oito anos 01 fim

72

Upload: m-calabar

Post on 06-Apr-2016

229 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Pre Fechamento Revista 08 Anos Sindetrancol

TRANSCRIPT

Page 1: Oito anos 01 fim
Page 2: Oito anos 01 fim
Page 3: Oito anos 01 fim

[INDÍCE]Apresentação

Narrativas da pré-fundaçao

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Formação

Campeonato

Feijoada

Olimpíadas

Fim de ano

[Expediente]DIRETORIA DO SINDETRANSCOL

Sindicato dos Empregados nas Empresas Permissionárias do Transporte Coletivo Urbano de

Blumenau e Gaspar – SC

Presidente: Ari Germer Vice-Presidente: Pradelino Moreira da Silva

Secretária: Marlene Satiro RTesoureiro: Marciano Régis Arcanjo G

Tesoureiro Adjunto: Cleberson ThiesenDiretor de Organização de Patrimônio:

Osnir SchmittDiretor de Educação Sindical

e Assuntos Jurídicos: Ulir Dalpra Zanella

SUPLENTES DA DIRETORIA

Sérgio Antonio Rosa Angela Cristina de Miranda

Érico NicolettiCarlos Nei Gonçalves Padilha

Rubi Alexandre Hobus Fábio Luiz Ferreira

Jose Silvio Pereira Costa

CONSELHO FISCAL Juvino Antonio Rezini

Acir RosaJuarez Machado

SUPLENTE DE CONSELHO FISCAL

Joel Staroski Maria dos Anjos Alves de Lima

Stefan Marcos

Delegado da Representante na FederaçãoDionísio Theiss

Suplente de delegado Representante na Federação:

Adelino Antonio Pegoraro

Page 4: Oito anos 01 fim

Lá numa cidade chamada Blumenau, lugar bonito à beira de um grande Rio, um pessoal resolveu se juntar para conversar sobre a vida. Ah! Como é bom conversar sobre a vida!

Quandocrianças,tivemosafelicidadedeteralguémquenoscontavaes-tórias para ninar, ou mesmo por diversão em outros momentos. Como são boas as estóriasinfantis!Atémesmoaquelasquenosdeixamcommedoenoscausavampesadelos!Quandoacordávamos,abraçávamosfortealguémparaperceberquetudo faziaparteda imaginaçãoe fantasia.Coisaboa,a serdivididacomnos-sos(as)filhos(as)enetos(as),essaslembrançassãoumaformade“rastro”quedeixamosnavida.Essênciadaquilodequesomosfeitos.

ÉcomestesentimentoqueoSINDETRANSCOLquercontarumpoucode“histórias”.Assimmesmo,noplural. Porqueahistórianãoéumacoisaúnica,umalinharetacomalgumasdatasenomesquedevemosdecorarparapassarnaescola,comosefosseobradoacaso.Qualquerfatoqueanalisamos,atépodeterumadata,umaliderançadedestaque,massóchegounaquelepontoemfunçãodetodoumprocesso,deummovimentocoletivomuitomaiscomplexoeprofun-dodoqueparece.Longedeserestáticanotempo,anossacompreensãohistóricadependedeumacontextualização,deperceberquetudoestáemmovimentootempo todo.O resultadodas relações sociaisnãoé imposiçãodivinae,muitomenos,éobradoacaso.Osfatostêmrelaçãonotempo,umcomosoutros.

Trazemmuitasconsequências,eàsvezesatécontradições.Porexemplo:seagaleraqueestavadescontentenãotivesseDECIDIDOficareseorganizar,setivessedecididoiremboraprocuraroutrasformasdemelhoraravida?Qualte-riasidoahistóriadacategoriaatéhoje?Talvezaindaestivéssemostrabalhandomaisde10horaspordiasemganharhorasextras,comsaláriosbemmenores,semplanodesaúde,enfim,semessahistóriaparacontar.Quemsabe? Ofatoéquealgumaspessoasresolveramseorganizarparamudaroqueestavadescontentando,alémdelas,centenasdeoutraspessoas.Naspróximas

Era uma vez...

4

Page 5: Oito anos 01 fim

páginasfaremosumapequenaviagem,poralgunsmomentosimportantesdosúltimosoitoanosdenossaexistênciacomotrabalhadores(as),enquantopessoasquecumpremumafunçãodeextremaimportânciaparaacomunidade. Seasestóriasnosencantamenoslevamaumaviagemnomundodafantasia,ashistóriasnosfarãoviajarnaquiloqueentendemosserarealidade.ÉclaroquenãosetratadeumlivrocomahistóriadafundaçãoesolidificaçãodoSindica-to.Nestapioneirainvestidacomumarevistadeculturaepolítica,otemadessaediçãoéatrajetóriadaorganizaçãodaspessoas,nãoadainstituição.Encontros,lutas,festas,reuniões,assembleias,encontrosesportivos,comemorações,enfim,vamosrelembrarumpoucodenossasvidas,apartirdaexistênciado“sindicatonovo”.AindanãosefalavanoSINDETRANSCOL,umasiglarecémcriada,queemprincípionãotinhaaconfiançadacategoria,acostumadaháanoseanoscomoimobilismoetraiçãodochamado“sindicatoantigo”. Erapreciso sediferenciardo“sindicatovelho”,queeraodiadopela categoria.Superardécadasdecompletoabandononãoéfácilenemrápido,masàsvezesavidanosreservamomentosquenãoplanejamos.Ahistóriaqueestamoscontan-domostraqueacabousendomuitomaisfácilerápidodoqueseimaginava.Isso,talvezporqueasituaçãocotidianaeramuitoruimeaspessoasforamsendotoca-daspelobomdesempenhodamaioriadaquelaprimeiraDiretoria,inexperienteéverdade,masquesoubeganharapoiosentreacategoria,inicialmentebaseadaemrelaçõesdeamizade,emconversascotidianasdeolhonoolho,cumprindocom os compromissos assumidos. É dessa maravilhosa história de relacionamen-toshumanosqueestamosfalando. Apartirdaspublicações,dealgunsdocumentosedabibliotecadeimagensdoSindicato,passandoporacervospessoaiserelatosdealgumaspessoas,dacotid-ianaconversaeacompanhamentodotrabalhodasduasDiretoriasnestesanos,reunimosaquiosprincipaismomentosdessaviagem. Folheiesemmedo.Viajejunto.Édissodoquesomosfeitos(as).

Era uma vez...

5

Page 6: Oito anos 01 fim

4

Pa

ra co

meç

ar a

perc

orre

r est

es ca

min

hos,

abr

imos

esp

aço

para

um

a fig

-ur

a m

uito

impo

rtan

te n

isso

tudo

, um

cara

sim

ples

, o co

mpa

nhei

ro Lé

o Bi

tenc

ourt

. En

tra

em c

ena

a co

mpa

nhei

rada

da

“lid

a” n

o tr

ansp

orte

, os(

as)

prim

eiro

s(as

) a

disc

utir “

a bo

a no

va”.

O q

ue m

oveu

ess

a m

oçad

a? E

les n

os c

onta

m a

qui:

[PO

NTO

S D

E PA

RTID

A]

L é o B i t -tencourt é peça fun-d a m e n t a l no proces-so de for-mação do sindicato dos trabalhadores do transportes de Blumenau - o SINDETRASNCOL, que teve seu início em maio de 2006. Ele foi convidado pelo então presidente do SINTROBLU, Vilmar Zim-merman à participar de uma reunião com os trabalhadores da empresa Nossa Senhora da Glória que reivindicavam mel-hores condições de trabalho e reajuste salarial. A reunião, muito tumultuada, aconteceu no auditório da empresa justa-mente antes de uma assembleia que seria realizada na sede do antigo sindicato (SINTROBLU) e que decidiria os rumos do processo de negociação que iniciava naquele momento. Após essas atividades a avaliação de Bitencourt era de que havia entre os trabalhadores um grande interesse de per-tencerem a um sindicato que atuasse especificamente com as questões dos trabalhadores do transporte urbano, opin-ião compartilhada pelo então Presidente do SINTROBLU. Am-bos entendiam que era o momento de colaborar com esses trabalhadores que buscavam se organizar mesmo que isso representasse perda de parte da base sindical. Vilmar pediu então que Léo Bittencourt articulasse as medidas necessárias para a criação do novo sindicato lembrando-o de que havia alguns companheiros, principalmente da empresa Nossa Sen-hora da Glória, se organizando justamente com esse objetivo: fundar um novo sindicato. Com a lista de nomes dos interessados em fundar o novo sindicato, fornecida por Vilmar, Léo iniciou uma série de contatos e encontros, um deles foi com Ari Germer, literal-mente um grande entusiasta do movimento para fundação da nova entidade. O primeiro encontro entre eles ocorreu no escritório do advogado e, apesar das desconfiança inicial por parte do trabalhador, a conversa fluiu tomando os ru-mos da real necessidade de se ter uma organização sindical

Page 7: Oito anos 01 fim

5

atuante que defendesse de fato, o interesse dos tra-balhadores. “Ele (Ari) não me conhecia, mas confiou na minha pessoa e confiou na possibilidade de termos uma organização sindical que realmente lutasse pe-los trabalhadores. Tenho que frisar a importância do Ari nessa formação, porque ele confiou numa pes-soa que nunca tinha visto. Porém, sabia que eu era um advogado trabalhista e que sempre estive na luta dos trabalhadores. Ele tinha conhecimento da minha pessoa, porém eu não o conhecia”. Dessa primeira conversa resulta, fruto da clareza de quem partilha um objetivo em comum, se estabeleceu a primeira aliança concreta que tinha como meta fundar a nova entidade e, para ambos, a melhor maneira de os trabalhadores se organizarem seria chamando outros interessados para participa-rem.Na semana seguinte, em uma nova reunião, bus-cou-se o entendimento de como agir para concretizar o que era apenas uma ideia para se ter um novo Sindi-cato. Ari levou consigo dois companheiros: Gemir e Lorenço e os quatro conversaram longamente sobre a formação desse novo sindicato e novamente lem-braram-se que ainda eram poucos, seria necessário um número maior de trabalhadores para fortalecer grupo. No sábado seguinte, as reuniões eram sem-pre aos sábados, apareceram diversos companheiros e a partir de então (passamos a discutir todos os sábados à tarde) para formarmos um estatuto e dar os encaminhamentos de ordem prática para à for-mação deste novo sindicato.

Ari Gremer conta com prazer a história da fundação do SINDETRANSCOL, para ele todos po-dem perceber nela o que é a força do trabalhador. Foi após uma cansativa jornada, com mais de 12 horas de trabalho, que chegando em casa recebeu da esposa o seguinte recado: “_O seu Léo ligou con-vidando para uma reunião... assunto do seu inter-esse”. O nome não era totalmente desconhecido, já ouvira falar de Léo Bittencourt na época do (SE-TERB). Um encontro foi marcado para a tarde da próxima sexta-feira, já que a sua jornada de tra-balho era entre doze e treze horas e encerrava lá pelas duas e meia da tarde. Ari iria direto do termi-nal para o escritório do Advogado. Na sexta-feira pela manhã, em conversas com uns colegas de base, surgiram vários comentários sobre a reunião que os trabalhadores da empresa Nossa Senhora da Glória tinham realizado no auditório da empresa: Falou-se, e muito, sobre condições de trabalho, jornada excessiva, perda de direitos e conquistas de alguns trabalhadores, como por ex-emplo, as folgas mensais que eram seis e empre-sa optou por conceder uma por semana, cortaram duas. Tudo isso, sem contar a retirada das horas extras fixas da folha de pagamento. A situação era insustentável para os trabalhadores que nutriam a esperança de que alguma coisa tinha que ser feita para mudar aquela realidade e não podia demorar muito.

Apesar de ter uma con-sciência tranquila

sempre vinha aquela des-confiança nat-ural, Ari de origem alemã nascido em Blumenau se

dirigiu ao es-critório cheio

de interrogações, pensando no que um

Page 8: Oito anos 01 fim

6

advogado queria com um mero trabalhador do trans-porte coletivo? Para tratar de que assunto? Teria ele cometido alguma falta grave em sua jornada para que um advogado o chamasse em seu escritório? Mesmo ciente de que trabalhava firme, fazendo o melhor, dando o melhor o melhor de si, o mal-estar não passava, ao chegar no local foi conduzido para um ambiente reservado. A primeira pergunta que o advogado lhe fez foi sobre o seu tempo de serviço na empresa. Ari tinha oito anos de Nossa Senhora da Glória e antes fora caminhoneiro, passara dez anos na estrada ten-do que enfrentar maus momentos que não foram poucos: Duas vezes assaltado ele queria era ficar perto da família mesmo trabalhando doze ou treze horas por dia, sempre voltaria para casa ao fim da sua jornada. Assim ingressou no transporte coletivo e gostaria de ficar nesse segmento. Virou e mexeu e a conversa acabou no tema sindicato e na opinião de Ari estava muito sumido, muito distante dos trabalhadores que, em sua grande maioria, ansiava por um sindicato mais presente. Ari tinha sido contratado em fevereiro de 1998 e já no mês de março o sindicato havia convocado uma as-sembleia, pois a data-base da categoria era em maio. Os dirigentes do velho sindicato diziam que os tra-balhadores tinham que buscar melhores condições de trabalho e um bom número de trabalhadores comparecia nas Assembleia. E mesmo assim acon-teciam coisas muito estranhas: Quando recebiam o salário, não era o valor que a categoria esperava. Não havia avanço algum para os trabalhadores. A conversa entre os dois evoluiu para um único caminho a criação de um novo sindicato e Ari, apesar de se considerar “...Como peão de trecho, o meu negócio era volante” não deixou de perceber que a vida lhe oferecia uma oportunidade para ver se esse era o caminho que ele também buscava. “Eu sempre acredito nisso: Aparece uma oportunidade, ou a gente agarra ou deixa passar”. E o que aquele advogado lhe dizia era isso: Existia sim a possiblidade

de criar um novo sindicato na região de Blumenau, que representaria os trabalhadores das três empre-sas de ônibus da região, já que elas estavam muito longe de proporcionar uma vida melhor para seus trabalhadores. Ari também tinha uma relação de nomes, eram dez, os mesmo nomes que Vilmar Zimmermann apre-sentou para Léo, dizendo para que ele procurasse aquelas pessoas. Que elas seriam o núcleo do novo sindicato. Muitos ainda hoje ainda permanecem na categoria. Depois do primeiro encontro as conversas se intensi-ficaram e para o próxima reunião programada, Ari le-varia mais alguns companheiros e colegas de serviço para discutir a ideia e acordo com Léo: “...Tinha mui-tas chances de progredir... de crescer na cidade”. A primeira pessoa que Ari procurou foi o Lorenço (>>>>), com quem já discutira o tema havia muito tempo. Também chamou o amigo e colega Gemir (>>>>), para fosse participar da próxima reunião

Page 9: Oito anos 01 fim

7

Gemir

Clebinho

Marleninha

Page 10: Oito anos 01 fim

O ano que nunca vai terminar

[2006]

No dia 29 de julho acontece a assembleia de fundação do SINDE-TRANSCOL, de eleição e posse de sua pri-meira Diretoria. Como vimos, a história não começa aí, no Auditório do Sindica-to dos Trabalhadores na Construção Civ-il [SIGLA??], mas essa data é a de nosso aniversário, iniciando a vida formal do sindicato. Estavam presentes na assem-bleia cerca de 300 trabalhadores(as) e, em poucos dias, o sindicato já tinha 200 sócios(as). Um pequeno panfleto “mosquit-inho” chamava a categoria a se filiar com os dizeres: “Faça valer os seus direitos como trabalhador e ser humano. Digni-dade sempre.” MS. Além de estruturar a entidade, a Diretoria foi começando o trabalho de base e bus-cando referências sobre a administração e a ação política sindical. Buscou em Jo-inville, onde encontrou um sindicato in-

operante. Outra viagem de exploração foi feita rumo ao sul, até Florianópolis, de onde se ouviam notícias muito diferentes: “Parece que lá tem uns malucos que tran-cam os ônibus e fazem uma baderna que tá loco! Só que o pessoal de lá tá muito melhor que nós, então vamos lá ver o que acontece. Não custa quase nada mes-mo...”. Era mais ou menos essa, a conver-sa por aqui.

