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Prólogo

Abrilde1885

NovaYork

A noite estava quente e o ambiente dentro do salão da mansão dosRoyllers estava abafado. Por isso, alguns convidados da festa resolverampassearpelojardim.Todaaáreaexternaestavailuminada,nãosópelalua,mas por tochas. Depois de se separar de seus irmãos e da companhiasufocante da Sra. Burke, Brice seguiu pelo caminho irregular até a fonte.Foi quando escutou um soluço. Ficou em silêncio e escutou novamente,seguiuosomeencontroua jovemsentadaemumbancoescondidoentreduasparedesdearbustos.Reconheceu–aimediatamente.

–Belanoiteparaseesconder–eledisse,assustando–a.

Ela não queria ver mais ninguém. Já bastava por hoje. Seu pai só aobrigara a vir a essa festa para humilhá-la ainda mais. Todos icaramolhando e fazendo comentários maldosos, ou pensavam que ela nãoescutavaounão se importavam. Suas irmãs torciamonariz ediziamqueeraótimoelaseramaisnova,assimdesgraçaraapenasaprópriavida.

– Vá embora, por favor. Eu quero icar sozinha – ela disse, sem seinteressaremverquemfalavacomela.

Aocontráriodoqueelapediu,Bricesentou–seaoseuladonobancodemadeira e ferro. Estava escuro, mas ela conseguiu ver quem era e nãosoube como se sentir sobre isso, a inal, nunca haviam passado doscumprimentoseducadosnasraríssimasvezesemqueseencontraram.

–Nãodeviaseimportarcomisso,Annelise.Nãodêouvidosaeles. Jásepassoumuitotempo.

Elanão icousurpresaporelesaberseunome,a inal,apósoescândaloanotícia deve ter chegado até aos ouvidos dele que sequer frequentavamuitoessetipodefesta.

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–Digaissoaeles.

–Tenhocertezaquepodeviver semessaspessoas.Oaraqui foraestámuito mais agradável – ele pausou, durante um tempo em que pareciapuxaroarfrescocommaisforça.–Vocênão icouparaojantar–elanãorespondia, então ele continuou conversando por ela. – Mas não perdeunada. A Sra. Royller continua exagerada e sem paladar. Algum problemacomsualíngua,eusuponho.Quasenãocomi.

Annelise icou olhando–o pelo canto do olho, descon iada de suadisposição a falar com ela. Desde o seu incidente não encontraramuitaspessoas compalavras amigáveis,muitomenoshomens.Ospoucosque seaproximaramdelahaviamlhefeitopropostasultrajantes,a inal,agoraqueestavacomareputaçãonalama,nãoprecisavamaissepreocuparemservistaemcompanhiamasculina.

–Possolevá-laparacomer,longedaqui–eleofereceu.

–Nãoposso–elanegoucomacabeçaevoltouaolharasmãos.

– Eles não vão sentir sua falta – ele insistiu, odiando a forma como oper il dela parecia agora e seus ombros não estavam mais eretos comoquandoelafingiraládentro.

–Massentirãoasua–elaargumentou,semforçaalgumaemseutom.

– Sou livre –Bricedeudeombros,mostrandoquepouco se importavacomoquepensariam.

Ela icoudividida.Queriamuito sair dali, já forahumilhadademais porhoje. E ele lhe oferecia a oportunidade. Mas temia enfurecer aindamaisseu pai e receber outros castigos. Ela levantou a cabeça e olhou para asjanelas da mansão, via os outros convidados circulando com taças nasmãosefalandosemparar.Nãoqueriavoltarparaládejeitonenhum.

Ao seu lado, Brice virou o rosto e inclinou–se para trás, como seesperasseapenasumapalavradelaparaentraremação.

– Acho que eu também. A inal, o quemais pode piorar uma reputaçãoquejáestáarruinada?

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Capítulo1

Agostode1885

NovaYork

Ele não era livre. Era noivo. E ela era prisioneira da família e do seupróprioerro.Aomenosassimpensavaseupai.Maisquatromeseshaviamsepassadodesdeoescândalo.Agora totalizavadoisanos.EmesmoassimIversonBartonnãodeixavaa ilhaesquecernemporumdiadoquehaviafeito.Annelisetinhadezoitoanosnaépocaeeraaumadaspromessasdeum grande casamento na sociedade nova–iorquina, especialmente depoisdocasamentodaúltimabeldade,CarlaMalverson.

Opaitinhaplanosparamaisumcasamentoestrondoso.Comtrês ilhas,ele havia arranjado boas uniões para as mais velhas que também lherenderamduasótimassociedadesnosnegócios.Então,sua ilhamaisnovadeixou–se envolver em uma aventura amorosa, crente que estavacompletamenteapaixonadaedesgraçouaprópriareputação.

A garota se perdeu com Charles Maison, um desgraçado, mas muitoatraente. E ele obviamente não ia se casar por isso, era rico, conhecidonamorador e depois que tinha o que queria, perdia o interesse. Foi umescândalo.Nãohouvequemnãocomentasse,poiselenão fezsegredo,elapodiaserbonita,maselenãopretendiasecasaragora.

Annelise quase perdeu o ano no colégio por tanto faltar devido àvergonha que passou. Ainda bem que era o último. Então se refugiou nacasa de veraneio, pelo menos até que a poeira baixasse. Triste engano.Mais de dois anos se passaram e Annelise não tinha chances de realizarumdaquelescasamentosdedarinveja,todasassuasamigasdocolégioseafastarameoutrasfofocastomaramotempodosmexeriqueiros.Emesmoassim,quandoelaentrounafestadosRoyllers,osalãoparou.Parecequeaartedosmexericoseescândalosnãoestavarelegadaapenasaossalõesdanobrezainglesa.

Agora, um poucomais velha e após ter aprendido depois dessa últimagrandehumilhação, seupai só conseguiria levá-la aumadessas festas se

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fosseamarradaeamordaçada.Esse tipode liçãoéefetivaaté commoçasingênuas como Annelise foi antes de aprender na pele sobre a maldadegratuita das pessoas. As chantagens e ameaças não adiantavam mais.Estava arruinada, que diferença ia fazer agora? Pelo menos ele nãoconseguiriausá–laparamaisumacordofinanceiro.

– É o único conselho que posso lhe dar, Iverson. Depois de tudo queaconteceu,oúnicojeitodeconseguirumcasamentodecenteémandando–aparaaInglaterra.–DiziaWilma,irmãdopaideAnnelise.Eratãoesnobeecheiademoralquantoele,assimcomohipócrita.

Iverson levantoudesuapoltronaeandoupelasaladacasadosBarton,ondeagoraeleeraoúnicomorador.Haviaarrastadoa ilhamaisnovadevolta para Nova York com o intuito de inalmente “dar um jeito em suavida”. Isso signi icava casá–la do modo mais proveitoso para ele efinalmentelivrar–sedelaedoescândaloqueelarepresentava.

–Issocustamuitodinheiro!–eledisseirritado.–Elanãotemumamãeparaircomela.

–Eulhedisseparasecasardenovo,aquelamulherjámorreuhámuitotempo–disseWilma,numtomdesagradáveldelembrete.

Annelisenunca conseguiu simpatizar coma tia,mas antes amulher aomenos tentava agradá–la. Após o escândalo, ela passou a tratá–la commenosrespeitodoquerelegavaaosseuspobresempregados.Comoagora,queusavaaqueletomparafalardesuamãe,comoseamoçanãoestivessealisentada.

–Eununcamandariaminhamulherparaacompanha–la.Euvouterquedesembolsar uma fortuna para mantê–la em Londres e um doteastronômicoparaonoivo inglês. Jamais!Do jeitoquemulheresdesse tipotêm sorte, ela vai arranjar um título, voltar aqui como condessa ou algosimilareespezinharemcimadasirmãsquesempreforamcorretas.

–Chega! –DisseAnnelise icandodepé, esperandoqueelesparassemdefalarcomoseelanãoestivesseali.–EunãovouparaInglaterra!

–Defato,seriadi ícilencontrarumadamarespeitávelpararecomendarna corte a apresentação de uma garota perdida que se deita com o

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primeiroqueaseduz–disseWilma, ignorandoasobrinhaebebendoumgoledocháimportadoexatamentedaInglaterra.

Annelise fechou os punhos e chegou a segurar a respiração enquantoolhava para tia. Ela era sua sobrinha, será que não podia separar umpoucode simpatiapara ela?Não estavapedindomuito,mas se aomenosuma pessoa naquela família icasse ao seu lado, já seria um alento. Nãoqueriasecasar,sóqueriaserdeixadaempaz.

– Sente–se! – Ordenou Iverson. – Não vou mandá–la para Inglaterra.Suasirmãsteriamumataque,afinal,nãomandeinenhumadelas.

– Case–a com um desses grosseirões cheios de grana. Esses homensdesquali icados lá do interior –Wilma disse com pouco caso e deixandobem claro o quanto desprezava tais homens. – Escolha um com um bomnegócio.Elesnãoligamseanoivativerpassadoporalgumascamas,desdequevenhadasociedade.

Iversonestavavirandoseucopoenquantopensavacomoaideiapareciaboa quando ouviu o somdemóveis caindo e o grito estrangulado de suairmã. Annelise havia ido até ela, puxado–a pelo cabelo e jogado sobre oconjuntodecháeestavasobreelaenchendosuacarade tapas tão fortesqueonarizdamulherjásangrava.Foitãorápidoecomtamanhaviolênciaque por uns segundos, Iverson não soube o que fazer. Mas os sons dostapasininterruptosotiraramdotranse,elecorreueretiroua ilhadecimadesua irmãqueaessaaltura jáestavaquasedesacordadae comabocainchada o su iciente para não conseguir soltar os xingamentos quepensava.

– Sua vadiazinha abusada! – Ele empurrou–a para longe de Wilma. –Peçadesculpaasuatia!

– Não. E eu vou voltar para praia. Não vou continuar aqui, você deixaquetodosmehumilhem,senteprazeremverisso.Eunãomateininguém.Eucometiumerro!

–Umerroquearruinouessafamília!

– Eu sou a única arruinada! E nós não somos uma família, vocês medesprezam,minhasirmãssequermedirigemapalavra.A inal,fuieuquem

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dormiucomaqueleho...

Opaicalou–acomumtapaqueporsegundosa levouaver tudorodar.Quando irmouamãonas costasda cadeiramaispróximaeolhou–o commágoa,opai,maisumavez,nãotinharemorsoalgum.

– Elas estão certas. Associar–se comumamulher com a sua reputaçãonãofarábemaimagemdelas.Agorasumadaminhafrente.

Annelise saiu rapidamente da sala e realmente sumiu da vista do pai.Juntou suas coisas e como a mulher arruinada que era agora por tercometidooúnicodeslizedesuavida,elavoltouparaacasadeveraneio.Sóhavia uma pessoa que tentava fazê–la ver que aquilo não era o im domundo,queelanãodependiadelesequenaverdade,quemtinhacontrolesobreseucorpoeraela.Eradi ícilaceitarisso,mascomeçavaasetornaroseuúnicocaminhoparacontinuaravidacomalgumadignidade.

Os meses que se seguiram aquele encontro no baile foram travadoscomoumaguerramortal. Brice lutava com seu íntimodiariamente.Tinhaquereavaliarseusvaloresacadaminutoeseusensodehonraestavameioconfusonomeiode tantossentimentoscon litantes.Ele tentoumuito.Masnãoconseguiu.Estavaerrado,nãoeraassimqueajudaria,nãoeraissoquequeria ensinar a ela. Mas como sempre acontecia em todas as situaçõesonde o amor aparecia numa péssima hora, seu coração tinha planoscompletamentediferentesdeseucérebroeosegundoquedesseseujeito.

Eraóbvioquejáhaviacansadodeteramantesnavida,desdeosquinzeanosquandoaSra.Wilbert lhedissequeadoravagarotosvirgensqueelenão voltou mais ao jejum. Passou um ano aprendendo as coisas maisinimagináveis para um garoto da sua idade. Quando ela semudou, ele játinhadezesseteanosesedesenvolverarapidamente,portanto,despertavao interesse de várias outrasmulheres.Mas emque isso era diferente derelacionar–se com uma jovem solteira? Bem... Para começar, era umajovemdeboa família quedeveria estarprocurandoumótimo casamento.Deveria. Mas como ela mesma dizia, nenhuma boa família iria aceitá–lacomo noiva de um de seus herdeiros. E isso tinha um bom fundo deverdade.Umdeslizeepronto.Eelesaindaseorgulhavamporserumpaíslivre.

– Para onde você está indo? Não pode simplesmente sair no meio da

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noite!–Eledizia,paradoaportadacarruagem.

Bricehavia feitoAnneliseprometerque iria lhedizer sealgomudasse,seseupaitomassealgumadecisão.ElesabiaqueIversonestavaperdendoapaciênciaequetramavaalgumacoisaparaconseguircasaraúnica ilhaquelhesobrava.Opainãopercebiaamoçaemocionalmentedestruídaquetinhaemcasa,emgrandeparteporculpadele.Todosqueelaconhecia,suafamília e aqueles que um dia chamou de amigos, haviam lhe virado ascostas e só sabiam apontar os dedos para humilhá–la. Suas melhoresamigas do colégio atravessavam a rua se a vissem. Ele havia a escutadochorar por quase uma hora enquanto lhe contava que foi comer umpedaçodeboloaondeiadesdebemnovaetodasasmoçasselevantaramesaíram como se ela tivesse alguma doença. E ainda escutou suas antigasconhecidas dizendo que ela devia ter vergonha de ir lá. Tudo por umdeslize.

– Saia daqui, eu vou embora – ela disse lá de dentro, dessa vez nãoestava chorando, talvez suas lágrimas inalmente houvessem acabado ouen im deixara de ser umamocinha e se tornara a adulta fria emagoadaqueestavaprometendoser.

Brice nunca a obedecia nesses aspectos. Ele pulou pra dentro dacarruagemeadespeitodabreve luta ísicaque foiquandoelao rejeitou,ele conseguiuabraçá–la.Ele iria fazerqualquer coisapara impedirqueapior consequência daquela história acontecesse e Annelise fosse perdidaparasempre.

–Paraondevocêvai?–Eleperguntou,quandoelasedeixouficarjuntoaele.

–Paraapraia.Vouficarláefazeroquevocêdisse.

– O que eu disse? – ele perguntou, sabendo que falara como umproclamadorsemcontrole.

–Dissequeavidaéminhaeeudevomandarnela...

–Sim,eudisse.Nãoimagineiquehaviaacreditadoemmim.

– Não acreditei, nós dois sabemos que se a situação fosse outra, isso

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seriamentira.

– Não émentira, Annelise. É di ícil,masmuitasmulheres já são donasdasdecisõesdesuasvidas.Elesnãoaquerem,entãoassumaocontrole.

–Euvoufazerisso.Sóprecisoirembora.

Nosmeses em que passaram juntos, encontrando–se furtivamente porNova York, com elemais a perseguindo para trazê–la de volta a vida doque qualquer outra coisa, o laço entre eles icou tão forte que logo setornounecessidade.Elaachavaqueprecisavadeleparasegurarsuamãoelhe lembrardequeomundonãoeraapenasaquelabolhanaqualela foicriada. Sem ele, achava que ia se deixar levar pelo desespero de perdertudoetodosqueconhecia.EBricejánãoconseguiadormirsenãoavisseenotassequeestavamelhorando,elesabiaqueelapodiasuperar.

Ele a manteve na mente desde a primeira vez que a viu após oescândalo, quando ela entrou na mansão dos Royllers e levantou seusombros, mantendo seu queixo erguido e o olhar irme. Era fachada, elemesmo já izera isso em seus momentos de insegurança. Não planejouencontra–lano jardim,masaconteceuenãosearrependia.Aomenosnãoquandoelaaceitavaseuconfortoeno imacabavaescondendoorostoemseupeito,deixandoqueelesentisseocheirodoseucabelo.

Annelise ainda tentava ingir e disfarçar, mas a mágoa era grandedemais. Óbvio que sim. Passara a vida sendo criada para ser uma boamoça,que fariasucessonomeioque frequentavaeconseguiriaumótimocasamentoquetambémdeixariaseupaifeliz.Suavidatodagirouemtornodisso. Mas era tudo passado. Sua noite de sonho acabou sendo umpesadelo.

Charles, aquele desgraçado, podia sermuito charmoso e fazer sucessocom as mulheres, mas foi um desastre ao lidar com a virgindade dela etodasua inexperiência.Ela juravaqueestavaapaixonada,masnamesmanoitesoubequeeraailusãodeumajovemingênua.Especialmentequandoeledissequenãoestavaprontoparaumcasamento.Maseagora?Deveriasimplesmente desaparecer e amargar eternamente o seu erro? Ou podiacontinuarvivendodesuamaneira?Comoseupai ingiaqueelanãoexistiae não precisava mais cuidar das aparências para arranjar um bomcasamento,issosignificavaqueelaeralivre,certo?

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Novembrode1885

Southampton

–Achoquetereio inaldesemanalivre–disseBrice,enquantocolocavaobraçoporbaixodacabeçaesuspirava,desviandooolharparaoteto.Seucabelocastanhocomogrãosdecaféestavajogadoparatrás,comasraízesaindaúmidaspeloesforçoquefizerahápoucosminutos.

– Mesmo? – Annelise moveu–se, apoiando o cotovelo no colchão esegurandoacabeçacomamão.–Vocênãoconsegueum inaldesemanalivredesdeSetembro–elapassouodedopelopeitodele,percorrendoumcaminho imaginário, fez círculos invisíveis no abdômen, brincou em voltadeseuumbigoevoltoupelomesmolugar.

–Eusei...–Elesevirounacamaetocouorostodelacomcarinho,deixouseusdedosentrarempelocabelosoltoepararemnanucaondemassageousuavemente.–Masdessavez,nadavaimetirardaqui.

Nem a noiva, Sarah Burke, que sempre encontrava uma maneira deprendê-lo na cidade. Ela estava arranjando tantos pretextos que deixaraBricedescon iado.Comoamãedelaeraumaverdadeiraáguia,eleachavaqueeladescon iavadoseuenvolvimentocomoutramulher.MasdessavezSarah iria ao aniversário do tio, icaria fora por vários dias. E não haviamaneiradeconvencê-loa ir junto.Elenuncaqueria ir. Jáestavanoivohátrês meses quando encontrou Annelise naquele jardim. Não havia comoparar o tempo, ele ia se casar e ela nunca deixou que ele sequer falassesobre não fazê–lo. Não conseguia entendê–la,mas tão pouco se entendiadesdeodiaquepercebeuoquesentiaporela.

A casa de veraneio dos Barton icava perto da praia em Southampton,erailuminada,arejadaetodaemtonsclaros.Afamíliararamenteiaatélá.AsirmãsdeAnneliseachavamaáreamuitorústica,nãohavialojaschiquesou festas para frequentarem. O pai não gostava de ir até lá, pois selembrava da esposa, que antes demorrer mudara–se para lá sem ele eaparentemente, issofacilitaraqueelapudesseencontrarseuamante.MasninguémnuncaviuessetalamantequeIversonacusavaaesposadeter.

Eaprimeiracoisaqueeledisseparaa ilhaapósoescândalofoiqueelapuxara a mãe. Annelise disse que achava ótimo que a mãe tivesse o

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abandonado, pois ninguém podia suportá–lo ou amá–lo. Por isso foienganado e trocado por outro homem. Foi a primeira vez que ele bateunela. Agora ela habitava a casa, na verdade, escondia–se ali. Na pequenacidadenãohavianinguémparajulgá-laouapontar–lheodedo.

– Promete? – Ela apoiou os dois antebraços na cama, deixando seucabelocastanhocomumtomnaturaldedouradoespalhar–seporcimadeseuombro,cobrindo–lheumdosseios.

–Claroquesim–elebeijou–anoslábioseelaretribuiuabraçando–seaeleeprolongandoobeijo.

Eles icavampraticamentesozinhosnaquelacasa.PorqueIversonnãoiapagarempregadospara cuidardamaldita casadaesposaemuitomenospara servir sua ilha perdida. Havia apenas o caseiro quemorava lá e acozinheira.ElenãotirouamesadadeAnnelise,maspoucoseimportavaseera su iciente para alimentá–la. A quantia dava para tudo que precisavadesde que economizasse e sempre que Brice icava lá levava inúmerositens.

Iverson jamais poderia sonhar que sua ilhamais nova não apenas selibertara de seu domínio, como estava tomando as próprias decisões. Eagora sim estava fazendo o que ele acusou–a de fazer na época queCharles ainda era seu único deslize. Estava tendo um caso e com umhomemcomprometidoequeeleconheciamuitobem.

As irmãs de Annelise eram amigas da noiva de Brice, gostavam dasmesmas coisas, passeavam juntas pelas lojas, fofocavam nas festas... Ecertamente deviam falar muito mal de Annelise. Ela podia até ver Alina,suairmãmaisvelha,fingindolamentarementindoquecuidaradeladepoisqueamãedelasmorreudetuberculose.Annelisenãolembravaquemeraa noiva dele,mas se fazia parte do grupo de suas irmãs, deve ter faladomuitomaldelapelomenosalgumasvezes.Ecomcertezaeradaquelasqueatravessava a rua quando a viam ou que sairia de um lugar onde elaentrasse.

Àsvezesquando icavaacordadanomeiodanoiteesentindoosbraçosde Brice em volta dela, Annelise pensava o que aconteceria se aquelaspessoassoubessemqueelanãosómoravasozinha,comotinhaumamante.Nãoimportavaseahistóriadeleshaviacomeçadomuitolongedequalquer

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relação amorosa. Ao menos se eles soubessem, ela seria culpada, tinhacertezadisso.Parasempre,nãoimportavaoqueacontecesse,paraaquelaspessoas,aculpasempreseriadela.Elanãoiasearrepender,precisavaseprometer isso. Apaixonar–se não era errado. Um dia ela precisariaaprenderisso.

–Estoucomfome–elaseparou–sedeleeprocurouacamisola.

– Eu também. Juro que posso sentir o cheiro do pão recheado da Sra.Cooler–disseBrice,referindo–seacozinheira.

Havia tanta liberdadenaquela casa que eles conseguiamesquecer quenão ia durar. Passavam o dia juntos, iam dormir na mesma cama eacordavamparaumnovodiacomosefosseapenasmaisum.Enãoumdosúltimos.Faltavamdoismesesparaocasamento.

Brice espreguiçou–se de frente para a janela, deixando o sol fracobanhar–lheo corpoesguioe forte enquanto seusmúsculos se alongavamsobre sua pele levemente queimada pelos dias passados ao ar livre. Oquartoquedividiamquandoestavamjuntoseraamploetinhaumasacadacom vista para a praia. A casa fora reformada na época que a mãe deAnnelise mudou–se para lá, ganhando assim muitos detalhesarquitetônicosmodernos.

–Saiadaí,seudescarado–disse,sentando–senacamaeobservando–omover os ombros e as costas, aproveitando aquela brisa suave – Jáimaginou se alguém passar pela praia e vir um homem nu em toda suaglória,espreguiçando–senaminhajanela?

– Oras querida, diga que foi apenas uma assombração matinal –respondeuele combomhumorepouco se importandoporestarnu.Nãotinha a mínima vergonha dela e nem o que esconder naquele corpomásculoefirme.

Ela achava a cara de pau dele encantadora. Como de costume nãoconseguiu encontrar sua camisola, então permaneceu sentada na cama.Ficou olhando para as mãos, às vezes perdia–se em pensamentos. Nãomais pelo passado, mas pelo futuro. Era culpa dela que eles tivessemcomeçado isso.Já estou arruinada, que diferença fará? Então ela pensavanele. No começo foi uma grande fuga. Um alívio. Brice conseguira evitar

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que ela icasse ainda mais deprimida depois da última humilhação pelaqualpassou.MasAnneliseprecisavademais,tinhaquesairdoburacoemque se en iara. Agarrara–se a ele, era a única pessoa que não a julgaraumadevassaarruinada.Elelhedisseraqueelaeranovademaisparaissoe que enquanto houvesse vida dentro dela, não havia nada que nãopudesse superar. Ninguém com um pouco de sangue quente nas veiaspodiaserarruinadosemlutar.Eoqueelalhederaemtroca?Seduzira–o.

Podiaescutaravozdoseupaiemsuacabeça:Vocêécomosuamãe.Umamulher da vida. Devassa e vadia que não dá valor a nada, quem dirá aoprópriocorpo.Mas não fora suamãe uma esposa iel e dedicada que lhedeutrês ilhas?Criouasmaisvelhasatéaadolescênciaesóentãodecidiuque não suportava mais a ignorância dele e foi morar longe da cidade.Além de ter chegado ao limite, o que mais sua mãe fez de tão errado?Nuncasaberia.Masaomenossabiaoqueelamesmafizera.Perder–secomumlibertinoconquistadornãoeranada.Masapaixonar–seporumhomemprestesasecasar,issosimeraestararruinada.

Durante várias semanas, quando ainda eram apenas amigos, ela teveque sair escondida de casa para vê–lo. Quando ele viajou a trabalho edeixou–asozinha,estavatãomagoadaesentindo–sehumilhadanaprópriacasaquefugiuparaumhotelcomaseconomiasquetinha.Elachoroupormeia hora quando ele voltou e a encontrou. Até hoje não sabia como elesoube onde acha–la,mas subitamente apareceubatendona porta do seuquarto.

As frases que Brice pronunciara durante o tempo que levou paratransformarem a relação amigável em amorosa, foram mudando emquestãodesemanas.

Vocênãoprecisadeles.Avidaésua.Acreditenissoeesqueça–os.

Ela melhorara, começara a ganhar autocon iança e eles quase seafastaram pelo que estavam prestes a fazer. Estava estampado em suasfaces, no modo como o olhar deles foi icando diferente. De repente, osabraços de puro consolo foram icando estranhos, longos demais, comsentimentodeculpanofinal.

Eunãoposso.

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Annelise ouviu–odizer issopelomenosumasdez vezes, algumasdelasporculpasuaeoutrasporculpadele.Naprimeiravezquesebeijaram,elahavia se aproximado, levada pelo olhar dele. A frase foi dita logo após,seguidapelapartidarepentinadele.

Euvoumecasar.

Essa fraseelaouviuduasvezes,na segunda já estavadoendomais emseupeitodoquenaprimeira.Nãosoubeoqueresponder,acaboudizendoquenãodeviavê–lonuncamais.Eelatentou,suportou icaremcasacomopai,pensouseriamenteemfugir,masestavasemdinheiro.Quandosaiudecasa novamente, ele estava a esperando, tão fora de si que estava nacalçada, a vista de qualquer um e dizendo que iria tocar a campainha seelanãohouvessesaído.

Eunãoaamo.

Essafrasequaseterminouqualquerrelaçãoentreeles.Elaochamoudehipócrita,dissequeeleeracovarde.Perguntoucomoelepodiaincentivá–laa ir atrás do que queria, se ele estava dizendo que não amava amulhercomquemestavaprestesasecasar.Óbvio,poisseeleamassenãoestariadesejandooutra.

Amboseramhipócritasnessaquestão.PorqueseocasamentoqueopaideAnneliseestavaarranjandotivessedadocerto,elajáestariacasadacomumhomemquemalconheciaecertamentenãoteriasidoporamor.Entãocomopodiajulgá–loporestarnasituaçãoqueelasepreparouavidatoda?Doisdiasdepois eles voltarama se ver, porqueeram incompreensíveis osuficienteparanãoconseguiremumaseparaçãomaiordoqueessa.

Evocêporacasosabeoqueéamor?

Estavanacaraquesuas irmãsnãoamavamosmaridosemesmoassimtinham ilhoseeramfelizes,alémdeconseguirtudoquequeriam.Annelisenão sabia mais, pois deixaram de conversar. Elas viviam passando umaimagemtãosatisfeitaqueanteselaachavaquehaviamseapaixonadoapóso casamento. Agora não acreditava mais nisso. E depois de tudo o queaconteceu,nãopodiamaisusar as irmãs comoexemplo, elas esqueceramsuaexistência.

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Mesmoassim,pormaisqueparecessetortura,elaesperavaqueBriceeatalSarahseapaixonassem.Nãoadiantavanãodesejarisso,eramaisfácilesperaromelhorparaaúnicapessoanomundoemquemelaacreditavaagora.Elenuncamentiuparaela,nenhumavez.Elasoubedesdeoinícionoqueestavasemetendo.

–Ei...Nãofaçaisso–elesentou–sepertodela.Beijou–lheorosto,passoua mão pelo seu cabelo e acariciou–lhe a face com o nariz, espalhandooutrosbeijos sutis. –Nãogostoquando icaassim.Costumavasentare seencolherdessejeitoquandonosconhecemos.

E isso parecia ter acontecido há anos, mas foi há meses. Não foi aprimeira vez que se viram porque frequentavam omesmo círculo social,masconsideravamaquelanoiteno jardimdosRoyllerscomoodiaqueseconheceram, pois foi ali que tudo começou. Mais longe ainda parecia tersidoaquelediaqueelechegoudeviagemedescobriupeloempregadoquedeveria entregar um bilhete a ela que Annelise havia sumido. Colocoutodos os detetives que pôde encontrar atrás dela. Foi naquele dia, empânico, suando frio e achandoqueelahavia fugidoou feito algopiorqueele soube. Enquanto quase derrubava a porta do quarto e seu coraçãobatia tão rápido e forte quanto suas pancadas na porta, ele soube queestavaperdido.

–Tudobem...Nãoestoupensandosobrenadadaquilo–elasorriuparaele e apertou levemente seu antebraço. Levantou–se, puxando o lençolpara esconder seu corpo, mesmo que ele já conhecesse cada curvadaquelasformasvoluptuosas–Venha,vamostomarbanho.

ASra.Coolernãoachavasimplesmentenadasobreasituaçãodeles,nãoera problema dela. Mesmo que Brice não fosse comprometido, eraextremamente inapropriadoeumamoça respeitávelnão se submeteriaatanto. Mas isso não incluíamoças que já estivessem com a reputação nalamaporalgomuitomenosgravedoqueoqueelaestava fazendoagora.Porém, a essa altura, mesmo que descobrissem, não ia fazer diferençaalguma para a vida de Annelise. Ela só não queria que soubessem porBrice.

Achava–se uma completa insana por ter tanta preocupação em nãoestragaronoivadodele.Issonãopodiasernormal,masnãoiamudarnada

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entreelesmesmoquedescobrissem.Annelise lembravaperfeitamentedequando Iana, sua irmãdomeio,descobriuqueomaridoestava traindo–acomuma cantora. Ele disse que amulher não signi icava nada e que iriadeixá-la. Então deu um conjunto de joias caríssimas para Iana e elaprontamente perdoou tudo, desde que ele não se envolvesse mais comessas mulheres de segunda categoria. O marido levou ao pé da letra,trocou as desconhecidas da rua por uma dama da sociedade, tambémcasada.Mesmoassim,continuavamjuntoseIanajuravadepésjuntosqueomaridoagoraerafiel.

– Eu adoro espuma na banheira. Mas não compromais sais, aqui nãotem a fragrância que gosto – e nem ela tinha dinheiro para comprar osmesmoscosméticosdeantes.

–Eusei.Juroquesentioseucheiroquandopasseiemfrenteàloja–eleencostouonarizno cabelodela e fechouosolhos ao inspirar.Aindabemque era uma loja bem distante, porque as vendedoras também faziamparte da rede de fofocas. E para quem Brice estaria comprando saisperfumadose femininos senão fosseparaanoiva?Nãoeraumpresentequedeveriaserdadoaqualquerpessoasemomínimodeintimidade.

Elarecostouacabeçanopeitodele,adoravaessespoucosmomentosdesilencioquandoestavamjuntos.Podiapensaresenti–lopertodesi,mesmoquefossedentrodeumabanheiratransbordandodeespuma.

Apesardeestaremlongedesuascasas,nãosearriscavama icarporaíagindocomoumcasal.Hojeacordaramtarde,portantonãopoderiam iràpraia,talvezànoite.Maselestinhamtantacoisaparadizer,travavamtodotipo de conversa, liam os jornais do dia anterior porque chegavam aliatrasados,discutiamideiasopostas,riamdascolunassociaisebrigavamaodebaterpolítica.Bricetraziaparaelatodososlivrosinteressantesqueliaeagora havia se proposto a ensiná-la como administrar seu dinheiro. Elaaprendia fácil, tudoque sobravadamesada ela guardava, nobancodele,emuma conta independente que o pai não sabia da existência e na qualBrice trabalhava pessoalmente para investir e manter a pequena somaaumentando.

Esse era o negócio dos Wincross de Nova York, donos de banco e deescritóriosdeadvocaciaespalhadosporváriosestados.Costumavamabrir

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escritórios em locais em desenvolvimento, iam aonde os outros não iam.Eram como desbravadores dos novosmercados, pois tinham coragemdearriscareinstintoparadiscernirbonsemausnegócios.

Afamíliaeraassim,desdeoprimeiroWincrosselesjáhaviamtidováriostiposdenegócios,seusantepassados izeramatécontrabandodearmasebebidas.Eramaventureirosnatos,semnenhummedodeentraremtrensoumontaremcavalosepassardiasediaspelasestradasdeumlocalparaoutro. Alguns membros mais frescos da alta sociedade nova–iorquinadesaprovavam tal comportamento e por suas costas os chamavam deandarilhosdooeste,masdependiamdoseubanco.

Briceeraoirmãodomeio,banqueiroporpro issão,masformara–seemdireito, já que seu primeiro emprego foi em um dos escritórios deadvocaciada famíliaemRhode Island.Opaiseaposentara,ouseja,agoradava conselhos sobre inanças e se metia na vida inanceira da família.Brice costumava tratarda gestãoda áreade inanciamento, ele analisavacada caso de pedidos de comerciantes grandes e pequenos, empresasmarítimasefazendeirosalémdeempréstimosparamuitagenteque ingiater o bolso cheio, mas devia até as calças. E claro que também havia osclientesrealmentericos,comoopaideAnneliseemuitosoutros.

Os Wincross sabiam dos problemas inanceiros de boa parte dasociedadelocal,mesmodaquelesquenãousavamoseubanco.EapesardemorarememNovaYork, seus negócios não estavam concentrados lá. Eratudotãoespalhadoqueeradi ícil falaremconcentração,estavamsempreviajando.FatoquevinhaajudandoBricea“viajar”paravisitarAnnelise.

Sentiam–se como dois criminosos, mas estavam tão absolutamenteviciadosnocrimequenãoconseguiampararatéquealgomuitograveosdetivesse.

–Quandovaivisitaracidade?–Porcidadeeleobviamentereferia–seaNovaYork.

–Nunca?–Elaindagou,sentadanapoltronapróximaavaranda.

–Anne...Nãopodeficaraquicomoumareclusa.

–Porquê?Nãoquerovoltarà casadosBarton–agoraela se referiaà

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casadesuafamíliacomosefossedepessoasestranhas.–Vouarranjarumtrabalho.

–Aquioulá?

– Não sei. Mas vou permanecer aqui pormais doismeses. Economizeidinheiro o bastante – Annelise evitava olhá–lo quando falavam sobre ofuturo,elaiadecidiroquefazerenemelepoderiamudarisso.

BricenãoqueriaqueelapassasseoNatalnaquelacasa.Provavelmenteestaria sozinha,poisaSra.Coller iriapassarcomseus familiares.Maselenão disse nada, porque quando o Natal chegasse, já estaria casado. ElepensavananoivacomoapobreSarah.Estavaerrandocomela,nãoqueriamagoá–la,empenharasuapalavra.Nuncarealmentenamorouamoça,nãoeracomoseessetipodecoisaacontecesse.Elesdançaramporunsbailes,foram a umas festas, ela não era chata como as outras com quem ele“tentou”simpatizar.Entãoficaramnoivos.

Jáestavatudopronto,Sarahsóconseguiapensarnospreparativos.Nempodiaimaginaravergonhamortalqueelasentiriasealgodesseerradoeocasamento não acontecesse. Não havia a menor honra no que estavafazendoe teriamuitomenosseelenãocumprisseaprópriapalavra.Nãohavia como não errar. Mas ao menos ele e Annelise estavam errandojuntos, ambos cometiam o erro e ela parecia tão segura disso que ointrigava. Dava pouquíssima importância ao que falariam ou asconsequências daquele romance, desde que nenhum dos dois jamaisrevelasseoque tiveram.Eraalgopreciosoqueguardariam,sódeles, semninguémparamacularamemóriadaquelesdias.

