naquela estrada - jacy romeiro

152
1

Upload: renata-romeiro

Post on 08-Mar-2016

239 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Livro de Jacy Romeiro, mineira de Bom Sucesso.

TRANSCRIPT

Page 1: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

1

Page 2: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

2

Page 3: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

3

Page 4: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

4

Page 5: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

5

Introdução

Poesias

Trovas

Haicais

Agradecimentos

7

9

101

143

149

sumário

102

116

122

126

temáticas

lugares

homenagens

diversas

Page 6: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

6

Page 7: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

7

O vento que de longe vem traz o frescor! Levanta do chão a

poeira que inunda as nossas varandas, calçadas, ruas e jardins,

balança e retorce árvores floridas, bate fortemente janelas e

portas, faz arder nossos olhos, rodopia sobre a mesa, espalha

papéis pelo chão e vai para bem longe... Além... Levando

muito do que encontrou em seu caminho!

Do que sobrou na mesa ou caído ao chão, dos papéis e

frases que não foram perdidos surgiu este livro.

Quando chegar o vendaval em sua vida, refrescando o

calor, mas cegando seus olhos com a poeira das frustrações

ou ingratidões, de lutas não vencidas, arrancando-lhe o

entusiasmo e deixando o desânimo, lembre-se que ainda ficam

as folhas verdes da esperança, pedaços de fé e coragem que

juntos criarão a realidade de um novo caminho a seguir.

...tarde escaldante!

Page 8: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

8

Page 9: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

9

poesias

Page 10: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

10

Page 11: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

1111

14º Festival Nacional de Poesias Poetas AlucinantesMenção Honrosa pelo 4º lugar na categoria Poesia RomânticaSão Gonçalo, Rio de Janeiro, 2001

Flores se abriam

campos sorriam

pássaros cantavam

borboletas voavam

ao nos ver caminhar

sorrindo, abraçados,

felizes namorados!...

A distância implacável

sem nenhuma cortesia

veio nos separar.

As flores continuam se abrindo,

os campos sorrindo,

pássaros voejando a cantar,

borboletas coloridas a bailar

porque a estrada guarda ainda

a cadência dos nossos passos,

o calor dos nossos abraços

que ali hão de estar

na saudade infinda

enquanto nosso amor perdurar.

naquela estrada

Page 12: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

12

Elaborado no trajeto Belo Horizonte–Vale do Aço

Eu te via

no verde das matas

que se sucediam.

Eu te via

na densa neblina

que trechos cobriam.

Eu te via

na melodia romântica

que me envolvia.

Eu te sentia

no sol que me beijava

e me aquecia.

Eu te queria

em todo o trajeto

naquela manhã ensolarada

em que tua ausência eu sentia.

visão

Page 13: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

13

Mais um dia sem você!

Um dia como outro qualquer.

Sol,

luz,

calor,

ou vento frio, neblina...

Sempre a mesma rotina!

Compromissos, amigos,

negócios, correrias;

de tudo a vida cheia,

de amor... vazia...

Mais um dia sem ver você!

Mais um dia de saudade.

Mais uma tarde sem você!

Monótona, fria,

alma solitária... vazia...

Coração carente de amor.

Mais uma noite sem você!

Nada acalenta,

a insônia atormenta.

Surge o medo em mim

de ser o princípio do fim.

sem você

Page 14: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

14

...Era novembro...

Quinze... dezessete...

não importa, não me lembro.

Só sei que era novembro!

Rotinas, finanças,

um estabelecimento bancário.

Como noutras vezes

não pensava em amor.

...Nós nos vimos...

Os raios do sol mais brilharam...

as paredes luziam ouro...

as plantas da estufa mais verdes...

Aconteceu... era o amor.

Começamos a sonhar,

tudo mudou para nós,

começamos a nos amar.

era novembro

Page 15: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

15

Inspirado na oferta de uma flor pelo poeta Jauri MachadoPorto Alegre, Rio Grande do Sul, 1996

Uma flor entre tantas

naquele sábado ensolarado

enfeitando o jardim.

Mãos másculas te escolheram,

te ofertaram para mim.

Na lapela, todo o dia

estivestes a me adornar.

Quase fenecida, retorcida,

deixei-te à tarde, no quarto do hotel.

E à noite, ao voltar

encontrei-te viçosa, a me esperar.

Ah! singela margarida...

na alvura de tuas pétalas

a alma do poeta que te colheu,

no amarelo de teus pistilos

o tesouro do coração

que para mim te escolheu.

Extasiada eu te contemplava! Sorria...

Na noite, no outro dia, nós duas a nos mirar!

Parti!

Fica ali uma partícula de mim.

Olhei-te enternecida

querendo-te com eterna vida...

Nada é eterno neste mundo!

Às vezes, um segundo

é tão vivo em nossa mente

qual o vívido presente.

uma flor entre tantas

Page 16: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

16

XVI Seminário Nacional da TrovaJacaraípe, Espírito Santo, 1996

Terminava o dia,

o sol no poente esvaía!

No seu vai e vem

as ondas do mar

a areia vêm beijar...

O escuro das águas,

o vermelho do poente

coloriam a areia

recebendo a lua cheia

que vinha a despontar.

Um painel majestoso

que o coração envolvia

em sentimentos diversos

que não se traduzem em versos.

E eu ali, envolvida em tanta beleza,

louvei a Deus e à Natureza.

ocaso

Page 17: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

17

1º Concurso de Poesia, Conto e Trova Literária de EsteioMenção HonrosaEsteio, Rio Grande do Sul, 1996

As noites de luar

iluminavam

as casas de sapé.

E as donzelas sonhavam

ser felizes,

amor encontrar.

E hoje, na cidade altaneira

a lua continua a brilhar,

raios de prata a jorrar.

E os Esteienses

continuam a sonhar.

raios de prata

Page 18: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

18

Voando vou além

nas asas do vento

que sorrindo vem

transportando

a saudade de um olhar

cristalino

de um anjo-menino,

de um querer bem.

Voando vou além

nas asas do vento

que chorando vai

levando a dor que ficou,

fechando a cortina

da fantasia do amor

que acabou.

passagem do vento

Page 19: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

19

Elaborado no trajeto Campo Grande–Corumbá, pelo Pantanal

O céu azul, nuvens brancas,

o branco cobria o azul,

o azul superava o branco.

Nuvens viajavam

impelidas pelo vento.

As formas se modificavam

a todo momento.

Montanhas,

monstros,

árvores,

coelhos,

aviões,

Um céu azul

de nuvens brancas.

O céu parecia um mar,

os nimbos, barcos a velejar.

Uma sequência de imagens

no seu vai e vem,

vistas da janela do trem.

visões

Page 20: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

20

Às vezes chego a temer

nosso reencontro,

não sei o que fazer.

Se beijo com ternura,

se abraço-te com loucura

ou espero teus beijos,

teus carinhos benfazejos.

Quantas vezes chego a temer

o nosso reencontro,

se é isso que quero tanto,

se é o que vivo a querer.

Espero por essa alegria

todo instante, todo dia,

a cada minuto penso que escuto

tua voz macia, numa sinfonia

em frases de ternura, cheias de calor,

em sons de amor, trazendo a ventura,

esperança, o sonho, o futuro risonho

Muitas vezes chego a temer

nosso reencontro,

pois eu o quero tanto

que nem sei o que fazer.

reencontro

Page 21: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

21

Continue dizendo que não me quer,

que não me quis,

que sou apenas tua amiga,

negue que se insinuou,

diga que não me amou.

Faço o mesmo contigo,

digo apenas: meu amigo!

Nós dois sabemos

quanto nos quisemos.

Tanto tempo esperamos

por um momento só nosso

de paz, ternura.

Nunca teremos essa ventura.

As águas rolaram...

esperanças levaram

para longe de nós dois.

Hoje é o depois.

depois

Page 22: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

22

Você não marcou hora para chegar,

chegou sem eu saber,

sem nada me dizer.

Pousou em mim seu olhar,

deixou-me a sonhar,

fez meu ser vibrar.

Num repente surgiu,

logo, logo partiu.

Deixou-me a sonhar com seu olhar.

Você não marcou hora para voltar.

Virá sem avisar.

Só vou saber quando chegar

pousando em mim seu olhar,

mostrando que além do sonho

há um porvir risonho

que será vivido com ardor

nos devaneios do amor.

sem hora

Page 23: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

23

Pensei que não ia esquecer,

julguei que ia sofrer.

Que teria saudade

do teu olhar, de tua ternura,

do teu sorriso, tua voz ia escutar

num indeciso murmúrio.

Isso não aconteceu.

Confesso que doeu,

doeu muito mesmo,

fiquei vagueando a esmo

em meus pensamentos,

revolvendo meus sentimentos,

minha frustração

na amargura da desilusão.

Anoiteci triste, deprimida,

com a alma ferida.

Amanheci com o sol

entrando pela janela

mostrando que a vida é bela.

Começava um novo dia,

da desventura eu me reerguia

resoluta, confiante,

caminhando adiante.

Hoje, vejo-te, me é indiferente,

meu coração nada sente.

Podes crer, eu esqueci.

Foi um sonho que vivi.

amanheci

Page 24: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

24

Os ventos trouxeram...

Os ventos levaram...

Os ventos da esperança

eram sorrisos de criança.

Os ventos dos sonhos

eram doces, risonhos.

Os ventos do amor

abriram no desabrochar da flor.

Os ventos dos desejos

como o despetalar de beijos

do colibri no roseiral.

A paixão do vendaval

forte, arrebatadora, constante,

dominou por um instante

minha mente, meu corpo, meu ser.

Senti-me amada, tua almejei ser.

O vento que trouxe tudo isso,

num redemoinho arisco

levou tudo para longe...

Deixou apenas galhos ressequidos,

castelos em ruínas, destruídos,

um corpo inerte, alquebrado.

Um coração machucado.

Os ventos te trouxeram...

