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Simp.TCC/ Sem.IC.2017(12);2214-2219 2214 MEDICINA VETERINÁRIA MANEJO ANIMAL NA BOVINOCULTURA LEITEIRA BRASILEIRA ANIMAL MANAGEMENT IN BRAZILIAN MILK BOVINOCULTURE JESSICA CRISTINNA RIBEIRO MORAES CRISTIANE REGINA DE OLIVEIRA RÉDUA Resumo O manejo animal na Bovinocultura leiteira está diretamente relacionado a gestão adequada para cada tipo de espécie. Uma administração adequada leva a diminuição do estresse e, por conseguinte a uma boa produtividade, trazendo assim retorno econômico ao produtor, e qualidade de vida ao animal. O gado leiteiro é de extrema importância na economia brasileira, tanto para grandes produtores, quanto para pequenos, sendo a renda para muitas famílias de pequenos agricultores. O bem-estar do gado leiteiro é uma área negligenciada por grandes e pequenos produtores sobre os efeitos do ambiente e suas interações, bem como sua interferência na produção. Vários fatores podem afetar diretamente a produção e devem ser observados a fim de manter o conforto e bem-estar animal como: sombreamento, cuidados pré e pós-parto, rotina na ordenha, desmamem, qualidade da forragem, entre outros. Momentos de estresse levam a alterações fisiológicas como taquicardia e dispnéia, fazendo com que o metabolismo assim se altere, levando a diminuição da conversão alimentar e, portanto à diminuição da produção leiteira. Todas as ações possíveis para se manter a homeostase do animal ajudam a melhorar a produção. Em vista disso, buscamos abordar alguns fatores importantes que podem ser usados melhorar o bem-estar animal de gado leiteiro e sua aplicabilidade na rotina. Para o produtor que quer aumentar seu desempenho, é importante que ele conheça os hábitos e preste atenção ao comportamento de sua criação, tentando saber se a gestão do gado cumpre as condições de conforto e bem-estar, independentemente do sistema de gestão adotado (confinamento ou pasto). Através dessas práticas, o produtor pode diminuir o estresse dos animais, e assim não comprometer a produção e reprodução das vacas leiteiras. Palavras-Chave: manejo animal; gado leiteiro; produção; bovinocultura leiteira. Abstract Animal husbandry in the Dairy Cattle is directly related to the adequate management for each type of species. Good management leads to reduced stress, and consequently to good productivity, that bringing economic return to the producer, and quality of life to the animal. Dairy cattle are of extreme importance in the Brazilian economy, both for large producers and small ones, with income for many families of small farmers. The welfare of dairy cattle is an area neglected by large and small producers on the effects of the environment and its interactions, as well as their interference in production. Several factors can directly affect production and should be observed in order to maintain comfort and animal welfare such as: shading, before and postpartum care, milking routine, weaning, fodder quality, among others. Moments of stress lead to physiological changes such as tachycardia and dyspnoea, causing the metabolism thus to change, leading to a reduction in feed conversion, and consequently to a decrease in milk production. All possible actions to maintain animal homeostasis help to improve production. In view of this, we seek to address some important factors that can be used to improve the animal welfare of dairy cattle and their applicability in the routine. For the producer who wants to increase his performance, it is important that he knows the habits and pay attention to the behavior of his creation, trying to know if the cattle management meets the conditions of comfort and well-being, independently of the management system adopted (confinement or grass). Through these practices, the producer can reduce the stress of the animals, and also don´t compromise the production and reproduction of dairy cows. Keywords: animal husbandry; dairy cattle; dairy cattle; production. INTRODUÇÃO O bem-estar animal é uma ciência que está sendo abordada mundialmente sob diferentes ângulos, em grande parte das atividades humanas envolvendo animais. No caso dos animais de produção, a preocupação de produzir respeitando eticamente o bem-estar dos animais levou à construção de regulamentos e leis que regem a produção animal em vários países (MARTINS et al., 2011). O bem-estar animal é definido por Broom (1986) como o estado do animal contra as suas tentativas de se adaptar ao meio ambiente em que ele se encontra. Portanto, quanto maior o desafio imposto pelo meio ambiente, mais dificuldade o animal terá na adaptação e consequentemente, menor seu nível de bem-estar e menor sua produção. Durante muitos anos, a busca da máxima eficiência na produção animal foi focada em atender às necessidades de gestão, sanidade, genética e nutrição. Mas atualmente, as melhorias conseguidas nessas áreas têm sido limitadas por fatores ambientais, espaço aos quais os animais são submetidos. Vários fatores ambientais externos têm efeitos diretos e indiretos na produção animal em todas as etapas da produção, e se não geridos adequadamente, podem levar a uma redução na produtividade leiteira, e consequentemente a perdas econômicas (ALMEIDA et al., 2012). O conhecimento de respostas fisiológicas, avaliando o stress do animal, ou adaptações de animais relacionados ao ambiente, nos permite tomar certas medidas na administração da bovinocultura leiteira como na nutrição, nas instalações e nos equipamentos, visando a maximização da atividade. Ao analisar as características do meio ambiente em função da zona de conforto da espécie, associada a características fisiológicas que regulam a temperatura interna do animal, conseguimos determinar parâmetros de bem-estar animal, aumentando assim sua conversão, e melhor aproveitamento da produtividade (BOND et al.; 2012). Vários fatores podem influenciar o bem- estar animal, e serão discutidos nesse artigo

