edição comemorativa 43 anos camisa 12

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R$ 5,00 |EDIÇÃO NÚMERO 2 | AGOSTO 2014 corinthians nosso lema e o i

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Edição de aniversário dos 43 anos da Fiel Torcida Jovem Camisa 12. Já a venda na sede da torcida.

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O que é ser Camisa 12? Você sente isso? Leia o que temos a dizer sobre esse sentimento único............................Página 4

Centenário do Timão e a glória do povão. Lembre como foi o título do carnaval 2010............................Página 5

Primeiro clássico da Arena Corinthians, mas nada mudou, veja como foi o jogo............................Página 8

O estádio é nosso ou de um pequeno grupo? Realmente somos lembrados pelo Timão? Leia nosso Papo Reto............................Página 12

Voamos ao passado para lembrar como foi a caravana para o 1º título da Copa do Brasil............................Página 14

A 12 presenteia seus associados............................Página 17

Nossas sedes, nossa quebrada..........................Páginas 19 e 20

Editor Chefe: Bismarck Rodrigues

Fotografia: Bruno Kori/ Diego Batista/ Edson Fernandes/ Fábio Fagundes/ Geórgia Vilkas/ Natália Vicentini/ Robert Copana

Reportagens: Bismarck Rodrigues e Mariana Ramos

Diagramador: Bismarck Rodrigues

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No ano de 1971 um grupo de corinthianos, motivados pelo amor incondicional ao alvinegro do Parque São Jorge, dava início a uma das maiores torcidas organizadas do País. No dia 8 de agosto daquele ano nascia a Fiel Torcida Jovem Camisa 12. Começava, então, uma história que completa em 2014 seus 43 anos de amor e dedicação ao grande Sport Club Corinthians Paulista.

De 1971 para cá a Camisa 12 travou muitas batalhas, derrubou muitos obstáculos e reúne muitas histórias numa estrada percorrida pelo Brasil e pelo mundo inteiro seguindo o Corinthians. O nome que a torcida carrega não poderia ser melhor, o décimo segundo jogador, que joga junto com o time, na vitória ou na derrota, durante os 90 minutos ou quanto tempo durar a partida. Na adversidade, esse jogador se agiganta e empurra o sempre altaneiro com Coragem e Determinação.

Celebramos esses 43 anos de caminhada lembrando alguns momentos importantes da história do Timão em que a Camisa 12 marcou presença, como a quebra do jejum em 1977, a conquista do primeiro campeonato brasileiro em 1990, do primeiro mundial em 2000 e da tão sonhada libertadores em 2012. Sempre presente nas arquibancadas do Brasil e do mundo, honrando o título de décimo segundo jogador e mostrando que, de fato, “a 12 não é brincadeira!”

Tentamos nessa revista contar algumas dessas tantas histórias a você, associado e amigo da Camisa 12, como uma forma de agradecimento por fazer parte dessa história e contribuir para que ela não acabe. Também para inspirar as próximas gerações a conhecer um pouco mais da nossa história e dar continuidade nessa caminhada digna da qual tanto nos orgulhamos.

Essa revista é dedicada a todos vocês, associados, diretores, colaboradores, corinthianos loucos e, principalmente, em memória aos nossos guerreiros que já se foram e olham por nós: Nhocuné, Pagode, Dunga, Irio, São Jorge, Cabelo, Pamela e tantos outros que deixaram saudades e serão sempre lembrados. É por eles, para levar adiante essa história começada há 43 anos, que entregamos nossa total dedicação a esse projeto. Salve o Corinthians! Com coração e determinação, sempre juntos, jogando nas arquibancadas do mundo inteiro, para defender o nome do Corinthians em qualquer ocasião!

Por Mariana Ramos

UM BOM MOTIVO PARA SER CORINTHIANO

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O ano de 2010 foi muito especial para a nação corinthiana, com o Corinthians completando seus 100 anos de tradições e glórias mil. Neste ano, o G.R.C.E.S. Camisa

12 homenageou o Timão com o enredo “Um centenário de paixões. Parabéns Corinthians. Renascendo a cada dia, mais vivo do que nunca”. Além de comemorar o centenário do clube, comemoramos também o título no carnaval. A escola foi campeã do grupo 2 da Uesp em 2010 subindo para o grupo 1, onde desfila atualmente. Como em tudo que a Camisa 12 faz para exaltar o nome do glorioso Corinthians, o desfile daquele ano foi feito com muita coragem e determinação. Com a dedicação total de seus componentes, diretores, ritmistas e o apoio da comunidade foi possível fazer uma bela festa para comemorar nosso centenário. A comissão de frente abriu o desfile da agremiação com a proteção de nosso padroeiro, São Jorge guerreiro, que veio abrindo caminhos para o show que estava por vir. O primeiro casal de mestre sala e porta bandeira carregava o símbolo do Sport Club Corinthians Paulista com a dedicação e elegância que ele merece.

O carro abre alas trouxe o símbolo da escola, a Pantera, pedindo licença para saudar o motivo da existência da torcida. Neste carro, ainda havia referências a fundação do clube, como o Campo dos Lenheiros (representando a primeira partida do Corinthians) e lampiões. A primeira ala “Sob a luz do lampião” lembrou o momento da fundação do clube, em 1910, quando cinco operários se reuniram sob a luz de um lampião para fundar o que mais tarde seria um dos maiores clubes do mundo e nossa razão de existir. Na sequencia, a primeira partida do Todo Poderoso, que ocorreu num campo em que eram guardadas lenhas, foi novamente lembrada. O famoso ”Campo dos Lenheiros” ficou então eternizado no desfile da escola. A Bateria Ritmo 12 não poderia vir melhor: sua fantasia representava o mascote do Timão, o mosqueteiro D’ Artagnan. Mas não foi só pela fantasia que a bateria se destacou. Os ritmistas mostraram que não estavam para brincadeira e ditaram com muita qualidade o ritmo contagiante do samba que exaltava a história do Corinthians. Mais do que 10, a bateria foi nota 12! "Foi meu primeiro ano de bateria.

