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Crenças e atitudes linguisticas na comunidade rural do Cubatão
Jaqueline Cerezoli (PG – UNIOESTE)
Resumo: Este artigo relata o andamento da pesquisa denominada Crenças e Atitudes
Linguísticas dos falantes da comunidade rural “Cubatão”, localizada no município de
Guaratuba-PR. Interessa aos estudos das Crenças e Atitudes Linguísticas de um determinado
grupo, conforme (BOTASSINI, 2011) analisar as diferenças e as semelhanças estabelecidas na
crença e nas atitudes dos falantes sobre a língua de outrem, isso quando são consideradas
variáveis extralinguísticas como sexo, faixa etária e nível de escolaridade. É necessário,
segundo a autora, nesse tipo de estudo, identificar os fatores que decorrem da crença linguística
que conduzem a atitudes positivas ou negativas em relação à língua e ao grupo do outro. A
comparação entre os julgamentos relativos às diferentes línguas e os grupos linguísticos a
serem analisados é também foco do estudo.
Palavras-chave: Crenças, atitudes linguísticas, comunidade rural.
Introdução
Segundo Moreno Fernandes (1998, p. 179), a atitude linguística é uma manifestação da
atitude social dos indivíduos, diferenciada por centrar-se e referir-se, de forma específica, tanto
à língua como ao uso que dela se faz na sociedade, o que resulta em atitudes relacionadas aos
diferentes estilos de fala, socioletos, dialetos ou mesmo a línguas diferentes. Para o autor, “a
atitude é uma conduta, uma reação ou resposta a um estímulo, isto é, a uma língua, uma situação
ou características sociolinguísticas determinadas” (MORENO FERNANDES, 1998, p.179).
Portanto, o estudo que se pretende realizar entende que na comunidade pesquisada existem
crenças referentes aos dizeres relacionados à uma determinada variante.
O interesse se dá principalmente em coletar dados referentes à consciência linguística
dos informantes quanto à forma como julgam seu próprio falar em uma realidade dita
monolíngue. Para tanto, serão considerados encaminhamentos dados ao Projeto Crenças e
Atitudes Linguísticas (CAL), desenvolvido por Aguilera (2008) e Sella (2009).
Segundo o que salienta Corbari (2013, p.15), no Estado do Paraná, “graças à
colonização por descendentes de imigrantes de diversas etnias e aos contatos estabelecidos nas
regiões fronteiriças a países hispano-americanos”, apresenta-se um cenário sociolinguístico
complexo. Esse fator favorece “o estudo tanto das línguas em contato quanto das crenças e
atitudes relacionadas a essas línguas e a seus usuários”, pois este escopo beneficia
“manifestações tanto positivas (prestígio linguístico) quanto negativas (desprestígio
linguístico) dos informantes frente aos falares locais”.
A comunidade estudada faz parte da Área de proteção Ambiental (APA) da baía de
Guaratuba. A localidade se distancia da área urbana e seu acesso somente é possível via barco,
pela baía ou por uma extensa estrada de chão de mais de 35 km até a cidade mais próxima,
Garuva-SC. De acordo com Ferreira (2010, p.10), o processo colonizatório dessa região se deu
a exemplo de outras comunidades litorâneas brasileiras, que “foi permeado pela mistura racial
de europeus e negros com nativos indígenas originando as chamadas comunidades caiçaras”.
Segundo a autora, “no que se concerne à colonização da costa paranaense, essa miscigenação
ocorreu mais entre as etnias de origem portuguesa com a indígena, sendo esta última de menor
expressividade na construção das manifestações artístico-culturais do litoral paranaense”
(FERREIRA, 2010, p.10). A área que se estende pela APA da baía de Guaratuba é composta
por vários vilarejos, dentre os quais Cubatão, Cubatão abaixo, Cubatão acima, Rasgadinho,
Rasgado, Pai Paulo, Limeira e Ribeirão Grande (FERREIRA, 2010, p.10). Para fins
metodológicos, a região estudada, doravante terá por nomenclatura “Comunidade Cubatão”,
isso porque é assim chamada a região onde se concentram a escola frequentada pelos estudantes
da localidade bem como o posto de saúde e igrejas, tanto católica quanto denominações
evangélicas.
O interesse pelo estudo de tal comunidade se deu devido às características locais, em
que se misturam descendentes de europeus (açorianos, italianos e alemães), negros e indígenas.
A localização, afastada da área urbana, e próxima a dois estados, Paraná e Santa Catarina, cria
um ambiente profícuo para o desenvolvimento de variantes linguísticas, que gera múltiplos
falares e pode ser objeto para uma investigação do campo das crenças e atitudes linguísticas.
Ainda, devido à cultura de subsistência local, e à presença de trabalhadores temporários nos
bananais1 é possível verificar a hipótese de que tal localidade possa ser considerada como
contexto repleto de atitudes linguísticas diferenciadas, em virtude de sua realidade sócio-
histórica e geográfica peculiar.
