hoje macau 21 fev 2012 #2555

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TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 14 MAX 18 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 21 DE FEVEREIRO DE 2012 ANO XI Nº 2554 PUB Ter para ler VIDEOVIGILÂNCIA Som poderá ser gravado em casos especiais PÁGINA 2 ACORDO ZHOU ENLAI E KISSINGER Lugar histórico é agora restaurante de comida francesa CENTRAIS EMMANUEL NORUEGA “Para o ano estou no Kuan Tai” PÁGINA 16 Lei do tabaco pode proibir entrada em Macau Turistas ameaçados na fronteira Um cartaz afixado pelos Serviços de Saúde no Terminal Marítimo do Porto Exterior põe logo o turista em sentido - explica-lhe que se for multado por fumar e não pagar, “na próxima vez” não entra no território. A lei foi longe de mais? PÁGINA 5

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Edição do Hoje Macau de 21 de Fevereiro de 2012 • Ano X • N.º 2555

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Page 1: Hoje Macau 21 FEV 2012 #2555

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 14 MAX 18 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 21 DE FEVEREIRO DE 2012 • ANO XI • Nº 2554

PUB

Ter para ler

VIDEOVIGILÂNCIA

Som poderáser gravado emcasos especiais

PÁGINA 2

ACORDO ZHOU ENLAI E KISSINGER

Lugar históricoé agora restaurantede comida francesa

CENTRAIS

EMMANUEL NORUEGA

“Para o ano estou noKuan Tai”

PÁGINA 16

Lei do tabaco pode proibirentrada em Macau Turistas

ameaçadosna fronteira

Um cartaz afixadopelos Serviços de Saúdeno Terminal Marítimodo Porto Exteriorpõe logo o turistaem sentido - explica-lheque se for multado por fumar e não pagar,“na próxima vez” não entrano território. A lei foi longe de mais?

PÁGINA 5

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2 política terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

ESTÁ quase pronto para ser aprovada na especia-lidade o Regime Jurídico da Videovigilância. A

versão final da proposta de lei foi ontem entregue pelo Governo aos

Regime Jurídico de Videovigilância está quase na Assembleia Legislativa

Som captado em casos especiais

O Comissariado contra a Cor-rupção (CCAC) vai mesmo

ter de publicar o seu relatório anual em Boletim Oficial, depois de entregue ao Chefe do Execu-tivo. A questão da publicação era a única que ainda criava algum incómodo entre os deputados, já que o CCAC propôs a divul-gação apenas através de meio electrónico – deixando de parte a publicação em BO -, dando como justificação a popularidade do

Governo electrónico, a redução da carga de trabalho nos recursos humanos e económicos. Mas os deputados acreditam que o facto de o relatório existir em papel, surte também efeito fiscalizador do papel do Governo perante a população.

Ontem, Kwan Tsui Hang anun-ciou que o artigo correspondente à publicação já foi alterado e que a edição vai ser feita no formato de papel e online. A presidente

da 1ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa – encarre-gue de analisar na especialidade a alteração à lei 10/2000 do CCAC -, afirmou que o parecer foi já assi-nado e que a proposta de lei deverá subir a plenário ainda este mês.

Face às diversas críticas de deputados, na altura da aprovação geral da proposta, sobre a junção da função do comissariado com o de provedoria de justiça, Kwan Tsui Hang assegura que o Governo

quer manter esta decisão, sem ter havido, por isso, discussão em torno desta matéria. “O Governo diz que tendo em conta a minoria de Macau é viável a junção das competências.”

Segundo a 1ª. Comissão, o articulado estipula devidamente os direitos e deveres do pessoal do organismo de investigação à corrupção, equilibrando poder do pessoal do CCAC e protecção dos sujeitos investigados. - J.F.

CCAC vai ter de publicar relatório anual em papel e online

Lei chega no fim do mês à AL

membros da 3ª. Comissão Perma-nente da Assembleia Legislativa (AL), encarregue de analisar o diploma.

A questão da captação de imagem e som foi das mais dis-cutidas por levantar controvérsia relativamente aos direitos pessoais, mas para o presidente da comissão

essa barreira foi ultrapassada e está mais que esclarecida. “Não há qualquer contrariedade com o Código Penal, uma vez que em situações especificas é possível utilizar este tipo de gravações como prova em tribunal”, afirma Cheang Chi Keong.

A gravação de som tem de

ser feita mediante autorização do Chefe do Executivo e em situações especiais, como ame-aça ao estado ou calamidade, o que não ultrapassa o que vem mencionado no Código Penal. “Se não permitirmos essa possi-bilidade de captar som e imagem podemos até estar a incentivar à

criminalidade. Esta é uma porta muito estreita, se a fecharmos de vez não há qualquer hipótese para fazer uso deste tipo de gravações em tribunal.”

EQUILÍBRIO Cheang Chi Keong admite ter sido complicado chegar a um equilí-brio entre a protecção dos dados pessoais e a segurança pública, mas diz que este foi atingido com a nova proposta. “As autoridades policiais têm que seguir um regime para poderem instalar as câmaras. Nós não estamos a criar uma lei para a utilização das câmaras, mas a regulamentar os procedimentos para a sua instalação”, explica o presidente da comissão.

Caso pretendam instalar video-vigilância, as forças policiais não podem fazê-lo sem autorização do Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais (GPDP), que é quem analisa a necessidade da câmara e emite um relatório final para o Chefe do Executivo.

O papel do próprio gabinete é, por isso, também merecedor de destaque no regime jurídico. “Há a necessidade de serem alargadas as competências e atribuições ao GPDP, porque estamos preocupa-dos que venha a haver algum abuso e, por isso, no parecer fizemos constar esta opinião.”

O GPDP é quem salvaguarda também a protecção dos dados pessoais. Ainda que os deputados tenham sugerido a criação de uma comissão independente para que a fiscalização de eventuais situações de abuso dos dados pessoais. O Governo considera-a, contudo, desnecessária já que o GPDP existe com essas funções.

REVISÃO EM DOIS ANOSApós a entrada em vigor da lei, não vão ser só as câmaras de vigilância que vão ter um prazo máximo de instalação de dois anos, como está previsto na nova versão da lei. Também o próprio regime jurídico vai sofrer uma revisão dois anos depois de estar estabelecido. “Depois dos dois anos será feita a revisão da lei para ver se são necessárias melhorias, se houve situação de abuso e para suprir eventuais deficiências.”

Quanto ao equipamento de vigilância, Cheang Chi Keong assegura que, caso surjam situ-ações problemáticas durante os dois anos em que a câmara está em funcionamento, este possa ser suspenso. “Se houver algum tipo de queixa de dados pessoais, o GPDP vai fiscalizar, emitir um relatório e entregá-lo ao Chefe do Executivo para que se retire a câmara.”

Na quarta-feira de manhã, o parecer deverá ser assinado, fa-zendo com que a lei possa seguir para aprovação em plenário. Todos os locais que venham a ter câmara vão estar sinalizados.

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3políticaterça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

UMA assinatura “sem so-bressaltos”. Foi desta forma que o deputado Chan Chak Mo, presi-

dente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), falou do fim do debate que durante sete meses juntou deputados e o Executivo para discutirem a pro-posta de lei sobre os professores. Foi ontem assinado o parecer que coloca o Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particula-res do Ensino Não Superior em apreciação na especialidade na AL. “O Governo aceitou algumas

mudanças propostas pela Comis-são. O parecer foi assinado sem sobressaltos”, disse o deputado.

Por definir está a data de im-plementação do novo diploma. A aplicação da lei deverá ser feita no primeiro dia do Ano Lectivo após a publicação da lei, o que poderá acontecer em Setembro deste ano. “Esta é uma questão complexa, temos ainda de rever o artigo 75”, disse Chan Chak Mo. No parecer, os deputados referem que “em relação a certas matérias, a lei produzirá efeitos em momentos diferentes”. “O Governo considera importantes as aspirações do pessoal docente de serem posicionados na nova

carreira tão cedo quanto possível, de forma a que os efeitos desta alteração se façam sentir na sua carreira profissional no mais curto espaço de tempo possível após a aprovação da lei”, pode ler-se.

UMA AVALIAÇÃO MAIS CLARAPrestes a ser votado artigo por artigo, o diploma conseguiu ver “o objecto da proposta clarificado, não só no ensino regular como ao nível das escolas particulares. Não há diferenças entre professores que trabalham a tempo parcial e a tempo inteiro”. Face à avaliação dos docentes, não só os directores serão sujeitos ao processo, algo previsto no artigo 40, como as

escolas devem criar mecanismos de reinserção do professor que é avaliado com Não Satisfaz. “Houve um aperfeiçoamento no que diz respeito à classificação”. No documento assinado ontem, pode ler-se que “foi aditado um novo número ao artigo onde se consagra a obrigatoriedade das es-colas prestarem apoio profissional ao pessoal docente com negativa, permitindo-lhe frequentar acções de formação”.

No final, Chan Chak Mo disse que é esperado que “o Governo ajude a implementar este meca-nismo, e pode ajudar um pouco as escolas face ao Fundo de Pre-vidência”.

Joana [email protected]

JAIME Carion, director dos Serviços de Solos, Obras Pú-

blicas e Transportes (DSSOPT), admite que a concessão de dois terrenos na Vila de Coloane mereceu alguns benefícios no cálculo do montante de conces-são do prémio, mas frisa que, por outro lado, foram introduzidos critérios mais rigorosos no contrato de concessão.

Em resposta a uma interpe-

Reforma política Pequim vai começar a analisar relatório Começa a 27 de Fevereiro mais uma sessão do Comité Permanente do Congresso Nacional Popular, onde vai ser discutido o relatório apresentado pelo Governo sobre os resultados da consulta pública sobre a reforma do sistema eleitoral. Até ao dia 29, o comité analisa, entre outras questões, as opiniões da sociedade do território, que apontam para mudanças tanto nos métodos utilizados para formar a Assembleia Legislativa em 2013 como na nomeação do Chefe do Executivo, em 2014. A opinião dominante propõe aumentar o número de assentos tanto nos deputados directos como nos indirectamente eleitos, dois de cada lado. Os nomeados mantém-se inalterados. A maioria das opiniões recolhidas também sugere um aumento no número de membros da comissão eleitoral para o Chefe do Executivo.

Quadro Geral do Pessoal Docente vai para a AL

Lei dos professores mais perto da votação

Terrenos em Coloane foram concedidos legalmente

DSSOPT admite benefícioslação de José Pereira Coutinho, deputado, o responsável da DS-SOPT afirma que tudo foi feito dentro da legalidade. Pereira Coutinho tinha questionado o Executivo sobre qual teria sido a base legal para que os dois terrenos em Coloane tivessem sido concessionados e por que razão o edifício neles construído não poderia ser vendido antes do prazo de cinco anos.

Jaime Carion explica, na sua resposta, que a decisão foi feita de forma justa. “Mediante

concessão do terreno queremos permitir, por um lado, que os moradores que viviam antes do estabelecimento da RAEM na Vila de Coloane possam continuar a residir e a explorar actividade comercial no local, porque isso ajuda a requalificar a imagem da vila.” Por outro lado, afirma o director da DS-SOPT, o impedimento da venda do edifício habitacional que foi construído num deles deve-se ao facto de evitar situações de especulação. “Como já residiam

lá, no cálculo do prémio de con-cessão foram atribuídos alguns benefícios, mas para que ele não se aproveitasse para angariar capitais da especulação imo-biliária foram definidas regras mais rigorosas.”

Carion admite que o desen-volvimento dos terrenos em Coloane serve para revitalizar um local fulcral do território.

Também em resposta a Pe-reira Coutinho, que quis saber se o “papel de seda” é aceite na situação legislativa actual, Jaime Carion afirma que este não é documento válido para comprovar a titularidade dos terrenos. O papel de seda é um documento muitas vezes utili-zado pelos moradores das ilhas.

Depois de sete meses de análise, foi assinado o parecer da proposta de lei sobre o Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particulares do Ensino Não Superior, que vai ser discutido na especialidade na Assembleia Legislativa

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4 sociedade terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

O Governo arreca-dou em Janeiro quase 10% da re-ceita prevista para

2012 devido ao crescimento de quase 25% nos impostos directos sobre o jogo ainda relativos a 2011.

Os impostos de 35% sobre as receitas brutas do sector do jogo são pagos no mês seguinte ao mês de referência, pelo que, em Janeiro, os im-postos recolhidos referem-se a Dezembro de 2011.

Ao longo do primeiro mês do ano, as receitas totais da administração totalizaram 9.804,6 milhões de patacas, com receitas correntes de 9.801,2 milhões de patacas,

impostos directos de 8.914,6 milhões de patacas, dos quais 8.602,4 milhões de patacas sobre o sector do jogo.

