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Biblioteca 16

Ultimas notícias/cartas 25

Notas/eventos 18

Heródoto Barbeiro 17

06

08

20

22

24

01

04

02

ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE

14

Nossa última revista de 2006

ciência e tecnologiaUm salto para a inteligência

mercado de trabalhoAtendimento em emergência

entrevistaValdir CiminoLevando alegria aos hospitais

prevençãoGordura trans:a vilã das delícias culinárias

capaViolência ocupacional:a vítima é a enfermagem

corenAtualização nas normas

iniciativaOs profissionais da esperança

internacionalOlho biônico mais eficazde todos os tempos

interiorVítimas de violência sexual

Este mês o COREN-SP entrega aos pro-fissionais de enfermagem a últimarevista do ano.Procuramos abordar assuntos que nospermitam uma reflexão sobre nossopapel para com a sociedade e comopodemos utilizar a profissão paradisseminar boas influências.Em nossa matéria de capa abordamosum tema bastante delicado: a violênciae como ela pode causar conseqüênciasnegativas na qualidade do trabalhodesenvolvido, seja o assédio por partedos pacientes e familiares, ou o sofridopor parte dos superiores.Em outras seções como o mercado detrabalho, colocamos em foco o Aten-dimento de Emergência, abordandocomo é a rotina desses profissionaisque trabalham contra o tempo parasalvar vidas e como o atendimentoadequado pode evitar graves seqüelas.Como não poderia faltar em nossarevista, na seção internacional colocamosem foco um novo avanço tecnológico daciência, um olho biônico elaborado porcientistas australianos e que promete seruma nova esperança para pessoas cegase com doenças degenerativas da visão.Outro assunto de grande importânciaabordado é o voluntariado. Na seçãoiniciativa mostramos o trabalho de umgrupo que tem a meta de levar amor,carinho, atenção e um pouco de espe-rança para aqueles que não têm recursos

– um projeto criado por profissionaisde saúde e que tem mudado a vida demuitas pessoas na cidade de Canané-ia, litoral de São Paulo.Continuando com o tema voluntariado,na seção entrevista conversamos comValdir Cimino, presidente da associaçãoViva e Deixe Viver, uma ONG que temcomo principio a humanizaçãohospitalar. São voluntários que contamhistórias, procurando levar educação,cultura e entretenimento, para criançase adolescentes internados em hospitaispúblicos.Na seção interior um programa deparcerias da Secretária da Saúde dacidade de Campinas com os profis-sionais de saúde, segurança e educaçãoe que tem como meta cuidar dasaúde física e mental de crianças,adolescentes, homens e mulheresvítimas da violência sexual urbana edoméstica têm atingido grandesresultados na cidade.Em um mês que é de reflexões e depromessas para um novo ano que seinicia, fica um tema que nos fazpensar em nosso papel para essa tãosonhada humanização no atendi-mento da saúde, um atendimentodigno para todos, seja em instituiçõespúblicas ou privadas.

Desejo a todos Feliz Natal e um anonovo cheio de realizações.

Boa leitura,Ruth Miranda

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Ciência e Tecnologia

Um salto para ainteligênciaAmbiente influencia genética do cérebro

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Pelas pareciam migrar para outras regiões, interferindo nofuncionamento dos genes.A pesquisa não teve a repercussão que merecia, mas os anosse passaram, e estudos posteriores com vírus e bactérias,realizados por cientistas como Peter Starling, David Sherratte James A. Shapiro comprovaram o que McClintock haviaproposto: a existência dos transposons, pedaços de DNAque “pulam” de um ponto a outro do genoma – e, por isso,receberam o nome informal de “genes saltadores”.

Modelo exclusivoPor muito tempo, pensou-se que os transposons não pas-savam de parasitas. Isso porque quando o segmento seinsere em um gene, ele normalmente o desativa; e se sai, ogene nem sempre é reparado corretamente. Como se nãobastasse, uma classe de transposons, os retrotransposons,apresenta comportamento semelhante a um vírus RNA:eles se transcrevem no RNA e, por meio da transcriptasereversa, realizam a transposição.Entretanto, pesquisas que contam com a participação dosbrasileiros Alysson Muotri e Maria Carolina Marchettotêm ajudado a mudar a “fama” dos transposons.Em 2005, a equipe do Instituto Salk para Estudos Bioló-gicos (EUA), liderada por Fred Gage e da qual os brasileirosfazem parte, publicou um artigo na revista “Nature”, quedemonstrava que os LINEs – um dos tipos de retro-transposons encontrados em células humanas –, tinhampapel na formação da diversidade neural.Em linhas gerais, pode-se dizer que o cérebro é ummosaico: no limite, cada neurônio é singular e tem umcódigo genético só dele, determinado pela atividade detransposição desses segmentos de DNA.Para chegar a tal resultado, a equipe enxertou LINEshumanos modificados em células precursoras de neurô-nios de roedores – e injetaram-nas nos animais. Os LINEstenderam a se posicionar na vizinhança de genes muitousados no processo de diferenciação celular, mas de formarandômica no genoma de cada futuro neurônio.

Engenharia ambientalAgora, resultados apresentados por Muotri há cerca dedois meses na 21ª. Reunião Anual da Federação de Socieda-des de Biologia Experimental (Fesbe), vão além e mostramque alterações genéticas são influenciadas pelo ambiente:camundongos que se exercitam mais têm a produção deneurônios aumentada, o que faz com que os LINEs “pulem”mais.“O excesso de ‘pulos’ pode criar uma série de neurônios[...] que podem apresentar atividade cerebral anormalsemelhante à dos pacientes com esquizofrenia e autismo”,disse Muotri ao site “Ciência Hoje”. “Agora, criamoscamundongos transgênicos para ver o que acontece quan-do esses saltos são bloqueados ou induzidos”.Autópsias em cérebros de autistas e esquizofrênicosindicam que seus neurônios têm atividade extra de trans-posons. O estudo pode levar ao surgimento de novas terapiaspara doenças mentais e neurológicas.

Por volta dos anos 50, quando fazia pesquisas como milho, Barbara McClintock ficou surpresa com ocomportamento de certas partes do DNA da planta:

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Mercado de trabalho

Atendimento

Muitas mortes e seqüelas poderiamser evitadas com um atendimentoadequado

Uma das áreas mais conhecidas da saúde exige amplo conhecimentoprofissional

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Coutras 900 mil carregam seqüelas pela vida inteira. Paraatender a esses doentes, o governo gasta cerca de R$ 9 bilhõesanualmente. Porém esse investimento não é suficiente. “Muitasmortes e seqüelas poderiam ser evitadas com prevenção eatendimento de qualidade. O problema é que não existetratamento específico ao trauma. O profissional só adquireexperiência na área quando está no trabalho, ou seja, emcampo, e isso faz com que se desvalorize ainda mais essaatividade”, explica Milton Steinman, médico cirurgião epresidente da SBAIT (Sociedade Brasileira de AtendimentoIntegrado ao Traumatizado). Segundo ele, os cursos deatendimento à saúde no Brasil só dão a informação, mas nãocapacitam. “Apenas quatro, de 160 universidades de medicinaque existem no país possuem um curso específico”, relata.É nesse contexto que milhares de profissionais deenfermagem trabalham todos os dias, numa luta contra otempo e a falta de estrutura cujo objetivo é o de salvarvidas e o de fazer com que os pacientes fiquem com a menorseqüela possível. “Existem vários profissionais importantesnessa área e aqueles que trabalham com a enfermagem sãofundamentais em todos os aspectos e processos, desde omomento em que o paciente entra no hospital até a horaem que ele vai para casa”, diz Steinman.Brisa Estela dos Santos é uma dessas profissionais. “Além dadinâmica do dia-a-dia, a área de emergência exige um conhe-cimento teórico vasto do profissional de enfermagem”, relataa enfermeira, que trabalha na Santa Casa de Misericórdiade São Paulo há seis anos e é coordenadora do curso deEspecialização de Enfermagem em Emergência da Universi-dade Bandeirantes de São Paulo - Uniban.

Para Marisa Amato Malvestio, enfermeira do SuporteAvançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência -SAMU-SP há 20 anos, doutora em Enfermagem, oatendimento ao trauma é uma área envolvente, dinâmica eque exige aprendizado e atualização constantes, além depermitir ampla participação do enfermeiro em ações decuidado direto, de treinamento de pessoal, intervençõesadministrativas e de orientação à população. “É preciso terextrema integração da equipe interdisciplinar, pois asrespostas diante dos agravos emergenciais precisam serrápidas e consistentes e por isso envolvem muitas áreas doconhecimento sobre saúde”, conta.

O diferencial da áreaTrabalhar com traumas não é uma tarefa fácil e como todas asáreas da saúde e da enfermagem, possui suas especificidades.“O atendimento de emergência requer um conhecimentovasto sobre a anatomia, fisiologia, fisiopatologia, cinemáticade trauma, planejamento de prioridades. Todo este embasa-mento científico, faz com que o enfermeiro tenha segurança esaiba sempre priorizar o que pode impedir a morte do doente.O pensamento crítico é fundamental e é solicitado a todo oinstante pois a emergência pode advir a qualquer momento”,aponta Brisa.

Lidando com os desafiosApesar de proporcionar oportunidades de aprendizado, a áreade atendimento ainda possui muitos problemas a seremresolvidos. Para Marisa, o grande desafio desse atendimento éa compreensão do papel de cada fase do atendimento, quedeve começar na prevenção de trauma, com rodovias seguras,correta política de uso de armas, campanhas de conscientizaçãoe empenho político e da comunidade para a manutenção deboas unidades hospitalares e pré-hospitalares, entre outrasquestões. “Devemos pensar na unificação dos esforços na fasedo Atendimento Pré-Hospitalar - APH, para impedir o consu-mo de recursos humanos, materiais e financeiros e facilitar oacesso da população. Isso implica em unificar o númerotelefônico nas cidades que possuem sistemas com SAMU ecom bombeiros e garantir que cada um dos serviços possa

erca de 150 mil pessoas morrem anualmente no Brasilvítimas de traumas – a maioria decorrente de acidentesde trânsito e violência. Dentro desse mesmo período,

de emergênciaThais Iervolino

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Mercado de trabalho

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participar do atendimento dentro de suas capacidades. Comessa otimização de recursos, as comunidades ganhariam muitoe mais vidas poderiam ser salvas”.Para Steinman, é preciso criar hospitais especializados na área.“O sistema de atendimento ao trauma no Brasil é muito amplo.E por isso é necessário haver mais controle e cursos paraatender a essas necessidades”, relata.A SBAIT apresentou um projeto durante o simpósio realizadoem maio deste ano, que visa a criação de um selo de qualidadena área, de capacitação profissional, além de lutar por umamelhor estrutura de trabalho, que envolve hospitais apropri-ados e melhores salários. “Nesse projeto, todos os profissionais,incluindo os de enfermagem, são tratados com a mesmaimportância para que todos possam exercer um bom traba-lho. Temos que evitar o catastrófico índice brasileiro de

acidentes, no qual 30% das pessoas envolvidas morrem”, diz.