Nesses termos, Busse e Sella (2012, p.79) destacam que a língua, ao ser tomada como
“como um conjunto estruturado, no qual estão representadas as relações sociais e a organização
dos grupos”, [...] é determinada pelas condições de existência do homem no tempo e no
1 A produção de banana, do palmito pupunha e da palmeira real são a principal atividade agraria desenvolvida no
local. Conforme varia a produção desses produtos, varia também a migração de trabalhadores advindos dos dois
Estados.
espaço”. Destacam ainda que, “quanto à sua composição, organização e uso, a fala é resultado
da relação dinâmica entre os elementos internos e externos da língua”.
Botassini (2009, p.85) destaca que “a forma como se avaliam algumas variedades
linguísticas – positiva ou negativamente – denota atitudes de estigma e de identidade social”.
Para a autora, “a forma como as pessoas se colocam frente a determinadas variedades
linguísticas, as atitudes de rejeição ou de aceitação em relação a elas”, ou ainda “a avaliação
positiva ou negativa, as demonstrações de preconceito ou de admiração, a avaliação do que é
correto ou incorreto, adequado ou inadequado etc. revelam nossas crenças linguísticas”
(BOTASSINI, 2009, p.85).
As afirmações da autora corroboram o pensamento de Labov (2001, p. 63) quando
assinala que, em uma comunidade de fala, apesar de as pessoas compartilharem um conjunto
de normas comuns em relação à linguagem, não falam do mesmo modo. Ao contrário, nas
comunidades de fala, frequentemente encontram-se formas linguísticas em variação.
No caso do “Cubatão”, observa-se uma comunidade heterogênea que tem
experimentado o fenômeno da miscigenação, tanto na questão das variantes advindas dos
vários falares locais, devido a sua colonização, quanto às variações inerentes das comunidades
rurais, que, por si só, enfrentam o estigma de atrasada e é por vezes alvo do desprestígio. Tal
afirmação corrobora o que já foi dito por outros autores tais como López Morales (1993), para
quem, segundo Corbari (2013, p.64):
Os fenômenos linguísticos considerados rurais ou vulgares produzem uma
atitude negativa que leva ao seu rechaço, o que costuma apresentar
consequências na conduta linguística dos falantes de uma comunidade: eles
tendem a usar o que se considera mais aceitável e a não usar o rechaçável,
principalmente nos estilos cuidados, nos quais a consciência linguística
participa mais ativamente.
Nos limites da própria comunidade, percebem-se2 indícios daquilo que pode vir a ser
considerado ações de desprestígio relacionado às pessoas que residem em comunidades mais
afastadas, como a do Rasgadinho e Limeira, por exemplo. Isso pode ocorrer devido ao próprio
prestígio que a variante padrão tem em relação a variante usada nas comunidades rurais. Diante
2 A pesquisadora tem realizado observação participante em um estudo de cunho etnográfico na localidade pois
leciona na escola que se localiza na comunidade desde o início do ano de 2016 e tem frequentado reuniões
comunitárias, festas locais, bem como realizado visitas a alguns moradores a fim de inteirar-se dos costumes e
peculiaridades da região.
deste quadro surgem a indagações voltadas a esse fenômeno: seria possível afirmar que quanto
mais afastada a comunidade, menor seu prestígio linguístico?
A tese baseia-se nos princípios da Sociolinguística Variacionista e nos estudos de
Crenças e Atitudes Linguísticas, e justifica-se devido à importância de se compreender e
detectar, entre outros aspectos, os fatores de mudanças linguísticas, os preconceitos em relação
às variedades e aos seus falantes no que tange ao campo das atitudes linguísticas. Destaca-se,
nesse contexto, o projeto interinstitucional Crenças e Atitudes Linguísticas: um estudo da
relação do português com línguas de contato (AGUILERA, 2009), coordenado pela professora
Vanderci de Andrade Aguilera (Universidade Estadual de Londrina), com a colaboração da
professora Aparecida Feola Sella (Universidade Estadual do Oeste do Paraná). Tal projeto
coletou dados em várias localidades paranaenses fronteiriças e/ou ocupadas por populações
multiétnicas. Esses dados vêm sendo analisados por alunos de Pós-Graduação stricto sensu de
várias instituições de ensino superior do Paraná, dentre elas a Universidade Estadual de
Londrina (UEL), bem como a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), grande
parte deles sob orientação de Aguilera. Citam-se, dentre outros, as pesquisas de nível de
doutorado realizadas por Botassini (2013), Corbari (2013), Busse (2010).
Tais pesquisas foram realizadas tendo como foco localidades do interior do Paraná, seja
na região de Maringá, ou ainda no Oeste e Sudoeste do Paraná. Ressalta-se, porém, que mesmo
que essas tenham sido desenvolvidas cada qual em diferentes regiões do Estado do Paraná, o
caso específico da cidade da comunidade do Cubatão, área também profícua para realização de
tais estudos, ainda não foi investigado.
