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Page 1: Projeto de Economia Solidária:  Produção de Vassoura de Palha

Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente:

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs)

Uma universidade e um povoado das Missões gaúchas desbravam as fronteiras da sustentabilidade.

Apresentação

Empresa e universidade

Cenário

Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente

Metodologia

Ações

Resultados

Aprendizagens

Desafios de sustentabilidade

Passos e dicas

Expediente

A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa

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Dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo. Inspirado nesse mote, o BANCO REAL tem posto em prática, em compasso crescente, sua maneira

de entender sustentabilidade: um modelo de negócio em que todos ganham – a empresa, o indivíduo, a sociedade e o meio ambiente.

Princípio de uma sociedade que mantém as características necessárias para um sistema social justo, ambientalmente equilibrado e economicamente próspero, a sustentabilidade orienta as ações do Banco em suas diversas áreas.

No campo do investimento social, o BANCO REAL busca contribuir para que o Brasil prospere em direção ao desenvolvimento sustentável, favorecendo uma cultura de participação e co-responsabilidade, em favor das comunidades e de causas relevantes para o país.

A Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do Banco também é responsável pela gestão do investimento social, e sua atuação é fundamentada na crença de que os indivíduos são agentes de seu próprio desenvolvimento, na necessária sintonia com os interesses legítimos da sociedade e na certeza de que alianças e parcerias potencializam o alcance de resultados. A sistematização do projeto desenvolvido com a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) materializa bem esses valores.

Chamado de Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa, o projeto da UERGS foi uma das iniciativas vencedoras da 10ª edição do Concurso Banco Real Universidade Solidária. O concurso é uma ação conduzida em parceria entre o BANCO REAL e a Associação Civil Universidade Solidária (UniSol) e visa contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, colocar os conhecimentos adquiridos na universidade a serviço das comunidades pobres e apoiar a extensão universitária.

O projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente foi desenvolvido na comunidade de Barro Preto, em São Luiz Gonzaga (RS), e trata da estruturação de um empreendimento de produção de vassouras de sorgo como estratégia de geração de renda para melhorar as condições de vida no campo. O trabalho foi submetido a um processo de avaliação qualitativa pelo método de estudo de caso e se distinguiu em critérios como maturidade de resultados e da gestão, foco de atuação, região geográfi ca e potencial de disseminação. O principal objetivo desta publicação é justamente contribuir para o desenvolvimento socioeconômico por meio da sistematização e disseminação de práticas bem-sucedidas. Também é intenção do BANCO REAL induzir refl exão e aprendizado para o aprimoramento dos projetos e da gestão de investimento social do Banco.

Apresentação

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A 10ª edição do Concurso Banco Real Universidade Solidária foi realizada em 2005

e selecionou 10 projetos para serem apoiados. Um deles era proposto pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e se chamou Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa. A comunidade de Barro Preto está situada no município gaúcho de São Luiz Gonzaga (RS), a 20 quilômetros do centro da cidade.

O projeto foi executado com verbas do concurso no período de 2005 a 2007. Em 2005, a iniciativa esteve sob a coordenação do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial e, em 2006, do Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária, ambos ligados à Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS.

A partir da observação das demandas locais e do aporte de seu conjunto de competências, a universidade estruturou as ações do projeto em torno de dois grandes objetivos: proporcionar uma alternativa de renda para a comunidade rural de Barro Preto e conscientizar os moradores para a necessidade de cuidar do meio ambiente de forma sustentável.

Projeto de Barro Preto nasceu com dois objetivos: proporcionar uma alternativa

de renda para a comunidade rural e conscientizar os moradores para a

necessidade de cuidar do meio ambiente de forma sustentável.

O projeto buscava diminuir o êxodo rural e o desemprego em São Luiz Gonzaga. Para tanto, implementou uma linha de produção de vassouras de palha de sorgo, utensílio que era, até então, adquirido de fornecedores de fora da região..

Produção de vassouras de palha de sorgo foi indicada, pois partia de matéria-prima de fácil cultivo, para a fabricação de item

adquirido fora da região.

O sorgo é uma planta que não exige grandes extensões de terra para cultivo, não é suscetível a doenças ou pragas e se mostra economicamente viável em pequenas propriedades. Na comunidade de Barro Preto, predominam propriedades com área inferior a 10 hectares que operam em sistema de agricultura familiar.

A intenção de promover alternativas de geração de renda para os agricultores de Barro Preto surgiu dentro da UERGS no primeiro semestre de 2004, com a realização de um diagnóstico socioeconômico das 23 famílias que ali residiam. O levantamento foi

Empresa e universidadeResponsabilidade social em dose dupla

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t d B t d

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realizado pela disciplina Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários Regionais do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial. O trabalho constatou a necessidade urgente de promover alternativas de renda que pudessem garantir o sustento daquelas famílias.

Por meio da seleção na edição 2005 do Concurso Banco Real Universidade Solidária, o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente recebeu apoio de R$ 20 mil do BANCO REAL, para ser implementado em um período de nove meses.

Com o objetivo de contribuir para o sucesso e garantir a sustentabilidade dos projetos desenvolvidos em 2005 no âmbito da parceria entre o BANCO REAL e a UniSol, os idealizadores do concurso decidiram não realizar nova edição em 2006. Com base nos resultados alcançados no ano anterior, renovaram o apoio ao projeto da comunidade de Barro Preto por mais nove meses, com um aporte adicional de R$ 20 mil até o fi m de 2007.

Empresa e universidade

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“O projeto expôs a universidade para a região e para fora (da região), e para a própria Reitoria. Foram muito elogiados pela Reitoria. As matérias publicadas no jornal geraram o reconhecimento e deram respeitabilidade à Uergs, antes mesmo de (o projeto) ter resultados concretos. Quando viram que eram vassouras de palha de sorgo (a população) ficou muito contente.”

Diretor da Região IV da UERGS

O que é agricultura familiar?Sistema produtivo que se baseia no trabalho

dos membros de uma família ou de pessoas agregadas em torno do núcleo familiar por relações de parentesco, sem a utilização de mão-de-obra assalariada ou de eventuais colaboradores.

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Empresa e universidade

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Conheça o Concurso Banco Real Universidade SolidáriaO Concurso Banco Real Universidade Solidária é uma ação conduzida em

parceria entre o BANCO REAL e a Associação Civil Universidade Solidária (UniSol). A UniSol é uma organização sem fi ns lucrativos de interesse público (Oscip), cuja missão é promover o intercâmbio de conhecimentos entre universidade e comunidade, contribuindo para a formação cidadã de estudantes universitários e para o desenvolvimento social do Brasil.

