com marina... · certeza de que nossos sonhos não podem ficar adorme-_____ querida e amada ......

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A Marina Colasanti, com carinho.

7“ “Um dia o rei teve uma ideia. Era a primeira da vida

toda e, tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros.

Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre

outros pensamentos, encontrando-a sempre com alegria, linda ideia dele toda azul (...)

Marina ColasantiUma ideia toda azul

Agradecemos aos Departamentos de Audiovisual, de Edi-toração/Gráfica, de Marketing e de Tecnologia da Informa-

ção, pela parceria na execução deste projeto.

Agradecemos especialmente ao Presidente, Dr. José de Oliveira Messina, e ao Diretor Geral Pedagógico, Prof.

Lauro Spaggiari, a possibilidade da realização desta obra.

Departamentos de Língua Portuguesa e Tecnologia Educacional

Caro(a) aluno(a)

Esperamos que você tenha gos-tado da experiência e que tenha

percebido a magia que envolve o mundo da ficção. A palavra pode

ser sua aliada por toda a vida. Continue fazendo suas leituras e não se esqueça de que o ato

de escrever nos transporta para mundos maravilhosos onde

podemos realizar nossos sonhos mais secretos.

Professoras de Língua Portuguesa

13

Este é o resultado do Contando 2010. O concurso foi elaborado pelas professoras de Língua Portuguesa em parceria com o departamento de Tecnologia

Educacional do Colégio Dante Alighieri.

Todos os alunos dos 9os anos de 2010 participaram desta competição que, neste ano, tem um signifi-

cado muito especial. Eles foram estimulados a criar seus próprios textos a partir das introduções dos

belíssimos contos de Marina Colasanti.

Os contos foram criados de forma colaborativa, em duplas, e os melhores estão publicados neste livro.

Sum ário19 | Prefácio 23 | TormenToS

25 | o exTraordinário comum

28 | TiroS na menTe

31 | o reino da fofoca

33 | Banalização do aBSurdo

36 | fio Por fio, linha Por linha

38 | Sujar-Se faz Bem

40 | Tecelã de Sua PróPria hiSTória

43 | o Tiro

48 | PreSenTe

50 | maiS uma noiTe de São joão

53 | a caixa vazia

Sum ário 56 | nem Tudo Podia Ser ruim! 59 | o amigo ineSPerado

62 | a união é a Solução

65 | num quarTo eScuro

69 | Só você SaBe onde eSTá a felicidade

74 | onze BadaladaS

77 | uma aTiTude ineSPerada

80 | o eSPerado ineSPerado

84 | exPreSSando 99 | Breve Biografia

101 | referênciaS BiBliográficaS 102 | ficha Técnica

19

É uma honra tê-la aqui conosco, nossa grande inspira-dora...

Senhora:

Uma pincelada aqui... outra ali... Cores, fadas, reis, prín-cipes, princesas... As telas se formam, o branco, no fundo, continua, embora coberto por nuances cromáticas...

E lá está a alma de Marina: sua imaginação azul, seus gestos cor-de-rosa, sua visão arco-íris da vida...

O leitor reflete. O jovem discute. A ideia toda azul en-volve o ser que segura seus livros. Poucas palavras, muitas ideias. Sugestões. Sinestesias. Beleza.

Seus textos, querida Marina, são poesias que explodem e pulam das páginas de seus livros. Extrapolam o palpável, fundem-se em nossa alma e, então, despertamos para a certeza de que nossos sonhos não podem ficar adorme-

_____ querida e amada escritora _____

Marina Colasanti

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cidos em um cantinho qualquer, nossa vida tem que ser tecida com esmero, nossos encontros com os ventos são inevitáveis, a neve pesada é macia e silenciosa, só flores brancas a rompem, as linhas coloridas dos bordados se fixam, com cuidado elas são cortadas, para que a vida se firme, talvez previsível.

Sua obra, Marina Colasanti, nos permite crescer. No sen-tido mais amplo. Amplia nossos braços, faz-nos estendê-los para abraçar o outro, o mundo. Sua obra torna-nos me-lhores. Faz-nos ouvir silêncios profundos, ruídos estranhos, vozes essenciais. Faz-nos descobrir nossos medos, nossos limites, tantas vezes escondidos em camas de marfim, com o cortinado baixado, sozinhos... Faz-nos enxergar príncipes e princesas. Permite-nos perceber imperfeições. Permite-nos ver a maior perfeição: a completude de nosso espíri-to.

Sua obra, querida Marina Colasanti, nos coloca perto de Deus.

Com muito carinho e respeito,

COLÉGIO DANTE ALIGHIERI

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conTando...

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23

TormenToS

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

Luciana Moreira Kanarek & Paula Leite Serraa partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

24

Desta vez ele tinha certeza de que o som vinha de fora e não de seus conturbados pesadelos. Encolheu-se, como se, assim, pudesse proteger-se. Fazia muito tempo que não se sentia dominado pelo medo. O medo, sentimento que o per-seguira e que tentara esconder nas mais profundas entranhas do seu ser. Vivera em um morro no Rio de Janeiro e não eram raras as vezes em que este era seu único companheiro. Esse som, porém, fez com que todos os seus árduos esforços fos-sem em vão, pois, dentro de alguns segundos, o temido sen-timento o recobriria. As roupas na cadeira já não eram só um amontoado, mas sim seus maiores temores.

Lembrou-se das assustadoras noites em que, sozinho em casa, ouvira tiros e gritos e não tivera quem o consolasse ou protegesse. Felizmente, estudara e conseguira sair da região onde morara. Formado em engenharia, mudara-se para um bairro de classe média em Copacabana, onde pôde afugentar essas lembranças.

Depois dos dois primeiros tiros, outros se seguiram. Por mais antigas, as vivas e incessantes lembranças vinham à tona, fazendo-o pensar que nunca mais seria capaz de enfren-tar outra noite como aquela. Pensou em ligar para a polícia, mas o medo o impedia de mover-se.

Permaneceu, então, encolhido, aterrorizado. Perdeu a noção do tempo.

Na calada da noite, comemorava-se a passagem do Ano Novo. Os fogos de artifício coloriam a escuridão.

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o exTraordinário comum

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

Alice Rogatto e Silva & Angela Perrone Barbosaa partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

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Ele já não aguentava mais. Mexia-se constantemente em busca do desejado sono. Não conseguia. Pensava nas muitas noites em que ficara acordado dessa forma. Os tiros já faziam parte de sua vida noturna.

As doze badaladas da Igreja soaram e, instantaneamente, o barulho dos projéteis cessou. Logo, o que restara era ele e seus pensamentos em seu quarto vazio e escuro, repleto de sombras que dele eram desconhecidas. Mantinha seus olhos fechados. Dormir era seu maior desejo. Outro ruído soara, dessa vez, mais próximo, como se estivesse dentro de seu quarto. Apesar de baixo, seus olhos se abriram novamente. Tentava reconhecê-lo. Era estranho, porém familiar. O barulho foi crescendo, até um ponto em que se tornou identificável aos seus ouvidos. Era um grito desesperado, agoniado e per-turbador. Sim, ele já ouvira esse som anteriormente, tão áspe-ro. Finalmente, percebeu que o som não vinha de seu quarto, e sim, de sua cabeça. O berro era um sentimento de culpa que o atingia. Ele sabia que nada aconteceria na manhã seguinte. Tudo seria igual. Todos fingiriam que nada ocorrera. E o sofri-mento das pessoas atingidas pelos tiros ecoados continuaria.

Ele tinha que fazer algo, contudo seus membros lhe pesa-vam, cravando-o no local em que estava. Talvez estivesse con-denado a levar a vida acostumando-se com o extraordinário como se fosse algo comum, sem importância. Afinal, o que adiantava se arriscar para ajudar alguém que lhe era desco-nhecido. Não adiantaria tentar lutar contra a morte, ela vem para todos. Para alguns, merecidamente; para outros, injus-tamente. Mas, para ele seria injusta a morte? Era seu pensa-mento. O que ele tinha feito além de fugir, esquecer e fin-gir que nada acontecia? Sim, ele realmente merecia a morte como qualquer bandido, foi a conclusão a que chegou. Ele queria mudar. Tinha vontade, mas não a coragem para isso.

