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Londrina, 22 de outubro de 2014 Nº 1.323 Universidade Estadual de Londrina Com a criação do sítio Mata Atlântica do Norte do Paraná (MANP), a UEL passa a fazer parte do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), do CNPq, uma rede internacional de pesquisa do ecossistema. O MANP será o único do país a acompanhar a evolução de áreas de restauração ecológica nas próximas décadas. Págs. 4 e 5 UEL vai monitorar a dinâmica das florestas

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Page 1: Noticia 1323

Londrina, 22 de outubro de 2014 • Nº 1.323

Universidade

Estadual de Londrina

Com a criação do sítio Mata Atlântica do Norte do

Paraná (MANP), a UEL passa a fazer parte do Programa

de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), do

CNPq, uma rede internacional de pesquisa do ecossistema.

O MANP será o único do país a acompanhar a evolução

de áreas de restauração ecológica nas próximas décadas.

Págs. 4 e 5

UEL vai monitorar adinâmica das florestas

Page 2: Noticia 1323

2 NOTÍCIA - 22 de outubro de 2014

EXPEDIENTE

• Redação:Chico Amaro, José de Arimathéia, Mirian Peres da Cruz e Pedro

Livoratti.

• Diagramação/Editoração: Moacir Ferri e Nadir Chaiben.

• Fotógrafos: Beatriz Botelho, Daniel Procopio e Gilberto Abelha.

UEL – Campus Universitário – CP. 6001 – CEP 86051-990 – Londrina – PR

Telefones: (43) 3371-4361 – 3371-4115 - [email protected]

MEIO AMBIENTE

Universidade

Estadual de Londrina• Coordenadora: Ligia Barroso• Chefe da Divisão de Jornalismo: Irene Fonçatti• Editor: Celso Mattos

COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Reitora: Berenice Quinzani Jordão

Vice-Reitor: Ludoviko Carnasciali dos Santos

CELSO MATTOS

É cada vez mais comum a presençados geógrafos nos estudos sobre

saúde, em especial, no que se refere àabordagem da dinâmica espacial dascidades. “A saúde é uma construçãosociocultural na qual o espaço físico de-sempenha um papel fundamental”, afir-ma a professora Márcia Siqueira de Car-valho, do Departamento de Geociências(CCE), que coordena o grupo de estudossobre “Geografia e Saúde” e também éresponsável pelo projeto de pesquisa “Oslugares e a saúde: as academias ao arlivre na cidade de Londrina”.

Segundo a professora, este grupo foicriado com o objetivo de discutir comoa Geografia pode contribuir na preven-ção e promoção da saúde em Londrina.“Mas o grupo está aberto à participa-ção de outros profissionais que tenhaminteresse neste tema”, informa. Elaacrescenta que a saúde e as condiçõesambientais e de vida das pessoas estãoassociados aos lugares onde elas vi-vem, não somente nas suas residênci-as, mas nos espaços públicos comoruas, praças e locais para práticas deatividades físicas ao ar livre.

A professora destaca que para umacidade promover a saúde de seus habi-tantes ela precisa garantir segurançaaos moradores. “Se as calçadas estive-rem cheias de buracos e as ruas nãoforem bem iluminadas, mesmo aquelaspessoas que moram a 1 quilômetro dosupermercado vão pegar o carro parafazer compras. Com isso, essas pessoasvão usar mais o carro e caminhar me-nos”, exemplifica. O mesmo acontececom as ciclovias. “Para incentivar aspessoas a andar mais de bicicletas épreciso oferecer condições seguras paraelas.“Uma criança, por exemplo, pode-ria ir de bicicleta para escola, mas os paisnão deixam porque têm medo devido àviolência no trânsito ou que ela sejavítima de outros tipos de violência”, dizMárcia Carvalho.

A professora ressalta que espaço

“Se as calçadasestiverem cheias de

buracos e as ruas nãoforem bem

iluminadas, mesmoaquelas pessoas que

moram a 1 quilômetrodo supermercado vão

pegar o carro parafazer compras.Com isso, essas

pessoas vão usar maiso carro e caminhar

menos”

O espaço e a saúdeGrupo de estudos em Geografia e Saúde, coordenado pelaprofessora Márcia Siqueira de Carvalho, do Departamento

de Geociências (CCE), discute o papel do geógrafo naprevenção e promoção da saúde em Londrina

seguro para praticar atividades físicasalém de promover a saúde e,consequentemente, prevenir doenças,possibilita às pessoas a socialização en-tre os frequentadores daquele local. Umexemplo são as academias ao ar livreonde as pessoas podem se exercitarperto de suas casas e de graça. “Mas oslocais de instalação precisam ser muitobem avaliados para que o acesso a elasseja facilitado”, observa. Segundo ela,Londrina conta um número bom de aca-demias ao ar livre, mas faltam estudospara mapear e contextualizar os bairrospara verificar o uso e a articulação des-sas academias com as políticas públicas.“Estou com um orientando de IniciaçãoCientífica que está fazendo uma pesqui-sa interessante sobre essas academias”,comenta a professora.

