cultivando orquideas

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INTRODUÇÃO Existem muitas idéias errôneas sobre as orquídeas: que são parasitas; que são difíceis de cultivar; que dão flores de 7 em 7 anos, e assim por diante. Na verdade as orquídeas utilizam-se dos troncos e galhos de árvores apenas como suporte, sem retirar a seiva de seus hospedeiros. Dê condições climáticas corretas e cultivo adequado e elas se desenvolverão fortes e sadias, florindo regularmente. Uma vez entendido a necessidade de cultivo destas plantas, o trato torna-se relativamente simples. Algumas orquídeas necessitam de um período de frio para florescer - não tente cultivá-las em Belém, a não ser em estufa climatizada, enquanto outras estão adaptadas ao clima quente e úmido das florestas tropicais. Outras precisam de um forte e prolongado período seco para só então desabrocharem as flores . Com exceção de regiões extremamente desérticas e áreas de cobertura perene de gelo e neve, as orquídeas são encontradas nos locais mais recônditos de nosso planeta Terra. Cuidar de orquídeas é uma atividade terapêutica. Que bons momentos, que horas relaxantes são as passadas entre as orquídeas, no tranquilo oásis do orquidário, esquecidos do estresse e dos problemas do cotidiano. A observação do modo como uma orquídea está enraizando, o forte crescimento de uma frente nova, o desenvolvimento da espata ou da haste floral, a expectativa da flor, em dias e dias de ansiedade até que, finalmente , o momento tão desejado acontece: a flor se abre, como que agradecendo as horas dedicadas ao seu cultivo. Aí, como disse a orquidófila Margarida Brandão, é passar a notícia adiante, mostrá-la ao maior número de amigos, satisfazer o ego. Que emoção se sente ao se ver abrir a primeira flor de uma nova planta, da qual muitas vezes nem sabemos o nome... Pertencentes à família das Orquidáceas, esta plantas fascinantes, belas e algumas vezes bizarras, oferecem flores vistosas, multicoloridas, com fragrâncias gostosíssimas, portando as mais variadas formas e tamanhos. O nome orquídea vem do grego "orchis" que significa testículos e refere-se às raízes tuberosas subterrâneas das orquídeas do Mediterrâneo. As orquídeas são comercializadas hoje em dia tendo como valor agregado a sua beleza. Somente uma espécie, a Vanilla planifolia, tem valor econômico como fonte aromática de especiarias na produção de bolos, doces e sorvetes. Alguns povos ainda usam orquídeas como fonte de remédios para males variados. Na Amazônia Brasileira, até 1994, foram registradas 378 espécies distribuídas em 99 gêneros, apenas de epífitas e rupícolas. Dentre aquelas destacam-se as sete espécies de Cattleyas que ocorrem na região: Catteya violacea, Cattleya luteola, Cattleya lawrenciana, Cattleya eldorado, Cattleya nobilior, Cattleya araguaiensis e Cattleya jenmanii. A flor símbolo de nossa Sociedade é a flor do Oncidium lanceanum, de rara beleza.

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INTRODUÇÃO Existem muitas idéias errôneas sobre as orquídeas: que são parasitas; que

são difíceis de cultivar; que dão flores de 7 em 7 anos, e assim por diante. Na verdade as orquídeas utilizam-se dos troncos e galhos de árvores apenas como suporte, sem retirar a seiva de seus hospedeiros. Dê condições climáticas corretas e cultivo adequado e elas se desenvolverão fortes e sadias, florindo regularmente. Uma vez entendido a necessidade de cultivo destas plantas, o trato torna-se relativamente simples. Algumas orquídeas necessitam de um período de frio para florescer - não tente cultivá-las em Belém, a não ser em estufa climatizada, enquanto outras estão adaptadas ao clima quente e úmido das florestas tropicais. Outras precisam de um forte e prolongado período seco para só então desabrocharem as flores . Com exceção de regiões extremamente desérticas e áreas de cobertura perene de gelo e neve, as orquídeas são encontradas nos locais mais recônditos de nosso planeta Terra.

Cuidar de orquídeas é uma atividade terapêutica. Que bons momentos, que horas relaxantes são as passadas entre as orquídeas, no tranquilo oásis do orquidário, esquecidos do estresse e dos problemas do cotidiano. A observação do modo como uma orquídea está enraizando, o forte crescimento de uma frente nova, o desenvolvimento da espata ou da haste floral, a expectativa da flor, em dias e dias de ansiedade até que, finalmente , o momento tão desejado acontece: a flor se abre, como que agradecendo as horas dedicadas ao seu cultivo. Aí, como disse a orquidófila Margarida Brandão, é passar a notícia adiante, mostrá-la ao maior número de amigos, satisfazer o ego. Que emoção se sente ao se ver abrir a primeira flor de uma nova planta, da qual muitas vezes nem sabemos o nome...

Pertencentes à família das Orquidáceas, esta plantas fascinantes, belas e algumas vezes bizarras, oferecem flores vistosas, multicoloridas, com fragrâncias gostosíssimas, portando as mais variadas formas e tamanhos. O nome orquídea vem do grego "orchis" que significa testículos e refere-se às raízes tuberosas subterrâneas das orquídeas do Mediterrâneo.

As orquídeas são comercializadas hoje em dia tendo como valor agregado a sua beleza. Somente uma espécie, a Vanilla planifolia, tem valor econômico como fonte aromática de especiarias na produção de bolos, doces e sorvetes. Alguns povos ainda usam orquídeas como fonte de remédios para males variados.

Na Amazônia Brasileira, até 1994, foram registradas 378 espécies distribuídas em 99 gêneros, apenas de epífitas e rupícolas. Dentre aquelas destacam-se as sete espécies de Cattleyas que ocorrem na região: Catteya violacea, Cattleya luteola, Cattleya lawrenciana, Cattleya eldorado, Cattleya nobilior, Cattleya araguaiensis e Cattleya jenmanii.

A flor símbolo de nossa Sociedade é a flor do Oncidium lanceanum, de rara beleza.

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A FLOR DA ORQUÍDEA

As flores das orquídeas podem parecer muito diferentes entre si, mas todas elas tem a mesma estrutura básica de três pétalas e três sépalas. As pétalas e sépalas juntas são chamadas coletivamente tépalas. As pétalas e sépalas se alternam em volta do centro da flor, onde há uma estrutura chamada coluna. Uma das pétalas, geralmente situada em posição inferior, se destaca pela forma, cor, e pela função exercida. Ela recebe o nome de labelo. Existe uma grande variação na forma e na cor destes segmentos: eles podem ser da mesma cor, ou as sépalas podem ter cor diferente das pétalas, ou ainda podem ter mais de uma cor, ou a forma pode ser muito

parecida ou as pétalas e sépalas podem variar de forma e de tamanho. A flor da orquídea é uma flor hermafrodita (órgãos masculinos e femininos na mesma flor) e só em poucos casos, como no gênero Catasetum, as plantas ostentam flores masculinas e femininas, separadamente. Vamos analisar a flor de uma Cattleya, um dos gêneros mais apreciados pelos orquidófilos : ela é formada por três sépalas, três pétalas e uma coluna. As sépalas, situadas na parte mais externa, geralmente são do mesmo tamanho e da mesma cor, e de acordo com a posição em relação ao labelo, recebem denominações diferentes. A superior é a sépala dorsal e as inferiores são denominadas de sépalas laterais. As pétalas, também em número de três, divergem entre si pela forma, tamanho e beleza. Duas são ditas "normais", mantendo tamanho, forma e cor iguais ao passo que uma terceira, chamada de labelo (lábio), diferencia-se pelo tamanho maior e pela beleza, podendo ter cor diferente das outras duas. O labelo

é frequentemente lobado, podendo envolver ou não a coluna e tem também um calo carnoso e espesso. O labelo na verdade é uma estrutura especializada, utilizada pela flor para atrair o agente polinizador, atuando como uma "plataforma de aterrisagem", facilitando a abordagem do inseto e orientando-o até a coluna.