Os ventos te levaram...

ventos passageiros

Page 25: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

25

Um mar tumultuado

num coração apaixonado

por tanto querer.

Ondas revoltas se agitando

no coração sufocando

palavras de amor, ternura,

que levarão como numa canção

os sonhos de ventura.

Ondas imaginárias

por horas várias

envolvem-me sem eu querer,

neste marasmo provocam um espasmo

em todo o meu ser.

E eu, sucumbindo

num naufrágio infindo

sinto-me desfalecer.

Um rumor ouvindo, de longe vindo,

nas águas sussurrando:

– Estou te esperando!

Onda mansa cobre minha alma

inundando-a de paz e calma

lenitivo da solidão.

Nesta calmaria volta a alegria no coração.

O mar calmo se torna,

uma brisa morna sopra meu ser,

levando a nostalgia

volvendo a alegria

por amar e ter o teu querer.

mar do ser

Page 26: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

26

Tudo se transformou...

O sol se escondeu...

A chuva caindo de mansinho

pouco a pouco, lento,

tornou tudo cinzento!

Não vejo os campos verdes,

os verdes campos que gosto tanto.

Estão lá, no entanto!

Lá vive alguém que quero

e espero.

Vivemos o mesmo sonho,

vivemos a mesma esperança.

Não importa a chuva que cai,

nem o tempo que se vai.

Sonhamos com amor sincero,

com um mundo promissor.

Apenas importa nosso amor.

verdes campos

Page 27: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

27

Menção Honrosa no Concurso de MarabáMarabá, Pará, 1998

O dedilhado violão soltou no ar

sons etéreos da melodia,

vinculados ao acordeom que se exibia...

e eu, fugindo do abraço de Morfeu

ouvia a voz do seresteiro em sintonia:

“Receba as flores que lhe dou,

e em cada flor um beijo meu...

São flores lindas que lhe dou,

rosas vermelhas do amor,

que por você nasceu.”

O canto me comovia

naquela noite enluarada e fria!

“Que seja assim por toda a vida,

a Deus mais nada pedirei,

querida, mil vezes querida,

deusa na terra nascida

a namorada que sonhei!”

Depois... o seresteiro se calou, tudo silenciou.

Num ímpeto abri a janela, e ali estava inerte,

envolvida pela lua prateada e bela,

uma rosa vermelha, a sorrir para mim.

Olhei-a enternecida...

Já em minhas mãos estendida,

toquei meus lábios nas pétalas aveludadas,

percebi o calor do seu beijo,

senti que por você foram beijadas.

serenata

Page 28: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

28

Elaborado após o tricampeonato brasileiro na Copa do Mundo, 1970

Grito de guerra

ecoou na nossa terra.

Tudo parou...

fábricas, comércio, escola,

no tapete verde rola a bola:

a Copa começou.

Verde e amarela

a bandeira agita,

o povo grita

Brasil!

Brasil!

Um só grito

ecoa no infinito:

Brasil... Brasil...

O tempo passa,

a torcida aflita

canta, grita,

Brasil... Brasil...

Bandeiras tremulando,

todos vibrando

Gooool... gooool...

brasil!

guerra de paz

Page 29: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

29

Era dezembro!

Com quanta saudade eu me lembro...

Não importa o dia que de nós se acercou a alegria.

Era dezembro... manhãs reluzentes de céu azul,

tardes calmas... o sol no dourado poente esvaía.

Nós dois vivendo o sonho, a fantasia.

Janeiro... nosso sonho continuava em harmonia.

Fevereiro... quanta alegria nosso coração invadia.

Março chegou! A quaresmeira de roxo se cobria

quando meu bem partia.

No despedir dizia: – Não vá chorar, eu vou voltar.

Nas manhãs suaves de abril

eu não via o céu de anil, nem os nimbos a flutuar...

Em maio só a saudade a me acompanhar.

Junho, julho, o rigor do inverno eu sentia,

não havia o calor do seu abraço que antes me aquecia.

Numa tarde de agosto, logo ao sol posto,

quando a noite ia chegar,

lágrimas rolaram em meu rosto.

No som do vento que de longe vem

eu ouvi bem: – Para quê chorar? Eu vou voltar...

Os ipês floresceram... de amarelo se vestiram...

Era setembro. Eu me lembro!

A saudade não esvaía um só dia.

Outubro, novembro, o canto das cigarras tão estridente

não afastava a lembrança da mente.

Chegou outro dezembro. Ah! Como eu me lembro!

As manhãs ensolaradas, as noites enluaradas...

Numa noite encantada, de lua prateada

meu amor voltou.

Era dezembro...

era dezembro

Page 30: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

30

Escrito diante do jardim do Palácio da Boa Vista, recoberto de hortênsias floridas que foram colhidas por alguém e a mim ofertadasCampos do Jordão, São Paulo

Hortênsias... hortênsias...

brancas, azuis, rosas...

perfumadas, mimosas,

em tuas mãos sorriam

ao serem ofertadas para mim.

Ainda molhadas,

tremulavam ao vento

da tarde ensolarada

após a chuva de verão.

E no esvair da tarde colorida

as hortênsias, ah! quanta vida!

sonhos, ilusões

invadindo corações.

E o sol que nos montes se escondia

sorria

ante a beleza das flores,

a ternura dos amores,

a doce emoção

em Campos do Jordão.

hortênsias

Page 31: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

31

Caminhávamos...

Vindo sozinhos em silêncio!

Numa encruzilhada o encontro.

Caminhamos...

Estrada florida em nossa vida.

O obstáculo surgiu.

Quando a muralha galguei

procurei em vão,

nem um cantinho encontrei

no meu, para o seu coração.

descoberta

Page 32: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

32

Chega bem perto de mim. Mais perto... assim!

Vou contar-lhe um segredo, não tenha medo,

não é espantoso, é maravilhoso!

Ninguém mais deve saber,

só para você quero dizer.

ele é do tamanho do mundo!

Está no coração lá no fundo.

É belo como o raiar do dia,

dá-me muita alegria.

É quente como o sol a brilhar!

Alegre como pássaros a cantar!

É doce como sorriso de criança!

É promessa, é esperança.

Chega mais perto de mim,

ouça meu segredo,

vem... eu chamo... ouça... eu o amo.

segredo

Page 33: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

33

Não importa

que nada tenha acontecido,

que não tenha sido vivido.

Não importa se não houve nada,

se não fui beijada,

se nada aconteceu.

Valeram momentos que sonhamos.

As carícias roubadas,

muitas vezes frustradas.

Não importa que sejamos estranhos

em mundos diversos,

ignorando aparentemente

no meio de toda a gente

que no sonho, na fantasia,

tivemos por tempos, noite e dia,

um amor maior que o infinito

sufocado num grito

de medo e de receio.

Não importa o que não veio...

Era um querer tão forte,

tão denso,

um gostar tão intenso,

mesmo sufocado, reprimido,

sem ser real, foi vivido.

irreal... real...

Page 34: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

34

Sei que você vai voltar

para me buscar

se desculpando, se justificando,

o que calou seu sentimento.

Suas palavras vou repetir:

– Não vai dar certo.

Não quero enganar-me outra vez,

sofrer com o que me fez.

Tudo acabou, não vai voltar!

Não quero recomeçar

o que nem chegou a acontecer.

Creio que vai sofrer mais que eu

por bons momentos que perdeu

na sua indecisão.

Viva agora sua frustração.

Esquece que eu quis

num momento ser feliz.

Outra vez não virá.

Pelo que sofri se lamentará.

minha certeza

Page 35: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

35

A noite se despedia!

As estrelas tão brilhantes,

ofuscantes,

opacas desapareciam,

o infinito antes escuro

cinza-azul se fazia.

pássaros em melodia...

O sol desponta!

Tudo é alegria,

nasceu Dhébora

nasceu um novo dia.

Riso, lágrima, esperança,

todos em festa

numa só canção

saúdam a criança

com emoção.

nova vida

Escrito para Dhébora Lee, em 1988,a pedido de Aparecida Cardoso Silva

Page 36: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

36

Quando era criança

sonhava crescer,

sonhava amar.

Quando era adolescente

queria a vida sorver,

sonhava amar.

Quando jovem

queria só viver

sonhando amar.

Quando amei

vivi,

continuei a sonhar.

Estou amando,

vivendo,

sonhando.

sonhar sonhando

Page 37: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

37

Nós nos queríamos,

divagávamos,

nos desejávamos.

Você se insinuava,

depois recusava.

Não vai dar certo,

você dizia.

Eu também sabia

que certo não daria.

Quando você queria

eu era arredia.

Quando eu quis realmente

esquivou-se indiferente

Nessas trocas desconcertantes

vivemos diferentes instantes

de procura e recusa,

sonhos de ventura,

perdidas ilusões, frustrações,

angústias, dissabores,

mágoas e rancores.

Não sei quem foi o culpado

de tudo ter começado.

Nós dois fomos culpados

de sem ter vivido,

ter terminado.

desencontros

Page 38: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

38

À sombra da árvore amiga,

na rede balançando,

em você pensando...

ao redor tudo é suave!

tem doce encanto,

pássaros cantando

um melodioso canto,

pequenina ave

nos galhos saltitando.

Tudo é primavera!

A brisa suave

galhos balançando,

pétalas caindo

meu corpo cobrindo,

meu corpo enfeitando.

Azul, o azul dos céus!

Invade-me a esperança

de rever os olhos azuis, seus.

Onde está você agora?

Por aí afora

sorrindo, se distraindo,

ou em mim pensando?

Venha!

Vamos viver para amar.

Não deixemos a primavera passar...

venha...

Page 39: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

39

Custa-me disfarçar, dissimular,

que amo e tenho você.

Quero fugir da indiferença,

da aparente descrença

que o mundo me vê.

Não é realidade,

não é verdade,

eu tenho você.

Sou plena de amor,

amo com ardor.

Tenho que disfarçar, dissimular

que nos amamos, nos queremos,

nos buscamos.

