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Outras obras do autor:

Livros

Potencializando a sua Criatividade?

HAN? Guia Rápido e Prático para Falar em Público

Criatividade e Inovação - Gerando Ideias de Sucesso para a sua Empresa

DVDs

Endomarketing

Criatividade: 1 clipe, 10 minutos, 100 ideias

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Humberto Emílio Massareto

1ª edição

São PauloK01 Capital Intelectual

2014

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Massareto, Humberto Emílio

Seja uma pessoa mais criativa [livro eletrônico] :criatividade : inovação : desenvolvimentopessoal : desenvolvimento profissional : /Humberto Emílio Massareto. - - Jundiaí : K01Capital Intelectual, 2014.

3278 Kb ; PDF

Bibliografia.ISBN 978-85-67956-00-8

1. Criatividade 2. Inovação 3. Desenvolvimento pessoal 4.

Desenvolvimento profissional I. Título

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Clarinha, luz da minha vida inteira.

Antes. Agora. Amanhã.

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Índice

Introdução ................................................................................ 11

Parte 1 - Afinal, o que é Criatividade? ....................................... 15

1. O Segredo da Criatividade ......................................................... 18

2. Uma muito breve e incompleta história da Criatividade ........... 25

3. Importância da Criatividade ...................................................... 29

4. Mitos da Criatividade ................................................................ 31

5. Pessoas Criativas, Equipes Criativas, Organização Criativa ........ 37

6. Muito Prazer, seu Cérebro ......................................................... 40

7. Uma pessoa mais criativa a cada dia ......................................... 44

Parte 2 - O Processo Criativo ..................................................... 47

1. Divergência ou etapa do Pensamento Divergente .................... 49

2. Convergência ou etapa do Pensamento Convergente............... 51

3. Ideias valiosas em Quantidade e Qualidade .............................. 53

Parte 3 - Ferramentas da Criatividade para Geração de Ideias ... 56

1. Brainstorming ou Tempestade de Ideias ................................... 57

2. MindMapping ou Mapa Mental ................................................ 71

3. SCAMPER ou SACUDIR .............................................................. 77

4. Matriz Morfológica ou Conexões Inusuais ................................ 86

Parte 4 - Ferramentas da Criatividade para Seleção de Ideias .... 90

1. Voto .......................................................................................... 91

2. NUV- Novidade, Utilidade, Viabilidade .................................... 93

3. Matriz de Comparação Par a Par .............................................. 94

4. Os 6 Chapéus Pensantes ........................................................... 97

Conclusão? Não, Provocação! ................................................. 100

Apêndice................................................................................. 102

O Autor ................................................................................... 109

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Introdução

“A Criatividade é um ingrediente indispensável para a Inovação,mas a Criatividade por si não garante a Inovação”

Humberto E. Massareto

Olá! Que cara de sorte eu sou, você comprou ou ganhou esse livro ondejuntei um pouco de minha experiência de algum tempo estudando, prati-cando e falando sobre Criatividade para pessoas com todo o tipo de inte-resse e em diferentes áreas de atuação, em muitos lugares no Brasil e unspoucos fora dele. Minha sorte consiste em eu ter mais uma oportunidadede compartilhar o que aprendi ao longo do tempo.

E se você chegou até aqui, eu tenho um ou dois parágrafos para conven-cer você a ir até o final do livro, ou pelo menos prosseguir por mais algu-mas páginas.

Escrevi esse livro com dois principais objetivos:

1. Propor uma discussão e reflexão sobre o mito da criatividade comodom divino, e;

2. Apresentar técnicas da criatividade utilizadas por empresas de todoporte, atuando em diferentes segmentos do mercado, em nívelnacional ou internacional, atendendo a todo o tipo de público eclientes. São técnicas para você aplicar imediatamente, com a fi-nalidade de gerar uma quantidade maior de ideias para seus desa-fios pessoais ou profissionais, e de selecioná-las com foco na qua-lidade.

Se eu tivesse só uma oportunidade, só um objetivo dos dois acima paraatacar, seria a discussão sobre o mito da criatividade como dom divino.Em minha opinião essa é a crença que mais oprime a expressão criativa dequalquer pessoa: acreditar que somente alguns eleitos têm o direito àcriatividade, como um privilégio especial. Não é assim.

A criatividade é uma habilidade, e como tal pode ser treinada, desenvolvi-da, melhorada, explorada e aplicada constantemente. E como qualqueroutra habilidade, melhora com a prática.

Porque então algumas pessoas sentem-se nada ou pouco criativas?

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Para estas pessoas eu pergunto: como era sua vida na escola, quando vocêtinha cinco ou seis anos de idade? Você apenas se sentava na cadeirinha eesperava pelas instruções da professora ou estava entre as demais crian-ças, desenhando no papel, rabiscando as paredes, mexendo com massinhade modelar, esquecendo os tênis e meias pelo caminho?

Se você quer ver alguém em plena atividade criativa, sem bloqueios, ob-serve uma criança de até 5 anos de idade brincando, sozinha ou em gru-po. Veja como ela supera de forma criativa, simples, inusitada cada desa-fio que enfrenta, sempre com bom humor.

Algo comum é vermos pais e mães à busca de uma maneira de gerenciar,por exemplo, os lápis de cor em casa, especialmente quando a criançaaprender as primeiras letras. Tudo vira suporte para desenhar e escrever:livros, revistas, paredes, portas, telas de TV e computador, tudo. Calma!As paredes a gente lava ou pinta, mas infância eles terão apenas uma. Oque fazer nessas horas? Bem, tenho as sugestões de como lidei com issocom meus dois filhos, e confesso que funcionaram bem:

1. Evite gritar, isso será apenas mais um bloqueio, no meio de inúmeros aque cada pessoa é exposta ao longo da vida;

2. Crie limites. Ah, esses limites dificilmente serão respeitados, as criançasestarão em pleno ato criativo. Antes de qualquer outra providência,respire fundo e volte à sugestão 1;

3. Crie espaços exclusivamente dedicados a essa expressão artística. Co-memore, vibre, compartilhe, escreva e pinte junto, e esse vai se tornaro espaço de vocês se divertirem na parede;

4. O dia em que essa produção rarear, por volta de 6 ou 7 anos, lave oupinte as paredes;

5. Opa, ia esquecendo, antes de lavar ou pintar as paredes, fotografe eguarde como recordação. Seus filhos vão agradecer por essa linda lem-brança da infância.

O educador britânico Ken Robinson, autor de livros e palestras sobre edu-cação e criatividade, proferiu uma memorável no TED, disponível em seusite “Como a escola mata a criatividade”. Ele conta a história de como abailarina Gillian Lynne poderia ter tido seu talento reprimido, na décadade 1930 na escola, não fosse a percepção do médico a que sua mãe alevou na época.

http://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity

Robinson afirma que entramos na escola com muitos lápis de cor, pode-

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mos nos sentar no chão, tirar os tênis e meias, rabiscar, pintar fora doscontornos, e mesmo assim ganhamos estrelas ao final do dia. À medidaque passamos de ano e progredimos nas séries na escola, as regras tor-nam-se mais rígidas; temos de nos sentar em carteiras, não podemos maisusar os lápis de cor tantas vezes quanto gostaríamos e, sim, devemos pin-tar dentro do contorno dos desenhos.

A criatividade que era expressa de corpo inteiro, agora se manifesta ape-nas da cintura para cima, pois estamos sentados. Nessa posição permane-cemos por mais de uma década, com cada vez mais regras, ou seja, acriatividade passa a manifestar-se apenas do pescoço para cima, até que,finalmente, utilizando apenas os recursos da lógica, do cotidiano, da roti-na, nossa criatividade pode se manifestar apenas em um lado da cabeça,o esquerdo.

Claro que essa não é uma regra, mas ela é bastante difundida e aplicada.Em geral a escola tem o papel de ensinar, a partir de modelos que visamatender à média de habilidades e competências dos estudantes. Sempreque tenho espaço, recomendo e insisto: mães e pais, facilitem em casa enas atividades de fim de semana o espaço para a expressão criativa deseus filhos e filhas. A escola pode até criar ambientes favoráveis e ofere-cer experiências que incentivam a criatividade, mas seria exceção.

Se dispomos de cada vez menos espaço para expressarmos nossacriatividade, tenderemos a acreditar também que não somos pessoas cri-ativas, porque fica cada dia mais distante a percepção de como era agircriativamente. Experimente um exercício muito simples para comprovar:pegue uma folha de papel e uma caneta ou lápis e desenhe uma casanessa folha.

Clique aqui e compare com o seu desenho. Sua casinha também tem cha-miné, mesmo que moremos num país tropical? Ela tem a árvore e vocêdesenhou ou teve vontade de desenhar um sol sorrindo?

Se sim, é porque essa foi a última casa que você desenhou, e ela saiuexatamente como sua memória recuperou.

Com a criatividade acontece a mesma coisa, se fazemos um exercício cons-tante de nossa criatividade, ela se expressará espontaneamente quandofor preciso, na vida pessoal ou profissional.

Se você deseja desenhar casas mais arrojadas, modernas, com mais deta-lhes, de modos diferentes, com perspectivas inusitadas, pratique. E faça omesmo com sua criatividade.

Nesse livro eu recomendo alguns exercícios para ativar a sua criatividade

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todos os dias. Além de divertidos, eles serão bastante úteis no momentoem que você tiver de usar seu potencial criativo para o segundo objetivodesse livro: gerar ideias em seu ambiente de trabalho, em quaisquer dospapéis: profissional a serviço da empresa ou empreendedor.

Como eu disse, são técnicas utilizadas por grandes, médias e pequenasempresas em todo o mundo, e o que é melhor, você não terá de investirnada mais que seu tempo e o tempo dos profissionais de sua empresa, ealgumas folhas de papel e canetas ou lápis, para começar imediatamentesua jornada criativa profissional, no caminho das ideias inovadoras.

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Parte 1

Afinal, o que é Criatividade?

“Criatividade é 1% de inspiração e 99% de transpiração”

Thomas Edison

Criatividade, dom divino ou habilidade?

Em aulas ou workshops eu tenho um exercício específico para que as pes-soas possam refletir sobre essa questão provocadora, mas proponho oexercício depois de as pessoas responderem à pergunta acima; depois dese apontarem como criativas, não-criativas, ou mais-ou-menos criativas;e por fim, depois de atribuírem uma nota para sua criatividade pessoal,com a nota variando de Zero a Dez, valendo as notas intermediárias.

Tenho muita curiosidade, e na maioria das vezes questiono, sobre quetipo de criatividade as pessoas avaliam, a pessoal, a profissional; a dosfinais de semana com a família, ou da sexta à noite no barzinho com ami-gos; nas posições horizontal ou vertical etc.

Como você avalia seu potencial criativo? E com qual critério você avalia?

Você tem duas opções:

1. Responder em até 3 minutos para responder as questões abaixo

I. A criatividade é um dom divino ou uma habilidade humana?

( ) Dom Divino

( ) Habilidade Humana

II. Eu sou uma pessoa criativa?

( ) Sim

( ) Não

( ) Mais ou menos

( ) Depende

( ) Às vezes

III. Qual a nota da minha criatividade? (De Zero a Dez) _______

2. Clicar aqui e ir direto para a resposta. Você decide! Ninguém temcomo saber qual foi a sua decisão pessoal.

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OK, você chegou até as respos-tas. Eu vou confessar que mes-mo sem conhecer você pessoal-mente, ou tendo conhecido emalgum evento, mas não tendooportunidade de uma convivên-cia maior, sei as respostas para asquestões II. e III. E eu sei dasquestões a seu respeito, apenasporque com o tempo, descobri aresposta da questão I.

I. Criatividade, dom ou habilida-de?

Habilidade, que como tal, podeser treinada, praticada e melho-rada com o tempo

II. Você é uma pessoa criativa?

( X ) Sim. Todas as pessoas são criativas e você faz parte do grupo,bem-vindo de volta! A mais utilizada definição de criatividadeé a arte de solucionar problemas. E você solucionou muitosdeles ao longo de sua vida, logo, por dedução lógica, você ésim uma pessoa criativa.

III. Qual a nota da sua criatividade?

10. Ora se você solucionou seus problemas, você foi adiante do obstá-culo além do desafio, nada mais justo que a nota mais alta.

Porque então você não se vê como uma pessoa criativa?

Pelo mesmo motivo pelo qual Sherlock Holmes responderia para você,como responderia ao seu assistente Watson: “Elementar!”. Assim comopara Holmes solucionar um caso era algo trivial, ele controlava o raciocí-nio lógico de maneira a encadear as variáveis e chegar á solução, você fazisso todos os dias, mas por pensar que é “tão simples”, então não se clas-sifica como uma pessoa criativa, ou então diz ser mais ou menos criativa.

Nós nos comparamos também a grandes mestres, grandes artistas, gran-des descobridores e inventores, e então pensamos, “não fiz nada grandio-so, como posso ousar me classificar como uma pessoa criativa?” A contanão é essa. Criatividade é um processo, e as pessoas que você eventual-

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mente aponte não trabalham ou não trabalharam sozinhas para atingirseus resultados. É como numa corrida de Fórmula 1, vemos o piloto cam-peão, em uma equipe que conta com centenas de pessoas, cada uma de-las com uma função específica para que a máquina como um todo atinjaseus resultados e metas.

Os argumentos acerca de que todas as pessoas são criativas e que a notaé 10, não são meus, mas de especialistas no tema, a partir de estudos epesquisas.

Vou pedir algo muito especial para você, somente siga adiante quandovocê estiver completamente de acordo com o fato de que é uma pessoacriativa.

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Capítulo 1

O Segredo da Criatividade

“Se eu tivesse uma hora para resolver um problema e minha vidadependesse dessa solução, eu passaria 55 minutos definindo a perguntacerta a se fazer, porque quando eu definisse a pergunta corretamente,

poderia resolver o problema em menos de cinco minutos”

Albert Einstein

“Afinal, qual é o segredo para a criatividade?”

Essa é a segunda pergunta que eu mais ouço em minhas aulas, palestrasou workshops ao abordar o tema Criatividade. A primeira pergunta é “to-das as pessoas são mesmo criativas?” Essa é fácil: sim, todas as pessoassão criativas. Se você não fosse uma pessoa criativa, não teria chegado atéaqui, e entenda aqui, como o estágio atual de sua vida. Algumas pessoas,mesmo depois de terem a comprovação por meio de exercícios e dinâmi-cas de que são criativas, ainda teimam em não admitir ou em não acredi-tar em seu potencial.

Juntando as duas questões, posso assegurar que o primeiro e principalsegredo para a criatividade ou a prática do pensamento criativo é acredi-

tar ou lembrar que todos somospessoas criativas. Ao aceitar essefato, o passo seguinte é entenderque a criatividade é um processo,dividido em duas principais etapas:divergência e convergência, apoia-das por um conjunto de procedi-mentos que favorecem criação dascondições favoráveis para a gera-ção de ideias.

Por conta própria eu separo essaabordagem em duas partes: a de-finição da situação (Problema ouDesafio, mas tratarei por problemadaqui em diante) e a postura decada pessoa diante dessa situação.

Responder criativamente a uma si-tuação, passa por transformar esse

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problema em um bom problema. Um bom problema não é uma categoriaespecífica de problema, mas a forma que ele assume após uma elabora-ção bem feita de seu enunciado. Em seguida transforme esse bom proble-ma em um desafio provocador, a fim de evitar o desperdício de energiagerando ideias para um desafio mal formulado.

Uma boa maneira para transformar seu problema em um desafio provo-cador é escrevê-lo no centro de uma folha em branco para em seguidaquestioná-lo, anotando suas impressões:

Por que isso é um problema?

O que causa esse problema?

O que há por detrás desse problema?

O que mais está relacionado ou associado a esse problema?

E outros questionamentos possíveis

Ideias criativas originadas para um desafio provocador representam solu-ções para problemas potenciais, nem sempre diretamente relacionadasao problema que resolveram, por exemplo quando Einstein desenvolveusua teoria da relatividade, buscava resolver a discrepância entreeletromagnetismo e física; Picasso, quando pintava seus quadros cubistas,na verdade buscava uma resposta para a representação tridimensional noespaço bidimensional em suas telas. Um desafio provocador pode come-çar com:

De que forma nós...?

Como poderíamos...?

Que tipos de...?

Um exemplo clássico da maneira de elaborar um desafio provocador apartir de um problema é o da profissional que passeando em um ShoppingCenter vê um lindo vestido exposto em uma loja. O vestido custa R$5.000,00 e ela entende que o vestido é perfeito para impressionar eprospectar clientes em uma festa para a qual foi convidada. Ela não dis-põe do dinheiro e então define o problema: “como posso levantar R$5.000,00 para comprar o vestido, em seguida tem várias - e boas - ideias.

Na verdade, o problema dessa mulher tem nada a ver com a compra dovestido; seu problema é como desenvolver novos negócios. Um vestidoespecial pode até ajudar, mas é apenas uma das maneiras para atingir seuobjetivo. Há muitas outras maneiras, sem dúvida, e a maioria delas nãonecessita de um investimento de R$ 5.000,00.

O desafio provocador aqui é: “de que forma eu posso conquistar novos

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clientes?” ou “como eu posso gerar mais negócios para a empresa?” Asrespostas para esses desafios são bastante diferentes daquelas que colo-cam a compra do vestido como o problema a ser abordado:

Oferecer novos produtos aos clientes já existentes

Rever a tabela de preços

Buscar parcerias estratégicas

Ao longo de nossas vidas recebemos uma imensa quantidade de informa-ções na forma de estímulos sensoriais, que vão compor nossa bibliotecapessoal de referências, nosso repertório. No momento em que nos solici-tam uma resposta criativa diante de um problema ou desafio, a combina-ção dessas informações pode gerar uma gama de possibilidades de res-postas, mas mesmo assim muita gente afirma “eu não sou uma pessoacriativa”. Muitas são as razões que fazem com que alguém pense assim,em especial os bloqueios de toda ordem, como o receio de ser julgado,não querer errar, não sentir segurança, entre outros. Bloqueios constitu-em a maior barreira para que as ideias ganhem forma.

