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Page 1: Revista Pet Food Brasil

Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista

Ano 4 / Edição 20 / Mai-Jun de 2012 / www.editorastilo.com.br

Premix O uso da suplementação imprime uma nova

realidade à indústria brasileira de nutrição animal

Premix O uso da suplementação imprime uma nova

realidade à indústria brasileira de nutrição animal

Setor se reúne na 2ª EXPO PET FOODSetor se reúne na 2ª EXPO PET FOOD

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CAPA ed 20.pdf 1 13/06/12 10:41

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2 3Editorial

Edição 20Maio/Junho 2012

Prezado Leitor

A indústria de nutrição para animais de estimação contabiliza a sua

participação durante a segunda edição da Expo Pet Food, evento realizado

em São Paulo, no início de maio. A feira, promovida pela Editora Stilo, foi

mais uma vez palco para lançamentos e apresentação de tendências em

equipamentos, insumos, rações, embalagens e demais itens voltados para o

mercado de alimentação animal. Confira as novidades e a opinião de quem

participou do evento, que em paralelo sediou o IV Congresso Internacional e

o XI Simpósio sobre Nutrição de Animais de Estimação, ambos organizados

pelo CBNA – Colégio Brasileiro de Nutrição Animal.

Destacamos também nesta edição o uso do premix na alimentação para animais

de companhia. De acordo com dados fornecidos pela ABINPET, o setor pet

food produziu em 2011, 1.934 mil toneladas, movimentando R$ 12,2 bilhões.

Considerando-se uma inclusão média de 4% de premix, o volume utilizado foi

de aproximadamente 77 mil toneladas. A demanda para este mercado segue

o crescimento estimado para o setor de alimentação animal. Fornecedores

analisam o mercado brasileiro de premix, apontam as tendências, nos contam

como atuam e revelam as suas perspectivas de negócios.

Gerente industrial da Brazilian Pet Foods, Marcelino Bortolo, é o nosso

entrevistado. O especialista conta a trajetória da companhia, que surgiu em

2010 após divisão da Nutriara, e tem como proposta produzir alimentos com

alta tecnologia e qualidade superior. “Nosso objetivo é desenvolver alimentos

que se destacam pela qualidade, inovação e bem estar dos animais, com uma

atuação respaldada na sustentabilidade.” Confira!

Boa Leitura!

Daniel Geraldes

Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista

Ano 4 / Edição 20 / Mai-Jun de 2012 / www.editorastilo.com.br

Premix O uso da suplementação imprime uma nova

realidade à indústria brasileira de nutrição animal

Premix O uso da suplementação imprime uma nova

realidade à indústria brasileira de nutrição animal

Setor se reúne na 2ª EXPO PET FOODSetor se reúne na 2ª EXPO PET FOOD

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4 54

DiretorDaniel Geraldes

Editor Chefe

Daniel Geraldes – MTB [email protected]

Jornalista Colaboradora

Lia Freire - MTB 30222

PublicidadeLuiz Carlos N. Lubos,

[email protected]

Direção de Arte e ProduçãoLeonardo Piva

Denise [email protected]

Conselho Editorial

Aulus CarciofiClaudio MathiasDaniel GeraldesEverton Krabbe

Flavia SaadJosé Roberto Sartori

Vildes M. Scussel

Fontes Seção “Notícias” Anfal Pet, Pet Food Industry, Sindirações, Valor Econômico, Gazeta Mercantil, Agência Estadão,

Cepea/Esalq, Engormix, CBNA

Impressão Intergraf Ind.Gráfica Ltda

DistribuiçãoACF Alfonso Bovero

Editora StiloRua Sampaio Viana, 167 - Conj. 61 São Paulo (SP) - Cep: 04004-000

Fone: (11) 2384-0047

A Revista Pet Food Brasil é uma publicação bimestral da Editora Stilo que tem como público-alvo empresas

dos seguintes mercados: Indústrias de Pet Food, Fábricas de Ração Animal, Fornecedores de Máquinas e Equipamentos, Fornecedores de Insumos e Matérias

Primas, Frigoríficos, Graxarias, Palatabilizantes, Aditivos, Anti-Oxidante, Embalagens, Vitaminas, Minerais,

Corantes, Veterinários e Zootecnistas, Farmacologia, Pet Shops, Distribuidores, Informática/Automação

Industrial, Prestadores de Serviços, Equipamentos de Segurança, Entidades da cadeia produtiva, Câmaras de

Comércio, Centros de Pesquisas e Universidades, Escolas Técnicas, com tiragem de 10.400 exemplares.Distribuída entre as empresas nos setores de

engenharia, projetos, manutenção, compras, diretoria, gerentes. É enviada aos executivos e especificadores

destes segmentos.Os artigos assinados são de responsabilidade de seus

autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial

das matérias sem expressa autorização da Editora.

Sumário

Notícias

Caderno Científico

Capa

Entrevista

Informe Técnico

Em Foco 1

Em Foco 2

Em Foco 3

Em Foco 4

Segurança Alimentar

Pet Food Online

Caderno Técnico1

Caderno Técnico2

26

30

24

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Page 4: Revista Pet Food Brasil

6 7NotíciasNotícias

Mais uma planta industrial, construída pela Ferraz, é inaugurada

A Puro Trato é uma das principais fornecedoras de alimentos para grandes animais, com uma vasta gama de produtos, quer seja

no setor de rações balanceadas, quer seja no de suplementos minerais e protéicos. Há um portfólio bastante grande e completo

na linha para equinos, tendo em suas instalações modernos equipamentos para fabricação de rações de alto padrão (por exemplo,

laminador de grãos e aveia).

A empresa atende vários Estados e, de agora em diante – com a nova planta já construída dentro dos padrões de qualidade e

sanidade - poderá expandir ainda mais sua área de atuação no território nacional e também internacional, com alimentos para cães,

gatos e peixes, todos com maior valor agregado.

Foi empregada a mais alta tecnologia na nova planta, quer seja em equipamentos, quer seja em automação de máquinas e

processos, possibilitando um perfeito controle de qualidade. Um moderno laboratório é responsável pela segurança de todas as

matérias-primas envolvidas no processo, bem como, da qualidade dos produtos acabados.

No fiNal do mês de maio a Nova uNidade de produção de rações extrusadas, da puro trato, em saNto augusto (rs), começou a operar

Melhoradores de desempenho na alimentação são proibidos O uso das substâncias antimicrobianas espiramicina e eritromicina, com finalidade de aditivo zootécnico melhorador de

desempenho na alimentação animal, foi proibido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A determinação

está na Instrução Normativa nº 14, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 18 de maio.

A decisão faz parte das ações desenvolvidas pelo Mapa para garantir o uso responsável e prudente de antimicrobianos em

animais produtores de alimento e atualizar os estudos técnico-científicos sobre aditivos melhoradores de desempenho utilizados

em animais. O trabalho vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Trabalho do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários

(DFIP) desde 2003.

O comitê sugeriu a descontinuidade do uso de espiramicina e eritromicina como aditivo melhorador de desempenho por

preocupações relacionadas à saúde pública. Para essas substâncias, é considerada prioritária a necessidade de análises de risco

e implementação de medidas para prevenção do desenvolvimento de resistência microbiana, conforme as recomendações dos

organismos de referência dos quais o Brasil é membro, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Mundial de

Saúde Animal (OIE, sigla em inglês) e o Codex Alimentarius.

Com as novas regras, os registros dos aditivos e produtos destinados à alimentação animal que contenham as substâncias

antimicrobianas espiramicina e eritromicina deverão ser cancelados no prazo de 30 dias.

A manutenção dos registros dos produtos destinados à alimentação animal, quando for do interesse das empresas detentoras dos

registros, é permitida desde que seja alterada a sua composição, com a substituição das substâncias antimicrobianas espiramicina e

eritromicina por outro aditivo melhorador de desempenho à base de antimicrobianos, em conformidade com a legislação vigente.

Fonte: Mapa

Page 5: Revista Pet Food Brasil

8 9Notícias

Início da construção do novo Instituto de Pesquisa da Kemin em Des Moines

Kemin Industries iniciou a construção do novo prédio que abrigará o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento em Des Moines. O moderno

laboratório disporá de 370 metros lineares de espaço de bancada, abrigando cerca de 60 cientistas.

O novo prédio contará com dois laboratórios gerais, seis laboratórios compartilhados e três laboratórios-piloto. Os laboratórios-piloto atuarão no

desenvolvimento de produtos que possam posteriormente ganhar escala de produção na preparação do lançamento comercial.

“Caso você queira saber o que inspira cientistas e pesquisadores a darem o melhor de si, basta lhes perguntar – e foi exatamente o que fizemos,”

afirmou o Dr. Chris Nelson, Presidentee CEO da Kemin. “Eles nos ajudaram no projeto do novo prédio de P&D, que é uma abordagem de conceito

aberto e inclui laboratórios compartilhados. É o melhor ambiente possível para estimular a colaboração, inovação e desenvolvimento de produtos

inéditos.”

Os cientistas da Kemin que pesquisam e desenvolvem produtos para as indústrias de ração, alimentos, saúde, nutrição e beleza trabalharão neste novo

prédio. O departamento atual continuará a operar em plena capacidade com cientistas focados em inovações, pesquisas e alimentos para pets.

Existem inúmeras características especiais no projeto do novo prédio, inclusive um laboratório sensorial e uma cozinha experimental, que serão

utilizados pela divisão de tecnologia de alimentos da empresa. Contará também com um laboratório para a avaliação das moléculas desenvolvidas pela

Kemin para produtos de cuidados pessoais.

Este novo centro de pesquisas é parte do plano de expansão global anunciado pela Kemin em outubro de 2010, que inclui a duplicação das

instalações de sua matriz em Iowa. O centro de pesquisas, que deve ser concluído em meados de 2013, será conectado ao novo prédio da matriz.

Mais de 100 cientistas se reuniram este mês em Des Moines para a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da nova instalação.

KemiN – iNspired molecular solutioNs™ A Kemin (www.kemin.com) fornece “soluções moleculares inspiradas”, especificamente desenvolvidas para o benefício de seres humanos e animais.

Comprometida com segurança de alimentos e rações, a Kemin fabrica mais de 500 ingredientes especiais em suas modernas fábricas para o setor

global de alimentos e rações, além dos mercados de saúde, nutrição e cuidados pessoais. A Kemin, empresa privada global, conta com quase 1.500

funcionários, opera em mais de 90 países e possui plantas na Bélgica, Brasil, China, Índia, Itália, Cingapura, África do Sul e Estados Unidos.

a coNstrução é parte do plaNo global de expaNsão da empresa

Page 6: Revista Pet Food Brasil

10 11Notícias“Nosso problema é o farelo de soja, e não o milho”, diz executivo da BRF O preço do farelo de soja é o que tem pressionado os custos da BRF

Brasil Foods e não o preço do milho, segundo informações do diretor de

compra de grãos, farelo e óleos da companhia, Messias Oliveira. “O farelo

está bastante alto e corresponde a 25% do custo de produção da ração e

16% do custo final do frango. Já o preço do milho está em um nível bem

interessante”, esclarece o executivo durante o evento “Perspectivas para o

Agrobusiness em 2012 e 2013”, realizado pela BM&FBovespa.

Para ele, o preço da soja deve continuar alto. “Tivemos uma quebra

na última safra de soja de 13 milhões de toneladas, considerando as

estimativas, e em 10 milhões considerando a produção de 2011”, informa

ao comentar os preços para este ano. Para ele, a safra dos Estados Unidos,

no segundo semestre do ano, deve ajudar a melhorar o cenário. “Acho que,

com a entrada da safra americana, o quadro pode melhorar um pouco,

mas não muito”, diz.

No sentido oposto, o preço do milho deve permanecer em um patamar mais baixo, com a previsão de uma boa oferta no próximo

semestre. “Vemos uma safra recorde tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil”, diz Leonardo Sologuren, da empresa Clarivi. Ele salienta

um ponto importante para exportadores nacionais de milho “o preço da commodity está pareando uma correlação no mercado nacional e em

Chicago”, comenta. Para Sologuren, essa aproximação indica um amadurecimento do mercado brasileiro.

Os executivos também comentaram sobre a possibilidade de a China aumentar a produção interna de milho e, assim, diminuir demanda

externa. “Há muito potencial para crescimento de produção na China. Eles ainda tem muito a crescer com tecnologia”, avalia o executivo

da BRF. Por outro lado, aponta Leonardo Sologuren, “por mais que a China cresça, o nível da demanda ainda vai superar e muito a oferta”,

pontua. As informações partem da Agência Leia.

Fonte: Agência Leia

Guabi prospecta novas parcerias em feira internacional do segmento petiNterzoo 2012 é um dos priNcipais eveNtos pet iNterNacioNais

O mercado pet brasileiro está aquecido e empresas nacionais buscam novas oportunidades no cenário internacional para ingressar

seus produtos em um setor que movimenta no mundo U$76 bilhões/ano. No Brasil, o segmento alcança a cifra de R$11 bilhões, de acordo

com dados da ABINPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). Desta fatia, o ramo Pet Food

representa 66% de todo o valor de mercado.

O Grupo Guabi – um dos maiores produtores de rações e suplementos do país – participou da Interzoo, que foi realizada entre os dias

17 a 20 de maio, em Nuremberg (Alemanha). No ano passado, a feira recebeu 1.500 expositores de vários países e um público estimado em

mais de 39 mil visitantes de diversas nacionalidades.

“A Interzoo é a maior feira no segmento pet e traz um panorama do mercado mundial. A Guabi não poderia deixar de participar deste

importante evento, que reúne os principais fornecedores desta área. Para a Empresa é uma oportunidade de prospectar novas parcerias

e apresentar um produto genuinamente brasileiro com qualidade superior ao mercado internacional. A Guabi já exporta para mais de 30

países e busca ampliar cada vez mais sua área de atuação”, ressalta Robson Fonseca, gerente de Comércio Exterior da Guabi.

Para Robson, os produtos no mundo vêm caminhando para as linhas naturais, como ocorre para os seres humanos. “Cada vez mais os

animais de estimação são tratados como membros da família e os cuidados com a alimentação e saúde dos pets têm merecido uma atenção

especial por parte de seus donos”, complementa Fonseca.

Informações para imprensa: LN Comunicação

Page 7: Revista Pet Food Brasil

12 13Caderno Científico

s frutanas são polímeros de frutose, podendo

ser naturais, derivados de plantas (inulina) ou sintéticos,

resultante da polimerização da frutose (Gibson e

Roberfroid, 1995). A inulina é um termo aplicado a

uma mistura heterogênea de polímeros de frutose,

de cadeia linear com tamanho variável, unidos por

ligações do tipo β(2-1), encontrados amplamente na

natureza como carboidratos de armazenamento de

plantas como alcachofras, cebola, alho, aspargo, banana,

tomate, cevada, centeio, trigo, raiz de chicória e yacon

(Roberfroid et al., 2010). Grande parte da inulina e

Frutooligossacarídeos (FOS) como prebióticos para cães e gatos

APor: Ricardo Souza Vasconcellos e Karla dos Santos Felssner

oligofrutose disponíveis no mercado de ingredientes

é sintetizada a partir da sacarose ou extraída das

raízes de chicória (Niness, 1999). Tratando-se de

carboidratos não-redutores não participam das

reações de Maillard e são altamente estáveis em

diferentes condições de pH e temperatura (Van Loo

et al., 1998). Possuem resistência à acidez gástrica,

hidrólise enzimática e absorção gastrointestinal,

penetrando no intestino grosso onde servirão

de substrato para microrganismos benéficos

(Roberfroid, 2007). A fermentação no intestino

grosso produz os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC),

dentre estes os mais estudados o ácido lático, propiônico,

butírico e acético. Estes compostos promovem uma

acidificação do lúmen intestinal fornecendo um meio

propício ao crescimento de bactérias benéficas como

os Lactobacillus e Bifidobacterium em detrimento

das bactérias patogênicas como Clostridium, E.coli,

Listeria, Salmonella e outras (Cummings et al., 2001).

A absorção dos AGCC é rápida sendo que acetato e

propionato chegam a circulação portal e em seguida

ao fígado e o butirato é utilizado como principal fonte

de energia para os colonócitos. Estudos recentes têm

demonstrado que as células do sistema imunológico,

especialmente polimorfonucleares, expressam

receptores acopladores de proteína-G (GPRs) capazes

de transportar os AGCC para o interior destas

células, evidenciando a importância destes substratos

energéticos para o sistema imunológico (Roberfroid

et al., 2010). A suplementação com FOS pode reduzir

a produção de compostos putrefativos (fenóis, indóis e

amônia), os quais contribuem para o mau odor das fezes

e para a carcinogênese do cólon (Swanson et al., 2002).

Os mecanismos pelos quais os prebióticos

são capazes de melhorar a resposta imunológica

do hospedeiro ainda são pouco conhecidos.

Ao estimularem o crescimento das bactérias

produtoras de ácido láctico, os prebióticos atuam

indiretamente e de forma benéfica sobre o sistema

imune do hospedeiro, pois estas populações

bacterianas produzem substâncias com propriedades

imuno-estimulatórias (ex. lipopolissacarídeos,

peptideoglicanas e ácidos lipoteicóicos) que interagem

com o sistema imune em vários níveis, incluindo

a produção de citocinas, a proliferação de células

mononucleares, a fagocitose macrofágica e a indução

na síntese de imunoglobulinas, em especial as IgA de

mucosa (Macfarlane & Cummings, 1999).

Em humanos, o FOS demonstrou efeitos benéficos

em pacientes com infecções intestinais e condições

inf lamatórias como colite ulcerativa ativas e síndrome

do intestino irritável. Apesar destas evidências do

efeito benéfico do FOS sobre a saúde em humanos,

os estudos com prebióticos em cães e gatos ainda

são relativamente escassos e apresentam resultados

um tanto quanto controversos. Nesta edição serão

apresentados dois artigos recentes sobre o uso de

FOS, sendo o primeiro deles em gatos e o segundo,

uma meta-análise de estudos sobre o uso de FOS em

humanos com distúrbios gastrointestinais sobre os

benefícios à saúde alcançados.

celulose, frutooligossacrÍdeos

e pectiNa dietéticos modificam

catabÓlitos protéicos fecais e

populações microbiaNas

em gatos adultos.

Resumo: β-2,1 frutanas são moléculas de hidratos de carbono

com propriedades prebióticas. Através da resistência à

digestão no trato gastrointestinal superior, elas atingem a

cólon intactas, onde seletivamente estimulam o crescimento

e / ou atividade da população benéfica intestinal. Através

desta alteração da microf lora intestinal e por mecanismos

adicionais, β-2,1 frutanas podem ter efeitos benéficos sobre

a função imune, a capacidade para combater a infecção e

processos inf lamatórios. Neste trabalho foram resumidos

e avaliados estudos que investigaram os efeitos do FOS.

Vinte e um estudos em animais de laboratório sugerem que

alguns aspectos da imunidade inata e adaptativa do intestino

e os sistemas imunes sistêmicas são modif icados por B-2,1

frutanas. No homem, dois estudos em crianças e nove estudos

em adultos indicam que o sistema imunitário adaptativo pode

ser modif icado por B-2,1 frutanas. Treze estudos em modelos

animais de infecções intestinais concluem um efeito benéfico

das β-2,1 frutanas. Dez estudos envolvendo lactentes e crianças

relataram principalmente benefícios sobre os parâmetros de

infecção. Em quinze ensaios com humanos adultos, pouco

efeito foi verif icado, embora em situações específ icas,

certos β-2,1 frutanos podem ser benéficos. Dez estudos em

modelos animais mostram benefício de β-2,1 frutanos no que

diz respeito à inf lamação intestinal. Relatório de estudos

em humanos trazem alguns benefícios em relação a doença

inf lamatória intestinal (quatro estudos positivos) e dermatite

atópica (um estudo positivo), mas os achados em síndrome

do cólon irritável são inconsistentes. Portanto, em geral os

resultados indicam que β-2,1 frutanos são capazes de modular

alguns aspectos da função imune, melhorando a capacidade do

hospedeiro em responder com sucesso para certas infecções

intestinais e modif icando algumas condições inf lamatórias.

