hoje macau 3 dez 2012 #2747

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 14 MAX 19 HUMIDADE 65-98% • CÂMBIOS EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 3 DE DEZEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2747 PUB FUNÇÃO PÚBLICA Aumento de 6% com aval de Chui Sai On PÁGINA 4 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Gabriel Tong mostra-se conservador PÁGINA 6 MUNDIAL B Macau termina em sexto lugar PÁGINA 15 EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS ÁFRICA CONTEMPORÂNEA EM MACAU PÁGINAS 12 E 13 Wan Kuok Koi, 14 anos depois Ex-líder da 14K afirmou querer paz para a sua vida Pediu várias vezes para sair antes do tempo mas os tribunais da RAEM sempre o negaram. Wan Kuok Koi, mais conhecido como “Dente Partido”, saiu do Estabelecimento Prisional de Macau onde estava encarcerado desde 1998. Em breve declaração aos jornalistas, afirmou querer viver fora da vida do crime. Os amigos prometem-lhe festas mas Wan apenas quer festejar, pacatamente, o aniversário da sua mãe. PÁGINA 5 HOTELARIA GOVERNO VAI APOSTAR NO BAIXO CUSTO PÁGINAS 2 E 3 FOTO INÊS GONÇALVES E KILUANJE LIBERDADE, DETALHE LAG 2013

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Edição do Hoje Macau de 3 de Dezembro de 2012 • Ano X • N.º 2747

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Page 1: Hoje Macau 3 DEZ 2012 #2747

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 14 MAX 19 HUMIDADE 65-98% • CÂMBIOS EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 3 DE DEZEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2747

PUB

FUNÇÃO PÚBLICA

Aumento de 6% com aval deChui Sai On

PÁGINA 4

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Gabriel Tong mostra-se conservador

PÁGINA 6

MUNDIAL B

Macau termina em sexto lugar

PÁGINA 15

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS

ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

EM MACAU PÁGINAS 12 E 13

Wan Kuok Koi,14 anos depois

Ex-líder da 14K afirmou querer paz para a sua vida

Pediu várias vezes para sair antes do tempo mas os tribunais da RAEM sempre o negaram. Wan Kuok Koi, mais conhecido como “Dente Partido”, saiu do Estabelecimento Prisional de Macau onde estava encarcerado desde 1998. Em breve declaração aos jornalistas, afirmou querer viver fora da vida do crime. Os amigos prometem-lhe festas mas Wan apenas quer festejar, pacatamente, o aniversário da sua mãe. PÁGINA 5

HOTELARIA

GOVERNO VAI APOSTAR NO BAIXO CUSTO

PÁGINAS 2 E 3

FOTO INÊS GONÇALVES E KILUANJE LIBERDADE, DETALHE

LAG 2013

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segunda-feira 3.12.2012LAG2013

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Joana [email protected]

AINDA agora ter-minou mais um Grande Prémio de Macau e já se fala

no próximo. Na sexta-feira, naquele que foi o segundo dia de debate sectorial da área dos assuntos sociais e cultura, Cheong U, secretário da tutela, anunciou aos deputados o que se pode esperar do 60º aniversário do Grande Prémio de Macau, em 2013.

A data é para ser assinalada com honra e Cheong U espera a participação de toda a popu-lação, naquele que considera ser um evento “que eleva Ma-cau ao renome internacional” e que faz parte da “memória colectiva” do território. Por isso mesmo, e apesar de as perguntas dos deputados terem versado mais sobre a questão do trânsito provoca-da pelo evento, o secretário quer tornar o GP de 2013 “no Carnaval da sociedade”, tendo já a Comissão Organizadora começado a trabalhar para isso. “Vamos realizar uma corrida de elites do Grande Prémio, com celebridades que venham a Macau, pilotos

OS Serviços de Saúde não se mostram muito favorá-

veis à proibição total do tabaco nos casinos. A sugestão tinha sido feito por Angela Leong, número um da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), ao secretário para a Economia e Finanças e, na sexta-feira, voltou a ser repetida pela tam-bém deputada perante Cheong U, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

Contudo, de acordo com Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde, presente no plenário, a proibição total não deverá ser feita, pelo menos até que a lei seja revista, em 2015. Isto, porque o diploma prevê que as operadoras de jogo pos-

A educação não-superior em Macau foi alvo de

fortes críticas no segundo dia de debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) da área dos assuntos sociais e cultura para 2013. Os deputados consideram que há muito a fazer pelo ensino no território, começando por uma reformulação na forma de ensino das insti-tuições. “O ensino básico só dá importância a formar elites intelectuais, esque-cendo as características de cada criança”, acusou Lam Heong Sang. “Assim, claro que vamos ter falta de recursos humanos no futuro.”

A alta taxa de repro-vação de Macau – que se localiza nos 48% - foi o principal motivo de dis-cussão. Lam Heong Sang foi um dos que justifica-ção este acontecimento. “As escolas são dema-siado autónomas e isso não pode ser”, lamentou, imediatamente apoiado por Kou Hoi In. “A nossa reforma [escolar] ainda não conseguiu lubertar--se da metodologia do ensino antigo, que passa por meter o conhecimento na cabeça das crianças. Se isto não mudar, a taxa de reprovação não abranda, porque as crianças não

têm interesse em apren-der.”

Os deputados acusam o Executivo de discriminar o ensino técnico-profis-sional, focando-se apenas nas elites.

Vários deputados pe-diram uma maior aposta na qualidade da educação, como a mudança na forma de ensino e a formação de professores. Este tema, contudo, foi um dos que Cheong U não conseguiu responder. O secretário ficou apenas com 15 minutos para a segunda intervenção e disse apenas que iria responder a cada uma das questões dos deputados por escrito. - J.F.

Governo promete surpresas no 60.º aniversário do Grande Prémio de Macau

Celebridades, pilotos e China em destaque

Proibição total do fumo nos casinosnão deverá ser possível, de acordo com Governo

Sugestão da SJMcai por terra

Educação Deputados acusam Governode apenas prestar atenção à formação de elites

“Não se libertamda metodologia antiga”

que já participaram na corrida, para festejarem connosco e temos um desfile de pesso-as importantes do Grande Prémio e figuras do desporto motorizado que vão conduzir os jornalistas e algumas pesso-as pelo circuito, para poderem sentir o ambiente da corrida”, avançou Cheong U.

Mas as surpresas não ficam por aqui. Como este ano se assinala o 13º ani-versário da transferência de soberania, Macau quer ainda honrar a China. “Vamos re-alizar o Torneio da Grande China, onde correm pilotos de Taiwan, Macau, Hong Kong e do continente.”

Apesar de ser a marca de Macau, o Grande Prémio arrasta consigo problemas para a população, como é a questão do trânsito. Face a isso, e para responder aos deputados, o secretário frisou que irão ser tomadas medidas que já foram tidas em conta no 50º aniversário do Grande Prémio. Cheong U garante que ele próprio já se deslocou aos locais de mais engarrafamento na altura do Grande Prémio e promete que “2013 vai ser melhor”.

sam criar salas para fumadores dentro dos casinos e todas as seis já fizeram esses pedidos. “Até agora as seis concessio-nárias já apresentaram pedidos ao Chefe do Executivo para es-tabelecer zonas de fumadores. Da nossa parte vamos apreciar os pedidos para depois o Chefe do Executivo tomar a decisão”, adiantou o responsável. Lei Chin Ion acrescentou ainda

que não estando prevista na lei a proibição total, o Governo não poderá proibir, mas relem-bra que as operadoras de jogo não são obrigadas a criar zonas para fumadores se assim não o quiserem.

Os casinos terão até dia 31 deste mês para efectuar os pedidos para a criação dessas salas e, se não o fizerem, vão ser tratados como qualquer outro local sujeito à proibi-ção de fumar.

A sugestão de Angela Leong não deverá, portanto, ser acatada, com Lei Chin Ion a prometer apenas que, em caso de necessidade, a lei será reajustada daqui a três anos. – J.F.

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3segunda-feira 3.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

A escassez de hotéis económicos em Macau pode vir a acabar em breve.

Manuel Costa Antunes, director dos Serviços de Turismo (DST), confirmou na Assembleia Legislativa (AL) que o número de quar-tos de hotéis mais acessíveis pode duplicar, uma vez que há pedidos para a construção ou expansão pendentes.

No segundo dia de debate sectorial para a área dos as-suntos sociais e cultura, os deputados quiseram puxar o turismo como um dos assuntos principais. Além das críticas normais face à falta de diversificação de Macau como ponto turístico e ds problemas de excesso de pessoas nas fronteiras, os deputados mostraram-se preocupados com o facto de os turistas de Macau serem conhecidos por não pernoi-tarem no território. Mais de metade dos visitantes deste anos não passaram cá a noite, o que, para os membros da AL, tem fácil explicação. “Uma das razões, sem dú-vida, para que os visitantes fiquem mais tempo em Macau é o desenvolvimento de mais hotéis de outros ní-veis. É preciso mais hotéis económicos”, defendeu Kou Hoi In.

Cheong U, secretário da tutela, estava presente na AL, mas deixou que fosse Costa Antunes, director da DST a explicar que este pode ser um problema que vai aca-bar em breve. “Temos, neste momento, três processos em análise, dois [pedidos] para expansão e mais 18 pedidos de construção de hotéis eco-nómicos. Neste momento temos cerca de 1480 quartos e prevemos que, com estes que estão a ser licenciados ou construídos, poderemos duplicar o número de quartos económicos em Macau.”

Mas nem só deste tipo de acomodamento vive Macau e, para o director da DST, o alojamento económico não é o único que falta em Macau. Costa Antunes ad-mite que vão ser necessários mais quartos no futuro. “De facto, há falta de hotéis em Macau, não só económicos,

Serviços de Turismo prevêem que Macau possa duplicar quartos em hotéis económicos

Aposta no alojamento de baixo customas no geral. Uma cidade que recebe 28 milhões de turistas, onde apenas 50% pernoitam e onde a taxa de cupação dos hotéis é supe-rior a 80%, eu diria que há falta de hotéis”, explica. Mesmo os hotéis de cinco estrelas, garante o director da DST, estão ocupados. “A média geral [de pernoita] é de 1,4 noites, mas os hotéis de cinco estrelas estão com

duas noites, o que mostra que muitos turistas que cá vêm preferem ficar nesses ho-téis.” Ainda assim, garante Costa Antunes, a prioridade será dada à construção de alojamento económico.

Um dos locais onde isso poderá acontecer é preci-samente a fronteira mais movimentada de Macau. “Estamos a apoiar a hipó-tese de construção de hotéis

económicos na nova via de acesso aos turistas das Portas do Cerco.”

FALTA DE PREPARAÇÃOAs críticas ao turismo de Macau não faltaram no plenário de sexta-feira. Kou Hoi In instou o Executivo a continuar com a reforma das zonas antigas da cidade, como fez com o Leal Senado e com a Rua da Felicidade,

de forma a revitalizar “a cara” do território. O de-putado disse mesmo sentir vergonha de levar pessoas de fora à zona norte da cidade – a lugares como o Patane, a Areia Preta ou o Fai Chi Kei -, por esta estar “feia e velha”. “A impressão que se tem de Macau lá fora é que é uma cidade peque-na, de jogo, sem espaços para passear, onde só há

casinos. Temos de mudar a cara de Macau, é preciuso revitalizar as zonas antigas, como fizeram com a Rua da Felicidade.”

Sou Chio Wai foi um dos deputados que reagiu ao constante engarrafamento nas fronteiras para Macau, questionando o Governo sobre as capacidades de receber turistas. “Os postos fronteiriços não correspon-dem às necessidades e com a permissão dos turistas [das China continental] tirarem vistos individuais ainda é pior”, salientou.

Recorde-se que, há duas semanas, aquando da pre-sença do secretário para a Economia e Finanças na AL, os deputados ficaram assustados com a previsão do Governo para o aumento de turistas. Francis Tam disse que os visitantes de Macau poderiam chegar aos 40 mi-lhões, sendo que desses, 10 milhões, poderiam ser encai-xados na Ilha da Montanha. As reacções não se fizeram esperar, com Ho Ion Sang, por exemplo, a pedir antes uma redução do número de turistas, para que pudesse au-mentar a qualidade de vida da população, e Ung Choi Kun a considerar o número grave. “Espero que não venham 40 milhões, porque não sei como podemos acolhê-los”, apontou na altura.

Na sexta-feira, o mesmo deputado voltou a intervir sobre o assunto, pondo em causa que Macau seja uma cidade de turismo e repetin-do a sugestão dada a Francis Tam: a transição da DST da área dos assuntos sociais e cultura para a tutela da Economia e Finanças. Ung Choi Kun fala em reajusta-mento na estrutura orgânica da Administração, de forma a dinamizar a economia pelo turismo e através de visitantes. “Macau é uma cidade monótona na sua atitude perante a estrutura comercial. Vamos depender do jogo, mesmo que haja desenvolvimento do turis-mo não podemos falar de turismo em Macau.”

