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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
INCLUSÃO DE MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO
EM SILAGEM DE MILHETO FORRAGEIRO
Vanderli Luciano da Silva
Orientador: Dr. Aldi Fernandes de Souza França
GOIÂNIA
2016
iii
VANDERLI LUCIANO DA SILVA
INCLUSÃO DE MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO
EM SILAGEM DE MILHETO FORRAGEIRO
Dissertação apresentada para obtenção do
título de Mestre em Zootecnia junto à Escola
de Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás
Área de Concentração: Produção Animal
Linha de Pesquisa: Alimentação, metabolismo e forragicultura na produção e saúde animal
Orientador: Prof. Dr. Aldi Fernandes de Souza França
Comitê de Orientação: Prof. Dr. Rommel Bernardes Costa
GOIÂNIA
2016
vi
Dedico estas escritas a todos os meus familiares e amigos, em especial a minha amada esposa
e a minha graciosa filha, que sempre me apoiaram e incentivaram.
In memorian da minha grande vovozona Eunice Melo Prado
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por permitir esta oportunidade na minha vida e ao mesmo tempo ter
concedido a capacidade de seguir em frente nos estudos.
Aos familiares, pai, mãe e irmãos por terem contribuído diretamente em minha
formação, por meio de incentivos moral e financeiro, desde o ensino médio onde me
mandaram para o Estado do Espírito Santo para estudar.
Ao Professor Dr. Aldi Fernandes de Souza França, por ter tido muita paciência
nas orientações, pela confiança, dedicação e auxilio em todas as atividades desenvolvidas.
Ao coorientador, Professor Dr. Rommel Bernardes Costa pelas contribuições no
decorrer do trabalho.
Aos meus colegas da pós-graduação, Adesvaldo José e Silva Junior, Eduardo
Rodolfo da Costa e Gustavo Chunca Merma que contribuíram nas atividades laboratoriais,
com ideias e informações importantes para o desenvolvimento do trabalho.
Em especial, à minha grande companheira esposa e eterna namorada Cárita Prado
Rezende Silva, que sempre esteve presente em todos os momentos, soube entender, teve
paciência e contribuiu até nos finais de semana com o desenvolvimento da parte prática da
pesquisa, entendeu os momentos de ausência e sempre me apoiou nos estudos.
À minha filha, pequena princesa Maria Luiza Prado e Silva, onde estive ausente
em alguns momentos nos finais de semana, más sempre foi compreensiva.
A todos, meu muito obrigado.
ix
Sumário
LISTA DE TABELAS E QUADROS..............................................................................................xi
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................................vii
LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................................... xiv
RESUMO GERAL.............................................................................................................................15
ABSTRACT........................................................................................................................................16
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................17
1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 17
2 - REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................................. 20
2.1 - Milheto Forrageiro .................................................................................................................... 20
2.2 - Estacionalidade na produção de forragem ............................................................................. 22
2.3 - Produção de silagem e silagem de milheto ............................................................................ 23
2.4 - Milho Desintegrado com Palha e Sabugo (MDPS) .............................................................. 26
2.5 - Utilização de aditivos em silagem ........................................................................................... 27
3 - REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 29
CAPITULO 2: COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DA SILAGEM DE
MILHETO ADITIVADA COM MILHO DESINTEGRADO COM PALHA
E SABUGO .......................................................................................................... 34
RESUMO..................................................................................................................................34
ABSTRACT…………………………………………………………………………………..35
1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 36
2 - MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 38
2.1 - Local do experimento ............................................................................................................... 38
2.2 - Preparo do solo e semeadura .................................................................................................... 38
2.3 - Tratamentos ................................................................................................................................ 40
2.4 - Corte e ensilagem ...................................................................................................................... 40
2.5 - Abertura dos mini silos ............................................................................................................. 43
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 45
3.1 - Composição químico-bromatológica ...................................................................................... 45
4 - CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 52
5 - REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 53
x
CAPÍTULO 3: PERFIL FERMENTATIVO DA SILAGEM DE MILHETO COM A
INCLUSÃO DE MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO 56
RESUMO..................................................................................................................................56
ABSTRACT........................................................................................................................................57
1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 58
2 - MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 60
2.1- Local do experimento ................................................................................................................. 60
2.2 - Preparo do solo e semeadura .................................................................................................... 60
2.3 - Tratamentos ................................................................................................................................ 61
2.4 - Corte e ensilagem ...................................................................................................................... 62
2.5 - Abertura dos mini silos ............................................................................................................. 62
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 65
4 - CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 75
5 - REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 76
xi
Lista de Tabelas e Quadros
CAPITULO 2: COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DA SILAGEM DE
MILHETO ADITIVADA COM MILHO DESINTEGRADO COM PALHA
E SABUGO .......................................................................................................... 34
Quadro 1- Condições climáticas do local do experimento no período experimental ................ 38
Tabela 1- Atributos físicos e químicos da área experimental ....................................................... 39
Tabela 2 - Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e matéria mineral (MM)
determinados na matéria original do milheto forrageiro e do MDPS. .................... 45
Tabela 3 - Valores médios dos teores de matéria seca (MS%), proteína bruta (PB), matéria
orgânica (MO), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), fibras insolúveis em
detergente neutro (FDN) e fibras insolúveis em detergente ácido (FDA),
determinados nas silagens do milheto forrageiro em função dos níveis de inclusão
de MDPS ......................................................................................................................... 45
CAPÍTULO 3: PERFIL FERMENTATIVO DA SILAGEM DE MILHETO COM A
INCLUSÃO DE MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO 56
QUADRO 1- Condições climáticas do local do experimento no período experimental .......... 60
TABELA 1- Atributos físicos e químicos da área experimental.................................................. 61
Tabela 2 - Valores médios de perdas por gases, por efluentes (kg t-1
de silagem) e recuperação
de matéria seca, determinados na silagem de milheto em função dos níveis de
inclusão de MDPS. ........................................................................................................ 65
Tabela 3 - Valores médios de carboidratos solúveis (CHOs), poder tampão (PT) -
(meqNaOH/100g MS), pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3) em porcentagem
do nitrogênio total, determinados nas silagens do milheto em função dos níveis
de inclusão de MDPS ............................................................................................... 69
Tabela 4 - Teores médios de ácido láctico (Al), ácido acético (Aa), ácido butírico (Ab) e ácido
propiônico (Ap), determinados nas silagens de milheto forrageiro, em função da
inclusão de MDPS. ........................................................................................................ 73
xii
Lista de Figuras
CAPITULO 2: COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DA SILAGEM DE
MILHETO ADITIVADA COM MILHO DESINTEGRADO COM PALHA
E SABUGO .......................................................................................................... 34
Foto 1: Preparo do solo na área experimental ................................................................................. 39
Foto 2: Adubação de cobertura ......................................................................................................... 40
Foto 3: Corte do milheto .................................................................................................................... 41
Foto 4: Picagem do milheto .............................................................................................................. 41
Foto 5: Material na estufa de ventilação forçada a 55°C .............................................................. 41
Foto 6: Modelo de mini silo utilizado no experimento ................................................................. 42
Foto 7: Ensilagem da forragem ......................................................................................................... 43
Foto 8: Válvula tipo Bunsen. ............................................................................................................ 43
FIGURA 1 - Teores médios de matéria seca em função dos níveis de inclusão de MDPS ..... 46
FIGURA 2 - Teores médios de proteína bruta em função dos níveis de inclusão de MDPS ... 47
FIGURA 3 - Teores médios de matéria orgânica em função dos níveis de inclusão de MDPS
............................................................................................................................................................... 48
FIGURA 4 - Teores médios de extrato etéreo em função dos níveis de inclusão do MDPS ... 48
FIGURA 5 - Teores médios de matéria mineral em função dos níveis de inclusão do MDPS 49
FIGURA 6 - Teores médios do detergente neutro (FDN) em função dos níveis de inclusão do
MDPS ............................................................................................................................ 50
FIGURA 7 - Teores médios de fibras insolúveis do detergente ácido (FDA) em função dos
níveis de inclusão do MDPS.................................................................................... 51
CAPÍTULO 3: PERFIL FERMENTATIVO DA SILAGEM DE MILHETO COM A
INCLUSÃO DE MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO 56
Foto 1: Prensagem da silagem a 6 toneladas de força para extração do suco ............................ 63
FIGURA 1 - Teores médios das perdas por gases da silagem analisada, em diferentes níveis
de inclusão do MDPS ............................................................................................... 66
FIGURA 2 - Teores médios das perdas por efluentes da silagem analisada, em diferentes
níveis de inclusão do MDPS.................................................................................... 67
FIGURA 3 - Teores médios de recuperação da matéria seca da silagem analisada, com
diferentes níveis de inclusão do MDPS ................................................................. 68
FIGURA 4 - Teores de CHOs determinados na silagem de milheto em função dos níveis de
inclusão de MDPS .................................................................................................... 70
FIGURA 5 - teores de poder tampão na silagem milheto com níveis de inclusão de MDPS .. 71
xiii
FIGURA 6 - médias de pH encontrados na silagem de milheto com níveis de inclusão de
MDPS ......................................................................................................................... 72
FIGURA 7 - Teores de nitrogênio amoniacal determinados na silagem de milheto em função
dos níveis de inclusão de MDPS ............................................................................. 73
xiv
LISTA DE SIGLAS
pH: Potencial Hidrogeniônico;
MDPS: Milho Desintegrado com Palha e Sabugo;
NIDN: Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro;
MS: Matéria Seca;
BAL: Bactérias Ácido-Lácticas;
PB: Proteína Bruta;
EE: Estrato Etéreo;
FDN: Fibra em Detergente Neutro;
FDA: Fibra em Detergente Ácido;
CHOs: Carboidratos Solúveis;
NDT: Nutrientes Digestíveis Totais;
MO: Matéria Orgânica;
MM: Matéria Mineral;
DPA: Departamento de Produção Animal;
EVZ: Escola de Veterinária e Zootecnia;
UFG: Universidade Federal de Goiás;
SPV: Sementes Puras e Viáveis;
MF: Matéria Fresca;
AGV: Ácidos Graxos Voláteis;
LANA: Laboratório de Nutrição Animal;
AL: Ácido Lático;
AAc: Ácido Acético;
AP: Ácido Propiônico;
AB: Ácido Butírico;
UV: Ultra Violeta;
PT: Poder Tampão;
IRMS: Índice de Recuperação de Matéria Seca.
15
INCLUSÃO DE MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO EM SILAGEM DE
MILHETO FORRAGEIRO
RESUMO GERAL
Objetivou-se avaliar a composição químico-bromatológica e as características fermentativas
da silagem de milheto forrageiro, cultivar ADR500 sob a inclusão de diferentes níveis de
milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS): 0%, 5%, 10% e 15%, aos 78 dias de
crescimento vegetativo e observar sua capacidade como sequestrante de umidade na silagem.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4
repetições, totalizando 16 unidades experimentais. Os dados foram submetidos à análise de
variância, as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% e análise de regressão para os
níveis de inclusão. Os teores de matéria seca (MS) determinados na silagem diferiram
(P<0,05) em função dos níveis de inclusão do MDPS, com variação de 26,53% para o
tratamento controle e 38,69% para o tratamento com maior nível de inclusão. Para os valores
de matéria orgânica encontrados houve diferença significativa apenas do tratamento IV com
15% de inclusão de MDPS (P<0,05) comparando aos demais tratamentos. Em relação à
proteína bruta (PB) observou-se aumento linear (P<0,05) em função da elevação dos níveis de
MDPS, variando entre 9,46% e 14,92%. Os teores de FDN e FDA determinados nas silagens
variaram entre 58,50% até 66,25% para FDA e 31,25% até 38,50 para o FDA havendo assim
diferenças significativas entre os tratamentos. Para o extrato etéreo determinado nas silagens
de milheto forrageiro com inclusão de MDPS variaram entre 3,13 a 3,95%. O conteúdo de
matéria mineral (MM) apresentou diferença significativa (P<0,05) em função dos níveis de
inclusão de MDPS, com variação de 5,26 a 7,55%. A inclusão de MDPS reduziu (P<0,05) as
perdas por gases e efluentes em todos os tratamentos avaliados, variando de 6,10 a 3,48 para
as perdas por gases e 9,05 a 17,28 para as perdas por efluentes, e contribuiu
significativamente no processo de recuperação da matéria seca (MS). Os valores de poder
tampão (PT), pH e N-amoniacal foram influenciados (P<0,05) pela inclusão dos diferentes
níveis de MDPS à silagem. Os teores dos ácidos acético, propiônico, butírico e lático, forma
influenciados pela adição de MDPS na silagem. Os valores de carboidratos solúveis tiveram
um aumento crescente em função dos níveis de inclusão do MDPS, demonstrando ser
eficiente em seu uso para melhorar o perfil fermentativo da silagem.
Palavras chave: Aditivos sequestrante de umidade, efluentes, gases, matéria seca, mini silo,
pH, proteína bruta e recuperação de matéria seca.
