mycobacterium bovis calmette-guÉrin (bcg) que...

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DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE CEPAS DE MYCOBACTERIUM BOVIS CALMETTE-GUÉRIN (BCG) QUE EXPRESSA FATOR DE VIRULÊNCIA DE ESCHERICHIA COLI ENTEROPATOGÊNICAS (EPEC) HALYKA LUZÓRIO FRANZOTTI VASCONCELLOS CAMPOS DOS GOYTACAZES ABRIL 2009

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DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE CEPAS DE

MYCOBACTERIUM BOVIS CALMETTE-GUÉRIN (BCG) QUE EXPRESSA FATOR DE

VIRULÊNCIA DE ESCHERICHIA COLI ENTEROPATOGÊNICAS (EPEC)

HALYKA LUZÓRIO FRANZOTTI VASCONCELLOS

CAMPOS DOS GOYTACAZES

ABRIL 2009

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II

DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CEPAS DE

MYCOBACTERIUM BOVIS CALMETTE-GUÉRIN (BCG) QUE

EXPRESSA FATOR DE VIRULÊNCIA DE ESCHERICHIA COLI

ENTEROPATOGÊNICAS (EPEC)

Halyka Luzório Franzotti Vasconcellos

‖Dissertação submetida ao Centro de

Biociências e Biotecnologia, da Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro, como Parte das exigências para a

obtenção do título de Mestre em Biociências

e Biotecnologia.‖

Orientador: Prof. Wilmar Dias da Silva

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro -

UENF

Campos dos Goytacazes – RJ

2009

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III

DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CEPAS DE

MYCOBACTERIUM BOVIS CALMETTE-GUÉRIN (BCG) QUE

EXPRESSA FATOR DE VIRULÊNCIA DE ESCHERICHIA COLI

ENTEROPATOGÊNICAS (EPEC)

Halyka Luzório Franzotti Vasconcellos

‖Dissertação submetida ao Centro de

Biociências e Biotecnologia, da Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro, como Parte das exigências para a

obtenção do título de Mestre em Biociências

e Biotecnologia.‖

Aprovada em 17 de abril de 2009.

Comissão examinadora:

----------------------------------------------------------

Dr. Milton Kanashiro (UENF)

----------------------------------------------------------

Dr. Messias Gonzaga Pereira (UENF)

----------------------------------------------------------

Dra. Ana Paula Junqueira Kipnis (UFG)

----------------------------------------------------------

Orientador: Dr. Wilmar Dias da Silva (UENF)

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IV

Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Biologia do Reconhecer do

Centro de Biociências e Biotecnologia, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro, sob a orientação do Prof. Dr. Wilmar Dias da Silva.

Apoio Financeiro:

Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Parque de Alta Tecnologia do Norte Fluminense (TECNORTE)

Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)

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V

Dedico esta dissertação a Deus e minha Família,

principalmente minha Mãe.

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VI

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a DEUS pelo dom da vida, pelo dom da fé que me fez

seguir em frente e não desistir nunca, por me conceder o privilégio de conhecer

todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para minha vida chegar até

aqui, na realização de um sonho!!!

Minha família, a base de tudo!!!! Meu alicerce, meu orgulho, meu amor e minha

paixão!!! Muito obrigada por todo o amor, e todo o suporte!!! Sem vocês eu não

chegaria tão longe!!! Se eu tivesse que escolher, nasceria mais mil vezes nessa

família linda que é a nossa. Essa vitória também é de vocês!!!

Ao meu querido Prof. Wilmar Dias da Silva, pessoa incrível. Muito obrigada por fazer

parte da minha vida! Com o Senhor aprendi não só a ciência da imunologia, mas

aprendi a ser uma pessoa melhor. Orgulho-me muito de trabalhar com o Senhor!

A Profa. Thereza Kipnis, pelo exemplo de mulher e pesquisadora, mesmo estando

distante se fez presente em todos os momentos, e agora mais do que nunca sei que

estará sempre ajudando a guiar meus passos! A Senhora fará muita falta!!!

Aos queridos amigos do LBR, principalmente meus companheiros de grupo

Claudinha, Verônica, David, Juju e Rita, que me ensinaram o que era uma EPEC e

nunca se mostraram cansados para me ajudar, sem vocês eu não teria conseguido.

Aos amigos que nem eram do meu grupo, mas sempre estiveram dispostos a me

ajudar como Fabrício, Núbia, Patrícia, Verônica, Rodrigo, Eduardo, Lynna, Flávia.

Minhas amigas do coração, Gláucia, Albinha, Flavinha, Lívia, Yo, que fizeram minha

vida longe de casa ser muito agradável, vocês são indispensáveis. Aos amigos

Franz, Inarei, Tiago pelos momentos alegres. Meu muito obrigada a todos vocês!!!!

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VII

Aos professores e técnicos da UENF, principalmente os do LBR, que não cansaram

de me ajudar, com muito carinho, para que meus experimentos obtivessem sucesso.

Ao Prof Gonçalo Apolinário que fez despertar em mim o amor pela Biologia

Molecular e todo seu grupo do sequenciamento, principalmente Valéria e Adriana.

Não poderia deixar de agradecer a Claudia Almeida, sempre tão disponível para me

ouvir e me ajudar. Ao Prof Victor Flores pela incansável ajuda com minha revisão e

banca do projeto. Aos Profs Messias e Milton e Dra Ana Paula por aceitarem com

muita gentileza participar da minha banca.

Ao amigo Dr. Ivan nascimento, pessoa fundamental e indispensável na minha

dissertação, e que contribuiu muito para o meu crescimento e formação profissional.

Obrigada pela compreensão e paciência, em todos os momentos desse 1 ano de

amizade, pelo exemplo de ânimo e bom humor, mesmo diante das dificuldades.

Nunca vou esquecer da confiança e do incentivo!!! Agradecerei sempre....

Ao Dr. André Kipnis pelos ensinamentos indispensáveis, pela confiança absoluta,

pois mesmo estando tão longe sempre esteve me auxiliando e incentivando! Muito

obrigada sempre!!!

A Dra. Ana Paula Junqueira Kipnis pela disposição em participar da minha banca

examinadora. Muito obrigada!!!!

A Dra Luciana Leite e a Dra Roxane, Chefes de Laboratórios do Instituto Butantan e

suas equipes, que abriram as portas dos seus laboratórios e me receberam muito

bem, esse estágio foi fundamental para meu trabalho.

Enfim, a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização

deste trabalho!

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VIII

Índice

Introdução.................................................................................................................. 1

Escherichia coli – E. Coli ENTEROPATOGÊNICA – EPEC ................................ 3

Estágios da Patogênese de EPEC ...................................................................... 7

BFP ...................................................................................................................... 10

Resposta Imune à EPEC .................................................................................... 14

Terapia ................................................................................................................ 18

Justificativa................................................................................................................. 20

Objetivo...................................................................................................................... 22

Objetivo geral ....................................................................................................... 23

Objetivos específicos............................................................................................ 23

Materiais e Métodos .................................................................................................. 24

Plasmídeos ........................................................................................................... 25

PCR ..................................................................................................................... 25

Bactérias e condições de cultura ........................................................................ 26

Clonagem do gene bfpA no vetor pGEM-T easy ................................................. 26

Construção dos vetores de expressão ................................................................. 27

Validação dos clones pela PCR............................................................................ 27

Analise dos produtos da PCR .............................................................................. 27

Desenho dos oligonucleotídeos específicos ........................................................ 28

Seqüênciamento .................................................................................................. 28

Manipulação dos veículos ................................................................................... 29

Mycobacterium smegmatis ............................................................................. 29

BCG ................................................................................................................. 29

Competência ........................................................................................................ 29

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IX

Transformação e seleção .................................................................................... 30

Extração de proteínas .......................................................................................... 30

Preparação da vacina........................................................................................... 31

Quantificação de proteína .................................................................................... 31

Determinação do número de unidades formadoras de colônias (UFC) .............. 31

ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA CONTENDO DODECIL SULFATO DE SÓDIO

(SDS PAGE) ..............................................................................................................

31

IMMUNOBLOTTING ................................................................................................... 32

ANIMAIS .................................................................................................................. 33

Esquema de imunização ...................................................................................... 33

Colheita de Sangue ............................................................................................. 34

Elisa ..................................................................................................................... 34

Detecção de anticorpos Anti-BfpA por Western Blotting ..................................... 35

Desenvolvimento de modelos experimentais de diarréia e choque

endotoxêmico induzido por EPEC ...........................................................................

36

Resultados ................................................................................................................ 38

Clonagem da seqüência codificadora para BfpA de EPEC nos plasmídios

pLA71, pLA73 e pMIP12 ..........................................................................................

39

Validação da clonagem dos vetores pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e pMH12-bfpA

...................................................................................................................................

43

Expressão da proteína BfpA em Mycobacterium semgmatis recombinante e

BCG recombinante ...................................................................................................

45

Resposta humoral de camundongos imunizados com rBCG-pLH71-bfpA,

rBCG-pLH73-bfpA e rBCG-pMH12-bfpA .................................................................

48

Modelos experimentais de diarréia e choque endotoxêmico induzido por

EPEC..........................................................................................................................

55

Discussão................................................................................................................... 59

Conclusões................................................................................................................. 64

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X

Referências Bibliográficas.......................................................................................... 66

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XI

Lista de Figuras

Figura 1: Esquema dos quatro estágios de patogênese de EPEC ....................... 10

Figura 2: Digestão dos plasmídeos pGemT-BfpA, pLA71 , pLA73 e pMIP12 ....... 40

Figura 3: Representação esquemática dos vetores de expressão da série pLA... 41

Figura 4: Representação esquemática do vetor de expressão pMIP12 ............... 42

Figura 5: Validação da clonagem dos vetores pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e

pMH12-bfpA ..........................................................................................................

43

Figura 6: Validação da clonagem dos vetores pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e

pMH12-bfpA ..........................................................................................................

44

Figura 7: Expressão da proteína BfpA de EPEC em Mycobacterium smegmatis

recombinante .........................................................................................................

45

Figura 8: Expressão da proteína BfpA de EPEC em BCG recombinante.............. 47

Figura 9: Níveis séricos de anticorpos IgG e IgM anti-BfpA detectados por

ELISA em soro de camundongos imunizados com BCG .....................................

49

Figura 10: Níveis séricos de anticorpos IgG e IgM anti-BfpA detectados por

ELISA em soro de camundongos imunizados com rBCG-pH71.1.........................

49

Figura 11: Níveis séricos de anticorpos IgG e IgM anti-BfpA detectados por

ELISA em soro de camundongos imunizados com rBCG-pH71.2.........................

51

Figura 12: Níveis séricos de anticorpos IgG e IgM anti-BfpA detectados por

ELISA em soro de camundongos imunizados com rBCG-pH73.1.........................

52

Figura 13: Níveis séricos de anticorpos IgG e IgM anti-BfpA detectados por

ELISA em soro de camundongos imunizados com rBCG-pH73.2.........................

53

Figura 14: Níveis séricos de anticorpos IgG e IgM anti-BfpA detectados por

ELISA em soro de camundongos imunizados com rBCG-pMH12.........................

54

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XII

Figura 15: Detecção de anticorpos IgM e IgG anti-BfpA de camundongos

imunizados com as vacinas recombinantes ..........................................................

55

Figura 16: Índice de sobrevivência observado até 72h após a infecção ............... 56

Figura 17: Contagem das células presentes no infiltrado peritoneal de

camundongos infectados com EPEC típica e atípica em Câmara de Neubauer

nos tempos 0, 8 e 20h após a infecção..................................................................

57

Figura 18: Contagem das células presentes no infiltrado peritoneal de

camundongos infectados com EPEC típica e atípica por Cytospin, nos tempos

0, 8 e 20h após a infecção ....................................................................................

57

Figura 19: Contagem do numero de CFU encontrado no lavado peritoneal nos

tempos 0, 8 e 20 horas após infecção com EPEC típica ou atípica.......................

58

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XIII

Lista de Tabelas

Tabela 1: Prevalência de EPEC em crianças com diarréia em países em

desenvolvimento ...................................................................................................

3

Tabela 2: Oligonucleotídeos utilizados para amplificação por PCR do gene do

antígeno BfpA de EPEC .......................................................................................

26

Tabela 3: Divisão dos grupos de camundongos para imunização ........................ 34

Tabela 4: Esquema de Imunização de camundongos para verificar a produção

de anticorpos anti-BfpA e anti-BCG.......................................................................

34

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XIV

Lista de Abreviaturas

AA Adesão ou aderência agregativa

AE Attachment and Effacement

APS Persulfato de Amônio

BfpA Bundle – forming pili A (subunidade principal do BFP)

BFP Bundle – forming pili

BCA Ácido Biciconínico

BSA Albumina Sérica Bovina

Cont. Controle

DAB Diaminobenzidina

DL50 Dose Letal capaz de matar 50% da população testada

DMEM Meio de cultura Eagle Modificado por Dulbecco´s

D.O. Densidade Óptica

EAEC Escherichia coli enteroagregativa

EAF Fator de aderência à EPEC (plasmídeo)

EHEC Escherichia coli enterohemorrágica

EIEC Escherichia coli enteroinvasiva

ELISA Ensaio de Imunoadsorção Ligado á Enzima

Esp Proteínas secretadas por EPEC

ETEC Escherichia coli enterotoxigênica

IgG Imunoglobulina G

IgY Imunoglobulina Y

i.p. Intraperitoneal

IPTG Isopropil-tio--D-galactosídeo

LA Aderência localizada

LEE Lócus of Enterocyte Effacement

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XV

min. Minutos

OPD Ortofenildiamina

PBS Tampão Salina Fosfato

PKC Proteína C quinase

PMN Polimorfonucleares

SDS-PAGE Eletroforese em Gel de Poliacrilamida com Dodecil Sulfato de Sódio

TEMED Tetrametiletilenodiamina

Tir Receptor de intimina

WAS Wiskott- Aldrich Syndrome

WASP Wiskott- Aldrich Syndrome Protein

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XVI

RESUMO

Diarréia é uma das maiores causas de morte em crianças, causando mais de

2 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Rotavirus, Giárdia, Cryptosporidium,

E. coli enteroagregativa (EAEC) e E. coli (EPEC) são os agentes causadores de

diarréia mais importantes.