Não sei quando... um dia

com risos e alegria poderei dizer,

não precisarei dissimular

que vivo para amar.

Que amo, a todos direi,

seu nome bem alto cantarei.

É difícil dissimular,

não dizer, disfarçar

o que sinto por você.

dissimulando

Page 40: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

40

Era um anseio forte,

grande, infinito,

denso como granito.

Cuidadosamente, no coração,

moldei sua lapidação.

Desenhei sua estrutura

confiante, segura

de sua consolidação.

Naquele dia, alguém

sem pensar no meu eu,

sem nenhuma delicadeza

um projeto destruía.

Jogou fora como se fosse sem valia

meu plano de alegria.

Senti-me ridícula,

você tirou de mim uma partícula

de fé, amor, coragem.

Num instante vi seu outro lado,

é um tímido, indeciso,

vivo agora de sobreaviso

depois de tudo desmoronado.

projeto desmoronado

Page 41: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

41

Quanta saudade sinto de você!

Não sei o porquê.

Pouco nos vimos,

pouco falamos,

porém nos amamos.

Duas pessoas se querem

mas não falam de amor.

Hoje estou sozinha!

A solidão é só minha.

Queria ter você,

seu apoio e carinho.

Vou esperar

o tempo passar.

Com você virá um dia

a esperança, alegria,

sonhos, ilusões,

suaves emoções.

Esta incerteza de agora

é felicidade vindoura.

Espero esse dia

com alegria.

divagando

Page 42: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

42

No sonho, na fantasia

beijo-te todo dia.

Beijo teus olhos com a suavidade

dos beijos de saudade.

Fitando o azul do céu, imenso véu,

cerro os olhos meus

e sinto-os beijados pelos teus.

A minha alma pura

beija-te outra vez com ternura.

Beijo teus cabelos dourados,

como o soar de fados

deslizo os lábios suavemente

a penteá-los lentamente.

Beijo tua testa de leve

como quem não se atreve

a tocar-te, a beijar-te.

Beijo tua mão

com respeito e emoção.

Beijo tua face com carinho

sentindo o calor do teu rosto

como no ocaso o do sol posto.

Beijo tua boca com ardor

traduzindo amor,

Com meus próprios beijos

molho os lábios em desejos

de beijar-te e receber beijos.

No sonho, na fantasia,

beijo-te a todo momento, todo dia.

fantasia de beijos

Page 43: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

43

Uma mesa

um baralho

amigos ali.

Olhares se cruzam

corações pulsam.

Despertando simpatia

prevendo alegria

um futuro amor

para o coração sonhador.

Não importa o jogo

não importa o povo

somente nós dois

sonhando com o depois.

jogo de amorEscrito em Timóteo, a pedido de umaadolescente que iniciava um namoro

Page 44: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

44

Despreocupada vinha,

nem sonhos eu tinha.

Apenas jogava

o jogo da vida.

As cartas na mesa

jogava,

brincava,

idealizava,

sonhava,

não amava.

Você apareceu,

seu olhar me envolveu,

prendi-me ao seu sorriso,

vivo sonhando,

vivo transformando

o mundo num paraíso.

sonhando...Escrito a pedido de uma garotacujo amor fora iniciado numa mesa de jogo

Page 45: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

45

Aquele que se dá recebe,

no fazer amor percebe

a beleza da doação,

dá-se o corpo

a mente,

a alma,

dá-se a razão.

Ao dar-se coabita

no êxtase se agita,

contorce, grita.

Ao fim a calma, a paz infinita

inunda a alma.

O amor este dom concede,

quem dá recebe.

doação

Page 46: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

46

jaquelinePara uma alegre menina deficiente de Uberaba

Menina bonita, meiga,

escuros e longos cabelos,

olhos ternos, sorriso suave,

como indefesa ave

dos seus merece zelos.

Se não corre

como outras crianças,

não perca as esperanças

nem fique triste,

será também feliz

porque o amor existe.

Sorria sempre

com esperança,

sorria Jaqueline

querida criança.

Page 47: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

47

Manhã de sol!

Sol no meu coração

por aquele momento de emoção.

Céu azul!

Manhã de esplendor

resplandecendo dentro de mim

a esperança do amor.

Pássaros cantando,

eu de alegria vibrando.

O campo iluminado

por este sol dourado

espelhando reflexos de ouro

no teu cabelo louro.

A natureza canta alegria,

eu canto a melodia

de glória e louvor

por amar e ter o teu amor.

sol de amor

Page 48: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

48

Mar amigo voltei

a conviver contigo.

Voltei...

Voltarei sempre aqui

Para abraçar-te

Na praia de Guarapari.

ao marIX Seminário Nacional da TrovaVitória, Espírito Santo, 1989

Page 49: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

49

O mar

vem te beijar.

O céu azul

cobrindo a imensidão

do teu casario

envolto

pelo vento-sul.

Os morros, as ruas,

as escadarias,

guardam tua história

grande e bela

vitória.

panoramaIX Seminário Nacional da TrovaVitória, Espírito Santo, 1989

Page 50: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

50

...Soou a voz da razão...

...Silenciou o coração...

Menti

que não mais te amava,

que não queria

ao teu lado viver.

Devíamos nos esquecer.

Não queria me aprisionar!

Doeu a separação,

sangrou o coração.

Lágrimas que não rolaram

no fundo da alma se sepultaram.

A poeira que o tempo soprou

tudo cobriu, apagou!

Creia. Sou feliz!

Quero-te feliz também

amando outro alguém

tanto quanto me amou.

poeira do tempo

Page 51: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

51

Eu sou o raiar do dia

inundando de luz a imensidão

nos tempos de verão.

Eu sou chuvinha mansa

molhando a plantação.

Eu sou cheiro de terra molhada

após a chuva de verão.

Eu sou as quaresmeiras

de violeta enfeitando as matas.

Eu sou águas claras

que rolam nas cascatas.

Eu sou lírios nos campos orvalhados,

sou jardins coloridos

de flores perfumadas.

Eu sou os ipês floridos

anunciando a primavera.

Eu sou o sol que aquece

e ao entardecer adormece.

Eu sou árvores desnudas,

sem flores, sem folhas

no outono, inertes, mudas.

Eu sou nimbos vindo

e de branco o céu azul colorindo.

Eu sou montanhas nevadas

no inverno congeladas.

quatro estações

Premiado no Concurso As 4 Estações Poéticas, da Litteris EditoraRio de Janeiro, 1993

Page 52: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

52

Eu sou estrelas cintilantes brilhando na noite escura,

eu sou a lua prateada que enleva os sonhadores,

eu sou dos namorados os sonhos de amores.

Eu sou sublimidade das mães amamentando.

Sou o sorriso ingênuo de crianças brincando.

Eu sou ave que voa livre no espaço,

eu sou o repouso após o cansaço.

Eu sou flores brotando no deserto,

alento para a alma vazia,

doando amor

eu sou a poesia!...

Page 53: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

53

Elaborado no trajeto Divinópolis–Bom Sucesso

Do verde dos campos

ao branco das neblinas,

ao cinza

das distantes colinas,

ao amarelo do ipê que floria,

ao alaranjado

do amanhecer no horizonte,

ao vermelho

do sol que nascia,

ao azul

do céu que nos cobria,

um arco-íris natural

ao longe se via.

arco-íris

Page 54: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

54

Tenho que esconder

tudo o que sinto,

para o mundo minto,

fingindo indiferença,

ocultando a esperança

de juntos viver

nosso bem querer.

Quando de novo você surgir

não sei se vou chorar ou sorrir,

não sei o que vou falar,

o que fazer para esconder

a emoção

de meu coração.

Quisera ao mundo cantar

que tenho amor para dar.

Por você estou esperando,

não importa quando.

É longa a espera...

que viesse logo eu quisera.

por fim a solidão,

alegrar meu coração.

espera

Page 55: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

55

IV Congresso Brasileiro de Poetas Trovadores e1ª Bienal de Poesias e TrovasIlha de Paquetá, Rio de Janeiro, 2006

O sol lentamente se escondia

deixando no seu esvair

sombras de saudade, nostalgia.

E os passarinhos voltando aos seus ninhos

não mais exibiam suas melodias.

Era o fim do dia!

As réstias de luz que no céu existiam

de vermelho as nuvens coloriam

como lavas de vulcão em erupção.

O clarão refletido nas águas do mar

no seu constante ondular

fixou em minhas retinas

o brilho de um olhar.

Paquetá... ilha dos amores!

Diante de tua beleza

sinto alegria, sinto tristeza...

A saudade de mim se apossou,

longe meu amor ficou.

ilha

Page 56: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

56

Na longa caminhada

pela estrada da vida

apenas uma plantinha,

nem flores tinha.

O tempo passando...

Dias de céu azul, noites estreladas...

A planta crescendo, florindo,

enfeitando a festa do amor,

juntando duas vidas

que serão por Deus unidas,

viverão a sonhar, cantar

melodias do coração

na ternura de amar.

caminhadaPara Maria Paula e Bernardo, em 2007,quando iniciaram a realização de um grande amor

Page 57: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

57

Era apenas uma criança!...

Uma nova vida

inundada de esperança.

Cabelos encaracolados,

louros, reluzentes,

olhos brilhantes, inocentes.

Infância, adolescência,

muitas peraltices, alegria

e às vezes tristeza

o coração envolvia.

O tempo não parou!

Dezoito anos vividos...

Um homem hoje é

vivendo a vida, a fé

no futuro risonho

que agora é sonho.

emancipaçãoPara Rafael Andrade Gomes Romeiro, em seu 18º aniversário, passado na Bélgica

Page 58: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

58

A tarde é triste...

O céu está triste...

o sol não aqueceu

com sua luz a cidade,

tampouco aqueceu

as flores do jardim...

A tarde é triste...

Os pássaros voltam aos seus ninhos

sem seu cantar habitual,

somente as frondosas árvores

mostram seu verde exuberante

lavadas

pela chuvinha constante.

