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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL CAMPUS MARIA AUXILIADORA Sergio Henrique Miorin O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROFISSIONAL NO ENSINO TÉCNICO DO CPDB (CENTRO PROFISSIONAL DOM BOSCO) EM CAMPINAS: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL E DA EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA Americana 2016

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Page 1: O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROFISSIONAL NO …§ão_Sergio... · CNI - Confederação Nacional da Indústria CNE - Conselho Nacional de Educação COPE - Centro de Orientação Profissional

CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

UNISAL – CAMPUS MARIA AUXILIADORA

Sergio Henrique Miorin

O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROFISSIONAL NO ENSINO

TÉCNICO DO CPDB (CENTRO PROFISSIONAL DOM BOSCO) EM

CAMPINAS: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL E DA

EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA

Americana

2016

Page 2: O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROFISSIONAL NO …§ão_Sergio... · CNI - Confederação Nacional da Indústria CNE - Conselho Nacional de Educação COPE - Centro de Orientação Profissional

Sergio Henrique Miorin

O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROFISSIONAL NO ENSINO TÉCNICO DO

CPDB (CENTRO PROFISSIONAL DOM BOSCO) EM CAMPINAS:

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL E DA EDUCAÇÃO

SOCIOCOMUNITÁRIA

Dissertação apresentada ao Centro Universitário

Salesiano de São Paulo – UNISAL, como requisito

parcial para a obtenção do Título de Mestre em

Educação, sob orientação da Profª Drª Sueli Maria

Pessagno Caro.

Americana

2016

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Miorin, Sergio Henrique.

M631d O Desenvolvimento humano e profissional no ensino técnico do CPDB (Centro Profissional Dom Bosco) em Campinas: contribuições da psicologia social e da educação sociocomunitária / Sergio Henrique Miorin. – Americana: Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2016.

135 f. Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL - SP. Orientadora: Sueli Maria Pessagno Caro. Inclui bibliografia. 1. Desenvolvimento profissional. 2. Desenvolvimento

humano. 3. Psicologia social. 4. Educação sociocomunitária. 5. Ensino profissionalizante I. Miorin, Sergio Henrique. II. Centro Universitário Salesiano de São Paulo. III. Título.

CDD 370

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SERGIO HENRIQUE MIORIN

O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROFISSIONAL NO ENSINO TÉCNICO DO

CPDB (CENTRO PROFISSIONAL DOM BOSCO) EM CAMPINAS:

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL E DA EDUCAÇÃO

SOCIOCOMUNITÁRIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação – área de concentração: Educação Sociocomunitária. Linha de pesquisa: Análise histórica da práxis educativa nas experiências sociocomunitárias e institucionais.

Orientadora: Profa. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro

Dissertação defendida e aprovada em / /2016, pela Comissão Julgadora:

__________________________________________

Profª Drª Regiane Aparecida Rossi Hilkner

Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

__________________________________________

Prof. Dr. Francisco Evangelista

Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

__________________________________________

Profa Dra Sueli Maria Pessagno Caro

Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

Page 5: O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROFISSIONAL NO …§ão_Sergio... · CNI - Confederação Nacional da Indústria CNE - Conselho Nacional de Educação COPE - Centro de Orientação Profissional

Dedicatória

Dedico este trabalho a tantas pessoas queridas, dentre elas à

minha esposa, à minha filha e à minha mãe, que sempre

acreditaram em mim como pessoa e profissional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para o

desenvolvimento desta dissertação:

A Deus, que me concedeu equilíbrio, coragem e perseverança dentre tantos

projetos acontecendo ao mesmo tempo.

À minha esposa, revisora oficial de tudo que escrevo e, principalmente, por

esse projeto, pelo apoio incondicional e por viver esse momento junto comigo.

Ao meu amigo Reinaldo José Matos, Professor Coordenador do CPDB

(Centro Profissionalizante Dom Bosco), pelo suporte e pela experiência vivenciada,

que me auxiliou incansavelmente, o tempo todo, com essa pesquisa.

À Direção da Escola Salesiana São José, em especial ao Diretor de

Operações, Professor Anderson Luiz Barbosa, ao Padre Dilson Passos Junior e ao

Irmão Marcelo Oliveira dos Santos.

Aos colegas e professores do Mestrado, pelo apoio teórico e cuidado nas

sugestões.

Aos professores e profissionais do CPDB Campinas, pelos relatos e pela

dedicação e pelas entrevistas concedidas a mim para essa pesquisa.

Ao irmão Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, pela dedicação por grandes

causas e por colocar sempre a salesianidade e os ensinamentos de Dom Bosco em

prática.

À Profª Dra Sueli Maria Pessagno Caro, por toda orientação ministrada à

minha pesquisa.

Ao Coordenador do Programa, Professor Dr. Renato Soffner, pelo

profissionalismo, ética e pela sua salesianidade, por ser um profissional

diferenciado.

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“A SABEDORIA PARTE DA IGNORÂNCIA”

Paulo Freire

“ESTUDO SEM PENSAMENTO É TRABALHO PERDIDO; PENSAMENTO SEM

ESTUDO É PERIGOSO”

Confúcio

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RESUMO

Esta pesquisa foi realizada no Centro Profissional Dom Bosco (CPDB)

Campinas, mantido pela Escola Salesiana São José, que realiza um trabalho social

com apoio humano, técnico, pedagógico, financeiro e psicossocial para

adolescentes com poucas oportunidades de mercado e falta de estímulos familiar e

financeiro. Suas práticas educativas são realizadas há anos, sempre com a

pedagogia adotada por São João Dom Bosco, embasadas nos pilares razão,

religião, bondade e amor ao próximo. Foram abordados neste trabalho os princípios

da psicologia social e da educação sociocomunitária para o desenvolvimento

humano e profissional nos ingressos e em curso do ensino médio do curso Técnico

em Fabricação Mecânica, Técnico em Informática e Técnico em Eletroeletrônica na

Escola Salesiana São José. A pesquisa qualitativa desenvolvida junto aos

professores e profissionais do curso técnico, com foco nos alunos, revelou a

importância da psicologia social e da educação sociocomunitária na vida destes.

Modificando a vida dos alunos, há reflexos de melhoria na vida das pessoas que

estão ao seu redor como família, amigos e comunidade, além de ampliar as

possibilidades no mercado de trabalho. Todos esses pontos são significado de

inclusão social desses alunos menos favorecidos.

Palavras-chave: Desenvolvimento humano e profissional. Psicologia social.

Educação sociocomunitária.

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ABSTRACT

This research was conducted at the Centro Profissional Dom Bosco (CPDB)

Campinas, maintained by the Escola Salesiana São José, who carries out social

work with human support, technical, educational, financial and psychosocial for

teenagers with few market opportunities and lack of familiar stimuli and financial.

Their educational practices are held for years, always with the pedagogy adopted by

São João Bosco, based in the pillars reason, religion and kindness and love of the

next. Were addressed in this work the principles of social psychology and socio-

communitarian education for human and professional development in inflows and

high school course Technical course in Mechanical Manufacturing, Computer

Technician and Technician Eletroeletrônica at the Escola Salesiana São José.

Qualitative research developed with teachers and technical course professionals,

focusing on students, revealed the importance of social psychology and socio-

communitarian education in their lives. Changing the lives of students, there is

improvement reflected in the lives of people who are around you as family, friends

and community, and expand the possibilities in the labor market. These are all

means of social inclusion of disadvantaged students.

Keywords: human and professional development. Social Psychology. Socio-

communitarian education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fotos tiradas em 26/8/2015 com o boa-tarde, sendo ministrado pelo

Agente da Pastoral (Sr. Rafael Belletti) .................................................................... 24

Figura 2 - Área de Conveniência .............................................................................. 24

Figura 3 - Betânica Franciscana - Casa de Retiro ................................................... 25

Figura 4 - Cidades da RMC ...................................................................................... 28

Figura 5 - Área de Conveniência .............................................................................. 29

Figura 6 - Sr. Alcides apresenta as oficinas do CPDB para os pequenos da

educação infantil ....................................................................................................... 30

Figura 7 - Variações nas matrículas entre 1990 e 2002 ........................................... 31

Figura 8 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Fabicação Mecânica

................................................................................................................................... 33

Figura 9 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Fabicação Mecânica .... 33

Figura 10 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Eletroeletrônica .......... 33

Figura 11 - Foto tirada em 23/9/2015 - Curso Técnico de Eletroeletrônica ............. 34

Figura 12 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Informática ................. 34

Figura 13 - Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As

grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento ..................... 61

Figura 14 - Pais participativos influenciam positivamente no desempenho escolar

dos filhos ................................................................................................................ 100

Figura 15 - Desfile de 7 de Setembro - Jardim de Infância .................................... 115

Figura 16 - Entrega do Diploma do Primeiro Grau e turma .................................... 116

Figura 17 - Entrega do Diploma do Segundo Grau e Técnico ............................... 119

Figura 18 - Festa dia 29/8/2015 de ex-alunos do SESI 299 e professores ............ 122

Figura 19 - Festa dia 29/8/2015 de ex-alunos do SESI 299. Entrevista que concedi a

Dunga Santos, presidente da Rádio Valinhos FM (105,9MHz) e radialista ........... 122

Figura 20 - Dunga Santos, presidente da Rádio Valinhos FM (105,9MHz) e radialista

................................................................................................................................. 123

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Recorde de frequência de alunos nos cursos do CPDB em 1993 .......... 28

Tabela 2 - Média de matrículas no ensino técnico ................................................... 42

Tabela 3 - Participação dos profissionais do CPDB nas entrevistas em campo

................................................................................................................................... 80

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALAPSO - Associação Latino-Americana de Psicologia Social

APA - American Psychological Association

AVESCO - Associação Venezuelana de Psicologia Social

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

CBAI - Comissão Brasileiro-Americana de Ensino Industrial

CEB - Câmara de Educação Básica

CEPROCAMP - Centro de Educação Profissional de Campinas “Prefeito Antônio da

Costa Santos”

CEPROVI - Centro de Educação profissional de Vinhedo

CNI - Confederação Nacional da Indústria

CNE - Conselho Nacional de Educação

COPE - Centro de Orientação Profissional e Empresarial

CPDB - Centro Profissional Dom Bosco

DAEV- Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

EJA - Educação de Jovens e Adultos

EPDB - Estrada Parque Dom Bosco

ESSJ - Escola Salesiana São José

ETEC - Escola Técnica de Campinas

EUA - Estados Unidos da América

FAJ - Faculdade Politécnica de Jundiaí

FCBIA - Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência

FEAC - Federação das Entidades Assistenciais de Campinas

FGV - Fundação Getúlio Vargas

FUMEC - Fundação Municipal para Educação Comunitária

IBMEC - Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais

INATEL - Instituto Nacional de Telecomunicações

ISA - Instituto de Solidariedade Alimentar do Ceasa Campinas

ISEs - Institutos Superiores de Educação

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC - Ministério da Educação e Cultura

PCPP - Programa de Crédito Produtivo Popular

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PIB - Produto Interno Bruto

PIPM - Programa de Iniciação profissional para do Menor

RH - Recursos Humanos

RMC - Região Metropolitana de Campinas

SEADE - Fundação Sistema Estadual

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas

SESI - Serviço Social da Indústria

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SIP - Sociedade Interamericana de Psicologia

TI - Tecnologia da Informação

TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação

UNISAL - Centro Universitário Salesiano de São Paulo

USF - Universidade São Francisco

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14

CAPÍTULO 1 - AS HISTÓRIAS SALESIANA E DO CPDB ..................................... 21

CAPÍTULO 2 - O ENSINO TÉCNICO COM O MERCADO DE TRABALHO DOS

JOVENS ................................................................................................................... 41

2.1 Desafios da Educação na Formação Alunos Empreendedores para o Mercado

de Trabalho .............................................................................................................. 51

2.2 Transformações Culturais e de Mundo que Impactam na Formação Profissional

no Nível Médio e na Educação ................................................................................. 55

CAPÍTULO 3 - FORMAÇÃO DO ENSINO TÉCNICO NO ÂMBITO PSICOSSOCIAL

................................................................................................................................... 66

3.1 Contribuição da Psicologia Social ...................................................................... 69

CAPÍTULO 4 - CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA ....................... 78

4.1 Apresentação e Análise de Dados dos Profissionais do CPDB: Antes e Depois

de 2009 ..................................................................................................................... 80

4.2 Depoimentos dos professores e profissionais engajados no curso ................... 81

4.3 A importância dos pais na formação do aluno ................................................... 96

RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 101

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 107

ANEXOS ................................................................................................................ 114

Anexo I – Memorial ................................................................................................ 114

Anexo II – Quadro curricular da educação profissional – habilitação profissional

técnica em fabricação mecânica ............................................................................ 126

Anexo III – Quadro curricular da educação profissional – habilitação profissional

técnica em eletroeletrônica ......................................................................................127

Anexo IV – Quadro curricular da educação profissional – habilitação profissional

técnica em informática .............................................................................................129

Anexo V – Termo de consentimento informado – Escola Salesiana São José –

CPDB ...................................................................................................................... 130

Anexo VI – Termo de consentimento informado – Prof. do CPDB Marcelo Luis Prata

Vieira ...................................................................................................................... 131

Anexo VII – Termo de consentimento informado – Prof. do CPDB Gerson Zanca

................................................................................................................................. 132

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Anexo VIII – Termo de consentimento informado – Assistente social do CPDB Maria

Amália de O. Castro ............................................................................................... 133

Anexo IX – Termo de consentimento informado – Prof. Coordenador do CPDB

Reinaldo José Matos .............................................................................................. 134

Anexo X – Termo de consentimento informado – Prof. Rodrigo Tarcha A. de Souza

................................................................................................................................. 135

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como objetivo examinar as habilidades e

contribuições psicossociais desenvolvidas ou não, descobertas, novos fatos e novas

interpretações para fatos desconhecidos no ensino técnico no Centro Profissional

Dom Bosco (CPDB) em Campinas e as influências no curso. Serão observados os

assuntos da teoria na prática com os profissionais do CPDB para aplicação aos

alunos e ensino. Alguns pontos para serem observados: inteligência, popularidade,

sobrecarga cognitiva e discriminação.

Integram essa pesquisa as experiências profissionais dos professores,

assistente social e coordenador do curso, que são benéficas aos alunos e também

as dificuldades encontradas por ambos (sob ótica dos profissionais), por meio de

minha pesquisa em campo, por pesquisa individual e participação ativa por visitas ao

CPDB e por referências bibliográficas. A visitação aos ambientes frequentados pelos

alunos como laboratórios, assistência social, espaço de lazer e conveniência, que de

alguma forma ou outra participam desta história do CPDB Campinas.

A escolha pela instituição CPDB Campinas não foi casual, mas pelo trabalho

social, religioso, e por ser um exemplo de Educação Sociocomunitária representativa

no âmbito social. A preocupação em atender o próximo como Dom Bosco sempre

fez parte de sua trajetória, conforme abordado no Capítulo 1. Foi constatado nessas

visitas, durante um período aproximado de 3 meses de convívio, que a grande

maioria dos alunos agarra a oportunidade concedida pela instituição com muito

respeito, disciplina e dedicação.

O educador/professor precisa transmitir conceitos e aprendizados que serão

levados para vida toda do aluno.

Esta pesquisa foi feita na Escola Salesiana São José (ESSJ) que, com seus

recursos financeiros próprios, mantém o CPDB Campinas, o qual realiza um trabalho

social com apoio humano, técnico, pedagógico, financeiro e psicossocial para

adolescentes com poucas oportunidades de mercado e falta de estímulo. Suas

práticas educativas são realizadas há anos, sempre com a pedagogia adotada por

São João Dom Bosco, contendo razão, religião, bondade e amor ao próximo.

Pela pesquisa foram verificados também os princípios da psicologia social,

os quais, conforme RODRIGUES (1999), são “influência recíproca entre as pessoas”

e da educação sociocomunitária, que, de acordo com BISSOTO (2012) são

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provenientes “de uma prática antiga nas iniciativas sociais”, para o desenvolvimento

humano e profissional, por meio dos professores em relação aos ingressos e que

estão cursando do ensino médio do curso Técnico em Fabricação Mecânica,

Técnico em Informática, Técnico em Eletroeletrônica na Instituição de Ensino São

José no CPDB.

Os adolescentes que buscam o CPDB são filhos de trabalhadores com

renda de até um salário mínimo e meio, conforme a Lei nº 12.101/2009,

denominados assalariados pela sociedade. Essas famílias estão na faixa da classe

popular. Quando conseguem ingressar no curso, é para eles a oportunidade de uma

vida melhor. Um dos objetivos da instituição CPDB é atingir essa classe, realizando,

assim, um trabalho social. Para o ingresso, o processo seletivo abrange, além de

nota de corte e uma quantidade de vagas limitada, alguns requisitos como serem os

candidatos moradores de periferia, de famílias de baixa renda, adolescentes que

estejam cursando o ensino médio no ano da inscrição e que tenham até 17 anos no

ano em que iniciarão o curso técnico, com determinação e disciplina.

O Brasil, por ser a sétima economia mundial (ROSSI, 2015), encontra-se em

desvantagem relativamente a outros vários países desenvolvidos, de maneira que a

economia do nosso país afeta diretamente a educação. No dizer de LOMBARDI

(2005), a elite do nosso país é beneficiada por um ensino de qualidade,

negligenciando o acesso de todos a uma educação de referência:

Além de agente pedagógico fundamental ex generatione, ela cria o primeiro espaço de socialização, inclusive por meio de valores básicos de referência. A possibilidade de uma educação escolar dada a família, mesmo após a infância, deita raízes na própria formação colonial brasileira e em nossas tradições patriarcais. Contudo, a permanência no tempo exercido por tal tradição revela também histórica negligência das nossas elites para com o acesso de todos e uma escolarização institucionalizada, dada a ausência de uma rede escolar sistemática durante muito tempo. Exemplos a serem citados são os das preceptoras muitas vezes estrangeiras, e denominados tios - padres. (LOMBARDI, 2005, p. 8). Ao estado se impõe a tarefa de educar, nos espaços da escolarização, porque o bem trazido por esta não poderia ter uma distribuição desigual entre os iguais. O direito da educação decorre de dimensões estruturais coexistentes na própria consistência do ser humano. A racionalidade, componente distintivo das espécies superiores, é expressão da ação consciente do homem sobre as coisas. Esta Ação implica também o desenvolvimento da capacidade cognoscitiva do ser humano como meio de penetração no mundo

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objetivo das coisas. A racionalidade é também condição do reconhecimento de si, que apenas se completa pelo concomitante reconhecimento igualitário da alteridade. Só com desenvolvimento destas capacidades é que a ação do homem com o outro e sobre as coisas de torna humana (LOMBARDI, 2005, p. 9).

Baseado no pensamento de LOMBARDI (2005), observou-se que o

desenvolvimento das pessoas está na racionalidade, no aprendizado, no

conhecimento. Para que o desenvolvimento aconteça, precisamos essencialmente

de escolas de qualidade, ensino de qualidade; caso contrário, a desigualdade no

Brasil se perpetuará. Para o ingresso do ser humano no mundo, em todas as

esferas, é necessário o mínimo de discernimento.

A grande parte da população não tem acesso ao ensino de qualidade nem

sabe que ele existe, tampouco quais os impactos que traz para o desenvolvimento

pessoal e profissional dos jovens. Instituições de educação que promovem ensino

técnico e gratuito têm programas sociais e buscam contribuir ao acesso de muitas

pessoas à educação.

O impacto do curso técnico para as pessoas contribui para uma sociedade

melhor, distribuindo renda de uma forma justa, por meio de metodologias

educacionais que dão resultado para o desenvolvimento dos ingressos e em curso.

Esta pesquisa tem um link direto com a linha 1 do Programa de Mestrado em

Educação, “análise histórica da práxis educativa nas experiências sociocomunitárias

e institucionais”, que é essencial para o estudo, trazendo, assim, contribuições que

poderão se transformar em excelência histórica ao longo do seu desenvolvimento,

implementação e validação efetiva. O estudo é voltado para a transformação social,

semeando uma esperança de futuro para os alunos do ensino técnico.

Para que se consiga obter sucesso com o estudo de pesquisa, é necessário

estar preparado para aprender por meio de práticas educativas realizadas hoje,

tendo como contribuição os principais nomes da educação no Brasil, por suas obras

que são referências sobre o assunto.

O mundo muda rapidamente, de modo que tanto na área

corporativa/industrial como na acadêmica/cursos técnicos é desejável que haja

rapidez e inovação em seu desenvolvimento constante. Baseado nessas premissas,

esse estudo trará contribuições para os alunos do ensino técnico tanto para o

mercado corporativo/industrial quanto para a academia/cursos técnicos, com foco na

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educação sociocomunitária e na formação técnica no âmbito psicossocial, de acordo

com o Capítulo 3.

Conforme CARO (2012), a educação realmente acontece quando existe uma

reflexão e ação do aluno em relação ao conhecimento e da sua própria história. Seu

desenvolvimento contribui para a educação social no contexto escolar. Muitas

figuras importantes participam de tudo isso como os educadores sociais, a equipe

educativa, a família, a comunidade, trazendo algo a mais para educação

sociocomunitária, e todo esse processo complexo é de extrema importância para

educação do Brasil e dá perspectivas da educação escolar.

E comunidade, no dizer de SILVA (2003), é rede de amplo relacionamento:

O conceito de comunidade, empregado por muitos pensadores não só do século XIX mas também do século XX, abrange todas as formas de relacionamento caracterizadas por um grau elevado de intimidade pessoal, profundeza emocional e engajamento moral, coerção social e continuidade no tempo. (SILVA, 2003, p. 13)

Este estudo poderá ajudar as pessoas e contribuir com a educação, o que

pode até ser com uma pequena parcela, mas tem um significado muito grande.

Certamente poderá melhorar o meu desempenho como educador e contribuir para

cursos técnicos em níveis estruturais e de melhoria. Essas melhorias serão:

atendimento ao aluno, aprendizagem e sociocomunitária ainda mais atuante.

Esta pesquisa poderá ajudar os ingressos e que estão

cursando/alunos/pessoas do CPDB a receberem uma educação ainda melhor.

Conforme Capítulo 4, a investigação científica tem como objetivo a pesquisa,

descobertas, hipóteses, utilizando procedimentos, metodologias e bibliografias para

contribuir com a investigação.

Os fatos, realidades, geraram descobertas durante o estudo. Foram

verificados: como o professor avalia os ingressos durante o curso? O que dificulta a

entrada do ingresso no mercado de trabalho em termos psicológicos e sociais?

Quais ações podem ser desenvolvidas com aqueles que apresentam dificuldades

psicossociais? A educação sociocomunitária está ou pode estar presente no curso

técnico? De quais formas?

Foram elaboradas perguntas para professores, assistente social e

coordenador do curso, profissionais que estão na instituição há mais de 10 anos,

todos passaram pelo CPDB antes e depois da mudança de 2009/2010.

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As perguntas foram elaboradas para contribuir com as questões do

desenvolvimento humano e profissional no ensino técnico do CPDB em Campinas,

com as contribuições da psicologia social e da educação sociocomunitária. Após as

entrevistas formais, tabulamos as informações.

Ao longo da pesquisa ficou evidenciado que a salesianidade e a religião

estão presentes no curso pela grande dedicação que os profissionais envolvidos

desempenham.

De acordo com o que foi explanado no Capítulo 2, o ensino técnico vem

tendo destaque no mercado do trabalho, pois a mudança do ensino

profissionalizante para o ensino técnico trouxe mais prestígio para os alunos no

mercado, tendo em vista que a formação técnica é mais especializada. Quando

existia somente o profissionalizante, muitas vezes os alunos paravam de estudar

depois do seu término, não conseguiam cursar o técnico – que era o próximo passo

da carreira – muito menos uma Universidade. Atualmente eles saem diplomados

como técnicos.

Tudo isso significa uma distribuição de renda melhor e condições de os

alunos continuarem os seus estudos. Não somente a parte técnica auxilia os alunos

na construção da carreira, mas também fatores como flexibilidade, disponibilidade,

comprometimento, humildade, socialização, desenvolvidos pela matriz curricular,

que os transformam em profissionais mais preparados.

No Brasil ainda precisamos evoluir na educação. Países desenvolvidos na

economia, nas finanças e na cultura têm 2/3 de matrículas a mais se comparados ao

Estado de São Paulo, que é o que tem mais alunos matriculados no Brasil.

Os desafios na Educação brasileira são muitos, em todos os níveis, desde o

básico até o doutorado. Há o desafio de formar profissionais técnicos, sem perder de

vista o aspecto humanístico, e, acima de tudo, ter uma educação mais moderna,

preparando os alunos para resolver problemas, para empreenderem, para serem

diferenciados nas profissões que escolherem.

As mudanças estão acontecendo muito rapidamente e junto com elas as

transformações culturais e de mundo que impactam na formação dos alunos do

curso técnico do CPDB. Se o mercado muda rapidamente, a academia precisa

acompanhar essas mudanças, entre elas a tecnológica, de gestão, de

comportamento do profissional junto ao mercado, ou seja, fazer a mesma coisa de

forma diferente, trazendo mais retorno para a empresa; pensar diferente e ter em

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prática constante a resolução de problemas. Há de se cuidar, portanto, do principal

foco da educação sociocomunitária, que é a mobilização de grupos, não deixando

que se perca em detrimento de interesses escusos:

Destaca a educação sociocomunitária como uma estratégia educacional que articula comunidades ou grupos locais em prol de transformações sociais de alcance mais amplo. Para ele, essa estratégia pode ter carácter emancipador, quando o bem-estar e a autonomia das comunidades e de seus membros são tidos como objetivos principais, mas também pode ter carácter manipulador, quando instituições como o Estado ou Igrejas fazem uso dessa mobilização para atender a interesses próprios e distantes daqueles da comunidade. (GOMES apud GROPPO, 2013, p. 106)

A psicologia social (que, segundo Maria Cristina Ferreira, in TORRES, 2011,

p. 28, “consiste hoje em um campo que se situa na interface da psicologia e da

sociologia, buscando compreender a natureza e as causas do comportamento social

humano”) pode contribuir – e muito – na docência, a fim de que os professores

aproximem os alunos da instituição de ensino da aula, verdadeiramente. Nas

palavras de GOLDMAN, citado por LANE (2012), um indivíduo não consegue uma

ação humana.

A construção metodológica foi construída com base na pesquisa qualitativa,

no levantamento bibliográfico, de campo e também em entrevistas, as quais foram

tabuladas e transformadas em dados que poderão ser úteis para o CPDB e para a

Educação Brasileira, tendo como foco principal a mudança de 2009/2010 do ensino

profissionalizante para o técnico.

Outro ponto em destaque na pesquisa foi o estudo a respeito do apoio, do

acompanhamento e incentivo dos pais em todo o processo de aprendizagem de

seus filhos.

A leitura, análise, coleta de dados e a construção da pesquisa qualitativa

foram realizadas com levantamento bibliográfico e de campo, trazendo para a

pesquisa os resultados demonstrados. Segundo GALVÃO (2016), os registros de

pessoas/autores que dizem respeito à história da humanidade estão relacionados

diretamente com o levantamento bibliográfico, cujo conhecimento contribui para o

desenvolvimento e/ou progresso da ciência. De acordo com DUARTE (2016), a

pesquisa qualitativa é constituída pelas observações constantes realizadas no

decorrer das entrevistas, enquanto que LÜDKE E ANDRÉ (1986) afirmam que é

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uma das principais técnicas de trabalho para a pesquisa e tem um papel importante

nas atividades humanas e científicas.

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CAPÍTULO 1 - AS HISTÓRIAS SALESIANA E DO CPDB

A escola Salesiana São José iniciou a construção do prédio em 1948 e suas

atividades em maio de 1953. Ao longo dos anos observou-se a evolução da

comunidade Salesiana na sua expansão da educação, nas cidades, construções de

prédios querendo atender o maior número de adolescentes possível.

Os Salesianos e o curso CPDB, seguindo os passos de Dom Bosco e, em

particular, preocupam-se com os jovens. O compromisso com o desafio e com o

social foi a marca dos Salesianos, caminhando ao lado de valores, cidadania e fé. O

ensino salesiano é amparado pelo tripé razão, religião e bondade vivenciada.

Esse caminho movimenta a todos para participarem de uma comunidade

educativa, em que se sintam inseridos na comunidade Salesiana, cuja importância é

destacada por MANFREDI (2002):

No plano da iniciativa privada e confessional, há que destacar a importância do sistema construído pelos salesianos. Trata-se dos liceus de artes e ofícios organizados e mantidos pela ordem dos padres salesianos, criada por João Bosco (1815-1888) em Torino na Itália. O primeiro deles foi fundado em Niterói, em 1883, e os segundo, em 1886, em São Paulo – o Liceu Coração de Jesus, um liceu de artes, ofícios e comércio. Foram os primeiros de uma série que, ao fim do primeiro quinquênio do século XX, chegou a 14 estabelecimentos. Nestes, os aprendizes, que deveriam ter concluído a escola primária, frequentavam cursos cinco a seis anos de duração, nos quais se ministrava alguma educação geral, com predominância da religiosa. No tocante a educação geral, oferecida paralelamente à profissional, incluíam-se matérias para a complementação do ensino primário e, dos dois primeiros anos, Religião, Língua Nacional, Geografia, Civilidade, Higiene e Música. (MANFREDI, 2002, p. 89).

