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  • ANLISE COMPARATIVA DE CRITRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE RISERS

    RGIDOS

    Leile Maranho Froufe

    DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS

    PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS

    PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA

    OCENICA.

    Aprovada por:

    ________________________________________

    Prof. Theodoro Antoun Netto, Ph.D.

    ________________________________________

    Prof. Ilson Paranhos Pasqualino, D.Sc.

    ________________________________________

    Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D.

    ________________________________________

    Dr. Lus Alberto DAngelo Aguiar, D.Sc.

    RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

    JUNHO DE 2006

  • ii

    FROUFE, LEILE MARANHO

    Anlise Comparativa de Critrios de Dimen-

    sionamento de Risers Rgidos [Rio de Janeiro]

    2006

    IX, 204p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,

    Engenharia Ocenica, 2006)

    Dissertao Universidade Federal do Rio

    de Janeiro, COPPE

    1. Critrios de Dimensionamento de Risers Rgidos

    2. Modos de Falha em Risers Rgidos

    3. Formulaes das Normas para Risers Rgidos

    I. COPPE/UFRJ II.Ttulo (Srie)

  • iii

    Dedico este sonho....

    Ao meu pai, que nunca freqentou uma faculdade, mas sempre nos incentivou a

    estudar. A voc (in memorian) sempre meu carinho, admirao e agradecimento,

    pelas lgrimas que eu ganhei quando voc soube que eu havia apenas passado na

    primeira fase do Vestibular...era s o incio.

    minha me, professora e educadora das crianas de outras mes. A voc meu

    reconhecimento por ter sempre sido a melhor professora, esposa, companheira e me

    do mundo, se dando de corpo e alma a todos ns filhos e alunos.

    A ambos, meu reconhecimento e carinho pela forma como fomos educados.

    Ao meu irmo e minha irm, que sempre celebraram minhas vitrias. Tenho certeza

    de que estaro celebrando mais esta. E, afinal, porque irmos so presentes eternos.

    Aos meus cunhados, sobrinha, primos, primas, tios e tias porque a vida sem famlia ,

    no mnimo, sem emoo.

    Aos amores da minha vida, meus presentes de Deus, as melhores coisas do mundo:

    meu namorado Rodrigo e minha filha Giulia, porque vocs preenchem a minha vida,

    porque aqui est dedicado o tempo que no pude dedicar a vocs e porque por vocs

    e para vocs eu sempre darei o melhor de mim e sempre procurarei ser melhor a cada

    dia. Amo vocs.

    noite e madrugada, pois sem elas boa parte desta tese no existiria. J que, como

    diz a minha filha: Mame, no que quando t na hora do Sol e voc no t

    trabalhando, voc fica comigo? No mame? No ?

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus e a Nossa Senhora, protetora das mes.

    minha me e ao meu pai que me permitiram e sempre me incentivaram a estudar.

    Ao Rodrigo, pelas ajudas tecnolgicas, pelo incentivo, pelo apoio, por boa parte das

    referncias bibliogrficas, por me aturar e por me desestressar.

    Aos amigos Pat (ABS), Deborah (Suporte), Diego (ABS), Astrid (Projemar), Theo (LTS)

    e Adriana (LTS) que nunca me deixaram desistir desta tese.

    amiga Chris (ABS) pelas dicas na fadiga. amiga Claudinha Claro pelas ajudas de

    ltima hora.

    A Tuanjie Liu do ABS Houston, quem s conheo por e-mail, por todas as dicas

    fornecidas e pela ajuda nas normas do ABS.

    Ao meu orientador Theodoro, que no tendo sido apenas o meu amigo Theo, me

    mostrou a sua e a minha capacidade. O meu amigo no me deixou desistir e me

    ajudou no meu tema e o meu orientador me mostrou o trabalho duro a ser feito e

    atravs dele, me fez aprender.

    Aos professores e profissionais com idias e projetos maravilhosos, Srgio Sphaier e

    Tatalo, por sempre terem acreditado e confiado em mim. Embora, infelizmente, eu no

    possa ter seguido a hidrodinmica de vocs.

    Zlia, minha me preta e bab da Giulia, pois se em vrios momentos ela no

    estivesse cuidando e brincando com a Giulia pra mim, eu nunca teria conseguido.

    Aos dias nublados e chuvosos, que me ajudaram a no olhar pela janela e ter vontade

    de sair correndo para a praia!

    Ao meu chefe Pricles, meu casamento de quase 15 anos, meu brao direito e

    exemplo profissional: a voc minha admirao pelo profissional que , sabendo manter

    a tranqilidade no caos, e a voc meus agradecimentos por tudo de profissional neste

    tempo todo e ainda, pessoalmente, por ajudar a minha me a tomar conta de mim.

    Meu sincero muito obrigada, pois sei que para a realizao deste projeto pessoal

    voc foi o maior atingido pela minha ausncia no trabalho. Eu compenso!

    Ao meu irmo Lus Cludio, Engenheiro Florestal, D.Sc. em Produo Vegetal, digo

    assim, um estudioso nato, pelo apoio moral nas minhas horas de maior desespero,

    tentando sem dvida me acalmar: Relaxa... Se Deus tivesse tentado defender uma

    tese de seu grande trabalho (a criao da humanidade), ele teria sido reprovado com

    certeza: ela no tem ttulo, no tem referncias bibliogrficas, no tem ndice, no tem

    sumrio e nem mesmo orientadores ou banca. Pensa assim: se Ele pode ser

    reprovado, voc tambm pode sem vergonha nenhuma.

  • v

    AGRADECIMENTO ESPECIAL

    minha pequena-grande Giulia que com apenas 4 anos teve grande participao

    nesta tese, seja me fazendo companhia nos fins de semana e feriados de pijama,

    seja me ajudando a colorir as referncias bibliogrficas, seja me ajudando a

    datilografar meu texto, seja tendo apenas curtido ou assegurado o fato de eu estar ali,

    o dia todo, sentadinha ao alcance dos olhos dela, ou ainda, seja me mostrando como

    a vida pode ser simples sempre.

    Depois de todos esses meses tentando estudar tudo sobre colapso de dutos rgidos,

    voc, em apenas alguns traos, conseguiu simplificar tudo.

    A voc, Fofinha, meu agradecimento pela sua participao mais do que especial em

    tudo na minha vida.

    Fig.001 Colapso na verso da Giulia

  • vi

    Resumo da Dissertao apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

    necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)

    ANLISE COMPARATIVA DE CRITRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE RISERS

    RGIDOS

    Leile Maranho Froufe

    Junho/2006

    Orientador: Theodoro Antoun Netto

    Programa: Engenharia Ocenica

    Os sistemas de risers so constitudos basicamente de tubos que conectam

    uma unidade flutuante a poos no fundo do mar, rvore de natal ou manifolds, e

    transportam leo, gua, gs ou misturas. Durante as fases de instalao e operao,

    os mesmos esto sujeitos a diferentes carregamentos. Tendo em vista estes

    carregamentos, a resistncia dos risers pode ser analisada para os modos de falha de

    ruptura, colapso, propagao de colapso e fadiga. Existem diferentes formulaes em

    diferentes normas para avaliao da resistncia dos risers a estes modos de falha. O

    objetivo desta dissertao avaliar as expresses e os requisitos aplicveis das

    normas existentes, comparando os resultados obtidos atravs das suas formulaes

    com resultados experimentais, analticos e/ou numricos disponveis e com

    formulaes tericas disponveis na literatura. Ao final so propostas estimativas para

    os fatores de segurana e analisadas as discrepncias entre cada norma. Anlises

    so realizadas de forma a avaliar comparativamente o grau de conservadorismo das

    diferentes normas e as incertezas obtidas em cada estimativa proposta.

  • vii

    Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

    COMPARATIVE ANALYSIS OF DESIGN CRITERIAS FOR RIGID RISERS

    Leile Maranho Froufe

    June/2006

    Advisor: Theodoro Antoun Netto

    Department: Ocean Engineering

    The risers systems are basically formed by tubular elements, which connect the

    floating unity to sub sea wells, christmas trees or manifolds, in order to transport oil,

    water, gas or mixtures. During the installation and operation phases, the risers are

    subject to different types of loads. Aiming these loadings, the riser strength can be

    analyzed for different failure modes, such as collapse, propagation buckle and fatigue.

    There are different formulations in different codes for the evaluation of the risers

    strength with respect to these failure modes. The objective of this thesis is to evaluate

    the expressions and applicable requirements from the existing codes, comparing the

    obtained results with the experimental ones, as well as, the analytical and/or numeric

    ones available in the literature. Additionally, at the end of this study, some safety

    factors are proposed and also some discrepancies among each code are analyzed.

    Analyses are performed in order to compare the conservatism degree among different

    codes and the uncertainty obtained in each proposed estimate.

  • viii

    NDICE

    1 INTRODUO 1 1.1 Objetivo e Importncia da Dissertao 2 1.2 Metodologia 2 1.3 Motivao 3 1.4 Estrutura da Dissertao 4

    2 REVISO BIBLIOGRFICA 5

    2.1 Carregamentos e Modos de Falha 5 2.2 Ruptura 5 2.3 Colapso 9 2.4 Propagao de Colapso 14 2.5 Fadiga 20 2.6 Anlise dos Resultados 24 2.7 Normas 26

    2.7.1 American Bureau of Shipping 26 2.7.2 Det Norske Veritas 29 2.7.3 American Petroleum Institute 33 2.7.4 Comparao entre as Normas 35

    3 RUPTURA 36

    3.1 Introduo 36 3.2 Presso de Ruptura das Normas 37 3.3 Presso de Ruptura obtida a partir de Modelo Analtico 41 3.4 Presso de Ruptura obtida a partir de Modelo Numrico 43 3.5 Presso de Ruptura obtida a partir de Testes Experimentais 43 3.6 Comparao entre Resultados Experimentais, Analticos, Numricos e Normas 44 3.7 Critrios de Dimensionamento das Normas 47 3.8 Comparao entre os Critrios de Dimensionamento e os Resultados Obtidos para as Presses de Ruptura das Normas 50 3.9 Comparao entre os Critrios de Dimensionamento e os Resultados Experimentais, Numricos e Analticos 53 3.10 Anlise dos Resultados 55 3.11 Concluses e Recomendaes 57

    4 COLAPSO 59

    4.1 Introduo 59 4.2 Presso de Colapso obtida a partir de Testes Experimentais 61 4.3 Presso de Colapso obtida a partir de Modelo Numrico 62 4.4 Presso de Colapso obtida a partir de Modelo Analtico 63 4.5 Presso de Colapso das Normas 63 4.6 Comparao entre Resultados Experimentais, Numricos, Analticos e Normas 70 4.7 Verificao da Influncia da Ovalizao para os Casos de Presso Pura 74 4.8 Critrios de Dimensionamento das Normas 75 4.9 Comparao entre os Critrios de Dimensionamento e os Resultados Obtidos para as Presses de Colapso das Normas 76