Quantas vezes deixamos de expor uma ideia por receio de classificarem-na como uma ideia menor, uma ideia sem valor? George Lucas já afirmouque há muitas pessoas que sonham todos os dias em salvar o mundoempunhando um sabre de luz, e acabam perdendo a grande chance desalvar uma única pessoa fazendo um gesto menor em extensão, poremvital em abrangência. O judaísmo ensina: “quem salva uma vida, salva ahumanidade”. Não é necessário ter uma grande ideia todos os dias, bastauma única que salve ou modifique o mundo de alguém. Já teve a sua hoje?Ou vai ficar aí sentado de braços cruzados reclamando que não é umapessoa criativa? Você vai continuar acreditando que alguém vai enfrentarvocê perguntando: quem você pensa que é para ter uma boa ideia? Vocêpensa que somente artistas, pessoas famosas ou importantes é que po-dem ter boas ideias? Questionar e refletir, fazem parte do segredo dacriatividade.

A crítica simples, a crítica construtiva ou a autocrítica são outras barreirasà criatividade. A crítica até pode ser bem-vinda, mas na fase final do pro-cesso, no momento de convergir, de julgar, de classificar uma ideia, nãoantes. No início do processo a crítica, mesmo disfarçada de crítica cons-trutiva, tem apenas a função de inibir a geração de ideias, quando na ver-dade o momento é de divergir, de gerar ideias transgressoras, ideias sel-vagens.

Eu já repeti algumas centenas de vezes em aulas e palestras que as pri-

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meiras respostas dadas por diferentes pessoas para um mesmo problematendem a ser muito parecidas e previsíveis, pois trata-se do momento doaquecimento. À medida que novas ideias vão surgindo, especialmentedurante uma seção de brainstorming (ou toró de palpites, técnica de gera-ção de ideias explicada mais adiante), o estímulo para aquelas ideias quesejam inusitadas ou originais é mais intenso. Em um ambiente onde existecrítica essa possibilidade é reduzida.

Medo de errar, receio de ser criticado, falta de confiança no próprio po-tencial criativo são alguns dos comportamentos a evitar para acessar eexplorar sua própria criatividade. Há também crenças arraigadas que im-pedem a expressão mais elaborada da criatividade. Uma dessas crenças éa de que especialistas têm as melhores respostas. Eu acredito que os es-pecialistas conhecem muito o assunto e têm algumas respostas de especi-alistas, mas para abordar uma situação de um modo novo, é sempre bomcontar com uma visão também diferenciada, alguém que olhe de fora.Reunir uma equipe de especialistas de marketing para gerar ideias para olançamento de um produto talvez resulte em ideias previsíveis. O risco deter um ponto de vista ou abordagem a partir do ponto de vista de umaequipe homogênea é uma ideia na média, isto é, medíocre. Note que em

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escrevi talvez, pois nada impede que um profissional dessa categoria (ououtra) desenvolva sua habilidade de olhar de fora uma determinada situ-ação.

A heterogeneidade, ou diversidade, para usar a palavra da moda, promo-ve visões únicas, diferenciadas, pontos de vista singulares. Na minha opi-nião, esse tipo de visão é bastante bem-vindo na fase de divergência doprocesso criativo, no momento em que ideias são lançadas, sem a preocu-pação com a crítica ou o julgamento, promovendo novas ideias ou abor-dagens. Explorada essa fase, aí sim a experiência dos especialistas contri-bui para selecionar e julgar as ideias propostas.

Participei como convidado de uma seção de dinâmica divergente, obrainstorming, em que o seu condutor parou o processo diante de umaideia muito interessante, ou pelo menos assim parecia, suspendendo acontinuação da dinâmica e passando por cima da etapa de convergência,implantando imediatamente a ideia. Uma boa ideia não é um fim em si,até ter sido amplamente discutida, estudada e explorada.

Há ainda crenças de que o nosso cérebro responde bem a estímulos quí-micos, o que é verdade até certo ponto. Três categorias de combustíveis,sólido, líquido e gasoso realmente otimizam a maneira como os neurôniosfuncionam durante as sinapses que o cérebro realiza, são eles respectiva-mente açúcar, água e oxigênio. Sacarose, glicose e frutose são os tipos deaçúcar mais conhecidos; a água nós ingerimos pura ou misturada em vári-os tipos de bebidas, mas dê preferência à água pura, em temperaturaambiente; finalmente o oxigênio, as melhores maneiras de oxigenar o cé-rebro são os exercícios físicos, ioga e, claro, o bom o humor, pois sempreque rimos enviamos uma quantidade maior de oxigênio para o cérebro.Quando eu digo até certo ponto, lá no início do parágrafo, me refiro àque-le tipo de pensamento herdado da década de 1960, quando algumas pes-soas utilizavam alguns tipos de drogas, que supostamente liberavam opotencial criativo do cérebro. As drogas realmente alteram o funciona-mento tanto do cérebro quanto do nosso corpo em geral, e quem olha defora para uma pessoa que utiliza algum tipo de droga para ficar mais cria-tiva, vê apenas uma pessoa que usou droga. Do ponto de vista dacriatividade, não existe qualquer tipo de comprovação científica de quede fato funcione.

Me arrisco a pensar que você não é aquele tipo de pessoa que acreditaque em time que está ganhando não se mexe, certo? Para essas pessoaseu gosto de lembrar de um time que foi participar de um torneio e jáchegou pretensamente campeão, foi a seleção brasileira de futebol na

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copa do mundo da Alemanha em 2006. Todos sabem o que aconteceu.Nenhuma pessoa é mais (ou menos) criativa que outra, a priori, a pontode merecer dormir sobre as glórias de uma grande ideia que teve no pas-sado, assim como não há nada que não possa ser de alguma forma altera-do para melhor. Nada é definitivo, exceto que mudanças sempre vai ha-ver, assim como a necessidade de renovação contínua e constante.

Se pensar de outra forma, vai olhar para as situações, problemas ou desa-fios e ver o que todo mundo vê, e corre o risco de conformar-se, algocomo “se não está quebrado, não precisa ser arrumado”. Isso é um enga-no até certo ponto leviano, pois se até mesmo a roda pode ser reinventadaou reinterpretada, talvez não exista nada mesmo que não mereça igualtratamento.

Em algumas de minhas aulas, gosto de propor a reflexão de porque aspessoas têm mesmo que ficar esperando sem fazer nada em salas de es-pera. Não haveria nada melhor ou mais útil a fazer? Nenhuma outra for-ma de fazer passar o tempo em ambientes desse tipo? Que tal um espaçopara experiências para um uso mais adequado do tempo, dando sentido àvida, à existência, durante as horas que desperdiçamos nestes espaços?

Em que outros momentos, espaços ou situações as interações não podem

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ser, de alguma maneira, modificadas, alteradas, melhoradas? Só isso já éum exercício de observação da realidade extremamente útil para o cére-bro, e rende dividendos de pensamento criativo da maior qualidade. Pra-tique em todos os lugares em que estiver, observando ao seu redor.

Finalmente, minha última observação que completa o segredo dacriatividade, leia tudo e anote tudo. A leitura amplia seu repertório deinformações o potencializa de modo exponencial as possibilidades de no-vas combinações, a partir dessas informações, ou seja, quanto mais infor-mações, proporcionalmente mais combinações possíveis e originais derespostas você poderá oferecer para problemas ou desafios que atacar. Ea fim de recuperar informações, especialmente as mais recentes, as queainda não foram incorporadas ao seu repertório de modo definitivo, ano-te tudo. Não confie na memória, pois ela já tem uma quantidade grandede informações para registrar e você corre o risco de ela deixar algo im-portante de lado. Tenha sempre com você uma agenda, caderno ou blocoque possa carregar na mão, na bolsa ou no bolso, e também caneta oulápis para tomar nota de ideias ou impressões no instante em que ocor-rem, e isso pode acontecer a qualquer momento, em qualquer situação.Portanto, radar ligado!

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Capítulo 2

Uma muito breve e incompleta história da Criatividade

“Toda criança é artista.O problema é continuar a ser artista enquanto você cresce”

Pablo Picasso

De modo muito superficial, é possível supor que a criatividade foi desdesempre uma habilidade da raça humana, se considerarmos a criatividadecomo a arte de solucionar problemas. Minha avó paterna, Angelina NardiMassaretto, viva e com 101 anos até o dia em que escrevi esse livro, diziapara nós, seus netos, nos passeios na praia na minha infância: quando aágua bate numa certa parte da anatomia, aprendemos a nadar.

Não explicitei a parte da anatomia por pudor, mas porque, aprendi aindacom ela, essa parte mudava quanto mais o tempo passava, essa partemovia-se mais para o alto ou mais para baixo.

Gosto de como os engenheiros abordam problemas: todo problema tempelo menos uma resposta; se para uma situação não houver uma respos-ta, ela não representa um problema.

Engenheiros buscam a solução de problemas e são contratados por suasaptidões em resolver problemas

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Não há nenhuma técnica específica para solucionar problemas, e a formamais eficiente para solucionar problemas, é resolvendo-os. Problemas sãoresolvidos por pessoas já que os computadores são apenas ferramentas.Muitas vezes um problema representa apenas uma situação onde aindanão foi encontrada uma solução óbvia.

Alguns tipos de problemas com os quais você pode se defrontar:

- Problemas de pesquisa: comprovação de uma hipótese

- Problemas de conhecimento: quando você se depara com uma situaçãoque não entende

- Problemas de defeitos: quando equipamentos se comportam de formainesperada

- Problemas matemáticos: descrever um fenômeno físico através de mo-delos matemáticos

- Problemas de recursos: encontrados no mundo real. Tempo, dinheiro,pessoal, equipamentos

- Problemas sociais: escassez de mão-de-obra por falta de escolaridade.

- Problemas de projeto: como levar um projeto adiante com os recursos econhecimentos disponíveis; exige criatividade, trabalho em equipe e am-plo conhecimento

Note que alguns dos problemas que a raça humana solucionou ao longode sua história, para chegarmos ao nosso estágio atual de desenvolvimen-to, dependeram do conhecimento e uso de algumas técnicas. Desde oinício na Grécia antiga, temos uma controvérsia nesta abordagem. A pala-vra grega para a arte é tecnhe que significa literalmente, “a fabricação decoisas de acordo com as regras.” Pronto! Regras de novo!

A teoria da época pregava que uma vez que a natureza é perfeita e operade acordo com suas próprias leis, quando o homem interferir, deverá fazê-lo de acordo com as regras de uma estrutura ordenada. É curioso obser-var como essa crença era tão oposta à dos Puritanos fundadores dos Esta-dos Unidos, que viam a natureza como má, desordenada e indomável.

Veja a definição para a palavra Latina creatio: “aquilo que é criado a partirdo nada “, uma visão sob a luz da Igreja Medieval Cristã, época em que osseres humanos não eram vistos como capazes de creatio, uma atribuiçãodivina, ao mesmo tempo em que se faz uma distinção entre o poder cria-tivo de Deus e o do homem, uma batalha semântica até os dias de hoje.

Há ainda a inspiração, aquela centelha que acende o fogo da nossa imagi-nação e nos impressiona e estimula a necessidade de criar. Inspirare vem

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do latim e significa “influência direta de Deus”. Subjacentemente significa“inflamar”.

Literalmente ainda é a junção de “in” (dentro) e “spirare” (respirar), quetem relação estreita com “spiritus”, alma ou respiração. Assim, a repre-sentação é a da inspiração, ou inalação, para estimular a alma, impreg-nando o aspecto divino em nós para o ato criativo. Que tal agora vocêfechar os olhos, respirar profundamente pelo nariz e expelir o ar lenta-mente pela boca? É uma sensação muito agradável e, sim, estimulantepara a criatividade. Lembre-se, oxigênio é um dos 3 principais combustí-veis para os nossos cérebros.

Uma pitada de mitologia

Lembra das musas da mitologia grega? Eram nove deusas vistas como ainspiração para a criação em todas as artes. A tradição no início de umpoema épico era a invocação à sua Musa, um grito suplicante à doce inspi-ração para escrever com velocidade e facilidade. Aliás, quem não deseja-ria ter essa competência?

Esse chamado é basicamente a oração do autor sobre o papel em queescreve, como forma de evitar ou contornar todo tipo de eventual blo-queio, até que conclua a sua obra.

Vamos avançar um pouco na linha do tempo da criatividade, até Leonardoda Vinci, mestre criador extraordinário, que dizia “empregar formas quenão existem na natureza”. O poeta GP Capriano dizia que seus “poemasvêm do nada”. À medida que o tempo avança, menor fica a distância entrea criatividade do homem e a de Deus.

Então, finalmente, um polonês chamado Sarbiewski diz que sua poesia écriada a partir do nada “à maneira de Deus.” Ele expressa a vaidade huma-na ao declarar-se superior à natureza e igual a Deus em criatividade? Ouserá que ele simplesmente tocou no ponto de comparação simbólica de

sua própria capacidadede chamar as coisascomo Deus fez, quandodisse: “Haja luz, e hou-ve.”

Os teólogos definemessa capacidade de cri-ar com a palavra, Logos.Logos é ambos, Deus ePalavra: “No princípio

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era o Verbo. E o Verbo estava com Deus. E o Verbo era Deus.”

Não apenas no cristianismo Logos é visto como a s criatividade divina ousuprema. Em outros mitos da criação divina em várias religiões, há a men-ção ao poder da Palavra. Há uma frase em latim para isso: ex nihilo, quesignifica “a partir do nada.” Hmm. Onde já ouvimos isso antes? Além dis-so, não é estranho como ex nihilo soa semelhante a exalar ou expirar. Se ainspiração é respirar, então a criação consiste em expirar.

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Capítulo 3

Importância da Criatividade

“Não tema a Perfeição.Você jamais irá atingí-la”

Salvador Dali

Responda rápido, qual a sua percepção sobre a importância daCriatividade? Pergunta difícil, não é mesmo? Seria melhor propor um con-texto, pessoal ou profissional, por exemplo. Então vamos começar com oprofissional, especificamente porque a Criatividade é importante para asorganizações?

Uma das respostas pode-ria ser porque as empre-sas precisam de novasideias, para agradar seusclientes. Perfeito e até fá-cil. Vamos adiante então.Porque as empresas preci-sam agradar seus clientes?Para garantir a satisfaçãodestes e a naturalfidelização. O que a em-presa ganha com afidelização? O retorno do cliente.

Sugiro um atalho: as empresas precisam ser criativas para garantir suasobrevivência no mercado. A criatividade pode levar à inovação, então aempresa deve praticar a criatividade diariamente, vitaliciamente.

Outras perspectivas da importância da criatividade: para garantirempregabilidade; para facilitar a resolução de problemas do dia-a-dia;para garantir o engajamento e o comprometimento de uma equipe emtorno de um projeto, e nesse caso a criatividade ganha pitadas de lideran-ça; para que um artista possa vislumbrar abordagens inusitadas em seutrabalho etc.

Eu arrisco dizer que a criatividade é a sua característica pessoal mais im-portante, aquela que distingue você, porque sendo pessoal e única, ela

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não pode ser simulada, copiada, reproduzida por qualquer outra pessoa,como, por exemplo, seu conhecimento técnico sobre um assunto especí-fico.

A impressão de que criatividade é dependente de genialidade tirou muitagente criativa de cena. Criatividade tem muito mais em comum com asimplicidade.

Gosto muito da definição de Charles Mingus que reforça essa ideia:“criatividade é mais do que apenas ser diferente; qualquer pessoa podeagir, pensar ou planejar de um modo estranho ou inusitado, único ou dife-rente; isso é fácil. O que é difícil é ser tão simples como Bach; fazer osimples, de uma maneira impressionantemente simples, isso écriatividade.”

Se você olhar agora mesmo ao seu redor, independente de onde esteja vaiver no mínimo dez grandes e simples ideias, que ajudaram a moldar omundo como o conhecemos. Comece a pensar agora mesmo em suges-tões de ideias simples e geniais, para manter sua empresa viva num cená-rio de muita competitividade.

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Capítulo 4

Mitos da Criatividade

“A criatividade surge do conflito de ideias”Donatella Versace

É muito comum gestores afirmarem que um de seus grandes desafios é ode promover a criatividade e a inovação junto à equipe de profissionais desuas empresas. Diante dessa missão, os questionamentos mais frequen-tes são:

1. Como promover a geração de ideias?

2. De onde vêm as ideias?

3. Qual o melhor procedimento para a geração de ideias?

4. Como estimular a criatividade em cada profissional da minha equi-pe?

5. Como romper com as barreiras à criatividade?

Teresa Amabile, diretora da Unidade de Gestão Empresarial da HarvardBusiness School, estuda o tema Criatividade há mais de 30 anos e foi umadas primeiras pessoas a dedicar-se ao estudo da inovação nas empresasnorte-americanas.

Em 1996 Amabile levou sua investigação para um nível mais elevado, afim de compreender os mecanismos da criatividade. Trabalhando com umaequipe composta por PHDs, estudantes de graduação e gestores de diver-sas companhias, ela reuniu aproximadamente 12.000 anotações diáriasfeitas por 238 profissionais diretamente envolvidos em projetos criativosem 7 grandes empresas, nas áreas de produtos de consumo, alta tecnologiae indústrias químicas. Ela não mencionou aos participantes que o objetoprincipal de seu estudo era a criatividade, apenas solicitou que enviasseme-mails diários, respondendo as questões que a equipe elaborou sobrecomo havia sido seu dia no trabalho, os aspectos do ambiente de trabalhoe como havia sido cada experiência de cada novo dia. A equipe tabulou asrespostas com destaque para os momentos que abordavam criatividade,de modo direto ou não, quando cada profissional deparava com um novodesafio ou gerasse uma nova ideia.

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Segundo Amabile a estratégia adotada e as perguntas elaboradas paraesse e-mail diário foram concebidas de modo a permitir vislumbrar acriatividade em estado bruto. A intenção era rastrear cada cabeça de cadaprofissional da amostra, para compreender como as características de cadaambiente, assim como as de cada nova experiência interferiam na manei-ra de conduzir o processo criativo, a reflexão e as novas descobertas.

A análise dos resultados desse estudo apontou para algumas crenças oumitos que ainda hoje vigoram e persistem nos ambientes de trabalho nasempresas, e que se não forem compreendidos e superados podem preju-dicar os resultados que uma equipe pode oferecer.

Os 6 mitos que esse estudo apresentou são:

1. Existe um tipo próprio de profissional que é criativo

Se você perguntar para o diretor deuma empresa onde ele mais desejaou espera que sua empresa seja cri-ativa, ele normalmente responderá:pesquisa, desenvolvimento emarketing, entre outros. Já se vocêperguntar onde ele não quer que aempresa seja criativa ele certamen-te responderá: na contabilidade.

