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GENES EM AÇÃO! Guia do Professor

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GENES EM AÇÃO!

Guia do Professor

Genes em Ação!

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Guia do Professor

Nesta atividade os alunos exploram o conceito de hereditariedade e de genes (sem que estes nomes sejam utilizados explicitamente), utilizando exemplos de características físicas transmitidas entre progenitores e descendência:

- tamanho- tipo e cor de cabelo,- formato da cara, - cor dos olhos,- pele e- formato das orelhas.

Especificamente, os alunos:

• criam e descodificam a “receita de ADN” de um amigo imaginário;• observam que variações nas instruções da receita (nos genes) originam características

diferentes nos amigos imaginários.

NÍVEL ESCOLARPré-escolar1º ciclo do Ensino Básico

PALAVRAS-CHAVEADNGenesHereditariedade

ÁREA CIENTÍFICAGenética

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Genes em Ação!Guia do Professor

OBJETIVOS DA ATIVIDADE• Abordar o conceito de hereditariedade, em que cada organismo herda

dos progenitores uma combinação única de características.

• Aprender que o ADN contém as instruções que especificam as

características de um organismo.

• Investigar no ADN, o código de cada característica, cuja informação

está dividida em segmentos (os genes) e é escrita pela combinação de

quatro símbolos (as bases adenina, guanina, citosina e timina).

• Observar que variações na informação do ADN originam características

diferentes.

• Aplicar os conhecimentos adquiridos, e explorar a criatividade com os

alunos, através da construção de um amigo imaginário.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM1. Apesar de parecidos (um nariz, dois olhos, duas pernas) cada um de

nós é único.

2. Dentro do nosso corpo existem instruções que nos fazem ser como

somos.

3. Pequenas diferenças na informação que nos constroi causam diferentes

características.

4. Herdamos essa informação dos nossos pais.

DURAÇÃO PREVISTA*

Introdução da atividade aos alunos:20 - 30 minutos

Explorar – Construção do amigo imaginário:30 - 40 minutos

Discussão dos Resultados e Conclusões:20 minutos

Tempo total necessário:70 - 100 minutos

*Não inclui preparação prévia de material

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MATERIAL NECESSÁRIO:• Duas cartolinas de cor diferente por grupo, por exemplo, uma rosa e outra azul, correspondentes ao género.

• Imagens recortadas correspondentes às características físicas baixo indicadas - um conjunto por grupo (em anexo):

(1) GÉNERO

menina menino

(2) ALTURA (3) LARGURA DO TRONCO (4) FORMATO DO ROSTO

(7) TIPO DE CABELO (9) TAMANHO DAS ORELHAS (10) CAPACIDADE DA LÍNGUA PARA ENROLAR

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• Lápis ou canetas de cor necessárias para completar as restantes características - um conjunto por grupo:

• Chave da “Receita de ADN” (material em anexo).• Fita-cola ou cola.• Tesoura.• Envelopes ou sacos pequenos.

• Tiras de combinações com os “ingredientes” da “receita de ADN” - um conjunto por grupo (material em anexo):

(5) COR DA PELE (6) COR DOS OLHOS (8) COR DO CABELO

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Questionar

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Antes de iniciar qualquer aula em ‘enquiry’ defina mui-to bem o que pretende que os seus alunos aprendam no final. Reflita sobre os OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM. Atrás sugeri-mos alguns.

Crie formas de registo indi-vidual ou de grupo logo desde o início. Sugestão em anexo.

Como é que o nosso corpo “lê” a informação que

recebemos dos nossos pais?

Registe as respostas. Estas poderão ajudá-lo a, juntamente com os alunos, elaborar hipóteses passíveis de serem testadas com a atividade aqui proposta.

“Porque temos coisas em comum com as outras pessoas e outras que mais ninguém tem?”

Esta poderá ser a pergunta com a qual começará a envolver e captar a atenção dos seus alunos para a temática a explorar. Registe as respostas e detete eventuais erros de conceito. Conhecer o nível de conhecimentos prévios na turma poderá guiá-lo na mediação das atividades experimentais e na adaptação das estratégias de integração de novos conceitos durante o processo de aprendizagem.

Antes de colocar a pergunta, explore a frequência com que aparecem na turma algumas características físicas herdadas geneticamente. São exemplos:

cor dos olhos e cabelo, tipo de cabelo, a forma de cruzar os braços e as mãos, lóbulo da orelha solto ou pegado, enrolar a língua ou não, etc.

