palmeiras de pitangui

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Palmeiras de Pitanguy PITAI\IGTTY ilE@OB

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Pitangui 300 anos de História

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Page 1: Palmeiras de Pitangui

Palmeiras de Pitanguy

PITAI\IGTTYilE@OB

Page 2: Palmeiras de Pitangui

Aonsehhar" Bical ho,fir,;

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Ittc.

Page 3: Palmeiras de Pitangui

MONSENHON

*

BIÜAtHO

PAtl\fl8ÏRASDE

PITANGT]X

1g4B

Page 4: Palmeiras de Pitangui

ANTELÕAUIO

Estampo esücs ptiginos, que id sairama lume no "O HORIZONTE", para com oproduto de suo uenda ouri"líar ao truta-mento dos indígentes da SanÍc Casa de IJIi-sericórdía. de Pitanaui.

Palmeiras de Pitangui é a apreciaçã,oopurada com alguma dose de psícologíados costumes e uida de PitanguL

Procuro e tenho mesmo a preocupe-ção de resso ltar ,cr parte morel .

Não é um trabalho perÍeito, com'o ne-rã.o os treítores.

E' un! esbôço do que se podería fa-zer com mais lôIego e mais talento. Con-/esso' que ao escreuer os primeiros capí-tulos, não rne uinha à mente enfeírd-los.

Se algum interêsse êste opúsculo des-pertar, estou certo, serd. tã,o sôm ente en-tre,os pítanguienses de alma e coração:

alma generosa e

coração miserícordioso.

O Atrron.

Page 5: Palmeiras de Pitangui

AO$r,TTAI\ïGUIENSES

dedico estas páginas

ern troca

. de alguns cruzeiros

para a

SANTA CASAde

Pitangüi, cuja constru'ção teve o sêu acabamento, há 100 anos -1847.

Page 6: Palmeiras de Pitangui

.1.

COQUEIRO DO "LAVRADO"

It[um idealismo que me apraz e dulci-fica a vida, costumo dar valor e ligar im-portância a certas coisas, atos, lugares eseres, ligando-os de eerto modo ao pensa-mento gue me domina e ao sentimento queme segue, na ocasião.

Por cìxemplo:Ì{esta cidade bi-centenária, num dia

plumbáceo, desalegre, rÌffita' terra avelhen-tada nos seus campanários e nas suas mi-'nas; nas suas calçadas e nos seus prédioscoloniais,vi no "Lavrado" confrontante arninha residência, uma velhíssima pâlmei-râ, isolada, esguian estúrdia, caducâ, espa-nando o céu.. . sòzínha, carunchosâ, car-comida entre as cicatrizes de um terreno es-terilizado pelos bandeirantes.

Ernbalada pelas recordações do passa-do, e extinguindo-se. . o

*

O Pe. Almeida nos arroubamentos desua oratória e nos estos de sua poesia -guando nas festas'da Semana Centenária da

Page 7: Palmeiras de Pitangui

Paixão do Senhor, agradecenrlo merecidamanifestação gue lhe dirigiu o povo de Pi-tanguí, chamou de Atalaia de Pitanguí oancestral coqueiro.

Mas, hoje, ó pobre vedeta, jâ, Ihe nãoassiste mais êste titulo !

Já não regula!Com 150 anos de idade, como atestam

os mais idosos, treslendo, está alheio aopresen_te como ao passado de sua queridaterra do uelho de, Taipa.

Êrma, isolada, sertanizada, cadu cã, se-,parada do convivio da cidade e por mal dospecados, na vizinhança de pobres seres en-carcerados que lhe não fazem mimos nenrduma palavra de confôrto, em sua velhicÊ,cumpre o seu triste fadário de ir morrentlo,devagar, .. devagar. . o

Outrora, ó palmeira, nos tempos áureos, donairosa, cheia de vida, as enxurra-das que lavavam os teus pés, doirava-oscom o po do ouro do "Lavrado'o; agoraelas descarnam tuas raízes! Amiga detantos arlos da cidade, e celsa no teu pôstode sentinela, jâ te tornaste insensivel agualquer fato da sua vida urbaïta.

Por que tal descaso ?

Não é falta de afeto.até muito afetuosos.

Já sei. Surda pelo avançar da idadenão percebe rnais os écos de júbilo, as sal-vas de palmâs, os discursos que empolgama terra de Pitanguí.

I

Os velhos são

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Mou cà, não alcança os vivas e os estanì-pidos dos morteiros comrnusical das festas cívicas eabrilhantam a cidade.

Tambérn privada do sentido da vista.d.,\não vê o progresso da nossa ttrbs: os

edifícios que surgetrn, os jardins que engra-çam as nossas praç&s, os préstitos e asprgcissões, o vai-vem dos escolargq, o,s tor-neios, os jogos e esportes da mocidade.

Alheia-se ao que se passa na cidade:sejam festas do clia como saraus notur-nos.

*

Hoje, o coqueiro do "La\,rado".é mais urn vigia, uma sentinela. E'tipo do neurastênico, tristonho. E'lho caduco.

tênico, de assirn viveres isolado, na tua de-crepitude ? I

,'Tu mesrno - o único culpado.Por causa de teu orgulho. Subiste

muito com desprêzo de teus irmãos do mes-mo solar.

*

Com efeito, há 150 anos, airoso, muitoajovem, faminto d'espâÇo, orgulhosarnenteabandonou as plantas de sua idade, eue fi-caram rasteiras junto dêle, e. . . cresceu,cresceu. . . e as vergônteas, suas coetâ-neas, já rnorrerarn há cento e. . . anos.

a sonoricladereligiosas que

.r/Ja naobem o

rrm ve-

Page 9: Palmeiras de Pitangui

Dai a sua separação dos arbustos . de seutempo para úiver tá no alto,.. bem altoao sQpr-o da brisa perfurnada e aos emba-tes dos ventos tempestuosos.

Eis porque diziam os pitanguienses:"O .cg{ueiro do "Lavrado" está volta-

do para lesle, hoje chov e."Pode ser gue já tenha sido naqueles

bons tempos, o regulador das chuvas.Hoje, €ffi dia, encanecido, em franca

caduquice, cffi idade senil , jâ, não regula.

