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PALAVRA DO PRESIDENTE

A revista Campo é uma publicação da Federação da

Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional

de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela

Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com

distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assina-

dos são de responsabilidade de seus autores.

CAMPO

CONSELHO EDITORIAL

Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto

e Eurípedes Bassamurfo da Costa.

Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)

Reportagem: Catherine Moraes, Gilmara Roberto, Michelle

Rabelo, Nayara Pereira, Douglas Freitas (estagiário) e

Laryssa Carvalho (estagiária).

Fotografia: Capture Studios

Revisão: Catherine Moraes

Diagramação: Isabele Barbosa

Impressão: Gráfica Amazonas

Tiragem: 15.000 exemplares

Comercial: (62) 3096-2123

[email protected]

DIRETORIA FAEGPresidente: José Mário Schreiner.

Vice-presidentes: Leonardo Ribeiro; Antônio Flávio Camilo de Lima .

Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Wanderley Rodrigues de Siqueira.

Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis.

Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo, Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da

Silva, José Vitor Caixeta Ramos, Wagner Marchesi.

Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos

Santos, José Carlos de Oliveira.

Suplentes: Henrique Marques de Almeida, Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da Silva, Oswaldo Augusto Curado

Fleury Filho, Joaquim Saeta Filho.

Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio Maróstica.

Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha.

CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR

Presidente: José Mário Schreiner

Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.

Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago

de Castro Raynaud de Faria.

Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e Sandra Maria Pereira do Carmo.

Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Sandra Alves Lemes.

Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander, Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior,

José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela de Souza.

Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldine, Antônio Sêneca do

Nascimento e Marcelo Borges Amorim.

Superintendente: Eurípedes Bassamurfo da Costa

FAEG - SENARRua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300

Goiânia - Goiás

Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222Site: www.sistemafaeg.com.br

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Para receber a Revista Campo envie o endereço da entrega com nome do destinatário para o e-mail:

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Para falar com a redação, ligue: (62) 3096-2114 – (62) 3096-2226.

José Mário SchreinerPresidente do Sistema Faeg

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Com passos ainda lentos, mas com perspectivas de crescimento, o setor de caprinos e ovinos de Goiás tem muito que fazer! A atividade que em muitas propriedades é considerada secundária, muitas vezes tratada com amadoris-mo, busca novos caminhos e fronteiras para elevar o mercado da carne no país. Segundo dados apresentados pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, o consumo saltou de 700 gramas para 1,4 quilo por pessoa, um per-centual atrativo para os poucos produtores que mesmo com os olhares descon-fiados, buscam cada vez mais rentabilidade na produção e na comercialização.

Nessa edição, apesar de explanar as dificuldades vivencias pelos criadores de caprinos e ovinos, apresentamos também as principais informações que envolvem o setor, como mercado, produtores, técnicas de produção, profis-sionalização e os principais gargalos que envolvem a comercialização – custo, até chegar ao produto final que é o consumo.

Apesar das dificuldades no que diz respeito ao melhoramento genético, profissionalização dos produtores, e a falta de incentivo na criação de asso-ciações em prol do setor, alguns produtores de ovinos como Wagner Mar-chesi, de Britânia, mostram o contrário e apostam no setor como uma força motriz do próprio negócio.

Da mesma forma, Leodolfo Alves, com uma produção independente de caprinos, produz leite e queijo para atender o mercado de Brasília e Goiânia. Por meio desses exemplos, é possível observar o quanto a criação e comer-cialização dos animais vale a pena e merece mais atenção por parte de todos. O que espero é mais investimento e engajamento para engrenar a atividade.

Não é só de resultados que vive um setor. É preciso ir além, investir, ca-pacitar e mudar. Fazer a diferença! Por isso, a Revista Campo desse mês apresenta não só os bons frutos de uma produção, mas as dificuldades vi-venciadas dia a dia pelos envolvidos no setor. Estamos juntos para melhorar cada vez mais nossas produções e nossos alcances em cenários nacionais e internacionais. Vamos em frente! Boa leitura!

Por mais investimentos em um mercado promissor

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Caso de Sucesso

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Produção tímida para mercado crescente Falta de reprodutores, assistência técnica e produção em alta escala dificultam evolução de

caprinocultores e mercado consumidor dobrou nos últimos três anos

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Prosa Gerente geral da Embrapa Cerrado e pós-doutor em Engenharia da Irrigação e Manejo da Água, Lineu Rodrigues fala sobre crise hídrica e futuro da irrigação

8

34Por meio de capacitação do Senar Goiás, jovem Jhewerson Neris se tornou referência na cidade onde mora

Nova Zelândia Durante 10 dias, missão técnica do Senar troca experiências em viagem à Oceania

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4 | CAMPO Junho / 2015 www.sistemafaeg.com.br

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Goiás Mais Leite Senar Goiás realiza encontro de técnicos e discute temas como mastite bovina e biotecnologia de reprodução

26Agenda Rural 06

Fique Sabendo 07

Delícias do Campo 33

Campo Aberto 38

Treinamentos e cursos do Senar 36

Cadastro Ambiental Rural é prorrogado por mais um ano. Em Goiás, adesão foi de menos de 20%

CAR 26

15Ranicultura em destaque Produtores enxergam, na atividade, oportunidade de renda e de diversificação. Estado já é considerado um dos maiores produtores do país

18Seminário de Irrigação Desafios e estratégias sustentáveis de uso da água empregadas pela agropecuária estiveram entre as discussões do 1º Seminário Estadual

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Caprino de Bela Vista de Goiás. Foto: Larissa Melo

Junho / 2015 CAMPO | 5www.senargo.org.br

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AGENDA RURAL

22 a 25 de junho de 2015

Centro de Convenções CentroSul

Workshop – Gestão de Risco e Carteiras de Crédito AgrícolaLocal: Hotel Mercure - Av. República do Líbano 1613 Setor Oeste, GoiâniaHorário: 8h30 às 15h30Informações: 19 3836-2722

09 de junho

Seminário Regional de Contabilidade RuralLocal: Iporá - FAI- Faculdade de Iporá - Rua Serra

Cana Brava, n°512 / Boa VistaHorário: 8h às 17h

Informações: 62 3412-2739

12 de junho

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FIQUE SABENDO

Produtor do Goiás Mais Leite recebe prêmio da Itambé

No último mês de abril, o Tauá Grande Hotel de Araxá foi palco da cerimônia Maiores e Melhores, que reuniu 250 convidados. Promovido pela Itambé Alimentos S/A, o even-to homenageou 37 produtores e seis cooperativas associadas à Coopera-tiva Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) que, pelo empenho e resultados obtidos, se destacaram no ano de 2014. Entre os premiados estava o goiano Osmar da Cunha Teles, de Silvânia, que foi reconhecido na categoria Assistência Técnica com a metodologia Balde Cheio, realizada pelo programa Goi-ás Mais Leite, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás).

As premiações tiveram como re-ferencial os quesitos Volume, Quali-dade e Desempenho nos Projetos de

Assistência Técnica, como explica o presidente da CCPR/Itambé, Jacques Gontijo. “Os programas de assistên-cia técnica são o caminho mais rápi-do e seguro para os produtores que enxergam a atividade leiteira como um negócio que, como outro qual-quer, precisa gerar lucro”, afirmou.

Antes de adotar a metodologia, Osmar tirava 50 litros de leite diaria-mente, um percentual relativamente baixo, para uma propriedade de 46 hectares. Depois que adotou a me-todologia Balde Cheio, as técnicas de manejo, cuidados com o capim e com o auxílio da tecnologia, a produção dobrou. “Precisei enten-der que os animais e a alimentação, são peças fundamentais para o ren-dimento no campo, por isso, todo cuidado com eles foram e são neces-sários”, finalizou.

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Caprinocultura Criação Racional

de Caprinos

PESQUISA

REGISTRO ARMAZÉM

Cientistas desenvolvem sementes de arroz transgênico com anticorpo anti-HIV

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Considerada por alguns especia-listas da área como uma das obras mais abrangentes sobre caprinocul-tura já publicadas no Brasil, o autor Silvio Doria apresenta no livro “Ca-prinocultura - Criação Racional de Caprinos” um detalhado estudo so-bre os caprinos e sua criação, abor-dando aspectos teóricos e práticos.

A obra fornece aos criadores de cabras e pecuaristas em geral téc-nicas e informações sobre caprino-cultura, atualizadas e adequadas às condições brasileiras. Além disso, aborda a anatomia e fisiologia dos caprinos, principais raças caprinas criadas no Brasil, diferentes temas diretamente ligados tanto à caprino-cultura quanto à ovinocultura.

Descobertas feitas por pesquisado-res da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia destacam que medica-mentos microbicidas, que contêm an-ticorpos neutralizantes do HIV, podem ser potencialmente utilizados para prevenir a transmissão do vírus. A al-ternativa foi descrita recentemente no artigo intitulado “Endosperma de ar-roz produz forma potente de anticor-po monoclonal neutralizante de HIV”, publicado no site do Plant Biotechno-logy Journal (Edição 3 - Abril 2015).

Os pesquisadores André Melo Mu-rad e Elíbio Leopoldo Rech são coauto-res da publicação que relata o desenvol-vimento de plantas de arroz transgênico, que expressam o anticorpo neutralizan-te do vírus do HIV. O artigo foi produ-zido em conjunto com um seleto grupo de cientistas de diversas universidades. Entre elas estão a Universidade de Lleida, na Epanha, a Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida, localizada em Viena na Áustria e outras universidades de renome mundial.

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PROSA RURAL

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Lineu Rodriguesé gerente geral da Embrapa Cerrados, doutor em Engenharia Agrícola e pós-doutor

em Engenharia da Irrigação e Manejo da Água

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Em busca do vilão na novela da crise hídricaCatherine Moraes | [email protected]

Michelle Rabelo | [email protected]

Revista Campo: O senhor de-fende que o termo “desperdício” não se aplica na agricultura como nas cidades. Qual a diferença?

Lineu Rodrigues: É mais ade-quado falar sobre eficiência, que, de maneira bem simples, reflete quan-to da água que é retirada dos rios está sendo efetivamente utilizada. É importante reduzir as perdas nos sistemas, seja ele qual for. Para isso, definir valores de referência para as eficiências mínimas espera-das em cada um dos setores, dentro das suas especificidades, é impor-tante e contribuirá para reduzir os desperdícios.

Para isso, tem-se que estabele-cer métricas, que devem ser pac-tuadas com os usuários. Em situa-

ção de escassez hídrica, em que a disponibilidade de água é limitada e geralmente insuficiente, os usos (urbano, rural, animal, irrigação, industrial ou elétrico) devem ser muito bem quantif icados e equa-cionados. A essas demandas seto-riais, é preciso ainda acrescentar a demanda ecológica. Ou seja, é pre-ciso manter no rio uma quantidade de água mínima capaz de manter as funções oferecidas pela água, garantindo as condições mínimas de manutenção de ecossistemas aquáticos.

Existem os desperdícios causa-dos pelo uso inadequado da tecno-logia, isso pode ser corrigido com capacitação e aquele desperdício que é fruto da forma como cada in-

divíduo utiliza a água. Esse só pode ser corrigido com um efetivo traba-lho de conscientização.

Revista Campo: A Agência Nacional das Águas (ANA) coloca o campo como grande “gastador” de água - 61% da retirada de água dos mananciais brasileiros se des-tinariam ao uso rural. Como po-demos analisar os números e o contexto?

Lineu Rodrigues: Primeiro é bom frisar que a maior parte da água utilizada na agricultura é des-tinada para uma finalidade nobre, que é a produção de alimento. Por outro lado, temos que fazer justiça. A ANA não coloca o campo como grande gastadora de água. Ela ape-nas publica os números. Não há dú-

Pa les t rante do 1º Sem i-nár io I r r igação de Goi-ás – Água para produção de a l imentos, Lineu Ro-dr igues m in is t rou pa les-t ra com o tema: I r r iga-

ção e o uso ef iciente da água na produção de ali-mentos. Na prosa deste mês da Revista Campo, Lineu explica os concei-tos de uso e consumo e

a necessidade da cons-cientização geral. O obje-tivo é um só: minimizar a crise hídrica no país e ga-rantir água para consumo e produção de alimentos.

