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PÁGINA 3 O Conselho do Património Cultural, pela voz do presidente Ung Vai Meng, admitiu ontem que não há uma forma concreta de impedir que possíveis edifícios a integrar a lista de património sejam alterados enquanto aguardam pela avaliação das entidades competentes. Uma brecha num processo que não se antevê fácil e que pode demorar até um ano. ÀS ESCURAS Não existem mecanismos para impedir danos em potenciais locais classificados AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB SAÚDE Autoridades ouviram operadoras e admitem criação de espaços dedicados aos fumadores até 2015 FUMO NOS CASINOS PÁGINA 4 PRIMEIRA ACÇÃO DE FORMAÇÃO DO CENTRO PEDAGÓGICO E CIENTÍFICO ARRANCA EM JULHO INSTITUTO POLITÉCNICO PÁGINA 5 PORTUGUÊS hojemacau ENTREVISTA PÁGINA 7 PRESIDENTE DO IPIM CIENTE DAS DIFICULDADES DAS PME, ASSEGURA AJUDA DO GOVERNO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO PUB MOP$10 QUINTA-FEIRA 20 DE MARÇO DE 2014 ANO XIII Nº 3054

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Hoje Macau N.º3054 de 20 de Março de 2014

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Page 1: Hoje Macau 20 MAR 2014 #3054

PÁGINA 3

O Conselho do Património Cultural, pela voz do presidente Ung Vai Meng, admitiuontem que não há uma forma concreta de impedir que possíveis edifícios a integrar

a lista de património sejam alterados enquanto aguardam pela avaliação das entidades competentes.Uma brecha num processo que não se antevê fácil e que pode demorar até um ano.

ÀS ESCURASNão existem mecanismos para impedir

danos em potenciais locais classificados

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

SAÚDEAutoridades ouviram operadoras

e admitem criação de espaçosdedicados aos fumadores até 2015

FUMO NOS CASINOS PÁGINA 4

PRIMEIRA ACÇÃO DE FORMAÇÃODO CENTRO PEDAGÓGICOE CIENTÍFICO ARRANCA EM JULHO INSTITUTO POLITÉCNICO PÁGINA 5

PORTUGUÊS

hojemacau

ENTREVISTA PÁGINA 7

PRESIDENTE DO IPIM CIENTEDAS DIFICULDADES

DAS PME, ASSEGURAAJUDA DO GOVERNO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO

PUB

MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 2 0 D E M A R Ç O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 5 4

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2 hoje macau quinta-feira 20.3.2014POLÍTICA

CECÍLIA L [email protected]

A Associação Novo Ma-cau (ANM) entregou, ontem, mais uma carta junto à sede do Gover-

no, exigindo mais clarificações sobre a nova lei do planeamento urbanístico, em vigor desde o dia 1 de Março. Uma das exigências é a colocação do futuro plano di-rector para a península de Macau em consulta pública. “O conselho do planeamento urbanístico ainda não foi criado, e é por isso que exigimos que o Governo anuncie o nome dos membros deste orga-nismo o mais depressa possível,

É já a partir da próxima quarta-feira que cerca de 100 mil contribuintes vão

começar a receber o reembolso do imposto profissional que pagaram em 2012, uma medida que foi anunciada pelo Chefe do Executivo no âmbito das Linhas de Acção Governativa (LAG). Contudo, segundo o calendário apresentado on-tem na sede da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), os funcionários públicos e trabalhadores de escolas que recebam subsídios directos, ou professores que recebam sub-sídio para o desenvolvimento profissional, só começam a receber os seus reembolsos em Abril.

Mais de 67 mil beneficiários vão receber 60% do imposto que pagaram em 2012 através de um cheque cruzado a enviar por correio, o que corresponde a uma fatia de 220,961 mil pa-tacas. Depois, mais de 29 mil contribuintes vão receber, via transferência bancária, o resto do seu imposto, numa tranche

Internatos médicos Deputados querem saber calendário

OS deputados Zheng Anting e Ho Ion Sang entregaram interpelações orais

ao Governo onde questionam o calen-dário para a revisão do regime geral de internatos médicos, o qual está em vigor desde 1999.

Exigem que o Governo vá ao hemiciclo explicar o atraso na revisão da lei e qual o calendário para a formação e recrutamento de médicos. “As autoridades referiram que iam formar 100 médicos por ano e elaborar um regulamento administrativo para alterar o regime de formação de internos. Então, quando é que essa alteração vai ter lugar e quando vão ser definidas as respectivas regras?”, questionou Zheng Anting.

Já Ho Ion Sang vai mais longe e receia que os cursos criados pelos Serviços de Saú-de, em parceria com o hospital Kiang Wu e a Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) sirvam para “fugir à regulamen-tação da lei”. “Os SS não têm um plano de recursos humanos a longo prazo e não só há uma diminuição significativa no que respeita a cursos de formação de médicos e a números de formados, mas também uma interrupção na oferta de médicos.”

O HM noticiou recentemente que os SS estão a implementar “um novo modelo de internatos” com as duas entidades privadas sem que a revisão da lei esteja concluída.

LEI DO URBANISMO ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU PEDE MAIS EXECUÇÃO

Plano director de Macau a consulta pública

IMPOSTO PROFISSIONAL COMEÇA A SER DISTRIBUÍDO PARA A SEMANA

Funcionários públicos ficam para o fim

PORTUGUESES NO PLANEAMENTO URBANÍSTICOForam ontem publicados os nomes dos vogais do Conselho do Planeamento Urbanístico. No total, são 27 e entre estes estão o deputado Mak Soi Kun, o advogado Jorge Neto Valente e o arquitecto Rui Leão.

para sabermos as razões das es-colhas e o historial de cada um. Em segundo lugar pretendemos que o plano director de Macau seja conhecido e colocado em consulta pública”, disse Jason Chao, presidente da ANM.

A urgência pedida pela ANM acabou por coincidir com a publi-cação dos nomes que vão compor o referido conselho. Segundo o Boletim Oficial (BO), serão 27 membros a emitir pareceres sobre os futuros projectos urbanísticos, onde constam nomes como o de-putado Mak Soi Kun, Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados (AAM) e Rui Leão, arquitecto.

A entrega da carta por parte da ANM não teve direito a nenhum tipo de recepção por parte dos funcionários da sede do Governo, alegadamente porque a entrega das cartas se faz numa outra zona do edifício e fora do horário de trabalho. Contudo, Jason Chao referiu que não recebeu nenhum aviso e que no domingo o grupo a favor da violência doméstica como crime público também viu ser-lhe rejeitada a entrega da carta. Tudo porque a acção estaria fora dos dias e horários de expediente.

Um funcionário acabou por coordenador os movimentos dos membros da ANM, tendo expli-cado que, como a carta menciona um assunto ligado às obras públi-cas, deveria ter sido entregue no gabinete do secretário Lau Si Io. Contudo, a associação considera que a carta deve ser dirigida ao Chefe do Executivo e, por isso, continuou a insistir que a carta deveria ser entregue na parte da frente do edifício. No final, a carta acabou por ficar colocada junto ao portão, na zona da Praia Grande.

Em mais uma actividade da Novo Macau, a associação exigiu clarificações sobre a nova lei do planeamento urbanístico. Os democratas desejam mesmo que o plano director para a península de Macau seja posto, em breve, a consulta pública

de 155,315 mil patacas. Quem não tem a situação regularizada nas finanças terá de fazer os pa-gamentos para posteriormente receber o cheque em casa. No total, a devolução que o Gover-no vai devolver 390 milhões de patacas. O pagamento do imposto rendeu, em 2012, 1,2 milhões de patacas aos cofres do Governo.

A devolução do imposto profissional pretende, segundo o Governo, servir de apoio à classe média, sendo que as de-voluções nunca serão acima das 12 mil patacas. Um trabalhador com um salário anual superior a 570 mil patacas receberá esse valor na totalidade.

Cerca de 200 mil residentes vão ficar de fora desta iniciativa,

uma vez que têm rendimentos anuais inferiores a 144 mil patacas.

A DSF não tem ainda um ca-lendário para iniciar a devolução do imposto pago em 2013, uma vez que os dados só começaram a ser inseridos no inicio do ano e ainda estão a ser processados. Só em Agosto poderão saber-se mais resultados. - A.S.S.

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3 políticahoje macau quinta-feira 20.3.2014TI

AGO

ALCÂ

NTAR

A

Au Kam San pretende lei para limitar jogadores/funcionários O deputado Au Kam San fez ontem uma interpelação escrita, onde afirma que os funcionários do jogo têm mais facilidade em se tornar jogadores patológicos. O deputado insta o Governo a ponderar a

alteração da lei, para limitar a participação dos funcionários dos casinos no jogo. Além disso,

o deputado considera que a participação dos adolescentes no jogo também é preocupante, mas, diz, o Governo ainda não tem nenhuma medida para combater isto. Au Kam San quer saber, por exemplo, se isto pode ser matéria

de manual escolar, de modo a que os jovens possam reconhecer os

malefícios do jogo.

JOANA [email protected]

O Conselho do P a t r i m ó n i o Cultural admi-tiu ontem que

não há um mecanismo específico para impedir que potenciais edifícios a inte-grar a lista do património sejam modificados enquanto aguardam pela avaliação da classificação. Isto mesmo foi explicado ontem aos jornalistas, após a primeira reunião do Conselho.

De acordo com Guilher-me Ung Vai Meng, presiden-te do Conselho e do Instituto Cultural (IC), o grupo pre-tende começar a elaborar uma lista de edifícios e locais que podem eventu-almente ser identificados como património mundial a partir de Maio e concluí-la em Novembro. O Conselho não tem, para já, nenhuma ideia de quantos podem ser estes locais e avisa também que, só depois de uma ava-liação feita e aceitação, é que haverá uma lista definitiva do património de Macau. “Temos 128 itens na lista,

CECÍLIA L [email protected]

O deputado Ng Kuok Cheong considera que o centro interdepartamental para o

tratamento de infiltrações de água em edifícios residenciais não tem poderes suficientes para punir quem não cumpre a legislação em vigor.

Na sua interpelação escrita, Ng Kuok Cheong pede que o Governo melhore o mecanismo para que os funcionários, quando levarem a cabo

A deputada Wong Kit Cheng entregou uma

interpelação oral ao Governo onde questiona a redução de lares de idosos, por oposição ao crescimento da popula-ção idosa, exigindo que o Executivo vá á Assembleia Legislativa explicar o plane-amento nessa área. “Segundo os dados dos Serviços de Es-tatísticas e Censos, em 2013 existiram 48,700 idosos com idade superior a 65 anos. Se-gundo o planeamento actual do Governo sobre as vagas de idosos, existem quase 2500

que precisam de cuidados de saúde. Mas existem apenas 1817 camas, números que in-cluem serviços de entidades privadas e disponibilizados pelo Governo. Para suprimir as necessidades, são necessá-rias mais 600 camas.”

Por isso mesmo a deputa-da, que se formou em enfer-magem, quer que o Governo reveja o plano para o acesso de cuidados continuados a idosos. “No futuro, só três em cada cem idosos conse-guirão ter acesso ao serviço dos lares.” - C.L.

PATRIMÓNIO NÃO HÁ MECANISMO PARA IMPEDIR DANOS EM POTENCIAIS LOCAIS CLASSIFICADOS

Proposta pronta em Novembro

INFILTRAÇÕES DE ÁGUA EXIGIDO MAIS PODER A CENTRO DO GOVERNO

Ng Kuok Cheong pedepunições a quem viola a lei

De mãos atadas. O Conselho do Património Cultural admitiu que não há um mecanismo específico para impedir que potenciais edifícios a integrar a lista do património sejam modificados. Enquanto isso, aguardam-se notícias da avaliação da classificação

mas isso não impede que mais dois, ou três ou quatro locais que tenham potencial possam integrar a lista. Se tivermos condições, vamos iniciar o processo.”

Esse processo, contudo, pode demorar até um ano, o que levantou a questão sobre eventuais danos que podem ser causados aos edifícios que aguardam a avaliação da UNESCO. O Conselho do Património assegura que há comunicação entre departamentos do Executivo para que isso não aconteça. “Uma construção tem que ter condições suficientes para que possa ser classificada, mas, apesar disso, não é

só o IC que está integrado no Conselho, também as Obras Públicas e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. O trabalho está assegurado e os departamen-tos comunicam.”

