mundano mag №05

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mag MUND ANO O VENTRÍLOQUO FEVEREIRO 2015 Nº05 GRÁTIS! O ATOR WARLEY SANTANA E O BONECO SEU ANTENOR POR QUE APOIAR “JE SUIS CHARLIE”? EXTERIOR: QUER DAR UM TEMPO DO BRASIL? FESTIVAL HAPPY HOLI NA AGENDA CULTURAL

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A Mundano Mag te apresenta uma agenda cultural recheada de atrações pelo Brasil todo. Mas já que estamos falando de carnaval e o brasileiro em geral adora essa época do ano, fizemos uma análise do carnaval e como herdamos características de festas antigas como a Entrudo. Ainda há uma crítica e análise sobre o caso Charlie Hebdo, uma crônica sobre o traficante executado na Indonésia e também como o bom senso e o senso comum podem ser facilmente confundidos e nada praticados. E a nossa capa está magnífica com um texto exclusivo de Warley Santana, ator, comediante e tantas outras atividades, divida conosco seu amor e sua experiência pela arte ventriloquia.

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Page 1: Mundano Mag №05

1 MUNDANO mag

mag MUNDANO O VENTRÍLOQUO

FEVEREIRO 2015 Nº05

GRÁTIS!

O ATOR WARLEY SANTANA E O BONECO SEU ANTENOR

POR QUE APOIAR “JE SUIS CHARLIE”?

EXTERIOR: QUER DAR UM TEMPO DO BRASIL?

FESTIVAL HAPPY HOLI NA AGENDA CULTURAL

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2 MUNDANO mag

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3 MUNDANO mag

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4 MUNDANO mag

MUNDANO mag Número 5

DE

TUD

O U

M P

OU

CO

Page 5: Mundano Mag №05

5 MUNDANO mag

MUNDANO mag

DE

TUD

O U

M P

OU

CO

Dizem que o ano no Brasil só começa depois do carnaval. Para provar que isso

não é uma verdade tão verdadeira assim, a Mundano Mag te apresenta uma

agenda cultural recheada de atrações pelo Brasil todo.

Mas já que estamos falando de carnaval e o brasileiro em geral adora essa

época do ano, fizemos uma análise do carnaval e como herdamos característi-

cas de festas antigas como a Entrudo.

Ainda há uma crítica e análise sobre o caso Charlie Hebdo, uma crônica sobre

o traficante executado na Indonésia e também como o bom senso e o senso

comum podem ser facilmente confundidos e nada praticados.

E a nossa capa está magnífica com um texto exclusivo de Warley Santana,

ator, comediante e tantas outras atividades, divide conosco seu amor e sua

experiência pela arte ventriloquia.

Viu como já começamos a todo vapor antes do carnaval? É por isso que convi-

damos você querido leitor a se aventurar pelas páginas fresquinhas da Mun-

dano Mag. Depois de tanta informação o seu carnaval será muito mais diverti-

do e interessante.

Bem vindos a nossa edição de fevereiro.

Caroline Nogueira Supervisora Geral

Page 6: Mundano Mag №05

6 MUNDANO mag

ÍND

ICE

Divulgação

© Universal International Picture

Will Will

Divulgação

Csilva

Skitter Photo

Page 7: Mundano Mag №05

7 MUNDANO mag MUNDANO mag

© Universal International Picture

Nº 05

Fevereiro 2015 Capa: Warley Santana e Seu Antenor

Foto: Heloísa Bortz

Expediente:

Editor

Anderson Leal

Supervisão Geral

Caroline Nogueira

Colaboração

Ana Carolina Feraboli

Warley Santana

Yuli Barros

Revista Mensal Distribuição online

Gratuita

DE TUDO UM POUCO 05 AGENDA CULTURAL 08 UM ROTEIRO DE FEVEREIRO EM TODA PARTE DO BRASIL E DO MUNDO MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE UM TRAFICANTE CANONIZADO 15 UMA CRÍTICA DE ANA CAROLINA FERABOLI CARNAVAL MUNDANO 18 JES SUIS CHARLIE OU JE NE SUIS PAS CHARLIE? 24 DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ SENDO MUNDANO 28 VALE TUDO PARA VIAJAR 35 QUER DAR UM TEMPO DO BRASIL? O VENTRÍLOQUO WARLEY SANTANA 40 O BOM SENSO VERSUS O SENSO COMUM 48

Heloísa Bortz

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8 MUNDANO mag

Depois de ter passado por várias cidades na Europa

e do Brasil agora é a vez de São Paulo e Fortaleza.

Divulgação

Page 9: Mundano Mag №05

9 MUNDANO mag

AG

END

A C

ULTU

RA

L

Page 10: Mundano Mag №05

10 MUNDANO mag

XI FEVERESTIVAL FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE CAMPINAS

Em 2015, o festival conta com mais de 60 atrações (espetáculos teatrais, oficinas, ca-barés, pontos de encontro e Mostra de Bol-so) em 15 dias de festival, que serão realiza-das por todo o município em mais de 20 lo-cais diferentes: bairros, terminais urbanos, aeroporto, rodoviária, pontos de ônibus, ruas, praças, entre outros. A partir do impulso te-mático “Cenários Compartilhados”, a progra-mação levantará discussões sobre a relação entre o homem e as fronteiras sociais, políticas, culturais e artísticas, tornando o festival mais permeável e interdisciplinar com outras áreas do fazer artístico. O Feverestival nesse ano amplia o diálogo cultural na cidade, reforçando os encon-tros artísticos que motivam sua realização desde a primeira edição. Há atividades gratuitas e ingressos que variam de R$ 5 a R$ 17. Os espetáculos inciaram as apresentações em 30 de janeiro e vão até o dia 13 de fevereiro. Acesse a programação completa e todas as informações do evento aqui: www.feverestivalcampinas.blogspot.com.br/p/programacao .

Espetáculo La Scarpetta (Lume Teatro) em edição anterior do festival

MR BIG & WINGER

O grupo formado por Eric Martin (vocal), Paul

Gilbert (guitarra), Billy Sheehan (baixo) e Pat

Torpey (bateria) vem promovendo o seu mais

recente lançamento, "The Stories We Could

Tell".

A tour pelo Brasil ainda contará com a pre-

sença mais que especial da banda Winger,

que é formada por Kip Winger (baixo, vocal),

Reb Beach (guitarra), Rod Morgenstein

(bateria) e John Roth (guitarra). O Winger se

apresentará antes do Mr. Big e fará um show

completo tocando seus maiores hits e tam-

bém músicas do seu mais recente álbum

Better Days Comin’.

As bandas irão se apresentar dia 06 de feve-

reiro no Pepsi on Stage em Porto Alegre/RS,

07 no Verona em São Paulo/SP, e dia 08 na

Fundição Progresso no Rio de Janeiro/RJ.

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11 MUNDANO mag

Espetáculo La Scarpetta (Lume Teatro) em edição anterior do festival

Foto

: Carlin

o A

maral.

ELES VOLTAM

O Cinema Santander Cultural de Porto Alegre vai exibir o filme Eles Voltam (2012).

O filme nacional com direção de Marcelo Lordello foi aclamado pela crítica e con-

quistou seu lugar no cinema brasileiro.

A menina Cris, de 12 anos, e seu irmão mais velho são abandonados na beira da

estrada por seus pais, como castigo por brigarem demais. Em pouco tempo, a du-

pla percebe que o castigo se transformará num desafio ainda maior e que os pais

não vão voltar para buscá-los. Começa uma verdadeira jornada de retorno ao lar.