Por que a tomava como uma criatura muito mais forte que apobreSarah? Brice tinha medo de estar errado, toda aquela segurança soavacomoumailusão.

–Vocêmedissequetemoutraspessoas.Suafamíliaseresumeapenasaseupaiesuasirmãs?–Mesmodepoisdemesesaoladodela,eleaindanãoconseguiaentenderafamíliadela.

–Nãotenhointimidadecomosoutros.Papaiémuitoarroganteeseachamelhor do que o resto da família, apenas por ter muito mais dinheiro.Então criouuma rachaduraprofunda– elabalançoua cabeça. –Elesnão

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me veem há anos,mas garanto–lhe que o escândalo chegou aos ouvidosdeles.Todavezque falamdemimdevemdizer:Estávendo, a garotaquetem tudo foi para omau caminho. E nossa ilha que foi criada commaishumildade seguiu o bom caminho. Meu pai também não suportava afamília da minha mãe, eu nem sei onde moram ou se estão vivos. Sóconheci uma tia que mais tarde soube que nem era irmã dela, era umaamiga.

–Nãodeixequeseupaia impeçadesaberdeles.Meusparentesdosultambémnosachamarrogantes,enquantoosachamosgrosseiros.Masnosencontramos sempre que possível, fazemos piadinhas de mal gosto unscomosoutroseseguimosemfrente.

–Issoésimplesmenteumafamília,Brice.Essaéagraça.

– Sim, eu sei – ele olhou para baixo, incapaz de tocar no assunto doNatal.

De volta à Nova York, ele foi rodeado por inúmeros planos para ocasamento. Sarah parecia ter voltadomais animada do que nunca. E elenãoouviumetadedoqueeladissequandoseencontraramnaterça–feiraparaalmoçar.Agoraqueiamsecasar,malseencontravam.Antesdetudoser arranjado pareciam ter mais a inidade, mesmo que continuassemsendodoisestranhos.

–Estádisperso,Brice.Problemasnosnegócios?–IndagouVivianBurke,mãedeSarah.

Era incrível, mas ele sempre achava que aquela mulher pronunciavatudo com um tom de sarcasmo, como se estivesse sempre observando,descon iando e armando. Não teve um dia que não pensasse isso dela eViviansempredemonstravacomoestava insatisfeitacomamaneiracomoo noivado da ilha decorria. Provavelmente ela achava que Brice nãocompravaagradossu icientesparaSarah, tambémpensavaqueeledeviapassarmaistempolevando–aaeventossociaisouquedeviaseinteressarmais pela decoração do casamento. E a casa que eles iam morar... Ah,Viviansemdúvidaachavaquedeviasermaioremaisostensiva.Nocálculoinal,elenãoeraonoivoperfeitoparasua ilha,masSarahnãoprenderiapartidomelhor e, além disso, ela queria apenas ele. E quando ela queriaumacoisa, tinhadeser.Senão fossecomele,Sarahnão iacasar, jáhavia

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batidoopé.

–Não.Estouapenascansado–elerespondeu,semesconderodesanimona voz. E não era uma mentira, diferente delas, ele acordava cedo e iatrabalharequandosedespedissedelastinhaquevoltaraotrabalho.

Vivian lançou–lheumolharporentreaspálpebrascerradasquedeuaBrice absoluta certeza de que ela sabia sobre o seu envolvimento comoutra mulher. Ele vinha descon iando disso desde o mês passado. E eraverdade, Vivian era experiente nesse joguinho. Sempre sabia quando omarido estava atrás de algum rabo de saia. E desde o início daquelenoivado,elanãoseviuprecisandoarmarestratagemasparaconteronoivoansioso.Respeitadorumaova!Elenãoestava tentandodormir coma suailha porque certamente estava dormindo em outra cama, ou camas. Pormaisdiscretoqueelefosse,nãoiaenganá-la.

Aliás,Bricelhelembravamuitooseumarido.Eraassimtambém,calmo,paciente,nãopassavados limites...Tudoporqueandava fazendo issocomoutra. Ela já havia investigado pela cidade inteira e não encontrou nadasobre a tal amante do banqueiro. Ia ter que contratar alguém. Esse casoprecisavaacabar antesdo casamento, eramuitopiorquandoomarido jáentrava envolvido com outra. E depois do casamento, Vivian ensinariaSarah à por as manguinhas de fora para impedir que o marido icassemuitosoltoporaí.

– Ah, Brice. Você está sempre cansado! Nem a igreja você não quis ir,vamosnoscasarlá–Sarahaindaestavaressentidapornãoterconseguidoconvencê-lo a ir ao aniversário de seu tio no inal de semana passado. –Não vai dar certo se após o casamento você continuar passando o diatrabalhandocomseusirmãos.Ànoitevocênuncaquersair!

–Pensaremosnosmeushoráriosapósocasamento,estábem?

Ela soltou o ar, demonstrando insatisfação, mas acabou concordando.Queriaummaridomelhorou igual aode suas amigas.Alinavivia falandodetodososagradosqueseumaridofazia.Briceteriadesermelhordoqueele, a inal, tinhamais dinheiro. Ela nãoqueria ummaridopara icar indosozinha a todos os eventos sociais. Já arranjara um partido muito maisbonitodoqueobobocacomcaradecachorrocomquemIanasegabavadeter se casado.Mas ele lhe construíra umamansão imensa. E como Brice

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não era o ilhomais velho, duvidava que fossemmorar naquele palaceteondeospaisdeleviviam.Não importava,preferiamesmo ter suaprópriacasa.Tudodependiadocasamento,assimqueserealizasse,convenceriaomaridoaaumentaracasa.

Mas onde Sarah estava com a cabeça? Além de tudo que queria paragarantirumavidaagradávelededarinveja,elarealmentequisBrice.Nãofoiapenaspelobolsodeleeporserbonitocomoelasempresonharaqueseu marido deveria ser, mesmo que não izesse o tipo clássico decavalheiroquelhevinhaàmente.

Até gostaria que fossem um pouco mais além, a inal todas as suasamigas quando estavam prestes a se casar já haviam tido algumasliberdades a mais com os noivos. Menos ela. Não tinha o que contar,precisava inventar. Estavamuito curiosa para saber, será que ele fazia otipo selvagemoudócil?Não tinha jeitode ser tolo.Aomenospelosbeijosque já havia trocado, julgara–omeio rude no trato, esperava um contatomais gentil e delicado. Mas isso não importava agora, poderia moldá-lomelhoraoseugostodepoisquesecasassem.

– Sabe Brice, eu costumava estar radiante no mês anterior ao meucasamento – disse Allen, seu irmão mais velho. Ele andou até a mesa esentou–se na pontinha, enquanto segurava duas xícaras de caféfumegante.Colocouumaafrentedoirmão.

– Eu estou. Só não sou do tipo que ica externando isso. Você sabe... –Bricebebeuumgoledabebidaquentequeelestantoconsumiamali.

–Ah sim, eu sei –Allen revirou os olhos. – Se eu não externasse nadacomovocêfaz,tenhocertezaqueEmmateriacanceladoocasamento.

–Nãosepreocupe,omeuvaiacontecer.Voucumpriroquemepropus.

Allenfranziuatestaeafastouaxícaradeporcelanadoslábios.

–Acredito –Allen levantou–se. –Esperoque cumpramais esse acordocomercialcomocumpretodosaquidobanco.

Brice ignorou o fato de seu irmão estar comparando seu casamento aacordos inanceiros.Allenadoravasemeternavidaamorosadosirmãose

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lhedar liçõessobrepassarporcimadetudoporamor.Claroqueosmaisnovos o achavam suspeito para opinar, a inal ele havia encontrado umamulher que amava e por sorte era a mesma com quem se casara. Tudocomalguns escândalosnahistória,masqueméque estava contando issoagora?EraimpossívelparaBricenãopensarnoóbvio.Senãohouvesseseapaixonado por Annelise, nada disso estaria acontecendo. Provavelmenteestariamais conformado com o casamento, não estaria com essa históriadehonraepalavraacumprirejáteriaaomenosseinteressadoemlevaranoiva para cama. E o mais importante, Annelise não teria chances de semagoar,elanãoprecisavademaisessa.

Agora faltava ummês para o casamento emesmo assim ele conseguiusair da cidade. Aparentemente, uma das iliais estava com problemas eprecisandodapresençadele.Annelise icousurpresaquandoeleapareceuem sua sala, mas era óbvio que estivera esperando que ele viesse aomenos dizer adeus, só não sabia que seria naquela sexta–feira. Nãosaberia o que fazer se não se despedissem. Já estava tarde, ele deu umagorjeta a mais ao cocheiro para viajarem a noite e teria guiado acarruagemsefossenecessário.

– Por que você não avisou? – ela andou pela sala enquanto tentava seajeitar.–Estouhorrorosa...–Olhouparabaixo,alisandoovestidosimplesqueusava. Se essa era aúltimavezque se veriam, aomenos gostariadeserumaboalembrança.

–Estáperfeitaparamim–elepuxou–apelamão,trazendo–aparapertoebeijando–acomtantaurgênciaquenãodavapara ingirqueerasómaisumencontro.

Elaesqueceuovestidoeabraçou–seaele,beijando–ocomsaudade.

–ASra.Collerestáemcasa–Anneliseseparou–seumpoucodele,antesque amulher idosa entrasse e os lagrasse tão colados que não passariaumafolhaentreeles.

–Émesmo?–Eleperguntouebeijou–anoslábiosnovamente.

– Signi ica que tenho um jantarmais do que decente – ela respondeu,contendo–onovamente.–Jácomeu?

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Ele icouapenasolhando–aporum tempo,mas acabounegando comacabeça.Anneliseassentiueachoumelhorconcentrar–seemalgomais.

–Venhaaqui–elaajudou–oaretirarocasaco.Bricehaviaentradocomtanta urgência que deixara tudo para trás e não retirara os itens deviagem.

Quandochegaramàcozinhana lateraldacasa,aSra.CollerestavacomumenormesorrisoenquantoremexianoqueBrice trouxera.Elaadoravaquando ele vinha, pois se divertia cozinhando pratos diferentes e maischiquescomitensquesóseencontravaemNovaYork.

Elespassaramahoraseguintesemsabercomoseportar,o jantar feitocomcarinhoecomotemperoespecialdaSra.Collernãotinhamuitogosto.Nãohouvemuitaconversaentreelesatéqueestivessemnosbraçosumdooutro e parcialmente satisfeitos. Só então ele contou–lhe algumas coisasqueestavamacontecendonacidadeerelatouacontecimentosdesuavidaqueobviamentenãotivessemnadahavercomocasamento.

Seu irmãomais velho e a cunhada estavam esperando outro ilho, eleparecia muito contente com a novidade e Annelise icou olhando–oatentamente, saudosa de ver aquele sorriso. Ela não lembrava mais dorosto dos familiares dele,mas sabia bemque eles se lembrariamdela sealguémcitasseseunome.

Osdoistinhamohábitodeconversarnacama,nãoimportavaahoraquefosse. Ele se recostava contra um travesseiro e ela icava de bruços,geralmente com os antebraços descansados nele, assim encaravam–seenquantofalavam.Bricetocouorostodelacomsuavidade,Annelisedeitouacabeçasobreamãodelequefranziumuitoocenho,olhandoparaaquelegesto meigo e o olhar terno que ela lhe lançava. Muito em breve não averiamaisfazendonadadisso,sentiuumapontadaemseupeitoaopensarnisso.

– Para onde você foi dessa vez, Brice? – Ela perguntou baixo, sabendoque lá em Nova York, os outros pensavam que ele estava fazendo seupapeldeandarilhoevisitandoalgumbancoporaí.

Ele balançou a cabeça lentamente, ocupado em olha–la sob aquela luzfracadocastiçalcomasvelasjápelomeio.

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–Nãosei,nãolembrobemoqueeudisse.Fuiaalgumlugar–elemoveuosombros,poucoseimportandocomissoagora.–Atésegunda,estareiemqualquerlugarcomvocê.

Annelise assentiu, dessa veznãohaviaperguntadoporquenãoqueriasaber qual era o seu prazo. Ele passou as duas mãos pelo cabelo dela,colocando–oparatrás,enquantoinclinava–separabeijá-la.

–Precisoamá-lanovamente.

–Eutambémpreciso–elaconcordou,deixandoqueelepuxasse–aparaaindamaisperto.

Desde que haviam deixado de resistir um ao outro, nunca realmentetiveram muito tempo para passar juntos. Um dia, dois dias e depois umlongo intervalo, pois tudo começou quando ela já estava longe demais dacidade.Elessabiamqueamavamcomprazodevalidadeemcimadesuascabeças,eraprecisointensidadeparacadadiavalerapena,entregatotaleaprendizadorápido.Poucosdiasderomance,poucosmeses,elesjásabiamtudoqueprecisavamumdooutrodesdeaépocadecompletanegaçãoemNovaYork.

Comtoquesexperientesesaudosos,elesseprocuraramnovamente,nãohaviaprazosquandosechegavaaoclímax.Haviatantoquesabiamumdooutro, cada encontro parecia durar horas amais quando estavam juntos.Masasseparaçõesduravameternidades.Estavamsemprefamintos,comosecadadiadarelaçãofosseoúltimo.Aexaustãoeraumpresente,poissóentãopareciamsatisfeitos.Especialmenteporqueagoraambossabiamqueestavachegandoaofim.

Encolhida junto a ele, Annelise escutava sua respiração leve de quemadormecera instantaneamente. Ela icou algunsminutos tentando fazer omesmo,masseucoraçãoestavatãopesadoquepareciasegurá–lalongedomundodossonhos.Bocejoue fechouosolhos, apenasquandodesistiudeseobrigaradormirqueosonoadominou.

Já no meio da manhã quando ela acordou, Brice não estava mais lá.Tomou banho e desceu, dessa vez colocando um vestido bonito earrumando o cabelo, apenas porque ele estava lá. Chegou à sala eencontrou uma surpresa, havia um pequeno pinheiro plantado em um

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vaso.Embaixodelehaviaalgunspacotes.

–AdianteiseuNatal–eledisse,entrandonasalacomumacaixarepletadeenfeites.

–Vocêtrouxeisso?Comoeunãovi?

–Porqueeusótrouxeparadentroestamanhã.

–Não precisava. Eu não lhe comprei nada... – Ela continuouparada noprimeirodegraudaescada.

Brice deixou a caixa sobre umamesa, andou até ela e segurou–a pelacintura,tirando–adaescadaecarregando–aatéomeiodasala.

– Como se você precisasse de mais alguma coisa para me ser o meumelhorpresente – ele respondeu, aproveitando essemomento feliz comoseprevissequeseupróximoNatalnãoserianadaparecidocomesse.

Annelise moveu um dos ombros, gostaria que tudo fosse verdade edurassemais.

–EntãofareiumbolodeNatalparavocê–eladecidiu.

– Ótimo! Não temos um. A Sra. Coller já temperou o peru e até já fezaperitivos! – ele disse, divertindo–se com a animação da senhora queestavalánacozinhapreparandotantacoisaquepareciaesperarumasdezpessoas.

–NãoacreditoqueteremosumverdadeiroNatalnoiníciodedezembro– Annelise sorria, deliciada com a novidade. Nunca pensou que eleaprontariaalgoassim.

BricedecorouopinheirodeNatalenquantoAnnelisepreparavaobolo.A mesa de jantar estava repleta de iguarias natalinas, o peru recém-retirado do forno estava bem no meio de tudo, espalhando seu aromaapetitosopela casa.Ospratose talheresestavampostosde forma festiva,com a melhor louça da casa. Eles passaram o dia comendo os biscoitosdecorados.EraquaseumNatalemfamília,haviaquatrolugares.

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ASra.CollereoSr.Bent,ococheiro,eramosconvidados.Apósalgumastaçasdevinho,osdoisselivraramdatimidezinicial.Nacozinha,enquantotinham certeza que estavam sozinhos, os dois empregados sempreconversavam sobre a situação dos seus patrões. Eles achavam triste,lamentavamaopontodeesqueceremosjulgamentosmorais.Eracomoelesdiziam:nãoédanossaconta.Mesmoassim,ainda icavamcuriosossobreoqueaconteceriacomeles.

–Masistoestáumadelícia!–OSr.Bentlambeuoslábios,deliciadocomoperudeNatal.

–Seeucomermais,nãovaisobrarespaçoparaasobremesa.Masestátãobomquenãoconsigoparar–disseAnnelise, tentandoterminaroqueestavanoseuprato.

A Sra. Coller estava corada e toda boba por estar recebendo tantoselogios.

–Façaassim,querida–Bricesegurouostalheres,masparoudecomer.–Respirefundo,espereunssegundosparaabrirmaisespaçonoestomagoecontinuecomendo!–Riu,antesdecolocaroutragarfadanaboca.

Osoutrosriram,aSra.Collerestavafelizporteremapreciadoseunovotempero especial. Era incrível como o Natal contagiava, mesmo que nãoestivessem no dia certo, eles realmente compartilhavam o sentimentonatalino.Durantea sobremesa, todoscontaramhistóriasantigasdeNatal,principalmente da infância. Brice tinha inúmeras memórias felizes einesquecíveisdenataisediasdeAçãodeGraçaaoladodeseuspaiseseusirmãoseestasnãose limitavamapenasa infância.Anneliseatésentiaumpouco de inveja disso, seus últimos Natais não tinham nada de especial,suas melhores histórias icavam mesmo na infância e agora que via ascoisas de outra perspectiva, sabia que seu pai e suas irmãs não eramexatamenteosresponsáveispelosbonsmomentos.

Sua melhor lembrança recente foi de quando a Sra. Reed, antigagovernanta da casa, havia a levado escondido para ver o coral e beberEggnog. Seu pai morreria se soubesse que ela esteve no meio daquelagentequenão faziapartedocirculodaaltasociedadeequeaindabebeunaquelascanecassimples.Mas icoumuitofeliznaqueledia.JáoSr.Bentea Sra. Coller tinham inúmeras peripécias para contar de seus ilhos e

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famílias, além de fatos engraçados e diferentes que Brice e Anneliseacharammuitointeressantes.

Osempregados icaramsurpresospor tambémreceberempresentes,aSra.Collerganhouumvidrodeperfumechique,comoelamesmachamava.Nunca pensou que um dia ia se perfumar com algo assim. O Sr. Bentganhou uma caixa de charutos daqueles que ele nem sonhava em poderfumar. Brice observava bem os costumes das pessoas que o rodeavam efazia algo muito simples, escutava o que elas diziam, ele era ótimo emacertarnospresentes.

Para Annelise, ele trouxe muitos cosméticos, pois dentre todas asprivações, distrair–se com essa pequenamordomia parecia ser algo queelasentiamuita falta.Paraelenãoadiantavacomprarnadademais.Ficoumuito mais feliz com o bolo que ela fez especialmente para ele. Tinhabasicamentetudoquedesejasseeodinheiropudessecomprar.Enofundo,oquerealmentequerianãoeracomprável.Haviaumpreçoapagar,maseracarodemais.

Era muito tarde quando Annelise acordou novamente. Não estavaexaustadessavez,quando izeramamornaquelanoitefoidevagar,gentiletranquilo. Quando icaram novamente sozinhos depois do jantar elesingiram que não queriam voltar correndo para o segundo andar eesconder–sedoventofrioquevinhadapraia.

ElesesperaramaSra.Collerirdormir,oSr.Bentserecolhernacasinhado jardime sóentãosubiram.Entraramnoquarto seobrigandoanãosejogar na cama enquanto peças de roupas voavam. E aquela excitaçãoprolongada causou uma expectativa deliciosa que foi suprida pormovimentos ritmados e harmônicos, feitos para causar um prazertorturante e lento que prolongara o orgasmo. Era pra ser inesquecível.Todosessesúltimosdiasdeveriamser,todasasúltimasvezesquefizessemamorteriamdeficaremsuasmemórias.Poiseratudoquelhesrestaria.

Elasaiudacamaeen iouacamisolapelacabeça,andouatéafrentedajanela e sentou–se no banquinho acolchoado, colocando as pernasdobradas para cima e abraçando–as. Seu olhar vagava através do vidropara o horizonte onde omar parecia terminar. Era inverno, estavamaisescuroealuajánãoiluminavaabelezadapraialogoabaixo.

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Briceacordouquandoeladeixouacama, icouobservando–asentar–senaquela posição que ele não gostava de vê–la. Lembrava–o dos dias emque ela era uma moça triste e humilhada pela própria família. Sentiu opeito doer, pensando que se ela estava triste agora, a culpa erainteiramente dele. Nunca deviam ter ido além da amizade, mas entãoquandoosdiasmaisfelizesdesuavidateriamacontecido?

–Volteparacama,meuamor,estáfrio.

Annelise colocou as pernas para baixo, sentindo a madeira fria sobreseusdedos.Ficouolhando–ode formaestranha,nãopelo jeitocomoeleachamara, devia ser a décima vez que ele se referia a ela assim. Elegeralmenteeracarinhosoenãotinhavergonhadedeixarqueaspalavrasmostrassemoque sentia. Ela nãopodia entendê-lo, ele devia se protegerdisso. Ela sabia que se resguardava, precisava fazer isso ou teria certezadequeestava louca.Quando tudoacabasseeagoranão iriademorar, elaquemficariasozinha.Sempresoubedissoemesmoassimcolocouamãonofogo.Quantomenoseleseprotegiadela,maisaexpunha.

Notando que ela não lhe dera ouvidos, Brice sentou–se na cama erecolocouaceroula.Annelisecruzouosbraçoseolhouparabaixo,mordeuo lábio, como se tentasse não dizer algo. Mas como se faz quando seucoraçãoestátãopesadoqueseupeitodóiepordentrovocêclamaporumpouco de alívio ou apenas a esmola que virá de algumas palavras. Deveignorar ou apenas pronunciar, esperando que as pontadas dolorosasparemdelhetorturar.

– Como você faz se depois de lutar incessantemente, acabar seapaixonando?–Elaperguntoubaixo.

Ele continuou observando–a, sua expressão mudou várias vezes.Alternandoentreconfusa,perdidaedolorosa.

–Eumefaçoessamesmaperguntaháalgunsmeses–elerespondeu.

Ela acabou voltando para cama e encolhendo–se junto a ele que aabraçavadeformatãoprotetoraquerealmentepareciaquenadamaislheaconteceria.

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Capítulo2

Aodespedir–sedeleno iníciodamanhãdesegunda-feira,Annelisenãoagiu como se fosse um adeus. Fez como sempre fazia, demorou váriosminutos abraçada ao pescoço dele, retribuindo a mais um beijoapaixonado.Bricegastoumaistempoqueousualolhandoparaeladepoisque se separaram.Ele sempreparavae icava contemplandoo seu rosto,guardando–onamemória,pelomenosatéapróximavezquepudessevê–la.Mas dessa vez ele icou lá por um longomomento, longo demais paraeles. Ele chegou a levantar amão, ela o olhou e deu umpasso para trás.Não podia, simplesmente não podia pegá–la. Não podiam fazer isso, nãohaveriamaisumbeijoparaeles.

Quando entrou em casa, Brice estava quase congelado, esfregava asmãos geladas tentando aquecer–se de um frio que ele começava adescon iar que não passaria tão cedo. Ele foi puxando seu cachecol epensando que precisava aumentar o salário da pessoa que acendeu sualareira.Seuirmãomaisnovo,Dane,levantou–sedosofáeveioandandoemsuadireção.

–Ondevocêsemeteudessavez?–Daneperguntou,colocandoasmãosnosbolsos.

–Paraondeeudissequeia?–Eleperguntou,umaprovadequeestavafora de si era que esquecera que agora seu irmão morava ali e icariasozinho,jáquenofinaldomêsBricesecasariaesemudaria.

–Sei lá.Eudissequeeraaumdiadeviagemdaqui–RespondeuDane,naqueletomdequemnãodavamuitaatençãoaoassunto.

–Disseaquem?–Bricechegoumaispertodocalordofogo.

– Aquele corvo veio aqui.Mulher horrenda – Dane ingiu ter calafrios.Nem ele conseguia gostar de Vivian Burke. – Engraçado que ela já sabiaquenãoiriaencontrá–lo.

Bricepassouamãopelo rosto, arrancouas luvase jogou–aspara cimadamesa de centro. Decidiu que não queria pensar na futura sogra logo

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agora. O irmão se aproximou e olhou–o daquele seu jeito, como se nãoentendesseomotivoparaalguémestartãopreocupado.

– Eu não tenho nada com isso. Eu só acho que você está indomuito àpraia,vaiabrirumbancolá?

Aoouvi–loBricelevantouorostoeoencarouseriamente.

–Papai–Danedissecomoseessaúnicapalavra jáexplicasse tudoeofato de ele saber onde Brice havia ido. – Ou você acha que enganaria araposavelha?Vocêsabeoqueelediz:Quandovocêsnasceram,eujátinhaengravidadoalguém...

– Não tem lugar para um banco lá – respondeu Brice, encerrando oassunto.

Agora era quase Natal, dia vinte de dezembro, todos já estavampreparadosparaasfestividades.ESarahsemprequissecasarnessadata,na verdade, preferia no dia vinte e três, mas algumas pessoas já teriamviajado.Hojeeraadatalimite.

– Você está suando e eu tenho certeza que lá fora a temperatura estácongelante–observouDane.

Briceignorouoirmãomaisnovoecontinuouandandodeumladoparaooutro.

–Sevocêvaimesmocolocaracordanopescoço,entãovamoslogo,estánahora–Danenãoparecianada felizenquantopassavaamãoenluvadapelo cabelo castanho e abundante, um poucomais claro que o do irmão,mascomasmesmasondas.

–Váàfrente.EaviseAllenqueestouindo,vouapenasmeacalmar.

Daneparounaportaquedavaparaanavedaigrejaeolhouoirmão.

–Vocênãovaifugiragora,vai?–NotomdevozdeDanehaviaumalevesugestão, porque ele gostaria que o irmão izesse isso. Tinha esperançasatéomomentoqueosvotosfossempronunciados.

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Briceapenasbalançouacabeça,negando.

–Depoisquevocêsecasarcomaquelamatracaambulanteeamãedela,vaiserdifícilselivrar–avisouoirmãoqueeradeclaradamentecontrárioacasamentos.Emespecialessedo irmãocomagarotaporreeocorvomãequeiadebrindenopacote.

– Não ique me lembrando dos problemas quando estou a poucosminutosdemecasar.Eu já seinoqueestoumemetendoenãopretendoficarcomobrinde.

Dane deu de ombros e deixou o irmão sozinho. Queria mais que elefugissemesmo,umpoucoderebeldianaquela famílianão fariamal.Tudoestavamuitomonótonoultimamente.Eleestavaatépensandoemaprontaralgoparaanimarafesta.

Aoinvésdeseguiroirmão,Bricepegouocaminhocontrárioemdireçãoaojardim,precisavatomarumpoucodeareparardesuar.Oclimageladodo ladode fora iriaajudá–lo.Estavaacaminhodasportasduplasquandoumamãosegurou–ofirmementepeloantebraço.

–Seestápensandoemabandonarminha ilhanoaltar,desistaagora!–DisseVivian.–Euseidoseucaso!

–Não estou abandonandonada – respondeuBrice comuma calma tãogeladaquantooclimaláfora.

– Você vai faltar com sua palavra logo agora? Vai deixar minha ilhadesamparada? – Ela mudou de agressiva para abalada em poucossegundos.–Vocêsabequeelanãoaguentará.Vaiquerersematarse forobrigadaapassarporumahumilhaçãodessas!Nenhumoutrobompartidovaiquerercasar–secomela.Todosacharãoquevocê jáausou!Masvocênãoofezeserácovardedemaisdeixá-lanasarjeta!

Elepuxouobraçoelevantouoqueixoparaolhá-labemdecima,fazendoparecerqueeramaisaltodoqueosvárioscentímetrosquejátinhaacimadosdela,masqueriamesmosentir–sediferentedela.

–Seeufossecovardeessecasamentojáteriaterminadohámuitotempoenenhumadassuaschantagensemocionaisfuncionaria.

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– Jámebasta saberquevocêa fará infeliz!Pois saibaque seu casinhocom a rameira acabou! – Acusou Vivian, de volta a sua real naturezavenenosa.

– Cale a boca – teve vontade de obrigá-la a se redimir por insultarAnnelise.MaselepensavaqueViviansereferiaaqualqueramantedessaforma,mesmoquenãosoubessedequemse tratava.– Jámebastasaberque terei de tolerá-la por ser mãe da noiva. Mas não se atreva a icaren iadaemminhacasadiaenoiteapósessecasamento.Deixesua ilhasevirarsozinhapelaprimeiraveznavida.

Toda aquela situação estava lembrando–o ainda mais de Annelise. Elatambémfoihumilhadaenenhumoutrobompartido iriasecasarcomela.Maselaaguentouesereergueu.AcreditavaquandoViviandiziaqueafilhanão aguentaria. De fato não achava Sarah uma fraca, ela icaria melhorlonge do domínio da mãe. Só que seus valores eram diferentes, pois deacordocomoqueelamaisprezava,Vivianestavacertadizendoqueo imdonoivadoadestruiria.

–Eunãoseiondeestavacomacabeça.Éobvioqueissonãoéjusto–eleseviroueafastou–sedeVivian.

Estava começando a nevar, mas mesmo assim o sol fraco permanecia,brigandoparaaparecerporentreasnuvens.Annelisejáestavasentadaalihá uma hora. Permanecia quieta sobre o banco fofo da sala, localizadoexatamente em frente às janelas altas e largas que tomavam quase aparede inteira. Esta era dividida em seções por madeira escura e davavisãoparaaestradaque chegavaa casa.Ela sabiaqueerahoje, adoravaolhar aquela estrada perto da praia, mas essa tarde a visão não eraregistrada,estavaquasemeditando, fazendode tudoparaocérebro icarvazio.

Presa em seus pensamentos, Annelise mal se mexia, seus antebraçosestavamjuntosedescansadosentreseusjoelhos,formandoumvãoemseuvestido. Seus pés estavam bem juntos, quase embaixo do banco. O olhardelanuncasedesviavadaquelaestrada.Dealgumaformaosolconseguiuforça e iluminou o solo, deixando sua luz amarelada entrar pelas janelas,causando sombras no chão. Foi quando ela viu a carruagem apontar napequena subida que era necessária para chegar a casa. Quase levantou,

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mas antes que o izesse, apertou as mãos e icou parada. O empregadopuloudo veículo e correu emdireção a casa.Nãoqueria saber o que eleestavafazendoali.

AportafoiabertapelaSra.CollerquesesurpreendeuporveroSr.Bent.Ococheirodecidirairatéláporcontaprópria.Elaperguntouoqueolevouaté lá.Ele se casou, senhora. – sussurrou o cocheiro. Os dois se virarampara onde a moça estava sentada. Ela já não olhava mais para estrada,apenas encarava as próprias mãos com mais resolução do que onecessário. Sempre soube que ia acontecer, hoje apenas acordara esentara–seali,procurandonãopensaremnada,masfoiimpossível.Nuncamaiscolocariaosolhosnohomemqueamava.

ASra.Collerdisseparao cocheirodaravoltaedescansarnapequenamesapróximaaportadacozinha.EntãofechouaportaeandouemdireçãoaAnnelise.Masantesqueeladissessequalquercoisa,amoçaselevantouefugiuescadaacima.

No dia seguinte, elas foram surpreendidas pela chegada de mais umacarruagem.Anneliseestavaencolhidasobreosofá,apoiandoosantebraçossobre o joelho enquanto olhava para sua estante repleta de livros, ondetodaumaseçãoforatrazidaporBrice.

–Asenhoritatemvisitas–disseaSra.Coller,muitohesitante.

–Nãoqueroreceberninguém.Digaparavoltaroutrahora–respondeuAnnelise,semnemselevantarepensarnoestranhofatodequeninguémavisitava,entãoquempoderiaser?

– Impossível, visto que estou emminha própria casa – interrompeu avoz,vindadaportadasala.

Elapuloudepéimediatamente,assombradapelapresençadopai.Podiaesperarqualquerumali,menosele.Iversonavançoupelasala,olhandoemvolta e torcendo o nariz. Estava tudo na mais perfeita ordem. Para nãogastar dinheiro, Annelise arrumava a casa com auxilio da Sra. Coller. Econtratavaapenasumavezaomêsumamoçaeseumaridoparafazeremalimpezamaispesada, oque constituíaprincipalmenteem limparas áreasexternas.

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–Oquevocêestáfazendoaqui?–Anneliseindagou.

–Nãoprecisomeexplicarparaviraminhaprópriacasa.

– Esta casa era da família da minha mãe. Tenho certeza que notestamentoeladeixouissoparaasfilhas.

–Sim.Equemcontrolaos seusbens?Pois suas irmãs jáestãocasadas,vocêéaúnicadesgarrada.

Annelisenemsabiasetinhabens,masseupainãolhedarianada,dissotinhacerteza.

–Vocênãoviriaaquisemummotivomuitobom–elarespondeu.

– Vejo que também esqueceu as regras da boa educação – o pai dissecom azedume. Após dar uma volta completa na sala, parou novamente afrentedela,masdoladocontrário.

–Acasaésua,comoacaboudedizer.Nãoprecisoconvidá-loparasentarnemoferecer–lhenada–respondeuAnnelisedeformaseca.

Iverson se aproximou da ilha e para surpresa dela, tocou seu rosto,depois deslizou os dedos até segurá–la pelo queixo. Seu toque era frio esemsentimento,nãoseparecianemumpoucocomo toqueafetuosoqueum pai deveria ter. Ela sabia que ele não havia sido um pai muitocarinhoso,masaindaassim,nuncaconseguiriaentendercomoumsimpleserroseupoderiamudartantooqueelesentiaporela.Atualmentejánemtentavamais entender, simplesmente aceitou que devia esquecer o pai edarseujeitodeseguiremfrente.

–Estevechorando–eleobservou.–Imaginoporquê.

–Nãoédasuaconta–elaafastouorostodotoquedele.

– Ah, é sim. Principalmente quando você pretende arruinar a vida demais alguémalémda sua!Não icou satisfeitadesgraçandoa siprópria eagoraquerdestruiratodos!–Acusouopai.

– Do que você está falando? – Annelise deu um passo para trás

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enquantooencarava, tudoquemenosprecisavahojeeradealguémparamagoá–la.Aomenosumaveznavida seupaipoderia lheoferecer algumconforto.

–Anteontem, amãedeumadas amigasde suas irmãsmeprocurou.Apobremulherestavadesoladaenãosabiamaisoquefazer.Eadivinheporquê?Umademinhas ilhas, obviamente a única perdida, estava tentandoarruinarocasamentodafilhadela.

–Oque?–GritouAnnelise.

– Minha própria ilha, comportando–se como uma rameira. Tentandoacabarcomavidadeumamoçadireitaqueaocontráriodevocê,casou–sehonradamente.

–Eunãofiznadadisso!

– Você estava perseguindo o rapaz! Tentando–o! Vivian disse que eleconfessou tudoporquenãoaguentavamaisenãosabiacomose livrardevocêquenuncaodeixavaempaz!Foipara issoqueveiopara cá?Assimpodiaagirlivrementeeperseguirhomens!Igualzinhoasuamãe!

– Eu nunca o persegui! Eu moro aqui, longe da cidade! Era ele quemvinhaatéaqui!Eunãoochamava,nãoenviavacartasenemrecados!Issoé mentira – ela virou–se e afastou–se do pai. – Ele não disse isso... –Murmurou, a dor em seu peito era tão forte que a racharia ao meio aqualquermomento.