GRUPOS - Além disso, a cidadeprecisa estimular a criação de grupos decaminhadas e corridas, o que é muitocomum na Europa. “Em Londrina temosalguns grupos como, por exemplo, oLondrinapé que todos os domingos fazcaminhadas rurais e reúne cerca de 50participantes”, informa. “Esta é uma dasformas que o geógrafo pode contribuirna promoção da saúde e na prevençãode doenças”, acrescenta.

Foi para debater esses e outros te-mas que foi criado o grupo Geografia eSaúde que se reúne todas às segundas-feiras à tarde no Departamento deGeociências (CCE) e está aberto a par-ticipantes de outras áreas. Para funda-mentar o debate, a professora indicatextos para leituras e filmes para seremassistidos. Já foram debatidos filmescomo “Epidemia”, “Erin Brockovich” e“Brincando nos Campos do Senhor” querelacionam doença e meio ambiente.Mas o grupo discute ainda o SistemaÚnico de Saúde (SUS), as UnidadesBásicas de Saúde (UBS), o ConselhoMunicipal de Saúde e papel dos Agentesde Saúde, entre outros.

O estudante Pedro Henrique LimaLacerda, do 1º ano do curso de Geogra-fia, é um dos participantes do grupo.“Entrei no grupo porque tenho muitointeresse nesta área e pretendo desen-

volver pesquisas sobre geografia e saú-de. As discussões e a troca de ideias nogrupo têm me ajudado muito”, afirma.A professora de Geografia da RedePública, Sandra Mara de Araújo, en-trou no grupo em busca de atualização.“Tudo o que eu aprendo aqui acabaenriquecendo minhas aulas, além deestimular meus alunos que são criançase adolescentes a debaterem os proble-mas da cidade”, ressalta.

A professora Márcia Carvalho (em pé) com os participantes do grupo

A cidade precisa oferecer espaços seguros que estimulem as pessoasa praticarem caminhadas ou outras atividades físicas

Departamento de Geociências (CCE)- Fone: (43) 3371-4246.

Serviço:

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22 de outubro de 2014 - NOTÍCIA 3TECNOLOGIA

CELSO MATTOS

O tratamento para doenças de peleganha um aliado importante que

dispensa, inclusive, a presença do paci-ente. Com auxílio da computação grá-fica e da inteligência artificial é possívelmensurar o tamanho das lesões e cola-borar com os profissionais da área desaúde. Esta é a proposta da dissertaçãode mestrado “Diferentes abordagenspara segmentação de imagens de le-sões de pele em membros inferiores”,do estudante José Luis Seixas Júnior,que deve ser defendida em fevereirodo próximo ano no programa de pós-graduação em Ciências da Computa-ção, do Centro de Ciências Exatas(CCE), com orientação do professorAlan Salvany Felinto.

A pesquisa é parte de um outrogrande projeto do Departamento deFisioterapia (CCS) sobre “Terapia comdiodos emissores de luz no tratamentode úlceras em indivíduos com insufici-ência venosa”, do qual participam do-centes e estudantes dos cursos deFisioterapia, Medicina, Física, Ciênciada Computação, entre outros, que teveinício em 2010. Segundo o professor

“Com imagens das

diferentes fases da

lesão – antes e

depois do

tratamento – é

possível fazer uma

espécie de métrica e

mensurar se ela está

reduzindo e de

quanto foi esta

redução. Desta

forma, é possível

avaliar se o

tratamento adotado

está dando

resultado. É uma

ferramenta que

auxilia na decisão

do médico”

Computação auxiliano tratamento

de lesões de pelePesquisa do programa de pós-graduação em Ciências

da Computação (CCE) desenvolve software capazde mensurar a redução das lesões e apontar

se o tratamento está dando resultadosAlan Felinto, este grupo estudou o usoda luz de LED na regeneração deúlceras na pele e a eficácia deste tra-tamento foi comprovada, mas era pre-ciso que essas lesões fossem classifi-cadas para avaliar como ocorre estaregeneração e em que proporção. “Acomputação entrou no projeto comoferramenta para classificar e validar oprocesso de recuperação das lesões”,explica o professor.

As lesões são fotografadas em hos-pitais, clínicas ou até mesmo na casa dopaciente e, posteriormente, enviadas aogrupo da computação para que possamser analisadas com a ajuda de softwaresde computação gráfica e de inteligênciaartificial. A pesquisa do mestrando JoséLuis consiste justamente nas diferentesabordagens das imagens destas lesões.“Com imagens das diferentes fases dalesão – antes e depois do tratamento –é possível fazer uma espécie de métricae mensurar se ela está reduzindo e dequanto foi esta redução. Desta forma, omédico pode avaliar se o tratamentoadotado está dando ou não resultado,portanto, é uma ferramenta que auxiliana decisão do profissional da saúde”,diz José Luis.

O professor Sylvio Barbon Júnior,do Departamento de Computação, quecolabora com a pesquisa, destaca queesta medição é automatizada, precisa esem interferência ambiental. “Issoindepende da qualidade da foto, se elafoi tirada com flash ou não, se tem umlençol de fundo ou não. É lógico queuma imagem da lesão mais limpa, comfundo neutro, facilita muito o trabalhode análise da ferida, mas o software écapaz de eliminar as ‘sujeiras’ da fotoe ler apenas o que realmente interes-sa”, explica o professor.