Há uma conotação negativa acercade contabilidade criativa. E essa per-cepção, comum entre gestores, aca-ba por reforçar a convicção de que

algumas pessoas ou profissionais têm permissão para ser criativos e ou-tros não.

Isso não é verdade. Como gestor você não pretende sufocar o surgimentode ideias úteis, criativas e inovadoras em sua empresa, e isso vale, semdúvida, para os profissionais da área financeira também.

Como gestor atualizado, você conhece muitas inovações na área de con-tabilidade financeira, extremante positivas e úteis para as empresas.

O fato é que qualquer pessoa com um nível de inteligência normal é capazexecutar funções com relativo grau de criatividade. Criatividade dependede uma série de fatores, como experiência, conhecimento técnico, habili-dades, talento, capacidade de pensar em várias possibilidades, e a capaci-dade de oferecer respostas quando a situação é bastante árida e crítica.

Nos últimos anos as empresas têm prestado muita atenção à criatividade

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e inovação, mas um número significativo de profissionais dessas mesmasempresas estão distantes de extrair o máximo de seu potencial criativo,em parte por trabalharem em ambientes não favoráveis à criatividade.

2. Recompensas em dinheiro estimulam a criatividade

Uma pesquisa experimental fei-ta em criatividade apontou quedinheiro não é tudo (em quepese o fato de o cantorpernambucano Falcão afirmarque “dinheiro não é tudo, masé 100%!”). Nos diários analisa-dos pela pesquisa conduzida porTeresa Amabile, diante da ques-tão “em que medida suaperformance criativa foi motiva-da por algum tipo de recompen-sa?”, a maioria das respostasapontava “isso é irrelevante.”Muitas anotações vieram aindaacompanhadas da observação de que as pessoas da equipe mais preocu-padas com seus bônus eram as que menos contribuíam em termos depensamento criativo.

A recompensa sempre é bem-vinda, mas se uma empresa decide recom-pensar sempre por performance, pode criar um problema. Afinal, as pes-soas passam a acreditar que cada movimento vai afetar sua recompensa;numa situação desse tipo tende-se a evitar o risco. Naturalmente as pes-soas precisam sentir que receberam uma recompensa justa. No entantopesquisas apontam que profissionais dão preferência a ambientes onde acriatividade é incentivada, valorizada e reconhecida. As pessoas buscamoportunidades de se envolver profundamente com seu trabalho e com asempresas onde atuam, a fim obter progressos reais.

Por esse motivo é importante que gestores reconheçam os profissionaismais afinados com cada projeto da empresa, não levando em conta ape-nas a experiência, mas também seus interesses. As pessoas tendem a sermais criativas quanto mais envolvidas estiverem com o seu trabalho equanto mais avançam no desenvolvimento de suas competências.

Desafios muito além de suas competências geram frustração; desafios

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aquém geram desinteresse. Gestores eficientes são capazes de identificaros pontos de equilíbrio.

3. A pressão do tempo é um bom combustível para a criatividade

Há ainda quem acredite que aspessoas são mais criativas quantomaior for a pressão do tempo a quesão submetidas. No dia a dia nasempresas o que se vê é exatamen-te o oposto: a criatividade diminuiproporcionalmente à pressão aque se é submetido. Pior, a pres-são tem efeitos residuais por cer-ca de dois dias após essa pressão.Na verdade a pressão impede umenvolvimento profundo entre pro-fissional e projeto. A criatividade

requer um tempo para incubação, as pessoas precisam de tempo paramergulhar profundamente em um problema para que as ideias ganhemforma e subam à tona.

Menos que o prazo final de um projeto, são as distrações durante umprocesso que interferem no desempenho de cada profissional. Você podeser criativo e certamente será diante de alguém com uma arma apontadapara sua cabeça exigindo que um prazo seja cumprido, mas você vai gerarrespostas mais criativas e mais originais se puder dedicar um tempo com-patível com o nível de exigência do projeto. Apenas lembre-se que vocênão tem todo o tempo do mundo à sua disposição, então racionalize ouso do seu tempo.

4. O medo promove avanços significativos

Há uma crença generalizada de que sob o impacto de determinadas emo-ções tornamo-nos pessoas mais criativas. Alguns estudos no campo dapsicologia sugerem inclusive que a depressão potencializa a criatividadeespecialmente em escritores e artistas em geral. Alguns exemplos citadostratam realmente de gênios muito originais em sua maneira de pensar,mas o padrão não se reproduziu na amostra estudada pela professoraAmabile.

Outras emoções como medo, ansiedade, tristeza, raiva, alegria e amor,

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percebidas e anotadasem cada uma das12.000 mensagens de-pois de tabuladas, leva-ram a outras percep-ções. Por exemplo,criatividade é positiva-mente associada a ale-gria e amor e negativa-mente associada a rai-va, medo e ansiedade.As pessoas em geralsentiram-se mais felizesquando percebiam queestavam no caminho de uma ideia criativa. O ciclo é virtuoso, ou seja, umdia feliz facilita o caminho para uma ideia criativa no dia seguinte.

5. Concorrência entre os profissionais é melhor que Colaboração

Especialmente em empresas de alta tecnologia ou da área financeira, dis-seminou-se a crença de que a concorrência interna favorece a criatividadee a inovação. A pesquisa apontou para um caminho diferente; trabalhan-do em equipe - ou no mínimo em grupo - o espírito colaborativo favorece

a troca de informações e de conheci-mento e o surgimento de ideias cria-tivas.

Num ambiente de concorrência, podehaver uma predisposição para o nãocompartilhamento de informações.Esse tipo de comportamento compro-mete o resultado, uma vez que nãoexiste uma única pessoa na empresaque detenha todas as informações etodo o conhecimento.

6. Uma empresa enxuta é uma em-presa mais criativa

A tecnologia favoreceu um cenário deencolhimento dos quadros das em-

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presas ou em alguns casos de departamentos específicos, como linhas demontagem de automóveis, um exemplo bastante óbvio. Associado ao medo– fator humano – a racionalização dos quadros tem sido percebida comoelemento positivo para a geração de ideias e prática da criatividade.

Em ambientes onde não fica claro quais são as diretrizes nesse campo oupior, onde há muitos boatos sobre demissões, o ambiente tende a tornar-se canibal, ou autofágico, mas sempre extremamente pouco criativo.

Um fato inegável é que a redução dos quadros de profissionais nas organi-zações é irreversível e contínua. Isso implica numa maior concentração dotempo dos gestores nas ações que favoreçam o sucesso. Dessa forma, co-municação e colaboração entre profissionais tendem a diminuir, o quelevará os gestores a desenvolverem em suas empresas e departamentosambientes com maior liberdade de ação e autonomia para decisões, pro-porcionalmente associadas à responsabilidade que cada uma envolve. Tra-balho duro e agilidade são pré-requisitos para cada profissional adequar-se a esse modelo, a fim de que ideias novas e originais sejam geradas.

Este modelo requer profissionais inteligentes, flexíveis, originais, ágeis,antenados com a informação e fluentes. Quando as pessoas envolvem-severdadeiramente em suas atividades profissionais, e quando o trabalho évalorizado e reconhecido, a criatividade surge de várias maneiras e sem-pre que necessário, mesmo que as condições sejam ou pareçam ser des-favoráveis.

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Capítulo 5

Pessoas Criativas, Equipes Criativas, Organização Criativa

“A criatividade é uma droga,e eu não consigo viver sem ela”

Cecil B DeMille

Se entendermos que a criatividade é uma qualidade fundamental paraque as empresas sobrevivam num cenário de muita competitividade, en-tão pessoas criativas são a matéria-prima indispensável para movimentaressa engrenagem.

Outro ponto em que concordamos é que todas as pessoas são criativas,então você não precisa se preocupar, já tem na equipe as pessoas criati-vas de que necessita, certo? Sim, certo, mas elas estão agindo criativa-mente todos os dias, em todas as oportunidades ou quando é mais neces-sário? O ambiente em sua empresa facilita a expressão criativa dos profis-sionais? Quem é responsável por gerar, administrar, conduzir e implantaras novas ideias na organização?

Mel Rhodes, em seu livro “An analysis of creativity”, de 1961, propôs os4Ps ou as 4 dimensões da criatividade: Pessoa, Processo, Produto e Pres-são do Ambiente.

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1. Dimensão Pessoa

Segundo Rhodes, cada pessoa é única e resultado de suas crenças, valo-res, percepções, paradigmas e preconceitos. Essa combinação define umapessoa, e a soma de seu repertório, mais a capacidade subjetiva comple-tam e compõem o repertório de cada um. A qualidade das soluções criati-vas que uma pessoa pode oferecer é proporcional à qualidade de seu re-pertório. Se há um investimento valioso que você pode e deve fazer e quegarante dividendos de longo prazo, é sem dúvida em seu repertório.

2. Dimensão Processo

O processo é a maneira ou caminho original como cada pessoa chega àsolução de um problema. Este caminho tem 4 estágios:

Preparação: exame do problema em todas as direções

Incubação: tempo dedicado a pensar de modo não consciente no proble-ma, por exemplo, num passeio no shopping ou praticando um esporte

Iluminação: quando surge a ideia brilhante

Verificação: checagem da viabilidade da ideia e seu refinamento para im-plantação

3. Dimensão Produto

Resultado final criativo de seu processo. Pode gerar soluções que combi-nam de diferentes maneiras os níveis de utilidade e de novidade. O focopara a implantação da solução dependerá de quanto a solução atende aodesafio proposto.

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4. Dimensão Pressão

Refere-se à pressão ambiente de todo tipo, interno e externo; pessoal eprofissional, positivo e negativo, entre outros. Somos pessoas únicas enaturalmente sujeitas e dependentes da forma como as variáveis do am-biente se combinam e nos impactam.

Se você entende como estas 4 dimensões fun-cionam e interagem entre si, sua habilida-de em formar uma equipe criativa, e es-pecialmente heterogênea se poten-cializa.

Pessoas criativas, em ambientes que fa-voreçam a atuação criativa, vão comporequipes profissionais também criativas.Equipes criativas moldam uma empresacriativa. Esse é o caminho para o sucesso, eele só depende da gestão da criatividade, quepode levar à inovação.

Ambientes criativos não são, necessariamente a sede do Google, referên-cia sempre que se fala disso. Até porque se trata de uma visão parcial.Sim, existem lá quadras de vôlei de praia, piscinas, mesas de pebolim, diade levar o cachorro, dia de levar doces, não existem postos fixos ou salas,mas você é cobrado por resultados, se eles não forem atingidos, pode tercerteza, o processo se adapta e expurga o excesso.

O ambiente favorável pode até oferecer essas facilidades, mas o que ga-rante o ambiente criativo é desafio, motivação, incentivo, reconhecimen-to (não necessariamente financeiro) e projetos realizados, entre outros.Algumas mudanças no ambiente vão sim surtir efeito no curto e médioprazo, mas não se dedique exclusivamente a esse item, quando for tratardo ambiente criativo em sua organização.

Como uma sugestão complementar, geralmente proponho às organiza-ções um olhar para a comunidade ao seu redor, a fim de descobrir formasde se integrar, por meio, principalmente da ação direta de seus profissio-nais, de modo espontâneo, nunca imposto. Não apenas a percepção daorganização no contexto da comunidade torna-se significativamente po-sitiva, como a participação dos profissionais proporciona novas formas deolhar para o meio em que se insere. A comunidade também tem umaoportunidade de ser uma fonte de recursos criativos para a organização,na forma de ideias e de pessoas.

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Capítulo 6

Muito Prazer, seu Cérebro

“Criatividade é contagiosa. Passe adiante!”Albert Einstein

Sendo bastante óbvio e simplista, a primeira abordagem do cérebro dizrespeito a sua hemisferialidade, ou seja, a divisão do cérebro em hemisfé-rios esquerdo e direito.

No âmbito dessa simplicidade, o hemisfério esquerdo, que controla o ladodireito de nosso corpo, e é responsável por toda atividade lógica, racionale rotineira em nosso cotidiano, como leitura, cálculo, locomoção de umaponto a outro da cidade, tarefas rotineiras e repetitivas, como levantar-se, arrumar-se e dirigir-se ao trabalho.

O hemisfério direito de nosso cérebro controla o lado esquerdo de nossocorpo, e é responsável por toda atividade associada à intuição, sensibili-dade e arte.

Para ter uma ideia da diferença em termos de números, cerca de 98% dapopulação mundial é composta por pessoas destras. É comum dizer que

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pessoas destras têm maior atividade no lado esquerdo do cérebro, assimcomo pessoas canhotas têm maior atividade no lado direito. Essa afirma-ção é relativa. Se considerarmos que tanto destros quanto canhotos exe-cutam mais atividades rotineiras, lógicas e repetitivas todos os dias, umaafirmação mais apropriada seria que todos temos maior atividade no he-misfério esquerdo de nossos cérebros, destros e canhotos, e que os ca-nhotos têm um pouquinho a mais de atividade no hemisfério direito, pelofato de terem de controlar o lado esquerdo do corpo.

Para aumentar nossa capacidade criativa, o estímulo do lado direito docérebro constitui uma forma muito eficiente. O estímulo do lado direitodo cérebro ocorre sempre que fazemos algo novo, especialmente relacio-nado à expressão artística, como, desenhar, pintar, tocar um instrumentomusical, aprender um novo idioma, ler um livro de tema ou abordagemnovos para nós, ir ao cinema, ir ao teatro, ir à opera, ir a exposições, ir ashows musicais ou ouvir músicas diferentes de nossa preferência, cozi-nhar, viajar, fazer as tarefas diárias com a mão trocada etc.

Qual a vantagem de estimular o lado direito do cérebro? Bem, se conside-rarmos que ele está associado à intuição e sensibilidade, e que algumaspessoas inclusive associam à criatividade, então estamos colocando paratrabalhar, a nosso favor, um especialista na atuação criativa, certo?

Observe como é maior o número de pessoas canhotas no papel de capi-tães de equipes esportivas, ou como é mais difícil para um destro enfren-tar um oponente canhoto em esportes individuais. Também é grande onúmero de pessoas classificadas como geniais, e que são canhotas. Paraelas o exercício de estimular aquele hemisfério é mais fácil, e já que funci-ona bem, devemos incorporar o comportamento.

Outra característica do cérebro, do ponto de vista fisiológico, é o fato deque existem diferenças acentuadas entre homens e mulheres,desde a constituição física, até a quantidade de neurônios.Estima-se que homens tenham em torno de 86 bilhões deneurônios e mulheres 82 bilhões. Que vantagens os ho-mens têm nesse caso? Nenhuma, pelo fato de a relaçãosináptica feminina ser mais veloz, o que compensa adiferença.

A informação genética herdada e carregada pelo DNAao longo do desenvolvimento da raça humana, as-sociada às características de atuação de cada gê-nero, também tem impacto na diferença de gêne-

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ro. Por exemplo, homens têm maior afinidade com velocidade e foco, emulheres com detalhes de um ambiente. Isso se deve, em parte, ao fatode que na pré-história homens caçavam coelhos para o jantar, ocupando-se da observação de um animal pequeno e veloz, enquanto as mulherescuidavam da casa, caverna, no caso, das crianças e do jantar, com umapreocupação com o que acontecia ao redor.

Se você, mulher, paga menos pelo seguro de seu automóvel nos dias dehoje, agradeça ao desenvolvimento da atenção aos detalhes de suaantepassada das cavernas.

Homens e mulheres têm muitas diferenças em termos de comportamen-to e expressão de suas emoções. O livro “Homens são de Marte, Mulheressão de Vênus” trata do assunto com bom humor e muitos dados colhidospelo casal de pesquisadores Allan e Barbara Pease.

Homens e mulheres também têm algumas características comuns em ter-mos de princípios de funcionamento cérebro, como:

1. Irradiância: a partir de um foco central, o pensamento expande-seem várias direções.

2. Associação: as informações processadas pelo fluxo de pensamen-to organizam-se em forma de uma rede associativa, em consonân-cia com a configuração neuronal.

3. Probabilidade: toda vez em que ocorre um pensamento, aumentaa chance de ele mesmo se repita.

Finalmente, a Teoria do cérebro trino, elaborada em 1970 peloneurocientista Paul MacLean, e apresentada em 1990 no seu livro “TheTriune Brain in evolution: Role in paleocerebral functions”, discute o fatode que nós, humanos-primatas, temos o cérebro dividido em três unida-des funcionais diferentes.

Cada uma dessas unidades representa um extrato evolutivo do sistemanervoso dos vertebrados:

1. Cérebro Reptiliano

O Cérebro Reptiliano ou cérebro basal, ou ainda, como o chamou MacLean,“R-complex”, é formado apenas pela medula espinhal e pelas porçõesbasais do prosencéfalo. Esse primeiro nível de organização cerebral é ca-paz apenas de promover reflexos simples, o que ocorre em répteis, porisso o nome

2. Cérebro dos Mamíferos Inferiores

O Cérebro dos Mamíferos Inferiores: ou cérebro emocional, ou

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“Paleommamalian Brain”, é o segundo nível funcional do sistema nervosoe, além dos componentes do cérebro reptiliano, conta com os núcleos dabase do telencéfalo, responsáveis pela motricidade grosseira; peloDiencéfalo, constituído por Tálamo, Hipotálamo e Epitálamo; pelo Giro doCíngulo; e pelo hipocampo e parahipocampo. Esses últimos componentessão integrantes do Sistema Límbico, que é responsável por controlar ocomportamento emocional dos indivíduos, daí o nome de Cérebro Emoci-onal. Esse nível de organização corresponde ao cérebro da maioria dosmamíferos

3. Cérebro Racional

Conhecido também como neocórtex, é compostos pelo córtextelencefálico. Esse por sua vez é dividido em lobos, sendo esses:

a. Frontal: o mais derivado dos lobos cerebrais, responsável pelas funções executivas

b. Parietal: responsável pelas sensações gerais

c. Temporal: responsável pela audição e pelo olfato

d. Occipital: responsável pela visão

e. Insular: responsável pelo paladar e gustação.

O cérebro racional é o que diferencia o homem/primata dos demais ani-mais. Segundo Paul MacLean é apenas pela presença do neocórtex que ohomem consegue desenvolver o pensamento abstrato e tem capacidadede gerar invenções.