  • ix

    4.10 Comparao entre os Critrios de Dimensionamento e os Resultados Experimentais, Numricos e Analticos 78 4.11 Anlise dos Resultados 81 4.12 Consideraes sobre os Casos Presso-Flexo 82 4.13 Concluses e Recomendaes 87

    5 COLAPSO PROPAGANTE 89

    5.1 Introduo 89 5.2 Presso de Propagao de Colapso obtida a partir de Testes Experimentais 92 5.3 Presso de Propagao de Colapso obtida a partir de Modelo Numrico 94 5.4 Presso de Propagao de Colapso obtida a partir de Modelo Analtico 95 5.5 Presso de Propagao de Colapso Terica obtida na Literatura 95 5.6 Presso de Propagao das Normas 100 5.7 Comparao entre Resultados Experimentais, Numricos, Analticos, Literatura e Normas 103 5.8 Critrios de Dimensionamento das Normas 114 5.9 Comparao entre os Critrios de Dimensionamento e os Resultados Obtidos para as Presses de Propagao de Colapso das Normas 116 5.10 Comparao entre o Colapso e a Propagao de Colapso 123 5.11 Anlise dos Resultados 127 5.12 Concluses e Recomendaes 131

    6 FADIGA 132

    6.1 Introduo 132 6.2 Anlise dos Fatores de Segurana das Normas 136 6.3 Anlise das Curvas S-N 138

    6.3.1 Curvas S-N das Normas 138 6.3.2 Resultados Numricos e Algoritmos 143 6.3.3 Resultados Experimentais 144 6.3.4 Comparao entre as Normas e os Resultados Numricos, Algoritmos e Experimentais 145

    6.4 Concluses 155 7 CONCLUSES E RECOMENDAES FINAIS 156

    7.1 Comparao Geral entre as Normas 156 7.2 Ruptura 157 7.3 Colapso 158 7.4 Propagao de Colapso 159 7.5 Fadiga 159 7.6 Ordem de Grandeza dos Fatores de Segurana Estimados 160 7.7 Anlise dos Resultados 161 7.8 Recomendaes para Trabalhos Futuros 161 7.9 Notas Gerais 162

    8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 164 APNDICE 172

  • 1

    1 INTRODUO

    Os sistemas de risers so constitudos basicamente de tubos que conectam

    uma unidade flutuante a poos no fundo do mar, rvore de natal ou manifolds, e

    transportam leo, gua, gs ou misturas.

    Os risers podem ser flexveis ou rgidos, ou mesmo uma combinao entre os

    dois tipos e constituem uma parte considervel dos custos totais nos campos de

    explorao de petrleo, os quais esto relacionados aos custos de fabricao,

    instalao e manuteno, por exemplo. No caso de risers rgidos de ao, o custo do

    ao em si est essencialmente relacionado s suas dimenses, ou mais

    especificamente, sua espessura (para um dado material e dimetros definidos).

    Assim, uma reduo na espessura reduz os custos de ao otimizando assim o projeto,

    de forma que a espessura seja a mnima possvel, mas ainda assim fornea

    resistncia necessria ao duto. Adicionalmente reduo de custos, linhas mais

    esbeltas so mais leves e, em conseqncia disto, apresentam maior agilidade na

    instalao.

    Por outro lado, para um dado dimetro, que est diretamente relacionado

    vazo necessria do fluido e material pr-definidos, a espessura da parede do duto

    essencialmente a grandeza que define a sua resistncia, devendo ser suficientemente

    otimizada. Portanto, critrios de projeto devem ser aplicados de forma a obter a

    espessura tima, ou de forma genrica, a melhor relao dimetro/espessura (D/t),

    que fornecer a resistncia necessria, com custos otimizados.

    De forma geral, tratando-se de cargas operacionais, os dutos submarinos devem

    ser projetados para satisfazer os requisitos funcionais devidos aos carregamentos

    correspondentes ao meio interno (fluido sendo transportado), ao meio externo, cargas

    ambientais oriundas de ondas e correntes e movimentos da unidade flutuante durante

    a vida til de projeto.

    A fase de instalao tambm uma fase crtica no projeto dos risers. Durante a

    instalao, alm do carregamento combinado de flexo e presso externa, o duto est

    sujeito trao axial exercida pela embarcao de lanamento para evitar a

    flambagem prematura da linha (colapso) devida curvatura excessiva. O estado de

    tenses gerado por esta condio de carregamento deve ser mantido, com fatores de

    segurana adequados, abaixo do correspondente resistncia limite do duto.

    Tendo em vista os carregamentos indicados acima, durante operao e

    instalao, a resistncia dos risers pode ser analisada para os seguintes modos de

    falha bsicos: ruptura, colapso, propagao de colapso e fadiga, os quais esto

    apresentados nesta dissertao.

  • 2

    possvel encontrar na literatura critrios de dimensionamento para estes

    modos de falha, bem como formulaes de diversos autores para definio das

    presses crticas de ruptura, colapso e propagao de colapso. A determinao destas

    presses crticas um dos passos iniciais no projeto dos risers. Avaliar a discrepncia

    encontrada entre as normas neste passo assim de grande importncia para o

    projeto.

    1.1 Objetivo e Importncia da Dissertao

    O objetivo desta dissertao avaliar a aplicao das normas existentes e suas

    discrepncias, comparando os resultados obtidos atravs das formulaes

    encontradas nas mesmas entre si e com resultados experimentais, analticos e/ou

    numricos disponveis na literatura, no que diz respeito ruptura, ao colapso e

    propagao de colapso, conforme aplicvel.

    No que diz respeito fadiga, so analisadas as diferenas fundamentais entre

    as curvas S-N propostas por cada norma e os fatores de segurana definidos pelas

    mesmas. Alguns resultados prticos so tambm apresentados.

    Diversos trabalhos anteriores a este foram desenvolvidos abrangendo o mesmo

    contedo, os quais so inclusive referenciados ao longo desta dissertao. A

    importncia desta dissertao est no fato da mesma ser focada na anlise crtica das

    expresses, ou mais precisamente, nos critrios estabelecidos pelas normas, de forma

    a verificar a adequao dos mesmos, ou at mesmo o nvel de conservadorismo

    embutido.

    De forma geral, as normas fornecem valores conservadores, pois levam em

    considerao uma margem de segurana para o projeto. O objetivo foi identificar e

    quantificar, na medida do possvel, esta margem de segurana e analisar as

    expresses tericas definidas nas normas.

    Ao final do trabalho possvel identificar, por exemplo, quais normas so mais

    conservadoras, quais os critrios estabelecidos por cada norma e quais fatores de

    segurana esto embutidos em cada formulao.

    1.2 Metodologia

    Primeiramente foi realizada uma pesquisa das normas disponveis para o projeto

    de risers rgidos. As principais normas relacionadas com o objeto deste estudo foram:

    ABS Guide for Building and Classing Subsea Riser Systems, 2005 [1], DnV Dynamic

    Risers, DNV-OS-F201, 2001 [2], Design, Construction, Operation, and Maintenance

    of Offshore Hydrocarbon Pipelines (Limit State Design), API RP 1111, 1999 [3] e

  • 3

    Manual for Determining the Remaining Strength of Corroded Pipelines, 1991, ASME

    B31G-1991 [4].

    Para cada uma das normas acima, os critrios de falha foram verificados entre si

    e posteriormente comparados com os resultados disponveis em outros trabalhos.

    1.3 Motivao

    A experincia no dia-a-dia com utilizao de normas de projeto incentivou a

    busca do que havia disponvel para o projeto de risers rgidos, o que levou

    basicamente s normas j mencionadas do ABS [1], DnV [2], API [3] e ASME [4].

    Tendo em vista a reviso das normas acima mencionadas, notou-se que

    basicamente o projeto dos sistemas de risers consiste de duas fases: a fase inicial

    onde so avaliados os critrios de ruptura, colapso e propagao de colapso e a fase

    de detalhamento, onde uma anlise estrutural desenvolvida para determinao das

    tenses atuantes nos dutos e verificao final do projeto, incluindo fadiga.

    Uma vez que o processo de anlise estrutural basicamente o mesmo inclui

    as mesmas consideraes de cargas e verificao das tenses atuantes optou-se

    por se fazer uma comparao entre as normas no que diz respeito verificao inicial

    do projeto, uma vez que cada norma apresenta suas formulaes especficas.

    Pelos fluxogramas observados nas normas, apresentados no captulo 2, nota-se

    que o projeto inicial o mesmo, no entanto, neste ponto que as normas diferem:

    diferentes formulaes empricas so fornecidas para os diferentes modos de falha.

    Portanto, optou-se por estudar as discrepncias e correlaes fornecidas por estas

    formulaes e buscar as normas mais ou menos conservadoras, o que foi, portanto, a

    primeira motivao para este estudo.

    A reviso bibliogrfica indicou a importncia da anlise dos modos de falha

    descritos acima: diversos trabalhos indicam resultados de pesquisas analticas,

    numricas e experimentais sobre este assunto. De posse destes resultados, havia

    assim a possibilidade de tentar realizar uma anlise crtica dos resultados obtidos

    pelas expresses indicadas nas normas, ou mesmo tentar quantificar os fatores de

    segurana embutidos em cada uma, comparando-os com os valores obtidos pelas

    mesmas.

    No caso do Brasil, o aumento cada vez maior das lminas dgua, associado

    aos novos campos de explorao no Brasil, tem motivado uma atividade contnua de

    pesquisa em risers rgidos de ao, no qual os modos de falha representados pelo

    limite ltimo de resistncia de dutos intactos sujeitos a carregamentos combinados de

    presso, flexo e trao, bem como da resistncia residual de dutos avariados, tm

  • 4

    sido largamente estudados atravs de testes experimentais e simulao numrica [5].

    A procura por estes resultados no Laboratrio de Tecnologia Submarina,

    COPPE/UFRJ (LTS), e em outras referncias foi uma motivao adicional para este

    trabalho.

    No caso de risers, sujeitos s cargas dinmicas de operao, a resistncia

    fadiga um aspecto importante a ser analisado. Para a anlise de fadiga, trs fatores

    bsicos so considerados: a determinao da variao de tenso, a escolha da curva

    S-N aplicvel e a definio do fator de segurana aplicvel ao projeto. Uma vez que a

    anlise de tenses realizada atravs da anlise global, equivalente para todas as

    normas, este trabalho se concentrou em analisar os fatores de segurana aplicveis

    ao projeto e as curvas S-N, j que estes so os aspectos que podem apresentar

    discrepncias.