Criado em 1996 com o nome original de Prêmio Real Universidade Solidária, o concurso oferece aos melhores projetos de extensão universitária de Instituições de Ensino Superior (IES) recursos para a sua implementação. Seus principais objetivos são:

• Contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, proporcionando ao estudante, pela prática na comunidade, a oportunidade de rever e trabalhar sistematicamente os conhecimentos adquiridos na universidade.

• Colocar conhecimento das IES à disposição das comunidades pobres, de forma a contribuir para a melhoria de suas condições de vida.

• Apoiar a extensão universitária, estimulando o intercâmbio de conhecimentos e a inserção na comunidade.

O concurso elege as melhores propostas de intervenção de universidades em seus contextos geográfi cos de infl uência, que promovam alternativas de geração de renda e desenvolvimento sustentável. Tais propostas são formuladas por professores efetivos e executadas com a participação de estudantes, organizações comunitárias e parceiros locais.

A participação das organizações comunitárias na execução do projeto constitui um dos pilares do concurso. Ela visa garantir que os benefícios do relacionamento com a universidade sejam plenamente apropriados e contribuam, de fato, para o fortalecimento e a sustentabilidade dos empreendimentos desenvolvidos no âmbito do projeto.

A perspectiva da sustentabilidade também se expressa na condição de identifi cação e envolvimento de parcerias locais do concurso. Mais do que apontar a necessidade de mobilização de recursos da comunidade – fi nanceiros, materiais, técnicos, institucionais ou de qualquer outra natureza –, tal requisito estimula o comprometimento do setor público e da sociedade civil com o desenvolvimento local e sustentável.

Concurso elege as melhores propostas de intervenção das universidades em suas comunidades, que promovam alternativas de

geração de renda e desenvolvimento sustentável.

Até 2005, o Concurso Banco Real Universidade Solidária constava do aporte de R$ 20 mil aos 10 melhores projetos apresentados por IES, para a implementação em um prazo entre seis e nove meses. Tais recursos eram consumidos dentro de proporções e rubricas específi cas, como compra de materiais de consumo, contratação de serviços de terceiros, aquisição de maquinário destinado à execução

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Empresa e universidade

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Conheça o Concurso Banco Real Universidade Solidáriado projeto e ajudas de custo para a equipe executora (incluindo aí, bolsas para os estudantes envolvidos).

Em 2006, os projetos selecionados passaram a ter a possibilidade de renovação, com novo aporte de recursos fi nanceiros para a continuidade das ações. Esse processo tem permitido envolver mais profundamente a UniSol, o BANCO REAL, as universidades, as comunidades e as equipes, reforçando os laços de cooperação entre os parceiros e potencializando o impacto das ações.

A edição 2007 do concurso previu a cessão de R$ 40 mil para o apoio de cada um dos 10 melhores projetos apresentados, que tiveram o prazo de implementação ampliado para 12 meses.

O edital do concurso também institucionalizou a possibilidade de as iniciativas bem-sucedidas pleitearem renovação de apoio por mais 12 meses.

A opção por promover projetos de médio prazo e com mais recursos revela a preocupação do BANCO REAL e da UniSol em potencializar o impacto das iniciativas apoiadas, em direção à busca de maior autonomia e empoderamento das comunidades.

Extensão universitáriaProcesso educativo, cultural e científi co que articula o ensino e a pesquisa de forma

indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A defi nição adotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária é do fórum Pró-reitores das IES públicas – Plano Nacional de Extensão 1997.

Desenvolvimento sustentávelAdotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária, a defi nição mais conhecida

de desenvolvimento sustentável vem do relatório da Comissão Brundtland, em 1987: “Garantir o atendimento às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender a suas próprias necessidades”. Ela foi concebida como um conjunto de ações voltadas à solução, ou no mínimo redução, de grandes problemas de ordem econômica, ambiental e social, tais como o esgotamento de recursos naturais, a desigualdade social ascendente e o crescimento econômico ilimitado. O desenvolvimento

sustentável propõe integrar de forma equilibrada os aspectos ambientais, sociais e econômicos, em nossas decisões diárias.

Geração de rendaO Concurso Banco Real Universidade Solidária apóia projetos que buscam melhores

condições de renda e trabalho para as comunidades, ao mesmo tempo em que consideram os resultados e impactos sociais e ambientais gerados pelas ações dos próprios projetos. Ou seja, não se trata de gerar renda a qualquer custo, mas de considerar aspectos como o protagonismo dos envolvidos, a autonomia da comunidade, o cuidado com as questões ambientais, e que condições são criadas para os resultados do projeto terem impacto no longo prazo.

O Concurso Banco Real Universidade Solidáriaé uma ação de parceria entre

o BANCO REAL e a UniSol.

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O município gaúcho de São Luiz Gonzaga possui 37 mil habitantes e está situado a 533 quilômetros de Porto Alegre (RS), no noroeste do Estado, na

famosa região das Missões. A comunidade de Barro Preto é uma das mais pobres de São Luiz Gonzaga.

Desde os anos 70, a região das Missões enfrenta sucessivas mudanças no que se refere à economia produtiva e passou a ser uma das que apresentam maior desequilíbrio socioeconômico no Rio Grande do Sul. O instituído processo de capitalização da atividade agropecuária local é o pivô da situação.

Há pouco mais de três décadas, a economia das Missões se apoiava na agricultura familiar, e essa forma de organização da produção era responsável pela maior parte da colheita de soja, milho e trigo e da criação de bovinos e suínos. Aos poucos, porém, a agricultura familiar foi sendo substituída pela agropecuária orientada para os grandes mercados internos e externos, priorizando o plantio de soja e trigo em larga escala.

Nesse novo modelo, intensifi caram-se a utilização de insumos químicos e de agrotóxicos, a mecanização das lavouras e o desmatamento descontrolado. As migrações intra e inter-regionais começaram a fazer parte da rotina local, assim como a tendência à redução de empregos na agropecuária familiar, ainda hoje praticada precariamente por 80% dos agricultores.

Esse somatório de fatores confi gurou um quadro de empobrecimento acelerado da região. O cenário agravou-se, a partir de meados dos anos 90, pelo prolongado ciclo de estiagens, quando entre 60% e 70% das safras se perderam. Atualmente, ao lado das grandes extensões de cultura de soja e trigo – que se encontram em

mãos de apenas 20% dos produtores agrícolas –, convivem numerosas famílias de baixa renda, sem acesso à educação e aos serviços de saúde.

A região das Missões enfrenta sucessivas mudanças na economia produtiva e passou a ser uma das que apresentam maior

desequilibrio socioeconômico no Rio Grande do Sul.