D, R: Marcelo Lordello. F: Ivo Lopes Araújo. MU: Caçapa. M: Eduardo Serrano. E:

Maria Luiza Tavares, Geórgio Kokkosi, Elayne de Moura, Mauricéia Conceição,

Jéssica Gomes de Brito. DIS: Vitrine Filmes. G: Drama. . Festival de Brasília 2012:

Melhor Filme, Atriz e Atriz Coadjuvante. IndieLisboa 2013: Prêmio de Distribuição.

Festival de Rotterdam 2013: Seleção Oficial.

Censura: 14 anos.

Duração: 105 minutos.

Ingressos de R$ 5 à R$ 10

www.ingressorapido.com.br

Sessões: 06/02 às 17h, 24/02 às 15h

e 28/02 às 19h

PORTO ALEGRE

Data: 06/02 às 18h Local: Pepsi on Stage Endereço: Avenida Severo Dullius, 1995 Ingressos: R$ 115 a R$ 220 www.ticketbrasil.com.br Informações: (51) 3026-3602 – www.abstratti.com.br www.facebook.com/abstratti Censura: 14 anos

SÃO PAULO

Data: 07/02 às 19:30 h

Local: HSBC Brasil

Endereço: Rua Braganca Pau-

lista, 1281

Ingressos: R$ 150 a R$ 440

www.ingressorapido.com.br

Informações: (11) 4003-1212

www.hsbcbrasil.com.br

Censura: 14 anos

RIO DE JANEIRO

Data: 08/02/2015 às 18:30h

Local: Fundição Progresso

Endereço: Rua dos Arcos, 24

Informações: (21) 2220-5070

www.fundicaoprogresso.com.br

Ingressos: R$ 120 a R$ 360

www.aloingressos.com.br

Censura: 18 anos

Divulgação

Divulgação

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12 MUNDANO mag

HAPPY HOLI

O Happy Holi é o maior festival de música e cor do mundo em que milhares de pes-

soas vestidas de branco se juntam e criam uma paleta humana de cores num mo-

mento único de celebração de pura alegria.

Em 2014 este conceito mágico de música, cor e alegria passou por 15 cidades brasi-

leiras, tendo sido um autêntico sucesso com mais de 200.000 participantes no total.

A festa é para todas as idades e possui vários tipos de música, desde world music,

hip-hop e muita música eletrônica. De hora em hora, acontece o ponto alto da festa,

com as “COLORBLAST’S”, verdadeiras explosões de cores, quando todos lançam

ao alto o Gulal (pó colorido), enchendo o ambiente de cor e alegria, criando um mo-

mento único, mágico e inesquecível. Confira os detalhes do evento em São Paulo e

Fortaleza:

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13 MUNDANO mag

SÃO PAULO

Data: 01 de Fevereiro de 2015

Horário : 14h

Local: Autódromo de Interlagos

Endereço: Av. Sen. Teotônio Vilela, 261

Censura: 16 anos (menores de 14 acompanhados

dos pais, de 14 a 16 com autorização assinada pe-

los responsáveis legais)

Ingressos: R$ 88 a R$ 132 wwwbilheteriadigi-

tal.com

FORTALEZA

Data: 08/02/2015

Horário: 14h

Local: Iguatemi

Endereço: Washington Soares, 85

Censura: 16 anos. (camarote: jovens de 16 a 18

anos, com autorização do responsável le-

gal). Menores de 16, somente acompanhado dos

pais ou responsável legal. 12 a 16 anos necessitam

da autorização dos pais por escrito, com cópia de

RG dos pais. Menores de 12 anos deverão estar

acompanhado de um responsável legal.

Ingressos: R$ 60 a R$ 180

www.ingressando.com.br

AMAZON GAME PARTY

O Amazon Game Party é uma nova opção de lazer nas férias para os jovens Ma-

nauaras em uma super estrutura de vídeo games com os mais diversos jogos onde

o jovem pode passar o dia se divertindo nas mais diversas modalidades de jogos,

além de participar de campeonatos concorrendo a grandes premiações.

O evento acontece dias 7 e 8 de fevereiro às 13h no Clube do Trabalhador do SESI.

Endereço: Alameda Cosme Ferreira, 3295

Ingressos: R$ 20 www.ingresse.com

Informações: (92)99198-8076 / (92)98414-5049

www.facebook.com/AmazonGameParty

Divulgação

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14 MUNDANO mag

IMPROVÁVEL, Um espetáculo Provavelmente bom.

Criado, produzido e encenado pela Cia. Barbixas de Humor, o espetáculo “Improvável” é um projeto de humor baseado em improvisações no qual a platéia tem fundamental importância para criação das cenas. O espetáculo tem muita in-fluência do programa "Whose Line is it Anyway?" (Inglaterra e EUA). Nele, um Mestre de Cerimônias aquece a platéia com uma pequena introdução antes do es-petáculo, interagindo com o público e explicando como eles poderão influenciar nas cenas. Na hora das improvisações o MC seleciona as sugestões da platéia e explica os mecanismos e as regras dos jogos de improvisação. A cada apresenta-ção serão chamados dois atores convidados para completar o elenco. E como tu-do é baseado no improviso, o público sempre verá uma peça diferente e interativa. Já passaram pelo "Improvável" Rafinha Bastos, Marco Luque, Oscar Filho, Marce-lo Tas, Fábio Porchat, Mauricio Meirelles, Bruno Motta, Gregório Duvivier, Claudio Torres Gonzaga, As Olivias, Marcio Ballas, entre outros.

Dia: 01 de fevereiro Horário: domingo 20h

Local: Teatro Fernando Torres São Paulo

Endereço: Rua Padre Estevão Pernet, 588 Ingresso: R$ 60 (inteira) | R$30 (meia) www.ingressorapido.com.br Informações: 4003-1212 www.teatrofernandotorres.com.br

Censura: 14 anos

CINQUENTA TONS DE CINZA

Depois do sucesso do livro, o erotismo agora é nas telonas. Dirigido por Sam Tay-

lor-Johnson e com Jamie Dorman e Dakota Johnson nos papéis principais, a his-

tória conta a complexa relação entre uma estudante de literatura e uma poderoso

magnata. Ao entrevistar Chistian Grey, a estudante se envolve num erótico jogo e

conhece os prazeres do sadomasoquismo, tornando-se o objeto de submissão do

sádico Grey. Censura 18 anos.

Estreia nacional dia 12 de fevereiro.

© Universal International Picture

Divulgação

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15 MUNDANO mag

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE UM TRAFICANTE CANONIZADO Pronto, agora o traficante brasileiro executado na Indonésia esta fazendo brasilei-ros derrubarem lágrimas. Que incrível, até a nossa 'querida' presidente Dilma chorou copiosamente. Querida presidente, seque suas lágrimas e tente enxergar o nosso Brasil, pesso-as morrendo de fome, sem moradia, sem esperança, crianças sendo aliciadas para o tráfico de drogas, exploração infantil, exploração sexual, ande um pouco pela Cracolândia e verá quantas famílias destruídas pelas drogas, quantas vidas perdidas, quanto horror. Vá a hospitais do SUS e veja pessoas nos corredores morrendo sem atendimento, grávidas parindo no chão, falta de remédios para tra-tamento de câncer e outras enfermidades. Vá a casa das famílias de policiais que morreram exercendo sua função, sente no sofá e chore com as esposas e filhos que ficaram, vá também a casas de cidadãos de bem que perderam entes queri-dos com uma bala na cabeça, estuprados, queimados e torturados graças a cri-minalidade e dê seu ombro amigo. Será que só o traficante executado merece compaixão, Presidente? O que é is-so? Inversão de valores? Nós vivemos a pena de morte a todo instante, não po-demos ter momentos de lazer e nem o direito de ir e vir como diz a nossa Consti-tuição Federal pois saímos de casa com medo de não voltar mais. Esse seu 'chororô' foi mais um tapa na cara da sociedade, onde percebemos que o povo que gera impostos pra senhora desviar tem menos valor que um traficante que acaba com famílias. Aqui é terra de ninguém, o traficante foi barbarizar em outro país e teve o que mereceu. Não faça desse individuo um herói nacional, pois ele não é, ele é apenas a escória de uma sociedade que já esta farta de viver sob o domínio do crime, que está cansada de não poder viver em paz. Não me admira se escreverem um livro contando a vida do traficante e o colocando como vítima do mundo. Lamentável. Esse é um desabafo de uma cidadã brasileira que paga seus impostos e está horrorizada com a inversão de valores no mundo.