    Uma motivao adicional para o trabalho consistiu na anlise de todos os

    resultados obtidos. Assim, exceto para o modo de falha de fadiga, alm da

    comparao dos valores entre si, uma anlise do grau de preciso dos resultados

    obtidos foi elaborada para cada modo de falha estudado.

    Ressalta-se que este estudo voltado para anlise de risers rgidos, uma vez

    que existe a tendncia ao seu desenvolvimento e aplicao cada vez maior na

    indstria offshore.

    1.4 Estrutura da Dissertao

    Esta dissertao est apresentada da forma descrita a seguir.

    No captulo 2 feita uma reviso bibliogrfica dos principais trabalhos utilizados

    e uma descrio geral das principais normas utilizadas.

    No captulo 3 analisado o modo de falha de ruptura, no captulo 4, o modo de

    falha de colapso, no captulo 5, a propagao de colapso e no captulo 6, o modo de

    falha de fadiga. Cada um destes captulos contm uma reviso bibliogrfica especfica

    de cada um destes modos de falha, no indicada propositalmente no captulo 2 para

    uma melhor organizao de cada modo de falha.

    No captulo 7 apresentada uma concluso geral do trabalho realizado.

    No captulo 8 so apresentadas as referncias bibliogrficas utilizadas para o

    desenvolvimento desta dissertao.

    No Apndice so apresentados alguns conceitos gerais sobre os sistemas de

    risers.

  • 5

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Carregamentos e Modos de Falha

    Diversas atividades de pesquisa vm sendo desenvolvidas abrangendo o estudo

    da integridade estrutural de sistemas de risers. No caso especfico do Brasil, estas

    atividades esto, na sua maioria, relacionadas ao desafio proveniente do processo de

    instalao de risers rgidos na Bacia de Campos, incluindo estudos relacionados

    resistncia ltima de dutos intactos e a resistncia residual de dutos com defeitos,

    atravs de testes experimentais e modelos numricos e/ou analticos [5].

    Adicionalmente s cargas cclicas as quais os risers esto sujeitos, s cargas de

    flexo e trao, durante sua instalao e operao e s cargas trmicas, dois aspectos

    bsicos devem ser considerados no projeto: a presso do fluido no interior do riser

    presso interna e a presso do meio externo ao riser presso externa.

    Sob o aspecto da presso atuante, um duto sujeito presso interna est sujeito

    falha por ruptura (burst) e no caso da presso externa, o duto est sujeito falha por

    colapso (buckling) e por propagao de colapso (propagation buckle).

    Considerando os efeitos de todos os carregamentos aos quais o riser est

    sujeito, durante a sua vida til e incluindo os carregamentos provenientes do processo

    de instalao, a resistncia fadiga tambm um modo de falha importante a ser

    verificado.

    Cada um desses modos de falha - a ruptura, o colapso, a propagao de

    colapso e a fadiga - foi estudado nesta dissertao e uma reviso das principais

    referncias utilizadas est apresentada a seguir. Ressalta-se que uma reviso mais

    abrangente de cada modo de falha especificamente apresentada em cada captulo

    correspondente.

    2.2 Ruptura

    Os dutos, terrestres ou submarinos, esto sujeitos a defeitos que podem afetar

    diretamente sua integridade estrutural ao longo de sua vida til. Dentre estes defeitos,

    a perda de espessura causada pela corroso um dos que afetam a sua resistncia

    ao das cargas operacionais e ambientais, reduzindo sua integridade estrutural, o

    que pode levar a uma possvel falha. Com o envelhecimento das linhas de transporte

    de leo e gs em todo o mundo, e tendo em vista a constante preocupao com as

    instalaes atuais e futuras, a avaliao da resistncia limite de dutos com defeitos de

  • 6

    corroso passou a ter grande importncia, sendo necessrio evitar que os dutos

    corrodos eventualmente sofram rupturas (ou tambm colapso) que impliquem em

    interrupes na operao e vazamentos de produtos com conseqentes danos

    ambientais, por exemplo. Para evitar o risco de perda ou queda na produo, as linhas

    devem ser submetidas a inspees peridicas, para detectar os defeitos, e uma

    posterior avaliao da resistncia do duto nos trechos onde os mesmos foram

    localizados. Ressalta-se assim a importncia da avaliao da integridade estrutural de

    linhas corrodas. Muitas linhas so mantidas em operao mesmo depois de sinais de

    corroso terem sido observados nas mesmas. Para tal, so recalculadas e reavaliadas

    as presses mximas internas admissveis dos produtos que esto sendo

    transportados, considerando a nova situao dos dutos corrodos. Mtodos para

    avaliao de defeitos causados por corroso esto disponveis h dcadas, porm,

    com o passar dos anos, algumas modificaes foram propostas e, nos ltimos anos

    tm sido desenvolvidos mtodos alternativos baseados na anlise de estudos

    paramtricos por elementos finitos. Resultados experimentais de dutos com defeitos e

    dutos intactos so comparados a resultados numricos obtidos atravs de modelaes

    por elementos finitos, como o objetivo de investigar a ruptura nos dutos [6], [7].

    Para esta dissertao foram buscados na literatura resultados disponveis

    relativos anlise da presso interna e da ruptura em dutos e notou-se que estes

    efeitos foram analisados em diversos trabalhos, atravs principalmente, da

    comparao de resultados de dutos intactos e dutos com pequenos defeitos de

    corroso.

    Ressalta-se, contudo, que os efeitos de corroso nos dutos no foram

    analisados nesta dissertao, pois os mesmos no so considerados nas principais

    normas objeto deste estudo ABS, DnV e API, nas referncias utilizadas [1], [2] e [3].

    Nestas referncias, considera-se que mecanismos para preveno da corroso sero

    instalados nos dutos e, portanto, as mesmas no consideram a corroso diretamente

    em suas formulaes de projeto. Assim, destaca-se em cada trabalho analisado, os

    quais esto descritos a seguir, os resultados obtidos para dutos intactos que esto

    apresentados ao longo do captulo 3.

    Com o objetivo de avaliar a presso de ruptura de dutos intactos e dutos com

    defeitos axi-simtricos, 5 modelos de dutos intactos e 8 modelos de dutos com

    defeitos, em ao carbono e em ao inox, foram analisados na referncia [8]. Partindo-

    se das equaes bsicas de tenso circunferencial, axial e radial para um duto sujeito

    presso interna e dos conceitos e formulaes obtidos a partir da teoria da

    plasticidade, foi elaborado um modelo analtico para anlise estrutural de dutos

  • 7

    sujeitos presso interna. Adicionalmente ao modelo analtico, foi elaborado um

    modelo numrico e modelos experimentais para validao dos resultados obtidos. No

    modelo numrico, os dutos foram modelados utilizando-se o mtodo dos elementos

    finitos, com espessura uniforme e comprimento longitudinal superior a 10 vezes o seu

    dimetro externo, utilizando-se um modelo bidimensional axi-simtrico e o programa

    computacional ABAQUS. O carregamento de presso foi aplicado de maneira

    uniforme em toda extenso interna do modelo.

    Adicionalmente aos modelos acima, foram ainda realizados testes experimentais

    nos modelos. Antes da realizao do experimento os modelos tiveram suas superfcies

    externas mapeadas cuidadosamente para que os valores geomtricos medidos

    fossem comparados com os valores nominais e, posteriormente, na correlao dos

    modelos numricos e analticos com os resultados dos testes experimentais. Todos os

    modelos testados foram instrumentados com extensmetros eltricos (strain-gages)

    e com transdutores lineares de deslocamento (lvdts), de modo a se monitorar

    deformaes e deslocamentos radiais em diversos pontos do modelo durante o

    experimento. A presso interna aplicada aos modelos foi medida com o auxlio de um

    transdutor eletrnico de alta preciso, completando assim a instrumentao do

    modelo. Os testes foram realizados no LTS em um aparato especialmente

    desenvolvido para simulao do processo de carregamento sob presso interna.

    As anlises realizadas nesta referncia, atravs das comparaes entre os

    resultados numricos, analticos e experimentais para os modelos intactos e modelos

    com defeito, indicaram que existe uma relao para o decrscimo na presso de

    ruptura que depende muito mais do defeito (corroso) do que do material utilizado.

    A influncia da corroso na resistncia dos dutos foi tambm analisada nas

    referncias [6], [7] e [9]. No estudo foi proposto estabelecer um procedimento simples,

    obtido a partir de resultados experimentais e da realizao de um estudo paramtrico,

    que pudesse capacitar o inspetor submarino uma rpida avaliao do efeito

    detrimental de um dano simples, decidindo posteriormente quais anlises e/ou aes

    seriam mais adequadas em cada caso.

    Na srie de experimentos, 7 modelos em escala reduzida foram testados sob

    cuidadosas condies de controle. Um dos modelos era intacto, enquanto nos 6 outros

    modelos foram simulados defeitos de corroso.

    Antes de serem submetidos aos ensaios, os modelos tambm tiveram suas

    superfcies mapeadas para que se pudesse comparar com os valores nominais, uma

    vez que a interpretao dos resultados experimentais, e posterior comparao com os

    resultados numricos, implica no conhecimento das distribuies das imperfeies

  • 8

    geomtricas iniciais dos modelos testados, visto terem influncia na resistncia dos

    dutos. Todos os modelos testados foram instrumentados com strain-gages de modo a

    se determinar a carga de ruptura, como no caso anteriormente descrito. Os testes

    foram tambm realizados no interior de cmara hiperbrica horizontal do LTS, em um

    aparato especialmente desenvolvido para simulao do processo de carregamento

    sob presso interna.

    Em paralelo aos testes experimentais, foi elaborado um modelo numrico

    baseado no mtodo dos elementos finitos para simulao computacional da presso

    interna em dutos corrodos e intactos. Os dutos foram modelados com espessura

    uniforme e comprimento longitudinal igual a 10 vezes o seu dimetro externo. Para

    modelao utilizou-se o programa ABAQUS e foi adotado um modelo tridimensional

    com representao de meia geometria de duto.

    Com base nos resultados obtidos, e em requisitos especficos de formulaes

    que avaliam a integridade estrutural de dutos corrodos, foi realizado um estudo

    paramtrico para obter a perda de capacidade da linha corroda. Este estudou resultou

    num ajuste linear para avaliao da integridade estrutural que depende basicamente

    das caractersticas do duto e do defeito de corroso.