EPEC adere nas células epiteliais caracterizando o fenótipo de Aderência

localizada (LA). Esta adesão primária é mediada pela bundle-forming pilus (BFP)

expressado por EPEC. BFP é um importante fator de virulência de EPEC. A principal

subunidade do BFP é o bfpA. LA é seguida de lesão ―attaching and effacing‖ (AE) a

qual é caracterizada pela destruição do microvilo, aderência íntima da bactéria no

epitélio intestinal, formação do pedestal e polimerização de actina e outros

elementos do citoesqueleto.

BCG é uma vacina usada rotineiramente em crianças para prevenção de

infecção por Mycobacterium tuberculosis. Além disso, muitas vantagens estão

associadas ao uso do BCG como sistema apresentador de antígeno, incluindo

propriedades adjuvantes, estabilidade e segurança, e pode ser administrado via oral

e intramuscular.

Esse estudo desenvolveu uma rBCG-bfpA expressando a proteína

recombinante BfpA de maneira estável e capaz de induzir níveis séricos de

anticorpos anti-BfpA em camundongos.

Palavras-chaves: Diarréia, EPEC, BCG, plasmídios, gene bfpA, vacina.

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XVII

ABSTRACT

Diarrhea is one of the leading causes of death in children, accounting for

approximately 2 million deaths each year worldwide. Rotavirus, Giardia,

Cryptosporidium, enteroaggregative Escherichia coli (EAEC) and enteropathogenic

E. coli (EPEC) are the most important of the diarrhea-causing agents.

Enteropathogenic Escherichia coli [EPEC] adheres to epithelial cells in circumscribed

clusters designated localized adherence [LA] phenotype.

Primary adhesion is mediated by the bundle-forming pilus [BFP] expressed by

EPEC. BFP is an important virulence factor of EPEC. This factor is a BfpA encoding

gene that is localized in plasmids with 50-70MDa. LA is followed by the ―attaching

and effacing‖ [AE] lesion, which is characterized by microvilli destruction, intimate

adherence of bacteria to the intestinal epithelium, pedestal formation, and

aggregation of polarized actin and other elements of the cytoskeleton at sites of

bacterial attachment. Within adherent micro-colonies of EPEC, the bundle-forming

pili organize a meshwork, attaching bacteria to each other, and tethering individual

bacteria to the host cell surface.

BCG is a vaccine that is routinely used to immunize children to prevent

infections with Mycobacterium tuberculosis. Besides inducing reasonable protection

against tuberculosis, the BCG vaccine preparations are quite stable, safe, and can

be used either intramuscularly or orally. This study aims to develop a bfpA -

recombinant BCG expressing the corresponding BfpA recombinant protein.

Key-words: Diarrhea; EPEC, BCG; plasmids; bfpA gene; vaccine.

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XVIII

1 - Introdução

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XIX

O ressurgimento de doenças infecciosas nos tempos atuais, tal como

tuberculose e diarréia, tem despertado interesse pelo entendimento do processo

infeccioso e da resposta imunológica. Tal ocorrência deve-se pela associação de

fatores como o aparecimento simultâneo de novas doenças, o desenvolvimento de

resistência a antibióticos por muitos patógenos e o aumento da população humana.

Entre as novas doenças que favorecem o aumento da doença tuberculose, sem

dúvida alguma, o vírus da imunodeficiência (HIV) é o mais importante. Estes estudos

focam na definição de mecanismos moleculares e celulares utilizados por esses

patógenos (Steele-Mortimer et al., 2000).

Diarréia é um problema importante de saúde pública no mundo,

principalmente em países em desenvolvimento, sendo responsável por mais de dois

milhões de mortes a cada ano, particularmente entre crianças com menos de cinco

anos (World Health Organization (WHO)). O impacto das diarréias é mais notável na

infância, idade em que ocorrem diarréias mais graves e freqüentes, sendo

responsável por aumento no percentual/ano de internações. Nos países mais

pobres, a diarreia é a terceira causa mais comum de morte em crianças menores de

5 anos, ficando logo atrás das causas neonatais e da pneumonia (The United

Nations Children's Fund (UNICEF)). O número anual de mortes por diarreia em todo

o mundo corresponde a aproximadamente o mesmo número de mortes por AIDS,

incluindo todas as faixas etárias – atualmente esse número é estimado em 2,1

milhões (World Health Organization (WHO)). Contudo, a diarréia atrai muito menos

atenção do que o HIV/AIDS ou outras doenças da moda, como a malária, que

responde por 1,3 milhões de mortes por ano em todas as faixas etárias. No período

de um ano, ocorrem, na África, Ásia e América Latina, cerca de 2,6 episódios de

diarréias por criança e 3,3 milhões de mortes em crianças com idade inferior a cinco

anos (Bern C. et al., 1992). Somente no Brasil, no período de 2003-2005, a taxa de

mortalidade por diarréia infantil ultrapassou 4% de todos os óbitos ocorridos (Brasil.

Ministério da Saúde).

A falta de condições apropriadas de saneamento favorece a existência de

altos níves de contaminação ambiental, afetando crianças e levando a um alto índice

de infecções entéricas. O padrão de prevalência existente para diarréia infantil no

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XX

Brasil tem sido praticamente imutável nos últimos 40 anos, representado

principalmente pela alta taxa populacional, más condições de habitação e saúde

pública (Fagundes-Neto e Scaletsky, 2000).

Grande número de microorganismos, incluindo vírus, bactérias e protozoários

são associados com diarréia infecciosa, contribuindo para a morbidade e

mortalidade infantil em todo o Mundo (Rodrigues, J. et. al., 2003). As infecções por

cepas patogênicas podem ser limitadas às superfícies da mucosa ou podem

disseminar-se pelo corpo, produzindo infecções no trato urinário,

meningite/septicemia e diarréia (Cleary et al., 2001).

1.1 - Escherichia coli – E. Coli ENTEROPATOGÊNICA - EPEC

Escherichia coli, pertence à família Enterobacteriaceae, a classe γ-

proteobactéria e ao gênero Escherichia, conquanto seja a principal bactéria

comensal da microbiota do intestino grosso humano (cerca de 1012 bactérias) (Silva,

J. A. e Silva, W. D. 2005), cepas patogênicas podem competir com a comensal e

causar infecção. Entre essas cepas destacam-se as Escherichia coli

enteropatogênicas (EPEC) que, por processos ainda mal conhecidos adquiriram

plasmídeos e genes codificadores de fatores de virulência (Vallance and Finlay.

2000). Cepas de EPEC parecem estar cada vez mais evidentes em comunidades

onde as condições sanitárias não são adequadas (Fagundes-Neto e Scaletsky,

2000). Portanto, as condições sócio-econômicas são fatores importantes na

incidência de enfermidades diarréicas em crianças que vivem no meio rural e em

regiões mais pobres das grandes cidades. Nesses núcleos populacionais a

manifestação de diarréias ocorre, respectivamente, após os seis primeiros meses e

durante os três primeiros meses. Esta disparidade tem sido atribuída à diminuição

do aleitamento materno nas sociedades industrializadas e à superlotação de

hospitais com recém-nascidos susceptíveis de países em que o número de partos

hospitalares ultrapassa os partos residenciais (Cleary et al., 2001). A doença, em

adultos, está associada à ingestão de grandes quantidades de inóculos, estando, em

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XXI

alguns casos esporádicos, associados com outros fatores como diabetes e acloridria

(Levine e Edelman, 1984; Nataro e Kaper, 1998).

Estudo realizado em São Paulo/Brasil, por Fagundes-Neto e Scaletsky, 2000,

com crianças menores de 5 anos, principalmente hospitalizadas, com objetivo de

determinar os fatores clínicos e epidemiológicos associados com a letalidade por

diarréia severa e, em especial por EPEC, avaliou alguns parâmetros como estado

nutricional, idade, tolerância alimentar, agente enteropatogênico isolados de fezes,

entre outros. Uma das conclusões foi que o fator de risco para morte estava

associado com a presença de EPEC isolada de fezes em 52,9% dos pacientes do

grupo com idade média de 3,8 meses contra 23,9% de pacientes com a média de

7,1 meses de vida. Demonstrou-se, com essas observações, maior percentual de

positividade para EPEC em pacientes com idade abaixo de 6 meses. Além disto,

sorogrupos de EPEC foram os patógenos mais freqüentemente isolados. A presença

de intolerância alimentar também teve associação positiva neste estudo.

Os neonatos podem adquirir EPEC durante os primeiros dias de vida por

várias maneiras como a transmissão de organismos da mãe para o feto via canal do

parto ou retal, de outras crianças com diarréia através das mãos contaminadas,

através de adultos assintomáticos ou crianças maiores que estejam eliminando

EPEC, por água ou ar, por fômites, por organismos presentes em fórmulas ou

suplementos alimentares. Dentre todas estas prováveis vias, as duas primeiras têm

tido maior significado, sendo a rota oro-fecal a mais freqüente em todos os casos.

Recém-nascidos contraem infecção por EPEC pelo contato íntimo e prolongado com

pessoas que excretam este organismo em hospitais ou grupos familiares. Em

prematuros, a prevalência é maior devido a prolongada estada destes no hospital, o

aumento da manipulação e pela superpopulação em instituições susceptíveis à

EPEC (Cleary et al., 2001; Nataro e Kaper 1998).

A primeira associação causa – efeito da cepa enteropatogênica, foi descrita

por John Bray em 1945 (Bray, J. 1945), quando demonstrou que EPEC era a causa

de diarréia em berçários de Londres. O termo enteropatogênica foi criado para

descrever cepas associadas com diarréia infantil. Além de EPEC (Clark, S. C. et.

al.,2003) como causa de diarréia infantil, no Mundo, cinco outras cepas de E. coli

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XXII

patogênicas também causadoras de diarréia (DEC) foram identificadas:

enterotoxigênica (ETEC), enteroinvasiva (EIEC), enterohemorrágica (EHEC),

enteroagregativa (EAEC), difusamente aderida (DAEC) (Rodrigues, J. et. al., 2003) e

extraintestinal (EXPEC) (Silva, J. A. e Silva, W. D. 2005). ETEC, EAEC e EHEC são

produtores de toxinas, EPEC, EAEC, e DAEC expressam adesão características

(localizada, agregativa e difusiva, respectivamente) em células epiteliais e são então

referidas como E. coli enteroaderente, EIEC distingue-se pela capacidade de invadir

células epiteliais e por não produzir toxinas (Rodrigues, J. et. al., 2003) (Tabela 1).

Tabela 1 – Prevalencia de EPEC em crianças com diarréia em países em

desenvolvimento. ( Ochoa et, al., 2008)

EPEC, historicamente, foi definida em termos de suas características

negativas, particularmente pela sua inabilidade de produzir enterotoxinas e de

invadir a célula hospedeira como Shigella (Clark, S. C. et. al.,2003). Estudos

recentes, sobretudo com a introdução de métodos de biologia celular e molecular,

têm permitido conhecer-se os mecanismos de virulência da EPEC (Clark, S. C. et.

al.,2003). A infecção por EPEC geralmente causa formas agudas de diarréia, mas

casos severos de doença protraída podem ocorrer em certas formas de infecção

(Nataro e Kaper 1998). Diarréia intensa, aquosa, vômitos e febre são sintomas

comuns da infecção por EPEC (Nataro e Kaper 1998). Quase todas as crianças

mostram sinais e sintomas de infecção entre 2 a 12 dias após a exposição, podendo

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XXIII

ter um período curto, de 24 horas, quando a infecção é naturalmente adquirida ou

experimental em humanos. Dados epidemiológicos indicam que adultos e crianças

com idade superior a 2 anos raramente desenvolvem infecção ativa quando em

contato com crianças doentes (Levine, 1984). As crianças quando expostas à EPEC,

durante a infância, adquirem imunidade e não se reinfectam posteriormente

(Schriefer et al., 1999).

No Simpósio Internacional sobre EPEC realizado em São Paulo em 1995, a

seguinte definição para EPEC foi proposta: ―EPEC are diarrhogenic Escherichia

coli that produce a characteristic histophatology known as attaching and

effacing (A/E) on intestinal cells and that do not produce Shiga, Shiga-like, or

verocytotoxins. EPEC of human origin posses a virulence plasmid known as

the EAF (EPEC adherence factor) plasmid that encodes localized adherence on

cultured epithelial cells mediated by the Bundle Forming Pilus, while atypical

EPEC do not posses this plasmid‖ (Second International Symposium on EPEC,

1995 apud Silva, J. A. e Silva, W. D. 2005).

EPEC penetra células de culturas de tecidos in vitro, mas esta forma de infecção

não tem sido observada in vivo (Donnenberg, M. S. et. al., 1989; Francis, C. L. et.

al., 1991). EPEC adere em forma de grumos na superfície dos enterócitos, formando

adesão característica denominada adesão localizada (LA, do inglês ―localized

adhesion” LA). A virulência da EPEC depende primariamente da sua capacidade

para induzir a lesão característica observada logo em seguida ao contato íntimo da

bactéria com a membrana plasmática apical da célula hospedeira. Caracteriza-se

esta lesão por destruição das vilosidades localizadas ao redor da região do contato

entre bactéria e enterócito com distorção de parte da membrana celular. Deste

contato resulta acentuado rearranjo do citoesqueleto, particularmente com formação

de um pedestal constituído de actina no sítio do contato da célula com a bactéria. A

lesão resultante, denominada ―attaching and effacing lesion (AE) (Moon, H. W. et.

al.,1983; Nataro, J. P. et. al.,1985), acontece logo e seguida ao estabelecimento de

LA. EPEC é considerada protótipo da família de patógenos indutores de lesão A/E

(Vallance and Finlay. 2000). A formação da lesão AE tem sido demonstrada in vivo

através de biópsias de intestino (Rothbaum, R. J. et. al.,1982;Taylor, C. J. et. al.,

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XXIV

1986) e in vitro em linhagens celulares (Francis, C. L. et. al.,1991). Em seguida ao

estabelecimento de AE, há redução na capacidade do enterócito para absorver

conteúdo (nutrientes mais água) do interior do tubo intestinal com desequilíbrio

eletrolítico, saída excessiva de água para a luz do intestino, sintoma típico da

diarréia profusa causada por EPEC (S.C.Clark, et. al.,2003).