O companheiro Ricardo Freitas conta um pouquinho dessa parte: “Estávamos em meados de out-ubro. No meio de uma manhã de segun-da-feira, dia de reunião da Diretoria do SINTRATURB, chegou uma turma de Blu-menau. Em princípio ninguém se conhe-cia. Foram entrando na sala: um cara de cabeça grande [adivinhem quem é?], um outro já meio grisalho com um bigodinho bem aparado, uma companheira baixinha

Page 11: Oito anos 01 fim

e franzina com cara de braba, um cara de óculos mais metido a galã, e por fim, um cara alto, também grisalho, com um sorriso tímido no rosto. Este último eu conhecia de longa data, mas fazia muitos anos que não o via. Foi quando reencon-trei o companheiro Léo Bitencourt. Nos conhecemos quando atuávamos como di-rigentes no movimento sindical bancário, muitos anos antes.” Deonísio Linder, dirigente do SINTRA-TURB, de Florianópolis, relembra: “Bem, nós explicamos como funciona-va o nosso sindicato, desde as finanças e administração até o posicionamento político; sobre nossa direção colegiada sem Presidência ou coordenação, sem tesoureiro e outros cargos tradicionais. Falamos um pouco de nossas estratégias nas paralisações e de como são as nego-ciações, mas se interessaram, mesmo,

quando começamos a falar sobre os salári-os, condições de trabalho e benefícios que já tínhamos conquistado. E já fomos ficando amigos; nossa categoria tem uma identidade. A gente já tinha uma estrutura boa e uns aninhos de experiência. Vimos que eles tinham vontade e eram hones-tos. Então, assumimos compromisso de ajudar no trabalho deles e também fica-mos contentes, porque em todo restante do Estado a gente só tinha sindicato pele-go. A convite deles, fomos à negociação que ocorreu na semana seguinte. Foi mui-to engraçado. Os patrões se assustaram e não aceitaram a nossa presença na sala. Só olhavam para a camisa de um compan-heiro nosso que tinha a “foice e o marte-lo” no peito. A Comissão de Negociação era enorme. Fomos conhecendo a rapa-ziada e conversando ao longo da nego-ciação. Assim, consolidou-se uma relação política, de solidariedade nas lutas, muito legal. Também construímos amizades en-tre vários(as) de nós.” Esta negociação aconteceu nas de-pendências do Hotel Glória. Dias depois, nova reunião aconteceu na Subdelegacia Regional do Trabalho, em Blumenau. Mes-mo contra a vontade dos patrões, dessa vez os companheiros do SINTRATURB per-maneceram e participaram ativamente da negociação. Primeira lição: jamais aceitar que o outro lado imponha quem são nos-sos interlocutores. Sem grandes avanços nas propos-tas, fomos para o primeiro grande teste da direção: a primeira assembleia geral para debater uma proposta patronal e o

Page 12: Oito anos 01 fim

que fazer. Nem a nova Direção, nem a cat-egoria tinham essa experiência, porque o chamado “sindicato antigo” acertava tudo com os patrões e, às vezes, nem co-municava a categoria do fechamento do acordo coletivo. Quando alguém pergun-tava, ouvia a desculpa de que “ninguém participava mesmo”, e a defesa de que “a situação das empresas estava ruim e que os patrões não podiam dar mais”. Porém, esse tempo passou! Essa direção do Sindi-cato não faz corpo mole. Bem, agora adiantamos um pou-co a história. Já estamos em novembro e precisamos voltar um bocadinho! A “máquina sindical” já está estru-turada e funcionando. Alguns dirigentes estão liberados para atuar no Sindicato. Eram o Ari, o Zanella e a Marlene. Em se-tembro saiu o primeiro número do jornal EXPRESSO: “Vamos conduzir nosso desti-no”, dizia uma das manchetes. O pequeno jornal trazia informações sobre a assem-bleia de fundação do Sindicato, onde es-tiveram presentes aproximadamente 300 pessoas, sobre os membros da Diretoria eleita e os cargos ocupados. Informava sobre o funcionamento do atendimento jurídico, tinha a convocação de assem-

bleia, no dia 27 de setembro, que definiria a PRIMEIRA PAUTA DE REIVINDICAÇÕES que a categoria entregou ao patronato, após a fundação do Sindicato. Por fim, es-tava publicada a primeira denúncia sobre a superexploração, alertando a categoria sobre os prejuízos de receber horas tra-balhadas “por fora da folha de pagamen-to”. Mas, voltemos a novembro, naquele ponto das negociações. No início do mês, sai o PRIMEIRO BOLETIM EXPRES-SO, uma edição extra, mais direta e rápida do jornal do Sindicato, usada para divul-gar e debater as negociações. Nesse pri-meiro Boletim, a manchete foi “A CIDADE VAI PARAR”. Foi o maior alvoroço na cat-egoria e na cidade! Imagine: “fai ter um crréve nos ônipus!” A imprensa, que nunca tomou conhecimento das condições de trabalho da categoria, sempre subserviente aos interesses dos poderosos, agora se ded-icava a criticar o radicalismo das greves e alertava a população para a presença de “forasteiros de Florianópolis, gente de fora de Blumenau que veio propa-gar a baderna entre nossos pacatos tra-balhadores”. 8

Page 13: Oito anos 01 fim

Muitos companheiros que trabalhavam até 14 horas num só dia. A frase mais ouvi-da era mais ou menos a mesma: “A gente nem vê a família”. Não tinha tíquete alimentação e os salários estavam entre os mais baixos de Santa Catarina. As empresas Glória e Rodovel pagavam salários ainda piores que os da Verde Vale. Os patrões não acreditavam na mobi-lização. Aliás, ninguém acreditava. Há muito tempo Blumenau não tinha um sindicato que fosse referência de luta e de atitudes claras em defesa dos(as) trabalhadores(as). A proposta patronal era a criação de “comissões” para solucionar cada problema que lhes era apresentado. Propuseram o valor de R$ 3,00 de tíquete alimentação para o pessoal da Verde Vale e de R$ 5,50 para as outras duas, mas descontavam o valor do dia em que o(a) empregado(a) faltasse. Além disso, o pagamento só iniciaria em fevereiro de 2007, ou seja, quatro meses depois da data-base. A proposta salarial para motoristas era de R$ 1.120,64 na Verde Vale e R$ 1.044,16 nas demais. Para os cobradores(as) era de R$ 656,11 na Verde Vale e R$ 478,40 na Rodovel e na Glória. Este histórico boletim, além de estampar na capa o anúncio da possível paralisação, fazia o debate do que é, e os objetivos de uma paralisação/greve. E ia além, trazendo toda a orientação sobre COMO PARALISAR O TRABALHO, tanto nas garagens, como nos terminais, mostrando as diferenças, vantagens e desvantagens de cada uma das possibilidades de paralisação. Isso era uma nova ESTRATÉGIA POLÍTICA para o sindicalismo blumenauense. A Diretoria prepara com a base o debate da assembleia. Com isso, mesmo quem não fosse na assembleia, discutiria o assunto. E os que fossem, não seriam pegos de surpresa, podendo amadurecer seu posicionamento. Cria-se um clima de envolvimento na categoria, que pos-sibilita à direção avaliar o que realmente querem os(as) trabalhadores(as).

Trabalhar no transporte era um verdadeiro sacrifício

9

Page 14: Oito anos 01 fim

O famoso colégio estadual abrigou a assembleia geral que debateu a propos-ta patronal e a possibilidade de greve. Tudo era novidade. Assembleias não ex-istiam e os trabalhadores do transporte nunca tinham paralisado suas atividades em Blumenau. O velho auditório da esco-la ficou pequeno. A galera veio em peso ver a novidade que estava acontecendo. Com ajuda do pessoal de Florianópolis, a grande assembleia foi bem conduzida, discutiu e rejeitou a proposta patronal, decidindo pelo ESTADO DE GREVE. Foram emocionantes os momentos de orientação e explicação do que é uma paralisação, porque paralisar, como paralisar, as pos-síveis consequências. O silêncio era abso-luto por parte da plenária. As palavras de cada orador, naquele dia, eram absorvidas e se enraizaram em cada um(a) dos pre-sentes. Quem lá esteve relata que saiu dali emocionado(a) e certo do que tinha de ser feito. Foi decidida a paralisação. A direto-ria do Sindicato é que anunciou o dia.

Pedro II entra para a história da categoria O dia escolhido foi 17 de novem-bro, uma sexta-feira. Azar do patrão! Con-forme combinado, ao sinal, motoristas e cobradores(as) saíram dos veículos levan-do as chaves e caixa de cobrança e dirigi-ram-se até onde se concentravam os diri-gente sindicais com o sistema de som, em cada local de trabalho. No dia 21, o Bo-letim Expresso no 3 tinha por manchete: “VITÓRIA!”, em letras destacadas. Descre-via e avaliava detalhadamente o “dia que a cidade parou” e rebatia as acusações dos patrões que chamavam aquilo tudo de baderna. Combatendo a campanha da imprensa, contava com um agradeci-mento especial e uma explicação sobre o papel da campanheirada de Florianópolis, que ao nosso lado, participou desse en-frentamento aos patrões. Realizada a primeira paralisação da história do transporte, com total adesão da categoria e excelente orga-nização, os patrões pressionados, mar-caram nova negociação, na qual apre-

10

Page 15: Oito anos 01 fim

sentaram uma proposta bem diferente. A direção do Sindicato convocou assem-bleia para o dia 24/11, em dois períodos, no auditório da sede do Sindicato dos Têx-teis, SINTRAFITE. Num clima de alto astral a categoria aprovou seu primeiro Acordo Coletivo de Trabalho, fruto da partici-pação ativa da categoria, dirigida por um sindicato “diferente”, que acabara de ser criado. Em dezembro, a segunda edição do jornal EXPRESSO já trazia na capa um aviso de possível nova paralisação. Cláu-sulas do recente acordo vinham sendo descumpridas. Os patrões relutavam em aceitar que a vida tinha mudado com a

construção do SINDETRANSCOL. Nesta colorida edição do jornal, publicaram-se os principais pontos do Acordo Coletivo que foi fechado, e ainda imagens da paral-isação do dia 17/11, além dos primeiros balancetes mensais e numa página in-teira divulgava o sucesso do 1o CAMPE-ONATO DE FUTEBOL SUIÇO, promovido pelo Sindicato. Nascia uma das atividades permanentes e de grande participação da categoria, que até hoje é anualmente realizada concomitantemente com a cam-panha salarial. Vale aqui, uma saudação à equipe LUNÁTICOS: primeira campeã da história do torneio do Sindicato, vencen-do na final a equipe Patota da Picanha.

11

Page 16: Oito anos 01 fim

[2007]

“Se o elefante soubesse a força que tem, seria o dono do circo e não ficaria só dançando no tamborete”, diz alguém em nosso meio. Essa brincadeira, repetida em assemble-ias e rodinhas de conversa nos terminais, gan-hou corpo. As pessoas passaram a ser sujeitos de sua própria história e percebem que não adi-anta ter a força do elefante sem ter consciência dela, não saber usá-la. Os(as) trabalhadores(as) perceberam que sua “força de elefante” é fun-ciona COLETIVAMENTE. Esta descoberta faz de 2007 o ano de MUDANÇAS ESTRUTURAIS na vida dos(as) tra-balhadores(as) do transporte de Blumenau. Foram várias lutas, paralisações, denúncias e inúmeras reuniões com patrões, Poder Público, Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Judiciário e outras tantas. Foi um ano de inserção do SINDETRANSCOL no movimento sindical e social de Santa Catarina, em especial no Fórum dos Trabalhadores e dos Movimentos Sociais de Blumenau, à época, forte e atuante

na vida da comunidade. Neste mesmo ano, foi também anunciada a Licitação do Transporte Público da cidade; uma farsa, aqui demonstrada. Lançado em janeiro, o EXPRESSO no 03 faz uma retrospectiva de 2006. Em 8 páginas, o jornal debate o cotidiano de trabalho; denuncia a precariedade de vias públicas para trânsito dos ônibus; traz informações jurídicas; fala da im-portante desvinculação entre o preço da tarifa e nossos salários e denuncia a conivência do SETERB com as empresas. A extensa jornada de trabalho, de até 14 horas em certos dias, começa a ser o cen-tro dos materiais publicados pelo Sindicato, nos meses de fevereiro, março e abril. Segue sendo denunciada a falta de pagamento, ou paga-mento “por fora”, de inúmeras horas extras. As publicações tratam de inúmeros assuntos do cotidiano da categoria; direitos surrupiados. É publicado um EXPRESSO ESPECÍFICO para a gal-era da Verde Vale, onde ficaram mal entendidas questões relativas às primeiras negociações.

A grande virada

12

Page 17: Oito anos 01 fim

No dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher (vide pág.....), a categoria paralisou pó uma hora as suas atividades. Além de chamar atenção para toda a discriminação sofrida pe-las mulheres, foi um momento para denunciar o excesso de jornada e vários descumprimen-tos dos acordos, motivos que justificaram a segunda paralisação da história da categoria. A população mais uma vez se surpreende com essa novidade. Estamos numa região “cultural-mente avessa” a mobilizações, característica que precisa ser superada. Uma assembleia geral, no dia 14, avaliou todo esse movimento e encaminhou a continuidade da luta, apontando para o en-frentamento à intransigência dos patrões, que se recusavam a reconhecer a necessidade da redução da jornada. Após essa paralisação, intensificam-se os chamados da Justiça e do Ministério Públi-co para conciliar os conflitos entre nosso novo sindicato e as empresas/SETERB. A novidade leva a imprensa a dispor de amplo espaço de cobertura. Mesmo tendenciosa, deturpando o sentido da ação dos(as) trabalhadores(as), aca-bavam levando a toda sociedade uma situação que merecia atenção. O tiro do grupo patrão/SETERB/mídia saiu pela culatra. A intenção de nos desmor-alizar junto a opinião pública, acabou por nos ajudar, alertando a população para o fato de motoristas e cobradores(as) terem jornadas diárias absurdas, ilegais, desrespeitosas e que estavam adoecendo as pessoas. Afinal, as lon-gas jornadas aumentam a possibilidade de en-volvimento em acidentes e colocam em risco a

própria população, que entendendo o sentido da luta, apoia incondicionalmente o movimen-to dos trabalhadores e seu novo sindicato. No dia 13 de abril, uma sexta-feira, os patrões tiveram seu dia de azar. Em reunião no Ministério Público do Trabalho, se viram total-mente encurralados e admitiram que agiam fora da lei, porém alegam a impossibilidade de aplicar alterações rápidas por problemas de logística que o transporte exige. Balela! Ain-da em abril, a direção sindical passa por um teste de fogo, ao auxiliar pela primeira vez, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), numa ocupação de terras impro-dutivas. Acuados pelo exército, que detinha a posse da área, a direção do Sindicato recebe, ainda, grande cobrança da categoria sobre a participação na atividade. O fato gera um grande e frutífero debate sobre a relação en-tre nossas lutas urbanas e as lutas no campo, dos trabalhadores(as) rurais. O que temos em comum? Como o êxodo rural influiu em nossa vida na cidade? A elite de Blumenau passa a identificar, claramente, o SINDETRANSCOL, como um in-imigo perigoso, que se mostra muito diferente do acomodado sindicalismo tradicionalmente praticado na cidade nas duas últimas décadas. Os patrões e a imprensa tentam jogar a cate-goria contra a Diretoria, e também envenenar a população contra nosso movimento, qualifi-cando-o como ação sindical radical e fora da lei. No dia 23 de abril acontece nova as-sembleia, que fortalece a organização da cate-goria na luta contra a extensa jornada de tra-balho.

