empresas x sustentabilidade

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• GESTÃO DE RESÍDUOS • TECNOLOGIA • SUSTENTABILIDADE Ano 1 • n o 4 • Janeiro/Fevereiro 2010 •    A   n   o   1   •   n   o    4   •    J   a   n   e    i   r   o    /    F   e   v   e   r   e    i   r   o   2   0   1   0   •    R    $   1   9  ,   0   0   •    V    I    S    Ã    O    A    M    B    I    E    N    T    A    L ECONOMIA VERDE EMPRESAS INVESTEM EM SUSTENTABILIDADE RESÍDUOS URBANOS O consumo cotidiano deixa rastros Consciência ambien nas passare MOD AUTOMÓVE Paixão nacio agora menos polue Invasões traz consequênc OCUPAÇÕE IRREGULARE MERCADO D TRABALH Meteorologistas nun foram tão necessári

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5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com

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• GESTÃO DE RESÍDUOS

• TECNOLOGIA

• SUSTENTABILIDADE

Ano 1 • no 4 • Janeiro/Fevereiro 2010 •

   A  n  o  1  •  n  o   4

  •   J  a  n  e   i  r  o   /   F  e  v  e  r  e   i  r  o  2  0  1  0  •   R   $  1  9 ,  0  0  •

   V   I   S   Ã   O

   A   M   B   I   E   N

   T   A   L

ECONOMIA

VERDEEMPRESAS INVESTEM

EM SUSTENTABILIDADE

RESÍDUOS URBANOSO consumo cotidiano

deixa rastros

Consciência ambiennas passare

MOD

AUTOMÓVEPaixão nacio

agora menos polue

Invasões trazconsequênc

OCUPAÇÕEIRREGULARE

MERCADO DTRABALH

Meteorologistas nunforam tão necessári

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6 MATÉRIA DE CAPA 

Empresas

Verdes

SUMÁRIO

30 Mercado Walmart: exemplode consciência estratégica

42 Internacional COP15: Uma conferência muito morna 

48 Reciclagem Isopor para o que der e vier

59 Negócios A moda é verde

62 SPFW Moda e consciência ambiental

64 Visão Econômica Por Ricardo Ernesto Rose

74 Radar Contatos das empresas e

colaboradores desta edição

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16 Eco EstiloA onda é preservar

 

ResíduosSólidosUrbanosO lixo nosso

de cada dia

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34 Consumo Consciente

Produtos que ajudama preservar o planeta

52 OcupaçõesIrregularesA naturezapune

20 AutomotivosPreservando o meioambiente a toda velocidade

19 Visão Legal Antonio Carlos Porto Araujo

26 Mercado de Trabalho  Tempo bom para os meteorologistas

29 Visão Política Por Conceição Clemente

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Renovação de mentalidadeamplia mercado

O começo de um novo ano é sempre estimulante. Para nós, não é

dierente. Observar de longe as mudanças nas questões ambientais,

mesmo que tímidas, já é um alento. Poder participar delas, dissemi-nando inormações e instigando nossos leitores à reexão, az-nos

sentir parte dessas mudanças, e isso muito nos gratifca.

Esta edição tem como matéria de capa a sustentabilidade

nas empresas, algo que pode dar resultados extraordinários em

várias eseras dos negócios, inclusive com aumento de receita. Até

atitudes pequenas podem azer uma enorme dierença. Que tal 

ser esse um pensamento comum e um dos objetivos deste novo

ano? E não necessariamente no âmbito empresarial. As atitudes

 pessoais contam tanto quanto, ou mais, já que esperar que tudo

venha dos outros, principalmente dos governantes, parece não

ser uma atitude muito coerente, como podemos constatar pela

matéria sobre Copenhague.

Nossa parceria com a Associação Brasileira de Empresas de

Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) oi renovada e

ampliada para toda a revista, uma vez que nosso Caderno de

Resíduos, cobrindo eventos e temas específcos do setor, agora é

 parte integrante de nosso conteúdo geral.

Há muitas matérias interessantes nesta edição. Esperamos

que gostem. Mas a grande novidade mesmo é que agora, devido

aos muitos pedidos, estamos aceitando assinaturas. No início,

mostramo-nos reticentes, uma vez que, originalmente, a revista

seria distribuída apenas para nosso mailing. Entretanto, depois das

 pesquisas realizadas nos eventos dos quais participamos, e tambématravés de nosso portal, constatamos que, mesmo havendo a pos-

sibilidade de ler nosso conteúdo pelo site, e até de azer download 

da revista, muitos preerem tê-la impressa. Por isso, atendendo à

vontade desses leitores, a partir desta edição eles poderão assinar 

e receber a revista Visão Ambiental em casa.

Ter assinantes é mais um passo para o crescimento e consoli-

dação da revista no mercado editorial. A receptividade que vimos

obtendo nos coloca como um dos destaques no segmento do meio

ambiente e sustentabilidade. Termos conquistado isso nos leva a

crer que estamos no caminho certo. Agradecemos a nossos leito-

res, colaboradores e anunciantes assumindo o compromisso de

buscar melhorar sempre. Para isso, esperamos receber sugestões,opiniões e críticas, sempre que você, leitor, considerar pertinente.

Boa leitura! 

 José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado de Sá e Susi Guedes

As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são deresponsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.

EXECUTIVO EDITORIALNilberto Machado de Sá[email protected]

EXECUTIVO FINANCEIROJosé Antonio Gutierrez

[email protected]

EDITORA-CHEFESusi Guedes

[email protected]

PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo

[email protected]

JORNALISTASArielli Secco, Henriete Mirrione, João Paulo

Amorim, Samuel Nunes e Tais Castilho [email protected]

REVISÃODiego Teixeira

 [email protected]

FOTOGRAFIAFábio Tavares e Luciana Yole

 [email protected]

COLABORADORPaulo César Lamas (tratamento de imagens)

COLUNISTAS DESTA EDIÇÃOAntonio Carlos Porto Araújo, Conceição Clemente

e Ricardo Ernesto Rose

COMERCIAL e PUBLICIDADE

[email protected]ÇÃO

Cristopher [email protected]

Jurema Jardin [email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes (MTb .7/SP)

PERIODICIDADE – BimestralTIRAGEM – 6.000 exemplares

IMPRESSÃO – Litokromia

ATENAS EDITORARua José Debieux, 3, Cj. 2

Santana – São Paulo/SP – CEP: 02038-030

Fone: -11- 269-0110

www.rvambiental.com.br

 ASSINATURASFone: -11-269-0110

[email protected] 

ATENDIMENTO AO LEITORFone: -11-269-0110

[email protected]

EXPEDIENTE

Capa: Fotomontagem SXC e Divulgação por [email protected]

ERRATA

 • Na matéria sobre Seguro Ambiental da edição anterior, os créditos das oto-

grafas dos deputados Leonardo Monteiro e Rubens Moreira Mendes Filho são

“Divulgação”; já a otografa do empresário Fumiaki Oizumi é de Luciana Yole.

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CAPA

Na nova cartilha das empresas, a palavrasustentabilidade está atrelada a uma

 visão moderna, consciente e vitoriosa.Esse conceito será, sem sombra de dúvidas,

um diferencial no futuro

EmpresasVerdes

Sustentabilidade. Termo que

adquiriu uma importância sem pre-

cedentes e já az parte da rotina de

inúmeras empresas. Esse conceito está

na boca dos empresários, na cabeça

dos banqueiros, registrado em inúmeras

propagandas dos mais diversos produtos.

Está também nas atitudes de quem anseia

por um mundo melhor, sempre levando em

consideração o uso racional dos recursosnaturais. As ações de sustentabilidade e pre-

servação ambiental têm conquistado cada vez

mais espaço nas estratégias de negócios e são

responsáveis pela sobrevivência de grandes,

médias e micro empresas no mercado.

A sociedade civil tem se organizado para

exigir dierentes atitudes por parte das empresas.

Trata-se de movimentos que buscam colocar o

Brasil na trilha do crescimento econômico aliando

equilíbrio ambiental com justiça social, bases

undamentais da sustentabilidade. Se o meio

ambiente não or preservado, qual será a herança

Por João Paulo Amorim

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deixada para as gerações uturas? Se a palavra

“conscientização” não zer parte do dicionário da

vida, haverá apenas um solo pobre, uma atmosera

poluída, a alta de água. Em suma, uma biosera

toda alterada, suja e sem diversidade.

Desde a década de 80, as grandes compa-

nhias têm eito, a passos lentos, campanhas

verdes e de responsabilidade socioambiental.

De orma simples, a responsabilidade social no

âmbito empresarial é um modelo de gestão pau-

tado na relação ética e transparente da empresa

com todos os públicos com os quais ela se re-laciona. Metas empresariais compatíveis com o

desenvolvimento sustentável da sociedade são

estabelecidas. Por consequência, os recursos

ambientais e culturais são preservados para as

gerações uturas, a diversidade é respeitada (e

mantida) e as desigualdades sociais são consi-

deravelmente reduzidas.

Segundo dados apresentados pelo diretor

do Departamento de Meio Ambiente (DMA)

da Federação das Indústrias do Estado de São

Paulo (Fiesp), Nelson Pereira dos Reis, durante a

Conerência do Clima em Copenhague no ano

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passado, % das empresas possuem indica-

dores do consumo especíco de energia e 98%

oerecem programas de treinamento ambiental

a seus uncionários. “Estes são apenas alguns

dados para dar ideia do que o setor privado do

Brasil já promove em relação aos cuidados com

o meio ambiente”, diz.

Ainda de acordo com o diretor, 4% das

corporações brasileiras só contratam ornece-

dores que seguem procedimentos de gestão am-

biental. Além disso, 48% das empresas dispõem

de projetos para reduzir a emissão de gases de

eeito estua e 42% já utilizam ontes renováveis

de energia.

Esse é o cenário atual. A evolução é nítida e

animadora. Atitudes sustentáveis e empresas

agora são grandes parceiras. O tino empresarial

passa por uma visão globalizada dos problemas

ambientais que assolam o planeta. Pode-se de-

nominar esse momento atual chamando-o de

“nova economia”. As caracterís-

ticas dessa mudança estão

relacionadas a uma mentemoderna e uturista, em que

os recursos e insumos são recu-

perados, reusados e reciclados

muitas e muitas vezes.

Para exempliicar

esse cenário de

conscientiza-

ção, de novos

conceitos e de

apereiçoamento dos modelos de gestão, a revista

Visão Ambiental apresenta aqui as atividades e

os pensamentos de grandes empresas que visam

uma economia orte e rentável, mas que não se

esquecem da importância do meio ambiente.

MCASSAB

“O tamanho de um grupo empresarial é me-

dido pelo seu tempo de história e, principalmen-

te, por suas realizações”. É com essa rase que a

MCassab resume os seus 2 anos de existência. A

empresa atua em mais de uma dezena de áreas,

com destaque para: tecnologia animal, química

na, química industrial, nutrição humana, labo-

ratório, utilidades domésticas, eletrodomésticos,

utensílios prossionais, brinquedos, rede de lojas

Spicy, investimentos imobiliários e trading.

Ao longo desses anos, o desenvolvimento

sustentável tornou-se um dos grandes aliados

da empresa na construção de uma imagem só-

lida e vitoriosa. O diretor acionista da MCassab,

Victor Cutait, ressalta as razões pelas quais as

grandes empresas são de suma importância napreservação do meio ambiente: “Em primeiro

lugar, por serem grandes consumidoras de ma-

térias-primas não renováveis e de energias em

geral. Em segundo, como têm grande exposição

na mídia, viram exemplo.”

E complementa: “Desde 2001 a MCassab vem

implantando programas e processos de respon-

sabilidade ambiental e social, como o Processo

de Distribuição Responsável (Prodir) – certicado

pelo British Standards Institute –, cujos escopos

são o meio ambiente, a saúde e a segurança.

Além disso, há programas de controle e redução

“Um exemplo denossa atuação

social é que

construímos e

mantemos uma

escola para 300

crianças carentes,

administrada

pela ONG AçãoComunitária, num

bairro próximo

à empresa”

Victor Cutait, diretor

acionista da MCassab

Victor Cutait,da MCassab

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de energia, água e gases de eeito estua. Nosso

Manual da Qualidade impõe procedimentos que

constam das diretivas da SA8000, que é uma

norma de responsabilidade social. Outro exem-

plo de nossa atuação social é que construímos e

mantemos uma escola para 300 crianças carentes,

administrada pela ONG Ação Comunitária, num

bairro próximo à empresa.”

BRASKEM

Foi no ano de 2002 que a Braskem – líder emresinas termoplásticas na América Latina e uma

das maiores companhias industriais privadas de

capital nacional – começou a ocar suas ações

baseando-se numa política de tecnologia, ino-

vação e sustentabilidade.

Em 2004 a empresa elaborou o 1º Relatório

de Desenvolvimento Sustentável. Já em 2005,

oi listada no Índice de Sustentabilidade Empre-

sarial (ISE) da BM&FBovespa, onde continua até

hoje em virtude de suas ações ecologicamente

e socialmente corretas.

No ano de 200, a empresa oi a primeira

a lançar o polímero verde – polietileno de

alta densidade produzido a partir da cana-

de-açúcar. Seu desempenho e qualidade são-

superiores em relação a outros polímeros. As

indústrias automobilísticas, de embalagens

alimentícias, cosméticos e artigos de higiene

pessoal são as maiores consumidoras desse

tipo de plástico.

Essa inovação resultou de um projeto con-

tínuo de pesquisa e desenvolvimento. O alto

investimento – cerca de US$ 100 milhões ao ano– é usado na melhoria das instalações, visando

aprimorar as práticas sustentáveis dentro e ora

da empresa. Associa-se a esse valor um investi-

mento de R$ milhões em ações voltadas para

o beneício da sociedade em geral.

Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento Sus-

tentável da empresa, diz: “A sustentabilidade,

para a Braskem, é um ator de dierenciação. Os

investimentos são voltados para alavancar os

negócios, mas não visamos apenas os resultados,

o aturamento; o objetivo é contribuir também

com ações sociais e ambientais.”   V   I   S

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CAPA

“A sustentabilidade,

para a Braskem,é um ator de

dierenciação. Os

investimentos

são voltados

para alavancar os

negócios, mas não

visamos apenas

os resultados,

o aturamento;

o objetivo é

contribuir também

com ações sociais

e ambientais”

 Jorge Soto, diretor

de Desenvolvimento

Sustentável da Brasken

Troéu do GP Brasil de Fórmula 1:desenhado pelo arquiteto OscarNiemeyer, em 2008 oi coneccionadoem plástico verde.No ano passado, anova versão do troéu oi produzidaem plástico reciclado, a partir detampinhas recolhidas durante a prova

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Banco Imobiliário Sustentável é umaversão ecológica do tradicional jogo

Banco Imobiliário, da Estrela

Carrinho Estrela produzidoem plástico verde

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NATURA

A Natura, maior abricante brasileira de

cosméticos e produtos de higiene e beleza,

líder no setor de venda direta, tem sua imagem

totalmente vinculada às causas ambientais.Ao longo de sua história, a Natura sempre se

baseou em um modelo de gestão voltado ao

crescimento econômico e à perpetuação da

empresa, sem deixar de lado a preocupação

com os impactos ambientais e sociais. Em 1983,

uma das primeiras iniciativas nesse sentido oi a

introdução dos res no setor de cosméticos do

Brasil. Era o começo da sustentabilidade.

No ano de 2000, a Natura oi a primeira em-

presa brasileira a adotar o modelo do ranking

Global Reporters. Levando em consideração osrelatórios anuais, o Global Reporters relaciona

as 50 empresas com melhor desempenho eco-

nômico e socioambiental. As empresas desse

ranking seguem as diretrizes do Global Repor-

ting Initiative (GRI), instituição que desenvolve

e dissemina um modelo de comunicação sobre

os impactos econômicos, sociais e ambientais

das atividades empresariais. Ao longo dos anos,

a Natura investiu em novas tecnologias para

reduzir o impacto dos seus produtos no meio

ambiente, descobrindo novos ingredientes e

contribuindo para a valorização e o crescimento

de comunidades locais.

No ano passado, as órmulas da linha Natura

Ekos, por exemplo, passaram a ter mais de 0%

de matéria-prima vegetal renovável, extraída de

maneira sustentável. Renata Puchala, gerentede marketing da linha ala um pouco sobre essa

ação: “Vegetalizar é substituir ingredientes de

origem animal, mineral ou sintética por outros

de origem vegetal, os quais, se extraídos de

orma sustentável, renovam-se sempre. Em

2004, começamos esse movimento de reno-

vação em nossas órmulas, vegetalizando os

sabonetes em barra Ekos. Em 200, vegetali-

zamos os óleos triásicos e passamos a utilizar

em nossos perumes álcool orgânico ao invés

do álcool comum.”A maioria dos produtos, cosméticos e não

cosméticos, utiliza matérias-primas de origem

sintética e outras de origem não renovável, como

por exemplo, o petróleo. Em suma, é retirado da

natureza aquilo que não é possível devolver a

ela. Priorizar matérias-primas de origem vegetal

é contribuir para a perpetuação da natureza.

A Natura pretende reduzir em 33% o impacto

ambiental relativo às suas atividades até 2011.

De 200 para 200, a empresa baixou em %

a quantidade de GEEs (gases que provocam o

eeito estua) lançados na atmosera.

“Vegetalizaré substituir

ingredientes de

origem animal,

mineral ou

sintética por

outros de origem

vegetal, os quais,

se extraídos deorma sustentável,

renovam-se

sempre”

Renata Puchala,

gerente de Marketing

da linha Natura Ekos

Área de convivênciana unidade da Naturaem Cajamar e,ao lado, um exemplode sacola retornável

 

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GRUPO PÃO DE AÇÚCAR

Abílio Diniz é um dos homens mais bem-suce-

didos do Brasil. Ele preside o Grupo Pão de Açúcar,

líder absoluto no mercado de varejo. Ano passado,

a empresa investiu R$ 45 milhões na expansão desupermercados sustentáveis (verdes).

Paulo Pompilio, diretor de Responsabilidade

Social do Grupo Pão de Açúcar, conta que “o

desenvolvimento e implantação das tecnolo-

gias sustentáveis é um processo de contínuo

aprendizado e evolução; a decisão pelas solu-

ções implantadas tiveram como objetivo sen-

sibilizar e mobilizar nossos clientes, parceiros e

colaboradores em torno dessa causa e, assim,

promover movimentos relevantes em toda ca-

deia de valor”.Além da expansão dos supermercados sus-

tentáveis, certicados pela Leed (Leadership in

Energy and Environmental Design), o Grupo Pão

de Açúcar oca também seus investimentos em

programas de estações de reciclagem, sacolas

retornáveis e ações para redução de consumo

de água e energia. Selo verde em mãos, certi-

cação garantida. Com isso, o supermercado é o

único da América Latina a possuir aprovação do

United States Green Building Council (USGBC),

a ONG mais conhecida do mundo no ramo de

certicação ambiental de edicações.

Pioneirismo, sustentabilidade, aproximação

com o cliente. Esses são alguns dos ingredientes

que tornam o Pão de Açúcar uma das maiores

empresas do País. João Edson Gravata, diretor

de operações da rede Pão de Açúcar, enalte-

ce o feeling da empresa e promete ainda maisnovidades.

“O Pão de Açúcar é conhecido por seu pionei-

rismo em ações socioambientais. Avançamos com

cinco supermercados verdes em poucos meses e

vamos expandir ainda mais nos próximos anos. Foi

assim com as iniciativas pioneiras adotadas pela

rede, como as sacolas e as estações de reciclagem,

que hoje servem de modelo para os mais diversos

segmentos de negócios”, diz.

Desde 2005, as sacolas retornáveis vêm ga-

nhando mais adeptos a cada dia. E, para incen-tivar o seu uso, o programa de relacionamento

Mais lançou no ano passado a campanha “Ga-

nha pontos quem ajuda a preservar o planeta”.

O uncionamento é simples: ao utilizar sacolas

retornáveis, os clientes ganham pontos que po-

dem ser trocados por vales-compra. A iniciativa

começou em São Paulo em março de 2009 e

logo caiu nas graças do consumidor. Para se ter

uma ideia, mais de 2 milhões de pontos oram

contabilizados em um total de 44,2 mil compras,

realizadas ao longo de oito meses.

O sucesso dessa ação pode ser traduzido

em números, ainal, nesse período, cerca de

1,9 milhão de sacolas plásticas deixaram de ser

descartadas no meio ambiente. E mais: no ano

passado, o Grupo Pão de Açúcar comercializou

cerca de 1,3 milhão de sacolas retornáveis, um

crescimento de 35% se comparado a 2008.

Hoje, a iniciativa já está presente em todas as

lojas da rede.

Ligia Dall Acqua Korkes, gerente do Grupo Pão

de Açúcar, acha eciente a comunicação entre a

empresa e os clientes: “Temos contato direto como consumidor através das rádios e televisões inter-

nas. Já zemos, por exemplo, vídeos inormativos

sobre os beneícios das sacolas retornáveis contra

as desvantagens das sacolas plásticas, divulgamos

e estimulamos as nossas estações de reciclagem,

entre outras.”

Ações como essas envolvem os uncioná-

rios dos supermercados, todos devidamente

capacitados. “Além disso, temos várias ini-

ciativas nas lojas, como o caixa verde – que

é uma iniciativa de reciclagem pré-consumo

–, as estações de reciclagem pós-consumo, as

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“Temos contato

direto com o

consumidor

através das rádios e

televisões internas.

Já fzemos vídeosinormativos sobre

os beneícios das

sacolas retornáveis

contra as

desvantagens das

sacolas plásticas,

divulgamos e

estimulamosnossas estações

de reciclagem,

entre outras”

Ligia Dall Acqua Korkes,

gerente do Grupo

Pão de Açúcar

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

Ligia Dall AcquaKorkes, do GrupoPão de Açúcar

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embalagens eitas de papel reciclado, as pró-

prias lojas verdes”, diz Ligia. E conclui: “Enm,iniciativas sustentáveis para as quais todos os

colaboradores recebem um treinamento de 10

horas, entre outras iniciativas”.

SABESP 

A Sabesp, Companhia de Saneamento Básico

do Estado de São Paulo, consolida-se cada dia

mais no mercado como uma empresa de soluções

ambientais. Além dos serviços prestados estarem

diretamente relacionados ao ramo, a companhia

vem desenvolvendo, ao longo de seus 35 anos de

existência, programas voltados ao consumo cons-

ciente e à redução de perdas, bem como ações

de conscientização alertando sobre a necessidade

da preservação dos recursos hídricos.

Em setembro de 2009, a empresa lançou

o projeto Sabesp Abraço Verde. O objetivo

principal é agregar melhorais estéticas no am-

biente ao redor das áreas de responsabilidade

da companhia. A consequência? Mais verde e

retenção de carbono. Segundo a empresa, até

o im deste ano, 4 mil unidades, entre áreas

administrativas e operacionais, receberão 20mil mudas de árvores.

TETRA PAK 

Desde sua criação, a Tetra Pak, líder mundial

em processamento e embalagem de alimentos,

possui em seu DNA o conceito de sustentabili-

dade. Há 52 anos atuando ortemente na cadeia

de valor dos alimentos no País, a empresa tem

investido cada vez mais em equipamentos que

causam menos impacto ambiental. No Brasil,

a Tetra Pak desenvolveu uma tecnologia para

abricação de placas, telhas, móveis, canetas,

vassouras e outros objetos, tudo a partir da

mistura de plástico e alumínio das embalagens.O processo passa pela retirada do papel que

é usado na produção de caixas de papelão e

papel reciclado.

Em parceria com outras empresas, a Tetra Pak 

desenvolveu a tecnologia de reciclagem a plasma,

que permite a separação do plástico e do alumínio

contidos na embalagem após a retirada do papel.

Transormados em parana líquida e lingotes, o

plástico e o alumínio voltam para a cadeia produ-

tiva como matérias-primas de primeira qualida-

de. A primeira unidade de reciclagem a plasma,

pioneira no mundo, começou a operar em maio

de 2005 na cidade de Piracicaba, interior de São

Paulo, e já desperta o interesse de outros países.

Com investimento de R$ 14 milhões, a usina tem

capacidade para reciclar 8 mil toneladas de plás-

tico e alumínio por ano, equivalentes a 32 mil

toneladas de embalagens.

Outra atividade de destaque da empresa é

o Portal de Educação Ambiental. O site oerece

inormações completas, desde como gerenciar

e selecionar o lixo, até o processo de reciclagem

de cada material. Trata-se de uma importan-te erramenta para os proessores, na medida

em que oerece inormações e sugestões de

atividades para os alunos. Além disso, as inor-

mações e ocinas estimulam os alunos a reali-

zarem experiências e colocarem os conceitos

em prática. O novo portal é uma evolução do

Programa Cultura Ambiental nas Escolas, cujo

oco é a distribuição de kits educativos com

inormações sobre reciclagem e preservação do

meio ambiente. Criado em 199, o programa

 já beneciou mais de milhões de estudantes

e 40 mil escolas públicas e privadas.

A Sabesp vem

desenvolvendo,

ao longo de

seus 35 anos

de existência,programas

voltados ao

consumo

consciente e à

redução de perdas,

bem como ações

de conscientização

alertando sobrea necessidade da

preservação

dos recursos

hídricos

 

Técnicos da Sabesp espalhamcomposto orgânico sobrevegetação danifcada

Sabesp tambéminveste para tornar seusprédios sustentáveis

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VALE 

Mineradora de atuação global, a Vale sempre

escreveu sua história baseada no compromisso

de transormar recursos minerais em riqueza e

desenvolvimento sustentável. Há várias manei-

ras de dimensionar essa relação próxima entre

a mineradora e as questões sociais. A Fundação

Vale é um grande exemplo. Em parceria com

ONGs, setores do poder público e da sociedade

civil, ela realiza diversos programas com oco no

desenvolvimento econômico, ambiental e social

das localidades onde atua. Um desses programas

consiste na conservação do meio ambiente e na

reabilitação de espécies nativas dos ecossistemas

da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia.

