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Apostila de estudo "METODOS PROJETIVOS ARQUIVO, PROFESSORA LORENA, MATÉRIA TESTES PROJETIVOS"

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  • 1. MTODOSPROJETIVOSEAVALIAOPSICOLGICA: ATUALIZAES,AVANOSEPERSPECTIVAS

2. Organizadores DeiseMatosdoAmparo ErikaTiemiKatoOkino FlviadeLimaOsrio CarlaLucianoCodaniHisatugo MarceloTavares MTODOSPROJETIVOSEAVALIAOPSICOLGICA: ATUALIZAES,AVANOSEPERSPECTIVAS ASBRo 2012 3. Ostextoseposicionamentostericoseideolgicoscontidosneste livrodeprogramaeresumossoderesponsabilidadedosrespectivosautores DadosInternacionaisdeCatalogaonaPublicao(CIP) 159.9.072Amparo,DeiseM. Mtodosprojetivoseavaliaopsicolgica:Atualizaes,avanose perspectivas/DeiseMatosdoAmparo,ErikaTiemiKatoOkino,FlviadeLima Osrio,CarlaLucianoCodaniHisatugo,MarceloTavares,Organizadores. C749LCongressodaAssociaoBrasileiradeRorschacheMtodosProjetivos(6: 2012:Braslia,DF) ISBN9788562020018 1.MtodosProjetivosEncontroCientfico 2.Rorschach,Teste 3.AvaliaoPsicolgica.ITtulo 4. 5 SUMRIO PARTE1 NORMATIZAO,PADRONIZAOEVALIDAODOSMTODOS PROJETIVOS:PROPSITOSECONTEXTOS Captulo1:ConvergnciasentreVariveisdoMtododeRorschacheoFatorEstabilidade Emocional:InformaesPreliminares PriscilaMedeirosMargaridaBorges OtliaLoth AnaCristinaResende Captulo2:OmtododeRorschachemadolescentes:Especificidadesdeproduoemfuno dognero RobertaCuryJacquemin SoniaReginaPasian FabianaRegoFreitas Captulo3:OpsicodiagnsticodeRorschachemadolescentesdediferentesorigensescolares RobertaCuryJacquemin NicoleMedeirosGuimares SoniaReginaPasian Captulo4:OtestedasPirmidesColoridasdePfisteremadolescentes:Dadospreliminares JoanaBrasileiroBarroso SoniaReginaPasian Captulo5:Particularidadesdofuncionamentopsquicodeadolescentesedeadultosapartir doRorschach MariaLuisaCasilloJardimMaran SoniaReginaPasian Captulo6:TheRorschachPerformanceAssessmentSystemandAdvancesintheRorschach Method DonaldViglione GregoryJ.Meyer JoniL.Mihura RobertErard PhilipErdberg 5. 6 PARTE2 TCNICASPROJETIVAS,PRTICASECONTEXTOSDEINTERVENO Captulo7:AnsiedadesituacionalduranteaaplicaodopsicodiagnosticodoRorschach ArleneKelyAlvesdeAmorim NdiaNbregaBarbosaSanchez lymanPatrciaDaSilva RebeccaPessoaAlmeidaLima AlexandreCoutinhodeMello YordanBezerraGouveia Captulo8:AplicaodoThematicAperceptionTest(T.A.T.)comoinstrumentodeAvaliao daPsicoterapiaBreve RosaMariaLopesAffonso AnnePradodeFaria Captulo9:Avaliaodosartigospublicadosde2001a2011sobreasTcnicasProjetivas Grficas CarlaFernandaFerreiraRodrigues AnnaElisadeVillemorAmaral UteHesse Captulo 10: Contribuies da Avaliao Psicolgica para o processo de Orientao Profissional/Vocacional:Umestudodecaso NichollasMartinsAreco MilenaShimada LucyLealMeloSilva Captulo11:Daltonismoecaractersticasafetivas:umestudopormeiodoRorschachedo Palogrfico JonathanMelodeOliveira RejaneLuciaVeigaOliveiraJohann Captulo12:DesenhosdecrianasBrasileiraseMexicanas SoniaGrubits HeloisaBrunaGrubitsFreire JosAngelVeraNoriega Captulo13:Diferentesreas,diferentesinteresses?UmestudocomalunosdoEnsinoTcnico NerielenMartinsNetoFracalozzi MilenaShimada LucyLealMeloSilva 6. 7 Captulo14:Inclinaoprofissionalesatisfaonaescolhadocursodepsicologia: contribuiesdoBBTBR RafaelFabregasdeOliveira PauloFranciscodeCastro Captulo15:Oprocedimentodedesenhosestriasnopsicodiagnsticocompreensivoe interventivodeirmosabrigados LeilaSalomodeLaPlataCuryTardivo MariaAparecidaMazzanteColacique Captulo16:Autilizaodoprocedimentodesenhoestriacomtemanodesenvolvimentode pesquisaseminiciaocientfica EdsonDiasdosSantos PamelaCanutoSilva SirleneAparecidaAlvesdeSousa GleicedeSouzaFerreira NataliaAparecidaRamosGalvo RyllenieMunizdeSouza PauloFranciscodeCastro Captulo17:Narraooraledesenhodafamlia:umaintervenocomcrianasadotadas tardiamente CarolinaMartinsPereiraAlves LarissaCristinaSilveiradeAndrade MarthaFrancoDinizHueb Captulo18:AutopercepoemEstudantesdePsicologiaporMeiodoMtododeRorschach: dadospreliminares MasaRobertaP.R.Lopes LucenBezerradosSantos JacquelineOliveiradeSouza AnaCristinaResende Captulo19:Questesdegneronocomportamentovocacional:interessesprofissionaisde estudantesdeNutrio MilenaShimada NerielenMartinsNetoFracalozzi LucyLealMeloSilva Captulo20:Reflexessobreavaliaopsicolgicadeindivduocomdeficinciaintelectual: estudodecaso VanescaBuenoYokota PauloFranciscodeCastro 7. 8 Captulo21:UmensaioacercadotestepsicolgicoFbulasdeDss JulianaLinharesCavalcantideAlencar HannahNassifJaberMagalhes StefaniaFrancielleFerreiradeLima FtimaNayaraPereiradeAndradeMorais Captulo22:AvaliaodosInteressesProfissionais(AIP)emestudantesdoensinomdio pblico MaradeSouzaLeal LucyLealMeloSilva DanielePenna ErikaTiemiKatoOkino PARTE3 PSICOPATOLOGIA,SADEMENTALEAVALIAOPSICOLGICA Captulo23:Aabordagempsicodinmicacomoestratgiaparaanlisequalitativadas respostasdoRorschach PauloFranciscodeCastro Captulo24:OmtododeRorschachnoenfoqueJunguianoarelaoentreasmanchasdo Rorschacheosarqutipos LdiaRodriguesSchwarz Captulo25:Rorschach,desenhosepsicoterapia:anlisefenmenoestruturaldeumcaso comesquizofrenia AndrsEduardoAguirreAntnez JacquelineSantoantonio MarcosTamaki Captulo26:Estudosobreoscontedosdasrespostasdororschachobservadasempacientes comtranstornodepnico PauloFranciscodeCastro Captulo27:Tabagismoesuarelaocomadepresso lymanPatrciaDaSilva RebeccaPessoaAlmeidaLima NidiaNbregaBarbosaSanchez AlexandreCoutinhoDeMelo YordanBezerraGouveia RayanneMaropoStiro MariaJosMonteiroPereira 8. 9 PARTE4 AVALIAOPSICOLGICAECICLOVITAL Captulo28:Changertoutenrestantlemme:sexualitetnarcissismel'preuvedu vieillissement BenotVerdon Captulo29:RevisodeartigosbrasileirospublicadossobreotestedeZulliger AlexandreCoutinhodeMello ArleneKelyAlvesdeAmorim lymanPatrciaDaSilva RebeccaPessoaAlmeidaLima TaianeReginaPereiraCabral Captulo30:Atcnicaprojetivaludodiagnstica:Avaliaocomparativacomatcnica projetivadedesenhoHTP(casarvorepessoa) RosaMariaLopesAffonso Captulo31:AnlisedasprojeesdeVanGoghluzdoseugrafismo JulianaLinharesCavalcantiDeAlencar HannahNassifJaberMagalhes FtimaNayaraPereiradeAndradedeMorais StefniaFrancielleFerreiradeLima CinthyaPereiradeMorais TainaraGomesdeSouza Captulo 32: Le Rorschach en clinique de l'enfant et de l'adolescent : Une approche psychanalytique PascalRoman PARTE5 MTODOSPROJETIVOSEESTUDOSSOBREVIOLNCIA Captulo33:Adolescentedeficientefsicavtimademaustratos:umestudodaexpressoda raivapormeiodoSTAXIeRorschach AdrianaStacyTeixeiraBrito AnaCarolinaMeloMendona RejaneLuciaVeigaOliveiraJohann 9. 10 Captulo34:Diferentesperfispsicolgicosdeadolescentesquecometeramhomicdio CarolinaCardosodeSouza AnaCristinaResende Captulo35:Interaofamiliareviolncia:umestudoexploratrio MariadasGraasRodrigues JliaS.N.FerrroBucherMaluschke PARTE6 MTODOSPROJETIVOSEDEMANDASATUAISEMAVALIAO PSICOLGICA:SADE,JURDICOEPORTEDEARMA Captulo36:Aavaliaopsicolgicanareadeseguranapblicaeemconcursospblicos MiriamSiminovich Captulo37:AfetividadeerelaesinterpessoaisempacientecomDermatiteAtpica:Estudo decaso JoyceFernandaFerrazConstantini PauloFranciscodeCastro Captulo38:Anlisedosrecursoscognitivosdeenfrentamentoobservadosempacientescom EscleroseMltipla EdsonGomesdaSilva PauloFranciscodeCastro Captulo39:Limitesecontribuiesdosinstrumentosprojetivosnasavaliaesforenses SoniaLianeReichertRovinski Captulo40:Aplicaodosinstrumentosprojetivosemavaliaesforenses lvaroPereiraJunior Captulo41:PsicologiaforenseeRorschach:Pesquisaseatuao PauloFranciscodeCastro Captulo42:Autilizaodetcnicasprojetivasnaavaliaopsicolgicaparaportedearma defogo SalvadorJulianoNeto 10. 11 PARTE1 NORMATIZAO,PADRONIZAOEVALIDAODOSMTODOS PROJETIVOS:PROPSITOSECONTEXTOS 11. 12 CONVERGNCIASENTREVARIVEISDOMTODODERORSCHACHEOFATORESTABILIDADE EMOCIONAL:INFORMAESPRELIMINARES PriscilaMedeirosMargaridaBorges OtliaLoth AnaCristinaResende PUCGois/Goinia INTRODUO Aavaliaopsicolgicapodeserentendidacomoabuscasistemticadeconhecimentoa respeito do funcionamento psicolgico em situaes especficas, que possa ser til para orientaraesedecisesfuturas(Primi,2005).umprocessoqueenvolvecoletadedados, ondeincluimtodosetcnicaspadronizadasdeinvestigao,dentreelesostestespsicolgicos (Andrade,2008). Temsedestacado,entreostestespsicolgicos,doismodelosdeavaliao:medidasde autorrelato (questionrios, inventrios e escalas) que funcionam a partir do que as pessoas dizem sobre elas mesmas e medidas de desempenho (Rorschach, HTP, TAT)que se fundamentamnaobservaodecomoosexaminandosexecutamastarefasquesodefinidas poreles(Meyer&Kurts,2006).Qualquerumdessesmtodostemvantagensedesvantagem quandocomparadosentresi. Asmedidasdeautorrelatotmsemostradobastantefavorveis:geralmente,possuem custobaixo,suaaplicaodemandapoucotempo,ousodesteinstrumentotempossibilitado estudos investigativos, que por sua vez, complementam a investigao (Haase, et al., 2004; Yashida,2008).Considerandoosbenefciosexistentesnasmedidasdeautorrelato,amelhor maneiradeapreenderalgosobrealgum,normalmente,perguntandoaelaaseurespeito.As respostasconsistememinformaesdiretasedefinitivas,referentesssituaesfamiliarese simplesdocotidianodamaioriadaspessoas.Poroutrolado,essasinformaessolimitadasao 12. 13 queaspessoasestodispostasesocapazesdedizersobresi.Oqueelasestodispostasa dizersobresidependedocomoforampreparadasparaseexporeserverdadeiras.Oqueelas podemdizerarespeitodelasdependedoquoconscienteelasestodesuascaractersticase comportamentos.SegundoDunnign,HealtheSuls(2004),aspercepesqueaspessoastmde si frequentemente so falhas. A correlao entre o que acham a seu respeito e seus comportamentos objetivos geralmente insuficiente ou modesta, alm do mais, as pessoas tendemaafirmarquetmatributosdesejveisemumgrauquenotm. As medidas de desempenho, segundo Weiner e Greene (2008), apresentam uma metodologiaindiretaeisso,muitasvezes,podecontornaraslimitaesdosinstrumentosde autorrelato.Essametodologiaindiretamaispropensadoqueosinstrumentosdeautorrelato pararevelarcaractersticasdepersonalidadequeaspessoasnoreconhecemplenamenteem siouhesitamemadmitirquandoquestionadasdiretamente.Aspessoassubmetidasaessetipo demedidageralmentenoconseguemcaptardeantemooqueseesperadelaspararealizara tarefacomsucesso.Asituaodetestagemaquimaisdesafiadora,poucoestruturadaepode geraraansiedadetpicaqueaspessoassentemdiantedesituaesmaiscomplexasepouco familiares,queexigemmaiorinvestimentoafetivo,cognitivoereflexivo.Emcontrapartida,esse tipo de informao pode gerar, algumas vezes, inferncias mais especulativas do que o questionamentodireto. Diante das relativas vantagens e desvantagens desses dois tipos de instrumentos, muitos autores contemporneos recomendam uma abordagem integrada entre medidas de autorrelato e medidas baseadas no desempenho para se avaliar a personalidade (Beutler & GrothMarnat,2003;Meyeretal.,2002;Weiner,2005). Correlaesentremedidasdedesempenhoemedidasdeautorrelato Noqueserefereaostestespsicolgicos,constataseanecessidadedepesquisasque indiquempadresdeinterrelaoentreosdiversosmodelosdeavaliaodepersonalidade existentes, a fim de que se possam apontar pontos de convergncia e divergncia entre os mesmos,avanandodessemodoemquestesconceituais.Casoexistacorrelaoentreosdois tipos diferentes de medidas psicolgicas, acreditase que os achados substanciam ou 13. 