""""a grande festa, o centenario do nosso amor

Por Mariana Ramos

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Não teve como não se emocionar." declara Felipe Purificação, membro da torcida e ritmista da escola. "Foi um desfile muito aguerrido, apesar de algumas dificuldades que surgiram, nós superamos e merecemos o título do carnaval", destacou Pagodinho. O Corinthians é o único clube paulista a conquistar por três vezes um TRI CAMPEONATO PAULISTA e a quinta ala da escola veio lembrando esse grande feito, o famoso “Tri do tri”, ganho em 1922/ 23/ 24, 1928/ 29/ 30 e 1937/ 38/ 39. Impossível falar da história do Coringão sem falar de seu maior orgulho: a fiel torcida. A sexta ala da escola veio lembrando o surgimento das torcidas organizadas que acompanham o time em qualquer ocasião. Ainda falando da fiel, a ala 7 recordou um marco inesquecível: a invasão corinthiana em 1976 no Rio de Janeiro, em que mais de 70 mil torcedores tomaram a cidade e o Maracanã para a partida entre Corinthians e o time das Laranjeiras. Uma das alas vitais para qualquer escola, com certeza, é a ala das baianas. Em 2010, essa ala da Camisa 12 veio representando a conquista em 1977, após 23 anos de jejum, do Troféu Jubileu de Diamante pelo Sport Club Corinthians Paulista. Outro marco do qual o corinthiano se orgulha foi lembrado na ala de número 9 da escola: a Democracia Corinthiana. Surgido nos anos 80, o movimento era composto por jogadores como Sócrates, Casagrande e Vladimir, que reivindicavam maior liberdade e participação no clube. Este movimento mereceu destaque pois os jogadores lutavam pelo ideal da democracia dentro e fora do Parque São Jorge no momento em que o País ainda vivia sob uma ditadura militar. Uma das principais qualidades do Corinthians Paulista e de seu torcedor é a superação. Na adversidade, o time se agiganta e, junto com sua torcida, mostra porque merece o título de Sempre Altaneiro. No ano de 2007 o Timão passou por uma de suas piores situações: foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. Quem pensou que o rebaixamento afastaria a torcida dos estádios estava completamente enganado. Naquele momento, mostramos porque somos a Fiel Torcida.

Com o título de “Ressurgindo das cinzas”, a ala 10 da Camisa 12 contou essa história de fidelidade e superação. Assim como a fênix, ave mitológica que ressurge das cinzas, o Corinthians deu a volta por cima e em 2008 conquistou com várias rodadas de antecedência o retorno a série A do campeonato. A ala 11 celebrou as conquistas do Coringão na Federação Paulista de Futebol (FPF), na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e na FIFA, sendo o primeiro Campeão Mundial de clubes reconhecido pela entidade internacional. Já na ala 12, a escola veio parabenizando o clube pelo seu centenário e desejando que aquele fosse apenas o primeiro de muitos outros.

Não há como falar de um amor tão forte e verdadeiro quanto o que sentimentos pelo Corinthians sem trazer a avenida a representação máxima do sentimento: o coração corinthiano. “Parabéns, meu coração é todo seu!” cantava a escola emocionada. E é claro que a história não pode ser recordada sem homenagear os responsáveis pela existência da nossa escola. A ala 14 trouxe a respeitada velha guarda da agremiação, pessoas que vivenciaram muitos dos momentos do Corinthians que foram contados nas alas anteriores. Um dos principais momentos do desfile foi a passagem do carro alegórico que trouxe a avenida o palco de grandes conquistas e festas da nação corinthiana:

Primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira traz na fantasia uma homenagem ao Corinthians

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o estádio Paulo Machado de Carvalho, nosso querido Pacaembu. Por ser a casa do Timão por tantos anos, o Pacaembu foi palco de grandes vitórias, como campeonatos Paulistas e mais tarde seria palco do Brasileiro e da conquista da tão sonhada Libertadores em 2012. O gramado veio na cor dourada, representando todas essas conquistas e homenageando o solo sagrado que ficará eternamente em nossos corações. A última ala, de número 15, trouxe personalidades e amigos da escola que ao longo daquele ano apoiaram todo o trabalho realizado pela agremiação e saudou o centenário corinthiano, encerrando com chave de ouro essa bela homenagem ao Corinthians Paulista dos nossos corações. Sem dúvida alguma, o desfile do G.R.C.E.S. Camisa 12 em 2010 emocionou a todos e ficará guardado eternamente em nossos corações. Foi uma bela homenagem, a altura do Corinthians e da fiel torcida, merecedora do título e da ascensão ao grupo 1 da UESP. O carro com a Pantera, simbolo da escola, traz São jorge Guerreiro para abençoar o desfile

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Foto: Robert Copana

No primeiro clássico disputado na casa do Timão, o time da série B perdeu novamente para o Corinthians e há quase duas décadas não sabe o que é vencer o coringão em seus domínios

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Um clássico contra o Palmeiras é sempre um evento a parte na vida de um corinthiano, e o dia

27 de Julho foi uma ocasião ainda mais especial, pela primeira vez o Timão recebeu o time sem mundial na Arena Corinthians, em Itaquera. Como já falavam os antigos, uma semana de Corinthians e Palmeiras é diferente, ainda mais quando o rival decide por a paz em risco por não ter condições de bancar os ônibus para o estádio. Se na sexta feira prévia ao clássico os rivais decidiram bancar os miseráveis, no sábado a Camisa 12 fazia sua reunião geral para discutir como seria o dia seguinte. Na pauta, materiais