Em 2008, a empresa investiu US$ 8 milhões

na área de meio ambiente, desde projetos de

reforestamento e conservação, até programas de

desenvolvimento de tecnologias limpas.

O combate ao aquecimento global tambémé uma das principais preocupações da empresa.

No ano passado, ela lançou suas Diretrizes sobre

Mudanças Climáticas e Carbono. Entre as ações

rmadas, merece destaque a substituição de

óleo combustível por gás natural nas usinas de

pelotização do Espírito Santo e de Minas Gerais,

que resultou na redução de 139 mil toneladas

de CO2

na comparação com o ano de 2008. Para

este ano, os investimentos chegarão a US$ 999

milhões: US$ 829 milhões serão investidos em

proteção e conservação do meio ambiente e US$

10 milhões em projetos sociais.

SUSTENTABILIDADE X AUMENTO DOS CUSTOS 

A instituição que se mantiver atenta a esse

movimento em prol do verde tende a aumentar

sua visibilidade e seu valor de mercado. É uma

relação de troca em que todas as partes saem lu-

crando. Mais do que preocupação socioambiental

ou estratégia de marketing, empresas de diversos

setores começam a repensar seu próprio modelo

de negócios para sobreviver em uma economia

na qual exigências socioambientais estão se

tornando uma realidade. Os resultados são um

alento para todos os envolvidos no processo.

É notório que, entre outros objetivos, as prá-

ticas empresariais sustentáveis visam vincular o

nome da empresa a produtos e serviços de qua-

lidade, preços justos e responsabilidade social. O

resultado é imediato. As boas práticas da empresa

levam-na a um estreitamento na relação com o

consumidor, o que acarreta em novos valores

para seu público-alvo. Essa dinâmica relação entreempresa e consumidores acilita a criação de uma

via de mão dupla: a organização investe em ações

de responsabilidade socioambiental, o mercado

as aprova. Há uma valorização da marca.

A sustentabilidade é uma realidade. Conse-

quentemente, as empresas devem responder

rapidamente a essa mudança. Do contrário, se-

rão engolidas pela concorrência. Então, como

agir? Essa é a primeira pergunta dos empresá-

rios. De uma orma simples – e não simplista –,

az-se necessário um remodelamento da gestão.

O pensamento deve estar ocado no presente,   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

   2   0   1   0

12

CAPA

A Vale sempre

escreveu sua

história baseada

no compromissode transormar

recursos minerais

em riqueza e

desenvolvimento

sustentável. Há

várias maneiras de

dimensionar essa

relação próxima

entre a mineradora

e as questões

sociais. A Fundação

Vale é um grande

exemplo

mas principalmente no uturo.A necessidade de um redesenho

das organizações se az essen-

cial a esta nova visão de posi-

cionamento sustentável. Claro

que as questões que envolvem

sustentabilidade são complexas

e mesmo diíceis de serem com-

preendidas, pois muitas vezes

signiicam aumento de inves-

timentos para as organizações

empresariais.

A Monsanto, por exemplo,

Fundação Vale:Cultivo de espéciesnativas dos

ecossistemas daMata Atlântica

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

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que trabalha com produtos e soluções para agri-

cultura e meio ambiente, ampliou em 2009 seus

projetos voltados a ações ambientais e educa-

cionais, com o investimento em programas de

sustentabilidade chegando à casa dos R$ 9,4 mi-

lhões. Um aumento considerável se comparado

ao passado recente, já que até meados de 200a Monsanto destinava por volta de R$ 4 milhões

ao ano em projetos socioambientais.

Em 2009, a rede de varejo Walmart também

se engajou na questão sustentável. A empresa

reuniu ornecedores, autoridades e ONGs para

anunciar o Pacto Walmart Brasil pela Sustenta-

bilidade, pelo qual os presidentes das 20 maio-

res indústrias ornecedoras da rede irmaram

compromissos em prol do meio ambiente. Os

objetivos são explícitos: apoio à preservação da

Floresta Amazônica por meio do boicote à com-pra de produtos provenientes de desmatamento,

principalmente os das cadeias da carne, madeira

e soja; redução de embalagens; e desenvolvi-

mento de novos produtos com dierenciais sus-

tentáveis. Segundo o hipermercado, o programa

de descontos de R$ 0,03 para clientes que não

usam sacolas plásticas evitou a circulação de

13,5 milhões de sacolas plásticas durante o ano

passado e gerou um repasse de mais de R$ 405

mil para os consumidores conscientes.

Sejam oriundas do mercado ou da regulação,

as exigências desse novo ambiente econômico

são grandes. Consequentemente, não é tarea das

mais áceis repensar esse modelo de negócios.

Compreender a complexidade da sustentabili-

dade será um ator de sucesso nesta que é uma

das principais empreitadas do século XXI. Para o

vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itaca-

rambi, a implantação de medidas sustentáveis

em todos os setores da economia é emergencial.

“Embora o custo seja alto, não há mais como

retardar essas ações”, disse.

Segundo uma pesquisa realizada pelo ins-tituto, se o Brasil investir 1% do PIB em ações

sustentáveis, é possível reduzir em 0%, até

2030, a emissão de gases do eeito estua no

País. “Devemos entender que, apesar de o tema

ambiental ser a principal preocupação, a questão

envolve diversos outros atores, como os sociais

e econômicos. É necessário reduzir, além das

emissões, a exploração ineciente dos nossos

recursos naturais”, naliza o vice-presidente doInstituto Ethos.

VISÃO INSTITUCIONAL

No segmento empresarial, para haver maior

compreensão sobre a sustentabilidade, a organi-

zação precisa incorporar os conceitos e objetivos

em seu DNA, ou seja, enraizá-los proundamente

em sua cultura organizacional, abrangendo mis-

são, visão, valores e estratégia em todos os seus

níveis hierárquicos. Mas é importante salientar:

esse novo signicado, traduzido em um novoposicionamento empresarial, deve estar bem

claro nas grandes lideranças das empresas. Todos

concordam que uma estratégia de marketing am-

biental sem o devido embasamento conceitual

do processo de “esverdeamento” da empresa é

totalmente inecaz.

Para o diretor acionista da MCassab, Victor

Cutait, há inúmeros beneícios para as empre-

sas que optam por manter projetos ambientais:

“Podemos separar os beneícios nanceiros em

mensuráveis e não mensuráveis. No primeiro

caso, temos alguns clientes que já nos auditam

em quesitos ambientais como condicionantes

para sermos ornecedores. Os não mensuráveis

são aqueles ligados à imagem. Mas não tenho

dúvidas de que esse é um tema de crescente cons-

cientização da sociedade e, portanto, cada vez

mais as empresas serão cobradas nesse sentido,

passando a ser obrigação, e não uma vantagem

competitiva.”

A gerente do Pão de Açúcar, Ligia Dall Acqua

Korkes, também expõe sua opinião: “Os beneí-

cios são inúmeros. Externos, por exemplo, dan-do boa imagem para a empresa, conquistan-

do e delizando clientes, preservando o meio

ambiente, desenvolvendo as

comunidades onde a empresa

está inserida, aquecendo a eco-

nomia, infuenciando a cadeia

de ornecedores, entre outros.

Além, é claro, dos beneícios

internos, como, por exemplo,retenção de talentos, orgulho

de azer parte da empresa e

aumento da produção.”

Um programa de responsa-

bilidade social traz só resultados

positivos para a sociedade e, se

or realizado de orma autênti-

ca e proissional, rende bons

rutos para as empresas. Os ga-

nhos são imensos: valorização

da imagem institucional e damarca, maior lealdade do con-

sumidor, eciência em recrutar

e manter talentos, fexibilida-

de, capacidade de adaptação

e longevidade. Ou seja, o pen-

samento dos empreendedores

deve estar alinhado à cultura de

responsabilidade social. Na con-

tramão desse ideal, desenvolver

programas sociais apenas para

divulgar a empresa, ou como

orma compensatória, não traz

resultados positivos sustentá-

veis ao longo do tempo.

Medidas amplas e, princi-

palmente, ações honestas; par-

cerias entre iniciativa privada,

poder público e sociedade civil.

Esses são os preceitos práticos

de um projeto concreto e de re-

sultado em prol de um ambien-

te mais saudável para toda a

sociedade. Na teoria, fcam mui-tas ações vazias, demagogas e

sem eicácia. Mas as pessoas

sabem separar o joio do trigo.

A sociedade civil brasileira, que

 já superou grandes obstáculos

para consolidar a democracia,

vai precisar de sua visão inova-

dora e de seu mais concentrado

esorço de engajamento para

superar dierenças, derrubar

muros e erguer pontes rumo

à sustentabilidade.

Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISEJá há alguns anos que a tendência mundial é os investidores procurarem empresas socialmente

responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. O ISE é reerência para undos de

investimentos que levam em conta práticas de sustentabilidade e de governança ao montarem seus

portólios. As empresas listadas são consideradas capazes de gerar valor aos acionistas, pois apre-

sentam melhor capacidade de superar riscos econômico-fnanceiros e socioambientais.

No ano passado, 30 companhias integraram a carteira 2008/2009 do ISE. Essas empresas totalizaram

R$ 372 bilhões em valor de mercado, quantia que corresponde a 30,7% da capitalização total das 394

empresas que têm ações negociadas na BM&FBovespa.

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ECO ESTILO

Surfstas de dierentes partes do Brasil conectam-se

por um objetivo em comum: zelar pelo meio ambiente

A onda é preservar

Para João Malavolta, sursta, jornalista e ati-

vista socioambiental, descer por uma onda é ta-

rea ácil. Ele sura desde os dez anos, quando se

iniciou no esporte por incentivo do pai nas praias

de Itanhaém, litoral de São Paulo. “O sur é pura

harmonia entre o homem e a natureza. Dentro do

mar nos sentimos limpos, livres. É uma sensação debem-estar que mantém acesa uma chama dentro

da gente, que provoca uma liberdade ísica e es-

piritual indescritível”, diz. O trabalho árduo está é

ora do mar, na missão de agir para garantir o sur 

de amanhã e a beleza de uma natureza livre da

poluição e das intererências negativas do homem.

Para isso, ele e o amigo também sursta André

Coimbra undaram a ONG Entidade Ecológica dos

Surstas (Ecosur).

Itanhaém é a segunda cidade mais antiga do

Brasil, com 14 praias e 27 quilômetros de orla. O

município tem cerca de 600 km² de área, sendo

300 deles de Mata Atlântica. O turismo é uma ati-

vidade econômica signicativa para a região, que

é conhecida como “Amazônia Paulista”. Um dos

atores que motivaram João e André a se mobilizar

oi justamente esse, já que a grande circulação de

pessoas nas temporadas resultava em grandes

quantidades de lixo e sujeira nas paisagens. “A

ideia surgiu a partir da indignação que sentíamos

ao ver nossas praias sujas após eriados e nais

de semana”, conta o jornalista. Instruindo-se a

partir de conversas e tomando conhecimento deprojetos que já atuavam em prol da preservação

ambiental, como o Sur Rider Foundation e o No

Stress, os dois amigos decidiram entrar nessa

onda no ano de 2000.

João não deixa de citar a diculdade enren-

tada durante esse tempo dedicado à articulação

do pensamento sustentável: “Foi tudo muito diícil

porque as pessoas diziam que a ideia era boa

mas não se dispunham a colocar a mão na mas-

sa. Poucos acreditavam que chegaríamos aonde

chegamos; pensavam primeiramente nos bene-

ícios individuais que nosso trabalho traria, sem   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

   2   0   1   0

16

“Foi tudo muito

difícil porque as

pessoas diziam

que a ideia era

boa mas não sedispunham a

colocar a mão na

massa. Poucos

acreditavam que

chegaríamos

aonde chegamos”

João Malavolta, sobre osdez anos da Ecosurf

Por Arielli Secco

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o    /    E   c   o   s   u   r    f

encará-lo como uma missão a serviço do planeta”.

Os undadores se ativeram a dizeres como “pensarglobalmente e agir localmente”, que até hoje são

diundidos por eles, para manter os princípios da

preservação e dar continuidade ao projeto. Em

2010, a Ecosur completa dez anos de atuação,

com ações que envolvem jovens, turistas e a co-

munidade litorânea de São Paulo.

A campanha Onda Limpa, por exemplo, é um

dos eventos de destaque da entidade. Consiste em

um trabalho de sensibilização e conscientização

ambiental que acontece no verão e dura dois

meses. A estrutura conta com tendas armadas

nas praias, onde o público pode realizar atividades

 

Mutirão de limpeza

da praia

João Malavolta

Campanha Onda Limpa

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lúdicas para as crianças, onde há ocinas de artesa-

nato com materiais reutilizáveis, exposições sobre

o meio ambiente e orientações sobre preservação.

A Ecosur participa da ação internacional Clean Up

the World, que reúne e incentiva empresas, grupos

comunitários, escolas, governos e indivíduos na

concretização de atividades ambientais em todoo mundo, sempre no mês de setembro, marcando

o Dia Mundial da Limpeza de Rios e Praias.

Outros projetos que vêm ganhando espaço

são: A Onda É Água Limpa, que, através de uma

parceria com a rádio Jovem Pan, veicula boletins

diários sobre a gestão sustentável dos recursos

hídricos, saneamento ambiental e saúde pública

no litoral; O Rio do Nosso Bairro, que tem início

em março e vai envolver nove cidades da bacia

hidrográca da Baixada Santista com mobiliza-

ções em escolas e ormação de educadores sobrequestões de saneamento; e Sur Sustentável,

uma rede online que reúne surstas de todo o

País na discussão de problemas e soluções para

o meio ambiente.

Os resultados desse engajamento trazem nú-

meros signicativos, que refetem o envolvimento

da sociedade na preservação dos locais onde a

ONG atua. “Era diícil você ver pessoas que se

mobilizavam pela proteção do meio ambiente,

e a Ecosur veio com essa proposta através de

mutirões e encontros, e isso denota uma mudan-

ça de consciência das pessoas por uma causa

de interesse coletivo”, ressalta João. Para se teruma ideia, as ações, que antes contavam com

pouco mais de vinte pessoas, hoje mantêm uma

participação média de 300 voluntários em cada

saída para limpeza das praias.

João Malavolta acredita que o sur contribui

para a conscientização ambiental: “Os surstas

têm esse lance da percepção, conhecem os ven-

tos, as marés, as luas, os animais marinhos. Esse

contato garante um reencantamento humano,

voltando ao signicado da vida, à comunhão com

tudo que está ao nosso redor. Existe um respeitopor aquilo que se conhece e só cuidamos daquilo

que conhecemos.”

INICIATIVAS EM REDE

A partir da rede do programa Sur Sustentável,

suristas de todo o País mantêm contato para

discutir os problemas de cada região do litoral

brasileiro e o que pode ser eito para reverter a

degradação ambiental. João destaca a parceria

com outros projetos, como o Global Garbage,

iniciado em 2002 pelo otógrao baiano Fabiano

Barreto, e o Instituto Ilhas Do Brasil, no Pântanodo Sul, em Florianópolis, iniciado em 2005 pelo

biólogo e sursta gaúcho Alexandre Guimarães

Só de Castro, que tem entre suas iniciativas o

movimento Surando por um Mundo Melhor.

O alerta que demonstrou a necessidade da

sustentabilidade no esporte vem também da

indústria de surwear. Os equipamentos utili-

zados pelo sur, esporte tão ligado à natureza,

são abricados com materiais extremamente

agressivos ao meio ambiente, como o poliu-

retano, que não pode ser re-

ciclado. Alexandre lembra o

episódio do echamento da

Clark Foam, uma das maiores

abricantes de placas para pran-

chas do mundo, por questões

ambientais nos Estados Unidos:

“Queremos que as ábricas co-

mecem a substituir materiais. Já

existe lash (cordão) reciclável,

raspador de parana eito de

madeira de móveis inutilizados,e até a parana ecológica, que

é abricada aqui em Florianó-

polis e que não é derivada de

petróleo.” Todos esses produtos

 já são comercializados na base

do instituto, chamada Espaço

Arquipélago.

O objetivo do Surando por

um Mundo Melhor é incenti-

var atividades de sensibilização

em sur shops e capacitar, emparceria com escolas de sur,

instrutores com oco na sus-

tentabilidade e valorização da

cultura local. A esperança é de

que as grandes ábricas e gran-

des marcas se envolvam nessa

causa quando perceberem um

consumidor exigente. Apesar

de viver da natureza, desse per-

l saudável, relaxado, de bem

com a vida, historicamente a

indústria do sur não é assim.

“O mar não está

sempre igual. Ele

está diferente!

Assim é a vida. Não

adianta a gentequerer que a vida

seja sempre igual,

porque ela não é”

Alexandre Guimarães Sóde Castro, diretor geral do

Instituto Ilhas do Brasil

 

Alexandre Guimarães

e seu flho Pepe

Produtos ecológicos

comercializados no

Espaço ArquipélagoProjeto oerece aulas

de sur às crianças

da comunidade do

Pântano do Sul. Na

oto, João Manuel

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o    /    I    l    h   a   s    d   o    B   r   a   s    i    l

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ECO ESTILO

n Consultoria para certifcação ambiental (ISO 14000)

n Análise e otimização de processos de produção,

diminuindo custos operacionais diretos e indiretos,

melhorando a qualidade de produtos e serviços

e reduzindo o consumo de recursos naturais

n Contratação e intermediação de seguro ambiental

n Licenciamento junto aos órgãos ambientais

n Elaboração de Relatórios de Impacto Ambiental

n Assessoria na elaboração de Termosde Compromisso Ambiental

n Administração de passivo ambiental

n Projeto e planejamento de usinas de reciclagem

(projetos turn-key )

n Venda de máquinas e equipamentos para reciclagem

de pneus, plásticos, RCD, madeira e outros

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E- mail: [email protected]

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TERCEIRO SETOR EM AÇÃO

Alexandre de Castro az parte da Ashoka,

uma organização mundial de empreendedo-

res sociais, e ensina que a postura de quem in-gressa no terceiro setor é a de cobrar, orientar,

propor soluções, participar dos canais criados

pelo governo e pela sociedade, ter um papel

determinante na viabilização de projetos. No

caso especíco do Instituto Ilhas do Brasil, ele

conta que é importante entender o perl das

comunidades litorâneas e utilizar o esporte,

em especial o sur, na educação socioambiental

como estímulo para os jovens: “O sur te ajuda a

enxergar valor na simplicidade das coisas. É um

canal de comunicação com a natureza que te

permite a conexão com o meio ambiente. Dentro

da água somos todos iguais.” E naliza: “O marnão está sempre igual. Ele está dierente! Assim

é a vida. Não adianta a gente querer que a vida

seja sempre igual porque ela não é.”

João Malavolta também se reere à importân-

cia das organizações sociais e da persistência para

a continuidade dos trabalhos, visando uma nova

ordem mundial e a valorização do ser humano:

“As organizações passam por um processo natural

de amadurecimento ideológico e administrativo.

Links:www.ecosur.orgwww.ilhasdobrasil.org.brwww.globalgarbage.orgwww.ashoka.org.brwww.cleanuptheworld.orgwww.sursustentavel.orgwww.projetosurando.blogspot.com

A partir disso, elas conseguem

seu espaço e reconhecimento.”

A revista Visão Ambiental 

compartilha o espírito de espe-rança e respeito dos surfstas e

aproveita para fnalizar esta ma-

téria à altura: aloha!

 

Projeto Surando por

um Mundo Melhor, do

Instituto Ilhas do BrasilEquipe Eco-

surf e p

arceiros    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o    /    I    l    h   a   s    d   o    B   r   a   s    i    l

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VISÃO LEGAL

Antonio Carlos Porto Araujo

IPI sustentável

A recente decisão do governo de prorrogar

a redução da alíquota do IPI (Imposto sobre

Produtos Industrializados) incidente sobre os

carros ex e caminhões zero quilômetro traz

importantes indicações sobre a agenda am-

biental e tecnológica do governo.

Um dos vieses desse incentivo tem como

escopo o desenvolvimento de tecnologia paraque os novos veículos reduzam a emissão de

gases poluentes e gases de eeito estua, os

vilões do aquecimento global.

Sob esse aspecto, seria altamente viável

uma complemen-

tação da norma,

c o m i n c l u s ã o

de mecanismos

m a is e ic a z e s

para a renovação

da rota, não só

neste momento,

mas, sobretu-

do, em caráter

permanente.

Uma das su-

gestões é que se

crie uma dierenciação de alíquotas para os

veículos zero quilômetro com vida útil deter-

minada desde a produção. Por exemplo: na

compra de um carro novo – ou caminhão –, o

indivíduo escolheria o modelo de tributação

desse veículo. No caso do automóvel de passeio,a escolha seria pela tributação menor desde

que o veículo não pudesse ser licenciado após

dez anos de uso.

Se o comprador optasse pelo direito de

licenciá-lo indefnidamente, a alíquota dos tri-

butos seria aquela do patamar original, sem

os incentivos. Ao inal dos dez anos, o pro-

prietário do carro “incentivado” o entregaria

em um dos postos de coleta, para desmonte

e reciclagem.

Juridicamente, não haveria qualquer prejuí-

zo, já que o comprador aria a opção consciente

ANTONIO CARLOS PORTO ARAUJO 

é consultor de energia renovável

e sustentabilidade da [email protected]

      D      i    v    u      l     g     a     ç      ã     o

ao adquirir o carro. No mercado haveria grande

quantidade de veículos que não receberam o

incentivo e que poderiam ser comercializados

normalmente.

Os enormes ganhos se dariam em várias

eseras, sobretudo na ambiental. É cada vez

mais evidente que o desenvolvimento tec-

nológico dos novos veículos e a retirada dosantigos promoveria o consequente resultado

de se manter uma rota mais moderna, com

menores índices de emissão de gases.

Assim, a indústria automobilística, uma das

mais importantes

do Brasil, geraria

mais empregos

e atuar ia mais

fortemente na

questão da pre-

servação ambien-

tal. Além disso, é

fácil imaginar o

impulso para o

desenvolvimen-

to da indústria

de reciclagem no

País, extremamente necessária neste momen-

to em que sempre vem à tona a limitação da

exploração de recursos naturais. Deve-se levar

em conta até mesmo a economia de energia

elétrica, que é um dos mais importantes insu-

mos para toda a cadeia produtiva.Ou seja: vê-se que a decisão do governo é

importante neste momento, mas poderia ser

melhorada com mais mecanismos de incentivo

e pressão para que a questão da sustentabili-

dade tenha seu peso mais reconhecido, com

expressivos modelos de crescente aproveita-

mento da combustão; diminuição da inten-

sidade energética; aumento da capacidade

de rodar, na equação quilômetros por litro; e

incentivo para ganho de escala na produção

de veículos movidos à base de combustíveis

renováveis e agroenergia.

É cada vez mais evidente que o

desenvolvimento tecnológico dos

novos veículos e a retirada dos

antigos promove o consequenteresultado de se manter uma frota

mais moderna, com menores

índices de emissão de gases

A prorrogação da redução do imposto no setor automotivo trazimportantes indicações sobre a agenda ambiental e tecnológica do governo

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AUTOMOTIVOS

Pesquisas em tecnologias renováveis

devem tirar os automóveisda lista de maiores poluidoresdo ar nos próximos anos

Preservando o

meio ambientea toda velocidade

Quem chega de avião a uma grande cidade

como São Paulo, de longe pode ver uma umaça

amarela que se espalha por todo o lugar. Nessa

nuvem espessa, que impossibilita a visão do

horizonte, há uma grande quantidade de gases

e partículas nocivas à saúde. Dados do Relatório

de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável,

publicado em 2008 pelo Instituto Brasileiro de

Geograa e Estatística (IBGE), apontam que os

automóveis são a segunda maior onte de toda

a poluição nas regiões metropolitanas do Brasil.

Porém, tanto a indústria automotiva quanto os

motoristas dão sinais de que pretendem mudar

logo esse quadro.

As principais pesquisas eitas no Brasil para

diminuir a emissão de gases dos veículos traba-lham no sentido de tornar mais leves os carros e

de melhorar a eciência de seus motores, além

de buscarem tecnologias renováveis e recicláveis

tanto para os combustíveis como para as peças.

Segundo Jomar Napoleão da Silva, vice-diretor do

Comitê de Veículos de Passeio da Sociedade de

Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), há uma

tendência na indústria para se utilizar materiais

mais leves, como o alumínio e o plástico.

Partes dos veículos que antes eram eitas de

erro ou aço agora possuem compostos plásticos,

que já têm resistência parecida e são acilmente   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

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20

Por Samuel Nunes

      S      X      C

recicláveis. “Os cabeçotes dos motores, por exem-

plo: eitos de plástico, reduzem muito o peso

dos veículos e, consequentemente, melhoram o

desempenho”, diz Jomar. Ele ainda ressalta que

materiais alternativos, como a bra de coco, têm

sido usados requentemente para substituir o

próprio plástico em algumas aplicações. A bra de

carbono, usada em carros de Fórmula 1 e carros

esportivos, também pode ser uma alternativa em

alguns anos, mas ainda deve demorar a chegar

aos veículos menores. “Preços mais acessíveis

para esses materiais dependem de uma série

de atores comerciais”, lembra Jomar.

