Transcript
Page 1: Rakel Hina Vasconcelos Pio

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

RAKEL HINA VASCONCELOS PIO

OBTENÇÃO DE FIBRA ALIMENTAR POR PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO DO

SUBPRODUTO DO PEDÚNCULO DE CAJU

FORTALEZA

2014

Page 2: Rakel Hina Vasconcelos Pio

RAKEL HINA VASCONCELOS PIO

OBTENÇÃO DE FIBRA ALIMENTAR POR PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO DO

SUBPRODUTO DO PEDÚNCULO DE CAJU

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências e Tecnologia de

Alimentos da Universidade Federal do Ceará,

como requisito parcial à obtenção do título de

Mestre em Ciências e Tecnologia de

Alimentos. Área de concentração: Controle de

Qualidade e Secagem de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. José Maria Correia da

Costa.

Co-orientador: Dr. Gustavo Adolfo Saavedra

Pinto.

FORTALEZA

2014

Page 3: Rakel Hina Vasconcelos Pio

RAKEL HINA VASCONCELOS PIO

OBTENÇÃO DE FIBRA ALIMENTAR POR PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO DO

SUBPRODUTO DO PECÚNCULO DE CAJU

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências e Tecnologia de

Alimentos da Universidade Federal do Ceará,

como requisito parcial à obtenção do título de

Mestre em Ciências e Tecnologia de

Alimentos. Área de concentração: Controle de

Qualidade e Secagem de Alimentos.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr. José Maria Correia da Costa (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC

_________________________________________

Prof. Dra. Lucicléia Barros Vasconcelos Torres

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________

Prof. Dra. Andréa Cardoso de Aquino

Universidade Federal do Ceará (UFC)

Page 4: Rakel Hina Vasconcelos Pio

Ao Deus da minha vida, ao Pai que sempre

esteve ao meu lado, minha rocha que se fez

minha esperança. Aquele que foi o meu porto

seguro, me inspirou, cuidou e se dedicou a

mim de forma incondicional. Por todo amor e

incentivo.

Page 5: Rakel Hina Vasconcelos Pio

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Ceará e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e

Tecnologia de Alimentos, pela oportunidade de realização do mestrado.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

À Embrapa Agroindústria Tropical, que possibilitou a realização deste trabalho,

através da matéria-prima cedida e uso de seus laboratórios para execução dos experimentos.

Ao meu orientador Prof. Dr. José Maria Correia da Costa, por ter aceitado me

orientar e por toda paciência, disponibilidade e atenção a mim destinadas. Obrigada pelo

tempo e contribuição prestados para a realização deste trabalho.

Ao meu co-orientador Dr. Gustavo Adolfo Saavedra Pinto, pelo exemplo de

grande ser humano, por todo apoio e compreensão. Obrigada pelos ensinamentos transmitidos

desde a minha graduação, não só os científicos, mas principalmente os humanos.

Ao Prof. Dr. Marcos Rodrigues pela solicitude incondicional, disponibilidade em

me ajudar e contribuição com seus ensinamentos na execução desta pesquisa.

Aos professores participantes da banca examinadora, Prof. Dra Lucicléia Barros

Vasconcelos e Andrea Cardoso de Aquino pelo tempo, correções e pelas valiosas

colaborações para melhoramento do trabalho.

À nossa grande técnica do laboratório de “Bioprocessos”, Natália Moura, por ser

tão prestativa, atenciosa e paciente conosco. Por estar tão presente em nossas vidas

colaborando não somente com sua competência, mas também com sua amizade.

À Ádna Girão, por sua paciência e disponibilidade em me ajudar com seu

conhecimento sempre que necessitei de auxílio, por tantas vezes ter facilitado meu trabalho.

Por sua confiança em mim.

À Solange recepcionista da Embrapa Agroindústria Tropical e ao analista Hilton,

funcionário da mesma empresa, pela confiança que vocês depositaram em mim.

Aos profissionais responsáveis pelos laboratórios de Biomassa e Química de

Produtos Naturais e aos bolsistas, pela disponibilidade, paciência e gentileza na ajuda

prestada.

Ao Sr. Luís, por seu sorriso, ouvidos, informações e favores que pedi e que foram

realizados com tanta boa vontade.

Ao Paulo, secretário da Pós-graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos,

pela gentileza, educação, paciência e prestabilidade em nos ajudar.

Page 6: Rakel Hina Vasconcelos Pio

À minha querida mãe, Aparecida de Vasconcelos, por sempre me apoiar e

acreditar em meus sonhos. Por toda sua dedicação, compreensão e incentivo. Por todo

cuidado, atenção e preocupação com meu bem-estar. Pelo exemplo de luta, determinação e

confiança em Deus.

Às minhas tias, Gorette Vasconcelos e Graça Vasconcelos, ao meu irmão

Luciano, minha prima Dayse, pela torcida, carinho e apoio, tão gratificantes.

Aos meus amigos do Laboratório de Processos Agroindustriais, mais conhecido

como Bioprocessos, pelo carinho, torcida, apoio emocional. Muito obrigada a Suzanne, Thaís,

Nara, Verônica, Genilton, Natália Lima, Cintya, Leise, Simone, Katiane, Kally, as professoras

Virna, Janaina e Andréa, por terem sido meus AMIGOS. Pelos momentos felizes e difíceis

vividos e vencidos com vocês. Meu eterno obrigada.

Aos bolsistas do laboratório de Controle de Qualidade e Secagem de Alimentos,

UFC, pela ajuda que me foi prestada, pelos momentos de descontração e compreensão.

À minha amiga, Natália Lima, companheira de Embrapa, que esteve tão presente

em minha vida, não somente nos expedientes prolongados, mas me apoiando e estimulando.

Obrigada pelo carinho, confiança e por toda ajuda a mim dedicada.

Aos meus amigos, Genilton Faheína e Helder Levi Lima, pela disponibilidade em

me ajudar, pelo incentivo e apoio que foram tão valiosos para a conclusão deste trabalho.

Aos meus colegas de mestrado, pela companhia, angústias superadas juntos e

experiências divididas.

As minhas amigas Luana Guabiraba, Carina Lemos, por terem sido tão prestativas

e compreensivas em momentos em que necessitei de ajuda.

Aos estudantes de iniciação científica Dandara e Diácomo, pela compreensão de

vocês e por terem se dedicado em me ajudar.

A todos aqueles que se encontravam distantes fisicamente, mas sei que em seus

pensamentos estavam torcendo por mim.

Por fim o último e o mais importante de todos os agradecimentos: a Deus. A mão

que levanta, planeja e providencia. A mão de Deus que providenciou tudo e todos. Que

enxugou as lágrimas, consolou e me deu forças para prosseguir quando física e

emocionalmente não seria possível. Obrigada por não me deixar desistir. Obrigada pela Tua

paciência. Obrigada por lembrar-me do Teu amor por mim, porque na hora da dor a tua graça

me bastou.

Page 7: Rakel Hina Vasconcelos Pio

O mestre disse a um de seus alunos: tu queres

saber em que consiste o conhecimento?

Consiste em ter consciência tanto de conhecer

uma coisa quanto de não a conhecer.

Este é o conhecimento.

Confúcio

Um pouco de ciência nos afasta de Deus.

Muito, nos aproxima.

Louis Pasteur

Page 8: Rakel Hina Vasconcelos Pio

RESUMO

No estado do Ceará, 50% da área cultivada é destinada para a produção do caju. O pedúnculo

de caju apresenta grande potencial econômico uma vez que é matéria-prima para a indústria

de doce, cajuína e principalmente suco que apresenta melhor aceitação no mercado nacional.

O bagaço de caju oriundo da fabricação de suco representa 40% da polpa sendo rico em

fibras, vitaminas e açúcares e atualmente o mesmo têm sido desperdiçado pela indústria de

sucos. Desta forma, este trabalho teve como objetivo apresentar uma alternativa para o

aproveitamento do subproduto de caju através do processo de liofilização, visando à obtenção

de uma matéria-prima que possa ser utilizada como fibra alimentar na fabricação de

alimentos. O bagaço liofilizado apresentou cor e características estruturais semelhantes ao

bagaço in natura, boa capacidade de absorção de água e óleo assim como teor de fibra

alimentar. Análises de DSC, TGA e MEV mostraram que a liofilização ocasionou aumento de

volume e surgimento de poros microscópicos facilitando a reidratação. Reduziu a atividade de

água e a carga microbiana de bactérias mesófilas aeróbias e de bolores e leveduras quando

comparado com o bagaço in natura. O subproduto de caju liofilizado manteve-se estável

durante 90 dias de armazenamento em temperatura ambiente, apresentando mínimas

alterações nas características originais. A estocagem do material em embalagem flexível

metalizada foi eficaz e evitou o contato do produto com o vapor de água atmosférico, além de

ser desnecessária a utilização de vácuo para a manutenção das características do subproduto

do pedúnculo de caju liofilizado.

Palavras-chave: Liofilização de subproduto. Fibra alimentar. Secagem de alimentos. Bagaço

de caju. Armazenamento.

Page 9: Rakel Hina Vasconcelos Pio

ABSTRACT

In Ceará State (Brasil), 50% of cultivated area is intended to cashew production. The cashew

apple presents great economic potential being raw material to jam, cajuina and mostly cashew

apple juice, that presents better acceptance in nacional market. Cashew apple bagasse derivate

from cashew apple juice production is 40% of pulp being rich in fibers, vitamins and sugars

and currently it have been wasted by juice industry. Thus, this work aimed to provide an

alternative to use cashew apple byproduct through freeze-drying process, in order to obtain a

raw material that can be used as dietary fiber in food. The freeze-drying bagasse showed color

and structural characteristics similar to bagasse in natura, good capacity of water absorption

and oil as well as dietary fiber. DSC analysis, ATG and MEV showed that lyophilisation

caused swelling as the onset of microscopic pores facilitate rehydration Reduction of water

activity and microbial amount (aerobic mesophilic bacteria, molds and yeasts) in cashew

apple bagasse freeze-drying. Cashew apple byproduct remained stable for 90 days storage at

room temperature and presents minimal changes of original characteristics. The storage using

metallized flexible packaging material was effective and avoided the contact of bagasse with

atmosphere water vapor. Was unnecessary use vacuum to maintain characteristics of cashews

apple byproduct lyophilized.

Keywords: Freeze-drying byproduct. Dietary fiber. Drying foods. Cashew Apple bagasse.

Storage.

Page 10: Rakel Hina Vasconcelos Pio

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Liofilizador LP510 ....................................................................................................... 34

Figura 2 - Fluxograma para obtenção de fibra alimentar à partir dos processos de liofilização e

secagem em estufa ........................................................................................................................ 36

Figura 3 - Fluxograma para determinação FAT pelo método gravimétrico não enzimático ....... 38

Figura 4 - Parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*), em relação a amostra in natura .................... 59

Figura 5 - Parâmetros colorimétricos (croma e λ°), em função da amostra in natura ................. 61

Figura 6 - Fotografias do subproduto de caju in natura (A) submetido a dois processos de

secagem: liofilização (B) secagem em estufa a 60°C (C) e após reidratação do liofilizado com

60mL.100g-1

(D) e do seco em estufa e reidratado com 30mL.100g-1

(E) .................................... 62

Figura 7 - Atividade de água do subproduto de caju liofilizado por 30 horas e reidratado ......... 65

Figura 8 - Atividade de água (aw) do subproduto de caju seco em estufa a 60°C por 28 horas e

reidratado ...................................................................................................................................... 66

Figura 9 - Análise termogravimétrica (ATG) das fibras ............................................................. 67

Figura 10 - Micrografias do subproduto de caju liofilizado (A) e seco em estufa (B) ................. 68

Figura 11 - Valores de aw durante 90 dias de estocagem. ............................................................ 72

Figura 12 - Acidez titilável em ácido orgânico durante 90 dias de estocagem ............................ 69

Figura 13 - Valores do parâmetro de a* durante 90 dias de estocagem ....................................... 70

Figura 14 - Valores do parametro b* durante 90 dias de estocagem ............................................ 71

Figura 15 - Valores do parâmetro c* durante 90 dias de estocagem ............................................ 72

Figura 16 - Capacidade de absorçãode água durante 90 dias de estocagem ................................ 73

Figura 17 - Capacidade de absorçãode óleo durante 90 dias de estocagem ................................. 74

Figura 18 - Valores de higroscopicidade durante 90 dias de estocagem ...................................... 75

Figura 19 - Valores de grau de caking durante 90 dias de estocagem.......................................... 76

Page 11: Rakel Hina Vasconcelos Pio

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Programação dos tempos e temperaturas para liofilização de 30 horas, em

liofilizador LP510..................................................................................................... 35

Tabela 2- Classificação dos pós de acordo com a higroscopicidade ............................ 42

Tabela 3- Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do

subproduto de caju in natura.................................................................................... 47

Tabela 4- Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do

subproduto de caju in natura (b.u)........................................................................... 49

Tabela 5- Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do

subproduto de caju submetido a dois tratamentos de secagem................................. 52

Tabela 6- Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do

subproduto de caju liofilizado e desidratado (b.u).................................................... 58

Tabela 7- Capacidade de absorção de água e óleo do subproduto de caju liofilizado e

desidratado................................................................................................................ 69

Tabela 8- Resultados das análises microbiológicas do subproduto de caju in natura e

liofilizado.................................................................................................................. 70

Page 12: Rakel Hina Vasconcelos Pio

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AR Açúcares Redutores

APHA American Public Health Association

aw Atividade de Água

AOAC Association of Official Analytical Chemists

b.u. Base Úmida

b.s. Base Seca

C Carotenoides

Ca Clorofila a

Cb Clorofila b

CD Grau de caking

CAA Capacidade de Absorção de Água

CAO Capacidade de Absorção de Óleo

CV Com Vácuo

DSC Calorimetria Exploratória Diferencial

DNS Ácido 3,5-dinitro-salicílico

DRBC Ágar Rosa de Bengala Cloranfenicol

Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

E. coli Escherichia coli

FS Fibra Solúvel

FI Fibra Insolúvel

FAT Fibra Alimentar Total

h Hora

HCl Ácido Clorídrico

hue Tonalidade

IAL Instituto Adolfo Lutz

LST Caldo Lauril Triptose

MEV Microscopia de Varredura Eletrônica

min. Minutos

N2 Nitrogênio

NMP Número Mais Provável

NaCl Cloreto de Sódio

Page 13: Rakel Hina Vasconcelos Pio

NaOH Hidróxido Sódio

PCA Ágar Padrão para Contagem

PET Polietileno tereftalato

SS Sólidos Solúveis

SV Sem Vácuo

RM Reação de Maillard

TGA Análise Termogravimétrica

UFC Unidade Formadora de Colônia

Page 14: Rakel Hina Vasconcelos Pio

LISTA DE SÍMBOLOS

a* Componente cromático vermelho-verde

b* Componente cromático amarelo-azul

c* Croma ou intensidade de cor

cm Centímetros

°C Grau Celsius

% Porcentagem

g Grama

mg Miligrama

µg Micrograma

L Litro

mL Mililitro

L* Luminosidade

λ° Ângulo de tonalidade

° Grau

μL Microlitro

∆E Variação de cor

nm Nanômetro

Page 15: Rakel Hina Vasconcelos Pio

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 20

2.1 Relevância da cajucultura........................................................................................ 20

2.2 Pedúnculo do caju ..................................................................................................... 20

2.3 Tecnologias para conservação de alimentos ............................................................ 22

2.3.1 Desidratação de alimentos ........................................................................................... 22

2.3.2 Liofilização .................................................................................................................. 23

2.3.3 Embalagem flexível metalizada................................................................................... 24

2.4 Características químicas ........................................................................................... 25

2.4.1 Escurecimento não enzimático .................................................................................... 25

2.4.2 Carotenoides ................................................................................................................ 25

2.4.3 Flavonoides .................................................................................................................. 26

2.4.4 Fibra alimentar ............................................................................................................. 27

2.5 Características físicas ................................................................................................ 28

2.5.1 Atividade de água (aw) ................................................................................................. 28

2.5.2 Higroscopicidade ......................................................................................................... 29

2.6 Propriedades térmicas ............................................................................................... 30

2.6.1 Análise Termogravimétrica (TGA) ............................................................................. 31

2.6.2 Calorimetria exploratória diferencial........................................................................... 32

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 33

3.1 Preparação do subproduto de caju .......................................................................... 33

3.1.1 Liofilização .................................................................................................................. 33

3.1.2 Secagem em estufa ...................................................................................................... 35

3.2 Características químicas ........................................................................................... 37

3.2.1 Análise de proteínas..................................................................................................... 37

3.2.2 Análise de cinzas ......................................................................................................... 37

3.2.3 Análise de carotenoides totais ..................................................................................... 37

3.2.4 Análise de FAT ............................................................................................................ 38

3.2.5 Análise de flavonoides amarelos ................................................................................. 39

3.3 Caracterização físico-química .................................................................................. 39

3.3.1 Umidade ...................................................................................................................... 39

Page 16: Rakel Hina Vasconcelos Pio

3.3.2 pH ................................................................................................................................. 39

3.3.3 Acidez total titulável em ácido orgânico ...................................................................... 39

3.3.4 Sólidos Solúveis (SS) ................................................................................................... 40

3.3.5 Açúcares redutores (AR) .............................................................................................. 40

3.4 Caracterização física .................................................................................................. 40

3.4.1 Atividade de água (aw) .................................................................................................. 40

3.4.2 Determinação de cor instrumental ................................................................................ 41

3.4.3 Análise de higroscopicidade ......................................................................................... 41

3.4.4 Grau de Caking ............................................................................................................. 42

3.4.5 Análise de microscopia eletrônica de varredura (MEV) .............................................. 42

3.4.6 Análise termogravimétrica (TGA) e calorimetria exploratória diferencial (DSC) ........ 43

3.4.7 Capacidade de absorção de água (CAA) e Capacidade de absorção de óleo (CAO) .... 43

3.4.8 Capacidade de reidratação ............................................................................................. 43

3.5 Avaliação microbiológica do subproduto de caju ..................................................... 44

3.5.1 Amostras ........................................................................................................................ 44

3.5.2 Preparo das amostras e diluições seriadas ..................................................................... 44

3.5.3 Determinação do número mais provável (NMP) de coliformes termotolerantes .......... 44

3.5.4 Contagem total de bolores e leveduras .......................................................................... 45

3.5.5 Contagem total de aeróbios mesófilos ........................................................................... 45

3.6 Estudo da vida de útil do produto liofilizado ................................................................ 45

3.7 Análise estatítica ............................................................................................................ 46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 47

4.1 Caracterização do subproduto de caju in natura ..................................................... 47

4.2 Caracterização química, físico-química e física do subproduto de caju

liofilizado e desidratado ............................................................................................................. 50

4.3 Processo de liofilização versus processo de secagem em estufa do subproduto do

pedúnculo de caju ....................................................................................................................... 62

4.4 Capacidade de reidratação do subproduto de caju liofilizado e desidratado ........ 65

4.5 Análise termogravimétrica do subproduto de caju liofilizado e desidratado ......... 66

4.6 Análise das superfícies do subproduto de caju liofilizado e desidratado por

microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................................................... 68

4.7 Características tecnológicas do subproduto de caju liofilizado e desidratado........ 69

4.7.1 Capacidade de absorção de água (CAA) e óleo (CAO) ................................................. 69

Page 17: Rakel Hina Vasconcelos Pio

4.8 Avaliação microbiológica do subproduto de caju in natura e liofilizado ............... 70

4.9 Estudo da vida útil do produto liofilizado ................................................................. 71

4.9.1 Atividade de água (aw) ................................................................................................... 72

4.9.2 Acidez titulável em de ácido orgânico .......................................................................... 72

4.9.3 Análise de cor ................................................................................................................ 73

4.9.3.1 Parâmetro a* .................................................................................................................. 73

4.9.3.2 Parâmetro b* .................................................................................................................. 74

4.9.3.3 Parâmetro c* .................................................................................................................. 75

4.9.4 Capacidade de absorção de água (CAA) ....................................................................... 76

4.9.5 Capacidade de absorção de óleo (CAO) ........................................................................ 77

4.9.6 Análise de higroscopicidade ......................................................................................... 78

4.9.7 Grau de caking ............................................................................................................... 79

4.9.8 Análises microbiológicas ............................................................................................... 79

5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 81

6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82

Page 18: Rakel Hina Vasconcelos Pio

18

1 INTRODUÇÃO

Muitos frutos comestíveis são processados para fabricação de sucos naturais, sucos

concentrados, doces em conserva, polpas e extratos. Grande parte dos resíduos gerados possui

alto valor nutritivo, contudo são descartados, quando poderiam ser utilizados para minimizar

o desperdício de alimentos (KOBORI; JORGE, 2005).

As agroindústrias do nordeste brasileiro representam papel sócio econômico relevante na

economia regional, em especial a agroindústria do caju, sendo o estado do Ceará o maior

produtor de caju, seguido dos estados do Rio Grande do Norte e Piauí. O beneficiamento do

caju tem por principal finalidade a produção de castanha, um produto tipo exportação de

grande valor no mercado externo (FIEC, 2009).

No momento do descastanhamento, grande parte do pedúnculo, cerca de 90%, é

desperdiçado, sendo parte perdido ainda no campo. No processamento do pedúnculo do caju

para produção de bebidas, principal aplicação do pedúnculo, 40% (m/m) de bagaço são

obtidos, que por sua vez não possuem valor comercial (PAIVA et al., 2002; ASSUNÇÃO;

MERCADANTE, 2003; FERREIRA et al., 2004; MATIAS et al., 2005; RODRIGUES et al.,

2007).

Porém, algumas indústrias podem utilizar o bagaço residual da extração para a obtenção

de fibra alimentar, para valorização da matéria-prima e obtenção de novos produtos de alto

valor agregado. A incorporação do bagaço de caju na produção de fibras de alta qualidade na

indústria de alimentos pode ampliar a disponibilidade de produtos, e suprir as necessidades

emergentes de novos usos destes compostos. Além disso, favorecerá também um melhor

aproveitamento destes frutos e o uso racional e eficiente do resíduo gerado pela indústria,

evitando, assim, seu desperdício (SIQUEIRA, 2013).

O subproduto do pedúnculo de caju apresenta elevado potencial para comercialização,

pois possuem açúcares, vitaminas e sais minerais sendo ricos em fibras e outros compostos

com propriedades funcionais (ABREU, 2013).

De acordo com a portaria brasileira nº 41, de 14 de janeiro de 1998, fibra alimentar é

qualquer material comestível de origem vegetal que não seja hidrolisado por enzimas

endógenas do trato digestivo humano. Elas apresentam propriedades funcionais tais como,

diminuição dos níveis sanguíneos de colesterol, controle da pressão arterial, controle da

glicose sanguínea e aceleração do trânsito intestinal (SOARES et al., 2000).