Os impostos directos sobre o sector do jogo repre-sentam 87,73% das receitas totais, 87,76% das receitas correntes e 96,5% dos im-postos directos cobrados pela Administração.

As receitas totais subiram em Janeiro, contra Janeiro de 2011, 21,5% e estão execu-tadas em 9,6% do previsto para 2012 enquanto que os impostos directos sobre o jogo subiram 24,2% e tradu-zem 9,9% do previsto para todo o ano.

No capítulo da despesa,

Macau teve gastos totais de 1.087,9 milhões de patacas, menos 40% do que no mesmo mês de 2011 e correspon-dente a 1,7% do previsto até Dezembro.

Já as receitas correntes, foram calculadas no mesmo valor, estavam em declínio na mesma percentagem, mas traduzem 2,5% da despesa corrente prevista para este ano.

Entre receitas e despesas, Macau encerrou Janeiro com um saldo orçamental positivo de 8.716,7 milhões de pata-cas que traduz um aumento de 39,4% face a Janeiro de 2011 e representa 24,2% do previsto para os 12 meses do ano. – LUSA

OS visitantes que che-garam a Macau em

2011 gastaram 45,3 mil milhões de patacas no ter-ritório, mais 20% do que no ano anterior, revelaram os serviços de estatística e censos.

O aumento da despesa dos visitantes, em dados que excluem gastos no jogo em casino, é um reflexo da maior capacidade de despesa dos visitantes e turistas oriundos do conti-nente chinês - o principal mercado de Macau - e do

aumento do número de visitantes que em 2011 subiram 12,2% para 28 milhões de pessoas.

Só no quarto trimestre do ano, e face ao período homólogo do ano anterior, a despesa per capita dos vi-sitantes aumentou 8% para 1.820 patacas sendo que a despesa per capita dos visi-tantes do continente chinês atingiu 2.325 patacas.

Já a despesa per capita dos turistas, aqueles que permanecem, pelo menos, uma noite em Macau, subiu

13 por cento para 3.234 patacas contra o quarto trimestre de 2010 enquanto que a dos excursionistas elevou-se quatro por cento para 643 patacas.

Já os turistas e excur-sionistas do continente chinês fixaram as suas despesas per capita em, respectivamente, 4.239 patacas e 813 patacas. Da-dos oficiais indicam que os visitantes permaneceram no período em análise 0,9 dias, os turistas 1,8 dias e os excursionistas 0,2 dias.

A Wynn Resorts com-prou as quotas do

seu maior accionista e pediu-lhe para sair do conselho de adminis-tração. Kazuo Okada, o empresário japonês que recentemente esteve envolvido num conflito judicial com a opera-dora, viu-se afastado da empresa por terem sido confirmadas as suspeitas de este estar a cometer práticas ilegais. Uma investigação interna da Wynn Resorts desco-briu que Okada pagava e oferecia prendas a

reguladores de jogo nas Filipinas. Motivo que, segundo a operadora, justifica a aquisição dos 24 milhões de acções que Okada detinha.

Um mês depois do maior accionista da Wynn Resorts ter alega-do que a empresa estava a bloquear o seu acesso aos livros de contas e de ter afirmado desco-nhecer o pagamento de 135 milhões de patacas à Universidade de Macau, a operadora diz que o ja-ponês estava a presentear os responsáveis do jogo

nas Filipinas para ga-rantir a licença para um casino. “Essas descober-tas preocupantes incluem pagamentos em dinheiro e presentes, totalizando aproximadamente MOP 880 mil”, escreve a Ma-cau Business citando a operadora.

Segundo o relatório, Okada disse aos directo-res da Wynn Resorts que presentes são permitidos na Ásia.

Após a investigação, a empresa tomou posse dos 24 milhões de acções detidas por Okada.

Jogo Mais de nove mil milhões de patacas para o Governo

Só dez por cento

Turistas gastam mais 20% em Macau

Chineses do continente estão no topo

Wynn comprou acções de Okada

Negócios das Filipinas

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5sociedadeterça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

AS regras são claras e estão à vista de todos. Quem não pagar a multa referente a uma

infracção à lei do tabaco, “na próxima vez não poderá entrar nesta Região”. É desta forma que o cartaz afixado pelos Serviços de Saúde (SS), no Terminal Marítimo do Porto Exterior, chama a atenção dos visitantes para a proibição de fumar em certos locais do territó-rio. Os infractores têm um prazo de 30 dias para pagar a coima, sendo que só podem regressar a Macau quando fizerem o pagamento.

O jurista dos SS, Rui Peres do Amaral, afirmou ao Hoje Macau que “o cartaz até peca por defeito, porque há um conjunto de condi-ções que têm de ser cumpridas”. E essas condições estão presentes no artigo 18.º do “Regime geral das infracções administrativas e respectivo procedimento”, onde se lê que, caso o infractor saia da RAEM, “não pode voltar a entrar neste antes da multa se mostrar paga”. Já o artigo 33.º, do “Regime de prevenção e controlo do tabagis-mo”, é “legitimado” pelo diploma anterior, diz Rui Peres do Amaral.

Para o advogado Nuno Simões, para além de se tratar de um “exa-gero”, a situação pode mesmo “violar” a Lei Básica. “Essa norma

Cartaz no Terminal Marítimo do Porto Exterior mostra infracção

Se não pagar a multa, não entraSe um turista fumar em locais proibidos, for apanhado pelas autoridades e não pagar a multa devida, não pode voltar a entrar em Macau... a não ser que a pague. A aplicação desta infracção está prevista na lei, mas alguns juristas, ouvidos pelo Hoje Macau, defendem que estamos perante um “exagero”, com possíveis violações legais

viola um direito garantido pela Lei Básica que é o direito de desloca-ção. Aqui não se trata de um crime, mas sim de uma infracção. Não existe equiparação face às normas aplicadas pela Polícia de Seguran-ça Pública aos Trabalhadores Não Residentes sobre crimes cometidos no território, em que não podem regressar a Macau.”

O advogado afirma que o di-ploma anti-tabaco, comparando com Hong Kong ou outros países, “é razoável e até semelhante”. “O problema está na forma como o Governo põe em prática esta ques-tão. Parar as pessoas na fronteira não é a forma mais adequada.”

“FUNDAMENTALISMO ANTI-TABACO”Para Arnaldo Gonçalves, advo-gado no território, a aplicação

da lei anti-tabaco levou à cria-ção de um “regime espartano” em Macau, onde, subitamente, passaram a existir demasiadas regras. “Dou o exemplo da cal-çada portuguesa junto ao Clube Militar, num espaço protegido, onde, por causa da proibição de fumar colocaram umas listas azuis que inutilizaram a calça-da. Há ausência de bom senso. Macau caiu no fanatismo anti--tabaco.”

E dá outro exemplo. “A plata-forma dos helicópteros, junto ao Reservatório, onde muitas vezes é impossível respirar no local devido ao fedor de gasóleo que se sente ali. Tanto se permitem casos deste género como não se pode fazer nada.”

O jurista não tem duvidas. “É uma medida exagerada, graças

aos magníficos deputados que criaram a lei. Estamos numa situação de fundamentalismo anti-tabaco, onde passamos da bandalheira para uma fase onde não se pode fazer nada”, refere Arnaldo Gonçalves. “É uma lei desproporcionada no âmbito da sanção. Se existissem casos onde alguém matasse ou ferisse...” Também o profissional das leis Henrique Saldanha afirmou que “tem de existir equilíbrio e bom senso”.

“QUEM É QUEESTAMOS A PUNIR?”Miguel Senna Fernandes deixou de fumar há 16 anos, mas não deixa de considerar “estúpido” este trâmite legal para quem visita Macau. “O consumo do tabaco está enraizado em Macau

e pretendem erradicar isso da sociedade, mas não tem nada a ver com o turista que é fumador. Só quero ver como a Administra-ção vai executar isso. A questão é saber quem é que estamos a punir. Considerar uma pessoa ‘non grata’ só porque fumou, não sei que interpretação foi esta. Estamos na caça às bru-xas? Isto ultrapassa um pouco as finalidades da lei.”

Para o advogado macaense, é impossível proibir totalmente o tabaco em Macau, porque tal seria “politicamente fatal”, lembrando os tempos da Lei Seca nos Estados Unidos, nos anos 20 do século passado. Mas fala de uma situação dúbia que se vive no território. “Permitimos a circulação dos cigarros, mas depois dificultamos o consumo.”

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

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6 nacional terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

OS países da Ásia, prin-cipalmente a China, o Japão e a Coreia do Sul, são detentores

das melhores escolas primárias e secundárias do mundo, produzindo alunos capazes de superar estudan-tes do mesmo nível no ocidente, de acordo com um relatório recente do Instituto Grattan, um centro de estudos com sede na Austrália.

Um estudante médio de 15 anos em Xangai sabe matemática em níveis que estão dois ou três anos à frente dos de alunos de EUA, Austrália, Reino Unido e Europa, de acordo com o relatório, que se baseou em dados do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

Os estudantes de Hong Kong estão pelo menos um ano à frente das crianças americanas e euro-peias na leitura e em matemática, segundo o relatório.

METAS INVEJADASOs resultados do estudo revelam uma mudança global que está a ocorrer não só no aspecto económi-

A China deseja cooperar com Cuba no “desenvol-

vimento global” das relações bilaterais, aprofundando a “confiança política mútua”, disse ontem um porta-voz oficial chinês sobre a visita do vice-primeiro-ministro cubano, Marino Murillo Jorge.

“Cuba foi o primeiro país latino-americano a estabelecer relações diplomáticas com a

‘Nova China’ e desde então o intercâmbio de alto nível entre os dois países tem sido bastante frequente”, afirmou Hong Lei, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Marino Jorge iniciou no domingo uma visita de uma semana à China, a convite do vice-primeiro-ministro chinês com o pelouro da política agrícola, Hui Liangyu.

“As relações bilaterais, a construção do socialismo e outras questões de interesse comum” são alguns dos pon-tos da agenda indicados pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O dirigente cubano vai também encontrar-se com Li Changchun, um dos nove membros do Comité Perma-nente do Partido Comunista.

O vice-presidente chi-nês, Xi Jinping, visi-

tou na tarde de sábado a zona franca de Shannon, localizada no oeste da Irlanda, na companhia do vice-primeiro mi-nistro irlandês, Eamon Gilmore.

Xi Jinping foi infor-mado sobre as activida-des da zona e os objec-tivos que ali pretendem alcançar no futuro. A importância de Shannon para a economia da Irlan-da e para as suas relações com a China foi destaca-da pelo vice-presidente irlandês, que salientou ainda o facto de Shannon ser uma das zonas fran-cas mais antigas e bem sucedidas do mundo. Por várias décadas, não apenas deu grandes con-tribuições à economia ir-landesa, como ofereceu experiências úteis para outros países. As zonas económicas especiais

da China, segundo Gil-more, inspiraram-se em Shannon.

Visando beneficiar os povos das duas nações, as autoridades desta e de outras zonas francas irlandesas revelaram a disposição de consolidar a cooperação com a Chi-na nas áreas da aviação, transportes e serviços financeiros.

APOIO E CONFIANÇANo encontro com o pri-meiro-ministro irlandês, Enda Kenny, o vice-pre-sidente chinês, Xi Jinping, reafirmou o “apoio” e a “confiança” da China nos esforços da União Europeia e do Fundo Mo-netário Internacional para resolver a crise da dívida soberana na zona euro.

“A China continuará a apoiar, à sua maneira, os esforços da União Eu-ropeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Mo-

netário Internacional para resolver a crise da dívida soberana na Europa”, disse Xi Jinping em Dublin. Se-gundo o relato da agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, Xi Jinping voltou a manifestar confiança no projecto europeu, afirman-do que “a União Europeia tem a capacidade, a sa-bedoria e os meios para promover as necessárias reformas e rectificações para ultrapassar as actuais dificuldades”.

A China interessada sobretudo no conheci-mento irlandês no campo das novas tecnologias estabeleceu vários acor-dos de cooperação com o governo daquele país. Xi Jinping, que iniciou no sábado a visita de quatro dias à Irlanda, o segundo país da UE, depois da Grécia, que teve de re-correr à ajuda financeira externa, seguirá agora para a Turquia.

