livro de quimica inorganica - atkins

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QUÍMICA INORGÂNICA TEÓRICA APRESENTAÇÃO Este texto foi elaborado com o objetivo de proporcionar ao aluno de Educação a Distância uma melhor compreensão dos assuntos referentes a cada capítulo constante do programa da disciplina Química Inorgânica Teórica. A Química Inorgânica é uma ciência que se ocupa da investigação experimental e interpretação teórica das propriedades e reações de todos os elementos e seus compostos exceto os hidrocarbonetos e muitos de seus derivados. Para garantir o domínio e a abrangência do assunto, este texto está focado nas tendências em reatividade, estrutura e propriedades dos elementos e seus compostos em relação à sua posição na tabela periódica. Essas tendências periódicas gerais são à base do entendimento inicial. Os compostos inorgânicos variam dos sólidos iônicos, que podem ser descritos pelas aplicações simples da eletrostática clássica, aos compostos covalentes e aos metais, que são mais bem descritos pelos modelos que têm sua origem na mecânica quântica. Para a racionalização e a interpretação da maioria das propriedades inorgânicas, usamos os modelos qualitativos baseados na mecânica quântica, como as propriedades dos orbitais atômicos e seu uso para formar orbitais moleculares. Dois tipos de reações fundamentais ajudam a sistematizar a química inorgânica. As reações de ácidos e bases resultantes da transferência de um próton ou compartilhamento de pares de elétrons e aquela que ocorre pela oxidação e pela redução. Os complexos metálicos, nos quais um único átomo central metálico ou íon está rodeado por vários átomos ou íons, têm um papel importante em química inorgânica, especialmente para os elementos do bloco d. No final de cada capitulo você encontrará uma lista de exercícios, os quais servem para consolidar o seu entendimento. Procure o seu Tutor local para dúvidas e esclarecimentos. Finalizando esta apresentação vejamos o que Shriver e Atkins (2003) relatam sobre o desenvolvimento da química inorgânica.

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  • QUMICA INORGNICA TERICA

    APRESENTAO

    Este texto foi elaborado com o objetivo de proporcionar ao aluno de Educao a Distncia uma melhor compreenso dos assuntos referentes a cada captulo constante do programa da disciplina Qumica Inorgnica Terica.

    A Qumica Inorgnica uma cincia que se ocupa da investigao experimental e interpretao terica das propriedades e reaes de todos os elementos e seus compostos exceto os hidrocarbonetos e muitos de seus derivados.

    Para garantir o domnio e a abrangncia do assunto, este texto est focado nas tendncias em reatividade, estrutura e propriedades dos elementos e seus compostos em relao sua posio na tabela peridica. Essas tendncias peridicas gerais so base do entendimento inicial.

    Os compostos inorgnicos variam dos slidos inicos, que podem ser descritos pelas aplicaes simples da eletrosttica clssica, aos compostos covalentes e aos metais, que so mais bem descritos pelos modelos que tm sua origem na mecnica quntica. Para a racionalizao e a interpretao da maioria das propriedades inorgnicas, usamos os modelos qualitativos baseados na mecnica quntica, como as propriedades dos orbitais atmicos e seu uso para formar orbitais moleculares. Dois tipos de reaes fundamentais ajudam a sistematizar a qumica inorgnica. As reaes de cidos e bases resultantes da transferncia de um prton ou compartilhamento de pares de eltrons e aquela que ocorre pela oxidao e pela reduo. Os complexos metlicos, nos quais um nico tomo central metlico ou on est rodeado por vrios tomos ou ons, tm um papel importante em qumica inorgnica, especialmente para os elementos do bloco d.

    No final de cada capitulo voc encontrar uma lista de exerccios, os quais servem para consolidar o seu entendimento. Procure o seu Tutor local para dvidas e esclarecimentos.

    Finalizando esta apresentao vejamos o que Shriver e Atkins (2003) relatam sobre o desenvolvimento da qumica inorgnica.

  • ....Grandes reas da qumica inorgnica permanecem inexploradas, assim compostos inorgnicos novos e incomuns esto constantemente sendo sintetizados. A sntese inorgnica exploratria continua a enriquecer o campo com compostos que nos fornecem perspectivas novas sobre estruturas, ligao e reatividade. A indstria qumica fortemente dependente da qumica inorgnica. Esta essencial para a formulao e o melhoramento de materiais modernos, como catalisadores, semicondutores, guias de luz, dispositivos pticos no lineares, supercondutores e materiais cermicos avanados. O impacto ambiental da qumica inorgnica tambm imenso. Nesse contexto, a funo abrangente dos ons de metal em plantas e animais conduz rica rea da qumica bioinorgnica....

  • SUMRIO

    APRESENTAO 1 ESTRUTURA DO TOMO 5 1.1 Origem dos Elementos 6 1.2 tomos Hidrogenides 19 1.3 tomos Poliatmicos 32 1.4 Parmetros Atmicos 40 1.5 Exerccios 53 2 LIGAES QUMICAS E ESTRUTURAS 57 2.1 Teoria da Ligao de Valncia 67 2.2 Teoria do Orbital Molecular 71 2.3 Propriedades das Ligaes 81 2.4 Exerccios 84 3 SLIDOS INORGNICOS SIMPLES 86 3.1 O modelo de Empacotamento de esferas 86 3.2 Metais 94 3.3 Slidos Inicos 101 3.4 Exerccios 115 4 CIDOS E BASES 117 4.1 O conceito de Arrhenius 117 4.2 O conceito de Bronsted Lowry 118 4.3 O conceito de Lewis 133 4.4 cidos e bases duros e moles 136 4.5 Solventes cidos e bsicos 140 4.6 Alguns solventes no aquosos 142 4.7 Exerccios 146 5 OXIDAO E REDUO EM SISTEMAS INORGNICOS 149 5.1 Conceitos Fundamentais 149 5.2 Obteno de Elementos 150 5.3 Semi-reaes Redox 152 5.4 Potenciais Padro 153 5.5 Fatores Cinticos 162 5.6 Estabilidade Redox em gua 163 5.7 Diagramas de Representao dos Potenciais 169 5.8 Exerccios 178 6 INTRODUO A COMPOSTOS DE COORDENAO 180 6.1 Nmero de Coordenao e Geometria 193 6.2 Isomeria em Compostos de Coordenao 200 6.3 Formulao e Nomenclatura de Complexos 208 6.4 Ligao Qumica em Compostos de Coordenao 211 6.5 Exerccios 225 7 INTRODUO A ORGANOMETLICOS 228 7.1 Introduo 228 7.2 Definio, Formulao e Nomenclatura 230 7.3 Ligao Qumica em Organometlicos 232 7.4 O Ligante CO 236 7.5 Exerccios 243 REFERNCIAS 244 ANEXO 1: A Tabela Peridica 245

  • ANEXO 2: Configuraes dos elementos e algumas propriedades eletrnicas

    246 ANEXO 3: Respostas dos Exerccios 247

  • 5

    CAPTULO 1- ESTRUTURA DO TOMO

    Neste capitulo, abordaremos o conceito atual da origem e natureza da matria em nosso sistema solar e veremos como nosso conhecimento da estrutura atmica pode ajudar a explicar e correlacionar muitas propriedades qumicas e fsicas dos elementos.

    A observao de que o universo est em expanso conduziu viso atual de que cerca de 15 bilhes de anos atrs ele estava concentrado em uma regio semelhante a um ponto que explodiu. Um evento chamado Big Bang. Mas o que vem a ser o Big Bang?

    Big Bang: uma grande exploso na qual uma agregao incrivelmente pequena de massa e energia comeou a expandir-se.

    De acordo com esse modelo e com base na equao de Einstein, E = mc2, praticamente toda massa-energia estaria presente na forma de radiao.

    Com a temperatura inicial depois da exploso de cerca de 109 K, as partculas fundamentais produzidas, tem tambm muita energia cintica para se unirem nas formas que conhecemos hoje. Entretanto, o universo esfriou medida que expandiu, as partculas moveram-se mais lentamente, e, ento logo comearam a aderirem umas s outras sob a influncia de uma variedades de foras. Dentre essas foras podemos citar:

    A Fora forte, uma fora atrativa poderosa, mas de curto alcance (1 femtometro (fm) correspondendo 10-15 m), entre nucleons (prtons e nutrons),uniu essas partculas dentro do ncleo.

    fora eletromagntica, uma fora relativamente fraca, mas de longo alcance, entre cargas eltricas, ligaram eltrons ao ncleo para formar tomos. Os 110 elementos formados a partir dessas partculas subatmicas so diferenciados por seu

    Nmero atmico, Z, o nmero de prtons no ncleo de um tomo do elemento, que por sua vez, igual ao nmero de eltrons situados em torno do ncleo.

  • 6

    Nmero de massa, A, o nmero total de prtons e nutrons no ncleo. tambm algumas vezes denominado mais apropriadamente nmero de ncleons.

    Muitos elementos apresentam vrios istopos, os quais so tomos com mesmo nmero atmico, mas com massas atmicas diferentes.

    Por exemplo, o hidrognio, possui trs istopos. Em cada caso Z = 1, indicando que o ncleo contm um prton. O istopo mais abundante tem A = 1, simbolizado por 1H: seu ncleo consiste somente de um prton.

    O istopo menos abundante o deutrio, com A = 2. Esse nmero de massa indica que, alm de um prton, o ncleo contm um nutron. A designao formal do deutrio 2H, mas ele normalmente simbolizado por D.

    O terceiro o istopo radioativo do hidrognio, de vida curta, o trtio (3H, ou T). Seu ncleo consiste de um prton e dois nutrons.

    Assim os trs istopos do hidrognio so simbolizados por

    H11 H21 H

    31

    As propriedades das partculas subatmicas que necessitamos considerar na qumica esto resumidas na Tabela 1.

    1.1 Origem dos elementos

    Se as vises atuais esto corretas, cerca de duas horas aps o incio do universo a temperatura havia cado tanto que a maioria da matria estava na forma de tomos de hidrognio (89%) e de tomos de hlio (11%). Entretanto as reaes nucleares formaram uma grande coleo de outros elementos e tm imensamente enriquecido a variedade de matria no universo.

  • 7

    Tabela 1.1. Partculas subatmicas de relevncia qumica Partcula Smbolo Massa/u* No massa Carga/e Spin Eltron e- 5,486x10-4 0 -1 Prton p 1,0078 1 +1 Nutron n 1,0087 1 0 Neutrino 0 0 0 Psitron e+ 5,486x10-4 0 +1 Partcula

    Ncleo de 42He2+

    4 +2 0

    Partcula

    e- expulso do ncleo

    0 -1

    Fton Radiao eletromagntica do ncleo

    0 0 1

    * Massas expressas em unidades de massa atmica, u, com 1u = 1,6605 x 10-27 Kg A carga elementar e 1,602 x 10-19 C Fonte: Qumica Inorgnica - Shiver e Atkins 3 Ed.

    Vejamos como se originaram os elementos de nmeros atmicos at 26. Esses elementos foram formados dentro das estrelas. Tais elementos so produtos do evento de fuso nuclear, chamado de Queima nuclear. A reao de queima (que no pode ser confundida com combusto qumica) envolve ncleos de Hidrognio, Hlio e um ciclo de fuso complicado catalisado por ncleos de carbono.

    Numa reao de queima energia liberada quando ncleos leves fundem-se para originar elementos de nmeros atmicos mais elevados.

    As reaes nucleares so muito mais energticas do que as reaes qumicas normais, porque a fora de ligao muito mais forte do que a fora eletromagntica que liga os eltrons aos tomos.

    Como se representa uma reao nuclear? Atravs de uma equao, como

    por exemplo, a equao 126C + 42 168O + (Esta reao libera 7,2 Mev). Esta equao representa a reao nuclear na qual uma partcula (alfa) se funde com um ncleo de carbono 12 para originar um ncleo de oxignio 16 e um fton de raios (gama) Note que, numa equao nuclear balanceada,

    o valor da soma do nmero de massa dos reagentes igual do nmero de massa dos produtos ( 12 + 4 = 16).

