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HINO NACIONAL: POR QUE CONHECER E POR QUE CANTAR? - UM ESTUDO

HISTÓRICO E CULTURAL

LEONITA MAGNABOSCO1

CERIZE NASCIMENTO GOMES2

RESUMO

Este artigo objetiva promover a compreensão histórica, política e cultural

sobre a importância do conhecimento e da execução do hino nacional como um dos

maiores símbolos de uma nação. A partir disso, buscou-se: estimular a execução do

hino nacional na comunidade escolar; conhecer a história e a letra do hino nacional

brasileiro; estudar as ocasiões em que se deve executar o hino nacional; promover

atividades estudantis que possam incentivar o interesse pelo hino nacional e; propor

interpretações sobre a letra do hino nacional. Utilizou-se da pesquisa bibliográfica

aliada a pesquisa de campo. Participaram da pesquisa as alunas do segundo ano do

curso de formação de docentes do Colégio Estadual de Pato Branco, no período de

18/08 a 06 /10 de 2011. O trabalho tem abordagem sociocultural e deverá ter seu

contexto ampliado, desenvolvendo a sensibilidade e o conhecimento do aluno para

outras formas de representação cultural (danças, folclores, etc.) visando o caráter

multicultural. As diretrizes para o Ensino de História defendem que nas relações

culturais o aluno deve reconhecer a si e aos outros como construtores de uma

cultura comum, considerando-se a especificidade de cada grupo social e as relações

entre eles.

Palavras-chave: símbolo; civismo; pátria; sentimento; música.

1 INTRODUÇÃO

Desde o ano de 2009 que as escolas de ensino fundamental, públicas e

privadas de todo o país passaram a ser obrigadas por lei a executar uma vez por

semana o hino nacional. A lei, de autoria do deputado Lincoln Portela (PR-MG), foi

1 Graduada em História pela FAFI/Palmas-PR e pós-graduada em História do Brasil pela

FAFI/Palmas-PR. Atualmente é Professora de História do Colégio Estadual de Pato Branco em Pato Branco/PR. 2 Orientadora: Prof.ª Ms. Cerize Nascimento Gomes Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO (PR

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sancionada no dia 21 de setembro de 2009, pelo vice-presidente José Alencar. A lei

não prevê data e horário para a execução do hino, ficando a critério dos

estabelecimentos de ensino. O projeto também não prevê punição a quem não

cumprir a lei.

A partir do momento de aprovação da lei, tramitam em várias Assembleias

Legislativas e Câmaras Municipais do país, projetos de lei estabelecendo a

obrigatoriedade. Com a sanção presidencial, a obrigatoriedade passa a valer

automaticamente, sem necessidade de estar prevista em legislações estaduais ou

municipais. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, uma resolução obrigando à

execução do Hino Nacional foi publicada pela prefeitura em junho de 2010.

Historicamente sabe-se que em 1936, o governo Getúlio Vargas determinou

pela primeira vez a obrigatoriedade da execução do Hino Nacional nas escolas

públicas e privadas de todo o país. Em 1971, durante o regime militar, passou a

vigorar lei que trata dos símbolos nacionais, obrigando além da execução do hino

nas escolas, também o hasteamento da bandeira. Tal lei não definia a frequência

com que o hino deveria ser cantado pelos alunos. Com a sanção presidencial, à lei

5700/71 foi acrescido um parágrafo obrigando que pelo menos uma vez por semana

ocorresse a execução do hino nacional nas escolas.

Justifica-se ainda, o desenvolvimento da presente pesquisa diante da

premissa que os conteúdos estruturantes deverão estar articulados com a

fundamentação teórica e a seleção de temas, e que ambos deverão estar em

sintonia com projetos político-pedagógicos. Diante disso, a metodologia sugerida

aos professores de história foi ampliada e permite a utilização de imagens, objetos

materiais e oralidade nos diversos documentos que possam expressar vestígios do

passado e produzir conhecimento. Nesse sentido, pensamos no hino nacional com

um trabalho articulado de imagens e conhecimento interdisciplinar com as disciplinas

de artes, geografia e sociologia.

Considerando-se o hino nacional como um dos mais significativos símbolos

pátrios do Brasil, visto que procura chamar a atenção para a história do país, sua

independência, sua imensidão territorial, suas belezas naturais e seu povo. Como

sua execução se tornou obrigatória por lei, desde 2009, pelo menos uma vez por

semana em todas as escolas do Ensino Fundamental, por meio do presente estudo

pretende-se estimular a reflexão sobre essa prática, relacionando-a não apenas com

o civismo, mas principalmente com a cultura e os costumes que envolvem tal ato:

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por que o hino deve ser acompanhado em pé, em posição de sentido, sem chapéu

ou boné sobre a cabeça? Por que o hino é executado em momentos solenes? Em

uma turma de alunas de Formação de Docentes, quantos sabem cantar o Hino

Nacional?

A resposta dessas questões deverá remeter a reflexão sobre alguns trechos

do hino tais como “Verás que um filho teu não foge à luta”, que poderá servir

como mote para promover a reflexão não apenas sobre confrontos bélicos ou

guerras, mas especificamente sobre o cotidiano do povo brasileiro, a luta do dia-a-

dia pela conquista e manutenção de direitos, pela democracia, pelo fim da

corrupção, das injustiças sociais e por melhores condições de vida.