8 de março: a segunda paralisação

13

Page 18: Oito anos 01 fim

No dia 23 de Maio, uma quarta-feira, as centrais sindicais brasileiras estavam mobili-zando milhões de trabalhadores(as) em todo o país. A pauta de luta era longa, com destaque para a REDUÇÃO DA JORNADA e o FIM DO FA-TOR PREVIDENCIÁRIO nas aposentadorias. Em Blumenau, o movimento sindical e popular consegue reunir muita gente na Praça da Figueira, em frente a sede do Executivo Municipal. Os(as) trabalhadores(as) do serviço público municipal estavam em campanha sal-arial e bem mobilizados(as). No transporte, a categoria não suportava mais uma jornada tão extensa. Para às onze horas daquela manhã ensolarada, porém fria, estava marcada a paral-isação de duas horas dos(as) trabalhadores(as) do transporte. A quantidade de pessoas era grande. Em grupos, os(as) manifestantes se di-rigiram aos seis terminais da cidade para pre-star solidariedade aos(às) rodoviários(as). Às onze e meia, famílias das comunidades da Vila União, Vila Vitória e Jensen, juntamente com

Pela primeira vez a categoria discutiria o dia 1 DE MAIO de uma forma diferente. Nesse ano, o Sindicato divulga um ma-terial sobre a história dessa data, ressaltando não ser um sim-ples feriado, mas um dia de luto, de luta e de comemoração; o dia em que se reverenciam outros trabalhadores(as), mártires da luta; dia de se comemorar vitórias do passado, assim como de lutar por conquistas futuras. Neste dia primeiro, os companheiros foram chamados a trabalhar o dia todo COM FARÓIS DOS ÔNIBUS ACESOS. A grande maioria dos veículos que circularam naquele dia es-tavam com o faróis ligados, em reverência aos(as) que morre-ram lutando por redução de jornada. Ainda, em comemoração à data, o Sindicato realiza uma confraternização com a categoria e seus familiares no dia 06 de Maio, no Centro Comunitário da Fortaleza. Foi um belo encontro, com um momento de reflexão histórica, um grande almoço coletivo, música e atividades para as crianças. Assim nasce a ideia da feijoada da categoria, cuja história completa você encontra na pág XX No dia 12, uma quinta-feira, a direção do Sindicato con-vida o pessoal que trabalha nas áreas administrativas, de ma-nutenção e limpeza para uma conversa sobre suas condições específicas de trabalho. A reunião acontece no final da tarde, no Clube Guarani, próximo da Itoupava Norte. Hora de quebrar o gelo e mostrar que o patrão tenta dividir motorista e cobra-dor do restante da categoria, especialmente do pessoal da ofi-cina. Precisávamos mudar isso, e mudamos.

O 1º de Maio Dia do(o) Trabalhador(a)

Os seis dias que a balaram Blumenau

12

Page 19: Oito anos 01 fim

Com o anúncio da greve de 24 horas, os patrões convocam a direção do SINDETRANSCOL para uma reunião de negociação, que aconteceu no Hotel Rex, das 16 até às 21 horas, mediada pelo Procurador do Trabalho, Dr. Acir Hack. As tropas da Polícia Militar (PM/SC) se aglomeravam nas garagens e em cada terminal urbano. O trânsito no final de tarde e início da noite ficou totalmente caótico e engarrafado. A cidade não discutia outra coisa. “Posentão! Aconteceu o crrréve tos ônipus tenofo!”. “Mas fiu! Os cara trapaia até catorsse hora por dia... é paca-bá”! A categoria, orientada pela sua direção sindical e contando com a ajuda da direção sindical de Florianópolis, de algumas lider-anças de outras categorias, do movimento popular e do MST, rapid-amente vai se organizando na frente dos locais de trabalho. Quando a Comissão de Negociação sai da reunião e percorre os lo-cais de trabalho, para levar informações e debater os encaminha-mentos seguintes, encontra barracas e churrasqueiras improvisadas nas portas de todas as garagens e em todos os terminais. Uma in-fraestrutura básica vai sendo montada sob a coordenação dos mais experientes. O frio é muito intenso na madrugada. As fogueiras e o calor humano aquecem os corpos e a esperança de uma categoria sofri-da. A frase mais ouvida era “agora vamos até o fim”, ou, ainda, “essa temos que ganhá”.

Os seis dias que a balaram Blumenaumilitantes do MST e do serviço público, entraram no prédio da prefeitura municipal e OCUPARAM O SALÃO NOBRE. Exigiam soluções para problemas que essas comunidades demandavam o Poder Público havia muito tempo. Às treze horas, o movimento comunitário se incorpora à manifestação do Terminal do Ater-ro e os militantes do MST chegam ao terminal da Fonte. Os(as) trabalhadores(as) da Prefeitura, em assembleia pela manhã, decidem paralisar suas atividades por 24 horas no dia seguinte, 24 de Maio. Esta informação, a solidariedade de mov-imentos populares e toda a indignação da catego-ria, levam a companheirada do transporte a decid-ir NÃO RETORNAR ao trabalho às 13 horas, como estava previsto inicialmente. O protesto de 2 horas da categoria se transforma numa paralisação de 24 horas, em conjunto com os trabalhadores do serviço público. Mais uma vez Blumenau é cenário de paralisações de trabalhadores(as) de categorias diferentes, um estágio superior de luta. “Um peri-go!”, diria o pessoal lá do Tabajara Tênis Club.

Greve por tempoindeterminado

13

Page 20: Oito anos 01 fim

Dia 24, Quinta-feira segundo dia da greve Ao longo da noite/madrugada e na manhã do dia seguinte, pequenos confrontos acontecem entre tra-balhadores e policiais militares que atendem chamados dos patrões para escoltar veículos de volta às garagens. Às 14 horas, a coisa fica feia no Terminal do Aterro. Há grande número de ônibus parados. São centenas de man-ifestantes ali reunidos. A PM arma um cenário de grande confronto para a retirada desses veículos. A direção do movimento argumenta que não há necessidade de con-frontos, que esse não é o objetivo da luta. Acalma, assim, os ânimos da categoria, que permite o recolhimento dos veículos às garagens. Evita-se o pior, pelo menos por ora. Ao meio dia, há uma grande concentração na Praça da Figueira, já equipada com pequenas chur-rasqueiras. O povo se organiza com facilidade, não preci-sa luxo e, por alguns dias e uma boa causa, abre mão até do mínimo de conforto. Após o repasse de informações da direção é liberado o almoço. Naquele alvoroço, um misto de alegria pela dignidade defendida e a certeza de estar fazendo o certo, o justo, com a tensão do momento: alguns poucos ônibus ainda circulavam, a mídia afinada como uma orquestra atacando o movimento dos “arrua-ceiros” dirigidos por “forasteiros”... É importante lembrar daqueles momentos tão ricos de nossas vidas! Então, de repente, chega aquele senhor, com as marcas de uma vida difícil no semblante, mas sobrepuja-das pelo sorriso aberto. “Seu Joaquim”, homem de X anos, cobrador da empresa Glória há muitos anos, vestindo fa-tiota e gravata, se dirige até o carro de som, com a Dona Maria enganchada no braço, não menos solenemente vestida e com umas flores na mão. Ela está radiante, os brancos cabelos alinhadíssimos como nunca, reluzem ao sol. Eles pedem que a direção anuncie que eles estão ali, alegres e vestidos daquela maneira, porque resolveram se CASAR E COMEMORAR, na praça, juntos e irmanados naquela luta. Os olhos ávidos da D. Maria mostravam que aquele momento era um basta, após décadas de muito labor, a prender a própria voz e aceitar a vida como ela é. Era um grito de liberdade. Liberdade para uma vida mel-hor. Liberdade para o amor, que perdurava após ......anos vivendo juntos. Nesse dia, resolveram se casar, em meio a uma greve.

entrevista

Às 18 horas daquela histórica quinta-feira, realiza-se uma grande passeata composta pelos(as) trabalhadores(as) do serviço público municipal e do transporte. A cidade, com trânsito paralisado, APLAUDE a passagem da grande man-ifestação.Alguns poucos ônibus circulam durante o dia. São chefetes, alguns fura-greve e pessoal de outras funções que dirigem esses veículos, numa clara tentativa de desmoralizar a greve e pressionar o pessoal a retornar ao trabalho. Ocorrem ape-drejamentos desses veículos e, prontamente, patrões e SE-TERB, com ajuda da mídia, divulgam que se trata de “van-dalismo praticado pelo sindicato”. Há uma grande tensão no ar, normal, afinal, uma cidade do porte de Blumenau já há três dias sem transporte coletivo teve toda sua dinâmica alterada, com muita gente sem poder trabalhar.Até hoje, apesar de não existir uma única prova contra o Sindicato, ou qualquer de seus membros, a imprensa vendi-da, comercial lucrativa, NUNCA SE DESCULPOU de tão men-tirosa e terrível acusação de vandalismo que propagou con-tra o Sindicato. A disputa de informações é vital. Superamos o desleal comportamento da imprensa pela a importância de nossa pauta, já que é INDEFENSÁVEL a manutenção dessa situação de desrespeito e ilegalidade na jornada de trabalho dos(as) trabalhadores(as) do transporte. Por isso, a grande maioria da população apoia o movimento.

14

Page 21: Oito anos 01 fim

O aprendizado dos(as) trabalhadores(as) numa greve é muito superior ao de alguns anos de qualquer curso acadêmico. Rapidamente se aprende qual é o papel da imprensa, do Estado (Judiciário, Ministério Público, PM etc), da maioria dos(as) políticos(as), para que servem as leis. Também se evidencia a diferença entre quem pratica um sindicalismo sério e de compromisso com a classe tra-balhadora e quem só enrola. Na fria madrugada e início da manhã são re-forçadas as Comissões de Esclarecimento em todas as garagens. Muitos(as) companheiros(as) que começavam a cansar e se desestimular foram, novamente, convencidos a permanecer na greve. A partir das 10 horas, foi iniciada uma grande panfletagem pelas principais ruas e avenidas da cidade. Nos panfletos a categoria explicava os motivos da greve, as reivindicações e solicitava apoio da população. Nova-mente se ouviram MUITOS APLAUSOS. Papel picado era jogado do alto dos edifícios por onde os grupos de grevis-tas passavam. Após às 13 horas se inicia uma enorme diminuição do funcionamento do sistema de transporte. Os patrões não tinham fura-greve em quantidade mínima suficiente para operar o sistema. A direção do movimento estrategi-camente orienta a manutenção de pequenos grupos nos acampamentos, enquanto a grande maioria vai para casa, rever a família e descansar. O rodízio funcionou perfeita-mente até às 11 horas do dia seguinte.

A madrugada foi novamente muito fria, mas a es-trutura das barracas, de utensílios e agasalhos já havia mel-horado muito. O rango não falta, nem baralhos, dominós e outras formas de passar o tempo. A principal atividade são as rodinhas de discussão, de previsões sobre a greve; quan-do chegavam as principais lideranças, o “buchicho ficava grande”.

Dia 25 – Sexta-feira terceiro dia da greve

Às 18 horas ocorre nova passeata pelo centro da cidade. Dessa vez, apenas trabalhadores(as) do transporte e apoiadores(as) de outros movimentos. Após a atividade, cada grupo retorna a seu acampamento, na frente dos ter-minais e garagens das empresas.

Às 10 horas da manhã, os companheiros Ari Ger-mer, presidente do Sindicato, e os assessores Dr. Léo Bit-tencourt e Ricardo Freitas, são recebidos pelo Vice-Prefeito, Edson Brunsfeld. E às 15 horas foram recebidos, na Câmara, por uma Comissão de Vereadores criada para acompanhar a crise no transporte.

Dia 26 – Sábadoquarto dia da greve

15

Page 22: Oito anos 01 fim

A partir das 11 horas a categoria e seus familiares começam a se reunir no pátio e salão de festas da Igreja São Francisco de Assis, no bairro Fortaleza. O dia está lindamente enso-larado e o frio foi “passear na Patagônia”, feliz-mente. Ali acontece uma grande e estimulante assembleia, com almoço comunitário e culto ecumênico, da qual participam religiosos de várias igrejas. Mais de 1.500 pessoas se fazem presentes. O clima é o mais descontraído desde o início da greve. Um pouco antes de iniciar-se a as-sembleia, a direção do movimento é convo-cada para uma negociação, marcada para às 17 horas, no Hotel Rex, com mediação do Ministério Público. Da assembleia a categoria sai em car-reata até a Rua 7 de Setembro, onde fica o Hotel, no Centro de Blumenau. A avenida e a pequena praça, ali em frente, foram trans-formadas em “praça de guerra”. Dezenas de policiais armados e com cachorros, seguranças privados e muitas vias fechadas ao trânsito. O clima muda totalmente. A tensão é alta. Ao iniciar a reunião, os patrões se dizem surpreendidos com a quantidade de pessoas na frente do Hotel, alegando que “o barulho da rua atrapalha a reunião e que se sentem inseguros”. Caras de pau! Lá em baixo, a PM proíbe o uso dos

Dia 27 – Domingoquinto dia da greve

carros de som. E vai cercando e confinando as pessoas em um espaço cada vez menor. As provocações são constantes. O clima fica ain-da pior e quem começa a correr risco não são os patrões dentro do Hotel, mas sim nossas famílias, amigos(as) e apoiadores(as), que es-tão na rua sendo acossados(as) pela polícia e seguranças contratados. Aliás, contratados por quem?! As mulheres... Ah, as mulheres! Cada vez mais se tornam protagonistas da história. Assumem a frente do povo e encaram na-riz-a-nariz a tropa de choque. Nada detém a verdade e a justeza da luta! Quando, finalmente, se constitui a mesa de negociação, nos chega a informação de que a PM havia prendido um dirigente sindical dos metalúrgicos que estava desde o primeiro dia nos apoiando. Colocamos a lib-ertação do companheiro Hartmut Kraft como condição para negociarmos. (entrevista) Os representantes do SETERB e do Ministério Pú-blico alegavam não poder assegurar isso. Ex-igimos que interviessem para a libertação de nosso apoiador. Os patrões se aproveitaram do episódio e fugiram de fininho do local. Frustrada a negociação, reunimos a categoria em assembleia, ali mesmo, na via pública. A decisão unânime é pela continui-dade da greve. Já eram dez horas da noite.