16
CRUMBLED CORN COB AND INCLUSION WITH STRAW IN MILLET OF FORAGE
SILAGE
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the chemical composition and fermentation characteristics of
silage millet farming ADR500 under the inclusion of different levels of corn disintegrated
with straw and cob (CEC): 0%, 5%, 10% and 15%, after 78 days of vegetative growth and
observe his capacity as moisture scavenger in silage. The experimental design was completely
randomized with 4 treatments and 4 replications, totaling 16 experimental units. Data were
submitted to analysis of variance, means were compared by 5% Tukey test and regression
analysis for the inclusion levels. dry matter content (DM) determined in silage differ (P
<0.05) as a function of the MDPS inclusion levels, ranging from 26.53% to 38.69% control
treatment and for treatment with higher level inclusion. For values of organic matter found a
significant difference only from the IV treatment with 15% inclusion of CEC (P <0.05)
compared to other treatments. Regarding crude protein (CP) observed a linear increase (P
<0.05) due to the increase of CEC levels, ranging between 9.46% and 14.92%. NDF and the
FDA determined in silages ranged from 58.50% to 66.25% and 31.25% for FDA to 38.50 for
the FDA so there significant differences between treatments. For certain ether extract in
silages millet forage with inclusion of MDPS ranged from 3.13 to 3.95%. The content of
mineral matter (MM) showed a significant difference (P <0.05) according to the MDPS
inclusion levels, ranging from 5.26 to 7.55%. The inclusion of MDPS reduced (P <0.05)
losses gases and effluents in all the treatments, ranging from 6.10 to 3.48 for gas losses and
9.05 to 17.28 for losses effluent and contributed significantly in the dry matter recovery
process (MS). The buffer power values (PT), pH and ammonia-N were influenced (P <0.05)
by the inclusion of different levels of ground ear corn silage. The levels of acetic, propionic,
butyric and lactic, so influenced by the addition of ground ear corn silage. The soluble
carbohydrate values have an increasing depending on the MDPS inclusion levels, proving to
be efficient in their use to improve the fermentation profile of silages.
Keywords: Additives moisture scavenger, crude protein, dry matter, gas, mini silo, pH,
sewage and dry matter recovery.
17
CAPÍTULO 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1 – INTRODUÇÃO
O Brasil é um país em destaque mundial pelo seu alto potencial produtivo e
tem expandido cada vez mais suas fronteiras agrícolas tornando um dos maiores produtores
mundiais de grãos. Com um rebanho bovino de aproximadamente 211,2 milhões de cabeças,
tornou-se o maior criador de bovinos comercial do mundo (IBGE, 2012)¹. Isso faz com que
haja um melhor planejamento das atividades agropecuárias brasileiras.
A produção pecuária do Brasil se dá basicamente à base de pasto e, os métodos
que predominam é extensivo ou semi-extensivo, com pastagens naturais ou cultivadas. Nestes
sistemas, a produtividade animal é reduzida em função da quantidade e qualidade de
pastagens oferecidas durante todo o ano.
Na região central do Brasil, ocorre uma grande sazonalidade na produção de
gramíneas forrageiras porque existem dois períodos bem distintos durante o ano: um no
período de primavera e verão; apresenta características climáticas ideais, com luminosidade
(foto período), precipitação pluviométrica (umidade) e temperatura (calor) para o crescimento
das plantas forrageiras tropicais que em situações normais a oferta de forragem verde é
abundante onde há concentração de 80% da produção anual de forragens (CORRÊA &
SANTOS, 2006)2 e utilizando-se um método adequado de manejo pode-se oferecer
volumosos de boa qualidade para os animais². Outro no outono e inverno, a pequena
disponibilidade e o baixo valor nutritivo dessas forrageiras devido a condições climáticas
adversas com baixa precipitação pluviométrica, queda da luminosidade e queda de
temperatura e também devido ao estádio de maturação/fisiológico avançado de forrageiras
neste período do ano são os principais fatores que afetam a produtividade da pecuária com
queda na produção de carne e leite.
Com isso, o planejamento alimentar dos rebanhos é de suma importância
devido, entre outros fatores, à estacionalidade de produção das gramíneas forrageiras
tropicais. A ensilagem de capins excedentes ou cultivados exclusivamente para este fim que
também são utilizados no pastejo tem se tornado muito comum na produção de ruminantes no
Brasil como forma de utilização dessa forrageira para minimizar o problema de escassez de
alimento no período seco, possibilitando assim, a manutenção, durante todo o ano, das taxas
de lotação das propriedades. No entanto, de acordo com Mesquita & Neres3, na época ideal
18
para o corte, as gramíneas em geral apresentam alto teor de umidade, baixas concentrações de
carboidratos solúveis e alto poder tampão. Essas características influenciam negativamente o
processo fermentativo impedindo o rápido decréscimo do pH, permitindo a ocorrência de
fermentações secundárias indesejáveis e, consequentemente, prejudicando a qualidade do
produto preservado.
A ensilagem envolve o armazenamento de forragens em condições de
anaerobiose, com o desenvolvimento de bactérias ácido láticas que fazem a conversão de
carboidratos solúveis, ácidos orgânicos e compostos nitrogenados solúveis em ácido lático,
processo este que provoca queda no pH da massa ensilada a níveis que inibem a atividade
microbiana, aumento da temperatura e nitrogênio amoniacal preservando assim as
características na massa ensilada.
As silagens de gramíneas tropicais constituem alternativa às culturas tradicionais
ditas padrão como milho e sorgo, visto que são culturas anuais, como milheto ou mesmo
perenes e, como os capins, estas culturas têm elevada produção e menor custo por tonelada de
matéria seca em relação às plantas tradicionais e maior flexibilidade na colheita em áreas
destinada ao cultivo e, mesmo sendo possível também o aproveitamento de excedentes do
próprio pasto.
Para se obter silagens de boa qualidade deve-se tomar cuidados quanto a algumas
restrições como: à umidade excessiva, onde o ideal de matéria seca é em torno de 35%, baixos
teores de carboidratos solúveis, o ideal gira em torno de 12% e alto poder tampão, que não
deve ultrapassar 22%, devendo estes serem corrigidos. Várias técnicas têm sido recomendadas
para que se corrijam estas restrições, tais como: o emurchecimento da forragem antes da
ensilagem e o uso de inoculantes bacterianos, dos inibidores de fermentação e dos aditivos
absorventes.
Quando se opta por aditivos, devem ser considerados: o teor de matéria seca, a
quantidade de carboidratos solúveis, a capacidade de absorção de água, a palatabilidade, a
facilidade de manipulação, a disponibilidade e o custo de aquisição².
Dentre os materiais que podem ser utilizados vários coprodutos das
agroindústrias, principalmente, as de processamento de grãos de cereais e oleaginosos tais
como: a casca de soja (MONTEIRO et al., 2011; ANDRADE et al., 2012)4,5
, farelo de trigo
(ZANINE et al., 2006; RIBEIRO et al., 2008)6,7
, as de processamento de frutas
principalmente, a polpa cítrica (COAN et al., 2007; FERRARI JÚNIOR et al., 2009)8,9
, mas
também outros como subprodutos da indústria de sucos (FERREIRA et al., 2009)10
, e outros
subprodutos como o farelo de mandioca e o milho desintegrado com palha e sabugo (PIRES
19
et al., 2009)11
, que dependendo da disponibilidade regional podem se usados, pois possuem
características que melhoram a qualidade da silagem de gramíneas tropicais por
proporcionarem condições para uma fermentação adequada em função da elevação do teor de
matéria seca da massa ensilada, além do fornecimento de carboidratos solúveis para que a
fermentação lática ocorra rapidamente, e consequentemente queda do pH da massa ensilada e
boa conservação da silagem.
O milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS) é obtido pela moagem, quebra,
desintegração das espigas de milho inteira. É considerado uma fonte energética na dieta de
ruminantes. Apresenta menor valor nutritivo quando comparado ao milho grão e é rico em
fibras. Trata-se de um alimento muito utilizado para bovinos de corte e para vacas de baixa
produção. Inclui os grãos de milho (70%), o sabugo (20%) e a palha (10%), sendo mais
indicado para animais em crescimento ou vacas secas (VALADARES FILHO, et al., 2006)12
.
Segundo Valadares Filho et al. (2006)12
o MDPS apresenta a seguinte composição
químico-bromatológica: matéria seca 87,84%; proteína bruta 11,3%; extrato etéreo 2,63;
cinzas 1,73; carboidratos solúveis 8,78%; fibras em detergente neutro 38,94; fibra em
detergente ácido 18,08; lignina 3,68; cálcio 0,08; fósforo 0,21; nutrientes digestíveis totais
68,24.
Objetiva-se através desta pesquisa avaliar a composição químico-bromatológica e
as características fermentativas da silagem de milheto forrageiro com a inclusão de diferentes
níveis de milho desintegrado com palha e sabugo.
20
2 – REVISÃO DA LITERATURA
2.1 – Milheto Forrageiro
O milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Brown) pertence à família Poaceae,
subfamília Panicoideae, gênero Pennisetum (BRUKEN, 1997)13
, havendo várias sinonímias
botânicas usadas para esta espécie P. typhoides Stapf e Hubbard, P. americanum (L.) Leeke
ou P. glaucum (L.) R. Brown.
O milheto é uma cultura que surgiu a mais ou menos 2000 anos, é uma gramínea
forrageira tropical, podendo ser cultivada anualmente ou no verão. Originou-se das regiões
norte da África Ocidental, sendo posteriormente difundida pelo Sudão e Índia. O gênero
Pennisetum abrange cerca de 140 espécies e está espalhado por todo o mundo (GRAINS,
1996)14
.
A planta apresenta como características, porte ereto, chegando até 4 metros de
altura, suas folhas medem de 0,2 a 1,0 m de comprimento e 0,05 a 0,04 m de diâmetro
formando um cilindro (BOGDAN, 1977)15
. Apresenta ciclo vegetativo variado, é muito útil
para alimentação de bovinos, é uma espécie cespitosa, apresenta perfilhamento abundante.
Melhores produções têm sido alcançadas quando se realiza a semeadura no início das chuvas,
a partir do mês de outubro, porque as sementes germinam bem e ocorre um bom
desenvolvimento da cultura reduzindo assim o tempo de produção (PEREIRA FILHO et al.,
2003)16,
.
É uma planta rústica, que apresenta boa tolerância à seca, às doenças, solos de
baixa fertilidade, de crescimento rápido e boa produção de massa por hectare, sendo muito
utilizada em alguns continentes africanos como alimentação humana através da utilização dos
grãos e animal utilizando da planta inteira, na forma de grãos e forragens. Apresenta
facilidade de mecanização e de produção de sementes, não se tornam infestantes e é resistente
às pragas e doenças (BONAMIGO, 1999)17
.
O milheto é o sexto cereal mais importante do mundo situando-se após o trigo,
arroz, milho, cevada e sorgo, sendo mais utilizado com dois propósitos: seus grãos são
utilizados para consumo humano, a planta inteira como alimentação de ruminantes e palhada
para plantio direto (DURÃES & NETTO, 2005)18
.
A cultura do milheto passou a se destacar mais no Cerrado após estudos e
trabalhos realizados em 1981, que contribuíram para que a cultura fosse adotada como
cobertura morta do solo em semeadura direta como cultura de sucessão de safrinha, sendo
aproveitada como pastagem e/ou silagem (KOLLETE, et. al., 2006)19
.
21
A semeadura do milheto pode ser realizada a lanço e em linhas, de acordo com a
finalidade do cultivo e a disponibilidade de tempo e tecnologia. A densidade chega em média,
entre 12 a 20 kg/ha de sementes com espaçamento de 0,20 a 0,60 m, entre linhas ou a lanço
(KICHEL & MIRANDA, 2000)20
. A época de semeadura pode variar de setembro a março,
de acordo com a finalidade, a planta é capaz de compensar baixas densidades devido sua alta
capacidade de perfilhamento, a profundidade varia de 2 a 4 cm (COSTA, et. al., 2005)21
.
A produtividade média do milheto pode variar entre 20-70 t/ha de massa verde e
de 5-17,5 t/ha de massa seca dependendo da época de semeadura, densidade, manejo e do
solo. Estrategicamente, a silagem de milheto tem sido utilizada como alternativa às silagens
de milho e sorgo no período de safrinha, com bons ganhos em produtividade (GUIMARÃES,
et., al. 2009)22
.
O milheto apresenta ciclos de aproximadamente 60 a 90 dias para variedades
precoces, 100 a 150 dias para variedades tardias. Condições ideais de temperatura em torno de
25 a 35°C e, suscetível a temperaturas abaixo de 10°C. (GOMES, et al., 2008)23
.
Para os bovinos a planta pode ser utilizada como pastoreio, fenação, silagem e
produção de grãos surgindo como uma boa opção para os cultivos de safrinha nas regiões de
cerrado (BRAZ, 2005)24
.
No Brasil, os primeiros relatos de cultivo são provenientes do Rio Grande do Sul,
no ano de 1929, na estação Zootécnica de Montenegro (ARAÚJO, 1967)25
, desde então, seu
uso é diverso sendo muito usado como cobertura morta para o solo no sistema de plantio
direto (SIMIDU et al., 2010)26
. Por ser uma planta totalmente atóxica para os animais é
utilizado para produção de grãos destinada à fabricação de rações para animais monogástricos
em substituição ao grão de milho, tais como: nas rações de poedeiras comerciais (CAFÉ et al.,
1999)27
, de suínos em crescimento e terminação (BASTOS et al., 2006)28
e também na
elaboração de rações para alevinos de tilápia-do-nilo (BOSCOLO et al., 2010)29
. Para animais
ruminantes tem sido usado em alimentos concentrados em substituição ao milho na ração de
cabras leiteiras em lactação (FRANÇA et al., 1997)30
e em substituição do milho e farelo de
algodão no concentrado da dieta de novilhos em confinamento (BERGAMASCHINE et al.,
2011)31
. Além do uso em alimentos concentrados a planta inteira também é utilizada para
alimentação animal seja no pastejo direto como nos trabalhos de Jochims et al (2011)32
com
borregas em crescimento que apresentaram desenvolvimento satisfatório somente em pasto
sem suplementação e para pastejo direto de vacas leiteiras (MEZZALIRA et al., 2013)33
ou
sob a forma de silagem (FRANÇA & MADUREIRA, 1989; GUIMARÃES JÚNIOR et al.,
2005)34,35
.
