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retrato de uma tirania

Fernando Jorge

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HITLERRetrato de uma tirania

Copyright © 2011 by Fernando Jorge

1ª edição — Janeiro de 2012

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Editor e PublisherLuiz Fernando Emediato

Diretora EditorialFernanda Emediato

Produtora EditorialRenata da Silva

Assistente EditorialDiego Perandré

Capa e Projeto Gráfico Alan Maia

DiagramaçãoKauan Sales

PreparaçãoPaulo Schimidt

RevisãoDébora Mathias

Layla Nascimento

DADoS INTERNAcIoNAIS DE cATALogAção NA PubLIcAção (cIP)(câmara brasileira do Livro, SP, brasil)

Jorge, Fernando,Hitler, retrato de uma tirania / Fernando Jorge. ‑ ‑ São Paulo : Geração Editorial, 2012.

ISBN 978‑85‑61501‑78‑5

1. Alemanha ‑ Política e governo ‑ 1933‑1945 2. Chefes de Estado ‑ Alemanha ‑ Biografia 3. Hitler, Adolf, 1889‑1945 4. Nacional socialismo I. Título.

11‑12499 CDD: 943.086092

Índices para catálogo sistemático

1. Alemanha : Chefes de Estado : Biografia 943.086092

gERAção EDIToRIAL

Rua Gomes Freire, 225/229 – LapaCEP: 05075 ‑010 – São Paulo – SP

Telefax.: +55 11 3256 ‑4444 Email: [email protected]

www.geracaoeditorial.com.br

2012Impresso no Brasil

Printed in Brazil

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Prefácio........................................................................................................ 11

1..Os.pais.de.Hitler........................................................................................21

2..O.menino.Adolf.entra.para.a.escola....................................................... 27

3..Conflito.com.o.pai.e.prosseguimento.dos.revezes.escolares................. 35

4..Paixão.de.um.jovem.morbidamente.tímido,.

....que.pensou.em.se.suicidar...................................................................... 45

5..Adolf.é.reprovado.quando.procura.

....entrar.para.a.Academia.de.Belas.Artes.................................................. 57

6..Hitler.na.miséria,.faminto,.encontra.calor.e.

....alimento.num.asilo.mantido.por.barão.judeu........................................67

7..Soldado.na.Primeira.Guerra.Mundial..................................................... 77

Sumário

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8..Ingresso.na.política.e.presidente.do.

.....Partido.Operário.Nacional.‑Socialista....................................................87

9. Aparecem.os.personagens.mais.

....importantes.do.futuro.Terceiro.Reich....................................................97

10..O.golpe.de.Estado.de.1923.................................................................... 109

11..Hitler,.na.fortaleza.de.Landsberg,.dita.o.Mein.Kampf.......................... 123

12..Os.anos.de.ascensão.ao.poder............................................................. 135

13..Hitler,.chanceler.do.Reich,.faz.uma.“limpeza”.no.seu.partido............. 147

14..Hitler.torna.‑se.o.Führer.e.se.apodera.

.....da.Áustria.e.da.Região.dos.Sudetos......................................................167

15. Nas.vésperas.da.declaração.de.guerra................................................ 189

16..A.guerra.relâmpago:.invasão.da.Polônia,.

......Escandinávia,.Bélgica,.Holanda.e.França............................................209

17. O.novo.“Deus.das.Batalhas”.

.....determina.o.aniquilamento.da.Rússia..................................................233

18..O.esfacelamento.do.Terceiro.Reich..................................................... 257

19..Final.wagneriano,.banhado.em.sangue,.

......mergulhado.em.fogo,.ao.som.dos.bombardeios................................287

Anexo: Hitler.e.Franco.só.tinham.um.testículo....................................... 307

Bibliografia..................................................................................................311

Créditos das imagens................................................................................ 315

Índice onomástico.................................................................................... 317

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Em 1963, na rua São Bento, em São Paulo, o então jovem escri‑tor Fernando Jorge encontrou um amigo, o também escritor

e político Israel Dias Novaes, diretor do Banespa e do jornal Cor-reio Paulistano.

Os dois foram juntos a um café de esquina, onde Israel, conhe‑cedor da predileção de Fernando por História, recomendou ‑lhe certo livro que lera recentemente. Tratava ‑se de uma biografia de Adolf Hitler, recém ‑publicada no Brasil, escrita por um autor ale‑mão chamado Herman Zumerman (não Hermann Zummerman, na grafia alemã correta). O título dessa obra era Hitler – Anatomia de uma tirania, e na nota do editor dizia o seguinte:

O crítico Alfred Belsen escreveu, a propósito deste livro: “Zumer-

man é, indiscutivelmente, um grande escritor. Seu estilo é exce-

lente, muito agradável, saboroso. Consegue prender a atenção do

Caricatura traçada com sangue

prEfácio

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leitor do começo ao fim. Hitler – Anatomia de uma tirania pode

ser considerado, com justiça, o maior livro que apareceu, nestes

últimos tempos, sobre o homem monstruoso que desencadeou, no

mundo, a Segunda Grande Guerra”.

Animado, Novaes elogiou o livro, por sua clareza de estilo e abrangência da pesquisa realizada, mas sobretudo pela tradução ímpar, creditada a um certo Raul Rodrigues.

