jose carlos reis sobre o historicismo

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Jose Carlos Reis HISToRIA &TIORIA Historicismo, Modernidade, Temporalidade e Verdade 3u Edrcão \7

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Page 1: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

Jose Carlos Reis

HISToRIA&TIORIA

Historicismo, Modernidade,Temporalidade e Verdade

3u Edrcão

\7

Page 2: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

20( rH I s T ( ) R t A & l r i l r ,

I ' l ( l ( , ( ) ( ; lN l , l . d ( S ] 'ENCERS, I . Ln nouue l le a l l iance. par is : Ga l l imard , l ( ) . , r

It l l\ I t N,rrrvcllc histoirc e temp0 histórico. n connibuìção de Febure, Bloclr t lrr,tn, / , , / \ . r , ' I ' . r t r l o : Á t i c a , 1 9 9 4 a .

I ttttpo, hìsuiria e euasão. Campinas: papirus,

l ì l ( ( ) l r t lR , Í r . Temps e t réc i t par is : Scu i l , l9g3-g5.

(d'r.). Le temps et les philosophìes. paris: payot,

\ r \ lN l 'AUGUSTIN. E lévar ion sur les mysrèrcs . ln :l9 lJ . l . Ì rvre XI

S IMIAND, F .fèv. 1960.

Méthodc historique cr science sociare. Ír()031 Annares ESC il ), r.r.

C A P I ' T U L O 6

Dilthey e o histor icismo, a redescobertada histór ia

A Revo lução Francesa e a redescober ta da h is tór ia

A pr inc ipal conseqüência da Revolução Francesa, durante o sé-

culo XIX, foi uma mudança profunda na percepção do tempo, que levou

à redescoberta da história. Esse evento complexo revelou a história em duas

direçóes: do presente ao passado, do presente ao f,-tturo. A hisrória foi re-

,lescoberta seja como produção do futuro, seja como reconstrução do pas-

tado. O revolrrcionário tempo burguês, acelerado em direção ao futuro'

trtópico, confiante na Razão e na capacidade dos homens de fazerem a his-

tória, encontrou a resistência de um tempo aristocrático, desacelerado, re-

rrospectivo, reflexivo, meditativo, contemplativo, que desconfiava da Razão

c suspeitava dos seus pretensos portadores e parteiros do futuro. A Re-

v<>lução Francesa aprofundou a divisão dos homens enrre reuolucionrírios

c conseru/1do,.er - entre cultuadores da história como produção do futuro

t cultuadores da história como teconstituiçáo fiel do passado. Comte viu

,ì tomada da Basti lha como o início de uma época de grave crise moral clue

', i a fi losofia positiva poderia resolver. Era unr francês contra-revolucio-

,r.írio. Kant viu na Revolução Francesa a confirmação da sua teoria tltr

l ) r ' ( )gresso moral da humanidade. Hegel a saudou com entusiasmo. P:r r r t

l \ : ìn t e Hegel , e la representou a chegada da Razão à h is tór ia : f t rs t iç . r , . , r

, l , .nr . l iberdade, moral idade. Ela revelou o sent ido do t rabalho l tu t . r . t ,u t . , . , r t

,1 , , cspír i to : a construção de uma sociedade rac ional , mor i r l . Sãr> t lo is r . r t , , .

l ì lr isofos alemáes revolucionários. Nineuém ficou indi[crentc :l ess(' ( ' \ '( 'rì

1994b.

- lv.

Unesco, 1978.

Confessìons. Paris: Picrrc I l , ,rrr

soRoKIN' P. ô( MERTON, R. sociar r in . rc : a nrethodorogicar and f r r r , r r , , r , . lanalysis. The American Jorrnn! of Sociolog (5), Mar. l()37.vovELLE. M. La longue durée. In: Idetrogies et mentnrités. paris: Masperr, l,)x.,

Page 3: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

,Ì0u

r r , , ( l r r ( r r ' \ ' ( l . r \ ' . ì l l Ì tc Í ìs i ' ì ìentc ; r l - r is tór ia o. conìo possib i l ic ladc de nr t r( l r Ì Ì ( , r l ) r ( , l r r r r t l . r ( ) ' con lo f ì de l i dac le i n t cnsa à t r ad i ç ; ' r o . o . sen r i c l o h i s t r i. ( ( , , r . Ì r ' . r ' . l , r . le , dever ia ar t icu lar conhecin. rento do pess,rc{o e proc l t rç ; r ,' l " l r r Í ' r ' ( ) ' scr Ì1 ronìper essa.s c l t ras c l i ' rensões. Mas.ão fo i ass i rn q* . . scl ì ( r Ì \ ( ) ' r r h i s tó r i a .o séc r r l o X IX . t r r a p r rec i s ' r on ìa r pos i ç i r o , op r , r r c ag r r .

I ;o i 'o século xv l I I ( Ìue se i . r ru i . pela pr inre i r .a vez essrs c lo is sc 't r , Ì r5 { ;1 h isrór ia: o pr imeiro, revoluc ionár io e emancipacio. is ta, fo i c l , ,I r , ,1 .1111; pc los i lunr in is tas, f rancese.s e a lenrãcs, e se racì ica l izot r corn o nrr r rx isnro, nos séculos XIX/XX; o segunt{o, conservacror c t radic ional is ta, Í , , rrevclado pelo itali irno (ìianrbatist:r Vico e se radicirl izou com a l lscoia Hirtór ica r r lemã e os h is tor ic isras, nos séculos XIX/XX. I rsses c lo is senr ic los, , .excluem e oçlóen.r os historiadorcs clo sécr,rlo XIX aos Íì lósofòs do sé..rr1,,XVI I I . Os h is tor iadores, qLle v iam a h isrór i . r co lno ur Ì ì r ì rcconst i tg içh. l ì , .1do p,rssado, combatiam os fi lósofos, que a viam como Lrm:r ̂ rptrlrrì (()rÌ lo passado e L lma construção do f r - r turo. Por tanto, p l Ì rece haver Lrrn, , , r rfronto sem concil iação possível entre i lurninisras e l-risroricistas. A Ìlr,,, l .rHistórica aler-.ã se opôs à Revolrrção Francesa e aos fi lósofos que ,r l,.1irt imavam. Para os h isror iadores a le ' rãcs, sonìenre e f ì losof ia , e nãr : r l r r .rória, poderia legitimar a revoluçáo. os fi lósofos :r j.srif icavanì corìì .r* lideia a priori e universal dir sociedade, ignorar.rclo iìs rradiçóes hisr,irr,.,,dos povos par t ic . lares. P:r ra o h is tor iador , ' ío é a Razi ro ( ÌL le or l l i r ì r / . r Ihistória, pois é uma hipótese fì losófica. contra a revolr,rção, a Esc.l.r I l 'tór ica a len-rã buscav,r no p, rssado r r rna jusr i f ìcaçâo das inst i tu ições í i . r r ,1 . , , ,a ind:r predominanres no prescnre. E, la pesclu isava as or igens h isr t ! r i , , r . ,1 , ,sociedades para mosrr : ì r que tod,r insr i ru ição nascida e c leseqr. , , lv i . l . , , . ,h is tór ia era vál ida nela rnesr . , r c não preci -sav:r da Razão para sc l . '1 , , r r r , , , , .A Escola Hisrór ica quis opor : ros concei tos, rbsrr , r tos cì i r f i lo .soÍ ì r r . r . r r . ,L ,cr .npír ico de homens v iv idos, reais . l

os h is tor iadores a lemãe.s recorr iarn ao est l rdo c le fàrrs r ' ( ) r ) ( r r r , . ì ,

l r . s i t i vos pa ra j us t i f i ca r , r o rdem ex i s ten te . A revo l t r ção cs ta r i : r . ì \ \ r r r . r ,r . r . r ' , ' r l i teda ern scu d i re i to : baseado cnì que se pocler ia f : rzcr , r r Ì r r r l r , . r

1 , r , ' l r r r r . l . r , a rup r ì , l r a con ì ( ) p : r ssado? Na h i s tó r i a , so lo c Í i r r r , l . r n r , r , , , , r .r ì ì Ì r r ì ( l ( ) . 1 , , , s [ r .mers , não se r i a poss íve l l Só reco r rendo ; r i r l . . , r i r , l , . , ,

. 1 . r . 1 . , . r t s I r t 111 [11ç [ . f i l osó f i ca , pode r - se - i a l eg i t im , r r a açã< l r , , r ' , , 1 , r , r , , r , , , . r, \1 . r r n . r . . l . r p , r . lcr i r r Í ì rnc lamcntar e legi r i rnar ta is Í ìcçóc.s Í ìLrsr i Í ì , . r \ r ì , , . r

I o s Ê ( l . \ l ì r ( ) s I Ì 1 , l s

cionalisl 'ro i lr-rt1'rinisra, os lristoricistas o crlnsiderAvrÌl] l t l l Ììrì rìtììcit\.ì .r \( ì

c iedr tde cstabelcc ic la. Af i r - ra l , qucnì , quc sociedadc cotrcrcta poclcr i , r t [ iz t l

o que -são os "<{ i rc i t t ts ut r iversais" orr a " l i l - terdade em geral" - i Para c lcs ' ,1 , r

contrár io , ser ia prec iso conhecer e rcconheccr , co l Ì ìPreender t l ind iv ídt r<r

concreto e histórico, a parrir de trm e.stttclo empírico cle socieclades Parti-

cu lares. Não se pode faz-er h is tór ia cotn cspect l l : rçóes.s is tcmát ice.s e abs-

rratas, mas coln o estud() cie dados etupíricos, clc fetos Partictl lares, que ee-

ralmente proíbe ir intervenção r:rclic:rl no viviclo. O r,tcionalisrno idealista

aborcla um objcto itrexistente - o hemsln cnl gcrtl l , irrea.l, virturl l, a tra-

tlrrez-â Ì 'rumana transistóricir. A história trata de hotnetls colìcretos, em

sr-ras relaçóes concretas e Partictl l :ìres, enì stra expreriência vivida e sofrida

.la finitude.2

[:sta é ir revoluçáo culrrrrai historicisra: uma revolução contr!ì-re-

volucionári:r - a descoberr;r da l:. i l-ta{-l-çg"lo Íìclelidade,aos homens do

ç'rassado. EÌa r-riro desvrrloriz-ava os sécr,tlos atìteriores ao XVIII, conro [,r-

ziaiì i ôS fi lósoFos. Não opunha ao ftrtrrro de emancipaç:ro e luzes um pas-

sado de tirania e trcva.s, quc seri:r preciso tlenuuci,rr e dcstruir. Os histo-

r ic is tas quer i lm aval iar t rma épocrr segtrndo ser- rs própr ios cr i tér ios e

valores. l)are o Ìristoriador não e evidente que a lìazão goverrÌa o munclo'

ltsra e trma convicção cle fi lósofo-s. A aplicação cla raz.l lr 'r espectrlativa ao

rnrrndo dos l 'romens tinha lcvaclo iì()s cxccss()s da Rcvolrlção Francesa'

l )ar i r e les, ao conrrár io, pensar a h is tór i , r f ì losof ìcamett te. a l rs t ratamente, é

tl lre levav:r:ro fanatismcl, à rirrrnia c ìrs trevrts. A tcoria nho é capaz de di-

rigir :rs coisas hr-rman:rs. A vida l.rr.tn-rrrna é particular. A teoria trata de ge-

ncralidades. A vida hurtr,rna, particrrl irr, singr.rlar, individu,rl, é obieto da

históri ir e náo da fi losofi,r. A l-ristória é rnuito rnais irnportanre do qr're tr

teor ia. As inst i t r - r ições humana.s e o v iv ido ht tmano náo são o resul tado d<r

.ri lctrlo e da razão, mas de LLm Pïocesso histórìco' independente da votltadc

consciente dos inclivícluos. Não se pode pfopor a mudança radical c vio-

Ìcnta en.r re lação ao passado, pois isso ser ia radical e v io lcnto. E, ser ia i i rs to?

Eles consic ler ; lvan1 o esrudt t da h is tór ia e c la r radição n la is , . ì iq t t . ,

, lo clqc o cla fi losofia. ()s ir-rclivídLros nixr se Iiganr por contratos rlrstt.tt, 's'

, r r , ts pele t radição comLlnÌ . Os h is tor i : rdores i l le ln i res náo v iam es i r ls t i t t r i -

, , t ic .s s l r rg i rem de decisõe.s rac ion:r is , n ìas conìo expressóes inconscic t r t ts t l t '

, rnra "a lnta h isrór ica" . Eles quer iam apreender o gênio de unr P()v() ' ( l t l ( '

Page 4: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

I Ì I s T Ó R I A & T E O R I A J o s É C , \ R L o s R F . r s

' r r ì ' r . r r ' r ( ' r Ì ì s . i r 's r ìs t i tu içóes ' costumes' varores e b iograf ias. cada socie-' l r ' l ' r ' r ' 's r r i ur Ì la leg i r imidade inscr i ta em sua estrurura atual , um --espí-t rl, ) ,1, t. ' .t cnvolv.,

ïT" atmosfera própria, sem a qual ,..,. _._b.os exi_l 'r '1"' '1'1çlç6 o sentido do viver. Do ponro d. roiri" da história, o exírio,(. ' ( )sr l ircisnìo, é a punição maior, pois significa a morte po.

"rf ir i" culturar!

"\ r ' 'rzÍr só pode ser histórica, . ,. -"niêsra nas for..,", e criaçóes de cadat.cicclade, envolvendo profundamente cada um de seus membros. Todar"spc'c rlação ou teoria sobre a história revela mais os preconceito. do. r.r,corìsrÍurores do que as deficiências da rearidad.. portr.rto,

" .rf..ul"ção .:ì teoria prejudicam o conhecimenro do passado e deveriam ser banidas dahisrória' o historicismo combari"

"s r.à.i"s i luministas e jusnaturaristas,

que legitimavam a ruprura conì o passado. para os historìcistas, não háum homem transistórico, ,r.rirr.r."ì, que foi e é sempre o _.r, 'o. Ohomem tem qualidades fundamentais, -r. o que inreressa ao historiaclorsão as mudanças pelas quais passor-r. A vida humana aparece no rempo -o telnpo é o seu revelador e diferenciador. os ho-..r, são as suas .*p..r_sões consraráveis, registradas nas fonres. Não há leis ou constâncias queexpliquem o mundo hisrórico.3

os historicisras não tinham mais confiança na teoria hegeriana -a história como realrzação progressiva da l iberdade. Eles substituíram omito do progresso pelo mito do devir. o futr-rro não seria necessariamenremelhor, mas ourro. Nem melhor, nem pior. Há uma dispersão, uma plu-ralidade de lógicas autônomas que liberam da rirania de um destino co-mum' o historiador observa mulriplicidades, descontinuidades históricas.o historicismo aceita a diversidad. d. é,i."r, que variam com as épocas elugares' A moralidade se reariza em Lrm mundo histórico objerivo, poiscriação dos homens. A. atitude concreta que o olrrro espera de mim ne-.rhtrma.razão aremporal a derermina. Não há decálogo i" u"tor., univer-s'ris' válido para rodos. os valores só se precisam, particularizando-se.(lacla i 'divíduo vive em um cerro univer.so histórico de valores. cada so-cicclaclc cria seu conjunto de valores, que :r manténì coesa. Neste mundcrl r isr i i r ico determinado, os indiv íduos desejam mais ser reconrrec idos d.( r t t ( sr ic i ros de mudanças. A ordem moral h is tór ica é sagrada. Fer i - ra é ex_' l r r i r 's r " I r .s ind iv íduo.s v ivem nutr idos pelo reconh. . i ï .n ,o qu. obtên. ,, l , . t r . r s . , . icdacle. Não há um conhecimento em progresso, mas v isões dc

mundo que exprimem urna alma humana histórica. Todos os v:rlorcs rr,r,cem em uma s i tuaçáo h is tór ica concrera. O que nasce na h is tór ia c ' cnr s ium valor. Nenhum indivíduo pode ser julgado por valores exreriores ìr si,tuação na qual nascelr, rnas em seus próprios rermos. Não há p:rdrão rrni-versal de valores aplicável à cliversidade do humano. .Ig4g"9- qs.yalgles_l4çr

h is tór icos e cul tura is . Não há d i re i tos universais do homem. A h is tór iaüõïEedece a leis gerais e não rende a um final universal comum. A hu-manidade é uma abstração. Ela não existc historicamente. Os homens sãosempre de um tempo e lugar determir.rados e não há un'ra narureza hu-mana transistórica. Em cada tempo e lr-rgar, ele é otrtro, determinado, par-ticr-rlar. Considerar que a história como dererminação de um rempo elugar ofusca, oculta ou defomra um homem essencial, substancial e inva-riável é negar a própria história. Os historicistas combatiam essas reses

ant i -h is tór icas sobre a h is tór ia e defendiam um homem mul t i forme, lo-

calizado e dat"do.4

Qr,rem poderia cultivar tais visões anri-hisróricas sobre a história?

Isto é, de que história e culhtra localìzada e datada teriam surgido tais cons-

truçóes especuÌativas, universalistas, sobre a história? Os historiadores ale-

mães não tinham dúvidas sobre quem teria interesse em defender tais abs-

trações. Para os historicistas alemães, eram sobretudo os franceses os

criadores dessas abstrações. Eram os i luministas franceses qrre legitimavam

filosoficametrte a Revolução Francesa. Meinccke aprescntou o historicismo

como um movimento romântico contra o racionalismo das Luzcs, como

uma oposição entre o espírito alemão e o espírito ocidental, particularmente

o francês. O historicismo foi usado como arma de combate pelos fundado-

res do Estado nacional alemáo contra o expansionismo francês. O rornan-

tismo historicista visava vencer a predominância da cultura francesa. E frrzer

convergir sentimento da história e sentimento da nação independente. Os

românticos acentulìvam a dependência do homem em relação a potência.s

inconscientes, ao inexplicável, rro devir. O povo é urÌÌA comlulidade cuias raí-

zes mergull-ranì no passado. Somente o espírito de um povo é reconhccívcl.

L,le é um modo próprio de ser, construído lentarnente ao longo dos súcrrl,,s,

impregnando cad,r um dos seus menrbros. Por isso, evitavanl o c().srìì()l)()

l i t ismo das Luzes e enfatizavam rr nação. Eles queriam apreenclcr a in.l i ' i

dual idade tota l , a v ida em sr . ra r - rn id: rc le e p leni tuc le. A f i losof ia ant i - l r is t r i r r , , r

' t , \1 , . i , ' , . , l r r . , l , ) , \ .1 t . Iggcrs , 1975 c 19g4.