Para estabelecer relações entre civismo e cultura, bem como estimular a

reflexão sobre a prática de aprender, cantar e entender o hino nacional, algumas

questões que nortearão nosso trabalho: Por que existe tanta resistência quanto à

execução do hino nacional nas escolas do Ensino Fundamental? Quais as atitudes

que poderão promover a adoção de tal prática na comunidade escolar? Por que

devemos estimular o aprendizado do hino nacional brasileiro entre os estudantes?

Por que sua execução é obrigatória em todas as escolas de ensino fundamental

uma vez por semana? Em que ocasiões se deve cantar o hino nacional? Qual a

história do hino nacional brasileiro? Se as crianças não aprenderem o hino nacional

nas escolas, em que lugar o apreenderão?

Em busca de respostas para essas indagações desenvolveu-se o presente

estudo sobre o hino nacional brasileiro. Assim sendo, o artigo apresenta uma série

de reflexões sobre a compreensão histórica, política e cultural relativa ao símbolo

cívico que é seu objeto de estudo. Debate também a importância do conhecimento e

da execução do hino nacional e viabiliza o desenvolvimento de estratégias de ação

com os alunos de Formação de Docentes do Colégio Estadual de Pato Branco da

cidade de Pato Branco (PR), ao mesmo tempo em que sugere ações que podem ser

implementadas por outros colégios da rede pública e/ou particular de ensino.

Nesse sentido, o trabalho de pesquisa apresentado visa estimular a reflexão e

a revisão de valores relativos ao hino nacional, bem como a transformação de

atitudes e de comportamentos em relação aos símbolos cívicos com o intuito de

alcançar resultados que transformem a realidade pessoal e social de todos aqueles

que fazem parte da escola.

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2 O HINO NACIONAL COMO OBJETO DE PESQUISA

Compreendendo-se que o hino nacional brasileiro deve ser executado pelo

menos uma vez por semana em todas as escolas de ensino fundamental, conforme

regulamentação legal, definiu-se como objeto de pesquisa, o estudo sobre a história,

a importância e as ocasiões nas quais se deve executar o hino nacional, bem como

o que ele representa em termos cívicos e cultural para o povo brasileiro.

As ponderações sobre o envolvimento dos professores de história para

estimular a adoção dessa prática e o aprendizado do hino nacional, foram

referendadas a partir de ações e trabalhos constantes do programa de intervenção

didático-pedagógica delimitado pelas atividades propostas aos alunos do segundo

ano do curso de formação de professores do Colégio Estadual Pato Branco, da

cidade de Pato Branco (PR).

O objetivo geral da pesquisa foi o de promover a compreensão histórica,

política e cultural sobre a importância do conhecimento e da execução do hino

nacional como um dos maiores símbolos de uma nação. Entre os objetivos

específicos que dirigiram a pesquisa constaram os de estimular a execução do hino

nacional na comunidade escolar; conhecer a história e a letra do hino nacional

brasileiro; estudar as ocasiões em que se deve executar o hino nacional; promover

atividades estudantis que possam incentivar o interesse pelo hino nacional e propor

interpretações sobre a letra do hino nacional.

2.1 O HINO NACIONAL E SUA HISTÓRIA

É prática entre os professores de história, bem como de outras áreas

relacionadas às Ciências Humanas, defender uma maior autonomia diante das

pressões por um ensino sistematizado que estabelece conteúdos nem sempre

adequados à realidade social dos estudantes. Tal fato relaciona-se ao tamanho do

território brasileiro e à diversidade cultural nele existente, o que nem sempre é

levado em consideração nos planejamentos políticos que dizem respeito à

educação. Como o hino nacional é um tema que envolve a questão cultural além da

cívica, citamos Pedro Demo, em relação à diversidade cultural, que em Desafios

Modernos da Educação, escreve:

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Neste campo, é oportuno lembrar a face cultural que, no fundo, conclama o mesmo desafio. De um lado, nenhum futuro compensa se não corresponder, ao mesmo tempo, ao anseio de avanço e de identidade histórica. De outro, o patrimônio cultural precisa parecer como fundamentação das oportunidades, não como peso morto ou obstáculo (...) A cultura emerge como condição substancial da capacidade de desenvolvimento próprio (...) a postura modernista despreza a cultura própria, pois se submete à vassalagem externa, preferindo crescer à sombra, a crescer com luz própria. (DEMO, 1999, p.27 e p.28)

É nesse sentido, de romper com o que Pedro Demo chama de ―vassalagem

externa‖, valorizando produtos da nossa cultura, é que desde 2009, as escolas de

ensino fundamentais públicas e privadas de todo o país passaram a ser obrigadas

por lei a executar uma vez por semana o Hino Nacional. Já para o historiador José

Murilo de Carvalho, o hino serve como parte da identidade de uma nação, sua

simbologia precisa ser compreendido. Segundo ele:

Modernamente, alguns símbolos nacionais tornaram-se identificação oficial de países. Mas todos eles possuem uma história, nem sempre pacífica, quase sempre ligada seja ao nascimento da nação, seja à implantação de um regime político. Algumas bandeiras e hinos escaparam mesmo às fronteiras nacionais, tal a força do simbolismo que encarnavam. À época da proclamação da República, era esse o caso da marselhesa, símbolo não só da Revolução de 1789 mas de toda revolução, de todo movimento libertário no Ocidente. A história de hinos e bandeiras constitui, assim, outro instrumento analítico para explorar o conteúdo valorativo ou mesmo ideológico de regimes políticos, se não de sociedades inteiras. (CARVALHO, 1990, p.14)

Carvalho propõe uma discussão dos símbolos e de seu conteúdo, sugerindo

que tal atitude poderá fornecer elementos preciosos para entender a visão de

republica, ou mesmo a visão de sociedade, de história e do próprio ser humano. Em

A Formação das Almas: O Imaginário da República no Brasil, Carvalho propõe,

como ele próprio expõe na introdução, "discutir mais a fundo o conteúdo de alguns

dos principais símbolos utilizados pelos republicanos brasileiros e, na medida do

possível, avaliar sua aceitação ou não pelo público a que se destinava, isto é, sua

eficácia em promover a legitimação do novo regime" [1990, p. 13], isso é, a

formação dos símbolos da República e a implantação dos mesmos.

Carvalho faz também um paralelo entre a retratação da República na forma de

uma mulher na França, onde ela é chamada de Marianne e no Brasil, onde ela é

comumente chamada de Maria; primeiramente ele descreve a simbologia contida em

Marianne e sua inspiração, tendo como base algumas representações feitas por

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artistas franceses do século XVIII, para depois traçar como essa representação da

república-mulher se estabeleceu no Brasil: "O esforço inicial foi feito pelos

caricaturistas da imprensa periódica, a grande maioria simpática à República" (2011,

p.79).

A lei, de autoria do deputado Lincoln Portela (PR-MG), foi sancionada no dia

21 de setembro de 2009, pelo vice-presidente José Alencar. A lei não prevê data e

horário para a execução do hino, ficando a critério dos estabelecimentos de ensino.

O projeto também não prevê punição a quem não cumprir a lei.

A partir do momento de aprovação dessa lei, tramitam em várias Assembleias

Legislativas e Câmaras Municipais do país, projetos de lei estabelecendo sua

obrigatoriedade. Com a sanção presidencial, a obrigatoriedade passa a valer

automaticamente, sem necessidade de estar prevista em legislações estaduais ou

municipais. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, uma resolução obrigando à

execução do Hino Nacional foi publicada pela prefeitura em junho de 2010.

Em 1936, o governo Getúlio Vargas determinou pela primeira vez a

obrigatoriedade da execução do Hino Nacional nas escolas públicas e privadas de

todo o país. Em 1971, durante o regime militar, passou a vigorar lei que trata dos

símbolos nacionais, também obrigando à execução do hino nas escolas durante o

hasteamento da bandeira, mas ela não definia a frequência com que ele deveria ser

cantado pelos alunos. Com a sanção presidencial, à lei 5700/71 foi acrescido um

parágrafo obrigando que ocorra uma vez por semana a execução do hino nacional.

Para a autora as crianças precisam entender que existem algumas atitudes

próprias para que as pessoas possam cantar o hino nacional, segundo ela:

Ao executar o Hino Nacional, que é sempre tocado para homenagear nossa pátria, devemos prestar atenção e respeito. Podemos levar a mão direita ao coração e ao final aplaudi-lo, mas não é uma obrigação. O importante é entender a sua letra, o seu significado e manter uma postura adequada, como: ficar em pé, não usar bonés, não mascar chicletes, não chupar balas, não conversar, rir e brincar. Disponível em: http://www.ecs.org.br/site/Interna/Images/hino_nacional.pdf

Enquanto professores de história, pretendemos maior autonomia diante das

pressões por um ensino sistematizado que estabelece conteúdos nem sempre

adequados à realidade social dos estudantes, fato esse relacionado ao tamanho do

território brasileiro e à diversidade cultural nele existente, o que nem sempre é

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levado em consideração nos planejamentos políticos que dizem respeito à

educação.

Sobre suas relações com o ensino de história podemos dizer que o hino

nacional nos reporta ao século XIX:

Foi escrito por Francisco Manuel da Silva em 1822/23 ou, segundo outros autores, em 1831 – e que a 6 de setembro de 1922, foi oficialmente adotado pela República, já com letra de Joaquim Osório Duque Estrada, não tem sido preservado com a dedicação e o carinho que deveria merecer de todos os brasileiros. Basta dizer que o próprio Museu Histórico Nacional não possuía uma única gravação do Hino Nacional Brasileiro, que foi, entretanto, registrado mais de 30 vezes por algumas das mais famosas orquestras e bandas brasileiras e até, internacionais, por exemplo, temos como execuções históricas a da Orquestra Sinfônica Brasileira, regida pelo Maestro Eugen Szenkar, a da Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com coro, regidos por Heitor Villa-Lobos, a da Banda do Corpo de Bombeiros, Banda do Corpo de Fuzileiros Navais, Banda Internacional, etc. Existem também gravações curiosas, como a do tenor Vicente Celestino, e a de Paulo Gracindo – em que este declama a letra de Duque Estrada. Disponível em: http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html

Como existem muitas controvérsias e polêmicas sobre sua história, insiste-se

ainda que:

O Hino Nacional Brasileiro, segundo alguns autores, foi composto para comemorar a independência da nossa Pátria. Se Francisco Manuel não o escreveu nos quatro últimos meses de 1822, deve tê-lo feito no decorrer de 1823, sendo que, neste último ano, a peça teve sua primeira execução oficial. O compositor ainda não chegara aos 30 – precisando melhor, deveria contar, então, com 27 ou 28 anos de idade. Francisco Manuel da Silva escreveu os primeiros compassos, no balcão de um armarinho situado na Rua Senador dos Passos esquina com Rua Regente Feijó. Disponível em: http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html

Para a aprovação da música foram realizados concursos que tiveram como

resultado a escolha da música que conhecemos:

...às 13 hs., do dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico, diante de Deodoro, com seus ajudantes de ordens, dos Ministros, do Interior, da Justiça, da Guerra e da Agricultura, foram executados, sucessivamente, por banda regida por Carlos de Mesquita, os quatro hinos finalistas : de Francisco Braga, J. Queirós, Alberto Nepomuceno e Leopoldo Miguez. Repetidos e – ‗a execução do de J. Queirós – muito aplaudidos, a Comissão Julgadora, (Alfredo Bevilaqua, Frederico do Nascimento, Carlos de Mesquita, Paulo Porto Alegre e Miguel Cardoso) confirmou o veredicto do público, concedendo a palma ao hino de Leopoldo Miguez, que, como os demais, fora feito sobre os versos de Medeiros e Albuquerque. Deodoro e os ministros assinaram então, os decretos de oficialização do Hino Nacional e do Hino da Proclamação da República, e retornaram ao camarote, de

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onde o Ministro do Interior fez a respectiva leitura. A banda repetiu o hino escolhido e, a pedido do público, foi também executado o hino de Francisco Manuel, o que iria produzir no público presente uma emoção indescritível. Confirmava-se assim, entre todos, a impressão do Marechal Deodoro, o qual, ao ouvir pela primeira vez, o hino de Miguez, dissera ― Prefiro o velho ―......Disponível em: http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html

Dessa forma, faltava apenas a letra e para sua escolha. Novamente foi feito

um concurso:

Ao Hino Nacional, só faltava uma letra a altura. O escritor Coelho Neto, em 1906, subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, ―um poema condigno‖ Em 1908, o Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada. Disponível em: http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html

Existe toda uma legislação para tornar o hino nacional um dos símbolos da

pátria, a primeira delas teria sido aprovada em 1936:

A promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo Presidente, Getúlio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade ―nos estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos―, consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para bandas, do 2º Tenente Antônio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do então, Distrito Federal, no tom original de si-bemol; e, para canto, em fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno. Disponível em: http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html

Nossos estudos sobre a legislação nos levarão a recompor uma série de

estudos sobre a aprovação das leis relativas ao hino nacional e as deliberações

legais quanto à execução do mesmo dizem que:

LEI 5700, DE 1º DE SETEMBRO DE 1971, SEÇÃO II - DO HINO NACIONAL: Art. 24 A execução do Hino Nacional obedecerá às seguintes prescrições: I. Será sempre executado em andamento metronômico de uma semínima igual a 120 (cento e vinte ). II. É obrigatória a tonalidade de si bemol para a execução instrumental simples. III. Far-se-á o canto sempre uníssono. IV. Nos casos de simples execução instrumental, tocar-se-á a música. integralmente, mas sem repetição: nos casos de execução vocal, serão sempre cantadas as duas partes do poema. V. Nas continências ao Presidente da República, para fins exclusivos do Cerimonial Militar, serão executados apenas a introdução e os acordes finais, conforme a regulamentação específica. Art. 25 Será o Hino Nacional executado:

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I. Em continência à Bandeira Nacional e ao Presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, quando incorporados e nos demais casos expressamente determinados pelos regulamentos de continência ou cerimônias de cortesia internacional. II. Na ocasião do hasteamento da Bandeira Nacional previsto no parágrafo único do artigo 14.

Existem ainda algumas observações sobre algumas obrigações legais

determinadas pela Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, que dizem respeito às

proibições e obrigatoriedades:

Art. 39 - parágrafo único Durante a execução do Hino Nacional, todos os presentes devem manter-se em pé e em atitude de respeito, os civis de sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, prestada segundo os regulamentos a que estiverem sujeitos. Quem não estiver cantando, deve conservar-se em silêncio. Nenhuma outra forma de saudação é permitida em tal circunstância. Art. 34 - É também proibida a execução do Hino em qualquer outro arranjo vocal que não a do maestro Alberto Nepomuceno (1864 - 1920), ou em arranjo instrumental não autorizado pelo Presidente da República. Art. 39 - É obrigatório o ensino do canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em todas as escolas, públicas ou particulares, de primeiro e de segundo graus. Art. 40 - Ninguém poderá ser admitido em cargo público sem conhecer o Hino Nacional.

Compreende-se assim que o hino nacional não é uma música qualquer, é a

música que representa civicamente o Brasil, diante disso sua execução se tornou

obrigatória por lei. A última, de 2009, prevê que pelo menos uma vez por semana o

hino deve ser executado em todas as escolas do Ensino Fundamental.

