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Desindustrialização: Qualificações, 29 de Junho de 2012 Mitos, Evidências Regis Bonelli, Samuel Pessôa e Silvia Matos Casa das Garças, 29 de junho de 2012

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Page 1: Desindustrialização: Qualificações, 29 de Junho de 2012 Mitos, Evidências Regis Bonelli, Samuel Pessôa e Silvia Matos Casa das Garças, 29 de junho de 2012

Desindustrialização: Qualificações,

29 de Junho de 2012

Mitos, Evidências

Regis Bonelli, Samuel Pessôa e Silvia Matos

Casa das Garças, 29 de junho de 2012

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Introdução: O debate sobre desindustrialização no Brasil

• Não é novo: começou em seguida à abertura no começo dos anos 1990, revisitado diversas vezes depois

• Última motivação: estagnação da produção industrial desde meados de 2011

• A rigor, não recuperação desde 2008• No 1º trimestre 2012 produção (dessazonalizada) 5,4% abaixo do 3º trimestre 2008

• Três dimensões (com alguma interligação):• Fraco desempenho da indústria mundial (ciclo global)• Integração crescente de países asiáticos vem mudando quadro de

vantagens comparativas globais• Tendência de longo prazo de perda de peso da indústria devido a

mudanças nos padrões de consumo

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Evidência: Indústria no PIB (VA) no Longo Prazo (doença soviética deixa de existir?)19

47

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2003

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10%

15%

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25%

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Preços correntes errada

Preços correntes corrigida

Participação apreços constantes de 2005

1985

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Indústria no PIB (VA) desde 1947 (preços constantes de 2009) e Preços Relativos

16%

17%

18%

19%

20%

21%

22%

23%

24%

25%

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

Participação do VA industrial no total (preços de 2009)

Índice de preços relativos (2009=1,0)

• Máximo de participação é de 24% em 1974-76

• Média de 2009-11 = 17%

• Logo, perdeu um (1) p.p . do PIB a cada 5 anos

• Mas de modo descontínuo (1981, 1983, 1988, 1990, 1992, 1998, 2009)

• Recessões, sem recuperação depois

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Grau de Industrialização por Grupos de Países, 1970-2010 (preços correntes, em relação ao PIB)

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OCDE - Exceto ex-URSS África Oriente Médio*AL Europa Central* Ásia**

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Grau de Industrialização: Ásia, 1970-2010 (preços correntes)Depois de 1990 só aumenta por causa da China

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2007

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China Ásia Ásia sem China

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Análise econométrica com dados de seção transversal de países

• Revisita exercício anterior de Bonelli e Pessôa (2011)• Adição de novas variáveis explicativas• Participação da indústria no PIB a preços correntes

• O dado para a China foi “corrigido” para representar a indústria de transformação no PIB (na base original, até 2003 era total da indústria)

• Seção transversal, e não série de tempo; logo, exercício de painel• Isto é: queremos comparar países entre si, e não olhar como um país

alterou-se ao longo do tempo• O efeito fixo retiraria o que se quer analisar

• Se entendermos desindustrialização como a diferença entre o resultado da regressão – a norma internacional – e o observado, o Brasil estaria 3 p.p. do PIB abaixo da norma na média de 2001-2007

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Análise econométrica com dados de seção transversal de países

• As variáveis explicativas inicialmente selecionadas foram: • produto per capita • produto per capita ao quadrado • população• densidade populacional• relação capital por trabalhador• produção de petróleo (em barris/dia)• anos médios de escolaridade da população com 15 anos de idade ou

mais• taxa de poupança• taxa de câmbio real• exportações líquidas como % do PIB • produtividade total dos fatores (PTF)

• Conjunto mais amplo de variáveis explicativas implicou redução do número de países do estudo anterior de 156 para 88 países• Variáveis são médias de 6 ou 7 anos

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Análise econométrica com dados de seção transversal de países

• Mais de 200 regressões para o período 2001 e 2007• Critérios: Mantivemos produto, produto ao quadrado e população e

consideramos todas as combinações das demais• Selecionamos a melhor regressão por dois critérios:

• Maior R2

• Robustez• As variáveis robustas foram:

• PIB per capita e PIB per capita ao quadrado• População• Densidade populacional• Taxa de poupança• Câmbio real com sinal contrário ao esperado pelos autores Liztianos; mas

em geral não significativo (só em 1970-75)• Para os períodos anteriores mantivemos o mesmo conjunto de variáveis