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A alocação de água

para fins agrícolas

gera benefícios que são

apropriados por toda a

sociedade

vida, entretanto, que existe um erro

conceitual na estimativa de alguns

desses números. Para fins de gestão

da água, toda água retirada do rio,

independente da forma em que ela

é retirada, deveria ser contabiliza-

da. Nesse sentido, não considerar,

por exemplo, a água evaporada das

grandes barragens é um erro. Outro

ponto importante que deve ser con-

siderado é utilizar um coeficiente de

retorno que não considera o tempo

de retorno da água e qualidade da

água que é retornada. Isto impac-

ta nos números dos outros setores,

principalmente no da agricultura.

É importante também destacar

que esse número de 61% não é uni-

forme em todo o Brasil. Por exemplo,

na região hidrográfica do Atlântico

Sudeste, as retiradas de água pela

agricultura representam apenas 31%

do total. O fato é que utilizamos mui-

to pouco os nossos recursos hídricos.

Temos que utilizá-lo mais, mas com

eficiência. A alocação de água para

fins agrícolas gera benefícios so-

ciais, econômicos e ambientais que

não são apropriados somente por um

usuário, mas por toda a sociedade.

Revista Campo: Em sua opi-nião, de onde vem a crítica con-tra a irrigação? E qual o futuro da atividade?

Lineu Rodrigues: Tirando os casos isolados de radicalismos, sem fundamento, a maior parte da críti-ca vem da desinformação. Não sa-bemos nos comunicar com a socie-dade e temos dificuldade em receber a informação e de transmiti-la de maneira correta. Isso é causado, em parte, pelas divergências que exis-tem entre os próprios técnicos em re-lação a terminologias básicas. É im-portante uniformizar a informação. O setor agrícola não pode ser apenas reativo. Deve haver uma estratégia comunicação. É importante entender como o tema água na agricultura é realmente percebido pela sociedade,

qual o papel da mídia e sua real im-portância nesse debate. Além disso, para quem a informação é destinada.

O futuro do setor é promissor. A

humanidade pode viver sem muita

das coisas que temos hoje, mas não

pode viver sem água e alimento. O

desafio é como produzir alimentos

de forma sustentável e em quanti-

dade suficiente, em um mundo cada

vez mais complexo, com uma popu-

lação que em 2050 estará em torno

de 9,1 bilhões pessoas, demandando

alimentos cada vez mais diferencia-

dos. Isso só será possível por meio

da irrigação. Mas é preciso planejar.

Uma pergunta que sempre surge é

quanto a irrigação deverá crescer,

isso quem vai definir é o próprio se-

tor. Ao governo cabe criar as condi-

ções mínimas de infraestrutura para

que esse crescimento ocorra.

Revista Campo: Alguns es-pecialistas defendem que, se o produtor pagasse mais caro pela água e este gasto estivesse incor-porado em sua cadeia de produ-ção, como acontece na indústria, o comportamento seria outro. O senhor concorda?

Lineu Rodrigues: A cobrança

pelo uso dos recursos hídricos é um

dos instrumentos da Política Nacio-

nal de Recursos Hídricos previstos

na lei 9.433/1997. Em minha opinião,

o quanto cobrar deve ser definido

pelo comitê de bacia, levando-se

em consideração as especificidades

de cada região. Deve-se cobrar o

que é justo e o que é justo é o va-

lor que é pactuado com os usuários.

Não partilho da ideia de que cobrar

mais resolva o problema. Acho que é mais efetivo um trabalho de capa-citação e premiação por boas práti-cas. Nesse sentido, acredito que um sistema de certificação voluntária seria uma boa estratégia.

Revista Campo: A Confede-ração Nacional da Agricultura (CNA) e a ANA anunciaram, em abril passado, um Acordo de Coo-peração Técnica para mapear e aprimorar a gestão de recursos hí-dricos no país, capacitar produto-res rurais e criar estratégias para agir em áreas de potenciais confli-tos envolvendo o uso da agricul-tura irrigada. Qual a importância de iniciativas como essa?

Lineu Rodrigues: As institui-ções, de maneira geral, deveriam atuar mais em conjunto, aumentan-do a efetividade das ações e ma-ximizando o uso dos recursos f i-nanceiros. O trabalho conjunto de duas instituições do porte da CNA e da ANA, em ações de grande im-portância, tem tudo para produzir resultados efetivos e impactar o setor positivamente. Podemos dar um salto de qualidade na produção sustentável de alimento com um trabalho efetivo de capacitação. Temos muita tecnologia que ainda é pouco adotada, por exemplo, no manejo da irrigação. Tal fato pode ser notado quando analisamos a média da produção nacional, por exemplo, de milho, com os valores de produção obtidos em proprieda-des de alto nível.

A abordagem de atuar em áreas de conflito é muito correta. Tenho defendido essa abordagem nos di-ferentes fóruns. É importante ter um olhar diferenciado para as áreas de potencial conflito. Nessas áreas as estratégias de gerenciamento tem que ser feitas em escalas tem-porais e espaciais diferenciadas. As decisões devem ser pactuadas com os usuários. Acredito que a Embrapa tem muito a contribuir com esses esforços.

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MERCADO E PRODUTO

A expansão da atividade de ovinocultura nos

últimos anos se deve a diferentes fatos: mercado,

manejo, melhoramento genético dentre outros.

Apesar de o consumo permanecer tímido, consu-

mo capita/ano de carne ovina no Brasil é de pouco

mais que 1,0 kg, em 2013 o Brasil importou 7 mil

toneladas de carne uruguaia para abastecer o mer-

cado interno (SebraeSp, 2013).

Parte gritante da evolução da cadeia se deve ao fato

da descoberta pelos pecuaristas de que a criação de

ovinos é muito mais rentável que o gado bovino, em

algumas situações, especialmente no que se refere ao

custo de produção. O custo de manutenção de dez

ovelhas no mesmo espaço onde é criada uma vaca é

bem menor, daí a explicação para o fato de muitos

pecuaristas estarem migrando de atividade. Estudos

apontam que um boi precisa de um hectare de capim

para se alimentar du-

rante um ano e atin-

gir entre 200

a 250 Kg.

Neste mesmo espaço, 60 ovinos podem pastar e pro-

duzir até 800 Kg de carne.

Mesmo com um rebanho de 17,5 milhões de ca-

beças - segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2013) – há demanda de carne su-

ficiente para que o mercado brasileiro dependa de

importações de diferentes países, por exemplo, o já

citado mercado do Uruguai.

Por outro lado, mais de 95% dos abates de ovinos

são realizados de forma clandestina no Brasil, o que

dificulta a certificação de qualidade e desmotiva o

produtor a investir na profissionalização do rebanho

(Pecpress, 2014). Há uma necessidade urgente de

nos preocuparmos com a legalização da atividade

bem como um atendimento direcionado por parte

de frigoríficos voltados para o segmento, uma vez

que o quadro atual é composto por abates em plan-

tas voltadas para outras cadeias.

Raças como Dorper e White Dorper

foram extremamente determinantes no

desenvolvimento de um padrão de qua-

lidade para a carne de cordeiro nacional,

na questão de acabamento de carcaça e de-

posição de carne no animal, tanto é verdade que o

produto resultante do cruzamento com essas raças

de origem sul-africana foi o primeiro a receber certi-

ficação de padrão internacional.

Qualidade será essencial no processo de continui-

dade e expansão da cadeia, visto que o consumidor

não deseja carne de animais de descarte, mas sim a

carne de cordeiro, de animais abatidos ainda jovens.

Uma vez organizados, em associações e cooperativas,

para obterem força de mercado, os criadores de ovino-

cultores poderão se beneficiar de todas as vantagens

do atual cenário da ovinocultura.

Ovinocultura no Brasil: cenário atualSamantha Andrade | [email protected]

Samantha Andrade

é médica veterinária

e técnica-adjunta do

Serviço Nacional de

Aprendizagem em Goiás

(Senar Goiás)

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Junho / 2015 CAMPO | 11www.senargo.org.br

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AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL

INDIARA

INDIARA

INDIARA

VICENTINÓPOLIS

O Senar Goiás promoveu entrega de certificados à turma do curso de Operador de Máquina e Implementos Agrícolas do Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Senar Goiás, o evento, realizado na sede do SR de Indiara, ocorreu no último mês de março. Fernando Couto, coordenador técnico do Pronatec do Senar Goiás, foi o responsável pela entrega de certificados. Ao todo, fizeram parte da turma do curso de Operador de Máquinas e Implementos Agrícolas 28 alunos os quais, instruídos por Edivailson de Araújo, instrutor do Senar Goiás, tiveram noções sobre operação e manutenção de tratores e utilização e regulagem de diversos implementos agrícolas com segurança. (Colaboraram com a nota: Thersy Oliveira, do Sindicato Rural de Indiara e Fernando Couto, coordenador técnico do Pronatec do Senar Goiás)

Com o objetivo de trazer e esclarecer noções referentes ao manejo e sanidade de cavalos, com foco nas áreas de reprodução, doenças, vias de aplicação de medicamentos e controle de parasitas, o Senar Goiás realizou, em parceria com Sindicato Rural de Indiara, Treinamento em Equideocultura com uma turma de 10 alunos. O treinamento foi dividido em dois momentos: no primeiro, realizado na sede do SR de Indiara, os alunos puderam ter acesso às noções teóricas e no segundo, realizado no Parque de Exposições da cidade, a realização das aulas práticas, com contato direto com os animais. A capacitação, realizada entre 23 a 25 de março, foi ministrada pelo instrutor do Senar Goiás, João Francisco Godoi. A mobilização ficou a cargo de Thersy Oliveira. (Colaborou com a nota: Thersy Oliveira, do Sindicato Rural de Indiara)

Visando trazer aos produtores rurais de Indiara o que há de mais atual em relação às questões de maquinário agrícola, em específico, tratores, o Senar Goiás, em parceria com o Sindicato Rural de Indiara, realizou Treinamento em Operação e Manutenção de Tratores Agrícolas, entre os dias 12 a 14 de março. Na sede do SR do município a turma de 11 alunos teve acesso a noções teóricas referentes a simbologia universal para máquinas agrícolas, funcionamento do painel de instrumentos e alavancas, além de questões relacionadas a metrologia. Já no Parque de Exposições Geraldo Moraes, localizado na cidade, os alunos puderam colocar em prática o conteúdo aprendido durante as primeiras aulas. Gaspar Belarmino, instrutor do Senar Goiás, foi o responsável por ministrar as aulas; o trabalho de mobilização ficou a cargo de Thersy Oliveira. (Colaboraram com a nota: Thersy Oliveira, do Sindicato Rural de Indiara e Gaspar Belarmino, instrutor do Senar Goiás)

Em parceria com Sindicato Rural de Vicentinópolis, o Senar Goiás realizou, entre os dias 20 a 22 de abril, Treinamento em Operação e em Manutenção de Tratores Agrícolas no qual uma turma de 16 alunos teve a oportunidade de aprender e reforçar noções referentes ao funcionamento do painel de instrumentos e alavancas, entender questões relacionadas à simbologia universal para máquinas agrícolas, além de noções sobre metrologia (paquímetro, trena, torquímento e calibradores) e seu uso correto, dentre vários outros temas. A instrução do treinamento realizado na Fazenda São João, no município de Vicentinópolis, ficou a cargo de Gaspar Belarmino, do Senar Goiás, e contou com a mobilização de Edson da Silva, do SR do município. (Colaborou com a nota: Edson da Silva, do Sindicato Rural de Vicentinópolis)

Certificação

Capacitação em Equideocultura

Conhecimento sobre tratores

Treinamento em tratores agrícolas

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ABADIÂNIA

LUZIÂNIA

ALEXÂNIA

Devido à falta de interação entre quem produz e quem

consome os alimentos e a vontade de muita gente em

possuir uma pequena horta em casa, o Senar Goiás está

realizando ações de Agricultura Urbana em diversas

localidades do estado. Uma delas, realizada em parceria

com o Sindicato Rural de Corumbá de Goiás, ocorreu

em 18 de abril na Comunidade Esquadrão Resgate, que

abriga cerca de 60 pessoas em reabilitação devido ao uso

abusivo de algum tipo de entorpecente. A comunidade

fica no Distrito de Planalmira, em Abadiânia, a 90 km

da capital.