que seriam levados, ingressos para subsedes, orientações na arquibancada e o transporte para o clássico. Por aclamação ficou decidido que sairíamos da sede às 11h e partiríamos na caminhada até o Metrô, de onde partiríamos para sedinha da Leste e o jogo na sequência. Seriam levados para o jogo mil bexigas, o bandeirão gigante, o bandeirão redondo, bandeirinhas e algumas bandeiras para o mosaico, além das duas faixas de praxe e a bandeira em homenagem ao Dr. Osmar de Oliveira. Domingo é grande dia. Para ajudar no clima de tensão, a CPTM e o Metrô decidiram fazer uma série de manutenções nas vias, menos opções para os torcedores chegarem a linha Vermelha Barra Funda- Corinthians Itaquera. O frio e a chuva também afastam a população das ruas, mas as informações correm, pela internet sabe-se dos movimentos dos porcos que vão sentido Barra Funda. A sede não estava tão movimenta quanto se esperava, algumas subsedes já haviam chegado, outras foram chegando

no decorrer da manhã. Próximo ao meio dia o departamento de bandeira começava a se mexer para guardar o patrimônio no ônibus vindo da Zona Sul, bandeiras e bandeirões descendo, fivelas dos instrumentos sendo organizadas, letras de isopor sendo arrumadas, tudo enfim organizado e pronto para partir. Mas a chuva é persistente e atrapalha a caminhada. Por volta das 13h sai o comboio rumo a Itaquera, com ônibus, motos, carros, van e até Kombi, todos lotados. O trajeto todo foi feito em menos de uma hora, mas sempre com a tensão de a qualquer momento encontrarmos com os adversários. Com dois batedores improvisados, rua a rua as vias foram fechadas para a Camisa 12 passar e a cada metro que nos aproximávamos do estádio o clima era cada vez mais alvinegro, não tinha espaço para suínos. Com duas horas para o jogo chegamos a sedinha na Leste, patrimônios levados para a Kombi vinda de Jundiaí, e como combinado no dia anterior, era hora de montar o pelotão e descer juntos para o

O Dozito acompanhou toda a preparação para o Derby Paulista, entre CORINTHIANS e Palmeiras, na Arena do Timão. Leia como foram os dias que antecederam ao jogo

A nossa irmandade é muito forte, tão forte que supera até a morte, por isso nós teremos que lutar, e não deixar nada nos separar

Foto: Natália Vicentini

Por Bismarck Rodrigues e Mariana Ramos

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ponto de encontro. Não tem como negar, o bonde da 12 chegando é um evento único, vizinhos, crianças, carros, todos paravam para ver o pelotão passando. A chegada é alto estilo, fumaça, bandeiras de bambu, fogos de artificio e o breque gritado em alto e bom tom, para quem quiser ouvir. Para quem não conviveu com o corinthianismo em sua plenitude das décadas passadas ou para quem sente falta desse período, ir a sedinha em dias de clássico é item obrigatório. Um pouco mais de uma hora depois, a caminhada sai em direção a Arena Corinthians, mas não sem antes mostrar a fiel que o futebol moderno ainda não dominou os corinthianos. Durante o percurso sinalizadores acessos, gritos de ordem e a atenção era roubada por onde passávamos, até chegarmos minutos antes do apito inicial. Falar do Derby Paulista é desnecessário, mas vamos a alguns dados interessantes. Segundo a emissora CNN, esse é o principal clássico brasileiro, 9º em escala mundial, rivalizando com Boca x River, Real Madrid x Barcelona e Milan

x Internazionale. A década de 90 foi uma das principais para esse clássico, em especial os anos entre 1998 e 2001 com jogos decisivos, onde o equilíbrio era impressionante, principalmente o equilíbrio que o “capetinha” Edilson tem com a bola na nuca, lembra Galeano? Esse jogo era especial por ser o primeiro clássico da Arena Corinthians, o que por si só já seria um drama para os palmeirenses, mas que ficou ainda mais agravado sabendo que desde 95 o time bicampeão da série B não vence o Bicampeão mundial na casa alvinegra, o Pacaembu. A partida em certos momentos parecia uma luta de UFC entre o dono do cinturão lutando em seu País contra um desafiante qualquer. O campeão dominava a partida, mas sem muita energia para nocautear o desafiante, mas na segunda etapa o show começou rápido, aos cinco minutos, depois de uma bela jogada na entrada da área, Elias passou para Guerrero abrir o marcador. Durante todo o segundo tempo o

Timão foi mais ofensivo, sem dar chance ao time recém saído da segunda divisão. Nesse momento entrou em cena todas as alegorias programadas, com destaque para as bexigas, que foi responsável por uma bela coreografia na arquibancada. No fim do jogo, o campeão mundial, dono do cinturão, deu o golpe de misericórdia no desafiante. Elias, novamente armando a jogada, abriu na esquerda para Petros, que fuzilou e bateu o último prego no caixão verde. A partida como um todo foi morna, mas a atuação de Elias lembrou a do, também volante, Paulinho, em 2012, quando destruiu o time que conseguiu seu segundo rebaixamento ao fim da temporada. Se no Pacaembu, antiga casa do Corinthians, o rival não tinha vez desde 1995, na nova casa, tudo leva a crer que a freguesia aumentará. Vale lembrar que o último clássico na casa do Corinthians, ainda na década de 40, o Coringão venceu o freguês no Parque São Jorge, ou seja, onde o Timão manda o time do chiqueiro não tem vez.

A festa na arquibancada saiu como planejada. Vitória do Timão, bandeirão no começo da partida, e o mar branco de bexiga está formado

Foto: Robert Copana

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Se a Camisa 12 é hoje uma das maiores e mais respeitadas torcidas do Brasil, parte desse prestigio se deve aos que vieram antes e colaboraram em um momento que a disposição era a principal ferramenta no dia a dia de uma organizada. Respeitar e lembrar da velha guarda e dos “nego véio” é a melhor forma de seguir em frente, não repetir os erros e evoluir,

afinal, o crescimento é evidente.Nessa edição, vamos dedicar uma pequena parte para homenagear três lendas da torcida, Pamela, Nhocuné e Pagode. Se chegamos aos 43 anos de união com o Corinthians, esses personagens fazem parte daqueles que encarnaram o espírito da Camisa 12, mas que, infelizmente, nos deixaram.

a nossa irmandade e muito forte...