Assim como a EPEC, EHEC também infecta e induz lesão tipo AE no sítio de

contato com a célula alvo. Entretanto, estas lesões diferem em composição,

localização e mecanismos fisiológicos e moleculares das lesões produzidas por

EPEC (DeVinney, R. et. al. 2001; Gabastou, J. M. et. al. 1995), localizando-se

essencialmente no íleo terminal ou no cólon (Hart, C. A. et. al., 1993).

Os genes que codificam fatores de virulência necessários para a formação da

lesão A/E e pedestal pela EPEC se encontram associados em um grupo de genes

de 35-kb denominado ―Lócus of enterocyte effacement‖ (LEE) (Nataro e Kaper 1998;

McDaniel e Kaper 1997). Outros enteropatógenos que também produzem lesão AE,

incluindo EHEC, C. freundii e patógeno de coelho RDEC-1, também possuem LEE

(McDaniel et. al., 1995). A região completa da LEE foi seqüenciada e contém genes

reguladores transcricionais, tal como o regulador de LEE ou Ler (Dean e Kenny

2005), translocadores, chaperoninas moleculares, assim como outros genes para a

formação do pedestal. Estes incluem vários genes que codificam proteínas tipo III,

chamadas de Esps (proteínas secretadas por EPEC), incluindo EspA, EspB, EspD e

EspF, adesinas, intimina e o receptor translocado de intimina, Tir. Mutações em

algum desses fatores, com exceção do EspF, previne a formação da lesão AE em

modelos de cultura de células epiteliais (DeVinney et. al., 1999). O canal

transportador é organizado pela associação de moléculas EspA. Através deste canal

é que moléculas efetuadoras como Tir, EspB e EspD, também produzidas pela

bactéria, se transferem para a superfície da célula hospedeira. Tir funciona como

receptor para intimina, enquanto EspB e EspD são usadas para formar poros

através dos quais outras moléculas, também fatores de virulência, são introduzidas

no interior da célula (Warawa et. al., 1999;Ide et. al., 2001; Knutton et. al., 1998).

O primeiro gene identificado dentro da LEE foi eaeA, agora conhecido como

eae (Ide et. al., 2001). A proteína codificada por eae, conhecida como intimina, está

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XXV

presente em todas as bactérias produtoras de AE e é requerida para ativação da

transdução de sinal que leva ao remodelamento da superfície celular no sitio de

contato com a EPEC e formação do pedestal (Phillips et. al. 2000). Já foram

descritos quatro subtipos de intimina: , , e (Phillips and Frankel, 2000).

1.2 - Estágios da Patogênese de EPEC

A formação da lesão característica histopatológica AE induzida por EPEC

envolve quatro estágios, sem uma seqüência temporal exata (Figura 1) (Clark et.

al.,2003; Knutton et. al.,1998). O primeiro estágio é a aderência inicial da bactéria

com a célula epitelial intestinal do hospedeiro (Vallance and Finlay. 2000), onde a

EPEC expressa fímbrias de 7nm de diâmetro que se agregam para formar feixes

que se entrelaçam ligando uma bactéria a outra, denominados, assim, de pili

formador de feixes ou ―bundle-forming-pili‖ (Bfp), intimina e em menor escala,

filamentos associados EspA. A expressão destes determinantes é dependente de

genes plasmidiais e cromossomais (Clark et. al.,2003). Neste estagio, EPEC forma

microcolônias densas na superfície da célula conhecida, como lesão LA (Nataro and

Kaper, 1998). Este padrão de LA está caracteristicamente associado com

sorogrupos clássicos de EPEC e diarréia (Scaletsky, et. al., 1996. ). A colonização

do intestino por EPEC pode ser influenciada pela expressão de BFP, de outras

adesinas bem como pelo envolvimento de fatores reguladores da expressão de

virulência (Kenny et. al., 1997). Alguns trabalhos demonstraram que anticorpos

produzidos contra BFP maduro (expressado na membrana externa da célula)

reduziram o nível de LA e reconheceram epítopos comuns a estruturas morfológicas

semelhantes à fimbria elaborada por diferentes sorotipos de EPEC (Girón et al.,

1993 e Schriefer et al., 1999). Soro contendo anticorpos contra BFP purificado

reduziu significativamente, mas não totalmente, a aderência localizada da cepa

EPEC B171 (O111:NM) (Nataro e Kaper, 1998).

Depois da aderência inicial pelo BFP, vários outros fatores bacterianos, como

EspA, EspB e EspD, participam do segundo estágio, os quais além de interferirem

na formação de lesão A/E, também são peças-chave na indução de várias vias de

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XXVI

sinalização na célula hospedeira (Nataro e Kaper, 1998). Estas proteínas são

lançadas no citoplasma da célula epitelial do hospedeiro pelo sistema de secreção

tipo III codificado pelos genes esc e sep (secretion of E. coli proteins), localizados

dentro de uma ilha de patogenicidade cromossomal, denominada LEE (Lócus of

Enterocyte Effacement) (Vallance and Finlay. 2000). As moléculas efetoras

secretadas ativadas iniciam a transdução de sinais, causando alterações no

citoesqueleto da célula do hospedeiro, resultando numa despolimerização da actina

e perda da microvilosidade. O receptor Tir ( Translocated Intimin Receptor, antes

denominado Hp90-Host epithelial protein) é modificado pela ação da proteína

quinase A e proteína tirosino-quinase e é inserido na célula hospedeira (Clark et.

al.,2003).

As proteínas secretadas pelo sistema de secreção tipo III são observadas no

sobrenadante de EPEC crescidas em meio de cultura de tecido e no sobrenadante

de meio contendo células infectadas por EPEC. A secreção destas proteínas é

induzida sob condições de cultivo semelhantes àquelas encontradas no trato

gastrointestinal e são reguladas pela temperatura, pH e osmolaridade (Kenny et al.,

1997; De Vinney et al., 1999).

EPEC também induz dentro da célula hospedeira a ativação de Nuclear

Factor-κB (NF-κB) e de duas quinases, a proteína quinase C (PKC) e a quinase de

cadeia leve de miosina (MLC quinase). A PKC induz alterações no equilíbrio

eletrolítico de secreções in vivo e in vitro. MLC quinase induz aumento da

permeabilidade das junções intercelulares. A ativação de NF-κB está associada com

o aumento da expressão de IL-8 e com recrutamento de polimorfonucleares (PMN)

(Nataro e Kaper, 1998, Vallance and Finlay. 2000).

No terceiro estágio, os filamentos EspA são eliminados da superfície da

bactéria, a intimina se liga ao receptor Tir (região C-terminal), resultando numa

adesão íntima e acumulação de actina e outros elementos do citoesqueleto (Clark et

al., 2003) como por exemplo talina, ezrina, cortactina e vinculina (Vallance and

Finlay. 2000; Silva, J. A., Silva, W. D. 2005), abaixo do sítio de aderência da

bactéria (Clark et. al., 2003). A intimina participa na reorganização do citoesqueleto

adjacente da célula hospedeira após a ativação das tirosinas quinases na célula

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XXVII

hospedeira. Este evento parece ser necessário para a completa expressão dos

efeitos da EPEC no citoesqueleto (Donnenberg et al., 1992; Goosney et al., 1999).

Em voluntários humanos covalescentes de uma infecção experimental por EPEC foi

observada uma forte resposta imune humoral com produção de anticorpos para

intima, sugerindo que esta proteína desempenhe papel importante na virulência da

EPEC em humanos (Nataro e Kaper, 1998).

Durante o quarto estágio, rearranjo de elementos do citoesqueleto no sitio de

aderência da bactéria, resulta na formação do pedestal, microestrutura celular

característica da infecção por EPEC. O deslocamento de moléculas efetoras para

esta região da célula interrompe processos funcionais intracelulares nas células do

hospedeiro, resultando em perda na integridade da junção-firme (tight-junction) e da

função mitocondrial, levando a um desequilíbrio eletrolítico e eventual morte celular

(Clark et. al., 2003).

Figura 1 – Esquema dos quatro estágios da patogênese de EPEC. (Clarke et. al., 2003)

1.3 - BFP

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XXVIII

A aderência localizada (LA) da EPEC depende de genes cromossomais e de

um conjunto de genes Bfp em um plasmídeo de cerca de 92kb (60MDa) denominado

plasmídeo EAF (Baldini et. al., 1983; Girón and Schoolnik, 1991). Ensaios realizados

em voluntários com cepas defeituosas ou curadas do plasmídeo EAF (ex: JPN15,

B171-4), responsável pelo operon BFP, ocasionaram somente 20 a 36% de diarréia.

O mesmo acontece com cepas deficientes no gene eaeA, demonstrando, assim, a

importância da aderência inicial, da formação de microcolônias e lesão AE na

estimulação da secreção intestinal (Donnenberg et al., 1993). Bieber et al., (1998)

utilizando voluntários humanos na infecção experimental com EPEC 171-8,

carreadora de bfpA, bfpT (perA) ou bfpF inativados, demonstraram que a diarréia era

menos intensa do que nos voluntários que receberam a cepa selvagem.

EPEC EAF-positiva quando cultivada em meio de cultura celular apropriado,

forma auto-agregados bacterianos, fenômeno que não acontece em presença de d-

manose. E. coli enteropatogênicas EAF-negativas, ao contrário da cepa EAF-

positiva, não se auto-agregam (Clark et. al., 2003). EPEC tem sido classificada

segundo seu plasmídeo expresse (classe I) ou não (classe II) EAF (Nataro et. al.,

1985). As cepas cujos plasmídeos expressam EAF são também denominadas

EPECs Típicas, enquanto as que não expressam são denominadas atípicas(Trabulsi

et. al., 2002). Típicas e atípicas frequentemente ocorrem dentro de um mesmo

sorotipo (Trabulsi et. al., 2002).

Cepas de E. coli produzem vários tipos de pili de aderência, alguns dos quais

podem estar envolvidos com sua patogenicidade (Hacker, J. 1992). O Bfp,

originalmente descrito por Girón e colaboradores (Girón et. Al., 1993), é um pilus

longo, flexível, composto de estruturas semelhantes a cordas entrelaçadas e

expressado na superfície bacteriana como agregados alinhados lateralmente,

pertence ao grupo de fímbrias e de pilus tipo IV, de acordo com análise de sua

seqüência de proteínas e morfologia (Blank et al., 2000). Este pode ser parcial ou

totalmente responsável pelo fenótipo da LA; participa no recrutamento da bactéria

direcionando-a para a célula hospedeira (Giron et. Al., 1993). BFP é encontrado em

uma variedade de bactérias gram-negativas, patógenos de humanos, animais e

plantas.

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XXIX

Dados recentes (Khursigara et. al., 2001) mostraram ligação do Bfp com o

fosfolipídeo fosfatidiletanolamina, mecanismo que tem sido proposto tanto para

EPEC como para outras bactérias, como o responsável pela interação do Bfp com

células do hospedeiro. Demonstrou-se que sorotipos de EPEC se ligam a um

complexo receptor de carboidrato (glicoproteínas e glicolipídeos) e que EPEC perde

seu Bfp quando exposta a glicoconjugados sintéticos de N-acetillactosamina, o

mesmo glicoconjugado que inibe a formação de LA por EPEC em células HEp-2

(Hyland et. al., 2006) . A seqüência amino-terminal da principal proteína estrutural do

Bfp indica um pilus tipo IV (Giron et. al.,1991) similar àqueles expressados por

outras bactérias patogênicas, como Pseudomonas aeruginosa, Neisseria

gonorrhoeae, Moraxella bovis, Dichelobacter nodosus, e Vibrio cholerae (Stone et.

al., 1996).

Todos os pilli tipo IV possuem características estruturais similares com a

região amino-terminal conservada (Girón et. al., 1997). O método de PCR tem sido

utilizado para detecção de genes bfp de EPEC (Gunzburg et al., 1995), não

amplificando DNA de outras bactérias enteropatogênicas revelando seqüências

100% específicas para EPEC que possuem fenótipo LA. Anticorpos monoclonais

contra Bfp (Girón et al., 1995) estão sendo utilizados para diagnóstico e estudo da

interação do Bfp com células do hospedeiro.

A principal subunidade estrutural do Bfp é o BfpA (Donnenberg et al.,1992).

O BfpA, tem uma massa molecular aparente de 19.5 kDA e a seqüência de

aminoácidos da região N-terminal relaciona-se com a região de outras proteínas

requeridas para a biossíntese de fímbrias tipo IV de vários outros organismos

patogênicos, incluindo Vibrio Cholerae (homologia com pilus co-regulado pela toxina

– Tcp – Toxin-co-regulated-pili). Pseudomonas aeruginoa e Neisseria gonorrhoeae

(Girón et al., 1991; Shoel et al., 1996). Além da homologia com Tcp, várias outras

similaridades foram identificadas, tais como: ambos os pili (EPEC e Vibrio cholerae)

são induzidos por condições ambientais; ambas proteínas formam feixes distintos de

filamentos agregados lateralmente em condições específicas de pH e força iônica;

além da demonstração de que preparações purificadas de BFP e Tcp são capazes

de aglutinar hemácias humanas e de camundongo do tipo O e CD-1,

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XXX

respectivamente (Girón et al., 1991). Blank et al., (2000) relataram variações

extensas entre genes de bfpA encontrado em vários sorotipos de cepas de EPEC.

Identificaram oito alelos diferentes de bfpA, agrupados em α (3) e β (5), tornando

evidente a transferência horizontal de bfpA através de diversas linhagens de EPEC,

e conseqüentemente evolução deste patógeno. A forma madura da proteína BfpA

está associada à membrana e sua expressão é regulada no nível transcripcional e

ocorre durante crescimento exponencial da bactéria, à temperatura de 35 a 37°C, na

presença de cálcio. Íons amônio reduzem significativamente a expressão de bfpA e

o fenótipo LA (Clark S. C. et al., 2003).

Genes externos ao operon BFP também são requeridos para expressão

completa do BfpA. Por exemplo, perA, perB e perC (regulador de plasmídeo

codificado), também conhecidos como bfpT, bfpV e bfpW, respectivamente (Gomez-

Duarte et al.,1995; Tobe et al.,1996). Além disso, mutação no lócus cromossomal

dsbA, que codifica a enzima isomerase dissulfeto, leva á perda da LA (Zhang et al.,

1994), sugerindo que ponte dissulfeto é requerida para a biogênese da Bfp

(S.C.Clark et al., 2003).