22
O milheto surge como uma grande alternativa e excelente planta forrageira para
utilização em forma de silagem, porque dentre suas inúmeras vantagens e pontos positivos,
contêm um alto teor de proteína bruta, o que faz de si uma planta com grande potencial em
utilização na alimentação animal em sua forma conservada para suprir demandas nos períodos
de estiagem e escassez de alimento.
2.2 – Estacionalidade na produção de forragem
A evolução das plantas é vista e discutida através de suas alterações fisiológicas,
morfológicas e reprodutivas, em resposta ao ambiente e às mudanças deste no decorrer do
tempo. As características reprodutivas e fotossintéticas são os fatores mais estudados sobre a
evolução das gramíneas. As gramíneas (e outras espécies forrageiras) ocorrem naturalmente
em áreas sujeitas a grandes variações de climas, notadamente temperatura e precipitação.
Com esse tipo de estresse a produtividade pode ser muito baixa, a exploração econômica de
uma espécie forrageira está confinada a uma gama bem mais estreita de variações climáticas.
Uma vez afastada do seu centro de origem, elas necessitam ser manejadas de maneira correta
para que sejam produtivas (PEDREIRA, 2004)36
.
A estacionalidade na produção de forragem está associada a produções variadas
durante diferentes épocas do ano em função das variações climáticas. O genótipo de cada
cultivar e o ambiente local contribuem para que a cultura apresente um potencial único na
produção de forragem. Os diferentes períodos vegetativos de cada cultura e a variação
nutricional destas são muito relevantes na elaboração de sistemas produtivos, pois estão
relacionados com a quantidade e qualidade da forrageira disponível, a diferenças de
preços/valores de compra e venda dos animais, práticas de armazenamento e conservação de
alimentos, etc. Na região central do Brasil, onde as condições climáticas permitem a produção
pecuária o ano todo, porém, ocorre uma grande variação na produção de forragem durante
todo o ano, com altas produções durante o período chuvoso e baixas produções no período de
estiagem exigindo do pecuarista um maior cuidado com o manejo dos animais. (PEDREIRA,
2004)36
.
A produção de ruminantes nas regiões tropicais é constituída por uma dieta
alimentar a base de gramíneas, tanto em sistemas de produção carne quanto na produção de
leite. A variação existente na produção de massa verde por plantas forrageiras tropicais afeta
diretamente a produção animal no Brasil Central tornando irregular a produção durante o ano,
fazendo com que os produtores busquem alternativas para contornar essa situação.
23
Segundo Corrêa & Santos (2006)37
a produção de forrageiras se concentra nos
períodos chuvosos do ano alcançando até 80% da produção nesse período e 20% nos período
seco, porém existe uma busca constante por forrageiras que se adaptam e produzem com mais
regularidade durante todo o ano.
Características de grande importância para a produção e desenvolvimento das
gramíneas forrageiras como temperatura, precipitação pluviométrica e luminosidade afetam
diretamente processos de grande importância como o acúmulo de massa e produção
continuada durante o ano (TONATO et al., 2010)38
. Havendo os produtores a necessidade de
se criar alternativas para alimentação do rebanho no período de estiagem.
A semeadura do milheto tanto no outono quanto no inverno é viável para a
produção de massa seca, tanto em sistemas de plantio direto quanto para alimentação de
animais (FARINELLI et al.2004)39
. Podendo ser utilizado também em plantios de fim de
verão e princípio de outono, sendo considerado como cultura de grande potencial para a
utilização em plantios de sucessão (PEREIRA et al., 1993)40
.
Uma das formas de sanar as perdas de produção das forrageiras tropicais durante o
período seco do ano e mantendo o desempenho produtivo dos rebanhos bovinos de leite ou
corte no país é a conservação de forragens para utilização neste período. Sendo assim, as
silagens de forrageiras têm sido amplamente usadas para a alimentação do rebanho durante
este período crítico do ano.
2.3 – Produção de silagem e silagem de milheto
A utilização da tecnologia de conservação de forrageiras tropicais, principalmente
gramíneas, tem sido uma das alternativas encontradas pelos pecuaristas para minimizar a
sazonalidade na produção de leite/carne em função da variação na produção de forrageiras
para o rebanho no período seco.
A ensilagem é o processo pelo qual ocorre o armazenamento da planta forrageira
com o mínimo possível de perdas nutricionais destas. Este armazenamento ocorre em
recipientes (silos) em condições de anaerobiose por meio da inibição dos microrganismos pela
acidificação do meio, seja esta decorrente da fermentação natural por microrganismos ou da
adição de produtos químicos. Este processo é dividido em quatro fases: aeróbica, fermentação
anaeróbica, estabilidade (PITT & SHAVER, 1990)41
e descarga.
Na fase aeróbica ocorre durante a colheita e do enchimento e se prolonga até
poucas horas depois do fechamento do silo. Grandes quantidades de oxigênio favorece o
crescimento de microrganismos aeróbicos, como fungos, leveduras e algumas bactérias
24
aeróbicas como do gênero Clostridium que atuam na fermentação indesejada na silagem. A
planta é cortada ainda verde, isso faz com que ela continue respirando, contribuindo
juntamente com as bactérias na redução do oxigênio do meio (McDONALD et al., 1991)42
.
Quando ocorrem possíveis atrasos nos processos de ensilagem, juntamente com uma baixa
compactação do material ensilado haverá um prolongamento tanto da respiração da planta
quanto na predominância das bactérias do gênero Clostridium em detrimento das bactérias
ácido-láticas, o que diminui a quantidade de ácido lático produzido impedindo a queda do pH
e causando a elevação da temperatura do material ensilado. Esta elevação de temperatura
pode levar a mudanças químicas extensas nas proteínas com a condensação entre um grupo
carboxílico da redução dos açucares com um grupo amina livre de um aminoácido ou
proteína, denominadas reações de Maillard, ou seja, quanto maior for a temperatura maiores
serão os danos na fração proteica da silagem e maior escurecimento da massa ensilada
(McDONALD et al., 1991)42
.
Avaliando as características bromatológicas, fermentativas e nutricionais da
silagem de capim Marandu em quatro pressões de compactação (100, 120, 140 e 160 kg de
MS/m-3
) Amaral et al. (2007)43
constataram que nas maiores pressões de compactação houve
maior preservação dos teores de MS e redução dos valores de pH, indicando que, a maior
densidade promoveu melhor ambiente para as bactérias produtoras de ácido lático. A
intensificação na compactação também promoveu decréscimo nos valores de NIDN
(nitrogênio insolúvel em detergente neutro), aumento na recuperação de MS (matéria seca) e
na digestibilidade verdadeira in vitro da MS. Reafirmando, assim, a necessidade de um bom
manejo na confecção da silagem com a diminuição do tempo para de processar o fechamento
do silo e da necessidade de compactação adequada para expulsão do oxigênio da massa
ensilada. Para adequada compactação há também que se levar em consideração o tamanho de
partícula, pois tamanhos menores de partícula favorecem a compactação e a fermentação.
Segundo McDonald et al. (1991)42
tamanho inferior a 20 mm para milho e sorgo, auxilia na
disponibilidade de carboidratos solúveis para bactérias ácido láticas.
Na fase de fermentação ativa ocorre queda acentuada do pH da silagem devido à
formação de ácidos orgânicos, a partir de açúcares. Inicialmente atuam enterobactérias e
bactérias heterofermentativas, como Lactococcus lactis, Enterococcus faecalis, Pediococcus
acidilactici, Leuconostoc mesenteroides e lactobacilos como os Lb. plantarum, Lb.
Cellobioses, que crescem juntamente com microrganismos aeróbicos, como as leveduras,
fungos e bactérias aeróbicas, posteriormente, tornam-se dominantes as homofermentativas
(bactérias produtoras de ácido lático BAL) como Lactococcus e lactobacilos. Esta fase se
25
prolonga até que o pH decresça para valores abaixo de 5,0, sendo que o ideal para silagens
bem preservadas a faixa de pH varia de 3,8 a 4,2 (McDONALD et al., 1991)42
. Nesta fase
características inerentes da planta a ser ensilada como matéria seca, carboidratos solúveis e a
flora epífita são importantes para que haja fermentação ácido-lática e boa conservação da
silagem. Segundo McDonald et al. (1991)42
, as características ideais da forrageira para obter-
se boa preservação da silagem são níveis de carboidratos solúveis (CS) adequados, capacidade
tampão relativamente baixa e o conteúdo de matéria seca acima de 20%.
Nas silagens de plantas forrageiras com teores de matéria seca inferiores a 21%,
carboidratos solúveis inferiores a 2,2% na matéria verde e baixa relação entre carboidratos e
poder tampão, são maiores os riscos de fermentações secundárias, tornando-se imprescindível
o uso de recursos que, de alguma forma, modifiquem esta situação (McDONALD et al.,
1991)42
.
A fase de estabilidade da ensilagem é caracterizada pelo pH ácido e a condição de
anaerobiose que conservam a mesma até o momento da abertura do silo. Nesta fase, somente
as bactérias ácido lácticas se encontram em atividade, porém muito reduzida.
Sendo a última fase, mas não menos importante a de abertura e descarga do silo,
que é caracterizada pela exposição da silagem a elevadas concentrações de oxigênio, o que
normalmente favorece o crescimento de fungos e leveduras. É chamada de estabilidade
aeróbia, a propriedade de inibição da proliferação de fungos e leveduras, após o contato com o
oxigênio provocando aumento da temperatura da silagem exposta ao ar. Vários fatores
influenciam na estabilidade aeróbica como a densidade de compactação ou massa específica
da silagem, e a quantidade de carboidratos solúveis, etanol e ácido lático residual que são os
principais substratos utilizados pelos microrganismos aeróbicos, que deterioram a silagem e
determinam a perda de componentes nutritivos da silagem.
A densidade de compactação determina a velocidade e a concentração de oxigênio
que penetra na massa ensilada. Amaral et al. (2007)43
em experimento avaliando densidade de
compactação em silagens de capim Marandu observaram que as silagens com maiores valores
(120, 140 e 160 kg MS/m-3
) de densidade alcançaram máxima temperatura em maior tempo
que as densidades inferiores, evidenciando maior estabilidade decorrente da melhor
compactação da massa ensilada, constatado pela queda nos teores de NIDN e da fração B3
com o aumento da densidade, pelo aumento teores de fibras em detergente neutro e detergente
ácido durante a exposição ao ar nas silagens de menor densidade e também pelos maiores
coeficientes de digestibilidade verdadeira in vitro nas silagens mais densas.
26
Entre as várias espécies forrageiras que podem ser utilizadas pelos produtores o
milheto vem sendo explorado como alternativa para esse período de seca por apresentar
características agronômicas favoráveis, sendo considerado como uma cultura com grande
potencial para utilização em plantios de sucessão. A silagem de milheto pode ser considerada
como alternativa importante de volumoso para alimentação de ruminantes, mesmo de animais
mais exigentes como vacas em lactação (AMARAL, et al., 2008b)44
.
Assim como a silagem produzida a partir de capins, o maior limitante para
produção de silagem de milheto é o baixo teor de matéria seca no material a ser ensilado. O
momento adequado de colheita do milheto para confecção de silagem se dá quando seus grãos
se encontram em estádio pastoso-farináceo, no entanto, nesse momento, a planta apresenta
teor de matéria seca baixo, entre 20 % e 23 % (SILVA, et. al. 2003)45
.
Pires (2007)46
avaliou o valor nutritivo da silagem de milheto, obteve os seguintes
valores: 32,62 % de MS; 9,51 % de proteína bruta (PB); 6,32 % de extrato etéreo (EE); 68,50
% de fibra em detergente neutro (FDN); 34,70 % de fibra em detergente ácido (FDA); 8,56 %
de carboidratos solúveis (CHOS); 3,42 de pH; 5,52 % de minerais; 0,39 % de cálcio; 0,18 %
de fósforo.
Comparativamente, o valor energético da silagem de milheto é inferior aos
observados para silagens de milho e de sorgo. No entanto, o maior teor proteico da silagem de
milheto, associado à qualidade dessas substâncias energéticas, tem sido um diferencial. Pires,
et al. (2007)46
verificaram ainda que, a fração proteica de silagens de milheto apresenta alta
solubilidade, demonstrando que grande parte desse nutriente é rapidamente disponibilizado
para ruminantes. Consequentemente, objetivando um sincronismo entre a degradação dos
nutrientes, devem-se procurar fontes de energia de rápida degradabilidade ruminal para serem
fornecidas juntamente com essas silagens.
2.4 – Milho Desintegrado com Palha e Sabugo (MDPS)
Entre os grãos produzidos no Brasil, o milho é o mais usado para compor rações,
como fonte energética, associado a fontes proteicas e volumosos. O uso da espiga inteira na
forma de MDPS, pode ser uma alternativa de alimentação dos ruminantes, principalmente em
regiões que apresentam sazonalidade na produção de forragem. Além disso, poderá ser
utilizada para monogástricos e para compor fontes de alimentos energéticos.
O MDPS é obtido pela moagem, quebra, desintegração das espigas de milho
inteira. É considerado como uma fonte energética na dieta de ruminantes. Apresenta menor
valor nutritivo quando comparado ao milho grão e é rica em fibras. Trata-se de um alimento
27
muito utilizado para bovinos de corte e para vacas de baixa produção. Inclui os grãos de milho
(70%), o sabugo (20%) e a palha (10%), sendo mais indicado para animais em crescimento ou
vacas secas (VALADARES FILHO, et al., 2010a)47
.