Para conhecer de perto o local, o presidente do Conselho

Administrativo do Senar Goiás, José Mário Schreiner,

esteve na comunidade, onde elogiou o trabalho realizado

na casa e entregou certificados para alguns dos residentes

que já fizeram cursos da entidade. “É necessário que

existam pessoas à frente de iniciativas como esta. Assim,

viveremos em um mundo melhor, mais igual e menos

cruel. Hoje viemos aqui realizar ações do Senar Goiás

e fazer parte da vida de cada um de vocês”, disse José

Mário.

A iniciativa agradou a muitos, mas foi recebida com

um carinho especial pela coordenadora de projetos do

Esquadrão Resgate, Cristiane Lemos, que faz questão

de destacar a importância do contato com a terra no

tratamento dos residentes. Ela defende que a convivência

com a terra é uma terapia e que os moradores sabem

disso. “Alguns cursos são muito concorridos, o que

prova que a qualidade dos treinamentos tem qualidade

de referência. Os alunos elogiam e se espelham nos

instrutores. Nós só temos a agradecer pela parceria do

Senar Goiás”.

Sindicato Rural de Luziânia realizou, no último mês de abril, Curso de Pintura em Tecido com produtoras rurais do município de Novo Gama. Durante o curso realizado no Galpão do Produtor Rural de Novo Gama, localizado no povoado de Pedregal próximo à cidade, a turma de 10 participantes puderam aprender noções referentes a diversas técnicas de pintura, bem como material essencial a ser utilizado e questões referentes a cores. Do Senar Goiás, Luzia Gomes foi a responsável pela instrução das produtoras e do SR de Luziânia, Marcos Paulo Ferreira e José Penha Filho realizaram a mobilização do curso. O presidente do Sindicato Rural de Luziânia, Marcos Morais, e o supervisor regional do Senar Goiás, Dirceu Borges estiveram presentes no local. (Colaboraram com a nota: Dirceu Borges, supervisor regional do Senar Goiás)

Com o objetivo de conhecer os perfis de artesãos e artesãs do município de Alexânia, o Sindicato Rural do município, através do ProArte – Programa Profissional Atual, do Senar Goiás, realizou Diagnóstico Rápido e Participativo da Produção Artesanal da cidade, como parte do 1º módulo de treinamento e qualificação de artesãos. O diagnóstico foi realizado nos dias seis e sete de março, na sede do SR do município. A instrução ficou por conta de Andréia Peixoto, do Senar Goiás, e contou com a mobilização de Lucas Felipe, do SR do município. O primeiro dia foi marcado pela delimitação de perfis dos artesãos e o segundo pela divulgação dos resultados dos dados colhidos, além de exposição artesanal dos próprios participantes do programa. (Colaboraram com a nota: Samantha Andrade, técnica do Senar Goiás e Andréia Peixoto, instrutora do Senar Goiás)

Ações de Agricultura Urbana

Práticas de pintura

Perfil de artesãos

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TRINDADE

O presidente do Conselho Administrativo do Senar

Goiás, José Mário Schreiner, participou da inauguração

do Projeto Pró-vida, em Trindade, no dia 17 de abril.

Ligado à Igreja Católica, o projeto social acolhe

famílias em situação de vulnerabilidade e oferece novas

oportunidades por meio da capacitação profissional, da

assistência social e da evangelização. A Faeg e o Senar

Goiás são parceiros do Projeto Pró-Vidas e oferece

suporte por meio de cursos de formação profissional e

promoção social. “O Senar Goiás, assim como o Pró-

Vidas, cuida das pessoas. Além de tratar de questões

primárias, podemos ajudar as pessoas a encontrarem as

oportunidades que procuram”, declarou José Mário.

O projeto surgiu para integrar a Fraternidade Nossa

Senhora do Bom Sucesso, que existe há 19 anos. Além

dos cursos, a unidade realiza a doação de fraldas

descartáveis, cestas básicas e providencia exames

médicos, muletas e cadeiras de rodas, entre outras

atividades. “Só temos a agradecer ao Senar e à Faeg por

ter nos ajudado a concretizar um trabalho pelo qual já

batalhamos há seis meses. Tenho certeza que o projeto

será um sucesso total”, projetou o diretor executivo do

projeto, Eduardo Bueno.

Na ocasião da inauguração, também foi realizado o

primeiro curso do Senar Goiás em parceria com o

Projeto. Angélica Maria Vaz foi uma das participantes do

treinamento, que ensinou a técnica de trançado em fita

na realização de peças artesanais. “O curso ajuda muita

porque a gente pode fazer para vender e conseguir um

dinheirinho extra. A instrutora é ótima, nos trata muito

bem, explica com calma e brinca com a gente também”,

declarou a participante em meio a risadas.

Projeto Pró-Vidas

Fred

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JATAÍ

FORMOSA

Sindicato Rural de Jataí, juntamente com o Sistema Faeg, promoveu encontro Sistema Faeg em Campo, com a finalidade de compartilhar com os produtores e trabalhadores rurais, além de demais envolvidos com a área rural, os objetivos, o plano institucional, as diretrizes, indicadores e metas, inovações do sistema, programas e treinamentos disponibilizados pelo Sistema Faeg ao público rural. Além de aproximar as entidades que compõe o Sistema Faeg aos seus associados e a sociedade, o evento veio com o objetivo de coletar, também, informações acerca das principais demandas de cada município, visando ajustá-las ao calendário de atividades anuais. O Encontro, realizado na sede do SR de Jataí, ocorreu no dia 12 de março e contou com a participação de mais de 50 pessoas, entre elas representantes da diretoria do SR de Jataí, produtores rurais, representantes do Programa Agrinho, da OAB, da Emater, do SEBRAE, da prefeitura de Jataí, da CDL, entre outros. (Colaborou com a nota: Aline Rezende, assessora técnica do SR de Jataí)

Com turma de 10 participantes, o Sindicato Rural de Formosa, por meio do Senar Goiás, realizou curso em Aplicação de Defensivos Agrícolas com Pulverizador Autopropelido, com o objetivo de levar aos produtores e trabalhadores rurais noções e conhecimentos referentes a segurança, a qual envolve questões relacionadas ao meio ambiente e ao ser humana, além disso, foram discutidas temáticas sobre higiene e uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI). A mecânica e a operação do autopropelido, bem como a calibração de seus componentes foram demais temas abordados. O curso, ministrado entre os dias 23 a 25 de março, foi realizado na fazenda Fartura, no município de Formosa e contou com a instrução de Clésio da Silva, do Senar Goiás. (Colaborou com a nota: Dirceu Borges, supervisor regional do Senar Goiás)

Faeg em Campo

Aplicação de defensivos

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MERCADO

O despertar da RaniculturaEm Goiás, produção cresceu 85% nos últimos anos. Estado já é considerado um dos maiores produtores do País

Nayara Pereira | [email protected]

Cada vez mais produtores rurais estão voltando a enxergar na ranicul-tura uma oportunidade de renda e de diversificação da produção. Estimati-vas mais recentes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), referentes ao ano de 2014, mostram que o Brasil figu-ra como um dos maiores produtores mundiais de rãs, ficando atrás somen-te de Taiwan. Nos últimos 20 anos, o

setor ranícula no país vem ganhando espaço e muitos envolvidos com o agronegócio já descobriram o nicho de mercado.

Em Goiás, no início da década pas-sada, o setor viveu um bom momento e a carne de rã goiana chegou a ter forte aceitação no mercado norte--americano. No entanto, devido às transformações da economia, princi-palmente a queda na cotação do dólar, voltaram à produção para o mercado interno. Atualmente, segundo o cria-dor e presidente da Associação Goiana dos Criadores de Rã (Goiás-Rã), José Messias, o setor vive um momento promissor. “Hoje enviamos para ou-tros estados em torno de 45 toneladas mês, o que nos permite um momento de estabilidade e crescimento. Mas, queremos superar esses números ain-da este ano, chegando ao final com 160 toneladas mensalmente”, enfatiza.

Segundo ele, o crescimento foi cer-ca de 85% no ano passado e a pers-

pectiva é de consolidação do merca-do nos próximos dois anos. Mesmo sendo ainda desconhecido do gran-de público goiano, o Estado é visto como um grande celeiro na produção de carne no País. Hoje, a produção é de quase 480 toneladas por ano. A Goiás-Rã já conta com cerca de 200 associados e 13 ranários espalhados por todo o Estado.

Regiões como Nordeste e Sudes-te do país, além do Distrito Federal, e os estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Pau-lo, são os grandes consumidores dessa carne exótica. A comercialização nos processos finais de produção chega a ser vendido a R$ 30 o quilo, o que per-mite uma margem de lucro de cerca de 40%. Se o animal for vendido para o frigorífico, o quilo sai por R$ 14.

Por conta disso, a atividade tem contribuído com a geração de renda para pequenos produtores. Com um valor de cerca de R$ 15 mil e uma área

Laris

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De acordo com José Messias, serão implantados 14 novosranários

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Com um dos maiores e antigos ra-

nários do Estado e com 36 anos de mer-

cado, o médico veterinário e criador Di-

nis Lourenço, é uma das referências na

criação e comercialização de rãs. Ele é

proprietário da ranicultura Laranjeiras,

localizada no município de Gameleira.

Atualmente, o ranário vende 200 mil qui-

los de rãs por mês, e os compradores são

de Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e

Maranhão. O estado do Rio de Janeiro é

o principal comprador do animal.

O ranário, tem uma área total de

7 mil metros quadrados e comporta

25 tanques e 100 baias de engorda. O

criatório tem a capacidade de 300 mil

girinos, que vai da fase de reprodução

ao abate. De acordo com Dinis, a carne

sai aponto de entrega para os consu-

midores. “Todos os processos desde a

reprodução e o abate são realizados no

ranário”.

O início de Dinis Lourenço nessa

atividade foi em meio a curiosidade,

quando viu seu vizinho buscar rãs na

natureza para a comercialização. Em

pouco tempo, ele já contava com deze-

nas de rãs que capturava através do som

que transmitiam. “A princípio as espé-

cies encontradas foram as rãs pimentas.

Logo depois, com mais conhecimento

sobre o assunto passamos a trabalhar

com a espécie Touro Gigante”.

A rã originária dos Estados Unidos,

é uma espécie que adaptou perfeita-

mente ao cativeiro de criação intensiva

e não apresentou problemas de repro-

dução, sob essas condições. “É um ani-

mal resistente, de elevada fecundidade,

alta prolificidade, além de uma grande

produtividade e, no Brasil, de grande

precocidade”. A espécie carrega esse

nome, devido à semelhança do coaxar

dos machos com o mugido de um touro.

Vendo potencial no mercado, o

criador aponta um desafio. O de

superar uma certa resistência por

conta do aspecto do animal. “Esse

preconceito está diminuindo dia a

dia. A gente vê isso na reação do

consumidor. Eles estão vendo a

forma e o sabor que a carne trás e

quebrando tabu em relação ao con-

sumo”, finalizou.

Produção em destaque

A produção

goiana é de

quase 480

toneladas

por ano

O ranário Laranjeiras, do ranicultor Dinis Lourenço, vai desde a criação ao abate.

Laris

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pequena é possível iniciar o negócio. Além disso, um criatório de engorda pode começar a gerar retorno do in-vestimento em menos de seis meses.

Para José Messias, pioneiro do se-

tor em Goiás, diferentemente do que

ocorreu no passado recente, o mo-

mento promissor da produção tende a

não ser apenas passageiro. Ele aponta

os incentivos do Ministério da Agri-

cultura, Pecuária e Abastecimento

(Mapa), para o surgimento de novos

criatórios, a capacitação técnica dos

envolvidos e a abertura de linhas de

crédito como fatores de consolidação

do negócio. “Além das adequações

tecnológicas dos atuais produtores,

estamos com um novo projeto, que

envolverá 14 novos municípios e aten-

derá 156 famílias na criação de novos

ranários”, destaca o criador.

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Tecnologia aliada à produtividade Para o desenvolvimento adequado

de um ranário é preciso lidar com as exigências e adequações necessárias para uma boa produção, visto que a carne do animal é exótica. Para que isso ocorra, é preciso evitar os erros que eram constantemente cometi-dos quando a atividade começou a ser desenvolvida. A observação é do técnico em piscicultura e ranicultu-ra da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária de Goiás (Emater-GO), Francisco Cabral Neto.