Estudantes asiáticos são os melhores do mundo. Palavra de instituto australiano

De pequenino se torce o pepino

Foxconn aumenta saláriosA empresa fabricante de produtos electrónicos Foxconn anunciou este fim-de-semana que irá aumentar os salários dos seus funcionários na China entre 16% e 25%. A informação é do jornal americano The New York Times. Com este aumento, os funcionários passarão a ganhar, em média, cerca de 3.200 patacas por mês.A empresa, que fabrica componentes para Apple, Dell, e HP, entre outras empresas, também anunciou que vai diminuir o número de horas extraordinárias que pede aos trabalhadores. A empresa é acusada por várias ONG de explorar excessivamente os operários e de desrespeitar as leis do trabalho na China. Alguns deles, inclusive, já se teriam suicidado devido aos maus tratos dentro das fábricas da Foxconn.

Xi Jinping de visita à Irlanda

Inspiração e confiançaVice-primeiro-ministro cubano visita a China

A construção do socialismo

co, mas agora também, de acordo com o Instituto Grattan, ao nível académico. As escolas primárias e secundárias da Ásia Oriental são as melhores a ultrapassar as suas próprias fraquezas e a saber como melhorar a sala de aula através de-

cisões políticas, concluiu o estudo.Em 2006, Hong Kong aumen-

tou fortemente os níveis de leitura dos seus alunos, ocupando agora o segundo lugar em avaliações inter-nacionais, quando há apenas cinco anos atrás detinha a 17ª posição.

Em Singapura foi diminuído o nú-mero de aulas para os professores que não obtiveram um melhor desempenho dos seus alunos.

As instituições de educação na Ásia Oriental também estão a fazer mais com menos, diz o relatório.

A Coreia do Sul gasta cerca de metade do que os EUA gastam com os alunos do ensino primário, mas mesmo assim os sul-coreanos superam os seus colegas ameri-canos na leitura, na matemática e nas ciências.

Os EUA já reconheceram o talento dos orientais na área da educação. No início deste mês, um memorando de entendimento foi assinado entre Singapura e o governo americano, ampliando um acordo do início de 2002 que se concentra no ensino e na aprendizagem de matemática e ciências. O novo memorando de entendimento continua a dar prioridade aos dois temas como áreas-chave da colaboração entre os dois países — Singapura tem uma das melhores pontuações de ensino médio para matemática e ciências de todo o mundo, e os EUA uma das piores.

E A CRIATIVIDADE?Na China, o bom desempenho dos orientais não é necessariamente motivo de celebração. Muitos chineses vêm o sistema educa-cional do país, em particular a sua incapacidade de promover a inovação, como um ponto fraco que impede o país de avançar. Os estudantes do país têm emigrado cada vez mais para o Ocidente para estudar em Universidades que vêm na criatividade um dos aspectos essenciais do ensino.

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7nacionalterça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo

AS autoridades de regulação norte--americanas ne-garam à EDP o

pedido de uma decisão sobre o negócio com a China Three Gorges antes da assembleia--geral desta segunda-feira, segundo documentos a que a Lusa teve acesso.

Para que a operação fique concluída é necessário que todas as autoridades regulado-ras dos países onde a EDP está presente, designadamente nos Estados Unidos e Brasil, se pronunciem a favor do negó-cio, para que a China Three Gorges (CTG) seja autorizada a comprar os 21,35% da ener-gética portuguesa.

No processo que tanto a EDP como a CTG entre-garam à Federal Energy Regulatory Commission (Comissão Reguladora Fe-deral de Energia), ambas as empresas solicitaram aos norte-americanos que emitissem uma ordem que aprovasse a transacção e concedesse as derrogações

A China e o Japão com-prometeram-se ontem

a impulsionar a cooperação financeira e a responder em conjunto ao apelo do Fun-do Monetário Internacional (FMI) de duplicar os seus fundos para eventualmente fazer frente à crise da zona euro, escreveu ontem o “Glo-bal Times”.

O compromisso surgiu na sequência de uma reunião, que decorreu no domingo, entre o vice-primeiro-ministro chi-nês, Wang Qishan, e o ministro das Finanças do Japão, Jun Azumi, que está actualmente de visita à China.

“A cooperação financeira é uma parte importante da coo-peração bilateral entre ambos

os países”, disse Azumi, citado pelo diário oficial chinês em língua inglesa.

Já o vice-primeiro-mi-nistro da China expressou o desejo de que os respon-sáveis de ambas as nações intensifiquem os contactos e a coordenação com vista ao aprofundamento da colabo-ração no campo financeiro de modo a poderem analisar activamente modos de coope-ração ao nível do comércio e do investimento nas respecti-vas moedas e desenvolverem os seus mercados financeiros de forma sã e estável. “Tendo em conta que a situação econó-mica mundial actual continua muito complicada (...) garantir a recuperação da economia

global é uma prioridade para todos os países.”

ESFORÇOS CONJUNTOSComo duas das economias líderes e membros do G20, a China e o Japão devem envidar esforços conjuntos com os res-tantes membros do G20 para assegurar o êxito da cimeira, em Junho, em Los Cabos (México), e para impulsionar reformas no seio do sistema económico e financeiro, a fim de estimular a recuperação e o crescimento mundial, realçou o responsável.

Wang afirmou ainda que terá lugar em finais deste ano no Japão o quarto encontro de alto nível de diálogo econó-mico entre Pequim e Tóquio.

Bolsas asiáticas em altaAs principais bolsas da Ásia estavam ontem a negociar em alta, influenciadas pela acção do Banco Central chinês que irá impulsionar os empréstimos bancários para estimular o crescimento económico. A baolsa de Tóquio estava a valorizar 1,4% a meio da sessão de ontem, com o Nikkei a cotar-se nos 9,512.28 pontos, ao passo que o índice Hang Seng, de Hong Kong, subia 1,1% até alcançar os 21,718.60 pontos, numa tendência seguida em Xangai. Os principais indicadores da Coreia do Sul e da Austrália também estavam em terreno positivo, à semelhança das principais praças do sudeste asiático, com os mercados bolsistas das Filipinas e do Vietname a encabeçarem os ganhos. Os mercados asiáticos foram ainda impulsionados pelo desempenho de Wall Street na sexta-feira.

OS lucros dos bancos comerciais da China registaram um recorde histó-

rico, atingindo mais de MOP 3 biliões no final de 2011, noticiou este domingo a agência oficial Xinhua.

Os dados da Comissão Reguladora Bancária do maior país asiático indicam que no último trimestre do ano passado os lucros da banca chinesa tiveram um acréscimo de 27% face ao montante apu-rado no terceiro trimestre do ano passado.

No sábado, o Banco Central da China reduziu meio ponto no coeficiente de reserva das entidades financeiras, para os 20,5%, uma medida com que o governo espera revitalizar a economia face às

perspectivas pessimistas do mercado internacional.

Alguns analistas referiram que no primeiro trimestre do ano se espera um aumento da procura de crédito, tendo justificado que a medida de redução do coeficiente permitirá aos bancos empres-tar mais das reservas.

A economia chinesa cresceu 9,1% em 2011, um ritmo, no entanto, inferior ao verificado no ano anterior em todos os trimestres.

O Governo quer fomentar o cresci-mento do Produto Interno Bruto chinês, contando com um maior contributo da economia privada chinesa.

Autoridades de regulação dos EUA negam pedido da EDP

Suspense americano

Pequim e Tóquio impulsionam cooperação financeira

Dar uma ajuda ao FMIBancos comerciais chineses celebram 2011

Lucros históricos

Three Gorges argumentam que a compra de 21,35% da empresa portuguesa não é uma ameaça para a estabi-lidade do sistema eléctrico americano e fazem questão de frisar que os chineses não irão participar nas decisões de gestão diária da EDP, que não terão representação na EDP Renováveis North America e que a CTG só terá quatro representantes dos 23 totais do conselho geral e de supervisão.

Adiantam ainda que a maioria dos representantes do conselho geral e de su-pervisão são membros inde-pendentes e que não existe um acordo de voto entre a CTG e os outros membros do conselho geral.

Tanto a EDP como os chineses terminam o pedido de autorização do negócio explicando que a transacção não causa efeitos adversos sobre a concorrência, tarifas, ou regulação e não levanta quaisquer problemas de subsidiações cruzadas.

solicitadas, pedindo à Comis-são um tratamento expedito da decisão para que a mesma fosse conhecida antes de 16 de Fevereiro de 2012 e assim permitisse que a conclusão da operação ocorresse o mais depressa possível.

O pedido da EDP e da CTG aos norte-americanos, datado de 17 de Janeiro, não foi satisfeito, pelo que as decisões da assembleia-geral extraordinária desta segunda--feira, dia 20, em Lisboa, ficarão sempre dependentes da aprovação das autoridades americanas de energia.

JULHO É LIMITEO porta-voz oficial da Fe-deral Energy Regulatory Commission disse à Lusa que era impossível especular

sobre a operação porque ainda não tinha sido tomada uma decisão, até porque a autoridade reguladora norte--americana tinha (?) 180 dias para decidir sobre o assunto, o que, na pior das hipóteses, pode arrastar a decisão de aprovação até ao dia 17 de Julho deste ano.

Os chineses da Three Gorges Corporation têm até 30 de Junho de 2012 para efectuar o pagamento integral da aquisição da par-ticipação pública de 21,35% na EDP, de acordo com a resolução do conselho de ministros já publicada em Diário da República.

No pedido de autorização feito à entidade reguladora de energia norte-americana, tanto a EDP como a China

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8 publicidade terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

ANÚNCIO [N.º 45/2012]

Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares seleccionados da lista de espera de habitação económica abaixos mencionados:

N.º do boletim de candidatura Nome N.º do boletim de

candidatura Nome

68969 CHEANG WAI MENG 60381 IP KA MAN53665 LOU POU I 72314 LAI POU CHU58187 CHANG CHONG HOU 51672 KUOK TEK MEI58726 LEI PEK SAI 60785 LAM MAN PENG56861 SI SIO FAN 53502 IONG CHEOK KUAN55706 HOI KUOK PIN 56754 SAM MONG WA72233 MA KIN CHAI 66360 PONG SIO U69278 MA PIK KI 63277 CHI OI WENG57573 LOU WENG IP 57978 CHAN KAM KUN58179 CHAN SOK MEI 66818 LAO TAK MENG55233 LIDIA TSUI 66088 FONG IM U60710 LAI KIN SAN 62841 FONG FONG KAM69403 LAO SAN SAN 67203 NG WA KEONG68096 LO KA CHON 71373 CHANG IOK IENG

67364 KWAN PUI CHUN 55320 LEI SIN MAN MARIA ALICE

67124 LAM FONG CHEONG 54894 HO KA LON66533 CHAN HOI YAN 72206 WONG WENG CHIO72161 HO SIN 62930 LOU KA I69270 LAM KA HO 66680 LEONG IO KUONG53633 HO HOU CHI 57417 HO SOK CHENG59951 SI TOU WAI KIT 53381 MA IAO IAN63951 LO I 68612 SI TOU HOI UN57823 CHONG MEI CHU 62780 SOU PEK HAN68901 KUAN KIN SANG 68560 CHAN UT LAI63812 TANG CHIO HONG 66105 LEI MAN FAI

53684 LIU KA I ALIAS ANA FATIMA LIU *53267 *LEUNG PO YING

FLORENCE59431 CHONG WAI KUAN 63643 CHAN WAI KAM69268 CHOI A MEI 63124 LAO SIN MAN69693 TAI CHONG WONG 72282 HO KAM CHIO54152 NG TSZ SHING 63566 WONG WAI YIP

De acordo com os termos do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, o Instituto de Habitação (IH) informa os representantes dos agregados familiares acima referidos, através de ofícios, para se dirigirem pessoalmente ao IH, sita na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau (perto da Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte), no dia 8 de Março de 2012, às horas fixadas nos respectivos ofícios, para escolha das fracções de habitação económica disponíveis de T2 na zona de Taipa.

Nessa altura, os agregados familiares da lista de espera acima referidos devem apresentar os documentos comprovativos (originais e cópias) abaixo mencionados, para efectuar a nova verificação dos requisitos da candidatura da aquisição de habitação económica. Caso as respectivas informações afectem os actuais requisitos da aquisição de fracção ou existirem mudança da composição dos agregados familiares acima referidos, este Instituto irá suspender, imediatamente, o procedimento da escolha de habitação económica:

1. Documentos de identificação de todos os elementos do agregado familiar e os seus cônjuges (caso houver) registados no boletim de candidatura de habitação económica.

2. Prova de casamento (aplicável aos indivíduos casados. Caso tenha entregue ao IH, nos últimos três meses, não é necessário a entregar de novo.)