A coluna é um outro segmento importante das flores das orquídeas, onde estão situados os órgãos reprodutivos da planta. Nas Monandras (Cattleya, p.e.) o estigma (órgão feminino) está situado na porção mais inferior da coluna, em forma de uma pequena depressão preenchida por um líquido viscoso e a única antera fica na porção mais externa, contendo as polínias (órgãos masculinos). Nas Diandras (Selenipedium, p.e.) as anteras, em número de duas, situam-se nas laterais do estigma. O estigma é o local onde os polinizadores deixarão o pólen para fertilizar a flor. Em muitas orquídeas a antera é coberta por uma fina capa, a capa da antera. Sob ela o pólen é encontrado como duas ou mais massas, chamadas polínias, que tendem a grudar em qualquer coisa que remova a capa da antera. As polínias são corpos constituídos de muitos grãos de pólen unidos. O número de políneas e sua textura são elementos importantes para a classificação das orquídeas.

Nas flores maiores é fácil ver as polínias: basta afastar a antera para trás, mas no caso de flores muito pequenas pode ser necessário o uso de um microscópio. Quando a polínia gruda em um inseto e todo o pólen é transferido de uma orquídea para outra ocorre o que se chama de polinização. Esta seria uma flor típica de uma orquídea, mas nem todas as espécies mantêm esta estrutura. Em muitas as sépalas e pétalas podem estar fundidas ou reduzidas. A flor da orquídea, à medida que vai se abrindo, faz um movimento giratório chamado de ressupinação, para que o labelo se posicione na porção mais inferior.

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As flores de alguns gêneros, como é o caso das Encyclias, não fazem este movimento e por isso o labelo fica na porção mais superior da flor. As flores são carregadas pelas inflorescências. Uma inflorescência pode ser ereta, arqueada ou pendente. Uma inflorescência pode surgir do final de um caule ou pseudobulbo (Cattleya), ou de algum ponto ao longo do caule ou pseudobulbo em cujo caso a inflorescência é dita ser lateral (Catasetum). A flor se une à haste floral pelo pedúnculo que por sua vez contem o ovário próximo a base da flor. Após a fecundação o ovário se dilata e a flor murcha. O labelo é formado pela fauce ou parte mais interna e pelos lóbulos. O lóbulo mais externo é chamado de frontal e os outros dois de laterais. Os lobulos laterais podem envolver ou não totalmente a coluna. As orquídeas tem o que se chama ovário inferior, isto é, as outras partes da flor estão fixadas

acima dele. Além disso, antes da fecundação, ele é fino e delgado, e só após a polinização ele fica mais espesso. As flores geralmente têm um nectário tubular ou em forma de saco, ou esporão, que ajuda a atrair os polinizadores para a flor. Nas orquídeas o esporão geralmente está na base do labelo, mas ele também pode se formar nas sépalas laterais. Nas orquídeas os estames estão em volta do ovário, unidos em uma estrutura única, a coluna, ou se você quiser mostrar conhecimento, o ginostênio. As orquídeas nunca tem mais que três estames, e na maioria delas só um é fértil. Os estames estéreis e a porção basal do estame fértil se unem com o estilete para formar a coluna. A antera, ou a parte do estame rica em pólen, fica situada próxima ao topo da coluna, exceto nos Oncidiuns, que tem uma antera fértil de cada lado da coluna. A antera, de acordo com sua posição em relação à coluna, pode ser dorsal, terminal, ou ventral. Existem duas "asas" nos lados da coluna, usualmente próximas da antera e do estigma. Elas provavelmente representam os dois estames laterais estéreis.

Estrutura da flor de uma Encyclia. A, a flor vista de frente. B, o labelo. C, D, E

vistas ventral, dorsal e lateral da coluna.

Várias estruturas das flores das orquídeas. A,

vista lateral de uma flor com um proeminente

esporão.B, secção da flor de um Systeloglossum

mostrando a base de uma coluna. A base da

coluna mais o labelo formam o nectário. C, uma

flor de Maxillaria com uma proeminente base da

coluna projetando-se para trás. D, uma flor de

Oncidium mostrando o calo.

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OUTRAS PARTES DAS ORQUÍDEAS

FOLHAS As orquídeas tem o que os botânicos chamam de folhas simples, isto é, suas folhas não tem lobos. Apesar

de serem simples apresentam uma grande variedade quanto a forma, tamanho e espessura. A folha é uma defesa da planta contra o excesso de transpiração, evitando perda de água e oferecendo maior resistência à seca. Possui em sua face inferior um conjunto de pequenos orifícios chamados de estômatos, que tem papel fundamental na alimentação e na absorção de água pelas orquídeas.

Apesar da variação de formas das folhas a maioria das orquídeas apresenta poucos tipos principais. Existem folhas lisas ou plissadas, finas ou carnudas, com secção em "V" ou redonda e assim por diante. As folhas carnudas, de consistência coriácea (ligeiramente semelhantes à consistência do couro) armazenam água, enquanto outras, muito finas como nos Oncidiuns e Miltonias, são muito sensíveis ao calor do sol. Algumas orquídeas tem folhas plissadas. Geralmente são finas com muitas pregas compridas (Spathoglottis, Catasetum) e estão relacionadas com as orquídeas mais primitivas. Muitas outras tem folhas que são mais espessas, arredondadas e com uma secção em forma de "V". Tais folhas são chamadas conduplicatas (Phalaenopsis). Várias outras tem folhas cilíndricas, finas e longas, chamadas de terete e que podem estar sulcadas longitudinalmente (Oncidium ceboletta).

As folhas podem se apresentar arranjadas em forma de espiral, ou podem estar arranjadas em lados opostos, alternando-se em níveis diferentes ao longo da linha de crescimento. Poucas apresentam duas ou mais folhas em um mesmo nível. Algumas folhas, ainda, são caducas, e caem quando o pseudobulbo completa o seu ciclo vegetativo (Catasetuns, Dendrobiuns, entre outros).

Muitas folhas conduplicatas são espessas e carnudas. Isto pode dar a impressão de que as orquídeas são capazes de suportar muito bem períodos secos, como os cactos, mas esta não é a regra para as orquídeas tropicais. Orquídeas de regiões com períodos secos podem suportar a estiagem porque elas tem pseudobulbos suculentos e não porque têm folhas suculentas. As orquídeas sazonais florescem só em determinadas épocas do ano, frequentemente perdem todas as suas folhas e emitem uma nova frente anualmente. As orquídeas que não são sazonais permanecem com suas folhas sempre verdes e emitem suas folhas gradualmente e a todo momento. Os pseudobulbos despidos ou os caules que são deixados para traz, permanecem usualmente sempre verdes, e contêm comida e água armazenados.

Especialmente nas orquídeas simpodiais, novos brotos, raízes ou inflorescências podem aparecer nos antigos pseudobulbos. Portanto não é interessante podar ou cortar caules ou pseudobulbos despidos de folhas, porque eles poderão ser a base do crescimento de novas frentes ou novas inflorescências. Mesmo com orquídeas não sazonais, como as que geralmente ocorrem nas regiões de baixa altitude nos trópicos, os velhos pseudobulbos podem se tornar ativos, desenvolvendo novas frentes. Em geral as orquídeas monopodiais são menos aptas a perder completamente suas folhas. A floração, por outro lado, pode ser sazonal, provocada por variações nas horas de insolação, temperatura da noite, ou umidade. Mesmo orquídeas monopodiais sazonais como as Rhynchostylis, que necessitam períodos secos para induzir a floração, não perdem todas as suas folhas. No correto cultivo das orquídeas monopodiais , como nas Vandas, é necessário manter-se a integridade das raízes e folhas, assim como a umidade.