Cheong U limitou-se a afirmar que todas as suges-tões iriam ser ponderadas, mas não deu respostas con-cretas aos problemas levan-tados por estes deputados.

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segunda-feira 3.12.2012www.hojemacau.com.mopolítica4

Rita Marques [email protected]

“A actualização [dos salários dos fun-cionários públi-cos e dos apo-

sentados] foi confirmada pelo Chefe do Executivo na festa dos 25 anos da ATFPM, em 6 por cento”, avançou Pereira Coutinho ao Hoje Macau.

O presidente da Asso-ciação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), uma das três que pertencem à Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, avança uma garantia que lhe foi dada directamente por Chui Sai On aquando da cerimónia dos 25 anos da associação no sábado à noite.

Apesar de o dirigente da ATFPM sempre ter lutado pela actualização em 6,8%, a par da

A revisão integral da Lei de Terras vai ser entre-

gue, na próxima semana, à Assembleia Legislativa (AL), quatro anos depois do arranque dos estudos, após ter recebido ‘luz verde’ do Conselho Executivo. A proposta, com mais de 200 artigos, revê a Lei de Ter-ras, em vigor há mais de 30 anos, a qual “não consegue responder de forma eficaz ao desenvolvimento”, disse o porta-voz do Conselho Executivo (CE), Leong Heng Teng, citado pela agência Lusa.

O diploma define ex-pressamente a obrigato-riedade de realização de concurso público para a concessão de terrenos, mas contempla excepções.

Segundo o porta-voz do CE, pode não haver lugar a concurso público em duas situações: caso “a conces-são por interesse público favoreça o desenvolvimento social”, e caso se destine à construção de habitação própria dos trabalhadores, no activo ou aposentados, da Administração, norma que o actual regime já consagra.

DEPUTADOSAPONTAM FALHAS Depois do anuncio feito pelo CE dois deputados da AL já mostraram o seu desconten-tamento quanto ao diploma. Para Kwan Tsui Hang, falta a existência de um mecanismo de supervisão na concessão de terras.

“Não há uniformidade no que toca à avaliação dos casos em que uma conces-são é ou não submetida a consulta pública. E também

Deputados já apontaram criticas

Terras na AL para a semana

Função Pública Presidente da ATFPM dá contade que o Chefe do Executivo assinou a proposta

Garantido aumento de 6%Associação dos Trabalhadores da Administração Pública de Origem Chinesa (ATAPOC), a proposta de 6% dirigida pela Associação dos Técnicos da Administração Pública (ATEC) foi a que colheu melhor aceitação por parte do Executivo. Mas para Pereira Coutinho o que interessa é que a proposta avance, algo que na última reunião a 28 de Novembro entre a Comissão e o Governo não aconteceu. “O Chefe do Executivo disse que já despachou o expediente o que é uma muito boa notícia”, revelou Pereira Coutinho. Por outro lado, indicou ainda satis-fação porque a análise já não está a ser analisada numa pro-fundidade sem prazo à vista, e foi então entregue ao Chefe do Executivo. “Certamente muito satisfeitos uma vez que foi retirada do fundo do Oceano Pacífico pela Florinda

Chan.” Até ao fecho da edição, não foi possível estabelecer o contacto com as restantes associações.

No entanto, permanece a dúvida quanto a datas em que o ajuste salarial seja implementado, não estando ainda previsto se será ou não em inícios do próximo ano,

e caso não seja, se haverá ou não retroactivos. No entanto, Rita Santos, presi-dente da assembleia-geral da ATFPM, acredita que será feita a “actualização salarial para os funcionários públi-cos e todos os aposentados o mais rápido possível”.

25 ANOS ATFPMO jantar de celebração dos 25 anos da ATFPM no últi-mo sábado à noite, na Torre Macau, “foi a maior festa de sempre, com o maior número de patrocinadores registado, que reconhecem o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido desde 1987”, nas palavras de Rita Santos.

Na mesma cerimónia, onde Chui Sai On marcou presença, bem como alguns dos sócios fundadores que receberam “um certificado de mérito e dedicação, pois embora não sejam corpos ge-rentes continuam ligados à nossa associação trabalhan-do com afinco para lidar com os associados, para ajudar a resolver os problemas” e ain-da “um certificado de louvor a três sócios, tendo cada um angariado num curto espaço de tempo 200 sócios para a associação, num total de 600”, afirmou a presidente da Assembleia Geral.

Na mesma ocasião foi ainda feito o lançamento e a venda da revista dos 25 anos da ATFPM, no valor de 30 patacas, tendo sido angariado um total de 20 mil que será revertido para com-prar alimentos a distribuir às famílias carenciadas. A este valor junta-se mais 250 mil de contribuição de cada um dos dois presidentes honorários para o mesmo fim de caridade.

“Continuar a lutar pelos legítimos direitos de todos os trabalhadores da função pú-blica, apoiar o deputado José Pereira Coutinho, continuar a formar jovens e pensar nas eleições para a lista Nova Esperança” são alguns dos objectivos para o próximo ano. A assembleia geral vai ter lugar nos próximos dias, “em inícios de Dezembro”, onde será discutido o futuro da composição da lista, cujas eleições estão marcadas para a terceira semana de Setembro de 2013.

não há garantias que o Go-verno vai ter em conta as opiniões dos residentes do território. O Governo está a tratar a questão como se a concessão de terrenos não fosse mais que um espec-táculo público”, disse, em declarações reproduzidas pela TDM. Já Ho Ion Sang frisou a questão das punições.

“Se o valor do prémio for menor do que o preço do mercado, a multa a que os investidores estão sujeitos não será motivo suficiente para os dissuadir. Os proveitos que obtém com o desenvolvimento dos terrenos são bem superiores à multa”.

Quanto ao aprovei-tamento de terrenos, o diploma estabelece uma relação entre a multa apli-cável a quem não cumpre o prazo de aproveitamento da parcela e o prémio, aumentando as coimas. A multa máxima passa das actuais 900 mil patacas para 15 milhões de pata-cas, adiantou Leong Heng Teng. Para combater a ocu-pação ilegal de terrenos, do domínio público ou privado, o diploma define um agravamento da multa, a qual oscilará entre 50 mil e três milhões de patacas, contemplando ainda o crime de desobediência.

De acordo com o porta--voz do CE, na instrução do pedido para o terreno, o requerente deverá ainda apresentar um estudo de viabilidade económico--financeira e, caso seja ne-cessário, uma avaliação do impacto ambiental.

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5segunda-feira 3.12.2012 www.hojemacau.com.mo sociedade

Cecília [email protected]

Joana [email protected]

ESTÁ cá fora e ga-rante que não quer afectar a estabilida-de de Macau. Wan

Kuok Koi, o ex-líder da seita 14K, foi libertado às 6h50 da manhã de sábado da prisão de alta segurança de Coloane. O também conhecido como Dente Partido – e tido como um dos maiores gangsters da Ásia -, regressou a casa, um apartamento num condomínio de luxo na Taipa, num Lexus branco.

Wan Kuok Koi saiu da cadeia de Coloane directo para o carro, conduzido por um motorista, e acom-panhado pelo irmão. Sem prestar declarações aos jornalistas, Wan Kuok Koi falou apenas por breves momentos ao jornal South China Morning Post, de Hong Kong, já em frente ao seu apartamento, onde este-ve também o Hoje Macau. “Ele apareceu por breves instantes, apenas para dizer que estava mentalmente são, apesar de considerar que não iria importar o que dissesse, iria ser mal representado nos média, de qualquer forma”, pode ler--se na reportagem do jornal de Hong Kong. Dente Parti-do terá ainda dito que “não tem qualquer sentimento especial sobre estar livre”, mas que não conseguiu quase dormir na noite de sexta para sábado, “por ter esperado tanto tempo por sair”. “Pensei que pudesse sair ainda mais cedo, mas os procedimentos atrasaram a minha saída. Estou contente por finalmente ter saído de lá”, disse ao jornal.

Também a mãe de Wan Kuok Koi falou aos jorna-listas. Chan Lei Peng, que esperava o filho no aparta-mento da Taipa, disse que estava feliz pela saída de Dente Partido da prisão e que a família iria ter um almoço normal num restaurante da ilha. Sobre um eventual jan-tar com mais de cem pessoas no Sheraton Hotel, no Cotai Central, Chan Lei Peng não adiantou muito.

Fontes asseguram que o jantar serviria para come-morar a saída de Wan Kuok Koi com “amigos” de Hong Kong, Taiwan e do continen-te, mas apenas por se tratar “de um grande acontecimen-to” e sem qualquer ligação a algum tipo de regresso à vida do crime. Contudo, o

“[As seitas] existem, mas estão controladas. Têm de estar

controladas. Não podem sair da esfera de influência delas. Não podem vir para a luz do dia, como se fazia. Existem aqui, em Taiwan, no Japão, na América, na Europa. Existem em todo o lado. Temos é de controlar. Temos é de fazer o trabalho de casa bem”, avança Proença Branco, comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários (SPU) em entrevista à Rádio Macau.

O responsável policial acredita que a sociedade não deve temer porque os grupos da máfia do jogo estão debaixo de olho, pelo que em Macau não se coloca a hipótese de

uma estrutura de crime organizado fora de controlo.

Após a libertação do ex-líder da seita 14 Quilates Wan Kuok Koi, vulgo Pan Nga Koi (“Dente Parti-do”, em português), Proença Branco refere que a polícia está preparada para enfrentar qualquer problema decorrente de uma opção de vida criminosa. “Tem de se adaptar agora. Não é fácil para um indivíduo, depois de 14 anos, sair e ver esta transfor-mação que Macau levou. [...] A irmã também já está em idade avançada. O irmão também. Portanto, ele tem de ponderar o que é que quer: se quer levar uma vida tranquila, calma, ou se quer agitação. Se quer agitação,

estamos cá para enfrentar toda e qualquer situação de instabilidade que ele possa causar”, afirma.

Quanto às relações entre os ex--parceiros Pan Nga Koi e Arturo Calderon, detido na passada semana por alegado envolvimento numa encomenda de homicídio, Proença Branco diz que há muito não ligação entre ambos. “Pelo que sabemos, eles já têm relações cortadas há uns cinco anos. Nem o Arturo faz parte da mesma seita. Quando o Arturo saiu, montou um negócio sozinho e pronto, tem outros parceiros, não tem nada a ver com este líder que está para sair.”

Quanto à investigação sobre

a agressão ao ‘junket’ Ka Si Vai, no hotel-casino New Century, o comandante-geral explica que “o caso já foi entregue ao Ministério Público” e está a ser acompanhado pela Polícia Judiciária, mas “não há novidades”. Mas, garante, o corte dos tendões de mãos e pés não passa de boato. “Não sei onde inventaram essa [versão do corte] dos tendões. Ele está bem, está a tratar de algu-ma papelada em Hong Kong, isto segundo informações recebidas”, explica. “Não sei dizer o que é que aconteceu mesmo. Agora sobre essa dos tendões, eu próprio olhei para a televisão e ele estava a andar com os próprios pés.” - R.M.R.

Wan Kuok Koi, ex-líder da 14K, está em liberdade 14 anos depois

“Só quero que me deixem em paz”

Proença Branco, comandante-geral dos Serviçosde Política Unitários afirma que as seitas estão controladas

“Temos é de fazer o trabalho de casa bem”

jantar não se terá realizado. Fontes afirmam que a polícia não terá deixado, mas há ainda quem diga que Wan Kuok Koi quis estar com a família nos primeiros dias, deixando para mais tarde o jantar, onde celebrará tam-bém o aniversário da mãe. Não foi possível confirmar a

veracidade de nenhuma das duas versões.

POLÍCIA À PORTASobre se regressará à vida do crime, Dente Partido é peremptório: “não quero afectar a estabilidade de Macau, não quero fazer isso de maneira nenhuma. Quero

que me deixem em paz.” Dente Partido afirmou ao South China Morning Post que já não é novo e que não regressará ao que fez nos anos 90.

Wan Kuok Koi foi detido em Maio de 1998, horas depois de um engenho ex-plosivo ter rebentado numa

carrinha da Polícia Judiciá-ria de Macau que era condu-zida pelo então director do organismo Marques Batista, que, apesar do engenho ter sido accionado por controlo remoto, saiu ileso. Julgado já em 1999, Wan Kuok Koi acabaria condenado a 14 anos e sete meses de cadeia,

por associação criminosa e branqueamento de capitais, entre outras acusações.

A saída de Wan Kuok Koi foi um dos acontecimentos mais esperados e mediáticos em Macau, num ano em que a violência entre tríades se voltou a manifestar. Primei-ro, foi Kai Si Wai, alegado rival de Dente Partido, que foi brutalmente agredido no hotel New Century na Taipa, e depois com a detenção de Arturo Chiang Calderon, considerado antigo braço direito de Wan Kuok Koi, por alegada tentativa de homícidio.