A tarde está triste...

O dia chega ao final.

Eu não sinto a tristeza,

em todas as coisas

sinto a beleza

porque tenho o sol do amor

brilhando dentro de mim.

a tardeCriação de Jacy Gomes Romeiro

Page 59: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

59

Tradução de Jacy Gomes Romeiro

La tarde es gris...

El cielo es gris....

el sol no alumbró

com su luz la ciudad,

tampoco ha calentado

las flores del jardin...

La tarde es gris...

Los pájaros volvem a sus niños

sin su canto habitual,

solamente los frondosos árboles

lucen su verde exuberante

llavados

por la llovizna interminable.

La tarde es gris...

El día llega al final.

Yo no siento la tristeza,

en todas las cosas,

siento la belleza

porque llevo el sol del amor

brillando dentro de mi.

la tarde

Page 60: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

60

Ah! o tempo... esse tempo!

O tempo que se foi,

passou,

o tempo que virá

passará.

Mas esse tempo não vai nos separar!

Não nos separará.

O tempo que se foi nos aproximou,

o tempo nos distanciou.

Esse tempo não pode nos separar!

Tudo pode acontecer...

muitas coisas suceder,

novidades, surpresas,

coisas da atualidade...

Até outro alguém te querer!

Te buscar!

Não vais me esquecer,

sei que vais voltar,

Eu sei...

que esse tempo não vai nos separar.

Passe o tempo que passar...

Esse tempo não nos separará.

o tempo

Page 61: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

61

Talvez...

se o tempo regressasse

eu te galardeasse

com júbilo, os beijos que recebi

e que, no aprazimento, esqueci.

Talvez...

se o tempo voltasse

eu sorrindo te dissesse

que ainda te amava.

Talvez...

se o tempo convertesse

nosso amor revivesse.

O tempo não regressa,

o momento não retorna.

Quase nada eu sei,

não recordo se te amei.

talvez

Page 62: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

62

I Concurso Lítero-Poético Porto Alegre Encantos e RecantosEscrito em um pôr do sol às margens do Rio Guaíba,junto ao amigo, poeta e ator Jauri MachadoPorto Alegre, Rio Grande do Sul, 1994

As águas tranquilas do rio Guaíba

sugavam as réstias de luz

do sol que se escondia.

No obscurecido

da tarde em sua agonia,

enleada em teus braços

extasiava-me

com a beleza que nos envolvia.

No espelho prateado das águas

sentimentos nobres,

poéticos,

nos acolhiam.

E a melodia abstrata

que a leve brisa trazia

nos transportava

a ilusórios sonhos,

suaves fantasias.

por guaíba

Page 63: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

63

menino de ruaEscrito para um trabalho infantil

Menino de rua

que nada tem,

não tem brinquedos,

nem casa para morar,

não tem ninguém.

Menino de rua

barriga vazia na noite fria,

não tem agasalho,

dorme sozinho

coberto pela lua.

Menino de rua

minha vida é diferente da tua,

mas eu te quero bem,

sou criança também.

Page 64: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

64

Diga apenas minha amiga

e mais nada, não diga.

Não diga meu bem

nem meu amor também.

Não diga querida

nem amor da minha vida.

Não diga!

O que foi não volverá.

o que é será.

Vamos adiante,

vá confiante,

caminha,

prossiga.

Sou apenas sua amiga.

não diga

Page 65: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

65

Há quanto tempo espero

por você, pelo seu amor,

pelo seu carinho...

Espero

pela carícia de sua mão,

pelo calor dos seus braços

prendendo-me em abraços,

unindo o meu ao seu coração.

Espero

pelo ardor do seu beijo

de amor e desejo,

de ternura, emoção.

Espero

por você com ansiedade,

com saudade,

com alegria,

renascendo a cada dia

a esperança de rever você.

espero

Page 66: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

66

Ah! Se eu pudesse dizer

que não pude esquecer

tuas insinuações...

Ah! Se eu pudesse te beijar

e em beijos revelar

minhas emoções...

Não vais saber,

não vou dizer

que muito quis

um dia ser feliz.

Que quis te beijar

e também te abraçar..

Ah! Se eu pudesse dizer

que não pude te esquecer...

segredando

Page 67: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

67

É um novo dia,

renasci do ontem

para viver o hoje

com mais alegria.

Vivi na ilusão do teu bem querer,

vivi na esperança de te pertencer,

sofri a desilusão de te perder.

Senti-me ridícula, mesquinha,

quando, fingindo ignoraste

as frases que me disseste.

Ontem, para um sonho morri,

hoje, para a realidade renasci.

Vou te esquecer.

Vou excluir da mente

tua imagem, teu semblante,

não vou sofrer,

serei feliz, vou viver.

Renasci hoje na alegria

deste novo dia.

renascer da desilusão

Page 68: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

68

Escrito a pedido de meus netos, que estudavam neste colégio

Aqui chegam crianças

inundadas de sonhos,

envolvidas de esperanças,

alegres, despreocupadas,

na aventura de aprender

para a glória do saber.

Em cada canto,

em cada sala

a voz do mestre fala

do futuro que virá um dia

para todos os alunos

do Colégio Santa Maria.

Nestes noventa e oito anos de existência,

nos sorrisos inocentes

de crianças e adolescentes

há carinho e gratidão:

a Deus, o Criador,

aos mestres por seu valor,

e aos pais, amor no coração.

comemoração

Page 69: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

69

O vento cantava!

No seu assobio

forte bravio

de amor falava.

A noite fria

nada ouvia!

O vento falava...

de saudade.

Murmurava!

Na sua passividade

a noite, muda,

nada escutava.

O vento chorava...

Seu choro

repetiam em coro

as árvores que balançavam.

O vento forte assobia...

O vento açoite

dentro da noite

lamentava.

Ela, silenciosa,

nada entendia, calava.

O vento gemia...

Triste, sozinho,

para a noite

amor cantava.

canto do vento

Page 70: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

70

Ah! Esta sede de amor

domina

alucina

estonteia

desnorteia.

Ah! Esta sede frequente de amor

amargura

tortura

dói

corrói.

Ah! Esta sede estonteante de amor

machuca

fere, não cicatriza

não ameniza.

Ah! Esta sede incessante de amor

deixa-me ferida

sofrida

falta-me o ar.

Ah! Esta sede de amor

é o meu dia a dia

minha nostalgia

tolhe pensamentos

traz ressentimentos.

Ah! Esta sede enorme de amor

deixa-me tolhida

destrói minha vida

sede de amor

Page 71: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

71

Sol da manhã

beije meu rosto,

me deixaste

ontem ao sol posto.

Hoje ao retornar

venha me beijar,

a pele macia

teu calor acaricia.

O verde dos campos,

a limpidez das águas,

passarinhos cantando,

animais ruminando,

borboletas a voar,

tudo a acordar,

todos a te saudar.

Sol da manhã

venha me beijar...

manhã

Page 72: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

72

Na noite fria

uivos de dor

que o eco respondia.

O vento rugia...

por Maria

que na noite fria

chorava

e ninguém sabia

por que

se lamentava.

Maria chorava...

não era amada

não amava,

sozinha

na noite fria

chorava Maria.

Por ela

os ventos uivavam...

sons dos ventos

Page 73: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

73

A poesia nos aproximou!

A filosofia das nossas vidas,

as afinidades vividas,

os momentos poéticos

nos uniram na paz, na alegria.

...sentimentos tão puros...

carícias singelas,

sonhos futuros...

Faces e lábios tocados com ternura

elevando a alma pura.

Evidente a separação.

A distância, o tempo que passar

este sentimento talvez

vai ofuscar.

Ao amanhecer de cada dia

a recordação virá,

pelo sonhar sublime

a alegria surgirá.

E nas noites repetidas

quando tudo for silêncio,

em prece ao Senhor

no lembrar de duas vidas

nossas almas estarão unidas.

nossas vidas

Page 74: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

74

Eu te adoro!

Meus ouvidos ouviram...

Meus olhos te viram...

Senti tua mão nos meus cabelos

tua mão a envolvê-los,

lábios meu rosto a roçar.

Eu te senti presente

no repente do sonho,

meu corpo estremeceu

nada aconteceu.

...O vento leve que soprava

meus cabelos agitavam

meu rosto acariciava...

Eu te revi

na mesma pracinha,

na noite calma

te senti presente

em minha alma.

presença

Page 75: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

75

poema de arranha-céu

Escrito por Cassiano Ricardo

Se eu puder, algum dia

quando houver mais poesia

mandarei escrever o seu nome

num letreiro de lâmpadas

elétricas de todas as cores

no alto daquele arranha-céu

para que toda a cidade

possa ler o seu nome e o seu nome

fulgure perto do céu.

E eu mesmo irei acender

o imenso letreiro encantado

que ficará piscando-piscando

lá em cima

na noite azul de pantomima.

E o arranha-céu, com seu nome na fronte

sonhará tanta coisa bonita:

Por exemplo, que é um templo...

Que todos os pirilampos da terra

lhe pousaram na fronte,

que toda a população das estrelas

saiu à rua acompanhando a lua..

Que o espírito inocente da terra criança

veio brincar de quatro cantos pelos cantos da rua

botando um pouco de ilusão em cada coração

e um pouco de saudade em cada trecho da cidade

e um pouco de inocência em cada angústia da existência

e um pouco de poesia em nosso “pão de cada dia”.

Page 76: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

76

E eu, em meio do povo,

tirarei o chapéu, está vendo?

E olharei o seu nome lá em cima

no letreiro de estrelas

pertinho do céu.

Page 77: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

77

No brilho do teu olhar

eu vi:

A manhã ensolarada,

colorida,

com perfume de flores.

Um céu azulzinho

com nuances de sonhos

alegres, risonhos.

O farfalhar das folhas

na suave brisa.

A cadência das águas

clarinhas, rolando nas cascatas.

