos, os an-teriores e os recentemente nomeados. Atransição vai ser conhecida realmente emmarço quando todo o complexo universitá-rio retomará vida e movimento. A transiçãona Universidade é diferente das transiçõespolíticas ou empresariais. Nela há o espíri-to vivo e vivificante que move o caminhar emantém a continuidade das obras, dosprojetos e da vitalidade da Instituição.

De 1948 a 2004 a PUCRS experimentoudificuldades de todo gênero: financeiras,administrativas, pessoais, doutrinais e pa-trimoniais. Houve momentos fortes de an-gústia, de conflitos de professores e alu-nos, traduzidos em lamentáveis greves.

Tudo foi superado pelo espíritoque mostra novos horizontes, queaponta soluções para o bem doalunado, do professorado e da co-munidade em geral.

A nova direção começa no ano2005, primórdios do século 21.

A Constituição Apostólica do PapaJoão Paulo II, Ex corde Eclesiae, lembradano discurso do Reitor Ir. Joaquim Clotet,afirma que “a universidade nasce no cora-ção da Igreja”. É a alma mater atravésdos séculos para o desenvolvimento dacultura, da ciência e da arte para a socie-dade.

Lembrou o Reitor a obra quase bicente-nária dos Irmãos Maristas no mundo e cen-tenária na educação do povo brasileiro eem especial do sul-rio-grandense, daí vêmo otimismo e a confiança para o futuro.

Transcreve-se, em seu discurso, afir-mação significativa: “Segundo os funda-mentos dessa grande missão, a Universi-dade continuará a sua marcha históricapautada pela qualidade e pela responsa-bilidade a serviço das comunidades inter-na e externa. A Universidade aceita os de-safios da contemporaneidade no que tan-ge ao progresso tecnológico, sem esquecero compromisso solidário com a chamadainclusão social”.

No horizonte do dealbar da nova admi-nistração surgem outros desafios trazidospelos ideólogos da pós-modernidade, osdesafios das mudanças intempestivas dauniversidade brasileira. Para a nossa Uni-versidade, há outro horizonte importante enecessário, a nossa vocação de irmandadecom o Cone Sul, com a vida das escolassuperiores dos países limítrofes com o RioGrande, com laços tão importantes na his-

tória das ciências, da filosofia e das artesque devem ser revigorados para um hori-zonte de mais progresso e mais paz.

Por ocasião do Dia Mundial da Paz, oPapa João Paulo II escreveu brilhante e fra-terna mensagem, em que destaca algunstópicos: “O cristão cultiva a indômita es-perança que o sustenta na promoção dajustiça e da paz”. As conquistas científico-culturais da Universidade visam o progres-so que por sua vez deve ser agente de paz.E concluo com a frase do Papa: “Quando obem vence o mal, reina o amor, e ondereina o amor, triunfa a paz. O amor é aúnica força que pode fazer evoluir a histó-ria para o bem e a paz”. (Folha de S.Paulo,A2, 1º de janeiro 2005).

E pergunta-se nesta transição, no iní-cio de nova administração, o que será aUniversidade se nela o amor não está pre-sente no ensino, na pesquisa, na exten-são? Concluo: os novos ventos devem terorigem no amor que é a única força quemove os corações, a inteligência e as von-tades.

IR. ELVO CLEMENTEAssessor da Reitoria e presidente daAcademia Rio-grandense de Letras

A transição na Universidade é diferente das transições

políticas ou empresariais. Nela há o espírito vivo e vivificanteque move o caminhar e mantém a continuidade

das obras, dos projetos e da vitalidade da Instituição.