Bristish Journal of Nutrition, vol.101, p.633-658, 2009.

Autores: Lomax, AR; Calder, PC

Page 8: Revista Pet Food Brasil

14 15Caderno Científicocelulose, frutooligossacrÍdeos e pectiNa dietéticos

modificam catabÓlitos protéicos fecais e populações

microbiaNas em gatos adultos.

Resumo: doze gatos machos adultos (1,7±0,7 anos) foram empregados em um delineamento

replicado quadrado latino 3x3 para determinar os efeitos do tipo de f ibra na digestibilidade dos

nutrientes, produtos f inais da fermentação e população microbiana fecal. Três dietas contendo

4% de celulose, frutooligossacarídeos (FOS) ou de pectina foram avaliadas. O escore fecal

foi avaliado pelo método de 5 pontos, sendo 1 – fezes f irmes e ressecadas e 5 fezes líquidas e

aquosas, com diarréia. Não foram observadas diferenças (P> 0,100) na ingestão de MS, MO,

PB e gordura em hidrólise ácida, digestibilidade da MS e da MO, pH fecal e percentual de MS

fecal, concentrações de histamina ou feniletilamina, também nas fezes. Digestibilidade da

proteína bruta e da gordura diminuíram (P = 0,079 e 0,001, respectivamente) em resposta à

suplementação com pectina em comparação com a celulose. Tanto a suplementação com FOS

quanto pectina resultou em aumento dos escores fecais (P <0,001) e concentrações de amônia (P

= 0,003) e 4-metil-fenol (P = 0,003). Concentração fecal de compostos indólicos aumentou (P =

0,049) quando gatos foram suplementadas com FOS. Acetato fecal (P = 0,030), propionato de etila

(P = 0,035), e ácidos graxos de cadeia curta totais (P = 0,016) aumentaram na dieta suplementada

com pectina. As concentrações de Butirato (P = 0,010), isobutirato (P = 0,011), isovalerato (P =

0,012), valerato (P = 0,026), e o ácidos graxos de cadeia ramificada totais + valerato (P = 0,008)

aumentaram com a suplementação de FOS e pectina. Cadaverina fecal (P < 0.001) e triptamina

(P <0,001) aumentaram com a suplementação de FOS e pectina. Concentrações de tiramina

diminuíram (P = 0,039) nos gatos suplementados com FOS, enquanto as concentrações de

espermidina aumentaram (P <0,001) em gatos suplementados com pectina. Considerando que

as concentrações fecais de putrescina (P <0,001) e de aminas biogênicas totais (P <0,001)

aumentaram com FOS e pectina, estas concentrações foram ainda maiores (P <0,001) nos gatos

suplementados com pectina. População microbiana fecal de Bif idobacterium spp. aumentou (P

= 0,006) e de Escherichia coli diminuiu (P <0,001) nas fezes dos animais suplementados com

FOS e Clostridium perfringens (P <0,001), E. coli (P <0,001) e Lactobacillus spp. (P = 0,030)

aumentaram nos gatos que receberam pectina. Além de aumentar a população microbiana

fermentadora de proteína, a ingestão de pectina aumentou os produtos f inais da fermentação

de carboidratos quando comparados aos da fermentação protéica. Pectina e FOS podem ser

fontes de f ibra úteis na promoção da saúde intestinal do gato.

Journal of Animal Science, 88: 2978-2987, 2010.

Autores: Barry, KA; Wojicicki, BJ; Middelbos, IS; Vester, BM; Swanson, KS; Fahey Jr., GC

Estas revisões sistemáticas são importantes

quando abordam assuntos em que as pesquisas ainda

são insuficientes para tomadas de decisão sobre

o uso de alguns ingredientes ou nutrientes. Neste

caso, segundo os autores, os estudos realizados em

modelos animais e em humanos parecem evidenciar

benefícios a saúde, com possíveis implicações de uso

não somente para animais saudáveis, mas também

em animais com distúrbios gastrointestinais.

Infelizmente o número de estudos em cães e gatos

ainda é pequeno para estas tomadas de decisão,

no entanto, à semelhança de modelos animais e

humanos, os resultados tem apontado evidências no

mesmo sentido.

Page 9: Revista Pet Food Brasil

16 17Capa

os anos 80, fabricantes de pet food já acrescentavam

aos seus produtos o premix, porém eram raros os estudos e

pesquisas acerca deste ingrediente e a sua real importância e

contribuição para os animais, tão pouco, havia uma definição

técnica, que surgiu há aproximadamente três anos. Antes

disso, o premix era registrado como suplemento. Estamos

falando de uma pré-mistura de vitaminas, minerais e

aditivos, acrescentada na alimentação animal em pequenas

quantidades (em virtude de sua alta concentração) e que não

deve ser fornecida diretamente aos animais (IN 15/2009).

Os premixes estão disponíveis para todos os tipos de rações

(extrusadas, peletizadas, fareladas etc) e são direcionados às

mais variadas espécies e fases de desenvolvimento animal,

tanto para animais de produção quanto de companhia, com

maior ou menor grau de processamento.

N

PremixUm mercado com alto potencial

Foi a partir da década de 90 que o uso do premix na alimentação para animais de companhia ganhou maior relevância, estabelecendo uma nova realidade no mercado brasileiro

Por: Lia Freire

O gerente nacional de Premix Pet, da Nutron Alimentos,

Vladimir Fay Silva, observa que o setor de premix passou

por diversas fases de desenvolvimento. “Até as décadas de

60 e 70, a maioria das empresas de alimentação animal era

abastecida por alimentos prontos, ou seja, adquiriam-se

rações produzidas por fornecedores especializados, com raras

exceções de empresas de alimentação animal que produziam

o seu próprio premix ou compravam este ingrediente. A

partir da segunda metade da década de 70, com o aumento

considerável de empresas do setor de alimentação animal,

houve uma difusão do uso da tecnologia do premix pronto

terceirizado, com o fornecimento por empresas produtoras

de vitaminas, o que se consolidou na década de 80, com a

entrada de fornecedores de outros componentes, como

aditivos, antibióticos base, melhoradores de desempenho

e outros. Com o tempo, demais fornecedores deste setor

surgiram e, atualmente há mais de 60 empresas de premix

atendendo o mercado nacional.”

Com o passar dos anos, os principais players do setor de

alimentação animal focaram suas pesquisas na importância

desta suplementação, uma vez que durante as fases de

processamento dos alimentos perdia-se vitaminas, minerais

etc. De lá para cá o seu uso tornou-se “sine qua non”, ou

seja, não representa mais um diferencial, mas uma condição

mínima de atuação. “A partir da década de 90 o premix se

popularizou, quando o uso do alimento industrializado

específico para os animais de estimação ganhou relevância

e os pets deixaram de frequentar apenas o quintal das

residências e ganharam o seu espaço no interior das casas.

Essa maior aproximação com os donos fez com que eles

notassem os benefícios que estes premixes ofereciam aos

seus animais”, analisa Guilherme R. Palumbo, supervisor de

produtos da M.Cassab, companhia que atua neste mercado

há quase três decadas.

TENDÊNCIA

A inclusão de premix na ração garante o fornecimento

de nutrientes e aditivos de maneira equilibrada, segura e com

garantias mínimas ou ideais, baseadas no perfil de consumo

em questão, além de ter o aporte de qualidade de mistura

ideal obtido com rigorosos sistemas de controle.

Os tipos de premix mais utilizados são também os

mais comuns, ou seja, vitamínico e mineral. A indústria

comumente trabalha com fórmula própria, encomendando

o premix de acordo com sua necessidade, podendo incluir

aminoácidos e outros aditivos.

Não basta empregar o premix na alimentação animal,

hoje soma-se à necessidade do seu uso, a precisão das

misturas, a quantidade empregada, dentre outros aspectos.

“Desenvolver premix não se restringe a misturar vitaminas.

Por trás disso, há uma ciência que atua em várias frentes:

produto, mistura, estabilidade etc”, destaca o supervisor da

M.Cassab, Palumbo, acrescentando que atualmente atribui-

se ao premix não apenas a sua importância nutricional, como

também a sua contribuição para as funções imunológicas.

“Os estudos de suplementação sempre foram assim: retirava-

se determinada vitamina do alimento e analisava-se o

resultado. Atualmente, as pesquisas vão além desta questão.

Analisa-se também as doses necessárias de cada vitamina

para determinada fase do animal, destacando-se assim as

funções imunológicas que os premixes promovem.”

Palumbo afirma que o mercado de nutrição animal atua

em paralelo com a nutrição humana. “Aqui na M.Cassab

trabalhamos dentro da ciência e seguimos esta tendência. A

ração econômica não é mais a primeira opção, especialmente

quando analisamos a região Sudeste. Devido as melhorias

na qualidade de vida do brasileiro, ele busca para o seu pet

alimentos mais nutritivos. Percebemos ainda que além da

tendência em aumentar as doses de vitaminas, minerais etc,

nos premixes, vem crescendo consideravelmente o uso de

minerais quelatados - minerais ligados a uma estrutura de

proteína ou aminoácido, que tem aumento de absorção e não

necessita usar fonte inorgânica -, embora o custo seja mais

alto”, explica Palumbo.

MERCADO BRASILEIRO

De acordo com dados fornecidos pela ABINPET

- Associação Brasileira da Indústria de Produtos para

Animais de Estimação, o setor pet food produziu em 2011,

1.934 mil toneladas, movimentando R$ 12,2 bilhões.

Considerando uma inclusão média de 4% de premix, o

volume utilizado na alimentação de animais de companhia

foi de aproximadamente 77 mil toneladas. A demanda para

este mercado segue o crescimento estimado para o setor de

alimentação animal.

FISCALIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO

A indústria de premix é submetida ao controle do

Ministério da Agricultura. Além disso, em virtude dos

“Atribui-se ao premix não apenas a sua importância nutricional, como também a sua contribuição para as

funções imunológicas.”

“A partir da década de 90, o premix se popularizou. Época em que o alimento industrializado para os animais de estimação ganhou relevância”, Guilherme Palumbo, da M.Cassab.

Page 10: Revista Pet Food Brasil

18 19Capa

constantes e graves problemas de saúde pública e animal, os

importadores de alimentos mantém avançadas estruturas

de fiscalização a fim de evitar a aquisição de alimentos

contaminados (com metais pesados, antibióticos não

permitidos pela legislação do país, dioxinas etc). “Com base

nisso, a indústria brasileira de rações exige cada vez mais

qualidade e garantias das premixeiras - já que o premix de

baixa qualidade pode ser o principal contaminante de carnes,

leite, ovos e rações”, descreve Vladimir, gerente da Nutron.

As indústrias de premix devem seguir o regulamento

estabelecido pelo Decreto 6296/2007, normas correlatas

e possuir registro no MAPA- Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento. A IN 42/2010 isentou o premix

da necessidade de registro. A norma que regulamenta

os produtos destinados a alimentação de animais de

companhia, IN 30/2009, determina que as vitaminas e os

microminerais constantes na formulação dos produtos

deverão ter seus níveis de garantia declarados. A norma

também diz que para a declaração níveis de garantia de

vitaminas e microminerais, deverão ser consideradas apenas

as quantidades adicionadas.

A ABINPET lançou o Manual Pet Food Brasil.

A nova publicação é uma atualização do Manual PIQ

PET, desenvolvido há seis anos pelos grupos técnicos da

entidade, compostos por diversos profissionais das empresas

associadas e de universidades.

O Manual contém informações sobre os padrões

técnicos e de qualidade de matérias-primas, parâmetros

nutricionais, metodologias analíticas aplicáveis e condições

ideais de produção para garantir alimentos seguros, tanto

para o mercado nacional, quanto internacional.

A ATUAÇÃO DOS FORNECEDORES

De acordo com o gerente da Nutron, Vladimir, desde

o início da atuação no segmento de nutrição animal, a

empresa – que passou no final de 2011 a integrar o grupo

Cargill - focou os seus serviços e produtos no mais alto

padrão de qualidade para parceiros interessadas no melhor

custo-benefício, com garantias de segurança nutricional e

qualidade total.

A companhia oferece linha de premixes para gado

leiteiro e de corte, animais de companhia, equinos,

suínos, aves em geral, peixes, além de matérias-primas e

especialidades do setor. “Também atendemos empresas

que necessitam de fórmulas específicas. Ao contrário da

maioria, a Nutron não tem como foco principal o custo

primário de premix, pois a participação deste ingrediente

geralmente é pequena no custo total da ração e devido

às garantias necessárias de um produto como este e os

riscos que uma qualidade inferior podem ocasionar, a

nossa preocupação principal é a tranquilidade e satisfação

do cliente, entregando o que ele nos sinalizar que seja um

real valor para sua companhia. Com isso, atualmente a

Nutron não tem direcionamento principal em participação

do mercado de preço e sim na presença no cliente com

qualidade inquestionável e os melhores resultados possíveis

e possibilidade de risco zero. Agora que passamos a

integrar o Grupo Cargill muitas outras novidades virão:

passamos a contar com centenas de pesquisadores, iremos

desenvolver novos ingredientes, além disso, tecnologias

e serviços já estão sendo avaliados e futuramente estarão

disponíveis para o mercado nacional.”

A Nutron tem investido há um bom tempo em máquinas

para a detecção e controle de contaminantes de alto risco

“De acordo com dados da ABINPET, o setor pet food produziu em 2011, 1.934 mil toneladas e movimentou R$

12,2 bilhões. Considerando uma inclusão média de 4% de premix, o volume utilizado na alimentação de animais de companhia foi de

aproximadamente 77 mil toneladas.”

“Investimos constantemente em nossos laboratórios

para a qualificação e validação de nossos produtos”, Pedro L.

Bertolani, da M.Cassab.

como metais pesados, dioxinas e antibióticos. “Atualmente,

o nosso laboratório é referência no setor, prestando serviço

inclusive a outras empresas do segmento”, destaca Vladimir.

A M.Cassab há 3 anos atua fortemente no segmento de

premixes para pet food. A sua fábrica de Valinhos (SP) possui

produção inteiramente dedicada a esta linha e tem recebido

investimentos constantes para adequar-se às diversas

exigências do mercado. Até o final de 2012, a expectativa

é que os investimentos cheguem a R$ 1 milhão. O Grupo

também investe em laboratórios para a qualificação e

validação de seus produtos, como acontece há 10 anos em

sua unidade na China, que conta com 12 pessoas. “Em

paralelo a isso, temos aqui no Brasil uma forte e capacitada

estrutura técnica que por meios analíticos busca comprovar

a qualidade de nossos produtos. Possuímos um sistema

de rastreabilidade total e de pesagem assistida, que é um

sistema de checagem da inclusão de cada ingrediente que

faz parte da formulação do premix ou do blend vitamínico,

por isso, não há a menor possibilidade da inclusão de um

ingrediente indesejado em nossas formulações. Em virtude

desta atuação, temos a total segurança em comercializar

produtos de máxima qualidade e segurança. Atuamos

a partir do que o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) exige. Nossos premixes não têm

a presença de antibióticos, antioccidianos, medicamentos e

melhoradores de desempenho, são livres de contaminantes,

ou seja, apenas “linha branca”. Também desenvolvemos

formulações customizadas em conjunto com as empresas

do setor”, explica Pedro Luis Bertolani, gerente de mercado

ingredientes e suprimentos da M.Cassab.

Palumbo, da M.Cassab, afirma que atualmente a

empresa detém aproximadamente 8% do mercado brasileiro

de premix e a meta é conquistar 15%. “Temos estrutura para

atender 50%. Somos audaciosos, com otimismo. Visamos

crescer com segurança e gradativamente. Encaramos o

premix como uma ferramenta de trabalho. O que temos de

expertise, compartilhamos com o mercado. O conhecimento

técnico é comum a quase todas as empresas e cabe a nós que

recebemos outros tipos de informações compartilharmos

com os nossos parceiros de negócios.”

Presente em mais de 35 países, a DSM oferece ao

mercado a garantia de rastreabilidade dos seus premixes

e isso se deve a complexa estrutura da companhia que

permite desde a produção da matéria-prima das vitaminas,

passando por sua transformação na forma comercial,

chegando à produção dos premixes. “Desenvolvemos

premixes de linha e de formulação especial, para cada

necessidade. Além disso, estamos focados em setores onde

a nossa participação é relativamente baixa. Aproveitamos

para investir em novas parcerias de negócios, expandindo

a nossa linha a atuação no mercado brasileiro”, explica

Rodolfo Agustin Pereyra, gerente de vendas no Brasil,

destacando ainda que a tendência neste mercado por

produtos com alta eficiência e qualidade, é exatamente a

filosofia adotada pela empresa.

“Desenvolver premix não se restringe a misturar

vitaminas. Por trás disso, há uma ciência que atua em várias frentes: produto,

mistura, estabilidade etc.”

Page 11: Revista Pet Food Brasil

20 21Entrevista

Durante a sua participação no IV Congresso Internacional e XI Simpósio sobre Nutrição de Animais de Estimação, realizados no início de maio, juntamente com a 2ª Expo Pet Food, em São Paulo, o zootecnista e Dr. em Nutrição Animal, Marcelino Bortolo, gerente industrial da Brazilian Pet Foods concedeu entrevista à equipe da Revista Pet Food Brasil. Na ocasião, o especialista deu o seu parecer sobre a atual posição do mercado brasileiro de nutrição animal, falou sobre tendências de consumo no setor e a atuação da Brazilian Pet Foods. A companhia que surgiu em 2010 após cisão da Nutriara, tem como proposta produzir alimentos com alta tecnologia e qualidade superior. “Nosso objetivo é desenvolver alimentos que se destacam pela qualidade, inovação e bem estar dos animais, com uma atuação respaldada na sustentabilidade”, enaltece Bortolo.

Marcelino Bortolo

“A nutrição para animais de companhia já há algum

tempo está sendo direcionada para a especialização.”

“Acredito que segmentos como o de petiscos despontarão ainda mais, como também os alimentos que têm intrínsecos conceitos de sustentabilidade e funcionalidade”, Marcelino Bortolo.

Revista Pet Food – Atualmente, qual é a tendência

de consumo no mercado brasileiro de alimentação

animal?

Marcelino Bortolo – De um modo geral e isso se estende

ao mercado brasileiro, a nutrição para animais de

companhia está sendo aprimorada, ou seja, os alimentos

estão com finalidades funcionais e apelos de recreação e

treinamento (snacks). Esta tendência ocorre em função da

humanização na relação entre os proprietários e os seus

animais de estimação. Estes são considerados e tratados

como um membro da família, portanto, a procura é cada

vez maior por uma alimentação saudável, balanceada e

adequada, estando diretamente relacionada a alimentos

de maior valor agregado.

Revista Pet Food – Qual é a análise sobre o mercado

brasileiro de alimentação animal?

Bortolo – Embora seja nítida a evolução no mercado em

termos de qualidade e diversidade e exista a crescente

procura por alimentos mais elaborados, obviamente

que ainda temos uma grande e considerável fatia para

ser conquistada, formada tanto pelos consumidores

que continuam oferecendo aos seus animais alimentos

humanos, quanto por aqueles que devido às questões

econômicas não têm condições de comprar alimentos

(mais elaborados, que compõem as linhas Premium e

Super Premium).