De acordo com SANTOS (2003), a instalação da Escola Agrícola Campineira

teve um projeto de construção e desenvolvimento ao longo dos anos. O Diretor,

padre Luis Gonzaga Giudice, que dirigiu a instituição de 1901 a 1908, conseguiu um

acordo com o Barão Geraldo de Rezende, já que naquela época os salesianos

buscavam recursos de doações externas. O Barão realizou uma doação de uma

propriedade de 400.000,00 m² para realização do projeto. A escola só se torna

realidade em 1909. A falta de renda/dinheiro para realização das obras era mínima.

Conforme SANTOS (2003), no final de 1960, um grupo de religiosos

salesianos entendeu a necessidade de que os professores da instituição Salesiana

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obtivessem títulos junto à Diretoria do Ensino Industrial do Ministério da Educação,

através de negociações com a Comissão Brasileira-Americana de Ensino Industrial

(CBAI), programa esse que coopera com a Educação, mantido pelos Governos do

Brasil e dos Estados Unidos.

Esse programa mantinha um Centro de Pesquisas e Treinamento de

professores que estava situado na cidade de Curitiba/PR. Nessa década de 60 os

professores foram diplomados no ensino técnico. Após esse primeiro acordo fizeram

um convênio acordado através do Ministério da Educação e Cultura, conhecido

como Acordo MEC-USAID. A USAID1 é uma agência líder do governo dos EUA

(Estados Unidos da América) que trabalha para acabar com a pobreza extrema

global e permitir sociedades resilientes, democráticos para realizar o seu potencial e

se desenvolverem.

De acordo com SOUZA (2013), o CPDB sempre esteve sujeito a leis. Desta

forma, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) foi um marco na história da

educação brasileira:

Sendo o braço social da Escola Salesiana São José, o Centro Profissional Dom Bosco esteve sujeito às leis do Estado, desde seu início com a antiga Associação de Educação e Assistência Beneficente e, depois como Escola Agrícola. A lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1961 foi um marco na história da Educação no Brasil, trazendo avanços, principalmente quantitativos. Universalizou-se o ensino fundamental e foram atraídos mais alunos para as escolas, em todos os níveis e modalidades, ainda que a qualidade do ensino não tenha sido preservada com a expansão quantitativa de alunos, caracterizando um divórcio entre o ideal pedagógico e a instituição escolar (BUFFA, 1979). Novas leis surgiram nas décadas seguintes, como a LDB 5.692 de 1971 que estabelece o ensino profissionalizante obrigatório para todos os alunos do 2º grau (atual ensino médio), mas que fracassou na pretensão de capacitar profissionais necessários para atender à demanda de trabalho (PACHECO, 2012). Em 1996, a LDB 9.394 permite que o curso profissional técnico de nível médio possa ser realizado concomitantemente com o ensino médio. (SOUZA, 2013, p. 99).

De acordo com SANTOS (2016), os planos de desenvolvimento capitalista,

liderados pelos Estados Unidos, mais o apoio em 1961 do Dr. Mário Altenfelder do

serviço social do Estado, tiveram investimento do Pavilhão Elílio Lang Júnior para

ampliação das oficinas:

1 Para entender o que é USAID: <https://www.usaid.gov/who-we-are>. Acesso em 6 fev. 2016.

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Estes acordos tinham por objetivo enquadrar a educação brasileira segundo os planos do desenvolvimento capitalista liderado pelos Estados Unidos e dentro deles foram traçadas as reformas de bases dos diversos níveis de ensino (Correio Popular, 1964). Evidentemente, foi preciso eliminar o Governo João Goulart, que ameaçava os interesses norte-americanos. Por sua vez, em 1961, graças ao apoio de Dr. Mário Altenfelder Silva, diretor do Fundo de Assistência ao Menor (F. A. M.), do Serviço Social do Estado, com uma verba de cinco milhões de cruzeiros, foi construído o edifício o nome de Pavilhão Emílio Lang Júnior para ampliação das oficinas. Os jornais campineiros prestavam seu apoio com reportagens sobre o trabalho realizado na Escola (Última Hora, 1962). A Escola precisava conquistar um patamar que desse reconhecimento público aos aprendizes que freqüentavam seus cursos. Por isso, os Salesianos trabalhavam na elaboração do projeto de transformá-la em Ginásio Industrial, o que ocorreu com a publicação daPortaria No 78, de 5 de setembro de 1963, da Diretoria do Ensino Industrial – M.E.C. Era visível, desde os inícios, o esforço pela qualidade. Procurava-se sempre melhorar as instalações como o quadro de professores e instrutores. Assim, em 1956, fazia-se a primeira formatura de alunos aprendizes, ocorrendo o mesmo nos anos seguintes. A direção da Escola imprimia, além do aspecto formativo, seriedade nos estudos, equiparando-se aos melhores estabelecimentos de ensino. Em 1963, foi inaugurado o Ginásio Industrial. A preocupação com o aperfeiçoamento do pessoal docente era uma constante, a par da aquisição de novas máquinas, com as adquiridas, graças a colaboração da Família Romi, de Santa Bárbara do Oeste (1966). O curso foi ministrado pelo Pe. Javier Alonso Gil, jesuíta, para religiosos entre 1967 e 1968. A esta altura, as oficinas eram chefiadas pelos irmãos religiosos. A 17 de maio, iniciava-se a construção da Escola Técnica de Campinas (ETEC). Significativa a ajuda da “Misereor” alemã, que enviou voluntários para formar pessoal da área da Eletrônica (1968). Nesse ano, funcionavam regularmente a Marcenaria, a Eletroeletrônica e a Mecânica. Em 1967, a escola atendia, em seus diversos cursos, 485 alunos, meninos e jovens, provenientes das mais variadas partes do Brasil, filhos de operários ou de famílias desajustadas ou afetadas pelos mais diversas dificuldades. Os cursos profissionais eram gratuitos. Os que podiam pagavam, pagavam o material. Recebiam ainda, além do lanche, os que não podiam pagar, o passe escolar. Até alunos, não ainda formados, já encontravam emprego imediato”. (SANTOS, 2016).

O tempo passou, muitas transformações aconteceram e foi feita adaptação à

Lei Federal (revogada) nº 5.692/71, de 11 de agosto de 1971, criando-se o ensino

profissionalizante e, em 1976, na Escola Salesiana São José, em atendimento a

essa lei, “foram realizadas as reformas nas oficinas de Mecânica e de Marcenaria,

passando todos os pavilhões para adaptação ao ensino de 1º grau” (SANTOS, 2003,

p. 126) para atender aos alunos. A intensificação da educação do ensino

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profissionalizante era uma preocupação para o desenvolvimento. Os Salesianos,

sempre se preocupando com a formação religiosa, criaram as atividades da

Pastoral. Buscavam a prevenção, atividades pastorais e catequéticas em Educação

Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Ensino Técnico. Nessas atividades incluíam-

se o Bom-Dia e o Boa-Tarde, em que haviam momentos de reflexão e a mensagem

do dia.

FIGURA 1 - Fotos tiradas em 26/8/2015 com o boa-tarde, sendo ministrado pelo Agente da Pastoral (Sr. Rafael Belletti)

Fonte: Arquivo pessoal, autorizadas pelo prof. Reinaldo José Matos - Coordenador do CPDB

Manhãs e tardes de reflexões na Betânia Franciscana, curso para formação

de lideranças, celebração preparatória de Páscoa e celebração da Páscoa e revisão

de vida, lembrança da Pastoral, celebrações penitenciais na Capela São José,

reuniões e encontros de Coordenadores de Pastoral e de Professores de Ensino

Religioso (ERE), retiro de renovação carismática para jovens e encontros de jovens.

FIGURA 2 - Área de Conveniência

Fonte: SANTOS, Manoel Isaú Ponciano dos e CASTILHO, Edson Donizetti. Com Dom Bosco e com

os tempos. Taubaté: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2003.

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Aulas de catequese, reuniões de catequistas para a 1ª Eucaristia, projeto

“amor e vida”, retiros do CPDB, Celebrações de Ações de Graças, Término das

aulas/EPDB (Estrada Parque Dom Bosco) com Missa, festas de confraternização,

com passeios ciclísticos ao redor da Lagoa do Taquaral da qual participavam

também os familiares dos alunos. As bicicletas eram bentas (“abençoadas” pelo

padre diretor ou outro sacerdote presente, antes do início das atividades, como um

ritual de ação de graças e pedido de proteção para que tudo corresse bem durante

as atividades, nesse caso, o passeio) antes do passeio, campanhas de

solidariedade (agasalhos e roupas diversas), abertura do mês de Maria, novena do

Espírito Santo, queima das cartilhas, convivência vocacional, Páscoa juvenil na

cidade de Lavrinhas/SP e Projeto Formação de Valores, tudo pensando no próximo,

na formação, na educação, na religião. Todas essas atividades, lembranças, eram

realizadas para preparo dos professores e participação dos alunos em atividades de

formação e contribuição em diversos assuntos, momentos e comemorações.

FIGURA 3 - Betânica Franciscana - Casa de Retiro.

Fonte: <http://arquidiocesecampinas.com/local/fraternidade-betania-franciscana>

Quando a Escola São José iniciou, oferecia cursos profissionalizantes como:

Ajustagem Mecânica, Tornearia Mecânica e Mecânica Geral na área mecânica.

Eletricista Instalador, Reparador de Eletrodomésticos, Eletricista Enrolador e

Comandos Elétricos na área elétrica. Eletrônica Básica, Reparador de Circuitos

Eletrônicos e Reparador de Circuitos Eletrônicos Industriais na área da Eletrônica,

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Costura Caseira e Industrial, Corte e Modelagem Industrial, Desenho de Máquinas e

Marcenaria.

Dentre os cursos citados, as disciplinas em comum aos cursos eram:

Tecnologia e Matemática Aplicadas, Desenho Técnico e Geométrico, Prática de

Oficina e Laboratório, Educação Física e Desenvolvimento do Potencial Humano,

Ensino Religioso Escolar e Formação Humana.

O CPDB foi em busca de convênios com instituições e empresas que, de

uma forma ou de outra, poderiam colaborar e contribuir para os cursos. Em 1988,

firmou convênio com o SENAI com apoio técnico, pedagógico e financeiro,

atendendo menores de 18 anos. O grande destaque era que do Programa

Comunitário de Formação Profissional também poderiam participar os familiares dos

alunos, segundo SANTOS e CASTILHO (2003).

O CPDB, por intermédio do Pe. Milton Braga de Rezende, que “foi Reitor do

Centro Universitário UNISAL” e “é mestre em Geografia Urbana e Doutor em

Comunicação e Educação pela Universidade de São Paulo” (RÁDIO DOM BOSCO,

2016), mais uma vez, na busca da melhoria dos cursos e de convênios, entrou em

contato com a Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência (FCBIA).

Esse contato foi para verificar a possibilidade de um convênio para

treinamento de Instrutores, de Orientação Vocacional, de Banco de Dados e

Produção de Material Didático de Apoio. Após ter assinado o convênio, o objetivo

principal foi a formação de Orientadores Educacionais para desenvolver trabalhos e

projetos de orientação profissional para menores com necessidades educacionais

especiais. Novamente a preocupação com a inclusão e o social estava evidenciada

em todos os projetos e convênios.

Verificamos através das entrevistas individuais com os profissionais do

CPDB, que este tem foco no desenvolvimento humano e estava ciente das

dificuldades dos seus alunos, em condições desfavoráveis para o desenvolvimento

como a falta de estímulos da família, a falta de oportunidades do mercado, má

alimentação em casa, a participação de alguns no abuso da bebida alcoólica e

drogas, além das dificuldades psicossociais como traumas da infância e recentes,

afetividade, relacionamentos pessoais e interpessoais, estabelecimento de confiança

com o outro, conflitos internos e externos, ética e honestidade.

Preocupado com o baixo rendimento dos alunos, o CPDB trouxe mais uma

opção de desenvolvimento: o envolvimento com a Educação Física, sob a

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supervisão de uma bióloga desenvolvimentista2 (pessoa adepta do

desenvolvimento).

Segundo SANTOS e CASTILHO (2003), novos convênios foram sendo

firmados, tais como com o SENAI (Projetos SENAI-PIPM - Menor e SENAI-PCPP -

Maior) e com a FEAC/BID (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas e

Banco Interamericano de Desenvolvimento), o que ajudava na manutenção dos

cursos. O convênio implantou uma nova forma curricular modular, inovando com

mais flexibilidade, adaptando a realidade do aluno no âmbito pessoal e no

profissional.

Ainda de acordo com SANTOS e CASTILHO (2003), o BID, em 1993,

contribuía financeiramente para o transporte escolar de 206 alunos menores em

“situação de risco”3 e a escola, por sua vez, arcava com os gastos de matéria-prima

para as oficinas. Havia o objetivo de firmar parcerias/convênios com instituições

sociais e empresariais, para que a escola fosse um sistema aberto à comunidade,

além de dividir e especializar o trabalho realizado pelas instituições parceiras, de

modo a otimizar o atendimento em termos quantitativos e qualitativos, obtendo

apoios e recursos de novas fontes, para manutenção e aperfeiçoamento do CPDB,

contando com apoio técnico, financeiro, divulgação institucional e oportunidades de

trabalho.

Por meio do ensino de qualidade e responsabilidade, o CPDB vinha atingido

recordes de frequência dos seus cursos. Os alunos gostavam de ir para os cursos

oferecidos para eles. Em 1993, quando o CPDB tinha 267 alunos, foram

acrescentados 445.

O CPDB, além de receber alunos da cidade de Campinas, recebe também

das cidades vizinhas da RMC, principalmente das cidades de Sumaré e Hortolândia,

conforme mostrado a seguir:

2 Desenvolvimentista: segundo MALDONADO e OUTROS (2016), profissional que trabalha

habilidades motoras com os alunos além do desenvolvimento de habilidades básicas, as quais, de acordo com ILHA (2014), “podem ser classificadas em habilidades locomotoras (por exemplo: andar, correr, saltar, saltitar)”. 3 Situação de Risco: de acordo com SILVA (2006), “é uma construção ideológica que decorre de

muitos jogos de poder, que se dedicam a manter diferenças sociais entre aqueles que estão na escola para estudar e aqueles que estão na escola para não ficar na rua. Tal conceito, cada vez mais utilizado para demonstrar os perigos considerados inerentes à pobreza”.

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FIGURA 4 - Cidades da RMC.

Fonte: <http://www.sdmetropolitano.sp.gov.br/portalsdm/campinas.jsp>

Como os alunos saíam das cidades vizinhas, para querer estudar no CPDB,

instituição reconhecida na região de Campinas, a tabela abaixo demostra o recorde

de frequência e de alunos em 1993, chegando a 700 matriculados.

TABELA 1 - Recorde de frequência de alunos nos cursos do CPDB em 1993

Fonte dos dados: SANTOS e CASTILHO (2003, p. 216-217)

Conforme SANTOS e CASTILHO (2003), eram ministradas em todos os

cursos as disciplinas de Tecnologia e Matemática Aplicadas, Desenho Técnico e

Geométrico, Prática de Oficina (Dom Bosco presente), laboratório, Educação Física,

Desenvolvimento do Potencial Humano, Ensino Religioso Escolar e Formação

Curso Turmas Alunos por turma Alunos por curso Horários & Perfil

Corte e Costura Industrial 6 Aprox. - 10 60 Manhã e Tarde - Menores

Adultos - Noite

Desenho de Máquinas 3 Aprox. - 23 68 Mannhã, Tarde e Noite

Eletricidade 11 Aprox. - 18 203 Manhã, Tarde e Noite

Eletrônica Básica 2 Aprox. - 24 48 Manhã e Noite

Marcenaria 7 Aprox. - 18 124 Manhã, Tarde e Noite

Mecânica 11 Aprox. - 18 197

Total 40 700

OBS: Público/perfil 90% por alunos de classe média, baixa, de bairros da periferia de Campinas e cidades da RMC.

Recorde de frequência de curso em 1993 no CPDB

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Humana. Fatores que na opinião dos autores interferiam no desenvolvimento

humano, além dos estímulos e oportunidades que faltavam para os alunos. A má

alimentação, o abuso do álcool e drogas também prejudicavam e muito a

aprendizagem e desenvolvimento humano dos alunos.

Abaixo, a foto da área de convivência sendo construída, para melhoria e

bem estar dos alunos, além de ser usada para diversas oficinas ao ar livre e

atividades.

Figura 5 - Área de Conveniência

Fonte: SANTOS e CASTILHO (2003, p. 215)

O senhor Alcides Venturine, conhecido como senhor Alcides, era uma

pessoa importante em todo o projeto CPDB. Com toda certeza, merece uma

biografia própria em homenagem por toda sua dedicação e perseverança dentro do

projeto CPDB.

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Figura 6 - Sr. Alcides apresenta as oficinas do CPDB para os pequenos da educação infantil

Fonte: Santos e Castilho (2003, p. 217)

De acordo com SANTOS E CASTILHO (2003), na época, foi detectado que

as evasões aconteciam em função do poder aquisitivo, pois os alunos não tinham

condições financeiras para estudar. A repetência era baixa, de 4,37%, o que

mostrava a dedicação e a disciplina dos alunos em seus cursos.

Ressaltam também esses autores que:

Além disso, o projeto de Desenvolvimento Humano contribuía para os alunos superarem suas dificuldades (ansiedade, insegurança, dificuldade de escolha, supervalorização da oportunidade pela família, complexo de inferioridade, mau aproveitamento do tempo ocioso, instabilidade, imediatismo). Também empresários (micors e médios) frequentavam os referidos cursos, com seus empregados, não só para aprenderem, mas para assimilarem novas metodologias de direção de suas empresas. Mas havia problemas como: - queima de etapas de desenvolvimento humano prejudicavam o desempenho nos cursos desejados; - heterogeneidade da procedência escolar que redundava na dificuldade de rendimento satisfatório dentro do processo de aprendizagem; - ocorrência de acidentes nas oficinas durante a aprendizagem em virtude do baixo desenvolvimento da atenção, percepção, agilidade e concentração dos alunos; - ausência de um seguro contra acidentes pessoais para alunos e funcionários onerava a responsabilidade da Escola; - inexistência de um programa específico de orientação profissional para orientar melhor as pessoas;

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- impossibilidade de encaminhamento ao mercado de trabalho imediato após a conclusão do curso devido à recessão industrial que atingia o País. (SANTOS e CASTILHO, 2003, p. 217-218).

Conforme SANTOS e CASTILHO (2003), em razão de transformações na

ETEC e também por reivindicações dos alunos e desmotivação destes em relação

aos cursos já existentes, em 1998 as estatísticas mostram que as matrículas do

ensino médio aumentaram e as do CPDB diminuíram. Por exemplo, em 1993 por

volta de 700, e, no ano de 2001, 383 (praticamente 50% a menos).

Figura 7 - Variações nas matrículas entre 1990 e 2002

Fonte: Fonte: Santos e Castilho (2003, p. 222)

Atualmente a Escola Salesiana São José oferece, através do CPDB, três

cursos técnicos: Fabricação Mecânica, Eletroeletrônica e Informática. O currículo e o

perfil profissional dos cursos são:

Técnico em Fabricação Mecânica: A proposta do curso é desenvolver um profissional com perfil capaz de, elaborar e dar suporte no desenvolvimento de projetos, planejamento, supervisão e controle de qualidade das atividades de ajustagem, usinagem, fresagem, convencionais e CNC, trabalhando na seleção e especificação de materiais e insumos, do ferramental necessário para os processos produtivos, dominando técnicas de medição e ensaios, aplicados aos processos de fabricação mecânica, aplicando ferramentas computacionais e processos de usinagem de alta tecnologia), com ênfase na produção, leitura interpretação de Desenhos, convencionais e Auxiliado por computador (CAD), ferramentas computacionais para projeto e simulação, Metrologia e Controle Estatístico do Processo (CEP), várias técnicas de usinagem

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em diferentes máquinas, além de outras habilidades necessárias aos profissionais da área, resultando em um profissional com fluência de raciocínio, capacidade de auto desenvolver-se, inovar e trabalhar em equipe. Técnico em Eletroeletrônica: A proposta do curso é desenvolver um profissional com perfil capaz de planejar e executar instalações de equipamentos e instalações eletrônicas, observando normas técnicas e de segurança. Projetar e instalar sistemas de acionamento e controle eletrônicos. Propondo o uso eficiente da energia elétrica, que desenvolve e executa projetos de instalações elétricas industriais, prediais e máquinas em baixa tensão. O aluno matriculado neste curso receberá conceitos de eletricidade, eletrônica digital, eletrônica analógica e de potência, bem como sobre linguagem de programação aplicada à automação com microcontroladores e Controladores Lógicos Programáveis (CLPs), comandos pneumáticos e elétricos; Desenho Auxiliado por Computador (CAD), ferramentas computacionais e Linguagens, resultando em um profissional, com fluência de raciocínio, capacidade de auto desenvolver-se, inovar e trabalhar em equipe. Técnico em Informática: A proposta do curso é desenvolver um profissional com perfil capaz de, elaborar, dar suporte no desenvolvimento, configuração e correção de programas de computador, seguindo especificações e paradigmas da lógica de programação e das linguagens, utilizando ambientes de desenvolvimento de sistemas, sistemas operacionais e banco de dados para realizar testes de computadores, mantendo registros que possibilitem a análise e refinamento dos resultados. Sistemas Operacionais, Banco de Dados, Hardware de microcomputadores e redes, ênfase em segurança e programação nas principais linguagens do mercado (.Net, VB, C#, C++, HTML, CGI/JAVA) para plataformas móveis, fixas, locais e distribuídas, são alguns dos temas abordado no curso, resultando em um profissional de Tecnologia da Informação, com fluência de raciocínio, capacidade de auto desenvolver-se, inovar e trabalhar em equipe.Perfil Profissional de Conclusão: O Aluno formado neste curso terá acesso a uma formação abrangente e inclusiva, visando desenvolver um perfil profissional pautado pelo desenvolvimento tecnológico e cultural, em consonância com os objetivos do exercício das atividades produtivas e de cidadão Ético, Flexível, Reflexivo e Autônomo, sendo competências que lhe permitirão: Interagir com diferentes Sistemas Operacionais, Criar aplicativos para sistemas móveis (Celular); Desenvolver Programas para sistemas informatizados em diferentes linguagens, Implementar Aplicativos visuais por meio de programação orientada a objeto, Projetar, dar suporte e manutenção em sistemas de banco de dados, cabeamento e arquiteturas de redes. (CENTRO Profissional Dom Bosco - Cursos Oferecidos. Diponível em: <http://www.sj.unisal.br/cpdb/cursos.php>. Acesso em: 2 mai. 2016).

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FIGURA 8 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Fabicação Mecânica

Fonte: Arquivo pessoal, autorizada pelo prof. Reinaldo José Matos - Coordenador do CPDB

FIGURA 9 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Fabicação Mecânica

Fonte: Arquivo pessoal, autorizada pelo prof. Reinaldo José Matos - Coordenador do CPDB

FIGURA 10 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Eletroeletrônica.

Fonte: Arquivo pessoal, autorizada pelo prof. Reinaldo José Matos - Coordenador do CPDB

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FIGURA 11 - Foto tirada em 23/9/2015 - Curso Técnico de Eletroeletrônica.

Fonte: Arquivo pessoal, autorizada pelo prof. Reinaldo José Matos - Coordenador do CPDB

FIGURA 12 - Fotos tiradas em 23/9/2015 - Curso Técnico de Informática

Fonte: Arquivo pessoal, autorizada pelo prof. Reinaldo José Matos - Coordenador do CPDB

Todos são oferecidos em ambos os períodos (manhã, das 7h00 às 11h25, e

tarde, das 13h30 às 17h10). O CPDB atende 250 alunos por ano. Desde 2010 até

hoje, este número é prefixado. No passado, com mais cursos, este número era bem

maior. O CPDB iniciou 2015 atendendo 250 alunos no total (70% meninos e 30%

meninas). No decorrer do curso, há uma evasão de aproximadamente 8% em

média, na sua maioria, meninos.

Conforme artigo 4° do Decreto n° 5.154/2004, o desenvolvimento entre a

Educação Profissional Técnica de nível médio e o Ensino Médio pode ocorrer nas

seguintes modalidades: integrada, concomitante e subsequente.

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A modalidade integrada é oferecida somente a quem já tenha concluído o

Ensino Fundamental.

A concomitante se aplica aos que concluíram o Ensino Fundamental ou

estejam cursando o Ensino Médio em outra escola, que é o caso do CPDB. A carga

horária dos cursos é de 1.600 horas, sendo que o estágio para as turmas era

obrigatório até 2014, de mais 450 horas, totalizando 2.050 horas. A partir de 2015,

não mais haverá a modalidade estágio.

A subsequente é oferecida somente para quem já tenha concluído o Ensino

Médio.

O Ensino Médio ganhou uma clara identidade própria e a Educação Profissional também. Não é mais possível colocar a Educação Profissional no lugar do Ensino Médio, como se ela fosse uma parte do mesmo, como o fizera a revogada Lei nº 5.692/71. A Educação Profissional será sempre uma “possibilidade” para o “aluno matriculado ou egresso do Ensino Fundamental, Médio e Superior”, bem como ao “trabalhador em geral, jovem ou adulto” (Parágrafo Único do Artigo 39) e “será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho” (Artigo 40). A “articulação” é a nova forma de relacionamento entre a Educação Profissional e o Ensino Médio. Não é mais adotada a velha fórmula do “meio a meio” entre as partes de educação geral e de formação especial no Ensino Médio, como havia sido prevista na reforma ditada pela Lei nº 5.692/71. “Todos os cursos do Ensino Médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos” (§3º do Artigo 36). O preparo “para o exercício de profissões técnicas”, no Ensino Médio, só ocorrerá desde que “atendida a formação geral do educando” (§ 2º do Artigo 36). O § 4º do Artigo 36 faz uma clara distinção entre a obrigatória “preparação geral para o trabalho” e a facultativa “habilitação profissional” no âmbito do Ensino Médio, as quais poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino ou em cooperação com instituições especializadas em Educação Profissional. Essa nova forma de relacionamento entre o Ensino Médio e a Educação Profissional foi caracterizada, no Inciso I do Artigo 3º da Resolução CNE/CEB 4/99, como de “independência e articulação”. (BRASIL. Parecer CNE/CEB nº 39/2004)

A escola não conta com ajuda externa. Com a isenção de alguns impostos,

reverte parte da receita obtida nos setores pagantes ao atendimento deste público

no CPDB, com lanche, passe escolar (transporte), uniforme e material de apoio,

além de proporcionar oportunidade de visitas a empresas e feiras.

Não há ação externa à equipe pedagógica da escola para o atendimento

destes alunos. Todo acompanhamento e reforço é dado pelo próprio professor da

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disciplina em programas de recuperação paralela, agendados e aplicados aos

sábados, mediante convocação dos alunos.

O critério de seleção passa por um processo seletivo que é realizado sob a

responsabilidade da Comissão de Bolsas de Estudos da escola e consiste de:

inscrição pela internet, exame de seleção, entrevista com Serviço Social,

apresentação de documentos e matrícula. As bolsas de estudos são oferecidas de

acordo com os seguintes critérios:

a) idade máxima: 17 anos completados no ano em que iniciar o curso;

b) cursando o Ensino Médio em 2015;

c) renda familiar per capita (por pessoa) de até um salário mínimo e meio;

d) aprovação no exame de seleção;

e) entrevista com Serviço Social;

f) apresentação de todos os documentos requeridos;

g) se houver igualdade de resultados no exame de seleção, os critérios de

desempate serão: menor renda familiar per capita, maior idade, maior

escolaridade;

h) na entrevista o candidato deverá estar acompanhado do seu responsável

e portar os documentos comprobatórios.

O processo não é simples nem fácil. Os alunos precisam ter o mínimo de

conhecimento exigido do ensino fundamental e o perfil colocado pelo CPDB. A Bolsa

de Estudo INTEGRAL será concedida aos candidatos que atendam aos critérios

previstos na Lei nº 12.101/2009, comprovando uma renda familiar mensal per capita

(por pessoa) que não ultrapasse o valor de um salário mínimo e meio. O processo

tem uma avaliação que vai de 0 a 10, sendo 6,0 a nota de corte dos conteúdos.

Também existem fatores como o número dos candidatos e das notas entre eles.

Conforme citado no parágrafo anterior, os critérios são

estabelecidos/amparados pela Lei nº 12.101/2009, que regula o caráter beneficente

das instituições de ensino, em diversas áreas, em especial a educação:

Art. 1º A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de

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assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (BRASIL. Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009.)

O ensino técnico procura ajudar a minimizar habilidades psicossociais como:

traumas, afetividade, relacionamentos pessoais e interpessoais, confiança, conflitos

internos e externos, ética, honestidade e etc., que auxiliam no ingresso do mercado

de trabalho.

O educador e coordenador salesiano Elydio dos Santos Neto, que

demonstra em suas palavras ensinamentos de Dom Bosco e Paulo Freire, traz em

uma de suas citações, abaixo transcritas, o amor pela educação e como formar um

aluno com conceitos de vida, de caráter, de civilização e, principalmente, de ser

humano. Quais as necessidades atuais?