    Os estudos paramtricos realizados nesta referncia, atravs da variao do

    material e dos parmetros geomtricos, indicaram ainda que o parmetro do defeito

    que gera o efeito mais prejudicial na presso de ruptura do duto a profundidade do

    mesmo.

    Destaca-se que vrios trabalhos j foram desenvolvidos envolvendo a anlise da

    influncia de defeitos/corroso na resistncia ruptura de dutos. Alm dos

    anteriormente citados foram analisados os trabalhos desenvolvidos em [10], [11], [12],

    [13] e [14]. Estes trabalhos no apresentam resultados de dutos intactos, apenas

    dutos com defeitos. Cada trabalho apresentou estudos em diferentes dutos (dimetro,

    espessura e material), com diferentes defeitos (uniformes, no-uniformes), diferentes

    profundidades e comprimentos de defeito, e ainda com diferentes carregamentos

    (presso interna pura ou combinao de presso interna e flexo). Os resultados

    obtidos nestes trabalhos, atravs da comparao com resultados experimentais,

    indicaram que a norma ASME B31G-1991, Manual for Determining the Remaining

    Strength of Corroded Pipelines, 1991 [4] a que fornece melhores resultados para

    dutos corrodos embora tenha se mostrado conservadora [10], [12]. As demais

    referncias [11], [13] e [14] tratam basicamente do estudo elaborado para o

    desenvolvimento da norma DNV-RP-F101, Corroded Pipelines [15], atravs da anlise

    de resultados experimentais.

  • 9

    Uma vez que, durante o projeto dos risers, as normas consideram que

    mecanismos sero providos para prevenir a corroso dos dutos (nas referncias

    utilizadas [1], [2] e [3]), a anlise de dutos com defeitos de corroso no foi realizada

    nesta dissertao, conforme j mencionado. Portanto, as referncias acima

    mencionadas foram utilizadas apenas como base terica nesta dissertao. No

    entanto, atravs do estudo destas referncias, verificou-se a utilizao da norma

    ASME B31G [4]. Sendo assim, em adio s normas j anteriormente citadas ABS

    [1], DnV [2] e API [3] para o caso especfico da presso de ruptura foram analisados

    os critrios includos na norma ASME B31G [4]. Esta norma estabelece critrios para

    avaliao da presso de ruptura de dutos com corroso. Nesta dissertao, para

    comparao com as normas acima, a formulao aplicada considerando-se que o

    duto no possui corroso, ou seja, considerando que o tamanho e a profundidade da

    corroso so nulos, nas expresses propostas por esta norma.

    2.3 Colapso

    Os primeiros estudos de cascas cilndricas sujeitas variadas combinaes de

    carregamento foram realizados por diversos pesquisadores utilizando teoria linear

    clssica. No incio dos anos 10, novos estudos foram realizados considerando

    pequenos deslocamentos, linearidade do material e geometria inicial perfeita e foram

    assim estabelecidas formulaes para presso radial crtica. Mais tarde, novos

    estudos foram realizados considerando o efeito da presso hidrosttica em cascas

    cilndricas esbeltas. O colapso de dutos submetidos flexo pura foi inicialmente

    investigado no incio dos anos 20. Assumindo-se que as sees transversais de um

    duto longo se ovalizam gradualmente medida que fletido, com conseqente perda

    de rigidez, foi assim proposta uma formulao para determinao da presso crtica de

    flambagem elstica introduzindo o conceito de carregamento limite. A discrepncia

    que foi posteriormente observada entre resultados experimentais e os resultados

    obtidos atravs das formulaes analticas foi bastante discutida e, assim, foram

    sugeridas novas equaes no-linerares de equilbrio de cascas, levando em

    considerao grandes deslocamentos em substituio teoria linear clssica. A

    importncia das imperfeies geomtricas iniciais na obteno da carga de colapso de

    cascas cilndricas submetidas compresso axial foi observada no incio dos anos 50

    e termos adicionais foram includos nas equaes no-lineares de equilbrio. O efeito

    destas imperfeies foi novamente estudado para o caso de cascas cilndricas

    esbeltas sujeitas presso externa e observou-se que a carga de colapso nestes

  • 10

    casos era significativamente menor carga terica proposta para estruturas perfeitas.

    Teoria no-linear de cascas esbeltas, considerando grandes deslocamentos,

    assumindo pequenas deformaes na superfcie mdia da casca e moderadas

    rotaes, foi desenvolvida, o que levou introduo de alguns termos ligeiramente

    diferentes, e outros ainda no propostos, nas equaes sugeridas anteriormente. No

    incio dos anos 70, um grupo de pesquisadores desenvolveu durante 6 anos o primeiro

    estudo especfico do comportamento pr e ps colapso de dutos submarinos sujeitos

    flexo e presso. Foram propostas novas equaes linearizadas considerando, dentre

    outros efeitos, as caractersticas elasto-plsticas do material. O advento do

    computador e da tecnologia, principalmente na dcada de 80, influenciou de maneira

    significativa a pesquisa cientfica e tecnolgica e, assim, equaes no-lineares

    desenvolvidas desde os anos 30 foram implementadas em programas numricos. O

    problema da cascas cilndricas, anteriormente enfocado de maneira geral, passou

    ento a ser estudado de forma mais especfica por diversos pesquisadores.

    Paralelamente, os estudos experimentais foram conduzidos de forma cada vez mais

    criteriosa, demonstrando uma preocupao crescente dos pesquisadores em

    determinar parmetros considerados anteriormente de pequena influncia na

    determinao da resistncia limite de cascas cilndricas - tais como imperfeies

    geomtricas iniciais, caractersticas elasto-plsticas e anisotropia do material, tenses

    residuais devido ao processo de fabricao e histria de carregamento, dentre outros -

    para diferentes carregamentos - como presso pura, flexo pura e combinao destes

    carregamentos [16].

    Alguns dos trabalhos mais recentes sobre este tema foram includos nesta

    dissertao, no captulo 4. Uma reviso dos mesmos descrita a seguir.

    Um modelo terico, desenvolvido a partir da mecnica dos slidos, foi

    implantado em um programa computacional para clculo da presso de colapso em

    dutos submarinos, atravs da formulao terica de cascas cilndricas circulares, nas

    referncias [17] e [18]. As equaes de governo incorporam grandes deslocamentos e

    o comportamento elasto-plstico do material.

    Como forma de validao dos resultados numricos obtidos, os mesmos foram

    comparados a resultados obtidos experimentalmente, atravs de testes realizados no

    LTS, em modelos de ao. As propriedades mecnicas dos modelos foram obtidas

    atravs de corpos de prova circunferenciais e longitudinais, retirados dos dutos de

    origem, para serem testados em ensaios de trao uniaxial. A qualidade dos testes

    experimentais em laboratrios fator essencial para a realizao de uma boa

  • 11

    correlao numrico-experimental. Sendo assim, os dados da geometria e das

    propriedades de material dos modelos testados foram obtidos de forma a no

    comprometer a validade do estudo.

    Os modelos foram vedados em suas extremidades e testados em cmara

    hiperbrica pressurizada com gua, onde incrementos de presso foram aplicados at

    o colapso, que foi caracterizado por um forte estampido e repentina queda de presso

    no interior da cmara.

    O objetivo principal do trabalho desenvolvido nestas referncias, incluindo as

    concluses relativas aos resultados implantados no programa computacional, se

    concentra na avaliao da presso de propagao de colapso, portanto ser objeto do

    item 2.4. Com relao presso de colapso, observou-se atravs dos resultados

    numricos e experimentais apresentados, que a presso de colapso depende

    fundamentalmente da relao D/t (relao dimetro-espessura), das imperfeies

    geomtricas iniciais e da tenso de escoamento do material.

    Um programa foi desenvolvido (COLPIPE), a partir de um programa j existente,

    para clculo da presso de colapso em dutos, na referncia [19]. No programa

    proposto, o duto foi modelado matematicamente utilizando a teoria de casca fina,

    incorporando grandes deformaes e deflexes e considerando o comportamento

    elasto-plstico do material do duto. O duto foi modelado como uma casca cilndrica

    longa, sujeito ao de presso externa, trao e flexo. A casca cilndrica foi suposta

    suficientemente longa para ser possvel desprezar os efeitos gerados pelas condies

    de contorno. Alm disso, assumiu-se que o carregamento era uniforme ao longo do

    duto, ou seja, todas as sees apresentavam o mesmo comportamento e, na situao

    limite, todo o duto iria colapsar. Os resultados obtidos pelo programa proposto foram

    ento comparados com resultados numricos obtidos atravs de dois outros

    programas, BEPTICO da PETROBRAS/CENPES e RINGBUCK do LTS, e com

    resultados experimentais. O programa RINGBUCK [20] um programa computacional

    de diferenas finitas para o colapso de cascas finas sob presso externa combinada

    com carga axial, no qual posteriormente, foi introduzido o carregamento de flexo. O

    programa realiza anlise no-linear de cascas cilndricas imperfeitas, considerando

    grandes deslocamentos e comportamento elasto-plstico do material. O programa

    BEPTICO analisa dutos longos (anlise bidimensional) sob carregamentos

    combinados de presso externa, trao e flexo. O procedimento de clculo

    incremental e baseado no princpio do trabalho virtual mnimo.

  • 12

    Os resultados dos testes experimentais foram obtidos atravs do LTS em

    modelos de ao e em alumnio. Os modelos em ao so os mesmos das referncias

    [17] e [18].

    As concluses mais significativas desta referncia referem-se ao programa

    proposto COLPIPE: foi verificado atravs das comparaes com os resultados

    experimentais e com os demais programas, que o programa proposto fornecia

    resultados confiveis.

    Adicionalmente, este trabalho inclui resultados que indicam o efeito na variao

    da presso de colapso, dependendo do tipo de carregamento e das caractersticas

    geomtricas e materiais dos dutos. Parmetros como a espessura do duto, tenso de

    proporcionalidade do material e o encruamento do material foram amplamente

    estudados para anlise do momento de colapso e da curvatura de colapso, para

    diversos tipos de carregamento presso externa pura, presso externa e flexo e

    flexo pura. A principal concluso observada, que est diretamente relacionada a esta

    dissertao foi que, para um mesmo material e mesma ovalizao inicial, a presso de

    colapso depende da relao D/t do duto, independentemente dos valores de D e de t.

    A operao em guas profundas resulta normalmente na utilizao de dutos com

    relaes D/t pequenas e, sempre que possvel, no uso de materiais de alta tenso.