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MEDICINA VETERINÁRIA

MANEJO ANIMAL NA BOVINOCULTURA

LEITEIRA BRASILEIRA

ANIMAL MANAGEMENT IN BRAZILIAN MILK

BOVINOCULTURE

JESSICA CRISTINNA RIBEIRO MORAES CRISTIANE REGINA DE OLIVEIRA RÉDUA

Resumo O manejo animal na Bovinocultura leiteira está diretamente relacionado a gestão adequada para cada tipo de espécie. Uma administração adequada leva a diminuição do estresse e, por conseguinte a uma boa produtividade, trazendo assim retorno econômico ao produtor, e qualidade de vida ao animal. O gado leiteiro é de extrema importância na economia brasileira, tanto para grandes produtores, quanto para pequenos, sendo a renda para muitas famílias de pequenos agricultores. O bem-estar do gado leiteiro é uma área negligenciada por grandes e pequenos produtores sobre os efeitos do ambiente e suas interações, bem como sua interferência na produção. Vários fatores podem afetar diretamente a produção e devem ser observados a fim de manter o conforto e bem-estar animal como: sombreamento, cuidados pré e pós-parto, rotina na ordenha, desmamem, qualidade da forragem, entre outros. Momentos de estresse levam a alterações fisiológicas como taquicardia e dispnéia, fazendo com que o metabolismo assim se altere, levando a diminuição da conversão alimentar e, portanto à diminuição da produção leiteira. Todas as ações possíveis para se manter a homeostase do animal ajudam a melhorar a produção. Em vista disso, buscamos abordar alguns fatores importantes que podem ser usados melhorar o bem-estar animal de gado leiteiro e sua aplicabilidade na rotina. Para o produtor que quer aumentar seu desempenho, é importante que ele conheça os hábitos e preste atenção ao comportamento de sua criação, tentando saber se a gestão do gado cumpre as condições de conforto e bem-estar, independentemente do sistema de gestão adotado (confinamento ou pasto). Através dessas práticas, o produtor pode diminuir o estresse dos animais, e assim não comprometer a produção e reprodução das vacas leiteiras. Palavras-Chave: manejo animal; gado leiteiro; produção; bovinocultura leiteira. Abstract Animal husbandry in the Dairy Cattle is directly related to the adequate management for each type of species. Good management leads to reduced stress, and consequently to good productivity, that bringing economic return to the producer, and quality of life to the animal. Dairy cattle are of extreme importance in the Brazilian economy, both for large producers and small ones, with income for many families of small farmers. The welfare of dairy cattle is an area neglected by large and small producers on the effects of the environment and its interactions, as well as their interference in production. Several factors can directly affect production and should be observed in order to maintain comfort and animal welfare such as: shading, before and postpartum care, milking routine, weaning, fodder quality, among others. Moments of stress lead to physiological changes such as tachycardia and dyspnoea, causing the metabolism thus to change, leading to a reduction in feed conversion, and consequently to a decrease in milk production. All possible actions to maintain animal homeostasis help to improve production. In view of this, we seek to address some important factors that can be used to improve the animal welfare of dairy cattle and their applicability in the routine. For the producer who wants to increase his performance, it is important that he knows the habits and pay attention to the behavior of his creation, trying to know if the cattle management meets the conditions of comfort and well-being, independently of the management system adopted (confinement or grass). Through these practices, the producer can reduce the stress of the animals, and also don´t compromise the production and reproduction of dairy cows. Keywords: animal husbandry; dairy cattle; dairy cattle; production. INTRODUÇÃO