Clayton Ferreira da Silva, ou simplesmente Nhocuné, uma referência para quem viveu a Camisa 12 nos anos 90, uma inspiração para quem o conheceu. Nho-cuné foi um dos responsáveis pelo crescimento da torcida na Zona Leste nesse

período, ao lado de seus aliados, participou da U.L.C. (União Leste Corinthiana) e como diz um dos slogans do grupo, ele foi um dos monstros criado por essa fábrica. Jhony Paroche Alves, Tchô da Zona Leste, ainda era moleque quando conheceu Nhocuné, mas lembra dos esforços feito por ele para o crescimento da torcida na época. “Era uma período em que saíamos em 4 ou 5 cabeças aqui da Leste e ele passava na rua chamando a garotada para ir ver o Timão jogar”, lembra Tchô, que foi uma das crias da turma do Nhocuné.

Para ele, uma das passagens marcantes foi uma caravana para o Rio de Janeiro em 1999, contra o Flamengo. A época com 11 anos, ele escondeu uma bandeira de Itaquera em sua mochila e levou escondida para o Maracanã. “Quando abrimos ela, o bambu quebrou e ele ficou muito bravo”, conta como um aprendizado que ele teve sobre o respeito aos mais velhos. “Tínha-mos que ouvir os mais velhos de casa pela experiência, pois é uma lição para a torcida fortalecer. Se todo mundo fizer o que quiser a 12 seria uma torcida qualquer”, lembra das palavras de Nhocuné. Se hoje a Zona Leste é uma das quebradas mais fortes da Camisa 12, muito se deve a esse ícone da torcida. Eduardo Lino, Morfão, lembra com carinho da caminhada de Nhocuné. “Ele foi responsável direto pelo crescimento da 12 na Leste não só pela sua liderança, mas sim pela sua simplicidade, humildade, pela sua guerrilha e o modo de manifestar o amor pelo Corinthians e pela 12”, recorda. E para não falar que ele não deixou nada material para a torcida, Morf esclarece que o Dozito atual, usado de uma forma mais agressiva, foi seu amigo quem criou para a torcida. “Causou uma nova forma de ver a torcida, tanto entre os associados, como pelos rivais. Aumentou o nosso respeito”, sentencia. Clayton deixou sua esposa grávida no carnaval de 2004, mas sua memória é lembrada no nome do seu filho de 9 anos, Clayton de Oliveira Sena. Contudo, quem o conheceu jamais se esquecerá e para quem entrou depois já sabe dessa referência.

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Um cara sem palavras, essa é uma definição comum na Camisa 12

quando se ouve o nome de Sérgio Soares, Pagode. Muito conhecido na região da Vila Maria, ele começou a frequen-tar os ensaios na quadra em meados de 2002. Pagode era uma pessoa mui-to perfeccionista, gostava que as coisas estivessem funcio-

nando regularmente e isso te deu a fama de bravo. “Ele era sim bem bravo, mais para rabugento, com ele tinha que ser tudo nas mais perfeita ordem, sem meio termo”, explica Fábio Fagundes, o Fabinho da Sul. Quem já sofreu com os acessos de raiva de Pagode foi Bruno Kori, o 23. Os 3 viajavam para Goiânia no carro do 23, mas no meio do caminho um problema. “Já estávamos em Caldas Novas quando o carro quebrou, pensa como o Pagode ficou furioso com o 23”, lembra Fabinho. Fabinho conheceu Pagode logo em seus primeiros dias na torcida e ganhou um grande companheiro de viagem e de his-tórias. Ele se lembra da primeira viagem de avião que fizeram, ainda em 2004, para Porto Alegre, ver o Corinthians contra o internacional. “Foi eu, o Pagode e o Carioca, chegando em Porto Alegre pegamos um táxi, o taxista olhou para nós e deu risada, mas encrespou com o Pagode porque ele estava com uma camisa polo azul”, mas segundo Fabinho tudo se resolveu com a orientação para trocar de roupa. Sérgio Soares faleceu em novembro de 2008, em decorrência de um infarto que sofreu em sua casa, a quadra da Camisa 12. Mas sua personalidade e suas histórias ficaram para sempre, morreu a pessoa Sérgio Soares, mas nasceu a lenda Pagode.

Pamela Ferreira Pereira se estivesse entre nós poderia ser considerada

uma “nega véia” da Camisa 12. A Pam, como era conhecida, era uma daquelas que não deixava nada a perder para os homens da torcida e que não media esforços para defender a nossa entidade. Quem a conheceu, e se tornou uma das melhores amiga dela, Cibelle Oliveira, popularmente conhecida como Bellinha. “Um

dos motivos de eu ser Camisa 12 se deve a Pamela, ela me ensinou muito sobre a torcida”, lembra Bellinhah que está completando dez anos de Camisa 12 esse ano. Pam era tão apaixonada pela torcida e pelo Corinthians que há cerca de dez anos ela foi para Mogi das Cruzes acompanhar o time de basquete do Corinthians no campeonato nacional, o adversário jogava de verde. Bellinhah lembra que as duas começaram uma confusão contra os rivais, que conseguiram pegar o boné da 12 de Pam. “Quando ela viu que perdeu o boné, ela voou em cima dos caras para recuperar o boné”, se diverte Bellinhah. No dia 27 de agosto de 2007 Pamela faleceu em decorrência de problemas no fígado. Ela tinha duas filhas e quatro irmãos, mas Bellinhah garante que ela tinha muito mais familiares. “Tenho certeza que ela viveu os melhores dias da vida dela na 12, fomos a segunda família dela”.