Jâ, não regulaO coqueiro do "Lavrado"Sorve. com gulaO ar bem-aüenturado

Coqueiro ancião, isolado e triste, co-mo passam os anos! Sem familia, sem des-cendência, sem reminiscências e. . . quaseperdendo a vida a golpe de machado malé-volorlu te salvaste, e não recebeste o rnarti-rio, aos rogos dos que te veneramos porcarresadq t[e anos dê tradições guase duo-centenárias I

*

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Page 10: Palmeiras de Pitangui

ÏI

0 COQUEIRO DO "MA.IOR BAFIIA"

Gilberto Amado pensa que o homerné o único ranimal que tem a sua história.Acho interessante esta afirmativa, euan-do penso gue até os coqueiros de Pitanguitêm a sua. E'verdade qlte muitas cidadesdo Brasil têm suas bem alinhadas palmei-r,as, enquanto que Pitangui não temrenqlles palmeirais.

Quem conhece as famosas fileiras depalmeiras do Jardim Botânico e as aléiasgue ornannentam a rua Paissanclu, DoRio, até deixariam de ler êstes rabiscos.NIas, rìão é, da beleza e estética nem doplantio e educação delas ( desta cidade)qqe pretendo escrever, senão de sua re-presentação, de sell pallel saliente na viclade Pitangui.

Vivem, pelo contrário, disseminadas,em diversos pontos da cidade, em vida des-combinada, indepenclente, pois por aqtlinão anclou um D. João VI para plantá-las,localizâ-las, como fëz no Rio.

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Page 11: Palmeiras de Pitangui

Aqui são elas a ahna que vibra, a almaque desvenda segredos,ern ilurninuras e fantasiasto ,ao progresso ctra nossa

que fala cornigoagradáveis quan-rrida urbana.

Coqueiros cle Pitangui .

ce a sua vida?!Existência anônirna . .

Desprë,zo geral,ArneaÇa de morte,ïìrio glacial .

Ilasta de corte . . .

Qtrem conhe-

Ì{a sua mu dez, na solidão de seu "}Ìa-bitat" guardam nos leques as lágrimas dosinfortúnios e triste zas da noite como gôtasirisaclas aos raios esplêndidos cla aurora.

Entretanto, €ffi franca decrepitr-rcle ocoquei,ro cio "I-,âvrado" vem substituí-lo odo "Major Bahia", Çu€, sem nenhuma so-lenidade ritual e sem nenhuma cerimôniaaparatosa passa a substituir ao quqse bi-centenário do "Lavrado", coloca[do-se no

l.convÍvio da nossa cidade para lhe sentir avirla, effi cheio.

E' o seu pôsto à ru,â do "Padre Bel-chior".

De manhã cêclo, mal tr sol esfrega oôlho, cansaclo de ver a mesma coisa, todo o

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Page 12: Palmeiras de Pitangui

dia, porque a política não dá tempo paranovidades diferentes; ainda bem o sol nãolimpou as sombras da noite gue âo ôlholhe vendavam, já te encontras alerta, a bei-ra da rua, ó sentinela e espião esperto, vi-gilante, vendo os que passam para a, vidaquoticliaïìa.

h{urmuras ao sôpro dos ventos. Ìt[ãote queixas como o caduco do "Lavradoo'.Testemunhas os acontecimentos do cená-rio da vontacle hurnana nos delírios da nfo-cidade corrornpida que segue só o rítimodo prazer. Cerra tuas pálpebras, ó coqueiroda rua "Padre Belchior", via comercial ede vida bancária, onde correm os automó-veis na vertiginosa vida moderna. Por quereparas tanto e guardras a impressão visualdo que se passa, das coisas que desfilamdiante de ti, se nenhum passageiro, se ne-nhum viandante se detem aos teus pés'?.,Erecto, imóvel não abandones o teu pôsto,a ninguérn'visites, não corras ,após as vai-dacles. Só te deves rejubilar com a visitada brisa, da chuva, do orvalho e dos raiossolares.

A tua quietude não é, sinônimo de in-tlolência. Não e só a pressa delirante, a agi-lidade dos expeditos que prod t).2. O teu tú-balho lento e de observação é sã filosoÍ'iade tua vida.

Não gastes o teu ternpo na conguistado supérÍ'luo, do efêmero. Enquanto ésmoç,o não corras em direção do gôzo daviclá com clespr ëzo das coilas sériaã. Mais

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tarde faça tqas_ queiTas à brisa que passadonairosa e independente.

Medita, Iá do_ alto, no silêncio etério,ouvindo, na catrada da noite, âs sinfoniasdos rádios vizinhos, as músicas rCo cinemado "velh e" , as serenatas dos notívagos.

vê e 'epara

o nosso modus uïue,nd.i.Jâ' ganhaste um retrato o que não acon-teceu com o valetudinário do o'Lavrado"

-Maria do Carmo Fiuza jâ te quis bem e tepintou em peguenina tela. O tèu olhar turJoperscruta: os arrepios de rnêdo do susto deladrão numa loja vizinha, as correrias dosassustados na fatidica noite de um desas-tre sofrido por um rnoço "Dorense" Dir-ceu que depois faleceu. Tudo contem-Elas como vigia moclernamente aparelhra-do e notas o gue se verifica ern [odos osrecantos da cidade. [Jm alcoolatra sono-Iento a espreguiçar no banco do jardimpúblico que o prefeito J. Guimarães houvepgr bem oferecer aos que saboream o de-Ieite do perfume e do Colorido das flores.

o teu olhar de sentinela se fragment:rana imensidade panorâmica do ceu- pitan-

o'guiense, como nos contornos paiságicos enos caminhos, ruas, casas, câpelas e orató-rios. lMais tarde, rìâ idade do tradicional

'o

coqueiro do "Lavrado", saberás narrar ahistória dos tristes olhares spmbrios, dostoques de piano e de vitrolas, dos rádios eradiolas, dos risos"e das mofas, dos gemi-dos e das lágrimas, do fumo e do álcool,da luz, do amor, da fé de Pitangui.

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Page 14: Palmeiras de Pitangui

ïïï

TECÁRIOAS PALTfiÏ1IRAS DO BANCO I-TÏPO.

Em 1884,,ainría rfrD regimen rnonâr-

oquico, o finado João Alves Machado,'indoao Rio rle Janeiro, ao regressar das Côrte$,encantado com a formosura das esbeltaspalmeiras de D. .Ioão Vï, arrancou do corì-

,.vÍvio aristocrático da Côrte, transplantan-do para Pitanguí, três crianças três pal-meirinhas que por êle plantadas junto daCapela de Santa Rita, oilde está hoje oBanco Flipotecário, cresceram e se tornA-ram moçâs, conservando o mesmo luxo daMetrópole, os mesmos hábitos de linhagernnobre, fugind.o sel9pre de tôcla a r.elaç|9com os coglreiros daqui, de farnÍlia hurnil-de, de vida diferente.