SUBJETIVIDADE - Segundo oestudante José Luis, além de facilitar otrabalho do médico, a análisecomputacional da lesão é isenta desubjetividade. “Não podemos esquecerque o médico é um ser humano e quesua leitura de uma imagem pode sofrerinterferência de horas consecutivas detrabalho e do próprio estresse da profis-são, por isso, a análise dada pela com-putação é mais precisa, cabendo aomédico apenas o diagnóstico propria-mente dito com mais rapidez e preci-são”, ressalta o mestrando. “Além dis-so, essas lesões duram anos e por meioda computação é possível fazer a medi-ção destas lesões a cada 15 dias, forne-cendo ao médico dados atualizados esegmentados da regeneração ou nãodessas úlceras”, acrescenta.

Como são lesões que duram muitotempo, o mestrando diz que é possívelarmazenar um banco de imagens deum mesmo paciente e fornecer aomédico periodicamente, assim ele temuma base dados atualizada e precisada recuperação das lesões. “Além decolaborar com o médico, é tambémuma forma de arquivar dados parapesquisas futuras”, diz. O professorAlan Felinto acrescenta que outra van-tagem é a troca de informações entremédicos de diferentes cidades e paí-ses. “É a chamada telemedicina naqual o médico pode repassar via compu-tador para outro médico o banco de

imagens de um determinado paciente”.Essas imagens oferecem ao médico

dados sobre coloração, área em centí-metros, fases das lesões, cabendo aomédico a interpretação desses dados.José Luis ressalta que sua pesquisa serestringe às lesões de membros inferio-res, mas o software está programadopara análises de feridas em qualquerparte do corpo. “O que nós precisamosé apenas de fotos das lesões que serãosegmentadas e, posteriormente, anali-sadas. Nós treinamos a máquina a re-conhecer o que na imagem é lesão e oque são “ruídos de imagens” como porexemplo, a pessoa que está demarcan-do a área da ferida está usando umesmalte vermelho na unha ou tem umabolsa de cor amarela no fundo da foto,etc. Por isso, precisamos segmentar aimagens e ensinar o computador a reco-nhecer e analisar apenas a lesão, destaforma não teremos interferência dedados”, explica o estudante.

Departamento de Computação (CCE).Fone (43) 3371-4678.

Serviço:

Os professores Sylvio Barbon eAlan Felinto e o estudante JoséLuis (à esquerda): imagens daslesões são segmentadas eanalisadas com precisão

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4 NOTÍCIA - 22 de outubro de 2014 PESQUISA

MIRIAN PERES DA CRUZ

Hoje, o mundo enfrenta desafios do ponto de vistaambiental que exigem cada vez mais intervenção de

pesquisas, com o objetivo de frear as ocorrências dedegradação de remanescentes florestais. O foco é prote-ger a diversidade de ecossistemas brasileiros que resisteàs intempéries do progresso em ritmo acelerado, soma-dos ao crescimento desordenado das cidades. Esse é oobjetivo do Programa de Pesquisa Ecológica de LongaDuração (PELD), da organização internacional Long TermEcological Research (ILTER). A UEL passa a integrar oprograma internacional com a criação do sítio MataAtlântica do Norte do Paraná (MANP).

A proposta é avaliar a evolução das populações devegetais, fauna e flora, inclusive em regiões de refloresta-mento de Londrina e região. Com isso, será possíveltambém gerar conhecimento para a construção de modelosde desenvolvimento sustentável, visando a proteção epreservação de territórios ricos em biodiversidade. “O fatode ser de longa duração vai ajudar a entender como o quesobrou da Mata Atlântica e áreas que estão sendo recupe-radas vão reagir às transformações globais, entre elas asmudanças climáticas”, aponta o coordenador do MANP, oprofessor José Marcelo Domingues Torezan, do Departa-mento de Biologia Animal e Vegetal (CCB) que também atuano Laboratório de Biodiversidade e Restauração deEcossistema (LABRE).

Além do Parque Estadual Mata dos Godoy, o MANP vaienvolver ainda o Reservatório Capivara, localizado no RioParanapanema. O professor José Marcelo explica que oParque Estadual Mata dos Godoy se posiciona comoreferência, um padrão de comparação para as localidadesmenores, em função do nível de conservação do local. Oparque é hoje a maior área de conservação de Mata Atlânticada região, com mais de 600 hectares de mata. Outra

O Mata Atlântica do Norte do Paraná (MANP), do CCB, vai monitorar a dinâmica dos fragmentos florestaisO sítio pertence ao Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), do CNPq, e será o único do país

UEL integra rede internacional de

localidade que o grupo elegeu como referência externa é oParque Nacional do Iguaçu. O parque abriga um tipo deMata Atlântica que já existiu na região norte do estado.

Portanto, segundo o professor, a conservação a longoprazo da Mata Atlântica depende de saber “o que estáocorrendo, e, eventualmente, decidir se deve haver inter-venção ou não”. Para tanto, os pesquisadores do MANPvão instalar amostras permanentes de pesquisas, comdelimitação por meio de estacas e o uso de GPS, que vãopermitir o estudo e a avaliação periódica na região. “Serápossível refazer e mesma pesquisa constantemente, po-dendo se observar padrões de mudanças com um prazomais longo, o que não acontece normalmente”, salientaJosé Marcelo.

