hidrocefalia infantil - scielo · associados a malformações supratentoriais (hidrocefalia,...

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HIDROCEFALIA INFANTIL RESULTADOS TARDIOS EM 102 PACIENTES E IMPORTÂNCIA DA N E U R O - S O N O G R A F I A HÉLIO R. MACHADO * — NELSON MARTELLI * — JOÃO A. ASSIRATI JR.* BENEDITO O. COLLI * — CARLOS G. CARLOTTI JR.* — JOSÉ L. R. BOULLOSA * CAROLINA FUN AY AMA ** — YARA M. NUNES MACHADO *** M. ANGÉLICA O. MARTINS *** — SUELI ALMEIDA **** RESUMO Os autores apresentam sua experiência em 102 crianças com hidrocefalia de diversas etiologias, acompanhadas por 5 1/2 anos. Cerca de 80% dessas crianças tinham idade inferior a dois anos, o que possibilitou seu acompanhamento com a ultra-sonografia craniana (4,4 exames por paciente). Os resultados a longo prazo são comparáveis aos obtidos na literatura com redação ao número de procedimentos por paciente (1,66), índice de infecqões (5,2%), mortalidade (6,8%) e desenvolvimento intelectual. A ultra-sonografia mostrou-se útil porque é inócua, tem baixo custo operacional, é comparável à tomografia computadorizada nessa faixa etária, podendo ser repetida rotineiramente e permitindo um relacionamento entre o médico, a criança e sua mãe que afetam favoravelmente o diagnóstico precoce de compli- cações e a melhor compreensão da patologia pelos pais. Infantile hydrocephalus: long-term results in a series of 102 children with special emphasis on brain sonography. SUMMARY A personal series (in 94% of the cases) of 102 children who underwent 170 procedures (1.66 procedures/patient) for hydrocephalus has been followed for 5 1/2 years (Jan-S3 to Jun-88). Most of the children were under two years of age (80%) and in these cases brain sonography was the examination of choice for both diagnosis and follow-up (307 examinations, 4.4 per patient). Only occasionally was computed tomography necessary for better study in these cases. Our results suggest that there was no significant difference between our cases and those published in the litterature concerning the number of procedu- res/patient (1.66)., infection rate (5.2%), mortality rate (6.8%) and intellectual performance. We recommend the use of brain sonography both in diagnosis and follow-up studies for hydrocephalic children since this examination is innocuous, inexpensive and easy to perform by neurosurgeons. Also it provides a good interaction between the examiner, the child and the parents, which is of utmost importance for the comprehension of the disease by the parents and early diagnosis of complications by the neurosurgeon. O tratamento cirúrgico da hidrocefalia infantil é um dos maiores desafios no campo da neurocirurgia pediátrica. Desde o século passado os cirurgiões tentam encontrar um meio ideal para drenar o líquido cefalorraquidiano (LCR) em excesso da cavidade craniana. Inicialmente, através de cânula de ouro implantada no espaço subgaleal, idealizada por von Mikulicz no final do século passado (cit. por Sklar e Linder i); posteriormente, com cirurgias diretas sobre o plexo coróide 4 ou derivações internas, como as conhecidas ventriculocisternostomias, que comunicavam o ventrículo lateral com a cisterna magna 35 ( 0 u abriam o assoalho do terceiro ventrículo 5,8,11,32. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP) e Centro Integrado de Neurocirurgia (Hospital São Francisco, Ribei- rão Preto): * Neurocirurgião; ** Neurologista; *** Psicóloga; **** Pediatra. Dr. Hélio Rubens Machado — Rua Rui Barbosa 1746 — 114015 Ribeirão Preto SP Brasil

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HIDROCEFALIA INFANTIL

R E S U L T A D O S T A R D I O S E M 102 P A C I E N T E S E I M P O R T Â N C I A D A N E U R O - S O N O G R A F I A

HÉLIO R. MACHADO * — NELSON MARTELLI * — JOÃO A. ASSIRATI JR.* BENEDITO O. COLLI * — CARLOS G. CARLOTTI JR.* — JOSÉ L. R. BOULLOSA *

CAROLINA FUN AY AMA ** — YARA M. NUNES MACHADO *** M. ANGÉLICA O. MARTINS *** — SUELI ALMEIDA ****

R E S U M O — O s a u t o r e s a p r e s e n t a m s u a e x p e r i ê n c i a e m 102 c r i a n ç a s c o m h i d r o c e f a l i a d e

d i v e r s a s e t i o l o g i a s , a c o m p a n h a d a s p o r 5 1/2 a n o s . C e r c a d e 8 0 % d e s s a s c r i a n ç a s t i n h a m

i d a d e i n f e r i o r a d o i s a n o s , o q u e p o s s i b i l i t o u s e u a c o m p a n h a m e n t o c o m a u l t r a - s o n o g r a f i a

c r a n i a n a (4,4 e x a m e s p o r p a c i e n t e ) . O s r e s u l t a d o s a l o n g o p r a z o s ã o c o m p a r á v e i s a o s o b t i d o s

n a l i t e r a t u r a c o m r e d a ç ã o a o n ú m e r o d e p r o c e d i m e n t o s p o r p a c i e n t e (1 ,66 ) , í n d i c e d e i n f e c q õ e s