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A noite estava morna e silenciosa devido à pausa no tiro-teio. Assim, suas pálpebras se fecharam e o esperado sono veio. Adormeceu profundamente, com a promessa de ser um novo homem, sem medo de tentar mudar as coisas er-radas que todos ignoram, sem medo de tentar mudar o ex-traordinário usual.

28

TiroS na menTe

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

Patricia Mutti e Mattos & Sophia Blasotti Leocadioa partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

29

Ouviu em silêncio o tiro. Ouviu mais outro, e mais outro, e mais outro. Levantou-se e dirigiu-se à cozinha. Sabia que, se tentasse virar para o lado e dormir, não conseguiria. Aqueles tiros continuariam a ecoar em sua mente. Pegou um copo de água e refletiu em silêncio: é normal ter essa aflição toda? Fi-car alarmado toda vez que ouve um tiro, fato que já se tornou comum na sua vida e na vida de quase toda a população? Será que ele era o único a sentir-se assim? A achar que algo estava constantemente errado? O único a achar que a cada tiro sua vida chegava ao fim?

Tomou um longo gole de água. Respirou fundo. Outro tiro ecoou na noite escura. Ouviu outro barulho, diferente daqueles tiros antes ouvidos. Ficou parado, respirando deva-gar e, de repente, sentiu um longo frio na espinha. Lenta-mente, virou-se para trás, já esperando dar de cara com um assaltante, mas nada. Ninguém se movia na casa em que o homem morava, sozinho, porém ele não deixou de sentir aquele incômodo frio. Olhou em volta, acendeu todas as luzes da casa. Pensou consigo mesmo que só poderia estar louco. Continuava a ouvir barulhos próximos e a sentir que era ob-servado de perto por alguém. Jogou o copo na pia e foi para a cama. Não conseguia dormir, ainda tinha a sensação de ser observado por alguém, escondido na escuridão de seu quarto.

O tempo passava e ele permanecia inquieto. Será que ele enlouquecera de vez? Será que para isso havia cura? Quanto mais se perguntava, mais temia descobrir que tinha algum problema. Olhava para cima na esperança de que a resposta lhe caísse do céu. Estava angustiado. Aquela estranha sen-sação ainda persistia em assombrá-lo. Olhava para os lados sem nada ver, procurava por coisas que não existiam. Sim, ele chegara a uma conclusão: sua vida acabaria por levá-lo à lou-cura.

30

Em certo momento, em meio aos seus longos devaneios, pegou no sono. Em seus sonhos, aqueles longos tiros continu-avam a ecoar, na longa noite que, agora, finalmente, se trans-formava em dia.

31

o reino da fofoca

Um dia o Rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda, e tão mara-

vilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de es-conder entre outros pensamentos, encon-trando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda azul.

Clara Varandas Abussamra & Júlia Canuto Ximenesa partir da introdução do conto

“Uma ideia toda azul”, de Marina Colasanti.

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A notícia da tal ideia percorreu por entre as paredes do reino, atravessou ruas, passou por canteiros, correu com o vento e chegou, finalmente, aos ouvidos de cada habitante daquele humilde vilarejo.

O incrível conteúdo afetou a todos de uma forma avassala-dora e foi uma explosão de sentimentos, dos mais diversos aos mais profundos.

As tecelãs do reino acharam absurdo e, por isso, tanto elas como os monges e magos decidiram protestar de tão perturbados que ficaram. Os guerreiros adoraram a ideia e logo começaram a apoiar o Rei, diferentemente dos mendigos que, de tão confusos, enlouqueceram e saíram saltitando pela cidade. Além disso o Ministério não conseguia disfarçar a in-segurança por não ter ideia do que estava se passando. Assim, o reino entrou em guerra. As mulheres contra os homens, o sustento contra a segurança.

Cansado do conflito que estava acontecendo, o Rei decidiu fazer um discurso em praça pública a fim de resolver o pro-blema. Começou dizendo que estava envergonhado das su-posições que seu povo estava fazendo e jurou que nenhuma delas sequer era verdade. A multidão ouvia inquieta. O Rei explicou que não havia possibilidade de existir uma notícia real, afinal não havia ideia alguma. Nesse momento, todos se calaram e olharam atentos a triste face do Rei, que se dizia decepcionado por ter criado um povo tão fofoqueiro e confli-tante. O que o Rei mais desejava nessa hora era partir daquele lugar, mas não poderia, sem antes ensinar-lhes uma lição: “Aquele que é bobo, ouve para crer. Aquele que é esperto vê para crer.”

33

Banalização do aBSurdo

Matheus Cruz Riccio & Marcella Telenta Grossi Fernandesa partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

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Mais assustado do que normalmente, agarrou a ponta do lençol que cobria seu corpo até a altura do peito com ambas as mãos, os nós dos dedos ficando brancos devido à força que exerciam. “Mas que diabos...”, murmurou, enquanto a curio-sidade travava uma luta persistente contra o medo dentro de sua mente. Pelo visto, o medo vencia, ele não conseguia abrir os olhos. Por um minuto, pensou que tudo aquilo não passava de uma bobagem, um mero momento em que o cansaço do dia de trabalho excessivo o deixara tão embriagado que afe-tava até seus sonhos. Pena que estava enganado. Seus olhos poderiam encontrar-se com a escuridão, mas sua mente tra-balhava como louca. Era a curiosidade, a irritante curiosidade que inventa fatos e relatos baseados nos dois ruídos que cor-taram o silêncio da madrugada. Dois não, agora já eram três.

Com um puxão raivoso, jogou o lençol longe e sentou-se na ponta da cama, os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos agarrando seus cabelos. Por que aquilo o estava perturbando tanto, justo aquilo? Não era normal essas coisas acontece-rem na cidade em que vivia? Por Deus, já era uma rotina tão comum que até os grandes e importantes faziam questão de ignorar. Então, qual seria o motivo pelo qual seu coração pare-cia querer sair de seu corpo pela boca?

Uma náusea desagradável atingiu seu estômago, estava suando frio, imaginando coisas. Dois estalos seguidos. Cinco tiros no total. Sentiu que não aguentaria mais. Num salto, levantou-se da cama, dirigiu-se até a janela e abriu o vidro, recebendo uma lufada forte de ar gelado no rosto. Todos os seus pelos se arrepiaram, mas mal prestou atenção. Fechou os olhos e gritou. Gritou com toda a força, a garganta recla-mando de tal esforço, a frustração misturando-se com a raiva. Sua resposta não veio por meio de mais tiros, como havia pensado. Outro grito ecoou, só que esse era bem diferente do

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seu. Dor, sofrimento, perda.

Voltou a abrir os olhos e, sem saber por quê, eles se dire-cionaram para a rua. Uma mãe. Uma criança em seus braços. O choro alto indo e vindo. O vermelho escarlate que escorria da cabeça pequenina saiu ao mesmo tempo em que a lágrima transparente rolou pelo seu rosto. Aquela era a sua realidade agora, aqueles eram os seus monstros. Seu próprio pesadelo real que chegou a tal ponto que não poderia mais acordar e fingir que nada acontecera.

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fio Por fio, linha Por linha

Luísa Bonatto Fairbanks & Giuliana Giacometti Kowalskia partir da introdução do conto

“A moça tecelã”, de Marina Colasanti.

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das

beiradas da noite. E logo se sentava ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Deli-cado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o hori-zonte.

Depois, lãs mais vivas; quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

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Teceu seus sentimentos, seus sonhos, mesclando as cores de seu anseio e, ao mesmo tempo, ansiedade na cor do sol subindo no céu. Sua solidão estava nos tons pastéis de azul de uma nuvem que escondia seu sol. O sentimento de ternura preencheu seu interior: o sol acariciava sua pele e esquentava sua alma. Cantarolava com os pássaros tecendo o seu tapete, fio por fio, linha por linha... Tinha muito o que pensar.