3. Boletim de candidatura dos dados dos agregados familiares de habitação económica devidamente preenchidos e assinados.

De acordo com os termos do n.º 2 do artigo 13.º do decreto-lei acima referido, com as alterações introduzidas pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002, caso os agregados familiares da lista de espera acima referidos não tenham comparecido no IH, no dia e horas fixados, e apresentado os documentos acima referidos, para escolha de habitação ou não pretendam adquirir nenhuma das fracções de habitação económica disponíveis no momento podem optar entre, por motivo não justificado, implica a perda do direito de escolha e passagem automática para o último lugar da lista geral; ou após a apreciação dos dados apresentados, verifique que não reunirem com os requisitos da candidatura, os agregados familiares seleccionados serão excluídos na lista geral.

* Em caso da 2.ª convocação, os agregados familiares seleccionados que não tenham comparecido no IH, no dia e horas fixados, e apresentado os documentos acima referidos, para escolha de habitação ou não pretendam adquirir nenhuma das fracções de habitação económica disponíveis no momento podem optar entre, serão excluídos na lista geral, de acordo com os termos das alínea a) do artigo 14.º do decreto-lei acima referido, com as alterações introduzidas pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002 e alínea 2 do n.º 5 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011.

No intuito de proporcionar os agregados familiares seleccionados para terem mais conhecimentos sobre as informações das fracções de habitação económica disponíveis, o IH juntamente os ofícios enviará em anexo o catálogo com descrições das fracções para venda, tabela dos preços, rácio bonificado, pontos de observação, informações sobre a fracção de modelo. Caso os agregados familiares seleccionados não tenham recebidos os ofícios remetidos pelo IH, até sete dias antes da data fixada, poderão dirigir-se ao IH sito na Travessa Norte do Patane n.º 102, Ilha Verde, Macau) ou consultar através do telefone n.º 2859 4875, durante o horário de expediente.

O Presidente,

Tam Kuong Man

17 de Fevereiro de 2012

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9regiãoterça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo

A agência de no-tação financei-ra Standard & Poor’s manteve

ontem a qualificação da dívida soberana japonesa em AA-, com perspectiva negativa, alertando para uma eventual baixa, caso as previsões de cresci-mento da economia do Japão a médio prazo se debilitem. “A classifica-ção da dívida soberana do Japão encontra-se apoiada na consolidada posição dos seus activos externos, num sistema financeiro relativamente forte e numa economia diversificada”, detalhou a S&P num comunicado.

A agência de notação financeira destacou ainda que “o iene é uma divisa de reserva internacio-nal chave”, mas advertiu

para o facto de manter a perspectiva negativa face à possibilidade de baixar a nota se a trajectória da dívida continuar o actual curso “ou começar a erodir a posição externa” do país.

A S&P disse ainda que para que a perspec-tiva passe a “estável” o Governo nipónico precisa aplicar “uma consoli-dação fiscal robusta e sustentável”.

DISCIPLINA FISCALActualmente, o Executivo de Yoshihiko Noda, infle-xível defensor da disci-plina fiscal, encontra-se a trabalhar numa proposta de reforma, prevendo submeter ao parlamento, em Março, um plano com vista a aumentar em 2014 o imposto sobre o consumo de 5% para 8%, elevando-

-o posteriormente até atingir os 10% em 2015.

O projecto de lei tam-bém prevê uma reforma do sistema de segurança social e a revisão das des-pesas administrativas, a fim de compensar o custo de uma das sociedade mais envelhecidas do mundo e com a maior dívida pública do mundo industrializado, equivalente a mais do dobro do Produto Interno Bruto (PIB).

A S&P cortou o ‘ra-ting’ da dívida do Japão para AA- em Janeiro de 2011, pela primeira vez desde 2002, na sequên-cia das dificuldades do Governo em sanar as contas públicas e devido à instabilidade política do país que conheceu seis primeiros-ministros nos últimos seis anos.

UM ataque a uma prisão no sul das Filipinas

perpetrado por alegados rebeldes muçulmanos com vista ao resgate de um re-cluso detido na ala de alta segurança causou pelo me-nos três mortos e 15 feridos.

Cerca de 50 homens atacaram as instalações da cadeia localizada na cidade de Kidapawan, no domingo à noite lançando granadas contra o portão principal do estabelecimento prisional, in-dicou o comandante da polícia local, Chino Mamburam.

Segundo Chino Mambu-ram, os guardas prisionais reagiram ao ataque forçando o grupo a recuar. À medida que os homens armados se retiraravam do local foram disparando ‘rockets’ con-tra um bar ‘karaoke’ nas imediações provocando a morte a dois civis, e a um motorista da Cruz Vermelha nas Filipinas. “Estavam a tentar mas não conseguiram resgatar um recluso de alto risco. Pedimos ao Governo para o transferir para junto de outros prisioneiros de alto

risco noutras localizações fora da cidade.”

LADRÃO FAMOSOOs alegados rebeldes ten-tavam retirar da cadeia um companheiro identificado como Datukan Sama, também conhecido por Kumander Lastikman, um ladrão e raptor famoso na ilha de Mindanao, detido em Dezembro na cidade de Cotabato quando planeava um outro sequestro.

Uma operação de caça aos alegados rebeldes está agora em curso, indicou Mamburam.

Cheias afectam PIB tailandêsA economia tailandesa sofreu uma grave recessão no ano passado em consequência das piores inundações das últimas décadas, com uma diminuição de 10,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior. O PIB do antigo Reino do Sião diminuiu 9% em relação ao quarto trimestre de 2010, informou ontem o Departamento da Economia Nacional e do Desenvolvimento Social.

Internet gratuita em Taiwan O governo municipal de Taipé anunciou ontem a criação de novas instalações com vista a oferecer Internet sem fios gratuitamente em mais de 100 avenidas e ruas da cidade, bem como uma maior velocidade de acesso. Actualmente, o programa de acesso gratuito à Internet sem fios só se encontra disponível em 39 locais de Taipé a uma velocidade de 512 Kbps. A partir de Maio, a rede não só será alargada, cobrindo mais de 100 importantes ruas e os principais parques da cidade como também será dotada de uma maior velocidade a ser elevada em 10 Mbps. Taiwan traçou um plano que prevê que a Internet sem fios chegue de forma gratuita às principais cidades que começou a ser executado em 2011 precisamente em Taipé.

PELO menos quatro co-cktails molotov foram

lançados ontem de madrugada contra a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Secre-tariado Técnico de Admi-nistração Eleitoral (STAE) e um carro da polícia de Timor-Leste.

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste, Faustino Cardoso, disse à agência Lusa que foram lançados dois cocktails molotov contra o edifício da CNE ontem de madrugada. “Um rebentou o outro não”, disse Faustino Cardoso, salientando que não houve feridos nem danos materiais. Afirmou também que a Polícia Nacional de Timor-Leste já está a inves-tigar o caso.

Fonte do STAE con-firmou igualmente que foi lançado um cocktail molotov para o largo em frente ao edifício, sem provocar danos. A mesma fonte informou que

Standard & Poor’s mantém nota da dívida japonesa em AA-

Ela controlaTentativa de resgate nas Filipinas

faz três mortos e 15 feridos

Rebeldes atacam prisão

Cocktails molotov lançados em Timor contra autoridades eleitorais

É só fumaçaum veículo da polícia também foi destruído por um incêndio.

TRANQUILIDADEO secretário de Estado da Se-gurança de Timor-Leste, Fran-cisco Guterres, disse entretanto à agência Lusa que as eleições vão decorrer com tranquilidade e segurança e que está tudo bem organizado, desvalorizando os

incidentes ocorridos na madru-gada em Díli. “As eleições vão decorrer com tranquilidade e segurança.”

Segundo o secretário de Estado da Segurança, os ata-ques foram perpetrados por “um grupo pequeno que quer criar problemas”. “Está tudo bem organizado. A polícia já está a investigar.”

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10 terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mohistória

Maria João [email protected]

QUANDO Henry Kissinger e Zhou Enlai conversa-ram na sala ver-melha em 1971, a

mansão clássica, hoje conhe-cida como Maison Boulud, era propriedade do município de Pequim e um local que rara-mente abria para visitas. Situada no bairro das delegações estran-geiras, a velha casa serviu para um encontro, na altura secreto, entre o então conselheiro para a segurança norte-americana, Henry Kissinger, e o primeiro--ministro chinês Zhou Enlai. Passaram mais de 40 anos.

Hoje a sala vermelha é mais uma das salas privadas do luxuoso restaurante aberto em 2008 pela mão do chef francês Daniel Boulud. O local mantém a traça original e apresenta uma decoração clássica que ficou a cargo da empresa parisiense Gilles & Boissiers. Com serviço de almoço e jantares, a Maison Boulud de hoje não deixa adivinhar que um dos mais importantes encontros para a política da China moderna teve lugar entre as paredes do pala-cete. Mas mesmo sem nenhuma explicação, uma pequena foto numa das estantes da entrada remete-nos para outros tempos. A preto e branco Kissinger

Novas relações entre China e EUA começaram aqui

Onde Kissinger e Zhou Enlai falaramA Maison Boulud, hoje um restaurante de luxo em Pequim, guarda a históriada aberturadas relaçõessino-americanas

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11terça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo história

Novas relações entre China e EUA começaram aqui

Onde Kissinger e Zhou Enlai falaram

A Diplomacia Pingue-Pongue

e Deng Xiaoping caminham lado a lado. Presente de Henry Kissinger a Deng Rong, filha de Deng Xiaoping, leva-nos até ao tempo em que a China e os Estados Unidos ultrapassaram pela primeira vez as diferentes ideologias num tempo em que estas definiam o mundo.

CASA COM HISTÓRIA Construída em 1903 para per-tencer ao bairro da embaixada dos Estados Unidos na China no final da dinastia Qing, o edifício foi feito a pedido dos americanos. Encomendado à empresa de arquitectos Sid H. Nealy, a casa pertence a um bairro que era exclusivo da de-legação americana nos últimos anos da China imperial. Situado a sul daquela que é hoje a praça Tiananmen e não muito longe da Cidade Proibida, só em 2005 se tornou possível o arrendamento dos edifícios, hoje classificados, que constituíam a antiga missão norte-americana.

Depois de anos de tumul-tos, o bairro esteve abandona-do durante muito tempo e as casas foram-se degradando. Entre 1951 a 1959, o Dalai Lama viveu em Pequim no interior do bairro onde antes estrangeiros podiam viver.

De todas as casas destinadas a embaixadas estrangeiras, estas são as únicas que se mantiveram intactas durante todas estas dé-cadas. O bairro junta hoje vários restaurantes de luxo, lojas, um museu e um teatro.

Desde 1959 que todas as embaixadas estrangeiras foram mudadas para fora dos portões antigos da cidade, isto é, a segunda circular da capital. A partir da década de 60 nascia o bairro diplomático, ao qual se foram acrescentando missões estrangeiras de países que

mantinham boas relações com Pequim. E os Estados Unidos não eram um destes países.

A visita secreta de Kissinger à China aconteceu sete meses antes que Nixon pudesse aterrar em Pequim. O conselheiro ame-ricano veio a Pequim discutir os detalhes de uma aproximação entre países e definir quem devia convidar quem. Mao Zedong e Richard Nixon encontrar-se--iam no ano seguinte.

A 21 de Fevereiro aterrava o avião americano no aeropor-to de Pequim. E seria Zhou Enlai, então com 73 anos, a receber o presidente america-no que saiu sozinho do avião para o primeiro aperto de mão com o poder chinês.

A SALA VERMELHAO texto sobre a visita foi cuidadosamente redigido por Zhou Enlai, que em conjunto com Henry Kissinger conse-guiu que nenhum dos lados perdesse a face.

Nicolas Socquet, gerente da Maison Boulud, abre a porta da sala vermelha onde os dois políticos se encontraram em Julho de 71. Sala privada para jantares ou reuniões, guarda as mesas onde se discutiu como Pequim e Washington deve-riam encontrar-se passados uns meses.

A visita de Nixon à China trouxe também a primeira comitiva americana com vá-rios jornalistas dos principais meios de comunicação do país. Num discurso no Palácio do Povo, Richard Nixon diria que sabendo que nos Estados Unidos os jornalistas eram li-vres para escrever notícias sem influência do poder político, ti-nha a certeza que todos tinham assinalado a boa recepção que a China tinha feito a todos.

Uma semana na China, de 21 a 29 de Fevereiro, a histórica visita foi o colmatar da carreira de Zhou Enlai, chamado o arquitecto do encontro pela imprensa internacional. Mas a história tinha de guardar o lugar de Mao, o segundo político chinês a encontrar-se com Nixon no dia 21 de Feve-reiro e o próprio Zhou Enlai deu ordens à agência Xinhua para que não reproduzissem as notícias estrangeiras onde

ele recebia mais atenção que o presidente chinês.