As novas técnicas de manejo, além da produtividade melhoram e ga-rantem a sanidade dos animais. “Até pouco tempo, era comum alimentar as rãs com insetos, o que comprome-tia o desenvolvimento e gerava mão de obra. Hoje a alimentação é toda à base de ração de peixe”, explica. Outra recomendação são os cuidados com a qualidade da água, que deve ser livre de coliformes fecais. “O abate utilizan-do água gelada com sal também serve para eliminar a presença de fungos e bactérias”.

Com novos investimentos, até pou-co tempo descartada pelos criadores, a carne do dorso e o fígado agora for-mam a base de salsichas, conserva de carne e até hambúrguer. Além da car-ne, também são aproveitados o couro, a pele e a gordura. O couro é utilizado na fabricação de roupas, bolsas e sapa-tos, entre outros acessórios. Já a pele, tem propriedades cicatrizantes que es-tão sendo aproveitados pela indústria farmacológica.

CapacitaçãoCom o crescimento e desenvolvi-

mento do mercado de rã no Estado, a busca por novos conhecimentos e princi-palmente pelas etapas de criação e pro-dução são necessários para produtores que buscam na ranicultura uma forma de aumentarem sua renda. O instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) e médico veterinário, Alexandre Milanes, presta consultoria particular há quatro anos para produtores que tenham interesse no mer-cado da rã, e, segundo ele, a procura por

orientações ainda são poucas. “Mesmo com uma procura não muito

recorrente, o processo de capacitação é rá-pido, mas o interessado precisa de dedica-ção, investimento e tempo integral. Um dia de curso é suficiente para conhecer passo a passo da criação e produção de um ranário”, acrescenta Alexandre.

Interessado em ministrar o primeiro curso de ranicultura, o instrutor juntamente com o Senar Goiás, pretendem implantar a primeira turma de ranicultores, para me-lhor orientar e capacitar os interessados no processo. “Acredito que com o crescimento do mercado no Estado, as pessoas ficaram interessadas em aprender mais sobre o assunto e com isso intensificar a pro-fissionalização dos criadores”, pontua.

A carne do dorso

e o fígado agora

formam a base

de salsichas,

conserva de

carne e até

hambúrguer

Para Cabral, novas tecnologias contribuíram para avanço da ranicultura

Fred

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IRRIGAÇÃO

A diferença entre as palavras usar e consumir vai muito além da morfologia e da significação. Usar quer dizer em-pregar com frequência, fazer uso, en-quanto consumir significa fazer desapa-recer pelo uso. Clarear essas diferença e esclarecer para a sociedade civil a for-ma como a agropecuária usa a água foi o principal motivo que reuniu cerca de 300 produtores, estudantes e técnicos do setor no 1º Seminário Estadual de Irrigação, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), no último dia 7 de maio.

O evento foi promovido pela Faeg em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) e o Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em meio às discussões sobre os desa-

fios, os entraves e o papel do produtor na gestão da água, a conclusão primei-ra do Seminário foi que agropecuaristas precisam assumir o protagonismo da economia brasileira, dentro e fora da porteira, por meio da participação no debate público.

“Não podemos nos deixar intimidar diante das acusações de que o agrone-gócio consome a água com irresponsa-bilidade. Somos prestadores de serviços ambientais na medida em que a água usada na irrigação volta para as bacias hidrográficas, muitas vezes, em melhor qualidade do que quando foi captada”. A declaração é do consultor da Con-federação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Wilson Bonança, mas pode ser ouvida, em outras palavras, de outros pesquisadores, analistas e auto-

ridades presentes no evento. Ao passo que ninguém discute que

animais e plantas, assim como seres hu-manos, precisam consumir água para sobreviver – e, por fim, servir as mesas de famílias do Brasil e do exterior – o setor agropecuário garante que o uso da água para irrigação não é consumo. Isso porque, retirada a parte para a nutrição da planta, a água não desaparece, mas sim penetra no solo e retorna aos len-çóis freáticos das bacias hidrográficas.

Produção de alimentos

O estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que indica que a população mundial chegará a 9,3 bi-

Donos da Água? Quem?1º Seminário Estadual debate as estratégias sustentáveis de uso da água empregadas pela agropecuária na produção de alimentos

Gilmara Roberto | [email protected]

Seminário contou com a participação de cerca de 300 pessoas

José Mário lembrou a importância de se pensar soluções para irrigação

Josino da Veiga considerou que produtor precisa se mobilizar

Fredox Carvalho Fredox Carvalho Fredox Carvalho

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lhões de pessoas até 2050 também foi largamente discutido durante o Seminário. Esse número indica que a produção de alimentos deve crescer 70%, sendo o Brasil responsável por 40% dessa nova oferta.

Lineu Rodrigues, gerente geral da Embrapa Cerrado, destacou o poten-cial brasileiro para atender à demanda. “Entre 1992 e 2003, nossa produção de alimentos cresceu em 150% e o se-gredo disso é tecnologia. A irrigação é a melhor tecnologia para atender a demanda crescente por alimentos de forma sustentável”, completou.

SegurançaO presidente da Faeg e do Conse-

lho Administrativo do Senar Goiás, José Mário Schreiner, lembrou a importân-cia de garantir segurança alimentar por meio da irrigação e de outras tecnolo-gias de produção. “Temos a convicção de que segurança hídrica e segurança alimentar estão diretamente relaciona-das. Sabemos também que nenhuma nação fica em paz se faltar o alimen-to na mesa das famílias. Discutir se-gurança hídrica e consequentemente segurança alimentar é discutir a paz no mundo. Por isso, é extremamente importante que além de discutirmos o uso da água na dessedentação humana, passemos também a apontar soluções

em tecnologia de irrigação e de trans-porte, como as hidrovias”, avaliou.

DesafiosEntre os desafios apresentados du-

rante o Seminário, o maior deles é re-alizar um diagnóstico concreto do uso da água no Brasil e o estabelecimento de estratégias de gestão eficiente dos recursos hídricos. “Nenhum dos estu-dos que indicam que para se produzir um quilo de carne são necessário mi-lhares de litros de água, por exemplo, foi feito com base na produção brasi-leira”, destacou Wilson Bonança.

Ivo Melo, representante da Asso-ciação dos Arrozeiros de Alegrete no Conselho Nacional de Recursos Hí-dricos, que também proferiu palestra durante o seminário, destacou a ne-cessidade de o produtor se inserir nos debates referentes ao uso dos recursos hídricos como quem melhor entende de gestão da água no Brasil. “Eu de-safio qualquer pessoa a me apresentar qual o setor da economia brasileira tem maior expertise na utilização da água que o irrigante. Nós temos expertise suficiente para dialogar com qualquer um sobre o uso da água”, instigou.

Para Ivo Mello, o produtor rural precisa assumir o protagonismo da economia brasileira dentro e fora da porteira. O palestrante considera que, para isso, só existe um caminho: “Se queremos ser protagonistas, temos

que tomar as rédeas da história”.

Energia elétrica A qualidade do fornecimento de ener-

gia elétrica também foi discutida durante o seminário. Para o presidente do Sindi-cato Rural de Cristalina e diretor técnico da Associação dos Irrigantes de Goiás (Irrigo), Alécio Maróstica, o setor de irri-gação precisará superar desafios políticos e de infraestrutura para se desenvolver ainda mais. “O entrave da irrigação é a energia. Há uma priorização da indústria, em detrimento da irrigação. Nós temos indústrias recém-chegadas em Cristalina que já possuem energia”, relatou.

SoluçõesCoordenador de projetos da Secretaria

da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Governo do Rio Grande do Sul, Pau-lo Lipp apresentou um projeto que deu certo no estado gaúcho. O palestrante ex-plicou que o Programa Mais Água, Mais Renda ampliou o índice de armazenagem de água e promoveu a irrigação por as-persão, que levou à melhoria de produ-tividade e renda de produtores. “Desde a implantação do programa houve, dentre diversos benefícios, a duplicação da área de pivôs no Estado em três anos, propor-cionou o fomento de outros investimentos fora do programa”, informou ainda.

Responsabilidade do agropecuarista

A abertura do 1º Seminário Estadual de Irrigação contou com a palestra do ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo e colunista do Estadão, Xico Graziano. Apresentando uma visão globalizada, o palestrante destacou que o agropecuarista já utiliza a água com cuidado, mas que precisa investir em tec-nologia e perpetuar o uso consciente do recurso hídrico.

“Os produtores rurais cuidam do recurso hídrico, protegendo as nascentes e devolvendo a água da mesma forma ao meio ambiente. Mas acontece que o país se urbanizou muito rapidamente e o agricultor virou caipira nesse processo. O fato é que precisamos investir mais em comunicação, na apresentação de dados corretos e na busca pela desmitificação do produtor vilão”, comentou.

Para Josino da Veiga Antunes, produtor de grãos no município de Cristalina, região onde se encontra a maior área irrigada da América Latina, o produtor precisa participar de debates como os realizados durante o Seminário, principalmente, para ter acesso a informação. “Esse evento é muito importante para nós que muitas vezes não temos conhecimento e aceso à in-formação. Hoje estamos vendo a necessidade de nos organizarmos melhor para poder debater todos os assuntos nos comitês de bacias hidrográficas”, comentou.

Xico Graziano destacou: “Precisamos investir mais em comunicação”

Fredox Carvalho

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INTERNACIONAL

Experiência além das fronteirasMissão técnica do Senar troca conhecimentos em viagem à Oceania

Nayara Pereira , com informações do Senar | [email protected]

Durante 10 dias, a missão técnica do Serviço Nacional de Aprendiza-gem Rural (Senar) visitou à Austrá-lia e a Nova Zelândia. Na bagagem, experiências e conhecimentos para implantar em futuros projetos da entidade, fizerem parte do roteiro. O grupo conheceu propriedades ru-rais, empresas e entidades que são referência em produção e tecnolo-gia, além de experiências exitosas na área de capacitação de produto-res e trabalhadores rurais.

O superintendente do Senar Goi-ás, Eurípedes Bassamurfo da Costa, representou o Estado e trouxe em sua bagagem, pontos importantes para serem implantados e discuti-dos no que diz respeito à produção animal. “Goiás precisa entender que tem uma potencialidade imen-sa de crescimento. Apesar disso, o que precisa ser feito, é levar moti-vação aos produtores para que eles enxerguem as oportunidades que têm nas mãos”, ressalta.

Segundo o superintendente, para que isso aconteça é necessário in-vestir em assistência técnica e ge-rencial. “O modelo que implantare-mos em Goiás será voltado para a melhoria na assistência ao produtor rural, ou seja, faremos com que a terra desenvolva melhorias tanto para a produção quanto para os ani-mais. Além de gerenciar seus custos para que seja feito o equilíbrio eco-nômico e financeiro da proprieda-de”, explica Eurípedes Bassamurfo.

Superintendente do Senar Goiás, Eurípedes Bassamurfo participou de missão

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Alimentação dos animais é diferencial

Na opinião do coordenador da

missão e superintendente do Se-

nar no Rio Grande do Sul, Gilmar

Tietböhl, além de ter contato com

técnicas de produção diferentes, a

viagem permitiu conhecer o concei-

to que os produtores rurais da Aus-

trália e Nova Zelândia têm sobre a

sua missão, o seu papel e a organi-

zação das cadeias produtivas. “Essas

relações já estão bem amarradas en-

tre eles e a indústria compradora. O

funcionamento dessas cadeias é bas-

tante harmônico, o que não acontece

no Brasil. Eles têm foco em produzir

aquilo que o mercado quer comprar,

principalmente nas carnes”.

Outro ponto que impressionou os

integrantes da delegação foi a qua-

lidade da alimentação oferecida aos

animais permanentemente. Segundo

Tietböhl, na Nova Zelândia, as pas-

tagens (principalmente de azevém e

de trevo branco) são tratadas como

lavoura, recebem adubação, corre-

ção de solo e irrigação. “Pode dar enchente, seca ou qualquer outra intempérie que nunca os bichos so-frem. Sempre tem comida”, revela. Ele destaca ainda a importante vin-culação que existe entre as institui-ções de pesquisa e os produtores, que aplicam os resultados quase que de forma imediata e isso reflete di-retamente na produção.