O que o profissional de enfermagem deve saberSegundo Marisa, para trabalhar na área é preciso ter forma-ção especial para o atendimento às emergências. “O profis-sional de enfermagem precisa estar preparado ter uma rápidaavaliação clínica e fazer a intervenção correta, que serãomarcantes no prognóstico do paciente. Além disso, é precisoum certo perfil psicológico para trabalhar sob pressão, emequipe e com rapidez e ainda, estar preparado para nãoobter o sucesso apesar do esforço”, conta. E continua: “Aquelesque desejarem entrar nesse campo da enfermagem devembuscar uma especialização na área. No APH não existem as

paredes protetoras do hospital, não há como chamar ninguém.Na rua, será você, seu companheiro de equipe (seja um médicoou colega da enfermagem), o protocolo da instituição e toda asua bagagem de conhecimentos e habilidades. Saiba que issojá é muito e poderá fazer toda a diferença”.

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Levando alegria

onstruir um ambiente mais agradável para os pequenos pacien-tes de hospitais públicos tornou-se uma obsessão para o diretorfundador da Associação Viva e Deixe Viver, Valdir Cimino. Há

A humanização hospitalar que virou arte

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C

aos hospitais

“Nossa causamaior édesenvolver ahumanizaçãohospitalar. Poresse motivo oprojeto é umainiciativa daassociação Viva eDeixe Viver, quefoi abraçada peloGoverno doEstado, atravésda Secretaria deSaúde e do FundoSocial deSolidariedade”

Presidente da AssociaçãoViva e Deixe Viver e diretorde Comunicação eResponsabilidade Socialdo Clube de Executivos deMarketing - ABA -Associação Brasileira de

Anunciantes.

Valdir Ciminoseis anos contando histórias para as crianças internadas, Cimino passoua observar os espaços mal aproveitados dos hospitais, que em nadacontribuíam para deixar a estadia dos pacientes mais amenas nemtampouco facilitar o trabalho dos profissionais de saúde.A Associação Viva e Deixe Viver ajuda, através de 325 voluntários, essespequenos, que ainda são aventureiros, a viver as histórias dos livrosque são contadas a eles. O objetivo da associação é levar educação ecultura de maneira divertida.

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Entrevista

05

COREN-SP: Em poucas palavras,como você vê o desenvolvimento deações para a humanização hospitalarnos últimos cinco anos?Valdir Cimino: Eu diria que está faltandoum pouco de empenho dos nossos go-vernantes, a saúde está desumanizada, oplaneta está desumanizado.Em 2001, ano Internacional do Volun-tariado, a Associação fez uma parceriacom outras entidades como Doutores daAlegria, o Hospital das Clínicas e o Pro-jeto Carmim, com o propósito de falarcada vez mais e exercitar a humanizaçãona saúde. Em abril desse mesmo ano,fizemos um congresso, onde na época oMinistro da Saúde era o atual governadorde São Paulo José Serra, e em outubronasceu o programa de Humanização daSaúde, no governo seguinte virou umapolítica pública e hoje percebemos queisso se departamentalizou, por quê?Porque, cada hospital tem seus comitêsde humanização e na verdade não sepode departamentalizar a humanização,então o sentimento maior que eu tenhoé que em cada hospital as pessoas estãofazendo, estão agindo e desenvolvendosuas ações, desde ações que estão ligadasà tecnologia, atendimento, gestão ouaquelas ligadas ao ambiente do própriohospital, mas ainda não se fala em rede,então dificilmente conseguimos mensu-rar números e tentar entender exatamen-te quais são os indicadores de resultadodessa humanização da saúde. COREN-SP: O foco principal daAssociação está nas crianças inter-nadas em hospitais públicos, quais sãoas condições para o desenvolvimentodesse trabalho?Cimino: A nossa missão é levar educa-ção, cultura e entretenimento atravésda leitura e do brincar para dentro doshospitais. Nós envolvemos a criança, oadolescente. É muito importante frisarque também envolvemos as famílias,a própria política pública de humani-zação, quando menciona o aconchego,diz que: não se pode agir com a criançaou o adolescente e esquecer que temuma família, doente também, de umacerta forma psicologicamente fragili-zadas e automaticamente também

envolvemos os profissionais da saúde.Para que essa ação aconteça a Associ-ação, durante esses nove anos, temostreinado e capacitado voluntários paraatuarem dentro da saúde, além de umtreinamento técnico, onde mostramostoda a relação do ser humano com ohospital, para poderem articular de formamais segura dentro desse ambiente.Depois de um ano de atuação acháva-mos que não tínhamos alcançando bonsresultados, mas em conjunto com apsiquiatria do Hospital das Clínicas, esta-mos desenvolvendo uma pesquisa cien-tífica para entender exatamente o que ébrincar, para as crianças altistas e hipe-rativas.Temos também um outro projetodentro da pediatria da Santa Casa, paramostrar os resultados do nosso trabalho.

COREN-SP: Você acha que os pacientesadultos também podem se beneficiardesse projeto? Está sendo feita algu-ma ação específica para esse público?Cimino: Quando o foco está na criançaexistem desejos, vontades, fantasias edependendo da idade existe um livroou uma ação para que esse trabalhoseja exercido com maior habilidade. Jáo adulto, principalmente os idosos, aca-ba desenvolvendo algumas defesas emrelação ao mundo das fantasias. Entãose abrirmos muito o flanco, corremoso risco de perder o foco. Por isso a espe-cialização em crianças e adolescentes.Isso fez com que criássemos o “Centrode contação de histórias”, no qualoferecemos cursos para profissionaisda saúde e para pessoas de outrasorganizações, para que essas pessoaspossam também atuar com outrospúblicos e um grande exemplo disso, éque a associação Viva e Deixe Viver queatua em Curitiba, no hospital dasClínicas da cidade, tem um grupo queconta histórias para adultos, então épossível, sim, atingir outros públicos,mas quando pensamos em indicadoresde resultado é melhor fechar o focopara poder ter certeza que o trabalhoestá sendo bem executado.

COREN-SP: Como a participação dosprofissionais de enfermagem podecontribuir para a humanização?

Cimino: Hoje atuamos em 60 hospitais,antes de entrar e firmar parcerias temosa preocupação de treinar e oferecer pa-lestras de envolvimento com os profis-sionais da saúde, mostrar a importânciade como uma história pode ajudar noatendimento, no aconchego e no contato.Por isso que inserimos os profissionaisda saúde, a intenção é utilizar a históriacomo uma grande ferramenta para po-der melhorar o atendimento, um olhardiferenciado. Quando falamos de hu-manização da saúde, estamos falandoem atitude dos indivíduos, o profis-sional entra no quarto para aplicar umainjeção ou fazer algum procedimentode forma mecânica, principalmente emcrianças, agora imagina se ele colocadentro dele um contador de história?Um ato mais humano para o trata-mento, nós sempre brincamos que nossamissão se completará, quando os profis-sionais da saúde, também se utilizaremdessa arte para poder prestar o atendimento.

COREN-SP: A associação tem umaboa aceitação dos profissionais desaúde, como é essa parceria?Cimino: Recentemente fizemos umapesquisa qualitativa que nos surpreen-deu muito porque a pesquisa foi com aequipe de profissionais da saúde e 90%dos profissionais concordaram que tudomelhora: o ambiente; as pessoas ficammais felizes; as crianças aceitam melhoros medicamentos, pois elas passam aentender a importância de estarem ali.

COREN-SP: Foi elaborado umprocesso de seleção e treinamento paravoluntários?Já que ser voluntário naárea de saúde requer conhecimento e,principalmente, muito amor.Cimino: Existe, esse processo começaem fevereiro e termina em novembro.São atividades mensais, algumas obri-gatórias, no total são sete passos ondeconscientizamos o que é ser voluntáriona área da saúde, como administrar opróprio tempo, o aprendizado da perda,a vida e a morte estão muito próximasdentro desse contexto, entender o papelde cada profissional dentro do hospitale aprender a doar o que há de melhorpara os nossos ouvintes.