ATENÇÃO ÀS DEMOLIÇÕESRecorde-se que, recente-mente, o piso de um edifício com potencial para ser clas-sificado foi demolido pelo proprietário, supostamente, com autorização das Obras Públicas. Isso mesmo foi o motivo que levou os jorna-listas a questionar Ung Vai Meng sobre o assunto, mas o Conselho assegura que isso não deverá acontecer mais.

“Neste Conselho, os mem-bros também fazem parte do Conselho do Planeamento Urbanístico e também são ouvidas as opiniões antes da emissão das plantas de alinhamento. A população pode dar opiniões, por isso, para evitar que venham a desaparecer edifícios nos tempos futuros temos leis em vigor e neste conselho também há representantes de serviços públicos, o que facilita o diálogo e a cooperação. No futuro, os trabalhos serão melhores feitos.” O grupo diz não ter ainda um calendário sobre quando pode ter pronta a lista final do património.

uma investigação, consigam ter uma autorização do tribunal para entrar obrigatoriamente em casas privadas. Na opinião do deputado, membro da Associação Novo Macau, só assim se conseguem punir os proprietários que recusem fazer a manutenção das suas casas.

O centro de que fala Ng Kuok Cheong foi criado em 2009 e tem serviços ligados ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Direcção Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DS-SOPT), Instituto da Habitação (IH) e Serviços de Saúde (SS). Segundo o deputado, nos últimos anos o centro não conseguiu resolver os casos a longo prazo, sendo que uma das razões deve-se às limitações impostas pelas leis e regulamentos em vigor.

Quando os residentes rejeitam colaborar no combate às infiltrações, estes funcionários não conseguem obter uma autorização superior para entrar nas suas casas e fazer a devida investigação ao problema.

O Governo criou o centro desde 2009, com um interdepartamental en-tre Instituto para os Assuntos Cívicos

e Municipais (IACM), serviços das obras púbicas (DSSOPT), Instituto da Habitação e Serviços de Saúde. Ng Kuok Cheong apontou que durante os últimos anos, alguns casos não conseguem ser resolvido num longo prazo, as autoridades explicaram que por causa de limite no poder na lei e regulamento, especialmente quando os residentes rejeitarem a cooperar com o Governo, não conseguiu entrar a sua casa fazer trabalho de investiga-ção. Mesmo definir o residentes tiver responsabilidade, o Governo não pode fazer punição, tem que ser o vitima a fazer processo ao tribunal.

Ng Kuok Cheong quer que seja aplicado o mesmo sistema que vigora em Hong Kong, em que um funcio-nário tem uma ordem expressa do tribunal para entrar numa residência privada e analisar o problema. “Até ao dia 30 de Junho do ano passado, o número de casos sem resolução chegou a 914, o que mostra que há uma falta de adequação da lei. Sig-nifica que em Macau há, pelo menos, 914 famílias que sofrem do problema de infiltração de água sem qualquer resolução.”

Wong Kit Cheng quer rever plano para lares de idosos

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4 hoje macau quinta-feira 20.3.2014SOCIEDADE

CECÍLIA L [email protected]

O S Serviços de Saúde (SS) aceitaram as sugestões das ope-radoras, entregues

em Dezembro do ano passado, relativamente ao consumo de tabaco nos casinos: a proposta foi aceite e, ainda antes de 2015, não vai ser possível fumar nas salas de jogo. Os SS admitem que vão criar salas para fumar nos casinos, mas esses locais serão espaços onde não pode haver nem mesas, nem ‘slot-machines’. De acordo com o jornal Ou Mun, a nova medida vai ser implementada ainda antes de 2015, quando o Governo fizer a revisão à Lei de Controlo do Tabagismo.

Apenas as salas VIP vão ficar de fora desta nova regra. Nas salas VIP, metade das salas podem ser dedicadas a áreas para fumadores, algo que não satisfaz os funcioná-rios do jogo. “Já houve croupiers que desmaiaram depois de inalar muito fumo passivo. Como a área das salas VIP é muito mais pequena do que as salas no resto dos casinos, quem trabalhar lá vai sofrer muito, mas receber um salário igual”, revelou um croupier à TDM, sob anonimato.

O responsável da Casa dos Tra-balhadores da Indústria de Jogo de Macau, Leong Sun Lok, afirma que implementar a proibição de fumo apenas nas salas grandes é ignorar a saúde dos funcionários das salas VIP. “Os casinos que falharam nos exames da qualidade do ar,

Vacina contra cancro do colo do útero distribuída gratuitamente

Despois de ouvir as operadoras, os Serviços de Saúde admitem que vão criar salas para fumar nos casinos, mas esses locais serão espaços ondenão pode haver jogo

FUMO NOS CASINOS SERVIÇOS DE SAÚDE CONFIRMAM PROIBIÇÃO EM TODAS AS SALAS, MENOS AS VIP

Sem fumo antes de 2015

não usam sistemas de ventilação avançados. Isso resulta em que, no futuro, os sistemas nas salas de fumadores, nas salas normais e nas salas VIP sejam o mesmo, fazendo com que o fumo dos clientes ainda consiga entrar nas áreas de não--fumadores.”

Segundo o Ou Mun, a ideia da sala de fumo nos casinos é semelhante às salas para fumado-res no aeroporto, cujo sistema de ventilação transfere o fumo para o exterior. Ainda não há qualquer medida particular sobre este pla-no, mas o Governo acredita que antes de 2015, a nova política possa ser executada. Os 14 casi-nos que falharam nos exames de qualidade do ar vão ter de fazer, obrigatoriamente, esta proibição primeiro. As salas VIP têm que fazer exames próprios e entregar o relatório às autoridades men-salmente.

Além disso, a proibição de fu-mar em bares, discotecas, saunas

e salões de massagem deverá ser implementada também antes de 2015.

KWAN TSUI HANG DESCONFIADAA deputada Kwan Tsui Hang coloca em causa a aceitação do Governo sobre esta proposta. Para a deputada, que falou ao canal chinês da rádio, o Executivo está, com esta medida, a tentar evitar que os casinos implementem a proibição total de fumar. Kwan considera que, se as salas grandes falham nos exames da qualidade do ar, então as VIP mais probabilidades têm de falhar os requisitos, mas, no entanto, são as próprias operadoras que fazem os testes.

Para o director dos SS, Lei Chi Ion, a questão não se coloca: aceitar as sugestões das operadoras não significa que haja uma tentativa de impedimento de implementar a proibição total. O responsável afirma que a ideia não vai apenas beneficiar a qualidade do ar nos casinos, mas também a saúde dos funcionários e clientes. Além disso, os funcionários do Governo podem executar a lei de forma mais fácil, diz, uma vez que a sala para fuma-dores vai ser separada das salas grandes, fazendo com que haja menos conflitos sobre a proibição ou não de fumar nesses locais.

O director revelou ainda que as autoridades foram ao Japão e a Xangai fazer investigações, onde aprenderam a usar uma tecnologia de purificação do ar, bem como as instalações feitas propositada-mente para as mesas de casino, que evitam que o cliente possa mandar directamente o fumo para os funcionários do jogo.

A vacina do cancro do colo do útero foi abrangida

no Programa de Vacinação da RAEM e os Serviços de Saúde (SS) estão a progra-mar a administração gratuita do produto às residentes de Macau. A vacinação destina--se às residentes com idade inferior a 18 anos, sendo a idade ideal entre os 11 e os 13 anos.

A vacinação é feita em

três fases e os SS fornecem gratuitamente todas as vacinas. A vacina contra o papilomavírus humano foi colocada no mercado mundial há décadas e foi abrangida no programa nacional de vacinação pela maioria dos países da Europa Ocidental e da América do Norte e por muitos países da Ásia e do Pacífico.

De acordo com os testes clínicos em larga escala e a monitorização efectuada após a colo-cação no mercado da mesma, a vacina é segura e eficaz. A vacina pode prevenir cerca de 70% do cancro do colo do útero, no entanto, ainda há 30% de tipos de cancro que podem atacar o útero que não são prevenidos pela

vacina. A vacina não pode também curar pacientes infectados.

As doenças causadas pelo papilomavírus humano (conhecido como HPV) já se tornaram globalmente um grande problema de saúde pública, sendo cerca de 5,2% dos casos de cancro causados por este vírus. De acordo com os dados do Registo de Cancro de Macau, o cancro

do colo do útero tem estado sempre nos primeiros 4.o a 6.o lugares dos tumores malignos mais comuns de mulheres, correspondente a uma percentagem variando entre 3% e 7% dos casos de cancro ocorridos em mulheres. No ano de 2011, registaram-se em Macau 31 novos casos de cancro do colo do útero e nove casos mortais.

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5 sociedadehoje macau quinta-feira 20.3.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

D AS intenções passaram--se aos actos: em apenas 24 horas, dez docentes de português do conti-

nente inscreveram-se no primeiro curso de formação promovido pelo centro pedagógico e científico do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Trata-se do primeiro pro-jecto concreto a ser realizado por uma entidade criada em 2012 e que pretende ser um centro de formação de professores de língua portuguesa de Macau e da China. “É um grande passo, sem dúvida”, disse ao HM Carlos André, director do centro. “Vai ser um curso de 60 horas, intenso, leccionado por duas professoras do centro e outra professora que virá de Portugal. Em principio terá um aluno, que é professor, de cada universidade da China.”

Embora esteja a ser organi-zado o primeiro curso, Carlos André ainda fala do centro como sendo “um bebé”, que ainda tem de analisar o mercado onde vai actuar. “O nosso grande objec-tivo é apoiar o desenvolvimento do português na RPC. E estamos a dialogar muito. Estou a fazer um trabalho delicado, de visita a todas as universidades que têm português. Vou começar a conhe-cer em profundidade a realidade chinesa e vou pedir às pessoas o que é que elas gostavam que este centro fizesse por elas.”

As duas professoras que esta-vam em processo de recrutamento já estão a trabalhar no centro, sendo que este ano deverão chegar mais

Empresária quer investir 200 milhõesna zona norte Tong U Song, uma empresária local, disse ao jornal Ou Mun que pretende investir cerca de 200 milhões de patacas para restaurar a fábrica de vinho na Rua do Patane, por forma a transformar o espaço numa pensão de duas estrelas com 200 quartos. Os preços por noite deverão rondar as 900 e as 1500 patacas, disse a empresária. A directora da empresa já comprou o terreno e pretende desenvolver um hotel de baixo custo cujo tema será a adega e a produção de vinho, tendo como inspiração a antiga fábrica. O pedido de obras foi entregue ao Governo em 2012, mas se a permissão chegar este ano, as obras deverão estar terminadas dentro de um ano e meio.

Escolas de HongKong visitam escolade São Paulo A escola de São Paulo, a única da Ásia onde a aprendizagem é feita exclusivamente com computadores, com manuais didácticos na plataforma informática, recebeu a visita de 15 escolas de Hong Kong que pretendem olhar o projecto de mais de perto. Segundo disse Alejandro Salcedo, director da escola, ao HM, a visita teve a coordenação da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), tendo o objectivo de fortalecer o intercâmbio educacional entre os dois territórios.

Consultadoria Grupo Neptuno negadetenção por lavagem de dinheiro

Criado em 2012, o centro pedagógico e científico do Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai disponibilizar a primeira acção de formação a docentes no Verão. Para o director, Carlos André, é o “primeiro grande momento” da entidade

CENTRO DE PORTUGUÊS DO IPM PRIMEIRA ACÇÃO DE FORMAÇÃO JÁ TEM DEZ INSCRIÇÕES

Curso arranca em Julho

O grupo que presta consul-tadoria jurídica ao Grupo

Neptuno – promotor de jogo, com negócios nos casinos de Macau – negou que tenha ha-vido qualquer detenção de um dos proprietários da empresa ‘junket’. A notícia tinha sido avançada pelo jornal inglês local Macau Daily Times, que citava fontes anónimas ligadas ao jogo.

Ao HM, contudo, um dos responsáveis pela empresa que presta apoio jurídico ao grupo

– de nome Bao – assegurou que nem sequer tinha ouvido falar disso. “Não ouvimos isso e, que eu saiba, ninguém foi detido.” Para a empresa de advogados, a história “é apenas um rumor, porque se fosse verdade, tinha sabido”.

