introduo para o cd-rom
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INSTITUIES ESCOLARES NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL
Maria Isabel Moura Nascimento1 Solange Aparecida de oliveira Collares 2
Claudia Maria Petchak Zanlorenzi3 Snia V. Aparecida Lima Cordeiro4
INTRODUO A histria das Instituies Escolares uma pequenina parte da Histria. Nesta
pesquisa apresentamo-las atravs do conhecimento como processo de transformao da
sociedade no perodo em que a Instituio Escolar foi criada. Muito embora o estudo
tenha objetivo definido, que a Instituio Escolar, no o estamos isolando, da estud-
lo no processo de transformao da sociedade e no o fato isoladamente, que no
suscetvel de um tratamento cientfico.
Toda sociedade tem sua dinamicidade, que acontece de forma a se realizar
atravs da produo e reproduo do que gera aquilo que chamamos de vida. E cada
uma das formas de vida tem de buscar os meios de existncia, para que possa dar
continuidade prpria espcie humana. Ordem esta estabelecida para os homens
sobreviverem em sociedade, independentemente do perodo histrico ou da etnicida. As
Instituies Escolares, na sociedade brasileira ao longo do tempo, passaram por diversas
formas de subsistncia e tambm por perodos de variadas formas de produo (como
primitiva, escravistas, feudalismo, capitalismo e socialismo).
As Instituies Escolares que foram criadas acompanham o movimento e os
interesses da sociedade, identificando cada regime de produo, salvo o ltimo. No pas
coexiste, de acordo com o regime de reproduo situado num determinado perodo
histrico, um tipo de produo diferente entre regies no mesmo territrio. As
Instituies vo sendo organizadas dentro desses interesses, de Norte a Sul do pas os
antagonismos so identificados, muito embora algumas destas Instituies sejam
marcos que ainda no foram estudados ou at no existam mais, porm no invalidam
1 Professora da Ps-Graduao da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR, Coordenadora do Grupo de pesquisa Histria e Sociedade nos Campos Gerais-PR e Secretria Executiva Nacional do HISTEDBR 2 Mestranda do curso de Ps-Graduao da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR e pesquisadora do Grupo de Histria e Sociedade nos Campos Gerais-PR 3 Mestranda do curso de Ps-Graduao da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR e pesquisadora do Grupo de Histria e Sociedade nos Campos Gerais-PR 3 Mestranda do curso de Ps-Graduao da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR e de pesquisadora do Grupo de Histria e Sociedade nos Campos Gerais-PR 4 Mestranda do curso de Ps-Graduao da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR e de pesquisadora do Grupo de Histria e Sociedade nos Campos Gerais-PR
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tais contrastes histricos presentes na formao da sociedade brasileira, que aqui esto
identificados nos perodos colonial e imperial.
A Instituio Escolar no feita apenas de professores, alunos e mtodos,
embora eles sejam importantes. Ela se constitui a partir de interesses que identificam os
marcos que so a identidade da sociedade. Isso se d atravs de princpios em uma
comunidade politicamente organizada, ocupando determinado territrio e dirigida por
um governo, estabelecendo desta forma as relaes, que absorvem as tendncias
dominantes em cada momento da histria. Os dois perodos aqui apresentados (Colnia
e Imprio) caracterizam as Instituies Escolares de cada poca, buscando identificar o
desenvolvimento e os conflitos para se chegar histria das Instituies Escolares no
Brasil, percorrendo essas idas e vindas na Histria, pois identificado com momento de
um Estado, marcado pelo predomnio de interesses particulares, como um apangio das
elites dominantes, normalmente destinadas a posies de comando, poder e prestgio.
A partir destas circunstncias, que so histricas, portanto determinadas,
procuramos neste artigo identificar as Instituies Escolares no pas.
Quais so elas?
1.2- BRASIL-COLNIA Durante trs sculos, o Brasil ficou na condio de colnia portuguesa, que tinha
como princpio beneficiar a metrpole. A sociedade poltica era formada por
representantes legais do poder da metrpole, uma vez que aqui no havia instituies
autnomas. A economia girava em torno da metrpole, adotando um modelo
agroexportador assentado em um s produto.
O acar era um produto que na Europa tinha grande aceitao e com um valor
alto de venda. Com a boa adaptao do acar em solo brasileiro, principalmente no
Nordeste, o plantio comeou em larga escala. "Seria uma forma de Portugal lucrar com
o comrcio do acar, alm de comear o povoamento do Brasil".
O rei resolveu dividir o Brasil em Capitanias Hereditrias, faixas de terras que
foram doadas aos donatrios. Estes podiam explorar os recursos da terra, porm ficavam
encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-acar. No geral, o
sistema de Capitanias Hereditrias fracassou, em funo da grande distncia da
metrpole, da falta de recursos e dos ataques de indgenas e piratas. As capitanias de
So Vicente e Pernambuco foram as nicas que apresentaram resultados satisfatrios,
graas aos investimentos do rei e de empresrios.