Page 19: Rakel Hina Vasconcelos Pio

19

Devido a estes benefícios as fibras têm sido atualmente utilizadas como constituintes dos

alimentos, representando mais de 50% do total de ingredientes do mercado. Além de se

encontrar em expansão como suplemento dietético e farmacêutico (LAJOLO; MENEZES,

2006).

Estudos relacionados sobre obtenção de fibra alimentar a partir do subproduto do

pedúnculo de caju liofilizado com o intuito de fabricar alimentos enriquecidos com fibra

alimentar, são quase inexistentes, provavelmente por se tratar de uma tecnologia onerosa. A

secagem por liofilização exige elevados custos energéticos devido à energia de sublimação e

dessorção, baixas temperaturas de condensação, baixas taxas de secagem e o uso do vácuo

(LOMBRANÃ; IZKARA, 1996; LIAPIS et al., 1996). Contudo, deve-se verificar a

quantidade de matéria-prima necessária para a fabricação de produtos alimentícios com a

fibra do subproduto do suco de caju liofilizado, para que seja possível obter dados concretos

quanto ao custo benefício do subproduto liofilizado.

O processo de liofilização apresenta-se como um método capaz de desidratar alimentos a

baixos teores de água, provocando alterações mínimas na composição química e no aspecto

morfológico. Além disso, os produtos liofilizados se apresentam em condições de

armazenamento a temperatura ambiente por um período de tempo prolongado sem sofrer

deterioração.

A liofilização é uma técnica que, geralmente, não causa encolhimento do material a ser

desidratado por ocorrer em condições especiais de temperatura e pressão, o que proporciona

menos danos ao tecido vegetal, levando a um produto de fácil reidratação por formar poros

microscópicos no produto resultante desse processo.

No entanto, outros métodos de secagem que utilizam temperaturas mais elevadas, como a

secagem em estufa, ocasiona danos nos tecidos vegetais acarretando em encolhimento ou

endurecimento da matéria-prima, tornando o produto final difícil de ser reidratado.

Portanto, uma alternativa de aproveitamento do subproduto da industrialização do suco

de caju é a aplicação de tecnologias, como a secagem por liofilização. Desta forma, este

trabalho teve como objetivo principal aplicar o processo de liofilização no subproduto do

pedúnculo de caju para obter e caracterizar fibra alimentar, e como objetivo secundário,

comparar o produto obtido por liofilização com o produto seco em estufa.

Page 20: Rakel Hina Vasconcelos Pio

20

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Relevância da cajucultura

O Ceará tem papel relevante no desempenho da fruticultura do Brasil e esta atividade tem

grande contribuição para a economia do estado. De acordo com a Companhia Nacional de

Abastecimento (CONAB) a cajucultura gera emprego para mais de 130 mil trabalhadores

rurais no estado do Ceará e mais de 200 mil pessoas no campo em todo o Nordeste (COSTA,

2010).

Os últimos dados divulgados pelo IBGE sobre quantidade produzida, área plantada e

colhida, rendimento médio e valor da produção agrícola através do PAM – Produção Agrícola

Municipal 2011 e do LSPA – Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2013,

revelaram o estado do Ceará como 6º maior produtor nacional de frutas. No entanto,

colocando os dados de produção do pedúnculo de caju, o Ceará passa a ser o 4º produtor

nacional de frutas frescas, com uma produção de 2.496.051 toneladas (ADECE, 2013).

Segundo Oliveira e Ipiranga (2009), a cajucultura ocupa 50% de área cultivada no Ceará,

destacando-se como maior produtor nacional.

O pedúnculo do caju apresenta alto valor nutritivo, além de apresentar sabor e aroma

peculiares da espécie, caracterizando-o como um fruto exótico para o mercado externo

(SIQUEIRA, 2013).

2.2 Pedúnculo do caju

O caju é composto por 10% de castanha e 90% de pedúnculo. O pedúnculo do caju é uma

forma hipertrofiada do pedúnculo floral, caracterizando um falso fruto ou pseudofruto.

Fisicamente, ele é a parte da planta que prende o fruto ao galho. Sua estrutura carnosa e

suculenta é muito rica em vitamina C e fibras, de maneira que um copo do suco integral supre

as necessidades diárias de vitamina C de uma pessoa adulta. O suco apresenta teores

consideráveis de açúcares redutores e minerais, principalmente ferro (MORAES et al., 2011;

PAIVA et al., 2000; MOREIRA, 2002). Além de possuir em sua composição pigmentos

carotenóides e pigmentos fenólicos flavonóides amarelos, substâncias que além de conferir

cor aos alimentos também possuem como características ação antioxidante, atuando na

prevenção de várias doenças no organismo humano.

Page 21: Rakel Hina Vasconcelos Pio

21

O consumo do pedúnculo, na forma de caju de mesa vem crescendo a cada safra no

mercado de frutas frescas, tanto pela consolidação de mercados tradicionais como pela

abertura de novos mercados, e o seu aproveitamento ocorre das mais variadas formas, como

na fabricação de sucos, sorvetes, cajuína, vinho, licor, doces, geleias, refrigerante gaseificado,

aguardente, hambúrgueres e outros. Dentre esses, o de maior destaque econômico é o suco

industrializado, apresentando grande aceitação no mercado nacional. Entretanto, é um fruto

altamente perecível gerando perdas elevadas devido à falta de cuidados necessários para seu

melhor aproveitamento (MORAIS et al., 2002; SIQUEIRA, 2013).

No Nordeste mais de 1,5 milhão de toneladas do pedúnculo do caju são desperdiçados,

representando 75% dos 2,5 milhões de toneladas produzidas nos nove Estados (HOLANDA et

al., 2010). A principal causa do desperdício do pedúnculo é devido à sua reduzida estabilidade

pós-colheita associada à pequena capacidade de aproveitamento da indústria e um curto

período de safra (PAIVA et al., 2000).

O resíduo gerado pela fabricação de bebidas, como sucos, denominado de fibra ou bagaço

de caju, geralmente é transformado em adubo, ração para animais, entretanto, pode ainda ser

aproveitado na alimentação humana em virtude de seu valor nutritivo (LOPES NETO, 1997;

SILVA, 1998).

Este subproduto pode ser transformado em farinha e ser utilizado para enriquecimento de

alimentos tradicionais como biscoitos artesanais com objetivo de agregar valor (SANTANA;

SILVA, 2008).

A literatura relata trabalhos em que a incorporação de fibra de caju na formulação de

biscoitos foi avaliada quanto sua aceitação sensorial. Os resultados indicaram o potencial

dessa fibra na formulação de biscoitos tradicionais (Lima et al., 2002; Matias et al., 2005).

O emprego de farinha de fibra caju em formulação de hambúrgueres bovino é uma

alternativa que também foi avaliada. A adição de fibra de caju em hambúrgueres, além de

fornecer os benefícios inerentes às fibras alimentares, reduz a quantidade de gordura nos

mesmos, pois a proporção em carne seria reduzida em virtude do acréscimo de fibras

(PINHO, 2009). Assim, o emprego da fibra do subproduto de caju como ingrediente apresenta

vantagens econômicas e nutricionais que devem ser exploradas pelo setor alimentício.

Page 22: Rakel Hina Vasconcelos Pio

22

2.3 Tecnologias para conservação de alimentos

2.3.1 Desidratação de alimentos

A desidratação consiste basicamente em remover parte da água através de uma fonte de

calor, geralmente estufas ou secadores. A redução da umidade diminui drasticamente o

desenvolvimento de micro-organismos e algumas reações químicas indesejáveis. De forma

que, o tempo de conservação do produto é maior (RAUPP et al., 2009).

O principal motivo da desidratação de frutas e hortaliças é aumentar a sua conservação,

além disso, resulta numa maior facilidade de transporte, armazenamento e manuseio do

produto final, seja este para o consumo na forma direta, ou como ingrediente na elaboração de

outros produtos alimentícios (TRAVAGLINI; AGUIRRE; SILVEIRA, 2001).

Inicialmente, a desidratação ocorre por evaporação da umidade da superfície. Em

seguida, envolve a difusão da água do interior do alimento para a superfície. A água se

movimenta por forças capilares pela difusão dos líquidos provocada por diferenças na

concentração de solutos nas diferentes regiões do alimento e pela diferença da pressão de

vapor d’água nos tecidos (SPOTO, 2006).

O alimento exposto ao ambiente com umidade relativa definida irá ganhar ou perder

umidade até atingir o ponto de equilíbrio. Portanto, um alimento com umidade maior que a

umidade relativa do ambiente terá sua pressão de vapor diminuída até que atinja a pressão de

vapor do meio em que se encontre (SPOTO, 2006).

A água é um dos principais componentes dos alimentos. Todo alimento contém água,

embora esta não se encontre quimicamente ligada do mesmo modo. Assim é de fundamental

importância conhecer a atividade de água de um alimento, visto que, por meio dela, podem

ser previstas reações químicas e enzimáticas e desenvolvimento de micro-organismos, além

de propor a escolha adequada de embalagem para um produto (FERREIRA; PENA, 2003;

SILVA, GOUVEIA; ALMEIDA, 2002).

Uma das maneiras de aumentar a vida útil do subproduto de pedúnculo de caju é através

de sua desidratação, que deve ser realizada de maneira que ocorra o mínimo de modificações

na estrutura do alimento, tendo em vista o grande desafio deste processo de preservação.

Depois de desidratado e transformado em farinha, o resíduo pode ser utilizado como

ingrediente em diversos produtos, inclusive os de origem animal.

Page 23: Rakel Hina Vasconcelos Pio

23

2.3.2 Liofilização

Um método de conservação dos alimentos baseado na retirada de água através da

sublimação, é a liofilização (ORDÓNEZ, 2005).

A liofilização constitui um processo de desidratação por sublimação, onde a água ou a

substância aquosa é retirada como vapor do produto congelado passando da fase sólida para a

fase gasosa (BOSS, 2004). A técnica consiste em três estágios principais (MARQUES, 2008;

PEREDA, 2005):

1- Congelamento: o produto a ser liofilizado é congelado a baixas temperaturas,

geralmente menor que -18ºC. O desempenho global da liofilização e a qualidade do produto

final dependem significativamente deste estágio. Uma vez que, o tamanho e homogeneidade

dos cristais de gelo formados definem a forma, a distribuição, o tamanho e a conectividade

dos poros da camada seca formada pela sublimação, influenciando consequentemente, os

parâmetros que caracterizam a transferência de calor e massa no produto durante a secagem

primária e secundária.

2- Secagem primária: nesta fase, a água congelada é removida por sublimação, e para

que isso ocorra, o material congelado deve permanecer a uma temperatura inferior a -10ºC e a

uma pressão absoluta de 2 mmHg ou menos. Nessa etapa da liofilização é removida cerca de

90% da umidade inicial do produto.

3- Secagem secundária: Consiste na retirada de água que está ligada à estrutura do

material quando não existe mais água na forma de gelo. Ocorre com velocidade menor que a

sublimação, já que o teor de umidade é menor e a água não está livre (5% a 10% do total de

água do material). Isto acontece ao aumentar a temperatura para um valor entre 20 e 50ºC,

mantendo-se a pressão baixa, até que a umidade residual seja baixa o suficiente (entre 2,0% e

10%) para manter a estabilidade do produto por longo tempo.

O processo de liofilização possui várias vantagens relacionadas à estrutura do produto,

como a característica esponjosa que permite a reconstituição rápida, realce do sabor e

aparência fiel do produto original. Outras vantagens, ligadas às baixas temperaturas de

operação, é a redução de perdas vitamínicas e de constituintes voláteis, diminuição da

desnaturação proteica e aumento da capacidade digestiva que se torna mais elevada

(EVANGELISTA, 2005).

Page 24: Rakel Hina Vasconcelos Pio

24

2.3.3 Embalagem flexível metalizada

As embalagens são responsáveis pelo prolongamento da vida útil dos produtos

alimentícios possibilitando que sejam comercializados em regiões distantes de seus locais de

produção, além de minimizar as suas perdas (COLTRO et. al, 2002).

De acordo com Canavesi, Alves (2000), diferentes materiais e estruturas podem ser

usados na fabricação de embalagens flexíveis. Os requisitos para a escolha são: rigidez,

resistência mecânica, propriedades de barreira e selabilidade, exigidos pelo produto a ser

acondicionado. A camada externa deve proporcionar boa qualidade de impressão e

características de barreira. Os filmes que podem ser usados externamente são: poli (tereftalato

de etileno) - PET, PET revestido com copolímero de cloreto de vinila e cloreto de vinilideno -

PVDC ou metalizado, poliamida orientada - OPA e polipropileno biorientado - BOPP. Já a

camada interna deve acrescentar rigidez à embalagem, para atuar como camada selante.

Geralmente a camada interna é composta de polietileno de baixa densidade linear - PEBDL,

mas há a possibilidade de usar polietileno de baixa densidade - PEBD, copolímero de etileno

e acetato de vinila - EVA, metaloceno ou polipropileno - PP. Outras resinas podem ser

incorporadas à estrutura para aumentar a barreira a gases como poliamida - PA, copolímero de

etileno e álcool vinílico - EVOH e folha de alumínio. O alumínio também proporciona

rigidez, barreira ao vapor d'água e barreira à luz à embalagem.

Para a obtenção de uma embalagem flexível metalizada faz-se necessário à fusão de um

metal, geralmente o alumínio, e subseqüente vaporização sobre uma superfície polimérica em

condição de baixa pressão, entre 10-4

e 10-5

mbar (JORGE, 2013; ANYADIKE, 2010). A

baixa pressão no interior da câmara de metalização permite que as moléculas de metal, se

movimentem desde a fonte de evaporação até a superfície a revestir, sem encontrar a

resistência do ar e outras moléculas gasosas. A película de alumínio depositada sobre o filme

polimérico confere barreira à luz e dificulta a permeação de umidade, oxigênio, dióxido de

carbono e outros gases que podem comprometer a vida útil dos alimentos. Propriedades de

barreira são garantidas pela uniformidade da camada de alumínio depositada no filme, que

promove redução de defeitos microscópicos, como microfuros, na camada metalizada. Quanto

menores as falhas e defeitos na camada de alumínio, melhor o desempenho de barreira da

embalagem flexível metalizada aos gases, vapores e à transmissão de luz (ANYADIKE,

2010).

Page 25: Rakel Hina Vasconcelos Pio

25

Segundo Jorge (2013), o alumínio é o metal preferido para a maioria das aplicações, em

razão do produto acabado ter uma aparência de metal polido ou mesmo cromado e isso exerce

grande influência visual. Através do uso de vernizes coloridos, o processo de metalização

utilizando alumínio poderá simular qualquer coloração metálica.

2.4 Características químicas

2.4.1 Escurecimento não enzimático

Muitos alimentos são submetidos ao tratamento térmico para serem conservados, e o

aquecimento pode levar a duas importantes reações na tecnologia de alimentos: a

caramelização e a reação de Maillard, também denominadas de reações de escurecimento não

enzimático (BRIÃO et al., 2011).

Essas reações originam substâncias responsáveis pelo aroma, sabor e cor dos alimentos

que são desejáveis para sua aceitação, além de vários estudos demonstrarem que essas

substâncias apresentam atividade antioxidante, antimutagênica e quimioprotetora, exercendo

efeito benéfico relacionado ao seu consumo. Contudo, podem originar compostos

potencialmente tóxicos (acroleína, aminas heterocíclicas) e diminuir o valor nutricional de

alimentos, devido ao comprometimento de aminoácidos essenciais, notadamente a lisina

(BASTOS et al., 2011).

A reação de Maillard ocorre entre açúcares redutores e grupamentos amínicos,

produzindo um rearranjo complexo de açúcar-proteína influenciando a cor e o sabor do

produto. Essa reação foi descoberta pelo bioquímico francês, Louis Maillard, em 1912, e pela

sua complexidade, a mesma não está totalmente esclarecida (CHEVALIER et al., 2001; QIU

et al., 2005).

2.4.2 Carotenoides

Os carotenoides são pigmentos lipossolúveis responsáveis pela cor de uma ampla

variedade de alimentos. Podem ser divididos em dois grupos: xantofilas, moléculas que

contêm oxigênio, luteína e zeaxantina; e carotenos, moléculas que não contêm oxigênio como

por exemplo, α-caroteno e licopeno (SHEN et al., 2009).

Page 26: Rakel Hina Vasconcelos Pio

26

Alguns deles são carotenoides pró-vitamina A subsequentemente transformado em

vitamina A, que pode prevenir doenças oculares graves como a cegueira noturna.

Existem cerca de 700 carotenoides na natureza, mas apenas cerca de 50 tem atividade

pró-vitamina A. Dos 50 compostos encontrados, os três mais importantes precursores de

vitamina A, no ser humano, são: α-caroteno, β-criptoxantina e β-caroteno (LOZANO-ALEJO;

et al., 2007, JASWIR; et al., 2011).

O consumo de carotenóides, pró-vitamina A ou não, tem sido associada a uma série de

benefícios à saúde como quimioproteção ao câncer (TANAKA, et al., 2012), prevenção de

doenças cardíacas e vasculares (AGARWAL et al., 2012), e prevenção de outras doenças

crônicas, como por exemplo, catarata e doenças degenerativas como a doença de Alzheimer

(OBULESU et al., 2011).

Entretanto, esses compostos são bastante instáveis as operações de processamento de

alimentos tais como a secagem convencional com ar quente ou secagem sem uso de ar quente

como processamento a alta pressão, campo elétrico pulsado, ultra-som, ozônio e ultravioleta

além dos processos domésticos como lavagem, descascamento e corte, processamento

industrial como preparo de conservas e secagem pode degradar significativamente o nível de

carotenoides nos alimentos (TIWARI et al., 2013).

2.4.3 Flavonoides

De acordo com Bobbio, Bobbio (2003), os flavonoides englobam uma parte muito

importante de pigmentos naturais encontrados unicamente em vegetais. Os pigmentos de cor

amarelo claro e branco ocorrem devido a presença dos flavonoides antociânicos, que

compreendem duas classes principais de compostos, as flavonas e flavonóis. Os flavonóis

mais comuns são kaempferol, quercetina e miricetina

Os pigmentos fenólicos flavonoides atuam como potentes antioxidantes e formam

quelatos com os metais. Agem contra vírus, bactérias, fungos e são utilizados na alimentação,

reprodução e desenvolvimento animal, são considerados também anticancerígenos e podem

interferir na germinação de sementes e reprodução de mudas (COUTINHO, 2002).

Compostos fitoquímicos presentes em frutas possuem ação antioxidante no organismo

humano, prevenindo doenças típicas do homem moderno. Diversas pesquisas apontam que

pigmentos fenólicos flavonoides, demonstram a capacidade de captar radicais livres e tem

efeitos positivos na prevenção de enfermidades cardiovasculares e circulatórias (NESS;

Page 27: Rakel Hina Vasconcelos Pio

27

POWLES, 1997; STOCLET et al., 2004), no diabetes e no mal de Alzheimer (HERTOG et

al., 1997; ISHIGE et al., 2001; ABDILLE et al., 2005).

Estudos relatam as propriedades dos compostos fenólicos presentes em frutas, atuando

com eficácia nas infecções causadas por micro-organismos como o Helicobacter pylori

(VATTEN et al., 2005) e na indução da apoptose (YEH; YEN, 2005).

2.4.4 Fibra Alimentar

A fibra dietética ou alimentar é composta de diferentes polissacarídeos interligados entre

si, formando uma rede tridimensional com presença de várias substâncias como proteínas de

parede celular, lignina, compostos fenólicos, fitatos, oxalatos e outros (FILISETTI, 2006).

Existem diferentes tipos de fibras alimentares na natureza, comumente separadas em duas

classes, dependendo de sua solubilidade em água: insolúveis e solúveis (MARTINS, 1997;

THEBAUDIN et al., 1997; FIBRAS, 1999). Ambas não são absorvidas pelo intestino

delgado, e chegam ao intestino grosso sem se degradar, gerando benefícios diferentes à saúde

e deveriam ser consumidas diariamente (MARTINS, 1997).

As fibras insolúveis (FI), as quais estão inseridas celulose e lignina, são parcialmente

fermentadas no intestino grosso, atuam restritamente ao aspecto físico, diminuindo o tempo

de trânsito do bolo alimentar no intestino, aumentando a massa fecal e a capacidade de se

ligar a nutrientes e outros componentes do intestino (PACHECO; SGARBIERI, 2001). A

ingestão de alimentos ricos em fibras insolúveis auxilia no tratamento ou prevenção de

sintomas como constipação, hemorroidas, doença diverticular, câncer e outros problemas

intestinais (POSSAMAI, 2005).

As fibras solúveis (FS) trazem muitos benefícios à saúde. Estudos têm mostrado que,

quando combinadas com uma dieta pobre em gorduras, diminuem o colesterol do sangue,

podendo reduzir o risco de doenças do coração (MARTINS, 1997). São representadas pela

pectina (frutas), hemicelulose, pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão, grão de bico,

lentilha e ervilha) e pelas mucilagens (FIGUEROLA et al., 2005). Em água, elas formam

sistemas viscosos e tendem a retardar o esvaziamento gástrico e a absorção de nutrientes

(PACHECO; SGARBIERI, 2001). As fibras solúveis podem também contribuir na regulação

dos níveis de açúcar do sangue (glicemia), tendo um papel importante na dieta de pessoas

com diabetes (MARTINS, 1997). Este tipo de fibra forma um gel, ficando mais tempo no

Page 28: Rakel Hina Vasconcelos Pio

28

estômago e dando uma sensação de saciedade, contribuindo para o controle do peso na

obesidade (POSSAMAI, 2005).

De acordo com Fernández-Lopez et al., (2004), os subprodutos de processamento de

frutas cítricas representam sérios problemas para a indústria, pois possuem limitadas

aplicações de uso e baixo valor agregado, porém em seus estudos apresentaram alternativas

para transformar os subprodutos em fontes promissoras de ingredientes para serem utilizados

na indústria alimentícia por possuírem valor tecnológico e propriedades nutricionais.

2.5 Características físicas

2.5.1 Atividade de água (aw)

Park (2001a) relata que a água é um dos mais importantes componentes dos alimentos,

essa componente afeta todas as propriedades físicas de um produto devido à sua interação

com o ambiente, envolvendo a estrutura física, bem como a composição química do produto

alimentício.