E o que é que eu quero como educador? Quero propiciar uma boa iniciação dos nossos educandos à condição humana. Uma boa iniciação à condição humana individual e coletiva. Ajudá-los a responder a perguntas fundamentais: O que é ser gente? O que é ser “ser humano”? De que forma se desenvolve essa construção? Como educador preciso orientar a ação educativa não apenas para uma melhor informação, mas para um viver melhor. Seria muito pouco se nossos alunos frequentassem nossos ambientes educativos apenas para buscarem informações de melhor qualidade. Na verdade, nós que queremos viver melhor. Desejo ajudar esses educadores a ver que a construção da felicidade é um processo permanente, com momentos de crise e de sofrimento. Quero ajuda-los a construir um outro tipo de sociedade, menos excludente e mais solidária, menos perversa e mais acolhedora. É com essas preocupações que vou falar de vocês. (SANTOS NETO, 2003, p. 16).

A educação precisa ser inovada sempre. Instituições, cursos e professores

são agentes transformadores constantes. As políticas internas precisam estar em

conformidade com as exigências externas, para que o adolescente consiga a

inserção no mercado de trabalho. O mercado possui vagas, mas acabam faltando

profissionais qualificados para ocupá-las.

De acordo com SANTOS NETO (2003), as incertezas tornam a existência

humana uma grande aventura; é desafio que exige arrojo, coragem, mas também

humildade e solidariedade. Dom Bosco foi um padre educador, com um coração

vibrante, repleto de sentimentos, com a dedicação de um verdadeiro pai de família.

Dom Bosco criou a Família Salesiana, na espiritualidade salesiana, na vida

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salesiana: a imagem do coração é muito forte. Dom Bosco dizia que ele era um

padre educador de coração muito grande.

Os professores/educadores precisam continuar com corações muito grandes

em relação a bondade, entendimento, dedicação, carinho, paciência, perseverança e

muito amor.

Conforme FREIRE (2015), não há educação sem amor, quem ama realiza

tarefas, ensinamentos, amando os defeitos e qualidades do ser amado. Quem ama

busca a comunicação e integração com o outro. Nada se pode temer na educação

quando se ama. Quem não ama, não consegue educar.

Uma figura muito importante no CPDB é o irmão, presente e atuante na

estrutura:

A vocação do salesiano irmão foi criada por Dom Bosco num tempo e lugar marcados por uma nova ordem política, econômica, social e religiosa. Corresponde ao seu anseio de evangelizar e contribuir com a formação educativa e profissional dos jovens de sua época. Somos convidados a voltar nosso olhar para esta vocação, conhecendo e aprofundando sua gênese, evolução, desafios e perspectivas nos âmbitos da educação, trabalho e vida religiosa. (SOUZA, 2015, p. 21).

O professor Rodrigo Tarcha é uma figura importante na aplicação dos

ensinamentos, religião, apoio e atendimento disseminados por Dom Bosco. A

evangelização contribui para a formação educativa, humana, profissional, redução

da desigualdade social e da pobreza dos alunos do CPDB.

Tem-se, como consequências da desigualdade social, da pobreza produzida pela estrutura social e política do país, uma situação crônica de analfabetismo e analfabetismo funcional. As competências da EJA (Educação de Jovens e Adultos), meio de combate dessa situação nas esferas municipais, estabeleceram-se por meio de organizações e fundações de carácter privado ou público, priorizando as necessidades das comunidades. Nesse sentido, foi criada, na cidade de Campinas, em 1987, a FUMEC (Fundação Municipal para Educação Comunitária), pela Lei 5830/87, com natureza jurídica privada, na gestão do secretario de Educação do Município professor Enildo Pessoa. Em 1991, com a Lei nº 6422, alterou-se o dispositivo da lei e a FUMEC passou a ter natureza e personalidade de direito, pública. A FUMEC é atrelada à Secretaria Municipal de Educação e tem como objetivo o desenvolvimento de atividades educacionais básicas, relativas ao programa de alfabetização e educação de jovens e adultos, sob a ótica comunitária. Em seu estatuto, a fundação deveria atender, além da alfabetização de adultos, também

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o ensino profissional, efetivado em 2004, com o CEPROCAMP (Centro de Educação Profissional de Campinas “Prefeito Antônio da Costa Santos”). Pode se dizer que a FUMEC foi pioneira nesse sistema de competência municipal de ensino comunitário e com a filosofia da educação popular. O CEPROCAMP, inaugurado em 2004, na região central de Campinas, iniciou suas atividades com uma turma de Técnico Ambiental com ênfase em Saneamento e outros cursos de qualificação profissional nas áreas de Artes, de Restauro e de Informática. A ideia de oferecer cursos de qualificação (com carga horária que varia de 160 a 220 horas) para a comunidade era não só uma questão de se cumprir o que se encontrava no estatuto da FUMEC, como também o que está na LDB 9394/96, Capítulo III: Da Educação profissional e Tecnológica (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) Art 42. (BISSOTO JACONI, 2012, p. 137 e 139).

Os cursos técnicos do CPDB contribuem para educação. O homem, sem

educação, não consegue se desenvolver e, assim, a desigualdade social e a

pobreza continuam a existir na sua vida.

Um relatório apresentado no Congresso Nacional para Erradicação (Combate) da Pobreza, em 1999, aponta uma informação impressionante: entre as famílias cujo chefe da casa tem menos de 4 anos de estudo, uma em cada duas é pobre. E entre famílias cujo chefe tem educação de segundo grau, apenas uma em cada dez é pobre. Isso significa que existe uma ligação muito forte entre ser pobre e ter estudado pouco: aqueles que, infelizmente, não tiveram chances de estudar por maior número de anos quase sempre têm poucas oportunidades de consumo e vivem com dificuldades financeiras. (OLIVEIRA, 2000, p. 123).

De acordo com FREIRE (1979), “a educação, portanto, implica uma busca

realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria

educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso ninguém educa ninguém” (p. 28).

A educação contribui para o desenvolvimento do homem para, inclusive,

ajudá-lo a entender o mundo, o ser e o conviver.

Uma progressiva e contínua configuração do indivíduo para alcançar o seu desenvolvimento e conseguir a participação na comunidade, o que deverá ajuda-lo a compreender o mundo e a si mesmo, ou seja, deverá ensinar a ser e conviver. Neste sentido, deve-se dizer que o melhor e mais rendível dos objetivos da educação é conseguir a convivência dos indivíduos, dos grupos e dos povos. Uma dimensão inseparável dos indivíduos e das comunidades e, por isso, a educação, ao longo de toda vida, acompanha o homem do nascimento até á morte. Uma educação entendida ao longo da vida deve verificar-se em todo o espaço

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espacial e temporal e, por isso, a educação escolar será mais um aspecto daquela, evitando centrar-se exclusivamente na transmissão de conteúdos instrutivos. Como toda educação é social, quando se fala de educação, tal faz-se na família, na escola, na comunidade e, inclusive, para a comunidade. Não pode existir uma autêntica educação individual se não formar o indivíduo para viver e conviver em comunidade. A educação social deve estar inserida no contexto da educação ao longo da vida e, também, às vezes, deve concretizar-se em espaços e tempos distintos dos da educação escolar. (ORTEGA (1999) apud CARO, 2012, p. 41).

Quanto mais qualificação os jovens vão buscando durante a sua carreira

profissional, maiores as chances de crescer.

Antes de mais nada, vamos deixar claro um ponto essencial: estudar é fundamental, é básico. Aqueles que não estudam têm poucas chances de obter e manter, no mercado de trabalho, uma ocupação profissional que lhes dê satisfação e remuneração condigna. Lembre-se sempre disso! (OLIVEIRA, 2000, p. 123).

A educação é, portanto, a base para os jovens iniciarem no mercado de

trabalho.

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CAPÍTULO 2 - O ENSINO TÉCNICO COM O MERCADO DE TRABALHO DOS

JOVENS

Com base na pesquisa de campo realizada com os profissionais do CPDB,

percebe-se que o relacionamento com o outro, a flexibilidade, a disponibilidade, o

comprometimento, entre outros, são fatores que auxiliam no sucesso dos alunos do

curso técnico no mercado trabalho.

O educador/professor será o diferencial durante o curso para que se

obtenha, como resultado final, o egresso do curso ingressando no mercado de

trabalho mais preparado, baseado nos ensinamentos em sala de aula.

Conforme CARVALHO (2011), a construção do indivíduo depende muito do

relacionamento com o outro, independentemente do nível que ocupa e com que se

relaciona e do status da função e/ou cargo. Cada empresa ou profissão tem uma

dinâmica diferente, um espírito de grupo; todo esse contexto produzirá a

identificação profissional do indivíduo.

O ingresso no mercado constrói a sua marca, isto é, como ele é visto entre

os colegas de trabalho.

O indivíduo pode ser formado, também, através dos relacionamentos que mantém com aqueles que estão sob suas ordens, bem como com aqueles dos quais ele, por sua vez depende. Aqueles que, hierarquicamente, estão acima e abaixo na estrutura organizacional da empresa, participam da construção dos indivíduos e é preciso saber entende-los e apoiá-los, desenvolvendo trabalhos com o objetivo permanente da obtenção de melhoria contínua das relações entre todos os níveis. (CARVALHO, 2011, p. 58)

Segundo CARVALHO (2011), no mercado de trabalho tudo é aprendizado,

desde o veterano mais experiente, bem como um outro egresso. Do lado técnico há

os veteranos com experiências técnicas de processos, produtos, serviços,

administrativos, organizacionais e os egressos com o apoio de iniciar juntos, da

juventude com vontade de aprender, progredir, compreensão, a solidariedade e a

companhia para a sua adequação profissional.

Conforme ZAIA (2011), no nosso país, segundo as pesquisas, há momentos

de mais e de menos vagas de trabalho. A maior dificuldade no mercado de trabalho

está em preencher determinadas vagas oferecidas pelas empresas, em funções que

exigem pessoal qualificado, principalmente técnicos especializados. Porém, isso

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ocorre também para outros níveis como ensino profissionalizante, graduação e pós-

graduação.

Para que seja atendida a demanda do crescimento sustentável do país, é

necessário formar novos profissionais e qualificar a mão de obra disponível. Esse

desafio é encarado como prioridade número um pelo governador do Estado de São

Paulo, Geraldo Alckmin. O governo vem acrescentando milhares de novas vagas

para cursos técnicos de nível médio e superior. Esse projeto tem como objetivo

oferecer aos nossos jovens as condições mínimas necessárias para ocupar um lugar

no concorrido mercado de trabalho (ZAIA, 2011).

TABELA 2 - Média de matrículas no ensino técnico

Média de matrículas nos países desenvolvidos no

Ensino Técnico

Média de matrículas no Brasil no Ensino

Técnico

Média de matrículas no Estado de São Paulo no

ensino Técnico

30% 7% 12%

Fonte: ZAIA (2011).

Sem educação formal não há nação alguma que consiga se desenvolver. A

tabela 2 mostra que o Estado de São Paulo está se destacando perante o Brasil e,

conforme destaca ZAIA (2011):

Foram acrescentadas 100 mil novas matrículas nas escolas técnicas (Etecs) e o número de faculdades de tecnologia (Fatecs) praticamente duplicou, passando de 26, em 2006, para 49 unidades, em 2010. São cerca de 200 mil estudantes, nos níveis médio e técnico, atendidos pelas Etecs, para os setores industrial, agropecuário e de serviços, em 91 cursos técnicos. Nas Fatecs, estudam cerca de 46 mil alunos, distribuídos em 51 cursos de graduação tecnológica. (ZAIA, 2011).

A dificuldade maior para conseguir uma vaga no mercado de trabalho fica

para os profissionais com cursos de graduação, pós-graduação, mestrados e

doutorados, por terem salários mais altos. Uma grande vantagem para o curso

técnico. A indústria ainda continua sendo quem mais emprega os formandos dos

cursos técnicos, porém existem outros setores que estão absorvendo esses

formados, entre eles a construção civil, petróleo, o terceiro setor (serviços). No

entender de ZAIA (2011):

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O Estado de São Paulo apresenta um bom nível de escolaridade no emprego formal. Dos cerca de 12 milhões de empregados com carteira assinada, a grande maioria possui boa escolaridade. São 5 milhões de assalariados com ensino médio completo e 2 milhões com ensino superior concluído, ou 58% do total. Com a maior oferta de empregos, a dificuldade de colocação no mercado de trabalho é mais acentuada entre os jovens que são candidatos ao primeiro emprego e as pessoas na faixa etária acima de 30, com baixa escolaridade. A Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho tem programas específicos para esses dois públicos. Para os candidatos ao primeiro emprego o “Jovem Cidadão” oferece aos estudantes do ensino médio da rede estadual oportunidade de estágios remunerados em empresas públicas e privadas, para que eles possam adquirir experiência no mercado de trabalho. Temos também o Programa Estadual de Qualificação Profissional (PEQ) que disponibiliza cursos profissionalizantes para a faixa etária entre 30 e 59 anos, que ainda não concluiu o ensino fundamental. Já participaram dos cursos oferecidos pelo PEQ cerca de 100 mil pessoas. (ZAIA, 2011).

Para ingresso no mercado de trabalho, os que encontram maiores

dificuldades são os formandos do curso técnico, para os jovens que participam do

processo para seu primeiro emprego, que não têm experiência alguma, e para

aqueles acima de 30 anos de idade com baixa escolaridade.

O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, elaborado pelo Congresso

Nacional, assegura os direitos da criança e adolescente e permite que as condições

dos egressos sejam respeitadas e, da mesma forma, no mercado de trabalho:

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor. Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular; II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; III - horário especial para o exercício das atividades. Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem. Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

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Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho: I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte; II - perigoso, insalubre ou penoso; III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. (ESTATUTO da Criança e do Adolescente, 2010, p. 34-35)

De acordo com o ECA (artigos 15, 16 e 17), a criança e o adolescente têm

direito à liberdade, ao respeito e à dignidade em um processo de desenvolvimento, e

também direitos civis, humanos e sociais, amparados por lei. Em especial à

liberdade, ao direito de ir e vir, opinião, expressão, religião, brincar, de ter crença, de

divertir-se, praticar esporte, ter uma vida sem discriminação, votar, ter vida política;

resumidamente falando, de viver em liberdade com responsabilidade. O segundo

direito é constituído pelo respeito à integridade física, psíquica e moral, preservando

a imagem da criança e do adolescente, de sua identidade, seus espaços, dos

valores, ideias e crenças. O terceiro direito é à dignidade, preservar o tratamento

humano (e não desumano, violento, aterrorizante ou constrangedor).

Conforme MINARELLI (1995), o emprego, ou, a vaga de emprego, é do

empregador, daquele empreendedor, fundador, que tem direito e é responsável pelo

negócio. O empregado é aquele que troca o seu trabalho por dinheiro, ou seja,

vende o seu trabalho. Do outro lado, o empregador fornece meios e condições de

trabalho, pagamento e segurança.

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Nos tempos atuais, de crise econômica no país, a falta de segurança de

trabalho vem amedrontando os profissionais de diferentes áreas e níveis,

principalmente os que estão iniciando na carreira do ensino profissionalizante e

técnico, primeiro degrau da sua carreira.

Anos atrás, o tempo que o profissional permanecia empregado, e confiava

em seu trabalho, era maior; nos tempos atuais, os jovens iniciantes querem

resultados rápidos e trocam de trabalho com facilidade, por pouco dinheiro a mais.

O mundo capitalista, que estimula os jovens a serem consumidores

assíduos, interfere em suas carreiras, eis que querem o tempo todo ganhar mais e

mais, além de ter poder e crescimento rápido na carreira, tendo menor importância a

realização pessoal.

Muitos desses jovens também esperam que o seu desenvolvimento venha

da empresa, por meio de cursos de curta duração, cursos de extensão, graduação,

pós-graduação, entre outros. Vale salientar que, muitas vezes, as empresas

investem quando acreditam que terão retorno sobre esse investimento; no entanto,

pode ser que esse investimento não aconteça. Quando não acontece, mesmo sendo

iniciantes do curso técnico, esses alunos, futuros profissionais, precisam receber

muita orientação do que buscarem, como, onde, transformando sua inquietude em

capacitação e desenvolvimento constantes. O estudante – ou o chamado

profissional em início de carreira –, precisa entender que o conhecimento adquirido é

dele, não da empresa, e é levado com ele quando troca de trabalho.

Portanto, a carreira profissional desses estudantes/egressos é de sua total

responsabilidade quando estão no mercado de trabalho.

O curso técnico deve preparar muito bem esses alunos para que, quando

estiverem sozinhos, consigam caminhar com as próprias pernas ou, em outras

palavras, serem os donos de suas escolhas e decisões.

O profissional pode receber orientação de um especialista, com mais

experiência no assunto, como metodologia e processo de coaching (processo de

mudança comportamental e de autoconhecimento, com indicação, pelo coach, do

caminho e da direção para aquele que recebe os ensinamentos - o qual é chamado

de coachee -), mentoring (acompanhamento de carreira baseado na experiência e

vivência do mentor, o qual orienta o mentorado, que é quem recebe os

ensinamentos), orientação profissional, entre outros.

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Todas as ferramentas citadas no parágrafo anterior ajudam os profissionais

no mercado com dificuldades, podendo orientar sobre qual caminho seguir. Essas

ferramentas são aplicadas para executivos e para todos os níveis de uma

organização, inclusive os que estão chegando ao mercado de trabalho.

Conforme WUNDERLICH e SITA (2013), no cenário moderno competitivo,

de mudanças rápidas e de transformações organizacionais, o profissional deve estar

aberto a mudanças:

Com o cenário de mudanças e rápidas transformações organizacionais, as competências dos líderes passam por revisões constantes. Estar atento a essas mudanças e se adaptar torna-se fundamental para manter-se nas posições de liderança. Os processos de coaching e mentoring são ferramentas de apoio ao desenvolvimento dos executivos e suas carreiras, dentro desse novo cenário de transformações. Estar aberto para passar por esse processo é fundamental, pois a única certeza que temos é de que as mudanças continuarão a nos desafiar, nos tirando da zona de conforto, exigindo novas competências que estarão alinhadas ano novo contexto. (WUNDERLICH e SITA, 2013, p. 113).

A obra citada de é um trabalho de coaches e mentores com executivos, em

que os professores, coordenadores e diretores dos cursos técnicos deveriam ser

desenvolvidos ainda mais, para que os alunos, quando estiverem diretamente no

mercado de trabalho, tenham mais conhecimento de como se comportar diante dos

desafios, barreiras e conflitos que passarão durante a sua carreira profissional,

independentemente do seu cargo/função dentro da empresa.

De acordo com MINARELLI (1995), o mercado de trabalho prefere

profissionais com habilidades múltiplas, proativos, as quais são características que

os valorizam. Muitos profissionais não se importam com suas habilidades,

conhecimentos e experiências vivenciadas quando estão bem empregados. Mas

essas atitudes os colocam no processo contrário de evolução e de desenvolvimento,

o que lhes é prejudicial.

Em função da crise econômica e financeira estabelecida no país, o mercado

de trabalho atual tornou-se desafiador. A dificuldade de adaptação a essa nova

realidade faz com que haja mudança no jeito de trabalhar e de se relacionar.

Com todas essas mudanças, também há dificuldade de entrar no mercado

de trabalho, pois este se tornou mais complexo; mas o relacionamento interpessoal

facilita a inserção no mercado de trabalho e faz com que o tempo para o início da

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carreira seja menor. O relacionamento interpessoal promove a integração entre as

pessoas, as resoluções de problemas e tomadas de decisões assertivas em

conjunto.

Conforme OLIVEIRA (2000), a história profissional de indivíduos se forma na

hora da escolha profissional: optam pelo que mais lhes convêm. Existem influências

para que tudo isso aconteça, definidas em cinco atitudes: deixar se levar pelo acaso,

apostar no sucesso, garantir a sua segurança, aproveitar as oportunidades de

mercado e, por último, perseguir uma realização pessoal.

O jovem precisa vencer diversas barreiras, dentre elas, estar preparado no

momento da entrevista. Esse momento é crucial para um bom resultado. Precisa

vencer a timidez, ser autoconfiante, ter a autoestima elevada, acreditar no network

(rede de relacionamento) principalmente dos seus amigos, comunicar-se bem, tanto

oralmente quanto por escrito, aproveitar ao máximo o tempo da entrevista para criar

uma boa impressão para o entrevistador e mostrar suas habilidades e competências,

estar preparado. As instituições do ensino técnico também têm a sua participação

nessa preparação, conforme demonstrarei adiante.

Segundo DUTRA (2009) há desenvolvimento quando aumentamos o nosso

grau de complexidade e temos capacidade para assumir atribuições e

responsabilidades. Assim, o nosso profissional técnico precisa estar com um grau de

desenvolvimento à altura que o mercado entenda ser necessário.

O mercado de trabalho é exigente com o aluno. As instituições, por sua vez,

são exigentes com os seus professores/mestres, em relação ao preparo e à

capacitação que vêm sendo ministrados aos alunos, de forma que:

As reformas educacionais trouxeram muitas alterações para a vida dos professores, bem como para sua formação. As mudanças socioeconômicas apresentaram novas exigências e fazem com que eles vivam tempos paradoxiais. Por um lado, têm suas tarefas ampliadas, são muito exigidos, mas, por outro, pouco ou quase nada lhes é oferecido em troca. A carreira continua apresentando as dificuldades existentes há muito tempo. (LIBÂNEO, 2012, p. 273).

Segundo MELATO (2012), traçando um paralelo entre mercado de trabalho

e educação, chega o momento da transferência de responsabilidade: os filhos vão

para escola. Na educação tradicional, muitas vezes os temas e assuntos são

transmitidos baseados em memorização de conteúdos para o aluno atingir o

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conceito/nota de aprovação, garantindo um certificado/diploma, que será o início de

uma profissão para ingresso no mercado de trabalho. A formação não significa que

ele tenha condições de exercer a profissão estudada e pretendida. O sistema de

ensino, às vezes, transforma o aluno em um simples memorizador, para passar nos

testes que virão. Esse sistema/metodologia não é suficiente para ser um profissional

preparado e competente. Esse sistema/método não deveria ser aplicado nem para o

indivíduo passar em concurso público, pois, na hora em que ele começar a

desenvolver a função de servidor, terá problemas.

O mercado corporativo precisa de profissionais com criatividade, que irão

gerar inovação. Para o Brasil caminhar, para ficar junto com os países do primeiro

mundo, precisa passar por transformações educacionais no atual sistema de ensino

e aprendizagem, pois este não é funcional nem aplicável quando o aluno chega ao

mercado de trabalho, com ou sem diploma (existem alguns, inclusive, que param

durante o curso).

De acordo com MELATO (2012), embora a maioria dos alunos chegue ao

ensino médio dizendo saber o que quer da profissão, pretendendo obter prazer e

felicidade, um grande contingente procura bons salários. Dessa ideia compartilha

THUMS (1999), para o qual os alunos dizem estar voltados para a empresa, mas

buscam, também, o seu bem estar pessoal, escolhendo a carreira em função do

salário:

Começa assim uma lacuna entre o ensino tradicional e a necessidade corporativa de profissionais competentes e altamente qualificados e com características que traduzem a necessidade de mão de obra para atuar nesse momento de mudanças e de inovações tecnológicas. “Em recente pesquisa na qual participaram 1457 alunos entre a 7ª série, 8° ano do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio, basicamente três fatores motivam a escolha dos estudantes: 31,70% responderam que desejam obter prazer e felicidade na profissão; 30,39% querem seguir o ofício em que possam usar suas habilidades, satisfazendo assim seus interesses (acreditam que isso possibilitará fazer o que gostam); 27,93% escolhem a profissão em virtude do salário (Portal Educacional)”. (MELATO, 2012, p. 61-62). Toda a atenção está voltada para a empresa (quando, na verdade, o indivíduo está preocupado, quase exclusivamente, com o seu bem-estar econômico, seu estar pessoal). (THUMS, 1999, p. 106).

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De acordo com MELATO (2012), os alunos mais novos buscam rápida

ascensão profissional. Todas essas questões não são tão fáceis de realizar no

mercado; são para poucos, que estão no local certo, hora certa e têm um

desempenho diferenciado. Quando acontecem com o colega que trabalha ao lado e

não com os alunos, muitas vezes causam frustrações nestes. Isso acontece porque

não foram preparados adequadamente nem pelas famílias, nem pelas escolas para

lidar com situações adversas e com o não.

Conforme IMPARATO e HARARI (1997), o caos nos cerca, as instituições

de uma forma geral estão falidas, o governo e a família, a indecisão no mercado,

com uma dificuldade grande de mudança. A civilização como um todo está se

transformando. Essas transformações obrigam as empresas a repensarem as suas

estratégicas e suas premissas básicas.

Esses alunos mais novos estão passando e passarão por transformações e

cobranças mais severas. Soluções do passado, gestão ultrapassada, entre outros, já

não resolvem mais os problemas atuais e dificuldades financeiras enfrentados pelas

empresas.

De acordo com MELATO (2012), os professores precisam estar em um

ambiente corporativo e de negócios e acompanhar essa evolução, para criar um

processo de aprendizagem sólido, moderno e atualizado com os seus alunos:

Muitos profissionais que se formaram antes do boom tecnológico tiveram que se atualizar e isso é permanente doravante, pois as novas tecnologias associadas à globalização fizeram com que sejamos inundados com informações novas a cada instante. Esse é um caminho sem retorno e que deve atingir os professores. É preocupante um professor ensinar sem estar conectado com a realidade tecnológica, principalmente porque seus alunos nunca ficam off-line, têm dificuldade de permanecer na sala de aula tradicional e seguir o modelo tradicional de ensino-aprendizagem. O profissional precisa ser ágil ao transformar um mundo de informações que chegam até ele em conhecimento: precisa transformar esse conhecimento em uma inovação para o mercado de trabalho; precisa estar conectado à realidade sócio-ambiental; engajado em trabalho voluntário para conviver com as diferenças e saber trabalhar em equipe. (MELATO, 2012, p. 63).

Estamos vivendo o apagão da mão de obra qualificada, isto é, profissionais

preparados com experiência prática e formação: temos vagas e não temos

candidatos preparados para ocupá-las. As empresas que têm consigo esses

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destaques de mercado, profissionais qualificados, também passam por dificuldades

para retê-los. Investem em benefícios e desenvolvimento o tempo todo, desde a

capacitação interna e externa formal, com as experiências vivenciadas e aprendidas

no dia a dia.

A empresa pode ter a melhor infraestrutura e conforto para seus

colaboradores, as melhores tecnologias, as melhores máquinas e equipamentos

automatizados em praticamente 100%, a parte ambiental e de qualidade muito

equilibrada, o site bem localizado estrategicamente em relação aos seus negócios e

com um mercado com profissionais capacitados e em constante evolução. Mas,

importantes são o seu ambiente organizacional e o quão motivados estão os seus

talentos para atingirem os resultados da empresa e dos seus clientes. O aluno que

sai do ensino técnico e chega ao mercado em um ambiente complexo e inovador,

precisa estar preparado para esse desafio.

Segundo KATZ e HAHN (1978), padrões de comportamento individual

necessários para o bom clima organizacional, funcionamento da empresa e a

efetividade organizacional podemos verificar como: ingressar e permanecer no

sistema, comportamento confiável e honesto e comportamento inovador e

empreendedor. Os colaboradores devem ser levados para as empresas, se

adaptando rapidamente e que lá permaneçam. Toda vez que um colaborador sai ou

é demitido, custa muito caro para empresa sua reposição.

Muitas vezes o colaborador pode estar dentro da empresa fisicamente, mas

não psicologicamente. Também isso acontece com alguns alunos: não faltam,

absenteísmo zero, mas durante a aula se dispersam quanto ao assunto discutido,

não concedendo a devida atenção ao professor, prejudicando o processo de

aprendizagem.

O desenvolvimento constante precisa acontecer, pois, inesperadamente,

pode ocorrer uma demissão ou uma oportunidade de um trabalho/desafio melhor.

Quando não se está preparado, pode-se perder uma oportunidade única.

Conforme OLIVEIRA (2000), estar preparado é sinônimo de possuir

habilidades mais genéricas, competências como trabalhar em equipe, saber resolver

problemas, ser criativo, entre outras. As transformações culturais, educacionais,

intelectuais e o conhecimento precisam acontecer constantemente, em compasso

com a atualidade que o mercado exige. Afinal, no dizer de MORIN (2000a), tudo se

transforma:

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Tudo o que vive deve regenera-se incessantemente: o sol, o ser vivo, a biosfera, a sociedade, a cultura, o amor. É nossa constante desgraça e também é nossa graça e nosso privilégio: tudo que há de precioso na terra é frágil, raro e destinado a futuro incerto. O mesmo acontece com a nossa consciência. Assim, quando conservamos e descobrimos novos arquipélagos de certezas, devemos saber que navegaremos em um oceano de incertezas. (MORIN, 2000a, p. 59).

É muito importante retirar as incertezas desses ingressos e em curso, para

que tenham uma carreira mais tranquila, feliz e com muita segurança no que estão

desenvolvendo. Os professores, coordenadores, diretores precisam dar novos

rumos para a educação do nosso país, tão grande e com tantas oportunidades que

poderão ser criadas por meio de uma educação de qualidade e inovação. Dom

Bosco, com o seu entendimento e sabedoria em relação à educação e ao social,

contribuiu muito para que, do seu jeito e da sua forma, a humanidade pudesse

reencontrar os valores e o caminho; ele usava muito a frase “caminho do coração”.

De acordo com JACONI (2012), é necessário que as comunidades tenham

suas necessidades priorizadas, a fim de minimizar a desigualdade social e a

pobreza que são consequência da má estrutura social e política do Brasil.