Em plena revolução cul-tural, nas notícias chinesas daquele dia 21, o encontro entre os dois líderes foi tratado sem honras de abertura. Come-çavam cinco dias de diálogos,

banquetes e visitas turísticas a vários pontos do país.

Um dos temas mais sen-síveis não se prendia com o comunismo, o perigo verme-lho ou o imperialismo. Era a questão da Formosa que criava a maior distância e, na dúvida sobre que posição pública to-mar, resolveu não se abordar frontalmente o tema.

Hoje muitos dos documen-tos antigamente secretos sobre os encontros entre Zhou Enlai e Nixon foram desclassificados e as transcrições das conversas encontram-se na internet com detalhes sobre a hora de início e de fim do diálogo. O último encontro em Xangai durou cerca de uma hora. Zhou Enlai, Nixon e Kissinger concordaram na necessidade de discrição sobre tudo o que tinha sido fa-lado naquela semana. E Nixon fez questão de dizer que queria escrever uma carta pessoal ao presidente Mao, procurando uma forma de fazê-la chegar até ao presidente.

Questões relativas à Índia, ao Japão, à União Soviética e a África foram estudadas antes de serem feitas declarações. Em 25 anos era o primeiro encontro entre os dois países. Em 1971 a visita de Kissinger à China só foi tornada pública uns dias depois de ter acontecido. Era o primeiro sinal de que a aproximação co-meçava. Três meses mais tarde a ONU votava por maioria para a entrada da República Popular como membro das Nações Uni-das e com um lugar no Conselho de Segurança. Começava uma nova era.

Em Abril de 1971, no Campeo-nato Mundial de Pingue-pongue em Nagoya no Japão, a equipa norte-americana venceu a equipa chinesa. Zhou Enlai, na altura já em preparação para a visita de Kissinger, convidou a equipa americana para visitar a China. Apesar de aceite pela Casa Bran-ca, o convite oficial colocava a dúvida sobre que significado teria serem primeiro os atletas a visitar o país antes do presidente. O Ministério dos Negócios Chinês não concordou com a ideia de Zhou considerando que não iria dar uma boa imagem. Mas o político chinês decidiu que seria Mao Zedong a ter a decisão final. O grande Timoneiro terá

dito à noite à sua enfermeira pessoal que aceitava a visita. A biografia de Zhou Enlai conta que a enfermeira teve receio que o presidente estivesse a falar sob o efeito dos comprimidos que tomava para dormir e que lhe terá relembrado que em tempos lhe teria dito que depois de tomar os comprimidos, nada do que dissesse deveria ser levado a sério. Mas Mao repetiu estar certo do que dizia e mandou que ligassem imediatamente ao Ministério chinês a dizer que a visita ia acontecer. Uns dias de-pois, a equipa norte-americana era entusiasticamente recebida em Pequim com direito a uma visita ao Palácio do Povo.

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terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo12 vida

Sabia que...

Pequim afogada em nevoeiro levanta polémica

É só “poluição leve” O intenso nevoeiro

que se faz sentir em Pequim e em redor da capital

chinesa está a gerar polé-mica sobre a sua verdadeira definição. O problema é apenas névoa ou poluição? O fenómeno que cobriu Pequim já levou a que o aeroporto in-ternacional tivesse de forçar o cancelamento de centenas de voos e a que estradas fossem fechadas no norte da China.

As autoridades chinesas dizem que é apenas uma questão de meteorologia que, combinada com a poluição luminosa, gera o nevoeiro.

Mas a Embaixada dos EUA em Pequim, que tem o seu sistema de monitorização próprio, disse no domingo que o índice de partículas finas no ar tinha aumentado para 522 mi-crogramas por metro cúbico. O máximo desta medida é 300, o que já é considerado perigoso.

... o olho de um avestruz é maior do que o seu cérebro?

A China afirmou ter um longo caminho

na sua batalha contra a poluição, tendo já, por isso, delineado um plano faseado em três partes para diminuir a poluição. O plano estende-se pelos próximos 40 anos.

Segundo o ministro da Protecção Ambiental chinês, Zhou Shengxian, o país está a sofrer pressões enormes e há uma “longa e sinuosa” estrada a percor-rer. “A pressão ambiental

da China é maior do que qualquer outro país e nosso problema em recursos am-bientais é mais marcante do que em qualquer outro país. Todas estas questões colocam mais dificuldades para nós resolvermos.”

De acordo com as metas anunciadas, a primeira fase vai conseguir controlar a emissão dos principais poluentes e garantir a segu-rança ambiental do país até 2020. Até o final de 2030, o volume de emissões de

todos os poluentes vai estar “sob total controlo”, com melhorias para a qua-lidade ambiental global. Finalmente, a qualidade ambiental até ao final de 2050 deve ser compatível com a qualidade de vida das pessoas.

Os objectivos foram o resultado de um projecto de pesquisa estratégica que precisou de 50 académicos e centenas de especialistas e que demorou três anos a desenvolver.

China anuncia plano para combater a poluição

40 anos para o fim

Os moradores de Pequim estão constantemente a com-prar máscaras, enquanto con-testam pelos números online apresentados pelo Governo Central sobre a qualidade do ar. “Estão a tratar os cidadãos como idiotas”, disse um homem no Weibo, um mi-croblog ao estilo do Twitter. Outro escreveu: “A cidade parece uma terra encantada, mas diz o Governo que é apenas “poluição leve”. O governo chinês diz que a qualidade do ar está a melhorar em Pequim e que

os padrões de qualidade do ar são cumpridos 80% das vezes.

Um consultor ambiental, Steven Andrews, que vem monitorizando a qualidade do ar de Pequim desde os Jogos Olímpicos de 2008, disse que as autoridades chinesas têm vindo a subestimar a gravi-dade da poluição. “Todos os moradores da capital estão conscientes da gravidade da situação, por isso não vale a pena esconder este tipo de dados sobre a poluição com medo das críticas.”

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terça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo 13vida

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AS lontras ma-rinhas do mar da Califórnia têm enfrentado

durante anos doenças, parasitas e até eventuais colisões com barcos. Hoje, estas mascotes deste mar turbulento estão a enfrentar uma nova ameaça forte: os tubarões. Nos últimos anos, a morte de marmotas por tubarões, sobretudo pelos tubarões brancos, tem vindo a aumentar exponen-cialmente.

A meio dos anos 90, cerca de 10% das lontras marinhas mortas encon-tradas no mar, ao longo da costa da Califórnia, tinham dentadas de tuba-rões. Hoje, regista-se um aumento para 30%, ao ponto de se considerar este fenómeno um perigo para a manutenção da espécie. No ano passado, os corpos com marcas de dentadas tinham mesmo dentes cra-vados de tubarões brancos. “Encontrámos algumas que sobreviveram”, contou Tim Tinker, um biólogo de vida selvagem da Califórnia. “Mas não é uma grande

Clickecológico

PESCA SUSTENTÁVEL • Um pescador de Larantuka, Indonésia, devolve ao mar pequenos peixes. Ele é um pescador de vara e linha, um dos únicos métodos de pesca sustentável do planeta, com quase nenhuma captura exterior à necessária.

Foto: Paul Hilton / Greenpeace

Espécie marinha em risco no Mar da Califórnia

Tubarões brancos atacam lontras marinhaspercentagem. Eu diria que entre 80 a 90% é fatal.”

Desconhece-se ainda porque decidiram os tu-barões atacar agora mais do que alguma vez foi observado. Até porque nunca antes se soube que os tubarões brancos co-miam um corpo inteiro de marmota. Uma das causas apontadas está relacionada com o facto da população marinha que faz parte da cadeia alimentar do tu-barão – leões marinhos e focas – ter ido para outros lugares. Por outro lado, os tubarões também podem estar a mudar os seus há-bitos alimentares e aciden-talmente mordem as lontras marinhas, confundindo-as

com os outros animais ma-rinhos, deixando-as depois a morrer. Não há dados sobre a taxa de aumento dos tubarões, até porque segundo um estudo do ano passado o número estimado de tubarões brancos na cos-ta da Califórnia é de 219, menos do que se estimava anteriormente.

EM EXTINÇÃONos últimos anos, os cien-tistas têm batalhado para explicar por que motivo o número de lontras marinhas da Califórnia, consideradas perto da extinção no século passado, estabilizou mas pouco. Nessa altura, os tubarões eram um mal me-nor. Já em 2010, houve um decréscimo de crescimento em 3,6%. Os biólogos marinhos acreditam que isto se verifica devido às toxoplasmoses, que estão relacionadas com o excesso de poluição da terra, vinda das fábricas. Mas recente-mente, o número de lontras marinhas fêmeas mortas por tubarões aumentou, e são responsáveis por dar à luz oito ou mais crias.

ANÚNCIOHM-2ª Vez 21-02-2012Proc. Falência n.º CV3-11-0003-CFI 3º Juízo Cível

REQUERENTE: COMPANHIA DE OBRAS DE CONS-TRUÇÃO E DE DECORAÇÃO P & H LDA, com sede na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, 249-263, China Civil Plaza, 6º G em Macau.----------------------------------------------

*** FAZ-SE SABER que, por sentença de 03/02/2012, proferida nos presentes autos, foi declarada a FALÊNCIA da requerida 安業地產置業有限公司, matriculada sob o número SO-20541, com sede na Avenida do Dr. Ro-drigo Rodrigues, 70-106, Hotel Beverly, 4º em Macau, tendo sido fixado em 45 DIAS o prazo para os credores reclamarem os seus créditos, conforme o disposto no ar-tigo 1089º, nº.1 do C.P.C.--------------------------------------- Foi nomeado administrador judicial o Sr. Dr. David Gomes, com escritório na Avenida Dr. Mário Soares, 25, Edifício Mon-tepio, 1º, compartimento 13 em Macau.---------------------------

RAEM, 09 de Fevereiro de 2012

Page 14: Hoje Macau 21 FEV 2012 #2555

14 cultura terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

“NO One to Hear You Scream” é u m a

exposição conjunta, pa-tente na galeria Saamlung, em Hong Kong, onde o arquitecto português João Ó exibe fotografias em larga escala. Trata-se de seis impressões digitais (120cmx160cm), extraídas da colecção “Thresholds”, onde o artista a tempo parcial transmite a ideia de “momento de passagem”.

Durante 2011 desenvol-veu uma ideia: evidenciar através da fotografia a re-presentação humana numa metrópole. Foi sonante para Robin Peckman, dono e curador da galeria, e em

Hong Kong destaca ficção científica das fotografias de João Ó

“Paisagens urbanas sem pessoas”Janeiro último recebeu o convite para participar numa mostra que congrega “um conjunto de imagens e objectos, que mostram uma estética de ciência ficcional associada à questão de pro-dução do espaço”, segundo o curador.

O arquitecto João Ó explica que o conceito pretende também retratar a ideia de “ansiedade vivida pelo ser humano nos espa-ços urbanos”. E, por essa razão, decidiu construir a série inacabada, que agora se contabiliza em mais de 30 fotografias, mostrando uma das concepções do espaço actual, visto como matéria efémera. Deste modo, João Ó pegou na máxima do Prit-zker austríaco Hans Hollein, “tudo é arquitectura”, para elaborar “paisagens urbanas

sem pessoas, mostrando um ciclo de vida humano”.

COMEÇOUNO VERÃO PASSADONa exposição colectiva de Taipei, em Taiwan, viu a primeira possibilidade de tirar uma fotografia a um espaço institucional desabitado, onde começou a desenvolver este conceito. “Fotografei também cemitérios, urnas, elevadores de carga, passagens pedonais subterrâneas e aéreas, becos sem saída.” Todos estes locais públicos, institucionais e pri-vados foram fotografados em Hong Kong, Taiwan, Macau e Portugal. “Tirei uma fotogra-fia ao ‘backstage’ do anfiteatro do Centro Cultural de Macau - que é o dobro da plateia - e em Lisboa, ao Pavilhão de Portugal do Siza Vieira.” O arquitecto, residente em

Macau, assume que enfrentou alguns constrangimentos, não só devido aos horários res-tritos, e mais oportunos para fotografar espaços públicos sem congestionamento de pessoas, mas também por for-ça das autorizações exigidas para fotografar em espaços privados ou institucionais.

FICÇÃO CIENTÍFICANo entanto, este espaço que agrega trabalhos de artistas de várias metrópoles mundiais - na China, na Holanda, Nova Iorque, Los Angeles, Macau e Lisboa - mostra uma apresen-tação multifacetada, de foto-grafia, escultura e pintura. E, mais ainda, pretende gerar um cenário de ficção científica, tal como indica o título, tirado do filme de Ridley Scott, “Alien”.