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Capítulo7

Uma pessoa mais criativa a cada dia

“Criatividade é a extensão natural do nosso entusiasmo”Earl Nightingale

Para encerrar esse capítulo, aqui vai uma lista com 18 recomendaçõespara que você pratique e possa tornar-se uma pessoa mais criativa a cadadia.

Basta lembrar que o simples fato de acordar a cada novo dia já representauma experiência nova que se incorpora ao seu repertório pessoal, e queimpacta diretamente seu potencial criativo. Aproveite então a oportuni-dade de cada novo dia e aperfeiçoe ainda mais essa experiência com ati-tudes e hábitos que vão manter sua criatividade sempre pronta para sercolocada em prática toda vez que precisar.

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Vou pular a parte dos hábitos saudáveis, porque essa recomendação apa-rece com muita frequência em diferentes contextos. Entendo ser óbvia, eassino embaixo de todas que recomendem exercícios regulares, alimenta-ção saudável e que se evitem excessos de todo tipo. Lembre-se de que atéágua em excesso faz mal, porque sobrecarrega seus rins e bexiga.

1. Observe e anote tudo, crie um banco de ideias. Tenha sempre à mãoum sistema e rápido para anotar as suas ideias

2. Faça uma coisa nova todos os dias, como provar um novo prato, ir a umlugar novo, iniciar a leitura de um novo livro, anotar uma nova frase etc

3. Registre seus sonhos. Logo que acordar, em um caderno ou bloco, ano-te em uma linha qual foi o sonho daquela noite

4. Converse sobre suas ideias, veja o que as pessoas pensam sobre ela,como elas analisam e quais desdobramentos elas propõem

5. Vá a lugares novos, uma igreja ou templo, uma nova cidade, uma expo-sição, um novo restaurante ou livraria alternativa. Inspire-se com o novo

6. Tenha um passatempo. Passatempos são excelentes formas de organi-zar e disciplinar o cérebro para organizar ideias

7. Aprenda algo novo, um idioma, uma forma de expressão artística (pin-tura, foto, instrumento musical etc), um curso de especialização em suaárea, um curso muito distante de sua área etc

8. Evite o preconceito, talvez o estilo musical ou de roupa que não lheagrade possa de alguma forma inspirar uma nova ideia; experimente

9. Busque sempre novas conexões de tudo com tudo

10. Busque sempre uma nova perspectiva, um novo olhar, coloque-se nolugar do cliente, e observe o problema sob seu ponto de vista

11. Passe um tempo só, momentos de reflexão são valiosas formas deestabelecer conexões e também servem para percorrer viagensintrapessoais de iluminação e descobertas

12. Faça perguntas. Perguntar, inquirir, pesquisar, são as melhores manei-ras de saber mais sobre um problema, e assim chegar mais rapidamente auma solução

13. Assuma riscos, estabeleça qual o limite do risco que pretende correr,mas vá sempre para além do limite

14. Procure as fontes que confirmem seus argumentos; afirmações ousuposições de “ouvir falar” não se sustentam por muito tempo e podeminduzir a erro. Errar é uma excelente forma de aprendizagem e conduz à

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solução, mas no momento em que a solução é escolhida e as decisõesdevem ser tomadas, você tem que estar certo das informações que refor-çam a escolha

15. Mantenha o bom humor, ainda que o conflito seja uma interessanteforma de administrar uma organização, no dia-a-dia o bom humor tem semostrado mais eficiente para promover a criatividade das pessoas.

16. Não tenha medo de errar, o maior erro que uma pessoa pode come-ter, é imaginar que é infalível. Eu insisto com alguma frequência, se vocênunca erra, alguma coisa está muito errada, talvez as pessoas não tenhamcoragem de apontar seus erros, ou já desistiram de você

17. Procure sempre pela próxima resposta certa. Sempre vai haver maisde uma resposta para um problema. Quando encontrar a primeira respos-ta, parta em direção á segunda, à terceira e vá por esse caminho tão longequanto o tempo disponível lhe permita

18. A lista das100 coisas. Nos momentos em que não tiver nada para fazer,como por exemplo a sala de espera do dentista, ou para embarcar numaviagem de ônibus, trem ou avião, use seu tempo para exercitar o cérebrocom desafios do tipo: 100 coisas que eu mudaria nesse ambiente. Estabe-leça limites de tempo. Comece com 30 minutos e vá diminuindo até che-gar a 100 ideias em 10 minutos. Você vai se surpreender com a velocidadeque pode atingir em termos de quantidade e qualidade de ideias que podegerar nesse período de tempo.

Estas são apenas sugestões.

Crie sua própria lista incluindo ou excluindo itens, e siga a sua lista àrisca para tornar-se uma pessoa mais criativa a cada dia de sua vida.

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Parte 2

O Processo Criativo

“Criatividade é apenas conectar as coisas. Quando você perguntaa uma pessoa criativa como desenvolveu e chegou a uma nova ideia,ela demonstra até uma certa culpa, por não se sentir como se tivesse

criado algo novo, mas sim como quem apenas viu algo aparentementeóbvio a princípio, e depois sintetizou como algo novo,resultado de conexões obtidas em novas experiências“

Steve Jobs

Vou resgatar algunspontos do que apresen-tei até aqui:

1. Todas as pessoas sãocriativas

2. Logo, você é uma pes-soa criativa

3. A nota de suacriatividade é DEZ!

E aproveito para incluirmais um ponto: o Pro-cesso Criativo.

A criatividade é um pro-cesso, e você tem totalcontrole sobre as etapas

que o compõem. Na verdade são apenas duas etapas, e não mudaramnada nos últimos quase 400 mil anos, idade aproximada do mais antigosuposto osso, um fêmur, contendo DNA humano, encontrado em umacaverna na Espanha. As duas etapas do processo criativo que nossos ante-passados percorriam para acender uma fogueira, encontrar comida ouconstruir uma lança, são as mesmas que você percorre nos dias atuais,para ligar o microondas, fazer compras de mercado via Internet ou mon-tar um robô com as peças do Lego que seu filho ganhou no Natal. As eta-pas são: Divergência e Convergência.

Durante a Divergência, ou etapa do Pensamento Divergente, geramos asopções de solução para um Problema ou Desafio. Durante a Convergên-

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cia, ou etapa do Pensamento Convergente, elegemos a solução, por meiode filtros que auxiliam essa tomada de decisão; em geral a decisão levaem conta sua viabilidade de execução com os recursos disponíveis ou quepossam ser disponibilizados.

Na Divergência o foco é na Quantidade de Ideias Geradas. Na Convergên-cia o foco é na Qualidade da ideia escolhida.

É um exercício constante, e serei redundantemente óbvio, melhora com aprática. Nesse caso, com a prática consciente, afinal você pratica este pro-cesso várias vezes ao dia sem nem mesmo perceber, pois é um processoinconsciente incorporado à sua rotina e que lhe garante, como garantiu àraça humana até hoje, a sua sobrevivência no planeta, desde as condiçõesmais hostis, ao conforto da modernidade.

Minha sugestão é a de que você monitore seu processo criativo duranteseu percurso entre identificar um Problema ou Desafio, até a escolha daSolução. Você não precisa fazer esse monitoramento todas as vezes emque aplicar o processo, mas observe quando monitorar, como você podeter total controle sobre as etapas.

Um desvio comum nesse percurso é tropeçar nas etapas, tentando pularuma ou buscar atalhos. Não funcionam assim. Cada uma delas deve serpercorrida de maneira única, ou seja, primeiro Divergir e apenas Divergir,e em seguida Convergir, e apenas mesmo Convergir.

Porque esse caminho deve ser assim percorrido? Por conta das posturasque devemos assumir em cada etapa e que você verá com mais detalhes aseguir.

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Capítulo 1

Divergência ou etapa do Pensamento Divergente

“Conecte tudo com todas as coisas. Junte o injuntável”Humberto Emílio Massareto

Diante de qualquer Situação, seja ela um Problema ou Desafio, todas aspessoas percorrem o mesmo caminho até a Solução. Um caminho com-posto por duas etapas, e o primeiro deles é a fase da Divergência ou doPensamento Divergente.

Eis algumas definições de dicionário para Divergir:

v.i. Afastar(-se), de maneira progressiva, uma coisa de outra coisa. Afastar-se cada vez mais do ponto de partida - separar-se ou desviar-se.

v.t.i e v.i. Figurado. Discordar - não se combinar.

v.i. Matemática. O que está circunscrito no infinito, diz-se de uma parteou integral. (Origem do latim: divergere)

As definições parecem familiares com a proposta desse livro? Penso quesim, mas sou suspeito; sou entusiasta da geração de ideias resultantes deafastamento, mais de um ponto de partida, desconexão óbvia, discordânciae provocação. Aborde uma situação sob esta perspectiva. Você já fez e faz

isso, no modo automático, agora você vai teratenção e observar como seu cérebro se com-porta nestas situações, quando tem que gerarideias, na etapa do pensamento Divergente.

Existem técnicas que facilitam a geração deideias, que você verá no próximo capítulo, in-dependente da técnica que você use, e quepodem ser aplicadas tanto individualmentequanto em grupo. O importante é ter em men-te que nesta etapa o que conta é a Quantida-de de Ideias geradas.

Minha sugestão nessa etapa é anotar suasideias na maior velocidade que puder. Anotetudo o que vier à mente, de forma que você

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não pare para julgar cada uma, mas escreva compulsivamente.

A quantidade razoável de ideias é de 6 por minuto ou uma a cada 10 se-gundos. E o tempo mínimo de 3 minutos, de tal forma que você possagerar nesse tempo pelo menos 30 ideias para um Problema ou Desafioproposto.

Essa etapa é facilitada se você assumir uma postura de quando tinha 5anos de idade, provavelmente a última vez em que você atuava quase quetotalmente sem impacto de bloqueios. Naturalmente não é um exercíciosimples, necessita de prática para aperfeiçoar.

O 18 exercício sugerido na página 46, “Uma pessoa mais criativa a cadadia”, pensar em 100 ideias sobre como modificar um ambiente, é umamaneira de treinar o cérebro para gerar ideias em quantidade.

E lembre-se, nessa fase apenas preocupe-se com a geração de ideias. Nãodescarte ideias que possam parecer absurdas no início, são elas que po-derão servir de inspiração para uma ideia inovadora, por meio de cone-xões inusuais.

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Capítulo 2

Convergência ou etapa do Pensamento Convergente

“As portas foram criadas para pessoas sem imaginação”Derek Landy

Muito bem, você gerou uma quantidade significativa de opções que aten-dem direta ou indiretamente um Problema ou Desafio Proposto. Nessalista também você pode observar ideias desconectadas da proposta, numprimeiro olhar, e você não deve descartá-las, nem as absurdas, muito ou-sadas e malucas. Pelo menos não antes de buscar alguma conexão entrecada uma delas e seu Problema ou Desafio.

Algumas definições de dicionário, para Convergir:

v.t.i. Fazer com que seja guiado para uma mesma direção; dirigir-se: algu-mas ruas convergem para este cruzamento; os clientes convergiam para ocaixa. Permanecer junto; reunir-se: algumas teorias literárias convergemno modernismo.

Sentido figurado: Que tende a seguir o mesmo propósito (objetivo); enca-minhar-se: o trabalho árduo não o convergia para o dinheiro.(Origem do latim: convergo.is.ere)

É isso que você fez, faz e continuará a fazer sempre que for tomar umadecisão, porém agora com os canais de atenção ligados para melhor ges-tão do Processo Criativo.

Nesta etapa seu foco é essencialmente na Qualidade da Ideia, e deve con-

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centrar-se em ser útil, ser original, agregar valor, criar um novo conceito, eser viável, entre outros filtros.

Se na etapa anterior a sugestão era agir como quando você tinha 5 anos,aqui você deve projetar seu comportamento como quando tiver (se játem é só colocar em modo operacional) 50 anos de idade. Nessa fase davida desenvolvemos bom senso, maturidade para tomada de decisões eexperiências acumuladas que auxiliam na avaliação, seja para uma ideiamais morna, como para uma ideia mais ousada.

Avalie, pesquise o mercado, busque conexões improváveis, especialmen-te para as ideias malucas ou ousadas, e tome sua decisão com base naexperiência.

Nem sempre você deverá optar por apenas uma ou duas ideias. Vai acon-tecer de poder colocar 5 ou 10 ideias em operação, e deverá estabeleceras prioridades. Tanto para selecionar apenas uma, duas, ou três, quantopara selecionar 10 e estabelecer a prioridade, existem técnicas que auxili-am esta tomada de decisão, seja individualmente, seja em grupo.

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Capítulo 3

Ideias valiosas em Quantidade e Qualidade

“Se você não está preparado para cometer erros,você jamais criará algo original”

Ken Robinson

Repetidas vezes já ouvimos pessoas dizerem ”um problema precisa deapenas uma resposta”. Isso demonstra como é fácil o controle sobre oprocesso criativo a fim de gerar as melhores ideias. E é tão automático,que a resposta já está pré definida para ser entregue com velocidade.

Veja as duas questões abaixo e pense nas respostas:

- Para o quê serve um lápis?

- Qual a metade de 12?

Vou arriscar alguns palpites de resposta:

Um lápis serve para:

- Escrever

- Desenhar

- Prender os cabelos

A metade de 12 é:

- 6

- Seis

- Meia dúzia

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Se você respondeu uma ou mais dessas alternativas para essas duas ques-tões e não pensou em outras opções além delas, parabéns! Você faz partedo grupo de 90,4% de pessoas do planeta que entregam as primeiras emais óbvias respostas logo de cara. Elas estão erradas? Não! Elas surpre-endem, encantam ou prendem a atenção? Não também! Não devo entãopropor estas soluções para estes problemas? Deve sim, só não pode con-tentar-se em não ir além deles!

Concordo em termos com a afirmação inicial. De fato um problema preci-sa de uma resposta, a melhor delas.

E como podemos saber qual é a melhor delas? Bom, é fácil dizer quais nãoserão as melhores: provavelmente as 10 primeiras deverão ser as maiscomuns, as mais óbvias e as mais previsíveis. Como eu sei disso? Ora sedurante a vida ouvimos dizer que um problema precisa de apenas umaideia, quando eu encontro essa ideia, não existe mais o problema. Como amaioria das pessoas não gosta de lidar com problemas, quanto mais rapi-damente encontra uma solução, mais rapidamente também livra-se dele.

Como então eu vou além das 10 primeiras e mais previsíveis respostas?Não se limitando a colocar em prática o processo criativo apenas uma vez,mas tantas vezes quanto o tempo disponível para resolver a situação per-mita.

Vou ilustrar com números. Imagine que a primeira ideia, a mais óbvia detodas valha apenas 1 centavo, independente de qual seja a moeda, real,dólar ou euro, e que cada nova ideia que você proponha dobre de valorem relação à anterior, ou seja, sua segunda ideia valeria $ 0,02, a terceira$ 0,04, a quarta $ 0,08, e assim em diante.

Qual seria o valor da décima ou da vigésima ideia? Eu fiz a conta, vejaabaixo os valores para as primeiras 30 ideias. Lembre-se, no entanto, que

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se trata de uma hipótese considerar que cada nova ideia poderia dobrarde valor. Nada garante que a ideia nº 30 valha o valor associado na tabela.Ela pode até valer muito mais!

O valor de uma ideia está diretamente associado à abrangência que elatem. Uma ideia de abrangência nacional valerá mais que uma deabrangência local – uma cidade ou estado – e menos que outra deabrangência mundial, mas de qualquer maneira, a tabela ilustra a proba-bilidade de uma ideia se valorizar à medida que o processo criativo degerar e selecionar ideias se aprimora e aperfeiçoa, baseando-se na quan-tidade de ideias como combustível para a qualidade da solução.

Quer ver isso acontecer de fato? Dedique em algum momento entre 5 e10 minutos para gerar entre 30 e 100 ideias para uma das duas questõesiniciais. Em seguida, faça uma seleção de pelo menos 20 das mais surpre-endentes, ousadas e improváveis. Coloque numa lista e veja como elassão valiosamente mais criativas do que as respostas iniciais. Você dedica-rá em torno de meia hora nesta tarefa, e poderá perceber o impacto queo processo monitorado e controlado pode agregar muito valor às solu-ções que você vai propor de hoje em diante.

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Parte 3

Ferramentas da Criatividade para Geração de Ideias

“Criar é um ato de desafio”Twyla Tharp

Neste capítulo vou apresentar as mais conhecidas técnicas da criatividadepara a geração de ideias. São técnicas utilizadas por empresas como Apple,Google, Microsoft, IBM, 3M e a loja de aviamentos e armarinhos Pontodos Botões, do RN, onde em 13 de maio de 2011 tive oportunidade deapresentar as técnicas junto a duas equipes com 15 pessoas cada, na sedeque fica na agradável cidade de Alecrim, região metropolitana de Natal.

No exercício que efetuamos, pudemos avaliar o impacto e o valor da con-tribuição dos profissionais para o sucesso do negócio, à luz de suas per-cepções, vivenciando o dia-a-dia do Ponto dos Botões.

As técnicas aqui apresentadas têm o mesmo objetivo: facilitar epotencializar em quantidade a geração de ideias. Cada técnica tem carac-terísticas próprias, adaptadas a diferentes perfis.

Experimente todas as técnicas. Avalie, experimente mais algumas vezes,anote suas impressões, faça ajustes e observe qual ou quais melhor seadaptam ao seu estilo e ao estilo dos profissionais de sua equipe que vocêconvidar para uma seção para gerar ideias.

Para saber sobre o Pontos dos Botões: www.pontodosbotoes.com.br

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Capítulo 1

Brainstorming, Tempestade de Ideias, ou Toró de Palpites

“O acaso favorece a mente preparada”Louis Pasteur

O Brainstorming talvez seja a técnica da criatividade mais conhecida e maisutilizada no mundo para geração de ideias. E por mundo, entenda-se mun-do corporativo e mundo pessoal.

A tradução literal para Brainstorming é Tempestade Cerebral, mas existemvariações como Tempestade de Ideias, Chuva de Ideias, Toró de Palpites,entre outros.

Particularmente prefiro e utilizo Toró de Palpites, a mesma versão utiliza-da pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre-sas).

