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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISA AGGEU MAGALHÃES DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS E SERVIÇOS DE SAÚDE ANA PAULA PEREIRA DO RÊGO BARROS CÂNDIDA MARIA NOGUEIRA RIBEIRO WALTER ISABELLE PONTES BRAGA O IMPACTO DAS AÇÕES PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL NO MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO NO PERÍODO DE 2004 A 2006 RECIFE 2008

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Page 1: O IMPACTO DAS AÇÕES PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE … · de uma sociedade, o coeficiente de mortalidade infantil (CMI) estima o risco de um recém- nascido morrer antes de completar

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISA AGGEU MAGALHÃES

DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS

E SERVIÇOS DE SAÚDE

ANA PAULA PEREIRA DO RÊGO BARROS

CÂNDIDA MARIA NOGUEIRA RIBEIRO WALTER

ISABELLE PONTES BRAGA

O IMPACTO DAS AÇÕES PARA A REDUÇÃO DA

MORTALIDADE INFANTIL NO MUNICÍPIO DE SÃO

CAETANO NO PERÍODO DE 2004 A 2006

RECIFE

2008

Page 2: O IMPACTO DAS AÇÕES PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE … · de uma sociedade, o coeficiente de mortalidade infantil (CMI) estima o risco de um recém- nascido morrer antes de completar

ANA PAULA PEREIRA DO RÊGO BARROS

CÂNDIDA MARIA NOGUEIRA RIBEIRO WALTER

ISABELLE PONTES BRAGA

O IMPACTO DAS AÇÕES PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE I NFANTIL NO

MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO NO PERÍODO DE 2004 A 2006

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, do Departamento de Saúde Coletiva do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, como requisito à obtenção do Grau de Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde.

Orientadores:

Profª. Esp. Alecsandra Gomes de Lucena Oliveira

Prof. Msc. Petrônio José de Lima Martelli.

RECIFE

2008

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I34

O impacto das ações para a redução da mortalidade infantil no

município de São Caetano no período de 2004 a 2006 / Ana Paula Pereira do Rêgo Barros... [et al.]. — Recife: A. P. P. R. Barros, 2008. 56 f.: il. Monografia (Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de

Saúde) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz.

Orientadores: Alecsandra Gomes de Lucena Oliveira e Petrônio

José de Lima Martelli. 1. Mortalidade Infantil. 2. Saúde da Criança. 3. Planos e

Programas de Saúde. 4. Programas Nacionais de Saúde. I. Oliveira, Alecsandra Gomes de Lucena. II. Martelli, Petrônio José de Lima. III. Título.

CDU 314.4

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ANA PAULA PEREIRA DO RÊGO BARROS

CÂNDIDA MARIA NOGUEIRA RIBEIRO WALTER

ISABELLE PONTES BRAGA

O IMPACTO DAS AÇÕES PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE I NFANTIL NO

MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO NO PERÍODO DE 2004 A 2006

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, do Departamento de Saúde Coletiva do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, como requisito à obtenção do Grau de Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde.

Aprovado em: ____/ ____/ _________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Ms. Petrônio José de Lima Martelli

CPqAM/FIOCRUZ

______________________________________

Prof. Alecsandra Gomes de Lucena Oliveira

ASCES/PE

______________________________________

Ms. José Constantino Júnior

CPqAM /FIOCRUZ

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A Deus, porque sem Ele mais essa conquista não seria possível.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, porque sem Ele nada seria possível.

Às nossas famílias, pelo imenso apoio.

Por fim, mas não menos importante, a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, de

alguma forma para a construção do presente trabalho.

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A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação.

Oscar Wilde.

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RESUMO

Considerado um indicador não só da saúde infantil, mas também do nível de desenvolvimento de uma sociedade, o coeficiente de mortalidade infantil (CMI) estima o risco de um recém-nascido morrer antes de completar um ano de vida, expressando a capacidade de uma comunidade suprir as necessidades básicas, como alimentação, moradia e saúde, de seus recém-nascidos. Em 2000, as mortes causadas pelas doenças originadas no período perinatal passaram a responder por mais de 60% dos óbitos infantis em todos os grupos. Pesquisas evidenciam alterações significativas na estrutura do CMI ocorrida ao longo dos últimos 20 anos. O Programa Estadual Criança Feliz (PE) visa acompanhar de maneira mais acentuada a saúde e o desenvolvimento de crianças de até um ano de vida, população considerada de maior risco, desde que preencham certos requisitos. Como adaptação do supracitado Programa, o município de São Caetano elaborou o Programa Criança Saudável, que, desde o ano de 2005, com a mudança de Gestão no município, foi implantado no âmbito do município e vem apresentando resultados favoráveis à saúde da população, evidenciando considerável redução da mortalidade infantil, colaborando, assim, para construir o cenário positivo no tocante à mortalidade infantil na região. Dessa maneira, o presente estudo pretendeu avaliar o impacto das ações implantadas pelo Programa Criança Saudável de São Caetano/PE (Adaptação do Programa Estadual Criança Feliz/PE) na redução da mortalidade infantil no município de São Caetano no período compreendido entre os anos de 2004 a 2006. Ainda que tais acumulações sociais possam se constituir em políticas compensatórias e em estoques de fatores de proteção por certo tempo, continua a indagação se serão suficientes para garantir o ritmo de redução da mortalidade infantil, caso persistam as crises econômicas com aumento de exclusão social e o aprofundamento de desigualdades no acesso aos serviços de saúde e aos bens de consumo coletivo que asseguram melhores condições de vida. Diante dos resultados encontrados e evidenciados ao longo da pesquisa e exposição, pode-se inferir que a análise da mortalidade infantil por causas evitáveis tardias atua como instrumento importante de subsídio aos gestores e conselheiros de saúde no planejamento de políticas, serviços e ações de saúde, sendo relevante destacar que o presente trabalho pretende contribuir com a discussão sobre a saúde em São Caetano/PE e, conseqüentemente, no Estado de Pernambuco como um todo, oferecendo informações úteis à gestão e ao planejamento, através do estudo da redução dos índices de mortalidade infantil por causas evitáveis tardias e seus impactos na saúde no município de São Caetano devido às medidas e ações desenvolvidas pelo Programa Criança Saudável, no período de 2004 a 2006.

Palavras-chave: Mortalidade infantil. Saúde da Criança. Planos e Programas de Saúde.

Programas Nacionais de Saúde.

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ABSTRACT

It considered a not alone indicator of the childlike health, but also of the level of development of a society, the coefficient of childlike mortality (CCM) esteem the risk of a newborn die before of complete a year of life, expressing the capacity of a community supply the basic needs, as food, dwelling and health, of his newborns. In 2000, the deaths caused by the illnesses originated in the period perinatal passed it take responsibility for more from 60% of the childlike deaths in all of the groups. Researches they show up significant alterations in the structure of the CCM occurred to the long one of the last 20 years. The Programa Estadual Criança Feliz (PE) is going to accompany of way more accentuated the health and the development of infants of to a year of life, population considered of bigger risk, since fill certain requirements. As adaptation of the aforesaid Program, the town of São Caetano elaborated the Programa Criança Saudável, that, since the year of 2005, with the change of Management in the town, was implanted in the scope of the town and comes presenting favorable results to the health of the population, showing up considerable reduction of the childlike mortality, collaborating, like this, for build the positive setting when it comes to the childlike mortality. Of that way, the present study intended to evaluate the impact of the actions implanted by the Programa Criança Saudável of São Caetano/PE (Adaptation of the Programa Estadual Criança Feliz/PE) in the reduction of the childlike mortality in the town of São Caetano in the period understood between the years of 2004 to 2006. Even if such social accumulations be able to be constituted in political compensatories and in protection factors stocks by certain time, continues the inquiry will be been sufficient for guarantee the rhythm of reduction of the childlike mortality, case persist the economic crises with increase of social exclusion and the deepening of inequalities in the access to the service of health and to the property of collective consumption that assure better conditions. Faced with the results found and shown up to the long one of the research and exposition, is able to be inferred that the analysis of the childlike mortality by late avoidable causes acts like important instrument of subsidy to the agents and counselors of health in the planning of politics, service and actions of health, being prominent detach that the present work is going to contribute with the argument about the health in São Caetano/PE, offering helpful information to the management and to the planning, through the study of the reduction of the indices of childlike mortality by late avoidable causes and his impacts in the health in the town of São Caetano due to the measures and actions developed by the Programa Criança Saudável, in the period of 2004 to 2006. Key-words: Infant Mortality. Child Health. Health Programs and Plans. National Health Programs

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Números absolutos de mortes por causas mal definidas no período de 2004

a 2006 - São Caetano - Pernambuco.

32

Gráfico 2 - Distribuição dos óbitos segundo as causas no período de 2004 a 2006 - São

Caetano - Pernambuco.

33

Gráfico 3 - Distribuição de cestas básicas às famílias consideradas em risco entre 2004

a 2006 - São Caetano - Pernambuco.

37

Gráfico 4 - Número de domicílios e suas respectivas formas de abastecimento d’água

entre 2000 a 2006 - São Caetano - Pernambuco.

38

Gráfico 5 - Freqüência do nascimento segundo o tipo de parto no ano de 2004 - São

Caetano - Pernambuco.

40

Gráfico 6 - Freqüência do nascimento segundo o tipo de parto no ano de 2005 - São

Caetano - Pernambuco.

40

Gráfico 7 - Freqüência do nascimento segundo o tipo de parto no ano de 2006 - São

Caetano - Pernambuco.

41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Freqüência de óbitos segundo faixa etária - São Caetano - Pernambuco 34

Tabela 2 - Cobertura vacinal para Pólio/BCG/tetravalente, entre 2004 a 2006 - São

Caetano - Pernambuco.

35

Tabela 3 - Freqüência de consultas pré-natais 2004 A 2006 - São Caetano –

Pernambuco - SINAN.

43

Tabela 4 - Freqüência de nascidos vivos segundo faixa etária 2004 a 2006 - São

Caetano - Pernambuco.

44

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 OBJETIVOS

16

2.1 Objetivo geral 16

2.2 Objetivos específicos 16

3 MARCO TEÓRICO

17

3.1 Breve contextualização da mortalidade infantil 17

3.2 Abordagem dos Programas Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Saúde da

Família (PSF)

20

3.2.1 A Equipe do PSF 23

3.3 Programa Pré-Natal e Estratégia AIDPI (Atenção Integrada às Doenças

Prevalentes na Infância): Saúde da Mulher e da Criança no PSF

24

4 METODOLOGIA

27

4.1 Tipo de estudo 27

4.2 Período e universo do estudo 27

4.3 Coleta e análise dos dados 28

4.4 Apresentação dos resultados 28

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

29

5.1 Situação da saúde da criança no município de São Caetano – Pernambuco –

Brasil

29

5.2 Análise da mortalidade infantil e seus determinantes 30

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

47

REFERÊNCIAS

50

APÊNDICE

55

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12

1 INTRODUÇÃO

A presente investigação objetivou aprofundar conhecimentos acerca da temática

mortalidade infantil através de uma abordagem mais aprofundada sobre do Programa Criança

Saudável no município de São Caetano - Pernambuco - Brasil, como adaptação do Programa

Estadual “Criança Feliz”. Programa este que conseguiu reduzir significativamente a

mortalidade infantil por causas evitáveis tardias no município de São Caetano no período

compreendido entre os anos de 2004 a 2006. Pretendeu-se ainda demonstrar e explicitar

disposições preliminares sobre o tema, no intuito de fundamentar a relevância e a contribuição

de tal estudo.