O Macau Daily Times avan-çava esta semana que um dos pro-prietários – não sabia se homem ou mulher – teria sido detido na quarta-feira, no apartamento de Hong Kong, onde a polícia terá

encontrado também 200 milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro. O accionista do grupo seria suspeito de actividades de lavagem de dinheiro que devem também envolver operações em Macau, onde domina grande par-te do mercado dos junkets, dizia o jornal. As autoridades de Hong Kong, à semelhança da empresa de advogados também da região vizinha, disse também ao HM não ter quaisquer informações sobre o caso.

duas. Carlos André garante que o número de professores a trabalhar no centro do IPM vai sendo defi-nido a cada ano lectivo, sendo que também não quer adiantar, para já, qual será a sua capacidade em termos de docentes formados.

CURSOS TAMBÉM NA CHINASem nenhum entrave em termos de orçamento, Carlos André garante que é necessário traçar passo a passo o papel que o centro deve desempenhar. Para além dos do-centes virem do continente para Macau, o centro do IPM poderá

levar à China as suas acções de formação de curta duração. “O modelo vai ter de se adaptar à realidade com que nos confron-tarmos. Vamos tentar responder às necessidades e, provavelmente, não conseguiremos responder plenamente. Neste momento a consciência que temos é que exis-tem na China mais de 90 docentes de português.”

Estando o projecto no inicio, Carlos André prevê que necessite de cerca de quatro anos até atingir a sua maturidade em termos de fun-cionamento, dando como exemplo

o Bell Center do IPM, destinado ao ensino do inglês.

Outro dos objectivos do centro passa pela investigação e realização de mais materiais didácticos de português, algo que, segundo Carlos André, falta em Macau e na China. “Tenho um projecto de fazer mais edições. O que faz cada vez mais falta (em Macau) são glossários, que nós não temos e isso exige um trabalho de investigação e trabalhos de equipa para fazer glossários em várias áreas. Quero voltar-me para aí solicitando colaborações de pes-soas alheias ao centro.”

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6 sociedade hoje macau quinta-feira 20.3.2014

O Galaxy En-t e r t a i n m e n t Group, que explora vários

casinos em Macau, anunciou ontem lucros líquidos em 2013 de 10.100 milhões de dólares de Hong Kong, um crescimento de 36% face a 2012. O anúncio da compa-nhia foi feito em Hong Kong, onde a empresa está cotada em bolsa e tema sua sede.

Em termos de recei-tas, a Galaxy registou um crescimento de 16% para 66.000 milhões de dólares de Hong Kong. O EBITDA ajustado - lucros antes de impostos, amortizações e depreciações - atingiu 12.600 milhões de dólares de Hong Kong, ou mais 26% face a 2012.

O Galaxy Macau, prin-cipal complexo de hote-laria e jogo da empresa, registou, sozinho, um crescimento da receita de

JOGO GALAXY COM LUCROS DE 10.100 MILHÕES DE DÓLARES DE HONG KONG

Casinos de Macau a potenciar negócios21% para 40.000 milhões de dólares de Hong Kong.

A empresa disse também ter disponíveis a 31 de De-zembro 10.300 milhões de dólares de Hong Kong.

Ao anunciar os resulta-dos, a Galaxy disse também que a segunda fase do seu complexo Galaxy Macau

çaram e o projecto deverá ser revelado em meados de 2014.

Na ilha da Montanha, anexa à zona do Cotai, já na China continental e com ligação viária a Macau, a Galaxy pretende construir um complexo turístico num terreno com 2,7 quilómetros quadrados, onde vai investir

10.000 milhões de yuan e para o qual já tem

um acordo com as autoridades

chinesas.Ao longo de 2013, o g r u -

po Galaxy chegou a con-

quistar a segunda posição do ranking

dos operadores de jogo em Macau, posição que per-deu, já este ano, quer para a Sociedade de Jogos de Macau, quer para a Sands China. - Lusa

A reformulação do Grand Waldo, um complexo também edificado no Cotai, onde estão a ser desenvolvi-dos a maioria dos projectos de entretenimento ligados ao sector do jogo, já come-

deverá estar concluída em meados de 2015 e que estão a ser ultimados os projectos das terceira e quarta fases, em que serão investidos en-tre 50.000 a 60.000 milhões de dólares de Hong Kong e cuja construção terá início no final deste ano.

36% representa o aumento

de lucros face a 2012

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7ENTREVISTAhoje macau quinta-feira 20.3.2014

JOANA [email protected]

O IPIM presta tem um papel principal no investimento e nos negócios em Macau. Qual o ba-lanço que faz desse trabalho nos últimos anos? Sendo a entidade oficial do comér-cio e dos negócios, o IPIM tem-se esforçado para promover o comér-cio externo e atrair investimento estrangeiro. Também na promoção do investimento e do desenvolvi-mento de negócios entre Macau e o resto do mundo. Fazemos todos os esforços possíveis para servir não só as empresas, como os in-vestidores pessoais, tanto locais como no estrangeiro. Para fazer isto, prestamos diferentes tipos de serviço e assistência técnica através de uma ampla gama de soluções. Tendo em conta os objec-tivos do Governo em fazer Macau desenvolver-se como uma plata-forma de comércio e negócios, ao promover a cooperação económica com o estrangeiro e ao fomentar a diversificação económica – agora moderada - de Macau, temos conseguido expandir os nossos serviços para melhor servirmos a comunidade empresarial.

Como é que define o ambiente de negócios em Macau? Macau é um mercado livre e dono de uma economia aberta. É consi-derado como tendo um alto nível de aberturas de mercado, se tivermos em conta a liberdade que temos nas trocas comerciais, no tipo de investimento e no sector financeiro. Na verdade, a Organização Mun-dial do Comércio listou Macau como sendo uma das economias mais abertas no mundo. Temos um sistema de imposto muito baixo e bastante simples, sendo a taxa de imposto complementar não mais do que 12%. Além disso, tem uma rede de negócios bastante alargada a nível mundial e uma relação mui-to próxima com a China continental e os países de língua portuguesa. Nos últimos anos, mais recente-mente, a economia de Macau teve um crescimento notável – só nos primeiros trimestres de 2013, o Produto Interno Bruto chegou aos 10,5%, com o volume das vendas a retalho a subir 21%, quase seis mil milhões de dólares americanos.

Considera que Macau permite que os empresários invistam sozinhos ou o investimento do exterior e através de uma em-presa é sempre mais favorável para quem quer ter negócios cá?Sendo uma economia e um merca-do livre e aberto, tanto investidores locais, como do estrangeiro – so-zinhos ou não – conseguem tirar partido das mesmas condições fa-voráveis e dos mesmos privilégios.

Na sua opinião, quais os negócios em que é melhor investir em Ma-

O IPIM não poupa esforços para ajudar as PME a expandir e a desenvolver através da prestação de uma série de serviços e suporte que abrangem incentivos financeiros, serviços de consultoria e de aplicativos para empresas locais que desejem participar em exposições no exterior

JACKSON CHANG, PRESIDENTE DO INSTITUTO DE PROMOÇÃO DO COMÉRCIO E INVESTIMENTO DE MACAU, FALA DAS PME

“Estamos bem cientes que têm dificuldades”

cau? E, actualmente, em que tipo de negócios é que as empresas apostam mais?Sendo que Macau está a tentar atingir o objectivo de ser um centro internacional de turismo e lazer, há cada vez mais oportunidades de investimento em inúmeras indústrias. Por exemplo, no sector das convenções e exibições, nas indústrias culturais e criativas, no sector da medicina chinesa... tudo isto dá a hipótese de, tanto locais, como investidores de fora conse-guirem oportunidades de negócio.

Qual é peso do investimento estrangeiro em Macau?De acordo com os Serviços de Estatísticas e Censos, em 2013, formaram-se 4481 novas empre-sas, com um total de capital social de 756 milhões de patacas. Estamos a falar de empresas estabelecidas em Macau, o que mostra um au-

O presidente do IPIM garante que está consciente que as PME de Macau têm dificuldades, mas assegura que o Governo tudo faz para ajudar. Jackson Chang, que concedeu uma entrevista ao HM apenas por email, afirma que as oportunidades de investimento em Macau são iguais, tanto para os locais, como para os estrangeiros, bem como a ajuda prestada pelo instituto. A Ilha da Montanha pode abrir portas às PME, diz o presidente, que explica que espera ter uma lista de cerca de 30 projectos com potencial para chegarem à aprovação de Hengqin ainda este mês

mento anual de 24%. Os sectores principais são da venda a grosso e a retalho, comércio, construção e imobiliário. Cerca de 60% do capital destas novas empresas vem sobretudo de Macau, mas também da China continental e de Hong Kong, que mostra que, em Macau, as pessoas sentem-se optimistas relativamente à eco-nomia, especialmente em áreas de venda a retalho, restauração (comidas e bebidas) e sectores de serviços. Em 2012, Macau tinha 2115 empresas com investimento estrangeiro directo, com um total de capital social que chegava aos 17,8 mil milhões de patacas – des-tes, o capital estrangeiro era cerca de 81% do total. Analisando por sector, o capital estrangeiro estava investido em 91% do total do sector dos bancos e das vendas a grosso e a retalho. Cerca de 68% está no sector dos bancos, mais 12% do que em anos anteriores.

Tem havido algumas críticas so-bre a falta de apoio do Governo às Pequenas e Médias Empresas. Sente isso? Mais de 90% das empresas de Ma-cau são PME e elas têm um papel vital na nossa economia. Apoiá--las sempre foi um dos maiores objectivos do Governo. O IPIM não poupa esforços para ajudar as PME a expandir e a desenvolver através da prestação de uma série de serviços e suporte que abrangem incentivos financeiros, serviços de consultoria e de aplicativos para empresas locais que desejem par-ticipar em exposições no exterior. Por exemplo , a partir do Macau Business Support Centre, criado em 2002, que oferece espaços de escritório e uma série de serviços

relacionados com os investidores e as empresas locais, do Centro de Pequenas e Médias Empresas, o “Macao Ideas” para promover os produtos de Macau. Estes são apenas alguns dos serviços que nós lançamos ao longo dos anos em resposta às mudanças do mercado para melhor servir as PME locais. Em 2013 , fornecemos subsídios financeiros a mais de 480 PME locais, para ajudar na sua partici-pação em cerca de 60 exposições locais e no exterior. Para ajudar na criação de negócios em Macau, continuamos a fortalecer o nosso serviço de arranjar negócios que se identifiquem com outros e temos as chamadas missões comerciais tanto no continente, como no exterior. Por exemplo, no ano passado, foram realizadas cerca de 7000 sessões de bolsas de contacto durante diferentes eventos em Macau e no exterior, resultando na assinatura de 215 protocolos. Em 2013, o IPIM prestou apoio a cerca de 50 conferências e ex-posições realizadas em Macau, organizamos mais de 20 visitas de delegações e ajudamos cerca de 40 empresários a participar em cerca de 41 exposições.

Quais são as maiores dificulda-des que as PME têm de enfrentar em Macau? A economia de Macau tem vindo a registar um crescimento constante, o que trouxe novas oportunidades para as PME locais. No entanto, o crescimento económico também traz novos desafios e dificuldades, tais como o aumento dos custos operacionais e escassez de recursos humanos. As PME locais estão a enfrentar novas oportunidades, mas também novos obstáculos e nós estamos bem cientes disso. No entanto, o Governo vai lançar novas medidas de apoio às PME este ano, como o novo esquema de subsídios para ajudar as PME a construir o seu website, além das diversas medidas de auxílio financeiro, tais como o Programa de Assistência às PME e o Sistema de Garantia de crédito às PME. E o IPIM também vai continuar a apoiar as PME através de um maior apoio financeiro, do for-talecimento da formação técnica e da promoção do investimento estrangeiro e visitas ‘in loco’. Depois temos a cooperação com Guangdong. Em Julho passado, foi feita a promoção do investimento na Ilha da Montanha. Recebemos um total de 89 pedidos que foram submetidos para análise por uma comissão especial. Esperamos ter uma lista de cerca de 30 projectos com potencial para chegarem à aprovação de Hengqin ainda este mês. Os projectos cobrem vários sectores, incluindo as indústrias culturais e criativas, turismo e lazer, alta tecnologia e isso vai trazer mais participação das PME de Macau.

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8 hoje macau quinta-feira 20.3.2014CHINA

D UAS pessoas, incluin-do o alegado agressor, morreram em Urumqi, capital da região de

Xinjiang, depois de o suspeito ter atacado um polícia da localidade e ter sido abatido posteriormente por outros agentes de segurança,

M ILHARES de empresas por toda a China devem começar a divulgar as

suas emissões de gases de efeito estufa no âmbito de um plano do governo para construir uma base de dados de emissões no país.