Page 5: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

) t )I Í r s r ( 1 R r Á & ' l ' r , ( ) r ì t , \ f o s É C ; r R r . ( ) s R r , Í s

' l t r I t tz t ' ' I r r ' t t ' lcs ' cr ì uma ideologia f rancesa. eua' to aos se. .s a l iados a le_tr r , r , ' , l \ . r r r r . l lcgel , Marx e o l l t ros, eram f rancóf i ì , r r . d . r r . r iam ser comba_rrr l . r t ( ) r ì ) ( ) l ì ìesmo v igor . Napoleão e o l lumin ismo f rancês eram os ac l_r.r ' ' ir i .s rì ìb1ìrer' A Alemanha' colltra-atacavam os historicistas, não tinharr'rrl 'r 'r aprerder com a França. seu discurso universaliza're legitimava o ex_r t 'r r rs i rrismo francês; seu pensarÌlento aisrórico fortaÌecia poriiã., francesas.r\ssi 'r ' o hisroricismo não foi apenas trma forrn.r"ção t"óri*, sobre a his_rri 'r ' ' nem o Ilr-rminismo era só unra reoria. Ea".r-, ,.rn., pensanÌeÍìro:rlemã.corìtrâ .m pensanìento fra'cês, em 'm contexto .r" g,,ara", qrÌase eterno,L'ntre os dois povos. C) papel polít ico do hisrorici.smo seria o cle defender osdi re i tos locais e lemã.. . . r r - ' ' r r , , n e. , , . , , . i^^ .sob seu discurso ,,,r,::;:,ï.ïro

expa'sionismo n:rcio.alisra francês ocurr<r

Para Aron, um fì:rncês que se interessor_r pelo pensar'ento hist._ricista alemão justamente nos anos l9-30, este exprimia uma aritucre e unl;lsituação: à arisrocracia alemã rep.gnava a civirização de massas, o indus,trialismo e o socialis'-ro. o histori. i.n.ro correspondia a uma época ir.rcerr;rdela própr ia, a Alemanha pré-revol 'c ionár ia, q l le recrrsav, o fur . , .o qr , .vislumbrava e oscilava enrre o fararismo lúcido e a revorra r-rrópica. I,.rr.afirmava o qtre hisroricamenre veio a ser, em qr.ralqucr tempo, o valor s,rgrado da tradição. Ele negava a mudança. Era conservaclor, tradicionalisr,r,anti-revolucionário. para o hisroricismo, a história serve à educação naci.nal ' para renovar e consor idar o cspír i t . com.nì ro, nr .nrú-r ; : ' ; ; t , ; . ,ção' Ele defendia a l iberdade polít ica num Estircro forte e rr,rtava per:r rrrrrdade da Alem:rn l ra -sob a l iderança da prússia. co. t ra os p: r r t idár ios , r . rdemocraciir e do socialismo, herdeiros cra Revorução F.,r,r.esa, Aro, tr,.Íèndia a's i 'st. irLrições rradicion:ris cra n-ronarquia prLrssiana. para os hi.r,,r icisras, os revoltrcionários aplicavarn a sociec{acle o método nartrr:rrirr.rIrram po'sirivistas ao conceberem a sociedacle con.ìo uma justaposiçã,, ,,,,cât ica de i 'd iv íduos igr- ra is e ao se rec l lsarern a reconhecer oì pr iv i r . ,1 i r , , ,l r is t t i r icos e a evolução especí f ica de cacr , r .ação. As c iêr- rc ias.arr r r : r is r . r ,r ' . t r r r : rpoi r r r os rev. l r rc ionár ios em srr ; r lu t . conrra a h is tór ia e a t r r rc l iç : r , , . l ,g i t i r r r , r ' r { o s ' i ì r ese de qL re rodos são i gua i s , sub rne t i c l os às mesn r r r s r , . i , r 't t r r . r i s t ' r r r i ' e r sa i s . SeL r " i nd i v i dua l i sn ro compe t i r i vo ' , e ra l eg i t i r ì . r t l . | , , rI t ' rs r r . r r r r r . . r i .s ' ( ) t ' rn ico meio de rutar cc lnt ra ta l a l ia 'ça re, ro l 'uc i , , , , , i , , . ,r r r l t r r . l , , í ì r r r r r , c cu l ro do universal - ser ia co 's t i tu i r ,ma c iênr i r t / , t . , t t t , , t

qr - re just i f icasse r r -s i r - rs t i r t r ições ex is tentes de cada n:rçáo, comprcctrdc l t t l , ,

; ' Ìs enì sua história particrrlar. A defesa da história científ ica, cla,rLrt.rr.,r 'r ' tt,t

das ciências humanas e da especificidade dos seus métodos teria realmctrte

essa dimensáo polít ica conservadora?"

De fato, os historicistas combateram a revoltrção, a dissolr-rção do

passado, propostâ pelos i lumin is tas. Seu pro jero era for ta lecer o passado

construindo uma históri:r científ ica, que o reconstruísse com e maior f i-

cleIidacle, que o crist,rl izassc c o enclurecesse. A 1'ristória cier"rtíf ica veio

opor-se à história fi losófica, aguarrás do passado! Eles refundaram a his-

rória como estudo docutnentado, visando recì.rperar a verdade do passado."Verdade" f ie l , sem véus, nua, crua, que o legi t imar ia e consol idar ia. Se a

história científ ica pudesse verÌcer tod:r especulação, todo subjetivismo re-

leológico, e restaurasse o passado em sLla verdade, ela serviria à sua con-

servação. E, foi com esse espírito que os estudos históricos ganharam gran-

de prestígio na Alemanha do século XIX. Apesar do iclealismo alemão, ou

ta lvez por causa da qrra l idadc imensa dos seus f i lósofos, como res is tência

a eles, no século XIX, e vida espiritr.ral alemá esteve mais dominada pela

história do que pela fi losofi,r. O método crít ico dos historiadores arruinou

as fi losofias da história. A história foi a principal frente de resistência à

metaflsica. A história científ ica buscou diferenciar as duas dimensões ob-

jerivas do tempo - pass,rdo e presente -, evitando profetizar sobre o fu-

ruro. Essa história valorizav:r as diferenças humanas no temPo, dando ên-

fase ao evento irrepetível, f inito, datado. O obiero do historiador não era

a idéia, arazã.o, a prov idência, a utopia f ina l , mas o mundo humano da-

rado e localizado, uma situação hr.rmana esPaço-remPoral, concreta, t inica:

o evento. Essa consciência histórica do século XIX é que foi, de modo ge-

ra l , denominada h is tor ic is ta. Em oposição a todo pensamento a is tór ico, o

his tor ic ismo era utn ant i - rac ional ismo, um atr t iabstrac ionismo, unr ant i -

universalismo. Ele era o defensor de uma outr:ì râzáo: a razão histórìt 'a. '

É inegá,rel qtre :r história científ ica do século XIX era profr-rn.l 'r-

n ì t :n te conservadora. Na perspect iva dos i l t rmin is tas, qt re a inda sobrcv i ' , ' i , r ,

e for te, l ìas l lmetosi rs revoluçóes dos sécr- r los XIX/XX, e la devia scr ( ( ) l ì ì

b i r t ida conìo r tn la ideologia a l iada do passado, qt te ser ia prec iso c l t 's t r r t i r

iunto com ele. E, la leg i t i rnava as t rev; . ìs e a t i rania. Mas, argt t rnc l ì t r ì \ ' i ì r ì ì ( ) \

( ' Aron , 1938a.

. l r ' r ' , r r l ( ) 7 5 , . l ( ) e l

Page 6: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

2 t 4I I r s r ( ) R t ^ & ' l - E ( ) R l . \ J o s É C A r ì L ( ) s [ ì E r s

I r i r r " r i , i s r . r s , . Í ì r t . r . , que não é a inda , pode se r ob ie to de conhec imen to ìN.r" r t , . r s( ) r ì ì ( ' r ) rc c , passado conhecíver , por ser a c l ime.são estáver e con_'" l r ' l ' "1 . r ,1 , , 1c111p6 l ' rumanoì As expressóes, as objer ivaçóes da v ida huma_rì r r ì . r ( ) , . 's r i ruem o passado? A v ida v iv ida não é a passada? pode_se abr i rr Ì ì , r . ( Ìos a. tepassados e preíer i r os descer-rdentesì E pode-se i r ao passado(() r ì ì ( )s va lores do presente ou deve-se abordá- lo em sua d i ferença e emst rls Pr$p1i6s termos? Pode-se agir radicalnìenre, sem conhecer as condi-çrcs c l imites que o passado impõe à ação? A vitória da Razão poderia ga-'arrtir que o futuro não seria cre trevas e rirania? os hisroricistrs julga,nam(ìrre urna história científ ica devia compreender o passado e, com simpatia,recebê-lo "tal como se passou", conhecê,lo em sua lógica inrrínseca, emsua vida própria, em seu rempo' em sua historicidade singular, evirandotodo anacronismo. Is to, s im, ser ia de fato a

' ,h is tór ia , , , o conhecimento c i -

e.rtíf ico dos homens no tempo. A história cienrífica queria se aproximardo passado, sem preconceitos e tendências, para reconrrecê-lo, reencontrá-lo, compreendê-lo. seria possível conhecê-lo com 'ma aritude de oposi-ção radical, de anripatia rotal, com un-ra intenção de ruptura violentaìPara os historicistas, essa não seria urna atitude de historiador, mas ena-crônica e especularivamenre fi losófica e polít ica.

His tor ic ismo: um conce i to?

o conceit. de hisroricismo é n.ruito mais complexo e problernrí-t ico, polissêmico, confuso e difrrso. Em geral, o,

",,ror., pr.f"."- .rrr,.,

esse tenì lo por ser mui to i rnpreciso, possuinc io vár ios s igniÀcados. Ele nrr , ,,breve a estabil idade de um concciro. euando alguér,-,.-se refere a ele, e.slìcr:ì-se que defin,r o qLÌe quer dizer. Meinecke reFerir-r-se a ele como .-r()r r ranr ismo". Disct r re-se sobre c lual dos dois termos ser i : r o m:r is a leqrr r r t l r , :l r is t<rr isrno ou h isror ic ismo? Sérgio Buarqr_re de Holanda af i r rna que as í ì , rr r r , rs " l r isror ismo" . ' "h is tor ic ismo" foranr ; ror Iongo renìpo in tercam[. , i . ir ' , i r í . r . r c la Alemanl- ra. Em l í 'gua a lemã, a forma his to. i r -o é prec l . r r r ir ì . ì r ì ( ( . l ' oPPc r d i f t r nd i t r a f o rma h i s to r i c i smo , re fe r i ndo_se a : l u r ( ) r ( . \, l i s r . r r r r t ' s , l , t l i i s t< r r i sn r . a l emão c láss i cg . o h i s to r i smo de Herde r , [ ) i l t l r t . r , .s i r r r r r r . l , \ \ / i ' r l t l [ rend, Rickerr não rem ,enhuma re lação conì r r t t , , . , , , , j , , ,r /o l t ìç t r t r ì t ìç tn, , , , lc Marx, Spengler , Toynbee, Comte, na concePçã. t l r .

f-ormulado por \í i lheln'r Dilthey, mas o chamarei d,e hìstorit ' isma por lr: i

bito e por ser a forma mais freqüente na bibliografia não-alemã, cs1''c-

c ia lmente a Frances,r , a que mais t r t i l izo.S

Desde o início, venho tentando definir o historicismo alemão, con-

trastando, em uma linguagem quase de manifesto, sLlas teses sobre a his-

tória com as do Iluminismo francês. Geralmente, e seguirei essa direção,

opóe-se o século XIX ao XVIII como fiz anteriormente: história, homem-

devir, individualidade em desenvolvimento, relatividade dos valores uersus

fi losofia, racionalismo, natureza humana, valores e direitos universais, hu-

n-ranidade t ransis tór ica. No século XIX, af i rma-se, uma " indiv idual ida-

de em desenvolvimento centrado em seLl interior" se opôs à "humanidade

em direção à sua realização universal f inal". Entretanto, Ernest Cassirer é

um dos autores que consideram que o pensamento do século XVIII não

pode ser visto como aistórico. Essa tese foi sustentada pelo romancismo

contra a fi losofia das Luzes. Mas, para Cassirer, se o romantismo desco-

briu a história foi graças às idéias do século XVIII. Foi o século XVIII que

colocou o problema das condiçóes de possibil idade da história, sobretudo

com Voltaire. Em seu ataque às [-uzes, o romantismo cometie o pecado

que denunciava: era ar-rti-histórico, pois náo colocava o século XVIII em

perspectiva histórica adequada. Ele queria apreender o passado em sua

realidade, mas falhou em relação ao seu passado recente. Era cego em re-

laçáo ao século XVIII. Na verdade , esse sécttlo não foi um edifício de con-

tornos bem delimitados, mas uma força que agia em todos os sentidos.

Cassirer deu ênfase à contintridade entre o historicismo, que ele também

chamou de romantismo, e as Ltrzes, sugerindo um deslocamento gradtral

da cul tura, sem ruptr l râs. Mas, paradoxalmente, quando se refer iu a Vico,

sustentou que ele pretendeu expulsar o racionalismo da história, propon-

do uma "lógica da imaginação" contra "as idéias claras e distintas" de Des-

cartes. Por isso, não tinhir exercido qr-ralquer influência sobre as Lltz-cs t '

somente Herder , no século XlX, o ret i rou da obscur idade. Não é c l t 'ss, t

oposição que se trata? É possivel perceber alguma continuidadc, rrlgrtrrr

c les locamento gradual , entre uma lógica da imaginação e o rac iot r l l is r r t , t

rrniversalizante das Luz-es?''

n Ho landa, 1979; e Popper , 1980.

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2 Ì 6

, \ , l r ' . t r 's . ro sobre ( ) h is tor ic isn.ro náo podc ser .s impl i f ìc : rda. l r r . r : ro

l ì r r t r r t r l r ' , r1 iot , i - l r r , l ìPel l : ls r ìpresL-r ì t : ì r ur ì ì i ì le i t t t ra , ur Ì l i ì s ínrcsc, de .s t r , r, , ' 111111 ) ì l ( , . r ( ) : ì t co r i a dâ h i s tó r i , r , q r re c ( ) l ì s i de ro F t rnda rnen ra l .

\ r 'qr rndo Imaz, a palavra "h isror ic isrno" parece ter s ido usada pcl : r

I ' r r r r r , i r . r vcz- c l1ì 1879, por K. \ íerner , pera sc rc fèr i r i ro l r is tor ic isrno Í ì ,1 , , ' , l l ì t . c lc Vico. Qtranto à sr- ra or igcrr l , porranro, o f r isror ic isr Ì ìo pode r i r l\ ' ( , / s( r . (o l ls iderado i ta l i i rno: Vico, que fo i cont inrrado por Croce. Mas,

1, , r r , , . r lg t tns, é r - tnra constr t tção espcci í ìc i Ì rne r l tc r Ì iemã. Scr l . {csconsidcr ; r r. r .or t t r ib t r iç i ro dc Vico, E. C;rss i rer o consi t ' lc rava unla construç i ro r r lenr i ,

qrrc tcr i r r or igern n: r monaclo logia c lc Ì -e ibniz- . Scgundo l rn, rz , porém, h. íi ì i i tores ( ìuc sLÌste l l t r l l ì ì qLre o tcr r Ì ì ( ) tcr ia aparecicü> pr i rnei rc> na Franç;r ,

quar-rclo drr lìestiruraçiro. -fodavi:r,

rÌ lesmo quc esses âut()re-s tenham r:rz.Ío,

elc niro se enreizotr e se clescnvolveu na França, onde a tradiçiro clurkh..i

rì1ian:ì se inrpôs. [)trrl<hcim repucliotr:r cc{if icação clas ciêncirrs hurnanrrs,l, '

D i l they, e cor ì ì t rma argLlmcntação i I t rnr in is ta. Ao contr r í r io c lo h is tor i . i t

r11o, sua socio logia cra abstrat , r e expl icar iv : t , aproximava c iências narr r r , r i t

c humanrs c rccrlsrìviì to<1,r ap-rroxinr:rção dcst,rs conì a fi losofia. Quem rcrr

tou rerrn i r a t radição f r i rncesa conl r ì a len ' r . t r , conl por Ìco.sucesso, pois f ì t . r r

isolaclo na Françir, foi Rayrnoncl Art>r'r, com sLlas excelentes obr:rs de l ') ls,

em geral tnrris mencionadas clo qr,rc clc fato conhecidas c rediscutic{as. l l .r

i r inda t tm his tor ic i .smo inglês, representr ìdo por Cìo l l ingrvoocl . A c l isct r ' ' . r , ,

cla origern é relcvante, lÌÌas o imçrort;rnte de fato é sctr enlaiz2lrÍÌent() lì( r

r Ì Ìanentc c prof r rndo, corn fòr tes reperct rssóes nrr cu l tur i r . Ncsse scr- r t i . . l , ' , , ,

l-ristoricismo pârccc scl' r-ur'Ìa fornra .. le pcllsrr a hist<iria prclfìrnd,rrrr, ' ,r,r - l 0

. ì l e l Ì1. ì .

P l t r l p r o c t r r : t t d l t r u n r c o l ì t o n ì o m e i s p r c L ' i s o i ì c s s ( Ì ì ì ( , v r r n , r r r , .

cul tu la l europeLl , que lggers e Cassi rer cor ìs iderr ì rern sobrct t rc{<) i ì l ( nr . r ' ,

:r lguns alltoles salientam as seguirrtes carirctcrísticirs:

a) e le " inventc lu a h is t< i r ia" , is to d ' , . - lescobr iu a h is t r i r ia conro o l r j , r , , , l ,

conhec in ren to e . spcc í f i co e c r i o t t t rma "a t i t t r de de h i s to r i : r t l o r " . , , , r , ,

plincípios c técnicrrs de atrorclagcnr do pass:rdo;

Ì r ) Prr ra Meinecl<e . ío i I la is , .1o r luc t t t ' t ' r I - t ' rov i t t tc t r to in tc lcct r t . r l . r l , r ' , . , , ' i

g , r c l o s , ,men tc : ì h i s tó r i a , f o i t r t u r r r evo l r - t ç r ro c t r l t u ra l , quc : ì l i n1 i r r r , , , l .

rc i t< ' r . r r l i tcratura, a f ì [o logia, a pr>l í t ic : r ; e le cr io t r un]r r r ì ( ) \ ' . ì r ' r '1 . r . , . r , , , , , , .

. J o . \ l l ( - ^ r i r . o s I ì r , t \

o Passado, af ì rnrr r r . rdo sua a l ter idade prof ì rnda c cr iant lo ( )s r ì ) ( i ( ) \ nr

d ispensávcis à st t : r rcconstr t rção; e n larcou o in íc io drr c i i ' r rc ia l r isr r i r r , . rmoderna:

c) sua tese básic:r: hí uma diferença ftrndamenral enrre os fenônrcnos rr:rturais e históricos, o que exige cliferentes métodos de abordagenr. A n:r,tLrrez-a é a ccna do cterno retorno, dos ferrôrnenos sem consciênci:r ..sem propósi to; a h is tór ia inc lu i aros únicos e i r reper íveis , fe i ros cornvotrtacle e intenção. O rntrndo hurnirno é incess:rnrc fluxo, embola hai:ra lguns centros c le estabi l idade - personal idades, inst i tu içóes, naçocs,épocas -, clìdr Llrìì corÌì sua esrruturiì interna, serr caráter, embora crìì

constante t-r-rudrrnça, de rrcordo com seus princípios internos de n'rrr-dança. Ele dá ênÍìrse à individualidade, ao gênio, que é Lrnìa individua-l i . ladc tn: r is cxprcssivrr ;

cl) só a histciria explica qualque r fenômeno hum:rno - fora dela nada qtrclhc e in ter ior pode ser cxpl icado;

0 tanto o ob jeto cla pesquis:r quanto o sujeito da pesquisa são históricos;

portanto, niro h:í conhecimento da histórirr a partir do exterior dela. O

homem é histór' ico. Lle se apresenta em formas variadas e diversas.