A parte basal da folha de muitas orquídeas é larga e tubular e abraça, envolve o caule, enquanto o restante da folha é plano. Uma estrutura tipo folha, ou bráctea, que envolve um caule ou pseudobulbo é chamada de bainha. Qualquer estrutura pequena tipo escama em um nó, ou qualquer estrutura tipo folha que não seja realmente uma folha, é chamada de bráctea. Todo nó desprovido de folha geralmente tem um tipo de bainha ou

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bráctea. As brácteas são especialmente visíveis nas inflorescências, quando elas podem ocorrer no caule abaixo das flores, e cada flor tem uma bráctea em sua base. Se a inflorescência é dividida existe uma bráctea em cada ramificação.

Pelo colorido das folhas podemos saber se as plantas estão recebendo luminosidade adequada. Quando se tornam amarelas ou amareladas por inteiro, sem manchas isoladas, estão sendo cultivadas com muita luz. Se estiverem de cor verde escuro falta luminosidade para a planta.

As folhas devem ser mantidas sempre bem limpas para poderem respirar e se alimentar através dos estômatos alojados em seu verso. O óleo mineral tem a propriedade de criar uma película impermeável tapando os estômatos e impedindo-os de funcionar. Portanto, seu uso deve ser feito com cuidado.

RAÍZ Uma das características mais marcantes das plantas epífitas são as raízes. A maioria das plantas de

jardim tem uma única raiz central e inúmeras outras raízes menores. Todas essas raízes adelgaçam-se formando uma rede de raízes muito finas. As raízes das orquídeas, por outro lado, como as raízes das palmeiras e do bambú, conservam aproximadamente o mesmo diâmetro em toda a sua extensão. Não existe uma raiz principal.

As raízes das epífitas geralmente têm uma camada de células esponjosas em sua superfície externa, chamada de velamen, que funciona na apreensão e absorção da água e de nutrientes e pode ser também protetora. As terrestres também podem ter o velamen porém ele é menos evidente.

A ponta da raiz normalmente é verde, e como as folhas, pode fotossintetizar, isto é, formar açúcar a partir de luz, dióxido de carbono e água através da clorofila. Quando uma raiz fica em contato com uma superfície adequada, como a superfície de um vaso, ela cresce colando-se a ele e não pode ser retirada sem danos. É importante frisar que as raízes não grudam na superfície de vasos plásticos, facilitando o seu manuseio durante a retirada para reenvasamento.

Quando as raízes cessam a exposição ao ar, porque passam a crescer sob o substrato, tornam-se pálidas e dilatadas. Se submetidas a muita umidade podem facilmente apodrecer. As orquídeas terrestres e rupículas com mais frequência tem raízes capilares e são mais tolerantes às condições de umidade excessiva, mas mesmo assim, a regra deve ser uma boa drenagem da água da rega.

CAULE Os caules podem ser curtos ou longos, delgados ou muito espessos. Os caules longos e finos podem ser

macios e herbáceos ou duros e lenhosos, com fibras resistentes bem emaranhadas. O ponto onde a folha se fixa ao caule é chamado de nó. O nó geralmente não é nítido nas orquídeas porque a base da folha ou uma bráctea costuma envolver o caule neste local. Cada nó tem uma borbulha logo acima da folha e normalmente costumam aparecer ramos nos nós. O espaço entre os nós é chamado de internó.

O termo pseudobulbo refere-se a qualquer caule espessado, especialmente para aqueles que não estão enterrados no solo. Os pseudobulbos podem ser achatados, globulares, ou longos em forma de charuto. Uma feição usada na identificação das orquídeas é se os pseudobulbos são formados de um único nó ou de vários nós.

INFLORESCÊNCIA As inflorescências podem ser laterais ou terminais. As laterais podem ser basais, quando são produzidas

no rizoma ou muito próximo da base do caule ou pseudobulbo ( um exemplo é o dos Catasetuns). Raras, como no caso do Campylocentrum e da Lockhartia, podem ter inflorescências a partir da parte superior do caule. As inflorescências das orquídeas geralmente apresentam várias flores em uma haste comum, ou pedúnculo, mas inflorescências com uma única flor não são raras, e as flores podem ser fasciculadas ou densamente agrupadas, com ou sem uma haste comum. As flores, assim como as folhas, podem estar arranjadas de forma espiralada no caule, ou podem estar arranjadas nos dois lados ao longo do caule. Em muitos casos as flores abrem ao mesmo tempo, em outros elas abrem sucessivamente.

Raízes ativas. Observe a ponta esverdeada

das raízes em crescimento, e a cor

prateada da superfície do velamen.

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NOMENCLATURA DAS ORQUÍDEAS

A nomenclatura botânica é muito bem regulamentada, baseada em um código oficial cujas convenções são estabelecidas pela Royal Horticultural Society, atualizada de 3 em 3 anos durante o International Botanical Congress. O último foi realizado em julho de 1999, em Saint Louis, EUA. Este código se aplica a plantas, algas e fungos, sendo diferente do código aplicado aos animais. As plantas foram classificadas pelos botânicos em Famílias, diferenciadas umas das outras pela estrutura de suas flores, hastes, folhas e raízes. Cada Família é dividida em Tribos e posteriormente em Gêneros. Essas divisões são estabelecidas por similaridade na aparência e construção das peças florais. Basicamente as orquídeas encontradas na natureza são classificadas por dois nomes, um indicando o Gênero e o outro o Epíteto, ambos compondo a Espécie. O Gênero agrupa plantas com características comuns bem definidas. Um Gênero é a principal subdivisão de uma Família e é formado por um número limitado de espécies intimamente relacionadas, ou de uma única espécie (monotípico). O Gênero é designado por um nome em latim ou latinizado, no singular, iniciando com letra maiúscula. É seguido pelo Epíteto, iniciando com letra minúscula se for natural, ou letra maiúscula se for híbrido, concordando gramaticalmente com o nome do Gênero. Tanto o Gênero como o Epíteto (quando se refere a uma espécie natural) são grafados em itálico ou subescritos. Existem cerca de 860 Gêneros de orquídeas. A Espécie resulta da combinação do Gênero + Epíteto. A Espécie é a classificação biológica fundamental, compreendendo uma subdivisão de um Gênero e consistindo de um grupo de plantas com alto grau de similaridade, podendo geralmente intercruzar, e mostrando uma diferença marcante com os membros de outra espécie. A Família das Orquidáceas é formada por cerca de 25.000 espécies naturais e mais de 100.000 espécies híbridas. Os epítetos das espécies híbridas são escritos com letra maiúscula, não latinizados, para diferenciar das espécies naturais. Como exemplo temos: Cattleya (Gênero) + labiata (Epíteto). O Epíteto inicia com letra minúscula porque se refere a uma espécie natural. A Espécie seria Cattleya labiata. É uma boa política se adotar uma forma um pouco mais longa, acrescentando-se o nome do autor de sua classificação, iniciando com letra maiúscula e grafado de forma normal. Ex: Cattleya guttata Lindl. Lindlley publicou o nome Cattleya guttata no Botanical Register, tabula 1406, e é o autor deste nome. Alguém poderia posteriormente publicar o mesmo nome Cattleya guttata sem saber da existência do primeiro, e isto faria do segundo (Ex: Cattleya guttata Rezende) impróprio e não validamente publicado, pois já está ocupado. Devemos observar que os Epítetos podem se repetir a vontade dentro de Gêneros diferentes. Ex: Cattleya intermedia, Zygopetalum intermedium, Phalaenopsis intermedia, etc. Entende-se como híbrido a planta resultante da polinização cruzada entre duas orquídeas. Para um híbrido a grafia seria: Cattleya (Gênero) + Brymeriana (Epíteto). O Epíteto neste caso inicia com letra maiúscula e é grafado normal porque é um híbrido. A espécie seria: Cattleya Brymeriana que é um híbrido natural entre a Cattleya eldorado e a Cattleya violacea. Certas espécies às vezes apresentam uma característica que as tornam diferentes de sua espécie "tipo" mais comum. São variedades ou subespécies e constituem qualquer divisão natural de uma espécie que apresenta pequenas , mas marcantes, variações morfológicas da mesma espécie, habitando diferentes regiões geográficas. O nome da subespécie é geralmente um terceiro termo , iniciando com letra minúscula, grafado normalmente e precedido da abreviatura var., do latim varietas (variedade). Poderíamos ter então: Cattleya (Gênero) labiata (Epíteto) var. alba (Variedade). Clones ou Cultivares são plantas selecionadas por suas características desejáveis e propagadas de modo a perpetuar tais características. Um clone pode ser selecionado de uma espécie, de um híbrido ou de uma variedade. Pode ser propagado por divisão, corte, meristema ou qualquer outro método que produza descendentes semelhantes à planta mãe. Nomes de clones são epítetos grafados em letras romanas, de forma normal, iniciando com maiúscula, e entre aspas simples.Ex: Cattleya (Gênero) labiata (Epíteto) var.alba (Variedade) 'Pendentive' (Clone) Orquídeas premiadas são identificadas por algumas letras extras colocadas em seguida aos nomes das plantas e indicam que a planta que a originou foi distinguida por uma determinada entidade orquidófila. Entre as mais conhecidas estão a American Orchid Society (AOS) e a Royal Horticultural Society (RHS). Tais premiações podem ser atribuídas tanto para espécies como para os híbridos. As letras antes da barra são a abreviatura do prêmio. Por exemplo, FCC (First Class Certificate - Certificado de Primeira Classe) que é uma premiação atribuída pela AOS para plantas que atingem 90 pontos ou mais em uma escala de 100 pontos. O nome completo de uma orquídea poderia ficar assim: Cattleya (Gênero) labiata (Epíteto) var. alba (subespécie) 'Pendentive' (Clone) AM/AOS (Premiação).