No brilho do teu olhar

eu vi:

a felicidade de me ver,

a esperança do nosso bem querer,

a alegria de viver.

no brilho do teu olhar

Page 78: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

78

Hoje, ao acordar

não vi o céu azul,

nem o sol a clarear,

nem ouvi os bem-te-vis a cantar.

A chuvinha mansa que cai

enuviando vai

uma manhã cinzenta

melancólica, fria.

Eu não estou triste!

Dentro de mim o sol brilha

e aquece.

Sonhei com você,

no sonho você me sorria,

me inundava com seu olhar:

Contente eu me via

no brilho do seu olhar.

ao acordar

Page 79: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

79

Quando, numa tarde de agosto,

morna, aconchegante,

nós nos vimos,

neste instante,

um cupido matreiro

as flechas atirando

nossos corações acertando.

Um flash de luz explodiu

entre nossos olhares,

nos atingiu.

Outros dias, outras tardes passando...

nossos olhares se cruzando,

nós dois nos querendo, alegres, sorrindo,

sonhos e sonhos vivendo.

Um do outro nada sabia...

Um ao outro queria,

entre olhares, risos e alegria.

Quando, outros dias,

outras tardes se esvaírem,

se o tempo implacável os sonhos destruírem,

não sei se vou sorrir,

se vou chorar. Não sei!

Talvez eu vá chorar

na saudade do sonho

que deixou de existir.

Talvez eu me veja a sorrir

na lembrança deste tempo

que, agora, feliz vivi.

se vou chorar... não sei!

Page 80: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

80

Se eu pudesse

queria ler o teu pensamento,

agora, a todo momento,

desvendar o teu querer...

Se eu pudesse

vencer os obstáculos

que tolhem minha fantasia

o receio dissiparia.

Se eu pudesse

voltar no tempo, vencer o espaço,

prender-te-ia num abraço...

Se eu pudesse

agora te beijar,

iria cantar para o universo

que criei o mais sublime verso

do meu existir

para te ofertar e ver o teu sorrir.

Se eu pudesse

mudar o destino,

não sofrer num desatino,

nem de ti me afastar,

eu diria que juntos vamos descobrir

toda a beleza de sorrir...

sorrir para a noite, para o dia,

a lua, o sol, as estrelas,

as fontes, o mar,

para a natureza em festa

na ternura de amar!...

se eu pudesse...

Page 81: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

81

Onde eu estiver,

não importa a distância

ou qual seja o lugar,

quando eu me lembrar

do teu meigo sorriso

no infinito vou me transportar

para um pedaço do paraíso.

Onde eu estiver,

seja na terra ou no mar

e no som do vento eu ouvir

o soar da tua voz

feliz vou me sentir

por saber que não estou a sós.

Onde eu estiver,

se a saudade me magoar

procurarei no azul do céu

a luz do teu olhar

que estará a me iluminar.

onde eu estiver

Page 82: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

82

O vento dançando na rua,

a chuva molhando a vidraça,

eu, sentindo a ausência tua.

No dia que não te vejo

o sol interior não brilha

nem aquece.

Tortura-me o desejo

de sentir

teu olhar, teu sorrir,

que são para mim como prece

que acalenta meu existir.

O vento continua

as árvores balançando,

a chuva mansa caindo

e eu, sentindo a ausência tua.

tua ausência

Page 83: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

83

Um dia...

Quando o tempo tiver voado

e o agora for passado,

tudo diferente

no espaço, na Terra,

no viver da gente,

vislumbre dentro de si

uma sombra do que vivemos

agora que nos queremos

insensíveis ao fim.

Lembre-se de mim!

um dia

Page 84: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

84

Deixa ecoar em teus ouvidos

os sons do amor

que canto em teu louvor...

A tarde silenciosa desfolha

pétalas de sombras

pelo vazio do espaço

que indiferente olha

para o meu cansaço

por esperar

pela luz do teu olhar.

Estas pétalas flutuam

ante meu olhar tristonho

envolvendo-me no sonho

que as lembranças acentuam...

E eu te vejo a sorrir,

a olhar-me com ternura...

a esperança a fluir

o reencontro, a ventura.

Deixa soar em teus ouvidos

a melodia, o amor

que canto em teu louvor.

canto de amor

Page 85: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

85

Nas manhãs encantadas,

nas tardes chuvosas ou ensolaradas

de todos os dias

nós nos víamos

inundados de risos e alegrias.

Numa manhã dourada

quando eu me despedia,

votos de felicidade

um ao outro fazia.

E, já distante, nossas mãos acenando

num gesto de cortesia,

um sorriso constante nos lábios floria.

Naquela tarde você não surgiu...

Meu coração entristeceu, se afligiu!

Outras manhãs,

outras tardes vazias

de outros dias...

Sei que vai voltar

para minha alma alegrar.

Nossas mãos acenando

não era adeus,

não era despedida,

eram mãos louvando

a pureza do amor,

a alegria de nossas vidas.

mãos louvando

Page 86: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

86

São nossos sonhos

gerados no sorriso da lua,

no olhar das estrelas,

no aquecer do sol da manhã,

nas lágrimas das chuvas de verão

e alentam nosso coração.

Estes sonhos criaram vida,

criaram forma, existem.

Às vezes alegres, às vezes tristes.

Nós nos vendo,

nos querendo,

em gestos, frases, risos

e a doce alegria

de nossa fantasia..

Quando o tempo veloz fugir

talvez estes sonhos não irão existir.

E ao sentires outros olhares de ternura,

outras palavras de ventura,

num sopro receber um beijo,

naquele momento um lampejo

minha lembrança te trará.

E para a saudade perguntarás:

– Ela, a poeta, onde estará?

sonho de poeta

Page 87: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

87

Flutua uma sombra de tristeza

nesta tarde sem beleza

em que não estás a me alegrar.

O céu tornou-se cinzento

neste momento

que a noite vai chegar.

Não há do sol a luz,

nem teus olhos a brilhar...

A tarde chega ao fim!

A saudade se apossou de mim.

Surgem as estrelas...

E eu, ao vê-las,

estou a sonhar...

Todas elas a cantar:

– Como é sublime o amor!

Sonhe, ame, continue a querer, a amar!

Embalada neste canto

eu me vi a sorrir.

A alegria a fluir

do teu olhar o encanto.

canto das estrelas

Page 88: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

88

Se por acaso

águas distantes eu singrar

sob o azul do céu,

sobre o verde mar,

através de uma cortina nebulosa

teus olhos

estarão a me iluminar.

Se por acaso um dia a saudade

quiser me sufocar,

a ternura do teu beijo

estará a me alegrar.

Se por acaso numa noite estrelada

ou no clarão do luar

sozinha eu me sentir

me envolverei no teu sorrir.

Se por acaso eu trilhar

estradas tortuosas,

me ferir nos espinhos,

sem sentir

a suavidade das rosas

ainda assim serei feliz

lembrando teus olhos a me fitar.

se por acaso

Page 89: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

89

O amor nasceu

num olhar e num sorriso

sendo luz, encanto, alegria

na tarde daquele dia.

O amor sublime viveu

entre risos e olhares de carinho.

Éramos felizes a sonhar

como pássaros a voar

pelo universo sem fim:

Eu era parte de você

você complemento de mim.

Veio a separação!

Como pássaro de asas partidas

não podíamos voar juntos

na nossa fantasia.

Não houve adeus nem despedida,

somente a mágoa no meu coração!

Em faces que foram tocadas com ternura

num momento de ventura

deslizam lágrimas de dor.

E a noite estrelada, carinhosa,

é testemunha silenciosa

da angústia do meu ser sonhador.

Chega outro dia!

O sol cintila irradiando vida...

Minha alma sofre pela noite de nostalgia.

Das cinzas vou renascer

sonhar, esperar, viver

outros momentos de alegria.

lágrimas de dor

Page 90: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

90

Dias e dias de ausência...

A saudade sem clemência

meu coração torturava.

À noite, ao olhar o céu estrelado

queria ver-te ao meu lado,

tua presença se fazia,

acordada eu sonhava,

teu olhar meu sonho embalava.

Pela manhã ao acordar

vendo o sol a brilhar

teu olhar eu sentia.

Hoje, ao te reencontrar

diante do teu olhar

feliz, feliz eu sorria.

nosso reencontro

Page 91: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

91

Caminhava sem destino

na manhã ensolarada,

meu ser em desatino,

sofria, amargurada.

Meu coração chorava!...

Lágrimas eu retinha,

a dor só minha

de todos eu ocultava.

Em meio às árvores da praça

solitário em um galho, um bem-te-vi.

Parei. Ficamos a nos observar,

nós dois sozinhos ali,

a solidão a nos maltratar.

O pássaro não cantava,

apenas para os lados olhava

como se a companheira a procurar.

– Bem-te-vi, sua dor é igual à minha,

também estou sozinha.

Depois de tempos ele voou sozinho.

Continuei meu caminho

com o coração amargurado

sem você ao meu lado.

solidários na solidão

Page 92: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

92

Sozinha

no galho da árvore

a canária ao sol se aquecia,

mirava ao seu redor

não se importando

com quem passava,

o azul do céu olhava,

por um companheiro esperava.

Nesta praça tão verde, tão florida,

eu vivia sentimentos

de saudade em minha vida,

momentos de solidão

pela ausência tua

que perturba meu coração.

No entanto,

amanhã será outro dia!

Viverei com alegria

nosso reencontro.

manhã na praça

Page 93: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

93

Aqui sozinha

ante o encanto do meu jardim

vem a saudade pungente

de você longe de mim.

O vento dançando o pessegueiro,

as margaridas numerosas,

mimosas,

vibrantes após a chuva de verão,

radiosas com os afagos do sol.

Silêncio... solidão!...

Das flores a beleza,

o verde dos campos além

num vai e vem

inundam meu pensamento

voltado a todo momento

para você, seu sorrir, seu olhar.