História significa o fato das variações do homem;

g) em c:rda momento, o que o hornem é inclui o passado; história .signi-

ficr persistência do passr.rdo, ter unì p,rssado, vir deler

h) o passado pcrsistc e influi r-ra vida xlLlxl - recordanros e interpretamos

o quc fonros. História é a rcconstrução n-r,ris ou rÌìenos adequada qu.'

, r v ida fàz de s i r lesnra.

F,ssc esÍòrço de esqr.rematiz-:rção pode .ser titil e uma definiçáo, nlrs

rrho é uma definição. Levantados esses pontos, pode-se construir uma irld' i.r

rrrais ou menos arÌÌpll clo sentido desse termo: trm culto do passado, trrn irr

Í(r 'csse em apreenclê-lo, f ielmente, em sua diFerença e em sua verdade, unr:r

rlìrrnação da historicicl:rde e das mudanças vividas e o desejo de reertc.,tttt,,

, l .r vicla consigo mesÍÌìrì 2ìtriìvés da retrospecção histórica, da procltrçrr<,.1,', , rn , r "consciênci r r c lo sent ido h is tór ico" . O h is tor ic ismo espera c l t te o l t i ' t ,

r , r , lor possrra unl coração bastante sensível c [ rm espír i to bastanteel lcr l , r 1r . t r . ,()rìcc[)er, .sentir e rcceber tod:rs as p:rixões htrmanas, senì tê-las prr<:,t ' ,t,1,,. ' '

l r r r . r z , 1978 ; ( ) r t ega y ( ì assc t , 195 [ ì ; l ggc r s , 1975 c l 9 [ ì 4 ; S t r t e r . l ( ) ( r 0 ; f r l r ' r r r ,

, \ . ' ; c l J e r l i n , l 9 i Ì 2 .Ì " L r , , , r , l ' ) " l i : ( l . r s s i l c r ' . 19321 Mcs r r r c , l 9 !X ) ; c I gge rs , 1975

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2 1 8 I I r s r ó R Í Â & l - [ ( ) r ì r i \ J o s É C ^ R L ( ) s R t i t s

N1,rs, r P. lô ' ' r ica sobre o sent ido do termo rem ourros desdobra-r ì ì ( r ì t ( ) \ . Lrn gcr : r l c l is t ingue-se um histor ic ismo f i losóf ico de um metodo-l , ig i , , , t ' t 'p isrcnro lógico. Essa controvérs ia esrá l igada à caracter ís t ica r ..r1,,,rrr,r. la rrnreriormente. O historicismo f losófco opunha ontologicamenrcr ì . r lur ' (z i r e h is tór ia com termos ta is como mater ia uersus espír i to , necessi -,l..t lc uersus l iberdade. A oposição era enrre a narureza - determinista,sr.rbmetida a leis - e o espírito - mundo humano, subjetivo, de l iberc{ade c de criação. Ele desvalorizava, ou não se inreressava, pela naturez-a,pelo mrrndo da necessidade material, e se dedicava a pensar o mundo cl,,espírito em seu modo próprio de ser, l ivre e criativo. O historicismo íìlosófico dividir-se-ia enráo em duas orientaçóes conrrárias: uma procurav,rsistematizar dogmaticamente todo o devir humano a parrir de um pri.cípio a priori; a outra, ao contrário, tendia a tudo relativizar sob o prerexr,,de que a história não oferecia cerreza, nem verdade, e cultivava um tipo tlcceticismo que conduzia ao nii l ismo fi losófico. Assim entendido, f i los.' l ìcamente, nessas duas orientações, o historicismo se preocupava em dar rrrrrsentido à existência humana e dissimulava uma posição merafísica, na rìr(.did:r em que pensava a história-enquanto-ser como essencialmenre c.1,rr i tua l , b t rscando real izar cerros valores ou f ins ú l t imos. l2

Nessa divisiro do historicismo em duas tendências fi losóficas (.\r. l

toda a d i f icu ldade em compreendê- lo. Se é v is to como "s is temar iz . r1. r , ,

dogmát ica do devi r l ' rumano a par t i r de um pr incíp io apr ior i " , não sc, l rferenciaria das fi losofias da história, que a segunda orientaçáo corìrÌ,.rrr.,Nessa ver tente, e le se aproximar ia de fato do I luminismo, ao prcssul ì , , rum pr incíp i o a pr ior i em desenvolv imenro universal . E, Popper ter i . r r . r r . , , .em considerar Marx, Spengler , Toynbee h is tor ic isras, pois essa dr ' í ì r r r , , . , , .converge com a sua def in ição: "é h is tor ic is ta a dourr ina que consi r lcr . r ,1 , , ,é função da c iência socia l fazer prev isões, segundo le is de evoluç. i . , " , ,1 , ' ,

e le considera serem pseudociências, pois produzem "profec ias" , r lu , r r r , l ,pretendem produzi r impossíveis "prev isóes incondic ionais" . I ' , , r r .u ' r ,nesta pr imeira or ientação, o h isror ic ismo não tem nada a vt . r ' , ( . .u , Ì ,

opõe, ao h is tor ismo alemão c láss ico.

A segunda o r i en taçáo é bem p róx ima des te . O esp í r i r , r r ì . r , ì 1 , , , . 1 ,est , r r subntet ido a le is de evolução. Ele é a expressão local iz , r . l . r ( r ( . I , , , , , ,

c l i f ì ' rcnc iados em um tempo e lugar . Há re lar iv iz-ação c los r , , r1, , r , . , . 1 , , , , , .

verdade do passado esrá em sua d i ferença. A bt rsc: r c lc un.re vcrr l , r t l t . , , , l . .sua diferença pressuporia a historicização dos valores. cacl^ s.cietlrrt lc ..época, em sua d i fere.ça e verdade, são "h is tór icas" , ou seja, sã. Plc ' , r -mente o que podem ser . Não são re lar ivas, mas h is tór icas, pois perrcr ìccr Ì ìltbsolutumentr à sua época. Assim, no denominado historicismo fìlosriÍìc.r,o espírito se opunha ontologicamente à natureza, ou buscando nece.ssrì-riamente a l iberdade, ou buscando historicamenre sua expressão própria.No primeiro caso, a história seria um desenvolvimenro ieleológico uni-versal; no segundo, buscas diferentes, múltiplas, de uma felicidade parti-cular. Esse historicismo fi losófico esraria ainda, pelo menos em sua pri-meira orientação, dominado pela fi losofia da história.

o historicismo epistemológico o rejeiro. por essa razão. para esre, ahistória científ ica não discute ontologicamenre a história e não opõe na-tureza e hisrória. Es.se historicismo episremológico, o da escola neokanria-na de Baden, recusava-se a seÍ uma concepção do mu'do, uma fi losofia dahistória, uma ontologia. Para ele, a hisrória é apenas um modo de abor-dagem e de inreligibil idade do real. Trarava-se de prorongar Kanr, e atémesmo de u l t rapassá- lo, na medida em que e le se l imi tou às c iências na-turais. Afirmavam a especificidade das ciências humanas, embora não che-gassem a convergir sobre aquilo que as especificarial o saber cienrífico exi-giria a colaboração das dr.ras categorias de ciências, pois os mesmosmateriais podem ser objero de urna pesquisa naturalisra (nomorética) e detrma pesquisa histórica (genética e idiográfica). A natureza pode ser rrì-trrda historicamenre e a história naturalisricalrÌenre. A separação não é on-tológica' mas epistemológica. Eles se opunham ao imperialismo das ciên-t ias naturais e defendiam a auronomia das ciências hunranas, procuranclo('struturá-las em suâ lógica própria. Mas não as consideravam superiore.s ìst' iências naturais.

Para esses epistemólogos neokantianos, a ciência não se inrercss,rtri çlelo geral, mas rambérn pelo singular. Nem em um caso, nem r.Ì()r. lrr.(),, l : r não é a pura reproduçáo ou cópia do real , mas uma construçr ì ( ) ( ( ) r ìt t ' [ ' r tu-aÌ . Os dois procedimentos são legí t imos e não h: í um super ior : r . , , r rr r , , . É prec iso esrudar a lógica dessas c iências sem pretender ìc le ' t i í ì . , i 1 . , ,, , r t i f ic ia lmente. Contudo, esse h isror ic ismo esrr i ramenre cpi .srenr ' l r ig i , , , .\ ( 'n ì contaminações f i losóf icas" , fo i considerado por muiros r r r r r r r r t . , . r i , l , rr r , r posi t iv ismo. Era uma re iv indicaçáo de c ient i f ic id , rdc 1. , , r r r i . t r l . r r ,1r , .t , t , t r l t n h , r r m r n ô c r r t r a . ^ n r ê , - h l , 1 r ; r , a ) ; - , ^ ^ ^ i ^ ) ^ - t , - - . - - - - I | |l r r . t r n . l . l 97 l : Schnã . l c l bach .

' l 9 Í ì 4 : c ( ì o l l i npwoo r l . l ( ) 7R

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220 I I r s l ( 1 R ì , \ & l ' t : o t ì . r ^ J ( ) s É ( 1 , \ r ì r . o s I ì Ì : r s

( ) l ) ( , { ) ( \ l ) ( ) l i r i ( . ìs . I r , por isso, era conservrrdor . Por um lado, ev i tava o na-r r r r . r l r ' r r r .1 l ) ( ) r ( )urro, buscava r - rm padrão c ient í f ico de t ipo f ís ico. pode-se

1t , r , , l t i ' Ì . c ' r r r r r rores neokant ianos como Windelband, Ricker t e weber.( ) . , r r r , a Simrnel e Di l rhey, e les se c ' l i ferenciavarn dos anter iores port.r.. 'rrr neokantianos crít icos. Eram tanrbém antikantianos. Sua reflexãos,rltrc rr história era ao lÌ lesrno rempo epistemológica e fi losófica. Eles fa-z. i r r r r cp is temologia das c iências huma'as no quadro de uma " f i losof ia davida . Eles faziam a rransiçáo, esr:ìviìnì no meio, enrre o hisroricisrno ro-mânrico do final do século xvll l e o historicismo episremológico do iní-c io do século XX. l3

A disctrssão historicisrr, por m:ris impreciso qr.re seja o rernÌo, revecomo tema ce nrral a espccif cìdade do conhccimento ltistórico, as condições depossibilidadc e dc atttonomia das cìências do cspíriro. O temrr do historicis-mo era o da autonomia das ciênci:rs Írumanas. Vários historiadores e fi-lósofos procuraram fundar as ciê.cias históricas em birses específicas. Ser.resforço foi o de demarcação do campo episrernológico e-specífico das ci-ências do espír i to . Pode-se arr iscar , porrenro, como hipótese uma per io-dizaçiro: no final do século XVIll, ele seria ron-rântico e fi losófico, porf,lzer unr:r clivi.srro or.rrológica entrc rìarr.Ìreza e história; ern rneados do sc-culo XlX, seria url:r epistcnrologia corn contaminaçóes fi losóficas, por di-ferenciar o rnétodo das ciências humanas do das ciêr-rcias narur:ris, mas nocontexto de trma fi losofia da vida; no século XX, rornou-se ÌlrÌì i ì epistc-mologia científ ica, l ivre de rais influências fi losóficas. Mas em crise! Nestccapí t r r lo , t râtaremos daquele "h is tor ic ismo epister lo lógico com contami-nações fi losóficas", o da segr,rnda fase, analisando-o enÌ sua formulaçirodiltheyana.

No século XVII I , em sì . r i ì pr imeira fase, o h is tor ic ismo surg iu corr ra tese de Vico, antic:rrtesiana, de que a Física é urr-r conhecimento l imitacl. 'da natureza, porqlle o homem não pode saber o que ela é, pois n,i,r .r

cr iou. Para Vico, "só se conhece o que se cr iou" . Assim, só a h is tór ia s t ' r i , rcorrhccível, pois o honrem a fez. E aqui qrre sc coloca mais radicalnlcrìr(.e c l i ferença onto lógic , r entre nãrurcza e h is tór ia . A h is tór ia d i fere de r t . ,t r l rcz. : ì na nredida em que é unra cr iação dos honrens. El l é o "mrrn. l , , . l , '

cspír i to" , do fazer técnico e cr ia t ivo dos homens. C) homem nacl r t1 1, , , rnr ì t l r rcza e recebe forma e conteúdo na h is tór ia . As forças narur , ì is . , , r r

l . l r

dic ionam, mas s. : ro conrro ladas pela força hrr r r r , rn, r . r \ l r isr r i r i : r I 'o resul rado

dos p ropós i t os consc i cn rcs c i nconsc ien rcs r l . r . r q . i , ' l r r r r r r . r r r . r . l ' r , r i s so re -

quer métodos de pesquisa d i ferentes dos c las c i i :n . . i , rs r r . r r r r r : r is . O objeto

do conhecimento h is tór ico são as " indiv idt raI i t l , r . l , ' l r r . t , i r i , . , rs" . únicos

agentes cr iadores de um mundo de sent ido. I lss, rs ( . r , . ,1 , \ ' i , , r levarr rm,

no iníc io do sécr . r lo XIX, naAlemanha, à r r - rpturr r r ' . r . l i , . r l ( ( ) r ì ì ( ) r ' . re i . rna-

l isrno i lumin is ta. Herder , Gc' ,ethe , Harmt 'nrrn, Scl r l r r i , | .1 , Í , r r , l i . r r r r p , ' ,s i -

çóes f rancamre t r t e i r r ac ioua l i s tas . l r l es cons t i t u í ra t l . , r Ì ì { ) \ ' l n Ì ( r Ì r ( , r ( ) r Ì ì . r r ì -

t ico shtrm rmd drang (tampestade e impu/so ou attsìt 'r l,tr lí ). ( lu(, ' .. 1,.rrrrcl,,

Cass i re r , e ra t i r n rbé rn de o r i gcm l c i t r n i z i ana . l r ssc t r r , t v i r r r ( r ì r r , ( \ . r l r . ì \ , r , r

a lma de cada povo , ún i ca , que n i t o se s l t l - t t - ue te e l c i r r r . r t u r . u \ u r ì r \ ' ( r \ . l l \ .

Como uma n - rônada , cad : r povo te l Ì ì seu gên io s i r - r g t r l r r r , s ( u ( \ l ì l r i t , , . l ' l t s

valor izavam o homer-r ' r genia l , uma inc ' l iv idual idaclc i r r r . ' ' r r r . r ( )1,q11111.1111 r , '

r ad i ca lmen te à t ese dos d i re i t os na tu ra i s e uu i ve rs . r i r ( ì u ( . r l ì . r r ' , r \ ' . r t r r . , , 1 t

f e rença en t re os povos . Cada i nd i v i dua l i dade te r Ì ì su ; ì l r i s t , i r i . r ' r r r l i r r l . r r

Cada i nd i v i d t r : r l i dade c t r l t t r r a l é um: r t o ta l i d : rde : c - sp í r ' i t o 1 , , , ; ' r 11 .11 , r ) . r ( , , r r ) ,

é t icas, cu l turas, Estados. A rac ional idade da h is tór ia .1 , r , l . t " r ' , ,1 . , ' l '

E .m sua p r ime i ra f ase , o "h i s to r i c i smo ron râ t r t i . , , " , r . ì . r , , t Ì ì ( \ r ì ì ( )

t empo v i t a l i s t , r e csp i r i t ua l i s ta . A Fo rmu lação dc seu i r t . r . . i , , r r . r l i r r n ( ) n ì t \

rurava r - r rna l inguagem bio lógica com urna l ingrr , rgcnr . r i r r , l . r r r r , r . r l rsr , . r ,

que cham, rva de h i s tó r i ca . A v id : r i nd i v i dL ra l que v r rh , r i z . r \ ' , r ( t , r ( l ( \ \ r r t . r .

p o r L l m l a d o , c o n r o i m P t r l s o , i r - r s t i n t o , v i g o r e , p ( ) Í ' ( ) u t t ( ) , ( ( ) u r ( ] ( | r . r t ì \ ' l

c - l ade , l i be rdade , h i s to r i c i dade . E le i t r s t i f i c : r va o d i re i t o i t t , l i . i , l , t . , l , , , ' r '

c re to dos i nd i v íduos em suas c t t l t r r r as con t ra os d i r t ' i t . s ( l ( , l r ( ) r ì ì ( r Ì ì u ' ì l

ve rsa l . Pa ra e le , r ac io r ìa l é o q t re t em l tma v i c l a l t i s t t i r i , . t . ( , . t 11 , , , t 1 ' , , t

ccrrn c lareza a oposiç i ro entre i lumin isras e h is tor ic is t , rs : , , l ln t t tu t t , t , r , , f , r r ,

(dult mtis o httmano no bistórico, o historìcismo se ìtt lot'tt,tt tt )urut /,, 1,, l,ì '

tór íco no humano. O indiv íduo só pode ser fc l iz qr tat t . l , , \ ( \ ( r Ì l ( r t t .11111'

c i d o e m s e u m u n d o h i s t ó r i c o . A h i s t i i r i a é u m t o c L r t t t t i r ' . 1 , , l i r ' , r s , , , t t r t t : t

co r ren re de v ida onde o i nd i v í c l uo desenvo l ve a s r r , r v i t . r l r . l . r r l r ' . ( ) r r r . l i v í -

d r - ro es tá i n teg rado ao todo , m :1s sem se fund i r . I . - l c j , i r . : r r t r Ì ( ( ì ( l ( ) I ì ( ì l ( ) ( l ( ) .( ) que impor ta na v ida é a v i da , que aco r l t ece ; ì t ( ) ( l ( ì t r r . l , r r r r t , , t t t t oc lo

(cr Ì rpo e lugar , e não o seu resr . r l tado. O proccsst t , l , r r t ,1 . , r : , tsst l rc i l ì l €

r r l to o seu f ina l . A h is tór ia não é at raída pelo f ì l t t , r r r . r t ( r ( \ ( ( : t l )ar t i r dâ

r , r i z . . Ah i s tó r i a é t rm rn t rndo i n te rno , cons t i t t r í r l o p r r l . t ( , . ì \ . ì l u . ì r l t c s . l t s se