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Prevenção

Gordura trans:

A enfermagem pode evitar os efeitos nocivos desse ingrediente e ajudar seus pacientes ater uma vida mais saudável

“B

a vilã das delícias culinárias

a nossa fome e apetite: prejudicam a saúde e, se consumidosperiodicamente e em excesso, podem causar problemascomo diabetes e doenças cardiovasculares .Isso se deve ao fato de esses alimentos serem produzidoscom a chamada gordura trans, ou gordura hidrogenada.“Esse tipo de gordura começou a ser utilizada em grandeescala pela indústria alimentícia a partir de 1980 porque osalimentos feitos com ela possuem uma consistênciamelhor”, relata Daniela Oliveira Magro, nutricionista.Segundo Lucilene Pereira Costa, enfermeira, como osalimentos feitos com gordura trans são mais saborosos emais rápidos de serem ingeridos, o consumo aumenta cadavez mais. Segundo ela, o costume de fazer com que essetipo de comida seja um prêmio também ajuda a aumentaro consumo destes alimentos. “Muitas mães acabam levandoseus filhos às lanchonetes caso fiquem bonzinhos ou tenhamêxito em algo. Isso faz com que as pessoas, desde cedo,fiquem acostumadas a esses alimentos”.Em nosso organismo, a gordura hidrogenada tem compor-tamento igual ao da gordura saturada. Além disso, se ingeridaem excesso, não é metabolizada pelo organismo. “Como nãoé uma substância que pode ser produzida pelo organismo,

nosso fígado não a reconhece. Isso faz com que a gordura seconcentre nas células hepáticas e nas artérias, aumentando aprodução da glicose e causando doenças como diabetes,pressão alta e o aumento de triglicérides e colesterol, doençasque mais matam hoje em dia”, relata a nutricionista.A educação é o melhor remédioPor causa de uma dieta rica nesse tipo de gordura, o númerode obesos cresce cada vez mais. “Há um número crescente decrianças de oito a dez anos obesas, que procuram os hospitaisa fim de emagrecer e acabam descobrindo que possuemcolesterol e triglicérides altos. Hoje a sociedade está maispreocupada com a questão estética, mas daqui a dez ou 15anos, haverá uma população jovem que sofrerá de problemascardiovasculares e até mesmo infarto”, aponta Lucilene.Para ela, o profissional de enfermagem deve orientar seuspacientes com relação aos riscos dessa gordura. “Nos cursosde enfermagem, não somos capacitados com relação aoconceito de nutrição. É preciso que os enfermeiros, auxiliarese técnicos da área busquem informações sobre os alimentose os problemas que causam a gordura hidrogenada paraorientar e realizar uma ação de prevenção a seus pacientes”.Além disso, a enfermagem também faz uso abusivo dessetipo de alimentação. Escalas de trabalho prolongadas, alimen-tação em horários irregulares e pouco tempo de descanso, in-centivam que esses profissionais ingiram lanches, por exemplo.

atatas fritas, tortas, sorvetes, sanduíches, bola-chas, empadas, bolos.” Essas e outras delíciaspodem estar fazendo mais do que apenas saciar

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Thais Iervolino

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Prevenção

Mais açúcar no planetaAtualmente existem 220 milhões de pessoas com diabetes nomundo. Isso é devido ao grande crescimento da obesidade edo sedentarismo. “Vivemos hoje numa explosão do consumode alimentos ricos em gorduras poli saturadas, como a trans”,revela MarcosTambascia, médico endocrinologista e presidenteda Associação Brasileira de Diabetes.Neste ano, a Associação Americana de Diabetes divulgouem seu 66º Congresso, realizado em junho, um estudo sobreos riscos que a gordura trans traz ao organismo. Comoresultado, o estudo revelou que pessoas que têm uma dietarica em gorduras trans apresentam maior resistência àinsulina e maior teor de glicose no sangue. “Como há muitaglicose que não foi metabolizada pelo organismo, nosso corpocomeça a produzir insulina e com o passar no tempo, ela nãoé mais absorvida, causando a Diabetes tipo dois”, diz o médico.Segundo Lucilene, para tratar do Diabetes (tanto a do tipoum quanto a dois), os enfermeiros devem ser especialistasno assunto. “Em todos os ambientes de trabalho, seja nohospital, em clínicas e postos de saúde, há pacientes quetêm diabetes. E por ser uma doença complexa, o profissionalde enfermagem deve estar preparado”. Para ela, a informa-ção é fundamental para seu tratamento. “A diabetes é umadoença que depende muito mais do paciente. Não adianta tero remédio de última geração se ele não respeita os horários enão sabe aplicá-los de maneira correta. E por isso é essencialque o enfermeiro o oriente, conscientizando-o e dando in-formações necessárias para que o paciente possa viver bem”.Os diabéticos também são mais vulneráveis à gordura trans,pois ingerem alimentos que possuem uma concentraçãomaior desse tipo de gordura: os produtos dietéticos. “Osalimentos diets não possuem açúcar e, para manter a formae o sabor parecidos com os de um alimento normal, têmuma maior concentração de gordura hidrogenada, secomparado aos alimentos normais”, conta Daniela.Segundo a nutricionista, os diabéticos precisam ter cuidado aoingerir esse tipo de alimento. “O organismo dos pacientes

diabéticos já trabalha de maneira deficiente com relação aoaçúcar, ao ter uma dieta rica em produtos diets, acabamagravando a doença, pois a gordura trans impede o funcio-namento ainda mais da insulina que o organismo possui”.Para Lucilene, os diabéticos não precisam necessariamenteconsumir produtos diets. Ela sugere que essas pessoas procuremem sites de organizações, revistas e jornais especializados quaisos alimentos ideais para melhorar sua saúde. “Além disso, é ne-cessário evitar alimentos de consumo rápidos, como os ‘fast foods’”.Como evitar a gordura transPara não sofrer de problemas causados pela gordura trans,o organismo deve ingerir apenas dois gramas dela por dia,o que equivale a uma bolacha e meia. “Um pacote pequenode batata frita possui seis gramas de gordura, equivalente àquantia de gordura que deveria ser ingerida em três dias”,adverte a nutricionista, e continua “é preciso diminuir essaquantidade, comendo alimentos não industrializados ou queestejam isentos de gorduras trans”.De olho na embalagemPara facilitar a busca por alimentos saudáveis, há em todas asembalagens de produtos industrializados informações sobrea quantidade de gordura trans que o alimento possui. “Aofazer as compras, o consumidor deve verificar se o alimentoque ele quer é feito ou não de gordura trans. Se for, esse produtodeve ser trocado por outro que não tenha”, fala a nutricionista.

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Capa

09

Violênciaocupacional:a vítima é aenfermagem

Por João Marinho

Ameaças,abusos e agressões

comprometem a integridade do profissional

N a última edição da Revista do COREN-SP, tomamoscontato com a rotina muitas vezes difícil de profissionaisde enfermagem que trabalham no sistema prisional e que

pode ser marcada por episódios de violência.Engana-se, porém, quem pensa que apenas em locais como esses,enfermeiros, técnicos e auxiliares estejam expostos a agressões: umhospital ou posto de saúde pode ser um ambiente de risco para suaintegridade física e psicológica.

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Capa

Um problema mundial“Certa vez, uma mãe queria a cópia da carteira de vacinação deum dos filhos. A auxiliar de enfermagem disse que não era pos-sível, porque ela nunca o havia vacinado na nossa unidade. Amãe já havia xingado a auxiliar, que foi me chamar. Converseicom ela, expliquei-lhe o processo. Então, ela sacou a carteira dafilha menor e perguntou: ‘e dessa, daria pra fazer?’. Eu disse quesim, porque aquela vacinação havia começado na nossa unidade.A mãe não teve dúvidas: pegou a carteira e jogou na minha cara!”.Essa é apenas uma das agressões vivenciadas pela enfermeiraRaquel (nome fictício), que trabalha em um posto de saúdemunicipal na zona norte de São Paulo. Em outra ocasião, umusuário a agrediu verbalmente e a tal ponto que Raquel temeupor sua integridade física: “Mesmo depois que a chefe chegou,ele continuou descontrolado, gritando”.Essas experiências não são incomuns. Cada vez mais, cresce apreocupação com a violência ocupacional no setor da saúde.A enfermeira Dra. Eliene Simões Cezar, docente da Univer-sidade Norte do Paraná e coordenadora geral do Centro deEducação Profissional “Mater Ter Admirabilis”, em Londrina(PR), é autora de uma dissertação sobre o assunto, que abordouum serviço de urgência hospitalar da cidade.Em uma amostra composta por 33 trabalhadores de enferma-gem e 14 médicos, 100% dos enfermeiros, 88,9% dos técnicos e88,2% dos auxiliares de enfermagem relataram ter sido vítimasde violência no trabalho. No exterior, a situação não é muitodiferente. Reportagem do jornal online “Correio da Manhã” afir-ma que, em Portugal, ocorrem cerca de 87 mil casos de violênciacontra médicos, enfermeiros e auxiliares todos os anos, e,segundo Cary L. Cooper e Naomi Swanson no livreto “State ofthe Art”, aproximadamente 1/3 dos enfermeiros na Suécia viven-

ciaram situações de violência em algum momento de suascarreiras. O trabalho de Cooper e Swanson integra uma série depublicações de um Programa Comum lançado em 2000 pela Orga-nização Internacional do Trabalho (OIT), Conselho Internacionalde Enfermeiras (CIE), Organização Mundial da Saúde (OMS) eInternacional de Serviços Públicos (ISP) visando a prevenir e eliminara violência no setor da saúde.

Agentes e definiçõesPara a OMS, violência “é o uso intencional da força física ou dopoder, real ou por ameaça, contra a própria pessoa, contra outrapessoa, ou contra um grupo ou comunidade que pode resultarou tem alta probabilidade de resultar em morte, lesão, danopsicológico, alterações do desenvolvimento ou de privação”.Já a violência ocupacional, segundo o Programa Comum daOIT/CIE/OMS/ISP, é aquela constituída por “incidentes nos quaisos trabalhadores sofrem abusos, ameaças ou ataques em cir-cunstâncias relacionadas com o seu trabalho, incluindo o trajetode ida e volta a ele, que ponham em perigo implícita ou explici-tamente, sua segurança, seu bem-estar ou sua saúde”.Entende-se por ambiente de trabalho qualquer lugar onde sepresta o atendimento. A violência ocupacional não precisa sedar no ambiente de trabalho em si. No artigo “Violence againstnurses: what is the prognosis”, publicado no jornal “NursingProgress”, a autora, Elaine Cole, menciona o caso de uma enfer-meira perseguida nas ruas por um familiar de paciente.Essa referência, aliás, é emblemática. Embora, quando se falade violência ocupacional, o agressor possa ser um membro dainstituição, um gestor ou mesmo um colega de profissão, a lite-ratura aponta que os pacientes e acompanhantes são os autoresmais freqüentes de atos violentos.

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No estudo de caso realizado em hospitais do Rio de Janeiro parao Programa Comum da OIT/CIE/OMS/ISP, os autores MarisaPalácios, Mônica Loureiro dos Santos, Margarida Barros doVal, Maria Imaculada Medina, Márcia de Abreu, Lídia SoaresCardoso e Basílio Bragança Pereira afirmam que pacientes efamiliares respondem por aproximadamente 75% das agressõescometidas contra médicos. Entre os enfermeiros, esse percentualé de 47,4%, e entre os auxiliares, mais de 68%.