Ele ressalta ainda que o programa PELD permite acom-panhar os inúmeros processos de mudanças na natureza, quesão “supra-anuais”. Inicialmente, o MANP vai contar comrecursos de pouco mais de R$ 312 mil. O programa éexecutado pelo Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq), junto com o Ministério daCiência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e as fundaçõesestaduais de amparo à pesquisa. As áreas selecionadas paraos estudos do MANP já foram estudadas pelos pesquisado-res da UEL. “Já temos uma grande quantidade de dados deLondrina e região sobre Mata Atlântica e reflorestamentoambiental”, acrescenta o coordenador do MANP.

No país, o desafio é ainda gerar conhecimento qualifica-do acerca das dezenas de ecossistemas que constituem abiodiversidade. No caso, o MANP é o único do Brasil que temo objetivo direto de monitorar, além dos fragmentos de MataAtlântica, também as áreas de restauração ecológica. OMANP também é a possibilidade de reforçar o intercâmbiode pesquisa com outros sítios de dentro e fora do país. Aotodo no Brasil, a rede PELD conta com 31 sítios de pesquisadistribuídos em diversos ecossistemas brasileiros.

INTERCÂMBIO – “A ideia é a instalação de umprograma de pesquisa permanente, com a participação

constante de dezenas de professores, alunos da gra-duação, iniciação científica e pós-graduação da Uni-versidade”, acrescenta o professor. José Marcelo dizainda que a proposta é investir na interação comoutros públicos. Segundo ele, alunos do Ensino Médiode Londrina e região, pesquisadores de institutos depesquisa e órgãos públicos, além de profissionais deempresas ligadas à consultoria ambiental, visando aformação de recursos humanos fora do meio acadê-mico.

A expectativa é reunir todo o resultado da pesquisanum site oficial. Ficarão à disposição no sítio online,localização das amostras da pesquisa, relatórios peri-ódicos, cópias de publicações, os componentes daequipe da UEL e contatos em geral. “A partir de agoratodos os conjuntos de dados serão padronizados nomesmo formato de planilha, com organização dearquivo e disponível de forma pública”, comemoraJosé Marcelo. Portanto, a troca de experiências entrepesquisadores do mundo é outra vantagem do progra-ma PELD. “Vamos entrar em contato com quem estámonitorando Floresta de Araucária ou Floresta Ama-zônica em outros sítios do país e do mundo. Afinal, hápesquisadores na Malásia que monitoram florestatropical e também possui sítio de monitoramento”, dizJosé Marcelo.

Já o professor Luiz dos Anjos, do Departamentode Biologia Animal e Vegetal (BAV), reforça que oprograma visa a formação de recursos humanos dealto nível. Eles serão treinados a usar técnicas deavaliação ambiental e de restauração de ecossistemas.“O MANP é único no país que vai reunir essas duastécnicas essenciais para conservação dabiodiversidade”, salienta. A iniciativa representamelhorias no que diz respeito à infraestrutura ligada àIniciação Científica e pós-graduação. O professorobserva ainda que poucas universidades brasileirascontam com programa semelhante. “Londrina vai setornar um centro de formação nesta área”, constata.Enquanto colaborador do MANP, Luiz dos Anjos vai

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22 de outubro de 2014 - NOTÍCIA 5

O professor José Marcelo Torezané o coordenador do programa na UEL

Os sítios do programa Pesquisa Ecológica de LongaDuração (PELD), que já existem há mais de 20 anos, sãoecossistemas de áreas preservadas e não-preservadas,inclusive lugares que já são foco dos mais diversos estudosligados ao tema Ecologia. O programa visa o investimentona formação de uma rede de sítios de referência para apesquisa científica.

Além do MANP, da UEL, o Paraná abriga outros trêsPELDs: o ELFA-Floresta Araucária e Transposições-PR,cujo objetivo é monitorar o manejo sustentável da Florestade Araucária e transições, e o LAG-LAGAMAR, queabrange a região litorânea e serrana do Mar do Paraná, comconcentração de remanescentes de Mata Atlântica. Os doispertencem à Universidade Federal do Paraná (UFPR). E oterceiro, da Universidade de Maringá (UEM), o PIAP-Planície de inundação do alto Rio Paraná.

SELO - Outro destaque da iniciativa foi a criação doSelo PELD de qualidade de pesquisa. O selo foi criado em2009, com a ideia de certificar grupos ou instituições quedesenvolvam pesquisas e estudos no padrão de qualidadePELD. A concessão do selo independente de auxíliofinanceiro vindo do CNPq. Conforme informações doCNPq, hoje o comitê gestor do PELD investe na elabora-ção de uma série de critérios e procedimentos com focona concessão do selo.