Revista Pet Food – Em que posição está a indústria

brasileira de alimentação animal quando levamos em

consideração o cenário internacional?

Bortolo – Hoje em dia, o Brasil está em uma situação

bastante favorável, especialmente com relação às

questões sanitárias. Os alimentos destinados aos animais

de estimação são altamente seguros, pois sempre

tivemos uma forte pressão dos países da Comunidade

Europeia, Estados Unidos, Canadá, China, Chile e demais

regiões que importavam os nossos produtos.

A Brazilian Pet Foods está entre os 10 maiores

fabricantes de alimentos para animais do mundo e em

3° lugar na América Latina (http://www.petfoodindustry.

com/Petfood_top_10). Cheguei recentemente dos

Estados Unidos para falar sobre o rigoroso controle

microbiológico dentro das fábricas da Brazilian Pet

Foods que tem sido ótimo exemplo de como produzir

alimento animal.

Revista Pet Food – O que difere o controle

microbiológico realizado na Brazilian Pet Foods das

demais companhias?

Bortolo – Trabalhamos a partir das Boas Práticas

de Fabricação (BPF) que abrangem um conjunto de

medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de

alimentos a fim de garantir a qualidade sanitária e

a conformidade dos produtos alimentícios com os

regulamentos técnicos. Promovemos diferentes análises

Por: Lia Freire

Page 12: Revista Pet Food Brasil

22 23Entrevista

“Alimentar com qualidade é o nosso negócio!”

e os resultados vêm sendo muito bons. Transmitimos

alta confiabilidade ao mercado. Todo este trabalho de

rastreabilidade na empresa começou forte há cerca de 6

anos e está fundamentado na conscientização de todos

os colaboradores. Isso é algo que não compramos, mas

formamos e a Brazilian Pet Foods está apoiada pelo

Programa Integrado de Qualidade Pet (PIQ Pet), criado

pela ABINPET - Associação Brasileira da Indústria de

Produtos para Animais de Estimação - ex- ANFALPET.

Esta certificação é fornecida para empresas que

seguem as normas de códigos da BPF (Boas Práticas de

Fabricação) e Programas de Certificações Internacionais

(APPCC com base no Codex Alimentarius), visando

contribuir para a evolução da qualidade dos produtos

oferecidos ao mercado consumidor, aumentando a

confiabilidade e a segurança dos alimentos e permitindo

uma demonstração pública do comprometimento das

empresas produtoras.

Revista Pet Food – Quais aspectos, em sua opinião,

ainda precisam ser aprimorados pela indústria

brasileira de alimentação animal?

Bortolo – Acredito que ainda há muito fabricante

brasileiro que precisa se adequar às Boas Práticas de

Fabricação. Os órgãos governamentais e de fiscalização

deveriam concentrar ainda mais esforços neste sentido.

Há itens desenvolvidos a partir da mais alta tecnologia,

enquanto outros são produzidos de maneira precária, sem

nenhum tipo de cuidado. Se evoluirmos neste sentido, o

setor de alimentação para animais de estimação terá um

resultado ainda melhor.

Revista Pet Food – Como analisa o futuro do

mercado?

Bortolo – Como já havia mencionado anteriormente,

o setor está sendo direcionado para alimentos

A companhia nasceu em 2010, a partir de um processo de cisão da empresa Nutriara. A atuação está focada em alimentos funcionais e de valor agregado, além da exportação. A Brazilian Pet Foods segue as normas de códigos da BPF (Boas Práticas de Fabricação) e Programas de Certificações Internacionais (APPCC com

base no Codex Alimentarius).

com finalidades funcionais. Talvez o volume de

extrusados, por exemplo, não cresça tanto, mas

certamente a migração irá acontecer devido às

novas necessidades. E acredito ainda, que segmentos

como o de petiscos despontarão ainda mais, como

também os alimentos que têm intrínsecos conceitos

de sustentabilidade e funcionalidade.

Revista Pet Food – Nos apresente a Brazilian Pet

Foods, o seu posicionamento no mercado e os

produtos desenvolvidos.

Bortolo – A companhia nasceu em 2010, a partir de

um processo de cisão da empresa Nutriara. Nossa

atuação é focada em alimentos funcionais e de

valor agregado, além disso, trabalhamos forte na

exportação. A sede da empresa está em Arapongas

(PR) e há unidades industriais espalhadas por Paulínia

(SP), Apucarana (PR) e Cuiabá (MT), totalizando

6 fábricas. Nossas unidades são equipadas com

a mais alta tecnologia, temos um departamento

específico para desenvolver novos produtos, que se

destacam pela qualidade, inovação e bem estar que

proporcionam aos animais. Além disso, buscando

sempre o desenvolvimento aliado à sustentabilidade

e respeito ao meio ambiente.

O Grupo Brazilian Pet Foods também é produtor

de biodiesel e temos uma unidade que atua com

os seus derivados, destinados à alimentação

animal, a área de cosmética, química fina e outros

setores. Destacamos ainda a nossa atuação focada

na sustentabilidade. Não desejamos ser apenas

mais um produtor de nutrição animal. As ações de

hoje vão garantir a segurança do futuro, estamos

comprometidos com todo o planeta e evolução da

sociedade. Atualmente, o nosso apoio ao projeto

Cão Guia Brasil: “Dê olhos a quem não pode ver”

inclui o pet na responsabilidade social. Quando o

animal de estimação é alimentado com um produto

da Brazilian Pet Foods, o seu dono e o animalzinho

estão indiretamente colaborando para manutenção

do projeto. Hoje são 2 mil pessoas cadastradas

entre 5.400.000 com deficiência visual em nosso

país, aguardando um cão companheiro. Isso é o que

chamamos de responsabilidade societal.

Page 13: Revista Pet Food Brasil

24 25Informe Técnico

C om a demanda crescente de produtos que beneficiem a

saúde de cães e gatos, a funcionalidade do pet food se tornou um

dos principais fatores de sucesso na conquista do marketshare.

Dessa forma, apelos de claims voltados para a saúde e o bem-estar

se tornaram valores importantes e defendidos pelos fabricantes de

pet food. Assim, as marcas que são capazes de oferecer benefícios

precisos, eficientes e compreensíveis para o pet e seu dono, acabam

se sobressaindo neste segmento de mercado.

O Vit2Be, unidade de negócios do Grupo DIANA, através de uma

profunda análise e compreensão dos aspectos e funções fisiológicas

de cães e gatos desenvolve uma abordagem específica para trazer aos

fabricantes de pet food novos meios de diferenciar seus produtos.

Baseado nesta metodologia, o desenvolvimento do antioxidante

fisiológico SYNOX 3D considerou o crescimento da expectativa de

vida dos pets e o impacto da nutrição no envelhecimento celular.

Fenômeno fortemente induzido por radicais livres, o envelhecimento

celular é o grande responsável pelo estresse oxidativo.

Baseado em estudos que ilustram como a disponibilidade de

vitamina E e as concentrações plasmáticas de metabólitos tóxicos

Ingredientes para a saúde e o bem-estar – O modelo Vit2Be

do estresse oxidativo estão ligadas à gravidade de doenças, a busca

por alternativas mais eficientes e complementares com quantidades

significativas de radicais livres se tornou uma importante

necessidade. Pesquisas e experiências práticas em todo o mundo

mostram que as formulações modernas de pet food deveriam ser

complementadas com varredores de radicais livres.

Além disso, o uso contínuo de Ômega 3 amplifica as atividades

dos radicais livres, os quais, através de três passos de reação de

estresse oxidativo, aumentam ainda mais os efeitos negativos de

longo prazo.

Em condições normais, o equilíbrio entre antioxidantes

fisiológicos (vitamina E, vitamina C, SOD e glutationa) e os radicais

livres, asseguram uma proteção eficaz das células.

Uma vez que os benefícios de proteção celular dos ácidos graxos

poliinsaturados alimentares (AGPI) são cada vez mais aplicados na

formulação de pet food, a necessidade de antioxidantes fisiológicos

se torna cada vez mais importante.

O aumento da produção de radicais livres (processo de

envelhecimento, exercício, estresse, doenças...) exige o fornecimento

de antioxidantes cada vez mais eficientes. A administração oral de

enzimas que atuam no processo da proteção fisiológica contra estes

radicais não permite alcançar concentrações plasmáticas eficientes,

enquanto que o fornecimento alimentar de varredores de radicais

livres é uma alternativa real e eficiente.

Para conter os efeitos dos radicais livres no dano celular, o varredor

ideal de radicais livres alimentares deve ser absorvido e manter a

atividade nos meios aquoso e lipídico. A suplementação do pet food

com antioxidantes naturais é uma tendência crescente, mas a eficiência

clínica desses varredores de radicais livres éraramente demonstrada.

Melhorar a saúde do pet e seu bem-estar através da concepção de uma

mistura de varredores de radicais livres otimizados tem sido um desafio

VARREDORES DE RADICAIS LIVRES

Os antioxidantes podem ser categorizados como tecnológicos ou fisiológicos. Os primeiros, são cruciais na conservação de alimentos e na vida de prateleira dos produtos. Já os antioxidantes fisiológicos, como os varredores de radicais livres, protegem as células contra os danos estruturais induzidos por radicais livres que atacam principalmente as membranas celulares (1), estruturas da proteína (2) e os ácidosnucleicos (3).

IniciaçãoA lipoperoxidação é uma reação biológica

de auto-propagação, iniciada por espécies

reativas de oxigênio que abstraem os

prótons dos ácidos graxos. Dentre os

mais sensíveis, estão os ácidos graxos

poliinsaturados (AGPI) da família N-3.

A iniciação resulta na produção de um

radical de ácido graxo reativo.

PropagaçãoO radical de ácido graxo instável reage

com a molécula de oxigênio, criando

assim um radical peroxil de ácido graxo

instável que reage imediatamente com

outro ácido graxo livre, produzindo um

novo radical de ácido graxo e o peróxido

de lipídio. Esta reação em cadeia se

amplifica, uma vez que este novo radical

de ácido graxo reage da mesma forma.

TerminaçãoA reação em cadeia cessa quando dois

radicais interagem e produzem espécies não-

radicais estáveis. A intensidade da interação

direta dos radicais livres é dependente da

concentração e produz metabólitos tóxicos

(dentre eles o malondialdeído). A aceleração

da terminação é alcançada por antioxidantes

exógenos ou endógenos que atuam como

doadores de prótons.

industrial e nutricional durante vários anos. A seleção e otimização de

extratos de plantas tituladas, visando as diferentesestruturas celulares

e a disponibilidade de ingredientes focados na saúde, parece hoje ser o

caminho mais eficiente para o sucesso.

Através do SYNOX3D, o Vit2Be oferece aos fabricantes de pet

food uma nova aplicação que lhes permite formular o pet food com

múltiplas vantagens, diferenciação técnica, eficácia na melhoria da

saúde dos pets e melhora na percepção do produto pelo mercado.

Através da sua abordagem em três etapas específicas

(formulação, bem-estar e benefícios para a saúde), o Vit2Be

maximiza o valor do ingrediente para pets e seus donos, bem

como para os fabricantes de pet food.

Reação do estResseoxidative

Page 14: Revista Pet Food Brasil

26 27

Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação

Animal (Sindirações) projeta crescimento de 2,8% em

2012, em comparação ao ano anterior, com produção

de 66,2 milhões de toneladas de ração e 2,58 milhões

de toneladas de suplementos minerais. Em 2011, o

setor cresceu 5,2%, movimentou R$ 40 bilhões em

insumos e produziu 64,5 milhões de toneladas de

ração e 2,35 milhões de suplementos minerais.

“O modesto aumento previsto para 2012 tem como

principal fator a demanda contida da cadeia suinícola

e moderada da avicultura industrial, atividades

que têm sofrido com o custo elevado dos principais

insumos da alimentação animal, baixos preços pagos

aos produtores e desaceleração do ritmo exportador”,

explica Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do

Sindirações.

Apenas no primeiro trimestre de 2012, a produção

de rações alcançou 14,9 milhões de toneladas, recuo de

2% quando comparado ao que foi produzido de janeiro

a março do ano passado. Os segmentos de avicultura

o de corte e suinocultura, que representam mais de 70%

de toda demanda, recuaram respectivamente 1,1% e

6,1%. As atividades da pecuária de corte e leiteira, por

sua vez, apresentaram ligeiro avanço de 1,2% e 1,1%,

enquanto a postura de ovos manteve-se praticamente

estável (avanço de 0,4%).

De acordo com o executivo do Sindirações, a

cadeia de produção pecuária brasileira tem percorrido

sucessivos ciclos de expansão, graças à constante

mobilização de tecnologia e motivada “pelo voraz

apetite global” por proteína animal. Atualmente

representa 6,5% do PIB brasileiro, gera milhares de

empregos e é responsável por 18% das exportações do

agronegócio nacional. “Desde meados do ano passado,

no entanto, alguns setores expuseram-se em demasia

e atualmente sofrem mais intensamente os efeitos

da reorganização econômica contemporânea, cuja

multiplicidade de efeitos vem impactando diversos

empreendimentos que podem contagiar e prejudicar

toda a cadeia produtiva”, alerta.

Dentre os fatores que inf luenciaram negativamente

estão o enfraquecimento dos embarques observados

desde 2010, graças à valorização da moeda brasileira,

além dos embargos impostos pelos Estados Unidos,

Rússia e África do Sul e da perda do vigor de clientes

internacionais importantes. A quantidade de carne

bovina exportada recuou 12% em 2011. A carne de

frango aumentou apenas 3%, enquanto a exportação

de carne suína recuou mais de 5%. A baixa pressionou

os preços pagos aos produtores por conta da maior

oferta no mercado doméstico porque todo o excedente

não exportado foi direcionado para consumo interno.

Para Zani, todos os setores seguem pressionados

pelo preço das commodities ainda relativamente

sustentado que retroalimentam os custos de

produção. “A redução do preço do milho nesse início

de ano acentuada pela produtividade recorde da

safrinha corrobora a expectativa de média abaixo da

verificada no ano passado, todavia a subida forte nas

cotações desde meados de 2010 alcançou 54 pontos

percentuais até março de 2012 e continua impactando

sobremaneira o custo de produção das atividades

pecuárias”, diz. “O farelo de soja, por sua vez, já

aumentou quase 40% até abril desse ano por conta

da menor liquidez internacional, enquanto o salário

mínimo onerou a folha de pagamentos pela amplitude

do reajuste e intensidade de mão de obra empregada”,

completa.

avicultura de corte A avicultura de corte representou 50% da demanda

de rações em 2011 e deve consumir 33,2 milhões de

toneladas em 2012, ou seja, um crescimento de 3,1%.

O gráfico abaixo demonstra nos primeiros meses de

2012 a queda acentuada do preço do frango que pode

estar atrelada à oferta de carne superior à demanda

embalada em 2011 e pelo crescimento de quase 5%

no alojamento de pintos de corte que resultara em

aproximadamente 13 milhões de toneladas de carne

de frango e consumo per capita de 47,4 kg.

avicultura de postura A produção de ração para a indústria de postura

comercial cresceu 2,6% e alcançou 5,1 milhões de

toneladas em 2011, em resposta ao alojamento médio

de 79,7 milhões de pintainhas de postura e incremento

de mais de 9% no consumo per capita de ovos que

alcançou 162,5 por habitante. As exportações de ovos, Indústria de alimentação animal projeta produzir cerca de 3% mais em 2012

Em Foco 1

Page 15: Revista Pet Food Brasil

28 29Em Foco 1por sua vez, recuaram 45% em quantidade e 31% em

receita. As perspectivas pouco otimistas para o preço

do ovo no corrente ano e a tendência de crescimento

no alojamento acumulado das pintainhas motivam

o setor de alimentação animal a prever evolução de

menos de 3% na demanda de rações, algo em torno de

5,1 milhões de toneladas em 2012.

boviNocultura de corte O setor de alimentação animal para bovinos de

corte produziu 2,7 milhões de toneladas de rações e

2,35 milhões de toneladas de suplementos minerais,

incremento de 7,1% e 9,8%, respectivamente em

2011, período que confinou 2,8 milhões de cabeças

e foi caracterizado pela modesta oferta de bois

compensada pelo abate de mais fêmeas. Apesar

dos relativos bons preços pagos ao boi gordo, o

desembolso com alimentação representou 35% do

custo do confinamento e diminuiu a rentabilidade do

produtor.

Em 2012 o setor de alimentação animal espera

produzir 2,9 milhões de toneladas de rações e mais

2,6 milhões de toneladas de suplementos minerais,

adição de 5,6% e 9,8% respectivamente, por conta

do aumento da taxa de confinamento estimada no

mínimo em 5%, embora o desempenho seja dependente

também do mercado de reposição e venda do boi

e bezerro, possível reversão na retenção de fêmeas,

oportunidades de exportação da carne bovina, etc.

boviNocultura de leite Mesmo impactado pela alta dos insumos que

aumentou em 20% o custo de produção, o crescimento

de 9,3% que resultou em 5,1 milhões de toneladas de

rações para bovinocultura leiteira em 2011 pode ser

justificado, em parte, pela limitação na oferta de leite

em virtude da baixa qualidade das pastagens e a queda

na captação por fatores logísticos que fortaleceram

o preço pago ao produtor em boa parte do ano e

pressionaram a rentabilidade dos laticínios.

Em 2012, o setor de alimentação animal prevê

incremento na ordem de 2,7% e produção de 5,2

milhões de toneladas de ração, diante do estímulo

à produção de leite, redução dos preços pagos ao

produtor e continuidade na importação de lácteos.

SUINOCULTURA A quantidade de carne suína exportada em 2011

recuou mais de 4% por conta da valorização do real

no primeiro semestre e dos embargos comerciais.

O mercado doméstico absorveu 180 mil toneladas

a mais, e o consumo per capita superou os 15kg. O

aumento no custo de produção determinado pela

valorização expressiva dos insumos da alimentação

estabeleceu um ritmo acelerado no abate de matrizes

e, sobretudo, animais mais leves. Esses fatores

pressionaram o preço do suíno vivo pago ao produtor

e desestimularam aumento do planAcompanhando a

tendência de estabilidade, a indústria de alimentação

animal produziu 15,4 milhões de toneladas de ração em

2011 e projeta entregar a mesma quantidade em 2012,

embora a intensificação dos embarques para a China

e a abertura dos mercados do Japão e Coréia do Sul

possa imprimir maior ritmo à produção de carne suína.

cães e gatos A produção de alimentos para cães e gatos avançou

5% em 2011 e alcançou quase 2,2 milhões de toneladas,

enquanto o varejo faturou cerca de R$ 10 bilhões

nesse ano em alimentos para cães, gatos, pássaros

exóticos e peixes ornamentais. Cerca da metade dos

cães e gatos brasileiros são alimentados com produtos

industrializados, embora esse segmento já represente

8% do mercado pet global estimado em mais de US$

80 bilhões. A contínua ascensão das classes sociais

com aumento consistente da renda dos brasileiros e a

nítida constatação da ampliação do exercício da posse

responsável permitem à indústria de alimentação

animal projetar produção de 2,3 milhões de toneladas

em 2012, ou seja, um aumento de mais de 6%.

peixes e camarões A demanda da piscicultura em 2011 foi de 500 mil

toneladas de rações, representando crescimento de

33%, em resposta à crescente produção continental. O

segmento marinho, por sua vez, revelou-se bem menos

produtivo por conta da carcinicultura que regrediu

às 71 mil toneladas, impactada negativamente pelos

desafios sanitários, embargos comerciais, redução

global dos preços, burocracia do licenciamento

ambiental e a indústria impossibilitada de investir

apropriadamente em tecnologia e sistemas de cultivo

mais produtivos e sustentáveis. Em resposta, o

consumo de rações para camarões recuou quase 17%

e encerrou 2011 com apenas 70 mil toneladas. A

perspectiva da indústria de alimentação animal para

2012 é produzir 560 mil toneladas de rações para

peixes e 75 mil toneladas de rações para camarões.