Contato de riscoA equipe de enfermagem é especialmente atingida pelo problema.O documento “Violence: occupational hazards in hospitals”, doInstituto Nacional para Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA,elege os profissionais que mantêm contato direto com os pacientescomo os trabalhadores mais vulneráveis. Para o ProgramaComum da OIT/CIE/OMS/ISP, a enfermagem e os serviços deambulância correm os riscos mais elevados.“As condições de trabalho [...] predispõem as enfermeiras [...]devido à deficiência de medidas de segurança nas instalações desaúde, às intervenções que exigem um contato físico próximo, aotrabalho por turnos, aos locais de trabalho facilmente acessíveiscom pouca ou nenhuma privacidade, ao ônus de trabalhoexigente que ocorre com freqüência em meios emotivamenteestressantes [...] e ainda devido à hierarquização”, explica a Dra.Maria Helena Palucci Marziale, professora associada da Escolade Enfermagem de Ribeirão Preto/USP e líder do Núcleo deEstudos Saúde e Trabalho (NUESAT) da USP.

Da boca pra foraSe os pacientes e familiares são os autores mais freqüentes, agres-sões verbais e ameaças, por sua vez, “são constantes, muitas vezes

porque os pacientes e seus acompanhantes estão desesperados”,diz a Dra. Solange Aparecida Caetano, enfermeira obstetra epresidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de SãoPaulo (SEESP).Segundo o já citado estudo de Palácios et al, a proporção deprofissionais de saúde que experimentaram esses tipos deviolência é de 39,5%, contra 15,2% referentes a assédio moral e6,4% a agressão física. Em um estudo conduzido pelo Sindicatodos Médicos de São Paulo (Simesp) na capital paulista, asameaças responderam por quase metade de todas as violênciasrelatadas pelos profissionais de medicina.Não se deve, porém, subestimar a situação devido à predomi-nância da violência de tipo verbal. Na pesquisa do Simesp, maisde 20% do total de vítimas de todas as formas de violência preci-saram de atenção médica, mesmo com essa predominância.A literatura especializada também elenca uma série de problemasque afligem a vítima de violência ocupacional, mesmo que estanão chegue às vias de fato. Desmotivação, ansiedade, depressão,Síndrome do Pânico e estresse, que pode resultar na Síndromede Burnout, são alguns deles. “Fiquei doente. Desenvolvi hiper-tensão”, diz a enfermeira Raquel.Os prejuízos, no entanto, não afetam apenas o profissional.Aumento de custos com responsabilidades jurídicas e medidasde segurança, piora na relação interpessoal entre os funcionáriossão alguns dos efeitos para os empregadores. Para a comunidade,há os custos sociais com o desemprego e areciclagem das vítimasque perdem ou deixam o trabalho e deficiência no número deprofissionais devido a afastamentos, incapacidade ou invalidez.A qualidade do serviço também sofre, seja por essas ausências,seja por uma reação, voluntária ou não, dos profissionais.Em sua tese de doutorado “As múltiplas formas de violência no

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trabalho de enfermagem: o cotidiano de trabalho no setor deemergência e urgência clínica em um hospital público”, que tevecomo objeto de estudo um hospital mato-grossense, a enfermeiraDra. Aldenan Lima Ribeiro Corrêa da Costa, gerente deEnfermagem do Hospital Universitário da Universidade Federalde Mato Grosso, cita que existem duas vias principais por meiodas quais a violência se manifesta – a estrutural/institucional e acomportamental/relacional, que, segundo ela, “se explicitam emquatro tipos de violência: estrutural, manifestada na imposiçãode sobrecarga física e mental aos trabalhadores; repressiva,evidenciada na negação do direito de exercer com as atividadescom segurança; alienação, explicitada pelo obstáculo impostoaos trabalhadores de usufruir o prazer de uma realização pro-fissional; e clássica, revelada nas agressões físicas e verbais demembros da equipe de saúde e de usuários”. Para a Dra. Aldenan,esses quatro tipos de violência alimentam as “violências menores”,que incluem baixa auto-estima do trabalhador e práticasprofissionais traumatizantes, além de “omissões, negligências,imperícias, atendimento fragmentado, informações parciais ounegadas, indiferença ao sofrimento e a dor, dentre outras”.

E por quê?A precariedade no atendimento à saúde é certamente o prin-cipal motivo por trás da violência ocupacional – o que, não poracaso, torna o setor público mais vulnerável. A falta de recursostécnicos, de medicamentos e de pessoal somada à amplitude dopúblico usuário resulta numa mistura explosiva.Longas esperas causadas tanto pela quantidade de pacientesquanto pelo número insuficiente de profissionais, falta de remé-dios, acomodações desconfortáveis, espaços físicos inadequados equartos e corredores lotados, situações tão corriqueiras no Brasil,

por exemplo, incitam os atos violentos: pacientes e acompa-nhantes tendem a cobrar um atendimento rápido e de melhorqualidade para cessar o sofrimento de si mesmos ou do entequerido – e se sentem frustrados e/ou revoltados quando asexigências não são atendidas, o que pode torná-los agressivos.A situação se agrava em regiões carentes e/ou com alto índice decriminalidade, seja porque as pessoas, numa condição deenfermidade e vulnerabilidade, sentem mais fortemente o proble-ma das políticas públicas inadequadas – e, portanto, tornam-semais ciosas de seus direitos –, seja porque a falta de segurançadentro ou no entorno da instituição pouco inibe a violência.A presença de presidiários e criminosos na clientela tambémaumenta os riscos, além de doentes mentais e usuários de drogase álcool, todos mais freqüentes nas instituições públicas.Embora, em boa parte das vezes, a responsabilidade pela situaçãonão seja dos profissionais de saúde, são eles que estão na linha defrente e, por isso, são os alvos preferenciais na hora de descarregara revolta. Enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagemtornam-se as principais vítimas exatamente por serem tambémmais acessíveis.Pesa ainda contra o pessoal de enfermagem o fato de que 95%deles são mulheres. A desigualdade de status social e profissionalentre gêneros, advinda do machismo ainda presente, torna osexo feminino mais vulnerável à violência, uma vez que as mu-lheres podem ser vistas como “menos capazes” e “mais fracas”.Além disso, as mulheres também são particularmente maisexpostas a certas formas de violência, como o assédio sexualou o estupro.Do lado dos trabalhadores, que também podem se tornar agres-sores, “a luta contra a morte e a incapacitação, o volume dedemandas, a sobrecarga de trabalho e as emoções decorrentes

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de óbitos e tratamentos penosos são fatores estressantes quecontribuem para incidentes de violência”, diz a enfermeira Dra.Maria Helena Marziale.

Combate pacíficoUm efetivo combate à violência ocupacional em saúde começacom uma melhora na qualidade dos serviços. Essas conclusõesfazem parte do Programa Comum da OIT/CIE/OMS/ISP eforam publicadas no livreto cujas diretrizes incluem análise deinformações por meio, por exemplo, de dados sobre estilo dedireção, inspeções a locais de trabalho, identificação de situaçõesespeciais de risco e documentos oficiais sobre os incidentes.É uma proposta que traz algumas dificuldades, já que muitasvezes as agressões são subnotificadas. A Dra. Eliene Cezar, emreferência a seu estudo, diz ter constatado que “a maioria dostrabalhadores das equipes médica e de enfermagem informou achefia sobre a ocasião em que foram vítimas de violência”, masque “parece haver despreparo das chefias a respeito de comoproceder”. Citando dois gestores entrevistados, a Dra. Elienetambém aponta que há quem aceite a violência como “parte dotrabalho”. Além disso, diz a Dra. Aldenan Ribeiro, “na maioria dasvezes, os profissionais não buscam ajuda ou denunciam asviolências sofridas por medo e por falta de tempo”. A certeza daimpunidade também aparece como um dos motivos da falta denotificação. “Nossa situação é vexatória. Política, quando existe, émontada até o gabinete”, diz a enfermeira Raquel, acrescentandoque uma das saídas tem sido fazer palestras informais para tentarenvolver outros funcionários e a população.Por tudo isso, as diretrizes da OIT/CIE/OMS/ISP incluem traba-lhadores, entidades profissionais, gestores, empregadores (in-clusive o poder público) e comunidade, sendo as principais: ca-

pacitação para os trabalhadores identificarem as situações derisco e conscientização de funcionários e comunidade; investi-mento em medidas de segurança, como a instalação de câmeras;desenvolvimento de uma cultura mais humana no ambiente detrabalho; declaração explícita de política contra a violênciaocupacional; melhora nos planejamento de atividades, horáriose número de funcionários; melhora nos ambientes onde ocorremos atendimentos, com diminuição de ruídos, adoção de ilumi-nação e cores adequadas e acomodações confortáveis; atendi-mento médico, psicológico e jurídico à vítima, além de uma culturade abertura e confiança e abertura, para que esta possa se sentiramparada e denunciar.No Brasil, porém, a legislação sobre o tema é deficitária. Há asleis trabalhistas sobre acidentes de trabalho e saúde ocupacional,representadas pela NR-32, mas que não dão conta do problema.No Estado de São Paulo, a Lei nº 12.250/2006 veda o assédiomoral no funcionalismo público estadual, enquanto a Resolução090/2000 do Conselho Regional de Medicina de São Paulo(Cremesp) estabelece a presença policial ou de segurança privadaem locais sabidamente violentos para os médicos noatendimento de pronto-socorro.Em relação a políticas públicas, não foi possível apurá-las. Areportagem tentou contato com o Ministério da Saúde, Minis-tério do Trabalho e Emprego, Secretaria de Estado da Saúde,Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho e Secretaria deSegurança Pública, sem sucesso efetivo.Diante dessa e de outras dificuldades, compensa correr os riscose ser um profissional de enfermagem? Quem dá a resposta é aenfermeira Raquel: “Sim, eu acho que ainda vale a pena – e eubrigo pelo meu pessoal, pois, sem eles, eu nada faço”, diz ela,referindo-se, com carinho, à sua equipe. *N

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Coren - SP

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Atualização nas normas ABNT, ANVISA e MSRiscos inerentes à Terapia Antineoplásica

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional deVigilância Sanitária no uso de sua atribuição quelhe confere o art. 11, inciso IV, do Regulamento daA

ANVISA aprovado pelo Decreto 3.029, de 16 de abril de1999, c/c o art. 111, inciso I, alínea “b”, §1º do RegimentoInterno aprovado pela Portaria nº 593, de 25 de agosto de2000, republicada no DOU de 22 de dezembro de 2000, emreunião realizada em 20 de setembro de 2004. Considerandoas disposições constitucionais e a Lei Federal nº 8080, de 19/

09/90 que trata das condições para a promoção, proteção erecuperação da saúde, como direito fundamental do serhumano; considerando os riscos inerentes à TerapiaAntineoplásica a que fica exposto o paciente que se submetea tais procedimentos; considerando a necessidade deatendimento adequado e imediato ao paciente que sesubmete ao procedimento de Terapia Antineoplásica,adotou a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada, confiraabaixo:

1 - Processo deEsterilização

Calor úmido -Vapor saturado

Óxido de EtilenoPlasma de Peróxido de

HidrogênioÁcido Peracético Líquido

Formaldeídoe vapor

2 - Métodos de Esterilização

Vapor saturado; raios Gama /Cobalto 60.Glutaraldeído; ácido

peracético; formaldeído(vapor).Esterilizadoras a Óxido deEtileno (ETO); plasma de Peróxido

de Hidrogênio; plasma de gases(vapor de ácido peracético e

peróxido de hidrogênio; oxigênio,hidrogênio e gás de argônio).