O estudo referente às Crenças e Atitudes Linguísticas no Brasil e, principalmente no
estado do Paraná é propício pelo contato linguístico e cultural que se estabeleceu entre grupos
étnicos das mais variadas origens em virtude das correntes migratórias e, nas regiões
fronteiriças a outros países, das relações comerciais e de trabalho.
A característica linguística da localidade escolhida justifica a investigação das atitudes
frente à fala local, tipicamente heterogênea, pois convivem nessas comunidades tanto pessoas
advindas de etnias diversas, bem como moradores tanto do estado do Paraná como de Santa
Catarina. Tal situação pode favorecer juízos de valor depreciativos ou ainda de prestígio sobre
o uso da língua, já que, segundo Calvet (2009, p. 65), “existe todo um conjunto de atitudes,
desentendimentos dos falantes para com suas línguas e para com aqueles que as utilizam”.
Assim, tomar conhecimento das causas e condições em que se dão esses fenômenos
seria uma maneira de contribuir tanto para o campo dos estudos linguísticos da área quanto
para desmistificar crenças que perpassam gerações de modo a fortalecer as identidades
linguísticas dos falantes desse local.
Outra justificativa pertinente seria baseada nas afirmações de Gomes e Lose (2007)
quando afirmam que “um projeto válido é aquele que apresenta uma proposta de avanço ao
conhecimento anterior” (GOMES e LOSE, 2007, p. 87). Assim, tomando-se como base o
caminho que já foi percorrido por outros pesquisadores, como Aguilera (2008) e Sella (2009)
e os participantes do projeto CAL, a pesquisa proposta pretende retomar as teorias e os estudos
já realizados e avaliar a coleta de dados na comunidade sob estudo. Assim, a geração de dados
a ser realizada na comunidade do Cubatão busca desvendar aspectos referentes às Crenças e
Atitudes Linguísticas dos falantes dessa área. Opta-se pela comunidade devido as suas
características peculiares.
Abordagens teórico-conceituais
A Psicologia Social foi a primeira a estudar as crenças e atitudes, nos anos 1960.
Contudo, o enfoque atual da disciplina tem raízes também nas contribuições de outras grandes
áreas, tais como a Sociolinguística e a Sociologia da Linguagem. Cada uma dessas áreas
apresenta enfoques diferenciados acerca das crenças e atitudes linguísticas (AGUILERA,
2009). A Psicologia Social, segundo Aguilera (2008) fornece elementos para o estudo dos
papéis exercidos pelos motivos, as crenças e a identidade no comportamento linguístico de
cada indivíduo. Lambert e Lambert (1972) consideram que, para essa disciplina, as atitudes
constituem um complexo fenômeno psicológico que se reveste de grande significado social. A
Sociolinguística, por sua vez, de acordo com Aguilera (2008), pesquisa a diferença entre a
maneira como as pessoas fazem uso da língua, e suas crenças a respeito de seu próprio
comportamento linguístico e o dos demais falantes. A importância da disciplina reside, segundo
a autora, no fato de que as atitudes, além de revelarem múltiplos aspectos para melhor
entendimento de uma comunidade, influenciam de maneira cabal nos processos de variação e
mudança linguística. Elas não só afetam a escolha de uma língua em detrimento de outra, como
também o ensino-aprendizagem de línguas em um determinado contexto linguístico. A
Sociolinguística tem dentre outras a função de pesquisar a diferença entre a maneira como as
pessoas fazem uso da língua. Também analisa quais são as crenças dos falantes a respeito de
seu próprio comportamento linguístico e das pessoas que fazem parte de seu cotidiano. Já a
Sociologia da Linguagem, segundo Fishman, (1972), enfoca temas relacionados ao arranjo
social do comportamento linguístico, o que inclui atitudes explícitas em relação à língua e aos
seus usuários e o uso da língua em si.
Moreno Fernández (1998, p. 179) considera que o objetivo da disciplina seria conhecer
mais profundamente assuntos como a eleição de uma língua em sociedades multilíngues, a
inteligibilidade, o planejamento linguístico e o ensino de línguas. Além disso, segundo o autor,
as atitudes influem decisivamente nos processos de variação e mudança linguísticos que se
produzem nas comunidades de fala.