O bem-estar animal é uma ciência que está sendo abordada mundialmente sob diferentes ângulos, em grande parte das atividades humanas envolvendo animais. No caso dos animais de produção, a preocupação de produzir respeitando eticamente o bem-estar dos animais levou à construção de regulamentos e leis que regem a produção animal em vários países (MARTINS et al., 2011).

O bem-estar animal é definido por Broom (1986) como o estado do animal contra as suas tentativas de se adaptar ao meio ambiente em que ele se encontra. Portanto, quanto maior o desafio imposto pelo meio ambiente, mais dificuldade o animal terá na adaptação e consequentemente, menor seu nível de bem-estar e menor sua produção.

Durante muitos anos, a busca da máxima eficiência na produção animal foi focada em atender às necessidades de gestão, sanidade, genética e nutrição. Mas atualmente, as melhorias conseguidas nessas áreas têm sido limitadas por fatores ambientais, espaço aos quais os animais

são submetidos. Vários fatores ambientais externos têm efeitos diretos e indiretos na produção animal em todas as etapas da produção, e se não geridos adequadamente, podem levar a uma redução na produtividade leiteira, e consequentemente a perdas econômicas (ALMEIDA et al., 2012).

O conhecimento de respostas fisiológicas, avaliando o stress do animal, ou adaptações de animais relacionados ao ambiente, nos permite tomar certas medidas na administração da bovinocultura leiteira como na nutrição, nas instalações e nos equipamentos, visando a maximização da atividade. Ao analisar as características do meio ambiente em função da zona de conforto da espécie, associada a características fisiológicas que regulam a temperatura interna do animal, conseguimos determinar parâmetros de bem-estar animal, aumentando assim sua conversão, e melhor aproveitamento da produtividade (BOND et al.; 2012).

Vários fatores podem influenciar o bem-estar animal, e serão discutidos nesse artigo

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como: tipo de forragem, sombreamento do pasto; cuidados pré e pós parto, estabelecimento de rotinas, rotina na ordenha, limpeza do local e desmame adequado (ALMEIDA et al., 2012).

Este artigo tem como objetivo informar ao leitor sobre os diferentes cuidados na gestão de vacas leiteiras existentes e o uso de técnicas de gerenciamento simples e efetivas, com o objetivo de aumentar a produtividade de leite.

Uma vez que o bem-estar animal não é tradicionalmente uma mercadoria comercializável, não podemos descartar a importância do relacionamento homem-animal no processo produtivo. As teorias econômicas mostram que os sinais do mercado tendem a elevar os padrões de bem-estar dos animais, que hoje estão abaixo do padrão considerado desejável por algumas sociedades em conjunto com a legislação de conservação da biodiversidade, classicamente focada na forte percepção dos valores "não utilizáveis" (MCINERNEY, 2004).