ParceriasEm alguns dos encontros foram

avaliadas a viabilidade de intercâm-bios tecnológicos posteriores com entidades que desenvolvam ações semelhantes às que o SENAR reali-za no Brasil, como é o caso do Win-tec. O projeto dos Centros de Ex-celência do SENAR - especializados em cadeias produtivas e gestão – recebeu elogios dos representantes do Instituto e pode ser a primeira possibilidade de aproximação entre as instituições.

“Eles têm sistemas modernos de treinamentos e de avaliação, com tablets, sistemas off line e inter-net. Achamos muito interessante e é possível uma parceria, principal-mente dentro do projeto dos Cen-tros de Excelência”, ressalta o su-perintendente do SENAR em Mato

Grosso do Sul, Rogério Tomithao Beretta, um dos integrantes da co-mitiva brasileira.

Viagem Na Austrália, a deleção visi-

tou a Sydney Royal Easter Show e fazendas dedicadas à criação de ovi-nos e bovinos de corte. A progra-mação prosseguiu em Auckland, na Nova Zelândia, com encontros na empresa QCONZ – Quality Consul-tants of New Zealand, responsável por 80% das auditorias de qualidade na produção de leite das fazendas. Na sequência, o grupo seguiu para a região de Waikato onde conheceu uma propriedade de pecuária de lei-te - acompanhado por uma represen-tante da Livestock Improvent (LIC), responsável pelo melhoramento do gado – e um haras que lidera a cria-ção da raça Puro-Sangue Inglês, na região de Australásia.

Em Hamilton ocorreu um encon-tro com o Waikato Institute of Te-chnology (Wintec), responsável pela área de ciências e indústrias primá-rias, e com a LearningWorks, que realiza capacitação profissional de produtores e trabalhadores rurais e treinamento de professores em sua metodologia de ensino.

Viagem permitiu conhecer novas técnicas e missão do produtor rural frente às cadeias produtivas

Janete Almeida

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MERCADO

Não tem para quem quer! Essa é a realidade de produtores de caprinos e ovinos goianos. Com produção tímida e baixa colocação no ranking nacional,

profissionais das atividades de capri-nos e ovinos em Goiás, em 14ª e 18ª posição, respectivamente,

segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), não conseguem nem atender à demanda de carne e lei-te regional, dificultando a evolução da atividade. Faltam reprodutores, assis-tência técnica especializada e produção em alta escala. Enquanto isso, o mer-cado consumidor dobrou nos últimos três anos.

O consumo nacional de carne de ovinos e caprinos saltou de 700 gramas para 1,4 quilos por pessoa, segundo da-dos da Associação Brasileira de Criado-res de Ovinos (Arco). Além da crescente demanda, rendem bom retorno de in-vestimento. Mesmo assim, de forma ge-ral, são consideradas atividades secun-dárias dentro das propriedades goianas e, muitas vezes, tocadas com certo ama-dorismo. São animais engordados para oferecer de presente em determinadas épocas do ano ou para consumo pró-prio. Mas, quem resolveu especializar na atividade não reclama dos bons frutos. Pelo contrário, está focado em aumentar a produção a fim de exportar para ou-tros Estados, além do Distrito Federal.

Caprinovinocultura: produção tímida e demanda crescenteCarne e leite não conseguem atender procura que dobrou em três anos

Karina Ribeiro | [email protected]

Especial para a Revista Campo

Goiás ocupa 18ª colocação em produção de ovinos

Em caprinos, posição goiana é 14ª

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A percepção é de que falta organi-zação do setor. Mas esta desvantagem não é exclusiva de Goiás, atingindo boa parte do País. Para o médico veterinário e instrutor do Senar Goiás para a área de Caprinovinocultura, Tayrone Freitas Prado, um dos entraves diz respeito à compra e venda de animais, fomentan-do forte abate clandestino. “O produtor reclama que não tem para quem vender e a indústria diz que não tem de quem comprar. É um jogo de empurra”, afir-ma. Ele explica que falta interesse do governo no setor, com poucos abate-douros específicos para a atividade.

O pesquisador de genética e melho-ramento animal da Embrapa Caprinos e Ovinos, Raimundo Lobo, afirma que precisa ter engajamento de todos os atores da cadeia para engrenar o setor. “Existe uma falha no fluxo de informa-ções”, ressalta. Ele enumera que a au-sência e regularidade de grande escala de produção são apenas alguns dos pro-blemas a serem enfrentados. “Existem fatores também como dificuldade de acesso ao crédito, fundiário e criação de associações”, diz. Com 22 anos de experiência no setor, desconhece quem retire o sustento exclusivamente da ati-vidade de caprinos e ovinos.

Existe dificuldade

de acesso ao crédito

e precisamos criar

mais associações

Faltam tanto

profissionais técnicos

quanto produtores

que não correm atrás

de conhecimento

Raimundo Lobo, pesquisador da Embrapa

André Rocha, especialista em biotecnologia de reprodução

Já o médico-veterinário e especialis-ta em biotecnologia da reprodução, An-dré Rocha, não avalia o setor como de-sorganizado. “Quem está criando coisa boa, de forma correta, não reclama”, diz. Ele explica que faltam bons animais no mercado e quem investir neste nicho (melhoramento genético) terá filas de compradores batendo à porta. “Hoje o produtor tem de comprar animais em outros Estados, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul”, explica.

André não enxerga outra forma para mudar essa realidade se não a profissio-nalização dos criadores. “Faltam tanto profissionais técnicos quanto produto-res que não correm atrás de conheci-mento”, ressalta. O segundo passo, diz, é buscar construção de associações a fim de fortalecer o setor.

Os mesmos pontos são levantados por Raimundo Lobo. Por isso, explica que a entidade de pesquisa trabalha, há anos, com formação de sumários e catálogos de reprodutores. Ele explica que são coletados informações de ani-mais mais adequados para cada tipo de região. Em Goiás, os mais predominan-tes são Santa Inês e Dorper.

Mas ele afirma que de nada adianta

se não houve estímulos de políticas pú-blicas para seleção e melhoramento de núcleos. “Tem de haver um grande nú-mero de núcleos para que consiga atin-gir a volume comercial, com rebanhos multiplicadores”, ensina. O investimen-to é alto, com tendência de retorno a médio e longo prazo. Uma boa seleção pura: de 100 animais que nascem, so-mente 10 animais merecem se repro-dutores. “Nada adianta ter pesquisa se todos os atores da cadeia não par-ticiparem. Na ânsia de contribuir, uma instituição pode tentar fazer o papel da outra. E isso não dá certo”, afirma.

PER foi fundamental para negócio

Na prática, existem poucos produ-tores profissionais de caprinos e ovinos em Goiás. Um deles é o produtor de ovinos em Jussara, Wagner Marchesi. Ele começou na atividade como tantos outros produtores, para consumo pró-prio ou presentear algum amigo. Mas as semelhantes acabam aqui. Marchesi se profissionalizou e descobriu um filão no negócio.

Família oriunda de Ribeirão Pre-to mudou-se para Goiás na década de 1960. Pecuarista de gado de corte, ele começou a se interessar mais pelas ovelhas quando o frigorífico Margen iniciou abate de animais. “Expandimos a criação para 500 fêmeas, mas aí o fri-gorífico quebrou e ficamos sem merca-do”, diz. A decisão mais óbvia, desfazer do rebanho, não foi à tomada pelo pro-dutor e uma coincidência ajudou essa iniciativa: o Programa Empreendedor

Raimundo Lobo, pesquisador da Embrapa afirma que falta engajamento

Wagner Marchesi, produtor de ovinos e Jussara teve apoio do Senar e do Sebrae para abrir Casa do Cordeiro

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Rural (PER), realizado pelo Serviço Na-cional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Goiás (Sebrae-GO).

Como durante o curso é obrigatória a apresentação de um projeto, Marchesi, dois filhos, um veterinário, além de ou-tros dois funcionários, confeccionaram um projeto para expansão do plantel de 500 animais para 5 mil animais. Atu-almente, são duas mil fêmeas da raça Dorper – a única raça criada na proprie-dade. “Há dois anos que não abato uma única fêmea na minha propriedade”, diz. Essa é a alternativa encontrada para aumentar o número de animais, já que a disponibilidade de fêmea no mercado é escassa. Com sala de processamen-to de carne em Jussara, a família abriu uma loja no interior e outras duas lojas em Goiânia para atender os consumido-res – A Casa do Cordeiro. Ainda assim, têm dificuldade em abastecer o peque-no mercado goiano, buscando cordeiros no Rio Grande do Sul.

Manejo inspirado na África

Wagner explica que o manejo foi mudando ao longo dos últimos anos, de acordo com o aumento do volume do plantel. A alternância mais brusca ocor-reu há dois anos, quando visitou a Áfri-ca do Sul – grande produtor de ovelhas. De lá pra cá, saiu do sistema de confi-namento e só trata os animais no pas-to. “Meu parque de confinamento está parado, um investimento desnecessário por falta de conhecimento”, explica.

Antes desmamava os animais com 20 quilos, que depois seguiam para o sistema de confinamento e eram abati-dos com 35 quilos a 40 quilos. Atual-mente, desmama o animal com três ou quatro meses.

“Espicho a lactação e dou uma su-plementação nutricional. Antes, gasta-va muito com ração”, ensina. Essa re-viravolta no manejo diminuiu também o quadro de funcionários, que caiu de quatro pessoas para dois. Marchesi também trabalha com estação de monta. A cobertura é realizada entre os meses de dezembro e março e os animais começam a parir entre os meses de maio e agosto.

“Produzimos carne de alta qualidade e não conseguimos abastecer nem o pe-queno mercado goiano. Estamos pensan-do em trazer carne do Uruguai e Argen-tina, mas esbarramos no volume, já que não temos câmaras frias para guardar mil cabeças”, explica. Essa dificuldade o im-pede de abrir uma loja em Brasília, visto como um mercado promissor.

Estamos

pensando em trazer carne

do Uruguai e Argentina,

mas esbarramos no

volume, já que não temos

câmaras frias para guardar

mil cabeças

Wagner Marchesi, criador de ovinos

Caprinos: leite e queijo

A produção de caprinos de Bela Vista de Goiás, Leodolfo Alves, é in-dependente. Ele cria 120 cabeças da raça leiteira Saanen para produzir leite e queijo e atender o mercado de Brasília e Goiânia. Com processamento próprio de queijo convencional e de cabra, a indústria paga R$ 2,50 o litro da ma-téria-prima caprina. São produzidas 30 toneladas de queijo ao mês, sendo que o queijo de cabra corresponde apenas 10% desse volume.

“O mercado é muito bom e podí-amos atender até outros Estados. A dificuldade é a logística e quantidade pouca”, explica. Para aumentar a esca-la, Leodolfo também escolheu reter as crias e matrizes com a perspectiva de dobrar a produção em dois anos. “Esta-mos buscando também animais melho-rados geneticamente em Minas Gerais, mas é difícil, está em falta”, confessa. Com esse investimento, pretende saltar a produtividade de dois litros por ani-mal, para quatro litros.

Para tanto, o produtor precisa ficar atento ao manejo. Nessa seara, o in-vestimento nas instalações é alto. “Os animais ficam num galpão onde o piso é suspenso e ripado com frestas. Isso permite que as fezes caiam no chão para que não tenham contato”, diz. Todo esse procedimento é para evitar a verminose, maior inimigo da atividade (veja mais no box).

Leodolfo cria 120 cabeças de caprinos e atende mercado de leite em Brasília e Goiânia La

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Abate clandestino

VERMINOSE

! A verminose é o maior algoz das duas atividades e é determinante para o ganho ou perda de peso do animal,

além de levar a morte. Leodolfo Alves ensina que além do sistema de manejo, faz a vermifugação a cada três meses.

O sistema rotacionado do pasto, a cada 25 dias, também ajuda no controle. “Ele quebra o ciclo do parasita”, diz.