PELD: décadas depesquisa ecológica

O International Long Term Ecological Research (ILTER)é a organização internacional que reúne 40 países mem-bros, e as respectivas redes nacionais de pesquisa emEcologia de Longa Duração. A missão do ILTER é buscarsoluções para problemas ambientais atuais e futuros, combase na visão da ciência como aliada nas soluções dasquestões ambientais e sócioecológicos. São promovidos,anualmente, encontros científicos para discussão dos te-mas das pesquisas. Este ano, o ILTER Annual Meeting vaiocorrer no Chile, em conjunto com o 1º All-ScientistsMeeting of the Americas, no período de 1º a 8 de dezembro.(Fonte: CNPq)

ILTER une40 países em redes

pesquisar nos locais selecionados as comunidades deinvertebrados, com o auxílio de Índices de Diversidade.

Além do coordenador, professor José MarceloDomingues Torezan, são colaboradores do MANP, daUEL, os professores do BAV, Carlos Eduardo deAlvarenga, Halley Caixeta de Oliveira, Edmilson Bianchini,José Antônio Pimenta, José Eduardo Lahóz da Silva,Luiz dos Anjos, Waldemar Zangaro Filho, e Silvia HelenaSofia, do Departamento de Biologia Geral, além dasbiólogas Alba Lúcia Cavalheiro, do LABRE, e MariaRosana Ferreira, do CCB. Também participam estudan-tes do curso de Ciências Biológicas e do Programa depós-graduação do CCB (mestrado e doutorado), entreeles Diego Resende Rodrigues, Fernanda Cristina Mar-ques, Renata Picolo Scervino, Letícia Romanovicz eRafael Campos de Barros.

Localização dos31 sítios doPrograma dePesquisa Ecológicade Longa Duração(PELD) no Brasil

Laboratório de Biodiversidade e Restauração deEcossistemas (LABRE) - Fone: (43) 3371-4855.

O Parque Estadual Mata dos Godoy é a maior área deconservação de Mata Atlântica da região,com mais de 600 hectares

Serviço:

pesquisa do ecossistema de Londrina e região, como é o caso do Parque Estadual Mata dos Godoy.

a acompanhar a evolução de áreas de restauração ecológica nas próximas décadas

PESQUISA

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6 NOTÍCIA - 22 de outubro de 2014 DESAFIO

CHICO AMARO

Trabalhoso é a palavra que melhordefine o futuro que a professora

Nilza Maria Diniz, do Departamento deBiologia Geral (CCB), prevê para osque se dedicam à área de estudos daBioética, na qual está envolvida desde1998, exercendo inúmeras funções eatividades, das mais cotidianas, relaci-onadas ao trabalho de ensino, pesquisae extensão na UEL, às de maior ampli-tude, como a participação em cargos deentidades e na organização de congres-sos nacionais e internacionais.

O grande trabalho que a professoraantevê para o futuro próximo dosbioeticistas diz respeito à consolidaçãodessa disciplina que toma elementos dasCiências Biológicas, Ciências da Saúde,Filosofia (Ética) e Direito para investi-gar as condições necessárias à adminis-tração responsável da vida humana, davida animal e do ambiente. “O que ve-mos é que diferentes concepções convi-vem na Bioética”, diz Nilza Diniz. “Paradar só um exemplo, estudiosos portu-gueses e de outros países europeus pa-recem ter um pensamento mais formalque o nosso, brasileiro. Nosso pensa-mento é mais diversificado”.

A lembrança dos portugueses noexemplo acima vem a propósito do re-cente VIII Encontro Luso-Brasileiro deBioética, realizado no mês passado emCuritiba, no qual a professora Nilza, porsua condição de membro da seçãoparanaense da Sociedade Brasileira deBioética, assumiu a coordenação cientí-fica, foi moderadora de uma mesa re-donda e ainda colaborou em outros as-pectos da organização. A maratona foigrande: simultaneamente, foram reali-zados o II Encontro Lusófono de Bioéticae o III Encontro Paranaense de Bioética.

O Encontro Luso-Brasileiro deBioética é um evento bienal realizadodesde o ano 2000, alternadamente noBrasil e em Portugal. O tema geraldeste ano foi “Bioética e Diversidade”,palavras que resumem a preocupaçãoexposta pela professora Nilza no iníciodeste texto: diante de uma crescentediversidade de situações e relações en-volvendo seres humanos, animais e omeio ambiente, qual é o futuro que aBioética pode construir para si?

“O problema doabortamento ilegalque causa a mortede mulheres é umaquestão de saúde

pública.A Comissão Nacionalde Bioética seria umaentidade adequadapara lançar luzes

sobre questões dessetipo, atendendo

consultas do governo,do legislativo e

mesmo de setores dapopulação”

Na diversidade, Bioéticaaumenta sua importância

Professora da UEL fala dos obstáculos – e de algumas açõesque estão em curso para superá-los – para a consolidação

da Bioética no Brasil e no mundo

Nilza Maria: “Nosso pensamento é mais diversificado”

No encontro foi feito o lançamentoda Rede Brasileira de Professores deBioética, e essa é uma das respostasà pergunta. “A rede está interessadano ensino da Bioética no Brasil, umproblema intrincado, porque envolvea ciência e as reflexões morais, uni-versos muito diferentes para se fazera transposição para os estudantes”,afirma a professora.