Fatores que influenciam o Bem-Estar Animal no gado leiteiro

O bem-estar animal nasceu, principalmente, pela influência dos consumidores em querer saber a origem e qualidade dos produtos adquiridos. Atualmente, o tema tem sido amplamente explorado, não só pelo mercado, como também pelos meios produtivos. Acredita-se que o uso do bem-estar animal na produção de leite combinado com um sistema de seleção eficiente do uso de raças adaptadas ao meio ambiente em sistemas cruzados são fatores importantes que podem levar a um bom desempenho não só econômico, mas também no relacionamento homem-animal (BROOM & FRASER, 2007).

Perceber e entender a importância do bem-estar em um sistema de produção leiteira resulta em ganhos positivos não só aos animais, como também para todos os envolvidos nas rotinas diárias. O bem-estar dos animais é definido como o estado do animal em face de suas tentativas de se adaptar ao ambiente em que é encontrado (BROOM, 1986). Portanto, quanto maior o desafio imposto pelo meio ambiente, maior será a dificuldade que o animal terá na adaptação e, consequentemente, menor será seu grau de bem-estar. A ponderação científica do bem-estar deve analisar a condição do animal de forma objetiva e separada de questões éticas (BROOM & MOLENTO, 2004).

A interação do animal com o ambiente em que vive pode derivar em bem ou mal estar. Esta relação abrange todos os aspectos ambientais, ou seja, o ambiente social, o ambiente físico e as condições climáticas que representam os principais fatores ambientais que afetam o conforto e o bem-estar dos animais. A organização social, o tamanho do grupo e o espaço individual são algumas das variáveis relacionadas ao ambiente social que podem afetar o conforto

animal, enquanto a quantidade e a natureza do contato com os seres humanos, expressada pelo medo que esta situação pode gerar, são fatores importantes que atuam sobre bem estar animal (CERQUEIRA et al., 2011).

As instalações, incluindo o tamanho das calhas de alimentação, bebedouros, barracas, tipos de revestimento, etc., incluem o ambiente físico e têm uma grande influência no conforto dos animais. O clima pode ter um impacto significativo no conforto e bem-estar dos animais, com frio representando um problema para o recém nascido no período de parto, e o calor apresenta consequências adversas no desempenho produtivo e reprodutivo do animal adulto. As práticas de manejo que interferem com o conforto animal incluem as que se relacionam com a intervenção mais simples, como a alimentação artificial, que, além da separação da mãe, envolve um contato muito próximo com os seres humanos, até cirurgias como o corte da cauda e a castração, que causam problemas crônicos e dor aguda, causando depressão (PACIULLO & NASCIMENTO, 2009).

Alguns fatores podem influenciar o nível de stress do animal e sua adaptação ao meio, como o tipo de forragem, a rotina, a ordenha, sombreamento, cuidados pré e pós parto, entre outros, e podem ser minimizados se uma gestão adequada em cada um desses fatores for aplicada (SANT’ANNA, 2014). Sombreamento

A arborização ajuda a reduzir e controlar a radiação solar, temperatura do ar, umidade relativa e velocidade do vento. Em relação à radiação solar, a vegetação tem um desempenho seletivo em relação aos comprimentos de onda. Ele absorve cerca de 90% de radiação e 60% de infravermelho (COLLIER et al., 1982).