Segundo Valadares Filho et al. (2010a)47
o MDPS apresenta a seguinte
composição químico-bromatológica: matéria seca 87,84%; proteína bruta 11,3%; extrato
etéreo 2,63; cinzas 1,73; carboidratos solúveis 8,78%; fibras em detergente neutro 38,94; fibra
em detergente ácido 18,08; lignina 3,68; cálcio 0,08; fósforo 0,21; nutrientes digestíveis totais
68,24.
2.5 – Utilização de aditivos em silagem
Segundo McDonald et al., (1991)42
, os aditivos para silagem são classificados em
cinco categorias: 1) os estimulantes da fermentação, ricos em carboidratos e estimula a
proliferação das bactérias lácteas; 2) os inibidores da fermentação, diminuem o crescimento
dos microrganismos, como o ácido fórmico; 3) os inibidores da deterioração aeróbica, que
controlam a deterioração da silagem quando exposta ao ar, como o ácido propiônico e ureia;
4) os nutrientes que são adicionados às forragens ensiladas objetivando melhorar seu valor
nutritivo; 5) e os absorventes de umidade, que são produtos com alto teor de MS, atua na
absorção de umidade da forragem evitando o desenvolvimento de clostrídios e perdas por
efluentes.
As gramíneas forrageiras tropicais não apresentam teores adequados de MS,
carboidratos solúveis e poder tampão que proporcione o eficiente processo fermentativo
anaeróbico havendo perdas por processos de fermentação secundária, aeróbias e efluentes.
Sendo assim deve-se realizar o manejo adequado e colher as plantas com teor de umidade
ideal para favorecer o processo de compactação, o que favorece uma melhor fermentação e
preservação dos nutrientes (BERGAMASCHINE et al. 2006)48
.
A inclusão de alimentos com o teor de MS mais elevado, como farelos nas
silagens de gramíneas não padrão tem por objetivo o aumento dos teores de matéria seca e o
fornecimento de carboidratos solúveis para a melhora do processo fermentativo, reduzindo
perdas, por gases e efluentes e, em última instância, melhorar o valor nutricional destas
silagens.
A incorporação de substâncias que absorvam umidade dentro do silo, como polpa
cítrica, milho desintegrado com palha e sabugo, fubá de milho ou sorgo, favorece o processo
fermentativo, pelo aumento do teor de matéria seca da massa ensilada. A incorporação de
aproximadamente 6 % desses aditivos (possuem em torno de 90 % MS) é suficiente para
28
elevar o teor de matéria seca de uma silagem de milheto com 23 % de MS para 27 %. No
entanto, é importante destacar que a utilização dessa estratégia deverá sempre ser avaliada
levando-se em consideração o seu impacto sobre o custo de produção da silagem (MARI,
2003)49
. De acordo com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos para Bovinos, a
silagem de milheto possui, em média, 60,2 % de nutrientes digestíveis totais (NDT).
29
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de Queiroz, Universidade de São Paulo,
34
CAPITULO 2:
COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DA SILAGEM DE MILHETO
ADITIVADA COM MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO
RESUMO
Objetivou-se avaliar a composição químico-bromatológica da silagem de milheto forrageiro,
cultivar ADR500 sob a inclusão de diferentes níveis de milho desintegrado com palha e
sabugo (MDPS): 0%, 5%, 10% e 15%, aos 78 dias de crescimento vegetativo e observar sua
capacidade como sequestrante de umidade na silagem. O delineamento experimental utilizado
foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4 repetições, totalizando 16 unidades
experimentais. Os teores de matéria seca (MS) determinados na silagem diferiram (P<0,05)
em função dos níveis de inclusão do MDPS, com variação de 26,53% para o tratamento
controle e 38,69% para o tratamento com maior nível de inclusão de MDPS. Para os valores
de matéria orgânica encontrados houve diferença significativa apenas do tratamento IV com
15% de inclusão de MDPS (P<0,05) comparando aos demais tratamentos. Em relação à
proteína bruta (PB) observou-se aumento linear (P<0,05) em função da elevação dos níveis de
MDPS, variando entre 9,46% e 14,92%.Os teores de FDN e FDA determinados nas silagens
variaram entre 58,50% até 66,25% para FDA e 31,25% até 38,50 para o FDA havendo assim
diferenças significativas entre os tratamentos. Para o extrato etéreo determinado nas silagens
de milheto forrageiro com inclusão de MDPS variaram entre 3,13 a 3,95%. O conteúdo de
matéria mineral (MM) apresentou diferença significativa (P<0,05) em função dos níveis de
inclusão de MDPS, com variação de 5,26 a 7,55%.
Palavras chave: aditivos sequestrante de umidade, matéria seca, mini silo, proteína bruta.
35
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the chemical composition of silage millet farming ADR500
under the inclusion of different levels of corn disintegrated with straw and cob (CEC): 0%,
5%, 10% and 15% after 78 days vegetative growth and observe his capacity as moisture
scavenger in silage. The experimental design was completely randomized with 4 treatments
and 4 replications, totaling 16 experimental units. dry matter content (DM) determined in
silage differ (P <0.05) as a function of the MDPS inclusion levels, ranging from 26.53% to
38.69% control treatment and for treatment with higher level inclusion of CEC. For the values
of organic matter found there was a significant difference only of IV treatment with 15%
inclusion of MDPS (P <0.05) compared to the other treatments. Regarding crude protein (CP)
was observed linear increase (P <0.05) due to the increase of CEC levels, ranging between
9.46% and 14.92%, NDF and the FDA determined in silages They ranged from 58.50% to
66.25% to 31.25% by FDA and the FDA for 38,50, so there is significant differences between
treatments. For the ether extract determined in silages millet forage with inclusion of MDPS
ranged from 3.13 to 3.95% .The content of mineral matter (MM) showed a significant
difference (P <0.05) due to the inclusion levels MDPS, ranging from 5.26 to 7.55%.
Keywords: crude protein, dry matter, mini silo, moisture sequestering additives
36
1 – INTRODUÇÃO
O estado de Goiás ganhou destaque no ranking nacional como um dos maiores
criadores de bovinos do país chegando a 10% da produção nacional (IBGE, 2014)¹. Porém, a
maioria dos métodos de criação da bovinocultura no Brasil é extensiva exigindo um manejo
cuidadoso para evitar maiores perdas devido às duas estações típicas do ano na região do
Brasil Central ou na região Centro Oeste: verão; apresenta características favoráveis ao
desenvolvimento das forrageiras tropicais como altas temperaturas, precipitações e
luminosidade ideais e; inverno, que apresenta condições atípicas ao desenvolvimento de
forrageiras tropicais, como a falta de chuvas, dias mais curtos e grandes variações de
temperaturas devido às baixas umidades.
Estes são fatores importantes a serem considerados na criação de bovinos,
porque a maioria destes animais são criados tendo como alimentação principal o “pasto”.
Com dois períodos distintos ocorre uma grande sazonalidade na produção de forragem
havendo sobras no período de verão e escassez no período de inverno. No Brasil,
aproximadamente 80% da matéria seca produzida nas pastagens durante o ano está disponível
na estação quente e chuvosa, enquanto a estação fria e seca se torna o período crítico em que a
produção é insuficiente (AMARAL, et al., 2008)2.
Diversas opções para suprir essa demanda de forragem ocasionada pela
sazonalidade na produção vêm sendo estudadas. A técnica mais usual é a conservação da
forragem excedente no período do verão para ser consumida, no período mais crítico que é no
inverno e a forma mais utilizada de conservação é a confecção de silagem.
A obtenção de resultados satisfatórios na criação de bovinos em termos de
desempenho está relacionado com a produção em quantidade e qualidade das forragens. O
milheto vem surgindo como uma boa alternativa de alimentação animal nos períodos de
escassez de forragem, tendo em vista que poderá ser cultivados em áreas tropicais, áridas e
semiáridas, solos com baixas fertilidades, altas temperaturas, baixas precipitações, solos rasos
e de baixa fertilidade. Apresenta grande potencial na produção de forragem para silagem na
região central do Brasil como cultura principal ou como plantio de safrinha em sucessão a
cultura principal (PEREIRA, et al., 1993)3.
No Brasil, a silagem do milheto ainda é pouco estudada em relação às silagens de
milho e sorgo que contam com vasta literatura existente. Entretanto, alguns trabalhos já
demonstraram que é possível produzir silagem de milheto em quantidade e qualidade
37
satisfatórias (AMARAL et al., 2008; COSTA et al., 2011)4,5
, mesmo em períodos de safrinha
(GUIMARÃES JÚNIOR et al., 2005)6.
O maior fator limitante para produção de silagem de milheto é o baixo teor de
matéria seca no material a ser ensilado, assim como produção de silagens de outras gramíneas
tropicais como os capins. O momento adequado de colheita do milheto para confecção de
silagem se dá quando seus grãos se encontram em estádio pastoso-farináceo, porém, nesse
momento a planta apresenta baixo teor de matéria seca de 20% e 23% (GUIMARÃES
JÚNIOR et al., 2009)7. Portanto, se faz necessário o uso de técnicas como a inclusão de
aditivos absorventes de umidade que possibilitem melhor qualidade no perfil fermentativo das
silagens de milheto.
Objetivou-se através desta pesquisa avaliar, descrever e discutir a composição
bromatológica da silagem de milheto forrageiro (ADR500) com a inclusão de milho
desintegrado com palha e sabugo.
38
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Local do experimento
O experimento foi conduzido nas dependências do Departamento de Produção
Animal (DPA), da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de
Goiás (UFG), localizado no município de Goiânia-GO, na latitude S 16º 36’ 47.7” e longitude
W 49º 15’ 29.4” e altitude de 708 m. A área de cultivo do milheto apresenta topografia plana
e solo classificado como Latossolo vermelho distrófico típico de textura argilosa e com média
fertilidade (EMBRAPA, 2006)8.
Conforme a classificação de Koppen (1948) o clima da região é do tipo Aw, tendo
como característicos quente e semiúmido, com estações bem definidas, a seca, dos meses de
maio a outubro e as águas, entre novembro e abril.
Os dados meteorológicos relativo ao período experimental (21 de março a 09 de
junho de 2014) foram obtidos na estação evaporimétrica de primeira classe do setor de
Engenharia de Biossistemas da Escola de Agronomia (UFG), localizada cerca de 1 km da área
experimental, e estão representados no Quadro 1.
Quadro 1 – Condições climáticas do local do experimento no período experimental
Março Abril Maio Junho
Temperatura (°C)
Máx Mín Máx Mín Máx Mín Máx Mín
29,4 20,0 30,9 19,5 30,0 14,1 30,2 13,3
Umidade média (%) 60,18 78 72 65,2
Precipitação total (mm) 44,2 163,8 0,2 0,0
Insolação (h) 34,7 200,6 242,4 62,9
Fonte: setor de Engenharia de Biossistemas da Escola de Agronomia (UFG).
2.2 – Preparo do solo e semeadura
Para fins de caracterização do solo da área experimental realizou-se a coleta de
amostras de terra na profundidade de zero a 0,20 m, seguida de análises físicas e químicas
realizado pelo Laboratório de Análise de Solo e Foliar da Escola de Agronomia e engenharia
de Alimentos da UFG (Tabela 1).
39
Tabela 1 – Atributos físicos e químicos da área experimental
Argila
%
Silte
%
Areia
%
M.O
%
pH
(CaCl2)
P (Mehl)
mg/dm³
K
mg/dm³
35,00 19,00 46,00 1,8 5,9 3,8 69,0
Ca
cmol/dm³
Mg
cmol/dm³
H+Al
cmol/dm³
Al
cmol/dm³
CTC
cmol/dm³
M
%
V
%
3,4 1,1 2,8 0,0 7,5 0,0 62,5
Ca/Mg
-
Mg/K
-
Ca/K
-
Ca/CTC
%
Mg/CTC
%
K/CTC
%
3,1 6,2 19,3 45,5 14,7 2,4
Fonte: Laboratório de análise de solo e foliar – UFG.
O preparo do solo foi o convencional com uso de uma grade aradora e grade
niveladora, antecedendo a semeadura (foto 1). De acordo os dados fornecidos pela análise de
solo não foi necessário o procedimento de calagem segundo recomendação de MARTHA
JÚNIOR et al. (2007)9.
Foto 1: Preparo do solo na área experimental
A semeadura foi realizada manualmente, no dia 21/03/2014. Os sulcos foram
abertos com o auxílio de um marcador acoplado a um trator. Utilizou-se densidade de 40
sementes puras e viáveis (SPV) por metro linear da cultivar ADR500 de milheto, em uma área
de 300 m².
Na adubação de semeadura foram utilizados 80 kg ha-1
de P2O5 (superfosfato
simples) e 50 kg ha-1
FTE BR–16. A adubação de cobertura foi realizada aos 17 dias após a
semeadura quando as plantas atingiram 4 folhas (Foto 2). Para esta adubação foram utilizados
40
40 kg ha-1
de K2O (KCl) (MARTHA JÚNIOR et al., 2007)9 e 90 kg ha
-1 de nitrogênio,
utilizando como fonte a ureia. Durante o período de cultivo foram realizadas capinas manuais
para retirada de plantas invasoras da área experimental.
Foto 2: Adubação de cobertura
2.3 – Tratamentos
Os tratamentos constituíram-se de uma cultivar de milheto (ADR500) e quatro
níveis de inclusão de (MDPS) milho desintegrado com palha e sabugo (0%, 5%, 10% e 15%).
O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, constituiu-se de 4
tratamentos e 4 repetições, totalizando 16 unidades experimentais.