– Disse sim – Iverson parecia contente em torturá-la. Podia ver comohavia afetado–a quando mencionou o que o rapaz disse. – Pois foi umamaneira de assegurar o casamento. A inal a pobre moça estava tãodecepcionadapor o noivo ter cedido à tentação que estava pensando emcancelarocasamento–continuouopai,aumentandoaindamaisamentiradeVivian.–Oquevocêachava?Queiaconseguirfazê-lodesistirdecasar–se com aquela moça direita para icar com você? Alguém que se tornouumamulhermal faladaearruinada,quesequerébemvindaaoseventossociais.Nemaquelecrápulacomquemvocêseperdeuquissecasar,deveterpercebidologoqueseriaenganado.Eagorapiorou.Vocêenvergonhouafamíliainteira!Suasirmãsestãotãomorti icadasquenemsaemdecasacommedo de encontrar a noiva dele! Ou achou que não descobriríamos

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que você estava tendo uma relação vergonhosa com um dos irmãosWincross?

Anneliseestavaignorandopraticamentetodososabsurdosqueeledizia.EmsuacabeçasópassavaoqueBricehaviadito.Elementira,acusando–adepersegui–loapenasparapoder se casar comSarah.Equemcontaraamãedanoivasobreseucasocomele?Elessempresouberamquequandoelesecasasse,seriao im.Eassimfoi.Maselefezexatamenteaúnicacoisaqueelahaviapedidoparanãofazer.Elecontousobreeleseestragoutudo,todaahistóriadeles.Nãohaverianadaparaguardaragora.

Achandoque ela não lhe dava atenção, Iverson foi até ela e segurou–apelobraço.

–Pois saibaque eunãovoudeixarquevocê estrague a vidadapobremoça. Já basta ter estragado a sua e envergonhado a família! Deixe omaridodelaempaz!

– Eu não vou atrás dele! Eu nunca fui! – Annelise gritou de volta,perdendoocontrole.

– Suamentirosa! Isso não basta! Você vai embora! Voumandá-la paraalgumlugar,querovocêlongedeles!

A ilha icouolhandobemparaa faceraivosadopaienquantopensavasobretudoqueelelhedizia.Pareciasatisfeitoemmachucá–laapenasparaprotegerumamulherquenãoeranadasua.

– O que foi que a mãe da garota lhe prometeu para que viesse tãorapidamente?Dinheironãofoi.Entãojáimaginooqueelalhedeu–sibilouAnnelise.

Iversonjogou–adeencontroaosofá.

–Aocontráriodevocê,euseioqueédecência–eledissenadefensiva.

– É por isso que vai testar a sua decência na casa daquela viúva? –Respondeuela, decidindoque amelhordefesa erao ataque. –Pois saibaquevocênãoéoúnico!Eelaétãobemvindaaoseventosquantoeu.Seuhipócrita!

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Iversonavançouparacimadela,masAnnelisefugiu.

– Cale a boca, sua perdida. Ao menos ambos somos viúvos. Graças aDeusasuamãejápartiu,limpandoasujeiraqueeladeixouparatrás.

–Nãofalemaldaminhamãe!–Elagritou,pegouoobjetomaispróximoejogouemdireçãoaele.

Iversondesviouporpoucodapequenapeçadedecoração.

–Descontroladae instávelcomoela.Eraóbvioqueumdos frutos tinhaquesairpodre.

– Pois saiba que eu tenho orgulho de ter herdado tudo dela. É muitomelhordoquemeparecercomvocê.Dáparaverpelamesquinhariadasminhasirmãs.Falsascomovocê.

–Pelojeitovocêaprovaofatodesuamãeterlargadoaprópriacasa.

–Não adianta, a Sra. Collerme contou tudo. Você nem se lembra dela,nãoé?Elamedissequeminhamãemetrouxecomela.Por issoeutenhotantasmemóriasdesselugar.Masvocêveioatéaquiemelevoudevoltaaforça e a base de ameaças. – Acusou Annelise, apontando para ele comraiva.HaviapassadoavidaachandoquesuamãeaabandonaratambémetudoporcausadasmentirasdeIverson.

–Vocênãopode culparumpaipreocupado.Eu tentei educá-la aomeujeito,masoestragojáestavafeito.EsabeAnnelise,euchegoaterminhasdúvidassobreasuapaternidade.Járeparoucomovocêédiferentedetodaaminhafamília?Inclusive, isicamente.Suasirmãstêmtraçosdasuamãe,mas visivelmente parecem comos Barton. Já você, alémde tudo de ruimqueherdoudasuamãe,nãoseicomquemmaisseparece.

Annelise cerrou os punhos, sentindo a raiva dominá-la,masmanteve otomdevozcontido.

– Pois é papai, parece que o seu problema é o trauma por ter sidoenganado. E você já reparou também como os Barton são feios? Por issoque você ajeitou o casamento dasminhas irmãs omais rápido possível ecomosprimeirostolosqueaceitaram,porquequemmaisiriaquerer?–ela

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disparou,puxandotodoosarcasmoquetinhaparaaqueladeclaraçãoqueacertoubemnopontofracodele.

–Suadesaforada!–Elefoirapidamenteatrásdela.

Annelisecorreuatéumadasgarrafassobreamesa,quebrouumadelaseapontouparaele,segurando–apelogargalo.

–Nãovaimebaternovamente.Aproxime–seeeupioroessasuacara!–Elaameaçou,decididaanuncamaislevarumasurradaquelehomem.

– Jáestáatécommodosdepivete– reprimiu Iverson.–Minha ilhaounão,euquemasustenteiavidainteira.Eeuestoulheavisando,fiquelongedomaridoda ilhadeVivian.Dequalquermaneira,elejácansoudevocê.Ede preferência, não coloque mais os pés em Nova York. Já basta dehumilhaçãoparasuas irmãs.Semeobedecer,aumentosuamesada.–Eledisse, ajeitando a roupa como se recuperasse a compostura e nãoquerendo arriscar ser talhado, pois Annelise parecia falar sério. Nessemomentoelapareciaumanimalacuadoeessessãoosmaisperigosos.

–Váparaoinferno!Eunãoqueromaisoseudinheiro!–Elarespondeubrandindoagarrafanoar.

–Veremos–eledisse,virando–seeandandoemdireçãoàporta.

–Sim,veremos...–Elamurmurou, largandoagarrafaquebradasobreamesaeoobservandodeixaracasa.

OqueAnnelisefeznodiaseguinte,deixouasituaçãoaindamaisirônicaem relação ao pai. Escreveu uma carta para a tal viúva alegre que o“recebia”. A Sra. Reed conhecia muito bem os Barton, fora a governantaporumbomtempo.Mascansou–sedo trabalho tediosoecomamortedomarido ela recebeu uma boa herança. Agora era livre e se o pai deAnneliseachavaqueeraoúnicocomquemelaseencontrava,estavamuitoenganado.

A Sra. Reed, Eleonora para os mais íntimos, era digna de con iança,independente do que qualquer um dissesse sobre ela. Portanto foi até obancodosWincrossefechouacontaparaAnnelise,usandoosdocumentosqueela lheenviara.Emseguidamandouodinheiroparaela, assimcomo

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lhe indicou um advogado que era um “amigo” seu e daria um jeito deajudá–la. Annelise contratou o tal advogado, pelo menos da sua relaçãocomBrice sobraramos conselhos legais e inanceirosque ele lhedera.Oadvogado consultou o testamento da mãe de Annelise, a casa emSouthampton pertencia a ela, era a única ilha solteira. Podia assumir opatrimônioassimquecompletassevinteeumanos,idadequeelajátinha.Empoucotempoconseguiuvenderacasa,semprecisardopaiparaisso.

Marçode1887

NovaYork

Os convidados circulavampeloprimeiro andarda casadeBrice. Todosconversavam e comiam os inúmeros petiscos que eram servidos porempregados uniformizados. Para acompanhar havia muito champanherefrescanteeboamúsica.Allentrouxeraaesposa,deixandoosdois ilhosemcasacomababá.EDanecontinuavamuitojovialesolteiro,comoeradeseesperar.Estavaparanasceramulherqueiacolocaracordadopescoçodele.

A porta da biblioteca bateu e Vivian virou–se para a ilha com ar decensura.

–Paredechoramingos!Seusconvidadosestãoláfora.

Sarahparoudeandarecolocouasmãosnorosto,estavacadavezmaisinstável.

– Esse é o problema,mamãe! O aniversário é dele,mas os convidadossãomeus!

–Eujálheensineiqueosconvidadossempresãoseus.Vocêadministraacasa.

–Nãoaguentomaisisso,mamãe!Nãomecaseiparaisso.Euquerosair,quero ir jantar fora, quero participar da sociedade, quero ganharpresentes... Mas eu quero que ele vá junto e não que ique sempreviajando!Atépapaiacompanhaasenhoraefazoquedeve!

–Claro,seupaicomenaminhamãodesdequeeudescobrisuaspuladas

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decercaeameaceicontartodasassuasfalcatruasaossóciosdele.

Sarahvirou–separaamãecomolhardesesperado.

–Eletemumaamante,nãoé?Euseiqueeletem.Elenãomeprocura!Jáfaz mais de um ano que nos casamos e sequer engravidei. Será que oproblema é comigo? Você disse queme ensinaria a acabar com todos oscasosdele.Masissoédemaisparamim.

–Não,querida,aquelegrosseirãodoseumaridonãoestátendoumcaso.Acredite, eu saberia – disse Vivian, totalmente segura do que dizia. – Jáacabei com o casinho dele antes, acabaria novamente. Você precisadescobriralgumsegredodeleparatê–loemsuamão.

–Vocêoque?Meumaridometraiuevocênãomecontou?Mamãe,comopôde?BemqueBricedizqueeudeixovocêcontrolardemaisaminhavida.

– Ah, agora vai icar a favor dele e virar–se contra mim. Pois iqueagradecida,ele ia largá-lanaportada igreja–respondeuVivian,emmaisumadesuasmentiras.

Sarah colocou a mão no coração, completamente morti icada e caiusentadaemumapoltrona.

–Nãoéomomento certo,maseuachoque já éhoradevocêparardetentar viverumcontode fadas e saberdisso.O casamento éumnegócio,Sarah.Vocêprecisatercartasparanegociar.

– Estou cansadadele e disso.Não saiu como euplanejava e não queronegociarnada.Eseeuacabarvirandoumadessasmulheresdeprimentesquesaiparaseencontrarcomamantesemhotéisbaratos?–Sarahpareciarealmente perturbada pela possibilidade e a mãe nem sabia que issoestava passando pela mente dela por ter olhado outros homens e osachado atraentes. Ao mesmo tempo a boataria sobre os casosextraconjugaisdealgumasdesuasconhecidassóaumentava.

–Deixededrama.Foiantesdevocêssecasarem.Eletinhaumcasocomumadessasmoçasperdidaseissodevetermexidocomasconvicçõesdele.Meximeuspauzinhosedeixeiorestocomvocê.Masparecequeagoravouter que consertar seu casamento outra vez – Vivian revirou os olhos, já

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pensandonoque fazerdessa vez.Desdeque a ilha se casou ela tentavaencontrar algo para chantagear Brice, mas aquela família dele escondiasuas coisasmelhor do que qualquer um. Se eles faziam algo errado, eramuitobemfeitoeelanãoconseguiuencontrar.

–Nãoseisedariacerto.Jáchegueiaomeulimite,mãe.Nãofoiassimqueeuimaginei–disseSarah,causandosurpresanamãe.

–Deixedebesteira!Engravidarseriaumbomcomeço–decidiuVivian.–Pelo menos ele icaria mais tempo em casa e compraria tudo que vocêpedisse. Eles sempre fazem isso. – Vivian falou de forma entediada,pensando em sua própria experiência de vida. – Vá icar com osconvidados,voupensaremalgo.

Bricesentia–semuitomaisvelhodoqueostrintaedoisanosqueestavacompletandohoje.Eleachavaqueo suposto jantar seriaapenaspara suafamíliaeinfelizmenteparaospaisinsuportáveisdeSarah.Masdeparou–secomasuasalacheiadegente.Conheciatodos,masnãosigni icavaqueosconvidaria. Sarah tentava obriga–lo de todas as maneiras possíveis aparticipardeeventossociais,maselenãoqueria.Simplesmentenão.

Depois do casamento desenvolvera uma espécie de alergia pelasociedade,tinharepugnância.Nãoconseguia icarnomeiodessaspessoaspormuitotemposemdizeralgumcomentárioazedo.Elequeriasemudar,a inal tinhanegóciosemdiversascidades,massóde tocarnesseassunto,Sarahtinhaummalsúbito.

Ele esticou o braço, procurando a taça de onde estivera bebendo,masencontrou apenas uma perna. Levantou os olhos e lá estava seu irmãomaisnovo.

–A sua saúde! –Dane levantou a taça e bebeuumgole, apesarde teracabado de completar trinta anos, quando sorria dessa forma irônicapareciatervinte.

–Estámaisvelhodoqueeu–disseAllennosofáasuafrente.Seuirmãomaisvelho,comaquelesolhoscastanhoseocabelocheiodeondaslevesdacor de terra molhada, também eramuito parecido com ele. Além de sertrêsanosmaisvelho.

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– Você precisa relaxar mais, querido – mãos leves massagearam seusombros e ele inclinou a cabeça, dando de cara com a igura loira de suacunhada.

Briceficoumeioperdido,alternandooolharentreseustrêsfamiliares.

– Eu disse, não se case. Mas você não me escutou – comentou Dane,recostando–senosofádeformadesleixada.

Emma lançou–lhe um olhar de reprimenda como fazia com seu ilhomaisvelho.

–Não é nada disso, Brice.Não dê ouvidos ao seu irmão solteirão – eladisse,continuandoamassagem.

–Eu estou tentando ver pelo ladobom, se continuar assim eudeixareide ser o irmãomais velho. Pois você vai icar com cara de maracujá degavetamuitoantes!–ImplicouAllen.

–Vocês sãoum incentivo e tanto – comentouBrice,mas passou amãopelo rosto, pensando se estavamesmo icando com aparência cansada emaisvelha.

–Esperesóatépapaiemamãenotaremasuamelancolia–disseDane,olhando para os pais pelos cantos dos olhos. – Aí você verá o que éestímulo!–Piscouparaeleefezosinalpositivocomodedo.

Emma deu a volta no sofá e sentou–se ao lado do cunhado. Allendescansouoqueixonamão,jásabiaquequandoelavinhasentar–sepertoefaziaaquelacara,pretendiadizerumadaquelassuasfrasessinceras.

– Vou ser sincera com você, Brice – começou a cunhada. – Não gostodela. E muito menos daquele urubu velho que é a mãe dela. Eu sei dascoisas,nãovivoemfestas,mastenhomeusinformantes.Massejaláoquevocê precise para ser feliz, eu apoio. Mesmo que seja essa sua esposa,desde que você se livre damãe dela. Não sou a favor de encomendar amortedosoutros,masumsumiçonãofariamal.

OstrêsirmãosriramdoqueeladisseeEmma icousementenderoquedisserade tão engraçado.Tinha certezaquenãopodiahaver criaturano

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mundo que gostasse de Vivian Burke. Amulher sempre lhe tratava comfrieza e certo desprezo. Como seu casamento foi resultado de umescândaloeEmmanãoeraexatamentebemvistaporserumafulanadetalque roubou um bom partido da sociedade nova-iorquina, Vivianobviamenteachava–aumaperdida,semclasseeintrusa.

Mais tarde, Sarah jogou seu cabelomuito liso e castanho–claropara ascostasefoiprocuraromarido.Iadarseguimentoaoplanoquepreparara,masaovê–lotrabalhandoaessahora,esqueceutudoqueplanejara.

–Vocênãoparamesmo,nãoé?Euprepareiumanoiteespecialparanóse você está aí analisando propostas de pobretões que querem abriralgumaespelunca!

Brice tinha implantado um novo plano na seção de inanciamento. Aoinvésde inanciarpessoasque já tinhamdinheiro enegócios abertos, eleestavadandochancesacomerciantesmaissimplese iniciantes.Claroqueanalisavaapropostamuitobemantesdeaceitar.Atéagora,estavadandocerto,sódemandavamaistrabalho.Tambémeraalgobemmaisdivertidoeinteressante, especialmente quando o convidavam para ir conhecer onegócionovo.

–Vocêdeveestarcansada,Sarah.A inalprepararumafestaaspressasdevetersidomuitocansativo.

–Estoucansadadesseseu tomcompreensivoeenfadado!–Ela reagiu,batendocomasmãosdosladosdoquadril.

– Sarah, esse tipo de coisa não funciona conosco – ele respondeu comuma sinceridade dolorosa. Odiava ter de dizer isso,mas hoje ela pareciaquereraverdade.Elesnãoprecisavamdessetipodecoisa.

–Sim,agoraeuseiporque.Eeuachavaquevocêtinhaumaamante.

– Se eunão tenho tempopara icar emcasa,porque teria tempoparaamantes?–eleperguntoudeformalógicae falandoamaispuraverdade,poisnãotinhamaispaciênciaoumesmoatraçãoporoutrasmulheres.Issoacabara,foraenterradoháquaseumanoemeio.

Sarah andou até a cadeira a frentedamesadele e sentou–se, como se

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fossemaisumdeseusclientes.Quandoamãedelasaiu,disse–lheparadarumjeitodemanteromaridonacamaeengravidar,massinceramente,elanãoestavadispostaaisso.

–SabeBrice,apesardeparecerqueeunãome importocomnada,quetenhoumacabeçadeventoetudomais,euvejoascoisas.Nãosoutãotolaquanto pensa. Emesmo que não pareça, eu sempre sonhei emme casarcomumhomemquemeamasseequeeupudesseamartambém.–Comoolharqueelenãoconseguiuesconder,Sarahassentiu–Sim,euseiquenãoparece.Masfalandoapenaspormim,éamaispuraverdade.Eusintofaltadealgoquenãotenho.

Ele icouunssegundosdigerindoadeclaraçãodela,entãovoltouaolhá–la.

–Vocêmeama,Sarah?

Elaprendeuarespiração,hesitante.Hojepodiaatéseranoitededizeraverdadepelaprimeiravez,maselaaindaeramuitopresaàsliçõesdasuamãe. Para essa pergunta, Vivian sempre disse: Não importa a situação,“claro,querido”éarespostacerta.

– Aproveite a primeira vez em que é sincera comigo e responda – eleinsistiu.

– Não posso amá–lo se você não corresponde a nenhuma de minhasexpectativas!Desculpe-me!–Cobriuorostocomasmãos.

BricelevantouepuxouacadeiramaispróximaparapertodeSarah.

–Me desculpe – ele disse, tocando seu ombro. Queria poder prometernesse momento que ia melhorar. Mas estava tão cansado daquelasmentirasqueamboscontavamparasimesmoseumparaooutro.

– E nem você me ama. Isso é ridículo! – ela respondeu, alterando umpoucoavoz–Nuncavouteroquequero.Você jamaisseráomaridoqueeualmejeietambémnãomeamará.

–Vocêpreferiaterumnoivadorompido,serlargadanoaltaroutornar–seumadesquitada?

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– São três coisas terríveis para a vida social de qualquermulher comoeu. E você certamente acha que eu não sirvo para cuidar nem de mimmesma,quemdirádecrianças.Maseuquerofilhosevocênão!

–Euquero ilhos,Sarah.Adorocrianças–eledisse,comoseaacusaçãofosse injusta, ele adorava visitar o irmão mais velho e não era para veraquelacaraparecidacomasuaqueAllentinha.Eleiaverossobrinhos.

–Masnãoquerosmeus!–Elagritou,masdepoisseacalmou.

– Sabe Sarah, mesmo que estivéssemos vivendo um ótimo casamento,essasuamaniadeseguirosconselhosdasuamãeéterrível.Vocênãotemque ser como ela. E continuando a agir como age agora, você realmenteachaquevaiencontrarotalhomemparaamá-lanomeiodosfamososbonspartidosdasociedadelocal?Ecomovocêesperacriareeducarseusfilhos?Sobosditamesdasuamãe?Porfavor,digaquenãofaráisso.

–Seeumetornarumadesquitada,nãovouencontrarnadamesmo.Pelomenosnãoaqui,nomeiodosmeusconhecidosepertodaminhamãe.

–Evocêporacasoquersecasarcomalgumdosseusconhecidos?–Elerepassou mentalmente os homens que conheciam e nenhum pareceuservirparaela.Afinal,nemeleservia.

–Óbvioquenão!–Elaolhouparabaixo.–Maseunãoqueroessavida.Nãoqueroinsultá–lo,masvocênãoéotipoqueeupreciso.

–Sim,vocêprecisadeummaridoquevivaemtornodevocê.

–Também. E você, do que precisa? Porque se eu não sirvo, eu não seiexatamentequempodeservir.Porfavor,nãomedigaquevocêtornou–seumdaqueleshomensquevocêsabe...Preferemoutros...Temhavidoboatossobrecertoscavalheirosqueatéconhecemos.

Eleriudocomentário.DojeitoqueSarahera,prefeririasertrocadaporoutroaaceitarperderparaumadesuasamigasecompetidorasdecirculosocial. A inal, do jeito que as coisas funcionavam, ninguém jamais saberiadaoutraopção.

–Nãome tornei nada. E você serve, Sarah. Para qualquer homemque

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queira,desdequesetorneindependente.

Sarahmoveuoombroeficouolhandoparabaixo.

–Eupossoprovarquenão souoqueosoutrosacham.Estou fartadoscomentários dessas idiotas com quem socializo. E também não sou acriaturapassivaquesua famíliaacreditaqueeuseja.Minhamãetambémme subestima e acha que podemandar em todas asminhas decisões. Sómeupaiacreditaemmim,mesmoqueelemantenhaissoemsegredoparaque mamãe não saiba. Você sempre me diz que devo ser maisindependenteeparardefazertudoquemamãediz.Porisso,euaceito.

–Aceitaoque?

–Odesquite.Vocêoquerhámuitotempoeseachacorretodemaisparafazer isso comigo,mas eu sei quenão vocênão iria aguentarmuitomais.Poisémelhorseragora,euvouatrásdo talmaridoquemeamaráe terápelomenosmetadedoseutempoparamim.Vocênãovaimudar,aomenosnãopormim.Issoéumfatoepelaprimeiraveznavidasoueuqueestoudizendoqueesseéolimite.

Pelaprimeiravezdesdequeaconheceu,Briceestavasurpresoporumaatitude de Sarah. Ele repassou mentalmente as opções deles. Nãoprecisavadeixa–ladesamparadae culpar–seeternamentepor isso.Tinhadinheiro su iciente para dar a ela toda a estabilidade que precisavaenquantosaíaembuscadotalmaridoqueelaconsideravaperfeito.

–Vaifazerissoaqui?–Eleindagou,aindaestranhandotudoaquilo.

–Nãoseibemoquefareidepoisque...Bem,acabaressamordomia.

– O seu tio não mora em Boston? Você deve saber que lá tambémexistemótimaslojas,umasociedadelocalebonspartidos.Etemocasarãoondeseustiosmoram.Tenhouma ilial lá,podetransferirseusbensparalá.

– Sabe, eu li em uma revista que às vezes as damas precisammesmomudardeares.Échique.

Brice icou a olhando por uns segundos, além de maquinar um plano

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para ambos, estava se recuperando do choque. A inal, ele nunca pensouque apobre Sarah tomaria essa iniciativa. Era claro que ambos estavamdescontenteseinfelizes.Maseletinhaqueadmitirquecomoelasemprefoiuma criatura completamente in luenciadapelamãe, nunca achouque elatomaria uma providência pela própria felicidade. E ele se recusava aabandona–la, já lhecausaradesgostosu icientesendoummaridoausentee desapaixonado. Mesmo sabendo que estava chegando perto do seulimite.

Subitamente, ela havia conquistado sua admiração. Não merecia maisservistacomoa“pobreSarah”.Eelaoinspirou.Depoisdequaseumanoemeio casados, ele inalmente estava inspiradopela esposa, que embrevenãoseriamais.

Ele sentiu–se obrigado a explicar a ela o que viria a acontecer após odesquite,a inal,haviamuitasViviansBurkeporaí.EaprópriaSarah,quenão devia nem se lembrar mais, havia condenado outras moças quefugiram da linha dita como certa. Agora ela ia ter que descobrir muitaforça interior se quisesse seguir sua própria linha. Para alguém que seimportava tanto comas regras sociais eoqueosoutrospensavam,ela iaterqueignorartudo.

A família dele também conhecia juízes e pessoas bem importantes nascortes que inclusive lhe deviam muito dinheiro e icariam felizes emreceber um desconto para arranjar um divórcio sem todas as provas decausa que eram necessárias. Assim eles poderiam partir logo e semdesgastara imagemdeSarah,a inal, a fofoca ia longe.Eeleestavapoucoseimportandoseiamfalarmaldele.Aopiniãodaquelaspessoasnãovalianadaparaele.

– Vou partir com você. Ninguém saberá – ele disse de repente, seusolhos verdes brilhando pelas ideias que estava tendo. Tinha de ajeitar avidadelaeentãopartirparaasua.

–Mesmo?–Elaarregalouseusbelosolhoscordemelparaele.

–Semdúvida.Assim,posso impedirque suamãevá juntooua impeçadeir.

Dois dias depois, Brice bateu a porta de Alina. Ela jamais esperaria a

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presençadele,aindamaissemSarah.Elenuncahaviaidoacasadelaeatéonde sabia eramuito antipático, pois todas as vezes que se encontrarampor acaso, ele tratou–a friamente e sempre preferia icar longe, o queacabou afastando–a de Sarah. Portanto, quando ele foi levado a levado àsalaondeelaseencontravacomsuairmã,Alinaficoumuitosurpresa.

–Aquedevoahonra,Sr.Wincross?Veiovermeumarido?–PerguntouAlina que eramuito diferente de Annelise. Como dissera o pai, ela tinhamesmoos traços dosBarton, era alta,muitomagra, tinha o nariz longo ea ilado,pelebemclara e cabelo castanho, quase loiro.Enenhumabeleza,eraumacriaturaempertigada,semencantos.

–Não.Euquerosaberondeestásua irmã–ele respondeu, indodiretoaoponto.Nãoestavacomtempoparagastar.

Iana pulou de pé, arregalando os olhos. Seu cabelo era mais escuro epelos traços e formato do nariz, Brice conseguia enxergar uma levelembrançadeAnnelise,aomenosparaprovaroparentesco.

–Queirmã?–PerguntouAlinadeformacínica.–Aúnicaquetenhoestábemaqui.

– Sabe muito bem de quem estou falando. Ela não está mais emSouthampton – ele nem retirara a roupa de viagem, encontrara a casavendida.TambémnãoacharaaSra.Collerparalhedaralgumapista.

–Osenhornão temvergonha?Virprocurá-la logoaqui!–Disse Iana.–VoucontartudoaSarah!

Ele ignorouoqueeladisse, essahoraSarahestavaocupadamontandoum novo guarda–roupa e gastando todo o rendimento mensal dele, poissegundoela,precisavachegarrefeitaaBoston.

–Naverdade,nãosabemosdequemosenhorestáfalando.Aquelamoçafoi renegada. Fingimosque ela não existe e quenunca foi nossaparente.Ela jogou o nome dos Barton na lama. – Determinou Alina, como secolocassefimaoassunto.

–Deixemdesermesquinhas,asduasnemusammaisessenome.Elaésua irmã, sanguedo seu sangue.Vocês cresceram juntas. Seráque vocês

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não sentem nada? Não consigo ver que tipo de mães estão sendo,ensinandoseusfilhosanãoamaremosprópriosirmãos.

–Sóporqueosenhoreseusirmãosparecemumagangue,nãosigni icaque todos se comportemdamesmamaneira – respondeuAlinade formaseca.

–IndependentedadrogadeconceitodefamíliaqueosBartonensinam,elaésuairmã,queiravocêounão.Nessecasoelaquemnãodeviaquerer–respondeuBricequeselembravaperfeitamentedaformacomoAnneliseeratratadaetodasasvezesqueaamparouenquantochoravaeporculpadosseusfamiliares.

– Não queremos mais ser lembradas de parentes que se comportamcomorameiras!Osenhordeviatervergonhadeprocurarporela!Esperoqueelatenhadesaparecidoenuncamaisaencontre.Foicomasuaajudaque ela sujou um pouco mais o nosso nome ao ir morar longe daqui. –ContinuouAlina.

–Agoraeuentendoporqueseumaridomoraemumhotel.Sabiaqueelenãoprecisadevocêparapedirodesquite? –Ele indagou competulânciaapenasparadisfarçaronojoquesentiadela.Seus irmãoserampreciosospara ele e não importava o que izessem, jamais iria ingir que nãoexistiam.Erapavorososequerpensarnisso.

–Papaidevesaber...–MurmurouIana,parecendoenvergonhada.

–Fiquequieta!–InterrompeuAlina.

–Ondeestáseupai?–Eledirigiu–seaIana.–Nãoestáemcasa,jáfuiatélá.

–Ondemais?–DisseIanacomumsorrisinhoirônico.–Nacasadaviúva.

–Caleaboca,Iana!Porquevocêsempretemqueabriressamatraca?–BrigouAlina.

–Porqueapesardetudo,eusintofaltadela.Gostariaaomenosdesaberseelaestávivaebem–airmãdomeiofoiandandoatésuabolsa,pareciauma menina mal criada que fazia birra. Então a pegou e passou

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rapidamente,indoparaaporta.

Brice aproveitouaquelemomentodediscórdia entre as irmãse seguiuIanaatéacalçada.

–ÉacasadaSra.Reed,nãoé?–Eleperguntou,apenasparaconfirmar.

– Sim. Mas não diga que eu contei. E se souber qualquer coisa dela,mande–meumamensagem.Tereimaispazdeespírito–eladisseantesdeseguirpelacalçada,afastando–sedacasadairmãmaisvelha.

Minutos depois, ele forçou a entrada na casa da Sra. Reed, pois oempregadonãoqueriadeixá-loentrar.Bricecorreuescadaàcima,paroueseguiu para o quarto onde escutou barulhos. Abriu a porta e encontrouIverson literalmente com as calças nasmãos. Ajoelhado e usando apenasasroupasdebaixo,ohomempareciaestarparticipandodealgumjoguinhosexualcomaSra.Reedquesesentavanacama,usandoapenasespartilhoemeias.Elafumavaumcigarroenquantodiziaaeleoquedeviafazerporela.

– Oh Deus! – Eleonora soltou uma baforada do cigarro manufaturadoquefumava.–Pelomenosnãoénenhumoutroamantetraído.

– O que? – Exclamou Iverson, pulando imediatamente de pé. Rápidodemais para alguém com quase sessenta anos. Assim que viu Brice, eleficoutãomortificadoquenemconseguiusemover.

–Nãosedeaotrabalho–disseBrice,entrandomaisnoaposento.–Nãovou tomarmuito seu tempo, nemprecisa recolocar as calças – ele piscoupara a Sra. Reed que piscou de volta – Quero saber onde está sua ilhamaisnova.

Recuperado, Iverson tratou de colocar as calças para pelo menos teralgumadignidadeenquantofalavam.

– Não sei de quem você está falando e muito menos por que isso lheinteressaria.

–Nãoimportaoqueacha,édomeuinteresse.Ondeelaestá?

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–Nãofaçoideiaetambémnãoquerosaber.Aquela...

–Vaimesmoofenderasua ilhaquandoeuopegueisemascalçasedequatro? Eu pensaria duas vezes – Brice interrompeu, mantendo umaposturaimpassível.

Iverson icouvermelho,deraivaeconstrangimento.Aindamaisporquea Sra. Reed continuava sentada no mesmo local, nem se preocupara emcobriraquasenudezeaindasedivertiacomasituação.

–Nãoseidela,rapaz!Váemboraeesqueçaaquelagarotaperdida.

Brice já estava irritado e frustradoo su icienteparaque suapaciênciacontinuasseamesmaenaverdade,serpacientenãoeraexatamenteumade suas qualidades. Ele andou até o homem e agarrou–o pelo pescoço jáqueelenãousavacamisa.

– Não é aquela garota. É sua ilha! Diga o nome dela. Vamos! Diga onomedela!–Balançouohomemnolugar.

–Annelise...AqueladesgraçadasechamaAnnelise!

–Desgraçadoévocê!–Empurrou–oparatráseIversonencontrouapoionacômodaondebateu.

–Sónãoomate–intrometeu–seaSra.Reed,mascontinuavanomesmolugar,apenasassistindoefumando.

–Onde ela está?Diga logo, estou acordado hámais de quarenta e oitohoras,ébomnãoconfiarnomeubomsenso.

–Nãosei!Essaéaverdade,eumandeiqueela icasse longedaqui.Eladeve ter ido atrás de algum parente ou conhecido da mãe. Talvez emBoston...Louisiana...Texas.Sãomuitoespalhados.

Brice agora se achava um tolo ingênuo por imaginar que ela aindaestaria em Southampton. E se estivesse? O que ele iria lhe dizer? Naverdade, ele não fazia ideia do que diria ou como faria se tudo nelahouvessemudado. Primeiro precisava achá-la e descobrir algum jeito derepararoque izera,duvidavaqueocoraçãodelaestivessemenospartido

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que o dele. Isso, se ainda tivesse essa chance. E se ela já amasse outrapessoa? Ele ia ter que voltar e deixá-la ser feliz em paz e sem que elecriassemaisconfusãonavidadela.

– Eu só não imagino para que você quer encontrá-la. A inal, estavadesesperadoparaselivrardela.Aopontodeconfessarparasuanoivaqueestavaatraindo.Eufuiobrigadoaescutardesaforosdelaparaobrigá-laair para longe da sua esposa! E agora você está atrás dela novamente. SeAnnelisefossediferente,euiriaacreditarquandoeladissequenãoestavaoperseguindo.

– Você fez o que? – Brice agarrou Iverson praticamente pela pele quesobrava em seupeito e ele gritoudedor, a fúrianos olhosdeledeixouohomemcommedo.

–Nãoomate!–LembrouaSra.Reed,agorasemexendo,casoprecisassesepara–los.

– Você estava desesperado para salvar o noivado! – Justi icou–seIverson.–Vivianmecontou!

Brice obrigou Iverson a lhe dizer o que Vivian dissera e o que ele foidizeraAnnelise.ASra.Reedprecisouchamarseuempregadoparaajudá–la a tira–lo de cima de Iverson que quase teve seu pescoço arrancado.AgoramesmoqueBricenãoteriaamenorchancedereparartudoaquilo.Começavaarealmenteentenderosentidodapalavraarruinado.

No sábado de manhã, Brice estava dormindo no seu antigo quarto nacasa onde agora Dane morava sozinho. Ele havia apagado lá depois demaisdiasdebusca infrutífera.Haviaumbebênacasa,elenão fazia ideiadequebebêeraaquele,algumaconfusãoqueseuirmãoarrumou,poiseledisse que a criança não tinha mãe. Mas estava tão cansado que sequerconseguiupensaremobrigarDaneaseexplicar.

–Masquediabos! Jánãobastaseu irmãodescobrirquetemuma ilha,agoravocêsemeteaquitambém!Esperoquenãotenhabebido!Essacasaestá virando um antro! E está tudo imundo! Não é ambiente para umacriança! – Brice escutava a mãe dizer enquanto ela afastava as cortinascomforçaesaíaandando.Aofundoeleouviuochorodacriança.

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–Filha?–Bricepuloudacama, lavou–se rapidamenteequandoestavaacabandodesevestiraportaabriunovamente.

–VocêsabiadessanovamaluquicedeDane?–Allenjáentroufalandoenembateu.

–Oque você foi dizer a eles, Brice? –Dane entrounoquarto também,pareciaagitadoeirritado.

–Euapagueiaqui,lembra–se?

LogodepoisEmmaentroucarregandoumbebêqueelabalançavacomaexperiênciadeumamãededoisfilhosaindapequenos.

– Ela não é uma graça? Tem os olhos da família. Qual é o nome dela,Dane?

– Eu sei lá nome dela! Olhe o bilhete! – Respondeu Dane e ele nuncapareceu tãopreocupado, ele eraoúnicoda famíliaquenão se importavacomnada.

Aosomdasbotassobreopiso,elesjáatésabiamquemestavavindocomaquele andar lento, pois todos os outros na casa estavam andando tãorápidoquepareciam fugitivos.HarlanWincrossentrounoquartoeolhouosfilhos,anoraeobebênocolodela.

–Fecheascalças–eledisseaBrice.