As autoridades já ga-rantiram que a população de Macau nada tem a temer e que todos os movimentos suspeitos de Dente Partido terão a intervenção da po-lícia. Também as autorida-des do continente já terão lançado um aviso a Dente Partido, que, recorde-se, tem cidadania portuguesa.

No dia da sua libertação Wan Kuok Koi teve agentes armados da polícia à porta do condomínio onde vive, desde que chegou a casa até ao fim da tarde, como testemunhou o Hoje Macau, no local. Polícia que não se sabe, contudo, se vigiava o agora livre ex-líder da 14K ou se os poucos jornalistas que ainda tentavam obter fotografias e declarações de Wan Kuok Koi.

Momento em que Wan Kuok Koi, visivelmente mais velho, sai da prisão

Vai e vem à porta da casa de Wan Kuok Koi com o olhar atento da polícia

A mãe de Wan Kuok Koi é “engolida” pela comunicação social

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6 sociedade segunda-feira 3.12.2012www.hojemacau.com.mo

GABRIEL Tong apoia a decisão do Instituto de Acção Social de

recuar na proposta de lei sobre violência doméstica enquanto crime público. “Não tenho certeza de que a solução que está a ser discutida e proposta pela nossa sociedade, no sentido de impor o regime de crime público, seja a melhor solu-ção. Não apoio”, avançou este sábado em entrevista à Rádio Macau.

Cecília [email protected]

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT)

realizou este fim-de-semana uma reunião onde foram apresentadas novas medidas a tomar no que diz respeito aos autocarros de turismo que circulam em Macau, depois do acidente ocorrido junto ao jardim de Camões.

A DSAT afirmou que a partir de hoje as empresas de transportes vão ser alvo de “inspecções pontuais” com foco nos autocarros mais an-tigos ou naqueles que não são alvo de inspecções há algum tempo. As empresas irão receber um aviso via fax ou telefone e dentro de uma semana terão que enviar os seus veículos para o Centro de Inspec-ção de Segurança Automóvel, no Canal dos Patos.

Gabriel Tong descarta a hipótese da violência doméstica como crime público

Agressões dentro de portas

Acidente recente lançou debate no Fórum Macau da TDM

Autocarros de turismo com inspecções regulares

O objectivo inicial do novo articulado, cujo o nome era “proposta de lei de combate ao crime de violência doméstica” e passou a designar-se “lei de protecção e tratamento da violência doméstica”, era pre-cisamente evitar que os maus--tratos dentro de portas sejam entendidos como um assunto que só diz respeito às famílias. E, de outro modo, agilizar as queixas que poderiam ser feitas por testemunhas e não pelas próprias vítimas, que neste tipo de situações, têm tendência a recuar contra os agressores.

Quanto ao futuro do Executivo, o deputado no-meado explica em entrevis-ta à Rádio Macau que deve ficar encarregue nas mãos de Chui Sai On, apoiando--o “a 100 por cento” num segundo mandato. “Acho que não há pessoas verda-deiramente perfeitas, mas o actual Chefe do Executivo presta muita atenção às ne-cessidades das pessoas mais desfavorecidas e à questão de chegar a um equilíbrio, à harmonia na sociedade. Eu dou-lhe nove [numa escala de zero a 10]”, avalia. No entanto, para o próximo mandato descarta para já a hipótese de fazer parte

mas acredita que lhe deve associar uma acção cívica e política por isso, ainda na última semana, avançou a intenção de se candidatar à

Assembleia Popular Nacio-nal, processo que decorre até 6 de Dezembro.

ESTÍMULO VS OBRIGATORIEDADEApesar de destacar que Macau tem um papel diferencia-dor, já que comporta uma multiplicidade de culturas e influências, onde o português é preponderante, Gabriel Tong não defende a imposição do ensino da língua nas escolas. “Para Macau ficar com uma identidade especial, com uma cultura, o português é um com-ponente muito importante. Já fui informado por várias vias de que os jovens de Macau es-tão cada vez mais interessados em aprender português e as es-colas primárias e secundárias também têm uma tendência para aumentar o elemento de ensino do português, como uma língua estrangeira. Mas a obrigatoriedade para fazer alguma coisa é sempre muito difícil, porque obrigar uma pessoa a fazer algo é inefi-ciente em muitos aspectos. Se a pessoa tiver a vontade e o interesse, prefiro utilizar a palavra ‘estímulo’ em vez de ‘obrigatoriedade’, que parece uma coisa que não é da von-tade das pessoas”, explica o deputado nomeado.

No entanto, ressalva a importância do território no papel de plataforma entre a China e os países de língua, já que “bem desempenha-do” pode implicar que “o futuro de Macau estará garantido”. - R.M.R

TIAGO ALCÂNTARA

existir a necessidade dos autocar-ros que transportam turistas saírem dessa zona histórica. Acusam o facto de haver congestionamento rodoviário nas ruas mais estreitas, e esperam que o Governo faça um reordenamento dessa zona.

O director da Associação Geral dos Motoristas de Actividade Tu-rística de Macau, Chio Pou Wan, instou o Governo a eliminar os veículos que possuem sistema de travagem desactualizado e a lançar o relatório do acidente ocorrido há semanas. Foi ainda dado o alerta sobre o alegado excesso de carga horária dos motoristas. “Há motoristas que se queixam que trabalham demais, como 17 ou 18 horas por dia. Considero que há empresas que ignoram o direito de descanso dos trabalhadores, e isso não ajuda nada ao trabalho e constitui um perigo”.

Tseng Yuk, membro do Con-selho Consultivo do Trânsito da DSAT, considerou, em comunica-do, considera que o Governo deve reforçar o planeamento do parque de estacionamento subterrâneo na praça do Tap Seac para os autocarros de turismo, por forma a aliviar a pressão do tráfego na zona turística. Ficou ainda garantida a construção de um percurso especial, de modo a que os turistas possam caminhar para as Ruínas através da zona de São Lázaro.

SECTOR LANÇOU CRÍTICASEntretanto, a mais recente edição do programa Fórum Macau da TDM decorreu este fim-de-semana e o assunto foi o acidente no jardim de Camões. Os moradores da zona das Ruínas de São Paulo e figuras ligadas ao sector do turismo che-garam a um acordo no sentido de

da lista de secretários. “O trabalho actual é a minha preocupação. [Mas se o convite chegar?] É melhor não falar neste momento

sobre questões hipotéticas que estão tão longe.” O também académico da Universidade de Macau sente-se bem nesse papel

O deputado nomeado da Assembleia Legislativa Gabriel Tong apoia a ideia de que o novo diploma em estudo sobre violência doméstica determine não a determine crime público. Esta não é “a melhor solução”, garante

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7sociedadesegunda-feira 3.12.2012 www.hojemacau.com.mo

FOI no passado Sábado que se comemorou o

Dia Mundial da Luta contra a Sida, tendo sido realizado uma série de actividades para celebrar a efeméride. O secretário da Comissão de Luta contra a Sida, Lam Chong, afirma que a entidade “tem focado o seu trabalho na eliminação da discrimi-nação”, e que “o número de pessoas infectadas com Sida se mantém estável”.

De acordo com dados fornecidos pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM), até ao dia 31 de Outubro deste ano existiam 501 casos de pessoas infectadas com o vírus do HIV, sendo que 174 dizem respeito a residentes locais. Nos primeiros 10 me-ses deste ano, registaram-se em Macau 26 novos casos de VIH, número que passou a ser maior do que os 19 casos registados no período

homólogo de 2011, sendo estes novos casos oriundos principalmente da população não residente.

Segundo os SSM, os con-tactos sexuais entre parceiros continuam a ser a principal via de transmissão do HIV, e Lam Chong acredita que as actividades desenvolvidas “pode eliminar a discrimina-ção junto do público”.

Apesar do optimismo mostrado por Lam Chong, Dennis Cheang, presidente da Associação para os Cuida-dos da Sida em Macau disse que “a discriminação ainda existe, mas não há tantos casos como no passado”, nem com “gravidade”, avaliou o psicólogo à agência Lusa, realçando que as iniciativas de consciencialização em Macau têm contribuído para uma maior informação sobre a SIDA e, portanto, para ate-nuar o preconceito.

Apesar de as autoridades de migração solicitarem aos trabalhadores estrangeiros um teste de despistagem, o presidente da organização não governamental não entende que tal seja um pro-blema de maior.

“Eles pedem exames médicos, não só testes ao HIV, mas também para ver se têm outras doenças trans-missíveis. Se os testes derem positivo não lhes será dada permissão para trabalharem em Macau, mas penso que, basicamente, o Governo quer com isso prevenir a propaga-ção de doenças, tendo apenas o intuito de proteger”, notou Dennis Cheang. Ao nível do acesso a cuidados de saúde ou programas de tratamen-to, Dennis Cheang consi-dera que, em Macau, são proporcionadas “condições adequadas”, observando-se os padrões internacionais.

Andreia Sofia [email protected]

NO primeiro dia do mês de Dezembro cinco

supermercados na Taipa e um da península de Macau acolheram a quinta edição de recolha de alimentos, levada a cabo pelo Grupo dos Escuteiros Lusófonos de Macau (GELMAC). Nelson António, chefe do agrupamento, faz um balanço “positivo” da ini-ciativa ao Hoje Macau, contabilizando um total de duas toneladas de alimen-tos, destinados às crianças acolhidas pelas Irmãs Mis-sionárias da Caridade.

“As pessoas estavam muito receptivas e em todos os supermercados o balan-ço foi positivo. Pedimos produtos duradouros e bens de primeira necessidade, bem como produtos de hi-

CCAC | Actividades sobre “20 anos na Rota da Integridade”Prioridade ao “valor da integridade”

Foi no passado dia 1 de Dezembro que o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) se juntou a cinco associações de jovens locais para promover uma série de actividades no âmbito dos “20 anos na Rota da Integridade”.

No seu discurso de apresentação Kuan Kun Hong, adjunto do Comissário contra a Corrupção, assumiu que o CCAC “tem assumido como trabalho prioritário a pro-moção do valor da integridade”.

“Graças ao apoio do Governo e à participação activa da população em geral, foram obtidos alguns resultados na luta contra a corrupção, trabalho que está a ser desenvolvido de forma estável”, acrescentou ainda.

Tendo afirmado que a sociedade tem vindo a reconhecer, ao longo dos anos, a im-portância da integridade, Kuan Kun Hong frisou ainda que o CCAC “recorre a acções nas mais diversas modalidades para sensibilizar a população para a importância da honestidade e do cumprimento da lei, assim como para incentivar a sua participação na construção do sistema da integridade”.

Missionárias da Caridade já receberam os produtos

Escuteiros recolheram toneladas de alimentos

Lam Chong disse que números mantém-se “estáveis”

Há 501 casosde HIV em Macau

giene, para as crianças que costumam ficar no centro”, disse Nelson António, que acrescenta ainda que os números dos alimentos entregues pela população foram semelhantes aos do ano passado.

“FAZ MUITO SENTIDO” ESTA ACTIVIDADENo total, participaram um total de 100 voluntários, com cerca de 60 escuteiros. “Participaram também muitas famílias, que iam aos vários locais recolher alimentos”.

A boa receptividade das pessoas perante esta iniciativa de cariz social poderia ter ficado aquém devido às “barreiras linguís-ticas”, mas Nelson António garante que o problema foi resolvido.

“Fizemos promoção nas três línguas, e temos voluntários que falam chi-nês. A reacção das pessoas era boa à medida que iam entregando os produtos”.

O chefe do agrupamento de escuteiros confidencia ainda que “faz muito sen-tido” realizar este tipo de iniciativas de caridade, ape-sar da economia fulgurante de Macau.

“Há uma economia que se está a expandir mas temos por exemplo muitos idosos ou crianças pobres que re-correm a estas instituições e temos que dar todo o apoio que eles precisam”.

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segunda-feira 3.12.2012nacional8

O sobrinho do dissi-dente chinês Chen Guangcheng, que conseguiu asilo po-

lítico nos Estados Unidos, em Abril, foi condenado a três anos de cadeia pelo ataque a um dos polícias que guardavam o tio, noticiou sexta-feira a agência espanhola EFE.

De acordo com uma mensagem na rede social Twitter do activista e amigo da família, Hu Ji, o tribunal de Yinan, na província de Shandong (leste), condenou Cheng Kegui “a três anos e três meses de cadeia” pelas agressões a um polícia que guardava Chen Guangcheng.

Chen Guangcheng con-seguiu refugiar-se na embai-xada dos Estados Unidos na capital chinesa, em Abril, e posteriormente obteve asilo político no país.