O presente trabalho realizou uma breve contextualização histórica acerca dos

fundamentos da Atenção Básica, como princípio da atenção preventiva, e suas adaptações,

bem como uma explanação sobre o Programa Criança Saudável, mortalidade infantil e temas

correlatos.

As precárias condições socioeconômicas e ambientais de dada região, aliadas à

dificuldade de acesso aos serviços e ações de saúde contribuem como fatores condicionantes

e/ou determinantes dos óbitos infantis nessa região (VIDAL et al., 2003).

Considerado um indicador não só da saúde infantil, mas, também, do nível de

desenvolvimento de uma sociedade, o coeficiente de mortalidade infantil (CMI) estima o risco

de um recém-nascido morrer antes de completar um ano de vida, expressando a capacidade de

uma comunidade suprir as necessidades básicas, como alimentação, moradia e saúde, de seus

recém-nascidos (HOLCMAN; LATORRE; SANTOS, 2004).

No Brasil, houve grande declínio do CMI, que passou de 69/1000 (1980) para

30/1000 Nascidos Vivos em 2000, o que representa um decréscimo de 57% nos últimos 20

anos.

Na década de 80, cerca de 50% dos óbitos aconteciam no período pós-neonatal.

Com a redução desse componente, observou-se um aumento desses números no período

neonatal, principalmente no período precoce, o qual corresponde aos sete primeiros dias de

vida (POLES; PARADA, 2000).

Em consonância, houve uma grande queda no numero de óbitos relativos a causas

pertencentes ao conjunto de doenças infecciosas e parasitárias, endócrinas, metabólicas e

nutricionais e do aparelho respiratório, que, em 1980, representavam juntas quase 70% dos

óbitos (CARVALHO, 2005; HOLCMAN; LATORRE; SANTOS, 2004).

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13

Em 2000, com o declínio dessas doenças, as mortes causadas pelas doenças

originadas no período perinatal passaram a responder por mais 60% dos óbitos infantis em

todos os grupos. Pesquisas evidenciam alterações significativas na estrutura do CMI ocorrida

ao longo dos últimos 20 anos (CARVALHO, 2005).

Todavia, a despeito dos valores encontrados, diversos estudos mostram um

declínio do coeficiente de mortalidade infantil (CMI) no nosso país nas últimas décadas,

consoante nos informam Monteiro e Zuñiga (1995), declínio esse que tem sido mais

manifesto no componente pós-neonatal, pelo fato de o mesmo ser mais suscetível às ações de

promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento precoce, através do emprego de tecnologias

simplificadas e de baixo custo, bem como também da melhoria das condições ambientais

(POLES; PARADA, 2000).

Considera-se integral, a estratégia da promoção da saúde, na medida em que a

mesma procura criar e fortalecer elos entre diversos setores e programas envolvidos com a

população, não se detendo apenas ao setor saúde propriamente dito, mas envolvendo também

outras agências de governo, organizações não-governamentais e movimentos sociais. Desse

modo, todos os setores da sociedade, compartilhando a responsabilidade no esforço de

proteger e cuidar da vida humana, promovem saúde e qualidade de vida para todos

(CARVALHO, 2008).

Ainda que a abordagem seja inovadora e o potencial para mudança social esteja

sendo bastante explorado, os princípios da promoção da saúde ainda encontram-se longe da

real atuação. Primeiramente, necessitam ser plenamente compreendidos e praticados por todos

os profissionais e gestores da saúde, para que haja um reflexo de tal abordagem na vida da

população como um todo.

Acompanhando ainda o declínio da mortalidade infantil no Brasil, dados mostram

que o Estado de Pernambuco, de um modo geral, segue a tendência do país, apresentando

considerável redução da mortalidade infantil nos últimos anos.

Por sua vez, o município Pernambucano de São Caetano, desde o ano de 2005,

quando ocorreu a adaptação do Programa Criança Saudável no município, vem apresentando

considerável redução da mortalidade infantil, colaborando, assim, para construir o cenário

favorável do país no tocante à mortalidade infantil.

O programa municipal da Secretaria de Saúde de São Caetano é uma adaptação do

Programa Estadual Criança Feliz, que visa acompanhar de maneira mais acentuada a saúde e

o desenvolvimento de todas as crianças nascidas no município de São Caetano/PE até um ano

de vida, sem necessidade de critérios de inclusão preconizados pelo Programa Estadual

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14

Criança Feliz (tendo em vista que todas as crianças até um ano de vida, a despeito de certos

critérios, são consideradas crianças de risco pelo referido Programa).

Importante citar que o Programa Criança Saudável de São Caetano/PE também

beneficia, com a observação de certos critérios preconizados pelo Programa Estadual (como,

por exemplo, serem as crianças filhas de mães adolescentes, filhas de mães analfabetas,

crianças desnutridas, crianças prematuras, e crianças nascidas em áreas não-saneadas, dentre

outros critérios), crianças de até dois anos de idade.

Relevante também desde já citar que dentre as ações implantadas no ano de 2005,

pelo Programa Criança Saudável de São Caetano/PE, para viabilizar os resultados positivos

obtidos com o Programa supramencionado podemos destacar:

a) capacitação das equipes do PSF em pré-natal de baixo risco;

b) incentivo ao parto normal;

c) aquisição de equipamentos para auxilio diagnóstico no pré-natal;

d) garantia dos exames laboratoriais e USG para as gestantes;

e) firmamento de parcerias com a Secretaria de Educação, contribuindo para a

diminuição da evasão escolar e expansão de turmas da modalidade do Ensino

Fundamental EJA (Educação de Jovens e Adultos);

f) firmamento de parcerias com a Secretaria de Ação Social (acompanhamento

das famílias em risco e distribuição de cestas básicas às mesmas);

g) firmamento de parcerias com a Secretaria de Obras e Agricultura, no intuito

de melhorar as condições de saneamento do Município;

h) firmamento de parcerias com o Conselho Tutelar e Pastoral da Criança;

i) garantia de Vacinação às puerperas e aos recém-nascidos;

j) aumento da cobertura vacinal em menores de um ano;

k) sensibilização dos profissionais da rede hospitalar para o atendimento

humanizado e qualificado ao menor e à gestante (acolhimento);

l) garantia do exame de sífilis e HIV no pré-natal e controle da sífilis neo-natal;

m) melhora e expansão do saneamento e abastecimento de água;

n) contribuição do Programa de Saúde do Adolescente (PROSAD) na redução

da gravidez na adolescência;

o) reestruturação do Núcleo de Educação e Saúde;

p) capacitação de médicos e enfermeiras na estratégia do Atenção às doenças de

prevalência na infância (AIDPI).

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15

Assim, diante da importância e do significado dos índices de mortalidade infantil

para a saúde pública brasileira, de um modo geral, e mais especificamente para a saúde da

região estudada, e tendo em vista também que não foi encontrado, através das pesquisas e da

revisão de literatura realizadas, nenhum estudo significativo sobre o tema em São Caetano/PE

que se propusesse a estudar, analisar e avaliar a mortalidade infantil por causas evitáveis

tardias, identificando como a mesma se distribuiu no município e demonstrando sua

significativa redução a partir do ano de 2005, é que se inserem a relevância, a contribuição e a

justificativa do presente estudo.

Portanto, foi justamente nesse contexto, bem como também diante dos expressivos

e positivos resultados obtidos na redução da mortalidade infantil por causas evitáveis tardias

no município de São Caetano/PE através da implantação do Programa Criança Saudável, que

a atual pesquisa adquire justificativa e relevância, servindo para mostrar como se encontra a

saúde pública do município de São Caetano/PE, de um modo geral, bem como de contributiva

fonte para estudos e pesquisas posteriores acerca do referido tema.

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16

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar o impacto das ações implantadas pelo Programa Criança Saudável de São

Caetano/PE (Adaptação do Programa Estadual Criança Feliz) na redução da mortalidade

infantil no município de São Caetano no período compreendido entre os anos de 2004 a 2006.

2.2 Objetivos específicos

a) Estudar a implantação do Programa Criança Saudável no município de São

Caetano/PE;

b) Analisar os determinantes que contribuíram com a redução da mortalidade

infantil no município de São Caetano/PE;

c) Verificar se há redução da mortalidade infantil por causas evitáveis tardias;

c) Descrever alguns aspectos da situação atual da saúde pública no município de

São Caetano/PE, aspectos esses que interferem na mortalidade infantil.

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17

3 MARCO TEÓRICO

3.1 Breve contextualização da mortalidade infantil

Um dos indicadores fundamentais para se avaliar a qualidade de vida da população

de uma determinada região é a mortalidade infantil. Esta quantifica as crianças menores de

um ano, dentre aquelas que nasceram vivas, que morreram em determinado tempo, período e

local, permitindo-nos, assim, comparar a qualidade de vida da população de uma região com

outra tida como padrão (MAGRO FILHO; RIBEIRO, 2008).

Araújo, Bozzetti e Tanaka (2000) se referem à mortalidade infantil como sendo um

indicador clássico de saúde de determinada população, também considerando-a um evento

delineador da qualidade dos serviços e ações de saúde.

Desse modo, pode-se dizer que o coeficiente de mortalidade infantil é considerado

um dos principais indicadores das condições de vida da população infantil, bem como das

condições de saúde da população em geral de certa região (REZENDE; QUIROGA, 2002).

Até meados da década de 70, a mortalidade infantil era entendida como um

problema de subdesenvolvimento socioeconômico, pois, quase sempre, encontrava-se

inversamente associada a indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB), a taxa de

desemprego, dentre outros indicadores do gênero (COSTA et al., 2003). Esta relação

justificava-se pela representação que esses indicadores possuíam no traçado do perfil de

renda, educação, saneamento e acesso aos programas e serviços de saúde, produzindo uma

melhoria nas condições de vida da população (MAGRO FILHO; RIBEIRO, 2008).

Porém, por um breve período, a tendência decrescente da mortalidade infantil nos

países em desenvolvimento coexistiu com a grave crise econômica caracterizada por redução

do PIB, do valor real do salário mínimo e da elevação do desemprego, mostrando que esta

mortalidade pode estar relacionada ao fato observado, mas não como determinante puro do

mesmo (COSTA et al., 2003).

Tal “paradoxo”, se é que assim pode-se chamá-lo, serviu como estímulo para a

realização de investigações com vistas a esclarecer as razões pela quais se dava a manutenção

do declínio desta mortalidade. Além disso, a subseqüente redução da velocidade, estagnação

ou reversão dessa tendência observada ao longo dos anos 90 em alguns países reacendeu o

interesse em ampliar o conhecimento acerca da real contribuição de fatores determinantes da

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18

variação da mortalidade infantil nos países em desenvolvimento (COSTA et al., 2003;

POLES; PARADA, 2000).