Page 23: Oito anos 01 fim

Desde o início da madrugada os acampamentos vão recebendo grevistas e apoiadores(as). O ânimo e a disposição de lu-tar estão renovados com os acontecimentos do final de semana, em especial a atividade de confraternização e o grande confronto do início da noite de domingo. Às 10 horas voltamos ao Hotel Rex, para nova tentativa do MPT de intermediar a negociação. Coloca-mos como condição que os patrões ga-rantissem NENHUM DESCONTO das horas paradas e 120 dias de ESTABILIDADE a toda categoria. O segmento patronal não aceitou e nos re-tiramos da reunião. Já estava marcada Audiência de Con-ciliação para às 14 horas no TRT/SC, em Florianópolis. Então, os companheiros Ari Germer, Ricardo Freitas e Dr Léo Bittencourt se dirigiram para a Capital, para participar da audiência. Às 18 horas, sem que os patrões aceit-assem a diminuição da jornada, ameaçamos nos retirar da desgastante Audiência. Foi quan-do apareceu a primeira proposta que abriu diálogo. A partir dela, por volta das 20 horas, a Presidente do TRT/SC fez uma proposta de acordo judicial sobre jornada de 7 horas tra-balhadas e intra jornada (até uma hora e meia), atendendo nossos pleitos de não punição. Às onze horas da noite, ocorre uma re-união de todo o Comando de Greve, inclusive com lideranças de outras categorias e movi-mentos populares. É discutida a proposta me-diadora do judiciário e avaliada a situação da

Dia 28 – Segunda-feira sexto dia da greve

greve. O Comando entende que foram atendidas as reivindicações e decide propor à categoria a aceitação do acordo judicial e o retorno ao trabalho. A proposta é levada a avaliação da assembleia geral, realizada no terminal da Fonte. Com alguns ônibus, a coordenação do movimento vai recolhendo a galera nas barracas, em todos os acampamentos. Às quatro horas da madrugada, mais de seiscentos (600) companheiros(as) encontram-se re-

unidos para uma emocionante assembleia. O Comando de Greve apresenta a proposta que prevê: JORNADA DIÁRIA MÁXIMA DE 7 HORAS, com intervalo intra jor-nada de, no máximo, uma hora e meia; 90 dias de ESTABILIDADE e NENHUM DESCONTO dos dias parados; e NENHUMA PUNIÇÃO a quem tenha participado do movi-mento. Quarenta e cinco minu-tos depois de iniciada, a assem-bleia geral decide pela aceitação da proposta e encerramento da greve. A categoria conquista

grande vitória de redução pela metade da jornada de trabalho diário; redução do intervalo intra jornada pela metade na Verde Vale (que praticava intervalo de 3 horas), e em 30 minutos nas empresas Glória e Rodovel (que tinham intervalos de 2 horas); além de evitar qualquer tipo de punição a todos(as) os(as) luta-dores(as). Após 138 horas de paralisação, o transporte público de Blumenau começa, paulatinamente, a vol-tar à normalidade, mas nunca mais seria o mesmo. No início de junho é publicada uma edição es-pecial do jornal EXPRESSO, fazendo uma retrospectiva dos seis dias de greve, uma avaliação de todos os acon-tecimentos e, também, dos termos do acordo judicial. É preciso avaliar cada passo, para evitar a repetição dos erros e aprimorar as condutas acertadas. Plantação do pé de cedro --- seu crescimento.

Page 24: Oito anos 01 fim

No dia 13 de julho, uma sexta-feira, a partir das 8 horas, ocorre a Audiência Pública, teoricamente, para discutir com a comunidade o Edital de licitação do transporte público da cidade. O farsesco evento acontece no luxuoso Viena Park Hotel, numa sala onde não cabem mais do que 20 pessoas; tudo feito para im-pedir a participação da população, objetivo do ditame legal. Nos fizemos presentes e, claro, foi inevitável o “bate-boca” com a representação do SETERB/Prefeitura. Apesar de todos os alertas do SINDE-TRANSCOL, as comunidades se envolveram pouco no processo; a imprensa sempre boicotou os posicionamentos do Sindicato e amplificou o discurso mentiroso do prefeito e do segmento patronal, que apesar de alegarem enormes prejuízos, pagavam 10 milhões de reais ao Poder Público, como OUTORGA para permanecer operando o serviço público de

E o ano ainda não chegou nem à metadetransporte. Mesmo com nossas denúncias sobre a Audiência Pública descumprir preceitos legais; mesmo com a cobrança para garantir a partici-pação da população e manifestações contrárias de alguns poucos vereadores; o prefeito João Paulo Kleinubing consegue impor seu projeto que privilegia seus amigos e atuais empresas, financiadoras de campanhas eleitorais. No fim de julho é publicada mais uma edição do EXPRESSO que convoca assembleia para o dia 25, abrindo a campanha salarial de 2007. O informativo traz os desdobramentos do processo licitatório e explica as alterações no processo de trabalho devido a implantação das CATRACAS ELETRÔNICAS. Um ano após a fundação do Sindicato, já com muita história para contar, comemo-ra-se o DIA DA CATEGORIA. [NÃO É MELHOR: “DIA DO TRABALHADOR DO TRANSPORTE”?]

Page 25: Oito anos 01 fim

O Sindicato inaugura uma conduta de respeito aos demais trabalhadores, que utili-zam o transporte coletivo, construindo uma relação positiva entre as pautas da categoria e da população. Toma para si a tarefa, que as em-presas e o SETERB não cumprem, de informar a usuários do transporte e debater as grandes questões do transporte. Articulamos vários sindicatos e movimentos populares, de diver-sos segmentos, no melhor momento do Fórum dos Movimentos Sociais. Criamos o jornal Folha Popular, que abordou profundamente todo o golpe da Licitação do Transporte Público de Blu-menau e denunciou a farsa da Audiência Públi-ca. A capa expôs os rostos dos vereadores que votaram (muitos sem nem conhecer o projeto da licitação) e aprovaram o modelo que nenhu-ma melhora trouxe à vida população. O mate-rial tinha, também, um espaço para divulgação de outros temas de interesse da comunidade. Lamentavelmente foi o primeiro e úni-co número da Folha Popular, apesar de todo o empenho do SINDETRANSCOL para mantê-lo. O personalismo de duas ou três pseudolider-anças sindicais, e o oportunismo de outros(as) tantos(as), acabou com essa excelente ex-periência vivida em nossa cidade. O importante é que o SINDETRANSCOL manteve seu com-promisso com o patrimônio e serviço público, com um sindicalismo autônomo em relação a patrões e partidos políticos, porém altamente

Respeitando a populaçãopolitizado e classista. A Folha Popular se trans-formou no EXPRESSO DO POVO, material mais restrito às questões do transporte, mas que mantém canal de diálogo direto com a popu-lação. O EXPRESSO tinha uma coluna sobre re-gras básicas de português, auxiliando a leitura. Em agosto, o EXPRESSO convocou as-sembleia para definição da Pauta de Reivindi-cações, organizou a participação da categoria no Grito dos Excluídos, e trouxe os resultados da COPA SINDETRANSCOL DE FUTSAL. No dia 08 foi realizada uma importante assembleia geral, que recompôs a vacância de cargos da Diretoria do Sindicato, devido à saída de alguns de seus membros. Seis novos companheiros, forjados na luta da grande greve de Maio, são incorporados à direção sindical. São eles: os irmãos Eugênio e Gilberto Giacomoni, motor-istas da Rodovel; Lindomar .... e Odair ....., re-spectivamente cobrador e motorista da Verde Vale; Marcelo ..... e Policarpo ....., motoristas da Glória. As edições de setembro e outubro de-batem as principais reivindicações, apresentam balancetes de prestação de contas, cobram o início das negociações e a implantação das es-calas com a nova jornada de trabalho e tempo de intervalo, já que o acordo judicial estabelecia o prazo final de 1o de novembro, data-base da categoria.

Page 26: Oito anos 01 fim

Em meados de outubro as negociações se intensificaram. Mesmo consternados com a tragédia da perda de nosso companheiro de lutas, iniciamos o mês de novembro dando um ultimato aos patrões. Eles se comprometem em apresentar nova proposta na primeira sem-ana de novembro. Apresentaram o que passamos a caracterizar como acordo Caracú, onde os patrões entravam com a Cara e a categoria com o... prezuízo! Diante de rumores de nova greve, acabaram retirando a ridícula proposta e, final-mente, apresentando condições de uma composição, que foi aprovada em polêmica assem-bleia, realizada no dia 27.A proposta continha avanços consideráveis, mas não igualava o salário pago pelas três empresas. O patrões apresentaram um cronograma onde somente os(as) trabalhadores(as) das empresas Glória e Rodovel teriam aumentos salariais, escalonados ao longo da vigência do Acordo, incorporando percentuais até se igualar ao salário pago na empresa Verde Vale. Foi mais um aprendizado para todos(as), base e direção. Divergir no debate, man-tendo o respeito ao outro, ainda mais com a falta de experiência e sobre temas tão polêmi-cos, é um difícil exercício. Ao final da assembleia, por grande maioria, a proposta patronal foi aprovada e ficou decidido o fechamento do ACT com as três empresas.

Ao final da tarde do dia 28 de outubro, todos(as) os(as) lutadores(as) de Santa Cata-rina choraram a perda do companheiro Adenilson Teles, jornalista abnegado, militante social incansável e corajoso fundador da rádio comunitária da Fortaleza, que hoje leva seu nome. Um companheiro para qualquer “empreitada”, uma figura humana simples, que era firme em suas posições, sem perder a ternura jamais, como ensinou Che Guevara. Teles foi assassinado em uma curva da rodovia BR 470, por uma irresponsável ma-nobra de uma motorista que ultrapassava outro veículo em local proibido. Além da perda de grande figura humana, perdemos, também, um profissional da mais alta competência, em plena reta final da campanha salarial de um ano absolutamente atípico e inusitado. Teles jamais sairá de nossas memórias. Ele tem parte em todas as nossas vitórias. Marcou profundamente nossas vidas e nossas lutas. Como forma de homenagem, seu nome batizará a sede de nosso sindicato, assim que o imóvel for registrado em nome do SINDE-TRANSCOL.

A perda do companheiro Adenilson Teles

Patrões propõem acordo caracú

Page 27: Oito anos 01 fim

O ano mais dinâmico e surpreendente de toda nossa história termina como começou: com polêmica. Dessa vez, a maioria da categoria e a direção sindical deba-tendo com a parcela de trabalhadores que ficaram descontentes com a decisão da assembleia. Valorosa gente, não queria encerrar a campanha salarial. Queremos sem-pre avançar nas conquistas, porém, é preciso avaliar as possibilidades, as condições concretas para atendermos nossos sonhos, para além de nossa vontade. Quanto conquistamos com a redução da jornada e do intervalo? Na média, reduzimos 4 horas por dia de trabalho e tivemos aumento real na remuneração em novembro. Fortalecemos politicamente a categoria, o que possibilita a exigência mais contratações. Foi um ano de intensa formação política para a direção e toda a categoria. Desde a condução de reuniões até temas bem mais complexos, passamos a decifrar coletivamente a estrutura sindical, a legislação trabalhista e de movimentos coletivos. Durante as paralisações, compreendemos a legislação de greve, o comportamento de órgãos e termos que alguns desconheciam (MP, MPT, MTE, Lei de Greve, serviço essen-cial, contrato suspenso, etc.). Avançamos muito na coesão de uma categoria historicamente dividida pelos patrões. São mais duas definições sociológicas, jurídicas e políticas a se compreender. Primeiro, provamos que a cor do uniforme não faz ninguém diferente. Somos todos trabalhadores(as) iguais, da mesma classe social e da mesma categoria profissional. Em segundo lugar, buscamos unificar os diferentes setores de trabalho dentro de uma mesma empresa. E essa árdua e vital tarefa continua. Foi o ano em que o Sindicato mais produziu e publicou jornais, boletins, car-tilhas e outros materiais, direcionados à categoria e, também, para além dela. Toda a formação política da base e da direção, assim como a necessidade de um canal de comunicação com a comunidade, demandou do Sindicato um enorme esforço e inves-timento. Foi um rico aprendizado.

Ufa! Enfim, dezembro...

Page 28: Oito anos 01 fim

[2008]

Em todas as viradas de ano são dese-jadas muitas conquistas e felicidade para o período seguinte. Em 2008 não foi diferente. Um mês de janeiro de projeções e planeja-mentos. A falta do companheiro Teles, em nosso meio, é cotidianamente sentida, sen-do ainda mais forte cada vez que se elabora um comunicado ou jornal do Sindicato. Em fevereiro, exatamente durante o carnaval, a empresa Rodovel demitiu, sem o menor motivo, dois companheiros que compõe a Direção do SINDETRANSCOL. Os companheiros Pradelino Silva e Leoberto Scalvin – Tatu – membros do conselho Fiscal, a quem tem sido negado, nos tribunais, esta-bilidade no emprego. Os patrões tentaram. Se colasse, as duas outras empresas fariam o mesmo. Passamos o final de sema-na e o feriado do carnaval tentando dialogar,

mas a empresa estava irredutível. Então, na quarta-feira de cinzas, a categoria tocou fogo na cadeira do patrão. Uma paralisação, já no início da manhã, tirou, em poucos minutos os patrões de suas cadeiras e fez com que voltassem atrás nas demissões. Este ano, tivemos a primeira tempo-rada com uniforme de verão. Era só risada nos terminais, porque tinha cada “perna branca, feia e cabeluda” de fora, que dava até medo. Sem contar os “dedões pra fora das sandálias”. Aos poucos, foi-se padroni-zando o uniforme e a coisa ficou “mais bo-nitinha”. Em março, tivemos a segunda as-sembleia de prestação de contas do Sindica-to no Himmelblau Hotel. Esta é outra marca registrada desse novo sindicato: os balan-cetes são publicados e os pareceres do Con-