A água presente nos alimentos pode ser analisada como atividade de água ou como

umidade. A umidade é a quantidade de água presente nos alimentos. Esse parâmetro

regulamenta a classificação nutricional, fórmulas bromatológicas e é um dos parâmetros

utilizados para monitorar processos. Contudo, a umidade não é um indicador seguro para

predizer atividade microbiana e reações físico-químicas (SILVA, 2008).

De acordo com Vitalli (1987), a atividade de água de um alimento, ao contrário da

umidade, é um dos parâmetros utilizados como indicador da quantidade de água que se

encontra disponível no alimento para que seja possível o crescimento de micro-organismos

deteriorantes ou não, como também para a ocorrência de reações tais como: escurecimento,

oxidação, hidrólise, entre outras.

A estabilidade e segurança de um alimento são mais previsíveis pela determinação da

atividade de água do que do teor de umidade. A medida da atividade de água em um produto

alimentício não fornece uma estimativa real, todavia esse parâmetro correlaciona-se

suficientemente bem com as velocidades de crescimento microbiano e das reações químicas e

bioquímicas, portanto trata-se de um indicador da vida útil de um alimento e de sua segurança

microbiológica (RIBEIRO; SERAVALLI, 2004).

Page 29: Rakel Hina Vasconcelos Pio

29

As velocidades das reações química e bioquímica sofrem redução com a diminuição da

atividade de água, até que em uma aw abaixo de 0,2 todas as reações estejam praticamente

inibidas, com exceção da oxidação de lipídeos. Dependendo da atividade de água, a oxidação

de lipídios passa por um mínimo, depois sofre uma rápida elevação (DITCHFIELD, 2000).

A atividade de água tem influência e determina a cinética de muitas reações nos

alimentos, tais como: inativação de enzimas, destruição de micro-organismos, reação de

Maillard, gelatinização do amido e desnaturação proteica durante o cozimento, entre outros

(DITCHFIELD, 2000).

Alimentos com aw entre 0,2 e 0,4 possuem uma maior estabilidade. Com o conteúdo de

água nessa faixa, não se faz necessário o uso de conservantes para controlar o crescimento

microbiano e a qualidade do produto não é afetada pelo escurecimento não enzimático e

oxidação lipídica (ARAÚJO, 2004).

O conteúdo máximo de água disponível para o desenvolvimento de micro-organismos é

determinado pela aw do alimento. O menor limite de aw para ocorrer o crescimento microbiano

nos alimentos encontra-se em torno de 0,60. Um grande número de micro-organismos pode

crescer na escala entre 1,0 e 0,6 de aw, dentre eles alguns patogênicos (RAHMAN et al.,

2004).

Os micro-organismos Gram-negativos responsáveis por processo de deterioração nos

alimentos são particularmente mais sensíveis à redução da aw, e dentre esses a maioria das

enterobactérias paralisam sua multiplicação em aw abaixo de 0,95. No entanto, as bactérias

Gram-positivas são mais resistentes aos baixos teores de água, e a resistência do

Staphylococcus aureus a aw reduzida torna-o especialmente perigoso (NISSEN; HOLCK,

1998; PARDI et al., 2001).

Portanto, o principal fator na estabilidade de um alimento não é o teor de umidade, mas

sim o teor de água livre para o desenvolvimento de micro-organismos e das reações químicas

e bioquímicas (DITCHFIELD, 2000).

2.5.2 Higroscopicidade

Segundo Martins (2001) a higroscopicidade é a propriedade de absorver a umidade da

atmosfera e, dependendo do tipo de produto alimentício, a higroscopicidade pode ser benéfica

como no caso de pães e bolos ou prejudicial como no caso das balas, açucares e outros.

Page 30: Rakel Hina Vasconcelos Pio

30

As propriedades higroscópicas dos resíduos das frutas podem ser afetadas pela

composição química, tratamento térmico, constituição de poros, área superficial, tamanho de

partícula, características químicas da parede celular, com fatores genéticos da espécie, das

condições do meio, fatores edafoclimáticos, pH, natureza dos íons, atração iônica, constante

dielétrica, temperatura (LARRAURI, 1999; BORROTO, LARRAURI; CRIBEIRO, 1995;

GRIGELMO-MIGUEL; MARTÍN-BELLOSO, 1999a). Etapas de processamento como

moagem, secagem, tratamento térmico ou extrusão promovem mudanças nas propriedades

físicas da fibra e, consequentemente, nas propriedades de hidratação (CADDEN, 1987).

Portanto, as propriedades de hidratação revelam que as diferenças estruturais afetam a

habilidade da fibra em absorver água e compostos orgânicos.

As características higroscópicas são descritas por diferentes parâmetros: índice de

absorção de água e óleo, solubilidade e volume de intumescimento (GUILLON; CHAMP,

2000).

Niba e colaboradores (2001) apresentam a definição de capacidade de absorção de água

(CAA) como sendo o peso da amostra hidratada por peso da amostra seca. O índice de

solubilidade em água é um parâmetro que reflete a degradação sofrida pelos constituintes da

fibra, ou seja, o somatório dos efeitos de gelatinização, dextrinização e, consequentemente,

solubilização (GUTKOSKY, 1997). A solubilidade tem efeito na funcionabilidade da fibra e,

principalmente, na estabilidade da viscosidade (GUILLON; CHAMP, 2000).

As diferenças naturais das fontes de fibras e as alterações provocadas pelos

processamentos podem promover diferenças nos parâmetros de engenharia, nas propriedades

tecnológicas e terapêuticas.

2.6 Propriedades térmicas

Através da termogravimetria (ATG) e calorimetria exploratória diferencial (DSC) é

possível acompanhar os efeitos do calor associados com alterações físicas ou químicas da

amostra, como transições de fases : fusão, ebulição, sublimação, congelamento, inversões de

estruturas cristalinas. Ou reações de desidratação, dissociação, decomposição, oxido-redução,

entre outras capazes de causar variações de calor. Geralmente transições de fases,

desidratações, reduções e certas reações de decomposição produzem efeitos endotérmicos,

enquanto que cristalizações, oxidações, algumas reações de decomposição produzem efeitos

exotérmicos (IONASHIO, 2005).

Page 31: Rakel Hina Vasconcelos Pio

31

2.6.1 Análise Termogravimétrica (TGA)

Segundo Müller (2011) trata-se de um sistema capaz de medir continuamente a massa de

um material enquanto é submetido a um programa controlado de temperatura.

Os métodos térmicos de análise, especialmente a análise termogravimétrica, estão sendo

muito utilizados para avaliar mudanças de massas em combinação com diversas outras

técnicas (LIANG; KOZINSKI, 2000; GÓMEZ et al., 2004; PINHEIRO; FIGUEIREDO,

2005; NAKAI et al., 2007). São utilizadas duas abordagens experimentais para a obtenção de

dados, via termogravimetria: termogravimetria dinâmica e isotérmica. Na termogravimetria

dinâmica as amostras são submetidas a um programa controlado de temperatura, usualmente à

taxa constante. Já na isotérmica as amostras são aquecidas à temperatura de reação e são

posteriormente mantidas nessa temperatura por um tempo predeterminado (ÓRFÃO;

FIGUEIREDO, 2001).

Ionashiro (2005) relata que as curvas TG permitem obter conclusões sobre a estabilidade

térmica da amostra, sendo, entre as técnicas termoanalíticas, a mais utilizada. Trata-se de uma

análise basicamente quantitativa, uma vez que a variação de massa pode ser exatamente

determinada. Contudo, o intervalo de temperatura onde essa variação de massa ocorre, é

qualitativo, tendo em vista que esse parâmetro depende de fatores instrumentais e

características da amostra.

A termogravimetria permite conhecer as alterações que o aquecimento pode causar na

massa das substâncias, como modificações da estrutura molecular e ainda estabelecer a faixa

de temperatura em que as mesmas sofrem processos de degradação. O amido, por exemplo,

sofre decomposição na faixa de temperatura entre 30 ºC a 300ºC (CARVALHO FILHO,

2000; CEREDA;VILPOUX, 2003).

Um recurso matemático que fornece a derivada primeira da curva TG em função do tempo ou

da temperatura é a termogravimetria derivada (DTG). O registro é a curva termogravimétrica da

derivada ou curva DTG, enquanto os picos que ocorrem sob a curva DTG são proporcionais à

perda de massa naquele evento térmico (WENDLANT, 1986).

No presente trabalho, a propriedade estudada foi à estabilidade termo-oxidativa do

subproduto do pedúnculo de caju liofilizado e desidratado em estufa, em função da

temperatura, enquanto as amostras foram aquecidas, em uma atmosfera de nitrogênio, numa

proporção fixa de mudança de temperatura.

A técnica de análise térmica utiliza pequenas quantidades de amostra e o tempo de

análise é relativamente reduzido, o que beneficia as indústrias alimentícias (GIRON, 2002).

Page 32: Rakel Hina Vasconcelos Pio

32

2.6.2 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

De acordo com Ionashiro (2005) a Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) é uma

técnica que avalia as variações entálpicas que ocorrem com uma dada substância e um

material de referência em função da temperatura, enquanto essas são submetidas a um

programa controlado de temperatura. Segundo o mesmo autor, no DSC com fluxo de calor a

amostra e a referência são colocadas sobre um disco termoelétrico e aquecidas por uma única

fonte de calor. A transferência de calor ocorre através do disco para a amostra de referência e

o fluxo de calor diferencial entre os dois é controlado por termopares conectados abaixo do

cadinho.

Qualquer fenômeno físico ou químico que por ocasião de sua ocorrência provoque

variações de entalpia pode ser detectado através do DSC. Para evento exotérmico a detecção é

representada graficamente em um pico ascendente (CARVALHO FILHO, 2000).

Nos últimos anos, a calorimetria exploratória diferencial (DSC) vem sendo muito

utilizada para o estudo do comportamento térmico de polímeros como o amido, permitindo

monitorar as propriedades térmicas e as transições de fase dos polímeros, além de auxiliar no

desenvolvimento de processos alimentícios (JI et al., 2004).

Page 33: Rakel Hina Vasconcelos Pio

33

3. MATERIAL E MÉTODOS

O subproduto do pedúnculo de caju, foi proveniente do campo experimental da Embrapa

Agroindústria Tropical (EMBRAPA), localizado no Município de Pacajús-CE. O produto foi

estocado em sacos de polietileno em câmara de congelamento à -18 ºC. Os experimentos

foram realizados nos Laboratórios de Processos Agroindustriais, Análise Instrumental de

Alimentos e Embalagens, da Embrapa Agroindústria Tropical. Também foram realizadas

análises no Laboratório de Controle de Qualidade e Secagem de Alimentos, do Departamento

de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará.

3.1. Preparação do subproduto de caju

As amostras foram descongeladas em câmara de refrigeração sob temperatura de 4,0°C e

submetidas a dois processos de secagem: liofilização e secagem em estufa. Após a realização

dos processos de secagens as amostras foram trituradas em moinho da marca Willey.

A caracterização química, físico-química, física e microbiológica foram realizadas em

triplicata, tanto no subproduto de caju in natura como após os processos de secagem.

3.1.1 Liofilização

Para o processo de liofilização, foram utilizados 15 recipientes de alumínio onde cada

recipiente recebeu 150g do subproduto de caju, que foram congelados em ultrafreezer a uma

temperatura de -70°C por 24 horas. Em seguida, as amostras foram inseridas no liofilizador

LP510 (Liobras) de escala laboratorial com volume máximo de processamento de 10L (Figura

1). O processo de liofilização ocorreu em 30 horas.

Page 34: Rakel Hina Vasconcelos Pio

34

Figura 1 – Liofilizador LP510

Fonte: Autora

Câmara de

secagem

Unidade

condensadora

Abertura para

verificação do óleo da

bomba de vácuo

Painel

de controle

Painel de controle

Touch Screen

Page 35: Rakel Hina Vasconcelos Pio

35

O equipamento foi programado para operar em 12 estágios e para o subproduto de caju,

foram estabelecidas as condições apresentadas da Tabela 1.

Tabela 1 - Programação dos tempos e temperaturas para liofilização de 30 horas, em liofilizador LP510.

Rampa (minutos) Set point (°C) Patamar (minutos)

30 -20 90

60 -10 120

60 0 120

60 5 120

60 10 120

60 15 120

60 20 120

60 20 60

30 25 90

30 25 30

30 30 90

60 30 120

Rampa: Tempo necessário para o LP510 atingir a temperatura estabelecida no set point.

Set point (°C): Temperatura estabelecida ao programar o equipamento.

Patamar: Tempo estabelecido para o equipamento operar na temperatura determinada no set

point.

A programação do LP510 segue até completar o tempo total de operação, ajustada em 30

horas de processo (12 estágios).

3.1.2 Secagem em estufa

Foi realizada em estufa de convecção forçada (Marconi). As condições de secagem

utilizadas no experimento foram temperatura de 60 °C e tempo de 28 horas. Foram pesados

500g do subproduto do pedúnculo de caju e distribuídos em duas bandejas que seguiam para a

estufa de secagem. Durante o processo de secagem realizou-se uma pesagem a cada 4 horas.

O tempo de secagem por ar forçado foi estabelecido a partir do tempo programado no

processo de liofilização.

Page 36: Rakel Hina Vasconcelos Pio

36

Preparo da matéria-prima

em recipientes

Armazenamento

Descongelamento

Acondicionamento em

ultra-freezer

Liofilização

30 horas

Trituração

Preparo da matéria-prima

em bandejas

Secagem em estufa a 60°C

28 horas

Trituração

Armazenamento

Armazenamento

A Figura 2 apresenta o fluxograma para obtenção de fibra alimentar do subproduto do

pedúnculo de caju liofilizado por 30 horas e desidratado em estufa a 60°C por 28 horas.

Figura 2-Fluxograma para obtenção de fibra alimentar á partir dos processos de liofilização e secagem em estufa.

Subproduto

do pedúnculo de caju

Fonte: autora

Page 37: Rakel Hina Vasconcelos Pio

37

3.2 Caracterização química

3.2.1 Análise de proteínas

Estimado na determinação do teor de nitrogênio presente nas amostras pelo processo de

digestão de micro Kjeldahl. Esta metodologia ocorre em três etapas digestão, destilação e

titulação, utilizando-se 0,2g da amostra. O conteúdo de nitrogênio das proteínas é de

aproximadamente 16%, por isso utilizou-se 6,25 como fator de conversão do nitrogênio total

em proteína, os resultados foram expresso em g.100g-1

de proteína (AOAC, 1997).

3.2.2 Análise de cinzas

De acordo com IAL 2008 (018/IV), pesou-se 5g da amostra em uma cápsula de

porcelana, previamente aquecida em mufla a 550°C, seguido de resfriamento em dessecador

até atingir temperatura ambiente e pesagem. Primeiramente, as amostras foram carbonizadas

e, em seguida, incineradas a 550ºC, até eliminação completa do carvão, após resfriamento

procedeu-se as pesagens das amostras. Os resultados foram expressos em g.100g-1

de cinzas.

3.2.3 Análise de carotenoides totais

Foram pesados 2g de amostra em um Becker de 50mL e adicionou-se 18 mL da solução

de acetona 80% com posterior homogeneização. O material foi filtrado com papel de filtro em

um Becker. Em seguida, realizou-se a leitura do filtrado em espectrofotômetro nas

frequências de 47nm (carotenoides), 646 nm (clorofila a) 663 nm (clorofila b). Foram

utilizadas as seguintes equações, de acordo com Lichenthaler (1987). Os resultados foram

expressos em mg.g-1

de amostra.

Clorofila a (Ca) = (12,25*A663) – (2,79*A646) (1)

Clorofila b (Cb) = (21,50*A646) – (5,10*A663) (2)

Carotenoides (C) = [1000*A470 – ((1,82*Ca) – (85,02*Cb))]/198 (3)

Page 38: Rakel Hina Vasconcelos Pio

38

3.2.4 Análise de FAT

A análise de fibra alimentar total seguiu as técnicas propostas por Li; Cardozo (1994) de

acordo com AOAC 99.321 (1998), que se baseia nas análises gravimétricas não enzimáticas,

com modificações de Guerra et al. (2004) (Figura 3).

Figura 3 – Fluxograma para determinação da FAT pelo método gravimétrico não enzimático.

Fonte: Guerra et al., 2004.

A FAT foi calculada a partir da equação 4 como segue:

TDF% = 100*(Pr + (P + A))/Pa (4)

Onde:

Pr = mg do resíduo

P = % de proteína de resíduo

A= % de cinza do resíduo

Pa = mg da amostra

Preparo e tomada da amostra

Solubilização de compostos solúveis

em água

Precipitação da fibra alimentar solúvel

Filtração

Lavagem do resíduo

Secagem dos cadinhos

Pesagens dos cadinhos

Pesou-se 2g de amostra e foram adicionados

20mL de água deionizada.

Com o becker coberto em banho-maria por

90min/37°C.

Adicionou-se 100mL de etanol 95%

aquecido a 65°C e permaneceu em agitação

por 1 h (hora).

Sob vácuo em cadinho de vidro contendo

500mg de celite.

2x 20mL de etanol 78%(v/v) e 1x 10 mL etanol

95% e 1x 10 mL acetona.

Em estufa a 105 °C por uma noite. Esfriou por

2h em dessecador.

Resíduo Total (RT) = (Pr).

Page 39: Rakel Hina Vasconcelos Pio

39

3.2.5 Análise de flavonoides amarelos

Pesou-se 1g de amostra em um Becker e foi adicionado 30mL da solução etanol/HCL

(1,5N). Em seguida, foi realizada uma agitação durante 2 min. na velocidade 5 em agitador

magnético. O conteúdo foi transferido para um balão de cor âmbar de 50 mL sem filtrar, e

aferido com a solução etanol/HCL (1,5N) com posterior armazenamento sob refrigeração por

uma noite e, após esse período, foi realizada a filtração do material para um frasco protegido

da luz. A leitura foi realizada em espectrofotômetro na frequência de 374 nm. Os valores

foram expressos em mg.100g-1

de amostra. Segundo metodologia de Francis (1982).

3.3 Caracterização físico-química

3.3.1 Umidade

A umidade foi determinada pelo método gravimétrico com o emprego de calor, o qual se

baseia na perda de peso do material quando submetido a aquecimento de 70°C e vácuo até

atingir peso constante (IAL, 013/IV, 2008).

3.3.2 pH

Foi determinado em 1g de amostra diluída em 10mL de água destilada, após a filtração

do resíduo com papel de filtro mediu-se o pH, inserindo os eletrodos do potenciômetro digital

diretamente na solução (IAL, 017/IV, 2008).

3.3.3 Acidez titulável em ácido orgânico

Foi determinada por diluição de 1g de amostra em 50mL de água destilada por titulação

com NaOH (0,1 N), usando indicador fenolftaleína para verificação do ponto de viragem de

inferior para rosa claro permanente, com resultados expressos em g de ácido cítrico.100g-1

de

amostra (IAL, 312/IV, 2008).

Page 40: Rakel Hina Vasconcelos Pio

40

3.3.4 Sólidos Solúveis (SS)

As determinações de sólidos solúveis foram realizadas em refratômetro digital (ATAGO),

através de leitura direta à temperatura de 20ºC. Foi diluído1g de amostra em 10mL de água e

posteriormente filtrada com papel de filtro, segundo o método do IAL (315/IV, 2008). Os

conteúdos de SS foram expressos em ºBrix.

3.3.5 Açúcares redutores (AR)

Os açúcares redutores foram determinados por espectrofotometria, utilizando-se ácido

3,5-dinitro-salicílico (DNS), de acordo com a metodologia descrita por Miller (1959). O

extrato foi obtido a partir da diluição de 1,0g do subproduto de caju em 40mL de água

destilada. Após esse procedimento, a mistura foi submetida a tratamento térmico em banho-

maria em temperatura de 60 a 70ºC/5 minutos. As amostras foram transferidas

individualmente para balão volumétrico de 100 mL, o qual foi aferido com água destilada,

sendo realizada homogeneização e filtração em papel de filtro. Em tubos de ensaio, tomou-se

uma alíquota de 0,5mL do extrato e adicionou-se 0,5mL do reagente DNS, seguido de

agitação, aquecimento em banho-maria a 100ºC/5 minutos e imediato resfriamento em banho

de gelo. Foi adicionado a cada tubo 4,0mL de água destilada e a leitura foi realizada em

espectrofotômetro da marca Varian, modelo cary 50 conc, no comprimento de onda de 540

nm.

A partir das concentrações obtidas foram determinados os teores percentuais de açúcar

redutor e os resultados foram expressos em gglicose.100g-1

de amostra.

3.4 Caracterização física

3.4.1 Atividade de água (aw)

A atividade de água (aw) foi determinada transferindo-se as amostras para cápsulas de

polietileno, de forma direta, em medidor tipo AQUALAB, marca Decagon.

Page 41: Rakel Hina Vasconcelos Pio

41

3.4.2 Determinação de cor instrumental

Foi realizada por análise colorimétrica utilizando colorímetro MINOLTA CR-300. A

escala CIE Lab (Comission International de d’Eclairage) inclui três variáveis principais de

cor: L* é a luminosidade da amostra (0 = preto e 100 = branco), a* define a intensidade de

vermelho (a* positivo) ou verde (a* negativo) e a variável b* mede a intensidade de amarelo

(b* positivo) ou azul (b* negativo). A leitura foi realizada direcionando o leitor óptico do

equipamento para a amostra, que é colocada sobre a superfície de uma folha de papel branco.

A diferença de cor (∆E) foi o parâmetro usado para fazer a avaliação global da mudança

de cor quando uma amostra é submetida a um determinado processo, neste caso ao processo

de secagem. A diferença de cor foi calculada pela fórmula a seguir:

∆E = [(L0* - L*)2 + (a0* - a*)

2 + (b0* - b*)

2]

0,5 (5)

Onde,

∆E = variação de cor

L0*, a0*, b0* = valor da amostra in natura

L*, a*, b* = valor da amostra processada

3.4.3 Análise de higroscopicidade

A higroscopicidade foi determinada segundo Goula e Adamopoulos (2010), com

modificações. Cerca de 1,0 g de pó foi espalhado uniformemente sobre uma placa de Petri e

essas foram colocadas em dessecadores sob condições de 24,0°C e 75% de umidade relativa

utilizando solução de NaCl. As amostras permaneceram nos dessecadores por 90 minutos com

pesagens em intervalos de 10 minutos. O pó foi classificado conforme a Tabela 2.