Apesar de não haver ain-da confirmação oficial sobre a sentença, um advogado da família do dissidente disse

O novo líder do Partido Comunista Chinês (PCC),

Xi Jinping, prometeu “trabalhar arduamente para assegurar que, no final desta década, o rendimento da população seja o dobro de 2010”, noticiaram na sexta-feira os principais jornais do país. “Toda a gente fala sobre um ‘sonho chinês’. A renovação da nação chinesa é o maior sonho do país desde o início da era moderna”, disse Xi Jinping durante uma visita ao Museu Nacional da China, na Praça Tiananmen, em Pequim, acompanhado pelos outros seis membros do Comité Perma-nente do Politburo do PCC, a cúpula do poder.

Xi Jinping, de 59 anos, substituiu há duas semanas o Presidente Hu Jintao no cargo de secretário-geral do PCC.

Na visita à exposição “O caminho para a renovação”, patente naquele museu, Xi Jinping considerou “vital prosseguir a via do socialismo com características chinesas”, iniciada há 33 anos com a polí-tica de “Reforma e Económica e Abertura ao Exterior”. “É tão difícil encontrar o caminho certo, é nesta via que pros-seguiremos resolutamente a nossa causa”, disse.

Xi Jinping é também presidente da Comissão Militar Central do PCC e em Março de 2013 deverá

China e Estados Unidos em exercício militar de ajuda de emergência Os Estados Unidos e a China concluíram sexta-feira um exercício militar de ajuda de emergência planeado para reforçar a confiança entre os dois exércitos que muitas vezes se olham como adversários. O exercício sentou à mesma mesa responsáveis de ambos os exércitos a discutir como irão responder a um sismo num terceiro país ficcionado. Para o major general norte-americano Stephen Lyons, o exercício é um passo em frente para conhecimento de duas entidades que um dia irão operar lado a lado numa operação humanitária.

Produção industrial chinesa aumentou pelo terceiro mês consecutivoA produção industrial na China cresceu em Novembro pelo terceiro mês consecutivo, indicam dados oficiais divulgados sábado. De acordo com os indicadores da actividade industrial, o Purchasing Managers Index (PMI), fixou-se em 50,6 em Novembro, ligeiramente acima dos 50,2 de Outubro. O índice mensal mede as actividades de produção numa escala de 100 pontos, sendo que quando está abaixo de 50 sugere uma contracção da produção.

Familiar do dissidente chinês Chen Guangcheng condenado a três anos de prisão

Com multa e sem recurso

Novo líder chinês promete duplicar o rendimento da população até 2020

Socialismo à moda chinesa

à EFE que se Cheng Kegui “foi julgado, a sentença só pode ter sido de três anos e três meses de cadeia”.

Hu Ji, através da mesma conta de Twitter, afirmou que Chen Kegui não vai recorrer e, durante o julga-mento, assegurou que vai pagar uma compensação ao guarda ferido.

Para Hu Ji, esta resposta foi fruto de “uma lavagem ao cérebro”.

Nas redes sociais, ele-mentos de organizações de defesa dos direitos humanos afirmaram duvidar que o “processo tenha sido jus-to” e lembraram a escassa informação oficial, as cir-cunstâncias que rodearam

o julgamento e a rapidez da sessão.

De acordo com a agên-cia de notícias espanhola, nenhum familiar foi autori-zado a entrar na sala, onde decorreu o julgamento.

Chen Kegui foi detido a 27 de Abril e encontrava-se em regime de prisão domi-ciliária, uma situação que foi denunciada pelos pais e advogados.

Segundo as autorida-des chinesas, o tio, Chen Guangcheng, estava sob pri-são domiciliária na altura em que o sobrinho do dissidente atacou um dos guardas à faca-da, o que permitiu a fuga para a embaixada norte-americana em Pequim.

Chen, conhecido dissi-dente político que lutava contra a prática de abortos forçados, foi ajudado por amigos que o transportaram para Pequim, em Abril, onde conseguiu refugiar-se na embaixada dos Estados Unidos o que provocou um conflito diplomático entre Pequim e Washington.

O dissidente acabou por ser autorizado a abandonar a capital chinesa e encontra--se actualmente em Nova Iorque, a estudar Direito.

De acordo com organi-zações de direitos huma-nos, a família que ficou na China tem sido alvo “de pressões” por parte das autoridades.

assumir igualmente o cargo de Presidente da República Popular da China, comple-tando a ascensão ao topo do poder de uma nova geração de lideres.

O “número dois” do Co-mité Permanente do Politbu-ro, Li Keqiang, de 57 anos,

deverá então ser nomeado primeiro-ministro.

No 18.º congresso do PCC, de 08 a 14 de Novembro pas-sado, o partido apontou como objectivo estratégico “com-pletar em 2020 a construção de uma sociedade modera-damente próspera em todos

os aspectos”. A China é já a segunda maior economia do mundo e o maior exportador, à frente do Japão e da Alema-nha, mas devido à população (cerca de 1.340 milhões), o valor do Produto Interno Bruto ‘per capita’ rondará apenas as 48.000 patacas.

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segunda-feira 3.12.2012www.hojemacau.com.mo10 moda

COM o patrocínio do Instituto Cultural e organizado pela Vereda das Artes-

-Design & Event Production, Anna Noir realizou no Clube

Militar recebeu, no passado dia 28 de Novembro, o desfile de moda Retro’s 40. O evento, que mostrou tendências com influências nos anos 40 do século passado, caiu que nem

uma luva no ambiente que o Clube Militar, de traça colo-nial, preconiza. Fique com uma mostra do que se passou com estas fotos tiradas pelo fotógrafo João Ventura.

Anna Noir apresentou desfile de moda

Anos 40 no Clube Militar

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11segunda-feira 3.12.2012 www.hojemacau.com.mo moda

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segunda-feira 3.12.2012cultura12

José C. [email protected]

DEPOIS de ter passado por Lisboa, Roma e Pequim, entre muitas outras cidades, a ex-

posição de fotografia “Africa: See You, See Me” chega finalmente a Macau pela mão da Associação Angola-Macau, com o apoio do Museu de Arte de Macau (MAM), em ligação com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), e da Fundação Macau. Dividida em três secções, que juntam mais de trinta fotógrafos - a maioria africanos -, a exposição pretende dar a conhecer uma África contemporânea que se reinventa diariamente.

O Hoje Macau falou com o presidente da Associação Angola--Macau, Alexandre Correia da Silva, e com o curador da exposi-ção, Awam Ampka, professor de Estudos Africanos na Universidade de Nova Iorque.

Hoje Macau (HM) - Qual o papel da Associação Portugal-Angola neste projecto?Alexandre Correia da Silva (ACS) - Começou em Portugal quando fui a Lisboa ver a exposição, convidado pelo Fernandes Dias. Fiquei bas-tante impressionado com o que vi e perguntei-lhe se poderíamos levar a mostra até ao Extremo Oriente. Ele deu-nos o contacto do Awam e lançámo-nos na aventura de trazer a mostra até este lado do mundo.

HM - Como é que correu em Pequim?ACS - Para nossa surpresa foi um grande sucesso. Foi fantástico. Foi uma experiência sensacional. Nun-ca pensei que pudesse ser tão bem recebida. É uma grande exposição sobre artistas africanos, e não só.

HM - Não havia inicialmente a ideia de trazer a mostra primeiro a Macau?ACS - A primeira ideia foi essa. Na altura abordei o governo da RAEM, mas surgiram algumas di-ficuldades. Como sabe, o papel de Macau no que diz respeito a África é muito limitado. Centra-se muito nos países de língua portuguesa. E a exposição é mais do que isso. O Governo não se sentiu muito confortável para dar um apoio especial à iniciativa.

HM - E foi então que decidiram ir até Pequim?ACS - Sim. Decidimos tentar voos mais altos. Fomos até ao Norte para ver o que aconteceria mais tarde

Entrevista Exposição fotográfica “Africa: See You, See Me” no Museu de Arte de Macau

Uma outra perspectiva de África

no Sul. Foi por isso que decidimos começar em Pequim. Consegui-mos alguns patrocínios e apoios e levámos a exposição para Pequim.

HM - E depois foi mais fácil trazê-la para Macau?

ACS - Sim, depois do sucesso de Pequim as coisas tornaram-se mais fáceis e agora cá estamos.

HM - Com o apoio do Governo de Macau?ACS - Sim, temos o apoio do

Governo de Macau, fundamen-talmente através do IACM e do Museu de Arte de Macau. Tenho de dizer que para mim foi uma surpresa a forma como as coisas correram. Com muita tranquilidade. A abertura do museu foi fantástica. Têm a sua programação e nós já chegámos tarde, mas quando eles viram os trabalhos que iriam ser exibidos, penso que até fizeram ajustes na programação para incluir esta mostra. Houve uma grande cooperação por parte do Museu e do IACM.

HM - Uma exposição deste tipo não deixa de ser uma novidade nesta parte do mundo, não con-corda?ACS - Sim, é algo de novo. As pessoas vão poder conhecer uma África diferente. É uma ideia de África diferente daquela a que as pessoas estão habituadas.

HM - Esta iniciativa faz parte de uma estratégia da sua Asso-ciação?ACS - Sem dúvida. A nossa as-sociação, depois de vários anos a participar em encontros de lusofo-nia onde se bebem umas bebidas e se comem uns petiscos regionais decidiu dar um passo em frente e tentar ultrapassar as limitações da lusofonia. Queremos mostrar que África é muito mais do que comida e do que os cinco países de língua oficial portuguesa.

HM - Pensa que outras Associa-ções deveriam seguir o mesmo caminho? ACS - Eu sei que todas as Associa-ções estão fazer um esforço nesse sentido. Ainda recentemente Mo-çambique apresentou um Festival de Cinema. Mas ainda há muita pouca informação sobre o traba-lho dos artistas africanos. A nossa estratégia para o futuro é mostrar o nosso país, mas como uma parte integrante de África. É esse o pa-pel que queremos desempenhar a curto prazo.

HM - Já tem outras iniciativas em mente?ACS – Temos. Ainda ontem estive a falar com o Awam Ampka de bai-lado. Não de danças tradicionais, mas de bailado. Existe bailado em África, existe cinema, existe teatro!

HM - Então este é um primeiro passo para projectos futuros?ACS – Sim. Tencionamos ter uma programação substancial no próximo ano. Vamos conceber com o Awam Ampka e com o Fernandes Dias uma progra-mação de cultura africana para apresentar em Macau. Este é o primeiro passo. Vamos ver como é que as pessoas reagem.

Sim, é algo de novo. As pessoas vão poder conhecer uma África diferente. É uma ideia de África diferente daquela a que as pessoas estão habituadasALEXANDRE CORREIA DA SILVA

Penso que o Governo tem mostrado alguma motivação e esta exposição pode ser o ponto de partida para o governo se mostrar mais aberto para apoiar todas as associações, permitindo-nos trazer outras coisas para além de comida. Estou farto de comida e de festivais gastronómicos ALEXANDRE CORREIA DA SILVA

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“AFRICA:SEE YOU,SEE ME”

• ARTISTAS

Marco Ambrosi Itália Luis Bastos Portugal Ologeh Otuke Charles Nigéria Matteo Danesin Itália Delphine Diallo Senegal Soibifaa Dokubo Nigéria Andrew Dosunmu Nigéria Anirban Duttagupta Índia Angéle Etoundi Essamba Camarões Inês Gonçalves PortugalPatrizia Maimouma Guerresi ItáliaHassan Hajjaj MarrocosLyle Ashton Harris EUAUche Okpa Iroha Nigéria Majida Khattari Marrocos Stanley Lumax EUAMamadou M’Baye Mali Zanele Muholi África do SulMalik Nejimi Algéria Cedric Nunn ÁfricaNii Obodai Ghana J.D. Ojeikere Nigéria Alfredo Munoz de Oliveira Portugal George Osodi Nigéria Zak Ovè Trinidad e TobagoPauliana Valente Pimentel Portugal Malik Sidibe Mali Aldo Sodoma ItáliaDaniele Tamagni ItáliaHank Willis Thomas EUA Bartelemy Toguo Camarões Michael Tsegaye EtiópiaDeb Willis EUA

MUSEU DE ARTE DE MACAU DE 5DE DEZEMBRO A 17 DE FEVEREIRO

13culturasegunda-feira 3.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Quando se viaja por África nem queremos acreditar na capacidade de resiliência e de teimosia dum povo que se quer reinventar. Contra tudo aquilo que já tiveram de passar durante a sua história. Contra todos os desastres. Existe uma teimosia. As pessoas querem ter uma vida , querem ter boa aparênciaAWAM AMPKA

HM - Trazer bailados, teatro, etc., tem custos elevados. Conta com o apoio do Governo?ACS - Penso que o Governo tem mostrado alguma motivação e esta exposição pode ser o ponto de partida para o governo se mostrar mais aberto para apoiar todas as associações, permitindo-nos trazer outras coisas para além de comida. Estou farto de comida e de festivais gastronómicos.

