fazendo e aprendendo no semiÁrido

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Fazendo e aprendendo no Semiárido Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1732 Ipiranga Dezembro/2014 Cisterna da Escola Municipal Liberato Vieira Brejo da Fortaleza, comunidade simples, porém muito rica. Povo esforçado, trabalhador, pioneiros do buriti e muitas outras riquezas. A comunidade fica localizada a 15 quilômetros da cidade de Ipiranga, no Piauí, e possui cerca de 300 famílias. Surgiu por volta do ano 1900 com o nome de Buriti das Éguas, pois antigamente as terras não eram cercadas e as pessoas criavam muitas éguas que bebiam nos brejos onde havia, e ainda há muitos pés de buritis... Depois a comunidade recebeu o nome de Brejo da Fortaleza. Brejo por causa dos brejos férteis, e Fortaleza por causa da variedade de frutos da comunidade................................................. Mas hoje em dia o que chama atenção e é alvo de várias visitas é a Escola Municipal Liberato Vieira, que foi fundada no ano de 1964. Recebeu esse nome em homenagem ao primeiro morador, Liberato da Silva Vieira. Ele foi o doador do terreno onde está construída a escola hoje.......... A escola utiliza dentro da sua metodologia a educação contextua- lizada. Alunos, professores e diretora consideram como uma alternativa para aproximar escola e comunidade. Com a educação voltada para a realidade local eles hoje são modelos de convi- vência com o Semiárido. No ano de 2009, a escola foi contemplada com a construção de uma cisterna de 52 mil litros, através do Programa Cisternas nas Escolas. A partir daí começou a mudar a realidade da escola e da comunidade. Alunos cuidam da horta

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Escola pública no município de Ipiranga, no Piauí, utiliza dentro da sua metodologia a educação contextualizada. Alunos, professores e diretora consideram como uma alternativa para aproximar escola e comunidade. Com a educação voltada para a realidade local, eles hoje são modelos de convivência com o Semiárido. Em 2009, a escola foi contemplada com a construção de uma cisterna de 52 mil litros, através do Programa Cisternas nas Escolas.

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Page 1: FAZENDO E APRENDENDO NO SEMIÁRIDO

Fazendo e aprendendo no Semiárido

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1732

Ipiranga

Dezembro/2014

Cisterna da Escola Municipal Liberato Vieira

Brejo da Fortaleza, comunidade simples, porém muito rica. Povo esforçado, trabalhador, pioneiros do buriti e muitas outras riquezas. A comunidade fica localizada a 15 quilômetros da cidade de Ipiranga, no Piauí, e possui cerca de 300 famílias. Surgiu por volta do ano 1900 com o nome de Buriti das Éguas, pois antigamente as terras não eram cercadas e as pessoas criavam muitas éguas que bebiam nos brejos onde havia, e ainda há muitos pés de buritis... Depois a comunidade recebeu o nome de Brejo da Fortaleza. Brejo por causa dos brejos férteis, e Fortaleza por causa da variedade de frutos da comunidade.................................................Mas hoje em dia o que chama atenção e é alvo de várias visitas é a Escola Municipal Liberato Vieira, que foi fundada no ano de 1964. Recebeu esse nome em homenagem ao primeiro morador, Liberato da Silva Vieira. Ele foi o doador do terreno onde está construída a escola hoje.......... A escola utiliza dentro da sua

metodologia a educação contextua-lizada. Alunos, professores e diretora consideram como uma alternativa para aproximar escola e comunidade. Com a educação voltada para a realidade local eles hoje são modelos de convi-vência com o Semiárido. No ano de 2009, a escola foi contemplada com a construção de uma cisterna de 52 mil litros, através do Programa Cisternas nas Escolas. A partir daí começou a mudar a realidade da escola e da comunidade.

Alunos cuidam da horta

Page 2: FAZENDO E APRENDENDO NO SEMIÁRIDO

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Segundo a diretora Reginalda Alves, em 2012 eles receberam a visita do professor Elmo Lima. O intuito era colocar em prática sua tese de doutorado. Foi durante essas conversas que veio a ideia de implantar na escola o Projeto de Educação Contextualizada no Semiárido. ....................................... "Eu abracei a causa proposta pelo professor Elmo, pois ele sempre questionava porque a gente não fazia nada de diferente com a água da cisterna. Ai ele propôs: vamos criar na escola uma horta..............................