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Pode-se defrontar com algumas outras palavras inclusas no nome de uma determinada orquídea. Self significa que foi feito o cruzamento utilizando-se a polínia e o estigma de flor(es) da mesma planta. Sibling significa que o cruzamento foi feito entre flores de duas plantas diferentes porém da mesma espécie. Muitas vezes também coloca-se no final o nome da planta mãe (que cedeu o estigma para a fecundação) e o nome da planta pai (aquela que forneceu a polínea), sempre nesta ordem e separados por um x.

PRONÚNCIAA orqu A orquidóloga Luiza Barbosa colocou na Internet um artigo sobre pronúncia que aproveitamos para retransmitir com modificações. O artigo baseia-se no vol. I de "A Etimologia a Serviço dos Orquidófilos" de autoria do Pe. José Gonzales Raposo, de saudosa memória. Nossa língua é basicamente formada pelo latim e é através dele que podemos analisar etimologicamente as palavras do português. Os nomes dos gêneros e espécies das orquídeas procedem não só do latim como também do grego mas muitas letras do alfabeto grego pronunciam-se como as correspondentes do alfabeto latino (grego-latinizado). Vamos às regras iniciando com as normas práticas da pronúncia do Latim:

CONSOANTES O x tem sempre o som cs. Exemplos: xánthina = csántina chrysotóxum = chrysotócsum

O ch pronuncia-se como k. Exemplos: chocoénsis = kocoénsis Dichæa = Dikéa Dendrochílum = Dendrokílum

A sílaba ti, quando seguida de vogal, soa como ci. Exemplos: Binotia = Binócia Blétia = Blécia martiána = marciána Mas a sílaba ti precedida de s, x, t pronuncia-se como ti em português. Exemplo: Comparéttia = Comparettia O ph soa como f. Exemplos: Phragmipédium = Fragmipédium Phymatídium = Fimatídium

DITONGOS

Æ e œ pronunciam-se e. Exemplos: Lælia = Lélia triánæ = triáne Cœloglóssum =Celoglóssum Æónia = Eónia

Quando a e e não formam ditongos, devem ser pronunciados distintamente, neste caso deve-se colocar um trema sobre o e. Exemplos:

Aërángis, Aëránthes, Aërides. No latim quando se forma um ditongo Æ, æ ficam juntos e se pronuncia e; e quando não formam ditongo

ficam separadas.

ACENTUAÇÃO DO LATIM No latim apenas a penúltima e a antepenúltima sílabas levam acentuação tônica, ou seja, palavras

paroxítonas e proparoxítonas. Exemplos: anceps = ánceps Colax = Cólax

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LOCALIZANDO A SÍLABA TÔNICA EM PALAVRAS DE MAIS DE DUAS SÍLABAS: a) A que serve de base para localizar a tônica é sempre a penúltima. b) Se a vogal dessa sílaba for seguida de x ou z ou de duas consoantes duplas (ll, tt) ou de duas simples

(nt, sc...), a tônica será nesta mesma sílaba. Exemplos: Bulbophýllum , Polyrhízia, chysotóxum, Scaphyglóttis, colóssus, rufescéns, flavéscens, pubéscens, nigréscens, albéscens, e outros terminados em scens.

c) Se na penúltima houver ditongo: æ = e, œ = e, au, eu, e, ei, oi, ui, a tônica estará também nesta sílaba. Exemplos: Promenæa = Promenéa Dichæa = Dikéa amœnum = aménum

d) Se a vogal da penúltima sílaba for seguida de outra vogal (da última sílaba), o acento tônico estará na antepenúltima, Exemplos: Stanhópea = Stan-hó-pe-a Blétia = Blé-ti-a = Blécia Loddigésii = Lod-di-gé-si-i Neomóre = Ne-o-mó-re-a Cymbídium = Cym-bí-di-um

e) O i pode influenciar na acentuação quando estiver na penúltima sílaba. Exemplo: longipes deverá pronunciar como proparoxítona = lóngipes.

f) Nos compostos de color o acento deverá estar na antepenúltima. Exemplos: bícolor, díscolor, trícolor unícolor, cóncolor.

g) O sufixo inus das palavras latina deverão ser pronunciadas como paroxítona. Exemplos: matutína, velutína, tigrínum, lilacínus. Mas nas palavras derivadas do grego deverão ser pronunciadas como proparoxítonas. Exemplos: cinnabárina, xánthina, tyriánthina.

ESCRITA / PRONÚNCIA

Eis alguns exemplos de pronúncia:

Aërides Aérides Amblostoma Amblóstoma Bifrenaria tyrianthina Bifrenária tiriántina Bletia Blécia Brassavola martiana Brassávola marciána Bulbophyllum quadricolor Bulbofílum quadrícolor Campylocentrum gracile Campilocentrum grácile Catasetum luridum Catassétum lúridum Cattleya chocoensis Catléia cocoénsis Cattleya mossiæ Catléia móssie Cattleya skinneri Catléia skinéri Colax Cólacs Comparettia coccinea Comparétia coccínea Dichæa Dikéa Galeandra xerophila Galeándra xerófila Gongora Góngora

Ionopsis utricularioides Ionópsis utricularioídes Lælia anceps Lélia ánceps Lælia briegeri Lélia briegéri Lælia cinnabarina Lélia cinabárina Lælia harpophylla Lélia harpofíla Lælia milleri Lélia milléri Lælia pumila Lélia púmila Lælia xanthina Lélia cssántina Lipares Lípares Miltonia falvescens Miltonia flavéscens Mormodes Mormódes Ornithiphora radicans Ornitófora radícans Oncidium concolor Oncidium cóncolor Oncidium longipes Oncidium lóngipes Oncidium phymatochillum Oncidium fimatokílum Oncidium raniferum Oncidium raníferum Pleurothallis gracilis Pleuritális grácilis Rhynchostylis Rincostílis Vanda tricolor Vanda trícolor

Page 9: Cultivando orquideas

IRRIGAÇÃO Junto com a Adubação, Iluminação e o Substrato, é um dos fatores mais importantes no cultivo correto das

Orquídeas. Quando regar as plantas? Não é fácil responder generalizadamente a esta pergunta. De certo modo poderíamos dizer que devemos regar diariamente as plantas, mas este diariamente está sujeito a várias condições que precisam ser vistas e analisadas, como, por exemplo, saber onde as plantas estão sendo cultivadas, se em estufa ou ripado, se em clima chuvoso ou seco, se as plantas estão vegetando ou hibernando.