João Ó associou-se a esta ideia, integrando-se nos

restantes trabalhos, sob inspi-ração do filme “Blade Run-ner”, e desenvolveu a “ideia de cidade de futuro a tender para a decadência, visível em Macau, na semi-decadência de espaços usados e velhos a confluir com o novo, numa mescla de estilos”.

Robin Peckham, por sua vez, descreveu o trabalho do português como uma “com-binação de aspectos visuais das pinturas de Chien-Jung e Weigang (dois artistas repre-sentados na exposição) em que o espaço é definido pelo papel da forma e linha descrita nas fontes de luz”.

Esta série fotográfica não está contudo completa, e o arquitecto só a antevê con-cluída em 2013, ano em que pretende lançar um livro sobre a mesma, à semelhança do que fez em 2011, com “Geografia

Proscenium Stage, Macao Cultural Centre #1 (Macao S.A.R.)

RITA

MAC

HADO

Skylight at the Exhibition Hall, Portugal Pavilion #3 (Lisbon, Portugal) Jiantan Underground Passage #1 (Taipei, Taiwan)

Recursiva”, exposição a solo lançada na Casa Garden, de-legação da Fundação Oriente em Macau. A nova exposição, inaugurada na sexta passada, vai estar aberta ao público até dia 31 de Março.

ROTA DAS LETRASEm paralelo, o arquitecto tem representado um outro traba-lho - instalação e pintura - em Macau. “Um trabalho de se-tas, nunca antes apresentado cá, designado de ‘Maping the Unknown’”. Uma exposição, lançada no âmbito do Festival Literário de Macau - “Rota das Letras”, aberta até ao final do mês, no Antigo Tribunal Judicial.

Fotografia e instalação são, de resto, as duas técnicas que privilegia na sua “arte de escape à arquitectura, onde realiza exercícios sobre a arquitectura mas no campo das artes”. Assim surgiu a sua vertente de ser também artista, “como uma reacção à profissão, uma ideia de transgressão do espaço pro-fissional da arquitectura para o meio artístico”.

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15culturaterça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

NO sétimo ano em que se realiza mais uma edição do Fórum Internacional de Sinologia, o acadé-

mico Rui Oliveira Lopes mostra-se confiante num evento que pretende mostrar as diversas vertentes da civilização chinesa.

Sendo a primeira vez que parti-cipa, o professor da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) vai falar sobre “A integração do Céu e da Humanida-de - O Poeta no Topo da Montanha de Shen Zhou”. O encontro serve “sobretudo para fazer contactos com outros investigadores”.

O Instituto Português de Sino-logia uniu esforços com o Instituto Politécnico do Porto e juntos vão desenvolver o encontro de Sinolo-gia, que decorre nos primeiros três dias de Março. Pela cidade Invicta vão passar professores de Hong Kong, Estocolmo, Holanda, China e Taiwan, para dar palestras sobre o Céu, o Continente, o Mar e o Homem.

A iniciativa promete contar com uma Comissão de Honra, composta por Zhang Beisan, em-baixador da República Popular da China ou Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto. Por confirmar está a presença de Paulo Portas, Ministro dos Negó-cios Estrangeiros e Cooperação português.

Rui Oliveira Lopes acredita no potencial de um evento que promete “trazer uma série de inves-tigadores que vão difundir os seus conhecimentos, onde será possível trocar ideias na área dos estudos chineses”. O professor da FBAUL estuda a área da “representação do

O Instituto Politécnico de Macau abriu as

candidaturas do novo curso de administração pública em língua portuguesa para o ano de 2012 e 2013. Esta formação possibilita depois a continuação do currículo superior, através de acordo feito com o Ins-tituto Politécnico de Leiria para mestrado na área e com a Universidade de Lisboa para doutoramento.

O curso pretende qua-lificar recursos humanos que possam contribuir para a qualidade dos serviços prestados pelos organismos e serviços públicos. Prefe-rencialmente as organiza-ções, instituições e serviços da administração pública. A

Arte contemporâneano Mandarin OrientalNo próximo fim-de-semana, entre 24 e 26 de Fevereiro, o hotel Mandarin Oriental, em Hong Kong, vai receber a “Asia Top Galleries Hotel Art Fair”. Uma feira conhecida por transformar os hotéis asiáticos em galerias. A 7ª edição vai apresentar mais de três mil trabalhos de arte e instalações de 60 galerias, localizadas na Coreia, na China, no Japão e em Hong Kong. As peças de arte serão distribuídas durante três dias por diversos quartos do Mandarin Oriental, e vão surgir nos sítios mais inusitados, como por exemplo, quadros de pintura em cima das camas e esculturas dentro de banheiras. Esta feira tem lugar noutros locais do mundo, já tendo passado pela Acqua Art Miami, o Trajector Art Fair, em Bruxelas, a Pool Art Fair, em Nova Iorque, e Young Art Taipei, em Taiwan, sempre sob o desígnio da originalidade e do entretenimento fornecidos aos espectadores desta experiência de arte contemporânea.

Porto recebe 7ª edição do Fórum Internacional de Sinologia

Muitos olhares, uma civilizaçãoAcadémicos de todo o mundo reúnem-se no Porto para o VII Fórum Internacional de Sinologia, que decorre de 1 a 3 de Março. Temas ligados ao Céu, Continente, Mar e Homem vão estar em debate

sagrado através da arte”, olhando também “para a perspectiva da cultura religiosa”.

PALESTRAS E EXPOSIÇÕES“O Céu” ocupa a mesa de debate no primeiro dia, com palestras que giram à volta da filosofia e do Confucionismo. Chain Lai Pik, docente da Universidade Chinesa de Hong Kong, vai falar sobre “Ja-des e Bronzes Rituais Chineses da Idade do Bronze Tardia”, na época do Pré-Confucionismo.

Há ainda espaço para falar do “Espírito Criativo na China”, onde se insere a apresentação de Rui Oliveira Lopes, e sobre o novo panorama de relações entre a Ásia e o Ocidente. E para o professor da FBAUL é “fundamental” o estreitar de culturas. “As relações culturais, económicas e politicas têm como base o conhecimento do outro, porque é a partir daqui que se constrói essa plataforma de re-lações económicas. É fundamental que a Europa e a Ásia estabeleçam estratégias de conhecimento ao nível das áreas culturais.” Para tal, Rui Oliveira Lopes acredita que deveriam ser criados mais protocolos entre instituições.

Além dos debates, vão também estar patentes na Casa Museu Guerra Junqueiro exposições de aguarelas e caligrafia chinesa de artistas como Ye Peirong, Zhou Rui Wen, Ren Ping e Bai Yi. Para ver até 1 de Abril.

Novo curso superior no Politécnico para carreira pública

Administração pública em portuguêsformação compreende um conjunto de competências e conhecimentos que per-mitem também o exercício de funções em organizações sem fins lucrativos e empre-sas privadas.

Os licenciados ficam

assim habilitados a exer-cer funções nas áreas administrativa, de recur-sos humanos, de gestão, financeira e de auditoria.

As condições de aces-so obrigam a diploma de qualificação secundária e

a aprovação no exame de admissão e exame médico. Quem não tenha o 12º ano concluído pode inscrever--se condicionalmente. Os exames de admissão incluem uma prova de proficiência de língua

inglesa, uma prova de conhecimentos de cultura geral em língua portugue-sa e uma entrevista.

As pré-inscrições estão abertas até dia 2 de Março através do portal da internet do Instituto Politécnico.

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16 desporto terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected]

AINDA a época não atingiu a sua metade e já Emma-nuel Noruega revelou ao nosso jornal que para

o ano é jogador do Kuan Tai. “Na próxima época vou ser jogador do Kuan Tai”, disse em tom preciso.

Depois de uma vida ligada ao Lam Pak, clube que lhe permitiu até a internacionalização pela Selecção de Macau, Emmanuel Noruega, as-sumiu desta forma que o seu tempo no Lam Pak como futebolista está prestes a chegar ao fim. “Ainda pensei ir para o Kuan Tai já este ano mas falei com os responsáveis do Lam Pak e acabei por fica mais um ano num clube que também me diz muito.”

Assim sendo o internacional macaense, actualmente com 28 anos, vai cumprir a sua nona época ao serviço do Lam Pak e em 2013 irá defender as cores do Kuan Tai. A equipa de Firmino Mendonça, o Monte Carlo, também passou pela vida do jogador em 2003.

KUAN TAI A BOM NÍVELA fazer uma carreira a todos os níveis notável na Liga de Elite de futebol de Macau, o Kuan Tai está no segundo lugar a quatro pontos do Windsor Arch Ka I. Emmanuel Noruega, director desportivo dos amarelos, afirmou estar surpreso com a carreira da equipa. “Come-çámos bem a época e tem sido com alguma surpresa que vejo o Kuan Tai em segundo lugar ao fim de seis jornadas de campeonato.”

Adeptos do Chelsea chamam por...José MourinhoAlém do empate (1-1) frente ao Birmingham, equipa da 2.ª Divisão, que obriga o Chelsea a voltar a jogar na eliminatória da Taça da Liga, o jogo de ontem do clube londrino, em Stamford Bridge, ficou marcado pelos cânticos dos adeptos. Ainda na primeira parte, e depois de Murphy já ter colocado o Birmingham em vantagem na eliminatória, começou a ecoar no estádio um cântico familiar em Stamford Bridge. “José Mourinho, José Mourinho, José Mourinho”, ouvia-se em alto e bom som em todo o estádio, enquanto o Chelsea de Villas Boas fazia pela vida frente a uma equipa do escalão secundário. Além dos cânticos pelo antigo treinador do Chelsea, actualmente no Real Madrid, os adeptos do clube de Londres quiseram também adivinhar o futuro de Villas Boas à frente do comando técnico do clube: “You’ll be sacked tomorrow” (“Vais ser despedido amanhã”) foi outra das frases que ecoaram em Stamford Bridge.

Conselho Olímpico da Ásia reúne em MacauO Conselho Olímpico da Ásia (OCA) reuniu-se em Macau estes dias para alinhavar a Assembleia Geral que vai ocorreu em Novembro deste ano. O cicerone do encontro, o presidente do Comité Olímpico de Macau, Charles Lo, ressalvou o quão importante será para o território a Assembleia Geral da OCA no final do ano. “A China atribui grande importância ao encontro e vai fazer o seu melhor esforço para demonstrar a capacidade de Macau para acolher eventos de larga escala como este.” Para a reunião do OCA em Macau, Charles Lo espera mais de 400 participantes envolvidos no movimento olímpico mundial. “Macau tem feito esforços no sentido do progresso do desporto, do desenvolvimento social e económico”, afirmou Lo. Na reunião do OCA também se discutiu os planos e metas para 2012 como os 3 º Jogos Asiáticos de Praia em Haiyang e os Jogos Olímpicos de Londres. “É preciso criar canais de comunicação e auxiliar as organizações na cobertura destes eventos”, referiu Charles Lo.

Emmanuel Noruega fala do surpreendente Kuan Tai e do seu futuro

“Para o ano estou no Kuan Tai”

A confiança e a moral está em alta para os lado do Kuan Tai e Noruega explica o porquê. “Esta é uma equipa re-organizada que desde o ano passado que jogam

juntos. Penso que com os jogado-res chineses mais uns quantos que fomos recrutar ao Pau Peng e ao Hoi Fan, a equipa ficou mais forte.”

De qualquer forma ainda falta

muito campeonato e, de acordo com Emmanuel Noruega, tudo pode acontecer. “Estamos ainda no início mas tem sido um excelente começo, assumo.”

Para manter a boa imagem dada até ao momento, o responsável da equipa do Kuan Tai promete novi-dades para breve. “O plantel ainda não está fechado. Podem chegar mais estrangeiros que podem passar pelo mercado chinês ou africano”, explicou Emmanuel Noruega ao Hoje Macau.

O próximo desafio do Kuan Tai está marcado para domingo contra o Benfica. Emmanuel Noruega garante que a equipa trabalha como pode e que vai encarar mais esse desafio como um jogo para vencer. “A equipa está bem apesar de não treinar tanto quanto seria desejável. Seja como for a moral está em alta e vamos encarar os próximos jogos numa perspectiva de vitória numa perspectiva de ficar entre os cinco primeiros classificados.”

NORUEGA DOS SETE OFÍCIOSEmmanuel Noruega anda sempre de coração dividido. Para além de dirigente do Kuan Tai é também jogador do Lam Pak e assistente no Lam Ieng.

O jogador assume que é sempre “complicado” quando as equipas jogam umas contra as outras. “Não é fácil ter estas funções nas mais diversas equipas e ainda para mais quando essas equipas são concor-rentes directas”, revela Noruega que de imediato esclarece que a sua carreira de futebolista vem primeiro: “Sou jogador do Lam Pak e isso sobrepõem-se ao resto.”