Fonte: Sindirações

Page 16: Revista Pet Food Brasil

30 31

feira, promovida pela Editora Stilo, foi mais uma

vez palco para lançamentos e apresentação de tendências em

equipamentos, insumos, rações, embalagens e demais itens voltados

para o mercado de alimentação animal. Importantes players do

setor como M. Cassab, Biorigin, Ferraz Máquinas, All Tech,

Wenger, SPF Palatability, Kemin Nord, Guabi, Nestle PetCare,

Rhotoplás, Promep/Tekinok, dentre outros, aproveitaram a ocasião

para reunir clientes, prospectar novos, além de se atualizarem e

compartilharem informações, em virtude do caráter técnico do

evento, que em paralelo sediou o IV Congresso Internacional e

o XI Simpósio sobre Nutrição de Animais de Estimação, ambos

organizados pelo CBNA – Colégio Brasileiro de Nutrição Animal.

Em 2011, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos

para Animais de Estimação (ABINPET), o setor faturou 13% mais

A

2ª Expo Pet Food

que no ano de 2010. Isso significa um lucro de R$ 12,439 bilhões. E,

o segmento Pet Food representa cerca de 66% desse faturamento, o

que corresponde a R$ 8,209 bilhões.

Juntamente com a Expo Pet Food também aconteceu a 7ª

Feira Internacional das Graxaria (Fenagra) e o XI Congresso

Internacional de Graxaria. Atualmente é a indústria de Reciclagem

Animal (Graxaria) que dá destino a insumos de origem animal

até há pouco tempo descartados, como ossos, sangue e sebo, que

se transformam em base para materiais de limpeza, cosméticos,

farinha para ração animal e até em biodiesel. O Brasil é o segundo

maior mercado de reciclagem animal em todo o mundo. Em 2011

foram processados no País cerca de 4,5 milhões de toneladas de

subprodutos de origem animal gerando insumos no valor de

aproximadamente R$ 2 bilhões.

A indústria de nutrição para animais de estimação contabiliza a sua participação durante a segunda edição do evento, realizado em São Paulo, no início de maio

alltech

A participação da empresa na Expo Pet Food, que considera o evento o mais importante do setor, devido o seu caráter técnico e por atrair exatamente o público que interessa para os seus negócios, ou seja, a cadeia produtiva, teve como destaque as soluções oferecidas e que visam a segurança alimentar – a AllTech Pet Advantage. “Focamos na segurança alimentar, na saúde digestiva, na integridade do pelo e pelagem, na integridade músculo esquelética, nas defesas orgânicas e na qualidade de vida”, observou Rafael Prates França, gerente de vendas. “A feira é muito importante para os nossos negócios. É fundamentalmente networking e ainda contribui para a nossa bagagem técnica devido a realização do Congresso.”

aNdritz

Os equipamentos de extrusão da Andritz, que tem a sua matriz na Áustria, já são bem conhecidos pelo mercado brasileiro de Pet Food e o executivo da empresa presente da feira, Claudio Mathias, reforçou a importância de estar no evento. “Mesmo tendo a questão do espaço físico que inviabiliza trazermos os nossos equipamentos para apresentar os seus detalhes, desempenho e diferenciais, é

fundamental estarmos aqui para estreitarmos o relacionamento com o mercado brasileiro, ainda mais agora, que está muito próximo de termos uma fábrica no Brasil, em Pomerode (SC). Para a Andritz, o Brasil é um mercado de grande potencial, o “coração” da América Latina. O nosso objetivo é oferecer soluções completas, com alta tecnologia e simples operação”, destacou Mathias.

biorigiN

Responsável pela produção de ingredientes naturais a partir de leveduras e derivados destinados à nutrição animal, a empresa durante a 2ª Expo Pet Food reforçou os benefícios e diferenciais proporcionados aos animais através da sua linha Macrogard, composta de Beta-glucanas purificadas, que melhoram, por exemplo, problemas articulares e estimulam naturalmente a defesa imunológica, contribuindo para a saúde e bem estar dos pets. “Hoje, a atuação da Biorigin está 85% focada no mercado externo (estamos presentes em mais de 30 países), por isso, a participação em eventos como a Expo Pet Food é primordial para nos aproximarmos do mercado brasileiro, mostrarmos as nossas inovações e entendermos as

OS EXPOSITORES

Em Foco 2

Por: Lia Freire

Page 17: Revista Pet Food Brasil

32 33Em Foco 2reais necessidades e expectativas do setor Pet Food”, afirmou na ocasião Roberto Vituzzo, gerente de negócios da companhia, que faz questão de ressaltar o compromisso da Biorigin como o tema sustentabilidade: “atuamos em perfeita sintonia com as legislações locais, atendendo os direitos humanos e ambientais.”

coNsolid

Com foco em alta tecnologia em processamento de sólidos, semi sólidos e líquidos, com tanques misturadores e transportadores de vários tipos, a Consolid, que está prestes a obter a certificação ISO 9001:2000, esteve na Expo Pet Food para mostrar as suas inúmeras soluções para o setor de nutrição animal. A companhia também atua fortemente em outros segmentos de mercado como cosmética e farmacêutica.

eurotec

Tendo o seu trabalho focado na qualidade das matérias-primas destinadas à nutrição animal e considerando a Expo Pet Food uma importante vitrine, a Eurotec destacou linhas como a Stop Acid, que visa controlar e preservar a qualidade físico-química e microbiológica das matérias-primas resultantes do abate de animais, garantindo a qualidade das farinhas e óleos produzidos. Trata-se de uma combinação de ácidos orgânicos e seus sais de alta estabilidade. E, mais uma vez, reforçou os benefícios da Linha Euroguard, composta por produtos destinados especialmente ao controle da Salmonella sp., desenvolvida em parceria com universidades da Espanha, Bélgica e Brasil, além da Eurotiox, linha antioxidante para controle e estabilização da oxidação lipídica em farinhas e óleos de origem animal.

ferraz máquiNas

Representantes da empresa recebiam no stand os clientes e esclareciam suas dúvidas, apresentavam as soluções em máquinas e equipamentos, além de destacarem recentes novidades como a extrusora de pequeno porte e rosca dupla (E 55D), com capacidade de 300 kg/hora e os laminadores de milho e aveia, com capacidade de 2 mil kg/hora. “Mais do que apresentar os recentes lançamentos em extrusoras, moinhos, misturadores, peletizadoras etc, reforçamos a nossa atuação como fornecedores de soluções completas para a produção de rações”, destacou o diretor José Luiz Ferraz.

grupo bc O executivo Rodrigo Sória, da empresa que fornece e produz ingredientes para a nutrição animal, atendendo setores de avicultura, suinocultura, piscicultura e pet food mostrou-se bastante otimista com relação à economia brasileira e a ascensão do mercado em que atua. Disse ainda que a própria feira é um retrato fiel do segmento. “Os níveis dos produtos, serviços e profissionais brasileiros estão cada vez mais altos. A feira, que ganhou visibilidade internacional, comprova o que estou dizendo. Muitos estrangeiros aqui presentes elogiaram a atuação brasileira no setor de nutrição e reciclagem animal.”

iNforme agrobusiNess

Durante a 7ª Fenagra e 2ª Expo Pet Food, a Informe Representações destacou para os seus clientes e prospects, a prestação de serviços que oferece e envolve todo tipo de informação referente ao mercado de gorduras e proteínas animais, além da gama de produtos que tem comercializado e envolve também o setor de gorduras vegetais. “Durante a feira tivemos a oportunidade de estreitar relações comercias já existentes e também criamos diversas possibilidades de novos negócios. O evento vem crescendo a cada ano e já podemos afirmar que se tornou referência no nosso mercado”, destacou o executivo da Informe, Juliano Monéa.

maNzoNi

Uma novidade a mais foi destacada pela Manzoni em sua segunda participação como expositora da feira. Além de focar no sortimento oferecido ao mercado, tanto com relação às peças de reposição, quanto de equipamentos, a empresa enfatizou a sua recente parceria com a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, campus de Jaboticabal, que resultou na doação pela Manzoni de uma extrusora, modelo MEX-250, para o Laboratório de Pesquisa em Processamento Termomecânico dos Alimentos da Universidade. “Com esta parceria, tudo que desenvolvermos para o mercado será a partir de dados científicos, validados por uma universidade brasileira, que atuará a partir de padrões brasileiros, com referências nacionais. Isso não será apenas benéfico para a Manzoni, mas para toda a indústria nacional”, contabilizou Luciano Manzoni.

martec

Especializada no desenvolvimento de martelos, pinos, peneiras, moinhos para peneiras e demais itens para a área de moagem, a empresa revelou na feira uma outra novidade: a linha Unifrigo de uniformes, especialmente criada e padronizada para frigoríficos e graxarias. A Martec também aproveitou a ocasião para comemorar a sua nova unidade de metais perfurados em Pinhalzinho (SP). “A nossa empresa está em um ótimo momento e mais uma vez viemos prestigiar a feira como expositores devido a sua relevância para o setor e consequentemente para os nossos negócios”, destacou Salvador J. Grecco. A Martec, do grupo SJG, inaugura em julho próximo uma das mais modernas industrias de perfuração de chapas para o mercado Pet Food, totalmente equipadas com máquinas CNC. A empresa investiu R$ 2,7 milhões nas novas instalações.

muyaNg

A máquina extrusora MY 120, pela sua robustez e por oferecer, segundo a empresa, alta qualidade final nos produtos, assim como o novo robô para a linha de paletização – que substitui o trabalho de 14 para 2 pessoas - foram certamente os principais destaques da chinesa Muyang durante a sua participação na Expo Pet Food. “Temos mostrado para o mercado brasileiro, o nosso profissionalismo, a qualidade de nossos produtos e, o principal, a nossa confiabilidade”, destacou Thiago Barbeiro Maneira da Silva, coordenador de vendas e marketing.

Page 18: Revista Pet Food Brasil

34 35Em Foco 2promep/teKiNoK

O diretor Antonio Rubega, da Promep/Tekinok, empresa especializada em máquinas e equipamentos para o segmento Pet Food comprovou em mais esta edição a importância em expor em eventos técnicos como a Expo Pet Food. “Não conseguimos trazer nossos equipamentos devido a falta de espaço, mas é fundamental estarmos presentes para que estejamos em contato com os clientes e possamos falar das nossas linhas, investimentos, diferenciais etc, ouvirmos as suas necessidades, bem como, nos apresentarmos aos novos parceiros, além, é claro, de termos a chance, uma vez que o setor está todo reunido, de acompanharmos as tendências do nosso setor.”

rhotoplás

As embalagens da empresa estiveram mais uma vez sendo expostas aos visitantes do evento, assim como as novas tecnologias empregadas, que têm a finalidade de oferecer não apenas um aspecto visual mais atraente, como também, praticidade no manuseio e a adequada proteção aos alimentos armazenados. Um dos recentes investimentos da Rhotoplás, que contabiliza 15 anos de know-how, está nas embalagens com fundo square e quatro soldas laterais.

spf palatability

Apresentar a nova unidade de negócios da divisão Pet Food do Grupo Diana, a Vit2Be, que atua no desenvolvimento e comercialização de ingredientes funcionais naturais, foi a proposta da companhia em sua participação na Expo Pet Food. “O objetivo com os nossos ingredientes é aumentar o valor agregado dos produtos finais e oferecer inovação ao setor de nutrição animal”, destacou Georde Ben Josef, gerente de marketing. A empresa também foi uma das patrocinadoras do IV Congresso Internacional, realizado em paralelo ao evento. “A oportunidade que a feira nos proporciona em estreitarmos as nossas relações com os clientes, somada a chance de desenvolvermos novos negócios são importantes motivos que nos trazem à Expo Pet Food.”

vieira moiNhos a martelo

Especialista, há mais de 40 anos, em desenvolver equipamentos para moagem com diferentes capacidades de micronização, este ano o destaque para o setor pet food foi o Resfriador Frontal Vertical indicado para instalações de baixo volume de ração extrusada (até 1000 kg/hora) e sem restrição de altura. Fabricado em aço carbono ou inox está disponível nos modelos RFV 90 (300kg/hora) e 120 (500kg/hora). O equipamento é de fácil manutenção e tem garantia de assistência técnica e manutenção.

WeNger

Os recentes avanços tecnológicos da Wenger na área de extrusão foram mais uma vez apresentados ao público da Expo Pet Food. Destaques da empresa foram: o extrusor térmico de rosca dupla, que permite aumentar a adição de carne fresca na formulação do pet food ou enriquecer a gelatinização do amido em produtos como farinhas instantâneas; o pré-condicionador HIP – High Intensity Preconditioner, que oferece elevado índice de mistura das matérias-primas; o Gerenciamento Automatizado de Processo Wenger (APM), responsável por controlar a partida, a operação e a parada do sistema de extrusão, entre outros equipamentos e serviços.

Page 19: Revista Pet Food Brasil

36 37Em Foco 2

O IV Congresso Internacional e XI Simpósio sobre

Nutrição de Animais de Estimação promovido pelo

CBNA, realizado dias 08 e 09 de maio, encheu o auditório

e proporcionou aos participantes encontrar muita gente

e conversar durante os intervalos. A estrutura do espaço

físico onde ocorreram as palestras chamou a atenção pela

qualidade. O fato de ser dentro de um shopping facilitou

o estacionar, almoçar, sacar dinheiro e fazer aquelas mil

coisas que a gente sempre tem que continuar a fazer mesmo

quando está em eventos. O credenciamento e a entrada

fluíram com muita facilidade e os estandes na Expo Pet

Food estavam mais caprichados.

Sobre a programação, houve uma surpresa boa.

O melhor da festa não foi nenhum dos palestrantes do

exterior, nem dos conferencistas brasileiros, que estiveram

excelentes: foi a mesa redonda. Foi último item da pauta do

último dia de eventos, compreensivelmente, mas nem por

isso se lamente menos, o salão já não estava tão cheio. Sendo

assim, ainda que você tenha comparecido ao congresso, é

bem possível que não tenha visto o debate final. Uma pena!

O período começou com a exposição de Lucas

Cypriano (representante da ABRA – Associação Brasileira

de Reciclagem Animal) que passou dados numéricos e

comentou que há uma discordância do setor com relação a

pretensões do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento) em tornar mais rígidos alguns padrões

exigidos para farinhas e gorduras de origem animal.

Argumentou que o setor abastece não só mercados com

padrões mais estreitos quanto a níveis de peróxidos e de

ácidos graxos livres. As graxarias fornecem também a

alguns mercados que aceitam produtos com níveis mais

frouxos e que impor índices muito elevados inviabilizaria

inclusive a sobrevivência de várias empresas. Além

disso, questionou a metodologia a ser adotada, que não

é a escolhida na maioria dos países do exterior e que

intrinsecamente tem grande desvio padrão não tendo base

científica que a sustente. Sugeriu que o trabalho dos fiscais

é mais importante. Posteriormente, da plateia, a médica

veterinária Marina Galvão, da MGALVAO Assessoria,

que atua na área Pet Food há 16 anos, contrapôs: o

MAPA não tem fiscais em número suficiente e embora as

exigências do Ministério ainda fiquem muito aquém do que

o mercado Pet Food necessita, o fato das regras tornarem-

se mais exigentes ajudaria sim à melhoria no padrão dos

ingredientes demandados pela indústria pet food. Entre os

participantes presentes na audiência era possível ouvir os

comentários paralelos acontecendo.

Alderley Zani Carvalho, do Grupo-Guabi, fez então

uma apresentação objetiva e didática: “Vocês perguntaram

o que nós do setor pet food queremos dos produtos de vocês,

então eu vou dizer”, foi como começou. Na sequência de slides

apresentou as necessidades de boas práticas de fabricação,

rastreabilidade dos itens, higiene, composição bromatológica

constante, ausência de salmonella, entre outras.

Um participante da plateia dirigindo-se aos

representantes do setor Pet Food comentou que tem

vivido a situação de investir na melhoria do processo, em

maquinário inclusive e, no entanto, ter os seus produtos

preteridos pela indústria de alimentos para animais de

estimação, por ter o preço um pouco maior. Propôs então

que a indústria Pet Food valorize a diferenciação das

empresas que investem em produtos com maior qualidade,

pagando o preço justo. Alexandre Ferreira, da BC Empr.

e Part., entre os palestrantes da mesa redonda, falando

pelo setor de reciclagem animal, afirmou que o setor de

Pet Food presta um grande serviço ao não comprar de

empresas recicladoras que não têm qualidade. Concluiu

dizendo que isto é muito importante para o aprimoramento

do setor, que a empresa que tenha qualidade venha ser a

favorecida pelos consumidores.

Marcelino Bortolo, gerente industrial técnico da

Brazilian Pet Foods, comentou outra necessidade da

indústria Pet Food: a homogeneidade dos níveis nutricionais

das farinhas. Quando estes produtos têm níveis de proteína,

gordura e matéria mineral muito diferentes em cada lote ou

mesmo diferentes do padrão que a indústria espera daquela

recicladora, a formulação do alimento final sofre variações

que prejudicam o equilíbrio nutricional daquele produto.

Foi comentado que esta homogeneização pode ser feita

antes ou depois do cozimento e secagem das farinhas. O

material deverá ser analisado para serem misturados lotes

com teores diferentes de forma a que sejam alcançados os

O Melhor da FestaCristiana Prada

www.nutricao.vet.br

Page 20: Revista Pet Food Brasil

38 39

níveis desejados em todas as partidas. Novamente se falou

de custos e da necessidade do mercado exigente valorizar

os fornecedores que cumprem estas exigências. Aventou-se

a hipótese de transferir para a indústria pet food a tarefa

de fazer as farinhas chegarem aos níveis exatos que exige,

cabendo ao setor de reciclagem entregar a matéria “bruta”.

Aulus C. Carciofi, docente da FCAV Unesp –

Jaboticabal-SP, coordenador da mesa redonda, encerrou

sublinhando a necessidade de que as farinhas sejam

entregues com salmonella zero e níveis de peróxidos e de

ácidos graxos livres o mais próximos do zero.

A parede, necessária, que manteve separados os

congresso do CBNA e o do SINCOBESP (Sindicato

Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Sub Produtos

de Origem Animal), foi simbolicamente abolida durante a

mesa redonda e promoveu este diálogo prá lá de fecundo.

Não houve farpas, o clima não esquentou em nenhum

momento, mas as pessoas efetivamente falaram suas

necessidades e ouviram demandas de outrem. Foi das mesas

redondas mais produtivas a que já assisti. Se tivesse aberto

o congresso, ao invés de fechá-lo, as conversas no coffee

break teriam tido mais assunto e o pessoal teria gastado

muito mais a sola dos sapatos visitando reciprocamente as

empresas das duas feiras comercias que aconteciam sem

parede de separação. Teria sido uma mesa redonda de início

de trabalhos e não de fechamento. Será que é boa ideia?

Confira a seguir a opinião de algumas pessoas que foram entrevistadas durante o IV Congresso Internacional e XI

Simpósio sobre Nutrição de Animais de Estimação promovido pelo CBNA e II Expo Pet Food.