Durante a infecção por EPEC, várias vias de sinais de tradução são

estimuladas dentro da célula epitelial hospedeira. Fosforilações de proteínas e

eventos de sinalização resultantes são complexas. Envolvem proteínas tanto da

bactéria quanto da célula hospedeira (Clark S. C. et al., 2003). Uma das vias resulta

da fosforilação de resíduos de tirosina em substratos que estão co-localizados com a

actina acumulada no sítio de contato com a bactéria. A maior fosforilação de

substrato encontrada em células infectadas por EPEC é o receptor Tir (Kenny et

al.,1997). Especula-se que Tir seja também fosforilado em resíduos serino-treonina

(Kenny, B. 1999). A fosforilação da tirosina durante a infecção por EPEC é critica

para a acumulação da actina, pois em sua ausência, não ocorre a formação da lesão

AE (Kenny et al.,1997). A infecção por EPEC também dispara outras cascatas de

sinalização dentro da célula hospedeira, incluindo inositol fosfato, ativação da

proteína quinase C (PKC), fosfolipase C (PLC)- e do fator de transcrição NF-B

(DeVinney et al., 1999). Uma conseqüência da ativação inositol trifosfato é a

liberação de cálcio intracelular (Vallance and Finlay. 2000; Kenny and Finlay. 1997).

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XXXI

A ativação do NF-B em cultura de células epiteliais T84 ocorre em associação com

o aumento da produção de inteleucina-8 (IL-8) e recrutamento de células

polimorfonucleares (PMNs) (Savkovic et al., 1996; Savkovic et al., 1997).

A fosforilação de proteínas não-tirosina também ocorre na junção entre a

bactéria e a célula hospedeira. A principal proteína fosforilada em células Caco-2

infectadas com EPEC é a cadeia leve da miosina, componente do citoesqueleto,

que, quando fosforilada, regula a organização de actina em células não

musculares (Manjarrez-Hernandez et al., 1991; Manjarrez-Hernandez et al., 1992).

Tem sido sugerido que a extensa fosforilação de serina-treonina da cadeia leve da

miosina das células do hospedeiro leva a uma destruição irreversível da função dos

microvili e crescimento da quantidade de actina no local de junção da bactéria e a

célula hospedeira. O aumento desta fosforilação devido à infecção com EPEC

também resulta em perturbação da função de barreira do epitélio intestinal. Isto

provavelmente é um fator contribuinte para a diarréia causada por EPEC (Zhang et

al., 1994).

Espécies pertencentes à família Enterobacteriacea incluindo Salmonella,

Shigella e Yersinia também têm mostrado induzir apoptose em células hospedeiras

in vitro ou in vivo (Monack et al., 1997). Também Helicobacter pylory, que

compartilha com EPEC a capacidade de aderir intimamente e causar a fosforilação

de tirosina em células hospedeiras, causa apoptose em células gástricas (Moss et

al., 1996).

Os mecanismos de aderência de EPEC a células hospedeiras são capazes

de ativar vias anti-apoptóticas na célula hospedeira. Foi demonstrado a ativação de

tirosina quinase, proteína quinase C e do Fator de transcrição NF-kB, todos

considerados como participantes de vias supressoras da morte celular (Evans et al.,

1995). Estudos têm demonstrado que EPEC estimula todas estas vias de

sinalização. Sinais de indução de morte por EPEC poderiam incluir aumento de

cálcio intracelular, rearranjo do citoesqueleto, danos por agentes oxidantes e

alteração da membrana celular resultando na introdução de proteínas bacterianas na

célula hospedeira pela via de secreção tipo III (Mannick et al., 1996). É possível que

o sistema se secreção tipo III seja o responsável pela ruptura da integridade da

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XXXII

membrana observada em resposta a infecção por EPEC, Salmonella, Shigella e

Yersinia.

1.4 - Resposta Imune à EPEC

A interação de bactérias que acarretam lesão do tipo A/E com o epitélio

intestinal do hospedeiro promovem respostas imune inata e adquirida. Análises

histológicas em tecidos infectados com EPEC ou C. rodentium revelaram a presença

de inflamação com infiltrado de neutrófilos e macrófagos no exsudato (Sears e

Kaper, 1996; Vallance e Finlay, 2000).

O recrutamento de PMN está associado à ativação do fator de transcrição NF-

kB, o qual estimula a transcrição de IL-8 por células epiteliais (Savkovick et al.,

1997). A EPEC bloqueia seu próprio reconhecimento por células fagocitárias

semelhantes a macrófagos através de um mecanismo associado com a

desfosforilaçao de tirosina das proteínas do hospedeiro (via secreção tipo III e de

proteínas secretadas EspA, EspB e EspD) resultando na inibição da fagocitose

(Goosney et al., 1999; Vallance e Finlay, 2000).

A proteção contra infecções entéricas em humanos, na imunidade adquirida ou humoral, correlaciona-se mais com níveis de anticorpos de secreções locais do que com títulos de anticorpos séricos.

A indução de imunidade local nas mucosas é crítica na infância. Na

estrutura do MALT(mucosa-associated lymphoid tissue) destacam-se tanto folículos

linfóides agregados das placas de Peyer, do íleo, como folículos linfóides solitários,

dispersos na mucosa e submucosa do apêndice e porção distal do intestino. A

importância funcional deste compartimento de tecido linfóide ressalta-se pelo fato de

cerca de 80-90% dos imunócitos produtores de imunoglobulinas (Igs) encontrarem-

se nas mucosas e glândulas exócrinas (Brandtzaeg et al., 1999).

Os produtos mais importantes desses imunócitos são IgA polimérica

(pIgA) e IgM pentamérica (pIgM). PIgA e pIgM possuem sítios de ligação para

receptores poliméricos de Igs (pIgR) denominados peças de secreção (PS),

essenciais ao transporte ativo da molécula de Ig através da célula epitelial. O sítio de

ligação pIgR/PS depende da incorporação covalente da cadeia J na estrutura

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XXXIII

quaternária dos polímeros na ocasião em que estão sendo produzidos pelos

imunócitos (Silva, J. A., Silva, W. D. 2005).

A produção de pIgA e pIgM inicia-se com a tomada de antígenos (Ags)

solúveis ou particulados pelas células M localizadas entre as células epiteliais da

mucosa intestinal. As células M transferem as moléculas de Ags para células

apresentadoras de Ags (APC). Depois de processados, peptídeos imunogênicos

associados a produtos do complexo principal de histocompatibilidade da classe II

são expostos na superfície das células APC e apresentados a linfócitos T CD4+

virgens. Da interação e diferenciação entre diferentes subtipos de linfócitos resultam

plasmócitos produtores de Igs específicas para Ags recolhidos nas mucosas, além

de células de memória. O aparecimento no colostro e leite de anticorpos produzidos

nas secreções reflete a importância do eixo imunológico ―MALT- glândula mamária-

migração de linfócitos B‖ na proteção do recém-nascido (Brandtzaeg et al.,1999;

Goldblum et al.,1996) . A migração de linfócitos B já comprometidos com antígenos

recuperados na mucosa intestinal para gânglios linfáticos mesentéricos, explica a

presença de (pIgA) e IgM circulantes específicos para estes antígenos (Goldblum et

al.,1996; Brandtzaeg et al.,1999).

IgA secretória (sIgA) humana presente em leite materno inibe a aderência

localizada de uma cepa de EPEC a culturas de células e também reagem com

antígenos de EPEC, particularmente com intimina (Cravioto et al., 1991). Camara et

al. (1994) confirmaram a participação da sIgA presente no colostro na inibição da

adesão localizada de EPEC à célula epitelial. Mulheres mexicanas também

apresentaram abundante sIgA no leite materno que reagiu fortemente com intimina e

proteínas de 80 a 70kDa, isoladas de vários sorogrupos O oriundos de casos de

diarréia infantil severa. Esta reação ampla de sIgA à EPEC é explicada por estudos

preliminares que demonstraram que as amostras de leite de mulheres vivendo em

condições sanitárias pobres apresentaram uma reação mais forte de sIgA à

proteínas de EPEC que amostras de leite de mulheres vivendo em condições

sanitárias boas (Manjarrez-Hernandez et al., 2000).

Dados epidemiológicos indicam que nas áreas endêmicas a diarréia

causada por EPEC é mais comum e mais grave na primeira infância,

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XXXIV

progressivamente menos freqüente e mais branda na segunda e terceira infâncias e

rara em adultos (Levine and Edelman, 1984). Já o aparecimento de anticorpos

circulantes segue curso inverso: não são detectáveis na primeira infância, aumentam

com a idade e atingem níveis mais elevados nos adultos (Neter et al.,1955). Admite-

se, portanto, que exposição a EPEC durante infância, induza imunidade contra este

patógeno. Esses dados sugerem que o desenvolvimento de vacinas contra EPEC

seria de grande utilidade em países como o Brasil que, de maneira perversa, se

associa subnutrição, condições precárias de habitação, falta de água potável e de

rede de esgotos (Silva, J. A., Silva, W. D. 2005). Ainda não se sabe se a baixa

incidência de diarréia por EPEC em crianças com idade mais avançada e em adultos

é devido à imunidade adquirida ou um aprimoramento desta.

Uma investigação da resposta humoral contra intimina, EspA e EspB e

BfpA em crianças brasileiras de dois meses a três anos de vida, com diarréia aguda,

atendidas no Hospital Universitário (SP), detectou grande quantidade de anticorpos

anti-BfpA e anti-EspB seguido de anti-EspA e anti-intimina dez dias após o início da

diarréia. Este fato indica que BFP e produtos de LEE são produzidos in vivo durante

a infecção natural por EPEC e que estes estimulam uma resposta imune contra

determinantes de virulência de EPEC (Martinez et al., 1999)

Os imunógenos que poderiam ser incluídos na formulação de vacinas

anti-EPEC, na forma de clones ou de subunidades, seriam alguns dos fatores de

virulência já conhecidos, como os produtos de genes localizados no plasmídio EAF e

no lócus EAE (Silva, J. A., Silva, W. D. 2005).

BfpA, subunidade dos feixes de BfpA, pelas atividades que exerce

durante as interações da EPEC com a célula hospedeira e pelas propriedades

imunogênicas que exibe, seria um dos candidatos a ser incluído na formulação da

vacina anti-EPEC (Silva, J. A., Silva, W. D. 2005).

Um recombinante bfpA, referido SL3261 (pBfpA), expresso na cepa de

aroA Salmonella typhimurium administrado por via oral para camundongos BALB/c

evoca títulos elevados e persistentes de anticorpos anti-BfpA (Schriefer et al.,1999).

SL3261 (pBfpA), foi construído amplificando-se, por PCR, cópias da região de bfpA

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XXXV

obtidas do plasmídeo EAF da cepa B171 de EPEC. A cepa que contém as cópias

desejadas foi clonada em plasmídeos. Após subclonagem, de uma cópia intacta de

bfpA no vetor de expressão pCYTEXP1, o produto pBfpA foi usado para transformar

a amostra não patogênica de Salmonella, aroA S. typhimurium, cepa SL3261,

gerando Sl3261(pBfpA). Este recombinante expressava pBfpA, como indicado pela

presença de uma proteína de 21 kDa. A identidade da proteína recombinante obtida

com BfpA nativa, foi determinada usando-se anticorpos anti-BfpA.

Construções subseqüentes de plasmídeos semelhantes em E. coli não

patogênica, usando ―forward and reverse primers‖ de 32 bp de comprimento

correspondentes às terminações ‗5 e 3‘ de bfpA de Sl3261(pBfpA), permitiram a

obtenção do plasmídeo pEU84 (Quintana-Flores et al.,2002). A proteína

recombinante BfpA recuperada desse plasmídeo foi usada como imunógeno em

galinhas poedeiras, induzindo títulos elevados de anticorpos IgY anti-BfpA. Os

anticorpos IgY, isolados e purificados da gema dos ovos, reconheciam de maneira

semelhante, BfpA recombinante e nativa, bloqueavam a indução de LA no sistema in

vitro EPEC-células HeLa, inibiam o crescimento em cultura de EPEC B171/EAF (+),

porém não de EPEC B171/EAF (-), e discriminavam amostras de EPEC de outras

cepas de E. coli não patogênicas (Almeida et al.,2003). Essas observações

confirmaram o elevado poder imunogênico de BfpA (Schriefer et al.,1999).

A imunogenicidade dos fatores de virulência codificados por genes em

LEE esta também sendo investigada, principalmente relacionada à proteção de

mucosas, onde a amamentação de recém-nascidos tem sido amplamente defendida

por muitos pesquisadores, como tratamento preventivo de muitas infecções

entéricas. Já foi demonstrado que o colostro e leite materno contêm pIgA específicas

para intimina, BfpA, EspA, EspB e Tir (Loureiro et al., 1998; De Souza Campos

Fernandes et al., 2002; Sanches et al. 2000).

Há, portanto, possibilidade real de formulação de vacina anti-EPEC

usando segmentos gênicos de LEE ou EAF ou alguns de seus produtos como BfpA,

intimina e EspB, na construção de vacinas (Silva, J. A., Silva, W. D. 2005).

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XXXVI

1.5 - Terapia

Como ocorre na maioria dos casos de gastroenterites, a hidratação oral

ou parental é um dos principais objetivos do tratamento como prevenção da

desidratação. O uso da terapia antimicrobiana nas gastroenterites de neonatos por

EPEC ainda é bastante polêmica. Existem estudos que apontam os benefícios do

uso de antibiótico na eliminação de EPEC do trato gastrointestinal, na redução do

risco de infecção cruzada, na comunidade, surtos em berçários ou creches, ou

modificando a severidade da doença. Com base em inúmeros fatores de efeitos

benéficos na clinica, recomenda-se a administração de antimicrobianos de uso oral,

não absorvíveis, no tratamento de recém-nascidos acometidos por gastroenterites

por EPEC severas e moderadas. Este tratamento deve ser acompanhado até as

culturas de fezes tornarem-se negativas para EPEC. De fato, a terapia de suporte

antimicrobiana mostra a erradicação dos sintomas de EPEC em poucos dias,

diminuindo a contaminação ambiental, porém pode ocorrer o isolamento, ou seja, a

manutenção deste microrganismo durante e após o curso da doença em 15 a 30%

dos pacientes (Cleary et al., 2001).