14 fortalecemacorrelaoentreosmtodoscomotambmentreteorias.Essaconvergnciaentre eles pode intensificar os aspectos considerados positivos ou os aspectos considerados negativosnapersonalidadedoexaminando.Seosdoistiposdemedidasindicamapresena dosmesmosaspectossaudveisnapersonalidade,oexaminando,provavelmente,possuiuma boa tolerncia ao estresse e pode funcionar bem, mesmo em situaes pouco familiares e desafiadoras.Seosdoistiposdeinstrumentosapontamapresenadedimensesdisfuncionais semelhantes, intensifica ainda mais a probabilidade de baixa tolerncia ao estresse e dificuldadedelidaradequadamentecomascircunstnciasmesmoemsituaesfamiliarese simples. Poroutrolado,achadosdivergentes,ousemqualquertipodecorrelao,identificam caractersticas diversas e podem sugerir concluses contrrias. No entanto, os achados divergentes entre dois tipos de instrumentos metodologicamente diferentes, que avaliam caractersticas de personalidade semelhantes no necessariamente seriam contraditrios. Nestecaso,osdoistiposdedadosrevelariamcomoaspessoasrespondemaosdiferentestipos de situaes. Segundo Weiner e Greene (2008), em pessoas cujos testes de desempenho sugeremdistrbiospsicolgicos,enquantoseusquestionriosdeautorrelatonoevidenciam isto,tratamsedepessoasquesesentemmaisconfortveisemsituaesmaisestruturadas, familiares, em que elas sabem o que esperado delas, do que em situaes muito pouco estruturadas,imprevisveis,ondeseriamuitodifcilidentificaroqueseesperadelas,eporeste motivosedesorganizam. Inversamente, se a pessoa revela um distrbio aparente em medidasdeautorrelato,masnooevidencianamedidadedesempenho,istopodeidentificar umapessoaquefuncionamaiseficientementeemsituaesrelativamentepoucoestruturadas, mais exigentes e desafiadoras do que em situaes altamente estruturadas. Dessa forma, possveisexplicaesparaachadosdivergentespodemacrescentarinformaesquenoteriam emergidodosinstrumentosemsi.Oimpactodiferencialdecomoumapessoaprovavelmente sesenteesecomportanasduassituaesdetestagempodeserumdosaspectosresponsveis porestasdivergncias(Weiner&Greene,2008). Particularmente, estudos de correlao entre variveis do Rorschach e escores de questionriosdepersonalidadedeautorrelatosocontroversos.Resultadosdepesquisastm 14. 15 mostradoqueavalidadeconvergenteentreoRorschachequestionriosdepersonalidadede autorrelato baixa, especialmente quando o grupo de pessoas avaliadas heterogneo e certasvariveisdosinstrumentosnosocontroladas.Porexemplo,algunsestudosdevalidade convergenteentreoRorschacheoquestionrioMinnesotaMultiphasicPersonalityInventory (MMPI) apresentam correlaes gerais baixas ou evidenciam medidas de construtos essencialmente diferentes (Borstein, 2001; Archer & Krishnmurthy, 1999), enquanto outros estudosapontamque,quandopacientesdemonstramestilossemelhantesderesponderaos dois tipos distintos de testes, h uma relao estvel entre algumas escalas do MMPI e os ndicesdoRorschach(Meyer,1999;Lindgreen&Carlsson,2003). Meyer (1996, 1997, 1999) chama a ateno para a questo da atitude do sujeito ao responderaoteste:osmaisinibidos/restritoseosmaisdesinibidos/expansivos.Asatitudesou estilocaractersticoderesponderaosinstrumentospodemvariarporvriosmotivos:apouca conscincia ou a conscincia exagerada para fornecer informaes honestas e completas; a forteoufracatendnciaademonstrardesejabilidadesocial;atendnciainconscienteparano reconhecer tendncias psicopatolgicas ou uma tendncia inconsciente para enfatizar problema.Deumaformageral,asatitudesdossujeitosaorealizaremosdiferentestiposde testespodemnoserasmesmas. Paraverificaressaquesto,Meyer(1996,1997,1999)selecionoualgumasescalasdo RorschachedoMMPIeobservouquenoexistiacorrelaoquandoaatitudedosujeitono era considerada (mean r=0,03), que existia uma correlao positiva(mean r=0,58) quando somente os sujeitos com atitudes semelhantes para realizar ambos os testes eram considerados,equehaviaumacorrelaonegativa(meanr=0,55)quandoaanliseerafeita com pacientes que tinham atitudes opostas em cada um dos mtodos. O pesquisador pressupsqueafaltadecorrelaoentremedidasconvencionaisdeautorrelatoevariveisdo Rorschachumartefatodevidofalhanocontroledaatitudedosujeitoaorealizaroteste. Petot (2005) realizou um estudo para verificar se as relaes entre o NEO PIR (questionrio de autorrelato baseado no Modelo dos Cinco Fatores de Personalidade) e as variveisdoRorschachnoquetangeaoFatorAberturaExperinciadependiamounoda atitudedopacienteaorealizarostestes.OautorobservouqueemrelaoaoFatorpropostoa 15. 16 correlao entre os instrumentos no existia. Por outro lado, as concluses sobre a relao entre o Fator Neuroticismo e variveis do Rorschach traziam algum suporte parcial para a hiptesedaatitudeemrealizaroteste. Conformedescritoacima,oproblemadarelaoentremedidasdepersonalidadede autorrelato e as variveis do Rorschach particularmente complexa e intrigante. Alguns pesquisadores questionam a validade do Rorschach argumentando que sua correlao com medidas de personalidade de autorrelato geralmente pobre. No entanto, para uma boa avaliaodepersonalidade,necessrioincluir,dentreoutrostestes,pelomenos,doistiposde testesdepersonalidade:questionriosdeautorrelatoemedidasdedesempenho.Issoindica queessesdoismtodosfornecemtiposdeinformaesdiferentese,provavelmente,medem coisasdistintas,oquejustificariaacorrelaobaixaentreosdoisinstrumentos(Petot,2005). Diantedoquefoiexposto,oobjetivodesteestudofoiverificaracorrelaoentreas variveisdoMtododeRorschacheoFatorEstabilidadeEmocionaldoscincograndesfatores de personalidade. Muito pouco se procurou saber sobre as relaes entre as variveis do Rorschach e o Modelo dos Cinco Fatores de Personalidade no Brasil, de modo queseria interessantepesquisarsealgumascorrelaesrealmenteexistementreessesdoisinstrumentos debasesmetodolgicasbastantediferenteseigualmenteconsagradospelaliteraturacientfica comovlidosparaavaliarapersonalidade,esesim,quaissoelas. Problema Existecorrelaoentreessesdoistiposdeinstrumentosdeavaliaodapersonalidade noquedizrespeitoaoFatorEstabilidadeEmocional? Objetivogeral Verificar se existe correlao entre as variveis do Rorschach e o Fator Estabilidade EmocionaldoICFPR 16. 17 Objetivosespecficos Verificarseexistemcorrelaesestatisticamentesignificativasentreasvariveisdos RorschacheoFatorEstabilidadeEmocional. Discutir as baixas e altas correlaes encontradas entre o Fator Cordialidade e as variveisdoRorschach. MTODO Participantes Participaramdesseestudo51estudantesdePsicologia,42dosexofeminino(82,4%)e9 dosexomasculino(17,6%),provenientesdeduasuniversidadesdeGoinia,sendoumaprivada eoutrapblica.Aidadedosestudantesvarioude19a49anos,sendoamdia24anos(DP 6,27).Amaioriatinhaoestadocvelsolteiro(n=45,88%)esomentecincocasadoseummorava junto (n=6, 12%). Os estudantes em sua maioria cursava o 8 perodo (54,9%), os demais estavamentreoquintoeostimoperododocurso,eamaiorpartenotrabalhava(60,8%)na pocaemfoirealizadaacoletadedados. Instrumentos Questionrio sociodemogrfico: utilizado na coleta de dados complementares, com informaesgeraistaiscomo:sexo,idade,estadocivil,perododocurso,setrabalha,seest em psicoterapia, se faz uso controlado de alguma medicao e se tem a inteno de atuar profissionalmentecomopsiclogo. MtododeRorschachnoSistemaCompreensivo:foielaboradoporHermannRorschach em1921,naSua.OMtododeRorschachnoSistemaCompreensivotratasedeumamedida comportamentalbaseadanodesempenhoqueavaliaumaamplagamadecaractersticasde personalidade.compostapordezcartes,cincodelessomonocromticos(preto),doisso bicoloreseoutrostrssopolicromticos,osquaisservemdeestmulospoucoorganizadosque levamoindivduoemavaliaoaexpressarcontedosassociativoperceptivosrepresentativos 17. 18 de seu mundo interno. administrado individualmente e exige que os examinandos identifiquemoqueosborresdetintaconstrudosparecememrespostapergunta"Oque issopoderiaser?"(Exner2003).Cadaresposta,ousoluoparaatarefa,codificadadeacordo comorientaespadronizadasatravsdeumnmerodedimenseseoscdigossoento resumidosemescores,posteriormenteinterpretadosnoSistemaCompreensivo.Aocontrrio dasmedidasbaseadasementrevistaouinventriosdeautorrelato,oRorschachnorequerque oexaminandodescrevaasimesmo,masoobrigaafornecerumailustraoaovivodecomo eleestproduzindoumaamostradecomportamentosnasrespostasgeradasparacadacarto (Exner,2003). InventrioReduzidodosCincoFatoresdePersonalidadeICFPR(Pasquali,Arajo& Trccoli,1999): instrumento composto por116 sentenas que permitem queo indivduo se autodescreva em cada um dos cinco grandes traos ou fatores bsicos da personalidade: estabilidadeemocional(19itens;=0,89),conscienciosidade(20itens;=0,88),abertura experincia(ouintelecto17itens;=0,82),cordialidade(ousociabilidade13itens;=0,82)e extroverso(12itens;=0,83).Cadasentenaautodescritivaacompanhadadeumaescala likertde6pontos:1=nadaavercomigo;2=quasenadaavercomigo;3=poucoavercomigo; 4=temavercomigo5=muitoavercomigo;6=tudoavercomigo.Oestudoemquesto considerou apenas o Fator Estabilidade Emocional, mas os estudantes preencheram todo o inventrio. O Fator Estabilidade Emocional/Neuroticismo engloba caractersticas de personalidade envolvendo afeto positivo e negativo. Altos escores sugerem indivduos com estabilidade emocional, calmos, satisfeitos, que inicia e conclui tarefas importantes. J os escores baixosesto relacionados ao neroticismo, instabilidade emocional, baixa auto estima, irritabilidade,tenso, depresso e ansiedade, tratamse de pessoasmais propensas a sofrimentospsicolgicos(Hutz&cols.,1998;Nunes&Hutz,2007;Andrade,2008). Procedimentos Esteestudotratasedeumrecortedeumprojetodepesquisapreviamenteaprovado pelocomitdeticadaPUCGois.Osparticipantesforamconvidadosaparticipardoestudo por meio de cartazes, por intermdio de avisos de outros estudantes de psicologia que 18. 