A horta foi implantada e as coisas começaram a melhorar, pois passamos a produzir várias coisas para a própria escola e o mais importante tudo de maneira natural. Hoje os alunos aprendem na prática a importância de produzir alimentos de boa qualidade...................................................... Aqui não usamos nenhum tipo de agrotóxicos. “Depois dessa horta nossas comidas são tempe-radas com produtos saudáveis", afirmou Reginalda...........................................................................

Reginalda - Diretora

Visita ao viveiro e horta do Brejo da Fortaleza

Page 3: FAZENDO E APRENDENDO NO SEMIÁRIDO

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Viveiro de mudas

Verônica Fontes

Em 2013, a escola foi contemplada com um viveiro de mudas fruto do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que segundo a diretora foi implantado pela Escola de Formação Paulo de Tarso. O viveiro é cuidado pela comunidade, alunos, diretora e professores que distribuem mudas para toda a comunidade em geral. Atualmente o viveiro conta com mais de 20 espécies de plantas de diferentes tipos............................................................................................................................... Reginalda destacou que a implantação do projeto na escola mudou os hábitos dos alunos, dentro e fora da escola. "Muitos começaram a se concentrar mais nas aulas e passaram a ter melhores notas. A gente percebe que além de alunos melhores, temos seres humanos melhores”, conta................................................................................................................................................ Para a aluna Verônica Fontes, 14 anos, que cursa a 7º série do ensino funda-mental, a horta e o viveiro de mudas mudou vidas. "A importância dessa escola para mim e para os outros alunos é a educação no Semiárido, porque antes muitos vinham só por vir, mas depois que veio esse projeto do viveiro todos ajudaram. ....................... Logo que veio a ideia da horta, aí pronto, muitos alunos se interessaram e começamos a construir. Vieram as mudanças, alunos com a mente mais limpa, tirando notas boas e partici-pando mais das coisas da escola..............................

Page 4: FAZENDO E APRENDENDO NO SEMIÁRIDO

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Realização:Apoio:

F 9UND 0AD 5A 0EM . 2.1 94

ESCOLADE

FORM

AÇÃO PAULODETARSO

F 9UND 0AD 5A 0EM . 2.1 94

Frutos da horta

Hoje vemos o valor que o Semiárido tem. Tirou alunos do mal caminho, graças a horta temos todos os tipos de legumes e não precisamos mais comprar, para fazer nossas refeições da escola...................................................................................................................... Com a horta vimos o valor das coisas, antes não me ligava com o Semiárido, isso para nós alunos era besteira. Mas agora posso dizer que sei o quanto é bom e maravilhoso colocar a mão na terra e plantar.............................................................................................................. Todos nós agora vemos a escola com outros olhos, mudou completamente o diálogo com os professores e a convivência em casa. Nossa horta mudou não só os alunos, mas a escola também”. ......................................................................................................................................... Mesmo com o projeto tendo um bom desempenho, Reginalda afirmou que ainda falta apoio de muitos setores do governo, seja ele municipal, estadual ou federal. "Muitas vezes pensei em desistir, mas quando entro na escola e vejo o viveiro e a horta, e quando olho a alegria dos alunos empolgados com o projeto, eu ganho vida".................................................... A diretora Reginalda conclui que a escola tem capacidade de manter tudo que ela precisa, pois o Brejo da Fortaleza é rico. Por aqui temos Pequi, Buriti, cana de açúcar, mangaba, entre outros. Com tantos maus exemplos de escolas pelo Brasil, onde faltam incentivos aumentando a evasão escolar, a escola Liberato Vieira se torna um exemplo onde alunos tem na escola sua segunda casa. ............................................................................................................................... Eles falam do projeto com orgulho e amor. Hoje a escola atende mais de 200 alunos da comunidade entre 3 e 14 anos....................................................................................................... "Quando eu crescer vou trabalhar na terra, já sei plantar e colher. Não quero ir embora daqui não, gosto de viver aqui ", afirma Natanael de Sá, 12 anos....................................................