( 5 , 2 % ) , m o r t a l i d a d e ( 6 , 8 % ) e d e s e n v o l v i m e n t o i n t e l e c t u a l . A u l t r a - s o n o g r a f i a m o s t r o u - s e ú t i l

p o r q u e é i n ó c u a , t e m b a i x o c u s t o o p e r a c i o n a l , é c o m p a r á v e l à t o m o g r a f i a c o m p u t a d o r i z a d a

n e s s a f a i x a e t á r i a , p o d e n d o s e r r e p e t i d a r o t i n e i r a m e n t e e p e r m i t i n d o u m r e l a c i o n a m e n t o e n t r e

o m é d i c o , a c r i a n ç a e s u a m ã e q u e a f e t a m f a v o r a v e l m e n t e o d i a g n ó s t i c o p r e c o c e d e c o m p l i ­

c a ç õ e s e a m e l h o r c o m p r e e n s ã o d a p a t o l o g i a p e l o s p a i s .

Infantile hydrocephalus: long-term results in a series of 102 children with special emphasis on brain sonography.

S U M M A R Y — A p e r s o n a l s e r i e s ( i n 9 4 % of t h e c a s e s ) of 102 c h i l d r e n w h o u n d e r w e n t 170

p r o c e d u r e s (1.66 p r o c e d u r e s / p a t i e n t ) f o r h y d r o c e p h a l u s h a s b e e n f o l l o w e d f o r 5 1/2 y e a r s

( J a n - S 3 t o J u n - 8 8 ) . M o s t of t h e c h i l d r e n w e r e u n d e r t w o y e a r s of a g e ( 8 0 % ) a n d i n t h e s e

c a s e s b r a i n s o n o g r a p h y w a s t h e e x a m i n a t i o n of c h o i c e f o r b o t h d i a g n o s i s a n d f o l l o w - u p (307

e x a m i n a t i o n s , 4.4 p e r p a t i e n t ) . O n l y o c c a s i o n a l l y w a s c o m p u t e d t o m o g r a p h y n e c e s s a r y f o r

b e t t e r s t u d y i n t h e s e c a s e s . O u r r e s u l t s s u g g e s t t h a t t h e r e w a s n o s i g n i f i c a n t d i f f e r e n c e

b e t w e e n o u r c a s e s a n d t h o s e p u b l i s h e d i n t h e l i t t e r a t u r e c o n c e r n i n g t h e n u m b e r of p r o c e d u ­

r e s / p a t i e n t (1 .66) . , i n f e c t i o n r a t e ( 5 . 2 % ) , m o r t a l i t y r a t e ( 6 . 8 % ) a n d i n t e l l e c t u a l p e r f o r m a n c e .

W e r e c o m m e n d t h e u s e of b r a i n s o n o g r a p h y b o t h i n d i a g n o s i s a n d f o l l o w - u p s t u d i e s f o r

h y d r o c e p h a l i c c h i l d r e n s i n c e t h i s e x a m i n a t i o n i s i n n o c u o u s , i n e x p e n s i v e a n d e a s y t o p e r f o r m

b y n e u r o s u r g e o n s . A l s o i t p r o v i d e s a g o o d i n t e r a c t i o n b e t w e e n t h e e x a m i n e r , t h e c h i l d a n d

t h e p a r e n t s , w h i c h i s of u t m o s t i m p o r t a n c e f o r t h e c o m p r e h e n s i o n of t h e d i s e a s e b y

t h e p a r e n t s a n d e a r l y d i a g n o s i s of c o m p l i c a t i o n s b y t h e n e u r o s u r g e o n .

O tratamento cirúrgico da hidrocefalia infantil é um dos maiores desafios no campo da neurocirurgia pediátrica. Desde o século passado os cirurgiões tentam encontrar um meio ideal para drenar o líquido cefalorraquidiano (LCR) em excesso da cavidade craniana. Inicialmente, através de cânula de ouro implantada no espaço subgaleal, idealizada por von Mikulicz no final do século passado (cit. por Sklar e Linder i ) ; posteriormente, com cirurgias diretas sobre o plexo coró ide 4 ou derivações internas, como as conhecidas ventriculocisternostomias, que comunicavam o ventrículo lateral com a cisterna magna 3 5 ( 0 u abriam o assoalho do terceiro ventrículo 5 ,8 ,11 ,32 .

H o s p i t a l d a s C l í n i c a s d a F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d e R i b e i r ã o P r e t o d a U n i v e r s i d a d e d e

S ã o P a u l o ( F M R P U S P ) e C e n t r o I n t e g r a d o d e N e u r o c i r u r g i a ( H o s p i t a l S ã o F r a n c i s c o , R i b e i ­

r ã o P r e t o ) : * N e u r o c i r u r g i ã o ; ** N e u r o l o g i s t a ; *** P s i c ó l o g a ; **** P e d i a t r a .