Para o médico-veterinário, Tayrone Prado, o maior entrave é a falta de conhecimento. Ele explica que os produ-

tores devem investir na pastagem, com boa adubação e observar a altura do capim na entrada do animal no pasto

e a altura da saída. “Deve entrar com 45 centímetros a 50 centímetros e sair com 20 a 25 centímetros de altura”,

diz. Ele explica que já visitou propriedades nas quais o capim está a cinco centímetros do solo. “A verminose está

no solo, quanto mais próximo maior probabilidade de contágio”, diz. O uso desenfreado de vermífugo pode gerar

resistência nos animais.

Nestes animais, diz, os sintomas de doenças são muito assintomáticos. Inclusive, explica que a ovelha é mais

frágil. “Se aparecer uma bicheira tem de ser tratada rapidamente. Tem de ficar de olho”, diz. No mais é curar um-

bigo e cuidar do calendário de vacinação.

Uma das maiores reclamações dos produtores é o alto índi-

ce de abate clandestino da atividade que, conforme eles, gira

em torno de 90%. O gerente de fiscalização da área animal

da Agrodefesa, Janilson Azevedo Júnior, admite que existam

abates clandestinos e conta que uma força-tarefa composta

por órgãos municipais, estaduais e federais ligados ao setor

está se reunindo para combater essas práticas. “Devemos ini-

ciar esses trabalhos no início do segundo semestre”, ressalta.

Senar Goiás oferece capacitaçãoTodos contatados pela Revista Campo afirmam que a

rentabilidade de caprinos e ovinos é maior que a de bovi-

nos, considerando ambientes estruturados e profissionali-

zados. Uma relação simples é de que enquanto a arroba

do boi esteve a R$ 70, a destes animais atingia R$ 180.

Mesmo agora, com a disparada da arroba, o boi gordo

não consegue equiparar ao dos animais de pequeno porte.

A coordenadora técnica do Senar Goiás para a área de

Caprinovinocultura, Samantha Andrade, faz outro cálculo.

No mesmo espaço em que o boi alimenta e gera 250 qui-

los de carne anualmente, podem ser criadas 60 ovelhas,

por exemplo, gerando 900 quilos. “É mais que o triplo de

produção. É uma atividade muito rentável”, enfatiza.

Ela explica que a entidade oferece o curso Caprinovi-

nocultura, onde são orientadas questões sanitárias, higiê-

nicas, manejo e mercado. “Temos projeto de curto e mé-

dio prazo para expandir o número de profissionais aptos a

dar assistência técnica”, diz.

No mesmo espaço em que boi se alimenta e gera 250 kg de carne/ano, é possível gerar 900 kg de carne ovelhas

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GOIÁS MAIS LEITE

Atualização como ferramenta de evoluçãoDurante encontro, técnicos buscam promover aprimoramento e capacitaçãoDouglas Freitas | [email protected]

Durante abertura José Mário destacou benefícios do Goiás Mais Leite para produtor rural

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O atual processo de evolução que presenciamos nos permite entrar em contato com uma infinidade de novos métodos mais dinâmicos e tecnologias cada vez mais perspicazes. Buscar a atualização do conhecimento sobre tais ferramentas que surgem diariamente é imprescindível ao indivíduo que deseje manter-se preparado, tanto para a vida quanto para o mercado como um todo. O processo de atualização pessoal fo-menta outros processos de importância equivalente, sendo eles o da observân-cia sobre as práticas diárias, da garan-tia de desenvolvimento intelectual e de adaptação ao novo.

Acompanhando tal avançado, exis-tem as instituições mantenedoras e pro-pulsoras do processo de atualização, as quais promovem, por diversos meios, a busca pela adaptação e desenvolvimen-to. O Serviço Nacional de Aprendiza-gem Rural em Goiás (Senar Goiás) inse-re-se nesse meio ao enquadrar-se como um dos membros desse grande processo de busca do conhecimento presenciado atualmente. E justamente pensando nis-so que o Senar Goiás realizou, junta-mente com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e o Instituto Inovar, o Encontro dos Técnicos Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio.

Entre os dias 11 a 15 de maio o en-contro trouxe ao corpo técnico do Se-nar Goiás, por meio de palestras multi-temáticas, a capacitação em relação às novas formas, métodos e tecnologias referentes à área da produção leiteira. Temas como reprodução animal, me-lhoramento genético, gestão na área de pecuária leiteira e divisão de pastagens foram discutidos por diversos profissio-nais da área, desde médicos veterinários a membros de empresas do ramo rural.

Apresentando os pontos alcança-dos desde a implantação do programa e as mudanças significativas na renda do pequeno produtor rural, o presidente do Sistema Faeg, José Mário Schreiner, elogiou o trabalho desenvolvido pelos técnicos e deu as boas-vindas aos novos integrantes do programa. “Depositamos hoje uma expectativa muito grande na metodologia Balde Cheio, por isso que a cada dia o programa está ampliando. Mas apesar de tudo isso, temos um de-safio pela frente, que é a questão da assistência técnica, o acompanhamento, que se faz fundamental aos nossos pro-dutores rurais”, enfatiza.

O coordenador do programa Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio, Marcos Henrique Teixeira, agradeceu a participação de todos os técnicos e ressaltou a importância da capacitação como ferramenta de evolução do co-nhecimento sobre as tecnologias que podem e devem ser aplicadas no cam-po. Da Embriotec, empresa do ramo de reprodução animal, o médico veteriná-rio Alexandre Sardinha apresentou aos técnicos um pouco de sua experiência no ramo, além dos desafios enfrentados a cada momento em que uma nova tec-nologia surgia e que por parte dele, ini-cialmente, sempre havia certa restrição em se adaptar.

Abordando as temáticas em torno das raças Girolando, Holandês e Gir Lei-teiro, Alexandre e os técnicos do Senar Goiás discutiram questões referentes à Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), uma técnica capaz de possibili-tar a inseminação de um grande lote de animais em um único dia, além de não haver a necessidade observação do cio. E sobre as vantagens e desvantagens do uso do sêmen sexado, a técnica que

possibilita o produtor escolher o sexo dos animais antes mesmo da aplicação da inseminação artificial, da TE ou FIV.

Marcelo Rezende, engenheiro agrô-nomo e presidente da Cooperativa para a Inovação e Desenvolvimento da Ativi-dade Leiteira (Cooperideal), chamou a atenção para a necessidade de uma mu-dança cultural no que tange a pecuária leiteira em Goiás. Explica que, por uma questão cultural, os produtores goianos costumam relacionar o tamanho da ter-ra com a quantidade de animais. “Como em Goiás as propriedades são grandes é comum ver animais improdutivos ocu-pando os pastos. Só que isso causa um peso excessivo sob a atividade, já que na maioria dos casos o produtor não tem renda suficiente para manter essa estrutura e ainda conseguir manter uma margem de lucro razoável”, explica, jus-tificando a necessidade urgente de se discutir a estruturação do rebanho.

Com orientações sobre a doença que causa grandes prejuízos aos pro-dutores rurais, discussões em torno da mastite bovina encerraram a sema-na de capacitações e atualizações dos técnicos. Do Senar Goiás, o instrutor e médico veterinário, João Batista Neto, explanou sobre o que é mastite, mos-trando seus principais sintomas como a secreção de leite com grumos, pus ou de aspecto aquoso; tetas e úbere com vermelhidão e ressaltou que a falta de tratamento pode resultar na morte do animal. “A mastite bovina é a doença de maior relevância, já que representa 35% dos problemas de saúde do ani-mal dentro de uma fazenda leiteira e compromete a produtividade. É multi-fatorial, pois afeta desde a imunidade e resistência da vaca à questão de alimen-tação dos animais”, acrescenta.

Palestrantes trouxeram diversidade de temas aos técnicos presentes no encontro, realizado no Augustu’s Hotel

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Ministério do Meio Ambiente prorroga prazo do CARApesar de prorrogação, Faeg alerta para necessidade de o produtor não deixar para última hora

Catherine Moraes | [email protected]

CADASTRO AMBIENTAL RURAL

Cadastro Ambiental é obrigatório para todos os produtores do país

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Ministério do Meio Ambiente prorroga prazo do CAR

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O prazo do Cadastro Ambiental

Rural (CAR) que se encerraria no úl-

timo dia 5 de maio foi prorrogado por

mais um ano. O anúncio inicial foi feito

no último dia 30 de abril, pelo ministro

interino do Meio Ambiente, Francisco

Gaetani durante audiência na Comis-

são de Agricultura da Câmara, em Bra-

sília e publicado no Diário Oficial da

União no último dia 4 de maio, assi-

nado pela Ministra do Meio Ambiente,

Izabella Teixeira.

A Federação da Agricultura e Pecu-

ária de Goiás (Faeg) assim como outras

federações do país, juntamente com a

Confederação Nacional da Agricultura

e Pecuária do Brasil (CNA) do país já

havia solicitado a prorrogação junto

ao Ministério do Meio Ambiente. Em

Goiás, de 150 mil propriedades, menos

de 20% realizaram o cadastro. Entre os

problemas defendidos, estavam a falta

de técnicos capacitados para auxílio no

cadastro, e até mesmo inoperância do

site do governo federal que saiu do ar

nos últimos dias disponibilizados para

o cadastro.

Para o presidente da Faeg, José

Mário Schreiner, a prorrogação foi im-

portante já que, sem a regularização,

o produtor ficaria impossibilitado de

adquirir crédito junto ao banco para o

custeio das próximas safras, além de

perder os benefícios previstos no novo

Código Florestal. Apesar disso, ele

alerta apara a urgência de o produtor

realizar o cadastro e não deixar para

a última hora. Também afirma que o

produtor precisa ficar atento porque

muitos técnicos estão lesando os pro-

dutores, cobrando preços abusivos.

“O CAR garante segurança jurídica

ao produtor e é o início da regulariza-

ção ambiental. O Sistema Faeg e o Se-

nar Goiás estão cumprindo seu papel,

capacitando técnicos do interior do Es-

tado e tirando dúvidas dos produtores

que nos procuram. Precisamos que o

produtor faça sua parte. Vemos a notí-

cia com bons olhos”, completou.

Senar realiza capacitação

O Serviço Nacional de Aprendi-zagem Rural em Goiás (Senar Goiás) lançou, no último dia 27 de abril, um treinamento – do tipo Formação Pro-fissional Rural (FPR) – com o objetivo de capacitar técnicos que irão auxiliar os produtores a realizarem o cadastro, formando assim um banco de dados para controlar, monitorar, auxiliar no planejamento ambiental e econômico e principalmente combater o desma-tamento ilegal. Até o momento, mais de 90 técnicos já passaram pelo trei-namento e agora, com a prorrogação, o curso irá continuar pelos próximos meses.

Os primeiros eventos do Treinamen-to Cadastro Ambiental Rural foi reali-zado entre 8h e 18 horas dos dias 27 e 30 de abril, no Augustus Hotel, em Goiânia. Segundo o coordenador do treinamento, Leonnardo Cruvinel, essa nova ação do Senar Goiás tem como público os técnicos que já estejam tra-balhando na área e se interessem em adquirir mais informações sobre os ser-viços relacionados ao CAR.

“Indiretamente nosso público são

os produtores que têm enfrentado

dificuldades com a falta de pessoas

capacitadas que possam auxiliá-los

no cadastramento. Além disso, o que

temos percebido é o alto custo cobra-

do pelos poucos técnicos disponíveis”,

completa Leonnardo.A ação do Senar Goiás conta com

apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e foi am-plamente elogiada pelos sindicatos espalhados pelo estado. Além disso, consultores da Faeg e do Senar Goiás estão rodando o estado realizando pa-lestras e treinamentos direcionados a técnicos e produtores.

ConsequênciasOs produtores que não realizarem

o cadastro até a data prevista irão sofrer sanções. Muitos encontrarão dificuldades, inclusive na obtenção de crédito, para viabilizar o custeio das próximas safras. Além disso, os proprietários que não realizarem o cadastramento perderão benefícios previstos no Novo Código Florestal, como a suspensão de multas adminis-trativas por corte irregular de vege-tação no imóvel e a possibilidade de regularizar áreas de Reserva Legal.

Sobre o CARO CAR é uma exigência do Novo

Código Florestal, obrigatório para to-

dos os imóveis rurais. Não importa

o tamanho, a região e o tipo de uso

do solo. O cadastro ambiental exige

que o agricultor conheça a fundo sua

propriedade. Não basta, por exemplo,

saber apenas se tem morro ou não na

sua área. É preciso saber a declivida-

de, quantas nascentes tem na terra e

a largura dos rios. É preciso informar

as datas de abertura das áreas para

saber se está ou não enquadrada nas

áreas consolidadas.