O ilhodomeioapressou–seanãosófecharascalçascomoterminardeabotoar a camisa e arruma–la no lugar. Ele também passou as mãos nocabelocastanhoqueestavacomasondastodasespalhadasparacima.Seupai e irmãos tinham o mesmo tipo e cor de cabelo, sendo que o pai jáestavarepletodefiosbrancos.

– Que história é essa de você estar indo embora? – Ele perguntou aBrice.

– Pelos diabos, Brice! Você vai aprontar logo agora? – Emma olhava–oenquantobalançavalevementeobebêqueestavamuitoentretidocomseucabelo loiro. Ela acabou cansando e foi até Dane dar–lhe a criança. Ele a

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balançou e virou o rosto, sem saber o que fazer e estranhamente apequena criaturinha já estava apegada a ele, reconhecendo–o como aprimeirapessoaqueviudesdequechegouaquelelugarestranho.

Ninguém perguntou como Harlan sabia disso, desde crianças que osirmãos haviam desistido de descobrir como o pai sabia das coisas antesqueelescontassem.

– Eu tenho que encontrar Annelise – ele disse, resumindo tudo. E eraóbvioqueagoraafamíliatodajásabiadahistóriaesemprecisardoauxíliodele.

–Ah,meuDeus!–Emmatampouorostocomamãolivre.

–Eulhedisseparanãosecasar!–AcusouDanequebalançavaacabeçae virou o rosto tampando a boca com amão. Era bom ter o problemadeoutrapessoaparapensar.

– E aquela matraca da sua esposa e a víbora da mãe? Já conseguiu odesquite?–PerguntouAllen.

Seguiu–seumfalatórionoquarto,Harlansaiuevoltoucompapeleumacanetatinteiro.EleanotoualgoedeuaBrice.

– Procure por esse homem. Diga–lhe que eu indiquei, ele terá osmelhoresdetetives–disseHarlandandoopapelcomnomeeendereço.

Brice partiu para Boston alguns dias depois e levando Sarah. Sóassinariam os papéis de desquite quando chegassem à casa do tio dela,ondeeleadeixaria.Jáhaviamarrumadotudo,otioerairmãodopaidelaese achava no direito de não contar nada àmegera que era sua cunhada.Vivianacabousabendoqueeles iamviajarenemlhedisseram.Apareceulánaúltimahora e estranhoua enormequantidadedebagagem.Pareciaque estavam levando a casa inteira e todos os seuspertences. Era quasetudo de Sarah, itens pessoais e o guarda–roupa novo. Brice pretendiaviajarcompoucacoisa.

– Eu sei o que você fez, Vivian – ele disse a ela, antes de subir nacarruagem.–Podeterarruinadominhaschancesderetomaravidaqueeudeveria ter seguido.Mas agora estou levando sua ilha embora e darei a

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elaachancedeviverdeverdade.Ouseja,semvocê.

–Vocênãovaiencontraraquelaperdida.Deve ter idopararemalgumbordel e a essa altura jámorreu emumbeco sujo – respondeuVivian, oódioestampadoemseurosto.

Bricetinhacalafriossódepensarnisso.

– Torça para que suamorte seja rápida. Porque pelo número de boasaçõesquevocêfeznavida,sofrimentovaiserpoucoparadescrever.

–Seugrosseirãodeuma iga!Devolvaminha ilha!Eununcadeveriatê–la deixado casar com alguém da sua laia! Você e sua família são todosfarinhadomesmosacopodre!–Elagritavadacalçada.

–Commuitoorgulho!–Elegritou,agarradoaportadacarruagemquejápartia.

A busca em Boston não deu em nada e ele icava cada dia maisfrustrado. Em breve a palavra mudaria para desespero. Era como seestivesseaquecendotudoissoemfogobrandopormaisdeumanoquandoestava preso e impossibilitado de sequer mexer aquele caldo. Mas derepente,alguémligoutodasasfornalhasnomáximoecomeçouamoverocaldoatéqueeledesseoponto.Estavaaprestesatalhar.

Sempreocupaçãoalgumacomdinheiro,eleencontrouohomemindicadono papel que seu pai lhe deu e contratou os melhores detetives que aAgência Pinkerton tinha para casos pessoais como esse. Elemandou quecolocassemtodosqueestivessemdisponíveisnocaso.ElesvoltaramàNovaYork e seguiram o rastro da garota, seria di ícil, pois eram pistas que jáestavamfriasháumanoemeio.Maseraporissoqueaquelaeraamelhoragência,elesencontrariam.Bricetinhafénisso,mascontinuouprocurandopelosseusprópriosmeios.

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Capítulo3

Junhode1887

MarbleCity,CondadodeBlanco,Texas

O caminho acidentado estava precisando ser nivelado, alguma criançapodia cair ali e ralar o joelho, machucar as mãos ou algo pior. Annelisedecidiuqueusariamaisumpoucodesuaseconomiasparapagaraalguémquefizesseaqueletrabalho.Cheiadedisposição,elaseguiuocaminhoparaapequenaescola,aindaestavabemcedo,masmesmoassim jáencontroualgunspais levandoascriançasparamaisumdiadeaula.Ela icoumuitofeliz com o interesse que o povo daquela cidadezinha demonstrou pelaescola.

–Bomdia,professora!–SaldouapequenaIsabel,suamelhoraluna.Elaera ilha mais nova dos Alvez, uma das várias famílias de descendênciamexicanaquehaviapermanecidono territórioemigradoparaapequenacidadeescondidapertodorioPedernales.

–Bomdia! –Passouamãopelo cabelonegrodamenina e sorriuparaJacy,mãedeIsabel.

Annelise encontrara algo que realmente gostava de fazer. Ensinar. Elacompletara os estudos no melhor colégio para moças de Nova York,sempre foi umaótimaaluna emesmo comas faltasque teveno inal, elaconseguiu retomar. Ver os rostos iluminados daquelas crianças a cadanovadescobertaeraumpresente.Ehaviatantascriançasnaquelacidade,apopulaçãoerajovemeestavaemconstanterenovação.

Várias famílias se mudaram para lá nos últimos anos e todas traziamseus ilhos. A maioria icava brincando pela rua, ajudava em algumtrabalho e no máximo eram ensinados em casa nas famílias que tinhammais instrução. E eram poucas. A cidade estava em desenvolvimento,girava em torno do trabalho duro, do gado e plantações de frutas ealgodão. Agora que estava ganhando modernidades que nas grandescidadesdonortejáeramcostumes.

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Desde que Annelise chegara ali já haviam abertomais duas lojas,masnada cheio de luxo. Até os saloons foram reformados recentemente eestavammaiores.Haviaacadeialocal,ofórum,aprefeitura,amerceariaeespaços para alugar ou comprar e construir. Precisavam de tanta coisa,mas Marble City estava mesmo crescendo, já devia ter mais de milhabitantes em volta daquela área e para os padrões locais, isso erabastante. A maioria estava espalhada, apenas umas duzentas pessoasviviamnocoraçãodeMarble.Ecomo icavaentreoutrascidades,eraumarota muito frequentada, uma estação de trem icava ali. Sempre haviamuitaspessoasdepassagem,osviajantesdesciamemMarbleparadepoisseguirseurumoacavalo,decarruagem,carroçaoumesmoapé.Portanto,haviadoishotéisnacidade.Cadaumserviaaumtipodeviajante.

AgoraAnneliseeraaprofessoraqueridadacomunidade.Usaraamaiorparte de suas economias para construir aquela escola pequena,mas queforaum impactoenormenacidade.Haviaapenasduassalas,banheiroseárea externa. Não sobrara muito dinheiro depois de comprar mesas,cadeiras, livros, quadro ematerial para as crianças. Os pais colaboravamcomo que podiampara comprar o necessário para cada criança.Mesmoassim, era tudo bem rústico. E ela tambémprecisava comprar itens paraseupróprioestudo,poisdescobriraqueprecisava sabermuitomaisparasupriraquelasmentescuriosas.

Alininguémsabiadosseusproblemas,nemdesuareputaçãoarruinada.EmMarble City ela era a professora dos pequeninos e ninguém deixariaque lhe faltassemcomorespeito.Anneliseerareservada,nãoseenvolviacomhomemalgumparaquenãofalassemdela.Emparteeraumaespéciede trauma pelo que passou e por outro lado, não havia muitos partidosdisponíveis ali que pudessem interessa–la. Além disso, como professoraprecisavamanter o bomexemplopara as crianças. Ela ensinava todos osmaiores de seis anos, os pequeninospodiam ter aula comSweetAlice oucomPaulie,duasidosasqueeramvoluntáriasnaescola.

Com o dinheiro da venda da casa de praia, Annelise pode reformar acasa ondemorava agora. Tio Rolfe era dono de uma grande fazenda nosarredores da cidade e tinha uma casinha perto da estrada paraMarble,mas esta precisava de reformas. Ela pôde icar lá, reformou e era ondevivia. Se fosse emNovaYork, todos falariammal dela pormorar sozinha,masali,eraapenasaprofessoraadoradaeprotegidadavelhaSweetAlice.

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Elaestavafelizpor inalmentenãosermaisjulgadaeserdonadesuavidaedesuasdecisões.Procuravanãoselembrardopassado,poisseucoraçãoinsistiaemdoerquandoofazia.

–Hoje,vamosaprendersobreahistóriadofeijãorebelde–elaanunciouparaa turma.Nãohavia idadecertaparaseusestudantes.Eramcriançasentre seis e doze anos. Mas estavam todos no mesmo nível, precisandoaprender as mesmas coisas. – Peguem papel e lápis, nós vamos ler ecopiar.

Quando Annelise chegou ali foi acolhida por Sweet Alice. Ela havia idobuscarabrigocomTeodora,aúnicatiaporpartedamãequeelaconheceu.Assim que deixou Nova York, ela icou uns dias em Ohio, mas acaboutomando coragem e pegou o primeiro trem que a levasse para o sul.Conseguiu chegar a Austin, capital do Texas, onde encontrou a irmã deTeodora, quase icou por lá,mas resolveu seguir em frente. Ao chegar aMarble City, soube que ela também se mudara de lá, para a cidadeseguinte,maispertodorioeda fazendaondevivia.AvidaemNovaYorkhaviaafastadosuamãeesuatia,principalmentequandoTeodoraresolveuvoltarparaosul.

Apenas ao por os pés emMarble, Annelise descobriu queTeodora eranetadeSweetAliceemorreraháumanodeumadoençagravenocoração.AessaalturaAnnelisejáestavaexausta,sujaenãoacreditavaquechegarasozinhaatéaquele imdemundo.Nãolevoumaisdeumasemanaparaeladescobrir que podia ser útil naquela cidade em desenvolvimento. SweetAlice, comsessentae trêsanoseraamaisqueridada cidade.Também jáizeratudoquepodiaporMarbleeajudavaatodosdamaneiraquedava.Era carinhosa e olhava as crianças menores quando as mães tambémprecisavampartirparaotrabalhonoscampos.Agoraelapodiaolhartodasnaescolinha.

O trem passou por Pedernale Falls e do vagão dava para escutar obarulhodaáguacorrendoaliporperto.Logoafrente,jáerapossívelveraestação humilde de Marble City, assim como os campos ainda loridos ebelos.Haviaalgunshomensesperandonaplataformadepedraemadeira.Brice foi avisado que deveria descer ali. Quando saiu do trem levava ajaqueta na mão, descobrira que aquela área era bemmais quente. Seusternosestavamescondidosnabagagem,usavacalça,camisaebotascomo

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oshomensdaquela região.A barbapor fazer dava–lheumarmais rude,perfeitoparao localqueestavadesembarcando.Certamenteseriaolhadocom descon iança se desembarcasse naquele lugar com um dos ternosinos, feitosnosalfaiatesmaiscarosdonorte,queeraobrigadoausarnotrabalhoemNovaYork.

Os agentes da Pinkerton, abençoados fossem, deram–lhe todas asinformações que precisava e muitos extras. Era por isso que ele estavasendo esperado na estação. Brice viera disposto a lutar, sabia que seriaderrotado emmuitas batalhas,mas não pretendia desistir. E para dar ascarasnumlocalcomoaquele,sócomumplanomuitobom.

–Sr.Wincross,éumprazer recebê-lo.Osenhoréa respostaasnossaspreces – o homem estendeu amão para cumprimentá-lo. – Sou EvanderClemmons,prefeitodacidade.

–Oprazerétodomeu,Sr.Clemmons–Briceapertou–lheamão.

–EsteéoSr.Rolfe,xerifedacidade.Eleeseushomensprotegerãoseubanco.

Brice cumprimentou Reynold, ilho mais velho do Tio Rolfe. Por trásdeles, carregadores e policiais tiravam do trem tudo que Brice trouxerapara abrir a ilial local do BancoWincross. Seria a segunda do Texas, jáhavia uma em Houston que era bem longe dali. As cidades da região jáhaviamfeitováriospedidosparaqueumbancofosseabertonolocal,masnuncaeramatendidos.Osvilarejosecidadespróximasprecisavamdeumbanco com urgência, o comércio local precisava aumentar assim como osproprietários de terras precisavammovimentar seus lucros em bancos enão embaixodo colchão.NemAustin tinhaum lugar comoessepara elesirem. E qual o melhor local do que a única parada do trem entrequilômetrosintermináveisdeterra?

– Estou muito interessado nessa área. Eu lhe disse na carta quepretendo icar por aqui, ao menos um tempo – disse Brice, andando aoladodoprefeito.

–Ah,temosumhotelquedeveservir.TenhocertezaqueoSr.Boydlhedará o seu melhor quarto – disse o Sr. Clemmons, muito interessado napermanênciadeBrice.

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Obanconãoiriaabririmediatamente,ocofreprecisavaserdevidamenteinstalado,Brice tinhaqueolharo local e contrataros seguranças,mesmoque um dos guardas fosse icar tomando conta da área. Já tinha os doisempregados de que precisaria para começar: Alvin, ilho do Sr. Tanner,donodoúnicoescritóriodeadvocaciadacidadeede todaredondeza.EoSr. Ivan, um contador aposentado que herdou umpequeno sítio do pai eestavaprecisandomuitodoemprego.

– Não se esqueçam de fazer a lição de casa. Devem me contar o quefariamsetivessemumfeijãorebelde.Enãoadiantadizerqueiriamcomê-lo! – Dizia Annelise enquanto as crianças arrumavam suas coisas e sedespediamaosgritosantesde saíremcorrendopelaporta lateralda salaque dava direto no jardim que ela mesma plantara e estava inalmenteflorescendopelaprimeiravez.

SweetAlice jáhaviadescido comTioRolfeque costumava lhedarumacarona na charrete oumandava alguém. Ele sabia como a velha senhoratinha di iculdade para descer aquela estradinha que dava nos arredoresdoladosuldacidade,ondeelamorava.Eraumcaminhocurtoapé,masdecharrete eraprecisodar a volta.Annelise costumava icar atémais tardena escola, sempre tinha o que fazer, arrumava e limpava tudo. Depoispreparavaoqueseriaaauladodiaseguinteeatéesquecia–sedotempo.Ficarnaescolaocupavasuamenteeelasabiacomoprecisavadisso.

– Eu soube que ica aqui até tarde e depois desce sozinha por essecaminhoperigoso.

Annelisevirou–se imediatamente, foi tãorápidoquenemdeutempodeentraremchoqueearregalarosolhos.Apenasouviu–sedizendo:

–Oquediabosvocêestáfazendoaqui?

Ela gritou isso. Foi sua maneira de externar o assombro e surpresa.Estava agora mesmo agradecendo por aquela escola e por seus alunosdedicados que tomavam seu tempo e alegravam sua vida quando elaestavatriste.Eagoraestavatendoilusões?Comoissofoiacontecer?

–Eupenseiemacompanhá-laatéacidade–respondeuBrice,olhando–aatentamente,afinalficaratempodemaissempoderfazê–lo.

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Ela ainda estava em choque. Nem conseguia sair do lugar ouprovavelmente já teria saído correndo, achando que ele era umaassombração.Suarespiraçãochegoua icarirregular.Poroutrolado,Briceestava lá de pé sob o batente da porta, olhando–a seriamente, ele nempiscava.

–Oquevocêestá fazendoaqui?–elatornouaperguntar, lutandoparaparecercalmaenocontroledasituação.

–Vimatrásdevocê–eledisseaverdadenuaesimples.

– Como você me achou? – Ela levantou a mão, impedindo–o deresponder. – Não... Foi uma pergunta tola. Você tem meios para acharalguém. Pois bem, já me encontrou. Pode ir embora agora – ela estavafalhandomiseravelmente,comcertezapareciaforadesi.

Ele apenas balançou a cabeça, já viera preparado para ser mandadoemboramilhõesdevezes.Enessemomentoaindasentia–secomonaquelediaquandoadescobriuescondidanohotel,batendoaportacomocoraçãoacelerado, sem ar, o suor descendo frio por suas costas. Estava nervosoporvê–lanovamente,suasmãosestavamsuadas,elenãoconseguiaparardeolhá–la.

–Nãopossoir–eledissedeformasimples.

–Dê seu jeito. Você sabe ir embora quando precisa. Eu sei disso – elasoltou, sem conseguir sem conter, mesmo que não devesse ter dito esabendoqueoacusava injustamente.A inal, eles concordaramcomo im.Mas depois do que ele fez quando terminaram, simplesmente precisoujogar essa na cara dele. Como ele se atrevia a aparecer ali? Ainda nempodiaacreditar,sabiaquesuasmãosestavamtremulas,masnãoiadeixá–lonotar.

Bricetambémprepararaoseuorgulhoparaser insultado,humilhadoetudomais que ela pudesse fazer paramagoá-lo e impedi–lo de lutar porela. Mas nada disso iria detê–lo. Não podia dizer que não doía, mas elemereciaasuaparcela. Iriaaguentaresuperar,ahistóriadeleseraassim.Começaracomsuperaçãoecontinuariaassim.

–Nãoposso,agoraeutrabalhoaqui–eledissequasecomsatisfação,só

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porsaberqueveriaaquelaexpressãodepuroespantonorostodela.

–Oque?–Opâniconavozdelaerapalpável.

–Sim,vouabrirumbanconessacidade.Eles jácansaramdepedirporisso. Não há nenhum por toda essa área. Sabia que é preciso viajar atéHoustonparaacharum?

–Eeu imaginoquevocê tenhavindoapenasparaatenderaospedidosdessacidadeenormeepopulosa–elarespondeucomironia.

–Não. Se você não estivesse aqui, talvez eu nunca colocassemeus pésnessa cidade. Pense pelo lado bom, você foi responsável por mais umamelhorialocal.

– Você não sabe de nada! Vá embora! Eu não deveria sequer dirigir apalavraavocê–elapassouporelefoidescendopelocaminhoacidentadodevidoàspedras.Anneliseaindanãoestavarecuperadadochoque,sódeolharparaele tudoquesentiravoltara.Especialmenteadordeconstatarque não só fora preterida, como ele acusara–a de persegui–lo. Odesgraçado ainda dissera já estar cansado dela e pisoteara sobre seunomenalamaapenasparapodersecasarcomaquelaesnobezinhametidaa besta e cheia de vontades. Esperava que ele estivesse comendo o pãoqueodiaboamassounamãodela.

Bricefoidescendoatrásdela.

–Paredemeseguir!–Elareclamou.

–Nãovoufalarsenãoquiser,masvoudescercomvocê.

Fechando os punhos, Annelise desceu o mais rápido que conseguia,desesperadaparafugirdele.Recusava–seaolharparatrásemantinhaosolhosatentosaocaminho,poistambémnãoqueriacaireterdesuportaraajuda dele. Assim que viu sua pequena casa, ela se controlou para nãocorrer.Subiuosdoisdegrauseentrou,batendoaportaimediatamente.Elarespiroufundoeandoupelopequenocômodoqueerasuasala,sentou–senosofádedoislugaresemanteveasmãosapertadassobreocolo.

Nãopodiaser,nãoestavaacontecendo.Elatevealgumtipodeilusão.Era

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impossívelqueBriceestivesse lá.Oqueela ia fazer?Eporqueeleestavaali?Sóteriaessasrespostassefalassecomeleenomomento,queria ingirquenãooviraháapenasminutos.Tudoqueconseguiuesquecerestavadevolta.Seupassadodehumilhaçõesevergonhaentraraemsuanovavidaeoladoquebradodoseucoraçãovoltaraadoer.

JáhaviasepassadovinteminutoseBricecontinuavaparadodoladodefora do jardimda pequena casa ondeAnnelisemorava agora. Ele não semovia,apenasolhavaemdireçãoaportaporondeeladesaparecera.Agoraacreditava que havia inalmente a encontrado. Ele não tinha exatamenteumplano,iaapenastentarqueelaparassedefugirdelecomoodiabofogedacruz,paraentãocomeçara lhedizerque fora tudomentira.Claroqueelanãoacreditaria,maselecontinuariaa irmando.Jáaprenderasualição,nãoadiantounadatermantidosuapalavraehonradoseuscompromissosenquanto sentia–se como lixo. Seu coração ia ditar as regras dessa vez,passara mais de um ano em uma vida medíocre por ignorá-locompletamente.

Pelamanhã,Anneliseabriuapenasumpedaçodaportadacasaeespiouparaoladodefora,comoviuquenãotinhaninguémlá,achou–seumatola.Óbvioqueelenãoestariaali.Aquilofoifrutodesuaimaginação.Elaseguiuseucaminhodesempre,dessavezmaisdevagar,poisanoitemaldormidaatrapalhavasuaconcentração.

AquelediafoiatarefadoparaBrice,elechegoucedoaoseunovobanco,ajudou a instalar tudo para preparar a inauguração e deu treinamentopara seus novos funcionários. Os guardas provisórios dariam conta dorecadoatéquecontratasseoutros.Semanasantesosconstrutoreshaviamchegado para fazer as mudanças na loja da rua principal onde icaria obanco.Elespraticamentecolocaramo lugarabaixoe levantaramparedesgrossas e fortes, além de uma estrutura diferente de todo o resto dacidade.Até a calçadaeradepedra ao invésdemadeira.Todosda cidadeficavampassandoemfrente,paraverasmudançasfeitas.

OhotelondeBriceestavahospedadoeraomelhordacidade,ouseja,omenoshumilde.Nãohavianadadosluxosaosquaiseleestavaacostumado,mas ele não estava se importando com isso. Quando pegou aquele tremrumo ao Texas, ele foi disposto a mudar sua vida, construiria uma novaonde fosse para ter sua segunda chance. Já estava confortável com a

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mudança de temperatura e as roupas mais simples também eram maispraticas.Eleforacriadoviajando,umclimadiferenteeumpoucodepoeiraevegetaçãonãoiamdetê–lo.

–Patrão,ondecolocoessespapéis?–PerguntouoSr.Ivan.

–Na segundagavetadaminhamesa– respondeuBrice, apósdarumaolhada.

O escritório dele, na parte de trás do pequeno banco, era tão maissimples do que o outro que usava em Nova York que a comparação erainválida. Mesmo assim, ele entrou no cômodo, olhou em volta e apenasenumerou mentalmente os itens que faltavam para que icasse perfeito.Substituiria as cadeiras por poltronas para seus clientes, todos eles, dosmais ricos aosmaispobres se sentariamali e se sentiriam iguais. JanelasmaiorestambémdeixariamBricesatisfeito,a inalseestavaemumacidadenomeio do campo, queria aproveitar o ar puro e a brisa que vinha doscamposqueembreveperderiamsuaslindasfloresazuis.

– Você viu, Annelise? Nossa cidadezinha está realmente entrando nomapa.Agoravamosterumbanco!Éumabenção!–ComentouSweetAlice,enquanto terminavam de ajeitar as crianças menores. A idosa estavasempre acompanhada por Manchinha, sua cadela inseparável que agoradescansava embaixo damesa e às vezes levantava uma das orelhas. Elatinha essenomepor serbranca, apenas comumamanchanegrabemnomeio das costas. Todos na cidade conheciam aquela cadela e sabiamqueondeelaestivesse,erasinaldequeSweetAliceestavaporperto.

–Sim...–Resmungou,lembrando–sedomotivoparateremumbanco.

As criançasestavammuitoagitadasnaqueledia, oque icouaindapiorpeloestadoalteradodosnervosdaprofessora.Entãoeladeixoutodosiremembora uns minutos mais cedo, geralmente icavam um pouco mais ebrincavamemvoltado local,mashojeela inventouquecairiaumachuvadeformarriosedespachouacriançadatoda.

– Você está distraída hoje, querida – comentou Sweet Alice, enquantoAnneliseajudava–aalevarascriançaspequenasparaoladodefora.EramseguidasporManchinhaquecostumavabrincarmuitocomosmaiores.

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–Sóestoucomsono–elanãoachavaqueprecisavacontarsobreBrice,ainda esperava que ele não icasse ali e tinha esperanças de ter apenassonhado com ele. O que nas atuais circunstancias seria mais como umpesadelo.

Uma hora depois quando ela desceu pelo mesmo caminho, mas dessavezemdireçãoàcidade,descobriuquenãoestavasonhando.Briceestavalá esperando.Aindade longe,Annelisedeuumaboaolhadanele e achoumuito estranho vê–lo en iado naquela calça, com botas rudes e camisadobradanoantebraço.Elepareciatãolongedaquela igurabemarrumadaesoberbacomaqualestavaacostumada.Nãoqueelefosseassimquandoestavam juntos, foiumdosmotivosporgostardele.Brice sedesconstruíaquando estavam sozinhos, o problema é que a desconstrução foi tãointensaqueelaquemsaiuquebradadarelação.

Sóqueparaseuazar,elecontinuavaaqueledesgraçadoatraente,muitomasculino,altoecomaquelesombroslargoseelapodiaimaginarqueseusbraços continuavam tão rígidos quanto antes, assim como todo aquelecorpo irme e forte que ela conheceu cada pedacinho. Ser pressionadacontra ele era tão bom e ela se odiava tanto agora por ter se lembradojustamentedisso.Nuncamaisqueriapensarneledessaforma,nunca!

Annelisepassouporele,decididaaignorarsuapresençaeeleapenasaseguiu o que a deixou irritada. Antes que começassem a andar pelascalçadasdemadeiradacidade,elaparouevirou–separaele.

–Váembora!

–Não.

Diantedotomtãocalmodele,elaretomouacomposturaedeuapróximaordemnomesmotomqueeleusou.

–Paredemeseguir.

–Sabe,oxerifedissequeéperigosodescersozinha.Atécomentouqueaprofessoranãodevia icar andandopor aí apóso anoitecer–disseBrice,ignorandooqueeladisseantes.

–Seuhipócritamentiroso–eladisseentreosdentes.

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Briceiaresponderquandoforaminterrompidosporduassenhorasquepassaram e deram boa tarde, além de perguntar a Annelise como elaestavapassando.

– É melhor você voltar para Nova York. Eu não vou mais passar poraquilo. Nunca mais serei a segunda opção de um homem. Minha vidamudoueeuagradeçosenãodestruí–la.Dessavezeunãopediporisso.

–Nãovouvoltarparalá,estoufelizportermemudado.Souumhomemlivre,aprendicommeuserrosenãoestouprocurandoumaamante.

– Todos os homens são livres dessa maneira. Onde está sua adorávelesposa?Esperoquenãotenhamedifamadoatoaedeixado–alargadalá!

Novamenteelesforaminterrompidos,dessavezporReynold,queparouperto deles, olhando–os e sem conseguir entender que tipo de conversaaqueles dois recém-conhecidos podiam ter para se encarar tãofirmemente.

–Ah,vejoquejáconheceuanossaprofessoraprincipal–disseReynold.–Elaéumadasjoiasdanossacidade–oxerifesorriuparaelaelhedissequesuaesposahaviapedidoparaconvidá-laparaoalmoçodedomingo.

–Sim,játiveahonra–respondeuBrice,semdenunciar–se.Eraespertoosu icienteparasaberquesedessecomalínguanosdentesagora,podiaesquecersuaschancescomAnnelise.

–Aproveitoaoportunidadepara convidá-lo também.A inal,umrecém-chegadoprecisacomeçaraconheceraspessoas.Meupaieminhaesposaestãomuitocuriosos.

Annelise rangeu os dentes e olhou para Brice de forma ameaçadora,implicitamentelhedizendoparanãoinvadirseuterritório.

– Vai ser um prazer – ele respondeu, ignorando o que ela fazia. Iamesmoprecisardetodaaajudadasorteedascoincidências.

Naquelanoite,BricejantounorestaurantedohotelnacompanhiadoSr.ClemmonsedoSr.Damon,omédicodacidade,ambosprocuravamsabermais sobre ele. Era como se fosse um ritual de passagem. Se ele ia fazer

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parte da comunidade, precisava se abrir mais, mostrar quem era, a queveioecontaralgodoseupassado.Assimpoderiamconfiarnele.

Brice já tinhamuitaschancescomoshabitantesdocondado inteiroporter sido o primeiro a atender seus pedidos e trazer um banco para aregião, aindamais um com tão boa fama.Mas não dava para negar, elesqueriamsaberporqueumdosfamososirmãosWincrossiaquerergastarseu tempoemMarbleCity.Amavamsua cidade,mas sabiamquenãoerado tipoqueatraiapessoas comoBrice.Elepodiamuitobem termandadoempregados para abrir a ilial, ou apenas vir, abrir o banco e partir noprimeiro trem. Mas ao contrário disso, Brice havia até demonstradointeresseporseestabelecernaregião.Issoeramuitoestranho.

–Então,gostamesmodocampo,não?–PerguntouClemmons,jáestavamservidose comendoháunsminutos.Essadevia sera segunda rodadadeperguntaseBriceestavacolaborando,a inalaúnicacoisaque tinhaparaescondereraseuenvolvimentocomaadoradaprofessoradacidade.

– Sim, sempre adorei o campo. Minha época preferida do ano eraquandomeuspaisnoslevavamparapassarfériasnafazenda.

Elescomeçaramafalarsobresuasfamíliase ilhoseBricedissequeeradesquitadoesem ilhos,oquedeixouosoutrosumpoucosurpresos.Nãoera comum ser divorciado, ainda mais por aquelas bandas. Mas elepreferia que soubessem que era livre, para não descon iarem quando ovissem andando atrás de Annelise. Pensando seriamente, era quasecômico,pelomenossenãotivesseapostadooseufuturonisso.

Nodia seguinte as crianças saírammais cedoparapoderemparticiparda festa. Ao meio–dia o banco Wincross de Marble City foi inaugurado.Bricecortoua itaeacenou,convidandotodosaentrarem.Acidadehaviaparadoparaassistiressegrandepassorumoaodesenvolvimentoemuitaspessoas de cidades vizinhas haviam vindo também. Havia bebidas epetiscos, além de música da banda formada pelos moradores e quecostumavatocarnasfestividadeslocais.

Houve uma grande comemoração quando a primeira conta foi abertapelo Sr. Clemmons que saiu acenando com um dos certi icadospersonalizadosquecontinhanafrenteosímbolodosWincross.Achegadado banco ia contar pontos pra reeleição dele que apesar de não saber o

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motivorealdavindadeBrice,haviarealmenteenviado inúmerospedidospara um banco na cidade. Melhor ainda foi o banco chegar lá e não emAustinounasduascidadesmaioresquehaviaperto.

– Ué,mas você vive dizendo como um banco seria útil para guardar oque sobrou do seu dinheiro – disse Sweet Alice quando Anneliseinexplicavelmentenãoquisentrarnobanco.

–Sim,masnãoprecisaseragora–elarespondeu,semtercomodarummotivoenãoprecisarexplicarsualigaçãocomodonodobanco.

Maistarde,quandoelasaiudaescola,láestavaeleesperando.DessavezAnnelise conseguiu ignorá-lo sem cair na tentaçãode discutir e insultá-loparaporparaforatodaamágoaquevoltouassimqueoviu.

–Eumeseparei–foielequemfaloudessavez.

–Vocêdissequenãofalarianada.

–Foiumdesquiteamigável.Nãoestávamossatisfeitos–elecontinuou,separasse a cada vez que ela lhe desse uma resposta malcriada nunca iadizernadaeprecisavacomeçaremalgumlugar.Elapodiaquerermatá–lo,masnãoerasurda.

Annelisenãorespondeunadaecontinuouandando,quandochegouemcasa apenas entrou e bateu a porta, pensando que se fosse medrosa iacomeçar a achar que ele estava assombrando–a. Ela soltou o ar aindapensandonissoeolhouemvolta.Asalaeraomaiorcômododacasa,comum sofá, uma estante de livros e a mesa de jantar redonda que tinhaquatrocadeiras,maseramaisconfortávelapenasparaduaspessoas.

Acozinhatinhaonecessárioparaumamoçasozinha,comdespensa,umbom fogão epiaque lhedava trabalho, pois bombear a águademandavaforça.Porisso,àsvezespreferiabuscarágualáfora.Depoishaviaoquartoeumbanheirodecente,apesardeabanheiraserpequenademaisparaogosto dela. Não haviamuitos luxos e comparado às casas em que estavaacostumada a morar era quase uma cabana. Mas seguia o padrãoconvidativodacidade,eraumlocalaquecidoeforte,comváriasjanelasdemadeirabrancaqueabriamparafora.

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Eladeixou–secairnosofáetampouorostocomasmãos.Nãopodialidarcomelenamesmacidadequeela.Terconsciênciaqueestavamnomesmopaís já era di ícil. Ter que vê–lo todo dia era impossível. Era dolorosodemais,umaverdadeiratorturatê–loatrásdelalhedizendoaquelascoisasqueelaadorariaacreditar,masqueaindaestavamachucadademaisparatentar.Elanãooesquecera,nãoencontraraoutroamor.Simplesmentenãopodialidarcomele.

Aoentraremseuquartonohotel,Bricefoiabrindoacamisaatésentar–senacama. Jogouapeçaderoupaparaum lado,asbotasparaooutroedeitou–se, colocando as mãos atrás da cabeça. Ele icou olhando para oteto, pensando no que precisava fazer para se ocupar enquanto nãoestivessetentandoreconquistarAnnelise.Nãoiriamaistrabalharnobancocomoumamula.Issonãofariamaispartedesuanovavidaenoúltimoano,trabalhar foi apenas um refúgio, agora não estava mais fugindo. Era ocontrário,estavajustamenteencontrandoseulugar.

Em apenas três dias na cidade, ele se relacionara com as pessoas deforma mais próxima do que em meses em Nova York. Ali ninguém eraapenasmaisumnamultidão,presoemseuprópriomundoealheioatodosdo lado de fora. Ele já sabia tantos nomes que estava surpreso porlembrar-sedetodoseles.Cadapessoaporquempassavanaruaolhava–oereconheciaoudavaumjeitodeconhecer.

Ele se levantou, ainda precisava se lavar para o jantar. Ele realmenterecebeu o melhor quarto do pequeno hotel, era uma suíte, com umbanheiro decente onde ele não icava batendo em alguma coisa toda vezque se mexia. A banheira era boa, mas ainda não tivera tempo de icarimerso na água. Então a usava de forma prática, jogando a água antes eapós se ensaboar. No quarto havia a cama de casal, mesa para dois, umarmárioeumapoltronapertodasjanelas.

Naquinta–feiraBricequasenãoreconheceuAnnelisequandoviuaquelaiguradevestidoechapéunegroentrandonacidade.Elahaviafeitoalgumcaminhodiferenteeelesóaviuquandojáestavapegandoaruaprincipal.

– Para que enterro você vai? – Ele perguntou, realmente achando quealgotristeaconteceraepensandocomoeraumpéssimomomento.

QuandosevirouAnnelisepuxouovéu leveenegrodeseuchapéuque

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cobrialevementeseusolhoseaprotegiadosol.

–Paraoseu.Vouatéaigrejarezarporsuaalma.

–Oque?–Eleexclamou,achandoquehaviaescutadoerrado.

Maselaobviamentecontinuouandando,chamandoatençãodealgumaspessoas exatamente por estar de preto e até com o curto véu baixado.Brice apressou o passo para segui–la e quando passavampor outros eletentavadisfarçarfazendoumarápidamesura.

–Vocênãopodeestarfalandosério!

– Eu resolvi que você é uma assombração. É a única explicação paraestaraquimeperseguindo.Vocêmorreuevoltoucomoumencosto.