CenárioAtrás de potencialidades

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Embora as estatísticas ofi ciais para o ano de 2004 situem o município de São Luiz Gonzaga no 46º. lugar no Índice de Desenvolvimento Sócio-Econômico do Estado (Idese – Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul), as pontuações desagregadas por renda, saúde e educação rebaixam o município respectivamente às posições 197, 95 e 208 no ranking do Estado. Os efeitos nocivos desses indicadores se manifestam sobretudo na população rural, que corresponde a aproximadamente 12% da população total.

São Luiz Gonzaga apresenta, todavia, suas potencialidades e foi nelas que o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente se inspirou. Já em 1994, o Macrozoneamento Agroecológico do Estado do Rio Grande do Sul, realizado pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento, indicou a cultura do sorgo “vassoura” como alternativa para o desenvolvimento regional.

A análise levou em conta vários fatores: condições climáticas, características do solo, a alta presença de pequenas propriedades (68% dos agricultores possuem áreas com até 10 hectares e 25% com menos de 5 hectares), a predominância de utilização de métodos rudimentares para a preparação do solo e o plantio (79% dos agricultores ainda executam essas tarefas com a ajuda de tração animal) e a possibilidade de obtenção de boa produtividade, com duas safras anuais.

A recomendação governamental foi acolhida pelo escritório municipal da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater/RS), que em 2004, cadastrou 17 famílias de Barro Preto para o programa Rio Grande do Sul Rural. Desde então, o programa vem proporcionando assistência técnica para a identifi cação de alternativas produtivas que sejam econômica e ambientalmente sustentáveis, em complementação à atividade vigente na região, que é a produção de alfafa para alimentação animal.

Cenário

A agricultura familiar foi sendo substituída pela agropecuária mecanizada e orientada para os

grandes mercados internos e externos.

“Vimos como eram as máquinas e criamos a ‘maria eugênia’ (uma máquina para cortar a palha), e construímos as três outras atadeiras de vassouras. Também inventamos as agulhas de confecção.”

Agricultor da comunidade de Barro Preto

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Essas potencialidades também foram reconhecidas pela UERGS que, sob a diretriz de contribuir para o desenvolvimento sustentável das vocações regionais, incluiu, em 2001, o Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial entre as carreiras oferecidas na Unidade São Luiz Gonzaga.

A postura institucional da universidade a aproximou naturalmente da Emater e de outras instituições que atuam com temas relacionados à agricultura familiar, tais como o Sindicato de Trabalhadores Rurais e a Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul. Dessa estreita convivência interinstitucional nasceu o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente.

Mas o município possui suas potencialidades,e são elas que um conjunto de organizações ativas

na comunidade busca desenvolver.

Cenário

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A comunidade de Barro Preto reúne fatores propícios à implementação de um projeto voltado à geração de renda e ao desenvolvimento sustentável. Cerca

de 70% dos seus moradores têm por volta de 40 anos, o que sugere disposição e capacidade física para o trabalho. Noutra vertente, a tradição do associativismo, muito viva entre os agricultores locais, representa uma oportunidade para a reorganização da economia familiar, assentada no desenvolvimento de agroindústrias e no aproveitamento da produção local de leite, aves e suínos.

Tais características já tinham sido percebidas em 2004, quando, com o apoio da Emater, os estudantes e professores do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial, e um grupo de agricultores da comunidade de Barro Preto, formularam a proposta de intervenção social que seria submetida, no ano seguinte, ao Concurso Banco Real Universidade Solidária: constituir uma associação para implantar e gerir a agroindústria de vassouras de palha de sorgo na região.

A idéia atraiu, logo de início, 10 das 23 famílias moradoras de Barro Preto, gerando grande expectativa especialmente nas mulheres, que vêem na produção e comercialização de vassouras uma alternativa de renda para a família, aliada à conservação do meio ambiente. Contudo, dois obstáculos precisavam ser superados para viabilizar a proposta: desenvolver os laços de solidariedade em torno de um empreendimento coletivo – capacitando técnica e gerencialmente os agricultores – e mobilizar os recursos fi nanceiros necessários para implementá-lo. A participação no Concurso Banco Real Universidade Solidária despontava como uma possibilidade de captação de recursos.

Faixa etária dos moradores e tradiçãodo associativismo favoreceram a implementação

do projeto em Barro Preto.

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Os objetivos do projeto apresentado se estruturaram em torno da criação das condições requeridas para a produção de vassouras de palha de sorgo, na perspectiva da geração de renda e do desenvolvimento sustentável. Os princípios da agricultura familiar e da economia solidária orientaram o modelo de organização da produção.

As atividades planejadas contemplavam a capacitação da comunidade para o trabalho solidário e o cultivo agroecológico do sorgo; a produção das vassouras; a identifi cação de mercados e a sensibilização do comércio local e regional, bem como de instituições públicas no município, para a compra dos lotes produzidos; a criação de um selo de origem do produto, para conquistar a preferência dos clientes locais; a ampliação e o fortalecimento dos laços de colaboração entre a universidade e outras instituições locais, visando à consolidação do empreendimento.

Como parte de uma iniciativa de extensão universitária, o trabalho também englobava, a formação prática dos estudantes envolvidos com a execução do projeto e a elaboração de pesquisas e estudos de sistematização do conhecimento que estaria sendo gerado na experiência.

Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente“Alguns (alunos) já se formaram e estão trabalhando com sindicatos rurais (ou fazendo) consultoria. Outros foram fazer mestrado em extensão rural e desenvolvimento rural. O projeto serviu para mostrar campo específico de atuação. Alguns falam de formar um grupo para a prestação de serviços específicos nessa área.”

Coordenadora da Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS

Objetivos do projeto• Proporcionar uma alternativa de renda para a comunidade

rural de Barro Preto.• Conscientizar os moradores para a necessidade de cuidar

do meio ambiente de forma sustentável.

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| 1 | 2 | 3 |Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente

O que é economia solidária?A economia solidária surge como alternativa à lógica da

mercantilização, competição e acumulação que rege a economia de mercado. Ela se fundamenta em alguns princípios básicos que valorizam as relações de interdependência entre os diferentes agentes econômicos (produtores, consumidores, fi nanciadores, etc.); o conhecimento empírico e os recursos disponíveis pelos setores populares; as dinâmicas de troca e de compartilhamento de vivências, conhecimentos, recursos e decisões; o interesse coletivo sobre o interesse individual; o trabalho como meio de desenvolvimento pessoal (e não apenas como ocupação); a preservação da diversidade cultural e ambiental como fontes de riqueza social. Tais princípios se traduzem na constituição de empreendimentos econômicos coletivos e autogeridos – os grupos informais de trabalho, as associações econômicas e as cooperativas.