    Para relaes D/t menores do que 20, o colapso predominantemente plstico, torna-

    se mais importante a avaliao das caractersticas anisotrpicas do material na

    presso de colapso. Adicionalmente, outros efeitos, como as imperfeies geomtricas

    inicias na seo transversal do duto, a ovalizao inicial e a variao da espessura da

    parede, devem ser tambm investigados. Sendo assim, a partir de estudos

    paramtricos baseados em resultados numricos e experimentais, foi desenvolvido na

    referncia [21] um estudo sobre a influncia destes diversos fatores na presso de

    colapso. O colapso de dutos com relaes D/t baixas, essencialmente dutos de

    grandes espessuras, foi estudado experimentalmente e analiticamente. Analiticamente

    foi proposta uma equao bidimensional no linear, que leva em considerao os

    parmetros acima descritos. O estudo analtico foi realizado considerando o material

    isotrpico e considerando ainda as caractersticas anisotrpicas do material. Notou-se

    atravs dos resultados, que o modelo contemplando as caractersticas anisotrpicas

    do material fornecia resultados bem mais prximos dos resultados experimentais. Os

    testes experimentais foram conduzidos utilizando-se ao inox (SS304), com dimetros

    entre 25 e 38mm e comprimento variando entre 20 a 30 vezes o dimetro. Os tubos

    foram vedados em suas extremidades e submetidos a carregamento de presso

    externa. A presso foi ento aumentada gradativamente e monitorada at que

  • 13

    ocorresse o colapso do tubo, momento este definido por uma queda repentina de

    presso. Os resultados experimentais e analticos dos modelos foram utilizados nesta

    dissertao. Atravs dos resultados dos estudos paramtricos desenvolvidos foi

    possvel concluir nesta referncia que a ovalizao inicial de extrema importncia na

    determinao da presso de colapso e, por outro lado, observou-se que a influncia

    da variao na espessura no significativa. Com relao a anisotropia do material,

    observou-se que sua considerao importante para relaes D/t inferiores a 20,

    quando o colapso predominantemente plstico.

    Com o objetivo de determinar a presso de colapso em dutos sob carregamento

    de presso externa e flexo, foi desenvolvido na referncia [16] um programa

    computacional de diferenas finitas considerando o comportamento elasto-plstico do

    material e imperfeies geomtricas inicias nos dutos. Para validao dos resultados

    foram executados testes experimentais no LTS, em modelos de alumnio, devido

    limitao da cmara hiperbrica empregada nos testes. Foram realizados testes de

    presso pura, flexo pura e flexo-pressurizao nos modelos. Os resultados obtidos

    atravs da modelao pelo mtodo de diferenas finitas foram comparados aos

    resultados experimentais e foram considerados bem satisfatrios, indicando que a

    formulao numrica proposta era considerada satisfatria. Ressalta-se que a

    preciso dos resultados se mostrava fortemente dependente da malha utilizada no

    modelo e dos incrementos de carregamento impostos na simulao numrica.

    Observou-se, ainda, que as condies de contorno adotadas no modelo bordos

    engastados ou apoiados no exerciam nenhuma influncia na obteno da carga

    crtica, para os tubos testados. No entanto, mais uma vez observou-se a importncia

    da ovalizao inicial do duto na determinao da presso de colapso. O colapso dos

    modelos sob presso pura ocorreu no regime elasto-plstico do material, com apenas

    alguns pontos de plastificao. Por outro lado, para os casos de flexo pura e flexo-

    pressurizao, a falha se deu preponderantemente no regime plstico do material. Os

    resultados obtidos para os casos de presso pura foram utilizados nesta dissertao.

    O modo de falha de colapso em dutos com diferentes caractersticas de defeitos

    de corroso foi ainda analisado na referncia [22], atravs da modelao de dutos no

    programa ABAQUS, utilizando-se as propriedades materiais do ao API X77. As

    diferentes caractersticas dos defeitos foram representadas atravs de diferentes

    relaes d/t, ou seja, relaes entre a reduo na espessura (d) e a espessura original

    do tubo (t) e diferentes ngulos de extenso do defeito. Os resultados apresentados

    nesta referncia so apenas para dutos com defeito, sem nenhuma comparao com

  • 14

    dutos intactos ou apresentao de resultados para dutos intactos. As referncias

    utilizadas no incluem em suas formulaes de projeto consideraes sobre corroso,

    conforme mencionado anteriormente, assim no h sentido em se comparar estes

    resultados com os resultados obtidos pelas normas. O principal objetivo desta

    referncia se focava na anlise da presso de propagao de colapso, sendo assim as

    principais concluses observadas so indicadas no prximo item (2.4).

    Uma pesquisa mais abrangente do comportamento de tubos sujeitos a

    carregamentos combinados de presso e curvatura foi desenvolvido na referncia [23].

    Tubos extrudados de ao inox com relaes D/t de 24.5 e 34.7 foram utilizados em

    testes experimentais. As propriedades materiais dos tubos testados foram obtidas de

    testes de trao uniaxiais realizados em corpos de prova retirados dos modelos. As

    imperfeies geomtricas iniciais foram determinadas para cada modelo. Os testes

    experimentais foram realizados para diferentes histrias de carregamento: flexo at

    um determinado valor de curvatura e posterior aplicao de presso externa at o

    colapso, presso externa e posterior flexo at o colapso e ainda, incrementos de

    curvatura e presso aplicados alternadamente at o colapso (carregamento radial).

    Atravs dos resultados deste trabalho, observou-se que a histria de carregamento

    um fator importante na definio da carga de colapso. Os resultados indicaram que os

    casos mais desfavorveis, ou seja, que apresentaram valores de carga crtica

    menores, foram os de carregamento radial, seguidos do caso pressocurvatura (P-

    >k) e seguidos do caso curvaturapresso (k->P). Os resultados experimentais obtidos

    nesta referncia foram utilizados nesta dissertao para uma avaliao dos critrios

    contidos nas normas para os casos de carregamento combinado de presso e

    momento.

    2.4 Propagao de Colapso

    No incio da dcada de 70, devido principalmente crescente demanda por

    instalao de linhas de explorao e a idia da possibilidade de perda de linhas

    submersas devido propagao de um eventual dano local, surgiram as primeiras

    pesquisas sobre o fenmeno do colapso propagante em dutos submarinos para guas

    profundas. O fenmeno foi ento observado e estudado por pesquisadores durante

    testes experimentais em modelos em escala reduzida de dutos submarinos sob

    carregamento combinado, com o objetivo de conhecer os principais parmetros que o

    regem e buscar mecanismos para deter a propagao da falha. Em conjunto com os

  • 15

    resultados dos testes experimentais foram propostas equaes na literatura e nas

    normas para estimativa da presso de propagao de colapso [17], [24].

    Alguns estudos e resultados a respeito dos efeitos de propagao de colapso

    foram includos nesta dissertao e esto descritos a seguir. Os resultados esto

    apresentados no captulo 5.

    Um modelo terico foi desenvolvido a partir da mecnica dos slidos e foi

    implementado em um programa computacional, para clculo da presso de colapso e

    presso de propagao em dutos submarinos nas referncias [17] e [18]. O modelo

    terico tridimensional foi elaborado a partir da teoria de casca fina assumindo

    pequenas deformaes e grandes rotaes. Na soluo numrica do problema foi

    implementado um programa computacional de diferenas finitas baseado na tcnica

    de relaxao dinmica.

    Adicionalmente, um modelo numrico tridimensional, com imperfeies

    geomtricas na forma de ovalizao inicial, foi desenvolvido para determinao da

    presso de propagao de colapso, utilizando-se um programa comercial (ABAQUS)

    na referncia [25].

    De forma simplificada, pode-se dizer que a diferena entre os modelos

    numricos de [17] / [18] e [25] que, diferentemente do que foi realizado em [17] e

    [18], em [25] foi gerado um modelo tridimensional, com imperfeies geomtricas na

    forma de ovalizao inicial, e este modelo foi analisado utilizando-se um programa

    comercial ABAQUS sem nenhuma implementao no programa. Por outro lado,

    alteraes foram implementadas em um programa existente, gerando um programa

    novo com melhores resultados em [17] e [18].

    Como forma de validao dos resultados numricos obtidos em [17], [18] e [25],

    foram realizados testes experimentais no LTS. Foram selecionados 6 testes de

    presso de propagao onde as propriedades mecnicas dos modelos foram obtidas

    atravs de corpos de prova circunferenciais e longitudinais, retirados dos tubos de

    origem, para serem testados em ensaios de trao uniaxial. Para a localizao da

    falha sob presso externa e posterior controle da presso de propagao, os modelos

    foram inicialmente avariados em prensa hidrulica, como o auxlio de cunha para

    denteamento. Os modelos foram vedados em suas extremidades e testados em

    cmara hiperbrica pressurizada com gua. Os testes foram conduzidos nos moldes

    dos testes de presso pura. Inicialmente, o procedimento de teste consistia na

    pressurizao gradual da cmara hiperbrica at o colapso do modelo (presso de

    iniciao), resultando em queda da presso interna para um nvel inferior presso de

  • 16

    propagao. Posteriormente os incrementos de presso foram aplicados lentamente

    de modo a manter um patamar de presso constante, definindo assim a propagao

    do colapso.

    Os resultados obtidos nas referncias [17] e [18] indicaram que as anlises de

    colapso propagante realizadas pelo programa proposto validaram a teoria e o mtodo

    numrico que foram empregados e desenvolvidos nestes trabalhos. Os resultados

    obtidos apresentaram boa correlao com os testes experimentais. A completa

    descrio das curvas de tenso versus deformao dos modelos analisados se

    mostrou essencial para a obteno de bons resultados. Os trabalhos desenvolvidos

    nestas referncias tambm foram encontrados na referncia [26]. Esta ltima foi

    utilizada para obteno de alguns dados no indicados claramente nas referncias

    anteriores, como descrito no captulo 5.

    Os resultados obtidos na referncia [25] indicaram que a presso de colapso

    bastante sensvel relao D/t, sendo menos influenciada pela tenso de escoamento

    do material. Das expresses disponveis na literatura para estimativa da presso de

    propagao de colapso, os resultados obtidos indicaram que a expresso de

    AGA/Shell (indicada no captulo 5) se mostrou a mais adequada.