Dálias, palmas, rosas

e alvas margaridas

trazem-me etapas vividas

no seu afeto,

na ventura de amar.

ao ver as flores

Page 94: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

94

Um céu azul, azul,

sol claro a brilhar.

As flores ainda orvalhadas

com o soprar da brisa

alegres a dançar.

Passarinhos voando,

seus trinados entoando.

Vida, beleza, alegria

no chegar do novo dia.

Dentro de mim

há uma nuvem

envolvendo meu coração!

Sufoca-o, dói a solidão,

a saudade me tortura,

sua ausência me amargura.

Vem! Dá-me seu sorriso,

um olhar de ternura

e esta nuvem se dissipará,

dentro de mim

o sol brilhará.

nuvem de saudade

Page 95: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

95

Na noite silenciosa e calma

sentimentos diversos

envolvem minha alma.

No infinito brilham as estrelas

e eu, ao vê-las,

recordo o brilho do teu olhar,

surge a saudade a me sufocar.

Sofre meu coração,

pela ausência transitória

domina-me a solidão.

Fito novamente as estrelas!...

No desejo vou buscá-las

e tê-las para te ofertar

como dádiva sublime

na ternura,

na suave ventura

de te querer, de sonhar.

dádiva sublime

Page 96: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

96

Silêncio, só silêncio...

Sinto-me como num deserto,

dói a saudade

que invade meu coração

quando você não está comigo.

Há um vazio dentro de mim...

Não consigo dormir

só em você pensando,

a saudade me sufocando.

Minha alma chora...

Se eu pudesse ter você agora

todo esse sofrer dissiparia

e eu, feliz seria.

solidão

Page 97: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

97

A manhã é tão bela!...

O céu todo azul,

o sol a me aquecer,

os passarinhos a cantar,

as flores a perfumar...

Oh! céus,

diante de tanta beleza

eu estou triste!

Meu coração chora

por esta ausência

a que a vida sem clemência

nos condenou.

Não é o fim...

Outro dia há de vir,

um outro porvir

o sol a brilhar e nós a nos amar...

outro porvir

Page 98: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

98

A saudade sufoca meu coração!

A dor é torturante,

lembrando aqueles instantes

que tão próximos estivemos

como se não nos conhecêssemos;

não nos falamos,

nem nos olhamos.

Não sei a razão. Só sei que sofri,

momentos aflitos vivi.

Queria te abraçar,

teu rosto tocar,

me sentia inibida

no meu sentimento tolhida.

Sofri momentos sem alegria.

Neste instante

relendo os versos que te fiz

tive a esperança feliz

do nosso reencontro.

A saudade se afastou por um momento,

e dominou meu ser

o amor que trago no coração

que da minha vida é a razão.

Sou feliz por amar, te querer.

saudade torturante

Page 99: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

99

Eu queria...

uma manhã clara, morna, aconchegante,

azul o céu, brilhante

como quando nossas faces se tocaram

num suave e carinhoso instante.

Eu queria...

um dia de sol, brancas nuvens no infinito

como aquele em que ao nos afastarmos,

já distantes, nossas mãos acenando

não como adeus, sim de ternura

pelos momentos vividos na ventura.

Eu queria...

uma tarde bela, ensolarada

como quando nos vimos pela primeira vez,

nossos olhos brilharam,

nossos lábios sorriram

pela atração iniciada.

A manhã foi cinzenta, o dia chuvoso,

tarde nublada, sem sol, sem céu azul.

Meu coração sofre, a saudade

minha alma invade.

Eu queria...

uma manhã encantada,

um dia maravilhoso de calor,

uma tarde de sonhos,

para juntos vivermos o terceiro ano de amor.

hoje eu queria...

Page 100: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

100

Page 101: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

101

trovas

Page 102: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

102

temáticas

Page 103: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

103103

tema: livro

Escrevi com emoção,

com amor, muita ternura,

no livro do coração

nossos sonhos de ventura.

No livro que te ofertei

com meu carinho, amizade,

omiti, nada gravei

de meu amor, nem da saudade

Deste-me um livro em poesia!

Frases de amor e ternura...

Vibrei irradiei alegria,

em devaneios de ventura.

No livro da minha vida

escrevi em letras de ouro

teu nome minha querida,

és meu amor, meu tesouro.

Escrevi com emoção,

com amor, muita ternura

no livro do coração

nossos sonhos de ventura.

União Brasileira de Trovadores Belo Horizonte

Page 104: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

104

tema: turismo

O turismo é coisa boa,

seja no norte ou no sul.

Ver terra seca, garoa,

chuva, sol e céu azul.

Faço turismo contente,

vivendo aventuras mil.

Conhecendo muita gente

por nosso imenso Brasil.

Fazer turismo contente

por todo Brasil eu vou,

conhecendo a sua gente,

trovando: feliz eu sou!

Turismo não tem idade,

idoso, jovem ou criança.

Seja no campo ou cidade

todos vivem na esperança.

Turismo é conhecer

outras terras, muita gente,

novos amigos fazer

num fraternal ambiente. Menção Honrosa pelo 4º lugar no XVII Concurso Nacional de TrovasNatal, Rio Grande do Norte, 1997

Page 105: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

105

tema: jangada

Jangada ao mar adentrou,

levando bem longe alguém.

Triste lágrima rolou

e caiu no mar também.

Jangada ao mar adentrou,

levando um ser para além.

Uma lágrima rolou

nos olhos tristes de alguém.

Sumindo aquela jangada

na espuma branca do mar...

E na praia, desolada

vaga a criança a chorar!

A jangada vai partindo

para longe, mais além...

No horizonte vai sumindo

sobre as águas de ninguém.

Ser jangadeiro é glória

para quem gosta do mar.

Terá seu nome na história...

Proezas para contar.

Page 106: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

106

tema: beijo

Teu beijo, suave brisa,

que me acaricia e afaga,

minha saudade ameniza

e a minha dor sempre apaga.

A brisa que vem do mar

traz o som da fantasia.

Faz o coração sonhar

com teus beijos, oh, alegria!

Brisa do mar é suave,

sopra sempre de mansinho.

É como o vôo de uma ave

quando regressa ao seu ninho.

Teu beijo é igual a brisa

que acaricia, que afaga

e toda ofensa ameniza,

da alma a nossa dor apaga.

O beijo que desejei

eu não dei nem recebi.

Nem mesmo manifestei

minha vontade omiti.

Page 107: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

107

Se beijar fosse pecado

eu, no céu não entraria.

Tantos beijos tenho dado

de amor, carinho e alegria.

Nosso beijo prometido

não o dei nem recebi.

Ele não foi permitido

e desejosa eu parti.

A chuva cai de mansinho,

vai molhando todo chão.

O teu beijo é um carinho,

regando meu coração.

tema: miragem

És apenas a miragem

nos meus dias de solidão

guardo somente a imagem

dentro do meu coração.

És somente miragem

aqui no meu coração

que guarda uma doce imagem

nos meus tempos de solidão.

União Brasileira de TrovadoresBelo Horizonte, 2003

Page 108: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

108

tema: paz

A paz não é brincadeira,

isto é um assunto bem sério.

Inunde essa terra inteira,

com paz em todo o hemisfério.

Viver em paz é preciso,

mesmo que no meio da guerra...

Transformando em paraíso

o seu pedaço de terra.

Paz, nossa grande alegria,

que consola na tristeza!

Envolva o seu dia a dia,

vai transformando em beleza.

O sorrir que bem nos faz,

agradando a toda gente,

apaga a ofensa, dá a paz

e deixa o outro contente.

Quando se ama de verdade,

a alegria traz união,

ventura, felicidade,

doce paz no coração.

Concurso de Trovas na Internet do XX Seminário Nacional da TrovaDomingos Martins,Espírito Santo, 2000

Page 109: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

109

A paz que ora desfrutamos,

belo brinde do Senhor.

A Ele sempre nós louvamos

com gratidão, muito amor.

tema: paraíso

Sinta, longe, o paraíso

na sofrida natureza,

de preservá-la eu preciso

conservando-lhe a pureza.

Conquistar o paraíso

é ser feliz, minha gente!

Que, nos lábios, o sorriso

esteja sempre presente.

Viver em um paraíso

é viver fraternidade.

Quem distribui um sorriso

não vive em desigualdade.

Conquiste o seu paraíso!

Seja sincero, leal!

Cultive sempre o sorriso

a ninguém deseje o mal.

União Brasileira de TrovadoresBelo Horizonte

Page 110: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

110

O paraíso está em nós,

quando amamos um alguém,

dizendo de viva voz:

quero-te feliz também...

Aquele que tem amor

vive bem, num paraíso,

superando toda dor,

cultivando seu sorriso.

tema: desculpas

O passado que vivemos

já nos trouxe muitas culpas,

Todas mágoas esquecemos

Nos pedidos de desculpas

Em uns momentos risonhos

samba, batuque, alegria!

Noites de festas e sonhos,

Amores e fantasias.

tema: afeto

Afeto eu te dediquei,

Carinho, amor e ternura,

Hoje sozinha fiquei

Chorando essa desventura.

Menção Honrosa no Congresso Nacional de TrovasMaringá, Paraná, 1994

Page 111: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

111

tema: inspiração

Eu não tenho inspiração

depois que perdi você.

No sofrido coração

só saudade é que se vê.

A brisa que vem do mar

traz a minha inspiração.

Faz o coração sonhar,

esquecer a solidão.

Bela e tortuosa estrada

trouxe-nos a inspiração.

Agora está abandonada,

traz somente solidão.

Assim eu vivo feliz,

tendo minha inspiração.

Neste amor que sempre quis

dentro do meu coração.

tema: orquídeas

Orquídeas, uma beleza

pelas matas e nas serras

enfeitam a natureza,

perfumam todas as terras.

Concurso do Clube dosTrovadores CapixabasDomingos Martins, Espírito Santo

Page 112: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

112

tema: sombra

Uma sombra no jardim

me causava solidão,

lembrava dentro de mim

a nossa separação.