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, principal agência de planeamento económico da China, informou numa nota no seu site que todas as empresas que emitiram mais de 13.000 toneladas de dióxido de carbono em 2010 devem comuni-car as emissões anuais futuras de todos os seis principais gases que provocam efeito estufa.

“A comunicação é para apertar o controlo sobre os principais

emissores, fornecendo estatísticas para limitar as emissões de gases de efeito estufa e lançar um sis-tema de comércio de carbono”, diz a nota.

A falta de dados credíveis sobre as emissões está entre os principais desafios para a construção de um mercado nacional, uma vez que a imposição de limites de carbono para as fábricas é difícil de execu-tar quando não se sabe o que cada fábrica emite.

A nota não especifica quando a notificação compulsória irá entrar em vigor, mas alguns analistas disseram à Reuters que esperam que comece a funcionar partir de 2015. A China é a maior emissora global de gases de efeito estufa.

C ERCA de 200 estudantes ocuparam e paralisaram on-tem o Parlamento de Taiwan

num protesto contra a tentativa de o partido Kuomintang, no poder, utilizar a sua maioria absoluta para aprovar um pacto de comércio e serviços com a China.

Os estudantes pedem ao Presi-dente de Taiwan, Ma Ying-jeou, que se desculpe pela ineficácia e erros

das suas políticas, e também que se debata no Parlamento, artigo a artigo, o pacto com a China. “É um momento crucial para a democracia taiwanesa”, disse um dos estudantes à agência Efe, via telefone.

É a primeira vez na história que um grupo invade e ocupa o Parlamento taiwanês.

A oposição taiwanesa con-sidera que o pacto de serviços

com a China é desfavorável para Taiwan, e que o mesmo foi nego-ciado com pouca transparência e sem suficiente consulta com o Parlamento e grupos afectados. As disputas verbais, e físicas, dentro do Parlamento de Taiwan em relação ao acordo começaram na semana passada no comité encarregado da revisão prévia dos temas a serem enviados para as sessões plenárias.

Pequim quer que Tóquio trate da questãodo recrutamento forçado de trabalhadoresna II Guerra Mundial

XINJIANG DOIS MORTOS APÓS ATAQUE COM FACA

Agressor abatido a tiro

POLUIÇÃO PEQUIM EXIGE QUE EMPRESAS RELATEM EMISSÃO DE GASES

Controlo a apertar

informaram ontem as autoridades locais.

O incidente ocorreu na ma-drugada de segunda-feira, quando o suspeito, de etnia uigur, atacou um polícia com uma faca e um machado e depois se dirigiu a uma estação de polícia próxima,

onde foi abatido a tiro por outros agentes.

O polícia ferido foi transpor-tado para o hospital, onde viria a falecer horas depois. “Ocorreu logo depois da saída de vários funcionários e polícias de uma reunião no distrito de Xinya Ya-malik”, disse um polícia à Radio Free Asia (RFA).

No início de Março, um gru-po de presumíveis terroristas de Xinjiang atacou indiscriminada-mente, com facas, passageiros na estação ferroviária de Kunming, causando a morte de 29 deles, a que se juntaram quatro dos atacantes que sucumbiram aos disparos da polícia.

Duas semanas depois, seis pessoas morreram num outro ataque com armas brancas na cidade de Changsha, situação que as autoridades disseram tratar-se de um conflito laboral.

O maior conflito étnico recen-te em Xinjiang ocorreu no verão de 2009, quando um confronto entre os uigures e os han causou perto de 200 mortos em Urumqi.

O recrutamento forçado de mão--de-obra foi um dos crimes

cometidos pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial. A China exige que o Japão trate esta questão histórica adequada e seriamente, afirmou o porta-voz da Chancelaria chinesa, Hong Lei, esta quarta-feira em Pequim.

O Primeiro Tribunal Popular Intermediário de Pequim recebeu ontem o litígio de reivindicação co-lectiva dos trabalhadores chineses

na Segunda Guerra Mundial contra as empresas japonesas.

Em conferência imprensa, Hong Lei apontou que esta foi uma decisão tomada de acordo com as leis chine-sas. Segundo Lei, os trabalhadores chineses recrutados forçadamente sofreram, durante anos, um grave atropelamento da sua dignidade e direitos legítimos. A China deseja que o Japão respeite a verdade histórica com uma atitude responsável e trate adequadamente a questão, disse Lei.

TAIWAN ESTUDANTES OCUPARAM PARLAMENTO

Contra pacto com a China

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9 chinahoje macau quinta-feira 20.3.2014

U M raríssimo cão de guar-da tibetano foi vendido na China por quase 14 milhões de patacas,

no que será talvez a mais cara transacção do género, anunciou ontem um jornal local chinês.

Um promotor imobiliário chinês pagou cerca de 13.900 milhões de patacas pelo animal numa feira realizada esta semana na província de Zhejiang, no leste da China, disse o jornal Noticias da Tarde de Qianjiang.

Descrito como “um animal de estimação de luxo”, o cão tem um ano de idade, 89 centímetros de altura e pesa 200 quilos. “É um cão com sangue de leão”, disse o vendedor e criador de cães Zhang Gengyun.

Segundo o mesmo jornal, Zhang Gengyun vendeu outro

Ambiente Mais de uma centena de porcosmortos despejados num rio em JiangxiPelo menos 131 porcos mortos foram despejados num grande rio do leste da China que fornece água potável a Nanchang, capital da província de Jiangxi, anunciaram ontem as autoridades locais. Os serviços hidráulicos daquela cidade descobriram os primeiros animais no domingo no rio Ganjiang, um afluente do Yangtze, com 758 quilómetros de extensão, e até terça-feira de manhã já tinham retirado das águas 131 porcos, disse a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Foi o segundo caso do género relatado na China no espaço de um ano. Em Março de 2013, milhares de porcos mortos foram retirados do Huangpu, o rio que atravessa Xangai, a capital económica da China. Ontem, ao final da manhã, a operação de limpeza do rio Ganjiang ainda não tinha terminado, mas os exames feitos a todas as tomadas de água de Nanchang mostraram que a água canalizada continuava própria para consumo, indicou a Xinhua.

O S radares militares da Tai-lândia detectaram na noite de 8 de Março sinais de

um aparelho não identificado logo após o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines, noticiou ontem a imprensa local.

Apesar da grande operação internacional de busca, as autori-dades tailandesas não partilharam esta informação até terça-feira porque não foram especificamente questionados a respeito, refere a edição matutina do diário Ban-gkok Post.

O sinal supostamente detecta uma viragem em direcção ao Es-treito de Malaca, apesar de ser um sinal intermitente que não incluía dados como o número de voo, in-dicou o porta-voz da Força Aérea da Tailândia, Montol Suchookorn. “Não demos demasiada atenção ao sinal. A Força Aérea tailandesa só se ocupa das ameaças contra o nosso país, quando as ocorrências não representam uma ameaça para nós, simplesmente observamos sem tomar acções”, disse o militar, segundo o jornal.

Estas novas informações ques-

Índia Prejuízos devido a tempestades levam mais de 30 agricultores ao suicídio

RARO CÃO DE GUARDA VENDIDOPOR QUASE 14 MILHÕES DE PATACAS

Amigo de luxo

REGIÃO

MALAYSIA AIRLINES TAILÂNDIA CONFIRMA SINAIS DE AVIÃO DESAPARECIDO

Dez dias depoistionam as práticas de alguns países que optaram por não partilhar dados em matéria de defesa, após o desaparecimento do avião com 239 pessoas a bordo.

O voo MH370 da Malaysia Air-lines descolou de Kuala Lumpur na madrugada de 8 de Março às 00:41 locais e tinha previsto chegar a Pequim seis horas depois, mas desapareceu do radar 40 minutos após a descolagem.

Pelas 1:28, o radar militar tailandês “era capaz de detectar um sinal, que era normal, de uma aeronave em direcção oposta ao MH370”, disse Montol.

Depois de dias de busca no Mar do Sul da China, as operações de resgate estão agora centradas numa grande área que inclui regiões da Ásia Central e o sul do oceano Índico.

Segundo os últimos dados de satélite recolhidos, o avião pode ter voado para norte, numa área compreendida entre o Laos e o mar Cáspio, ou até ao sul, entre a ilha indonésia de Sumatra e o sul do Índico.

Mais de 40 aeronaves e 34 barcos participam nas buscas, incluindo mais de uma dezena de aviões Orion P-3 e Hércules C-130.

Colaboram nas operações de busca a Austrália, Bangladesh, Birmânia, Brunei, China, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Filipinas, Franca, Índia, Indonésia, Japão, Cazaquis-tão, Quirguistão, Laos, Malásia, Nova Zelândia, Paquistão, Reino Unidos, Rússia, Singapura, Tailân-dia, Turquemenistão, Uzbequistão e Vietname.

Mais de 30 agricultores suicidaram-se desde o final de Fevereiro na região de Vidarbha, no centro da Índia, depois de fortes tempestades terem arruinado as suas culturas, disseram ontem activistas e políticos. As chuvas intensas com granizo,

pouco comuns nesta época em Vidarbha, no estado de Maharashtra, destruíram as colheitas, o que terá levado os agricultores ao suicídio por não poderem pagar os empréstimos, segundo Kishor Tiwari, do grupo ativista Vidarbha Jan Andolan

Samiti, citado pela agência Efe. A organização contou 32 suicídios este mês em 28 distritos, onde foram afectados cerca de 200.000 hectares agrícolas e aproximadamente 30 milhões de pessoas. O principal grupo da oposição da Índia, o Bharatiya Janata

Party (BJP), disse na terça-feira que o número de suicídios de agricultores subiu para 37, exigindo que o desastre natural fosse declarado um “calamidade nacional”, informou a agência Press Trust of India (PTI), citada pela AFP.

cão da mesma raça por cerca de sete milhões de patacas. “Os puros cães de guarda tibetanos são mui-tos raros, como os nossos protegi-dos pandas, e por isso os preços são altos”, disse o vendedor.

Usados pelas tribos de caça-dores nómadas da Ásia Central, os cães de guarda tibetanos são considerados extremamente leais e protectores.

Comentários na internet acer-ca do elevado valor pago na feira de Zhejiang consideram que se trata de pura especulação para tentar elevar o preço dos animais.

O referido promotor imobi-liário, oriundo de Qingdao, um próspero porto e estância balnear do nordeste da China, pensa aliás dedicar-se à criação de cães, adiantou o Notícias da Tarde de Qianjiang.

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DIÁRIO DE INVERNO • Paul AusterPensas que nunca te vai acontecer, que não te pode acontecer, que és a única pessoa no mundo a quem essas coisas nunca irão acontecer, e depois, uma a uma, todas elas começam a acontecer-te, como acontecem a toda a gente. Paul Auster, incansável criador de ficções e de personagens inesquecíveis, vira agora o olhar para si próprio e para o sentido da sua vida. As descobertas da infância e as experiências da adolescência, o compromisso com a escrita - que marcou a sua entrada para a idade adulta -, as viagens, o casamento, a paternidade, a morte dos pais... Uma vida que transborda das páginas deste Diário de Inverno, um definitivo auto-retrato construído com a paixão e a transbordante criatividade literária que são as marcas distintivas da identidade deste escritor amado pelos leitores e admirado pela crítica.

hoje macau quinta-feira 20.3.2014

JOSÉ C. [email protected]

A INDA sem subs-tituto para a baixa de última hora de Pacheco Pereira,

o Festival Literário Rota das Letras dá hoje o pontapé de saída, pelas 18h, no Centro de Ciência de Macau. Cerca de meia hora antes, o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, marcará presença no local para cumprimentar os intervenientes na festa das letras. “Tivemos uma desis-tência de última hora do José Pacheco Pereira, como já foi anunciado. A comunicação que recebemos foi a de que este anúncio tardio se deveu

O Museu de Arte de Macau (MAM), apre-senta desde ontem a

mostra Expressão Macau - Bie-nal Animamix 2013-2014, que reúne mais de cem trabalhos de 23 artistas locais, incluindo pintura, instalação, fotografia, animação em 2D e 3D, pintura digital, escultura, cerâmica, e arte de grafitti, na sua maioria da jovem geração de Macau.