19 participavam da pesquisa quer seja como pesquisador ou sujeito e mediante avisos de professoresdocurso.Todososparticipantesforamesclarecidosquantoaosigilodequalquer informaoquepoderiaidentificarindividualmentequalquerumdeles.Outrosesclarecimentos foram: quanto aos direitos dos participantes, quanto metodologia utilizada e quanto aos objetivos do estudo, conforme descrito no termo de consentimento livre e esclarecido, que cada um assinou antes de integrar o grupo de participantes. Aps assinar esse termo de consentimentolivreeesclarecido,oparticipantepreenchiaoQuestionrioSociodemogrfico. Posteriormente, os participantes foram submetidos ao ICFPR e ao Mtodo de Rorschach,emaplicaoindividual,deacordocomasnormaspadronizadasdecadaumdos instrumentos,emdiasehorriosconformeadisponibilidadedoparticipante,emsessesde aproximadamente100minutos.Osexaminadoresforamquatroalunosdocursodepsicologia, quejhaviamcursadoadisciplinaTcnicaProjetivaRorschach(com120crditos,sendo80 tericos e 40 prticos), referente ao oitavo perodo do curso. Todos os examinadores eram monitores oficiais da disciplina (voluntrios ou remunerados) e, em funo da pesquisa, tambmreceberamumtreinamentointensivoespecficopararealizaracoletadedadosnos participantesdesteestudo.Assalasparaaaplicaodosinstrumentosforamosconsultriosda Clnica Escola de Psicologia de uma das universidades, todos adaptados para sesses de testagenspsicolgicas. Os protocolos de Rorschach foram classificados s cegas e separadamente por dois juzesexpertsnoSCe,emseguida,fezseaanlisedeconcordnciaentreosclassificadores,por meiodoKappadeCohen,considerandotodososprotocolosdeRorschach,umavezquetodos elesforamconsideradosteisparaainterpretao(comnmeromnimode14respostasesem rejeiodecartes).Posteriormente,foiavaliadoseexistiamdiferenassignificativasentreos protocoloscoletadospelosquatroexaminadores,queadministraramentre11e14protocolos cadaumdeles,pormeiodaANOVAoneway.Todososdadossociodemogrficos,osdadosdo Rorschach e do ICFPR foram lanados no banco de dados e a anlise dos resultados foi realizadamedianteestatsticadescritivaeestudodecorrelaoentreasvariveisdoRorschach eoFatorEstabilidadeEmocional/NeuroticismopormeiodaCorrelaodeSpearman.Aanlise 19. 20 decorrelaofoirealizadaconsiderandotodasasvariveisdoRorschacheosresultadosdo FatorEstabilidadeEmocional/Neuroticismo. RESULTADOSEDISCUSSO Osresultadosseroapresentadospormeiodetabelas,ondeserodiscutidosaolongo destetpico.ATabela1apresentaonveldeconcordnciaatingidoentreosjuzesemcadaum dos segmentos de codificao do Rorschach.Os resultados observados em cada um dos segmentosdecodificaoindicamquehouveumaconcordnciaaltaentreosjuzes(>0,82)e queacorreodomtododeRorschachparaesseestudofoiconsideradaconfivel. Tabela 1.: Correlao entre juzes em segmentos de codificao do Rorschach (n= 51 protocolos,nmeroderespostas=1.229) SegmentosdeCodificao %Agree Kappa TodaResposta 0.80 0.77 LocalizaoeEspao(2variveis) 0.98 0,96 DQ(+,o,v/+,v) 0.96 0,91 Determinantes(11variveis) 0.90 0,85 FQ(None,+,o,u,) 0.94 0,90 Pares 0.92 0,83 Contedos(27variveis) 0.89 0,83 P 0.97 0,91 ZScore 0.95 0,92 CdigosEspeciais(14variveis) 0.93 0,89 20. 21 ATabela2mostraosresultadosdaANOVAparaascincovariveisutilizadasparaavaliar as diferenas entre os examinadores.Os dados revelaram que no foram encontradas diferenassignificativasentreosexaminadoresemqualquerumadessasvariveis. Tabela2.:Resultadosdasdiferenasentreosquatroexaminadores,queadministraramentre 1114protocolos(N=51),pormeiodaANOVAoneway. Variveis df F Sig. Etasquared R 7 0.38 0.91 0.014 Zf 7 0.64 0.72 0.023 WSum6 7 2.00 0.07 0.068 X% 7 1.02 0.42 0.036 Fpuro% 7 0.54 0.80 0.019 O Quadro abaixo mostra alguns itens do ICFPR referentes ao fator Estabilidade Emocional,afimdeseterumaideiageraldositensqueosparticipantesresponderamparase autoavaliarememrelaoaessefator. Quadro1.:AlgunsitensdoFatorEstabilidadeEmocionaldoICFPR. No doitemnoICFPR Descriodoitem 35 Permanececalmoemsituaestensas. 40 emocionalmenteestvel,nosealtera facilmente. 42 Controlasuasemoes. 44 relaxado,lidabemcomoestresse. 51 Superafacilmenteosinfrtuneos. 21. 22 05* Irritasefacilmente. 07 Agesemplanejar. 09 Desesperase. 10 Temhumorinstvel. 21 Inventaproblemasparasiprprio. *EmnegritoositensequivalenteaoitemNeuroticismo. A Tabela 3 demostra o coeficiente de Spearman para cada uma das variveis de RorschachqueapresentaramalgumacorrelaocomFatorEstabilidadeEmocional Tabela3.:CorrelaoentreasvariveisdoRorschacheoFatorEstabilidadeEmocional Variveis CoeficientedeCorrelao(Sig.2 tailed) FC` (controle cognitivo das emoes disfricas,taiscomo:desnimo,tristeza). 0.023* () C`F (pouco controle das emoes disfricasquesointernalizadas) 0.037* () FAB2 (deslize cognitivo grave, aponta paraumdistrbiodopensamento) 0.050* () ndice de Isolamento (Tendncia ao isolamentoeaoretraimento) 0.015* ()Xu%>0,29(tendnciaindividualistaou desconsiderao pelos comportamentos convencionais) 0.018* ()(H)+(A)+(Hd)+(Ad)>3 0.049* *Correlaosignificativap0,29,ndicedeIsolamentoe(H)+(A)+(Hd)+(Ad)>3 tambm se destacaram por uma correlao significativa, porm negativas. Ou seja, quanto maioroescorenoFatorEmocionalmenoreramosescoresouasfrequnciasdessasvariveis, de outro modo, quanto maior a instabilidade emocional e o neuroticismo, maior eram as frequnciaseosescoresdasvariveisacima.Todaselassocondizentescomcaractersticasde personalidade que indicam pouca maturidade em vrios aspectos psicolgicos, ou pouca capacidadedeadministrarumasriedequestesafetivas,cognitivaserelacionaisnodiaadia, oquedefatopodeestarpresenteempessoascompoucaestabilidadeemocional. OCF,diferentementedoFC,indicapoucocontroledasemoesdisfricas,ouseja,os sentimentosdemedo,culpaeangstiaestomaisvulnerveisefrgeisemfunodocontrole cognitivo precrio. O Xu% indicadesconsiderao por comportamentos mais convencionais, tendncia a pensamentos e comportamentos mais idiogrficos, excntricos, alheios e descentradosdocoletivo.OndicedeIsolamentomaiselevandorevelaatendnciaasermenos ativonasinteraessociais,apontaparaoretraimento,poisapessoaconsideraasrelaes interpessoaisrelativamentevaziasdegratificao.Finalmente,avarivel(H)+(A)+(Hd)+(Ad)>3 tendeasermaisfrequenteempessoasqueinterpretammaloseumeioambienteeaspessoas, oquetpicodepessoasafetivamenteimaturas. 23. 24 CONSIDERAESFINAIS importante conhecer os mltiplos fatores metodolgicos e tericos que podem ter influncia na interrelao dos instrumentos. por meio desse conhecimento que se pode compreender melhor s resultados convergentes e discrepantes obtidos por instrumentos fundamentados em diferentes princpios metodolgicos e epistemolgicos como os instrumentosdeautorrelatoeosdedesempenho.Enquanto para o pesquisador uma correlao baixa pode ser motivo de preocupao ou de dvida sobre a validade dos instrumentos individuais, devese ressaltar que, na prtica clnica, este fato justifica uma abordagem de mtodos mltiplos para avaliar a personalidade, porque o uso de diferentes instrumentosproduzumnmerograndedeinformaesdiferentesdeumcasoparticular,e taisinformaessointegradasporumprocessodejulgamentoclnico(Petot&Joi,2005). EsteestudopropsestudaraspossveiscorrelaesentreasvariveisdoRorschacheo Fator Estabilidade Emocional do ICFPR. Foram poucas as variveis do Rorschach que se correlacionaramcomofator.De163variveis,apenas6revelaramalgumacorrelaoentreos dois instrumentos psicolgicos. Alm de poucas correlaes, elas ainda foram consideradas baixas. Deumaformageral,osresultadossugeremqueosinstrumentospodemmediraspectos diferentesdapersonalidade,porissomostramumacorrelaobaixaentresi.Nessesentido, presumemseentoqueasrealidadespsicolgicasavaliadaspeloRorschachdiferemdaquelas conceituadaspeloModelodosCincoFatoresdePersonalidade,nosporseucontedo,mas tambmpelasuaestruturaemetodologiadeabordarofenmenopsicolgico; Embora no tenha sido foco investigao deste estudo, entendese que essas correlaespodemserinfluenciadaspelaformacomoossujeitosrespondemesuaatitudepara fazeroteste,ouseja,dependemdoquoaspessoasestodispostas(preparadasparaseexpor eserverdadeira),bemcomodependemdaconscinciaquecadaumtemdesimesmo. Esteestudoaindaestemandamentoeosresultadoscorroboramestudossemelhantes queinvestigaramcorrelaesentreoMtododeRorschacheinstrumentosdeautorrelato,tais 24. 25 como:MMPI,NEOPI,EPQeoprprioICFPR(Jocic,2005;Petot,2005;Pilar,2005;Resende, Loth,Souza,Lopes&Martins,2011). REFERNCIAS Andrade, J.M. (2008). Evidncias de Validade do Inventrio dos Cinco Grandes Fatores de PersonalidadeparaoBrasil.TesedeDoutorado,UniversidadedeBraslia,Braslia. Bastos, A.G. & Vaz C.E. (2009). Estudo correlacional entre neuroimagem e a tcnica de RorschachemcrianascomSndromedeTourette.AvaliaoPsicolgica,8,229244. Beutler,L.E.,&GrothMarnat,G.(2003).Integrativeassessmentofadultpersonality(2ed.).New York:Guilford. Cardoso,L.M.&Capito,C.G.(2006).EstudoCorrelacionalentreoTestedePfistereoDesenho daFiguraHumana.PsicoUSF,11,157166. Costa Jr., P. T. & McCrae, R. R. (2005). A FiveFactor Theory Perspective on the Rorschach. Rorschachiana,27,80100. Dunning, D., Health, C., &Suls, J. M. (2004). 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Significncia clnica de mudana em processo de psicoterapia psicodinmicabreve.Paidia,18,305316. 27. 28 OMTODODERORSCHACHEMADOLESCENTES:ESPECIFICIDADESDEPRODUOEM FUNODOGNERO RobertaCuryJacquemin SoniaReginaPasian FabianaRegoFreitas FFCLRPUSP INTRODUO Aavaliaopsicolgicadosindivduosconstituisecomoprocessopermeadodevariados procedimentosteiserelevantesparainvestigaescientficasemPsicologiaereasafins.Em especial,osmtodosprojetivosdeavaliaopsicolgicapodemserconsideradosrespeitveis instrumentos de exame tanto da personalidade, quanto de elementos facilitadores da compreenso de vivncias individuais, como dinmica familiar e relaes interpessoais (Fensterseifer&Werlang,2008). EmmeioaosinstrumentosprojetivosdeavaliaopsicolgicaempregadosnoBrasile no panorama mundial, encontrase o Psicodiagnstico de Rorschach, publicado em 1921, elaboradopelopsiquiatrasuoHermannRorschach(18841922).Estatcnicadeinvestigao da personalidade tem apontado eficincia e sensibilidade na compreenso da dinmica do psiquismohumanoemumalinguagemuniversal(Weiner,1993;Anastasi&Urbina,2000).Este instrumento tem o desgnio de compreender aspectos da estrutura e da dinmica da personalidade (Werlang, VillemorAmaral &Nascimento, 2010; Weiner, 2000), por meio da anlise de processos perceptivos envolvidos na produo de respostas (Werlang, Villemor Amaral&Nascimento,2010,p.89).OmtododeinvestigaodapersonalidadedeRorschach podeseraplicadoapessoasprocedentesdequalquerraaoucultura,emborahajadiferenas emformasdereaoaelenosimplesmenteemaspectosindividuais,mastambmemfatores sociaiseculturais(Nascimento,2010). 