A sombra que refletia

seus olhos a brilhar,

a saudade eu antevia

do tempo a nos separar.

Entrando pela janela

o luar envolvia o leito

numa sombra alegre, bela,

desse nosso amor perfeito.

Fui sombra da sua sombra

passo a passo o acompanhei,

hoje sinto apenas a sombra

do puro amor que ofertei.

tema: ousadia

Para que ter teimosia

e viver na solidão,

é melhor ter ousadia,

com amor no coração.

União Brasileira de TrovadoresBelo Horizonte

Page 113: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

113

tema: água

A chuva cai de mansinho,

a água vai molhando o chão.

O teu beijo e teu carinho

regam o meu coração.

O rio em sua corredeira

vai levando águas além,

molhando a terra ribeira,

saciando seres também.

A jangada vai partindo

para longe, mais além...

No horizonte vai sumindo

pelas águas de ninguém.

tema: clone (humor)

O clone que fez Zezé

só provocou confusão,

tinha pinta lá no pé,

pinto na palma da mão.

Um clone bem esquisito,

bastante desengonçado,

parecia ser um cabrito,

parecia porco empalhado.

União Brasileira de TrovadoresBelo Horizonte, 2002

Page 114: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

114

tema: poente

Sol desmaia no poente

despedindo-se do dia...

A dor que o coração sente

nos trás grande nostalgia.

Sol no poente desmaia...

Inunda de luz, calor

o mar, a areia, a praia

com carinho sedutor.

tema: refém

Um amor dediquei a alguém

Entreguei-lhe o coração

e sou deste amor refém

chorando a desilusão.

tema: menina brasileira

A menina brasileira

quando dança, sorri, canta.

Fica bonita, faceira,

a todos, todos encanta.

5º Lugar no ConcursoRelâmpago de TrovasDomingos Martins, Espírito Santo, 2001

União Brasileira de Trovadores Belo Horizonte, 2004

Page 115: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

115

tema: mãe

Mãe! Teu carinho é uma brisa

que acaricia, que me afaga

e toda ofensa ameniza

da alma nossa dor apaga.

tema: aragem

A chuva caiu na noite,

aragem em outro dia,

Nem o vento, forte açoite

desfez a nossa alegria.

tema: sorriso

Numa tarde ensolarada

eu amei o teu sorriso,

e fiquei apaixonada,

transportei-me a um paraíso.

tema: tema

Meu tema é o meigo sorriso

que exibes todos os dias,

Leva-me ao belo paraíso

de fé, sonhos e alegrias.

Para o Dia das MãesUnião Brasileira de TrovadoresBelo Horizonte

Page 116: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

116

lugares

Page 117: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

117117

cidade: belo horizonte

Belo Horizonte irradia

para o mundo seu valor.

São cem anos de poesia,

Trabalho, progresso e amor.

Centenária Capital

te revestes de mil flores,

tens beleza sem igual.

És repleta de esplendores.

Hoje, no teu centenário,

vibras, bela Capital.

Mostras um belo cenário,

horizonte sem igual.

Belo é o teu horizonte,

Centenária Capital,

Foi o passado uma ponte

Para esta beleza atual.

Dourado e belo horizonte,

mais belo é num céu azul!

Nas canções vindas da fonte,

vem a saudade do sul.

Centenário da Capital, 1997

Trova de Joamir MedeirosNatal, Rio Grande do Norte

Page 118: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

118

Nos belos jardins das praças,

Nas águas das tuas fontes,

Encantas todas as raças

Com teus belos horizontes.

cidade: formiga

Es enfeitada de flores

e de um sol claro a brilhar.

Formiga, nós trovadores,

aqui vimos te saudar.

Formiga, nós aqui estamos

só para juntos trovar.

O teu progresso louvamos.

e queremos te abraçar.

cidade: vila velha

Vila Velha me seduz

o fascínio do teu mar

inundado pela luz

refletida do luar.

Manhã! Praia da Costa

com o sol sempre a brilhar...

O turista, alegre, gosta

de tranquilo caminhar.

I Congresso Brasileiro de Trovadores em Minas GeraisFormiga, Minas Gerais, 1997

XVIII Seminário Nacional da TrovaVila Velha, Espírito Santo, 1998

Page 119: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

119

cidade: linhares

Lá perto dos verdes mares,

iremos com alegria

conhecer esta Linhares,

a cidade simpatia.

Juparanã uma lagoa

de águas claras e bons ares,

matas verdes, terra boa

circundam essa Linhares.

Sessenta e quatro lagoas

o Município tem.

Campos, matas, terras boas...

e o povo gentil também

O bom projeto Tamar

as tartarugas preserva.

Mata Atlântica a florar

em grandiosa reserva.

cidade: domingos martins

Pelas montanhas cercada,

está Domingos Martins,

toda cidade é enfeitada

de poetas e jardins.

XIV Seminário Nacional da TrovaLinhares, Espírito Santo, 1994

I Congresso Brasileiro de Poetas TrovadoresDomingos Martins,Espírito Santo, 2001

Page 120: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

120

Poetas em seus jardins

a fim de ter emoções;

esta Domingos Martins

ficará nos corações.

cidade: esteio

Esteio, foste iniciada

em uns ranchos de sapé,

e em cidade transformada,

com amor, progresso e fé.

Vibro com tua história,

Esteio, vim te conhecer...

É teu passado de glória.

No futuro irás crescer...

Tuas noites estreladas...

De sol brilhante, teus dias...

Ruas de flor enfeitadas...

És Esteio de alegrias.

Menção Honrosa no1º Concurso de Poesia, Conto e Trova Literária de EsteioEsteio, Rio Grande do Sul, 1996

Page 121: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

121

estado: rondônia

Rondônia lá tão distante,

recebeu-nos com carinho.

Os poetas, neste instante,

te adotam como seu ninho.

A Porto Velho nova é,

tem a civilização.

Na Madeira Mamoré,

guarda toda tradição.

Corre esse Rio Madeira,

levando as águas além.

Molha esta terra ribeira.

Sacia seres também.

Rio Madeira corre lento

por toda grande região.

Poetas, neste momento,

fazem-te uma saudação.

Rondônia vamos partindo

deixando-te a poesia.

E a saudade já sentindo,

Voltaremos algum dia.

Seminário da Trova da Semana da Cultura de Rondônia

Page 122: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

122

homenagens

Page 123: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

123123

Índios da língua Tupi

são poetas a encantar.

Chamam a lua Jaci

e adoram seu brilhar.

Nossa Jacy é a lua,

vive sempre a trabalhar.

Dando a cultura que é sua

para os que a vêm procurar.

A incansável pequenina

anda que nem corrupio,

onde a poesia germina

vence qualquer desafio.

Hoje aqui temos a prova

do seu valor e progresso,

neste evento que renova

o brilho de Bom Sucesso.

Quanta coisa bonita

ostenta neste varal.

Mostra que não se limita

à força de um ideal.

II Varal de Poesia de Bom SucessoBom Sucesso, Minas Gerais, 1988

homenagem a jacy,por áurea venâncio

Page 124: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

124

A Bom Sucesso, seu povo

e a Jacy vamos saudar,

prevendo o futuro novo

nas letras a prosperar.

Page 125: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

125

Cinquenta anos já vividos

com alegrias, muito amor.

Nunca serão esquecidos.

São vividos com ardor.

Ontem, nós éramos dois

na busca de um ideal...

e meio século depois:

felicidade total.

Este amor que nos uniu,

com os filhos já nascendo,

a família reuniu.

Cada vez mais vai crescendo.

Vida a dois iniciada

com filhos se completou

e dos netos a chegada

o elo de amor aumentou.

Relembrando meu passado

vem a saudade, a alegria.

Amei e também fui amado!

Hoje resta a fantasia.

Rio de Janeiro, 1996homenagem às bodas de ourode walpira e publio

Page 126: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

126

diversas

Page 127: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

127127

No jardim, humilde cravo

lamentava seus temores.

Sentia-se como escravo

entre tão bonitas flores.

Tantas flores encontrei

neste meu longo caminho.

A todas então saudei

e dei meu doce carinho.

No palco da fantasia,

procurei a imagem tua.

Passou noite, passou dia...

fiquei sozinha na rua.

Cantando vivo feliz

eu não choro nem lamento.

Aquele que sempre quis

não me sai do pensamento.

Teu pesinho delicado

deixando na areia do mar

o teu rastro bem marcado

para sempre o acompanhar.

Page 128: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

128

Assim eu vivo feliz

com grande satisfação.

A verdade eu sempre quis

dentro do meu coração.

Até a lua curiosa

espiava pela janela,

uma envolvência amorosa

de um rapaz e uma donzela.

Lá no infinito, as estrelas

são como um belo colar.

É muito bonito vê-las

na noite escura a brilhar.

Noites claras, de luar,

sinto grande inspiração:

vontade de rir, chorar,

alegrar meu coração.

Noite clara de luar

dá na gente nostalgia,

muita vontade de amar

até ver raiar o dia.

Page 129: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

129

Se essa lua fosse gente,

ela, por certo, amaria,

da fase cheia à crescente,

doando amor e alegria.

Estrelas no infinito,

estarão sempre a luzir

como num colar bonito,

teus olhos a refletir.

Nas malhas daquela rede

tecida com grandes nós,

pescador, na sua sede

do pescado, fica a sós.

As fitas nos seus cabelos

são laçadas com um nó,

feitos com tantos desvelos

que parecem uma só.

Alguém que vive sozinho,

lembrando um terno abraço,

é um cálice sem vinho,

derramado pelo espaço.

Page 130: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

130

O silêncio me amargura.

Não gosto da solidão.

Prefiro ter a ventura

de um amor no coração.

Tua presença constante

dentro do meu coração,

revivendo todo instante,

os momentos de emoção.

Eu esperei tanto, tanto,

perecendo de ansiedade,

e tu não vieste, portanto

acabou a felicidade.