O Brainstorming foi formalizado e proposto inicialmente por Alex FaickneyOsborn (1888-1966) na década de 1940. Osborn foi sócio-fundador de umadas maiores e mais criativas agências de publicidade de todos os tempos,a BBDO (saiba mais sobre a agencia em www.bbdo.com), e também foicriador da Fundação para a Educação Criativa (saiba mais sobre a funda-ção, em www.creativeeducationfoundation.org).

Eu tive o privilégio de trabalhar por cerca de 10 anos na agência brasileiraque mantinha acordo operacional com a BBDO na década de 1980, tendovivido experiências fantásticas, entre elas o lançamento americano doApple Macintosh, o até hoje muito comentado e fantástico filme de TV

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1984, dirigido por Ridley Scott, e das campanhas memoráveis da PEPSI,também nos EUA na mesma época. Esse período representou para mimuma especial oportunidade de aprendizagem e de crescimento profissio-nal, mesmo não trabalhando diretamente na área de criação, mas que foifundamental para os desdobramentos de minha carreira nas décadas se-guintes.

Na BBDO Osborn liderava o time de profissionais criativos, com a principalmissão de gerar ideias e conceitos inovadores para seus clientes. Diantedeste desafio, adaptou uma técnica de meditação indiana à natural ten-dência e vocação das pessoas para gerar ideias e batizou Brainstorming.

O Brainstorming foi originalmente concebido para ser aplicado em equi-pe. Com o tempo foram criadas alternativas de aplicação, entre elas a doBrainstorming individual.

Como funciona uma seção de Brainstorming em equipe

Nas organizações em geral o Brainstorming pode ou deve ser aplicado,quando um Problema ou Desafio são identificados e requerem uma res-posta. Dessa forma, uma pessoa nos papéis de Gestão ou Liderança con-voca ou convida uma equipe de profissionais para geração de ideias. Em

geral convoca-se entre 4a 15 pessoas. Nada im-pede que a quantidadeseja diferente, mas podehaver prejuízo na dinâ-mica. Com menos de 4pessoas o tempo paragerar novas ideias é mui-to curto, o que pode ini-bir, e com mais de 15,muito longo, o que pode

tornar a seção desinteressante, e desinteresse não favorece a geração deideias criativas.

Chame o especialista

Se você convidar os especialistas em Marketing para gerarem ideias paraum Problema ou Desafio de Marketing, você ouvirá as mais interessantesideias e propostas de solução, baseadas em estudos de caso, exemplos desucesso e receitas que já deram certo em outros cenários e organizaçõesem diferentes lugares do mundo. Agora, se quiser ouvir as ideias mais

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ousadas, as mais originais, as menos óbvias, as mais desconectadas, asmais inspiradoras, convide também pessoas que não sejam especialistas,ou que não estejam diretamente envolvidas com o Problema ou Desafiodesta seção.

Considere convidar clientes, fornecedores, pessoas de outras áreas, pa-rentes dos profissionais da empresa, e até mesmo concorrentes, depen-dendo do tipo de relação com ele e do tema da seção. Você quer umexemplo que justifique convidar um concorrente? Ok, lá vai, como umaempresa que produza geleia de framboesa localizada numa região de difí-cil acesso, com pouco movimento turístico pode reduzir seus custos e as-sim tornar-se mais competitiva? Se todos os produtores de geleia daquelaregião se unirem para compras coletivas de matérias-primas ou insumos,como por exemplo, açúcar, conservantes, rótulos embalagens etc, todossaíram ganhando.

Já no convite para a reunião, com antecedência de entre 3 a 5 dias, pode-se adiantar em parte ou no todo qual será o tema a discutir, de forma queas pessoas convidadas possam de alguma maneira iniciar um processo deincubação e de associação preliminar de ideias e de conceitos. É impor-tante que as pessoas convidadas confirmem suas participações, para evi-tar que na hora a seção fique esvaziada. Lembre-se, uma seção deBrainstorming é um compromisso profissional.

Sempre sugiro que a seção seja realizada num ambiente reservado e seminterrupções ou distrações de qualquer tipo, como pessoas entrando ousaindo, atendimento de chamadas telefônicas profissionais ou pessoais,acesso a redes sociais via dispositivos móveis etc. O espaço pode ser a salade reuniões da organização, uma sala de hotel, a mesa de restaurante, ouaté o gramado de uma praça ou jardim. O importante é que não hajainterrupções ou distrações.

A duração de uma seção pode durar de um mínimo de 30 ao máximo de60 minutos, com alguma pequena variação, confirme a percepção da par-ticipação das pessoas.

Organização do ambiente

As mesas e/ou cadeiras devem ser organizadas em formato de círculo ouU, assim cada pessoa pode ver todas as demais. Tenha à disposição água ecafé e petiscos doces e salgados; você pode incrementar com suco, refri-gerante, leite, chás diversos, frutas, balas, bombons, bolos, tortas etc.,

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alguns combustíveis para o cérebro.

O ambiente deve ainda dispor de:

1. Papel e lápis ou caneta para todas as pessoas. Se for possível, ofere-ça também lápis e canetas coloridas, pois quando desenhamos oumesmo escrevemos com cores, estimulamos o hemisfério direitode nossos cérebros, o que contribui para ideias mais criativas

2. Um quadro, lousa ou folhas de flipchart e pincéis, para anotar asideias das pessoas em local visível a todos

3. Opcionalmente, um relógio que fique em lugar visível a todos, paracontrole do tempo

A dinâmica do Brainstorming

Você tem o ambiente, os materiais e o principal, as pessoas, é hora decomeçar a seção de Brainstorming.

Organizadas em círculo ou em U, você inicia a seção e explica o motivopelo qual todas as pessoas estão lá presentes e qual será o papel delas. Omotivo é gerar ideias para o Problema ou Desafio proposto antecipada-mente ou que você irá mencionar agora. Num primeiro momento evitedizer “gerar ideias criativas”, pois algumas pessoas que não se acreditamcriativas podem se bloquear nesse momento.

Deixe claro qual será o tempo dessa seção, que deve ser o mesmo pré-determinado no convite que você fez. O fato de uma seção deBrainstorming ter duração de 30 a 60 minutos, não significa que esse é otempo total investido, mas o tempo dedicado apenas à geração de ideias.Considere cerca de 20 a 30 minutos a mais, para a fase de organização daspessoas, explicação da dinâmica, eventual aquecimento e o encerramen-to da seção. Comece pontualmente no horário marcado e encerre no tem-po previsto.

Ao iniciar a seção de Brainstormingvocê vai definir os papéis:

- Condutor ou Condutora: a pessoaque vai conduzir a seção, controlan-do o tempo de duração, a participa-ção de cada um e corrigindo even-tuais desvios de foco. Esta pessoapode ser você, que convocou a reu-

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nião, ou uma pessoa por você selecionada. Se for selecionar outra pessoa,avise-a com antecedência para que ela possa preparar-se e sentir confor-tável com o papel

- Anotador ou Anotadora: a pessoaque vai anotar no quadro, lousa oufolhas de flipchart as ideias que osparticipantes gerarem durante aseção. Esta pessoa além desse pa-pel também contribui na geraçãode ideias

- Geradores de Ideias: todos os par-ticipantes, que oferecerão suges-tões de ideias para solucionar oProblema ou Desafio proposto

Com os papéis estabelecidos, apresente a forma de participação dos Ge-radores de Ideias: cada pessoa, em ordem sequencial (sentido horário, ouanti-horário, você decide), deve apresentar uma ideia objetiva por vez emcada rodada. Entenda-se por ideia objetiva aquela que não precisa de muitaexplicação. A dinâmica de participação é simples assim, uma pessoa porvez, uma ideia objetiva durante 30 a 60 minutos.

No início deixe muito claro, se possível imprima com letras grandes e colenas paredes, ou escreva qual o Problema ou Desafio que aquela equipedeverá atacar, e com qual objetivo.

Nesse momento também você estabelece as regras para esta seção. São 5apenas e muito simples:

1. Apresente ideias ousadas

Viaje na maionese, acrescente uma certa dose de loucura e ousadia, váonde as pessoas comuns evitam ir por medo, falta de visão, ou porquenão quererem se arriscar. Deixe as ideias comuns para a concorrência,aqui somos pessoas muito criativas.

2. Evite crítica e auto-crítica

Se a pessoa que conduz uma seção de Brainstorming, ou até mesmo seum dos participantes critica, diminui, zomba ou menospreza a ideia e aparticipação de outra pessoa, esta segunda ficará muito desconfortávelno ambiente e sem dúvida não participará de modo ativo e criativo daseção. Mais ainda, as demais pessoas também pensarão que o mesmopode acontecer com elas e as ideias tenderão à mediocridade. Jamais cri-tique uma ideia. Ajustar um caminho de uma ideia quando ela desvia do

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propósito da missão deve ser feito de modo elegante e inteligente, nuncase parecendo com uma crítica.

Da mesma maneira devemos evitar a auto-crítica. Lembre-se, você temautorização para ideias ousadas. Qual o limite da ousadia? Não existe, oumelhor ele existe, ele é o que facilita a vida em sociedade, o limite são asregras de convivência social; você pode dizer e fazer aquilo que não firasuscetibilidades, nem constranja as pessoas no ambiente, e cada ambien-te tem suas próprias regras e sua própria dinâmica. Se elas não estão cla-ras, sinta-se à vontade para esclarecer com os colegas ou a pessoa queconvocou para essa seção de Brainstorming.

3. Aprimore as ideias das pessoas

Aprimore, aperfeiçoe, pegue carona nas ideias de outras pessoas que ins-piram você. Se uma ideia provocou uma nova ideia, ou uma melhoria, ahora de dizer é agora.

4. Anote tudo

Nossos cérebros têm uma limitação para registrar fatos ou ideias novas,especialmente as mais recentes. Durante uma seção de Brainstorming,com tantas ideias sendo propostas pelas outras pessoas, nosso cérebrocomeça a estabelecer muitas conexões reunindo e combinando os dados,as informações e todo nosso conhecimento adquirido, e ideias novasafloram, mas lembre-se, você só pode dizer uma por rodada, e depois devocê manifestar-se demora quase 3 minutos até ter a palavra de novo.Como registrar e resgatar as 8 ideias que você tem agora? Pior, ou melhor,esse número aumenta cada vez que alguém apresenta uma nova ideia, fazparte da natureza irradiante do cérebro. Simples, anote tudo. Se for preci-so desenhe, afinal uma imagem vale por mil palavras, se for o caso, mos-tre o desenho, cole-o no quadro na sua vez de expressar uma ideia.

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Papel e lápis ou caneta à mão é uma sugestão que vale para as 24 horas deseu dia, todos os dias. Todas as pessoas estabelecem novas conexões otempo todo, inclusive quando dormem. Acordar no meio da noite comuma ideia que você acredita vai lembrar pela manhã é a mais traiçoeiraarmadilha dos nossos cérebros.

5. Mantenha o foco no Desafio ou Problema proposto

Esta é uma atribuição fundamental da pessoa que conduz a seção, mantero foco e identificar se uma determinada situação ou ideia é uma fuga dofoco ou o caminho para conexão inédita. Na dúvida, não intervenha e dêmais algum tempo para certificar-se. É preferível um leve desvio durante aseção, do que interromper o fluxo de uma ideia com potencial para a ori-ginalidade.

Aqui vai um comentário que talvez ajude nessa decisão. Com o temponotei que há 3 diferentes fases durante uma seção de Brainstorming:

a. Fase das ideias comuns: quando são apresentadas ideias mais ou me-nos previsíveis, e que servem como um aquecimento e estímulo paras asduas próximas fases

b. Fase das ideias ousadas: quando ideias menos comuns, menos conven-cionais, até com elevados graus de dificuldade de implementação são apre-sentadas

c. Fase das ideias absurdas ou malucas: aqui é o momento de se surpreen-der. Ideias jamais imaginadas surgem nessa hora vislumbram horizontesde inovação

Estas fases não têm a mesma duração. Em geral a distribuição aproximadapercentual de tempo é respectivamente 50% 35% 15%, com pequenasvariações. Procure estimular as fases 2 e 3, e diminuir o percentual da fase1. Se numa seção de 40 minutos, depois de 20 as ideias ainda são comuns,provoque, apresente ideias ousadas ou malucas que isso serve como com-bustível e incentivo.

Imprima estas regras, sem o detalhamento, apenas as regras, e cole nasparedes do ambiente, como forma de reforço e lembrança para os partici-pantes.

Você já tem tudo de que necessita para começar mais uma seção deBrainstorming de sucesso! Que tal então aquecer os motores, ou melhor,os cérebros das pessoas? Um quebra gelo de até 5 minutos funciona mui-to bem. Pode ser um desafio de lógica, um jogo, uma dinâmica que de-

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pende de participação ativa das pessoas, uma brincadeira, uma história,ou uma piada. Existem muitas sugestões disponíveis na Internet.

Bom agora que você já tem tudo pronto, todos em posição, aquecidos ecom seus instrumentos à mão, é hora de começar a sua seção deBrainstorming. A participação da pessoa que conduz a seção é opcional,mas sempre bem-vinda e inspiradora para as demais pessoas.

Uma nova habilidade que desejamos desenvolver se aprimora com a prá-tica. Comece agora mesmo a praticar o pensamento divergente convidan-do as pessoas para uma seção de Brainstorming. Não precisa ser necessa-riamente um Problema ou Desafio da organização em que você atua. Você

pode reunir colegas de sala de aula, vizinhos e ami-gos e propor uma seção para gerar ideias para os

Problemas e Desafios da atualidade, como fomeno mundo, educação de qualidade, economia

de energia, qualidade de vida, como sermosmais felizes, como gerenciar o tempo,

entre outros. O importante é praticar.

Como funciona uma seção deBrainstorming Individual

Às vezes gerar ideias para um Problemaou Desafio é algo mais pessoal, ou

o tempo não permite umaconvocação de equipe e vocêprecisa de ideias. Nesse mo-mento você vai então fazeruma seção de Brainstorming

individual.

Ela é exatamente como a quefazemos em equipe, exceto que

você não tem ideias de outraspessoas para aperfeiçoar. Quer di-

zer, você não tem em termos, poisindividualmente a dinâmica também

muda. No lugar da sala com pessoas emcírculo, é você sozinho e o ambiente é você

quem determina e define.

Pode ser durante um passeio numa praça ou

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parque; uma visita para observar vitrines de uma área comercial da cida-de ou shopping; um passeio no zoológico ou aquário da cidade; visita auma exposição de arte, um evento esportivo ou artístico ou musical; ummomento de meditação; enquanto dedica-se a uma atividade que esti-mule um ou mais de seus 5 sentidos, como pintar, desenhar, tocar uminstrumento musical, cantar, cozinhar; praticando um esporte; lendo umlivro novo, sobre um assunto diferente dos que você costuma ler; assistin-do a um filme; viajando; indo a um restaurante que sirva pratos que vocênão experimentaria normalmente; enfim, saindo do convencional, mu-dando sua rotina, estimulando seus sentidos.

Esse tipo de atitude estimula áreas do cérebro quenormalmente não estimulamos e podem favorecer conexõesmenos comuns ou até mesmo inusitadas.

Claro que nem sempre temos tempo para esses momentose oportunidades de inspiração. Vamos imaginar só por ummomento que você tivesse de gerar ideias para umProblema ou Desafio, e você tem apenas 10 minutos paragerar a maior quantidade de ideias que puder para, porexemplo, novos usos para um clipe de papel, ousugestões de mudanças no ambiente em que você seencontra nesse momento, que pode a sala de sua casa, a praçadurante uma caminhada no intervalo de almoço na empresa, o ônibusem que você se encontra para ir até seu trabalho, ou a sala de espera dodentista. Só por ter lido, você já pensou em algumas ideias, tanto paranovos usos do clipe de papel, como para os ambientes, mesmo que nãoesteja em nenhum deles. É isso, nossa imaginação nos leva para longe, e acapacidade de gerar ideias em quantidade se potencializa com o tempo,assim como quanto mais praticamos.

Vamos então praticar?

Se estiver num computador de mesa, use o espaço abaixo para digitar,senão, numa folha de papel anote a maior quantidade de ideias de novosusos para um clipe de papel, no espaço de tempo de 5 minutos. Prepare-se, e quando estiver tudo ok para iniciar a geração de ideias, clique nocronômetro ao lado, assim poderá monitorar e avaliar seu desempenhoao final. Pode começar!Quantas ideias você gerou? Mais de 10? Mais de15? Mais de 30? Um número entre 25 e 30 seria bastante razoável. Vocêpode até questionar, puxa, porque não em disse antes qual seria o númerorazoável? Porque é importante você perceber como em algumas situaçõesnós não exigimos mais de nós mesmos. Se não se estabelece um limite, o

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limite é infinito ou não existe? Até onde eu posso chegar por minha contae risco?O número de 25 a 30 na verdade considera uma ideia gerada acada 10 segundos em média. 5 minutos igual a 300 segundos, divididospor 10 segundos igual 30 ideias. Esse é o número ideal? Não, é o razoável.Um número ideal sem muita exigência seria uma ideia a cada 6 segundos,

o que totalizaria 50 ideias. Pense nisso: para qualquer que seja o Desafioou Problema para o qual geramos ideias, se tivermos de 30 a 50 opções,uma delas tem que ser no mínimo surpreendente, a não ser que a gentese aprisione na mediocridade e na mesmice.

Vamos repetir o mesmo exercício no espaço abaixo, com uma variação, oclipe é apenas uma inspiração, um ponto de partida; você anotará tudo oque vier à sua mente, sem pensar; será o que se chama de viagemhipertextual, ou seja, uma viagem em que uma ideia ou palavra puxa outra,que puxa outra, que puxa mais uma e assim continua. Prepare-se acione ocronômetro e anote a maior quantidade de ideias, sem qualquer outrapreocupação que não seja escrever a maior quantidade de ideias que puder.

Ótimo, fim do exercício e há uma probabilidade muito grande de vocêestar entre os quase 88% de pessoas que têm mais ideias nesse segundoBrainstorming individual do que teve no primeiro. Como eu sei disso? Pelaobservação e prática, entre 2006 a 2013, em minhas aulas de Criatividadeministradas em graduação, pós-graduação e MBA nas instituições em queatuo, bem como nos cursos e treinamentos em diferentes empresas, osparticipantes fizeram este mesmo exercício em duas etapas, e eu computeios números, anotando em uma planilha. No total foram 4.792 participantes,dos quais 4.214 geraram mais ideias na segunda tentativa.

