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PRÓLOGO N os últimos anos tem havido um interesse crescente no que cada vez mais é conhecido como “cristianismo confessional”. Esse desenvolvimento é muito encorajador porque o termo geral- mente se refere ao cristianismo que leva a doutrina a sério. “Cristãos confessionais” são aqueles que acreditam que a Bíblia realmente ensina coisas sobre Deus que se aplicam a todas as épocas, a todos os lugares e a todas as pessoas. Doutrina não é simplesmente uma descrição da psico- logia religiosa – como os cristãos se sentem ou o que pensam a respeito de Deus – mas sim uma descrição do que Deus é e como ele tem agido. O fato de mais cristãos estarem preparados para conscientemente se iden- tificar com tal concepção do cristianismo é motivo de gratidão e alegria. No entanto, o cristianismo verdadeiramente confessional não se resume a acreditar na importância da doutrina. Eu suspeito que o “cris- tianismo confessional” de hoje, na verdade, seja apenas uma reiteração do que costumava ser chamado simplesmente de cristianismo “conser- vador”: um cristianismo que acredita que 10 ou 12 pontos doutrinários básicos são inegociáveis, geralmente materializados em uma declaração doutrinária da igreja. O cristianismo confessional é mais do que isso. Ele é caracterizado por duas coisas: uma confissão de fé elaborada que vai além de 10 ou 12 pontos necessários para uma profissão de fé cristã básica; e uma estrutura de igreja capaz de prover os presbíteros, prestação de contas e educação realmente contínua. Os cristãos confessionais, portanto, não estão apenas comprometidos com doutrina; eles estão comprometidos com um modo de vida particular dentro do contexto da igreja. A fim de servir, amadurecer e prosperar, o “cristianismo confessional”, tão popu- lar atualmente, precisa se tornar confessional no sentido eclesiástico mais tradicional. Guia da Confissão de Fé.indd 9 07/06/2017 13:24:13

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Page 1: Guia da Confissão de Fé ALTA - Editora Cultura Cristã · dade (o Catecismo de Heidelberg, a Confissão Belga e os Cânones de Dort) e os Padrões de Westminster (A Confissão,

PRÓLOGO

Nos últimos anos tem havido um interesse crescente no que cada vez mais é conhecido como “cristianismo confessional”. Esse desenvolvimento é muito encorajador porque o termo geral-

mente se refere ao cristianismo que leva a doutrina a sério. “Cristãos confessionais” são aqueles que acreditam que a Bíblia realmente ensina coisas sobre Deus que se aplicam a todas as épocas, a todos os lugares e a todas as pessoas. Doutrina não é simplesmente uma descrição da psico-logia religiosa – como os cristãos se sentem ou o que pensam a respeito de Deus – mas sim uma descrição do que Deus é e como ele tem agido. O fato de mais cristãos estarem preparados para conscientemente se iden-tificar com tal concepção do cristianismo é motivo de gratidão e alegria.

No entanto, o cristianismo verdadeiramente confessional não se resume a acreditar na importância da doutrina. Eu suspeito que o “cris-tianismo confessional” de hoje, na verdade, seja apenas uma reiteração do que costumava ser chamado simplesmente de cristianismo “conser-vador”: um cristianismo que acredita que 10 ou 12 pontos doutrinários básicos são inegociáveis, geralmente materializados em uma declaração doutrinária da igreja.

O cristianismo confessional é mais do que isso. Ele é caracterizado por duas coisas: uma confissão de fé elaborada que vai além de 10 ou 12 pontos necessários para uma profissão de fé cristã básica; e uma estrutura de igreja capaz de prover os presbíteros, prestação de contas e educação realmente contínua. Os cristãos confessionais, portanto, não estão apenas comprometidos com doutrina; eles estão comprometidos com um modo de vida particular dentro do contexto da igreja. A fim de servir, amadurecer e prosperar, o “cristianismo confessional”, tão popu-lar atualmente, precisa se tornar confessional no sentido eclesiástico mais tradicional.