Dr. Hélio Rubens Machado — Rua Rui Barbosa 1746 — 114015 Ribeirão Preto SP — Brasil

Praticamente todas as cavidades foram tentadas 3,22 a t é que finalmente teve início a era das derivações unidirecionais com interposição de v á l v u l a 2 4 (Holter, 52, cit. por Mi lhorat 2 2 ) . Progressivamente houve grande melhora no índice de complicações, tanto do ponto de vista mecânico como infeccioso 3(> ou cognit ivo 1 . Entretanto as crianças necessitam, em média, de três procedimentos por paciente durante sua v i d a 2 8 e um acompanhamento rigoroso, preventivo, constante, a curtos intervalos de tempo, o que justificaria o aparecimento de um verdadeiro "shunt service" dentro de cada serviço especializado 2 3 . Faz parte deste acompanhamento a realização de exames radiológicos freqüentes, principalmente a tomografia computadorizada ( T C ) 1 2 . Entretanto, a expo­sição a radiação de um tecido cerebral imaturo, repetição de exames, custo opera­cional elevado, necessidade de sedação e, em nosso meio, a falta de recursos materiais nos motivaram à busca de um método alternativo. Assim, a ultra-sonografia surgiu como técnica de e s c o l h a 1 6 porque: 1 . substitui perfeitamente a TC, quando realizada em boas condições técnicas; 2. a medida do córtex cerebral antes e após a cirurgia altera-se significativamente, podendo ser utilizada como índice de funcionamento da derivação ou, prospectivamente, na avaliação da performance intelectual; 3. é inócua, de fácil execução, baixo custo e acessível à maioria dos neurocirurgiões.

O presente estudo tem por finalidade acrescentar dados aos trabalhos pre­cedentes 1 4 - ^ e apresentar resultados a longo prazo utilizando a abordagem preco­nizada anteriormente.

M A T E R I A L E M É T O D O S

D u r a n t e o p e r í o d o c o m p r e e n d i d o e n t r e j a n e i r o 1983 e j u n h o 1988, c e r c a d e 200 c r i a n ç a »

( e m t o r n o d e 300 p r o c e d i m e n t o s ) p o r t a d o r a s d e h i d r o c e f a l i a f o r a m s u b m e t i d a s a c i r u r g i a n o

H o s p i t a l d a s C l í n i c a s ( F M R P U S P ) e C e n t r o I n t e g r a d o d e N e u r o c i r u r g i a ( C I N , H o s p i t a l S ã o

F r a n c i s c o , R i b e i r ã o P r e t o ) . D e s t e t o t a l , s o m e n t e s e r ã o a n a l i s a d o s n e s t e t r a b a l h o o s p a c i e n ­

t e s o p e r a d o s n o C I N , a u e c o m p r e e n d e m 102 c r i a n ç a s (170 p r o c e d i m e n t o s ) , o p e r a d o s e a c o m ­

p a n h a d o s p e l o m e s m o c i r u r g i ã o ( H R M ) e m 9 4 % d a s v e z e s , o q u e t o r n a e s t a c a s u í s t i c a

b a s t a n t e u n i f o r m e . A m a i o r i a d e s s a s c r i a n ç a s t i n h a i d a d e i n f e r i o r a d o i s a n o s (81 p a c i e n t e s

o u 7 9 , 4 % ) , o q u e p o s s i b i l i t a a r e a l i z a ç ã o d o e x a m e u l t r a - s o n o g r á f i c o ( U S ) e s u a r e p e t i ç ã o

f r e q ü e n t e . F o r a m r e a l i z a d o s 307 e x a m e s e m 70 p a c i e n t e s , a c o m p a n h a d o s c r i t e r i o s a m e n t e p o r

m ú l t i p l o s U S ( e m m é d i a 4 ,4 e x a m e s p o r p a c i e n t e ) . D e n t r e e s t e s , a p e n a s e x c e p c i o n a l m e n t e

(9 p a c i e n t e s ) h o u v e n e c e s s i d a d e d e o u t r o s e x a m e s c o m o T C , a n g i o g r a í i a c e r e b r a l o u v e n t r i ç u -

l o g r a f i a p a r a m e l h o r e l u c i d a ç ã o d i a g n o s t i c a .

A t é c n i c a d e r e a l i z a ç ã o d o e x a m e j á fo i d e s c r i t a a n t e r i o r m e n t e 14-16. R e s u m i d a m e n t e , o

e x a m e é r e a l i z a d o c o m a p a r e l h o s s e t o r i a i s , e m « r e a l - t i m e » ( M K - 6 0 0 c o m e r c i a l i z a d o p e l a A T L -

A d v a n c e d T e c h n o l o g y L a b o r a t o r i a i s , I n c - B e l l e v u e , W a s h i n g t o n ) , e q u i p a d o s c o m t r a n s d u t o r e s

d e 3 e 5 M H z . N ã o h á n e c e s s i d a d e d e s e d a ç ã o . O t r a n s d u t o r é a p l i c a d o s o b r e a f o n t a n e l a

b r e g m á t i c a p r e v i a m e n t e p r e p a r a d a c o m g e l , e m p o s i ç ã o c o r o n a l e s a g i t a l . A n g u l a n d o - s e o

t r a n s d u t o r , o b t ê m - s e c o r t e s c e r e b r a i s a n t e r i o r e s , m é d i o s e p o s t e r i o r e s e s a g i t a i s m e d i a n o s

e l a t e r a i s . E x c e p c i o n a l m e n t e u t i l i z a m - s e c o r t e s a x i a i s ( n e s t e c a s o , a t r a v é s d a f o n t a n e l a

l a m b d ó i d e a ) o u s a g i t a i s a o n í v e l d o f o r a m e m a g n o ( p a r a a v a l i a ç ã o d e A r n o l d - C h i a r i ) .