3 - Indicadores Biológico e Químico

Indicador biológico - é ideal para monitoração de ciclos deesterilização à vapor a 121 ° C, 132 ° C, 134 ° C e 135 °C . Cadaunidade possui uma população mínima de 10/5 de esporos

bacterianos de Bacillus stearothermophilus. No rótulo existe umindicador químico que muda a cor de azul para preto quando

exposto ao ciclo de esterilização. Norma Técnica ABNT NBR ISSO11138 -1/ 2005. Indicador químico – teste Bowie & Dick, para

autoclave a vapor com sistema de pré-vácuo por bomba de vácuopara detecção de bolhas de ar e gases não condensados.

Referências Normativas:

NBR ISO 11138-1:2004 – Esterilização de artigos para a saúde – Indicadores biológicos– Parte 1: Requisitos gerais.NBR ISO 11138-2:2004 – parte 2: Indicadores biológicos para esterilização por Óxidode Etileno (ETO).NBR ISSO 11138–3:2004 - Parte 3: Indicadores biológicos para esterilização a calor úmido.NBR 14990-7 -2004: Sistemas e materiais de embalagem para esterilização de produtos para saúde.Parte 7: 2004: Envelope e tubular para esterilização por óxido de etileno.Parte 8 -2004: Envelope e tubular para esterilização por radiação.NBR14990-8-2004: Sistemas e materiais de embalagem para esterilização de produtospara saúde.

NBR 13546 (ABNT), o campo duplo tem a finalidade de proteger e acondicionarmateriais.NBR 14028 (ABNT) - confecção de campo duplo.NORMA ISO11140/1995 - Teste Bowie & Dick, para autoclave a vapor com sistema depré-vácuo por bomba de vácuo para detecção de bolhas de ar e gases não condensados.O pacote é composto de: folha teste impressa com indicador químico atóxico, sensívelao vapor, disposta entre camadas de folhas de material poroso, acondicionado emuma embalagem, pré-dimensionada para simular um pacote de teste conforme NormaISO 11.140, com indicador químico de exposição ao vapor e dados de identificação,procedência, validade e registro no Ministério da Saúde.

4 - Processos de Esterilização

Óxido de EtilenoO Óxido de Etileno é um gás inodoro, sem cor, inflamável e explosivo. Aadição de estabilizantes, Dióxido de Cloro ou Cloro-fluor-carbonadoreduz o risco de explosão e de fogo. No Brasil existe legislação específica sobre funcionamento de centrais deesterilização por Óxido de Etileno. No entanto as questões relacionadasaos ciclos, tipo de gás e aeração não estão contempladas, embora constemos limites máximos de resíduos aceitáveis para os diferentes tipos demateriais. As alternativas menos prejudiciais ao ambiente são: 8,5% deÓxido de Etileno e 91,% de Dióxido de Carbono; Mistura de Óxido deEtileno com hidro-cloro-fluor-carbonados; 100% de Óxido de Etileno.Ação: aniquilação proteica, DNA e RNA prevenindo o metabolismocelular normal e a replicação microbiana. Plasma de peróxidoIndicação: é um processo indicado para esterilização de superfícies.HidrogênioEmbalagem: devem ser utilizadas embalagens compatíveis com o processodo tipo polipropileno, poliolefina. Não deve ser utilizada embalagem decelulose pela alta absorção do peróxido por este tipo de material comprometeo término do ciclo. Não recomendado para os seguintes materiais poispodem ficar quebradiços e terem problemas de absorção (a esterilização éeficaz mas o material degrada com o tempo): bisphenol e epóxi oucomponentes feitos de polisulfonas ou poliuretano, nylon e celulose. Contra

indicação: celulose, pós e líquidos e materiais de fundo cego. Indicação:pode ser utilizado para artigos termos sensíveis principalmente, bem comooutros materiais inclusive cateteres com no mínimo 1 mm de diâmetrointerno até 2 metros; artigos metálicos e de corte; equipamentos elétricos ede força( com motor); endoscópios rígidos; equipamentos pneumáticos.Ácido Peracétido-LíquidoApresentação: líquida. Modo de uso: por submersão. Indicação: para uso emendoscópios, instrumentos de diagnóstico e outros materiais submersíveis.Concentração: 35%, estabilizada que será diluída ( a 0,2%) automaticamenteem água estéril(máquina ainda não disponível no país). Disponível tambémjá diluído a 0,2%, para uso através de imersão. Ácido Peracético-PlasmaApresentação: são dois os agentes ativos. O primeiro é o Ácido peracético(5%) com Peróxido de Hidrogênio (22%) e o segundo é o ácido Peracéticocom uma mistura de gás argônio com O² e H² do qual irá ser formado oplasma. As fases de plasma são alternadas com fases de vapor. A partir de 35%de ácido peracético ocorre diluição em água filtrada para 2%.Vapor de FormaldeídoGerado em máquina própria a partir deformaldeído a 2%. É mais utilizado na Inglaterra. Indicação: materiaistermo-sensíveis. Indicador biológico: Bacillus stearothermophillusTemperatura: 50 a 60º.C conforme o ciclo é a temperatura em que éoferecido o aparelho atualmente no país. No entanto, em outros locais asmáquinas funcionam a 73+ ou -2o.C.

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Coren

Dúvidas, quanto a esterilização, consultar:1. Portaria nº 2.616/MS/GM, de 12 de maio de 1998;2. Portaria nº 15, de 23 de agosto de 1988;3.”Manual de Processamento de Artigos e Superfícies emEstabelecimentos de Saúde/ms” .4.Publicações nacionais.:livros de “Infecção Hospitalar e suasInterfaces na Área da Saúde”, editora Atheneu, vol.2; “InfecçõesHospitalares Prevenção e Controle” editora Sarvier; publicações

da Associação Paulista de Estudos e Controle de InfecçãoHospitalar (apecih).Recomendações práticas para processos de esterilização emestabelecimentos de saúde de 2000 e Manual de Processamentode Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde, MS, 1994.Site: www.abnt.org.brSite: www.anvisa.org.brSite: www.ministériodasaúde.gov.br (Endnotes)

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biblioteca de enfermagem

A questão da mulher:

T rata-se de uma coletâneade artigos sobre a questãoda mulher que abarca a

uma análise críticae uma esperançaO livro “A questão da mulher” étem como grande mérito nãoestar preso ao pensamentoacrítico hoje dominante

opressão feminina, a violência con-tra a mulher e o trabalho feminino,além de conter também reflexõesepistemológicas e sobre a ideologiado gênero, que, sem dúvida, estãorelacionadas com as questões an-teriormente colocadas.O organizador Nildo Viana, autorde três ensaios, bem como MariaAngélica Peixoto, Vera Lúcia Pi-nheiro e Edmilson Marques, nosoferecem uma excelente análise daquestão feminina. Esta obra abor-da algumas questões de formaoriginal, principalmente a críticaao termo gênero, uma posição deextrema coragem e ousadia. Istotudo no interior de uma aborda-gem que pode ser consideradamultidisciplinar, envolvendo asociologia, a história, a economia, afilosofia e outras ciências humanas.A apresentação é muito boa eexpõe que os autores do livro nãopossuem a mesma posição, emborao referencial teórico-metodológicopraticamente seja o mesmo. Os

textos são de boa qualidade, rela-cionam a questão da mulher com omovimento operário e o trabalho,apresentam a realidade da opressãofeminina e da violência, a questão damulher na comunicação, na política,

no trabalho e discute conceitos, ter-mos e métodos.Enfim, é uma abordagem da questãofeminina ao mesmo tempo geral,ampla, crítica e bem trabalhada. Osdois textos de destaque são MétodoDialético e Questão da Mulher e Gê-nero e Ideologia, ambos de NildoViana. O primeiro explicita uma vi-são que ultrapassa as limitaçõesmetodológicas apresentadas porvárias tendências contemporâneas,

que é o isolamento da questão fe-minina das demais relações sociais,retomando a categoria de totali-dade. A questão da mulher só podeser compreendida se inserida natotalidade das relações sociais e nãode forma isolada, o que faz cair nomaniqueísmo ou no essencialismo.O segundo mostra as origens his-tóricas e vinculações ideológicasdo construto (falso conceito, uni-dade de um discurso ideológico, se-gundo explica o autor) gênero eainda realiza a crítica da ‘’ideologiado gênero’’.Precisamos de livros assim, críticos,engajados, desmistificadores. Opapel deste tipo de obra é questionar,romper com o discurso banal quepovoam os nossos ouvidos, umaeterna repetição de lugares comunsrecentemente produzidos e logodescartados. Assim, este livro tem omérito de não ser mais um discursobanal e descartável sobre a questãoda mulher, sendo uma obra de refe-rência duradoura e que deveria serinspirador de novas obras com omesmo caráter.

Fabrício Arruda dos Santos*Graduado em Ciências Sociaispela UFPE.