Enquanto ia tecendo seu tapete, olhou mais uma vez para a janela e sorriu para si mesma. O dia estava lindo, com um céu turquesa e nuvens brancas, como seu sonhado tapete. O sol ficava cada vez mas brilhante; o dia cada vez mais quente. As lãs se entrelaçavam com toda a graça, de um lado para o outro, de cima para baixo, fio por fio, linha por linha...

Os pensamentos da menina ficavam cada vez mais claros e ela já não se sentia confusa. Seus cabelos escuros como carvão e seus olhos esmeralda brilhavam com os raios de sol a pino no céu. Ele batia em sua janela e refletia no corpo da menina. Tudo ficaria bem, ela repetia para si mesma.

E as horas passavam, uma após a outra. Enfim, o momento preferido da moça: o crepúsculo. Naqueles poucos momen-tos surgiam tons de rosa riscados, contrastando com o céu indeciso entre o dia e a noite. Nesse momento, a moça parou de pensar. Teve calafrios, mas era um sentimento bom. Sen-tia que tudo ficaria bem. Com os movimentos constantes e repetitivos, ela tecia sem olhar o que estava fazendo. E ela ia tecendo, tecendo... fio por fio, linha por linha...

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Sujar-Se faz Bem

Sophia Grazia Maria Kessin Longoni & Isabela Hawthorne Matucka partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adian-

tava ser princesa se não tinha com quem brincar?Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

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Fazer o quê? Ideias lhe faltavam. Passou noites em claro tentando achar a solução, mas nada. O rei, então, um dia, conversando com reis de palácios vizinhos, percebeu que sua filha não era a única a sentir-se sozinha, as outras her-deiras também eram solitárias. Resolveram, então, promover uma grande festa para que as crianças pudessem se encon-trar. Convidaram a alta burguesia. Foi um grande evento, com malabaristas, palhaços, mágicos vindos da China, guloseimas vindas de todos os cantos do mundo e, no final, cada uma delas ganhou um pônei.

Mas o que será que aconteceu?A festa foi tão maravilhosa, tudo perfeito, porém o rei não viu na filha o brilho nos olhos e o grande sorriso que tanto desejara.

O rei não desistiu, continuou a procurar formas de dei-xar sua filha feliz. Começou a perceber que, todos os dias, no mesmo horário, sua filha corria para seu quarto.

Um dia, então, decidiu ver o que deixava a filha tão an-siosa. Foi algo que ele não esperava, estava lá o que ele tanto procurava: o brilho no olhar da filha, o sorriso maravilhado que há tanto tempo não via.O que ela via? Simplicidade. Cri-anças da vila, rindo, brincando, correndo, divertindo-se, sujas de lama. E era aquilo que sua filha queria. Simples brincadei-ras de crianças. Sem luxo. Logo percebeu que o que a estava deixando triste era a sua extrema proteção, que a privava de viver.

Depois desse dia, o rei mudou a atitude, e obteve resul-tado, sentiu-se satisfeito,pois via a filha todo dia brincando alegre, correndo de um lado para o outro, rindo, com roupas sujas de lama. Mais livre. Mais feliz. Mais criança.

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Tecelã de Sua PróPria hiSTória

Anna Beatriz Anselmi Siviero & Bianca Spina Papaleoa partir da introdução do conto

“A moça tecelã”, de Marina Colasanti.

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das

beiradas da noite. E logo se sentava ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Deli-cado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o hori-zonte.

Depois, lãs mais vivas; quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

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E ela tecia tranquila e delicadamente, como se a linha fosse sua única amiga. De fato, era sua única companheira. Em sua avançada idade, havia desistido das pessoas já fazia tempo. Pessoas magoam, iludem, destroem. Destroem sentimentos e esperanças, destroem amizades e corações. Cansou-se de ser magoada, de ter seus sentimentos pisoteados sem dó por um turbilhão de palavras e atos que cortavam como facas seu co-ração. Cada palavra de ódio proferida a ela, uma facada. Cada ato feito com o intuito de magoar, mais uma facada. Cansou-se de ser machucada. Desistiu de todos e de tudo, com ex-ceção do tear.

Tecer lhe trazia paz. Uma paz que antes do tear havia sido esquecida; havia sido enterrada junto com suas esperanças e sonhos, junto com a fé que uma vez teve nas pessoas. Pessoas lhe traziam transtornos, o tear não. Por isso tecia como se a-quilo fosse sua vida. Dedicava todo o pouco de ternura que lhe sobrara no coração amargurado; todo aquele pequeno vestígio de amor, ao tear.

As linhas eram cuidadosamente escolhidas de acordo com a hora do dia. Observava o céu pela janela por longos minutos, para ter a certeza de que faria a escolha certa. Sem mais pressa; sem mais erros, tinha cansado de errar. Então, pegava o carretel e desenrolava um pedaço. A nova lã pas-sava suave e quente por suas mãos, já secas e ásperas. Fazia um delicioso contraste com a madeira fria e tenaz do tear. Madeira essa que tinha um cheiro bom, penetrante. Cheiro de infância.

Infância era, talvez, a única palavra de todo o dicionário que lhe trazia boas lembranças. Lembranças de sua mãe, do carinho que um dia recebeu, de sua inocência e ingenuidade.

42

Lembranças do carrinho de sorvete, dos amigos, das preo-cupações bobas, dos sorrisos. Uma lágrima escorreu por seu rosto quando se lembrou dos sorrisos. Quando foi a última vez que sorriu de verdade? Não se recordava: fazia anos. Seu sorriso fora enterrado junto com sua paz e com sua fé nas pessoas.

Mas hoje não se arrependia de ter desistido. Estar so-zinha agora era bom, confortável. Não precisava se preocupar com mais ninguém. Eram só ela e a lã. E junto com a lã, tecia sua vida, pois não importa quantas voltas ou quantos nós a linha dava; quantas vezes ia para cima e para baixo, tudo se transformava em algo lindo.

43

o Tiro

Carolina Abrusio Carneiro da Cunha & Rafaela Valentini Esequiela partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

44

Então ele sentiu. Foi como um ferro em brasa atravessando seu ombro. Não pensava. Era apenas o fogo ardente que pe-netrava cada vez mais fundo em seu ombro e uma escuridão sem fim que o engolia agressivamente, sem pena.

Acordou suando frio. O calor continuava a emanar de seu ombro. Vestiu-se e pegou o carro. Dirigiu para o hospital, não se importando com o que ocorria em volta, querendo apenas que retirassem a bala. Chegando ao destino, sentou-se na ca-deira e aos poucos foi apagando.

Estava de volta em seu apartamento. O calor já havia pas-sado, mas o sangue se alastrava por sua cama. “Estou morren-do...” pensou. “Logo, morrerei de hemorragia. Eu não posso morrer. Sou muito jovem! Tenho muito ainda que viver.” Não conseguia pensar direito. A única coisa que vinha à mente era o mar de sangue em que se encontrava agora, e a ideia de que aqueles fossem seus últimos minutos de vida. Sabia que não conseguiria pedir ajuda e chegar a tempo ao hospital. Apenas esperou que a morte viesse e o levasse no colo. Tinha certeza de que morreria, mas sempre há uma pequena esperança, apesar de inútil. Pensava que, se sobrevivesse, aproveitaria mais a vida. Lutava para manter seus olhos abertos, mas foi vencido pelo cansaço e pela aceitação de que nada mais adi-antava fazer.

Luz. A luminosidade do céu ofuscava seus olhos. Aquilo não se parecia com nada que havia imaginado. Não era nem tão belo nem tão perfeito como todos julgavam ser. Era ape-nas luz...

___ Senhor?

Olhou rapidamente para o local de onde a voz vinha. Era um homem de jaleco branco.

45

___ O senhor é Deus? Eu morri? ___ Não, sou seu médico. E ninguém morre com uma picada

de mosquito, mesmo sendo alérgico. ___ Mas que história de mosquito é essa? Eu não levei um

tiro? ___ Acho que essa picada o afetou psicologicamente ___ riu

o médico.

Após tomar um injeção, já estava pronto para retornar para casa. Estava radiante com o fato de tudo ser fruto de sua imaginação. Na verdade, sabia que aquilo não era apenas um sonho. Era o seu maior medo sendo exposto a si mesmo. Tinha medo de morrer. Mas não o simples fato de morrer, e sim de perder todos os que ama. A vida tem que ser vivida ao lado dessas pessoas. Feliz.