Ana Carolina Feraboli

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16 MUNDANO mag

Acesse a de onde você estiver

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17 MUNDANO mag

Acesse a de onde você estiver

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18 MUNDANO mag

CARNAV L MUNDANO

Texto: Caroline Nogueira

CA

RN

AV

AL

Page 19: Mundano Mag №05

19 MUNDANO mag

O carnaval brasileiro está cada vez mais clichê. Sempre haverá trânsito para ir ao litoral

da sua cidade; os carros com o som tão alto que você mal consegue ouvir seus pensa-

mentos e mais, com aquela música que a mídia irá eleger como o hit do verão; escolas

de samba com seus brilhos, carros alegóricos, puxadores com suas vozes imponentes,

mulheres semi (sendo bem generosa) nuas e aquelas velhas brigas de rainhas de bate-

ria com seus corpos ultra malhados; trios elétricos lotados com músicas que parecem

durar horas, pois são extremamente parecidas; pessoas reclamando do carnaval e pes-

soas dando graças ao céus que tem uns dias de folga. >

Nico

las Grevet

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20 MUNDANO mag

Gente reclamando do BBB, gente pos-

tando a cada cinco sobre o reality e o

Bial com aquela filosofia de boteco,

etc...

Já tivemos carnaval em março, agora

em fevereiro e sempre acontecem as

mesmas coisas. As bailes migraram para

as ruas, depois avenidas e finalmente

para os sambódromos, é gente queren-

do curtir, às vezes exageradamente, mas

tudo bem, é carnaval.

As fantasias elegantes e máscaras de-

ram lugar aos micro biquínis e muita

purpurina, a serpentina perdeu para a

espuma enlatada (a qual já vi gerar mui-

tos problemas) e a noção de alguns cai

mais da metade.

E se você é brasileiro de verdade, deve

amar o carnaval se, não é considerado

praticamente um herege. Mas quem cri-

ou essa regra? Algum brasileiro fanático

por carnaval, evidentemente.

Como toda boa data comemorativa há

seus bons e maus momentos. Alguns

confundem folia com orgia, é a vida! O

carnaval, você amando seus batuques

ou não, é para ser divertido, seja na

praia, na avenida, no bloco ou em casa

lendo ou assistindo seu filme favorito.

Até porque o carnaval nasceu muito an-

tes de eu ou você habitarmos a terra.

CA

RN

AV

AL

Pab

lo To

rres

Page 21: Mundano Mag №05

21 MUNDANO mag

O CARNAVAL É SÓ ESCOLAS DE SAMBA

NA AVENIDA?

Evidente que não. O primeiro registro

que se tem é de 4000 a.C., quando os

egípcios

fazam festas agrárias em religiosidade

a Osíris. Gregos, hebreus e babilônios

comemoravam de maneira um tanto

exagerada, as festas sempre tinham

muito vinho e atitudes extremamente

devassas e, os Romanos, em 186 a.C.,

contiveram tais práticas – segundo eles,

as festas geravam desordem e verdadei-

ros escândalos. Na idade média os fran-

ceses retomaram as festas regadas a

muito vinho e sexo, enquanto na Itália

os cortejos eram comuns, assim como

batalhas de águas e ovos. Fora nessa

época que a Europa ficou dividida entre

a festa religiosa, já que em 325 d.C. o

Concílio de Niceia instituiu o cálculo da

data da Páscoa, determinando que a

Quaresma se inicia 40 dias antes e, em

celebrar a festa da gula, vinho, música e

volúpia.

Ainda na idade média, os bailes de más-

caras, principalmente os venezianos,

ganham muita popularidade. Os nobres

e plebeus usavam máscaras e fantasias

para se misturarem, e todos os bailes

eram sempre cheios de muito luxo e

mistério, graças as tão famosas másca-

ras.

Foram os portugueses que trouxeram

esse tipo de baile para o Brasil, os cha-

mados Entrudo. Algumas brincadeiras

praticadas nessas festas europeias eram

consideradas violentas quando aconte-

ciam nas ruas, pois líquidos de todos os

tipos (pode imaginar o pior que vier a

sua cabeça, é exatamente isso), eram

jogados nas pessoas pelos foliões da

época, até que a proibição fosse instau-

rada. Num teor mais leve, mas ainda

considerado grosseiro, há brincadeiras

como a "pipoca" do carnaval baiano >

Will W

ill P

ho

ssil

Page 22: Mundano Mag №05

22 MUNDANO mag

ou o "mela-mela" da folia de Olinda.

Essas festanças foram ganhando seu forma-

to mais brasileiro com o passar dos anos e

brincadeiras com o espirito do Entrudo

ocorrem Brasil, agora com mais alegria e

sem os líquidos estranhos.

Os carnavais das escolas de samba também

herdaram características medievais, bem

como seu luxo, brilho, glamour, fantasias e

sensualidade.

Além disso adotamos figuras populares do

carnaval europeu, como Colombina, Pierrot

e serpentinas da França e o confete que as

pessoas adoram jogar, adotamos dos italia-

nos. Mas marchinhas e rei momo é muito

Brasil.

Os bailes ainda existem pelo Brasil, com

bem menos intensidade que antigamente,

contudo, ainda é possível achar um clube

com o tradicional festejo, mas as ruas tor-

naram-se preferência entre os foliões brasi-

leiros e ao que parece, há também a prefe-

rência pelo jeito francês de curtir o carna-

val, só trocaram o vinho pela tão querida

cerveja.

Na rua, no baile, no bloco, no trio, na praia

ou até em casa, a Mundano deseja a você

um carnaval cheio de alegria.

CA

RN

AV

AL

EDIÇÃO ESPECIAL EM ALEMÃO

Die erste Ausgabe der brasilianischen Zeitschrift

Mundano Mag auf Deutsch!

Page 23: Mundano Mag №05

23 MUNDANO mag

As edições anteriores da o

ainda estão disponíveis. Acesse nossa

página do Facebook e escolha a sua.

Page 24: Mundano Mag №05

24 MUNDANO mag

Texto: Anderson Leal

SOLI

DA

RIE

DA

DE

DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Page 25: Mundano Mag №05

25 MUNDANO mag

DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Se você acha que deve se posicionar, entenda que precisa saber se para você

a causa é justa e de acordo com os seus princípios. Lembre-se que a campa-

nha solidária “Je Suis Charlie” apareceu como forma de se compadecer da dor

das famílias e nada tem a ver com o teor da publicação. Justamente, é para

abrirmos os olhos que nada justifica a violência. >

Page 26: Mundano Mag №05

26 MUNDANO mag

SOLI

DA

RIE

DA

DE “Mas eu não gosto da Charlie Hebdo”

Você apoiar o “Je Suis Charlie” não significa que você apoia as charges e o humor ácido

da revista, significa apenas que você é solidário com os familiares das vítimas e sente

muito pela forma trágica que elas foram assassinadas. Significa que você acredita que

esse tipo de violência não deve ser tolerada. Na realidade você não tem que ser adepto

a campanha alguma.