Segundo Moreno Fernández (2008), os estudos sobre atitudes linguísticas no campo da
sociolinguística foram iniciados somente em 1970, por Rebecca Agueyisi e Joshua Fishman. O
autor argumenta que, em 1970, Agueyisi e Fishman já chamavam a atenção para a importância
que os estudos de atitudes têm no campo da Sociolinguística. O autor (MORENO
FERNÁNDEZ ,1998, p. 179) assinala inclusive que a atitude linguística “é uma manifestação
da atitude social dos indivíduos, diferenciada por centrar-se e referir-se, de forma específica,
tanto à língua como ao uso que dela se faz na sociedade, o que resulta em atitudes relacionadas
aos diferentes estilos de fala, socioletos, dialetos ou mesmo a línguas diferentes” 3. Para o autor,
“a atitude é uma conduta, uma reação ou resposta a um estímulo, isto é, a uma língua, uma
situação ou características sociolinguísticas determinadas”,
Lambert e Lambert (1972, p. 77) definem a atitude como “uma maneira organizada e
coerente de pensar, sentir e reagir em relação a pessoas, grupos, questões sociais ou, mais
genericamente, a qualquer acontecimento ocorrido em nosso meio circundante”. Ainda
segundo esses psicólogos: Seus componentes essenciais são os pensamentos e as crenças, os
sentimentos (ou emoções) e as tendências para reagir. Segundo os autores, uma atitude está
formada quando esses componentes se encontram de tal modo inter-relacionados que os
sentimentos e tendências reativas específicas ficam coerentemente associados com uma
maneira particular de pensar em certas pessoas ou acontecimentos (LAMBERT; LAMBERT,
1972, p. 77-78).
Moreno Fernández (1998, p. 180) considera que uma atitude favorável ou positiva pode
fazer com que uma mudança linguística se cumpra mais rapidamente. Isso resulta, em certos
contextos, na predominância do uso de uma língua em detrimento de outra. Inclusive, pode
3 Todas as traduções do trabalho de Moreno Fernandes (1998) foram feitas pela autora.
determinar que o ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira seja mais eficaz, que certas
variantes linguísticas se confinem aos contextos menos formais e outras predominem nos
estilos cuidadosos. Uma atitude desfavorável ou negativa, segundo o autor, pode levar ao
abandono e ao esquecimento de uma língua ou impedir a difusão de uma variante ou uma
mudança linguística.
Componente cognoscitivo, afetivo e conativo e a consciência Sociolinguísitica
Moreno Fernandes (1998) em consonância com a composição de atitudes propostas por
Lambert e Lambert (1972) aponta que a atitude é constituída por três componentes colocados
no mesmo nível: o cognoscitivo (saber ou crença), o afetivo (sentimento/valoração) e o
conativo (conduta sociolinguística).
Isso significa “que a atitude linguística de um indivíduo é o resultado da soma de suas
crenças, conhecimentos, afetos e tendências a comportar-se de uma forma determinada diante
de uma língua ou de uma situação sociolinguística” (MORENO FERNÁNDEZ, 1998, p.182).
O autor, nesse sentido, aponta para a existência de linhas teóricas que divergem entre si de
acordo com a definição que estabelecem para atitudes linguísticas, a saber: a mentalista e a
comportamentalista4.
No âmbito da Sociolinguística, López Morales (1993) identifica na atitude apenas um
componente: o conativo. Assim, esse autor também separa o conceito de crença do de atitude
e os situa em níveis: as crenças dão lugar a atitudes diferentes; estas, por sua vez, ajudam a
conformar as crenças, juntamente com os elementos cognoscitivos e afetivos, considerando
que as crenças podem estar baseadas em fatos reais ou podem não estar motivadas
empiricamente. Na concepção desse autor, as atitudes são formadas por comportamentos, por
condutas que podem ser positivas, de aceitação, ou negativas, de rechaço, e para ele, não existe
uma atitude “neutra”. Uma atitude que não seja positiva nem negativa se caracterizaria como
ausência de atitude, e não como mais uma classe dela. Assim, no âmbito desta pesquisa, toma-
se como base a visão de López Morales (1993) de que as crenças dos falantes se baseiam
naquilo que julgam como positivo e negativo, e assim, suas atitudes linguísticas irão se
4 Na Seção 2, referente aos procedimentos metodológicos da pesquisa, apresenta-se uma explanação das
abordagens mentalista e comportamentalista, pois tais abordagens é que dão as diretrizes do método a ser usado
na identificação das atitudes.
manifestar de acordo com essa crença.
Aguilera (2008, p. 106) assinala que o componente cognoscitivo tem maior importância
diante dos demais, isso por que “conforma, em larga escala, a consciência sociolinguística, uma
vez que nele intervêm os conhecimentos e prejulgamentos dos falantes: consciência linguística,
crenças, estereótipos, expectativas sociais (prestígio, ascensão), grau de bilinguismo,
características da personalidade, etc”. Aguilera (2008) ao analisar depoimentos sobre crença e
atitudes linguísticas destaca um exemplo em que prevalece o componente cognoscitivo:
Isto fica muito claro na declaração veemente do informante 7 (homem, de
nível superior, na faixa etária dos 50 aos 65 anos) do ponto 006 (Manaus), ao
ser indagado sobre a língua que fala: 1. A língua portuguesa, aliás eu acho
errado isso, devia ser língua brasileira, né. Aliás já tem movimento aí pra ... é
língua brasileira. Por ser um defensor do purismo linguístico de sua
comunidade de fala – ao assegurar que a nossa língua é a brasileira –, invoca
seus conhecimentos sobre as episódicas manifestações nacionalistas,
alertando que já existe um movimento para a
mudança do nome oficial da língua falada no Brasil (AGUILERA, 2009,
p.107).