Diversas investigações, com o objetivo supracitado, têm referido as intervenções

de saúde como um dos mais relevantes determinantes na explicação da variação dos níveis da

mortalidade infantil (MAGRO FILHO; RIBEIRO, 2008).

No Brasil, onde se observou uma manutenção na queda da mortalidade infantil em

uma conjuntura de recessão econômica, alguns autores admitem como possíveis explicações

para esta tendência a adoção de políticas públicas como intervenções médico-sanitárias,

expansão da rede de abastecimento de água e aumento da escolaridade, aliadas à atuação

subjacente da redução da fecundidade que também ocorreu mais nesse mesmo período

(CARVALHO, 2008).

As tentativas relacionadas à promoção da saúde no Brasil foram introduzidas em

meados da década de 80, alimentadas pelo debate em torno da Reforma Sanitária. A discussão

das novas idéias ganha destaque na 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986,

cujos conceitos e objetivos para a sociedade brasileira eram bastante semelhantes àqueles

propostos durante a 1ª Conferência Global sobre Promoção da Saúde, em Ottawa, Canadá,

naquele mesmo ano (CARVALHO, 2008; MAGRO FILHO; RIBEIRO, 2008; VERÍSSIMO,

2008).

Todavia, as tentativas de implantação das intervenções na área de saúde no Brasil,

durante a década supracitada, nem sempre obtiveram êxito. Alguns programas e ações

capazes de reduzir os óbitos infantis, como os Programas de Atenção Integral à Saúde da

Mulher (PAISM), Terapia de Reidratação Oral (TRO), Programa Nacional de Imunização

(PNI), e intervenções sociais, como a ampliação da cobertura da rede de abastecimento de

água e a redução do analfabetismo, só começaram a ser implementados no país a partir da

segunda metade da década de 80 (COSTA et al., 2003).

Pode-se dizer, portanto, que somente a partir dos anos 90 tais medidas possam ter

contribuído mais efetivamente para a manutenção da tendência de queda da mortalidade

infantil (VERÍSSIMO, 2008).

Nessa perspectiva, é fundamental esclarecer quais fatores teriam apresentado

variação tão acentuada que pudessem ter contribuído com maior peso para explicar a

persistente tendência de redução da mortalidade infantil em um período em que os indicadores

econômicos, sociais e de atenção à saúde no Brasil demonstravam uma situação desfavorável.

Com esse intuito, analisou-se a tendência temporal da mortalidade infantil no Brasil, de 1980

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19

a 1998, visando identificar os possíveis fatores que teriam contribuído para o delineamento da

sua evolução (MAGRO FILHO; RIBEIRO, 2008).

A avaliação da mortalidade no primeiro ano de vida de acordo com a idade no

momento do óbito é feita considerando-se dois grupos principais, quais sejam: o neonatal e o

pós-neonatal, classificação essa que nos permite perceber com maior precisão se, em cada

grupo, predominam causas de morte endógenas (cujo combate apresenta maior dificuldade

por essas estarem diretamente determinadas por fatores congênitos e condições sócio-

econômicas ligadas ao parto) ou exógenas (cujo combate depende de ações no âmbito

epidemiológico e de saneamento), possibilitando, assim, melhor definição das ações e

medidas de combate (VERMELHO; MONTEIRO, 2002; POLES; PARADA, 2000).

Portanto, temos que, segundo o que preconizam Rouquayrol; Almeida Filho

(1999) e Vermelho e Monteiro (2002), os estudos realizados sobre a evolução e as

transformações das condições de saúde das populações humanas têm resultado em

significativo avanço no conhecimento a respeito do processo saúde-doença e seus

determinantes, bem como também dos processos de transição epidemiológica,

fundamentando, assim, os movimentos pela promoção e proteção de saúde.

Nesse sentido, as causas de mortalidade infantil evitáveis tardias, as quais ocorrem

em crianças que morrem entre 28 dias e 1 ano de vida, têm como principais determinantes o

desmame precoce, a falta de vacinação adequada, a desnutrição, as doenças diarréicas, os

problemas respiratórios, dentre outros (MAGRO FILHO; RIBEIRO, 2008; VERÍSSIMO,

2008).

Portanto, podemos entender por morte evitável todas aquelas mortes ocorridas por

causas ou problemas potencialmente tratáveis ou preveníveis, mediante ações individuais e

sociais e medidas e serviços de saúde, e cujos índices em outras populações são baixos ou

têm-se reduzido, o que corresponde a dizer que os índices de morte evitável indicam, então,

iniqüidades na estrutura da mortalidade geral, servindo o seu estudo, portanto, como indicador

da qualidade de vida das pessoas, bem como também de acesso a serviços e ações de saúde de

qualidade (HARTZ et al., 1996; SILVA, 1998; VERMELHO; MONTEIRO, 2002).

Assim, o uso do conceito de morte evitável é importante para o entendimento das

mudanças de estrutura da mortalidade infantil e da mortalidade geral, sendo relevante também

para avaliar o acesso a serviços e ações de saúde de qualidade e para análise das

desigualdades de saúde, bem como ainda serve de apoio à priorização de problemas e

intervenções (VERMELHO; MONTEIRO, 2002).

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20

Nesse mesmo sentido, também se manifestam Nolte e Mckee (2004), quando

expõem que os índices de mortalidade evitável nos proporcionam avaliar os sistemas de

saúde, na medida em que servem como sinal de alerta, chamando nossa atenção para

potenciais problemas na saúde em geral.

3.2 Abordagem dos Programas Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Saúde da

Família (PSF)

Desde o final da década de 40, predominava uma inversão dos gastos públicos,

que favorecia a assistência médica em relação à saúde pública. Cerca de 20 anos após, a

dicotomia assistência médica/saúde pública reforçava um modelo assistencial que mostrava

ações pontuais e desordenadas, incapazes de conter a miséria e as péssimas condições de

saúde da população brasileira. Nesse período, propunha-se um padrão tecnológico mais

racional, de menor custo, integrado em seus vários campos de atuação e sem a influência das

leis de mercado, subordinando a assistência médica à lógica da saúde pública (MERHY;

QUEIROZ apud SANTANA; CARMAGNANI, 2001).

De acordo com Santana e Carmagnani (2001), “a derrota destas propostas, em

1964, estimulou uma reforma sanitária que, adequada aos limites financeiros impostos pela

crise econômica, efetivamente pudesse oferecer melhores condições de saúde à maioria da

população”.

Na década de 80, alguns países iniciaram os primeiros passos em direção à

reorganização da assistência à saúde, destacando-se o Canadá, Cuba, Inglaterra e outros como

pioneiros das mudanças nos serviços primários de saúde de reconhecida resolutividade e

impacto. Das experiências mundiais e as realizadas em vários pontos do território brasileiro

foi elaborada a estratégia de reorganização da Atenção Primária ou Básica, denominada de

Programa de Saúde da Família (PSF) e de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)

(ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, 2006).

Despontam como uma das mais recentes estratégias assumidas pelo Ministério da

Saúde (MS) reorganizar o modelo assistencial brasileiro de saúde. Um de seus principais

objetivos era gerar práticas de saúde que possibilitassem a integração das ações individuais e

coletivas. Para tanto, utilizou-se o enfoque de risco como método de trabalho, o que favoreceu

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21

o aproveitamento ideal dos recursos e a adequação dos mesmos às necessidades apontadas

pela população (SILVA, 2004).

Tem-se que o PSF teve início no Brasil no ano de 1994, por meio de uma parceria

entre o Ministério da Saúde (MS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),

com o caráter estratégico para reordenação da filosofia assistencial à saúde. Tal estratégia

mostra que oferecer às famílias serviços de saúde preventiva e curativa em suas próprias

comunidades resulta em melhorias importantes nas condições de saúde da população

(RONCALLI; LIMA, 2006).

A estratégia da saúde da família surgiu com o propósito de alterar o modelo

assistencial de saúde, centrado na doença, no médico e no hospital. Privilegiava a parte

curativa em detrimento da preventiva. O PSF veio como resposta às necessidades de uma

atenção integral desenvolvida por equipe multiprofissional, ao indivíduo e à comunidade, com

intensa participação desta última (ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, 2006).

A história do PSF tem início quando o Ministério da Saúde formula o PACS, em

1991. A partir daí, começou-se a focar a família como unidade de ação programática de

saúde, e não mais apenas o indivíduo.

Assim, o Ministério da Saúde, na gestão Henrique Santillo, deu início à

implementação do PSF no Brasil, através da Portaria nº. 692, por volta do ano de 1993. A

referida Portaria veio como resposta e normalização ao documento elaborado pelo referido

Ministério, no qual se observa que:

O Programa Saúde da Família - PSF tem como propósito colaborar decisivamente na organização do Sistema Único de Saúde e na municipalização da integralidade e participação da comunidade. Atenderá prioritariamente os 32 milhões de brasileiros incluídos no Mapa da Fome do IPEA, expostos a maior risco de adoecer e morrer e, na sua maioria, sem acesso permanente aos serviços de saúde (VASCONCELLOS, 1998).

O propósito básico do Programa era a organização da prática da atenção à saúde

sob novas bases, substituindo o modelo tradicional, com o intuito de levar a saúde para mais

próximo das famílias. Dessa forma, ocorreria uma melhoria na qualidade de vida dos

brasileiros.

Tal estratégia incorpora e reafirma os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)

e está estruturada a partir da Unidade de Saúde da Família (USF), que se propõe a organizar

suas ações sob a égide da integralidade e hierarquização, territorialização e cadastramento da

clientela,a partir de uma equipe multiprofissional (RONCALLI; LIMA, 2006).

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22

Estruturado como uma estratégia para dar conta do processo de reorganização da

rede de atenção básica ou primária, o PSF, por essa potencialidade seria também uma

estratégia de reorganização de todo o Sistema de Saúde (MONTEIRO et al., 2005).

Dentre os aspectos relevantes dessa estratégia estão compreendidos a

territorialização com a adscrição de clientela/criação de vínculo equipe-usuário e o aumento

da oferta de serviços de saúde e de suas áreas de abrangência (ASSOCIAÇÃO PAULISTA

DE MEDICINA, 2006; RONCALLI; LIMA, 2006).

Conforme Santana e Carmagnani (2001),

A adoção da Estratégia Saúde da Família (ESF) partiu do reconhecimento da falibilidade que iniciativas anteriores de introdução de mudanças substantivas no setor saúde, mesmo após a implantação do SUS, não obtiveram resultados satisfatórios ou até pouco perceptíveis na estruturação dos serviços de saúde, apesar dos avanços.

Entretanto, relevante destacar que o PSF está longe de seus objetivos e ainda tem

muito a evoluir. Em termos de cobertura populacional houve um incremento extremamente

significativo nos mais de dez anos de sua existência, no entanto, quando são avaliados os

indicadores de saúde, temos melhorias modestas e sem expressividade (SANTANA;

CARMAGNANI, 2001; SILVA, 2004).