2.4 – Corte e ensilagem
A cultivar de milheto ADR500 utilizada, obteve uma produtividade de 11,5 t/ha
de massa seca. O milheto foi colhido e ensilado quando apresentou em média, teor de matéria
seca (MS) de 25,68%, em 09/06/2014, aos 78 dias após a semeadura. A colheita foi manual, a
15 cm do nível do solo (foto 3). O material foi triturado em picadeira estacionária acoplada a
um trator, obtendo-se partículas de 1-2 cm, utilizando toda a planta (foto 4). A matéria fresca
original foi homogeneizada manualmente e deste material retirado uma amostra de
aproximadamente, dois quilogramas, que foi levada a estufa de ventilação forçada a 55ºC,
durante 72 h, para fins da determinação da matéria pré-seca (foto 5). Em seguida a amostra foi
moída em moinho tipo Willey de malha de um mm, armazenada em recipiente de polietileno,
hermeticamente vedados visando às análises laboratoriais e caracterização da planta para as
seguintes análises: teor de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria orgânica (MO),
matéria mineral (MM), segundo Silva e Queiroz (2002)10
. Os teores de fibra em detergente
41
neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram determinados pelo método sequencial
descrito por Van Soest adaptado por Campos11
.
Foto 3: Corte do milheto
Foto 4: Picagem do milheto
Foto 5: Material na estufa de ventilação forçada a 55°C
42
Em seguida, a massa fresca de forragem (MF) foi dividida em quatro partes iguais
e feita a inclusão dos diferentes níveis de inclusão de MDPS de acordo com os tratamentos:
T1; silagem de milheto, T2; silagem de milheto com inclusão de 5% de MDPS, T3; silagem
de milheto com inclusão de 10% de MDPS, T4; silagem de milheto com inclusão de 15% de
MDPS. Os níveis de inclusão foram baseados no peso da matéria fresca do milheto porque a
pesquisa objetivou avaliar o MDPS como sequestrante de umidade no material original.
Utilizou-se como silos experimentais (mini silos) canos de 100 mm de diâmetro
(PVC) com 0,40 m de comprimento, vedados em baixo com tampa de PVC (foto 6). No fundo
de cada mini silo foi colocado 0,250kg de areia grossa, seguido de duas camadas, uma de
tecido de algodão e outra de tela mosquiteiro para coleta e mensuração das perdas por
efluente. Antes da ensilagem foi feita a pesagem dos mini silos com os aparatos, a tampa e o
fundo. Foram ensiladas, em média de 1,5 kg de forragem em cada mini silo. O material foi
compactado com soquete de aço (foto 7), alcançando uma densidade média de 550 kg/m³ e os
mini silos foram vedados com tampas próprias à vedação e adaptadas com válvulas do tipo
Bunsen, para realizar a avaliação das perdas gasosas durante a ensilagem (foto 8).
Foto 6: Modelo de mini silo utilizado no experimento
43
Foto 7: Ensilagem da forragem
Foto 8: Válvula tipo Bunsen.
2.5 – Abertura dos mini silos
Após 60 dias da ensilagem, em 09/08/2014, ocorreu à pesagem e abertura dos
mini silos. Foram descartadas as partes inferior e superior utilizando para análise as partes
centrais de cada um. Em seguida fora retirada uma amostra de 0,5 kg de cada tratamento, que
foi levada a estufa de ventilação forçada a 55ºC, durante 72 h, visando à determinação da
matéria pré-seca. Em seguida foram moídas em moinho tipo Willey com peneira de um
milímetro de diâmetro, identificadas e acondicionadas em recipientes de polietileno dotados
44
de tampas e armazenadas para as análises químico-bromatológicas. Foram determinados os
teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta
(PB), de acordo com metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002)10
. Os teores de fibra em
detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram determinados pelo método
sequencial descrito por Van Soest adaptado por Campos11
. As análises de extrato etéreo foram
realizadas segundo metodologia de Bligh e Dyer12
.
As análises bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal
(LANA) do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG.
45
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2 estão apresentados os teores médios da composição bromatológica do
milheto forrageiro e do MDPS.
Tabela 2 – Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e matéria mineral (MM) determinados na
matéria original do milheto forrageiro e do MDPS.
Alimento
MS PB FDN FDA MM
% da MS
Milheto 26,7 11,1 67,0 37,6 4,97
MDPS 89,4 6,37 62,65 37,8 9,10
3.1 – Composição químico-bromatológica
A composição químico-bromatológica da silagem de milheto forrageiro foi
influenciada (P<0,05) pela inclusão do MDPS em todos os parâmetros avaliados (Tabela 3).
Tabela 3 – Valores médios dos teores de matéria seca (MS%), proteína bruta (PB), matéria orgânica
(MO), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), fibras insolúveis em detergente neutro
(FDN) e fibras insolúveis em detergente ácido (FDA), determinados nas silagens do
milheto forrageiro em função dos níveis de inclusão de MDPS
Níveis de
inclusão (%)
MS PB MO EE MM FDN FDA
(% da MS)
0 26,53D 9,46D 85,98A 3,13B 5,26C 66,25A 38,50A
5 30,72C 11,13C 85,90A 3,58A 5,80C 63,50B 33,50B
10 35,05B 12,66B 85,32A 3,85A 6,28B 61,00C 33,50B
15 38,69A 14,92A 84,61B 3,95A 7,55A 58,50D 31,25C
CV (%) 3,22 6,49 5,31 2,01 8,44 7,02 9,26
Médias seguidas por letras diferentes, nas mesmas colunas, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
Conforme se observa na Tabela 3, os teores de matéria seca (MS) determinados na
silagem diferiram (P<0,05) em função dos níveis de inclusão do MDPS, com variação de
26,53%, para o tratamento controle até 38,69%, para o tratamento com maior nível de
inclusão de MDPS. Conforme Figura 1, observa-se um aumento linear dos teores de matéria
seca das silagens em função da adição de MDPS, o que pode ser demonstrado pela equação
MS= 0,8162x + 26,626 (R² = 0,9987) reafirmando, portanto, a eficiência deste aditivo na
elevação do teor de matéria seca do material ensilado. Os aditivos são citados em diversos
estudos, como forma de aumentar o teor de MS, em função da absorção do excesso de
46
umidade da forragem, melhorando a fermentação microbiana e o valor nutricional em silagem
de gramíneas (McDONALD et al., 1991; GUIMARÃES JÚNIOR et al., 2005; TREVISOLI
2014) 13,14,15
o que corrobora com os resultados obtidos nesta pesquisa.
De acordo com McDonald et al. 199113
, o teor de MS é considerado um dos
fatores mais importantes na produção de silagem, tendo em vista a influência que pode
ocasionar de forma direta no desenvolvimento de microrganismos do gênero Clostridium sp,
resultando em perdas de nutrientes e, consequentemente, na redução do valor nutricional,
além de acarretar prejuízos no consumo voluntário da forragem conservada.
Os teores de matéria seca encontrados neste trabalho são superiores aos relatados
por Guimarães Junior et al. (2005)14
, quando foram avaliadas as silagens de três cultivares de
milheto sem a inclusão de aditivos e obtiveram teores de matéria seca com valores médios de
23%, enquanto Trevisoli (2014)15
, relata valores de MS de 20,14%, quando a silagem foi
aditivada com casca de soja.
FIGURA 1 – Teores médios de matéria seca em função dos níveis de inclusão de MDPS
Em relação à proteína bruta (PB) observou-se aumento linear (P<0,05) em função
da elevação dos níveis de MDPS, variando entre 9,46% e 14,92%, conforme demonstrado na
Tabela 3 e Figura 2, pela equação PB= 0,3582x + 9,356 (R² = 0,9923). Pode-se afirmar que o
processo fermentativo transcorreu de forma adequada, sem ocasionar perdas nos teores de PB
das silagens produzidas. Observa-se também que a inclusão do MDPS nos seus diferentes
níveis contribuiu de forma efetiva para o incremento dos teores de PB das silagens
produzidas.
y = 0,8162x + 26,626
R² = 0,9987
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 2 4 6 8 10 12 14 16
MS
em
% d
a M
F
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
47
Para ruminantes, alimentos com teor de PB inferiores a 7% são considerados
limitantes para a atividade dos microrganismos ruminais, desfavorecendo a microbiota do
rúmen, comprometendo assim, a manutenção do crescimento microbiano e a utilização dos
compostos fibrosos da forragem (PINHO et al., 2013) 16
. Desta forma, a inclusão do MDPS no
processo de produção de silagem destaca a importância deste aditivo não só como
sequestrante de umidade e, consequentemente, na elevação do teor de matéria seca da massa
ensilada, mas também como fonte de nutriente (LAZZARINI 2007)17
.
Os tratamentos com inclusão de MDPS, apresentaram resultados superiores aos
encontrados por Pinho, et al., (2013)16
, que variou entre 8,57 a 10,82% e aos valores
encontrados por Guimarães Júnior, et al., (2005)18
que avaliaram silagem de 3 cultivares de
milheto. Apenas o tratamento controle que obteve resultados semelhantes.
FIGURA 2 – Teores médios de proteína bruta em função dos níveis de inclusão de MDPS
Os teores de matéria orgânica (MO) determinados neste trabalho apresentaram
variação de 84,61% a 85,98%, sendo que apenas o tratamento com a inclusão de 15% de
MDPS (P<0,05) dos demais tratamentos (Tabela 3), o que pode ser demonstrado através da
equação MO= -0,0938x + 86,156(R² = 0,912) na figura 3.
Os resultados variaram de 84,61 a 85,98% da matéria seca. Estes valores são
semelhantes aos relatados por (POSSENTI, et al., 2005)19
para silagem de milho, cultura
considerada padrão para o processo de ensilagem. Porém, esses valores são superiores aos
y = 0,3582x + 9,356
R² = 0,9923
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 2 4 6 8 10 12 14 16
PB
em
% d
a M
S
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
48
encontrados por Pinho (2013)19
quando avaliou 5 cultivares de milheto, com valores médios
de 84%.
FIGURA 3 – Teores médios de matéria orgânica em função dos níveis de inclusão de MDPS
Os teores de extrato etéreo determinados nas silagens de milheto forrageiro com
inclusão de MDPS variaram entre 3,13 a 3,95%, (Figura 4), demonstrados pela equação EE=
0,0546x+3,218(R² = 0,924).
FIGURA 4 – Teores médios de extrato etéreo em função dos níveis de inclusão do MDPS
O conteúdo de matéria mineral (MM) apresentou diferença significativa (P<0,05)
em função dos níveis de inclusão de MDPS, com variação de 5,26 a 7,55% (tabela 3). Cabe
y = -0,0938x + 86,156 R² = 0,912
84,4
84,6
84,8
85
85,2
85,4
85,6
85,8
86
86,2
86,4
0 2 4 6 8 10 12 14 16
MO
em
% d
a M
S
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
y = 0,0546x + 3,218
R² = 0,924
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0 2 4 6 8 10 12 14 16
EE
em
% d
a M
S
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
49
ressaltar que os teores médios de matéria mineral determinados nesta pesquisa, se encontram
dentro da faixa normal citada na literatura (AMARAL, 2005)20
e apresentaram equação linear
crescente representada na fórmula y = 0,147x + 5,12 (R² = 0,941) com o aumento dos níveis
de MDPS (Figura 5).
FIGURA 5 – Teores médios de matéria mineral em função dos níveis de inclusão do MDPS
Em relação aos componentes fibrosos os teores da FDN apresentaram interação
(P<0,05) com redução linear em função da inclusão do MDPS com variação de 66,25% até
58,66 (Tabela 3). A redução dos componentes fibrosos FDN e FDA observadas nesta
pesquisa em função da inclusão dos níveis crescentes de MDPS, possivelmente, possa ser
explicada em função da constituição do aditivo ser predominantemente constituído por grande
quantidade de carboidratos. Desta forma, as reduções observadas na FDN nas silagens
produzidas podem aumentar o consumo, por se tratar de dietas com altas proporções de
volumoso pode contribuir para aumentar o consumo de MS das silagens produzidas, o que
corrobora com NRC (2001)21
.
Os teores de FDN determinados nas silagens de milheto forrageiro com inclusão
de MDPS variaram entre 58,50% até 66,25%, (Tabela 3), demonstrados pela equação FDN= -
0,515x + 66,175 (R² = 0,9994) (Figura 6). Alimentos de baixa digestibilidade podem reduzir a
ingestão de matéria seca, em decorrência da baixa taxa de desaparecimento ruminal e
passagem pelo trato gastrintestinal. A fibra em detergente neutro (FDN), em virtude das
baixas taxas de degradação, é considerada o constituinte dietético primário associado ao efeito
do enchimento (NRC 2001)22
. De acordo com estudos realizados por Resende et al.23
,
y = 0,147x + 5,12
R² = 0,941
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 2 4 6 8 10 12 14 16
MM
em
% d
a M
S
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
50
decréscimos na quantidade de FDN da ração proporcionam aumentos na ingestão de MS,
portanto, o resultado do presente estudo é satisfatório.
De acordo com Véras et al.24
, a fibra é fundamental para a manutenção das
condições ótimas do rúmen, pois altera as proporções de ácidos graxos voláteis – AGV´s,
especialmente a relação acetato:propionato; estimula a mastigação e mantém o pH em níveis
adequados à atividade microbiana.
FIGURA 6 – Teores médios do detergente neutro (FDN) em função dos níveis de inclusão do MDPS
A diminuição nos teores de FDA é uma boa indicação de melhoria no valor
nutritivo das silagens, já que existe uma correlação negativa entre os teores de FDA e a
degradabilidade do alimento, ou seja, com redução nos teores de FDA ocorre aumento da
digestibilidade da MS (VAN SOEST, 1994)25
.
Os conteúdos da fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), que diz respeito à
digestão da celulose e da lignina, correlacionam-se negativamente com a digestibilidade
(EUCLIDES FILHO 2006)26
e, na presente pesquisa, apresentou valor médio de 34,18%,
variando entre 31,25 e 38,50%. Semelhantemente á FDN, houve uma diminuição linear da
FDA em função da inclusão do MDPS nas silagens, representada pela equação FDA = -
0,435x + 37,45 (R² = 0,8396) (Figura 7).