Apesar de sua origem dessemelhante ede costumes fidalgos, âdaptaram-se ao

Otttta.meio e se tornaram forrnosas e ricas, maisbem afortunadas que os naturais cuja vi-da de exígüos recursos os transtornou po-

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Page 15: Palmeiras de Pitangui

bres, depauperados uns e doentios outroscomo os que moram perto da Capela daCtuz.

E'mesmo assim a condição da vida.Os estranhos são muita vez rnais bem

sucedidos que os naturais. Aqui, conquan-to hajam adquirido fortuna alguns cava-lheiros cujos nomes não cito, para outrosnão melindrar, há peregrinas somas detesouros estranhos do nosso "habitat".

aS- pahnelras torrrararn arnel cidade.

Foram residir num dos mellroï'es'pon-tos da nossa "urbs".

Ao meu ver, a

hor posição na

!t,

L

[Jm trecho d'horizonteque se avista bemda Estação local,lá em cima, alérn"

Tenho n'alma depois que te conheci,ó encantadona trindade, um murmúrio,uma alvorada, uma alacridade de qualquercoisa que ilumina a alrna, uffi entusiasmoque me desperta alegrta, das alegrias dasmanhãs de festas, das festas cla Ressurrei"ção do rneu espírito.

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I{unca senti tahto júbito e verCadeirogôzo espiritual ao vê-Ias vestidas de farfa-Ìhante sêaa -verde e arf'ando seus lequescomo naquela tarde ern que desfilava pelaRua do Pilar, â primeira procissão da Con-gregação Mariana de Moças.

Ì{o prédio seu vizinho tinha hotel o Sr.Lincoln Lopes.

Naquela tarde quente e clara, de céuazul com raras nuvens brancas, de mês demarço, as três palmeiras irmãs, vestidascom esplendor e ostentando rara delicade-za em seus gestos e meneios, Iá, do alto,saudavarn, atônitas e cheias de fé,à ima,gem da Virgem das Graças gue transitavapelas vias principais de Fitanguí.

Três irmãs deslumbrantesno encanto de sua vidade sêdas cambiantesnas festas, sossêgo e licla.

Eram estas as minhas impressões.Agora o hotel :â, é Banco Hipotecário

e Agricola do Estado de Minas Gerais.ooA água corre para o In,âr". As três

irmãs abastadas, lá das alturas de sua ha-bitação arranha-céu, vivendo nababesca-rnente, corno ricas donas de descendênciaaristocrática cario cã, agora próximas doBanco, nadando em ouro, como se diz nagiria popular, sentem-se mais orgulhosas,clesprezando os tÌe sua raça, ,a gentalha quemora nos subúrbios da ciclade.

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Page 17: Palmeiras de Pitangui

O seu pecado de orgulho que as levaao despr ëzo dos pobres coqueiros já pro-vocou proezas de certos desalnrados quequiseram prostrar, abater e arruinar a umadelas.

Viviam em perfeita harmonia, pudi'bundâs, não gostando de sair de casa, depasseios ao CLUBE de Versiani clos Anjosnern dos pigueniques da Pedreira e das vol-tas aos arredores da Matriz, gostando porérntrïìuito de músi ca. Estavam para transferin'lência para junto do jardim pú-sua resl(blico, o melhor ponto da cidade, onde seouvem ,as rnúsicas do Cinetnae ou parra zL

rua Pe. Belchiorn porque iriarn morarperto do Dr. Onofre Mendes Júnior.

Mas, o Dr. Demóstenes, seu vizinho," ìgenheiro e era agente do Bancoque e erflipotecário e Agrícola do Estado de MinasGerais, por motivos de estética e arquite-tura e também connerciais, impediu a suamudança.

Como tëz o Demóstenes para sustara transferência de suas vizinhas?

Organizau um '.' jazz-band" corn etre-

rnentos musicais dos melhores da VelhaSemana. E agora elas ouvindo lá cle suasjanelas pala.cianas os toques clo *i a3" n|opensam mais em mudança e o Dr. Demós-tenes é, que ia lucrando, ganhando parasua agência comercial .

E por pretexto, falemos um poucodêste assunto.

!t.Í8

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Sendo Pitanguí unna preça ótima,acreditada, onde não se verificam falên-cias, ainda mesmo no agudo da crise, {ueatravessamos, rnantém e vivifica cluas

de dinheiro das transa-gue se notam progresso

alta progressao da indús-

agências bancárias.It{o vai-vém

ções hrancárias édo comércio e atria no Município.

À frente dessas instittlições nofáveisse encontravam os Srs. Dr. DgmóstenesCezar e Antônio Saklanha aos quais nãoÍ aço encôrnios, bastando-lhes o progressoque se nota nos negócios afetos ao ramode seu comércio. As agências dos BancosCornéncio e InrÌústria de Minas Gerais e doHipotecário e Agrícola do Estado de MinasGerais com grande florescimento, vão ga-nhando a simpátia e confiança do públicointeressaclo. .{ntônio Versiani dos Anjose lVtroacyr Libano deixaram profunda sau-dade, euanclo de sua gestão nas respecti-vas agências.

Portanto, vizinhas as tr'ês palmerras doHipotecário, vestidas ricamente de verde,têm necessidade de, como pedintes baila-rem ao ritmo da brisa e porque moramperto do cofre, se consideram abastadas.

Vivem alegres. Opulentas de farla in-dumentária, ïros dias de alvoroÇo, lâ, dasalturas atinarn aos pobnes suas roupas ve-lhas, seus vestiCos jâ muito usados.

E' principalrnente nos dias chuvosos

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gue os transeuntes temem passar clebaixode seu palácio arranha-céu, receiando re-ceber de cirna urn pedaço pardacento csêco de seus lindos leques na cabeça.

São amabilidades e presentes quetos não desejâffi, assim, ffiê afirmouLeite. '

mul-José

Assim f azem muitos ricos. Abastadose possuindo vestuários de lã e sê,la, corndesdétrn, atirarn dos alpendres, sacadas e

-janelas aos inopes os inúteis vestuários.Seria obra caridosa se o fizessern commais compaixão.