    A soma dos nmeros atmicos tambm igual (6 + 2 = 8)

  • 8

    As estrelas que so formadas no primeiro estgio de evoluo do universo so carentes de ncleos de carbono e as reaes de queima do hidrognio no so catalisadas. Quando a queima do hidrognio se completa e o colapso do ncleo estrelar aumenta a densidade para 108 Kg m-3 e a temperatura para 100 MK (1MK = 106 K) a queima do hlio pode ser vivel.

    42He + 42He 84Be

    84Be + 42He 126C ( estvel )

    Levando-se em conta que a estrela ainda contm ncleos de hlio, essas reaes continuaram formando ncleos de elementos que so mltiplos do hlio, tais como: 168O, 2010Ne...4020Ca. Com a presena do carbono, comea a operar o ciclo do carbono, formando nitrognio. Algumas das mais importantes reaes nucleares no ciclo so: Captura de prton (p) por C-12:

    126C + 11p 137N +

    Decaimento do psitron acompanhado por emisso de neutrino ():

    137N 136C + e+ +

    Captura de prton por C-13:

    136C + 11p 147N +

    Captura de prton por N - 14:

    147N + 11p 158O +

    Decaimento de psitron acompanhada por emisso de neutrino:

    158O 157N + e+

    Captura de prton por N 15: 157N + 11p 126C + 42

    O resultado lquido dessa seqncia de reaes nucleares a converso de 4 prtons em uma partcula alfa:

    4 11p 42 + 2e+ 2 + 3

    Podem ocorrer tambm, processos tais como, a queima do carbono:

    126C + 126C 2412Mg +

    126C + 126C 2311Na + 11p

    126C + 126C 2010Ne + 42

  • 9

    E a queima do oxignio 16

    8O + 168O 3116S + 10n

    168O + 168O 3115P + 11p

    Produzindo ncleos que no so mltiplos do hlio. Elementos tambm podem ser produzidos por reaes nucleares, tais como, captura de nutrons acompanhada de emisso de prtons:

    147N + 10n 146C + 11p

    Esta reao ainda continua em nossa atmosfera como resultado do impacto dos raios csmicos e contribuem para estabelecer o estado de concentrao do C-14. H processos de queima de outros elementos leves, alm do C e O, porm, ocorrem somente a temperaturas mais elevadas e assim na fase final da evoluo estrelar, seguindo este processo para formar elementos com Z at 26. Assim, podemos concluir que:

    Os elementos mais leves originaram-se de reaes nucleares nas estrelas, formadas de hidrognio e Helio primitivos. Os elementos mais pesados so produzidos por uma variedade de processos que consomem energia. Esses processos incluem a captura de nutrons livres, e emisso de eltrons formando ncleos dos elementos com Z>26.

    6830Zn + 10n 6930Zn 6931Ga + e- (-)

    6931Ga + 10n 7031Ga 7032Ge + e- (-)

    Aps isso, a temperatura torna-se to alta que ncleos estveis podem dissociar-se em muitas partculas:

    5626Fe + h 2814Si + 6 42He + 4 10n

    Isto produz uma reao em cadeia muito rpida, com liberao de energia e elementos mais leves dentro da estrela, criando uma supernova (a exploso de uma estrela). Em seu interior, devido ao fantstico fluxo de nutrons, pode ocorrer a captura de vrios nutrons por um nico ncleo, antes que um decaimento beta (emisso de eltrons do ncleo) possa ocorrer. Este um processo rpido que aumenta o nmero atmico dos ncleos conforme nutrons so

  • 10

    progressivamente adicionados aos ncleos e parcialmente convertidos para prtons. O processo lento pode construir ncleos com Z at 83 (bismuto) e o processo rpido at os mais pesados elementos conhecidos.

    Muitos istopos de ncleos maiores que o bismuto so instveis fisso, quebrando-se em dois ncleos aproximadamente iguais. Isto algumas vezes aumenta a abundncia dos elementos com Z entre 30 e 60 em tais estrelas. Assim, nucldeos mais pesados so formados em processos que incluem a captura de nutrons seguida por decaimento .

    Abundncia dos elementos

    No Universo

    No mundo fsico existem uns 110 elementos qumicos que podemos reconhecer, medir e pesar. Aproximadamente a metade, destes, importante na estrutura da terra e apresentam importncias biolgicas, geolgicas e comerciais. O restante dos elementos apresenta-se em quantidades diminutas, so instveis e muito raros. Se a teoria do Big bang est correta, os elementos foram formados a milhares de milhes de anos a partir de prtons, nutrons e eltrons, mediante reaes nucleares que tiveram lugar temperatura de milhes de graus dentro do sol e das demais estrelas, havendo sobrevivido os dotados de estruturas nucleares mais estveis.

    Observando-se o grfico de abundncia dos elementos no universo (Figura 1.1), nota-se que, suas abundncias seguem trs regras simples:

    Os elementos leves so em geral mais abundantes que os pesados. Os elementos que possuem nmeros pares de prtons ou nutrons

    (ou ambos) so amplamente predominantes sobre os demais. Os elementos que apresentam ncleos com camadas nucleares

    completas de acordo com um esquema mecnico-quntico so especialmente dominantes.

  • 11

    Figura 1.1. Abundncia dos elementos no universo. Referem-se ao nmero de tomos de cada elemento em relao ao Si, considerado 106. Fonte: Qumica Inorgnica - Shriver e Atkins 3 Ed.

    Isso sugere que os ncleons podem ser emparelhados no ncleo, de modo semelhante ao emparelhamento de eltrons nos orbitais atmicos e moleculares. As camadas nucleares completas contm 2, 8, 20, 28, 50, 82 e 126 ncleons (nutrons ou prtons). Estes nmeros mgicos correspondem ao He, O2, Ca e Ne. Existem tambm subcamadas completas para 6, 14, 16 e 26 ncleons que correspondem ao C, Si, S e Fe. A estabilidade de um ncleo depende do nmero de prtons e nutrons presentes.

    Assim, entre os ncleos mais abundantes e mais estveis o A = 2Z. Logo, Z=N e N/P = 1. Elementos com nmeros atmicos maiores so mais estveis se tiverem um pequeno excesso de nutrons, pois isso aumenta a fora de atrao e diminui a repulso entre os prtons. Assim a relao N/P aumenta progressivamente at cerca de 1,6 no elemento Z = 92 (urnio). Em elementos com nmeros atmicos ainda maiores, os ncleos se tornam to grandes que sofrem fisso espontnea. Os ncleos com nmeros excessivos de nutrons (relao N/P alta) realizam o ajuste desta relao, aumentando a sua carga nuclear, atravs de:

  • 12

    Emisso beta (): um nutron convertido num prton, um eltron e um neutrino () e representada pela equao:

    10n

    11p ++++ +

    Obs: O neutrino () uma partcula de carga zero e massa zero e formulada para garantir o equilbrio de spins.

    A perda de um eltron pelo ncleo, da maneira descrita, provoca a diminuio da relao N/P. Desse modo, um ncleo ao sofre um decaimento beta seu nmero de massa permanece inalterado, mas a carga nuclear aumenta em uma unidade. Logo,

    Z Z + 1

    Exemplo: 146C 147N ++++ ++++

    Emisso de nutrons (10n): faz o nmero de massa (A) diminuir de uma unidade. Logo:

    A A 1

    Essa forma de decaimento rara e s ocorre com ncleos altamente energticos. Isto porque a energia de ligao nuclear do nutron no ncleo elevada, cerca de 8 Mev. Um dos poucos exemplos envolve o 8736Kr, que pode sofrer decaimento por emisso de nutron ou por decaimento beta.

    Exemplo de emisso de nutron: 8736Kr 8636Kr + 10n

    Os ncleos com nmeros excessivos de prtons (relao N/P baixa) realizam o ajuste, desta relao, por perda de carga positiva da seguinte maneira:

    Emisso de psitron (e+): resulta da transformao de um prton em um nutron e representada pela equao:

    11p 10n + e+ ++++

    Desse modo ocorre um aumento da relao N/P e uma diminuio do nmero atmico de uma unidade. Logo,

    Z Z - 1

    Exemplo: 1910Ne 199F + e+ +

  • 13

    Captura de eltrons orbitais ou eltrons K: O ncleo captura um eltron da camada mais prxima, a camada K, e assim converte um prton em nutron, com a emisso de um neutrino:

    11p + e-10n +

    Um eltron de um nvel energtico mais elevado recua para preencher a lacuna assim surgida na camada K, ocorrendo a emisso de uma radiao caracterstica de raios X.

    Exemplo: 74 Be + e - 73Li +

    Os ncleos que possuem massas excessivas reajustam suas massas atravs da emisso de partculas alfa (42). A emisso desta partcula faz diminuir o nmero de massa de 4 unidades e o nmero atmico de 2 unidades.

    Exemplo: 23892U 23490Th + 42

    Em todos os tomos, com exceo do tomo de hidrognio, a massa do tomo menor que a soma das massas dos prtons, nutrons e eltrons constituintes. A diferena chamada de perda de massa (defeito de massa, m).

    m = mncleons mncleo

    A perda de massa est relacionada energia de ligao, que mantm unidos no ncleo os prtons e nutrons. Energia de ligao: energia equivalente a perda de massa proveniente da sntese de qualquer ncleo a partir de suas partculas componentes.

    Um ncleo estvel deve ter menos energia que as partculas constituintes, caso contrrio ele no se formaria. Quanto maior for a energia liberada para formar um ncleo, menor ser o contedo de energia do ncleo e, portanto, maior ser sua estabilidade (Figura 1.2). Haver liberao de energia quando: Os ncleos mais pesados se cindirem; Os ncleos mais leves se fundirem.

    Energia e massa se relacionam entre si pela equao de Einstein, E = mc2, onde, E a energia liberada, m a massa e c a velocidade de luz (3 x 108 m s-1).

  • 14

    O defeito de massa pode ser calculado e convertido em energia de ligao nuclear atravs da equao: Eligao = mc2.

    Para se calcular a energia de ligao em Mev utiliza - se a seguinte relao simplificada: Eligao = 931m

    Para se comparar a estabilidade de ncleos de elementos diferentes, calculamos a energia de ligao nuclear mdia por nucleon. A energia de ligao por ncleon expressa dividindo-se a energia de ligao total pelo nmero de ncleons. Exemplo: Calcular a energia de ligao por ncleon em Mev para o 42He? Dados: mHe = 4,0028u ; mp = 1,0078u ; mn = 1,0087u. Resposta: O ncleo do hlio formado por dois prtons e dois nutrons.

    Assim, mncleons = (2 x 1.0078) + (2 x 1,0087) = 4,033u. Como, m = mncleons mncleo = 4,033 4,0028 = 0,00302u, sua energia de ligao ser:

    Eligao = 931m = 931 x 0,00302 = 28,1162 Mev

    Eligao/ncleon = Eligao / no de ncleons = 28,1162/ 4 = 7,03 Mev.

    Figura 1.2. Energias de ligao nuclear. Quanto maior a energia de ligao, mais estvel o ncleo. O nucldeo mais estvel 5626 Fe. Fonte: Qumica Inorgnica - Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 15

    Nas Estrelas O Sol constitudo de 80% de H2, 19% de He e 1% de outros. As demais estrelas so constitudas predominantemente de H2 e He. Se formam tambm grandes quantidades de C, N, Ne, Mg, Si e Fe, conjuntamente com quantidades menores de outros elementos.

    Na Terra De todas as hipteses sobre o comeo da Terra, a mais certa postula uma poca quando sua substncia era uma massa homognea de matria csmica. A origem desta matria tem duas hipteses:

    Fragmentos vindo do sol ou estrelas semelhantes. A dificuldade mecnica na gerao de um sistema planetrio a partir de uma estrela j formada e o comeo sob a forma de um fragmento enorme de matria incandescente eliminaria os dados sobre a concentrao relativa de elementos na terra e no universo, onde a quantidade de volteis grande nos materiais csmicos (estelares).