Page 10: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

2D.l l t s l ( ) t ì t ^ & ' l ' t , ( ) t i t \

l Ì r \ r . r r ( l \ r Ì ì ( ) r ' ( ) r Ì ìâr ì r ico prefer ia o homem cot id iano, concreto, t radic i<rr r . r l r r r , rqrr l l r , r t l . enr uma temporal idade lenta, desacelerada, ao homcr 'I r , r , , r , r ' , , . l , r r r r in : rc{o por um: l temporal idade acelerada, ef icaz, Darte i ro t lo.sP11j111 r r ' iversal , que, para e le, é uma abstração. Ele Êalava da v ida c, , r i, l i . r r r . r c . ' r s impat ia, v ida estrut r . r rada pelo d ia-a-d ia, pela t radição, c( ) r ì ìr r r r . r .cspi ração quase vegeta l . Homem fe l iz era aquele in tegrado à h is t t i r i . r( r lìrrrl lreza. Veremos que Dilt l iey continuou mantendo a maioria des.s,r.tcscs 'omânt icas, ao mesmo tempo em que procurar ia constru i r a te. r i . rc lo conhecimento desre mundo do espír i to . l5

o hisroricis' 'o, em suas rrês fases, represenrou uma limitação rL,parÌ-maremaricismo. o racio.ralismo clássico conquisrou a narureza e pr(.tendeu rambém consrruir um sisrema n-ratemático clas ciências do espírir.,o direito se deixo. dominar pela maremática. Em Espinosa, a ética tarrbém fo i dominada pela matemát ica. A matemát ica dominou Dor mulr ( )rempo ranro o mundo narura l quar ì ro o espi r i rual . o h isror ic ismo vei . l rmitar essa expansão da matemática. Descartes desprezava o conhecime.r.,histórico, pois não julgava possível abordar a vida humana maremarr(.rrnente. vico inovou em relação a Descartes conì uma nova idéia dc , rência da h is tór ia . Ele colocou o método h is tór ico ac ima do matemát i t . ,Para vico, o conhecimento perfeito só era possível nas obras da culrrrr.,humana. A própria rnatemática só era conhecível por ser uma criação Irrrmana- ser uma l inguagem! os mi tos, as re l ig ióes, as l inguagens, as l r r .tórias são os ob.ietos realmente adequados ao conhecimenro human.. ( ).historicistas queriam constituir r-rma ciência nova, não-natural e nã.-rrr.rtemática, dos homens e da sociedade. Mas nenhum deles foi um pe..srr,l,,rclaro, talvez como resistência à l inguagem matemática predomi.rrrrr.v ico, Herder , Di l rhey não foram r igorosos, demonstrat ivos, s isrem:í r i . , , .sua l inguagem não era carres iana e i lumin is ta! será que a l inguagcrrr .1 . r ,c iências humanas deve ser necessar iamente cr ípt ica, hermét ica, f r .grr r , . r ,tada, para se afastar dos modelos n-raremát ico, l i rerár io, f i losóf ico e aÍ ì r r r , . , ,l ì sua autonomia? Isso parece um equívoco. ParaArendt , compreel ì . \ . r ( ì { . , ,()Lrtro nome de "visão clara". A l ingr,ragem compreensiv a vê e faz vcr. ,1,.rr.,,,e c laro, ao estabelecer conexóes e cr iar um sent ido. l ( '

' \ / i co , 1981r ; Me incckc , 1982; c Ber l in , l9 l ì2l ( ' ( . . r s s i r c r , 1 9 3 2 ; c M e i n c c k c , I 9 g 2 .

f o s É ( ^ t ì t ( ) \ l ì l l \

No f inaÌ do século XIX, em su: ì tcrcei r : r Í , rsc, o h is tor ic ismo es-

t r i tamente epistemológico, sem contaminaçócs í ì los, i í ì . i ìs , er ì r rou em cr i -

se, a denominada cr ise da consciência h is tór icr r . A l r is t t i r i : r n i - r<> er l mais

v is ta como uma vanguarda cul tura l . Era o lhacl , ì ( ( ) r ì ì ( t r i t isnro. O h is to-

r i c i smo to rnou -se s i r - rôn imo de re la t i v i smo c u r ì ì : ì . r r Ì ì ( , ì \ , r p , , l í t i c r r . Se a

histór ia r - rão podia oFerecer valores t i l t imos t l r r t ' gr r i . r r r , n ì , ì . r \ . r r ) . r 'ccc: ìva-

se que e la não p res ta r i a qua lque r se rv i ço . O na t r r r , r l i s r Ì ì ( ) , ( ) ( i , ' r r t i í ì c i sn ro ,

o evoluc ionismo destronaram a h is tór ia . Nietz.schc : ì r [ , ,ur ì ì ( r ì t ( ) Ì l ( ( ) r ì t r r Ì r ì

p re tensão c ien t í f i ca da h i s tó r i a , po i s a " c i ênc ia " nho c , r r r l r . , , ' . r i r r , l i v i t l r r a -

l idade par t icu lar . E le ser ia ta lvez f : rvorável a um rct ( ) r ' r ì ( ) . r , , l r r r r , ìn( rsr ì ì ( )

românt ico, v i ta l is ta e h is tór ico. Mas combat ia o epis tcrr r , , l , r l ' , i , ( ) , ( lu( ( lu( '

r ia dominar e desvi ta l izar a v ida com concei tos, co l ì Ì l ì . r t . r \ ( ) ( ' \ ( l ) r ( \ ' r \ { ) ( \ .

A h i s tó r i a c i en t í f i ca não d i z i a o que o homem e ra . N , r . r . . l i r , r r t t . r r ' . , 1 , , r , r ,

buscando uma neu t ra l i dade , uma moderação , quc s ( ) t c r r . r v . ì ( , \ u ì Ì l ) u r \ ( ) \

v i ta is . Ela nos afastava da v ida, era uma doença, af i rnr , rva Ni . ' ' tz r , I r , . l r r

quanto objet ivação, homogeneizaçáo do v iv ido, enqt t r ìn t ( ) t i i ' r r , i . r , , ' l . t t t , , t

a fastava da v ida. No século XX, por tanto, h is tor ic isr Ì ìo t ( ) r r ì ( ) Ì l \ ( . r l ' , ( ) l ) ( 'jorat ivo, uma or ientação h is tór ica a ser superada. Hotrve ut ì ì ( l .u Ì Ì { ) r l ) ( ) rsua superação. Associado a " re l : r t iv ismo dos valores" , Í ì r i r t 's1t , , r r t . r l ' i l tu . r , l , ,

a té pe la ascensão do naz i smo ! O naz i smo te r i a pos to f i t r r , t , , s r . t t I . l . t t t . i t

mo ao impor pela v io lência valores novos e absolutos. ( ) h is t . , r i , l \ t Ì r , , t ( n . r

f racassado como perspect iva h is tór ic : r , como metodologi r ì c ( ( ) r ì ì ( ) l ì1 , ' r , ' l ì . r

do valor . A sua perspect iva ar is tocrát ica levou-o a dcsintcr ' ,ss. Ì r \ ( l ) ( l . r \

novas forças que apareciam na cena pol í t ica e socia l . E lc Í : rz i . r r r r r r . r I r t r r , ' r i . r

adequada a uma sociedade pré-democrát ica. Sua nrctoc lo l , ,g i , t t , r1 ' , ' t t , l i . t

lentamente às profundas mudanças socia is , pol í t icas c in t . l r . , l r r . r rs t lo s t :

cu lo XX . Após 1945 , a soc iedade de n - rassas e o dcse r r v , r l v i r r r , r r t , ) l ( ( r ì ( )

lóg ico revelaram a inadeqtração de seus presstrposto.s . t r is t t , . r . i t i , r ,s . \ r r , r l ì

l oso f i a do va lo r e ra sua ma io r f r aqueza teó r i ca . E le ca i r r t r . t r i i l i s r r r , , , l t i . , r ,

resul tado de sua tese de que todo valor e verdade nr ìscel Ì ì , l . r r r t , , , s i t r r . rç . t r t

h is tór ica concreta. Não há_ét ica segura, ordem soci , r ì t 's t , í r ' , 1 , , ; r r , l ) ( )ss i Ì . \capoiar em ta is pr incíp ios. "

L igada à cr ise do h is tor ic ismo, na t rat ' rs içr ro t lo s t : , t t l , , \ lX p: r re t t

XX, por tanto, está a cr ise do l ibera l ismo aÌemão c; ì ; ìs( ( t ìs . ì ( ) , l t p t t>grarnas

tota l i tár ios. Se l ibera l ismo quer d izer o valor abs.r l r r t . t l , r pcssor t l t t t tnana,

' ' Schnãde lbach, 1984; Mcsurc , 19901 c Iggcrs , 1975.

Page 11: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

224I l t \ t ( ) { ì . 1 / \ \ l t , ( Ì t ì l \

' t ' t l i l t r t ' t t " t . , l , t s , l i l c i t os i nd i v i dL r , r i s , os h i s to r i c i s tas sc n lan t i ' c r i ì n ì r ì u r ì ì . 1( ì r i ( r ) Í . r ( , . r ( ) I i l rcr : r l . c) l ibera l isrno a lemáo v i t r r - ro h isror ic ismo um:r barcrr r , l l r , , r P.r r . . r : r reor ia c{ : r l iL terdadc inc{ iv ic lual c lo <1trc a le i n : r r r r ra l , qrrc l r r -rrr,,1i, rrciz.:rv:r, desindividr-ralizava e impr-rnha uma viol-nta colÌ-Ìperirividlr,t lt ' t lruc os indivíducls. Su:r posiçáo L-rásicir: a lei narur:rl ."r,rirrg. a l ibcr-, l . r . le c r r esponraneidade dos indiv íduos e o cresen'o lv i rnc ' to c ìe srr , ri 'c l i ' idual idade enquanto busc:r do scr sent ido s ingular . Mas, por ot r r r . ,lrrrì., srras teses de fato não eram esrrrrnhas aos projeto-s rotalitários e t,rlv..zrcrh: rnr s ido insrr t rmenta l izadas por seus l íderes. o h isror ic ismo pocìe s. . rtrt i l izado, paracloxalmenre, conrra a çrolít ica l ibcral de dcfcsa natrrr:rÌ isr:r rl.rindividualidade! Apesar de sua ênfase no indivíc1uo, ele pode ser âpr()priado por un'Ìa reoria colerivista, rotaliz-ante. E.tão, "individual,, rorn,Ì-s..t rma inst i t r - r ição, a nação, .ma crr l tura, a "a lma de t rm povo". Assim, a l iberdade individual só se rornava possível no qr.ra.lro nacional. o superr'd iv íduo Estado-r- ração dominava a l ibcrdade indiv idrra l . Nesse senr ic l r . , ,historicismo seria pré-moderno e pré-derr-rocrático, um pensamerlro (.rìra izaclo a inda no Anr igo Regimc. Conrudo, ao enfar izar a r iqr rez. : r e a < l ivers ic lade de valorcs nacionais, c le n i ro estar ia p lenamerrre enra izado 16 s<iculo XIX? Prrra nrr r i ros. ì r rorcs, a er ica pol í t ica do h is tor ic ismo, l ) ( ) rreconhecer os c l i rc i tos locais c ncgar Ì rm mínimo de r - rormas universais , l , ,conì Ì )or tar ì Ìento pol í r ico, contr ibrr iu c{e : r lg t rm nroclo p: r ra o tota l i tar isr r r , ,, - , " A le, ranl ra. l8

Apesar d isso, Meinecke af i rma que 'áo se pode ignorar ur Ì11ì r ( .vo lução cul tura l , e o h is tor ic isn.ro fo i *ma das gra.des revoluções cs l , r r rruais do oc idente. Depois c la Reform., e le ter ia s ic l . a grande revr>l t rq. , , ,in te lectual a lemã. Meinecke o v iu como a maior conrpreensáo d: ìs , . . , , r r . , .humanas e o mais capaz de enfrenrr r r o problema da h is tór ia . Ele , r . . r , . ,1 ,tava que o historicisrno podia vencer o r-elativismo clos valores. lìrr. i, .rn ìente indiv idual izador, e le não er i r incon-rpat íve l e não excl r . r ía , r brrs , . , , l ,regular idades e t ipos universais da v id, r hurnana. Conci l iava evoluç,r . , , . , , ,c l iv idual idade. A indiv idu:r l idade só se expr imia na evohlç i ro. o c . r r , r . r r , ,h is tor ic is ta de evolução se c l i ferenciava da idéia i lumip isra de c lesr . r r r , , , l , ,r ì ìcr - ì to de germes or ig inais em ur ì l p Íogresso, br , rscando a per fc içhr , \ , l ,. t cvolução não v l i do mesrno ao nre lhor , nras c le 1nì : ìo optr ( ) , t l t ,p l r , , ,1 ,t rn ic lac lc . A indiv idual idade evolu i c le [ornra cr ia t iva, inespcr : r t l r r .

' l r . , , , .

forma-se. Os inc l i r , íduos, co l ì ìo : r .s cornrrn ic lac les e: rs gerações, .s . ro torr -

iuntos v i t r r is , to ta l idacles psíqLr icas v ivr rs , quc cvolucrn inrcrnarncntc, ccr ì -rr:ìdrrs clÌì si rrtcstnas, rrias ir.rcltrinclo rr nrut{:rnç,r inovador:r. O historicisnro

exig i r r resç-rc i to pelo c icst ino par t ic t r l r r r , r {eFcndia os in tercsses do E,srac lo,encaraclos como raz-ho local, intcresse nlcional. As altas necessidades 1.ro-lít icirs dornitrari:rm os inclir,ícltros e gnrpos. lrm prrol cìa saúr]c c da for'ça c.l,rtoclo, clefènc'l i :r qr,re o inclivíc{r-ro clcvia sr-rpclrt lr pacientcr.nerìre o sofrimen-

to. Meir.rccl<e sustcntiì c1r-re Moscr, rrnr clos prirrrciros hisroricistas, e râr pcs-so,r l tnente gent : roso, mas podia se t ( )n lar crLre l n: r c ìefesrr c1e-ssa idéia l l ' )

lggcrs aval ier c1ue, mctoclokrg icrrnrente, no cr ' Ì t r ì l l to , c lc consr i tu i r , rut.n grande avanço. Scu interessc p.' lo p,rssado tol 'r)()u possível a l-ristória

como ativiclacle profissional, como emprcsrì acadêmica, nrlo miris prcoclr-

p:rdrr conr questóes fì losófìca-s c com o firttrro utópico. A histór' ia deixorr

cle ser especulativa. Sr.ra concepçiro incliviclr-ralizante da história l imitrrve o

cstttdo comprrrrrt ir,o do cornport:lrìÌellto hun'rano c do c'lcsenvolvinrcnto

telcológico cl,r l-rr-rrn,rnidadc. A uniclade hum:rn:r judco-cristã-i ltrminista foi

t lcsafi,rda pelo historicisrlo. F- por isso N{einc,:ke o vitr como urna revo-

I t rção cul tura l .

Metodologicrìmetlte, o historicisnro foi fr.rnc{,rclor cla Ì 'rermenêr-rtica

fi losóficir. Sua figur,r nr.rior, se ir rcprcse rÌr:rnte clí.ssico, foi lìanl<e, qrrc [un-

dor.r n,r prática a :rutonornia do pe nsrrmerrto histcirico. lìanke Íoi proftrn-

. i , rnrentc inovac{or . Foi o novo Hcródoro, o rc f i rnr{ac ior c la h is tór ia nos

tcnìpos moclernos. L.nqrranto revol t rção ct r l t t r r , r l , o h is tor ic ismo ter i r r a f i ' -

t i rdo a h is tór ia (Ranke), a f i losof ia (Noval is) , a f i lo logia ( ( ì r imm), o t ì i -

re i to (Savign 'y , ) , : r econonr i ; r pol í t icr r (Knies) . Iggers pensa qnc sr- r r rs Í ì r r '

mulaçóes nra is avançaclas ser iam as de Htrmboldt e l ) roysen. Esscs aut( ) r . (s

coloc,r r : rnr a h is tór i i r no ccntro de t r r r . r processo de h is tor ic ização gcr : r l r r , r .

c ido drr expcr iência da Rcvol t rç . - ro [ ì rancesa e das mudançr ìs qut- c l r r sr r r ' , , r t t r

na perccpção do ternpo. P:r ra Iggers, o c lebatc sobre o h is tot ' ic isr r r , , , , , r r

t i nua a tua l . Ho ie , c . s tá em c r i se a consc iênc ia t e l eo lóg i c , r c t r n i r ' . r r . r l r r t . r

i l r r m i n i s t . r , q u e o h i s r o r i c i s n r o s c l Ì l p r e c o n r b . r t c r r . M t r l t i p l i . . r . s r ' . i r Ì r i r r ' r s r '

l tc lo pass:rdo cm l - ì ìu .seu-s, b ib l io tec, rs , arqt r . ivos, patr inrônio l r is t r ' , t r , , , . t , '

s cs , cu rsos , p t rb l i caçóes , m íd ia . Re to rua , de ce r to t Ì r o t l . . . r t , ' , t l . r l r i r t , t

r i c i dadc d r r r ez . i r o , da p lu ra l i c l ade c los ; l r o j e tos t l c v i . l . r , . ì . r . . l i r ' , r r i , l . r , l , . l . r s

1 ì r r rn : r s de s , r t r e r , c1a rn t r l t i p l i c i c l r r c i e . ' l < l s n rc l c l c l , , s . l , . . r , , r , , , , l . r , l , l ì r r i ç , t , , c t r l -

l 3 [ : , , r ' r r r r l , , l ( )78 ; c Iggcr .s . l975 I ' N Í . i , ' . , k . , Ì ' ) X l ; r ' N ' l t . r r l c . l ' ) ' ) ( )

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226l l t \ I ( ) R t ^ &

' l L r ( ) r Ì t , \ I i l \ l L \ l i t ( ) \ I { l t \ ).2 /

t r r ' r l t l . r \ ' . Ì l ( ) rcs, . r c l iscrrssão da re lação entre v i Ì lores, ação pol í r ica e c i_( ' r ) ( r , r \ ( ì ( r , r l . I ,or er lquanto, nessa t ransição do mi lênio,

" . " rão h is tór ica

r c n , t t t l o

Di l they e o h is to r i c i smo2 l-falvez

parcça paradoxar, nras, rroje , pode-se expressar inrere.sse crrrr.cicscobrir e revaloriz,rr a hisrória .o,.,-r,, ..rrrh..i-",.,à do passaclor Apriso preclonrínio autoritário, hoje sabe-se clisso, c1a descoberta da hisróri,rconìo construção do f uturo, clrre drrror-r aproxi'racl:rnlellre de r ztìg ,r1989. É curioso ver corÌìo'oviclade a hìstórin r.omo cst,do c/o passrtr/,t.Tenr-se o inqrrie tante scntirnenro clc re r passado plìr:ì o lac{o c{as 6ostes rrtlversár ias. Mas náo se t rata de um pro jeto 'ecessrr r iar ,er ì te contra-rev.r r rc ionár io: ta ivez de outro p*r jero de mr-rdança. um pro jero h is tór ico, t1rr , .leve em consideração o passado, e niro mais um projero especurarivo, .1rr..se diri ja apenas ao futuro. \Talrer Ben,iar,in expôs srras reses conrra â ir)rpossível ruprLrra com o passado rentacra pela moclernidacle i ltrmi' istrr. r\meLl ver, o passado foi negligenciaclo ou tlal reconsrruíclo clurante:rt1rr.. l.rfase, un-r rempo lo'go, pois não ere reconhecido e valoriz:rclo. E,rrì c,,rrrbat ido, para ser destruído, esquecido. A h isrór i ; r conro abert l ra ao f t r r r r r , ,tornou--se aguarrás do pa.s.s:rdol Houve trm eclipse cla l-risrória corÌì() r(.cepção do passado.