Senar Goiás realiza, em Goiânia, rodada de capacitação para técnicos

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70ª EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA DE GOIÁS

No berço da festa, debate sobre gargalos da agropecuáriaEntidades se unem para cobrar ações

Michelle Rabelo | [email protected]

Seguindo o novo modelo da Expo-sição Agropecuária de Goiás, que pela primeira vez em 70ª edições separou a festa, da informação, a abertu-ra do evento foi marcada por debates que giraram em torno dos gargalos que, na opinião de muitos, impedem a agro-pecuária goiana de ganhar o mundo. Assim como a festa, as comemorações do setor fo-ram adiadas para os anúncios dos governos estadual e fede-ral sobre liberação de verbas, alocação de investimentos e anúncios de programas e

políticas públicas que deem um empur-rãozinho em quem “carrega o Brasil na cacunda”, como brinca o presidente da

Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner.

Como de costume, a abertura foi rea-lizada no Parque de Exposições do Setor Nova Vila, em Goiânia, e reuniu representantes fortes de quem planta e cria em Goiás. A intenção, além de conhecer mais de perto os problemas e os avanços do setor, foi apresentar ao governo estadual pontos con-siderados críticos como a crise energética, a falta de segurança, a ineficiência do atual modelo de seguro rural e os percentuais do Plano Safra 2015/16.

Representantes da agropecuária se reuniram para discutir gargalos do setor

Marconi caminhou pelo parque e ouviu demandas de quem planta e cria em Goiás

Fredox Carvalho

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Schreiner solicitou a criação de um batalhão de patrulha-mento rural com “corpo e formato específicos”. Ele sugeriu ainda que a nova equipe seja vinculada ao Batalhão Rodovi-ário Estadual, mas deixou clara a necessidade de investimen-tos em pessoal e estrutura. Além disso, ele também citou a necessidade da intervenção do governo no imbróglio que rodeia a aprovação do Plano de Manejo da APA do Pouso Alto - documento obrigatório que regulariza o uso do solo e dos recursos naturais e que vai determinar o que pode e o que não pode ser feito dentro dos 872 mil hectares que cons-tituem a área, formada por seis municípios.

Por último, José Mário pediu que o governo analise a atual situação de algumas rodovias que cortam o estado e definem como será o escoamento da produção. “É muito importante

lembrar aqui que as obras realizadas nos últimos quatro anos foram essenciais para o desenvolvimento incrível da agropecuária goiana, mas precisamos de mais. Sabemos que o Brasil passa uma crise econômica ferrenha e que Goiás não é uma ilha. Não estou aqui pedindo milagres, mas algumas dessas estradas que já foram pavimentadas ainda têm trechos ruins”, explicou.

Além de José Mário, que também é presidente do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), estiveram presentes o secretário de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED), José Eliton Júnior, o superintendente executivo de Agricultura, Antônio Flávio de Lima, e os presi-dentes, da SGPA, Hugo Goldfeld; da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Arthur Toledo; da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Pedro Arraes e da Aprosoja Goiás, Bartolomeu Braz.

O palco da abertura do evento, que muda a rotina da

cidade, foi a Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura

(SGPA), e na ocasião o anfitrião e presidente da entidade,

Hugo Goldfeld, fez questão de falar sobre o histórico da feira

e da contribuição tecnológica que ela dá ao setor agropecu-

ário. “Temos - no Brasil - 262 milhões de hectares em áre-

as de pastagem, produzimos ¼ do alimento consumido no

mundo, realizamos 45 milhões de abates anuais. Digam-me

vocês: somos ou não somos importantes”, instigou Goldfeld,

destacando a importância da agropecuária no país.

Demandas do setorTrês dias depois da abertura oficial, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, se encontrou com o governador Marconi

Perillo, que passou um dia despachando oficialmente da SPGA. Na ocasião, Schreiner falou sobre o imbróglio que envolve a Área de Preservação Ambiental (APA) do Pouso Alto e a urgência de se reavaliar o atual modelo de seguro rural.

A necessidade de elaborar uma es-pécie de plano para elencar as priorida-des de investimentos para a Celg, depois de sua desestatização, foi um dos mui-tos temas que estavam na ponta da lín-gua do presidente da Faeg, José Mário Schreiner, durante seu encontro com o governador Marconi Perillo. Na ocasião, a crise energética foi apontada como um dos maiores problemas dos produtores goianos atualmente. O vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econô-mico, Científico, Tecnológico e de Agri-

cultura, Pecuária e Irrigação, José Eliton Júnior chegou a criticar fortemente a política tarifária do governo.

José Mário argumentou junto ao Marconi que entende e até apoia que as obrigações sejam repassadas à inicia-tiva privada quando o estado não con-segue oferecer um serviço de qualida-de, mas que no caso da Celg, “Goiás precisa inserir no processo uma lista de prioridades de investimentos em locais estratégicos”. Vale lembrar que há dias atrás, o presidente da Celg Distribuição,

Sinval Zaidan Gama, chegou a reconhe-cer que está com dificuldades por causa do “endividamento muito grande” da empresa, mas afirmou que os acionistas estão buscando soluções para equilibrar as contas, mesmo sem a desestatização.

José Eliton Júnior ratificou a gravidade da crise energética em Goiás

José Mário elencou pontos que precisam ser melhorados

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Uma exposição de cheiros, sabores e coresStand do Senar Goiás apresenta resultado de treinamentos Michelle Rabelo | [email protected]

Para muitos, o intervalo entre o início e a conclusão dos treinamentos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), representa a trans-formação gradual de vidas. Quem compare-ceu a 70ª edição da Exposição Agropecuária de Goiás teve a oportunidade de conhecer os resultados dessas mudanças. Tudo em forma do cheiro inconfundível da cachaça, do sabor característico da linguiça suína e da delicadeza que transita entre as peças de biojoias e o pomar hidropônico. Montado

dentro do Museu Agropecuário e ocupando uma parte da Alameda Cultural - dentro do Parque de Exposições Dr. Pedro Ludovico - , o stand do Senar Goiás recebeu mais de 100 visitantes por dia, em um total de mais de 1.800 pessoas entre 8 e 24 de maio. Toda a estrutura resultou de uma parceria entre a entidade, a Federação de Agricultura e Pe-cuária (Faeg) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O local, no qual foram organizadas 11 demonstrações entre alimentação e artesa-

nato, foi montado com a intenção de apre-sentar o resultado de alguns dos cursos oferecidos pelo Senar Goiás, mas a inicia-tiva acabou ultrapassando as expectativas. “Muita gente pouco conhece a entidade e tivemos a oportunidade de apresentá-la para o público. As pessoas pedem infor-mações e se comprometeram a procurar seus Sindicatos Rurais (SRs) para integrar o nosso time. Isso é resultado de oferta e demanda”, explica a coordenadora do Se-nar Goiás, Samantha Andrade.

Ela conta que o espaço agradou os visitantes seja pela beleza das selas, fabricadas em tempo real, pela precisão do trançado da fibra de bananeira que resulta em bolsas, chapéus e peças decorativas, pelo sabor da rapadura e da cachaça, seja pela qualidade de produtos como protetores solar e géis naturais, produzidos pelos instrutores. Samantha afirma que o stand da entidade foi o grande chamariz do Museu. “Ali pudemos despertar a curiosidade sobre os treinamentos, as matérias primas e as inúmeras possibilidades dentro de cada área”.

Quem passou pelo stand do Senar Goiás pode ter contato com demonstrações de artesanato em bambu e couro, biojoias e fibra de bananeira, fabricação de cachaça, de melado, açúcar mascavo e rapadura e processamento de milho e mandioca. Além disso, foram montados espaços de transformação caseira de carne suína e de agricultura urbana.

Fred

ox C

arva

lho

Fred

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arva

lho

Produção de cachaça atraiu os curiosos

Hidroponia mostrou que cultivo não precisa de grandes espaços

Produção de linguiça suína perfumou o stand

Equipe de instrutores comemora inteiração do público

70ª EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA DE GOIÁS

Artesanato em couro está no stand pelo segundo ano consecutivo

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DELÍCIAS DO CAMPO

Bolo de chocolate com ganache e baru

INGREDIENTES

50g de cacau em pó

100g de açúcar mascavo

250 ml de água (fervendo)

140g de manteiga sem sal

150g de açúcar refinado

225g de farinha de trigo

1 Colher (chá) de fermento em pó

½ Colher (chá) de bicarbonato de sódio

2 Colheres (chá) de extrato ou essên-

cia de baunilha

2 Ovos grandes

200g de chocolate meio amargo

100g de creme de leite sem soro

Castanhas de baru tostadas e tritu-

radas

*Receita da culinarista Flávia Rissé, participante do 1º Festival Gastronômico Receitas da Roça, de Ipameri

MODO DE FAZER

• MassaColoque o açúcar mascavo e o cacau em pó em uma tigela e acrescente a água quente. Na batedeira, bata 125g de manteiga com o açúcar refinado até obter um creme claro. Em uma ti-jela, peneire a farinha, o fermento e o bicarbonato e reserve. Em seguida, acrescente a baunilha ao creme de manteiga e o açúcar. Aos poucos vá colocando os ovos, um a um. Aos poucos, adicione a farinha e vá mexendo (na batedeira). Coloque a massa em uma assadeira untada e pré-aqueça ao forno a 180°C. Leve o bolo ao forno por aproximadamente 30 minutos.

• GanacheEm uma panela, coloque o creme de

Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200

Laris

sa M

elo

leite e aqueça. Quando as bordas começarem a borbulhar, retire do fogo e jogue sobre o chocolate pi-cado. Mexa até que o chocolate es-teja totalmente derretido. Acrescen-te 15g de manteiga e misture bem. Reserve.

• Castanhas de BaruEm uma assadeira, coloque as casta-nhas de baru e leve a forno pré-aque-cido a 180°C, por, aproximadamente, 10 a 15 minutos ou até que as casta-nhas estejam tostadas. Espere esfriar e pique as castanhas em pedaços não muito pequenos, ou triture em um processador de alimentos.

• MontagemSobre o bolo, espalhe o ganache e

decore com as castanhas de baru tri-

turadas.

Junho / 2015 CAMPO | 33www.senargo.org.br

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CASO DE SUCESSO

Das patas do cavalo, um ganho para toda a vida

Conheça a história do jovem de Itauçu que, por meio da capacitação, se tornou grande profissional

da área de equideocultura

Douglas Freitas | [email protected]

Laris

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elo

34 | CAMPO Junho / 2015 www.sistemafaeg.com.br

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Mudanças na vida de Vevin somaram mais de 90% de melhoria e só foram possíveis graças aos cursos do Senar Goiás

Jhewerson é referência em casqueamento e ferrageamento de cavalos na região de Itauçu

Laris

sa M

elo

Laris

sa M

elo

Se destacar em qualquer profissão é, atualmente, uma tarefa cada vez mais complexa, na qual dias e noites de estudo a fio é rotina. Descobrir as capacidades e encontrar um “rumo na vida”, como di-zem os mais experientes, tornou-se tema digno de roteiros de cinema. Em “Gênio Indomável”, filme de 1997, o brilhante jovem Will Hunting precisou apenas de um pequeno gatilho para encontrar seu lugar no mundo e mudar de vida. Casos semelhantes, no qual pessoas passam pelos mesmos perrengues de Will, ocor-rem todos dias e, certamente, nesse exa-to momento alguém esteja procurando um caminho certo a seguir.

Em Itauçu, a cerca de 70 Km de Goi-ânia, houve um caso semelhante ao do jovem Will, porém, atualmente, o protago-nista desse filme da vida real já desfruta os benefícios trazidos pelo caminho que está trilhando desde o ano de 2007. Jhewerson Neris Carvalhaes, de 26 anos, Vevin para os mais conhecidos, Itauçuense legítimo, é aquele Will Hunting, sem rumo, antes de conhecer o professor universitário Sean Mc-Guire, responsável por mostrar a Will um caminho a seguir. No caso de Jhewerson, o seu professor McGuire seria, comparando, os cursos de formação e capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, que tem por objetivo fo-mentar melhorias e desenvolvimento no meio rural e que trouxe ao Itauçuense uma nova perspectiva de vida.