Page 42: Rakel Hina Vasconcelos Pio

42

Tabela 2 – Classificação dos pós de acordo com a higroscopicidade:

Higroscopicidade Classificação

Não higroscópico <10%

Ligeiramente higroscópico 10,1 - 15%

Higroscópico 15,1 - 20%

Muito higroscópico 20,1 - 25%

Extremamente higroscópico > 25%

Fonte: GEA Niro Research Laboratory (2012)

3.4.4 Grau de Caking

Após a determinação de higroscopicidade, a amostra úmida foi levada à estufa a vácuo

em 70,0°C, com pesagens em intervalos de 2 horas até atingir peso constante. Após o

resfriamento em dessecador, a amostra foi pesada e transferida para peneira de 500µm e

agitada por 5 minutos. O peso do pó restante na peneira foi medido e o grau de caking

calculado, segundo Jayas e Das (2004).

CD = (100*a)/b (6)

Onde:

CD = Grau de caking (%);

a = quantidade de pó retido na peneira após peneiramento (g);

b = quantidade de pó utilizado (g).

3.4.5 Análise de microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As amostras foram montadas em stubs recobertas com platina (camada com 60 nm de

espessura) em metalizadora Emitech e observadas em Microscópio Eletrônico de Varredura

Zeiss DSM 940A, sob uma voltagem de aceleração de 15 kV.

Page 43: Rakel Hina Vasconcelos Pio

43

3.4.6 Análise termogravimétrica (TGA) e calorimetria exploratória diferencial (DSC)

A análise de degradação térmica do subproduto do pedúnculo do caju foi realizada de

forma simultânea em um analisador termogravimétrico Shimadzu, modelo TGA-50,

conduzida no intervalo de 50 a 500°C na taxa de 10°C/min sob atmosfera de nitrogênio a 10

mL/min. Procurou-se uniformizar as massas das amostras trabalhadas para valores

compreendidos entre 12 e 15 mg.

3.4.7 Capacidade de absorção de água (CAA) e Capacidade de absorção de óleo (CAO)

Foram pesados 2g de amostra e misturados 20mL de água destilada à temperatura

ambiente em tubos de centrífuga, previamente pesados. Os tubos foram colocados sob

agitação contínua durante 30 minutos em agitador a 75 rpm em temperatura ambiente. A

seguir foram centrifugados a 1000g por 10 minutos. O sobrenadante de cada tubo foi

descartado e o sedimento úmido pesado. O CAA foi obtido através da razão entre o peso do

sedimento úmido e o peso da matéria seca e expresso em g de água absorvida/g de matéria

seca. Para a determinação da capacidade de absorção de óleo foram empregadas as mesmas

condições substituindo 20mL de água por 20mL de óleo. Conforme metodologia de Seibel e

Beléia (2009).

3.4.8 Capacidade de reidratação

A capacidade de reidratação foi acompanhada pela determinação de aw do subproduto de

caju in natura. Após a realização dos processos de secagem (liofilização e secagem em

estufa), pesou-se em balança analítica 10g de cada produto e foi efetuada a leitura da aw inicial

dos produtos, transferindo uma alíquota do produto pesado para cápsulas de polietileno e

realizando a leitura em um Aqualab. Em seguida, foi adicionado nas amostras 10mL de água

destilada em temperatura ambiente e procedeu-se a leitura no equipamento até os valores de

aw atingirem o obtido pelo subproduto in natura.

Page 44: Rakel Hina Vasconcelos Pio

44

3.5 Avaliação microbiológica do subproduto de caju

3.5.1 Amostras

Foram analisadas ao todo 27 amostras de fibra do pedúnculo do cajueiro oriundas de dois

tratamentos: fibra liofilizada embalada a vácuo e fibra liofilizada embalada sem vácuo. A

fibra in natura também foi avaliada como controle do experimento. A avaliação da

estabilidade microbiológica dos dois tratamentos foi realizada nos tempos 0, 30, 60 e 90 dias.

Todas as análises foram conduzidas em triplicata.

3.5.2 Preparo das amostras e diluições seriadas

Os procedimentos utilizados no preparo das amostras seguiram as recomendações da

American Public Health Association (APHA), descritas no Compendium of Methods for the

Microbiological Examinations of Foods (Downes & Ito, 2001). As embalagens foram

desinfectadas com álcool 70% e abertas com tesoura esterilizada. Uma alíquota de 25g de

cada amostra foi pesada e transferida assepticamente para frascos contendo 225mL de água

peptonada 0,1 % estéril (diluição 10-1

). A segunda e a terceira diluições seriadas foram

preparadas transferindo-se 1 mL da diluição imediatamente anterior para tubos contendo 9 ml

de água peptonada 0,1%.

3.5.3 Determinação do número mais provável (NMP) de coliformes termotolerantes

O método utilizado para determinação do NMP de coliformes termotolerantes foi o da

APHA, descrito no Compendium of Methods for the Microbiological Examinations of Foods

(Kornacki & Johnson, 2001). Alíquotas de 1 mL de cada diluição foram inoculadas em séries

de três tubos contendo 9mL de caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) com tubo de Duhran

invertido (teste presuntivo). Os tubos foram incubados a 35 °C por 24-48 horas. A partir dos

tubos com leitura positiva (turvação e formação de gás), foram realizados os testes

confirmativos para coliformes termotolerantes em caldo Escherichia coli (EC) a 45 °C por 24

horas. Os valores de NMP.g-1

foram calculados de acordo com Silva et al., (2010).

Page 45: Rakel Hina Vasconcelos Pio

45

3.5.4 Contagem total de bolores e leveduras

Para essa determinação foi utilizado o método da APHA, descrito no Compendium of

Methods for the Microbiological Examinations of Foods (Beuchat & Cousin, 2001). Para

contagem total de bolores e leveduras foi realizado plaqueamento direto em superfície

(spread-plate) das diluições 10-1

, 10-2

e 10-3

em meio Ágar Rosa de Bengala Cloranfenicol

(DRBC). Alíquotas de 100 μL de cada diluição foram semeadas no meio de cultivo e

espalhadas com alças de Drigalski estéreis até completa secagem do material. As placas foram

incubadas a 25ºC por 5 dias. Após o período de incubação, as colônias foram contadas e os

resultados foram expressos em Unidades Formadoras de Colônia por grama de material

analisado (UFC.g-1

).

3.5.5 Contagem total de aeróbios mesófilos

O procedimento utilizado nesse ponto foi o da APHA descrito no Compendium of

Methods for the Microbiological Examinations of Foods (Downes & Ito, 2001). Alíquotas de

100 μL de cada diluição foram semeadas na superfície do Ágar Padrão para Contagem (PCA)

e espalhadas com alças de Drigalski estéreis até completa secagem do material (spread-plate).

As placas foram incubadas a 35ºC por 48 horas. Após o período de incubação as colônias

foram contadas e os resultados foram expressos em Unidades Formadoras de Colônia por

grama de material analisado (UFC.g-1

).

3.6 Estudo da vida de útil do produto liofilizado

O produto liofilizado foi estocado durante 90 dias em temperatura ambiente e foram

realizadas determinações relevantes (acidez titulável em ácido orgânico item 3.3.3; aw item

3.4.1; determinação de cor instrumental item 3.4.2; análise da higroscopicidade item 3.4.3;

grau de Caking item 3.4.4; capacidade de absorção de água (CAA) e óleo (CAO) item 3.4.7),

a fim de avaliar a influência do tempo estocagem, da selagem com uso de vácuo e da selagem

sem uso de vácuo sobre a qualidade do produto. Empregou-se, para esta etapa, embalagem

plástica flexível metalizada de alumínio/PET 17g/m2, adesivo 2g, alumínio 21,6g, adesivo 2g,

filme PET 80g/m2

nas dimensões de 180cm X 80cm. A seladora utilizada foi da marca

Selovac.

Page 46: Rakel Hina Vasconcelos Pio

46

3.7 Análise estatística

Foi realizada análise estatística das médias geradas de todas as análises, utilizando o teste

de ANOVA e Tukey. As letras iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa

ao nível de 5% de probabilidade.

Page 47: Rakel Hina Vasconcelos Pio

47

4. RESULTADOS E DISCUSÃO

4.1 Caracterização do subproduto de caju in natura

Os resultados das análises químicas, físico-químicas e físicas do subproduto de caju in

natura estão expostos nas tabelas 3 e 4.

Tabela 3 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju in natura.

Parâmetros b.u (%)Θ b.s (%)Θ

Proteína (g.100g-1

) 3,56 ± 0,31 12,2 ± 1,06

Cinzas (g.100g-1

) 0,53 ± 0,05 1,81 ± 0,19

FAT (g.100g-1

) 3,11 ± 0,19 10,62 ± 0,67

Carotenoides (mg.g-1

) 0,0029 ± 0,00 0,010 ± 0,00

Flavonoides (mg.100g-1

) 19,14 ± 1,88 65,41 ± 6,45

AR (g.100g-1

) 7,12 ± 0,17 24,32 ± 0,59

Acidez (gác. cítrico.100g-1

) 0,32 ± 0,06 1,11 ± 0,22

FAT = Fibra alimentar Total; AR = Açúcar Redutor.

b.u. (%)Θ = base úmida; b.s. (%)

Θ = base seca.

O subproduto do pedúnculo de caju in natura apresentou teor de umidade de 70,75 %,

valor inferior aos valores encontrados por Ferreira (2007) e Pinho et. al (2011), os quais

obtiveram 74,6 % e 74,75 % de umidade. De acordo com Kinh et al. (2007), o subproduto do

caju possui entre 60% e 80% de água.

Quanto ao parâmetro aw obteve-se 0,94, esta variável corresponde à água livre presente

no alimento. Altos teores de umidade e atividade de água, como os encontrados para o resíduo

in natura, favorecem as reações enzimáticas, microbiológicas e bioquímicas.

O valor obtido para proteína, 3,6g.100g-1

é semelhante ao encontrado por Pontes (2009)

3,7g.100g-1

, e superiores aos encontrados por Pinho et al. (2011), 2,07g.100g-1

.

Para a análise de cinzas foi encontrado 0,53g.100g-1

, segundo trabalhos de caracterização

do subproduto de caju in natura realizados por Kinh et al. (2007), o subproduto do pedúnculo

de caju possui entre 0,3 e 0,5g.100g-1

de material inorgânico (cinzas) e entre 20% e 40% de

matéria orgânica, que constitui-se principalmente de açúcares, fibras, pectina, carboidratos e

proteínas.

Page 48: Rakel Hina Vasconcelos Pio

48

Em relação ao teor de fibra alimentar total (FAT) para o subproduto de caju in natura foi

verificado 3,11g.100g-1

, valor inferior aos encontrados por outros autores. Matias et al. (2005)

encontraram valor de 33,10g.100g-1

, enquanto Pinho et. al (2011) obteve 12,51g.100g-1

de

FAT. Valores inferiores ao encontrado neste trabalho foi obtido por Guerra et al. (2004), com

teor 2,65g.100g-1

. Contudo, um alimento com teor de 2 a 3g.100g-1

de fibra alimentar, já pode

ser considerado como uma boa fonte (UCHOA et al., 2008).

Para carotenoides totais, obteve-se 0,0029mg.g-1

, pesquisa sobre a avaliação do

subproduto de caju submetido a diferentes métodos de cocção para elaboração de novos

produtos, realizada por Sucupira (2012) a média obtida para carotenóides foi 0,86mg.100g-1

para fibra obtida de extração artesanal e 1,87mg.100g-1

para fibra industrializada.

Quanto aos flavonoides amarelos, foi encontrado 19,14mg.100g-1

. Em um estudo sobre a

qualidade e a atividade antioxidante de pedúnculos de clones comerciais de cajueiro anão

precoce, Abreu (2007) obteve média geral de 46,51mg.100g-1

de flavonoides amarelos. A

diferença de valores possivelmente é decorrente de perdas de compostos durante o

processamento do pedúnculo, para a obtenção do suco de caju.

Em relação aos açúcares redutores, o resultado obtido foi inferior aos valores relatados

por Machado et al.(2011) e Sucupira (2012) que quantificaram 8,32 e 9,86g.100g-1

respectivamente.

Quanto à acidez, obteve-se valor de 0,50g.100g-1

, corroborando com o valor da acidez em

ácido cítrico encontrada por Pinho et. al (2011) 0,50g.100g-1

, ao caracterizar o subproduto in

natura do pedúnculo de caju.

Page 49: Rakel Hina Vasconcelos Pio

49

Tabela 4 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju in natura

(b.u.) Θ

.

Parâmetros in naturaΘ

Sólidos solúveis (°Brix) 8,0 ± 0,707

pH 4,78 ± 0,03

Cor L* 58,81 ± 0,23

a* 1,96 ± 0,14

b* 38,49 ± 0,09

c* 38,54 ± 0,10

h 87,08 ± 0,21

b.u.Θ = base úmida. L* = Luminosidade. a* = Componente cromático vermelho - verde. b* = Componente

cromático amarelo - azul. c* = Croma ou intensidade de cor. hue = tonalidade.

Em relação aos Sólidos Solúveis (SS) foi verificado 8,0 ºBrix, análises realizadas em

pedúnculo de caju por Sucupira (2012) foi obtido10,56 ºBrix, tais diferenças podem ser

atribuídas as condições edafoclimáticas, manejo e idade das plantas analisadas.

O pH no subproduto de caju foi de 4,7,encontrado-se próximo aos encontrados por

Andrade et al. (2008) e Moura et al. (2010), cujas médias de pH foram 4,6 e 4,5,

respectivamente. De acordo com a classificação dos alimentos quanto ao pH, o subproduto in

natura apresenta-se como pouco ácido.

O parâmetro luminosidade varia de 0 (preto) a 100 (branco), portanto amostras com

brilho superficial elevado têm seus valores próximos a 100 (ABREU, 2007). Neste estudo, o

valor médio de luminosidade para a amostra in natura foi de 58,81. Provavelmente, por se

tratar de um subproduto, o valor de luminosidade decaiu quando comparado com amostras de

pedúnculo de clones de cajueiro anão verificado por Abreu (2007), que em seu estudo obteve

uma média de 60,45.

As variáveis a* e b* são coordenadas de cor. A coordenada a* está localizada no eixo

horizontal e indica a direção das cores verde - a* e vermelha + a*. Enquanto b* encontra-se

no eixo vertical indicando a direção das cores azul - b* e amarela + b*. O centro da

coordenada é acromático, quanto mais os valores de a* e b* se afastam do centro, a saturação

da cor aumenta (MINOLTA, 1998). O subproduto de caju in natura apresentou para cor

vermelha 1,96, porém a indicação de cor amarela foi superior, 38,49 provavelmente devido à

presença de pigmentos, flavonoides amarelos e em menor concentração dos carotenoides.

Page 50: Rakel Hina Vasconcelos Pio

50

A cromaticidade, de acordo com Souza (2007), representa a intensidade da cor. Quanto

maior o valor de croma, maior é a quantidade de pigmentos presentes (ABREU 2007). O

valor obtido para intensidade de cor nesse resíduo foi 38,54, sendo que Abreu (2007) obteve

média geral de 48,43 ao analisar clones de pedúnculo. A diferença de valor pode está

relacionada ao fato da amostra analisada ser um subproduto da agroindústria do caju, o que

pode levar a perda de pigmentos durante o processo de obtenção do suco.

De acordo com Abreu (2007), os valores do ângulo de hue variam de 0º a 360º, contudo

para o caju amarelo e vermelho esse ângulo oscila de 0º a 90º, valores mais próximos de 0º

apresentam coloração tendendo ao vermelho, enquanto valores próximos à 90º possuem

coloração amarelada, a região intermediária (45º) possui cor alaranjada. O subproduto in

natura mostrou altos valores para o ângulo de hue, obtendo-se 87,08 para esta variável.

Portanto, para o parâmetro coloração, o subproduto in natura apresenta cor clara, amarelada e

intensa.

4.2 Caracterização química, físico-química e física do subproduto de caju, liofilizado e

desidratado (Tabelas 5 e 6)

A umidade do subproduto de caju obtida pelo processo de liofilização foi 2,59%.

Bortollato, Lora (2009), ao liofilizarem abacaxi e Pinho et al. (2011) ao analisarem o

subproduto do pedúnculo de caju liofilizado obtiveram produtos com conteúdo de água de

4,04%. A legislação brasileira, Resolução CNNPA nº 12, de 1978, estabelece umidade

máxima de 5% para frutas liofilizadas (ANVISA).

Quanto ao teor de umidade do produto desidratado, foi encontrado 4,42%. Uchoa et. al

(2008), ao desidratarem subproduto de caju em estufa a vácuo, obteve um produto com 6,99%

de umidade. Lima et al. (2013) ao caracterizarem farinha obtida do subproduto de caju

alcançaram umidade de 14%. Conforme Celestino (2010) o conteúdo de água de um alimento

é o principal fator causador da deterioração por micro-organismos e alterações por reações

químicas e enzimáticas. A diminuição desse conteúdo é um modo de conservação do

alimento.

Os métodos de secagem promoveram uma redução significativa de atividade de água

(aw). No processo de liofilização foi possível obter aw de 0,23, e resultados semelhantes ao

deste trabalho foram encontrados por Marques (2008) ao liofilizar frutas tropicais,

encontrando para acerola aw de 0,22 e 0,19 para o produto congelado em N2 líquido e N2 a

Page 51: Rakel Hina Vasconcelos Pio

51

vapor, respectivamente, ambos os processos com 6 horas de duração, enquanto para o produto

congelado em freezer, com liofilização em 8 horas, a aw determinada nos produtos foi 0,20.

A aw obtida pelo subproduto de caju seco em estufa foi 0,26 e Lima et al. (2013) ao

analisarem farinha do subproduto de caju desidratada obtiveram aw de 0,45. De acordo com

Celestino (2010), aw entre 0,4 e 0,8 haverá possibilidade de reações químicas e enzimáticas

rápidas, pelo aumento das concentrações dos reagentes, e em regiões de aw < 0,3 as moléculas

de água estão fortemente ligadas ao alimento, não podendo ser utilizadas para dissolver

componentes do alimento, fazendo com que a velocidade das reações sejam próximas à zero,

além de propiciar o não desenvolvimento de micro-organismos.

A tabela 5 apresenta os valores expressos em base seca (%b.s.) e base úmida (%b.u.) do

subproduto de caju, obtido por liofilização e desidratação a 60 °C. Os resultados expressos em

base seca independem do teor de umidade, o que proporciona perceber o efeito real dos

métodos de secagem quanto à preservação de nutrientes, quando comparados ao produto in

natura. Os valores expressos em base úmida foram utilizados para comparação com os dados

da literatura.

Page 52: Rakel Hina Vasconcelos Pio

52

Tabela 5 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju submetido a dois tratamentos de secagem.

Letras iguais na mesma linha, não há diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade.

FAT = Fibra Alimentar Total, AR = Açúcares redutores.

Parâmetros

Base seca Base úmida

in natura Liofilizado Desidratado Liofilizado Desidratado

Proteína (g. 100g-1

) 12,2 ± 1,06a

9,58 ± 0,19b

8,01 ± 0,33c

9,33 ± 0,20b

7,65 ± 0,33c

Cinzas (g. 100g-1

) 1,80 ± 0,19a

1,48 ± 0,02ab

1,50 ± 0,007ab

1,44 ± 0,02b

1,44 ± 0,007b

FAT (g. 100g-1

) 10,62 ± 0,67a

17,75 ±

0,34

b 15,70 ± 0,51

c 17,29 ± 0,33

b 15,01 ± 0,49

c

Carotenoides (mg.g-1

) 0,0104 ± 0,00a

0,0036 ± 0,00b 0,0027 ± 0,00

b 0,0035 ± 0,00

b 0,0025 ± 0,00

b

Flavonoides (mg. 100g-1

) 65,41 ± 6,45a

67,53 ± 0,02a 60,05 ± 0,32

ab 65,78 ± 0,02

a 57,40 ± 0,03

b

AR (g. 100g-1

) 24,32 ± 0,59a

22,97 ± 1,27a 22,31 ± 0,06

a 22,38 ± 2,33

a 21,32 ± 0,06

a

Acidez (gác. cítrico.100g-1

) 1,11 ± 0,22a

1,14 ± 0,08a 0,88 ± 0,07

a 1,12 ± 0,06

a 0,84 ± 0,07

a

Page 53: Rakel Hina Vasconcelos Pio

53

Ao analisar os resultados em base seca, nota-se que não houve diferença significativa

(p<0,05) entre os métodos de secagem utilizados e à amostra in natura para as variáveis

cinzas, flavonoides, acidez e açúcares redutores. No entanto, o teor de proteínas em relação ao

produto in natura, sofreu redução em ambos os processos de secagem, de 21,48% no

liofilizado e 34,35% no desidratado. A secagem em liofilizador mostrou uma concentração de

proteína no produto final 19,60% superior ao subproduto de caju seco em estufa.

A secagem por liofilização necessita de um congelamento prévio. De acordo com

Fennema (2010), costuma-se presumir que quanto menor for à temperatura, maior será a

estabilidade de uma proteína, entretanto algumas proteínas são desnaturadas em baixas

temperaturas, quando armazenadas abaixo de 0 °C, sofrendo desnaturação induzida pelo frio.

O processo de desidratação realizado em estufa a 60 °C acarretou em uma maior redução

na concentração de proteínas. Ribeiro (2007), afirma que a maioria das proteínas são solúveis

a temperatura ambiente e a solubilidade tende aumentar á medida que a temperatura se eleva.

Contudo, acima de 50°C as proteínas começam a sofrer desnaturação.

Souza (2011) avaliou a qualidade do pó de polpa de cupuaçu liofilizado e desidratado em

leito de espuma (% b.s.), e concluiu que os dois tratamentos de secagem provocaram

decréscimo no teor de proteínas quando comparado ao produto in natura (% b.s.). O teor de

proteína reduziu em 19,75% na polpa liofilizada e 26,23% na desidratação em leito de

espuma.

Com relação à fibra alimentar total (FAT) ocorreu um incremento de 67,13% para a fibra

liofilizada e 47,83% para a desidratada. Observa-se que o subproduto liofilizado possui 13,06

% a mais de FAT do que o produto desidratado.

A liofilização tem como característica a manutenção do formato original do produto,

todavia para garantir um produto liofilizado de qualidade, a etapa de congelamento é

extremamente importante, essa etapa deve propiciar a formação de pequenos cristais de gelo

para que seja possível preservar a membrana celular. Com o fenômeno da sublimação a

estrutura celular permanece intacta, evitando a perda dos componentes da parede celular

vegetal (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2013).

Os polissacarídeos são relativamente pouco estáveis e podem sofrer mudanças durante o

processamento e o armazenamento dos alimentos que os contêm. O processo de desidratação

acarreta em perdas na parede celular vegetal, geralmente relacionada com a gelatinização do

amido, cristalização da celulose e as tensões internas criadas pelas variações locais do

Page 54: Rakel Hina Vasconcelos Pio

54

conteúdo de água. Essas perdas podem causar lesões permanentes nas células (ORDÓÑEZ et

al., 2005).