Existe, portanto, uma atenuação de radiação, evitando o aquecimento das superfícies. Além disso, a transpiração de vegetais contribui para baixar a temperatura contribuindo para o sombreamento. Os animais alojados sem sombra apresentaram maiores taxas cardíacas e respiratórias, revelando a ativação da ansiedade em condições climáticas adversas e menor bem-estar animal (COLLIER et al., 1982). Cuidados pré-parto

As vacas gestantes devem ser mantidas em pastagens ou forrageira e água de boa qualidade e em sombra suficiente para que eles possam se abrigar nas horas mais quentes do dia. As vacas devem permanecer nesses locais até perto do parto, quando devem ser levados para piquetes ou bancas de maternidade, onde eles vão dar à luz a seus filhotes. Os cuidados com os bezerros começam antes do nascimento. No final da gestação, em torno do 7º mês à medida que as vacas são apartadas do rebanho (Figura 1) e

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contidas ao manuseio de secagem, que tem a intenção de descontinuar a lactação pelos seguintes motivos:

Proporcionar tempo suficiente para regeneração dos tecidos secretores do leite; são necessários 60 dias, entre o fim da lactação e o parto, para que a vaca tenha regenerados os seus tecidos secretores de leite para a próxima lactação; secagem proporciona produção de colostro de melhor qualidade, essencial para a sobrevivência da cria recém-nascida.Logo, a secagem das vacas é muito significativa para o bem estar dos bezerros.Vacas que encadeiam lactações tendem a brotar colostro de qualidade inferior, pondo em risco a saúde e a vida dos bezerros. E ainda, elas na maioria das vezes brotam bezerros com baixa pujança no nascimento (PARANHOS DACOSTA, 2011).

Figura 1 – Vacas apartadas do rebanho e submetidas ao manejo de secagem. (Fonte:http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais/ manual-boas-praticas-de-manejo_bezerros-leiteiros.pdf) O parto

Para ser bem-sucedidos no desenvolvimento de boas práticas de gestão para bezerros, a organização e o planejamento são necessários. É importante definir antecipadamente quem é responsável pela gestão dos bezerros, onde essa gestão será realizada e quais os recursos necessários para que o trabalho seja bem conduzido. Também é essencial ter registros que permitam um melhor controle do rebanho. Por exemplo, é importante saber antecipadamente quantos bezerros nascerão a cada semana (RODRIGUES, M.J., 2011).

Com esta informação é possível fazer previsões sobre as necessidades de espaço, leite e outros alimentos e complementos, que devem ser disponibilizados para bezerros. Com essas medidas, será possível definir planos de ação para a solução de problemas mais frequentes e lidar com situações de emergência. Nas vizinhanças do parto, as vacas têm comportamentos típicos, geralmente param de comer, se isolam do rebanho e caminham de um lado para o outro até a ruptura da bolsa quando geralmente param, para se

deslocar e escolher um lugar para o parto. As vacas devem ter a liberdade de demonstrar esses comportamentos (Figura 2) (PARANHOS DA COSTA, 2011).

Figura 2 – Uma vaca que escolheu um local para o parto. (Fonte:http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais/ manual-boas-praticas-de-manejo_bezerros-leiteiros.pdf)

Quem for responsável pelo parto deve estar

preparado para ajudar as vacas quando apresentam dificuldades no parto. Deve ser dada especial atenção às entregas que duram mais de duas horas após a partida do saco. Deve ser feita uma avaliação das condições das vacas trabalhadoras e panturrilhas a nascer. Quando detectar algum problema, avalie a situação (Figura 3). Em casos mais simples, ajude o panturrilha ao corrigir a posição do bezerro ou puxando-o cuidadosamente. Nos casos mais graves, consulte um veterinário. Sempre use luvas descartáveis (novas e limpas) para executar estes métodos, descartando-as em local adequado imediatamente após o uso (PARANHOS DA COSTA, 2011).