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Aprofundando um pouco mais essa análise, se você notou na segundatentativa o tempo foi metade do primeiro, ou seja, 2 minutos e meio.Então, se você gerou 15 ideias ou mais, atingiu o número razoável de ideias;e se anotou 25 ou mais, você está no nível de excelência em termos dedesempenho no Brainstorming individual.

Você não deve se preocupar se ficou entre os 12% que geraram menosideias na segunda vez. Não desempenhamos da mesma forma, nemreagimos da mesma maneira quando nos comparamos com outras pessoas.Você é um conjunto de habilidades e competências que se desenvolveupara solucionar seus atuais Problemas e Desafios. Preparar-se para os dofuturo é fará de você uma pessoa imprescindível na organização em queatua ou atuará.

Outro detalhe desse exercício, é o fato de que algumas pessoas preferemgerar ideias de novos usos, são consideradas as pessoas mais práticas,enquanto outras viajam com facilidade na maionese, e levam longe seupensamento, são as visionárias. Agora pense comigo, qual a vantagem dosegundo exercício? Que valor existe em anotar corrente, papagaio, bicicleta,prego ou sanfona quando faço associações livres no segundo exercício? Éuma brincadeira de certa forma divertida, mas a empresa em que vocêatua espera mais que isso de você!

Ao final de um exercício desse tipo, esse comentário é muito comum: qualo valor dessas ideias? Nesse momento eu sugiro às pessoas, olhem agorapara cada item de sua viagem na maionese e crie pelo menos 3 associa-ções com o clipe de papel, de forma que isso gere valor, um novo concei-to, ou um novo produto. Aí sim as pessoas percebem o valor dessa via-gem.

O que você deverá usar no lugar do clipe de papel nesses dois exercíciosdaqui pra frente? Ora, o Problema ou Desafio que você tem diante de si,ou então crie novos Problemas e Desafios para praticar sempre e estarpronto para quando for preciso.

O Brainstorming apresenta melhores resultados aplicado em Equipe ouIndividualmente?

Essa é mais uma questão recorrente, e minha sugestão é que se você dis-põe de diversidade de equipe, disponibilidade de seus profissionais e tem-po para aplicação, o conjunto de ideias tende a ser mais produtivo. Noentanto, você pode promover uma mistura das duas modalidades, ou seja,se as pessoas já conhecem a dinâmica do Brainstorming sugira já venhampara a seção em equipe, munidas de ideias que anotarem desde o convi-

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te. Dessa forma você potencializa a probabilidade de ideias mais aquecidasdesde o início da seção, encurtando o caminho até as ideias ousadas oumalucas.

Se as pessoas ainda não conhecem a técnica de Brainstorming, você podepromover uma seção antecipada e mais curta, com um Problema ou De-safio fictício ou diferentes daquele que motivou a convocação, assim aspessoas ficam mais sensibilizadas e estimuladas para gerar e trazer umaquantidade maior de ideias para a seção oficial.

O que acontece depois do Brainstorming

A ansiedade natural de grande parte das pessoas em resolver Problemas eDesafios de modo rápido, quase instantâneo, implica numa quase neces-sidade de sair da seção de Brainstorming com a solução. No entanto hádois fatores a considerar, o primeiro, que já vimos, é o fato que gerar eselecionar ideias são etapas distintas do Processo Criativo, ou seja, ao fi-nal da seção de geração de ideias, estas são recolhidas e um novo grupo,ou o mesmo grupo, porém em outro contexto, trabalhará em sua análise,com foco exclusivo na Qualidade das Ideias.

O segundo fator pode ser a estreiteza do campo de visão, que impedeuma visão à margem, com foco em oportunidade. Explicando melhor, oBrainstorming nem sempre apresentará uma resposta direta ao Problemaou Desafio. Não que seja impossível, mas em geral as respostas mais cria-tivas e inovadoras são resultado de combinações de ideias ou do aprovei-tamento de um detalhe de uma ideia mais ousada.

2 breves exemplos, também tidos como fábulas corporativas, devido nãohaver quem assuma suas autorias, mas demonstram como o Brainstormingpode ajudar a encontrar as melhores repostas:

1. Loja de tintas

Uma empresa dona de uma cadeia de lojas de tintas, na década de 1970,tinha problema em uma unidade, no interior do Paraná, que não atingiasuas metas. Convocaram uma reunião de Brainstorming. Vale lembrar queàquela época não havia obrigatoriedade de uso de extintores em estabe-lecimentos comerciais.

A seção seguia animada, quando um dos participantes sugeriu: “a loja nãoatinge suas metas, vamos colocar fogo na loja!”. Nenhuma ideia é descar-tada a priori. Ao final da seção, as ideias foram reunidas para que fosseanalisadas pela equipe de Seleção de ideias.

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Quando chegaram à sugestão de colocar fogo na loja, foi despertada umapreocupação: esse produto, tinta, é altamente inflamável e combustível,se a loja pegar fogo, vai ser um desastre na vizinhança. A título de infor-mar-se mais, ligaram para a loja e perguntaram:

_ Vocês têm extintores ou equipamentos e produtos de combate a incên-dio na loja?

_ Não!

_Quanto tempo seria preciso para que o caminhão do corpo de bombei-ros chegasse até a loja, em caso de incêndio?

_ Aqui na cidade não tem corpo de bombeiros!

_ E se alguém se deslocasse para buscar rapidamente um produto de com-bate a incêndio, em caso de necessidade?

_ Aqui na região não existem lojas desse tipo.

A solução adotada pela loja do interior do Paraná foi vender, além de tin-tas, produtos de combate a incêndio, uma percepção atenta de quemanalisou as ideias, buscando conexões inusitadas.

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2. O tubo de creme dental

Essa muita gente conhece, mas vamos relembrar sob a perspectiva dobrainstorming. Numa reunião em uma empresa de produtos de higienepessoal, o pessoal de marketing e de vendas discutia formas de aumentarsuas vendas para uma determinada marca de creme dental.

Num dado instante a moça do café entra na sala para servir café, ouve umpedaço da conversa, e arrisca:

_ Olha, desculpe dar palpite, mas lá em casa a gente põe sempre o mesmotamanho de pasta na escova, você só iriam vender mais se aumentassemo buraco onde sai a pasta.

Todos entreolharam-se. Como ninguém pensou naquela solução? Simples,porque eram os especialistas, e especialistas, você leu ainda há pouco,têm respostas de especialistas. Para respostas inusitadas, converse e con-voque para o brainstorming pessoas que não esteja diretamente envolvi-das com o problema ou Desafio.

Você encontrará com muita facilidade algumas variações da aplicação doBrainstorming, especialmente as que permitem uma participação maisampla e com direito a voto e todo tipo de interação, em sistemas basea-dos na Internet. Estes se prestam a casos específicos e que dispõem debastante tempo para coletar e combinar ideias.

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Capítulo 2

MindMapping ou Mapa Mental

"Para viver uma vida criativa, devemos perder o medo de cometer erros"Joseph Chilton Pearce

Pense nos itens que você precisa comprar no supermercado para a suacasa.

Você pensou na forma de uma lista ou itens agrupados, como produtosde limpeza, higiene, frutas, visualizando cada seção da loja?

Agora olhe para o primeiro objeto à sua direita. Quantas ideias e associa-ções imediatas você fez? Elas são relacionadas ou são do tipo “nada a veruma com a outra”?

Pense no último livro que você leu. Você consegue resumi-lo para outrapessoa em até 10 minutos

O cérebro humano se manifesta por meio da expressão irradiante, ou seja,diante de um estímulo e não percorre um caminho linear de construçãoou desenvolvimento de raciocínio, mas expande-se para mais – muitasmais – direções simultaneamente. Chamamos esse tipo de percurso denavegação hipertextual, ou seja, uma conexão que leva a outra e essa amais uma. É muito parecido com a forma como navegamos na Internet, àpartir de um website clicamos em um link qualquer da página, e dessapágina para outra, e mais outra e nossa viagem prossegue em modo não

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linear, nem previsível, como é a leitura de um livro que conta uma históriacom começo, meio e fim, numa viagem lógica.

Como devemos então registrar visualmente nosso pensamento, se este éirradiante e nós nos habituamos às anotações na forma linear?

No final da década de 1960, o psicólogo inglês Tony Buzan aperfeiçoou,criou as regras e popularizou o MindMap ou Mapa Mental, uma forma deregistro visual do pensamento irradiante.

A proposta de Buzan é adaptar a forma de anotação à natureza irradiantedo cérebro humano, de forma a estimular os dois hemisférios, direito eesquerdo. As regras para a construção de um MindMap ou Mapa Mental,são:

1. Usar a folha na horizontal, afinal nossos olhos estão alinhados horizon-talmente, e nesse sentido abrangem uma área mais extensa de nossoscampos visuais

2. Inicie com a ideia principal no centro da folha

3. Crie conexões primárias, à partir da ideia central

4. Crie conexões secundárias, à partir das primárias e prossiga com asterciárias, quartenárias etc

5. Utilize desenhos, cores, ilustrações, gráficos e imagens, como formade estimular o lado direito do cérebro

Veja a seguir alguns exemplos de Mapas Mentais:

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Como e quando usar Mapas Mentais

1. Resumos em geral: aula, palestra, livro, filme, apresentação etc

2. Planejamento de uma monografia,

3. Planejamento de uma apresentação

4. Combinado com Brainstorming para gerar ideias organizadas

5. Mapeamento de um processo ou procedimento

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Capítulo 3

SCAMPER ou SACUDIR

"A criatividade é uma constante surpresa"Ray Bradbury

SACUDIR é uma técnica baseada e inspirada no SCAMPER, criada por BobEberle na década de 1980, com o objetivo de gerar ideias. Essa técnicaexplora a noção de que tudo o que é novo é resultado da melhoria oumanipulação de algo já existente.

SCAMPER em inglês significa mexer, abalar ou correr. SCAMPER é umacróstico, isto é: uma palavra formada com as iniciais de um conjunto deoutras palavras, chamadas no caso de verbos manipuladores ou operado-res.

Ao levar a técnica para organizações em diferentes empresas pelo Brasil,notei que havia certa dificuldade em memorizar o seu nome e natural-mente os verbos, afinal SCAMPER não soa tão familiar. Defini meu Desa-fio: de que forma facilitar a memorização do nome da técnica (e dos ver-bos), de tal forma que ela fosse mais vezes aplicada? E decidi aplicar opróprio SCAMPER para manipulá-lo.

Cheguei à palavra SACUDIR, tambémna forma de acróstico, e para cadaletra da palavra SACUDIR associeiadaptando, cada um dos sete verbosmanipuladores, ou operadores origi-nais da técnica desenvolvida porEberle.

Aplicada por você individualmente ouem equipe é possível abordar umProblema ou Desafio, a fim de gerarnovas ideias a partir da manipulaçãode algumas características do produ-to, serviço ou processo analisado. Useo SACUDIR para realizar melhorias oumesmo recriar objetos, sistemas ou

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processos, a partir daqueles já existentes.

Como as demais técnicas para o pensamen-to divergente, ou seja, aquelas que geramopções de respostas ou caminhos para umproblema ou desafio, as ideias obtidas como seu uso devem ser anotadas sem a inter-venção do seu espírito crítico ou autocrítico.A avaliação e crítica só devem ser utilizadasna etapa seguinte do processo, quando vocêe sua equipe elegerão as melhores ideias.

Os sete operadores ou verbos manipuladores originais do SCAMPER são:

S: Substituir

C: Combinar

A: Adaptar

M: Modificar

P: Propor novos usos

E: Eliminar

R: Reorganizar

Os sete operadores ou verbosmanipuladores do SACUDIR foram adapta-dos para que correspondessem em signifi-cado ao originalmente proposto por BobEberle, e ficaram assim:

S: Substituir

A: Adaptar

C: Combinar

U: Usar de outro modo

D: Destruir/Diminuir/ Deletar/Detonar

I: Incrementar/Incluir

R: Reorganizar/Refinar/ Rearranjar/Reverter

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Compare na tabela a seguir os verbos em cada caso:

Para o melhor uso do SACUDIR, em primeiro lugar, defina claramente oProblema ou Desafio que pretende resolver ou desenvolver. A técnica émuito eficaz na grande maioria dos problemas ou desafios associados aprodutos (bens ou serviços), modelos de gestão, modelos de negócios ouestratégia inovadora de marketing. Aplica-se até na solução de problemaspessoais. Mas lembre-se: parta sempre de um Problema ou Desafio bemdefinidos.

Para aplicar a técnica em equipe, você pode organizar o ambiente comosugerido técnica do Brainstorming. Apresente a Situação. Em seguida, dis-tribua folhas em branco, canetas e lápis coloridos, instrua as pessoas paraque gerem ideias à partir dos verbos manipuladores ou disparadores deideias listados a seguir.

O trabalho é feito inicialmente em modo individual, e cada pessoa devededicar cerca de 10 a 15 minutos para cada um dos 7 verbos ou dosdisparadores de ideias. Passado esse tempo, cada pessoa deverá dedicar-se a um novo verbo e assim por diante, até que todos tenham feito suasobservações para todas as ideias sugeridas. Depois disso, as ideias podemser reunidas em um mural, para que o grupo vote na melhor ou melhoresideias. Funciona melhor se você categorizar as ideias, conforme os ver-

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bos, ou seja, deixar num mesmo espaço exiba as ideias relacionadas aSubstituir, em outro a Adaptar, e assim em diante.

Outra situação que enfrentei em alguns momentos em que propus a apli-cação da técnica, tanto quando ainda usava SCAMPER, como depois o SA-CUDIR, era provocar as pessoas aaprofundarem suas abordagens, iremalém do óbvio, como por exemplo, se overbo era Substituir, a substituição fica-va um pouco presa a matéria-prima,mão-de-obra, local da fábrica ou forne-cedores. Então eu acabava por sugerirnovas abordagens para cada verbo. Per-cebi que eu repetia essas prováveis abor-dagens por diversas vezes, entãoIncrementei também uma lista dessasabordagens, Adaptando perguntas inici-ais disparadoras de ideias.

A seguir a lista de perguntas que vocêpode fazer para atacar o seu Problemaou Desafio, acompanhada dedisparadores de ideias. Esta lista não é definitiva. Nem todos os verbos oudisparadores são aplicáveis em todas as situações, busquei fazer algo comrelativa abrangência, mas cada situação requer perguntas próprias e vocêpode, aliás, deve incluir novas, ampliando esta lista.

SUBSTITUIR

Posso substituir ou trocar alguma das partes? Posso substituir algumapessoa envolvida? Posso mudar as regras? Posso usar novos ingredientesou materiais? Posso usar novos procedimentos ou processos? Posso mu-dar a forma? Posso mudar a cor, o peso, a embalagem, o som, o sabor, oaroma? Posso mudar o nome, o logotipo, o slogan? Posso mudar a fontede energia? Posso substituir uma parte por outra? Posso usar essa ideiaem um lugar novo ou diferente? Posso mudar meus sentimentos ou atitu-des envolvidas com o desafio?

Disparadores de ideias: Alternar, colorir, tingir, mudar, preencher, mudarde lugar, aliviar, rebatizar, reembalar, substituir, reposicionar, reservar,mudar o formato, expor, substituir, chacoalhar, mudar, alternar, ocuparoutro lugar ou posição.

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ADAPTAR

O que mais é assim? Com o que se parece? Existe algo parecido, mas emoutro contexto? A história oferece lições com casos ou ideias semelhantesa essa? Que outras ideias, usos ou aplicações isso sugere? O que eu possocopiar, emprestar ou até mesmo roubar? (Lembre-se de que são hipóte-ses, você não vai fazer isso) O que eu posso simular? Como posso simular?Com quem posso simular? O que pode me inspirar? Que novas ideias euposso incorporar? Que novos processos podem ser adaptados a esse? Emque diferentes contextos eu posso aplicar esse conceito? Que novas ideiasde campos completamente fora ou afastados do meu habitual eu possoincorporar?

Disparadores de ideias: Aclimate, adapte, ajuste, altere, emende, refor-me, aperfeiçoe, apure, corrija, melhore, personalize, generalize, dobre,torça, encurve, embaralhe, liquidifique, solidifique, torne gasoso, copie,simule, torne familiar, faça sob medida, incorpore, modifique, revise,retrabalhe, varie, transforme, liquide.

COMBINAR, CASAR

Que novas ideias ou partes podem ser combinadas? É possível combinarou recombinar as partes? É possível combinar novas funções? É possívelcombinar ou mesclar com outros objetos? O que eu posso combinar paramaximizar os usos possíveis? Que materiais podem ser combinados? Épossível acondicionar em uma nova combinação? É possível utilizar ou-tros materiais? É possível utilizar novos materiais? Pode ser produzido demodo sustentável? Vale a pena combinar? É possível combinar pessoascom talentos distintos para melhoria do processo?

Disparadores de ideias: Misture tudo, torne único, mescle, junte, funda,conecte, associe, relacione, unifique, cunhe, misture com o concorrente,una, una-se.

USAR DE OUTRO MODO

Onde mais pode ser utilizado? Pode ser utilizado por um público diferentedo tradicional? Qual público? Uma criança poderia utilizar? E uma pessoade mais idade? De que outras maneiras pode ser utilizado, mantidas aaparência e a forma atuais? Pessoas com necessidades especiais utilizamcom facilidade? Com alterações e ajustes pode ter novos usos? Uma pes-soa que desconheça completamente é capaz de utilizar? Posso usar amesma ideia em outros mercados e para outros públicos? Alguém já fez

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isso antes? Pode ser usado de uma forma totalmente nova? Pode ser uti-lizado por um público totalmente novo?

Disparadores de ideias: Abuse, aplique, fique disponível, mantenha dis-ponível, divulgue os benefícios e vantagens, brinque, contextualize, dese-nhe, aja, esgote as possibilidades, mostre sendo utilizado, empregue, di-virta-se, exercite, canse-se, gaste, desgaste, explore, termine, finalize,manipule, valorize, supervalorize, opere, maltrate, reposicione, obtenhavantagem, ofereça vantagem, torne visível o prazer do uso, desgaste.