A seguir, introduza ou relembre conceitos gerais sobre o corpo humano e as células que o constituem assim como a noção de que dentro de nós existe como que uma “receita” que determina as características de cada um e que os “ingredientes” dessa receita vêm dos nossos pais. Se achar que se adequa, vá mais longe e introduza conceitos base sobre ADN e genes (consultar anexo).

Oriente a discussão de forma a que surja a seguinte questão-problema:

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Antes de iniciar a experiência, desenvolva juntamente com os alunos uma ou algumas hipóteses. Para a melhor hipótese, a passível de ser testada, os alunos deverão considerar:

- o que sabem sobre o corpo humano e a reprodução humana;- o que sabem sobre as células e os seus constituintes internos;- o que sabem sobre o ADN e os genes.

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Explorar

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1. Divida a turma em vários grupos. A cada grupo, distribua duas cartolinas grandes de cores diferentes.

As cartolinas servirão para representar o género do ‘amigo imaginário’. Sugerimos utilizar duas cores diferentes, por exemplo, azul se calhar menino e

rosa se calhar menina. A cartolina servirá também como base para os alunos colarem os desenhos das características físicas sorteadas, tal como perceberá

nos passos seguintes.

2. Para cada grupo, prepare:- um conjunto igual das várias tiras de combinações (“ingredientes”) da “receita de ADN”, correspondentes às várias características que constituirão o ‘amigo imaginário’ (material fornecido em anexo).

As imagens nas tiras de combinações (seta, caneta, flor, gelado) representam os 4 ‘tijolos’

básicos que constituem a molécula de ADN: adenina, timina, citosina e guanina. As tiras

de combinações representam formas alternativas do mesmo gene - alelos.

- um conjunto igual de desenhos das diferentes características para o ‘amigo imaginário’: altura, largura, formato do rosto, tipo de cabelo, tamanho das orelhas e língua que enrola ou não (material fornecido em anexo).- um conjunto igual de lápis ou canetas de cor para completar as características onde essa necessidade se aplica: cor da pele, olhos e cabelo.

3. Para cada grupo, coloque as tiras de combinações em 10 envelopes (ou sacos pequenos), um envelope diferente para cada característica. As várias combinações de tiras possíveis para a mesma característica são colocadas dentro do mesmo envelope (consultar a tabela 1) e devem estar dobradas de tal forma que os alunos não vejam o que contêm. Os envelopes deve estar numerados e identificados com o número e nome da característica (consultar a tabela 1).

4. Distribua a cada grupo uma cópia da chave de descodificação com as instruções para a “Receita de ADN” (material fornecido em anexo).

Para esta atividade esta-mos a considerar que:- cada característica fenotípi-ca tem origem em apenas um único gene. - existem mais do que dois alelos do mesmo gene passíveis de ser ‘transmiti-dos’.

Para esta atividade não estamos a considerar os mo-dos de transmissão genética por dominância, recessivi-dade e ligada ao sexo.

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Envelope Característica Nº combinações /tiras

1 Género (feminino, masculino) 2

2 Altura das Pernas (alto, médio, baixo) 3

3 Largura (gordo, magro, médio)* 3

4 Formato do Rosto (redonda, quadrada, oval) 3

5 Cor da Pele (branca, preta, castanha, amarela) 4

6 Cor dos Olhos (castanho, preto, azul, verde) 4

7 Tipo de Cabelo (liso, encaracolado)* 2

8 Cor do Cabelo (castanho, preto, loiro) 3

9 Tamanho das Orelhas (grandes, médias, pequenas) 3

10 Língua (enrola, não enrola) 2

Tabela 1: Traços genéticos do ‘amigo imaginário’e suas variantes. Número de combinações/tiras por característica.

* Para estas características existem desenhos diferentes de rapaz e rapariga; no entanto, as tiras têm a mesma combinação de símbolos.

5. Seguindo a ordem dos envelopes de 1 a 10, os alunos retiram aleatoriamente uma única tira do total de tiras presente em cada envelope.

6. Os alunos consultam a chave de descodificação de forma a determinarem a característica à qual corresponde a ordem dos símbolos da tira sorteada.