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Figura 3 – Uma pessoa com luvas ajudando a vaca no parto. (Fonte:http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais/ manual-boas-praticas-de-manejo_bezerros-leiteiros.pdf) Rotina na ordenha

As vacas leiteiras são animais que instituem rotinas, sendo clara a definição de tempos peculiares para alimentação e repouso, e também para a ordenha. Sabe-se, por exemplo, que as vacas leiteiras se sentem mais aconchegadas quando a comida é administrada pela mesma pessoa e ao mesmo tempo. Do mesmo modo com a ordenha, que deve ser manuseada com cuidado e, de preferência, sempre nos mesmos horários e pelas mesmas pessoas. O ordenhador tem a função principal de realizar a ordenha, envolvendo todos os processos necessários para que ele seja bem conduzido (SIMÃO DA ROSA et al., 2009).

Entre as responsabilidades do ordenhador, destacamos: horários de ordenha, preparação de instalações, monitoramento da saúde das vacas, ordenha e monitoramento da qualidade do leite. Entre as habilidades pessoais, ele deve demonstrar paciência, habilidade e sensibilidade no manejo das vacas. Ele também deve estar fisicamente bem preparado para o desenvolvimento de seu trabalho. O ordenhador deve conhecer os procedimentos para a manutenção adequada das instalações e equipamentos, bem como ter os meios para garantir boas condições de saúde para si e para os animais. (Figura 4) Ele também deve conhecer o comportamento do gado e as melhores maneiras de lidar com eles. E, acima de tudo, deve estar ciente da importância do seu trabalho para o bom desempenho da ordenha (SIMÃO DA ROSA et al., 2009).

Figura 4 – O ordenhador instalando dos equipamentos para a ordenha.(Fonte:http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais/manual- boas-praticas-de manejo_ordenha.pdf)

Sempre que o ordenhador se aproximar das vacas, deve chamá-las por seus nomes; Tocar sua perna ou úbere antes de pegar seu teto é muito significante para que não as espante com a sua presença, reduzindo o risco de pontapés (SIMÃO DA ROSA et al., 2009).

Figura 5 – Vacas em linha de ordenha.(Fonte: http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais /manual-boas-praticas-de manejo_ordenha.pdf).

Nos casos em que os tetos estão muito

sujos, devem ser lavados (Figura 6). Para fazer isso, direcione o jato de água para o teto. Deve-se ter cuidado para não molhar o úbere da vaca, pois isso aumenta o risco de drenar a água suja da lavagem e entrar na chaleira contaminando o leite. Não é recomendado lavar as vacas na sala de espera, pois aumenta o risco de contaminação do leite. Ainda, quando as vacas estão muito sujas ou em dias muito quentes, pode-se escolher lavar ou molhar as vacas. Nestes casos, é importante garantir que as vacas não fiquem assustadas para evitar acidentes (SANT'ANNA, 2009).

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Figura 6 -Lavagem correta dos tetos. (Fonte:http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais /manual- boas-praticas-de manejo_ordenha.pdf). Limpeza local

É necessário limpar o lugar completamente pelo menos uma vez por semana (aumentando a freqüência quando necessário), usando produtos desinfetantes e espalhando cal virgem no chão antes de substituir a cama, uma vez que a cal tem ação bactericida. No caso dos bezerros, a água deve ser retirada durante pelo menos duas horas após a amamentação, a fim de evitar a ingestão descontrolada de água após a alimentação. Em outras horas do dia, água de boa qualidade sempre deve estar disponível (PARANHOS DA COSTA, 1997). Desmame

O leite é mais do que uma importante fonte de alimento para o bezerro. É também uma fonte de prazer, devido a forte motivação de que os bezerros têm quando mamam (PARANHOS DA COSTA, &CROMBERG,1997).Assim, o desmame é uma fonte importante de estresse para o bezerro leiteiro, resultando em perda de apetite, perda de peso e aumento do risco de contrair doenças. Isso agrava o fato de que, ao desmamar, o bezerro é geralmente movido para outro ambiente e recebe o cuidado de um novo ordenhador, aumentando o estresse nesta fase da vida dos animais. Assim, a adoção do desmame como boa prática de gestão é caracterizada pela redução gradual do suprimento de leite, conforme podemos observar no quadro 1 e deve ser feito de forma a diminuir o stress tanto do bezerro quanto da mãe. (PARANHOS DA COSTA & CROMBERG,1997).