A época atual é favorável à reror-.ada clessa c de otrtras e.(.sr(,(..,q t te ass im podem ser formLr lade.s: cor ì ' ro é po.s.s í r ,e l conl recero pas. . r . l . , l , , ,mano? f )o passado' o que se deve conhecer? er- ra is , , r . . r r r r tégi , ,s c( ) r Ì . r r lvas , e qua i s os se rs r i scos? Q .a i s as cond i çóes c rc poss ib i l i d rd . . , r . l i ' r r r , ,desse conhecin. re ' ro? Que grau c le cerreza, cre ot je t iv id : rde, de r ig , r . , r ,'erdade pode-se esperar da at iv idade do h is tor iac lor? euais r Ì .s ' t . r . r r , r , , rc l l t l 'e o conhecin ' rento do pa.ssado, a exper iênci . t presente c . rs cx l ) ( . ( t . ru \ r ìf i r tLr ras? Qual a re levâ^cia desse cor . rhecimento, ou rnerhor , 1r . , , - ,1 , , , . ,( ì r rc se brrsca no p: rssado? Estas são também as questóes postr ìs Pt . r , , r r r .t t r i c i sn ro e ) po r i . sso , o i n te resse em es t t r c l á - l o . An te r i o rm . , r , . . , r ì r r ( ì , ,t t r t l r çh . ao ten la ' e l as Í : o ran r abo rc ladas b reven ren te , c1 'a rc i , t l ; r . r 1 , y , . . , , ,l . ì \ . r ( ) ( l : r s ca rac te r í s t i cas ge ra i s desse mov i r l en to i ' t e l ec t t r a l ( . r r ( ) l ) ( . , , r , ,

séctr los XIX/XX, mecl ianre a compi lação d, ' , r lgr r r r r . rs t Ì , 1 ì r r içót :s e aval ia-

çóes fc i tas a respei to. Para prodt tz i r t rm conhcci ru, r r r , , ru . r i r , , rgrr r r iz .ado e,rprof t rndado da v isão l r . is tor ic isra c la h is tór ia , . \cr . i i ( , \ l ) í ) \ r , r r ' I r r>1111-1.11. ,11-zada, ao longo deste capí tu lo, sua e laboraçi ro e.s1 ' rcc i l r . . ì r Ì ì ( . r ì r . , , l i l r l r t , t ,ana.

O nome e o pensan Ìen to de V i l he lm f ) i l r l r cy ( . \ r . ì ( ) . r \ \ ( ) ( i . r t l os r roh i s to r i c i . smo . Não se pode a f i nna r q t re e le t en l - ra s i t l , , s , r r r r r . r i , , r r . r i l i r ' o ,r lpesar dc ser ass inr considerado por Frer , rnd e Ortega y ( ì , rsst . r . l ' . r r , r 11,_r i t r .s ,f t . l r , rn ' r Humboldt c Droysen. Para Meinecke, fo i Herdcr . À , . r , , ,11, . r ,1 , . . , r r . r

ob ra pa r : r o es t r , r c l o ap roFundado c las t eses h i s ro r i c i s t r s s , r [ , r , . . , l r i ' r , , r i . rdeveu-.se mais à opor t r rn idade que t ive c le estabelecer c() r ì t : l ( ) ( ( ) r Ì ) \ ì r , r \

idé ias sobre:r h is tór ia no ensino da c l isc ip l in : r teor i : r e metocl , r l , ,1 i , . r , l . , I ' r . .tór ia . A le i tura e a c l iscussão de setr cur to e hermét ico - r \ , , , r r r

preensi ro do outro e de suas m:rn i festações de v ida" , que cor . rs i . l . . ' r ( ) ( . \ \ { . r ì

c i : r . l para t rma ref lexão dens,r sobre o corrheci rnenro h isrór ico, l ( . \ , ( ìu r r ì ( . .1

me interessar pelo estr rdo de a lgumas de sr . ras obras mais importanr . . ' . , l r , l . r r

em edições f rancesas, e que anal iso neste capí tu lo. Sua obra é r , : rsr . r , r r r

cltrindo importantes biografiasr A uidtt de Schleiernac/ter (1870), l l i i t , i t t,r

da juucrttrtda de Hegel (1905). Para frrndament;rr nrinha ,rnálise , sclcci,,rrt i

str:rs principais obras teóricas sobre as ciências htrrnanas e sobre a l 'r istrir i.r.

Sáo elas: Introdução às ciências do espírìto (1883-90, 2v.), O mttndo t/,, r,-

píriro (1924,2v.), A adtfcação do mtmdo ltistórico pelas ciências do espírìnt(1910) c o já mencionado "A compreensão do ourro e de suas maniFes-

tações de vida". Há ainda Viuêncìa e pocsia (1906) e Os tipos de conc'epç'útt

do mundo e sua formação nos sistemrts metafsico,c (l9l 1), menos explorados

por mim. Nesra b ib l iograf ia selec ionada, já extensa, ju lgo que fo i possívc l

crìconrrar as su1ìs reses essenciais sobre a teoria d:r história e das ciência.s

humanas. E, isso pode ser conf i rmado pela le i tura de seus melhores c, ' -

tnentaristas, que em geral se referem e citam excertos dessas ob."r.l l

D i l they r Ì r ìsccLr em l833, em l l iebr ich, na Alemanha, c morrcrr s t r '

b i t amen te em l9 l1 . F i l ho de pas to r . . r l v i n i s ta , t eve uma f t ; rmação b , r s i( r rnÌente teológica. Tcrrnou-se pâstor , nras logo abandonou essa at iv i r l , r<1. ." l .ogo depois da pr inre i ra honr i l ia" . a f i rnram seu-s b iógrafos. L, 1-xrs.s , r r r . r r ,

. led icar a ar iv idade de professor Lrr . r ivers i tár io dc f i losof i r r . I ) : ì r r ì cxe r , . r , ,

ensino de f ì losof ia na univers idade, fcz umâ tese de doutor , r . l , , s , , t , r , , ,

[ )cr Ìsanìento escolást ico medieval . Como f i lósofo, conhecia K,r r r t ,1 , . ,1 , , , ' ,

' A rnara l , l9 [ ì7 .

l 1 i r 1 , r r . l ' ) r 5 c I ( ) a - i

V r r l ì r ' r . - Ì O O ì .

Page 13: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

22tì I I t s . t { 1 t Ì t , \ i ( I t , ( ) t i J \ I ( ) s t : ( - , \ í ì 1 . ( ) s l ì t r l \

l ( , r r r , , ' , . \ r r . ì , r . . l e P ' ' f ès . so ' . l l i ve rs i t á r i o , na A len ra r ì l ì a do séc t r l o X IX .( r ' r r r r ) l ' t , . l ' , , , 1 i . t - s t ' r ' i l ' c t ' co l t ' t bc ln . s rec t r r sos c mu i to p res t í g i o . I - l c ens i r - r , r r r( r r ì \ . ì r r . r ' r r r r i r ' , r r s i c l ades : I ì â l e , K ie l , I l r es la r r c l ì c r l im . Sc t r s b iós ra fbs r í ì rr ì r . ì r Ì ì ( l u ( r r ' : r b : r l h : r va de ì2 a l 4 ho r r r s po r d i , r l [ r c p rov : í ve l , l c vando -sc c r r rt . t r "1111'1;1ç: i11 sct t tnodo t l iscreto i le v iver . C:rsou-se corn Kathar ine Ptr t tnrrn.( r ) r Ì r ( ì t r ( ' r Ì ì tcve t rês f i lhos. Foi t rnr câsar Ì lc l l to d i f íc i l , qr re terrn inorr em r l ir , rs111v. [Jnra c{e st r : rs scgtr i r lor : rs rnais f ié is fò i -sr - r l f i lha, CJlara lv{ isch, c1trc ,| ( ) r . ( ) r r t ros c l i .scípulos, co l Ì1o scu mar ido ( ìeorgc Misch, pt rb l icorr P 's(ur ì ì : ì r ì ìcr l te a lgrrn-ra.s dc st ras obras, corrcspondências, e Íèz- estud<ls c la srr . ,c ,b l r r . A v ida c lc Di l rhc l .n i ro í ro i sensrrc ional _ cr i Ì t rnr ç l rofessor uni r , , . rs i tár io ' senr grat rc ic .s açt lcs pt ib l ic : rs . I lm v ida, fo i r . rnr desconhecido. ( } r r r r , '

çrrofcssor, os alttno.s o cotrsidera'n,arn trrcittrrno, rni.sre rioso e cleclicado. Srr.rpcrson:r l ic iadc tencl i r r à nrro-prrb l icr Ìç t ìo, : ìo segreclo e ao nr is tér io . Vivcrr t l , .mocìr> obscr l r ( ) , i ì r ìôninìo.

' l - rabalh, rvrr ! Suas obras cor . r . rp letas, prrb l icar l , r ,

postLrrÌ1iÌnlente, alcrrnçruìì rì rììrì lc.Ì excepcional clc 20 grossos volumes! [,rrb l icot r mtr i ros âr t igos c l ispcrsos. Mrrs, apesa. da cxterrs í ro, f ) i l they f ì r , r r , . rn; rs " i t l t ro t ì t tç :õcs" e r - rão concluí : r sr r , rs obr , rs . Prome t i i r próx imos vol r rnr , . r .q t rc janra is : rpalec i lnr . Srr r r obrr r é t r rna vasta desorgrrn izr rção! E, sr - ra í ì1 , ,sofirt pcrn.r,rneccu inacabacla. Até o firn, ela tevc um c:rrárcr de pescirrrr.,A i rcsrr r c{ issr t , c Ic é t l l t l r iz - ic{o c r r -pt rb l icackr l inc l r hoje, o qne c ler .norr r r r . rque, apcsar c le r r , rc . [o, suas a lgaravias t in l - r i rnr a lgr- rnr va lor . [ ]á um ( ,cr r r r , ,

clc f istudo.s Dilthc)'ano. n:r Univcrsicl:rcle cic [ìocl-l-u.n, Alcmanha, dirir i i , l ,,pe los profes.sot 'cs Fr i th jof 'Rodi e O. l ì . I ìo l lnorv. Há anrr l isras c lc srr : r , ,1 ' r . ,t ra l ì rança, F.sPanh:r , Esr ' rc los Unicìos, Jap:ro. Polônia, México. No l ì r . r r lsr ra o l ' t r : r exercrcu in f Ìuência sotr re , r t r rores importantes, é mLl i ro c i r , r , l , ,r r ras h: í pot lc( )s cst t tc los st t l t re seu pcnsi l l Ì ìcr ì to . f )est l rc : rm-se r )S cst t r r los r l rN'l,rrirr Nr-rz.:rrcj tì.- (,atnargo Pachcco Arnirr:rl, profc,ssora c{rr lì:rcrrlciatl. ' .cl,.. l ,, l ,rcr rçrro da univers ic lac lc c le São P,r r r lo , r l t re o ebordoLr enì sur ls rcs( ,s l ) ( ( i , r

) 31 l ( ) g l c : l s . * "

[ ) i l thcy, Í ì lho dc ] ) r ìsror prorcsta ' tc c c le mcs' r r ) qLlasc l ) : ìs l ( ) r . r r ,( r ì r , ì r ì t ( ) , fc '2 . o canr inho invcrso de mui tos: r - ro invc. .s dc. lescobr i r i ì \ , ( , r ( t . r , r ,( ( r , r ì \ ' ( ' r ( ( ' r -sc, |cscobr i r r , r vcrdacle - : ì l ì is t ( i r i l ì - c pcrc lcr r a Í . . ! , . \1 , , . . , ,, i , r ì ) r ì i l ( ) \ t l r r v i t l : r r r ' n r c ì c s r r a c o n c ì i ç a o . ì e e x - c r e n t c , c l c . s c s ( ' r ì r l . r n r . l

l ì ( ) ( r , ì r ' ] r i s ro r i : r t l o l r ì o t l r r c t có logo . l n t c r cssava -sc n re i s pc la v i t l . r I ' 1 , , ' , . , , , ,, 1 , , , 1 t t , 1 r , l . r . l i v i n , r . t \ I r i s t c j r i a , a v i c l a dos ho r r i ens , o i r r t c r t ' s s , r \ , . r l ì ( , r , I ,

n lesmiì e col Ì1o basc d: r rc f lexão f i losóf ica. Clon.ro f r lóst l l ì r ( ' l ) ( ) ( ' t . Ì , t , t r , ,1 ,

fc to pr inc ipal c le e.studos t : r : ì : ì h is tór ia . Mcsmo qr- t , r t l t lo sct t t t t t t . t , r ' r l i

lost i f ico, e le o aborc l : rva h i -s tor ic , r t ì ìc11tc, exant in, rndo as i .1úias. l<t 1, . t t . . t .1 , ,

sobre e lc . [ :nr sua v, rsra obr , r , t ra toì . r dc teor ia i lo conheci r ì ' Ìc l ì t ( ) , l ì1 , ,s , ,1 ì , r

mor: r l , e .s tét ica, f i losof ia das c iências socia is , teor ia da ps icologie c. l , t . ' , l t t

cação, b iograf ias c cr í t icas l i terár ias. Si ro obras d i f íce is dc ler c i t r tc tpr , . l . t t ,

po i s t ) i l r hey n i ro 1 ' r oss r r í a I r n ì cs t i l o c l . r r o e con t ínuo . Sc t r cs t i l o I t t ' t i s s t t 11 , l .

do cluc clcmonsrr,r. [r- críptico e, sob n.ruitos aspectos, frttstrante. Iì icl irtr.rrr

(1979) cìompar:ì esse selr esti lo m:ris âo de LlnÌ geólogo clo que ilo tlt ' rttrt

, r rqui teto. Hr i sentpre r i lgo r r desct> l r r i r , , r c lecr ipt t r r , sob as c: rmades e í ìs

.srÌra.s clos scus tcxtos.(ìardincr t> consicleftr i legívt' l , lógico, pobre, des,rrticulaclo! Sctr

pensanÌento não tcr ia pass: lc lo c le " rc t r ta t ivas" . Um f ragnrent is ta l Mctr .

alunos classificaram o texto nrenciott,rdo rìcimrì (que os fiz ler) conro itt

t ragável . Sua obra não tem unidac{e e, se aÌgt lma é suposta, Foram seus. l is

cípt r los que a rer ì l izarant . A lgr- rns quercm compreendê- lo rnelhor do t1rr .

e le , r e le mesnìo e prodtrz .c tn super interprctaçócs. Corr i essc r isco nestc c ; t -

pítr,rìo, o de simplif ic,í-lo, rornrrndo-o rnais claro do clue ele não é, c, .r

bem dr lea ldade inte lect t ra l , deixo o le i tor c le sobreaviso. Para Ricknrrrn, , ,

mclhor cânì inho para conhccê- lo. j sa lvá- lo dc sel ts d iscípulos e in terp l t t . r

lo ern seus próprios terl ' Ì1os. Procurei seguir essa orientação cle Ricknran , '

quase lnc apropriei dc ser-t texto, seguindo-o de pcrtq, parafrascltrt lo tr

corn fìeqtlèr-rcia. Fiz unr csttrdo de sr.ra obra e niìo Ltnl ensaio l ivrc. IÌ. ' trrri

mtritcls excertos d,rs sttrrs obr:rs, organiz-ando-os' articr-rlando-os, colìì(lì

t r rndo-os, procLl rândo recÍ i1 ì r s l l r l v is i lo da h is tór ia , na medida do possír ' , 1 '

cm setrs próprìos terntls. Sr.r,r obra é rcpleta cle rnú[tiplos ìnsights, ofcrc.. tr. l,,

l r larer ia l para nr l r i tas construções inte lectuais. Procurei contprect l t l t r ' ' , r t

pensanìcnto retor t tant lo às questõcs que e lc sc punha e refaz-etr . l , , s(L l ( . r

l r ipho, penctr l ìndo e rcv ivcnclo as st t i ts in tençíres. ' l 'udo isso p: t r . t 1 t t , ' . l t tz l t

urr Ì r ì 'comprccnsho supcr ior" de s ' . t , r teor ia cr í r ica das c iênci r rs l r t l t t r , t t t . , t ' '

É , , . , rpre" , - ,de nre ( Ìuc .n la personal id , rde corno a c1e l ) i l r l r , r ' 1 t , , . , ' . . ,

t e r t i c l o c i i s c íp t r l os l Sa [ r c - se q t re c l c se re t t n i r t r cg t t l , l t ' t t r c t t r ( ( r ) l Ì ì ( r r r ì l ) (

q r r c l l o gn - rpo c1e a l r r r - r r>s c pcss ( )as l ì ì : ì i s p róx i l ì ì : Ì s , f i r ì r ì . l i s . r r t i r Í i l , ' . , ' i r ' r

Apesar de estar inst i t r rc ion:r l iz i rdo na univers id i rde e 1 ' rosst t i t t t r t t 1 ' t t l ' l t , '

rn i r is amplo, err Ì [ l l l ì c lcsconhecido. Scu pensaÍ Ì ìc l ì to ( 'x l ì l (s \ . ì \ ' .1 \ { . 1 Ì r r r l

l ì r , l . r r r , r r r . 1 ' t ' ) 1 ( ì r . L r l r r r y s t ' n , l ( ) 2 ( r : ( ) r r c g a y ( ì l r s s c t , l ( ) 5 l J ; e , , \ r r r . r r . r ì , l , ) s

Page 14: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

)3 { ) I l r \ r ( ) R t , \ & I r , o t ì t , \

l t Ì ì r { l r ( l ( . \ , l ) i l r l r c i ' p re fe r i u sc r anô . imo , desconhec ido , rn i s te r i oso , e s r i" ( r ( \ ( l , r r r r , r P1 . i 1 ' ; 1ç i l l r de c pa r , r uns poucos ín t imos , q r_ ra l o i n t c r csse cn rÍ " , 1 ,1 r . . , I , , , , , , t l ô - l o ho je? Q t ra l a re le r ' : ì nc ia p t i büca de um pens : ìmenr ( )I r , r1 ' . r r r . r r r , r t lo , i r r t rc ldt r tór io , ass is temát ico, hermét ico, c lbscuro, i lconclus6( , r r r Ì ì ( )? [ ) r r r r r h ipótese: exatamente por isso, por cssrrs raz.õesl Ele pnr-I ' r r r l r . r r r r r r cst i lo dc v ida brrseaclo enl uf f ìa ccrra f ì lo .sof ìa da v ida. Enr su,rl , ' r111. , ,1" v ic la, em se. est i lo , en1 sua obr . , crn se 's tema' , combar ia o s is ,r r ' r r r . r ì rcgel iano. A v ida, para e le, nár> é c lara e d is t in ta, s is temát ica, rac i . -r r . r l c c . r r . rp lera. Ele r r f i rmava a h is tór ia , que é indiv idual , local e ínr i rna, c l i -írrsrr, cr'rnrra rrs rr. iversrris lrrzes teleológic,rs do sisrenra hcgeliano. [rlcprcÍ :cr ia a de.s idade, a inso 'dabi l idade da exper iência v i ' ic la . Assim conr.t , c l lor d: r

' l 'e r ra, para e ie , a v ida c j in te rna, opaca, parn dentro. As luzes s.

lares da razão s:-ro p,rra fora, niro trnz.enr:ì trrìnsparêrìcia, nras a imposrtrr,,r.Diantc clas luzes, a vida perde o viço, :r esponrilneidacle, a luminosiclatl,.própria. Ela se recolhe. A vida é individual, segredo, n.ristério, i6tip,ridacl,.,ir-rícios sem seqiiência, oçracidade, ir-rtensa fragn.renraçíro em LllììA i1:rrr..sível totalidadc. Ele e experiêncirr vivida c niro trr.:r abstraçáo ideai.