A força da água, da lama e das perdas

Page 29: Oito anos 01 fim

selho Fiscal sobre as contas são submetidos à assembleia geral dos sócios. As manifestações nos terminais no 8 de Março, Dia Internacional da Mulher e o programa de rádio do Sindicato foram grandes novidades dessa gestão. O pro-grama entrava no ar nas manhãs de terça-fei-ra, na Rádio Comunitária ADENILSON TELES, cobrindo a região da Fortaleza. No programa de formação, con-hecemos a realidade vivida pelos(as) tra-balhadores(as) em Cuba; seus ótimos siste-mas educacionais e de saúde. O EXPRESSO de maio traz, na capa, a história do 1º de Maio, com a famosa frase de August Spies aos seus juízes/algozes, na qual diz que o enforcamento dos líderes não vai destruir a organização operária: “Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão”. Em julho, ocorrem atividades e re-flexões no Dia da Categoria, 25/07. Poucos dias depois, temos o dia 29, aniversário do Sindicato, lembram? Nesses dois anos: quanta coisa mudou! Ainda bem que foi para melhor! A novidade, dessa vez, foi uma atividade de confraternização para registrar

a importante data. A Diretoria oferece à cat-egoria um grande bolo de aniversário, em cada local de trabalho. Com o tempo, a ini-ciativa tornou-se tradicional na vida da cate-goria (ver pág.....). verificar a data do materi-al especial No dia 20 de agosto, no auditório “chique” do Himmelblau Hotel, tivemos as-sembleia de abertura da campanha salarial, que definiu a estratégia de luta e a Pauta de Reivindicações a ser entregue aos patrões. Nesse momento, já tinha começado a 2o COPA SINDETRANSCOL DE FUTSAL, com show das torcidas em todos os finais de se-mana. A preparação do Grito dos Excluídos, no Dia 7 de Setembro, possibilitou o debate com a população sobre as mazelas do siste-ma de transporte público. A precariedade do Terminal da Velha era uma das principais reclamações naquele momento. No ano de 2008 vivemos essas e outras novidades na ação sindical do SINDE-TRANSCOL. Além da atividade do BOLO e da COPA DE FUTSAL, o Sindicato lança o primeiro número do EXPRESSO DO POVO, aquele mesmo, que substituiu a Folha Pop-ular como já mencionamos, no final de

Page 30: Oito anos 01 fim

agosto. Nesta primeira edição, com a LATA DE SARDINHA como símbolo da indignação popular, a superlotação dos ônibus foi de-nunciada. Questões centrais como a crise de mobilidade e as soluções que a prefeitura se recusava a implementar, apesar se serem financeiramente acessíveis, tiveram seu es-paço garantido no material. Associações de moradores, entidades populares e sindicais são chamadas para uma ação conjunta em defesa do transporte público com mais qual-idade e menos tarifa. A defesa da classe trabalhadora apa-rece em denúncia contra a Rede Globo, que utiliza a sua novela da época para ATACAR O MST, em função da ocupação das dependên-cias da Aracruz Celulose. Nesse ato políti-co foram destruídas pelos trabalhadores perigosas sementes de plantas cujos experi-mentos traziam risco ao meio ambiente. Suas patentes constituem dependência absoluta dos agricultores, que produzem, ao grande proprietário monopo-lista, de quem os consumidores também se tornam reféns, já que o controle dos preços e da qualidade tem por fim os lucros as-tronômicos. rever Setembro e outubro passam rápido. As negociações com o segmento patronal

estão indo mal e estamos longe da possibi-lidade de acordo. Como sempre, nessa épo-ca, SETERB e patrões conseguem amplos es-paços na imprensa ataques ao movimento, ao Sindicato e às reivindicações. Trabalham a revolta do povo dizen-do que precisarão AUMENTAR O PREÇO DA TARIFA para atender nossas reivindicações. No início de novembro é publicada a segun-da edição do EXPRESSO DO POVO que acena a possibilidade de greve da categoria. A partir da segunda semana de novembro começa-mos com pequenas e pontuais paralisações, já anunciando claramente a possibilidade de GREVE. Entre as motivações estão: a intran-sigência patronal nas negociações e a defesa contra as desrespeitosas mentiras publica-das em notas pagas através da imprensa. Mais uma edição do EXPRESSO DO POVO, de número 03, é distribuída gratuita-mente à população, desmentindo o seg-mento patronal, denunciando a conivência do SETERB com muitas irregularidades das empresas e explicando os motivos das paral-isações. Em dezembro, época de prepa-ração das festas de fim de ano, os(as) tra-balhadores(as) do transporte estão com agenda cheia, mas é de luta! Continuam

Page 31: Oito anos 01 fim

construindo o movimento de greve, uma vez que as negociações estão emperradas. Nesse momento, perto do fim do mês, se abatem sobre o vale do Itajaí, intensas e in-termitentes chuvas durante vários dias. A água sobre rápido e as enchentes vem acompanhadas de um fenômeno dev-astador: os deslizamentos de terra, atingin-do muito mais pessoas que em anos ante-riores. Diante da catástrofe e do sofrimento de toda população, a direção sindical convo-ca assembleia, que delibera suspensão das atividades que estavam anunciadas, inclu-sive a greve. É hora de enxugar as lágrimas, limpar nossos caminhos e casas, ajudar a quem muito precisa. Milhares de pessoas perderam tudo, inclusive centenas de com-panheiros(as) da categoria. O termo TUDO é o mais adequado: a água e a lama não de-struíram somente móveis, utensílios e algu-mas residências. Muitos(as) VIRAM DESAPA-RECER O TERRENO onde estava sua casa. No local de residência e/ou trabalho, surgiu um novo curso de um riacho, uma cratera ou um barranco íngreme, prestes a continuar deslizando pelo resto da encosta. Aproximadamente 20 companheiros(as) fic-aram absolutamente sem ter para onde ir com suas famílias. De seus endereços, sobr-aram apenas o registro no correio e o carnê de IPTU. As imagens e o cenário de Blume-nau estavam exatamente iguais ao de uma cidade devastada por um bombardeio du-rante uma guerra. O número de mortos foi alto. Os 15 mil exemplares da quarta edição do EXPRESSO DO POVO são dis-tribuídos em 2 horas para a população, nos terminais. A edição inteira é dedicada à sol-idariedade aos afetados e à denúncia de políticos oportunistas, que não tomaram as medidas necessárias, e ainda assim, apareci-am depois da tragédia com suas “máscaras

de sofrimento” e fazendo promessas não cumprirão. As marcas e consequências da tragédia poderiam ser infinitamente meno-res. O exemplo mais emblemático foi o que aconteceu no Morro do Baú e a explosão do gasoduto, que depois de mais de cinco anos, permanece uma incógnita. Fica a pergunta: a explosão causou ou foi consequência dos deslizamentos? Passamos as nossas folgas de final de ano e as férias coletivas do setor industri-al reconstruindo material, emocional e afe-tivamente nossas vidas. Dentro do possível, desejamos boas festas e um feliz ano novo!

Page 32: Oito anos 01 fim

[2009]

É essa a manchete do jornal EX-PRESSO na retomada dos trabalhos do Sindicato, após o recesso do final de ano, quando foi reconstruída parte da sede, que encheu um metro e meio de água. O trabalho de arrecadação e entrega de donativos aos desabrigados é intenso. Continuamos denunciando o oportunis-mo de políticos e os desvios de donativos nas centrais “oficiais” do Poder Público. O prefeito João Paulo Kleinubing tenta implantar regime de “campo de concen-tração” nos abrigos improvisados para os(as) milhares de desabrigados(as). Diz o ditado popular que “miséria pouca é bobagem”. Dois fatos de repercussão mundial chegam até nós e demandam um posicionamento. O primeiro é o anúncio

das primeiras falências e crises de inad-implência no sistema imobiliário dos EUA acompanhada pela quebra de bancos e financeiras. No efeito dominó, a quebra-deira vai se espalhando e envolvendo, na crescente crise, o mundo todo. O segundo é o massacre do povo palestino, na faixa de Gaza, imposto pelo Estado terrorista de Israel. Esses dramas humanos se en-trelaçam, e os patrões, especialmente os do transporte de Blumenau, se aproveit-am do clima de fragilidade para descum-prir cláusulas do acordo atual e negar direitos alegando dificuldades das em-presas por conta da catástrofe. Afrontan-do a população, o prefeito JPK autoriza um absurdo aumento de 12% nas tarifas do transporte. O EXPRESSO DO POVO, de

Quem faz é a gente

Page 33: Oito anos 01 fim

número 5, denuncia mais este ataque. Do ponto de vista das consequências da catástrofe, o pior já passou. Muitas coisas foram reconstruídas, a grande maioria das pessoas já normaliza suas atividades. Para os patrões, também, tudo se normaliza e eles voltam a sua atividade de explorar o povo trabalhador. Retomamos nossa campanha sala-rial. Os patrões alegam a impossibilidade de avançar nas negociações de benefícios e direitos. A necessidade da greve se man-tém, exatamente como estava ao final de novembro. Durante os meses de fevereiro e início de março intensificam-se as nego-ciações: patrões choram miséria e tentam judicializar o conflito. A categoria foi rea-quecendo o espírito de luta, até que no dia ............ FOI DEFLAGRADA A GREVE. Somente em março de 2009 termina-mos a campanha salarial do ano anterior, com saldo altamente positivo. Diferente-

mente de 2007, a avaliação unânime da categoria foi de que fechamos um ÓTIMO Acordo Coletivo de Trabalho. No aspecto econômico, a reivindicação inicial era o índice do INPC mais 3% de aumento real, mas a luta da categoria derrotou o opor-tunismo dos patrões e arrancou aumento real de 9% para motoristas e 14,5% para cobradores(as). Fomos muito além do que exigimos inicialmente! Agradecemos todo o apoio da população na publicação do 6o do EXPRESSO DO POVO. Mais uma vez os problemas de mobilidade, super-lotação nos ônibus, falta de infraestrutura nos terminais e tarifas abusivamente altas são denunciados. Por falar em serviços públicos, o jornal aborda a FALTA DE ÁGUA na cidade, as OBRAS de reconstrução paralisadas, a piora da EDUCAÇÃO e do atendimen-to no sistema de SAÚDE, a desumana situação dos(as) que ainda estão DESA-

Page 34: Oito anos 01 fim

BRIGADOS(AS), a precariedade do serviço de COLETA DE LIXO e a tentativa de PRI-VATIZAÇÃO DO ESGOTAMENTO SANI-TÁRIO. As campanhas salariais e as lu-tas dos(as) trabalhadores(as) do serviço público municipal, metalúrgicos(as), do vidro/cristais e da FURB recebem apoio nessa edição. Maio inicia com as atividades alu-sivas ao DIA DO TRABALHADOR, logo no dia 1o. Além do material impresso, real-izou-se a 3a FEIJOADA de confraternização pelo 1o de Maio e Dia das Mães. Começa o trabalho de fiscalizar o cumprimento do novo ACT. Em junho, o 7º EXPRESSO DO POVO, denuncia a privatização do sistema de esgoto da cidade. Outra notícia mar-cante a comprovação por laudo técnico de que a frondosa e famosa Figueira, que sombreia boa parte da Praça da Prefei-tura, está muito doente e pode morrer

brevemente. Bem, agora o(a) leitor(a) já sabe que em julho temos duas festas: O DIA DA CATEGORIA, no dia 25, e o ANIVERSÁRIO do Sindicato, dia 29, com o já tradicion-al café coletivo com BOLO. Neste ano, porém, a confraternização do aniversário não acontece nos locais de trabalho, mas no salão paroquial da igreja católica Ma-triz, no Centro de Blumenau, momento em que ocorre, também, uma assembleia geral. O conluio entre SETERB e patrões, anuncia que vai retirar da categoria o histórico benefício do passe livre para es-posas(os). O Passe Livre a esses familiares foi historicamente utilizado pelos patrões como salário indireto, compensando, em parte, a superexploração, portanto, en-quanto direito adquirido, vamos lutar por ele! Uma grande novidade é que o SINDETRANSCOL, agora, passa a repre-

Page 35: Oito anos 01 fim

sentar também a categoria do município vizinho, Gaspar, e naquele momento, se preparava para uma greve, descontente com a falta de negociação e propostas do patrão. No dia 14 de agosto, com par-ticipação de vários(as) apoiadores(as) de outras categorias e movimentos popu-lares, a categoria paralisa as atividades por duas horas em Gaspar. Foi dado o primeiro aviso. Em Blumenau, no dia 09 de setembro, aconteceu a assembleia de abertura da campanha salarial, com a definição da pauta reivindicatória e da estratégia anual de luta. No dia seguinte, também em assembleia, a categoria, em Gaspar, decide pela GREVE, que começa na madrugada do dia 11. Ninguém imag-inava, naquele momento, o que aconte-ceria nas próximas três semanas. Foram inúmeras e exaustivas as negociações, no âmbito do MPT, da prefeitura de Gaspar e do TRT/12a Região. Finalmente o patrão

cedeu, em especial, no pagamento do tíquete alimentação. Recolocar o taman-ho da greve, 14 dias sem tarifa etc etc ...Em Blumenau, a Pauta de Reivindicações é oficialmente entregue ao segmento patronal. A campanha salarial foi bastan-te atípica. Mesmo se desenrolando por longos dois meses, com idas e vindas, a mesa de negociação superou os impass-es. Assim, a Assembleia Geral aprovou a proposta apresentada e, pela primeira vez, o ACT foi assinado sem paralisações ou greve. Além disso, vencemos a dispu-ta judicial, defendendo e garantindo o di-reito do Passe Livre para Familiares, que estava ameaçado. O jornal EXPRESSO de dezembro traz uma profunda avaliação das cláusulas do acordo e, com base no texto “A ARTE DA GUERRA”, avalia que chegar ao objetivo sem necessidade de lançar mão da arma mais poderosa É UMA GRANDE VITÓRIA.

Page 36: Oito anos 01 fim

Está terminando a primeira década do sé-culo 21. Iniciamos o ano com uma vitória emblemática: a empresa Glória, que havia demitido o motorista Célio Freitas, de-sprezando seu estado de saúde, foi obrigada a recontratá-lo, pois o Sindicato GARANTIU O RETORNO do companheiro ao trabalho, por força de ação judicial. O jornal EXPRESSO de janeiro explica o que é o desconto assistencial e apela para que a categoria não se oponha ao descon-to. Independentemente de ser sócio(a), ou não, TODO MUNDO ganha com nossas lu-tas. O mínimo que cada um pode fazer para construir a luta é contribuir para o fundo de greve do Sindicato. No início de fevereiro, o EXPRESSO DO POVO comemora uma grande vitória da população. Através de ação judicial, o movi-mento popular consegue uma decisão CON-TRA O AUMENTO ABUSIVO DAS TARIFAS. A falta de cobradores(as) em vários horários e

o desconforto da maioria dos terminais tam-bém são denunciados. Em março, a publi-cação denuncia uma tentativa, comentada corredores do SETERB, de retirada de postos de trabalho de cobradores(as) no sistema. A direção do Sindicato trabalha na convo-cação de duas assembleias. Uma é geral da categoria, para discutir a prestação de contas. A outra acontece em Gaspar, abrin-do a campanha salarial dos trabalhadores daquele município. O 8 de Março, DIA IN-TERNACIONAL DA MULHER, é saudado nas páginas do informativo, assim como a cat-egoria é chamada a conhecer a nova sede do Sindicato, uma ampla e confortável casa, ainda nas proximidades do Terminal da Fon-te. O EXPRESSO de abril convida a categoria para a feijoada do DIA DO TRABALHADOR, que nesse ano acontece no Bairro da Vel-ha e, além disso, abre uma campanha de arrecadação de agasalhos de inverno, para distribuição em comunidades carentes.

[2010]

Vamos, é sua vez!