O teor de carotenoides no subproduto do pedúnculo de caju foi influenciado pelos

métodos de secagem, sendo que a liofilização ocasionou perda de 65,38% desse constituinte e

a desidratação uma redução de 74,04%.

Uma vez que os carotenoides oxidam com facilidade, por conter um grande número de

ligações duplas conjugadas, as reações de oxidação ocasionam perda de cor nos alimentos. A

oxidação de um pigmento é altamente dependente de seu ambiente. Quando dentro dos

tecidos, os pigmentos muitas vezes estão compartimentalizados e protegidos da oxidação.

Porém, danos físicos ou extração dos carotenoides aumentam sua suscetibilidade à oxidação.

Além disso, o ar de desidratação expõe os carotenoides ao oxigênio, o que pode causar uma

grande degradação dessas substâncias (FENNEMA, 2010).

Barbosa (2010), em pesquisa com o subproduto do pedúnculo de caju para obter

carotenoides e flavonoides por maceração enzimática, produziu extratos a partir do

subproduto da indústria de caju, os quais foram submetidos a dois tratamentos, sendo que o

primeiro a amostra permaneceu sob a temperatura de 30 °C por 1 hora e o segundo por 2

horas na mesma temperatura, constatou que o maior tempo em temperatura de 30 °C

ocasionou degradação de parte dos compostos carotenoides, ocorrendo redução dos seus

valores, fenômeno que foi facilitado pela presença de oxigênio.

Santos et al. (2012) realizaram estudo comparativo de diferentes métodos de secagem em

coentro e verificaram que o processo de liofilização apresentou menor perda de carotenoides

do que o processo de secagem em estufa, obtendo 2,47mg.100g-1

(% b.s.) em coentro

liofilizado e 2,02mg.100g-1

(% b.s.) em coentro desidratado.

É interessante observar que os parâmetros, proteína e FAT, apresentaram diferenças em

suas concentrações por ação dos processos de secagem. Contudo a desnaturação proteica pela

técnica de liofilização foi menos acentuada do que pela secagem com ar forçado. Quanto a

FAT, este parâmetro apresentou incremento nos dois processos de secagem, no entanto a

secagem por liofilização levou a uma maior concentração desse constituinte no produto final,

demonstrando ser uma técnica que resulta em produtos de alta qualidade e, segundo Ratti

(2001) à ausência de água líquida e as baixas temperaturas exigidas no processo tem como

consequência produtos com elevada qualidade, além do estado sólido da água durante a

secagem proteger a estrutura primária e minimizar mudanças na forma do produto.

Page 55: Rakel Hina Vasconcelos Pio

55

Analisando os resultados obtidos em base úmida, os processos de liofilização e

desidratação apresentaram diferença significativa entre si para a análise de proteína, sendo

que a liofilização foi 21,96% superior na concentração desse nutriente. Pinho et al. (2011)

encontraram no subproduto de caju liofilizado 9,80g.100g-1

, valor próximo ao encontrado

neste trabalho para o produto liofilizado.

Quanto ao processo de desidratação, Uchoa et al.(2008) verificaram 1,16g.100g-1

de

proteína ao caracterizar subproduto de caju em pó, contudo no presente estudo o produto

desidratado teve teor de proteína superior, sendo o valor equivalente ao obtido por Matias et

al. (2005), que foi de 7,68g.100g-1

.

O teor de cinzas para a amostra liofilizada resultou em valor próximo ao encontrado por

Pinho et al. (2011) de 1,20g.100g-1

, indicando uma boa presença de minerais. Em relação ao

produto desidratado, o resultado está um pouco abaixo ao encontrado por Mourão et al.

(2009), ao caracterizarem barra de cereais de caju ameixa verificaram 1,75g.100g-1

de

minerais, enquanto Nunes et al. (2013) ao formularem barra de cereal com subproduto do

pedúnculo de caju seco em estufa encontraram 1,45g.100g-1

, valor semelhante ao deste

trabalho.

As técnicas de secagem realizadas no subproduto da indústria de caju apresentaram

diferença significativa em 5% para FAT, à amostra liofilizada possui 15,19% a mais em

comparação com a amostra desidratada. Em estudo realizado por Pinho et al. (2011), com

subproduto de caju liofilizado o resultado obtido para FAT foi 40,35 g.100g-1

, todavia Lima,

Garcia e Lima (2004), ao caracterizar fibra de caju desidratada encontraram 61,21g.100g-1

, os

dois resultados foram superiores aos encontrados nas amostras, liofilizada e desidratada,

apresentadas na tabela 5.

Observa-se que a matéria-prima utilizada neste estudo contém teor inferior de FAT,

quando comparado a resultados de outros autores que caracterizam FAT em subproduto do

pedúnculo do caju.

De acordo com Hernández et al., (1995), a análise de fibra alimentar apresenta vários

problemas devido a dois fatos: a falta de concordância na definição de fibra, já que ao atuar

como um complexo no trato gastrointestinal é difícil desenvolver métodos que determinem

sua digestibilidade, e devido à variedade de seus componentes que dificultam o

desenvolvimento de métodos específicos para cada um deles e que sejam aplicáveis a todo

tipo de alimento.

Page 56: Rakel Hina Vasconcelos Pio

56

Através da extração ácida e alcalina é obtida a chamada fibra bruta, esse método deve ser

abandonado por fornecer valores subestimados de FA. Este processo destrói toda a fração

solúvel da fibra e quantidades variáveis da fração insolúvel. A estimativa de determinação

pelo uso dessa técnica, de hemicelulose é apenas 20%, de 10 a 40% de lignina e de 50 a 90%

de celulose após o tratamento drástico, não fisiológico. Os métodos baseados no uso de

detergentes ácidos (ADF) e/ou neutro (NDF) se não forem realizados com uso de amilases e

da determinação de nitrogênio residual, podem dar valores superestimados. O método

enzímico-gravimétrico, desenvolvido por Hellendoorn e posteriormente modificado por Asp e

colaboradores e em seguida por Prosky e colaboradores, oficializado pela AOAC, determina o

teor total da fração fibra dos alimentos. Este método não permite isolar cada componente,

porém, determina separadamente, a fração solúvel e insolúvel. Para caracterização química

completa pode-se utilizar o método de Southgate ou modificações que permitem o isolamento

e a identificação dos componentes individualmente (HERNÁNDEZ et al., 1995).

Lima (2001), ao obter e caracterizar farinha de batata doce parboilizada, relata em sua

pesquisa que Schneeman, 1986, afirma que o método enzimático-gravimétrico, aprovado pela

AOAC, fornece meios mais exatos para estabelecer o teor de fibra alimentar total.

Santos (2013), ao determinar fibra alimentar em produtos hortifrutícolas, informa em seu

trabalho que um estudo realizado por Lee sobre análises de fibra alimentar, quando não é

efetuada a digestão enzimática, caso dos métodos não enzimático-gravimétricos, não se

recupera, para a maioria dos alimentos, uma porção significativa do que é considerado fibra

alimentar total.

Os autores referenciados neste trabalho, Pinho e colaboradores (2011), Lima, Garcia e

Lima (2004), utilizaram a metodologia da AOAC enzímico-gravimétrico, provavelmente a

elevada diferença na quantificação de FAT obtida por esses autores em relação ao presente

trabalho se deu pelo uso da metodologia. Para quantificação de FAT nesta pesquisa foi

utilizado o método não enzímico-gravimétrico desenvolvido por Li & Cardozo, mas com

modificações realizadas por Guerra e colaboradores. A escolha pelo método foi baseada nos

recursos disponíveis.

Em relação aos compostos carotenoides do subproduto de caju o valor encontrado foi de

0,0035mg.g-1

para o produto liofilizado e 0,0025mg.g-1

para o desidratado. Trabalho realizado

por Oliveira (2012), ao liofilizar polpa de cajá sem e com adição de coadjuvante de secagem

verificou que houve diferença significativa (p>0,05) no conteúdo de carotenoides ao adicionar

17% de maltodextrina, obtendo 8,95 e 2,84mg.100g-1

para o pó liofilizado sem encapsular e

Page 57: Rakel Hina Vasconcelos Pio

57

encapsulado, respectivamente. Andrade (2013) ao analisar o potencial antioxidante do

subproduto do pedúnculo de caju desidratado encontrou para carotenoides 0,067mg.100g-1

.

De acordo com Rodriguez-Amaya (1999), um sistema de duplas ligações conjugadas

constitui o cromóforo responsável pelo poder corante dos carotenoides, além do que esse

sistema também atua contra doenças degenerativas. Entretanto, o mesmo sistema é causa da

sua instabilidade, o que o torna susceptível a isomerização e degradação oxidativa. A

preservação de carotenoides durante processamento e estocagem é um desafio e uma grande

preocupação para a Engenharia de alimentos.

Embora a maior parte da cor amarela dos alimentos seja atribuída à presença de

carotenoides, essa cor em alguns alimentos é atribuída à presença de flavonoides do tipo não

antociânico. Uma das funções muito importante dos flavonoides presentes nos alimentos é a

sua propriedade antioxidante e sua contribuição para o sabor, em particular para o amargor

(FENNEMA, 2010).

A concentração de flavonoides amarelos no subproduto do pedúnculo de caju ao ser

liofilizado foi de 65,78mg.100g-1

, o mesmo produto ao ser submetido a secagem em estufa

obteve 57,40mg.100g-1

. Costa et al. (2012) ao avaliarem a estabilidade de antioxidantes da

farinha de araticum obtida da secagem a 40, 50 e 60 °C em estufa, observaram que nas

temperaturas de 40 e 50 °C é possível manter a maior parte das propriedades antioxidantes

dessa farinha, verificando um produto com 13,31 e 12,81mg.100g-1

de flavonoides,

respectivamente.

Os açúcares redutores, glicose e frutose, em geral são encontrados nas frutas em elevado

teor. O subproduto da indústria de caju após liofilização obteve valor de 22,38g.100g-1

e o

produto desidratado alcançou concentração de 21,32g.100g-1

. Andrade (2013) ao desidratar o

subproduto de caju seco em estufa quantificou 12,20g.100g-1

. Uchoa et al. (2008)

encontraram valor bastante elevado de 36,55g.100g-1.

ao caracterizarem o pó do subproduto de

caju. Machado et al. (2011) ao realizarem desidratação no pedúnculo do caju, obtiveram uma

farinha com 14,82 g.100g-1

, no entanto o conteúdo de água dessa farinha foi 10,83%.

Os valores de acidez para as amostras secas foi 1,12 e 0,84g.100g-1

no subproduto

liofilizado e desidratado, respectivamente. O resultado verificado por Pinho et al. (2011) em

subproduto de caju liofilizado foi 3,10g.100g-1

, enquanto para o produto desidratado os

mesmos autores verificaram 2,61g.100g-1

. Os ácidos orgânicos tem influência sobre a

estabilidade e manutenção da qualidade nos produtos alimentícios. Quando ocorre processo

Page 58: Rakel Hina Vasconcelos Pio

58

de decomposição por hidrólise, oxidação ou fermentação o teor de íons de hidrogênio nos

alimentos quase sempre sofre alteração.

Tabela 6 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju liofilizado

e desidratado (b.u) Θ.

Parâmetros in naturaΘ LiofilizadoΘ DesidratadoΘ

SS (°Brix) 8 ± 0,70a

29,60 ± 1,52b 27,00 ± 1,00

b

pH 4,78 ± 0,03a

4,49 ± 0,01b 4,64 ± 0,02

c

Cor L* 58,81 ± 0,23a

59,12 ± 0,02a

57,02 ± 0,1

b

a* 1,96 ± 0,14a

1,52 ± 0,02b

5,65 ± 0,03c

b* 38,49 ± 0,09a 32,73 ± 0,05

b 24,23 ± 0,13

c

c* 38,54 ± 0,10a

32,87 ± 0,06b

24,88 ± 0,13c

h 87,08 ± 0,21a

86,74 ± 0,04a 76,84

± 0,14

b

∆E 5,70 ± 0,07a 14,83 ± 0,24

b

Letras iguais na mesma linha, não diferem significativamente (α=0,05)

b.u.Θ = base úmida. SS = Sólidos Solúveis. L* = Luminosidade. a* = Componente cromático vermelho - verde.

b* = Componente cromático amarelo - azul. c* = Croma ou intensidade de cor. hue = tonalidade. ∆E = variação

de cor.

Os sólidos solúveis, como o próprio nome indica, representam os sólidos presentes no

subproduto do caju que são solúveis em água, principalmente açúcares, ácidos orgânicos e

sais, contudo a maior parte dos sólidos solúveis é constituída por açúcares. Com a redução do

conteúdo de água ocasionada pelos processos de secagem, ocorre um incremento no teor de

sólidos solúveis. Uchoa et al. (2008) verificaram 40,48 °Brix ao desidratarem o subproduto da

indústria do caju para elaboração de pó alimentício.

O pH é uma medida utilizada como indicativo para delimitar o desenvolvimento de

micro-organismos em alimentos, além de reter odor e sabor nos produtos de frutas,

influenciando a palatabilidade. O subproduto de caju após a liofilização e desidratação,

apresenta diferença significativa em relação ao produto in natura, tornando o subproduto

liofilizado ácido, enquanto o subproduto desidratado continua classificado como pouco ácido,

mesmo com a redução do pH.

Em relação ao parâmetro cor, os pigmentos verificados no subproduto de caju

foram carotenoides e flavonoides amarelos. Os pigmentos encontrados em alimentos

tem influência sobre a escolha do consumidor, que costumam associá-los quanto ao

valor nutricional. Pigmentos carotenoides, como all-trans-β-criptoxantina e all-trans-β-

Page 59: Rakel Hina Vasconcelos Pio

59

caroteno, presentes no subproduto do caju (Barreto et al., 2007), são compostos de

elevado interesse nutricional. No organismo essas substâncias são transformadas em

vitamina A, necessária à saúde dos olhos, pele, metabolização das proteínas pelo fígado.

Enquanto os pigmentos fenólicos flavonoides possuem propriedades antioxidantes. Aos

compostos fenólicos vem-se atribuindo que, uma dieta rica com essas substâncias está

associada ao baixo risco de doenças cardiovasculares. Contudo, cor e aparência são

atributos fundamentais, percebidos com facilidade pelo homem, que os associam a

qualidade dos alimentos. Além de nutritivo e seguro os alimentos devem ser atrativos

visualmente, para que ocorra a sua aquisição.

A Figura 4 exibe uma melhor percepção visual do resultado das técnicas de secagem

sobre as propriedades ópticas dos produtos processados em relação ao subproduto de caju in

natura.

Figura 4 – Parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*), em relação a amostra in natura.

O grau de brilho das amostras do subproduto de caju foi determinado pelo componente

acromático L* (Tabela 6), para o subproduto de caju liofilizado, o valor desse componente

aumentou, mas em relação à amostra in natura não foi significativo (p<0,05). Todavia, a

perda de carotenoides totais no produto liofilizado, teve como consequência redução da cor

amarela em 28,94% (diminuição do b*), diferindo estatisticamente da amostra in natura,

Tabela 6.

Ao observar o efeito da secagem convencional no subproduto da indústria de caju,

verifica-se que o parâmetro L* diminuiu (3,14%), enquanto o valor de b* aumentou

Page 60: Rakel Hina Vasconcelos Pio

60

significativamente (65,31%). Assim, a secagem com ar forçado apresentou diferença

estatística (p>0,05) para os componentes acromático (L*) e cromático (b*), em comparação

com o subproduto de caju in antura, Figura 4.

O valor b* encontrado para o subproduto liofilizado indica que houve prevenção da

deterioração da cor no produto final. Enquanto o aumento do valor b*, no subproduto do

pedúnculo de caju tratado por secagem convencional, indica que durante o processo

ocorreram reações de escurecimento.

A Figura 5 ilustra os valores do parâmetro croma e ângulo de hue (λº). O croma é

definido como índice de saturação, indica o grau de intensidade da cor (a* e b*), em relação a

um padrão, no caso amostra in natura. Enquanto que o ângulo de hue indica a diferença de

tonalidade entre os produtos secos e o padrão.

Tanto o subproduto de caju liofilizado quanto o seco em estufa apresentaram uma

diminuição na intensidade da cor, como mostra a Tabela 6, o que era esperado, uma vez que

nos dois processos houve degradação de carotenoides totais. O subproduto liofilizado sofreu

uma redução de 17,25% e o subproduto desidratado 54,90%, na intensidade de cor amarela.

Os valores para ângulo de hue indicam a diferença de tonalidade entre as amostras in

natura, liofilizada e desidratada. Verifica-se para o subproduto de caju liofilizado que a

tonalidade manteve-se praticamente constante (Figura 5). Entretanto, o processo de secagem

com ar forçado afetou a tonalidade do produto desidratado, ocorrendo um decréscimo de

13,32% no valor do ângulo de hue.

Page 61: Rakel Hina Vasconcelos Pio

61

Figura 5 – Parâmetros colorimétricos (croma e λ⁰ ), em função da amostra in natura.

De acordo com o sistema CIE Lab o valor de ∆E (diferença média de cor entre a amostra

in natura e as processadas) indica que para valores ∆E > 1, o olho humano é capaz de detectar

as diferenças nas cores. Através dos valores expostos na Tabela 6 para ∆E, verifica-se que o

olho humano é capaz de perceber as alterações de cores ocorridas entre a mostra in natura,

liofilizada e desidratada.

Page 62: Rakel Hina Vasconcelos Pio

62

4.3 Processo de liofilização versus processo de secagem em estufa do subproduto do

pedúnculo do caju

Figura 6 - Fotografias do subproduto de caju in natura (A), submetido a dois processos de secagem: liofilização

(B) e secagem em estufa a 60oC (C), e após a reidratação do liofilizado com 60 ml.100g

-1 (D) e do seco em

estufa reidratado com 30 ml.100g-1

(E).

(A)

(B) (C)

(D) (E)

Page 63: Rakel Hina Vasconcelos Pio

63

Muitas reações bioquímicas podem ser induzidas pelo aumento da temperatura em

alimentos, como as reações de Maillard, desnaturação térmica das proteínas, reações

enzimáticas e outras.

A cor é um dos atributos mais importantes no que diz respeito à qualidade dos produtos

alimentícios secos, porque faz parte da sua aparência visual e na maior parte do tempo é o

primeiro critério a ser avaliado pelos consumidores na escolha de um novo produto.

A cor pode mudar durante a secagem, devido a reações químicas e bioquímicas. As taxas

de tais reações dependem fortemente dos métodos de secagem e parâmetros de

processamento. A cor das frutas, produtos hortícolas, plantas aromáticas e especiarias são

devido à presença de pigmentos, que são suscetíveis à degradação por reações enzimáticas ou

não enzimáticas, induzidas por secagem e continuando durante o armazenamento (BONAZZI;

DUMOULIN, 2011).

A Figura 6A mostra o subproduto de caju in natura, as Figuras a seguir 6B e 6C,

mostram o subproduto após processos de liofilização e secagem convencional,

respectivamente.

Observa-se que após a liofilização o subproduto de caju permanece com cor amarela

muito próxima ao produto in natura, apresentando um tom de amarelo pálido em comparação

ao produto sem aplicação da secagem por liofilização. Contudo, o subproduto que sofreu

secagem por ar forçado apresenta uma cor distante do amarelo apresentado pelo subproduto in

natura, demonstrando ter sofrido escurecimento pela tecnologia de secagem por ar quente.

As figuras 6D e 6E apresenta o subproduto, na devida ordem, liofilizado e desidratado

após realizar hidratação. É possível observar que a amostra seca por liofilização apresenta

uma cor semelhante ao produto in natura, reduzindo o tom de amarelo pálido. Entretanto, o

subproduto de caju seco em estufa, após a adição de água ainda permanece com uma cor

distante do produto in natura. A aplicação de diferentes técnicas de secagem ocasionou no

mesmo produto características visuais distintas. A liofilização é uma técnica de secagem mais

branda, que proporciona um resultado no produto final com características muito próximas ao

do produto in natura. Enquanto que, a tecnologia de secagem por ar quente ocasiona alteração

na cor do subproduto desidratado, devido às características intrínsecas do subproduto de caju

que o torna susceptível ao escurecimento não enzimático.

As interações entre componentes aminados e carbonilados resultam em escurecimento e

modificação no sabor, que estão associados com o processamento e cozedura dos alimentos.

As citadas interações são chamadas por reações de Maillard (RM) ou escurecimento não

Page 64: Rakel Hina Vasconcelos Pio

64

enzimático, que levam a modificações complexas nos alimentos (NUNES, BAPTISTA,

2001).

A RM inicia-se com o ataque nucleofílico do grupo carbonílico de um açúcar redutor, por

exemplo, ao grupamento amina de proteínas. A ocorrência da reação em alimentos depende

de vários fatores: temperaturas elevadas (acima de 40ºC), atividade de água na faixa de 0,4 a

0,7, meio ácido ou alcalino, umidade relativa de 30% a 70% (KWAK; LIM, 2004; FINOT,

2005; NUNES; BAPTISTA, 2001).

Além desses fatores, a composição do alimento também influência na ocorrência da RM.

O tipo de açúcar redutor interfere na velocidade de reação com os grupamentos amina, sendo

o açúcar redutor mais reativo a xilose, seguida de arabinose, glicose, maltose e frutose,

indicando que as pentoses são mais reativas do que as hexoses (MORALES, 1997;

MARTINS, 2000).

As primeiras etapas da reação conduzem à formação de um número limitado de

derivados: bases de Schiff, aldosilaminas e compostos de Amadori. As etapas seguintes, que

se traduzem pela degradação dos compostos de Amadori, conduzem à formação de

variadíssimos compostos, muitos deles moléculas insaturadas que se polimerizam (FINOT;

MAGNENAT, 1981).

O escurecimento é a maior característica das consequências da RM. A cor produzida, a

sua intensidade e as propriedades do produto final da reação são fortemente dependentes da

natureza dos reagentes e das condições da reação, especialmente do valor de pH e da

temperatura (NUNES, BAPTISTA, 2001).

Brião et al. (2011) ao realizarem estudo sobre a cinética de escurecimento não enzimático

usando soluções de açúcares D-glicose anidra e D (+) lactose mono-hidratada e soluções de

aminoácidos, glicina e glutamato monossódico mono-hidratado, em pH neutro e ácido,

concluíram que a natureza dos açúcares e aminoácidos tem importante papel no grau de

avanço da formação de cor pela RM. Sendo que a glicose se mostrou mais reativa do que a

lactose. Em relação às proteínas não foi evidenciado que glicina ou glutamato produzissem

diferentes níveis de coloração pela RM.