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Page 20: Palmeiras de Pitangui

w

COQUEIROS DA CAPELA DA CRUZ

Da pï"aça fronteira clo novo hospitaliniciado pelc ex-provedor da Santa Casade Misericórdia Dr. Onofre Mendes Jú-nior podem-se lobrigar os coqueiros daCapela de São José. A sua origem não émuito remota. Quando cresciam as pal-meirinhas cariocas, nascerarn os coquei-ros da antiga rua de João Cordeíro. Quan-do Francisco Rêgo e Antônio de Aoluinoconcluiram a Capõta de S. José, no Alto daCruz, enfeitaram a praça plantando os es-guios coqueirinhos naguela terra verrne-Iha - a mais estéril õ visguenta da ci-dade.

Vivendon assim, desde crianÇâs, ali-mentados da pobre sciva daquele infecun-do terrero, alongaram-se muito, ficando es-

aguios e tão secos que se parecem com tu-berculosos. Sern nutrição e sem os pre.-ceitos higiênicos; pois, naqueles temposPitangui não tinha ainda trôsto de Profi-laxia de Higieo€, como agora, cujo.pri-

ameiro chefe foi o Dr. trsauro Epifânio Pe-a-a.reira contrairam o incidioso morbus.

TT

Page 21: Palmeiras de Pitangui

E já não existiriam rnais se não habi-tassem aquêle alto onde respirarn bemcomo os que vivem junto do Hospital .

Dizem os médicoÌ que os tuberculosob cle.vem procurar vlven nas maiores altitu-des.

Mesmo assirn, effi constante dispneia eem franca agonia estão morrendo toclo odia e invocàriarn a proteção clo patronrrdos agonizantes - S. Josése êles almas tivessem.

De passaserr, afirmo qde a insidiosamoléstia da tuberculose não existe em Pi-t_angui senão nos pobres cogueiros do AItoda Cruz. Os arrojados e intrépidos pau-listas fundaram Pitangui não sô por callsadas minas auríferas como pela salubrida-de do clima. Nos atestados médicos querecebia para verificação de óbitos encon-trava um caso isolado, anualmente, de tu-.berculose. A uelha Serrana é uma cida-de de clima adrnirável .

Aqui os tuberculosos de outras cida-dqs encontrariam uma paralisação com-pleta, dos seus padecirnentos. A água éboa, leve, cristalina e límpida que ó Se-nhor Dom Cabral disse, de uúa feita,quando fazia a visita pastoral em Fitanguí: "para gue se filtrar uma água tãopura e agradável!".

Aqui usa-se filtro por luxo. Os pre-ceitos de higienizaçã,o que aqui se põemem prática é mais por obediência às rnedi-das rigorosas clo Fôsto de Higieïte.

n

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Voltando aos "doentes" da Capela deS. ..ïosé os únicos intisicados da cidacle

encontro na sua taciturna fisionornia a,

tristeza de quem vive rnelancolicarnentc,sem esperança, sempre a olharem lá das.al-turas para os verdejantes quintais da cida-de, invejosos da vida folgazã, das palrnei-ras do Banco Hipotecário.

Descle que aqui nos plantaram , a rneioséculo e uma década, exclamam os esgalga-clos Çoqueiros, nunca tivemos uma vitória,um triünfo em Írossa vida !

Senrpre tristes e surumbáticos nuncaem nossos leques poisou um sabiá eu€ngracioso, gorjeasse !

Ì{unca ouvimos a modulação dos poe'tas que o nosso nome cantasse !

Jamais tivemos alegria e confôrto devida.

h{ui raramente alguém volta-se paranós. Receiam o nosso contacto.

Tôda a nossa vida tem'sido urna pas-sagem inútil nessas terras do velho daTaipa.

Passamos a nossa vida como espec'tros. Nada ambicionamos. Não temosideal . Só desejarnos não ser tão mutilados.Vivendo de acôrdo com as nossas disposi-ções, a nossa perspectiva é a morte.' E nãodeixa de ser uma perspectiva elevada.

*

Se há muitas deserções nas fileiras clodever e da virtude é porgue nìrlitos vivem

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Page 23: Palmeiras de Pitangui

corno nós, sem ideal, é, porque perdem cïe

vista o céu. Fomos feitos para a sublimi-dade dos ares e ficamos na mediocridade.

Fomos criados para o céu. O alvo da

**

nossa vida deve ser, portanto, o céu. Nãoa

sejamos despreocupados de nossa saúde.Procuremos os lugares salubres. O vigorda saúde contribui para uma vida jovial .

Pitangui é, um õlima admirável . A Capeli-nh? de S. José com seus coqueiros nos fazIembrar o patrocínio de São-José na derra-deira hora da nossa vida.

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Page 24: Palmeiras de Pitangui

COQUEIROS DA SANTA CASA

Em todos os nucleos populosos hásempre desigualdade; burguêses e ope.rá-rios,. ricos e pobres, dominantes e domina-dos, palácios e choupanas. Em centros eartérias, partes urbanas e suburbanas, pra-ças e recantos se dispuseram as cidades.Os palacetes nas avenidas e os casebresnos arrabaldes são os elementos de varie-dade da vida fundamental de uma cidade.Assim, quanto aos homens e quanto àscriaturas de vida animal e vegetal de qual-guer utilidade no seio de nossas popula-

dçoes. *

Depois dos esplendores do pitorescodas palmeiras do Banco Hipotecário --sempre joviais e no gõzo de seus tesouros ede sua vida cômoda (como sói aconteceraos afortunados) deparamos com os indi-gentes Coqueíros da Santa Casa de Mise-ricórdia.

No trato contínuo com os doentes quevêm baixar as enferrnarias estão afeitos

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Page 25: Palmeiras de Pitangui

ao amarsor, avezaclos à dor e acostumadosao espetáculo martirizante clos ais cle toCo:squantos demanCarn a saúrde naquele esta..belecirnento.

São os rnais mortificatlos cle quantosvivem clo solo de Fitangui.

Sentados à porta da Santa Casa de Mi-sericórclia, o seu padecimento não provémsòmente da vista clas mazelas humanas dosque entram, senão também da vista pesa-rosa dos que passarn nos féretros concluzi-dos ao cemitério paroquial .

Magros; tortos e aleijaclos, em númerode quatrc ou cinco clevem sua desditosaexistência de cinqüenta anos ao antigofarmacêutico prático e enfermeiro - oSr. Calisto do Couto Arairjo, irmão dosaudoso padre Gregório do Couto, ex-Vi-gário de Conquista (Itaguara), terra donosso bonissimo, douto e virtuoso VigárioGeral da Arquidiocese cie Belo Horizonte,Monsenhor João Rodrigues de Oliveira.