Afinal, segundo CARO (2012, p. 37), a educação social “amplia o contexto

da educação e envolve a família, a comunidade e a sociedade na responsabilidade

do desenvolvimento humano”.

2.1 Desafios da Educação na Formação Alunos Empreendedores para o

Mercado de Trabalho

Conforme tratado anteriormente, tendo em vista as necessidades, demandas

e a realidade do mercado de trabalho, há também de se contribuir com o

empreendedorismo na formação dos alunos dos cursos técnicos do CPDB. A

competência de empreender também é um dos requisitos do mercado de trabalho.

Empreender é transformar ideias em negócios, é inovar, é fazer diferente.

Segundo DORNELAS (2012), o empreendedorismo vem sendo difundido no

Brasil nas últimas décadas, tendo uma atenção maior no final da década de 1990. A

sua consolidação efetiva marcante foi no período de 2000 a 2010, de extrema

relevância no para o nosso país, o qual tem, como uma de suas características, a de

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ser capitalista. Para os brasileiros, a ideia principal é de criação de pequenas e

duradouras empresas.

Nos últimos anos, com a nossa economia instável e a globalização

impactando diretamente, a alternativa foi aplicar o empreendedorismo, deixando as

empresas brasileiras mais competitivas, conseguindo se manter no mercado. O

governo federal também já contribuiu com o tema através do Programa Brasil

Empreendedor, instituído em 1999, com meta de capacitar mais de um milhão de

empreendedores na elaboração do seu plano de negócio. Mais recentemente, o

Brasil teve o Programa Empreendedor Individual, amparado pela Lei Complementar

nº 128/2008, que alterou a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei

Complementar nº 123/2006). Em 2011 o programa atingiu o patamar de

praticamente dois milhões de empreendedores individuais formalizados no país.

Segundo DORNELAS (2012):

Dados publicados pelo Sebrae em 2010 mostram que no período de 2000 a 2008 o número de micro e pequenas empresas passou de 4,1 milhões para 5,7 milhões. Ainda, segundo dados publicados pelo Sebrae (relatório Agenda Estratégica das Micros e Pequenas Empresas 2011-2020), pode-se ratificar que a micro e pequenas empresas têm fundamental importância para a economia nacional, pois representam: 98% das empresas existentes no País; 21% do PIB (Produto Interno Bruto); 52% do total de empregos com carteira assinada; 29,4 das compras governamentais; 10,3 milhões de empreendedores informais; 4,1 milhões de estabelecimentos rurais familiares; 85% do total dos estabelecimentos rurais. (DORNELAS 2012, p. 2-3).

De acordo com LEITE (2012), empreendedor é o indivíduo que busca novos

desafios empresariais, é criativo, arrojado e procura sempre fazer coisas diferentes.

Conforme SABBAG (2009), empreendedor é o indivíduo que tem capacidade

de enfrentar incertezas. Todos os empreendedores são aventureiros talentosos que

criam novos negócios e têm habilidade de lidar com riscos.

Segundo McCELLAND (1987), empreendedor se resume em três

características: 1) proatividade, iniciativa e assertividade. 2) orientação para

realização, percepção e ação em relação as oportunidades, eficiência, alta

qualidade, planejamento sistêmico e controle e 3) comprometimento com o desafio,

com o negócio, com as pessoas. Empreendedores de sucesso possuem:

autoconfiança, persistência, persuasão, estratégias para influenciar pessoas e busca

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de informação. Afirma que os empreendedores tendem a correr riscos moderados,

diferentes de outros autores que colocam esses riscos sem limites para o

atingimento dos resultados.

De acordo com DORNELAS (2007), as duas principais características do

empreendedor são buscar realização (atingir objetivo profissional) e assumir riscos

(ter ciência de que algum projeto, negócio ou investimento financeiro pode não dar

lucro, ter de ser interrompido ou perdido/fechado). Mas têm também inovação,

iniciativa, ambição, desejo de independência, responsabilidade, autoconfiança, foco,

relacionamento, habilidade de comunicação, conhecimento técnico, percepção de

oportunidade, motivação pela realização, poder, satisfação e prazer pelo que faz,

liderança, tolerância às incertezas, autonomia/independência, experiência,

credibilidade, influências, necessidade de poder, orientação quanto a valores

pessoais, foco/centro, interesse em fama e dinheiro, energia, reação positiva ao

fracasso (superação), autodisciplina, perseverança, desejo de sucesso, orientação

pela ação, orientação quanto a metas e otimismo.

Segundo HENGEMÜHLE (2014), empreendedor é aquele que transforma

ideias e intenções em algo real. Ele inova, revoluciona, cria o que ainda não existe.

É ágil, tem personalidade forte, explora novas ideias e conhecimentos, tem objetivos

claros, dá os primeiros passos.

O empreendedor não necessariamente precisa ser o fundador da empresa,

um presidente, um diretor, um gerente geral ou mesmo um gerente. Empreendedor

pode ser qualquer profissional que se destaca na sua função/cargo com ideias

criativas, inovações e vai na busca dos seus objetivos com foco até o seu

atingimento.

As instituições de ensino têm esse desafio na formação de

alunos/profissionais empreendedores. É preciso investir nesse desenvolvimento nos

cursos técnicos do CPDB.

De acordo com HENGEMÜHLE (2014), o mercado busca continuamente

profissionais mais competentes e empreendedores mais eficazes e espera de seus

profissionais que resolvam problemas, independentemente do grau de

complexidade, através de suas habilidades e competências:

Como dirigente de um grupo educacional que conta com quase 10 mil colaboradores e 100 mil alunos espalhados por 20 estados do

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Brasil, adquiri uma certeza: os melhores profissionais com quem tive ou tenho o prazer de trabalhar são aqueles que resolvem problemas (independentemente do tipo de complexidade) e que têm a capacidade de empreender (transformam ideias e intenções em algo real). Via de regra, tais pessoas são dotadas de imensa capacidade intelectual, têm uma profunda densidade teórica (fruto de uma formação acadêmica igualmente densa) e respondem aos desafios que lhes são postos com competência e habilidade (independentemente da convergência ou não dos problemas e desafios com suas áreas de formação – ou seja, são pessoas que aprendem o que deve ser aprendido para resolver o que deve ser resolvido). Formar pessoas competentes sempre foi um desafio nas sociedades, notadamente nos ambientes escolares. Ao que parece, tais desafios tendem a se tornar superlativos, porque os profissionais que hoje trabalham nas instituições educacionais têm se mostrado, infelizmente, cada vez menos adequados à função, fundamentalmente por conta de uma formação equivocada. Enquanto esses profissionais não conseguirem separar conteúdos teóricos de empíricos, não conseguirem resgatá-los historicamente para ressignificá-los, não entenderem a utilidade de seus ensinamentos e não conseguirem aliar a teoria à prática, nossos acadêmicos continuarão tendo amarga percepção de que a escola é um mal necessário, mas que não os ajudará, de maneira plena, a se tornarem pessoas melhores, cidadão mais conscientes. Profissionais mais competentes e empreendedores mais eficazes. (HENGEMÜHLE, 2014, p. 11).

Conforme HENGEMÜHLE (2014), os paradigmas que surgem na atualidade

em relação à demanda do mercado são: formar pessoas competentes e

empreendedoras, desenvolver exercícios mentais reflexivos, envolver os estudantes

de forma cognitiva, afetiva e emocional na abordagem e na produção de novo

conhecimento, abordar o conteúdo prático e teórico, ressignificar dos conteúdos

teóricos, as problematizações e as curiosidades como fontes de provocação do

desejo, a metodologia e a avaliação problematizadoras para dinamizar as práticas

pedagógicas.

Além da capacidade de resolução de problemas, muito requisitado nas

empresas, o relacionamento, saber conviver com o outro com uma comunicação

mais eficaz e assertiva, irão fazer toda a diferença.

De acordo com THUMS (1999), profissionais realizados e de sucesso são os

que têm mais facilidade de identificar, enfrentar, solucionar e no momento certo

deixar o problema:

O homem autorrealizado sabe conviver de forma mais clara consigo e com o meio. Identifica os problemas, enfrenta-os, soluciona-os e deixa-os (THUMS, 1999, p. 105).

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O professor precisa de experiência prática, principalmente em um curso

técnico. Muitas inquietações rondam esses profissionais, que desejam desenvolver

técnicas melhores para que a aprendizagem seja feita de forma eficiente.

A educação traz possibilidades de desenvolvimento das pessoas para um

país melhor, para uma distribuição de renda melhor, para que os cidadãos tenham

condições de buscar seus direitos e de realizar com honestidade os seus deveres. A

educação deve despertar com maior ênfase em seus alunos, principalmente falando

do curso técnico do CPDB, a curiosidade, o empreendedorismo, a criatividade, a

criticidade, a ética e um querer de trabalhar com a diversidade, qualquer que seja

esta. Os educadores/professores necessitam de projetos educacionais que

transformem a teoria em prática. Os educadores/professores necessitam de novas

luzes, novos modelos para levar aos seus alunos, como a do processo de liderança.

2.2 Transformações Culturais e de Mundo que Impactam na Formação

Profissional no Nível Médio e na Educação

As transformações culturais pelas quais o mundo vem passando nos últimos

séculos e décadas são muito significativas e impactam nos alunos e nas suas

respectivas formações.

De acordo com BOFF (1999), em relação às transformações culturais que

estamos vivendo, o saber cuidar faz toda a diferença. Cuidar faz parte da essência

do ser humano. Descuidos acontecem até hoje com crianças e adolescentes,

utilizados como mão de obra e combustível como se fossem adultos no mercado de

trabalho mundial. Que destino está sendo concedido para os pobres e

marginalizados da humanidade? Há ainda muitos excluídos: aproximadamente dois

terços da humanidade estão excluídos dos benefícios institucionais que a ciência e

tecnologia produzem.

Pessoas que poderiam acrescentar no desenvolvimento deste país estão

fora do mercado, junto com aposentados. Essas pessoas se sentem excluídas e

descartadas, tendo uma condição econômica perto do zero, e, assim, o

país/mercado acaba com os seus sonhos. Completando esse pensamento,

conforme MORIN (2000a), tudo que compõe a terra é frágil, raro, contendo sempre

um ingrediente de um futuro incerto. Assim, a palavra cuidado, ou o cuidar, é o que é

necessário realizar com responsabilidade nesse momento.

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Todo ser humano deveria ter um olhar maior para a realidade sociocultural.

Há pessoas que perderam a capacidade de cuidar, mas outras, não. As mudanças e

transformações atingem o mundo todo: é a chamada globalização. Todos nós somos

atingidos, desde os mais favorecidos até os menos favorecidos.

Os menos favorecidos recebem impacto social maior quando não

conseguem ter a oportunidade de estudar. Os princípios de direitos humanos são no

sentido de que todos devem ter as mesmas oportunidades; mas, na prática, as

coisas não acontecem, seja por falta de verba, por verba desviada ou por

desinteresse dos governantes na formação adequada dessas pessoas.

De acordo com GARRIDO, CARO e EVANGELISTA (2011), é preciso muita

luta para que consigamos que os projetos sociais aconteçam e sejam reconhecidos.

Necessitamos de uma sociedade mais voltada ao atendimento de crianças,

adolescentes, mulheres, idosos vulneráveis e com risco social. Essas pessoas

podem ser encontradas em péssimas condições na ruas, becos, viadutos e

albergues. Elas precisam de ajuda e atendimento. Quando a exclusão social é rotina

de uma família, em especial da criança, afeta o desenvolvimento da infância, o que

refletirá no resto de sua vida.

Uma contribuição que podemos obter nessa pesquisa é uma proposta de

curso para formação do educador social no nível médio de ensino, para formação

profissional/técnica, conforme citado por GARRIDO, CARO e EVANGELISTA in

GARRIDO, SILVA e EVANGELISTA (2011):

Dessa forma a presente proposta se estrutura na formação do educador social em nível técnico, respondendo ao propósito da carreira na área de educação social. Diante das questões levantadas, um grupo de estudos na Unisal Campinas se debruçou na tarefa da criação do curso para a formação profissional de nível médio para o educador social. Assim, a seguir apresentaremos uma proposta de curso para formação do educador social no nível médio do ensino. (GARRIDO, CARO e EVANGELISTA in GARRIDO, SILVA e EVANGELISTA, 2011, p. 24-25.)

Conforme GARRIDO, CARO e EVANGELISTA in GARRIDO, SILVA e

EVANGELISTA (2011), a proposta de melhoria no curso para formação do educador

social/professor no nível médio deve contemplar os seguintes itens: o plano do

curso, objetivo geral, objetivos específicos, formação profissional do educador social,

perfil e competências, organização curricular, competências no curso e habilidades.

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As noções básicas primordiais são aprendizagem, desenvolvimento e

comportamento, que irão contribuir para o processo de ensino/aprendizagem.

Em artigo publicado no Portal Educação, a globalização é um conjunto de

transformações que acontecem dentro de um país ou de vários países, ao mesmo

tempo ou não. Essas transformações podem ser econômicas, políticas, financeiras,

e compra e venda de mercadoria entre os países; em resumo, a abertura das

fronteiras para negociação. A tecnologia contribui muito para que a globalização seja

viável para o mundo inteiro:

Globalização é o conjunto de transformações econômicas e políticas que vem acontecendo nas últimas décadas. Arnaud salienta que “a globalização começou a ser debatida na década de 80 pelos anglo-saxões”. Assim, a popularização do termo globalização ocorreu em meados de 1980 e rapidamente passou a ser associado aos aspectos financeiros inerentes a esse processo. Esse termo designa um fenômeno de abertura das economias e das respectivas fronteiras em resultado do acentuado crescimento das trocas internacionais de mercadorias; da intensificação dos movimentos de capitais; da circulação de pessoas, do conhecimento e da informação. Sua principal característica é a integração dos mercados mundiais com a exploração de grandes empresas multinacionais. É um processo de integração social, política e econômica entre os países e as pessoas do mundo todo, em que os governos e as empresas trocam ideias. Esse processo de globalização ocorreu em razão das inovações tecnológicas, principalmente nas telecomunicações e na informática. (PORTAL Educação. Definição de Globalização, 2016).

A globalização permite oportunidades em várias culturas, credos, classes

sociais, religião, formação, educação e tantas outras características. A globalização

pode contribuir para os profissionais que de uma forma ou outra estão fora do

mercado de trabalho como aposentados com vasta experiência, além de gerar renda

para o PIB no Brasil e para ele próprio.

De acordo com RODRIGUES (1998), nas décadas de 80 e 90 aconteceu

uma discussão sobre com os empresários sobre a questão educacional. O objetivo

era modernizar a qualificação profissional. Esses empresários levantaram a bandeira

de um modelo de formação profissional mais moderno, pensado no Brasil e na

globalização da economia e qualidade do trabalho desses profissionais.

Nós herdamos da educação que recebemos, valores, crenças, cultura, o

respeito para com o próximo. Algumas coisas nunca saem de moda nem se tornam

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ultrapassadas, como a educação, respeito, humildade, simplicidade, entre tantos

adjetivos. Acredito que em função das transformações do hoje, culturas modificadas,

devemos ser críticos e problematizar a formação que nós adquirimos ao longo dos

anos, o que é crucial para descobrir novos caminhos. Uma pergunta que todo

educador deveria fazer: para onde quero orientar a minha existência? Para onde

quero conduzir meus educandos e conduzir a existência e cidadania deles?

De acordo com SANTOS NETO (2003), as mudanças ocorrem em várias

vertentes como: para própria pessoa, para família, a escola, a religião, a política, a

economia, as relações interpessoais e pessoais, a moral, os costumes, as tradições,

as rotinas.

Segundo MORIN (1995), a ordem e a desordem são opostas, porém uma

depende da outra. Quando temos a desordem prevalecendo em nossas vidas,

precisamos da ordem para organizá-las. As mudanças, em suas várias esferas,

também geram ordem e/ou desordem na vida das pessoas. A mudança é necessária

em nossas vidas, assim como a ordem e a desordem. O ponto crucial é como as

tratamos e como olhamos para elas:

Quando uma ordem termina para uma nova ordem começar, temos de passar pela desordem. A vida é um progresso que se apaga com a morte dos indivíduos; a evolução biológica paga-se com a morte de inumeráveis espécies; há muito mais espécies que desaparecem desde a origem da vida que espécies que sobreviveram. A degradação e a desordem também dizem respeito à vida. Foram precisos estes últimos decênios para que se desse conta que a desordem e a ordem, sempre inimigas uma da outra, cooperavam de uma certa maneira organizar o universo. Pode dizer-se do mundo que é ao desintegrar-se que se organiza. Eis uma ideia tipicamente complexa. Em que sentido? No sentido de que devemos unir em conjunto duas noções que, parecem excluir-se: ordem e desordem. A complexidade da relação ordem/desordem/organização surge quando se verifica empiricamente que fenômenos desordenados são necessários em certas condições, em certos casos, para a produção de fenômenos organizados, que contribuem para o aumento da ordem. (MORIN 1995, p. 89-91).

Quando algo novo se inicia – as palavras de Morin demonstram isso –, a

desordem acontece; mas, para um processo de melhoria, faz parte, é inevitável. Não

podemos nos prender nesses pontos, pois, assim, não sairemos do lugar nunca.

Precisamos inovar. A tecnologia faz parte dessa inovação também, mas a inovação

citada é a educação. Além da educação, o processo de inovação tecnológica e a

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educação digital vêm participando ativamente nas últimas duas décadas no

processo de ensino e aprendizagem.

Conforme GÓMEZ (2015), a nossa realidade está na aldeia global e na era

da informação, as mudanças participando ativamente dessa realidade, aumentando

sem antever a interdependência e a complexidade, causando, assim, mudanças

radicais de: comunicação, agir, pensar e expressar.

A humanidade vem passando por períodos de desenvolvimento econômico

que afetam diretamente a educação e a inovação. Os períodos que marcaram a

história foram: a idade da pedra, a época agrícola (em que inclusive começou o

trabalho dos Salesianos), a era industrial e a era da informação.

Segundo SILVA (2016), em artigo publicado no “Portal da Educação Info

Escola - Navegando e Aprendendo”, a idade da pedra é sinônimo de sobrevivência.

Tudo feito manualmente, a manipulação do fogo, o período nômade foi deixando de

existir, surgiram a comunicação verbal e a escrita. Alguns acreditam que este

período teve início na África há mais de 2 milhões de anos:

Como o próprio nome sugere, Idade da Pedra é o período em que o homem depende do uso de ferramentas de pedra para sobrevivência. Armamentos feitos de ossos de animais, madeiras, pedras lascadas de quartzo ou sílex configuravam os principais avanços na época. Alguns acreditam que este período teve início na África há mais de 2 milhões de anos, de onde surgiram os primeiros objetos criados a partir de rochas. A Idade da Pedra é subdividida em quatro períodos: Eolítico, Paleolítico - Idade da Pedra Lascada, Mesolítico, Neolítico - Idade da Pedra Polida. Dentre as principais descobertas do homem neste período estão: a manipulação do fogo para cozinhar os alimentos, espantar animais de grande porte e iluminar locais escuros. A descoberta das primeiras roupas (com peles de animais) para se protegerem do frio. O abandono da prática nômade com a criação das primeiras habitações. O homem passou a se fixar em lugares específicos após a prática da agricultura em terras férteis, que só foi possível com o fim da Era Glacial no período Neolítico. Apesar dos grandes avanços sociais, o homem ainda não dispunha de comunicação verbal. As pinturas rupestres encontradas em cavernas datadas deste período mostram a necessidade humana de tentar se comunicar de alguma maneira. Através destes desenhos, os homens ilustravam alguns costumes da época, o que permitiu maior entendimento de sua cultura. O advento da escrita e o avanço das formas de comunicação humana culminariam no fim do Período Neolítico e, consequentemente, o fim da Idade da Pedra, possibilitando registros mais específicos da evolução do homem. Tem início a Era Antiga, de onde floresceram as primeiras civilizações do Egito e da Grécia. (SILVA, 2016).

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De acordo com artigo publicado “Mini Web Educação”, a idade da pedra

iniciou-se no final da pré-história. Depois da era da idade da pedra, com a

familiarização com o fogo, foi desenvolvida a domesticação de animais e o cultivo de

plantas. Esse período ocorreu entre 100.000 e 10.000 a.C.:

Durante a última glaciação - entre 100000 e 10000 a.C. , as alterações climáticas e ambientais estimularam a intensa migração de animais e seres humanos, que se espalharam por diversas regiões do globo. Essa onda migratória foi seguida por avanços tecnológicos, como a invenção do arco e da flecha e do arremessador de lanças, e por maior familiaridade na utilização do fogo. Também teve início a domesticação de animais e o cultivo de plantas. Essa fase de profundas mudanças e progressos é chamada “revolução neolítica” ou agrícola. Ela marca o início do processo de sedentarização e o ingresso no Neolítico, a última etapa da Pré-História. (MINI Web Educação, 2016).

Conforme GOMES (2016), a revolução industrial iniciou-se para reduzir os

esforços físicos e tempo no trabalho humano. Aconteceram diversos

desenvolvimentos, dentre eles o da máquina a vapor, que foi projetada e construída

na Inglaterra durante o século XVIII:

As máquinas foram inventadas, com o propósito de poupar o tempo do trabalho humano. Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na Inglaterra durante o século XVIII. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias ficou maior e os lucros também cresceram. Vários empresários; então, começaram a investir nas indústrias. Com tanto avanço, as fábricas começaram a se espalhar pela Inglaterra trazendo várias mudanças. Esse período é chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e ela começou na Inglaterra. (GOMES, 2016).

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FIGURA 13 - Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento

Fonte: GOMES (2016).

A revolução e a formação profissional caminharam juntas na

industrialização. Conforme RODRIGUES (1998), os anos entre 1938 e a década de

80 foram marcados pela industrialização e a CNI (Confederação Nacional da

Indústria) se preocupava com o pensamento pedagógico. Esse pensamento

elogiava uma educação que preparava os alunos a reconhecerem que a indústria

seria boa para eles. A nova educação industrial deveria mostrar para os alunos

imaturos novos valores, entre eles as características de iniciativa, disciplina, fazer o

que tem que ser feito, colocar em prática, ordem e disciplina.

No período entre 1945 e 1954 a indústria brasileira tem novos problemas

para a força de trabalho, seja desde a qualificação profissional básica até a

formação stricto sensu (mestrado e doutorado):

Com relação a formação profissional, a CNI critica fundamentalmente a deficiência quantitativa dos quatro formados, seja nos cursos técnicos e de aprendizagem, seja nos cursos superiores. Além da superação da deficiência quantitativa, os empresários industriais propugnam que o ensino diferenciado4 é preciso, primeiramente, imprimir-lhe carácter eminentemente utilitário ou pragmático. Secundariamente o ensino de carácter profissional deve propiciar uma base comum de conhecimentos, a fim de assegurar a

4 Na linguagem durkheimiana, o ensino diferenciado corresponde à formação profissional lato sensu.

(RODRIGUES, 1998, p. 137)

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flexibilidade conveniente a uma economia em que o mercado de trabalho se caracteriza ainda por grande instabilidade. (RODRIGUES 1998, p. 137).

De acordo com GÓMEZ (2015), a era da informação iniciou-se em 1975 e

perdura até hoje, na qual as atividades dos seres humanos têm uma relação com

aquisição, o processamento, a análise, a recriação e a comunicação da informação.

Aconteceu uma exponencial mudança da evolução do ser humano. A era digital da

informação contribui como fonte de necessidades, desenvolvimento e poder.

A era da informação foi marcada por grandes transformações, impactando

na vida social das pessoas, entre profissionais e estudantes, causando grande

influência nas questões da sociedade e na cultura:

Transformações substanciais ocorreram em três áreas fundamentais da vida social: o âmbito da produção/consumo (economia), o âmbito do poder (político) e o âmbito da experiência cotidiana (sociedade e cultura). As mudanças que afetam a estrutura substantiva dessas três áreas são tão importantes que Castells (1994) não hesita em sugerir que estamos diante de uma mudança de época, não apenas em um momento de transformações. As confluências de mudanças tão significativas e radicais estão moldando um novo metacontexto que modifica as instituições, os Estados e a vida cotidiana dos cidadãos dentro de uma era de globalização e interdependência. (GÓMEZ, 2015, p. 15).

Conforme GÓMEZ (2015), as mudanças significativas em instituições sociais

e nas relações de experiência são os efeitos na socialização e os desafios

educacionais na era digital. Os processos de socialização das novas gerações e as

exigências das demandas educacionais na instituição escolar, inovando o contexto

social, acontecem na maioria dos indivíduos das sociedades. Esses mesmos

indivíduos recebem influências, desenvolvendo, assim, as suas competências,

conhecimentos, esquemas de pensamento, atitudes, afetos e formas de

comportamento.

O nosso cotidiano hoje, a nossa realidade com as novas gerações/ingressos

e em curso que chegam nas instituições e no mercado, em especial os jovens – que

têm um despertar significativo com o mundo das redes sociais virtuais – induzem a

novos estilos de vida e a novas visões de mundo, já que eles têm expressões

próprias, gírias, o que gera transformação da cultura ao nosso redor. Os professores

necessitam de uma análise muito criteriosa para entender de onde vem a instituição

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que denominamos escola. A pergunta que podemos fazer é: como compreender as

transformações sobre a escola atual e como mantê-la viva e em condições com

nossa sociedade?

No dizer de SACRISTÁN (2005), essas transformações irão impactar

diretamente aos alunos, não só por meio dos professores, mas também por pais,

cuidadores, legisladores e autores:

O aluno é uma construção social inventada pelos adultos ao longo da experiência histórica, porque são os adultos (pais, professores, cuidadores, legisladores ou autores de teorias sobre a psicologia do desenvolvimento) que têm poder de organizar a vida dos não adultos. (SACRISTÁN, 2005, p. 11).

E há, além disso, o desafio da mudança contínua dos tempos. Segundo

FILÉ (2011), a complexidade daquele que indica o desafio da razão técnica à razão

escolar se trata de um paradoxo. O processo de mudança vivenciado atualmente é

de transformação radical, com um instrumento à dimensão estrutural através de uma

densidade simbólica e cultural.

Assim, e conforme FREIRE (2011), a educação é uma resposta final da

imensidão e tem caráter permanente, não havendo seres educados e não educados:

todos são educandos. A sociedade está em constante mudança; e, caso se perca o

equilíbrio, os valores começam a decair, esgotam-se, não correspondendo às

demandas da nova sociedade. Porém, a sociedade pode decair, mas não morre, e,

assim, os valores precisam buscar a inteireza.

Paulo Freire sempre lutou pela educação e pela possibilidade de

humanização no aspecto social. Suas ideias sobre educação e políticas sociais

baseavam-se na ideia de libertação e buscavam caminhos para a formação de um

povo. Segundo FREIRE (2013), ato de ensinar abria possibilidades de humanização:

Da lembrança podemos trazer para reflexão a educação popular dos anos 60 quando o movimento da educação de jovens e adultos tinha como ideário pontos para transposição à condição existente, dentre eles: combate às desigualdades sociais, emancipação e libertação do homem em opressão social, igualdade de justiça, valorização da cultura e ética e valores humanos. Esses e outros pontos reverteram em um novo olhar: perceber e avançar num processo de despertamento para reconhecimento do saber interrogatório de aspirações de mudanças e transformação da sociedade. (FREIRE, 2013, p. 39).

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Para acontecer mudanças e uma transformação no mundo, a educação de

qualidade precisa estar presente nas salas de aula. Só assim teremos uma

distribuição de renda melhor, as pessoas poderão reivindicar os seus direitos e

todos poderão ter uma vida digna.

Segundo FREIRE (1979a), o aumento da riqueza não decorre somente do

desenvolvimento da democracia, alterando as condições dos trabalhadores. Ela

atinge também a forma de estrutura social. Os valores políticos impactam na renda

nacional, atingindo a qualidade de vida da classe dominante:

Tanto mais pobre seja uma nação, e mais baixos os padrões de vida das classes inferiores, maior será a pressão dos estratos superiores sobre elas, então consideradas desprezíveis inatamente inferiores, na forma de uma casta de nenhum valor. As diferenças acentuadas no estilo de vida entre aquelas de cima e as de baixo apresentam-se como psicologicamente necessárias. Consequentemente, os mais altos estratos tendem a encarar os defeitos políticos dos mais baixos, particularmente o de inferir no poder, como coisa absurda e imoral. (FREIRE, 1979a, p. 86).

A política sempre teve uma influência em nível nacional no ensino. Todas as

regras são elaboradas, alteradas e tiradas de circulação conforme determinação do

MEC. A educação brasileira precisa evoluir muito tanto no âmbito público, que é a

pior situação, quanto no privado. É necessário estudar o que é feito em países de

primeiro mundo e destinar recursos para educação, que sempre fica esquecida ou

com investimento mínimo possível.