Page 65: Rakel Hina Vasconcelos Pio

65

4.4 Capacidade de reidratação do subproduto de caju liofilizado e desidratado

A reidratação é um processo complexo no qual água é absorvida pelo material seco com o

intuito de restaurar as mesmas características que o material possuía antes da sua secagem. A

água é absorvida pelo tecido vegetal, mas ao mesmo tempo ocorre saída de componentes

solúveis da matéria seca. A porosidade é a porção de espaços vazios em relação ao volume

total do material, esta propriedade tem influência sobre as características de reidratação do

produto (ROSA, 2010).

As Figuras 7 e 8 apresentam as curvas de reidratação obtidas para o subprodudo de caju

liofilizado e subproduto de caju seco em estufa, respectivamente. O perfil de reidratação

baseou-se na atividade de água (aw) do subproduto de caju in natura.

Figura 7 – Atividade de água (aw) do subproduto de caju liofilizado por 30horas e reidratado.

O subproduto do caju liofilizado para alcançar aw de 0,94, valor encontrado no

subproduto in natura, foi necessária a adição de 60 mL de água, no entanto o subproduto

desidratado para alcançar o mesmo parâmetro de aw necessitou de uma menor adição de água,

30 mL. A porosidade do material seco está diretamente relacionada ao encolhimento sofrido

pelo material durante o processo de secagem. Durante a secagem, os alimentos geralmente

apresentam uma importante redução no volume (ROSA, 2010).

O maior volume de água requerido pelo subproduto de caju liofilizado, está relacionado

ao fato do procresso de liofilização ocorrer com a água do alimento em estado sólido e sob

condições extremas de temperatura e pressão, o que proprociona a sublimação da água

Page 66: Rakel Hina Vasconcelos Pio

66

congelada no vácuo. Como a maior parte da água presente no alimento é eliminada por

sublimação, o produto apresenta formação de uma estrutura altamente porosa.

Figura 8 – Atividade de água (aw) do subproduto de caju seco em estufa a 60°C por 28 horas e

reidratado.

Durante o processo de desidratação convencional a perda de água e o aquecimento levam

a danos na estrutura celular do alimento que modifica a sua estrutura e causa o encolhimento

da estrutura. De acordo com Lopes (2013) um dos principais fatores relacionados à perda de

qualidade de alimentos desidratados é relativo às alterações estruturais causadas pelo

encolhimento durante a secagem. Mudanças na forma, perda de volume e aumento da dureza

na maioria dos casos podem causar uma impressão negativa no consumidor. Além disto, o

encolhimento está diretamente relacionado à capacidade de reidratação do produto, como

observado por Giri e Prasad (2007).

4.5 Análise termogravimétrica do subproduto de caju liofilizado e desidratado

A partir da análise termogravimétrica foi possível traçar as curvas de estabilidade térmica

das duas amostras secas (liofilizada e desidratada), Figura 9. O subproduto de caju possui uma

composição química complexa para fibras (hemicelulose, celulose e lignina). Por tal motivo a

decomposição das amostras do subproduto da indústria de caju ocorre em diferentes regiões

de temperatura.

A primeira perda de massa, até 125 °C é decorrente da perda de água e de produtos

voláteis. Após a temperatura de 125 °C inicia-se a decomposição relativa à degradação de

hemicelulose, esta fibra foi avaliada termicamente por Yang et al. (2007) e de acordo com

Page 67: Rakel Hina Vasconcelos Pio

67

seus dados entre 230 e 300 °C ocorreu aproximadamente 50% de degradação da

hemicelulose, esta fibra demonstrou ser a que possui menor estabilidade térmica.

Figura 9: Análise termogravimétrica (ATG) das fibras

Na Figura 9 foi possível observar que ocorre uma fase de decomposição, entre as

temperaturas de 150 a 350 °C, provavelmente pela presença de hemicelulose no subproduto

liofilizado e desidratado.

Os mesmos autores ao avaliar a degradação de amostras de celulose verificaram as

maiores taxas de degradação (% de massa/ °C) em torno de 350 °C, e o mesmo

comportamento foi verificado para as amostras em estudo neste trabalho.

Em relação ao comportamento térmico da lignina, Yang et al., (2007) verificaram que

este composto apresentou possuir uma maior resistência térmica entre os três componentes

estudados. A sua degradação ocorreu durante todo processo de análise termogravimétrica,

contudo possui as menores taxas de perda de massa, sendo a maior responsável pela

resistência térmica apresentada pelo subproduto da indústria de caju.

Verificou-se o mesmo perfil de perda de massa para as amostras processadas (liofilizada

e desidratada), no entanto observa-se que a amostra liofilizada apresentou valores levemente

inferiores, não ultrapassando 10% de diferença em termos de perda de massa comparada a

amostra desidratada. Este comportamento de maior sensibilidade térmica, verificada para o

subproduto de caju liofilizado, ocorre devido o processo de liofilização proporcionar um

aumento no volume do produto, tornando-o poroso. A expansão do volume no subproduto

Page 68: Rakel Hina Vasconcelos Pio

68

liofilizado permite que a sua superfície de contato aumente, facilitando o processo de

degradação térmica.

O processo de secagem em estufa tem efeito contrário ao da liofilização, acarretando em

um encolhimento do produto, em decorrência dos danos que essa tecnologia provoca na

estrutura celular dos produtos de origem vegetal. A redução no volume e provavelmente

aumento na dureza do subproduto de caju desidratado o torna mais resistente à degradação

térmica, resultando em menor perda de massa quando comparado ao subproduto de caju

submetido à liofilização.

4.6 Análise das superfícies do subproduto de caju liofilizado e desidratado por

microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As imagens de microscopia de varredura apresentam a estrutura morfológica do

subproduto de caju após os processos de secagem por liofilização e desidratação em estufa

(Figura 10).

Figura 10 – Micrografias do subproduto de caju liofilizado (A) e seco em estufa (B)

(A) (B)

A superfície do subproduto liofilizado (Figura 10A) apresentou mais espaços vazios,

enquanto o subproduto seco em estufa (Figura 10B) apresentou uma superfície mais

compactada. Tal diferença se deve a evaporação da água que ocorre de forma diferenciada

entre os processos. No processo de liofilização, a água presente no subproduto de caju sofre

congelamento na etapa de pré-tratamento, empregando o ultrafreezer. Em seguida os cristais

de água formados são evaporados sob baixa pressão no liofilizador formando espaços na

Page 69: Rakel Hina Vasconcelos Pio

69

estrutura morfológica o que proporciona uma característica esponjosa. Tal característica

relaciona-se com uma maior capacidade de absorção de água pelo produto, conforme

observado no item 4.4 (THAKURA et. al. 2012).

4.7 Características tecnológicas do subproduto de caju liofilizado e desidratado

4.7.1 Capacidade de absorção de água (CAA) e óleo (CAO)

Os polissacarídeos que compõe as fibras sofrem digestão no cólon intestinal. As fibras

possuem em sua composição celulose, hemicelulose, β-glucana, pectinas, bem como amido

não digerível. As propriedades fisiológicas das fibras são deduzidas a partir de sua

propriedades físico-químicas como, capacidade fermentativa no trato gastro intestinal,

capacidade de ligação de água e ácidos biliares. A capacidade de se ligar a água é uma

propriedade fisiológica relevante das fibras alimentares por possibilitar a formação de um gel

e, consequentemente, retardar o esvaziamento gástrico promovendo saciedade. (MOURÃO et.

al., 2009; CHAPLIN, 2003). Os valores médios para o subproduto liofilizado e o subproduto

desidratado foram, respectivamente, 3,21 e 2,39g de H2O/g de bagaço. Estes valores são

similares aos obtidos no subproduto de caju bruto, seco a 60 °C em estufa, caracterizado por

SIQUEIRA (2013). Além disso, a diferença estatística entre as amostras revela que o processo

de liofilização promoveu melhoria desta propriedade no subproduto de caju (Tabela 7).

Hashimoto e Grossmann (2003) na extrusão de farelo e fécula de mandioca

verificaram que o aumento da temperatura resultou em redução do CAA. Os autores

atribuíram o fato à possível degradação do amido.

Tabela 7 - Capacidade de absorção de água e óleo do subproduto de caju liofilizado e desidratado.

Parâmetro (g/g-1

) Liofilizado Desidratado

Capacidade de absorção de água 3,21 ± 0,07a 2,39 ± 0,05

b

Capacidade de absorção de óleo 2,36 ± 0,06a 0,98 ± 0,04

b

Letras iguais na mesma linha não diferem significativamente (α= 0,05)

A capacidade de absorção de óleo é outra propriedade relevante que está relacionada com

a quantidade de grupos hidrofóbicos presentes nas fibras alimentares, sendo estes

responsáveis pela eliminação de lipídios na dieta. Para esta propriedade também verificou-se

Page 70: Rakel Hina Vasconcelos Pio

70

diferença estatística entre as amostras avaliadas, sendo a amostra liofilizada a que apresentou

maiores valores para este parâmetro, 2,36g de óleo/g de bagaço. Este valor também foi

superior ao determinado por SIQUEIRA (2013), que não obteve valores maiores que 1,22g de

óleo/g de bagaço.

Fiorda et al. (2013), ao caracterizarem farinha do subproduto de mandioca, encontraram

para variável CAO valor de 0,590g de óleo/g de matéria seca para o subproduto da mandioca

desidratado.

4.8 Avaliação microbiológica do subproduto de caju in natura e liofilizado

O subproduto da indústria de caju pode ser considerado um bom substrato para o

crescimento e desenvolvimento de micro-organismos devido o seu teor em umidade e elevada

aw que propicia o crescimento de bactérias e fungos. Além de apresentar pH na faixa que

favorece o crescimento ótimo dos bolores e leveduras.

As técnicas de secagem são utilizadas como método de conservação impedindo a

deterioração e perdas do valor comercial nos alimentos.

A fim de verificar fatores que pudessem alterar a vida útil dos produtos, foram realizadas

análises microbiológicas. As amostras analisadas, in natura e liofilizada, obedeceram aos

padrões legais vigentes para coliformes a 45⁰ C, estando de acordo com a RDC nº 12 de 02

de janeiro de 2001, que estabelece limite máximo de 5x102 NMP.100g

-1para frutas frescas, in

natura, preparadas, sanificadas, refrigeradas ou congeladas para consumo direto, e um limite

máximo de 102

NMP.100g-1

de coliformes termotolerantes para frutas desidratadas ou

liofilizadas. Os resultados para coliformes a 45⁰ C encontram-se expostos na Tabela 8.

Tabela 8 – Resultados das análises microbiológicas do subproduto de caju in natura e liofilizado.

Análises Microbiológicas in natura Liofilizado

Coliformes a 45⁰ C (MNP.g-1

) < 3 <3

Mesófilas (UFC.g-1

) 3,0x105

9,0x103

Bolores e leveduras (UFC.g-1

) 10

5 1,2x10

4

A presença de coliformes a 45⁰ C, no subproduto da indústria de caju, seria indicativa de

um contato direto e/ou indireto com fezes, uma vez que a Escherichia coli (E. coli) apresenta

habitat exclusivo no intestino do homem e animais de sangue quente, não fazendo parte da

Page 71: Rakel Hina Vasconcelos Pio

71

microflora normal de frutas e vegetais. Essa bactéria quando presente indica a possível

presença de enteropatógenos (PINHEIRO, 2005).

A RDC nº 12 de 2001, não apresenta limite para contagem padrão total e para bolores e

leveduras. Todavia Fortuna (2007) ressalta que a presença de bactérias mesófilas em grande

número indica matéria-prima excessivamente contaminada devido à limpeza e sanitização de

superfícies inadequadas; higiene insuficiente na produção ou conservação dos alimentos;

condições inadequadas de tempo e temperatura durante a produção ou a conservação dos

alimentos, ou uma combinação destas circunstâncias.

A contagem total de aeróbios mesófilos é o método mais utilizado como indicador geral

de populações bacterianas em alimentos. Não diferencia tipos de bactérias, sendo utilizada

para se obter informações gerais sobre a qualidade do produto. A contagem não é indicador de

segurança, pois não está diretamente relacionada à presença de patógenos ou toxinas (SILVA

et al., 2007).

Quanto aos bolores e leveduras, a presença elevada desses micro-organismos, indicam

sanitização pobre no processamento do alimento ou uma seleção mal feita da matéria-prima

introduzindo produtos contaminados. Fungos são indicadores de uma má técnica de

processamento e falha na higiene da planta processadora (RODRIGUES, 2005).

Para o subproduto de caju, in natura foram quantificados valores elevados tanto para

bactérias mesófilas quanto para bolores e leveduras (Tabela 8), contudo a redução da aw se

mostrou como uma barreira eficiente para controle microbiológico em alimentos, tornando o

metabolismo dos micro-organismos reduzido, evitando o seu crescimento e desenvolvimento.

Contudo, a contagem desses micro-organismos após secagem ainda foi elevada, o que

demonstra falha no processamento ou refrigeração imprópria durante a estocagem.

4.9 Estudo da vida útil do produto liofilizado

As amostras liofilizadas foram estocadas por 90 dias em embalagens plásticas flexíveis

metalizadas, para preservação e proteção contra luz e oxigênio atmosférico. As análises foram

realizadas mensalmente. Foram denominados de CV e SV, respectivamente, as amostras

estocadas sob efeito de vácuo e sem vácuo.

Page 72: Rakel Hina Vasconcelos Pio

72

4.9.1 Atividade de água (aw)

O conteúdo de água livre nas amostras estocadas manteve-se estável durante todo período

de armazenamento, não diferindo estatisticamente ao longo do tempo. Também é possível

observar que não houve diferença entre os tratamentos com vácuo e sem vácuo (Figura 11).

Figura 11 – Valores de aw durante 90 dias de estocagem.

Souza (2011) ao armazenar o pó da polpa de cupuaçu liofilizado, durante 40 dias,

verificou que ocorreu aumento na atividade de água. O produto inicialmente possuía 0,42 e no

fim do período de estocagem apresentou 0,51, acarretando em um incremento de 20,4% de

água livre, de acordo com o autor a amostra lioflizada apresenta caráter higroscópico, além

das embalagens testadas não terem se mostrado como barreiras eficientes contra a umidade.

Em relação ao subproduto de caju liofilizado, a embalagem testada se apresentou como

uma barreira eficiente contra a umidade, proporcionando um produto com baixa aw durante

todo o período de armazenamento, fazendo com que o subproduto liofilizado possua

estabilidade microbiológica, além de retardar as reações químicas e enzimáticas que

ocasionam degradação dos nutrientes.

4.9.2 Acidez titulável em de ácido orgânico

Os valores médios de ácido cítrico foram 1,26 e 1,19g.100g-1, respectivamente para as

amostras com uso do vácuo e sem uso do vácuo. Não apresentaram diferença entre as

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 73: Rakel Hina Vasconcelos Pio

73

embalagens empregadas, com exceção do tempo de 90 dias, em que a amostra com vácuo

mostrou preservar melhor este componente (Figura 12).

Figura 12 - Acidez titulável em ácido orgânico durante 90 dias de estocagem.

A concentração de ácido cítrico está relacionada com a estababilidade do produto durante

o período de armazenamento. Quando ocorre a redução desse componente, tal fato pode ser

atribuído a reações de oxidação que levam a alteração nos íons de hidrogênio exercendo

influência no teor de acidez do produto.

4.9.3 Análise de cor

4.9.3.1 Parâmetro a*

Os valores obtidos para a coordenada a* do subproduto de caju estão expostos na

figura13. De acordo com os dados, para esta coordenada, observa-se que houve aumento da

intensidade da variável a* durante a estocagem. A partir do tempo 60 dias ocorreu um

aumento significativo em relação ao tempo anterior, representando a intensificação da

coloração vermelha, o que acarreta em escurecimento da amostra. Conforme Soares et al.

(2001) o aumento da taxa de escurecimento pode ser justificada e correlacionada à diminuição

do teor de ácido ascórbico que ocorre possivelmente devido ao processo de oxidação,

caracterizado como escurecimento não enzimático. Pinho et al. (2011), ao realizarem

liofilização do subproduto de caju para elaboração de hambúrguer encontraram 6,89 mg.100g-

1 (% base seca) de ácido ascórbico nesse produto liofilizado, confirmando a presença dessa

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 74: Rakel Hina Vasconcelos Pio

74

vitamina no subproduto liofilizado neste trabalho. Também é possível observar que não houve

diferença entre as embalagens empregadas com uso de vácuo e sem vácuo.

Figura 13: Valores do Parâmetro a* durante 90 dias de estocagem.

4.9.3.2 Parâmetro b*

A figura 14 apresenta os valores para a variável b*, nota-se que os valores para o

parâmetro b não diferiram em função do tempo de estocagem, 90 dias, para os dois tipos de

embalagens, com e sem vácuo.

Oliveira (2012), ao realizar análise de estabilidade em pó de cajá liofilizado, verificou

redução na cor amarela, tanto para o produto encapsulado com maltodextrina como para o

controle. De acordo com o autor após 60 dias ambos os produtos apresentaram uma

diminuição de 19,4% e 4,6%, respectivamente, e a redução da intensidade do amarelo no pó

de cajá foi atribuída à degradação do β-caroteno presente na amostra.

De acordo com Marques (2008), a estabilidade dos parâmetros colorimétricos ocorre

pelo fato da liofilização ser realizada através do processo de sublimação do gelo, prevenindo

as reações de escurecimento.

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 75: Rakel Hina Vasconcelos Pio

75

Figura 14: Valores do Parâmetro b* durante 90 dias de estocagem.

4.9.3.3 Parâmetro c*

A figura 15 apresenta os valores para a variável c* (saturação de cor). Nota-se que os

valores para o parâmetro c* não diferiram até 30 dias para os dois tipos de embalagens. Após

esse período as amostras sofreram decréscimo em seus valores, mas estes se mantiveram até

90 dias. As amostras embaladas sem uso do vácuo se amostraram melhores em manter a

coloração amarela intensa do produto.

Figura 15 – Valores do parâmetro c* durante 90 dias de estocagem.

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 76: Rakel Hina Vasconcelos Pio

76

4.9.4 Capacidade de absorção de água (CAA)

A Capacidade de absorção de água das amostras liofilizadas em estudo não sofreu

redução significativa ao longo do período de armazenamento, para o produto com efeito do

vácuo e sem vácuo, mantendo-se entre 3,2 e 2,9 g.g-1

(Figura 16), nota-se que o uso de vácuo

para manter a estabilidade do subproduto de caju liofilizado em relação a variável CAA, não

se faz necessário.

As fibras apresentam como principal característica físico-química a propriedade de

hidratação, pela presença de componentes insolúveis, como celulose, hemicelulose e lignina,

que são materiais hidrofílicos. Esta propriedade confere efeitos fisiológicos proporcionados

pelas fibras, como aumento da saciedade, regulação do trânsito intestinal, aumento do volume

fecal, entre outras (GUILLON; CHAMP, 2000).

O CAA é determinado após completo intumescimento da amostra e estima a quantidade

de água retida na matriz, sem que haja exsudação após a ação de uma força centrífuga. Este

índice depende da conformação molecular, tamanho das partículas e números de sítios de

ligação das moléculas (BARBOSA et al., 2011).

A embalagem utilizada neste experimento se mostrou eficiente na preservação da

estrutura vegetal, mantendo a capacidade de absorver água estável ao longo dos 90 dias de

armazenamento.

Figura 16 - Capacidade de absorção de água durante 90 dias de estocagem.

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 77: Rakel Hina Vasconcelos Pio

77

4.9.5 Capacidade de absorção de óleo (CAO)

A Figura 17 mostra os valores obtidos nas amostras CV e SV para a capacidade de

absorção de óleo durante o tempo de estocagem.

Os valores de absorção de óleo para as amostras submetidas ao vácuo reduziram ao

longo do tempo (Figura 17) apresentando diferença estatística entre todos os tempos, decaindo

de 2,4 para 1,7g.g-1

. Os valores deste parâmetro sem efeito do vácuo não diferiram

estatisticamente, com exceção apenas do tempo de 30 dias, que foi um pouco mais elevado

que os demais (2,0g.g-1

), mas de pouca relevância. Após 30 dias de estocagem não verificou-

se diferença estatística entre as embalagens CV e SV para a capacidade de absorção de óleo,

sendo assim desnessário o emprego do vácuo para a manter a estabilidade deste parâmetro.

A absorção de óleo é atribuída principalmente à combinação da gordura aos grupos

apolares das proteínas ou a disponibilidade de grupos lipofílicos. Outros fatores que podem

interferir nesta medida é a composição de aminoácidos configurando específico balanço de

cargas (BARBOSA et al., 2011).

Como o CAO consiste na capacidade de sítios apolares das cadeias de proteínas

aprisionarem óleo, a quantidade e qualidade de proteínas presentes na farinha determinam a

capacidade de absorção de óleo dos alimentos (RAVI; SUSELAMMA 2005). Desta forma

pode ter ocorrido durante o período de estocagem, perdas na quantidade ou qualidade das

proteínas, alterando a CAO pelo produto ao fim do período de estocagem.

Figura 17: Capacidade de absorção de óleo durante 90 dias de estocagem.

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 78: Rakel Hina Vasconcelos Pio

78

4.9.6 Análise de Higroscopicidade

Os valores de higroscopicidade obtidos ao longo da estocagem apresentados na Figura

18, não ultrapassaram 10%, o que significa que as amostras não apresentam caráter

higroscópico (GEA Niro Research Laboratory, 2012). As amostras submetidas ao vácuo após

30 dias de estocagem não diferem estatisticamente, mantendo essa característica ao final de

90 dias com higroscopicidade de 3,6%. O mesmo verificou-se para as amostras sem efeito do

vácuo após 30 dias e os valores não apresentam diferença entre as amostras CV e SV após

este tempo de estocagem. Assim também julga-se desnecessário o uso do vácuo nas

embalagens, além disso o produto foi considerado estável em termos do parâmetro avaliado

durante o tempo de estocagem deste estudo.

Oliveira (2012), ao verificar a higroscopicidade do pó de cajá liofilizado, sem adição

adição de maltodextrina, não observou aumento desse parâmetro após 60 dias de

armazenamento. Enquanto, o pó de cajá liofilizado com maltodextrina apresentou aumento de

22,20% para a variável higroscopicidade ao longo dos 120 dias de estocagem, apresentando

ao final desse período caráter levemente higroscópico.