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Page 2: Guia da Confissão de Fé ALTA - Editora Cultura Cristã · dade (o Catecismo de Heidelberg, a Confissão Belga e os Cânones de Dort) e os Padrões de Westminster (A Confissão,

Os cristãos reformados confessionais costumam extrair suas afirma-ções doutrinárias de dois grupos de documentos: as Três Formas de Uni-dade (o Catecismo de Heidelberg, a Confissão Belga e os Cânones de Dort) e os Padrões de Westminster (A Confissão, o Catecismo Maior e o Menor). As igrejas originárias da Alemanha e Holanda costumam utili-zar a primeira, as igrejas de raízes escocesas presbiterianas a segunda. Há pouca diferença doutrinária entre as duas, sendo que ambas fornecem sólidas e detalhadas exposições de fé.

Por tudo isso, este livro é uma excelente contribuição para a litera-tura sobre o cristianismo confessional. Eu creio que ele será de imensa ajuda para que os cristãos confessionais sejam ainda mais instruídos em sua fé. “Autoridade mundial”, no sentido de “especialista”, é uma hipér-bole usada ao extremo hoje em dia. Qualquer estrela de Hollywood com um passaporte é considerada competente para opinar sobre os proble-mas mundiais. Mas no caso de Chad Van Dixhoorn, no que se refere à Confissão de Westminster, a expressão “autoridade mundial” é bastante apropriada. Como organizador das Atas da Assembleia de Westminster, Chad tem passado mais tempo e devotado mais atenção às minúcias da Confissão do que qualquer outra pessoa antes dele, com exceção talvez aos próprios delegados de Westminster. Não existe uma obra guia para a Confissão mais segura e escrita por um maior especialista.

Chad é um pastor e um homem da igreja. Erudição é uma coisa, a habilidade de traduzir essa erudição para o benefício da igreja já é outra completamente diferente. Chad sabe fazer muito bem as duas. Este livro é profundo, mas também acessível; é fruto de imenso e intenso estudo, e é também de profundo amor ao povo de Deus.

Em suma, este guia é um verdadeiro tesouro. Ele merece ser o livro de referência padrão para qualquer pastor que busca usar o Padrão de Westminster em seu ministério. Ele deveria ser a primeira opção para qualquer professor de escola dominical que recebe o pedido de dar uma aula sobre a Confissão. Ele deveria ser a companhia constante de todos os presbíteros. De fato, ele deveria estar na estante de qualquer pessoa interessada em aprender mais profundamente sobre as riquezas da fé reformada e presbiteriana. Aproveite – e aprenda.

CARL R. TRUEMANProfessor de História da Igreja no Westminster Theological Seminary, pastor da Cornerstone Presbyterian Church, Ambler, Pensilvânia.Fevereiro de 2014

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PREFÁCIO

Eu aprendi que um prefácio precisa informar o assunto do livro, apresentar uma razão para ele ter sido escrito e mostrar a razão por que ele deveria ser lido.

Este livro é uma discussão de 33 tópicos doutrinários. Ele assume a forma de um guia de leitura para uma declaração de fé que foi elaborada há mais de três séculos e meio – uma confissão que desde aquela época tem sido difundida e constantemente usada na igreja cristã. Ela veio a ser chamada de Confissão de Fé de Westminster.

Eu me dediquei a este estudo porque esperava que ele fosse instru-tivo para mim e útil para outros também. Escolhi escrever em especial sobre essa confissão de fé, porque descobri que posso me identificar muito intimamente com os ensinos dela. Também tenho aprendido algo sobre os contextos teológicos e históricos nos quais ela foi desenvolvida. Devo também confessar, porque isso ficará óbvio para os meus colegas, que este é o tipo de livro que os historiadores escrevem quando desejam promover o conhecimento de Deus sem correr o risco de escrever sua própria teologia sistemática.

Ao recomendar e comentar esse credo clássico, eu não estou escre-vendo sem apreço pelas discussões teológicas modernas. No entanto, estou escrevendo como um historiador e cristão que é profundamente grato pelo poder e majestade de algumas declarações de fé clássicas. Por estas duas razões – um compromisso com a história e uma convicção acerca da verdade – este comentário contém doxologia e exortação. Não havia como uma declaração de fé sintetizada por puritanos, e aprazivel-mente elaborada por um cristão confessional, não acabar transbordante em louvor a Deus e aplicação para a vida cristã.

Se valeu a pena escrever este comentário, os leitores irão julgar por si mesmos. Contudo, a Confissão de Fé em si é digna de consideração e

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