    Um estudo sobre a dinmica da propagao do colapso em dutos longos

    sujeitos presso externa foi realizado na referncia [27]. Vrios trabalhos so

    publicados relacionados propagao de colapso em dutos com defeitos ou em dutos

    intactos com o objetivo de quantificar a presso de propagao de colapso, seja

    numericamente, analiticamente ou experimentalmente. A diferena nesta referncia

    est na determinao do efeito dinmico da propagao de colapso, sendo na mesma

    analisada a velocidade de propagao do colapso. Para tal, foram realizados testes

    experimentais em modelos sujeitos presso externa no ar e na gua e, ainda,

    elaborado um modelo numrico no ABAQUS. O modelo numrico foi utilizado para

    avaliar a velocidade de propagao da falha, comparando os resultados obtidos

    numericamente com os resultados obtidos experimentalmente. Os testes

    experimentais foram realizados numa srie de tubos de ao inox SS-304, com relao

    D/t de 27.9. Alguns aspectos interessantes da propagao de colapso so destacados

    neste trabalho como o modo flip-flop de propagao, ou seja, o colapso se inicia e

    percorre uma distncia ao longo do duto, posteriormente a direo do colapso

    rotaciona de um ngulo de 90 e percorre uma nova distncia at voltar a direo

    original. Observou-se com este estudo que, para uma dada presso, a velocidade de

    propagao no ar superior velocidade de propagao na gua, confirmando a

    importncia do meio fluido na presso de propagao. Este trabalho foi selecionado

  • 17

    para esta dissertao por apresentar resultados experimentais, em modelos de ao

    inox SS-304, obtidos para a presso de propagao.

    Observa-se na prtica que alguns dutos so envolvidos por uma camada externa

    para selagem ou para proteo dos mesmos, ou seja, observa-se que os mesmos se

    encontram em espaos confinados. Este dado prtico motivou os estudos realizados

    na referncia [28], relativo avaliao quantitativa da presso de colapso propagante

    de dutos em espao confinado. Sendo assim, resultados obtidos atravs de modelos

    numricos e testes experimentais em dutos de ao inox SS-304 foram utilizados para

    o desenvolvimento de expresses analticas, relacionando a presso de colapso

    propagante em espao confinado s caractersticas geomtricas e mecnicas dos

    dutos. Os resultados obtidos para os dutos no confinados esto apresentados no

    captulo 5 para comparao com as normas. Observou-se nesta referncia que a

    presso de propagao em espaos confinados superior presso de propagao

    em espaos no confinados e, ainda, que a mesma depende da tenso de

    escoamento do material, da relao D/t e das caractersticas de dureza do material.

    O modo de falha do colapso propagante e sua preveno atravs da instalao

    de enrijecedores do tipo buckle arrestors foi analisado na referncia [29]. Nesta

    referncia no foram realizados experimentos prticos, no entanto, a mesma utilizou

    resultados disponveis na literatura para testes em dutos realizados com material

    APIX65 e APIX42 para o desenvolvimento do estudo proposto. Os resultados

    encontram-se sob a forma normalizada Ppx1000/Escoamento e foram includos nesta

    dissertao. Com este trabalho foi proposta uma equao de projeto para o fenmeno

    de propagao de colapso, considerando a instalao de buckle arrestors, atravs das

    anlises numricas independentes e comparaes com as informaes disponveis na

    literatura.

    Um estudo paramtrico tambm foi desenvolvido na referncia [30] atravs da

    comparao entre resultados experimentais e numricos envolvendo a presso de

    propagao de colapso em dutos longos. Neste trabalho foram realizadas anlises

    numricas e foi proposta uma anlise tridimensional do problema, a qual, combinada

    com resultados experimentais, foi utilizada para demonstrar a propagao de colapso

    em dutos longos. Foram realizados testes experimentais em alumnio Al-6061-T6 e em

    ao inox SS-304. Os testes foram realizados com dutos com comprimento

    correspondente a mais do que 50 vezes o seu dimetro e que foram colocados em

    cmara pressurizada com gua. O aumento de presso foi dado de forma

  • 18

    relativamente lenta, numa razo constante, atravs do bombeamento de gua no

    sistema. Os resultados numricos obtidos atravs dos modelos indicaram que o

    modelo 3-D proposto era o que mais se aproximava dos resultados experimentais,

    sendo estes resultados numricos (adicionalmente aos experimentais) utilizados nesta

    dissertao.

    Estudos envolvendo comparaes entre resultados experimentais e modelos

    analticos para determinao da presso de propagao foram desenvolvidos na

    referncia [31]. O estudo analtico foi realizado atravs de um estudo de balano de

    energia, ou seja, uma avaliao entre o trabalho externo realizado pela atuao da

    presso externa no duto e o trabalho interno realizado durante a deformao do

    mesmo. Os resultados obtidos foram comparados a resultados experimentais

    realizados em modelos de alumnio e ao inox. Os resultados experimentais e

    analticos indicados nesta referncia foram utilizados nesta dissertao. Atravs

    destes estudos foram propostas equaes, atravs do ajuste dos dados obtidos pelo

    mtodo dos mnimos quadrados, para estimativa da presso de propagao de

    colapso para dutos em ao e dutos em alumnio.

    Utilizando resultados experimentais de testes de presso de propagao em

    tubos de ao inox e alumnio, uma expresso analtica para estimativa da presso de

    propagao foi proposta na referncia [32]. De acordo com os resultados

    experimentais, observou-se que a presso de propagao era dependente das

    caractersticas ps-escoamento do material (mdulo tangente do material) e da

    relao D/t. Tanto os resultados experimentais, como a expresso analtica proposta,

    como ser visto a seguir, foram utilizados nesta dissertao.

    Alm dos resultados numricos, experimentais e analticos, foram buscadas na

    literatura as formulaes mais utilizadas para estimativa da presso de propagao de

    colapso, para futura comparao.

    Desde os anos 70 o fenmeno de propagao de colapso vem sendo bastante

    discutido por diferentes grupos de pesquisadores [5], [17], [24]. Testes experimentais e

    resultados tericos tm sido utilizados para validao de expresses utilizadas para

    determinao da presso de propagao de colapso. Sendo assim, algumas destas

    expresses tambm foram utilizadas nesta dissertao para fins de comparao dos

    resultados obtidos. As formulaes utilizadas foram obtidas atravs das referncias

    [17], [25], [32] e [33].

  • 19

    Uma srie de testes experimentais foram realizados utilizando tubos de ao em

    escala reduzida com relaes D/t tpicas para determinao da presso de

    propagao, na referncia [24]. Os resultados obtidos foram comparados com diversas

    formulaes disponveis na literatura atravs de uma avaliao que utilizou parmetros

    estatsticos. Atravs deste trabalho, observou-se que, para a faixa de D/t analisada

    12 a 16 as formulaes mais adequadas foram as de Mesloh et al, Kyriakides &

    Babcock e Langner. Todas estas formulaes e os resultados experimentais foram

    includos nesta dissertao.

    Uma nova expresso proposta pela Petrobras para determinao da presso de

    propagao de colapso de dutos, provenientes de projetos conduzidos pelo

    CENPES/TMEC, foi analisada na referncia [34], sendo parte dos testes experimentais

    conduzidos pela COPPE/UFRJ. Os resultados obtidos por esta formulao foram

    comparados aos resultados obtidos atravs de expresses disponveis na literatura e a

    resultados obtidos experimentalmente, realizando-se uma anlise de confiabilidade

    dos resultados obtidos para diversas faixas de D/t. Este trabalho apresenta apenas os

    resultados finais para presso de propagao, obtidos para os modelos. No entanto,

    at o momento, os dados sobre os modelos empregados (material, tenso de

    escoamento, dimetro e espessura, por exemplo) e mesmo a prpria expresso

    proposta pela Petrobras no esto disponveis na literatura. Sendo assim, os

    resultados deste trabalho no puderam ser includos nesta dissertao, uma vez que

    no foi possvel dispor dos dados bsicos de entrada para utilizao das expresses

    das normas. Mas, destaca-se que este trabalho indicou que a expresso proposta pela

    Petrobras fornece resultados bem confiveis para dutos com relao D/t entre 9 e 24.

    Para dutos com relao D/t entre 24 e 37, a expresso de AGA/Shell foi a que melhor

    se aproximou dos resultados experimentais. Para dutos com D/t entre 37 e 42, a

    formulao de Steel & Spencer se mostrou a mais adequada. Estas expresses foram

    includas nesta dissertao.

    O modo de falha de propagao de colapso em dutos com diferentes

    caractersticas de defeitos de corroso foi analisado na referncia [22]. Os dutos foram

    modelados no programa ABAQUS, utilizando-se as propriedades materiais do ao API

    X77. As diferentes caractersticas dos defeitos foram representadas atravs de

    diferentes relaes d/t, ou seja, relaes entre a reduo na espessura (d) e a

    espessura original do tubo (t), e diferentes ngulos de extenso do defeito. Os

    resultados apresentados nesta referncia so apenas para dutos com defeito, sem

    nenhuma comparao com dutos intactos ou apresentao de resultados para dutos

  • 20

    intactos. As normas no incluem em suas formulaes de projeto consideraes sobre

    corroso uma vez que as mesmas partem do princpio de que mecanismos contra a

    corroso sero providos para o duto, conforme j mencionado anteriormente, assim

    no h sentido em se comparar estes resultados com os resultados nas normas. No

    entanto, uma comparao rpida entre os valores numricos obtidos nesta referncia

    e os valores obtidos pelas normas para a mesma relao D/t analisada e mesmas

    caractersticas materiais do ao X77, indicou que os valores das normas so bem

    superiores aos valores obtidos, j que a corroso no considerada nas suas

    formulaes. Os resultados desta referncia no foram utilizados nesta dissertao,

    sendo a referncia tendo sido utilizada apenas como base terica de estudo. Notou-

    se, atravs dos resultados apresentados, que a propagao de colapso depende da

    quantidade de corroso do duto. A mesma diminui com o aumento da profundidade da

    corroso e o aumento do ngulo de extenso do defeito. Nota-se ainda que o colapso

    localizado quando a profundidade do defeito de corroso superior a 10% da

    espessura da parede do duto. Por outro lado, percebe-se que existe um colapso total

    do duto quando a profundidade da corroso inferior a 10% da espessura original do

    duto.

    2.5 Fadiga

    Os critrios de projetos primrios para risers esto relacionados aos requisitos

    relativos presso externa e presso interna e, adicionalmente, vida til fadiga,

    a qual deve exceder a vida requerida considerando-se um determinado fator de

    segurana de projeto. Os danos de fadiga so causados pelo carregamento cclico no

    riser, induzido pela combinao dos carregamentos provenientes do movimento da

    unidade e carregamentos de onda e corrente, incluindo vrtice induzido. Os danos

    relacionados fadiga ocorrem principalmente nas juntas soldadas no topo e na regio

    do TDP do riser [35].

    Historicamente, no que diz respeito resistncia fadiga, desde que a

    explorao de petrleo comeou no Mar do Norte nos anos 60, ficou evidente que as

    estruturas ocenicas projetadas para operao no Golfo do Mxico, por exemplo, no

    eram adequadas para operao no Mar do Norte, em condies ambientais bem mais

    severas. As estruturas passaram a apresentar danos que foram atribudos aos

    resultados da ao das ondas durante as tempestades de inverno. Danos estes que

    representavam a falta de resistncia das estruturas fadiga, devida s condies

    ambientais mais severas. Tornou-se assim evidente, a necessidade de um melhor

    entendimento do fenmeno de fadiga em estruturas offshore e de como evit-la [36].