A SORTE DE ALGUÌ{S DOE}ITES

IÌsses cogueiros são, bern ao vivo, a tí-pica representação de certos doentes da rÌos-sa Santa Casa de Misericórdia. Por faltade recursos e talvez por impertinência dojubilado enferméiro Joaquirn Gernra-no que há guarenta e cinco anos morti-f,ica-se no caritativo mister de cuidar dosdoentes o Dr. José Rodrigues Zica Filhoque era, âa mesmo tempo, provedor e rné-

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Page 26: Palmeiras de Pitangui

dico da Santa Casa e professor exímio daEscola Ìr[ormâI, cleu-lhes alta, estando mui-to debilitados.

E o que aconteceu ?Acha\ram-se tão enfraquecidos e desín-

curados gue para não desfalecereïrl na ruÍì,antes de chegarem em casa, quedararn-seatri mesmo à porta da Santa Casa. Dentreêles um é,aleijado, outro de pescoço retor'-cido e os demais definhados.

Estariam mortos no mesmo dia se nãofôssg .. .. .. .. .. r. .. o. .. .. o.

o aa aa .a aa oa aa oa aa oa aa aa aa rro aa

a diária sôpado Joaquim

aa

Germanoe a velha roupade algo sarnaritano.

CAUSA DÓ

nffiï"ïil;ii,l,urSempre desrnaiados,descarnados, magoados,

à semelhança dos estirados nos leitosdaquela grande enfermaria contigua à Ca-pela gue a piedade dos pitanguienses vaiperpetuando com sacrifícios ingentes.

Auantos, há cinqtienta anos, os tristescoqueiros vêem recuperar a saúde, e êles...ali postados tomando a parca refeição sãoenfermos perpétuos da Santa Casa comoiam sendo 'uo pai" João da Ctuz gue fale-

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Page 27: Palmeiras de Pitangui

beu, há pouco tempo, com 110 anos rle ida-de e Maria do "Dié':, com 100 anos !l

Como dos desvalidos que jazem nosleitos ,eu me compadecia daqueles pobresparalíticos e debilitados coqueiros, tôcla vezgue entrava e saia da Santa Casa. E vendrtnos leitos tantas vítimas das várias enfer-rnidades do corpo e cla alrna que de minhasindignas mãos recebiam o confôrto espiri-tual - o CORPO DE DEUS; e das dos mé-dicos o consôlo e a saúde, penso na ca-ridade.

Lembro-me da generosidade que ine-fáveis corações vasam, sem ostentação evaidaden nos infontunados da pobreza.

HISTÓRICO

Vem, a propósito lembrar o norne debenfeitor da Santa Casa de Pi-urn grancle

tanguí.Transcrevo o gue ti numa lápitle que

Iá se conserva. Agorâ, com mais carinho."Homenagem e gratidão cír'icas à im^

perecível rnemória do benernérito Fitan-. ttgulense.

José Teod,or,o cla Sil"uaF'undador da Santa Casa de h{isericórdiade PitanguÍ, inspirado pela Divina Provi-dência corneçou a construção do pio estÍr-belecimento em 1844, concluído em 1847,foi neste mesmo ano bento pelo então bis-po de Marianâ, Dom Antônio Ferreira Vi-çoso, de sauCosa e f eliz memória.

F'oi instalada oficialmente em 1879 !

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A mesa administrativa da Santa Casanão possuindo o seu retrato, resolveu, etnsessão de I de junho de 1895, perpetuar ní)

fmármore o nome e os feitos dêsse granclebenfeitor da Humanidade pelo assinalad,tserviço prestado à terra que lhe foi bêrço.Saldando por esta forma a devida gratidãoem abertc há mais de meio século. À pos-teridade, pois, transmitam estas linhassirnples o preito de homenagem que a Ad-ministração do Hospital, em seu nome, noda Irmànclade, e em nome da geraçãoatual rendem à saudosa memória do veïre-rando ancião. Ì{ão logrou a venturâ, e oprazer de ver o prédio funcionando por terfaleciCo no ano de 1.848.

BOM EXEMPLO

Assim como José Teodoro da Silva"o sórdido avarento, na frase popular", tre-gando o pio estabelecimento à sua terra na-tal, ficou inesquecír'el nas posteridades pi-tanguienses, assim muitos outros o deviamfazet.

Mas, infelizmente, de tantos milharesde pessoes que passam, em frente à SantaCasa, algumas se lembram de visitar os en-fermos e bem poucas socorrem às suas ne-cessidades.

Lembremo-nos "gue cada esmola éuma renúncia, renúncia preciosa qual nu-venzinha perfumada como o odorífico in-censo se eleva ao trono de Deus. " . . . .

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NTALEDICIJNCIA

De popularidade tarnbém gozarn osociosos õoqueiros cla Santa Casal

A sua vulgaridacle vem rnuito rnenosde sua fragilidade que da proteção escancla-Iosa que dispensarn aos que segredarn sokl

,suas exígüas frondes, naqueles toscos ban-cos ou pranchas estendiclas.

Num.a convalescenÇa que se não acaba,franzinos, magros, em completa ociosida-de, levam horas a fio, tagarelando nos pas-seios domingueiros ao portão do Cernité-rio, ao sítio do Mato da Pedreira, à Caixade Água. Falam das esquisitices de uns enos g,af f es de outros.

b-azem espírito e satirisam os que aquê-Ies arredores perlustram, diàriamente. -Vi-vem de nraledicência êsse grande peca-do. dos que vivem na ociosidade insensi-veis, na monotonia de sua virla, à dor e aoslamentos e ais dos que lá dentro gemem esofrem.

I}{GRATIDÃO

Há pobres enfermos que são dignos dedó e de emenda. Privados da saúde cor-poral e sem a da alma rnaldizem da sorte.

. Ingratos às.mãos caridosas dos enfer-meiros e aos cuidados dos médicos.

Como os coqueirinhos, maldizenclo atéda SAIüTA CASA não a querem abandonarcontinuando no seu timiar, toÀando d;suas refeições, valendo-se rle sua proteção.

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VI

trALIVIETRAS DA }ISCÚLA NORh{A[,

Entre as lraÍiÌleiras r-le, Pitanguí nãopoCe deixar cle figurar a cia F.,scola Nor-rnal . Vou destacá-la e tirá-la da medio-criclade eruì que jazem suas conlpanheiras.Assirn como os pintores tomando clo pincelpara pintarem as paisagens das "terras daspalmeiras verdes e sabiás cânoras", estiran-clo as primeiras linhas e es]roçanclo o fr-ln-clo do quadro, tra.nsportury pafa êle as pal-meiras com as côres verdes da esperanÇrìo

aassim o Íaço. A risonha palmeira da Es-cola Ì{onmal " (rlme" cheia de luz a lurda ciência ; corpo revesticio do verde rlaesperança esperança cle clesanalfalceti-zar o Brasil, eu te sat'rclo !