Expressão Macau – Bienal Animamix 2013-2014 envolve oito instituições de seis cidades asiáticas, o Museu de Arte de Macau (MAM); o Museu de Arte Daegu; o Museu de Arte Contemporânea de Xangai; a Biblioteca de Arte da Academia de Artes e Design da Univer-sidade Tsinghua; o Museu de Belas-Artes de Kaohsiung, de Taiwan; o Centro de Artes Visuais, o Espaço de Arte Oil Street, e a City University, de Hong Kong. Outras actividades da “Bienal Animamix 2013-2014” tiveram já lugar em Daegu (Coreia), Kaohsiung, Pequim e Hong Kong, sendo Macau a quinta cidade, a que se seguirá Xangai, informa o comunicado de imprensa da organização.

Em representação da RAEM, o MAM organiza “Expressão Macau – Bie-nal Animamix 2013-2014” para apresentar histórias de animação com um toque e fantasia muito próprios de Macau, com vista a mostrar um universo caracterizado por combinações do real e do imaginário, onde o espec-tador pode escapar a ilusão da realidade e perceber de uma forma mais objectiva as questões sociais, acrescenta a nota de imprensa.

Nesta “Expressão Macau - Bienal Animamix 2013-2014”, os artistas inspiram-se nas suas experiências quotidianas para explorar a sua Macau nativa

Margarida Vila-Nova, Ivo Ferreira, Carlos Machado e Rui Simões inauguraram ontem o espaço “Futura

Clássica”, na Calçada da Rocha, dedicado ao universo dos produtos de luxo para banho e beleza, que

resulta de uma parceria com a centenária marca portuguesa Claus Porto.

“EXPRESSÃO MACAU - BIENAL ANIMAMIX 2013-2014” INAUGURADA NO MAM

Fantasias da nova geraçãoa partir de diferentes ângulos, além de abordarem também temas globais. Alguns artistas apresentam trabalhos que re-velam a fulgurante predilecção pela fantasia na animamix, servindo-se da sua imaginação e reorientando a realidade através de novos media, numa orgia de cenas virtuais que ‘contradizem o mundo real’ de forma a suscitar várias reflexões, diz a nota.

Para a exposição foram seleccionadas animações de dez jovens criativos locais que serão exibidas na Área de Animação Excelente da Juventude, proporcionando ao público um vislumbre das últi-mas criações da nova geração, finaliza a nota de imprensa.

“Expressão Macau - Bie-nal Animamix 2013-2014” estará patente até 18 de Maio de 2014.

FESTIVAL LITERÁRIO ARRANCA HOJE NO CENTRO DE CIÊNCIA,COM PROGRAMA DIVERSIFICADO PARA O FIM-DE-SEMANA

À volta dasletrasao facto de ele ter tentado até à última da hora garantir a sua presença em Macau, o que aca-bou por não ser possível, por motivos pessoais, segundo nos disse. Lamentamos esta baixa, porque o contributo do José Pa-checo Pereira criava grandes expectativas, sobretudo junto da comunidade portuguesa”, disse ontem Ricardo Pinto no lançamento do festival para a comunicação social.

“Estamos a desenvolver esforços para operar uma substituição, sobretudo para o programa que estava previsto na Fundação Rui Cunha”, acrescentou o director do festival que prevê anunciar durante o dia de hoje o nome do escritor que irá ocupar a

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eventos 11hoje macau quinta-feira 20.3.2014

P ARA os que conhecem bem a colecção do Mu-seu Nacional de Arte

Antiga (MNAA), em Lisboa, a obra que estará em destaque na Sala do Tecto Pintado a partir desta quinta-feira, e até ao dia 22 de Junho, não é uma novidade. Está cá pra-ticamente desde sempre mas agora está exposto em todo o seu esplendor. Falamos de Êxtase de São Francisco, um óleo sobre tela de Luca Giordano (1634-1705), que foi submetido no último ano a um grande trabalho de restauro e volta agora a estar em exposição. É a primeira vez que a obra é mostrada ao público, desde que em 2012 foi tirada das paredes do MNAA.

Na pequena Sala do Tecto Pintado ultimam-se os últi-mos pormenores para a ex-posição, que abre ao público quinta-feira a partir das 18h. Ainda se sente o cheiro a tinta e pelo chão estão os vestígios de cartão e plástico, usados

no transporte das obras. É que além de Êxtase de São Francisco, a mostra inclui ainda uma pintura de Luca Giordano pertencente a uma colecção particular espanhola e ainda uma pintura e dois de-senhos da colecção do MNAA que estão atribuídos ao pintor napolitano. “Estas são peças que ajudam a compreender a obra fundamental”, diz Joa-quim Caetano, conservador do museu. E a peça funda-mental é, claro, o monumental óleo sobre tela de 182 x 256,5 cm, que segundo Caetano é “um dos melhores da fase riberesca” de Giordano.

Pintada cerca de 1665, esta obra do MNAA, segue de perto o estilo do pintor espa-nhol Juan Antonio de Ribera, que teve grande influência na pintura napolitana e daí a expressão “riberesca”. “Luca Giordano torna-se no pintor que melhor consegue seguir essa tendência e ganha fama com isso”, conta o conserva-dor do museu, explicando

que esta influência se nota nos contrastes entre o claro e o escuro, nas zonas de luz que incorporam empasta-mentos e nos modelos que exprimem uma rudeza que aumenta o dramatismo das composições.

O conservador destaca ainda a forma como Êxtase de São Francisco, comprado em 1848 para a Academia Real de Belas-Artes, no leilão dos bens da rainha D. Carlota Joaquina, mulher de D. João VI (a obra provinha das colecções reunidas no exílio pelo seu pai, Carlos IV, Rei de Espanha e de Ná-poles), “tem mantido a boa marca dos restauros de cem em cem anos”. Há um século foi Luciano Freire, fundador do restauro em Portugal, quem restaurou esta obra. “Apesar de ter algumas zonas de maior degradação como os rebordos, globalmente as figuras principais foram mui-to pouco mexidas”, conclui Caetano.

LUCA GIORDANO VOLTA AO MNAA EM TODO O SEU ESPLENDOR

A boa marca do restauro

FESTIVAL LITERÁRIO ARRANCA HOJE NO CENTRO DE CIÊNCIA,COM PROGRAMA DIVERSIFICADO PARA O FIM-DE-SEMANA

À volta dasletrasvaga deixada em aberto por Pacheco Pereira.

Para o fim-de-semana, o Rota das Letras apresenta um

programa diversificado, com música, cinema e poesia, para além de outras actividades a marcarem a agenda.

Assim, esta quinta-feira, após a cerimónia de abertura, Clara Ferreira Alves e Yan Ge-ling falarão sobre a “Escrita como Viagem”.

Para sexta-feira está mar-cada a inauguração da Feira do Livro, pelas 17h, no Teatro Dom Pedro V, onde mais tarde, às 20h30, terá lugar um concerto de Jazz, pela cantora Zhan Xiao Li, de Pequim, que canta as palavras de autores chineses, como Bei Dao, um dos participantes do festival deste ano que estará também presente na plateia do Dom Pedro V, segundo informou Ricardo Pinto. Quem qui-ser assistir ao concerto, de entrada livre, terá de passar pela Livraria Portuguesa para levantar os bilhetes que são em número limitado.

Ainda antes do concerto de Zhan Xiao Li, os amantes de poesia poderão assistir a um recital em português, inglês e chinês, ali mesmo ao lado, na biblioteca Sir Robert Ho Tung, pelas 18h, com a presença de Bei Dao, Hu Xu-dong, António Graça Abreu, Fernanda Dias, Agnes Lam, ou Fernando Sales Lopes, entre outros.

O programa de sábado arranca pela manhã, 10h30, no Cineteatro de Macau, com a exibição do filme de Cheang Pou-Si, “Accident”, que terá também um número limitado de ingressos disponíveis para o público, cerca de 100 bilhe-tes, poderão ser levantados na Livraria Portuguesa.

A apresentação do II Livros de Contos do Festi-val terá lugar pelas 16h, no Teatro Dom Pedro V, onde uma hora mais tarde será a vez do escritor moçambicano João Paulo Coelho falar sobre a sua obra. Pelas 18h, e no mesmo local, Sheng Keyl, Agnes Lam, Tong Mui Siu e Chan Im Va irão falar sobre o que é escrever no feminino.

Domingo, depois de um workshop sobre literatura e jornalismo, por Clara Ferreira Alves, na Livraria portugue-sa, às 11h, o Teatro D. Pedro V volta a abrir portas para Yan Geling e Li Guanding apresentarem “Uma cidade chamada A-Má”, pelas 15h. Clara Ferreira Alves falará so-bre “Portugal: Retrato de um país em crise”, às 18h, ainda no Teatro, e para a hora de jantar o festival propõe o programa

“Escritores à Mesa”, que junta vários autores no restaurante Lei Hong Kei, para partilharem uma refeição com o

público, que pode reservar lugar à mesa por e-mail.

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12 hoje macau quinta-feira 20.3.2014

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HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Paz – 75

Aqueles que atingem o ponto em que não sentem prazer em nada, descobrem que agora podem desfrutar tudo. Dado que nada existe de que não desfrutem, a sua felicidade é suprema.

* * *

Aqueles que encarnam o Tao são livres e inexauríveis; aqueles que confiam em cálculos muito labutam sem nada alcançar.

* * *

Aqueles que confiam na inteligência sem a Via, decerto se en-contrarão em perigo; aqueles que empregam o talento sem ci-ência, decerto serão frustrados. Existem aqueles que perecem por terem muitos desejos, mas nunca houve ninguém posto em perigo por não ter desejos. Existem aqueles que causam desor-dem devido ao seu desejo de governar, mas nunca ninguém sofreu qualquer perda por conservar aquilo que é constante.

* * *

Quando as pessoas têm muitos desejos, tal afecta adversa-mente o seu sentido de justiça. Ter muitas ansiedades afecta adversamente a sabedoria. Ter muitos medos afecta adversa-mente a coragem.

* * *

Reduz aquilo que possuis e serás circunspecto; minimiza aqui-lo que procuras e terás aquilo de que precisas.

* * *

A clara calma é a consumação da virtude; a suavidade flexível é a chave da Via; a aberta ausência de si e a serena alegria permitem fazer uso de todas as coisas.

* * *

Aqueles que querem firmeza devem guardá-la com flexibili-dade; aqueles que querem força devem preservá-la com fra-queza.

* * *

Se tiveres contenda com ninguém, ninguém poderá ter con-tenda contigo.

Da Paz – 76

Quando o espírito governa, o corpo beneficia por lhe obe-

decer; quando o corpo está em controle, o espírito sofre por lhe obedecer.

* * *

Em completude, é pura simplicidade; dividido, encontra-se misturado, como que numa suspensão. A suspensão gradual-mente se clarifica; a abertura gradualmente se enche.É calmo como as profundezas do oceano, largo como as nu-vens que vogam. Parece não estar, mas está; parece ausente, mas está presente.A totalidade de todas as coisas passa por uma abertura; as raí-zes de todos os eventos vêm de uma porta. O seu movimento é informe; as suas transformações se evolam como um filtro; a sua acção é sem rasto. Segue sempre, mas está sempre na dianteira.

* * *

Quando a luz espiritual se armazena no informe, a vitalida-de e a energia regressam à realidade perfeita. Então, apesar de claros, os olhos não são usados para ver; aguçados são os ouvidos, mas não para ouvir; expandida é a mente, mas não para pensar.Quando a vitalidade passa para os olhos, a visão é clara; quan-do passa para os ouvidos, a audição é aguçada; quando passa para a boca, o discurso é certeiro e, quando se reúne na men-te, o pensamento é penetrante.

* * *

Quando as coisas são feitas de acordo com o Tao, tal não é obra do Tao, mas sim dispêndio do Tao.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi com-posto por um conjunto de sábios taoistas na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo de ensinamentos taois-tas já existente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos fundamentais, efectuada a partir do texto canónico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extrac-tos encontram-se organizados em quatro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na secção intitulada “Miscellaneous Schools”.

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13 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 20.3.2014

Parece não estar, mas está; parece ausente, mas está presente.

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14 hoje macau quinta-feira 20.3.2014h

N ADA há de remotamente vulgar em Angel Olsen, o resultado sonhado do aca-salamento entre Johnny

Cash e Leonard Cohen. Aos 27 anos, ao segundo álbum, anda a namoriscar os deuses da canção folk e country. É evidente: vai pedir guarida por uns dias e ficar a vida toda

Muito se pode extrair do tema de abertura do belíssimo Burn Your Fire For No Witness. Unfucktheworld começa com aquela dose certa de Leonard Co-hen (na parte desmaiada) e de Johnny Cash (quando trepa até territórios da country), de quem canta a sós com a guitarra sabendo perfeitamente quão irresistível é esta combinação, quão ir-resistível é esta voz carregada de aban-dono, esta postura de que o mundo bem pode desabar à volta que não há tristeza capaz de ombrear com a sua.