Ruflando as asas contente

feliz, voa o passarinho.

Num grito bem estridente,

volta pra seu tosco ninho.

Com meiguice beija a flor

o pequeno colibri.

Vai sugando com amor

o néctar que existe ali.

Page 131: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

131

A ave volta pro seu ninho

na tarde fria de inverno.

Sua prole, com carinho

vigia, com amor fraterno.

Por caridade, Senhor,

envia a chuva pro sertão!

Não vejo capim nem flor.

Secou toda plantação.

Na natureza me inspiro,

com flor fico emocionada,

pelo seu amor suspiro

em silêncio, enamorada.

Ser poeta, na verdade,

é viver com alegria.

É fugir da realidade,

ter na vida a fantasia.

No coração, é um presente

ter a alegria de viver.

Todos queremos somente

o sucesso merecer.

União Brasileira de TrovadoresBelo Horizonte, 1997

União Brasileira de TrovadoresBelo Horizonte, 1997

Page 132: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

132

No mundo, há muita gente

que não sabe como amar,

e nenhuma emoção sente

na doçura de um olhar.

Uma mágoa que se sente

ao perder um grande amor,

dói no coração da gente

e nos arrasa essa dor.

É verdade que eu te amei

com loucura, com paixão.

Este amor que cultivei

terminou numa implosão.

O sol, longe, no infinito

expande luz e calor.

Meu coração, num só grito

proclama meu grande amor.

Eu brincava de casinha,

andava na enxurrada

e pulava amarelinha.

Oh! Que criança levada.

Page 133: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

133

Presa à velha tradição,

vive a virgem tão sozinha!

Sem amor no coração

triste, na vida caminha.

Vem! Volta para meus braços,

vem receber meu carinho,

deliciarmos com abraços

e beijos, no nosso ninho.

Sua escrava ele saudou

com carinho e compaixão.

O seu trabalho exaltou

naquele suado chão.

Por que tanta teimosia

em querer quem não te quer?

Melhor esquecer Maria,

procurando outra mulher.

Achas que chorei? Não! Não!

Esqueci que já te amei.

Dentro do meu coração

nenhuma mágoa guardei.

Page 134: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

134

Eu não tenho inspiração

depois que perdi você.

No sofrido coração

só saudade a gente vê.

A brisa beija teu rosto

com ternura, com carinho,

bem à tardinha, ao sol posto,

e à noite, devagarinho.

A brisa afaga teu rosto

com carinho, com ternura,

pela manhã, no sol posto

ou na noite calma e escura.

Sendo velho ou novo amigo,

dão grande satisfação.

Eles convivem comigo,

estão no meu coração.

Nasce mais uma criança,

inunda a noite de luz

trazendo a vida e esperança...

Chegou o menino Jesus.

Page 135: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

135

O Natal traz harmonia,

festa que transborda luz.

E nesse grandioso dia

nasceu o Menino Jesus.

Ó criança! É amanhecer!...

Vem correr e vem brincar,

castelos na areia fazer,

sua infância desfrutar.

A distância, que maldade!

Um tempo nos separou.

Agora a felicidade

de nós dois se acercou.

A música vem na brisa

que sopra no verde mar.

Som que a saudade ameniza

de quem chora por amar.

A beleza da poesia

é qual música a embalar

minha alma triste, vazia,

na saudade de um olhar.

Page 136: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

136

Não vou lembrar o passado...

Vou viver o hoje somente.

eu, que me sentia agoniado

canto a alegria do presente.

O passado é dor, saudade

do que nos aconteceu.

Esquecer toda maldade,

lembrar o amor que viveu.

O passado que vivemos

não trouxe felicidade.

Os tormentos esquecemos,

hoje é suave na saudade.

A presença de um sorriso

alegra nosso viver,

transformando em parais

um desolado sofrer.

Bem-te-vi canta contente

lá no alto do pessegueiro,

ergue seu peito imponente,

canta, canta, no dia inteiro.

Page 137: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

137

Bem-te-vi cantou contente

lá no alto do pessegueiro.

Ergueu seu peito imponente,

voou pro seu ninho ligeiro.

Longa e tortuosa estrada,

cheia de flores, de espinhos!...

Chegando ao fim da jornada

eu recebo seus carinhos.

Vem chegando a madrugada...

eu me sinto tão sozinho!

Não tenho seu amor, nem nada,

sou igual uma ave sem ninho.

A velha ponte encardida

por muita gente pisada,

foi caminho, deu guarida,

agora está abandonada.

A velha ponte encardida

por muitos povos pisada,

guarda mensagens de vida

mesmo estando abandonada.

Page 138: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

138

As crianças brincam contentes

sob clarão da bela lua.

Ao frio estão indiferentes,

correm, correm pela rua.

Ruflando as asas contente

voa feliz o passarinho,

num canto bem estridente

volta pro seu tosco ninho.

A ave volta pro seu ninho

na tarde fria de inverno.

Sua prole com carinho

vigia com amor fraterno.

Com meiguice beija a flor

o pequeno colibri.

A ave suga com amor

o néctar que existe ali.

Tua carta logo rasguei

no auge da desilusão.

Os pedaços eu colei

junto com o meu perdão.

Page 139: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

139

Cantando eu vivo feliz,

eu não choro nem lamento.

Liberdade sempre quis:

no coração, pensamento.

Assim eu vivo feliz

com grande satisfação.

Liberdade eu sempre quis

dentro do meu coração.

A velha ponte encardida

por muitos povos pisada

guarda mensagens de vida

em letras semi-apagadas.

No livro da minha vida

escrevi em letras de ouro.

Teu nome minha querida,

nossos sonhos, meu tesouro.

Tua letra reconheci

num envelope dourado.

À saudade resisti,

atirei-o fora, fechado.

Page 140: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

140

Ela dançando sorria,

no samba assim esbaldava

aquela grande alegria

pelo amor que começava.

O corpo dela gingava

naquele samba dolente,

o frenesi se espalhava

para toda aquela gente.

Do teu beijo esta lembrança

na saudade noite e dia

renova minha esperança

de outros tempos de alegria.

O sol que ao longe desmaia

inunda de luz, calor

o mar, a areia, a praia,

com carinho sedutor.

A noite era silenciosa!

Lua cheia dormitava.

Encantada com a rosa

que ali o jardim perfumava.

Page 141: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

141

Estava uma noite assim...

Enluarada, bela, calma.

O amor se acercou de mim

e se apossou de minha alma.

Na areia branca da praia

teu rosto o sol refletia

na tarde fria que desmaia

despedindo o belo dia.

Fazer trova na verdade

é viver com alegria.

É fugir da realidade,

ter na vida a fantasia.

Na noite de carnaval

vivi instantes de alegria,

uns momentos sem igual

nos braços da fantasia.

Page 142: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

142

Page 143: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

143

O haicai é uma forma poética de origem japonesa, cuja

principal característica é a concisão. Os poemas têm

apena 3 versos, com 5, 7 e 5 sílabas poéticas, nessa ordem.

Originalmente, o haicai não tem rima e baseia-se nas quatro

estações do ano (denominadas “kigô”) e em elementos da

natureza: sol, frio, folhas, rios, céu, pássaros, plantas etc.

O haicai é, em suma, uma brevíssima descrição do que o

poeta vê no momento. Se ele vê uma borboleta que

sai do galho, vai até o chão e retorna ao galho, escreve:

pétala caída

que, ao galho retorna!

uma borboleta.

No Brasil, o haicai não se relaciona às estações do ano ou

à natureza. O responsável pela popularização dessa forma

poética aqui foi Guilherme de Almeida, que inseriu a rima no

haicai, da seguinte forma: rimam a 5ª sílaba do primeiro e do

terceiro versos, e no segundo verso há uma rima interna, entre a

2ª e a 7ª sílabas. Esses haicais são chamados guilherminos.

haicais

Page 144: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

144

Page 145: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

145145

Vinte e sete, maio,

terminando a convenção.

Tristemente saio.

A chuva cai, cai,

gotas vão se acumulando.

Enxurrada vai.

Eu sempre sorrindo.

Tendo minha alma sonhando.

O tempo indo e vindo.

Mágoa não guardei

por toda dor que sofri.

Lágrimas chorei.

Lágrimas chorei,

muita dor eu já sofri.

Mágoa não guardei.

Há focos de luz,

nos poros de cada ser

o brilho reluz.

A noite serena,

o firmamento estrelado,

é a noite amena.

Page 146: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

146

O céu já chorava,

a natureza morria.

Um olhar brincava.

Lua de cristal

iluminando essa noite.

Sonho de Natal.

Page 147: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

147

Page 148: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

148

Page 149: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

149

Nós, poetas, somos sonhadores, amamos a natureza e o que é

belo, ainda que simples. Quantas vezes somos acordados pela

lembrança de alguém que entrou em nossas vidas por acaso e

nos inspirou a escrever sobre a beleza o amor! E é essa alegria

que desejo compartilhar com meus leitores, familiares e amigos.

Agradeço aos meus filhos, Helvio, Lenira e Peter, às noras,

Glória e Soraya, e ao genro, Renato. Aos netos, Rafael, Luisa,

Rodolfo, Peterson e, em especial, à Renata e ao Daniel, que

auxiliaram a organização, revisão e elaboração gráfica do livro.

Agradeço também ao professor Antônio Alves Teixeira, com

quem tive a enriquecedora experiência de criar e dirigir um

Centro de Arte e Cultura em Bom Sucesso ao longo de 12 anos.

Ao Rômulo César Almeida, meu afilhado. Ao amigo Marcelo

Marcinelli, por seu incentivo na publicação destes trabalhos.

Finalmente, a todos os que me inspiraram e, direta ou

indiretamente, apoiaram a concretização deste livro.

agradecimentos

Page 150: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

150

Mango | www.mangobr.com.brprojeto gráfico do miolo

Page 151: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

151

Page 152: Naquela Estrada - Jacy Romeiro

152