Page 37: Oito anos 01 fim

Em Maio, retornam os rumores so-bre os cortes de postos de cobradores(as) e a categoria deixa claro que jamais aceitar-ia esse ataque, mais prejudicial ainda para a população. O Sindicato anuncia o início de mais uma COPA SINDETRANSCOL DE FUTSAL: em clima de início do campeonato brasileiro de futebol e da Copa do Mundo da África do Sul, vai começar a maior “copa de barrigudos do mundo”. A equipe do MMC é a campeão do futebol da categoria nesse ano. No EXPRESSO DO POVO, o Sindica-to alerta sobre as ameaças aos postos de trabalho de cobradores(as), elencando as nefastas consequências para a qualidade e segurança do sistema de transporte, no caso de permanecerem apenas os motoristas. Em julho, temos o DIA DA CATEGORIA e o ANIVERSÁRIO DO SINDICATO. Como medida administrativa, o Sindicato adquire um novo veículo de trabalho e um terreno para a con-strução da futura sede, no qual são efetua-dos serviços de terraplanagem. O trabalho de fiscalização e de con-tato com a base é tarefa permanente da di-reção sindical. Em 18 de agosto, a categoria se reúne em assembleia para a abertura da

campanha salarial, aprovando a Pauta de Reivindicações. Lembram da alegria da vitória contra o aumento das tarifas? Pois é, o EXPRESSO DO POVO de setembro traz má notícia para a população: após a prefeitura ter contrat-ado, sem licitação, um estudo sobre trans-porte para recalcular a tarifa, o judiciário DEVOLVE o aumento para as empresas. Dois fatos chamam atenção e são emblemáticos nessa questão. Primeiro, o Poder Público, que deveria defender os interesses da popu-lação, contrata e paga técnicos para justificar o AUMENTO TARIFÁRIO contra o povo. Em segundo lugar, o instituto contratado é di-rigido e de propriedade, de um ex-secretário de Estado no governo de Vilson Kleinunbing, pai do prefeito da época. Muito sugestivo, não? Enfim, essa edição abordou, também, problemas com o troco e a paralisação das obras dos corredores exclusivos dos ônibus. No início de outubro é fechado e assinado o ACT da companheirada de Gas-par, onde também acontece algo de grande importância: a empresa DO VALE é obriga-da, judicialmente, a reintegrar ao trabalho o motorista Erico Nicoletti, um sexagenário trabalhador que foi demitido por perse-

Page 38: Oito anos 01 fim

guição, por falar em nome do Sindicato e estimular a sindicalização de seus compan-heiros de trabalho. Ainda em outubro, comemoramos a grande vitória da chapa de oposição nas eleições do Sindicato dos Trabalhadores de Frigoríficos de Chapecó. Estivemos por mui-tos meses apoiando esta oposição de luta, contra um grupo pelego que dominava o Sindicato há mais de 20 anos. Esse aconte-cimento traz algumas alterações no quadro sindical de SC, por se tratar de uma base numerosa de trabalhadores, na região dos maiores frigoríficos de aves do país. O EXPRESSO DO POVO do início de novembro alerta a população para a possibi-lidade de greve dos(as) trabalhadores(as) do transporte, que estão em campanha salarial

e com as negociações truncadas. A denún-cia sobre a contratação do instituto dirigido pelo amigo do pai do prefeito ganha força. O Sindicato consegue desmascarar a os cál-culos tarifários manipulados ao povo. Com impasse nas negociações, a categoria entra em greve na madrugada do dia ..........., per-manecendo parada por dois dias. Os patrões se rendem e, na maior cara de pau, oferecem exatamente aquilo que era reivindicado antes da greve, e que negavam, sob a alegação de que atender essa pauta quebraria as empresas. Entre outras con-quistas, é necessário destacar que a partir de agora não existe mais diferenças salariais

Page 39: Oito anos 01 fim

entre os trabalhadores das três empresas; as mesmas funções têm tratamento isonômico do ponto de vista de direitos, benefícios e re-muneração. Em mais uma edição do EXPRES-SO DO POVO, o Sindicato faz uma ampla explicação de como funciona a bilhetagem eletrônica e os cálculos tarifários, assim como a sua relação com nossos salários. A lei de greve também é abordada detalha-damente. A abordagem desses temas des-mascara as mentiras repetidas pela grande imprensa da região, que historicamente se coloca ao lado dos patrões e ataca feroz-mente qualquer tipo de mobilização de tra-balhadores(as). O último grande compromisso do ano aconteceu no dia 16/12, quando ocor-

reu a assembleia de aprovação do Plano Anual de ação sindical, na qual, foi apresen-tada e aprovada a proposta de compra de um imóvel oferecido ao Sindicato para ser a sonhada sede própria. Esta assembleia “orçamentária” consolidou-se como con-fraternização de final de ano da categoria, quando a Diretoria entrega a cada sócio um chester inserido numa bolsa térmica. É o complemento da ceia de nossas famílias e um utensílio muito necessário para “conser-var as geladas”. Com mais um ano vitorioso, do ponto de vista dos avanços de direitos, fe-chamos a primeira década do século 21 em condições muito diferentes das que tínha-mos lá no seu início. Que venha a próxima década com muitas conquistas também!

Page 40: Oito anos 01 fim

Ano novo, casa nova...

[2011]

Esse início de ano traz a consequên-cia concreta de um aprofundamento de di-vergências internas da diretoria do Sindica-to. A eleição para a Diretoria do SINTRAFITE – Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blu-menau – que ocorrerá em abril – mobiliza toda a região, dado o tamanho e importân-cia de ser o maior sindicato dessa categoria na América Latina. Havendo duas chapas, a Diretoria do SINDETRANSCOL não está unida em relação a que grupo apoiar. Esse debate está francamente aberto na categoria, que passou os primeiros anos da existência de

nosso sindicato vendo uma ação comum e unitária dos sindicatos que compunham o Fórum dos Trabalhadores de Blumenau. No entanto, ocorre o abandono de uma linha sindical mais combativa, pela Diretoria do SINTRAFITE, substituída por um claro alinhamento com a UGT, central sindical pelega e de conciliação com o pa-tronato brasileiro. Também ocorrem práti-cas questionáveis com relação a sindicatos importantes como os dos bancários e dos vigilantes, cujas diretorias se alinham com a maioria da direção do SINTRAFITE. Esses

EstafoiamanchetedacapadoEXPRESSOdejaneiro,acompanhadadeumafotodoedifícionoqualhojefuncionaasededoSindicato.DesdedeoacanhadoconjuntodesalasalugadasdaRuaAmazonas,sempresonha-moscomacasaprópria.Comtantafelicidadequantocadasócio(a)eseusfamiliares,aDiretoriaanunciouqueseconcretizaramosplanosconstruídosnaquelaassembleiaeosonhovirourealidade.

...E muitas divergências

Page 41: Oito anos 01 fim

elementos causam uma grande divisão e embate político no movimento sindical da cidade. Esta disputa expõe mais claramente as diferenças e antecipa a composição de dois grupos, também, na direção de nosso sindicato. Coisas da luta política... Feitas as adequações necessárias, ocupamos o edifício adquirido no início do ano. O EXPRESSO de março informa o novo endereço e convida a toda categoria para conhecê-lo: “Apareça, conheça e use; a casa é sua!”, dizia o convite. No dia 16, ocorreu a assembleia geral para aprovação das contas do ano anterior e, no dia 19, tivemos a as-sembleia com a companheirada de Gaspar, iniciando a campanha salarial, que lá, tem data-base em maio. O aviso na capa do EXPRESSO era: “Hei, Patrãozinho! Se liga, depois não vão mentir dizendo que não sabem porque es-tamos PARALISADOS”. Apenas três meses após a assinatura do ACT, já descumpriam cláusulas assinadas. O material trazia vários

alertas a categoria: “Faróis acessos e muito cuidado nos corredores exclusivos para ôni-bus, recentemente inaugurados em várias regiões da cidade; muito cuidado com a velocidade nos corredores e nos terminais; atenção com a nova sistemática de regis-tro de ponto eletrônico; e, continua a cam-panha de cuidados com a saúde, nesse mês tratando do problema do tabagismo.” Out-ra questão abordada é a eleição para reno-var a Diretoria do Sindicato, marcada para o dia 19 de maio. Desmentindo acusações feitas contra a maioria da Diretoria, sobre práticas antidemocráticas na condução da eleição, esse jornal, antecipa, além da data, o cronograma e os encaminhamentos legais necessários, dando a devida transparência a todo o processo eleitoral. O principal de-staque foi o DIA INTERNACIONAL DA MUL-HER, com página completa sobre a história do assassinato das trabalhadoras têxteis nos EUA e reverência à luta de enfrentamento aos preconceitos e à violência praticada con-tra as mulheres.

Page 42: Oito anos 01 fim

Na última semana do mês de março, sai mais uma edição do EXPRES-SO. Nela estão colocadas várias orien-tações sobre novas condições de nosso ACT, mas a principal manchete se refere às eleições do Sindicato, disputada por DUAS CHAPAS, que, como todos sabiam, eram reflexo da separação do grupo diri-gente. Ao longo do mandato as divergên-cias foram aparecendo e se aprofundan-do. As diferentes concepções internas do grupo não atrapalhou o trabalho conjunto em torno dos interesses de todos(as) nós, mas não havia condições de manter mais cinco anos de mandato juntos. As dif-erenças extrapolam a condução do Sindi-cato, aparecem amplamente no debate que existe em todo o movimento sindical da região. A Chapa 01 – NOSSA FORÇA É NOSSA HISTÓRIA, é liderada pelo com-panheiro Ari Germer, Presidente atual; e a Chapa 02 – INDEPENDÊNCIA, UNIDADE E LUTA, é liderada pelo companheiro Lou-

renço Klein, candidato a Presidente. Em Chapecó, a partir da eleição de combativos companheiros para a Di-retoria do SINTRACARNES, iniciamos um trabalho conjunto. O SINTRACOL passa a ser o quarto sindicato de rodoviários a in-tegrar o trabalho conjunto realizado pelos sindicatos de Blumenau, Florianópolis e Araranguá. Nos últimos dias do mês de abril e primeiros do mês de maio, o EXPRESSO é publicado contendo uma grande entrevis-ta com o Coordenador da Comissão Eleito-ral, o companheiro Cleiton Muniz, eleito em assembleia geral para esse fim. Ele explica detalhadamente como ocorrerá o processo eleitoral, como será a cédula e outros detalhes. O debate nos terminais é intenso. O cotidiano da galera se mistu-ra com a acirrada disputa entre as duas chapas. Coisas da democracia... Esse ano é adiada a feijoada do(a) trabalhador(a), para o período pós eleitoral.

Apesar de grandes embates e acirrada disputa de posições, as eleições ocorrem no dia 19 de maio, como o previsto, com tran-quilidade. A coleta de votos inicia-se na madrugada e dura o dia todo. No início da noite as urnas são recolhidas ao Sindicato e inicia-se a apuração dos votos. No início da madrugada seguinte se inicia a fes-ta da Chapa 01, NOSSA FORÇA É NOSSA HISTÓRIA, que saiu vitoriosa das eleições com .......... votos, contra ........ votos, concedidos a Cha-pa 02 – INDEPENDÊNCIA, UNIDADE E LUTA. Houveram, ainda, ...... votos em branco e ......votos nulos. A posse da nova gestão ocorre em 1o de agosto.

Duas chapas disputam o Sindicato

As eleições ocorrem em clima de tranquilidade

Page 43: Oito anos 01 fim

E segue a vida No dia 19 de junho ocorre a quinta feijoada do trabalhador(a) e o grande sucesso da festa é mostrado no EXPRESSO do início do mês de julho, que tem matéria principal sobre a greve da nossa categoria ocorrida em Chapecó. A luta da companheirada do Oeste é fruto de nossa ação conjunta, que reúne quatro sindica-tos de rodoviários num grupo chamado de CO-LETIVO. Lá a greve não foi fácil. A categoria não lutou unificadamente. O patrão se aproveitou disso e de suas ligações com o Poder Público e a PM/SC. Mesmo com todas as dificuldades, re-pressão e ameaças, a intransigência patronal foi quebrada e chegou-se a um acordo, inclusive com garantias futuras contra perseguições. Como já vem acontecendo nos últi-mos anos, o mês de julho se encerra em clima de confraternização da categoria, com o DIA DA CATEGORIA e o ANIVERSÁRIO DO SINDICATO.

O já tradicional “Parabéns para Você”, em tor-no de um belo e gostoso BOLO não pode faltar! Agosto inicia nesse clima festivo, com a posse da nova Diretoria, momento de reafirmação do compromisso com a manutenção da linha de ação sindical e política adotada, assim como renovação do compromisso com a classe tra-balhadora. Na luta de rua, no enfrentamento dire-to com a patronal, e seus governos, estaremos com quem na luta estiver, mesmo lamentando que a maior parte dos integrantes do campo político no qual estávamos inseridos, em espe-cial os do Fórum dos(as) Trabalhadores(as), a cada dia se degeneravam, trocando a defesa da classe trabalhadora, pelas alianças com pelegos e oportunistas do sindicalismo brasileiro. Nas semanas seguintes tivemos: fecha-mento do ACT da categoria em Gaspar; e, hom-

Page 44: Oito anos 01 fim

enagem, com a entrega de MENÇÃO HONRO-SA, feita pela Câmara de Vereadores(as) de Blumenau, ao SINDETRANSCOL, reconhecen-do a importância do Sindicato e os relevantes serviços prestados ao transporte da cidade. Companheiras da direção do Sindicato participam de atividade de formação da UBM – União Brasileira de Mulheres. Enquanto isso, integrantes da Diretoria estiveram em Curitiba, onde conheceram, melhor, o funcionamento do sistema de transporte da cidade e tiveram reuniões com dirigentes sindicais de nossa cat-egoria naquela região. No dia 24 realizou-se a Assembleia Geral de abertura da campanha salarial em Blu-menau, quando definiu-se a Pauta de Reivindi-cações, posteriormente, entregue aos patrões, assim como, as linhas gerais de ação sindical para esse período. Em setembro, o Sindicato cumpre mais uma etapa do trabalho de “educação em saúde”, discutindo os benefícios de atividades físicas e combate ao sedentarismo, grave prob-lema em nossa categoria. Também foi denun-ciada, publicamente, a precariedade de muitos dos ônibus que atendem a população em Blu-menau e em Gaspar, que colocam em risco a segurança e a saúde das pessoas. É o mês de mais uma COPA SINDE-TRANSCOL DE FUTSAL, mas nem tudo anda bem. Entre os dias 8 e 12 de setembro, a popu-

lação do Vale do Itajaí sofre, mais uma vez, com enchentes em função das fortes e constantes chuvas. A nova sede do Sindicato fica tomada por mais de um metro e meio de água. Mais uma vez demonstramos nosso poder de rápida recuperação e nos fortalecemos como um povo de luta. Superados os efeitos das intempéries, foram retomados os jogos de futsal da catego-ria e impulsionada a campanha salarial, duran-te todo o mês de outubro. Todo ano é a mesma coisa: negociações que demoram a iniciarem e são arrastadas pelo segmento patronal. Em nova edição, o EXPRESSO DO POVO dialoga com a cidade sobre o transporte e as reivindicações da categoria. Não nos cans-amos de explicar a relação entre nossas reivin-dicações e os custos a serem repassados para as tarifas, pois essa é uma questão central. Os patrões e a administração do SETERB não se cansam de enganar a população e divulgar contrainformações e mentiras no intuito de nos indispor com usuários(as) do transporte. Por isso, com quadros de dados e gráficos de-talhados, de fácil compreensão, mostramos que as tarifas têm aumentado, na média, em aproximadamente 3,5 vezes a mais do que o custo real dos Acordos Coletivos. A população acaba por demonstrar confiança nas nossas in-formações, cansada das manipulações a que é submetida. A forma de condução dos trabalhos de atendimento as novas vítimas das recentes