O subproduto de caju liofilizado sem uso de crioprotetor demonstrou possuir ótima

estabilidade, além da embalagem flexível metalizada utilizada neste experimento ter se

mostrado satisfatória, evitando alterações que poderiam ocorrer no produto se este entrasse

em contato com o vapor de água atmosférico.

Figura 18: Valores de higroscopicidade durante 90 dias de estocagem.

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 79: Rakel Hina Vasconcelos Pio

79

4.9.7 Grau de caking

A estabilidade do produto liofilizado também foi determinada quanto ao grau de caking, e

pode ser vista através da Figura 19. As amostras embaladas à vácuo expressaram um valor

médio de 12g.100g-1

, ou seja, 12% e não diferiram ao longo de 90 dias. Assim, temos a

valorização das características de um produto em pó, pois não ocorreu formação notável de

aglomerado no produto liofilizado, tornando-o estável durante sua estocagem. Após 30 dias

não verificou-se diferença entre as amostras SV e também não há diferença entre elas e

amostras CV, confirmando que o emprego do vácuo não é necessário para este produto.

Figura 19 - Valores de grau de caking durante 90 dias de estocagem.

4.9.8 Análises microbiológicas

As amostras de subproduto de caju liofilizado apresentaram logo após o processo de

secagem para bactérias mesófilas aerobias nas embalagens com vácuo e sem vácuo uma

contagem de 104 e 9x10

3 UFC/g

-1, respectivamente, e após 90 dias de aramzenamento sob as

mesmas condiçoes as embalagens CV apresentaram contagem de 5x103

UFC/g-1

enquanto o

produto estocado nas embalagens SV apresentou contagem de 9x103 UFC/g

-1. A baixa

aitividade de água ao fim do período de armazenamento possibilitou redução no metabolismo

das bactérias mesófilas, o que permitiu manter a contagem para mesófilios estável, evitando

uma elevação da população microbiana. Em relação as embalagens com uso de vácuo,

Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05)

Page 80: Rakel Hina Vasconcelos Pio

80

ocorreu redução na população de mesófilas aeróbias, provavelmente em decorrência do uso de

uma atmosfera livre de oxigênio.

Franco; Landcraf (2003) relatam que a contagem de bactérias mesófilas aeróbias indica a

qualidade sanitária dos alimentos. Mesmo que os micro-organismos causadores de doençãs

estejam ausentes e que não tenham ocorrido alteraçãoes nas condições organolépticas do

alimento, um número elevado de micro-organismo indica que o alimento é insalubre.

A contagem total para bolores e leveduras variou de 9x103 UFC/g

-1 para embalagem com

vácuo, em tempo inicial e sofreu redução em sua contagem para 7x103 UFC/g

-1ao fim do

período de estocagem. As embalagens sem uso de vácuo apresentou contagem inicial de

1,2x104 UFC/g

-1e durante o período de armazenamento também ocorreu redução na contagem

dos bolores e leveduras para 6,4x103 UFC/g

-1.

Os bolores e leveduras também são bastante resistentes a condições adversas, como pH e

atividade de água baixos. Entretanto, quando o pH afasta-se do ótimo (geralmente próximo a

5,0) a velocidade de crescimento diminui e se houver outros fatores de inibição (atividade de

água, temperatura, etc) seu efeito restritivo sobre a velocidade de crescimento torna-se mais

acentuado (SILVA et al., 2010).

A contagem de bolores e leveduras é aplicável principalmente na análise de alimentos

ácidos, com pH < 4,5, nos quais a presença elevada é indicativo de falhas ao longo do

processamento, comprometendo a vida útil do produto. Embora existam muitas espécies

toxigênicas, esta contagem não visa à obtenção deste tipo de informação, mas sim uma

avaliação global do produto (HAJDENWURCEL, 1998).

A redução do conteúdo de água livre mostra-se eficaz no controle e redução da população

de micro-organismos existente no subproduto de caju, tornando a atividade metabólica lenta,

diminuindo o risco dos produtos do seu metabolismo acarretar em deterioração do produto e

modificações organolépticas.

O uso da tecnologia de vácuo para as bactérias mesófilas aeróbias mostrou-se mais

eficiente para controle da estabilidade microbiológica. Ao longo de três meses de estocagem

ocorreu uma redução de 50% na contagem de micro-organismos mesófilos aeróbios.

Todavia o uso de vácuo no controle de qualidade microbiológica de bolores e leveduras

não apresentou ser relevante, ocorrendo redução nas contagens tanto para CV como SV.

Page 81: Rakel Hina Vasconcelos Pio

81

5. CONCLUSÃO

A tecnologia de secagem por liofilização se apresentou como um processo que garantiu

ao subproduto da indústria de caju características próximas ao produto in natura. Verificou-se

a partir das análises químicas, físico-químicas e físicas realizadas no subproduto liofilizado, e

desidratado em estufa a 60°C que a secagem por liofilização proporcionou melhor

conservação dos constituintes químicos verificados nessa pesquisa e das características físico-

químicas e físicas analisadas.

Através da liofilização foi possível proporcionar um produto de cor atraente e com

propriedades de hidratação e absorção de água e óleo com bons resultados, demonstrando

possuir características tecnológicas para emprego como matéria-prima em alimentos para

consumo humano, podendo ser utilizado como fonte de fibras em alimentos industrializados

que se apresentam em sua maioria como alimentos pobres em fibra alimentar.

O produto liofilizado também demonstrou possuir excelente estabilidade quando

armazenado em temperatura ambiente por um período de 90 dias, mantendo quase inalteradas

as suas características, além de se apresentar como uma matéria-prima que dispensa o uso de

vácuo para manutenção da sua qualidade.

Page 82: Rakel Hina Vasconcelos Pio

82

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDILLE, M.H. et al. Antioxidant activity of the extracts from Dillenia indica fruits.

Food Chem, v.90, p.891-896, 2005.

ABREU, F.A.P.; DORNIER, M.; DIONISIO, A.P.; CARAIL, M.; CARIS-VEYRAT,

M.C.C.; DHUIQUE-MAYER, C. Cashew apple (Anacardium occidentale L.) extract

from by-product of juice processing: a focus on carotenoids. Food Chemistry. v.138, p.

25–31, 2013.

ABREU, C. R. A. Qualidade e atividade antioxidante total de pedúnculos de clones

comerciais de cajueiro anão precoce. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de

Alimentos), 104 p.,Universidade Federal do Ceará, 2007.

ADECE- Agência de Desenvolvimento do Ceará. Perfil da produção de frutas,

Brasil, Ceará 2013. Fortaleza, Ceará, Brasil, Setembro de 2013. Disponível em:

http://www.adece.ce.gov.br/phocadownload/Agronegocio/perfil_da_producao_de_fruta

s_brasil_ceara_2013_frutal.pdf Acesso em 04 de Abril de 2014.

AGARWAL, M.; PARAMESWARI, R.P.; VASANTHI, H.R.; DAS, D.K. Dynamic

action of carotenoids in cardioprotection and maintenance of cardiac health, Molecules,

vol 17, p.4755–4769, 2012.

ANDRADE, A. P. S.; OLIVEIRA, V. H.; INNECO, R.; SILVA, E. O. Qualidade de

cajus- de- mesa obtidos no sistema de produção integrada e concencional. Rev. Bras.

De Frutic., v. 30, n.1, p. 176-179, 2008.

ANDRADE, R. A. M. de S. Fitoquímicos bioativos e potencial antioxidante do

resíduo agroindustrial do pedúnculo do caju (Anacardium occidentale L.).

Dissertação (Mestrado Ciência e Tecnologia de Alimentos), Recife, p. 94, 2013.

ANYADIKE, N. Embalagens Flexíveis, Volume 1, Edgard Blucher, São Paulo, 2010.

AOAC – Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis.

16th, Washington, 1998.

AOAC – Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis. 16

ed, Maryland, v. 2, 1997.

ARAÚJO, J.M.A. Química de Alimentos. Teoria e Prática. Editora UFV: São Paulo, 3

ed., 2004.

ASSUNÇÃO, L. R. B.; MERCADANRE, A. Z. Carotenoids and ascorbic acid

composition from commercial products of cashew apple (Annacardium occidentalle L.).

Journal of Food composion and Analysis, v.16, p.647-657, 2003.

BARBOSA, M. M. Obtenção de carotenoides e flavonoides a partir do bagaço do

pedúnculo do caju por maceração enzimática. Dissertação (Mestrado em Engenharia

química). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, p. 109, 2010.

Page 83: Rakel Hina Vasconcelos Pio

83

BARBOSA,J. R.; BELTRAME, S. C.; BRAGATTO,M. M.; DÉBIA, P.

J. G., BOLANHO, B. C.; DANESI, E. D. G. Avaliação da composição e dos parâmetros

tecnológicos de farinhas produzidas a partir de subprodutos agroindustriais. Revista

Tecnológica, Edição Especial V Simpósio de Engenharia, Ciência e Tecnologia de

Alimentos, p. 21-28, 2011.

BARRETO. G. P. M.; SOUZA, A. C. R.; AZEREDO, H. M.C; MERCADANTE, A. Z.

Compostos bioativos em subprodutos da castanha de caju. Alim. Nutr.,v. 18, n. 2,p.

207-213, 2007.

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Maillard

reaction products in processed food. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. =

J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

BEUCHAT, L. R.; COUSIN, M. A. Yeasts and molds. In: DOWNES, F. P.; ITO, K.

(ed.), Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods, 4th,

ed. American Public Health Association (APHA), Washington, D. C. Chapter 20, p.

209-215.,2001.

BOBBIO, P.A.; BOBBIO, F.O. Introdução à química de alimentos. 3. ed., São Paulo:

Varela, 2003. p. 202-215.

BONAZZI, C.; DUMOULIN, E. Quality Changes in Food Materials as Influenced

by Drying Processes. Modern Drying Techonology, volume 3, Production Quality and

Formulation, First Edition, 2011.

BORROTO, B.; LARRAURI, J.A.; CRIBEIRO, A. Influencia del tamaño de partículas

sobre la capacidade de retención de água de la fibra obtenida a partir de cítricos e pina.

Alimentaria. n. 268, p.89-99, diciembre, 1995.

BORTOLATO, J.; LORA, J. Avaliação da composição centesimal do abacaxi (ananas

comosus (l.) merril) liofilizado e in natura. Revista de pesquisa e extensão em saúde,

vol. 4, n.1, 2008.

BOSS, E. A. Modelagem e otimização do processo de liofilização: aplicação para

leite desnatado e café solúvel. 2004.107f. Dissertação (Doutorado) – Universidade de

Campinas. Faculdade de Engenharia Química, São Paulo, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução –

CNNPA n.12, de 24/07/1978 – Dispõe sobre normas técnicas especiais. Disponível

em: www.anvisa.gov.br. Acesso em: 10 de abril, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução –

RDC nº12, de 02/01/2001 – Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para

alimentos. Diário oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 de jan,

2001.

BRIÃO, V. B.; FOLLMER, L.; SOUZA, M.; RODRIGURA, V. M. Cinética do

escurecimento não-enzimático com soluções modelo de açúcares e aminoácidos em pH

neutro e ácido. Acta Scientiarum. Technology . Maringá, v. 33, n. 1, p. 87-93, 2011.

Page 84: Rakel Hina Vasconcelos Pio

84

CADDEN, A. Comparative effects of particles size reduction on physical structure and

water binding properties of several plants fibers. Journal of Food Science, v.52, n.6,

p.1595-1599, 1987.

CANAVESI, E.; ALVES, R. M. V. Pack Tecn. Emb. Logíst. Des., 3 (31), p.16 (2000).

CARVALHO FILHO, M. A. S. Preparação e estudo termoanalítico dos cinamatos

de terras raras, exceto (escandio), no estado sólido. Tese de Doutorado, Universidade

Estadual Paulista. Araraquara, 2000.

CELESTINO, S. M. C. Princípios de secagem de alimentos. Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária, Embrapa Cerrado, Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento, Janeiro, 2010.

CEREDA, M., VILPOUX, O. F. Tecnologia, usos e potencialidades de tuberosas

amiláceas latino americanas. São Paulo: Fundação Cargill, v.3, p. 711, 2003.

CHAPLIN, M.F. Fibre and water binding. Proceedings of the Nutrition Society, V.

62, p. 223–227, 2003.

CHEVALIER, F.; CHOBERT, J.; POPINEAU, Y.; NICOLAS, M. G.; HAERTLÉ, T.

Improvement of functional properties of b-lactoglobulin glycated throughthe Maillard

reaction is related to the nature of the sugar. International Dairy Journal, v. 11, n. 3,

p. 145-152, 2001.

COLTRO, L.; DANTAS, S.T.; JAIME, M. A.; VENÂNCIO, D. S. Avaliação do efeito

do transporte no desempenho de embalagem tipo stand-up pouch para produtos

líquidos. Polímeros, vol.12, n. 2, São Carlos, 2002.

COSTA, L.G.A. Síntese Conjuntural da Safra de Castanha de Caju 2010 / 2011,.Conab.

COSTA, A. M.; SOARES, F. L.; ROQUE-SPECHT, V. F.; BARBOSA-SILVA, D.;

LIMA, H. C.; DINIZ, J. D. de A. S. Estabilidade de antioxidantes na farinha de

araticum processada a diferentes temperaturas. XXII Congresso Brasileiro de

Fruticultura, Bento Gonçalves, R.S, 2012.

COUTINHO, V. Isolamento e caracterização de flavonoides na espécie Baccharis

Pseudotenuifolia DC. Trabalho de conclusão no Curso de Química do Centro de

Ciências Física e Matemática da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,

26 p., 2002.

DITCHFIELD, C. Estudo dos métodos para medida da atividade de água.

Dissertação apresentada a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a

obtenção do título de Mestre em Engenharia, São Paulo, 195 p., 2000.

DOWNES, F. P.; ITO, K (eds.). Compendium of Methods for the Microbiological

Examination of Foods, 4th., American Public Health Association (APHA),

Washington, D. C., 2001.

Page 85: Rakel Hina Vasconcelos Pio

85

EVANGELISTA, J. Conservação de alimentos. Tecnologia de alimentos. São Paulo:

Editora Atheneu, p. 275-429, 2005.

FENNEMA, O. R.; SRINIVASAN. D.; PARKIN, K. L.; Química de alimentos de

Fennema. 4 ed., Porto Alegre, Artmed, 2010.

FERNÁNDEZ-LOPES, J.M.; FERNANDEZ-GINÉS, L.; ALESON-CARBONEL, E.;

SENDRA, E.; SAYAS –BARBERÁ, J. A.; PÉREZ-ALVES, A. Aplication of

functional citrus by products to meat products. Trends in Food Science &Tecnology,

Amsterdam, v.15, p.176-185, 2004.

FERREIRA, A. C. H.; NEIVA, J. N. M.; RODRÍGUEZ, N. M.; LOBO, R. N. B.;

VASCONCELOS, B. R. Valor nutritivo das silagens de capim elefante com diferentes

níveis de subprodutos da indústria do suco de caju. Revista Brasileira de Zootecnia. V

33, n.6, p. 1380-1385, 2004.

FERREIRA, A. C. H. et al. Características químicas e fermentativas do capim-elefante

ensilado com níveis crescentes de subproduto da agroindústria do caju.

Ciênc. Animal Bras., v. 8, n.4, p. 723-731, out./dez. 2007.

FERREIRA, M.; PENA, R. Estudo da secagem da casca do maracujá amarelo. Revista

Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 12, n. 1, p.15-28, 2010.

Disponível em: <http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev121/Art1213.pdf>. Acesso em:

03 de maio de 2012.

FERREIRA, C. D.; PENA, R. S.; Comportamento higroscopico da farinha de

pupunha (Bactris gasipaes). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 23, n°

2, p. 251-255, 2003.

FIBRAS: uma falta de definição! Aditivos & Ingredientes, São Paulo, n. 4, p. 24-35

set./out. 1999.

FIEC – Revista da FIEC: Federação das Indústrias do Estado do Ceará, ano 2,

edição 21, publicada em 28.02.2009.

FIGUEROLA, F.; HURTADO, M. L.; ESTÉVEZ, A. M.; CHIFFELLE, I.; ASENJO, F.

Fibre concentrates from apple pomace and citrus peel as potential fibre sources for food

enrichment. Food Chemistry, v.91, p.395–401, 2005.

FILISETTI, T. M. C. C. Fibra alimentar: definição e métodos analíticos. In: Lajolo,

F.M.Menezes,E.W. de. Edusp. (ed).Carbohidratos em alimentos regionales

iberoamericanos. São Paulo. cap.11, p.257-286. 2006.

FINOT, P.A. Historical perspective of the Maillard reaction in food science. Ann NY

Acad Sci. 2005.

FINOT P.A. E MAGNENAT E. Metabolic transit of early and advanced Maillard

products. Prog. Fd. Nutr. Sci., 5,193-207,1981.

FIORDA, F. A.; SOARES JÚNIOR, M. S.; SILVA, F. A. da.; SOUTO, L. R. F.;

Page 86: Rakel Hina Vasconcelos Pio

86

GROSSMANN, M. V. E. Farinha de bagaço de mandioca: aproveitamento de

subproduto e comparação com fécula de mandioca. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v.

43, n. 4, p. 408-416, out./dez. 2013.

FOOD INGREDIENTS BRASIL. Dossiê alimentos desidratados, n. 26, 2013.

Disponível em: http://www.revista-fi.com/materias/338.pdf. Acesso 20.04.14.

FORTUNA, D. B.S. Avaliação da Qualidade Microbiológica e Higiênico-Sanitária

da água de Coco Comercializada em Carrinhos Ambulantes nos Logradouros do

Município de Teixeira de Freitas-Ba. Monografia. Licenciatura em Ciências

Biológicas. Universidade do Estado da Bahia, Teixeira de Freitas, Bahia, 2007.

FRANÇA, F. M. C.; BEZERRA, F. F.; MIRANDA, E. Q.; SOUSA NETO, J. M.

Agronegócio do caju no Ceará: cenário atual e propostas inovadoras. Fortaleza:

Federação das indústrias do estado do Ceará, Instituto de Desenvolvimento Industrial do

Ceará, 2008.

FRANCIS, F.J. Analysis of anthocyanins. In: MARKAKIS, P. (Ed.). Anthocyanins as

food colors. New York: Academic press, p. 181 – 207, 1982.

FRANCO, B. D. G. M.; LANDCRAF, U. Microbiologia dos alimentos. São Paulo :

Atheneu, 2003.

GEA Niro Research Laboratory. GEA Niro Analytical methods. Disponível em:

http://www.niro.com/niro/cmsdoc.nsf/WebDoc/ndkw6dknxs. Acesso em 10 de julho de

2012.

GIRI, S. K., PRASADS. Drying kinetics and rehydration characteristics of microwave-

vacuum and convective hot-air dried mushrooms. Journal of Food Engineering, 78

(2):512–521, 2007.

GIRON, D. Applications of thermal analysis and coupled techniques in pharmaceutical

industry. Journal of Thermal Analysis and Calorimetry, v. 68, p. 335-357, 2002.

GÓMEZ, C. J. et al. Further applications of a revisited summative model for kinetics of

biomass pyrolysis. Ind. Eng. Chem. Res., Washington, v.43, n.4, p.901-906, 2004.

GOULA, A. M.; ADAMAPOULOS, K.G. A new technique for spray drying orange

juice concentrate. Innovative Food Science and Emerging Technologies, v.11, p. 342

– 351, 2010.

GUERRA, N. B. et. al. Modificações do método gravimétrico não enzimático para

determinar fibra alimentar solúvel e insolúvel em frutos. Rev. Nutr.,v. 17, n. 1, p 45-52,

2004.

GUILLON, F.; CHAMP, M. Structural and physical properties of dietary fibres, and

consequences of processing on human physiology. Food Research International, v.33,

p.233-245, 2000.

Page 87: Rakel Hina Vasconcelos Pio

87

GUTKOSKY, L. C. Caracterização tecnológica de frações de moagem de aveia e

efeito de umidade e temperatura de extrusão na sua estabilidade. Tese (Doutorado

em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade

Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 241 p., 1997.

GRIGELMO-MIGUEL, N.; MARTIN-BELLOSO, O. Characterization of dietary fiber

from orange juice extraction. Food research international. v.31, n.5, p.355-361,

1999a.

HAJDENWURCEL, J.R. Atlas de microbiologia de Alimentos. Volume 1.São Paulo:

Fonte,1998.

HASHIMOTO, J. M.; GROSSMAN, M. V. E. Effects of extrusion conditions on quality

of cassava bran/cassava starch extrudates. International Journal of Food Science and

Technology, Oxford, v. 38, n. 5, p. 511-517, 2003.

HERNÁNDEZ, T.; HERNÁNDEZ, A.; MARTINEZ, C. Fibra alimentaria: concepto,

propriedades y métodos de analisis. Alimentaria, Madrid, v. 261, p. 10-30, 1995.

HERTOG, M.G.L. et al. Antioxidant flavonols and ischaemic heart disease in a Welsh

population of men. The Caerphilly study. Am J Clin Nutr, v.65, p.1489-1494, 1997.

HOLANDA, J.S.; TORRES, J.F; OLIVEIRA, M.T; FERREIRA FILHO, L.;

HOLANDA, A.C. Da carne de caju à carne de cordeiro. Natal –RN: EMPARN, 42p.,

v.35 (Boletim de Pesquisa nº 35), 2010.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos

químicos e físicos para análises de alimentos. 4 ed. São Paulo: IAL, 2008.

IONASHIRO, M. Fundamentos da Termogravimetria. Análise Térmica

Diferencial. Calorimetria Exploratória Diferencial. São Paulo: Giz, 2005.

ISHIGE, K. et al. Flavonoids protect neuronal cells from oxidative stress by three

distinct mechanisms. Free Rad Biol Med, v.30, p.433-446, 2001.

JASWIR, I.; NOVIENDRI, D.; RENO , F. H.; OCTAVIANTI, F. Carotenoids: sources,

medicinal properties and their application in food and nutraceutical industry, J. Med.

Plants Res. 5 (2011) 7119–7131.

JAYAS, S.; DAS, H. Effect of maltodextrin, glycerol monostearate and tricalcium

phosphate on vaccum dried mango powders properties. Journal of Foods Engineering,

v. 63, p. 124-134, 2004.

JI, I.; SEETHARAMAN, K.; WHITE, P. J. Optimizing a small-scale corn starch

extraction method for use in laboratory. Cereal Chemistry, v.1, n. 81, p. 55-58,

2004.

JORGE, N. Embalagens para alimentos, São Paulo : Cultura Acadêmica :

Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Graduação, 194 p., 2013.