Além das peças, os combustíveis renováveis

são também undamentais para reduzir o im-

pacto causado pelos veículos. Novas ideias es-

tão sendo estudadas, como o uso de hidrogênio

e os veículos híbridos (com um motor movidoa combustão e outro movido a eletricidade

atuando juntos), mas, no Brasil, isso ainda não

é comum. Antônio Moreira, proessor do Depar-

tamento de Engenharia Mecânica da Escola de

Engenharia de São Carlos (EESC/USP), acredita

que o problema não está apenas em trazer a

tecnologia: “A difculdade é inerente à viabilida-

de técnica e econômica dessas alternativas. O

hidrogênio não existe livre na natureza; precisa

ser produzido. E se gasta mais energia para isso

do que se pode tirar dele. No caso dos motores

elétricos, ainda não se conseguiu resolver a

“Os cabeçotes

dos motores, por

exemplo: feitos de

plástico, reduzem

muito o pesodos veículos e,

consequentemente,

melhoram o

desempenho”

 Jomar Napoleão da Silva,

vice-diretor do Comitê

de Veículos de Passeio da

Sociedade de Engenheiros

da Mobilidade (SAE Brasil)

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questão dabaixa autono-

mia dos veículos.”

Mesmo sem carros elé-

tricos, o Brasil se destaca no cená-

rio mundial por apresentar soluções em

combustíveis renováveis. Segundo o proessor

Moreira, os primeiros estudos datam da década

de 30, quando o engenheiro Eduardo Sabino

de Oliveira converteu mais de 70 motores para

o uso de álcool no Instituto Nacional de Tecno-

logia do Rio de Janeiro. Quatro décadas depois,Oliveira, juntamente com os proessores Ur-

bano Ernesto Stump e Romeu Corsini, da

EESC/USP, participou do processo que

levou o governo brasileiro a criar

o Programa Nacional do Álcool

(Proálcool), em 1975. Os primeiros

carros nacionais movidos a etanol e

gasolina, os chamados “fex”, oram

lançados em 2003.

Inovações do setor automobilístico

geralmente são apresentadas nos chamados

“carros-conceito”, veículos que raramente che-

gam às linhas de montagem, mas que apre-

sentam possibilidades de uso para as novas

tecnologias. Uma das atrações do último Salão

do Automóvel, em 2008, oi o Fiat Concept Car

II (FCC II). Com um motor elétrico, ele é capaz

de andar até 100 quilômetros sem precisar de

recarga. A Fiat também usou essa tecnologia

para a produção de dois outros veículos elétri-

cos, em parceria com a Itaipu Binacional. Um

deles já está disponível para venda no mercado

brasileiro (ver box na pág. 23). O revestimentodos bancos possui 30% de poliol, uma bra eita

a partir de óleo de soja reciclado. Segundo a

empresa, a mesma tecnologia já é usada em

todos os bancos dos veículos de série, mas em

menor proporção.

Só produzir carros mais ecientes, no en-

tanto, não signiica danos menores ao meio

ambiente. A proessora do curso de Engenharia

Ambiental da Universidade do Sul de Santa Ca-

tarina (Unisul), Ivete de Fátima Rossato, ressalta

que “os impactos se iniciam já na abricação dos

veículos e de todos os seus componentes, na

instalação da inraestrutura

necessária para sua produção”.

Alguns exemplos das montadoras

mostram que elas têm consciência disso,

investindo em diversas ações de sustentabilida-

de e preservação dentro de suas ábricas.

HONDA

A empresa japonesa Honda, que tem ábri-

cas de motos no País desde

1976 e de veículos desde

1997, investe principalmente

em ações de gerenciamen-

to de resíduos. De acordo

com a montadora, mate-

riais como areia de undi-

ção, madeira, aço, alumínio

e papel se transormam emmatéria-prima para reutiliza-

ção interna e externa. Na sede

administrativa da empresa e nas

ábricas, todo o lixo é separado e recolhido por

uma empresa especializada em reciclagem.

Além disso, a ábrica de motocicletas desen-

volveu um sistema de transporte por meio de

racks retornáveis. Isso acabou com a necessi-

dade de se embalar as motocicletas e resultou

na diminuição de resíduos provenientes do

método antigo.

Também existe um programa decerticação da Honda para suas con-

cessionárias. Aquelas que seguem

uma série de normas para descarte e

recolhimento de todos os seus resídu-

os recebem um selo de identicação

da ábrica.

FORD

Mais antiga montadora a se instalar

no Brasil, a norte-americana Ford pro-

move diversas atividades internas e externas.Dentre elas, a coleta do óleo vegetal de cozinha

dos restaurantes das ábricas. Todo o material

é destinado à reciclagem. Fora isso, a empresa

também investe em tecnologias renováveis,

como o uso da bra de sisal para a produção

dos painéis de portas e dos consoles centrais

dos veículos.

Como atividade externa, a montadora pro-

move anualmente o Prêmio Ford de Conserva-

ção Ambiental. Essa premiação abrange diversos

setores da sociedade, entre escolas, desenvol-

vedores de produtos e ornecedores.

CG 150 Titan Mix EXe NXR 150 Bros Mix,ambas da Honda

 

Principais gasesresponsáveispela poluição

do ar

- Monóxido de carbono(CO): gás incolor;- Dióxido de nitrogênio (NO

2):

gás marrom avermelhado;- Dióxido de enxofre (SO

2):

gás incolor com forte odor;- Dióxido de carbono (CO

2); e

- Hidrocarbonetos

      D      i    v    u      l     g     a     ç      ã     o

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RENAULT

Ao todo, 60% da área do complexo industrialda Renault do Brasil, em São José dos Pinhais

(PR), é de preservação permanente. A empresa

investe em programas de restauração e ma-

nutenção da mata nativa e do ecossistema ao

redor de sua ábrica. Essa iniciativa já rendeu

diversos prêmios para a empresa. Além disso,

há investimentos em reciclagem e reaprovei-

tamento de recursos.

Outra iniciativa é quanto ao descarte de seus

produtos. A montadora rancesa possui no com-

plexo industrial uma área exclusiva para desmon-

tagem de veículos ora de uso. Todas as partes

recicláveis, como metais e plásticos, são destinados

à abricação de novas peças para veículos. Ao mes-

mo tempo, a empresa investe em tecnologias de

reuso de outros produtos. Os revestimentos dos

carpetes e bancos dos veículos são produzidos a

partir de garraas PET recicladas.

AUTOMOTIVOS

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22

VOLVO

Os suecos da Volvo produzem caminhõese ônibus em suas ábricas no Brasil. Em todo o

mundo a empresa investe no desenvolvimento de

veículos mais ecientes, motores híbridos e menos

poluentes. Aqui, porém, seus investimentos são

voltados para a redução de gastos com energia e

diminuição de resíduos em suas ábricas.

Destaca-se também uma iniciativa de reu-

tilização de peças. As concessionárias da Volvo

contam com um programa de remanuatura de

peças, em que as partes avariadas são utilizadas

como parte do pagamento na compra de uma

equivalente, remanuaturada.

TOYOTA

Assim como a Renault, a ábrica da Toyota

também possui uma grande área de preservação

ambiental, de cerca de 450 mil metros quadrados.

Ações para reduzir o gasto de energia são adotadas

em todas as áreas da empresa.

Apoios institucionais para pro-

 jetos de preservação azem par-

te dos gastos da empresa com

atividades socioambientais. Um

exemplo disso é a parceria com

o Projeto Arara Azul, que visa apreservação das aves do Panta-

nal sul-mato-grossense.

De acordo a montadora, o

processo de desenvolvimento

de seus veículos também leva

em conta a capacidade de reci-

clagem de seus componentes.

Isso ocorre, por exemplo, no

recolhimento de baterias usa-

das: o mesmo caminhão que

entrega as novas peças na lojarecolhe as antigas.

MOTORISTAS BUSCAM

CARROS MENOS POLUENTES

Os consumidores se mos-

tram preocupados com o quanto

seus carros poluem. A conclusão

é do projeto lançado pela Fiat

O sonho de Fragassi O debate sobre como diminuir a poluição gerada pelos veículos é intenso no meio

acadêmico. Além da EESC/USP, outras instituições e pesquisadores independentesbuscam criar soluções para tornar os veículos mais efcientes, que se aproximem

do mínimo de emissões possível. O proessor Leone Fragassi é um exemplo. Desde

1985, quando se ormou designer, ele tenta criar um veículo que atenda as principais

necessidades do consumidor e que não agrida o meio ambiente. “Meu projeto de

graduação, na época, tratava de um veículo urbano de dois lugares com mecânica

de Fusca para atender a demanda de transporte adequado ao uso urbano. Segundo

minhas pesquisas, a média de pessoas que ocupavam os carros nos horários de

 pico era de 1,8 pessoa, ato que não mudou muito até hoje.” 

O pequeno carro recebeu o nome de Fragale. Tinha cerca de três metros de

comprimento, carroceria em fbra de vidro, lugar para duas pessoas e pesava

340 quilos a menos que um Fusca. “Utilizei o carro por uns cinco anos, até o dia

em que uns vândalos puseram ogo nele, ato que, até hoje, não compreendi”,

conta Fragassi.

Há sete anos que Fragassi desenvolve o projeto de um veículo elétrico. Feito para

um ocupante, o carrinho já recebeu diversos prêmios de design. Em 2004, o pro-essor inscreveu o primeiro carro desenvolvido por ele e seus alunos. “Construímos

um carro elétrico a partir de um kit elétrico de cadeira de rodas ‘emprestado’.

Testamos e homologamos o modelo no campo de provas da GM. O protótipo

andou por 3 horas na pista de testes, a uma velocidade média de 40 km/h. Até

hoje afrmo para a Dreambike, doadora do kit, que oi a cadeira de rodas mais

rápida do Brasil.” 

 A ideia do pequeno carro cresceu e chegou a ganhar 

uma versão híbrida, com um motor de motocicleta

e um motor elétrico uncionando juntos. Segundo

Fragassi, o modelo alcançou a marca de 113 qui-

lômetros por litro de gasolina. O objetivo agora é

 produzir uma versão elétrica revestida de células

otovoltaicas. A difculdade, que persiste desde

o Fragale, é conseguir patrocínios para tirar as

ideias do papel. “Venho construindo esses car-

ros com orçamento próprio e material doado

 por algumas empresas do setor plástico, que

sempre acreditaram no desenvolvimento

de veículos experimentais sustentáveis esupereconômicos”, diz.

Renault do Brasil: linha de produçãono Complexo Ayrton Senna

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Ecologicamente corretos

TOYOTA PRIUS: O modelo da montadora japonesa é sucesso de vendas nos Esta-

dos Unidos e em vários países da UniãoEuropeia. A versão 2010 combina um motor

1.8 a gasolina e um motor elétrico. Em baixasvelocidades, apenas o motor elétrico funciona. À medida que o mo-

torista aumenta a aceleração, o motor convencional é ativado e uma parte desua energia vai para as rodas, enquanto outra parte recarrega a bateria. Quandoo freio é ativado e o carro para, automaticamente o motor a gasolina é desligadopara economizar combustível. Nos EUA, o preço inicial do híbrido é de US$ 22,8mil. Para os padrões de lá, o Prius não está na categoria dos carros populares,apesar de fazer cerca de 30 quilômetros por litro de gasolina.

CHEVROLET VOLT: Lançado como carro-conceito em2007, deve chegar às ruas americanas no próximo ano. OVolt possui uma bateria capaz de fornecer energia para ro-dar até 64 quilômetros, podendo ser recarregado em qual-quer tomada. E, se a bateria acabar no meio do passeio,não há motivo para desespero: um gerador a gasolina podecarregar novamente a bateria e estender a viagem por mais 420 quilômetros.

HONDA FCX CLARITY: Também é um carro elétrico,

assim como o Volt. Mas no lugar do gerador a ga-

solina, o que vem no Honda unciona com cé-

lulas de hidrogênio. O resultado da queima

desse gás resulta em vapor d’água. A Honda

do Brasil diz que ainda não tem previsão de

azer carros com essa tecnologia no Brasil, nem de importar o FCX Clarity, devido ao

elevado custo que o carro teria aqui. Além disso, a montadora alega que demoraria

muito até existir uma rede de postos de combustíveis com hidrogênio.

FIAT PALIO WEEKEND ELÉTRICO: Só há 21 deles noBrasil e todos rodam na região da Usina Hidrelétrica

de Itaipu. O motivo: esse carro elétrico nasceu de

uma parceria entre a Fiat, a Itaipu Binacional e a

empresa suíça KWO. Ele possui um motor elétrico que

o leva a velocidades de, no máximo, 100 km/h e sua autonomia chega a 120

quilômetros. Dentre as vantagens estão o custo baixíssimo para se carregar a bate-

ria e um silêncio interno que dá inveja a modelos de luxo, pois só se ouve o barulho

do contato dos pneus com o piso. O problema, porém, é o preço: cada um custou

cerca de R$ 140 mil para ser produzido.  

IVECO DAILY ELÉTRICO: Assim como o Palio

Weekend, o pequeno caminhão de uso urbano

também oi desenvolvido em parceria com a

Itaipu Binacional. Este, porém, já está disponí-

vel no mercado. Seu motor possui autonomia

de 100 quilômetros e utiliza uma tecnologia semelhante à de carros de Fórmula 1 para

armazenar energia durante as renagens. Com um chassi cabine dupla, pode transpor-

tar até seis passageiros e 2,5 toneladas de carga. Tudo isso com velocidade máxima de

85 km/h. Ele pode ser recarregado em qualquer tomada 110 ou 220 volts.

GURGEL ITAIPU: João Conrado do Amaral Gurgel oi um dos principais sonhadores

no que diz respeito à abricação de automóveis no Brasil. Em 1974, ele apresentava o

primeiro projeto de um carro elétrico na América Latina. O Itaipu recebeu o nome em

homenagem à usina. A revista Quatro Rodas o caracterizou como um “trapézio sobre

rodas”. A carroceria do Itaipu era de fbra de vidro e sua velocidade máxima não passa-

va dos 50 km/h. Mesmo assim, o projeto deixou uma semente, que oi retomada anos

depois, com o lançamento de uma minivan que oi comercializada pela Gurgel.

para a construção de seu terceiro carro-conceito,

o FCC III. Em outubro passado, a empresa lançou

uma campanha na internet convidando os clientes

a darem sugestões para a criação do projeto.

O site www.fatmio.cc está disponível em três

idiomas e já recebeu ideias de pessoas de mais

de 40 países, entre eles Alemanha, França, Japão,México, Laos e Vietnã, além do Brasil. Segundo o

levantamento eito pela montadora, os clientes

buscam um carro urbano, compacto, econômico e

que utilize energia limpa e materiais ecológicos. O

projeto nal do FCC III deve ser apresentado ainda

neste ano, no próximo Salão do Automóvel de São

Paulo. Os direitos de criação do carro oram lança-

dos sobre o sistema Creative Commons, sendo to-

talmente livres, ou seja: as tecnologias do próximo

carro poderão ser utilizadas e apereiçoadas até

por outras montadoras, sem qualquer custo.O proessor de design Leone Fragassi (leia

mais na página ao lado) acredita que “muitos mo-

toristas estão cientes dos danos ambientais que

os carros à combustão causam, mas ainda não

têm uma segunda opção nas lojas”. Segundo ele,

altam incentivos governamentais, na orma de

créditos bancários e redu-

ção de impostos, para

m o d e l o s

de emissão

zero. No ano

p a s s a d o ,

a H o n d a

lançou no

m e r c a d o

norte-ameri-

cano um ve-

ículo movido a

hidrogênio, que emite apenas vapor

d’água pelo cano de descarga. No Brasil,

porém, o carro não deve chegar tão cedo.

A empresa alega que o custo ainda é muito

elevado para o mercado nacional e enxergaaqui maior diculdade de se ter uma inraes-

trutura de postos de abastecimento.

Enquanto outros modelos não chegam ao

País, algumas medidas podem ser tomadas pelos

motoristas que se preocupam com o meio am-

biente. Basta seguir algumas dicas do proessor

Antônio Moreira, da EESC/USP: “Os proprietários

de veículos antigos podem contribuir para um

meio ambiente melhor azendo a manutenção

regular de seus veículos, trocando velas de igni-

ção, reparando carburadores, ajustando o ponto

de ignição, entre outras medidas”.

Fiat FCC II

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RODANDO TECNOLOGIA C

COLETA NÃO AGRESSIVA E EFICIENTE

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MERCADO DE TRABALHO

Profssionais têm um grande leque de possibilidades de atuaçãoe já contam com três décadas de regulamentação no Brasil

Tempo bom para os

meteorologistas

Estamos sujeitos aos dias de chuva, de sol, às

mudanças bruscas de temperatura, às ações dovento, à agitação do mar. Parar para ver a previsão

do tempo nos telejornais tornou-se algo tão roti-

neiro que parece não mais despertar a curiosidade

sobre os bastidores da transmissão. “Mesmo nos

dias atuais, em que o meteorologista está ganhan-

do cada vez mais espaço nos dierentes setores da

sociedade, o reconhecimento do prossional está

sempre relacionado à previsão do tempo, se vai

chover ou não. Na verdade isso mostra o quão a

prossão é desconhecida no seu caráter interdis-

ciplinar, que aborda ísica, matemática, química,

astroísica, oceanograa, geograa e computação”,

arma Lincoln Alves, meteorologista e vice-diretor

nanceiro da Sociedade Brasileira de Meteorologia

(SBMET). Ele diz ainda que a alta de conhecimento

acerca das atribuições desse prossional muitas

vezes acaba dicultando sua inserção no mercado

de trabalho, e cita como exemplo os concursos

públicos que mencionam o engenheiro agrícola

em lugar do meteorologista para uma vaga de

climatologia agrícola.

A importância de entender os sinais meteo-

rológicos vai além das situações do cotidiano. “A

capacidade de prever o tempo e o clima é essencial

para um país como o Brasil, seja pela sua extensãoterritorial, pela atividade econômica baseada na

agricultura, na pecuária e na pesca, como tam-

bém para garantir a segurança alimentar através

de uma previsão de sara conável, utilizando os

conhecimentos e a tecnologia à disposição da

meteorologia”, esclarece Luiz Cavalcanti, chee do

Centro de Análise e Previsão do Tempo do Instituto

Nacional de Meteorologia (Inmet). As previsões

meteorológicas são relevantes também para di-

minuir os eeitos de catástroes naturais, uma vez

que o atual cenário de mudanças climáticas alerta

os prossionais para a requência cada vez maior

de enômenos como ventos intensos, tornados,

tempestades e enchentes.

Parte das ciências naturais, a meteorologia,

ou ciência atmosérica, engloba tanto o tempo

quanto o clima e compreende aspectos ísicos,

dinâmicos e químicos da atmosera. Lincoln ex-

plica a base que adquire quem ingressa no curso:

“O prossional meteorologista tem uma sólida

ormação cientíca e prossional, que o capacita

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26

Por Arielli Secco

Caderneta de Antonina

O Inmet reúne 12 milhões de documen-tos com os mais antigos registros mete-orológicos do Brasil. Eles constituem amemória do clima no País. É intenção doinstituto digitalizar todos esses dados edisponibilizar todas essas observaçõesmeteorológicas. A caderneta ao ladocontém registros eitos na Estação deAntonina (PR) em junho de 1884, antesmesmo do Inmet ser criado.

“A simples

capacidade deprever o tempo e

o clima é essencial

para um país

como o Brasil,

seja pela sua

extensão territorial,

pela atividade

econômica

baseada na

agricultura,

na pecuária

e na pesca,

como também

para garantir

a segurançaalimentar através

de uma previsão

de sara confável”

Luiz Cavalcanti,

chefe do Centro de

Análise e Previsão do

Tempo do Inmet

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a absorver e desenvolver novas tecnologias, que

lhe possibilita gerar, analisar e interpretar inor-

mações meteorológicas e climatológicas para

aplicação nos diversos ramos das geociências,

com visão crítica, criativa, ética e humanística,

voltada às demandas sociais”.

O Instituto Nacional de Meteorologia admi-

nistra mais de 400 estações no País, distribuídasentre dez distritos regionais. A sede onde se con-

centram todos os dados coletados está localizada

em Brasília (DF). É lá que computadores proces-

sam números relacionados a medição de ventos,

umidade relativa do ar, precipitação, pressão

atmosérica, etc. Os resultados são equiparados a

imagens de satélite, que conerem maior precisão

às previsões de curto prazo. Novas imagens po-

dem ser geradas a cada meia hora e visualizadas

em três canais dierentes: inravermelho, visível

e vapor d’água. Outro instrumento comumenteutilizado é o radar meteorológico, que ornece

a cobertura de áreas em menor proporção, mas

que, em compensação, analisa as condições me-

teorológicas com mais rapidez.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

O meteorologista Marcelo Martins, do Cen-

tro de Inormações de Recursos Ambientais e de

Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram),

órgão ligado à Empresa de Pesquisa Agropecuária

e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), explica

que essa ciência tem vertentes bem especícas e

possibilidades de atuação que não se atêm ape-

nas à previsão do tempo de maneira simplória: “A

meteorologia tem diversos ramos. Tem a agrome-

teorologia, a hidrometeorologia, a meteorologia

aplicada à aviação militar e comercial, à navegação,

ao turismo, sempre em beneício da sociedade.”

O prossional de meteorologia, portanto, pode

trabalhar como pesquisador ou proessor, ou nas

áreas de agricultura e pecuária, gerenciamento

de recursos hídricos, biometeorologia, geração

de energia, transportes, construção e urbanismo,indústria e comércio.

Os prossionais do tempo estão sempre em

comunicação com órgãos como a Deesa Civil

e o Corpo de Bombeiros de cada região, haja

vista que a qualquer momento uma situação

inesperada pode acontecer. Diante dessa pos-

sibilidade, os devidos alertas são emitidos para

garantir a segurança da população. No caso da

Epagri/Ciram, a equipe de meteorologistas pre-

cisa estar pronta para prestar serviço ao público.

Onde trabalham, o teleone não para de tocar:

quem busca inormações ora é a imprensa, ora o

    F   o   t   o   s   :    I   n   m   e   t    /    L   u    i   z    C   a   v   a    l   c   a   n   t    i

O modelo oi desenvolvido pelo Deutscher Wetterdienst (DWD), o serviço mete-orológico alemão, e oi implementado no Inmet em dezembro de 1999, atravésde parceria técnico-científca entre as duas instituições.Utiliza uma grade com espaçamento horizontal de 25 quilômetros, com 301 pontosna direção Leste-Oeste, 301 pontos de direção Norte-Sul, 40 camadas na verticale modelo de solo de sete camadas.O MBAR é processado duas vezes ao dia (00:00 UTC e 12:00 UTC) para um períodode 120 horas de prognóstico. UTC é uma reerência padrão de horário mundial,também conhecida como Hora Média de Greenwich.As indicações do mapa acima correspondem às medições dos acúmulos de chuva,captados de seis em seis horas no dia 28 de janeiro deste ano.

Mapa Meteorológico de Precipitação (MBAR)

Centro de Previsãodo Inmet

Estações de mediçãoautomática e convencional

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MERCADO DE TRABALHO

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28

Links:www.inmet.gov.brwww.sbmet.org.br

www.epagri.sc.gov.brwww.wmo.int

pescador, ora o turista, ora o comerciante. Além

desse atendimento, vários boletins são divul-

gados na internet, com análises mais precisas

das previsões.Com o desenvolvimento das tecnologias que

auxiliam nas medições, os acertos tornaram-se

mais constantes e proporcionaram credibilidade

à meteorologia. A chance de acerto na previsão

para um período de cinco dias, por exemplo, é

de 90%. Para duas semanas, é de 70%, e para

um mês, cai para 50%. Marcelo também destaca

o reconhecimento que a meteorologia adquiriu

no mundo, visto que, desde 1950, a Organização

Mundial da Meteorologia (OMM) az parte dos

organismos internacionais especializados da Or-ganização das Nações Unidas. “A OMM é o órgão

vinculado à ONU que garante que tudo seja eito

de modo padronizado e contempla tudo o que está

relacionado ao clima e ao tempo no mundo”.

MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL 

O exercício da prossão de meteorologista é

regulamentado pela Lei 6.835/80. Lincoln Alves

constata que o surgimento de vagas no Sul e Su-

deste é predominante, já que nas outras regiões do

País há pouco investimento nesses prossionais,

tanto por parte do governo quanto das empresas

privadas. Ele acredita que isso ocorra porque no

sul os impactos climáticos são notáveis e cons-

tantes. “No Brasil, as regiões Sul e Sudeste sorem

a infuência, no inverno, de rentes rias intensas,

que provocam geadas; e no verão, de chuvas tor-

renciais, que causam grandes transtornos, tanto

em áreas urbanas quanto rurais”.

Para Luiz Cavalcanti, a demanda por pro-

ssionais no Brasil varia de acordo com as par-

ticularidades de cada região: “O mercado de

trabalho no Centro-Oeste é ocado na expansãoordenada e com conhecimento das atividades

agrícolas; no Nordeste, direciona-se aos proble-

mas seculares das secas; no Norte, à preservação

das forestas.” 

A meteorologista Gilsânia Cruz, também in-

tegrante da equipe da Epagri/Ciram, pensa que

a visibilidade que a prossão vem adquirindo é

consequência da preocupação ambiental depois

que catástroes climáticas tornaram-se constantes

na vida dos brasileiros: “É uma ciência relativa-

mente nova no Brasil. Só agora que as pessoas

estão se dando conta do que elas têm a ganhar

com a previsão do tempo para a agricultura, para

o comércio. O espaço que temos hoje não existia

antes, e a previsão, da década de 90 para cá, me-

lhorou muito.”

Trabalhar com o tempo, principalmente hoje,

com mais possibilidades de comunicação e de

cobertura de áreas, signica estar preparado para

enrentar mudanças repentinas ou períodos de

estabilidade, chuvas de verão ou tornados. Mar-

celo Martins destaca justamente esse aspecto da

prossão: “É muito graticante porque não é uma

rotina diária. Sempre tem uma dierença de um dia

para o outro. A temperatura vai mudar, as pessoas

vão nos ligar por motivos dierentes, o mar vai

estar dierente, as ondas vão se comportar de uma

outra orma. Então, há muito o que se explorar na

previsão do tempo.”