7. Os alunos escolhem a cartolina de cor correspondente à tira sorteada, no caso do género. Para as restantes características decifradas, os alunos colam os desenhos correspondentes na mesma cartolina dando, assim, forma ao ‘amigo imaginário’. Para a cor dos olhos, pele e cabelo, os alunos pintam essas partes nos desenhos (ver exemplos das imagens 1 e 2).

À medida que os alunos vão retirando as tiras dos envelopes, devem colá-las pela ordem 1-10 na horizontal, no topo ou base da cartolina, e por baixo de cada tira escrever a característica

à qual corresponde.

Imagem 1 e 2: Exemplos do

resultado final da criação do

'amigo imaginário'.

(1)

(2)

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Descobrir

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1. Cada grupo apresenta à turma toda o ‘amigo imaginário’ resultante da escolha aleatória das tiras correspondentes a cada característica. Os alunos observam e comparam as características dos diferentes ‘amigos imaginários’ assim como a “receita de ADN” de cada um, explorando as diferenças entre as combinações de símbolos (genes) para cada característica (fenótipo). Os alunos deverão conseguir observar que:

- Apesar das semelhanças entre os amigos imaginários cada um tem uma combinação única de características, resultante de uma escolha aleatória.

- As diferenças entre os amigos imaginários resultam das diferentes sequências de símbolos (bases) nas tiras (ADN - genes), apesar de todos terem o mesmo número total de símbolos.

2. Oriente a discussão explicando, a partir das respostas dos alunos, as conclusões gerais:

(A) Antes de nascermos, recebemos de cada um dos nossos pais um género de uma “receita” para cada uma das nossas

características. As receitas do pai e da mãe, apesar de muito semelhantes, vêm com

ligeiras diferenças nos seus ingredientes e a sua escolha deriva do acaso.

(B) Nas células do nosso corpo existe um género de dicionário que ‘lê’ e descodifica a informação contida na receita que recebemos dos nossos pais, transformando-a

nas nossas características. É desta forma que o nosso corpo determina como vamos ser.

(C) Apesar das semelhanças com as outras pessoas, cada um de nós tem uma combinação única de

características descodificada por um mecanismo existente nas células do nosso corpo ainda antes de termos nascido. É desta forma que, apesar de muito

semelhantes, somos todos muito diferentes.

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Anexos

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- PREPARE-SE PARA AS PERGUNTAS DOS ALUNOS! -

Aqui disponibilizamos os conceitos teóricos e científicos mais importantes para que possa realizar autonomamente estas atividades. No entanto, não

exclui a consulta de bibliografia adicional.

I. O Corpo Humano: Sistemas, Tecidos e Células

Os seres humanos são, indiscutivelmente, organismos muito complexos, que apresentam vários níveis de organização. Do nível mais complexo para o mais simples definem-se: sistemas, orgãos, tecidos e células. Os sistemas são formados por diferentes números e tipos de órgãos que cooperam entre si de forma a executarem funções complexas e específicas no organismo. Do mesmo modo, os órgãos são formados por vários tipos de tecidos organizados de forma a desempenhar uma determinada função. Por exemplo, o estômago é formado por tecido muscular, conjuntivo, epitelial e nervoso, que em conjunto trabalham de forma concertada para o mesmo objetivo: produzir suco gástrico e realizar a digestão. Os tecidos, por sua vez, são formados por biliões de unidades microscópicas – as células -, cada uma com uma identidade própria, mas que trabalham em conjunto para benefício do organismo. As células são reconhecidas como as mais simples unidades de matéria viva que se podem reproduzir e viver. O corpo humano, que em adulto* é composto por cerca de 200 tipos de células, começa ele próprio por ser uma única célula, o óvulo recém-fertilizado ou zigoto.

* Sempre que referimos o corpo humano ‘adulto’ estamos a considerar desde o nascimento.

II. Células: organelos e núcleo

Todos os seres vivos são constituídos por células. As células, por sua vez, são delimitadas por uma membrana celular e organizadas em compartimentos, os organelos, separados uns dos outros também por membranas (invólucros) e suspensos num fluido de água, sal e moléculas orgânicas, o citoplasma. É no seu interior que ocorrem todas as funções vitais de um organismo. Para além disso, as células contêm a informação genética necessária para a regulação das suas próprias funções e para a transmissão de informação entre gerações, presente no núcleo. Cada organelo está especializado para desempenhar uma determinada função na célula.

SABIA QUE a palavra célula vem do latim cella, que signifi-ca quarto pequeno. Este nome foi escolhido por Robert Hooke num livro publicado em 1665, onde comparava as células da cortiça, observadas através de um rudimentar microscópio, com os pequenos quartos onde os monges viviam.