Há milhões de mortes no mundo e nem por isso a mídia dá

tanto espaço

Realmente, há crimes terríveis todos os dias, às vezes mais do que do-

ze pessoas, às vezes milhares, mas isso não significa que apoiar uma

causa solidária como esta seja errada ou que os mortos são menos

merecedores do que os outros. Não há uma tabela para sofrimento ou

uma calculadora para que possamos somar qual tragédia é a mais dig-

na de nossa solidariedade. Se acharmos justo que outras pessoas se-

jam solidarizadas devemos fazê-lo sem esperar que outros façam ou

desmerecer outro ato solidário desse tipo, embora haja atitudes mais

eficazes que postar uma fase no Facebook.

Ser solidário com as vítimas do Charlie Hebdo não te faz esquecer das

mortes que aconteceram no ataque a Nigéria, no 11 de setembro, nos

acidentes de trânsito, nas guerras, nas mortes por fome, doença. Ser

solidário não é escolher a causa mais triste ou com mais vítimas, é

sentir que algo triste aconteceu e que você se sentirá um pouco me-

lhor contribuindo para amenizar a dor de alguém ou demonstrar o seu

respeito.

E sinceramente, olhe nas bancas e pela internet. Quantas notícias de

mortes vemos todos os dias no Brasil, na África, nos países árabes? A

imprensa nos mostra diariamente essa triste realidade e quando isso ocorre em países

como a França que não tem esse histórico, realmente chama mais a atenção.

A França é um dos países que mais acolhem estrangeiros no mundo, muitos deles asila-

dos. É um país com bons relacionamentos diplomáticos e muitos benefícios sociais aos

estrangeiros. Além disso, que outras notícias temos de Paris que não seja sobre a Torre

Eiffel, o Museu do Louvre e outros pontos turísticos da capital francesa?

Por que ser contra é mais fácil?

Não é. Ser contra é bem mais difícil porque temos que ter sempre uma boa razão. Ser

contra a revista não é motivo para não ser solidário com a campanha, por exemplo. Ser

contra tem que ter razões específicas e corretas de que aquilo não é bom e para ser a fa-

vor você pode ter se agradado com a ideia e não notou nada de errado nela.

Hoje, com as redes sociais em alta, está muito fácil “seguir o fluxo”, pois alguém já fez o

favor de pensar por você. Muitos são “Je Suis Charlie” e “Je Ne Suis Pas

Charlie” porque foram convencidos por uma postagem, um comentário,

uma curtida. Mas se parássemos para pensar se realmente tem a ver

com o que pensamos, muita coisa não seria compartilhada.

A Liberdade de Expressão é nada mais que o direito de expressar livre-

mente as opiniões, pensamentos e ideias sem que isso afete o direito

de outra pessoa. Criticar uma religião não é e nem deve ser crime. Usar

a religião para tirar o direito de se expressar ou qualquer outro direito,

sim.

A revista Charlie Hedbo não é como as revistas de moda ou de fofoca,

não parece nem mesmo com a nossa Mundano Mag. É um humor ne-

gro, ácido, debochado, desbocado. São matérias, sobretudo, sobre polí-

tica e religião.

Já tivemos no Brasil várias demonstrações de intolerância religiosas e

ainda assim, olhando na internet e nos outros meios de comunicação,

parece que isso nunca ocorreu. Talvez o momento que mais simboliza

essa intolerância na mídia do Brasil ocorreu na Rede Record em 1995

quando o pastor Sérgio Von Helder chutou a imagem de Nossa Senhora

da Aparecida no dia 12 de outubro, dia de celebração da santa ao vivo e

em rede nacional.

Ser ou não ser Charlie não precisa ser uma escolha, seja você mesmo e seja humano. Não

precisa de uma campanha para ser solidário, não espere que algo triste aconteça para que

depois possa lamentar. Faça a sua parte por um mundo melhor antes do pior..

ESTEVE NAS BANCAS

Edição da revista CHARLIE HEBDO

de fevereiro de 2013

Page 27: Mundano Mag №05

27 MUNDANO mag

“Mas eu não gosto da Charlie Hebdo”

Você apoiar o “Je Suis Charlie” não significa que você apoia as charges e o humor ácido

da revista, significa apenas que você é solidário com os familiares das vítimas e sente

muito pela forma trágica que elas foram assassinadas. Significa que você acredita que

esse tipo de violência não deve ser tolerada. Na realidade você não tem que ser adepto

a campanha alguma.

Há milhões de mortes no mundo e nem por isso a mídia dá

tanto espaço

Realmente, há crimes terríveis todos os dias, às vezes mais do que do-

ze pessoas, às vezes milhares, mas isso não significa que apoiar uma

causa solidária como esta seja errada ou que os mortos são menos

merecedores do que os outros. Não há uma tabela para sofrimento ou

uma calculadora para que possamos somar qual tragédia é a mais dig-

na de nossa solidariedade. Se acharmos justo que outras pessoas se-

jam solidarizadas devemos fazê-lo sem esperar que outros façam ou

desmerecer outro ato solidário desse tipo, embora haja atitudes mais

eficazes que postar uma fase no Facebook.

Ser solidário com as vítimas do Charlie Hebdo não te faz esquecer das

mortes que aconteceram no ataque a Nigéria, no 11 de setembro, nos

acidentes de trânsito, nas guerras, nas mortes por fome, doença. Ser

solidário não é escolher a causa mais triste ou com mais vítimas, é

sentir que algo triste aconteceu e que você se sentirá um pouco me-

lhor contribuindo para amenizar a dor de alguém ou demonstrar o seu

respeito.

E sinceramente, olhe nas bancas e pela internet. Quantas notícias de

mortes vemos todos os dias no Brasil, na África, nos países árabes? A

imprensa nos mostra diariamente essa triste realidade e quando isso ocorre em países

como a França que não tem esse histórico, realmente chama mais a atenção.

A França é um dos países que mais acolhem estrangeiros no mundo, muitos deles asila-

dos. É um país com bons relacionamentos diplomáticos e muitos benefícios sociais aos

estrangeiros. Além disso, que outras notícias temos de Paris que não seja sobre a Torre

Eiffel, o Museu do Louvre e outros pontos turísticos da capital francesa?

Por que ser contra é mais fácil?

Não é. Ser contra é bem mais difícil porque temos que ter sempre uma boa razão. Ser

contra a revista não é motivo para não ser solidário com a campanha, por exemplo. Ser

contra tem que ter razões específicas e corretas de que aquilo não é bom e para ser a fa-

vor você pode ter se agradado com a ideia e não notou nada de errado nela.

Hoje, com as redes sociais em alta, está muito fácil “seguir o fluxo”, pois alguém já fez o

favor de pensar por você. Muitos são “Je Suis Charlie” e “Je Ne Suis Pas

Charlie” porque foram convencidos por uma postagem, um comentário,

uma curtida. Mas se parássemos para pensar se realmente tem a ver

com o que pensamos, muita coisa não seria compartilhada.

A Liberdade de Expressão é nada mais que o direito de expressar livre-

mente as opiniões, pensamentos e ideias sem que isso afete o direito

de outra pessoa. Criticar uma religião não é e nem deve ser crime. Usar

a religião para tirar o direito de se expressar ou qualquer outro direito,

sim.

A revista Charlie Hedbo não é como as revistas de moda ou de fofoca,

não parece nem mesmo com a nossa Mundano Mag. É um humor ne-

gro, ácido, debochado, desbocado. São matérias, sobretudo, sobre polí-

tica e religião.

Já tivemos no Brasil várias demonstrações de intolerância religiosas e

ainda assim, olhando na internet e nos outros meios de comunicação,

parece que isso nunca ocorreu. Talvez o momento que mais simboliza

essa intolerância na mídia do Brasil ocorreu na Rede Record em 1995

quando o pastor Sérgio Von Helder chutou a imagem de Nossa Senhora

da Aparecida no dia 12 de outubro, dia de celebração da santa ao vivo e

em rede nacional.