A água utilizada deve ser preferencialmente pura, com pH pela casa dos 6.5, e no caso de ser utilizada água tratada, o Cloro deve ser inferior a 50 ppm (partes por milhão). No caso da água conter valores muito elevados de cloro, uma solução seria guardá-la em um depósito por 24 horas, para que ele evapore. Um lembrete importante: o excesso ou a falta de água causam enormes danos às plantas, entretanto o primeiro é muito mais prejudicial, causa muito mais perdas em um orquidário do que a falta de água. Em outras palavras as orquídeas resistem mais à falta do que ao excesso de água.

Como cada espécie se adaptou a diferentes condições climáticas, com umas necessitando de mais água e outras de menos, é evidente que quando agrupamos diferentes plantas sob o mesmo teto do orquidário, dificilmente conseguiremos dar a todas elas as condições ideais de rega, a não ser quando o número de plantas for reduzido.

Uma maneira de minimizar estas diferenças é utilizar substratos diferentes seja quanto ao conteúdo, seja quanto a forma. Plantas que não gostam de muita água, como os Ionopsis utricularioides, podem ser acondicionados em palitos ou placas de xaxim, colocadas na vertical, ou em lascas de acapú ou outra madeira de lei, ou ainda em substrato de piaçava ou outro material inerte, como brita de quartzo ou de rochas. Nos palitos e nas lascas de madeira a água escorre rapidamente enquanto que no material inerte a evaporação se faz rápida.

Um dos sintomas de excesso de água é o amarelamento das folhas (cuidado, porque isto também é sintoma de doenças, ou de falta de luz), o apodrecimento de raízes, folhas, espatas e pseudobulbos (que também pode ser ocasionado por outros fatores).

Qual a importância da água? Como as plantas não conseguem retirar nacos de alimento, este precisa ser dissolvido, para que ela possa absorve-lo através das raízes e estômatos. Estômatos são ....Algumas espécies possuem pseudobulbos de tamanhos variados capazes de armazenar a água durante algum tempo ao passo que outras, principalmente as de crescimento monopodial como as Vandas, sem pseudobulbos, precisam de regas

mais constantes e abundantes. Devemos observar que na nossa região existem duas estações chuvosas bem distintas: uma que vai de

meados de dezembro até meados de junho, com elevada umidade, muita chuva e menos horas de insolação contrastando com os demais meses, em que a umidade diminui junto com a precipitação de chuva e aumenta o número de horas de insolação. Para quem usa orquidário com cobertura de sombrite é aconselhável que no período chuvoso adicione uma cobertura de plástico apropriado, retirando-a no "verão". Quem não tem as plantas sob cobertura deve ter muito cuidado com o aparecimento de doenças, principalmente da podridão negra, ocasionada por fungos e bactérias que encontram seu ambiente de proliferação ideal no período chuvoso, e que tantos estragos tem feito às orquídeas.

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Outra observação que deve ser feita é que os vasos pequenos normalmente perdem água mais rapidamente do que os vasos grandes, necessitando de maior número de regas.

As orquídeas, umas mais outras menos, necessitam de um período de repouso, chamado de dormência, que corresponde grosseiramente ao período de hibernação de alguns animais como o urso. Nas regiões de clima temperado o repouso ocorre na estação de inverno, quando as atividades vitais da planta, como crescimento, enraizamento, etc. ficam muito reduzidas e as necessidades de água e de alimento diminuem consideravelmente. Aqui em Belém, em que não existem estações definidas, fica um pouco difícil observar este período de dormência. Algumas espécies, como os Catasetum e Mormodes, perdem as folhas. Uma regra geral é que as orquídeas costumam entrar em período de dormência logo após a floração. Para as plantas situadas nesta situação a rega deve ser diminuída drasticamente para evitar o apodrecimento dos pseudobulbos.

Uma outra situação de diminuição de água ocorre com determinadas espécies, como os Dendrobium, que para florirem melhor, necessitam de um período de pouca água, sob pena da formação de "keikis" no lugar das flores.

Para a maioria das orquídeas uma norma geral de rega é deixar secar completamente o substrato para fazer então nova irrigação. Outra regra importante é evitar molhar as plantas durante as horas mais quentes do dia ou em sol pleno, pois o calor pode esquentar em demasia a água, queimando as folhas, além do choque térmico, prejudicial.

Lembre-se que orquídeas que acabam de florir entram em período de repouso ou descanso, necessitando apenas uma leve vaporização. Alguns estudos mostram que é logo após a floração que Cattleyas como as labiatas se tornam susceptíveis ao ataque da podridão negra exatamente pelo excesso de água neste período.

A rega deve se efetuar então nas horas mais amenas, logo ao alvorecer ou ao anoitecer. Devemos nos lembrar também que um grande número de espécies abre os estômatos ao anoitecer para receber a umidade do sereno. Além das raízes é através dos estômatos que a planta se alimenta, e por isso muitos orquidófilos advogam que a rega ao anoitecer é muito mais produtiva para as plantas, evitando também a queima das folhas. É importante anotar que uma gotícula de água depositada na superfície de uma folha pode atuar como uma lente de aumento, concentrando os raios solares, "cozinhando" as folhas, originando lesões que servirão de porta de entrada para fungos e bactérias.

Uma orquídea desidratada apresenta entre outros sintomas o enrugamento das folhas e bulbos, que ficam com a aparência de envelhecidos e folhas que secam sem apresentar manchas; Sempre é bom anotar que a desidratação nem sempre é o resultado da ausência de água. Um substrato podre, sem aeração, pode matar as raízes, e as plantas ficam sem condições de absorver água na quantidade necessária, mesmo com as regas habituais. O mesmo acontece com caracóis e tatuzinhos que podem roer as pontas das raízes impedindo a absorção da água.

Além dos substratos terem propriedades diferentes na absorção da água os diversos materiais com que são fabricados os vasos também têm diferente capacidade de absorver aquele elemento. Os vasos de barro , como são porosos, perdem muito líquido por evaporação ao passo que os de plástico conservam por mais tempo a umidade, necessitando de menos água.

Outra dica importante é que o substrato seco adquire propriedades repelentes, como as da superfície das folhas, ou quando excessivamente pode rachar em vários lugares, fazendo com que a água se encaminhe para o fundo do vaso por um único caminho, permanecendo a maior parte do substrato seco. O ideal é repetir várias pequenas aguadas no desenvolver da irrigação assegurando-se assim que todo o substrato foi molhado. Outra observação que fazemos é que a porção do substrato mais externa, em contato com o ar, seca mais rápido, enquanto internamente ele permanece úmido.

É comum também que nas vésperas da adubação se faça uma rega abundante, com água pura, para extrair o excesso de sais porventura depositados na adubação anterior. Alguns orquidófilos aconselham também que, cerca de meia hora antes da adubação foliar, molhe-se rapidamente as folhas para que os estômatos se abram absorvendo melhor os nutrientes.

A irrigação pode ser feita manualmente ou mecanicamente, através de sistemas de irrigação movidos a pressão. A irrigação com microaspersores tem a vantagem de ser rápida porém em nossos pequenos orquidários não se pode gerenciar a quantidade de água para atender as necessidades de diferentes espécies. A irrigação manual pode ser seletiva, jogando-se mais ou menos água em cada vaso, porém é mais demorada exigindo mais tempo disponível.