O corpo humano é constituído por aproximada-mente 100 biliões (1014) de célu-las, sendo o tamanho de uma célula típica de 0,01 mm (10 µm). O µm (micrómetro) cor-responde à milésima parte do mm (milímetro).

SABIA QUE a cabeça de um alfinete tem cerca de 1,5 mm, o que significa que caberiam nela 150 células de dimensão média.

SABIA QUE a palavra “organelo” deriva do latim organello, que significa pequeno órgão.

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Nem todos os seres vivos têm o mesmo número de células. Existem células que são elas próprias organismos vivos - diz-se que estes seres são unicelulares. As bactérias e as leveduras são exemplos de seres unicelulares. Já os animais e as plantas apresentam mais do que uma célula – são seres multicelulares. Nós, os humanos, somos seres multicelulares constituídos por várias camadas de células morfologicamente diferentes e com funções diferentes mas todas com o objetivo comum de fazer funcionar o nosso organismo.

Também nem todos os seres vivos têm o mesmo tipo de células. Plantas, animais e fungos são constituídos por células eucarióticas, ao passo que organismos como as bactérias são formados por células procarióticas. Os dois tipos diferem essencialmente na sua constituição interna. Ambos têm informação genética armazenada na forma de ADN mas nas bactérias este encontra-se disperso no citoplasma e não encerrado num compartimento como o núcleo.

As células eucarióticas de animais e plantas apesar de partilharem praticamente o mesmo tipo de constituintes (membrana celular, citoplasma, mitocôndrias, núcleo) diferem também em alguns aspectos. As células animais são maiores que as vegetais e estas, à semelhança das bactérias e fungos, estão envolvidas por uma parede celular conferindo-lhes rigidez e suporte. Adicionalmente, as células vegetais têm organelos como os cloroplastos onde se realiza a fotossíntese.

III. ADN e cromossomas

Sabe-se hoje que a molécula de ADN está presente em todas as células de todos os organismos vivos. Nos humanos, os glóbulos vermelhos são as únicas células que não têm ADN. Para além disso, também não têm núcleo. No núcleo, o ADN encontra-se organizado na forma de estruturas compactas, os cromossomas. Cada cromossoma é constituído por uma única molécula de ADN enrolado à volta de proteínas chamadas histonas.

Cada célula contém mais do que uma cópia de cada cromossoma: em humanos existem duas cópias - as células são diplóides. Os gâmetas femininos e masculinos - óvulos e espermatozóides - são as únicas células que contêm apenas uma cópia de cada cromossoma - dizem-se haplóides. Os dois cromossomas de um mesmo par dizem-se homólogos – têm estrutura e composição química muito semelhantes.

SABIA QUE cada célula hu-mana tem cerca de 2 metros de ADN!! O diâmetro médio do núcleo de uma célula é de 0.005mm (5000 vezes mais pequeno que a cabeça de um alfinete)! O ADN todo só cabe no núcleo porque está muito enrolado e com-pactado, nos cromossomas. Desenrolado, o ADN total de cada um de nós chegaria ao Sol e regressaria à terra 500 vezes!

Mitocôndria Responsável pelo processo de respiração e produção de energia na célula.

Membrana celularSepara cada célula do exteri-or, constitui uma dupla bar-reira para a célula: por um lado, mantém a integridade dos seus constituintes e, por outro, impede os compostos de passarem livremente de e para a célula.

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Ao número total de cromossomas por célula, à forma e tamanho dos cromossomas, dá-se o nome de cariótipo. Cada espécie é caracterizada por um cariótipo específico. No caso dos humanos, o cariótipo é formado por 46 cromossomas ou, o mesmo é dizer, 23 pares de cromossomas homólogos. Destes, 22 pares são iguais entre homens e mulheres – chamam-se autossomas. O par 23 é formado pelos cromos somas sexuais – X e Y – e difere entre homens e mulheres: as mulheres têm dois cromossomas X; os homens têm um cromossoma X e outro Y.

Os gâmetas possuem apenas uma cópia de cada cromossoma homólogo, perfazendo 23 cromossomas no total (nos humanos). No momento da fecundação repõe-se o cariótipo de 46 cromossomas: unem-se os dois conjuntos de 23 cromossomas de cada gâmeta, para formar o ovo, a partir do qual se desenvolve o embrião, futuro adulto.