O termo "v ida" , ern Di l they, revela o que há de mais conhecic l . , , .r-r-rais íntimr> e ao nlesnlo rempo o qr.re há de mais obscuro e impenetr:ív,.1.Ela é um misrér io insondár 'e l , enr [ ' rora pens: ive l l Pensá- la rem pouco : ì \ , ( . rconl a clareza exrernâ das l-uzes! A vida apaga as luzes exrernas para bril l ,.,rem br i lho própr io, inrerno, ao pé de s i rnesma. Di l they se a l inhava.r í ìlosof ia româut ica, qt re opr- rnha a leal idade Í ìn i ta e v iva ao espír i ro i r . r Í ì r r r r , ,e ideal. Ele era nt.t is strrnt uttd drang do qtre um,rdorador da iclcli:r. I, l ,prefer ia a insegurança do i r rac io 'a l ismo e a sua prr lsão à segura.ç: r . r rt i f ic ia l , homogênea e desvi ta l izada da raz i ro. Ele prefer ia o pessinrrsrr r , , , . ,cont ingência, o local , o h is tór ico, : r . indecisão ao ot i rn isnro, à conf ì : r r r1. r . ,necessidade e à r . tn iversal idade c la f i losof ia hegel iana. Di l rhey er i r nr : r is r r r r rd.s numerosos combatentes de Hegel c le sua epocrr . E, lc ouvia c() r ì ì r r l

l rac iêr- rc i r r seu d iscurso s is temát ico, pro l ixo, que acredi tava rer r1. . r , , ,1 , , . , , , ,. r seg rec lo da h i s tó r i a . Em se t r s i l ênc io , ao con r rá r i o , o un i ve rs l l \ ( . ( u \ , , , , 1' i r r t ra h is tor ic idade. Seguindo otr t ro f i lósofo obsctr ro c de 1. r t ' r r . , r r , , , , , , , ,t r r r r r c r rdo c he r r l é t i co - G ian ìba r i s ta V i co - , e l e r ca f ì r n rav r r , ì l ì r . , r , , r ,. r t 'xpcr iênci . r v iv ida, : ì ter Ì ìpora l id , rde l ' runr , rna e , " ' i r ' : r contr . ì . ì r r .nr l r . r . r l r. l , r r lc e is t r i r ica, r rn iversal e d iv ina dr . " rã. r .25

J ( ) s É C Â r ì L ( ì s Ì ì r , r \

A h is tó r ia como "expcr iênc ia v iv ic la " t ( ) r ' r ì ( )u \ ( , l ) ( ) r i sso , .seu tcmu

pcrmar ìen te . S t ra t roçã<- l c ie verd : rde . E senr 1 : r r . . rs . ì t l r ' t , r r r l r r i r s r r , r re f lexão,

c r iando t tu r s is tc rn , t hege l ianamente fccha. l , , ( ( , ru ( \ r .u r .u ì r ( r ì t ( L r is tâ l i r l ( ) .

Ern re laç i ro à h is tó r ia , seu per Ìsan len to rcprcs( ' r ì ( ( )u un ì . ì r r r r r Í . rç .1o , uma

mud: rnçr r p ro f t tnda. Cont r t r Hege l , e le . le f ì 'n .1 . . 'u , i r ) r ì r ( \ r ( ) l r i s tc i r i co ,

loc , r Ì e f in i t< l ; conr ra os t Ì : ì t t t r l i l i s t r rs pos i t i v is t : ì s , r ' l t p r r ) l ) ( , \ , ì ( ( ì r Ì ì Í ) rcc r ì -

s ã o e n - r p á t i c r ì " , p â r a o m t t n c l o t l o e s p í r i r o . I ' . l e r c t t , r r ' , , r r , r , r l , , , r , l . r 1 ' , , ' r r r d , r s

Ì r o m e n s e d e s t r a s e x p e r i ê n c i a s . P a r i r : r s c i ê n c i a s l r r r r r r . r n . , . , l ) r l r l r , r r , . r l i z . . r r

t t m a " r e v o l u ç ã o c o p e r n i c a n a " : l r v i c Ì a n i r o g i r i r e r r r t ( ) n ) ( ) ( l . r r , r / . r r ì , ' \ , ( { ) r ' ì

t rá r io , é a r tzã .o que g i ra en l to rno da v ida . A r i rz . l to s , . ru l , r , r , r , . r r l , l . r , r r . r , ,

, r v i d a à r a z . ã o . I l l e m a n t e v e i n ú m e r o s c o m b a t e . s : c ( ) r ì t r . ì , r l . . l r ) 1 ì , r , r , ( ( ) n t r . l

o i d e a l i s r n o f i l o s ó f i c o e c o t ì t r l ì o n r ì t u r â l i s m o . Ì ' . n r t t ' o l t , 1 i i , r , ( ( ) r ì \ r ( l ( r , r \ ' . r { )

c r i s t i ; r n i s r n o u m f e n ô m e n o h i s t ó r i c c l , q u e t r ã o p o c l i : r . . r , r r r ì r ( , r r \ ' l ( r ( r ì ( r . ì

esp i r i tua l ; con t ra < l i c - [ea l i smo f i losó f ico , não acrec l i t r Ì \ ' , ì \ ( r l , ( ) ' , ' . r \ ( ì . Ì l ) r (

e n d e r t t m a c o n s c i ê n c i a - e m - s i n a h i s t ó r i a d o e s p í r i t , r . l ' , t t , t , 1 , , . r ( ( ì t Ì \ ( r ( r ì

c i a é h i s t ó r ' i c a , r e f e r e - s e a u l l ì i ì e x p e r i ê n c i a v i v i d a ( l u ( ' ( ) ( . , 1 ! t n t , ) r ( t r ) Ì Ì r , ì .

t r n i f i c a c e s c l a r e c c . A c o n s c i ê n c i a h u n r r r n a é h i s t ó r i c , r , p . i s t r . r , r I ' r r r l r t t , r ' , t r

u m a i n t e l i g ê n c i a i n f i n i t a à q t r , r l t u d o s e r i a i m e c l i a t , r r r r , r ì t ( l ì r ( \ ( n r ( \ (

n h u m a c o n s c i ê n c i a p o d e s e c o n s t i t L l i r s e r Ì ì e s t : ì r c o t r s t i . . r r l . , l . r r , ' l , , r r t r l . r r l r '

d o s u j e i t o c o g n i t i v o . C o n t r : r o t r a t u r a l i s u r o , n i r o c o t t s i t l , t . r \ ' . r l ì ( ì ' , ' . r \ ( I ( ( ,

u h e c e r a h i s t ó r i a c o m o s e c o n h c c e a n r t l r r e z a . P a r l o t ì ì t l t t t l , , , 1 , , , " l , t t t l , , .e l c p r o p u n h a t l m i ì r n e t o d o l o g i a e s p e c i a l , a p o i a d a t l ( ) ( ( ) t ì ( ( \ l ' ) ( \ . r \ r ( r ì ( r ' r l

e nrì corììpr.ensã.r.26

P o r t a t r t o , A o s e l t m o c l o i n v i s í v e l , D i l t l i e y P . t t t ' t t \ ( t ( t r t l ' . r r ì , r l l " ' , r r ì ) ( ) :

a n t i c r i s t ã o , a n t i - h e g e l i i r n o , a n t i - M i l l - c o m t i a r - r o , e t r t i l i . r r r t i . t t t , ' , ' ( r t ì ( \

p r e s s r í - l o , p o i s t a l v e z n e r Ì ì o c o n h e c c s s e , a p e s : ì r c l c . , , l t t , ' , t 1 t r ) t . r t Ì ( ( , \ . , r 1 ì l l

r n a r x i s t r r . I s t < > é : i r n t i t e o l ó g i c o , a n t i i c l e a i i s t a , i l n t i r ì : r ( r r r . r l i s t . r . . u r r l ì ( ) \ r r r \ r \

t a , a n t i m a t e r i a l i s t : r . P o r i s s o o i n t e r e s s e , , r g r a t r c l c t c l , r ' . ì t r , i . r ( l , ì r ) Ì l ) ( : r Ì ì . l

g r a n d e d i f i c u l d a d e d o e s t u d o c l e s e r . r p e t l s a n - r e n t ( ) s t > l t t . . . t l r t t t , , s 1 . 1 . l ' 1 , , , l t

r e c e L r m r ì r e f l e x ã o o r i g i n a l e m q L l e a h i s t ó r i a t r ' n r p . r p t l l ) Ì r ' r l . t r u r ì . ì l ì t r ' ,

M a s a s l r y a l i a ç õ e s d e s u a c o n t r i b r " r i ç i r o s ã o a o n l c s l ì ì ( ) ( ( r ì ì l ) ( ) ( \ t r ( t Ì ì . t t ì ì ( t ì t c

f t rvoráve is e ex t remantente c l t t ras . Or rega y ( ì : t ss t t , l ) ( ) r ( \ ( t Ì ì l t l , , . l r . l r s , t

que, p i ì r : ì t rm f i lóso fo , e le fo i ta r tamt tc lo , s i l c t t t i , t t , , ( l ( r Ì ì . r r \ . l r t t t r t : t r t v ; t -

I i a ç h o d e v a s t a d o r a p a r a t l n ì f i l ó s o f o . A p c s a r . 1 i s . , , , , t r r i ( ) \ . r t Ì Ì ( t ì t ( . ' c l c o

cons idera o per ìsador rna is in . rpor tan te da scg t rn . l . r l Ì ì ( r . ì ( l ( ,1 , , scc t r lo X IX!

Page 15: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

) .42ì l t \ t i ì t r t \ & l j , ( , t i \

l ' r r ' r , 1 , , ' r r , r i r r r l r ' r r â r ì c i r ì sc r i r ì co ' )pa ráve l : ì c - l c Ka r r t e Hcgc l . ! c ) r r cg : r '( , r : ' , , r 1rr l r i . r ,1r r . s . ì rcpcrc.ssrro est : í .quém de sr . r : r i ' . rpor tância, pois Di l -t l r , r , ' , r , r r i . r r r : r base de g r r rnde pa r te do pensân - ìen to c l o se i c r . r l o XX . sua i . -l l r r , r r , i , r í t , i . r . r^e sobre os l ' i r iores pe 'sadores c lessc séc. lo : Heideggcr . ,\ \ , l ' , r , f , rs1. tcrs, E. . cassi rer ,

' f roel r .sch, Schel ler , S i r lmel , MappIc i1r .

( , r , r r r rs t i , Aror . r , l_òwi th, Lukács, Spr , . r r . rgcr , S:r r t re, ( ìadrrnrer , Habermas,l ì i , , ' , ' t r r . L le é rambém considerado, com Nietzschc, urn dc,s in ic iac iorcst l . l t t . . ional ismo di to pt is-moderno c{ : rs r i l r i r .nas decac{as. Sua " f i [osof ìa c l , r' i . l r r " m:rrcava os l imi tes d, r Razão.Z7

Ser-ts crít ic-os tn:ris agressivos av:rl ianr (ÌLre sLra inrr-rição relarivisr.rrcpresentar ia uma teor ia ar is tocrát ica c lo conhecimento. As categor ias i l r r -nr i ' r is tas da razão , r . r iversal . , r f i r r 'a ' r . se r iar l denr 'crát icas e poprr lar .s :r r in tu ição h isror ic is ta ser ia nobre c r r r is tocrát ica. por isso, como já v inr . .(e não há acLrsação n-rais grave), alguns o consideranì aré,m clos resPons,ive is pel r r ascensão do nazismo. Di l t i rey, af i rm:rm, csrar ia na base dc r r r r rpel - ìsamenro pol í r ico reacionár io, fasc is ta. E cor . rs t ró i ,se ur Ì la l in l - ragcrr r ,Schel l ing. Nietz.sche, Schope'h, ruer , Kierkgaarc l , I ) i l thcy, Sinrmcl , Ht . rdegger, Jaspers... naz-isras! Ele seria o criador cle uma te.ria, a.fi/oso,fitt rr,tuìda, que reria sido favor:ível ao expirnsionismo irnperialisra, em brrsc,r .1,.espaço v i ta l . Entreranto, segundo Erm:rr th, pol i r ic : rnrcnte, e le f icava cnrr , .a contemplação e a revol r rção. sua posição era l ibcra l - reforrn is ta. ( ] t re r i . rser ef icaz, at ivo, sem ser c loutr inár io. Ele se a l i r . rhava coÌ Ì1 o indiv idrra l i . r r r , ,refornr is t : r represenrado por Kanr, Scl r le iermacher, Hr . rml . 'o ldt . p : r r i r I , rrnar th, Di l thev celebrava pouco o Est : rdo. Não era l len l .seu ideólog. . r r , . r 'revoluc ionr í r io . Elc represenr: r r ia a t radição pol í t ica do l ibera l ismo btr rgrr , . . ,m:ris conserv:rdor, evitando proposras radicais em polít ica, educaç.ro t. ,,,c ied:rde. Ele c lefencl ia o gradr . ra l ismo pol í r ico. Após r848, semprc t lc1, l , ,rcu revol r . rções, que, para e le, cr i i rvanr despot ismo.s p iore.s. A r .cr ' , r1rr , , , , , ,ser ia incapaz de rnudar o homem inter ior . A revoluç i ro não pocl ì r r 1 . . r , . , r ,r l ì r . tc i i Ìnças no per Ìsamenro, r Ìos valores, n: r n. rc l r , r l idac{c. l t le proPrrr r l r . r . r r ,fbrn ' ra do pensamenro arravés da ref lexão cr í r ica. A reforma só pr i l t . r r , r r , ,c lo , rutoconhecinrento do hornem em todos os serrs aspectos.

Nessa c l i reção, as c iências hurnanas ser iam inst f t r rncnt , ) i l Ì ì l ì i , lt r t t t tcs d: r nruc lança rac ional e pací f ic , r . Ser ianr o r rnt í t lor r> [ ) r ì r ' : l . rs l . r , , l r r

çot 's . l ) r r re c le, não se t ratava de cr iar ide i r is renrotos, nì r ì .s d. 'c , ,nrr , , l , r r , ,

Ì o \ Í . . ( l / \ R r . ( ì \ I ì r r r s

p r o c e s s o s s o c i a i s e o m r r n d < > i r n e d i a t o d o s h o m e t r . s . Â s t i , r r t r . r r l r r n , , , r t ' . ,

serv i r iam à rc fo rma ch soc iec lade. A re fo rnra es t : r r i r t [ les . . r . [ . t I ì . " r ' t r l t r

c i t ' nen to compreens ivo" c lo hornem em toc ' los os seus r Ìs l ) r ' ( t ( )s t t r t , r t r t l , ' ,

taçóes . As novas c iênc ias hur t r r rn , rs t r r ì ta r i r ì r Ì ì o pe t ìs i ì l ì Ìe r ì to l l l t t r .u r . , . r

a t i v idadc soc ia l c le mane i ra cnrp í r i ce , "pos i t i v : r " , l t ì l ì . s sc l ì ì a t ro l i r ' . r l i [ ' , r

d , rde ind iv id r - re l . Po l i t i c , rn Ìc r l te ' , D i l they t r i ro c ra n r i l i i an te . I i l . ' n . t , , . r , r ,

c l i tava qr - re a h is tó r ia fossc c lc : rp l i cação imed i : r t : r : ì po l í t i ca . A h is t t i r i , r r r . r , '

é cstudada p,rra clfèrecer l içóc-s l ì ìor:ì is; os f: l tos ecotròrl ico-socrirr is t ì i Ì() \ .r()

c {e te rmin : rn tes , po is os ind iv íd r - ros cxcepc ioua is conta tn , "55 i111 çs11 '11 ; o r l . t

t t> res c l r l tu ra is r , rn rbénr co l l ta l l ì . A h is ró r ie n i ro poc le scr es tudac l , t p : t r t i

dar iamente . O h is to r iador deve ev i ta r p ro ie ta r se t ls va lo rcs po l í t i cos r r , ,

p , rssado. I - le cons iderava impor tan tc i r m i l i tânc i : r po l í t i ca no Prese l l t c , r Ì ì . ì \

de fend ia a h is tó r ia c ien t í f i ca do p : rssado. E le se sent i r t m: t i s p róx in ro .1 , , .

h is to r i : rdores da ar te e da l i te ra tu ra do que dos h is to r iac lo res po l í t i cos . l :1 , '

procLrrava considerar toclos os aspectos da vida dc r.rtu Povo e ÌÌ lostrar ' s() l)

as var iações po l í t i cas , a permanênc i r c {e ce r ïos v r r lo res in tc lec tua is , t t r , r r . t i t2l ì

c a rüsücos .