Editora Ciência ModernaInformações: (21)2201-6662

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Seleção Cultural

LivrosLivrosLivrosLivrosLivros

ExposiçõesExposiçõesExposiçõesExposiçõesExposições

Heródoto Barbeiro

Heródoto Barbeiro

Mandaquem pode

FilmesFilmesFilmesFilmesFilmes

Viva Cultura Viva do PovoBrasileiro

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OBorboletas da AlmaDráuzio VarellaInformações: Editora Companhiadas letras

O Monge e o Executivo -Uma História Sobre aEssência da LiderançaJames C. HunterInformações: Editora Sextante / Gmt

De Olho na SaúdeHeloisa L. BernardesInformações: Editora HBL

Do luto à luta(Brasil, 2005).Documentário, 75 min.

Transamérica(EUA, 2005).Drama, 103 min.

No limite das emoções(Itália, 2003).Romance, 125 min.

Oliver Twist(França, 2005).Drama, 105 min.

A mostra reúne as exposiçõesque celebram o país e suas maisdiversas tradições culturais eartísticas.Parque Ibirapuera, PavilhãoPe. Manoel da Nóbrega - SPHorários: de terça a domingo,das 10h às 17h. Informações: (11)5579-0593. até 31/03 – Gratuita.

instituições de caráter público e privado, como os grandes hospitais de referência nopaís. O método de gestão corporativa veio para ficar e tem passado por constantestransformações e cada vez mais se espalha pela sociedade, principalmente por clínicase hospitais. Hoje é possível dizer que eles trabalham com foco no cliente, que é opaciente, e buscam o melhor aproveitamento de uma forma tão eficaz como empresasque atuam em outros setores. É claro que em se tratando de saúde humana os princípioséticos norteiam sempre essas ações, afinal a vida não tem preço e sua preservação estána base de qualquer sistema de administração. Entenda-se como eficiência a utilizaçãomáxima dos recursos para restaurar a saúde de uma pessoa.Os métodos “taylloristas” de administração de pessoas, ou de talentos, ou decolaboradores, como queiram está em plena decadência no mundo globalizado e jáfoi substituído por novas metodologias que prestigiam o talento, a criatividade e adiversidade, uma qualidade que a maioria dos chefes não aceitam e o que acaba gerandoo assédio moral condenado ética e legalmente. Aliás, a nova gestão de pessoas ensinae tenta perpetuar as diferenças entre o chefe e o líder e o que as organizações queremé liderança e não chefia, uma vez que esse conceito também embute maiorprodutividade. Uma coisa é ser arrogante, ser o pai de toda idéia bem sucedida, ser oúnico capaz de ter idéias brilhantes, de impor sua autoridade pelo medo, ser incapazde dividir os acertos com os outros, enfim se considerar a última Coca Cola do deserto.Outra é ser líder. O chefe está em decadência e o líder em ascensão. O chefeé o que impõe sua vontade a ferro e a fogo, é capaz de humilhar pessoas publicamentee não admite jamais ter errado. Para isso tem o seu subordinado, que muitas vezes sãosubmetidos a vexames públicos, o que caracteriza o assédio moral. O líder não é ochefe bonzinho, é o chefe justo, capaz de trabalhar em equipe e resolver em conjuntotodos os problemas que surgem principalmente em um hospital, e que não são poucos.A liderança é uma competência que tem cada vez mais valor no mercado de trabalhopois é capaz de melhorar o ambiente de trabalho e conseqüentemente a produtividadegeral da instituição, seja ela pública ou privada, com ou sem fins lucrativos.É inadmissível que alguém seja submetido a um vexame por causa do posto que ocupana organização. Todos são vitais para a sua existência e ninguém é mais importanteporque cursou isto ou aquilo e acha que tem o direito de andar com o nariz empinadopelos corredores. Ninguém pode admitir que um chefe grite com membros de suaequipe nem em público, nem reservadamente, por que grito e ameaças não resolvemproblemas e ninguém está autorizado a agir de forma autoritária. O poder de cada umadvém de sua competência, da confiança que a organização deposita nele e por issonão pode exceder as suas atribuições. O atual estágio de relações do trabalho está nopatamar da liderança, do trabalho em grupo, do uso da inteligência emocional, docombate sistemático ao desperdício e como ponto mais importante o respeito pelas pessoasque dão o melhor de si para o êxito de todos. É verdade que o “manda quem pode...” aindanão acabou, mas vai acabar, porque os tempos mudaram e só os idiotas não mudam.

ditado popular de “manda quem pode, obedece quem tem juízo” é doconhecimento geral, principalmente do mundo corporativo. Este não seresume mais apenas às empresas que objetivam resultados, mas também às

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Notas e Eventos

Eventos

Cursos de Pós-graduação em Enfer-magemLocal: UNIBAN - Campus MariaCândidaInformações: (11) 6967-9127

Cursos com carga horária de 360 horasAulas aos sábadosInício em 3 de março de 2007 e términoem 15 de dezembro de 2007- Enfermagem em Neonatologia- Enfermagem em Emergências- Enfermagem do Trabalho- Gerenciamento em Enfermagem- Enfermagem Geriátrica e Gerontológica- Enfermagem em Saúde Pública comÊnfase em PSF – Programas de Saúdea Família- Enfermagem Unidade de TerapiaIntensiva- Auditoria de Enfermagem- Enfermagem em Centro Cirúrgico,Sala de Recuperação Anestésica eCentral de Material

Cursos com carga horária de 1.200 horasAulas às sextas-feirasInício em 3 de março de 2007 e términoem 15 de julho de 2009- Especialização em Medicina TradicionalChinesa – Acupuntura

Cursos com carga horária de 540 horasAulas aos sábados (2007) e às sextas-feiras (2008) – estágiosPeríodo do Curso: 03/03/2007 a 12/07/2008Início em 3 de março de 2007 e términoem 15 de julho de 2009- Enfermagem em Obstetrícia

Categoria de Auxiliar deEnfermagem não será extinta

As informações falsas baseiam-senuma interpretação errada da Resolu-ção COFEN 276/2003, que determinaa todos os auxiliares de enfermagemformados após 23 de junho de 2003 aconclusão da complementação dosestudos como técnicos de enfermagemnum prazo de cinco anos, a contar dadata de emissão do certificado deconclusão do curso.“Há uma confusão grande nas interpre-tações divulgadas por órgãos noticiosose também nos sindicatos da categoria”,afirma Ruth Miranda, presidente doCOREN-SP. “A norma vale apenas paraquem obteve o certificado de auxiliar deenfermagem após 23 de junho de 2003.Quem era auxiliar de enfermagem antesdessa data, tem garantido o direito legalde permanecer na categoria até quandodesejar”.Ruth Miranda explica ainda que tem sidodivulgado o prazo de 2008 para que todosos auxiliares formados após 23 de junhode 2003 concluam o curso técnico deenfermagem, sob o risco de terem suainscrição cancelada “Apenas quemconcluiu o curso em 2003 terá a suaprovisória cancelada em 2008, caso nãoapresente seu certificado de conclusãodo curso técnico. Para quem concluir ocurso agora, em outubro de 2006, o prazoserá outubro de 2011. A contagem doprazo é sempre de cinco anos a partir dadata da conclusão do curso”, esclarece.Fonte: COREN-SP

Cursos de EnfermagemINTESP - Rua Treze de Maio, 1663 –Bela Vista.Informações: (11) 3253-7665 / 3253-5048 / 3253-6042site: www.intesp.com.br

Auxiliar de EnfermagemInício: 21/01/2007

Técnico de EnfermagemInício: 21/01/2007

Enfermagem em UTI AdultoInício: 03/02/2007

Enfermagem NefrológicaInício: 03/02/2007

Enfermagem em Geriatria e GerontologiaInício: 03/02/2007

SAE - Sistematização da Assistência deEnfermagemInício: 03/02/2007

Reuniões da Academia Brasileira deEspecialista em Enfermagem - ABESEDatas: 02/04/2007, 04/06/2007, 06/08/2007 e 03/12/2007 às 14 horasLocal a ser definidoInformações:www.abesesenacional.com.br

4º Congresso da Academia Brasileirade Especialista em Enfermagem –ABESEData: 22 à 26/10/2007 Local a ser definidoEm breve informações no sitewww.abesesenacional.com.br

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Saúde lança manual de atendimento em DST/Aids na atenção básica

O Ministério da Saúde lançou, durante o VI Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, realizado de 4 a 7 deste mês, emBelo Horizonte, o Caderno de Atenção Básica para HIV/Aids, Hepatites e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).O material será distribuído para as unidades básicas de saúde e para as equipes de Saúde da Família e agentes comunitários.A proposta é que a publicação seja usada para auxiliar esses profissionais no trabalho de prevenção, identificação dasdoenças sexualmente transmissíveis e no acompanhamento e tratamentos dos pacientes. O manual atualiza os protocolosde atendimento e traz informações mais completas sobre essas doenças que, a cada ano, atingem mais de 340 milhõespessoas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sírio Libanês oferece complementação gratuita para técnico de enfermagem

A Escola de Enfermagem do Hospital Sírio-Libanês realizará, nos próximos dias 25 e 26 de outubro, as inscrições para oprocesso seletivo do Curso de Técnico de Enfermagem – Módulo II.Com caráter filantrópico, o curso é totalmente gratuito e capacita os profissionais a atuarem como técnicos de enfermageme trabalharem em Centros Cirúrgicos, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) entre outras Unidades Críticas.Inicialmente serão oferecidas 75 vagas, distribuídas em turmas da manhã e noite, com duração de 11 meses. O início dasaulas está previsto para fevereiro de 2007.