HM - Concorda que o que se tem visto em Macau é uma ideia muito básica e redutora de África?ACS - Sim e digo-lhe mais. Ain-da não vi nada de África aqui. Temos esta ideia...atrevo-me a dizer, colonialista, que restrin-ge África a umas danças, umas músicas que as bandas tocam no Leal Senado e já está. Isto é África. É muito limitado. Temos artistas contemporâneos que estão actualizados com o que se passa no mundo da arte. Vamos trazê-los até Macau e esquecer a velha África.

HM - Depois de Macau pensa apresentar esta exposição nou-tros locais?ACS - Sim queremos levá-la de novo até à China, a duas ou três grandes cidades chinesas e talvez até Hong Kong.

HM - Esta exposição apresenta está dividida em duas partes. A visão etnográfica, ou melhor ainda colonialista, porque não é verdadeiramente etnográfica, e a visão dos artistas contempo-râneos africanos. Como é que conciliou estes dois olhares? E porque escolheu fazê-lo?Awam Ampka (AA) - Primeiro temos de falar de quem teve a ideia de fazer isto, que foi o Fernando Dias. Ele estava encarregue de fazer um Museu de Arte Contem-porânea Africana, em Portugal. É um grande desafio. Muito poucos países o fizeram. Em França foi um desastre. Acabou por ser mais uma visão colonialista. Em Inglaterra aconteceu o mesmo. O Fernandes Dias é um intelectual que conhece muito bem África por lá ter vivido e estudado e decidiu fazer uma coisa diferente. Convidou-me para ir a Lisboa para eu lhe dar a minha opinião sobre o que é a África do século XXI e quais são os desa-

fios que enfrenta, eu disse-lhe o que pensava e ele perguntou-me se eu podia fazer uma exposição sobre isso e eu disse que sim. O desafio... é que não é só o que África representa para os africanos, mas também para muitos outros artistas, americanos, europeus, que trabalham lado a lado com artistas africanos para construir novas imagens de África.

HM - E decidiu juntá-los nesta exposição?AA - Pareceu-me uma boa opor-tunidade fazê-lo. Temos africanos e não africanos a falarem do continente dos seus problemas. O exercício é mostrar o que significa ser contemporâneo em África.

HM - Como é que o fez?AA - Para o conseguir temos de mostrar de onde viemos. Por isso temos de mostrar as fotografias colonialistas. Como africano ao olhar para essas fotografias senti

sempre que faltava qualquer coisa. Que era uma história incompleta. Porque não mostrar outra visão da construção de África feita por afri-canos e não africanos? E foi assim que nasceu o projecto “Africa :See You, See Me”.

HM - Como nasceu o título?AA - Quando se viaja por Áfri-ca nem queremos acreditar na capacidade de resiliência e de teimosia dum povo que se quer reinventar. Contra tudo aquilo que já tiveram de passar durante a sua história. Contra todos os desastres. Existe uma teimosia. As pessoas querem ter uma vida , querem ter boa aparência. Que-rem ser retratados como um parte da história. E não há espaço para mostrar esta energia. Não quero que África seja conhecida pelos seus minerais. A maior riqueza que África possuí são as pessoas, é o povo.

Temos africanos e não africanos a falarem do continente dos seus problemas. O exercício é mostrar o que significa ser contemporâneo em África AWAM AMPKA

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Álbum mais vendido de sempre faz 30 anos“Thriller”, o sexto disco de Michael Jackson e o mais vendido de sempre, com 110 milhões de cópias, faz esta sexta-feira 30 anos. “Thriller”, com participação de Paul McCartney no primeiro single, «The Girl in Mine», foi lançado a 30 de Novembro de 1982, seguindo-se a outro sucesso, “Off the Wall”. O álbum, produzido por Quincy Jones, ganhou um combinado de 20 Grammy e American Music Awards e reúne sucessos como “Wanna Be Startin` Something”, “Beat It”, “Billie Jean” ou “Human Nature”. O lançamento do teledisco - ou curta-metragem, uma vez que tem 13 minutos - do tema-título revolucionou para sempre a realização de vídeos musicais e captou a atenção global para os artistas afro-americanos.

O músico sul-core-ano PSY, fenó-meno da ‘pop’ mundial, trouxe

hoje o seu “Gangnam Style” pela primeira vez a Macau, mas deixou muitos fãs desi-ludidos com uma actuação de pouco mais de cinco minutos.

A discoteca “Club Cubic”, no empreendimen-to turístico City of Dreams, na zona de casinos do Cotai, encheu-se para dançar ao ritmo de “Gangnam Style”, que recentemente alcançou um recorde de mais de 800 milhões de visualizações no

Fãs de Macau desiludidos com actuação de cinco minutos

PSY com “Fatela Style”

Portugal lidera lista de melhores destinos turísticos em 2013A página da Internet Globe Spots, especializada em viagens, elegeu Portugal como o melhor destino turístico para 2013. Repleto do que apelidam de charme europeu, Portugal encabeça uma lista dos dez destinos mundiais a não perder no próximo ano, numa lista em que Moçambique ocupa o segundo lugar e o Quirguistão completa o pódio. Vilas medievais ou igrejas e mosteiros históricos são algumas das características que, para aqueles especialistas, fazem de Portugal o destino mais apetecível do mundo no ano que se aproxima. “Varandas com roupa pendurada a secar estão entre os locais onde os portugueses trocam impressões e discutem as últimas novidades”, pode ler-se na descrição do território português. Pastelarias e tavernas são apontadas como abundantes, o que leva os promotores da lista a questionar se o povo português chega a comer alguma vez em casa. O ritmo da vida em Portugal obriga, defendem os criadores da listagem, a desfrutar de um copo de vinho do Porto: “Goste-se ou não, é daquelas coisas que se têm de fazer em Portugal.”

YouTube, com muitos fãs vestidos a rigor, com laço ao pescoço e óculos escuros.

Enquanto a noite era ani-mada por um DJ, bailarinas e garrafas de champanhe, acompanhadas por tubinhos de fogo de artifício que desfi-lavam entre a multidão, os fãs de Park Jae-Song, de 34 anos, que fez o mundo render-se à K-Pop, começavam a dar sinais de impaciência, com muitos a gritarem por PSY.

Cerca da 1:30, o público vibrou quando o vídeo de “Gangnam Style” começou a passar nos ecrãs gigantes

e quando um alegado PSY de smoking cor-de-rosa e óculos escuros entrou em palco, acompanhado por bailarinas. Estava prestes a começar a primeira desilu-são da noite.

De telemóveis apontados para o palco, os fãs de PSY acabaram por perceber que a actuação estava a ser pro-tagonizada por apenas um sósia do sul-coreano, neste caso uma personalidade da televisão de Hong Kong.

Seguiu-se um concurso para saber quem tinha o melhor “Gangnam Style” da

Nos cinco minutos e 58 segundos seguintes, que Fabiano cronome-trou, o “Gangnam Style” apoderou-se dos muitos fãs e curiosos que pagaram 650 patacas (63 euros) para assistir à actuação de PSY, que depois se despediu, garantindo um novo álbum e um novo ‘single’ em Março de 2013, apelando ao apoio do público para que aqueles também sejam sucessos mundiais.

Fabiano Silva, jornalista de 37 anos, decidiu fazer uma pausa no trabalho que o trouxe a Macau e aproveitar para ver ao vivo PSY, de quem “gostava até hoje”. “Foi a pior porcaria que já vi na minha vida, o ‘show’ foi completamente improvi-sado, ele ficou cinco minutos no palco e nem cantou, foi

em ‘playback’”, constatou, em declarações à agência Lusa.

Siu, de 19 anos, e Tse, de 13 anos, fãs da K-pop, tam-bém queriam mais, disseram--se desiludidas e admitiram que, “pelo menos”, não tiveram de pagar bilhete.

Já Klo, de 38 anos, na-tural de Xangai, que obteve a segunda melhor votação do público para o “Gang-nam Style” da noite, estava satisfeito, confessando que PSY o faz “sentir melhor, porque é uma inspiração e dá esperança por ser uma pessoa comum”.

Na sexta-feira, PSY es-teve em Hong Kong para a entrega dos prémios de música da Ásia e no sábado voou até Singapura onde fez um concerto com entrada gratuita. - Lusa

noite e, cerca das 2:00, che-gou o momento mais espera-do. As luzes desligaram-se, a música parou, as câmaras dos telemóveis começaram a filmar e o público voltou a gritar por PSY.

A DESILUSÃO SEM ÓCULOSFoi sem música, num smoking preto e com os característicos óculos escuros, que PSY, no topo das tabelas de vendas em mais de 30 países, subiu ao palco. “Há muitos coreanos em Macau?”, quis saber, e o público respondeu com uma grande ovação.

14 cultura segunda-feira 3.12.2012www.hojemacau.com.mo

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15segunda-feira 3.12.2012 www.hojemacau.com.mo desporto

Marco [email protected]

A Selecção de hóquei em patins de Macau conclu-íu a edição de 2012 do Mundial B da modalida-

de na sexta posição. A prova, que se disputou na localidade uruguaia de Canelones, foi ganha pela se-lecção sul-africana e determinou a subida à elite do hóquei patinado mundial das formações da Áustria, da Inglaterra e da África do Sul.

Depois de não terem consegui-do garantir um lugar no grupo das quatro equipas que disputaram en-tre si a ascenção ao Mundial A, os campeões asiáticos propunham-se repetir na América do Sul o quinto lugar arrecadado há dois anos na localidade austríaca de Dornbirn,

TERÁ sido da chuva? Terá sido do arranque madrugador? A

edição de 2012 da Maratona In-ternacional de Macau teve mais três quilómetros do que é habitual, mas nem o percalço nem as más condições atmosféricas impediram que os atletas africanos voltassem a dominar a principal prova do ca-lendário de atletismo do território. Os etíopes Haile Haja Gemeda e Ehitu Kiros Reda venceram o duelo que protagonizaram com os atletas quenianos que disputaram a competição e reivindicaram o triundo nas competições masculina e feminina da Maratona Interna-cional do território. A prova teve início às cinco da manhã e um erro de percurso por parte do atleta que liderava a corrida à saída do Estádio da Taipa obrigou o extenso pelotão que disputou o certame a disputar mais três quilómetros do que seria originalmente necessário: “À saída do Estádio, em vez de cortarmos à direita fomos à esquerda porque o primeiro atleta enganou-se e nós fomos todos atrás”, explicou à Agência Lusa um dos atletas por-tugueses que participaram na prova.

O erro de percurso não beliscou a performance dos principais candi-datos ao triunfo, os atletas africanos que disputaram a mais exigente das três corridas em cartaz. Haile Haja Gemeda terminou a prova em

A edição de 2012 do Open Internacional de Badminton

de Macau serviu para confirmar a República Popular da China como a potência dominante da modalidade, numa tendência que parece ter continuidade assegura-da pelos próximos anos. Menos competitivo do que é habitual, o Kumpoo Macau Open não conse-guiu trazer ao território as principais figuras do badminton chinês, mas as ausências de jogadores como Lin Dan, Chen Long ou Chen Jin não impediu que os atletas do Continente dominassem as lides masculinas no pavilhão do Fórum. Sexagésimo quinto classificado do ranking da Federação Mundial de Badminton, o jovem Chen Yuekun foi o grande vencedor da edição de 2012 do Open Internacional de Macau. Depois de ter derrotado o indiano K. Srikanth nas meias finais do torneio masculino da competi-ção, o atleta da República Popular da China confirmou as boas indi-cações que deixou no Pavilhão do Fórum ao longo dos últimos dias e derrotou o compatriota Gao Huan no encontro decisivo da competi-ção pelos confortáveis parciais de 21-9 e de 21-17.

O predomínio do badminton da República Popular da China fez-se sentir também na prova de singulares femininos, com Yu Sun a derrotar a tailandesa Busanan Ongbumrungpan em dois sets e a fazer a festa frente ao entusiástico público do território. A atleta do Continente precisou de apenas 42 minutos para levar a melhor sobre a adversária, derrotando Ongbumrungpan em dois parciais

muito distintos. Se no primeiro set, a tailandesa ainda conseguiu equilibrar a discussão do desafio, perdendo por 21-19, no segundo set Yu Sun dominou por comple-to, esmagando a adversária pelo dilatado resultado de 21-8.

Se a China dominou em singula-res, nas provas de duplas a Indonésia e a Coreia do Sul mostraram maior ascendente. O encontro decisivo do torneio feminino de pares foi ganho pela dupla constituída por Eom Hye Won e Jang Ye Na. As atletas sul-coreanas derrotaram as compatriotas Choi Hye In e Kim So Young pelos parciais de 21-18 e 21-16.