Desenvolver laços de solidariedade em tornode um empreendimento coletivo e mobilizar recursos

estavam entre os desafios.

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A implementação do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente a partir de recursos advindos do Concurso Banco Real Universidade Solidária

envolveu estudantes e professores do 4º e do 5º períodos do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial e do Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária – tanto na versão com ênfase em agroindústria quanto em sistemas de produção. Cada um dos dois ciclos de apoio assegurou a participação de 12 alunos na condição de bolsistas.

O Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial esteve estruturado em oito semestres de meio período, e se dedicava a formar profi ssionais para atuar na área da administração rural, capacitados a coordenar, planejar e organizar propriedades rurais e agroindustriais, com vistas ao desenvolvimento rural sustentável.

O Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária tem duração de sete semestres de meio período. A modalidade, com ênfase em agroindústria, busca formar profi ssionais para atuar em diversos segmentos da cadeia agroindustrial, habilitando-os a exercer atividades de gestão, planejamento, supervisão, direção

e execução voltadas para a produção animal e vegetal, para o benefi ciamento e controle de matérias-primas agroindustriais, para os processos agroindustriais, para a qualidade e segurança de produtos e para as atividades do mercado. O curso com ênfase em sistemas de produção tem o objetivo de formar profi ssionais capacitados

a viabilizar soluções tecnológicas competitivas para o desenvolvimento da lavoura e da pecuária, aumentando a produtividade da cadeia e os interesses sociais da região.

Além da equipe da universidade, o projeto conta com o suporte técnico, na condição de parceiros, de profi ssionais da Emater/RS, do Sindicato de Trabalhadores Rurais, da Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga.

EstudantesA participação dos alunos ocorreu mediante a realização de visitas de orientação

aos agricultores de Barro Preto, realizadas em conjunto com técnicos da Emater. A princípio, as visitas ocorriam quinzenalmente e mais tarde passaram a não ter periodicidade estabelecida, com os estudantes atendendo aos chamados dos agricultores conforme a demanda.

Para tanto, os estudantes se dividiram em três grupos temáticos – produção, gestão e comercialização, responsáveis cada um pelo acompanhamento das atividades relacionadas respectivamente à cultura do sorgo e à confecção das vassouras; aos procedimentos e rotinas de gestão do empreendimento; e à pesquisa de mercado, divulgação do projeto e do produto.

MetodologiaProjeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente

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O projeto envolveu 12 alunos, na condiçãode bolsistas, em cada um dos dois ciclos.

Estudantes realizaram visitas de orientaçãoe prestaram consultoria.

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A preparação dos alunos para o exercício da atividade se deu por meio da participação em reuniões semanais de planejamento e debate com professores da universidade e técnicos da Emater. Os estudantes também acompanharam os agricultores em várias ofi cinas de formação destinadas a eles. Os alunos recebiam bolsa mensal de R$ 70,00.

AgricultoresO acompanhamento recebido dos universitários e dos técnicos da Emater

privilegiou o desenvolvimento de habilidades técnicas e subjetivas (pessoais) dos agricultores, como condição necessária ao alcance de bons resultados e à promoção de sua autonomia na gestão da agroindústria. Outros parceiros como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul também deram assessoria ao projeto.

O processo de capacitação dos agricultores englobou ainda a participação em um curso de gestão ministrado pelo Senar e em outro na área de vendas, oferecido pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Adicionalmente, os agricultores visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo para conhecer a operação por completo.

O processo de capacitação dos agricultores englobou ainda a participação em um curso de gestão ministrado pelo Senar e em outro na área de vendas, oferecido

pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Adicionalmente, os agricultores visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo para conhecer a operação por completo.

Concurso Banco Real Universidade SolidáriaO acompanhamento realizado pelas equipes técnicas do Concurso Banco

Real Universidade Solidária ao projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente se consumou a partir da análise de relatórios, da realização de quatro visitas de campo e de quatro encontros. Tais encontros reuniram, em São Paulo (SP), técnicos do BANCO REAL e da UniSol e representantes dos estudantes, universidades e das comunidades ligadas ao projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente e a outros projetos apoiados no âmbito do concurso.

Metodologia

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Agricultores participaram de cursos evisitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo.

“Outro dia, a comunidade foi fazer uma reunião... Não foi difícil organizar a discussão, porque já sabíamos como fazer isto.”

Agricultor da comunidade de Barro Preto

“Os agricultores têm consciência da necessidade de estarem organizados para vencer as dificuldades.”

Assessor da Emater

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Compromisso, participação e formação. Sob esse tripé – e a genuína aliança entre professores, alunos e comunidade – se desenrolam as ações do projeto

Cuidar de Gente e do Meio Ambiente em Barro Preto.Uma das primeiras atividades do trabalho ocorreu em setembro de 2005 – pouco

depois da informação de que o projeto era um dos vencedores do Concurso Banco Real Universidade Solidária e antes mesmo de os recursos da premiação serem liberados, em novembro seguinte.

Como parte do processo de capacitação, agricultores e estudantes visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo em operação no município de Criciumal (RS). A atividade teve o propósito de prover uma formação prática breve aos agricultores na produção da matéria-prima e na confecção das vassouras.

Ali, os agricultores fi zeram contato inicial com as máquinas empregadas na produção das vassouras e receberam conselhos valiosos sobre os cuidados que devem ser observados no plantio, adubação, controle de pragas, colheita do sorgo e armazenamento da palha, bem como na produção e estocagem das vassouras.

Os estudantes, por sua vez, encontraram na visita a primeira atividade de um projeto de extensão universitária que os colocaria verdadeiramente em contato com a realidade rural e lhes possibilitaria aproximar o aprendizado acadêmico da prática. A partir daquela ação, eles elaboraram uma apostila detalhando os aspectos observados e apresentando fotos das máquinas. Mais tarde, com base nas observações feitas em campo e nos registros, os agricultores puderam reproduzir algumas dessas máquinas e construir outras que os auxiliam no processo industrial.

O terreno de 4,5 hectares utilizado para o plantio do sorgo foi totalizado pelo arrendamento de glebas de quatro diferentes proprietários e todas as famílias

agregadas ao projeto trabalharam arduamentenos mutirões organizados para retirar as pedras e preparar o solo para a

semeadura. O empenho dos agricultores também se manifestou na organização da agroindústria, que foi inicialmente instalada num galpão cedido por um dos associados. Ainda que o espaço apresentasse condições precárias de trabalho, foi a solução que estava ao alcance do grupo na fase inaugural do projeto.