Já o componente afetivo, conforme Aguilera (2008, p. 106) “está alicerçado em juízos
de valor (estima-ódio) acerca das características da fala: variedade dialetal, acento; da
associação com traços de identidade; etnicidade, lealdade, valor simbólico, orgulho; e do
sentimento de solidariedade com o grupo a que pertence”. Cita-se o exemplo dado pela autora
como forma de ilustrar de que maneira o componente afetivo manifesta-se nas atitudes
linguísticas dos falantes. Ainda citando a fala do mesmo informante Aguilera (2008) destaca o
seguinte:
[...] indagado se na localidade havia grupos que falavam diferente, e se
poderia identificá-los, é taxativo: 2. Não, não, não, ih, não, eu abomino esse
negócio de sotaque... o mineiro adora isso, o paulista fala com aquele... não.
Aqui o amazonense... todos falamos iguais, não
tem esse negócio. Quando a senhora vê alguém hãhãhãhãhã, o cara não é
daqui ou passou uma temporada fora e absorveu aquilo [...]. O componente
cognoscitivo, presente na atitude linguística manifestada no depoimento 1,
cede lugar ao afetivo, reforçando o mito do não sotaque na fala dos naturais
da localidade, que falam igual, portanto sem o abominável sotaque que
caracteriza os brasileiros mineiros e paulistas (AGUILERA, 2008, p.107).
.
Por sua vez, segundo Aguilera (2008, p. 106) “o componente conativo, reflete a
intenção de conduta, o plano de ação sob determinados contextos e circunstâncias. Mostra a
tendência a atuar e a reagir com seus interlocutores em diferentes âmbitos ou domínios: rua,
casa, escola, loja, trabalho”. A autora ilustra como exemplo do componente conativo mais uma
vez aquilo que foi dito pelo informante:
[...]Quando a senhora vê alguém hãhãhãhãhã, o cara não é daqui ou
passou uma temporada fora e absorveu aquilo. Não, nós falamos aqui
télévisão e não têlêvisão, Roráima e não Rorãima, nós falamos... as nossas
palavras são bem explicadas, letra por letra [...] (AGUILERA, 2008, p.107).
Para a Aguilera (2008) o informante:
Acredita ser o Amazonas o único estado em que todos falam bem explicado.
A ênfase dada pela reiteração da negativa mostra o alto grau de rejeição às
outras modalidades de fala e, consequentemente, aos outros grupos de
falantes. Essa postura de rejeição ao que é diferente ou regional leva, com
certeza, à inclusão do componente conativo (AGUILERA, 2008, p.107).
Moreno Fernández (1998, p. 180) discorre sobre a consciência sociolinguística, o que
considera como um dos componentes do processo cognoscitivo, isso tendo em vista que os
indivíduos têm consciência de fatos linguísticos e sociolinguísticos que lhes dizem respeito ou
lhes afetam.
A partir das palavras de Moreno Fernández (1998, p. 181), pressupõe-se que a atitude
é uma conduta, uma reação ou resposta a um estímulo, isto é, a uma língua, uma situação ou
características sociolinguísticas determinadas. Ou seja, ao ouvir um indivíduo falar, já se
identificam a sua origem e sua posição social. Segundo o autor, a consciência linguística é um
fenômeno intimamente ligado à questão da variedade linguística, sobretudo nas comunidades
e nos lugares onde se tem mais de um dialeto. Moreno Fernandes (1998, p. 181) ilustra a
consciência linguística da seguinte forma:
Os falantes sabem que sua comunidade prefere certos usos linguísticos a
outros e portanto, tem a possibilidade de eleger aquilo que consideram mais
adequado as circunstancias e a seus interesses. Essa capacidade de eleição,
derivada da consciência linguística é extraordinariamente decisiva na hora de
produzir e explicar os fenômenos de variação e mudança linguística assim
como a eleição de uma língua em comunidades multilíngues (MORENO
FERNANDES, 1998, p. 181).
De acordo com o autor, o nível de consciência varia, sendo maior entre os indivíduos
de nível socioeconômico mais alto e entre as mulheres em geral. Para Moreno Fernandes
(2009), “os falantes sabem que sua comunidade prefere uns usos linguísticos a outros, que
certos usos são próprios de uns grupos e não de outros e, portanto, têm a possibilidade de eleger
o que consideram mais adequado às circunstâncias e aos seus interesses” (MORENO
FERNÁNDEZ, 1998, p. 182).