    Nuvem de gs com partculas diminutas dispersas (Material csmico ou Planetesimais)

    Partindo desta hiptese e supondo ser a nuvem inicialmente fria, d condies aos planetesimais de reterem os gases. Desde ento a Terra comeou a aquecer devido ao surgimento de energia cintica e radioativa dos materiais originais, e devido a pouca atrao gravitacional os gases mais leves se desprenderam e os planetesimais se aglomeraram. Com o crescimento do planeta o calor foi sendo retido, uma vez que as rochas no so boas condutoras de calor, a temperatura foi crescendo continuamente. Com o resfriamento das camadas externas, a Terra sofreu divises e como critrio de classificao tomou-se por base a composio qumica e fsica: Ncleo ou Nife - fundido e composto de ferro e nquel. Manto: Inferior - lquido e composto de sulfeto e xido Superior - lquido e composto de magnsio, ferro e silcio.

    Crosta: Inferior ou Ocenica ou Sima - slida e composta de rochas baslticas, caracterizadas pelos elementos silcio e Magnsio.

  • 16

    Superior ou Continental ou Sial - slido e composto de rochas granticas, caracterizadas pelo elemento silcio e alumnio.

    O clculo da constituio qumica da crosta faz-se com base no conhecimento da composio e volume (com base no dimetro atmico) de diferentes rochas. Autores como CLARK e WASHINGTON calcularam a mdia ponderada de numerosas anlises: _____________________________________________________________

    Tabela 1.2. COMPOSIO QUMICA DA CROSTA TERRESTRE EM % E VOLUME. ELEMENTO % VOLUME Oxignio (O) 46,6 91,77 Silcio (Si) 27,7 0,80 Alumnio (Al) 8,1 0,76 Ferro (Fe) 5,0 0,68 Clcio (Ca) 3,6 1,48 Sdio (Na) 2,8 1,60 Potssio (K) 2,6 2,14 Magnsio (Mg) 2,1 0,56 Total 98,5 99,87

    Estes oitos elementos bsicos perfazem 98,5 % do peso da crosta. A maioria dos metais teis ao homem ocorre apenas em lugares onde so enriquecidos (jazidas) graas a diferentes processos geolgicos, como: diferenciao magmtica, hidrotermalismo, sedimentao, decomposio qumica diferencial e outros. Se analisarmos as abundncias dos elementos sobre a Terra, diversas generalizaes so possveis:

    Os elementos pesados so mais abundantes na terra que no universo. Isto indica que a matria da terra teria passado pelos diversos ciclos: formao de estrela, evoluo e morte, antes de atingir a presente composio.

    Os elementos formados por fuso nos ciclos de estgio de queima do He, C, N e O so mais abundantes que aqueles com Z>26 que so formados por processos de captura de nutrons relativamente raros.

    O hidrognio e os gases nobres se encontram em propores notavelmente baixa na lista dos elementos da terra. Os gases nobres, porque no so reativos, foram perdidos para o espao durante o processo de condensao.

  • 17

    O argnio mais abundante que os outros gases nobres, porque produzido por decaimento do potssio-40 j depois da formao da terra.

    4019K capturaK

    4018Ar

    Unicamente o hidrognio combinado, presente na gua ou nos minerais hidratados ou em forma de petrleo ou carvo permanece na terra.

    Como o hlio no forma compostos, nos abandonou h muito tempo a no ser no que se refere as pequenas quantidades contidas no gs natural e nos minerais radioativos.

    O oxignio o elemento mais abundante da terra. Participa da formao de quase todos os materiais que constituem o mundo, inclusive ns. Uma enorme quantidade de tomos de oxignio e silcio forma o embasamento da terra. Na hidrosfera est presente na forma de oxignio combinado (oceanos, lagos e rios). Na atmosfera, est presente na forma de oxignio molecular gasoso.

    No Corpo Humano Os seres vivos se encontram na biosfera de forma organizada, em que das clulas formaram-se os tecidos; destes tecidos formaram-se os organismos e os indivduos.

    Neste mosaico, os elementos qumicos esto presentes como: integrantes, transportadores, coparticipadores e excretores etc... Como tudo isso se organizou ainda matria de investigao. to antiga a curiosidade do homem neste assunto, que as explicaes filosficas baseadas no misticismo (a gerao espontnea) at a comprovao cientfica da fotossntese, muitas geraes se passaram e a indagao ainda persiste. Como j sabemos a atmosfera primitiva no continha oxignio havendo, entretanto, abundncia em H2O, HCl, NH3, CH4, CO, CO2, H2S e SO2. Experincias realizadas por S. L. MILLER em 1953, mostraram que:

    Clula Tecido Organismo Indivduo

  • 18

    As descargas eltricas (como os raios) e a luz ultravioleta (como a presente na luz solar) ao atuar sobre uma atmosfera redutora como a descrita, do origem formao de aminocidos, hidroxocidos, uria e aucares simples.

    Dentro dessa mistura, aquecida e diluda, formada por tais substncias orgnicas dissolvidas em gua, pode chegar a desenvolverem-se organismos com capacidade para autoduplicar-se e provvel que se desenvolva.

    Estes organismos eventualmente puderam dar origem vida vegetal simples dos oceanos e a vida dos vegetais terrestres, menos extensas, porm mais desenvolvida.

    A ao de luz solar fez com que as plantas liberassem oxignio por fotossntese e gradualmente se desenvolveu uma atmosfera oxidante em que o amonaco foi oxidado a nitrognio e o metano deu origem a gua e anidrido carbnico (que por sua vez consumido pelas plantas) .

    evidente que os primeiros organismos vivos so os produtores de matria prima (elementos autrotficos). So indispensveis para alimentar todos os outros seres vivos. da que parte a cadeia alimentar trfica.

    Os elementos indispensveis ao metabolismo orgnico so classificados em:

    Macronutrientes: assim chamados pela necessidade de grandes quantidades a serem absorvidos, so: O2, C, H2, Ca, Mg, P, K, N2 e S.

    Micronutrientes: assim chamados pela necessidade de pequenas quantidades a serem absorvidos, so: Cl2, Cu, Zn, Co, Na, etc...

    O homem expira CO2 para atmosfera (resultado da excreo celular) atravs dos pulmes. Os demais elementos, quando em excesso, so eliminados principalmente pelos rins. O excesso ou a falta desses elementos acarreta o desequilbrio homeosttico do organismo e as reaes so manifestadas por sinais e sintomas clnicos.

  • 19

    Tabela 1.3. COMPOSIO DO CORPO HUMANO ELEMENTO %PESO Oxignio 65 Carbono 18 Hidrognio 10 Nitrognio 3 Clcio 2 Fsforo 1 Traos outros elementos 1

    Tabela 1.4. FUNO CLNICA DOS ELEMENTOS (NUTRIENTES) NO ORGANISMO HUMANO.

    ELEMENTO FUNO Nitrognio Faz parte da composio protica e de outros compostos

    como a uria. Fsforo Faz parte da composio de cidos nuclicos (ADN e RNA)

    ATP (Adenosina Trifosfato), e tambm fornecedor de energia ao processo metablico.

    Potssio Fundamental na descarga energtica das clulas nervosas e cardacas. abundante no interior das clulas (metabolismo).

    Sdio Participante na manuteno do equilbrio hdrico do SER e no processo de despolarizao da clula nervosa e cardaca.

    Enxofre Algumas protenas e vitaminas o tm nas suas composies Clcio Influencia na permeabilidade da membrana celular. Ferro Presente na hemoglobina - muito importante no carregamento

    do oxignio no sangue. Zinco Necessrio para sntese de substncias, para o crescimento

    (sua ao no nvel de Sistema Nervoso Central). Iodo Compe os hormnios tireodianos.

    1.2 tomos Hidrogenides Como foi visto anteriormente os 110 elementos formados a partir das

    partculas subatmicas so diferenciados pelo seu: Nmero atmico Z = Nmero de prtons Nmero de massa A = Z + N. Assim o ncleo sempre contm prtons, e todos os ncleos mais pesados

    que o hidrognio(H) tambm contm nutrons. Juntos prtons e nutrons constituem a maior parte da massa do tomo.

    O nmero de cargas positivas no ncleo exatamente equilibrado por igual nmero de eltrons circundantes, cada um dos quais possui uma carga negativa.

  • 20

    O eltron (e-) relativamente mais leve possui cerca de 1/1832 da massa do prton.

    O Hidrognio o primeiro e mais simples dos elementos. constitudo por um ncleo contendo um prton e tem, portanto, uma carga positiva, que contrabalanada por um eltron circundante contendo uma carga negativa. Sendo assim, podemos definir tomos hidrogenides como sendo:

    tomos Hidrogenides tomos que possuem somente um eltron e assim esto livres de efeitos complexos como repulso eltron-eltron. So positivamente carregados e normalmente referidos como ons. Exemplos: H, He+, Li2+, etc...

    Utilizaremos o conceito que estes tomos introduzem para construir uma descrio aproximada das estruturas dos tomos multieletrnicos, que so tomos com mais de um eltron. A teoria planetria da estrutura atmica proposta por Rutherford e Bohr descreve o tomo como um ncleo central circundado por eltrons situados em certas rbitas. O eltron , pois, considerado como uma partcula. Na dcada de 1920, mostrou-se que partculas em movimento, como os eltrons, comportavam-se em alguns aspectos como ondas.

    Como a estrutura eletrnica dos tomos deve ser expressa em termos da mecnica quntica, necessitamos revisar alguns conceitos e terminologias.

    Um conceito fundamental da mecnica quntica que a matria possui propriedades iguais a de uma onda. Este atributo no normalmente evidente em objetos macroscpicos, mas ele domina a natureza das partculas subatmicas, como o eltron. Um eltron descrito por uma funo de onda, (psi), que uma funo matemtica das coordenadas de posio x,y e z e do tempo t. Interpretamos a funo de onda usando a interpretao de Born, na qual a probabilidade de encontrar a partcula numa regio infinitesimal do espao proporcional ao quadrado da funo de onda, 2. De acordo com essa interpretao, h uma alta possibilidade de encontrar uma partcula onde 2 grande, e a partcula no ser encontrada onde 2 zero (Figura1. 3).

  • 21

    A quantidade 2 denominada densidade de probabilidade da partcula. Esta densidade significa que o produto de 2 e o elemento de volume infinitesimal d = dxdydz proporcional probabilidade de encontrar o eltron naquele elemento de volume. A probabilidade igual a 2d se a funo de onda normalizada, ou seja:

    2d = 1 Esta expresso simplesmente exprime que a probabilidade total de encontrar o eltron em algum lugar deve ser 1.

    Igual a outras ondas, as funes de onda em geral possuem regies de amplitude positiva e negativa. O sinal da funo de onda de importncia crucial quando duas funes de onda propagam na mesma regio do espao.

    Interferncia construtiva ocorre quando uma regio positiva de uma funo de onda pode se juntar a uma regio positiva de outra funo de onda para originar uma regio de amplitude mxima (Figura 1.4a). Isto significa que, quando dois

    Figura 1.3. A interpretao de Born da funo de onda que seu quadrado uma densidade de probabilidade. H densidade de probabilidade zero no ndulo. Na parte inferior da ilustrao, a densidade de probabilidade indicada pela densidade da sombra. Fonte:Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

    Figura. 1.4. (a) Interferncia construtiva. (b) Interferncia destrutiva. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 22

    tomos esto prximos o suficiente para formar uma ligao, pode haver um significativo aumento da probabilidade de encontrar as partculas naquela regio.

    Interferncia destrutiva ocorre quando uma regio positiva de uma funo de onda pode ser cancelada por uma regio negativa de uma segunda funo de onda. Este tipo de interferncia reduz muito a probabilidade de uma partcula ser encontrada naquela regio (Figura 1.4b).

    A interferncia de funes de onda de grande importncia na explicao das ligaes qumicas.