Ser ou não ser Charlie não precisa ser uma escolha, seja você mesmo e seja humano. Não

precisa de uma campanha para ser solidário, não espere que algo triste aconteça para que

depois possa lamentar. Faça a sua parte por um mundo melhor antes do pior..

ESTEVE NAS BANCAS

Edição da revista CHARLIE HEBDO

de fevereiro de 2013

Page 28: Mundano Mag №05

28 MUNDANO mag

Sendo MUNDANO

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29 MUNDANO mag

Münster by Anderson Leal

A cidade de Münster, na Alemanha origi-nou-se como um mosteiro fundado em 794 pelo missionário Liudger Frisian para ajudar a campanha de Carlos Magno de ganhar o controle sobre os saxões. Em 805, Münster foi feito um bispado e, em 1170, obteve os seus direitos cidade.

Em 1648, um tratado de paz foi assinado na Rathaus (Prefeitura), marcando um fim a Guerra dos Trinta Anos.

Hoje Münster é uma cidade de rápido

crescimento com cerca de 300 000 habi-

tantes, conhecida por seus milhares de

ciclistas, pela universidade e como um

importante centro de administração.

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30 MUNDANO mag

Sendo MUNDANO

Page 31: Mundano Mag №05

31 MUNDANO mag

New York by Anderson Leal

Nova Iorque Nova Iorque (NewYork ) (NewYork ) contém uma contém uma imensa lista de atrações turísticas, restau-imensa lista de atrações turísticas, restau-rantes, alojamentos, bares e discotecas.rantes, alojamentos, bares e discotecas. A cidade é o centro da maior área metro-A cidade é o centro da maior área metro-politana dospolitana dos Estados Unidos. Seus 8 mi-Estados Unidos. Seus 8 mi-lhões de habitantes, com origens étnicas lhões de habitantes, com origens étnicas e culturais do mundo inteiro, formam a e culturais do mundo inteiro, formam a mais emblemática cidade americana.mais emblemática cidade americana. O O Empire StateEmpire State, , Central Park Central Park e a e a Times Times Square Square (foto) são paradas obrigatórias pa-(foto) são paradas obrigatórias pa-ra quem quer conhecer a cidade.ra quem quer conhecer a cidade.

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32 MUNDANO mag

Sendo MUNDANO

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33 MUNDANO mag

São Paulo by Csilva

São Paulo é a capital do Estado de São Paulo e se orgulha do título de maior cida-de do Brasil. Com uma população de 11 milhões de habitantes e 19,8 milhões na região metropolitana, São Paulo é uma das maiores metrópoles do planeta. E como metrópole há muito o que se ver e fazer. São centenas de shoppings e mu-seus em todas as regiões e áreas verdes, para quem pensa que a cidade é somente a selva de pedras que pintam.

Page 34: Mundano Mag №05

34 MUNDANO mag

VALE TUDO PARA VIAJAR VIA

GEM

E cdemomania: “vontade patológica de perambular fora de casa”. Houve uma época em que uma imagem com essa palavrinha foi compartilhada inúmeras vezes nas redes sociais e graça a isso ela se tornou conhecida. Surpreendentemente ou não, muitas pessoas

se identificaram com ela. Seja lá qual for o motivo, curiosidade ou até fugir de problemas, a maioria

das pessoas gosta - ou dize que gosta - de viajar. A verdade é que grande parte delas sempre encontra empecilhos e acaba por não sair nem da sua cidade.

Texto: Yuli Barros

LEVANTE A MÃO QUEM QUER IR EMBORA!

Page 35: Mundano Mag №05

35 MUNDANO mag

VALE TUDO PARA VIAJAR P

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Por outro lado, algumas pessoas realmente estão dispostas a fazer tudo para viajar, morar fora, enfim, perambular pelo mundo.

Viagens podem ser bem caras e sustentar uma vida no exterior é bastante complicado. Foi-se o tempo em que as pessoas simplesmente se mudavam para um país sem falar a língua local, sem conhecer ninguém, e então encontravam um emprego de garçom ou camareiro e faziam a vida ali. Com a crise financeira, é ca-da vez mais difícil conseguir permissão de trabalho no exterior, a não ser por matri-mônio ou sendo um profissional extremamente qualificado. Muitos jovens buscam programas de intercâmbio como forma de viver o sonho de morar fora, mas eles também podem ser bastante caros e inacessíveis. >

Page 36: Mundano Mag №05

36 MUNDANO mag

BABÁ A solução muitas vezes é inter-câmbio onde há trocas de serviços, como o programa de au pair. Meninas e meninos vão morar com uma famí-lia no exterior para cuidar de crianças e ajudar em algumas tarefas simples de casa. A família deve além de ofe-recer moradia, alimentação e uma mesada, tratá-los como membro da família e não como um empregado, sempre buscando integrá-los e ensi-ná-los sobre a cultura local. Além de ter a oportunidade de viver outra cul-tura, a maioria dos au pairs aprovei-tam a oportunidade de conhecer tam-bém outras cidades, e até países, no caso de quem vive na Europa. À primeira vista, parece perfeito. Os custos são baixos; em alguns paí-ses, onde não é necessária a inter-venção de uma agência, os au pairs custeiam apenas o valor do visto e das passagens, que às vezes, ainda chegam a ser pagos pela própria fa-mília.

Thaís Paplichê sempre quis viver em outro país e aprender uma nova língua. Como já falava inglês e gosta de desafios, decidiu ir a Alemanha. Ela conta que sua experiência foi bas-tante decepcionante, “pensei que teria apenas que cuidar das crianças e das coisas que as envolviam, como arru-mar o quarto e cozinhar para elas, mas eu tinha que limpar a casa toda, cozinhar para todos e ainda lavar o carro da família”. Ao tentar questionar suas tarefas na casa, suas insatisfa-ções foram mal recebidas pela famí-lia, que ainda chegou a afirmar que eles a contrataram exatamente para isso. Cansada de tantos abusos, Tha-ís optou por deixar o programa de au pair. Cegos pelo impulso de viajar ime-diatamente, alguns intercambistas acabam não escolhendo bem as famí-lias e passando por situações difíceis, como no caso de Thaís. Mas nem todas as experiências com o programa de au pair são negativas.

Pico

graph

y

VIA

GEM

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37 MUNDANO mag

Luzi Ferreira já tinha se aventura-do pelos Estados Unidos e logo após decidiu aprender alemão na Alema-nha. Segundo Luzi, sua família é bas-tante flexível e sensível. Eles sempre se preocupam com seu bem-estar e a ajudam em questões do dia-a-dia. “Eles conversam sempre abertamente comigo, sou bem-vinda nos eventos de família e integrada com os paren-tes”, conta satisfeita. Apesar da famí-lia sempre buscar integrá-la, Luzi con-ta que não se sente completamente em casa, “por mais que eles tentem me fazer sentir à vontade, não me sinto na liberdade de assaltar a gela-deira ou tomar um banho de uma ho-ra e relaxar, como na minha própria casa”.