Mudanças freqüentes de fuso horário podem afetar a saúde

Um estudo realizado nos Estados Unidos sugere que mudanças freqüentes de fuso horário ou o trabalho em turnosirregulares podem afetar a saúde.Os pesquisadores da Universidade da Virgínia descobriram que ratos expostos a mudanças semelhantes às vividas porseres humanos com horários irregulares morrem mais cedo.Eles analisaram como ratos jovens e idosos reagiam a mudanças no equilíbrio natural entre dia e noite. Fonte: BBC Brasil

Molécula pode dar origem a anticoncepcional masculino

Composto é capaz de induzir infertilidade em ratos de forma reversível sem afetar níveis hormonais.A maior parte dos métodos anticoncepcionais existentes é voltada para as mulheres – o uso da camisinha e a vasectomia,irreversível, são as únicas alternativas disponíveis no mercado às quais os homens podem recorrer. Um estudo feito porcientistas do Conselho Populacional do Centro para Pesquisa Biomédica, nos Estados Unidos, aponta um caminho que pode,no futuro, mudar esse quadro. A equipe conseguiu induzir a infertilidade em ratos machos de forma reversível, com o uso deuma molécula conhecida como adjudina, como mostra um artigo publicado na edição deste mês da Nature Medicine .Esse composto atua no processo de produção das células reprodutivas masculinas (os espermatozóides) no interior dos testículos.A adjudina se mostrou capaz de impedir a adesão das células germinativas às chamadas células de Sertoli, que fornecem suportemetabólico e estrutural aos espermatozóides em desenvolvimento. Sem essa adesão, o amadurecimento do gameta é interrompidoe o resultado é a infertilidade do macho, sem que haja qualquer efeito sobre o nível de hormônios sexuais nos testículos.

Fonte: Saúde Business

Fonte: Agência de Saúde

Fonte: BBC Brasil

Fonte: Ciência Hoje

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Enfermagem, uma profissão que começoucom trabalhos voluntários, atualmenteresgata o ato de doar-se e acreditar em causasO voluntariado cresceu de maneira significativanestes três últimos anos. Além das novas propostasde trabalho voluntário, também as ações desenvo-lvidas há muitos anos têm ganhado maior visibi-lidade e respeito. Nunca se ouviu falar tanto neste temacomo agora. A escolha do ano de 2001 como o anoInternacional do Voluntariado é uma comprovaçãodesta disposição crescente, da população e das insti-tuições, às mais variadas formas de solidariedade eparticipação social.No Brasil, a tradição do voluntariado sempre estevepresente, seja na forma de doação de dinheiro ou detempo de trabalho. No entanto, a partir dos dois últimosanos, está ocorrendo um processo de transformação emseu significado e em sua lógica de atuação.Historicamente associado a um trabalho de caráter religioso, assistencialista, paternalista e de ajuda às

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pessoas carentes e menos favorecidas, e muitas vezesainda, associado a idéias de corrupção e de má fé,caminha, agora, em direção à expressão de uma éticada solidariedade e participação cidadã. A motivaçãopor valores como da caridade, compaixão e amor aopróximo começam a ceder espaço para a inclusão deuma motivação por valores como cidadania eparticipação responsável, consciente e compro-metida com a comunidade, tanto dos indivíduos comodas instituições.Segundo o Programa Voluntário do Conselho daComunidade Solidária, lançado em 1997, o voluntário“é o cidadão que, motivado pelos valores de parti-cipação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho etalento, de maneira espontânea e não remunerada,para causas de interesse social e comunitário”.Estão presentes nessa definição idéias como as dedesenvolvimento de uma cultura moderna dovoluntariado, voltada especialmente para a eficiênciadas ações, para os resultados dos serviços e para aqualificação e profissionalização do trabalhovoluntário individual ou institucional. Também está

Iniciativa

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Iniciativa

implícita a idéia de se buscar uma nova maneira derevitalizar espaços públicos democráticos, constru-indo caminhos de dupla direção: de um lado, a partirda generosidade, possibilitar ações efetivas e eficazespara a produção de mudanças sociais; de outro, apartir da conscientização do sentido comunitário eda capacitação profissional dos voluntários, possibi-litar para o voluntário uma oportunidade de apren-dizado, de constituição de novos vínculos de partici-pação, utilização e desenvolvimento de talentos epotencialidades.A enfermagem em ações voluntáriasO profissional de enfermagem é muito importantepara as ações comunitárias, a maioria das organiza-ções não governamentais – ONG´s, contam comesses profissionais, seja para oferecer cuidados coma saúde, ou mesmo para orientação e prevenção. Asprimeiras enfermeiras eram voluntárias queajudavam nos partos e cuidavam das vítimas dasguerras. Por isso, a enfermagem é uma profissão quepode se unir com o voluntariado.Não há como falar em enfermagem voluntária e nãofalar sobre a Cruz Vermelha que está presente em 176países em todo o mundo, numa rede humanitáriaglobal que envolve quase 100 milhões de membros.Um exemplo de trabalhos voluntários é o “ProjetoCananéia”, que teve início, a partir de um convênioentre a Prefeitura Municipal da cidade e a UniversidadeFederal de São Paulo - UNIFESP, contando com aparticipação de docentes dos Departamentos deEnfermagem e Medicina Preventiva da Universidade.

Atualmente, o Programa Cananéia conta com a parti-cipação de cerca de 40 voluntários, profissionais da saúde,o objetivo do programa é capacitar os graduados e profis-sionais para o desenvolvimento de trabalho voluntário

e construir parcerias com a população local, visando amelhoria da qualidade de vida. Após nove anos deexistência, o Programa conta com 14 projetos e asatividades no município ocorrem duas vezes por mês.Para o trabalho da educação em saúde, são utilizadasdiversas estratégias como: o brincar, o esporte, a dança,a culinária, o vídeo-documentário, o artesanato e a ati-vidade de corte e costura.Além disso, já foi possível a construção de uma Biblio-teca Comunitária e a realização de um Curso de PrimeirosSocorros, na comunidade do Maruja (Cananéia – SP).Atualmente, nesta mesma comunidade, ocorre a avalia-ção qualitativa do Programa.Por se tratar de mudanças de hábitos de vida, o pro-grama acredita que os resultados deste trabalho sãoa longo prazo, e que não virá na forma de números emudança de coeficientes e índices, mas na qualidadedas relações, no vínculo, por meio de depoimentos,desenhos e gestos.Giuliana Medeiros, enfermeira e voluntária do pro-grama afirma “(..) conseguimos, enquanto grupo degraduandos e docente, assegurar o caráter interdis-ciplinar preconizado pelo Programa; manter vínculoe estabelecer parcerias com a comunidade no sentidode conhecer os problemas de saúde para buscarformas conjuntas de minimizá-los e construir umPrograma que contribua para melhoria da qualidadede vida da população local, e estimular uma posturaprofissional de transformação social.” E acrescenta:“Nosso maior desejo é que a comunidade não precisede nossa presença, por isso, tentamos ao máximogarantir sua autonomia na resolução dos problemase buscamos instrumentalizá-la para isto”.

Equipe de estudantes e profissionais que compõe o projeto Cananéia

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Internacional

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Carolina Casella

Aparelho dá esperança a milhões de pessoas que são cegas devido a doençasdegenerativas dos olhos, como a retinite pigmentaria

U

Olho biônico mais eficaz

resultados positivos no desenvolvimento de um olhobiônico destinado a pessoas com degeneração da retina.Segundo o professor Minas Coroneo, catedrático dodepartamento de Oftalmologia da Universidade de SouthWales e cientista da Fundação Olho Biônico do HospitalPrince of Wales, ao receber o novo olho, o paciente podeperceber brilhos de luz e, assim, o contorno de objetos.

Como funciona?O procedimento consiste em colocar micro eletrodos nasuperfície do olho associados a uma câmera digital que filma oque seria a visão do paciente. A cena é transformada em dados eimpulsos elétricos. Os eletrodos, então, recebem o impulsoelétrico da câmera digital por meio de um computador.

Em seguida, os eletrodos estimulam a retina, quetransmite as informações ao cérebro.A estimulação elétrica evoca a percepção de sensaçõesvisuais simples chamadas de “phosphenes”, quenormalmente são descritas como pequenos lampejos nocampo visual do paciente.Relacionando esses pontos eletricamente induzidos comas imagens de uma câmera digital, os pacientes podemter uma impressão visual muito simples da estrutura dascoisas que os cercam. Assim, não é possível alcançar umavisão perfeita, mas sim, uma visão funcional que podeajudar o paciente a se movimentar.Outro cientista da Fundação, o oftalmologista VivekChowdhury, relatou a emoção de uma paciente quandopercebeu o primeiro raio de luz depois de anos de cegueiratotal como uma explosão de excitação, surpresa ecomoção.

de todos os tempos

ma equipe de Oftalmologistas da Universidadede New South Wales no Hospital Prince of Wales,em Sydney, Austrália, anunciou na semana passada

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Internacional

Números

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Prince of Wales HospitalO Hospital australiano Prince of Wales, (príncipe de Gales, emportuguês) foi inaugurado em 1852, em Sydney, mas somenteem 1953 recebeu este nome. Em 1915, durante a I GuerraMundial a instituição se converteu em um hospital militar emudou seu nome para Fourth Australian Repatriation Hospital.Hoje é o maior hospital-escola nos subúrbios Leste da cidade eatende a toda região de South Wales. Tem convênio com aUniversidade de New South Wales.Prince of Wales Hospitalhttp://www.sesahs.nsw.gov.au/POWH/

Fundação Olho BiônicoA Fundação Olho Biônico é um grupo de pesquisa médica semfins lucrativos do Hospital Prince of Wales, em Sidney,Austrália. A Fundação faz pesquisas para o desenvolvimentode dispositivos para recuperar as sensações visuais básicas dospacientes quase ou totalmente cegos.A equipe de pesquisa é liderada pelo Dr. Vivek Chowdhury epelo Professor Minas Coroneo no departamento deoftalmologia do hospital.As técnicas pesquisadas consistem em estimular com eletrodos asuperfície do olho ou a área do cérebro correspondente à visão.O programa de pesquisa com pacientes cegos devido a retinitepigmentosa teve início este ano e o experimento pilotoenvolveu dez pacientes com distrofia de retina em estágioavançado.

Baixo riscoO olho biônico australiano pode ser colocado no pacientesem a necessidade de cirurgia e dá esperança a pessoascom retinite pigmentaria, mal em que as célulasfotossensíveis da retina progressivamente se destroem.Apesar de a degeneração ser severa, o nervo ótico semantém vivo, permitindo o uso do aparelho.O objetivo do projeto foi desenvolver um artifício pararestaurar as sensações visuais básicas em pacientes quesofrem de cegueira em estágio avançado ou que não têmnenhuma percepção da luz. Esse projeto está navanguarda da pesquisa neuroprotética e ainda está nainfância, segundo conta na página do Dr Chowdhury. Esse aparelho pode ajudar pacientes com problemas demobilidade e reabilitar pacientes cegos. O objetivo do projeto foi desenvolver um artifício querestaurasse as sensações visuais básicas em pacientes quesofrem de cegueira em estágio avançado ou que não têmnenhuma percepção da luz. Esse aparelho, uma prótese visual ou um olho biônicopode ajudar pacientes com problemas de mobilidade evai ajudar na reabilitação de pacientes cegos.O projeto está na vanguarda da pesquisa neuroprotéticae, segundo Doutor Chowdhury, ainda é uma criança.