A redução dos teores da FDA em função da inclusão do MDPS pode ser analisada
como um fator determinante da melhoria do valor nutritivo das silagens, tendo em vista a
existência de uma correlação negativa entre os teores da FDA e a degradabilidade do
y = -0,515x + 66,175
R² = 0,9994
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
0 2 4 6 8 10 12 14 16
FD
N e
m %
da
MS
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
51
alimento, o que significa dizer que com a redução da FDA, ocorre consequentemente aumento
da digestibilidade da MS (Van Soest, 1994)25
.
FIGURA 7 – Teores médios de fibras insolúveis do detergente ácido (FDA) em função dos níveis de
inclusão do MDPS
y = -0,435x + 37,45
R² = 0,8396
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 2 4 6 8 10 12 14 16
FD
A e
m %
da
MS
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
52
4 – CONCLUSÕES
O milho desintegrado com palha e sabugo mostrou eficiência em elevar o teor de
matéria seca da silagem de milheto forrageiro cultivar ADR500, o que comprova sua
eficiência enquanto sequestrador de umidade.
Com o aumento dos níveis de inclusão do milho desintegrado com palha e sabugo
na silagem de milheto forrageiro cultivar ADR500, houve um aumento linear da proteína
bruta, Estrato Etéreo e Matéria Mineral, comprovando sua eficiência enquanto aditivo e
melhorador na qualidade da silagem.
A inclusão de 10% de MDPS sobre a matéria original foi o suficiente para
melhorar a qualidade da silagem, aumentando os teores de MS, PB e reduzindo teores de FDN
e FDA, o que contribui para uma melhor degradação ruminal da silagem.
53
5 – REFERÊNCIAS
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21. NRC-National Research Council. Nutrients requirements of dairy cattle. 7th ed. rev.
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Diferentes níveis de Concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia. 2000.
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55
26. EUCLIDES FILHO K. Produção animal no bioma Cerrado: uma abordagem conceitual.
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Viçosa: Sociedade Brasileira de Zootecnia; 2006. p. 89-108.
56
CAPÍTULO 3
PERFIL FERMENTATIVO DA SILAGEM DE MILHETO COM A INCLUSÃO DE
MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO
RESUMO
Objetivou-se avaliar e estudar as características fermentativas da silagem de milheto
forrageiro, cultivar ADR500 sob a inclusão de diferentes níveis de MDPS: 0%, 5%, 10% e
15%, ensilada aos 78 dias de corte após o plantio. O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4 repetições, totalizando 16 unidades
experimentais. Foram avaliados o pH, poder tampão, ácido lático, ácido acético, ácido
propiônico, ácido butírico, perdas por gases, perdas por efluentes, recuperação de matéria seca
e teores de carboidratos solúveis. Os dados foram submetidos à análise de variância, as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% e análise de regressão para os níveis de
inclusão. A inclusão de MDPS reduziu (P<0,05) as perdas por gases e efluentes em todos os
tratamentos avaliados, variando de 6,10 a 3,48 para as perdas por gases e 9,05 a 17,28 para as
perdas por efluentes, e contribuiu significativamente no processo de recuperação da matéria
seca (MS). Os valores de poder tampão (PT), pH e N-amoniacal foram influenciados (P<0,05)
pela inclusão dos diferentes níveis de MDPS à silagem. Os teores dos ácidos acético,
propiônico, butírico e lático, forma influenciados pela adição de MDPS na silagem. Os
valores de carboidratos solúveis tiveram um aumento crescente em função dos níveis de
inclusão do MDPS, demonstrando ser eficiente em seu uso para melhorar o perfil
fermentativo da silagem.
Palavras chave: ácidos graxos, efluentes, gases, pH e recuperação de matéria seca
57
ABSTRACT
This study aimed to evaluate and study the fermentation characteristics of silage millet
farming ADR500 under the inclusion of different levels of MDPS: 0%, 5%, 10% and 15%,
ensiled after 78 days of court after planting. The experimental design was completely
randomized with 4 treatments and 4 replications, totaling 16 experimental units. They
evaluated the pH, buffering capacity, lactic acid, acetic acid, propionic acid, butyric acid, gas
losses, losses effluents, dry matter recovery and soluble carbohydrates. Data were subjected to
analysis of variance, means were compared by 5% Tukey test and regression analysis for the
inclusion levels. The inclusion of MDPS reduced (P <0.05) losses gases and effluents in all
the treatments, ranging from 6.10 to 3.48 for gas losses and 9.05 to 17.28 for losses effluent
and contributed significantly in the dry matter recovery process (MS). The buffer power
values (PT), pH and ammonia-N were influenced (P <0.05) by the inclusion of different levels
of ground ear corn silage. The levels of acetic, propionic, butyric and lactic, so influenced by
the addition of ground ear corn silage. The soluble carbohydrate values have an increasing
depending on the MDPS inclusion levels, proving to be efficient in their use to improve the
fermentation profile of silages.
Keywords: fatty acids, sewage, gas, pH and dry matter recovery
58
1 – INTRODUÇÃO
Diferentes tecnologias vêm sendo estudadas para minimizar os problemas da
sazonalidade da produção de forragem nos trópicos. Dentre estas, está à conservação de
forragem na forma de ensilagem do excedente da forragem produzida no período chuvoso ou
do cultivo de forragem especificamente para este fim. A silagem é o alimento resultante da
fermentação anaeróbica de plantas forrageiras. O processo é complexo porque envolve
diversos microrganismos de variadas espécies e gêneros. O processo de conservação dessas
forragens se baseia na conversão de carboidratos solúveis em ácidos graxos e orgânicos que
está diretamente relacionado com as espécies e gêneros de microrganismos presentes durante
o processo de fermentação anaeróbica (McDONALD et al., 1991)¹. Está diretamente
relacionado com os teores de açúcares fermentáveis presentes no material a ser ensilado,
portanto, se essa concentração de carboidratos solúveis for adequada, as condições são mais
favoráveis para se obter uma silagem de melhor qualidade ao fim do processo de fermentação.
Para se classificar uma silagem como bem preservada deve-se avaliar um conjunto
de variáveis, dentre elas, pH, teor de matéria seca, carboidratos solúveis, nitrogênio amoniacal
e a quantificação dos ácidos orgânicos. Estes últimos nos permitem concluir se o processo
fermentativo foi satisfatório e se a massa ensilada manteve seu valor nutricional (TOMICH et
al., 2003)2. Parâmetros como as perdas por gases e efluentes e o índice de recuperação de
matéria seca também são avaliados para melhor caracterizar o processo fermentativo
(VASCONCELOS et al., 2009)3. Estas conclusões são feitas, avaliando concomitantemente,
as variáveis químicas e físicas, como a estrutura da forragem, o tamanho da partícula, a
compactação e população autóctone de bactérias láticas (VAN SOEST 1994)4.
O milheto é uma gramínea anual de verão, de elevado valor nutritivo e apresenta
alto potencial de produção de biomassa, porém apresenta também teores de umidade altos e
baixos conteúdos de carboidratos solúveis em água e alto poder tampão, no momento da
ensilagem, o que proporciona o desenvolvimento de microrganismos deteriorantes, como as
bactérias do gênero Clostridium, o que dificulta a conservação dessas.
Guimarães Júnior et al. (2005)5, avaliando três genótipos de milheto, encontraram
concentrações diferentes de carboidratos solúveis no material original, de 2,59% a 8,33%, na
matéria seca, sendo que o cultivar BN-2 se destacou entre os demais apresentando valor de
8,33%. Com o desenvolvimento do processo fermentativo, houve um grande consumo desta
fração, que a partir do quinto dia mostraram-se semelhantes estatisticamente apresentando
59
valores médios de 0,86% MS. Após 56 dias de fermentação os valores médios para ácido
lático, acético e butírico foram de 6,72%, 1% e 0,02%, respectivamente.
Existem perdas inerentes ao processo de ensilagem, os efluentes contém grande
quantidade de compostos orgânicos como ácidos orgânicos, açúcares e proteínas, dentre
outros. Segundo McDonald et al. (1991)1 os efluentes constituem uma forma importante de
perda de valor nutritivo da forragem ensilada durante o processo de conservação, entretanto a
produção de efluente em silagens com 25 a 35% de MS seria pouco significativa ou nula.
Outra importante perda inerente ao processo de ensilagem da forragem são as perdas por
gases. Essas perdas estão associadas ao tipo de fermentação que ocorre durante processo, se a
fermentação ocorrer via bactérias homofermentativas utilizando a glicose como substrato
produzindo exclusivamente de ácido lático, as perdas são menores. Entretanto, se a via de
produção ocorrer via bactérias heterofermentativas, acarretará na produção de gás carbônico
(CO2), álcool na forma de etanol e manitol, nesta situação as perdas por gases são
consideráveis. Quando as forragens tem baixo teor de matéria seca às perdas por gases são
ainda maiores, além das perdas decorrentes da fermentação butírica (McDONALD et al.,
1991)1.
A principal eficiência dos aditivos se dá pelo fornecimento de carboidratos
solúveis favorecendo as bactérias que reduzem o pH da silagem e também pelo aumento do
teor de matéria seca (ÁVILA 2003) 6
. Ávila et al (2009)7 sugerem que a avaliação dos teores
de carboidratos solúveis, assim como matéria seca, indica a viabilidade de ensilagem de uma
forrageira. As bactérias láticas são estimuladas, principalmente, pelo fornecimento dos
carboidratos solúveis, elevando a proporção de ácido lático e, consequentemente, na queda do
pH. Uma ideal fermentação de silagem com aditivos, resulta num pH menor que 4,2, em
contrapartida as sem aditivo demonstram conservação adequada com pH próximo de 4,82
(WOOLFORD 1984)8.
Diante deste contexto, objetivou-se através desta pesquisa avaliar e estudar as
características fermentativas da silagem de milheto forrageiro, cultivar ADR500, com a
inclusão de milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS).
60
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Local do experimento
O experimento foi conduzido nas dependências do Departamento de Produção
Animal (DPA), da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de
Goiás (UFG), localizado no município de Goiânia-GO, na latitude S 16º 36’ 47.7” e longitude
W 49º 15’ 29.4” e altitude de 708 m. A área de cultivo do milheto apresenta topografia plana
e solo classificado como Latossolo vermelho distrófico típico de textura argilosa e com média
fertilidade (EMBRAPA, 2006)9.
Conforme a classificação de Koeppen (1948)10
o clima da região é do tipo Aw,
tendo como característicos quente e semiúmido, com estações bem definidas, a seca, dos
meses de maio a outubro e as águas, entre novembro e abril.
Os dados meteorológicos relativo ao período experimental (21 de março a 09 de
junho de 2014) foram obtidos na estação evaporimétrica de primeira classe do setor de
Engenharia de Biossistemas da Escola de Agronomia (UFG), localizada cerca de 1 km da área
experimental, e estão representados no Quadro 1.
QUADRO 1 – Condições climáticas do local do experimento no período experimental
Março Abril Maio Junho
Temperatura (°C)
Máx Mín Máx Mín Máx Mín Máx Mín
29,4 20,0 30,9 19,5 30,0 14,1 30,2 13,3
Umidade média (%) 60,18 78 72 65,2
Precipitação total (mm) 44,2 163,8 0,2 0,0
Insolação (h) 34,7 200,6 242,4 62,9
Fonte: setor de Engenharia de Biossistemas da Escola de Agronomia (UFG).
2.2 – Preparo do solo e semeadura
Para fins da caracterização do solo da área experimental, realizou-se a coleta de
amostras de terra na profundidade de zero a 0,20 m, seguida de análises físicas e químicas
realizado pelo Laboratório de Análise de Solo e Foliar da Escola de Agronomia e engenharia
de Alimentos da UFG (Tabela 1).
61
TABELA 1 – Atributos físicos e químicos da área experimental
Argila
%
Silte
%
Areia
%
M.O
%
pH
(CaCl2)
P (Mehl)
mg/dm³
K
mg/dm³
35,00 19,00 46,00 1,8 5,9 3,8 69,0
Ca
cmol/dm³
Mg
cmol/dm³
H+Al
cmol/dm³
Al
cmol/dm³
CTC
cmol/dm³
M
%
V
%
3,4 1,1 2,8 0,0 7,5 0,0 62,5
Ca/Mg
-
Mg/K
-
Ca/K
-
Ca/CTC
%
Mg/CTC
%
K/CTC
%
3,1 6,2 19,3 45,5 14,7 2,4
Fonte: Laboratório de análise de solo e foliar – UFG.
O preparo do solo foi o convencional com uso de uma grade aradora e grade
niveladora, antecedendo a semeadura. De acordo os dados fornecidos pela análise de solo não
foi necessário o procedimento de calagem segundo recomendação de Martha Júnior et al.
(2007)11
.
A semeadura foi realizada manualmente, no dia 21/03/2014. Os sulcos foram
abertos com o auxílio de um marcador acoplado a um trator. Utilizou-se densidade de 40
sementes puras e viáveis (SPV) por metro linear da cultivar ADR500 de milheto, em uma área
de 300 m².
Na adubação de semeadura foram utilizados 80 kg ha-1
de P2O5 (superfosfato
simples) e 50 kg ha-1
FTE BR–16. A adubação de cobertura foi realizada aos 17 dias após a
semeadura quando as plantas atingiram 4 folhas. Para esta adubação foram utilizados 40 kg
ha-1
de K2O (KCl) (MARTHA JÚNIOR et al., 2007)11
e 90 kg ha-1
de nitrogênio, utilizando
como fonte a ureia. Durante o período de cultivo foram realizadas capinas manuais para
retirada de plantas invasoras da área experimental.