  • 21

    No que diz respeito operao, conforme acima mencionado, durante a vida til

    do riser, o mesmo est sujeito s cargas cclicas (onda, corrente e movimento da

    unidade qual o mesmo est acoplado) que induzem danos a estrutura do risers, os

    quais se acumulam ao longo da sua vida til.

    Adicionalmente, durante a instalao, os risers podem sofrer deformaes

    plsticas que diminuem a sua resistncia fadiga, devido s mudanas nas

    caractersticas materiais e geomtricas dos mesmos. A ocorrncia de danos locais

    durante a instalao, operao ou fabricao, assim defeitos materiais ou defeitos nas

    junes soldadas (falta de fuso ou falta de penetrao, por exemplo) tambm

    contribuem para diminuio da resistncia fadiga. Os fenmenos descritos esto

    ainda associados concentrao de tenso nas reas afetadas.

    O mtodo mais utilizado para avaliao do dano fadiga, ou determinao da

    vida til, o mtodo da curva S-N.

    Por este mtodo, os seguintes passos bsicos so considerados na anlise de

    fadiga:

    Estimativa da distribuio de variao de longo prazo das cargas no riser e das tenses associadas;

    Seleo da curva S-N apropriada ao projeto; Determinao do fator de concentrao de tenso; Estimativa do dano acumulado de fadiga atravs da Regra de Palmgren-Miner.

    Adicionalmente, fatores de segurana apropriados so considerados para

    determinao da vida fadiga para uma determinada vida til requerida.

    Portanto, tendo em vista a avaliao do dano fadiga, ou determinao da vida

    til, atravs do mtodo da curva S-N, de acordo com os diferentes passos acima

    destacados, foi analisado nas normas os pontos onde as mesmas poderiam ser

    distintas. Assim, foram analisadas as diferenas entre as curvas S-N e os fatores de

    segurana estabelecidos por cada norma, pois estes so os pontos que podem variar

    nos passos bsicos indicados acima. A estimativa das cargas, para o clculo das

    variaes de tenso, segue o mesmo procedimento e realizada atravs da

    modelao do sistema por elementos finitos: para as cargas cclicas consideradas no

    projeto so determinadas as variaes de tenso no sistema em considerao. A

    determinao do fator de concentrao de tenso e o clculo do dano acumulado

    tambm podem ser equivalentes para as normas.

  • 22

    Foram ainda pesquisados na literatura dados disponveis para comparao com

    aqueles estabelecidos pelas normas, principalmente no que diz respeito s curvas S-N

    utilizadas.

    Atravs do desenvolvimento de modelos numricos utilizando o mtodo de

    elementos finitos e modelos analticos computacionais, o fenmeno da fadiga foi

    estudado nas referncias [37] e [38], atravs da anlise de juntas soldados de risers

    rgidos contendo defeitos planares. Os modelos utilizados baseiam-se na teoria da

    mecnica da fratura e englobam os efeitos causados nos risers rgidos, quando da

    instalao atravs do mtodo carretel. Foram ainda realizados nesta referncia, testes

    experimentais em escala real em dutos de 8 polegadas contendo defeitos em sua

    solda devidos falta de fuso ou falta de penetrao. Os resultados obtidos foram

    expressos em forma de curvas S-N e comparados com curvas utilizadas em projetos

    de risers rgidos. Somente os resultados numricos e os resultados analticos, obtidos

    atravs de um algoritmo desenvolvido, se encontram disponveis para estas

    referncias. Os resultados experimentais no foram disponibilizados. Sendo assim, os

    resultados numricos e do algoritmo so utilizados nesta dissertao para comparao

    com os parmetros fornecidos pelas normas estudadas. Nesta referncia, foi

    observado que, mesmo com as simplificaes adotadas, o algoritmo desenvolvido

    mostrou-se uma ferramenta gil e vivel. Os resultados obtidos pelo algoritmo se

    mostraram mais conservadores do que os modelos numricos, podendo assim ser

    utilizados como ferramenta de projeto. Adicionalmente, o algoritmo apresenta

    facilidade de uso pois dispensa o uso de outros programas, como elementos finitos e

    uso de modelos numricos que so mais complexos e mais demorados.

    A influncia das deformaes plsticas induzidas pelo processo de lanamento

    das linhas em J-lay e carretel foi estudada na referncia [39]. Foram realizados testes

    experimentais em dutos API X65, de 12 polegadas de dimetro, 17.5mm de

    espessura, que antes dos testes foram sujeitos deformaes que simulavam as

    deformaes sofridas pelos dutos durante o seu lanamento. Os dutos foram soldados

    utilizando processo de solda manual e processo de solda automtico. Os resultados

    dos testes foram comparados a resultados obtidos atravs de curvas S-N utilizadas no

    projeto de risers e observou-se que, em todos os casos, a vida til nos testes se

    mostrava superior vida til obtida atravs das curvas S-N, indicando que, mesmo

    com as deformaes induzidas, as curvas de projeto podem ser utilizadas, pois ainda

    se mostram mais conservadoras. Nesta dissertao, os resultados dos testes

    realizados foram comparados s curvas estabelecidas pelas normas.

  • 23

    A anlise de fadiga em risers de ao em catenria, atravs de uma anlise no

    linear no domnio do tempo tem sido considerada um mtodo que fornece resultados

    com uma boa acurcia. No entanto, o esforo computacional envolvido um fator

    impactante no projeto, uma vez que diversas condies de carregamento devem ser

    consideradas de forma que o tempo de simulao seja suficiente para garantir bons

    resultados.

    Tendo em vista a observao acima, um estudo paramtrico focado no

    comportamento dos risers, na regio prxima ao topo, relativo aos danos de fadiga

    devidos aos movimentos de primeira e segunda ordem, foi realizado na referncia [40],

    utilizando-se modelos simplificados, no domnio da freqncia. Os resultados

    indicaram que esta simplificao pode ser adotada numa fase inicial de projeto, pois

    os mesmos se mostraram bem confiveis quando comparados aos resultados obtidos

    atravs de uma anlise no linear no domnio do tempo, que requer um tempo muito

    maior de execuo. Nesta referncia foram obtidos resultados numricos para a vida

    til dos risers, dependendo do nvel de pr-tenso no mesmo durante instalao e da

    flexibilidade da junta de flexo do topo. Os mesmos indicaram que a fadiga pode ser

    um grande problema dependendo do nvel de pr-tenso adotada e da flexibilidade da

    junta de topo. Os resultados expressos nesta referncia so em forma de vida til e

    fadiga acumulada. Uma vez que clculos de vida til e dano no foram desenvolvidos

    nesta dissertao, estes resultados no foram apresentados. Assim esta referncia foi

    utilizada como base terica no estudo.

    Adicionalmente ao trabalho descrito acima, foram realizados estudos de

    sensibilidade na referncia [41], de forma a verificar que tipos de simplificaes podem

    ser realizadas durante o clculo de fadiga atravs de uma anlise simplificada no

    domnio da freqncia, sem que ocorra perda da qualidade dos resultados, ao menos

    durante um estgio preliminar de projeto. Os estudos foram realizados em unidades

    ancoradas atravs de sistema taut-leg e sistema em catenria e os resultados

    mostraram que o comportamento em relao fadiga muito sensvel a diversos

    fatores, dentre eles, a posio do riser na unidade, o aproamento da unidade, o tipo de

    configurao e a lmina dgua. Desta forma, adicionalmente s observaes

    indicadas acima para o estudo desenvolvido na referncia [40], este estudo

    comprovou que uma aplicao genrica das simplificaes propostas no estudo, como

    a excluso dos estados de mar com baixa probabilidade de ocorrncia, no sempre

    possvel. Os resultados indicados neste estudo so expressos em forma de vida til,

  • 24

    como na referncia anterior e, portanto, tambm no foram utilizados nesta

    dissertao, tendo sido a mesma utilizada como base terica de estudo.

    Observa-se no projeto de risers que existe uma grande disparidade de dados

    para estimativa do dano obtido considerando-se as vibraes induzidas por vrtice e,

    geralmente a correlao entre os danos obtidos atravs de modelos computacionais e

    o dano observado considerando os efeitos de vrtice induzido no boa. O resultado

    destas observaes no projeto de risers para guas ultra-profundas a adoo de

    fatores de segurana elevados na estimativa da vida til e o uso de supressores de

    vrtices, que encarecem o projeto. Assim, existe um constante incentivo na pesquisa e

    na busca de resultados para diferentes configuraes e arranjos de supressores em

    diferentes modelos de risers (o que inclui diferentes relaes comprimento/dimetro,

    por exemplo). Estudos como estes determinam as melhores configuraes dos

    supressores de vrtice, por exemplo, para um dado perfil de corrente e podem ser

    encontrados na referncia [42]. Os resultados obtidos indicam que a resposta de um

    riser sem supressores bem distinta da resposta do risers com os supressores, como

    de se esperar, no entanto, estas respostas dependem do tipo de supressores e de

    sua geometria. Mais uma vez, observa-se que os resultados foram indicados nesta

    referncia como a vida til obtida para cada teste e, portanto, no foram apresentados

    nesta dissertao.

    2.6 Anlise dos Resultados

    Em alguma fase de seu trabalho, o pesquisador se v as voltas com o problema

    de analisar e entender uma massa de dados relevante ao seu objeto particular de

    estudo [43]. Nesta dissertao, o objeto de estudo em questo foram as normas, ou

    mais especificamente uma avaliao de suas formulaes e dos resultados obtidos

    atravs das mesmas. Avaliao esta realizada atravs de uma comparao entre os

    resultados tericos das normas e os resultados experimentais, numricos e/ou

    analticos obtidos na literatura ou de uma comparao das normas entre si.

    Sendo assim, foram pesquisadas na literatura medidas que indicassem o grau

    de confiabilidade ou o grau de incerteza dos resultados utilizados (disponveis) e

    obtidos nesta dissertao.

    De forma simplificada, no caso particular desta dissertao, as incertezas esto

    relacionadas s formulaes propostas pelas normas e o parmetro para quantificar

  • 25

    estas incertezas ou a confiabilidade dos resultados obtidos esto relacionados aos

    resultados disponveis que foram utilizados nesta dissertao.

    Com o objetivo de estimar incertezas em modelos analticos propostos, vrios

    autores adotaram parmetros de medidas de incerteza, tais como o fator BIAS e o

    coeficiente de variao (COV) [25], [44].