O que está achandO dO cOngressO e da Feira?

TABYTA SABCHUK

Zootecnista que faz mestrado na Universidade Federal do Paraná

Curitiba – PR

Quarta vez que vem ao congresso

“O Congresso está bem organizado, nível técnico bem interessante, vários assuntos

bem diversificados, estou gostando bastante. Destas três primeiras palestras a

que chamou mais a atenção foi a sobre tempo de prateleira dos produtos, até pela

profissional não ser específica da área, trouxe uma abordagem bem interessante.

Quanto aos trabalhos científicos acho que este ano foi o que mais teve e estão

bem divididos entre nutrição geral e nutrição clínica, está bem diversificado. Acho

interessante ter a Feira [Expo Pet Food] juntamente com o Congresso, pois você

mescla o comercial com o científico. Acho inclusive que é uma oportunidade de nós, que somos a universidade, que não

estamos ainda no meio comercial, de acabar tendo um contato maior.”

JEAN YURI

Zootecnista

Coordenador de Projetos do depto. de Pesquisa e Desenvolvimento

Total Alimentos

Três Corações – MG

“Eu na verdade já faço parte do setor há alguns anos e eu não perco um CBNA. O

CBNA é um evento importante para o setor... eu tenho participado de todos. Até

o momento [três palestras proferidas] está num nível muito legal, estou gostando

bastante.” O que você achou de ter a Feira [Expo Pet Food] juntamente? “Achei

que foi a coisa mais acertada que o CBNA fez porque o mercado de pet food é

um mercado pequeno, mas completamente dependente dos ingredientes de origem

animal e da indústria de maquinário. Então, para mim, só teve ganho, foi excelente ter contato com fornecedores de

ingredientes e de equipamentos.” O que achou dos trabalhos científicos? “Ainda não tive tempo, mas pretendo dar

uma olhada sim nos trabalhos científicos que estão expostos.” Sugestões? ”Como sugestão eu gostaria de ver assuntos

como ‘avanços na nutrição’, ‘novos ingredientes’ e não tanto processamento, que já foi bastante abordado pelo evento.”

ELIANA TESHIMA

Médica Veterinária

Gerente Técnica (atendimento a consumidor, qualidade, assuntos regulatórios)

Farmina

Bragança Paulista – SP

“Venho ao CBNA desde 2002 se não me engano. Estou gostando bastante, está bem legal.

Houve umas partes referentes a assuntos regulatórios que me interessaram bastante.”

Você fez uma pergunta à palestrante do MAPA, certo? “Eu perguntei se há providências

sendo tomadas para mudar a atual situação na qual cada regional do MAPA solicita

um conjunto diferente de documentos – ou mesmo nenhum - para um mesmo caso de

exportação, favorecendo ou dificultando assim o processo de exportação de cada empresa

simplesmente pela localização desta. Não há uma padronização.Ela respondeu que o

MAPA está organizando um manual com esta padronização, mas não disse quando, não deu nenhum prazo.”

FLÁVIO PAVANELLI

Moínhos Vieira - Empresa tem 64 anos de fundação

Tatuí – SP

“É muito interessante ter esta união pois este aluno que está no congresso será a futura

referência para a indústria dele ou para o cliente dele quanto a equipamentos, acho muito

válido.” Sugestões? “A sugestão seria ter também palestras sobre marketing. Assim o

cliente ao vir, traz o técnico dele para o congresso CBNA e ele vai assistir palestras sobre

tendências de mercado. E ao sair da palestra vai vir à feira conhecer parceiros, conhecer

negócios. Acho muito válido. Acho que está se construindo uma estrutura aqui, não é? A

cada ano você vai fazendo os ajustes e vai enxergando as possibilidades.” Comparada a

outras feiras internacionais, como você avalia esta Feira? “Ela está muito bem estruturada

para receber este público. O importante da Feira é que ela tem que ter foco e aqui tem.”

GEORGE BEN JOSEF

Médico Veterinário e Administrador de Empresas

Gerente de Marketing América Latina

SPF do Brasil

Descalvado – SP

“Há três anos, desde que eu entrei no setor de nutrição, na SPF do Brasil, eu passei a

frequentar o CBNA.Estou especialmente interessado na palestra que tratará da utilização

de ingredientes ‘humanos’ na indústria de pet food. É algo que eu acho bastante interessante,

algo que acho que é ainda pouco explorado pela indústria veterinária.” E sobre a feira (Expo

Pet Food)? “Eu achei fantástica esta ideia de associar uma feira a um evento científico. Já

que o profissional se deslocou... é tão difícil tirá-lo da empresa durante dois ou três dias,

então é um momento interessante para aproveitar a presença dele aqui na Feira. Outro

ponto interessante é que é uma Feira voltada para o produtor de pet food. É a única que é exclusiva para o produtor de pet

food, diferente de outras que têm setor farmacêutico, de acessórios... o público também é o público final. Aqui o público é mais

de veterinários, de produtores, ou seja, esta é algo bem específico, algo que não tinha no mercado. Acho que a receptividade

de todos no mercado foi boa, para este tipo de evento, a gente já viu que ela cresceu bastante do ano passado para este ano e a

expectativa é de crescimento ainda maior. A SPF, por exemplo, investiu no espaço de dos estandes, esta será a maior feira de que

a SPF vai participar.” Com relação a eventos internacionais, como você avalia o congresso CBNA? “Eu acho que o congresso do

CBNA... junto com a Feira,este formato que ele tem hoje, lembra bastante o Pet Food Forum de Chicago, não é? Inclusive acho

que aqui está até um pouco mais interessante que o de lá, a Feira ao menos: estandes mais bonitos, o pessoal investindo mais.”

O fato da Feira ser relativamente pequena dá mais oportunidade de aprofundar contatos? “Eu acho que sim, é uma Feira menor,

mas muito focada. Ou seja, para o produtor de insumos, de ingredientes, de maquinário, o público que interessa a ele está aqui,

é bem pontual, bem específico. Pequena, mas com aproveitamento enorme.”

Em Foco 2

Page 21: Revista Pet Food Brasil

40 41

tualmente, especialistas em atendimento

estão se tornando imprescindíveis nas organizações.

Não que em outras épocas não fosse necessário,

mas hoje em dia, os clientes valorizam muito mais

o atendimento. É neste quesito que uma empresa se

diferencia da outra, já que os produtos estão cada vez

mais parecidos.

No passado, bastava ter um bom produto, que o

sucesso estava garantido, o que já não acontece mais.

Ter um produto de qualidade é atributo básico para

entrar no mercado, não é mais um diferencial. É uma

obrigação básica de quem tem ética e quer crescer.

Todavia, o atendimento ao cliente é que passou a

ser um grande diferencial, como falamos na edição

passada.

Para que uma empresa possa ter um serviço

de atendimento de qualidade, precisa de pessoas

qualif icadas, aqueles colaboradores que são

diferentes, que possuem atributos que permitam

levar ao cliente um atendimento personalizado e

proporcione satisfação.

O mercado tem uma grande demanda por

pessoas com essa qualif icação, especialistas em

atendimento, que conseguem realizar um “plus” em

seu trabalho, são profissionais que estão em uma

faixa de remuneração acima da média.

Como tornar-se um profissional qualif icado?

Inicialmente é preciso dominar a comunicação,

saber falar em público, se expressar de forma

A

Especialistas em atendimento

adequada, seja pessoalmente, por mensagens

eletrônicas ou telefone, portanto, um curso de

oratória é indispensável.

É importante cativar as pessoas. Seja um

profissional simpático e carismático. Isso pode

ser estudado, faça cursos, se aprimore, tente

realizar palestras, prontif ique-se em reuniões,

seja voluntário, ajude a sociedade etc. Procure ser

educado com todos (eu mesmo tenho dif iculdades

com isso), às vezes cometemos imprudências em

nosso dia a dia, temos que tentar ser sempre melhor

hoje, do que fui ontem (estou tentando).

Vista-se bem, esteja sempre bem arrumado (a),

tenha boas maneiras, não use gírias, fale em bom tom,

nem muito baixo, nem muito alto e pausadamente

para que o interlocutor possa compreender sua

mensagem.

Leia bons livros, assista jornais, participe de

convenções, palestras e reuniões, não somente de

sua área, procure conhecer outros assuntos também,

mesmo aqueles que você não se identif ica, tenha

conhecimentos gerais, acumule cultura.

Lembre-se, muitas vezes, fazer o simples “bem

feito”, pode ser um diferencial. Atualmente muitas

pessoas fazem as tarefas simples, mal feitas, sem

responsabilidade e sem paixão. Seja diferente, faça

tudo bem feito, rapidamente, não enrole, seja a

solução dos problemas de seu colega, de seu chefe e

especialmente do seu cliente.

Em Foco 3

Por : Saul Jorge ZeucknerDiretor Comercial-Algomix/

Ki-Tal Alimentos Ltda

Page 22: Revista Pet Food Brasil

42 43Em Foco 4

lém das sessões gerais, o simpósio teve sessões

temáticas em áreas como aquicultura, laticínios, carne

bovina, eqüinos, aves, produção de suínos, assuntos

regulatórios e alimentos para animais de estimação.

Dentre o público geral, 100 eram profissionais

envolvidos especificamente com pet food, sendo 25 da

América Latina, dez destes, brasileiros.

O prof. dr. Aulus C. Carciofi da FCAV Unesp –

Jaboticabal/SP esteve no evento e gostou. Conversou

com o nutrição.VET destacando e comentando as

palestras que achou mais interessantes:

A

28º Simpósio Internacional Anual da AlltechForam mais de 170 apresentações feitas para mais de 2.500 pessoas de 72 países que se reuniram entre 20 e 23 de maio em

Lexington, Kentucky – EUA no 28º simpósio internacional anual da Alltech.

“Falando da sessão pet food gostei muito de várias

apresentações: gostei da palestra ‘Mycotoxins and

pet food safety: Strategic defenses to protect product

quality’ do prof. Trevor Smith, Universidade de Guelph,

Canadá. Ele falou de métodos de analise e tolerância/

toxicidade de micotoxinas. Trouxe dados importantes e

orientações para programas de segurança nutricional.”

“Também gostei da ‘Smart small animal practice:

Better health & unique qualities of feline medicine’, da

dra. Elizabeth Colleran, EUA. Ela falou das necessidades

ambientais e comportamento de felinos, demonstrando

características e necessidades únicas da espécie, que

devem ser consideradas pelo médico veterinário e

proprietário para propiciar qualidade ambiental e

conforto a estes animais. Demonstrou a importância do

veterinário saber avaliar o comportamento do animal,

de modo a melhor conduzir um exame clinico e ajudar o

proprietário no manejo dos animais.”

Na ‘Eskimos, polar bears and pet food’ o prof. Geza

Bruckner, da Universidade do Kentucky, EUA, falou

do metabolismo de ácidos graxos ômega 3 em felinos.

Abordou a relação entre o consumo e qualidade da

proteína, associado à ingestão de ômega 3, na prevenção

da lipidose hepática em felinos.”

“Na palestra ‘The triple challenge: Sustainable

ingredients, smarter pet food brands and sales success’

o dr. David Southey, do Reino Unido abordou a crise

iminente de falta de ingredientes para produção de

petfood no mundo. Discutiu aspectos econômicos,

ecológicos e de sustentabilidade envolvidos na definição

dos ingredientes a serem empregados. Abordou também

as campanhas de marketing em ingredientes específicos,

que apresentam disponibilidade restrita e competem

com a alimentação humana, propondo uma reflexão a

respeito da sustentabilidade, no futuro, destes apelos de

venda.”

O próprio prof. Aulus apresentou o tema “

Conducting the antioxidant orchestra - Why we need

smart nutrients for disease preventino, longevity and

cognitive protection” em que começou fazendo uma

breve revisão sobre a geração de radicais livres, que

ocorre principalmente na mitocôndria e nos fagócitos

do sistema imune. Abordou os aspectos negativos de

uma oxidação excessiva, incluindo o envelhecimento e

deterioração da capacidade cerebral. Por fim, demonstrou

alguns exemplos de intervenções com antioxidantes em

cães e gatos, em afecções como doença renal crônica,

insuficiência cardíaca congestiva, diabetes melittus e

também em condições como o envelhecimento. No final,

apresentou alguns dados produzidos em seu laboratório,

demonstrando os efeitos da suplementação de cães

com selênio-levedura e com a cianobacteria spirulina

maxima.

Durante o evento o fundador e presidente da

empresa, dr. Pearse Lyons, fez um convite para jovens

inscreverem-se no ‘Graduate Program’. Se você é fluente

em inglês, acaba de concluir a graduação, o mestrado ou

o doutorado e gosta de desafios, você precisa conhecer

esta oportunidade: http://www.alltech.com/about/

careers/alltech-graduate-program.

As inscrições são somente on line e se encerram dia

1º de outubro de 2012.

O simpósio foi todo conduzido dentro do contexto de

buscar-se inovação contínua a fim de enfrentar o desafio

de alimentar 9 bilhões de pessoas já em meados de 2050.

Já o relatório da Associação americana de produtos pet,

citado pela empresa, diz que nos Estados unidos 62%

das residências têm um pet e estima-se que em 2012

gastarão $52.87 bilhões com produtos para seus animais

de estimação e que, destes, mais de $20 bilhões serão

gastos em alimentos... É de se pensar: quantos milhões

de pets também deverão ser alimentados em 2050? E

como?

Mãos à obra!

Cristiana Prada

www.nutricao.vet.br

Page 23: Revista Pet Food Brasil

44 45Segurança Alimentar

Contaminantes Orgânicos e SintéticosResíduos de agrotóxicos - Piretroides

1. iNtrodução

Dando continuidade ao tema: resíduos de agrotóxicos em

alimentos para pets, iremos abordar um grupo de inseticidas

que nos últimos 70 anos vêm sendo amplamente utilizados na

agricultura – piretróides.

Os piretróides surgiram no início dos anos 80 e correspondem

a inseticidas sintéticos que apresentam estruturas semelhantes à

piretrina (natural).

A(s) piretrina(s), componente(s) ativo(s) extraído(s) das flores do

Chrysanthemum cinerariaefolium (Figura 1), tem sido utilizada(s)

Figura 2. Estrutura química dos principais piretróides (do Tipo I e II) que podem afetar a saúde animal e humana. * mais tóxico do grupo

há mais de dois séculos no controle de inúmeras espécies de insetos,

contudo são altamente sensíveis a luz, o oxigênio do ar, a umidade

e temperatura. Contudo, economicamente falando, as piretrinas

constituíram-se no inseticida ideal em função de ser praticamente não

tóxico para mamíferos, ter amplo espectro de atividade, apresentar

baixo poder residual no ambiente e alta eficiência em doses baixas.

Em razão disso, é relativamente grande o uso de piretróides

(piretrinas sintéticas) no controle de pestes em ambientes (a)

domésticos (Viera et al., 2007) bem como sua na (b) agricultura

em diferentes culturas (cereais, frutas, hortaliças folhosas e

não-folhosas, leguminosas, raízes e tubérculos, sementes de

oleaginosas e grãos armazenados), podendo apresentar possíveis

riscos de contaminação do homem (Anvisa, 2002).

Os piretróides (ésteres sintéticos tóxicos) formados a partir

de piretros, tem como o primeiro composto sintetizado o ácido

crisantêmico, que corresponde a um dos cinco componentes do

éster natural, a ser sintetizado.

2. classificação Os piretróides ocorrem como mistura de formas

estereoisoméricas, assim, assumiu-se que, combinando todas as

informações estereoisoméricas dentro de uma única categoria,

todas as propriedades do piretróide estariam reunidas. A atividade

biológica dos piretróides é dependente da estrutura química e

configuração estérica. A toxicidade da mistura racêmica varia

com a razão cis/trans e com as características do veículo usado. Os

isômeros cis demonstram uma toxicidade mais elevada em relação

ao trans (Soderlund et al., 2002). Assim, diferenças nas estruturas

químicas de inseticidas são importantes para a sua toxicidade.

Os inseticidas sintéticos podem ser estruturalmente divididos

Figura 1. Piretrinas naturais: (a) estrutura química das piretrinas extraídas de (b) flores da espécie Chrysanthemum cinerariaefolium.

OO

O

R

Piretrinas: Tipo I (R = CH3); Piretrina II (R = CO2CH3)

(a) (b)

Page 24: Revista Pet Food Brasil

46 47Segurança Alimentarem dois grupos segundo a ausência (Tipo I) ou presença (Tipo II)

de um grupo ciano (CN) na porção fenoxibenzil. As substâncias

permetrina, cipermetrina e deltametrina (Figura 2) são alguns

exemplos de piretróides utilizados no controle dos insetos das

lavouras. A deltametrina é o piretróide mais tóxico para vertebrados

dentre todos os conhecidos até o momento.

Entre os compostos sintéticos comercialmente disponíveis

pertencentes a essa classe destacam-se pela sua utilização na

agricultura Bifenato, Cipermetrina, Deltametrina, Fenpropatrina,

Figura 3. Piretróide deltametrina comercial (a) utilizado para controle de ectoparasitas em animais e (b) coleira para cães a base desse piretróide

Fenvalerato e Permetrina (Midio e Martins, 2000). Na Medicina

Veterinária eles são muito usados para combater ácaros,

carrapatos, moscas, pulgas e piolhos (Figura 3). Um exemplo de

piretróide disponível para comercialização e muito procurado

por proprietários é a Deltametrina (Butox®), administrado

topicamente por pulverização (Melo et al., 2002).3. Mecanismo de

ação dos piretróides

Os piretróides são neurotóxicos. Há dois tipos de mecanismos

de ação dos piretróides: Tipo I que consiste em disparos

repetitivos devido ao aumento pós-potencial positivo (aumentando

a frequência de abertura dos canais de sódio) e o aumento da

corrente desses íons para dentro do neurônio (despolarizando a

membrana) envolvendo as fibras nervosas (motoras e sensoriais),

interneurônios e terminais nervosos. O que explica os sinais

clínicos da intoxicação. O mecanismo do Tipo II consiste na

diminuição da amplitude do potencial de ação, com bloqueio da

atividade neural, devido ao prolongamento do tempo de abertura

dos canais de sódio, expressando sinais clínicos sobre neurônios

sensoriais (Figura 4).

A fisiopatologia da intoxicação por piretróides apresenta as

seguintes etapas: (a) inibição da cálcio (Ca) ATPase, interferindo

com a remoção do Ca++; seguida de sua (b) ligação com receptores

GABA (ácido γ amino butirico), interferindo na entrada de íons

cloreto e (c) inibição na ligação dos íons Ca com a calmodulina

CaM, provocando um aumento no Ca livre na terminação nervosa e

ao final (d) aumento na liberação de neurotransmissores.

Os piretróides são substâncias lipofílicas, rapidamente absorvidas

por via oral, dérmica, ou respiratória. A biotransformação ocorre

no trato intestinal, por isso a toxicidade por via oral é muito baixa

(somente superior a 5000 mg/kg é letal em cobaias). Os piretróides

podem ser potencializados por outros tipos de praguicidas, como

por exemplo, os organofosforados, produzindo efeitos sinérgicos,

provocando intoxicações severas em cães e gatos. A excreção é

especialmente por via renal (urina) e de pouca importância pela via

biliar (fezes) (Medeiros, 2009).

4. siNais clÍNicos da iNtoxicação por piretrÓides em pets

Os quadros de intoxicação são consequências da exposição

aos piretróides, tanto de forma indireta, através de contaminação

ambiental ou de alimentos, quanto pela forma direta, por

manipulação do praguicida, ingestão acidental, utilização incorreta

para o controle de pulgas e carrapatos, ou de forma criminosa e

proposital (MEDEIROS, 2009). As intoxicações por via tópica, na

maioria dos casos, ocorrem por desinformação dos proprietários

sobre os agentes tóxicos, onde muitos desconhecem a maneira

correta de utilizar esses produtos.