R E S U L T A D O S

O d i a g n ó s t i c o e t i o l ó g i c o d a h i d r o c e f a l i a p o d e s e r f a c i l m e n t e r e a l i z a d o p o r u l t r a - s o n o g r a f i a

n a m a i o r i a d a s v e z e s ( o u s e j a , e m c r i a n ç a s m e n o r e s d e d o i s a n o s — 8 0 % d o s c a s o s ) . A c i m a

d e s t a i d a d e a T C é o e x a m e d e e s c o l h a . E m n o s s o s c a s o s u t i l i z a m o s u m a c l a s s i f i c a ç ã o s i m p l i f i ­

c a d a ( T a b e l a 1 ) , q u e n ã o l e v a e m c o n t a o f a t o d e s e r a h i d r o c e f a l i a c o m u n i c a n t e o u n ã o 17,21.

A f o r m a c o n g ê n i t a é d e l o n g e a m a i s f r e q ü e n t e e a m a l f o r m a ç ã o d e A r n o l d - C h i a r i

( C h i a r i I I ) c o n t r i b u i c o m a m a i o r i a d o s c a s o s . N e s t a m a l f o r m a ç ã o ( F i g . 1) n o t a - s e o m e n o r

t a m a n h o d a f o s s a p o s t e r i o r , a p o s i ç ã o a n o r m a l m e n t e b a i x a d o q u a r t o v e n t r í c u l o , o v e r m i s

c e r e b e l a r c o m f o r m a t o a l t e r a d o , o e n g a j a m e n t o a m i g d a l i a n o a o n í v e l d o f o r a m e m a g n o ,

a s s o c i a d o s a m a l f o r m a ç õ e s s u p r a t e n t o r i a i s ( h i d r o c e f a l i a , t e r c e i r o v e n t r í c u l o a l o n g a d o , m a s s a

i n t e r m é d i a p r o e m i n e n t e e o u t r a s ) 19. o e s t u d o d i r e t o d a f o s s a p o s t e r i o r 33 p o d e s e r f e i t o

c o l o c a n d o - s e o t r a n s d u t o r a o n í v e l d o f o r a m e m a g n o , e m p o s i ç ã o s a g i t a l , e m r e c é m - n a s c i d o s

e p o d e f o r n e c e r d a d o s i n i c i a i s d e v a l o r p a r a o a c o m p a n h a m e n t o c l í n i c o ( c o m o e m c a s o s d e

d e s c o m p e n s a ç ã o c o m s o f r i m e n t o d o t r o n c o c e r e b r a l ) , m a s q u e n ã o s e r ã o a n a l i s a d o s a q u i . A

e s t e n o s e d e a q u e d u t o p o d e s e r r e c o n h e c i d a p e l a q u a s e a u s ê n c i a d e q u a r t o v e n t r í c u l o v i s í v e l .

A m a l f o r m a ç ã o d e D a n d y - W a l k e r é c a r a c t e r i z a d a p e l a p r e s e n ç a d e f o s s a p o s t e r i o r a n o r m a l ­

m e n t e g r a n d e , p o s i ç ã o a l t a d a t e n d a d o c e r e b e l o , c i s t o a o n í v e l d o q u a r t o v e n t r í c u l o e

c o m u n i c a n d o - s e c o m e s t e , h i p o p l a s i a d o v e r m i s c e r e b e l a r e o u t r o s a c h a d o s s u p r a t e n t o r i a i s .

O s c i s t o s a r a c n ó i d e o s p o d e m e s t a r l o c a l i z a d o s n a l i n h a m é d i a s u p r a t e n t o r i a l ( c o m o d i e n c e -

f á l i c o , o c u p a n d o o t e r c e i r o v e n t r í c u l o ) o u i n f r a t e n t o r i a l ( d e n t r o d o q u a r t o v e n t r i c u l o e q u e

n ã o d e v e s e r c o n f u n d i d o c o m D a n d y - W a l k e r , p o i s n ã o s e a c o m p a n h a d a s o u t r a s m a l f o r m a ç õ e s

c i t a d a s ) o u , l a t e r a l i z a d o s , c o m o n a r e g i ã o s i l v i a n a ( F i g . 1 ) . A h i d r o c e f á l i a c o m p l e x a c o n g r e g a

o s c a s o s a s s o c i a d o s a g r a v e d i s g e n e s i a c e r e b r a l . O u t r o s c a s o s n ã o c l a s s i f i c a d o s e m q u a l q u e r

d e s s e s g r u p o s t a m b é m p o d e m s e r e n c o n t r a d o s . A h i d r o c e f á l i a a d q u i r i d a a p ó s h e m o r r a g i a

n e o n a t a l d o p r e m a t u r o é f a c i l m e n t e r e c o n h e c i d a q u a n d o o c o á g u l o i n t r a v e n t r i c u l a r e s t á p r e ­

s e n t e r O s a c h a d o s c a r a c t e r í s t i c o s a p ó s i n f e c ç ã o ( m e n í n g e a e / o u v e n t r i c u l a r ) i n c l u e m , a l é m

d a d i l a t a ç ã o v e n t r i c u l a r , s e p t a ç õ e s , e s p e s s a m e n t o e p e n d i m á r i o e e c o g e n i c i d a d e a l t e r a d a d e n t r o

d o s v e n t r f c u l o s , e n t r e o u t r o s . A s n e o p l a s i a s c e r e b r a i s c a u s a n d o h i d r o c e f á l i a s ã o m e l h o r

e s t u d a d a s c o m a T C , m e s m o q u a n d o o c o r r e m e m c r i a n ç a s m e n o r e s d e d o i s a n o s d e i d a d e .