Mais sobre o Dr Vivek Chowdhury:http://ophthalmology.med.unsw.edu.au/bioniceye.htm

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Interior

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projeto Iluminar Campinas cuida das vítimas deviolência sexual, e tem como objetivo principal tiraras vítimas da solidão e escuridão no momento deO

grande trauma, como também apresentar à sociedade osprofissionais e as pessoas que cuidam dessas vítimas.A meta da organização é cuidar da saúde física, mental, sociale civil de crianças mulheres, adolescentes e homens vítimasde violência sexual urbana ou doméstica aguda, antes de72hs, possibilitando, assim a prevenção da gravidez porestupro, de Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST´s,incluindo AIDS e Hepatite. E identificar, capacitar, integrar,monitorar e avaliar a rede de cuidados para evitar arevitimização, qualificar e humanizar os serviços. O serviço visa possibilitar implementação de políticaspúblicas mais eficientes, intervir na cadeia de violência, atravésdo cuidado às pessoas autoras de violência em ambientenão policial.Origem e concepçãoIniciado em 2001 a partir de um financiamento do Ministérioda Saúde e execução das Secretarias Municipais de Saúde,Educação, Assistência Social, Segurança Pública, em parceriacom CEMICAMP/UNICAMP oferece amplitude de atendi-mento que inclui crianças, adolescentes e homens, pois amaioria dos programas atende apenas mulheres.Os centros de saúde acompanham as vítimas durante seismeses juntamente com a sua família. Todos os procedimen-tos realizados pela rede de cuidados à saúde são válidoscomo laudo indireto para uso do Instituto Médico Legal -IML para que a vítima não necessite fazer exame de corpodelito no período do trauma e os boletins de ocorrênciassão impedidos de serem divulgados pela imprensa paragarantir a saúde civil das vítimas.O Iluminar Campinas integra o Plano Nacional de Assistên-cia e combate à violência contra a mulher da SecretariaEspecial de Políticas Públicas para as Mulheres do GovernoFederal e o plano Nacional de enfrentamento à exploraçãosexual de crianças e adolescentes do Ministério da Justiça eSecretaria Nacional dos Direitos Humanos. Ao todo são emtorno de 1000 profissionais e cidadãos capacitados paradesenvolverem as ações do programa.O objetivo é que os profissionais de enfermagem prestemassistência integral à saúde das vítimas de violência sexual.

Isto inclui a SAE como procedimento de trabalho: consultade enfermagem, histórico, exame físico, realização dodiagnóstico parcial da enfermagem, prescrição e aplicaçãode vacinas contra hepatite e fazer prevenções de DST/AIDS.As ocorrências relacionadas à violência sexual tambémestarão incluídas no sistema de notificação compulsória, oque possibilitará ao serviço público de saúde contar comdados estatísticos mais próximos da realidade. A idéia émudar o conceito de assistência para o de “cuidador”,envolvendo e comprometendo os serviços por meio de umfluxograma interno e externo, a partir do paciente e doprofissional.Além de melhorar o acompanhamento das vítimas, aprimo-rar os cuidados e fazer um controle social das ocorrências aPrefeitura da cidade poderá, através da notificação, elaborarserviços e programas para atender com eficácia os casos deviolência sexual.O diferencialTratar a violência sexual como problema de saúde pública,e não de polícia, priorizando o atendimento de urgência e oacompanhamento psicológico, social e jurídico. A eficácia do trabalho em rede cuidando integralmente dasvítimas e suas famílias evitando a revitimização. Os cuidados prestados nos serviços da rede (fichas clínicas)servem como laudo indireto para a condução judicial docaso, possibilitando a vítima aguardar até seis meses para arealização do boletim de ocorrência e exame de corpo de delito,quando, o acompanhamento à saúde física, e psicosocial jálhe dá respaldo para enfrentar os espaços policias e jurídicose o enfretamento com o agressor. Intervenção na corrente de violência, cuidando das crianças,adolescentes e homens. Incorporar O Instituto de Medicina Legal – IML -local derealização do exame de corpo de delito como um serviço desaúde e não de polícia. Realizamos reforma do prédio,compramos equipamento ginecológico, avental para asvítimas hoje transformadas pela atual gestão em campo deestágios para alunas do curso de enfermagem daUNICAMP, que acolhem as vítimas, preparam para o exameginecológico e prestam todos os cuidados necessários. Iluminar significa, portanto, proporcionar o resgate de uma vidanormal para essas pessoas, interrompida pela violência sexual.

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ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Expediente do COREN-SP

PresidenteRuth MirandaVice PresidenteSérgio LuzPrimeira-secretáriaMaria Antonia de Andrade DiasSegunda-secretáriaVanderli de Oliveira DutraPrimeira-tesoureiraAkiko KanazawaSegunda-tesoureiraAldaíza Carvalho dos Reis

Presidente da Comissão deTomada de Contas - CTCRita de Cássia Chamma

Membros da CTCGuiomar Jerônimo de CarvalhoWilson Florêncio Ribeiro

Conselheiros efetivosLindaura R. Chaves, Magdália Pereirade Sousa, Maria Ap. Mastronantonio,Malvina S. da Cruz, Francinete de Limade Oliveira, Sônia Regina DelestroMatos, Terezinha Ap. dos SantosMenegueço e Tomiko Kemoti Abe.

Conselho Regional de Enfermagem de São PauloRua Dona Veridiana, 298 - Higienópolis - São Paulo - SP - CEP 01238-010Fone: (11) 3225-6300 - www.corensp.org.br

Publicação: Demais Editoração e Publicação Ltda

Fone: (11) 5042-3428 - [email protected]

Direção e coordenação editorial: Alvaro Guillermo e Meire Vibiano

Redação e revisão: Mônica Farias, Thais Iervolino, Carolina Casella, Danúbia Matos,

João Marinho

Projeto Gráfico e ilustrações: Arte in Comunicação e Marketing

Publicação oficial bimestral do COREN-SP • Reg. Nº 24.929 • 4º registro • 260 mil

exemplares • distribuição gratuita dirigida

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Enfermagem Carcerária

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Quero parabenizar e agradecer o COREN SP sobre a reportagem darevista número 65, enfermagem carcerária. Trabalho há 9 anos nestaárea sendo esta a primeira vez que vejo uma reportagemdemonstrando um pouco do nosso trabalho nas dependências penais.Catharina Rosária Mungioli – Boituva - SP

Adorei a matéria deste mês, está muito interessante. Gostaria que apróxima revista falasse um pouco sobre centro cirúrgico. Por favorpubliquem minha mensagem. Estou na área da saúde há 6 anos e souapaixonada pelo que faço. Um abraço a todos da redação.Rosilaine Ricardo Genevro – Dracena - SP

Quero parabenizá-los pelas revistas e se possível gostaria queabordassem o tema “Esclerose lateral amiotrófica”.Rosimeire O. Cardenas – São Paulo - SP

PrevençãoGostei muito das matérias: “Os perigos da Automedicação” e“Pancreatite” da Revista COREN - SP deste mês.Parabéns a todos darevista e ao COREN também.Continuem assim, pois em todas arevistas do COREN sempre tem matérias ótimas.Nilma Bergamasco - São José do Rio Preto – SP

Saúde MentalAdorei a edição n° 65, em especial a saúde mental comoespecialização, gosto quando citam as pesquisas brasileiras.Elisângela Pereira de Aguiar – São Paulo – SP

Agradecemos as cartas de: André Lisboa de Oliveira – Sorocaba - SP, Amanda Carvalho – SãoPaulo – SP, Cristina Mamédio da Costa Santos – São Paulo - SP,Daniela Souza Boldrini – São Paulo – SP, Heidid Demura Leal – Santado Parnaíba - SP, José Orivaldo dos Santos – São Paulo - SP, Kelly

Cristina Nascimento da Silva – São Paulo – SP, Márcia CristinaMariano – São Paulo – SP, Marcelo Ferreira – Guarulhos - SP, OneidaSilveira Freitas Braz – Franca – SP, Raimundo Carneiro – São Paulo -SP, Rosemeire Cardenas – São Paulo - SP, Shirley Andreussi - SantoAndré - SP Escreva para a redação da revista do [email protected] e dê sua opinião.

Feriados e recessos 2007

JaneiroDia 1º - Ano NovoDia 25 - Aniv. de São Paulo (somente para Sede)Dia 26 - Aniv. de Santos (somente para Subseção)FevereiroDia 19 e 20 - CarnavalDia 21 - Quarta-feira de CinzasMarçoDia 19 - Aniv. de S. J. Rio Preto (somente para Subseção)AbrilDia 4 - Aniv. Cidade de Marília (somente para Subseção)Dia 6 - Sexta-feira da PaixãoDia 30 - RecessoMaioDia 1º - Dia do trabalhoJunhoDia 7 - Corpus ChristiDia 8 - RecessoDia 19 - Aniv. de Ribeirão Preto (somente para Subseção)JulhoDia 9 - Revolução de 1932Dia 27 - Aniv. de S. J. dos Campos (somente para Subseção)SetembroDia 7 - Independência do BrasilDia 14 - Aniv. de Presid. Prudente (somente para Subseção)OutubroDia 12 - Nossa Senhora AparecidaNovembroDia 2 - FinadosDia 15 - Proclamação da RepúblicaDia 16 - RecessoDia 20 - Dia da Consciência Negra (somente para Sede, SubCampinas e Sub Rib. Preto)DezembroDia 2 - Aniv. de Araçatuba (somente para Subseção)Dia 8 - Aniv. de Campinas (somente para Subseção)Dia 24 - Recesso de Natal e Ano NovoDia 25 - NatalDe 26 a 31 - Recesso de Natal e Ano Novo

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