Desfecho semelhante na prova de pares mista, ainda que com protagonistas cem por cento indonésios.O veterano Ahmad Tontowi uniu esforços com Liliya-na Natsir para derrotar o par forma-do pelos compatriotas Muhammad Rijal e Debby Susanto. No encontro decisivo da competição, Tontowi e Natsir derrotaram Rijal e Susanto na mais disputada das finais da edi-ção de 2012 do Open Internacional de Badminton. Ahmad Tontowi e Liliyana Natsir levaram a melhor sobre os adversários pelos parciais de 21-16, 14-21 e 21-16.

Na derradeira final da prin-cipal competição do calendário de badminton do território, os formosinos Lee Sheng Mu e Tsai Chia Hsin levaram a melhor sobre os russos Vladimir Ivanov e Ivan Sozonov e conquistaram o triunfo no torneio masculino de duplas. O par taiwanês impôs-se aos adver-sários pelo parcial de 14-21, 21-17 e 21-16. – M.C.

África do Sul campeã e Hélder Ricardo o melhor marcador

Macau sexto no Uruguaimas a ambição da formação do Ló-tus acabou por esbarrar no hóquei praticado pela Holanda. Derrotado pelos holandesas na primeira fase da competição por oito bolas a cin-co, o grupo de trabalho orientado por Alberto Lisboa não conseguiu evitar novo desaire na quinta-feira, perdendo pelo parcial de 5-3.

O cinco do território até tinha entrado com o pé direito na terceira e última fase do Mundial, ao derrotar o Egipto por oito bolas a seis, mas a derrota frente à Holanda acabou

por comprometer as aspirações do conjunto do Lótus. Para garantir o quinto lugar, Macau estava depen-dente de uma improvável derrota dos holandeses frente a Israel e ao Egipto, para além de ter que vencer o México e Israel nos dois últimos desafios no Uruguai. A formação orientada por Alberto Lisboa cumpriu com o que lhe era exigido. Frente à frágil forma-ção do México – que se despediu do Mundial com um único triunfo – o cinco do Lótus não comprometeu, derrotando o adversário por sete bolas

a cinco, num desafio em que Hélder Ricardo voltou a ser o artilheiro de serviço dos campeões asiáticos. O atleta, natural de Alcobaça, apontou cinco tentos e viu Ricardo Atraca e Augusto Fernandes apontar um golo cada um para garantir a vitória da selecção local.

A formação do território despe-diu-se do Uruguai com um triunfo lato sobre a congénere israelita, num desafio que pautou o regresso aos golos de Alberto Lisboa. O também seleccionador do território

marcou dois dos sete tentos com que Macau brindou Israel, ajudando a consolidar a vitória dos campeões asiáticos. Apesar de não ter deixado fugir o triunfo frente a selecções nominalmente mais fracas, o grupo de trabalho da RAEM viu a selecção dos Países Baixos cumprir com o que lhe competia e assegurar o quinto lugar na competição.

Macau sai do Uruguai, ainda assim, com razões de monta para festejar. Imparável, Hélder Ricardo apontou 22 golos na competição e garantiu o título de melhor marca-dor da edição de 2012 do Mundial B. A prova foi ganha pela África do Sul. A formação sul-africana, constituída maioritariamente por atletas luso-descendentes, derrotou a Inglaterra por 4-3 no encontro decisivo da competição.

Chen Yuekun vence Open de BadmintonElisabete Lopes vence meia-maratona feminina

Etíope conquista maratonade 45 quilómetros

02:23: 56 e com uma vantagem de apenas quatro segundos para o segundo posicionado, o queniano Duncan Cheruitot Koech. O pri-meiro atleta português a cortar a linha da meta acabou por ser Luis Silva, que cruzou a linha da meta na 15ª posição, mais de catorze minutos depois de Haja Gemeda ter completado a prova.

Na maratona feminina, a etío-pe Ehitu Kiros Reda precisou de 02:50:10 para concluir os mais de 42 mil metros da competição. Reda levou a melhor sobre a compatriota Tsega Gelaw Reta, que necessitou de mais cinquenta e quatro segundos para cumprir a mesma distância. A queniana Irene Kemunto foi terceira, com um tempo de 02:51:21.

Na meia maratona masculina, a vitória sorriu ao queniano Silas Muturi Givochi. O atleta cumpriu a distância em 01:14:04, levando a melhor sobre o moçambicano Flávio Seolhe e sobre o compatriota Peter Keter. Na estreia nas estradas do território, Seolhe conseguiu subir à segunda posição do pódio depois de levar a melhor sobre Keter por apenas um segundo. Na meia maratona feminina, Elisabete Lopes reivindicou o triunfo para o atletismo português. A atleta norte-nha superou a queniana Alice Ka-buro por 21 segundos e reivindicou

o seu primeiro triunfo nas estradas do território, depois de no ano pas-sado não ter conseguido completar a prova da maratona. Elisabete Lopes concluiu o percurso com um tempo de 01:27:55, numa corrida em que Crisolita Silva também brilhou. A atleta cabo-verdeana foi terceira atrás de Lopes e de Kaburo. Ainda sem capacidade para discutirem de igual para igual a prova com os atletas africanos, os participantes de Macau assinaram uma das melhores performances dos últimos anos nas estradas da Região. Kuok Chi Vai completou a maratona masculina na 19ª posi-ção. A menina bonita do atletismo do território, Hoi Long, foi nona na maratona feminina. – M.C.

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segunda-feira 3.12.2012vida16

Cecília [email protected]

A União Geral das Associa-ções dos Moradores de Macau (UGAMM), ou Kai Fong, realizou um inquérito

sobre as opiniões dos residentes quanto ao destino a dar à antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa. Reali-zada durante o mês de Agosto a cerca de 1000 pessoas, a iniciativa revela que 64% dos entrevistados desejam proteger o meio ambiental do espaço, esperando que a história e cultura do espaço possam ser conservadas e transmitidas aos mais novos.

47,1% dos entrevistados deseja que a antiga fábrica se transforme num parque temático, enquanto 17,9% deseja que o espaço venha a ser um centro de apoio às indús-trias criativas. Enquanto isso, 50% dos entrevistados considera que o

O departamento municipal de saúde de Pequim, capital da

China, tornou públicos dados que mostram aumentos significativos no que diz respeito aos casos de cancro no pulmão. Um relatório divulgado pelo Departamento Municipal de Saúde de Pequim (DMSP), citado por órgãos de comunicação chine-ses, revelam que nos últimos dez anos a patologia aumentou em 56%, sendo actualmente a principal causa dos tumores malignos. Segundo o jornal Epoch Times, muitos habi-tantes do Continente falam da má qualidade do ar como a principal para estes aumentos.

Já um porta-voz do DMSP disse ao jornal Diário Jovem da China que a principal causa do problema é o consumo de tabaco, assumindo, no entanto, que a qualidade do ar é também um dos factores.

Contudo, e de acordo com um relatório oficial sobre a “pesquisa nacional do consumo de tabaco entre adultos na China de 2010”, a percentagem de chineses fumadores do sexo masculino tem vindo a di-minuir nos últimos anos, na ordem dos 5%, para homens com idades compreendidas entre os 15 e os 69 anos. Em 1996 33,7% dos homens com essa idade fumavam, enquanto que em 2010 esses números baixa-ram para 27,9%.

NÍVEIS DE AR NO TWITTER De acordo com a agência noticiosa Xinhua o Governo chinês admitiu, em Outubro último, que o ar do país estaria a ser vitima de elevados graus de poluição. Isto porque em Outubro Pequim anunciou que iria realizar testes de monitorização de partículas finas no ar. Foi aí que

Zhao Yue, vice-director do Centro de Monitorização Ambiental Mu-nicipal da capital chinesa, admitiu que partículas finas de poluição – o tipo que provavelmente penetra as áreas de troca gasosa do pulmão – estariam a ultrapassar os níveis normais “há algum tempo”.

Entretanto, a embaixada norte--americana em Pequim tem vindo a descrever na rede social Twitter dados e informações que falam do ar da cidade como sendo “pe-rigoso” e “muito insalubre”. Em Junho o Governo chinês reagiu a este facto e pediu que os Estados Unidos parassem de actualizar os dados da qualidade do ar na rede microblogging, alegando que tal acção “contrariava os regulamentos chineses”. O Twitter da embaixada norte-americana possui mais de 35 mil seguidores.

Estudo dos Kai Fong sobre Fábrica de Panchões revela

Maioria defende protecção ambiental

Dados dos últimos 10 anosdivulgados pelo departamento municipal

Cancro do pulmão aumenta 56% em Pequim

HOJE NO PRATO

Açafrão

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

NOME BOTÂNICO: Crocus sativus L.FAMÍLIA: IridaceaeNOMES POPULARES: Açaflor; Erva-ruiva.

O Açafrão é uma planta nativa da região mediterrânica, atualmente cultivada no Sudoeste da Europa e Médio Oriente. Trata-se de uma pequena planta bolbosa com pouco mais de 10 cm de altura que nos pro-porciona umas lindas flores outonais de cor lilás ou arroxeada. Cada flor apresenta no seu centro 3 estigmas (estruturas reprodutivas femininas) de cor alaranjada e em forma de trombeta. São estes estigmas que são utilizados em culinária e também em medicina. A colheita é feita à mão e são necessárias 120.000 a 150.000 flores para se obter 1 quilograma de Açafrão seco. Por esta razão chegou a ser mais cara que o próprio ouro e é, ainda hoje, a especiaria mais cara do mundo.Citado no papiro de Ebers, cerca de 1500 anos a.C., o Açafrão foi um remédio muito apreciado durante a Antiguidade, Idade Média e Renas-cimento, mais utilizado até do que como condimento. Atualmente é um ingrediente imprescindível na cozi-nha mediterrânica e oriental, con-ferindo aos pratos uma tonalidade amarela intensa, sendo igualmente usado em fitoterapia.

COMPOSIÇÃOUm princípio corante de cor amarelo--alaranjada (crocina), um princípio amargo (picrocina), óleo essencial (com safranal), lípidos, glúcidos, flavonoides e carotenoides (betaca-roteno), vitaminas (B3, ácido fólico, C, E, K), sais minerais (cálcio, fósforo, magnésio, potássio) e oligoelemen-tos (ferro, manganês, selénio, zinco). Tem um aroma acre.

AÇÃO TERAPÊUTICAO Açafrão estimula o apetite e a digestão aumentando os sucos digestivos, favorece a eliminação de gases e combate as cólicas gastrin-testinais; protege o fígado dos efeitos nefastos das toxinas. É útil nas más digestões, afecções do estômago, flatulência e cólicas gastrintestinais.Esta especiaria estimula a circulação sanguínea, fortifica o coração, com-bate os radicais livres e evita a aglo-meração das plaquetas que estão na origem dos trombos, prevenindo deste modo as tromboses e enfartes do miocárdio. Com propriedades

antiespasmódicas pode ser benéfica em caso de tosse convulsa e asma.O Açafrão ajuda a reduzir a dor e a inflamação apresentando bons resultados nas dores articulares, inclusive artrite reumatoide.

OUTRAS PROPRIEDADESCom uma ação sedativa do sistema nervoso e antidepressiva, o Açafrão ajuda a combater o desânimo dos momentos difíceis e a reencontrar a alegria de viver.Esta especiaria regulariza o ciclo menstrual e acalma as dores do período. Tem ainda propriedades afrodisíacas ou como está escrito num antigo livro de culinária «traz desejo ao impudor…».

COMO CONSUMIRO açafrão é consumido seco pois é durante a secagem que se desenvolve o seu aroma característico. Pode ser adquirido em pó ou em fios. Em fios o seu aroma mantém-se durante mais tempo do que em pó. Além disso, torna-se mais fácil reconhecer alguma falsificação, o que alteraria a sua cor e sabor. Em fios ou em pó, opte por produtos de qualidade. Basta um fio ou uma pequena pitada para que a sua presença se faça sentir. Se preferir um aroma mais intenso adicione o açafrão no final da cozedura; se quiser realçar a cor deve utilizá-lo logo no início.Sugestões:• Em sopas• Em pratos de marisco, como a bouillabaisse francesa• Em pratos de arroz, como a paella espanhola e o risotto milanês• Em assados• Em molhos, sendo indispensável no caril• Em bolos - é famoso o bolo de açafrão -, ou em doces.• Infusão: 6 fios de açafrão por chá-vena de água fervente, para tomar 2 vezes por dia. Aplicada localmente com uma fricção, a infusão acalma as dores de dentes e as inflamações das gengivas podendo ser utilizada para aliviar os problemas da dentição dos bebés.

PrecauçõesNão se aconselha o seu consumo regular em grávidas e lactantes. Em doses muito elevadas produz intoxicação grave que se manifesta por vómitos, transtornos nervosos e renais e hemorragias uterinas intensas.