A atitude apresenta certa multiplicidade e isso explica bem sua capacidade de
influência sobre diversas situações, por exemplo: a forma como um professor
trata seu aluno; como os profissionais entrevistam os candidatos a um posto
de trabalho; e os empregados de uma empresa tratam seus clientes. Para o
autor, “[...] uma das bases sobre as quais se assenta a atitude linguística é a
consciência sociolinguística: os indivíduos forjam atitudes, quaisquer que
sejam, porque têm consciência de uma série de fatos linguísticos e
sociolinguísticos que referem a eles ou lhes afetam”. (MORENO
FERNÁNDEZ, 1998, p. 181).
Por conseguinte, em relação à atitude, uma das consequências diretas da consciência
sociolinguísticas é a o fato da segurança e insegurança linguística, isto é, a “relação que existe
entre o que um falante considera correto, adequado ou de prestígio e seu próprio uso”
(MORENO FERNANDES, 1998, p. 181).
Fala-se de segurança linguística, segundo Moreno Fernández (1998), quando o que um
falante considera correto e adequado coincide com os usos espontâneos do mesmo falante; por
outro lado, a insegurança linguística surge quando tal coincidência diminui ou desaparece. Esta
capacidade de escolha deriva da consciência linguística, e se torna decisiva para explicar os
fenômenos de variação e mudanças linguísticas, assim como a escolha de uma língua em
comunidades multilíngue. Para melhor compreensão é possível citar o exemplo apresentado
por Aguilera (2008):
[...]Quando a senhora vê alguém hãhãhãhãhã, o cara não é daqui ou
passou uma temporada fora e absorveu aquilo. Não, nós falamos aqui
télévisão e não têlêvisão, Roráima e não Rorãima, nós falamos... as nossas
palavras são bem explicadas, letra por letra [...] (AGUILERA, 2008, p.107).
O fato de o informante defender o sotaque amazonense e usá-lo constantemente,
conforme Aguilera (2008) pode ser um exemplo claro de segurança linguística.
O mesmo informante, durante toda a entrevista, manifestou a segurança linguística de
que trata Moreno Fernández (1998, p. 182), mantendo todas as características fonéticas
tipicamente nortistas, as quais representam para o informante a fala normal, correta, sem
sotaque (AGUILERA, 2008, p.107).
A seguir apresenta-se breve explanação que busca diferenciar os conceitos de crenças e
os conceitos de atitudes linguísticas, isso para que se compreenda melhor as bases sobre as
quais se delimita a presente tese.
1.5.5 Crenças x atitude
López Morales (2004) separa da crença o conceito de a atitude, isso devido ao fato de
que a atitude é dominada pelo traço comportamental. Para ele, as atitudes só podem ser
positivas, de aceitação, ou negativas, de rejeição; uma atitude nunca pode ser neutra. Já as
crenças podem estar integradas por elementos cognitivos ou afetivos.
Moreno Fernandez (1998, p. 187) compartilha da visão de López Morales (2004) e
compreende a atitude como constituída apenas do componente comportamental. Para ambos a
crença é “maior” pois contém não só a atitude, mas também os três componentes que
normalmente são a ela atribuídos: o conhecimento, o sentimento e o comportamento. Acredita-
se que as crenças determinam o comportamento dos indivíduos e assim detêm os valores, os
julgamentos, as opiniões que uma pessoa tem sobre os outros, sobre o mundo e sobre si mesma.
Esses elementos são carregados de informações e de sentimentos que, geralmente, vão produzir
atitudes.
Metodologia da pesquisa para crenças e atitudes linguísticas
Para o desenvolvimento da tese serão considerados a princípio quatro capítulos: 1 - o
capítulo metodológico que descreve os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa;
2 - a reflexão sobre da teoria que embasa os estudos das Crenças e atitudes Linguísticas; 3 - a
contextualização da região que será construído a partir de pesquisa documental, bibliográfica
e nos relatos dos sujeitos entrevistados. 4- as análises das entrevistas bem como do material
coletado por meio da pesquisa de campo com vistas em investigar as crenças e atitudes
linguísticas dos falantes da comunidade do Cubatão em relação ao seu falar local.
Como método base para a realização dessa pesquisa, pretende-se recorrer aos princípios
teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista. Segundo Labov (2001, p. 2), trata-se
do “campo que se interessa em abordar questões como determinar a estrutura da linguagem –
suas formas e organização subjacentes – e conhecer o mecanismo e as causas da mudança
linguística”.
Já a classificação proposta por Moreno Fernández (1998) é critério de estudo dos
defensores da interpretação mentalista de atitude. Neste modelo, a atitude é vista como um
elemento que se apresenta entre um estímulo e a reação que um indivíduo manifesta. No
entanto, conforme lembra o autor, mesmo entre aqueles que interpretam a atitude como uma
entidade complexa há discrepâncias na determinação de como se relacionam entre si esses
conceitos, e todos eles com a atitude.
