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CURSO EM UBERLÂNDIA MINISTRADO PELA EDITORA SARAIVA

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Alfabetização e

Letramento Linguístico

GUILHERMINA JARDIM

SRE UBERLÂNDIA

Estudos de Letramento

• Parte de um movimento maior “Social Turn” (ou “Virada Social”):

indivíduo e seus processos mentaisX

interação e a prática social

“os estudos já não mais pressupunham efeitos universais do letramento, mas pressupunham que os efeitos estariam correlacionados às práticas sociais e culturais dos diversos grupos que usavam a escrita”(Kleiman, 1995, p.16).

Mudança de enfoque supostos efeitos universais

do letramento usos da escrita em diferentes contextos.

desvincular os estudos da língua escrita de usos escolares;

distinguir as múltiplas práticas de letramento da prática de alfabetização

(Kleiman, 2007, p. 1-2).

Letramento• Não é um método de ensino: reinterpretação de

pesquisas das ciências sociais para a escola.

• Não é alfabetização: mas a inclui. Alfabetização é uma prática de letramento dentre outras. É possível participar de práticas letradas sem ser alfabetizado.

• Não é uma habilidade: envolve um conjunto de habilidades e competências.

O que é letramento• Engloba processos de desenvolvimento, impacto e o uso dos

sistema da escrita nas sociedades.

“conjunto de práticas de uso da escrita que vinham modificando profundamente a sociedade, mais amplo do que as práticas escolares de uso da escrita, incluindo-as, porém”.

(Kleiman, 2005, p.21)

• Práticas sociais de uso da escrita: ler e escrever só fazem sentido quando estudados e compreendidos no contexto das práticas sociais e culturais dos quais são uma parte e extrapolam o conhecimento do código da escrita.

“Atividades analíticas que estavam conosco há muito tempo têm de ser, na sociedade de hoje, complementadas com outras atividades porque o mundo mudou, as crianças mudaram, as experiências das crianças mudaram, e a escola não faz sentido tal como era naquela época”. (entrevista Angela Kleiman).

“O letramento envolve a imersão da criança, do jovem

ou do adulto no mundo da escrita [...] está relacionado

com os usos da escrita em sociedade e com o impacto da

língua escrita na vida moderna [...] o termo refere-se a

um conjunto de práticas de uso da escrita que vinham

modificando profundamente a sociedade, mais amplo do

que as práticas escolares de uso da escrita, incluindo-as,

porém.” (Kleiman, 2005, p.9-21)

Estudos de letramento

O conceito de letramento em sala de aula

Vivemos em uma sociedade que tem a escrita muito presente (uma sociedade letrada)

• pelas ruas (placas, outdoors, cartazes, etc);

• em casa (revistas, jornais, livros – há os rótulos, papéis de propaganda, correspondências, manuais de instrução, caixas de remédios, etc.);

• nos diferentes grupos sociais de que cada um pode fazer parte (igreja – bíblia, folhetos da igreja; grupos comunitários – teatro, música, reuniões; hospital/consultório médico – fichas, receitas, carteiras de vacinação; etc.).

A escola

• É também uma dessas esferas cujas práticas giram em torno da escrita e, mais especificamente, em torno do “conjunto de saberes e conhecimentos requeridos em práticas sociais letradas, tais como medição, cálculos de volumes, elaboração de maquetes, mapas e plantas (conteúdos matemáticos), e àqueles necessários para a participação em práticas discursivas de leitura e produção de textos de diversos gêneros” (Kleiman, 2007) .

O trabalho com textos

• Leitura com crianças que ainda não leem alfabeticamente

• Quem é o meu aluno? Com quais textos convive fora da escola?

Bosco (2002), p.44

q q q d d d g g g

9 9 9 9 6 6 6 6

P P P p p p b b b

Tia Maria tinha 25 melancias, comeu 18.

Com quantas melancias tia Maria ficou?

A criança respondeu:

“Não importa! Acudam tia Maria!

Ela morreu ou está passando mal.”