Um estudo desenvolvido pelos Kai Fong revela que 60% dos residentes locais quer ver protegido o meio ambiental inserido na Fábrica de Panchões Iec Long, junto às Casas-Museu da Taipa. 47,1% deseja que o espaço se transforme num parque temático, um desejo que o Executivo já anunciou

Governo não tem vindo a apoiar de forma correcta a área cultural e de protecção do património, dado que o fabrico de panchões são uma das indústrias artesanais mais antigas de Macau. Os Kai Fong

já garantiram que os resultados deste trabalho serão entregues ao Governo ainda este ano.

Tseng Yuk, vice-director do Centro Comunitário da Taipa da UGAMM, espera que o Governo “faça a renovação e a protecção do espaço o mais rápido possível”. “A fábrica foi abandonada nos anos 80 e tem falta de protecção, e notam-se os riscos de queda, por isso cons-titui um perigo para os moradores da zona”. Tseng Yuk refere ainda o canal fluvial que antes servia de transporte aos panchões para Hong Kong, no Delta do Rio das Péro-las, já é uma fonte de reprodução de mosquitos, o que pode trazer consequências para a saúde. Para o responsável dos Kai Fong, a antiga fábrica poderia ser inserida na rua do Cunha e na zona das Casas--Museu, por forma a completar o espaço turístico da zona.

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SALA 1KILLING THEM SOFTLY [C]Um filme de: Andrew DominikCom: Brad Pitt, Richard Jenkins, James Gandolfini14.30, 18.00, 19.45

COLD WAR [C](Falado em cantonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Longman Leung, Sunny LukCom: Aaron Kwok, Andy Lau, Tony Leung Ka Fai, Eddie Peng16.15, 21.30

SALA 2LIFE OF PI [3D] [A]Um filme de: Ang LeeCom: Suraj Sharma, Gerard Depardieu14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3RISE OF THE GUARDIANS [3D] [A](Falado em cantonês)Um filme de: Peter Ramsey16.15, 18.00, 19.45

ALEX CROSS [C]Um filme de: Rob CohenCom: Tyler Perry, Matthew Fox, Jean Reno14.30, 21.30

KILLING THEM SOFTLY

segunda-feira 3.12.2012 17www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi15:00 Debate das Linhas de Acção Governativa para 2013 – Área dos Transportes e Obras Públicas (Directo)20:00 Montanha Mágica20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:10 Bocage23:00 TDM News23:30 Os Presidentes00:30 Telejornal - Repetição01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Só energia15:00 Venezuela Contacto - 2012 15:30 Ingrediente Secreto16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisão Final17:45 Vingança18:30 Portugal Selvagem19:00 Trio D’Ataque20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN12:00 Big Ten Conference Basketball 2012/13 CAL vs. Wisconsin14:00 HSBC Sevens World Series 2012/1316:30 Ultimate Football 17:30 Big Ten Conference Basketball 2012/13 CAL vs. Wisconsin19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 LIVE 20:00 2012 Winter X Games All Access 21:00 Chinese Badminton Super League - Highlights22:00 Sportscenter Asia 201222:30 La Grande Sfida

31 - STAR Sports12:00 AFF Suzuki Cup 2012 Singapore vs. Laos14:00 V8 Supercars Championship Series 201216:00 Rolex FEI World Cup Jumping 2012/13

17:00 Game 2012 17:30 Chinese Badminton Super League - Highlights19:30 Planet Speed 2012/13 20:00 The Verdict 20:30 Motorsports@petronas 2012 21:00 Uem Motocross Of European Nations 2012 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers France vs. Netherlands23:00 The Verdict23:30 Rebel TV 19

40 - FOX Movies11:55 The Chronicles Of Narnia: The Voyage Of The Dawn 13:50 Homeland14:50 The Recruit16:45 Cheaper By The Dozen 218:25 Dark Water20:10 The Walking Dead21:00 Rio22:40 What’S Your Number?00:30 The Mechanic

41 - HBO12:00 Green Lantern14:00 Thor16:00 Bean17:30 28 Days19:15 The Nutty Professor20:50 Fast Five23:00 On Freddie Roach23:30 Eastbound & Down00:00 Ironclad

42 - Cinemax12:35 Red Water14:05 Killer Elite16:00 To Catch A Thief18:15 The Long Kiss Goodnight20:20 Semper Fi22:00 Tactical Force23:25 True Blood00:20 Hideaway

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

MIXÓRDIA DE TEMÁTICAS • Ricardo Araújo Pereira“Vasco: Então o senhor esteve um bocadinho deslocado na manifestação. Eu: Foi, porque estava tudo a gritar: «Está na hora, está na hora / de o governo se ir embora» e eu era o único a dizer «Gaspar, tudo se arranja / vê lá se a gorda quer uma canja». Sozinho, mas aguentei-me ali a gritar as minhas palavras de ordem, parecia o Che Guevara das canjas.” Uma compilação dos guiões da rubrica radiofónica da Rádio Co-mercial que tem o mesmo elegante nome. A rubrica que fez com que a Rádio Comercial se tornasse líder de audiências.

UMA MORTE SÚBITA • J. K. RowlingAcolhido com enorme expectativa, este surpreendente roman-ce sobre uma pequena comunidade inglesa aparentemente tranquila, Pangford, começa quando Barry Fairbrother, o conselheiro paroquial, morre aos quarenta poucos anos. A pequena cidade fica em estado de choque e aquele lugar vazio torna-se o catalisador da guerra mais complexa que alguma vez ali se viveu. No final, quem sairá vencedor desta luta travada com tanto ardor, duplicidade e revelações inesperadas? Um livro a não perder.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Sobressaem. Produziu ebulição. 2-Aliavam. Maus. 3-Vias ladeadas de casas, nas povoações. A língua dos Incas. 4-Deteriora. Cidade da Indica. Nome de homem. 5-Popa. Colérica. 6-Agastado, iracundo. Que tem obesidade. 7-Acomete com ímpeto. Peso bruto (abrev.). 8-Voz imitativa de pancada (Interj.). Pronome pessoal. Vai ao chão. 9-Actuam. Gemer. 1-Raparigas espertas (Gír.). Vás para fora 11-Nome de mulher. Meio diâmetro de uma circunferência.VERTICAIS: 1-Espécie de cobra (Bras.). Espécie de feijão de Moçambique. 2-Privação (pref.) Serradura. 3-Terreno liso onde se trilham cereais Enxuga. 4-Perverso. Jornada. Tudo o que prejudica ou fere. 5-Um tanto magro. Vós. 6-Ecoa. Vai-te embora!. 7-Tamb∫em (Arc.). Torneis doce. 8-Nome de homem. Varanda. Rio da Suiça que banha Berna. 9-Espécie de palmeira. Funda, inventa. 10-Riça, enruga. Grito. 11-Costumai. O m.q. abismo.

HORIZONTAIS: 1-SAEM. FERVEU. 2-UNIAM. RUINS. 3-C. RUAS. INCA. 4-USA. COA. ARI. 5-RE. IRADA. E. 6-IRADO. OBESA. 7-R. ATACA. PB. 8-ZAS. ELE. CAI. 9-AGEM. AIAR. S. 10-MECAS. SAIAS. 11-AMALIA. RAIO.VERTICAIS: 1-SUCURI. ZAMA. 2-AN. SERRAGEM. 3-EIRA. A. SECA. 4-MAU. IDA. MAL. 5-MAGROTE. SI. 6-F. SOA. ALA. A. 7-ER. ADOCEIS. 8-RUI. ABA. AAR. 9-VINA. E. CRIA.10-ENCRESPA. AI. 11-USAI. ABISSO.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoPSYCADÉLICOÉ como me sinto depois dos cinco minutos que tive oportunidade de assistir no Club Cubic. O cantor sul-coreano PSY esteve em Macau para brindar o pessoal com cinco minutos de dança maluca. Aproveitei uma distracção para fugir da redacção até ao City of Dreams. A ânsia era enorme mas o sonho transformou-se rapidamente em pesadelo.Milhares de pessoas acotovelaram-se para ver um choné a dançar. O som, meio playback, meio cantado, correu ao longo de breves cinco minutos e no fim, o choné ainda teve o desplante de dizer: “Já tem fotos? Já fizeram os vídeos? Bom, adeus”.O concerto (?) custou à maioria dos presentes 650 patacas, algo que o Cubic, ou o City of Dreams, não deveria ter custeado. É surreal que se peça 650 patacas para ver uma música de um gajo que “quase” nasceu hoje para a música – digo quase pois Park Jae-Sang começou a carreira em 2000, editou seis álbuns e lançou 15 singles.Seja como for, devido ao seu “Gangnam Style” é que PSY se tornou conhecido no mundo. O teledisco da música é já o mais visto de sempre da história do Youtube e arrisca-se seriamente a chegar, a breve trecho, às mil milhões de visualizações.Fora o “marketing” e “propaganda” acessória a PSY, tudo o resto me parece cheio de nada. O cantor agarrou-se com unhas e dentes ao “one hit wonder” e parece ter esquecido 12 anos de diversos hits caseiros.Em Macau desiludiu. Se assim continuar por cada sítio que cante, PSY arrisca-se mesmo a não passar de uma breve lembrança do ano de 2012, mesmo sendo representado pelo manager de Justin Bibier. Aliás... alguém tão choné como o próprio PSY.

Pu Yi

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segunda-feira 3.12.2012opinião18

Conceito estratégiconacional e futuro pátrio

FRINANCES TAMpor antónio conceição júnior

Vitório rosário cardoso*

Á quase dez anos o então Director do Instituto da Defesa Nacional e antigo Governador de Macau, General Eduardo Garcia Lean-dro, promovera e lançara sobre os jovens da sociedade portuguesa,

da diáspora e lusófona, o repto para tomarem contacto com os conhecimentos de base sobre as principais questões relacionadas com a segurança e a defesa, nacional e internacional para assim poderem desenvol-ver uma cultura estratégica de segurança e

O Portugal do futuro já está atento ao Portugal do presente e as grandes lideranças devem preocupar-se em olhar para o tempo em vez do relógio, conscientes da estratégia e do plano táctico na prossecução da defesa do superior Interesse Nacional no mundo

Hdefesa e consciencializar para os problemas desta temática.

Se Ernani Lopes identificara que o tempo de formação de uma geração é de 15 anos, então lá para os anos de 2018 a 2025 Por-tugal terá formado pelo menos uma geração consciente e com uma cultura de defesa e segurança nacional que nem todos os actuais actores e centros decisores políticos estão de igual modo sensibilizados. Será uma geração decisiva para Portugal.

Desde os tempos ancestrais da formação do Estado português e da fixação das nossas mais antigas fronteiras na Europa continental,

Dom Afonso Henriques traçara a diagonal de conquistas de Lisboa às margens do Guadiana, identificando os castelhanos perigo maior do que os mouros, o mesmo que Dom João II que evoluíra para a máxima “Conter os castelhanos em terra e batê-los no mar”.

Recentemente o Ministério dos Estrangei-ros de Portugal evocou e bem um antigo minis-tro do Palácio das Necessidades, o embaixador Alberto Franco Nogueira, um estudioso da História de Portugal e referenciado pela célebre obra “As Crises e os Homens”, em que traça paralelismos históricos das sucessivas crises apresentadas em Portugal e mostra as opções para o posicionamento geopolítico português perante o mundo para a sobrevivência do País. Resumindo, sempre que Portugal se excede nas alianças continentais e se torna demasiado dependente do continente europeu, Portugal definha, entra em crise profunda, perde so-berania, é obrigado a entrar em conflito com o seu mais antigo aliado, o Reino Unido - a potência marítima que pode bloquear o acesso ao espaço lusófono e os portugueses passam por um mau bocado, à excepção da superior e heróica resistência dos portugueses em Macau que na História de Portugal nunca permitiram que a Pátria portuguesa fosse subjugada e denegrida. Os Macaenses são na sua essência luso-tropicalistas, que nem por isso estão ávidos em falar alemão e não suspiram de saudades de Bruxelas. Os Macaenses são certamente uma carta forte dentro do baralho da Lusofonia Global, espiritualmente com um pé na Europa e outro na Ásia e sem sombra de dúvidas com o coração nos mares.

De igual modo pude testemunhar que o Ministro da Defesa Nacional de Portugal entende a importância da capacidade naval portuguesa, depois de entrar a bordo do NRP Arpão, estando certo que está ciente de que a capacidade portuguesa de vigiar e actuar no nosso Mar está intimamente relacionada com a capacidade de manter Portugal um Estado soberano, livre e independente con-forme inscrito na Constituição da República Portuguesa.