A contribuição dos alunos e professores da UERGS na transferência de conhecimentos nas áreas de planejamento, de gestão e de produção deu aos agricultores o suporte necessário para a iniciativa evoluir. A participação dos

AçõesUm por todos e todos por um

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Terreno para a produção de sorgo veio do arrendamento de glebas e a limpeza da área

se deu em mutirão.

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professores na elaboração e condução do projeto, aportando experiências e vivências trazidas de outras universidades e locais de trabalho, além do envolvimento e dedicação de todo o corpo de colaboradores da Unidade São Luiz Gonzaga, fez toda a diferença nesse sentido.

No segundo ciclo de apoio do Concurso Banco Real Universidade Solidária, os agricultores buscaram caminhos para equacionar a questão do local de produção. Um dos associados cedeu um terreno situado na própria comunidade, em regime de comodato. Os agricultores construíram um galpão de 120 metros quadrados no local, que foi inaugurado em fevereiro de 2008.

A intenção do projeto de fundar uma associação para implantar e gerir a

agroindústria de vassouras de palha de sorgo na região se concretizou em março de 2006. A Associação de Produtores de Vassouras de Palha do Barro Preto (APVP-BP) foi constituída em assembléia para aprovação dos Estatutos realizada concomitantemente ao evento de lançamento da agroindústria, logo após a aquisição das primeiras máquinas.

O momento foi descrito pelos agricultores como a “concretização do sonho” e funcionou como novo estímulo a todos os envolvidos. A confi ança no futuro e o empenho pessoal mobilizaram a inventividade do grupo de agricultores, que passou a se dedicar a criar inovações tecnológicas – de pequenos instrumentos de corte a réplicas de máquinas em uso no mercado. Tais inovações trouxeram ganhos signifi cativos nas condições de trabalho, na produtividade e na rentabilidade do empreendimento.

A Prefeitura de São Luiz Gonzaga também está entre os apoiadores do projeto, atendendo aos estudantes e agricultores em questões de logística, fornecimento de energia, execução de obras e de desenvolvimento da comunidade de Barro Preto. O transporte à comunidade de Barro Preto revelava-se um fator crítico para o projeto, daí a importância do apoio da prefeitura local para solucionar o problema.

Ações

INÍCIO

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Estudantes estreitaram contato com a realidaderural e puderam aplicar aprendizados

do universo acadêmico.

Visita a agroindústria de vassouras serviucomo formação prática

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Aposta no coletivoEm sintonia com os princípios da economia solidária, todas as decisões

relacionadas à concepção do projeto ou à sua implementação foram tomadas coletivamente, com o apoio da Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS. Além de garantir um bom nível de compromisso e de apropriação de informações, a ênfase na aplicação de dinâmicas participativas foi fundamental para desenvolver as habilidades de liderança, a criatividade na busca de soluções, os laços de solidariedade criados entre os agricultores e entre estes e os demais atores envolvidos.

Outras instituições locais ou com sede no município – tais como o Senar e a Associação Comercial e Industrial – contribuíram para a capacitação dos agricultores em temas com os quais eles tinham pouca ou nenhuma familiaridade. E, mais do que apenas aportar conhecimentos específi cos sobre a produção, o gerenciamento do empreendimento ou a comercialização das vassouras – muito valorizados pelos agricultores e pelos estudantes –, as atividades formativas propiciaram a ampliação de habilidades para a convivência em grupo e o respeito às diferenças, além de maior capacidade de transitar em ambientes diversos.

Pouco habituados a interagir com outros grupos, os agricultores passaram a participar de feiras locais e regionais, caso da Feira Internacional de Cooperativas (Feicoop), e de um seminário conjugado sobre economia solidária que acontece anualmente em Santa Maria (RS). A experiência trouxe nova perspectiva para os agricultores, que se viram como parte de um movimento mais amplo, de objetivos comuns, e se constituiu em oportunidade para novos contatos e aprendizagens.

Outra estratégia de destaque na trajetória do projeto foi o amplo envolvimento da mídia local e de formadores de opinião para a divulgação do projeto e do produto. De fato, ambos se tornaram notícia no cenário regional e passaram a disputar a

atenção do jornal e das duas emissoras locais de rádio e a mobilizar o interesse da Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga e da prefeitura. Vale registrar, também, a participação dos agricultores no desfi le de 7 de Setembro de 2005 e em eventos promovidos pela Associação Comercial e Industrial, e o lançamento, em março de 2006, do selo de origem do produto.

Ações

INÍCIO

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Decisões são tomadas coletivamente.

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Além da montagem de instalações mais adequadas para abrigar a fabricação das vassouras, também constava como desafi o do projeto, em seu segundo ciclo de implementação, desbravar novos mercados, intensifi cando a participação da associação em feiras e outros eventos de interesse comercial, como fez em cinco feiras de negócios na região em 2007. Em 2008, produziu cartazes de divulgação e adotou o calendário anual da agroindústria como referência para a difusão do seu trabalho.

Por fi m, um marco recente na estruturação do projeto foi a elaboração do regimento interno da APVP-BP, aprovado em assembléia em maio de 2008.

Ações

INÍCIO

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Linha do tempo2007Conclusão da implementação do segundo ciclo do projeto, focado na montagem de instalações mais adequadas para abrigar a fabricação de vassouras e ampliar as vendas.

2006Criação da Associação de Produtores de Vassouras de Palha do Barro Preto, a APVP-BP; colheita de sorgo, manufatura de vassouras, divulgação e comercialização; conclusão do primeiro ciclo do projeto. Os bons resultados garantiram a renovação do apoio, para fi nanciar atividades por mais nove meses.

2005Aprovação do projeto no Concurso Banco Real Universidade Solidária; visita a uma agroindústria de vassouras de sorgo em Criciumal e primeiro plantio; a primeira liberação de recursos do prêmio para apoiar o projeto ocorreu em novembro do mesmo ano.

2004Realização de diagnóstico socioeconômico das 23 famílias de agricultores de Barro Preto; convite aos agricultores para a formulação de um projeto de geração de renda aproveitando suas habilidades e as potencialidades da região.

2008Inauguração de galpão próprio para a produção das vassouras; elaboração e aprovação do regimento interno da associação.

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A implementação do projeto Cuidar de Gente do Meio Ambiente, a partir do apoio obtido por meio do Concurso Banco Real Universidade Solidária, provocou impacto em várias frentes. Conheça os principais resultados.