IV. Genes

Quando o monge Gregor Mendel, baseado nas suas experiências com a ervilheira de cheiro, reconheceu os princípios da transmissão dos caracteres hereditários (1865), ainda nada se sabia sobre a existência do ADN (ou DNA, na sigla inglesa) e muito menos conhecida era a sua composição e estrutura. Na primeira metade do século XX, vários cientistas contribuíram para a identificação do ADN como a molécula responsável pela transmissão da informação genética, para a descoberta da composição química e da estrutura da molécula de ADN (em 1953, por James Watson e Francis Crick).

• Cada molécula de ADN é constituída por 4 “tijolos” básicos – os nucleótidos – representados pelas letras iniciais de um dos seus constituintes químicos, as bases azotadas: A (adenina), T (timina), C (citosina), G (guanina).

• Os nucleótidos estão ligados entre si, de modo que é possível ‘ler-se’ a cadeia de ADN, obtendo-se uma sequência de letras, como por exemplo, ATGATTCTGTAGCCTGATCCC.

• À sequência completa do ADN de cada célula (ou seja, do ADN dos 46 cromossomas de uma célula humana, por exemplo) dá-se o nome de genoma.

SABIA QUE o genoma humano é constituído por cerca de 3 milhões de pares de bases.

SABIA QUE existem organismos com 4 cópias de cada cromossoma por célula - tetraplóides (como por exemplo, o sapo africano e a batata branca), e outros com oito cópias - octaplóides (como por exemplo, o morango).

Todas as células de um indivíduo possuem o mesmo ADN, por isso se pode falar no genoma do indivíduo. Também se pode falar no genoma de uma espécie (por exemplo, o genoma hu-mano), que é o resultado de informação reunida a partir dos genomas de vários in-divíduos dessa espécie.

Em 2000 foi publicado o primeiro ‘rascunho’ do genoma humano. Na altura estimou-se que, dentro de cada célula humana, existiriam cerca de 30,000 genes. Com o aperfeiçoamento das técnicas de sequenciação do genoma, a estimativa atual está em 20-25,000 genes.

Genes em Ação!

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• A informação contida numa molécula de ADN está organizada em segmentos de nucleótidos, chamados genes. É através de um processo complexo e regulado, que a informação de cada gene é continuamente “lida” e descodificada, dando origem à produção de proteínas e assegurando, dessa forma, as funções vitais das células. Este processo é afetado por fatores internos (da própria célula) e do ambiente.

• Diferentes indivíduos da mesma espécie têm os mesmos genes organizados pela mesma ordem, nos mesmos cromossomas. Por esta razão é possível aos cientistas localizar um determinado gene num cromossoma.

• Para cada gene existem várias formas alternativas - alelos - passíveis de serem transmitidas ao longo das gerações. Os alelos de um gene apresentam ligeiras diferenças na sequência de bases de ADN, e codificam para versões diferentes do mesmo caractér (por exemplo: cabelo liso ou cabelo encaracolado).

• Os alelos de um gene encontram-se localizados no mesmo locus em cromossomas homólogos. E em cada par de cromossomas homólogos, um alelo tem origem materna e o outro tem origem paterna. Ou seja, cada indivíduo herda dos pais, potencialmente, duas versões diferentes (alelos) do mesmo gene. Claro que pode herdar duas versões idênticas.

V. Hereditariedade

A descoberta da composição e estrutura do ADN abriu caminho à compreensão de como o ADN regula a atividade da própria célula (metabolismo) e como a informação genética é transmitida de pais para filhos, ou de uma célula para outra, isto é, como funciona a hereditariedade. Para além das implicações diretas no conhecimento da biologia das células, as conclusões de estudos do ADN têm permitido grandes avanços na compreensão da genética de doenças. Paralelamente, tem possibilitado o aparecimento de inovadoras práticas biotecnológicas com impacto relevante, não só em procedimentos de investigação básica como aplicada à medicina, ambiente e outras.

• As características físicas, de predisposição para uma dada doença e até de personalidade têm todos uma componente genética, podendo dever-se a um ou mais genes localizados nos autossomas ou nos cromossomas sexuais.