Quando estava saindo, lembrou-se de agradecer: ___ Muito obrigado, doutor...? ___ Jesus. E não há de quê, meu caro.

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48

PreSenTe

Laura Farah Feitoza & Ligia Lisboa Rodrigues de Assisa partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser

princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

49

Depois de muito pensar, teve uma brilhante ideia. Chamou um de seus criados e mandou-o arrumar um animal de esti-mação para a princesa.

Após algum tempo, o criado voltou de sua missão com uma caixa misteriosa. O rei chamou a princesa para entregar-lhe sua surpresa. Ela, com um tom de curiosidade em sua usual expressão de tristeza, aceitou de bom grado.

Já em seu quarto, sem poder conter a ansiedade, abriu a caixa e de lá, com passos medrosos, saiu um passarinho. Um passarinho frágil e colorido. A princesa não entendeu bem o porquê do presente, mas sorriu e agradeceu.

Semanas se passaram, e o reino não ouviu sequer um som do passarinho ou da princesa. Ele se perguntava o que havia de errado. Começou a pensar em outra forma de alegrá-la, mas nada vinha em sua mente. Finalmente, foi até o quarto da princesa e, enquanto ela não estava olhando, abriu a porta da gaiola. Pelo menos, assim, acabaria com o sofrimento do passarinho.

Receoso, o passarinho olhou em volta, abriu as asas e começou a voar pelo castelo. Seu canto ecoava pelo quartos frios. Quando a princesa ouviu, pela primeira vez, o piado de seu bichinho, abriu um sorriso sincero e foi atrás do passari-nho, rindo como nunca antes.

O rei mal podia acreditar: o passarinho começara a cantar e isso fizera a princesa se alegrar. Esse foi um dia que o rei sempre lembrará.

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maiS uma noiTe de São joão

Carlos Eduardo Kodaira de Almeida & Bruno Lanzellotti Medeirosa partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

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Abriu os olhos rapidamente, com o medo percorrendo a espinha. Levantou devagar da cama, olhou para o lado e viu que a esposa continuava a dormir tranquila; colocou seus chinelos e foi em direção à janela, para ver o que estava acon-tecendo. Com os dedos trêmulos, abriu uma fresta na cortina e deu uma espiada, não havia ninguém, e só se ouvia o vento batendo fortemente na janela.

Resolveu ir à cozinha e tomar um copo de água com açúcar, para ver se acalmava os nervos. Abriu a porta do seu quarto suavemente e foi andando na ponta dos pés para não acordar seus filhos.

Abriu a geladeira, pegou o resto de água que ainda havia na garrafa, colocou em um copo e começou a misturar com o açúcar.Ficou misturando e misturando enquanto pensava no que poderiam ter sido aqueles barulhos.Tomou sua água e começou a caminhar em direção ao quarto, quando outro tiro estalou na rua, mas agora seguido de passos e gritos.

Suas pernas amoleceram e seu coração disparou, estava havendo um tiroteio e estava chegando cada vez mais perto.Com o medo tomando-lhe o corpo e a mente, foi ao quarto e acordou sua esposa, contou-lhe o que estava acontecendo e pediu para ela ir ver como estavam as crianças.Com as mãos suadas e trêmulas, pegou o telefone e começou a discar com dificuldade o número da polícia, quando, de repente, a luz acabou e o telefone ficou mudo; novamente outro grito foi ouvido vindo da rua, era o grito de seus filhos! Foi para o quarto deles, não havia ninguém lá, apenas a mulher choran-do, apoiada na cama vazia da filha mais nova.

Desesperado, desatou a chorar, com medo de tê-los per-dido, mas tomou coragem, ao sentir que a vida deles corria perigo.Dirigiu-se rapidamente para a porta, girou a maçaneta

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com o medo de ver do outro lado a imagem dos corpos de suas crianças estirados no asfalto frio daquela rua. A porta, porém, se abriu mostrando-lhe uma imagem inesperada. Fi-lhos e amigos brincavam perto de um poste de luz que caíra e soltavam bombas, em mais uma noite de São João.

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a caixa vazia

Isabella Biscolla Robic & Bruna Scramuzza Barretoa partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser

princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

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O rei chamou os ministros e mensageiros e criou no reino um concurso para achar uma boa amiga para sua filha. Ela deveria ser doce, fiel, companheira e perfeita em todos os sentidos.

Foi decidido que todas as meninas do reino, dali a três dias, ao cair do sol, se apresentariam no jardim do palácio com um presente para a princesa. Aquela que tivesse o presente mais incrível seria a escolhida para viver no palácio com sua família e acabar com a tristeza da menina.

E assim foi. O sol ainda estava escaldante quando as primei-ras meninas começaram a chegar, vestidas em seus melhores vestidos, com caixas de todos os tipos nas mãos: pequenas, gigantescas, decoradas, coloridas, uma mais magnífica do que a outra. A princesa observava as jovens entrando em seu pa-lácio, sentindo-se estonteada. Dali a poucas horas teria uma amiga com quem brincar! Uma daquelas garotas bonitas, simpáticas e bem arrumadas seria sua melhor amiga. Com um ar maravilhado, ela sonhava.

Até que seus olhos miraram uma garotinha ruiva, baixinha e calada. Tinha nas mãos uma caixa preta, pequena. Por al-gum tempo a observou com ar curioso, até que o rei anunciou o início do concurso.

As meninas se apresentavam, uma a uma, com as mais lindas bonecas, ou delicados jogos de chá, mas nada daquilo realmente interessava à triste princesinha.

Até que chegou a vez da menina ruiva, que ela havia no-tado. Lentamente, abriu sua caixa com os olhos baixos e, sor-rindo, olhou para a princesa.Todos se chocaram. A caixa es-tava vazia. A menina disse:

___ Para que um presente, Alteza? Você já tem todos os

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presentes do mundo, mas ainda assim é triste. O melhor que você pode ganhar é a amizade e a fidelidade que só uma ver-dadeira amiga pode lhe dar. Tenha certeza de que isso eu lhe darei. Este é o meu presente!

Aquela era a última menina a se apresentar. A princesa olhou para o pai, com alegria nos olhos. O rei logo enten-deu. Essa era a amiga que a filha tanto sonhara ter. Declarou, então, que aquela seria a menina escolhida, que dali em di-ante moraria em seu reino, brincaria junto com a filha e se divertiriam todos os dias.

As duas sorriram com a alegria claramente estampada em seus rostos. A princesa, naquele momento, experimentou um sentimento nunca antes percebido: a felicidade.

Era linda, era filha, era única. E, agora, era feliz.

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nem Tudo Podia Ser ruim!

Bruna Reis Bertazzo & Mariana Faria Camargo de Carvalhoa partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser

princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

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Iria levá-la para fazer uma viagem ao reino de seu amigo, o famoso sultão Moohamad Alikarin, para que ela conhecesse o seu filho, Abdul Alikarin.

Quando a menina soube, ficou muito feliz e saiu correndo para arrumar as malas.

A recepção que tiveram, ao chegar ao reino, foi maravilho-sa, mas logo que a princesa Ananda se deparou com o prín-cipe Abdul, não simpatizou com ele, sentiu que iria ter pro-blemas. E foi o que aconteceu: o príncipe implicou com ela o tempo inteiro e isso só fez com que ela se sentisse mais triste ainda. O pai, então, vendo que a sua ideia não dera certo, de-cidiu voltar para o palácio.

No dia seguinte, na hora da partida, a princesa, na saída do palácio do sultão, percebeu a presença de um homem muito bonito e elegante, Eduardo Alikarin, primo de Abdul. Ele se apresentou a ela e, pela primeira vez, a jovem experimentou um sentimento muito bom. O pai chamou-a para fora, estava na hora da partida, mas ela não queria mais ir, aquele homem a prendia lá. Foi então que ele falou:

___ Cara princesa Ananda, me sinto honrado de conhecê-la. ___ beijou sua mão- Mas algo me faz pensar que está de par-tida, verdade?