Agricultores• O alto grau de participação dos agricultores desde

a etapa de formulação do projeto, a premiação pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária e o reconhecimento público da importância do trabalho agiram como fatores de fortalecimento da autoestima. A notoriedade do trabalho realizado também reforçou a identidade grupal, que, somada à elevação da auto-estima, impulsionou os agricultores a melhorarem a representatividade da comunidade de Barro Preto no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, num claro sinal de ampliação de consciência quanto ao papel desempenhado pelo grupo na sociedade.

• Os conhecimentos adquiridos por meio do projeto não se restringiram à habilidade técnica de manejar uma cultura e um produto com os quais os agricultores nunca tinham tido contato. Também foram adquiridas habilidades subjetivas como a capacidade de trabalhar em grupo e em parceria, de respeitar as diferenças, de se comunicar com diferentes públicos e defender idéias.

• A expansão de conhecimentos e habilidades contribuiu para o grupo se sentir mais seguro diante dos problemas que surgiam e, também, para o desenvolvimento da criatividade na busca de soluções, as quais, quase sempre, se traduziam no pleno aproveitamento dos recursos disponíveis.

• No relacionamento com a universidade e com outros parceiros, os agricultores aprenderam as diversas etapas de gestão de um empreendimento altamente verticalizado como a produção e venda de vassouras de palha de sorgo: do preparo da terra à colheita, do processamento da matéria-prima à elaboração do produto fi nal, da montagem do sistema de vendas ao gerenciamento, passando pelo planejamento e controle de toda a operação e pela distribuição de lucros.

• Atentos às demandas típicas do mercado por preço e qualidade, os agricultores melhoraram a produtividade do processo de fabricação de vassouras de 1 unidade/hora para 4 unidades/hora após o primeiro ciclo (2006) do projeto. No início de 2008, a produtividade era da ordem de 12 unidades/hora. Para atingir tais resultados, os agricultores ampliaram a área industrial e se familiarizaram melhor com o processo produtivo. A qualidade das

ResultadosO ganha-ganha do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente

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Auto-estima, identidade de grupo epapel na sociedade

Aquisição de conhecimentos e habilidades requeridas no processo de produção

Capacidade de gestão doempreendimento e de tomar decisões

de forma autônoma

Desenvolvimento da criatividade

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vassouras também evoluiu e passou a ser controlada por um conjunto maior de variáveis, o que se refl etiu em maior durabilidade de produto e, portanto, em melhores condições para competir no mercado.

• A produção do sorgo constitui oportunidade efetiva de novos negócios para os agricultores de Barro Preto, que têm como atividade principal a produção de alfafa. O sorgo também produz grãos que podem ser destinados à alimentação animal e reverter em ganhos extras para os agricultores. Além dessa possibilidade, os agricultores esboçam alternativas de aproveitamento das sobras da palha na fabricação de objetos utilitários ou de uso decorativo e, ainda, o início da produção de espécies frutíferas. Os primeiros passos concretos nessa direção devem ser dados ainda em 2008. Tais possibilidades responderiam a duas preocupações: diversifi car a produção para ocupar novos nichos no mercado e envolver os jovens em alternativas de geração de renda.

• A renda média obtida com a venda das vassouras subiu de cerca de R$ 1.000,00/ano por família participante do projeto em 2006 para R$ 2.000,00 em 2007.

• O projeto ampliou a rede de contatos e de relacionamentos permanentes dos agricultores da comunidade de Barro Preto, que fi ca situada em área isolada.

Sociedade• O projeto contribuiu para o desenvolvimento

regional, respeitando vocações locais. Agiu, ainda, como estímulo à permanência do agricultor no campo, reduzindo as chances de migração para a cidade.

• O projeto serviu como exemplo bemsucedido de associativismo. À luz da experiência, outras iniciativas de organização da economia familiar estão surgindo com o apoio da prefeitura e das instituições de assistência agropecuária. É o caso da produção de bolachas, mel e laticínios.

Universidade• Ao formar um “aluno cidadão”, que se interessa e

se envolve com as questões municipais, a experiência de extensão universitária benefi cia também o município. Esse ganho se acentua ao se considerar que muitos alunos têm origem rural e, após a conclusão do curso, permanecem na cidade atuando profi ssionalmente.

• Vencer o Concurso Banco Real Universidade Solidária trouxe visibilidade e reconhecimento ao trabalho da Unidade São Luiz Gonzaga dentro do município e na UERGS.

Resultados

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Melhorias de produçãoe competitividade

Ampliação do leque de mercados

Renda dobrada

Ampliação da redede relacionamentos

Associativismo e organizaçãoda economia familiar

“Aluno cidadão”

Visibilidade e reconhecimento

Desenvolvimento regionale fixação no campo

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• O projeto abriu nova perspectiva de ação para a extensão universitária – menos imediatista e de resultados mais perenes. Estimulou o debate interno sobre o papel da universidade e da extensão universitária e sobre a diferenciação entre assistencialismo e ações de promoção social. E fomentou a formulação de propostas de intervenção que contemplam maior participação da comunidade e de atores locais em sua implementação.

• Outras unidades da UERGS também se sentiram atraídas a implementar projetos de extensão universitária. Sob inspiração da experiência de Barro Preto, no primeiro semestre de 2006 a UERGS promoveu um ciclo de conferências em suas diversas regiões administrativas, estimulando o debate de temas relevantes para o desenvolvimento local em cada uma delas.

• A notoriedade do projeto extravasou o universo acadêmico, atraindo a atenção de mais atores que,

inspirados pela experiência, querem replicá-la em outros contextos. As demandas de assessoria e colaboração que chegam à Unidade São Luiz Gonzaga se originam tanto no próprio município como em outros da região, e ampliam a rede de relacionamentos e parcerias tão importantes à sobrevivência da instituição.

• A repercussão do projeto criou um precedente positivo perante as instituições do universo acadêmico, infl uenciando na obtenção de apoio a duas outras iniciativas da unidade São Luiz Gonzaga junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq) e a uma iniciativa junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

• Quatro monografi as sobre a experiência de Barro Preto foram elaboradas por estudantes que se graduaram entre 2005 e 2006 no Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial

Estudantes• A participação dos estudantes no projeto é vista

por professores e alunos como uma expansão de horizontes. O trabalho permite buscar as informações necessárias para resolver os problemas que surgem, aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula em situações reais, além de promover a troca de experiências.

• A possibilidade de conhecer de perto a realidade que cerca a vida dos agricultores e de formular estratégias factíveis para viabilizar o atendimento de suas necessidades constituiu uma oportunidade para os estudantes experimentarem novos campos de atuação profi ssional, a exemplo do trabalho em sindicatos rurais ou em consultoria. Inspirado pelas vivências em Barro Preto, um grupo de alunos ligado ao primeiro ciclo de apoio ao projeto formou, em março de 2007, o Grupo de Assessoria em Desenvolvimento Célula Missões, uma associação sem fi ns lucrativos que apóia a implementação de sistemas de organização para a agricultura familiar.