Tabela 1 - Quantidade de leite a ser oferecida aos bezerros do nascimento a desmama. (Fonte:http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais/ manual-boas-praticas-de-manejo_bezerros-leiteiros.pdf) Forragem

Muitos fazendeiros de laticínios se destacam em atividades, porque suas criações mantêm um ótimo desempenho, mesmo nas estações mais quentes do ano. Por outro lado, muitos não sabem quais os passos a seguir para enfrentar o calor em suas regiões e acabam produzindo menos. Os sistemas de produção de pastagens têm como princípio básico, a obtenção do equilíbrio entre oferta e demanda de alimentos, uma vez que a pastagem é um dos principais fatores de um sistema de produção. Neste contexto, devemos estabelecer sistemas de abastecimento de forragem para tornar a pecuária uma alternativa competitiva e interessante do ponto de vista econômico. Para obter o rendimento máximo por animal e por unidade de área, deve-se ter em mente que um uso eficiente da forragem requer decisões que satisfaçam a demanda por produção por animal e por área (PARANHOS DA COSTA & CROMBERG,1997). Conclusão

A ponderação do bem-estar dos animais no gado leiteiro é importante para garantir uma melhor produtividade leiteira, para isso, devemos ter em conta a prática e o conhecimento técnico das pessoas envolvidas com a produção. Ponderar os parâmetros fisiológicos dos animais a fim de mensurar o stress, são rotinas fáceis que podem ser aplicadas a fim de ter um melhor aproveitamento do gado leiteiro. A interação entre produção humano-animal requer estudos de interatividade, estudos multidisciplinares e transdisciplinares de animais, como a Zooterapia Aplicada na Ciência Animal.

Há muito a evoluir e contribuir nesta área para a promoção de ações constantes positivas e agradáveis para os animais de produção evitando perdas econômicas significativas. Também é necessário que pesquisadores e produtores

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reconheçam que a o relacionamento entre o trabalhador agrícola e o animal não é apenas baseado na idéia que o animal é uma máquina produtiva, um objeto de trabalho, porque essa mentalidade é retrógrada e equivocada. Mais estudos que evidenciem o efeito real da interação homem-animal em sistemas de produção de leite e relacionamento com a produtividade são necessários para identificar problemas e trazer soluções práticas. Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu tudo, o dom da vida, a coragem e força de poder realizar e enfrentar com profunda dedicação e com humildade cada obstáculo surgido, desse modo seguir de forma digna crescendo como profissional na sociedade. Agradeço também a meus pais e minha família, que sempre esteve ao meu lado me apoiando nos momentos mais difíceis. Agradecido também a Faculdade Promove de Brasília por disponibilizar os recursos necessários para a nossa formação. Meus sinceros agradecimentos e votos especiais de gratidão a Cristiane Regina de Oliveira Rédua pela perseverança, profissionalismo e maturidade no trato com os seus orientandos, pela compreensão, dedicação e simplicidade com que atendeu, ao longo de toda essa caminhada, ao fornecer as diretrizes e bases sólidas necessárias para a conclusão desse Trabalho. A todas as pessoas especiais que encontrei durante esses cinco anos de graduação meus sinceros agradecimentos. Referências 1 - Almeida, Rodrigo de; Ostrensky, André and Molento, Carla Forte Maiolino. Métodos de diagnóstico e pontos críticos de bem-estar de bovinos leiteiros. Cienc. Rural [online]. 2012, vol.42, n.7, pp.1286-1293. Epub June 19, 2012. ISSN 1678-4596. http://dx.doi.org/10. 1590/S0103-84782012005000044. 2 - Broom, D.M.; Molento, C.F.M. Bem-estar animal: conceitos e questões relacionadas – Revisão. Archives of Veterinary Science, v.9, p.9-11, 2004. 3 - Broom, D.M., Fraser, A.F. Domestic animal behavior and welfare. Cambridge: CABI Publishing, 2007. 438p. 4 - Broom, D.M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, v.142, p.524-526, 1986. 5 - Bond, G.B.; Almeida, R.; Ostrebskym, A.; Molento, C.F. Métodos de diagnóstico e pontos críticos de bem-estar de bovinos leiteiros, Ciência Rural, Santa Maria, v.42, n.7, p.1286-1293, 2012. 6 - Bond, G.B. Diagnóstico de bem-estar de bovinos leiteiros. 2010. 85p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 7 - Cerqueira, J. L., Araújo, J.P.; Sorensen, J.T.; Niza-Ribeiro, J. Alguns indicadores de avaliação de bem-

