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DENSITOMETRIA SSEA
Mrcia de Carvalho Silva1
A densitometria ssea uma modalidade de Diagnstico por Imagem que determina
a Densidade Mineral ssea de uma ou mais regies anatmicas do paciente
permitindo o diagnstico de doenas sseas metablicas e endcrinas que
envolvem alteraes na auto-regulao dos sais inorgnicos, clcio e fsforo, no
corpo humano. A osteoporose um exemplo de doena metablica, independente
de sua causa, passvel de deteco por este mtodo diagnstico que permite ainda
a avaliao da resposta a um dado tratamento1.
Na Tabela 1, so listadas as indicaes para a realizao de exames de
Densitometria ssea de acordo com o Consenso Brasileiro de Osteoporose 20022.
Tabela 1: Indicaes para as medidas de Densidade Mineral ssea conforme o Consenso Brasileiro de Osteoporose 2012
todas as mulheres de 65 anos ou mais;
mulheres em deficincia estrognica com menos de 45 anos;
mulheres na peri e ps-menopausa (com um fator de risco maior ou dois menores);
mulheres com amenorreia secundria prolongada (por mais de um ano);
todos os indivduos que tenham sofrido fratura por trauma mnimo ou atraumtica;
indivduos com evidncias radiogrficas de osteopenia ou fraturas vertebrais;
homens com 70 anos ou mais; indivduos que apresentem perda de estatura (maior que 2,5 cm) ou hipercifose torcica; indivduos em uso de corticoides por trs meses ou mais (doses maiores que 5 mg de prednisona);
mulheres com ndice de massa corporal baixo (menor que 19 kg/m2);
portadores de doenas ou uso de medicaes associadas perda de massa ssea
para monitoramento de mudanas de massa ssea decorrente da evoluo da doena e dos diferentes tratamentos disponveis
1 Fsica Mdica Hospital Israelita Albert Einstein, So Paulo. Mestre em Cincias (Instituto de Fsica da USP), Especialista em Radiologia Diagnstica (Associao Brasileira de Fsica Mdica).
2
Ainda de acordo com o Consenso, exames comparativos para fins de avaliao da
eficcia teraputica ou evoluo da doena devem ser realizados com intervalos
mnimos que, em geral, so entre 12 e 24 meses.
METABOLISMO DO OSSO
O osso um tecido vivo. O tecido sseo antigo removido por clulas chamadas
osteoclastos e substitudo por um novo produzido por clulas denominadas
osteoblastos1.
A Figura 1 ilustra a variao da massa ssea com a idade de maneira figurativa. Durante a juventude a taxa de absoro ssea menor que a taxa de construo e
a aquisio de massa ssea gradual durante a infncia e acelerada durante a
adolescncia at a idade adulta. O pico de massa ssea a quantidade mxima de
massa ssea que um indivduo acumula desde o nascimento at a maturidade do
esqueleto, que ocorre aproximadamente aos 20 anos. Depois de parar o
crescimento e o pico de massa ssea for atingido, na idade adulta, a taxa de
reabsoro ssea torna-se ligeiramente maior do que a taxa de formao,
resultando numa diminuio gradual da massa ssea com a idade.3
Os osteoclastos so ostecitos que destroem ou absorvem osso para liberar
clcio.
Osteoblastos tem a funo de construir ou subs:tuir o
tecido sseo
3
Figura 1: Ilustrao puramente figurativa da variao da massa ssea no ser humano de acordo
com a idade. De forma geral, ocorre um aumento de massa ssea no perodo que vai da infncia e
adolescncia at a idade adulta, quando ocorre o pico de massa, seguido da diminuio gradual da
massa ssea com a idade.
Normalmente, a taxa de perda de massa ssea de cerca de 0,5-1% por ano e
ocorre em ambos os sexos e todas as raas. Quase todos os ossos do esqueleto
so afetados de alguma forma, com os padres de perda variando de osso para
osso. O volume sseo total, ou seja, seu tamanho permanece relativamente
inalterado com o avanar da idade, pois a perda de massa ssea ocorre dentro do
osso. As mulheres, em mdia, tm menor massa ssea do que os homens em
qualquer idade, mas esta disparidade cresce com o aumento da idade, pois a taxa
de perda ssea em mulheres maior do que em homens e acelerada aps a
menopausa. Durante toda sua vida as mulheres perdem cerca de 40% de sua
massa ssea, enquanto que os homens perdem cerca de 25%.