I t o r t e n t c , , s c , p o r t r m l a . l . t , I ) i l t h c y I c l n t l l n r ì r c [ ) t t t r Ì ç á o t à o s i t r r s

trrì , por orrtro, é visto como ttm t io.s 1>i lares do melhor pet 'rsan.rer-rto Í ì l , t

só f i co , h is tó r ico , ps ico lóg ico , pedagóg ico , l i te rá r io , an t ropo lóg ico c s ( )c r ( )

lógico do sécr-r lo XX! E assinr qr.re o 1',erccbc, e por issct me interesscl Ì)()r

sc r - l pcnsanìen to . E le é v is to c ( ) r Ì1o o Kant c las c iênc ias hum,r t ras . [ ì .1 , ' . l i t t ,

co isas n tu i to nov : ìs ou c l i ssc rnc lhor o j i í conhcc ido . Seu rc tna é o t t t . t i t t ,

levante e : ì tua [ poss íve l : con ìo comPreendcr homet rs de c iv i l i zaç í lcs t l i l , '

renres ou nossos conc ic l , rc lãos d i fc ren tes c le nós? Como abordar c l t t t t , , , l , '

compreensrvo o our ro? Em qr . re te rn ìos fò rn ' r r . r l : r r , r : r [ re r idnde h t t t r t : t l t r r i 5 r r . r

aborclagem humanisr,r cla hisrória signif icou Lrnl novo olhar sobr. . t l rrr

l Ì ìano : e le buscnva a compreer lsáo da a l te r idade. l ' a r , r e le , t r i ro I tav i , r 1 ' l . r r r , ,

escond ic lo , mode lo un iversa l da h is tó r ia , que um esrudo dos cv . t t l , " 1 , , t

desse rc l 'e l , r r . M: rs nenì por i sso : r h is tó r i : r se ro rn . rva r t t r r i r sc t l i i L r r , i . t , t , '

t i ca de eventos . S t ra so luç i ro : os horuens , Por se l ts p lan< ls c i t r t t t t ço t s p r t

t i cu la res , d , r r iam sent ic lo à h is t t i r ia . Conhecer o sc l l t i c { ( ) t l . r l r i t t , ' , r t t " , t t ,

c l e s c o b r i r a s i d é i a s q r r e f u n c l a n ' r a s a ç ó e s h t t n r a u a s , c l c l ì r r r t r . r t l t t t t t r t r t r r , i r

e loca l , e náo buscá, lo e rn r , rmi r i rnposs íve l v is : ro g lo i , , r l . l ' , , r i " , , 1 , , , ,

F r e u n . l , e l c Í ' o i c p c r n ì ì r ) e c c o t e ó r i c o n r : r i c l r t l : t s , . i i ' r r . i . r r l t t t t t ' . t ' , , ' r r ,

l s Schn : i . l c Ì bac l r , l 9 ) Ì 4 : l - , r r na r t h . l 97u l c Mcs t t r t . l ( ) ( ) 0

Page 16: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

) 1 Ál l r s T ó R t ^ & l ' E ( ) r ì t ^

( ) l ) r . ì r ( l ) r ( \ ( r ì r ( ) r . l . r Ì . Ì r ì v i rada que âbr iu L lma nova v ia à ref lexão f i losóf ica.( ) r l t l r . r r t . l r r . ' . ' lc in ic iou in teressa a todo aquele que r rata de metodologiat l . r r t r . r r t i : rs h*rnanas. Ele fo i o pr imeiro a conceber uma epistemologia. r r r { ) r ì ( ) r ì ì , ì dcssas c l isc ip l inas. Ele pôs a questão fundamental da, ,cr í t ica c la

| ' , ) qL | / . 1 ( ' I I l \ t ( ) r l c l Ì - - -

() pensamento de Dilthey tem sido caracterizado como uitalismo,tt,'r' irlcalismo, positiuismo, historìcismo, irrat'ionalismo, intelectualismo, sub-l('ttr tçmo' relatiuismo, esteticismo, existencialismo, psìcologismo, sociologismr,prcsentìsmo etc. Sáo rermos imprecisos e contraditórios, alguns absurdos,rótulos que dificultam a sua abordagern. Dianre disso, E,rmarrh procur,rlembrar e repetir sua maior liçáo: Dihhey também, como toda uida histtj-rica, deue ser tratado em seus prtiprios termos. É dificil resumir seu pensa,mento e cnqr-radrá-lo em algum ismo. Tratado em seus próprios rerm()s,não se pode chegar a conclusões claras, que o incluam em algum róttrl.r.Apesar disso, Ermarth propõe um rótulo para Dilthey, o "real-idealismo",que' para ele, teria sido uma importante tendência do século XIX, e sobrca qual se estende lo.gamente. Náo examinaremos de perto essa hipótcsc,apenas a registrarnos, para não dificultar a abordagem de Dilthey em se u\próprios rermos.

Para Dilthey, evitando todo sistema, tudo era problema. Cada s.,lução era unì novo problema. Seu pensamenro é difuso, mas coererìr(.,uma coerência <Iinâmica e não um sistema formal. Seus conceitos não s,r.claros e distintos, mas dinâmicos, recíprocos. Suas noções-chave são c-l iííce is de definir precisamente: parre-rodo, esr^lrura, causalidade teleológi, .r.crít ica imanente. A vida, diferente da lógica, é contradirória. para Ernrarrl,,cle teria sido o mais mal compreendido arrtor do século xlx. E ele foi r..pronsável por isso, pois era um homem de grandes intuiçóes e não um (t.,,r ic. capaz de análises abstratas. Em seu pensanrento, em suas "a.,í1i.,..., r [ rs t r l r : rs" , aparecc sua personal idade intu i t iva. E, , n is to, e le era coercr ì r ( . ,

P.is str:r opção como tcórico foi levar em consideração e valorizar su:r\ ur, , , i q , , . r . 1 0

S. ' r rs : rnrr l is ta.s concord:rnì que sua imporrânci : r na h is tór ia c l . , 1 , r , ,I t l , r r r . r , l . r r . r . rprccnsi ro é incontorn: íve l . Sua v isão or ig inal desse rcr . r ì , r r l r( ( ) l l ( r l t l . r , t ssoc i r t çho c l t r e e le cs tabe leceu e r Ì t r e a c r í t i ca kan t i ana c l , r r , , r . , , ,

Ì " l ' , , , , , , ,1 . l , ) ' i : I { i r l i r r r , r r t , 1979: Mesurc , 1990; e C) r tcga y ( ìasscr , l95 t ìJ o L r r r , r r r l r . l ' ) r , , i .

J ( ) s É ( l A R r . ( ) s R t ' r s

e a Escola Histórica. Em sua teoria da compreensão, ele associou crit icismo

e historicismo, o que o levou à fr.rndação teórica das ciências humanas.

Todas as teorias das ciências Ìrum,rn,rs referem-se, mesmo que polemica-

mente, à sua teoria. Dilthey parte de Kant, mas diferencia-se dele. Parte

de sua Crítìca da razão pura. O que o interessa em Kant é seu ponto de

partida interno para o conhecimento da natureza, isto é, seu ponto de

vista transcendental. A ciência é construída a partir clo suieito. Para Kant,

não se pode ir além do sujeito c de suas categorias' C) suieito transcen-

dental é posto copernican'rente Ìlo centro do universo. E, cot-n isso, a me-

tafísica teria sido superada. Dilthcy contra Kant: sett sr-rjeito é muito abs-

trato, sem carne e sangue. Não se pode ir ,rlém do sr'rieito, e verdade. Mas

que suje i to? Para Di l they, é a v ida, a h is tór ia . Um suje i to h is tór ico com

uma "experiência interna" náo exclusivamente racional. Urn sujeito conl

vontades, com paixóes, intencionalidades, aFecções, "um feixe de pulsóes",

que constrói sua vida criando e segr.rindo valores Particulares. Contra a

razão pura, Dilthey propóe tmaflosofa da uida. Não se pode ir além da

vida. Ele pensa que, por isso, só ele teria de fato superado a metafísica.

Para e le, av ida era âo rnesmo retnpo psicológica e h is tór ica, e não "pura" ,

abstrata, racional, sistemática e mttito menos transcendente. Contra a crí-

t ica da razão pura, que ele considera ,rir-rda metafísica, propóe uma crít icl

da razão histórica ou uma crírica histórica da razãro pura.' '

Sc não se po.le ir além cla vida, o problema é s,rber sc a vid'r I ' c"

nhecível. À p.tg'.,t-tt,, de Kant "conto sáo possíveis as ciências n:rtttrais?".

corresponde a pergunra de f ) i l they "como são possíveis as c iênci : rs t l , r , t

p í r i to , as c iências da v ida humana?". Inspi rador , Kant tornotr -s t Ì s t Ì r . r ( l

versár io. Di l they não par te de um srr jc i to in te lect r - r : r l , mas cìo hol t t . t t t t t '

d iv idt r : r l - to ta l , o homem em sLtr t v id: r no renlPo' enÌ s t lâ l ' r is tor i . i , l . r ' l '

A poss ib i l i dade do conhec imen to l l as c i ênc i i r s h t tman , r s n i r t> sc . ì l ì , ) r . r r r "

a priorì, nÌas l la experiência vivida. Dilthey procuroLr fttu.l,rr es c i i 'rr, i .," ,1"

espír i to na ps icologia, qLle t rat , r dessa unidacle ht tman,r ps icoí ís i , . r ( r r r ' r r r

exper iência in terna. Para torná- la a c iêuci r r fuuclanret t ta l , l , t . , , t t t t r ' . ( r ( t l

c i as do esp í r i t o , c ( )n t r : ì a ps i co log i , r c ( )ns t ru t i v i . s ta , c Ì t l ( i r r r i t . r r . r ( ) ' , I r ì r r , i Ì

das c iêr- rc ias natura is , c lc cr ior_r u l Ì la l ìovr l psì to lot ì , t ,1 , , , r r I r t , , | , ; t ; . , . : i .

I -s ta anal isa e descreve : r "exper iência i r - r terna" ' ( ìL l ( ' t ì ' ì ( ) l ) l r ' t ' r ' l ' ì "1 '

l Ì Schn, idc lbach, 1984; S t r tc r , l9 ( r0 .

Page 17: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

0-lírI l r s Í ( i l ì t , \ &

- l - r : ( ) r Ì t \ I o s É C . ; r ì Ì . l . o s [ ì t ] l s 237

r ( \ ( \ l ) .1r . ì \ ( ' r ( ( ) r ìs t : ì tada. A exper iência in terne não precisa ser construíc lu,1 , . i s 1 : r , , l , r , l , r p r i r n e i r o .

h, r r r ( [ r r rsc.u condiçóes in te lecr*a is a pr ior i para a possib i l idadc d. r, r1, , r i i ' r r . i . r . E le cor- rs t ru iu a pr ior i como ter ia que ser nossa cor ìsc iência c, r r r r . r r . l : rçr - ro coln a real idacle para q.e a exper iê 'c ia fosse i . te l ig ível . As, r ' r r1 l iç6, . r da exper iência não se dar iam dentro da exper iência, mas c l . .unì ì prr ra construção inre lecrual . Para Di l rhey, isso é f icç i ro inre lect r ra l !l) i lr l 'cy seria talvez transempirìsra. A experiência niro é apenas uma serìsrrç : ro exrer ior ; e la é a re: r l idade interna d i r consciênci r . A exper iência i r rterna é um complexo, L lma co.exão, t rn-ra in terc lepenclência com oLl t r i l \experiências internas. Dou-me conta de nrim e cle algo exterior - isç. t:um Fato da exper iência i ' terna. Não se t rata de

"n- ,p i r ismo, de sensaç. . . ,

obt idas na exper iência exrer ior . A exper iência in tcrna é t rm daclo imc<i i , rto, concreto e vivido. Deve ser tomada como se apresenta, pois não s,.pode ver atrás clessa experiência. EÌa deve ser descrita e analisada ral corrr,,aparece' pois sua verdade não pode lhe ser exter ior . conrudo, ser ia mesrrr , ,a psicologia a ciência f*ndamental das ciências clo espírito? ou seria a hi,tóriaì Ao longo da sua obra, ele hesitou em dar a unìa orr a outra essc j,í//tus de ciência fundamental. T'alvez se possa afirmar que ambas são Íìrrrdamentais , pois r ratam da exper iênci : r inrerna, q i re é a exper iência v iv i , l . ,do eu em seu mundo h isrór ico. Pode-se supor .m cí rculo enrre a h is t< i r i . r ,mundo compart i lhado com o ourro, e a ps icologia, exper iência conr1. , l , . r . ,do et r . A ' rbas estão l igaclas ao cornplexo;r roblema da idenr idacle, r i r r , l rv idual .

" cu l t r r ra l .S2

Alguns a. rores d iscr- r rem se Di l they ser i i r realmenre h isror ic is t . r . Ino caso de ser , enl qt te tendência h is tor ic isr i r se enqrradrar ia? Ern.rarr l r vr , ,tentâ qLle e le não ser ia um "puro h isror ic is t : r " . Cor-r r r rdo, dadi r a c l i í ì , r r ldade desse conceiro, quem pocle ser ind iscr- r t ive lmerte h is tor ic isra , . "1, , ,

r o "? Pa ra E rmar r l r , D i l r hcy não se r i a l r i s t o r i c i s ta po rq r re não p r 'P ' r . r r r r r ,nretaf ïs ica d is farçada que salva o passado por e le mesmo. Ele rcr i , r . r1, . . r , ,cr iado t rm método para as c iênci : rs humanas. Ter i i r aber to r l r Ì r r ì L( )1( . r ì r ,in te lect r . ra l qr . re apóia as suas construçóes na oLrserv i rção da rcal ic l , r , l , . . . , ,

c iocul t r r ra l . ln ic ia lmente, Ermarrh tende a rest r ingi - lo (a nrct r \ , ( . r ( ( l . lv .cadarnente) à condição de urn epistemólogo neokant iano, t1rr , . , , , ,1 , .r ' t r t i r ia métodos. Mas c lepois vai mais longe. Propóe quc t : r lvcz s( . l ) . ( l ( . . . ,

a t r ibu i r - lhc urn "h is tor ic ismo t rauscetrc{enta l " , c t t i r r tese ser ia: o ser não se

.fmda na idéia absolrrta ou em Detu, ntds tttt /tistoricirlrtrlt' /trrm,tn,t. F.sse his-

tor ic isr r - ro t ranscendenta l ex, r rn ina as possi [ r i l i r le . lcs l t t t t t r , rn, rs t {e auto-rea-

lizaçáo, procr.rrando na história algt.l . lc ebsolttt<, c()lÌì() [)()tel-Ìcialidade do

homem ve rd i rdei ro. Esse absol t r to t ransis tór ico scr i , r e c , r1 ' t , rc ic lade cr ia-

t iva da l Ì1er ì te hurnan:r , qrre nhtr ú r ' tc lna ic ler i r r , nr t rs v i t l , t conctcta. A h is-

tór ia se encontra com a v ic la pcÌa c<t tuprccnsho. A h is to l ic ic lac{e do

homern está l igada à vida socioculttrral. A indivicluali. ladc ccrncret,r do

homem n:ro apaga a sua conrliçÍo sr>cial e cultr-rral. O inclivícltro uão é i.so-

lado e só. O hon-rem tcm ttlÌì i ì l ì i Ìt l treza aberta, comuuicativar. A conrprc-

ensão enrpárict(uersrchai;) é,r pr<ipria natureza huntana. A história é cous-

tante muclança, típic:r e tit 'r icrr. O qtre Permanece em todas as épocas e

socieclaclcs é a expres.são, rì colìlprcettsht>, a comunicaçiro er'ìtre homens di-

ferentes. Para ele, o homem é "cxçreriência vividir", que cria, qtle se ex-

pressa, que se comunica, qLte compreende e se cleixa compreender. E que

se inquieta coffr a srrir existência. A ve rdade é o próprio processo hisrórico,

em que a vida se expressa e é courpreendida, e não utna proposição abs-

trata e aternpor,rl. Dilthey não prescreve ulÌla fin,i l idade Para â história. ()

humano rsrá por toda parte em re:rl ização. It le defèndc ,r l iberclade sem

stste l Ì ì i ìs . - '

Essa hipótese c{e um historicismo transcendental, de Ermarth, que

é uma le i tura mui to fecunda de Di l they, não o inc lu i r ia no movimento

histor ic is t : r em uma posição r iquíss i rna e centra l ì Essa anál ise, a meu ver ,

o s i tua p lenamente no h is tor ic ismo. Para Di l they, o que há de absoh.r ro nrr

homem, o qLle o c l i ferencia da narureza, é a possib i l idade que e le rem, cnr

sua exper iência v iv ida, de se expressar e se Fazer compreender pelo ot t t r , , .

Por mais d i ferenres que sei , rm os homens em sLtas sociedacles, c t r l t t t r , ts t '

épocas, subsiste ct l todos a possib i l idade da e*pressão e da col ì ì l ì r ' ( ' ( ' t ì \ . t ( )

recíproca. O re ino do espír i to , o mundo h is tór ico, é t tm nt t t t r t l . , .1 , ' s . ' r t -

t ido, em que a corì-lunicaçío é possível e se realiza. Qttantt, tn.tior t i .t t l i-

ferença entre os homens, mais necess: í r ia a comutr icaçi ro sc t ( ) l r ì . ì ( l Ì ì . ì ts

in tensa é:r compreer. rsão do outro. A v ida cr ia l ingtragctrs I r r r i l t i l t l . rs c c lc-

c i f rávc is - ç561i115, or : r is , iconográf icas, r r rqt t i te t tu. r i \ , . r t l ( \ . r r ì , ì ls , tcc l ìo-

lógicas, quanr i r . r r ivas, s imbói icas, a l imentat 'es. r i t r t r r i . , t . tg t . t t l , ts , cr<t t t rát i -

cas erc. Enf im, o mundo do espír i to é um r t r r r r r t l . r , lc l i r rgrr , ìgens, que

ì J F . r rnur th . 1978

Page 18: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

\

l l t \ l ( 1 Í ì t . \ & ' l t ( ) t Ì t , \

criarn sentidos' mensagens, gue são decifráveis e compreensívei.s. A vidacr ia um mundo a parr i r dela mesma, de sua exper iência v iv ida. o rnund.h is tór ico rem como base esre conjunto psíqt r ico que o lha o mtr .do, qrrcse olha, qre se expressa, criando linguagens para se a'tocompreender.Para Di l they ' esre mundo se d i ferenciou da natr r reza e só pode ser conhe-cido por um saber específico . ,.rrô.romo.-l ' i

Por tudo isso, mi'ha rese é a de que Dilthey é plenamenre hisro-ricist.r. E,m suas obras sol'rre epistemologia das ciências humanas, ele sus-tentou ponros de v is ta h i .sror ic isras. Opôs-se ao l - r is tor ic ismo românr ic .como puro i r rac ional ismo e , por isso, a lgrrns o acusaÍam de recai r no po_si t iv ismo. Mas opôs-se tar . 'bér ' r ao h is tor ic ismo como pura episremologia.Ele ser ia e n i ro ser ia c ic ' r i f ic is ta. Ser ia, pois quis fundar

" . . iê . r . ia , do es-

pírito cm bascs cicntíf icas. M:rs srr:r orienração científ ica não buscaria leisde cvolrrção. [ '- le tc'te flrrr.rclar:r rrrz-iro das ciências do espírito em condi-ções científ icrrs csPecíficirs, qrrc rcspreitam aind:r a historicidade e a singrr,laric{aclc. Além de recorrcr a tip.s, ele valoriz.:r a relação inruiriva do his-roriador cor-Ìì () ser.r objero. Ele propóe trrl r ipo de racionalidade concret,r,; ra l t icu lar e h is tór ica. Ele quer fazer uma c iência especí f ica, sem le is , c l t ,mundo humano. Suponho que e le estar ia na .segunda fase do h is tor ic isnr . r :uma epistemologìa com contaminações fi/osófcas, embora não aprecic ,,termo "contaminaçóes". Talvez fosse meÌhor dizer "influências", "bases"." raízes" . E, le ser ia um his tor ic isra in termediár io, enrre o românr ico r . r ,episrernológico. É a inc la românt ico e iá é epis temológico. Ele rer ia pr , ,duzido um r ipo de ronranr ismo episremológicol Aluno de Ranke, Di l r l r<. restá na f rente do movimenro h is tor ic is ta, ao fazer- lhe a teor ia. Ele csr , r r i , rpara Ranke e a Escola Histórica alemã assim como Kant esreve l).r.1Newton. Ele faria a reoria de rrma prática cognitiva já existente. Err .rr.rconstrução teór ica, por Lrn l lado, e le sonha com c iência r igorosa, l< ig i , . r ,conr mérodo empír ico; por ourro, é nt r t r ido de l i reratura, poesia, r Ì r r i r r , . rc re l ig ião e se recusa a t ranspor os procedinìenros f ís icos às c iêpci1r l r r rrÌì iì l l :ìs. Nele, f i losofia e história estão unidas.l5

c) aspecto posi t iv is ta de srra teor ia deve-se à atmosfera p i ì r Ì r r . ì r r . . r . l( ' r ì Ì ( ìue v iveu. As c iências natura is impuseram o seu padrão dc r igor , . , ,1 ,jc t i ' i r l . r r le . No séc ' lo XIX, e morre da f i losof i : r s is temát ica cc. l t . r r l r r r , . , , . ,

I t l r l r r r . r r r l r , l , ) 7 Í . ì

' ' I ; r c r r r r t l , l ' t - ì

I ( ) s É C A R I . ( ) s l Ì F . l s

uma f i losof ia c ient í f ica. Náo era uma f i losof ia espectr la t iv i ì , I ì ì r ts ( \ l r r ( l r ì "

posi t ivos com intenção f i losóf ica" . O f i lósofo não podie pcr ìs ; r r .1 t t . t l ,1 t r , ,

obieto sem recorr€r a estudos concretos, ao estudo de [ontcs çrr in t r i r i . r r , r

t raídas do n-rundo real . Di l they, nesse sent ido, quis que sua f i los. r í ì , r 1 , ,sr . '

c ient í f ica. É,r - " teor ia do conhecimento das c iências morais , ( ì t l ( ' ( 's t r l

dam as relaçóes e eventos positivos do mundo histórico-social. As (ìtr( 'st()( '\

f i losóf icas devem ser respondidas posi t ivamente. Aí res ide seu posi t iv is t r r , ' ,

que, segundo Aron, e le nunca superou e que é a sua or ig inal idadc. Ni r r

guem levotr mais Ionge a re ie ição. la nreraf l ís ica. a ex igência de t rma r ' r í r i . . r

âutônoma, e anal isou as condiçóes nas quais o pensamento se apl i r ' ; r . r , '

passado. Ele e laborou uma lógica or ig inal do conhecimento h is tór ico. l :1 .

visava apreender as condiçóes de inteligibil idade próprias às ciências do c*

pírito e o seu aporte ao melhor conhecimento dos homens. Sua tcs.: .rt . i

ências humanas exisrem como ciências e vão discutir setr caráter cientííì,, '

em nome de uma teoria preconcebida da ciência. O epistemólogo tr.t, '

rem de ser o seu construtor, mas o seu historiador e fazer a sua tc()ri.r .r

partir da prática dos especialistas. Essas ciências se desenvolvem ent Itrt i, '

à prát ica da v ida.r t '

Há pouco consenso quanto ao seLl pensamento como unì r ( ) ( l { ) .