O presente projeto procura adequar-se às recomendações das Diretrizes

Curriculares da Educação Básica (2008), quanto ao estudo dos processos históricos

relativos às ações e às relações humanas praticadas no tempo, bem como a

respectiva significação atribuída pelos sujeitos, tendo ou não consciência dessas

ações. As relações humanas produzidas por essas ações podem ser definidas como

estruturas sócio históricas, ou seja, são as formas de agir, pensar, sentir,

representar, imaginar, instituir e de se relacionar social, cultural e politicamente.

Os processos históricos, então, podem ser entendidos como uma sucessão

de fatos na ordem de causa e consequência. Segundo o historiador Christopher

Lloyd:

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Os processos históricos estão articulados em determinadas relações causais. Os acontecimentos construídos pelas ações e sentidos humanos, em determinado local e tempo, produzem relações humanas, que ensejam um espaço de atividade relativo aos acontecimentos históricos. Isso ocorre de forma não-linear, em ações que produzem outras relações, as quais também constroem novas ações. Assim, os processos históricos são marcados pela complexidade causal; isto é, fatos distintos produzem novas relações, enquanto relações distintas convergem para novos acontecimentos históricos. (LLOYD, 1995, p.47)

Em teoria, a finalidade da História é a busca da superação das carências

humana fundamentada por meio de um conhecimento constituído por interpretações

históricas. Estas interpretações são compostas por teorias que diagnosticam as

necessidades dos sujeitos históricos e propõem ações no presente e projetos de

futuro. Segundos as Diretrizes:

A finalidade do ensino de história é a formação de um pensamento histórico a partir da produção do conhecimento. Esse conhecimento é provisório, configurado pela consciência história dos sujeitos. (LDB, 2008, p.47)

Nesse sentido, as noções de tempo e espaço devem compor os

procedimentos metodológicos, pois articulados aos Conteúdos Estruturantes

possibilitam a delimitação e a contextualização das relações humanas a serem

problematizada. Segundo Rusen, conforme descrito nas Diretrizes:

A consciência histórica se caracteriza pela percepção das experiências do passado dos seres humanos, investigado por historiadores ou por professores de história e seus alunos, e realiza-se por interpretações feitas no presente à luz de uma expectativa de futuro. (LDB, 2008, p.61)

Fundamentar o conhecimento na historiografia significa compreendê-lo em

suas práticas, suas relações e pela multiplicidade de leituras e interpretações

históricas possíveis. Para isso, algumas questões poderão ser propostas aos

estudantes:

Como o historiador chegou a essa interpretação?

Que documentos/fontes o ajudaram a chegar a essas conclusões?

No conteúdo trabalhado, como podem ser identificados os aspectos políticos,

socioeconômicos e culturais?

Para Hobsbawm (1991) o materialismo histórico deve ser o ponto de partida

de uma análise histórica. Deve levar em conta como o homem se adapta à natureza,

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que trabalho realiza para transformá-la e as relações sociais que estabelecem nesse

processo de produção. No entanto, não pode deixar de lado a questão de que

homem produz cultura e esta interfere na sua maneira de produzir, assim como a

maneira de produzir também vai interferir na cultura.

O trabalho pedagógico com diversos documentos e fontes de pesquisa exige

que o professor esteja atento à rica produção historiográfica que tem sido publicada

em livros, revistas especializadas e outras voltadas ao publico em geral, muitas das

quais disponíveis também nos meios eletrônicos. Este projeto consiste em mostrar

ao alunado a importância de saber cantar o hino nacional. Depois, em promover o

hábito de cantá-lo, como elemento para manter ou recuperar o sentimento patriótico

e estimular os valores cívicos nacionais com contribuição para a formação de

cidadãos que desejem participar ativamente da vida política e cultural do seu país

feitas nas escolas do Paraná, podendo posteriormente ou paralelamente ser

trabalhadas com as demais séries do colégio ou outras escolas que comunguem dos

mesmos ideais e acreditem na viabilidade destas ações para a formação de uma

geração mais crítica, autônoma e participativa.

3 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

A pesquisa contou com o desenvolvimento de uma série de atividades,

propostas pelo projeto didático-pedagógico. A primeira atividade realizada no

Colégio Estadual Pato Branco, foi a de execução do hino nacional com a finalidade

de estimular a execução do hino nacional na comunidade escolar. Em seguida

apresentou-se um vídeo contendo momentos da história recente do país tendo como

trilha sonora o hino nacional. Após a exibição propôs-se que o grupo debatesse o

sentimento despertado em relação ao vídeo. Mediante as ideias expostas coletaram-

se sugestões para atividades nas quais o hino nacional pudesse ser utilizado.

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3.1 HISTÓRIA

Outra estratégia desenvolvida foi a de promover a realização de pesquisa

sobre a história do hino nacional brasileiro. Na oportunidade foi trabalhado o

seguinte texto retirado da Internet:

todas as solenidades p

Quando a República foi proclamada, em 1889, o governo provisório

Em 1831, Dom Pedro anunciou que estava deixando o trono de imperador

do Brasil para seu filho e voltaria a Portugal. Foi à oportunidade que o

músico Francisco Manuel da Silva estava esperando para apresentar a sua

composição. Ele colocou a letra de um verso do desembargador Ovídio

Saraiva de Carvalho e Silva e o hino foi cantado pela primeira vez no dia 13

de abril de 1831, na festa de despedida de Dom Pedro I. Durante algum

tempo, porém, a música teve o nome de "Hino 7 de Abril", data do anúncio

da abdicação. A letra de Ovídio Saraiva foi considerada ofensiva pelos

portugueses.