Por quê ?Porqlre o que te cleslurnbra não é rì

cofre das riqu ezas como aconteceu as tuassemelhantes do Ranco Hipotecário. F"o-ram elas arrebatadas pelo espírito de am-bição. As fortunas arruinaranì-te, etl-.'

quanto qne a ciência e a arte causam algun-ma felicidade.

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As outras abriram seus braços para?mplexo do tesouro corruptivel . Tu,jovem palmeira, abriste os teus lequesraios quentes do sol dos conhecimentosmanos, para na vida, poderes vencer...

o,o

ao,shu-lu-

tar. . . trabalhar. . . educar. . .E' mais apreciável o escrínio do saber

que o cofre da riqueza. Eu te contemplocorn nnais simrpatia que as do Banco Hipo-tecário porque elas buscarn a fortulla." a. fada dos lábios de ouro", e tuo a mag-nificência'da ciência pera a missão subli-rne cie clesagregar as massas tÍe ignorantis-mo.

ó venturosa palmeira, quantas norlrìiì-listas ligarn seus destinos aos teus! Quan-tos olhares de ternuf,â, de candura, de pu-reza, se desfiararn sôbre ti na angústia, nâalegria, nos jogos como se de um princi-pio de vicla sensível e intelectua I fôssesdotada !

Se rne fôsse dado insuflar-te um haus-to vital para te tornares alma vivente,quantos belos capitulos da história da vi-da escolástica dêsse tão acreditaCo educan-dário rne narrarias !!

Õ coração de crianÇacle aspirações mil,

cheio de esperançrìcôr de anil,

para ofuturo

risonhcldo

Bragil .

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Ì{os teus trlaços canta a alma meigada estudante o hino de ações de graças, ocanto da saudade, a estrofe da amizade.

Naquele canto da cidadesob as tranças de sua urnbelaestuda, reza e cantao jovem, criatrÇâ, donzela.

E' naquele canto o altarque deslumbra a inteligência.Posso assím fatrarDe seu corpo de docência.

nuo

mcedifício da Escola It[ormal situadoanio da cirlade, ern parte urn poï"rco

elevada, 'f,ica separado do borborinho dasruas, clistante das casas de diversões e

do comérpio. Voltado para o centro dacidade, tern o aspecto agradável de inde-pendência e elegância. E'um edifício ann-ptro, confortável, arejado. Seus salõescomportarn centenas de alunos. E' tãoconfortável que se pnesta, há anos aosretiros fechados dos confrades vicenti-nos, etc.

A área interior cincundada de longosalpendres ladrillrado.s, g ajardinada. Emseu principal salão de honra oncle se rea-Iizam as festas de colação de grau e as pre-

3S

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gações por ocasião dos retiros espirituais,foi solenernente entronizada a imagem deNosso Senhor Jesus Cristo. Assistiu ao atoo Exmo. e Reverendíssimo Sr. Dom Antô-nio dos Santos Cabral .

Foi Diretor da Escola o saucloso far-macêutico João Barbosa.

Betânia era uma citlade hospita-leira rodeada de elegantes e formosas pal-meirâs, tao airosas como as do lago de Gr:-nezareth. Assim como em Betânia Je-sus, o maior teólogo, o maior psicólogo, ogrande pedagogo da humanidade, estáhospedadc' na "Betânia" de Pitanguí aEscola Ìrlormal . À sua vista se vão eclu-cando levas e levas de moças da nossa tei'-ra. E a palrneira nos f az recordar as

t.páginas da divina Escritura gue nos falarndo triunfo da entrada de Jesus em Jeru-salérn, euândo " esternebant palmos. . .romos oliuarum."

Ao sôpro do vento a pakneirinha es-tende''seus braços, apresenta suas mãos etremúla seus delicados dedos como se fô-ra uma professôra de pinturâ, de músicaou de ginástica. EIa não aprecia muitoaulas dè ginástica. Prefere certos jogosde pouco movimento que a façam menearao som da rnúsica do José do Quito aosseus leques.' ' r'eti"of ' '

o " ' ' o o ' '

et

aaaa

Vãoção que

começar as férias. E' comrecebem a noticia,

emo-ape-

14

as alunas

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sar das "bombas" que algumas delas justaou injustamentetrIlas.

lamentam até às lágri-

Abandonam o prédio escolar.E a palmeira que não vai às férias

nunca, fic,a zelando com cuidado o sagra-do templo da ciência, suportando a angús-tia da saudade. Ì.[os seus olhares há umÍttristeza misteriosa.

Partem as normalistas para suas lidese as palmeirinhâs, sua confidente, separa-da do alegre convívio se entristece, todo oano, fica saudosân vendo as turmas que sevão sucedendo na Escolâ....

Com angústia cruciante vê seus mi-mos encantadores em meio ao mundoe tão distantes das outras flores, . .

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VIIA PALMEIRA DA FÁBRICA

Celebrizando as palmeiras de PitanguÍnos diversos ritmos de sua vida social, re-Iigiosâ, raltruistica, caridosa e crítica, nãopodia olvidar o ritmo mais ruidoso, maisvibrante, mais realista de sua vida: "o ex-poente de sua actividade concretizado nasfábricas de tecidos, de uma sociedade anô-nirna formada dos elementos industnarsde Pitanguí.

Êste centro de trabalho é, o alvo dasrnocinhas pobres de Pitanguí.

De quantos testemunhamo todo o dia ea cada momento, das viúvas o lamentondas órfãs as lágrimâs, das moças uma quei-

o

xâ, ninguém melhor do que a palmeira quedernora ali perto, pode avaliar.

Na crise gue atravessamos constituium verdadeiro canto funéreo o pedido hu-milhante de centenas de "sem trabaLho"chorando como doentes de hospital, gemen-do corno órfãos de guertâ, suplicando dot{iretor gerente, corïÌo crentes, de mãos pgs-tas para as imagens nos nichos, uma colo-

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cação, urn arranjo aqui ou no Brumadooonde fica a outra fábiica de tecidos.

Há até quem se oferece para trabalhar" de gro.ço," , algum ternpo. P-ois, estando Iádentro é, rnais fácil ocúpar um claro. E,enguanto fia, vai f iando o arranjo.