(Exemplo retirado da Coleção Explorando o Ensino - Matemática /Ensino Fundamental, MEC, 2011, vol. 17)

Se por um lado, houve um descuido de quem elaborou a questão - por não fazer corresponder os valores reais do contexto e os valores tomados no problema -, por outro, tal descuido permitiu a esse aluno utilizar o senso

crítico da realidade para dar sentido à resposta desse problema.

Muitas vezes, quando a criança utiliza o senso crítico ela é considerada indisciplinada.

É preciso evitar contextualizações artificiais ou aquelas que não cumprem uma função significativa na melhoria do ensino e aprendizagem.

É esse tipo de aluno que queremos formar.

• A unidade mais relevante de

ensino é o texto, que não se deve

dar como pretexto para outras

atividades de ensino sobre a

língua ou sobre a escrita, mas

que se constitui em objeto de

estudo, por si mesmo.

O Texto na sala de aula

TEXTO

PCNs

Objeto de estudo, não pretexto.

Abordagem: Competências e

Habilidades

Saeb: Prova Brasil IDEB

Simave; PISA

Função Social:

Tema, Modo Composicional

e Estilo

Habilidades de leitura

• Identificação

• Levantamento de hipótese

• Comparação

• Dedução/ inferência

• Justificativa

• Explicação

• Análise

• Memorização

• Síntese

• Causalidade/efeito

• Interpretação

• Competências podem ser trabalhadas a partir das práticas sociais: sujeitos engajados que mobilizam recursos e estratégias para atingir determinado objetivo;

• Importância de que haja de fato necessidade para a leitura e a produção de textos;

• Projetos: textos com função social, leitura e produção significativas.

Competências e habilidades no

contexto escolar

“O desenvolvimento das capacidades linguísticas de ler eescrever, falar e ouvir com compreensão, em situaçõesdiferentes das familiares, não aconteceespontaneamente. Elas precisam ser ensinadassistematicamente e isso ocorre, principalmente, nosanos iniciais da Educação Fundamental.”

Pró-Letramento. Brasília: MEC/SEB, 2007. p. 14.

Gêneros orais

• Conversa telefônica

• Discussão em grupo

• Exposição oral

• Debate regrado

• Parlendas

• Notícia falada

• Conto maravilhoso

Exercício da cidadania• Importância de conhecer os mais diversos gêneros;

• Segurança e autonomia em relação à escrita – permitirá que seconheçam e se aprendam outros gêneros, ainda que não tenhamsido produzidos anteriormente;

• Importância de considerar a leitura e produção de textos como práticas discursivas, que não podem ser separadas dos contextos em que se desenvolvem – é o que acontece nas situações de comunicação da vida social.

• Prática social /desenvolvimento de projetos como ponto de partida.

leite condensado

creme de leite

leite de coco

chocolate

É um texto?

Qual texto?

Ingredientes:

- leite condensado (2 latas)- creme de leite (1 lata)- leite de coco (1 lata)- chocolate (2 barras)

Modo de preparo:

1- Numa panela coloque 2 latas de leite condensado, as barras de chocolate derretidas, leve ao fogo médio e cozinhe até dar ponto de brigadeiro consistente (10 minutos). Reserve.

2- Num liquidificador coloque 1 lata de creme de leite com soro, 1 vidro de leite de coco (200 ml) e bata bem. Acrescente o brigadeiro (reservado acima) e bata por + 5 minutos.

3- Em taças coloque o creme (feito acima) e leve à geladeira por +/- 3 horas. Decore e sirva em seguida.

É um texto?

SILÊNCIOHOSPITAL

PARE

● Tema (sentido concreto do enunciado)

● Modo composicional (estrutura)

● Estilo (uso da linguagem)

- Interlocução

- Meio de circulação ou suporte

Aspectos básicos para caracterizar um gênero:

Agrupamento de gêneros segundo o Grupo de GenebraDomínios sociais de

comunicação

Aspectos

Tipológicos

Capacidades de linguagens

dominantes

Cultura literária ficcional NARRAR

Mimesis de ação através da

criação da intriga no domínio

verossímil

Documentação e

memorização das ações

humanas

RELATAR

Representação pelo discurso de

experiências vividas, situadas no

tempo

Discussão de problemas

sociais controversos ARGUMENTAR

Sustentação, refutação e

negociação de tomadas de posição

Transmissão e

construção de saberes EXPOR

Apresentação textual de diferentes

formas dos saberes

Instruções e prescrições DESCREVER

AÇÕES

Regulação mútua de

comportamentos

Na perspectiva dos gêneros, trabalha-se também os tipos textuais tradicionais como a narração, descrição e a dissertação.