Diante da impressão generalizada de fracasso e obsolescência do sistema educacional, a partir da década de 1990, quase todos os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento promoveram reformas, de maior ou menor proporção, dos seus sistemas educacionais. Não é difícil reconhecer tendências, padrões e características semelhantes, apesar de eles prentederem responder a situações e circunstâncias econômicas, sociais e culturais notavelmente diferentes. Assim, convém destacar que as exigências da economia global atual, as demandas do sistema produtivo definido pelo capitalismo financeiro e digital e deslocalizado, as fórmulas e interesses da sociedade de consumo em um mundo global, interdependente e digitalizado, estão impondo modelos semelhantes em todos os países, que não são quase nada compatíveis, na minha opinião, com exigências éticas e políticas das sociedades democráticas e com as suas concretizações pedagógicas. Os conceitos centrais no discurso de política educativa atual, comuns a todos esses processos de reforma, são: qualidade, eficiência e igualdade. Também são similares as políticas e as estratégias

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privilegiadas no desenvolvimento dessas reformas: ampliação da escolaridade obrigatória, exigências de renovação curricular, incorporação das TIC´s, preocupação com a profissionalização docente, mudanças na estrutura acadêmica dos sistemas, novas formas de governo e de gestão do sistema e dos centros escolares, instalação de mecanismos de avaliação, prestação de contas e controle de qualidade, tendência à descentralização do sistema e à concessão de algum grau de autonomia às escolas. (GÓMEZ, 2015, p. 31).

De acordo com FREIRE (2001), esse quadro demonstra uma educação de

imposição e tradicional, sem evolução ao longo do tempo:

Como porém, aprender a discutir e a debater numa escola que não nos habitua a discutir, porque impõe? Ditamos idéias. Não trocamos idéias. Discursamos aulas. Não debatemos ou discutimos temas. Trabalhamos sobre o educando. Não trabalhamos com ele. Impomo-lhe uma ordem a que ele não se ajusta concordante ou discordantemente, mas se acomoda. Não lhe ensinamos a pensar, porque recebendo as fórmulas que lhe damos, simplesmente as guarda. Não as incorpora, porque a incorporação é resultado da busca de algo, que exige, de quem o tenta, o esforço de realização e de procura. Exige reinvenção. (FREIRE, 2001, epígrafe).

De acordo com a citação acima, faltam diálogo e discussão dentro do

ensino. Fórmulas prontas não desenvolvem alunos, não os faz pensar. Precisamos

estimular e provocar os alunos para se desenvolverem. Caso não consigamos

melhorar o ensino e a aprendizagem, a classe menos favorecida continuará fazendo

parte da diferença enorme que existe em nosso país na distribuição de renda. A

pobreza precisa receber atenção, carinho, dedicação e muita atenção em todas as

esferas governamentais, desde a municipal até a federal.

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CAPÍTULO 3 - FORMAÇÃO DO ENSINO TÉCNICO NO ÂMBITO PSICOSSOCIAL

A diferença social no Brasil vem acontecendo há séculos, em grande parte

causada pela má distribuição de renda.

Como podemos colaborar para a melhoria desse cenário? A psicologia no

âmbito social poderá contribuir muito para a formação do ensino técnico. A pobreza

precisa ser tratada mais de perto pela sociedade e pelos nossos governantes, em

todas as esferas: pelos governos municipais, estaduais e federais, e também pelos

poderes executivo, legislativo e judiciário.

Se considerarmos um presidente da comunidade de um bairro pobre, por

exemplo, notaremos muita boa vontade. Porém, não tem força e apoio político ou

privado para resolver os problemas do bairro pobre.

De acordo com GOLDMAN, citado por LANE (2012), um indivíduo sozinho

não consegue uma ação humana; a necessidade é de um grupo, com membros que,

juntos, tenham os mesmos objetivos e direção:

“Quase nenhuma ação humana tem por sujeito um indivíduo. O sujeito da ação é um grupo. ‘Nós’, mesmo se a estrutura atual da sociedade, pelo fenômeno da reificação, tende a encobrir esse ‘Nós’ e a transformá-lo numa soma de várias individualidades distintas e fechadas uma às outras” (GOLDMAN apud LANE 2012, p. 10).

Segundo LANE (2012), a psicologia social tem uma tendência em criar e/ou

alterar atitudes, harmonizando relações grupais, garantindo, assim, a produtividade

dessas relações. O conceito é minimizar conflitos, deixando os homens mais felizes.

A psicologia social foi muito questionada na década de 1960, quando

análises críticas apontaram que o conhecimento psicossocial conseguiria contribuir,

explicar ou mesmo intervir nos comportamentos sociais:

Na América Latina, Terceiro Mundo, depende econômica e culturalmente, a psicologia social oscila entre o pragmatismo norte-americano e a visão abrangente de um homem que só era compreendido filosófica ou sociologicamente – ou seja, um homem abstrato. Os congressos interamericanos de psicologia são excelentes termômetros dessa oscilação e que culminam em 1976 em (Miami), com críticas mais sistematizadas e novas propostas, principalmente pelo grupo da Venezuela, que se organiza numa Associação Venezuelana de Psicologia Social (AVESPO) coexistindo

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com a Associação Latino-Americana de psicologia social (ALAPSO). Nessa ocasião, psicólogos brasileiros também faziam suas críticas, procurando novos rumos para a psicologia social que atendesse à nossa realidade. Esses movimentos culminaram em 1979 (SIP - Lima Peru) com propostas concretas de uma psicologia social em bases matéria-lista-históricas e voltadas para trabalhos comunitários, agora com a participação de psicólogos peruanos, mexicanos e outros. (LANE, 2012, p. 11).

Conforme Torres e Neiva (2011), a influência social é muito importante na

psicologia social.

Os trabalhos comunitários e a influência social vêm contribuindo muito para

o desenvolvimento da psicologia social.

Conforme LANE (2012), os processos psicológicos, a parte intrínseca do ser

humano (o que acontece internamente, dentro do indivíduo), são entendidos como

as causas dos comportamentos dos seres humanos. Para conhecermos e

compreendermos o ser humano, bastaria saber o que acontece dentro dele.

O momento, no Brasil, é de uma grande crise política e econômica,

impactando diretamente nas políticas sociais, aumentando ainda mais a miséria e

violência.

A psicologia social informa que o excluído da sociedade, compondo a ordem

social, gerando sofrimento, precisa ser recebido e tratado com muito carinho, amor e

apoio técnico. Nesse cenário, a sua inclusão precisa de uma atenção diferenciada.

Necessitamos estimular mais as instituições de nível técnico, entre outras, na prática

social, pois assim podemos alcançar mudanças significativas. A psicologia pode

atuar nessa nova necessidade, saindo das práticas tradicionais com que estamos

acostumados a trabalhar.

Como podemos enfrentar a questão da pobreza dos alunos com um nível

bastante crítico? Que formação esses professores que seriam o apoio precisariam

ter?

Além de todas essas dificuldades, o adolescente tem um período em que

quer chamar a atenção de alguma forma.

De acordo com GRACIANI (2014), nas últimas décadas, por um motivo ou

outro, como vítimas ou protagonistas, os adolescentes vêm chamando a atenção da

sociedade. Os motivos são muitos, entre eles, principalmente, os problemas sociais,

desemprego, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez precoce, drogas e

violência.

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Para os educadores enfrentarem esse público com tantos ajustes a serem

realizados, é preciso seriedade, habilidade, competência e muita atenção em tudo

que está acontecendo. E, quanto aos cursos técnicos, há equipamentos e

ferramentas que exigem uma atenção muito grande do aluno.

Segundo GRACIANI (2015), os conflitos internos com os adolescentes são

grandes. A insegurança com relação à carreira e ao futuro, além da mudança da

infância para a idade adulta, são fatos difíceis, que precisam ser tratados:

Por ser um período conturbado, repleto de conflitos, desejos, impasses, contradições, ambiguidades e confrontos de relações interações e valores dentre outros aspectos no qual o adolescente sente uma terrível dificuldade simbólica de projetar-se no futuro e fazer planos, a transição da infância para a idade adulta torna-se uma fase bastante difícil. (GRACIANI, 2015, p. 104).

Os adolescentes têm muitos desafios, entre eles a sua identificação e a

autonomia, já com projeto e pensamento para a idade adulta, além do contato e

relacionamento com o mundo, principalmente a escola e o trabalho.

Entre esses adolescentes e o mundo existem debates, ideias, ideologias,

criando a democracia junto à toda parte social. No mundo atual temos várias

gerações juntas construindo projetos, grupos de discussão, entre outros. Esses

adolescentes buscam suas necessidades constantemente e sua realidade faz parte

desse contexto, podendo ajudar ou não em suas conquistas. As relações com eles e

o mundo físico, intelectual, mental, cultural e social precisam ser diminuídas

urgentemente.

De acordo com LIBÂNEO (2012), a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional) e as resoluções que a acompanham contribuíram muito com a

formação dos profissionais.

Conforme Resolução nº 2/2015 do MEC, a formação de professores para o

exercício da docência da Educação Profissional e Tecnológica contribui para

formação científica e cultural do ensinar/aprender:

Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica aplicam-se à formação de professores para o exercício da docência na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio e nas respectivas modalidades de educação (Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e

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Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação a Distância e Educação Escolar Quilombola), nas diferentes áreas do conhecimento e com integração entre elas, podendo abranger um campo específico e/ou interdisciplinar.

§ 1º Compreende-se a docência como ação educativa e como processo pedagógico intencional e metódico, envolvendo conhecimentos específicos, interdisciplinares e pedagógicos, conceitos, princípios e objetivos da formação que se desenvolvem na construção e apropriação dos valores éticos, linguísticos, estéticos e políticos do conhecimento inerentes à sólida formação científica e cultural do ensinar/aprender, à socialização e construção de conhecimentos e sua inovação, em diálogo constante entre diferentes visões de mundo. § 2º No exercício da docência, a ação do profissional do magistério da educação básica é permeada por dimensões técnicas, políticas, éticas e estéticas por meio de sólida formação, envolvendo o domínio e manejo de conteúdos e metodologias, diversas linguagens, tecnologias e inovações, contribuindo para ampliar a visão e a atuação desse profissional. (BRASIL. Resolução MEC nº 2/2015).

A formação desses alunos precisa ter um foco muito grande no

compromisso do profissional com a sociedade.

Segundo FREIRE (2011), deve haver cada vez mais o conceito

compromisso; que seja transformado um ato em compromisso. O mercado nos

impõe cada vez mais claramente o compromisso do profissional com a sociedade;

essa reflexão precisa existir. A frase que ratifica toda essa discussão é: o nosso

aluno tem de ser o sujeito do compromisso. Para condição do ato comprometido,

deve agir, refletir e ter consciência.

Conforme LANE (2012), existe uma transformação na história: o homem

passa a vender o seu trabalho como mercadoria, em função das profundas

mudanças da sociedade humana. Essas transformações são satisfação de

necessidades humanas oriundas dos objetivos produzidos pelo homem que contêm,

pela divisão social do trabalho, o valor da troca. Quanto mais produtivo, maior o seu

valor.

3.1 Contribuição da Psicologia Social

Segundo RODRIGUES (1999, p. 21), “Psicologia Social é o estudo científico

da influência recíproca entre as pessoas (interação social) e do processo cognitivo

gerado por está interação (pensamento social)”.

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De acordo com Luiz Fernando Veríssimo, citado por RODRIGUES (1999):

“Uma pessoa é uma coisa muito complicada. Mais do que uma pessoa, só duas. Três, então, é um caos, quando não é um drama passional. Mas as pessoas só se definem no seu relacionamento com as outras. Ninguém é o que se pensa que é, muito menos o que diz que é (...) Ou seja, ninguém é nada sozinho, somos o nosso comportamento com o outro” (VERÍSSIMO apud RODRIGUES, 1999, p. 21).

A Psicologia Social poderá ajudar muito os alunos ingressos e em

andamento dos cursos técnicos do CPDB em seu início, durante e quando este

chegar ao final, e, ainda, poderá contribuir com sua entrada no mercado de trabalho.

Conforme RODRIGUES (1999), a recíproca, ou troca na comunicação, nos

gestos, no olhar, integram e socializam as pessoas.

De acordo com RODRIGUES (1999), pequenos atos como um simples

aperto de mão, um sorriso, um elogio, um simples olhar, uma pessoa indo em

direção à outra, é caracterizado como social. Quando realizamos um ato social,

provocamos uma reação no outro, gerando desta forma uma interação social.

Segundo ALLPORT (1954), a psicologia social psicológica procura explicar

pensamentos e comportamentos do indivíduo na presença real ou imaginada de

outras pessoas.

Conforme LANE e CODO (2012), temos duas tendências: a primeira, a velha

tradição bonita da psicologia em que a dualidade físico x psíquico implica a

concepção idealista do ser humano, e a segunda, em que o homem e o computador

são imagem e semelhança um do outro. Ambas não conseguem explicar o homem

criativo e transformador. Assim, há uma nova dimensão espaço-temporal, em que o

indivíduo é tratado como um ser concreto, manifestação do histórico-social, uma

nova psicologia social baseada em uma materialidade histórica produzida por uma

produtora de homens.

O processo de conhecimento envolve, segundo LANE e CODO (2012),

atenção, percepção, observação, memória, raciocínio, juízo, imaginação,

pensamento, linguagem e, principalmente, aprendizagem. Podemos chamar de

Cognição. Os seres humanos têm uma relação para com seus semelhantes em um

processo contínuo de dependência e interdependência. Estão envolvidos uns com

os outros o tempo todo. Um comportamento, movimento, comunicação ou gesto em

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direção a outra pessoa provoca uma resposta que entendemos como social ou

antissocial. Por sua vez, a resposta emitida (reação) propiciará estímulo à pessoa

que a provocou, gerando, por sua vez, um outro comportamento desta última,

estabelecendo-se assim o processo de interação social.

Esta ação entre os lados afeta, de uma forma ou de outra, pensamentos,

emoções e comportamentos dos envolvidos, seja direta ou indiretamente.

Conforme RODRIGUES (1999), a expectativa criada em função de um ato,

ação ou comportamento é tão importante quanto o comportamento real do outro.

Desta forma, as manifestações comportamentais como expectativa, pensamento,

julgamento, processamento de informação, são desferidos pelo processo de

interação. Assim, chegamos ao pensamento social, através dos processos

cognitivos decorrentes da interação social. A psicologia social estuda a interação

humana e suas consequências cognitivas e comportamentais.

De acordo com LANE e CODO (2012), a psicologia social veio para somar e

é uma área específica, que contribui com objetivo de conhecer a pessoa no

conjunto, com o outro e com suas relações sociais:

Toda a psicologia é social. Esta afirmação não significa reduzir as áreas específicas da psicologia à psicologia social, mas sim cada uma assumir dentro da sua especificidade a natureza histórico-social do ser humano. Desde o desenvolvimento infantil até as patologias e as técnicas de intervenção, características do psicólogo, devem ser analisadas criticamente à luz desta concepção do ser humano - é a clareza de que não se pode conhecer qualquer comportamento humano isolando-o ou fragmentando-o, como se este existisse em si e por si. Também com está afirmativa não negamos a especificidade da psicologia social - ela continua tendo por objetivo conhecer o indivíduo no conjunto de suas relações sociais, tanto aquilo que lhe é específico como aquilo em que ele é manifestação grupal e social. Porém, agora a psicologia social poderá responder à questão de como o homem é sujeito da história e transformador de sua própria vida e da sua sociedade, assim como qualquer outra área da psicologia. (LANE e CODO, 2012, p. 19).

De acordo com MARTINS (2008), a epistemologia gramsciana pode

destacar com mais consistência que entre o conhecimento e as práticas sociais,

assertiva que realiza a teoria do conhecimento de Gramsci, afirma que o paradigma

teórico-metodológico é contaminado pela política, também observado por Marx e

Engels. Da teoria gramsciana advém que toda concepção de conhecimento carrega

com ele mesmo uma perspectiva ético-política, o que torna inválida qualquer

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neutralidade científica ou filosófica. Deixa claro seu norte epistemológico ligado às

classes subalternas. A identidade entre o marxiano e o gramsciano, concebida uma

filosofia da transformação e inovando as formulações daquele que jamais

abandonou a perspectiva de classe.

Há, após o conhecer, as etapas de investigação com seus recursos,

ferramentas, métodos de formulação de questões, de observação, de medida e de

análise. As competências também são importantes, pois elas permitem divulgação e

debate público do conhecimento. Precisamos estimular debates sempre; assim,

desenvolvemos e chegamos a novas conclusões e soluções.

Os cursos técnicos do CPDB são compostos de alunos e alunas, e dentro

desse mundo existem relações interpessoais. Assim, a psicologia social pode

contribuir para essa realidade. Os alunos e alunas têm uma visão, uma percepção,

uma avaliação, um olhar para o professor e este para o seus alunos e alunas. Como

ambos analisam e concluem o comportamento do outro? Para que essas análises

sejam feitas com critérios e validações, precisamos saber, ou a psicologia social nos

ajuda a entender, como as interferências tendem a confundir ou não, de forma a

mostrar a realidade de cada papel e suas atuações. O professor que tem mais

experiência e deve estar mais preparado sobre o assunto, jamais poderá formar uma

opinião tendenciosa ao longo do tempo. Muitas vezes o desempenho do aluno não

está atrelado ao seu esforço e empenho; assim, jamais podemos rotulá-lo por

suposição.

O professor deveria ter os conhecimentos psicossociais desenvolvidos

suficientemente para não cometer erros como deixar que experiências passadas

influenciem nas atuais, catalogar seus alunos e alunas em razão dos conceitos

demonstrados, o que geraria, inclusive, tratamento diferenciado entre esses alunos e

alunas.

De acordo com PORTAL DA EDUCAÇÃO (2015), os mecanismos

psicossociais como o clima de atenção, apoio emocional e simpatia em geral,

tendência a encorajar e elogiar mais os alunos, mais retornos aos alunos e o seu

encorajamento irão contribuir para o trabalho e desenvolvimento com os alunos do

CPDB:

Os quatro mecanismos psicossociais de que nos fala Rosenthal (1973). São eles: o clima de atenção, apoio emocional e simpatia que

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em geral acompanha o relacionamento do professor com aqueles alunos dos quais ele antecipa bom desempenho acadêmico; o segundo é a tendência a encorajar e elogiar mais os alunos cuja expectativa de bom desempenho é elevada; outro mecanismo é fornecimento, ainda que não intencionalmente, de mais inputs aos estudantes considerados mais capazes, isto é, o professor repete uma frase de outra maneira, fornece algumas deixas e informações mais construtivas aos estudantes considerados mais capazes que os rotulados como menos capazes; e, finalmente, o encorajamento dispensado ao estudante considerado melhor é superior ao considerado menos capaz, o que leva o professor, por exemplo, a esperar mais tempo pelas respostas do primeiro. (PORTAL Educação. Cursos Online: Mais de 1000 cursos online com certificado. Contribuições da Psicologia Social, 2015.)

Conforme RODRIGUES (1999), além de todas essas questões, existem

equívocos em relação a si mesmo. As pessoas acabam mostrando seu perfil a partir

do momento que se relacionam com outras pessoas. As vezes um aluno acha que

tem um perfil, mas não é nada daquilo, e assim ele acaba vivendo um mundo

surreal, acreditando em algo que ele não é, ou mesmo diz que é. As pessoas não

constroem e não vivem sozinhas, muito menos sobrevivem dessa forma no mercado

de trabalho. A psicologia do desenvolvimento pode contribuir para refinar e melhorar

esse comportamento, comumente encontrado no mercado.

Segundo BARBOSA (2008), o século XXI trouxe para psicólogos do

desenvolvimento novos desafios inerentes a realidade. Diversas áreas vêm

buscando na psicologia do desenvolvimento apoio teóricos e metodológicos para

práticas profissionais. Estuda-se o indivíduo que integra todas as dimensões do

desenvolvimento humano, tais como: biológicas, cognitivas, afetivas ou sociais, e,

esses, em todo ciclo da vida.

De acordo com MOTA (2015), a psicologia do desenvolvimento e o

desenvolvimento humano têm a influência de variáveis, podendo ser cognitivas,

afetivas, biológicas ou sociais, internas ou externas que irão interferir ou contribuir

para o desenvolvimento humano ao longo da sua vida:

O desenvolvimento humano envolve o estudo de variáveis afetivas, cognitivas, sociais e biológicas em todo ciclo da vida. Desta forma faz interface com diversas áreas do conhecimento como: a biologia, antropologia, sociologia, educação, medicina entre outras. Embora esse enfoque venha mudando nos últimos anos, e hoje haja um consenso de que a psicologia do desenvolvimento humano deve focar o desenvolvimento dos indivíduos ao longo de todo o ciclo vital, no Brasil ainda há uma grande concentração de pesquisas na área

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da infância e da adolescência, especialmente do que diz respeito à relação entre o desenvolvimento e a educação (para uma avaliação da produção nacional em psicologia do desenvolvimento, ver Seidl de Moura & Moncorvo, 2006). Pesquisadores do desenvolvimento humano concordam que um dos objetivos de estudo do psicólogo do desenvolvimento é o estudo das mudanças que ocorrem na vida dos indivíduos. (MOTA in BARBOSA, 2008, p. 12-13).

A psicologia do desenvolvimento e a influência dos aspectos psicossociais

realizam uma interface com diversas áreas do conhecimento como biologia,

antropologia, sociologia, educação, entre outras. O foco sempre foi na criança e no

adolescente; porém, hoje, em função das mudanças, o estudo caminha para o

indivíduo. A psicologia do desenvolvimento acaba fazendo interface com outras

áreas da psicologia como: a psicologia social, psicologia da personalidade,

psicologia escolar e educacional e psicologia cognitiva. Um ponto de destaque do

objeto de estudo da psicologia do desenvolvimento é o estudo da mudança do

indivíduo.

A mudança do indivíduo acontece o tempo todo e em todas as fases da sua

vida, desde criança até a sua velhice. Como a mudança é constante, alguns pontos

tais como o que muda, como muda, quando muda, quem influenciou o processo de

mudança e assim sucessivamente; são questões que os profissionais/professores

deveriam formular. Essas mudanças que os alunos sofrem podem ser influências

internas (ciclo que o aluno está inserido e genética) e externas (comunidade,

amizades, família, influência do ambiente, entre outras), as quais se originam na

adaptação que cada indivíduo/aluno sofrerá em relação ao mundo.

Todos os professores e alunos fazem parte da humanidade que cresce entre

realizações, sofrimentos, dores e desilusões e os educadores/professores precisam

estar preparados para isso. BARBOSA (2008) salienta que em todas as fases da

vida há de ser observado o aspecto psicossocial:

Os seres humanos têm sentimentos, necessidades e objetivos sociais. A busca por uma maior compreensão de si mesmo, do outro, das relações interpessoais, dos costumes e instituições sociais são inerentes ao homem (Flavell, Miller &Miller, 1999). Desde o nascimento o bebê apresenta uma personalidade própria e o desenvolvimento dessa personalidade está associado aos relacionamentos sociais. As relações sociais vão continuar afetando e sendo afetadas pelo desenvolvimento ao longo da história do desenvolvimento do indivíduo. De um ponto de vista mais global precisamos também entender como os aspectos sociais mais globais

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como por exemplo, sistemas políticos, políticas econômicas, sistemas de crenças influenciam o desenvolvimento humano. O entendimento das emoções, o desenvolvimento dos primeiros apegos, do Eu, do senso de identidade, dos relacionamentos íntimos, a relação da criança na família, na escola, nos grupos sociais característicos da adolescência, a entrada no mercado de trabalho, a aposentadoria são todas questões ligadas ao desenvolvimento psicossocial. (BARBOSA, 2008, p. 15).

Conforme BARBOSA (2008), por meio de estudos podemos realizar a

identificação de fatores e pensar em formas e intervenções mais eficazes, que levem

o indivíduo a ter um desenvolvimento harmônico. Os conhecimentos adquiridos

também contribuem para a saúde: uma dimensão mais ampla, que faz parte dos

indivíduos/alunos como escola, trabalho e família. Os fatores psicossociais afetam

ou podem ser afetados pelo desenvolvimento humano. Como o homem é um ser

social, o que é normal e anormal, certo ou errado, positivo ou negativo.

A assertiva anterior deve gerar reflexões na hora da avaliação, observação

ou quaisquer conclusões que o professor venha ter perante o aluno e vice-versa;

deve buscar a essência de tudo que é aplicado e como é passada a informação,

como é realizado o sistema de aprendizagem, sem se perder de vista a essência do

conhecimento:

O conhecimento só produz mudança na medida em que também é conhecimento afetivo. (HENGEMÜHLE apud SPINOZA, 2014, p. 40).

A importância das questões cógnitas, com suas respectivas dimensões,

necessita que a afetividade e a parte emocional sejam desenvolvidas na educação

dos cursos técnicos do CPDB através dos seus

educadores/professores/coordenadores e diretores com um processo educativo que

esteja ainda mais afetivo com os seus alunos, sejam eles ingressos e em curso ou

não.

De acordo com CASTRO (2002), o coordenador tem as diretrizes

pedagógicas dos cursos a serem seguidas, assim como o programa de cada

componente curricular, tendo um acompanhamento próximo e individual dos

trabalhos realizados por cada aluno:

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Todas as diretrizes pedagógicas são de responsabilidade do coordenador pedagógico dos cursos, que faz um acompanhamento dos programas que está sendo desenvolvido. Este acompanhamento acontece através de reuniões pedagógicas mensais, observações diárias, acompanhamento do planejamento de cada professor, entrevistas individuais com os professores, com pessoal administrativo, orientação educacional e serviço social. Os programas de cada componente curricular são, periodicamente, avaliados, a fim de se determinar qual deverá ser a estratégia de ação para que os objetivos sejam alcançados com sucesso. Este nível de ensino profissional não formal e gratuito oferece condições favoráveis a uma avaliação de processo, com turmas relativamente pequenas (21 a 30 alunos) e torna possível o acompanhamento individual do trabalho realizado pelo aluno. (CASTRO, 2002, p. 12)

De acordo com HENGEMÜHLE (2014), a integração e o envolvimento das

dimensões cognitivas, emocional e afetiva junto com o processo educativo,

necessita que sejam motivadores, significativos, instigadores, aguçando seus alunos

à curiosidade, provocando suas necessidades. A relação afetiva e emocional deve

estar focada nas relações pessoais com o campo da relação do conhecimento. A

educação precisa desenvolver as dimensões e potencialidades humanas.

O aluno necessita ter prazer e obrigação, precisa ser provocado, instigado, e

não ter a atividade educativa como um trabalho. Tampouco uma tarefa, uma

apresentação ou uma avaliação têm de ser vistas como algo que precisa ser feito

para “se livrar” dela, para passar de ano, mas para aprender, seu desenvolvimento.

De acordo com MORIN (2000b), o ensinamento da condição humana

precisa ser realizado. O ser humano é físico, biológico, psíquico, cultural, social e

histórico. O processo de aprendizagem deveria ter esses objetivos essenciais. O

ambiente educacional deve ser criado nessa amplitude com a diversidade de tudo

que é humano e as dimensões da pessoa com as envolvidas em seu entorno. Os

educadores precisam se atentar para a complexidade mental e a sua não

uniformidade.

Conforme COLOM (2004), o cérebro não é simples, vem de uma evolução

complexa em um planeta não linear, sendo um sistema instável que conduz e

estabelece a formação de novas ordens, tal qual as situações caóticas. Assim, além

de provocar o sentido e a utilidade, o processo de educação precisa percorrer

caminhos nunca percorridos. Há de se fazer novas buscas. Desse modo, a

educação conseguirá concretizar esses ideais, chegando ao objetivo.

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Não é possível pensar em educação “separando a pessoa” dentro da sua

totalidade. São inúmeras variáveis, entre elas o sentimento de amor, a emoção e a

busca do conhecimento.

As questões psicológicas e psicossociais têm muitas variáveis relevantes no

processo de contribuição para a aprendizagem. Pensando nos ingressos e em curso

dos cursos técnicos do CPDB, todos participaram do processo seletivo e foram

aprovados. Porém, existem entre eles as variáveis inteligência, sexo, nível de

atenção, e assim por diante. É praticamente impossível, nas questões psicológicas e

psicossociais, considerar todas as variáveis que eles carregam consigo próprios.

No dia 11/12/2015 foi realizada uma pesquisa com professores, coordenador

do curso e assistente social, os quais estão envolvidos no curso técnico e nos

estudos sobre o assunto. Mais adiante, neste trabalho, serão apresentadas as

perguntas e tabulação das respostas dos profissionais entrevistados.

Nesta pesquisa, o capítulo 4 terá a apresentação dos dados dos

professores, coordenador e assistente social que participam diretamente ou

indiretamente dos cursos técnicos do CPDB, em que serão seguidos os passos

citados acima pelos autores Sales e Folkman, para colocar os alunos sempre em

primeiro lugar. Afinal, esta pesquisa está sendo feita para melhorar o ensino e a

aprendizagem, para que esses alunos tenham um desempenho ainda melhor

quando estiverem começando no mercado de trabalho.

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CAPÍTULO 4 - CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA

A construção da pesquisa qualitativa foi realizada com levantamento

bibliográfico e de campo, com análise de dados feita através da coleta de dados e

resultados adquiridos.

Conforme GALVÃO (2016), o levantamento bibliográfico é um assunto

relacionado à história da humanidade, que leva em si os registros de

pessoas/autores, de descobertas científicas, conhecimentos e percepções. Leva um

pouco de outras pessoas que tiveram e têm preocupação em preservar o

conhecimento. É gerado todos os dias no mundo, em várias línguas, sendo

aproveitado ao longo do tempo, contribuindo, assim, para o desenvolvimento e/ou

progresso da ciência:

Pode-se afirmar, então, que realizar um levantamento bibliográfico é se potencializar intelectualmente com o conhecimento coletivo, para se ir além. É munir-se com condições cognitivas melhores, a fim de: evitar a duplicação de pesquisas, ou quando for de interesse, reaproveitar e replicar pesquisas em diferentes escalas e contextos; observar possíveis falhas nos estudos realizados; conhecer os recursos necessários para a construção de um estudo com características específicas; desenvolver estudos que cubram lacunas na literatura trazendo real contribuição para a área de conhecimento; propor temas, problemas, hipóteses e metodologias inovadores de pesquisa; otimizar recursos disponíveis em prol da sociedade, do campo científico, das instituições e dos governos que subsidiam a ciência. (GALVÃO, 2016.)