Por causa de uma variedade de antibióticos usados no tratamento de

EPEC, úteis em muitos casos, tem ocorrido o aparecimento de cepas múlti-

resistentes. Assim, o conhecimento dos padrões de susceptibilidade de EPEC é

importante para determinar o sucesso da terapia. Outras terapias como

administração de subsilato de bismuto e administração no leite contendo Igs de

bovino anti-EPEC têm sido comprovadamente úteis (Nataro e Kaper, 1998; Cleary et

al., 2001).

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XXXVII

2 - Justificativa

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XXXVIII

A tuberculose continua sendo um sério problema de saúde pública, não

somente entre os países em desenvolvimento, mas também nos países

desenvolvidos. Acomete cerca de um terço da população mundial sendo

responsável por mais de dois milhões de mortes anualmente (Bloom and Murry,

1992). A vacina contra a tuberculose, chamada de BCG, sigla decorrente da

expressão Bacilo de Calmette-Guérin, é preparada a partir de uma cepa derivada de

uma cepa de Mycobacterium bovis, atenuada por repicagens sucessivas (Rook et

al., 2005).

M. bovis BCG é considerado um candidato promissor para o desenvolvimento

de um sistema vetor vivo para entregar antígenos estranhos ao sistema imune

(Hanson et al., 1995; Ohara and Yamada, 2001). Muitas vantagens estão

associadas com o uso da BCG como sistema apresentador de antígeno, incluindo

suas propriedades adjuvantes, habilidade em disparar uma resposta imune humoral

e celular através de antígenos heterólogos, termo-estabilidade e mais importante, a

possibilidade de se obter uma resposta imune eficiente com apenas uma dose

(Ohara and Yamada, 2001). Durante a última década, sistemas de expressão em

BCG têm sido desenvolvidos para a produção de uma variedade de antígenos virais,

bacterianos e parasitários, e a capacidade desses sistemas recombinantes em

induzir respostas imunes humoral e celular em vários modelos experimentais está

estabelecido (Aldovini and Young. 1991; Lamgranderie et al., 1997; Ohara and

Yamada, 2001), como por exemplo infecção por pneumococo (Langermann et al.,

1994) e leishmania cutânea ( Abdelhak et al.,1995).

A obtenção de BCG recombinantes que expressem produtos do gene bfpA de

EPEC teriam duas utilidades: fonte alternativa de proteínas recombinantes BfpA,

originalmente expressas em Salmonella ou E. coli, para análises morfofuncionais da

molécula deste fator de virulência, e seu uso potencial como vacina dupla anti-EPEC

e anti-M. tuberculosis.

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XXXIX

3 - Objetivos

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XL

3.1 - Objetivo Geral

Este trabalho foi delineado com o objetivo de desenvolver uma vacina BCG

recombinante, que fosse capaz de induzir resposta imune específica para epítopos

presentes na proteína recombinante BfpA.

3.2 - Objetivos Específicos

1. Clonar genes bfpA nos plasmídeos de expressão (pLA71, pLA73 e pMIP12)

em M. smegmetis e M. bovis, e obter e selecionar cepas de BCG que

contenham um dos vetores recombinantes pLH71-bfpA, pLH73-bfpA ou

pMH12-bfpA.

2. Validação da clonagem por sequênciamento.

3. Verificar se as cepas de rBCGs contendo o gene bfpA sintetizam a proteína

recombinante BfpA.

4. Desenvolver protocolos para investigar o potencial imunogênico das cepas e

usando produção de anticorpos como referencial.

5. Desenvolver protocolos teste, in vivo, de imunoproteção usando cepas EPEC

típica e atípica como agente infeccioso nos modelos de diarréia e choque

endotoxêmico.

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XLI

4 - MATERIAIS E

MÉTODOS

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XLII

Plasmídeos

Os vetores multifuncionais (shuttle vectors) E. coli /micobactéria pLA71,

pLA73 e pMIP12 são plasmídeos pontes. Os vetores pLA71 e pLA73 foram

gentilmente cedidos pela Dra. Brigitte Gicquel do Instituto Pasteur (Paris, França).

Os vetores pLA71 e pLA73 são derivados do pRR3 e contém origem de replicação

de E. coli e micobactéria, o gene para aminoglicosídio fosfotransferases, um

marcador de seleção para kanamicina, e o promotor, pBlaF*, um promotor mutado

da -lactamase de M. fortuitum (Murray A. et al, 1992). O promotor pBlaF* é seguido

de diferentes fragmentos do gene da -lactamase fundidos a fosfatase alcalina

(phoA). pLA71 apresenta um inserto de 1384 pb contendo o promotor pBlaF* mais a

região codificadora de 32 aminoácidos da seqüência sinal de exportação da -

lactamase e 5 aminoácidos da proteína madura. pLA73 contém um inserto de 2155

pb, contendo o promotor pBlaF*e o gene completo da -lactamase (Blam) (Timm J.

et al, 1994). Ambos contém um sítio de clonagem múltipla (MCS) após a seqüência

da -lactamase. O cassete de expressão está entre terminadores para garantir

que a expressão seja dirigida apenas por este promotor.

O plasmídeo pMIP12 possui uma sequência de Shine-Dalgarno

micobacteriana forte que permite que o gene inserido tenha uma expressão elevada,

além de também possuir origem de replicação para E. coli e para Micobactérias,

gene de resistência para canamicina e o promotor do gene da beta-lactamase

(pBlaF) de Mycobacterium fortuitum com seu codon ATG de iniciação.

Oligonucleotídeosa Seqüência dos oligonucleotídeos b

pLA71 e 73-FP 5‘- TAGGGTACCCCTGTCTTTGATTGAATCTGCAATGGTGCTT – 3‘

pLA71 e 73-RP 5‘TAGGGTACCGCGGCCGCGATAATCTTACTTCATAAAATATGTAAC

TTTATTGGT 3‘

pMIP12-FP 5‘- TAGGGATCCCTGTCTTTGATTGAATCTGCAATGGTGCTT –3‘

pMIP12-RP 5‘- TAGGGTACCTTACTTCATAAAATATGTAACTTTATTGGT –3‘

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XLIII

PCR

O gene bfpA foi amplificado a partir do plasmídeo pCYTEXPI::bfpA (Schriefer A. et

al., 1999) utilizando-se os seguintes os oligonucleotídeos iniciadores da tabela 2.

Tabela 2: Oligonucleotídeos utilizados para amplificação por PCR do gene

do antígeno BfpA de E. coli Enteropatogênica.

a FP, oligonucleotídeo direto; RP, oligonucleotídeo reverso

b Os sítios de restrições KpnI, NotI e BamHI estão sublinhados.

Foram realizados 35 ciclos de amplificação de 50 segundos a 92 oC, 60

segundos a 54 oC e 50 segundos a 72 oC. Os fragmentos foram separados em gel

de agarose 1,0 % e purificados através do GFXTM PCR DNA and Gel Band

Purification Kit (Amersham Biosciences).

Bactérias e condições de cultura

Todas as etapas de clonagem foram executadas em E. coli DH5, sendo

transformadas pelo método padrão de CaCl2 e cultivadas em Luria-Bertani (LB)

contendo, quando necessário ampicilina 100 g/mL ou kanamicina 20 g/mL

Clonagem do gene bfpA no vetor pGEM-T easy

O produto de PCR purificado foi inserido no vetor pGEM-T easy (Promega)

seguindo as orientações do fabricante, transformado em E. coli DH5 e plaqueados

em meio LB contendo ampicilina, IPTG e X-gal para seleção dos clones

recombinantes (brancos). A confirmação da clonagem foi feita após extração do

DNA plasmidial de colônias brancas e digestão com a enzima de restrição EcoRI

para visualizar a liberação do inserto.

Construção dos vetores de expressão

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XLIV

O gene bfpA foi excisado do plasmídio pGemT Easy –bfpA gentilmente

cedido pelo Dr. André Kipnis (Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública,

Universidade Federal de Goiás) digerido com as endonucleases NotI e KpnI, sendo

o fragmento liberado da digestão purificado pelo GFXTM PCR DNA and Gel Band

Purification Kit (Amersham Biosciences). O fragmento gerado possui

aproximadamente 600pb.

Após purificação, esse fragmento foi clonado, a partir desses mesmos sítios

de restrição, nos vetores de expressão de expressão pLA71 e 73 previamente

digeridos com NotI e KpnI e pMIP12 previamente digerido com KpnI e BamHI. Os

oligonucleotídeos foram desenhados para que a inserção dos fragmentos em pLA71,

pLA73 e pMIP12 permitisse que a fase de leitura fosse mantida para a produção da

proteína de fusão. As construções obtidas foram então denominadas pLH71-bfpA,

pLH73-bfpA e pMH12-bfpA. Os plasmídeos resultantes dessa clonagem foram

usados para a transformação da cepa E. coli DH5α. As colônias possivelmente

positivas foram selecionadas em meio LB contendo kanamicina. Minipreparações

plasmidiais a partir das colônias selecionadas foram analisadas por restrição com as

enzimas NotI/KpnI eBamHI/KpnI em busca de plasmídeos que carregavam o inserto

bfpA.

Validação dos clones pela PCR

Analisou-se o DNA plasmidial em gel de agarose 0,8% corado com brometo

de etídio. As amostras contendo DNA plasmidial foram então submetidas ao

experimento de validação dos clones. O objetivo deste experimento era confirmar a

presença do inserto no DNA plasmidial bacteriano.

Analise dos produtos da PCR

Amostras das misturas de reação (25µl) foram aplicadas em gel de agarose a

1,5% corado com brometo de etídio, após acréscimo de 10µl do tampão de amostra

concentrado em cada tubo de reação. O tampão de amostra 6X concentrado foram

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XLV

acrescentados azul de bromoferol 0,25% e glicerol 30% em água. Realizou-se

eletroforese a 120V em tampão de corrida TAE ( 0,04M tris- Acetato; 0,001M EDTA).

Foi utilizado o marcador 1Kb Ladder (promega, EUA). Os produtos da PCR foram

então analisados em transiluminador UV e o gel fotodocumentado no aparelho

Image Master® VDS (Amersham Pharmacia,EUA).

Desenho dos oligonucleotídeos específicos

Após uma pesquisa (NCBI- Sequence Viewer) da seqüência dos plasmídios

pLA71, pLA73 e pMIP12, oligonucleotídeos específicos que pareassem com sítios

no gene da beta-lactamase (blaF gene) foram desenhados através do Programa

Oligo Tech, version 1,00, Copyright© 1995. A síntese dos oligonucleotídeos foi

encomendada à empresa Integrated DNA Technologies (IDT).

Plasmídio Oligonucleotídeo TM

pLA71 5‘ CCA ATG ACC GGA CTA TCG CG 3‘ 56,7 °C

pLA73 5‘TTT CGG TGC TCT GGA TCG CG 3‘ 60.2 °C

pMIP12 5‘ TTC AAA CTA TCG CCG GCT GA 3‘ 58,1 °C

Sequênciamento

Cada plasmídeo contendo o gene bfpA foi seqüenciado na direção 5‘ – 3‘,

utilizando um primer em tubo individual. Cada tubo de reação de seqüenciamento

continha 1µl, 2 µl e 6 µl da amostra pMH12-bfpA, pLH71-bfpA e pLH73-bfpA,

respectivamente, 3,2pmol do oligonucleotídeo específico para o fragmento, 0,5µl do

Kit Big DyeTM Terminador Cycle Sequencing Reaction (Applied Biosystems), 2µl de

Big Dye Terminator Buffer e água milliQ qsp para 10µl. O Kit Big DyeTM Terminador

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XLVI

Cycle Sequencing Reaction (Applied Biosystems) contém a AmpliTaqDNA

Polimerase, o tampão apropriado para a enzima, os desoxirribonucleotídeos e os

dideoxirribonucleotídeos conjugados com fluorógeno. A reação de seqüenciamento

foi realizada em termociclador PTC-100TM Programmable Thermal Controller MJ

Research Inc., através do seguinte programa: pMH12-bfpA e pLH71-bfpA: 96ºC 1

minuto, 96ºC 15 segundos, 57ºC 30 segundos, 60ºC 4 minutos, as três últimas

etapas foram repetidas 25 vezes. pLH73-bfpA: 96ºC 1 minuto, 96ºC 15 segundos,

60,2ºC 30 segundos, 60ºC 4 minutos, as três últimas etapas foram repetidas 25

vezes.

Ao término do programa, cada produto de reação foi lavado com isopropanol

e etanol para remoção dos dideoxinucleotídeos não incorporados aos fragmentos

obtidos. Em cada tubo de seqüenciamento foram adicionados 40µl de isopropanol

65%. Após incubação de trinta minutos, os tubos foram centrifugados por 25 minutos

a 12.000rpm (26ºC) e os sobrenadantes foram descartados. Adicionaram-se 200µl

de etanol 60% aos tubos e procedeu-se à centrifugação de 5 minutos a 12.000rpm

(26ºC). Os sobrenadantes foram também descartados e os tubos foram secos no

termociclador com a tampa aberta por 2 minutos a 95ºC. Ao término deste

procedimento, os tubos foram armazenados ao abrigo da luz.

Adicionou-se Formamida, 10μl por tubo, os tubos foram colocados numa placa

para seqüênciamento e levada ao termociclador para desnaturar durante 1 minuto a

96ºC, logo após colocada em banho de gelo para ocorrer um choque térmico. A

placa foi levada ao seqüenciador automático AB-Applied Biosystems/HITACHI-3130.

Os dados foram armazenados e analisados pelo programa DNA Sequencing

Analysis 5,2 Patch2- UENF (3130 Genetic Analyzer). Todos os seqüenciamentos

foram realizados no Núcleo de Análise Genômica da UENF com a colaboração do

Prof. Dr. Gonçalo Apolinário de Souza Filho.

Manipulação dos veículos:

-Mycobacterium smegmatis

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XLVII

Foi usada a cepa MC155 Mycobacterium smegmatis cedida pelo Instituto

Butantan.

-BCG

Foi usada a cepa Moreau de Mycobacteriun bovis (BCG) cedida pelo Instituto

Butantan.