No Brasil, a implantação do PACS surgiu em 1991, com trabalhos de pessoas da

comunidade treinadas, capacitadas e supervisionadas por profissionais de saúde. O PACS foi

criado baseado em experiências anteriores bem-sucedidas, constituindo-se em uma estratégia

que agrega idéias de proporcionar à população o acesso e a universalização do atendimento à

saúde, descentralizando as ações (ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, 2006).

A implantação do PSF e do PACS ocorreu por adesão espontânea dos Estados e

Municípios, que devem cumprir os seguintes requisitos:

a) estar habilitado de acordo com a Norma Operacional Básica do SUS NOB-SUS/96;

b) elaborar projeto de implantação do PSF/PACS de acordo com as diretrizes do

Programa;

c) ter aprovação de sua implantação do PSF/PACS pelo Conselho Municipal de Saúde

(CMS);

d) garantir a inclusão da proposta de trabalho do PSF/PACS no Plano Municipal de

Saúde;

e) garantir a infra-estrutura de funcionamento da Unidade de Saúde do PSF;

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f) garantir a integração do PSF à rede de serviços de saúde complementares, de forma a

assegurar a referência e contra-referência quando os problemas exigirem maior grau

de complexidade para sua resolução;

g) manter a organização de uma equipe composta por 01 profissional médico, 01

profissional enfermeiro, 01 profissional auxiliar e/ou técnico de enfermagem, podendo

ter até 12 Agentes Comunitários de Saúde (ACS);

h) garantir a integração do ACS na rede básica, dentro da área de abrangência do PACS;

i) garantir o programa de educação continuada para a equipe do PACS;

j) ter 01 enfermeiro supervisor para cada 30 ACS, em plena parceria entre a União,

Estados e Municípios, co-responsáveis na proteção da saúde da população brasileira.

3.2.1 A equipe do PSF

Uma equipe de saúde da família é formada por: médico (01), enfermeiro (01),

técnico e/ou auxiliar de enfermagem (01) e agente comunitário de saúde (cuja

quantidade/número de profissionais vai variar de acordo com a população da área assistida).

A contratação dos profissionais, obedecendo aos aspectos legais, fica a cargo dos Municípios

(ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, 2006).

A atuação das equipes é baseada em territorialização, que trabalha com área de

abrangência definida e que fica responsável pelo cadastramento e o acompanhamento da

população adscrita a esta área. A recomendação é que a equipe seja responsável por, no

mínimo, 2.400, e, no máximo, 4.500 habitantes (média obtida dos dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística) (IBGE, 1991). Por sua vez, o ACS pode acompanhar um

número mínimo de 400 e máximo de 750 habitantes residentes em uma micro-área (SILVA,

2004).

A formação, capacitação e educação continuada das equipes ficam sob

responsabilidade dos Pólos de Capacitação do PSF, inicialmente financiadas com recursos do

Projeto do REFORSUS (RONCALLI; LIMA, 2006).

A equipe de saúde da família tem como função promover o conceito de saúde

como direito à cidadania, humanização do atendimento à saúde, consultas médicas e de

enfermagem, prevenir doenças e identificar fatores de riscos, visitas domiciliares e reuniões

com a comunidade (ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, 2006).

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24

A inclusão das equipes de saúde bucal/ESB, inseridos no PSF em fevereiro de

2001, com o objetivo de melhorar o acesso da população aos serviços, é o primeiro passo na

ampliação da organização das equipes. A equipe é formada por odontólogo (01), atendente de

consultório dentário/ACD (01) na Modalidade I, acrescido de técnico de higiene bucal/THD

(01) na Modalidade II incluídos na estratégia da saúde da família (BRASIL, 2002).

3.3 Programa Pré-Natal e Estratégia AIDPI (Atenção Integrada às Doenças Prevalentes

na Infância): Saúde da Mulher e da Criança no PSF

O Programa Pré-natal, executado na atenção básica através do PSF, aborda o

binômio mãe-filho, desde a concepção até o momento do parto. Assim, mostra-se bastante

relevante ao considerar a saúde da criança, prevenindo situações de riscos para ambos.

No Brasil, vem ocorrendo um aumento no numero de consultas de pré-natal por

mulher que realiza parto no SUS, partindo de 1,2 consultas por parto em 1995, para 5,45

consultas por parto em 2003 (BRASIL, 2006).

Uma atenção pré-natal adequada pode reduzir a mortalidade através da detecção e

o tratamento de doenças maternas, como, por exemplo, sífilis, diabetes, hipertensão,

HIV/AIDS, e outras infecções; do manejo da nutrição materna, da vacinação contra o tétano

e do aconselhamento contra o fumo e bebidas alcoólicas, que contribuiriam para reduzir o

número de mortes devidas a partos prematuros, baixo peso ao nascer, síndrome de sofrimento

respiratório e problemas maternos (BRASIL, 2004).

Para tanto, faz-se necessária a existência de serviços de saúde acessíveis (em

termos de local geográfico e de horário de funcionamento), de baixo custo e de qualidade

adequada. Os indicadores disponíveis da utilização de pré-natal nas regiões brasileiras

incluem a proporção de gestantes que não freqüentaram o pré-natal, que o iniciaram no

primeiro trimestre de gravidez e o número médio de consultas pré-natais (BRASIL, 2004).

Em caráter complementar, a estratégia AIDPI, foi estruturada com a finalidade de

diminuir a mortalidade e morbidade de crianças menores de cinco anos, melhorando a

qualidade da atenção que elas recebiam nos serviços de saúde.

A AIDPI incorpora ações preventivas e de promoção à saúde, transformando a

atenção em um espaço para melhorar o conhecimento, as atitudes e as práticas de cuidado na

atenção a saúde da criança integra, em uma única seqüência, a avaliação, o diagnóstico e o

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tratamento das doenças mais freqüentes, as medidas de prevenção e a promoção da saúde

(COUTINHO, 2008).

Ainda de acordo com Coutinho (2008), a redução da mortalidade infantil, após

implantação do AIDPI na América Latina, teve uma diminuição na ultima década. No Brasil,

especificamente, esta redução foi significativa, passando de 48 para 28,6 por mil nascidos

vivos. Observou-se ainda que a diarréia e a pneumonia representam duas em cada dez mortes

de crianças menores de 5 anos no continente americano.

A meta ideal é que o pré-natal seja iniciado o mais precocemente possível, desde

o conhecimento da concepção, a fim de que se possam detectar e tratar precocemente

quaisquer complicações. Dois terços das mulheres brasileiras que freqüentaram pré-natal

tiveram sua primeira consulta durante o primeiro trimestre de gestação, variando de 80% no

Sul a pouco mais de 50% no Nordeste. O número médio de consultas observado foi adequado

— 7,4 para o país como um todo, variando entre 8,3 no Sul e 6,3 a 6,4 no Norte-Nordeste

(CAMPOS; CARVALHO; BARCELLOS, 2000).

Ainda segundo a pesquisa de Campos, Carvalho e Barcellos (2000), com relação à

qualidade do pré-natal, cerca de 45% das mulheres receberam duas ou mais doses da vacina

antitetânica durante a gestação. Essa proporção foi ligeiramente mais baixa no Sudeste

(38%), sendo de cerca de 50% nas outras quatro regiões. Um adicional de 13,2% das mães

recebeu uma única dose.

Outros indicadores da qualidade do pré-natal não estão disponíveis em nível

regional, mas há evidências de que a baixa qualidade seja problema ainda mais grave do que

a sub-utilização. Um estudo realizado no sul do Brasil mostrou que a qualidade do pré-natal

foi especialmente baixa para mulheres com alto risco gestacional, sem acesso a médicos

particulares ou a planos de saúde privados.

A maior causa de mortes infantis registradas no Brasil foram as condições

perinatais, responsáveis por 46,5% da mortalidade infantil em 1985-1987 e por 56,8% em

1995-1997. Esse aumento relativo na mortalidade proporcional esteve presente em todas as

regiões, mas o CMI nacional estimado devido a causas perinatais reduziu-se de 29,0 para

21,3 por mil. Os coeficientes são mais altos no Norte/Nordeste e mais baixos no Sul/Sudeste

(VICTORA, 2001).

Hartz et al. (1996) aborda que o conceito de óbitos evitáveis, considerados

verdadeiros “eventos sentinela” foi proposto por Rutstein et al. (1976), considerando que

estas condições poderiam ser melhoradas por ações de saúde eficazes. Vários autores têm

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proposto estes indicadores para avaliação da eficácia de sistemas de saúde, uma forma de

“monitoramento de emergência”.

A partir da estratégia PRÉ-NATAL – AIDPI – SAÚDE DA CRIANÇA, surge

diversas adaptações regionais a fim de suprir as demandas locais, delineadas por perfis

populacionais distintos, específicos. Desse modo, o Programa Criança Saudável de São

Caetano - PE, constitui uma adaptação do Programa Estadual Criança Feliz (PE). A seguir,

evidenciamos os avanços conquistados com a execução de tal estratégia no município de São

Caetano – Pernambuco – Brasil, no período de 2004 a 2006.

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4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de estudo

O presente trabalho foi realizado através de um estudo descritivo transversal, para

avaliar o impacto das ações implantadas pelo Programa Criança Saudável de São Caetano/PE

(Adaptação do Programa Estadual Criança Feliz) na redução da mortalidade infantil por

causas evitáveis tardias no município de São Caetano, entre o período de 2004 a 2006, por

intermédio da coleta, verificação e análise de dados dos Sistemas de Informação em Saúde (o

Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); o Sistema de Informações de Agravos de

Notificação (SINAN); e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).

4.2 Período e universo do estudo

O universo estudado foi o município de São Caetano/PE e, conseqüentemente, sua

população, durante o período compreendido entre 2004 a 2006.

O referido município ocupa uma área de 382 Km², limitando-se ao norte com o

município de Brejo da Madre de Deus, ao sul com o município de Altinho, a leste com o

município de Caruaru, e a oeste com os municípios de Tacaimbó e Cachoeirinha (IBGE,

2008).

São Caetano é uma cidade com aproximadamente 35 mil habitantes e que fica a

153 Km de distância da capital do Estado; tem o clima semi-árido, com uma temperatura

média anual de 25º C, possuindo relevo ondulado. Começou a ser povoada no ano de 1838,

pelo Sr. José Pedro de Pontes, que veio da cidade de Bezerros - PE. Emancipou-se

politicamente no ano de 1928, tendo como seu primeiro prefeito, o Sr. Caetano Gomes dos

Santos. Ainda nessa época, esteve entre os maiores produtores de café do Estado de

Pernambuco e também um grande produtor de banana e cana - de - açúcar. O grande destaque

da sua bandeira é a quantidade de galhos e grãos de café desenhados na mesma (IBGE, 2008).

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Ainda de acordo com dados do IBGE (2008), o município de São Caetano

contava, em 2007, com uma população de 34.769 hab., possuindo referido município o índice

de crescimento populacional de 2,2% ao ano.