    Orbitais Atmicos so as funes de onda de um eltron em um tomo hidrogenide. So fundamentais para a maioria das interpretaes da qumica inorgnica e vamos nos deter na descrio de suas formas e significado.

    A funo de onda para uma partcula encontrada resolvendo-se a equao de Schrdinger, uma equao diferencial parcial proposta por Ervin Schrdinger em 1926. A equao de Schrdinger, para sistema tridimensional : -(h2/2me)(2/x2 + 2/y2 + 2/z2) + V = E

    Quando esta equao resolvida para uma partcula livre, descobre-se que no h restries em energia, assim, ela pode existir com todas as energias possveis. Entretanto, quando a equao resolvida para uma partcula que est confinada a uma regio pequena do espao ou est ligada a um centro atrativo, igual um eltron em um tomo, solues aceitveis podem ser obtidas somente para determinadas energias. Falamos de energia como sendo quantizada, significando que est confinada a valores discretos. Esta quantizao da maior importncia em qumica no que se refere aos tomos e molculas, e determina as ligaes que podem formar.

    As funes de onda obtidas pela resoluo da equao de Schrdinger para tomos hidrogenides so especificadas por valores de trs nmeros, denominados nmeros qunticos. Esses nmeros qunticos so: n, e m

  • 23

    n, nmero quntico principal, indica a quantidade de energia - termo grfico, nmero quntico do volume orbital. Pode ter qualquer valor de 1 a .

    Em tomos hidrogenides todos os orbitais de mesmo valor de n so degenerados (mesma energia). n determina as energias permitidas. E =- hcRZ2/n2, onde n = 1,2,3,.... R = constante de Rydberg = 1,097 x 105 cm-1 ou 13,6 eV. A energia igual zero corresponde situao onde o eltron e o ncleo, esto bastante separados e fixos; as energias dadas por esta expresso so todas negativas, significando que os tomos tm uma energia menor do que o eltron e o ncleo, bastante separados um do outro.

    A dependncia da energia com 1/n2 conduz a uma rpida convergncia dos nveis de energia para os valores de energia mais altos, isto , menos negativos (Figura 1.5)

    O zero de energia, que ocorre quando n= corresponde separao de um ncleo fixo e um eltron, e, portanto, ionizao de um tomo. Acima deste zero de energia, o eltron no est ligado e pode viajar a qualquer velocidade e deste modo possui qualquer energia (Figura 1.5).

    Figura 1.5. Nveis de energia quantizada de um tomo de H(Z=1) e um on He+ (Z=2). Os nveis de energia dos tomos hidrogenides so proporcionais a Z2. Fonte: Qumica Inorgnica - Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 24

    , nmero quntico do momento angular orbital, indica o momento angular orbital quantizado - termo grfico, nmero quntico da forma orbital. Para um valor de n, pode adotar qualquer valor de zero at (n-1). m, nmero quntico magntico, indica a orientao quantizada do momento angular - termo grfico, nmero quntico da orientao orbital, o qual pode apresenta um total de 2 + 1 valores; tomando qualquer valor inteiro de - at + . Alm dos trs nmeros qunticos requeridos para especificar a distribuio parcial de um eltron em um tomo hidrogenide, mais dois nmeros qunticos so necessrios para definir completamente o estado de um eltron, o seu spin (do ingls que significa girar) O spin descrito por dois nmeros qunticos, s e ms. s, momento angular spin, est restrito a um nico e invarivel valor igual a . mS , nmero quntico de spin magntico, est relacionado com o momentum angular intrnseco do eltron. Pode somente ter 2 sentidos: horrio e anti-horrio, que so designados por + e -. um valor caracterstico da partcula e no pode ser alterado. Os dois estados so freqentemente representados por duas setas (spin para cima, mS = +) e (spin para baixo, mS = -).

    Nveis, Subnveis e Orbitais. Nvel energtico: conjunto de funes de onda com um dado valor do nmero quntico principal, n. Subnvel energtico: definido pelas combinaes permitidas de n e . So constitudos pelas funes de onda com certo valor de n, mas com diferentes.

    O exame de todas as solues permitidas para a equao de onda mostra que os orbitais se classificam em grupos.

    No primeiro grupo de solues, o valor da funo de onda , e, portanto, a probabilidade de encontrar um eltron 2, depende somente da distncia r ao ncleo, que a mesma em todas as direes.

    = f(r) Esse fato leva a um orbital esfrico, e ocorre quando o nmero quntico secundrio igual a zero. Esses orbitais so chamados de orbitais s. Quando = 0, o nmero quntico magntico m = 0, de modo que s existe um orbital deste tipo para cada valor de n.

  • 25

    No segundo grupo de solues da equao de onda, depende tanto da distncia ao ncleo, como da direo no espao (x, y e z). Orbitais desse tipo ocorrem quando o nmero quntico secundrio = 1. Esses orbitais so chamados de orbitais p e existem trs valores para o numero quntico magntico (m = -1, 0, +1). Existem, pois trs orbitais idnticos em energia, forma e tamanho, que diferem somente em sua orientao no espao. Essas trs solues para a equao de onda podem ser escritas:

    x = f(r). (x) y = f(r). (y) z = f(r). (z)

    O terceiro grupo de solues da equao de onda depende da distncia ao ncleo r e de duas direes no espao, por exemplo:

    = f(r). f(x). f(y) Tal grupo de orbitais possui = 2, e so chamados de orbitais d. H cinco solues, correspondentes aos valores de m = -2, -1, 0, +1, +2, todas de igual energia. Ocorrem, portanto, cinco orbitais degenerados d para cada um dos valores de n = 3, 4, 5 ...

    Outra srie de solues ocorre quando = 3, sendo os orbitais em questo chamados de orbitais f. Existem sete valores de m = -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3,

    formando-se sete orbitais f degenerados quando n = 4, 5, 6..... As letras s, p, d e f provm dos termos espectroscpicos sharp, principal,

    diffuse e fundamental que so usados para descrever as linhas nos espectros atmicos.

    = 0, 1, 2, 3, 4... s, p, d, f ,g... Para a maioria dos propsitos em qumica, necessitamos considerar somente as subnveis s, p, d e f. Exemplo: Quais so os subnveis associados ao nvel n=3? Resposta: Para n = 3, temos: 3s( = 0), 3p( = 1), 3d ( = 2). Pelo fato de o potencial Coulmbico do ncleo apresentar simetria esfrica (proporcional a Z/r e independe da orientao relativa ao ncleo), os orbitais so melhores expressos em termos das coordenadas esfricas polares definidas na figura 1.6. Nessas coordenadas, todos os orbitais tm a forma:

  • 26

    nm = Rn(r)Ym (,) Que expressa a idia simples de que o orbital hidrogenide pode ser escrito como produto de uma funo R do raio e a funo Y das coordenadas angulares.

    A funo de onda radial, R, determina a variao do orbital com a distncia do ncleo e tem a forma:

    Rn(r) = f(r) (Z/ao)3/2 e-/2 Onde ao o raio de Bohn (0,53) e = 2Zr/nao.

    A funo de onda angular, Y, expressa a forma angular do orbital e definida pela equao:

    Ym (,) = (1/4pipipipi)1/2 y(,) Pelo fato dessas frmulas e seus valores parecerem complicados, usaremos aqui representaes ilustradas e no expresses.

    As variaes da funo de onda com o raio so mostradas na figura 1.7 e 1.8.

    As regies onde a funo de onda radial passa pelo zero so chamadas de ndulos ou ns radiais.

    Os planos nos qual a funo de onda passa pelo zero so chamados ndulos angulares ou planos nodais. Um orbital s tem uma amplitude no-nula no ncleo, todos os outros orbitais (aqueles com >0) tendem a zero no ncleo.

    Figura 1.6. Coordenadas polares esfricas: r o raio, a co-latitude, e o azimute. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 27

    Figura 1.7. Funes de onda dos orbitais hidrogenides 1s, 2s e 3s. Observe que o nmero de ns radiais 0, 1 e 2, respectivamente. Cada orbital tem uma amplitude no-nula no ncleo (para r = 0); as amplitudes foram ajustadas para igualar-se em r = 0.

    Figura 1.8. Funo de onda radial dos orbitais hidrogenides 2p e 3p. Observe que o nmero de ns radiais 0 e 1, respectivamente. Cada orbital tem amplitude nula no ncleo (para r = 0). Fonte das figuras: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

    A probabilidade de encontrar o eltron em uma camada esfrica de raio r e espessura dr a integral de 2d dt em todos os ngulos. Este resultado escrito normalmente como Pdr e, para uma funo de onda esfrica,

    P = 4pipipipir22 A funo P chamada de funo de distribuio radial e fornece a probabilidade de um eltron ser encontrado numa dada distncia do ncleo, independentemente da direo (Figura 1.9).

    Pelo fato de um orbital 1s decrescer exponencialmente com a distncia do ncleo, e r2 aumentar, a funo de distribuio radial de um orbital 1s atinge um mximo.

    Figura 1.9. Funo de distribuio radial de um orbital hidrogenide 1s. O produto de 4pir2 (o qual aumenta com o aumento de r) e 2 (o qual decresce exponencialmente) passa pelo mximo em r = ao/Z. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 28

    Desse modo, h uma distncia na qual o eltron pode ser mais facilmente encontrado. Em geral esta distncia decresce medida que a carga nuclear aumenta (porque o eltron atrado mais firmemente para o ncleo) e aumenta com o aumento em n porque, sendo a energia maior, mais facilmente o eltron ser encontrado longe do ncleo. A distncia mais provvel de um eltron estar do ncleo no estado de menor energia de um tomo hidrogenide no ponto onde P mnimo. Para um eltron1s, num tomo hidrogenide de nmero atmico Z, este mximo ocorre em:

    rmax = ao/Z Percebemos que a distncia mais provvel de um eltron 1s decresce com o aumento do nmero atmico.

    Exemplo: A Figura 1.10 mostra as funes de distribuio radial para os orbitais hidrogenides 2s e 2p. Qual orbital permite ao eltron ter maior probabilidade de se aproximar do ncleo? Resposta: A funo de distribuio radial do orbital 2p aproxima-se de zero no ncleo mais rapidamente do que a do eltron 2s. Esta diferena conseqncia do fato de que o orbital p possui amplitude zero no ncleo em razo de seu momento angular orbital. Assim, o eltron 2s tem a maior probabilidade de aproximar-se do ncleo.

    Formas de representao dos orbitais Os orbitais podem ser representados graficamente de diversos modos. Principais tipos de representao:

    Figura 1.10. Funes de distribuio radial de orbitais hidrogenides. Embora o orbital 2p esteja em mdia mais prximo ao ncleo (observe onde seu mximo se encontra), o orbital 2s tem uma probabilidade alta de estar prximo ao ncleo por causa do mximo interno. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 29

    Diagramas de superfcie limite Grficos de e 2 em funo da distncia ao ncleo Diagramas de nuvens de densidade eletrnica Mapas de densidade eletrnica constante.

    Diagramas de superfcie-limite Superfcie-limite de um orbital indica a regio dentro da qual o eltron mais facilmente encontrado; orbitais com nmeros qunticos possuem planos nodais.

    Provavelmente o meio mais usado para a representao grfica dos orbitais.

    Figura 1. 11. Superfcie-limite esfrica de um orbital s.

    Figura 1.12. Superfcie-limite dos orbitais p. Cada orbital tem um plano nodal cortando o ncleo. Por exemplo, o plano nodal do orbital pz o plano xy. O lbulo amarelo tem uma amplitude positiva; o laranja negativo.

  • 30

    Figura 1.13. Uma representao das superfcies-limite dos orbitais d. Quatro dos orbitais tm dois planos nodais perpendiculares que cruzam a linha que passa pelo ncleo. No orbital dz2, a superfcie nodal forma dois cones que se encontram no ncleo.