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“O Corinthians vai ser o time do povo e é o povo quem vai fazer o time”, essas foram as palavras do primeiro presidente do Corinthians, Miguel Battaglia, em 1910, quando surgia a razão da nossa existência. Passado mais de um século de tradições e glórias mil, essas palavras começam a perder o sentido. Estão tentando

tomar o time do povo para entregá-lo a quem puder pagar por ele. Literalmente estão vendendo o Corinthians Paulista, e a preços abusivos. Durante toda a nossa história, alimentamos o sonho de termos nosso próprio estádio, a casa da Fiel. Quando finalmente é chegada a hora, o que vemos é a nossa casa se tornar palco do futebol moderno que segrega e coloca um público de teatro no lugar do povão que ajudou a construir a história do Todo Poderoso. O torcedor da periferia que economizava até onde não dava para no domingo atravessar a cidade, fizesse chuva ou sol, e poder jogar com o Corinthians das arquibancadas durante os noventa minutos. Esse torcedor, o famoso “coringão louco”, que sonhou a vida inteira com a nossa casa, hoje, vê um mármore onde ele não pode pisar. Construíram uma arena moderna, de mais de R$ 820 milhões, em um local que ainda deixava alguma esperança em manter nossas origens: a periferia, o bairro dos corinthianos pobres, favelados e fieis. Essa esperança logo caiu por terra, quando vimos cadeiras tirarem nossos pés do concreto da arquibancada. Quando o valor do ingresso mais barato não condiz com a realidade econômica do brasileiro que acompanha o seu time do coração. Estão tentando, e até agora conseguindo, tirar um das poucas opções de lazer do pobre. Estão indo contra nossa própria história, acabando com a nossa tradição. Além de valores absurdos nos ingressos, ao retirar o direito a gratuidade nas entradas para os idosos e crianças, a diretoria do Corinthians impede de assistir aos jogos na Arena àqueles que presenciaram os melhores e os piores momentos do time e os que são o futuro da nação. O deficiente que não tem condições de arcar com o custo do ingresso e que já sofre tanto preconceito na sociedade também se vê de fora dos jogos do Timão, enquanto o conselheiro milionário não paga um real sequer. O verdadeiro torcedor do Corinthians comemorou por dias a tão sonhada conquista da América e esteve ao lado do time naquele fatídico 2 de dezembro de 2007, prometendo em alto e bom som: “eu nunca vou te abandonar, porque eu te amo”. A fiel torcida não tem cor, crença ou classe social definida, tem em comum apenas um bem, que é o mais valioso e não há preço nenhum no mundo capaz de pagar: o amor ao Sport Club Corinthians Paulista. É para essa fiel torcida que deveria ter sido feito um estádio, seja ele moderno ou não, com ou sem mármore. Nossos pés precisam voltar para o concreto. Nossa luta é para que possamos de novo abraçar o irmão desconhecido ao comemorar um gol sem nos preocupar com cadeiras que nos separaram, nos dividem. Nós queremos o nosso Corinthians grande de volta. É nosso dever, enquanto o décimo segundo jogador, lutar até o fim para devolver ao povo o que é do povo. A luta continua!

cade o time do povo?

Texto baseado nas emoções, sentimentos e no pedido popular da torcida do Corinthians, que hoje se faz representar por nós,a Fiel Torcida Jovem Camisa 12, o Jogador das Arquibancadas.

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Estar lado a lado com o Timão em qualquer ocasião é mui-to mais que uma frase, na história da Camisa 12 e da fiel torcida diversos foram os atos de insanidade, mas fretar

três aviões para ir a final de um campeonato, com certeza, é digna de estar no hall de loucuras protagonizadas pela torcida corinthiana.Em 1995, o Corinthians chegava pela primeira vez a final da Copa do Brasil, o adversário era o Grêmio, que já tinha al-gumas conquistas no torneio e estava em um período com muitos títulos regionais, nacionais e internacionais, ou seja, era tido como favorito.A campanha do Corinthians o creden-ciava para a conquista inédita, já havia eliminado o Paraná e o Vasco, com uma goleada de 5 a 0 sobre os cariocas no Pacaembu, enquanto seu rival não tinha uma campanha tão animadora, tendo sofrido para eliminar o Flamengo na semifinal, mas a alcunha de copeiro já acompanhava os gaúchos, enquanto o Corin-thians queria se firmar no cenário nacional.A primeira partida foi no Pacaembu, no dia 14 de junho, casa cheia para ver o time de Viola e Marcelinho colocarem o Ti-mão na frente da disputa, mas um gol gremista atrapalhou a festa. A decisão ficaria para semana seguinte, no Olímpico e o Corinthians só tinha um gol de vantagem. Pessimismo? Não, a fiel já planejava como ir ao sul do País.Cleber Meta, Vila Maria e outros membros da Camisa 12 já

planejavam antes do primeiro jogo como ir, eis que surgiu uma nova ideia. “Estávamos na sede e pensamos, porque não ir de avião?”, lembra Meta. Porque não tentar? Mas como se-ria possível realizar tamanha loucura? Quem ajudaria nessa missão? Enquanto o Timão conseguia a vantagem na primeira partida, Cleber procurou Marcelo Patrício Junior, que tinha uma agên-cia de turismo, que prontamente abraçou a ideia e no dia se-guinte deu início a loucura. “Na quinta agitei a aeronave, que

banquei na loucura, na sexta foi feriado e no domingo distribui uma porrada de cartões no estádio”, lembra Patrício. O resultado foram três aviões lotados, mas ele garante que seriam mais se houvesse mais tempo para divulgação.Como fretar avião naquela época não era das missões mais baratas, a ideia foi aberta para as demais torcidas e tor-

cedores comuns, mas mesmo assim Cleber Meta conseguiu vender, só na sede, 130 passagens para o Boeing 727. Obvia-mente, a caravana não foi toda aérea, também tiveram os tra-dicionais ônibus alugados.Ao todo foram 400 corinthianos para o Rio Grande Sul, cada um pagando R$350. “É importante lembrar que podiam par-celar em até 3 vezes, mas nenhum deixou de pagar. Corinthia-no, maloqueiro e sofredor, porem honesto”, brinca Patrício.O voo saiu de Guarulhos às 14h, estava programado para ser um bate volta, com ônibus em Porto Alegre preparados para

“ Faziam poropopó pulando no corredor, foram servir suco

Parmalat, mas não deixaram servir, preferiam comer o lanche seco, mas não bebiam, rolou até whisky”, lembra Patrício.