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ADUBAÇÃO

Adubação foliar x adubação radicular; Adubação orgânica x adubação química; Adubação ao alvorecer x adubação ao anoitecer; Adubação homeopática x adubação intensa. Vejam só quantas possibilidades temos para adubar nossas plantas, cada uma contando sempre com um ferrenho grupo de adeptos.

ADUBAÇÃO QUÍMICA Uma regra geral que todo orquidófilo deve ter em mente é usar um adubo de boa qualidade, de preferência

já utilizado por outros colegas, e que contenha macro e micronutrientes. Se possível utilizar adubos de diferentes marcas porque a eventual falta de um determinado elemento pode ser suprida pelo outro .Outra dica é não adubar as plantas que se encontram dormentes pois neste período elas praticamente não necessitam de elementos nutrientes: é dinheiro jogado fora.

Os adubos químicos normalmente trazem no rótulo três números, que representam as proporções dos elementos Nitrogênio, do Fósforo na forma de PO2 e do Potássio na forma de K2O, contidos em sua formulação e sempre na mesma ordem. Estes, juntos com o Cálcio, Enxofre, Ferro, Sódio e Magnésio são chamados de macronutrientes. O Nitrogênio é o responsável pelo crescimento, o Fósforo pelas folhas e tecidos (floração) e o Potássio pelas raízes e defesas naturais da planta. Logo, podemos concluir que um adubo com mais Nitrogênio vai favorecer o crescimento da orquídea e deve ser usado em plantas jovens. O ideal é o que tem proporção 3-1-1, por exemplo os de formulação 15-5-5, ou 30-10-10 e assim por diante. Para plantas adultas em condições de florir use um adubo onde predomine o Fósforo em que a proporção ideal dos macronutrientes seja 1-3-2 como os de fórmula 10-30-20, ou 6-18-12, etc. Para plantas adultas fora da fase de floração, pode-se usar um adubo de manutenção em que a fórmula tenha as mesmas proporções dos três elementos: 1-1-1, como por exemplo um adubo 10-10-10, ou 15-15-15. Os adubos em que predomina o Potássio são pouco usados em floricultura, pois este elemento atua principalmente na frutificação.

Alguns orquidófilos usam somente os adubos químicos com formulação para crescimento e outro para floração e usam uma mesma marca seis meses mudando em seguida para outro fabricante.

A absorção do adubo químico foliar se dá através dos estômatos que as plantas possuem nas faces das folhas. As plantas para poder sintetizar seus alimentos necessitam de água + dióxido de carbono + luz. A combinação destes elementos na sua proporção correta produzirá plantas saudáveis e orquidófilos felizes, sendo necessário alguns outros elementos em quantidades variáveis, provenientes do substrato, resíduos vegetais ou animais ou trazidos pelo ar ou pela água, para transformar elementos minerais em carbohidratos.

Para metabolizar o dióxido de carbono as plantas usam água e luz no chamado processo de fotossíntese. No reino vegetal existem três rotas para a fotossíntese, das quais apenas duas, denominadas de rota C3 e rota CAM são utilizadas pelas orquídeas. As plantas com rota C3 fixam óxido de carbono durante o dia necessitando de um suprimento de água/úmidade regular e constante pois não tem armazenamento de água nem um mecanismo de proteção para a perda do excesso de água. Plantas CAM fixam dióxido de carbono durante a noite, preferem uma alternância de regas e secas diárias e tem mecanismos para preservar e armazenar água. Plantas CAM se beneficiam com água/umidade logo após o crepúsculo, quando iniciam o metabolismo e a transpiração. Plantas CAM podem adotar a rota C3 dependendo das condições ambientais, mas plantas C3 jamais adotarão a rota CAM. A maior parte das Laelias e Cattleyas são CAM, com exceção da Cattleya Warscewiczi (gigas) que é planta C3. Oncidiuns de folhas finas são plantas C3. Infelizmente não há uma lista completa classificando as orquídeas nestas categorias.

Qual o melhor horário para a adubação foliar? Use sempre as horas mais frescas do dia, ao alvorecer ou ao anoitecer, nunca sob o sol, pois as folhas queimarão. A taxa de absorção do adubo varia de planta para planta. Sempre é bom regar no dia seguinte à adubação, pois alguns elementos podem ser redissolvidos e melhor absorvidos pela planta. O adubo que cai das folhas e escorre para o substrato também poderá ser absorvido pelas raízes. Não é bom aplicar adubo simultaneamente com fungicida ou inseticida, porque dependendo do pH do adubo, a reação pode ser incompatível com o produto e poderá ocorrer a geração de fitotoxidade.

A absorção do adubo nem sempre se dá da mesma maneira. Como vimos anteriormente as condições ambientais interferem na adubação. Por exemplo, períodos muito secos podem dificultar a absorção dos elementos pela rápida evaporação da água. Períodos muito chuvosos ou úmidos podem fazer com que estes sejam perdidos mais rapidamente. Daí, muitos colegas preferem usar a adubação diluída. Como se faz isso?

Em vez de adubar uma vez por semana como recomendado na bula, usando-se por exemplo 15 gotas/ litro, divide-se a tarefa em três vezes na semana. Para tal usa-se 5 gotas/litro em cada aplicação. Teoricamente as chances de se encontrar as condições ideais de absorção do adubo pela planta será maior na proporção de três para um. E haja trabalho!

O Nitrogênio é considerado alimento de massa, isto é, o elemento químico que as plantas geralmente necessitam em maior quantidade principalmente na fase ativa do crescimento. É um estimulante e fonte de vigor. Uma dose correta de Nitrogênio aumenta o crescimento, com a produção de muitas folhas grossas que apresentam cor verde escura, pela abundância de clorofila. Essa boa vegetação aumenta a atividade assimiladora.

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Em certas circunstâncias quantidades excessivas de Nitrogênio podem prolongar o período de crescimento, produzindo uma vegetação luxuriante, retardando a maturidade, tornando os tecidos moles, sem resistência às pragas e doenças.

O Fósforo está relacionado com a floração, a frutificação, o desenvolvimento das raízes e a maturação dos órgãos vegetativos. Plantas bem supridas de Fósforo são altamente resistentes às doenças. Sua falta ou deficiência que pode ser expressa por uma cor avermelhada das folhas, resulta num crescimento lento com sérios prejuízos para a floração, a frutificação e a formação de raízes, o que inibe o crescimento vegetal.

O Potássio ativa as enzimas e promove o crescimento dos tecidos meristemáticos. Quando o teor de Potássio aumenta na seiva, há uma economia de água nos tecidos, pois esse elemento, regulando o fechamento dos estômatos, diminui a transpiração, garantindo maior resistência à secura e às geadas, aumentando a resistência às doenças. Como o Fósforo, favorece a formação de raízes, a formação do amido e o amadurecimento dos frutos. Folhas amareladas e ressecadas podem ser um indicativo da falta deste elemento.

Outros macronutrientes como o Cálcio, Enxofre, Ferro, Sódio e Magnésio, cada um deles age de maneira diferente, e sua ausência ou excesso pode afetar de diferentes formas as orquídeas. Por exemplo a deficiência de ferro produz folhas cloróticas (amarelas) total ou parcialmente. A ausência de Sódio se traduz pelo murchar rápido das plantas em épocas secas.

Os micronutrientes como Manganês, Boro, Cobre, Zinco, Cobalto e Iodo estão para as plantas assim como as vitaminas estão para os animais. Se bem que seu papel não esteja bem definido, sua falta ou excesso produz carências graves. O Cobre em excesso é tóxico para as orquídeas. Ausência de Ferro causa clorose nas nervuras e bordas das folhas.