    Fig.1.14 Uma representao das superfcies-limite dos orbitais f. Fonte das figuras de 11 a 14: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 31

    Grficos de e 2 em funo da distncia ao ncleo As expresses matemticas das funes de onda so complicadas. Como

    exemplo, a mais simples delas, para o orbital 1s, a seguinte: 1s = (1/pi) e-r

    Para se traar o grfico, calcula-se os s para uma srie de valores de r, e desenha-se a curva (figuras 1.15 a e 1.15 b).

    Diagrama de nuvens de densidade eletrnica (figura 1.15 c). Permitem visualizar os orbitais mais facilmente. So semelhantes aos diagramas de superfcie limite na medida em que do as formas dos orbitais. So mais informativos, pois mostram como a densidade de probabilidade varia no espao em torno do ncleo. Quanto mais escura uma regio, maior a densidade de probabilidade.

    Mapas de densidade de probabilidade constante (figura 1.16). Mapas quantitativamente precisos. Apresentam um conjunto de linhas que unem os pontos que tm uma

    mesma densidade de probabilidade.

    Figura 1.15. a) Grfico de x r para os orbitais 1s 2s e 3s. b) Grfico de 2 x r para os orbitais 1s 2s e 3s. c) Grfico de nuvens de densidade eletrnica para os orbitais 1s 2s e 3s.

  • 1.3 tomos PolieletrnicosSo tomos com mais de um eltron. Como exemplo, podemos citar o

    tomo de He, com dois eltrons no orbital 1s, tecnicamente um tomo polieletnico ou multieletrnico. A equao de Schrdinger s foi resolvida exatamente para espcies contendo um eltron, isto por que, a soluo exata dessa equao para um tomo com N eltrons seria uma funo de gerando com isso dificuldades matemticas para sua resoluo.

    Contudo, clculos aproximados e evidncias espectroscpicas indicamtodavia, que espcies poliatmicas possuem orbitais anlogos ao do tomo de hidrognio, sendo, porm menores,que aumentam a atrao eletrosttica

    Aproximao Orbital Utilizada pelos qumicos inodos tomos polieletrnicos.

    Considera que cada eltron ocupa um orbital que relembra aquele encontrado nos tomos hidrogenides.

    Trata a repulso entre os eltrons de maneira aproximada, supondo que a carga eletrnica est esfericamente distribuda ao redor do ncleo.

    Assim, cada eltron se move em um campo atrativo do ncleo acrescido desta distribuio de carga repulsiva mdia.

    Figura 1.16. Mapa de densidadeprobabilidadepara o orbital 2pz do C

    olieletrnicos tomos com mais de um eltron. Como exemplo, podemos citar o

    , com dois eltrons no orbital 1s, tecnicamente um tomo polieletnico ou multieletrnico.

    A equao de Schrdinger s foi resolvida exatamente para espcies o por que, a soluo exata dessa equao para um tomo

    eltrons seria uma funo de 3N coordenadas de todos os eltrons, gerando com isso dificuldades matemticas para sua resoluo.

    Contudo, clculos aproximados e evidncias espectroscpicas indicamtodavia, que espcies poliatmicas possuem orbitais anlogos ao do tomo de

    menores, devido s cargas nucleares mais elevadasque aumentam a atrao eletrosttica ncleo-eltron.

    Utilizada pelos qumicos inorgnicos para explicar as formas aproximadas dos tomos polieletrnicos.

    Considera que cada eltron ocupa um orbital que relembra aquele encontrado nos tomos hidrogenides. Trata a repulso entre os eltrons de maneira aproximada, supondo que a

    rnica est esfericamente distribuda ao redor do ncleo.Assim, cada eltron se move em um campo atrativo do ncleo acrescido

    desta distribuio de carga repulsiva mdia.

    Figura 1.16. Mapa de densidade de probabilidade constante para o orbital 2pz do C

    32

    tomos com mais de um eltron. Como exemplo, podemos citar o , com dois eltrons no orbital 1s, tecnicamente um tomo

    A equao de Schrdinger s foi resolvida exatamente para espcies o por que, a soluo exata dessa equao para um tomo

    coordenadas de todos os eltrons,

    Contudo, clculos aproximados e evidncias espectroscpicas indicam, todavia, que espcies poliatmicas possuem orbitais anlogos ao do tomo de

    mais elevadas

    rgnicos para explicar as formas aproximadas

    Considera que cada eltron ocupa um orbital que relembra aquele

    Trata a repulso entre os eltrons de maneira aproximada, supondo que a rnica est esfericamente distribuda ao redor do ncleo.

    Assim, cada eltron se move em um campo atrativo do ncleo acrescido

  • 33

    O campo que surge da distribuio de carga eltrica esfrica equivalente ao campo gerado por uma carga pontual nica no centro da distribuio. Esta carga reduz a carga nuclear Ze para uma carga nuclear efetiva Zef. Esta reduo chamada de blindagem e o parmetro de blindagem, , uma correo para uma carga nuclear verdadeira:

    Zef = Ze

    Como a carga nuclear efetiva varia com a distncia do ncleo, as funes radiais sero marcadamente diferentes daquelas dos tomos hidrogenides e suas formas e energias respondero de forma complexa troca na populao de eltrons.

    Conhecida a carga nuclear efetiva podemos escrever formas aproximadas dos orbitais atmicos e comear a fazer estimativas de sua extenso e outras propriedades.

    J.C.Slater, foi o primeiro a estabelecer uma srie de regras para se estimar o valor da Zef para um determinado eltron em um tomo e, empregando os valores descrever os orbitais atmicos aproximados.

    Valores com clculos mais precisos do que os obtidos por Slater esto colocados na tabela 5, abaixo.

    Tabela 1.5. Carga nuclear efetiva Zef de alguns elementos da tabela peridica.

    Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

    H He Z 1 2 1s 1,00 1,69

    Li Be B C N O F Ne Z 3 4 5 6 7 8 9 10 1s 2,69 3,68 4,68 5,67 6,66 7,66 8,65 9,64 2s 1,28 1,91 2,58 3,22 3,85 4,49 5,13 5,76 2p 2,42 3,14 3,83 4,45 5,10 5,76

    Na Mg Al Si P S Cl Ar Z 11 12 13 14 15 16 17 18 1s 10,63 11,61 12,59 13,57 14,56 15,54 16,52 17,51 2s 6,57 7,39 8,21 9,02 9,82 10,63 11,43 12,23 2p 6,80 7,83 8,96 9,94 10,96 11,98 12,99 14,01 3s 2,51 3,31 4,12 4,90 5,64 6,37 7,07 7,76 3p 4,07 4,29 4,89 5,48 6,12 6,76

  • 34

    Dos valores apresentados nesta tabela, alguns comentrios merecem ser feitos:

    Nota-se que atravs de cada perodo a carga nuclear efetiva dos eltrons de Valncia aumenta com o aumento do nmero atmico.

    A carga nuclear efetiva para um eltron em um orbital de Valncia s maior que para o correspondente orbital p do mesmo tomo.

    A carga nuclear efetiva para os eltrons de Valncia dos elementos do perodo trs so apenas um pouco maior que aquelas para os elementos do perodo dois, embora a prpria carga nuclear seja consideravelmente maior.

    O princpio de Pauli No mximo dois (2) eltrons podem ocupar um nico orbital e, se os dois ocupam o mesmo orbital, seus spins devem estar emparelhados.

    Na notao usual emparelhado significa que um eltron deve ter spin , o outro e o par . Outra forma de expressar este princpio vem da observao de que:

    Um eltron em um tomo descrito por quatro (4) nmeros qunticos e, assim, dois (2) eltrons no podem possuir os quatro nmeros qunticos iguais.

    Configurao do estado fundamental de um tomo: a seqncia de ocupao dos orbitais por seus eltrons no estado fundamental.

    Estado Fundamental: estado de menor energia. Podemos investigar, agora, a questo da configurao eletrnica dos

    tomos de cada elemento no estado fundamental. O que se faz sistematicamente, organizando as configuraes na ordem crescentes dos nmeros atmicos. Nessa construo deve-se respeitar o princpio da excluso, e cada eltron deve ir para o orbital de mais baixa energia que no estiver ainda ocupado. Assim, o segundo eltron do hlio pode ir para o orbital 1s, dando 1s2. Isto porque, de acordo com a aproximao orbital, supe-se que ambos os eltrons ocupam um orbital atmico que teria a mesma forma esfrica do orbital hidrogenide 1s, porm com uma forma radial mais compacta: a carga nuclear efetiva + 1, 69, e

  • 35

    assim os eltrons so atrados para mais prximo do ncleo do que o nico eltron no tomo de hidrognio. Passando para o Li (Z=3), a configurao eletrnica do estado fundamental deveria ser 1s3, mas no . Isto porque, esta configurao proibida por uma caracterstica fundamental conhecida como Princpio da Excluso de Pauli. Portanto, o terceiro eltron do Li deve ocupar a camada seguinte de maior energia, a camada com n = 2. A questo , qual orbital o terceiro eltron do Li ocupar, o orbital 2s ou o orbital 2p? Para responder a esta questo, necessita-se examinar as energias das duas subcamadas, porque embora elas possuam a mesma energia nos tomos hidrogenides isto no verdade para tomos polieletrnicos. A razo bsica da separao entre os orbitais de diferentes tipos, com o mesmo n sempre a mesma; entendida num caso particular, as outras sero entendidas tambm, pelo menos em princpio.

    Penetrao e Blindagem Para um determinado eltron em um tomo, quanto mais prximo do ncleo ele puder penetrar, maior ser o valor da Zef que ele sentir. No caso do Li, se considerarmos o eltron 2s externo a dois eltrons 1s de uma camada interna, ele (o eltron) experimentaria uma carga nuclear centrossimtrica lquida de 3e - 2e = +e; isto , Zef seria igual a 1. Mas, a Zef do eltron 2s de 1,28 , o que sugere que o eltron 2s no permanece totalmente fora da camada dos eltrons 1s. Podemos observar atravs da figura1.17, que existe uma probabilidade maior que zero de o eltron 2s penetrar a camada 1s, e experimente a carga nuclear total. Um eltron 2p no penetra na camada interna to efetivamente porque ele possui um plano nodal no ncleo; deste modo, est mais blindado a partir do ncleo pelos eltrons mais internos.

  • 36

    Podemos concluir que um eltron 2s tem uma energia menor (esta ligado mais firmemente) do que o eltron 2p, e desse modo configurao eletrnica do estado fundamental do Li : 1s2 2s1. Como resultado do efeito de penetrao e blindagem, a ordem de energia para tomos polieletrnicos normalmente:

    ns

  • 37

    Por exemplo, os efeitos de penetrao so muito pronunciados para os eltrons 4s no K e no Ca e nestes tomos os orbitais 4s tem uma energia menor que os orbitais 3d. Contudo, do Sc at o Zn os orbitais 3d no tomo neutro tem energia muito prxima, porm menor, que a energia dos orbitais 4s; por isso, os 10 eltrons seguintes entram nos orbitais 3d, na seqncia de elementos. Do tomo de Ga (Z=31) para frente, a energia dos orbitais 3d se torna muito menor que a energia dos orbitais 4s, e os eltrons mais externos so, sem dvida, aqueles das subcamadas 4s e 4p. Nestes elementos os orbitais 3d no so considerados orbitais de Valncia.

    O princpio da Edificao ou Aufbau um procedimento que pode conduzir a uma plausvel configurao do

    estado fundamental. Estabelece que no processo mental de construo de um tomo a partir do tomo de hidrognio, adicionam-se prton ao ncleo e eltrons aos orbitais de acordo com as energias crescentes desses e respeitados o princpio de Pauli e a regra de Hund.

    A seqncia para o preenchimento dos subnveis : 1s, 2s, 2p, 3s, 3p, 4s, 3d, 4p, 5s, 4d, 5p, 4f, etc...

    Esta ordem de energia determinada em parte pelo nmero quntico principal (n) e em parte pela penetrao e blindagem. A cada orbital, de acordo com o princpio da excluso de Pauli, permitido acomodar dois (2) eltrons. Assim, uma subcamada p pode acomodar seis (6) eltrons e uma subcamada d dez (10) eltrons.