Jhewerson, que até o ano de 2007 dependia exclusivamente da ajuda financeira dos pais e utilizava o ca-valo apenas para tocar o gado no pasto, é, hoje, referência na área de casqueamento, ferrageamento e doma de cavalos na região de Itauçu e em cidades vizinhas, como Inhumas e Itaberaí. Não satisfeito, o jovem de Itauçu resolveu, há cerca de dois anos, se arriscar, também, na área de empreendimen-to com a criação de uma loja de roupas country e acessórios para cavalos, em Itauçu, a Estância Country, e que gera uma renda mensal de

cerca de R$ 7 mil. Mas os frutos do trabalho não param por ai, já que com as atividades realizadas

com os cavalos, na área de casqueamento, ferrageamento e doma, Jhewerson ganha também, em média, R$ 3.500 mensais.

Todas essas mudanças na vida de Jhewerson Neris, que segundo ele soma-ram mais de 90% de melhoria, só foram possíveis graças a sua iniciativa em pro-curar os cursos de capacitação do Senar Goiás, na área de equideocultura, especi-ficadamente. Desde o momento em que conheceu os cursos, sempre manteve o foco na área de cavalos, o que resultou nesse amplo conhecimento que possui atualmente sobre os animais. A cada ano, desde de 2007, Jhewerson sempre reno-va seu conhecimento, realizando, mesmo que de forma repetida, capacitações e treinamentos na área de cavalos. Até o momento, segundo ele, mais de oito cur-sos e treinamentos já foram realizados.

Perguntado sobre essa predisposi-ção em realizar sempre essa renovação do conhecimento, Jhewerson responde: “A cada ano o Senar se inova trazen-do novas metodologias e práticas dife-renciadas em relação aos cursos, nos quais o jeito de lidar com os animais se torna mais agradável e o conforto, tanto para o animal quanto para a pes-soa, se torna cada vez melhor. Faço os cursos, pois trazem inovações ao meio rural e isso é bom já que deixa mais prático e dinâmico o manejo rural”.

Seu Nilton e dona Gislene Carvalhaes, pais de Jhewerson, conside-ram a profissão do filho um pouco perigosa, já que lida diariamente com animais, vez ou outra, ariscos e violentos, além disso, se referem, tam-bém, ao possível risco em manusear as patas do animal durante o casque-amento e ferrageamento.

Apesar dos perigos, Nilton e Gislene sentem muito orgulho do filho por vê-lo se desenvolvendo e tornando-se uma refe-rência naquilo que faz. Segundo Jhewer-son, a capacitação realizada pela Senar Goiás trouxe benefícios não somente a ele, mas a toda a família que agora eco-nomiza tempo e dinheiro, já que não pre-cisam mais de um terceiro para cuidar das tarefas que envolvem o cuidado com os cavalos da fazenda onde moram.

Nesse ano, Jhewerson já finalizou um treinamento do Senar Goiás na área de rédea de equinos ou muares, uma conti-nuidade do curso Equideocultura – Doma Racional, o qual tem por objetivo ensinar, de forma flexível, a trotar, a galopar e a correr com os animais. Para Eurípedes de Sousa, instrutor do Senar Goiás responsá-vel pelo treinamento realizado na proprie-dade dos pais de Jhewerson, na pista de rédea que está sendo finalizada no local, é muito importante se manter sempre atu-alizado e sobre Jhewerson destacou seu excelente desempenho no treinamento.

“Até mesmo nós, instrutores, sempre nos mantemos atualizados e antenados em relação ao que há de novo e a tecno-logia é uma grande aliada, pois ela tam-bém está no campo e quem não estiver disposto a conhecê-la e utilizá-la está, cer-tamente, fora do mercado de trabalho ou em condições melhores”, complementa.

Junho / 2015 CAMPO | 35www.senargo.org.br

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EM MAIO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU

49 139 7 1 12 10 111 27 39 13 4 9 46 0

Na área de

agricultura

Em atividade

de apoio

agrossilvipastoril

Na área de

silvicultura

Na área de

extrativismo

Em

agroindústria

Na área de

aquicultura

Na área de

pecuária

Em

atividades

relativas à

prestação

de serviços

Alimentação

e nutrição

Organização

comunitária

Saúde e

alimentação

Prevenção de

acidentes

Artesanato Educação para

consumo

*Cursos promovidos entre os dias 26 de abril e 25 de maio.

CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*

4.990TRABALHADORES

RURAIS

CAPACITADOS

PRODUTORES E

CURSOS E TREINAMENTOS

Laryssa Carvalho | [email protected]

Caprinos e Ovinos ganham destaque internacional

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EM MAIO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU

49 139 7 1 12 10 111 27 39 13 4 9 46 0

Na área de

agricultura

Em atividade

de apoio

agrossilvipastoril

Na área de

silvicultura

Na área de

extrativismo

Em

agroindústria

Na área de

aquicultura

Na área de

pecuária

Em

atividades

relativas à

prestação

de serviços

Alimentação

e nutrição

Organização

comunitária

Saúde e

alimentação

Prevenção de

acidentes

Artesanato Educação para

consumo

*Cursos promovidos entre os dias 26 de abril e 25 de maio.

CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*

4.990TRABALHADORES

RURAIS

CAPACITADOS

PRODUTORES E

Para alguns, símbolos religiosos, para

outros, o alimento que não pode faltar

na mesa. A questão é que os caprinos

e ovinos não são animais novos no car-

dápio ou nos aspectos culturais da so-

ciedade. Considerados por muitos pes-

quisadores fonte de alimento milenar, a

caprinovinocultura vem se destacando

no cenário nacional. E foi pensando

nisso que o Serviço Nacional de Apren-

dizagem Rural em Goiás (Senar Goiás)

oferece o curso de Caprinovinocultura.

Segundo dados do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(Mapa), as duas cadeias se destacam no

agronegócio brasileiro com um rebanho

estimado em 14 milhões de animais,

distribuídos em 436 mil estabelecimen-

tos. Os dados colocam o Brasil como

18° colocado no ranking mundial de

exportações.

De acordo com a coordenadora do

curso de caprinovinocultura pelo Se-

nar Goiás, Samantha Andrade, a ativi-

dade de ovinocultura é mais rentável,

tanto que necessita de importações

para comportar a demanda interna da

carne. “Nós, do Senar Goiás, fazemos

questão de mostrar a real rentabilida-

de dessa atividade. Esse tipo de car-

ne tem sim saída e garante lucros que

muitas vezes não são conhecidos pelo

produtor rural” enfatiza Samantha.

Samantha faz questão de esclarecer

a “qualidade” da carne e do leite dos

animais. “Os nutrientes da carne dos

ovinos e caprinos são diferenciadas,

além do paladar que agrada muito. Elas

são consideradas carnes saudáveis que

compete com cortes como a de frango,

por exemplo,” pontua Samantha.

Para os interessados em realizar o

curso de caprinovinocultura oferecido

pelo Senar Goiás, as orientações são

simples. Basta que tenham o número

mínimo de 10 inscritos e que todos se-

jam maiores de 18 anos, além da dispo-

sição e do desempenho que os partici-

pantes devem ter durante o curso. Vale

lembrar que ao fim do curso, que pos-

sui duração de 24 horas, os participan-

tes devem ter o número de presenças

maiores que 80% e ter sua capacidade

de absorção do conhecimento transmi-

tido aprovada pelo instrutor.

Para Samanta, que não esconde o or-

gulho, no mês de abril, de duas turmas

formadas do curso, quatro egressos já

saíram com seus projetos de confina-

mentos de ovinos montados. “Pra nós é

um serviço satisfatório ver uma cadeia

pouco estimulada ter o nosso respaldo

e ver produtores interessados e estimu-

lados” afirmou a coordenadora.

Durante o curso, os participantes li-

dam com o manejo dos animais e das

instalações, além dos registro de dados

zootécnicos, identificação de doenças

nos animais, administração de medi-

camentos, alimentação, mineralização

animal e casqueamento preventivo.

Vale lembrar que o Senar Goiás rea-

liza os mais diversos treinamentos em

todo o estado por meio de parcerias

com os Sindicatos Rurais.

João

Far

ia

*Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412 2700 ou pelo site senargo.org.br

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Sistema ILPF: produção integrada de agricultura, pecuária e silvicultura

CAMPO ABERTO

Leonnardo

Cruvinel

é engenheiro

agrônomo,

químico e técnico-

adjunto do Serviço

Nacional de

Aprendizagem

Rural em Goiás

(Senar Goiás)

Laris

sa M

elo

Leonnardo Cruvinel | [email protected]

O avanço da produção agropecuária brasileira é um caso de sucesso no mundo inteiro e se deve ao somatório de amplo espaço territorial, condições climáticas, solo, topografia, pesquisa e extensão, crescendo 247% nos últimos 35 anos. Com 61% da área de seus biomas preservada e apenas 28% do território em produção, o Brasil tem papel fun-damental em contribuir com a geração de energia renovável e elevar a produção de alimentos para atender a demanda mundial. Segundo projeções do Órgão das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) a produção mundial terá de ser elevada em 60% até 2050. Com a comprova-da eficiência de seus sistemas produtivos, o Brasil concentra as maiores expectativas de incremento da produção com preservação ambiental e desen-volvimento econômico, é nesse ambiente que se encontra os sistemas integrados.

A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é um sistema de produção que integra os compon-tes agrícolas e pecuários em rotação, consórcio ou sucessão, incluindo o componente florestal, no mesmo território. Por exemplo, é possível ter uma produção de grãos, forragem, madeira, carne e lei-te na mesma área e, até mesmo, simultaneamente.

As principais vantagens dos sistemas de integra-ção são: a possibilidade de aplicação em pequenas, médias e grandes propriedades; opção de recupe-ração de pastagens degradadas; controle mais efi-ciente de insetos-praga, doenças e plantas daninhas com redução do uso de defensivos; melhoria das condições microclimáticas com redução da ampli-tude térmica, aumento da umidade relativa do ar e diminuição da intensidade dos ventos; aumento do bem-estar animal; mitigação do efeito estufa pelo sequestro de carbono; promoção da biodiversidade por favorecer novos nichos e hábitats para os agen-tes polinizadores das culturas e inimigos naturais de insetos-praga e doenças.

Além disso, o sistema garante a intensificação

de ciclagem de nutrientes; gera possibilidade de turismo rural; incremento da produção regional de grãos, carne, leite, fibra, madeia e energia; pro-dução de carcaças de melhor qualidade por uma pecuária de ciclo curto, pautadas em alimentação de qualidade, controle sanitário e melhoramen-to genético; redução de riscos operacionais e de mercado em função de melhorias nas condições de produção e da diversificação de atividades co-merciais; diversificação das atividades rurais com aumento da mão-de-obra o ano todo. Por fim, possibilita aumento da cobertura do solo pela pa-lhada proporcionada pelos restos das lavouras e pastagens; recuperação de nutrientes lixiviados ou drenados pelas camadas mais profundas e incre-mento de matéria orgânica do solo; redução dos custos de implantação, aceleração do cresci-mento e em diâmetro das árvores, melhoria de sua qualidade e de alto valor agregado; maior proteção contra o fogo; ajuda no controle da erosão, aumento da porosidade do solo e conse-quentemente da infiltração para recomposição dos lençóis freáticos.

A preocupação com o aumento da produção e um desenvolvimento sustentável provocou ações de diversas entidades que se relacionam com o setor rural. Existem instituições financeiras com linhas de crédito específicas para produções in-tegradas e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) promoverá um Programa Especial de capacitação e assistência técnica para produtores interessados em adotar a tecnologia ILPF – Programa ABC Cerrado.

Com a inovação e a sustentabilidade, sur-gem excelentes alternativas para os produtores rurais adotarem uma atitude empreendedora. Isto, fazendo uso dos sistemas eficientes de ILPF, com competitividade frente aos sistemas monoespecíficos ou especializados e transfor-mando desafios em oportunidades.

38 | CAMPO Junho / 2015 www.sistemafaeg.com.br

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Foi prorrogado o prazo para o cadastramento

do seu imóvel rural, CAR, a nova data é:

05/05/2016