“Só agora que

as pessoas estão

se dando conta

do que elas têm

a ganhar com aprevisão do tempo

para a agricultura,

para o comércio.

O espaço que

temos hoje não

existia antes, e

a previsão, da

década de90 para cá,

melhorou muito”

Gilsânia Cruz,meteorologista

da Epagri/Ciram

Cursos superiores no BrasilREGIÃO SUDESTE

Universidade Federal do Rio de JaneiroUniversidade de São Paulo

REGIÃO NORTEUniversidade Federal do Pará

Universidade Estadual do AmazonasREGIÃO NORDESTE

Universidade Federal de Campina Grande (PB)Universidade Federal de Alagoas

REGIÃO SULUniversidade Federal de Pelotas (RS)

Universidade Federal de Santa Maria (RS)

    F   o   t   o   s   :    A   r    i   e    l    l    i    S   e   c   c   o

Meteorologistas e técnicos emMeteorologia da Epagri/Ciram

Mapa meteorológico

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VISÃO POLÍTICA

Conceição Clemente

Qual o futuro da exploração

mineral no Brasil?Inúmeros projetos de lei envolvendo temas

de direito minerário estão em tramitação no Con-

gresso Nacional. A discussão sobre as propostas

legislativas que cuidam do marco regulatório do

pré-sal, sobretudo em matéria de participação

governamental, reavivaram os debates em torno

da mineração, não apenas em relação aos royal-

ties, mas também sobre a criação de uma agência

reguladora dos recursos minerais. Considerandoesse cenário, comento brevemente algumas das

propostas em análise no Congresso.

Em 2007, o Projeto de Lei Nº 903 pretendia

instituir a Agência Nacional dos Recursos Mi-

nerais, extinguindo o Departamento Nacional

de Produção Mineral. No entanto, o projeto

oi devolvido ao autor por contrariar dispo-

sitivo constitucional que determina ser esse

tipo de legislação de iniciativa do presidente

da República (art. 61, §1º, II, e). Por isso, não

temos elementos concretos que nos indiquem

as características e as atribuições de um uturo

ente regulador.

Apresentado também em 2007, o Projeto

de Lei Nº 2.375, que dispõe sobre o regime de

aproveitamento das substâncias minerais (com

exceção dos minérios nucleares, petróleo, gás

natural e outros hidrocarbonetos uidos e das

substâncias minerais submetidas ao regime

de licenciamento previsto no Decreto-Lei Nº

227), encontra-se atualmente em análise pela

Comissão de Trabalho, de Administração e Ser-

viço Público.Esse projeto altera o regime de aproveitamen-

to dos recursos minerais ao prever o regime de

concessão, precedida de licitação, para a pesquisa

e a lavra de substâncias minerais, nos moldes do

que ocorre no setor do petróleo (Lei Nº 9.478/97).

Não há dúvidas que o atual regime de aprovei-

tamento dos recursos minerais não atende às

expectativas do mercado nacional, não apenas

pela inexpressiva competitividade como também

pela ausência de regras (prazos, investimentos

mínimos e realização de estudos) que imponham

um maior dinamismo às atividades.

CONCEIÇÃO CLEMENTE é sócia

da área de mineração do Doria,

Jacobina, Rosado e Gondinho

Advogados Associadoswww.djrlaw.com.br

      D      i    v    u      l     g     a     ç      ã     o

Há projetos (PL 145/2007 e PL 1.117/2007)

que cuidam da majoração do percentual dos

royalties incidentes no aturamento líquido re-

sultante da venda do mineral. Há projeto que cria

uma participação especial nos casos de grande

volume de produção ou de grande rentabilidade

na exploração dos recursos minerais. Há também

os que buscam equiparar o setor de minérios ao

setor petrolíero como justifcativa para alterar

a disciplina da compensação inanceira para

exploração de recursos minerais (CFEM).

Outros projetos, não menos relevantes, estão

em pauta no Congresso. Projetos sobre a explo-

ração de recursos minerais em terras indígenas

e áreas de ronteira. Todos eles são de grande

complexidade e, por isso, necessitam ser deba-

tidos entre os diversos agentes econômicos do

setor e a sociedade.

Almeja-se a defnição dos contornos de um

novo marco regulatório minerário capaz de

incentivar a atração de investimentos, com a

previsão de regras claras e um ambiente político

estável, comparativamente aos demais paísesprodutores de recursos minerais. É isso que se

az imperioso há muito no Brasil, país de vocação

eminentemente mineral.

Pelas sucessivas interrupções e não con-

tinuidade dos trabalhos político-legislativos

aqui cogitados, vê-se que o ritmo necessário

à potencialização da dinâmica exigida para se

estabelecer um consenso mediano sobre o tema

– a atualização dos caminhos da mineração no

País – ainda está muito distante. E o uturo da

exploração mineral no Brasil também se perde na

incógnita dessas indefnições do presente.

Não há dúvidas que o atual regime deaproveitamento dos recursos minerais não

atende às expectativas do mercado nacional,não apenas pela inexpressiva competitividade

como também pela ausência de regras

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MERCADO

Aliar consciência ambiental e marketing é uma estratégia muitobem-vinda em tempos de novas atitudes empresariais

Walmart: exemplo de

consciência estratégica

O Walmart tem um histórico de atitudes

amigas do meio ambiente, sendo pioneiro em

muitas ações nesse sentido. E mais uma vez a

rede sai na rente, mostrando que é possível

congregar parceiros num objetivo comum,

visando resultados que vão além do simplesinteresse mercadológico e comercial.

Numa atitude ímpar e ousada, a empresa

buscou alguns de seus ornecedores com uma

ideia interessante, mas talvez arrojada demais

aos olhos da maioria. Dez desses parceiros abra-

çaram a proposta, que previa a criação de um

espaço dierenciado nas lojas de toda a rede,

onde, com comunicação própria, produtos dis-

tintos dos demais ganhariam um tipo de “selo

verde”. Os produtos que azem parte desse es-

paço oram selecionados em unção de terem

em sua ormulação, embalagem ou processo   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

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30

Por Susi Guedes

produtivo algo que os liga ao conceito de sus-

tentabilidade ou consciência ecológica.

As empresas que aderiram ao projeto mos-

traram-se empolgadas com o desaio e con-

antes nos resultados. Cada empresa ocou aprincípio em um produto especíco, novo ou

 já existente, o qual oi desenvolvido, adaptado

ou melhorado para atender ao conceito original

proposto pelo Walmart. A relação custo x be-

neício se enquadrou na proposta comercial de

todos os envolvidos, e o resultado certamente

agradou ao consumidor mais exigente.

Aqui está a relação dos primeiros produtos

dessa ação, os quais já se encontram disponí-

veis em toda a rede. É possível observar que o

conceito de responsabilidade ambiental é bas-

tante amplo e que detalhes azem a dierença.

Diminuir embalagens, o consumo de energia

e de água, trocar matérias-primas, incorporar

elementos recicláveis ou reciclados, incentivar

a reutilização, criar postos de coleta, dar pre-

erência aos produtos orgânicos e certicados,

entre tantas outras ações, algumas mais simples,

outras que demandam investimentos mais vul-

tosos, trazem consigo retorno a médio e longo

prazos, além do mais importante, que é a vonta-

de de mudar conceitos e de quebrar paradigmas.

Essa é a mais admirável característica da açãocomandada pelo Walmart e acompanhada pelas

empresas participantes.

Sabão TopMax 

Conscientização e engajamento de clientes,

uncionários

e parceiros

para a sepa-

ração e des-

tinação cor-

reta do óleo

de cozinha

usado; criação de um processo

de logística reversa para esse

mesmo óleo coletado nas lo-

 jas participantes; utilização de

20% do óleo de cozinha recicla-do para a abricação do sabão;

aumento do número de pontos

de coleta de óleo vegetal nas

lojas Walmart; oerecimento de

um produto mais sustentável

e com preço 20% menor para

o consumidor.

Esponja de banho Curauá 

Consumo 44% menor de ma-

téria-prima na produção das

embalagens doproduto e das

caixas de trans-

porte; redução

de 32% na gera-

ção de resíduos

sólidos, devida ao

desenho inovador

da esponja, que

permite um melhor

aproveitamento da

manta de ibra;redução de 52%

no consumo de

energia elétrica

no processo industrial; simpli-

cação do material de emba-

lagem para acilitar o processo

de reciclagem; incorporação de

42% de matéria-prima de on-

te renovável (bra de curauá e

cordão de algodão); aumento

de198% no uso de material re-

ciclado com a adição de bras

Héctor Núñez,

presidente e CEO

do Walmart Brasil

    E   u   g    ê   n    i   o    G   o   u    l   a   r   t

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Cada empresa

envolvida no

projeto ocou

a princípio em

um produto

específco, novoou já existente,

o qual oi

desenvolvido,

adaptado ou

melhorado

para atender ao

conceito original

proposto peloWalmart

PET e de papelão 100% recicladas; uso de ma-

téria-prima certicada pelo Conselho Brasileiro

de Manejo Florestal para produção das caixas

de papelão para transporte dos produtos.

Óleo de Soja Liza Redução de 26% no consumo de água e de 18%

no consumo de energia elétrica na produção

das garraas plásticas; redução de 35% na

quilometragem rodada por caminhões

para o transporte de produtos até os

centros de distribuição do Walmart

Brasil com a otimização de viagens;

redução de 56% no consumo de com-

bustíveis ósseis por meio da troca de

parte da matriz energética de petró-

leo para biomassa de origem contro-lada; uso de matéria-prima certicada

pelo Conselho Brasileiro de Manejo

Florestal e pelo Programa Brasileiro

de Certicação Florestal (Cerfor) na

produção das caixas de papelão dos

produtos nais; redução de 10% na

quantidade de matéria-prima plástica

necessária para a produção das embalagens do

produto; redução total de 40% nas emissões de

gases de eeito estua.

Pinho Sol 

Redução de 17% no consumo de material plás-

tico da embalagem do produto; embalagens

com material PET 100% reciclado,

sendo 90% pós-consumo e 10%

pré-consumo; redução de 15%

da gramatura da tampa com

a retirada do selo de vedação,

acilitando também o proces-

so de reciclagem; utilização

de 45% de papelão reciclado

pós-consumo nas caixas detransporte, resultando em uma

economia de 416 toneladas de

matéria-prima virgem por ano;

reuso de 3% da água e redução

de 6% no consumo de energia

durante o processo produtivo;

100% de utilização de papel

certiicado pelo Conselho Bra-

sileiro de Manejo Florestal na produção dos

rótulos; utilização de essências provenientes

de ornecedores certicados de acordo com a

norma ISO 14001.

Matte Leão Orgânico 

Uso de 100% de erva-mate orgânica, certica-

da pela Ecocert e pelo Instituto Biodinâmico

(IBD Certicações), atestando a não utilização

de ertilizantes químicos ou pesticidas no seu

cultivo; uso de material100% reciclado na em-

balagem do produto,

sendo 30% reciclado

pós-consumo; redução

da emissão de CO2

no

transporte da erva-

mate pelo uso de 10%

de biodiesel; redução

de 90% na quantidade

de tinta de impressão

da embalagem; 93% de redução na emissãode compostos orgânicos voláteis (COV) com

o uso de tinta de impressão com baixo teor

desses compostos; comunicação na embala-

gem sobre o aproveitamento do resíduo do

chá como adubo orgânico e sobre o ciclo de

vida do produto, desde a produção até sua che-

gada ao consumidor nal; redução de 23% no

consumo de energia e de 36% no consumo de

água durante o processo produtivo; utilização

de caixas de transporte eitas com matéria-

prima certicada pelo Conselho Brasileiro de

Manejo Florestal.

Band-Aid 

Redução de 18% no uso de matérias-primas para

a embalagem, que é eita de 30% de matéria-pri-

ma reciclada pós-consumo, representando uma

economia de mais de 32 milhões de embalagens

que utilizariam matéria-pri-

ma virgem em sua produção;

utilização de 40% de maté-

ria-prima reciclada pós-con-

sumo na caixa de transportedo produto, representando

um ganho equivalente a 1,8

milhão de caixas de papelão;

redução de 2 mil toneladas

por ano de material em perdas no processo de

produção e redução de aproximadamente 1,2

mil megawatt-hora (MWh) por ano de energia;

reciclagem de 50 toneladas por ano de resíduos

de papel siliconado, que deixam de ser encami-

nhados para aterros industriais; redução de 11,6

mil quilômetros em transporte de contêineres

de produtos no Brasil e América Latina, devi-

da à redução da embalagem;

redução de 3.228 paletes e de

72 contêineres por ano para o

transporte de produtos para

os Estados Unidos e Canadá,

devida à redução da embala-gem; redução das emissões de

CO2, devida ao menor uso de

energia no processo produti-

vo e no transporte; redução

das emissões de CO2, devida

à menor quantidade de resí-

duos de celulose pós-consumo

nos aterros.

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Água Pureza Vital 

Redução do consumo de material plás-

tico utilizado nas garraas de água

sem gás, sendo 36% de redução na

massa das tampas das garraas, 25%

de redução nas garraas de 300 ml e

3% nas de 510 ml e de 1,5 litro; redu-

ção do consumo de material plástico

utilizado nas garraas de água com

gás, sendo 25% de redução na mas-

sa das tampas das garraas, 25% de

redução nas garraas de 300 ml, 22%

nas garraas de 510 ml e 19% nas de

1,5 litro; eliminação de pigmentos

das tampas, acilitando a recicla-

gem e agregando valor na cadeia do

pós-consumo; redução no consumo de água, de26% em São Lourenço (MG) e 51% em Petrópolis

(RJ); redução de 9% no consumo de energia

em São Lourenço; eliminação do pigmento das

garraas de Pureza Vital e Petrópolis, acilitando

a reciclagem e agregando valor na cadeia pós-

consumo; redução de 18% no consumo de plás-

tico shrink (“termoencolhível”) da embalagem;

redução de 25% na massa de papelão utilizada

na paletização; redução de 31% no consumo

do plástico (stretch flm) que envolve os paletes;

rótulo mais ácil de ser removido no pós-con-

sumo, acilitando sua reciclagem; uso do braile

MERCADO

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nas garraas, para que possam ser identifcadas

por consumidores com necessidades especiais;

capacitação de 70 educadores da rede escolar de

São Lourenço, para que divulguem os conceitos

de educação ambiental.

Amaciante Comfort Concentrado 

Redução de 63% no consumo de

papel para as caixas de papelão

utilizadas no transporte e distri-

buição do produto; redução de

37% no consumo de plástico

para a embalagem; redução no

consumo de energia para pro-

dução e transporte de produ-

to; redução do uso de água na

ormulação do Comort Con-centrado; redução de 37% na

quantidade de resíduo sólido

no pós-consumo.

Toddy Orgânico 

Utilização de 100% de cacau e açúcar orgâni-

cos certiicados; uso de ma-

terial 100% reciclado para a

produção de rótulos (75% a

80% pré-consumo e 25% a

30% pós-consumo); uso de

matéria-prima certicada pelo

Conselho Brasileiro de Manejo

Florestal para produção do

rótulo; redução da emissão de

gases de eeito estua; elimi-

nação do uso de queimadas

para a colheita da cana-de-açúcar utilizada na

produção do Toddy Orgânico.

Pampers Total Confort

Redução de 30% no uso de polpa de celulose;

redução de 7,5% no volume, pela compactaçãoda embalagem e do produto; redução de 7% no

peso total da ralda, resultando em menor gera-

ção de resíduos pós-consumo; aumento de 25%

na eciência do transporte do produto, devido

a sua compactação; redução

de 9% no consumo de energia

utilizada na produção da ralda;

redução de 10% nas emissões

de CO2, devida ao menor uso

de energia no processo produ-tivo e no transporte.

Detalhar cada resultado é

um incentivo para que outras

empresas empreendam me-

lhorias no sentido da susten-

tabilidade, e conrma que, na

prática, não se deve esperar

mudanças vindas do poder

público, que parece não con-

seguir chegar a um consensosobre a questão. As mudanças

ambientais de peso passam

necessariamente pela econo-

mia de mercado. Os preços -

nais ao consumidor não apre-

sentam grandes variações, e

mesmo que apresentassem, o

consumidor consciente diz não

se importar em pagar mais se

considerar que está agindo em

beneício do planeta.

Encantados com o projeto

e vislumbrando os beneícios

às suas empresas e ao meio

ambiente, novos parceiros já

maniestaram desejo de parti-

cipar dele. Os que já participam

planejam inserir outros produ-

tos nos “espaços verdes” da rede

Walmart. As empresas que arão

parte da nova etapa são: Am-

Bev, Bunge, L’Oréal, Cadbury,

Danone, Kimberly-Clark, ReckittBenckiser, Santher, Mars Brasil,

Whirlpool, Sara Lee e Philips. O

mercado aguarda ansioso por

elas e seus lançamentos.

De maneira generosa, o

Walmart não restringe a venda

desses produtos à sua rede. En-

tão, espera-se que muitas outras

corporações venham a aderir ao

projeto. Ganha quem az, quem

vende, quem compra. E o pla-

neta também, é claro.

    E   u   g    ê   n    i   o    G   o   u    l   a   r   t

Daniela de Fiori, vice-presidente de

Sustentabilidade do Walmart Brasil

    F   o   t   o   s   p   r   o    d   u   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

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34

CONSUMO CONSCIENTE

As carteiras eco-friendly são elaboradas commaterial reciclável para tornar os bolsosmais práticos e modernos. Feitas em papelultrarresistente, as carteiras Mojo, criadas pelodesigner Pedro Gerab, não rasgam e nem seestragam com água. Leves, possuem seis bolsospara acomodar melhor todos os pertences semazer muito volume. Estão disponíveis em trêsmodelos, assinados por alguns dos ilustradores eartistas plásticos mais bacanas da atualidade:Carlo Giovani, Mulheres Barbadas e Wagner Pinto.www.supercoolmarket.com.br

Durante o período de volta às aulas, os biscoitosTrakinas e a Faber-Castell azem a promoção “Voltaàs Aulas com Trakinas”. A cada R$ 6 em compras de

produtos Trakinas, o consumidor ganha um Kit EscolarFaber-Castell, composto por um estojo com 6 EcoLápis

bicolores (12 cores), 2 EcoLápis grate, 1 apontador e 1

borracha. A promoção, válida de 19/1 a 15/2, aconteceem 500 lojas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.Todos os EcoLápis comercializados pela Faber-Castell

são produzidos com madeira 100% reforestada ecerticados pelo FSC (Forest Stewardship Council).

www.aber-castell.com.br

A Joyul, marca de roupas emininas,reorça as questões sustentáveis na

moda. As peças são eitas à base detecidos naturais ou ecologicamentecorretos: bras de celulose da marca

Tencel; algodão orgânico oriundoda agricultura amiliar (sem

utilização de agrotóxicos);seda, linho e pele de peixe deprocedência regulamentada.O tingimento é eito comtintas que têm em suabase extratos vegetais ouminerais ou pigmentosnaturais (pau-brasil,açarão, acácia e nogueira).Até o amaciamento do

tecido é natural, utilizandomanteiga de cupuaçu.

Coerente com esse conceito,até a loja oi reormada deacordo com os parâmetrosde green building.www.joyulsustentavel.com.br

A Glisser desenvolveu produtos dehigiene pessoal ecologicamentecorretos e que não pesam no bolso.Os sabonetes da marca cariocasão 100% naturais e eitos com osmelhores óleos essenciais, que

promovem limpeza, nutrição ehidratação para todos os tipos depele. As embalagens dos produtosGlisser são recicláveis e a empresaorgulha-se por não realizar testesem animais.www.glisser.com.br

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

Os tacos de madeira ganharam versãoecológica. A linha Ecomadeiras, da Lepri, trazpisos de cerâmica eitos a partir da reciclagemde lâmpadas fuorescentes descartadas, oque ajuda na preservação do meio ambiente.Padronagens Embuia e Cerejeira.www.lepriceramicas.com.br

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Germinar : Histórias de 

T ransf ormação reúne his tórias 

de dez pro ssionais dos 

es tados do Ceará, Pernambuco, 

Bahia, Minas Gerais, Rio de 

Janeiro, São Paulo e San ta 

Ca tarina que par ticiparam 

do Programa Germinar e 

 tornaram-se mul tiplicadores 

em suas regiões. São indi víduos que a tuam

 

como líderes vol tados ao 

desen vol vimen to de pessoas,

grupos e organizações. 

Criado em 2002, o programa é 

desen vol vido pelo 

Ins ti tu to EcoSocial.

 w w w.ecosocial.com.br

O livro FunçãoSocial do Direito 

 Ambiental, coordenadopor 

Maurício Mo ta, é compos to por 

 te x tos elaborados a par tir das 

re fe xões e pesquisas cien tí cas 

desen vol vidas no Programa 

de Pós-Graduação emDirei to 

da Faculdade de Direi to da 

UERJ (Mes trado e Dou torado ) 

– Direi to da Cidade.  Di vidida 

emduas par tes, a obra aborda 

assun tos  variados, como Direi tos 

In telec tuais Cole tivos e Função 

Social da Propriedade In telec tual, 

e Conhecimen tosTradicionais 

Associados à Biodi versidade. 

 w w w.campus.com.br

A Zig Zag Shoes acaba de trazer a coleção de tênis estilizadosda marca Öus, empresa 100% brasileira que tem uma grandepreocupação ambiental. Seus produtos são abricados a partir

de garraas PET e tecidos provenientes de brechós. Além da altaresistência e durabilidade, os tênis possuem estampas exclusivasassinadas pelo artista Rimon Guimarães e versões inspiradas noskatista Giancarlo Niccarato. www.zigzagshoes.com.br

A Cassiopéia coloca no mercadoa BioWash, uma linha de lava-louças biodegradáveis quetem entre seus dierenciais anão utilização de matérias-primas petroquímicas, o que lhegarantiu o selo natural do IBD(Instituto Biodinâmico). Alémdisso, suas órmulas contêm

 Aloe vera orgânica, corantesnaturais e óleos vegetais.www.cassiopeiaonline.com.br

A lavadora Blue Touch, da Electrolux, possui painel digital acionadocom apenas um leve toque, levando a tecnologia dos aparelhoseletrônicos de uso pessoal para os eletrodomésticos. Altamenteresistente e seguro, o painel é impermeável e de ácil manuseio eprogramação. Com capacidade para 12 quilos, a lavadora conta coma unção “nível automático de água”, que ajuda a evitar o desperdício.

www.electrolux.com.br

A Brasil e Cia, loja de artesanato popular que ca emIpanema, no Rio de Janeiro, reúne artesãos que trabalhamcom materiais naturais em produção limitada e comconsciência ambiental. Há, por exemplo, bolsas e carteiraseitas com palha de taboa, planta aquática muito comumno estado de Alagoas. Vende pelo site e entrega emqualquer lugar do Brasil ou do exterior.www.brasilecia.com.br

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Quanto mais aumenta o consumo,menos espaço existe para os resíduos

O lixo nossode cada dia

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Por Tais Castilho

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

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Nas últimas décadas, a questão do lixo e sua

destinação tem preocupado governantes de

todo o mundo. Se providências urgentes não

orem tomadas, as uturas gerações podem ser

drasticamente comprometidas.

O rápido crescimento da população mundial

e, consequentemente, dos resíduos geradospor ela, exige a criação de medidas inovadoras

no sentido de abrandar, e muito, as agressões

causadas ao meio ambiente.

De acordo com a Companhia Ambiental

do Estado de São Paulo (Cetesb), cerca de 28

mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares

são produzidas diariamente só no estado. No

País, o número chega a 150 mil toneladas. Se

os resíduos não orem tratados e destinados

corretamente, podem gerar diversos problemas,

como a disseminação de doenças através devetores, a contaminação do solo e das águas

(tanto subterrâneas como as superciais), a po-

luição do ar pelo gás metano, entre outros.

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Os resíduos sólidos urbanos (RSU) abran-

gem os materiais inertes e orgânicos descarta-

dos por cada residência, comércio ou empresa

de um município.

Divididos em pelo menos quatro grandes

grupos, os dierentes tipos de RSU recebem

tratamento especíco, obedecendo as normas

estabelecidas.

Lixo doméstico: é aquele produzido nos

domicílios residenciais, tais como papéis, jor-

nais velhos, embalagens de plástico e papelão,

vidros, latas e resíduos orgânicos (restos de ali-

mentos, trapos, olhas de plantas, papel higiêni-

co e até mesmo pequenos animais mortos).

Lixo comercial e industrial: o comércio em

geral produz praticamente os mesmos resíduos

de uma residência, porém, em maior quantida-

de; supermercados e lojas produzem excessode embalagens; escritórios jogam ora muito

papel; restaurantes geram muito lixo orgânico

(restos de comida).

Os resíduos das indústrias, assim como os

do comércio, são de vários tipos (lixo dos es-

critórios, da limpeza de corredores, pátios ou

 jardins, do próprio processo de abricação). Mas

o que determina realmente a classicação dos

RSU é o setor de onde eles se originam.

Existem também os resíduos industriais es-

peciais, como explosivos, inamáveis e tóxicos,

que constituem uma categoria à parte.

Lixo público: engloba os resíduos de varri-

ção, capina e outros, originados nas ruas e praças

públicas. Mesmo que não sejam gerados pelo

poder público, passam a ser de sua responsabi-

lidade quando a população, indevidamente, os

deixa nas ruas (móveis velhos, galhos grandes,

entulhos, objetos quebrados, etc.). O ideal seriaque o poder público municipal disponibilizasse

um local próprio onde a população pudesse

despejar esse tipo de resíduo. Mais inteligente

ainda seria criar um esquema de reaproveita-

mento de resíduos por meio do qual objetos

inúteis pudessem ser transormados em algo

útil. Móveis velhos e restos de madeira seriam

utilizados em ocinas de carpintaria para a cria-

ção de móveis novos; galhos de podas serviriam

como carvão para pizzarias e restaurantes com

orno à lenha; entulhos de construção virariammaterial para a abricação de blocos, guias e

sarjetas, entre outros.