–Seeunãofosseasupostaassombração,estariarolandoderir.Mas...

Eles foram interrompidos quando praticamente deram de cara com aSra.Clemmons,esposadoprefeito.Elahaviadesviadodeseucaminhoparainterceptá–los.A inal,elatambémqueriasaberoqueaquelesdoispodiamtertantoparaconversarsenuncahaviamsevistoantes.

–MeuDeus,Annelise.Você icousemvestidoslimpos?Eunãosoubedenenhum falecimento – disse a senhora, olhando estranhamente para opequeno véu que saía do chapéu de Annelise, aquela peça cara eraherançadeNovaYorkeassimcomoorestoficavaguardadoemumbaú.

Os dois icaram olhando para a senhora que os encarava. Brice olhouparaAnnelise,esperandoeladizerqueeleeraumaalmapenada.

–Meupai–ela inventoue fezcaradesofrimento.–Éoaniversáriodamortedele.

– Ah, querida. Sintomuito – a Sra. Clemmons segurou amão dela queestava comuma luvade rendanegra, amulherolhoumomentaneamentepara o acessório. – Você gostava muito dele, não é? Perder os pais ésempretão...

–Não, ele era umbastardo desgraçado.Um ilho de uma vaca queme

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deserdou– interrompeuAnneliseque já estava começandoa sentir calorembaixodosolecomovestidonegro.

–Oque?Masentão...–Amulherarregalouosolhos.

–Achomelhornós irmos,nãoé?Asenhorita iamemostraronde icaaigreja.–disseBrice,interrompendo.

–Ah, irei lá logoapós–disseasenhoraClemmons.–Fareiumaoraçãopeloseupai.

–Rezepelaalmadodonodobanco,eleestáprecisandoserdevolvidoaoseu lugardegraça.Bemlongedaqui–eladisse,parecendoque falavadealguémquenãoestavaali.

A pobre senhora icou olhando enquanto eles se afastavam sementender porque Annelise havia falado aquilo e achando mais estranhoaindasaberqueopaidelahaviaadeserdado.

– Mas que diabos! Para quem mais você vai dizer esse absurdo. Aopastortambém?

–Euvourezarpelasuaalma.Estoumuito tristecomoseu falecimento.Deverdade.Maspreciso exorcizá-lodaminhavida.Tenhomedode almapuxandomeupé!

Surpreendendo–a, Brice pegou seu pulso e a segurou no lugar paraimpedi–ladecontinuarcomaquilo.Emchoquepelotoqueelaarregalouosolhosaoencará–lo.Desdequechegaraalielenemhaviaencostadonela,oqueeraabaseparaelaterinventadoqueeleeraumaassombração.Issoeanecessidadedeirritá–loprofundamente.

– Devo ser um fantasma muito forte se a perturbo tanto – ele disse,aindasegurandoseupulsoqueinfelizmenteestavacoberto.

–Saiadaminhavida,Brice!–Eladissesoltandoobraçoeentrandonaigrejarapidamente.

No sábado, Annelise já estava quase enlouquecendo por não por parafora suas frustrações. Brice continuava “acompanhando–a”. Estava na

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cidade há apenas cinco dias e todos já falavamdele. Os comerciantes embreve iam iniciar um culto para endeusá-lo por ter dado chances deinanciamento a todos eles, além de conselhos econômicos e legais. Anotícia de que ele pretendia icar já se espalhara e as poucas moçascasadouras da cidade já estavam com as orelhas em pé, a inal, era omelhorpartidoque todosali jáhaviamvisto. Seele eraumdosmelhorespartidos de Nova York, imagine a sensação que era sua presença emMarbleCity.Anneliseestavaapontodecomeçaraarrancaroscabelos.

–Sejabemvinda,querida!–Faith,esposadeReynold,abraçouAnnelisequandoelaentrounacasadetioRolfe.

Eramuito comumeles seencontraremparaumalmoçodedomingonacasa dos Rolfe. Após a igreja alguns dos convidados iam ajudar oucombinavamdeaparecermaistarde.

– Hoje nós temos uma presença ilustre em nosso almoço! – DisseReynold,enquantoentravajuntocomBrice.

Elejáconheciatodosospresentesporteremidoaoseubancooutê–losencontradopelacidade.SónãotiveratempodeconversarcomTioRolfeenemSweetAlice.Eramduas igurasmuitoamadasemMarbleCity.Sempretinham bons conselhos para dar e Sweet Alice já acolhera inúmerascrianças desgarradas que apareceram em sua porta. Hoje eram todosadultoscomsuasprópriasfamílias.TioRolfeajudavacomopodia,antesdehaver um banco ele havia ajudado algumas pessoas inanceiramente eestas construíram seus estabelecimentos na cidade, como a barbearia, apadariaeorestaurantedohotelondeBriceestavahospedado.

– Este assado está um absurdo de bom – disse Brice. Faith icouvermelha de alegria por alguém acostumado a restaurantes tão inosgostardesuacomida.

Annelise não havia entrado em detalhes, mas todos sabiam que elatambémvieradeNovaYorkepertenciaaumafamíliadeboacondição.SóquenãofaziamideiadequeeraumafamíliaricaqueparticipavadocirculosocialdosWincross.Assim, jamais ligariamumacoisaaoutra.Tinhamatéreceiodepareceremcaipirasdemais,achandoquepessoasvindasdeumacidadetãograndeiriamseconhecercomoaconteciaemMarbleCity.

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– Tenho certeza que lá no meio da gran inisse você não encontra umtemperodesses!–DissetioRolfe,piscandoparaBrice.

–Osenhortemtodarazão!–Eleconcordou.

–Estácaladahoje,Annelise.Geralmenteéuma tagarela!–DisseSweetAlice.–Nãodigaqueestácomvergonhadavisita.Dentretodosaqui,vocêéamenoscaipira!

TodosrirameAnnelisetentourirtambém,ninguémnotouquandoelaeBricetrocaramumolhar.

– Claro que não. Estou apenas observando vocês bajularem tanto o Sr.Wincross–elarespondeu,evitandoolhá-lonovamente.

Brice levantou a sobrancelha, quando ela o chamara de Sr. Wincross?Certamentenãonessavida.

–Euquemdeveriabajularatodosaqui.–elecomeumaisumpedaçodacarne. Estava deixando Annelise irritada por conquistar a todos tãofacilmente com seu jeito carismático e educado. Era muito espirituoso esempre tinha um bom comentário para adicionar ao assunto. Mesmoquandoadmitiaquenãoentendiadeplantaçõesegado.

– Esse abate é daqui mesmo, da fazenda do Agostine – comentouReynold e eles passaram a falar das qualidades da região, das fazendas,cidadesvizinhasetudoqueBricedeveriasabercomonovomorador.

Annelise estava procurando um motivo para ir embora mais cedo.Vasculhava sua mente em busca de mentirinhas inofensivas, mas icavadi ícil inventar algo para aquelas pessoas que agora a conheciam muitobem.EspecialmenteSweetAliceque sabia todaa sua rotinaeparaquemcontavatudo.ElaeraaúnicaquetinhaideiadequemelarealmenteeraeporquevieraparaMarble,masnãosabiasobreBrice.

– Eu não sabia se você ainda usava o Barton como sobrenome. Porincrível que pareça, ninguém se referiu a você como Srta. Alguma Coisa.Todos na casa a chamam pelo nome e os outros falam apenas daprofessora – disse Brice quando encontrou Annelise do lado de foraolhandoparaacidademaisabaixo.

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–Sóporqueestamosnomesmoalmoço,nãosigni icaqueeutenhaalgoparafalarcomvocê–elarespondeusecamente.

–Euestavatentandoencontrá-laemalgumlocalemquevocênãofossecorrer por cima das pedras e se machucar – ele continuou, como se elahouvesselherespondidooutracoisa.

–Sobreisso,euqueroquesaibaqueeupassoporaquelecaminhotodososdias,muitoantesdevocêchegar.

–Epeloqueaveriguei,deixatodosmuitopreocupadoscomisso–agoraeleaolhou,poisconseguirapassaraprimeirabarreiraefazê–laentrarnoassunto.

–Nãoédasuaconta.

Ela inalmente se virou para ele e o encarou.Odiava ter de olhar paraele.Ressuscitavatodasas lembrançasquequeriaabafar.Eleestavaaindamaisbonito,maismaduroeaquelevisualrústicolhecaíabem,assimcomoabarba rentequeostentavaagora.Estavamdo ladode foradabela casadecampodosRolfe,todoscontinuavamládentroapreciandoaconversaeasobremesa.BricehaviadadoumjeitodeescaparassimqueviuAnnelisesaindonapontadopé.

–Porquevocêveio?–Elaindagou.–Porquelogoagora?

– Eu lhe disse, vim por sua causa. E o que tem de tão especial nessemomento?

– Eu tinha inalmente encaminhado uma vida melhor na qual eu merespeitavaeestavadeixandotudonopassado.

– Annelise, eu não soumotivo para você deixar a vida que tem agoraparatrás.Euvimembuscadamesmacoisa.Sevocêtemmedoqueeudigaalgosobreonossopassado, iquesabendoqueeupre iroquenãosaibamcomoeufuitolo.Provavelmentenãomerespeitariammais.Nósnãovamosesqueceronossopassado,masnãovamosviverapartirdele.

– Eu estava indo muito bem na missão de esquecer tudo! – DisseAnnelise,esperandoquenãotivessedepagarporessamentira.

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– Era mentira. Quando em sã consciência eu ia dizer que você meperseguia?Eporqueeuconfessariaoque tivemos,quandoera tudoquevocême pedia para não fazer? Eu aceitei aquele maldito acordo porqueeraocertoafazerenãooqueeuqueria.

A porta que dava para a varanda abriu e Sweet Alice apoiou–se namaçaneta.Elesdisfarçaramrapidamentedomelhorjeitoqueconseguiram,mas parecia que havia uma nuvem negra sobre a cabeça deles e seussemblantes estavam tão carregados que demoraram segundos preciososparasorrirfalsamente.EapulgaatrásdaorelhadeSweetAlicecomeçouapular.

– Vim descansar na varanda – ela olhou para Brice. –Mania de velha.Após o almoço eu gosto de tirar um tempinhodo ladode fora, olhando apaisagem...

Annelise virou–se para Brice depois que a senhora se afastou e foisentar–se na cadeira de balanço no canto da varanda. Manchinha quesempre icavaesperandonavarandaveioabanandooraboefoiseguindosuadona.

–Eunãoacreditoemvocê–Annelisedissebaixo.

–Eusei–elemoveuoslábios,quasesememitirsom.

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Capítulo4

Duas semanas depois, os jovens da cidade estavam um poucoenciumados porque todas as moças pareciam só ter olhos para o Sr.Wincross.Nãoeracomosetodasestivessematrásdeleparasecasar,masagoraqueriamqueosrapazes locaissecomportassemcomoele.Queriamque tivessem mais modos, fossem mais gentis, mais educados, limpos,prestativos, arrumados, cheirosos e muitas outras exigências. Tudoestritamente baseado no comportamento do Sr.Wincross, um exemplo aser tomado e referência do que se fazia na cidade grande. Annelise sóandava por aí resmungando que ele era um péssimo exemplo emereciaumsocoparaentortaraquelenarizbemfeito.

Brice só não estava tendo problemas com os outros homens porqueagora todos já sabiam que ele só tinha olhos para a professora. Logodescobriram que ele ia acompanhá-la diariamente e coincidência ou não,ele sempre estava onde ela estivesse. E logo a professora, desde quechegou lá nunca deu a menor chance ou mesmo indicação que estavadispostaaqualquertipoderomance.Ehouvemuitosrapazesinteressados,masnãodavamnempara saída.Ninguém tinhaamenor chance comela,podiadispensarqualquerumnumestalardededos.Edepoissetornoutãorespeitadapordaraulasàscriançasqueoshomenstambémnãoqueriamtentar. Principalmente porque a cidade inteira estaria de olho, vigiandoparaqueopretendentenãofizessenadademalparaaprofessora.

MasentãochegouoSr.Wincrossecomodonodobanco,recebiaalgumdescontopara icardeolhonaprofessora.Ehaviaalgumpretendentemaisadequado? Ele cabia no conceito popular. Em duas semanas virara acelebridade local. Até pacotes de compras das senhoras ele estavacarregando,alémdecomparecersemprequelheconvidavam.Quasetododiaumadassenhorasdaassociaçãodosidososialhelevarumbelopedaçodebolonobanco.Ejáatésabiamcomoelegostavadocafé.Issoemmenosdeummês.Anneliseestavaprontaparadar–lheumtiro!

–Oquevocêestá fazendoaquinomeiodatarde?–Annelise indagouaBrice, estavam na sala da escola, as crianças brincavam e lanchavam doladodefora.

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–Pode abaixar as armas, dessa vez não vim importuná–la.Quero falardaescola.

–Oquetemaescola?–Elacruzouosbraços,totalmentenadefensiva.

–Precisadereparos.

–Nãoprecisoquemedigaisso,eujánotei.

–Eusei.Masaescolaédacidade,nãoé?Euqueroajudar.Vocêprecisade uma sala separada para a diretoria. Não existe um espaço para ascrianças comerem e o pátio precisa de cobertura para dias chuvosos oumesmoumasombraparadiasensolaradoscomoesse.SweetAlicetambémme disse que seria bom ter uns berços na sala dos menores. E que talaumentarasala,essaparece jáestarapertada–eleolhouparaasmesasbemcoladasqueosalunosdividiam.

A cadapalavraqueeledizia, o cenhodeAnnelise ia franzidomais.Atéqueelacomeçouaabrirabocatambém.

–Edeondevocêtiroutudoisso?EquandofoiquefaloucomSweetAlicesobre a escola? – Ela perguntou, exasperada e quase revoltada com asinformaçõesqueeletinha.

– Eu venho até aqui todos os dias para acompanhá-la, é obvio que járeparei na escola. E eu conversei com Sweet Alice após a missa. Naverdade,elaveioconversarcomigo.

– Eu não acredito nisso – ela balançou a cabeça, até o Sr. Denver, opastordaigrejadonortedacidade,virarafãdeleeBricenemseguiasuareligião. E o padre Raymond já estava até o descrevendo como outradádiva que a cidade ganhou. A única coisa que lhe faltava era eleconquistar até as lideranças religiosas da área. Annelise de initivamenteprecisava dar uma pedrada nele, porque não seria capaz de lhe dar umtiro.Elasentiaqueenlouqueceriasenãojogassealgonacabeçadele.

–Eudisseaelaqueajudaria–elecontinuou.

–Sei!

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– Mas não quero que nada mude entre nós. Pode continuar meignorando se isso vai deixá-lamais confortável. Eu quero ajudar, investiremeducaçãoéválidoparamim.Vaiajudaressacidadeacrescer.

– Mal chegou aqui e já pensa no crescimento de Marble... – Eladesdenhou,comoseelenãoestivessefalandosério.

–Defato,essacidadeconquista.Começoaentendê-la–elepassouamãopelo cabelo e soltouo ar. –O Sr. Clemmons tambémconcordou emalisaraquelaestradinhaquedánaescola.

–Ótimo,pelomenosvocêvaiparardemeseguir.

–Nãocontecomisso.

Elacruzouosbraçosevirouorosto.Briceaproveitouparaseaproximar.

– Já faz dois dias que eu não rea irmoque era tudomentira. Eu tenhocoisasparalhedizer,VivianjamaisconfessariamaisIversoncontousobreo dia que foi a sua casa. Eu sei o que ele disse, Annelise – ele parouolhando–aedisseumpoucomaisbaixo,haviaemoçãoemsuavoz.–Eportudo que vivemos juntos, você acha mesmo que eu faria isso com você?Quedesdenhariadotempoquepasseiaoseulado?Osdiasmaisfelizesdaminhavida...

Elasentiuumcalafriosóporlembrar-sedaqueledia.Etevedemorderolábio para não perguntar a ele quando falou com o seu pai e o queexatamenteaquelemalditodisse.MasdessavezBriceconseguiuperfuraraquelacascaduraqueelaconstruíracontraele.Malditofosse.

– Você disse que não veio para isso – ela respondeu, tentando não seesconder embaixo da mesa para não escutá–lo falar daquela forma comela, sem querer reconhecer que ainda sabia quando ele lhe falava averdade.

Briceseafastoueandouemdireçãoàsaídalateral.

–Programeasfériasdascriançasparafazermososreparos–eledisse,voltandoaotomneutro.

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–Sóestouaceitandoissopelascrianças–elaavisouevoltouparapertodesuamesa.

– Eu sei. Mas convenci o Sr. Clemmons e vamos encomendar algunslivrosparacomeçarumabibliotecaaquinaescola.

–Nãovouagradecê-loporisso–Annelisesabiaquesoavarabugenta.

Ele parou na porta e deixou que umas crianças passassem correndoenquanto gritavam cumprimentos para ele, até o nomedos pequenos eleestava começando a memorizar. Antes de chegar a Marble só conheciaduascrianças,seusdoissobrinhosdequemelejáestavasentindofalta.

–Eu seiqueamagoeimuito.Aindamais comamentiraque creditouamim por todo esse tempo.Mas fora isso, eu era uma pessoa tão ruim aopontodevocênãoconseguiracreditarqueeupossa fazerboasaçõesemproldessaspessoas?

–Não...–Elabalançouacabeçaesentou–seatrásdesuamesa.–Masédifícildesassociaravidapessoal.

Ele apenas assentiu. Era realmente muito di ícil, ele foi até lá falar daescola,dascriançasedacidade.Masquandoestavanomesmo lugarqueela só conseguia olhá–la, admirar os detalhes, ansiar e machucar–se aonotar como aquele cabelo castanho parecia mais dourado por ela estarpegando sol, assim como sua pele já não eramais tão clara e seus olhosazul–escuroscontinuavamosmesmosqueelepodiagastarorestodesuavida contemplando. Sua Anne havia amadurecido muito nesse tempo,estavamaisbonita,maisresoluta,adquiriraumateimosiadi ícilde lidareeleamava–amaisdoquepodiasuportar.

Haviauma casa antiganos arredoresda cidade, o terreno era amplo eplano,dariapara cercá-lo e fazerumbelo jardimcommuitoespaço,umaestufa e um lugar para os cavalos. Brice gostou dele, pertencia a umfazendeirodasredondezas.Eleea famíliahaviamsemudadoparaacasada fazenda e não podiam manter duas residências, mas ainda nãoapareceraumcomprador.Poisbem,issojánãoeramaisproblema.

–ÉverdadequeoWincross comprouo casarão?–Essaeraa frasedodianacidade.

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–Piorqueé!–RespondeuoSr.Neil,donodosaloonmaisrespeitadodeMarble. – Para ele deve ter sido uns trocados e nós aqui de olhosarregaladoscomovalorqueomalucodoBoldestavapedindo.

– Eu ainda não sei o que um homem rico viu aqui. Até parece que euviriaparacásetivesseodinheirodele–comentouumhomemqueestavasentadonobarsegurandoumcopopelomeiocomumlíquidoâmbar.

– Mas você não é rico, James. Não tem como entender a mentalidadedeles–oSr.Neilbateudoladodacabeçaevoltouaenxugaroscoposqueacabaradelavar.

Anotícia jáhavia chegadoatéaescola,poisSweetAliceeramuitobeminformada. Todos corriam para lhe contar tudo que acontecia na cidadecomosefossedeverdelaficarcientedetodasasaçõesdosmoradores.

– Ele fez o que? – Exclamou Annelise, com os olhos maiores que seurosto.

–Eu faleiqueessacidadeémágica,querida.Quemvemparacánuncamaisquersair–diziaasenhora,todacontente.

Annelise duvidava um pouco disso, pelo menos no caso de Brice, maspreferiunãodizernada.A inal,eramuitapresunçãopensarquetudoqueele fazia era por causa dela. Mas também era coincidência demais. Maistarde quando ele estava lá novamente para acompanhá-la, ela quemcomeçou a falar, para surpresa dele que fez de tudo para esconder osorriso.

– Que história é essa de você ter comprado uma casa aqui? – Elaperguntouemtomacusador.

–Eulhedissequequeriaficar.Masvocênãoacreditou.

–Vocêsóquermeinfernizar!–Continuouacusando–o.

–Pelocontrário.Talvezsevocêmeescutasse,suamágoadiminuísse.

– Cansei de escutá-lo. Nunca deu em nada, não émesmo? – Ela disse,sentindoseuprópriocinismo,masagoraelanãopodia icarselembrando

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de que esse era não só o único homem que ela amou, como também oprimeiroamigoqueteveeaúnicapessoaqueseinteressouemtirá–ladoburaconegroemqueseenfiou.

–Seissofosseverdadeeunãoestariaaquiagora.Evocêsabedisso–eledissemaisbaixo,comoseoseutomneutrohouvessefalhadoumpouco.

Elaignorouarespostadeleecontinuouseucaminho.Tododiaeraassim,elaiadescendonafrente,omaisrápidoqueasegurançapermitia.EBriceseguia calmamente, geralmente com as mãos en iadas nos bolsos, masmantendoopassonumritmoqueconseguisse conversar comelaquandoestavadispostaafalar.

–Amanhãésábado,Annelise–elediziaenquantoseguiaatrásdela.

–Eusei–elarespondeu,dessavezcomsuavozenãoumresmungo.

–Aoinvésde icarenfurnadanaquelasuacabaninha,porquenãovemalmoçar comigo? – Era a primeira vez desde que chegou ali que ele aconvidavaparaalgo.

Ela parou e colocou asmãos na cintura, virou–se tão rápido que fez abolsaquecarregavabateremseuquadril.

– Ah! Agora está se desfazendo da minha casa. Só porque acaba deadquiriramaiorcasadacidade!–Elaapontavaodedoparaele.

– Na verdade não – ele a alcançou e parou ao seu lado. – É umaestratégiaquetenhousado.Eulembroqueeradivertidoirritá-la.Vocênãoconseguianãodiscutir.

–Vocêdeviairparaoinferno...–elaresmungouevirou–senovamente.Annelisetambémtinhasuaestratégia,consistiaemnãofalarmuitocomelee nem icar muito tempo em sua companhia. Até o momento estavafuncionando, acreditava que ainda não izera nada tolo demais e nem seentregara.

Estavam chegando ao caminho que dava na casa dela. Annelise haviaplantado umas lores silvestres dos lados da passagem estreita. Bricedistraiu–seolhandoasflores,masadiantou–sepelocaminhoatrásdela.

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–Então,possocrerqueaceitaráviràcidadeamanhã.

Elasevirouapóssubirosdoisdegrausantesdechegaràportadacasa.

–Nempenduradadecabeçaparabaixonodiadasbruxas!–Elagritoudelácommuitaênfasenaspalavras.

–Nemmortajábastava!–Elegritoudevolta,cruzandoosbraços.

– Pois saiba que amanhã eu não vou icar escondida em casa comopensaque ico.Eutenhoumcompromissocomoutrapessoa.Ejávaitomartodo o meu dia – ela disse com muito gosto em mostrar que não viviaapenas“enfurnadanacabaninha”.

Bricefranziuatesta,masantesqueperguntassealgo,Anneliseentrouefechouaporta.Elevoltoupraticamentemarchandoparaa cidadee comoera sexta à noite, o saloon do Sr. Neil estava reservado para as famílias.Aquelesquegostavamdebeberatécairpodiamiraosoutrosdoissaloonsdacidade.

–Sr.ClemmonseuquerosabersetemalguémnessacidadequeeunãoconheçaesejadecenteobastanteparaseencontrarcomaSrta.Barton–perguntouBrice,indodiretodemaisaoassunto,masestavaquasesoltandofumaçapelasorelhasesempaciênciaparaconversaintrodutória.

OSr.Clemmonsfranziulevementeatestacomaquelaperguntadireta.

– Bem,meu rapaz... Eu não costumo falar da vida dos outros – disse oprefeito, contando uma mentira descarada. O que ele não soubesse, nãohaviaacontecido.–Masaomenosquesejademeuconhecimento–Agoraele se inclinara e falava comBrice em tomde conspiraçãoenumvolumequeninguémmaisouvisse.–Vocêéoúnicoqueandaatrásdaprofessora.

Bricenãopareceutotalmentesatisfeitocomisso.EntãocomquemdiabosAnneliseiaterumcompromissoamanhã?

–Eagoraquetodossabemquevocêestáatrásdela,aímesmoquenãovai haver concorrência – Clemmons limpou a garganta. –Mas quero quesaiba que aqui nessa cidade todos gostamosmuito da Srta. Barton e porissotomamoscontaparaquenadalheaconteça.

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–Ouseja,vocêsavigiam.

– Apenas cuidamos das joias da comunidade – Disse fazendo–se desonsoeabrindoumsorrisinho.

Annelisecolocouumvestidobonito,deumazularroxeadocomoasfloresquecercavamacidade.Penteouocabelodeumjeitodiferentedohabituale prendeu–o com um enfeite bonito. Então no inalzinho da manhã, elarumouparaa cidade.Agoraelaestavaconsiderandomuitoperigoso icarandandopela ruaprincipaldeMarble,poisvirara territóriodeBrice.Eraonde icavaobancoe todososestabelecimentosprincipais,maseraparaondeelaia.Ehojeerasábado,obancoestavafechado,oqueerapior,poisassimeleficavalivreduranteodia.

Decidido a saber comquemAnnelise pretendia passar o sábado, Briceacordoumuitocedoe icouesperandoqueelapassasse.Jáestavacansadode icar lá quando en im a viu passando. Amarrou logo a cara por notarque elahavia se arrumado toda,masparaque?Oupior, paraquem?Elenemdormiradireitoeagoraestavacomocoraçãoacelerado,temendoqueelafosseseencontrarcomalgumpretendente.Jáestavaquaseimpossívelconseguirseaproximardelaeelehaviaprometidoparasimesmoqueseelaestivesseapaixonadaporoutrapessoa,eleadeixariaviversuavidaempaz.

Mas agora estava sendo torturado por essa possibilidade. Tentava serotimista, pensando que se houvesse outra pessoa, ela já teria esfregadoissoemsua carahámuito tempo.Tinhadeacreditarnisso.Oproblemaéque ela cumprimentava muita gente. Sábado de manhã a cidade icavamovimentadademais,cadahomemqueelaparavaparacumprimentaroutrocarumaspalavraslevava–oaodesespero.

–Annelise!–elechamou–aeaalcançoudepoisdeterrangidoosdentespara se controlaraovê–la conversandocomoguardaRobbins,umrapazjovem e bonito que podia muito bem ser o “tal”. As moças da cidadegostavamumbocadodele.

–AhmeuDeus... – elanempôdedecidir separavaou continuava, poiselebloqueousuapassagem.

–Paraondevocêvai?–eleindagou.

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–Eissoporacasoédasuaconta?–Elacolocouasmãosnacintura.

–Euacabeidedecidirqueé–emrespostaaogestodela,elecruzouosbraços.

–Nãoé!Saiadaminhafrente–eladeuavoltaecontinuoupelacalçadademadeira.

–Euachoqueémuitocedoparaencontros–eleagoraandavaao ladodela.

– Olha só quem está falando. E eu não vejo nenhum perigo nessascalçadas,nãoprecisameacompanhar.

– Não concordo. Eu estou vendo perigo para todos os lados – eleestreitou os olhos, olhando em volta, principalmente para rivais empotencial.

–Vocêprecisaserinternado–elaparouafrentedeumlocalcomportasduplasemazuleenfeitadascomvidro.Davaparaescutarmúsicavindoládedentro.

– O que é isso? – ele icou olhando para o estabelecimento de doisandares.

–Vá embora, Brice. Eu não o convidei para vir comigo – ela entrounacasa,maselefoijuntocomela,decididoaveracaradoseurival.Asfavascomoquetinhaseprometido.Nãoiaentregá–ladebandejaparaninguém,jáhaviaidolongedemaiseagoraialutarporelacomquemfosse.

Ládentrohaviaumbandodecadeirasespalhadas,mesascominúmerospratossortidos,divididosentredocesesalgados.Abandaestavaaofundotocando umamúsica animada. Alguns personagens da cidade circulavampelosalão,masprincipalmenteidosos.

Não demorou muito para Brice entender que era uma festinha daassociação. Marble tinha muitos idosos, quase todas as crianças a quemAnnelise dava aula tinham avós e até bisavós. A cidade estava serenovando e crescendo, mas as gerações anteriores permaneciam lá,vendocomotudoestavasedesenvolvendo.Porisso,formaramessegrupo,

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assim faziam reuniões, tinham a banda e as mulheres ainda vendiamcosturas,boloseafins,parateremumaocupação.

–Oqueéisso?–Eleindagou.

–Umafesta–elarespondeu,fazendocaradequeeraóbvio.

ASra.Clemmonsseaproximoudeles, trazendomaisduassenhoras.Elanão chegava a ser idosa ainda, mas sua irmã mais velha era, por issoestavasemprepresentenesseseventosquegeralmenteeramaossábados.

–Quebomquevieram!–Elasorriuparaosdois.–VejoquetrouxeoSr.Wincross,jáerahoradeelecompareceranossafestinha.

Annelisetevevontadededizerquenãootrouxecoisanenhuma.Elequenãoadeixavaempaz.Mas iapegarmuitomal seeladissessealgoassim,aindamaisali.Assimquepôde,Annelise fugiudacompanhiadeleque foicapturado pelas suas adoráveis fãs que gostavam muito de lhe enviarpedaços de bolo. Ela imaginou se ele icaria entediado e quem sabe iriaemboraantesdela.Masquandooencontrounovamente,eleestavametidoem uma roda de conversa, sentado em uma das cadeiras no meio dassenhoras. Escutava as histórias que elas contavam de suas juventudes etambém contava sobre seus avôs e dizia que seus pais iam adorarconhecer todos ali. Todas queriam que ele provasse os pratos que elashaviam levado,mas comoBrice parecia ter um apetite ilimitado, isso nãoeraproblema.

Faltava conquistar os senhores, mas isso foi ainda mais fácil, pois eleaprendeua tocaralguns instrumentosnocolégioe logoestavaen iadonomeio da banda. E com os outros que não tocavam, tambémnão foi di ícilfazeramizade, foi só começara contardasperipéciasqueele fezquandoera mais jovem enquanto os idosos também contavam da sua época deglória.Annelisehaviaesquecidoqueeleeraummaldito conversadorqueprestava atenção em tudo que lhe diziam. Talvez ela devesse queimar alínguadelecomcaféquente.

– Eles são maravilhosos. Lembram meus avôs. Eles também eram docampo. Nunca gostaram da cidade – disse Brice, quando encontrouAnnelise perto dos biscoitos. Ele olhava de forma saudosa para aquelesidosos,provavelmentesentindosaudadedeseusavôsjáfalecidos.

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– Jáestánomeioda tarde, euvouembora–ela respondeuevirou–se,partindoemdireçãoaporta.Nãoqueriaolharparaa facesaudosadeleeadorá–la e nem começar a trocar impressões sobre os avôs que elamalconheceraeerampaisdeIversonenadaparecidocomoqueBricehaviaconhecidocomosseus.

Brice virou–se para ver se ela estava mesmo indo embora. A Sra.Clemmons veio até ele falar sobre a casa que ele comprara, pois ela lheindicaria os trabalhadores que cuidaram da reforma da sua casa. Eleachou a reação dela muito estranha, então deu um jeito de se livrar daesposa do prefeito e saiu também. Annelise provavelmente havia corridoou no mínimo andando muito rápido, pois já a encontrou tomando ocaminhoacidentadoparasuacasa.

–Annelise!

–Medeixeempaz!–Elarespondeu,apertandoopasso.

–Não!–Elepulouaspedras,cortandocaminhoatéaestradadeterraeaalcançou.–Qualéoproblema?Vocêsimplesmentefugiudelá.

–Você!–Elaapontouparaele.–Vocêéoproblema.

–Euquasenãofaleicomvocêhoje.

– Não importa! Você veio para cá e simplesmente arruinou tudo! Eutinhaumavidadiferente,erapacataerotineira,nada,simplesmentenadademaisacontecia.Maseuestavabemcomisso.Estavaótimoatévocêviretrocar tudo.Agoranão consigomais andar sozinhapor aí. Provavelmentenemconsigomaisfalarsozinha,jáquevocêresponde!Eramelhorterfamadeprofessora fadadaasersolteironadoquedemulherperdidacomoeutinhaláemNovaYork.Masvocêestragouissotambém!Agoraeunemseioquesou.

–Vocêestavarealmentebemcomissoquedescreveu?

–Eramuitomelhordoqueavidaqueeutinhalá.

– E você não consegue imaginar nada melhor do que isso para siprópria?Euaindaachoquevocêalmejapormuitasdascoisasquequeria

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antes.

–Vocênãosabedenada!

Ela se virou bruscamente, pronta a retomar seu caminho, masjustamente hoje, algo deu errado. Aquelemesmo caminho que ela estavatão acostumada a percorrer e que insistia em dizer que não lhe ofereciaperigo algum, hoje a traiu. Tropeçou em uma pedra pontuda e porsegundospôdeseenxergarcaídanochão,tãosurpresaesemdefesaquebateriaorostocontraaquelaspedras.Masparasuasorte,Briceimpediu.Eissocausoutudoqueelanãoqueria.Talvezfossemelhortercaído.

Brice incou as botas no chão quando conseguiu agarrá-la a tempo epassar o braço a frente de seu corpo, equilibrandoo pesodos dois, paraque não tombassem. Annelise arregalou os olhos, mas não sabia se erapelo susto da queda ou por ele tê–la segurado. Brice virou–a para ele eolhouseurosto,notouqueelaaindaestavachocada.

Eraalgomuitosimples,ele jáestava láhámaisdeummês,encontravacomelatodososdias,conversavam,mesmoquefosseasturrasediscutiammaisainda.Eleaacompanhava, frequentavaosmesmos locaise conheciaasmesmas pessoas.Mas desde que ele chegou, jamais haviam se tocadoalémdossegundosqueelepegouseupulsonaportadaigreja.Atéagora.Efoicomodevastarumaplantaçãoenraizadaemcercadesegundos.

– O que você anda escondendo debaixo de toda essa raiva? – Eleperguntou, aproveitando o fato de estar segurando–a irmemente pelacintura.

Annelisebalançouacabeçaesemoveuparasoltar–se.Colocouasmãosnosbraçosdele,tentandoacabarcomocontato,mas icoupiorquandoelaquemacaboutocando–o.FicouolhandoparaosbotõesdacamisadeBrice,evitando encará-lo. Uma voz interior gritava:Covarde! Mas ela aindapreferiasaircorrendo.

–Bomsenso–elaconseguiuresponder.

– Estaria o seubom senso se escondendopor não funcionar ou você omantémescondidodepropósito?

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Ela quase abriu a boca para dizer que ele era uma grande ameaça aoseubomsenso,masissoseriasedenunciar.

– É obvio que eu iquei com raiva por tudo que aconteceu. Seriaestranho se eu não houvesse sentido nada. Mas eu havia conseguidoesquecer isso, havia enterrado tudo lá no fundo.Mas justamente quandoeuconsegui,vocêvoltou.

–Eusótivecoragemdevirprocurá-laporqueeutenhoabsolutacertezadoquesintoporvocê.Euerreievimmuitolongeparadesistiragora.Diga–mequenãosentemaisnadaeeuprometoqueireireconquistá-la.Massevocêaindasente,eunãovoudeixarquenossoserrosdopassadoimpeçamavidaqueaindapodemoster.

Annelisebalançouacabeça,elepodialhedizertudoquesentia,maselanãopodiasimplesmenteignoraroqueaconteceuecomosesentiu.AquelefoiopiorNataldesuavida,passousozinhaemSouthampton, tentandoseobrigar a não chorar enquanto lembrava-se do Natal antecipado. Eraterrívelsentir–sedeixadade lado,acharquenãovalia tantoquantooutrapessoae icar imaginandoquaiseramosseusproblemasparaquenuncafosseapreferidaparanada.

Eobviamenteque a visitado seupai foi oque arruinoua situação.Elesemprefoioprincipalapreteri–la.Nuncaconseguiuagradá-loosu icienteparareceberelogioscomosuas irmãs.E justamentequandorealmenteseapaixonou,tinhaqueserporumhomemcomprometido.Elanãooculpavapor isso, os dois se achavam culpados. Cada um da sua maneira, seucoraçãonãofoidespedaçadonodiadocasamento,massimquandoseupaifoiatésuacasalhedizeraquelasmentiras.