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17futilidadesterça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1CONTRABAND [C]Um filme de: Baltasar KormákurCom: Mark Wahlberg, Kate Beckinsale, Ben Foster, Giovanni Ribisi1430, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2CHRONICLE [C]Um filme de: Josh TrankCom: Dane Dehaan, Michael kelly14.130 16.00, 17.45, 21.30

I LOVE HONG KONG 2012 [B]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Gai ChungCom: Eric Tsang, Teresa Mo19.30

SALA 3WAR HORSE [B]Um filme de: Steven SpielbergCom: Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis14.15, 16.45, 21.00

JOURNEY 2: THE MYSTERIOUS ISLAND [3D] [B]Um filme de: Brad PeytonCom: Vanessa Hudgens, Dwayne Johnson19.15

[Tele]visão

Aqui há gato

Su doku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Toadas, boatos. Que mia muito. 2-Bruto. Malícia (Fig.). Protecção. 3-Vogais. Iguais. Vaso bojudo, de gargalo estreito, geralmente de barro. Idem (abrev.). 4-Encerrado. 5-Paraíso terreal. Eleve, erga. 6-Comida (Prov.). Instrumento que serve para determinar a direcção vertical. 7-Corrente de água. Segurar-se com as gavinhas. 8-Carboneto de hidrogénio proveniente da destilhação da hulha. 9-Carta de jogar. Importunes, enfades. Consoantes iguais. 10-Faz doação. Combinação, mistura (Prep.). Jogo semelhante ao da paciência. 11-Evitas um mal. Zunir, zumbir.

VERTICAIS: 1-Irradiem. Rio que banha o distrito de Beja. 2-É engnado. Entregar, Debaixo de. 3-De outro modo. Ave fabulosa, única no seu género, a qual durava séculos e que, queimada, renascia das próprias cinzas (Mit.). Avenida (abrev.) 4-Espécie de resina perfumada que corre das incisões feitas no tronco do benjoeiro. 5-Tal como foi ditto. Verniz preto ou vermelho. 6-Dá pancada, bate. Vielas. 7-Porção de terra cercada de água por todos os lados. E não. 8-Agregareis. 9-Imprime. Luneta. Cobalto (s.q.). 10-Rio da Rússia. Ave corredora. Doutora (abrev.) 11-Porto abrigado. Declamador.

HORIZONTAIS: 1-ECOS. MIADOR. 2-MAU. SAL. ABA. 3-II. BILHA. ID. 4-T. FECHADO. A. 5-EDEN. A. ICE. 6-MANJA. PRUMO. 7-RIO. B. ELAR. 8-S. XILENIO. A. 9-AS. MACES. DD. 10-DOA. COM. CRO. 11-OBVIAS. ZOAR.

VERTICAIS: 1-EMITEM. SADO. 2-CAI. DAR. SOB. 3-OU. FENIX. AV. 4-S. BENJOIM. I. 5-SIC. A. LACA. 6-MALHA. BECOS. 7-ILHA. P. NEM. 8-A. ADIREIS. Z. 9-DA. OCULO. CO. 10-OBI. EMA. DRA. 11-RADA. ORADOR.

O LUGAR QUE NÃO TINHA JORNAISPara lá das lutas nos estádios que trouxeram de novo os gritos para o centro do Cairo, para lá dos confrontos físicos dos que nada têm, nem sequer democracia, aquele pequeno povo que habitava Hurghada só queria pão para meter à boca. Estávamos em Março de 2011 e enquanto nos diziam que “era perigoso” ir ao Cairo, conhecemos o lugar que não tinha jornais e muito menos turistas de calções e costas vermelhas. No Egipto interior e profundo, os comerciantes que vendiam malas de camelo sentados no chão agarravam-nos nos braços, como quem vislumbra a primeira oportunidade de negócio desde há muito tempo. Encantávamo-nos com as especiarias, as malas de todas as cores, as mulheres de burqa cujos olhos nos fitavam, nós com medo delas. Enquanto o Cairo saía da prisão das palavras, havia pessoas que sofriam as piores consequências da luta de ruas. Havia pessoas que não liam jornais, porque não os tinham. O dono da loja oferecia-nos colares para comemorar o nascimento do filho. O homem mais feliz da vizinhança não tinha, contudo, dinheiro para a cesariana. Éramos turistas-jornalistas, todos a sorrirem para nós, todos a receberem-nos bem. Filmávamos junto das autoridades a dizer que estava tudo bem, e de repente uma discussão de vizinhos deitava tudo a perder. Mas não era da revolução, ali nada se passava, eles só queriam mostrar a verdade. Ali só o turismo contava. Bem longe do paraíso de Sharm-el-Sheik habitado por Mubarak, havia a terra dos Núbios, aquele “povo pacífico” que vivia em casas de pedra com menos de dez patacas por dia. Os miúdos vendiam pulseiras junto ao Nilo com um sorriso nos lábios. Na terra que negociava camelos do Sudão, a liberdade, ou a falta dela, era uma coisa irrisória. As mulheres de rostos trabalhados pelo sol e de olhos escondidos nunca tinham ouvido falar disso.

Pu Yi

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO16:31 Liga Zon Sagres 2011/2012: Guimarães - Benfica (Rep.)18:00 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Grande Entrevista22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões00:00 A Verde e as Cores00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 A Hora de Baco15:00 Consigo15:30 Grande Reportagem-SIC16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco17:45 Resistirei18:30 Correspondentes19:00 Carnaval Para D. João VI20:00 Jornal da Tarde 22:15 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup 201114:00 Asean Basketball League 2012 Chang Thailand Slammers vs. AirAsia Patriots16:00 FINA Aquatics World 201216:30 2011/12 Australia Ironwoman Champs 17:30 Los Angeles 198419:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 The Football Review20:30 Special Moments Of Athens 2004 21:00 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup 2011

22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 The Football Review, The 23:00 Special Moments Of Athens 2004 23:30 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup 2011

STAR SPORTS 3113:00 Great Eastern Yeo’s S-League - Highlights13:30 Motorsports@Petronas 201114:00 The Masters 10 Ball Tournament 201117:00 Velux 5 Oceans Race 2010/1118:00 Monday Night Verdict - FA Cup 2011/1219:00 FA Cup 2011/12 Chelsea vs. Birmingham City21:00 When The Games Begin21:10 Golf Focus 201221:40 (LIVE) Asian Olympic Qualifiers Final Rd Playoff23:45 (Delay) Score Tonight 2012

FOX MOVIES 4013:00 Rabbit Hole14:35 1316:10 The Replacement Killers17:40 Alvin And The Chipmunks19:10 Letters To Juliet21:00 2123:05 The Fighter

HBO 4113:00 Spider-Man15:00 The Truman Show16:45 Biloxi Blues18:45 Orange County20:15 It’s Kind Of A Funny Story22:00 The Mummy00:00 Leap Year

CINEMAX 4213:00 Ordinary Decent Criminal14:30 Behemoth16:00 High Noon17:35 Ocean’S 1120:15 Snatch22:00 Blue Thunder23:45 Xiii

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

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LIFE • Keith RichardsJá apelidada de Santo Graal das biografias de estrelas de rock, Life foi celebrado como um fenómeno incrível: mais de um milhão de cópias vendidas em menos de um ano. Em Life, Keith revela-nos os seus excessos e fragilidades, mas também todo o seu sentido de humor e coragem. Desde música, sexo, drogas, a lutas de facas, pouco fica por contar neste seu relato entusiástico e vibrante que nos revela os bastidores da maior banda de rock do mundo, os Rolling Stones: o seu nascimento, a passagem de Brian Jones pela banda, as rusgas policiais, os problemas com a lei, a conturbada relação de Keith com Mick Jagger, e a verdade acerca de todos os boatos e mitos que rodeiam uma das mais carismáticas figuras musicais de todos os tempos.

DUBLINESCA • Enrique Vila-MatasSamuel Riba considera-se o último editor literário e sente-se perdido desde que se retirou. Um dia tem um sonho premonitório que lhe indica claramente que o sentido da sua vida passa por Dublin. Convence então uns amigos para irem ao Bloomsday e percorrerem juntos o próprio coração do Ulisses de James Joyce. Neblina e mistério. Fantasmas e um humor surpreendente. Enrique Vila-Matas regressa com um romance que parodia o apocalíptico ao mesmo tempo que reflecte sobre o fim de uma época da literatura. Um romance deslumbrante, aberto às mais diversas leituras, uma verdadeira prenda povoada de surpresas. Simplesmente genial.

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à f lor da peleHelder Fernando

18 opinião terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

IPorquê terça, e não sexta-feira de Carnaval?

Bem que o Carnaval - nos locais onde ele tem tradição - poderia começar na terça-feira (como primeiro dia e não como último), terminando numa esfuziante sexta-feira gorda com prolongamento pelo fim de semana. Os fiéis receberiam a Quaresma com muito maior benevolência, nem que fosse para limpar o estômago, descansar a bexiga e reposicionar as articulações. Cumprir-se-iam, assim, as mais longínquas tradições carnavalescas, vários séculos antes de Cristo, quando os gregos, em agradecimento aos deuses, comemoravam muito loucamente, até à completa exaustão, a fertilidade do solo. Os deuses eram outros, os gregos mais divertidos, e a Grécia não andava pela mão de uma mulher a dias reciclada como lacaia de milionários piranhas.

Carnaval no Brasil, como evento, isso foi só depois de os portugueses terem achado a Terra de Vera Cruz. Até lá, o pessoal não precisou de governantes parvos nem olhar o calendário para se divertir à vontade.

IIEste mês, um tribunal do continente chinês condenou dois ex-dirigentes de clubes de futebol a penas de 10 anos um, 12 anos outro. Motivo: jogatanas corruptas para manipular resultados, envolvendo subornos e todas aquelas artimanhas que se calculam. Um dos sentenciados foi vice-director do comité chinês de arbitragem; o outro foi director do mesmo comité da mesma arbitragem. Tam-bém por lá existem apitos resplandecentes, e não é fenómeno recente: Um árbitro chinês que até apitou em dois jogos oficiais do Mundial de 2002 na Coreia do Sul e Japão,

Mistériode Macau...com o rabode fora

considerado uma autêntica celebridade neste país (inclusivamente conhecido por “apito de ouro”!), apanhou com 5 anos e meio de cadeia por ter recebido quase 130 mil US dólares para manipular jogos. E, no ano passado, caiu em desgraça, sendo afastado, um ex-dirigente da Associação Chinesa de Futebol.

Este exemplo servirá a alguém?

IIITambém no sector da Saúde, o governo de Pequim mostra-se atento às maroscas. O próprio ministro da Saúde vem a público sugerir intensificação de esforços para travar o suborno comercial em vários hospitais e instituições médicas do país, públicas e privadas. O alvo está, fixo, na compra e venda de medicamentos e outros produtos farmacêuticos, bem como equipamentos médicos. Cheguem-lhes!

É o conhecido cheio da corrupção.

IV As notícias sobre o aumento de mais de 1/3 do preço médio por metro quadrado das chamadas fracções autónomas habitacionais transacionadas em Macau (estatística de 2011), continua a arrepiar o cidadão comum. Quase 42 mil patacas, ou seja cerca de 4 mil euros por metro quadrado, é muito mais do que escandaloso, é tão honestamente injus-tificável como inqualificável. Este atentado continua a ser alegremente praticado em construções quase sempre deficientes, ma-teriais de terceira categoria, péssimos aca-bamentos, habitações permeáveis a qualquer chuva, canalizações mal colocadas e fora de prazo, um sem número de deficiências, como toda a gente sabe.

O sector imobiliário é um daqueles

escondidos mistérios de Macau... com o rabo de fora.

VIgrejas Caeiro morreu no domingo, com 94 anos. Um dos maiores nomes da rádio portuguesa. Mais: um extraordinário co-municador. Durante mais de 60 anos, na rádio, na televisão, no teatro, no cinema - a biografia anda por aí, naturalmente incom-pleta - foi sempre intérprete e personagem de elevadíssima competência. Sou impelido a teclar estas breves linhas em sua memória, porque a tristeza com que ouvi a notícia da partida - que se adivinhava nos últimos anos - trouxe-me recordações, daquelas que a gente guarda com o maior dos cuidados e muito orgulho.

Por boa parte da minha vida profissional tive a sorte de caminhar perto de pessoas de excelência e de grandes profissionais. Desde muito jovem, bebia-lhes os gestos, as palavras, aquela entrega total, por vezes desenfreada, que só os autênticos amantes praticam. Em todos os momentos lhes reconheci a genialidade. Igrejas Caeiro foi um deles.