FUNCIONÁRIO DO MICKEY Outro programa de intercâmbio bastante conhecido são os trabalhos temporários na Disney nos EUA. É possível trabalhar em diferentes seto-res nos parques e ser remunerado por isso. A jornada de trabalho pode ser um pouco excessiva e muitos in-tercambistas reclamam, apesar de serem comunicados dos horários an-tecipadamente. Entre 2010 e 2011, Marcus Pei-xoto decidiu encarar a aventura e passar pelo processo seletivo. Depois de duas entrevistas, foi aceito e teve a sorte de poder trabalhar em uma grande loja, como desejava. Antes mesmo de embarcar, Marcus já tinha passagens compradas para Nova York e Los Angeles e por isso dedi-cou-se muito ao trabalho, aproveitan-do, até, cada hora extra para poder viajar, pagar acomodação e manter-se, chegou a trabalhar 12 horas diá-rias, inclusive durante folgas. Ainda assim, Marcus defende o programa e diz que não se arrepende: “todo mun-

do que vai tem a mania de reclamar de escravidão, chega a ser um clichê, mas ninguém é obrigado a trabalhar como eu, foi uma das coisas mais le-gais que fiz na vida”. Como se costuma dizer “quem quer dá um jeito”. Mas será que vale mesmo a pena aceitar qualquer condi-ção de trabalho simplesmente para poder viajar?

Skitter P

ho

to

Page 38: Mundano Mag №05

38 MUNDANO mag

MUNDANO A Mundano Mag quer saber o que você pensa,

como você reage com o mundo a sua volta.

Mande seu texto, sua história, sua forma de in-

terpretar o que você sente. Queremos ver co-

mo você se expressa. Publicaremos na próxima

edição um texto de um leitor da revista, não

importa o tema, o que importa é a forma que

você pensa: [email protected]

Page 39: Mundano Mag №05

39 MUNDANO mag

mag MUNDANO

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40 MUNDANO mag

Fotos: Heloísa Bortz e Julio Wong

WARLEY SANTANA

E SEU ANTENOR

O VENTRÍLOQUO

CA

PA

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41 MUNDANO mag

O teatro sempre nos proporciona sensações e

emoções que são muitas vezes inexplicáveis,

talvez por que o espectador esteja tão perto

dos atores e tudo é tão vivo e único. Entretan-

to, o universo dos ventríloquos talvez não faça

parte da vida de muitos. É exatamente por isso

que convidamos o incrível ator, comediante, re-

pórter, tradutor e outras tantas qualidades, pa-

ra contar-nos sua experiência e todo seu amor

pela arte. Assim como uma boa encenação,

Warley Santana nos dá o prazer de ler um tex-

to exclusivo e tão cheio de emoção que nos

transporta para dentro de um mundo novo jun-

to com seu companheiro de cena Antenor Guir-

landa. É com muito prazer que a Mundano

Mag convida você leitor a entrar no mundo fan-

tástico de Warley Santana. >

Caroline Nogueira

Page 42: Mundano Mag №05

42 MUNDANO mag

“Era 1986 e nos meus nove aninhos, frequentava a escola dominical da igreja

presbiteriana da Casa Verde, zona norte de Sampa. Não vou tentar te evangeli-

zar, mas algo muito interessante aconteceu naquele domingo. Reverendo Eliel

trazia consigo um amigo. Inanimado? Muito animado. Infelizmente não me lem-

bro do nome do boneco. Mas me lembro muito bem da sensação que eu tive ao

ver aquele brinquedo que falava. Era estranho, instigante, mágico. Ficaria para

sempre aquela sensação, e olha que sou um cara desligado, não costumo ter

uma boa memória. Foi marcante.

Flash forward de muitos anos e hoje quero causar essa sensação nas pessoas

que me assistem com meus amigos (in)animados. Comecei a rodar o Brasil fa-

zendo standup comedy. Ter participado do CQC meio que me obrigava a isso,

não que fosse lá uma obrigação sem prazer, muito pelo contrário, me encontrei

e me deleitei com anedotas e piadas que eu gostaria de ouvir, ora bobas, ora

mais bobas ainda com os trocadilhos que eu gostaria de ouvir. Sempre fugindo

do pavê e comê, ou esse ou aquele é viado, ou Preta Gil e Silvio Santos.

Mas falemos da Ventriloquia. Afinal, do que se trata? Há quem diga que é um

teatro de bonecos, não é. Mas é. E não é. Na maioria das vezes existe um bo-

neco lá, mas...não é teatro de bonecos. Dizer que é teatro de bonecos é a mes-

ma coisa que dizer que a apresentação de uma personagem de comédia é

standup, ou dizer que decoração de interiores e arquitetura é a mesmíssima coi-

sa. Não é, acho.

Resumindo a ópera, prometo entrar em deta-

lhes um outro dia, tem ventríloquo, bonequeiro

e fantoche. A definição de ventriloquia é falar

sem mexer a boca, como se o som viesse do

ventre, por isso o termo, que vem do latim,

ventre = barriga, loquus = fala. É fascinante o

nascimento da ventriloquia, um tanto macabro,

veio muito antes do bonecos, charlatões se

utilizavam da malandragem e fingiam que os

mortos falavam. Enganavam geral a galera.

Imagine o que não rolava de mentira. – Você

ainda me deve aquela grana, deposite nas

conta desse cara aqui de vermelho, que está

com a boca em posição estranha.

Só em 1880, na Áustria, um cara chamado

Byron, “criou” a ventriloquia moderna. Sua fi-

lhota derrubou sua linda e corada boneca de

porcelana, que se espatifou no duro chão aus-

tríaco. Inventivo, Byron remendou a bonequinha, e para a alegria de sua cria, a

entreteve com a novidade, mexendo os caquinhos e a boquinha, agora móvel,

criando a ilusão do ventriloquismo. Aliás, essa arte faz parte do campo da ilu-

são, a mágica está para o os olhos, o que a ventriloquia está para os ouvidos.

Fui convidado para fazer o programa O Formigueiro, sucesso na Espanha. Fo-

mos para lá, foi sensacional a viagem. Lá as formigas se chamam Trancas e

Barrancas, cá elas foram apelidadas de Tana e Jura. Eu era a Jura, uma fanto-

che a la Louro José, só que trocadilheira e um tanto ácida às vezes, de voz do-

ce. Meu talentoso amigo Alan Benatti fazia a Tana, com voz e personalidade

fortes. Foi uma experiência riquíssima, a gente gostava muito de fazer, se di-

vertia a valer, não sei se o público estava na mesma vibração que a gente,

mas valeu muito a experiência.

Bom, vamos lá, eu já fazia standup, agora mexia com bonecos. Tive experiên-

cia com bonecos em publicidade também. Um amigo, André Bernardes, o por-

teiro Zé, me enviou um link de um cara que falava com o boneco de uma ca-

veira, de nome Achmed, mal ele sabia que a minha vida seria totalmente im-

pactada por um simples enviar de um link. Começo de 2010, me apaixonei por

aquilo que eu nem saberia definir. Lá eles chamam de standup ventriloquism.

Aqui eu chamo de genial e engraçado demais, diferente e diferencial, apaixo-

nante e instigante. Despertada está aquela criança que ia à igreja, dejaVu com

força. Caraca, quero fazer isso. Comecei uma busca incessante por mais

CA

PA

Page 43: Mundano Mag №05

43 MUNDANO mag

“Era 1986 e nos meus nove aninhos, frequentava a escola dominical da igreja

presbiteriana da Casa Verde, zona norte de Sampa. Não vou tentar te evangeli-

zar, mas algo muito interessante aconteceu naquele domingo. Reverendo Eliel

trazia consigo um amigo. Inanimado? Muito animado. Infelizmente não me lem-

bro do nome do boneco. Mas me lembro muito bem da sensação que eu tive ao

ver aquele brinquedo que falava. Era estranho, instigante, mágico. Ficaria para

sempre aquela sensação, e olha que sou um cara desligado, não costumo ter

uma boa memória. Foi marcante.