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Por Bismarck Rodrigues

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fazer o translado até o estádio e a vol-ta seria logo na sequência. E para quem achava que a fiel se adequaria ao novo meio de transporte estava redondamen-te errado. Patrício lembra que a zueira era mesma de um ônibus. “Faziam poro-popó pulando no corredor, foram servir suco Parmalat, mas não deixaram servir, preferiam comer o lanche seco, mas não bebiam, rolou até whisky”, maloqueiros até no avião.Como diria o atual treinador do Corin-thians, Mano Menezes. “Os deuses do futebol sabem o que fazem”. Naquela noite o Corinthians foi superior durante toda a partida, mas venceu por apenas 1 a 0, gol de Marcelinho Carioca e con-quistou o primeiro dos três títulos no torneio, a noite em Porto Alegre prome-tia.Tanto prometia, que Patrício lembra que o último avião saiu às 4 da manhã, graças a maioria, que em meio a festa, esqueceu que os ônibus deveriam sair logo após ao jogo e perderam o trans-lado.Essa foi a primeira vez que uma torcida organizada fretava aeronaves para ir a uma partida, e foi logo em grande estilo. Nos cinco anos seguintes a fiel voltou a repetir o feito, nas finais dos campeona-tos brasileiros de 1998 e 1999 e no título Mundial de Clubes da FIFA de 2000, com média de 300 pessoas por viagem. Mas como dizem, a primeira vez a gente nun-ca esquece, e essa loucura ficará para sempre marcada.

DanrleiArceRivarolaAdílsonCarlos MiguelDinho (Alexandre) GélsonLuís Carlos GoianoArílsonPaulo NunesJardel

Técnico: Luiz Felipe Scolari.

RonaldoAndré SantosCélio SilvaHenriqueSilvinhoZé EliasBernardoSouzaMarcelinho CariocaViolaMarques (Tupãzinho)

Técnico: Eduardo Amorim.

GRÊMIOCORINTHIANS

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Local: Olímpico (Porto Alegre-RS);Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (MG); Público: 47.352;Gol: Marcelinho Carioca 26’ do 2º

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Viola, ídolo do Timão no início dos anos 90, dribla Arce na primeira partida no Pacaembu

Marcelinho Carioca foi o destaque corinthiano no torneio e decisivo nos dois jogos da final

PATRIM

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A história da Camisa 12 tem diversos pilares, como a independência, a determinação, o respeito, mas se tem um instrumento que faz com a torcida seja reconhecida e

respeitada nesse cenário é a sua BANDEIRA.

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Por Bismarck Rodrigues

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ao presente para a fiel

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“A entrada da Camisa 12 com suas bandeiras de bambu era reconhecida e esperada por

todos que assistiam as partidas do Corin-thians na década de 80”, lembra o atual presidente da torcida, Marco Antônio “Capão”. De fato, os mais antigos para sempre lembrarão dessas entradas mo-numentais, com mais de 100 bandeiras, que traziam vários desenhos, mas todos com a inscrição “Camisa 12”.Com o passar dos anos as autoridades proibiram os bambus, sob a alegação de segurança pública, quem perdeu? “Sem dúvida, éramos os melhores, ninguém fazia uma festa de bandeiras nas arquibancadas como nós, agora as arquibancadas perderam nossa arte”, lamenta o fundador da Camisa 12, Cláudio Faria Romero, o Vila Maria.Como de costume, na festa de aniversá-rio será apresentada a bandeira de 43 anos. Com um tema que une o passado, o presente e futuro. Trazendo os dozitos na frente, com a Arena Corinthians ao fundo, a intenção é mostrar a continui-dade. “Vamos homenagear Itaquera, a velha guarda e a juventude corinthiana para mostrar que a evolução continua”, explica Diego Batista, membro da direto-ria e um dos responsáveis pela pintura da bandeira.Pode parecer estranho, mas a juventude corinthiana remete ao passado da torcida, pois, desde sua fundação, a Camisa 12 esteve nas mãos dos mais novos, que sempre mostraram disposição para levar a torcida aos patamares mais altos, como explica Capão. “Somos formados, na maioria, pelos mais novos, que dão sangue novo a torcida e estamos sempre ouvindo, mas mantemos o respeito pelos mais velhos, que tem muito a contar”.Fazer a bandeira é a parte mais rápida do processo, o mais complicado é desenvolver a ideia e o desenho do que será feito. Como se trata de uma bandeira especial, ela recebe a atenção de todo o departamento de bandeira e da diretoria para a pintura do que foi planejado, mantendo ela guardada a sete chaves até o dia da exposição.Mesmo sendo um processo rápido, Diego lembra que não é muito barato fazer uma bandeira. “Tem que comprar 4m² de pano, uma lata de cada cor de tinta própria para tecido, mas economizamos com a mão de obra, que já é especializada aqui na torcida”, brinca o diretor. A mão de obra mencionada por Diego custa em média R$350.

Primeiro vem a ideia, que logo vira um riscado no papel, a partir de então, é mãos a obra

Em alguns dias, a bandeira já está com a pintura quase pronta, faltando apenas os retoques

Foto: Diego Batista

Foto: Diego Batista

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Rua Paulo Andrighetti, 419, Pari, e Rua Juvenal B. Coimbra, 12, no Belém, esses endereços estão na

mente de qualquer dozito, desde 1989. Mas esse segundo lar que a Camisa 12 dá aos seus associados nem sempre foi ali, muito menos tão estável.A história conta que essa é 9ª sede da torcida, que já rodou pela zona norte e central até chegar ao Pari. Em poucos momentos a Camisa 12 possuiu uma sede fixa, tudo sempre foi alcançado com muita luta e improviso, mas sem deixar a grandeza de lado.Logo que foi inaugurada, o Corinthians cedeu uma pequena sala do clube, na qual ficou poucos meses, mas serviu como QG no período. Em agosto de 1972 a mudança foi para a Avenida Du-que de Caxias, ao lado da Praça Júlio Prestes. “Nesse período tanto a minha casa, quanto a do Cleber Meta serviam para guardar os materiais e patrimônios da torcida, que em dias de jogos eram levados para o estádio”, afirma Claudio Faria Romero, o Vila Maria.A sede seguinte, na Avenida Rangel Pestana, 1292, foi inaugurada em 1974, mas com uma novidade, por ser um es-paço maior, dessa vez também servia como salão de jogos, o que trouxe pro-blemas com os demais moradores. “Tí-nhamos alugado um apartamento em um prédio residencial e todo aquele ba-rulho perturbava a vizinhança”, lembra o fundador.Só cinco anos depois da fundação que a Camisa 12 se mudou para uma sede grande, uma casa na Vila Maria, Rua An-tônio Fonseca, foi alugada e serviu até para realização de bailes aos sábados, além de um bar improvisado e mesas de jogos. No mesmo ano foi alugada uma sala no Largo Sete de Setembro, que, entre ou-tras coisas, tinha a venda de passagens para as caravanas. Inclusive, de fren-te essa praça saiu a maior caravana da história da torcida, em 1976, na Invasão Corinthiana ao Maracanã, com mais de