À entrada da segunda metade dos anos

1970, conheci pessoalmente Francisco Igrejas Caeiro em ambiente político onde me inseri por algum tempo, e onde a sua voz (inconfundível) era ouvida desde logo como deputado, depois de Abril, da Assembleia Constituinte, por convite de Mário Soares (mais tarde deputado eleito da Assembleia da República na bancada do PS). Logo a seguir, na criação da RDP (ex-Emissora Nacional) de onde ele tinha sido afastado pela ignorância militante da ditadura que nem por sombras aceitava opinião ou linguagem dife-rente da dos conúbios cinzentões, foi o direc-tor de Programas exigentíssimo, coisa a que alguns tinham perdido o hábito. Era por vezes polémico, terá cometido erros provavelmente desnecessários, mas ninguém lhe contestava os profundos conhecimentos, vindos da prática e do estudo actualizado, do que é a radiodifusão em todos os seus sectores, como também a sua paixão pela rádio. Igrejas Caeiro foi um dos expoentes de qualidade do que foram os tais “Dias da Rádio”, onde existia o muito mau, mas também o muito bom.

Desapareceu mais um que amava a rádio acima de muitas outras coisas, nomeada-mente os interesseiríssimos. Igrejas Caeiro foi um grande “Companheiro da Alegria”. Dessa tal alegria da rádio com gente dentro, que todos gostamos!

VIEm alguns momentos solitários de aparente lucidez, chego a sentir desejo de me deixar levar por pensamentos confusos, sonhos pouco nítidos, paisagens baças como quando a noite desce e a chuva aumenta. Quanto mais fácil parece ser a explicação para isto, mais difícil para mim entender. O melhor mesmo é acordar, não dói nada.

Vamos lá, olimpicamente, enfrentar os vilões e os anjos.

“As notícias sobre o aumento de mais de 1/3 do preço médio por metro quadrado das chamadas fracções autónomas habitacionais transacionadas em Macau (estatística de 2011), continua a arrepiar o cidadão comum”

Page 19: Hoje Macau 21 FEV 2012 #2555

19opiniãoterça-feira 21.2.2012 www.hojemacau.com.mo

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caderno diár ioPedro Correia

Por vezes o pensamento de um homem fica de folga.POR FERNANDO

Ciclone

cartoonpor Steff

O BARBEIRO

SEGUNDA, 13 Ouço uma personalidade com presença assídua nos ecrãs televisivos referir-se a várias figuras europeias. É curio-so: são todas “senhoras” ou “senhores”: os graus académicos - correctos ou incorrectos - tão em vigor entre nós desaparecem mal aludimos a gente de além-fronteiras. Mas subitamente a referida personalidade alude ao presidente da Comissão Europeia em termos diferentes dos utilizados para Angela Merkel, Van Rompuy, Mario Draghi, Martin Schultz ou Nicolas Sarkozy - chamando-lhe “doutor Durão Barroso”. Imporia a mais elementar uniformidade de critérios que, no caso de Barroso, o “doutor” desse lugar ao “senhor” reservado para todos os outros. Mas não: mesmo residente em Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia continua a ter direito ao respeitinho lusitano. Doutor é só ele. Senhores são todos os outros.

TERÇA, 14 A efeméride celebrou--se, mas as obras de Charles Dickens no mercado livreiro português permanecem ocultas nos chamados “fundos de armazém”. Mesmo em ano de (bi)centenário, nada de montras, nada de escaparates. Como foi possível praticamente nenhuma editora ter pensado no relançamento de títulos há muito esgotados a pretexto deste aniversário tão relevante? Isto diz muito sobre as estratégias de marketing nos nossos meios editoriais... Penso que os direitos de autor de Dickens estão há muito no domínio público, o que facilita as reimpressões. Mas nem assim as obras dele se tornam mais acessíveis aos leitores portugueses. O que constitui um delito de lesa-cultura. E, mais que isso, é uma profunda estupidez. Num país onde se editam dez mil livros por ano ninguém parece ter pensado que era o momento de reeditar Dickens em ano de bicentenário. Depois queixam-se de que os leitores fogem para a Amazon, para os e-books e para as edições originais estrangeiras. Nada mais previsível, nada mais adequado à situação.

QUARTA, 15 Muita gente estranha as viagens frequentes de membros do Governo português a Angola. Por mim, só estranho tanta estranheza. Porquê? Nada mais normal do que ver intensificados os laços políticos, económicos e culturais entre Lisboa e Lu-anda. Angola é hoje o maior parceiro eco-nómico português fora da União Europeia e, segundo dados oficiais, vivem hoje nesse país cerca de 140 mil portugueses.

E atenção: não são só os governantes por-tugueses que viajam a Angola. Adivinhem quem esteve em Luanda há apenas sete meses para “fortalecer as relações económicas”

entre angolanos e alemães? Adivinharam: a chanceler Angela Merkel.

As coisas são o que são, como diria o sábio general De Gaulle.

QUINTA, 16 Um filme: Edgar J, de Clint Eastwood. Há um esforçado trabalho de composição da personagem central - mérito de Leonardo di Caprio - e uma adequada reconstituição de época, tarefa nada fácil, pois a narrativa estende-se por mais de cinco décadas. Além da notável banda sonora, como de costume a cargo do próprio reali-zador. Mas esgotam-se aqui os méritos de Edgar J. Este filme parece, aliás, confirmar que desde o já distante Bird (de 1988) Clint Eastwood não se sente muito à vontade no género biográfico. O próprio título já engloba um equívoco: estamos perante um retrato que se pretende pessoal, íntimo, de Edgar J. Hoover, influente figura pública dos EUA enquanto fundador e director do FBI, entre 1935 e 1972 (tendo sido director, entre 1924 e 1935, do Bureau of Investigation, organismo predecessor do FBI, ainda sem competências federais). Hoover trabalhou com oito presi-dentes norte-americanos, vários dos quais o detestavam (Roosevelt, Kennedy e Nixon, por exemplo) mas nunca tiveram coragem de o exonerar alegadamente para não ve-rem expostos segredos inconfessáveis que

o super-espião fora arquivando sobre cada um deles e acabaria por levar para a tumba.

Ora o discutidíssimo e reservadíssimo Hoover também tinha os seus segredos que contradiziam a imagem do celibatário ascético e austero composta pelas peças de propaganda. Eastwood centra-se nisto. Acontece, porém, que nada do que nos traz é novidade: os últimos anos têm sido férteis em livros que revelam a face oculta do líder histórico do FBI. E Di Caprio, apesar do esforço revelado, não con-segue ser totalmente convincente na pele da personagem: jamais nos esquecemos de que estamos perante um trabalho de representação, o que costuma constituir um teste decisivo à capacidade interpretativa de um actor em cinema (teste que Meryl Streep supera com êxito no papel de Margaret Thatcher noutro filme recém-estreado em Portugal, A Dama de Ferro). E se na primeira parte existem interes-santes sequências de acção na sombria América dos anos 20 e 30 dominada por sindicatos do crime, na segunda metade o filme transforma--se numa espécie de soap opera gay centrada num suposto idílio amoroso entre Hoover e o seu adjunto de longos anos no FBI, Clyde Tolson - interpretação de Armie Hammer que jamais descola da caricatura, sobretudo quando surge já envelhecido, numa caracterização digna de causar gargalhadas por ser tão óbvia e tão incompetente.

Dos gangsters puros e duros ao romance de cordel: demasiadas contorções num filme só. O Clint Eastwood dos bons tempos só é reco-nhecível quando são os maus a invadir o ecrã.

SEXTA, 17 De todos os cantos irrompem comentadores angustiados com a ofensiva “liberal”, o que sempre tem o condão de me deixar perplexo: se há característica dominante na sociedade portuguesa, perpetuada nos nossos costumes políticos, é o seu extremo iliberalis-mo. Péssimos hábitos tão arreigados entre nós como a “cunha”, o “favorzinho”, o amiguismo, a benesse partidária, as teias burocráticas e as mordomias emanadas dos mais diversos poderes públicos - tantas vezes em confronto com a iniciativa individual - derivam precisa-mente desta presença excessiva do estado na sociedade. Nenhuma reforma é tão urgente em Portugal como a reforma desta tendência secular de esperarmos que o Paço Real, nas suas emanações contemporâneas, ou algum dos chamados ‘poderes fácticos’ decidam conceder-nos uma tença, uma prebenda, uma “atençãozinha” ou a simples autorização para registar uma patente ou inaugurar uma empresa.

A revolução liberal de 1820 pôs-nos a par da Europa civilizada. A Constituição liberal de 1822 foi um inegável salto civi-lizacional num país abúlico e intolerante. Um rei liberal - D. Pedro IV - fundou o Brasil. Escritores liberais como Alexandre Herculano e Almeida Garrett rasgaram-nos horizontes mentais e estéticos. Políticos liberais do século XIX, como Mouzinho da Silveira, Passos Manuel e Fontes Pereira de Melo, foram dos melhores governantes que tivemos desde sempre. Lamentavelmente, o liberalismo em Portugal foi interrompido da pior forma. Primeiro pelo jacobinismo exacerbado da I República, depois pela longa ditadura que se auto-intitulou Estado Novo, a seguir com um regime constitu-cional que tardou oito anos a libertar-se da tutela militar e década e meia a eliminar as “nacionalizações irreversíveis” da sua lei fundamental.

Há mais de cem anos que não existe ver-dadeiro liberalismo em Portugal. E mesmo no simples debate de ideias, neste nosso século XXI, o liberalismo continua a ser causticado, chegando quase a ser equiparado a um novo surto de peste bubónica. Não tenhamos ilu-sões: esta é uma das consequências do nosso endémico atraso estrutural. Pior que isso: esta é uma das causas desse atraso.

SÁBADO, 18 Frase da semana: «O poder desgasta, acima de todos, aqueles que não o têm.» (Giulio Andreotti, ex-primeiro--ministro italiano)

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terça-feira 21.2.2012www.hojemacau.com.mo

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A dívida portuguesa total do sector não financeiro era

de 715 mil milhões de euros em Dezembro de 2011, mais 127 mil milhões de euros que no mesmo mês de 2007, segundo dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal (BdP).

Este valor engloba a dívida das administrações públicas, das empresas privadas e dos particulares, e não é conso-lidado - isto é, há valores “repetidos”, porque são intra--sectoriais (por exemplo, de um ramo das administrações públicas a outro).

O crescimento de 127 mil milhões de euros representa um aumento de 17,8% no espaço de quatro anos. O número para Dezembro, 715 mil milhões de euros, equivale a 418,4% do Produto Interno Bruto (PIB).

Quase metade desta dívida - 350 mil milhões de euros - é devida aos bancos portugue-ses. O segundo maior credor do sector não financeiro é o estrangeiro (183 mil milhões de euros) - sendo que a responsa-bilidade pela maior parte desta

Banco de Portugal divulga dados

Endividadosaté aos cabelos

dívida cabe ao Estado (123 mil milhões de euros).

Estes dados constam de um novo capítulo do Boletim Estatístico do BdP, dedicado ao endividamento do sector não financeiro, que ontem começou a ser publicado.

CASAS SÃO DOR DE CABEÇAO crédito à habitação concedido a particulares pela banca equivalia a 122,9 mil milhões de euros no final de 2011. Este valor repre-senta a parte mais significativa da dívida dos particulares (que, na definição do BdP, incluem famílias, empresários em nome individual e organizações sem fins lucrativos). A dívida total dos particulares ascende a 175,4 mil milhões de euros.

A maior parte desta dívida (153,4 mil milhões de euros) é detida pela banca. Segundo os números do BdP, 79,7% da dívida dos particulares à banca corresponde a créditos à habitação. O restante - equi-valente a 30,6 mil milhões de euros - corresponde a crédito ao consumo e para outros fins.

Irão defende nuclearO Irão iniciou hoje “grandes manobras para reforçar a defesa antiaérea” das instalações “sensíveis, nomeadamente nucleares” do regime, indicou a agência oficial IRNA, citando um comunicado oficial. As manobras, que irão decorrer durante quatro dias, vão ocorrer na “zona sul do país”, especialmente ao longo do Golfo, acrescentou o mesmo comunicado da responsabilidade do comando de defesa antiaérea iraniano. “Estes exercícios têm como objectivo reforçar as capacidades integradas do país ao nível da defesa antiaérea”, afirmou a base militar Katem-ol-Anbia, que coordena os sistemas antiaéreo e os mísseis balísticos do Irão. A agência precisou que as manobras vão integrar uma ampla gama de mísseis, sistemas de radar e a aviação iraniana.