estar em vacas leiteiras – revisão. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 106, p. 577-580, 2011. 8 - Collier, R.J. Effects of heat stress during pregnancy on maternal hormone concentrations, calf birth weight and postpartum milk yield of Holstein cows. Journalof Animal Science, v.54, p.309-319, 1982. 9 - Marcelo, Simão da Rosa et AL. Boas Práticas de Manejo - Ordenha / -- Jaboticabal : Funep, 2009. 10 - Martins, M.F., França, M., Moreira, P, Gonçalves, J.L., PieruzzI, P.A.P. Impactos do conhecimento técnico-científico de retireiros de vacas liteiras sobre a qualidade do leite. (Projeto de Pesquisa - Pró Reitoria de Cultura e Extensão) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2011. 11 - Mcinerney, J.P. Animal welfare, economics and policy – report on a study undertaken for the Farm & Animal Health Economics Division of Defra, February 2004. Disponível em: <http:// www.defra.gov.uk/esg/reports/animalwelfare.pdf>. Acesso em: 20/07/2017. 12 - Paciullo, D. S. C.; Demartini, D.; Nascimento Júnior; Fernandes, E. N. Estabelecimento de pinhão manso (Jatrophacurcas L.) em sistema de consórcio com pastagem de brachiariadecumbens na zona da mata mineira. In: Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras E Biodiesel, 6., 2009, Montes Claros. Anais... Montes Claros: UFLA, 2009. 13 - Palme, R.; Rettenbacher, S.; Touma, C. et al. Stress hormones in mammals and birds: Comparative aspects regarding metabolism, excretion, and noninvasive measurement in fecal samples. Annals of the New York Academy of Sciences v.1040, p.162-171, 2005. 14 - Paranhos da Costa, M.J.R.; Cromberg, V.U. Alguns aspectos a serem considerados para melhorar o bem-estar de animais em sistema de pastejo rotacionado. In: Peixoto, A.M.; Moura, J.C.; Faria, V.C. Fundamentos do Pastejo Rotacionado. Piracicaba: FEALQ, 1997. 30p. 15 - Mateus José Rodrigues. Boas práticas de manejo, bezerros leiteiros / Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa, Lívia Carolina Magalhães Silva. -- Jaboticabal : Funep, 2011. 16 - Paranhos da Costa, M.J.R. R. Boas práticas de manejo, bezerros leiteiros / Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa, Lívia Carolina Magalhães Silva.-- Jaboticabal : Funep, 2011. Acessado em: http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais/manual-boas-praticas-de-manejo_bezerros-leiteiros.pdf. 17 - Sant’anna, Aline Cristina. Boas Práticas de Manejo - Ordenha Programa de Pós Graduação em Zootecnia, FCAV-UNESP Grupo ETCO, Jaboticabal-SP, Funep, 2009. 18 - Sant’anna, Aline Cristina S232b Boas práticas de manejo: conforto vacas em lactação / Aline Cristina Sant’Anna, Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa, Adriana Postos Madureira. -- Jaboticabal : Funep, 2014.