___ Sim, príncipe Eduardo. Estou indo embora agora. ___ Mas por quê? Não gostou daqui? ___ Na verdade até este momento não, mas agora sinto que

quero ficar. ___ Então fique!

A princesa deu um sorriso e foi até a frente do palácio, onde seu pai a esperava. Pediu-lhe para ficar e ele, um pouco

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surpreso e cansado, concordou. Então Ananda voltou para onde Eduardo estava e lhe disse que ficaria mais alguns dias.

Nos últimos dias em que Ananda esteve no reino, ela e Eduardo se apaixonaram. Quando o pai afirmou à filha que logo partiriam, Eduardo a pediu em casamento. Para finalizar sua estada no reino, eles se casaram e Ananda nunca mais se sentiu só.

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o amigo ineSPerado

Vitor Chiodo Soler & Francisco José Begliomini Giannoccaroa partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser

princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

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Vendo a sua filha daquele jeito, tão infeliz, ele não pensava em outra coisa sem ser no seu sofrimento, pois não conseguia ajudá-la, não importava o quanto tentasse. O rei oferecia-lhe presentes caros, mas isso não a alegrava. Também era um homem muito ocupado, por isso passava pouquíssimo tempo com a filha, o que dificultava ainda mais o diálogo entre eles.

Ele não conseguia nem comer nem dormir por causa da sua preocupação com ela. Uma menina que tinha tudo para ser feliz nesse estado lastimável, sofrendo de solidão por não ter ao menos uma amiga para dividir suas alegrias e desco-bertas. A mãe, sua única amiga, morrera em um grave aci-dente, o que impediu a princesa de sorrir por um bom tem-po. Com a menina naquele estado, o rei ficava cada vez mais doente e morria aos poucos.

Com o pai doente, a princesa ficava sozinha em seu grande e luxuoso quarto, chorando de tristeza na sua confortável cama. A solidão pesava tanto em sua alma que a menina pen-sou até em se matar, para acabar logo com tudo, pois não es-tava aguentando mais, mas não teve coragem. Em seu quarto, a princesa só pensava nos bons e maus momentos que pas-sara com a mãe.

Um dia, por uma obra malvada do destino, o rei morreu, o que deixou a filha desconsolada. Agora, o reino era governado pelos conselheiros, pois a menina era muito nova para assu-mir o trono, e a sua única companhia eram os empregados, com quem ela não falava muito.

Tempos depois, eles começaram a ouvir risadas vindas do quarto da menina, onde ela passava a maior parte do dia. Os empregados estranharam e acharam que ela havia en-louquecido. Ofereciam a ela todos os tipos de brinquedos,

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procuravam distraí-la com coisas agradáveis, mas ela não saía do seu quarto.Querendo saber o que estava acontecendo, o cozinheiro real abriu a porta e entendeu o motivo de tanta felicidade.

A princesa finalmente tinha encontrado uma companhia, alguém com quem compartilhar a sua angústia: um gato sia-mês, marrom e peludo. E o empregado percebeu que todos aqueles anos de tristeza e solidão tinham sido substituídos pelo amor ao pequeno animal que havia aparecido na vida da menina.

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a união é a Solução

Bruno Ferrari & Weilin Christian Zago Wanga partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser

princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

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O aniversário da princesa estava próximo, e o rei teve uma ideia, a seu ver, bri-lhan-te: ele adotaria uma menina da idade de sua filha como presente de aniversário! Na manhã do dia do aniversário dela, foi ao orfanato e levou Lia, uma linda e brincalhona menininha para casa e apresentou-a à sua filha. A recém-chegada estava incrivelmente alegre, mas a prin-cesinha... Bom, a princesa estava meio desconfiada. De início, não gostou da presença de Lia no palácio e, a princípio, fez-se indiferente. Mas, aos poucos, a menina foi conquistando o coração da princesinha.

Na festa de aniversário da princesa, Lia estava se dando muito bem com todos. Mas isso era um problema: ela estava dando muita atenção às outras pessoas. A princesa estava com ciúmes do seu “presente”. Lia, então, vendo que a prin-cesa estava desanimada, chamou-a para conversar. A garota se aproximou, e Lia perguntou se ela não gostaria de brincar com os convidados. A outra então disse que gostaria de brin-car sozinha com ela.

___ Por que você não disse antes? ___ perguntou Lia.

Elas foram brincar no jardim. Ambas nunca haviam se di-vertido tanto. Porém, quando voltaram ao palácio para comer o bolo, chegou uma notícia que as arrasou:

___ Lia, fiquei sabendo que você foi adotada pelo rei e re-solvi vir para a festa buscá-la e levá-la de volta para casa. Eu sou sua mãe.

___ Como assim?-perguntou a garota, perplexa-Minha mãe me abandonou há mais de seis anos!

___ Pois é. Mas agora eu voltei para buscá-la ___ respondeu a moça, enquanto a princesa ficava pálida, imóvel.

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Percebendo um tumulto perto da mesa de pinho, o rei foi perguntar do que se tratava, e a desconhecida explicou. O homem não acreditou, e sem titubear, levou a suposta mãe ao orfanato, para saber se era verdade.

Com exceção da mãe de Lia, todos ficaram aflitos. De-pois de pensar um pouco, o rei decidiu perguntar à Lia se ela preferia ir com a mãe ou permanecer no palácio. Lia demorou a responder, mas acabou mesmo fazendo uma nova pergunta ao rei:

___ Por que nós não fazemos assim: eu continuo moran-do aqui e Vossa Majestade permite que minha mãe more conosco? Afinal, eu amo vocês, mas nunca tive uma mãe.

A mãe aceitou, entusiasmada. Ela preferiria levar logo a filha para casa, mas ficar morando no palácio real com ela também não era má ideia. Depois de muito pensar e de ouvir alguns argumentos a favor da ideia, vindos da filha, e de Lia e de sua mãe, o rei assentiu. “Para falar a verdade, não acho que essa mulher é gente má. E até que é bonita!”-pensou o rei.

A felicidade foi geral. Lia e a princesa comemoraram muito, e o rei, no final da festa ___ que agora celebrava também a per-manência de Lia no palácio ___, comunicou à mãe de Lia que desejava casar com ela.

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num quarTo eScuro

Elizabeth Poloni Batista & Isabela Comegna dos Santosa partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

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Tornou a abrir os olhos. Estava preocupado. Ficou espe-rando algo acontecer. Tinha uma sensação estranha. Pare-cia que alguém o observava. Os tiros haviam cessado nova-mente, mas ele ouvia outra coisa agora. Uma respiração alta e descompassada tomava conta do quarto. Levantou, então, a cabeça do travesseiro, olhou para os lados e viu a fonte da respiração. Sentada na cadeira, uma mulher o fitava, com um olhar de ternura e tristeza. Ele ficou perplexo. “Quem poderia ser aquela mulher?” pensava. Tomou, então, coragem e cor-tou o silêncio com uma pergunta:

___ Quem é você? ___ tentou parecer calmo, mas agora um ar tenso tomava conta de sua face. Não sabia quem era a mu-lher e tinha medo de que ela estivesse ali para lhe fazer mal.

Como se pudesse ouvir os pensamentos do homem, ela começou a chorar. Ele ficou parado, com medo de di-zer qualquer coisa, esperava-a parar de chorar. Sua cabeça começou a doer. Queria sair dali o mais rápido possível. Mas se deteve. Ela se acalmou e, com uma voz doce e materna, disse:

___ Sua... ___ soluçou ___ mãe.

Um silêncio tomou conta do quarto. ___ Mas eu não te conheço!-o homem levantou da cama e

se aproximou da mulher para vê-la de perto. Conseguia agora enxergar sua face envelhecida pelo tempo. Realmente não conseguia se lembrar da senhora sentada na cadeira.

A mulher curvou-se então para o homem e deu-lhe um beijo na testa. Via-se que não era um beijo carinhoso. Ela es-tava apenas se certificando de que ele não estava com febre. Tinha uma expressão preocupada. Ele estava quente e suado.