Uma questão que a professora Nilzagostaria de ver resolvida no Brasil é a dainstalação da Comissão Nacional deBioética, vinculada ao Conselho Nacio-nal de Saúde, que está prevista em lei hámuitos anos, mas nunca se concretiza.“Vários países têm a sua, na própriaAmérica Latina, e é importante queexista. Cada vez que se lança um temamoral, que envolve a questão da vida,vem a Comissão Nacional de Bioética edá um parecer técnico que pauta adiscussão”.

ABORTAMENTO – No Brasil acomissão tem até integrantes escolhi-dos, mas não começa a funcionar porrazões políticas. O tema do abortamento– palavra que a professora utiliza, emvez de aborto – que acaba de voltar àmídia, com denúncias sobre uma clíni-ca, no Rio de Janeiro, onde uma mulhermorreu durante um aborto clandestino– poderia merecer um pronunciamentode um fórum como esse. “O problemado abortamento ilegal que causa a mor-te de mulheres é uma questão de saúdepública. A Comissão Nacional deBioética seria uma entidade adequadapara lançar luzes sobre questões dessetipo atendendo consultas do governo, dolegislativo e mesmo de setores da popu-lação. Existem outras possibilidades, opróprio Judiciário tem procurado se as-sessorar para emitir certos pareceresda área da Bioética, mas a comissãodaria diretrizes de âmbito nacional”.

A comissão também auxiliaria na ela-boração de leis. “Sem isso, perdemosqualificação geral das nossas ações. Fi-camos batendo cabeça do ponto de vistamoral e enquanto isso vidas se perdem”,observa a professora Nilza, ressalvando:“Não que seja obrigatório que todos acei-tem um parecer, mas será um parecerqualificado, fundamentado, que vai dartodo um arcabouço teórico para a com-preensão de uma questão como, por

exemplo, o abortamento. A discussão écomplexa. Não é só em que medida émoral ou não é moral permitir oabortamento, mas também em que me-dida é moral ou imoral deixar mulheresmorrerem em clínicas que fazemabortamentos clandestinos”.

As razões políticas a que a professo-ra se referiu, que impedem a instalaçãoda Comissão Nacional de Bioética, nãosão representadas apenas por gruposreligiosos que se opõem a uma lei auto-rizando o aborto, mas vêm de dentro dopróprio governo, na visão dela.

“Toda vez que ocorre uma discus-são sobre abortamento, os grupos deinteresse religiosos se articulam parafazer com que as coisas não andem.Mas eu tenho para mim que o próprioEstado não faz questão da legalizaçãodo aborto porque, na medida em quevocê legaliza, você se responsabiliza. OEstado teria a obrigação, primeiro, deproporcionar as condições adequadaspara evitar a gravidez e, depois, se foro caso, para a realização desse proce-dimento [o aborto], e isso exigiria umcerto investimento. O que o governonão vê é que esse investimento seriamenor do que o que se gasta em vidas,com as mulheres que morrem em clíni-cas clandestinas por aí”.

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22 de outubro de 2014 - NOTÍCIA 7ACONTECE

Livraria EDUEL

3371-4683 - 3371-4691ou pelo e-mail: [email protected]

Entre em contato - saibaa política de descontos

PRATELEIRA

EDUEL

Será lançado, amanhã (23) às 20horas, no Museu Histórico de Londrina,o livro “Retratos da Cidade: o uso dafotografia para a recuperação de frag-mentos históricos de Londrina”, organi-zado pelo professor Paulo Boni, do De-partamento de Comunicação (CECA) ereunindo outros nove autores entre estu-dantes de graduação, especialização emestrado em Comunicação.

O lançamento é aberto à população,sem necessidade de convite. É só che-gar e participar. O evento reunirá aman-tes da fotografia e interessados na recu-peração histórica de Londrina. No diado lançamento, o livro será vendido apreço de custo, R$ 20,00.

A obra é composta por 10 capítulosque, juntos, somam 225 páginas de infor-mação, sendo mais um trabalho científi-co do Grupo de Pesquisa “Comunicaçãoe História” que há uma década desen-volve pesquisa nesta área. “Retratos da

Fragmentos HistóricosCidade” é o quarto livro produ-zido pelo grupo. Segundo PauloBoni, o livro procura deixar cla-ro que “os ensinamentos da aca-demia podem – e devem – sercolocados a serviço da pesquisalocal e regional”.

A professora Regina CéliaAllegro, diretora do Museu His-tórico de Londrina, percebendoa importância da aplicação dateoria à prática, de forma sim-ples e acessível, na recuperaçãode fragmentos históricos locaise regionais, interessou-se pelaaquisição de 300 exemplarespara distribuir a professores darede municipal e estadual deLondrina, com o intuito dedespertá-los para as facilidadese potencialidades de ações e

procedimentos didáticos na recuperaçãode dados e construção da história deLondrina e região.

Para tanto, com a anuência doorganizador do livro, foram utilizados re-cursos do Proext/MEC para a impressãode exemplares suficientes para “seremencaminhados gratuitamente para pro-fessores, pesquisadores e bibliotecas deescolas públicas, municipais e estadu-ais”, explica Paulo Boni. “Temos certezade que esse livro será um estímulo parao desenvolvimento de inúmeras pesqui-sas voltadas para a recuperação da me-mória nas escolas de Londrina”,complementa o professor.