28. 29 Pesquisadores de todo o mundo (Resende, Rezende, & Martins, 2006; Andronikof, Chudzik, & Gillaizeau, 2008; Matsumoto, Morita, Suzuki, Tsuboi, Hatagaki, & Shirai, 2008; Nascimento,Brunoni,Sasaki,Bueno&Parsons,2008;Nascimento,Batistuzzo,Sato,Brunoni, Bueno&Marques,2009)tmelaboradopadresnormativosparaoRorschachereafirmam,a partir da sistematizao de seus resultados, a importncia de que mais estudos com este propsitosejamrealizadosemgrupospopulacionaisdediversospases,paraquesetenham dados representativos dos indivduos que se busca avaliar. Nesta direo, pesquisas em avaliao psicolgica com adolescentes de diversos pases tm utilizado o Mtodo de Rorschach,realidadetambmexistenteemnossopasequesetentarbrevementeilustrar comalgunsrelevantestrabalhosrealizados. NoBrasil,Japur(1982)buscoucaracterizaraafetividadedoadolescentenoRorschach, tendo investigado 180 estudantes de Ribeiro Preto (SP) na faixa entre 11 a 13 anos, com escolaridadecorrespondenteidadeedenvelintelectualesocioeconmicomdiooumdio superior.Aautorabuscoucaracterizaraafetividadenestafasedodesenvolvimentoutilizandoo Psicodiagnstico de Rorschach, focalizando a anlise das frmulas vivenciais, dos ndices de conflitos e dos ndices dos mecanismos de controle e adaptao intelectual e afetiva. A aplicao do Rorschach foi individual e os casos foram avaliados de acordo com a Escola Francesa. Este estudo preliminar de padronizao foi desenvolvido, segundo Japur, com o intuito de suprir a ausncia de dados normativos nacionais para a referida faixa etria. Os resultadosmostraramapredominnciadaextratensividadeaos11e13anosedacoartao aos12anos,bemcomoapresenamarcadadeconflitosatuaisededesenvolvimentoemtodo o perodo, de modo que os indivduos examinados apresentaram dificuldade no controle racional dos afetos, com superficial adaptao sciointelectual. Os achados tambm sinalizaraminstabilidadeemocionaleimaturidadeafetiva,mascomcapacidadedeexpresso socializadadosafetos,apesardacrescentedificuldadedeidentificaocomafigurahumana, assimcomoindicadoresdedificuldadenosrelacionamentosinterpessoais,caracterizandoesta etapadodesenvolvimentoadolescente. DentreosestudosdeinvestigaoclnicacomoMtododeRorschach,encontraseode Aguirre (1995) que avaliou 40 gestantes adolescentes de 12 a 16 anos de idade, que 29. 30 freqentaram o servio de assistncia prnatal de trs hospitais pblicos da cidade de So Paulo(SP),natentativadeinvestigarpossveismotivaesinconscienteseosrecursosinternos paralidarcomasituaodegravideznaadolescncia.Osmtodosdeinvestigaoutilizados foramoMtododeRorschach,soboreferencialpsicanaltico,eentrevistassemidirigidas.Os resultadosindicaramqueagrandemaioriadoscasostevegestaonointencional(cercade 90%),comsinaisdeintensaangstiaepoderososbloqueiosafetivosporpartedasgestantes, sugerindoreduzidadisponibilidadeebaixamaturidadepsquicaparaoestabelecimentodebom vnculo com o beb. A partir de seus achados, a autora apontou a necessidade de acompanhamentopsicolgicodasadolescentesnesseperododegrandesmudanascorporais e de papis, de modo a favorecer o enfrentamento das sobrecargas internas e externas, advindasdagestaonestaetapadodesenvolvimento. Santoantonio(2001),emsuatesededoutorado,utilizouoMtododeRorschachpara examinarcaractersticasdepersonalidadede30adolescentesdentrodafaixaetriade12a17 anos, todas do gnero feminino, pacientes diagnosticadas com lpus eritematoso sistmico. Houve tambm um grupo controle com 32 adolescentes no pacientes, as quais foram pareadas segundo idade e nvel scioeconmico. A partir dos achados, identificouse importantedisparidadequantoaonveldeescolaridadedasvoluntrias,relacionadaamaior ausnciadaspacientessaulasemvirtudedadoena.Emambososgruposfoipossvelcaptar indicadores de tendncia a utilizar os processos de pensamento na soluo de problemas. Apesar de no haver diferenas estatisticamente significativas entre os grupos, as pacientes apresentaram sinais sugestivos de maior dificuldade no manejo do estresse, tanto habitual quantosituacional,elevadainteriorizaodosafetoseindicadoresdebaixaautoestimaeauto percepo. As pacientes tambm demonstraram menor habilidade em resolver questes da vidacotidiana,emboraodficitrelacionalestivessepresentenosdoisgrupos.Aconclusoa quesechegounessetrabalhofoique,quantomaiorograudeatividadedadoena,maiora constrioafetivadaspacientes,justificandoseainvestigaodeseufuncionamentopsquico paratambmtentarfavorecersuarecuperaodesadegeralefavoreceroamadurecimento psquico. 30. 31 Aindanalinhadeinvestigaodosprocessosdeformaodapersonalidadedurantea adolescncia,Campagna(2003)pesquisouaorganizaodaidentidadefemininanoinciodeste perodo da vida por meio do Psicodiagnstico de Rorschach, Desenhos da Figura Humana e entrevistas.Participaramdesteestudo20meninasde12anosdeidadedacidadedeSoPaulo, procedentes da classe mdia e alta. Foi possvel identificar que as adolescentes sinalizaram autoestimamaisnegativaquepositiva,identificandosedemaneiramaisfantasiosaquereal com seus pais, familiares, colegas, ououtros dolos dos meios de comunicao. Alm disso, produziram indicadores sugestivos de elevado nvel de egocentrismo, tendendo a relaes afetivasbastanterestritas.Aautoraapontaparaofatodequeoinciodaadolescnciapara essasjovensumperodomarcadoporfortespressesinternaseexternas,sugerindovivncia devulnerabilidadeegica.Asevidnciasadvindasdestetrabalhoapontaramariquezadeste instrumento projetivo quando se pretende acessar aspectos do funcionamento psquico de adolescentes, destacandose a importncia de se conhecer melhor as peculiaridades de desenvolvimentomentaldestemomentodavida. Especificamenteemrelaoaognero,poucoseconhecesobreseuseventuaisefeitos naproduodoRorschachdafaixaetriaadolescente.NoBrasil,algunsestudosnormativos destemtodoprojetivodeavaliaopsicolgicaforamidentificadosporPasian(2002)como dirigidos para adolescentes, entre eles os trabalhos de Ginsberg (1950), Adrados (1976) e Adrados (1985). Os dois ltimos consideraram as variveis idade e gnero nas anlises da produo no Mtodo de Rorschach. Adrados (1976) investigou as caractersticas de personalidade de 450 adolescentes de 14 a 18 anos de Guanabara (RJ) e a mesma pesquisadora,umpoucomaistarde(Adrados,1985),focalizouodesenvolvimentoafetivosocial ecognitivodafaixaetriade7a14anos.JotrabalhodeGinsberg(1950)englobouamostra de100baianosde10a16anosdeidade,examinandoeventuaisefeitosdasvariveisgnero, idadeeacordepeledosparticipantes(brancosXnegros). Posterioresaestadata,poucoseconsegueidentificaremtermosdeestudosnormativos doRorschachrealizadosnoBrasilcomafaixaetriaadolescente,excetuandoseainvestigao de Japur (1982), anteriormente citada e brevemente descrita. Apesar disso, diversas investigaes cientficas foram e so desenvolvidas sobre a adolescncia, nem sempre 31. 32 focalizando instrumentos de avaliao psicolgica ou o Mtodo de Rorschach, sugerindo a relevnciaeacomplexidadedestaetapadodesenvolvimento,exigindodiferentesperspectivas metodolgicas para a busca de compreenso de seus marcadores e variveis relevantes, de modoapromoverintervenesdeserviosdesadequesejameficazeseadequadas.Nesse contexto das intervenes prticas com adolescentes, bastante comum a suposio da intervenincia de questes de gnero sobre o desenvolvimento e o equilbrio psquico da personalidade nesta faixa etria, porm pouco demonstrada empiricamente na realidade nacional. Diante do contexto exposto, o objetivo do presente trabalho foi investigar, em adolescentescomsinaisdedesenvolvimentotpico,eventualefeitodogneronosindicadores dofuncionamentoedaestruturaodepersonalidadeapartirdoMtododeRorschach.Trata se,portanto,detrabalhodenaturezaexploratriacomametadeoferecerreferenciaistcnicos atualizadosdoRorschachparasubsidiarprocessosanalticointerpretativosdesteinstrumento projetivo com adolescentes, levando em considerao a realidade sociocultural contempornea. OBJETIVO Opresentetrabalhoobjetivaexaminarpossveisdiferenasnospadresderespostade adolescentesaoMtododeRorschach(EscolaFrancesa)emfunodognero.Tratasedeum recorte de estudo mais amplo que almejou elaborar referenciais normativos deste mtodo projetivodeavaliaopsicolgicaparaafaixaetriaemquesto,sendoque,noatualtrabalho, focalizase a varivel gnero e seu eventual efeito sobre as principais variveis da Escola FrancesadoRorschach,vinculadasaofuncionamentolgicoeafetivosocialdeadolescentes. 32. 33 MTODO Participantes Foramexaminados174adolescentesde12a14anos,oriundosdeescolaspblicase particularesdoensinofundamentaldecidadedointeriordoEstadodeSoPaulo(SP),sendo89 estudantesdogrupofemininoe85domasculino,devidamenteautorizadosporseuspaisou responsveisparaapesquisa.Foramexcludosdaamostravoluntriosquerelataramhistrico detratamentopsiquitricoe/oupsicolgicoe/ouusodemedicaopsicotrpicanoltimoano devida(informaesobtidascompais/responsveisapartirdopreenchimentodequestionrio especfico da pesquisa), bem como aqueles com desempenho cognitivo inferior mdia (avaliadopormeiodetesteintelectualespecfico).Porfim,aindaforameliminadosdoestudo aquelescasoscujosprotocolosdoRorschachapresentaramquatrooumaisrecusas,sugestivos deacentuadarestrionoprocessoassociativo,poucorepresentativadoefetivopotencialdos estudantes demonstrado pelos demais critrios de seleo utilizados. Compsse, portanto, amostra quantitativamente suficiente para embasar dados substanciais, embora de convenincia e no aleatria, subsidiando a implementao de estratgias analticas que permitamoalcancedosobjetivosdelineadosnoestudo. Instrumentos Foramutilizados,nestetrabalho,trsinstrumentosdeavaliaopsicolgica,asaber: a) Questionrio Informativo sobre histrico pessoal: respondido por pais ou responsveis, focalizouinformaesrelativasaodesenvolvimentopessoaleescolardoestudante,demodoa permitir identificar voluntrios com dificuldades acadmicas ou de desenvolvimento, que seriam eliminados do estudo, tendo em vista os objetivos de composio de amostra normativa. b)TestedeIntelignciaNoVerbal(INV)formaC(Weil&Nick,1971):destinaseavaliao dodesenvolvimentointelectual.EmsuaFormaC,otestecontacom60itensemaisquatro exemplosiniciais.Consistenumcadernodeaplicao,afolhaderostocomosexemploseo crivo.Emcadaumadascincopginasdocadernodeaplicao,somamse12respostasmenos 33. 