Mas e como se dá o processo de absorção dos nutrientes pela folha? A maior parte da absorção dos nutrientes se dá pelos estômatos, mas a própria cutícula que recobre as folhas, quando hidratada, permite a passagem dos nutrientes. Ela é permeável à água e às soluções de adubo. Daí porque muita gente , meia hora antes da adubação foliar, molha ligeiramente as folhas, para que os estômatos e a cutícula se abram. A capacidade de molhar uma superfície sólida depende do maior contato entre as superfícies, o que é função da tensão superficial do líquido. Já observou que muitas vezes a água jogada nas folhas escorre rapidamente, sem molhar ou formando pequenas gotas? Isto é resultante da tensão superficial.

Para impedir essa tensão superficial pode-se juntar determinados agentes como os espalhantes-adesivos, que, pela sua ação adesiva impede que a solução escorra por gravidade e por sua ação umectante dificultam a evaporação da água, mantendo os nutrientes mais tempo em estado iônico em contato com a superfície foliar. Quanto mais tempo a solução ficar em contato com a folha maior será a absorção.

Não se deve fazer adubação foliar em plantas com botão porque pode haver queima ou abortamento dos botões e a umidade pode criar condições para o aparecimento de fungos e insetos. Quando a planta apresenta botão floral é porque ela já armazenou energia suficiente para soltar as flores, o pseudobulbo, nas simpodiais, ou já se formou ou está em vias disso e, no caso das monopodiais, já formou as folhas novas do período.

Entre as melhores marcas de adubo foliar estão: Peters, Plant Plood ADUBAÇÃO ORGÂNICA Normalmente no cultivo de orquídeas são usados adubos orgânicos preparados com farinha de osso, torta

de mamona e cinzas, podendo-se acrescentar ou não esterco de galinha, de carneiro, etc. A farinha de osso é um nutriente para as raízes e a torta de mamona é indicada para induzir a floração. Geralmente a proporção é: três partes de torta de mamona, duas partes de farinha de osso, duas partes de esterco bem curtido e uma parte de cinzas, mas existem inúmeras variações.

O adubo é colocado em volta da borda do vaso pois é aí que as raízes se concentram. A quantidade usada para vasos de tamanho médio é de uma colher de chá e a periodicidade é muito variável, com autores falando de 15 em 15 dias até 3 vezes ao ano. Faça sua própria experimentação utilizando diferentes dosagens em grupos separados de plantas durante alguns meses e veja qual o melhor resultado para suas orquídeas. Não use cinzas resultante de carvão feito especialmente para preparar churrasco porque além dos aditivos químicos ela pode conter restos do sal usado para temperar a carne.

A absorção é lenta e só ocorre em presença de água. É recomendável molhar levemente o substrato, espalhar o adubo e depois borrifar com água para que ele forme uma pasta presa ao substrato e não seja levado pela água na primeira rega. Outros preferem fazer pequenos sacos com meias velhas que ficam pendurados junto às raízes e que vão desprender lentamente os nutrientes durante as regas.

Um dos inconvenientes da adubaçao orgânica é a aceleração do processo de apodrecimento do substrato, diminuindo seu tempo de vida útil.

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ILUMINAÇÃO

A quantidade de luz que uma orquídea recebe se reflete diretamente no crescimento e na floração.

Algumas orquídeas requerem exposição permanente à luz do sol para florir. Outras morrerão se for dado este tratamento. A luz é tão importante que é a base dos regimes de cultivo.

Intensidade da luz

Quando se fala em luz e sombra pense em termos de intensidade de luz e não em períodos contínuos de sol alternando com períodos de sombra. O controle da luz deve ser encarado como uma questão de variação da intensidade de sombra e não apenas de tempo. Cinquenta por cento de sombra não significa colocar a planta no sol pleno durante a metade do dia e a outra metade na sombra. Tal alternância de sol e sombra irá matar as plantas que não toleram a luz direta do sol.

Exceto para as orquídeas de sol pleno (Arundina, p. e.) as plantas exigem alguma sombra. O sombreamento pode ser intermitente ou manchado. Ele pode ser providenciado por plástico, pela copa de uma árvore, por um local dentro da residência, por sombrite, por ripados ou ainda pela combinação de mais de um deles.

O orquidário ou local onde estão sendo cultivadas as plantas deve ter sua dimensão maior na direção este oeste, para que o sol, em função da rotação leste oeste da Terra, ilumine o recinto gradativamente ao longo do dia. No caso do uso de ripados as ripas deverão ter sua maior extensão segundo norte sul.

É recomendável que a cobertura fique a uma distância de pelo menos dois metros em relação às plantas para evitar queimaduras nas folhas e raízes pelo calor excessivo. O sombrite tem malhas com diferentes aberturas, que permitem a maior ou menor passagem da luz. Um sombrite de 50% deixará passar metade da luz do sol. Um de 70% só permite a passagem de 30% de luz. Existem sombrites de várias cores mas só os de cor preta devem ser usados. Como geralmente lidamos com plantas que requerem mais ou menos luz, recomenda-se a utilização de sombrite com diversas aberturas, construindo-se desta forma nichos dentro do orquidário.

Os ripados devem ser construídos com ripas de madeira de lei , com 5 cm de largura e o espaçamento entre elas deve ser de 2 cm. Ele deve ter uma altura mínima de 2,40 metros. Em função da variação do eixo da Terra ao longo do ano, em nossa região a inclinação dos raios solares varia a cada seis meses: de janeiro a junho os raios incidem no sentido de norte para sul; nos demais meses o sentido inverte. Isto implica que cada lado maior do orquidário receberá mais luz durante seis meses do que o outro lado, necessitando de proteção, geralmente feita com o uso do sombrite. As principais desvantagens do ripado são o preço e o ataque de cupim.

As plantas que necessitam mais umidade como a Paphinia, a Aganisia, a Gongora, a Brassia as microorquídeas, etc. deverão ficar em lugar mais sombreado, se possível com uma cobertura dupla de sombrite de 50%, e sempre do lado oposto ao da incidência predominante dos raios solares. Outras plantas, com as Cattleyas, Laelias, e seus híbridos, com raras exceções, podem tolerar perfeitamente a luz direta do sol pela parte da manhã. Apenas deve-se colocá-las gradativamente aos raios solares da manhã, fazendo com que elas se adaptem aos poucos.

Outras plantas só crescem e florescem bem se ficarem diretamente expostas ao sol durante o dia inteiro. Este é o caso da Arundina, Cyrtopodium, Arachnis, Renanthera, etc. Algumas, geralmente as sazonais como os Dendrobium, necessitam de um forte período de insolação para uma melhor floração.

Muito cuidado ao deixar as plantas junto a muros e paredes. O reflexo do sol pode aumentar em vários graus a temperatura e cozinhar as folhas.

Vasos de plástico, principalmente os de cor negra, absorvem mais os raios solares, esquentando em demasia. O

João Batista costuma dizer que as folhas coriáceas das orquídeas toleram bastante o calor o mesmo não acontecendo com as raízes das plantas. Na natureza, mesmo quando as folhas estão expostas à luz do sol, as raízes ficam protegidas sob os galhos

Muitos orquidófilos costumam levar os vasos com plantas floridas para dentro de casa para seu deleite. Geralmente as condições do interior da residência são de sombra, de baixa luminosidade durante o dia. Várias orquídeas mantêm a floração por períodos de 30 dias ou mais e nesses casos é sempre interessante colocá-las algumas horas em local mais iluminado.

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ENVASAMENTO

Chega uma planta nova adquirida através do Correio, ou o substrato envelheceu ou a planta ocupou todo o recipiente: é hora de reenvasá-la. Mas qual é o melhor momento para se reenvasar uma orquídea? O melhor

momento é quando a planta solta uma frente nova e novas raízes.