Foram selecionados professores, assistente social e coordenador do curso

CPDB para entrevista e coleta de dados, através de questionário individual.

Nas entrevistas com os profissionais, a observação foi um fator que

contribuiu para análise das respostas e das inquietações positivas e negativas.

Dentre as observações, analisamos gestos, comunicação facial, expressão corporal

e a comunicação verbal. Sobre as observações, ressaltam LÜDKE e ANDRÉ (1986):

Tanto quanto a entrevista, a observação ocupa um lugar privilegiado as novas abordagens de pesquisa educacional. Usada como o principal método de investigação ou associada a outras técnicas de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens. Em primeiro lugar, a experiência direta é sem dúvida o melhor teste de verificação da ocorrência de um

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determinado fenômeno. “Ver para crer”, diz o ditado popular. Sendo o principal instrumento da investigação, o observador pode recorrer aos conhecimentos e experiências pessoais como auxiliares no processo de compreensão e interpretação do fenômeno estudado. A introspecção e a reflexão pessoal têm papel importante na pesquisa naturalística. A Observação direta permite também que o observador chegue mais perto da “perspectiva dos sujeitos”, um importante alvo nas abordagens qualitativas. (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 26)

De acordo com DUARTE (2016), pesquisas qualitativas exigem entrevistas,

na sua grande maioria longas e semiestruturadas. A definição de critérios serão os

sujeitos selecionados que irão compor a investigação, o que é importante e

primordial, interferindo diretamente nas informações. Num próximo passo, há a

construção da análise e a compreensão do problema delineado:

A descrição e delimitação da população base, ou seja, dos sujeitos a serem entrevistados, assim como o seu grau de representatividade no grupo social em estudo, constituem um problema a ser imediatamente enfrentado, já que se trata do solo sobre o qual grande parte do trabalho de campo será assentado. (DUARTE, 2016, p. 141)

A pesquisa qualitativa é composta, portanto, pela entrevista e pelas

constantes observações feitas em seu decorrer.

As entrevistas realizadas nessa pesquisa nos permitiram conclusões

bastante satisfatórias para as melhorias do curso técnico do CPDB em aspectos

técnicos, psicossociais e da educação sociocomunitária.

Segundo LÜDKE E ANDRÉ (1986), a entrevista fica ao lado das

observações, sendo a entrevista uma das principais técnicas de trabalho em quase

todos os tipos de pesquisa utilizados nas Ciências Sociais. Ela desempenha

importante papel nas atividades científicas e humanas:

A grande vantagem da entrevista sobre as outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Uma entrevista bem-feita pode permitir o tratamento de assuntos de natureza estritamente pessoal e íntimas, assim como temas de natureza de natureza complexa e de escolhas nitidamente individuais. (LÜDKE E ANDRÉ, 1986, p. 34.)

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4.1 Apresentação e Análise de Dados dos Profissionais do CPDB: Antes e

Depois de 2009

Foram elaboradas perguntas para os profissionais com grande experiência,

a respeito de antes e depois de 2009, ano este em que aconteceu a transformação

do curso profissionalizante em técnico.

Foram entrevistados no dia 11/12/2015 e 12/12/2015 os seguintes

profissionais:

TABELA 3 - Participação dos profissionais do CPDB nas entrevistas em campo

Nome Função na Instituição Tempo de Inst.

Tempo de

entrevista

Marcelo Luis Prata

Vieira Professor do CPDB 18 anos 30min47s

Gerson Zanca Professor do CPDB 32 anos 38min42s

Maria Amália de O.

Castro

Assistente Social do

CPDB 29 anos 58min11s

Reinaldo José Matos

Coord. do Curso do

CPDB 27 anos 40mi08s

Rodrigo Tarcha A. de

Souza Professor da Unisal 13 anos 1h30mi47s

As perguntas elaboradas para as entrevistas foram:

1) Como era o projeto original do CPDB Campinas?

2) Como esse projeto é hoje no CPDB Campinas?

3) Quais as inovações que você apontaria?

4) Quais os pontos a rever para atender a relação ensino e aprendizagem?

5) A alteração do projeto em 2009 trouxe inovação para o CPDB? Quais? Em

que sentidos?

6) Qual o olhar do professor e gestor em relação ao CPDB?

7) A psicologia social pode justificar uma ação educativa cidadã?

8) O CPDB hoje é mais preparar os alunos para o mercado ou formar cidadãos?

9) O que poderia ser melhorado no aprendizado com os alunos?

10) Na sua opinião, o que mais os alunos necessitam atualmente?

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4.2 Depoimentos dos professores e profissionais engajados no curso

A experiência vivenciada com os profissionais do CPDB Campinas foi única.

Os professores, o coordenador e a assistente social tornaram possível a pesquisa

em campo, com um conteúdo de muito valor para o trabalho desta dissertação.

Esse conteúdo nos permite avaliar pontos positivos, melhorias para o futuro,

impactos sociais e necessidades psicossociais encontradas no dia a dia desses

heróis que se dedicaram a vida inteira por uma causa: a salesianidade, presente em

suas salas de aula e fora delas. Alguns relatos serão próximos e outros divergentes,

mas acredito que todas as informações são pertinentes e devem levar a uma

reflexão.

Foram agrupados ideias e depoimentos de todos, trazendo para a essa

pesquisa caminhos que poderão contribuir para melhoria do ensino técnico do CPDB

Campinas e para outras instituições.

Pergunta 1 - Como era o projeto original do CPDB Campinas?

Resposta: Entendo como a fundação do CPDB o início do projeto original.

Ao final do século XIX, na casa anexa do Liceu, que hoje é escola regular de

educação básica e, depois, na segunda década do século XX, se tornou escola

agrícola. A operacionalização do curso profissionalizante foi em 1976.

A ideia era suprir as necessidades agrícolas da região, atendendo jovens

trabalhadores de baixo poder aquisitivo e também de jovens que cometeram atos

inflacionais nas suas origens.

Nos espaços salesianos CPDB Campinas, esses jovens foram cuidados. Até

então a modalidade educativa era chamada de internato. Com o tempo, foi

desgastado e fechado e, mais tarde, para atender os menores carentes de

Campinas, foi reaberto como ensino profissionalizante.

Passou à escola privada, hoje São José. O CPDB manteve os cursos já

existentes como sapataria, marcenaria, carpintaria, instalações elétricas, residenciais

e industriais e mecânica, próprios da época, uma modalidade para atender a Lei nº

5.692 de 1971, ofertando os cursos gratuitamente, por força de Lei.

Campinas nasce com uma demanda industrial e universitária e, depois,

tecnológica. A ideia era oferecer mão obra capacitada, mas com caráter, valores

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com o seu plano de fundo religioso. Fruto de um governo tecnicista natural,

ajudando pessoas de baixa renda. Essa prática é evangelizadora.

Para resumir, tentar atender jovens de baixo poder aquisitivo, na condição

de ressignificação de estrutura, fruto de mudança de lei e Deus, princípios religiosos.

De início, jovens do campo, depois jovens que cometeram atos inflacionais, na

tentativa de reinseri-los na sociedade.

Depois se tornou uma escola mais regular, institucionalizada em 1976 na

filantropia. A filantropia, por lei, significa atender 23% dos alunos e, na época, esse

percentual era de 25%. Não cresceu e não tem perspectiva de crescimento.

Cabe um aprofundamento, um questionamento: o projeto inicial é legítimo ou

estratégico do ponto de vista mercadológico, de uma nova realidade social que se

impõe na direção do ensino regular privado?

O grau de exigência da seleção dos jovens era menor, no sentido de

avaliação para ingressar no curso. Os jovens tinham uma defasagem educacional

maior. Não tinha um espaço adequado na casa do aluno para estudo. Pela falta de

recursos, ele era impedido de caminhar por si. Uma análise de cobrança de

aprendizagem, por meio de uma prova é, na verdade, muito pouco dentre tantas

variáveis. A prática educacional era um pouco tradicional: professor passava o

conteúdo na lousa e o aluno copiava no caderno.

No projeto original, o CPDB Campinas atendia os menores carentes de

quinto, sexto, sétimo, oitavo e nono ano, um público de 14 a 16 anos. Em destaque,

os cursos tinham muita prática. O curso era de 3 anos, carga horária maior. Era mais

operacional.

Havia alunos com mais idade e que estavam um pouco atrasados porque

tiveram algumas dificuldades estudantis, como mudança de escola, ensino fraco ou

mesmo dificuldades pessoais. Por outro lado, havia alguns alunos com 14 anos que

estavam bem avançados, esses iam muito bem no profissionalizante.

Foi detectado, na época, que os alunos que mais tinham dificuldade eram os

que frequentavam o curso de marcenaria. Eles achavam que era o curso mais fácil,

porém precisavam de qualificação e habilidades para se desenvolverem, entre elas

a interpretação de desenho; essa era uma de suas dificuldades. Na época, já

existiam retenções e cancelamentos, porque alguns já saíam para trabalhar.

Havia, em média, de 600 a 700 inscrições, porém a instituição sempre fez

questão de priorizar os mais carentes. Desta forma, os mais carentes eram carentes

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de tudo: de escolaridade, de amor, de espiritualidade, de família. O curso de

mecânica era de 3 anos, então era bastante tempo que eles ficavam com a escola

de um excelente nível, com bons professores. A instituição conseguia a formação e

transformação desses alunos.

O SENAI, na época, oferecia cursos de 6 meses e no CPDB os cursos

duravam 2 anos, na sua maioria (somente o de mecânica era de 3 anos). Seis

meses é pouco tempo para formar o aluno em um curso profissionalizante.

Os professores eram extremamente comprometidos, não faltavam, eram

dedicados. Existia um acompanhamento das faltas: no terceiro dia o aluno já era

chamado para falar sobre o porquê de estar faltando; a instituição queria ajudar e

estar sempre por perto. Na época do ensino profissionalizante, havia um aluno bem

pobre e a assistente social foi levar uma cesta básica na casa dele. A mãe havia

morrido. Esse mesmo aluno é professor na instituição hoje.

O trabalho social sempre foi realizado. Em paralelo à formação técnica,

havia um sistema de palestras educativas como higiene bucal, higiene do corpo,

doenças sexualmente transmissíveis. Manter a disciplina não era fácil, assim como

manter o uniforme, a ordem, o respeito, porque as escolas públicas não se

importavam muito com isso. Não era permitido o uso de colares, brincos, piercings.

A filosofia e a pedagogia sempre estiveram presentes nos ensinamentos. Nos

conselhos de classe havia a frase: “pessoal, somos todos salesianos; não podemos

levar à risca, senão não fica ninguém no curso e ninguém passa”.

O atendimento em relação às questões da renda familiar passou a ser

diferente ao entrar em vigor a lei nº 12.101. Acabou se restringindo o ensino em

tempo integral para alunos com renda familiar até um salário mínimo e meio. E para

alunos cuja renda familiar era de até três salários mínimos e meio, o ensino era em

período parcial.

A lei veio com o ensino técnico. Na época do profissionalizante, o critério era

da renda menor para a maior. Na lei consta, também, que a cada cinco pagantes na

instituição, haverá uma bolsa de estudos integral. Todas as bolsas da instituição vão

para o CPDB. Porém, em outros cursos da instituição, quando um pai perde o

emprego, fica doente ou algo mais grave, e não pode arcar com os custos do

ensino, o serviço social, junto aos salesianos, procura ajudar.

As inscrições eram realizadas no salão de jogos, na própria instituição, com

o grupo de apoio e da secretaria. Todos ajudavam, todo trabalho era manual, no

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papel. A assistente social conta que havia alunos que não sabiam nem ler nem

escrever. Não existia um processo seletivo. A média mínima para aprovação na

disciplina era nota 5,0.

Muitos dos professores foram alunos do CPDB e essa experiência

vivenciada contribui muito para o ensino dos novos alunos que ingressam nos

cursos.

No profissionalizante o aluno tinha muita prática, exercitava muito e acabava

aprendendo por tentativa e erro. Tinha mais atividades: a cidadania e orientação

religiosa. Ele era mais concreto na forma executiva, tendo com base dois projetos:

projeto social e profissionalizante.

A presença salesiana era bastante efetiva dentro do campus, dentro das

oficinas, das áreas, especialmente do irmão Alcides, conhecido como senhor

Alcides. Ele era sempre muito presente no “bom dia” e no “boa tarde”, com

mensagens, e nas oficinas. Ele passava olhando os alunos diariamente e

constantemente. Os salesianos estavam mais próximos. Como profissionalizante,

ele entrava com mais facilidade no mercado em função de auxiliar de produção, ou

alguma outra função que não exigisse tanto conhecimento técnico como na

formação técnica.

Pergunta 2 - Como esse projeto é hoje no CPDB Campinas?

Resposta: É bastante delicado falar sobre o técnico nesse momento, não

houve um tempo para maturação. Pensando de 2011 em diante, é um tempo

pequeno. Eu entendo que o CPDB é mais que um projeto, é uma ideia a ser

executada. Bastante humanista, tem um ambiente vivencial, buscando a excelência

profissional no âmbito de nível médio de educação profissional.

Há ganhos porque o governo nivelou o ensino, em função do MEC. Mas fica

difícil incluir elementos humanísticos e religiosos. Um outro problema é o aumento

dos colaboradores/professores, em função da expansão da instituição de uma forma

geral. Docentes profissionais não faltam no polo industrial, mas o problema é que

eles não têm a visão de mundo salesiano, uma história de vivência.

Seria muito interessante a gestão trazer esses profissionais, aproximá-los do

mundo salesiano. O CPDB, em médio prazo, pode ter a sua história modificada.

Ainda está semelhante a estrutura salesiana profissionalizante, vivência salesiana,

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aspectos religiosos, humanísticos, até mesmo nos seus currículos, docentes e

coordenação. Ele defende que ainda existe uma relação como na época do

profissionalizante, harmonia entre professor/aluno.

O grau de exigência para entrar no curso ficou mais exigente no processo

seletivo. Os jovens têm uma defasagem educacional menor.

As matérias teóricas são mais complexas. A instituição já teve retorno do

mercado em função de que o aluno que sai do CPDB é mais fácil de lidar, menos

arrogante, facilitando o aprendizado.

Os alunos de outras instituições acabam aprendendo menos (ou o que

querem) e tendem a se achar melhor que os outros, por ter vindo de uma outra

instituição que tem um nome mais forte no mercado.

A formação humana e de Dom Bosco (como atividades que são realizadas

como passeio ciclístico, festa dos pais) faz toda diferença quando o aluno ingressa

no mercado de trabalho. Quando o aluno não consegue passar, ele perde a bolsa.

Uma grande dificuldade no sistema de aprendizagem é o uso do celular.

Como dito anteriormente, com a vigência da lei 12.101, para os alunos cuja

renda familiar é de até um salário mínimo, a bolsa é integral, sendo parcial para

aqueles com a renda até três salários mínimos. O CPDB no seu início, como

profissionalizante, não tinha essa separação de integral e parcial.

Comparando as bolsas de estudo do CPDB e da ETEC, da mesma

instituição: as do CPDB são divulgadas no site, inclusive as inscrições

podem ser feitas pelo site, ao passo que as da ETEC não são divulgadas.

Hoje em dia há classificação financeira prévia e com isso já se inicia o

processo do ingresso. A procura pelas vagas hoje é menor que anteriormente, em

função dos critérios estabelecidos pela lei 12.101. Mesmo assim, existe fila de

espera em todos os cursos. As turmas se iniciam com 40 alunos. Como hoje é

integral, só pode atender alunos bolsistas com renda familiar até um salário mínimo

e meio.

Muitos procedimentos foram mantidos de quando o CPDB era

profissionalizante: tem o dia da acolhida com os primeiros anos, dia da integração

com os segundos anos, palestra sobre projeto de vida já no início. Os alunos fazem

um plano de ação e no final do curso ele é entregue junto com o diploma.

O coordenador do curso é muito comprometido quanto a trazer profissionais

técnicos externos para palestras, além de levar os alunos para feiras, com foco na

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parte técnica. Em 2015 o curso trouxe um psicanalista para palestrar e trabalhar a

parte psicológica. Quando os alunos chegam atrasados, a assistente social vai

verificar porque está acontecendo isso. Os alunos recebem uniformes, vale

transporte, lanche. A assistente social acredita que hoje é mais estruturado no

sentido de benefícios do que antigamente, por exemplo: antes era fornecido vale

transporte e lanche para quem mais precisava, os mais carentes; hoje o benefício é

para todos.

Foi realizado uma parceria com a ISA (Instituto de Solidariedade Alimentar)

do Ceasa Campinas. A dificuldade do cadastro foi grande, mas com a persistência e

a perseverança da assistente social, ela conseguiu. Assim, toda terça-feira a

instituição vai buscar frutas e essas são colocadas nos lanches deles. Vem um

lanche, um suco e uma fruta, sempre produtos de qualidade e variados, cada dia

uma alimentação diferente. As frutas começaram a fazer parte do lanche desde

2012.

A média mínima no curso técnico para aprovação na disciplina é 6,0 (era 7,0

inicialmente). Não quer dizer que o nível caiu: baixou a média mínima, mas

aumentou a exigência.

A assistente social participa do conselho de classe, leva os problemas da

família para alinhamento com os professores. Às vezes o professor discute sobre um

assunto do aluno e a assistente social explica os problemas deste. O olhar do

professor muda, a tolerância e a salesianidade prosperam. A aprovação e a

reprovação são baseadas em muitas variáveis e não somente na nota final; existe

todo um contexto. O que se perdeu um pouco foi o ensaio de canto.

Na opinião do entrevistado, a religiosidade e a formação humana

diminuíram. Os professores têm uma responsabilidade maior, em função da

exigência do mercado. A concorrência do curso técnico com escolas de alto nível,

trouxe ainda mais responsabilidade para os professores e para os alunos: para o

primeiro (professor) em conseguir realizar a aprendizagem e para o segundo (aluno)

em aprender.

Na função de técnico, o profissional precisa estar muito bem preparado.

Existe uma preocupação dos professores e envolvidos de realizar um nivelamento

no início do curso, a dificuldade de matemática, entre outras disciplinas, é grande e

os grupos são muito heterogêneos. As matérias técnicas necessitam da base, caso

contrário fica ainda mais difícil a aprendizagem. O trabalho do professor é muito

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maior no sentido de como o aluno chega, transformando-o em uma pessoa melhor e

um cidadão com princípios.

Uma mudança significativa foi a postura dos alunos: eram mais

comprometidos, mais preparados pela família, mais educados. Hoje as famílias

estão mais desestruturadas, automaticamente os problemas são maiores. O público

dos alunos do técnico são alunos menos periferia, mas ainda com uma renda

familiar baixa.

O segundo grau tem que estar praticamente concluído e a faixa etária

mudou um pouco, aumentou. Muitas atividades práticas com máquinas deixaram de

ser feitas. Hoje as aulas são bastante teóricas, em função/exigência do MEC com a

carga horária das disciplinas. É muito mais teórico do que prático o curso técnico,

fazendo uma comparação com o profissionalizante. A porcentagem de atividades

práticas do profissionalizante diminuiu 70%. A parte técnica se manteve; somente

mudou de profissionalizante para técnico, o que se perdeu foi o projeto social.

Talvez o aluno não sinta a falta dos salesianos porque não viveu a época em

que eles estavam mais presentes. Ouve-se falar de Dom Bosco, da filosofia dele. Os

professores sentem muito a falta dos salesianos no dia a dia. As atividades que

poderiam ser realizadas por membros salesianos acabam sendo realizadas pelos

professores. Desta forma, o professor está na sala de aula, nas atividades,

laboratório e na parte social. Uma presença maior salesiana no “bom dia” e no “boa

tarde” seria ainda melhor. Deveria também haver investimento maior para os

professores, pois antes participavam de mais seminários, palestras. Existia, portanto,

mais investimento educacional e de preparação para os professores.

Pergunta 3 - Quais as inovações que você apontaria?

As respostas mais frequentes se referiram a inovações estruturais físicas

como instalações, prédios, e tecnológicas (computadores, softwares), e menos a

ensino, aprendizagem e os aspectos humanístico e religioso do curso

profissionalizante para o técnico.

Resposta: A atualização aconteceu com máquinas, equipamentos, lousas

(podemos chamar de investimento médio) e nas atualizações tecnológicas, ainda

que seja difícil medir a eficiência dessas atualizações.

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Se considerarmos a educação salesiana como parte de uma pedagogia,

como uma estratégia de um procedimento educativo, nesse quesito houve um

prejuízo. No profissionalizante havia mais tempo com os alunos, podendo ser uma

referência mais completa. Existia mais contato, mais proximidade com os alunos,

não somente em sala, mais nos pátios. Na linha salesiana não houve muitas

modificações, não houve um avanço. A avaliação talvez não seja a melhor, mas tem

sua validade.

O aluno tem mais contato com a informática. Trabalha mais resolução de

problemas, mais qualificação, tomada de decisão, desenvolvimento de projetos. A

mão de obra é qualificada, o que facilita para o empregador na adaptação. O

certificado é emitido pelo Colégio São José e pelo CPDB, trazendo força no

mercado. O São José tem uma tradição muito grande na região no ensino técnico.

Uma das inovações é a formação continuada do professor. Já foi detectado

pela instituição que os professores mais antenados estão atrás de formação

continuada. Nos cursos de especialização, nas reuniões pedagógicas, fala-se que

muitos professores do CPDB são coordenadores em outras escolas. Teve uma

competição entre escolas e o CPDB teve 7 projetos escolhidos; isso mostra o

envolvimento dos alunos.

O material didático foi revisto, uma plataforma foi desenvolvida pelos

professores e em 2016 serão disponibilizados. Terão também exercícios,

transferindo sistematicamente experiências, formas diferentes de abordar o assunto,

a construção da aula.

São feitas saídas para feiras e visitas em empresas, reuniões de assistentes

sociais em Campos do Jordão e em São Paulo para aprimorar ainda mais as

técnicas e metodologias, com professores, coordenadores e dirigentes. A instituição

sempre procura fazer novos projetos.

Um aprendizado que desperte interesse do aluno – como o Prof. Nelson

ensinando em TI a como fazer jogos – é uma inovação. Começaram a conversar

em uma das reuniões, a trabalhar com uma metodologia adequada para ensinar

algoritmos, com que os alunos têm dificuldade. Uma das inovações destacadas e

muito importante para a formação continuada, é que no curso técnico eles estão

mais preparados para entrar na Universidade.

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Pergunta 4 - Quais os pontos a rever para atender a relação ensino e

aprendizagem?

Resposta: Quando mudou do ensino profissionalizante para o técnico, ele

deixou de pertencer à secretaria de assistência social e passou para secretaria de

educação. Com a mudança para o ensino técnico, o rendimento desses alunos

passou a ser mais elevado, porém é uma informação um pouco delicada, porque

não teve uma pesquisa oficial dizendo isso, somente relato pela intuição. O novo

público permitiu ao professor desenvolver com mais facilidade os seus

ensinamentos. Nesse momento o professor poderia mudar as suas práticas

educativas. Não é possível dizer, com exatidão, se a prática educacional em sala de

aula saiu da tradicional e passou para a conservista ou mesmo a modernista.

Através do processo de avaliação aplicada, pelo formato de ensino com que

alguns trabalham, pela memorização, não há associação de ideias, não trabalham

com modificação de ambientes. Por completo não aconteceu a mudança no ensino,

mesmo tendo oficinas e laboratórios. Acredito que faltam ferramentas de

aprendizagem, inclusive que mensurem a aprendizagem.

O professor precisa ser o provocador do aluno para que este caminhe em

busca do conhecimento. Deve haver conteúdos e aulas diversificadas, aulas

interativas, para que todas essas ferramentas e buscas incessantes para o ensino e

a aprendizagem aconteçam. O professor precisa estar mais próximo do mercado:

visitação em empresas, cursos dentro de empresas e capacitação continuada.

O coordenador concordou que o mercado está à frente às instituições em

função de investimentos. Exemplo: não precisa trazer um coaching de fora para

fazer o trabalho, mas preparar os profissionais internos para fazer esse papel para

os alunos seria o ideal. Um outro exemplo: como foram detectadas dificuldades de

aprendizagem dos alunos no conteúdo da disciplina algoritmos, uma metodologia

nova precisa ser desenvolvida, garantindo, assim, que a aprendizagem aconteça.

O aluno já vem com o problema de deficiência de ensino do fundamental.

Infelizmente acaba-se ouvindo a seguinte frase: “o professor finge que ensina e o

aluno finge que aprende”, principalmente na educação pública. Mais que o professor

ser um transmissor de informação, ele precisa fazer parte do processo

ensino/aprendizagem. É uma interatividade, interação com o aluno constante. O

ambiente tem que estar preparado para o aluno, ele precisa saber o quanto a

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aprendizagem é importante para vida dele. Eles deveriam chegar com esse

contexto, os pais deveriam estar mais presentes nessas questões. Eles deveriam

estar conversando desde pequenos, mostrando a importância para os filhos.

Quando o aluno não possui tais informações em casa, a escola procura passar

esses conceitos e a importância da formação para vida deles.

O professor sempre deve estar perto do aluno, conversar sobre diversos

assuntos, criar um ambiente “professor e aluno”, ou seja, trazer os alunos para

próximo do professor. O professor pode ser amigo do aluno. Se houvessem mais

aulas de oficinas, brincadeiras (entre elas a mágica), a proximidade entre aluno e

professor seria maior. Nas palavras do entrevistado, “cabeça vazia, oficina do

diabo”, salientando a importância de atividades na maior parte do tempo possível,

que são fundamentais. A aprendizagem e o ensino vêm como consequência de

todas essas ferramentas e aproximações. O professor é uma figura importante na

vida do aluno.

Pergunta 5 - A alteração do projeto em 2009 trouxe inovação para o CPDB?

Quais? Em que sentidos?

Resposta: O nível técnico do CPDB tem mais estrutura, atendendo a

indústria, a categoria. Possui uma visualização maior para o mercado e a

criatividade, por conta inclusive da sua história. Duas frentes de criatividade: a social

e a industrial, com currículos mais resistentes. O básico é fornecido, porém o básico

hoje não é sinônimo de emprego imediato.

As inovações foram de tecnologias, pois todos os alunos têm acesso a um

computador, vários softwares como AutoCAD, aplicativos de celulares, entre outros.

Pontos fortes destacados: cultura e tecnologia, reformas em ambientes físicos.

Oitenta por cento do tempo da assistente social é para o CPDB. Há reuniões

pedagógicas com a participação da diretoria.

O CPDB do curso técnico permitiu que o aluno que não tinha condições

financeiras de fazer o curso técnico passasse a ter. Ele saía do profissionalizante e,

caso não conseguisse um trabalho, seria muito difícil ele conseguir fazer um curso

técnico. Agora ele já sai com o curso técnico, ganhando um título na carreira. O

aluno acaba tendo um reconhecimento maior das empresas, é recebido com um

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nível melhor. Porém, o ingresso no mercado de trabalho é mais complexo também, a

cobrança é maior. A certificação técnica teve um ganho para os alunos.

O ponto negativo é a diminuição da quantidade de horas práticas. A

empresa tem o interesse de que o aluno já venha com a prática, mas o aluno sai

hoje para aprender a parte prática na empresa. O aluno sai técnico, mas o

conhecimento prático fica abaixo do profissionalizante. O curso profissionalizante

ainda é muito forte na indústria, mas a mudança teve que acontecer para ser manter

no mercado, uma realidade.

Pergunta 6 - Qual o olhar do professor e gestor em relação ao CPDB?

Resposta: A equipe de gestão/diretiva é instável, a cada 3 a 4 anos ela

muda, sob orientação jurídica. É saudável mudar de unidade, falando em rede.

Quando a direção é trocada, há um impacto muito grande na rede, por sua vez na

instituição/unidades.

Religiosamente falando, há obediência. Existe uma obra social, uma

capelania. O CPDB não é uma obra social jurídica, mas ele tem uma configuração

de uma obra social. Nem todas as mudanças diretivas deram destaque no setor

CPDB. Muitas situações, em outras áreas educacionais, foram privilegiadas e o

CPDB, não. Desde investimentos até atenção efetiva compreendida como:

simplesmente participar de uma reunião, conversar tentando entender a realidade do

outro, os anseios do setor, os diagnósticos. Ás vezes o discurso institucional é

diferente da prática. O trabalho com jovem de baixo poder aquisitivo é preferencial

em qualquer unidade salesiana.

Falta um pouco de legitimidade no trabalho missionário. Diferenças do rumo

da direção. Em uma década não se ampliou a demanda de atendimento. Os dois

últimos coordenadores são amantes salesianos no bom sentido, são pertencentes

da escola salesiana, eles chegaram na função e puderam desenvolver conforme

meios e espaços que lhe foram proporcionados. Foram empáticos com os alunos,

com os professores, com os profissionais.

O olhar da coordenação e da direção são extraordinários, depende a época.