34 oserroscometidosafimdeseapurarototaldeacertos.Suaaplicao,naFormaC,abrange todasasidadesapartirdosextoanodevida.Foiaquiutilizadocomopropsitodeseconhecer opotencialcognitivodosparticipantesdotrabalho.Foraminclusos,nesteestudonormativo,os adolescentes que atingiram desempenho igual ou superior ao percentil 25 nesta tcnica de investigaointelectual,sinalizandopotencialmdioousuperiornessarea. c)PsicodiagnsticodeRorschach:OPsicodiagnsticodeRorschachumaprovadeavaliao psicolgicacompostaporumconjuntodedezpranchascommanchasdetinta,padronizadas (Rorschach, 1921), constituindose no material especfico desta investigao normativa e permitindoavaliaodecaractersticasdapersonalidade.Aaplicaoindividualeoscartes soapresentadosumaum,sendosolicitadoaorespondentequefaaassociaesedigaoque podemparecerosestmulosapresentados.Frentesrespostasobtidas,possveldesenharum quadroamplodofuncionamentopsicolgicodosindivduos,seguindoseespecficossistemas avaliativos.Almdaspranchas,esteinstrumentoutilizafolhaspararegistrodosdados,folha padronizada de localizao das respostas, folha para codificao das respostas e um cronmetrotambmsefaznecessrioparasuaaplicaopararegistraroritmodotrabalho associativoeinterpretativodorespondente.FoiaquiutilizadaaEscolaFrancesadeRoschach, conformediretrizestcnicaspresentesemAnzieu(1986)eRauschdeTraubenberg(1998)e, maisrecentemente,emAzoulay,Emmanuelli,RauschdeTraubenberg,Corroyer,Rozencwajg,& Savina(2007)eIkiz,Zabci,Dusgor,Atak,Yavuz,Purisa,&Catagy(2010). Procedimentos Oprocessodecoletadedadosfoiefetivadonocontextoescolarpelaprimeiraautorae seuscolaboradores,emaplicaoindividualemsalaapropriadanoprprioambienteescolar, aps a entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais e/ou responsveis e tambm do Questionrio Informativo devidamente preenchido. Seguiuse a seguinte ordem de atividades para a presente avaliao psicolgica: rapport, retomada dos objetivos da pesquisa, aplicao do teste INV forma C (Weil & Nick, 1971) e do Psicodiagnstico de Rorschach, seguindose o sistema da Escola Francesa (Rausch de Traubenberg,1998;Azoulayetal.,2007). 34. 35 A anlise dos resultados foi pautada em duas etapas. De incio, foi avaliado o desempenhocognitivodaamostraobtidoapartirdoINVformaC,segundoseusreferenciais tcnicos, recorrendose aos padres analticos desenvolvidos por Weil e Nick (1971). Numa segunda etapa, o processo de codificao da produo no Psicodiagnstico do Rorschach seguiuoreferencialtcnicocientficopropostopelaEscolaFrancesa,nomeadamenteAnzieu (1986)eRauschdeTraubenberg(1998),examinandosepossvelinflunciadavarivelgnero nosresultados. Cada protocolo do Rorschach foi classificado por trs avaliadores, em atividades independentes,paraposterioranlisedesuapreciso,naperspectivadaEscolaFrancesado Rorschach.Aprecisodosjuzesfoiverificadaposteriormenteporclculodondicedepreciso entre examinadores, seguindose orientao de Weiner (1991) e Fensterseifer e Werlang (2008). Aps a codificao final de cada protocolo do Rorschach, estes dados foram sistematizadospormeiodeplanilhasdoMicrosoftOfficeExcel2010,servindodebaseparao devidotratamentoestatsticodosresultados.DasvariveisdaEscolaFrancesadoRorschach analisadas,seiseramrelacionadasprodutividadeeaoritmo,asaber:Nmeroderespostas (R), nmero de respostas adicionais (RA), nmero de recusas (Rec), nmero de denegaes (Den),TempodeLatnciamdio(TLm)eTempodeReaomdio(TRm).Asdemais,variveis doRorschachaquiexaminadasforamasseguintes:G,D,Dd,Dbl,Do(modosdeapreenso);F+, F+/,F,F,K,kan,kp,kob,k,FC,CF,C,FE,EF,E,FClob,ClobF,Clob(determinantes);A,(A),Ad, (Ad),A,H,(H),Hd,(Hd),H,Anat,,Sex,Sg,Bot,Geo,Nat,Pais,Obj,Arq,Art,Simb,Abst,Elem, Frag (contedos); Ban (banalidades). Deste modo, foram analisadas 56 variveis da Escola FrancesadoMtododeRorschach. Posteriormente, estas variveis, registradas no banco de dados mencionado, foram transpostas para planilhas especficas do software computacional Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows, verso 16.0, bem como foram desenvolvidas planilhas destesdadoscompatveisaosaplicativosdaanliseestatsticaPROCNLMIXEDePROCLOGISTIC dosoftwareStatisticalAnalysisSystem(SAS),verso9.1,possibilitandoarealizaodasanlises 35. 36 descritivaseinferenciaisdosresultados,adotandosecomonveldesignificnciaovalordep 0,05. RESULTADOS Deformageral,osadolescentesapresentaramadequadonmeromdioderespostas (R=21,3),pois,segundoVaz(1997),oprotocolodoRorschachdeumadolescentenormaldeve apresentar em torno de 15 a 24 respostas. Ao examinar a quantidade mdia de respostas juntamenteaostemposdelatnciamdio(TLm=17,6segundos)etemposmdiosdereao (TRm=29,6segundos),observouseindicadoresdeboacapacidadeassociativointerpretativae agilidade nos processos de reao e de elaborao das respostas aos cartes. As respostas adicionais (RA = 0,7), recusas (Rec = 0,4) e denegaes (Den = 0,2), em valores mdios, ocorreram em frequncia pouco expressiva, favorecendo seus processos associativos e interpretativosdiantedestatcnicaprojetiva,dadoquecumpreaexpectativaporteremsido previamenteselecionadosadolescentescomsinaisdedesenvolvimentotpico. Com o intuito de efetuar a anlise comparativa dos resultados no Rorschach de adolescentesdogrupofemininoedomasculinoutilizouseomodeloderegressolinearpara asvariveisdoRorschachassociadasprodutividadeeaoritmo(nmerototalderespostas, nmeroderespostasadicionais,nmerodedenegaes,nmeroderecusas,temposmdios delatnciaedereao).ParaasdemaisvariveisexaminadasdaEscolaFrancesadoRorschach, omodelodedistribuiobinomialdosresultadosfoioescolhido,sempresecomparandodados mdios dos subgrupos de adolescentes. Os dados referentes a essa anlise estatstica em funodogneronasprincipaisvariveisdeclassificaodasrespostasdaEscolaFrancesado RorschachencontramsedescritosnaTabela1(variveisassociadasprodutividadeeaoritmo) e na Tabela 2 (demaisvariveis). As variveisque apresentaram diferenas estatisticamente significativasforamdestacadasemnegrito. 36. 37 Tabela1:Anliseestatsticainferencialdosresultadosmdiosdosadolescentesnasvariveis relacionadas produtividade e ao ritmo da Escola Francesa do Rorschach, em funo do gnero. Varivel Gnero* Mdia DP pvalor pvalorajustado R F 22,4 10,3 0,143 0,144 M 20,2 9,3 RA F 0,8 1,2 0,092 0,089 M 0,5 1,0 Rec F 0,4 0,8 0,823 0,795 M 0,4 0,8 Den F 0,2 0,7 0,298 0,313 M 0,1 0,4 TLm F 16,5 12,7 0,317 0,293 M 18,8 18,1 TRm F 28,1 16 0,320 0,310 M 31,1 22,8 R=Respostas;RA=Respostasadicionais;RecRecusasaoscartes;Den=Denegaes;TLm=Tempo deLatnciamdio;TRm=TempodeReaomdio;F=grupofeminino;M=grupomasculino. Tabela 2: Anlise estatstica inferencial dos resultados mdios dos adolescentes nas demais variveisdaEscolaFrancesadoRorschach,emfunodognero Varivel Gnero* Proporo % pvalor pvalorajustado G F M 485 /1991 469 /1715 24,4 27,4 0,038 0,036 D F M 909 /1991 785 /1715 45,7 45,8 0,943 0,978 Dd F M 574 /1991 437 /1715 28,8 25,5 0,023 0,022 Dbl F M 23 /1991 24 /1715 1,2 1,4 0,508 0,436 Do F M F+ F M 602 /1991 540 /1715 30,2 31,5 0,411 0,486 F+ F M 2 /1715 0,1 0,940 0,940 F F M 274 /1991 255 /1715 13,8 14,9 0,337 0,349 F F M 876 /1991 797 /1715 44,0 46,5 0,131 0,168 37. 38 F+% F M 602 /876 541 /797 68,72 67,88 0,712 0,729 F+ext% F M 1299 /1991 1128 /1715 65,2 65,8 0,736 0,787 K F M 132 /1991 103 /1715 6,6 6,0 0,437 0,470 kan F M 303 /1991 235 /1715 15,2 13,7 0,192 0,179 kob F M 9 /1991 22 /1715 0,5 1,3 0,008 0,009 Kp F M 51 /1991 31 /1715 2,6 1,8 0,122 0,106 k F M 363 /1991 288 /1715 18,2 16,8 0,251 0,226 FC F M 182 /1991 172 /1715 9,1 10,0 0,359 0,355 CF F M 170 /1991 154 /1715 8,5 9,0 0,636 0,571 C F M 11 /1991 9 /1715 0,6 0,5 0,909 0,862 FE F M 132 /1991 120 /1715 6,6 7,0 0,658 0,627 EF F M 119 /1991 72 /1715 6,0 4,2 0,015 0,022 E F M 3 /1991 0,2 0,955 0,942 FClob F M 2 /1991 0,0 0,945 0,919 ClobF F M Clob F M 1 /1991 0,1 0,961 0,936 A F M 750 /1991 639 /1715 37,7 37,3 0,797 0,783 (A) F M 66 /1991 58 /1715 3,3 3,4 0,910 0,968 Ad F M 227 /1991 205 /1715 11,4 12,0 0,602 0,696 (Ad) F M 22 /1991 25 /1715 1,1 1,5 0,340 0,371 A F M 1065 /1991 927 /1715 53,5 54,1 0,732 0,840 H F M 188 /1991 143 /1715 9,4 8,3 0,240 0,235 38. 39 (H) F M 78 /1991 65 /1715 3,9 3,8 0,841 0,761 Hd F M 174 /1991 131 /1715 8,7 7,6 0,224 0,202 (Hd) F M 41 /1991 20 /1715 2,1 1,2 0,036 0,040 H F M 481 /1991 359 /1715 24,2 20,9 0,019 0,016 Anat F M 62 /1991 41 /1715 3,1 2,4 0,183 0,245 Sg F M 4 /1991 4 /1715 0,2 0,2 0,833 0,788 Sex F M 4 /1991 0,2 0,949 0,936 Obj F M 148 /1991 161 /1715 7,4 9,4 0,032 0,026 Art F M 19 /1991 7 /1715 1,0 0,4 0,054 0,053 Arq F M 30 /1991 23 /1715 1,5 1,3 0,672 0,714 Simb F M 34 /1991 26 /1715 1,7 1,5 0,645 0,799 Abs F M 4 /1991 9 /1715 0,2 0,5 0,109 0,107 Bot F M 66 /1991 51 /1715 3,3 3,0 0,554 0,627 Geo F M 33 /1991 44 /1715 1,7 2,6 0,055 0,056 Nat F M 5 /1991 11 /1715 0,3 0,6 0,081 0,092 Pais F M 8 /1991 10 /1715 0,4 0,6 0,431 0,419 Elem F M 2 /1991 8 /1715 0,1 0,5 0,052 0,060 Frag F M 26 /1991 34 /1715 1,3 2,0 0,106 0,115 Ban F M 286 /1991 261 /1715 14,4 15,2 0,465 0,438 *F=feminino(n=89);M=masculino(n=85) Acomparaoestatsticadosresultadosmdiosdestas56variveisdoRorschachem funodognerodosadolescentespossibilitouaidentificaodediferenassignificativasem 39. 40 apenasoitodelas,asaber:localizaoglobal(G),pequenodetalhe(Dd),movimentodeobjeto (kob), sombreado com m qualidade formal (EF), parte de contedo humano desvitalizado [(Hd)],somatriadecontedoshumanos(H),Objetos(Obj)eArte(Art).Notase,naTabela1, aausnciadediferenasestatisticamentesignificativasentreogrupofemininoemasculinode adolescentesnosndicesdeprodutividadedaEscolaFrancesadoRorschach. Em se tratando de modos de apreenso dos estmulos, foram observadas diferenas estatisticamentesignificativasemduas(GeDd)dascincovariveisanalisadas(G,D,Dd,Dble Do).Ogrupomasculinoapresentoumaiorfrequnciaderespostasglobaisemrelaoaogrupo feminino,que,porsuavez,produziumaiorproporoderespostasdepequenodetalhe.Esses resultadossugeremindicadoresdequeosadolescentesdogneromasculinodafaixade12a 14anosseativeramaosaspectosgeraisdosestmulos,enquantoqueofemininotendeuafocar numaanliseminuciosadosfatosesituaes,alusivodeumaabordagemmaisdetalhista. ConcernenteaogrupodosdeterminantesdasrespostasaoRorschach,emcomparao comogrupofeminino,osadolescentesdogrupomasculinoproduzirammaiorfrequnciade contedosdemovimentodeobjeto,sendosugestivodevivnciapsquicamaismarcadapela impulsividadedenaturezaagressiva.Porsuavez,ogrupofemininosinalizoumaiorquantidade de respostas determinadas pelo sombreado de m qualidade formal (EF), sugerindo maior intensidadedevivnciadeangstiapoucocoordenadaracionalmente. J em relao aos contedos das respostas, o grupo feminino foi o que produziu, significativamente,maiornmeroderespostasdecontedohumano[He(Hd)]earte(Art), sinalizandomaiorinteressepelocontatohumano[He(Hd)],assimcomomaiorsensibilidadee canalizao das emoes para vias abstratas (Art). J os adolescentes do grupo masculino apresentarammaiorproduoderespostasdecontedoobjeto,sugerindomaispragmatismo nainterpretaodarealidade. Novamente h que ressaltar que estas diferenas devem ser cuidadosamente ponderadas frente proporo geral do conjunto dos dados, uma vez que, em algumas variveis(asaber:kob,EF,(Hd)eObj),asrespostasforampoucofrequentes,conferindoa estaspeculiaridadesencontradasnaproduoumcarterdepossvelaleatoriedadeepouca relevnciadopontodevistaclniconosresultados. 