B a t a s 102 c r i a n ç a s f o r a m s u b m e t i d a s a 170 p r o c e d i m e n t o s c i r ú r g i c o s , n u m t o t a l d e 1,66

p r o c e d i m e n t o s p o r p a c i e n t e . E s t e s p r o c e d i m e n t o s ( T a b e l a 2 ) i n c l u e m d e s d e a r e a l i z a ç ã o d a

d e r i v a ç ã o v e n t r l c u l o - p e r i t o n i a l ( D V P ) c o m v á l v u l a u n i d i r e c i o n a l , o u t r a s d e r i v a ç õ e s , c i r u r g i a

d i r e t a e m a l g u n s c a s o s v i s a n d o à e t i o l o g i a d o p r o c e s s o , a t é a r e a l i z a ç ã o d e u m a « j a n e l a

ó s s e a » p a r a p e r m i t i r m ú l t i p l o s e x a m e s u l t r a - s o n o g r á f i c o s e m u m a c r i a n ç a c o m a f o n t a n e l a

f e c h a d a . A s c o m p l i c a ç õ e s o b s e r v a d a s n o s p r i m e i r o s t r ê s m e s e s a p ó s a c i r u r g i a , f o r a m c o n ­

s i d e r a d a s « p r e c o c e s » ( T a b e l a 3 ) . D i z e m r e s p e i t o p r i n c i p a l m e n t e a o s p r o b l e m a s d e c i c a t r i -

z a ç ã o , i n f e c c ã o (8 c a s o s ) , h e m a t o m a s , c o l e ç õ e s s u b d u r a l s e m a u f u n c i o n a m e n t o d a d e r i v a ç ã o .

O u l t r a - s o m p o d e c o n t r i b u i r s i g n i f i c a t i v a m e n t e d i a g n o s t i c a n d o d i r e t a m e n t e a c a u s a d o m a u

f u n c i o n a m e n t o v a l v u l a r ( F i g . 2) o u , i n d i r e t a m e n t e , m o s t r a n d o a p e r s i s t ê n c i a d a d i l a t a ç ã o

v e n t r i c u l a r o u o u t r a s c o m p l i c a ç õ e s , c o m o c o l e ç õ e s s u b d u r a i s ( F i g . 3 ) . P a r a i s t o h á n e c e s s i ­

d a d e d e u m a c o m p a n h a m e n t o r e g u l a r , f r e q ü e n t e , d e c a d a c r i a n ç a ; o f a t o d e o e x a m e s e r

i n ó c u o f a c i l i t a o a c o m p a n h a m e n t o e j u s t i f i c a o n ú m e r o d e 4 ,4 e x a m e s p o r p a c i e n t e r e a l i z a d o s

e m n o s s o s c a s o s . A s c o m p l i c a ç õ e s « t a r d i a s » ( a p ó s t r ê s m e s e s d a d e r i v a ç ã o ) i n c l u e m p r o b l e ­

m a s c o m u n s à s « p r e c o c e s » , m a s i n c l u e m t a m b é m o s s é r i o s e c o m p l e x o s p r o b l e m a s l i g a d o s

à « s h u n t d e p e n d ê n c i a » q u e n ã o s e r ã o d i s c u t i d o s a q u i ( T a b e l a 4 ) .

V i n t e c r i a n ç a s f o r a m s u b m e t i d a s a m ú l t i p l o s e x a m e s p s i c o l ó g i c o s u t i l i z a n d o - s e a E s c a l a

B a y l e y d e d e s e n v o l v i m e n t o . O r e s u l t a d o s u g e r e q u e a m e t a d e d e l a s t e m u m d e s e n v o l v i m e n t o

n o r m a l ( F i g . 4 ) , c o n s i d e r a n d o - s e q u e o s v a l o r e s n o r m a i s c o r r e s p o n d e m à m é d i a m e n o s 2

d e s v i o s p a d r ã o , o u s e j a , v a l o r e s s u p e r i o r e s a 68 34.

Complicações tardias após cirurgia em 102 crianças.

Fig. 4 — Índice de desenvolvimento psicomotor (IDP) e mental (IDM) observado em 20 crianças avaliadas com a Escala de Bayley: observa-se que aproximadamente a metade das crianças tem desenvolvimento normal (considerado como valores superiores a 68).

P r o c / P a c

V e n t r i c

( % )

M o r t a l i d a d e

( % )

R o b i n s o n , 1979 849 /231 (1968 - 1973) 3,6 28,5 2,5

H e m m e r , 1980 752/520 (1961 - 1976) 1,27 5 23

A m b r o s i o , 1980 3232/1820 (1960 - 1978 c o o p ) 1,7 2,5 22 ,3

R e n i e r , 1984 1174/802 (1975 - 1982) 1,46 7,9 —

S h u r t l e f f , 1986 419 /544 (1975 - 1982) 0 ,77 3,6 1,24

M a c h a d o , 1988 170/102 (1983 - 1988) 1,66 5,2 6,8

Tabela 5 — Dados comparativos entre diversos autores com relação ao tratamento cirúrgico da hidrocefália. Legenda: Proc, número <de procedimentos; Pac, número de pacientes; Ventric, incidência de ventriculite.