Nas palavras de Moreno Fernández (1998, p. 182), a linha
comportamentalista/behaviorista estabelece que “a atitude é uma conduta, uma reação ou
resposta a um estímulo, isto é, a uma língua, uma situação ou características sociolinguísticas
determinadas”. Dito de outro modo, as atitudes do falante seriam previsíveis dentro das
situações sociais, desta forma, o falante poderia se comportar de acordo com o contexto, a
situação e até mesmo seus interlocutores. De acordo com essa linha, os fatores externos seriam
decisivos para as escolhas linguísticas do falante.
A seu turno, para a perspectiva comportamentalista, as atitudes seriam formadas apenas
pelo componente afetivo, uma vez que poderiam ser medidas e observadas abertamente. De
acordo com Fishbein (1965), as atitudes são formadas por um único componente de natureza
afetiva – fundamentam-se na valoração subjetiva e sentimental que se faz de um objeto – e a
crença é formada por um componente cognoscitivo e um componente de ação ou conduta.
Segundo Moreno Fernandez (1998, p. 187), ainda dentro da perspectiva mentalista,
existem dois métodos de estudo das atitudes linguísticas: os diretos e os indiretos. No método
direto as medições diretas costumam ser praticadas sobre materiais recolhidos por meio de
questionários ou de entrevistas. Os questionários empregados possuem uma estrutura aberta (o
informante emite a resposta que crê ser a mais adequada), uma estrutura fechada (ao informante
são oferecidas possibilidades limitadas de reposta). Esse método incide na aplicação de
entrevistas e/ou questionários abertos que habitualmente trazem perguntas que abordam a
opinião pessoal do entrevistado, dando-lhe maior autonomia para emitir as repostas, pois o
livra da responsabilidade de ter que decidir por “correto” ou “incorreto.
A Psicologia Social fornece o aporte metodológico das pesquisas sobre atitudes
linguísticas principalmente, uma vez que essa área foi precursora na investigação de aspectos
dessa natureza. Conforme Corbari (2012), “costuma-se dividir em duas as abordagens das
atitudes, conforme o conceito que se tem de atitude: a behaviorista ou comportamentalista e a
mentalista”.
Para que se proceda a uma análise das atitudes na perspectiva mentalista, faz-se
necessário recorrer a técnicas indiretas, que são mais complexas, para que essas permitam
desvelar o intangível que é o estado mental. Segundo Corbari (2012, p.87) “muitos trabalhos
sobre atitudes linguísticas se baseiam na perspectiva mentalista e medem essa variável como a
relação entre um estímulo que afeta um sujeito e a resposta valorativa desse sujeito”. O Projeto
Crenças e atitudes linguísticas (CAL), cujas pesquisas já realizadas embasam o presente
estudodo, adotou uma metodologia baseada na teoria mentalista, na perspectiva de que,
conforme Blanco Canales (2004), apesar das desvantagens desta proposta, que exige um
mecanismo que permita mensurar as atitudes, ela é a mais bem aceita graças à sua capacidade
de prever o comportamento verbal e, portanto, converter-se em modelos sistemáticos.
Quando se trata da perspectiva comportamentalista, “a atitude é interpretada como uma
conduta, uma reação ou resposta a um estímulo, isto é, a uma língua, a uma situação ou a
características sociolinguísticas determinadas” (CORBARI, 2012, p. 87); segundo a autora,
essa “é a resposta ou o comportamento de uma pessoa em determinada situação social”. Desse
modo, as atitudes são observadas de maneira direta a partir do comportamento do indivíduo
nas mais variadas situações sociais. Segundo a autora (CORBARI, 2012, p. 87), “as atitudes
podem ser medidas em termos de dados observáveis” e por isso “são variáveis dependentes das
situações-estímulo em que se observam. Os comportamentalistas utilizam como procedimento
de estudo a observação direta das condutas objetivas”.
Segundo Moreno Fernández (1998, p.182), os princípios da linha
comportamentalista estabelecem que as atitudes são interpretadas
como uma “[...] conduta, como uma reação ou resposta a um estímulo,
isto é, a uma língua ou situação ou a características sociolinguísticas
dadas. ”
Já a concepção mentalista, reconhece a atitude como “um estado mental, interno do
indivíduo, uma disposição mental em relação a condições ou fatos sociolinguísticos concretos;
é um estado que media o estímulo recebido por uma pessoa e sua resposta a ele”. Tratando-se
de uma condição da ordem do intelecto, “não é possível medi-la ou observá-la diretamente,
mas apenas deduzi-la a partir de certa informação psicossociológica” (CORBARI, 2012, p. 87).
O Projeto Crenças e Atitudes Linguísticas (CAL): um estudo da relação do português
com línguas de contato (AGUILERA, 2009), cujos estudos dão base para este projeto, adotou
uma metodologia baseada na teoria mentalista, tendo como pressuposto a compreensão de que,
conforme Blanco Canales (2004),, “apesar das evidentes desvantagens da proposta mentalista,
que demanda um mecanismo que permita inferir e medir as atitudes, ela é a mais bem aceita
graças à sua capacidade de prever o comportamento verbal e, portanto, converter-se em
modelos sistemáticos.