Competência

M. bovis BCG foram cultivadas em garrafas de 500 mL contendo 100 mL de

meio líquido Middlebrook 7H9 (Difco Laboratories, Oxford, UK) contendo albumina-

dextrose-catalase (ADC) 10% mais Tween80 0,05% (MB7H9) ou meio sólido

Middlebrook 7H10 (Difco) suplementado com ácido oléico-albumina-dextrose-

catalase (OADC) 10% (MB7H10), contendo ou não kanamicina (20 g/mL) a 37o C

em atmosfera úmida contendo 5 % de CO2 com agitação periódica até a D.O. 0,5 a

600 nm. A cultura foi então centrifugada, lavada duas vezes com água miliQ a 4o C e

ressuspendidas em 10 % de glicerol. O estoque de BCG competente foi mantido a -

80o C.

Transformação e seleção

Micobactérias BCG competentes foram transformadas com os plasmídeos de

expressão por eletroporação. Para eletroporação, uma alíquota estoque de 50-200

l de BCG competente foi misturada com 1-10 g de DNA plasmidial em cuveta de

eletroporação de 2 mm e esta submetida a pulsações de 2,5 kV, 25 F e 1000 ,

num eletroporador de pulsação (BioRad, Hemel Hempstead, UK). Após

eletroporação, o conteúdo das cuvetas foi recuperado em 5 mL de meio MB7H9 sem

antibiótico e incubado a 37 oC por 20 h antes de ser semeado sobre MB7H10

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XLVIII

contendo kanamicina (20 g/mL). Esperou-se de 20 a 30 dias de incubação a 37o C

em estufa com atmosfera úmida contendo 5 % de CO2 para a seleção de colônias

transformadas. Para extração de proteínas ou preparação de vacina, as colônias

isoladas de BCG foram crescidas em garrafas de 200 mL contendo 50 mL de meio

Middle brook 7H9 suplementado com albumina de soro bovino 10 % ou Middle brook

7H10 suplementado com ODC, mais kanamicina 40 g/mL e incubadas a 37o C em

atmosfera úmida contendo 5 % de CO2 até a saturação (20-30 dias).

Extração de proteínas

A partir dos 50 mL de meio de cultura descrito acima, 5 mL foram destinados

à extração de proteínas e os outros 45 mL para a preparação de vacina. Para a

extração de proteínas os 5 mL foram centrifugados a 4 000 rpm por 10‘, lavado (1x)

com 5 mL de PBS, centrifugados novamente e as bactérias re-suspensas em 500 l

de PBS estéril contendo inibidores de proteases como DTT, PMSF, Aproptin,

Leupeptin e Pepstatin (0.5 microlitro de cada). Em seguida congelaram-se as

amostras a -20oC para posterior sonicação. A sonicação, 18 ciclos com 10 segundos

cada, com intervalos de 10 segundos, as amostras foram centrifugadas para

precipitação de sólidos, e os sobrenadantes recuperados para quantificação de

proteína. Os extratos protéicos foram então aplicados em SDS-PAGE (gel de

poliacrilamida mais duodecil sulfato de sódio).

Preparação da vacina

Os 45 mL restantes foram centrifugados a 4 000 rpm por 10 minutos, o

precipitado lavado (2x) com 5 mL de água mili-Q estéril, centrifugado novamente e

as bactérias re-suspensas em 1 mL de uma solução de glicerol a 10 % em água,

estéril. As amostras foram aliquotadas em 50μl e conservadas a – 70 o C para então

serem usadas como vacinas nos camundongos.

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XLIX

Quantificação de proteína

A quantificação de proteínas de todas as amostras foi feita através do método

do Ácido Bicinconínico, utilizando BSA (Bovine Serum Albumin) para gerar a curva

padrão de análise.

Determinação do número de unidades formadoras de colônias (UFC).

Antes de se injetar as vacinas nos camundongos, foi preciso determinar o

número de UFC que seria aplicada nos animais. Amostras das vacinas foram

diluídas 10 5 e 10 6 vezes e plaqueadas em 7H10 mais kanamicina 20g/mL. Ao final

de 21 dias o número de colônias presentes nas placas foi contado, determinando-se

então o volume de vacina necessário para se introduzir 10 6 UFC de rBCG em cada

animal.

Eletroforese em Gel de Poliacrilamida contendo Dodecil Sulfato de Sódio (SDS

PAGE)

Os géis de SDS-PAGE foram feitos em sistema descontínuo (Bio Rad Mini

Protean II, USA), constituído de gel separador com 12% de acrilamida (1,5 mL de

Tris-HCl 3M pH 8.8; 2,4 mL de Acrilamida/bisacrilamida 30%; 20μL de SDS a 10%;

45 μL de APS a 10%; 5 μL de TEMED; 2 mL de água destilada) e o gel de

empilhamento com 4% de acrilamida (1,5mL de Tris-HCl pH 6.8; 400μL de

Acrilamida/Bisacrilamida; 30μL SDS a 10%; 30μL de APS a 10%; 6μL de TEMED;

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L

1,049mL de água destilada) em tampão de corrida Tris-Glicina (Tris-base 1,5%;

Glicina 7,2%; SDS 0.5%: pH 8,3) segundo a metodologia descrita por Laemmli

(1970). A corrente elétrica utilizada foi de 80v até as amostras cruzarem o gel de

empilhamento, em seguida, ajustada para 120v até o fim da corrida. Amostras de

extratos de rBCG (30 g/poço) foram aplicadas paralelamente.

Immunoblotting

Primeiramente, realizou-se uma SDS-PAGE conforme anteriormente descrito.

O gel foi carregado com 30μg de cada lisado de rBCG, rBCG-pLA71.1, rBCG-

pLA71.2, rBCG-pLA73.1, rBCG-pLA73.2, rBCG-pMIP12. Em seguida, as proteínas

contidas no gel foram transferidas para uma membrana de nitrocelulose (Bio Rad,

USA) utilizando o sistema Bio Rad Mini Transblot II sob voltagem constante de 10v

por um período de 2h em tampão fosfato (Na2HPO4 1,5%; NaH2PO4 1,2%). Após a

transferência, a membrana foi corada com Ponceau S (Sigma Chemical Co, EUA)

(Ponseau S 1g; ác. acético 1mL; H2O destilada 100mL), lavada com água destilada

e bloqueada com 50mL de leite desnatado (leite Molico a 5% em PBST) overnight a

4ºC. Em seguida, a membrana foi incubada com anticorpo anti-BfpA de galinha (IgY)

e coelho (IgG), diluídos 1:300 e 1:1000, respectivamente, e incubados durante 1,5

hora a temperatura ambiente. A membrana foi lavada 5 vezes com PBST (NaCl

0,8%; Na2HPO4 1,15%; KCl 0,2%; KH2PO4 0,2%; 0,5% tween) por 5min cada

lavagem. Foi incubada com Anticorpo anti-IgY e anti-IgG marcado com peroxidase

(Southern Biotecnologies, EUA), diluído 1:3000 e 1:1000, respectivamente, durante

1,5h a temperatura ambiente. A membrana foi, novamente, lavada 5 vezes com

PBST (NaCl 0,8%; Na2HPO4 1,15%; KCl 0,2%; KH2PO4 0,2%; 0,5% tween) por

5min. Após as lavagens, a membrana foi revelada com solução 3,3-

Diaminobenzidina (DAB) (4,9mL H20; 0,1mL Tris 2M pH 7,5; 0,3mL Imidazol 0,1mL,

5mg DAB, 0,05mL H202), a reação foi interrompida com adição de água destilada,

logo após a visualização das bandas.

ANIMAIS

Foram utilizados camundongos Swiss albinos do sexo feminino com cerca de

quatro semanas de vida, pesando entre 18 e 22g, CD14 knock out do sexo feminino

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LI

com quatro semanas de vida e MyD88 knock out do sexo feminino com quatro

semanas de vida. Os animais foram fornecidos pelo Biotério de Camundongos

Isogênicos de Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do

Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Todos os animais foram mantidos em ambiente

com renovação de ar, alimentação e água ad libitum, obedecendo às normas éticas

para uso de animais de experimentação.

Esquema de imunização

Os camundongos Swiss foram divididos em seis grupos de acordo com a

Tabela 3. Todos os grupos foram imunizados quatro vezes (Sendo os boosters 7, 35

e 49 dias após a primeira imunização, de acordo com esquema apresentado na

Tabela 4) injetando-se, por via intraperitoneal (i. p.), 200µl de uma solução salina

estéril contendo 1x106 UFC/camundongo de BCG ou rBCG , o grupo 1, usado como

controle, foi imunizado com a vacina BCG, grupo 2 imunizado com a vacina rBCG-

pLH71.1.bfpA, grupo 3 imunizado com a vacina rBCG-pLH71.2.bfpA, grupo 4

imunizado com a vacina rBCG-pLH73.1.bfpA, grupo 5 imunizado com a vacina

rBCG-pLH73.2.bfpA e grupo 6 imunizado com a vacina rBCG-pMH12.bfpA .

Tabela 3: Divisão dos grupos de camundongos para imunização.

Grupo Animais Vacina

1 4 camundongos BCG (controle negativo)

2 6 camundongos rBCG-pLH71.1.bfpA

3 6 camundongos rBCG-pLH71.2.bfpA

4 6 camundongos rBCG-pLH73.1.bfpA

5 6 camundongos rBCG-pLH73.2.bfpA

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LII

6 6 camundongos rBCG-pMH12.bfpA

Tabela 4: Esquema de Imunização de camundongos para verificar a produção

de anticorpos anti-BfpA e anti-BCG.

Dia (s) Dose / Camundongo

0 106 bactérias

7 106 bactérias

35 106 bactérias

49 106 bactérias

Camundongos Swiss com 4 semanas de vida, pesando em média 18-22g, foram

injetados intraperitonealmente com suspensões de salina estéril contendo 1x106

rBCG/camundongo.

Coleta de Sangue

Amostras de sangue foram colhidas por capilaridade do plexo retro-orbital do

olho direito antes do início da imunização e 24 dias, 43 dias e 57 dias após a

primeira imunização. Após coagulação em temperatura ambiente (T.A.), as amostras

ficaram a 4°C overnight. As amostras foram centrifugadas a 1000g por 10 minutos a

T.A., os soros separados, aliquotados e armazenados a -20°C.

Elisa

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LIII

As análises de indução de anticorpos específicos contra BfpA nos soros dos

animais imunizados foram feitas pelo método de ELISA. Numa placa de 96 poços

(Nalgene Nunc International, Rochester, N. Y.) foi adsorvida a proteína, BfpA ou

Extrato de BCG, (30g/mL) diluída em 50 µl de tampão Carbonato-bicarbonato, pH

9,6 e incubada a 4 oC por toda noite. Após a adsorção do antígeno, as placas foram

lavadas duas vezes com PBST e bloqueados com gelatina 1% (150L/poço) diluída

em PBS por uma hora, a temperatura ambiente. Após o bloqueio e três novas

lavagens com PBST, foram acrescentados os anticorpos (50L/poço) diluídos em

PBST, começando com uma diluição inicial de 1:2 seguindo de diluições (fator 5) até

o limite de 1:250. Como controle, foi utilizado IgG de camundongos imunizados com

BCG e IgY anti-BfpA. A incubação da placa foi feita a 37ºC por 45 min. Após três

lavagens com PBST, foi adicionado o anticorpo conjugado anti-IgG de camundongo

(Southern Biotechnologies, EUA) marcado com peroxidase diluído 1:2000

(50L/poço) em PBST e nova incubação foi realizada a 37ºC por 45min. Esta reação

foi revelada pela adição do substrato H2O2 e ortofenildiamina – OPD (Sigma

Chemical Co, EUA) diluídos em tampão (5,75mL H20 dest.; 3,25mL ác. cítrico 0,1M;

3,5mL fosfato de sódio 0,2M; 5mg OPD; 0,005 H202). A reação foi interrompida

adicionando-se H2SO4 3N (50L/poço) e lida em comprimento de onda de 492 nm

em espectrofotômetro de placas (Tittertek Multiskan).

Detecção de anticorpos Anti-BfpA por Western Blotting

Amostras da proteína BfpA purificada foram submetidas a SDS-PAGE com

gel contendo12% de acrilamida. A cada canaleta foram aplicados 15µg da proteína

BfpA purificada.

Ao termino da corrida, o gel foi submetido à etapa de eletrotransferência para

uma membrana de nitrocelulose de 0,45µm (Bio Rad). O gel, a membrana de

nitrocelulose e outros componentes do sistema de eletrotransferência foram imersos

em tampão de tranferência previamente resfriados a 4°C. em seguida, o gel foi

montado segundo orientações do fabricante Bio-Rad- Mini TRansfer Cell (Bio-Rad

Laboratories, Richmond, USA). Este sistema foi submetido à corrente de 80V/400mA

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LIV

por 120 minutos. Terminada a tranferência, a membrana de nitrocelulose foi corada

por vermelho de Ponceau a 0,1% (Ponceau S Solution- Sigma Chemical Co., St

Louis, USA) para verificar se houve sucesso na transferência, e descorada com

água destilada. A seguir, a membrana foi imersa em uma solução bloqueadora (PBS

com 0,1% de Tween20 e 5% de leite em pó desnatado) overnight a 4°C. Após este

período, as membranas foram incubadas por 1,5h a T.A., sob agitação constante,

com um pool dos soros das quatro imunizaçoes de cada camundongo diluídos

(1:100) em solução de PBST 0,1% com 5 % de leite em pó desnatado. Na etapa

seguinte as membranas foram lavadas 5 vezes com PBST 0,1% por 5 minutos cada

lavagem, e incubadas com o segundo anticorpo Anti- IgM e IgG de camundongo

conjugado a peroxidase diluído 1:2000 em PBST 0,1% durante 1,5h a T.A. sob

agitação. Em seguida, foram feitas mais 5 lavagens com PBST 0,1% e a reação foi

revelada com uma solução contendo substrato enzimático mais a substância

cromógena 3,3‘diabenobenzidina (DAB- Sigma Co. St. Louis, EUA). Assim que as

bandas tornaram-se claramente visíveis, a reaçao foi interrompida pela adição de

água.