40. 41 Diante do que foi mostrado, considerandose o conjunto das 56 variveis da Escola Francesa do Rorschach aqui analisadas, podese apreciar que o padro de respostas dos adolescentes de ambos os grupos foi bastante semelhante, diferindo apenas em algumas particularidades produtivas, muitas das quais se mostraram como pouco expressivas. Estes dados podem auxiliar as anlises interpretativas e clnicas por parte dos profissionais que vieremafazerusodomaterialparaosadolescentesde12a14anosdeidadeemregiescom caractersticassciodemogrficaseculturaissimilaresasdopresentetrabalho. DISCUSSO A varivel gnero sabidamente tem sido reconhecida por uma multiplicidade de abordagenstericasemetodolgicasnainvestigaocientficadaPsicologia.Especificamente no tocante avaliao da personalidade por meio de mtodos projetivos, em especial o PsicodiagnsticodeRorschach,estavariveltemsidopoucoexploradademodosistemtico, sobretudoquandosefocalizaodesenvolvimentotpicodosindivduos.Dessemodo,procurou se,nopresentetrabalho,examinar,demodoespecfico,apossvelinflunciadognerosobreo padro de respostas ao Mtodo de Rorschach, enquanto estratgia de investigao da estruturaedofuncionamentodapersonalidadedeadolescentesnopacientes.Dessemodo, os atuais achados sero contrapostos a outros colhidos com metodologia semelhante e na mesma regio fonte de estudo, embora com grupos de indivduos de diferentes idades, de modoaseexplorarestaquestodemodomaisespecficonestemtodoprojetivo,comdados empricosrecentes. NaavaliaodasrespostasspranchasdoRorschachdosadolescentesde15a17anos de JardimMaran (2011), em relao ao gnero, foi encontrada apenas uma diferena estatisticamente significativa, na varivel relacionada s recusas aos cartes. Nesse recente trabalho normativo do Rorschach (Escola Francesa), os adolescentes do grupo masculino apresentaram maior nmero mdio de recusas do que o grupo feminino, ainda que a proporoderecusastenhasidomnimanoconjuntodosadolescentes.Emcomumcomos 41. 42 achados dessa pesquisadora, o presente trabalho revelou diferenas estatisticamente significativasemduasvariveisnosmodosdeapreensodosestmulosdoRorschach(GeDd), sendoqueogrupomasculinoapresentoumaiorfrequnciaderespostasglobais(G),enquanto queogrupofemininoproduziumaiornmeroderespostaspequenodetalhe(Dd). Poroutrolado,emrelaoaosdeterminantesdasrespostasaoRorschach,enquantoos dadosdeJardimMaran(2011)revelamqueogrupomasculinoapresentoumaiorfrequnciade aspectosformaisemsuainterpretaodoscartes(F),assimcomomaiorproporodeF+, nossos dados apontam para maior frequncia de contedos de movimento de objeto neste grupo. Apesar destas peculiaridades, podese afirmar que, em sntese, a pesquisadora demonstrouque,comopassardosanosdaadolescncia,comparativamenteaosatuaisdados, opossvelefeitodognerosemostrouirrelevantenoconjuntodasrespostasaoMtodode Rorschach. Dessemodo,confirmaseatendnciaatualdepoucasevidnciasde significativo impactodogneronaconstituiodepadresespecficosderespostaaestemtodoprojetivo deavaliaodapersonalidadecomindivduosadolescentes. Naperspectivadecontraporestasevidnciasdosadolescentesde12a14anosdeste trabalho com outros correlatos, embora envolvendo crianas, foram comparados os atuais achados aqueles encontrados por Fernandes (2010), com crianas de 6 a 8 anos, e por Raspantini(2010),comcrianasde9a11anos.Nestasduasinvestigaesdecartertambm normativodoRorschach(EscolaFrancesa),aspesquisadorasencontraramqueascrianasdo gnerofemininotiveramtempodelatnciamaiorqueogrupomasculino,isto,oTLmdelas foimaior,podendosugerirqueelaselaborammelhorasrespostasenquantoqueosmeninosse mostram mais espontneos. No atual estudo,no foi encontrada diferena estatisticamente significativaemrelaoaotempoderesposta,pormpossvelperceberqueasadolescentes (grupo feminino) j so mais rpidas para responder (TLm = 16,5 segundos) que o grupo masculino(TLm=18,8segundos). OmododeapreensoapresentadopelosmeninosanalisadosporFernandes(2010)foi semelhante ao dos adolescentes do grupo masculino do presente estudo, j que para esse grupohouvemaiorfrequnciaderespostasglobais.Emrelaoaoscontedosdasrespostasao Rorschach, foram encontradas semelhanas nos grupos femininos dos dados de Fernandes 42. 43 (2010)eRaspantini(2010)comosdadosdopresentetrabalho,aoidentificarqueasmeninase asadolescentesmanifestaramocontedohumano[H]commaiorfrequncia. De acordo com os objetivos propostos para a presente investigao, possvel considerarqueoexamedepossveisdiferenasnospadresderespostadeadolescentesao Mtodo de Rorschach (Escola Francesa) em funo do gnero foram atingidos. Os atuais achadospodemauxiliarasanlisesclnicaseinterpretativasdosprofissionaisdareaqueacaso venhamutilizaroPsicodiagnsticodeRorschachemadolescentesde12a14anosdeidadeem regies com aspectos sciodemogrficos e culturais similares aos do presente estudo. No obstante, fazse imperativo salientar que os referenciais normativos do Rorschach aqui expostos devem ser avaliados com todo o cuidado devido, visando, sempre, interpretaes adequadaseconsistentes,orientadasparaoconjuntodaproduoenoapenasemvariveis isoladas. Desse modo, confirmase a tendncia atual de poucas evidncias de significativo impacto do gnero na constituio de padres de resposta a este mtodo projetivo de avaliao da personalidade com indivduos adolescentes. Apesar desta tendncia geral, tambm se conseguiu demonstrar, dentro grupo especfico de adolescentes com sinais de desenvolvimentotpico,quequestesdegneropermeiamalgunsmodosdereaoperanteo MtododeRorschach,merecendoadevidaatenodoavaliadoredopsiclogoclnico,por refletiremsuaformadeencararomundoqueoscerca,bemcomoaconstituiodaprpria personalidade. No se justifica, no entanto, a elaborao de tabelas normativas da Escola FrancesadoRorschachnopresentemomento,pelasevidnciasencontradascomadolescentes. REFERNCIAS Adrados,I.(1976).Rorschachnaadolescncianormalepatolgica.RiodeJaneiro:Vozes. Adrados,I.(1985).ATcnicadoRorschachemcrianas:perfilpsicolgicodacrianadossete aosquatorzeanos.Petrpolis:Vozes. 43. 44 Aguirre,A.M.B.(1995).Aspectospsicodinmicosdeadolescentesgrvidas:entrevistasclnicas e Rorschach no contexto hospitalar. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, UniversidadedeSoPaulo,SoPaulo,Brasil. Anastasi,A.&Urbina,S.(2000).Testagempsicolgica.(7ed.)(M.A.V.Veronese,Trad.).Porto Alegre:Artmed. Andronikof,A.,Chudzik,L.&Gillaizeau,I.(2008).CaractristiquesdesRorschachdadolescents. In International Congress of Rorschach and Projective Methods, 19 (p. 176). Leuven, Belgium:IRS. Campagna, V. N. (2003). Aspectos da organizao da identidade feminina no incio da adolescncia.DissertaodeMestrado,InstitutodePsicologia,UniversidadedeSoPaulo, SoPaulo,Brasil. Fensterseifer,L.&Werlang,B.S.G.(2008).Apontamentossobreostatuscientficodastcnicas projetivas. In VillemorAmaral, A. E. & Werlang, B. G. 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Em cada instrumento utilizado podese encontrar atributos positivos, mas tambmlimitaestcnicas,cabendoaopsiclogoanalislosparadecidirporsuaincluso(ou no)emumprocessoavaliativoeemsuaprticaprofissional(Fensterseifer&Werlang,2008). Entretanto, para que estas tcnicas se constituam como instrumentos vlidos, capazes de oferecer informaes relevantes e adequadas sobre os indivduos, devem, de fato, ser constitudos com adequada base psicomtrica e cientfica, representando de forma clara os construtosemanlise. Emacordocomumatendnciamundialdeaprimoramentodastcnicasdeavaliao psicolgica, podemse observar, no contexto brasileiro, esforos de diversos pesquisadores nestadireo,buscandoqualidadeeadequadousodosinstrumentospsicolgicosdisponveis (Noronha,PrimieAlchieri,2005).Essalinhadeinvestigaescientficasenfatizaanecessidade derevisometodolgicadosinstrumentospsicolgicosemusonoBrasil,comoapontam,entre outros,Oliveira,Noronha,DantaseSantarem(2005)eNoronhaeVendramini(2003). Acompanhando este cenrio, o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003) publicou umaresoluo(Resoluo002/2003)queregulamentaouso,aelaboraoeacomercializao 47. 48 detestespsicolgicosnoBrasil,tendoemvistaapreocupaotantocomasquestesticas envolvidasnosprocessosdeavaliaopsicolgica,assimcomocomaqualidademetodolgica dos instrumentos utilizados. Essa resoluo aponta para a necessidade de serem tomadas medidas que objetivam garantir intervenes profissionais de adequada qualidade tcnica e tica populao brasileira usuria dos servios de avaliao psicolgica, estimulando pesquisas cientficas na rea. Alm disso, destaca a importncia de se construir um sistema contnuo de avaliao dos instrumentos psicolgicos, adequado dinmica da comunidade cientfica e profissional. A busca do aprimoramento tcnicoterico dos processos psicodiagnsticosreafirmasecomoevidenteebsicanecessidade. Para que um instrumento avaliativo possa ser considerado cientfico de essencial importnciaqueapresenteadequadosndicespsicomtricos,emespecialvalidadeepreciso.A fidedignidade dos mtodos projetivos, segundo Fensterseifer e Werlang (2008), pode ser alcanada, por exemplo, pela concordncia entre juzes independentes ao corrigirem e interpretarem,scegas,osmesmosprotocolos. Adicionalmente, a elaborao e a atualizao de referenciais normativos tornamse igualmente indispensveis. Japur (1982) assinala a necessidade de se apontar o grupo de refernciadoavaliandoaosedescreveraestruturadesuapersonalidade,aomesmotempoem quesedestacamascaractersticasqueoconvertememumindivduoespecfico.Seguindoesse pensamento,Cunha(2000)eAnastasieUrbina(2000)apontamparaaimportnciavitaldos estudosnormativosparaoprocessodeavaliaopsicolgica. Nombitodadiversidadedeinstrumentosdeavaliaodisponveisaospsiclogos,os mtodos projetivos tem sido alvo de debate importante, recuperando, por evidncias empricas, seu status cientfico, como apontam Fensterseifer e Werlang (2008). Permitem o acessoaindicadoresdapersonalidade,bemcomodeseusdinamismos,emespecialsituaes de interao interpessoal, agregando contribuies importantes para a compreenso dos indivduos. Os instrumentos projetivos de avaliao psicolgica so caracterizados pelo aspecto dbio de seus estmulos, apresentados de forma a no revelar seu verdadeiro intento, desfavorecendoumcontroleconscienteeobjetivodaatividadeproposta(Cunha,2000).Isso 48. 