Page 45: Oito anos 01 fim

enchentes contribuiu muito nessa disputa. Fica bem caracterizado o oportunismo político, principalmente para justificar a paralisação das obras dos corredores de transporte e a falta de manutenção dos abrigos nos pontos de em-barque/desembarque, espalhados pela cidade. O interesse da elite local em destru-ir o SINDETRANSCOL não tem limites. No fi-nal de novembro, o então vereador Marcelo Schrubbe entra com projeto de lei para alter-ar a lei municipal que garante a necessidade de dois(duas) trabalhadores(as) por ônibus, apresentando um estudo onde seria possível diminuir o preço das tarifas, em R$ 0,30, se ex-terminasse a função de cobrador(a). Em pou-cos dias a posição do vereador irresponsável é literalmente massacrada, até mesmo por inte-grantes de seu partido político. É nítida a mera intenção de criar mais factoides para atrapalhar o trabalho do Sindicato e a luta da categoria em campanha salarial. O debate sobre custos das empresas é abordado em mais uma edição do EXPRESSO DO POVO, ficando cada vez mais clara a ma-nipulação de dados e informações do SETERB, cuja função é ser “mais uma sala das empre-sas”. A edição do jornal coloca os impasses da negociação, mostrando o quanto é mentirosa a campanha patronal, via imprensa, que car-acteriza a categoria como “intransigente e que busca meramente o desgaste político do pre-

feito, e de vereadores, com vistas às eleições municipais do próximo ano.” Esses ataques se intensificam em função de algumas pequenas e parciais paralisações que a categoria realiza, para pressionar os patrões a negociarem com mais seriedade. É intenso o debate público e na mesa de negociações. O irresponsável vereador Marcelo Schrubbe anuncia que está processan-do o SINDETRANSCOL por ter sido chamado, publicamente, de “playboy”. Seria cômico, se trágico não fosse, um vereador de uma cidade com tantos problemas como Blumenau estar se prestando a usar seu mandato público com o ridículo intuito de ajudar os barões do trans-porte. O acerto na estratégia, e a pressão ex-ercida por nosso movimento, acabam por levar o patronato a ceder em pontos importantes da negociação. Com isso a categoria, reunida em assembleia, decide por aceitar a proposta patronal e fechar o acordo coletivo do próximo ano. A manchete de capa da última edição do ano do EXPRESSO DO POVO questiona: “O que dirão a imprensa e os patrões?”, referindo-se ao fato de termos chegado a acordo SEM A GREVE, que insinuavam que era o único objeti-vo do Sindicato. Mais uma vez, o ano é fechado com a assembleia de aprovação do Plano Orça-mentário e de Ação sindical para o próximo período, com a tradicional confraternização de final de ano: todo mundo na fila para receber seu brinde de final de ano.

Page 46: Oito anos 01 fim

[2012]

O primeiro número do EXPRESSO no ano, além de trazer temas do cotidiano de tra-balho nas empresas, destacou, mais uma vez, a relação entre nosso Acordo Coletivo e o aumento de tarifas do transporte, que ocorre, anualmente, em janeiro. Matéria de grande destaque, também, foi sobre a importância das CIPAS. Em fevereiro, vári-os segmentos dos movimentos sociais tomaram as ruas de Blumenau para prote-star contra o aumento do valor das tarifas do transporte. Novamente, o SINDETRANSCOL apoia a luta da juventude e do povo por um transporte melhor e demonstra que o preço da tarifa tem subido muito mais que as con-quistas da categoria. O EXPRESSO garante o apoio do Sindicato à luta do povo, e destaca a importância do Acordo Coletivo recente-mente fechado com o segmento patronal, além de publicar os balancetes financeiros da entidade e convocar a categoria, em Gas-par, para o início da campanha salarial. Em março, Acorda, Raimundo! foi o

filme utilizado na atividade política do Sindi-cato no Dia Internacional da Mulher, pri-meiro grande ato realizado contra misoginia e em defesa de políticas públicas voltadas para a mulher. O EXPRESSO dedicou uma pá-gina inteira a cobertura desse evento, assim como em relação à importância das CIPAS em nosso cotidiano. Também foi noticiada a atividade de formação sindical com a Direto-ria. Em abril, o EXPRESSO convida todos para a atividade do 1o de Maio e a tradicio-nal Feijoada, na matéria de capa, destacan-do a história das datas. Como sempre, traz várias matérias sobre os problemas da cat-egoria e a prestação de contas do Sindicato. Já em maio, o jornal tem na capa imagens de dois históricos momentos: a atividade de 1º de Maio, realizada pelo Sindicato, e a GREVE de nossa categoria em Florianópolis. Desta-ca ainda, que a categoria se levanta em luta também em outras regiões do país, listando as principais conquistas. A grande novidade,

Ano de eleição municipal ... E de uma prova de fogo

Page 47: Oito anos 01 fim

porém, é a APROVAÇÃO DA LEI 12.619/12, a conhecida LEI DOS MOTORISTAS. Depois de décadas nas gavetas, o Congresso aprova, e a Presidenta Dilma Roussef sanciona, essa lei pode mudar muito nossas vidas, especial-mente do segmento rodoviário. Em junho, a companheirada de Gas-par estava “pintada pra guerra”, o que facil-ita a conquista de um bom acordo coletivo. As obras no Terminal do Aterro são outro destaque do mês nas tarefas da Diretoria. Inclusive ocorreu um “trancaço” do estacio-namento, num justo protesto da categoria. Com a campanha de Gaspar resolvida, a Diretoria pode se voltar para a organização das atividades alusivas ao dia da categoria, 25/07, e ao aniversário de fundação do Sindi-cato e nosso tradicional “Parabéns”, com bo-los distribuídos nos locais de trabalho. A capa do EXPRESSO de agosto estampa a assembleia da categoria abrindo a campanha salarial, mas o grande destaque são as greves na empresa Santo Anjo, em Florianópolis, e, também, da nossa catego-ria em Chapecó, a segunda em dois anos. A comemoração do ANIVERSÁRIO DO SINDI-CATO, em 29 de julho, e as primeiras aval-iações sobre as eleições municipais, tam-bém são destacados pelo informativo.

O EXPRESSO de setembro está re-cheado de novidades e traz uma cobrança direta à categoria, que andava um tanto aus-ente das atividades da campanha salarial em Blumenau. Outro destaque foi o vitorioso resultado da greve de Chapecó, que serviu para conscientizar a categoria da necessi-dade da unidade e lutas conjuntas em todo o Estado e no País. É nesse clima que a Pauta de Reivindicações é entregue aos patrões e ao Poder Público, em Blumenau. Uma das conquistas da campanha da categoria em Gaspar é a inauguração de uma SALA DE CONVIVÊNCIA, toda equipa-da, no terminal central daquele município, o que contrasta com nossa denúncia sobre as péssimas condições do mesmo espaço no terminal do Garcia, em Blumenau. A em-presa Glória havia atrasado o pagamento de salários e tíquetes alimentação em meses anteriores. Com ação do Sindicato, a empre-sa depositou os valores das multas previstas pelos referidos atrasos, os quais o Sindicato repassou para os trabalhadores. Ainda em setembro, o Sindicato pu-blica dois Boletins Informativos Extras: um sobre a falta de negociações, já que chegá-vamos ao final do mês e os patrões faziam de conta que nada tinham recebido; o outro

Page 48: Oito anos 01 fim

se referia às eleições municipais, mais uma vez alertando para a importância de um voto consciente, em candidaturas ligadas as nossas lutas. No mês de outubro, finalmente iniciam-se as negociações. Foram realiza-das três reuniões seguidas, mas os patrões só choramingavam miséria e se negavam a negociar com seriedade. Por isso, o “bi-cho pegou”. Houveram pequenas e rápidas paralisações da categoria, o que levou os patrões a recorrerem ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Justiça do Trabalho. E não é só de luta que vivemos: tivemos mais uma Copa SINDETRANSCOL de FUTSAL, que foi um sucesso. O mês de novembro nos coloca, literalmente, uma prova de fogo. Quando discutíamos a reta final da campanha sala-rial, a partir do pedido da Presidência do Tri-bunal do Trabalho, para a categoria tivesse “paciência”, nos vimos envolvidos em uma onda de violência, com ônibus sendo alvos de incêndios em várias regiões do Estado. Nossa Comissão de Negociação pede um tempo ao Tribunal, o que foi imediatamente concedido. O Sindicato publica um jornal EX-PRESSO DO POVO, assumindo compromisso de não encaminhar nenhuma mobilização

enquanto a sociedade vivesse aqueles mo-mentos de tensão. Por outro lado, esclarece os impasses da negociação e as mentiras patronais sobre a relação salários e tarifa do transporte. No início de dezembro, com a vida voltando ao normal em todo o Estado, au-mentamos a pressão sobre os patrões e paralisamos a empresa Glória, que estava sendo a “pedra no sapato” das negociações. Foi o suficiente para “amolecer os corações de pedra” do segmento patronal e chegar-mos a ótimo acordo coletivo, encerrando a campanha salarial e realizando uma as-sembleia de planejamento de 2013, com o momento da entrega do “brinde de final de ano”.

SINDICATO E A POLÍTICANão podemos fechar a avaliação deste ano sem mencionar um intenso debate ocorrido em nosso meio. As orientações da direção sindical, durante o processo eleitoral munic-ipal, geraram algumas críticas e cobranças por parte da categoria. Foi muito bom o acontecido, porque tirando a “meia dúzia” de “ventríloquos de patrão”, o restante das críticas era somente motivada por falta de esclarecimento.

Page 49: Oito anos 01 fim

A política é “um dos MAIORES TABUS” cri-ados para enfraquecer os sindicatos de trabalhadores(as) no Brasil, impedindo-os de participação mais direta. É assunto no qual os(as) poderosos(as) não brincam em serviço e a “dona Lei” cuida direitinho, para que o sistema de poder não seja ameaçado. No senso comum, falar de política é falar só de partidos e eleições, essas coisas, que o Sindicato não tem que se meter. Essa com-preensão propositadamente simplista e limitada esconde a verdadeira essência do termo. De origem grega, “politiká” é uma derivação de “polis”, que designa aquilo que é público. Portanto, o significado de política está relacionado com tudo aquilo que diz respeito ao espaço público. Por isso, todas as pessoas e toda organização coletiva po-dem e devem participar da política. É preci-so enfrentar a lei que discrimina e pretende proibir os sindicatos de trabalhadores(as) de participarem da vida política do país. É fácil compreender porque a classe dominante tenta impedir que sindicatos fortes e repre-sentativos orientem os(as) trabalhadores(as) no momento das eleições: isso diminui mui-to as chances de corruptos e de patrões se elegerem. A posição do SINDETRANSCOL é clara:

sindicatos não podem ser partidarizados, dinheiro e patrimônio do Sindicato não po-dem ser utilizados em campanhas eleitorais. Porém, orientar a categoria, alertar sobre a conduta e história dos(as) candidatos(as), é OBRIGAÇÃO de qualquer sindicato sério, as-sim como orientar o voto em candidaturas da luta popular. E isso foi feito com tranqui-lidade.

Page 50: Oito anos 01 fim
Page 51: Oito anos 01 fim
Page 52: Oito anos 01 fim

[2013]

Sem superstições, começa o ano

Page 53: Oito anos 01 fim
Page 54: Oito anos 01 fim
Page 55: Oito anos 01 fim
Page 56: Oito anos 01 fim

Nas próximas páginas, nossa síntese históri-

ca entra por outros caminhos da vida da entidade

sindical e da galera do transporte. A visão sobre

os sindicatos, e de seu papel, é muito contraditória.

É muito comum a palavra sindicato soar negativa-

mente, em virtude da deliberada confusão e detur-

pação de seu papel, propositalmente disseminadas

ao longo do tempo.

Podem-se encontrar definições para todos

os gostos. O SINDETRANSCOL nasce a partir de

uma compreensão classista, democrática e popu-

lar de uma entidade que deve ser um instrumento

da categoria e de toda classe trabalhadora. Essa

compreensão é a mais ampla possível, dando con-

ta dos mais variados aspectos da vida dos(as) tra-

E aí?

Vamos refletir, comemorar, celebrar, correr e sorrir?

balhadores(as). As atividades sociais, artísticas, es-

portivas, de lazer, congraçamento, comemoração,

reflexão,enfim,dasmaisvariadasnaturezas,foram

e são impulsionadas e valorizadas, fazendo do

Sindicato um PONTO DE ENCONTRO, não só da

categoria, mas das famílias e amigos. Como diz o

ditado popular: “nem só de pão vive o homem”. E

nós dissemos: “nem só de assembleia vive nossa

convivência”.

Faremos uma rápida retrospectiva das várias

atividades, algumas mais antigas e outras mais re-

centes, que foram desenvolvidas ao longo dess-

es oito anos, as quais motivaram muitas alegrias,

emoções,lágrimasesorrisos.Escreveremospouco,

porque imagens falam mais do que mil palavras.

Page 57: Oito anos 01 fim

Esporte é vidaSem perseguir um caráter competitivo, mas de atrair e unir a categoria e familiares, de divulgar valores

coletivos, de convivência e de hábitos de vida mais saudáveis, o esporte é uma atividade muito legal e

envolvente.Confira!

Em nosso país, esporte é sinônimo de fute-

bol. E foi o campeonato dessa modalidade, a pri-

meira atividade esportiva desenvolvida pelo Sindi-

cato, para não falar jogos de cartas de baralho, que

é atividade diária nas rodas de conversa. Em 2006,

com poucos meses de existência, organizamos um

campeonato de futebol Suíço, que coroou os pri-

meiroscampeões,aequipeLUNÁTICOS.

foto ..... ano a galeria dos campeões regis-

tra: 2007: ................; 2008: ........................;

2009:....................; 2010:..........; 2011:...............;

2012: ..................; 2013: ....................

E não pensem, machistas de plantão, que a mul-

heradaficouforadessa.Claroquenão!Eestãoba-

tendo um bolão.

FUTEBOL: aqui ele nasceu SUIÇO e virou FUTSAL

Page 58: Oito anos 01 fim
Page 59: Oito anos 01 fim

Chegamos a um sonho, quase teimosia, do companheiro Marciano. Com certo descrédito no

começo, realizamos a 1a Olimpíada da categoria, que aconteceu em ......................................., com

muita “competição”, risadas e resultado muito positivo. Foi uma forma importante de incluir as mulheres

nas atividades esportivas. A participação de familiares também foi um ponto alto da iniciativa.

OLIMPÍADAS:haja fôlego... para rir!

Page 60: Oito anos 01 fim

O mês em que

agradecemos cheios

de emoção às nossas

mães, inicia com uma

data especialíssima: 1o

de Maio, mundialmente

celebrado como O DIA

DO TRABALHADOR.

Muito mais do que um

simples feriado, no Bra-

sil decretado para ten-

tar esvaziar seu sentido

original de resistência,

este é um dia de luta,

de luto e de comemo-

rações.