Angel Olsen sabe muito bem para onde vai. Mais para a frente, há-de re-petir a fórmula com igual sucesso em White fire, pegando no tema pelos versos “everything is tragic/ it all just falls apart” e colocando a fasquia nesse número de ilusionismo que consiste em conduzir-nos o olhar para onde quer enquanto o truque acontece subtilmen-te ali ao lado. Assim nos convence-nos de que é um íman para tudo quanto é trágico na condição humana. Só que por trás, suspeitamos, há um discreto sorriso de marionetista, de grande ma-nipuladora.

Voltemos brevemente a Unfu-cktheworld. Apesar do tom de desespe-ro pessoal, apesar de nos falar no estado de um mundo esfarrapado que nos entra pela casa e pelos olhos sistematicamen-te, impossível de não se deixar ver em todo o seu desfile de desgraça — “Isso é o mais devastador de tudo: olhamo-nos ao espelho, obcecados com o mundo e connosco, mas não demoramos mais do que um segundo a pensar nisso e avan-çamos para o nosso dia, sem nos impor-tarmos” —, o título, confessa Angel Ol-sen com um riso que soaria envergonha-do se tivesse um pingo de vergonha no corpo, surgiu-lhe escrito num lavatório, enquanto ensaboava as mãos e dirigiu o olhar ligeiramente para cima. Naquele momento pensou logo: “Isto daria um bom título de canção. E seria óptimo para arrancar o disco.”

É um episódio sintomático da coe-xistência entre o grandioso e o munda-no que atravessa a sua música. Entre a verdade e a distorção da verdade, entre o sublime e o prosaico, entre o univer-sal e o confessional, entre as verdades cruas do mundo e a roupa suja aos pés da cama.

PROFILAXIA CONTRA A TRETAPassou-se pouco mais de um ano desde Halfway Home, aquele que

Gonçalo FrotaIN ÍPSILON (PÚBLICO)

A TEATRALIDADEDE GRANDES CANÇÕESé tido como o álbum de estreia de Angel Olsen — antes houve apenas uma cassete de circulação limitada. E desde então, queixou-se há me-ses ao site Pitchfork, passou meses a atender telefonemas em que lhe perguntavam pelo útero. Na ver-dade, não era bem do útero que as editoras queriam saber. Mas era isso que Olsen sentia: dentro daquele cliché de que as canções são como filhos de quem as põe no mundo e as exibe a terceiros, o súbito interesse na sua prole cançonetista soava-lhe

a “gostamos muito dos teus filhos, quando é que podes ter mais?”. Fe-lizmente, ressalva ao Ípsilon, as me-didas profilácticas contra a “treta da indústria musical” tinham sido to-madas em dose reforçada, nos anos em que integrou o Cairo Gang que acompanhou Bonnie “Prince” Billy. “Pude assistir àquilo que seria andar em digressão, a como seria viver na pele de música”, diz. “Mas também pude ver de perto a forma como a indústria musical se organiza em torno disso, o que me preparou para

as oportunidades e para a treta que teria pela frente se não desistisse e tivesse algum sucesso.”

Em Halfway Home farejava-se distintamente a iminência de uma figura de relevo para o universo da música sedutoramente marginal norte-americana. Uma Cat Power em potência. Até porque o contacto próximo com Will Oldham (Bonnie “Prince” Billy) a levaria a acolher re-gistos country para os quais não esta-va instintivamente desperta. Passan-do os ouvidos por High & wild, de

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 20.3.2014

O CLASSICISMO DE UMA

PATSY CLINE MAS COM

FOGO NAS CORDAS

VOCAIS, A CAPACIDADE

DE EVOCAR CASH, CLINE

OU HANK WILLIAMS

PARA DEPOIS PASSAR

PARA A ZONA DE ACÇÃO

DA ROCK’N’ROLLER

PRIMEVA WANDA

JACKSON

A TEATRALIDADEDE GRANDES CANÇÕES

Burn Your Fire For No Witness, nin-guém o diria. Uma canção incandes-cente, febril, um quadro musical que poderia pertencer aos Mazzy Star se Hope Sandoval algum dia tivesse de-monstrado interesse em sair do esta-do letárgico e abalar atrás das guitar-ras. O classicismo de uma Patsy Cli-ne mas com fogo nas cordas vocais, a capacidade de evocar Cash, Cline ou Hank Williams para depois passar para a zona de acção da rock’n’roller primeva Wanda Jackson.

Mas Angel Olsen é ainda mais

desconcertante do que isso. Forgi-ven/forgotten, o segundo tema do álbum — imediatamente a seguir àquele Unfucktheworld que nos en-costa à parede e nos rouba o apego à razão —, liga a distorção, arranca num tom que podia ser das Breeders e canta-o como se fosse Kristin Her-sh. Teria dado algum jeito às editoras perceberem que Angel Olsen não é rapariga facilmente manobrável. Por isso mesmo, confessa, despachava os tais telefonemas como quem se livra (temporariamente) de um vendedor

de seguros: “Eu digo-vos alguma coi-sa se estiver interessada em vocês.”

CANÇÕES-DIÁLOGOSCom Bonnie “Prince” Billy, Angel Ol-sen aprendeu igualmente a teatralizar as canções. Não apenas através da experi-ência algo gratuita dos The Babblers, um combo que tocava versões punk--rock de folk recôndita e em que todos se apresentavam de pijama e óculos de sol, mas sobretudo com as exigências de Oldham relativamente ao registo de vocal que as canções do seu alter--ego pediam. “Por vezes sentia mesmo que éramos uma companhia teatral”, reflecte Angel Olsen. “A nossa inte-racção dependia muito de como nos sentíamos em palco e por vezes, quan-do trocávamos olhares, isso implicava pedir respostas diferentes do habitual aos outros. Tenho saudades disso, mas é também essa energia e esse ambiente que procuro atingir nas personagens das canções que agora canto.”

Não é acidental a intromissão da palavra “interacção” no discurso de An-gel Olsen. A cantora que nasceu há 27 anos em St. Louis, e que por lá come-çou a cantar nos cafés de onde a súbi-ta carreira musical a retirou (servia às mesas e continuaria a servir, garante), toma a literatura por inspiração para a sua escrita, partindo regularmente de premissas como “o que poderia ter sido um diálogo entre duas personagens se o livro tivesse continuado e não termi-nado”. “Começo frequentemente por algo que li ou ouvi e construo a partir daí. Claro que não quero plagiar, mas pego numa ideia que pode ser resumida na interacção entre duas pessoas ou na exploração de uma situação por finali-zar.” É isso que guia as suas preocupa-ções interpretativas. Por exemplo, em Enemy, penúltimo tema do novo disco, uma delícia acústica que avança a passo de lesma, de forma pouco espaventosa, solitária confissão de alguém que não sabe como livrar-se de fantasmas que passaram pela sua cama e ainda sabem de cor como pressionar o botão cer-to para reanimar dores e ardores, não deixando o fogo extinguir-se para não perder esse poder. “Para mim é uma longa carta e é mais importante cantar aquelas palavras do que concentrar-me em piruetas com a voz ou encontrar al-guma melodia altamente excitante.”

O tom por vezes soturno e fatal-mente trágico em que Angel Olsen embrulha as suas canções induz uma tendência natural para imaginar uma figura a propósito da qual não espan-taria uma qualquer notícia a dar conta de tendências suicidárias ou auto-des-trutivas. Nada que provoque insónias a Olsen, não tendo, consequentemente, de se tratar com a toma mais ou menos moderada de comprimidos. Na verda-

de, diz, “é até libertador o facto de te-rem de adivinhar” quem é a pessoa que surge a defender estas canções. Evita ter de se explicar em demasia, joga de forma provocatória com essas suposi-ções que parecem uma mera aplicação simples de aritmética: “Estamos cons-tantemente a interpretar mal os outros. Não acho que haja um problema nisso: trata-se de descobrir um sentido, mes-mo que estejamos sozinhos nesse sen-tido. Mas se for realmente sobre algo pessoal para mim, por muito que possa não parecer, estarei a festejá-lo, a dizer ‘isto é algo que não me incomoda’, caso contrário não o cantaria”, acrescenta. E diverte-se a revelar o espanto por ha-ver quem pense mais nas suas canções do que ela própria: “Nunca fiz esse tra-balho de psicanálise sobre aquilo que estava a criar.”

De resto, Angel Olsen estranha que se assuma uma dessintonia com a nor-malidade em quem canta e emociona tão simples e devastadoramente como ela o faz. Quase sem esforço. “Todos sofremos e fazemos erros”, tenta justi-ficar-se. “É também a humanidade que me interessa conhecer nos meus ídolos. Gosto de vê-los a fazerem merda”, con-fessa numa gargalhada. “Tudo bem, eu também já fiz muita merda, é isso que temos em comum.” Com a subtil nuan-ce de que nem todos pegam nesses fa-lhanços da vida e nos põem a chafurdar neles, desejando-os e querendo-os para nós naquela mesmíssima forma.

****Angel OlsenBurn Your Fire For No WitnessJagjaguwar; distri. Popstock

Angel Olsen

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16 DESPORTO hoje macau quinta-feira 20.3.2014

O FC Porto vai avançar com uma partici-pação disci-

plinar contra o Sporting e o seu presidente Bruno de Carvalho junto da Comis-são de Instrução e Inqué-ritos da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).

Em comunicado di-vulgado nesta terça-feira, a SAD portista acusa os “leões” de “intolerável violência moral com a intenção de constranger os agentes desportivos”

com uma “campanha de condicionamento da arbi-tragem” para os futuros compromissos do Sporting no campeonato, entre eles o jogo com o FC Porto em Alvalade do último domin-go – o encontro terminou com um triunfo “leonino” por 1-0 e com os portistas a contestarem a actuação do árbitro Pedro Proença.

O FC Porto cita o artigo 66.º do Regulamento Dis-ciplinar da LPFP, que tem o título “Coacção” e está incluído na subsecção de “Infracções disciplinares

muito graves”. Segundo este artigo, se tiver ocor-rido “violências físicas ou morais” “na forma de tentativa”, os clubes infractores serão punidos com derrota e uma multa. Se estas “violências físicas ou morais” ocasionarem “condições anormais na direcção do encontro com consequências no resul-tado ou levem o árbitro […] a falsear o conteúdo do boletim do encontro”, o regulamento prevê uma “sanção de descida de divi-são” e uma multa.

Mundial pode render 150 milhõesA Selecção Nacional pode gerar um retorno de 150 milhões de euros aos principais patrocinadores que nela apostaram para o Campeonato do Mundo deste verão. É essa a conclusão a que chega a empresa Cision, especializada no fornecimento de serviços para planeamento, contacto, monitorização e análise dos media para retorno de investidores. Em nota ontem enviada à comunicação social, a Cision - que já realizou este tipo de estudo para anteriores fases finais em que participou a Selecção Nacional - calcula o valor total a que chegou no espaço editorial português, analisando mais de 2000 meios de comunicação, entre televisão, rádio, online e imprensa. “Foram tidos em conta custos publicitários dos meios de comunicação em que as marcas foram referidas ou visíveis e de acordo com a metodologia Cision”, explica a empresa no mesmo memorando. O valor do retorno para os patrocinadores da Selecção no Mundial de 2010, na África do Sul, foi de 132 milhões de euros e no Europeu de 2012, na Polónia e Ucrânia, de 98,5 milhões. O valor do retorno para o Mundial do Brasil, de Junho a Julho, é, portanto, significativamente superior.

Pedro Caixinha firme na Taça LibertadoresO Santos Laguna, treinado pelo português, venceu por 3-0 na recepção aos venezuelanos do Deportivo Anzoátegui, onde joga o português Ricardo Martins. A formação mexicana do Santos Laguna conseguiu vantagem logo aos 13 minutos, com um golo do colombiano Andrés Renteria, fixando o resultado na segunda parte, com tentos de Javier Orozco e Oribe Peralta, aos 56 e 66, respectivamente. Com esta vitória, a equipa treinada por Pedro Caixinha manteve a liderança do grupo 8 da Taça dos Libertadores, após a quarta jornada. O português Ricardo Martins esteve no “onze” inicial do Deportivo Anzoátegui tendo sido substituído aos 60 minutos. O Santos Laguna mantém a liderança do Grupo 8, com dez pontos após quatro jornadas, sendo seguido pelos argentinos do Arsenal de Sarandí, com seis em três encontros, pelo Anzoátegui, com dois também em quatro jogos, e pelos uruguaios do Peñarol, que somam apenas um em três embates.