• No caso de características determinadas por um único gene, a transmissão e a expressão nos organismos pode ocorrer de três modos: por dominância, por recessividade ou ligada ao sexo. Nos dois primeiros casos, os alelos envolvidos estão localizados num dos 22 pares de cromossomas autossómicos. No primeiro caso (dominância), uma versão do gene (alelo) é dominante sobre a outra e basta que esse esteja presente para que o caractér se manifeste. No segundo caso (recessividade), um caractér manifesta-se apenas quando as versões desse gene (alelos) na célula são iguais. No terceiro caso, de transmissão ligada ao sexo, o alelo está presente num dos cromossomas sexuais: X ou Y.

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• Quando a transmissão é autossómica dominante, mulheres e homens adquirem e transmitem as características com a mesma frequência. Desta forma, sucessivas gerações são ‘afetadas’, sendo que a transmissão do caractér apenas pára numa geração em que não se verifica a presença de um único indivíduo ‘afetado’. Manifestações associadas a este tipo de transmissão de características são: olhos castanhos, cabelo castanho, orelhas de lóbulo solto, capacidade de enrolar a língua e visão normal.

• Na transmissão autossómica recessiva, ambos os sexos transmitem e adquirem os caractéres com a mesma frequência. A transmissão do caractér pode “saltar” gerações sendo geralmente mais difícil de identificar do que os caractéres associados a um modo de transmissão dominante.

• Os indíviduos para manifestarem determinado caractér recessivo têm que ter recebido de ambos os progenitores o gene recessivo – ou seja, serem homozigóticos. Os indivíduos heterozigóticos são portadores. Olhos azuis/verdes, as orelhas com lóbulo aderente, a inaptidão para enrolar a língua e o cabelo louro são características associadas ao modo de transmissão recessiva.

• Na hereditariedade ligada ao sexo, os genes presentes no cromossoma Y são transmitidos de pai para filho e os genes presentes no cromossoma X são transmitidos de pai para filha e de mãe para filho ou filha. O daltonismo é um exemplo de um carácter associado ao sexo: o alelo que determina o daltonismo localiza-se no cromossoma X, e é recessivo. Um rapaz que herde o alelo será daltónico (pois só tem um cromossoma X que herdou da mãe). Uma rapariga será daltónica apenas se ambos os seus cromossomas X tiverem o alelo para o daltonismo.

Seria fácil compreender e até prever o aparecimento das características (incluindo as doenças) que formam cada um de nós, se a maior parte delas não tivesse padrões de hereditariedade mais complexos, estando associadas não a um mas a vários genes. E, se para além disso, não estivessem sujeitas às interações com o ambiente.

Cerca de 200 traços genéticos são transmitidos de geração em geração na espécie humana, sendo alguns recessivos e outros dominantes, tal como se mostra na tabela 2.

Genes em Ação!

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Traço Genético Dominante Recessivo

1 Cabelo Escuro, Encoracolado Claro, Liso

2 Cor da Pele Normal Albinismo

3 Olhos Castanho, Grandes Azuis, Pequenos

4 Visão Normal Daltonismo

5 Lábios Grossos Finos

6 Nariz Grande Pequeno

7 Audição e Fala Normal Surdez, Mudo

8 Coagulação do Sangue Normal Hemofilia

9 Grupos Sanguíneos A, B, AB O

10 Fatores Rh Positivo Negativo

11 Orelhas Longa, Larga, Lóbulo Solto Curta, Estreita, Lóbulo Colado

12 Bochechas Covinhas Normal

13 Enrolar da língua Enrola Não enrola

14 Sensibilidade ao PTC Sensível Insensível

Tabela 2: Exemplos de características genéticas dominantes e recessivas.

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- FOLHA DE REGISTO (GRUPO OU INDIVIDUAL) -

Nome da atividade:

Membros do grupo:

O que sabemos sobre este tema?

O que ainda não sabemos e queremos descobrir?

Como podemos descobrir?

O que observámos? O que aprendemos?

Genes em Ação!Guia do Professor

- FOLHA DE REGISTO INDIVIDUAL -

Aluno(a):

Vou registar as características do amigo imaginário construído pelo meu grupo e desenhar o resultado :

O que podemos concluir?

1. GÉNERO

Masculino

Feminino

2. ALTURA DAS PERNAS

Compridas

Médias

Curtas

3. TAMANHO

Gordo

Médio

Magro

4. FORMATO DA CARA

Redonda

Oval

Quadrada

5. COR DA PELE

Branca

Castanha

Preta

Amarela

6. COR DOS OLHOS

Azul

Verde

Castanho

Preto

7. TIPO DE CABELO

Liso

Encaracolado

8. COR DE CABELO

Amarelo

Castanho

Preto

9. TAMANHO DAS ORELHAS

Pequenas

Médias

Grandes

10. LÍNGUA

Enrola

Não enrola

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

O que podemos concluir?