Atualmente com o padre Dilson e Diretor Financeiro Marcelo, pessoas muito

idôneas, preparadas e que visualizam o CPDB com total carinho. A atual direção

privilegia o CPDB, dentro do que é possível, dentro de orçamento, de uma receita

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institucional e carismaticamente muito presentes em reuniões, nos setores e

circulando pela instituição.

Por parte dos professores antigos é notável um carinho pelos alunos, uma

história de vida. Para os professores novos, uma total demonstração de

conhecimento no âmbito profissional. Não é possível medir o grau de entendimento

da educação salesiana, ao ponto de viver um afeto na realização desse trabalho.

Um compromisso além da remuneração. Por outro lado, o professor tem que ter o pé

no chão. Às vezes escutamos sugestões de professores que não têm a mínima

chance de acontecer.

Os professores na época do profissionalizante, eram efetivos por 40 horas,

tinham mais tempo na instituição. Hoje, além de ter rotatividade grande de

professores, os que entram, os novos, normalmente ministram 4 ou 5 aulas e já vão

embora. Muitas vezes correndo para outra instituição. O professor do CPDB deveria

ter dedicação exclusiva, como era na época do profissionalizante. As práticas, as

apostilas, se perderam com o tempo por falta de tempo de dedicação exclusiva.

Muitos professores novos não conhecem a filosofia Dom Bosco. Se hoje houvesse

uma obrigatoriedade de contratar professores que tivessem estudado no CPDB,

seria um grande ganho. Seria uma riqueza muito grande. Seu Alcides é um exemplo.

A contribuição dele foi muita válida para todos os anos em que ele esteve junto ao

CPDB, ficou quase 50 anos na instituição.

Da mesma forma que os professores precisam estar motivados para os

alunos, a instituição deveria estar com os professores. Sugestão: abrir mais cursos.

Muitos alunos gostariam de cursar outros cursos, mas aceitam estar num curso,

dentre os existentes, pela oportunidade, entretanto não é do que realmente eles

gostariam.

A exigência sobre a instituição aumenta, tem CREA envolvido. É

considerado como segundo grau, toda uma legislação por trás mais complexa. Falta

um pouco de ferramenta corporativa para controlar a quantidade de informação na

área de gestão. Tem a parte de apontamento, justificativa de faltas, os atestados

controlados, que os professores acabam sentindo mais. A coordenação do CPDB

participa de reuniões com outros coordenadores da instituição inteira, assim terá um

alinhamento e todos caminharão para a mesma direção.

Nesse momento de desenvolvimento, os investimentos em máquinas e

equipamentos são importantes. Mesmo que já atualizados, ainda há uma distância

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da realidade industrial em relação ao mercado. Hoje o investimento da escola é na

infraestrutura, salas de aula, prédio, novos laboratórios. Mas não é só laboratório,

máquinas, tem outras coisas como investimento no professor, através de cursos,

seminários (capacitação).

Pergunta 7 - A psicologia social pode justificar uma ação educativa cidadã?

Resposta: Sim, a psicologia social, compreendida como ramo da psicologia

que estuda o grau e a forma que se dão os relacionamentos, apresenta-se útil como

ferramenta de diagnóstico, referencial teórico e procedimento metodológico da ação

educativa no/para o Centro Profissional Dom Bosco (CPDB) Campinas, podendo

culminar numa consciência cidadã por parte dos alunos.

Trabalhamos o convencimento e autoestima do aluno, trabalhamos

possibilidades: ele será o elemento que irá causar mudanças na família, na

sociedade, de onde ele veio. É uma ferramenta viva que trabalha com a sociedade,

oportunidades e estado de espírito.

A psicologia social pode contribuir para as questões de religião (como um

aluno de outra religião estar estudando no CPDB, por exemplo). No mercado

acontecem as misturas de religião, de formação, de educação, então precisamos

aprender a lidar com tudo isso, com a diversidade. Não tem bullying na instituição,

ponto muito positivo.

A assistente social trabalha muito a psicologia social com os alunos. Antes

ela trabalhava com todos os cursos, hoje é mais dedicada ao CPDB, mas também

atende o São José. O professor também procura conversar muito com os alunos

para suprir suas dificuldades e carências.

Não existe uma disciplina relacionada a psicologia social, mas cada

professor atua nessa linha. Ela contribui e justifica para uma formação e educação

de um cidadão melhor. Dom Bosco hipnotizava.

A carência é muito grande, o aluno sempre precisa desabafar, conversar. O

professor acaba trabalhando a psicologia o tempo todo. A instituição deveria investir

em uma especialização na linha da psicologia para todos os professores do CPDB.

Pergunta 8 - O CPDB hoje é mais preparar os alunos para o mercado ou

formar cidadãos?

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Alguns entrevistados responderam que o CPDB prepara para ambos, outros

para os dois e, outros, em primeiro lugar, para o mercado. Essa discussão e reflexão

é muito pertinente para o curso, alunos e para o mercado.

Resposta: No Brasil o incentivo do governo é para o ensino superior, indo ao

contrário da educação básica. O conceito de poucos estudarem, poucos mandarem,

poucos cobrarem. O CPDB tem o objetivo de educar evangelizando e evangelizar

educando. É mantido o valor de ensino a esses jovens, um profissional diferenciado.

Tem um investimento necessário para que esse egresso saia como cidadão. A

assistente social do CPDB faz/cumpre o papel da orientação educacional. Tem o

projeto político, pedagógico e pastoral. O professor faz a ponte entre o mundo

(indústrias) e o currículo humanístico.

Continua com um ensino de qualidade. Temos o “bom dia” e o “boa tarde”. A

formação humana é a essência, não mudou em nada a formação humana. Inclusive

os pais até comentam que os alunos mudaram, estão menos agressivos, mais

alegres, mais amáveis. Os professores e o coordenador participam do lanche junto

com eles, que são chamados por seus nomes, conversam e riem.

Para uns, formar para o mercado em primeiro lugar, mas também a

formação do cidadão continua.

Antes havia mais celebrações, ensaio de canto; hoje isso acontece uma vez

por ano.

Os professores continuam a manter e a aplicar a formação humana, a

formação do cidadão, além da parte técnica. Sugestão da pesquisa: voltar

gradativamente às celebrações, de forma semestral, depois trimestral, até chegar a

ser mensal, como era no início.

Pergunta 9 - O que poderia ser melhorado no aprendizado com os alunos?

Resposta: No processo de “aprendizagem”, entendo ser necessário um

esforço na esfera da gestão do CPDB que infira uma mudança de mentalidade e da

práxis docente, incutindo nos alunos o valor e o sentido do ato de aprender. Quanto

ao referido “aprendizado” da pergunta, é associado com a perspectiva de resultados

do ensino. Neste sentido, antes de pensar em melhorias no processo de ensino,

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cabe identificar o que se quer verdadeiramente com a atual proposta de ensino do

CPDB.

Um acompanhamento fora de sala de aula e reforço de português seria

importante. O professor que também é coordenador foi aluno em 1983 no CPDB. A

direção da escola fornece muito apoio aos coordenadores. A filosofia salesiana é

formar uma família. O CPDB tem uma grande fidelidade com o aluno e, quando este

termina um curso e começa o próximo passo na carreira, acaba optando em fazer na

mesma instituição. Exemplo: termina o técnico e inicia a graduação.

É importante realizar um nivelamento dos alunos no início do curso nas

disciplinas de português, matemática, disciplinas básicas. Foi instituída recuperação

paralela aos sábados, o que também é uma ação corretiva, mas o nivelamento

podemos considerar como uma ação preventiva nas futuras dificuldades que virão

durante o curso.

Há atualização das máquinas, reciclagem de cursos para professores, sendo

que estes acabam se atualizando por conta própria. Há aproximação dos salesianos,

mais é menor se comparada com a época do seu Alcides.

Se houver a valorização humana com do professor, ele estará mais

engajado no processo de aprendizagem com o aluno.

Pergunta 10 - Na sua opinião, o que mais os alunos necessitam atualmente?

Resposta: O atual público de alunos do CPDB, conforme critério de seleção

para entrada, configura um quadro social de baixo poder aquisitivo. Afirmo, não

obstante, que para além de necessidades materiais, enquanto seres humanos, cabe

uma complementação de elementos, própria do que se compreende como formação

integral.

Um ponto muito importante é a assistência fora da sala de aula. Precisamos

colocar a família mais perto da escola. A família precisa se socializar com a escola.

O aluno muitas vezes é displicente, não faz tarefa, esquece material, e a família

poderia estar mais perto para verificar e cobrar essas atividades. Eles precisam de

formação e educação principalmente dos pais. Eles estão muito voltados para

tecnologia e deixando o português de lado, as brincadeiras, conversas, atenção,

entre outros aspectos humanos.

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O aluno tem muita dificuldade de interpretação. Sugestão da pesquisa:

nivelamento dos alunos da primeira semana com as disciplinas básicas como

matemática, português, redação, entre outras.

Antes de 2009 o professor tinha mais disponibilidade, incluía horas livres,

tinha mais tempo com os alunos, projetos com eles, elaboração de um plano, tudo

relacionado com as aulas práticas: gerava apostila, material, ganhava-se para isso.

Atualmente tem que sair junto com o aluno e já passar o cartão, pois caso ele

permaneça cinco minutos com um aluno, conversando, precisa ter uma justificativa

do atraso de passar o crachá no relógio ponto.

Se o professor chegar dez minutos antes, já tem problema. Esse processo

acaba sendo um processo mecânico: chega, ministra a aula e vai embora. Começa

aí um distanciamento/afastamento do aluno com o professor. Muitas regras nesse

sentido acabam engessando o processo, mesmo que as regras venham do governo

e do RH (Recursos Humanos), o professor precisa seguir. De repente, alguma ideia

diferente pode surgir para suprir essa questão.

O CPDB, ao lado de todos os profissionais que fazem parte do corpo

docente, secretaria e administração, coordenação e direção, forma pessoas cidadãs.

O contato religioso é muito importante. Atualmente há poucas casas salesianas. A

escola deveria ser uma continuidade de uma formação e prática religiosa e não um

começo. Os pais deveriam trabalhar essa parte religiosa.

4.3 A importância dos pais na formação do aluno

Durante as entrevistas com os professores e profissionais que contribuem

para o curso do CPDB, muitos responderam que faltava a presença dos pais dos

alunos do CPDB na educação, formação e religiosidade de seus filhos desde o

nascimento.

Na obra de FREIRE (2001) há o depoimento da filha Cristina, tentando ser o

mais fiel possível com suas lembranças da infância e adolescência. Ela era a filha do

meio das “três Marias”, como eram chamadas as filhas pela mãe Elza Freire e pelo

consagrado Paulo Freire. Cristina afirmou que foi uma criança muito agressiva,

exigindo muito os cuidados dos pais. Talvez ela sendo a filha do meio explique tal

atitude. Os pais foram sábios e aos poucos tudo passou.

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O pai Paulo Freire utilizava tática dar tesouras e revistas velhas para que a

filha as recortasse. A filha passava horas e horas recortando as revistas. Paulo

Freire também contava história à filha Cristina, a do meio, sendo que ela era a

principal personagem da história. As técnicas e metodologias de Paulo Freire

ajudaram a filha a superar a agressividade, conseguindo com que ela ouvisse mais

pessoas e histórias, o que se mantém até hoje. Cristina se lembra de que a mãe

levava as filhas nas praças. Quando Paulo Freire chegava do trabalho, levava as

filhas para ver peixinhos, comprava amendoim molhado e pipoca. O mais importante

de tudo isso eram as conversas que eles tinham; perguntava o que elas haviam feito

durante o dia, ele se preocupava com os problemas de adolescência, de

curiosidades infantis, respondia todas as perguntas, questionava como a filha estava

indo na escola, quais dificuldades encontradas. Sempre estava com a Cristina e as

irmãs. Essa era uma rotina muito positiva e produtiva para o desenvolvimento das

filhas.

De acordo com FREIRE (2001), Cristina afirma que seus pais sempre

transmitiram segurança e estabilidade para as filhas, construindo nelas a segurança

no sentido de que sabiam que podiam contar com ambos:

Fui crescendo com a certeza de que podia contar com minha mãe, ou seja, sabia que, mesmo trabalhando todo o dia, à tarde ela estava disponível para minhas irmãs e para mim. Aguardava esses passeios na praça com ansiedade, alegria e esperança. Eles me marcaram de uma maneira muito especial. Por meio deles fui adquirindo segurança e estabilidade, ao mesmo tempo que me sentia amada e querida. Hoje posso compreender a importância daqueles passeios e o acerto de nossa mãe ao fazê-los. Na relação entre pais e filhos, o fundamental não é a quantidade, e sim a qualidade das horas que os pais dedicam aos filhos. Nossa relação com eles foi sempre marcada pela qualidade, e não podia ser diferente, pois ambos trabalhavam. A mãe era naquela ocasião, professora primária e, depois diretora de um grupo escolar; o pai, professor de português no Colégio Oswaldo Cruz, assumindo mais tarde a direção do setor de Educação do Sesi, em 1947. (FREIRE, 2001, p. LXXVIII-LXXXI.)

Conforme FREIRE (2001), o carinho que Freire tinha com as filhas era único:

chegava ao ponto de cantar canções para as filhas dormirem e cantou para elas até

aproximadamente seus sete anos. Cristina afirmou que de 1957 a 1964 seu pai

participava de reuniões à noite, às quais sua mãe também assistia, e eles a levavam

consigo a algumas delas. Eram encontros com os trabalhadores do SESI. A criança

começou a ver o trabalho que os pais realizavam.

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A importância do exemplo precisa estar dentro dos lares brasileiros. Os

filhos necessitam de mais atenção, mais educação, formação e religião. Nos

exemplos citados na obra de Paulo Freire, fica claro o impacto de uma boa criação

na formação de um cidadão com ética e honestidade:

De algo porém, tenho certeza. Sem a educação e o tipo de conveniência que tivemos com nossos pais teria sido muito difícil superar as dificuldades que o golpe de 1964 e, em seguida, o exílio nos acarretaram. Ainda bem menina, já percebia que tinha pais diferentes para o Recife daquela época. O tratamento para conosco era diferente do que minhas amigas tinham com seus pais. OS nossos confiavam em nós, dando-nos responsabilidades, que iam aumentando de acordo com cada fase de nossas vidas. O pai costumava dizer: “Basta ser pais para errar”. Posso compreender que assim o seja. Porém considero que seus acertos foram tantos que até já esqueci seus possíveis erros. (FREIRE, 2001, p. LXXXI.)

De Acordo com GUIMARÃES (2016), pesquisas realizadas no Brasil

mostram resultados surpreendentes quando os pais participam de forma ativa:

Daniela e Ricardo não estão sozinhos no esforço de ajudar a vida escolar dos filhos. A participação dos pais na educação formal está em alta. Há um consenso entre educadores, professores e estudiosos sobre os efeitos no desempenho dos alunos. Quanto mais ativos os pais, maior a chance de o filho tirar boas notas no boletim e terminar uma faculdade. Nas últimas décadas, os pais passaram a ser estratégicos para políticas públicas de educação em diversos governos. Nos Estados Unidos, a participação das famílias virou assunto de uma secretaria exclusiva, que planeja como envolver os pais na escola para ajudar a diminuir as diferenças de aprendizado entre os mais ricos e os mais pobres. Do lado das escolas, os esforços para engajar os pais não são menores. “A presença dos pais legitima a educação que oferecemos”, afirma Bartira Rebello, psicóloga do Colégio Miguel de Cervantes, de São Paulo, onde estudam os filhos de Daniela e Ricardo. “A parceria reforça o vínculo entre o aluno e o ambiente escolar”, afirma Patrícia Motta Guedes, da Fundação Itaú Social. A concordância é generalizada, mas nunca houve tantos pais desorientados sobre como ajudar seu filho a ser um bom aluno. Muitos se atrapalham na hora de ajudar com a lição de casa, outros trabalham demais, e falta tempo para participar de todas as atividades, reuniões e apresentações escolares. Quem não conhece uma mãe que se afoga em culpa por perder uma apresentação do filho na escola? Quantas não se perguntam o que fizeram de errado para seus filhos odiarem tanto as aulas? O Todos Pela Educação fez um estudo inédito no Brasil, com famílias de estudantes de escolas públicas. Conseguiu identificar as atitudes comuns às famílias de crianças e jovens que se destacam na escola (leia no quadro abaixo). São atitudes simples – como colocar a escola nas conversas do dia a dia e valorizar o conhecimento. Elas

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não se traduzem necessariamente em ajudar o filho a resolver uma equação matemática. Para famílias de baixa renda, essas atitudes podem fazer diferença no potencial acadêmico dos alunos. Tatiane da Silva, de 34 anos, é mãe de Thaís, de 7, e de Gustavo, de 13. Ambos estudam em escolas públicas de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Tatiane estudou até o ensino médio. Seu marido, que trabalha como segurança, fez apenas as séries iniciais do fundamental. Ela acredita que a educação é o único caminho para que seus filhos vivam melhor. Além de ir a todas as reuniões e conferir os cadernos, Tatiane conversa com frequência com o mais velho sobre o que ele escolherá como profissão, que faculdade fará. Com a mais nova, treina a leitura, leva a bibliotecas e livrarias (mesmo se não pode comprar o livro) e lê em voz alta as historinhas que tem em casa. Thaís ainda não é alfabetizada e fica ansiosa quando não consegue decifrar as letrinhas. A atitude da mãe a ajuda a superar a insegurança. “Sinto que ela se acalma quando digo que é capaz de aprender, que ela conseguirá”, diz Tatiane. (GUIMARÃES, 2016).

A figura abaixo demonstra de forma clara o resultado positivo da

participação ativa dos pais na educação de seus filhos:

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Figura 14 – Pais participativos influenciam positivamente no desempenho escolar dos filhos

Fonte: GUIMARÃES (2012)

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RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa, que foi realizada no curso técnico do CPDB Campinas para

alunos adolescentes de baixo poder aquisitivo (isto é, com renda da família de até

um salário mínimo e meio), teve seu objetivo atingido.

Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com levantamento bibliográfico,

levantamento de campo e entrevistas, sendo importante para verificarmos o

desenvolvimento humano e profissional no ensino técnico do CPDB Campinas em

relação às contribuições da psicologia social e da educação sociocomunitária.

A pesquisa qualitativa foi realizada com professores, coordenador e

assistente social, profissionais extremamente comprometidos com o CPDB

Campinas. Do primeiro ao último dia da pesquisa, o respeito com a instituição, aos

cursos e suas características, aos seus profissionais e à mudança de ensino

profissionalizante para técnico sempre estiveram presentes. Esses profissionais

dedicados estão em média na instituição há 24 anos, sendo 13 anos para o que está

a menos tempo e 32 anos para aquele que está há mais tempo. Todos eles juntos

totalizam mais de um século de trabalho (119 anos).

A pesquisa foi investigativa e analítica, contemplando a história salesiana e

do CPDB Campinas desde seu início, passando pelo ensino profissionalizante e, há

aproximadamente seis anos se tornou técnico. As referências salesianas sempre

estão muito presentes no ensino e na aprendizagem. As referências extremamente

importantes durante a pesquisa foram o trabalho social, o amor ao próximo, a razão,

a religião, a bondade, as práticas das oficinas de Dom Bosco, o amor pela

educação, a educação social, valores humanísticos e atendimento ao aluno. Uma

frase que resume muito de Dom Bosco é “educar rezando e rezar educando”.

Verificaram-se durante essa pesquisa, por meio das entrevistas dos

profissionais, as práticas, dificuldades e êxitos encontrados pelos professores e as

dificuldades que os alunos encontram em casa, o que contribuiu neste trabalho com

as aspectos, ferramentas e metodologias da psicologia social e da educação

sociocomunitária.

Através do questionário individual, conforme citaremos a seguir, soubemos

quais os pontos de melhoria que podemos trazer para discussões construtivas de

ensino e aprendizagem e como cuidar e aplicar os princípios salesianos para o

alunado.

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As inquietudes e desejo de sugerir melhorias no início da pesquisa foram:

como o aluno chega na instituição salesiana? Quais dificuldades de aprendizagem?

Quais dificuldades enfrentadas no ingresso do mercado de trabalho? Quais os

impactos das mudanças do curso profissionalizante para o técnico? Qual o impacto

dos pais na formação e educação?

De todas essas inquietudes, pensamentos e reflexões dessas questões,

foram desenvolvidas 10 perguntas para o questionário individual e os estudos com

as obras literárias para chegarmos a uma tabulação de informações.

Ao longo da entrevista, pudemos identificar algumas diferenças entre o curso

profissionalizante e o técnico, depois de 2009. Dentro da estrutura de ambos os

cursos existem dois pilares de trabalho: o técnico e o humano.

A psicologia social contribui nos dois pilares de aprendizagem e, desta

forma, iremos realizar uma comparação entre as épocas e cursos, mostrando

dificuldades do aluno em casa e em sala de aula e dos professores:

Profissionalizante até 2009

a) O aluno tinha uma defasagem educacional maior;

b) A estrutura da casa do aluno em periferia era pior para os estudos;

c) O aluno não passava por um processo seletivo para entrar no

profissionalizante e alguns chegavam sem saber ler e escrever;

d) A prática educacional do professor era um pouco tradicional: o professor

passava o conteúdo na lousa e o aluno copiava;

e) A carga horária do curso de mecânica era de 3 anos e os outros de 2

anos (o aluno ficava mais tempo na instituição);

f) Idade de 14 a 16 anos;

g) A assistente social tem uma carga de 6 horas de trabalho e dedicação

aos alunos;

h) Existiam mais palestras educativas como higiene bucal, higiene do corpo

e doenças sexualmente transmissíveis;

i) Existia aula de canto;

j) O ensino era integral para alunos com renda familiar até um salário

mínimo e meio e para alunos cuja renda familiar era de até três salários

mínimos e meio o ensino era em período parcial;

k) A média era 5,0 e depois passou para 7,0;

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l) As inscrições para o ingresso eram realizadas no salão de jogos, na

própria instituição, com o grupo de apoio e da secretaria. O trabalho era

manual, no papel.

m) Tinha mais prática na parte técnica;

n) Mais atividades de cidadania e orientação religiosa;

o) As disciplinas eram menos complexas e exigiam menos;

p) A exigência do mercado de trabalho era menor;

q) Os docentes, na sua grande maioria, tinham a filosofia salesiana e

aplicação em sala de aula. A rotatividade de professores era menor.

r) O curso era iniciado com turmas de, no máximo, 30 alunos;

s) O CPDB tem mais cursos e mais turmas;

t) A refeição era um lanche;

u) O curso possuía mais formação humana e religiosa;

v) Os alunos eram mais comprometidos, mais preparados pela família e

menos dispersos;

w) O frequência de participação de outros profissionais nas oficinas,

também no “bom dia” e “boa tarde”, era maior;

x) Tinha menos estrutura física e tecnologia;

y) O aluno tinha menos contato com a informática;

z) Os professores se atualizavam, mas em quantidades menores de

capacitações.

Técnico após 2009

a) O aluno tem uma defasagem educacional menor;

b) A estrutura da casa do aluno em periferia era melhor para os estudos;

c) Existe um processo seletivo exigente para o ingresso do aluno;

d) O professor procura ter aulas mais dinâmicas, estimulando e provocando

o aluno a buscar conhecimento e com aplicabilidade de ferramentas do

interesse do aluno (aprendizagem com prazer de aprender);

e) A carga horária dos cursos técnicos é de 2 anos;

f) Idade até 17 anos;

g) A assistente social tem uma carga de 6 horas de trabalho e dedicação

aos alunos;

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h) Menos palestras educativas como higiene bucal, higiene do corpo e

doenças sexualmente transmissíveis;

i) As aulas de canto deixaram de existir;

j) O ensino acontece em período parcial para alunos com renda familiar até

um salário mínimo;

k) A média mudou de 7,0 para 6,0;

l) As inscrições são feitas pelo site;

m) Há menos prática na parte técnica;

n) Há menos atividades de cidadania e orientação religiosa;

o) As disciplinas são mais complexas e exigem mais do aluno;

p) A exigência do mercado de trabalho é maior;

q) Dos docentes antigos, nem todos têm a filosofia salesiana e aplicação

em sala de aula. A rotatividade de professores é maior;

r) O curso é iniciado com turmas de no máximo 40 alunos;

s) O CPDB tem menos cursos (três no total) e menos turmas;

t) A refeição passou a ter um lache, um suco e uma fruta;

u) O curso possuía menos formação humana e religiosa;

v) Os alunos são menos comprometidos, menos preparados pela família e

menos dispersos;

w) O frequência de participação de outros profissionais nas oficinas,

também no “bom dia” e “boa tarde”, ficou menor.

x) Tinha menos estrutura física e tecnologia;

y) O aluno tinha menos contato com a informática;

z) Os professores se atualizavam mais.

Durante as entrevistas, conversas, pesquisas, ficou claro que a participação

dos pais nas vidas desses adolescentes fará toda a diferença, conforme mostra a

figura 14. Os pais devem ser participativos, ativistas, levar para suas famílias uma

educação como causa, se envolverem por completo. Muitas mães deixaram suas

profissões de lado para se dedicar a seus filhos durante um período. Esses pais

fazem questão de buscar os filhos na escola, de convidar amigos da escola para

estudar e brincar nas suas casas. Logicamente que o padrão de vida influência em

tudo isso, porém, quando queremos, mesmo tendo pouco tempo, podemos fazer

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bom uso dele, tendo resultados satisfatórios. São pais que não faltam sequer a uma

reunião escolar no ano.

Em relação aos professores, foi detectado por estes que seria muito viável

ter uma semana de nivelamento com os alunos no início do curso, em matérias

como matemática e português, que foram mencionadas com destaque. Algo que

viria como melhoria no sistema de ensino e aprendizagem do curso do CPDB seria a

instituição verificar a possibilidade de todos os professores realizarem uma pós-

graduação em pedagogia e/ou psicologia, tão usadas no dia a dia desses mestres

dedicados à profissão.

O trabalho da psicologia social e da educação sociocomunitária contribui na

formação do ensino técnico do CPDB na autoestima, possibilidades, estado de

espírito, atenção, muita conversa, suprindo carências afetivas e dificuldades dos

alunos; mudam suas vidas desses alunos por meio de oportunidades dentro e fora

de casa.

A parte intrínseca das pessoas – ou seja, aquela que não conseguimos ver,

pois é muito difícil perceber o que cada pensa ou sente – precisa ser trabalhada

pelos nossos professores no curso técnico. Principalmente os excluídos têm

dificuldades ainda maiores e, assim, precisam de muito carinho. Por tais razões, a

educação sociocomunitária tem o papel de fazer a conexão entre escola e

comunidade:

A educação sociocomunitária é entendida, na qualidade de tema ou “objeto” de pesquisa, como aquelas intervenções educacionais que têm – aos seus prepositores, ao menos – claras intenções de impacto social: essas ações tendem a ser dar nos ambientes “não formais” de educação, mas podem acontecer também em ambientes formais, como a escola, quando se trata de mobilização da comunidade em torno da instituição formal. Em suma, a educação sociocomunitária trata de ações educativas de impacto social, para além da escola, ou que envolvem a relação escola-comunidade. (GROPPO, 2013, p. 105).

O CPDB aplica os conceitos de educação sociocomunitária na medida que o

alcance de sua atuação vai para além dos muros da instituição, pois há as iniciativas

de levar cesta básica para família do aluno que está precisando e passando por

dificuldades, ir até a casa do aluno que está faltando ou chegando atrasado, verificar

o porquê e como pode ajudar, entre outros. Todo esse trabalho podemos entender

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como educação sociocomunitária, compondo relações humanas, sociais, e escola-

aluno.

A lógica ou princípio sociocomunitário caracteriza-se por relações sociais que, ao menos inicialmente, atendem a necessidades propriamente humanas: a sobrevivência, cuidado e identidade (em seu viés comunitário) e a liberdade, autonomia e criação (em seu viés societário). (GROPPO, 2013, p. 106).

A pesquisa qualitativa desenvolvida junto aos professores e profissionais do

curso técnico, com foco no aluno, contribuiu para demostrar a importância da

psicologia social e da educação sociocomunitária na vida desses alunos e dos que

estão ao seu redor como família, amigos, comunidade e também as possibilidades

no mercado de trabalho.

Esse curso técnico traz inúmeras possibilidades de vida, principalmente

atuando fortemente na inclusão social. Eu gostaria de parabenizar O CPDB e todos

os professores, assistente social, coordenador e direção pelo excelente trabalho

realizado, deixando alguns itens de possíveis reflexões, pensamentos e melhorias,

conforme pesquisa realizada.

Os profissionais têm real consciência dos pontos a serem melhorados,

principalmente na questão social. Os professores, por sua vez, precisam ficar mais

tempo próximos dos alunos.

Essa pesquisa pode e deve ter continuidade, em razão da existência de

muitas variáveis a serem estudadas. Esperamos que outro pesquisador se interesse

pelo assunto, dando continuidade a pesquisa.

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ANEXOS

ANEXO I – MEMORIAL

Estou a tentar explicar o que consiste escrever, ter um determinado estilo. É preciso que isso nos divirta. E para nos divertir torna-se necessário que a nossa narração ao leitor, através das significações puras e simples que lhe apresentamos, nos desvende os sentidos ocultos, que nos chegam através da nossa história, permitindo-nos jogar com eles, ou seja, servir-nos deles não para os apropriarmos, mas pelo contrário, para que o leitor os aproprie. O leitor é, assim, como que um analista, a quem o todo é destinado. (SARTRE, 1970, p. 89.)