O livro também pode ser compradona Livraria Curitiba, no Catuaí ShoppingCenter, e no Departamento de Comuni-cação do Centro de Educação, Comuni-cação e Artes (CECA) da UEL, com oorganizador. Mais informações podemser obtidas com o professor Paulo CésarBoni pelo telefone (43) 3371-4328.

Será realizada nesta sexta-feira esábado, dias 24 e 25, a I Mostra Cientí-fica de Robótica e Automação de Lon-drina (ROBOLON), um evento técni-co-científico organizado pelo Departa-mento de Engenharia Elétrica (CTU),em parceria com CNPq, que visa incen-tivar e descobrir novos talentos nas es-colas públicas de Ensino Fundamental,Médio e Tecnológico de Londrina paraas áreas de engenharias e ciências exa-tas. Cerca de 40 trabalhos serão apre-sentados na Mostra. Uma comissão ci-

Mostra de Robóticaentífica de cinco pessoas, entre profissi-onais de Londrina e professores daUnicamp e da Faculdade de EngenhariaIndustrial (FEI), escolhem os cinco me-lhores projetos. Os estudantes selecio-nados receberão bolsa de Iniciação Ci-entífica Júnior no Departamento de En-genharia Elétrica, oferecida pela CNPq.A abertura da Mostra será no Anfiteatrodo CESA, no dia 24, às 19 horas. Nosábado (25), das 14 às 17 horas, aconte-ce mostra de trabalhos, palestras técni-cas, feira de expositores etc.

Estudantes, professores, pesquisadores e autores se reúnem amanhã, dia 23, paraum lançamento conjunto de obras acadêmicas das áreas de Direito, Meio Ambiente,Letras, Cinema e Estudos da Linguagem. Todas as obras são de autoria deprofessores, alunos e ex-alunos da UEL. O encontro começa a partir das 17 horas,no Anfiteatro do Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA), com direito àapresentação do pianista Renan Alves e da bateria Tatukada, da Atlética de Direitoda UEL. No total serão lançados 16 livros.

Lançamento coletivo

ATLASLINGUÍSTICO

DO BRASILEditora EDUEL

A obra é compostapor dois volumes - Volu-me 1 - Introdução eVolume 2 - Cartaslinguísticas 1. O lança-mento inicia o processode pesquisas na área,cumprindo-se, assim, ocompromisso firmado,em 1996, por ocasião doSimpósio Caminhos ePerspectivas para aGeolinguística no Brasil(Salvador, UniversidadeFederal da Bahia, no-vembro, 1996).

O Volume 1 apresen-ta a metodologia desenvolvida para aconstrução do mapeamentolinguístico. O Volume 2 traz os resul-tados das pesquisas feitas em 25 ca-pitais brasileiras, espelhados em ma-pas linguísticos com dados fonéticos,morfossintáticos e semântico-lexicais,que exibem a realidade estudada.

O Comitê Nacional do Atlaslinguístico do Brasil, responsávelpor essa obra inédita publicada pela

PARA PUBLICAR NA EDUEL - ACESSE:http://www.uel.br/editora/portal/pages/diretrizes-para-publicacao.php

EDUEL, é composto pelos seguintespesquisadores: Suzana AliceMarcelino Cardoso (UFBA);Jacyra Andrade Mota (UFBA);Vanderci de Andrade Aguilera(UEL); Maria do Socorro Silva deAragão (UFPB/UFCE); AparecidaNegri Isquerdo (UFMS); CléoVilson Altenhofen (UFRGS);Abdelhak Razky (UFPA); FelícioWessling Margotti (UFSC).

MITO E FILMEPUBLICITÁRIO- ESTRUTURAS DESIGNIFICAÇÃOHertz Wendel de Camargo

A obra publicada pelaEDUEL no ano passado foifinalista do prêmio Jabuti 2014 -área de comunicação.

O autor, que é publicitário,jornalista e professor universi-tário com Doutorado em Estu-dos da Linguagem pela Univer-sidade Estadual de Londrina(UEL) aliou sua experiênciaprofissional à acadêmica. Naobra, o autor procura demons-trar a relação entre publicidadee consumo. O livro desvendaalguns aspectos da mentemítico-simbólica humana, quesobrepuja inclusive contextosculturais e avança no campo do

imponderável, onde estão localizados os estímulos e motivações humanos,sobretudo dentro do contexto de consumo.

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8 NOTÍCIA - 22 de outubro de 2014 PESQUISA

CELSO MATTOS

As vitórias das mulheres em sua lutapara se posicionar na sociedade, so-

bretudo no que diz respeito ao mercado detrabalho, são imensas. Prova disso é quetemos mulheres como presidentes de gran-des empresas. Mas ainda há muitadisparidade no tratamento dispensado àsmulheres em comparação aos homens. “Éuma questão mais cultural, devido ao fatode que o mercado de trabalho sempre foidominado pelos homens”, afirma a pro-fessora Katy Maia, do Departamento deEconomia (CESA). Ela é coordenadora doprojeto de pesquisa “A mulher do séculoXXI no mercado de trabalho: uma aborda-gem das diferenças salariais por gênero noBrasil e macrorregiões”.