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Mapa das Capitanias Hereditrias
Fonte: http://www.rootsweb.com/~brawgw/mapas/capts2.htm
O Brasil transformou-se desde a poca colonial portuguesa em uma sociedade
dominada por grandes latifundirios. Essa transformao provocou profundas
convulses, numa direo oscilante do ponto de vista tanto econmico como
educacional. Deu-se a o grande impulso progressivo no tradicionalismo vinculado aos
patriarcas para a verdadeira separao das partes agregadas tanto poltica, social,
educacional, quanto econmica de sistema colonial.
O primeiro governo-geral, o portugus Diogo lvares Correia, conhecido como
Caramuru, auxiliou o trabalho dos jesutas. Vivendo entre os indgenas como
intermedirio entre os portugueses e os ndios da Bahia, desde 1510, desempenhou
importante papel, pois facilitou a comunicao entre eles para que os sacerdotes da
Companhia de Jesus, sob a chefia de Nbrega, fundassem em Salvador o primeiro
colgio do Brasil.
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Os pioneiros da colonizao do Guaia do Prata (1501 a 1530)
Fonte: Prefeitura de Santos/2006
Com esse objetivo, enviado ao Brasil o primeiro governador-geral, Tom de
Souza, em maro de 1549. Imbudos de outras motivaes, com sua comitiva chegam os
primeiros padres da Companhia de Jesus, fundada por Iigo Lopez de Loyola (Incio
de Loyola) e alguns discpulos5, na Capela de Montmarte, Paris, em 1534. O objetivo
inicial da Companhia era prestar acompanhamento hospitalar e missionrio em
Jerusalm ou outro local indicado pelo Papa, sem questionamento. Posteriormente, a
Companhia expandiu-se mundialmente, dedicando-se educao e catequese, e Incio
foi canonizado.
A Companhia de Jesus foi aprovada pelo Papa Paulo III, em 27 de setembro de
1540. Em 1549, desembarcavam no Brasil-Colnia os primeiros Jesutas: o Padre
Manoel da Nbrega, como integrante do projeto colonial, e mais quatro companheiros,
com a tarefa inicial de organizar o catolicismo no Brasil.
Quando os jesutas aqui chegaram, a populao existente era formada em sua
maioria de ndios nativos, alguns negros trazidos desde 1538 e uns poucos brancos
portugueses. Os ndios eram capturados e aprisionados pelos portugueses e, como sinal
de prmio a Coroa Portuguesa, de acordo com o nmero de capturados, oferecia terras
para os colonizadores, e esses mesmos ndios eram escravizados para realizarem
5 Esses estudantes eram Pedro Faber, Francisco Xavier, Alfonso Salmeron, Jacob Laines, Nicolau Bobedilla e Simo Rodrigues. Em 1537 eles conseguiram aprovao do Papa Paulo III, sendo ordenados padres em Veneza. Devido guerra entre o imperador, Veneza, o papa e os Turcos (Seljuk), era perigoso viajar para Jerusalm, e os novos padres comearam a fazer pregaes e a atuar em obras na Itlia. Depois Loyola enviou seus companheiros e missionrios para diversos pases europeus, incumbindo-lhes de fundar escolas, liceus e seminrios. (pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus)
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trabalhos forados, na tentativa de implantar a lavoura de cana-de-acar em larga
escala.
No Brasil colonial, a rede de alianas formada pelo clero, colonos e a Coroa
resultou num acerto de interesses para a organizao eclesial, mas no eclesistica,
onde a Igreja Catlica, como representante da comunidade dos cristos, mas como uma
estrutura administrativa, juridicamente delineada a servio da metrpole. Nessa
perspectiva, a ideologizao do projeto colonial consubstanciou-se na ao missionria
e evangelizadora exercida pelas ordens religiosas colonial, junto aos grupos indgenas :
"[...] a Igreja ajudou a enorme massa de desprovidos de bens materiais a pensar como o
desejavam os donos do poder, e no como requeria a sua condio material no processo
produtivo." (MEDEIROS)
Os jesutas entraram no serto, empenharam-se na catequese dos ndios,
fundaram escolas para os filhos dos colonos e procuraram impor aos portugueses as
normas da moral crist no relacionamento com os indgenas. Assim, tentaram impedir a
escravizao de ndios e a explorao sexual das mulheres indgenas pelos
colonizadores.
No se pode esquecer que, apesar de os jesutas serem os primeiros educadores
enviados ao Brasil, estes no tinham o intuito de educar, mas sim d