    Quando mais que um orbital estiver disponvel para ser ocupado, tal como quando os orbitais 2p esto comeando a serem preenchidos, como nos tomos de B e C, adota-se a seguinte regra:

    Regra de Hund: Quando se tem mais de um orbital com a mesma energia, os eltrons ocupam orbitais separados e possuem spins paralelos.

  • 38

    Explicao: O preenchimento de orbitais separados pode ser entendido porque

    as interaes repulsivas entre os eltrons que ocupam diferentes regies do espao so menores que aqueles onde os eltrons se encontram na mesma regio do espao.

    A necessidade dos eltrons que ocupam diferentes regies do espao terem spins paralelos conseqncia de um efeito mecnico-quntico conhecido como correlao de spin. Correlao de spin: dois eltrons com spins paralelos tendem a se afastarem mutuamente, e por isso repelindo-se em menor extenso.

    Configurao eletrnica do estado fundamental dos elementos Algumas nomenclaturas

    Orbitais de valncia: orbitais mais externos ocupados de um tomo. Camada de valncia: contm os orbitais de valncia.

    Exemplo: Li 1s2 2s1. Orbitais de valncia = 2s; camada de valncia = 2 Camadas internas: camadas anteriores a de valncia do tomo. Orbitais internos: orbitais das camadas internas dos tomos.

    Exemplo: Para o Li. Camada interna: 1. Orbital interno: 1s. Como a camada interna do Li tem configurao 1s2, a mesma do He, ela algumas vezes referida como [He]

    A configurao do Li pode ser escrita: [He] 2s1. Este tipo de representao abreviada, usando-se o caroo (cerne) do gs inerte mais prximo, chamado de configurao espectroscpica simplificada.

    Camada interna fechada: Quando todos os eltrons internos esto emparelhados. Assim, seguindo o princpio da edificao, podemos fazer a distribuio

    eletrnica dos elementos. H 1s1 He 1s2 Li [He] 2s1 Be [He] 2s2 B [He] 2s2 2p1

  • 39

    O preenchimento do primeiro orbital p arbitrrio. comum adotar-se a ordem px, py, pz.

    Continuando: C [He] 2s2 2p2

    N [He] 2s2 2p3 :

    Ne [He] 2s2 2p6 Na [Ne] 3s1 :

    Ar [Ne] 3s2 3p6. : Desde que os orbitais 3d so muito mais energticos, esta configurao afetivamente uma configurao de camada fechada. Continuando: K [Ar] 4s1 Ca [Ar] 4s2 Sc [Ar] 3d1 4s2 em vez de 4s2 3d1. Isto, porque, os nveis de energia apresentados na seqncia energtica so para orbitais atmicos individuais e no levam em considerao as repulses intereletrnicas.

    Para a maior parte dos elementos do bloco d, as determinaes espectroscpicas dos estados fundamentais (juntamente com clculos detalhados) mostraram que vantajoso ocupar o orbital de maior energia que vem a seguir (o orbital 4s p.ex.). Isto, porque, o preenchimento de orbitais de energia mais elevada pode resultar em uma repulso entre os eltrons, menor do que a que ocorreria se os orbitais 3d, de menor energia, fossem ocupados.

    Em alguns casos, a menor energia total pode ser obtida pela formao de subcamadas d preenchidas ou semiprenchidas custa de um eltron s.

    Assim: Cr [Ar] 3d5 4s1 e no 3d4 4s2 Cu [Ar] 3d10 4s1 e no 3d9 4s2. Um efeito similar ocorre no bloco f onde os orbitais f esto sendo

    ocupados. Por ex., a configurao do Gadolnio (Gd) : [Xe] 4f7 5d1 6s2 e no [Xe]4f6

    5d2 6s2.

  • 40

    1.4 Parmetros Atmicos

    Os 110 elementos esto listados na tabela peridica (anexo 1) em termos de nmero atmico, Z.

    As listas horizontais da tabela so chamadas de Perodos, que so em nmero de sete (7).

    As colunas verticais so chamadas de Grupo, que so em nmero de dezoito (18).

    Desde 1990 a Unio Internacional de Qumica Pura e Aplicada (IUPAC, sigla em ingls) recomenda a utilizao do sistema de numerao, na qual os grupos so numerados com algarismos arbicos de 1 a 18.

    A forma moderna da tabela peridica reflete a estrutura eletrnica fundamental dos elementos. Sendo assim, podemos observar que:

    O nmero do perodo o valor do nmero quntico principal, n, da camada que est sendo corretamente preenchida.

    O nmero do grupo est relacionado com o nmero de eltrons na camada de valncia.

    No sistema de numerao recomendado pela IUPAC, a relao adequada depende do Nmero G do grupo. Assim temos:

    Bloco N de e- de valncia s, d G p G -10

    Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 ED.

    Nesta expresso, eltrons de valncia dos elementos do bloco d incluem os eltrons dos orbitais d e os eltrons mais externos.

    Desse modo, a tabela peridica est dividida em 4 blocos: Bloco s ns Elementos do grupo

    principal Bloco p ns2, np Bloco d (n-1)d, ns2 Metais de transio Bloco f (n-2)f, (n-1)do,ns2 Metais de transio interna

    Certas propriedades caractersticas dos tomos, particularmente seus tamanhos e as energias associadas com a remoo e a adio de eltrons mostram variaes peridicas com o nmero atmico. Estas propriedades

  • 41

    atmicas so de considervel importncia para explicar algumas propriedades qumicas dos elementos. O conhecimento da variao permite aos qumicos organizar observaes e predizer o comportamento qumico e estrutural sem recorrer a uma tabela de dados para cada elemento

    Raio Atmico e Raio Inico Uma das propriedades atmicas mais teis de um elemento o volume de seus tomos e ons. A teoria quntica do tomo no produz valores precisos de raios atmicos ou inicos, porque a funo de distribuio radial diminui exponencialmente com o aumento da distncia ao ncleo. Apesar desta falta de valores de raios precisos, podemos esperar que tomos com muitos eltrons sejam maiores do que tomos que possuem poucos eltrons. Tais consideraes tm permitido aos qumicos propor uma variedade de definies de raio atmico, com base em consideraes empricas. Raio Atmico: conjunto de raios metlicos e covalentes.

    Raio metlico de um elemento metlico e definido como a metade da distncia determinada entre os ncleos dos tomos vizinhos prximos em um slido

    Contudo encontra-se que esta distncia geralmente aumenta com o nmero de coordenao (NC) do retculo.

    Em um estudo extensivo da separao internuclear em uma grande variedade de elementos Goldschimidt, encontrou que o raio relativo mdio varia conforme a tabela ao lado.

    necessrio colocar todos os elementos nas mesmas condies para que se possam comparar tendncias em suas caractersticas, assim, ajustaram-se todos os raios para NC igual a 12.

    NC Raio relativo 12 1,00 8 0,97 6 0,96 4 0,88

  • 42

    Raio covalente: metade da separao internuclear de dois tomos vizinhos de um mesmo elemento em uma molcula.

    As tendncias peridicas nos raios podem ser observadas na tabela1. 6 A anlise desses dados mostram que o raio atmico: Aumenta ao se descer nos grupos e diminui da esquerda para a direita nos perodos Interpretao em termos da estrutura eletrnica dos tomos:

    Ao se descer nos grupos, os eltrons de valncia so encontrados em orbitais com nmeros qunticos sucessivamente maiores ocupando, assim orbitais maiores.

    Atravs do perodo, os eltrons de valncia so adicionados em orbitais de mesma camada; contudo, o aumento na carga nuclear efetiva atravs do perodo atrai os eltrons e resulta em tomos cada vez mais compactos.

    .

    Tabela 1.6. Raios Atmicos (em A) Li Be B C N O F

    1,57 1,12 0,88 0,77 0,74 0,66 0,64 Na Mg Al Si P S Cl

    1.91 1,60 1,43 1,18 1,10 1,04 1,14 K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br

    2,35 1,97 1,64 1,47 1,35 1,29 1,27 1,26 1,25 1,25 1,28 1,37 1,53 1,22 1,21 1,04 1,14 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I

    2,50 2,15 1,82 1,60 1,47 1,40 1,35 1,34 1,34 1,37 1,44 1,52 1,67 1,58 1,41 1,37 1,33 Cs Ba Lu Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi

    2,72 2,24 1,72 1,59 1,47 1,41 1,37 1,35 1,36 1.39 1,44 1,55 1,71 1,75 1,82

    Os valores so referentes ao NC 12. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 43

    Modificaes importantes nas tendncias gerais Pode-se observar atravs da tabela 1.6, que o raio metlico dos

    elementos do terceiro perodo do bloco d (perodo 6) so muito similares aqueles do segundo perodo, e no maiores, como seria de se esperar com base no fato do nmero de eltrons ser consideravelmente maior.

    Exemplo: Mo raio metlico = 1,40 W raio metlico = 1.41

    A reduo do raio chama-se contrao lantandica. Explicao:

    Os elementos do terceiro perodo do bloco d so precedidos pelos elementos do primeiro perodo do bloco f, os lantandeos, nos quais os orbitais 4f esto sendo ocupados. Estes orbitais possuem uma pequena capacidade de blindagem e os eltrons, adicionados ao longo do perodo 4f, sentem uma carga nuclear efetiva maior.

    Contrao similar encontrada nos elementos posteriores aos do bloco d. Exemplo: Embora haja um substancial aumento no raio atmico do B (0,88 ) para o Al (1,43 ), o raio atmico do Ga (1,53 ) somente pouco maior que o do Al. Este efeito pode ser entendido em termos da pobre capacidade de blindagem dos elementos que o antecede no perodo.

    Figura 1.19. Variao dos raios atmicos atravs da tabela peridica. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 44

    Raio Inico: est relacionado com a distncia entre os ncleos de ctions e nions vizinhos.

    Torna-se, assim, necessrio dividir uma nica separao internuclear de ons vizinhos entre duas espcies diferentes (p.ex., um on Na+ e um on Cl- em contato).

    A forma mais direta para resolver este problema determinar arbitrariamente o raio de um on e, ento, utiliz-lo para determinar os raios de todos os outros ons.

    O on escolhido foi o O2-, por ter a vantagem de poder se combinar com a maioria dos elementos e ser pouco polarizvel, e assim seu volume no varia muito em funo da troca do ction que o acompanha.

    R (O2-) = 1,40 Da mesma forma que o raio atmico, o raio inico, aumenta com o nmero de coordenao. Assim, ao se comparar raios inicos deve-se tambm observar se eles tm o mesmo NC. Os valores normalmente empregados referem-se ao NC igual a seis (6), o NC mais comum. Uma caracterstica comum ao se comparar o raio atmico com o inico : Todos os nions so maiores que os tomos que lhes deram origem e todos os ctions so menores. Explicao: O aumento do raio do nion em relao ao tomo o resultado da maior repulso eltron-eltron que ocorre no nion, quando comparado com o tomo neutro.

    O menor raio do ction, comparado com o elemento que lhe deu origem, uma conseqncia da diminuio da repulso eltron-eltron, devido a perda de eltron. As tendncias gerais para os raios inicos so semelhantes a dos raios atmicos, assim:

    O raio inico aumenta ao se descer em um grupo. Li+ < Na+ < K+ < Rb+ < Cs+

  • 45

    A contrao lantandica restringe o aumento entre os ons mais pesados. O raio dos ons de mesma carga diminui atravs do perodo.

    Ca2+ > Mn2+ > Zn2+ Quando um on pode ocorrer em ambientes com diferentes nmeros de

    coordenao, seu raio aumenta com o aumento do NC. 4 < 6 < 8 < 10 < 12.

    Se um elemento pode existir em diferentes estados de oxidao, ento para um dado NC seu raio inico diminui com o aumento do Nox.