DESTRUIR/DIMINUIR/DELETAR/DETONAR

É possível simplificar? É possível diminuir? É possível miniaturizar? Possocortar? Dividir? Repartir? Seccionar? Que partes podem ser removidas semalteração das funções? O que é não essencial ou desnecessário? É possí-vel fazer menor? Que funcionalidades ou características podem ser elimi-nadas? Posso dividir em partes menores? Posso fazer mais compacto oumenor? Que partes podem ser reduzidas? O que pode ficar mais leve? Oque é possível dividir? Posso agregar valor retirando partes ou componen-tes? Posso diminuir custo e preço? Posso agregar valor retirando caracte-rísticas desnecessárias?

Disparadores de ideias: Destrua, controle, erradique, exclua, expila,excrete, extermine, mate (no sentido figurado), limite, liquidifique, mode-re, module, limpe, rejeite, remova, restrinja, simplifique, miniaturize, jo-gue fora, diminua ou elimine a ênfase, varra, apague, delete, deixe maisleve, simplifique, subtraia.

INCREMENTAR, INCLUIR

Posso adicionar novas funcionalidades? Que partes podem ser amplia-das? Que partes podem ser estendidas? O que pode ser exagerado? Ta-manho? Volume? Dimensão? O que pode ser aumentado na altura, nalargura? Pode ser mais resistente? Pode ser mais durável? E se durassemenos tempo? O que pode ficar mais pesado? O que pode ter suafrequência de uso modificada? O que é possível duplicar? Triplicar? Multi-plicar? Posso mudar o público-alvo? É possível adicionar novas funcionali-dades para agregar valor? É possível adicionar novas características paraagregar valor? Posso exagerar dramaticamente?

Disparadores de ideias: Amplifique, aumente, potencialize, alargue, ex-panda, estenda, faça crescer, torne maior, torne mais alto, reforce, am-

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plie, deixe mais forte, deixe mais pesado, torne mais importante, faça pa-recer mais importante, enfatize, multiplique, estique, levante, alongue.

REORGANIZAR/REFINAR/REARRANJAR/REVERTER

Que novo arranjo provocaria um uso muito melhor que o atual? Possotrocar componentes? Existem outros padrões, modelos ou sequências pos-síveis de utilizar? Posso alternar causa e efeito? Posso mudar o layout?Posso mudar o modo ou horário de entregas? Posso inverter negativo epositivo? Posso mudar a parte da cima com a de baixo? Esquerda e direi-ta? Interno e externo? Posso mudar o ritmo? Posso voltar a uma versãoanterior? E se eu fizesse exatamente o oposto do modelo atual?

Disparadores de ideias: Ajunte, anule, oponha, vire do avesso, vire decabeça para baixo, compare com a versão anterior, invalide, inverta, rea-juste, remodele, mude de lugar, reorganize, desmonte, remonte, mude osistema de entrega, mude a agenda de entrega.

Veja agora um exemplo de aplicação do SACUDIR:

Problema proposto: aumentar as vendas da minha empresa

Utilizando o SACUDIR, a partir dos sete verbos manipuladores ou opera-dores:

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Substituir:

O que ou quem eu posso substituir em meu processo de vendas?

Adaptar:

O que posso adaptar ou copiar do processo de vendas de outra empresa?

Combinar:

De que maneira eu posso combinar vendas com outras atividades da em-presa?

Usar de outro modo:

A que novos usos meu produto (bem ou serviço) se prestaria?

Destruir/Diminuir:

O que eu posso eliminar ou simplificar no processo de vendas?

Incrementar:

O que eu posso modificar, ampliando ou dando maior ênfase, no processode vendas?

Reorganizar:

Como eu posso mudar, reorganizar, inverter ou reverter o processo devendas?

Questões desse tipo forçam você e os profissionais de sua empresa a re-fletirem de modo mais profundo sobre o problema ou desafio, e na maio-ria das vezes gerar ideias criativas, inovadoras e muito rentáveis.

Outro exemplo: imagine que você é um fabricante de computadores eimpressoras, e deseja desenvolver novos produtos. Utilizando o SACUDIRvocê pode:

Substituir:

Utilize materiais de alta tecnologia para mercados específicos.

Utilize componentes que proporcionem maior velocidade.

Adaptar:

Modo de trocar os cartuchos de tinta na impressora de alta qualidade.

Uso de papel de alta qualidade

Combinar:

Integração de computador e impressora.

Integração de impressora e scanner.

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Usar de outro modo:

Usar para imprimir, copiar e enviar fax.

Destruir/Diminuir:

Eliminar autofalantes internos.

Eliminar o monitor.

Eliminar cor.

Incrementar:

Produzir em diferentes formas, tamanho, peso e materiais.

Reorganizar:

Produzir mesas e cadeiras combinadas com os computadores.

Nesse caso, o SACUDIR foi capaz de identificar possíveis novos produtos.Muitas das ideias podem ser inviáveis ou podem não corresponder plena-mente às expectativas do consumidor, ou à tecnologia utilizada ou dispo-nível para o seu desenvolvimento, mas algumas são excelentes pontos departida para a criação de novos produtos, serviços ou processos.

No apêndice desse livro você pode acessar a folha de aplicação da técnica,bem como a ficha de acesso rápido às perguntas, para uso imediato, quevocê pode imprimir para usar quando necessário. Mãos à obra, vamosSACUDIR o mercado com novas ideias inovadoras!

Se quiser ir para o apêndice agora, clique aqui.

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Capítulo 4

Matriz Morfológica ou Conexões Inusuais

"Eu sou um artista, você sabe. É meu direito ser estranho"E. A. Bucchianeri

Você já passou pelo Desafio de escrever um texto, e sentiu a sensação de“deu um branco”? E quando o Desafio era lançado pela professora de lín-gua portuguesa, que pedia um texto com tema livre. O “deu um branco”vinha acompanhado de suor nas mãos e frio na barriga.

A notícia não tão ruim é que muita gente, mas muita gente mesmo jápassou por isso. A péssima notícia é que eu não aceito isso como justifica-tiva para não conseguir escrever um texto, até mesmo porque eu não acre-dito em “deu um branco”, mas eu acredito em você.

Porque pensamos “deu um branco”? Algumas possibilidades:

1. Não quero que me julguem

2. Não escrevo bem

3. Não sou bom com texto

4. Quando era criança li meu texto em sala de aula e meus amigoscaçoaram de mim

5. Não tenho ideias

6. Não sou uma pessoa criativa

Se a sua justificativa não estiver na lista, me envie que eu acrescentarei àlista, mas eu insisto, são crenças ou bloqueios que você pode superar comrapidez e facilidade e veremos como é possível, com o uso da MatrizMorfológica.

Antes, mais um pouco de papo. Pense num autor ou autora de livros quevocê admira. Como você imagina esta pessoa produzia seus textos? Foisem dúvida a partir de seu próprio modelo, onde criou suas próprias con-dições de ambiente, horário e fontes de pesquisa e de inspiração, masuma coisa é certa, aquele livro que você achou o máximo não foi escritode uma só tacada, sem revisões ou sem voltar muitas vezes para reescre-ver um parágrafo, como nós gostamos de imaginar que acontece.

Não existiu até hoje uma única pessoa que tenha conseguido essa proeza.Se disser que foi assim, desconfie do texto.

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Vou lançar para você um desafio simples: preparar a estrutura de umahistória que você irá escrever, pode ser um romance, um conto, uma crô-nica. Aliás, esse desafio é simples, não vou propor uma história, mas 1024histórias. E você terá até 15 minutos para preparar suas estruturas. Pode-mos começar?

Vamos voltar um pouco até a Matriz Morfológica, uma ferramenta quepermite criar combinações de modo muito rápido. Para atender ao Desa-fio que lancei para você, veja a tabela, ou Matriz a seguir, onde já incluíem vermelho sugestões de itens no topo das colunas; seu desafio é ape-nas preencher em até 15 minutos os 20 espaços da tabela. Na primeiracoluna você vai preencher com alternativas de nomes de personagens,existentes ou que você vai criar agora; o mesmo vale para a segunda colu-na, Vilão; Local ou Época é onde e quando sua história acontece; seu per-sonagem deve passar por um grande Desafio e é na quarta coluna quevocê vai escrever quais; finalmente, defina om Desafio ou Objetivo para asua história.

Você não precisa, nem deve se preocupar em manter uma associação en-tre os itens em cada linha,porque de fato eles não têmnada entre si, nesta tabelacada espaço é independen-te e é por isso que ela podegerar tantas histórias.

Agora que você já preencheua Matriz, Você tem duas op-ções:

1. Orientação

2. Acaso

Vamos começar pela Orien-tação: escolha de acordo com seus critérios próprios, e você não precisarájustificar, um item de cada coluna e anote numa folha ou circule na tabe-la. Pronto sua estrutura está aí, agora é só escrever uma história ao redordela.

A outra opção é o Acaso, e eu gosto muito disso. Escolha aleatoriamente 5números de 1 a 4 e escreva o número no campo Matriz, na segunda tabelaabaixo; você pode usar um dado ou papéis dobrados com os números.Vou supor que você escolheu os números 3 2 4 1 4, seu próximo passoserá anotar ou circular em cada coluna da Matriz o item correspondenteao número ao lado, por exemplo, em Personagem você anotará o corres-

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pondente à linha com número 3; 2 para Vilão; 4 para Local/Época; 1 paraObstáculo e 4 para Desafio/Objetivo. Estrutura pronta.

Seja para Orientação ou acaso, sugiro anotar na segunda tabela no campoDesafio, qual você definiu, por exemplo, escrever uma crônica, e nas 3linhas abaixo, inclua mais detalhes, como por exemplo o prazo para finali-zar a tarefa, ou a extensão do texto etc.

Seu texto não precisa ficar limitado a apenas esses itens ou opções, esta éuma Matriz muito simples. Você já tem a estrutura, numa metáfora com aconstrução de uma casa, seria como se você já tivesse o alicerce, colunase vigas, você tem que erguer paredes com tijolos ou madeira neste espa-ço, e em seguida dar o acabamento.

Estruturas firmes garantem uma obra, mas não são visíveis. O acabamen-to é visível e expressa o estilo de quem construiu, aqui vem seu toquepessoal. Defina se o texto será escrito em primeira ou terceira pessoa;com que nível de aprofundamento você vai mostrar características dospersonagens, seu perfil psicológico, suas forças e fraquezas; como ele che-gou àquela situação. Inclua mais detalhes, por exemplo, mais persona-gens, mais ambientes, a história pode se movimentar no tempo e no es-paço, não se limitando apenas ao Local ou Época anotados. Capriche no

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acabamento, e lembre-se que quanto mais casas ou textos você construir,mais aprimorado será seu estilo pessoal e com maior facilidade assentarátijolos e combinará palavras.

Sim, eu sei, eu prometi uma ferramenta que poderia estruturar 1024 tex-tos em até 15 minutos, mas até agora você só tem 1 ou 2. Cadê o resto?Aqui mesmo. Olhe de novo para a Matriz. Ela tem 4 linhas e 5 colunas, oque equivale dizer que temos 45, ou 4 x 4 x 4 x 4 x 4= 1024 combinações,só com o básico da Matriz, sem a inclusão de novos itens de acabamento.

Mas essa ferramenta se presta a escrever textos? Sim, mas não apenaspara isso. Vamos trocar o Desafio,e agora, no lugar de itens de umahistória, vamos incluir característi-cas para desenvolver um novo pro-duto.

O topo das colunas deveria teritens como, por exemplo, Público,Matéria-Prima, Onde Usar, ComoUsar, Objetivo, ou quaisquer outrosde sua preferência. AS etapas se-guintes são as mesmas, Orientaçãoou Acaso. Você pode ainda incluir mais linhas e mais colunas e proporcio-nar uma possibilidade de combinações ainda maior. Em geral trabalho nasOrganizações com matrizes de 10 x 10, o que proporciona em tese10.000.000.000 de combinações.

Resgate mais uma vez o autor ou autora de sua preferência. Sabe aqueletexto fantástico que você admira? Pois é, foi construído com os mesmos26 tijolos à sua disposição, as 26 letras do alfabeto, combinadas em pala-vras carregadas de estilo pessoal. Agora é a sua vez.

Se quiser usar o modelo no apêndice, clique aqui.

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Parte 4

Ferramentas da Criatividade para Seleção de Ideias

“O verdadeiro jogo é a criatividade”John Lasseter

Gerar ideias é acima de tudo muito divertido, afinal, como eu reforcei,devemos assumir uma postura de quem tem 5 anos de idade, quandotalvez tivéssemos pouco ou nenhum bloqueio.

E agora vem mais diversão por aí! Você gerou ideias e agora, você vaiutilizar seus recursos pessoais e os da equipe, se estiver trabalhando nes-se formato, para eleger a Solução de seu Problema ou Desafio. ComoEinstein dizia, “Criatividade é o Cérebro se Divertindo!”

Enquanto o foco da etapa divergente é a Quantidade, o foco da etapaConvergente é a Qualidade. Por qualidade, nesse caso, considere inicial-mente:

Grau de Novidade: quanto esta ideia é nova a ponto de gerar desejo

Utilidade: quanto esta ideia é útil

Viabilidade: financeira, técnica, econômica, social e ambiental

Existem técnicas para auxiliar nessa tomada de decisão, com maior oumenor grau de aprofundamento e uso do tempo, proporcionais ao impac-to da decisão, tempo disponível para tomada da decisão e recursos envol-vidos. Uma delas utiliza estritamente os 3 itens acima: Novidade, Utilida-de e Viabilidade

Pode ser uma decisão tomada em poucos minutos ou uma que leve umdia todo ou mais. Nas próximas páginas você vai conhecer algumas delas eavaliar qual se adapta melhor ao seu Problema ou Desafio.

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Capítulo 1

Voto

"Seja inegavelmente bom"Steve Martin

O voto é a maneira mais rápida de tomar uma decisão. Esta decisão podeser tomada por você individualmente, votando em uma ideia de uma listaque você ou outra pessoa ou equipe preparou, como também pode ser adecisão de um grupo de pessoas.

Insisto que nem sempre apenas uma ideia será selecionada a partir deuma lista. Pode ocorrer de haver espaço para três, cinco ou qualquer ou-tro número, então a votação também pode ser aplicada para definir quaisideias serão selecionadas e qual a prioridade de implantação de cada uma.

O Voto pode ter algumas modalidades:

1. Maioria Simples

Três ou mais ideias são apresentadas e votadas, aquela com maior núme-ro de votos é a selecionada

2. Maioria 50%

Ideias apresentadas e votadas, mas para ser aceita como decisão, a ideianecessita de um mínimo de 50% dos votos dos participantes.

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3. Maioria de 2/3

Idem acima, mas para ser aceita como decisão, necessita de um mínimode 2/3 dos participantes

4. Unanimidade

Uma ideia somente será aceita como decisão, se todos os participantesvotarem nela

5. Votação em 2 Turnos

As ideias são apresentadas e votadas, as duas que receberem a maior quan-tidade de votos são submetidas a nova votação, e o critério de escolhapode ser qualquer um dos 4 anteriores

Como você pode ver, é uma técnica simples e rápida para tomar decisões,mas pelo seu caráter exclusivamente quantitativo, pode trazer algumadistorção, provocada pelo não questionamento ou aprofundamento.

Para decisões mais simples ou quando o tempo é escasso, é uma excelen-te alternativa.

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Capítulo 2

NUV - Novidade, Utilidade, Viabilidade

“Os cães ladram para o que não compreendem”

Heráclito

NUV é uma técnica de aplicação rápida, para comparar duas ou mais ideias,estabelecendo uma escala de importância ou de prioridade para escolha,baseada em 3 critérios de avaliação:

N= Grau de Novidade ou Inovação da solução

U= Utilidade prática e/ou imediata da solução

V= Nível de Viabilidade da solução, do ponto de vista de alocação de re-cursos de todo tipo

Uma matriz simples auxilia a tomada rápida da decisão, veja abaixo.

Esta matriz foi dimensionada para comparar e analisar 5 ideias, mas vocêpode incluir mais linhas.

Para cada um dos 3 critérios de avaliação você aplica uma pontuação quevaria de Zero a Dez. A soma determina a escolha de uma ideia ou define aprioridade de implementação para mais de uma.

Se quiser usar o modelo no apêndice, clique aqui.

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Capítulo 3

Matriz de Comparação Par a Par

"Meu futuro começa todas as manhãs quando eu acordo.Todos os dias eu encontro algo criativo para fazer com a minha vida"

Miles Davis

A Matriz de Comparação Par a Par é uma técnica de Seleção de Ideias, quecombina quantitativo com capacidade de análise, e o que é melhor, empares de ideias. Ela pode ser utilizada tanto para eleger uma ideia, quantopara determinar prioridade de implantação, de mais de uma.

Para auxiliar essa decisão, a Matriz abaixo deve ser preenchida para ano-tações.

Veja como preencher a Matriz:

1. Tenha à mão a lista de pelo menos ideias geradas, ou pré-selecionadas

2. Se o número de ideias geradas for superior a 10, e eu tenho certeza deque será, utilize o Voto para chegar às 10 que vai utilizar na Matriz

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3. Na parte inferior, na segunda tabela coloque uma ideia em cada linhanumerada de 1 a 10, não se preocupe com a ordem, é irrelevante

4. Em seguida, você vai anotar suas preferências para cada comparação naparte superior. Você tem 10 linhas que se cruzam com 10 colunas, paraque você possa anotar para cada par de ideias comparadas, qual é a suaescolha

5. Dessa forma, ao comparar a ideia 1 com a ideia 2 (basta olhar na listapara lembrar quais são), você faz sua escolha, baseado em critérios pesso-ais, experiência, análise e pesquisa

6. Você vai dessa forma comparar a ideia 1 com a 3, a 1 com a 4, até que naúltima coluna compara a ideia 1 com a 10, e vai para a linha debaixo, ondesuas comparações começam com ideia 2 e ideia 3, e assim por diante até2 com 10

7. A última linha a comparar, são as ideias 9 e 10.

8. Quando tiver completado a tabela, você vai então contar quantos votoscada ideia obteve e anotar na coluna Votos.

9. Para a ideia 1, basta contar os votos na linha 1; para a ideia 10, bastacontar os votos da coluna 10. As demais ideias, de 2 a 9 têm votos tantonas respectivas linhas, quanto nas respectivas colunas.

a. Reforçando: conte todos os votos, sendo:

i. Ideia 1 estão todos na linha 1

ii. Ideia 10, estão todos na coluna 10

iii. Ideias de 2 a 9, estão distribuídos nas respectivas linhase colunas, ou seja, conte os votos na linha 2 e também na coluna 2

10. Depois de contar todos os votos, para certificar-se de que todos foramanotados, some a coluna Votos, ela deve totalizar 45, que é o total depares comparados na tabela

11. Agora você já tem a sua lista com os Votos, e vai anotar a ordem declassificação na tabela da parte inferior, nacoluna Ordem, da seguinte maneira: para aideia mais votada, anote o número 1, para asegunda, o número 2, até a 10ª ideia

12. Em caso de empate com mesmo númerode votos, independente da Ordem (primei-ra, segunda ou qualquer outra classificação),você decide qual fica em cada posição

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Esta técnica é razoavelmente rápida para aplicar e pode ser aplicada indi-vidualmente ou em grupo. Se decidir aplicar em grupo, você uma etapa amais, que é somar os votos de cada participante em cada ideia.