A taxa de perda de massa ssea varia entre indivduos e devido a diversos fatores
como: peso corporal, nvel de atividade fsica, quantidade de clcio e vitamina D na
dieta, tabagismo, consumo de lcool, doena ou uso de certos medicamentos a
longo prazo. O determinante principal da fora do osso a sua massa ou a
quantidade de osso que est presente. Testes biomecnicos mostraram que quase
4
80% da fora do osso so explicados pela massa ssea. Como resultado da perda
normal de massa ssea relacionada com a idade, ocorre um aumento da incidncia de
fraturas devido fragilidade do osso.3
A perda de massa ssea ocorre ao longo do esqueleto e muitas vezes, resulta em
uma condio chamada osteoporose, que literalmente significa osso poroso, onde
os ossos do esqueleto tornam-se mais porosos e as trabculas sseas mais finas. A
osteoporose, especialmente em mulheres, enfraquece o esqueleto aumentando a
incidncia de fraturas. As regies mais acometidas so: os ossos do quadril, da
coluna e do punho.
OSTEOPOROSE
A osteoporose caracterizada pela diminuio na massa ssea para um nvel
abaixo daquele requerido para o suporte mecnico de atividades normais e pela
ocorrncia de deteriorao da microarquitetura do tecido sseo, com um
consequente aumento da fragilidade ssea e susceptibilidade fratura4.
O esqueleto humano constitudo por cerca de 80% de osso cortical e 20% de osso
trabecular. Na osteoporose, o volume anatmico do osso no alterado, mas o osso
mostra afinamento cortical e porosidade. Alm disso, na poro trabecular, ocorre o
afinamento dos trabculos e, em algumas regies, o desaparecimento. Na
osteoporose, a proporo de osso mineral no volume sseo reduzida e o espao
preenchido com gordura. A razo do tecido sseo especfico para a medula ssea
aumenta.4
Uma vez que a fora do osso proporcional massa ssea, a medida da massa ou
densidade ssea fornece os meios para diagnosticar a osteoporose e para estimar o
risco de um indivduo sofrer fraturas4. As medies quantitativas da densidade
ssea na coluna lombar, em AP, e do fmur proximal, colo femoral e/ou fmur total e
antebrao, segundo os critrios propostos pela OMS, provaram ser eficazes no
diagnstico da osteoporose. O maior valor preditivo para fratura se d quando se
mede o prprio local de interesse. Por exemplo, o melhor local para se avaliar risco
5
de fratura da coluna a prpria coluna. Os locais centrais (coluna lombar, em AP e
do fmur proximal, colo femoral e/ou fmur total) so os indicados para detectar
respostas aos tratamentos2.
MEDIDAS QUANTITATIVAS
Uma vez que a fora do osso proporcional massa ssea, a medio da massa
ssea ou, como normalmente chamada, a densidade ssea, fornece os meios
para o diagnstico da osteoporose e para estimar o risco de fraturas de um
indivduo. As medies quantitativas da densidade ssea da coluna lombar,
antebrao, quadril e calcanhar provaram ser to eficazes para prever o risco de
fratura como a medida da presso arterial alta ou nveis elevados de colesterol no
sangue esto em predizer o risco de acidente vascular cerebral ou doena
cardaca3.
As grandezas de Contedo Mineral sseo BMC (do ingls Bone Mineral Content),
dado em g ou g/cm e Densidade Mineral ssea BMD (do ingls Bone Mineral
Density), dado em g/cm2 so os parmetros medidos para anlise quantitativa da
massa ssea presente. Estes valores so importantes, pois so utilizados para
monitorar as mudanas da massa ssea com o tempo. Entretanto, a medida isolada
da densidade mineral ssea de um indivduo no oferece um diagnstico especfico
de osteoporose. A medida de BMD de um paciente deve ser comparada com valores
normais de jovens do mesmo sexo e com indivduos normais de mesmo sexo e
idade e, em alguns casos, mesma etnia e peso. Os valores so, ento, expressos
como porcentagem ou desvio padro em relao a essa populao. Para isso, so
usados os ndices T-score e Z-score.
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O ndice T-score mede a diferena entre o BMD do paciente e o BMD mdio da
populao jovem normal e calculado pela equao:
=!"#$%&'% !"#$%
!"#$%
Onde: BMDpaciente o BMD medido no paciente; BMDjovem o valor mdio de BMD
da populao jovem de mesmo sexo e SDjovem o desvio padro.
Os critrios de diagnstico de osteoporose usando o resultado de T-score foram
propostos pela Organizao Mundial de Sade (OMS) em 1994 e so apresentados
na Tabela 2.
Tabela 2: Critrios de diagnstico propostos pela OMS
Valor de T-score Diagnstico
At -1 Normal
Entre -1,1 e -2,5 Osteopenia
Abaixo de -2,5 Osteoporose
Abaixo de -2,5 na presena de fratura Osteoporose estabelecida
Esta classificao est bem estabelecida para mulheres na ps-menopausa, mas
no h consenso no uso destes critrios em jovens, homens e em casos de
osteoporose secundria (osteoporose causada por outras doenas ou condies)2.
ndices de BMD
T-score Compara a BM