C O M E N T Á R I O S

O termo encontrado por Nulsen e R e k a t e 2 3 , "shunt service", descreve bem a situação observada por aqueles que acompanham pacientes com hidrocefália. Trata-se não somente do exame médico periódico, mas de um constante contato com a criança e sua família, discutindo e orientando os problemas encontrados em hidrocefália. A ultra-sonografia cerebral, quando realizada pelo próprio neurocirurgião permite: a. contato freqüente com o paciente, examinando-o do ponto de vista neurocirúrgico, "palpando" a derivação e, principalmente, "olhando" no interior do cérebro através da fontanela; o exame dinâmico e em tempo real permite a escolha do melhor ângulo e a construção de imagens próprias do sistema ventricular, familiares ao neurocirur­gião; b. o contínuo intercâmbio com os familiares, os quais, assistindo ao exame passam a compreender melhor a patologia, participando e auxiliando o médico no diagnóstico precoce de complicações ou na busca de melhores soluções para o pro­blema. A TC, embora forneça dados valiosos, não pode ser repetida freqüentemente (4,4 exames por paciente com a US nos dois primeiros anos de vida). Além disto é dispendiosa, necessitando de sedação da criança e irradiando um cérebro ainda imaturo. Deve-se considerar também que todas as crianças após os dois anos de idade certamente necessitarão de exames radiológicos para avaliação neurológica ou, eventualmente, de outros problemas (como urografia e estudo dos pulmões, entre outros).

Nossos casos demonstram também que é possível em nosso meio obter bons resultados no tratamento da hidrocefália infantil. A média de 1,66 procedimentos por paciente está dentro dos valores relatados por outros autores, assim como o índice de infecções (5,2%) e mortalidade global (6,8%), exibidos na tabela5. As altas taxas de mortalidade encontradas por alguns autores 2 > 1 3 dizem respeito a grandes séries, que se iniciaram na década de 60, ou estudos cooperativos. Renier et a l . 2 7

estudaram fatores que contribuem para o aparecimento de infecções em 1141 proce­dimentos (802 pacientes) e chegaram à conclusão de que eram significativos a idade do paciente (menor que 6 meses), estado da pele, tipo de operação e obstrução, não importando o cirurgião. Outros autores 9 .18.30 consideram fundamental a experiência da equipe cirúrgica, material empregado, técnica, menor tempo de exposição e um único e experiente cirurgião. Não se deve, portanto, correr o risco de considerar a cirurgia da hidrocefália como gesto menor, estandardizado, e relegá-la a segundo plano 29 ou permitir que cirurgiões em níveis variados de treinamento sejam respon­sáveis pela operação 1 .

Do ponto de vista do desenvolvimento tardio, vários autores chamam a atenção para o fato de que a espessura do manto cortical inicial não tem relação com o desenvolvimento futuro 1.6,26. Desenvolvimento considerado normal foi verificado de

56% 7 ,10 a 70% 25 dos casos. Mais recentemente, McLone et al.2<> relatam 75% das crianças com hidrocefalia por mielodisplasia com inteligência normal. Não há dúvida que, neste último caso (hidrocefalia por mielodisplasia), o prognóstico é melhor do ponto de vista intelectual. Em nossos casos, embora a amostra não seja grande (20 pacientes), não é selecionada e o acompanhamento tem sido regular e sempre superior a dois anos, mostrando que a metade das crianças tem desenvolvimento inte­lectual considerado normal.

Nossa casuística sugere não haver diferença significativa entre nossos casos e aqueles apresentados na literatura mundial. Preconizamos, portanto, como primeira escolha no diagnóstico e seguimento da maioria dos pacientes portadores de hidro­cefalia a ultra-sonografia cerebral.

R E F E R Ê N C I A S

1. A m a c h e r A L , W e l l i n g t o n J — I n f a n t i l e h y d r o c e p h a l u s : l o n g - t e r m r e s u l t s of s u r g i c a l

t h e r a p y . C h i l d ' s B r a i n 11 :217 , 1981.

2 . A m b r o s i o A , B e n v e n u t i L , B i a n c h i E , B r i a n i S, C a g n o n i G, C a r t e r i A , C o l a n g e l o M ,

F o n t a n a M, G a i n i S M , G e r o s a M, G i u f f r e R , L i g u r i G, L o n g a t i I L , L u c c a r e l l i G, M a z z a

C, M i g l i a v a c c a F , M o i s e A , O c c h i p i n t i E , P a l m a L , P a s q u a l i n i A , P e z z o t t a G, T o m e i G,

V i l l a n i R — C o o p e r a t i v e s t u d y : l o n g - t e r m r e s u l t s of t h e o p e r a t i v e t r e a t m e n t of h y d r o ­

c e p h a l u s i n c h i l d r e n . I n G r o t e W , B r o c k M , C l a r H E , K l i n g e r M , N a u H E ( e d s ) :

A d v a n c e s i n N e u r o s u r g e r y 8. S p r i n g e r , B e r l i n , 1980.

3 . C h o u x M — I n t r o d u c t i o n . I n C h o u x M ( e d ) : S h u n t s a n d P r o b l e m s i n S h u n t s . M o n o g r

N e u r a l S c i 8. K a r g e r , B a s e l , 1982.