___ Deite-se. ___ ordenou a senhora.

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Ele queria sair daquele quarto, para longe daquela mulher e de todos os ruídos ___ . Mas se deitou. Ela o observou por um tempo. Lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, e algumas se prendiam em suas rugas. Ela estava tendo um pressentimen-to. Sentia que algo ruim iria acontecer ao homem. Ele estava muito febril. Talvez não passasse daquela noite.

Providenciou uma compressa de água fria e colocou na tes-ta do rapaz. Ele estava confuso com tudo o que estava aconte-cendo. “Como ela pode ser minha mãe, se eu nem me lembro dela, se ela morreu quando eu era criança?”, questionava-se. Não sabia. Depois de algum tempo tentando se lembrar de tê-la visto antes, começou a ver coisas estranhas. Estava tendo alucinações, de repente via o quarto tomado por cores vibrantes. A cama agora virara uma envolvente teia de ara-nha. Mais tiros quebravam o silêncio da rua escura. Fechou os olhos. Não sabia o que estava acontecendo. Queria sair dali e que tudo voltasse ao normal. E aquela mulher sentada ao seu lado continuava a observá-lo. Ele sentia isso, mesmo com as pálpebras fechadas e o suor lhe escorrendo pelo rosto e ce-gando parcialmente sua visão quando eles estavam abertos.

A senhora continuava olhando-o. Não sabia mais o que fazer. Ele estava piorando. Teve uma convulsão. A mulher que dizia ser sua mãe se assustou. Perguntou como ele se sentia. e ele nem se mexeu. Era como se não ouvisse mais nada. Ela fechou os olhos. Tentava espantar os pensamentos ruins. Os dois ficaram em silêncio por alguns poucos minutos. O homem por estar incapacitado de falar, e ela porque estava preocupa-da. Seu filho parecia em transe e a febre não baixava.

Ela tornou a abrir os olhos. Teria que lutar, de nada adian-tava ficar parada. Tentou diminuir a alta temperatura do filho com mais compressas frias, mas seu esforço foi em vão. Logo

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viu o filho abrir os olhos e ficar ainda mais pálido. ___ Sinto muito. Não queria te fazer sofrer.

Ela o encarou perplexa. Ele agora ouvira outro tiro. Sua mente o deixaria louco se os tiros imaginários não cessassem. Por um momento tudo se encaixou em sua cabeça. Ele se lem-brou de ter se sentido observado por dias. Decerto a mulher estava lá há muito tempo. Então achou que devia recompen-sá-la de alguma forma.

___ Eu te amo, mãe. ___ ele não tinha certeza de que era sua mãe, mas ela ficaria feliz ao pensar que ele se lembrava dela.

Um esboço de sorriso tomou conta da face da mulher. “Sim, ela ficou feliz” pensou ele. Tornou então a fechar os olhos.

Agora parecia mais sem vida do que nunca. Assustada, como se pressentisse o pior, foi ver se o filho estava vivo. Ela levantou suas pálpebras. Uma lágrima escorreu pela sua face enrugada. Os olhos dele estavam sem vida, sem aquele brilho de que ela tanto gostava. Triste, cobriu a face do filho com o cobertor. Secando as lágrimas, a senhora saiu do quarto. E, quando foi fechar a porta, olhou pela última vez o corpo do filho. Estirado na cama, esfriando. Mas, pelo menos, ele tinha se lembrado dela. E dito que a amava.

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Só você SaBe onde eSTá a felicidade

Gabriela Carraro Trevisioli & Tiffany Altenfelder Silva Mesquita D´Agostinhoa partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser

princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

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Mas, antes que fizesse isso, Dominique já havia feito.

Quando entrou em seu quarto, ela estava rindo, muito fe-liz, fazendo um movimento com as mãos. Então, o pai lhe per-guntou:

___ Do que ri, Dominique?

Neste momento, ela o olhou e disse: ___ Mas, não vê, papai? Estou brincando com minha amiga

Charlote!

À primeira vista, o rei Bernardo achou muito estranho, mas ficou com dó, pois Dominique estava tão feliz, que ele decidiu não estragar aquela felicidade que não via há algum tempo. Sem entender muito bem, percebeu que era uma amiga ima-ginária.

Então, ele foi tirar a sua soneca da tarde e, quando acor-dou, foi procurar Dominique, mas ela não estava em lugar ne-nhum. Decidiu checar o jardim. Perto dele havia um rio, o que o fez ficar aflito.

Ele foi em direção ao rio e encontrou-a do outro lado da margem, na ponta dos pés, pronta para pular.

O rei Bernardo se desesperou, porém o previsto aconte-ceu, Dominique que se atirou nas águas.

Ainda que estivesse longe, disparou, como um raio, em di-reção a sua filha, gritando:

___ Dominique, não faça isso!

Ela, já na água, replicou com dificuldade: ___ Pai, quero ir viver com Charlote, no país onde tudo é

perfeito, lá serei feliz.

E assim, ela se entregou à forte correnteza do rio. Como

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não sabia nadar, naturalmente começou a se afogar e des-maiou.

O pai, que havia sido veloz, foi capaz de alcançá-la e trazê-la para a margem do rio.

Após alguns segundos, o rei, já desesperado e achando que a princesa havia morrido, gritou:

___ Dominique, eu te amo. Por favor, não se vá!

Naquele momento, uma estrela de brilho ofuscante pas-sou pelo céu e Dominique abriu os olhos. No instante em que viu a feição do pai, o desespero dele e todo o amor que ele sentia, percebeu que o que a fazia feliz sempre estivera diante dela.

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onze BadaladaS

Ingrid Assagra Ribeiro & Érica Fernandes Costaa partir da introdução do conto

“A primeira só”, de Marina Colasanti.

E ra linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser

princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava.

Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite?

Decidiu acabar com tanta tristeza.

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Ficou pensando, pensando... Não sabia o que fazer, as ideias não fluíam em sua cabeça dolorida. Olhava ao redor, tudo estava escuro. Apenas uma pequena lamparina acesa em seu criado-mudo espantava a falta de luz. Ouviu, ao longe, o sino da igreja. Onze badaladas. Começou a andar em cír-culos pelo quarto, as tábuas do chão rangiam com seu peso. Fechou os olhos, na tentativa de se concentrar. Lembrou-se da infância da filha. Era tão feliz, alegre, sorridente! Estava sempre correndo e rindo, aqui e acolá com os amiguinhos. Extrovertida e inteligente, destacava-se entre as meninas no-bres por ser bonita, além de muito simpática.

Infelizmente, parecia que toda essa alegria havia sido se-pultada junto com a mãe e com a paz que antes reinava ali. Os tempos andavam difíceis, as pessoas passaram a não apoiá-lo mais. Já havia recebido muitas cartas, com ameaças nada deli-cadas, com uma assinatura diferente e estranha, quase como um polegar invertido. Isso o preocupava muito: sem tempo para a família, tinha se distanciado muito da filha.

Mas aquilo tudo poderia ser resolvido em um piscar de o-lhos. Era simples: tudo o que os dois precisavam era de uma boa conversa, de pai para filha. Assim a princesa ficaria segura de contar os seus segredos para o pai, sem vê-lo como o Rei. E para o pobre pai seria tranquilizador: um problema a me-nos com o qual se preocupar. Sim, iria falar com a filha. Tossiu com orgulho, deu um sorriso aliviado. Um, dois, três, quatro: sim, ele estava contando os próprios passos. Abriu a porta, bem devagar, para não fazer barulho. Ainda assim, ouviu um ranger de madeira. Passo a passo, foi até o quarto da filha. Hesitou. Iria mesmo? E se ela não quisesse falar com ele? E se ela ficasse ainda mais triste com a vinda do pai? E se não desse certo?

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Encostou-se à porta. Teve um calafrio. Agarrou a maça-neta, como a um salva-vidas. Isso tem de dar certo. Girou-a lentamente. Um ranger na porta. Essa é a hora. Entrou no quarto e...

___ Crianças, é hora de dormir. Papai, continue a história amanhã, sim? ___ abraçou o velho rei, com carinho.

___ Ah mãe, deixa o vovô acabar de contar, vai! Estava na parte que dava mais medo, mais friozinho na barriga! - grita-ram ao mesmo tempo as duas crianças que, atentas, ouviam a história do avô e da mãe. ___ O que aconteceu depois? Conta, vovô!