Resultados

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Papel da universidade e daextensão universitária

Universidade debatedesenvolvimento local

Ampliação de horizontes

Maiores possibilidades de atuação profissional e de participação social

Geração de conhecimento

Experiência inspiradora

Novos apoios para a universidade

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Em pouco mais de dois anos de implementação do projeto, agricultores, estudantes, professores e assessores externos já foram capazes de identifi car diversas aprendizagens a serem consideradas. Elas podem ser assim resumidas:

• O processo de maturação de uma iniciativa de geração de renda e desenvolvimento sustentável é lento, requer paciência e persistência. Mesmo que intangíveis, os resultados iniciais são fundamentais para assegurar a continuidade e a consistência dos resultados fi nais.

• A qualidade dos resultados de um empreendimento coletivo está diretamente relacionada ao grau de compromisso do grupo. Esse compromisso se expressa por meio da confi ança de que o grupo é capaz de levar o projeto coletivo adiante; de sua abertura para trocar experiências, aprender a conviver com as diferenças e a respeitar os interesses dos

distintos atores que participam e/ou colaboram com o projeto; e da persistência diante dos contratempos que surgem.

• A qualidade dos resultados também se associa à qualidade da participação de todos os interessados nos processos que se relacionam com a organização do grupo e a tomada de decisões. As decisões requerem a compreensão das situações e a discussão das alternativas para enfrentá-las.

• A situação sobre a qual se vai atuar necessita ser bem conhecida. Neste sentido, o diagnóstico socioeconômico feito previamente pela UERGS e pela Emater representou fator de facilitação na identifi cação das famílias participantes do projeto e contribuiu para a defi nição da produção de vassouras

de palha de sorgo como alternativa de geração de renda e de desenvolvimento sustentável na comunidade de Barro Preto.

• As parcerias e as diferentes modalidades de apoio externo precisam ser bem identifi cadas (profi ssionais e instituições que conhecem o produto e seu processo de produção) e nutridas, a partir de mecanismos adequados de troca de informações e coparticipação nas decisões.

• O contato com outros grupos e experiências similares amplia os horizontes de conhecimento daqueles que estão envolvidos diretamente no projeto, contribui para o fortalecimento de sua auto-estima e permite sua inserção em movimentos mais amplos. Esses efeitos são importantes para projetar

AprendizagensDescobertas que ajudaram a crescer

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A atenção aos resultadosé essencial desde o início

Compromisso do grupo tambémé muito importante

Participação qualificada de todos os interessados faz muita diferença

Um diagnóstico bem feitoé um bom começo

Parcerias precisam ser bemidentificadas e nutridas

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uma perspectiva de longo prazo e para evitar o encastelamento da experiência em seu território original.

• Em um projeto social, a capacidade de iniciativa do grupo apoiado potencializa os recursos fi nanceiros, técnicos ou outros aportados, funcionando como contrapartida e favorecendo a sustentabilidade do empreendimento. Na experiência de Barro Preto, essa capacidade se manifestou de várias formas: no arrendamento de áreas privadas para o plantio coletivo do sorgo; na cessão do galpão

para a instalação da fábrica; na criatividade dos agricultores para reproduzir máquinas (aumentando a produtividade média na fabricação das vassouras); e na tomada de decisão sobre aspectos relacionados à distribuição do trabalho segundo as aptidões e a repartição dos rendimentos.

• Poucos recursos, quando bem aplicados, podem produzir resultados importantes. Isto signifi ca dizer que é necessário planejar a forma de sua utilização, o que implica bom nível de conhecimento sobre a especifi cidade do produto, de seu processo produtivo e de sua comercialização. Para os agricultores de Barro Preto, a inexperiência inicial com o plantio do sorgo resultou numa produtividade inferior à que é possível obter com a tecnologia adotada. Da mesma forma, falhas na logística de comercialização implicaram fl uxo de saída de produtos menor do que se havia estimado. Tais difi culdades foram sendo superadas pouco a pouco, a partir da refl exão sobre a experiência acumulada.

Aprendizagens

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A abertura ao contato com outrosgrupos e experiências é benéfica

Capacidade de iniciativaé contrapartida esperada

Planejamento e conhecimento definemo sucesso de um projeto

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Embora ainda recente, a experiência dos agricultores de Barro Preto já dá sinais positivos no que se refere à sua sustentabilidade, a exemplo da introdução de aperfeiçoamentos tecnológicos visando maior rentabilidade e do aumento de rentabilidade em si. Não obstante isso, o grupo de agricultores identifi ca desafi os para a consolidação do caminho que elegeram para a ampliação da renda familiar, entre os quais, ganham relevo:

• A redefi nição das estratégias de comercialização do produto – Na percepção de todos os envolvidos no projeto, este é o principal gargalo para a sustentabilidade do empreendimento. Sua superação depende de inúmeros fatores relacionados à ampliação de mercados, ao aprimoramento das estratégias de marketing (visando ao fortalecimento da marca Barro Preto, que é como foram chamadas as vassouras) e à melhoria da logística requerida para a regularização do ritmo das vendas. Um passo importante para transpor esse desafi o foi a participação do grupo de agricultores, em 2007, em um curso de vendas ministrado pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Entre os frutos colhidos das novas técnicas aprendidas está a conquista da possibilidade de venda de vassouras, a partir de 2008, na Ceasa de Porto Alegre.

• O desenvolvimento da capacidade de planejamento técnico e operacional e da gestão do empreendimento – Esse aspecto é particularmente importante quando se considera a baixa escolaridade que predomina entre os agricultores (quase a totalidade deles nem sequer completou o ensino fundamental) e deve contemplar o uso de ferramentas de fácil compreensão e manejo.

• A redefi nição dos objetivos e das modalidades de relacionamento com as instituições parceiras – Tanto a UERGS como a Emater – os dois principais parceiros dos agricultores – manifestam interesse em manter seu apoio ao projeto, mas consideram a necessidade de redefi nir os termos nos quais se baseia a relação de colaboração, orientando-a objetivamente para a autonomia do grupo. Este desafi o pressupõe redefi nir o papel dos alunos no acompanhamento do empreendimento, introduzindo, entre outras possibilidades, a modalidade de estágio curricular, com geração de produtos específi cos de interesse dos agricultores. Implica, também, a consolidação das parcerias comerciais com proprietários de estabelecimentos varejistas e dirigentes de órgãos públicos, neste último caso, para viabilizar o transporte ao local.