Lixo de fontes especiais: devido a carac-

terísticas próprias, merece cuidado e destino

especiais. Subdivide-se em várias categorias:

resíduos sólidos de saúde (RSS), resíduos de

construção e demolição (RCD), resíduos tóxicos,

radioativos, químicos, entre outros.

O TRAJETO DOS RSU

O consumo de produtos industrializados

tem crescido nos últimos anos, e o resultado

disso é que houve um aumento signicativo no

volume de lixo urbano. Como consequência, as

áreas para destinação de resíduos vão se tornan-

do escassas. Uma das soluções para o problema

do excesso de lixo passa necessariamente pela

mudança de hábitos da população. É preciso

que as pessoas consumam menos produtos,

que maximizem seu uso e que separem o lixo

seco (embalagens de produtos, plásticos, papéis

e vidros) passível de ser reciclado. Ou seja: é

preciso adotar a cultura do ecologicamentecorreto, que se resume, basicamente, nas pa-

lavras “reduzir, reaproveitar e reciclar ”.

A coleta dos RSU é de responsabilidade do

poder público municipal, que deve planejar

e denir como, quando e onde ela será eita.

Entretanto, é possível que ele terceirize o servi-

ço contratando empresas especializadas. Para

que o esquema de coleta realmente uncione é

preciso traçar uma estratégia, que vai desde a

otimização de áreas e horários até a destinação

nal dos resíduos.

A população deve ter conhecimento da cole-

ta em sua região, evitando que

o lixo seja depositado em dias

errados e cause transtornos a

outras pessoas e ao meio am-

biente. Isso é muito importan-

te, já que cães e gatos de rua

costumam perurar e espalhar

o lixo doméstico em busca de

alimentos. Se isso acontece, as

chuvas podem levar o lixo para

rios e mananciais, contaminan-

do-os, e também para bocas de

lobo e bueiros, entupindo-os ecausando alagamentos.

“As cidades brasileiras,

algo em torno de 5,5 mil, são

as responsáveis pelo seu lixo.

Por isso, cada município deve

resolver a questão dos resíduos

e da limpeza urbana como um

todo: capina, varrição, coleta e

outros”, ressalta Enio Noronha

Rafn, administrador de em-

presas e consultor nas áreas

de Limpeza Urbana e Meio Am-

“As cidades

brasileiras, algo

em torno de

5,5 mil, são as

responsáveis pelo

seu lixo. Por isso,

cada município

deve resolver

a questão dos

resíduos e da

limpeza urbana

como um todo:

capina, varrição,

coleta e outros”

Enio Noronha Rafn,

consultor nas áreas

de Limpeza Urbana

e Meio Ambiente

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RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

que a indicação do caminhão

correto depende de vários a-

tores: da necessidade de cadacidade, do número de habitan-

tes, das características topo-

grácas, da opção pela coleta

mecanizada ou manual, entre

outros elementos: “Aqui no

Brasil usamos como padrão

compactadores/coletores com

carregamento traseiro, salvo

raras exceções. Por exemplo,

de acordo com a distância do

aterro e o descarregamento

em estações de transbordo é

indicado um tipo dierente. Te-

mos equipamentos que variam

de 6 a 21 metros cúbicos, com-

pactadores de pequeno porte

para municípios com poucos

habitantes e ruas estreitas, e

assim por diante.”

VEÍCULOS COLETORES

A Cartilha de Limpeza Ur-

bana, elaborada pelo Centro deEstudos e Pesquisas Urbanas

do Instituto Brasileiro de Ad-

ministração Municipal (Ibam)

em convênio com a Secretaria

Nacional de Saneamento do

Ministério da Ação Social, é um

manual simples e ecaz para

direcionar as administrações

públicas em relação à coleta

de resíduos.

Os veículos normalmente

indicados para as atividades de

COLETA TERCEIRIZADAQuando uma preeitura decide contratar o serviço de coleta de lixo de uma empresa priva-da, é preciso que, no edital de licitação, ela defna claramente os pré-requisitos e tambémas responsabilidades que constarão do contrato. O valor do pagamento para a empresaque presta o serviço pode ser estabelecido de acordo com a quantidade de lixo coletadaou pode ser fxo mensal.

Vantagens• A preeitura não gasta verbas com a compra e manutenção de equipamentos, nem com aimplantação de instalações ísicas e nem com a mão de obra;• De modo geral, a mão de obra é mais efciente, pois é composta de pessoal especializa-do (as preeituras precisam realizar concurso público para novas contratações e, por isso,acabam direcionando para o serviço os uncionários já contratados de outros setores, muitasvezes sem critério algum);

• Maior agilidade para, quando necessário, azer modifcações na equipe ou no quadros deuncionários, bem como para a aquisição de material para os veículos coletores (as preei-turas precisam abrir licitação para comprar materiais cujos valores sejam maiores do que oestabelecido em lei e precisam também publicar editais para remanejar uncionários);• A preeitura sabe o quanto vai gastar por mês ou ano com a coleta e, assim, contabiliza ovalor acordado no orçamento, equilibrando as contas do município e evitando surpresas.Eventualmente, caso haja a necessidade, pode-se estabelecer a cobrança de taxas ou tariaspara os munícipes.

Desvantagens• É preciso que a preeitura fscalize rigorosamente o serviço, principalmente se ele or pagopor quantidade de lixo coletado;• Esporadicamente, a preeitura é obrigada a solucionar ocorrências que não estavam previs-tas no contrato, como a coleta de resíduos decorrentes de inundações, greves, entre outros,o que acarreta em gastos extras;

• Risco de raudes em licitações, como mostram os inúmeros casos ocorridos no Brasil nosúltimos tempos.

biente. Enio critica as empresas de lixo pelo ato

de que elas só operam em cidades com mais

de 50 mil habitantes, já que as menores não

são economicamente interessantes: “Temos

cerca de 650 cidades com mais de 50 mil habi-

tantes que terceirizam os serviços de limpezaurbana, sendo que algumas aplicam o modelo

concorrencial de concessão administrativa por

longos anos – 20 anos renováveis por mais 20.”

O consultor, que também publicou por conta

própria o livro Máfa do Lixo al Kartell , conta

que no Rio Grande do Sul o Tribunal de Justiça

 já anulou dois contratos de concessão do lixo

(em Rio Grande e em São Leopoldo) devido

a irregularidades: “As concessionárias estão

esperneando e recorreram ao Superior Tribunal

de Justiça. Lá, o resultado pode mudar. Vamosver o que acontece.”

O transporte do lixo

deve ser realizado por

veículos próprios para a atividade. A Planalto

Indústria Mecânica trabalha há 20 anos na

abricação de equipamentos para coleta etransporte de resíduos sólidos domiciliares,

industriais e inectantes. O diretor comercial

da empresa, Marcos Pacíco Homem, explica

    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o    /    P    l   a   n   a    l   t   o

Caminhão coletorda Planalto

    S    X    C

   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

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coleta podem ser caminhões com carrocerias

sem compactação ou com carrocerias compac-

tadoras. Os caminhões basculantes convencio-

nais são vantajosos para o municípios menores,

 já que podem ser utilizados em outros serviços

públicos; por outro lado, podem espalhar lixo echorume pela cidade. Segundo a cartilha, outro

ponto a ser observado na hora de escolher o

caminhão apropriado é a altura da carroceria,

que não deve exigir grande esorço dos garis

na manipulação do lixo. Já o caminhão baú

permite que o lixo recolhido que bem acon-

dicionado e não se espalhe durante o trajeto,

mas o problema é justamente a diculdade de

arrumá-lo em seu interior.

Os caminhões compactadores são os mais

utilizados e, certamente, os que apresentammais beneícios, já que, devido aos seus meca-

nismos, têm capacidade de transportar maior

quantidade de lixo, agilizando tanto a coleta

quanto a descarga. São recomendados para

áreas de média e alta densidades demográcas,

onde possam circular em vias que apresentem

condições avoráveis de tráego. Eles só não são

tão interessantes para as cidades com baixo

número de habitantes, pois seus preços são

bem mais elevados e a manutenção deve ser

eita com muito mais requência, o que acarreta

em mais gastos.

Assim, o ideal é que os municípios escolham

o veículo coletor de acordo com alguns atores

como a quantidade do lixo, o local onde o ca-

minhão irá traegar e o valor do equipamento

e de sua manutenção. Em resumo, devem levar

em conta a relação custo x beneício. Nunca

é demais lembrar que, em cidades médias e

grandes, existem áreas com características di-

erentes entre si, que podem justicar o uso de

diversos tipos de equipamentos.

ENTERRO DIGNO

É obrigação de todo município manejar ade-

quadamente seus resíduos. Mas, na prática, isso

está longe de acontecer. Segundo o Panorama

dos Resíduos Sólidos no Brasil 2008, elabora-

do pela Associação Brasileira das Empresas de

Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe),

3.109 municípios possuem algum programa

de coleta seletiva. Apesar desse número re-

presentar 55,9% do total, ainda alta muito.

Falta também consciência a muitas pessoas

que podem contar com o serviço de coleta Fontes: O Estado de S. Paulo e www.linde.com

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o    /    L    i   n    d

   e

Imagine caminhões coletores de lixo, cen-tenas deles, transitando pela cidade semcausar poluição. Na verdade, nem é precisoimaginar, pois, desde novembro de 2009,o metano gerado pela decomposição dedetritos no aterro de Altamont, no estado

da Caliórnia, nos Estados Unidos, é trans-ormado em gás natural liqueeito (GNL)para abastecer toda a rota das cidadesde Oakland e São Francisco. O GNL é umcombustível que produz menos dióxido decarbono do que a gasolina convencional e,por isso, é muito menos poluente. É impor-tante destacar que o metano utilizado naabricação do GNL é capturado antes deser absorvido pelo ambiente.Segundo a Agência de Proteção Ambien-

tal dos Estados Unidos, dos cerca de 1,8

mil aterros municipais espalhados pelo

país, 517 produzem energia, ou seja,quase 30% deles têm projetos voltados

à preservação do meio ambiente. Os aterros têm os ingredientes necessáriospara a produção de metano, que é 21 vezesmais efcaz do que o CO

2na retenção do ca-

lor na atmosera. Restos de comida, papéis,vegetais e resíduos orgânicos são alimentopara as bactérias. Esses materiais se ermen-tam à medida em que são decompostos,gerando gases em abundância, entre eles,o metano (cerca de 50% do total).Quase 500 caminhões de lixo e reciclagem

NA CALIFÓRNIA,O COMBUSTÍVEL

VEM DO LIXO

da empresa Waste Management oram de-senvolvidos para receber o combustívelecológico ao invés do diesel. O GNL vemdo lixo despejado desde 1980 no aterrode Altamont. O gás metano produzido nos96 hectares do aterro é sugado por tubos eenviado para uma máquina que o purifcae o transorma em gás natural. São mais de

100 poços com tubos pretos que retiram ometano a vácuo das pilhas de lixo. O GNL ébombeado para os caminhões de lixo e reci-clagem em uma estação de Oakland. Já emoutras partes da Caliórnia os veículos sãoabastecidos em postos especializados.A usina de Altamont oi desenvolvida peloGrupo Linde, que também administra aábrica de GNL. O valor investido, cerca deUS$ 15,5 milhões, oi custeado com subsí-dios de quatro agências estaduais de meioambiente. Esse valor é muito mais alto doque o normalmente dispendido para cons-truir uma pequena usina elétrica, o quetorna o projeto inviável para a maioria dospaíses. Por outro lado, a empresa estimaque a usina produzirá combustível sufcien-te para os próximos 20 anos ou mais.O aterro de Altamont é o maior do mundoem obtenção de GNL, produzindo 49,4 millitros por dia e, consequentemente, reti-rando do meio ambiente mais de 30 miltoneladas de CO

2por ano.

Espera-se que, com o avanço da tecnologia,os custos se tornem mais baixos e, assim,projetos inteligentes como esse espalhem-se pelo resto do mundo.

A maior usinade Gás Natural

Liqueeito(GNL) domundo, naCaliórnia (EUA)

Motorista encheo caminhão-tanquecom GNL

Os tanques de armazenamentotem capacidade para até 15 millitros de GNL

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RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

seletiva. “Separar o lixo seco do úmido já é um

grande passo e um bom começo”, diz a bióloga

e ambientalista Paula Batassini.

 Todo o lixo que não é separado pela popula-

ção vai para os aterros, onde deveria passar por

uma triagem e, depois, ser destinado correta-mente. Mas o que acontece em grande parte do

País é dierente: caminhões e mais caminhões

de lixo são jogados diariamente a céu aberto

e sem critério algum. Lixo orgânico misturado

com alumínio, plástico, papel, pilhas, baterias

– itens que demoram centenas de anos para se

decompor, contribuindo para a contaminação

do solo e do ar e para a diminuição das áreas de

depósito. “Consumimos milhares de produtos e

geramos montanhas de resíduos anualmente;

então, se uma sacola plástica pode demorar até200 anos para desaparecer, dá para imaginar

o tempo necessário para reparar esse dano ao

meio ambiente?”, indaga a bióloga.

Em países como a Coréia do Sul e a China,

a legislação proíbe o ornecimento de sacolas

plásticas aos consumidores. Em muitos países

europeus, as sacolas plásticas são cobradas, o

que az com que a população leve sacolas retor-

náveis às compras. Na Suíça, os moradores de

Berna, por exemplo, têm de pagar pelo lixo não

reciclável que produzem – um saco de 60 litros

custa 3 rancos suíços (aproximadamente R$ 5)

– e a coleta nas ruas é eita duas vezes por se-

mana. Mas os sistemas de coleta e de cobrançadas taxas variam de cidade para cidade.

O DESTINO FINAL

Uma das etapas mais importantes de todo o

processo de coleta e encaminhamento do lixo é

a escolha do local onde ele será depositado.

Depois da coleta, os RSU podem ter três

destinos: aterro sanitário, aterro controlado ou

lixão/vazadouro. Dependendo do local a que

será destinado, o lixo passa por uma triagem,

quando são retirados os resíduos que poderão

ser reaproveitados. Na maioria das vezes, essa

O TRAJETO IDEAL

Num mundo pereito, os resíduos orgânicos seriam coletados diariamente. Eles estariam devi-damente separados do lixo reciclável, para que tivessem como destino fnal o aterro sanitário. Acoleta seletiva seria eita três vezes por semana, recolhendo plásticos, papéis, vidros e metais jápreviamente separados. A cada quinze dias passariam os caminhões de coleta de entulhos – nãode resíduos de construção, mas de objetos velhos ou simplesmente indesejados (por exemplo,um liquidifcador que não unciona, mas que poderia ter utilidade para alguém que soubesseconsertá-lo).Os aterros sanitários fcariam em locais aastados das cidades e seriam cercados por uma enorme

plantação de eucaliptos cheirosos. Damas-da-noite também seriam uma boa opção. Uma parte desua área seria usada para compactar o lixo; a outra, para abrigar usinas de energia, de reciclageme de compostagem.Assim que os caminhões carregados chegassem, seriam pesados por uma balança precisa eespecífca, que orneceria os dados gerenciais necessários para o controle do lixo. Logo depois, olixo da coleta seletiva seria descarregado na usina de reciclagem. Os resíduos orgânicos iriam paraa usina de compostagem, onde seriam transormados em adubo, reduzindo signifcativamenteo volume destinado ao aterro. Já os gases liberados durante o processo de decomposição do lixoseriam transormados em energia, o sufciente para manter o aterro, os caminhões e muito mais.Toda vez que uma carga osse depositada no aterro, um trator a empurraria contra um barrancopara, então, subir e descer a nova rampa umas cinco vezes. Com isso, o volume do lixo seria reduzi-do a cerca de 10% do volume que teria se osse simplesmente despejado no solo.No fnal do dia, o montante de resíduos receberia uma cobertura de terra de cerca de 30 centíme-tros, fcando, assim, constituída a célula sanitária. Quando atingisse o limite de sua capacidade, oaterro seria selado, recebendo uma camada de 60 centímetros de terra bem compactada.

triagem é eita por cooperati-

vas de catadores de recicláveis,que, em parceria com o poder

público ou com a iniciativa pri-

vada, azem a separação do lixo

em esteiras ou galpões.

Os resíduos que não inte-

ressam para essas cooperativas

acabam parando em aterros

apropriados. Só na Grande

São Paulo são recolhidas 15

mil toneladas de lixo por dia

(lixo residencial, de saúde, res-

tos de eiras, podas de árvores,

entulho, etc.), inorma a Secre-

taria Municipal de Serviços. As

coletas seletiva, de resíduos do-

miciliares e de resíduos hos-

pitalares são executadas por

diversas concessionárias. No

total, essas empresas possuem

quase 500 veículos (caminhões

compactadores e outros espe-

cícos para o recolhimento dos

resíduos de serviços de saúde)e empregam cerca de 3,2 mil

trabalhadores, beneciando as

11 milhões de pessoas que vi-

vem na região. A maior parte do

material coletado é levada para

o aterro de Caieiras. O restante

vai para o aterro São João, em

São Mateus, e para o CDR Pe-

dreira, um aterro particular.

Em 2008, oram recolhi-

das por dia, em média, 9,5

mil toneladas de resíduos do-

Rodotec: desenvolvimentode coletores e compactadoresde resíduos sólidos

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alta carga

ATERRO SANITÁRIO,

ATERRO CONTROLADO E LIXÃO

O aterro sanitário é o lugar mais adequado

para os resíduos sólidos. O lixo é disposto em ca-

madas que, por sua vez, são cobertas com material

inerte – são as chamadas “células sanitárias”, quetêm o objetivo de evitar a propagação de mos-

cas, baratas, ratos, urubus, etc. Outro dierencial

dos aterros é que eles são dotados de sistemas

de drenagem e tratamento para os gases e os

líquidos produzidos pelo lixo.

 Todos os projetos devem observar os critérios

e normas operacionais especícas, de maneira

a evitar danos ou riscos à saúde pública e de

minimizar os impactos ambientais.

A Norma Técnica NBR 8.419, do ano de 1984, es-

tabeleceu algumas das regras para a viabilidade dosaterros sanitários. Ela determina,

por exemplo, que esses

aterros não podem

ser construídos em

áreas sujeitas à inun-

dação e que entre a superfície

inferior do aterro e o mais alto

nível do lençol freático deve ha-

ver uma camada de, no mínimo,

1,5 metro de solo insaturado.

Outro detalhe importante é que

o solo deve ser argiloso, ou seja,

de baixa permeabilidade.

Os aterros controlados têm

esse nome porque se adequa-

ram tardiamente às normas

dos aterros sanitários. Ou seja:

embora hoje recebam o lixo de

maneira correta, o ato é que

oram iniciados sem a imper-

meabilização de base. Como

eles não dispõem de sistemas

de tratamento dos gases e dochorume, as águas subterrâneas

acabam sendo atingidas.

Já os lixões são aqueles que

recebem qualquer tipo de resí-

duo sem qualquer cuidado ou

preparação do solo. Todo o lixo é

simplesmente depositado a céu

aberto.

Referências:

www.mudancasclimaticas.andi.org.brwww.forumclima.org.br

www.planetasustentavel.abril.com.brwww.coppe.ufrj.br

 

Coleta de RSUO Brasil evoluiu na questão da coleta de RSUentre 2007 e 2008. Em todas as macrorregiõesdo País, o índice de coleta cresceu mais que

o índice que mede a quantidade de lixoproduzido por pessoa. Em média, enquantoa quantidade de lixo per capita cresceu 2,8%,a quantidade de resíduos sólidos urbanoscoletados cresceu 5,9%.Coleta seletivaDos 5.565 municípios existentes no Brasil,aproximadamente 56% indicaram a existênciade iniciativas de coleta seletiva. Porém, muitasvezes as iniciativas dos municípios resumem-sena implementação de pontos de entregavoluntária ou na simples ormalização deconvênios com cooperativas de catadorespara a execução dos serviços.

Destinação fnal dos RSU coletadosSão quase 150 mil toneladas de lixo coletadasdiariamente. Desse total, 55% recebeu destina-ção correta e adequada (o aterro sanitário).O restante, ou seja, 67 mil toneladas de lixo,ainda oi para aterros controlados ou lixões.Serviços de limpeza urbanaO negócio da limpeza urbana movimentoua economia do País em 2008. Cerca de R$ 12bilhões oi a quantia gerada pelos serviçosprestados por empresas privadas, o queatesta a importância desse ramo naeconomia brasileira.

DADOS SOBRE OS RESÍDUOSSÓLIDOS NO BRASIL

Fonte: Panorama de RSU no Brasil 2008, da Associação Brasileira

de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe )

miciliares, 130 toneladas de

recicláveis, 270 toneladas de

varrição, 3 mil toneladas de

lixo inerte e 90 toneladas de

resíduos hospitalares.

Além dos aterros sanitários,existem outros destinos para

o lixo, como, por exemplo, as

usinas de compostagem, os

incineradores e as usinas de

reciclagem. Porém, ainda há

localidades onde os resíduos

acabam parando em lixões e

aterros clandestinos, sem ne-

nhuma scalização e transbor-

do correto.

    S    X    C

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Impasses e divergências impossibilitaram um acordo frmee obrigatório entre as nações participantes da COP15

Uma conferência muito morna

Cento e noventa e três países tiveram duassemanas de reuniões para discutir as mudanças

climáticas mundiais. Diversas culturas, economias

e dierenças reunidas em torno de um objetivo

principal: chegar a um acordo para reduzir a

emissão de gases poluentes na atmosera, já que

o Protocolo de Kyoto expira em 2012. O que ca

no ar, porém, é a sensação de desapontamento

e de resultados insatisatórios para o que se es-

perava do evento. Sem decisões concretas, seja

na perspectiva política ou na econômica, ainda

parece altar uma percepção mundial de que a

sociedade é parte integrante do meio ambiente,   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

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42

Por Arielli Secco e que, por isso, ele deve ser considerado quando

o assunto são os interesses de crescimento e

desenvolvimento dos países.A Organização das Nações Unidas (ONU)

conta com dois grupos de trabalho sobre mu-

danças climáticas: o de Novos Compromissos

para os Membros do Anexo I do Protocolo de

Kyoto (AWG-KP), criado em 2005, e o de Ações

de Cooperação a Longo Prazo (AWG-LCA), criado

em 2007. Eles deveriam apresentar, na COP15,

um relatório sobre o que será eito para conter

a elevação da temperatura global. O AWG-LCA

e o AWG-KP cuidaram de questões dierentes. O

primeiro tinha responsabilidade de estabelecer

metas para todos os países voltadas à redução

Hall da conerênciano dia da abertura

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

INTERNACIONAL

da emissão de gases do eeito

estua, enquanto o segundo

devia tratar da sequência doProtocolo de Kyoto, a partir

de 2013.

Os dias da COP15 renderam

todo tipo de manchete aos jor-

nais, mas não a mais esperada:

a notícia sobre um avanço nas

conversas em torno dos investi-

mentos e ações para uma meta

global que vise à manutenção

do meio ambiente até o nal do

século. A Visão Ambiental traz

aqui um apanhado dos atos que

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marcaram a Conerência do Clima e que repercu-

tiram na imprensa de 7 a 18 de dezembro.

TENSÃO E RITMO LENTO NAS NEGOCIAÇÕES

Durante a abertura, a preeita de Copenha-

gue, Ritt Bjerregaard, ez um trocadilho entre onome da cidade e a palavra “hope” (esperança,

em inglês). Ela armou que o lugar precisava

se tornar “Hopenhague”.

Nos primeiros dias da COP15, EUA e China

– os dois países que, juntos, emitem 40% do

total de gases poluentes no mundo – trocaram

acusações e cobranças. De um lado, a China

declarava que os Estados Unidos e os países da

União Europeia têm o dever de disponibilizar

tecnologia e dinheiro como compensação pela

emissão histórica de poluentes na atmosera; deoutro, Todd Stern, chee da delegação dos EUA,

alegou que os undos públicos estadunidenses

não iriam para a China. De acordo com o Portal 

Exame, Todd armou aos jornalistas. “Nós gosta-

ríamos de direcionar nossos recursos públicos

para os países mais necessitados”.

Foi um conito de palavras entre os blocos

das nações desenvolvidas e das em desenvolvi-

mento que se estendeu até o m das negocia-

ções, já que nem todos os países reconheceram

o acordo a que alguns chees de estado chega-

ram no último dia da conerência.

RENÚNCIAS E INSATISFAÇÃO

Na reta nal da COP15, Connie Hedegaard,

presidente da cúpula da ONU sobre mudanças

climáticas, renunciou ao cargo. O ato pode

ter sido consequência de polêmicas, já que a

ex-ministra do meio ambiente dinamarquesa

oi acusada de pretender beneciar os países

ricos durante as negociações, interrompidas

pelo bloco aricano no dia 14. A substituição

de Connie pelo primeiro-ministro Lars Lokke

Rasmussen ocorreu no dia 16. Connie justi-

cou sua renúncia alegando que a unção era

apropriada ao primeiro-ministro, devido ao

grande número de líderes políticos presentes

na conerência. Alguns dias depois, houve uma

nova troca: Philip Weech assumiu o cargo, tor-

nando-se o terceiro a presidir a COP15.