Pobre gente!

E o Sr. Dr. José Lirna Guimarãestem um coração de "cêra" desfaz-sepromessas, derretendo-se ern prometimen-tos, condoído do estado lastimável dos pe-dintes de ernpregos. E alcançarn-nos. . . elá se vão para os teares em número demais de 300 operários computados entreas duas fábricas de Pitanguí e Brumado.

O Dr. José Lima Guimarães, usando desua proverbial caridade, (e Íaz o que po-de), ampara as desapercebidas da sorte,enviando-as às rnedideiras, engomadeiras,descaroçadeiras,. etc .

Mas, se a operária não opera, não pro-duà; não garante o seu salário e não com-pensa o tempo de seu emprêgo, então...fóra. Está o Sr. gerente no seu papel .

queem

E a palmeira, um pouco distante, con-templativa, suspensa, ern vendo as suspen'sas do trabalho porque não trabalham, de-

tristemente,reclama dos

um sôpro de

estrangulando seusseus amigos - os zéfi-viganÇâ, um gesto de

bate-sebraços,ros €

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indignação. E, os ventos, azortagadospelos braços do cogueiro, gue culpã têmpp_{os lares extintoso por tanta gente farro-pitha, pela falta de pão? ï

Maquinassern elas e gue urdissenl,tramassem os tecidos e não lhes faltariarntetos, pão e os zefíres, ?tJattes, algodõestintos e mais tecidos por elas rnesrnas ur-didos.

Se o ar se negasse aos pulmões dos po-bres por um contágio pestífero teria a pal-meira tôda razão de justiÍicâ-lo.

Mas, porque não patrocina a desidiana preguiça dos pachorrentos, chicoteá-Ios,ê, injustiça. Agora a palrneira bate palmasao Dr. José Lirna Guimarães pela situaçãofinanceira desta indústria que alcançou odiviclendo de 150 contos o ano de 1932, edai ern diant€, sempre crescendo o divlden-do. Cabe à diretoria que é constituídado Sr. diretor-gerente, Dr. Lima Guimarãese' outros, os nossos aplausos. Os diretoresda Companhia Industrial Pitanguiense sãodignos dos nossos encômios pela direçáoque dão ,aos negócios que afetam a indús-tria e pela caridade gue praticam comoótirnos patrões, sempre beneficiando os

,)operários. Ainda há pouco, foi com arnaior harrnonia que se conseguiu a dimi-

a -

! I t a - ! - r !lnuição de horário de trabalho. Diretorescatólicos, operários católicos, ausência deusura e hoa vontade para o trabalho pro-

39'

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duzem o lucro para o patrão, a percenta-gem para o operário, o sustento abundantee sadio para suas famílias e a paz na rÌos-sa sociedade. '

Quem transita pelas rnediações da Fá-brica não vê mais estampada na fisiono-rnia daquela palmeira a melancolia. Ela'não evoca mais aquêles dias de incertezasdos proletários. Surge, pelo contrário, maispara o alto e olha o azul do firrnamento naalegria cle quem confia ainda mais. E asoperárias fiando nos seus cento e setentateares f íam no coração magnânimo de seuadrnirável gerente em quem confiam, cadadía nrars nos lçís dos

egua$no consumo

dos algod,ocÍs.

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ESPÍRITO ASSOCIATIVO OPERÃRIO

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Nem tôdas as associações se devemo I r falanges operárias das diversas râ.-unrr as

mificações do trabalho existentes no cam-po do labor humano. O operário antes dedaq o nome a urn sodalício, antes de se li-gar aos compromissos de tal ou qual sindi-caton deve conhecer bem o ponto colimadopelos estatutos', e, sem urn exame madurornao seguir na onda. iMuitas vêzds poderáser arrastado pela corrente comunista ou

^.maçonlca.O pobre do operário costuma ser erlr-

baído por palavra fácil e de fogo fatuo deoradores de praças públicas em " meetíngs"e préstitos cívicos gue assumem, às vêzes,o carâter de subversivos. Em geral, êstesaçuladores não sentem as pulsações do co-ração operário nem tocam nas suas mãoscalosaç. O sentimento que produrz discur-Ëos calorosos em pról do operariado , é qui-çá1, de ordem interesseira

O bem-estar econômico apregoado emletras rubras e garrafais nas obras conru-nistas, ao invés de acahlâr;â massa ignana,subleva-a e torna-a turbulenta.

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Os letreiros que os letrados rubrosavermelharam nos estandartes de greves

?.operárias contra os patrões (e não contra' lade em geral), alegrâffi, avivam,a socre(esperançanx ao proletário ingênuo, trouxa,que se alegra com os dobrados da banda de

,.músicâ, com os fogos e discursos, julgando,que só teoria lhe traz o bem físico, econô-

mico e rnoral .

Os operários devem organizar-se paraque se lhes garantarn os direitos civis e re-ligiosos. "A união f az a fôrça" Vfs uníta,f ortior". As classes unidâs, disciplinadâs,organ izadas, sindi calizadas, segundo asnormas da lgreja, gozarão de garantiasque jamais poderiam nem sonhá-las,desunidas e desassociadas.

E'bem certo, Forém, que o operário, oartífice, o elemento humano de progressonão deve encarar sòmente o seu bern-estare o de sua família, cufftpre-lhe ganhctt,hone,stamente, o seu salário, o ordenadoequivalente às horas de seu trabalho.

Nas cidades de pequenos núcleos ope---!--: - - - em se deve preocupar com sindica-rarlos Dr

tos, mesmo católicos. Não há necessidadedisto, Contudo, poderão aderir aos sindica-tos das outras cidades, mesmo os chamados"neutros" ou indiferentes, comquanto si-gam a orientação social da "Rerum Nova-rum" e não lhes sejam tolhidos os direitose deveres religiosos. O espirito de revolta

M

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e de absoluta índependêncía não deve hb-sorver o pensarnento dos operários. FeIo

.a

eue, se isto acontecer, a ruina será cavadapor êles mesmos e contra si mesmos.

Anima-me muito o movimento de ca-ridade que se vem notando por parte dosindustriais: casas, luz, água, farrn á,cia, me-dicina, socorro espiritual ja têrn gnatuita-mente muitos operários.

Assim como lhes facilitam os patrõescerta cornodidade de vida, assirn êles de-vern cooperar corn sua inteligência e fônçafísica para o aumento da renãa de suas in-dústrias.