É dia de luta

porque foi assim que na-

sceu, na cidade de Chi-

cago, em 1886, quan-

É dia de feijoadado operários em greve

pela redução da extensa

jornada de trabalho e

outros direitos sonega-

dos, foram brutalmente

reprimidos pela policia

de Estado e milícias pa-

tronais. Trabalhadores

que lideravam o mov-

imento foram assassi-

nados pelo Estado após

julgamentos de exceção,

que deveriam enverg-

onhar o judiciário esta-

dunidense até os dias

de hoje. As sábias pa-

lavras de August Spies,

uma das principais lid-

eranças, durante seu

julgamento e dirigidas

aos juízes/algozes, se

tornaram uma profecia,

principalmente a partir

da decisão de congres-

sos operários internacio-

nais de 1889, que con-

sagraram a data, e das

jornadas de luta que se

espalharam pelo mundo

nesse dia. Foi imposta à

elite patronal o reconhe-

cimento das atrocidades

cometidas e conquista-

do um dia oficial para

refletirsobreopapelso-

cial do trabalho.

hep ta : / /p t .w i k ipe -

dia.org/wiki/August_

Spies#mediaviewer/

File:August_Spies_por-

trait.jpg

Nos primeiros

anos a repressão con-

tinuava brutal e a luta

foi se impondo. Ainda

hoje, em todo mundo,

há repressão do Esta-

do sobremanifestações

de trabalhadores(as)

nessa data, mas está

consolidada como uma

data mundial de con-

sagração ao tema. No

Brasil, a partir de violên-

cia e mortes, o Presi-

dente Artur Bernardes

acabou sendo obrigado

a decretar o dia como

feriado, inclusive para

[Primeiro de Maio]

Page 61: Oito anos 01 fim

É dia de feijoadatentar esvaziar as man-

ifestações e lutas que

ocorriam. Os patrões,

por sua vez, trataram de

organizar missas, festas,

campeonatos de futebol,

churrascos, sorteios e

toda sorte de iniciativas

que buscam desviar a

atenção do trabalhador

para o sentido da data

e o superar o protago-

nismo dos sindicatos, e

crescentemente, foram

ganhando a adesão

de direções sindicais

pelegas. Infelizmente,

mesmo organizações

sindicais que nasceram

classistas e de luta, hoje

se apelegaram. Pro-

movem shows e sortei-

os,geralmentefinancia-

dospelospatrões,para

reunir trabalhadores(as)

nesse dia, muitas vezes

sequer lembrando as

razõesdadata.Édiade

luto, porque temos que

reverenciar milhares de

companheiros e com-

panheiras que foram

brutalmente espanca-

dos(as), presos(as), tor-

turados(as) e mortos(as)

ao longo da história, por

lutarem por uma vida

melhor, por um aumento

do estágio civilizatório. É

dia de comemoração,

porque já avançamos

muito e temos conquis-

tas históricas a celebrar

e para servir de exemplo

para novas lutas.

A marca dessa

celebração em nossa

categoria é a tradicion-

al Feijoada, que reúne

as famílias e convidados

que participam ativa-

mente em nossas lutas.

Nesses encontros, a

música, o teatro, a di-

versão são parte da vida

dos trabalhadores, mas

não mascaram o sentido

desse dia, onde jamais

deixamos de relem-

brar a história e home-

nagear nossos heróis e

heroínas. É assim, an-

ualmente desde 2007,

que o SINDETRANSCOL

se fortalece e educa seus

representados, marcan-

do um dia que é NOS-

SO.

Page 62: Oito anos 01 fim

Muito do que foi

dito sobre o Dia do Tra-

balhador, serve para o

Dia 8 de Março, dedi-

cado ao DIA INTERNA-

CIONAL DA MULHER.

Sem cair na “espar-

rela de floricultura”, o

SINDETRANSCOL sem-

pre dedicou um espaço

ao debate da questão

da mulher. Especifica-

mente em março, por

uma iniciativa de nos-

sa guerreira Marlene

Satiro, nos últimos três

anos a Diretoria vem en-

caminhando atividades

lúdicasedereflexãoso-

bre a questão do femini-

no em nossa sociedade.

Desde 2012,

anualmente em março,

temos reunido as com-

É dia de nossas heroínaspanheiras da categoria e

de nossas famílias, para

uma atividade especifi-

camente delas. Naquele

ano foi exibido o cur-

ta metragem Acorda,

Raimundo (1990), que

relata a agonia de um

homem, machista, que

dorme e sonha que vivia

numa sociedade onde

as mulheres exercem

o papel masculino, de

opressor, e os homens

exercem o papel femini-

no. Pense no “cagaço”

dos homens diante da

realidade de passar o

dia cozinhando, cuidan-

do de filhos, limpando

a casa, lavando roupa

e, no início da noite, ter

que aturar a mulher em

casa, chegando do tra-

balho depois de “tomar

umas” com as amigas

nobar.Foimuitolegal!

Em 2013, foi a

vez do teatro dinamizar

o debate, onde a dra-

maturga, atriz e conta-

dora de histórias, Hele-

ninha,através “dosfios

da vida e de seu tear

imaginário”, teceu con-

cretamente a história

da exploração feminina

no mundo do trabalho.

O evento aconteceu no

dia ........... Trouxemos

de volta o cinema como

meio de promover a

necessária reflexão so-

breotema.Ofilmeex-

ibido como abertura do

debate e da atividade

gastronômica foi Terra

Fria, que retrata o ma-

chismo e o assédio mor-

al e sexual no ambiente

de trabalho. Em seguida

houve um rico debate

com a presença da com-

panheira Meri, trabalha-

dora na empresa Verde

Vale, que se tornou a

PRIMEIRAMULHERMO-

TORISTA no sistema de

transporte de Blumenau.

Para nossa re-

flexão, fica a frase de

abertura da fala da

companheira: “Nos pri-

meiros dias, até mul-

heres que chegavam na

porta do meu ônibus,

quando viam que era

uma mulher no volante,

voltavam a sentar, para

esperar o próximo”.

Fotos e uma

mensagem tradicional

do movimento feminista

[Oito de Março]

Page 63: Oito anos 01 fim

[Julho]

Tem bolo e comemoração O dia 25 de ju-

lho é tradicionalmente

considerado o dia dos

motoristas. Em nosso

sindicato temos tratado

como sendo o DIA DA

CATEGORIA. O evento

mais marcante acon-

tece no dia 29, dia da

FUNDAÇÃODOSINDI-

CATO, como se fosse

um presente da vida, ao

dia da categoria.

Desde 2007,

quando completou o

seu primeiro ano, as da-

tas são conjuntamente

celebradas, em cada lo-

cal de trabalho. Em tor-

no de um grande bolo,

regado pelo café trazido

de casa por cada um(a),

a categoria se reúne

comemorando seu dia

e o aniversário do seu

INSTRUMENTODEMU-

DANÇA.Não esqueça-

mos que em Blumenau

há mais um motivo para

celebrações e reflexões

sobre nosso cotidiano.

Instituído por lei munic-

ipal, votada na Câmara

de Vereadores, o dia 15

de janeiro foi consagra-

do como o dia DO(A)

COBRADOR(A). Fotos

Page 64: Oito anos 01 fim

Para fechar cada ano, é realizada no mês de dezembro a assembleia em que se discute o Plano de

Ação do Sindicato para o ano seguinte. É momento de lembrar do que ocorreu, construir expectativas de

um futuro melhor e, tradicionalmente, receber aquela lembrança do Sindicato, como reconhecimento da

participaçãodetodosnaslutasenasatividadesaolongodoano.Confira.

Fotos

Nos finais de ano tem assembleia e algo mais...

Page 65: Oito anos 01 fim

Outro regis-

tro essencial de todo o

trabalho realizado até

aqui, é o grande inves-

timentonaFORMAÇÃO

CULTURAL/POLÍTICA

da Direção e da base da

categoria. Esse Sindica-

to se transformou numa

grande referência de

luta e de conquistas em

toda a sociedade, por-

tanto, exerce influência

para além dos limites

da categoria, e se dif-

erencia, especialmente

em meio ao universo de

peleguismo e descom-

promisso com a classe

trabalhadora, que a es-

magadora maioria dos

sindicatos da região

demonstram.

O trabalho de

[Formação]

Qualificação pra “fazer bonito”

formação política da

base é algo extrema-

mente complexo de ser

feito. Desde a relação

cotidiana dos(as) diri-

gentes com a categoria,

atéchegarnasreuniões

e assembleias, o traje-

to é longo, e passa por

cultivar o interesse pe-

las atividades sócio-cul-

turais-comemorativas,

pelos materiais, jornais,

boletins, etc. Cada in-

stante dessa relação

tem esse sentido de con-

strução de “um novo ol-

har sobre a realidade”.

No conjunto da

categoria destacam-se

dois grupos, nos quais

esse investimento foi

mais concentrado e tem

métodos mais claros e

experimentados de for-

mação: o coletivo de di-

rigentes do Sindicato; e

o coletivo de lideranças

intermediárias da cate-

goria; entre os quais es-

tão os(as) Cipeiros(as),

os(as) integrantes das

Comissões de Nego-

ciação e formadores de

opinião nos locais de

trabalho, entre outros.

Palestras, filmes,

documentários, debates,

aulas expositivas e inter-

ativas, viagens de estu-

do e pesquisa, esquetes

teatrais, apostilas, cur-

sos a distância, os con-

vênios com o SEST/SEN-

AT para os cursos de

qualificação profission-

al e obrigatórios para

nossa atividade, foram

os principais veículos

utilizados na formação

de toda essa compan-

heirada, em muitos mo-

mentos, conjuntamente

com companheiros de

Araranguá, Chapecó e

Florianópolis.

Confira alguns

desses momentos,

porque “prá representá

bonito” a categoria, é

preciso estudar e con-

hecer.

fotos

Page 66: Oito anos 01 fim

Apesar de tra-

balharmos em empresas

privadas, estamos en-

volvidos na operação de

um SERVIÇO PÚBLICO

e, consequentemente,

no ATENDIMENTO DO

POVO. Enquanto tra-

balhadores(as), fazemos

parte de UMA CLASSE

SOCIAL. Apesar de

clarasespecificidadesem

cada categoria profis-

sional, temos também

muitos interesses, direit-

os e problemas comuns,

independentemente de

se trabalhar numa sala

de aula, numa indústria,

num ônibus, num comér-

cio ou num banco.

Compromisso público e solidariedade de classe

É por isso que es-

tivemos juntos(as) em in-

úmeras lutas sindicais e

populares, na região e no

Estado todo. Estivemos

juntos(as) nos momen-

tos mais tristes e trágicos

dos fenômenos climáticos

que afligem nosso povo

no Vale do Itajaí. O Sindi-

cato liderou várias inicia-

tivas, desde a abertura

de conta bancária para

contribuições financeiras

em solidariedade aos

atingidos (trabalhadores

de nossa categoria ou

de outras), até a central-

ização da arrecadação e

distribuição de donativos.

As imagens falam por si.

Page 67: Oito anos 01 fim

[Causos]Um“causo”inesquecívelfoiocasamentodoSeuJoaquimcom

a Dona Maria, celebrado na Praça, durante atividade da vito-

riosa greve de seis dias, de 2007, em meio à luta pela redução

da jornada de trabalho. “Seu Joaquim” é cobrador da empre-

sa Glória há XX anos. Sua companheira de vida, Dona Maria,

é a sorridente e falante senhora que vendia café e salgadinhos

nasimediaçõesdoTerminaldoAterro. Populares entre a

categoria, viviam juntos há décadas e resolveram se casar for-

malmente.Sóqueadatamarcadaacabouficandoemmeioà

greve decidida pela categoria. Nas palavras de Seu Joaquim:

“Que momento melhor poderia ter para fazer a cerimônia re-

unido com os(as) amigos(as)?”

Page 68: Oito anos 01 fim
Page 69: Oito anos 01 fim

Teles: um ser iluminado, um ser especial ...

Ednilson Teles,

popularmente conheci-

do como TELES, era um

cara simples, ativo e alti-

vo sem ser arrogante, de

posiçõesfirmessemper-

der a ternura. Primeiro

jornalista do Sindicato,

maisqueumprofission-

al contratado, era um

apaixonado militante

das causas populares e

adorava o que fazia e

tinha bem compreendi-

do o papel manipula-

dor da mídia/imprensa

comercial lucrativa.

Esse baixinho,

de olhos ávidos e bar-

ba rala, tinha rara com-

petência e habilidade no

exercício de sua profis-

são e de sua militância.

Criador, incentivador e

operador da rádio co-

munitária da Fortaleza,

chegou a ser preso pela

Polícia Federal, que a

considerava clandestina.

Sua luta, as ameaças e

a opressão sofridas não

foram em vão: hoje a rá-

dio comunitária da For-

taleza, está ativa e falan-

do para a comunidade,

e tem seu nome. Longa

vidaparaaRÁDIOCO-

MUNITÁRIA EDNILSON

TELES, do bairro For-

taleza para o mundo,

via internet! Também é

criação dele a LOGO-

MARCA do Sindicato,

assim como o primeiro

projetográficodojornal

EXPRESSO. Junto com

Ricardo Freitas defendeu

a ideia da publicação de

umjornalunificadodos

MOVIMENTOS SOCI-

AIS. Daí nasceu a FOL-

HA POPULAR, aban-

donado pelos demais

sindicatos que se diziam

comprometidos com

esse projeto na épo-

ca, transformou-se no

EXPRESSO DO POVO,

hoje mantido apenas

pelo SINDETRANSCOL e

comparticipaçõeseven-

tuais do SINTRASEB, dos

Trabalhadores Munic-

ipários(as).

Teles foi ASSAS-

SINADO na BR 470. Seu

humilde “Uninho 1.0”,

conduzido por um zelo-

so motorista, que dirigia

tão devagar que chega-

va a irritar, foi atingido,

na contramão, por um

carrão, conduzido em

alta velocidade por uma

madame irresponsável,

que fez uma ultrapas-

sagem forçada numa

curva da rodovia. Infe-

lizmente, na mão inva-

dida, trafegava nosso

companheiro, que ali

mesmo perdeu a vida...

eanós,perdemosUM

IRMÃO!

Ricardo Freitas

fala um pouco: “Era um

Domingo, final de tar-

de. Eu estava em casa,

em Florianópolis. Minha

companheira atendeu o

telefone. Em seguida me

chamou e sem conse-

guir esconder a palidez,

com toda a delicade-

za me deu a notícia da

morte que mais lamen-

tei em toda minha vida.

Registro apenas um fato

que demonstra quem

era Teles: logo que nos

conhecemos estabelec-

emos uma relação de

trabalho, de confiança

mútua e de amizade,

que parecia que éra-

mos irmãos gêmeos

convivendo por toda

uma vida. Lembro do

dia em que ele me disse

que eu não precisava

gastar grana em hotel

paraficaremBlumenau

a trabalho. Podia ficar

na casa dele. Fui para a

casa dele e, no dia se-

guinte, percebi que ele

se alojara num pequeno

quarto e numa cama de

solteiro, enquanto eu

tinha dormido no quar-

to dele, que pensava ser

o de hóspedes. Alguém

que abre as portas de

sua casa e oferece o lu-

gar mais confortável que

dispõe,paraodescanso

de um quase desconhe-

cido,ÉUMSERMUITO

ESPECIAL”.

Page 70: Oito anos 01 fim
Page 71: Oito anos 01 fim
Page 72: Oito anos 01 fim