4.3 Coleta e análise dos dados

Os dados foram coletados através do Sistema de Informação em Saúde no

município de São Caetano (SIM, SIAB, SINASC e PNI), a partir de dados secundários, ou

seja, de informações advindas da alimentação dos Sistemas de Informações, realizadas pelas

Unidades que prestam serviços de saúde no município. Destaca-se aqui a veracidade das

informações obtidas.

Os mesmos foram tabulados estatisticamente e analisados com base na literatura

atual acerca da temática.

4.4 Apresentação dos resultados

Após coletados, os dados foram tabulados e apresentados em gráficos e tabelas,

utilizando-se para tal o programa Microsoft Excell, e discutidos com base na literatura vigente

acerca de temática. Tal exposição visa a melhor demonstração do impacto das ações

implantadas pelo Programa Criança Saudável de São Caetano/PE (Adaptação do Programa

Estadual Criança Feliz) na redução da mortalidade infantil por causas evitáveis tardias no

município.

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5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Situação da saúde da criança no município de São Caetano – Pernambuco – Brasil

Desde os anos 70, a mortalidade infantil como episódio evitável pelos serviços de

saúde que atuam de forma eficaz é conhecida, constituindo a mesma, um instrumento de

alerta para a qualidade da atenção médica dispensada (HARTZ et al., 1996).

Verifica-se que nos últimos 15 anos houve queda nos índices de mortalidade

infantil, devidas principalmente sobre o componente pós-natal desta mortalidade

(MARTINS, 2005).

Oliveira (2004) observa, em pesquisa realizada no Rio de Janeiro, que há uma

tendência à constância nas taxas de mortalidade neonatal, bem como nas taxas em menores

de um ano.

Na faixa etária de menores de 1 ano, São Caetano conta com uma população de

752 hab; com idade entre 1 e 4 anos, equivalente a 3.229 hab, e de 5 a 9 anos de idade, uma

população de 3.918 hab (IBGE, 2008).

No total, existem 9.894 famílias cadastradas nos programas PACS/PSF. Destas,

contam-se 5.462 crianças na faixa etária de 07 a 14 anos, freqüentando escola. A renda

medida da população fica em torno de 01 a 03 salários-mínimos (IBGE, 2008).

Quanto à rede de saúde, São Caetano considera quatro linhas de atenção: Atenção

Básica, Ambulatorial, Especializada e Hospitalar/Urgência e Emergência. É articulado

conforme o seguinte esquema:

A Atenção Básica se organiza a partir de:

a) Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) – (Total de 64

ACS)/Programa Saúde da Família (PSF) – (Total de 08 Equipes do PSF –

100% de cobertura do PACS/PSF);

b) Programa Saúde da Mulher;

c) Programa Saúde da Criança;

d) Programa DST/HIV/AIDS;

e) Programa de Saúde Mental;

f) Programa de Assistência Farmacêutica;

g) Programa de Controle da Hipertensão e Diabetes (HIPERDIA);

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h) Programa de Controle da Tuberculose e Eliminação da Hanseníase;

i) Programa Nacional de Imunização (PNI);

j) SISVAN;

k) Vigilância em Saúde: Vigilância Epidemiológica, Sanitária e Ambiental;

l) Educação em Saúde.

A Atenção Ambulatorial Especializada (Centro de Saúde):

a) Consulta em Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia,

Cardiologia, Ortopedia, Oftalmologia, Cirurgia Geral, Saúde Mental,

Psicologia, Fisioterapia, Exames de ECG e USG.

A Atenção Hospitalar conta com uma Unidade Mista “Adolpho Pereira

Carneiro”, que dispõe de 41 leitos de internação, sendo: 05 leitos de Clínica Médica; 19 de

Clínica Cirúrgica; 12 leitos de Clínica Pediátrica e 05 leitos de Obstetrícia.

Os serviços de Urgência e Emergência são realizados na Unidade Hospitalar.

Destacam-se dois aspectos que perpassam todas as linhas de atenção supracitadas,

constituindo-se em importantes eixos estruturantes das ações com vistas à superação das

desigualdades em saúde: a reorganização da prática assistencial e a qualificação das ações e

serviços oferecidos.

Em relação ao primeiro, ressalta-se o fortalecimento da atenção básica, a

desinstitucionalização das práticas sanitárias – com o desenvolvimento de modalidades

assistenciais alternativas à prática hospitalar e a racionalização da utilização das tecnologias

médicas, sobretudo a atenção ambulatorial especializada.

O município de São Caetano tem investido esforços na capacitação técnica dos

profissionais de saúde, através da realização de cursos profissionalizantes para Agentes

Comunitários de Saúde, Oficinas de Humanização, Sensibilização na área de Atenção aos

Idosos e treinamentos e reciclagem de profissionais.

5.2 Análise da mortalidade infantil e seus determinantes

A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um dos indicadores mais eficazes para

refletir não somente aspectos da saúde de crianças, como a qualidade de vida de uma

determinada população. Existem claras associações entre riqueza e nível de desenvolvimento

de um país ou regiões e suas TMI. Nas regiões pobres do mundo, onde estas taxas são mais

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elevadas, a maioria das mortes infantis poderia ser evitada com medidas simples e eficazes

(BRASIL, 2002).

Enfrentar os fatores condicionantes e determinantes da mortalidade infantil tem

sido um constante desafio para as autoridades brasileiras nas ultimas décadas.

As diferentes situações de vida dos vários grupos populacionais geram problemas

de Saúde específicos, bem como riscos e/ou exposição maior ou menor a determinadas

doenças, acidentes e violências. Portanto, necessidades diferenciadas, exigem ações da gestão

do Sistema e dos serviços de Saúde orientadas para atender a tais especificidades. O não

atendimento a estas peculiaridades resulta em efeitos danosos à população envolvida, uma vez

que não são atendidas as necessidades, aumentando ainda mais as desigualdades

(CAMARANO; KANSO, 2000).

Ainda que otimistas as notícias, convém fazer um alerta sobre a qualidade das

informações obtidas pelos bancos de dados, relativos à mortalidade no Brasil. A necessidade

de obtenção de dados confiáveis e fidedignos quanto à mortalidade infantil constitui um

elemento indiscutível no tratamento de tal problemática, uma vez que é a partir desta

estimativa que se traçam estratégias de ações realísticas, pelos programas de saúde pública a

fim de sanar os problemas existentes (CARVALHO, 2005).

Hartz et al. (1996) cita que:

Em países onde o risco de morrer dos menores de 1 ano permanece elevado, esta necessidade de se obter estimadores de qualidade que evidenciem esta problemática não é apenas uma exigência metodológica, mas ética, por que implica a "mortalidade consentida" de crianças.

No Brasil, a questão da subnotificação constitui-se ainda em um problema real,

tendo um valor médio estimado de óbitos em geral de 25% e as causas “maldefinidas”

constituem, na região Nordeste, até 45% dos óbitos registrados (BRASIL, 2002).

É relevante destacarmos o empenho do município em estudo, que desenvolveu

estratégias para diminuição dos casos de mortes maldefinidas. Tais estratégias desenvolvidas

pelo Departamento de Epidemiologia surtiram efeitos positivos, como mostra o Gráfico 1

abaixo:

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32

0

20

40

60

80

100

120

2004 2005 2006

NÚMERO ABSOLUTODE MORTALIDADEPOR CAUSASMALDEFINIDAS

Gráfico 1 - Números absolutos de mortes por causas mal definidas no período de 2004 a 2006 - São Caetano - Pernambuco.

Analisando-se o Gráfico 1 acima, podemos verificar que em 2004 o número de

mortes por causas maldefinidas somava 107 casos, tendo sido tal número reduzido

consideravelmente para 35 casos em 2005, tendo-se registrado somente 11 casos em 2006.

Conforme destacam Nakamura et al. (1991 apud HARTZ et al., 1996):

Subestimar a mortalidade infantil pode ter efeitos danosos. Problemas de financiamento dos programas de saúde materno-infantil poderão ocorrer em virtude da menor prioridade dada às questões da saúde infantil [...] O exame das causas de óbito tem sido importante no planejamento de estratégias visando a reduzir a mortalidade infantil [...] Dados locais são também necessários para conscientizar a população e dar apoio a programas de intervenção.

A mortalidade infantil é considerada, por alguns estudiosos, o principal indicador,

nos países em desenvolvimento, a ser claramente relacionado ao estado de saúde de uma

população e à qualidade dos serviços, em especial os de saúde (VERÍSSIMO, 2008).

Oliveira (2004) destaca que nas primeiras semanas de vida, predominam os

agravos decorrentes das condições da gestação e nascimento relacionados à mortalidade,

enquanto que posterior a este período, a maior interferência dá-se pelas doenças diarréicas,

respiratórias e imunopreveniveis, concordando com o autor supracitado.

Desse modo, podemos observar o quanto o período perinatal é determinante no

tocante aos riscos de mortalidade tanto materna quanto infantil (BRASIL, 2002).

No Brasil, das principais doenças que constituem agravos à saúde de crianças

menores de 5 anos destacam-se a diarréia, as infecções respiratórias agudas, a desnutrição, a

anemia e as doenças imunopreveníveis, ou seja, algumas das principais causas tardias

evitáveis de óbitos na infância (VERÍSSIMO, 2008).

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33

Mais de 70% desses óbitos devem-se a pneumonia, diarréia, malária e afecções

perinatais, ou uma associação delas.

O Ministério da Saúde afirma que parte da diminuição observada dessa

mortalidade nos últimos anos é devida a ações simples relativas ao setor Saúde, como o

controle pré-natal, o estímulo ao aleitamento materno, a ampliação da cobertura vacinal, a

utilização de sais de reidratação oral (SRO), a educação materna e, principalmente, à

importante queda da fecundidade observada no País nesses últimos 15 anos (BRASIL, 2002).

A seguir, no Gráfico 2 e Tabela 1, pode-se observar a distribuição dos óbitos pelas

respectivas causas na população infantil e segundo a faixa etária, respectivamente, no período

de 2004 a 2006, no município de São Caetano.

Gráfico 2 - Distribuição dos óbitos segundo as causas no período de 2004 a 2006 - São Caetano - Pernambuco.

Analisando-se o gráfico acima, podemos verificar que as causas evitáveis tardias

superaram as causas evitáveis precoces nos anos de 2004 e 2005, igualando-se em

coeficientes somente no ano de 2006. Entretanto, podemos verificar que do ano de 2004 para

o ano de 2006, houve uma considerável redução no número de óbitos por causas evitáveis

tardias (bem como também no número de óbitos por causas evitáveis precoces), o que

demonstra que as ações do Programa Criança Saudável de São Caetano foram positivamente

relevantes e determinantes para a redução da mortalidade infantil no município.

O Ministério da Saúde publicou uma subdivisão detalhada da mortalidade por

causas perinatais em 1985. A síndrome de sofrimento respiratório (21,0%), a hipóxia ou a

anoxia (11,7%) e outros problemas respiratórios (28,7%) juntos contabilizaram 61,4% destas

mortes. Prematuridade e baixo peso ao nascer foram responsáveis por 13,0%, infecções

8

4 4

10

7

4

0

2

4

6

8

10

12

2004 2005 2006

Causas Evitáveis Precoces

Causas Evitáveis Tardias

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neonatais (excluindo tétano) por 12,7% e outras causas (incluindo problemas maternos) por

14,0% (BRASIL, 2002; POIRIER, 2008; VERÍSSIMO, 2008).