49 propicia liberdade de interpretao, valorizando aquilo que surge espontaneamente conscinciadoavaliando,quepode,dessaforma,imprimirsuasubjetividadeperanteatarefa propostaapartirdedeterminadosestmulos.OMtododeRorschachumdosinstrumentos de avaliao psicolgica que atende a estes requisitos, tendo sido publicado em 1921, pelo psiquiatra suo Hermann Rorschach (Nascimento, 2010). No obstante o reconhecimento internacionalemdiversasreasdeaplicao,esteinstrumentoacumulaevidnciasdevalidade emvrioscontextossocioculturais,oquerefora,demaneiraindiscutvel,suapossibilidadede contribuio cientfica para a compreenso da estrutura e do funcionamento psquico dos indivduos(Nascimento,2002;Pasian,2000). OmtododeinvestigaodapersonalidadedeRorschachpodeseraplicadoapessoas procedentes de qualquer raa ou cultura, embora haja diferenas no simplesmente em aspectos individuais, mas tambm em fatores sociais e culturais (Nascimento, 2010). Para Weiner(2000),umnicoconjuntodenormasrepresentativasnogarantequeumtestepossa serinterpretadodamesmamaneira,adespeitodaidade,sexoeformaoculturaldosujeito (p. 48), pois a generalizao exacerbada pode mascarar as diferenas existentes entre os grupos.Porestemotivo,diversosestudosforamrealizadosduranteosculoXXparaseabordar as questes relativas s divergncias e similaridades entre os diferentes grupos culturais (Nascimento,2010). Naperspectivaderastrearinvestigaescientficasvoltadaselaboraodepadres normativosdomtododeRorschachdesenvolvidasnosltimoscincoanos(perodode2006a 2011), caracterizando, sobretudo, a faixa etria estudada, buscouse inicialmente realizar levantamento bibliogrfico em bases de dados cientficas internacionais, como Medline e PsycInfo.Pormeiodestasestratgias,identificaramsepesquisasnormativascomoRorschach queenvolveramindivduosdediferentescaractersticasecontextossocioculturais,bemcomo de diversas faixas etrias, o que sinaliza relevante interesse internacional em investigaes sobreospadresderespostaaoRorschach.Istorealaaimportnciadestetipodeinvestigao cientfica para fundamentar uma adequada prtica clnica. Contudo, dentre estes trabalhos identificados,poucosabarcamafasedaadolescncia(Lis,Salcuni,&Parolin,2007;Matsumoto 49. 50 etal.,2007;VanPattenetal.,2007),commaiorfrequnciadepesquisascomadultosecom crianas. Ainda com o intuito de mapear o desenvolvimento de estudos normativos contemporneos do Psicodiagnstico de Rorschach, foi realizado um levantamento bibliogrficonoslivrosdeResumosedeanaisdosltimoscongressosnacionaiseinternacionais de Avaliao Psicolgica realizados a partir de 2006, bem como em bases de dados que englobamproduesnacionais.EssemapeamentodosestudosnormativosdoRorschach,em desenvolvimentonosltimoscincoanos,permitereconheceroempenhodevrioscentrosde investigao cientfica na busca de qualificao do uso desta tcnica projetiva no Brasil, acompanhandoasexignciaseasorientaesdoConselhoFederaldePsicologia.Dessaforma, dentreoscongressosinternacionaispesquisados,destacamseoXIXCongressoInternacionalde Rorschach e Mtodos Projetivos, evento cientfico realizado pela International Society of Rorschach(ISR)emJulhode2008naBlgica,eoVIIICongressoIberoamericanodeAvaliao Psicolgica, ocorrido em 2011em Portugal. J no panorama nacional, foram consultados os seguintes eventos: IV Congresso Nacional da Associao Brasileira de Rorschach e Mtodos Projetivos (2006), III Congresso Brasileiro de Avaliao Psicolgica e XII Conferncia InternacionaldeAvaliaoPsicolgica:FormaseContextos(2007),VEncontrodaAssociao Brasileira de Rorschach e Mtodos Projetivos (2008), IV Congresso Brasileiro de Avaliao Psicolgica, XIV Conferncia Internacional de Avaliao Psicolgica: Formas e Contextos e V Congresso Brasileiro de Rorschach e Mtodos Projetivos (2009); XIV Congresso Latino AmericanodeRorschacheTcnicasProjetivas(2009),e,tambm,oVCongressoBrasileirode AvaliaoPsicolgica(2011).Emmeioaostrabalhosencontrados,aTabela1mostraaqueles quefocaramafaixaetriacorrespondenteadolescncia. Tabela 1: Estudos normativos do Rorschach com adolescentes apresentados nos eventos cientficosnareadeAvaliaoPsicolgicarealizadosnosltimoscincoanos(2006a2011) Autores Ano Pais Participantes Idade Sistema Nascimentoetal. 2009 Brasil 108 Adolescentes Compreensivo 50. 51 Andronikofetal. 2008 Frana 121 14a17 Compreensivo Matsumotoetal. 2008 Japo 352 8a14 Compreensivo Nascimentoetal. 2008 Brasil 30 14a17 Compreensivo Resendeetal. 2006 Brasil 336 3a14 Compreensivo Foipossvelverificarque,combasenolevantamentorealizado,emtermosdepesquisas de parmetros normativos para o Psicodiagnstico de Rorschach no Brasil, as vivncias do perodo da adolescncia exigem ateno especial, pois, at o momento, mostrase pouco sistematizada.Almdisso,osltimostrabalhosrealizadoscomadolescentes,comopodeser percebido,seguiramoSistemaCompreensivodoRorschach,deixandomargemparaestudode outrasperspectivastambmutilizadasnaprticanacional,comoaEscolaFrancesa. Nestecontexto,umapropostadeelaboraodereferenciaisnormativosdoRorschach paraadolescentesnocontextobrasileirosejustificapelapossibilidadedecontemplao,mais especficaeatualizadasocioculturalmente,dodesenvolvimentoafetivoemocionaldareferida faixa etria, sobretudoconsiderandose diferentes realidadesvivenciadas pelos indivduos. nestepanoramaqueseinsereopresentetrabalhoque,emboracomobjetivosmaisamplos, nestemomentorecortaaquestodoestudodopossvelefeitodaprocednciaescolarsobre padres de resposta de adolescentes de 12 a 14 anos de idade no Mtodo de Rorschach, segundoperspectivatericametodolgicadaEscolaFrancesa. OBJETIVOS O atual estudo objetiva examinar eventual influncia da origem escolar (pblica ou particular)sobreaproduonoMtododeRorschach(EscolaFrancesa)deadolescentesde12 a 14 anos. Pretendese, desse modo, apresentar evidncias empricas relativas ao possvel efeito de variveis socioculturais (aqui representadas pela procedncia acadmica) em 51. 52 estudantes com desenvolvimento tpico, a partir das principais variveis deste mtodo projetivodeavaliaopsicolgica. MTODO A amostra foi composta por 174 estudantes, de 12 a 14 anos de idade, distribudos equitativamente em funo da idade, do gnero e da origem escolar (escolas pblicas e particulares), voluntrios de uma cidade do interior do Estado de So Paulo. Esta amostra correspondeaaproximadamente0,7%dapopulaodeestudantesdeensinofundamentalda faixa etria em questo na cidade estudada, o que sugere um bom ndice de representatividade. OprojetodepesquisafoiexaminadoeaprovadopeloComitdeticaemPesquisada FaculdadedeFilosofia,CinciaseLetrasdeRibeiroPretodaUniversidadedeSoPaulo.Todos osparticipantesforamvoluntriosedevidamenteautorizadosporseuspaisouresponsveis, medianteaformalizaodeconsentimentolivreeesclarecido. Os participantes foram selecionados de maneira a apresentarem indicadores de desenvolvimentotpicoparasuafaixaetria.Foram,ento,excludosaquelescomtratamento psiquitricoe/oupsicolgicoe/ouusodemedicaopsicotrpicanoltimoanodevida,bem como os estudantes com eventual atraso acadmico. Essas informaes foram coletadas a partir de seu histrico pessoal, informado por seus pais ou responsveis em questionrio especfico.Aindanaseleodaamostra,levouseemcontaonveldeinteligncia,conformeos resultadosobtidosnoTestedeIntelignciaINVFormaC(Weil&Nick,1971),incluindoapenas aquelescomresultadomdioousuperior,ouseja,semdificuldadescognitivas.Podese,desta forma,considerarqueosparticipantesdesseestudo,almdevoluntriosedisponveisparaa atividade,possuamindicadoresbsicosdedesenvolvimentotpicoparasuaidade,oferecendo suporteparaumestudonormativodoMtododoRorschach,comoaquiproposto. A opo escolhida como referencial tcnicocientfico foi o sistema de Ombredane e CanivetdoRorschach,conhecidocomoaEscolaFrancesa,conformeproposioapresentada porRauschdeTraubenberg(1998)eAnzieu(1986)e,maisrecentemente,Azoulay,Emmanuelli, Rausch de Traubenberg, Corroyer, Rozencwajg e Savina (2007). Seguindo referidos padres 52. 53 tericotcnicos, o Rorschach foi aplicado no total dos adolescentes avaliados, bem como codificadoeinterpretadopara,assim,comporobancodedadosnoqualsebaseiaopresente estudo. O processo de coleta de dados foi efetivado no contexto escolar pela prpria pesquisadora (primeira autora) ou seus colaboradores, em aplicao individual, em local apropriado para a realizao da avaliao psicolgica. Cada protocolo do Rorschach foi classificadoportrsavaliadores,ematividadesindependentes,paraposterioranlisedesua preciso, na perspectiva da Escola Francesa do Rorschach. Esses juzes eram psiclogos que possuamexperinciaprviacomoPsicodiagnsticodeRorschachpropriamentedito,masque, ainda sim, receberam orientao especfica para a realizao das codificaes do material coletado,eestavamcegosparaaidentidadedosadolescentes. Foi calculado o ndice de preciso entre os juzes independentes para as categorias avaliativas:localizao,determinantes,contedosebanalidades.Recorreusesorientaesde Weiner(1991)eFernterseifereWerlang(2008)paraoclculodondicedeconcordnciaentre examinadores. Para esta anlise, foram selecionados, aleatoriamente, 35 protocolos (aproximadamente20%dototaldaamostraatual).Apartirdasanlisesrealizadas,osvalores de acordo entre examinadores (independentes e s cegas) obtidos nas quatro principais categorias de respostas da Escola Francesa do Rorschach foram: (a) Localizaes = 97%; (b) Determinantes=90%;(c)Contedos=95%;(d)Banalidades=90%.Segundoarecomendao deWeiner(1991),ondicefinaldeconcordnciadevetervalorsuperiora80%,logo,osvalores aqui encontrados podem ser considerados como satisfatrias demonstraes empricas de preciso da Escola Francesa do Mtodo de Rorschach, oferecendo confiana adicional aos prpriosdados. OsresultadosforamsistematizadosemplanilhasdoMicrosoftOfficeExcel2010apartir daclassificaofinaldecadacaso(apartirdoconsensoentreexaminadores),organizandose, inicialmente,as56variveisdaEscolaFrancesadoRorschachemtermosdescritivos(mdia, desviopadro,mediana,valoresmnimo,mximo).Posteriormente,foramrealizadasanlises estatsticas inferenciais, utilizandose do mtodo de regresso linear para as variveis relacionadasprodutividadeeaoritmo[Resposta(R),RespostaAdicional(RA),Recusa(Rec), 53. 