• A taxa de poupança não é significativa na maior parte dos períodos• Há uma redução no PIB per capita a partir do qual a indústria inicia processo de perda de participação no produto, de 11 para 6 mil dólares

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OLS: Diversos períodos, amostra constante 88 países

ln(PIB) 0,30*** 0,2 0,29*** 0,3 0,33*** 0,0 0,34*** 0,0 0,27*** 0,0 0,31*** 0,0

(ln(PIB))2 -0,02*** 0,4 -0,02*** 0,5 -0,02*** 0,0 -0,02*** 0,0 -0,02*** 0,0 -0,02*** 0,0ln(POP) 0,02*** 0,0 0,02*** 0,0 0,02*** 0,0 0,01*** 0,1 0,01*** 0,1 0,01*** 0,7Taxa de poupança (%) 0,14 16,8 0,08 44,6 -0,02 84,8 0,00 94,7 0,12 10,2 0,23*** 0,8ln(Densidade POP) 0,01*** 0,4 0,01*** 0,5 0,01** 5,0 0,01** 4,2 0,01** 1,4 0,01*** 0,5ln(Câmbio Real) -0,06*** 0,8 -0,02 18,6 -0,02 24,3 -0,01 50,0 -0,03 16,9 -0,05* 7,0Constante -1,45*** 0,0 -1,44*** 0,0 -1,53*** 0,0 -1,52*** 0,0 -1,25*** 0,0 -1,37*** 0,0Renda máxima indústria (US$ correntes)

R2

R2 ajustadoNúmero de observaçõesaicbic

2001-20071970-75 1976-81 1982-87 1988-93 1994-2000

0,40

0,58 0,46 0,46 0,42 0,49 0,44

0,55 0,42 0,42 0,38 0,45

-266 -288 -27488 88 88 88 88 88

Nível de significância: *** p<1%, ** p<5%, * p<10%. Coluna da direita p-Value em %

10.938 8.955 7.708 6.634 6.311 5.710

-246 -233 -243 -249 -271 -257-264 -250 -260

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Participação da Indústria Estimada vs. PIB per capita (1970-1975) Brasil estava 7 pontos acima do padrão

BR observado

BR estimado

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Par

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ln(PIB per capita)

Observado

Estimado

Tendência Estimada

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Participação da Indústria Estimada vs. PIB per capita (1976-1981) Brasil quase 10 pontos acima

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ln(PIB per capita)

Observado

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Tendência Estimada

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Participação da Indústria Estimada vs. PIB per capita (1982-1987)Brasil quase 8 pontos acima do padrão

BR estimado

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0,30

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ln(PIB per capita)

Observado

Estimado

Tendência Estimada

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Participação da Indústria Estimada vs. PIB per capita (1988-1993)Brasil bem próximo do padrão

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0,15

0,20

0,25

0,30

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Par

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ln(PIB per capita)

Observado

Estimado

Tendência Estimada

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Participação da Indústria Estimada vs. PIB per capita (1994-2000)Desindustrialização?

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ln(PIB per capita)

Observado

Estimado

Tendência Estimada

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Participação da Indústria Estimada vs. PIB per capita (2001-2007)Desindustrialização se mantém (3 p.p.)

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Part

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ln(PIB per capita)

Observado

Estimado

Tendência Estimada

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Conclusão 1: Modelo explica melhor a indústria na Ásia (exceto Tailândia)Acerta bem no caso de países que possuem um padrão de política econômica com

menos intervencionismo (Austrália e EUA)

Observado Previs toBras i l 0,15 0,18Argentina 0,20 0,16Chi le 0,16 0,17Austrá l ia 0,10 0,11EUA 0,14 0,14China 0,32 0,27Coréia 0,24 0,21Japão 0,21 0,21Cingapura 0,24 0,20Tai landia 0,35 0,20

Período: 2001-2007

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Conclusão 2

• Correções nas Contas Nacionais ‘para trás’ reduzem a participação da indústria no produto a preços correntes• Com correção, “doença soviética” parece ficar menos grave• Mas é mais importante avaliar evolução a preços constantes• Nesse caso, há desindustrialização há 35 anos• Mas, como avaliar melhor? Pela comparação com outros países• Novos exercícios com análise de cross section de 1970 a 2007 confirmam existência de peso da indústria brasileira bem acima do padrão até meados da década de 1980• Novas regressões conseguem descrever relativamente bem as elevadas participações da indústria na Ásia• Taxa de poupança ganha importância no período recente