As conerências mundiais sobre o meio ambiente promovidaspela Organização das Nações Unidas tiveram seu marco inicial

em Estocolmo, capital da Suécia, no ano de 1972. Esse primeiromovimento no sentido de unir dierentes nações na busca de umpensamento comum, que aliasse o homem ao meio ambiente,resultou apenas em uma declaração de princípios. O primeirodocumento com uma visão crítica e concreta dos modelos deindustrialização, porém, oi publicado em 1987 pela ComissãoMundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. O RelatórioBrundtland, também conhecido como “Nosso Futuro Comum”,tratava da necessidade de cooperação internacional e da adoçãodo desenvolvimento sustentável como garantia de recursosuturos.No ano de 1992, em resposta ao documento, ocorreu a ECO92, ouCúpula da Terra. O envolvimento da sociedade civil oi signica-

tivo e os destaques oram: lançamento da Agenda 21, um plano

com a unção de direcionar o planejamento de ações sustentáveisdos países que assinaram o acordo; a Convenção da Biodiversida-

de, para preservação das espécies naturais do planeta; a Conven-ção do Rio, que conciliava soberania, direito ao desenvolvimentoe manejo sustentável dos recursos naturais; e a Convenção doClima, que iniciou as articulações para a elaboração do Protocolode Kyoto, negociado em 1997 no Japão. Vale lembrar que esseprotocolo expira em 2012 e o mundo já entrou em contagemregressiva para o estabelecimento de acordos que ormalizem umnovo protocolo ou que dêem continuidade ao que já oi propostoem 1997.A partir de 1995, como resultado das discussões da ECO92, ospaíses signatários das Conerências das Partes (COPs) passarama se reunir anualmente para estabelecerem de metas de redução

na emissão de gases poluentes. 

Histórico das conerências pelo clima

O acontecimento revelou

certa alta de rigidez na dire-

ção da cúpula. Durante uma

entrevista à Globo News, Sér-

gio Besserman, economista e

comentarista de sustentabi-

lidade, airmou que a Dina-

marca não tinha peso econô-

mico e político para assumir

a liderança de um evento de

tamanha dimensão.

Em artigo publicado no

 jornal Planeta Coppe (do Insti-

Reunião entre chees de Estado,chees de governo e ministros

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tuto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação

e Pesquisa de Engenharia), Luiz Pinguelli Rosa,

coordenador do Programa de Planejamento

Energético da Coppe e secretário-executivo

do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas,

reorça essa ideia. Escreveu ele: “Os países de-

senvolvidos ameaçaram dar o calote climático:

queriam extinguir o Protocolo de Kyoto, pois

a maioria não está cumprindo as metas a que

se obrigaram. Faltou na reunião uma liderança

de nível global, que não oi assumida por Oba-

ma, contrariando as expectativas.” Pinguelli,

que oi presidente da Eletrobrás no início do

governo Lula, acha que o presidente brasileiro

preencheu esse vácuo porque oi aplaudido

em discursos improvisados, criticou o rumoque a conerência tomou e porque tachou de

intransigentes os países que não quiseram abrir

mão de seus interesses.

O BRASIL EM COPENHAGUE

A comissão brasileira contou com gente

como: Dilma Roussef (ministra-chee da Casa

Civil), Celso Amorim (ministro das Relações Ex-

teriores), Luiz Alberto de Figueiredo Machado

(embaixador e diretor de Meio Ambiente do

Ministério das Relações Exteriores), Carlos Minc

(ministro do Meio Ambiente), Sérgio Rezende   V   I   S

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(ministro de Ciência e Tecnologia), Suzana Khan

Ribeiro (secretária de Mudanças Climáticas e

Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Am-

biente), José Serra (governador do Estado de SãoPaulo), e muitos outros. Ao todo, 17 membros da

delegação oram os responsáveis por articular as

propostas do País nas reuniões.

Os primeiros compromissos, com a chegada

do presidente à capital da Dinamarca, oram

reuniões com Gordon Brown (primeiro-ministro

britânico), com Lars Loekke Rasmussen (quando

ainda presidia a Conerência do Clima), com

representantes de países da América Latina e

com o grupo que representava os países arica-

nos. No dia 18, em discurso durante uma sessão

plenária de debate inormal, Lula relatou sua

INTERNACIONAL

AcordosInternacionais pela

Sustentabilidade• Declaração da ONU sobreDireitos Humanos (1948)• Declaração da ONU sobre oAmbiente Humano (1972)• Declaração da ONU sobreMeio Ambiente e Desenvol-vimento (1972)• Agenda 21• Declaração de Joanesburgoe Plano de Implementação(2002) 

Fonte: Vitae Civilis (www.vitaecivilis.org.br)

Chegada de Obamano Bella Center, hotel

em Copenhagueonde oi realizadaa conerência

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

Dilma Roussef entreministros da China,Índia e Árica do Sul

Ban Ki-moon, secretá-rio-geral das NaçõesUnidas, em conversacom Yvo de Boer,

secretário-executivoda UNFCC, Lars Lokke,primeiro ministro di-namarquês, e RichardKinley, secretário-executivo adjuntoda UNFCC, durante asessão de encerramen-to da COP15

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rustração diante da inviabilidade de acordos.

Disse ele: “Eu adoraria sair daqui com o docu-

mento mais pereito do mundo assinado. Mas

se não tivemos condições de azer até agora

(...), eu não sei se algum anjo ou algum sábio

descerá neste plenário e irá colocar na nossa

cabeça a inteligência que nos altou até a hora

de agora.”

Ao fm da conerência, o Brasil estabeleceu

objetivos que se propôs a cumprir voluntaria-

mente: o País pretende reduzir o desmatamento

da Amazônia em 80% e a diminuir de 36,1%

a 38,9% a emissão de gases do eeito estua

até 2020. 

No programa de rádio Café com o Presidente 

do dia 21 de dezembro, Lula alou que aindahá mais questões para resolver: a do desmata-

mento do Cerrado; a do setor siderúrgico, que

precisa utilizar carvão vegetal, e não carvão

mineral; e a da matriz energética brasileira, em-

bora 85% da energia elétrica já seja produzida

de maneira “limpa”.

As metas de redução do Brasil oram base-

adas em um cálculo da equipe da Secretaria

de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio

Ambiente, que teve supervisão da Casa Civil e

participação dos ministérios da Ciência e Tec-

nologia, Minas e Energia e Agricultura, além da

Reerências:www.mudancasclimaticas.andi.org.brwww.forumclima.org.br

www.planetasustentavel.abril.com.brwww.coppe.ufrj.br

Fique por dentro

• A ONU lançou 2010 comoo Ano Internacional da Bio-diversidade, ocializando adata durante a 2ª Reunião so-

bre Cidades e Biodiversidade,em Curitiba, no dia 7 de janei-ro. Já está sendo preparadaa 10ª Conerência das Partessobre Diversidade Biológica,marcada para 10 de outubroem Nagoya, no Japão. 

• A COP16 acontece noMéxico em 2010, entre 29 denovembro e 10 de dezembro.

• A União Europeia conrmou

com a ONU, em 27 de janeiro,o compromisso para reduziras emissões de CO

2. Os países

da UE se comprometem areduzir em 20% as emissõesaté 2020, e anunciaram apretensão de chegar a 30%se houver um esorço maiordos integrantes.

contribuição de instituições ederais de pesquisa

(Inpe, Embrapa e EPE).

FICOU PARA 2010

Nenhum acordo legal ou obrigatório oi

echado. O documento inal da Conerência

de Copenhague oi uma carta de intenções

assinada por Brasil, Índia, EUA, China e Árica

do Sul, sem o reconhecimento de países como

Venezuela, Sudão, Bolívia, Nicarágua e outros.

O protocolo das Nações Unidas tem como pre-

missa a unanimidade, ou seja, a oposição de

apenas um país já é o suciente para invalidar

qualquer acordo.

A carta de intenções deende que as nações

trabalhem para que o aumento da temperaturaglobal não ultrapasse 2 oC, mas não especica

nenhuma meta de redução para a emissão de

gases do eeito estua. Agora, o objetivo é che-

gar a um acordo obrigatório, com valor legal, até

a realização da COP16, no México, neste ano.

O resultado de dois anos de preparação e

duas semanas de conerência é um texto de

duas páginas e meia, que pode ser acessado

no endereço eletrônico da Convenção-Quadro

das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima

(UNFCCC): www.unccc.int/fles/meetings/cop_15/ 

application/pd/cop15_cph_auv.pd  

À esquerda na oto, JacobZuma, presidente sul-aricano,e Wen Jiabao, premiê chinês;à direita, Manmohan Singh,primeiro-ministro indiano, eLuiz Inácio Lula da Silva

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EcoSoftware Sistema de Administraçãode Resíduos

Aumente o lucro diminuindo as perdas

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SEJA ECONÔMICO! GERENCIE OS RESÍDUOS DE SUA EMPRESAE AUMENTE OS LUCROS COM SUSTENTABILIDADE.

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Essa inovadora erramenta, já amplamente testada e utilizadaem grandes indústrias da América Latina, permite o gerenciamento

efcaz dos resíduos produzidos na operação de sua empresa.Desenvolvido especialmente para as áreas de Mineração

e Petróleo, Indústria e Hospitais, o SAR simplifcao gerenciamento de resíduos, disponibilizando

inormações precisas em tempo real.Por meio da Internet, o sistema reúne e centraliza todos os dados

da empresa e de suas subsidiárias, permitindo que eles sejamacessados de qualquer computador conectado à rede mundial.Toda a inormação é apresentada de orma consolidada, através

de relatórios customizáveis desenvolvidos por profssionaisexperientes e atuantes. O sistema possui ainda interace para

exportar esses dados para sua planilha eletrônica.Resíduos em excesso signifcam desperdício de matérias-primas

ou insumos. O SAR permite que se conheça de orma diretaa quantidade de resíduos produzida em cada etapa da produção,

identifcando, assim, os processos pouco efcientes.Essa poderosa erramenta possibilita ainda a emissão dos ormulários

necessários para o correto transporte de resíduos perigosos.Evite problemas com a fscalização dos órgãos ambientais.

Com o SAR, todo o histórico do resíduo, desde sua produçãoaté a correta destinação fnal, estará acessível em segundos!

Mapear a geração de resíduos em cada etapa do processo produtivoé undamental para a implantação das normas de certifcação

ISO 14000. Nesse sentido, o SAR é um orte aliadode sua empresa, pois, organizando as inormações segundo

as melhores práticas do mercado, permite uma reduçãodrástica nos custos de certifcação.

Disponível em português, espanhol, inglês e japonês. A NR Ambiental oerece também todo o treinamento necessáriopara a eetiva implantação do sistema em sua empresa.

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RECICLAGEM

Por falta de conhecimento da população, esse material 100%reaproveitável e totalmente atóxico ainda não conquistou espaçono cenário da reciclagem do País

Isopor para o que der e vier

Que o isopor é conhecido e tem dezenas de

utilidades, todos sabem. Ele está nas prateleiras

dos supermercados, embalando produtos que

precisam de proteção, em decorações de estas,entre tantos outros lugares. O que poucos sabem

é que “isopor” é a marca registrada do poliestire-

no expandido, uma espécie de plástico inado

com ar. Esse material chegou ao Brasil nos anos

60 por intermédio da Isopor – atual Knau Iso-

por – e, por isso, fcou conhecido pelo nome da

empresa e não por seu nome genérico.

O isopor é, na verdade, a marca comercial

para dois tipos de produtos: o poliestireno ex-

pandido (utilizado na abricação de caixas tér-

micas para alimentos e bebidas, nas embalagens

protetoras de aparelhos elétricos e eletrônicos,entre outros) e o poliestireno extrusado, que

se dierencia do expandido por seu processo

de produção e por suas aplicações (é utilizado,

por exemplo, para azer copos e bandejas). De

acordo com a norma DIN ISO 1.043/78, a sigla

EPS designa o poliestireno expandido, e XPS,

o poliestireno extrusado.

Dierentemente do que se costuma ouvir,

o isopor, apesar de não ser biodegradável, é

100% reciclável. Através de processos industriais,

pode ser reutilizado como matéria-prima naabricação de diversos produtos e até mesmo

voltar a sua orma original.

A ORIGEM E SUA FORMAÇÃO

Tecnicamente chamado de EPS, o poliesti-

reno expandido, ou isopor, teria sido acidental-

mente “descoberto” em 1839 por Eduard Simon,

um armacêutico de Berlim, que destilou uma

resina de âmbar e a chamou de estirol. Depois

de alguns dias ele percebeu que a tal subs-

tância havia inchado, provavelmente devido

à oxidação, tomando a orma de uma subs-   V   I   S

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Por Tais Castilho

tância gelatinosa, a que chamou de óxido de

estirol (estiróxido). Outra versão dá os louros

aos pesquisadores químicos Fritz Stastny e Karl

Buchholz. Eles criaram o poliestireno em 1949,

enquanto aziam pesquisas nos laboratórios da

Bas, na Alemanha.

Esse novo produto se revelou possuidor de

características extremamente positivas. O EPS

era barato, moldável, isolante térmico, leve e

poderia ser utilizado em diversos segmentosda indústria.

Produto sintético derivado do petróleo, o

EPS nada mais é que um plástico celular rígi-

do, resultante da polimerização do estireno

em água. Em sua produção não é utilizado o

gás CFC (clorouorcarboneto) – extremamen-

te prejudicial à camada de ozônio –, e sim o

pentano (hidrocarbureto composto binário de

carbono e hidrogênio) como agente expansor.

Esse hidrocarbureto deteriora-se rapidamente

através de uma reação otoquímica gerada pelos

raios solares, e, por isso, não compromete o

O isopor, apesar

de não ser

biodegradável, é

100% reciclável.

Através de

processos

industriais, podeser reutilizado

como matéria-

prima na

fabricação de

diversos produtos

e até mesmo

voltar a sua

forma original

 

Fardos de isopor prontos

para ser reciclados

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A Plastivida Instituto Sócio-Ambientaldos Plásticos oi undada em 1994 eé responsável pela interação entre a

sociedade, os governos e as indústriasdo setor. Um dos principais objetivosdo instituto é promover a utilizaçãoecologicamente correta do plástico. Elaainda promove a educação ambientale tem um sério compromisso com omanejo de resíduos sólidos urbanos,coleta seletiva e reciclagem. Um dosseus maiores e mais notáveis eitos oia criação do Projeto Repensar, que visaa divulgar as vantagens e beneícios doisopor e, principalmente, desazer umainormação errada que muitos têm so-

bre o material: que ele não é reciclável.Em 2006, o projeto deu início às ativi-dades educativas e de ação, reunindoabricantes de matéria-prima, indús-trias transormadoras e empresasrecicladoras para ativar o programa.Atualmente, grandes redes de todo oBrasil (Carreour, Pão de Açúcar, Extra,Walmart, Magazine Luiza, Casas Bahia,Laboratórios Roche, entre outros)participam da iniciativa, assim como asmaiores cadeias produtivas e trans-ormadoras de EPS (Dow Brasil, Bas,Innova, Meiwa, Knau Isopor, Proeco/Santa Luzia e Termotécnica). Com trêsanos de vida, o projeto já reciclou cercade 300 toneladas do produto. SegundoFrancisco de Assis Esmeraldo, presidenteda Plastivida, até outubro de 2009 oramrecicladas 141 toneladas por meio doprograma, e a tendência para 2010 é queesse número cresça ainda mais: “Paraque esse número aumente, é importanteque as pessoas saibam que o isopor éplástico, é 100% reciclável e que temdestino certo no mercado de reciclagembrasileiro”.

Os objetivos do Projeto Repensar são:divulgar e inormar sobre a reciclabili-

dade do isopor e suas aplicações; iden-tifcar quem gera e quem recicla o EPS;frmar novas parcerias entre as ontes

geradoras e a cadeia de reciclagem doproduto; encontrar alternativas para so-lucionar os problemas e inconvenientesda cadeia de reciclagem; e desenvolvere divulgar material educativo.A Termotécnica é a maior transorma-dora de EPS da América Latina e azparte da Global Packaging Alliance– aliança entre os principais abricantesdo mundo para troca de tecnologias esoluções em reciclagem. O grupo pos-sui unidades recicladoras em Manaus(AM), Joinville (SC) e Sumaré (SP), onde

o isopor é produzido para três segmen-tos dierentes: o primeiro é o de emba-lagens de proteção para eletrodomés-ticos, eletroeletrônicos e peças técnicasda indústria automobilística; o segundoé o da construção civil (isolamento,chapas, orros, lajotas, etc.); e o terceiroé o de utilidades domésticas (caixasmultiuso, conservadoras térmicas e atémesmo caixas para agroindústria). Emtodas as unidades abris do grupo háum setor de reciclagem de EPS, e 20%do total produzido por eles volta aomercado depois de reciclado. “Somosuma empresa responsável pelo queproduz”, diz Albano Schmidt, o presi-dente da Termotécnica. “Nossa preocu-pação está voltada para a sustentabili-dade e o meio ambiente. Coletamos ourecebemos o EPS em todas as unidadese depois reciclamos.” O sistema deoperação recolhe os resíduos de EPS decooperativas de coleta seletiva e outrasontes geradoras, como indústrias deaparelhos eletroeletrônicos e outrossegmentos, que geram e descartam oEPS que sobra da produção.

A problemática que gira em torno dareciclagem de isopor continua sendo,

em primeiro lugar, a alta de conheci-mento da população sobre o material.Ou seja: a maioria acredita que o isopor

não é reciclável. Outra grande difculda-de é relacionada à logística do produto,afrma Albano Schmidt: “O isopor preci-sa ser destinado corretamente.É preciso um trabalho que envolvaa sociedade, o poder público eprodutores. Compactar o EPS não azcom que ele perca peso, só volume.Um produto que é composto por 98%de ar e apenas 2% de massa acaba nãosendo rentável para o coletor e eledeixa de lado mesmo.”Realmente, é isso o que acaba acon-

tecendo. Rosalina Martin é diarista ecomplementa sua renda com a vendade lixo reciclável em Bauru, interior deSão Paulo. Em relação ao isopor, elaassume que é muito leve e ocupa muitoespaço, além de ser diícil de vender:“Eu não pego. Caixas de papelão nósdesmontamos e latinhas de alumínionós amassamos. O isopor não pesa,só ocupa espaço, e onde eu levo,eles nem compram.”Albano Schmidt explica que o EPS podeser reciclado de três maneiras: mecâ-nica, quando é transormado em ma-téria-prima para a abricação de novosprodutos; energética, para a recupera-ção e geração de energia, devido ao seualto poder calorífco; e química, paraobtenção de óleos e gases. “Trituradoou moído, o isopor volta à condição dematéria-prima para ser utilizado princi-palmente na construção civil. Desga-seifcado e transormado, o EPS podevirar caneta, copo, embalagem. A outraorma é através de um equipamento dedegasagem – processo térmico que re-tira o ar do isopor e o compacta –, que

tranorma a matéria-prima em moldu-ras de quadros, rodapés e outros.”

PROJETO REPENSAR

meio ambiente.

Na produção do EPS, pequenas pérolas, de

até três milímetros de diâmetro, são expandidas

através de vapor e chegam a ter seu volume au-

mentado em cerca de 50 vezes. Por isso, elas são

acilmente moldáveis e undíveis. Cada pérola

expandida tem 98% de ar e apenas 2% de polies-

tireno. Em 1m³ de EPS expandido, por exemplo,

existem de 3 a 6 bilhões de células echadas e

cheias de ar. “O EPS é totalmente

inerte, não ataca a camada

de ozônio, não gera euen-

tes tóxicos em sua produção

e, por não ser biodegradável,

fca durante 100, 200 anos em um

canto sem nunca contaminar o meio

ambiente”, explica Albano Schmidt, presi-

dente da Associação Brasileira de Poliestireno

 

D  i  v  u  l   g  a ç  ã  o 

Prancheta eita de

isopor reciclado

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Expandido (Abrapex) e

presidente da Termotécni-

ca, a maior produtora de EPS da

América Latina.

UM BEM MUTÁVEL

Segundo a Associação Brasileira da Indús-tria Química (Abiquim), em 2008 o Brasil pro-

duziu 62,9 mil toneladas de EPS e cerca de 20

mil toneladas de XPS, totalizando quase 83 mil

toneladas de poliestireno. Estima-se que tenham

voltado para o processo produtivo, através da

reciclagem, entre 6,8 mil e 7,2 mil toneladas.

Segundo estimativas de Albano Schmidt, em

2010 a produção de EPS continuará em torno de

62 mil toneladas, havendo, porém, um aumento

do índice de reciclagem: “É um número impor-

tante, e acredito que até o fnal da década 10%

de todo EPS produzido retornará ao mercadodepois de reciclado. A porcentagem de EPS no

total de resíduos sólidos recicláveis é de apenas

0,1% hoje.” Cerca de 70% do EPS reciclado oi

coletado por recicladores associados à Plastivida

e cooperativas de coleta seletiva parceiras do

Projeto Repensar (veja o box na pág. 49).

 

DURÁVEL E VERSÁTIL

São muitas as vantagens do EPS para em-

balar qualquer tipo de produto, tanto bens de

consumo e alimentos quanto eletroeletrônicose eletrodomésticos. Os custos são baixos e a

produtividade é grande. Por ser versátil e acil-

mente transormável, o EPS consegue agrupar

uma infnidade de vantagens. Segundo Albano

Schmidt, as embalagens são eitas a partir de

projetos específcos (moldes) e de acordo com

a necessidade de cada produto, garantindo

proteção, tanto térmica quanto ísica, ao pro-

duto: “Produtos embalados com isopor podem

ser transportados em qualquer posição. Ele é

impermeável, além de altamente efcaz contra

impactos e vibrações.”

ARTIGOS DE CONSUMO

Excelente isolante térmico, prático e bara-

to, o EPS é muito utilizado na conecção

de peças de consumo. As caixas térmi-

cas, por exemplo, não vazam. São uma

excelente opção para guardar e transportarbebidas e alimentos, pois permitem que os

produtos fquem conservados na temperatura

ideal, tanto quente quanto ria.

 

NA AGRICULTURA

O EPS é bastante utilizado também na área

agrícola, em diversas unções. Como condicio-

nador de solos, por exemplo. Incorporado às

argilas, muda suas características ísicas. Então,

a água e o adubo passam a penetrar o solo mais

acilmente, as raízes desenvolvem-se aeradas,e a vegetação pode crescer de maneira mais

saudável e com menos riscos. Além de ser ex-

celente na aeração e drenagem de solos, o EPS

também é utilizado na produção de mudas. Em

bandejas de isopor, as raízes das plantas não

fcam emaranhadas. Assim, as mudas podem

crescer sem sorer com o replantio.

NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O EPS proporciona isolamento térmico e

acústico à construção, além de contribuir para

RECICLAGEM

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 Excelente

isolante térmico,

prático e barato,

o EPS é muitoutilizado na

confecção

de peças de

consumo

 

ONDE A HISTÓRIA ACONTECE

Em outubro de 2009, o parque industrial da Renault do Brasil, localizado em

São José dos Pinhais (PR), passou a azer parte do Projeto Repensar. Geran-

do cerca de quatro toneladas de EPS ao mês – por causa das embalagens

de peças veiculares vindas do exterior – e necessitando de 13 caminhões

para transportar os resíduos, a montadora decidiu investir na reciclagem do

material. “O espaço era praticamente inutilizado com as embalagens”, afrma

Douglas Vellasques de Castro, da divisão de Engenharia de Materiais.

Através da Plastivida, a montadora conseguiu em comodato uma máquina

de degasagem (processo térmico que retira o ar do isopor) e compactação daempresa Proeco/Santa Luzia, de Santa Catarina. Com isso, depois de proces-

sado, o poliestireno vira matéria-prima e pode ser transormado em materiais

escolares como réguas e canetas, além de brinquedos, rodapés, molduras

de quadros e solas de sapato. Os beneícios já estão sendo sentidos pela Re-

nault. Um espaço antes tomado por embalagens agora tem outras serventias,

e houve também economia com o transporte – atualmente, os resíduos do

mês são transportados em apenas um caminhão até a Proeco/Santa Luzia,

que realiza reciclagem. Grazielle Coutinho, responsável pelo setor de Gestão

de Resíduos da montadora, acha que este é o caminho certo: “Projetos como

o Repensar são extremamente importantes e benéfcos para a natureza. Ao

reciclar o isopor que vem do nosso processo de abricação, conseguimos re-

duzir o consumo de matéria-prima virgem, minimizamos o impacto ambien-

tal pela disposição dos resíduos em aterros, economizamos energia elétrica e

contribuímos para a geração de empregos.”

D    i    v   u   l     g   a    ç   ã    

o    Desempenadeira utilizada

em construção

Porta-retratos

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Consultoria e agradecimentos: Alba-no Schmidt, presidente da Abrapex– Associação Brasileira do PoliestirenoExpandido e Termotécnica Ltda.; Val-demar Didone, diretor proprietárioda Valki Plásticos e Máquinas Ltda.;Roberta Provatti, da Yellow Comuni-

cação – Assessoria de comunicaçãoda Plastivida.

da montadora mineira, Didone colocou a primei-

ra máquina de reciclagem de EPS para uncionar.

Primeiro, o material passa pelo processo de

trituração e compactação, e seu volume passa

a ser 50 vezes menor. Em seguida, esse material

vai para uma extrusora, onde é derretido atéfcar homogêneo. Na etapa fnal, o que sai da

extrusora é resriado e picotado e, novamente,

volta a ser o poliestireno.

No entanto, o processo de reciclagem só

é viável, segundo Didone, quando existe uma

grande quantidade de isopor para trabalhar.

As máquinas precisam de peso e, por isso, uma

quantidade razoavelmente alta, de pelo me-

nos 10 toneladas, é necessária. O investimento

também é alto. A primeira ase do projeto custa

mais de R$ 20 mil, e acaba sendo inviável paramuitos que trabalham com o EPS, como, por

exemplo, cooperativas e associações.

Hoje, nas indústrias Valki, qualquer produto

fnal vem da reciclagem. “Tudo que produzimos

aqui vem da coleta seletiva, de resíduos de asso-

ciações, cooperativas e grandes indústrias”.

A Fiat tem seus resíduos de EPS reciclados

pela Bemplast atualmente. Cerca de 98% do total

de resíduos gerados pela empresa tem destino

ecologicamente correto. Em quase 15 anos, mais

de 1,7 mil toneladas de isopor oram reapro-

veitadas, virando solas de sapato, mangueiras,embalagens e diversos outros produtos.