4. D a n d y W E — E x t i r p a t i o n of t h e c h o r o i d p l e x u s of t h e l a t e r a l v e n t r i c l e s i n c o m m u n i ­

c a t i n g h y d r o c e p h a l u s . A n n S u r g 68 :569 , 1918.

5. D a n d y W E — A n o p e r a t i v e p r o c e d u r e f o r h y d r o c e p h a l u s . B u l l J o h n s H o p k i n s H o s p

33 :189 , 1922.

6. D e n n i s M , F i t z C R , N e t l e y C T , S u g a r J , H a r w o o d - N a s h D C , H e n d r i c k E B , H o f f m a n H ,

H u m p h r e y s R P — T h e i n t e l l i g e n c e of h y d r o c e p h a l i c c h i l d r e n . A r c h N e u r o l 38 :607 , 1981.

7. F o l t z E L , S c h u r t l e f f D B — F i v e - y e a r c o m p a r a t i v e s t u d y of h y d r o c e p h a l u s i n c h i l d r e n

w i t h a n d w i t h o u t o p e r a t i o n (113 c a s e s ) . J N e u r o s u r g 20:1064, 1963.

8. F o r j a z S V , M a r t e l l i N , L a t u f N L — H y p o t h a l a m i c v e n t r i c u l o s t o m y w i t h c a t h e t e r . J

N e u r o s u r g 29 :655 , 1968.

9. G r i e b a l R , K h a n M , T a n L — C e r e b r o s p i n a l f l u i d s h u n t c o m p l i c a t i o n s : a n a n a l y s i s of

c o n t r i b u t o r y f a c t o r s . C h i l d ' s N e r v S y s t 1:77, 1985.

10. G u i d e t t i B , O c c h i p i n t i E , R i c c i o A — V e n t r i c u l o - a t r i a l s h u n t i n 200 c a s e s of n o n - t u m o r a l

h y d r o c e p h a l u s : r e m a r k s o n t h e d i a g n o s t i c c r i t e r i a , p o s t o p e r a t i v e c o m p l i c a t i o n s a n d l o n g -

- t e r m r e s u l t s . A c t a N e u r o c h i r 21 :295 , 1969.

11 . G u i o t G — V e n t r i c u l o - c i s t e r n o s t o m y f o r s t e n o s i s o f t h e a q u e d u c t of S y l v i u s . A c t a

N e u r o c h i r 28 :275 , 1973.

12. H a r w o o d - N a s h D C — R a d i o l o g y of s h u n t c o m p l i c a t i o n s i n c h i l d h o o d h y d r o c e p h a l u s . I n

C h o u x M ( e d ) : S h u n t s a n d P r o b l e m s i n S h u n t s . M o n o g r N e u r a l S c i 8. K a r g e r , B a s e l ,

1982.

13. H e m m e r R — L o n g - t e r m r e s u l t s i n t h e o p e r a t i v e t r e a t m e n t of h y d r o c e p h a l u s i n c h i l d r e n .

I n G r o t e W , B r o c k M , C l a r H E , K l i n g e r M , N a u H E ( e d s ) : A d v a n c e s i n N e u r o s u r g e r y

S. S p r i n g e r , B e r l i n , 1980.

14. M a c h a d o H R , C o n t r e r a J D — H i d r o c e f a l i a : c o n t r o l e d e d e r i v a ç ã o l i q u ó r i c a . I n P r a n d o

A, R o c h a D C , P r a n d o D , C e r r i G G ( e d s ) : U l t r a - s o n o g r a f i a E x t r a - A b d o m i n a l . S a r v i e r ,

S ã o P a u l o , 1986.

15. M a c h a d o H R , M a c h a d o J C , C o n t r e r a J D , A s s i r a t i J A J r , M a r t e l l i N — U l t r a - s o n o g r a f i a c e r e b r a l e m c r i a n ç a s n o p r i m e i r o a n o d e v i d a : u m m é t o d o n ã o i n v a s i v o p a r a o d i a g n ó s t i c o e a c o m p a n h a m e n t o d a s d i l a t a ç õ e s v e n t r i c u l a r e s . A r q N e u r o - P s i q u i a t ( S ã o P a u l o ) 40 :385 , 1982.

16. M a c h a d o H R , M a c h a d o J C , C o n t r e r a J D , A s s i r a t i J A J r , M a r t e l l i N , C o l l i B O — U l t r a - s o ¬ n o g r a p h i c e v a l u a t i o n o f i n f a n t i l e h y d r o c e p h a l u s b e f o r e a n d a f t e r s h u n t i n g : . C h i l d ' s N e r v S y s t 1 :341, 1985.

17. M a t s u m o t o S, S a t o K , O I , S ( e d s ) — A n n u a l R e v i e w of H y d r o c e p h a l u s 1985. N e u r o n , T o k y o , 1986.

18. M c C u l l o u g h D C , K a n e J G , P r e s p e r J H , W e l l s M — A n t i b i o t i c p r o p h y l a x i s i n v e n t r i c u l a r s h u n t s u r g e r y : I . R e d u c t i o n of o p e r a t i v e i n f e c t i o n r a t e s w i t h m e t h i c i l l i n . C h i l d ' s B r a i n 7 :182, 1980.

19. M c L a u r i n R L , A r o n i n P , O p p e n h e L m e r S — C r a n i a l s o n o g r a p h i c f i n d i n g s i n m y e l o m e n i n ­g o c e l e . I n H u m p h r e y s R P ( e d ) : C o n c e p t s i n P e d i a t r i c N e u r o s u r g e r y 4. K a r g e r , B a s e l , 1983.