Ao ouvir isso, Fernando Jorge caiu na gargalhada, e, diante da perplexidade do amigo, soltou esta bomba:

— Herman Zumerman sou eu!O livro, na verdade, fora escrito em português pelo próprio

Fernando, e publicado sob pseudônimo, por imposição de seu editor, o judeu búlgaro Eli Behar. Na realidade editorial brasileira de então, autores estrangeiros vendiam mais que os nacionais, de modo que Herman Zumerman, o crítico Alfred Belsen e o tradu‑tor Raul Rodrigues haviam sido todos inventados por Behar, numa época sem internet, em que tais imposturas passavam facil‑mente por verdades.

O próprio Fernando Jorge conta, a respeito disso:“Eu não queria de modo algum publicar o livro com outro nome

que não o meu, mas o editor me fez uma proposta boa demais, e como eu ganhava muito pouco na Assembleia, havia acabado de me casar e precisava desesperadamente do dinheiro, acabei aceitando.”

Esta é a nova edição corrigida e atualizada — inclusive no sub‑título — de uma das primeiras biografias de Hitler escritas por brasileiro. A raridade dela é ainda maior pelo fato de que escrever sobre a vida de alguém, falar dos seus pais, sua infância e vicissitu‑des, é humanizar esse alguém, e na década de 60 o Führer não era considerado um homem, e sim a encarnação do mal.

A distância do pós ‑guerra, bem como novos estudos históricos conduzidos com mais critério que emoção, têm possibilitado uma

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compreensão melhor da pessoa do líder austríaco, despojando ‑o do elemento sobrenatural e julgando ‑o no contexto de seu pró‑prio tempo. O que em nada altera o fato de ele ter sido um mons‑tro. Não o diabo, apenas um homem, sim, embora o pior de todos que já comandaram uma superpotência.

Poucos personagens históricos são tão indefensáveis quanto o Führer do Terceiro Reich. Com uma mistura de maquiavelismo po‑lítico, monomania e falta de escrúpulos, ele seduziu uma nação, apelando aos seus instintos mais primitivos e mesquinhos, precipi‑tou o maior conflito armado de todos os tempos e causou milhões e milhões de mortes. Nenhum outro indivíduo foi diretamente res‑ponsável por tanta destruição, a tal ponto que, para chamar um personagem público de ogro autoritário e/ou criminoso, basta pintar ‑lhe um bigodinho de Hitler numa foto. Nenhum outro dita‑dor se enquadra tão bem nas características principais do psicopata, segundo o Ato de Saúde Mental do Reino Unido de 1983:

A) Incapacidade de estabelecer relacionamentos afetivos (Hi‑

tler amou somente a sua mãe e a sua cadela, à qual fez a

suprema caridade de envenenar quando se suicidou).

B) Propensão a ações altamente impulsivas e irracionais (a

marca registrada da trajetória política dele, cujo sucesso

inicial se deveu a uma capacidade suprema de manipula‑

ção mesclada a uma ideologia antissemita sem qualquer

base factual).

C) Falta de sentimento de culpa ou de responsabilidade pelas

próprias ações.

D) Incapacidade de aprender de experiências adversas.

Entretanto, para quem ignora quem ele foi e todo o mal que cau‑sou, Hitler parece apenas ridículo, com seu bigode quadrado, topete pré ‑emo e gestual furibundo. Seus contemporâneos, antes que ele

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Os elementos profundamente ridículos da figura e do gestual de Hitler não escaparam ao genial Charlie Chaplin, que o satirizou na sua comé‑dia clássica O grande ditador

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chegasse ao poder, achavam ‑no esquisito e algo excêntrico, mas ino‑fensivo. O genial Charlie Chaplin foi um dos primeiros a explorar a qualidade truanesca da pessoa do Führer, ao retratá ‑lo na melhor sátira política da história do cinema, O grande ditador, de 1940.

De fato, quase todos os ditadores são caricaturas vivas. Não só Hitler parecia um Carlitos mal ‑humorado, como seus amigos Sta‑lin, Mussolini e Franco eram nanicos; o Duce, em particular, não passava de um tampinha cabeçudo, de uniforme extravagante e metido a machão. A verdade é que, precisamente por serem carica‑tos e caricaturáveis, esses homens perseguiram tão avidamente o poder, como forma de superar seus monumentais complexos de in‑ferioridade. Porque maçantes, não foram considerados perigosos, e isso possibilitou que se tornassem caricaturas desenhadas com san‑gue, em virtude do poder mortífero que vieram a abocanhar.

Finda a guerra, com a extensão dos crimes nazistas revelada e as imagens aterradoras do Holocausto divulgadas, o chocado pú‑blico parou de rir do topete do Führer e, pulando para o outro extremo, fez dele um bicho ‑papão. Aos sobreviventes dos campos de extermínio não bastava mais o escárnio, era necessária a exe‑cração aos assassinos. Assim, o líder nazista tornou ‑se tabu, uma figura tão nefasta, que quanto menos se falasse dele, melhor. Rela‑tivamente pouco se escreveu sobre a sua vida — à exceção de Hi-tler: a study in tyranny, do inglês Alan Bullock, publicado em 1952 — pois, como eu já disse, biografar é humanizar, e ninguém que‑ria saber de um Hitler humano. Traumatizada pelo delírio nazista que a destruiu, a Alemanha só gerou a sua primeira grande bio‑grafia do Führer, escrita por Joachim Fest, em 1973, dez anos de‑pois desta de Herman Zumerman, aliás, Fernando Jorge.

Talvez a obra cinematográfica mais típica desse processo de sa‑tanização seja o filme baseado num romance de terror, Os meni-nos do Brasil, em que a mera existência de clones infanto ‑juvenis do Führer constitui uma futura ameaça ao planeta. Não por acaso,