2.3 – Tratamentos
Os tratamentos constituíram-se de uma cultivar de milheto (ADR500) e quatro
níveis de inclusão de milho desintegrado com palha e sabugo (0%, 5%, 10% e 15%).
O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, constituiu-se de 4
tratamentos e 4 repetições, totalizando 16 unidades experimentais.
62
2.4 – Corte e ensilagem
O milheto foi colhido e ensilado quando apresentou em média, teor de matéria
seca (MS) de 25,68%, em 09/06/2014, aos 78 dias após a semeadura. A colheita foi manual, a
5 cm do nível do solo. O material foi triturado em picadeira estacionária acoplada a um trator,
obtendo-se partículas de 1-2 cm, utilizando toda a planta. As amostras foram homogeneizadas
manualmente e deste material retirado uma amostra de aproximadamente, dois quilogramas
da matéria fresca (MF), que foi levada a estufa de ventilação forçada a 55ºC, durante 72 h,
para fins da determinação da matéria pré-seca. Em seguida a amostra foi moída em moinho
tipo Willey de malha de um mm, armazenada em recipiente de polietileno, hermeticamente
vedados, visando às análises laboratorial e caracterização da planta: teor de matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), segundo Silva &
Queiroz (2002)12
. Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA), foram determinados pelo método sequencial descrito por Van Soest adaptado por
Campos4.
A matéria fresca (MF) foi dividida em quatro partes iguais e em seguida feita a
inclusão dos diferentes níveis de inclusão de MDPS de acordo com os tratamentos: T1;
silagem de milheto, T2; silagem de milheto com inclusão de 5% de MDPS, T3; silagem de
milheto com inclusão de 10% de MDPS, T4; silagem de milheto com inclusão de 15% de
MDPS. Os níveis de inclusão foram baseados no peso da matéria fresca do milheto.
Utilizou-se como silos experimentais (mini silos) canos de 100 mm de diâmetro
(PVC) com 0,40 m de comprimento, vedados em baixo com tampa de PVC. No fundo de cada
mini silo foi colocado 0,250 kg de areia grossa, seguido de duas camadas, uma de tecido de
algodão e outra de tela mosquiteiro para coleta e mensuração das perdas por efluente. Antes
da ensilagem foi feita a pesagem dos silos com os aparatos, a tampa e o fundo. Foram
ensiladas, em média de 1,5 kg de forragem em cada mini silo, o material foi compactado com
soquete de madeira, alcançando uma densidade de 550 kg/m³ de massa verde e os mini silos
foram vedados com tampas próprias à vedação e adaptadas com válvulas do tipo Bunsen, para
o escape de gases e a avaliação das perdas gasosas durante a ensilagem.
2.5 – Abertura dos mini silos
Após 60 dias da ensilagem, em 09/08/2014, ocorreu a pesagem e abertura dos
mini silos. Foram descartadas as partes inferior e superior utilizando para análise as partes
centrais de cada um. Em seguida foram retiradas duas amostras de 0,5 kg de cada tratamento,
as quais foram utilizadas para coleta de suco através de prensa hidráulica a uma pressão de 6 t
63
de força (foto 1), com o objetivo de retirar: 50 ml de suco para análise de ácidos graxos
voláteis (AGV), sendo as amostras conservadas em 10 ml de ácido fosfórico e; 50 ml de suco
para determinação do nitrogênio amoniacal (N-NH3) conservado em um mililitro de ácido
sulfúrico a 50%. A segunda amostra foi levada a estufa de ventilação forçada a 55ºC, durante
72 h, visando à determinação da matéria pré-seca. Em seguida foram moídas em moinho tipo
Willey com peneira de um milímetro de diâmetro, identificadas e acondicionadas em
recipientes de polietileno dotados de tampas e armazenadas para as análises químico-
bromatológicas. Foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), de acordo com metodologia descrita por Silva e
Queiroz (2002). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA) foram determinados pelo método sequencial descrito por Van Soest adaptado por
Campos4. As análises de extrato etéreo foram realizadas segundo metodologia de Bligh e
Dyer13
.
As amostras pré-secas, posteriormente, foram moídas em moinho de faca, tipo
“Willey” com peneira de malha de um milímetro de diâmetro, identificadas e acondicionadas
em recipientes de polietileno com tampa e armazenadas para análises bromatológicas.
Para o perfil fermentativo foram mensurados o pH, utilizando o método descrito
por Silva e Queiroz12
: após a abertura dos mini silos, com a silagem in natura, realizou-se a
prensagem em prensa hidráulica a 6 toneladas de força para extração do suco (foto 1),
imediatamente à prensagem foi inserido o peagâmetro no suco da silagem para determinar o
pH. O poder tampão foi mensurado usando a metodologia descrita por Playne & McDonald
(1966)14
, sendo expresso o valor em mEq de álcali necessário para mudar o pH de 4 para 6 em
100 g de MS da amostra.
Foto 1: Prensagem da silagem a 6 toneladas de força para extração do suco
64
As análises de ácidos orgânicos e graxos: ácido lático (AL), ácido acético (AAc),
ácido propiônico (AP) e ácido butírico (AB), foram realizadas através de cromatógrafo
líquido de alto desempenho (HPLC), marca SHIMADZU®, modelo SPD-10A VP acoplado
ao Detector Ultra Violeta (UV) utilizando-se comprimento de ondas de 210 nanômetros (nm)
Os valores das perdas por gases, perdas por efluentes e do índice de recuperação
de matéria seca foram calculados conforme Mari (2003)15
, sendo assim apresentados:
Perdas por gases
Gas =(Pfe – Pab) x 1000
( MFfe – MSfe )
Onde, Gas são as perdas por gases (% MS), Pfe é o peso do balde cheio no
fechamento em kg, Pab é o peso do balde cheio na abertura em kg, MFfe é a massa de
forragem no fechamento do silo em kg e MSfe é o teor de matéria seca da forragem no
fechamento em % MS.
Perdas de efluente
Efl =(Pab – Pfe )x 1000
MFfe
Onde, Efl é a produção de efluente em kg t-1
massa verde, Pab é o peso do
conjunto (balde, tampa, areia, pano) vazio na abertura em kg, Pfe é o peso do conjunto (balde,
tampa, areia, pano) vazio no fechamento em kg e MFfe é a massa de forragem no fechamento
em kg.
Índices de recuperação de matéria seca
RMS = (MFab x MSab ) x 100
( MFfe x MSfe )
Onde, RMS é o índice de recuperação de matéria seca em %, MFab é a massa de
forragem na abertura em kg, MSab é o teor de matéria seca da forragem na abertura em %,
MFfe é a massa de forragem no fechamento em kg e o MSfe é o teor de matéria seca da
forragem no fechamento em %.Os teores de carboidratos solúveis foram determinados
conforme Campos.
Os dados foram processados pelo Software R13
, e submetidos à análise de
variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%) e análise de regressão para
os níveis de inclusão do aditivo.
65
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A inclusão de MDPS na ensilagem do milheto forrageiro promoveu diferenças
(P<0,05) nas perdas por gases e efluentes, assim como na recuperação de matéria seca das
silagens avaliadas (Tabela 2).
Segundo McDonald et al.(1991)1, as perdas na ensilagem são de difícil
mensuração e as perdas por gases dependem dos microrganismos envolvidos e dos substratos
fermentescíveis. Assim, procedimentos tais como melhor compactação, fornecimento de
carboidratos solúveis e redução do teor de umidade, restringiriam a ação de microrganismos
resultando em aumento do coeficiente fermentativo, em que as fermentações sendo menos
extensas resultariam em menores perdas por gases.
Tabela 2 – Valores médios de perdas por gases, por efluentes (kg t-1
de silagem) e recuperação de
matéria seca, determinados na silagem de milheto em função dos níveis de inclusão de
MDPS.
*MDPS (%) Perdas por gases
(% da MS)
Perdas por efluentes
(kg t-1
silagem)
Recuperação de MS
(%)
0 6,10A 17,28A 84,58D
5 5,45A 13,68B 86,38C
10 4,68B 10,73C 88,35B
15 3,48C 9,05C 91,33A
**CV 12,12 15,09 13,13
Médias seguidas por letras diferentes, nas mesmas colunas, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
*Milho Desintegrado com Palha e Sabugo
**Coeficiente de Variação
A matéria fresca do milheto forrageiro utilizado neste trabalho apresentava teor
médio de 26,7% de matéria seca (MS) no momento da ensilagem (Tabela 2 do capitulo 2),
estando entre os níveis ideais preconizados por McDonald et al.1
que é em torno de 25% para
forrageiras não padrão, minimizando as perdas por efluentes.
Em relação às perdas por gases, os valores diferiram (P<0,05) entre os níveis de
inclusão de MDPS, com variação de 3,48 a 6,10%, apresentando comportamento linear
decrescente, em função do acréscimo dos níveis de MDPS, conforme se verifica na Figura 1,
cuja equação é: Gas= -0,1726x + 6,222 (R² = 0,9789).
66
Igualmente não desejada, a perda por gases está associada ao tipo de fermentação
que ocorre durante o processo, quando a fermentação ocorre por bactérias homofermentativas,
a glicose é utilizada como substrato e produzirá ácido lático, promovendo perdas menores.
Todavia, quando a fermentação se dá por bactérias heterofermentativas, é produzido gás
carbônico (CO2), etanol e manitol culminando em significantes perdas por gases.
As maiores produções de gases estão associadas à presença de bactérias hetero e
entero fermentativas, destacando-se que a fermentação butírica é ocasionada por bactérias do
gênero Clostridium.
FIGURA 1 – Teores médios das perdas por gases da silagem analisada, em diferentes níveis de
inclusão do MDPS
As perdas por efluentes diferiram significativamente (P<0,05) entre os níveis de
inclusão de MDPS, com variação entre 9,05 A 17,28% da MS, apresentando comportamento
linear em função dos tratamentos, conforme se verifica na tabela 2 e Figura 2, cuja equação é
Efl= -0,5528x + 16,831 (R² = 0,976). O efluente das silagens se apresenta em sua maior parte
por compostos orgânicos como proteínas, açúcares, ácidos orgânicos, constituindo perda de
valor nutritivo durante a conservação de silagens1. Estes mesmos autores relatam que a perda
por efluentes é uma forma preponderante e indesejada, contudo em silagens com 25% a 35%
de MS, essa perda seria pouco significativa ou nula.
Igualmente, compactação excessiva promove aumento nas perdas por efluentes
que são inversamente proporcionais aos teores de matérias seca. Desta forma, é notória a ideal
y = -0,1726x + 6,222
R² = 0,9789
0
1
2
3
4
5
6
7
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Per
das
por
Gase
s em
% d
a M
S
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
67
compactação dos mini silos neste experimento devido ao decréscimo das perdas por efluentes
conforme se elevava a doses de MDPS16
.
FIGURA 2 – Teores médios das perdas por efluentes da silagem analisada, em diferentes níveis de
inclusão do MDPS
É válido considerar que o efluente das silagens carreia compostos nitrogenados,
açúcares, ácidos orgânicos e sais minerais17
, de maneira que a inclusão desse aditivo é uma
alternativa viável, por elevar a matéria seca do material ensilado, reduzindo o escape de
nutrientes altamente digestíveis via efluentes.
A produção, e consequente escoamento de efluentes, dependem de vários fatores,
como o teor de matéria seca da planta, Loures et al.18
, a pressão de compactação e a forma e o
tamanho do silo, Tavares et al.19
. Estes efluentes contêm grandes quantidades de compostos
orgânicos, tais como açúcares, ácidos orgânicos e proteínas (McDonald et al)1, assim, a
redução dessas perdas resulta em maior teor de nutrientes na silagem.
As reduções nas perdas por gases e efluentes, levaram a uma maior recuperação
de matéria seca. Os valores médios dos índices de recuperação de matéria seca (IRMS) da
silagem de milheto forrageiro com inclusão de MDPS são apresentados na Tabela 2.
Os índices de recuperação de matéria seca (IRMS) foram influenciados (P<0,05)
pelos níveis de inclusão do produto avaliado, tabela 2 e figura 3 representado pela equação
IRMS= 0,4444x+84,327(R² = 0,9847).
As maiores pressões de compactação são diretamente proporcionais aos valores de
IRMS, com aproximadamente 95,4%, enquanto numa menor pressão de compactação,
apresenta valores médios de 83,1%20
.
y = -0,5528x + 16,831
R² = 0,976
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Per
da
s p
or
Efl
uen
tes
em k
g t
-1 d
e
sila
gem
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
68
FIGURA 3 – Teores médios de recuperação da matéria seca da silagem analisada, com diferentes
níveis de inclusão do MDPS
Os valores de carboidratos solúveis (CHO’s), poder tampão (PT), pH e N-
amoniacal foram influenciados (P<0,05) pela inclusão de MDPS à silagem e estão
apresentados na Tabela 3.
De acordo com Silva e Queiroz12
a avaliação do PT, juntamente com o pH, dão
uma estimativa mais precisa da qualidade da silagem do que a avaliação do pH isoladamente,
pois o PT está mais relacionada aos ácidos, especialmente o lático, enquanto o pH é
influenciado por íons liberados por outros ácidos.