Luís Filipe Vieira ironiza com as queixas de Bruno de CarvalhoO presidente do Benfica foi esta terça-feira confrontado com as recentes declarações do seu homólogo do Sporting, mostrando-se tranquilo em relação às contas apresentadas por Bruno de Carvalho. O líder do clube leonino reafirmou ontem que o Sporting deveria estar em primeiro lugar, reclamando sete pontos a menos na classificação por alegados erros de arbitragem. Questionado sobre as palavras de Bruno de Carvalho, o presidente do Benfica, de forma irónica, atirou: “Todos sabem qual é a minha vida, vivo intensamente para o Benfica e não tenho tempo para essas coisas. Mas claro que esta manhã quando ouvi falar de 10 pontos pensei que pelo menos não iremos descer de Divisão.” Luís Filipe Vieira falava à margem da apresentação da 9.ª edição da Corrida Benfica António Leitão, marcada para o próximo dia 30.

PORTISTAS ACUSAM “LEÕES” EM COMUNICADO

FC Porto avança com participação contra Sporting

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Faz-se público que, por despachos de Sua Excelência, o Chefe do Executivo e do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, respectivamente, de 24 de Janeiro de 2014 e 25 de Fevereiro de 2014, se encontra aberto o Concurso Público para “Prestação de Serviços de Vigilância ao Centro Hospitalar Conde de S. Januário”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 19 de Março de 2014, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $60,00 (sessenta patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Sessão de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os citados documentos, só podem ser adquiridos pelos concorrentes que façam prova de possuir o alvará previsto na Lei n.º 4/2007 “Lei da actividade de segurança privada”. Os concorrentes deverão comparecer na Sala “Auditório” situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de

Saúde junto do C.H.C.S.J. no dia 25 de Março de 2014 às 10,00 horas para uma reunião de esclarecimentos ou dúvidas referentes ao presente concurso público seguida duma vista aos locais a que se destinam a respectiva prestação de serviços. As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 17 de Abril de 2014. O acto público deste concurso terá lugar no dia 22 de Abril de 2014, pelas 10,00 horas, na sala do “Auditório” situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $ 1 200 000,00 (um milhão e duzentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 12 de Março de 2014.

O Director dos Serviços,Lei Chin Ion

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.º 4/P/14

Assine-oTELEFONE 28752401 | FAX 28752405

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hoje macau quinta-feira 20.3.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO CHUVA FRACA MIN 19 MAX 25 HUM 85-99% • EURO 11 .1 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

Pessoas preconceituosas morrem mais cedo• Investigadores da Universidade de Columbia (EUA) analisaram dados sobre a orientação sexual e atitu-des homofóbicas de mais de 20 mil heterossexuais, recolhidas ao longo de 20 anos. Mediram o grau de preconceito com perguntas como “você acha que gays deveriam ensinar em colégios públicos?” ou “casa-mento entre pessoas do mesmo sexo é moralmente errado?”. Durante os 20 anos, mais de quatro mil entrevistados morreram. E o risco era maior entre os homofóbicos. Os não preconceituosos viviam, em média, dois anos e meio a mais que os outros. Pela sua vida é bom livrar-se logo de preconceitos.

Proibido de subir para cima da cama, cão vinga-se ao ficar sozinho• Um jovem pitbull tinha ordem expressa: não subir para a cama dos donos. Mas bastou o dono deixá-lo sozinho em casa para que o cachorro se vingasse e rebolasse na cama como se não houvesse amanhã. A “festa” foi gravada por uma câmara instalada para fiscalizar o que o cão e o gato faziam na ausência do dono.

C I N E M ACineteatro

SALA 1DIVERGENT [C]Um filme de: Neil BurgerCom: Woodley, Kate Winslet, Maggie Q, Zoe Kravitz14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 2 NON-STOP [B]Um filme de: Jaume Collet-SerraCom: Liam Neeson, Julianne Moore14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3NEED FOR SPEED [B]Um filme de: Scott WaughCom: Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots14.30, 16.45, 21.30

300: RISE OF AN EMPIRE [C]Um filme de: Noam MurroCom: Sullivan Stapleton, Eva Green, Lena Headey19.30

DIVERGENT

Pu YiPOR MIM FALO

BRAD PITT E OS SEUS 50

Foi, é e sempre será uma referência de beleza masculina. Arrebatou diversos corações por esse mundo fora e aos 50 anos continua em grande forma. Brad Pitt, que para além de bonito é um excelente actor, mostrou, por diversas ve-zes, na revista Vanity Fair a sua sensualidade. Tanto que é considerado, sem grandes dúvidas ou surpresas, um dos grandes símbolos sexuais do cinema contemporâneo, senão o.

João Corvofonte da inveja

As grandes religiões castram as artes.

O trabalho dos jovens no pleno empregoA reportagem publicada na edição de ontem deste jornal espelha pedaços da realidade que se vive em Macau: as pessoas têm dinheiro para estudar, vão para o estrangeiro, regressam e vêem-se obrigadas a aceitar outros empregos que não pertencem à área onde estudaram. Poderão dizer: o que importa é trabalhar e não propriamente a área escolhida. Sim, mas isso é em países com crises económicas e com elevadas taxas de desemprego, resultantes do fecho de empresas e da falta de investimento no sector privado e público. Em Portugal é cada vez mais difícil um licenciado encontrar trabalho em determinadas áreas, vindo-se obrigado a trabalhar em outras coisas porque precisa ganhar um salário, muitas vezes precário. Em Macau, com uma situação de pleno emprego, os jovens também não conseguem encontrar trabalho na sua área, e mesmo quem não gosta da área do jogo, é inevitável não ir lá parar. O mercado já por si é pequeno, mas a tal diversificação económica, uma bandeira política deste Governo, simplesmente não existe. Nas universidades não se aposta nas ciências sociais, na filosofia, na história. As pequenas lojas e os pequenos negócios asfixiam com a falta de acção no mercado imobiliário. Continua-se a manter a política de que determinados empregos devem ser ocupados por residentes, o que vai trazer ainda mais asfixia a este nível. Daqui a dois anos todos vão ter de trabalhar no Cotai e pouco sobra para desenvolver projectos mais criativos e estimulantes, que tragam investimento e criem emprego noutras áreas.

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18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 20.3.2014

N O encontro que manteve com a Chanceler Merkel e depois num jantar-con-ferência promovido pelo jornal Die Welt, o Primeiro--Ministro Passos Coelho repisou duas ideias que têm marcado a sua profis-são ideológica. A primeira que Portugal realiza des-

de 2011 uma caminhada difícil e penosa para assegurar o reequilíbrio das finanças públicas no quadro da ajuda económica in-ternacional titulada pela Troika. A segunda que os sacrifícios pedidos aos portugueses terão sido bem aplicados pois que o país regressou ao crescimento e a taxa do de-semprego começou a diminuir. Tratam-se de duas afirmações em si verdadeiras mas que escondem os problemas fundamentais (e duradouros) com o que país se continua a confrontar.

Percebe-se que o chefe do governo as tenha proferido perante uma interlocutora e um auditório que têm manifesta influência no serviço da dívida europeia e no direccio-namento das instituições financeiras euro-peias, destinando-se a tranquilizá-los quanto à capacidade de Portugal honrar os seus compromissos internacionais e a manter-se no alinhamento da disciplina orçamental imposto pelo Memorando. As palavras do Primeiro-Ministro não resolvem contudo o problema do país não ter ainda encontrado um modelo alternativo ao do crónico fi-nanciamento financeiro internacional para alavancar a sua economia. Portugal não pro-duz em termos industriais o suficiente para animar os sectores económicos a jusante; não gere a poupança interna capaz de impulsio-nar novos esforços de investimento. Apesar de ‘simpáticos’ os números de crescimento das exportações estão aquém do que o que o país urgentemente precisava.

As palavras do Primeiro-Ministro ecoam uma profunda evasão da realidade e deixam perceber que atenta a lógica imbatível do seu raciocínio, os portugueses darão à coligação que nos governa o ‘prémio’ de uma vitória nas próximas eleições legislativas, porque no fundo os portugueses sabem que o governo ‘fez o melhor’. No raciocínio “marshallista” do chefe do governo, a economia propulsiona a velocidade das carruagens e a política e os actores seguem-na ‘obedientemente’, esva-necendo divergências, aquietando tensões e secundarizando vozes, à esquerda do governo.

Como o José Medeiros Ferreira, recen-temente desaparecido, dizia numa palestra proferida há um ano no Instituto Europeu, em Lisboa, repete-se o tradicional padrão do ilusionismo português quanto à ausência de alternativas programáticas e à inexistência de consenso nacional quanto aos grandes problemas, que em vários tempos da nossa história recente têm marcado a nossa postura face ao Mundo. O que tem também a ver com a falsa ideia da novidade do processo de negociação com a Troika e com a falta

crepúsculo dos ídolosARNALDO GONÇALVES

Por isso seria urgente ser pensado o tempo pós-troika em termos da criação de um consenso nacional de medidas e políticas e daí o apelo do Presidente da República ao diálogo, secundado por personalidades de todo o espectro político

A evasão da realidade

de experiência na assistência económica internacional. Ideia desmentida pelo facto de em 1902, 1916 e 1926 os governantes por-tugueses se terem visto forçados a recorrer à banca internacional e a renegociar os ter-mos da amortização da dívida, sem que isso tenha causado o alvoroço que transparece em várias declarações do Primeiro-Ministro, numa delas em manifesta crispação com afirmações do Presidente da República.

Temos, porventura, esta tendência de termos como Primeiros-ministros, políticos

que não gostam de ser contrariados e que vêm a explicitação de qualquer crítica à sua acção como um ataque pessoal destinado a denegrir o político e a vilipendiar sua capacidade técnica.

Num momento tão difícil como aquele em que o país vive, o bom senso apontaria para um diálogo sem agenda entre os par-tidos que formam o governo e o principal partido de oposição. Até porque os três foram subscritores do Memorando de En-tendimento e são co-responsáveis pela sua execução. As grandes instituições financei-ras internacionais não cuidam de saber das rivalidades e guerras de protagonismo entre as forças políticas nacionais mas preocupam--se em que as autoridades nacionais com que negoceiam tenham a credibilidade de representar a vontade negocial dos países. Concluído o período de assistência e a libertação das várias tranches em que o empréstimo se parcelou, o que elas visam é que os compromissos assumidos em termos da ‘performance’ económica interna sejam cumpridos. Independentemente de serem o PSD ou o PS a governarem a partir de 2015.

É por isso ilusório pensar-se que as me-didas se encontram esgotadas e que a crise em Portugal, nos países do Sul e depois em toda a Europa se encontra milagrosamente

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ultrapassada. Como é ilusório pensar-se que o não pagamento da dívida é uma alternativa credível às actuais medidas económicas. O exemplo mais conhecido é o da Rússia, em 1915-1916, quando o Partido Bolchevique fez campanha pelo não pagamento da dívida contraída pelo país e pelo fim da guerra, o que conduziu ao descalabro da Revolução Russa de 1917, ao isolamento internacional do país e à sua saída das principais organi-zações económicas internacionais.

Por isso seria urgente ser pensado o tem-po pós-troika em termos da criação de um consenso nacional de medidas e políticas e daí o apelo do Presidente da República ao diálogo, secundado por personalidades de todo o espectro político. Diálogo conduzi-do na perspectiva da defesa dos interesses nacionais e do bem-estar da população, designadamente a mais ‘castigada’ pelas me-didas impostas pelo programa de assistência económico-financeira. Não tenho esperança que esse esforço de diálogo possa ser feito por Passos Coelho e António José Seguro. Qualquer deles não tem grande memória da situação que o país vivia antes de 1974 e das dificuldades em que se encontravam as ge-rações activas. Falta-lhes o enquadramento que alicerça uma visão global e prospectiva própria dos líderes que fazem a diferença.