Flash forward de muitos anos e hoje quero causar essa sensação nas pessoas

que me assistem com meus amigos (in)animados. Comecei a rodar o Brasil fa-

zendo standup comedy. Ter participado do CQC meio que me obrigava a isso,

não que fosse lá uma obrigação sem prazer, muito pelo contrário, me encontrei

e me deleitei com anedotas e piadas que eu gostaria de ouvir, ora bobas, ora

mais bobas ainda com os trocadilhos que eu gostaria de ouvir. Sempre fugindo

do pavê e comê, ou esse ou aquele é viado, ou Preta Gil e Silvio Santos.

Mas falemos da Ventriloquia. Afinal, do que se trata? Há quem diga que é um

teatro de bonecos, não é. Mas é. E não é. Na maioria das vezes existe um bo-

neco lá, mas...não é teatro de bonecos. Dizer que é teatro de bonecos é a mes-

ma coisa que dizer que a apresentação de uma personagem de comédia é

standup, ou dizer que decoração de interiores e arquitetura é a mesmíssima coi-

sa. Não é, acho.

Resumindo a ópera, prometo entrar em deta-

lhes um outro dia, tem ventríloquo, bonequeiro

e fantoche. A definição de ventriloquia é falar

sem mexer a boca, como se o som viesse do

ventre, por isso o termo, que vem do latim,

ventre = barriga, loquus = fala. É fascinante o

nascimento da ventriloquia, um tanto macabro,

veio muito antes do bonecos, charlatões se

utilizavam da malandragem e fingiam que os

mortos falavam. Enganavam geral a galera.

Imagine o que não rolava de mentira. – Você

ainda me deve aquela grana, deposite nas

conta desse cara aqui de vermelho, que está

com a boca em posição estranha.

Só em 1880, na Áustria, um cara chamado

Byron, “criou” a ventriloquia moderna. Sua fi-

lhota derrubou sua linda e corada boneca de

porcelana, que se espatifou no duro chão aus-

tríaco. Inventivo, Byron remendou a bonequinha, e para a alegria de sua cria, a

entreteve com a novidade, mexendo os caquinhos e a boquinha, agora móvel,

criando a ilusão do ventriloquismo. Aliás, essa arte faz parte do campo da ilu-

são, a mágica está para o os olhos, o que a ventriloquia está para os ouvidos.

Fui convidado para fazer o programa O Formigueiro, sucesso na Espanha. Fo-

mos para lá, foi sensacional a viagem. Lá as formigas se chamam Trancas e

Barrancas, cá elas foram apelidadas de Tana e Jura. Eu era a Jura, uma fanto-

che a la Louro José, só que trocadilheira e um tanto ácida às vezes, de voz do-

ce. Meu talentoso amigo Alan Benatti fazia a Tana, com voz e personalidade

fortes. Foi uma experiência riquíssima, a gente gostava muito de fazer, se di-

vertia a valer, não sei se o público estava na mesma vibração que a gente,

mas valeu muito a experiência.

Bom, vamos lá, eu já fazia standup, agora mexia com bonecos. Tive experiên-

cia com bonecos em publicidade também. Um amigo, André Bernardes, o por-

teiro Zé, me enviou um link de um cara que falava com o boneco de uma ca-

veira, de nome Achmed, mal ele sabia que a minha vida seria totalmente im-

pactada por um simples enviar de um link. Começo de 2010, me apaixonei por

aquilo que eu nem saberia definir. Lá eles chamam de standup ventriloquism.

Aqui eu chamo de genial e engraçado demais, diferente e diferencial, apaixo-

nante e instigante. Despertada está aquela criança que ia à igreja, dejaVu com

força. Caraca, quero fazer isso. Comecei uma busca incessante por mais >

Page 44: Mundano Mag №05

44 MUNDANO mag

CA

PA informações, o fato de falar inglês me ajudou

nesse processo. Busquei cursos, onde com-

prar bonecos, mais comediantes que faziam

aquilo.

Zerei o Youtube. Acho que foram mais de 400

videos. Pode ter sido muito mais, nunca con-

tei. Importei livros, aqui não temos nada a res-

peito, ou melhor, não tínhamos, hoje temos

essa matéria. Quanto mais eu estudava, mais

eu sabia que nada sabia. Filosófico, não?

Pesquisei demais, tudo o que era boneco, afi-

nal, eu tinha que comprar o boneco que tives-

se a ver com meus anseios. Me apaixonei por

um velhinho, que viria a ser meu primeiro bo-

neco, o Seu Antenor. Um velhinho xavequeiro

e bem humorado, casado mais de 37 vezes,

mais que a Gretchen e o Fabio Jr juntos. Ele

é lindo, há controvérsias, mas eu acho ele lin-

do. Ele lembra meu vô, e com certeza, o avô

de muita gente. Convidei um amigo, o Julio

Wong, para me ajudar a escrever o texto para

o Antenor. Foi difícil. Dificil convencer o Julio a

entrar na empreitada. Depois de uma certa

insistência, o Julio também mergulhou e es-

boçamos o primeiro texto. Sempre que eu era

convidado a fazer standup no show de al-

guém, eu levava o Antenor no carro, até criar

coragem. Para ele ir acostumando, hehe. No

teatro Juca Chaves, tive a primeira experiên-

cia em um teatro, e foi sensacional, tanto que

gravamos a nossa primeiríssima experiência

e depois de um tempo a colocamos no Youtu-

be. A reação foi muito positiva. Estávamos no

caminho, no longo e árduo caminho sem volta

da ventriloquia. Gostei dessa frase, usarei

mais vezes. A gente nunca se contentou com

o texto, mas também não queria copiar texto

dos gringos, vai que um dia me apresento

Page 45: Mundano Mag №05

45 MUNDANO mag

>

com eles. Eu nem sei onde eu estava com a cabeça em um dos ensaios quan-

do comecei a flutuar com o Antenor, como se ele subisse ao céu, e lá ele se

encontrou com Steve Jobs, reclamou da bateria do Iphone, se encontrou com

a Dercy Gonçalves e a Hebe Camargo, casos dele, viu Michael Jackson e per-

guntou qual cor ele estava e mais outras pessoas bem interessantes que já se

foram. Isso foi um diferencial. Já volto nesse assunto.

Eu estava sem grana, mas eu sabia que eu queria ir aos Estados Unidos estu-

dar esse troço. Me virei e fui. Valeu muito a pena, me endividei, mas o que vi

por lá não tem preço. Era um congresso de ventríloquos. Sabe todos aqueles

caras dos vídeos? Estavam ali, diante de minhas narinas, meus pelinhos do

nariz quase encostavam neles. . E o pior, ou melhor, todos eles muito acessí-

veis. Dan Horn, o cara que é considerado o melhor ventríloquo do mundo, ali,

tomando café, na mesa ao lado. Caramba. Eu poderia citar muitos nomes

aqui, mas talvez não te fizessem sentido. Te poupo dessa. Fiz muitos amigos,

renovei minha esperança.

O nome da minha peça é Bonecomédia. Boneco com comédia. Entendeu?

(meu dedo polegar neste momento faz o giro perpendicular ao indicador).

Levei brindes do Bonecomédia para eles. Um deles achou que tinha a ver com

Bone, de osso, que faz parte de uma expressão Funny bone. Bone Comedy.

Puppet Comedy, expliquei. Mas funciona lá também. Expliquei o projeto e mi-

nha vontade de popularizar essa arte antiga por aqui. Tive todo o apoio.