    O fator BIAS definido como a razo entre o valor real medido atravs de teste

    experimental ou atravs de anlise de elementos finitos calibrada e refinada e o valor

    previsto em projeto (formulao analtica) [25], ou seja, ele define o quanto o valor

    proposto e o real se distanciam.

    O coeficiente de variao COV definido como o quociente entre o desvio

    padro e a mdia, freqentemente expresso em porcentagem. Sua vantagem

    caracterizar a disperso dos resultados em termos relativos de seu valor mdio. Por

    ser adimensional, este coeficiente fornece uma maneira de se comparar amostras de

    tamanhos diferentes [25], [34], [45] o que ser especificamente valioso nesta

    dissertao uma vez que a mesma apresenta nmero de amostras variveis, como

    ser visto adiante.

    Sendo assim, com o objetivo de avaliar a confiabilidade dos resultados das

    expresses fornecidas pelas normas utilizadas nesta dissertao bem como dos

    resultados disponveis na literatura, que tambm foram utilizados nesta dissertao,

    para cada modo de falha foram determinados os fatores BIAS e, na medida do

    possvel, os fatores COV.

    Quanto mais prximo a unidade o fator BIAS e quanto menor o coeficiente

    de variao COV, menos incertos e mais confiveis so os resultados obtidos. Um

    fator BIAS igual a 1 significa que a estimativa perfeita, ou seja, o valor previsto

    idntico ao valor medido. Um fator BIAS inferior a 1 representa um super-estimativa,

    enquanto um fator superior a 1 significa uma sub-estimativa [12]. Para o coeficiente de

    variao no existe um valor pr-definido aceitvel ou mximo para sua avaliao,

    para o conjunto de resultados analisados.

    No caso do fator BIAS, foi definido um fator para cada modelo disponvel e uma

    mdia final para todos os resultados. Nesta dissertao, obter um fator BIAS para as

    expresses das normas maior do que 1 esperado, pois existem os fatores de

    segurana embutidos nas formulaes, assim, os valores das normas devem ser

    inferiores aos valores disponveis, sejam eles experimentais, analticos ou numricos.

    No caso do fator COV, ressalta-se que o mesmo foi avaliado na medida do

    possvel dependendo dos resultados disponveis. Para cada modo de falha foram

    coletados diversos resultados disponveis na literatura, os quais foram agrupados em

  • 26

    funo da relao D/t. Para a estimativa do fator COV, adotou-se que seria necessrio

    no mnimo um conjunto de 2 resultados disponveis (2 amostras), de forma que

    pudesse ser avaliado o desvio padro e a mdia entre estes valores. Assim, para cada

    modo de falha este fator foi determinado em funo dos resultados disponveis.

    Ressalta-se aqui que a aplicao dos fatores acima foi utilizada com o objetivo

    de estimar incertezas com base em parmetros disponveis na literatura. Contudo,

    vale notar que o objetivo desta dissertao no est em determinar fatores de

    segurana baseados em tcnicas de confiabilidade, pois este processo demandaria

    uma anlise bem mais refinada do que a anlise includa nesta dissertao [44]. Estes

    fatores foram apenas includos como medidas de incertezas, para se avaliar

    primariamente os resultados obtidos e utilizados ao longo desta dissertao.

    2.7 Normas

    A seguir esto apresentados os termos gerais e a aplicao das principais

    normas utilizadas nesta dissertao: ABS, DnV e API. Destaca-se que as descries

    de cada norma foram transcritas basicamente, na maneira como so indicadas em

    cada norma, a fim de ser possvel mostrar de que forma cada norma se apresenta

    para o leitor.

    2.7.1 American Bureau of Shipping

    A aplicao das normas do American Bureau of Shipping, ABS, utilizadas como

    referncia nesta dissertao, est voltada ao fornecimento de dados tcnicos para o

    projeto, fabricao, instalao e manuteno dos risers metlicos (rgidos)

    submarinos. O principal objetivo das normas estabelecer os requisitos mnimos para

    a classificao, manuteno da classificao, certificao e verificao dos sistemas

    de risers pelo ABS. Sendo assim, so estabelecidos critrios para a reviso do projeto

    e classificao de risers rgidos submarinos encontrados em Unidades Flutuantes de

    Produo, como FPSOs, Spars, TLPs e Semi-submersveis. Os critrios abrangem

    apenas os dutos, no abrangendo flanges ou outras conexes utilizadas, as quais

    podem ser projetadas de acordo com padres reconhecidos como a ASME (The

    American Society of Mechanical Engineers).

    As normas do ABS abrangem tanto risers de produo quanto de perfurao.

    A figura 2.1 ilustra o fluxograma de projeto considerado pelas normas do ABS

    para o projeto e certificao de risers rgidos submarinos. Nota-se atravs do mesmo

  • 27

    que o projeto como um todo do riser submarino engloba todas as verificaes locais e

    globais do riser, abrangendo ainda sua interface com a unidade qual o mesmo est

    interligado. Sendo assim, para estas anlises os requisitos gerais de projeto e

    carregamento devem ser cuidadosamente definidos para o projeto.

    Incio do Projeto

    Base de Projeto

    Anlises e ProjetoPreliminar

    Conf igurao Inicial do Riser;Seleo de Material;Seleo da Espessura da parede;Projeto do Componente do Riser.

    AnliseGlobal

    Anlises de Interf erncia

    Anlise Local

    Anlises da Instalao

    Projeto de Proteo Catdica

    Requisitos Funcionais;Dimetro do Riser;Vida til de Projeto;Dados do Fluido Interno;Dados da Embarcao;Dados Ambientais;Requisitos Operacionais;Condies de Carregamento de Projeto;Matriz de Projeto;Metodologias de Projeto.

    Verif icao de Ruptura,Colapso e Propagao de

    Colapso

    Conf igurao do Riser;Tenses Extremas;Carregamento na Interf ace.

    Dano Fadiga Combinado

    Verif icao deResistncia do Riser

    Verif icao daInterf ace Riser-

    Embarcao

    Supressor de VIV

    Verif icao de Vida Fadiga do Riser

    Verif icao deColiso

    Verif icao de Fadigae Resistncia

    Verif icao daViabilidade de Instalao

    Projeto Global Ok?

    Modif icar Projeto

    Projeto Finalizado

    Anlise Esttica

    Anlise Dinmica

    Anlise de Fadiga porVrtice Induzido

    Anlise de Fadigadev ida aos

    Mov imentos dePrimeira e Segunda

    Ordem

    Sim

    No

    Sim

    No

    Sim

    No

    Sim

    No

    Sim

    No

    Sim

    No

    Sim

    No

    Sim

    No

    Sim

    No

    Fig.2.1 Fluxograma de projeto do ABS

  • 28

    A fim de prover uma viso geral desta norma, so apresentados a seguir,

    resumidamente, alguns detalhes da metodologia de clculo e das bases de projeto

    adotadas pela mesma.

    1) Bases de projeto e combinaes de carregamento:

    Os risers devem ser projetados para satisfazer aos requisitos funcionais estando

    os mesmos sujeitos aos carregamentos do meio interno, do meio externo, requisitos

    bsicos do projeto (dimetro, por exemplo) e vida til de servio, levando-se em

    considerao todas as possveis combinaes de carregamento que levem s

    condies mais desfavorveis de tenso, incluindo sobreposio de acontecimentos,

    caso haja possibilidade de ocorrncia. Eventos extremos, que possuem baixa

    probabilidade de ocorrncia simultnea, no necessitam ser levados em conta, de

    forma a no serem estudadas e consideradas situaes irreais de carregamentos.

    Adicionalmente, leva-se em considerao no projeto, a probabilidade de durao de

    um determinado evento, como por exemplo a instalao, que dura um perodo menor

    de tempo.

    Os casos de carregamento a serem considerados devem refletir os processos de

    manufatura, estocagem, transporte, teste, instalao, operao, recuperao e cargas

    acidentais. O carregamento deve ser classificado como funcional, ambiental ou

    construtivo e deve ser contnuo ou temporrio, cclico ou no. As cargas acidentais

    devem ser consideradas separadamente levando-se em conta os fatores de risco de

    cada evento em separado. O projeto dos risers deve estar baseado em condies de

    projeto pr-determinadas que devero ser definidas durante a fase de projeto bsico

    do mesmo.

    2) Critrios de projeto:

    Os critrios de projeto considerados nas normas incluem:

    Ruptura; Colapso; Propagao de colapso; Fadiga. Por estes critrios so verificadas e levadas em considerao as possibilidades

    de escoamento dos dutos, a ovalizao, a corroso ou o vazamento, por exemplo.

    3) Espessura da parede:

    A espessura da parede dos risers deve ser verificada para as condies de

    transporte, instalao, servio e teste.

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    4) Anlise global:

    A anlise global do riser engloba uma anlise esttica no linear, uma anlise

    dinmica no domnio do tempo ou no domnio da freqncia e uma anlise de fadiga,

    considerando a possibilidade de fadiga por vrtice induzido e fadiga devida aos

    movimentos de primeira (onda) e segunda (baixa freqncia) ordens.

    5) Anlise de interferncia:

    Possveis interferncias devem ser analisadas, como por exemplo:

    Riser de produo com riser de produo; Riser de produo com riser de perfurao; Risers e linhas de ancoragem; Risers e umbilicais; Risers e as unidades flutuantes; Risers e quaisquer outras obstrues.

    6) Definio das cargas de projeto:

    O carregamento nos risers pode ser divido em: ambiental, funcional e acidental.

    As cargas ambientais so definidas como sendo as cargas impostas direta ou

    indiretamente pelos fenmenos ambientais como onda, corrente e vento. Em geral,

    so cargas variveis com o tempo e incluem componentes dinmicas e estticas.

    As cargas funcionais so basicamente as cargas de peso, as sobrecargas que

    podem variar durante a operao e as cargas de deformao que so impostas aos

    risers atravs das condies de contorno, como o leito marinho e a unidade flutuante.

    As cargas acidentais esto relacionadas condies anormais de operao,

    falhas tcnicas ou falhas humanas. Exemplos tpicos so: terremotos, rompimento de

    linhas de ancoragem e queda de objetos nas linhas, dentre outros.

    2.7.2 Det Norske Veritas

    Os padres estabelecidos pelo Det Norske Veritas, DnV, estabelecem critrios,

    requisitos e um guia geral para o projeto estrutural e para anlise de risers sujeitos a

    carregamentos estticos e dinmicos.

    Os objetivos principais destas normas so:

    Prover padres internacionais para a segurana de risers rgidos utilizados em unidades de perfurao


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