Eles foram chamados até de "monstros". Por isso, ela foi esquecida

em pouco tempo, mas a partitura de Francisco Manuel da Silva começou a

ser executada em todas as solenidades públicas a partir de 1837. Para

comemorar a coroação de Dom Pedro II, em 1841, o hino recebeu novos

versos, de um autor desconhecido. Por determinação de Dom Pedro II, a

música passou a ser considerado o Hino do Império e deveria ser tocada

todas as vezes que ele se apresentasse em público, em solenidades civis e

militares, mas sem letra. Era também tocada no exterior sempre que o

imperador estivesse presente. Francisco Manuel ficou bastante famoso.

Recebeu vários convites para dirigir, fundar e organizar instituições

musicais. Mas o Brasil continuava com um hino sem letra.

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Os participantes foram unânimes em concordar que por sua importância

histórica o hino nacional deve ser trabalhado constantemente com os alunos. É

natural ouvirmos falar de pessoas com certa formação que, no entanto, não

conseguem cantar o hino por completo ou sequer compreender o seu sentido. Sem

generalizações, não se pode ignorar que é sabido que a letra merece atenção e

interpretação a fim de ser compreendida e o ato de cantar o hino consiga ir além do

simples gesto mecânico. É bom saber o que se está cantando, até para concordar

ou criticar. Criticar sem conhecimento de causa é, no mínimo, uma atitude um tanto

quanto leviana.

Quando a República foi proclamada em 1889 o Governo Provisório

resolveu fazer um concurso para escolher um novo hino. No dia 15 de

janeiro de 1890, numa sessão concorridíssima o hino mais aplaudido foi o

do maestro Miguez, que também foi escolhido pela Comissão Julgadora. O

presidente Deodoro e quatro ministros deixaram o camarote oficial e

voltaram em seguida. O ministro do Interior, Aristides Lobo, leu o decreto

que conservava a música de Francisco Manuel da Silva como hino nacional.

Mesmo sem a partitura, a orquestra tocou a música e a plateia delirou.

Como prêmio de consolação, a obra de Medeiros e Albuquerque e de

Leopoldo Miguez ficou conhecida como o Hino da Proclamação da

República. Só que o problema persistia: o Brasil tinha um hino sem letra.

Mas, se a música já era tão bonita, por que precisava de uma letra? Por

mais que alguém se habitue a uma música, se ela não tiver letra, fica mais

difícil de ser memorizada. Só em 1909 é que apareceu o poema de Joaquim

Osório Duque Estrada. Não era ainda oficial. Tanto que, sete anos depois,

ele ainda foi obrigado a fazer 11 modificações na letra. Duque Estrada

ganhou 5 contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um

carro. O Centenário da Independência já estava chegando. Aí o presidente

Epitácio Pessoa declarou a letra oficial no dia 6 de setembro de 1922.

Como Francisco Manoel já tinha morrido em 1865, o maestro

cearense Alberto Nepomuceno foi chamado para fazer as adaptações na

música. Finalmente, depois de 91 anos, nosso hino estava pronto (Marcelo

Duarte, disponível em: http://alexandredoradio.blogspot.com/2011/04/dia-

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3.2 VOCABULÁRIO

Em relação ao significado do hino, trabalhou-se com um vocabulário bastante

específico, para compreensão do sentido de algumas estrofes e das palavras.

Seguem alguns vocábulos, que não estão em ordem alfabética, mas sim, na

sequência e no contexto do Hino Nacional.

VOCABULÁRIO

Plácidas: tranquilas, calmas

Brado: grito

Retumbante: que ecoa vibrante

Fúlgidos: luz intensa

Penhor: garantia

Idolatrada: muito amada, respeitada

Vívido: cheio de vida

Límpido: limpo, claro

Cruzeiro: constelação do Cruzeiro do Sul

Resplandece: brilha

Impávido: destemido

Colosso: gigante

Esplêndido: maravilhoso, admirável

Fulgura: brilhas

Florão: enfeite, ornamento, joia

Garrida: vistosa, alegre

Risonhos: alegres

Lábaro: bandeira

Ostentas: mostra

Louro: amarelo

Flâmula: bandeira

Clava: pau usado como arma·.

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3.3. LETRA E INTERPRETAÇÃO

Hino nacional por estrofes

No decorrer do trabalho com as estratégias de ação sugeriu-se um estudo

sobre a interpretação da letra do hino nacional. A atividade foi feita a partir de uma

leitura feita por Aldo Pereira.

I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico e o brado retumbante, E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Essa estrofe lembra a proclamação da Independência, o Brasil era colônia de

Portugal. Isso aconteceu, perto das Margens serenas e tranquilas do riacho do

Ipiranga, em São Paulo. De lá, ouviu-se um grito vibrante de um povo heroico.

Nesse instante, a liberdade brilhou como um sol no céu da Pátria.

Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte Em teu seio, ó Liberdade. Desafia o nosso peito a própria morte!