Merecem destaque as infecções respiratórias agudas (IRA’s), que têm sido

responsáveis por 12,2% de todas as mortes de menores de cinco anos no Brasil. Praticamente

todas essas mortes são por pneumonia. Reconhecendo-se o fato de que mortes por pneumonia

podem ser erroneamente classificadas no grupo das “outras infecções”, essa proporção tende

a ser ainda maior. A mortalidade por causa respiratória vem decrescendo substancialmente

em todo o país (OLIVEIRA, 2004; VERÍSSIMO, 2008).

A seguir, na Tabela 1, pode-se observar o número absoluto de óbitos nas diversas

faixas etárias:

Tabela 1 - freqüência de óbitos segundo faixa etária - São Caetano / Pernambuco.

FAIXA ETÁRIA ANO

< 01 01-04 05-14 15-49 50 e + Ignord. TOTAL

2004 18 03 01 37 175 04 238

2005 11 03 04 48 152 05 223

2006 08 0 06 36 198 09 257

Analisando-se o Gráfico 2 e a Tabela 1 acima apresentados, podemos verificar

que a freqüência de óbitos em menores de um ano teve redução bastante considerável através

das ações do Programa Criança Saudável implementado no município de São Caetano,

quando o número de óbitos de menores de um ano foi reduzido de 18 óbitos em 2004, para

11 em 2005, e para 08 no ano de 2006, demonstrando, assim, que as ações do referido

Programa têm sugerido que houve um decréscimo na redução da mortalidade infantil de

menores de um ano no município.

Didaticamente, consideram-se três grupos de fatores de risco para a mortalidade

infantil: fatores biológicos, sociais e relacionados à assistência médica. Os fatores de risco

biológicos incluem: idade materna, paridade, estatura, peso antes da gravidez, ganho

ponderal durante a gestação, doença materna, intervalo entre os nascimentos e perdas

perinatais prévias, peso ao nascer e duração da gestação. Quanto aos sociais, destacam-se:

instrução da mãe, ocupação dos pais, renda familiar e hábitos, entre outros. Já os

relacionados à assistência médica estão condicionados a elementos como disponibilidade de

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recursos, aceitabilidade e resolubilidade do serviço de saúde (MARTINS; MELLO;

SCOCHI, 1999).

Entretanto, tem-se apontado para a necessidade de rever a aplicação da TMI como

indicador social completo. A experiência tem demonstrado que a TMI, principalmente

quando situada em patamares elevados, é muito sensível a medidas simples, como a terapia

de reidratação oral (TRO), reversão do desmame precoce e a vacinação.

O Programa Criança Saudável adotou como uma das premissas aumentar a

cobertura vacinal em suas crianças menores de um ano, como mostra a tabela a seguir:

Tabela 2 - cobertura vacinal para Pólio/BCG/tetravalente, entre 2004 a 2006 - São Caetano/Pernambuco.

COBERTURA VACINAL PARA

POLIO/BCG/TETRAVALENTE

(EM PORCENTAGEM)

ANO

BCG POLIO TETRAVALENTE

2004 50 97,93 90,37

2005 100,15 102,96 104,44

2006 95,65 109,03 110,37

Analisando-se os dados acima, podemos verificar que houve um considerável

aumento da cobertura vacinal para as vacinas descritas, comparando-se com o ano de 2004,

contribuindo para a redução da mortalidade infantil no município de São Caetano.

A título de conhecimento, diversas manobras foram realizadas no intuito de

combater a mortalidade infantil e materna em Pernambuco. Em 2007, o Governo do Estado

de Pernambuco lança, no município de Ouricuri, no Sertão do Araripe, o programa “MÃE

CORUJA”, constituído pela integração entre as secretarias de Saúde, da Mulher, Educação,

Desenvolvimento Social e Assistência, Juventude e Emprego, Agricultura e Planejamento

(MÃE..., 2007).

Tal programa projetou, segundo o Jornal JC Online (MÃE..., 2007), investir, ao

longo de quatro anos, cerca de R$ 30 milhões na assistência integral à mulher e ao bebê, do

pré-natal até 5 anos de vida da criança.

De início, o programa foi implantado em Ouricuri e em outros dez municípios que compõem a IX Gerência Regional de Saúde (Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Parnamirim, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade). Tal

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procedência deu-se devido ao fato desta ser a região do Estado com piores índices de mortalidade materno-infantil. Enquanto em Pernambuco a mortalidade infantil é de 21 por mil nascidos vivos, a média dos 11 municípios é de 38 por mil – e em Ouricuri, chega-se a 53 por mil (MÃE..., 2007).

Grandes esforços têm sido desenvolvidos no sentido de ampliar diversas ações de

saúde. O próprio processo de urbanização maciça, observado em muitas partes do mundo,

embora produzindo cinturões de miséria nas grandes cidades, acaba por facilitar o acesso de

grandes contingentes populacionais a esses recursos. Dessa forma, a TMI pode não estar mais

refletindo o modelo de desenvolvimento (CAMPOS; CARVALHO; BARCELLOS, 2000).

Outro fator importante tem sido a melhoria da condição nutricional da população

infantil, medida pelo indicador altura/ idade, que definia 15,7% da população infantil

desnutrida em 1990, contra 10,5% em 1996, representando uma redução de 30% nesse

período (POIRIER, 2008). As prevalências de desnutrição diminuíram rapidamente no Brasil

nas últimas duas décadas, sendo atualmente baixas na maior parte do país, com exceção das

regiões Norte e Nordeste. Em crianças apresentou um declínio cumulativo de 72%, enquanto

em adultos sua prevalência baixou em 49% no meio rural e 52,7% no meio urbano,

praticamente desaparecendo como problema epidemiológico em maiores de 18 anos, nos

últimos 25 anos (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).

Uma redução na prevalência de baixo peso para a idade poderia prevenir 4,4% das

mortes por pneumonia, ou 0,5% do total de mortes de menores de cinco anos. Todavia,

existem tendências recentes favoráveis à priorização da nutrição de crianças brasileiras, tendo

a desnutrição como um determinante de mortalidade infantil (VERMELHO; MONTEIRO,

2002).

Em contrapartida, estudos evidenciam uma baixa efetividade de programas

nutricionais sobre a mortalidade de menores de cinco anos, indicando que esta não é uma

intervenção prioritária (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).

O Baixo Peso ao Nascer (BPN) é um conhecido fator de risco para mortes por

motivos respiratórios durante a infância. Em recente revisão, estimou-se um risco relativo de

mortalidade respiratória, associado com o BPN, de 6,4 no primeiro mês de vida e de 2,9 nos

11 meses seguintes. Esta revisão incluiu o único estudo brasileiro sobre o assunto (REDE

INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA A SAÚDE, 2001; RONCALLI; LIMA,

2006).

Estudos indicam que as causas imediatas do óbito têm sua ocorrência de certa

forma determinada por fatores sociais, econômicos e culturais — como renda, educação e

posse de terra. Tais fatores influenciam a ocorrência das causas imediatas de morte através de

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determinantes de nível intermediário, que incluem tanto a exposição a fatores de risco (por

exemplo, condições inadequadas de nutrição, saneamento, aglomeração, etc) quanto a falta

de acesso a fatores de proteção (por exemplo vacinas, manejo adequado das doenças

infecciosas, atenção pré-natal etc.) (VICTORA, 2001).

Em São Caetano, o Programa Criança Saudável firmou parceria com a Assistência

Social, que realiza o acompanhamento das famílias de risco, no intuito de amenizar fatores

sociais e econômicos. Dentre suas ações, temos a distribuição de cestas básicas. Nesse

contexto, vejamos o Gráfico 3 abaixo:

0

2000

4000

6000

8000

10000

2004 2005 2006

NÚMERO DE CESTASBÁSICAS DISTRIBUÍDAS

Gráfico 3 - Distribuição de cestas básicas às famílias consideradas em risco entre 2004 a 2006 - São Caetano - Pernambuco.

Analisando-se o Gráfico acima, podemos verificar que houve considerável

aumento do número de cestas básicas distribuídas às famílias consideradas de risco, ou seja,

as famílias de baixa renda que possuem menores de dois anos como componentes da entidade

familiar. Nesse contexto, podemos verificar que no ano de 2004, antes da implantação do

Programa Criança Saudável, não havia no município de São Caetano distribuição de cestas

básicas às famílias de risco, o que passou a ocorrer somente no ano de 2005, quando foram

distribuídas 6.800 cestas básicas. Número esse que cresceu para 9.366 cestas no ano de 2006,

devido à inclusão de menores de cinco anos na distribuição das cestas às famílias, garantindo,

assim, a participação da Secretaria de Assistência Social ao Programa.

Relevante destacar que essa ação em particular do Programa Criança Saudável foi

implantada independentemente do Programa Bolsa Família, Programa esse que contribuiu

para retirar as famílias brasileiras da situação de extrema miséria.

Desses determinantes acima citados, muitos são passíveis de modificação através

de intervenções sanitárias e/ou de setores afins. A importância de tais determinantes é

imensa, uma vez que, historicamente, são responsáveis pelos altos níveis de mortalidade no

país e pela intensa disparidade entre as regiões (REDE INTERAGENCIAL DE

INFORMAÇÕES PARA A SAÚDE, 2001).

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Sabendo que as taxa de mortalidade infantil também estão atrelada às condições

sanitárias da população, a Prefeitura de São Caetano investiu recursos em ações de

calçamento de ruas, aumento da rede de distribuição de água, fiscalização dos carros pipas na

distribuição de água para as comunidades das zonas rurais e aumento da rede de esgoto.

Tal fato supramencionado pode ser facilmente comprovado observando-se o

Gráfico 4 abaixo, que explicita o número de domicílios e suas respectivas formas de

abastecimento de água, entre os anos de 2000 a 2006, no município de São Caetano,

demonstrando, assim, o crescimento do número de domicílios que possuem abastecimento da

rede geral.

Gráfico 4 - Número de domicílios e suas respectivas formas de abastecimento d’água entre 2000 a 2006 - São Caetano - Pernambuco.

Continuando a tratar da questão da mortalidade infantil de menores de um ano,

temos que causas perinatais, incluindo as neonatais precoces e tardias, contabilizam metade

de todas as mortes entre menores de um ano. Ao contrário da maioria das causas de morte, a

mortalidade devida a essas causas é relativamente mais estável. O Norte e o Nordeste

apresentam coeficientes particularmente altos (BRASIL, 2002).

Mortes devidas a doenças infecciosas, e especialmente à diarréia, têm diminuído

rapidamente, mas ainda são responsáveis por um grande número de óbitos no Norte e

Nordeste (COUTINHO, 2008).