Page 46: Mundano Mag №05

46 MUNDANO mag

Entramos em cartaz, o Bonecomédia vira uma realidade. Mas o que não pare-

cia realidade era o e-mail que recebo de um dos organizadores do evento, o

querido ventríloquo alemão Stevo Shulling. Ele, em nome de todos os ventrílo-

quos me faz o convite, que eu demorei muito para entender, para um show es-

pecial nos EUA em 2014. E ele falou com a maior naturalidade, quero te convi-

dar para representar a América do Sul e, por consequência, o Brasil. Eu fiquei

com medo de responder. E o e-mail segue, vamos ter um ventríloquo da Ásia,

uma ventríloqua da Europa e você para o show de atrações internacionais. Ah,

o Jeff vai se apresentar antes de vocês. O Jeff é o Jeff Dunham (foto abaixo),

aquele do Achmed, que já ganhou mais de cem milhões de dólares com essa

brincadeira, que tem os vídeos

mais bombados do Youtube, que

lota teatros de dez mil lugares

por onde vai, que constrói heli-

cópteros como hobby e que hu-

mildemente compartilhou seus

conhecimentos com a gente, co-

mo algo corriqueiro, como se

não fosse algo que valesse mui-

to, tamanhas são sua segurança

e sua vontade que essa arte

nunca morra. Fiquei bem nervoso no show, mas foi muito bom, a plateia esta-

va animada, qualquer piada melhorzinha entrava, eles queriam rir, e eu queria

que eles rissem. Casamento perfeito. Antes de entrar, eu queria um botão de

eject. Mas depois tudo ficou azul. Fiz o Antenor, mas fizemos um texto especi-

al para esse encontro. Lá o Antenor era um ex-jogador de futebol e que agora

era senador, sempre fugindo das acusações de corrupção. O Antenor subiu ao

céu e encontrou muitas celebridades deles, dançou com o Elvis. Era um so-

nho, isso foi muito elogiado, porque era novidade. Eu fui o último da noite, es-

sa responsabilidade era muito grande. Foi muito providencial ter acontecido

exata uma semana da final da copa do mundo 2014, o apresentador era Ste-

vo, o alemão, aí ficou fácil para quebrar o gelo, entrei com uma taça da copa

do mundo enorme com purpurina que eu tinha comprado na 25 de Março,

comprei também uns “rojões” de serpentinas para fazer a festa. O público en-

trou no nosso jogo, o alemão alto, gente boníssima e de bochechas rosadas

também, foi incrível. Dei entrevistas para a TV, dei muito autografo, inclusive

no dia seguinte. Tiramos muitas fotos. Ainda hoje é difícil explicar o que acon-

teceu nesse último verão americano. Me faltam palavras. E se eu fosse contar

tudo, seria um livro. Eu estava ali, jogando no maracanã com o Pelé no auge.

Ele me deu um passe para fazer o gol, bateu na minha canela, mas entrou. A

galera gritou. E eu? Chorei. De alegria. Brasil sil sil!”

Warley Santana

CA

PA

Page 47: Mundano Mag №05

47 MUNDANO mag

Entramos em cartaz, o Bonecomédia vira uma realidade. Mas o que não pare-

cia realidade era o e-mail que recebo de um dos organizadores do evento, o

querido ventríloquo alemão Stevo Shulling. Ele, em nome de todos os ventrílo-

quos me faz o convite, que eu demorei muito para entender, para um show es-

pecial nos EUA em 2014. E ele falou com a maior naturalidade, quero te convi-

dar para representar a América do Sul e, por consequência, o Brasil. Eu fiquei

com medo de responder. E o e-mail segue, vamos ter um ventríloquo da Ásia,

uma ventríloqua da Europa e você para o show de atrações internacionais. Ah,

o Jeff vai se apresentar antes de vocês. O Jeff é o Jeff Dunham (foto abaixo),

aquele do Achmed, que já ganhou mais de cem milhões de dólares com essa

brincadeira, que tem os vídeos

mais bombados do Youtube, que

lota teatros de dez mil lugares

por onde vai, que constrói heli-

cópteros como hobby e que hu-

mildemente compartilhou seus

conhecimentos com a gente, co-

mo algo corriqueiro, como se

não fosse algo que valesse mui-

to, tamanhas são sua segurança

e sua vontade que essa arte

nunca morra. Fiquei bem nervoso no show, mas foi muito bom, a plateia esta-

va animada, qualquer piada melhorzinha entrava, eles queriam rir, e eu queria

que eles rissem. Casamento perfeito. Antes de entrar, eu queria um botão de

eject. Mas depois tudo ficou azul. Fiz o Antenor, mas fizemos um texto especi-

al para esse encontro. Lá o Antenor era um ex-jogador de futebol e que agora

era senador, sempre fugindo das acusações de corrupção. O Antenor subiu ao

céu e encontrou muitas celebridades deles, dançou com o Elvis. Era um so-

nho, isso foi muito elogiado, porque era novidade. Eu fui o último da noite, es-

sa responsabilidade era muito grande. Foi muito providencial ter acontecido

exata uma semana da final da copa do mundo 2014, o apresentador era Ste-

vo, o alemão, aí ficou fácil para quebrar o gelo, entrei com uma taça da copa

do mundo enorme com purpurina que eu tinha comprado na 25 de Março,

comprei também uns “rojões” de serpentinas para fazer a festa. O público en-

trou no nosso jogo, o alemão alto, gente boníssima e de bochechas rosadas

também, foi incrível. Dei entrevistas para a TV, dei muito autografo, inclusive

no dia seguinte. Tiramos muitas fotos. Ainda hoje é difícil explicar o que acon-

teceu nesse último verão americano. Me faltam palavras. E se eu fosse contar

tudo, seria um livro. Eu estava ali, jogando no maracanã com o Pelé no auge.

Ele me deu um passe para fazer o gol, bateu na minha canela, mas entrou. A

galera gritou. E eu? Chorei. De alegria. Brasil sil sil!”

Warley Santana

FALANDO NISSO ...

THE VENTRILOQUIST (2012)

Curta metragem estrelado por Ke-

vin Spacey que conta a história de

um artista solitário que possui um

único amigo: o boneco.

Frank é um ventríloquo que tem

estado na mesma esquina, nos úl-

timos três anos. Seu fantoche, Mr.

Higgins, é bemmais extrovertido

que Frank.

Direção: Benjamin Leavitt

Trig

ger S

treet P

roductio

ns

Contato: www.warleysantana.com.br [email protected]

Page 48: Mundano Mag №05

48 MUNDANO mag

Muitas pessoas ainda não veem qualquer perigo no pensamento coleti-

vo, o tão aclamado senso comum. Acontece que esse tipo de prática

deixa as pessoas preguiçosas. Como? Simples, elas param de pensar.

O inofensivo senso crítico está sendo deixado de lado cada vez e com

maior frequência, pois já há muitos para pensar e mastigar informações

para um. É assustador como certas falas são repetidas constantemente,

como papagaios muito bem treinados. Então, o nosso querido bom sen-

so vai sumindo do mapa e fazendo com que atitudes cada vez mais im-

pensadas sejam reproduzidas. O bom sendo nada mais é quando colo-

camos determinada situação na balança e analisamos seus prós e con-

tras para enfim emitir uma opinião ou tomar uma atitude. Para muitos,

esse exercício é uma verdadeira tortura e, olha o tal do senso comum

novamente.

Bom senso está ligado principalmente a autocrítica, alteridade e, depen-

dendo do caso, um pouco de empatia, afinal, você não precisa carregar

o problema com você para o resto da vida e deixar que isso se torne

parte do seu eu mais profundo. O exercício é parar, analisar e depois

agir/falar. Claro que não são em todos os momentos que é possível res-

pirar bem fundo para se acalmar, por exemplo, mas o ideal seria praticar

o maior número de vezes que você conseguisse.

Quanto mais pessoas conseguirem sair da cilada do senso comum, me-

lhor o mundo estará habitado e os pensamentos e ações parecidas, se-

rão somente uma feliz coincidência. Definitivamente senso comum e

bom senso não são a mesma coisa.

PAR

A P

ENSA

R Caroline Nogueira

X BOM SENSO SENSO COMUM

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