Independente do tipo de piretróide, em cães e gatos pode

ocorrer vômitos, hiperexcitabilidade ou depressão, dispnéia,

fraqueza, prostração, hiper ou hipotermia, sialorréia (salivação

excessiva), diarréia, espasmos, convulsões e morte por parada

cardiorrespiratória. A recuperação do quadro de intoxicação

ocorre entre 24 a 72 horas após a exposição. Os gatos são mais

sensíveis aos piretróides, com início de sinais clínicos em 1 a 3

horas após contato.

As manifestações clínicas podem ser de formas aguda,

subaguda, ou crônica, dependendo do tempo de exposição,

da estrutura química do agente tóxico (tipo I ou II), da

dose administrada e da via de exposição. De acordo com o

“International Programme on Chemical Safety” (IPCS), os

piretróides cipermetrina, deltametrina, λ-cialotrina e permetrina

são classificados como moderadamente tóxicos.

A intoxicação aguda ou superdosagem por via oral é pouco

frequente, devido à rápida metabolização hepática, mas pode

ocorrer devido à elevada concentração nos produtos agrícolas

(resíduos). A absorção intestinal é pequena assim como a absorção

por pele intacta é baixa. São rapidamente excretados pela urina.

Figura 5. (a) Sialorréia (salivação excessiva) em cão causada por intoxicação aguda por piretróide deltametrina e (b) descontaminação das áreas de contato com o piretróide (Fisch et al., 2009).

As manifestações clínicas geralmente estão associadas com

hipersensibilidade ou irritação direta. Na pele, observa-se eritema,

vesículas ou bolhas com prurido intenso, edema, queimação e

parestesia. Na Figura 4 observa-se um poodle com sinais de

intoxicação aguda por deltametrina de uso tópico (pulverização

para controle de ectoparasitas) e forma indicada de tratamento.

Experimentalmente em ratos, a intoxicação pelo tipo I

acarreta a síndrome T, provocando alterações comportamentais,

aumento da sensibilidade aos estímulos externos, tremores

de finos a generalizados, aumento da temperatura corporal, e

excessiva atividade muscular, levando a convulsões e até a morte.

(a) (b)

(a) (b)

As intoxicações causadas pelo tipo II de piretróides provocam

a síndrome CS, que significa apresentação de coreoatetos (termo

usado para definir a associação de movimentos involuntários

contínuos, uniformes e lentos [atetósicos] e rápidos, arrítmicos e

de início súbito [coreicos]) e salivação intensa, também mudanças

comportamentais, como atitudes de escavar e fazer tocas,

tremores generalizados, locomoção anormal, rigidez de membros

posteriores, chegando até em convulsões clônicas (ação direta no

SNC) (MEDEIROS, 2009).

Quanto ao efeito carcinogênico dos piretróides, poucos relatos

são encontrados na literatura para que se possa chegar a alguma

IDA: diária aceitável; LMR: limites máximos de resíduos; pc: peso corporal

Tabela 1. Ingestão diária aceitável e limites máximos de resíduos de piretróides

Piretróide

Permetrina

δ-Metrina

Cipermetrina

β-Cipermetrina

λ-Cialotrina

Fenpropatrina

Bifentrina

IDA (mg.kg-1.pc)

0,05

0,01

0,05

0,01

0,05

0,03

0,02

LMR (mg.kg-1)

0,01-0,5

0,05-1,0

0,02-0,1

0,05-0,5

0,02-2,0

0,01-2,0

0,02-0,7

Figura 4. Representação do mecanismo de ação dos piretróides na função neuronal(Gaba: gamma-amino butyric acid; Ca: cálcio; Cr: cromo; Mg: magnésio).

GABAX

Calmodulina

Ca MgATPase

Ca

K

X

Ca

CaCl

Page 25: Revista Pet Food Brasil

48 49Segurança Alimentarconclusão sobre a ação dos piretróides. Na pesquisa realizada por

Chauhan et al. (2007) com linfócitos humanos e células de medula

óssea de camundongos, concluíram que a exposição in vitro e in

vivo a uma formulação comercial de deltametrina pode causar

efeitos genotóxicos em mamíferos. A deltametrina também induziu

aberrações cromossômicas e micronúcleos em células de medula

óssea de ratos. Efeitos no sistema reprodutivo (teratogenicidade)

foram verificados em ratas prenhes tratadas com deltametrina.

Foi observada uma maior incidência de mortes embrionárias,

retardamento no crescimento dos fetos, hipoplasia dos pulmões,

dilatação da pelve renal, além de aumento no peso da placenta.

5. resÍduos de piretrÓides em alimeNtos para pets

A alimentação é a principal fonte de exposição dos piretróides

pelos animais de companhia. Resíduos desse inseticida podem estar

presentes na dieta através de alimentos contaminados diretamente

na lavoura e no campo ou, até mesmo, em domicílio. Os resíduos

podem ser encontrados em alimentos de origem animal através da

contaminação pela aplicação tópica em criações de animais de corte

e presença de resíduos em suas cadeias alimentares (leites, ovos e

carnes); são também encontrados em outros alimentos naturais ou

em componentes de rações como vegetais folhosos, milhos e diversas

farinhas vegetais (Narahashi, 1996). Já foram detectados resíduos

de cipermetrina, deltametrina e permetrina em hortaliças no Brasil,

devido ao uso inadequado desses piretróides (Anvisa, 2002). Os

pássaros domésticos são uns dos pets que mais apresentam histórico

de intoxicação por alimentos contaminados por piretróides, apesar

de sua toxicidade em animais ser relativamente baixa.

Não há legislação específica para regulamentação de resíduos

de agrotóxicos em alimentos para pets. No entanto, para humanos,

os valores de Ingestão diária aceitável (IDA) de alguns piretróides

de uso permitido no Brasil e seus limites máximos de resíduo

(LMR) já foram estabelecidos, sendo descritos na Tabela 1.6.

Diagnóstico e tratamento

A determinação de resíduos de agrotóxicos em alimentos e em

vísceras na intoxicação de animais é tradicionalmente realizada por

meio de técnicas cromatográficas devido à facilidade de separação,

identificação e quantificação das substâncias presentes na amostra. A

cromatografia a gás (CG) é a técnica mais utilizada na determinação

de resíduos de piretróides devido a seu baixo custo e conveniência. A

utilização da cromatografia líquida (CL) de alta eficiência na determinação

de resíduos de piretróides é ainda limitada, no entanto, tem sido utilizada

na determinação de resíduos em amostras biológicas como urina, plasma

sanguíneo e tecido de animais experimentais, além de alimentos, como

vegetais, frutas, grãos e leite. O uso do detector seletivo de massas (MS/

MS) proporciona baixo limite de detecção e excepcional capacidade de

evitar interferentes no espectro (Galli et al., 2006).

O tratamento estabelecido em caso de intoxicação por piretróides

deve ser realizado de acordo com os sintomas e sinais predominantes

do animal, podendo ser utilizados diazepínicos, antihistamínicos,

diuréticos, entre outros. Como tratamento emergencial ambulatorial, a

administração de sulfato de atropina (1%) pode auxiliar na redução da

atividade das glândulas salivares, diminuindo a sialorréia. O tratamento

deve estar baseado em uma terapia de suporte, administrando (a)

diuréticos, como a furosemida, para favorecer a eliminação rápida do

agente tóxico; (b) fluidoterapia com alcalinizantes, como o bicarbonato

de sódio, para evitar que o animal desenvolva desequilíbrios

metabólicos (acidose); (c) em casos de convulsão pode ser administrado

um benzodiazepínico, como o diazepam; (d) administra-se também

carvão ativado (2g/kg) e catárticos a cada seis horas. Devido a

circulação entero-hepática dos piretróides são necessárias várias doses

de carvão ativado para impedir a reabsorção. O animal não deve ingerir

leite ou alimentos gordurosos, pois ocorre o aumento da absorção de

piretróides. No exame clínico, os parâmetros vitais também devem ser

avaliados (frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura e

tempo de preenchimento capilar).

7. como evitar e reduzir a coNtamiNação de pets com piretrÓides?

Os inseticidas piretróides surgiram como uma alternativa

àqueles de maior potencial tóxico, já que apresentam baixa

toxicidade aguda (grande quantidade em uma única dose ou período

curto) em mamíferos, não se acumulam nos tecidos adiposos e

não são persistentes no ambiente. Devido à segurança atribuída a

esses compostos, sua utilização na agricultura tem sido bastante

difundida, contudo, a presença residual desses inseticidas nos

alimentos (ingredientes e formulações) pode ser um risco à saúde

(animal e humana) devido a efeitos adversos que podem causar

à longo prazo (na toxicidade crônica). Assim, a determinação

de resíduos de piretróides em alimentos e no ambiente tem sido

exigida por consumidores, produtores e autoridades de vigilância

sanitária e tornou-se uma prática essencial no controle da

qualidade dos alimentos.

A prevenção de intoxicações por piretróides requer um amplo

aspecto de atenção devido aos mesmos serem utilizados desde a

produção agrícola até a o controle de agente patogênicos, inclusive

a nível doméstico, possibilitando assim desde a contaminação

de matérias primas para rações destinadas aos pets bem como

intoxicação acidental pela ingestão de produtos veterinários

ou inseticidas comerciais (espirais, sprays, vaporizadores) e nas

aplicações em domicílios.

Para evitar a intoxicação dos animais medidas preventivas

podem ser adotadas: como o (a) armazenamento em local correto de

produtos que contenham piretróides prevenindo ingestão acidental, e

(b) utilização de medicamentos somente com a prescrição de médico

veterinário. E com relação às medidas preventivas por contaminação

relativa a rações (c) o emprego de um controle de qualidade de

matérias primas eficiente na indústria aliado a (d) vigilância dos

órgãos competentes de maneira eficaz e rotineira a fim de evitar

que alimentos contaminados (acima dos limites estabelecidos na

legislação em vigor) cheguem até o alcance da população.

Apesar das vantagens apresentadas pelos piretróides em relação

a outros inseticidas, os mesmos cuidados devem ser tomados para

sua utilização, já que podem exercer nos vertebrados efeitos neuro e

cardiotóxicos.

8. referêNcias recomeNdadas para leitura

a. ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). PARA – Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. Agrotóxicos em Alimento - Resultados Analíticos de 2002 e 2003. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/residuos/rel_anual_2002_an2. pdf>.b. CHAUHAN, L. K. Cytogenetic effects of commercial formulations of deltamethrin and/or isoproturon on human peripheral lymphocytes and mouse bone marrow cells. Environ. Mol. Mutagen., v.48, n.8, p.636-46, 2007.c. FISCH, J.;SIMÕES, C.; ZEMBRZUSKI, C.B. Intoxicação por deltametrina em cão: relato de caso. Saúde Animal. Disponível em: http://www.agrolink.com.br/saudeanimal/NoticiaDetalhe.aspx?codNoticia=85060. Acesso em: 29 de maio de 2012.d. GALLI, A. et al. Utilização de técnicas eletroanalíticas na determinação de pesticidas em alimentos. Quim. Nova, v.29, n.1, p.105-112, 2006.e. MEDEIROS, R.J. et al. Casos de intoxicações exógenas em cães e gatos atendidos na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense durante o período de 2002 a 2008. Ciência Rural, Santa Maria, Online: Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Veterinária, Niterói, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/2009nahead/a287cr1675.pdf. Acesso em: 29 de maio de 2012. f. MELO, M.M., OLIVEIRA, N.J.F., LAGO, L.A. Intoxicações causadas por pesticidas em cães e gatos. Parte I: Organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides. Rev. Educ. Contin. CRMV-SP, São Paulo, v.5, f.2, p.188-195, 2002.g. MIDIO, A. F.; MARTINS, D. I. Agentes tóxicos contaminantes indiretos de alimentos. In: Toxicol. de Alim. São Paulo: Varela, 2000. Cap. 4, p.163-252.h. NARAHASHI, T. Neuronal ion channel as the target sites of insecticides. Pharmacol. Toxicol., v.79, n.1, p.1-14, 1996.i. SANTOS, M.A.T.; AREAS, M.A.; REYES, F.G.R. Piretróides – uma visão geral. Alim. Nutr., Araraquara v.18, n.3, p. 339-349, jul./set. 2007.j. SODERLUND, D. M. et al. Mechanisms of pyrethroid neurotoxicity: implications for cumulative risk assessment. Toxicol., v.171, n.1, p.3-59, 2002.k. VIEIRA, H.P.; NEVES, A.A; QUEIROZ, M.E.L.R. Otimização e validação da técnica de extração líquido-líquido com partição em baixa temperatura (ELL-PBT) para piretróides em água e análise por CG. Quim. Nova, Vol. 30, No. 3, 535-540, 2007.

Profa. Vildes M Scussel, Karina K. de Souza, Karina M. Tonon, Janaína Nones, Geovana D. Savi, Menithen Beber, Maristela Martins, Laura P. Garcia & Denise CastagnaroLaboratório de Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares - LABMICO, www.labmico.ufsc.br Depto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – Brasil.

No próximo exemplar será abordado outro grupo de agrotóxicos que pode contaminar pet food - os

imidazóis.

Page 26: Revista Pet Food Brasil

50 51

CLAUDIO MATHIASANDRITZ FEED & BIOFUEL

EXTRUSION DIVISION [email protected]

[email protected]

Pet Food Online

Pré-condicionamento de alimentos pet e aquáticos Equipamentos: design dos condicionadores

continuação

á muitos desenhos diferentes de

condicionadores, no entanto, a maioria dos

condicionadores pode ser incluída em uma das seguintes

três categorias:

Em primeiro lugar, os condicionadores atmosféricos

permanecem entre os condicionadores mais populares

utilizados na indústria de alimentos para animais.

Geralmente, estes condicionadores são concebidos

para transmitir o material horizontalmente através

do sistema. Quando comparado com os outros tipos

de condicionadores, os condicionadores atmosféricos

têm menor necessidade de manutenção e os custos de

fabricação também são menores, devido à sua concepção.

H

Como os seus nomes implicam, estes condicionadores

operam com pressões prevalecentes atmosféricas.

Portanto, em teoria, a temperatura de funcionamento

máxima que pode ser conseguido em um condicionador

atmosférica é 100C, o ponto de ebulição da água.

Normalmente os condicionadores atmosféricos são

encontrados em três versões básicas de fabricação:

condicionadores com eixo único e operação com dois

equipamentos em paralelos, condicionadores duplos e

condicionadores com eixos de diâmetros diferentes.

Os condicionadores individuais foram introduzidos

no mercado pela primeira vez no final de 1950. Estes

condicionadores são fabricados com um único eixo

equipados com batedores que se estendem radialmente,

e são permanentemente ligados ao eixo ou reguláveis

em altura ou ângulo. Tipicamente, os condicionadores

individuais são operados a velocidades mais elevadas para

melhorar a eficiência de mistura, e eles têm curtos tempos

de retenção médios de 30 segundos ou menos. Baseado

em padrões de hoje, estes condicionadores resultariam

muitas vezes em baixas taxas de gelatinização, aumento

do desgaste de peças da extrusora e baixa produtividade,

mas para a epoca foi de grande valia inclusive através

deles é que atualmente surgiram designs diferenciados e

com alta eficiencia.

Até o final dos anos 1960, condicionadores duplos

foram introduzidos para a indústria. Condicionadores

duplos são fabricados com dois eixos paralelos e como

os condicionadores únicos, batedores estendendo-

se radialmente para fora a partir dos eixos que estão

também permanentemente ligados ao eixo ou reguláveis

em altura ou ângulo. Diferentes configurações podem

ser utilizadas para ajustar os batedores dentro de um

condicionador. Geralmente, os eixos são rotativos que

proporcionam um intercâmbio contínuo entre duas

câmaras entrelaçamento, melhorando assim a eficiência

de mistura. Com este projeto, maior tempo de retenção

de 1,5 á 2 minutos é típico.

Até o final de 1980 o projeto de condicionadores com

diãmetros diferentes era o mais avançado em tecnologia

de pré-condicionamento (Hauck, 1988). Este tipo de

pré-condicionador pode conseguir tempos de retenção

médios de 2 - 4 minutos com débitos semelhantes

aos utilizados nos condicionadres duplos e simples.

O equipamento consiste de dois eixos de diâmetros

diferentes e velocidades diferentes, bem como batedores

ajustáveis que são fixados no eixo do condicionador

com uma porca de travamento para manter seu ângulo

de acordo com a orientação do fabricante. O eixo de

diâmetro maior opera a uma velocidade lenta para

permitir que um aumento no tempo de retenção média,

enquanto o eixo de diâmetro menor opera a velocidade

elevada para aumentar a eficiência de mistura. Os

batedores ajustáveis podem ser posicionados para

aumentar as ações de mistura ou transmitir material

para frente ou para trás. Estes batedores tipicamente

são orientados dentro do pré-condicionador para efetuar

o nível adequado de enchimento e o tempo médio de

retenção para cada produto específico.

No final dos anos 1990 foram introduzidas ao mercado

mundial as novas tecnologias de condicionadores com

eixos simples, com operação sequencial atingindo tempos

de retenção de dois á 4 minutos também. O equipamento

consiste em um eixo unico com diâmetro maior e mais

resistente, com batedores ajustáveis que são fixados no

eixo do condicionador com uma porca de travamento

para manter os ângulos orientados pelo fabricante e

Page 27: Revista Pet Food Brasil

52 53

Continuação na próxima edição

com isso pode se aumentar ou reduzir o tempo médo

de retenção e nível de enchimento, mas também com

opções de alteração de velocidades e assim sendo

possivel operar com velocidades diferentes, os batedores

deste tipo de equipamentos são maiores e as adições são

efetuadas pela parte superior do equipamento.

A mais recente tecnologia de condicionamento

disponível hoje é tempo de retenção controlado. Ao

longo dos últimos anos, os fabricantes sempre se referem

ao tempo de retenção como uma variável dependente de

processamento. Em outras palavras, durante a produção

não há controle direto sobre o tempo de retenção no

condicionador sem desligar e mudar a configuração

do mesmo. No entanto, com os avanços da tecnologia,

alterando o tempo de retenção no pré-condicionador

é tão fácil como a adição de vapor ou água para o

condicionador. Os componentes de um sistema de tempo

de retenção controlado incluem: um condicionador

montado em células de carga, um dispositivo de

alimentação na descarga do pré-condicionador, como

perda de peso no sistema de alimentação, um circuito

de controle automático de líquido, e um PLC. Alguns

dos benefícios de um tempo de retenção controlado

no condicionador incluem a eliminação ou redução do

produto defeituoso na partida do processo, o controle de

tempo de retenção para produzir a qualidade do produto

desejado, uma melhor utilização da capacidade dos

condicionadores volumétricos.

Condicionadores pressurizados são fabricados com

desenhos semelhantes aos condicionadores atmosféricos,

exceto com a capacidade adicional para operar a pressões

que variam de 35-105 KPA (5 - 15 psig). Estas pressões

são alcançadas pela incorporação de um dispositivo

de alimentação de pressão de bloqueio na entrada e

de descarga do condicionador. Com este aumento da

pressão, as temperaturas podem chegar a 120C e isso

pode auxiliar na gelatinização do amido adicional. No

entanto, estudos têm mostrado que o condicionamento

às temperaturas e pressões elevadas tem sido associado

com a perda de lisina, e aminoácidos essenciais para

alimentação animal, e vitaminas (De Muelenaere,

1969). Além disso, condicionadores pressurizados

estão associados a maiores custos de manutenção e de

produção devido à sua complexidade mecânica.