Assim, você terá o total de votos das Ideias 1 até 10, para em seguidaestabelecer a classificação geral, resultado da análise daquele grupo.

Para ilustrar, já apliquei essa técnica em diferentes situações, e mais deuma vez fui questionado de porque não ir diretamente ao voto, por sermais rápido. Numa ocasião, e repeti depois disso outras vezes com resul-tados muito parecidos, solicitei à pessoa que havia pedido a aplicação deuma ferramenta de seleção, que apontasse na lista de 10 ideias, na or-dem, quais as 3 primeiras ideias mais votadas.

Nem sempre todas as 3 indicadas aparecem nos 3 primeiros lugares apósa aplicação da matriz. Nunca aconteceu de as três ficarem de fora, e comalguma frequência a ordem não é a mesma. Minha observação me leva aacreditar que bater os olhos numa lista e eleger uma, duas ou três ideias,não é o mesmo que comparar ideias em pares.

Na comparação em pares, ainda que breve, levamos em conta mais itens,características e qualidades das ideias, do que quando olhamos para alista com as 10.

Outra observação importante ao longo do tempo, foi que após a verifica-ção de que a lista inicial não confere com a da matriz, a pessoa que fez aprimeira lista revê suas escolhas e concorda com a segunda, inclusive per-cebendo as vantagens das eleitas.

No apêndice desse livro você pode acessar a folha de aplicação da técnicaque você pode imprimir para usar quando necessário.

Se quiser ir para o apêndice agora, clique aqui.

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Capítulo 4

Os 6 Chapéus Pensantes

"A principal marca do gênio não é a perfeição,mas a originalidade, a abertura de novas fronteiras"

Arthur Koestler

Técnica dos Seis Chapéus Pensantes é sugerida para aplicação na fase Con-vergente do processo criativo, para projetos de inovação radical, ou quan-do há um volume maior de recursos envolvidos – financeiros, humanos,ou técnicos, entre outros.

Com esta técnica podemos avaliar produtos, serviços, processos, situa-ções e cenários. Ela foi desenvolvida por Edward de Bono na década de1980, que escolheu os chapéus por sua tradicional associação com o pen-samento. Chapéus são práticos de colocar e tirar da cabeça, ficam emevidência e indicam uma condição ou regra.

Segundo de Bono, nem todas as pessoas têm facilidade de, por exemplo,elogiar ou criticar. Em geral ficamos mais à vontade em um do que outropapel, e quando somos solicitados a trocar de papel, ficamosdesconfortáveis. Os chapéus são a nossa licença para agir sem preocupa-ção com que sejamos julgados por assumir um comportamento fora docomum.

Utilizar essa ferramenta é mui-to simples. Você deve descre-ver uma ideia, e essa ideia serájulgada por você ou por umgrupo de pessoas. Cada julga-mento deverá obedecer à re-gra ou condição estabelecidade acordo com a cor do chapéuque você tiver na cabeça na-quele momento. O chapéu éimaginário, mas o uso decartelas ou objetos com as co-res correspondentes ajuda nainterpretação dos papéis.

Seja uma pessoa mais criativa

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Suas impressões devem ser registradas livremente em folhas de papel,para depois serem compiladas. Os chapéus devem ser trocados a cada 10a 20 minutos. Se for aplica em grupo, todos devem usar o mesmo chapéuao mesmo momento.

Ainda individualmente ou em grupo pode-se realizar mais de uma roda-da, a fim de obter mais opiniões, desde que se perceba ser preciso. Atécnica pode ser aplicada com qualquer número de pessoas.

Os chapéus e seus comportamentos

O chapéu Azul

coordena e organiza o pensamento dos demais cincochapéus.

Quais serão os próximos passos?

O que devemos fazer agora?

Esse é o chapéu que controla todos os outros, é o gran-de maestro. É ele quem define os assuntos tratados e

direciona o pensamento. Geralmente é utilizado por apenas uma pessoa,mas está aberto a sugestões e comentários de outros indivíduos partici-pantes. É ele também quem faz os resumos, sínteses e conclusões. Podeacontecer no decurso ou no final do processo. Define ações e soluções aserem adotados.

O chapéu Branco

avalia tudo o que se relaciona com a informação.

Que informações estão disponíveis sobre o assunto?

Quais informações nós necessitamos obter?

Tem a função de te fazer agir como um computador.Com ele, você apresenta fatos e dados sem qualquerenvolvimento com emoções e sentimentos.

O chapéu Amarelo

é aquele que vê apenas os aspectos positivos da ideia.A ideia dará certo.

Como essa ideia vai alavancar nossa empresa?

Por que essa ideia tem tudo para dar certo?

Positivista e construtivo. É sempre otimista e ressaltaos valores e vantagens das possibilidades. Mostra propostas concretas e

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sugestões. Não serve para criar novas ideias, apenas para mostrar os ‘prós’de ideias preexistentes.

O chapéu Preto

deve ser cauteloso. Cuidado e julgamento excessivo

fazem parte da sua função.

Isso pode dar certo? Isso vai mesmo dar certo?

O que pode dar errado nessa ideia?

Esse é o chapéu negativista. Ele é importante por ex-por os aspectos falsos, errados e de risco para tais decisões. Não servepara demonstrar sentimentos negativos, pois esse é o papel do chapéuvermelho, apenas os fatos e dados negativos devem ser levados em consi-deração. A melhor hora de usar esse chapéu é logo depois do amarelo.

O chapéu Vermelho

é o emotivo. Intuição, sentimento e sensibilidade.

Ele não precisa justificar nada.

Como eu me sinto diante dessa ideia?

Que sensações ela me proporciona?

Mostra suas opiniões e emoções quanto aos fatos, se-jam elas positivas ou negativas. Com ele pode-se tam-

bém explorar os sentimentos e opiniões de terceiros, contanto que nãoexista justificativa ou lógica em cima da ideia. Em suma, é com esse cha-péu que se apresentam os medos, palpites, intuições, gostos, aspectosestéticos e preocupações.

O chapéu Verde

é de quem pode dar expressão à Criatividade. Ideias di-ferentes, ideias novas, sugestões, propostas.

Quais são as possibilidades?

De que outras maneiras podemos levar essa ideia adi-ante?

Pensamento criativo representa fertilidade, crescimento e busca de novassoluções. O movimento é substituído pelo julgamento e faz uma ideia setransformar até a criação de uma nova ideia. Ele utiliza da provocação edo pensamento lateral, um conjunto de atitudes, linguagens e técnicas.Se quiser usar o modelo no apêndice, clique aqui.

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Conclusão?

Não, Provocação!

"Nós nos tornamos aquilo que contemplamos.Moldamos nossas ferramentas, e, posteriormente, elas nos moldam"

Marshall McLuhan

Há alguns anos abri mão de uma confortável posição em uma agência depublicidade em São Paulo, e me arrisquei num projeto pessoal, sem qual-quer garantia de sucesso, ou patrocínio, apenas com a crença pessoal deque era um percurso que eu queria completar: compartilhar o que apren-di, tenho aprendido desde que nem me lembro quando, e espero conti-nuarei a aprender por mais algumas décadas: o uso da Criatividade comocaminho para chegar à Inovação.

Desde a Inovação necessária do dia-a-dia, de quando improvisamos dian-te de um obstáculo imprevisto, por exemplo, para abrir a porta de casaquando não lembramos onde deixamos as chaves, a como aquecer a co-mida num dia em que falta energia, até a Inovação que um dia vai desta-car o país como fonte de geração de soluções que vão tornar nossa socie-dade mais sustentável e nossas vidas mais confortáveis.

O trabalho que desenvolvo em minhas aulas nas instituições de ensinoonde atuo desde 1982, e também nas gentis consultorias que me empres-tam seus sobrenomes institucionais, e me permitem representá-las juntoa micro, pequenas, médias e grandes empresas nacionais e multinacionais,me inspirou a ir sempre mais fundo na pesquisa sobre técnicas, ferramen-tas e estratégias da Criatividade que servissem de suporte e facilitassemlevar o Processo Criativo a bom termo, com vistas à Inovação.

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Vi nascer projetos fantásticos em salas de aula, em Workshops, nas con-versas durante ou após uma palestra em tantas cidades pelo Brasil, quesinto uma ponta de orgulho só de pensar, que apenas uma de minhaspalavras tivesse sido responsável por apenas uma fração da faísca, que fezapenas uma única dessas ideias ganhar vida. Não se trata de vaidade, masde saber que minha crença fez sentido e teve eco.

A crença se reforça depois de tantas horas e experiências compartilhadascom pessoas fantásticas que encontrei no percurso, e me motivou a reu-nir neste pequeno livro um bom conjunto de sugestões de aplicação dasferramentas da Criatividade para os seus próximos Problemas ou Desafiosa enfrentar, pessoais ou profissionais, individualmente ou em equipe.

Estas ferramentas foram amplamente testadas em muitos ambientes esob diferentes condições, e eu garanto que elas estão em muito boa for-ma no estado atual, e que continuarão assim por muito tempo, mas euaviso quando uma ou mais delas passar por uma revisão ou revitalização.Clique aqui para que eu avise você.

A consciência de que a Criatividade é um processo sob seu total controlevai permitir que você e as pessoas com quem você irá compartilhar estasferramentas possam mudar seus futuros pessoais, profissionais, e muitoambiciosamente, mas repito, é minha crença, mudar para muito melhoros destinos de suas famílias, de nossas comunidades e de nosso país.

Seja uma pessoa mais criativa todos os dias de sua vida!

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Apêndice

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SUBSTITUIR: Posso substituir ou trocar alguma das partes? Posso substituir alguma pessoaenvolvida? Posso mudar as regras? Posso usar novos ingredientes ou materiais? Posso usar novosprocedimentos ou processos? Posso mudar a forma? Posso mudar a cor, o peso, a embalagem, o som,o sabor, o aroma? Posso mudar o nome, o logotipo, o slogan? Posso mudar a fonte de energia? Possosubstituir uma parte por outra? Posso usar essa ideia em um lugar novo ou diferente? Posso mudarmeus sentimentos ou atitudes envolvidas com o desafio?

ADAPTAR: O que mais é assim? Com o que se parece? Existe algo parecido, mas em outro contexto?A história oferece lições com casos ou ideias semelhantes a essa? Que outras ideias, usos ouaplicações sugere? O que eu posso copiar, emprestar ou até mesmo roubar? (Lembre-se sãohipóteses, você não vai fazer isso) O que eu posso simular? Como posso simular? Com quem possosimular? O que pode me inspirar? Que novas ideias eu posso incorporar? Que novos processos podemser adaptados? Em que diferentes contextos eu posso aplicar esse conceito? Que novas ideias decampos completamente fora ou afastados do meu posso incorporar?

COMBINAR: Que novas ideias ou partes podem ser combinadas? É possível combinar ou recombinaras partes? É possível combinar novas funções? É possível combinar ou mesclar com outros objetos? Oque eu posso combinar para maximizar os usos possíveis? Que materiais podem ser combinados? Épossível acondicionar em uma nova combinação? É possível utilizar outros materiais? É possívelutilizar novos materiais? Pode ser produzido de modo sustentável? Vale a pena combinar? É possívelcombinar pessoas com talentos distintos para melhoria do processo?

USAR DE OUTRA MANEIRA: Onde mais pode ser utilizado? Pode ser utilizado por um públicodiferente do tradicional? Qual público? Uma criança poderia utilizar? E uma pessoa de mais idade? Deque outras maneiras pode ser utilizado, mantidas a aparência e a forma atuais? Pessoas comnecessidades especiais utilizam com facilidade? Com alterações e ajustes pode ter novos usos? Umapessoa que desconheça completamente é capaz de utilizar? Posso usar a mesma ideia em outrosmercados e para outros públicos? Alguém já fez isso antes? Pode ser usado de uma forma totalmentenova? Pode ser utilizado por um público novo?

DIMINUIR, DESTRUIR ,DELETAR: É possível simplificar? É possível diminuir? É possível miniaturizar?Posso cortar? Dividir? Repartir? Seccionar? Que partes podem ser removidas sem alteração dasfunções? O que é não essencial ou desnecessário? É possível fazer menor? Que funcionalidades oucaracterísticas podem ser eliminadas? Posso dividir em partes menores? Posso fazer mais compactoou menor? Que partes podem ser reduzidas? O que pode ficar mais leve? O que é possível dividir?Posso agregar valor retirando partes ou componentes? Posso diminuir custo e preço? Posso agregarvalor retirando características desnecessárias?

INCREMENTAR/INCLUIR: Posso adicionar novas funcionalidades? Que partes podem ser ampliadas?Que partes podem ser estendidas? O que pode ser exagerado? Tamanho? Volume? Dimensão? O quepode ser aumentado na altura, na largura? Pode ser mais resistente? Pode ser mais durável? E sedurasse menos tempo?O que pode ficar mais pesado? Como modificar sua frequência de uso? Épossível duplicar? Triplicar? Multiplicar? Posso mudar o público-alvo? É possível adicionar novasfuncionalidades para agregar valor? É possível adicionar novas características para agregar valor?Posso exagerar dramaticamente?

REFINAR/REORGANIZAR/REARRANJAR: Que novo arranjo provocaria um uso muito melhor que oatual? Posso trocar componentes? Existem outros padrões, modelos ou sequências possíveis deutilizar? Posso alternar causa e efeito? Posso mudar o layout? Posso mudar o modo ou horário deentregas? Posso inverter negativo e positivo? Posso mudar a parte da cima com a de baixo? Esquerdae direita? Interno e externo? Posso mudar o ritmo? Posso voltar a uma versão anterior? E se eu fizesseexatamente o oposto do modelo atual?

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MATRIZ MORF

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MATRIZ PAR

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O chapéu Azul coordena e organiza o pensamento dos demais cinco chapéus.Quais serão os próximos passos?O que devemos fazer agora?Esse é o chapéu que controla todos os outros, é o grande maestro. É ele quem define os assuntos

tratados e direciona o pensamento. Geralmente é utilizado por apenas uma pessoa, mas está aberto a sugestõese comentários de outros indivíduos participantes. É ele também quem faz os resumos, sínteses e conclusões. Podeacontecer no decurso ou no final do processo. Define ações e soluções a serem adotados.

O chapéu Branco avalia tudo o que se relaciona com a informação.Que informações estão disponíveis sobre o assunto?Quais informações nós necessitamos obter?

Tem a função de te fazer agir como um computador. Com ele, você apresentafatos e dados sem qualquer envolvimento com emoções e sentimentos.

O chapéu Amarelo é aquele que vê apenas os aspectos positivos da ideia. A ideia dará certo.Como essa ideia vai alavancar nossa empresa?Por que essa ideia tem tudo para dar certo?

Positivista e construtivo. É sempre otimista e ressalta os valores e vantagens das possibilidades. Mostra propostasconcretas e sugestões. Não serve para criar novas ideias, apenas para mostrar os ‘prós’ de ideias preexistentes.

O chapéu Preto deve ser cauteloso. Cuidado e julgamento excessivofazem parte da sua função.Isso pode dar certo? Isso vai mesmo dar certo?O que pode dar errado nessa ideia?

Esse é o chapéu negativista. Ele é importante por expor os aspectos falsos, errados e de risco para tais decisões.Não serve para demonstrar sentimentos negativos, pois esse é o papel do chapéu vermelho, apenas os fatos edados negativos devem ser levados em consideração. A melhor hora de usar esse chapéu é logo depois do ama-relo.

O chapéu Vermelho é o emotivo. Intuição, sentimento e sensibilidade.Ele não precisa justificar nada.Como eu me sinto diante dessa ideia?Que sensações ela me proporciona?

Mostra suas opiniões e emoções quanto aos fatos, sejam elas positivas ou negativas. Com ele pode-se tambémexplorar os sentimentos e opiniões de terceiros, contanto que não exista justificativa ou lógica em cima da ideia.Em suma, é com esse chapéu que se apresentam os medos, palpites, intuições, gostos, aspectos estéticos epreocupações.

O chapéu Verdeé de quem pode dar expressão à Criatividade. Ideias diferentes, ideias novas, sugestões, propostas.Quais são as possibilidades?

De que outras maneiras podemos levar essa ideia adiante?Pensamento criativo representa fertilidade, crescimento e busca de novas soluções. O movimento é substituídopelo julgamento e faz uma ideia se transformar até a criação de uma nova ideia. Ele utiliza da provocação e dopensamento lateral, um conjunto de atitudes, linguagens e técnicas.

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Seja uma pessoa mais criativa

K01 Capital Intelectual

edição eletrônica

22.abril.2014

www.k01.com.br

[email protected]

(11) 2709-6416

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Humberto Emílio Massareto é bacharel em Comunicação Social pela ESPM,e mestrando em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa - Portugal

Trabalhou durante 25 anos agências de publicidade em São Paulo.

Em 2002 chutou o balde para dedicar-se à Criatividade como estratégiapara gerar Inovação nos negócios.

É consultor e palestrante em Criatividade e Inovação para ANPEI, Affero-LAB, SEBRAE,Clube de Novos Negócios e Academia de Marketing. Desenvolveu o Kit i9 Sebrae, e

participou de sua implantação para mais de 3.000 micro e pequenos negócios no Brasil.

Professor desde 1982 nos cursos de Graduação, Pós-Graduação e MBA da FAAP,FATEC, Instituto Butantan e UMSA - La Paz, Bolívia.

Diretor de Projetos de EaD pela K01 Capital Intelectual.

Autor de livros e artigos em Criatividade, Inovação e Técnicas para Falar em Público.

Autor e protagonista de 2 séries em DVD: Criatividade e Endomarketing - DTCOM-PR.

Humberto Emílio Massareto


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