    Fe2+ > Fe3+

    Como uma carga positiva indica um nmero reduzido de eltrons e, assim, uma atrao nuclear maior, ctions so usualmente menores que nions.

    Energia de Ionizao (I) A facilidade com a qual um eltron pode ser retirado de um tomo medida pela sua energia de ionizao, I, a energia mnima necessria para remover um eltron de um tomo isolado e na fase gasosa: A(g) A+(g) + e- A primeira energia de ionizao I1 a energia necessria para remover o eltron mais fracamente ligado ao tomo neutro. A segunda energia de ionizao I2 a ionizao do ction resultante, e assim por diante. So convenientemente expressas em eltronvolt (eV), onde 1 eV a energia adquirida por um eltron quando ele submetido a uma diferena de potencial de 1V. Como esta energia igual a e x 1V, fcil deduzir que: 1 eV = 96,49 KJmol-1 Em sua maior parte, a primeira energia de ionizao de um elemento determinada pela energia do ltimo orbital ocupado de sua configurao do estado fundamental. A tendncia geral dos valores pode ser resumida como segue:

    A primeira energia de ionizao (I1) varia sistematicamente atravs da tabela peridica, sendo que a menor est na parte inferior esquerda (prximo ao Cs) e a maior no canto superior direito (prximo ao F).

  • 46

    Comportamento: aumenta com o aumento da carga nuclear efetiva (Zef) e com a diminuio do raio atmico, conforme grfico apresentado na figura 1.20.

    Alteraes na tendncia geral so originadas pelo efeito da repulso eltron-eltron dentro da mesma subcamada. Exemplos:

    A primeira energia de ionizao do B menor que a do Be, apesar da maior carga nuclear efetiva do B. Isto porque, no B o eltron de valncia ocupa um orbital de valncia 2p, estando assim mais fracamente ligado do que se ele tivesse entrado em um orbital 2s. Como resultado a primeira energia de ionizao tem um valor menor que o esperado.

    A diminuio da primeira energia de ionizao entre N e O devida ao fato de que, no tomo de O (conf. [He] 2s2 2px2, 2py1, 2pz1) um dos orbitais 2p tem dois eltrons, esses eltrons esto muito prximos, repelindo-se mutuamente de maneira mais intensa, e esta repulso extra compensa a maior carga nuclear.

    tambm importante considerar as energias de ionizao sucessivas de um mesmo tomo. Assim, I1 < I2 < I3 ..... Este aumento na energia deve-se a necessidade de se remover um eltron de um tomo positivamente carregado. O aumento na energia maior quando o eltron a ser removido pertence camada interna do tomo, porque o eltron est situado em um orbital mais compacto que interage de maneira muito mais intensa com o ncleo.

    A variao da primeira energia de ionizao atravs da tabela peridica Figura 1.20. Variao da Energia de Ionizao atravs da tabela peridica.

    Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 ed.

  • 47

    Afinidade Eletrnica (Ae) Energia liberada quando um eltron adicionado a um tomo neutro gasoso em seu estado fundamental. A(g) + e-(g) A-(g) medida em eltronvolt (eV). E a entrada de eltrons pode ser tanto endotrmica como exotrmica. A primeira afinidade eletrnica um processo exotrmico. O(g) + e-(g) O-(g) A segunda afinidade eletrnica um processo endotrmico. O-(g) + e-(g) O2-(g) determinada em grande parte pela energia do primeiro orbital vazio (ou parcialmente preenchido) do tomo no estado fundamental. Comportamento:

    Um elemento ter alta afinidade eletrnica se o eltron adicional entrar em uma camada onde ele experimente uma forte carga nuclear efetiva (Zef) conforme tabela 1.7.

    Tabela 1.7. Afinidades eletrnicas dos principais grupos de elementos (em eV*)

    *Para converter em kJmol-1, multiplica-se por 96,485. Os primeiros valores se referem a formao do on X- do tomo neutro X; o segundo valor a formao do X2- do X-. Convenes: (+) exotrmico; (-) endotrmico. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

    H He 0,754 -0,5 Li Be B C N O F Ne 0,618 -0,5 0,277 1,263 -0,07 1,461 3,399 -1,2 -8,75 Na Mg Al Si P S Cl Ar 0,548 -0,4 0,441 1,385 0,747 2,077 3,617 -1,0 -5,51 K Ca Ga Ge As Se Br Kr 0,502 -0,3 0,30 1,2 0,81 2,021 3,365 -1,0 Rb Sr In Sn Sb Te I Xe 0,486 -0,3 0,3 1,2 1,07 1,971 3,059 -0,8

  • 48

    Assim:

    tomos muito pequenos e com camadas mais externas que sentem uma elevada Zef (ex. elementos da parte superior direita da tabela peridica) tm afinidades eletrnicas muito elevadas.

    tomos grandes e cujas camadas mais externas sentem o efeito de uma pequena Zef (tais como os elementos dos grupos 1 e 2) devem possuir pequenas afinidades eletrnicas. Examinado a tabela 1.7 constataremos que o F, que menor que o Cl,

    tem tambm uma menor afinidade eletrnica. Justificativa: aparentemente, as maiores repulses intereletrnicas sofridas por um eltron que entra na pequena camada mais externa do F superam o fato de o eltron adicionado ao F situar-se mais prximo ao ncleo do que no tomo do Cl. O carbono tem uma afinidade eletrnica substancialmente exotrmica, enquanto que a do nitrognio efetivamente endotrmica. Justificativa: no carbono o eltron que entra pode ocupar um orbital vazio 2p e, portanto, sofrer apenas uma repulso intereletrnica mnima. Com o nitrognio, todavia, um eltron adicional deve ser colocado em um orbital que j esta ocupado por um eltron. A maior repulso intereletrnica resultante faz com que a afinidade eletrnica seja uma quantidade endotrmica.

    Eletronegatividade, (chi) De maneira geral, se um tomo tem forte tendncia em adquirir eltrons, diz-se que ele eletronegativo. Se tiver tendncia a perder eltrons, diz-se que ele eletropositivo. Tem sido definida de muitas maneiras diferentes e sua interpretao correta ainda motivo de debate. Veremos a seguir algumas definies propostas.

    Eletronegatividade de Pauling (p) Pauling foi o primeiro a elaborar o conceito de eletronegatividade. Em sua definio, eletronegatividade, a capacidade de um elemento atrair eltrons para si quando ele faz parte de um composto.

  • 49

    Ele argumentou que o excesso de energia , de uma ligao A B em relao energia mdia das ligaes A A e B B pode ser atribuda a presena de uma contribuio inica ligao covalente. Ele definiu a diferena de eletronegatividade como A B = 0, 102

    Onde medida em kJmol-1 e determinado pela expresso: = E(A B) {E(A A) + E(B B)} Assim, se a energia de ligao A B difere marcadamente da mdia das ligaes no polares A A e B B, presume-se que h uma substancial contribuio inica para a ligao A B e assim, uma grande diferena de eletronegatividade entre os dois tomos. Muito mais que imaginar duas formas extremas de ligaes (inicas e covalentes), Pauling introduziu a idia de que o grau de carter inico de uma ligao varia com a diferena de eletronegatividade. Ocorre uma ligao com 50% de carter inico quando a diferena de eletronegatividade dos tomos de cerca de 1,7; se a diferena for maior, a ligao ser mais inica que covalente. Se a diferena for menor que 1,7, a ligao ser mais covalente que inica. Vantagem: til para estimar entalpias de ligao entre elementos de diferentes eletronegatividades visando uma avaliao qualitativa da polaridade das ligaes. Desvantagem: aumenta com o estado de oxidao do elemento.

    Eletronegatividade de Alrred Rochow (AR) Est baseada na viso de que a eletronegatividade determinada pelo campo eltrico na superfcie do tomo. AR = 0,744 + 0,359Zef/r2 De acordo com esta definio, os elementos com alta eletronegatividade so aqueles com alta carga nuclear efetiva e raio covalente pequeno. Os valores obtidos so teis para a discusso de distribuio de eltrons nos compostos.

  • 50

    Eletronegatividade de Mulliken (M) Mulliken props esta definio usando dados obtidos do espectro atmico, e a definiu como a mdia de energia de ionizao e afinidade eletrnica de um elemento. M = (I + Ae) Se ambos I e Ae so elevados, ento a eletronegatividade alta, se ambos so baixos a eletronegatividade baixa. Converso entre a eletronegatividade de Pauling e Mulliken: P = 1,35 1,37

    A variao da eletronegatividade na tabela peridica se encontra na figura 1.21, abaixo.

    Polarizabilidade () a habilidade de um tomo ou on (mais geralmente, um nion) de ser distorcido por um campo eltrico. Um tomo ou on polarizvel aquele com orbitais de fronteira que possuem energias prximas; tomos e ons grandes, pesados, tendem a ser altamente polarizveis.

    Propriedades ticas Cor A cor surge porque a energia absorvida ou emitida nas transies eletrnicas corresponde aos comprimentos de onda da regio da luz visvel.

    Figura 1.21. Variao da eletronegatividade atravs da tabela peridica. Fonte: Qumica Inorgnica Shriver e Atkins 3 Ed.

  • 51

    Cor das Chamas Como resultado das baixas energias de ionizao, eltrons podem ser excitados facilmente a um nvel energtico mais elevado, como no teste da chama. O calor da chama excita um dos eltrons externos do tomo a um nvel energtico mais alto. Quando o eltron excitado retorna ao nvel energtico original, ele libera a energia adicional absorvida. A energia emitida aparece como luz visvel, provocando a cor caracterstica da chama. caracterstica dos metais alcalinos e alcalinos terrosos.

    Cor dos compostos e solues A absoro na regio visvel e UV do espectro so causadas por variaes na energia eletrnica. sempre possvel promover um eltron de um nvel energtico para outro. Contudo, os saltos de energia geralmente so to grandes que a absoro ocorre na regio do UV. Circunstncias especiais podem tornar possveis saltos menores na energia eletrnica que aparecem como uma absoro na regio do visvel. Essas circunstncias podem ser encontradas em ons contendo camadas d ou f incompletas. Assim, em ons de elementos de transio com um nvel d apenas parcialmente preenchido, ser possvel promover eltrons de um nvel d para outro nvel d de energia maior. Isso corresponde a uma diferena de energia bastante pequena, ocorrendo absoro de luz da regio do visvel. Muitos compostos inicos e covalentes dos elementos de transio so coloridos. J os compostos dos elementos dos blocos s e p so quase sempre incolores.

    Propriedades Magnticas Quando uma substncia colocada num campo magntico de intensidade H, a intensidade do campo magntico na substncia poder ser maior ou menor que H. Se o campo na substncia for maior que H, a substncia paramagntica. O paramagnetismo surge como uma conseqncia de spins de eltrons desemparelhados do tomo.

  • 52

    Muitos dos compostos dos elementos de transio so paramagnticos, pois contm nveis eletrnicos parcialmente preenchidos.

    Se o campo na substncia for menor do que H, a substncia ser diamagntica. Em compostos diamagnticos todos os spins eletrnicos esto emparelhados. Quando os elementos do grupo dos metais alcalinos formam compostos todos os eltrons so emparelhados. Por causa disso, seus compostos so diamagnticos.

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    1.5 Exerccios.