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau quinta-feira 20.3.2014

bairro do or ienteLEOCARDO

H Á alguns anos existia nas ruas de Macau e Hong Kong um tipo de vendedor--ambulante, normalmente um homem de meia-idade ou mais velho, que vendia peixes dourados dentro de um pequeno saco de plástico com água, co-nhecido por “senhor do

peixe dourado”, ou “kam yu lou” (金魚老). Alguns destes comerciantes estiveram envolvidos em casos de abuso de menores nos anos 80, por aliciamento de estudantes menores, meninas a quem acenavam com os peixinhos, prometiam descontos, e depois levavam para casa, ou para um qualquer vão de escada, para satisfazer os seus intentos malévolos. Histórias arrepiantes, de deixar os cabelos em pé. Estes “kam yu lou” eram os pederastas de então, termo que surgiu antes de “pedófilos” para designar os adultos que mantinham práticas sexuais com menores. Desta forma o “kam yu lou”, ou “senhor do peixe dourado”, passou a designar na genera-lidade o indivíduo que seduz os pequenotes, que lhes faz promessas, que os alicia.

Os “kam yu lou”, os tipos que dão a opinião ou fazem o comentário, crítica ou remoque que ninguém pediu, servem normalmente para proteger os inocentes de outros inocentes, mas raramente os livram dos perigos a sério, que por vezes chegam de onde menos se espera

O senhor do peixe douradoHoje não se vêm tantos vendedores de

peixe dourado – pelo menos na rua – mas o que não falta por aí são os “kam yu lou”, sempre com o proverbial peixinho, seja na forma de emprego, promoção e outros rebu-çados, ansiosos por ferrar o dente matreiro e velhaco em carne fresquinha. Os que mais me divertem são aqueles que não vendendo nada, ou não tendo qualquer qualidade de que possam orgulhar (e não, claro que a pederastia não é uma “qualidade”), usam a única coisa que têm, a idade, ou segundo eles, a “experiência”, para chamar a si a atenção de vítimas de pele macia e a cheirar a leite. Dão conselhos às suas vítimas, do tipo “cuidado com quem te metes”, ou “não confies em alguém com tanta facilidade” e ainda “olha que Macau é perigoso”. No fundo o que querem dizer é “não confies em ninguém a não ser em mim, e quando tiveres comichão vem ter comigo”. Alguns deles têm mais um ou dois meses de Ma-cau que a sua “protegida” (ou “protegido”, dependendo da variante), mas acham que conhecem o território como a palma da mão, todo o tipo de fauna, todos os truques e os inúmeros perigos.

Pessoalmente não considero que Macau seja um lugar perigoso. Uma das razões que me fez ficar por cá foi poder andar em qualquer rua, travessa, pátio ou beco a qualquer hora do dia ou da noite sem ser assaltado, agredido ou violentado. Em Portugal há assaltos a ocorrer em plena luz do dia a hora de ponta no centro de Lisboa, e toda a gente finge que não vê. Em Macau saio de casa e volto sempre com a carteira intacta, com excepção, é claro, do uso que lhe dou para as minhas próprias despesas. É claro que é preciso ter os cuidados básicos: não aceitar boleia de estranhos, doces de desconhecidos, atravessar na passadeira, usar o preservativo quando se vai à sauna, enfim, é senso-comum. Mas perigoso no sentido mais restrito da palavra, Macau não é, com toda a certeza.

Sendo para muita gente apenas um local de passagem, é natural que exista por aí muito “artista” que procura facturar à custa da in-genuidade alheia, ora em busca de dinheiro, prazeres furtivos, ou apenas porque sim, porque é da sua natureza, porque é “maluco”. Em Macau há “malucos” a dar com um pau, felizmente poucos deles referenciados como perigosos. Desde a abertura das fronteiras ao milagre dos vistos individuais, têm-se multiplicado os charlatães, os vendedores de bênçãos, os carteiristas, os viciados da jogatina, mas nada que chegue para encher duas páginas de um jornal diário com notí-cias. Macau já foi mais seguro, é verdade, mas continua seguro q.b. – pelo menos para os meus padrões, que são os que me interessam. Neste departamento, não trocava Macau por qualquer outro país ou território da região, e mais além.

Os “kam yu lou”, os tipos que dão a opinião ou fazem o comentário, crítica ou remoque que ninguém pediu, servem normalmente para proteger os inocentes de outros inocentes, mas raramente os livram dos perigos a sério, que por vezes chegam de onde menos se espera. Para fintar este moderno vendedor de peixinhos tropicais, basta ser discreto, educado, de poucas pala-vras e gestos pouco largos. Os senhores do peixe dourado notam sobretudo aqueles que se aproximam da sua pinta, os janotas, os bem falantes, os gingões, e sentem a ameaça dos mais novos, a próxima geração dos “kam yu lou” desta terra. Alguns aposentam-se, casam com uma TNR do sudeste asiático vinte ou trinta anos mais nova que eles, e logo são substituídos por uma nova leva de tipos corcundas, carecas, feiosos, com mau hálito e chulé, sempre dispostos a ajudar as novatas e aliciá-las com os “peixes doura-dos” do dinheiro e do sucesso. “Conheceste um rapaz? Olha, cuidado...ainda não disseste qual rapaz? Não interessa. Cuidado...”

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Page 20: Hoje Macau 20 MAR 2014 #3054

hoje macau quinta-feira 20.3.2014

Portugal emite 1250 milhões de dívidaA Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou esta quarta-feira, 1250 milhões de dívida. Dentro deste valor, 320 milhões de euros foram em Bilhetes do Tesouro com maturidade a seis meses e 930 milhões de euros de BT a 12 meses. Os Bilhetes foram colocados à taxas de 0,438% e 0,602%, ambas inferiores às dos anteriores leilões para estes prazos.

Crimeia NATO não vai reconhecer anexaçãoO secretário-geral da NATO, Anders Rasmussen, condenou hoje a anexação da região da Crimeia pela Rússia, e confirmou que o organismo que tutela não vai reconhecer a República Autónoma como território russo, informa a agência Efe. “Condeno o anúncio feito pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre as novas leis que integram a Crimeia na Federação Russa”, afirmou Rasmussen à Imprensa, sublinhando que “a anexação da Crimeia é ilegal e ilegítima e que os aliados da NATO não a vão reconhecer”. Anders Rasmussen recordou que Moscovo “ignorou os apelos para retroceder” e que não está a cumprir a legislação internacional, seguindo por um caminho perigoso, “ao violar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”.

Sudão Mais de seis milhões de pessoas precisam de ajudaAumentou para 6,1 milhões o número de sudaneses que necessitavam de ajuda em 2013. Segundo o director das operações humanitárias das Nações Unidas (ONU), John Ging, trata-se de “um aumento de mais de 40 por cento quanto comparado com a mesma altura do ano passado”. “Estamos inquietos, porque estas pessoas juntam-se a um grande número de outras que já estão deslocadas há muito tempo”, alertou o responsável, que falavam em Cartum, capital do Sudão. O conflito na região do Darfur, desde 2003, tem contribuído para a diminuição das condições de vida da população. O confronto opõe as forças do governo e rebeldes, que exigem o fim da marginalização económica daquela região e a partilha de poder com o governo.

Caso Maddie Polícia procura agressor de meninas no AlgarveOs detectives que investigam o desaparecimento de Maddie McCann procuram um homem, moreno, suspeito de ter abusado de cinco raparigas no seguimento de assaltos a casas de turistas. De acordo com o The Guardian, o homem é suspeito de 12 assaltos a casas de famílias britânicas de férias no Algarve, entre 2004 e 2010. Durante os assaltos, cinco raparigas com idades entre os sete e os 10 anos foram abusadas. O detective-chefe, Andy Redwood, declarou que encontrar a pista deste homem, descrito como tendo um “interesse doentio por jovens raparigas”, é umas das prioridades do inquérito. Foram seleccionadas 38 “pessoas de interesse” de entre cerca de 500 suspeitos, alguns deles britânicos.

Guiné-Bissau Ramos--Horta diz que país é “oásis de tolerância”O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, classificou o país como “um oásis de tolerância num continente onde há muitos problemas étnicos e religiosos”. Na Guiné-Bissau durante o processo eleitoral, Ramos-Horta esteve ontem reunido com o líder dos imãs (chefes islâmicos), em Mansoa, no sentido de discutir os apoios que estes podem dar para as eleições de 13 de Abril. O representante da ONU vai continuar no país durante o processo eleitoral.

Síria Israel avisa Bashar al-Assad por conluio com terroristasO Governo de Israel deixou mais um aviso ao responsável pelo regime sírio, o Presidente Bashar al-Assad, que acusa de ajudar grupos armandos que atacam o Estado judaico. “Nós vemos o regime de Assad como responsável pelo que está a acontecer sob a sua autoridade e, se continuar a cooperar com os elementos terroristas que pretendem prejudicar Israel, vamos fazê-lo pagar um preço elevado”, avisou um comunicado o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon. Este comunicado foi emitido horas depois de a força aérea ter bombardeado alvos militares sírios em resposta a um ataque à bomba que feriu quatro soldados israelitas.

VELEIRO PORTUGUÊS VAI APOIAR INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Com passagem por Macau

cartoonpor Stephff

ANEXAÇÃO

A recém-criada Associa-ção David Melgueiro apresentou ontem em

Peniche um projecto de cons-trução de um veleiro destinado a expedições marítimas à volta do mundo para apoiar investiga-ções científicas, a primeira das quais deverá ocorrer entre 2016 e 2017. “Não existe em Portugal navios oceanográficos ao serviço da comunidade civil. Existem navios do Estado e da Marinha, que têm custos de exploração elevadíssimos. A construção de um navio oceanográfico à vela de pequena dimensão, eficaz e com maior versatilidade para permitir fazer todos os trabalhos de oceanografia, desde a praia até todo o Atlântico, é uma grande mais-valia e é um grande desa-fio”, disse à Lusa José Mesquita, da associação.

Segundo o representante, esta “é uma necessidade urgente” numa altura em que se debate o alargamento da Plataforma Continental e da Zona Económica Exclusiva, para poder alargar a investigação das universidades e garantir o controlo dessa zona e a exploração e pesquisa susten-táveis do mar.

Com vista à construção do navio, vai ser lançada uma cam-panha de angariação de fundos e estima-se ter o financiamento necessário até ao final do ano para iniciar, em 2015, a construção do veleiro, um investimento entre os dois e 2,5 milhões de euros projectado pelo arquitecto naval

Tony Castro e construído nos Estaleiros Navais de Peniche, onde deverá ser concluído até ao final desse ano.

Para o segundo trimestre de 2006, prevê-se a realização da primeira “epopeia náutica dos tempos modernos”, uma expedi-ção à volta do mundo que recria a que foi realizada pelo navegador português David Melgueiro em 1660 e 1662.

UMA AUTÊNTICA VOLTA AO MUNDOPrevista terminar no final de 2017, a expedição vai ligar Portugal ao Japão, com partida do Porto e paragens por Espa-nha, França, Irlanda, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Noruega, passando pelo Árctico em direcção ao Japão, China e Macau.

O regresso será feito através do Alasca, em direcção ao norte do Canadá, Gronelândia, Terra-nova e Portugal, passando pelos Açores, para reviver a tradição da pesca do bacalhau, e terminando em Lisboa.

Durante quase dois anos de expedição, o veleiro David Melgueiro, como se vai apeli-dar, vai ter a bordo estudantes e investigadores a estudar, por exemplo, as alterações climáti-cas no Árctico e o seu impacto nos ecossistemas marinhos e na ocorrência de fenómenos como a subida das águas, tempestades ou erosão costeira.

José Mesquita explicou que a expedição é também um desa-

fio de navegação, ao enfrentar regiões pouco conhecidas pela cartografia, onde é difícil navegar devido ao gelo e onde “a partir dos 70 graus de latitude norte, o satélite estacionário, que permite o uso do GPS e as comunicações, começam a ser cada vez menos eficientes e tem de se recorrer às técnicas mais antigas e mais convencionais”.

Além de permitir a redesco-berta dos mares pelos portugue-ses, a embarcação poderá vir a ser um protótipo de inovação. “Podemos usar a cortiça em toda a construção interior do barco, substituindo os clássicos PVC derivados do petróleo, o que seria uma inovação, para a qual as empresas vão ser desafiadas”, disse.

Durante os dois anos, será ainda o “embaixador de Por-tugal e da cultura portuguesa”, dando a conhecer os produtos portugueses ao longo das suas paragens e abrindo oportunida-des de negócio e novos mercados às empresas.

A associação, que assinou ontem nove protocolos de cooperação com instituições parceiras, tem associados in-vestigadores do Instituto do Mar e da Atmosfera e de diversas universidades portuguesas e conta ainda com o apoio de instituições nacionais ou inter-nacionais, como a Fundação para a Ciência e Tecnologia, o Instituto alemão Geomar ou o British Antartic Survey.