Desenvolvimento de modelos experimentais de diarréia e choque

endotoxêmico induzido por EPEC

Três grupos com oito camundongos BALB/c cada, três grupos com 4

camundongos CD14 knock out cada e três grupos com 4 camundongos MyD88

knock out cada foram infectados com 7,68 x 107 bactérias/camundongo, grupos 1 foi

infectado com a cepa B171 EPEC – EAF (-) numa solução de 200µl do meio de

cultura DMEM High Glucose, grupos 2 foi infectado com a cepa B171 EPEC – EAF

(+) numa solução também de DMEM High Glucose e grupos 3 com DMEM High

Glucose, via oral (modelo diarréia), ou via intraperitoneal (modelo choque

endotoxêmico). No modelo diarréia a inoculação das bactérias é antecedida

(10min) pela introdução, via oral, de 200l de uma solução a 10% de bicarbonato de

sódio. Os sinais de diarréia como fezes aquosas, elevado consumo de água, perda

de peso e morte (relação mortos/vivos) durante o período de 72h após a infecção

foram registrados. Os sinais de endotoxemia, como prostração, alterações da

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LV

coagulabilidade sangüínea, hemorragia e morte (relação mortos/vivos) também

foram registrados nas 72h após a infecção. Em ambos modelos, amostras de

sangue e lavado peritoneal foram coletados e armazenadas a 4°C para identificação

e contagem das células.

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LVI

5 - Resultados

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LVII

1- Clonagem da seqüência codificadora para BfpA de EPEC nos

plasmídeos pLA71, pLA73 e pMIP12.

Para a construção dos vetores de expressão de BfpA em BCG, o gene desta

subunidade foi amplificado por PCR a partir da construção pCYTEXPI::bfpA

utilizando iniciadores específicos. Um amplicon de aproximadamente 600pb foi

gerado como produto do PCR, e purificado a partir de um gel preparativo de agarose

usando o Kit-GFXTM PCR and Gel Band Purification Kit e clonado no vetor pGEM-T

easy originando a construção pGemT-BfpA o qual foi então digerido com as

endonucleases de restrição NotI e KpnI para liberação do inserto correspondente ao

gene bfpA. Os plasmídeos pLA71 e pLA73 também foram digeridos com as enzimas

de restrição Kpn I e Not I, e o pMIP12 foi digerido com as enzimas de restrição

BamH I e Kpn I (Fig 2). O gene bfpA foi então ligado aos vetores pLA71, pLA73 e

pMIP12, gentilmente cedidos pela Dra. Brigitte Gicquel do Instituto Pasteur (Fig 3 e

Fig 4). Estes oligonucleotídeos foram desenhados de modo que a inserção de BfpA

em pLA71 ou pLA73 mantivesse a fase de leitura com a seqüência sinal da -

lactamase ou com a -lactamase inteira para a produção das proteínas de fusão. As

construções obtidas foram denominadas pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e pMH12-bfpA.

Células competentes de Escherichia coli cepa DH5α foram transformadas com

pLA71-bfpA, pLA73-bfpA e pMIP12-bfpA. Dez colônias da placa contendo pLA73-

bfpA, 3 colônias da placa contendo pLA71-bfpA e 1 colônia da placa pMIP12-bfpA

foram selecionadas e analisadas. Os clones foram validados por PCR, utilizando os

mesmos iniciadores da clonagem.

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LVIII

Fig 2- Digestão dos plasmídeos pGemT-BfpA, pLA71, pLA73 e pMIP12. Os

plasmídeos pGemT-BfpA, pLA71 e pLA73 foram digeridos pelas endonucleases KpnI e NotI

e do plasmídeo pMIP12 pelas endonucleases KpnI e BamHI. 1, PM; 2, pLA71; 3, pLA71; 4,

pLA73; 5, bfpA purificado; 6, pGemT-BfpA; 7, pMIP12. O gene bfpA possui

aproximandamente 600Kb, sendo indicado pelo 0,65Kb.

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LIX

Figura 3- Representação esquemática dos vetores de expressão da série pLA.

Os dois vetores contêm as origens de replicação, ori-(E. coli) e ori-(myco); o gene de

resistência a kanamicina Km; o promotor mutado da -lactamase, pBlaF*; o códon

de iniciação e a seqüência sinal da -lactamase e o gene phoA. O gene heterólogo

ficaria em fusão com a seqüência sinal da -lactamase em pLA71 e em fusão com a

-lactamase inteira em pLA73.

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LX

Figura 4- Representação esquemática do vetor de expressão pMIP12. O vetor

contém as origens de replicação, ori-(E. coli) e ori-(myco); o gene de resistência a

kanamicina Km; o promotor mutado da -lactamase, pBlaF*; o códon de iniciação e

sequência de Shine-Dalgarno micobacteriana.O gene heterólogo ficaria em fusão

com o promotor mutado da -lactamase.

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LXI

2- Validação da clonagem dos vetores pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e

pMH12-bfpA

Para corroborar os resultados obtidos a partir da clonagem nos vetores

pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e pMH12-bfpA, realizamos o Método de Miniprep e

digestões com as endonucleases de restrição Kpn I e Not I para os plasmídeos

pLH71-bfpA (Fig 5A), pLH73-bfpA (Fig 5B) e as endonucleases KpnI e BamHI para

o plasmideo pMH12-bfpA (Fig 5C), como metodologia-base de validação .

Para verificar se o gene foi clonado na posição correta e observar possíveis

modificações no gene bfpA foi utilizado o seqüenciamento dos plasmideos pLH71-

bfpA, pLH73-bfpA e pMH12-bfpA (Fig 6).

Figura 5- Validação da clonagem dos vetores pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e

pMH12-bfpA: As construções foram confirmadas por análise de restrição. A, 1- PM,

2-6 plasmídeos pLH71-bfpA digeridos com as endonucleases KpnI e NotI; B, 1- PM,

2-6 plasmídeos pLH73-bfpA digeridos com as endonucleases KpnI e NotI; C, 1- PM,

2- pMIP12 vazio, 3-4 plasmídeos pMH12-bfpA digeridos com as endonucleases KpnI

e BamHI, 5-6 plasmídeos pMH12-bfpA digeridos com as endonucleases BamHI e

MboI, 7- poço vazio e 8 plasmídeo pMH12-bfpA digerido com as endonucleases

KpnI e AfeI.

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LXII

Figura 6- Validação da clonagem dos vetores pLH71-bfpA, pLH73-bfpA e

pMH12-bfpA: As construções foram confirmadas por sequênciamento. A, pLH71-

bfpA; B, pLH73-bfpA; C, pMH12-bfpA. O destaque em vermelho aponta para o

começo o do gene bfpA sequenciado, e mostrar que o gene bfpA foi clonado de

maneira correta.

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LXIII

3- Expressão da proteína BfpA em Mycobacterium smegmatis

recombinante e BCG recombinante

Alíquotas de Mycobacterium smegmatis MC155 competente foram transformados

com os vetores de expressão pLH71-bfpA ou pLH73-bfpA ou pMH12-bfpA. Os

transformantes foram então selecionados em meio sólido contendo kanamicina e

expandidos posteriormente em meio liquido, gerando rSmeg-pLH71-bfpA, rSmeg-

pLH73-bfpA, rSmeg-pMH12-bfpA, respectivamente. Extrato total dos diferentes

clones de rSmeg foram submetidos a SDS-PAGE seguido de Western blot usando

anticorpo IgG rabbit policlonal anti-BfpA. Só foi possível observar a expressão de

uma proteína de aproximadamente 21kD no ensaio de Western blot na construção

rSmeg-pMH12-bfpA (Fig 7, poço 8). O controle negativo, Smeg, não apresentou

banda (Fig. 7, poço 9). Como controle positivo foi usada duas amostras de BfpA

purificadas de EPEC (Fig 7, poço 2), onde se pode observar a banda

correspondente à proteína BfpA (Fig 7, poços 1-2).

Figura 7- Expressão da proteína BfpA da EPEC em Mycobacterium smegmatis

recombinante. Extrato total de Mycobacterium smegmatis ou Mycobacterium

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LXIV

smegmatis recombinante (30 g) foram analisados por Western blot usando um

anticorpo IgG rabbit anti-BfpA. 1, BfpA; 2, BfpA; 3-4, rSmeg transformado com o

vetor pLH71-bfpA; 5-7, rSmeg transformados com o vetor pLH73-bfpA; 8, rSmeg

transformado com o vetor pMH12-bfpA; 9, Smeg nativa.

BCG competente foi transformado com pLH71-bfpA ou pLH73-bfpA ou

pMH12-bfpA e os clones de rBCG transformados foram selecionados em meio sólido

MB7H10/kanamicina e expandidos em meio líquido. Extratos protéicos de rBCG

transformados com os respectivos vetores de expressão foram fracionados em SDS-

PAGE 10% e submetidos à análise por Western blot usando um anticorpo policlonal

IgG rabbit anti-BfpA (Gentilmente cedido pela Dra Roxane). Os clones de rBCG

transformados com pMH12-bfpA, (rBCG-pMH12-bfpA) apresentaram uma banda

imunoreativa, correspondente a uma proteína de baixo peso molecular

provavelmente devido a algum grau de degradação da proteína fusionada, já que a

proteína BfpA apresenta um peso molecular de 21 kDa (Fig. 8, poço 9 e 2,

respectivamente), que é o peso molecular esperado da proteína de fusão BfpA. Já o

extrato de rBCG-pLA71 apresentou uma banda de 25 kDa, peso molecular esperado

da fusão entre a proteína BfpA com a seqüência sinal da -lactamase (21 + 4 kDa)

(Fig , poços 3-4). Os clones de rBCG transformados com pLH73-bfpA, (rBCG-

pLH73-bfpA) apresentaram uma banda imunoreativa de aproximandamente 54kD,

correspondente à fusão de BfpA com a -lactamase inteira (21 + 33 kDa) (Fig. 8,

poços 6-7). O controle negativo, BCG, não apresentou banda (poço 1). Como

controle positivo foi usada uma amostra de BfpA purificada (Fig. 8, poço 2), onde se

pode observar a banda correspondente à proteína BfpA (aproximadamente 21kDa)

(Fig 8, poço 2).

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LXV

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Figura 8- Expressão da proteína BfpA da EPEC em BCG recombinante. Extrato

total de BCG ou BCG recombinante (30 g) foram analisados por Western blot

usando anticorpo IgG rabbit anti-BfpA. 1, BCG; 2, BfpA; 3-4, rBCG transformado com

o vetor pLH71-bfpA; 5, sobrenadante do lisado da rBCG transformado com o vetor

pLH71-bfpA; 6-7, rBCG transformados com o vetor pLH73-bfpA; 8, sobrenadante do

lisado da rBCG transformado com o vetor pLH73-bfpA; 9, rBCG transformado com o

vetor pMH12-bfpA.

4- Resposta humoral de camundongos imunizados com rBCG-pLH71-bfpA,

rBCG-pLH73-bfpA e rBCG-pMH12-bfpA

Para verificar os níveis séricos de anticorpos específicos, titulou-se por ELISA

os anticorpos IgG e IgM anti-BfpA no soro dos camundongos vacinados. Grupos de

6 camundongos Swiss fêmeas foram imunizados i.p. com 106 UFC de rBCG-pLH71-

bfpA ou rBCG-pLH73-bfpA ou rBCG-pMH12-bfpA. Camundongos controles foram

imunizados com BCG (Fig 9). Uma dose reforço sob as mesmas condições foi

administrada após 7, 35 e 49 dias da primeira imunização. Os soros foram coletados

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LXVI

individualmente no primeiro dia e a cada 1 semana após a primeira imunização e

boosters, e analisados por ELISA quanto à presença de anticorpos anti-BfpA. Após

os bossters, os camundongos que receberam as rBCG com seus respectivos

plasmídeos transformados com bfpA mostraram um aumento crescente nos níveis

de anticorpos anti-BfpA e obtiveram títulos máximos na última imunização, quando

comparados com o controle BCG (Figs. 10-14)

Os resultados do ELISA apontaram para a expressão da BfpA, dado

que a produção de anticorpos específicos contra BfpA foi detectada no soro dos

animais imunizados com rBCG-pLH71-bfpA ou rBCG-pLH73-bfpA ou rBCG-pMH12-

bfpA e foi caracterizada como dose dependente.

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LXVII

BCG 2 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÕES

DO

592n

m

camundongo 1

camundongo 2

camundongo 3

camundongo 4

controle posit ivo

controle negativo

BCG 3 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÕES

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

BCG 4 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÕES

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

Figura 9- Níveis séricos de anticorpos Ig Total anti-BfpA detectados por ELISA em soro

de camundongos vacinados com BCG. Grupo controle (negativo).

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LXVIII

pLA71.1 2 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA71.1 2 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

pLA71.1 3 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA71.1 3 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

pLA71.1 4 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA71.1 4 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

Figura 10- Níveis séricos de anticorpos Ig Total anti-BfpA detectados por ELISA em

soro de camundongos vacinados com rBCG- pLH71.1-bfpA. A- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH71.1 analisados com gráficos DO x diluições. B- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH71.1 analisados com gráficos utilizando a medida U-ELISA.

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LXIX

pLA71.2 2 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA71.2 2 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

pLA71.2 3 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA71.2 3 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

pLA71.2 4 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA71.2 4 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

Figura 11- Níveis séricos de anticorpos Ig Total anti-BfpA detectados por ELISA em

soro de camundongos vacinados com rBCG- pLH71.2-bfpA. A- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH71.2 analisados com gráficos DO x diluições. B- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH71.2 analisados com gráficos utilizando a medida U-ELISA.

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LXX

pLA73.1 2 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA73.1 2 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

pLA73.1 3 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA73.1 3 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

pLA73.1 4 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA73.1 4 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONT ROLE POSIT IVO

Figura 12- Níveis séricos de anticorpos Ig Total anti-BfpA detectados por ELISA em

soro de camundongos vacinados com rBCG- pLH73.1-bfpA. A- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH73.1 analisados com gráficos DO x diluições. B- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH73.1 analisados com gráficos utilizando a medida U-ELISA.