O rei sorriu. Olhou para a filha. ___ Não importa, não importa mais, meus queridos neti-

nhos. O importante é que, agora, estamos todos aqui unidos, como uma família. Agora, vamos todos dormir, e amanhã o vovô termina de contar a história.

Apagou a vela do quarto das crianças, beijou-as com cari-nho. A filha já estava na porta, esperando pelo velho monarca. Caminharam juntos pelo corredor que unia os quartos. Rindo, a princesa disse:

___ Ainda bem que o senhor não contou o final, não é? ___ e começou a rir, sem parar.

O rei olhou para ela com um sorriso sereno nos lábios. Ao longe, ouviram o sino da igreja. Onze badaladas.

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uma aTiTude ineSPerada

Renata Colla Thosi & Lia Paula Poloni Batistaa partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

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Acordou desesperado. Tentou ver se sua mulher estava acordada. Achou que não, pois não se mexia. Melhor assim, pois, se estivesse, ficaria muito assustada. Pensando nesse acontecimento e na mulher, acabou cochilando.

Acordou depois de alguns minutos, com olhos de desespe-ro, por causa de uma forte rajada de metralhadora. Começou a ouvir um barulho rápido e áspero que vinha de dentro do quarto, percebeu que era a respiração de sua mulher. Ela es-tava acordada. “Começou”, ele disse. Os dois ficaram alguns segundos em silêncio. De repente, gritos. Com tanto baru-lho, resolveu ver pela pequena janela o que realmente estava acontecendo.

Levantando da cama vagarosamente, ouviu a mulher sus-surrar para que não se levantasse, ele respondeu no mesmo tom que iria somente olhar por trás dos pequenos vidros da janela. Ela respondeu para o marido, com uma voz muito a-flita, que, se ele fosse ver o que estava acontecendo, poderia receber uma bala perdida. O marido não falou nada, mas con-cluiu que a mulher estava certa, porém tinha de tomar co-ragem e ver o que estava acontecendo. Foi caminhando silen-ciosamente até chegar à janela. Sem sucesso, não conseguiu ver nada, apenas a rua e alguns carros. Aceitou a desculpa que era de madrugada. Voltou para a cama assustado.

Perguntou à mulher que horas eram. Ela respondeu apenas que era tarde e que já deveriam estar dormindo. Então o marido concordou com ela e tornou a deitar-se. Fechou os olhos devagar ao som do tiroteio, que ia aumentando cada vez mais. Acordou novamente com uma angústia tomando seu coração, incomodado com o barulho dos tiros; foi até a janela novamente. Viu que estava embaçada. Com certeza es-tava uma noite bem fria lá fora. Mas não adiantava, não se via

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muita coisa com a neblina que se formava. Forçando os olhos, conseguiu ver um vulto meio vermelho no chão da calçada; não sabia o que era. Teve a ideia de pegar um binóculo que se encontrava ao lado de sua cama. Pegou-o, olhou o vulto pelas lentes transparentes e se assustou. Aquilo era um corpo. Um corpo ensanguentado caído no chão frio. O desespero tomou conta do rapaz que colocou um roupão e saiu correndo escada abaixo para ajudar o pobre moço que estava quase morrendo. Já ao lado do corpo, começou a examiná-lo com cuidado.

Estava frio e branco. Concluiu que, se não estivesse morto, estaria quase morto. Decidiu que, com cuidado, sairia da cena do crime, ligaria para a polícia e para os bombeiros e voltaria em segurança para o seu aconchego. Saindo de fininho para que ninguém o visse, ouviu um grito agudo cortando a noite, chegando a seus ouvidos e penetrando em sua cabeça. “Cui-dado!” era o que ouvia.

Olhou para cima e viu a mulher chorando enquanto olhava desesperadamente para ele do quarto andar. Em seguida, um forte sentimento de angústia penetrou em seu coração, algo que lhe doía no peito e que o fez cair na calçada. O que seria aquilo? O desespero ao ver sua mulher gritando? Uma bala perdida? Sim, uma bala perdida. A mulher correu contra o vento e deitou-se ao lado do marido, enquanto passava as mãos geladas pelos joelhos, pelo peito ensanguentado, pela cabeça, pelo rosto banhado em lágrimas.

Desesperada, deitou-se no chão, aconchegando-se ao marido e deixou sua alma juntar-se à dele.

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o eSPerado ineSPerado

Fernanda Paula Salomão & Raíssa Hallack Dreicona partir da introdução do conto

“Começou, ele disse”, de Marina Colasanti.

Acordou com o primeiro tiro sem saber por que tinha acordado. Tra-

zia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpe-bras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe di-zia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.

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Preocupado, saltou da cama e olhou pela janela. A rua es-tava deserta, não havia ninguém lá. A sua visão ainda estava meio embaçada, mas ele se lembrava perfeitamente de que na cadeira, antes de dormir, tinha apenas o terno que usara no dia anterior. Naquele momento, além de servir de apoio a muitas roupas jogadas, estava posicionada na frente do ar-mário, dando a impressão de que tinha sido usada como uma escada.

Com muito sono, queria retornar à cama e esquecer tudo, mas sua curiosidade sobre o que estava acontecendo era maior. Começou, então, a procurar pelo quarto algo que pro-vasse a passagem de alguém por ali. Quando estava retirando a cadeira da frente do armário, a porta do quarto se abriu fazendo um ruído assustador. Correu em direção a ela com o intuito de fechá-la, porém foi interrompido pelo barulho de um objeto caído: um porta-retrato. Abaixou-se para pegá-lo e viu pegadas de lama que desciam as escadas.

Mais assustado do que nunca, e agora com a certeza de que alguém tinha estado ali, desceu as escadas lentamente, acompanhado pelo estalar da madeira.

Chegando lá embaixo, avistou uma poça de sangue e, ao lado dela, um corpo ferido: um homem vestido de preto que parecia estar morto. De repente, ouviu o barulho do micro-ondas. Caminhou em direção à cozinha com o coração saltan-do pela boca. Aproximou-se da porta, entreaberta, e viu um vulto com uma espécie de faca na mão. Deu um grito, involun-tariamente, e chutou a porta, como que se preparando para o ataque. Ouviu o tilintar de um objeto chocando-se contra o chão. Entrou na cozinha. Sua respiração ofegante foi inter-rompida pela fala de um homem:

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___ Senhor, me desculpe a falta de educação, mas estou com muita fome. ––– disse ao mesmo tempo em que masti-gava um pedaço de pão.

___ O que você está fazendo aqui? ––– perguntou, ainda muito assustado, ao ver que o homem era um policial.

___ Acho que o senhor tem um sono bem pesado. Não per-cebeu que sua própria casa estava sendo invadida?

___ Invadida? ___ Ao ouvir um barulho estranho, seu vizinho nos ligou e

viemos rapidamente. Logo que cheguei, a porta estava aberta e um jovem que descia as escadas me deu um tiro. Eu, por impulso, atirei também. Por sorte não fui ferido, já que, como todo policial, uso colete à prova de balas.

A conversa foi interrompida pelo barulho de uma am-bulância, que trazia alguns médicos, retirando dali o suposto assaltante.

Dessa vez sua intuição não falhara, sua casa tinha sido in-vadida.

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exPreSSando...