60 ônibus. A torcida ainda ficou dez meses na Rua Professora Maria José Barone Fernandes, até se mudar para a sede mais conhecida da torcida, na Rua Conselheiro Crispiniano. “Esta sede é uma das mais famosas da Camisa 12 era muito frequentada, nos finais da tarde ficava lotada. Tinha mesas de jogos no salão maior, um escritório e uma sala de estar”, lembra Vila Maria do local que abrigou a torcida até outubro de 1981.Um sobrado na Barra Funda recebeu a torcida por um ano e meio, em meados de 1982, quando a Camisa 12 vivia um momento de transição, então os instrumentos e patrimônios voltaram a ficar na casa dos fundadores. Em 1985, a mudança foi para um imóvel dentro do Clube Benfica, na Vila Maria, essa foi a última sede da torcida antes de mudar, em definitivo, para a atual sede.

a minha, a sua, a nossa casa

Vicente Matheus foi visitante ilustre na inauguração da sede quando ainda era na Vila Maria

Fazer festa sempre foi uma arte da torcida e na nossa casa não seria diferente

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Por Bismarck Rodrigues

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QUEBRADAS

Por Mariana Ramos

Uma quebrada que

impoe o seu valor

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O maior clube do mundo tem uma verdadeira nação de torcedores, um bando de loucos que

domina não só a cidade de Corinthians como o País inteiro e até fora dele. Apesar de encontrarmos corinthianos com facilidade em qualquer lugar, é impossível não pensar logo de cara em uma região: a zona leste. Além de ser a região com o maior número de torcedores, a leste é literalmente a casa do corinthiano: o Parque São Jorge, sede do clube, fica no bairro do Tatuapé e o recém inaugurado estádio, em Itaquera. Com a Camisa 12 não é diferente, a zona leste é uma das regiões mais fortes da torcida, importante tanto na história como no crescimento atual da entidade. A Leste é, com certeza, um braço forte da 12, uma das quebradas com maior tradição dentro da entidade. Além de reunir incontáveis histórias ao longo dos mais de 20 anos de caminhada, recentemente foi inaugurada a sub sede da zona leste. O local não poderia ser melhor: ao lado da nova casa da Fiel, a Arena Corinthians. Mas se engana quem pensa que a sub sede seguiu o “padrão Fifa” da Arena. A Camisa 12 Zona Leste manteve seu compromisso com a nossa tradição e a sub tem o melhor estilo Coringão: na favela, com o bom e velho churrasco, a gelada e o samba que não podem faltar e, é claro, muito corinthianismo. Essa não é somente uma quebrada forte, é literalmente uma família. Nessas duas décadas, gerações passaram e deixaram um legado marcante. Um diferencial da leste é com certeza junção do novo com o velho, dos “nego véio” com a “molecada”. Essa convivência faz com que a nova geração aprenda com os mais velhos a ideologia da torcida e o verdadeiro corinthianismo. “A zona leste é o lugar onde eu comecei com torcida e aprendi tudo que sei.”, diz Natã Ferreira, 19, que começou a frequentar a torcida em 2012. “A nossa irmandade continua muito forte, por isso somos o que somos hoje. Zona Leste sempre representando!”. Podemos dizer que a zona leste é um retrato da evolução da torcida. Desde o mais velho ao mais novo, todos estão juntos por um só motivo: o Corinthians.Se a Zona Leste é o que é hoje, muito se deve ao empenho daqueles que lá no começo se esforçaram no ideal de

fortalecer a quebrada com a ideologia da torcida. O legado deixado por eles é algo muito importante para os mais novos, que têm a responsabilidade de dar continuidade e manter sempre viva a ideia, o respeito e a disciplina ensinados pela velha guarda. Clayton Ferreira da Silva, o saudoso Nhocuné, é unanimidade quando se fala do passado na 12 e do começo das atividades da torcida na região. “A Camisa 12 zona leste teve um

crescimento de uns anos pra cá graças ao nosso companheiro Nhocuné, que idealizou uma caminhada e nos deu uma visão de torcedor e corinthianismo” diz Eduardo Lino, o Morfão. Ele lembra ainda uma frase do amigo que ficou marcada: “Não importa a quantidade, somos qualidade”. Na mesmo época em que a 12 zona leste surgia, nos anos 90, nasceu a ULC (União Leste Corinthiana), movimento do qual Nhocuné e tantos outros

Camisa 12 Zona Leste marcou presença nas obras da Arena Corinthians, a nova casa da fiel

Nos momentos antes dos jogos, a sedinha se torna o ponto oficial do esquenta da Camisa 12