20. M c L o n e D G , D i a s L , K a p l a n W E , S o m m e r s M W — C o n c e p t s i n t h e m a n a g e m e n t of s p i n a b i f i d a . I n H u m p h r e y s R P ( e d ) : C o n c e p t s i n P e d i a t r i c N e u r o s u r g e r y 5. K a r g e r , B a s e l , 1985.

21 . M i l h o r a t T H — H y d r o c e p h a l u s a n d t h e C e r e b r o s p i n a l F l u i d . W i l l i a m s a n d W i l k i n s , B a l t i m o r e , 1972, p g 237.

22. M i l h o r a t T H — H y d r o c e p h a l u s : h i s t o r i c a l n o t e s , e t i o l o g y a n d c l i n i c a l d i a g n o s i s . I n S e c t i o n of P e d i a t r i c N e u r o s u r g e r y of t h e A m e r i c a n A s s o c i a t i o n of N e u r o l o g i c a l S u r g e o n s ( e d s ) : P e d i a t r i c N e u r o s u r g e r y . G r u n e e S t r a t t o n , N e w Y o r k , 1982.

23 . N u l s e n F E , R e k a t e H L — R e s u l t s of t r e a t m e n t f o r h y d r o c e p h a l u s a s a g u i d e t o f u t u r e m a n a g e m e n t . I n S e c t i o n of P e d i a t r i c N e u r o s u r g e r y of t h e A m e r i c a n A s s o c i a t i o n of N e u ­r o l o g i c a l S u r g e o n s ( e d s ) : P e d i a t r i c N e u r o s u r g e r y . G r u n e & S t r a t t o n , N e w Y o r k , 1982.

24. N u l s e n F E , S p i t z E B — T r e a t m e n t of h y d r o c e p h a l u s b y d i r e c t s h u n t f r o m v e n t r i c l e t o j u g u l a r v e i n . S u r g F o r u m 2 :339 , 1952.

25. O v e r t o n M C , S n o d g r a s s S R — V e n t r i c u l o - v e n o u s s h u n t s f o r i n f a n t i l e h y d r o c e p h a l u s : a r e v i e w of f ive y e a r ' s e x p e r i e n c e w i t h t h i s m e t h o d . J N e u r o s u r g 23 :517 , 1965.

26. R a i m o n d i A J , S o a r e P — I n t e l l e c t u a l d e v e l o p m e n t i n s h u n t e d h y d r o c e p h a l i c c h i l d r e n . A m J D i s C h i l d 127:664 , 1974.

27. R e n i e r D , L a c o m b e J , P i e r r e - K h a n A , S a i n t e - R o s e C, H i r s c h J F — F a c t o r s c a u s i n g a c u t e s h u n t i n f e c t i o n . J N e u r o s u i g 61:1072, 1984.

28. R o b i n s o n J S , K a m a m u r a K , R a i m o n d i A J — C o m p l i c a t i o n s of v e n t r i c u l o p e r i t o n i a l s h u n t i n g p r o c e d u r e s . I n M c L a u r i n R L ( e d ) : M y e l o m e n i n g o c e l e . G r u n e & S t r a t t o n , N e w Y o r k , 1977.

29. R o u g e r i e J — P r e f a c e . I n C h o u x M ( e d ) : S h u n t s a n d P r o b l e m s in S h u n t s . M o n o g r N e u r a l Sc i 8. K a r g e r , B a s e l , 1982.

30. S h u r t l e f f D B , S t u n t z J T , H a y d e n P W — E x p e r i e n c e w i t h 1201 c e r e b r o s p i n a l f l u i d s h u n t p r o c e d u r e s . P e d i a t N e u r o s c i 12 :49 , 1986.

3 1 . S k l a r F H , L i n d e r M — T h e r o l e of t h e p r e s s u r e - v o l u m e r e l a t i o n s h i p of b r a i n e l a s t i c i t y i n t h e m e c h a n i c s a n d t r e a t m e n t of h y d r o c e p h a l u s . I n S h a p i r o K , M a r m a r o u A , P o r t n o y H ( e d s ) : H y d r o c e p h a l u s . R a v e n , N e w Y o r k , 1984.

32. S t o o k e y B , S c a r f f J — O c c l u s i o n of t h e a q u e d u c t of S y l v i u s b y n e o p l a s t i c a n d n o n -- n e o p l a s t i c p r o c e s s w i t h a r a t i o n a l s u r g i c a l t r e a t m e n t f o r r e l i e f of t h e r e s u l t a n t o b s t r u c t i v e h y d r o c e p h a l u s . B u l l N e u r o l I n s t N e w Y o r k 5 :348 , 1936.

33 . S t o r r s B B , R e i d B S , W a l k e r M L — U l t r a s o u n d e v a l u a t i o n of C h i a r i I I m a l f o r m a t i o n i n i n f a n t s . I n C h a p m a n P H ( e d ) : C o n c e p t s i n P e d i a t r i c N e u r o s u r g e r y 6, 1985.

34. T o r k i l d s e n A — A n e w p a l l i a t i v e o p e r a t i o n i n o a s e s of i n o p e r a b l e o c c l u s i o n of t h e S y l v i a n a q u e d u c t . A c t a C h i r S c a n d 82 :117 , 1939.