POR UM MUNDO MELHOR

Se por um lado cresce a produção de EPS, com

novas ormas de aplicação sendo descobertas a

cada dia, por outro lado alta incentivo do poder

público para ampliar a reciclagem no País. Valde-

mar Didone conta que desde 1972 vem pleiteando

 junto ao governo ederal incentivos fscais para

esse im. “O Brasil só não evoluiu plenamente

na questão da reciclagem por causa dos altosimpostos. Pagamos 40% de taxas! As empresas

de reciclagem são equiparadas com mineradoras”,

desabaa o empresário e precursor da reciclagem

no País. Além dos impostos, Didone reclama da

alta de leis específcas para acilitar a reciclagem,

ajudar o meio ambiente e gerar mais renda e mais

empregos. “Deveria ser obrigatório que o consu-

midor devolvesse as embalagens em postos de

coleta ou que as empresas geradoras reciclassem

esse material. Afnal de contas, sem incentivo, a

reciclagem não acontece”, fnaliza.

O crescente aumento da produção deve ser

acompanhado do aumento dos

números da reciclagem. Nes-

te ano, a Abiquim e a Abrapex

divulgam um novo relatóriosobre o EPS no Brasil e espe-

ram que ele aaste a alta de

conhecimento sobre o produ-

to. O presidente da Abrapex,

Albano Schmidt, acrescenta:

“A coleta precisa ser mais es-

truturada todo o País. É preciso

muito incentivo por parte de

todos nós porque o EPS não

contamina o meio ambiente,

só precisa ter destino correto.Ele oi eito para proteger e, por

isso, tem que durar. Então, é

preciso que a coleta seja eetiva

e inormativa.”

a economia de energia e para a durabilidade

da obra. Pode ser empregado na abricação de

lajes, coberturas, tubos e até em ornamentos de

decoração. Um projeto realizado com EPS cria

um sistema sustentável e muito mais barato,

 já que , por sua leveza e resistência, torna alogística mais prática e menor quantidade de

material é desperdiçada.

Com o patrocínio da Abrapex, em 2002 oi

realizada em Curitiba (PR) uma experiência de

produção de concreto leve a partir de isopor

moído, cimento, areia e cola. Trata-se de uma

excelente alternativa para o reaproveitamento

do EPS. Além de versátil, é bastante vantajoso

economicamente. De acordo com a Abrapex,

preeituras e órgãos públicos que têm coleta

seletiva de lixo deveriam usar o EPS moído naprodução de concreto leve, devido ao seu co-

efciente de dilatação menor que os concretos

convencionais. O concreto leve pode ser usado

na construção de calçadas, quadras esportivas,

bancos de jardim, vasos e até mesmo em casas

pré-abricadas. Ele só não pode ser utilizado

em estruturas.

O COMEÇO DA RECICLAGEM

Tudo começou em 1995, quando a mon-

tadora de automóveis Fiat procurou Valdemar

Didone, proprietário da indústria Valki, em Lou-veira, interior de São Paulo. Didone trabalha

com reciclagem desde 1963 e já tinha bastante

notoriedade no ramo. “Na época, a Fiat gerava

toneladas de isopor, que vinham de embala-

gens de autopeças e resíduos industriais. Ela

nos procurou com a proposta de montar um

equipamento para reciclar o EPS em sua unidade

de Betim (MG)”, lembra. A ideia era transormar

o poliestireno expandido em poliestireno na

sua condição original.

No local chamado de ilha ecológica, dentro

      D      i     v     u      l     g     a     ç      ã     o

Molduras

     D     i    v

    u     l   g  

   a   ç  

     ã   o

Ioiô

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OCUPAÇÕES IRREGULARES

 Alagamentos em Santa Catarina. Deslizamentos de encostasem Angra dos Reis. Destruição de áreas de mananciais.

Ocupação irregular em várzeas de rios. Todos essesingredientes, aliados ao descaso das autoridades, comprovam

a incapacidade humana de lidar com a natureza

A natureza pune

   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

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Novembro de 2008. O Estado de Santa Cata-

rina soreu com as chuvas. Mais de 62 municípios

oram atingidos. A tragédia se concentrou no Vale

do Rio Itajaí, que transbordou e atingiu níveis

 jamais vistos. As enchentes transormaram as

cidades em grandes rios. Houve deslizamentos

de terra destruidores. Pelo menos 1,5 milhão de

pessoas oram prejudicadas. Cerca de 80 mil ca-

ram desabrigadas, sendo que 27,4 mil perderam

tudo. Mais de 100 pessoas perderam a vida.

Represa Billings. Um dos maiores e mais im-

portantes reservatórios de água da Região Metro-

politana de São Paulo. Seu espelho d´água possui

pouco mais de 10,8 mil hectares, correspondendo

a 18% da área total de sua bacia hidrográca. A

represa oi idealizada nas décadas de 1930 e 1940

pelo engenheiro Billings – daí o nome. O cenário

atual? A cobertura vegetal está desaparecendo. O

crescimento populacional é estrondoso. As ocupa-

ções irregulares na região acarretam em destruição

do meio ambiente e poluição das águas.

Jardim Romano. O bairro, localizado nazona leste de São Paulo, sore com alagamentos

desde o dia 8 de dezembro de 2009. Ao todo,

1,5 mil amílias moram na área. Para ir trabalhar

ou comprar um simples pãozinho na padaria, os

moradores utilizam-se de botes, capas de chuva

e botas. A água abaixa, mas só até a próxima

chuva. As crianças, no auge de sua inocência,

brincam em “piscinas de esgoto”. Estão sujeitas

a doenças. O que azer? Não há outra moradia.

Não há mais ânimo para clamar por mudanças.

Não há mais esperança.

Madrugada do dia 1 de janeiro de 2010. Aexuberante ilha de Angra dos Reis, localizada no

litoral sul do Rio de Janeiro, brindava a chegada

do ano-novo. Hora de relembrar os aspectos

positivos e negativos do ano que terminava.

Lembranças da amília e dos amigos. Planos e

promessas uturas. Emoção, esta, alegria, descon-

tração, êxtase. Tudo oi interrompido em questão

de segundos. Deslizamentos de encostas atingi-

ram o Centro de Angra dos Reis e a enseada do

Bananal, na Ilha Grande. Casas destruídas, pessoas

eridas e 52 mortes. Famílias arrasadas.

Tragédias anunciadas? Respostas da nature-

za? Descaso das autoridades? Falta de inraes-

trutura? Ou simplesmente obra do acaso? Um

pouco de tudo. A realidade salta aos olhos: o ser

humano ainda não sabe lidar com a natureza. É

bem verdade que em muitos casos a necessidade

– os problemas socioeconômicos do País – az a

ocasião. Por outro lado, a ganância e a incessante

busca por bens materiais seguem na direção da

insensatez. Moral da história? Como numa roleta-

russa, a vida das pessoas ca à mercê da sorte.

NOVO ANO, VELHOS PROBLEMAS

“Já vi esse lme antes”. Muito provavelmente,

essa expressão deve ter ecoado na cabeça dos

moradores de Angra dos Reis no início do ano.

Em 2002, a cidade carioca já havia sido aetada

por deslizamentos semelhantes aos de agora,

e o nal da história oi igualmente trágico. Na

ocasião, 39 pessoas perderam a vida.

Como de costume, as autoridades se mobili-

zaram. Investimentos pesados oram prometidos,

assim como uma maior iscalização das áreas

Por João Paulo Amorim

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consideradas de risco. Nada disso oi eito. Anos

se passaram. A principal promessa das autori-

dades girava em torno de um detalhado mapa

geológico, um estudo da região, a fm de verifcar

quais terrenos eram impróprios para construção.

O trabalho seria árduo, intenso, e salvaria muitas

vidas. Não se estaria agora chorando, novamente,

as vidas perdidas. E o problema é nacional, prin-

cipalmente quanto às ocupações irregulares em

áreas de média a alta declividade e em regiões

serranas tropicais. Logo, atinge cidades como Rio

de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador,

Recie, Petrópolis, Nova Friburgo, Campos do Jor-

dão, Ouro Preto, Cubatão, Guarujá, Angra dos Reis,

Caraguatatuba, entre outras.

    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

“Quem pretende

comprar um

terreno para

construção,

especialmente emzonas de encosta,

deve respeitar

as características

naturais da

área e levar em

consideração não

apenas os cálculos

de estrutura daundação, mas

também análises

geológicas”

Álvaro Rodriguesdos Santos, geólogo

e ex-diretor dePlanejamento e Gestão

do instituto dePesquisas Tecnológicas

O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-

diretor de Planejamento e Gestão e também ex-

diretor da Divisão de Geologia do Instituto de

Pesquisas Tecnológicas (IPT), coloca o dedo na

erida: “Quem pretende comprar um terreno para

construção, especialmente em zonas de encosta,

deve respeitar as características naturais da área

e levar em consideração não apenas os cálculos

de estrutura da undação, mas também análises

geológicas. Essa análise deveria ser uma exigência

do comprador.”

As prometidas mudanças não saíram do pa-

pel. Aqueles discursos infamados de 2002, ano

de eleições, oram sumindo na mesma proporção

da esperança dos amiliares das vítimas, que

ansiavam por atitudes drásticas e ecientes. O

raio, anal, não poderia cair duas vezes no mes-

mo lugar. Mas caiu. E com mais brutalidade. A

previsível tragédia aconteceu mais uma vez. A

natureza pune no melhor estilo “a justiça tarda,mas não alha”. E os verdadeiros culpados sempre

escapam ilesos. Literalmente.

O flme também se repetiu em Santa Catarina.

O Vale do Itajaí já havia sorido duas enchentes

históricas, em 1983 e 1984, causando a morte de

43 pessoas. A vulnerabilidade da região estava

clara. O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos

ressalta o descaso das autoridades competentes:

“Não há uma questão técnica sequer relacionada

a esses problemas que já não tenha sido estudada

e pereitamente equacionada pela Engenharia

Geotécnica e pela Geologia de Engenharia bra-

Álvaro Rodrigues

dos Santos

    S    X    C    /    L   u    i   z    B   a    l   t   a   r

As duas aces deAngra dos Reis:belas paisagens... ...e deslizamento de encostas

                         A                   n

                          d                   r                  e                          L

                   u                          i                   z                          M

                  e                           l                           l                  o

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OCUPAÇÕES IRREGULARES

   V   I   S

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sileiras, tanto âmbito da abordagem preventiva

como da corretiva”.

E complementa: “Todos os estudos já oram

eitos. Cartografa geotécnica (para dierenciar as

áreas que não poderiam ser ocupadas em hipótese

alguma das áreas passíveis de ocupação, uma vezobedecido um elenco de restrições e providências),

tipologia de obras de contenção mais adequadas,

projetos de ocupação urbana apropriados a áreas

topografcamente mais acidentadas, cartas de ris-

co, metodologia e tecnologia de Planos de Deesa

Civil, e tudo o mais que se reere à questão. Aí se

ressalta o descompromisso das administrações

públicas e privadas envolvidas.”

A intererência urbana se acentua nessas áreas

de risco. Uma série de problemas surgem na região.

Vêm as instabilidades. Na medida em que se vaitirando a vegetação, mudam-se as características

da drenagem natural nas cabeceiras dos rios (como

em Itajaí), há desmatamento das matas ciliares,

impermeabilização das cidades. Asalto, calçadas,

casas... A possibilidade de infltração da água no

solo diminui a cada dia. Outro raio caiu duas vezes

no mesmo local. Mais uma tragédia anunciada.

A IMPORTÂNCIA DAS CARTAS GEOTÉCNICAS

José Eduardo Zaine, geólogo e proessor

doutor da Unesp, ala um pouco sobre as car-

tas geotécnicas ou mapas geotécnicos. “São

documentos cartográcos que representam as

características do meio ísico-geológico, ou seja,

apresentam de orma integrada as inormações

do substrato geológico (características das ro-

chas e estruturas geológicas), da geomorologia

(eições do relevo), dos solos (capa ou cobertura

de materiais intemperizados) e hidrogeológicas

(comportamento da água em subsuperície). Esse

conjunto de características ajuda a entender a

dinâmica dos processos geológicos, como ero-

sões e deslizamentos, por exemplo.”

E complementa: “A carta geotécnica, com base

nas características e comportamentos dos terre-

nos, deve orientar qualquer tipo de intervenção ou

obra de engenharia, tanto na ase de planejamen-

to como em ações corretivas e emergenciais. Para

cada unidade ou zona geotécnica são atribuídos

dierentes níveis de restrição e são elaboradas

diretrizes para o uso e ocupação do solo, assim

como são indicadas áreas mais restritivas a deter-

minadas intervenções. A carta geotécnica ornece

suporte e respaldo técnico aos instrumentos legais

e ações administrativas.”

Dada a importância desses documentos, é ne-

cessário que o poder público e a iniciativa privada

“A carta

geotécnica,

com base nas

características ecomportamentos

dos terrenos,

deve orientar

qualquer tipo

de intervenção

ou obra de

engenharia,

tanto na ase deplanejamento

como em ações

corretivas e

emergenciais”

José Eduardo Zaine,geólogo e professor

doutor da Unesp

Procedimentos para a realização das cartas geotécnicas

• Busca de inormações prévias da área (trabalhos anteriores);• Defnição da base topográfca compatível;• Interpretação de otografas aéreas e imagens de satélite;• Trabalhos de campo com a descrição das características das rochas, relevo, solo e registro deeições oriundas dos processos geológicos;• Coleta de amostras e ensaios de laboratório e de campo;• Análise e integração dos dados na orma de carta geotécnica, com tabelas de classifcação edescrição detalhadas das características de cada uma das unidades mapeadas;• Um banco de dados para complementar essa série de procedimentos.O nível de aproundamento e detalhamento depende da complexidade geológica e do objetivo ge-ral em ações de planejamento até mais específcas em obras. Geralmente, é um trabalho em equipe,centrada em geólogos com conhecimento e atuação em geomorologia e geotecnia, podendocontar com a participação de outros profssionais, como geógraos e engenheiros geotécnicos.

    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

José Eduardo Zaine

prestem atenção ao seu conte-

údo e, portanto, que ajam com

responsabilidade. José Eduardo

Zaine destaca o papel de cada

um para que as orientações das

cartas sejam seguidas: “Toda ci-

dade deve possuir uma. Cartas

geotécnicas municipais ou vol-

tadas para comunidades devem

ser realizadas pelo poder público.

Em cidades médias e grandes, o

próprio município deve ter umaequipe técnica, pelo menos para

gerenciamento. Em cidades pe-

quenas, o Estado pode assumir

essa unção. Nos empreendimen-

tos e obras especíicas, como

um loteamento, por exemplo,

os estudos de caracterização

geológico-geotécnica já são,

por lei, de responsabilidade do

empreendedor. A fscalização fca

a cargo do poder público, porém,

a comunidade organizada deve

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participar. O Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia (Crea) tem um papel

importante, fscalizando e cobrando a participação

de profssionais habilitados com a devida Anotação

de Responsabilidade Técnica (ART).”

Há uma série de regras impostas, e o poderpúblico deve iscalizar a aplicação delas. Mas

quem almeja comprar um terreno, por exemplo,

também deve azer a sua parte. José Eduardo

conclui dizendo que, antes de qualquer coisa, o

comprador precisa se inormar para evitar pro-

blemas uturos: “Todo cidadão deve verifcar as

características do terreno onde pretende construir.

Assim, numa situação desejável, a preeitura deve

ter a carta geotécnica e um técnico deve ornecer

as inormações necessárias. Na prática, se isso

não ocorre, alguns órgãos, como a Deesa Civil,podem ornecer as inormações ao cidadão. Algu-

mas cidades possuem até cartilhas de orientação

para a população, principalmente para prevenir

a ocupação de várzeas e margens de córregos e

de encostas íngremes, para que não se tornem

áreas de risco.”

CONVENIÊNCIA E CONIVÊNCIA

Outro grande problema dessas ocupações

irregulares está diretamente ligado à condição

precária a que muitos brasileiros são subme-

tidos. Famílias de baixa renda (até 3 salários

mínimos) muitas vezes só conseguem constituir

moradia em áreas impróprias. Salvo exceções,o baixo orçamento dessas pessoas as empurra

para favelas, cortiços, margens de córregos e

encostas de alta declividade nas zonas perifé-

ricas das cidades.

As residências dos moradores do Jardim Ro-

mano, zona leste de São Paulo, oram construídas

na margem (chamada de várzea) do Rio Tietê. Ou

seja, quando a cidade é atingida por ortes chuvas,

o rio transborda e, consequentemente, alaga as

casas. Atualmente, está prevista a tranerência

de cerca de 6 mil amílias das 12 áreas alagadas

na várzea do Rio Tietê, onde uturamente será

construído um parque linear. O problema é que

 

Lei Federal nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979

Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fns urbanos em zonasurbanas, de expansão urbana ou de urbanização específca, assim defnidas peloplano diretor ou aprovadas por lei municipal.

Parágrao único. Não será permitido o parcelamento do solo:I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providên-cias para assegurar o escoamento das águas;II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública,sem que sejam previamente saneados;III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvose atendidas exigências específcas das autoridades competentes;IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edifcação;V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça con-dições sanitárias suportáveis, até a sua correção.

medidas como essa chegamtarde demais.

Outro exemplo desse tipo é o

do Morro da Carioca, localizado

no Centro de Angra do Reis, um

dos lugares atingidos pelos des-

lizamentos de terra neste ano.

Mais de 20 pessoas aleceram.

Na maioria das vezes, a

administração pública leva in-

raestrutura (água, iluminação,

saneamento básico) às pesso-

as que vivem nas encostas. Ou

seja, todos os aspectos necessá-

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OCUPAÇÕES IRREGULARES

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rios para um cidadão viver dignamente. Trata-se

de uma espécie de ilegalidade, de imoralidade,

uma vez que esses locais são impróprios para

construções.

Regina Meyer, proessora titular da Faculdade

de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universida-de de São Paulo (USP), critica veementemente

essa postura, que, por sinal, é corriqueira em

muitos morros e encostas espalhados pelo Brasil

aora: “A legalização não muda o ato de um lugar

ser impróprio para morar. O risco não deixa de

existir, pelo contrário; em geral, ele só aumenta

com a ocupação.”

DESCUMPRIMENTO DAS LEIS

Alguns especialistas oram taxativos ao ar-

mar que a tragédia de Angra dos Reis oi causadapelas contínuas e intensas chuvas que assolaram

a região. De ato, do começo de dezembro até

a primeira semana de janeiro, caiu o dobro de

água que se esperava. A título de curiosidade, só

nos dois últimos dias de 2009 desabaram sobre

Angra 220 bilhões de litros de água, o suciente

para encher 116 mil piscinas olímpicas. Foi o

maior índice em dez anos.

Porém, as mudanças climáticas que estão

“virando o planeta de cabeça para baixo” já não

são novidade. Então, por que não tomar medidas

preventivas? Essa é a pergunta de Regina Meyer.

“Os conceitos de declividade para a denição de

áreas de risco, por exemplo, talvez tenham de

ser atualizados para compensar o aumento de

pluviosidade (volume de chuvas) causado pelo

aquecimento global em determinadas áreas.

As mudanças climáticas já são absolutamente

claras”, salienta a arquiteta.

Mas essa não é a principal explicação para o

que aconteceu em Angra dos Reis. Primeiramen-te, a ocupação do solo segue regras municipais,

estaduais e ederais, que se sobrepõem. Uma

das denições da palavra “regra” é: conjunto de

leis ormais de prescrições e proibições, que ex-

põem os principais requisitos quanto à atitude

do indivíduo em uma sociedade. Ou seja, na

teoria, um estudo detalhado deveria ser eito

e apresentado antes da realização de qualquer

construção. O próximo passo seria a permissão

dos órgãos competentes.

Pegue-se como exemplo a Lei Federal no

.6.766, de 19 de dezembro de 1979, que dispõe

sobre o parcelamento do solo urbano e outras

providências. O caput do artigo 3º diz o seguinte:

“Somente será admitido o parcelamento do solo

para ns urbanos em zonas urbanas, de expan-

são urbana ou de urbanização especíca, assim

denidas pelo plano diretor ou aprovadas por

lei municipal”. A regra é clara.

O mesmo se aplica à ocupação do solo no País.

O parágrao único do mesmo artigo 3º da Lei no.

6.766/79 não deixa dúvidas sobre o que é proibido

(veja a íntegra do artigo no box da pág. 55). Os cida-

dãos, entretanto, desconhecem as determinações.

Parece que os governantes também.

A represa Billings respira por aparelhos. Ape-

sar de ser protegida pela Lei de Proteção dos

Mananciais desde a década de 70, a região vem

sorendo ao longo dos últimos anos as consequ-

ências de um processo acelerado de ocupação

irregular, sem qualquer planejamento. O resulta-

do é que a qualidade da água da represa Billings

encontra-se bastante comprometida.

A Lei Estadual no. 9.866, de 28 de novembrode 1997, trata da proteção e recuperação das

bacias hidrográcas dos mananciais de interesse

regional do Estado de São Paulo. Diz o artigo

1º: “Esta lei estabelece diretrizes e normas para

a proteção e a recuperação da qualidade am-

biental das bacias hidrográcas dos mananciais

de interesse regional para abastecimento das

populações atuais e uturas do Estado de São

Paulo, assegurados, desde que compatíveis, os

demais usos múltiplos”. O artigo 2º também é

bem claro (leia no box ao lado). Apesar disso, a

lei não é aplicada. Inelizmente.

 

Lei Estadual nº. 9.866, de28 de novembro de 1997

Art. 2º - São objetivos da presente Lei:I - preservar e recuperar os mananciais deinteresse regional no Estado de São Paulo;II - compatibilizar as ações de preservaçãodos mananciais de abastecimento e as deproteção ao meio ambiente com o uso eocupação do solo e o desenvolvimento socio-econômico;III - promover uma gestão participativa, inte-grando setores e instâncias governamentais,bem como a sociedade civil;IV - descentralizar o planejamento e a gestãodas bacias hidrográfcas desses mananciais,com vistas à sua proteção e à sua recupera-ção;V - integrar os programas e políticas habita-

cionais à preservação do meio ambiente.

“Enrentamos

grandes

difculdades

para averiguar

os pedidos de

licença para novas

obras. Em 60% dos

casos, os projetos

apresentam um

tipo de vegetação

dierente da

real e boa parte

deles prevê

empreendimentosem áreas de

preservação

permanente”

Danilo Amorim, diretorregional do Departamento

Estadual de Proteção deRecursos Naturais (DEPRN)

CRESCIMENTO ACELERADO E

FISCALIZAÇÃO INEFICIENTE

Para que uma construção

seja aprovada, ela precisa pas-

sar por uma espécie de vistoria

no Departamento Estadual deProteção de Recursos Naturais

(DEPRN), agora sob responsabi-

lidade da Companhia Ambiental

do Estado de São Paulo (Cetesb),

que é vinculada à Secretaria

Estadual do Meio Ambiente. O

diretor regional do DEPRN, Da-

nilo Amorim, conta que é diícil

o dia a dia no que diz respeito

à scalização.

5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/empresas-x-sustentabilidade 57/68

 

“Enrentamos grandes diculdades para ave-

riguar os pedidos de licença para novas obras.Em 60% dos casos, os projetos apresentam um

tipo de vegetação dierente da real e boa parte

deles prevê empreendimentos em áreas de pre-

servação permanente”, disse.

Na visão da arquiteta Regina Meyer, as re-

gras atuais sobre ocupação do solo e denição

de áreas de risco precisam ser revistas diante

das novas condições climáticas e da ocorrência

de tragédias como a de Angra dos Reis. “Não

adianta mais só cobrar o cumprimento das regras

existentes. Elas não dão mais conta do recado.

Precisamos de uma legislação mais severa e mais

responsável”, enatizou.

Como se não bastasse, no caso de Angra, acidade apresenta um crescimento populacional

acima da média. A construção da rodovia Rio-

Santos levou até lá milhões de turistas. A usina

nuclear Angra 1 atraiu milhares de trabalhadores

para a região. Para se ter uma ideia, a população

do município, que era de 40 mil habitantes na

década de 70, havia dobrado em 1990 e triplicado

em 2000, quando 5,5% já moravam em avelas.

Esse crescimento, é quase três vezes a média

brasileira no período.

O espaço é insuciente. Atualmente, a ci-

dade de Angra dos Reis está, literalmente, es-

premida entre a serra e o mar.

Os números são autoexplicati-

vos: 60% dos moradores vivem

em áreas de encosta, onde as

características do relevo da

região tornam tudo mais pe-rigoso. A cidade não tem para

onde crescer.

A pousada Sankay (“entre o

mar e a montanha”, em japonês),

que virou ruínas na virada do

ano, tinha licença de unciona-

mento da preeitura, mas não

a licença ambiental do estado.

As casas atingidas no Morro da

Carioca não apresentavam qual-

quer tipo de licença. No Brasil,muitas vezes, a prioridade é a

construção. Só depois dela pron-

ta é que se busca a licença.

Entre 2006 e 2007, Angra

dos Reis oi palco de um gran-

de escândalo, que envolveu 44

uncionários da preeitura, do

governo estadual e do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Reno-

váveis (Ibama). Todos oram

presos, acusados de vender

pareceres técnicos avoráveis

às construções. O governador

do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral,

também agiu de orma ineliz.

Em junho do ano passado, ele

assinou um decreto autorizando

retroativamente a construção

em áreas que antes não eram

edicáveis, na zona de proteção

ambiental. Em outras palavras,

o ilegal oi legalizado, para eli-cidade de poucos.