Se os brasileiros conseguiram conquistar com esforço e luta, a garantia de

igualdade entre o Brasil e outras nações deve estar dispostos a defender, dar a vida

e expor o peito à própria morte pela liberdade do país.

Ó Pátria amada Idolatrada Salve! Salve!

Neste estribilho, é como se a Pátria aparecesse pela primeira vez. O poeta a

Saúda a cumprimenta respeitosamente, Viva! Viva! , como se fosse uma pessoa.

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido. De amor e de esperança a terra desce, Se em teu formoso céu risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece.

Brasil sonhava intensamente, tinha esperança de libertar- se de Portugal e tornar-se uma nação independente. Esta esperança desce a terra e se torna

realidade. E no céu claro, limpo e risonho brilha o Cruzeiro do Sul, que é uma

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constelação maravilhosa, um conjunto de estrelas que só pode ser visto no

hemisfério Sul.

Gigante pela própria natureza És belo, é forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza.

Essa parte mostra que o Brasil é grande, gigante por si só; por sua própria

natureza, pelas suas riquezas minerais e pelo seu povo. O futuro de nossa Pátria foi

comparada ao tamanho de nosso território que tem 8,5 milhões de metros

quadrados, sendo o quinto maior país do mundo.

Terra adorada, Entre outras mil, És tu Brasil, Ó Pátria amada!

Pátria adorada! Entre milhares de nações, o Brasil é a nossa Pátria amada.

Dos filhos deste solo é mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

O Brasil é a Pátria mãe, muito amada dos filhos que nasceram nessa terra. II Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e a luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil florão da América, Iluminando ao sol do novo mundo!

Essa estrofe se refere à localização geográfica do Brasil: é um dos países

mais ensolarados do mundo, tem clima tropical, tem uma vasta extensão litorânea,

tem mares e praias maravilhosas. Possui em seu território abundância e diversidade

de fauna e flora. Sendo assim, o poeta considerou o Brasil como um enfeite do

continente Americano.

Do que a terra mais garrida Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; “Nossos bosques têm mais vida”, “Nossa vida em teu seio mais amores”.

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Mais elogios para as riquezas e belezas naturais de nossa terra. Nessa

estrofe, há também uma referência a vida do povo brasileiro que tem mais

sentimento, ou seja, aqui a vida é rica em afeto. O Brasil é todo amor.

Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve!

Nesse estribilho, é como se a Pátria aparecesse pela primeira vez. O poeta a

saúda a cumprimenta respeitosamente ,Viva! Viva! , como se fosse uma pessoa. As

orações entre aspas são do poema romântico ―Canção do Exílio‖, que Gonçalves

Dias escreveu em. 1843, expressando a saudade que sentia do Brasil. Nesse ano

ele estudava em Portugal.

Brasil de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado E diga o verde louro desta flâmula — Paz no futuro e glória no passado.

Aqui, faz- se uma referência à Bandeira do Brasil e o que nela está

simbolizado. Brasil, que sua bandeira sagrada, estrelada seja exibida por ti e que

seja um. Símbolo de amor eterno. As cores verdes e amarelas demonstram dois

sentimentos: orgulho do passado glorioso e o desejo de viver em paz com outras

nações.

Mas, se ergues da justiça à clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme quem te adora a própria morte.

Mas, se o uso da força for necessário, para que haja justiça, o povo brasileiro.

Não fugirá da luta, pois para defender a Pátria, não se teme a morte.

Terra adorada, Entre outras mil, És tu Brasil, Ó Pátria amada!

Pátria adorada! Entre milhares de nações, o Brasil é a nossa Pátria amada.

Dos filhos deste solo é mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

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O Brasil é a Pátria mãe, muito amada, dos filhos que nasceram nessa terra.

3.4 MÚSICA

A melodia e a harmonia da composição também são muito complexas.

Segundo o maestro regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos, Luís

Gustavo Petri, a parte musical do Hino foi composta dentro do melhor estilo do

Classicismo, em 1831, pelo compositor Francisco Manuel da Silva. Quase um século

depois, em 1909, a obra recebeu a letra de Joaquim Osório Duque Estrada, e por

isso a melodia foi simplificada.

Mas, além da alteração melódica, a canção também recebeu nova tonalidade.

"Quando era apenas instrumental, o Hino era executado no tom de Si bemol. Logo

que recebeu a letra, foi transposto para Fá. Com a simplificação e a transposição da

tonalidade, a melodia do Hino, embora ainda seja bastante sofisticada, ficou mais

acessível e confortável para a maioria das pessoas. Caso estas alterações não

ocorressem, apenas um cantor lírico conseguiria cantar o Hino na versão

instrumental" (PETRI, 2008, Jornal da Orla).

A parte instrumental que introduz a letra do hino também era cantada. Porém,

de acordo com o professor de língua portuguesa e literatura Márcio Fragoso, este

trecho de autoria do então presidente da província do Rio de Janeiro, nos anos de

1879 e 1880, Américo de Moura, não foi incluída na versão oficial do hino. "É notável

a diferença entre os estilos dos dois textos. Esta parte, ao contrário do resto do hino,

é mais fácil de entender, pois as frases foram montadas na ordem direta", explica.