Mas seu pensamenro const i tu i r ia um todoì EIe não concluía e nr to s is t r '

mat izava. Alguns o vêem como ainda metaf ís ico, outros como hisro l ic isr . r ,

mas com qual i f icaçóes d iversas, outros como posi t iv is ta. Pode-sc Í , r l , r r ,1 ,

um único Di l they? Há quem o d iv ida em dois: um iovem posi t iv is t r r , r r r "

ve lho ex is tencia l is ta; ou unì iovem psicologis ta, românt ico ' q t tc o1 '111111.1

onto logicamente c iências natura is e c iências humanas, e um m:tcì t t t ( ) , ( l r r (

abandonou a psicologia pela história, como fundamento da contlrr, ' , ttt., ' '

e que pÍocurava ar t icL l lar e conci l iar epis temologicamente c iôt rc t : t . t r . r t ' t

ra is e humanas. Outros af i rmam a ex is tência de até seis per íoc l , , \ ( t Ì ì \ ( r l

t rabalhol Para outros a inda, seu pensanìento não sof ìcr - r l r t t t , Ì , t t r , , . , ( )

ve lho real izou o t rabalho do jovenr. EIe ter ia retomado ol ts t i t t , t . i , t t r r , t r t , ,

mesmas questóes. Para estes ta lvez- náo haia nenhum cl . 's t ' r r r ' , t lv i t t t , " t "nem mui taS reformulações em set l Pensamento. Nestc ' l t , l r ' , t i . , t r t " ' l r '

grau de conï inuidade, mesmo revelando vár ias camacìr ts ' ,1 t t , t Ì ì r ) " l r ' r t r ì |

i n f l uênc ias de ou t ros pensado res . Pa ra E rmar th , se t ' l , t t t , ' , l t l t ' { ' | r r ' 1 r ,

i dé ias , não se pode es tabe lece r es tág ios c rono lóg i cos . ( I r r r . , ( r , ì r Ì , ' 1 , ' r ' r , , l

16 Arnn, l938a l c Frcund, 1973

Page 19: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

)4 ( \ 241I ì t s I ( ) r ì t . À & ' l

t r ( ì t ì t ^

, r t ì ' ì \ l ì . r ( , ( r ì ( ( ( \ \ . Ì r ' l i l l ì ì cn te um: ì c ro l l o l oe ia de i c1é ias . Não se pode r i a f i r l a rL r ì ì i . r ' . ( r r l , scu l )c l ls i ì l ì ìc l ' Ì ro . I . . le é c l ia lér ico: h: i r r r . r - r : r coerêr ìc i ì recíproca, r ì r ( , r \ l ) . ì r l ( s . . \ c r r 1 ' r cnsamen to evo lu i t i , r ì ì as t an rbóm rc to rno r r . Se r - r s c r í -t ( ( ' \ . ì l ì r ì ì r ' Ì ì t l r rc c le pcrd ia renÌpo, af ì r rnando o.sct r problema, seÌ Ì - Ì pro-

l ' , ì r \ ( ) luç: Ì ( ) . I - { : í r r r -na unic ladc f i - rndarncnta l em sen t r : rbalho, embora sc ia, r r r , . r r r r r i . l . r t l c n , r d i v . ' r s i . l , r , l . . ì -

I ) r r ra Orrcga 1 'Cas-set , e< d i f íc i l percetrer pcr íodos em seu pensa-Í ì ì r ' r ì r , , i )or surr oLr .sct r r ic l : rde. Serr pcnsar . Ì lcnro é secrero! I l le não chegor-r aÍ , , r r r r t t l r t r s t ra i t r t t r iç : i ro . [ r le f icorr r r nrc io crrnr inho r la srra i< lé ia. Fal tot r - lheprcc isão, p, leni t t rde, concl r . rsóes. [ ) i l thcy " l ]ã( ) te :ve tenrpo" inrerno parrrl r rz .er a sua obr : r , crnbora ter- rha v iv ido bast : r ' rc . Serr pc ' .sarnento nao segucunra evoltrçiro l incar. Volra sernprc ao rììesr.Ììo ccl-Ìtro. Em sr-ra velhice, eletcr i : r rec labor : rdo rnelhor as idéias que r rouxera c la j r - rvcnrude. Seja conrotcólogo, historiaclor ou frlósofo, jclvem orr velho, serr projeto fr,rndarnentalcra col-Ìlprcender ,r homenr enqurìnto ser histórico. O teólogo submete are l ig ião à h isrór ia; o Í ì l< isofo, as idéias ì h isrór ia: o h is tor iador se prende àsicìéia.s c iìos pel'sorìrìgcrìs quc fìrz-e'r a hisróri.r. I. ' i losofia e história são ati-t t rdes complcnrcnt , r rcs - - roda pcsqrr . isr r f ì losóf ica é inseparável da h is tór i r rcla fìkrsofì;r e da histi ir ia clos honrens c todrr pescluisrr históric:r inrplica unraf ì losof ia , porc l .c . h . r ' r rn i r . r t t ' r ' r .gr r o p. rssado para nele er Ìcontrar rcs,

l )ost : ts p. ì r : ì ìs qrrcstõcs . r r t r r r is .

Arcn propírc qrre se clistinga três fìrscs €rr seu pensân1enr(): a p(),siçiro dos prot,lcr.n,rs na Introdttção às t-iêncìtts do espírito (1883), a çrrimcir.rso l r r ç . ' r o Pe la ç r s i c . l og ia (1890 -1900 ) , ú l t i r r " ros es rud .s (1900 - l l ) . l ì s sa pc ,riorl izrrçiro cic Aron prìrcce plar-rsívcl, poi.s inclr,ri implicitarr.rente um 1'rrinrciro e um segunclo Dilthey. No enrrrnro, prcfiro vê-lo cor-no aclrrele oirs,tirt:rclo qtte retonla scnìprc :ìs rnesn-Ìas qrlrìstões, reunindo sensibil iclatlt.l r is t r i r ica e r igor tcr i l ico. I r prcÍ ì ro r Ìcenr l r í Ì r o setr lac lo ror . rânt ico, que lcv. r. r sér io rs su:rs inr r r ições, c nho redtrz . i - lo a um episternólogo de t i1 t , ,

I l l iI ì I t ì l i . ì l l t l . 1 l ì ( ) . -

St ' t t l tc t rs l r t r ic t r ro Ptcc isrr scr conÌ l ì r r -enci ic lc l no cor l texto dc srr l r .11r , ,( ì . ( ìu( . r : r . ìc cr isc, c le ar . r r r rqrr i : r r {c cor- rv icçí>es. O século XIX fô i n ì ; ì r ' ( . : ì ( ì ( l

1 , , , r , r1 l r { . ì \ões n; is ic l , -1 ias: c lueda c lo hcgel ianisnro, cr ise c la re l ig ião, r ì ì . ì r (u, lI r ' r r r , , , , l . r r rv i r r isnro, 1-rcss imisrno, qLlestócs de nrétodo, mlrc lanç,rs c lc 1. , . r r . ,

l ' ) st , , r , r . ì ' ) i S : r \ r o r r , I 9 ì l ì a

I o s E ( . , \ r ì L ( ) s l ì D l 5

digrnas. A crise atingiu os fundamentos do pensamento e do conhecimento.

A crise revelava a discordância cutre perìsamento e vida' A fi losofia siste-

rnática não tinha mais crédito, a açáo Íìcou sem legitimaçáo. As ciências na-

turais reinavam, absolutas, substitrrindo sem sucesso a religiáo e a fi losofia.

C) dogmatismo era formal, disctrrsivo; na ação, o ceticismo. O sentido da

história estava em crise. Nessc colttexto de crise, Dilthey apontorl um novo

caminho: o da história, o da vicla. -[ 'Lrdo

é rnanifestação cla vicla histórica. O

cspírito não e abstrato e í. lrrr,rl, rnes em relação com a vida. I)i l t l tcl ' rede-

fìne o conceito de cspírito, procur.rtrclo náo recair na metafísica. Náo st tr;t l ;t

de rrmrr entidade tt ' ,rnsccndcnte ott imauenre, aistórica e atenll 'ror,rl ' " l lspí-

rito" quer diz.er "expressóes hurn:rnas", intl ividr.rais e histórico-socirris, tt ' tn-

porais. o mundo do espírito é o das objetivações da vida interna, da vicla

criadora, individual e singular. Vivernos na vida conì um íntimo sentido de

sLla corìcretude. Conl-recemos ,r vid,r mais por tácito reconhecime nto do que

pelo pensamento discursivo e a inferência explícita. A experiência vivida é a

célLrla do mundo histórico e o primeiro dado das ciências humanas. O im-

pulso do seu rempo era um insaciável desejo de realidade. Para ele, a "rea-

lidade" podia ser acessada por uma "fi losofia da experiência interna". A ex-

periência interna vivida é um dado imediato, mas não um empirismo. Sua

al-,ordagern é a mais próxima e compreensiva da vida. A história tinha uma

nrissáo mais prática e vital: ãPreender o mttndo dos bomens atraués do estttdo

t/as suas experiêncìos rto passado.'')

o pensamenro de Dilrhey foi recebido corn mais resistência do qtr.-

aceitação por sLla época. os positivistas, claro, o recusâram. E mesmo cntrc

os neokantianos ele gerou polêmica. \Tindelband, Rickert e Weber crit ic,r-

ram o.s fundamentos de sua teoria, a maneira pela qual distinguia ciônt i;rt

naturais e ciências do espírito e o lugar dado à psicologia. Sua conccl.lç:r, ' ,1.r

compreensão foi considerada psicologista, misteriosa' enigmátic.r. trrirt i ' r '

irracionalista, umx Êrlsa intersubjetividade, pois apago a nlinh.r [).tr ' ,r ( ()rrì

c id i r corn o oLl t ro ou me pro jeto no ou(ro. No f ina l , os dois p<i los s, . r l ) . r l ' . . r i l ì

e não há ma is re lação . A an t i no rn ia en r re c i ênc ìas na tu ra i s e . i i n , r . r ' ' . 1 , ' ,

p í r i to scr ia insr- rperável . Di l they tor l ' Ìo t l -se então s inôninro t l , 1 t t i " ' l ' ì l ' , r " r r r r r

re lat iv ismo, h is tor ic ismo, n i i l is rno, cet ic ismo, i r rac ional isnr , ' I i t " l t r ' r ' "

En t re tan to , a i nda ho je , se t l Pe l ) samen to t em s ido t , . ' x . r r r r i r r . r . l " ' " r ' 1 "1 "

'

mente e cont int la a denlonstrar sua ut i l idadc c val i t l " t l l \ t ' Ì r " ' r ' t r ' ' t t " ' l '

1 ' ) Ë . , - . ' . 1 . t . t 7R

Page 20: Jose Carlos Reis Sobre o Historicismo

242l l r s T ( ) t ì t A & l ' E ( ) r ì t i \

r Ì l r ì ( l ( r I r isr<rr . i t .o" , "exper iência v iv ida" , , ,compreensão", , .v isão de mundo, ,

( ' \u.r l)( r(, Pç.r0 cla história como um complexo de coerências têm sido usa_tl.s p.r v.íri:rs teorias das ciência. h.,-"rr"r.40

Na Alemanha' com a ascensão do nazismo, sua obra quase não foir . t . r t l : ì . ( ) mundo h is tór ico-espi r i tua l cr iado por Hi t ler não se inreressou1t,'r t ' l :r ' Depois de 1945, novos esrudos demoraram a aparecer. Todavia,()\ [)crìsamentos que apareceram] âparentemente indiferentes a ele, não lhe('riìnì rsrranhos: o neomarxismo, o existencialismo, a fenomenologia. Ou_tr.s obsráculos arra.saram o seu rerorno: tradução difïci l, pela complexi,clade daobra; publicação difíci l, pela extensão. Nos anos 1960, o interessepor sua obra cresceu. Autores da hermenêutica como Gadamer, Ricoeur,Habermas se apoiaram nele. A teoria das ciências sociais o redescobriu. Asantropologias estrurural e compreensiva lhe são devedoras. Ele defendia ainterdisciplinaridade, que é um projeto ainda arual. Alguns maryistas <rconsideravam um ideólogo do capiralismo, conservador e reacionário.um defensor do imperialismo em geral e do alemão, em particular. or-tros marxistas' ao contrário, o viram como um aliado na reforma intelec-tual e moral, conÌo um revolucionário do homem interior. [Jm marxism.superestrutural, cultural, recorreu a Dilthey. Habennas e Gramsci com,binaram Dilthey e Marx. Epistemólogo da compreensão, fi lósofo da vida,hermeneuta da existência, Dilrhey é central . fund"dor.4l

No enranro, a celebridade póstuma chegou mais rarde. Sua influê.ci,ré difusa e aJgumas de suas idéias se rornaram parte inregranre da co'sciência histórica. Na sociologia, ela é presente. A sociedade aparece c.nr,,objetivação do espírito, cristalização de regras conscienres ou atos voltrrrtários ou sentimentos significativos. Ela se opóe sobretudo à tradição fra'cesa durkheimiana. A psicologia recebeu o seu conceito de estrurura [)slrluica e apoiou a sua recusa da psicologia naturalista. Sua defes,r ,1.,i r rac ional idade da v ida o aproximava do inconscienre f reudiano. Di l r l r , . r. ' I ì re t rd rer iam se conhecido ou se leram rec iprocamente? Freud ta lvcz 11, , .Pr( ) l )usesse o seu método, oferecendo- lhe a lgumas seçóes de sua p.s i r . r r r . rl is , ' ! I r lc- 1- t rovavelmente acei tar ia , para conhecer o método, mas : r , . : r l , . r r r . ,, l t ' r , . [ r r i .c lo outras coisas também. Na f i losof ia , sua inf luência é Pr . r r r r . rr ì ( ' r ì r ( : l ì l . rsof ia da h is tór ia , teor ia das c iências morais , f i losof ia c l : r v i , l . r . , . .

r , I { r , l i r n . r r r , l , ) - , )' l l l , , , l

J o S É C A I ì L O S R E I S

tética. Sua obra, enfim, é ftrndadora, mas mal ,rvaliada. É r.t-" obra que

exige um enorme esforço de reconstrução por parte do serr intérprete. Ela

deixa dúvidas se teria existido um verdadeiro Dilthey, isto é, se permitir ia

uma leitura convergente. Mas, essa dúvida pertence a todos os grandes au-

tores: existir ia um verdadeiro Hegel, Marx, Freud, Nietz-sche? Suas obras

são seminais e engendram múltiplas leituras, assumindo vidrrs diversas.

Quanto a Dilthey, de todo modo, sua reÍìexão sobre as ciências hrtmanas

é de importância inegável. Ele ofereceu uma das mais fecundas tcorias dos

esrudos hum"no. .42 ' '

Na história, teve mais admiradores do que seguidores. Seu me toclo

exige do historiador um talento, uma rara arte pessoal: a revivência do

passado em sua integralidade. Talvez se possa dizer, com algum exagero'

que ele já seria um cinéfi lo antes do cinema! Para ele, a história deveria

fazer o que faz hoje o cinema: umà reconstituição minuciosa, suti l, deli-

cada, intensa, em movimento dramático, emocionado, de vidas determi-

nadas. Talvez seja por terem compreendido isso que muitos historiadores

também têm trocado a historiografia pela l inguagem cinematográfica e tea-

tral. E, a história rem reatado suas relaçóes com a l iteratura, com a poesia,

com a dramaturgia. Os historiadores, hoje, confiam muito no conceito de

"representação", que tem um asPecto cênico de revivência, cujo papel foi

central na construção diltheyana. Poucos foram tão originais quanto Dil-

they em epistemologia da h is tór ia . Ele considerava a h is tór ia o caminho

real para a soluçáo dos problemas humanos e sociais. Ele dava especial

atenção à h is tór ia das idéias, qt re considerava essencia l . O interesse pelo

fenômeno cultural, a discussão sobre os valores e os indivíduos feita pela

teoria crít ica da Escola de Frankfurt vêm dele. Ele enfatizou a importância

das perspectivas temporais, da historicidade humana e do método herme-

nêutico. ,ü7eber é seu discípulo mais crít ico. Ortega y Gasset confessa ser

seu d iscípulo m:r is dóci l e lamenta ter conhecido sua obra com l0 anos de

arraso. Ele afirnra rer perdido 10 anos de sua vida intelectual por não tê-

lo conhecido r ì renìpo. No Brasi l , Gi lberro Freyre e sérg io Buarqrre de

Holanda, a l l rores de obras de re levância incontestável , entre ot t t ros ' rece-

beram a st ra in f l r rêr l . ia . É preciso, por tanto, tornar Di l they presente e in-

teligível, apesar.lclel sr,ra idéia é simples e profunda' a ìd.eìa da uìda, da ex-

periência uiuida, c a possìbilidade do seu conhecimento.'1

42 Fr.und, 1973; c N'Ícsurc, 1990.4 1 . -

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