Conforme publicações da UNICEF, no segundo relatório Situação Mundial da

Infância 2008 – Sobrevivência Infantil, o Brasil ascende 27 posições no ranking de

mortalidade na Infância. Ainda segundo a mesma fonte, em 1990 o país possuía uma taxa de

57 mortes de menores de cinco anos por mil nascidos vivos, contra 20 mortes por mil

nascidos vivos em 2006 (POIRIER, 2008). De acordo ainda com o citado relatório, em 2008

a taxa de mortalidade infantil em menores de um ano, configura-se em 19 por mil nascidos

vivos.

5.453

1.055

3.026

6.404

464

2.293

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

2000 2006

Rede Geral

Poço ou nascente

Outros

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39

Tendo em vista tais causas ou problemas serem potencialmente tratáveis ou

preveníveis através de medidas e ações de saúde, como, por exemplo, as desenvolvidas pelo

Programa Criança Saudável no município de São Caetano/PE, que conseguiram reduzir a

quantidade de mortes de crianças por causas evitáveis tardias de 10 óbitos, em 2004, para 07

óbitos em 2005 e 04 óbitos em 2006.

A mortalidade infantil torna-se, assim, pelas suas características epidemiológicas,

menos um indicador de risco agregado e mais um evento “sentinela” de uma ocorrência

potencialmente evitável. Outros estudos permitiriam aprofundar esta análise, seja diminuindo

a escala e investigando a ocorrência de baixo peso em macrorregiões com grandes contrastes,

seja aumentando a escala e investigando microáreas (BRASIL, 2002; POIRIER, 2008).

Uma das questões fundamentais do uso da TMI como indicador de condições

gerais de saúde diz respeito à heterogeneidade da população, particularmente quanto à

eqüidade e acessibilidade.

A eqüidade pode ser entendida como a igualdade de acesso à saúde e deve ser um

direito do cidadão. A acessibilidade envolve aspectos que vão mais além da assistência à

saúde propriamente dita. Esta deve ser garantida do ponto de vista geográfico, através do

adequado planejamento da localização dos serviços de saúde; econômico, pela remoção de

barreiras derivadas do sistema de pagamento ou contribuição pelo usuário; cultural, com a

adequação das normas e técnicas dos serviços aos hábitos e costumes da população em que

se inserem; e funcional, mediante a oferta de serviços oportunos e adequados às necessidades

da população (BRASIL, 1990).

A capacidade de um indicador de detectar populações de risco varia conforme o

local e a escala de análise. Em situações onde o diferencial socioeconômico reflete-se

diretamente no aporte nutricional da gestante, a incidência de baixo peso ao nascer será

maior, gerando incremento também na mortalidade infantil (ARAÚJO; BOZZETTI;

TANAKA, 2000; REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA A SAÚDE,

2001).

Por outro lado, ainda que tenham sido identificados bairros onde as condições de

vida são mais precárias, o impacto destas na mortalidade infantil vem diminuindo ao longo

das últimas décadas, graças, inclusive, aos programas de mitigação como reidratação oral,

vacinação e atendimento às infecções respiratórias agudas. Em cidades como o Rio de

Janeiro, onde as condições de saúde da gestante não são significativamente desiguais entre os

bairros, a detecção dos grupos de maior risco pode estar relacionada a outros indicadores

(CAMPOS; CARVALHO; BARCELLOS, 2000).

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40

Nos Gráficos 5, 6 e 7 a seguir, observamos a freqüência do nascimento segundo o

tipo de parto, nos anos de 2004 a 2006, no município de São Caetano – PE. Este indicador,

apesar de controverso, já foi bastante debatido, devido ao crescente número de cesáreas,

muitas vezes desnecessárias no Brasil, como um todo.

Apesar da atuação de Campanhas em prol de partos naturais, salientado-se os

riscos do parto cesáreo sem a devida indicação médica, observa-se que, principalmente, no

setor de saúde suplementar, usuários de planos de saúde, e mães com nível sócio-econômico

mais elevados, optam pela cesariana. Assim, os dados abaixo refletem, particularmente, a

demanda espontânea atendida pelo SUS, que predomina nos serviços de saúde de São

Caetano/PE, demonstrando que o parto natural é predominante no atendimento público de

saúde no município.

Gráfico 5 - Freqüência do nascimento segundo o tipo de parto no ano de 2004 - São Caetano - Pernambuco.

Gráfico 6 - Freqüência do nascimento segundo o tipo de parto no ano de 2005 - São Caetano - Pernambuco.

379

128

Vaginal

Cesáreo

438

171 Vaginal

Cesáreo

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Gráfico 7 - Freqüência do nascimento segundo o tipo de parto no ano de 2006 - São Caetano - Pernambuco.

O coeficiente de cesarianas no Brasil é um dos mais elevados do mundo,

alcançando 36,4% do total de partos; o coeficiente é mais baixo no Nordeste (20,4%) e Norte

(25,5%), mas representa quase a metade do total de partos nas demais regiões. De acordo

com a PNDS de 1996, a maioria dos partos (52,1%) em São Paulo é por cesariana

(MARTINS; MELLO; SCOCHI, 1999; POIRIER, 2008).

Enquanto que melhorias no atendimento ao parto e aos recém-nascidos

provavelmente levarão a uma redução da mortalidade, a situação com relação às cesarianas é

mais complexa.

Defende-se que níveis excessivamente baixos de cesarianas aumentariam a

mortalidade, por expor recém-nascidos ao risco de traumatismos obstétricos e de anoxia e

hipóxia. Em contrapartida, coeficientes de cesariana altos indicam que muitas dessas

cirurgias são voluntárias. Erros no cálculo da idade gestacional podem levar a partos

prematuros. A OMS recomenda que não mais de 15% de todos os partos sejam por cesariana.

Essas questões serão discutidas posteriormente (BARROS et al., 1991; BARROS;

VAUGHAN; VICTORA, 1986; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1985).

Outra preocupação é a de que, paradoxalmente, os coeficientes de cesariana são

mais baixos para gestantes de alto risco do que para as de baixo risco, visto que estas últimas

são freqüentemente pacientes privadas. Portanto, mesmo com a presença de coeficientes

elevados, gestantes de alto risco podem ainda fazer menos cesarianas de que necessitariam

(ARAÚJO; BOZZETTI; TANAKA, 2000).

O percentual de cesarianas no Brasil (36%) é um dos mais altos do mundo.

Mesmo existindo pouca evidência de que isto leve a um aumento na taxa de mortalidade, este

234

469

Vaginal

Cesáreo

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42

coeficiente representa um desperdício importante de recursos que poderiam ser destinados a

outros aspectos do atendimento ao parto.

Assim, diante de tudo o que até aqui foi exposto, podemos verificar que há uma

tendência mundial de superação do número de partos cesáreos em relação ao número de

partos naturais. Nesse cenário, na maioria dos municípios brasileiros, o parto cesáreo supera

o parto vaginal. Entretanto, de acordo com o que podemos constatar analisando os Gráficos

5, 6 e 7 acima expostos, comprova-se que no município de São Caetano/PE, por força das

ações do Programa Criança Saudável, o parto vaginal supera, em muito, o parto cesáreo, o

que demonstra mais um avanço, ou melhor, mais um resultado positivo obtido através da

implantação do Programa tanto para a saúde das crianças quanto das gestantes do município.

Pouquíssimos estudos brasileiros investigaram a associação entre a cesariana e a

mortalidade neonatal. Em Pelotas, bebês nascidos por cesariana apresentaram um risco 1,6

vezes maior de morte do que aqueles nascidos por parto normal. Por outro lado, em Maringá,

partos normais foram associados a um aumento de 2,2 vezes nas mortes por causas perinatais

(SILVA, 1998).

Recentes revisões têm mostrado que as principais causas de partos prematuros

incluem infecções genitais, partos múltiplos, hipertensão materna, baixo índice de massa

corporal (IMC) pré-gestacional, disfunções uterinas, e trabalho materno pesado. Por outro

lado, as principais causas de RCIU são: baixo consumo de calorias durante a gestação,

fatores étnicos, baixo índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional, baixa estatura

materna, e tabagismo. Portanto, o baixo peso ao nascer é uma combinação de uma série de

problemas diferentes, que requerem intervenções distintas. Uma atenção pré-natal apropriada

trata da maioria destes problemas, mas o estado nutricional da mãe antes e durante a gestação

também é importante (REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA A SAÚDE,

2001).

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43

Nesse contexto, vejamos os dados apresentados na Tabela 3 abaixo:

Tabela 3 - Freqüência de consultas pré-natais 2004 A 2006. São Caetano/Pernambuco. SINAN.

Nº CONSULTAS PRÉ-NATAIS

ANO NENHUMA

1 A 3

VEZES

4 A 6

VEZES 7 E MAIS IGNORADO TOTAL

2004 17 62 180 232 19 507

2005 10 66 272 282 05 635

2006 05 38 250 407 03 703

Analisando-se os dados acima apresentados em relação à freqüência de consultas

pré-natais realizadas no município de São Caetano entre os anos de 2004 a 2006, podemos

constatar que após a implantação do Programa Criança Saudável de São Caetano/PE houve

considerável aumento do número de consultas pré-natais realizadas, quando em 2004

registrou-se um total de 507 consultas, coeficiente esse que subiu para 635 consultas em

2005, e aumentou ainda mais no ano de 2006, quando registramos um total de 703 consultas

pré-natais realizadas no município, o que também contribui diretamente para a redução da

mortalidade em menores de um ano.

O Programa de Acompanhamento Pré-natal estimula a participação ativa da

mulher no seguimento de sua gestação, orientando-a a realizar em média 12 consultas.

As intervenções nessa área incluem assegurar pelo menos cinco consultas à

atenção pré-natal para todas as mulheres, garantir o acompanhamento de todos os partos por

parte de um profissional de saúde treinado (médicos ou enfermeiras) e, especialmente,

reciclar e supervisionar o pessoal de saúde na área de serviços pré-natais (BRASIL, 2006).

Outra questão importante é a questão do alto índice de gravidez na adolescência no

município, tendo em vista que a gravidez na adolescência é um fator de alto risco. Nesse

sentido, vejamos a Tabela 4 abaixo:

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44

Tabela 4 - Freqüência de nascidos vivos segundo faixa etária 2004 a 2006 - São Caetano/Pernambuco.

FAIXA ETÁRIA

ANO 13

ANOS

14

ANOS

15

ANOS

16

ANOS

17

ANOS

18

ANOS TOTAL

2004 01 05 14 18 26 27 91

2005 02 08 17 33 29 47 136

2006 0 08 18 31 43 43 143

Referida tabela demonstra que as ações do Programa Criança Saudável de São

Caetano/Pernambuco, apesar da enorme incidência de gravidez na adolescência no município,

contribuíram para que não houvesse um aumento da mortalidade infantil.

Em nível nacional, há uma urgente necessidade de melhorar a qualidade do

atendimento hospitalar, onde atualmente acontecem quase 90% dos partos. Nas áreas rurais,

parteiras tradicionais terão de ser treinadas para encaminhar mulheres com complicações no

parto.