Fica a revolta por todos

esses acontecimentos. Faltou

prevenção, compromisso com

a população. A sensação de

esquecimento, de descaso, fca

evidente a cada tragédia que,

invariavelmente, tira a vida de

muitas pessoas. Fica a insatisa-

ção, a tristeza, mas também a

esperança de que algo seja eito

para mudar essa situação.

    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

Represa Billings:processo aceleradode ocupação irregular

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• GESTÃO DE RESÍDUOS

• TECNOLOGIA

• SUSTENTABILIDADE

REVISTA

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 e, 

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NEGÓCIOS

Empresas de moda começam a olhar paraa sustentabilidade visando o crescimento dos negócios

A moda é verde

Atualmente somos bombardeados por em-

presas, gries e produtos que exploram ações

ligadas à sustentabilidade, ecologia e preservaçãodo meio ambiente. Essa verdadeira “onda verde”

envolve todo o segmento de moda (têxtil, vestuá-

rio, calçadista, etc.) e ganha a cada dia mais e mais

adeptos no mundo, sinalizando o surgimento de

uma nova postura de consumidor: aquele que não

se importa em pagar um preço mais caro por um

determinado produto se ele apresentar qualidades

e valores muito além do ashion.

Em janeiro de 2007, por exemplo, a São Paulo

Fashion Week mostrou as coleções de Outono/

Inverno de 37 marcas tendo a sustentabilidade

como tema. Enatizou seu caráter econômico,

social e ambiental, adotando-o, inclusive, como

postura e inspiração para omentar e ampliar as

discussões sobre esse assunto, até então com

pouca evidência no segmento de moda.

Entre algumas das ações apresentadas pelo

calendário, destacaram-se: a utilização de pape-

lão como elemento cenográfco, sendo reciclado

a cada edição e tendo sua renda revertida para

projetos de responsabilidade social; a reutilização

de estruturas modulares usadas na montagem

das salas de desfles e lounges, em substituiçãoàs tradicionais ontes de energia; e o uso de ge-

radores movidos a biodiesel. Essa estrutura é

adotada e adaptada a cada temporada, como

oi visto na última edição do evento, realizado

em janeiro de 2009.

Quando o assunto é moda “eco” de vanguarda,

o trabalho da designer inglesa Stella McCartney

é destaque no mundo. A estilista é vegetariana,

totalmente contra o uso de peles, integrante da

ONG Peta (People or the Ethical Treatment o 

Animals) e utiliza tecidos naturais em sua marca

homônima. Também é diretora criativa da Adi-

Por Henriete Mirrione das e, em outubro de 2007, oi contratada pela

loja de departamentos Barneys para desenhar a

primeira linha de roupas ecológicas da história

da rede americana, com tecido 100% orgânico.

Além disso, é ligada à ONG britânica Marine Con-nection – de proteção a baleias, golfnhos e vida

oceânica em geral. Em parceria com a marca de

 jeans Notiy, Stella criou uma minicoleção para

benefciar a entidade.

No Brasil, a carioca Osklen, do designer Oskar

Metsavaht, oi uma das gries pioneiras no uso

de materiais voltados ao desenvolvimento sus-

tentável, tendo apoiado diversas ações de cunho

socioambiental. A marca acredita que boa parte

do sucesso de suas iniciativas é em virtude da

visão pessoal que Oskar imprime ao seu tra-

balho, baseada em alguns princípios e valores

undamentais, como a educação, a valorização

da natureza, a preservação do meio ambiente,

a busca por qualidade de vida, a visão global

para o estabelecimento de ações locais e a orte

consciência social.

Há nove anos, Oskar undou o Instituto e,

uma organização ocada na produção de tecidos

orgânicos com projeto e-abrics, marca ecossocial

voltada para divulgação de matérias-primas e

produtos de origem sustentável. Até 2006, o

Instituto e uncionava sob a denominação dee-brigade, movimento de combate à desinorma-

ção ambiental que nasceu há quase 10 anos por

iniciativa do diretor criativo da Osklen e de um

grupo de pesquisadores, ambientalistas, flósoos,

artistas plásticos e designers que decidiram agir

contra a degradação do meio ambiente.

De acordo com essa ideia, o projeto e-abrics

divulga matérias-primas e produtos de origem

sustentável, atraindo o desejo do consumidor e

chamando a atenção das indústrias têxtil e de

conecção nacionais para mais de 15 tipos de

materiais de origens reciclada, orgânica, natural

     S     X     C

Essa verdadeira

“onda verde”

envolve todo o

segmento de

moda e ganha

a cada dia mais

e mais adeptos

no mundo,

sinalizando o

surgimento de

uma nova postura

de consumidor:

aquele que não

se importa em

pagar um preçomais caro por

um determinado

produto se

ele apresentar

qualidades e

valores muito

além do fashion

5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/empresas-x-sustentabilidade 60/68

 

ou artesanal,

desenvolvi-

dos por co-

mu n i d a d e s ,

cooperativas ou grupos indus-

triais conscientes.

Dentre eles, destaque para o

algodão orgânico, cultivado com bases bioló-gicas, que evita a destruição do meio ambiente

provocada por pesticidas e agentes químicos,

assegurando um padrão elevado na qualidade

do produto fnal. É coneccionado por amílias

da Paraíba, do Ceará e do Paraná e é utilizado

em malhas circulares ou em tecidos planos de

empresas parceiras do projeto. A seda orgânica,

por exemplo, é produzida manualmente, sem

utilizar agrotóxicos, e é tingida naturalmente,

por meio do uso de pigmentos provenientes da

biodiversidade brasileira, como cascas de cebola,

olhas de manga e sementes de urucum.

Já na produção da lã orgânica, o número

de ovelhas é limitado por área, a alimentação é

pura e não há química nos pastos. O tingimento

também é realizado com corantes naturais, para

não contaminar o solo e os lençóis reáticos.

Mais de 26 amílias de dierentes regiões do

País são benefciadas através desse processo.

O poliéster reciclado é obtido por meio da

reciclagem de garraas PET, que levam cerca

de 300 anos para se decompor. Essas garraas

são transormadas em fbras de poliéster, quepodem ou não ser combinadas ao algodão

ou à lã para serem usadas na produção de

malhas, tecidos planos e não tecidos para a

indústria da moda, além de orração de au-

tomóveis, eltros e cobertores.

A Osklen aposta ainda na adequação e

no reposicionamento de ações das indústrias

em geral para o crescimento do nicho. Metsa-

vaht destaca que o mercado vive um período

de transição. “Já existem muitos materiais de

sustentabilidade de ótima qualidade e estética,

como os selecionados pelo projeto e-abrics, mas

a indústria como um todo ainda levará alguns anos

para se adaptar”, explica o designer.

INDÚSTRIA SE MOVIMENTA

Vale ressaltar que a ideia de oerecer produ-

tos sustentáveis não é algo novo. Ela nasceu na

Europa no fnal dos anos 1990 e com o tempo

oi se disseminando, até se tornar uma poderosa

estratégia de marketing no início deste século,

com um grande potencial a ser explorado, prin-

cipalmente em solo nacional.A Levi`s, por exemplo, oereceu jeans orgâ-

nico pela primeira vez no Brasil na década de

1990, porém, naquela época o consumidor ainda

não estava aberto a receber esse tipo de artigo.

Já no inverno de 2007, a empresa notou uma

nova postura se ormando no cenário e optou

por lançar peças coneccionadas em denim,

com algodão plantado em solo livre do uso de

agrotóxicos e pesticidas.

No setor têxtil, uma das conquistas do eco-

negócio vem do algodão colorido orgânico,

que é transormado em roupas, acessórios e

artigos de decoração pela Co-

operativa de Produção Têxtil e

Afns do Algodão do Estado da

Paraíba (CoopNatural). Pelo ato

de o algodão já nascer colorido,

ele não precisa de aditivos quí-

micos nem na lavoura nem no

processo de industrialização,

uma vez que não necessita de

tingimento. A cooperativa, que

produz peças próprias terceiri-zadas – como cuecas para a Zor-

ba, por exemplo –, já exportou

itens para Itália, Japão, Portugal

e Estados Unidos.

Os algodões de cores verde

e marrom-avermelhado são re-

sultado de um melhoramento

genético iniciado em 1995 pela

Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (Embrapa) para

obtenção de lavouras com

novas cores da ibra, além da

marrom-claro já existente. O

plantio comercial do algodão

colorido no Brasil oi iniciado

em 2000, com o cultivo de 10

hectares no estado da Paraíba.

Porém, a primeira lavoura plan-

tada para atender a um pedido

da CoopNatural oi numa área

de 20 hectares do município

de Bom Sucesso, colhida entre

maio e junho de 2007.Tecidos orgânicos, coran-

tes inoensivos e técnicas que

protegem o meio ambiente

começam também a empla-

car na linha de produção das

fações e tecelagens de médio

e grande porte, como na São

José do Nordeste. A proposta

da empresa é verticalizar a pro-

dução de tecidos orgânicos e

de baixo impacto ambiental.

Há uns três anos que a tecela-   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

   2   0   1   0

60

 

NEGÓCIOS

Coleção Inverno

2010 da Osklen

     D     i    v    u     l    g    a    ç     ã    o

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gem vem apostando na produção de um jeans

ecologicamente correto, abricado com algodão

orgânico (sem agrotóxicos ou ertilizantes quí-

micos) cultivado por 150 agricultores do sertão

do estado de Pernambuco.

A empresa já é certifcada pelo Instituto Bio-

dinâmico (IBD) para a produção de denim 100%

orgânico, com a utilização de algodão, índigo

blue e químicos auxiliares naturais e orgânicos

também certifcados. Agora, ela busca ampliar

cada vez mais sua cartela de lançamentos comprodutos voltados para este segmento.

Com cerca de 70% da produção de etiquetas e

tags da Newcolor Etiquetas voltada para o segmen-

to de jeanswear, a empresa é outra da área têxtil

que desenvolve, abrica e comercializa etiquetas

com tecnologia avançada, a partir da reciclagem

e reaproveitamento de materiais como copos

descartáveis, caixas de leite, olhas de árvores,

latas de alumínio, fltros de papel, borra de caé,

 jornais, grama, cascas de arroz e de cebola, fbras

de bananeira e de coco e câmaras de pneu.

A Associação Brasileira de Indústria Têxtil e

de Confecção (Abit), percebendo a dimensão

que os produtos sustentáveis têm no mercado e

preocupada com a regulamentação da produção,

 já conta com projetos direcionados a esse nicho,

além de investir em outros que estão em fase

de implantação.

Sylvio Napoli, gerente de Inraestrutura e

Capacitação Tecnológica da Abit, diz: “Estão

em andamento os programas de autorregula-

mentação das roupas profssionais por meio de

um selo que será conquistado de acordo comas normas do Inmetro e do Projeto do Produto

Orgânico, envolvendo basicamente a cultura

do algodão. Já a parceria com a preeitura de

São Paulo, para buscarmos soluções éticas e

organizadas para os insumos despejados pelas

conecções nas ruas do Brás e do Bom Retiro,

ainda está em planejamento.”

Até o setor de componentes para couro e

calçados se mobiliza para se adaptar a essa nova

postura do mercado. Em evereiro oi realizado

na capital paulista o primeiro Inspira Mais – Salão

de Design e Inovação das Empresas de Compo-

nentes para Couro, Calçados e Arteatos. Uma

das novidades apresentadas durante o salão

oi o laminado vegetal da companhia Ecológica

Laminado Vegetal do Brasil.

Capaz de substituir o couro animal e os re-

vestimentos sintéticos derivados do petróleo,

esse laminado pode ser utilizado na abricação

de artigos manuaturados como tênis, bolsas,

casacos e bolas. O material é produzido a par-

tir de matéria-prima vegetal renovável, isenta

de resíduos em todo o processo de produção.Fabricado com látex natural, extraído da serin-

gueira, o produto chega ao mercado na orma

de bobinas de 25 metros de comprimento por

1,22 metro de largura, em dierentes espessuras,

cores e estampas.

O fator que mais determina a comercializa-

ção desses itens é o alto custo de fabricação.

Os materiais de sustentabilidade ainda têm

preços mais elevados porque não são produ-

zidos em larga escala. Assim, o consumidor

que entende o valor socioambiental de um

item confeccionado a partir de um ecotecido,

por exemplo, deve se dispor a pagar um pouco

mais caro por ele.

Para que produção seja totalmente susten-

tável dentro de alguns anos, é

preciso que os consumidores

passem a exigir das marcas essa

preocupação e que as indústrias

busquem o caminho da pro-

fssionalização e da pesquisa.

Muitas já estão preparadas, ou-

tras estarão prontas em pouco

tempo, mas tudo vai depender

da demanda do mercado.

“Em qualquer área, ‘susten-tabilidade’ baseia-se em quatro

pilares, os quais devem ser res-

peitados: alta qualidade do pro-

duto (desempenho e segurança);

apelo dirigido ao meio ambiente

(as empresas devem ter cuidado

com os insumos desde sua entra-

da até seu descarte); responsabi-

lidade social (obrigação relativa

às pessoas que produzem esses

itens); e, por fm, algo que é mui-

to novo, porém essencial, que é

a ética nos negócios, na relação

comercial, na venda, na nota, na

entrega”, fnaliza Napoli.

     D     i    v    u     l    g    a    ç     ã    o

Levi’s

     D     i    v    u     l    g    a    ç     ã    o     /     E    m     b    r    a    p    a

Algodão verde

Algodão marrom

Algodão vermelho

Algodões verde

e vermelho

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MODA

Moda e consciência ambiental na mesma passarela

SPFW e a sustentabilidade

Por conceito, a semana de lançamentos de

moda em São Paulo é palco de inovações, e agre-

gar as novidades tecnológicas e sustentáveis aos

cenários, coleções e espaços mostra-se, cada vez

mais, um dierencial importante, que deve ir gra-

dativamente se incorporando ao cotidiano de

quem cria, az e usa moda.

Na mais recente edição do evento, além das

ações gerais, como a já característica decoração

do espaço comum constituída de papelão, houve

também o esorço para anular a emissão de carbo-

no – o evento oi “carbon ree” – e para separar os

resíduos e enviá-los para reciclagem. Os desfles

apresentaram algumas inovações, reafrmando,mesmo que timidamente, a tendência de a cons-

ciência ambiental entrar no mundo dos negócios.

A moda não fcaria de ora.

Novidades têxteis e também de marcas que

têm alguma ligação com sustentabilidade e

que desejam associar sua imagem à moda tam-

bém tiveram espaço no evento. A seguir, alguns

destaques:

• Tencel é uma importante marca da indústria

têxtil. Ela produz o Liocel, uma fbra de celulose

eita a partir da polpa de madeira. O Tencel não é só

uma boa opção por contribuir para a preservação

do meio ambiente, mas também porque oerece

conorto. Entre outras propriedades, ele absorve

e expele a umidade do corpo, uncionando como

uma segunda pele. Além de vantajoso como tecidoacabado em si, o Tencel também leva vantagem

quando se considera o seu processo de desen-

volvimento. Com a adição da fbra ecológica aos

 jeans convencionais, o impacto ambiental pode

ser signifcativamente diminuído, já que se reduz a

área de plantio do algodão e, consequentemente,

o desperdício de água para irrigação e o uso de

agrotóxicos. Pode-se afrmar que 25% de Tencel

signifca 25% menos impacto ambiental.

• O azeite Gallo ez uma ação no desile da

Iódice. Alinhada às causas ambientais e de sus-

tentabilidade, a marca portuguesa de azeites   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

   2   0   1   0

62

Por Susi Guedes

    F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

inspirou o estilista a divulgar o

tema. Durante o desfle da grie,

a Gallo distribuiu para todos os

convidados mudas de oliveira,que representam um elemento

importante da vegetação e agri-

cultura, com excelentes expecta-

tivas de cultivo no Brasil. “É mui-

to importante para a empresa

abraçar causas ambientais e de

sustentabilidade, uma vez que

nossa essência vem da natureza.

E poder unir moda à marca em

prol desta ação é muito gratif-

cante”, disse Rita Bassi, diretora-

geral da Gallo Brasil.

Mudas de oliveira do azeite Gallo

oram distribuídas para os convidados

durante o desfle da Iódice

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• No desile da estilista

Glória Coelho, a passarela

oi ormada por 120 cole-

tores solares cedidos pela Transsen. Os equipamentos

utilizados são parte de uma

edição limitada da linha

Premium Magnum, e as-

sociam alto rendimento

térmico a um design

avançado, moderno.

“A associação de nossa

marca com a de Glória

Coelho é altamente

inovadora porque, ao

mesmo tempo em que

reorça a ousadia no processo criativo da estilista,

ajuda-nos a promover a tecnologia sustentável

 junto a um público dierenciado, com orte poder

ormador de opinião e infuenciador de compor-

tamentos”, comenta Susana Cintra, presidente

da empresa. 

• No desle da marca 2nd Floor, teve desta-que o denim Vision Paper Megafex. Ele az parte

da linha Hi-Comort, da Canatiba, composta por

denims que oerecem máximo conorto e são

ecologicamente corretos devido à presença da

bra Liocel em sua abricação. Desenvolvido com

matérias-primas renováveis, o Liocel proporcio-

na um toque agradável em ambos os lados do

tecido, além de ser produzido em harmonia com

o meio ambiente. Marli Vernille Guth, gerente

de marketing da Canatiba, destaca: “Estamos

muito contentes em participar do desle da 2ndFloor, uma marca jovem que oerece aos seus

consumidores um jeans valorizado por inovação

tecnológica, com atributos dierenciados de be-

leza e conorto. Os produtos da linha Hi-Comort

são também harmoniosos com o consumidor

 jovem, que prioriza produtos que respeitam o

meio ambiente.”

• A questão da sustentabilidade

também oi levantada no desile

de Ronaldo Fraga. As sacolas re-

tornáveis com estampas utilizadas

em várias das coleções do estilista

zeram sucesso. Elas oram disputa-

das no espaço Verdemar, que vende

produtos para alta gastronomia em

Belo Horizonte, capital de Minas

Gerais. “Assim como Ronaldo,

temos a mesma preo-

cupação em agradar

e surpreender nosso

público, além do oco

em questões urgentes

como sustentabilida-de”, explica o empresá-

rio Alexandre Poni, da

rede de supermerca-

dos Verdemar.

• Ainda no des-

le de Ronaldo Fraga,

a maquiagem cou

a cargo da Natura,

que tem a sustenta-

bilidade como prin-

cípio e cria coleções

de produtos sempre

com base em elementos da na-

tureza. Foram as preocupações

socioambientais que zeram da

empresa um destaque.

• A Osklen carrega em seu

gene a ilosoia do criador da

marca, Oskar Metsavaht. Ele exigeque as matérias-primas de suas

coleções sejam prioritariamente

ligadas à sustentabilidade (leia

mais sobre a Osklen na pág. 59).

• No desle da Ellus, a San-

tana Textiles lançou sua coleção

de tecidos denim produzidos

com a inovadora e exclusiva

tecnologia BEM (Bi Elastic Mo-

vement). Desenvolvido em par-

ceria com a Creora Eco, empresado grupo sul-coreano Hyosung,

o tecido se desloca multidire-

cionalmente. Ele é produzido

segundo as orientações “eco

riendly”, que exigem o uso de

menos produtos químicos.

• Um Mini Cooper Cabrio,

da BMW, oi customizado para

decorar a passarela do desfle de

Glória Coelho. A pintura do carro,

exclusiva, oi inspirada em uma

estampa da coleção da estilista.

Entre os conceitos de concepção

da linha Mini estão a utilização

de menos material, a produção

mais limpa e a possibilidade de

customização. Parte dos mate-

riais são reciclados ou reciclá-

veis. No site da marca há uma

divertida demonstração disso

(http://www.minibrasil.com/br/ 

 pt/recycling/index.jsp ).

Como se pode ver, no mun-do da moda os negócios susten-

táveis vão além da eemeridade.

Mas são moda no sentido de

estarem em movimento, de se

atualizarem constantemente,

de buscarem novos caminhos

que aliem conorto, bem-estar e

qualidade de vida com respeito

ao meio ambiente. Nisso, moda

e sustentabilidade são mais que

parceiras comerciais, são irmãs,

e gêmeas!Denim Canatiba nodesfle da 2nd Floor

Desfle Colcci

com Tencel®

Desfle 2nd Floor

com Tencel®

Coletores solares da Transsen

e até um Mini Cooper Cabrio

da BMW (oto à esq.)

decoraram a passarela do

desfle de Glória Coelho

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http://slidepdf.com/reader/full/empresas-x-sustentabilidade 64/68

 

   V   I   S

   Ã   O    A

   M   B   I   E   N   T   A   L  •   J   A   N   E   I   R   O   /   F   E   V   E   R   E   I   R   O   •

   2   0   1   0

64

VISÃO ECONÔMICA

Economia à moda antiga

O uncionamento da economia mundial

reete a ignorância, ou pelo menos uma des-

consideração, quanto a alguns princípios da na-

tureza que a ciência identifcou ao longo dos úl-

timos cem anos. Descobriu-se que não existem

ações isoladas e que toda atividade humana

inuencia no ambiente local e global. Sabemos

que os recursos naturais não são inesgotáveise que a espécie humana exerce um grande

impacto sobre o planeta Terra. Somos hoje

mais de 6 bilhões de pessoas que, bem ou mal,

alimentam-se, geram resíduos, utilizam água

e realizam diversas atividades que modifcam

o ambiente natural das regiões onde atuamos

e também de toda

a Terra.

 Tomemos como

exemplo a ativida-

de agrícola. Sabe-

mos que a agricul-

tura é o setor da

economia mundial

que mais consome água, cerca de 60% do total

usado num ano. As constantes cargas de de-

ensivos agrícolas jogadas sobre cada colheita

acabam penetrando no solo e matando grande

parte dos microorganismos que mantêm a terra

saudável e produtiva, como era originalmen-

te. O arado, revirando o solo, expõe a terra às

intempéries, azendo com que as substâncias

nutritivas contidas na terra sejam arrastadas pelachuva e pelo vento. O passo seguinte então é

tentar devolver à terra sua ertilidade, através da

aplicação de ertilizantes – produtos químicos

derivados do petróleo – à base de nitrogênio,

ósoro e potássio. Todavia, parte dos produtos

aplicados não penetra no solo, que perdeu sua

permeabilidade, e são arrastados pelas ortes

chuvas para os rios, poluindo-os. Dessa maneira,

trata-se apenas de uma questão de tempo para

que os solos se tornem cada vez mais pobres e

– círculo vicioso – necessitem cada vez mais de

deensivos agrícolas e de ertilizantes.

Outras atividades econômicas uncionam da

mesma maneira, sem considerar suas consequên-

cias sobre o restante da natureza. Preocupamo-

nos apenas com o beneício que queremos

obter, sem atentar para a inuência que exer-

cemos sobre o todo. Exemplo extremo dessa

situação é a atuação da indústria pesqueira no

mundo. Depois do aumento da rota de barcose da utilização de métodos eletrônicos cada vez

mais sofsticados para localizar os cardumes, a

produtividade da pesca aumentou tanto que

diversas espécies de peixes já não conseguem

mais se reproduzir na velocidade e na quan-

tidade necessárias para sua sobrevivência.

O resultado, além

da quase extinção

de alguns desses

peixes, é que nos

últimos dez anos a

produtividade do

setor vem caindo,

causando desem-

prego e crise econômica em regiões depen-

dentes de pesca.

A maneira como vimos explorando a oresta

amazônica é outro exemplo dessa orma míope

de exercer uma atividade econômica predatória.

Extensas áreas de oresta, incluindo plantas e

animais desconhecidos da ciência, são derru-

badas e transormadas em carvão e cinza para

dar lugar à cultura de soja ou à criação de gado.Essas atividades acabarão por desgastar com-

pletamente o solo, que só era értil por causa da

cobertura orestal de que dispunha. Guardadas

as proporções, é o mesmo que dinamitar o morro

do Pão de Açúcar para calçar as ruas do Rio de

Janeiro com paralelepípedos.

Nossa economia ainda atua em grande

parte como se os recursos naturais ossem

inexauríveis e como se a contínua destruição

da natureza – para manter o sistema em uncio-

namento – não tivesse qualquer consequência

sobre o uturo.

Ricardo Ernesto Rose

      D      i    v    u      l     g     a     ç      ã     o

RICARDO ERNESTO ROSE

é diretor de Meio Ambiente e

Sustentabilidade da Câmara

Brasil-Alemanha; ormado em

 jornalismo e flosofa, possui

cursos de extensão em gestão

ambiental e de especialização

em energia, economia,marketing e fnanças

A agricultura é o setor da

economia mundial que mais

consome água, cerca de 60%do total usado num ano

Os recursos naturais não são inesgotáveis e a espécie humanaexerce um grande impacto sobre o planeta Terra

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Ecosurwww.ecosurf.orgEditora Campuswww.campus.com.brElectroluxwww.electrolux.com.brEmpresa Municipal de Desenvolvimento Urbanoe Rural de Bauru (Emdurb) www.emdurb.com.brEnio Noronha Rafnwww.mafadolixo.comCentro de Inormações de Recursos Ambientaise de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram)www.ciram.epagri.sc.gov.brFaber-Castellwww.aber-castell.com.br

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Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)www.inmet.gov.brInstituto Ilhas do Brasilwww.ilhasdobrasil.org.brIvete de Fátima [email protected] Napoleão da [email protected]é Eduardo Zaine (Unesp)

 [email protected] [email protected] Cerâmicas www.lepriceramicas.com.brInstituto EcoSocial (Projeto Germinar)www.ecosocial.com.brNaturawww.natura.com.brNR Ambiental11 - 2281-9751

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11- 3783-7800 – www.rodotec.com.brCia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)www.sabesp.com.brSociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET)www.sbmet.org.brTecnoplastwww.eiratecnoplast.com.brTermotécnicawww.termotecnica.com.brTetra Pak www.tetrapak.com.brToyotawww.toyota.com.brTrakinaswww.trakinas.com.br

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