    1. Quais so os subnveis associados ao nvel n = 5? Correlacione as letras simbolizando os subnveis aos valores correspondentes do nmero quntico do momentum angular. 2. Quais so os smbolos dos orbitais compreendidos: a) no nvel n = 1, subnvel l = 0 ? b) no nvel n = 3, subnvel l = 2 ? c) no nvel n = 2 ? 3. Qual o valor de para r = no orbital 1s ? 4. Explique por que um tomo de um determinado elemento qumico ao emitir uma partcula beta origina um tomo de outro elemento qumico? 5. Determine o defeito de massa na reao 42He 32He + 1on a partir dos dados:Massa de 42He = 4,0028 u.; Massa do 11p = 1,0078252 u.; Massa do 1on = 1,0086654 u. 6. Determine a energia de ligao em Mev no ncleo de Deutrio cuja massa molar de 2,01355 g. Dados: massa molar do H = 1,0078252 g ; massa de 1 mol de 1on = 1,0086654 g ; 1 u. = 931,4 Mev. 7. Escreva as equaes que representam cada um dos seguintes processos nucleares: a) emisso de psitron pelo 12051Sb. b) emisso beta pelo 3516S. c) emisso alfa pelo 22688Ra. d) captura de eltrons K pelo 74Be. 8. Utilize o principio da edificao para escrever as configuraes eletrnicas de elementos de nmeros atmicos 7, 18, 29, 42, 52, 74, 78 e 92. Use a notao espectroscpica simplificada. 9. He+ e H so isoeletrnicos, ou seja, tm a mesma estrutura eletrnica, e seus espectros so semelhantes. A transio de n = 1 para n = em He+ envolve maior ou menor energia do que a transio correspondente em H? Explique. 10. Considere as designaes 4f, 3s, 3dz2, 4p, 3d e 3px. Quantos orbitais h em cada uma delas?

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    11. Qual o significado do termo regio nodal? Qual a probabilidade de o eltron ser encontrado numa regio nodal? 12. Qual o significado do termo funo de onda? Que interpretao dada ao quadrado da funo de onda ? 13. No mximo, quantos eltrons pode haver em um tomo com cada um dos seguintes conjuntos de nmeros qunticos? a) n = 1 ; b) n = 3, l = 1 ; c) n = 5, l = 1; d) n = 3, l = 1, ml = 1 ; e) n = 2, l = 2, ml = 0 ; f) n = 2, ms = 1/2. 14. Considere os seguintes pares de orbitais pertencentes a espcies polieletrnicas isoladas. Em cada par, indique qual orbital tem menor energia, ou indique que as energias so iguais. a) 2s,3s. b) 3s,3px. c) 3px, 3py. d) 3py, 3dz2. e) 3dz2, 4p. 15. Calcule a energia necessria para remover um eltron do nvel de energia mais baixo do tomo de hidrognio para produzir H+ ? Dados: RH = 2,18 x 10 18 J e 1 J -----107 erg. 16. Quantos prtons h no on X3+ de configurao 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 3d10? 17. A distribuio eletrnica do tomo de molibdnio, Mo, : 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6

    3d10 4s2 4p6 4d5 5s1. O conjunto de nmeros qunticos: n, l, ml e ms para o 5o eltron de 2p6 dado por: 2,1,0,-1/2. Fornea, segundo esse modelo, o conjunto dos nmeros qunticos para o 8o eltron do 3d10. 18. A qual das seguintes espcies aplica-se a teoria de Bohr? a) H; b) H+ ; c) He; d) He+ e) Li; f) Li+ ; g) Li2+ ; h) Be; i) Be+; j) Be2+ ; l) Be3+ . 19. D o nome e o smbolo para cada um dos tomos que tm no estado fundamental a seguinte configurao eletrnica no nvel mais externo. a) 2s2 ; b) 3s2 3p5 ; c) 3s2 3p6 4s2 ; d) 3s2 3p6 3d6 4s2 ; e) 5s2 5p2 ; f) 5s2 5p6 . 20. Escreva equaes balanceadas para as seguintes reaes nucleares (mostre as emisses do excesso de energia como um fton de radiao eletromagntica, ): a) 14N + 4He para produzir 17O ; b) 12C + p para produzir 13N ; c) 14N + n para produzir 3H e 12C (esta ltima reao produzida constantemente na atmosfera superior). 21. Uma possvel fonte de nutrons no processo de captura de nutrons a reao do 22Ne com partculas alfa para produzir 25Mg e nutrons. Escreva a equao balanceada para a reao nuclear.

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    22. Escreva a configurao eletrnica simplificada para Tl+ , Cr , Fe3+, Ni e Ni2+ . 23. Por que o Zn tem menor raio atmico que o Ca ? 24. Qual elemento em cada par tem maior potencial de ionizao e por qu?

    a) S ou P b) K ou Cu. 25. Explique por que a primeira energia de ionizao diminui do F para o Cl . 26. Colocar os elementos dados a seguir em ordem de aumento do raio atmico e justifique sua resposta. Cs, F, Li, Cl. 27. Colocar os elementos dados a seguir em ordem de aumento de sua primeira energia de ionizao e justifique sua resposta. Na, Mg, Al, Si. 28. Dispor os elementos dados a seguir em ordem de aumento da afinidade eletrnica e justifique sua resposta. Be, N, Na, Cl. 29. Colocar os elementos dados abaixo em ordem de aumento do raio inico.

    a) Ca2+ K+ Al3+ b) S2- Cl- Te2-

    30. Colocar os seguintes elementos em ordem de aumento de eletronegatividade justificando sua resposta. B, Na, F, S. 31. Escreva a equao e a configurao eletrnica simplificada para cada uma das situaes abaixo:

    a) o primeiro potencial de ionizao do K; b) o terceiro potencial de ionizao do Al; c) a Segunda energia de ionizao do Cl.

    32. Um estudante procurou numa tabela os raios dos seguintes ons: Al3++, F- e Na+ . Anotou os valores 0,95 Ao, 0,50 Ao e 1,36 Ao, esquecendo-se de associar cada valor respectiva espcie. Qual o valor correspondente a cada on? 33. Escrevam as configuraes eletrnicas dos seguintes ons isolados: B3+, Cu2+ e Cd2+. Quantos eltrons desemparelhados cada um tm? 34. Considere a seguinte tabela de energia de ionizao (KJ/mol)

    Elemento 1a 2a 3a Li 520 7298 11815 Mg 720 1451 7733 Al 578 1817 2745

    Pede-se: a) Qual desses elementos tem tendncia para formar um ction + 1?

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    b) Formar ction +2? c) Formar ction +3?

    35. Considere a seguinte tabela: Elemento 1a Ae (Kjmol-1) Li - 59,8 Be 0 B - 27 C - 122,3 N 7

    O - 141,1 F - 328

    a) Qual a tendncia observada? Explique-a. b) Por que o Be uma exceo tendncia geral? c) Por que a afinidade eletrnica do carbono mais negativa do que a do N?

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    CAPITULO 2 - LIGAES QUMICAS E ESTRUTURA

    Grande parte da qumica inorgnica depende da capacidade de relacionar as propriedades qumicas dos compostos com suas estruturas eletrnicas. No capitulo anterior vimos os fundamentos tericos que nos permitem deduzir as configuraes eletrnicas dos tomos. Prosseguiremos agora tentando compreender como as ligaes qumicas e as geometrias das espcies se relacionam s configuraes dos tomos. Vejamos em primeiro lugar, os modos de se formar uma ligao qumica.

    Transferncia de eltrons ligao inica. Aquele que perde eltrons transforma-se num ction (geralmente um metal dos grupos 1 e 2), enquanto o tomo que os ganha torna-se um nion (geralmente, um no metal dos grupos 16 e 17). No caso limite de transferncia total de eltrons, a ligao resultante seria 100% inica. Na realidade isso no ocorre.

    Compartilhamento de eltrons constitui-se na caracterstica fundamental das ligaes covalentes.

    Movimentao dos eltrons de valncia livremente atravs de todo o cristal ligao metlica. A ligao covalente ser estudada neste capitulo; os outros dois modos no

    capitulo 3. Como definido acima, uma ligao covalente resulta do compartilhamento de um par de eltrons entre os tomos. A fora de ligao resulta da atrao entre estes eltrons compartilhados e os ncleos positivos dos tomos que participam da ligao. Neste sentido, os eltrons servem como uma espcie de cola que liga os tomos entre si. A estabilidade desta ligao provm de um decrscimo da energia do par de tomos que se ligam. A anlise da variao dessa energia complicada. e ser discutida mais adiante, ainda neste capitulo. A ligao covalente mais simples que podemos examinar ocorre entre tomos de hidrognio (H) na molcula de H2. Cada tomo de H completa sua camada de valncia adquirindo uma frao de um eltron de outro tomo. Podemos indicar a formao da molcula do H2, usando smbolos de Lewis, como H+ H H H

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    No qual o par de eltrons da ligao mostrado como um par de pontos entre os dois tomos de H. Freqentemente usa-se um trao ao invs do par de pontos, de tal maneira que a molcula de H2 pode ser representada por H H. O nmero de ligaes covalentes que um tomo formar pode, ser previsto, contando-se o nmero de eltrons que faltam para atingir uma configurao estvel e que levou Lewis em 1916 a propor a regra do octeto.

    Regra do octeto Diz que, cada tomo em um composto covalente tende a adquirir octeto atravs do compartilhamento de eltrons. Octeto: significa o nvel de valncia com a configurao s2p6, que a configurao estvel caracterstica dos gases nobres. Uma exceo o tomo de hidrognio, que preenche sua camada de valncia, o orbital 1s, com dois eltrons. Um nico par de eltrons compartilhados simbolizado por AB; ligaes duplas (A=B) consistem de dois pares de eltrons compartilhados; ligaes triplas (AB) consistem de trs pares de eltrons compartilhados. Pares de eltrons de valncia no compartilhados em tomos so chamados de pares no ligantes ou pares solitrios. A regra do octeto fornece uma maneira simples de construir uma estrutura de Lewis. Estrutura de Lewis: um diagrama que mostra o padro de ligaes e pares solitrios em uma molcula. Etapas a serem seguidas para representar uma estrutura de Lewis:

    1. Calcular o nmero total de eltrons de valncia disponveis em todos os tomos, na molcula ou on. Cada carga negativa sobre um on corresponde a um eltron adicional; cada carga positiva corresponde perda de um eltron.

    2. Colocar os smbolos dos elementos prximos. O de menor eletronegatividade normalmente o central, como em CO2 e SO42-, mas h um grande nmero de excees bem conhecidas (H2O e NH3, entre elas).

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    3. Ligue todos os tomos apropriados entre si, usando um par de eltrons por ligao.

    4. Distribua os eltrons restantes aos pares de modo que cada tomo tenha um octeto.

    5. Se faltarem eltrons, faa ligaes mltiplas. Cada par ligante ento representado por uma linha simples. A carga total de

    um on poliatmico atribuda ao on como um todo, e no por um tomo individual em particular. Exemplo: Escreva a estrutura de Lewis para o on BF4-. Resposta: Inicialmente devemos determinar o nmero total de eltrons de valncia,

    (No total ev) = B(1 x 3) + F(4 x 7) + 1(carga negativa do on) = 32 Devemos, desse modo, acomodar 32 eltrons em 16 pares ao redor de cinco tomos. Uma soluo

    Exceto em casos simples, a estrutura de Lewis no representa a forma das espcies, mas somente o padro de ligao e os pares solitrios: ela mostra a topologia do elo, e no a geometria da molcula. Por exemplo, o on BF4 na realidade tetradrico, no planar.

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    Uma estrutura simples de Lewis normalmente uma descrio inadequada de uma molcula. Esta deficincia da descrio de Lewis superada introduzindo o conceito de ressonncia. Estruturas de Lewis de algumas molculas comuns so dadas abaixo

    Ressonncia: a estrutura real da molcula considerada uma superposio de todas as estruturas de Lewis possvel para um dado arranjo atmico. Exemplo: A estrutura de Lewis do O3

    Esta estrutura sugere incorretamente que uma ligao OO diferente da outra, enquanto que de fato elas tm comprimentos idnticos (1,28) e intermedirios entre aqueles de tpicas ligaes simples OO e duplas O=O (1,48 e 1,21 respectivamente). A ressonncia indicada por uma seta com duas pontas:

    Deve ser entendida como uma mistura de estrutura, e no como uma alternncia entre elas. A estrutura mista de duas ou mais estruturas de Lewis chamada de hbrido de ressonncia.

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    A ressonncia tem dois efeitos principais: 1. Define as caractersticas da ligao na molcula. 2. A energia de uma estrutura hbrida de ressonncia menor do que

    aquela de qualquer estrutu