EXEMPLOS DE GÊNEROS ORAIS E ESCRITOSNARRAR RELATAR ARGUMENTAR EXPOR DESCREVER

Conto

maravilhoso

Conto de

fadas

Fábulas

Lenda

Narrativa de

aventura

Romance

Novela

Piada

paródia

Conto

Narrativa de

ficção

científica

Narrativa

mítica

Relatos de

experiência

vivida

Relatos de

viagem

Diário íntimo

Testemunho

Anedota

Autobiografia

Notícia

Reportagem

Curriculum

vitae

Crônica

mundana

Crônica

esportiva

Biografia

Textos de opinião

Diálogo

argumentativo

Carta de leitor

Carta de

reclamação

Carta de

solicitação

Deliberação

informal

Debate regrado

Editorial

Discurso de

defesa

Requerimento

Ensaio

Resenhas críticas

Texto expositivo

conferência

Artigo

enciclopédico

Entrevista de

especialista

Texto explicativo

Tomada de notas

Resumos de

textos expositivos

e explicativos

Resenhas

Relatório científico

Relato de

experiências

científicas

Instruções de uso

Instruções de

montagem

Receita

Regulamento

Regras de jogo

consignas

diversas

Textos prescritivos

As ações linguísticas do cotidiano sãosempre orientadas por um conjunto defatores que atuam no contexto situacional:

– Qual é a finalidade do texto?

– Que gênero pode ser utilizado?

Gênero e cidadania

A democratização do texto

O espaço da sala de aula é transformado em uma oficina de textos

de ação social, o que é viabilizado e concretizado pela realização de

projetos e pela adoção de algumas estratégias inovadoras.

Colocar em prática as habilidades desenvolvidas em cada tipologia : narrar, relatar, argumentar, expor e descrever ações.

Projetos

Objetivos pedagógicos

• Leitor/ interlocutor real, que exige um texto coerente, coeso e interessante;

Interdisciplinaridade

• Diferentes áreas são envolvidas na atividade, seja quanto à intersecção de conteúdos, seja quanto à busca de novos recursos de expressão.

• Por ter em vista o leitor/ interlocutor, o aluno se conscientiza danecessidade de revisar com cuidado o seu texto, de fazê-lolegível e compreensível e de adequá-lo a certa variedadelinguística, ao gênero e à situação.

Foi aí que nasci: Nasci na sala do 3º ano,

sendo professora D. Emerenciana Barbosa, que Deus tenha.

Até então, era analfabeto e despretensioso. Lembro-me:

nesse dia de julho, o sol que descia da serra era bravo e parado.

A aula era de Geografia, e a professora traçava no quadro-negro nomes

de países distantes. As cidades vinham surgindo na ponte dos

nomes, e Paris era uma torre ao lado de uma ponte e de um rio,

a Inglaterra não se enxergava bem no nevoeiro, um esquimó,

um condor surgiam misteriosamente, trazendo países inteiros. Então,

nasci. De repente nasci, isto é, senti vontade de escrever. Nunca pensara

no que podia sair do papel e do lápis, a não ser bonecos sem pescoço,

com cinco riscos representando as mãos. Nesse momento, porém,

minha mão avançou para a carteira à procura de um objeto, achou-o,

apertou-o irresistivelmente, escreveu alguma coisa parecida com a narração

de uma viagem de Turmalinas ao Pólo Norte.

Carlos Drumonnd de Andrade

“O projeto de letramento se origina de um interesse real na vida dos alunos

e sua realização envolve o uso da escrita, isto é, envolve a leitura de textos

que, de fato, circulam na sociedade e a produção de textos que serão lidos, em

um trabalho coletivo de alunos e professor, cada um segundo sua capacidade.