Expander também podem ser classif icados

como outro tipo de condicionador muito usado na

indústria de alimentos para animais atualmente.

Estes equipamentos utilizam um condicionamento

de processo seco e são semelhantes em design ao

proprio canhão de uma extrusora em alguns casos.

Após o condicionador e antes da peletizadora. O

expander é concebido com uma rosca usada para

transferir o produto utilizando o mesmo principio

da extrusora, e um sistema hidráulico usado para

controlar a abertura ou fechamento da passagem

de produto. A diferença é regulada para controlar

a quantidade de cisalhamento ou fricção (energia

mecanica) que é aplicada no produto. Há um aumento

substancial na pressão e temperatura, e o material

passa através desta abertura. Que pode levar a

maiores quantidades de gelatinização do amido, bem

como a inactivação microbiana. Estes equipamentos

são mais complexos mecanicamente e têm maiores

custos de manutenção e de operação, em comparação

com condicionadores atmosféricos.

Pet Food Online

Page 28: Revista Pet Food Brasil

54 55Caderno Técnico 1

efeito da deficiêNcia de tauriNa em cães e gatos Além da degeneração da retina e da cardiomiopatia dilatada, a

deficiência de taurina em dietas para gatos pode causar alterações

no desenvolvimento do sistema nervoso central e redução no

número de leucócitos no sangue (SCHULLER-LEVIS & PARK,

2003). Também foi observado por Schuller-Levis et al. (1990)

que leucócitos de gatos alimentados com dietas isentas de taurina

apresentam redução da atividade oxidativa e diminuição da

fagocitose de Staphylococcus epidermis em cultura.

cardiomiopatia dilatada (cmd) A CMD caracteriza-se pela dilatação da câmara e disfunção

sistólica e diastólica do miocárdio (TIDHOLM & JÖNSSON,

2005) e tem sido reportada em diversas espécies, tais como: cães

(WIERSMA et al., 2008); gatos, ratos (ZHAO et al., 2002);

humanos e outras espécies.

Considerações sobre taurina na dieta de cães e gatos - parte 2

Por: Gabriel Faria Estivallet Pacheco e Luciano Trevizan*

A deficiência de taurina em dietas para gatos foi identificada como

a principal causa de cardiomiopatia no final da década 80, alertando

os fabricantes de ração para a necessidade de inclusão de taurina nas

formulações para gatos.

Em 1987, Pion et al. observaram em estudo com 21

gatos, a associação entre baixas concentrações plasmáticas

de taurina e evidências ecocardiográficas de insuficiência no

miocárdio. Neste estudo foi observado que duas das 11 fêmeas

alimentadas por quatro anos com dieta purificada, contendo

baixa concentração de taurina (250–500 mg/kg de dieta seca)

apresentavam alterações no miocárdio.

A relação entre a concentração plasmática e a concentração

tecidual são decisivas para reconhecer a deficiência. Em gatos normais

a relação entre as concentrações de taurina no miocárdio/plasma é

100/1, enquanto que em gatos com deficiência a relação é elevada

para 250:1, resultado da redução das concentrações plasmáticas.

degeNeração da retiNa

A retina possui elevadas concentrações de taurina,

aproximadamente 400 vezes mais do que a quantidade encontrada

no plasma (PION et al., 1987). A degeneração central da retina foi à

primeira síndrome clínica reconhecida como causa da deficiência de

taurina em gatos. Pion et al. (1987) detectaram degeneração da retina

em gatos contendo baixos níveis plasmáticos de taurina, alimentados

por longo período com dietas deficientes neste nutriente. Ainda não

se tem a resposta clara para os mecanismos de atuação da taurina

na retina, no entanto, sabe-se que ela funciona como antioxidante

no estresse oxidativo deste tecido. Cães também podem apresentar

sintomas de degeneração retiniana quando deficientes em taurina

(PION et al., 1998). No entanto, não necessitam de taurina via dieta

quando as necessidades de metionina são supridas (Backus et al., 2003)

foNtes de tauriNa utilizadas em dietas para cães e gatos A indústria de alimentos para animais de companhia tem

Tabela 1. Conteúdo de taurina em ingredientes utilizados em dietas para animais de companhia*

Ingredientes

Carne mecanicamente separada

Carne bovina cozida

Coração bovino

Rim bovino

Fígado bovino

Farinha de carne e osso

Farinha de carne

Vísceras de frango

Farinha de peixe

Mexilhão

Ostras

Clorófita, Miru (codium fragile)

Pteridófita, Inuwarabi (Athyrium nipocium)

Levedura

mg taurina/kg peso úmido

[média (variação)***

77

380 10

652 (254 - 851)

225 (180 - 247)

688 (401 - 1032)

386 (85 - 1056)

1150

1004 (899 - 1073)

3201 (2880 - 3522)

6550 720

3960 290

1,89 0,003

0,219 0,012

112 (0 - 337)

mg taurina/kg peso úmido

média (variação)***

197

-

3461 (3390 - 3531) (n=2)

-

2359 (1308 - 3511)

405 (87 - 1109)

1196

3803 (3095 - 4271)

3562 (n=1)

-

-

-

-

-

Referência

a

b

a

c

a

a

a

a

a

b

b

d

d

a

Número de

itens (n)**

1

9

3

9

8

14

1

3

2

1

1

3

3

3

Origem animal

Origem vegetal e fungos

+-

+-+-

+-+-

* Todas as amostras devem ser consideradas cruas, a menos que seja indicado de outra forma** n é o número de amostras analisadas para concentrações em peso, tanto úmidos quanto secos, a menos que indicado de outra forma dentro da entrada*** Todos os valores são apresentados como médias com intervalos de acompanhamento, com exceção das referências b e d, que são apresentadas como média, acompanhando desvio padrãoa. Analysed by the Amino Acid Laboratory at the University of California, Davisb. Laidlaw, S. A., Grosvenos, M. Kopple, J. D., 1990: J. Parent. Ent. Nutr. 14, 183c. Roe, D. A., Weston, M. O., 1965: Nature. 205, 287d. Kataoka, H., Ohnishi, N., 1986: Agrc.Biol. Chem. 50, 1887Fonte: Adaptado de Spitze et al. (2003)

apostado na melhoria da qualidade de seus produtos com objetivo

de conquistar novos mercados em um ambiente cada vez mais

competitivo. Para isso, a escolha dos ingredientes para compor

alimentos e as formas de processá-los deve ser bem conhecidas.

As perdas de nutrientes durante o processamento devem ser

estimadas para que concentrações mínimas necessárias estejam

presentes no produto final.

Na Tabela 1 estão dispostas as concentrações de taurina em

ingredientes com potencial uso em dietas para cães e gatos. É possível

observar altas concentrações de taurina nos produtos de origem

animal, especialmente farinha de vísceras de aves, amplamente

utilizada na alimentação de gatos. A inclusão de farinha de vísceras em

dietas para gatos é variável pois depende da qualidade da matéria prima

utilizada e da concentração de nutrientes. No entanto se considerarmos

a inclusão prática de 26% de farinha de vísceras de aves, níveis mínimos

de taurina podem ser alcançados na formulação de dietas para gatos

adultos (1000 mg/kg, de acordo com AAFCO, 2008 em dietas com

Page 29: Revista Pet Food Brasil

56 57Caderno Técnico 1

Gabriel Faria Estivallet Pacheco é Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Av. Bento Gonçalves, 7712; CEP: 91540-000 – Porto Alegre; [email protected]

Luciano Trevizan e Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Av. Bento Gonçalves, 7712; CEP: 91540-000 – Porto Alegre; [email protected]

sua elevada solubilidade em água. Esta característica é preocupante na

produção de dietas úmidas e semi-úmidas (enlatadas), pois o cozimento

deste alimento indisponibiliza parte de taurina dos ingredientes. Por este

motivo, alimentos úmidos para gatos necessitam de maiores níveis de

inclusão de taurina quando comparados com alimentos secos extrusados.

Na Tabela 2 são expostos alguns ingredientes na forma crua

e sob diferentes processamentos, assado e cozido. Os processos

térmicos em que os alimentos permanecem com alta umidade

são críticos para a disponibilização da taurina (SPITZE et al.,

2003). Se comparada a concentração de taurina na matéria seca

do peito de frango cru com os peitos processados observa-

se a redução gradativa das concentrações de taurina a medida

que maior concentração de água está presente no processo.

Surpreendentemente, a redução das concentrações de taurina

durante a fritura são menores.

4000kcal/EM). Deve observar, no entanto, a disponibilidade deste

nutriente e a forma como o alimento é processado. As perdas são

inevitáveis e devem ser previstas durante a formulação. Nas dietas

para gatos é comum acrescentar cerca de 1000 mg/kg de taurina para

evitar deficiência por perdas de processamento. Dietas úmidas devem

ser contempladas com o dobro da suplementação.

Ingredientes de origem vegetal carreiam quantidades

insignificantes deste nutriente. Dietas para gatos com alta

concentração de ingredientes de origem vegetal devem ser

suplementadas com taurina exógena para evitar a deficiência.

efeito do processameNto dos alimeNtos sobre a coNceNtração de tauriNa dos iNgredieNtes

O processamento térmico é decisivo para as concentrações finais

de taurina dos alimentos. Uma importante propriedade da taurina é

Tabela 2. Conteúdo de taurina em ingredientes utilizados em dietas para animais de companhia*

Ingredientes

BOVINOS

Fígado cru

Fígado assado

Fígado cozido

CORDEIRO

Rim cru

Rim assado

Rim cozido

SUÍNO

Fígado cru

Fígado assado

Fígado cozido

AVES

Peito cru, sem osso e sem pele

Peito frito, com caldo

Peito frito, sem caldo

Peito fervido, sem caldo

mg taurina/kg peso úmido

[média (variação)***

192 (144 -270)

141 (68 - 184)

73 (36 - 95)

239 (128 - 440)

154 (81 - 290)

51 (47 - 55)

169 (110 - 228)

85 (70 - 100)

43 (30 - 54)

159 (102 - 216)

186 (145 - 227)

129 (0)

103 (85 - 120)

mg taurina/kg peso seco

[média (variação)***

-

-

-

-

-

-

-

-

-

606 (369 - 842)

519 (423 - 614)

400 (394 - 405)

366 (297 - 434)

Referência

c

c

c

c

c

c

c

c

c

a

a

a

a

Número de

itens (n)**

9

9

9

8

8

8

9

9

9

2

2

2

2

Origem animal

* Todas as amostras devem ser consideradas cruas, a menos que seja indicado de outra forma** n é o número de amostras analisadas para concentrações em peso, tanto úmidos quanto secos, a menos que indicado de outra forma dentro da entrada*** Todos os valores são apresentados como médias com intervalos de acompanhamento, com exceção das referências b e d, que são apresentadas como média, acompanhando desvio padrãoa. Analysed by the Amino Acid Laboratory at the University of California, Davisb. Laidlaw, S. A., Grosvenos, M. Kopple, J. D., 1990: J. Parent. Ent. Nutr. 14, 183c. Roe, D. A., Weston, M. O., 1965: Nature. 205, 287d. Kataoka, H., Ohnishi, N., 1986: Agrc.Biol. Chem. 50, 1887Fonte: Adaptado de Spitze et al. (2003)

coNsiderações fiNais

As vias metabólicas de síntese de taurina são limitadas em gatos. A síntese de piruvato

desloca a reações da síntese de taurina para via energética impossibilitando a produção

necessária para suprir as necessidades diárias. Além da síntese limitada as vias de

conjugação de ácidos biliares desta espécie permitem conjugação exclusiva com taurina.

As perdas por processamento devem ser consideradas, especialmente em alimentos

industrializados úmidos e a reposição pode ser feita pelo acréscimo do nutriente na forma

purificada. Em dietas para cães o fornecimento de metionina para suprir a demanda de

aminoácido essencial é suficiente para manter a concentração de taurina.

referêNcia bibliográfica

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Page 30: Revista Pet Food Brasil

58 59Caderno Técnico 2

Bruna Ponciano Neto e Ricardo Souza Vasconcellos*

iNtrodução

Nesta edição serão discutidos os papéis fisiológicos e as

necessidades de aminoácidos e proteínas na alimentação de

cães e gatos, assim como as características de algumas fontes

proteicas usadas na alimentação destas espécies.

O aporte correto de nutrientes fornecidos na dieta é primordial

para as funções vitais do organismo. Aproximadamente metade a

um terço dos nutrientes ingeridos pelos animais na alimentação

são aminoácidos, fundamentais para a síntese de proteínas no

organismo. De uma maneira geral, as proteínas desempenham

nos cães e gatos funções nutricional, estrutural, enzimática,

hormonal, imunológica, de coagulação sanguínea e transporte.

Os gatos são considerados animais carnívoros e cães

carnívoros não-restritos e, tanto cães como gatos, que na natureza

consumiam primariamente tecidos animais, apresentam uma

necessidade de proteína elevada, comparado com outros animais

domesticados.

Para a formulação de alimentos balanceados é necessário a

obtenção de informações sobre a exigência protéica dos cães e dos

gatos, das funções, do metabolismo das proteínas, bem como das

fontes proteicas a serem utilizadas. A base destes conhecimentos

permite ao profissional formular uma dieta adequada e estes

fatores serão discutidos a seguir.

coNceito e fuNções das proteÍNas

As proteínas são moléculas complexas formadas pela

sequência de vários aminoácidos. Os aminoácidos são constituídos

basicamente de carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio

distribuídos em um grupamento carboxila, um grupamento

amino e um grupamento R (cadeia lateral), ligados a um mesmo

carbono alpha. A diferenciação de um aminoácido para o outro

é dada pela composição do grupo R, que pode apresentar outros

minerais como o enxofre, ferro, cobre e fósforo.

Os aminoácidos quando ligados por ligações peptídicas

formam as proteínas. Um peptídeo de 20 aminoácidos já

é considerado uma molécula proteica. Dos aminoácidos

conhecidos, aproximadamente 22 são responsáveis pela formação

das proteínas.

As proteínas apresentam diversas funções no organismo

animal. Apresentam função estrutural, pois são os principais

componentes da pele, pelos e unhas. As enzimas, moléculas

que catalisam as reações metabólicas essenciais ao organismo

e que são fundamentais para a digestão e assimilação dos

nutrientes, também são moléculas proteicas. Alguns hormônios

como a insulina e o glucagon, que inf luenciam diretamente no

controle de glicêmico são formados por proteínas. As proteínas

presentes no sangue, bem como na membrana plasmática das

células apresentam funções transportadoras de moléculas. A

hemoglobina, responsável por transportar oxigênio aos tecidos,

também contribuem para a regulação do equilíbrio ácido-

base. As proteínas também são constituintes dos anticorpos,

apresentam assim importante função no sistema imunológico.

exigêNcia de amiNoácidos Os animais, incluindo os cães e gatos, não apresentam

necessidade metabólica por proteína e sim por aminoácidos.

Como as dietas para cães e gatos são formuladas pensando em

níveis ótimos de proteínas, acima das necessidades mínimas dos

animais, pode-se trabalhar na formulação com níveis de proteína

bruta, partindo da premissa que todos os aminoácidos exigidos

serão supridos ao menos em quantidade mínima para o animal.

A proteína dietética é exigida por duas razões. Primeiro, a

proteína fornece os aminoácidos que cães e gatos não podem

sintetizar (essenciais), mas que são necessários para a síntese

de proteínas no organismo. Segundo, porque são fontes dos

aminoácidos não essenciais (aqueles que podem ser sintetizados

no organismo se fontes adequadas de carbono e nitrogênio são

oferecidas) que o animal necessita para manutenção, crescimento,

gestação e lactação.

Os aminoácidos não essenciais são importantes como fontes

de carbono e nitrogênio, para a síntese de outros aminoácidos

e, de carbono para a gliconeogênese ou cetogênese. Além

disso, fornecem nitrogênio para a síntese de outras substâncias

importantes para a vida, tais como purinas, pirimidinas, grupo

heme, hormônios e neurotransmissores.

Como para a maioria dos outros animais, dez aminoácidos

têm sido descritos como essenciais para cães: arginina, histidina,

isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina,

triptofano e valina. Para gatos além dos dez aminoácidos

supracitados, também a taurina.

As exigências nutricionais variam de acordo com a fase

fisiológica dos animais e condições de doença, nas quais os

processos de síntese e reparação tecidual estão sendo mais

exigidos do que o normal.

É conhecido que o desbalanceamento de aminoácidos na

dieta dificulta a síntese proteica pelo organismo ou até mesmo

inibe totalmente a síntese de algumas proteínas em específico,

pois um único aminoácido essencial que esteja presente em

baixas quantidades na dieta pode prejudicar a síntese de todas

as proteínas nas quais ele estaria presente. Desta forma, não

somente a quantidade de proteína na alimentação é importante,

mas também a relação entre os aminoácidos na dieta irá

contribuir para o valor biológico e utilização proteica no

organismo. Na tabela abaixo estão descritas as concentrações

mínimas de proteína bruta para dietas de cães e gatos em

crescimento e manutenção recomendada pelo FEDIAF (2010)

para dietas práticas. Na mesma tabela pode-se verificar ainda a

relação adequada entre os aminoácidos presentes na alimentação,

considerando a lisina como referência (100%). Estes dados foram

calculados seguindo-se as tabelas de exigências nutricionais

do NRC (2006) e a manutenção de uma relação de aminoácidos

próximas do recomendado, acredita-se que seja benéfica em

termos de utilização dos aminoácidos da dieta, embora poucos

estudos em cães e gatos sejam disponíveis sobre este assunto.

metabolismo dos amiNoácidos

Os aminoácidos provenientes da dieta, juntamente com aqueles

catalisados para a renovação dos tecidos e a proteína endógena

formam o pool de aminoácidos. Este pool de aminoácidos pode

ser utilizado pelo organismo de diferentes formas, variando com

o estado nutricional do animal, fase fisiológica, teor de energia

na dieta, entre outros fatores.

Os aminoácidos podem ser utilizados para a produção

de outros metabólitos essenciais ao organismo como bases

nitrogenadas, hormônios e neurotransmissores; podem ser

utilizados para a incorporação em novos tecidos e produtos

como no caso de crescimento, gestação e lactação; podem ser

utilizados como precursores de novas moléculas proteicas para

a renovação dos tecidos; e finalmente utilizados como fonte de

energia.

Os aminoácidos que não foram utilizados para a mantença,

renovação de tecidos, crescimento, gestação ou lactação são

catabolizados. Diferentemente de carboidratos e lipídeos, que

podem ser armazenados tanto como glicogênio hepático ou

muscular e reservas de lipídeos corporais, respectivamente, os

aminoácidos quando fornecidos em excesso, tem sua estocagem

Nutrientes essenciais para cães e gatos Parte II - Proteínas e aminoácidos

Page 31: Revista Pet Food Brasil

60 61Caderno Técnico 2

limitada pelo organismo animal.

No fígado, estes aminoácidos em excesso, passam por reações

de transaminação e deaminação. A reação de transaminação

consiste em transferir o grupamento animo do aminoácido para

o α-cetoglutarato, na presença de transaminases, formando

glutamato e α-cetoácido, também chamado de esqueleto de

carbono. A reação de deaminação retira o grupamento animo do

glutamato formando novamente o α-cetoglutarato e liberando

amônia. A amônia é tóxica para o sistema nervoso central dos

animais, assim cães e gatos convertem os resíduos nitrogenados

em uréia para ser excretado via urina.