Elapodia ter tentado ser forte, estava segurandobemos seuspedaçossabendo que tudo havia acabado. Mas no fundo, todos querem serescolhidos,especialmentepelapessoaqueamam.Suamentesabiaquenãoaconteceria, ela dissera que o certo era que eles terminassem parasempre.MasnadadissoimpediuqueseucoraçãofossequebradoquandoBrice icoucomoutraetotalmentedespedaçadoporsaberqueelesemprepreferiu a tal noiva ao ponto de mentir e difamar para conseguir ocasamento.Eradi ícilacreditaragoraquefoitudoumamentiradoseupaiedatalVivian.Forammesesdesofrimento,osolnãosimplesmentevoltava

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abateremterrasdevastadasetraziatudoàvidaemumdia.

–Oquevocêquer?Nãoadiantamaisdizermosquesentimosmuito.–elaperguntoubaixo,fazendodetudoparanãosedeixarabalar.

– Quero que me escute. Eu sei que não adianta, pois nenhuma dasinúmeras maneiras que imaginei para me desculpar serve de algumacoisa. Mas agora eu quero um futuro para nós. – Vendo que ela apenasvirava o rosto de forma incrédula, Bricemanteve o tomdecidido – E nãomedigaqueémuitotarde,poisnãoé.Dê–nosumasegundachance,Anne.

Ele observou enquanto ela se virava lentamente e resmungava algumacoisa, depois rumava para casa pelo meio do caminho estreito para tercerteza de que não cairia novamente. Ao menos dessa vez ela havia lhepedidoparadeixá-la sozinhaenãoparadeixá-la empaz.ParaBrice, issofaziamuitadiferença.

Agoraqueoúltimoencontrodeleshaviarealmentesurtidoalgumefeito,estava di ícil para Annelise continuar escondendo a verdade de SweetAlice. Principalmente porque a senhora já testemunhara três episódiosestranhos entre eles. Ela não era boba, estava notando que a tensãoaumentava a olhos vistos. E por que Annelise ia precisar fugir do Sr.Wincross?Amenosqueelesjáseconhecessemeestivessemescondendoojogo. Sem contar que foimuito estranhoo donodo banco ter acabadodechegar à cidade e já ter se encantado com a professora a ponto de iracompanhá-ladiariamente.

Seelesnãofossemconhecidos,Anneliseficarianomínimocommedoporicar sozinha com um homemque nunca viu na vida. Sweet Alice achavaqueoSr.WincrosseraomotivoporAnneliseteridomorartãolongeassimcomoelaeraomotivoparaeleestarali.AspessoasdeMarblepodiamatésercaipiras,masdessavezestavamcertosaopensarqueelestinhamqueseconhecerjáqueambosvieramdamesmacidade.

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Capítulo5

Na semana seguinte, Annelise estava organizando uma festinha paraalgumas crianças que fariam aniversário naquele mês. Como as famíliasnão tinham muito dinheiro concordaram em contribuir com um pouco,assimpodiam fazernaescola. SweetAliceveiodecaronacomTioRolfeetraziaumboloenormeetodoconfeitado, feitopelassenhorasdoclubedaterceiraidade.

– Elas me disseram que o Sr. Wincross pagou seus serviços e todo omaterial para que izessem o bolo – Informou Sweet Alice assim que TioRolfe deixou o maravilhoso bolo sobre a mesa e as crianças icaramolhando,prontasparaganharumpedaço.

– Raios! – Disse Annelise, antes de se afastar, parecendo furiosa. Mastudoquefezfoiirbuscarumafacaemaispratos.

Doisdiasdepois,oSr.Clemmonsapareceunaescolacomduascaixasdelivros,dizendoqueoSr.Wincrosshaviamandadoqueopróprioserviçodobanco trouxesse a encomenda junto com os papéis e o dinheiro quetrouxerampara ele.Annelise aindanão tinha tiradoda cabeça a ideiadedar uma pedrada em Brice. Agora ele era mais do que adorado. Até ascrianças falavam do maldito Sr. Wincross, pois seus pais viviam oelogiando. E elas icavam eufóricas dizendo:Hoje eu fui ao banco! Quemundoeraaquele?Geralmentenãoselevavacriançasaobancoeelasnãogostavamdeir.MasemMarbleCitytinhaqueserdiferente.

Apróximanotíciaqueela tevedele foi sobreamaravilhosa carruagemque havia chegado. Ela foi escondida dar uma olhada e constatou queaquelas pessoas realmente eram caipiras. Era uma carruagem nova,lustrosa,bem feitae forte,mas simples.EmNovaYorknãoganharianemuma segunda olhada,mas ali, era o acontecimento. Pelomenos omalditoSr.Wincross tinhabomsensoe trouxeraumveículonormal,atéparecidocom aquele que o Sr. Clemmons tinha. Assim não icava nada muitoostensivo. E junto com a tal carruagem, vieram trabalhadoresespecializadospara a nova casadele.A inal, segundoopróprio, já estavacansadodohotel,precisavadeumcantopessoaleumlugarparaterseuspertences. Ela ingia que não estava prestando atenção, mas escutava

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muitobemtudoqueeledizia.

–HojeosaloondoSr.Neilvaipromoverumanoitedetortas–informou–lheBrice,enquantoesperavaqueelaacabassedeguardarseuspertencesnabolsa.Elenotouqueeraumabolsacara,provavelmentedotempoqueela vivia emNovaYork.Depois que semudouparaMarble, Annelise nãocomprou acessórios novos. Apenas vestidos mais simples e sapatos. –Venhacomigo.

– Estou muito gorda para icar comendo tortas – ela respondeu,colocando logo a bolsa no ombro antes que ele resolvesse carregá-lanovamente.

– Está realmente tentandome enganar com essa desculpa? Eu sei quepor baixo desses vestidos soltos que está usando, continua tão bonitaquantosemprefoi.Aliás,creioqueoexercíciodesubiredescerporessescaminhosdiariamenteafinousuasilueta.

Annelisecruzouosbraçoseoencaroucomosefosserepreenderumdeseusalunos.

– E eu imagino que você nem pensou em não icar reparando nessascoisas!

– A culpa é inteiramente sua – ele respondeu, sem o menorconstrangimento – Venho buscá-la todos os dias e você vai andando aminhafrentedurantetodootrajeto.Paraondequerqueeuolhe?

– Que tal para a paisagem? – Annelise passou por ele rapidamente eBricesaiudafrente,depoissevirouseguindo–a.

– Mas eu vou olhando uma bela paisagem. Todos os dias. Em minhaopiniãoéamaisbelaeinteressante.Eaindasemove,meusdiaspreferidossãoaquelescommuitovento.

Annelisenãoacreditouqueestava icandovermelha,jásabiamuitobemporqueelepreferiadiascomvento.Aqueletecidolevedeseusvestidoserafacilmentelevantado.

–Poissaibaquenãovoucomertortanenhumacomvocê.

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–Sóporqueeu falei a verdade?–Ele atéusouum tomultrajadoparadarênfase.

– Porquenãoquero ser vista na sua companhia novamente. Já basta oquetodosestãofalandoporaí.Nãoestoucomprometidacomvocê.

–Novamente?Masvocêévistaemminhacompanhiadiariamente,todossabemquevenhoacompanhá-la.

–Oquejáésuficiente.

Eleandoumaisrápidoealcançou–a,passouaandarbemaoladodela,omaispróximoqueocaminhopermitia.

– O que você está fazendo? – Ela encolheu o braço, não conseguiaesconder, tinhatantoreceiodetocarnelequeviviafugindo.Oclimaentreeles icara muito estranho depois daquele dia que ela quase caíra,principalmentenaopiniãodela.

– Estou cansado de olhar para suas costas, quero olhá-la nos olhosenquantofalo.

–Mas...Masassimeunãoconsigoandardireito–elaseagarrouabolsacomoformadeproteção.

–Entãonãoande–eleparouefezcomqueelatambémparasse.–Paredeficarserefugiandonaquelacasinhaevenhacomigo.

–Não!

– Isso não adianta, Annelise. Pode icar lá hoje,mas amanhã bem cedoprometoquealevareiparaaescola.

–Nempensenumacoisadessas.

–Entãovenhacomigo.Aomenosláestaremoscercadosdepessoas.

Elavirouorosto,aindaagarradaàbolsa,pareciaponderar.

–Talvezeupossair...Afinalnãofizojantar.Maspossoirsemvocê.

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– Ótimo, nos encontraremos na entrada – ele determinou e sorriu,fazendo–a desviar o olhar para não ver aquele belo sorriso dele com asmesmasrugas levesdos ladosdeseusolhosqueodeixavamtãoatraentequandoria.

Annelise foi para casa e se arrumou rapidamente, não tinha muitosvestidosdesair,apenasaquelesqueusavaemNovaYork,todosmuitobemguardadoseelasempre tiravaparaarejar.Colocouumdosvestidosmaissimplesquetinhaparapassearduranteodia,masaliemMarbleeracomose fosse algo extremamente chique. Não podia negar que gostava dasensaçãodaquele tecido,eradiferentedasroupasqueusavanodiaadiapara ir dar aulas. Usou duas gotinhas de perfume, ela ainda tinha o quetrouxera,a inal,sóusavaparasaireelanuncasaía.Duranteodiausavaaáguadefloresqueeravendidapelamãedeumadesuasalunas.

– Hum... Sapatos nada apropriados para o campo – observou Brice.Estivera encostado na parede próxima ao saloon, esperando que elaaparecesse.Pelovistoele jáprovidenciaraumarmáriomaisadequadoaolocal. Sempre aparecia com camisas diferentes das que usava paratrabalhar. Tinha botas de sair e de andar por aí, assim como calças detecidosecoresdiferentes.Atéroupasparamontarodanadojácomprara,poiseraoseuprincipalexercíciodiário.EssanoiteoptarapeloazulescuroeaindacheiravaacolôniamasculinaqueelareconheciaocheiroeelecomcertezatrouxeradeNovaYork.

– Não tenho outros, apenas aqueles que uso no dia a dia – elarespondeu,enquantoaproximava–sedaporta.

– Com esses sapatos tão perigosos, acho que terei de garantir suasegurançaquandovoltarparacasa.

–Euvoulhedarumapedrada–elaprometeu,commuitanaturalidade.

–Oque?–Briceolhou–aerealmentenãohaviaescutadoerradodessavez.

Elaentrounosaloonejáencontrouváriosrostosconhecidosespalhadospelasmesas redondasdo salão.OSr.Neil lheacenou, ameninaSallyqueserviaasmesastambémsorriuparaelaeacenouparaalguématrásdelaeAnnelise nem precisou olhar para saber que aquele aceno tão feliz era

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dirigidoaomalditoSr.Wincross.Ocheirodoambienteeramaravilhoso,astortas passavam deixando a fumaça perfumada levar os clientes pelosnarizes.ElesforamsesentarcomSweetAlice,TioRolfe,ReynoldeFaith.

– Venham, vão começar a servir as deliciosas tortas de carne da Sra.Rosberth – anunciou Reynold, referindo–se a uma das amigas de SweetAlice.

–Nãoimaginavaquetodosvocêsviriam–disseAnnelise,sentando–se.

– E vejo que o Sr. Wincross conseguiu convencê-la a vir – observouSweetAlice.

Brice sorriuquandoAnnelise lhe lançouumolhar assassino. Por acasoele andava discutindo seus planos com Sweet Alice? Ela já estava lhefazendoperguntasdemaiseeleaindapioravaasituação.

–Euadoroessastortas–Brice falouenquantocortavaumbompedaçocomogarfoecolocavanaboca.–Minhaavócozinhavaassim.Confessoquemeatraemmaisdoqueastortas inasesemgostodasconfeitariasnova–iorquinas.

–Ah,esserapaztembomgosto!–DisseTioRolfe.

Anneliseestavainconformada.TioRolfeeraumsenhormuitorabugento,não gostava de gran inisses esnobes e achava que as pessoas da cidadegrande eram muito metidas. Ela esperava que ele fosse antipatizar comBrice,masentãoomalditoSr.Wincrosscomeçouaconversarecontardassuasviagensedas enrascadasemqueesteve, ashistóriasque seusavôscontavam, sobre sua infância no campo, os costumes que seus pais nãoperderam...Havia tambémosgostosqueele tinhapelavidaaoar livre.Elogo conquistou o tioRolfe. Foi uma facadano plano que ela tinha de teressepontoaseufavor.

Deixando a rabugice de lado, ela acabou se deliciando com as tortas.Provoupraticamentetodosossabores, inclusiveasdoces.AomenosBricenão havia mentido, com tanta gente presente e uma mesa repleta depessoaspróximas,elesmalsefalaramdiretamente.Todosconversavamaomesmo tempoenquantonãoparavamde colocarmais emaispedaçosdetortanabocaegritarbrincadeirasparaoutrasmesas.

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O Sr. Neil estavamais do que feliz com o lucro e todas as cozinheirasestavamorgulhosas pelos elogios e claro, por sua parcela nos ganhos.Oseventos noturnos em Marble City eram bem diferentes de Nova York,começavam muito antes e terminavam cedo. Todos estavam saindolentamente do saloon, num horário que na cidade eles estariam sepreparandoparasairdafestaondeestivessemparaentãoirjantar.

O Sr. Clemmons havia comido tantas tortas que sua esposa estavapraticamenteocarregandoparacasa,SweetAlice jáestavacochilandonacharrete com Manchinha sentada em seus pés e Tio Rolfe batia noestomago e soltava o ar, como se estivesse planejando arrumar maisespaço para outras guloseimas. Seu ilho, o xerife, apressou o pai, antesqueeleexagerassenadoseepraticamentecolocou–osentadonacharrete.O Sr. Ivan passou porBrice e deu–lhe um até amanhã, seguiu apressadoemdireçãoàruaquatro,quedavanoladonortedeMarbleCity.

–EunãoseiporqueoSr.Ivanestásempreapressado–comentouBrice.–Elepraticamentesaicorrendodobancoao inaldoexpediente.Esempreque o encontro, ele está com pressa. – Ele se divertia com o jeito dohomem.

– Eu já notei isso. Ele até prefere ir pela rua, para não esbarrar emninguémnacalçadaestreita–respondeuAnnelise,divertindo–setambém.

Elesseguiramparaoladooestedacidade,ondehaviamenoscasas,mastambémerammaiores.Cortaramcaminhoporumaruaestreitaentreduasdelas e logo estavam subindo pela estradinha que dava na casa deAnnelise.

–Porquetemdeficarlongedacidade?–Eleindagou.

–Nãoélonge,dáparairandando.

–Élongeobastanteparaalguémdemorartempodemaisparachegarsevocêprecisar.

–Nuncameaconteceunada–elateimou.

– Sim, mas é preocupante. Você tranca bem as portas e janelas? Temumaarmacomvocê?

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Anneliseriu.

– Sim, tranco tudo. E tio Rolfe pensou amesma coisa, por issome deuumaarmaqueeuguardoaoladodacama.

–Edesdequandovocêsabeatirar?

–Nãosei,masaomenoselemeensinoucomoapontar,puxarogatilhoerecarregar.

Brice não estava completamente satisfeito, mas já era alguma coisa.Mesmo assim ele achava que alguém podia arrombar a casa e ninguémescutaria. E se tio Rolfe preocupara–se ao ponto de lhe dar uma arma,entãonãoeraoúnicoquepensavasobreisso.Reynoldtambémjádisseraque aquela área era assim, às vezes apareciam bandos ou bandidos depassagem que estragavam o clima da cidade, cometiam alguns crimes eiamembora.

–Gosteidoseuvestido,ficoumuitobonitacomele.

Annelisevirouorosto,tentandoquesuasbochechasnãocorassemcomoas de uma menina tola. Ultimamente, andava achando que estava comalgum problema. Viviam protagonizando cenas de embaraço e climasestranhos.PeloamordeDeus!Jádormiracomaquelehomem,elejáestavaciente de todos os defeitos e qualidades que pudesse ter debaixo dasroupas,entãoqualeraoseuproblema?Eraaindamaisirritante,poisBricepareciaficarsatisfeitotodasasvezesqueelaficavasemgraça.

–Éumvestidovelho.

–Poisparecenovoparamim.

–Sevocêdiz...

InfelizmenteocaminhoeracurtoeBricesó iaatéoportãodopequenojardim.Antesqueelachegasseatéláepraticamentecorresseparadentrodecasacomocostumavafazer,elepassouasuafrente.

–Voumedespedirhoje–elesegurousuamãoeabeijou,depoisaolhoudemododivertido.

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Anneliseolhoudasuamãoparaele.

–Parecomisso!–Puxouamãorapidamente.

–Porquê?

–Porquesim!

Elesorriulevemente,divertindo–seporelater icadonervosaporteremse tocado novamente. Mas nele o efeito era diferente, não poder tocá-laaumentava sua ansiedade. Ficava desejando por um poucomais, lutandocontraafrustraçãodevê–latãodepertoenãoseaproximar.Nemestavase reconhecendo nesses últimos dois meses, acreditava que conseguiacontrolar–se tanto pela força de vontade. Estava decidido, não acreditavaquealgopudessedetê–lo.Iaconvencê-ladequesóseriamfelizesjuntosequeoamorquedescobriramdeformailícita,tornara–seforteenãohaviasucumbido ao tempo nem as di iculdades. Se ela estava com medo deenvolver–se com ele e se machucar novamente, então Brice tinha queprovarquenãoarredariaopédali.Iriaondeelafosse.

–Vou icar sem importuná-la porunsdias – ele deuumpasso em suadireçãoeAnnelise inclinou–seumpoucopara trás.–Vousentirsua falta.Esperoquetambémsintaaminha,mesmoquenãomeconte.

Annelise não entendeu bem o que ele quis dizer com “Vou icar semimportuná-la por uns dias.” Será que ele ia se ocupar muito ou estavatramando algo? Mas preferiu não perguntar, se Brice queria deixar desegui–la,nãoiaimpedi–lo.

Ele desbloqueou seu caminho e parou ao seu lado, mas não virou ocorpo para ela. Tocou seu ombro e sentiu que ela se retesou, mas amanteveparadanolugar.Eleolhou–aporunsdoissegundos,avaliando–a,entãobeijouseurostodeformatãosutilqueAnnelisenemsemoveuparafugirdocontato.

–Voupassarunsdiasfora–elerespondeuaperguntaqueelaengolira.–Enemeutenhoacreditadonaminhahabilidadeparanuncatocá–la.Masquandoeuvoltar...–elesoltouoarefechouasmãoscomforça,entãosaiuandandodecididamentepelocaminhoestreito,paratercertezadequeiriamesmoembora.

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Jásepassaraumasemanaemeia.Todosnacidadeestavamcomentandoque o Sr. Wincross estava demorando a voltar. Segundo o boato que seespalharadepoisdeumadeclaraçãodoSr.Ivan,opatrãohaviaidoàoutrailialdobanconaLouisiana.Comoagoraeraoirmãomaispróximodaquelaárea, icavamuitomais fácil e rápido ele tomar o trempara lá doque osirmãosatravessaremmetadedopaísparachegarali.

Era época de provas na escola e as crianças estavam estudandomuitopara conseguir bons resultados, por isso Annelise planejava lhes daralgumarecompensa, comoumpasseio.Elaestava indoemboradocolégiomais cedo, a inal, não tinha ninguém para acompanhá-la. Às vezes sepegavaolhandopor cimadoombro, como se esperassequealguém fosseaparecerderepente.Aprofessoraatéfoivistapasseandopelacidademaisvezes, quem sabe se era para descobrir se o dono do banco já haviavoltado.

– Você está esperando alguém, querida? – Indagou Sweet Alice,assustandoAnnelisequeestavadistraídaolhandoparalonge.ElajogouumbiscoitinhoparaManchinha.

Elas estavam sentadas na varanda do segundo andar da casa da Sra.Douglas. A idosa morava com o marido em uma casa que era um tantogrande para eles. A ilha havia morrido, por isso ela e Sweet Alice seidentificavampelamesmaperda.

–Claroquenão!–Anneliseapressou–seapegaraxícaradechá.–Quemeupoderiaesperar?

–Estáolhandoparaláotempotodo–comentouSweetAlice.

–Uh?Oque?–ASra.Douglaseraumpoucosurdadoouvidodireito.Elase apressou em trocar os óculos e colocar um quemelhorasse sua visãopara longe,carregavadoisparesdiferentesnopescoço.Entãose inclinou,segurandoaarmaçãoeolhounadireçãodeondeamoçaestiveraolhando.–Aestação?Estavaolhandoaestaçãodetrem?

–Não,estavaapenasdistraída–respondeuAnnelise.

–Ah,deveestarvendoseotremchega,trazendooSr.Wincross–disseSweetAlice.

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Annelise se engasgou com o biscoito que havia acabado de colocar nabocaeseapressouarecolocaraxícarasobreamesa.

– O Sr. Wincross?! – Perguntou a Sra. Douglas que devido ao seuproblemadeaudiçãofalavamaisaltodoqueonormal.–Ohsim!Eusoubeque está comprometida com ele! É um partido e tanto, hein. Fisgou umpeixão!

Anneliseteveumataquedetosseeficouvermelha.

– Sim, já estão comprometidos? – Indagou SweetAlice, comuma feiçãodivertida.

– Não! – Annelise conseguiu dizer e tossiu mais um pouco, tentandolimparagarganta.–Eunãoestoucomprometidacomninguém.

– Está comprometida commais alguém! – Disse a Sra. Douglas, muitoaltoecomosempreentendendoerrado.–Masestásemprenacompanhiadele. Ele sai da cidade todo dia para acompanhá-la. Você vai a todos oseventoseinclusiveaigrejanacompanhiadoSr.Wincross.Nomeutempo,issoeraestarcomprometido.Moçasnãopodiamandarporaísozinhascomum homem, sem que estivessem noivos. Mas não se preocupe, esqueçaesse outro rapaz e ique com o Sr.Wincross. Ele é um cavalheiro, tenhocertezaqueeleiráproporquandovoltar.

– Propor? – Annelise teve vontade de começar a dizer que eraperseguida. E que não o convidava para ir com ela a nenhum dos locaiscitados e já izera de tudo para dissuadi–lo da ideia de acompanhá-ladiariamente. Aliás, a única coisa que ela não izera ainda fora agredi–loisicamente, mas isso estava fora de cogitação, pois implicaria em ter detocá-lo.Eelasabiamuitobemquenãodavacerto.

–Nãovaipegarbemparaumamoçadireitacomovocêdizerporaíquenão está comprometida com ele – Sweet Alice adiantou–se, antes queAnnelisecomeçasseafalar.–Aindamaisaprofessoradascrianças...

–Eunãotenhonadacomaquelehomem!–RespondeuAnnelise, icandoalterada porque sabia que elas não eram as únicas pensando que ela eBricetinhamumcompromisso.

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–Ah,oSr.Wincrossrealmenteéumhomemetanto!Querapazbonitoebem apessoado. Adoro homens altos. Sou velha, mas meus óculosfuncionammuito bem – respondeu a Sra. Douglas, entendendo errado oqueAnnelisedizia,jáqueelaestavasentadadoseuladodireito.

–Euseiqueeleébonito,masnãoéporissoquevoumudardeideia!–Annelisecontinuavateimando,cadavezmaismalhumorada.

– Sim, é umaótima ideia! –Respondeu a Sra.Douglas. – Vocês são tãobonitosqueseusfilhossairãobeloscomoanjos!

Annelise olhou para Sweet Alice em completo desespero e a mulhergargalhou. A Sra. Douglas recostou–se na cadeira, colocou os óculos parapertoesuspirousatisfeita.Assimqueencontrassesua trupede idosasdaassociação,iacontarqueaprofessoraeodonodobancojáplanejavamatéter ilhos.Nãoerasurpresa,jáqueeleadquiriraumacasatãogrande.Eramelhorelascomeçaremacosturarumasroupinhasdebebê.

Passaram–se mais dias, completando assim duas semanas, até que otrem chegou novamente aMarble City. O Sr.Wincross desembarcou commaisdoishomenselogotodos icaramsabendoquevieramespecialmentepara cuidar do andamento de sua casa. E ele também trouxe bastantecarga e logo descobriram que eram móveis desmontados que tambémiriamparaacasa.Eledeixoumuitagentealiviada,poisatéoSr.Clemmonsestava com medo que ele fosse seduzido pelos encantos de uma cidademaioremaismodernaqueMarbleenãovoltassemais.

Annelise logo descobriria que a volta domaldito Sr.Wincross fez comqueeleganhasseaindamaispontosaosolhosdoshabitanteslocais.A inal,ele teve a oportunidade de ir, mas preferiu voltar. Foi praticamente oúltimoestágioquefaltavaparaquefossecompletamenteaceitonacidade.O banco até ganhou mais clientes depois disso, pois os descon iados serenderam.

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Capítulo6

No meio da tarde, Annelise estava enfurnada na sua casinha, tentavamaisumavez ter sucessona costura.Amaioriadaspeçasque conseguiaterminarsaíacomalgumdefeito.Quandotentoufazercrochê,umatécnicanova que até as idosas da associação estavam aperfeiçoando, o máximoque conseguiu concluir foi um paninho minúsculo para sua mesa, sócombinouporqueomóveltambémeramuitopequeno.Elaescutouquandobateramàportadesuacasa,naverdade,quaseninguémavisitava,eraelaque iaàcasadaspessoas.ÀsvezesTioRolfepassavaquandoestava indoparaacidadeouquandotraziaSweetAlice.

Anneliseespiouantesdeabriraportaearregalouosolhos.Ouviumaisduas batidas irmes e passou a mão pelo cabelo. Antes que alisasse ovestidonotouoqueestavafazendoerepreendeu–sesilenciosamente.

–Vocêvoltou...–eladisseaoabriraporta.

Bricesorriu,estavadepébememsuapequenavaranda,afrentedesuaporta.Elenuncahaviapassadodoportão.

–Hojedemanhã.

Ela levantou as sobrancelhas, sem saber o que dizer. Notou que eleestavasegurandoduaslatasdecoradasemumdosbraços.

–Nãovaimeconvidarparaentrar?–Eleperguntou.

Annelisefranziuocenho.Numdiaelenãopassavadoportãoenooutroestavabatendonaportadesuacasa.Oqueaconteceriaamanhã?

–Eutrouxebiscoitos–eledisse,estendendo–lheaslatas.

Elanãoteveoutraopçãosenãoseguraropresente.Acabouparandodese debater internamente e tornou a entrar, na verdade nemhavia saído,apenasabriraaporta.Ele jáestavaprostradobemà frentemesmo.Briceabriu um enorme sorriso e fechou rapidamente os olhos, entrou na casacom o pé direito, feliz por inalmente ter conseguido um avanço

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signi icativo. Havia adentrado o espaço onde ela se protegia dele, tantofisicamentecomoemocionalmente.

Briceobservou rapidamenteapequenacasa,nãoesperavaalgomenosadorável.Algunspertencesdeladestoavamdoambienterústicodoladodefora.Ao invésdesentar–senosofá,eleandouatéacozinhacurtaeabriuumadaslatasparaela.Annelisecolocavaáguaparaferverparaprepararocafé.

– Eu havia mesmo imaginado que era assim por dentro – ele falou,reparandonatoalhacoloridaqueestavapenduradapertodapia.

–Vocêtrouxebiscoitosdemais–elacomentouaoolharalatarepletadebiscoitos e que era uma verdadeira raridade, com certeza eramimportadoseAnnelisenemqueria começara imaginar comoelehaviaasconseguidonotempoemqueestevefora.

–Sãosuficientes.Quemsabevocêmeconvidaparaocaféoutrodia.

–Sefosseoutrasituação,eudiriaquevocêdeveriameconvidarparaocafé.

–Paravocêteroprazerderecusarpelamilésimavez?

–Muitoprovável.

Bricevoltouesentou–seamesa,nacadeiraque icavadefrenteparaacozinha.Elepercebeuqueaoinvésderesponderalgocomo“exatamente”,ela dissera “muito provável”. As duas respostas tinham signi icados bemdiferentes.Sãonosdetalhesqueseentendebemumasituaçãocomplicada.

Quandoocafé icoupronto,Anneliselevouparaondeeleestava.Colocouemduas xícaras e depositou umadas latas de biscoitos doces entre eles.Quando inalmente se sentou, bateu comos joelhos nos dele e sua pernaencostou–seadele.

–Vocêtempernasmuitocompridas–elareclamou.

–Talvez.Esuamesaépequena.Maseunãoestouincomodadoporestarcom o joelho entre os seus – ele sorriu e bebeu um gole de café. – Está

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ótimo.

Maselaestavaextremamenteincomodada.

– Também não estou me importando, se é isso que quer saber – elamentiueparadisfarçarpegouumbiscoitodalataecomeu.

–Gosta?–Eleobservou–aetambémpegouumbiscoito.

–Sim.

–Sentiuminhafalta?

Ela abriu a boca para responder, mas não caiu na dele e fechou–a,olhando–oatravessado.

–Aspessoasna cidadeque sentirammuito a sua falta – foi a respostaneutradela.

–Eusoube.Ficolisonjeado–elecomeuobiscoito.

–Eeunãofuiatacadaemsuaausência.

–Estouvendo,tambémsaíadaescolamaiscedo.

–Poracasodeixoualguémmevigiando?

–Encontrei comSweetAlicenamercearia.Ela icoumuito contenteemmever...

–Fofoqueira–resmungouAnneliseepegououtrobiscoito.

–Porqueestácosturando?Vocênãogosta.

–Poissaibaqueeuaprendieagoraéumpassatempo.

–Aprendeumesmo?

– Sim. Sei até bordar e fazer crochê – ela não ia contar que ainda saíatorto.–Euquem izisso–elaindicouopaninhoqueenfeitavaocentrodamesa.

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Brice reparou na pequena peça que assentava bem para aquelamesaminúscula.

–Equantosdiasvocê levou fazendo isso?–Eleperguntou,procurandodisfarçarsuadiversão.

–Vocêestácaçoandodomeutrabalho!

–Nãoestou,masessepaninhoétãopequenoquechegaaserengraçado–eledisse segurandoabeirado trabalhoemcrochê, feito com linhaazulmar.

–Éparaficarbemnomeio.

– No meio desta mesinha... – Ele adicionou naquele tom que ela jáconhecia.

–Minúscula! Por isso tenho de icar encostando nos seus joelhos – elarespondeu,danadadavida.

–É tãoruimassim?–Eleperguntou,mantendoseusolhosclarossobreelaeosdoissabiammuitobemoqueelequeriadizer.

Annelise ignorou a pergunta e voltou a comer biscoitos. Ele apenasbebeu o resto do seu café e levou sua xícara para a pia, onde a lavoucalmamente.

–Nãovoumedemorar,a inalvocê icanervosacomaminhapresença–eledisseseafastando, jáqueelapareciaquenão iapassarantesqueeleestivesselongeosuficiente.

– Nervosa? Quem disse que sua presença me deixa nervosa? É muitapretensãodasuaparte–elafoilavaraxícaraefranziuatestavendoqueelehavialavadoadele.

–Nãodeixo?

–Não!–Elalevantouoqueixodeformaautoritária.

–Ótimo,entãopossomecomportarcomoumavisitanormal–eleandouatéosofáesentou–se,achandoqueaqueleomóveltambémeraumpouco

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pequeno para ele que além de ser um homem grande, tinha mesmo aspernasbemmaiscompridasqueasdela.–Vamos,sente–seaquitambém.Afinal,sempresesentaaoladodevisitasquenãoadeixamnervosa,nãoé?

Annelise fechou os punhos. Pega em seu próprio jogo. Andou até lá eolhou o sofá de dois lugares. Ela sempre achara seu sofazinho muitoaconchegante, mas agora também estava achando–o pequeno, pois Briceocupava espaço demais nele. Sentou–se o mais colado possível aextremidadedosofá,provocandoumsorrisonele.

–Diga–me,oqueandoufazendoemminhaausência?

–Oquefaçosempre.

–Tudoquesempre faz todososdias?Voltardaescola, lere se trancarnessasuacasinhadebonecas?

– Não é uma casa de bonecas! – Ela virou–se mais para ele, muitoirritada, pois ele adorava implicar com sua casa que não era exatamentesua.Eracomosealugasse–a.SóqueTioRolfenãolhecobravanada,aindamaisporela terarcadocoma reforma–Eeuestou tentandoaprenderacozer. Além disso, estou lendo os livros novos antes das crianças parapoderusá-losnasaulas.

–Entãovocêresolveuaprenderacoser...Paraquemdiziaquenuncairiacosturarnada,atéqueaquelepaninhominúsculoéumgrandeavanço.

–Aquilo foiemoutros tempos,Brice–ela icouolhando–ocomocenhomuito franzido. – Por que gosta tanto de implicar comigo?Você não faziaisso.

–Porque irritá-laéomelhor jeitoqueencontreipara fazê-lasairdessacarcaça dura que você construiu. E é divertido vê–la se segurando paranãomeesganar–elesorriudeumaformaternaenquantoaolhava.

Annelise se recostou no sofá, parecendo um pouco menos rígida pelaapreensão.

– Eu pensei que não voltaria. Eu acho que tive esperanças de que nãovoltasse.

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Brice se inclinouumpoucoparao ladodela, apoiandoos cotovelosnascoxas.

–Maseuvoltei.Eulhedissequenãoiriaalugaralgum.Eeunãovou.

– Estou começando a icar sem saber o que fazer com você – elabalançouacabeçaaonotarqueexpressaraseuspensamentosemvozalta.Masestavatãoacostumadaafalarsozinha.Naverdade,elapassavamuitotempo sem falar com alguém, principalmente quando icava trancadanaquela casa. E passava quase o dia todo com crianças. A pessoa comquem realmente conversava era SweetAlice e às vezes falava comFaith,maselaeraocupadacomseus ilhosea fazenda.EAnnelisenuncafalavasobreBrice.

– Eu sei o que você pode fazer comigo, vai começarme escutando. Eupasseidoismeseseduassemanasengolindotudoqueeuquerodizer,mashojevaisermeudiamaisfalantedoano–eledissedeformadeterminada.

–Eunão seiporquevocêdesistiudo seu casamento,da suavida edetudoquevocêtinhaparaviraqui.Eujánemseimaisoquevocêveiofazer– ela já falara demais mesmo, que diferença ia fazer dizer o que estavaachandodasituação.

– Porque era dementira. Nenhum dos dois estava feliz e agora Sarahprovavelmente está conquistando algumpartido rico deBostonquedeveadorar ir jantar fora e participar de festividades. E eu não vou mentir,adoreiessacidade.

–Impossível.

– Quando veio para cá, você estava fugindo das suas lembrançasdolorosas.Mas gostou tanto daqui que decidiu fazer algo pela cidade. Euvimpara cá atrás de você e achei que trazer o banco era vantajoso.Masagora eu também quero icar e acredito que estou fazendo algo pelacidade.

–Vocênãoprecisademimparaisso.

Eledeixouocorpoirparatrásesoltouoarenquantoaolhava.

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– Mas eu sou completamente apaixonado por você. O fato de eu tercometido meu pior erro não conseguiu apagar isso. Eu não vou desistiragora.Vocêfoiminhaantesevaisernovamente.

–Eunãoseicomoissopodeacontecer!–Elanãoseimportoucomoquedisse,usouafraseapenascomoadeixaparaselevantarefugirdosofáedaproximidadedele.

MasBriceestavacansadodevê–la fugindoparanãoterdeenfrentaroque estavabemna caradeles.O erro e o temponão impediramnenhumdosdoisdecontinuarsentindoomesmo.Sóqueelelutavaparaprovarissoeelalutavaparaesquecer.

– Acontece que você não foi o único a errar! Eu nunca deveria termeenvolvidocomvocê.Jáestavafadadoasecasareeunãoescuteiarazão.

Ele pulou daquele sofazinho e andou até ela, fazendo com que icasseparadanolugar.