1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género

1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género

1 - Género (1)

1 - Género (2)

1 - Género

1 - Género

1 - Género

1 - Género

1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género

1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género 1 - Género

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

2 - Altura das pernas (1)

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura2 - Altura

2 - Altura2 - Altura

2 - Altura das pernas (2)

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura 2 - Altura

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

2 - Altura das pernas (3)

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura 2 - Altura

2 - Altura 2 - Altura

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

3 - Largura do Tronco (1)3

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© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

3 - Largura do Tronco (3)3

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TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

3 - Largura do Tronco (2)3

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© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

4 - Formato do Rosto (1)

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto (2)

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

4 - Formato do Rosto (3)

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

4 - Formato do Rosto 4 - Formato do Rosto

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

5 - Cor da Pele (1)

5 - Cor da Pele 5 - Cor da Pele 5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele 5 - Cor da Pele 5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele (2)

5 - Cor da Pele 5 - Cor da Pele 5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele 5 - Cor da Pele

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

5 - Cor da Pele (3)

5 - Cor da Pele (4)

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

5 - Cor da Pele

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

6 - Cor dos Olhos (1)

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos (2)

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

6 - Cor dos Olhos (3) 6 - Cor dos Olhos (4)

6 - Cor dos Olhos6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

6 - Cor dos Olhos

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TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

7 - Tipo de Cabelo (1) 7 - Tipo de Cabelo (2)

7 - Tipo de Cabelo 7 - Tipo de Cabelo

7 - Tipo de Cabelo

7 - Tipo de Cabelo

7 - Tipo de Cabelo

7 - Tipo de Cabelo

7 - Tipo de Cabelo

7 - Tipo de Cabelo

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

8 - Cor do Cabelo (1) 8 - Cor do Cabelo (2)

8 - Cor do Cabelo 8 - Cor do Cabelo

8 - Cor do Cabelo 8 - Cor do Cabelo

8 - Cor do Cabelo 8 - Cor do Cabelo

8 - Cor do Cabelo 8 - Cor do Cabelo

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TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

8 - Cor do Cabelo (3)

8 - Cor do Cabelo

8 - Cor do Cabelo

8 - Cor do Cabelo

8 - Cor do Cabelo

9 - Tamanho das Orelhas (1)

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

© Ciência em Três, Instituto Gulbenkian de Ciência

9 - Tamanho das Orelhas (2)

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas (3)

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

9 - Tamanho das Orelhas

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TIRAS DE COMBINAÇÕES PARA IMPRIMIR (para vários grupos)

10 - Capacidade da Língua para enrolar (1)

10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua

10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua

10 - Capacidade da Língua para enrolar (2)

10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua

10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua 10 - Língua

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FORMAS PARA IMPRIMIR (para um grupo)

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FORMAS PARA IMPRIMIR (para um grupo)

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FORMAS PARA IMPRIMIR (para um grupo)

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FORMAS PARA IMPRIMIR (para um grupo)

Genes em Ação!Guia do Professor

- CHAVE DE DESCODIFICAÇÃO -

Menino1

Menina

Género

Compridas2

Médias

Altura das pernas

Curtas

Gordo

3Médio

Largura do Tronco

Magro

Menino Menina Menino Menina Menino Menina

Redondo

4Oval

Formato do Rosto

Quadrado

CHAVE DE DESCODIFICAÇÃO - PÁG.1

Genes em Ação!Guia do Professor

Azuis6

Castanhos

Cor dos Olhos

PretosVerdes

Liso7

Encaracolado

Tipo de Cabelo

Menino Menina Menino Menina

Branca/ Rosa5

Castanha

Cor da Pele

Preta/ Castanha escura Amarela

CHAVE DE DESCODIFICAÇÃO - PÁG.2

Genes em Ação!Guia do Professor

Enrola

10Não enrola

Capacidade da língua para enrolar

Pequenas

9Grandes

Tamanho das Orelhas

Médias

Castanho

8Loiro

Cor do Cabelo

Preto

CHAVE DE DESCODIFICAÇÃO - PÁG.3