A pesquisa conta ainda com a partici-pação dos professores Carlos RobertoFerreira, Aricieri Devidé Júnior e Solangede Cássia Inforzato de Souza, também doDepartamento de Economia, e dos estu-dantes de graduação e do mestrado emEconomia Regional da UEL. Com base emdados da Pesquisa Nacional por Amostrade Domicílios (PNAD), disponibilizadospelo IBGE, o estudo pretende mapear asdiferenças salariais entre homens e mulhe-res no mercado de trabalho de 2000 a 2014no Brasil e, posteriormente, separá-las pormacrorregiões.

Os primeiros resultados da pesquisarevelam que a discriminação salarial entrehomens e mulheres no mercado de traba-lho vem aumentando. “E quanto maior é onível de escolaridade da mulher, maior é adiferença salarial. Uma mulher, por exem-plo, graduada em Economia ganha menosque um homem na mesma situação”, ex-plica a professora. Essa discrepância ocor-re especialmente na iniciativa privada, jáque no serviço público o ingresso se dá pormeio de concurso e possui um plano decarreiras que nivela os servidores em ter-mos salariais.

Uma pesquisa de Iniciação Científica(IC) realizada pela ex-estudante de Ciên-cias Econômicas, Sarah Cristina BrunoCugini, que atualmente está cursandoMBA nos Estados Unidos, analisa essadiscriminação em dois anos. O estudo “Aforça de trabalho feminina no mercado detrabalho brasileiro: discriminação salarialpor gênero em 2002 e 2011”, aponta queos anos passam, mas o problema perma-nece. Em 2002, o rendimento médio porhora trabalhada do homem era de 7,17 eem 2011 passou para 10,24. No caso damulher, era de 5,62 em 2002 e passoupara 8,07 em 2011.

MAIS ATIVA - Apesar desta diferen-ça salarial, a pesquisa mostra ainda que a

“Apesar da mulherocupar um lugar de

destaque no mercadode trabalho em

termos departicipação e

escolaridade, elacontinua ganhando

menos que oshomens. Uma

explicação para esseparadoxo é nossaherança cultural”

Mais qualificada, porém menos remuneradaPesquisa sobre a mulher do século XXI no mercado de trabalho, coordenada pela professora Katy Maia, do

Departamento de Economia (CESA), revela que em termos salariais a discriminação da mulher tem aumentado

mulher está mais participante no mercadode trabalho que o homem. Em 2002 apopulação ocupada brasileira era de 78milhões de pessoas, quase uma décadadepois saltou para 93 milhões de pessoasocupadas. Apesar da população femininaapresentar uma participação menor do quea masculina, verificou-se um crescimentoda mulher. Em termos de População Ocu-pada, em 2002, os homens representavam58,68 e em 2011 caiu para 57,84. Já nocaso das mulheres, em 2002, elas represen-tam 41,32 e passou para 42,16 em 2011.

A professora Katy Maia destaca queoutro dado revelado pela pesquisa é que onível de escolaridade da mulher tem au-mentado mais se comparado ao dos ho-mens. O estudo aponta ainda que o analfa-betismo é mais acentuado entre os ho-mens. “Apesar da mulher ocupar um lugarde destaque no mercado de trabalho emtermos de participação e escolaridade, elacontinua ganhando menos que os ho-mens. Uma explicação para esse paradoxoé nossa herança cultural. A mulher come-çou a entrar no mercado de trabalho deforma intensa a partir dos anos 1960, quecoincide com a chegada ao Brasil da pílulaanticoncepcional; até então o trabalho forade casa era predominantemente masculi-no”, diz Kati Maia.

Outro dado interessante apontado pelapesquisa é que nas regiões onde os níveisde pobreza é maior, como nas cidades dointerior dos estados do norte e nordeste, adiscriminação salarial entre homens emulheres é menor. “A pobreza nivela por-que não existe a concorrência”, afirma aprofessora. Apesar de não ser o foco desua pesquisa, Katy Maia diz que a discri-minação por gênero no mercado de traba-lho não ocorre apenas no Brasil. “Pesqui-sas realizadas em países desenvolvidos

como Estados Unidos, Alemanha, entreoutros, mostraram situação semelhante”.

O objetivo da pesquisa, segundo acoordenadora, é mapear a situação salari-al da mulher no mercado de trabalho emtodo o Brasil e depois por macrorregiõesde 2000 a 2014. “Por enquanto, conse-guimos mapear dois anos, pois se trata deum trabalho muito extenso. Mas ao finalteremos dados que ao serem cruzadospoderão fornecer informações importan-tes”, acredita Katy Maia. A pesquisa con-ta com participação dos estudantes degraduação Allan Santos Fatel e RaphaelHenrique da Silva, e dos mestrandos Flá-vio Kaue Fiúza de Moura, Karla CristinaTyskowski, Magno Rogério Gomes eRenato José da Silva.

Os professores AricieriDevidé, Katy Maia e

Carlos Roberto estão àfrente do projeto

Serviço:Departamento de Economia (CESA) -

Fone: (43) 3371-4255

De 2002 para 2011 aumentou adiscriminação salarial entreo homem e a mulher

Os estudantes Flávio Kaue Fiúza, Magno Rogério Gomes e Karla Cristina Tyskowski,do mestrado em Economia Regional, fazem parte do projeto