Segundo McDonald et al. (1991)1 as silagens bem preservadas apresentam pH na
faixa entre 3,8 a 4,2, no entanto, tem sido comum o relato de pH mais elevados, maiores de
5,0 em silagens de forrageiras tropicais principalmente quando ocorrem limitações de
carboidratos solúveis e elevado poder tampão. Os valores de pH encontrado no presente
trabalho variaram de 3,67 a 3,92 (tabela 3) e foram semelhantes aos preconizados para milho
e sorgo, e aos 3,87 encontrados por COSTA et al. (2012)21
para silagens de milheto ensilado
aos 65 dias de crescimento vegetativo. Segundo McDonald et al. (1991)1 , pH entre 3,8 e 4,2 é
adequado para silagem considerada bem conservada. Considera-se também que o pH,
isoladamente, não pode ser considerado com um critério seguro para avaliação das silagens,
em função do seu efeito inibidor sobre as bactérias e enzimas das plantas é dependente da
velocidade de declínio da concentração iônica e do grau de umidade do meio.
y = 0,4444x + 84,327
R² = 0,9847
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Rec
up
era
ção
de
MS
em
% d
a s
ila
gem
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
69
Conforme se observa na Tabela 3, os valores de carboidratos solúveis em água, do
poder tampão, pH e nitrogênio amoniacal foram significativamente (P<0,05) influenciados
pela inclusão dos diferentes níveis de MDPS na ensilagem do milheto forrageiro.
Tabela 3 – Valores médios de carboidratos solúveis (CHOs), poder tampão (PT) - (meqNaOH/100g
MS), pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3) em porcentagem do nitrogênio total,
determinados nas silagens do milheto em função dos níveis de inclusão de MDPS
Níveis de
inclusão
CHOs
Solúveis
Poder tampão
(meqNaOH/100g MS) pH
N-NH3
(% do N total)
0 5,33C 22,20A 3,67B 3,31B
5 6,23B 20,28B 3,79AB 4,72A
10 6,78B 18,65C 3,85A 4,04A
15 7,38A 17,60D 3,92A 3,63B
CV 12,09 15,77 10,47 9,37
Médias seguidas por letras diferentes, nas mesmas colunas, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade
O aumento no teor de carboidratos solúveis ao final do processo de fermentação
pode ser decorrente da ação de enzimas ou da hidrólise ácida da hemicelulose liberando
carboidratos solúveis para fermentação. No decorrer da fase estável de fermentação pode
ainda ocorrer lise química da hemicelulose com liberação de açúcares para fermentação
(BOLSEN, 1995)22
. Durante a fase inicial da ensilagem, segundo WINTERS et al (1987)23
,
uma quantidade limitada de nutrientes fica disponível para fermentação, assim, alguns desses
nutrientes podem ser convertidos a ácidos orgânicos, podendo levar a ruptura de membranas
celulares do mesófilo de forma similar ao ácido fórmico liberando nutrientes para a
fermentação. Também é possível que a ação de enzimas auto catalíticas de células vegetais,
quando em anaerobiose contribuam para o rompimento da estrutura celular e disponibilização
de nutrientes para a fermentação. Segundo o mesmo autor, é provável que ambos os
mecanismos atuem na quebra da estrutura celular, em razão da complexidade do processo de
fermentação na ensilagem.
A concentração de carboidratos solúveis (CHOs) também foi influenciada
(P<0,05) em função da inclusão do MDPS na silagem do milheto forrageiro (Tabela 3).
Observa-se que os teores de CHOs apresentaram crescimento linear à medida em
que se elevaram os níveis de inclusão do milho desintegrado com palha e sabugo, com
variação de 5,33% (tratamento controle) até 7,38%, com a adição do nível máximo de adição.
Portanto, os valores de CHOS determinados nesta pesquisa corroboram com as afirmações de
70
GOURLEY e LUSK (1977)24
, quando afirmam que são necessários de 6% a 8% de
carboidratos solúveis na matéria seca do material a ser ensilado para que a fermentação se
transcorra de forma adequada.
FIGURA 4 – Teores de CHOs determinados na silagem de milheto em função dos níveis de inclusão
de MDPS
O valor do poder tampão refere-se à capacidade que a forragem apresenta em
resistir ao abaixamento do pH, o que pode prolongar o processo fermentativo e dar
oportunidade de bactérias, tais como enterobactérias e clostridios se desenvolverem
promovendo fermentações indesejáveis, com a presença de ácido acético e butírico,
principalmente. Nos valores médios de poder tampão determinados para a cultivar de milheto
avaliada nesta pesquisa, foram observadas diferenças significativas (P<0,05) entre os
tratamentos, com variações de 17,60 a 22,20 meqNaOH/100g MS, representado pela equação
PT=-0,3086x+21,997(R² = 0,984) figura 5.
De acordo com Jobim (2007)25
, o poder tampão das forrageiras tropicais é
relativamente alto e, para exemplificar o autor relata que é de 3,5g de ácido lático/100g de
matéria seca na forragem de milho (valor muito baixo) até 7,4 na forragem de alfafa que é um
valor muito alto. Ainda segundo o autor o PT é diretamente proporcional à quantidade de
ácidos orgânicos presentes na forragem, tais como o málico, cítrico e o aspártico,
principalmente, podendo também se fazer presente o ácido oxálico. Este ácidos exercem
efeito tamponante, impedindo a queda do pH da massa ensilada. Tomando-se por base os
valores de pH determinados nesta pesquisa, com variação de 3,67 a 3,92, pode-se afirmar que
y = 0,134x + 5,425
R² = 0,9866
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 2 4 6 8 10 12 14 16
CH
Os
solú
vei
s em
% d
a M
S
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
71
a inclusão do MDPS, além de elevar os teores de MS da massa ensilada, também
contribuíram de forma efetiva na elevação dos teores de carboidratos solúveis, principal
substrato para produção do ácido lático, responsável direto pela queda do pH.
FIGURA 5 – teores de poder tampão na silagem milheto com níveis de inclusão de MDPS
Observa-se através da Tabela 3, que os valores de pH das silagens foram
significativamente (P<0,05) influenciados em função da inclusão do MDPS, com variação de
3,67 a 3,92.
Segundo AMARAL et al. (2007)26
o pH de um alimento é um dos principais
fatores capazes de determinar o crescimento e a sobrevivência dos microrganismos presentes,
além de empregado como parâmetro na qualificação da ensilagem.
Estudos realizados por Jobim et al.25
, demonstram que o pH é utilizado
internacionalmente como um critério importante para determinar a qualidade da fermentação
das silagens – o mais adequado para este fim é utilizar a concentração de ácidos orgânicos
indissociados.
O uso do aditivo resultou em uma pequena elevação do pH (P<0,05), contudo,
estes valores se encontram na faixa de valor considerado aceitável que é entre 3,8 a 4,2 e
indicativo de uma silagem de qualidade. Segundo McDonald et al.1, as silagens bem
preservadas apresentam pH na faixa entre 3,8 a 4,2, no entanto, tem sido comum o relato de
pH mais elevados, maiores de 5,0 em silagens de forrageiras tropicais, principalmente quando
ocorrem limitações de carboidratos solúveis.
y = -0,3086x + 21,997
R² = 0,984
0
5
10
15
20
25
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Pod
er T
am
pã
o (
meq
Na
OH
/100
g M
S)
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
72
Foi constatado nesta pesquisa pH entre 3,67 e 3,92, representados pela equação
pH= 0,0162x + 3,686 (R² = 0,9742) figura 6, o que indica que houve boa fermentação da
silagem.
FIGURA 6 – médias de pH encontrados na silagem de milheto com níveis de inclusão de MDPS
Os teores de N-NH3/NT diferiram (P<0,05) entre os níveis de inclusão do MDPS,
com variação entre 3,31 no tratamento controle até 3,72 no tratamento com nível de inclusão
de 5%, apresentando comportamento linear quadrático em função dos níveis, conforme se
verifica na Figura 7, cuja equação de regressão é N-NH3/NT= 0,0056x + 3,883 (R² = 0,835).
O teor de N-NH3/NT também é um bom indicativo da qualidade da silagem,
auxiliando no processo fermentativo. Ao avaliar a silagem de gramínea tropical (capim –
piatã) com quatro farelos energéticos (milheto, milho, sorgo e trigo) e cinco níveis de adição
(0, 8, 16, 24 e 32%) comparando os níveis para cada aditivo, Teixeira et al.27
, encontraram
teores de N-NH3/NT entre 2,02 e 4,53 e verificaram que todas as forrageiras ensiladas
apresentaram valores compatíveis com os preconizados para uma silagem de boa qualidade.
Teores de nitrogênio amoniacal, inferiores a 10%, indicam que a silagem
apresenta boa qualidade para este parâmetro, já que o processo de fermentação não resultou
em quebra excessiva da proteína em amônia (MONTEIRO et al., 2011) 28
.
A elevação nos teores de N-NH3 implica em redução da proteína verdadeira, no
entanto, estes valores estão, segundo Henderson29
abaixo do limite de 8,0%, que é o máximo
aceitável, segundo o autor, para se considerar uma silagem como sendo de boa qualidade.
y = 0,0162x + 3,686
R² = 0,9742
3,65
3,7
3,75
3,8
3,85
3,9
3,95
0 2 4 6 8 10 12 14 16
pH
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
73
FIGURA 7 – Teores de nitrogênio amoniacal determinados na silagem de milheto em função dos
níveis de inclusão de MDPS
Conforme se observa na Tabela 4, a inclusão de MDPS na silagem de milheto
forrageiro promoveu interações significativas (P<0,05) na concentração dos ácidos láctico,
acético, butírico e propiônico das silagens avaliadas.
Tabela 4 - Teores médios de ácido láctico (Al), ácido acético (Aa), ácido butírico (Ab) e ácido
propiônico (Ap), determinados nas silagens de milheto forrageiro, em função da inclusão
de MDPS.
Níveis de
inclusão
Ácido lático
(%)
Ácido acético
(%)
Ácido butírico
(%)
Ácido propiônico
(%)
0 1,74C 0,65B 0,004A 0,056A
5 1,9978A 0,70A 0,004AB 0,05B
10 2,1A 0,62C 0,004A 0,048B
15 1,9629B 0,67B 0,003B 0,05A
CV 18,96 19,33 15,45 16,45
Médias seguidas por letras diferentes, nas mesmas colunas, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
Em relação ao ácido láctico (AL), verifica-se que os teores apresentaram variação
de 1,74% (tratamento controle) a 1,96% a inclusão do mais alto nível de MDPS. O ácido
lático por apresentar maior constância de dissociação em relação aos demais, exerce grande
importância no processo fermentativo, uma vez que, este é o principal responsável pelo
y = 0,0056x + 3,883
R² = 0,835
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 2 4 6 8 10 12 14 16
N-N
H3
em
% d
o N
to
tal
Niveis de Inclusão de MDPS em % da matéria original
74
abaixamento do pH da silagem, devendo portanto, apresentar maiores concentrações de que
os outros ácidos (MOISIO & HEIKONEM, 1994)30
. Teores de Al determinados nesta
pesquisa corroboram com as afirmações dos referidos autores.
Os teores de ácido acético diferiram (P<0,05) em função dos níveis de inclusão do
MDPS, com variação de 0,62 a 0,70%.
Segundo Tomich et al. (2003)31
, a concentração dos ácidos acético e butírico se
relacionam com menores taxas de decréscimos de pH. O que significa, principalmente, às
ações mais prolongadas de enterobactérias e bactérias lácticas heterofermentativas, muito
embora, em menor escala, também sejam produzidas por Clostridium. Portanto, as silagens
bem preservadas devem apresentar baixíssimos teores de ácido acético, o que vem de
encontro aos resultados obtidos nesta pesquisa, tendo em vista que os teores médios se
encontram bem abaixo de 2,0%, sugerido por ROTH & UNDERSANDER (1995)32
. Os teores
de ácido acético determinados nesta pesquisa se encontram abaixo do nível crítico 0,8%
(%MS), o que pode inferir que ocorreram alterações indesejadas durante a ensilagem
(McDONALD et al., 1991)1.
Os valores de ácido butírico foram influenciados (P<0,05) em função da inclusão
dos níveis de MDPS nas silagens avaliadas, com variação de 0,003% a 0,004%.
A manutenção do pH na faixa de 4,2 é característico de silagens de boa qualidade
e, consequentemente, a inibição de proteólise e consequentemente, produção de ácido butírico
(ROTH & UNDERSANDER 1995) 32
.
Teores de ácido butírico entre 0,00 a 1,73% em silagens de gramíneas foram
relatados por SANTOS et al., (2014)33
.
Trabalho de revisão de literatura na avaliação das variações de parâmetros
fermentativos de quatro pesquisas com silagem de milho, quatro com silagem de sorgo, seis
com silagem de cana-de-açúcar e 12 com silagens de capim, foram relatados valores de ácido
butírico na ordem de 0,00%; 0,00%; 0,1% e 0,1%, respectivamente (ZOPOLLATO, et al.,
2009)34
.
Em relação aos teores de ácido propiônico foram observadas interações (P<0,05),
em função dos níveis de inclusão MDPS nas silagens, com variação de 0,048% a 0,056%.
A presença de ácido propiônico acima do limite significa a degradação de ácido
lático por bactérias butírica (ROTH & HUNDERSANDER, 1995)32
, fato que não foi
observado neste trabalho, visto que o maior valor encontrado do referido ácido foi de 0,056%.
75
4 – CONCLUSÕES
A inclusão de milho desintegrado com palha e sabugo na silagem de milheto
forrageiro, cultivar ADR500, se mostrou eficiente na redução das perdas por gases e por
efluentes e, na recuperação de matéria seca.
O milho desintegrado com palha e sabugo enquanto aditivo contribuiu
significativamente para a redução do poder tampão da silagem.
Com o aumento dos níveis de inclusão do milho desintegrado com palha e sabugo,
aumentou linearmente também os teores de ácido lático e carboidratos solúveis, o que indica
sua eficiência no processo de fermentação e melhoria na qualidade da silagem de milheto.
76
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