Conforme os psicólogos canadenses Lambert e Lambert (1972), já que as atitudes não
são diretamente observáveis, precisam ser inferidas, por meio de cuidadosa observação do
comportamento das pessoas em situações sociais, ou ainda por meio da observação dos padrões
de respostas a questionários que foram especialmente elaborados para refletirem prováveis
modos de pensar, sentir e reagir a ambientes sociais concretos e reais (LAMBERT; LAMBERT,
1972, p. 104-105).
Para que se proceda a uma análise das atitudes na perspectiva mentalista, faz-se
necessário recorrer a técnicas indiretas, que são mais complexas, para que essas permitam
desvelar o intangível que é o estado mental. Segundo Corbari (2012, p.87), “muitos trabalhos
sobre atitudes linguísticas se baseiam na perspectiva mentalista e medem essa variável como a
relação entre um estímulo que afeta um sujeito e a resposta valorativa desse sujeito”.
Assim, para a produção da tese pretende-se fazer o uso também dos métodos quanti-
qualitativos. Segundo Minayo (2002, p.21-22), os procedimentos quantitativos e qualitativos,
ao serem empregados em uma investigação, podem ajudar a corrigir as imperfeições inerentes
a cada método.
Os métodos quantitativos, embora precários em termos de validade interna, são mais
precisos em relação à validade externa, no sentido de que os resultados podem ser
generalizáveis para o conjunto do contexto pesquisado. A pesquisa quantitativa busca
“determinar a força de associação ou correlação entre variáveis, a generalização e a objetivação
dos resultados por meio de uma amostra para fazer inferência a uma população da qual toda
amostra procede”. Ela é “objetiva, confirmatória, inferencial, dedutiva, orientada ao resultado,
generalizável, remete à realidade estática”.
Assim, para análise de dados quantificáveis, o número de participantes e as variáveis
inerentes aos sujeitos, bem como aspectos relacionados ao uso da língua, tem-se como aporte
a pesquisa quantitativa.
Os métodos qualitativos por sua vez, segundo Minayo (2002, p.21-22), são válidos no
ambiente interno, contudo possuem fraquezas já que tendem a trazer certa generalização dos
dados gerados. Desta forma, segundo o autor “a investigação qualitativa trata de identificar a
natureza profunda das realidades, seu sistema de relações, sua estrutura dinâmica” (MINAYO,
2002, p.21-22). Esse autor considera que “a investigação qualitativa é subjetiva, exploratória,
indutiva, descritiva, orientada ao processo, não é generalizável, remete à realidade dinâmica”.
Dessa forma, para a execução de um projeto como o que aqui é proposto, é necessário que se
faça a associação entre esses dois métodos, pois podem complementar-se no âmbito da pesquisa
para que assim se garantam resultados válidos.
Assim, tendo em vista que o objeto de pesquisa que leva em consideração opiniões,
crenças, avaliações e tendências de comportamento, que são advindos das identidades
individuais e sociais não pode ser quantificado, nesse caso, da conta da análise o método da
pesquisa qualitativa que, segundo Minayo (2002, p. 21-22), “trabalha com um universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis”.
Para a realização da pesquisa, pretende-se selecionar participantes que respondam a um
questionário por meio de uma entrevista, para que assim sejam gerados dados passíveis de
análise das Crenças e Atitudes Linguísticas desses sujeitos em relação à variante utilizada por
eles. Segundo Silva-Corvalán (1989, p.129): “os informantes devem ser selecionados
seguindo-se um método que assegure uma amostra representativa”.
Para a formulação do questionário o projeto tem como base o trabalho de Aguilera
(2008), Bergamaschi (2006), Botassini (2013) e Corbari (2012). Posteriormente, para a análise
dos dados, serão utilizados os métodos citados inerentes à Psicologia Social e a Sociolinguística
Variacionista.
Para a realização da pesquisa de campo, pretende-se realizar a seleção dos sujeitos de
acordo com o que diz Silva-Corvalán (1989, p.129): “os informantes devem ser selecionados
seguindo-se um método que assegure uma amostra representativa”. Para tanto, pretendem-se
gerar dados referentes a partir de informantes que morem a mais tempo na localidade. Desta
forma serão selecionados aqueles que tenham nascido ou que morem lá há mais de cinquenta
anos. Isso por que a colonização da região data de meados de 1800, segundo histórico da cidade
de Guaratuba.5 Tal distinção atende, segundo Fenner (2013, p.53) “às prerrogativas dos estudos
de natureza sociolinguística, que preveem que os informantes residam na localidade por tempo
suficiente para retratar um cenário mais fiel concernente às línguas”.
Referências
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