Assim, o projeto de letramento pode ser considerado como uma prática social

em que a escrita é utilizada para atingir algum outro fim, que vai além da mera

aprendizagem formal da escrita, transformando objetivos circulares como

‘escrever para aprender a escrever’ e ‘ler para aprender a ler’ [...]”. (Kleiman,

2009, p.4)

Projetos de Letramento

Escola Outras esferas Alfabetização Letramento

Aquisição e domínio do código;

ler/escrever para aprender a

ler/escrever

Situações comunicativas, socio-

históricas, culturalmente determinadas,

com finalidades específicas

Capacidade individual, competitiva Coletiva, cada um segundo sua

capacidadedivisão do trabalho

Homogênea, segundo uma instituição

dominante

Diversificada, segundo instituições,

identidade dos participantes

Textos de instrituições de prestígio

científico, literário, jornalístico

Todas as esferas: cotidiano, burocracia,

comércio, jornalístico, publicitário, etc.

Texto como objeto de análise:

atividades eminentemente analíticas

Texto como objeto cultural visando a

construção de sentido

Preparo para transferência a outras

atividades e contextos

Realização da tarefa específica: relação

entre prática e instituição

Separação oral - escrito Oral-escrito integrados, nos textos

multimodais produzidos na prática social

Uma proposta: projetos de Letramento

“um conjunto de atividades que se origina de um interesse real na vida dos alunos e cuja realização envolve o uso da escrita, isto é, a leitura de textos que, de fato, circulam na sociedade e a produção de textos que serão realmente lidos, em um trabalho coletivo de alunos e professor, cada um segundo sua capacidade (KLEIMAN, 2000, p. 238).

O que avaliamos na escola??

De aorcdo com uma peqsiusa de umauinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaulodrem as Lteras de uma plravaa etãso, a únciacsioa iprotmatne é que a piremria e útmliaLteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe seruma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe lersem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeoscdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo umtdoo.

8R1NC4ND0 N4 4R314.

3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0UM C4573L0 D3 4R314, C0M 70RR35,P4554R3L45 3 P4554G3NS 1N73RN45.QU4ND0 3575V4M QU453 4C484ND0, V310UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0, R3DU21ND0 0C4573L0 4 UM M0N73 D3 4R314 3 35PUM4.

Colello, 2009

“O projeto de letramento se origina de um interesse real na

vida dos alunos e sua realização envolve o uso da escrita, isto é,

envolve a leitura de textos que, de fato, circulam na sociedade e

a produção de textos que serão lidos, em um trabalho coletivo

de alunos e professor, cada um segundo sua capacidade. Assim,

o projeto de letramento pode ser considerado como uma prática

social em que a escrita é utilizada para atingir algum outro fim,

que vai além da mera aprendizagem formal da escrita,

transformando objetivos circulares como ‘escrever para

aprender a escrever’ e ‘ler para aprender a ler’ [...]”.

(Kleiman, 2009, p.4)

Projetos de Letramento

O modo como organizamos o trabalho pedagógico está ligado ao sentido que atribuímos à escola e à sua função social; aos modos como entendemos a criança; aos sentidos que damos à infância e à adolescência e aos processos de ensino-aprendizagem..Em síntese, está ligado à nossa concepção de educação:

Educar para quê? Como?

Liga-se em consequência à construção de sujeitos cidadãos que cada vez mais adentram os espaços sociais.

3º ano

CARTA PESSOAL

Assunto? Remetente? Destinatário? Local e

data? Linguagem? Vocativo? Despedida?

Assinatura? P.S. (post scriptum)? Formatação

do texto? Pontuação, ortografia e sintaxe?

Carta é diferente de e-mail?

Estudo da estrutura

Aspectos do Tema

Estudo do Estilo

Conteúdo procedimental

Estudo da estrutura

Aspectos do

Tema

Estudo do Estilo

3º ano: “Lendo textos do cotidiano”

1º ano