Gostaria de ressaltar que este memorial tem como objetivo mostrar que,

quanto mais os profissionais têm conhecimento, aprendizado e capacitação

contínua, maiores são as chances de sucesso.

Todos temos memórias, histórias e muitas revelações que acontecem ao

longo do tempo em nossa vida pessoal e profissional. Todo esse conteúdo

demonstra uma sequência de acontecimentos, realizações e aprendizado. Tive

muitas inquietações, desde o início até os dias atuais, em relação à educação.

Continuamente tenho sido aluno e, mais recentemente, educador. O

educador/professor e profissional deve refletir sempre sobre a teoria, os

ensinamentos adquiridos ao longo da vida e a prática, e transformá-la da forma mais

adequada para uma sala de aula, uma leitura, uma dissertação, um livro ou qualquer

outro meio que necessite de experiências vivenciadas.

Ao escrever as minhas memórias, minhas experiências de formação e

docência, principalmente como aluno do ensino técnico, iremos resgatar e refletir

sobre o ensino técnico.

Durante o processo de alfabetização e aprendizagem, causas e

consequências aconteceram. Assim, a ideia é colocar em ordem cronológica a

história da minha formação e educação, em especial o curso técnico e a sua

importância na formação da minha vida pessoal e profissional.

Eu, Sergio Henrique Miorin, nasci em 07/06/1972 e o meu primeiro contato

com a educação foi por meio do Jardim de Infância, aos 5 anos, onde estudei na

década de 70 (de 1977 a 1978), por intermédio da Escola Municipal de Educação

Infantil Jardim Imperial. Em 10/02/2016 fui até a escola para confirmar a informação

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115

e rever uma época sensacional dos meus primeiros passos. Conversei com a

pessoa que estava coordenando a escola na época em que estudei (nem diretora

existia ali). Hoje a escola se chama EMEB - Escola Municipal de Educação Básica

Profa. Lélia Franco Bueno Leme. Ali experimentei minhas primeiras

responsabilidades e aprendizagens. Era o primeiro contato formal na educação na

relação indivíduo-sociedade.

A minha leitura de hoje, sobre o início de tudo, são as relações consigo

mesmo e com a sociedade (nesse caso, formal): alunos, professores, toda estrutura

do estabelecimento de ensino e a cultura. Eu visualizava os professores como

amigos, os ensinamentos de respeito, obediência, diversidade com os colegas de

classe e aprendizagem se iniciaram naqueles primeiros dois anos.

FIGURA 15 - Desfile de 7 de Setembro - Jardim de Infância

Fonte: Arquivo pessoal

Tudo era novo: o uniforme, a lancheira, a merenda escolar, a parte social e

psicológica em relação aos colegas da classe em que eu estudava e também com

relação às demais. As professoras aplicando as brincadeiras, mas sempre com

deveres e obrigações. Começava ali um contato com a instituição, cidadania e

formação.

Esses primeiros contatos foram tão importantes, que ficaram comigo para o

resto da vida. Foram 2 anos nessa escola iniciando a alfabetização. Como eu tinha

uma família de classe média e sem estudo, meus pais não tinham o mínimo

entendimento sobre educação, escola particular ou algo do gênero. Meu pai e minha

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116

mãe só tinham formação no ensino fundamental; mesmo assim, na mesma década

de 70, especificamente em 1979, me matricularam no SESI (Serviço Social da

Indústria), uma escola excelente, na qual o aprendizado foi muito bom para minha

carreira. Nessa escola estudei da 1ª à 8ª série, período que, na época, era chamado

de primeiro grau. O SESI, por sua vez, já tinha uma linha de formação e aprendizado

para indústria, inclusive os professores muito falavam em cursos técnicos, já

pensando no futuro nosso, os alunos. Alguns professores só trabalhavam como

educadores; outros, atuavam como professores e como profissionais liberais, na sua

grande maioria, para indústria ou na indústria.

Por meio de algumas disciplinas como Educação Moral e Cívica e Oficina

(primeiros contatos com marcenaria, arte, ferramentas básicas, etc.) iniciou-se o

despertar de algo técnico, profissionalizante. Meu primeiro emprego foi em uma

marcenaria, por ter gostado das aulas com madeira no SESI. No segundo, em uma

fábrica de armação de óculos (empresa que era de um dos meus professores do

SESI), trabalhei como operador de prensa. Essa empresa injetava plástico,

produzindo armações de óculos. Eu trabalhava em uma prensa totalmente manual;

assim, jovem, já tinha os primeiros contatos com máquinas e equipamentos. Tudo

isso aconteceu pelo despertar das aulas no SESI, essas um pouco mais técnicas e

práticas (eu adorava as oficinas).

Já na década de 80, especificamente em 1988, eu concluí o primeiro grau.

Em razão de ensinamentos e provocações positivas, começou no SESI o meu

interesse pelo ensino técnico.

FIGURA 16 - Entrega do Diploma do Primeiro Grau e turma

Fonte: Arquivo pessoal

A escola SESI em que estudei é dominada “299”. Quando me formei no

primeiro grau, em 1988, o meu despertar interno buscava desenvolver técnicas

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117

relacionadas a elétrica e eletrônica, área profissionalizante e técnica. Eu trabalhava

com o meu pai em uma oficina de funilaria e pintura, mas sempre gostei muito de

carros, desde pequeno. Acredito que por meu tio materno sempre ter contato com

instalações de toca-fitas e eletrônica, aquilo me despertava um grande interesse.

Assim, fui buscar informações de cursos profissionalizantes e técnicos.

Nessa busca, da década de 80, especificamente 1988, me inscrevi no curso de

Eletricista de Manutenção do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial),

onde estudei durante 18 meses, aprendendo sobre instalações residenciais,

comandos elétricos e motores, um módulo em cada semestre. Conclui o curso em

meados de 1989 e o SENAI ficava na rua de baixo da casa onde eu morava em

Valinhos/SP.

O SENAI é referência de aprendizado profissionalizante no Brasil e também

de disciplina para o aluno. Essa instituição traz oportunidades para jovens iniciarem

uma carreira principalmente dentro da indústria e de outros segmentos. Nessa

etapa, vendo o conhecimento dos meus instrutores – que é como naquela instituição

são chamados os professores –, verifiquei um outro tipo de educação, muito mais

profissionalizante, mais prática, que já me trazia responsabilidades mais complexas,

dentro de um mundo com perigos maiores, como o contato com a energia elétrica.

A diversidade de classes sociais, educação e objetivos faziam grande

diferença no final da década de 80, em 1989. Porém, os professores/instrutores aos

poucos deixavam a turma uniforme, citando como exemplo a disciplina, o respeito

com o professor, colegas, colaboradores e dirigentes, a formação de cidadania, as

responsabilidades, a organização, a limpeza, entre outros.

Ao chegar ao final desse curso profissionalizante, em 1989, muitas portas se

abriram para mim, o que me levou a iniciar em uma multinacional como Auxiliar de

Eletricista. Eu acredito que essa contribuição é muito forte para iniciar uma carreira,

principalmente de pessoas que têm menos condições financeiras.

Na década de 80, quando cursei o SENAI – que ainda só dispunha de

cursos profissionalizantes –, aprendi muito, porque o curso tinha uma quantidade de

horas muito maior de aulas práticas do que de teóricas, o que a indústria achava

muito interessante. O estudante/profissional chegava mais pronto e preparado na

parte prática.

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118

Junto com essa aprendizagem profissionalizante, me inscrevi no curso

Técnico em Eletrônica no Colégio Divino Salvador em Jundiaí/SP, bem no final da

década 80, especificamente em 1989. O curso era noturno e durava 4 anos.

No colégio técnico pude verificar a diferença entre os ensinos

profissionalizante e técnico. No técnico havia cálculos teóricos mais complexos para

fazer; lá pude estudar na área mais técnica que abrangia temas como eletrônica

digital, telecomunicações, componentes eletrônicos, funcionamentos e aplicações

(mais teoria do que laboratório, prática, oficina). No curso técnico enfrentei as

primeiras dificuldades com disciplinas como física, química, matemática mais

complexa (direcionada para o segundo grau, mas também para o ensino técnico),

desenho, entre outras disciplinas. A linguagem e os termos técnicos utilizados pelos

professores muitas vezes não eram entendidos por mim; porém, no início do curso,

a grande maioria dos alunos tinha receio, vergonha ou algum outro constrangimento,

e acabavam não formulando perguntas. Depois de alguns meses, no primeiro

trimestre, os alunos passaram a fazer perguntas, evoluindo gradativamente.

Uma outra dificuldade que tive foi entrar no mercado de trabalho para

realizar o estagiário obrigatório. A grande maioria das empresas pedia experiência

na área; porém esse ponto é bastante complexo para quem está começando, pois

não a tem. Nesse momento, eu entendia que deveria valorizar o curso

profissionalizante e o técnico e mostrar que nas oficinas e laboratórios já tinha

passado por experiências, mesmo sendo acadêmicas. Outro ponto que tentava

demonstrar na entrevista era a grande vontade de aprender.

Dentro da indústria, o técnico tinha salários maiores, tinha prestígio e

conceito técnico diferenciados. Ao aluno, no final do curso, eram conferidos dois

certificados: um de segundo grau (chamado hoje de ensino médio) e outro do curso

Técnico em Eletrônica (ensino técnico).

Mas o meu maior sonho era estudar na ETEC (Escola Técnica de

Campinas) - São José; porém, como eu já fazia SENAI e também trabalhava com o

meu pai no período da tarde, só restava o período noturno para estudar. Nessa

época, os cursos da ETEC eram ministrados nos períodos diurno e noturno.

Percebi bem cedo o quanto era difícil estudar em duas instituições e

trabalhar ao mesmo tempo. Verifiquei, também, que o nível dos professores no

curso técnico era outro: já se iniciava um contato direto com engenheiros da

indústria e com assuntos mais técnicos. Quantos e quantos colegas de sala

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acordavam às 4h00 da manhã e iam dormir por volta das 23h30, conseguindo um

sono de menos de 5 horas por dia. Nesse curso técnico eu senti que seria possível o

meu desenvolvimento humano e profissional.

Quando eu terminei o SENAI, em meados de 1989, comecei a trabalhar na

empresa Sede Informática e Engenharia, em Valinhos/SP, começando como

estagiário e saindo da empresa para um novo desafio como técnico. Nesse

momento da minha carreira, eu já havia sentido o peso e a importância de ter feito

um curso profissionalizante e um curso técnico.

Desde o começo, nos meus primeiros passos (jardim de infância), depois

passando por SESI, SENAI, ensino profissionalizante, ensino técnico, graduação em

engenharia, pós-graduação técnica, gestão e educação, como aluno e professor,

venho estado ao lado das dificuldades dos alunos, professores, instituições de

ensino e mercado de trabalho, inclusive participando de melhoria no ensino e

aprendizagem durante toda a minha carreira, que acumula 32 anos de experiência

prática. Desde o meu início, até hoje como mestrando e educador, são 37 anos de

trajetória.

FIGURA 17 - Entrega do Diploma do Segundo Grau e Técnico

Fonte: Arquivo pessoal

No quarto ano do curso técnico, e já trabalhando na área desde o segundo

ano, tive algumas dificuldades na escolha do curso superior, ficando em dúvida entre

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os seguintes cursos: Engenharia Elétrica modalidade Eletrônica, Engenharia Civil e

Arquitetura. Mas o meu destino, com toda certeza, seria a área de exatas. Prestei

vestibular na USF (Universidade São Francisco).

Cursei dois anos de Engenharia Civil e depois pedi transferência para

Engenharia Elétrica modalidade Eletrônica; esse era o caminho, estava convicto da

minha aptidão e vontade para a área técnica.

Quando cursei Engenharia, a duração era de seis anos. A tecnologia vinha

sendo um aprendizado bastante técnico, e com professores ainda com um nível

acadêmico maior do que o técnico. Os docentes eram especialistas, mestres e

doutores nas suas respectivas áreas de atuação. A exigência e a cobrança quanto

ao aprendizado eram grandes.

Verifiquei que a parte técnica era de alto nível, mas faltava um pouco de

algumas disciplinas que entendo imprescindíveis para qualquer curso: filosofia,

psicologia e gestão de pessoas, principalmente os da área de exatas. Essas, a meu

ver, são essenciais para os cursos profissionalizantes, técnicos, de graduação ou

pós-graduação.

Enquanto estudava no curso de Engenharia Elétrica modalidade Eletrônica,

trabalhei aproximadamente 6 anos no DAEV (Departamento de Águas e Esgotos de

Valinhos), iniciando em 1993, na área de TI (Tecnologia da Informação) e estudava

à noite. Comecei a carreira como Assistente Administrativo, alcancei o cargo de

Chefe de Processamento de Dados e Suporte e me despedi da empresa em 1998

para um novo desafio. Consegui me desenvolver, traçando uma estratégia e

alcançando a evolução de uma carreira profissional em um pouco mais da metade

de uma década, dentro de uma única empresa.

A graduação novamente me abriu as portas para crescer ainda mais no

mercado corporativo.

Fui trabalhar em uma multinacional norte-americana no segmento elétrico-

automotivo, na área de Engenharia de Manufatura, em 1999, como estagiário. Eu

teria 7 meses para demonstrar o meu trabalho em uma multinacional, mesmo tendo

trabalhado em uma empresa nacional e pública. A diferença de cultura, segmento,

atuação, era grande, mas é da dificuldade e do desafio que chegamos ao sucesso.

Eu cuidava dos projetos das linhas de produção do segmento automotivo,

tendo trabalhado para como clientes como Mercedes-Benz Brasil, Volkswagen Brasil

e Alemanha, Valeo, entre outras. Todos os ensinamentos do curso

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profissionalizante, técnico e de engenharia foram aplicados e utilizados nos projetos

em que fui envolvido e responsável.

Em 1999 eu me formei e em 2001 já iniciava um pós-graduação em

Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações no INATEL (Instituto

Nacional de Telecomunicações), pois o Brasil, naquele momento, estava precisando

de engenheiros da área de telecomunicações. Interrompi o curso para ir trabalhar na

Alemanha; decisão difícil, porém, assertiva. Quando retornei ao Brasil, já procurei o

INATEL e 6 meses depois voltei ao curso em outra turma, finalizando o curso em

2003.

Também tive oportunidade de passar algumas semanas na Argentina.

A pressão era grande por resultados da empresa e no mercado em geral

faltavam gratidão, aproximação, afetividade, compromisso social, preocupação com

as pessoas, apoio aos menos favorecidos, dar importância ao

colaborador/profissional de verdade.

Crescendo na carreira, senti a necessidade de uma segunda pós-graduação,

não mais técnica, como a primeira, mas numa na área de gestão. Pesquisei muito

quanto ao que era mais adequado para minha carreira e concluí que o curso de

Gestão Empresarial da FGV (Fundação Getúlio Vargas) era o mais indicado.

Comecei em 2004 e finalizei em 2005.

Aprendi muito sobre gestão e, ao chegar ao final do curso, outra

oportunidade: fui convidado para lecionar na instituição, uma das mais renomadas e

reconhecidas em gestão e administração, mundialmente falando.

Eu já tinha muito contato com treinamentos na época e trabalhava como

gerente industrial em uma multinacional. Eu era responsável pela área técnica na

empresa, respondia pela produção, manutenção e engenharia de manufatura.

Esse convite aconteceu em 2006, quando comecei a minha carreira

acadêmica e me identifiquei por completo com a área de educação. Depois que

iniciei na instituição FGV, outros convites vieram.

Em 29/8/2015 teve uma festa de encontro dos ex-alunos, professores,

merendeiras, coordenadores e diretora do SESI “299”. Foi feita até a polenta com

carne moída, muito parecida com aquela servida aos alunos na época em que lá

estudávamos. Teve a presença de emissora de rádio, autoridades como prefeito,

vice-prefeito, presidente da Câmara Municipal de Valinhos, a banda municipal, a

fanfarra do SESI e um memorial com fotos dos seus alunos nas últimas décadas.

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122

Esse evento mostra a importância da escola e da educação na vida das

pessoas e quanto é importante viver esse momento único. Houve a participação de

muitos alunos. Eu recebi um presente no dia: fui convidado para uma entrevista com

o presidente da Rádio Valinhos FM (105,9MHz) e radialista, Dunga Santos, que, por

sua vez, é pai de um dos meus amigos com que estudei no SESI.

FIGURA 18 - Festa dia 29/8/2015 de ex-alunos do SESI 299 e professores.

Fonte: Arquivo pessoal

FIGURA 19 - Festa dia 29/8/2015 de ex-alunos do SESI 299. Entrevista que concedi a Dunga Santos, presidente da Rádio Valinhos FM (105,9MHz) e radialista

Fonte: Arquivo pessoal

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FIGURA 20 - Dunga Santos, presidente da Rádio Valinhos FM (105,9MHz) e radialista

Fonte: Google

Em 2016 eu completarei 10 anos de carreira acadêmica trabalhando com

cursos profissionalizantes, técnicos, graduação e pós-graduação. Também tive a

oportunidade e o presente de ser convidado por várias revistas, jornais, sites, rádio e

TV, totalizando 200 publicações da minha autoria.

Nesses anos tive a oportunidade de vivenciar muitas necessidades dentro

das salas de aula, desenvolvimento de competências e habilidades para os alunos,

dentre elas as psicossociais como traumas, afetividade, relacionamentos pessoais e

interpessoais, confiança, conflitos internos e externos, ética, honestidade.

Ao longo desses anos trabalhei na RMC (Região Metropolitana de

Campinas) nos seguintes cursos e instituições:

(i) Cursos Profissionalizantes:

a) COPE - Centro de Orientação Profissional e Empresarial - Campinas/SP;

b) MESTRA - Cursos Profissionalizantes Campinas - Campinas/SP;

c) CEPROVI - Centro de Educação Profissional de Vinhedo - Vinhedo/SP -

Programa Menor Aprendiz;

(ii) Cursos Técnicos:

a) ESATEC EDUCACIONAL - Cursos Técnicos - Campinas/SP;

b) Colégio Florestan Fernandes - Valinhos/SP;

c) CEPROVI - Centro de Educação Profissional de Vinhedo - Vinhedo/SP;

d) ETEC de Campinas - Campinas/SP;

(iii) Cursos de Graduação:

a) FAJ - Faculdade Politécnica de Jundiaí - Jundiaí/SP;

b) FAV - Faculdades Anhanguera Valinhos - Valinhos/SP;

c) UNISAL - Centro Universitário Salesiano de São Paulo - Campinas/SP;

d) Universidade São Marcos - Paulínia/SP;

e) USF - Universidade São Francisco - Campinas/SP;

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f) Grupo Anhanguera/Kroton - Campinas/SP;

(iv) Cursos de Pós-Graduação - Especialização:

a) FGV - Fundação Getúlio Vargas - Campinas, Limeira, Americana, Jundiaí e

Piracicaba/SP;

b) SENAC - Campinas/SP;

c) FAJ - Faculdade Politécnica de Jundiaí - Jundiaí/SP;

d) FAV - Faculdades Anhanguera Valinhos - Valinhos/SP;

e) UNISAL - Centro Universitário Salesiano de São Paulo - Campinas/SP;

f) Pragma Academy - Campinas/SP;

g) FAJ - Faculdade de Jaguariúna - MBA - Pós-Graduação - Jaguariúna/SP;

h) METROCAMP - Grupo IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) -

Campinas/SP.

Quando comecei a lecionar na FGV, eu vi que minha aptidão para a

Educação era grande e que sempre fiz o possível para transmitir aos meus alunos

os melhores ensinamentos.

Em todo esse tempo, venho procurando me aperfeiçoar e, como sempre

planejei a minha carreira, em 2011 entrei no Programa de Mestrado em Psicologia

na USF como aluno regular na cidade de Itatiba/SP. Cursei um ano, mas não me

adaptei ao Programa.

Na sequência, em 2012 entrei no Programa de Mestrado em Educação

Sóciocomunitária em Americana/SP, Instituição Salesiana de que faço parte desde

2010 como docente dos cursos técnicos e de pós-graduação.

Este curso me forneceu ferramentas para avaliar, medir e aprimorar o ensino

em sala de aula e averiguar possíveis melhorias de desenvolvimento humano e

profissional. Eu cursei seis disciplinas: Metodologia da História da Educação,

História da Educação Brasileira, Epistemologia e Educação, História da Educação

Salesiana e Sóciocomunitária, Psicologia Social e Comunitária e Seminário de

Pesquisa.

Como professor nos cursos técnicos de administração, segurança do

trabalho, logística e informática na ETEC do São José, tive a oportunidade de

trabalhar com alunos dos períodos diurno e noturno. A diferença entre eles era

grande: os do diurno, na sua grande maioria, somente estudavam e estavam nas

classes média e alta; os do noturno, por sua vez, na sua grande maioria trabalhavam

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125

o dia todo e estudavam à noite. A diferença de idade entre os alunos desses

períodos era significativa: os do diurno eram mais jovens (faixa etária até 23 anos);

os do noturno eram mais velhos (de 23 anos em diante, chegando até 50 anos).

Outra diferença marcante entre os alunos desses períodos era a experiência de

mercado: os do diurno quase sempre não tinham experiências, ao passo que os do

noturno, em sua grande maioria, eram bem experientes. Além desse curso técnico,

trabalhei em outras instituições de ensino como ESATEC EDUCACIONAL, Colégio

Florestan Fernandes e CEPROVI. Nos cursos profissionalizantes trabalhei no COPE,

MESTRA e CEPROVI. Essas experiências foram fantásticas, e me ajudaram nessa

pesquisa/projeto.

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ANEXO II – QUADRO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL –

HABILITAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA EM FABRICAÇÃO MECÂNICA –

Turmas Iniciadas em 2016 Eixo Tecnológico: Produção Industrial

Horário das aulas: Manhã 7h às 11h30 – (4 dias por semana, com 5 aulas de 50 minutos)

Tarde 13h30 às 17h10 -(5 dias por semana, com 4 aulas de 50 minutos) Período: DIURNO Módulo: 40 SEMANAS ANUAIS

COMPONENTES CURRICULARES

AULAS SEMANAIS CARGA HORÁRIA ANUAL

TO

TA

IS

Cate

go

ria d

a

Dis

cip

lin

a

MÓDULO I MÓDULO

II MÓDULO I MÓDULO

II

2016 2017 2016 2017

1º Ano 2º Ano 1º Ano 2º Ano

Desenho Assistido por Computador - 02 - 80 80

Dis

cip

lin

as d

e C

ará

ter

Prá

tico

55%

)

Desenho Técnico 02 - 80 - 80

Elementos de Máquinas 01 - 40 - 40

Manufatura Assistida por Computador - 02 - 80 80

Metrologia 02 - 80 - 80

Processos de Usinagem 04 04 160 160 320

Programação CNC - 02 - 80 80

Projeto Multidisciplinar - 01 - 40 40

Recursos Computacionais 01 - 40 - 40

Resistência dos Materiais - 02 - 80 80

Organização, Higiene e Seg. no Trabalho 01 01 40 40 80

Dis

cip

lin

as d

e C

ará

ter

Teó

rico

(45%

)

Calculo Técnico Aplicado 02 02 80 80 160

Controle Estatístico do Processo - 02 - 80 80

Espanhol - 01 - 40 40

Inglês 01 - 40 - 40

Introdução ao Pensamento Filosófico 01 - 40 - 40

Metodologia do Trabalho Científico 01 - 40 40

Planejamento do Processo 02 - 80 - 80

Problemas do Homem Contemporâneo - 01 - 40 40

Tecnologia da Usinagem de Metais 02 - 80 - 80

TOTAL GERAL DA CARGA HORÁRIA 20 20 800 800 1600 100

%

Fundamentação Legal: Lei Federal 9394/96 - Decreto Federal 5.154/2004 Res. CNE/CEB 6/2012 Parecer CNE 11/2012 Ind. CEE 8/2000 aprovada 05/07/2000

Campinas, 28 de janeiro de 2016

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ANEXO III – QUADRO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL –

HABILITAÇÃO PROFISSIONAL – TÉCNICA EM ELETROELETRÔNICA

Turmas Iniciadas em 2016 Eixo Tecnológico: Controle e Processos Industriais

Horário das aulas: Manhã 7h às 11h30 –(4 dias por semana, com 5 aulas de 50 minutos) Tarde 13h30 às 17h10 -(5 dias por semana, com 4 aulas de 50 minutos)

Período: DIURNO Módulo: 40 SEMANAS ANUAIS

COMPONENTES CURRICULARES

AULAS SEMANAIS CARGA HORÁRIA

ANUAL

TO

TA

IS

Cate

go

ria

da

Dis

cip

lin

a

MODULO I MODULO II MODULO I MODULO II

2016 2017 2016 2017

1º Ano 2º Ano 1º Ano 2º Ano

Comandos / Eletro pneumática 02 - 80 - 80

Dis

cip

lin

as d

e C

ará

ter

Prá

tico

(62,5

%)

Desenho Assistido por Computador

- 01 - 40 40

Desenho Técnico 02 - 80 - 80

Eletricidade Básica 02 - 80 - 80

Eletricidade Industrial - 02 - 80 80

Eletrônica Analog/Dig 02 02 80 80 160

Eletrônica de Potência - 02 - 80 80

Instalações Elétricas 02 - 80 - 80

Laboratório de Eletrônica Digital - 02 - 80 80

Linguagem de Programação - 02 - 80 80

Lógica de Programação de PLC - 02 - 80 80

Projeto Multidisciplinar - 02 - 80 80

Administração Organização e Normas

01 01 40 40 80

Dis

cip

lin

as d

e C

ará

ter

Teó

rico

(37,5

%)

Algoritmos e Estrutura de Dados 01 - 40 - 40

Arquitetura de Computadores 02 - 80 - 80

Arquitetura Flexível de Manufatura - 01 - 40 40

Cálculo Técnico Aplicado 02 01 80 40 120

Espanhol - 01 - 40 40

Inglês 01 - 40 - 40

Introdução ao Pensamento Filosófico

01 - 40 - 40

Metodologia do Trabalho Científico 01 - 40 40

Problemas do Homem Contemporâneo

- 01 - 40 40

Recursos Computacionais 01 - 40 - 40

TOTAL GERAL DA CARGA HORÁRIA

20 20 800 800 1600 100%

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128

Fundamentação Legal: Lei Federal 9394/96 - Decreto Federal 5.154/2004 Res. CNE/CEB 6/2012 Parecer CNE 11/2012 Ind. CEE 8/2000 aprovada

05/07/2000

Campinas, 28 de janeiro de 2016

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129

ANEXO IV – QUADRO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL –

HABILITAÇÃO PROFISSIONAL – TÉCNICA EM INFORMÁTICA

Turmas Iniciadas em 2016 Eixo Tecnológico: Informação e Comunicação

Horário das aulas: Manhã 7h às 11h30 –(4 dias por semana, com 5 aulas de 50 minutos) Tarde 13h30 às 17h10 -(5 dias por semana, com 4 aulas de 50 minutos)

Período: DIURNO Módulo: 40 SEMANAS ANUAIS

COMPONENTES CURRICULARES

AULAS SEMANAIS CARGA HORÁRIA ANUAL

TO

TA

IS

Cate

go

ria d

a

Dis

cip

lin

a

MODULO I MODULO II MODULO I MODULO II

2016 2017 2016 2017

1º Ano 2º Ano 1º Ano 2º Ano

Algoritmos e Ling. de Programação 04 02 160 80 240

Dis

cip

lin

as d

e C

ará

ter

Prá

tico

(75%

)

Arquitetura de Redes 03 120 - 120

Banco de Dados - 02 - 80 80

Desenv. Aplicações p/ Dispositivos Móveis

- 04 - 160 160

Desenv. de Aplicativos 04 04 160 160 320

Projeto Multidisciplinar - 03 - 120 120

Tópicos em Computação 04 02 160 80 240

Adm. Organização e Normas 01 01 40 40 80

Dis

cip

lin

as d

e C

ará

ter

Teó

rico

(25%

)

Cálculo Técnico 01 - 40 40

Espanhol - 01 - 40 40

Inglês 01 - 40 - 40

Introdução ao Pensamento Filosófico

01 - 40 - 40

Metodologia do Trabalho Científico 01 - 40 40

Problemas do Homem Contemporâneo

- 01 - 40 40

TOTAL GERAL DA CARGA HORÁRIA

20 20 800 800 1600 100%

Fundamentação Legal: Lei Federal 9394/96 - Decreto Federal 5.154/2004 Res. CNE/CEB 6/2012 Parecer CNE 11/2012 Ind. CEE 8/2000 aprovada

05/07/2000

Campinas, 28 de janeiro de 2016

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130

ANEXO V – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO – ESCOLA SALESIANA

SÃO JOSÉ – CPDB

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ANEXO VI – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO – PROF. DO CPDB

MARCELO LUIS PRATA VIEIRA

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132

ANEXO VII – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO – PROF. DO CPDB

GERSON ZANCA

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133

ANEXO VIII – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO – ASSISTENTE

SOCIAL DO CPDB MARIA AMÁLIA DE O. CASTRO

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134

ANEXO IX – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO – PROF.

COORDENADOR DO CPDB REINALDO JOSÉ MATOS

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ANEXO X – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO – PROFESSOR

RODRIGO TARCHA A. DE SOUZA