A musicista Anete Fernandes diz que é importante que o hino tenha uma

introdução instrumental: "É importante para que as pessoas, ao iniciarem o hino,

reconheçam a nota que deverão entrar. Se o início desta música fosse letrado com o

texto de Américo Moura, além de todos começarem a cantar no susto, a desafinação

seria total. Cada um entraria em uma nota diferente, seria um desastre. E para evitar

essa confusão, só criando uma introdução".

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3.5 EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL

Foram estudadas as ocasiões em que o hino nacional deve ser executado.

Consideraram-se fundamentais as cerimônias nacionais civis e militares onde se faz

uma homenagem à Pátria, à bandeira nacional ou ao presidente da república.

Também quando se trata de saudar oficialmente, em território nacional, um

chefe de Estado estrangeiro, depois de ouvido o hino do seu país.

Conforme determinação legal deve ser executada também pelo menos uma

vez por semana em todas as escolas da rede pública e particular de ensino.

3.6 ATIVIDADES SUGERIDAS

Entre as atividades sugeridas encontram-se ainda o trabalhar didático com os

símbolos da pátria, pesquisa, desenho, produção de texto, acróstico, poesia. Tais

atividades podem ser realizadas em sala de informática com pesquisa sobre o mapa

do Brasil, além de dados sobre população, área, hidrografia, relevo, vegetação e

clima do país.

A sugestão de temas para produção de textos em sala de aula podem

envolver questões relacionadas à cidadania, patriotismo, desigualdade social e a

importância do voto como arma de defesa dos direitos do povo brasileiro.

Entre as técnicas sugeridas pelos estudantes está a interpretação de textos,

confecção de cartazes e faixas, caça-palavras, seminários, exibição de filmes,

debates e passeatas cívicas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia de pesquisa adotada foi à bibliográfica com teorias e

referências de diversos autores, aliada a pesquisa de campo, uma vez que além de

referencial teórico, foram feitas entrevistas e questionários com os participantes. As

fontes documentais estiveram restritas a legislação existente quanto à história e os

protocolos que determinam a execução do hino nacional.

Para o desenvolvimento dessa investigação estimulou-se a formação de

grupos de trabalho e de estudos, bem como o envolvimento da comunidade por

meio de entrevistas e pesquisas de opinião com os pais, professores, estudantes e

vizinhos, bem como em entidades representativas da sociedade.

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Foram realizadas atividades diversas tais como produção de trabalhos

artísticos com apresentações, murais, leituras, slides, leitura e interpretação de

textos, entre outros. Conforme as exigências feitas pelo Programa PDE, em todos os

momentos da pesquisa foram feitas discussões sobre o material didático no GTR;

implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola e finalmente, a

produção do presente artigo científico.

Conclui-se que a proposição de estudos relativa ao histórico, interpretação e

importância, tanto da execução quanto do conhecimento do hino nacional brasileiro

foi fundamental para a formação de estudantes críticos e conscientes, quando a

valorização do simbolismo, do patriotismo e do patrimônio nacional.

Ao iniciarmos esse Projeto constatamos a seguinte questão: Porque conhecer

e porque cantar o Hino Nacional? Porém, no decorrer houve mudanças

consideráveis, já no aspecto das questões levantadas não houveram tantas

mudanças, o nosso sentido e as nossas respostas permaneceram.

A hipótese inicial foi confirmada com a presença e os dados expostos. Foram

diversas as pesquisas e entrevistas realizadas, podendo-se concluir que não tem

sentido falar em Cidadania se não a trouxer de nosso lar, o amor à Pátria.

Enquanto educadores podemos mudar o pensamento de Escola, através do

sentimento de amor à Pátria; ao Hino Nacional e ao nosso País.

Espera-se, que este estudo contribua para a comunidade escolar, para as

famílias e principalmente para o curso de Formação de Docentes como um todo e

que futuramente o Hino Nacional faça parte do cotidiano escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. DALLARI, Dalmo de Abreu. O respeito ao Hino e à Bandeira. Nova Escola, São Paulo, nº 132, página 45, maio de 2000. HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.12-3. HOBSBAWN, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. LLOYD, Christoper. As estruturas da história. São Paulo: Zahar, 1995.

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LIRA, Mariza. História do Hino Nacional Brasileiro. Ed. Americana, 1985. DOCUMENTOS CONSULTADOS SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Paraná, 2008.

SITOGRAFIA

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http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html Acessado em 23 de setembro de 2010. http://www.ecs.org.br/site/Interna/Images/hino_nacional.pdf. Acessado em 23 de

setembro de 2010.

MINIWEB. Hino Nacional. (2010) Disponível em: Disponível em: http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html. Acessado em 21 de janeiro de 2011. (PETRI, 2008, Jornal da Orla) (http://www.jornaldaorla.com.br/arquivo/10768.shtml).

SÁ, Karina Atrib Ferreira de. Também somos brasileiros. Disponível em: http://www.ecs.org.br/site/Interna/Images/hino_nacional.pdf. Acessado em 21 de janeiro de 2011. http://ensinar-projetodevida.blogspot.com/2009/09/hino-nacional-brasileiro.html. Acessado em 21 de janeiro de 2011. http://www.miniweb.com.br/cidadania/hinos/historia/hist_hino_nacional.html. Acessado em 21 de janeiro de 2011.