• O fortalecimento da participação na Rede de Economia Solidária local – No curto prazo, o principal benefício se refere ao estreitamento das relações de colaboração com outras associações e cooperativas regionais e também com potenciais clientes. No longo prazo, a participação em redes como esta tende a consolidar a agroindústria como alternativa de renda e de desenvolvimento da agricultura familiar. O projeto Cuidar de Gente avança no quesito da participação na Rede de Economia Solidária local por meio da integração a uma cooperativa dedicada à venda de produtos rurais na região das Missões como iniciativa da Emater.

Desafios de sustentabilidadeEm busca de soluções para durar

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Passos e dicas

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O caminho das pedras do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente

O Que Fazer Itinerário de São Luiz Gonzaga

1: Identificar claramente o interesse das famílias integrantes do público-alvo do projeto.

A UERGS realizou contatos com as famílias de Barro Preto. As famílias que demonstraram interesse no projeto passaram a constituir o seu grupo-alvo.

2: Conceber coletivamente o projeto.

A Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS tinha clareza de que o sucesso do projeto dependia do pleno envolvimento dos agricultores. Por isso, a sua concepção foi feita coletivamente, em encontros freqüentes.

3: Capacitar os diretamente envolvidos – no caso, os agricultores – e fortalecer os laços de solidariedade do grupo.

A capacitação em São Luiz Gonzaga acompanhou a etapa de concepção do projeto, introduzindo conceitos e informações técnicas e gerenciais. Nos encontros de capacitação, a UERGS adotou metodologias participativas e interativas voltadas para o desenvolvimento de habilidades de liderança, de criatividade na busca de soluções, de compartilhamento de decisões.

4: Realizar estudos de viabilidade econômicofinanceira para o empreendimento e de mercado para o produto.

Os estudantes tiveram participação ativa na elaboração desses estudos.

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Passos e dicas

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5: Conhecer experiências similares.

As visitas técnicas e a participação em feiras e em seminários permitiram que os agricultores aprendessem com a experiência de outros grupos similares e evitassem repetir erros.

6: Estabelecer e estreitar parcerias.

A UERGS mobilizou apoio de um amplo conjunto de instituições, tais como Emater, Associação Comercial e Industrial (ACI), Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, prefeitura, Senar e Sindicato de Trabalhadores Rurais. Cada uma dessas instituições proporcionou apoio técnico ou político-institucional ao projeto, nas distintas fases da produção e da comercialização.

7: Envolver a mídia. Esta iniciativa foi fundamental para dar visibilidade e criar um ambiente amigável à iniciativa em São Luiz Gonzaga.

8: Manter contato freqüente com os agricultores, fomentando sua autonomia decisória.

Nos primeiros momentos do projeto, os encontros realizados a cada 15 dias tiveram o propósito de capacitar técnica e gerencialmente os agricultores, conceber o próprio projeto e desenvolver o espírito de grupo, estimulando-se a prática das decisões coletivas. Esta orientação foi crucial para promover a autonomia do grupo, que progressivamente foi demonstrando capacidade crescente de identificar problemas, tomar e implementar decisões de forma autônoma.

9: Divulgar o projeto no ambiente acadêmico e regional.

Esta estratégia foi fundamental para dar visibilidade à iniciativa e para estimular o interesse de outras instâncias da UERGS e de instituições regionais. Os dois fatores contribuíram para consolidar uma imagem positiva de empreendimento de base associativa na região e para difundir as aprendizagens acumuladas.

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A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa

ExpedienteEsta é uma publicação da Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do BANCO REAL elaborada a partir da avaliação de resultados do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa, apoiado pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária no período 2005-2007.

BANCO REALDiretoria de Desenvolvimento SustentávelMaria Luiza Pinto e Paiva

Superintendência de Ação SocialLaura Oltramare

Coordenação da área de projetos sociaisAndréa Regina

Coordenação do Concurso Banco RealUniversidade SolidáriaEloisa Martins

Coordenação do processo de avaliação e sistematizaçãoAndréa ReginaFábio SantiagoKarine BuenoMariana Brunini Suchodolski

Apoio técnico em avaliaçãoLúcia Peixoto Calil(Sal da Terra – Consultoria em Desenvolvimento Social Ltda.)Eduardo Marino (Caos Consultoria)

Associação Civil Universidade Solidária (UniSol) Superintendência-executivaWaldenor Barros Moraes Filho

Coordenação de projetosDaniela Lemos

Consultoria voluntáriaLuiz Fernando Coelho de SouzaWaldenor Barros Moraes Filho

Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa

CoordenaçãoLucinéia Felipin WoitchunasAna Margarete Rodrigues M. FerreiraIvar Antonio Sartori

Professores responsáveisAna Margarete Rodrigues M. FerreiraFernanda Leal LeãesJoão Tomás Fuhrmeister BiavaschiIvar Antonio SartoriLuciano Streck

Professores colaboradoresFernanda Leal LeãesWagner Brod BeskowLuciano Streck

AlunadoAdriane Silva dos SantosAlexandra LisboaAlfredo MighiutiAntonia Borque LopesCamila Carvalho Rauber

Elizandra AntonovGilson Gomes Boaventura dos SantosGreissi Deboni GuimarãesIlone da Silva RustickIvan Jacson PreussJames Diego RothJaqueline Mallmann HassJoni PaianiJosé Oto Kieling KleinLúcia Daiane CopettiMarcus Vinícius BolzanMaikel Piemiz ZimmermannMaria Salkovski JungesMarta Maria SchneiderNilza Barbosa ShröpferPatrícia Brun da SilvaReni Aparecida da Silva SilveiraRodrigo BrunRoger Kochhann da SilvaSinara Teresinha Horn

Texto originalLúcia Peixoto Calil(Sal da Terra – Consultoria em Desenvolvimento Social Ltda.)

Edição de textosSandra Mara Costa (Mc&Pop/Mtb 21.399)

RevisãoAlfredo Iamauti

Projeto gráfi co e editoraçãoStudio 113

FotosPaulo Leite

AgradecimentosA todas as pessoas — especialmente agricultores, estudantes e professores — que participaram do processo de avaliação do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa.

Agosto de 2008

Todas as informações que constam neste documento refl etem a experiência de iniciativas sociais apoiadas ou desenvolvidas pelo Banco Real, em sintonia com suas práticas para promoção do desenvolvimento sustentável. Ao replicar esta experiência, alguns resultados podem ser diferentes em razão das muitas variáveis presentes em projetos sociais, bem como das diversas soluções aplicáveis a cada projeto. É sempre recomendável o envolvimento de especialistas na área de desenvolvimento sustentável.

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