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participaram ativamente e marcaram o início de uma caminhada vitoriosa da torcida corinthiana na região. Muitos dos membros ativos na torcida viveram essa época e hoje passam suas experiências e aprendizados para a “molecada”, o futuro da torcida. Durante toda a história da Camisa 12, essa quebrada sempre se fez presente. Há 14 anos representando a zona leste, Morfão destaca a importância que ela tem para a torcida do Corinthians: “A Camisa 12 na zona leste sempre esteve presente ao longo dessa caminhada, nas décadas de 1990 e 2000, com coragem e determinação, fazendo valer o rótulo de 12º jogador.” O que foi plantado lá nos anos 90 parece ter rendido bons frutos. Atualmente, é fácil identificar a zona leste no estádio. Com muita disposição, os jogadores da arquibancada da leste cantam e agitam sem parar 90 minutos. “Camisa 12 zona leste representa os 90 minutos nas arquibancadas do Brasil a fora. Gostamos de ficar na primeira, segunda e terceira fileiras das arquibancadas cantando, pulando e agitando sem parar” declara Leandro André, que está há cinco anos na torcida. Algo que também se destaca na zona leste, além da disposição na arquibancada, é a irmandade e o respeito entre seus membros. Em várias conversas por lá, essas

duas palavras estão sempre presentes. Sem dúvidas a Camisa 12 Zona Leste é uma segunda família para todos e a sub sede, um verdadeiro lar. “Lembro como se fosse hoje do dia que fomos pintar os mandamentos da nossa primeira sub sede. O Capão com o compressor na mão, e as idéias rolando soltas. Cada um passava e dizia algo, as palavras mais citadas eram ‘corinthianismo’, ‘amizade’.” recorda Pamela Marsura, que frequenta a torcida desde 2007 e se emociona ao falar sobre sua querida quebrada. Assim como tudo que envolve o Corinthians e a Camisa 12, essa quebrada desperta um sentimento muito forte. Um sentimento de família, amizade, irmandade. “Chamar alguém de irmão e saber que ele te respeita e te considera da família, não há dinheiro no mundo que pague. É bom ter irmãos de vida, mas é maravilhoso ter irmãos de alma, e são o que eles se tornaram pra mim!” define Pamela. O samba que embala os churrascos na sedinha não poderia dizer melhor: “a nossa irmandade é muito forte, tão forte que supera até a morte”. E superou! Alguns se foram, mas deixaram um legado e uma ideologia forte a ser seguida e continuada por todos. Não há dúvidas de que no lugar com o maior número de corinthianos da cidade a Camisa 12 marca presença e vive o corinthianismo em sua essência. Uma quebrada de tradição com muitas histórias para contar, essa é a LESTE!

Faixa na estréia do Brasil na Copa do Mundo

A seleção brasileira fez seu 1º treino na Arena Corinthians para a Copa do Mundo 2014 e a 12 Zona Leste estava lá para recepcioná-la

Na zona leste “sou da favela, eu não sou boy!”

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Empresário do ramo esportivo e de finanças, desde sempre apoiador de projetos sociais. Este é Renato Di

Matteo, amigo e grande incentivador de nossas atividades. Sempre demonstrando muito respeito por nossos ideiais, Di Matteo nos visita regularmente, pois na Fiel Torcida Jovem Camisa 12 ele se sente em casa.“Os integrantes da torcida sempre me recebem com muito carinho. É impossível não me sentir bem num ambiente como esse”, afirmou Di Matteo.A parceria se estende já há algum tempo, cerca de três anos. Renato Di

Matteo é sócio-diretor da DiMatteo Sports, empresa que atua no ramo de agenciamento esportivo e desenvolve projetos de integração social por meio do esporte desde a sua fundação. Ele já esteve por diversas oportunidades em nossa subsede, na Zona Leste, como na tradicional feijoada da Camisa 12/Corinthians, e elogiou os projetos sociais e esportivos de inclusão que a torcida organiza.“O que a Camisa 12 faz para a Zona Leste por meio do seu presidente, o Capão, com a inclusão social de crianças e adolescentes por meio da prática

esportiva vem ao encontro dos meus ideais. Nossa identificação foi imediata e muitos projetos virão pela frente”, comentou Renato Di Matteo.Ele ainda fez questão de parabenizar a edição especial da “O Dozito” pelos 43 anos da Camisa 12. “No dia 8 de agosto a Camisa 12 completou 43 anos de existência. Todos esses anos de amor ao Corinthians e de dedicação em seus trabalhos sociais. Que seja mais um ano maravilhoso e que a revista continue levando as notícias da torcida a seus integrantes com essa qualidade. Parabéns a todos!”, declarou.

um bom cidadao,

um bom corinthiano

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Por Redação

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A festa de bandeiras sempre foi

uma marca por onde passamos

Ribeirão Preto, 1995, Timão X

Porcos, adivinha quem venceu? Caravana um lugar para fazer

bons amigos

Túlio, o cachorro do Barcelona,

era Camisa 12, e dos bons

Só quem viveu e tem história

para contar

Couto Pereira, 1999, sempre

presente

Muro da Cohab Adventista,

Capão Redondo, Zona SulNo Maracanã a fiel sempre

compareceu em peso

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sMonumental de Nuñez, 2006, 6

loucos que cruzaram a fronteira

Sem padronização com as

camisas? Então vai sem mesmo

Nossas meninas sempre

representaram na bancada

Invasão ao RJ parte 2- O

Retorno do Campeão MundialNinguém é presidente a toa, a

caminhada é longa, né Capão?

Entrada das bandeiras no

Pacaembu, um evento1º jogo da Copa do Brasil 2008,

festa pirotécnica

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12,M

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Pacaembu, nossa eterna casa,

aqui a história será lembrada1ª Festa do Chopp na quadra,

um sucesso total

Bandeirão redondo subindo na

hora do gol do Guerrero

Couto Pereira lotado de

corinthianos, a saga continuaPrimeira Batucada na Arena

Corinthians

Seu Carlinhos, velha Guarda,

mais de 30 anos de torcida

Vou cantar para o Timão

ganhar/ eu te amo, te adoro...

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Departamento de bandeira a

pleno vapor na ArenaFesta, sinalizadores e gritos de

guerra na ida ao estádio

Corinthians veio pra vencer, e

os porcos se fu...Dep. Bandeira mostrando seu

valor com o novo patrimônio

Parar de cantar? Jamais, somos

o 12º jogador

O Timão jogou mal contra o

Bahia, mas a fiel fez sua parte

Um bonde forte, uma família

unida, uma torcida de verdade

Bateria entrando no Barradão

contra o Vitória