O Santo Padre exigiu que as Encícli-cas sociais "Rerum I{quarlrm" e "Quadrt

agesimo ünno" tivessern sua plena aplica-ção no Estado do Vaticano.

Todo 0 empregado na cidade do Vati-cano tem direito de 20 a 30 dias de férias.Para cada filtro rnenor de 18 anos a farní-lia recebe urna pensão mensal de 80 liras.Os funcionários do Vaticano têm direito,na média possível, a uma morada. O ho-

t.,rário é de 7 horas de trabalho. ültima-mente, tôdas as vantagens citadas têm sidomelhoradas pelo atual Pontífice, o Santo

Tudo está bem fundarnentado nas En-reÍ'eridas. O seu prestígio é indiscu-Em vigon está, portanto, a fônça or-

Padre Pio XtrI.

cíclicastível .

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ganizadora da lgreja - a orientadora desempre dos povos. A ação da lgreja sôbrea vida social e moral do homem operáriocomo do homem industrial beneficia deum modo geral ) a todos, 'otornando os po-bres, resignados; os ricos, beneficentes;os filhos, respeitosos e os operários pro-bostt.

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O ALCAÌ.{CE OPERÁRIO

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Igreja sempre se apresentou emtôda parte, por meio de seus ministros, co-mo o baluarte dos fracos, protegendo-os;como o braço forte dos cambaleantes, dos

,.opcrár.ios, dos pequenos, dos humildes, dosinvirlirlos e pedintes, já lhes conseguindo'tetos, ìir lhes dando trabalho.

O Santo Padre Pio XI não só escreveuadrniráveis cartas Encíclicas sôbre a ques-tãro socierl como também realizou múltiplasobr'Íts na cidade do Vaticano, tão sòmentepara, ÍÌpiedando-se da lastimável situaçãoangustiosa dos trabalhadores e artífices,aliviir-los algum tanto, oferecendo-lhestralralho para encher as horas de sua vida.

Nisto Sua Santidade teve em vista arealizaçã,o viva da teoria que êle e Leão XIIIpregaram, afastando dos operários aFome,O Desespêro e A Ocíosidade.

A doutrina da lgreja sôbre a justiça e'lade tem sido decantada não só pelosa carrc

individuos como pelas associações, não sópelos fiéis da sociedade católica como pelosrnesmos inimigos das ideologias católicas.Desde clue Leão XIII, de gloriosa memó-

aana, surgiu, como estandarte arvorado sôbrea rnontánha proletária, acudindo aos la-nas que ol'erece ao mar a estnola de Seus

I

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mentos dos gue padeciam, por todo o mun-do, não se cogitava tanto da ação socialsenão sob os ditames do PontÍfice filósofoe poeta. De sua cátedra jorravam para onrundo [odo, torrentes de luz a luz daverdacle â vendade desejada tanto dosoperários como clos patrões, porque SuaSantidade era o "hrrnen in coelo".

Do foco lunrilrosissimo cle S. Pedro,em Romer, desde 1891, vai-se irradiando ncorbe terriì(lueo, nas universidades, nossenrinirrios, nas associações de classes, zìs

lucilações tla doutrina salvadoia dos des-protcgidos de forturla.

Do manancial, da fonte cla verdade da"trlerurn ^Moueru.m vem jorrando a águaviva da caridade sôbre as lavouras dos tra-balhadores, sôbre as muralhas dos operá-rios, sôbre a suntuosidade das obras dosartifices, sôbre o trabalho universal .

Ainda que o socialisrno moderno quei-ra tapar a claridade da verdad.e, aincla queoÍi uslrrários gueiram estagnar a águaabundante clos meios de vida operária, cômos inventos rnodernos que dispensam obraço clo lavrador, a fôrça humana mesmuassirn, o poder civil terá que buscar meiosde ocupar os sem trabalho, porgue nisto es-tâ, o seu clever de proporcionar aos subdi-tos o bem-estar temporal .

Infelizmente a política patrocina aosde patrocínio poderiam muito dar epedir ou receber. Se se leva ao rico

quenãoum

50

presente de monta é como o Amazo-

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nas que10 rios.

oferece ao mar a esmola de seusE o mar carecia das águas do

Amazonas ?Assim é.Quem rnuito tem muito ganha.Quern nada tem pouquíssimo recebe.As grandes emprêsas gozarrl dos pri-

vilégios.As grandes indústrias não cogitam tan-

to dos gue nelas trabalham, dos que nelascomprarn.

Graças a Deus, sem cheiro de comu-nismo, formam-se, por tôda parte, cen-tros, sindicatos de proteção ao operário,associações de auxílio às suas farnílias,

Or,ganizam-se festas de beneficênciapara o operário. Temos o "Dia do Operá-rio". Temos as "Sernanas de Beneficên-cia'1, a "Semana Humanitária",

E' um movimento admirável a coletaem prol dos lâzaros, Em São Paulo comoem Belo Horizonte realizam-se movimen-tos humanitários que bendirão os seus fru-tos os socorridos. Assim nos outros Esta-dos da [Jnião.

O coração do rico que vasa a gene-rosidade dè seus laboros, o fruto de serrssuores na sacola do pobre é um gesto de

" - ' uma aliança entre a classe neces-unlao, e,.sária e a favorecida dos bens ternporais.

Pobres d-os operários I

Antigamente não lhes era permitido oespirito associativo. Temia-se da partedo operário o espÍrito de subversão.

5l

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Nisto andariarn muito bem os gover-nos, porgue para tanto faleciam-lhes os

.r.princípios de justiça e de humildade.Forérn, pondo de parte alguns blocos,.operários, corno os da Rússia e os que lhes

seguem as pègadas, os nossos, imbuídosdos princípios cristãos, hauridos da dou-trina da lgreja, podem organizar seus sin-dicatos católicos, para a consecução de seubem-estar.

52

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]NDIcE

oo ao. la.; roo lor,AntelóWio o o ,o.

Dedicatória

Coqueiro do ttl,awado" o o ìo oi o.

O Coqueiro do "Major Bahia"

Coqu,eiros Santa Casa

Palmeriras Escol,a Nomal

As P,almeiras do Banco Hipotecário ,o oÌ ..da

da

da

Coqueinos Capela da Cnrz ro o . r ,o o .,,

A Palmeira da Fâbrica r. o o .

Espírito Àssociativo Operário .o .. oo o.

O Alcance Operário

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Page 50: Palmeiras de Pitangui

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Orrcrer, Do Esreoo DB .ürres Gnnrrr

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