Assim sendo, constitui um erro grosseiro e de lesa Pátria, qualquer tentativa de racio-nalização de meios ancorado na partilha de meios militares com o vizinho Estado espanhol, recordando as palavras e preocupação do ex--Comandante da Esquadrilha de Submarinos portugueses, Capitão de Mar-e-Guerra Hen-rique Passaláqua de Gouveia e Melo, que se Portugal não dispõe de meios necessários para patrulhar a sua área marítima, o vizinho espanhol estará ávido em fazer-se substituir no quadro da UE ou da OTAN, o que significa que Portugal poderá vir a perder controle sobre uma das suas maiores áreas de soberania e a capacidade de defesa dos seus tão valiosos e por isso cobiçados recursos naturais.

Portugal detém hoje uma força sub-super-fície de alcance global, sendo representada pelos nossos NRP Tridente e NRP Arpão, e que constituem a capacidade de projecção de forças e de defesa do interesse nacional a nível transoceânico, por isso no mínimo temos uma Marinha firme na defesa, empenhada na segurança e parceira no desenvolvimento, destacando a especial característica do duplo uso, da militar e diplomática.

Volvidos cerca dez anos da revisão do Conceito Estratégico de Defesa Nacional o antigo Governador de Macau apelou recente-mente a uma reflexão muito pertinente sobre o Conceito Estratégico Nacional (CEN), mais lato, com uma validade superior e plurianual a dez anos, com grandes linhas permanentes, onde as questões essenciais da vida nacional devem estar balizadas e devendo transitar de governo em governo, sem que se faça refém de humores político-ideológicos, soluções conjunturais, eleitoralistas, improvisações ou influenciadas por grupos de pressão.

Subordinado às linhas constantes e de força do CEN, estaria o Conceito Estratégico de Segurança Nacional ou Conceito Estra-tégico de Segurança e de Defesa, que deve sempre contar com o empenho e coordenação do Primeiro-Ministro, porque a Defesa e Segurança do País abordam não apenas o sector militar mas também todas as áreas e sectores que determinam a nossa vida em sociedade e no seio do nosso Estado-Nação, tanto em solo Pátrio como além-mar.

O Portugal do futuro já está atento ao Portugal do presente e as grandes lideranças devem preocupar-se em olhar para o tempo em vez do relógio, conscientes da estratégia e do plano táctico na prossecução da defesa do superior Interesse Nacional no mundo.

*Membro da Associação de Jovens Auditorespara a Defesa, Segurança e Cidadania de Portugal

(DECIDE Portugal)

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19opiniãosegunda-feira 3.12.2012 www.hojemacau.com.mo

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macau v is to de hong kongDavid Chan*

Linhas de Acção Governativa 2013 (III)

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

cartoon A DANÇApor Steff

STA semana vamos continuar a abordar as Linhas de Acção Go-vernativa 2013, focando-nos nos itens 3 e 4 dos assuntos jurídicos. Olhemos primeiro para o conteúdo principal desses itens, na Justiça:

• Intensificar as acções de formação jurídica, elevar o nível de qualidade dos funcionários e a aplicação correcta da lei (Item 4) • Aperfeiçoar os assuntos do Direito Internacional, consolidar e alargar o intercâmbio e a cooperação entre a Região Administrativa Especial de Macau e outros países e regiões (Item 5)

O Item 4 pode ser dividido em duas

sub-questões:• Os estágios dos funcionários públicos será útil?• Será a formação efectiva e eficiente?

Na semana passada já falámos da pri-meira questão. Falemos agora da segunda.

Não sei qual a formação académica dos leitores mas posso partilhar a minha experiência. Estou de momento a frequen-tar o “Curso de Produção Legislativa em Chinês” no “Centro de Formação Jurídica e Judiciária (CFJJ)”. Este é um dos cursos vitais na formação de funcionários públicos segundo as Linhas de Acção Governativa 2013. É um curso longo com a duração de três meses, que vai de Setembro a Novembro. As aulas são às segundas, quartas e sextas--feiras e têm a duração de duas horas. O total de horas é de 66 dadas por 10 professores. Tanto quanto sei os alunos são funcionários públicos vindos de diversos departamentos governamentais. Os critérios de admissão são muito elevados e quem consegue en-trar no curso tem de ser “a excelência da excelência”.

Quando escrevi este artigo faltavam-me duas aulas para terminar o curso. O que se segue são as minhas observações quando está concluído quase 90% do estudo.

Em 66 horas de formação apenas estuda-mos um tema – a elaboração de projectos de lei. Presentemente, no sistema universitário de Macau os estudantes têm aulas de 36 a 45 horas por semestre para estudar uma única matéria. Comparativamente o Curso de Produção é igual a 1.5 do curso universitário.

Em Macau os advogados não necessitam de continuar a desenvolver os seus estudos profissionais desde que tenham a licença atribuída pela Associação dos Advogados de Macau, ao contrário de Hong Kong onde

Não quero dizer que este curso é mau. Mas se reduzirmos a duração do curso, sem afectarmos a qualidade educativa, poupamos tempo e dinheiro que pode ser investido noutras acções de formação, dando assim melhor uso aos recursos do Governo

os profissionais da área têm de preencher as condições impostas pelo “Desenvolvi-mento Profissional Contínuo” (DPC). A Lei de Hong Kong estabelece que todos os advogados obtenham pelo menos 15 pontos por ano. Cada ponto significa que cada ad-vogado frequentou uma ou uma hora e meia de formação profissional, o que pressupõe que para obter o seu certificado profissional cada advogado tem de ter pelo menos 15 horas de formação por ano. O tempo do Curso de Produção Legislativa em Chinês é mais ou menos equivalente a quatro anos do programa do DPC.

Com quase 90% do Curso de Produção Legislativa em Chinês concluído, cerca de 50% das aulas foram sobre teorias legisla-tivas e depois sobre a prática de elaboração de projectos de lei. A parte teórica inclui a Lei Básica, a Direito Internacional, Direito Legislativo, o sistema legal de Macau, bem como as experiências estrangeiras nestas áreas, etc.

Não haja dúvidas de que é bom para nós voltar a ter a oportunidade de rever as teorias legislativas. Mas, exceptuando o Direito Internacional, vejo poucos benefícios em estar a rever matérias que foram estudadas na

universidade. A questão é simples: será um balanço positivo ter 50% de prática e 50% de teoria? Os recursos do governo estão a ser usados de forma efectiva e eficiente? Como centro profissional dirigido a funcionários públicos na sua maioria com experiência, não seria melhor o CFJJ dedicar mais tempo à parte prática e menos tempo à teórica? Será isto possível se o CFJJ coordenar o programa do Curso de Produção Legislativa em Chinês com as universidade?

Não faço ideia de quais são as acções de coordenação do programa do Curso de Produção Legislativa em Chinês. Provavel-mente o CFJJ abordou todas estas questões. Não quero dizer que este curso é mau. Mas se reduzirmos a duração do curso, sem afectarmos a qualidade educativa, poupamos tempo e dinheiro que pode ser investido noutras acções de formação, dando assim melhor uso aos recursos do governo.

Para a semana continuaremos a discutir as Linhas de Acção Governativa 2013.

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segunda-feira 3.12.2012www.hojemacau.com.mo

México Mais de 60 detidos em protestosA tomada de posse do novo presidente mexicano, Enrique Pena Nieto, ficou este sábado marcada por protestos contra o novo chefe de Estado. Pelo menos 65 pessoas foram detidas e oito ficaram feridas no âmbito de confrontos entre manifestantes e polícias na Cidade do México. Dos oito feridos quatro são polícias que sofreram lesões graves, revelou em conferência de imprensa o procurador Jesús Rodríguez, adiantando que os restantes quatro foram assistidos pela Cruz Vermelha e não inspiram cuidados de maior. Segundo a agência EFE, os desacatos começaram junto do Palácio de San Lázaro, sede da Câmara dos Deputados e onde ocorreu a sessão solene de tomada de posse de Pena Nieto, do Partido Revolucionário Institucional, como presidente do país.

Nova Constituição vai a referendo no dia 15O presidente do país, Mohamed Morsi, anunciou que a Constituição aprovada esta semana pela Assembleia Constituinte irá a referendo no dia 15 de Dezembro. A onda de contestação a Morsi mantém-se nas ruas, mas este sábado o presidente recebeu uma demonstração de apoio nas ruas do Cairo por parte de egípcios da Irmandade e de alguns grupos radicais salafistas. Recorde-se que o chefe de Estado concedeu a si mesmo poderes alargados que não podem ser contestados pelos tribunais na última semana. O diploma da Constituição que vai a referendo foi concluído pelos deputados na noite de quinta para sexta-feira. A nova Constituição mantém a lei islâmica conhecida como sharia como principal pilar legislativo.

Angela Merkelquer salário mínimoA chanceler alemã, Angela Merkel, pretende voltar a debater a questão do salário mínimo na Alemanha, que só existe em alguns sectores. A menos de um ano das eleições legislativas, a chanceler defende a implementação do salário mínimo em todos os sectores de actividade. O país não um salário mínimo imposto por lei. Este existe, no entanto, em sectores como o da construção, em que as empresas e os sindicatos acordam um mínimo a pagar aos trabalhadores, escreve o Público. Angela Merkel quer agora que a coligação no Governo se pronuncie sobre a medida. A possibilidade foi contestada pelo principal partido da oposição, o Partido Social Democrata Alemão, que acusa a chanceler de abordar o tema por questões de estratégia eleitoral.

Criador de Mafalda condecoradoO artista argentino Quino, criador do cartoon Mafalda, foi condecorado em França com a distinção Oficial da Ordem das Artes e das Letras. Numa altura em que decorre a feira do livro para jovens e crianças em Montreuil, a ministra da Cultura da França, Aurelie Filippetti, falou da influência de Quino na sociedade, citada pela AFP: “Toda os franceses o conhecem e o amam (...) a Mafalda faz parte da nossa vida (...) Essa menina está inscrita para sempre na nossa existência, no nosso imaginário.” Para o Governo francês, Quino expressou através da personagem de Mafalda uma série de verdades, entre elas a necessidade absoluta de liberdade, o respeito pela liberdade e a sua necessidade para combater as ordens impostas.

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O economista Albano Martins prevê que a economia de Macau vai entrar em recessão técnica dentro de dois ou três anos, uma situação difícil de contrariar

dada a dependência da região face ao jogo. “Tere-mos muito provavelmente dentro de dois ou três anos uma recessão técnica da economia de Macau e, a partir daí, se não houver grandes mudanças na China, provavelmente teremos crescimentos de jogo apenas a um dígito, o que fará contrair a economia”, disse o economista português, ligado às empresas do magnata do jogo Stanley Ho, em declarações à agência Lusa.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Macau re-gistou um crescimento de 10 por cento em termos

Economista prevê dentro de dois ou três anos

Recessão técnica à vistareais entre Janeiro e Setembro face a igual período de 2011 para 219,7 mil milhões de patacas e de 5,1 por cento no terceiro trimestre para 74,9 mil milhões de patacas, revelam dados oficiais hoje divulgados.

Segundo as contas de Albano Martins, no quarto trimestre “poderemos ter um crescimento do PIB real de pouco mais de dois por cento, o que significa que, no final do ano, teremos um crescimento entre 7,8 e nove por cento”.

Esta situação, apontou, deve-se ao facto de o “crescimento do jogo - o motor da economia local -, em termos reais, que já foi negativo no terceiro trimestre, de menos 0,1 por cento, tirando a componente monetária, dever ser ainda mais

negativo no quarto trimestre”.O economista indicou como factores

de pressão o momento actual de indefini-ção sobre mudanças políticas na China, a tentativa de controlo da corrupção e os níveis elevados de receitas do jogo, que “fazem com que seja extraordinariamente difícil ultrapassar-se estes valores”. “Até aparecerem novos complexos de jogo, e mesmo assim não é garantido que o jogo cresça a dois dígitos, o jogo irá crescer provavelmente a um dígito, ou seja, em termos reais, provavelmente não crescerá ou irá diminuir”, disse.

E se este cenário se mantiver e não houver substituição por formação bruta de capital fixo - o que vai acontecer por mais alguns anos porque há grandes complexos de jogo a serem construídos -, alertou, “teremos de facto uma reces-são técnica”.

Na opinião do economista, esta situação dificilmente poderá ser evitada “porque não há alternativas ao jogo”. “Neste momento, a formação bruta de capital fixo tem vindo a crescer relativamente bem, este ano já deve ter crescido à volta de 13 por cento, e provavelmente vai continuar a crescer, o que tenta atenuar o efeito do crescimento a um dígito nominal do jogo, mas quando essa formação deixar de aparecer, vai ser complicado”, prevê.

Albano Martins apontou que o “consu-mo privado está a crescer bem, mas que as exportações de mercadorias praticamente não crescem e as importações são fortíssi-mas, o que puxa o PIB para baixo”. “Há factores que estão a puxar para cima o crescimento, mas é difícil crescer a dois dígitos, sem termos o jogo a crescer a dois dígitos, muito difícil, senão tecnicamente impossível, portanto, dificilmente haverá mecanismos para contrariar” uma recessão, concluiu. - Lusa