O Programa Nacional de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) está integrado

ao Projeto Nacional de Redução da Mortalidade Infantil, embora existam resultados

promissores desse programa, particularmente quanto à educação para a saúde, sua efetividade

no combate a doenças infecciosas seria muito maior se lhes fosse permitido receitar

antibióticos simples para quadros clínicos bem definidos, como ocorre em diversos países

com documentado sucesso na redução da mortalidade (CAMPOS; CARVALHO;

BARCELLOS, 2000).

O sucesso na redução da mortalidade de menores de cinco anos no Brasil

depende, em grande parte, de como serão enfrentadas as causas perinatais, responsáveis por

cerca de metade de todos os óbitos de crianças. Coutinho (2008) defende que a atenção pré-

natal e ao parto são as medidas com o mais alto potencial de redução da mortalidade de

menores de cinco anos. A mortalidade por causas perinatais é especialmente alta nas regiões

Norte e Nordeste.

Como recém-nascidos de BPN apresentam um risco de mortalidade dez vezes

maior, uma estratégia mais promissora pode ser o acompanhamento freqüente desses recém-

nascidos, programa já implementado em alguns estados (BRASIL, 2006).

O aumento da duração do aleitamento pode contribuir na prevenção de 4,0% das

mortes de menores de cinco anos. A estratégia do AIDPI inclui o treinamento de

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45

profissionais de saúde nessa área, e esta redução de 4% seria acrescida ao efeito do AIDPI

relativo ao manejo de casos de doenças infecciosas (COUTINHO, 2008).

Como esperado, de modo geral, os indicadores demográficos, socioeconômicos e

de atenção à saúde mostraram-se fortemente correlacionados com a mortalidade infantil. A

ausência de associação negativa estatisticamente significante entre esta mortalidade e a

“percentagem de domicílios ligados à rede de esgoto ou com fossa séptica” em 1980-1989 e

a “cobertura vacinal anti-sarampo” em 1980-1989 e 1990-1998 talvez tenham se dado devido

a pouca variabilidade destes dois últimos indicadores nos referidos períodos.

Desse modo, é possível que a redução do analfabetismo, o aumento da cobertura

de vacinação anti-sarampo e a expansão da rede de abastecimento de água observados nos

anos 90 tenham contribuído para o decréscimo dos óbitos evitáveis daquelas crianças que

nasceram vivas (COSTA et al., 2003).

Nesse sentido, e contextualizando a questão do analfabetismo no âmbito do

município de São Caetano, houve uma expansão do número de turmas da Educação de

Jovens e Adultos (EJA), quando em 2004 totalizavam 03 turmas, aumentando em 2005 para

11 turmas, passando a totalizar, no ano de 2006, 22 turmas (SÃO CAETANO, 2008).

Relevante também esclarecer que houve uma reestruturação do Núcleo de

Educação em Saúde, tendo a parceria com a Secretaria de Educação, intensificando-se,

assim, o trabalho referente à educação sexual e ao planejamento familiar com as turmas de

Ensino Médio e com as turmas da Educação de Jovens e Adultos.

Outro importante resultado das ações do Programa Criança Saudável de São

Caetano/Pernambuco foi a obtenção, pelo município, do Selo UNICEF Município Aprovado

(UNICEF..., 2008).

Temos que o Selo UNICEF Município Aprovado “é um reconhecimento

internacional que o município pode vir a conquistar, caso apresente resultados na busca da

melhoria de qualidade de vida de crianças e adolescentes”, constituindo-se em um

instrumento fundamental para o incentivo de políticas públicas que garantam a qualidade de

vida para meninos e meninas, tendo a importância de integrar ações nas áreas de saúde,

educação e proteção, tomando a criança de fato como prioridade absoluta (AZEVEDO apud

SAMPAIO, 2007).

Portanto, o Selo UNICEF Município Aprovado é uma enorme conquista, tendo em

vista que o referido Selo “reconhece o empenho dos municípios para melhorar as condições

de vida das crianças e adolescentes”. Assim, para garantir o Certificado da UNICEF, os

municípios indicados “são avaliados nos indicadores de educação, saúde e proteção, além de

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atividades de participação social relacionadas à Cultura; Identidade Étnico-Racial, Esportes;

Cidadania, Educação para a Convivência e Participação Política” (UNICEF..., 2008).

Nesse contexto, é relevante destacar que para ter a outorga do Selo UNICEF

Município Aprovado, os municípios pernambucanos, incluindo-se o município de São

Caetano, “passaram por etapas como, por exemplo, a realização das ações de participação

social (política, cultura, educação ambiental e comunicação), análise dos indicadores de

impacto, capacitação de conselheiros de Direitos e articuladores para a realização do Fórum

Comunitário”. Assim, na edição de 2005/2006, os municípios pernambucanos foram

agrupados pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) (SAMPAIO, 2007).

Neste contexto, o município de São Caetano agrupou esforços, com suas parcerias

interinstitucionais, para focalizar suas metas principais nos índices de mortalidade infantil,

analfabetismo, evasão escolar e participação social.

Sendo assim, na edição de 2006 do referido Selo, quinze municípios de

Pernambuco receberam o Selo UNICEF Município Aprovado, dentre os quais o município

pernambucano de São Caetano, pelos seus excelentes resultados e pela evolução, através do

Programa Criança Saudável, na saúde das crianças do município (UNICEF..., 2008).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento de dados locais de mortalidade é extremamente necessário e

relevante para conscientizar a população e dar apoio a programas de intervenção.

Algumas sugestões se impõem a título de conclusão deste trabalho. Em primeiro

lugar, o alcance do conhecimento acerca da situação da mortalidade infantil por causas

evitáveis no município de São Caetano – PE – Brasil. Além disso, conclusões de que se faz

necessário incluir como prioridade estratégias que visem à redução da mortalidade infantil a

nível municipal, estadual e nacional.

As ações lembradas a seguir passarão a serem estratégias adotadas nos anos

subseqüentes pelo município, uma vez que respaldaram o sucesso do Programa Criança

Saudável:

a) incentivo ao parto normal;

b) garantia dos exames laboratoriais e USG para as gestantes;

c) intersetoriedade com a Secretaria de Educação, Assistência Social,

Agricultura e Obras;

d) fortalecimento das parcerias com o Conselho Tutelar e Pastoral da Criança;

e) garantia de Vacinação às puerperas e aos recém-nascidos;

f) aumento da cobertura vacinal em menores de um ano;

g) sensibilização dos profissionais da rede hospitalar para o atendimento

humanizado e qualificado ao menor e à gestante (acolhimento);

h) garantia do exame de sífilis e HIV no pré-natal e controle da sífilis neo-

natal;

i) melhora e expansão do saneamento e abastecimento de água;

j) intensificar a contribuição do Programa de Saúde do Adolescente

(PROSAD) na redução da gravidez na adolescência;

k) intensificar o trabalho do Núcleo de Educação e Saúde;

l) garantia de investigação e diminuição dos óbitos por causa maldefinidas.

O Programa Criança Saudável se mostrou eficaz na diminuição da mortalidade

infantil, devido ao esforço coletivo entre as Secretarias de Saúde, Educação, Assistência

Social, Agricultura e Conselho Tutelar. É relevante lembrar de parcerias como Pastoral da

Criança, que muito contribuiu para recuperação do estado nutricional de algumas crianças,

devido ao seu acompanhamento e introdução da Multimistura, como complemento alimentar.

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A mortalidade de menores de um ano vem caindo desde a década de 70, mas os

níveis atuais ainda são cerca de dez vezes mais elevados do que nos países mais

desenvolvidos. Os níveis de mortalidade materna parecem ter se estabilizado desde o início

da década de 1990, sendo atualmente em torno de 25-30 vezes mais elevados do que nos

países desenvolvidos (BRASIL, 2006).

Para os anos 90, possivelmente, o aumento da oferta dos serviços de saúde e

outros avanços sociais devem ter sido os fatores que mais contribuíram para manter a referida

tendência, principalmente no Norte e Nordeste, regiões econômica e socialmente menos

favorecidas.

Deste modo, ao analisamos os fatores associados à tendência da mortalidade

infantil em países subdesenvolvidos a partir dos anos noventa, não se pode mais considerar

apenas um fator ou alguns fatores específicos como os mais relevantes na redução dos seus

níveis, uma vez que o comportamento de alguns deles, como a fecundidade, amamentação e

alimentação infantil, apresentaram-se como pouco significativos neste período (COSTA et

al., 2003).

Atualmente, uma conduta que deve ser mantida é a de assegurar a

sustentabilidade dos importantes progressos já alcançados em áreas como a cobertura

vacinal, o planejamento familiar, e o manejo de casos de diarréia, promovendo assim maiores

reduções na mortalidade de menores de um ano. Melhorias na cobertura e qualidade da

atenção pré-natal e ao parto também são de extrema urgência.

Uma melhoria na qualidade da atenção pré-natal, e de sua cobertura

principalmente nas regiões Norte e Nordeste, contribuirá na prevenção de mortes por

hipertensão, causas obstétricas indiretas, infecções e outras causas. Em curto prazo, a chave

para a redução de mortes devidas a abortos é a melhora no acesso a anticoncepcionais,

especialmente por parte de mulheres jovens. A anticoncepção também contribuiria na

prevenção das mortes obstétricas indiretas.

Assim, o desenvolvimento de ações e educação em saúde, melhoria das condições

de saneamento básico e implementação de ações preventivas são importantes para se reduzir

a mortalidade infantil. Outros fatores sabidamente interferem neste índice: o nível

educacional dos pais, principalmente da mãe, a paridade, o intervalo interpartal e a renda

familiar (POLES; PARADA, 2000).

A descentralização das ações e serviços de saúde na década de 90 no Brasil,

especialmente a partir das Normas Operacionais Básicas (NOB) 93, pode ter contribuído com

o desenvolvimento de estratégias de atenção voltadas para os grupos mais vulneráveis,

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resultando no aumento de coberturas vacinais, de assistência pré-natal e de consultas

médicas, com repercussões positivas na redução do coeficiente de mortalidade infantil.

Ainda que tais acumulações sociais possam se constituir em políticas

compensatórias e em estoques de fatores de proteção por certo tempo, continua a indagação

se serão suficientes para garantir o ritmo de redução da mortalidade infantil, caso persistam

as crises econômicas com aumento de exclusão social e o aprofundamento de desigualdades

no acesso aos serviços de saúde e aos bens de consumo coletivo que asseguram melhores

condições de vida (COSTA et al., 2003).

Diante do exposto, pode-se inferir que a análise da mortalidade infantil por causas

evitáveis tardias atua como instrumento importante de subsídio aos gestores e conselheiros de

saúde no planejamento de políticas, serviços e ações de saúde, sendo relevante destacar que o

presente trabalho pretende contribuir com a discussão sobre a saúde em São Caetano/PE e,

conseqüentemente, no Estado de Pernambuco, oferecendo informação útil à gestão e

planejamento, através do estudo da redução dos índices de mortalidade infantil por causas

evitáveis tardias no município devido às medidas e ações desenvolvidas pelo Programa

Criança Saudável, no período de 2004 a 2006.

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