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LXXI

pLA73.2 2 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CNT ROLE NEGAT IVO

pLA73.2 2 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONTROLE POSITIVO

pLA73.2 3 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA73.2 3 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0

DILUIÇÃO

U-E

LIS

AU-ELISA

CONTROLE POSITIVO

pLA73.2 4 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pLA73.2 4 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONTROLE POSITIVO

Figura 13- Níveis séricos de anticorpos Ig Total anti-BfpA detectados por ELISA em

soro de camundongos vacinados com rBCG- pLH73.2-bfpA. A- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH73.2 analizados com gráficos DO x diluições. B- Soro de animais

imunizados com rBCG-pLH73.2 analizados com gráficos utilizando a medida U-ELISA.

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LXXII

pMIP12 2 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pMIP12 3 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

2,4

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 3

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pMIP12 3 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0

DILUIÇÃO

U-E

LIS

AU-ELISA

CONTROLE POSITIVO

pMIP12 4 IMUNIZAÇÃO

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

0,5 0,1 0,02 0,004

DILUIÇÃO

DO

592n

m

CAM UNDONGO 1

CAM UNDONGO 2

CAM UNDONGO 4

CAM UNDONGO 5

CAM UNDONGO 6

CONT ROLE POSIT IVO

CONT ROLE NEGAT IVO

pMIP12 4 IMUNIZAÇÃO

0

2

4

6

8

10

12

0,5 0,1 0,02 0

DILUIÇÃO

U-E

LIS

A

U-ELISA

CONTROLE POSITIVO

Figura 14- Níveis séricos de anticorpos Ig Total anti-BfpA detectados por ELISA em

soro de camundongos vacinados com rBCG- pMH12-bfpA. A- Soro de animais

imunizados com rBCG-pMH12 analizados com gráficos DO x diluições. B- Soro de animais

imunizados com rBCG-pMH12 analizados com gráficos utilizando a medida U-ELISA.

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LXXIII

As amostras da proteína BfpA de EPEC foram submetidas a eletroforese SDS-PAGE

e posteriormente transferidas à membrana de nitrocelulose e submetidas a reação individual

com anticorpos IgM e IgG provenientes do soro dos camundongos imunizados. Pode-se

observar na Figura 15 que os anticorpos séricos IgM e IgG foram capazes de reconhecer a

proteína BfpA com exceção do grupo de camundongos imunizados com BCG não

tranformado com os plasmídeos clonados com BfpA. O controle positivo (IgY anti-BfpA) foi

capaz de reconhecer a proteína purificada BfpA.

Figura 15 – Detecção de anticorpos Ig Total anti-BfpA de camundongos imunizados

com as vacinas recombinantes. A- Grupo de 6 Camundongos imunizados com rBCG-

pLH71-bfpA. B- Grupo de 6 Camundongos imunizados com rBCG-pLH73-bfpA. C- Grupo de

5 Camundongos imunizados com rBCG-pMH12-bfpA. D- Grupo de 4 Camundongos

imunizados com BCG (Controle negativo).

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LXXIV

5- Modelos experimentais de diarréia e choque endotoxêmico induzido por

EPEC

Diarréia não foi observada em animais infectados com EPEC. Entretanto,

choque séptico foi observado tanto em camundongos Balb/c quanto em

camundongos CD14 KO e Myd88 KO infectados com 7,68 x 107 EPEC típica e

EPEC atípica (Fig.16). Camundongos previamente tratados com IgY anti-BfpA e

infectados com EPEC típica não mostrou um índice de sobrevivência

significativamente diferente do tempo inicial (tempo 0h)). Porém todos os grupos

demonstraram uma redução significativa do índice de sobrevivência passadas 24h

da infecção. Isto mostra uma atividade neutralizante específica do anticorpo IgY anti-

BfpA (Fig. 16).

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LXXV

Figura 16- Índice de sobrevivência observado até 72h após a infecção: A-

Camundongos Balb/c, CD14 KO e Myd88 KO infectados com 7,68 x 107 EPEC típica ou

atípica. Representativo de três experimentos. B- Índice de sobrevivência de camundongos

Balb/c previamente tratados com 1,5mg/ml de IgY especíco ou não específico e infectados

com7,68 x 107 EPEC típica ou atípica ou controle.

Foi coletado um infiltrado de células do peritônio dos camundongos após 8 horas da

infecção com EPEC típica ou atípica (Fig. 17). Neste infiltrado, os neutrófilos foram as

células predominantes, totalizando 61,3% (±3.2%) ou 72.3% (±2.5%) das células

encontradas nos camundongos infectados com EPEC atípica e típica, respectivamente,

quando comparado com o controle (36% ±5.3%) (p<0.001). A presença de linfócitos no

infiltrado peritoneal foi significante (p<0.001) após 8 horas da infecção com EPEC típica

(Fig. 18).

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LXXVI

Figura 17 – Contagem das células presentes no infiltrado peritoneal de

camundongos infectados com EPEC típica e atípica em Câmara de Neubauer, nos

tempos 0, oito e vinte horas após a infecção. A quantidade de células foi máxima no

tempo de oito horas após a infecção.

Figura 18 – Contagem das células presentes no infiltrado peritoneal de

camundongos infectados com EPEC típica e atípica por Cytospin, nos tempos 0, oito

e vinte horas após a infecção. Neutrófilos manteve-se em maior quantidade em todos os

tempos quando comparados com os linfócitos.

O número de CFU do lavado peritoneal foi maior em camundongos infectados com

EPEC atípica (Fig. 19). Depois de 8 horas da infecção, o número de CFU encontrado nos

lavados peritoneais de camundongos infectados com EPEC típica foi drasticamente

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LXXVII

reduzido, e após 20 horas não foi observado nenhuma CFU nas placas contendo LB-Ágar.

Camundongos Balb/c previamente tratados com anticorpo IgY anti-BfpA ou anticorpo não

específico, não alteraram este resultado (dados não mostrados).

Figura 19 – Contagem do número de CFU encontrado no lavado peritoneal nos

tempos 0, 8 e 20 horas após a infecção com EPEC típica ou atípica.

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LXXVIII

6 - Discussão

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LXXIX

A diarréia infantil é responsável por mais de dois milhões de mortes em

crianças menores de 5 anos por ano em todo o mundo. A grande maioria das mortes

ocorre em países em desenvolvimento, na primeira infância, onde a EPEC é um dos

principais agentes bacterianos envolvidos. Baixas condições sócio- econômicas e

subnutrição são causas concorrentes que favorecem a existência e manutenção da

contaminação por E. coli no meio ambiente (Fagundes- Neto e Scaletsky, 2000).

As medidas direcionadas à prevenção, tratamento e controle de infecções

envolvem vigilância epidemiológica permanente e em grande escala. A

imunoprofilaxia, ou vacinação, é a medida mais eficiente e menos onerosa na

prevenção de doenças infecciosas. A erradicação da varíola e o sucesso com a

tríplice (DTP - difteria, tétano e pertussis, ou tosse comprida) e com a Sabin são

provas contundentes da importância desses programas de vacinação. No entanto,

fatores culturais, sociais e econômicos dificultam a realização de diversas

campanhas de vacinação, especialmente em países em desenvolvimento, onde os

sistemas de saúde são por vezes déficitários. Essa conjuntura levou a comunidade

científica a um esforço para desenvolver vacinas multivalentes. Em especial,

procuram-se veículos vivos de apresentação de antígenos, uma vez que a

expressão contínua do imunógeno poderia eliminar a necessidade de várias doses

de reforço para se alcançar uma proteção máxima, o que é o caso de várias vacinas

atualmente em uso. Veículos que têm sido particularmente investigados são:

Vaccínia, Salmonella atenuada, ou BCG (Bacilo Calmette-Guerin, vacina contra a

tuberculose), com resultados empolgantes (Levine, 1997).

Neste trabalho propusemos um sistema de produção de cepas de

Mycobacterium Bovis Calmette-Guerin (BCG) que expressa fator de virulência (BfpA)

de EPEC. Para tal, geramos umas cepas de BCG recombinantes capazes de

expressar a proteína BfpA e assim induzir níveis séricos de anticorpos anti-BfpA. A

proteína BfpA é um dos mediadores envolvidos nos fenótipos de aderência

localizada (LA) e autoagregação (AA) de EPEC à células epiteliais ou à enterócitos

em culturas in vitro e em biópsias. A BfpA é uma proteína integrante da patogênese

inicial da bactéria, que é marcadamente bloqueada por antissoros específicos

contendo anticorpos anti-BfpA.

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LXXX

O BfpA teve seu gene (bfpA) clonado, inserido em vetores de expressão

(pLA71, pLA73 e pMIP12). Estes foram usados para transformar cepas de

Mycobacterium smegmatis e Mycobacterium bovis. Nós obtivemos uma expressão

estável da proteína BfpA de EPEC em fusão tanto com a proteína beta-lactamase

inteira quanto quando fusionada somente com sua seqüência sinal e também no

vetor pMIP12.

Em nosso estudo demonstramos que a imunização intraperitoneal de

camundongos BALB/c com a vacina BCG recombinante expressando a proteína

BfpA foi capaz de induzir resposta imune BfpA-específica como ocorreu previamente

com a expressão de BfpA em Salmonella typhimurium (Shriefer et al, 1999). A

adição de doses subseqüentes em nosso programa de imunização, induziu um

aumento da resposta específica.

A escolha da BCG como vetor do gene bfpA pode ser justificada por várias

razões: primeiro, é uma das vacinas mais utilizadas mundialmente, tendo já sido

administrada a 3 bilhões de indivíduos; segundo, é recomendada pela OMS para

ser administrada ao nascimento e por via oral não sendo afetada pelos anticorpos

maternos; terceiro, possui um potente efeito imunoestimulante e adjuvante; quarto, é

capaz de estimular tanto resposta imune humoral quanto celular; quinto, é uma das

vacinas replicantes mais estáveis, induzindo imunidade duradoura; sexto, é segura e

estável a temperatura ambiente e tem um baixo custo de produção (Bloom & Fine,

1994).

Micobactérias como M. tuberculosis ou BCG infectam macrófagos e podem

sobreviver por longos períodos no seu interior, estimulando continuamente o sistema

imune. Vários estudos têm demonstrado que BCG recombinante expressando

proteínas heterólogas pode induzir os 3 tipos de resposta imune necessários para

proteção contra vários patógenos: I) produção de anticorpos IgG por células B; II)

proliferação de linfócitos T e produção de linfocinas, inclusive interferon-gama (IFN-

g); III) e produção de linfócitos T-citotóxicos, com restrição por classe I do complexo

principal de histocompatibilidade. Antígenos de diversos patógenos virais,

bacterianos e de parasitas, como HIV, Streptococcus pneumoniae, Clostridium

tetani, Borrelia burgdorferi, Plasmodium falciparum, Schistosoma mansoni, etc,

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LXXXI

foram expressos em BCG recombinante, induzindo respostas humorais e/ou

celulares e, em alguns casos, levando à proteção contra um desafio com o patógeno

(Gicquel, 1995).

O esquema de imunização de camundongos com BCG recombinante,

contendo o gene bfpA, foi capaz de induzir uma resposta imune com altos níveis de

anticorpos séricos (Fig10-14) Estes anticorpos anti-BfpA foram detectados no

plasma sanguíneo após as primeiras imunizações com a vacina BCG recombinante

e aumentaram com a realização de Boosters. Estes resultados apontam para a

utilização da vacina BCG recombinante contendo o gene bfpA como uma vacina de

eleição para combater a diarréia infantil causada por EPEC.

No desenvolvimento de uma vacina de BCG recombinante, a expressão da

proteína heteróloga pode ser conseguida através de um vetor de expressão

extracromossomal ou a partir de um vetor integrativo, sendo que o primeiro, em

geral, leva à maiores níveis de expressão e o segundo, a expressão mais estável.

Os vetores de expressão extracromossomais têm sido mais utilizados, sendo

vetores-ponte com origem para replicação em micobactéria e em Escherichia coli,

onde é realizada toda a manipulação genética dos vetores. Os vetores de expressão

devem ter um marcador de seleção para isolar os transformantes, onde se usa em

geral um gene de resistência a antibiótico. O gene que tem sido mais usado é o

gene Tn903, que confere resistência a kanamicina, uma vez que as micobactérias

são naturalmente resistentes a antibióticos b-lactâmicos (3).

Nós utilizamos vetores de expressão que contêm o promotor pBlaF*, que

levou a elevada expressão de antígenos de outros patógenos, com ou sem a

seqüência sinal de exportação da b-lactamase (ssBlam) (gentilmente cedidos pela

Dra. Brigitte Gicquel, Instituto Pasteur, Paris), que os direcionaria à exportação.

Assim, o vetor pLA71 coloca o gene em fusão com ssBlam e o pLA73 com o gene

inteiro da Blam.

A expressão de BfpA em Salmonella já havia sido descrita, demonstrando

proteção induzida. No entanto, uma vez que essas são vacinas vivas, podendo

permanecer no organismo por longos períodos, não seria aceitável sua

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LXXXII

administração em humanos, pela possibilidade de disseminação do gene de

resistência a antibiótico para outras bactérias. Recentemente foi descrito um sistema

de expressão em BCG, utilizando cepas auxotróficas, desenvolvidas para posterior

complementação com um vetor que expresse o gene eliminado, conjuntamente com

o antígeno recombinante. Dessa forma, evita-se a seleção com antibiótico e,

conseqüentemente, o uso do gene de resistência, produzindo-se uma cepa de rBCG

adequada para administração em humanos.

Nossos resultados indicam que rBCG-BfpA poderia constituir uma vacina

eficiente e de baixo custo, contra tuberculose e diarreia causada por EPEC com

claras vantagens para países em desenvolvimento.

Muitas têm sido as tentativas para a elaboração de modelos experimentais de

diarréia e choque séptico induzido por EPEC, mas até agora nada foi padronizado

com a diarréia. Porém, em camundongos infectados com EPEC foi observado

choque séptico.

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LXXXIII

7- Conclusões

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LXXXIV

De acordo com os resultados obtidos, foi possível chegar as seguintes

conclusões:

Foi possível a clonagem e expressão do gene bfpA nos plasmídios pLA71,

pLA73 e pMIP12.

Os camundongos imunizados com a proteína recombinante BfpA, expressada

em vetor BCG, produzem anticorpos específicos capazes de reconhecer o BfpA

purificado.

Foi possível caracterizar um modelo animal para o choque endotoxêmico

induzido por EPEC, mas não um modelo animal para diarréia causada pelo

patógeno.

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LXXXVI

8 - Referências

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