54 Denegao (Den), Tempo de Latncia mdio (TLm) e Tempo de Reao mdio (TRm)] e da anlisededistribuiobinomialparaasdemaisvariveisanalisadas[G,D,Dd,Dbl,Do(modos de apreenso); F+, F+/, F, F, K, kan, kp, kob, k, FC, CF, C, FE, EF, E, FClob, ClobF, Clob (determinantes);A,(A),Ad,(Ad),A,H,(H),Hd,(Hd),H,Anat,,Sex,Sg,Bot,Geo,Nat,Pais,Obj, Arq, Art, Simb, Abst, Elem, Frag (contedos); Ban (banalidades)], a fim de verificar possvel influnciadaorigemescolarsobreestemtodoprojetivodeavaliaopsicolgica.Paraestas anlisesinferenciaisutilizouseonveldesignificnciap=0,05. Osrecursoscomputacionaispararegistroeparaanlisededadosutilizadosforamas planilhas do Microsoft Excel 2010, o editor de texto do Microsoft Word 2010, o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows, verso 16.0, os programas estatsticoscomputacionaisPROCNLMIXEDePROCLOGISTICdosoftwareStatisticalAnalysis System(SAS),verso9.1,eAdobeFireworksCS4. RESULTADOSEDISCUSSO DiantedasevidnciasdaliteraturacientficasobreoMtododeRorschachrelativas possibilidadedeinflunciadaculturanaestruturaoenodesenvolvimentodapersonalidade dos indivduos, procurouse focalizar uma investigao deste tipo de varivel no presente estudo. Dentro da faixa etria aqui focalizada, considerouse que uma representao vivel destecontextosocioculturalseriamasexperinciasacadmicasefetivadaspelosadolescentes, tendoemvistaaheterogeneidadedeestmulossocioculturaisnocontextodasescolaspblicas eparticularesnoBrasil.Dessemodo,foramrealizadosprocedimentosparaexamedeeventual efeitodaprocednciaescolarsobreasvariveisdoRorschach,comodelineadonosobjetivos. Este tipo de enfoque mostrouse til e adequado tambm nas anlises realizadas por Raspantini(2010),Fernandes(2010)eJardimMaran(2011). Foramestatisticamentecomparadososresultadosmdiosnas56variveisdoRorschach dosadolescentesoriundosdaredeparticular(n=86)epblicadeensino(n=88).Osdadosdessa anliseestatsticainferencialencontramsesistematizadosnaTabela2,focalizandoasvariveis 54. 55 relacionadas produtividade e ao ritmo de trabalho no Rorschach. As diferenas estatisticamentesignificativasforamgrafadasemnegrito. Tabela 2: Comparao estatstica dos resultados mdios dos adolescentes nas variveis de produtividadeeritmonoRorschach,emfunodaorigemescolar. VarivelRorschach Origem Escolar* Mdia DP pvalor pvalorajustado R Part 23,6 10,0 0,002 0,002 Publ 19,0 9,3 RA Part 0,6 1,1 0,345 0,324 Publ 0,8 1,1 Rec Part 0,3 0,6 0,004 0,004 Publ 0,6 0,9 Den Part 0,2 0,7 0,244 0,254 Publ 0,1 0,4 TLm Part 17,8 14,1 0,849 0,818 Publ 17,4 17,1 TRm Part 28,9 18,7 0,673 0,697 Publ 30,2 20,6 *Part=escolaparticular(n=8);Publ=escolapblica(n=88) Dentre as seis variveis relacionadas produtividade e ao ritmo de produo no Rorschach,osresultadosmdiosapontaramparadiferenasestatisticamentesignificativasem duas delas em funo da origem escolar dos adolescentes: nmero de respostas (R) e quantidadederecusas(Rec).Emboraaquantidadederecusastenhavalorpoucoexpressivona produo total dos protocolos, o nmero de respostas um dado bastante significativo, requerendoatenoespecialaesteachado.JardimMaran(2011),analisandoadolescentesde 55. 56 15a17anos,tambmconstatoudiferenasignificativanonmeroderespostas,pormafavor dos estudantes do ensino pblico, isto , estes obtiveram maior nmero de respostas, comparadosaosalunosdeescolaparticular. Outravertenteinteressanteaserdesenvolvidaaquiacomparaodosatuaisachados dos adolescentes frente produo de crianas no Rorschach. Em estudos realizados com metodologiaelocalsimilaraopresentetrabalho,Raspantini(2010)analisoucrianasde9a11 anos,noencontrandodiferenassignificativasnasvariveisrelacionadasprodutividadeeao ritmodeproduonoRorschachentreosalunosdeescolapblicaeparticular.Jcomcrianas maisnovas,de6a8anos,Fernandes(2010)identificouumadiferenasignificativanonmero derespostasdosestudantesdediferentesorigensescolares.Assimcomoosadolescentesdo atual estudo, as crianas do estudo de Fernandes (2010) provenientes do ensino particular emitiram mais respostas que os de ensino pblico. Alm disso, Fernandes (2010) tambm identificouumadiferenasignificativanoTempodeRespostamdio(TRm),demodoqueas crianasadvindasdaescolaparticularforammaisrpidasemseusprocessosinterpretativos queasdemais. Cabe,agora,examinaroconjuntodasdemaisvariveisdaEscolaFrancesadoRorschach nosadolescentesde12a14anosdeidade.EstesdadosestosistematizadosnaTabela3. Tabela3:Comparaoestatsticadosresultadosmdiosdosadolescentesnasdemaisvariveis noRorschach,emfunodaorigemescolar. Varivel Origemescolar Proporo % pvalor pvalorajustado G Part Publ 519/2031 435/1675 25,6 26,0 0,773 0,772 D Part Publ 921/2031 773/1675 45,4 46,2 0,626 0,574 Dd Part Publ 562/2031 449/1675 27,7 26,8 0,557 0,506 Dbl Part Publ 29/2031 18/1675 1,4 1,1 0,341 0,313 56. 57 Do Part Publ F+ Part Publ 672/2031 470/1675 33,1 28,1 0,001 0,001 F+ Part Publ 2/2031 0,1 0,946 0,943 F Part Publ 288/2031 241/1675 14,2 14,4 0,857 0,860 F Part Publ 962/2031 711/1675 47,4 42,5 0,003 0,003 F+% Part Publ 673/962 470/711 70,0 66,1 0,094 0,091 F+ext% Part Publ 1354/2031 1073/1675 66,7 64,1 0,097 0,094 K Part Publ 123/2031 112/1675 6,1 6,7 0,433 0,513 kan Part Publ 256/2031 282/1675 12,6 16,8 .S.d Farthing, S. (Ed.) (2009). 501 Grandes Artistas. Trad. Marcelo Mendes e Paulo Polzonoff.RiodeJaneiro:Sextante. 442. 443 LERORSCHACHENCLINIQUEDEL'ENFANTETDEL'ADOLESCENT:UNEAPPROCHE PSYCHANALYTIQUE PascalRoman UniversitdeLausanne(Suisse) ConfrenceBrasilia,2aot2012 OnditsouventquelpreuvedeRorschachnecontientpasenellemmeune thorie.Epreuvedimagination(H.Rorschach,1921)poursonauteurH.Rorschach, elleseproposecommeunespacedexprienceauseinduquellacrativitdusujetest appele, partir dune consigne dont la fonction est de proposer un cadre cette exprience:questcequecelapourraittre?demandaitH.Rorschachauxsujets quiilprsentaitsesplanches. MaissilpreuvedeRorschach,danssadimensiondexprience,necontient pasdethorie(maisquelleexpriencecontientelleunethorie:faireduvlo,lireun livre, aller la rencontre dune uvre dart...?), lexploration des processus qui se trouventluvredanscetteexpriencerequiert,quantelle,lappuisuruncorpus thorique. H. Rorschach sappuie ce titre sur les travaux de E. Bleuler et sur les travaux de S. Freud. Sans revenir en dtail sur ces travaux, jaimerais simplement rappeler ici que H. Rorschach insiste sur la place de la perceptionpour dfinir le processusdeproductiondelarponsefaceauxplanches:lesinterprtationsdes imagefortuitessesituentpluttsouslarubriquedelaperceptionetdelide.Puisil reprendunedfinitiondynamiquedelaperceptionensappuyantsurlespropositions deE.Bleulerpourquidanslaperceptioninterviennentdonclestroisprocessusdela sensation, du souvenir et de lassociation... se trouve ainsi dfinie une forme de thorisation de lpreuve, que lon peut comprendre dans le champ plus vaste du travaildelasymbolisation. LapprochepsychanalytiqueduRorschachpermetdemaintenirentensionles deuxncessitsengagesdanslapassationdelpreuvedeRorschachdunepartet 443. 444 sontraitementdautrepart:dunepartlancessitdesituerlesressortsprocessuels delarencontreaveclpreuve,enappuisurlexplicitationdesenjeuxsousjacentsla production des rponses, et dautre part la ncessit de se rfrer un cadre conceptuel pour apprhender le fonctionnement psychique de lenfant ou de ladolescentetsesventuellesinflexionspsychopathologiques.Cestlunitoffertepar lemodlethoriquederfrencedelapsychanalyse,centrsurunepriseencompte de la dynamique de la vie psychique, quifonde la lgitimitpistmologiquedune approchepsychanalytiqueduRorschach(etdespreuvesprojectivesdemanireplus gnrale). En effet, en arrireplan de la dmarche dvaluation soustendue par la pratique du Rorschach, se niche une autre dmarche, au service des processus de subjectivationdelenfantoudeladolescent. Afindedveloppercepropos,maconfrencesedclineraendeuxvolets: dans un premier temps, je me propose de revenir sur certains aspects thoriques au fondement de la pratique du Rorschach tout particulirement en clinique infantile, autour de lide selon laquelle lpreuve projective de Rorschach constitueraitundispositifsymboliser(P.Roman,1997) dans un deuxime temps, je prciserai quelques implications de cette proposition sur la pratique de lpreuve de Rorschach en clinique de lenfant et de ladolescent. 1 Propositions thoriques: lpreuve de Rorschach comme dispositif symboliser J'ai eu l'occasion de proposer (P. Roman, 1997), que la rencontre avec l'preuve de Rorschach mobilise l'activit de symbolisation du sujet mais, audel, mobilisel'histoiredudploiementdesesprocessusdesymbolisation.Encliniquede lenfant et de ladolescent, cette approche est dautant plus pertinente quelle se proposedallerlarencontredesprocessusinstatunascendidusujet. L est le point pivot de ma proposition mthodologique, partir dune conceptiondelafonctiondebutedudispositif.Cetteconception,largementpartage auregarddunepratiquecliniquerfreaumodledelacureanalytiqueconsiste 444. 445 penserqueledispositifvientseproposerdanssarsistanceauxmanifestationsdela psych,rsistancequel'onvapouvoiraborderpartirdetroisaxesprincipaux,celui delarptition,celuidel'affectetceluidelangativit.End'autrestermes,ils'agira d'interroger,autraversdesproductionsdel'enfantoudel'adolescentfacel'preuve de Rorschach de quelle manire vont se rejouer, dans l'espace singulier de la passation, des expriences qui ont voir avec l'histoire des processus et des investissementsdelenfantoudeladolescent,enfonctiondelatonalitaffectivequi connotecesexpriencesetdelamaniredontellesvonttremobilisesparletravail dungatif(refoulement,dni). Lenjeu,danslapratiquecliniqueauprsdenfantsoudadolescentsconsiste penserlpreuveprojectivecommeunjeu:onjoueaveclesimagesduTATouduCAT, onjoueaveclematrielconcretduScnotestoudelaMPPE...onjoueaveclestaches de lpreuve de Rorschach. Jouer, mais aussi halluciner et rpter... ces trois mouvementscontribuentlamiselpreuveetlaconstructiondelobjet. LesplanchesdeRorschach:joueraveclestaches AvecWinnicott,jouer,cestsymboliser,jouercestorganiserlemonde,jouer cesttrouvercrerlarali