O esqueleto de carbono poderá ser utilizado para

produção de energia ou mesmo ser reconvertido em outro

aminoácido. As vias de degradação dos esqueletos de carbono

de todos os aminoácidos, convergem para formar sete produtos

intermediários : 1)- Oxalacetato; 2)- a-cetoglutarato; 3)-

Piruvato; 4)-Fumarato; 5)- Acetil-CoA; 6)-Succinil-CoA; 7)-

Acetoacetil-CoA. Estes produtos entram diretamente nas vias

do metabolismo intermediário, resultando na síntese de glicose

ou lipídeos ou na sua oxidação total, com produção de CO2 e

H2O.

Em função do intermediário produzido durante seu

catabolismo, os aminoácidos podem ser classificados em

glicogênicos ou cetogênicos. Os aminoácidos glicogênicos,

são aqueles cujo catabolismo produz piruvato ou um dos

intermediários do ciclo do ácido cítrico. Esses compostos são

substratos para a gliconeogênese e podem originar na formação

de glicose, que poderá ser utilizada pelo organismo como fonte de

energia ou armazenada na forma de glicogênio. Os aminoácidos

glicogênicos são: alanina, arginina, asparagina, aspartato,

cisteína, glicina, glutamato, glutamina, hidroxiprolina,

histidina, metionina, prolina, serina e valina. Os aminoácidos

cetogênicos, são aqueles cujo catabolismo produz acetoacetato

ou um dos seus precursores (acetil-CoA ou aceto-acetil-CoA).

Estes compostos produzem corpos cetônicos, que fornecem

energia para o organismo principalmente em quando este se

encontra em jejum. Os aminoácidos cetogênicos são a leucina

e a lisina. Alguns aminoácidos podem dar origem a glicose ou

corpos cetônicos e são denominados glicocetogênicos. São eles:

fenilalanina, isoleucina, tirosina, treonina e triptofano.

Carnívoros, como cães e gatos, utilizam grande parte dos

aminoácidos presentes na dieta como fonte de energia, sendo

os aminoácidos considerados importantes fontes de energia na

dieta destas espécies.

papel dos amiNoácidos No orgaNismo

• Conversão em Produtos Especializados

Dentre as funções exercidas no organismo animal, pelos

* Valores baseados em uma dieta de 4000kcal, ¹ Animais acima de 14 semanas de idade. 2 teores recomendados para alimentos secos (FEDIAF, 2010; NRC, 2006).

tabela 1: teoRes pRáticos de pRoteína bRuta e Relações aminoacídicas Recomendadas paRa cães e gatos, consideRando a lisina como 100%.

PROTEÍNA BRUTA (%)

Arginina

Histidina

Isoleucina

Metionina

Metionina e Cistina

Leucina

Lisina

Fenilalanina

Fenilalanina e tirosina

Treonina

Triptofano

Valina

Taurina2

Cães

Crescimento¹

20

95

36

71

37

75

116

100

71

143

89

25

80

-

Manutenção

18

100

54

109

94

186

194

100

129

211

123

40

140

-

Crescimento

28

126

39

63

52

104

151

100

59

225

76

19

75

12

Manutenção

25

294

88

144

50

100

344

100

135

518

176

44

173

29

Gatos

Page 32: Revista Pet Food Brasil

62 63Caderno Técnico 2

aminoácidos, destacam-se a conversão destes em compostos

nitrogenados essenciais ao metabolismo dos cães e gatos.

A glicina é o aminoácido percussor das porfirinas. As

porfirinas são uma classe de moléculas orgânicas formadas por

quatro anéis pirrólicos ligados entre si por ligações metílicas

(-CH-), que possuem em seu centro um espaço apropriado para

acomodar um íon metálico ligado ao nitrogênio. O heme é a mais

importante porfirina do organismo, pois serve como base para

a produção de hemoglobina, á partir da ligação de um Fe2+,

responsável pelo transporte de oxigênio.

A união entre glicina e arginina forma o ácido

guanidinoacético, precursor da creatinina. A creatinina combina-

se reversivelmente com o fosfato para forma a fosfocreatina,

composto importante para fornecer energia para a contração

muscular na fase anaeróbica da contração.

A serotonina e a melatonina apresentam diversas funções

no sistema nervoso central dentre elas o controle do sono,

comportamento sexual, consumo alimentar e agressividade

e podem ser considerados os hormônios do bem-estar. O

triptofano é precursor destes compostos. Além disto o triptofano

é precursor da niacina, vitamina do complexo B importante para

o metabolismo energético. Os gatos, diferentemente dos cães,

não podem sintetizar niacina à partir do triptofano. O triptofano

segue uma rota alternativa a rota de produção de niacina que

leva a sua conversão em glicose.

Compostos derivados do metabolismo da tirosina juntamente

como o iodo formam os hormônios da tireoide T3 e T4. Estes

hormônios são importantes para a regulação do metabolismo

energético do organismo animal. A tirosina e a fenilalanina

também são precursores da melanina, composto responsável

pela coloração da pele e pelagem dos animais. A tirosina

ainda é precursora das catecolaminas (dopamina, epinefrina

e noradrenalina), importantes neurotransmissores para o

organismo dos animais.

Muitos efeitos maléficos são atribuídos às aminas biogênicas,

tais como desenvolvimento de neoplasias, processos inf lamatórios

e neurodegenerativos. Por este motivo as poliaminas ou aminas

biogênicas têm sido apontadas como tóxicas ao organismo

animal, porém são compostos produzidos normalmente pelo

organismo animal que em concentrações adequadas promovem

funções anabólicas no organismo como a síntese de DNA e RNA

e proteínas. A ornitina e a lisina são os principais aminoácidos

precursores das aminas biogênicas putrescina, espermidina e

espermina. Além destas, o triptofano é precursor da triptamina,

a histidina da histamina, a tirosina da tiramina e a fenilalanina

da feniletilamina, todas estas consideradas aminas biogênicas.

O óxido nítrico é um importante mensageiro biológico. Atua

em processos fisiológicos como neurotransmissão, coagulação

sanguínea e controle da pressão sanguínea. A síntese de óxido

nítrico ocorre á partir da arginina. Outros neurotransmissores

são derivados de aminoácidos, além das catecolaminas que já

foram citadas, como a histamina derivada da histidina e o gama-

aminobutirato (GABA) originado do glutamato. Glutamato,

cisteína e glicina formam a glutationa, enzima importante para a

inativação de peróxidos orgânicos e inorgânicos, fazendo parte

do sistema de defesa antioxidante celular.

A treonina e a serina estão presentes em glicoproteínas

envolvidas na síntese de mucos, presentes nas mucosas

respiratórias, reprodutivas e gastrointestinais como agentes

protetores. Do mesmo modo que as mucinas, os anticorpos são

glicoproteínas globulares que contêm alto nível de treonina,

sendo provavelmente o primeiro aminoácido limitante para a

produção de imunoglobulinas.

A leucina estimula a produção da proteína quinase alvo da

rapamicina em mamíferos (mTOR), forte promotor da síntese

proteica e deposição muscular, importante para o crescimento de

animais jovens em fase de desenvolvimento.

Os aminoácidos sulfurados metionina e cistina são

precursores da taurina. A taurina exerce diversas funções no

organismo, promovendo o bom funcionamento do cérebro,

coração, músculo esquelético e retina, além de participar

para a formação de sais biliares. Devido a baixa atividade das

enzimas que convertem metionina em taurina, os gatos não são

capazes de sintetizar taurina para atender seus requerimentos

nutricionais, desta forma é considerada um aminoácido essencial

para esta espécie e deve ser fornecida na dieta. Os cães podem

sintetizar taurina para atender suas necessidades nutricionais. A

cisteína é precursora da felinina, ferormônio excretado na urina

de gatos, principalmente machos não castrados, importante para

a marcação territorial.

• Produção de energia

Os gatos apresentam uma exigência maior de aminoácidos

em relação aos cães. Aproximadamente 60% das necessidades

protéicas do gato em crescimento são utilizadas na manutenção

dos tecidos corporais e somente 40% são empregados para o

crescimento. Para outras espécies estudadas ocorre o inverso,

a maior exigência é para o crescimento, por exemplo, o cão em

crescimento emprega 33% das suas necessidades proteicas para a

manutenção e 66% para o seu crescimento.

A alta necessidade proteica para a manutenção do gato é

resultado da incapacidade de suas enzimas hepáticas, responsáveis

pelo catabolismo dos aminoácidos, de se adaptarem às mudanças

da ingestão de proteínas dietéticas, sendo mantidas em maior

grau de atividade quando comparadas às demais espécies.

A maioria dos mamíferos, quando alimentados com dietas

de baixa proteína conservam os aminoácidos para os processos anabólicos,

utilizando carboidratos e lipídeos como fonte de energia. As enzimas responsáveis

pelo catabolismo dos aminoácidos no fígado de animais onívoros e herbívoros,

ou ao menos dos cães diminuem sua atividade. Os gatos não apresentam este

mecanismo alostérico, de modo que quando a proteína dietética é suprimida

o mecanismo de catabolismo dos aminoácidos ainda mantém uma atividade

relativamente elevada.

Devido a dieta carnívora restrita dos gatos, com elevados níveis de proteína,

estes não tenham sofrido pressão seletiva ao longo da sua história evolutiva para

desenvolver adaptações metabólicas à dietas com escasso conteúdo proteico.

Como consequência, na atualidade o gato apresenta elevados requerimentos de

proteína.

• Ciclo da uréia

A arginina é requerida para a síntese de proteínas e como componente

fundamental do ciclo da uréia. No ciclo da uréia a arginina possibilita que os

compostos nitrogenados, formados à partir do catabolismo dos aminoácidos,

sejam transformados em uréia para a excreção.

Para a maioria das espécies onívoras e herbívoras adultas a arginina não é um

aminoácido essencial, pois esta pode ser sintetizada no rim a partir da citrulina.

Cães, embora sintetizem arginina no rim, não fazem em quantidade suficiente

para a demanda metabólica. Já gatos, apresentam baixa atividade das enzimas

pirrolina-5-carboxilato sintetase e ornitina aminotransferase no intestino, onde

a partir do glutamato e da prolina sintetiza-se ornitina e a partir desta citrulina,

a qual é encaminhada ao rim para síntese de arginina. O resultado direto dessas

deficiências metabólicas, associadas à elevada taxa de catabolismo protéico dos

felinos torna esta espécie muito sensível à deficiência de arginina dietética.

Os sinais de deficiência de arginina são anorexia, salivação, vocalização,

hiperatividade, espasmos musculares, consequentes da hiperamonemia, podendo

levar a óbito. Estes sinais são mais comuns em gatos e as necessidades de arginina

elevam-se a medida que se aumenta a proteína na dieta.

balaNceameNto de amiNoácidos

Uma boa forma para avaliar a situação geral do metabolismo de nitrogênio

é calcular o balanço de nitrogênio. Este consiste na relação entre o nitrogênio

consumido e o excretado via fezes ou urina. O balanço de nitrogênio pode ser

positivo, negativo ou em equilíbrio. O balanço positivo significa que o organismo

está retendo nitrogênio para o anabolismo, isto ocorre no crescimento, lactação,

gestação ou mesmo quando o organismo está se recuperando de um stress

metabólico. O negativo representa que a dieta não está suprimindo a exigência

de aminoácidos necessária ao organismo, o motivo pode ser o baixo teor de

aminoácidos na dieta, desequilíbrio entre os aminoácidos, ou a ausência de um

aminoácido essencial. Em equilíbrio significa que o organismo animal está

mantendo as taxas de catabolismo e anabolismo próximas, ideal para cães e gatos

adultos em manutenção.

A fonte proteica deve ter uma composição de aminoácidos semelhante ao perfil

de aminoácidos exigidos pela espécie animal em questão. Além deste fator, os

aminoácidos presentes na fonte proteica devem ser biodisponíveis. Estes fatores

caracterizam uma fonte proteica de alta qualidade. As fontes que apresentam perfil

Page 33: Revista Pet Food Brasil

64 65Caderno Técnico 2

e biodisponibilidade de aminoácidos adequados são consideradas

de alto valor biológico. Quanto maior o valor biológico da

proteína, maior a capacidade do organismo em reter aminoácidos

e nitrogênio para atender as suas exigências nutricionais.

Durante a síntese proteica, quando um único aminoácido

necessário não está presente, a síntese é interrompida e os demais

aminoácidos são catabolizados. Portanto é necessário adequar os

aminoácidos presente na dieta com as exigências dos animais.

A relação entre aminoácidos essenciais e não essenciais

também é de suma importância. Os aminoácidos não essenciais

também devem estar presentes na dieta, caso contrário, alguns

aminoácidos essenciais poderão ser convertidos para suprir a

sua ausência. Além disto, estes aminoácidos são requeridos como

fontes de nitrogênio, energia e síntese proteica.

Normalmente a exigência dos aminoácidos metionina e cistina

é apresentada em conjunto, porém a relação metionina:cistina é

importante. A metionina pode ser convertida em cisteína, duas

cisteínas dão origem a uma cistina. Este processo é irreversível,

assim a cistina não pode ser convertida em metionina. Uma baixa

relação metionina:cistina pode indicar deficiência de metionina.

O excesso de algum aminoácido específico no organismo

pode levar a diminuição da concentração de outro, este fato é

denominado antagonismo entre os aminoácidos. A arginina e a

lisina são consideradas aminoácidos básicos e por isso apresentam

o mesmo tipo de transportador na mucosa intestinal, competindo

entre si. O excesso de um pode levar a má absorção do outro.

O excesso de lisina na dieta ativa a arginase renal, enzima que

degrada a arginina. Estudos recentes em gatos demonstraram

que para estes animais o antagonismo lisina/arginina é menos

eficiente quando comparados aos cães e animais onívoros. Esta

pode uma característica evolutiva importante para estes animais

que apresentam elevada exigência de arginina e alto consumo

de lisina. Todavia, o mecanismo que suprime este antagonismo,

para esta espécie, ainda não está elucidado. Os aminoácidos de

cadeia ramificada leucina, valina e isoleucina apresentam uma

estrutura semelhante e também competem pelo mesmo sítio

de absorção na mucosa intestinal. O excesso de leucina inibe

a absorção de valina e isoleucina além de ativar o complexo

enzimático desidrogenase de cadeia ramificada que degrada a

isoleucina e valina, poupando a leucina.

Muito tem se discutido, sobre dietas com elevados teores

proteicos sobrecarregarem os rins dos animais, devido a

necessidade de se eliminar o excesso de nitrogênio. Não existem

estudos que comprovem que o excesso de aminoácidos contribua

para o desenvolvimento de nefropatias em animais sadios.

Entretanto, sabe-se que o excesso de proteína pode potencializar

uma nefropatia em animais que já possuem alguma alteração

ou mesmo com capacidade renal debilitada como os animais

senis. Para estes casos é importante fornecer dietas com fontes

proteicas de alta qualidade.

A maior concentração de nitrogênio fecal ou urinário

provoca a produção de odores desagradáveis nas fezes e urinas

dos animais. Estes odores não são desejados pelos proprietários

de cães e gatos, principalmente pela proximidade dos animais de

companhia com seus donos.

foNtes proteicas

Devido à alta exigência de proteína dos cães e gatos, os

ingredientes proteicos assumem um papel importante na

formulação. As principais fontes proteicas utilizadas usualmente

em dietas para cães e gatos podem ser de origem vegetal ou

animal. Destacam-se a farinha carne e ossos bovina, vísceras de

frango, glúten de milho e a soja e seus coprodutos associados.

Isto porque possuem boa digestibilidade pelos cães e gatos e

apresentam um perfil de aminoácidos satisfatório. Além destas

fontes proteicas, as leveduras, algas, plasma bovino, ovo em pó,

carne mecanicamente separada, entre outros são empregados

como fontes proteicas.

Quando comparados as fontes animais e vegetais, as farinhas

de origem animal apresentam melhor perfil de aminoácidos

mais balanceados, porém com maior variabilidade. Esta

variabilidade tem ação direta na qualidade do ingrediente. Deste

modo, a qualidade de cada ingrediente deve ser constantemente

observada no momento de formulação das rações. As variações

durante os processos fabricação e tratamento podem inf luenciar

diretamente na disponibilidade dos aminoácidos. Outro fator a

ser observado é a deficiência de algum aminoácido essencial no

ingrediente e sua futura suplementação na ração.

As farinhas de origem animal apresentam maior variabilidade

em sua composição bromatológica. As farinhas de carne e ossos

podem apresentar diferentes inclusões de carne, ossos, couro e

pelos. O mesmo pode ser observado para a farinha de vísceras

de frango que pode apresentar diferentes proporções de cabeça,

pescoço, pés e penas. A elevada concentração de minerais,

muitas vezes presentes nas farinhas de carne e ossos, é um dos

fatores limitantes da inclusão deste ingrediente na formulação.

O excesso de minerais resulta na diminuição da digestibilidade

do alimento, maior produção de fezes, fezes ressecadas, além

de alterar o equilíbrio acidobásico do organismo animal. A

qualidade das farinhas de origem animal irá depender também

de outros parâmetros como o índice de peroxidação lipídica,

acidez, contaminação por salmonela ou outros microrganismos,

concentração de aminas biogênicas, e da temperatura de

processamento térmico.

Os ingredientes proteicos de origem vegetal possuem menor

variabilidade na sua composição, porém podem apresentar

fatores antinutricionais como inibidores de proteases, lecitinas,

f itatos, f ibras solúveis e tanino. Os inibidores de proteases e a

lecitina são termo lábeis e podem ser desativados pelo tratamento

térmico. O controle deste processamento é importante, pois o

sub-aquecimento pode não ser eficiente para desativar os fatores

antinutricionais enquanto o super-aquecimento pode resultar em

desnaturação na proteína, reduzindo sua digestibilidade. Como

medidas de controle deste processamento, as análises de KOH e

uréase são indicadas.

A soja e seus derivados apresentam níveis baixos dos

aminoácidos metionina e cisteína. Assim quando estes alimentos

são utilizados em alimentos para cães e gatos é recomendado que

se avalie ajustes no perfil de aminoácidos.

O glúten de milho é uma fonte de elevada digestibilidade,

superior a muitas fontes de origem animal, porém, pobre nos

aminoácidos lisina e triptofano, tornando baixo seu valor

biológico. O glúten de milho apresenta uma maior concentração

de ânions em sua composição. Isto é importante quando se

consideram que a composição dos alimentos secos tende a impor

uma carga catiônica aos animais, principalmente farinha de

carne e ossos, ricas em cálcio. O glúten pode contribuir para o

balanço cátion-aniônico da dieta.

A associação de fontes proteicas de origem vegetal, como

os derivados de soja e o glúten de milho, com as farinhas de

origem animal é recomendada para a nutrição de cães e gatos,

pois permite fornecimento dos níveis de proteínas e aminoácidos

desejados, ao mesmo tempo em que modera os níveis de minerais

nas formulações.

Como as fontes proteicas são ingredientes muito importantes

nas dietas comerciais para cães e gatos, outras fontes proteicas

alternativas são estudadas para a incorporação em dietas. A

utilização de leveduras, algas, hemácias, ovo, arroz e plasma em

spray-dried tem se mostrado interessante em alimentos para

cães e gatos, por possuir elevado teor de proteína e bom perfil de

aminoácidos.

Bruna Ponciano Neto – doutoranda do Programa de pós-graduação em zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (PPZ/UEM)

Ricardo Souza Vasconcellos – professor adjunto do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (DZO/UEM)

Page 34: Revista Pet Food Brasil

66

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