–Sabequandovocêcometeumerroeachaqueestáacabadopor isso,masdepoisavidadaumadesuasvoltaseaqueleerroacabasetornandoacausadeumbemouevitaumgrandemal?Foiassimquenóserramos.Seeu nunca tivesse me apaixonado por você, estaria em Nova York aindacasadoecondenandooutramulheramesmavidapatéticadassuasirmãs.Aquelavidaquevocêdissequenãoqueriaparavocê.

–Eéavidaqueeunãovouter.

– E também não vai ter a vida que tem agora. Eu não vou deixar quevocêcontinueseescondendonestacasaafastada, ingindoqueafelicidadede ensinar aquelas crianças pode suprir todas as suas necessidades.Quandoas aulas acabam, elesvoltampara suas famílias e vocêvemparaessacasaficarsozinha.

–Eu estava feliz antes que você viesseme lembrardopassado – ela oempurrou,querendoafastá-lonovamente.

–Vocêvaificarfelizdeverdadequandopararderemoeropassado.

–Éfácilfalar!

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–Eusei.

Brice segurou o rosto dela com as duas mãos, praticamente oescondendo entre elas. Parou por algum tempo, olhando ixamente nosolhosdela comonãopodia fazer hámuito tempo.Annelisenão conseguiaesconderoquesentiadeseuolhar,elesabiadisso.Bricebeijou–anabocabrevemente e tornou a olhá-la. Mas passou a língua pelos lábios,procurandoo gostodela eumedecendoaomesmo tempo.Elanão reagiu,apenasmoveuoslábiosquandoelessesepararam.Bricetornouaabaixarorosto,procurandosuabocaedessavezelaesperoupelocontato.

Ambos procuravam o encaixe perfeito enquanto os lábios se tocavamsem conseguir parar e irmar o beijo. Ele a enlaçou com um dos braços,colando–aaoseucorpoedecidiucomoseria.Tomousuabocaequandoofez, seus movimentos icaram mais lentos e o beijo iniciou–se íntimo esaudoso.Trocaramtoquesdereconhecimentoeexploraçãocomaspontasdesuaslínguasedeixaramqueseentrelaçassemsempressa.

Enquanto parecia que tudo havia parado, Annelise sentia como sefossemosúnicoscomalgumavidaemquilômetros.Eracomosenãotivessecontrole total, mas não pensava em impedir que suas mãos deslizassemsobre os braços dele até alcançarem seus ombros fortes para envolvê-loemseuabraço.Briceacircundoucomosbraçosemsuacinturaeemsuascostas.Trouxe–acontraele,praticamentealevantando.Nãohaviacomosefundir ao corpo dela, mas era exatamente do que necessitava. Nãoexatamenteouapenasnosentidosexual.Queriaeprecisavaqueestivessetãopertodelequeseus instintos faziamcomqueaesmagassecontraseucorpo, comosenãopudesseacreditarqueelaestavaali.Ele inebriava–senasensaçãodeser inalmente retribuído.Annelise seabraçaraaele comtanto desprendimento e abandono que sequer sentia a maneira comoestavasendoapertada.

Elesescutaramobarulhodeumcavalodoladodeforaesouberamqueprecisavam se separar. Brice não conseguia soltar–se dela, não tinhaforças para isso, queria muito continuar a beijá-la. Parecia um homemembriagado por estar há muito tempo longe de um vício e então, sentianovamenteogostodela,ocheiroeoformatoemsuasmãos.Eramaisfortedoquetodaaforçadevontadedele,seelanãooafastasse,nãoconseguiriasozinho.

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–Temalguémaqui–elamurmurou, lutandopara tirarsuaconsciênciadaquelasituaçãonebulosaquehaviaafundadoaoencontrar–senosbraçosdele.Eelapodiadizercomohavialutadocontraisso.

Asbatidasnaportacon irmaramoqueeladisse.Anneliseobrigou–seapensareescapuliudosbraçosdele.Bricevoltouatéaquelesofápequenoesoltou–selá,massuafeiçãopareciaadealguémdevastado.Sóquenãoporalgo ruim, mas por sentir–se vivo novamente. Era como se estivesseextasiado com o que sentira,mesmo sabendo que aconteceria assim quecolocasseasmãosnelanovamente.

Annelise abriu a porta e surpreendeu–se ao encontrar Reynold. Elehaviaamarradoseubelocavalocastanhoemumavigadavaranda.

–Comovai,Annelise? – Sorriupara ela e tirouo chapéu. Entrou assimqueelaoconvidou,entãoolhouBrice.–Sabiaqueoencontrariaaqui.

Aquelafraseteveopoderdetrazertodooraciocíniodeladevolta.

–Comoassim?–Elaperguntou,fuzilandooxerifecomoolhar.

Bricepegouumbordadoqueestavasobreamesinhaafrentedosofáeficourodando–onoar,tentandoentenderqualeraoladocerto.

–Bem,quandoelenãoestánobanco,nemnohotelounaconstruçãodacasa, eu sempre imagino que esteja aqui – respondeuReynold, com todanaturalidade como se fosseum raciocíniomuito certo, a inal, ondemaisodonodobancopoderiair?

–Masé aprimeiravezqueele vemaqui!Agora todosna cidade icampensandoqueeleestánaminhacasasóporquenãoestáemnenhumlocalavista?

O xerife coçou a cabeça, sem entender por que ela estava tão irritadacom isso.A inal,ele tambémachavaqueelaeoSr.Wincrossestavam“seacertando.” Aliás, apenas a certeza de que eles tinham um compromisso,impedia o xerife de icar na cola de Brice, querendo saber qual eram asintençõesdele.Oboatogeral eramais certodoqueelespensavam, todosachavam que o dono do banco e a professora não haviam assumido ocompromissoaindaporqueelaestavadificultandoascoisas.

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Ninguém ali, especialmente as moças, conseguia entender o queAnnelise tinhana cabeçapara recusar o Sr.Wincross. Era aí que voltavaaquela história de que tinha cachorro nesse mato e os dois estavamescondendo coisa que vinha lá de Nova York. O pessoal da fofoca ali emMarble não era bobo não, especialmente porque eles não consideravamissofofoca,eraconversadediaadia.

– Bem... – Reynold já tinha certa intimidade então se sentou logo nacadeira mais próxima – Eu aproveitei que estava subindo para casa epassei para lhe dizer que recebi umamensagem da cidade vizinha. Elesdisseramquepassouumbandoporláeachamquevieramnessadireção.Portanto,reforceiasegurançadoseubanco.Osrapazesvão icarpor láànoitetambém.

–Umbandodebandidos?–ExclamouAnnelise,aoservircaféaReynold.Elesempreaceitava,nemprecisavalheperguntar.

–Sim–eleagradeceuebebeulogoumgole.

–Eu imagineiquandopassariapor isso–respondeuBrice,pensativo.–Mas o Sr. Richards já está preparado – ele disse, referindo–se aosegurança novo. Um cara durão que lhe se apresentara no banco e deraseucurrículoemostrarasuacapacidadecomarmas.Alémdisso,erabemrecomendado.

– Avisei a ele também. Eles podem icar animadinhos por saber queagoratemosumbanco,masnãovoulhesdarmole–avisouoxerife.

Annelise cruzou os braços e icou olhando–os. Eles trocaram maisalgumaspalavraseReynolddissequeprecisavair,poisFaithiamatá–losechegasseatrasadoparaojantarpelaquartaveznasemana.

Brice levantou–se, andouaté aporta e voltou–separaolhá-la.Annelisepensouseestava imaginandocoisas,masachouqueagoraquehaviamsebeijado, o olhar dele tornara–se muito mais explícito. Como se nãoestivessemaisescondendoquealémdequererconvencê-ladoquesentia,elajápodiaserlembradaqueeleaqueriadevoltaasuacama.

–Vaimesmolevarascriançasparapassearamanhã?–Eleindagou.

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– Essas informações que você consegue sobre a minha vida estãocomeçandoameirritar.

– Mas esse fato eu descobri assim que voltei à cidade. Já que todossabemdisso.

–Eoquetemmeupasseiocomascrianças?

–Euvoucomvocês.

–Porquê?

– Você não vai sair dos limites dessa cidade semmim.Não existe essapossibilidade,aindamaissetivermesmoumbandosoltoporaí.Aliás,nãovamosmuitolongeporisso.

–Vocêéumhomemodiosoemetidoadarordens!

Elesorriuparaeladeformairritantementeencantadora.

–Atéamanhã,Anne.

No dia seguinte, eles tiveram a ajuda da charrete de tio Rolfe, assimcomoanovíssimacarruagemdoSr.Wincrosselevaramascriançasparaotalpiquenique.PartiramnadireçãodePedernaleFalls,masrealmentenãoforam longe. Dois pais de alunos também se dispuseram a ir em seuscavalos,poisoboatodobando rondavaa região.Masas crianças icarammuito contentes, pois sair um pouco da cidade já era um grandeacontecimentoparaelas.

Mas parecia que o problema já havia chegado aMarble, o xerife haviarecebidodenunciasdequeestavamroubandogalinhas,dispersandogadoejáhaviamassaltadoumafazendapequena,noslimitesdacidade.Obancoestava sendo muito vigiado, pois ninguém queria que ele mal tivesse seinstaladoe já fosseassaltado.OSr.Richardsestavamuitoatento,comsuanovíssimaespingardaWinchester44prontapra estouraroprimeiroquetentasse.

–Annelise,émelhorvocêirparafazendadetioRolfe–disse–lheBrice.

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–Nãovouparalugarnenhum!

–Deixedeserteimosa!

– Estou pouco ligando para o que você acha. Aliás, há muito maischances de eles assaltarem a fazenda onde acham que encontrarãoinúmerositenspararoubardoqueaminhacasinhadebonecas.

–Comoseesseshomensse importassem.Elespegamoquevirempelafrenteeumamulhersozinhacertamenteseriaalgomuitovaliosoparaeles.Achoquevocêsabeoquequerodizer–eledizia,começandoa icarmaisdoquepreocupadocomainsistênciadelaemficarnacasa.

Elasentiuumcalafriosubirpelocorpoeseuspelossearrepiaram.

–Vouficarporaquihoje...Amanhãeuvejooquevoufazer.

Ele não estava satisfeito. Se sem a ameaça de um bando de bandidospassando pelo local ele já icava pensando como era perigoso ela icarsozinhanaquelacasaafastada,agoranemconseguiriapregaroolho.

–Entãovocêvemcomigo!–Eledisse,pegando–apelobraço.

–Oque?Paraonde?–Elapuxouobraço,tentandosesoltar.

–Paraohotel.

–Nempensar.Seeuforpararnomesmohotelquevocê,todosvãoacharquejáestamostendointimidades!

Briceparoueolhou–abemseriamente,paraqueelanotasseoabsurdodaquela frase, visto que os dois já haviam tido “intimidades” diversasvezes.

–Mas ninguém sabe disso! – Ela respondeu, como se houvesse lido ospensamentosdele.–Efoihámuitotempo.

– Tempodemais para omeu gosto – ele completou. –Mas a questão éque você não vai icar aqui para ser atacadanomeio da noite. Vamos, jáestáescuro.

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Annelisepuxounovamenteobraço, recusando–se a ir comele,masderepenteelaparoudepuxar.

–Estáescutandoisso?

Eleparoueapurouosouvidos,estavamesmoescutandovozesalteradasali por perto. Então ao olhar para o lado sul da cidade, viu o clarão e afumaça.

–Fogo!–Brice foi correndopelocaminho,podiamseguiradescidaemlinharetaquesairiamnosuldacidaderapidamente.

Foiumgrandechoquequandochegaramaté láeviramqueeraacasade Sweet Alice que estava pegando fogo. Os vizinhos se revezavam combaldes,tentandoapagarenquantooutrosajudavamasalvaroquepodiam.O xerife saiu correndo lá de dentro com duas gaiolas, ela tinha muitosanimais de estimação. Sweet Alice gritava do lado de fora, procurandodesesperadamenteporManchinha.Toda a partede trás da casa já haviasido tomadapelo fogoenãoeraumaconstrução tãopequena,poisela foiaumentando lentamente a casa. Principalmente para poder cuidar dascriançasqueacolhia.

SweetAliceachouterescutadooslatidosdesuacachorraesempensarduas vezes, correu o mais rápido que suas pernas idosas permitiam,pronta para entrar novamente na casa em chamas. Todos estavam tãoocupadosemapagarofogoesalvarosanimaisquenãoaviramcorrendo.Annelise adiantou–se, passando pelo meio daquele caos e impediu asenhora.

–Não,SweetAlice!Nãopodeentrarlá!–Diziaenquantoasegurava.

–Minhacadela!Manchinhaficouládentro!Elamorredemedodefogo!

Briceparoua frentedasenhora,ajudandoa levá-laparamais longedacasa.

–Ondeelaestá?–Eleperguntou.

– Deve ter se en iado no armário da cozinha, não tem portas! Sócortinas!Elasempreseescondelá!

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Eleescutoumetadedoqueeladisseefoicorrendoparaacasa.Oxerifesaiu correndo de lá, tossindo enquanto dizia que já trouxera todas asgaiolas.Elenemnotouquesua jaquetaestava todachamuscada.AnnelisenãotevetempodeimpedirqueBriceentrassenacasatambém.

–Reynold!–Elagritouparaoxerife.–OSr.Wincrossestáládentro!

O Sr. Neil veio carregando alguém que aparentemente desmaiara pelafumaça, era um dos homens que ajudara a salvar alguns pertences.Reynold correu para a casa, mas não podia mais entrar pela porta porondeacabaradesair,poisofogojábloquearaaentrada.Eleolhouparaacasa, procurando outra entrada, parecendo desesperado por saber queaindahaviagenteládentro.

– Robbins, já tirou todos de lá? – Reynold perguntou ao guarda quetambémhaviaajudadoaretirarosanimais.

–Sim,chefe!

–Sim,umaova!–GritouAnnelise,apontodecairemprantoenquantoolhava a frente da casa sendo destruída pelo fogo enquanto Brice aindaestavaládentro.

Reynoldjáestavaprestesaconsolá-la.MasBricesaiupelamesmajanelaqueoSr.Neilhaviaconseguidosair.EleseguravaManchinhaenroladanascortinasdabancadadacozinha.Assimcomoosúltimosquesaíramdacasa,eleestavadesorientadopela fumaçae tossia,masnãoapresentavadanosaparentes.

–MinhaManchinha!–DisseSweetAlicequandofoipegarsuacachorraque estava tão assustada que continuou paralisada ao lado de Brice,mesmoquandoeleacolocounochão.

– Depois dessa, só um trago – disse o Sr. Neil que estava sentado nochão,tambémtodosujoeaindatossindo.

–Nãotemmaisninguémlá–Bricedisseentretossidas.–Fuiúltimo.

Annelise andou decididamente até onde Brice havia parado e lhe deuumempurrão.

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–Seudesgraçado!Desdequandovocêentraemcasasemchamas?–Elagritou,aindatomadadepavor,seusolhosardiamnãoapenaspelafumaça,maspelaslágrimas.

Para sua surpresa ele quase perdeu o equilíbrio e ela correu parasegurá–loantesquecaísse.Elecurvou–se,tossindoeesfregandoamangapelorosto.

–Eusalveiacadela,nãosalvei?–Elerespondeuquandopareceuestarmelhor e passou o olhar em volta, encontrando a cadela nos braços deSweetAlice.Manchinhaaindatremiademedoerespiravacomdificuldade.

Anneliseaindanão superaraopânicopor ter achadoqueelemorreriaqueimadodentrodaquelacasaepior,elateriadeassistirsempoderfazernada.Masantesqueelaconseguissefalar,acasaveioabaixo,provocandoum estrondo, levantando ainda mais fumaça e espalhando pedaços damadeiraqueimadaparatodosos lados.SweetAlicechoravaenquantoeraamparada pela Sra. Clemmons. Annelise arregalou os olhos, uma lágrimadesceu pelo seu rosto, só por imaginar o sofrimento pelo qual aquelasenhoratãoboaestavapassando.Todosficaramemsilêncioenquantoseusolhos registravam aquela visão horrível. Agora quem já se recuperaraestavaajudandoacontrolarofogoparaqueelenãoseespalhassemais.AsorteeraqueacasadeSweetAlicenãoeraagarradaanenhumaoutra,elatinhaumjardimqueacircundava.

Annelisevirou–separaBrice,bateuasmãosemseucabelochamuscado,retirandotambémafuligem.Depoisfoibatendoemsuaroupa,procurandoqueimaduras.Quandoela começoua limpar seu rostoBrice atéparoudetossirefechouosolhos,aproveitandoostoqueslevesdosdedosdela.ODr.Damonrevezava–seentretodosquesaíramdacasa,checandoseestavambem. E mandava que se afastassem ainda mais dali para respiraremmelhor.

–Euestoubem–eledisse,jáqueagoraelanãoparavadebateremsuasroupas.

Anneliseobrigou–seaparar,estavafazendoaquilosóparalivrar–sedopânicomomentâneo.

– Vou começar a me envolver em tarefas perigosas se isso anula seu

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medodemetocar–eledisse,conseguindotrazê-ladevoltaarealidade.

– Eu mesma vou lhe dar uma pedrada e deixá-lo inconsciente! – Elarespondeu.

Brice sorriu levemente enquanto a olhava, pelas dores que sentia elesabiaquequeimaraaomenosasmãosquandosalvouManchinha,masnãoiadizerissoaela.Eraapenasumincomodo.

– Já quer me abraçar agora? – Ele indagou em um tom quasecompreensivo.

Annelise franziu bem o cenho, mas fechou os olhos e abraçou–orapidamente. Nem se importou por ele estar cheirando a fumaça, poisestavainteiro.

– A propósito... – Disse ele, aproveitando o momento. – Por que quertantomedarumapedrada?

Elaseafastoudele.

– Eu o odeio! Odeio! – Deixou–o e foi correndo para onde Sweet Aliceestava.

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Capítulo7

O Dr. Damon resolveu dar algo para Sweet Alice dormir, a senhoraestavamuitonervosaenãoerabomparaalguémdasuaidade.Elafoi icarna casa de tio Rolfe, eles tinham uns quartos sobrando por lá. Reynoldtinha certeza que o incêndio havia sido criminoso e mais tarde,descobriramquehaviasidoumatentativadedistraí–los.Comobarulhodofogo,ninguémescutouosomdostiros,masosbandidostentaramassaltarobanco.

Richardsderrubaradoisdeleseoguardaqueoxerifedeixaranobanco,juravaquetambémacertaraum,masesteconseguirafugir.Segundoeles,eram quatro homens. Naquela mesma noite, eles assaltaram um dossaloons e a mercearia que icava no extremo norte da cidade. Umapequena parte do dinheiro foi recuperado dos bolsos dos corpos e osoutrositensqueestavamnassacolasdoscavalosdeviamserdeassaltosacidadevizinha.

NodiaseguinteosmoradoresdecidiramqueprecisavamfazeralgoporSweet Alice. E a decisão era que lhe fariam uma casa nova. Claro queprecisariamcompraromaterialeosmóveis,masoSr.Clemmons,tioRolfeeoSr.Wincrossiriamcuidardisso.Seriacomoumpresente,elairiapassaroNataldebaixodeseupróprioteto.

Outra pessoa que também queria passar o Natal em sua própria casaeraBrice.EleestavacansadodaquelehotelequeriaumNatalfeliz,comooúltimoquepassaracomAnnelise.Suacasaestava indomuitobem, já forareformadaeosnovoscômodosestavamterminados.Acabaradereceberapintura em toda a frente e na parte de dentro, o primeiro andar estavaconcluído, só faltava o segundo. Ia icar pronta a tempo,mas o resto eracomele.

–Gostodebranco–disseAnnelise,procurandosoarpoucointeressada.

– Combina com a cidade, vi que temmuitas casas brancas por aqui –RespondeuBrice.

Havia se passado uma semana e como não houve mais notícias dos

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bandidos,Annelise,quetambémforaobrigadaairparaacasadetioRolfe,havia decidido voltar para sua casa. Desde que cedera aos seussentimentosnodiadoincêndioestavatendodi iculdadesemrejeitarBrice.Ele sempre sorria como se fosse algo a que se acostumara e depois faziaexatamenteocontráriodoqueelahaviadito.

–Porqueaumentouacasa?Paraqueprecisadeumacasatãogrande?–Ela indagou, inclinandoorostoparaveraparte lateralqueganharamaisespaço,paraacrescentarmaisumasuítenosegundoandareaumentarasalaeobanheirodoprimeiro.

–Porquenósvamosterpelomenostrês ilhos,Annelise.Precisamosdeespaço.Alémdisso,minha família é grande, tenhodois irmãos,um já temdois ilhos, o outro arranjou uma pequenina e ainda tenho pais. E elesgostam de fazer visitas. Portanto, precisamos de espaço para hóspedestambém.

Acadapalavraqueelepronunciava,Annelise iaabrindomaisabocaesua expressão ia icandomaisultrajada.Bricemanteve–se sério, como setivesseditoalgomuitobanal.

–Quemfoiquelhedissequenósvamosterpelomenostrês ilhos?Aliás,quandofoiqueeuaceiteiterqualquerenvolvimentocomvocêquemeleveaterfilhos?

Elevirouorostoparaela,suaexpressãoestavaleveecomumresquíciodediversão,masseutomeradealguémcomabsolutacerteza.

–Nósvamoster ilhos–ele tinhatantaconvicçãonissoquepareciaatéestar olhando para umamulher que já carregava seu bebê. – No últimoNatal que passamos juntos, você me perguntou o que se deve fazer sedepoisdelutarincessantementeacabarseapaixonando.Eudemorei,maisdescobri.Vocêsimplesmentenãoparadelutar,atéteroqueprecisa.

Ela ixou o olhar na casa, obrigando–se a não olhar para o lado.Lembrava–semuito bem daquele Natal antecipado. Passara o último anoachando–se uma completa tola por ter confessado o que sentia. O Natalparaelanãoeramaisamesmacoisadesdeentão.Oúltimoforahorrívelenãofaziaideiadecomoseriaopróximo.

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– O que foi? Continua sem saber o que fazer comigo? – Ele indagou,virando–se para ela agora. – Eu ainda sei o que você pode fazer. Masdevido a diversos fatores, não acredito que a resposta seja tão inocentequantoaanterior.

Elalevantouassobrancelhasesuasbochechasesquentaram.Desdequedeixara Southamptom era praticamente uma santa. Nem pensava maissobrecertascoisas.Nenhumhomemsequerhaviaafeitocogitarqualquerpossibilidade.Mas então ele tinha que voltar e estragarmais isso. Era sóolhar pra ele e lá vinham as maravilhosas memórias de como era estarentreaquelesbraçosfortes,sobseucorpoquentee...

–Euprecisoirparacasaler.Tenholiçõesparacorrigir!–Elavirou–seefoitomandoocaminhodevoltaaocentrodacidade.Fugindonovamente.

Dois dias depois, Annelise entrou no banco pela primeira vez.Provavelmente era a única pessoa em Marble City que ainda não haviavisitadoobanco.

– Bom dia, Srta. Barton – saudou o Sr. Ivan, levantando–seimediatamentedesuamesaque icavadoladodireitodaáreaprincipaldobanco.–VeiovisitaroSr.Wincross?

Elacruzouosbraços,irritadapelaconclusãoqueoSr.Ivantomavacomoóbvia.

–Vimabrirumaconta.Ecreioquevocêmesmopodefazerisso,não?

–Sim,masquantopretendedepositar?

ElalhedisseaquantiaeoSr.Ivanbalançouacabeça.

– Vou falar com o Sr. Wincross, valores altos são depositadosimediatamentenocofre.

Annelisemanteveosbraçoscruzadosenquantoeraencaminhadaasalado maldito Sr. Wincross, por isso demorou tanto para ir. Sabia que iaacabartendodetratarcomele.

–Entãopensouquepodiaviraomeubancoenemmefazerumavisita?

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–IndagouBrice,comoolharirritantementedivertidoenquantomantinha–sesentadoemsuacadeiradecourofazendoposedereidocastelo.

–Na verdade, eu iquei vigiando para ver se você saía.Mas não podiaesperarmais,poisprecisoirparaaescoladaquiapouco.

Ele começou a preencher o papel que lhe daria para a conta, nemprecisavalheperguntarnada,jásabiatudo.Masquandochegouahoradedepositar,elasaiuevoltouacompanhadadoguardaRobbins.

–Aquiestá,Annelise–eledissedepositandoumapequenamalademãocom o que sobrara das economias dela após vender a casa deSouthamptonegastarboapartenaconstruçãodaescola.–Aindabemquemechamou,émuitoperigosovocêandarporaícomtodoessedinheiro.

Bricecruzouosbraços,oguardaRobbinsestavasorridentedemaisparaogostodele.Edesdequandoeletinhaessaintimidadetodaparachamá-lapelonome?Eporqueraiosestavabuscando–aondequerquefosse?

–Muitoobrigada–elasorriuparaeleedisse–lhequenãoqueriamaisatrapalhar seu dever de proteger a cidade. O guarda disse que não eranada, cumprimentou Brice e saiu, ainda todo sem graça. Na verdadeRobbinseraumrapazmuitotímido, icavatodoencabuladocomasmoçase quase se en iava num buraco quando elas resolviam jogar seu charmeparaele.Einclusivemorriadevergonhadaprofessora.

Brice deu a volta namesa, ainda de cara amarrada. Abriu amaletinhadeixando a tampa cair para trás e olhou o conteúdo. Então cruzou osbraçosaoolhá-la.

– Não precisava dele, podia ter falado se necessitava que alguémtrouxesseodinheiro.

–Reynoldiametrazer,maseleteveumcontratempo.

–EdesdequandotemtantaintimidadecomoguardaRobbins?

–Ah,eleéumrapazadorávelemuitoenvergonhado.

–Sei!Garantoqueeleficadesavergonhadorapidinhoquandoquer!

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–Nãosei–elariuumpoucodacarabravaqueelefazia.

–Jáandoupasseandocomeleporaí?

Annelise riu mais ainda. Na verdade, sim, ela sempre parava vez ououtrapratrocarumaspalavrascomoguarda.Eassimquechegou,elefoilogo indicado como “umaboa companhia”.A inal, aspessoasali gostavamde formar casais, a cidade estava precisando crescer e era um grandedesperdício ter jovens bonitos e saudáveis, mas também solteiros e semilhos. Só que Annelise deu logo a entender que não tinha o menorinteresse e o guardanuncanem tentou.Por im, aspessoas acabaramsecontentando. Mas ela não ia contar isso para Brice, ia? Não quando elepareciatãoirado.

–Nãoestouvendoamenorgraça–elerespondeuentreosdentes,seuolharficandoestreitoeperigoso.

–Oras,Brice!Robbinsdeveteraminhaidade.Éumbobo.

–Jáébemadultoparamim.

–Nãogostoderapazinhos.

Ele não parecia nem um pouco satisfeito com essa explicação, mesmoque de certa forma o bene iciasse já que ela preferia homens maduros.Paraeleerarevoltantequeela icassecheiadesorrisinhoseelogiosparacima de Robbins e para ele só sobravam as repreensões. Provavelmenteveiotodafelizesorridentepelocaminho,masquandoeleestavajunto,eraignorado por pelo menos metade do percurso. Isso porque depois daprimeira e única vez que ele entrou em sua casa, ela nunca o convidouparavoltar.Sóbatiaaportaetrancava,fugindoaindamais.

Briceestavamaisdoquefrustrado.Antes,quandonãotinhanadadelaepassara mais de um ano sem vê–la e quem dirá tocá-la, era muito maisfácil.Masagoraquea tiveranovamente,mesmoqueporpoucosminutos,estavamuitomaisdi ícil ser tão rejeitado.EoNatal estava cadavezmaispróximo, se continuasse assim ia passar outro inal de anomedíocre. Elequeria uma chance, só uma paramostrar a ela que podia assumir o queainda sentia. Eles ainda davam certo, ainda eram apaixonados e icar seencontrandotododiasemtrocarnemumapertodemãosestavaalémdas

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forçasdele.

Maistarde,elefoiesperá–lanasaídadaescolacomofaziatodososdias.Ainda continuava carrancudo, teve o resto do dia para icar em seuescritório remoendo sua posição. Tentava se convencer que Annelisetambém estava se sentindo como ele, mas as lembranças não queriamcorroboraressahistória.Semfalarnada,eleesperouqueelapassasseefoiandandoumpoucoatrás.Estavapensandosehojeiaressuscitarumpoucodoseuorgulhoedeixá–laemcasasemdizernadaousefariaexatamenteocontrário.

Apesardeestarementrandoemumaestaçãomaisfria,Briceaindanãoestava nem se agasalhandomuito, pois era acostumado a um climamaisrigoroso lá em Nova York. Annelise encolheu os ombros quando umalufada de vento frio varreu a estradinha que dava em sua casa, ela jáestavamaishabituadaaoclimadali.Olhandoparacima,elareparouqueocéu parecia a ponto de desabar e apertou o passo. Sabia como aquelecaminhoficavaquandochovia,ninguémpodiapassar.

– Achomelhor você voltar rápido – ela disse enquanto entravam peloportão que dava no pequeno jardim da casa. – Este caminho éescorregadio.

–Não.

Elaparoudepoisdesubirosdegrausevirou–separaolhá-lo.

–Oque?

–Não–ele foiandandodecididamenteparaacasa.–Estoucansadodeserescorraçadocomoumcachorro.Chegadeteraportabatidaemminhacaracomoseeutivessealgumadoençacontagiosa–pegou–apelobraçoesubiuosdoisdegraus,levando–aparadentro.

Brice colocou–a para dentro e sem soltá–la, fechou a porta com amãolivre. Enquanto ele fazia isso um trovão alto soou do lado de fora e ele asentiuestremecer.

–Essasuacasinhadebonecasaguentaumtemporal?–Eleindagou,logoqueo barulhopassou.Desdeque chegara ali aindanão caíra uma chuva

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tãofortecomopareciaqueestavaapontodeacontecer.

– É mais forte do que você pensa – ela respondeu cortante, insultadacomainsinuaçãosobresuacasa.

Eleafastou–adaporta,contornandoosofá.

–Euconsigoandarsozinha–eladisse,notandoqueelenãosoltavaseubraço.

–Eusei.

–Entãomesolte.

– Não vai fugir de mim agora, Annelise. Eu vou beijá–la hoje ou vouperdercompletamenteojuízo.

Atônita com o repentino comportamento dele, Annelise levantou assobrancelhasaoencará-lo.Elepuxou–aparamaispertopelomesmobraçoque continuava a segurar. Beijou–a sempreâmbulos, inalmente soltandoseubraçoparapoder abraçá-la.Asmãosdele se ixaramnabasede suacoluna, apertando–a contra seu corpo e consequentemente inclinando–aumpoucoparatrás.Anneliseagarrou–seafrentedacamisadeleenquantoera beijada com tanta paixão que o ar começou a lhe faltar maisrapidamente.

– Pare com isso... – Ela disse, enquantomovia a cabeça, tentando fugirdos lábios dele. – Você tem que ir antes que comece a chover. Ou icaráperigoso.

– Eu já perdi a conta de quantas vezes me mandou parar de fazeralguma coisa – ele segurou seus ombros, mantendo–a bem parada ebeijou–alentamente.

–Vocênuncaobedece...–Elamurmuroucontraabocadele.

Brice balançou a cabeça e escondeu o rosto na curva de seu pescoço,fechouosolhosaoprovarnovamentesuapele.Deslizouoslábiosdeixandoo local úmido e olhou–a, procurandoumamaneirade expormaispele, jáqueovestidoatrapalhava.Anneliseabriuosolhosepiscoualgumasvezes

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aonotarqueeleretiraraabocadecimadela.Agorairiaconseguirpensarnovamenteecolocarseubomsensoemprática.

Mas Brice abraçou–a e virou–se, passando o braço por baixo de suaspernas. Então a levantou em seu colo e carregou–a para o quarto. Ele acolocou sentada na beira da cama, retirou seu casaco e abaixou a suafrenteapoiandoumdosjoelhosnochãoparalivrá–ladossapatos.Anneliseicou apenas olhando o que ele fazia, como se estivesse imersa em umafantasia. Brice jogou os sapatos para os lados e tornou a icar de frenteparaela,livrou–sedesuacamisaetambémadespachouparaalgumlugardopequenoquarto.Annelise levantouosolhosparaeleeengoliuasalivaantesdevoltarafalar.

–Minhacamanãovaiaguentá-lo...Vejasóoqueestámefazendodizer.Vocênãovaisubirnaminhacama.

Ele inclinou–se e apoiou as duas mãos nas coxas dela, o que a fez seretesar,masduroupoucotempo,poiselefoideslizandoasmãosparacimaporbaixodovestido,procurandoabarradasmeiasparatirá–las.

– Você esqueceu os pontos de exclamação – ele beijou–a nos lábios equando foi retribuídocomeçouapuxarasmeias.Nãoestavasendomuitolento em seus movimentos porque ela podia resolver afastá-lo e seuautocontroleestavaesgotadopelousoexcessivo.

Quando se livrou dasmeias e pôde ver seus joelhos nus, Brice sorriu.Colocou–adepéepuxou–acontraseucorpo,fazendo–aencostar-seaseupeito exposto. Ele abaixou o rosto e beijou–a durante todo o tempo queprecisou para desmanchar sua trança longa. Annelise cerrou os olhosenquanto sentia seu cabelo ser soltou, ela deixou suas mãos correrempelas costas dele, reconhecendo a forma do seu corpo e sentindo osmúsculossobaspontasdosseusdedos.

Brice en iou os dedos por dentro do cabelo dela, soltando–o em suascostas e só então desgrudou a boca da dela. Ambos soltaram o ar umcontraooutro.Elepuxouoslaçosdeseuvestidoqueeratãoleveesimplesque logo suasmãos estavam contra a pele das costas dela. Asmãos delesubiramatéseusombros,trazendoovestidojunto,otecidodeslizoupelosbraçosdelaelogoeramaisumapeçajogadaparaolado.

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Insatisfeitoporaindanãoconseguirsentirseucorpototalmentecontraodela,Bricearrancouasprópriasroupas.Umadesuasbotasfoipararatrásdosofá.Ele levantou–aedepositousobreacama.Logodepoisse juntouaela e grudou seus corpos, deixando–os tão juntos que suas pernasprecisavamseentrelaçar.Osbraçosdeleaenvolveram,mantendo–abemjuntoaele,semnadaparaimpedi–losenenhumlugarparaseesconder.

Nomomento,Annelise nempodia imaginar como estavadeixando tudoisso acontecer.Mas se eles beiravam o descontrole apenas por trocaremlevestoques,nãopodiamdescreveroqueeraestartão juntocomoagora.Mal sabiam por onde começar, só queriam saciar aquela necessidadeaterradora. Brice olhoupara baixo, livrando–ada últimapeça íntimaqueaindabloqueavaocontatototal.Elehesitouemporasmãosnela,quandoofezfoiparasegurá–la,poispreferiuprovarnovamentedocorpodelacomaboca.

Elaprendeuoaredepoisosoltoutododeumavez,entãosuarespiraçãosealterou,seucorpopareceusein lamareelafechouosolhos,deixando–se relaxar com as carícias dele. Brice fechava os olhos de purocontentamentoenquantobeijavaesugavaapeledela.Deleitou–seemseusseios,fazendocomqueelamovesseascostasnacama,segurando–seaeleebuscando igualmenteo imdatortura.Annelisecorrespondiatocando–oe usando seu próprio corpo para acariciá-lo e não havia nada que oexcitassemaisdoqueocontatocomela.

Brice moveu–se sobre o corpo dela que o puxava para cima. Ele nãousou apenas osdedospara tocá-la, segurou seumembroduro e deslizoupor ela, sentindo sua umidade. Foi como enviar uma onda de desejo portodo o corpo dele, até sentiu–se estremecer. Annelise agarrou–se a ele,convidando–oa juntar–seaela,Bricesoubequeaindaeracorrespondidocomo antes. Deslizou para dentro, ouvindo–a gemer de alarme pelasurpresadainvasãoquenãosentiaháumbomtempo.Moveu–seentreaspernas dela até que os gemidos prazerosos escapassem, tão concentradoquenãoescutavaseusprópriossons.