Três são os principais recipientes para o envasamento de orquídeas: vaso de barro, vaso de plástico e caixetas de madeira de lei

O vaso e as caixetas devem ter um tamanho apropriado em relação a planta que vai ser envasada. Em regra a abertura deve exceder uns quatro dedos da área ocupada pelas raízes. Eles devem ser esterilizados previamente usando-se para tal água sanitária diluída e depois uma solução fungicida. No caso de reutilização tirar toda a terra,

fragmentos de raizes, etc. Os vasos devem ter vários furos no fundo e se possível nas paredes laterais, permitindo com isso uma boa

aeração das raízes. O substrato que irá preencher os recipientes deve receber um

tratamento prévio. O caroço de açai deve ser fervido por cerca de 10 minutos e passado em um crivo para eliminar os detritos da polpa. No caso de xaxim desfibrado ele deve ser lavado para retirar o excesso de pó e se possível lavado vários dias para retirar o tanino, ou então fervido por alguns minutos.

Preenche-se cerca de 1/3 do fundo do recipiente com cacos de cerâmica, carvão ou outro material poroso para que haja um perfeito dreno da água da rega.

A planta que vai ser envasada deve ter suas raízes aparadas, principalmente aquelas apodrecidas, as secas de cor amarronzada e as dos pseudobulbos traseiros, deixando-se só as que estão ativas, com a ponta esverdeada, em crescimento. Lava-se bem em água corrente para retirar todo o sujo e, se for de origem externa, é de bom tom deixá-la por alguns minutos em água sanitária diluída e depois em solução fungicida.

Coloca-se uma porção de xaxim na mão esquerda e com a outra firma-se e envolve-se totalmente as raízes da planta levando-a então ao vaso. O rizoma com os pseudobulbos traseiros deve encostar a parede do vaso, ficando um espaço livre de cerca de quatro dedos para ser preenchido pelo crescimento das novas frentes da orquídea. Agora é preencher os espaços vazios com o xaxim e tutorar a planta, utilizando-se para tal uma haste de bambu ou outro material ou então os arames do suporte, deixando a planta bem firme. Caso os pseudobulbos e folhas fiquem muito inclinados pode-se colocá-los em uma posição vertical com a ajuda de finos fios usados na telefonia, amarrando-os através dos arames de sustentação.

No caso de caroço de açai o procedimento é semelhante. Após preencher parcialmente o vaso com os

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caroços, coloca-se as raízes dentro dele e adiciona-se mais caroços até faltar dois centímetros para alcançar a borda do vaso. Como os caroços são redondos geralmente há necessidade de se amarrar a planta em tutores ou nos arames de sustentação para que a planta fique firme.

Orquídeas monopodiais como as Vandas, podem ir perdendo as folhas

de baixo, mais antigas, de tal modo que a haste fica com um espaço muito grande sem proteção. Faça o corte no caule assegurando-se que ele contenha pelo menos duas, de preferência três raízes. A seguir introduza as raízes da base em um recipiente com fungicida e depois proceda ao envasamento, tomando o cuidado para que as raízes fiquem acima do substrato ou fixe a planta com tutores para que ela fique na posição vertical e no centro do recipiente.

Observe na figura ao lado como envasar os dendrobium phalaenopsis. Simples, não?

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A ESCOLHA E A COMPRA DAS ORQUÍDEAS

A compra de uma orquídea por parte do iniciante pode ser um ato impulsivo. Uma planta com uma linda inflorescência ou então o preço baixo, pode exercer uma atração irresistivel sobre o orquidófilo, fazendo com que ele se esqueça do fundamental que é a qualidade da planta. Com a experiência ele se torna mais seletivo e além da beleza da flor ele se preocupa com a saúde da planta, especialmente se ela tiver um preço elevado.

Plantas podem ser adquiridas de todo tamanho, desde seedlings em frascos até espécimes adultos, com flores. O que observar nestas plantas? As primeiras folhas devem estar intactas e as mais novas devem ser progressivamente maiores em tamanho do que as mais antigas. A cor que representa saúde é o verde grama, não o verde escuro sem brilho. A superfície da folha, tanto a anterior como a posterior, deve estar sem manchas e livre de doenças.

Uma planta obtida pelo cultivo de sementes mostrará características tanto da planta pai como da planta mãe, ou um dos dois irá predominar, ou ainda novas características poderão aparecer. Só uma planta resultante de mericlonagem irá mostrar unicamente as características da planta que a originou.

Nas plantas adultas o comprador deve observar evidencias de crescimento recente, de uniformidade na cor das folhas, e pontas de raízes verdes, uma indicação que estão ativas. Verifique o tamanho do vaso em relação ao tamanho da planta. Raízes que saem do vaso ou nos casos de simpodiais de pseudobulbos debruçando-se sobre as bordas do vaso indicam que já há necessidade de reenvasamento, e todo reenvasamento significa uma quebra no crescimento da planta.

Observe se há um bom espaço entre a flor e o caule, para que ela não fique imprensada. A flor deve armar bem, isto é, as pétalas, sépalas e o labelo devem estar contidos o mais próximo possível dentro de um plano, bem abertas. Em Cattleyas híbridas uma superposição das sépalas e pétalas é bem vista.

Flores com manchas na coloração, ou formato irregular, podem resultar de viroses. Pseudobulbos antigos com restos de inflorescências são um bom indicativo de que a planta flora continuamente.

Por fim procure adquirir suas plantas em orquidários ou com pessoas idôneas. Não se esqueça também que plantas que necessitam um período de baixas temperaturas para desencadear o processo de floração raramente vão florir em nosso clima quente e umido.

TRANSPORTE DE ORQUÍDEAS Algumas dicas para quem vai transportar orquídeas.

1- Verifique se as plantas a serem transportadas por longas distâncias estejam com o substrato seco para evitar o apodrecimento de folhas e raízes.

2- Enrole-as em jornal e acomode-as da forma mais adequada para que caibam maior número de plantas na embalagem de transporte, certificando-se que as menores e com menor peso estejam na parte superior, afim de não sofrerem danos com o peso.

3- Complete os espaços vazios com pequenos bolos de jornal para que as plantas fiquem bem presas. 4- Se possível identifique as plantas 5- Remeta-as pelo meio de transporte mais rápido e seguro que for possível 6- Certifique-se que o endereço do destinatário está correto. 7- Informe o destinatário da remessa.

RECUPERANDO UMA PLANTA DESIDRATADA Muitas vezes pode-se recuperar uma planta que por um motivo qualquer desidratou. Existem várias técnicas mas a base de todas elas é muito semelhante. Técnica 1.: Desenva-se a planta e corta-se suas raízes bem rente ao rizoma. Amarra-se uma porção de xaxim desfibrado junto com esfagno ou musgo em volta das raízes, molha-se bastante até encharcar o xaxim e coloca-se a planta dentro de um saco plástico transparente, certificando-se que este não tenha furos. Enche-se o saco soprando-se como se fosse um balão. Este detalhe é importante porque o ar de dentro deverá ser saturado em gás carbônico para acelerar o metabolismo de absorção da planta. Amarra-se a boca do vaso cuidando que não haja vazamentos. Agora é colocar o saco com a planta em local sombreado mas com bastante iluminação e aguardar dois, três meses, quando as novas raízes estarão desenvolvidas o suficiente para o replantio. O sucesso desta técnica depende muito do estado em que se encontra a planta que vai ser tratada.

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Uma variação desta técnica é preparar uma solução de água com hormônio enraizador e adubo com fórmula rica em nitrogênio e molhar o xaxim nesta mistura antes de colocar no saco.

Técnica 2.: Em uma bandeja rasa coloca-se areia encharcada com água e enterra-se a planta até cobrir a base do pseudobulbo. A orquídea deve estar com as raízes cortadas Conservar a areia sempre úmida e a bandeja em local sombreado mas com luminosidade. A areia nunca deve ser terra preta. É aquela usada em construção civil.

Pode-se adicionar adubos, hormônio enraizador. Após o aparecimento das raízes ou de novos brotos faz-se o transplante.