Page 88: Rakel Hina Vasconcelos Pio

88

KINH, L. V., DO, V. V., PHUONG, D. D. Chemical composition of cashew apple and

cashew apple waste ensiled with poultry litter. Livestock Research for Rural

Development, v. 9, n. 1, p. 1-7, 2007.

KWAK, E.J.; LIM, S.I. The effect of sugar, amino acid, metal íon and NaCl on model

Maillard reaction under pH control. Amino Acids. 2004.

KOBORI, C. N.; Jorge, N. Caracterização dos óleos de algumas sementes de frutas

como aproveitamento de resíduos industriais. Ciência agrotec., Lavras, v. 29, n.5, p.

1008-1014, set-out, 2005.

KORNACKI, J. L.; JOHNSON, J. L. Enterobacteriaceae, coliformes, and Escherichia

coli as quality and safety indicators. In: DOWNES, F. P. & ITO, K (ed.), Compendium

of Methods for the Microbiological Examination of Foods, 4th

ed. American Public

Health Association (APHA), Washington, D. C., 2001. Chapter 8,p. 69-82.

LIANG, X. H.; KOZINSKI, J. A. Numerical modeling of combustion and pyrolysis of

cellulosic biomass in thermogravimetric systems. Fuel, London, v.79, p.1477-1486,

2000.

LICHTENTHALER, H. K. Chlorophylls and carotenoids: pigments of photosynthetic

biomembranes. Methods in Enzymology, v. 148, n. 22, p. 346 – 387, 1987.

LAJOLO, F.M., MENEZES E. W.; Carbohidratos en alimentos regionales. São Paulo

Ed. USP, 2006. 646 p.

LARRAURI, J.A. New approaches in the preparation of high dietary fibre powders the

from fruit byproducts. Food Science & Technology. v.10, p.3-8, 1999.

LI, B. W.; CARDOZO, M. S. Nonenzymatic – gravimetric determination of dietary

fiber in fruits and vegetables. AOAC Int 1994.

LIAPIS, A. I.; PIKAL,M. J. & BRUTINI, R.Research and development needs

and opportunitiesin freeze drying, Drying Technology, 14(6), pp. 1265-1300, 1996.

LIMA, J. A. Obtenção e caracterização da farinha de batata-doce

(Ipomoea batatas L. Cv. “Cenoura”) parboilizada. Dissertação ( Mestrado em

Ciência e Tecnologia de Alimentos) Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa,

Paraíba, 394 p., 2001.

LIMA, L. M. O.; MAGALHÃES, M. M. A.; MEDEIROS, M. F. D.; ALSINA, O. L. S.

Utilização de fibras obtidas do bagaço de frutas tropicais no enriquecimento de biscoitos

regionais. In: Congresso Brasileiro de ciência e Tecnologia de Alimentos, 18, 2002,

Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de

Alimentos, 2002.

LIMA , A. C.; GARCÍA, N. H. P.; LIMA , J. R. Obtenção e caracterização dos

principais produtos do caju. Boletim CEPPA, v.22, n.1, p.133-144, jan./jun., 2004.

Page 89: Rakel Hina Vasconcelos Pio

89

LIMA, W. A.; CONSTANT, P. B. L.; SANTOS, J. A. B. dos; CARNLELOSSI, M. A.

G. Caracterização e armazenamento de farinhas obtidas a partir doresíduo de caju

(anacardium occidentale L.). Revista Geintec – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE,

vol. 3, n. 4, p. 109-120, 2013.

LOMBRAÑA, J. I. E IZKARA, J.Experimental estimation of effective transports

coefficients in freeze drying for simulation and optimization purposes, Drying

Technology, 14(3), pp. 743-763, 1996.

LOPES NETO, A. Agroindústria do caju. Fortaleza: INPLANCE, 1997.

LOPES, F. J. Estudo do fenômeno de encolhimento na secagem convectiva de

abacaxi com aplicação de micro-ondas. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal).

Campos dos Goitacazes, RJ. P. 126, 2013.

LOZANO-ALEJO, N.; CARRILLO,G.V.; PIXLEY,K.; PALACIOS-ROJAS, N.;

Physical properties and carotenoid content of maize kernels and its nixtamalized snacks,

Innov.Food Sci. Emerg. Technol. 8 (2007) 385–389.

MACHADO, V. A.; SOARES, M. F.; QUEIROGA, K. H de. Alimentos produzidos a

partir de farinha de caju, obtida por secagem. Revista Verde. V. 6, n. 3, p. 131-138,

2011, http://revista.gvaa.com.br.

MARQUES, L.G. Liofilização de frutas tropicais. Tese (Doutorado em

Engenharia Química). Universidade Federal de São Carlos. São Carlos – SP, 2008.

MARTINS, S.I.F.S.; JONGEN, W.M.F.; BOEKEL, M. A. J.S.V. A review of Maillard

reaction in food and implications to kinects modelling. Trends Food Sci Technol.

2000.

MARTINS, C. Fibras e fatos: como as fibras podem ajudar na sua saúde. Curitiba:

Nutroclínica, 1997. p. 2-4.

MARTINS. M. Açúcar invertido: propriedades e aplicações. Revista Food

Ingredients: Guia 2001 de fornecedores. Ano 2, no10, jan/fev. 2001.p 97.

MATIAS, M. de F. O., OLIVEIRA, E. L. de.; GERTRUDES, E., MAGALHÃES, M.

M. dos A. Use of fibres obtained from cashew (Anacardium ocidentale, L) and guava

(Psidium guayava) fruits for enrichment of food products. Brazilian Archives of

Biology and Technology, Curitiba, v. 48, p.143-150, 2005.

MATIAS, M. F. O.; OLIVEIRA, E. L.; GERTRUDES, E.; MAGALHÃES, M. M. A.

PAIVA, F. F. A.; GARRUTTI, D. S.; SILVA NETO, R. M. Aproveitamento industrial do

caju. Fortaleza: Embrapa, 2000. 85 p.

MILLER, G.L. Use of dinitrosalicylic acid reagent for determination of reducing

sugars. Analytical Chemistry, Washington, v. 31, p. 426 – 428, 1959.

MINOLTA. Precise color communication: Color control from perception to

instrumentation. Japão: Minolta Co. Ltd., 1998.

Page 90: Rakel Hina Vasconcelos Pio

90

MORAES, I. V. M.; LIMA. J. R.; PINTO, G. A. S.; SILVA NETO, R. M. da.

Alternativas ao processo tradicionalmente utilizado na província de Nampula

(Moçambique) para a produção de suco de caju. Comunicado Técnico 182. ISNN

1679-6535, Dezembro de 2011, Fortaleza, Ceará.

MORAIS, A. S. et al. Armazenamento refrigerado sob atmosfera modificada de

pedúnculos de cajueiro-anão-precoce dos clones CCP-76, END-157, END-183 E END-

189. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 24, n. 03, p. 647-650, 2002.

MOREIRA, A. A. O cajueiro: vida, usos e estórias. Fortaleza, 2002, 160p.,BNB,

ISBN 85-902704-1-6.

MORALES, F.J.; BOEKEL, M. A. J.S. A study on advanced Maillard reaction in

heated casein sugar solutions. Int Dairy J. 1997.

MOURA, C. F. H.; FIGUEIREDO, R. W.; ALVES, R. E.; SILVA, E. O.; ARAÚJO, P.

G. L.; MACIEL, V. T. Aumento da vida útil pós-colheita de pedúnculos de cajueiro

anão precoce pela redução de temperatura e armazenamento. Ciência Agrotec., v. 34, n

1, p. 140-145, 2010.

MOURÃO, L. H. E.; PONTES, D. F.; RODRIGUES, M. C.P.; BRASIL, I. M.; SOUZA

NETO, M. A.; CAVALCANTE,M. T. B. Obtaining cereal bars of cashew plum with

high fi ber content. Alim. Nutr., Araraquara, v. 20, n. 3,p. 427-433, jul./set. 2009.

MÜLLER, P. S. Microencapsulação do óleo essencial de laranja. Dissertação

apresentada ao Programa de Pós Graduação em Tecnologia de Alimentos do Setor de

Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre em Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal do Paraná,

Curitiba, 99 p., 2011.

NAKAI, T. et al. Chemical characterization of pyrolysis liquids of wood-based

composites and evaluation of their bio-efficiency. Building and Environment, Oxford,

v.42, n.3, p.1236-1241, 2007.

NESS, A.R.; POWLES, J.W. Fruit and vegetables, and cardiovascular disease: a review.

Int J Epidemiol, v.26, n.1,p.1-13, 1997.

NIBA, L. L.; BOKANGA, M. M.; JACKSON, F.L.; SCHLIMME, D.S.; LI, B.W.

Physicochemical properties and starch granular characteristics of flour from various

Manihot esculenta (Cassava) genotypes. Food Science, v.67, n.5, p. 1701-1705, 2002.

NISSEN, H.; HOLCK, A. Survival of Escherichia coli O157:H7, Listeria

monicytogenes and Salmonella Kentucky in Norwegian fermented,

dry sausage. Food Microbiology, v. 15, p. 273-279, 1998.

NUNES, J. S.; MOREIRA, I. DOS S.; OLIVEIRA, T. W. N., FEITOSA, M. K. de S.

B., CASTRO, D. S. de. Produção, análise sensorial e físico-química de barras de cereal

produzidas com derivados de caju. Revista Verde de Agroecologia e

Desenvolvimento Sustentável. Artigo Científico, 2013.

Page 91: Rakel Hina Vasconcelos Pio

91

NUNES, C. S, BAPTISTA , A. O. Implicações da reação de Maillard nos alimentos e

nos sistemas biológicos. Rev Port Ciênc Vet., 2001.

OBULESU, M.; DOWLATHABAD, M.R.; BRAMHACHARI, P.V.; Carotenoids and

Alzheimer’s disease: an insight into therapeutic role of retinoids in animal models,

Neurochem. Int. 59 (2011) 535–541.

OLIVEIRA, L.G.L.; IPIRANGA, A.S.R. Sustentabilidade e inovação na cadeia

produtiva do caju no Ceará. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional. v.7, n.2,

p.:252-272, 2009.

OLIVEIRA, G. S. Aplicação do processo de liofilização na obtenção de cajá em pó:

avaliação das características físicas, físico-químicas, químicas e higroscópicas. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal

do Ceará, Fortaleza, Ceará, 75 p., 2012.

ORDÓÑHEZ, J. A. P. et. al. Tecnologia de alimentos: componentes dos alimentos e

processos. V. 1, Porto Alegre: Artmed, 2005. 294 p.

ÓRFÃO, J.J.M.; FIGUEIREDO, J.L. A simplified method for determination of

lignocellulosic materials pyrolysis kinetics from isothermal thermogravimetric

experiments. Thermochimica Acta, Amsterdam, v.380, p.67-78, 2001

PACHECO, M.T.B.; SGARBIERI, V.C. Fibra e doenças gastrointetsinais. In:

LAJOLO, F.M.; SAURA-CALIXTO, F.; PENNA, E.W.; MENESES, E.W. Fibra

dietética em Iberoamerica: Tecnología y Salud: obtencíon, caracterizacíon, efecto

fisiológico y aplicacíon en alimentos. São Paulo:Varela, Capítulo 28, p.385-397, 2001.

PAIVA, J. R.; CARDOSO, J. E.; BARROS, L. DE M.; CRISÓSTOMO, J. R.;

CAVALCANTI, J. J. V.; ALENCAR, E. S. Clone de cajueiro anão precoce BRS 226 ou

planalto: nova alternativa para o plantio na região semi-árida do Nordeste. Comunicado

técnico. Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, n. 78, 2002.

PAIVA, F. F. A.; GARRUTTI, D. S.; SILVA NETO, R. M. Aproveitamento

industrial do caju. Fortaleza: Embrapa, 85 p, 2000.

PARDI, M. C.; SANTOS, I. F.; SOUZA, E. R.; PARDI, H. S. Ciência e

Tecnologia da Carne. 2. ed. Goiânia: Editora da UFG, 2 v, 2001.

PARK, K.J.; BIN, A.; BROD, F.P.R. Obtenção das isotermas de sorção e modelagem

matemática para a pêra bartlett (Pyrus sp.) com e sem desidratação osmótica.

Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 21, n. 1, p. 73-77, 2001a.

PAULI, G. Como gerar mais renda, criar mais postos de trabalho e eliminar a

poluição. 2 ed. Porto Alegre: Fundação Zeri Brasil/ L&PM, 1998.

PEREDA, J.A.O. Tecnologia de alimentos. Porto Alegre - RS: ArtMed, 2005.

PINHEIRO, N. M. S. et al. Avaliação da qualidade microbiológica de frutos

minimamente processados comercializados em supermercados de Fortaleza. Rev.

Page 92: Rakel Hina Vasconcelos Pio

92

Bras. Frut., Jaboticabal - SP, v. 27, n. 1, p. 153-156, 2005.

PINHEIRO, P. C. C.; SEYE, O.; FIGUEIREDO, F. J. The influence of carbonization

temperature and carbonization heating rate in the charcoal production. In: International

congress of mechanical engineering, 18., 2005, Ouro Preto. Proceedings... Rio de

Janeiro: ABCM, p.1-8, 2005.

PINHO, L. X. Aproveitamento do resíduo do pedúnculo de caju (Anacardium

occidentale l.) para alimentação humana. Dissertação (Mestrado em Ciência e

Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, 96 p.,2009.

PINHO, L. X.; AFONSO, M. R. A.; CARIOCA, J. O.; COSTA, J. M. C. da.;

BESERRA, J. O.; Ana RYBKA, C. P. Desidratação e aproveitamento de resíduo de

pedúnculo de caju como adição de fibra na elaboração de hambúrguer. Alim. Nutr.,

Araraquara, v. 22, n. 4, p. 571-576, out./dez. 2011.

PONTES, C. R. Enriquecimento proteico do bagaço de caju através de fermentação

semi-sólida utilizando Aspergillus Níger. Dissertação (Mestrado em Ciência e

Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, 70 p.,2007.

POSSAMAI, T. N. Elaboração de pão de mel com fibra alimentar proveniente de

diferentes grãos, sua caracterização físico-química, microbiológica e sensorial.

Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Paraná,

Curitiba, 2005.

QIU, Z.; STOWELL, J. G.; MORRIS, K. R.; BYRN, S.R.; PINA, R. Kinetic study of

the Maillard reaction between metoclopramide hidrochloride and lactose.International

Journal of Pharmaceutics, v. 303, n. 1-2, p. 20-30, 2005.

RAHMAN, M. S.; GUIZANI, N. G.; AL- RUZEIKI, M. H. D- and Z values of

microflora in tuna mince during moist and dry heating. Lebensmittel-Wissenschaft

und technologie, v. 37, p. 93-98, 2004.

RATTI, C. Hot air and freeze-drying of high-value foods: a review. Journal of food

Enginnering, 49, p. 311-319, 2001.

RAUPP, D. S. et al. Processamento de tomate seco de diferentes cultivares. ACTA

Amazônica, Ponta Grossa, vol. 39(2), p. 415-422, 2009.

RAVI, R.; SUSELAMMA, N. S. Simultaneous optimization of a multi-response system

by desirability function analysis of boondi making: a case study. Journal of Food

Science, Chicago, v. 70, n. 8, p. S539-S547, 2005.

RIBEIRO, Eliana Paula; SERAVALLI, Elisena A. G. Química de alimentos. 2. ed.

rev., São Paulo: Edgard Blücher, 2007.

RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E. A. G. Química de alimentos. São Paulo:

Instituto Mauá de Tecnologia, 2004.

RODRIGUES, P.M. Microbiologia dos Processos Alimentares. São Paulo: Varela,

2005.

Page 93: Rakel Hina Vasconcelos Pio

93

RODRIGUES, T. H. S.; DANTAS, M. A. A,; PINTO, G. A. S.; GONÇALVES, L. R.

B. Tannase production by solid state fermentation of cashew apple bagasse. Applied

Biochemistry and Biotechnology, v. 136, p. 675-688, 2007.

RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. A Guide to Carotenoid Analysis in Food. ILSI Press,

Washington, 1999, pp. 37-51.

ROSA, J. G. Secagem de cenoura (Daucus carota L.) em micro-ondas. Dissertação.

(Mestrado em Engenharia Química), Universidade Federal de São Carlos, São Carlos,

SP, p. 73, 2010.

SANTANA, M. S. F.; SILVA, I. C. Elaboração de Biscoitos com Resíduo da Extração

de Suco de Caju. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, Comunicado Técnico 214,

2008. Disponível em:

<http://www.cpatu.embrapa.br/publicacoes_online/documentos1/2008/elaboracaodebisc

oitos-com-residuo-da-extracao-de-suco-de-caju>. Acesso em: 03 setembro, 2012.

SANTOS, R. J. Determinação do teor de fibra alimentar em produtos hortofrutícoloas.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Alimentar), Universidade de Lisboa, Lisboa,

Portugal, p. 63, 2013.

SANTOS, G. dos; OLIVEIRA, M. da C.; MORAES, M. H.; PAGANI, A. A. C. Estudo

comparativo do coentro (coriandum sativum L.) seco obtido em diferentes métodos de

secagem. Revista Geintec – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE, Vol. 2, n. 3, p.236-

244, 2012.

SEIBEL, N. F.; BELÉIA, A. D. P. Características químicas e funcionalidade

tecnológica de ingredientes de soja (Glycine Max [L.] Merrill): carboidratos e proteínas.

Braz. J. Food Technol., v.12, n.2, p. 113-1222, abr/jun., 2009.

SHEN, Y.; HU, Y.; HUANG, K.; . YIN, S; CHEN,B.; YAO,S. Solid-phase extraction

of carotenoids, J. Chromatogr. A 1216 (2009) 5763–5768.

SILVA, N. da.; JUNQUEIRA,V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A.; TANIWAKI ,M. H.;

SANTOS, R. F. S. dos.; GOMES, R. A. R. Manual de métodos de análise

microbiológica de alimentos e água. 4. ed. São Paulo, SP: Varela, 2010.

SILVA, A.M.L. Apostila de aulas práticas de análise físico-química de

alimentos. Goiânia: PUC Goiás, 2008.

SILVA, N.; JUNQUEIRA,V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A.; TANIWAKI, M.H.; SANTOS,

R.F.S.; GOMES, R.A.R. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de

Alimentos. 3 ª edição. São Paulo: Livraria Varela, 2007.

SILVA, M. M.; GOUVEIA, J. P. G.; ALMEIDA, F. A. C. Dessorção e calor isostérico

em polpa de manga. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,

Campina Grande, v. 6, n° 1, p. 123-127, 2002.

SILVA, V. V. da. (Org.). Caju: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília, DF:

Embrapa-SPI; Fortaleza: Embrapa-CNPAT, 1998.

Page 94: Rakel Hina Vasconcelos Pio

94

SINGH, R. P.; HELDMAN, D. R. Introduction to food engineering. 3 th ed. San

Diego: Academic, 659p, 2001.

SIQUEIRA, A. M. de A. Caracterização de fibra antioxidante obtida a partir do

bagaço de caju. Tese de Doutorado. Renorbio – Rede Nordeste de Biotecnologia,

Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará, 95 p, 2013.

SOARES. R.M.D.; VIEIRA, E. L.; de FRANCISCO, A.S., ROBERTA, M. Fibras

alimentares: histórico, classificação e efeitos biológicos. In: Simpósio Sul-Brasileiro

de Alimentação e Nutrição, Florianópolis, UFSC, 2000.

SOUZA, V. C.; Efeito da liofilização e desidratação em leito de espuma sobre a

qualidade do pó de polpa de cupuaçu (Theobroma grandiflorum). Itapetinga.

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Processos de Alimentos) Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB,Itapetinga, 69 p., 2011.

SPOTO, M. H. F. Desidratação de frutas e hortaliças. In: OETTERER, M.;

REGITANO-D’ARCE, M. A. B.; SPOTO, M. H. F. (Ed.). Fundamentos de ciência e

tecnologia de alimentos. Barueri, SP: Manole,. cap. 12, p. 565-604, 2006.

STOCLET, J.C. et al. Vascular protection by dietary polyphenols. Eur J Pharm, v.500,

p.299-313, 2004.

SUCUPIRA, N. R. Avaliação da carne básica de caju (Anacarduim occidentale, L.)

submetida a diferentes métodos de cocção e aceitação sensorial de novos produtos. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal

do Ceará, 74 p.,2012.

TANAKA, T.; SHNIMIZU, M,; MORIWAKI, H. Cancer chemoprevention by

carotenoids, Molecules ,vol. 17, 3202–3242, 2012.

THAKUR, G., MITRA, A.; BASAK, A.; SHEET, D. Characterization and scanning

electron microscopic investigation of crosslinked freeze dried gelatin matrices for study

of drug diffusivity and release kinetics. Micron, vol. 43, p. 311–320, 2012.

THEBAUDIN, J.Y. et al. Dietary fibers: nutritional and technological interest. Trends

in Foods Science & Technology, v. 8, p. 41-48, 1997.

TIWARI, U.; CUMMINS, E. Factors influencing levels of phytochemicals in selected

fruit and vegetables during pre- and post-harvest food processing operations, Food Res.

Int. 50 497–506, 2013.

TRAVAGLINI, D. A., AGUIRRE, J. M., SILVEIRA, E. T. Desidratação de frutas. In:

Desidratação de frutas e hortaliças. Manual técnico, Campinas: ITAL, 2001.

UCHOA, A. M. A. Parâmetros físicos-químicos, teor de fibra bruta e alimentar de pós

alimentícios obtidos de resíduos de frutas tropicais. Segurança Alimentar e

Nutricional, Campinas, 15(2): 58-65, 2008.

Page 95: Rakel Hina Vasconcelos Pio

95

VATTEN, D. A.; LIN, Y. T.; GHAEDIAN, R.; SHETTY, K. Cranberry synergies for

dietary management of Helicobacter pyllori infections. Process Biochemical, v. 40, p.

1583-1592, 2005.

VITALLI , A. Importância da atividade de água em alimentos. In : Jardim, D.C P

(Org.) Seminário sobre a atividade de água em alimentos, 1987, Campinas. Resumo.

Campinas: ITAL, p-5, 1987.

WENDLANDT, W. W. Thermal analysis. New York: John Wiley & Sons, 1986.

YANG, H.; YAN, R.; CHEN, H.; LEE, D. H.; CHUGUANG ,Z. Characteristics of

hemicellulose, cellulose and lignin pyrolysis. Fuel, p.1781 – 1788, v 86, 2007.

YEH, C.T.; YEN G.C. Induction of apoptosis by the anthocyanidins through regulation

of Bcl-2 gene and activation of c-jun n-terminal kinase cascade in hepatoma cells. J

Agric Food Chem, v.53, p.1740–1749, 2005.


Top Related