As sensações e o sentimento que compartilhavam eram tão fortes quepareciam deixar a consciência quando fechavam os olhos. Mal notavamcomoseuscorposestavamretesados,procurandoalíviocomdesespero.OsnósdosdedosdeBriceestavambrancospelaforçaqueusavaaoseguraro

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lençolembaixodela,suasinvestidastornaram–serudeseincessantes,maselaopuxavaemoviaoquadril,incentivando–oacontinuarassim.Oprazerdeestaremjuntoseratãobomqueforamtomadosportremorestípicosdoorgasmo intenso. Finalmente seus corpos receberam algum alívio datensãoquevinhamenfrentandonaquelaproximidadetãodistante.

Acamahaviaaguentadoperfeitamente,apesardosbarulhosdeprotestoque emitiu no auge dos movimentos deles. Do lado de fora a chuvacontinuava a cair, mas eles nem tomaram conhecimento disso, o ar emvoltadelespareciadensoequente,comoseumanuvempairasseemcimada cama.Brice engoliu a saliva,mas voltou a respirar de formaofegante.Seu corpo estava suado como o dela, a pele úmida deslizava,mas não semoveram por pelo menos dois minutos. Ele puxou–a para o lado,abraçando–a,Annelise foipara juntodele facilmenteeafastouseucabeloúmidodorosto.

Mesmosemdizernada,elesentenderamquenãohaviamsecontentado.Mas dessa vez foi tão íntimo e cúmplice que pareciam nunca ter seseparado. Ele icou a observando durante todo o tempo, estudando suasreações, reconhecendo aquela maneira como ela suspirava e fechava osolhosmomentaneamente.Queriadizeroquantoaamava,masqueriaqueela acreditasse nele. Assim talvez entendesse porque ela aindademonstrava tambémo ama–lo,mas fugia disso com tanta convicção queele começava a acreditar que realmente lhe fazia mal. Annelise podiasenti–lotãobememseucorpo,queofezpararefoinessemomentoqueosdoissentiramaqueleápiceestremecerseuscorposnovamente,masdeummodototalmentediferente.

Brice virou–se na cama e a trouxe junto. Ele apoiou a cabeça notravesseiro e ela encolheu–se junto a ele. Annelise escondeu o rosto echorou baixinho, era impossível não se lembrar de tudo que acontecera.Quando ela imaginou que voltaria aos braços dele? Ele abraçou–aapertado, envolvendo–a gentilmente. Beijou–lhe a cabeça e murmuroupalavras carinhosas. Disse–lhe que nunca mais iriam humilhá-la e elejamaistornariaadeixá-la.Nãoimportavaasdificuldadesqueaparecessem,ela não as enfrentaria sozinha. Annelise acabou adormecendo com acabeça sobreopeitodele.Eosdoisdormiramprofundamenteporhoras,não viram a chuva forte, nem os raios e os trovões não os acordaram.Simplesmente se entregaramao sonopesado, como se não o izessemhá

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tempodemais.

Elesacordaramjáno inaldamanhãcomobarulhodebatidasfortesnaporta. Brice moveu–se na cama, liberando Annelise que se viroulentamente.Elepassouamãopelocabeloenquantosesentava,masvirouorostoparaolhá–la.Annelisesedeucontadoqueaconteciaecomeçouaporasroupasíntimasrapidamenteenquantoolhavaparabaixoedeixavaqueamassadeondascastanho–douradascaíssesobreseurosto.Briceficoudepé, olhando–a ixamente. Ao notar isso, ela saiu do quarto e entrou nobanheiro. Ele xingou baixinho e agarrou sua roupa, puxou a calçafechando–aenquantotornavaaescutarbatidasnaporta.Pegouacamisaeenfioupelosbraços,calçouasbotasefoiandandoparaasala.

TioRolfesurpreendeu–seaoveroSr.Wincrossabriraporta,mas logoserecompôs.

– Você não chegou aqui antes de mim – disse, franzindo a testa ejuntandoasgrossassobrancelhasbrancas–Creioquesequerfoiembora.

Comonãopretendiamentireestavaestampadoemsuacaraeemsuasroupasquehaviaacabadodeacordar,Briceapenasassentiuevoltouparadentro.Dapartedelenãotinhanadaaesconderenemeramaisnenhumgaroto que precisava fugir com as calças namão, ele sabiamuito bem oquequeria.

Apesar de já estar idoso, tioRolfe ainda era alto, tinha pernas fortes euma igurarespeitável.Eleentrou,fechouaportaevirou–separaorapaza sua frente. Brice havia voltado pela sala e icou de costas para a portaque dava no quarto de onde acabara de sair. Agora estava fechando acamisa e ajeitando–a na calça. Annelise saiu do banheiro já usando umvestidoeparouabruptamenteaovertioRolfeemsuasala.

Elecomeçouaolhardeumparaooutro,Anneliseestavasemgraçaeumpouco corada. Brice parecia não se importar nem um pouco por ter sidopego nessa situação. Ela virou–se e foi rapidamente para a cozinha ecomeçou a preparar o café. Brice desviou o olhar quando Annelise saiu,davaparaverqueeleestavairadocomocomportamentodela.Agiacomosehouvessemfeitoalgoerradoesearrependessedisso.

– Eu ainda não ouvi a palavra casamento, rapaz – disse tio Rolfe,

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lembrandoaoSr.Wincrossqueeleolhavapelamoça.

Bricepegou sua jaquetade forma rude. TioRolfe notoupelo seu olharqueeleestavaapontodeesmurrarumaparedeatéqueadordospunhosmachucados o impedisse. Ao acordar e notar que Annelise sequer quisencará-lo,Briceentendeuqueelahaviasearrependidodoqueacontecera.Eeleque icaratolamenteachandoquealgohaviamudado,chegouatiraraquelasamarrasquevinhamapertandoseucoração.

–Vaiouvirquandoelaparardefugir–eledissequaseentreosdentesesaiudacasa,batendoaporta.

Assim que Annelise o escutou saindo, largou o que estava segurandosobre apia e deixou seusombros caíremassim como seu rostoquase seafundounasmãos.TioRolfefoiatéelaeparouaoseulado,olhando–a.

– Pela quantidade de sentimentos contraditórios que eu captei dentrodesta casa, posso presumir que nós não estávamos tão errados assim –disse tioRolfe.–Apesardesermoscaipiras, estávamoscertosaoconcluirquevocêsdoisseconheciamdesdeNovaYork.Nãoé?

Ela apenas assentiu. Tio Rolfe levantou suamão grande e grossa pelotrabalho duro que ainda desempenhava em sua fazenda, os ombros delalhepareceramdelicadosetrêmulosassimqueatocou.

–Eupoderia lheprometerquedariaum jeitono rapaz,maseuduvidoque ele ceda facilmente. A inal, creio estar olhando para o verdadeiromotivo da vinda do Sr.Wincross para essa cidade. E no fundo, você nãoquerisso.Oujamaisdeixariaqueelepassasseanoiteemsuacasa.Vamos,não ique commedo do passado. Ele só pode voltar para assombrá-la sevocêpermitir.

Annelise assentiu novamente e acabou virando–se para aquele senhorde cabelos brancos que conseguia ser ao mesmo tempo o típico rudefazendeiroea imagemdeumavôgentil.Entãooabraçouepassouamãopelosolhos,secandoumalágrima.TioRolfedeubatidinhassuavesemsuascostas,consolando–a.Elenãohavia tido ilhas,apenas ilhos.Mas issonãoimpediuquesua falecidaesposa lheensinasseumpoucodesensibilidadeparatratarcomelas.

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Todos estavam ajudando na construção da casa de Sweet Alice. Bricenunca izera esse tipo de trabalho,mas desde que ele chegara aMarbleCity começara a fazer muitas coisas que nunca izera na vida. Era sóalguém lhe dizer como fazer, demonstrar e ele entendia. Com a práticapegavaojeito.Assim,começouaajudarnacasa,a inaltrabalharnobanconãoerao tipodeatividadequeodeixavaextravasarsua frustraçãoeatéseucavalonovojáestavacansadodecavalgarporaí.Hojeeleestavacomogrupoquecolocavaotelhadoebatiacomforçaerapidez,masdeformatãoenérgicaquesurpreendiaosoutros.

SeAnnelise estava pensando que ele ia simplesmente sumir depois deconseguir dormir comela, então estava subestimando–o seriamente. E seelaestavatestando–oparaveroqueaconteciadepois,iasersurpreendida.Maselejáestavaapontodebateracabeçanaparededetantafrustração.Agora ela estava indo para a casa de Tio Rolfe ajudar Faith e fazercompanhia para Sweet Alice. Brice sabia muito bem que isso era umamaneira de evitá–lo. Pois impedia que se encontrassem, já que ela nãovinha para cidade e não precisava que ele a acompanhasse, pois ia nacharretecomTioRolfeeSweetAlice.

Brice escutou um estrondo e sentiu a casa balançando, os homens naparte de baixo começaram a falar, aparentemente haviam derrubadoalgumacoisa.O localondeeleestavaapoiandoopéescorregoueBricesóteve tempodeentenderqueestavacaindo.Rolou telhadoabaixoebateudecostasnochão.Apagouimediatamente.

Umtempodepoisquandoeleacordou,nãosabiaquantotempopassara,mas escutava a voz arrastada e cheia de sotaque do Dr. Damon. Piscouvárias vezes, percebeu que ainda estava claro, então não passara tantotempoassim.Quando inalmenteconseguiufocalizar,aoinvésdeencontraracararedondadomédico,estavasendoencaradodepertoporolhosazuisescuros e atentos que o olhavam ixamente, de forma assustada epreocupada.Bricepiscoumaisalgumasvezes, iasemover,masescutouomédico falando para que icasse quieto. Sentia que ele tocava seu corpo,procurando fraturas,masBricenão sentianadademais, apenasumadormuitoincomodanascostas.

–Sabequemeusou?–IndagouAnnelise,vendoqueeleapenaspiscava.

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Ele voltou a desviar os olhos para ela que estava com as duas mãoslevementeapoiadasemseupeitocomoseestivessetomandocontadeseusbatimentoscardíacos.

–Minhanoiva?–Eleperguntou.

Os homens da construção estavam todos em volta, muito preocupadoscomeleeapesardedaremespaçoparaquepudesserespirar,prestavamatenção em tudo e deram risadas quando ele respondeu isso. Anneliseestreitouosolhoseficoudepé.

–Eleestámaisdoquebom!–EladisseaoDr.Damonquetambémtinhaumsorrisonorosto.–Estáapenasdelirando.Masnãocreioque issosejagrave.

– Também não parece ter quebrado nada – Concluiu omédico. – Masvamoslevá-locomcuidado,queroexaminarsuascostas.

– Eu preciso mesmo morrer para ela vir me ver – resmungou Brice,enquanto era levado numa maca improvisada para o consultório do Dr.Damon.

NessemomentotodosjásabiamqueoSr.Wincrossvinhatravandoumaséria batalha para convencer a professora a se acertar com ele, mesmoqueaspessoascontinuassemosconsiderandocomprometidos.Easteoriasiam longe durante os lanches da tarde, encontros da terceira idade ebebedeirasnossaloonsdacidade.MuitosnãoacreditavamqueodonodobancocaiudeamoràprimeiravistaeinsistiamnateoriadeelesteremseconhecidoemNovaYork.Afinal,eracoincidênciademais.

Outros já preferiam icar comahistória do encantamento súbitodo Sr.Wincross.Eleviuamaisbelamoçadacidadee caiudequatro.Erade seesperar, ela era uma lor so isticada nomeio daquela poeira toda. Tinhaquechamaratençãodele.Enaopiniãolocal,elescombinavamexatamenteporviremdomesmolugar,osdoisatétinhamaquelesotaquedonorteeocomportamento distante da galera lá de cima. Seria bom que eles seentendessem, assim nenhum dos dois ia querer ir embora. E o povo deMarbleodiavaperderseustesouros.

Brice foi proibido de voltar ao trabalho na casa de Sweet Alice, mas

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recuperou–sebem.Passouasemanacomdoresnascostas,masnadaqueo impedisse de ir trabalhar no banco, só não pode sair para cavalgar.SweetAliceveiovisitá–lováriasvezes,primeiroporque icarapreocupada,segundoqueagorao consideravaumverdadeiroherói e terceiroporqueestava dando uma de espiã casamenteira. Quando voltava e encontravacomAnnelise, icavaum longo tempo lhe falandodo Sr.Wincross, de suarecuperação, seu heroísmo, suas boas ações... Ela não estava deixando amoça esquecer-se dele nem por um minuto. Annelise acabou tendo quesairdeseuesconderijoeadentraroterritóriodeBrice.

– Patrão, sua noiva está aqui para vê–lo – disse o Sr. Ivan da porta dasaladeBricequecostumavaficaraberta.

Bricefranziuocenho,dessavezatéeledemorouafazeraligação,masoprotestoatrásdeIvanlogoclareousuamente.

–Eunãosounoivadele–Annelisepassoupelaportaeparouafrentedamesa.

Ela depositou uma cesta sobre o tampo e icou remexendo nela, semolhá–lo. O Sr. Ivan saiu e fechou a porta, ele achava que os dois estavambrigados,poishádiasqueopatrãonãosaíaparairbuscaraprofessoranocolégio.

–Trouxeumascoisasparavocê–elamurmurou,aindamexendodentrodacesta,apenasparateroquefazeraoinvésde icarolhando–o.–Soubequeaindanãoencontrouninguémpracozinhareestácomendonohotel.

–Querdizerqueminhavidafinalmentelheinteressou?

–SweetAlicequemdisse...

–Nãomemudeiainda.Continuomorandonohotel.

Eladeuumpassopara trás, deixandoa cesta sobre amesadele.Bricefoiselevantarrápidoeesqueceuasdoresnascostas,soltouumgemidoevoltouaolugar,paralevantardireito,ouseja, lentamenteesemsedobrarmuito.Annelisedeuavoltanamesarapidamenteeoseguroupelobraço.

–Vocêaindaestámachucado?Dóimuito?

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–Não...–Elese levantoueao icareretoodesconfortomomentâneonapartebaixadascostaspassava.

–Masgemeudedoragora–eladisse,desconfiada.

–Purodramaparavocêseaproximar.

–Mentira,Dr.Damondissequevocêaindasentedores.Aqueletelhadoerabemalto.

–Quemestáespionandoquemagora?

–SweetAlice!Elaquemcontatudolánafazenda.

Ele rodeou amesa e foi remexer na cesta e estava sim comdores nascostas,porestardesobedecendoàsrecomendaçõesdomédico,estressado,frustrado, triste e dormindonaquelamaldita camado hotel que antes doacidentejáestavalhecausandodoresnassuascostas.

–Vocêquemfeztudoisso?

– Faith ajudou... – Ela disse baixo, incomodada em saber que ele aindanãoserecuperaradoacidente.

–Obrigado,Annelise.

Ela assentiu e já foi escapulindo emdireção àporta,mas ele semoveumaisrápidodoqueelaesperavaepegou–apelacintura,parafalaremcaraacara.

– Estou com saudades, Anne.Não a vejomais, nuncamais a encontrei.Estámecastigando?

Ela o olhou seriamente e ele se preparou para uma de suas respostasmalcriadas. Mas Annelise apenas icou olhando–o por uns segundos edepoisabaixouorostoparaesconderseuruborquandodisse:

–Não,nãoestouocastigando.

–Ah,não?Entãoprove.Queroumbeijodedespedida.

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Elaestreitouosolhos.

–Vocêéumaproveitador!

–Não,souumhomemapaixonado.Édiferente.Dê–meoqueeupreciso.

Segundosuasprobabilidades,Briceestavaprontoparamaisumdiálogoemqueelaofuravaotempotodocomsuasal inetadaseele ingiaquenãoentendiametade do que ela dizia. No im ela ia se afastar e ele ia voltarparasuasdoresnascostasquemagicamenteiamseintensi icardepoisdevê–la.Entãoquandoele sentiuos lábiosmacios contraos seus, arregalouos olhos de surpresa e correu a fechá–los porque não podia perder aoportunidade.Abraçou–alogoporqueelaeradadaafugasrápidasesoltouum gemido de puro contentamento masculino enquanto ela o beijava emantinha seu corpo quente e curvilíneo aconchegado ao dele. Isso simpodiaacabarcomtodasasdoresdele.

Um pouco depois enquanto ele estava apenas se aquecendo e tinhaacabado de virar a cabeça para uma posição confortável de quempretendia passar um longo tempo na deliciosa tarefa de beijar, a portaabriurepentinamenteeoSr.Ivanchegouapularquandoestacounolugar.

–Mi...Mi...Milperdões,pa–pa–patrão!–DisseoSr.Ivan,nervosíssimo.

Bricejogouacabeçaparatrás,semacreditarnoqueestavaouvindo.

–Qualéoproblemadessacidade?–Eleperguntou,inconformado.–Nãoépossívelquealguémsempretemquebaterouabriraporta!

–Eu...Eu...–DavaatépenadoSr.Ivandetãovermelhoqueeleficou.

Comainterrupção,Anneliseseafastoudeleearregalouosolhosaodarde cara com o Sr. Ivan que nem queria olhar para ela. Mas então eleindicou o motivo para ter entrado e havia uma família inteira na partefrontal do banco, o marido com um pacote que devia ser um pouco dedinheiro, a esposa e pelo menos três crianças para quem Annelise davaaula.Eestavamtodosolhandoparaeles.Elaquasesaiugritando.

–Eutenhoqueir–elapassoupeloSr.Ivanrapidamente,masnãopôdeevitaraspessoasqueestavamnobanco.

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– Bom dia, Annelise. Como vai? – Disse a mãe das crianças com umsorrisograndedemaisparaogostodela.

–Professora,éverdadequeasenhoravaicasarcomodonodobanco?–Perguntouagarotinhamenor.

–Masa senhoranão tinhaditoquenãodevemosbeijarosmeninos?OSr. Wincross é um menino! A senhora pode beijar porque é grande? –perguntouagarotamaisvelha.

Antesqueomeninoabrisseaboca,Anneliseseadiantou.

–Não,nãoenão!–Eladisse,apontandoparaostrês–Eesperovocêsnohorárioparaaaula!–Ditoissoelasaiurapidamente.

As crianças foram dispensadas mais cedo da escola para que asreformas pudessem começar. Dr. Damon disse para Brice icar longe dotelhado da escola, mas ele não ia mesmo para lá, pois isso certamenteimpediriaqueAnnelisefosse.

Antes do Natal duas novas casas icaram prontas em Marble City. Noinício de Dezembro, Sweet Alice já tinha seu lar de volta. Ela icou tãoemocionada que chorou ao ver a casa nova, forte e bonita. Tinha poucosmóveisporquenãodeutempodefazertodosenemencomendar,masporenquantoestavaótimo.Dessavezaconstruçãotinhaapenasumandar, jáqueelavinhareclamandoqueeradifícilsubiredescerescadasànoite.

Os trabalhadores da casa do Sr. Wincross se empenharam tanto queterminaramtudobemantesdoNatal.Ele inalmentepôdedeixarohotel.Acasatambémnãoestavacompletamentedecorada,mashaviaobásicoparaqueelepudessesevirarporláenquantoorestochegavaoueraentreguepelo carpinteiro local. De qualquer forma, continuava comendo norestaurante do hotel. Sempre que entrava em casa, Brice sentia certodesanimo.Efaltavammuitosdetalhesinternos,alémdemóveisqueelenãoescolheuporquenofundo,aindatinhaesperançasdequeelaviesse.

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Epílogo

Natalde1887

MarbleCity,Texas

ApaisagememMarbleCityhaviamudado,agorasimfaziafrioporali.Otrem chegou à cidade trazendo mais móveis para a casa de Brice. Aopassarpelobancoepegardinheiroparacompraralgumasroupasdefrio,Annelisepensouqueoencontraria.Maseleprecisouirparacasaresolverondecolocariaascaixasquechegaramnaúltimapassagemdotremantesdo Natal. Ela imaginou que quando ele soubesse, acharia que ela icaravigiandoeesperandoqueelesaísse.Enaverdadeelaforaatélácomoumpretexto, já que a proximidade do Natal também lhe incutira ideias nacabeça.Masdecidiunãoesperar,aindamaiscomoSr.Ivanfazendoaquelacaradeexpectativa.

Acidadeestavaapontodeparar,namaiorpartedascasasaceiaestavasendopreparadaetodosseapressavamparaterminarseusafazerescedo.

–VocêdeveriavirpassaroNatalconosconafazenda.Nãotemamenornecessidade de icar sozinho naquela casa – disse Reynold quandoencontroucomBricenabarbearia.

–Nãoéumamá ideia...–Elepassouamãopelocabelorecém-aparado,suas ondas castanhas pareciammais bem domadas, mas ele achava quedurariapoucotempo.–Tenhoalgunsitensnatalinosláemcasa,mascreioquenãovouusá-los.Euoslevarei...

– Já até imagino. Esconda algumas coisas senão Faith vai icar tãoencantada com essas gran inisses que você recebe que me obrigará aencomendar essas coisas no próximo Natal. – Comentou Reynold,sentando–senacadeiradobarbeiro.

Bricesaiudabarbearia,en iouasmãosnosbolsosdacalçae ignorouoventofrioquelhefustigavaorosto.Passouemfrenteaobancojáfechado,não tinha trabalhoa fazerhojeenessaépocaaspoucaspessoasque iamaté lá queriamapenas fazer retiradas.O tremveio cedo e ospassageiros

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que tinham algo para tratar com ele já haviam partido em carruagensparticulares e diligencias. Quando entrou em casa ele empurrou maisalgumas caixas, deixandoa salamais apresentável. Pegoualguns enfeitesdeNatalecolocouemseusrespectivoslugares.Entãoolhouamesavaziaeficouabatido.

Todos lhedisseramque irianevar,masAnnelise ignorouos avisos. Foiarrastandoumabolsadesuacasaatéacidade,poucoseimportandocomofrioqueentravaporbaixodeseuvestido.Colocarameiasquentesebotas,estava bem agasalhada comum casaco grosso de lã e cachecol que davaduas voltas em seu pescoço. Não havia quase ninguém nas calçadasenquantoelaavançavapelaruaprincipaldeMarble.

–FelizNatal,querida!–GritouaSra.Douglasdesuavaranda.

Anneliseacenouerespondeu, imaginandooqueaquelasenhoraestavafazendo espiando da varanda com um frio desses. Caíra pouca neve,apenasosu icienteparacriarumtapete inoebranconochão,masestavamuito frio. Quando estava quase chegando ao seu destino, viu Bricedeixandoacasaevindopelaruacomduasbolsasdepano,umaemcadamão. Ela andou mais rápido, para que se encontrassem antes que eletomasse outro rumo.Brice só a notouquando já estavam frente a frente,poisvinhacomacabeçabaixa,protegendo–sedevento frio.Ele franziuocenho, estranhando que ela estivesse por ali. Segundo lhe constava, elaestavarefugiadanacasadetioRolfeesóvinhaàcidadeemhoráriosquenãooencontrariaejamaisseaproximavadobancooudacasadele.

–Vocêmoraaquihámaistempodoqueeuparaterseperdido–elelhedisse, havia apenas parado e continuava segurando as bolsas, como sesoubessequeaquelaconversanãoiademorar.

–Nãomeperdi.Paraondevai?

–EstavalevandoissoparacasadetioRolfe.

–Euvimdelámaiscedo.

–Eparaondevocêvai?–Eleindagou.

Annelise prensou os lábios emoveu o ombro livre, pois o outro estava

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sustentando a alça da bolsa grande que trazia. Brice achou que ela nãoestavaquerendolhedizer,entãomoveuosbraços,aliviandoopesodoquecarregavaeretomouocaminho.

–Euiavisitá–lo–eladisserápido,antesqueelefosseembora.

Ele voltou a se virarpara ela que fez omesmoe acabaram invertendosuas posições. Agora ela estava de costas para a casa dele que dava ascostasparaaruaporondeelaviera.

–Porquê?

–ÉNatal...–Elarespondeucomoseissobastasse.

Ele apenas continuou olhando–a como se isso não lhe dissesse nada,estava cansado de falsas esperanças, pelo menos por hoje preferiu sóaguardar.

–Eulhefizalgunspresentes–elacontinuou.

Brice franziu aindamais o cenho, imaginando se ela estava brincandocomacaradele.Sópoderiaestar,paravirvisitá-lologonoNatal,depoisdeter fugido dele como o diabo da cruz. Era incrível comomesmo em umacidade tãopequenaalguémconseguia aproezadenãoencontrarooutropor vários dias. Annelise devia ter inventando algum tipo de chá dodesencontro. Para falar a verdade, ele havia a visto de longe umas trêsvezesessemês,todaselasafrentedalojadaSra.Toddnaqualelenuncaentrara, mas sabia que vendia tecidos, linhas, cordões e todo tipo deartigos femininos e de papelaria. Mas quando o via ela tratava dedesaparecerlevandooquehaviavindocomprar.

–Eunãoqueropresentes.Euqueroquevocêmerespondaumascoisasparaqueeupossaplanejarmeupróximoano.

Elaassentiueaguardou.

–Entãomedigaoquemaiseupossofazer.Euconcordoqueeu iztudoquequeria,vocênãomedisseparafazernada–elediziaenquantoapenasaolhava,quasenãosemovia,poissuasmãosebraçosestavamocupadossuportandoopesodasbolsas.O signi icadodoquedizia icavapor conta

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desuaentonação.–Euquismoraraqui,agora trabalhoaqui,gostodaqui,gostodaspessoasdaqui.Eujálhedissetudoqueveioaminhacabeçaeatéhojenão sei sevocêacreditaemmim.Nãoadiantaeu repetiroque sintoenquantovocêmeolhade formadescrente.Masagoraminha imaginaçãoestá um pouco falha, estou sem ideias para continuar a importuná-la atécansar. Então me diga ao menos se estou perto, se avancei alguma casanesse seu tabuleiro. Assim eu posso traçar minha estratégia para o anoquevem–elepodiaestarabatidoedecepcionadopornãoterconseguidooquetantoqueria,masnãopensouemdesistir.

Annelise encolheu os ombros enquanto olhava–o, sentindo–se culpadapeloseuúltimoplano.Talvezdevessetercontadoaele,poisissofariacomqueelavoltasseaseramulherdecididaqueeraantesdeeleapareceremMarble. Só que antes ela ingia, apenas para ele nunca sentir pena dela,poissabiaquenãoficariamjuntos.

Mas podia dar–se algum crédito, pois não icara em dúvida quando seenvolveucomele.Tambémdecidiusozinhaerapidamenteque iriamoraremSouthamptonedepoisvendeua casaepartiuemumpiscardeolhos.Construir a escola e comprometer–se com as crianças também foi umadecisãoque tomounumestalo.Mas tudoseembaralhouquandoprecisouarriscar–senovamente.Tevecertezadequecometeriaomesmoerro.Masascircunstanciasmudaram,elenãotinhacompromissocommaisninguém,senãocomela.

–Nada–elarespondeu.

–Nada?–Elelevantouasobrancelhadireita.

–Nãoprecisafazermaisnada.

–Issoéumultimato?–Elenãosabiaseelaestava lhedizendoquenãoadiantavafazermaisnada,poiselanuncaiaquerernadacomeleouseeraporque ela acreditava nele. Devido aos últimos acontecidos estavamuitoinclinadoaacreditarnaprimeiraopção.

Elaosurpreendeuefoiandandoatéele,estavamseparadosporapenastrês passos. Para total assombro dele, ela o abraçou, quase odesequilibrando por in luir na harmonia do peso dele junto ao peso dasbolsas.

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–Você não precisa fazermais nada. Já fez tudo. Absolutamente tudo –ela sorriu para ele, o que pareceu iluminar um pouco suas dúvidas. –Acreditoemvocê.

Bricefranziuatesta,sóqueagoraestavaconsternado.

–Eoquediabosvocêestavafazendoseescondendoporaí?

– Estava costurando umas coisas para sua casa. Um centro de mesadecente...Vocênãotemtoalhas,tem?

Elenempodiaacreditarnela,masdeixariapararirdissomaistarde.

–Nossa casa. Sevocêacreditaemmim,entãoelaénossa–elepareciaesperarqueelaconfirmasse.

–Nósprecisávamosdesses itensparadarumarde lar anossa casa –elaseesticoueobeijou,sentindoseuslábiosfriosdevidoaovento.

Brice deixou as bolsas e abraçou–a, aproveitando o fato de ela tertomadoainiciativadebeijá-lo.Levantou–acombolsadelaetudoenquantopermaneciam se beijando, em uma demonstração de afeto público quefelizmente poucas pessoas viram. Mas rapidamente seus lábios seaqueceram.

–EntãovenhapassaroNatalemcasa–eledisse,assimquearecolocounochão.

–Sim–elarespondeusemhesitar.

Sem perder tempo, Brice pegou as bolsas novamente e voltou emdireção a casa, acompanhado de perto por ela. Ele andava rápido, seuíntimo ainda estava achando que acordaria a qualquer momento. Masqueriapelomenospassardaportaquandoacontecesse.

–Ficoulinda–eladisse,enquantosubiamosdegraus.Deviaterditoissoantes,masagoranãoesconderiamaisnada.

–Aindaachamuitogrande?–Eleprocurouachavenosbolsoseabriuaporta.

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–Aindaquerterpelomenostrêsfilhos?

–Comtodacerteza.

–Entãoestáótima!

Ele empurrou a porta e estava tudo escuro, pediu para que elaesperasse,deixouasbolsasefoicorrendoiluminarocômodo.Voltouatéaportaeestendeuamãoparaela,masaoutraelepassoupelocabelo.

–Eunãoesperavaquevocêviessehoje,outeriaarrumadomais...–Eleolhava–a sem jeito, mostrando que não esperava nada hoje, não sepreparara,estavaessetempotodotãofocadoemconsegui–ladevoltaquequandofinalmenteelahaviachegado,suaúnicaideiaeraficarpertodela.

Ela sorriueentrou,passouamãonocabelodele recolocandono lugar,reparouqueelehaviaocortado.Entãoandouatéo inaldasalaeparouafrente da árvore deNatal. Não estava completamente decorada, faltavamalgunsenfeites.

–Eu iz assimquememudei – eleolhoua árvore rapidamente, depoisfoiacenderalareiraparaaquecerocômodo.

Annelise icou sorrindo, lembrou-se daqueleNatal em que ele tambémlhe trouxe uma árvore de surpresa e a decorou toda. Ela deixou a bolsacheia de costuras sobre a cadeira, ajoelhou–se e terminou de colocar osenfeites que faltavam. Depois se virou para Brice, que esteve apenasobservandooqueelafazia.Agoraelasabiaqueiriaserfelizenãoapenasporalgunsdias.Finalmenteerasuavezdeteroquetantoqueria,deparardealmejarepassararealizar.Essasegundachanceseriaacerta.Nãoiamprecisardeoutra.

–Achoqueaindavamosterqueprepararaceia–eladissecomumlevesorrisonorosto.

–Paramimestáperfeito.

Annelise foi até ele e o abraçou, ele a recebeu em seus braços comcarinho.A inaliateroNatalquetantosonhou.Eraincrívelcomoascoisaspodiammudaremmenosdeumahora.Estevesemsaberparaqueladoir

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e de repente estava de volta ao caminho que vinha trilhando. Agora elenempodiaacreditarqueenquantoamargavaasolidãonaquelacasavazia,chegaraaacharquenãoconseguiria.

–Quandovocêdeixouminhacasanaquelamanhã,eupareiparapensare entendi o que você queria dizer quando falou que o tempo, asdi iculdades e os erros não conseguiram vencer o que você sentia – elaolhava em seus olhos, mantendo a cabeça bem deitada para trás. – Nãomudouparamimtambém.Emesmoquehouvessemudado,depoisdetudoque você aprontou nesses últimos meses, eu teria me apaixonadoperdidamente.Outravez.

Brice icou olhando–a, levou suas mãos até seu rosto e seus dedosacariciaramsuamandíbulaequeixo.Elepareciapensarenquantoapenasdevolviaoolhardela,entãodepositouumbeijoemseus lábiose tornouaolhá–la.

–SabeAnnelise,depoisqueoNatalpassar,nósvamosconversarsobreesse seu súbito plano de costurar coisas. Você quase me matou dedesespero.Masnãoimportaagoraquevocêveioparacasa.

–Mas eunão tinhapresentespara você.Depoisdemaltratá-loporumtempo,creioquevocêmerecia.

Briceinclinouacabeçaedeuumaboagargalhada,elalevantouorostoeoolhou,semsaberdequeparteeleestavaachandograça.

– Mas você é o melhor presente que eu já recebi – ele beijou–a noslábioseolhou–a,aindacomorostopróximoaodela.–Eujálhedisseissoenadamudou.

– Você também... E certamente é o presentemais teimoso domundo –elasorriu,escondendoorostocontraopeitodele.

– Deus abençoe minha teimosia. Ou não a teria agora – ele fechou osolhos e abraçou–a bem apertado, recebendo o mesmo carinho de volta.Agoraelamalsabiaoqueaesperava.Nãoiaperdê-ladevistanuncamais.Não importava quantas pedradas ela ainda pudesse ameaçar de lhe dar.Eraessepresentequeelemereciapornãodesistir.

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NodiaseguinteMarbleCity inteirasabiaqueoSr.Wincross inalmentehavia conquistado a professora. A frase do dia foi: Até que en im. Paraquandoéocasório?

MasagoraAnnelisenãose importavamais.OmalditoSr.Wincross,quejánãotinhamaisnadademaldito,podialevartodoocréditoporconquistá-la de volta. Mal sabia ele que ela era o tipo de presente que vinha comsurpresas. Era só ele esperar para ver. A cidade ainda acompanhariamuitosacontecimentosnavidadelesetestemunhariamomaiorcasamentodahistóriadeMarble.A inal,quemalinãosabiadonegóciomuitosuspeitodo dono do banco que mal chegou e subitamente caiu de amores pelaprofessora?

Depoisdeumtempo,todos icaramsabendoqueelesjáseconheciametudofezmuitomaissentido.Umamorquevenceuaseparaçãoeotempo,superando os erros do passado e aprendendo com eles. ViroupraticamenteumcontodeNatalnocondadodeBlanco,mesmoquenuncasoubessemoqueosdoisrealmenteaprontaramemNovaYork.Isso icavaacargodasespeculaçõeslocais.

E a história das costuras também icoumuito popular, não haveria umNatalemqueBricenãoselembrassedissoegargalhasse.Maspelomenosdessavezocentrodemesa icouperfeito.Comonãopodiaserdiferenteali,todos se meteram do início ao im. Pelo menos só Tio Rolfe sabia que oprimeirofilhododonodobancoerafrutodaquelacasinhadebonecas.MasSweet Alice gabava–se como a casamenteira que deu uma mãozinha naunião.Eaverdadeiracelebridade foiaSra.Douglasque icoucongelandonaquela varanda para poder enxergá-los enquanto faziam as pazesnaquela tarde de Natal. Mas era melhor não perguntar se ela haviaescutadoalgumacoisa.

DepoisdaqueleNatal,MarbleCitynuncamais foi amesma.E sua famadeencantareacolheraspessoas,principalmenteaqueles semrumoedecoraçãopartido,espalhou–seaosquatroventos.

Fim

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SobreaAutora

Luciana,maisconhecidacomoLucy,éjornalistaemoranoRiodeJaneirocomamãeeacachorramais loucadavizinhança.Suapaixãopelaescritacomeçou aos 10 anos quando permitiram que assistisse novela e,insatisfeita com o andamento, ela resolveu reescrever o que viu. Desdeentão nunca mais parou e escreveu todo tipo de história que lheagradasse.Suapaixãopelosromanceshistóricoscomeçouaos13anoseéatéhojeumdos seus gênerospreferidos e inclusiveoque escolheuparacomeçaradivulgarseutrabalho.

Seu próximo romance se chama Cartas do Passado, onde teremos achancedeviajaratéaépocamedievaleconhecerocondemaisencantadordonortedaInglaterra.

FiqueligadotambémparasaberquandoasérieDamasArdilosasestarádisponível!

Parafalarcomaautora,mandeumemailpara:[email protected]áprazeremresponder.

Nãoesqueçatambémdevisitarositeoficial:www.lucyvargas.net


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