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“Escrever é um grande prazer em minha vida. Ter meu conto escolhido no Contando 2010 foi uma oportunidade maravilhosa. Agradeço ao Colégio Dante Alighieri e a Marina Colasanti por essa ex-periência memorável.”Alice Rogatto e Silva

“Escrever um conto foi bem legal, principalmente porque eu não estava me dando bem com esse gênero narrativo. Foi uma ótima experiência. Não esperava que meu conto chegasse à final nem fosse publicado, mas, no fim, ele foi escolhido me dei-xando muito feliz. Agradeço ao Dante e a Marina Colasanti por essa oportunidade.”Ângela Perrone Barbosa

“Sempre gostei de escrever, e sempre escrevi mui-to. Ganhar o Contando 2010 é, de certa forma, ver que meus esforços estão sendo reconhecidos e que sou boa em algo de que realmente gosto.”Anna Beatriz Anselmi Siviero

“Participar do Contando 2010 foi, com certeza, uma experiência única para mim. Poder expressar todos os meus sentimentos sobre determinados assuntos e, principalmente, poder dividir tais sen-timentos com as pessoas me deixam imensamente feliz. Ter ganhado foi apenas uma consequência maravilhosa de um trabalho que fiz não para ga-nhar, mas sim pelo prazer de escrever e de mostrar meus sentimentos.”Bianca Spina Papaleo

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“Ter ganhado esse concurso foi uma surpresa muito grande para mim, pois nunca fui uma boa escritora, e é muito gratificante saber que eu fui uma das fi-nalistas. Queria agradecer a todos que me deram essa oportunidade.”Bruna Reis Bertazzo

“Eu sempre gostei de escrever, desde pequena. Por isso, ganhar este concurso foi uma experiência que me ajudou muito a acreditar mais em mim mesma e no meu talento para escrever. Ganhar o Contan-do 2010 foi uma experiência ótima, que me deixou muito orgulhosa.”Bruna Scramuzza Barreto

“Adorei participar do Contando 2010. Foi uma ex-periência incrível, fascinante, pois tivemos a chance de desenvolver nossa habilidade de escrever de uma forma lúdica e divertida, na forma de um con-curso, o que estimula o aluno, pois ele se esforça para ganhar. O esforço valeu a pena. Será muito bom ter um conto meu publicado em um livro.”Bruno Ferrari

“Escrever um conto foi muito bom, mas ter um con-to meu em um livro junto com contos fantásticos inspirados em Maria Colasanti foi incrível. Foi uma experiência ótima. Espero que gostem.”Bruno Lanzellotti Medeiros

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“Após muito tempo escrevendo meu conto final-mente estou na final. Foi uma ótima experiência e vai ser uma honra conhecer Marina Colasanti e ter meu conto publicado. Espero que aproveitem.”Carlos Eduardo Kodaira de Almeida

“O Contando 2010 foi uma experiência única na minha vida. Todo ano fazemos concursos de re-dação e jamais ganho, nunca cheguei a passar da primeira fase, nunca esperei ganhar o Contando 2010. Quando soube, fiquei muito feliz.”Carolina Abrusio Carneiro da Cunha

“Para mim, participar do Contando 2010 foi uma experiência única e maravilhosa, pois além de estimular meu amor pela escrita, também me mostrou que eu posso ser reconhecida por isso. Eu sei que este momento de muita alegria sempre permanecerá na minha cabeça e no meu coração.”Clara Varandas Abussamra

“Estou honrada em participar do Contando 2010 e conhecer Marina Colasanti. Essa é uma experiência única e muito importante para mim. “Elizabeth Poloni Batista

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“Participar do Contando 2010 foi uma experiência única, já que esse é o meu primeiro ano como es-tudante do Dante Alighieri. Mas o que realmente é gratificante, nesse tipo de atividade, é a valorização do que, para mim, é uma paixão, quase como um hobby.” Érica Fernandes Costa

“Participar do Contando 2010 foi uma experiência única e diferente. Fiquei surpresa quando descobri que o meu conto tinha sido escolhido, já que não gosto muito de escrever. Ser uma das escolhidas foi uma honra para mim e estou muito grata.” Fernanda Paula Salomão

“Eu, sinceramente, nunca gostei de escrever ou tive facilidade. Mas, para o texto do Contando 2010, eu decidi realmente me esforçar. E por causa desse es-forço eu consegui ganhar. Com o Contando aprendi que o esforço compensa e estou muito feliz de ter sido escolhido.”Francisco José Begliomini Giannoccaro

“Desde o início, quando a professora falou na classe sobre o Contando 2010, eu me animei. Achei que era uma experiência única e muito bacana. Quando a professora anunciou o meu nome, dizendo que eu era uma das finalistas, fiquei muito animada! Nunca pensei em participar de um evento com uma escritora magnífica como a Marina Colasanti, e melhor ainda, nunca pensei que autografaria um livro com o meu próprio conto! Estou muito con-tente em ser uma das ganhadoras do Contando 2010. Todo o tempo gasto em idéias para o meu conto, sem dúvida, valeu muito a pena.”Gabriela Carraro Trevisioli

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“Participar do Contando 2010 foi uma experiência muito boa para mim. Escrever um conto em par-ceria com a autora Marina Colasanti foi uma opor-tunidade incrível. Espero que todos gostem.”Giuliana Giacometti Kowalski

“Participar dessa experiência será grande marco para mim, já que eu nunca fui uma aluna estudiosa ou exemplar. Na verdade, eu não achava que eu e minha colega seríamos selecionadas para o Contan-do 2010, estávamos bem atrasadas, começamos a escrever o nosso conto dois dias antes da entrega. Mesmo assim conseguimos e eu estou adorando. Isso é uma grande experiência para mim.”Ingrid Assagra Ribeiro

“Estou muito honrada em ter a chance de partici-par de um concurso como esse. Fiquei muito emo-cionada em saber que era uma das vencedoras. Quando me deram a notícia foi muito emocionan-te, senti algo inexplicável. Fico muito agradecida em ter meu conto publicado em um livro.”Isabela Comegna dos Santos

“O bom deste concurso é que usamos nossa cria-tividade e conseguimos superar a nós mesmos cri-ando ótimas histórias que podem inspirar leitores”Isabela Hawthorne Matuck

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“Escrever um conto baseado na introdução de Marina Colasanti foi uma experiência única e fas-cinante, não teria como ter mais prazer em expres-sar-me dessa forma tão honrosa.”Isabella Biscolla Robic

“Fiquei muito orgulhosa em saber que meu conto será publicado em um livro, pois eu adoro ler e es-crever, e estou muito feliz por ter participado de um evento tão especial, ainda mais para mim que adoro a escritora Marina Colasanti e fico muito gra-ta de ter sido uma das escolhidas.”Júlia Canuto Ximenes

“Escrever meu conto foi muito divertido. O que eu achei mais diferente foi ler o conto da Marina Co-lasanti que tinha o mesmo começo que o do conto que eu escrevi, pois eles eram totalmente diferen-tes.”Laura Farah Feitoza

“Participar desse concurso foi uma honra e uma experiência inesquecível. Aprendi muito durante todo o percurso. Nunca gostei muito de escrever, mas esse concurso foi uma oportunidade única. Queria agradecer à senhora Marina Colasanti pela oportunidade de poder recriar um dos seus mara-vilhosos contos.”Lia Paula Poloni Batista

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“Participar do Contando 2010 foi uma experiência incrível. Por ser alguém que possui uma paixão por ler e escrever, eu fico muito feliz e sinto um brilho de honra se acender no meu coração em saber que o conto que eu e minha colega nos esforçamos para escrever será publicado num livro. É bom saber que isso contribuirá para aumentar ainda mais meu amor por livros.”Ligia Lisboa Rodrigues de Assis

“Participar do Contando 2010 e ter meu conto pu-blicado em um livro conjunto com Marina Colasan-ti, além de ter sido uma experiência nova e motivo de muita alegria, foi uma forma de me estimular a escrever e liberar minha imaginação. Espero que esse honroso momento permaneça no meu cora-ção.”Luciana Moreira Kanarek

“Ter a oportunidade de estar em um livro em con-junto com Marina Colasanti nos meus quatorze anos é uma honra para mim e estar aqui hoje é o meu maior orgulho. Espero que gostem.”Luísa Bonatto Fairbanks

“A experiência de poder praticar a redação, que é uma das coisas de que mais gosto, foi incrível. Criar meu conto e provar que sou capaz de ganhar um concurso me deixou sem palavras. Tudo o que es-pero agora é que aproveitem a história que eu e o Matheus fizemos.”Marcella Telenta Grossi Fernandes

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“Participar da cerimônia de premiação e comparti-lhá-la com Marina Colasanti é um grande prêmio para mim. Sei que será muito especial.”Mariana Faria Camargo de Carvalho

“Escrever para o Contando 2010 foi uma grande ex-periência, pois participar de um livro com Marina Colasanti é um grande prazer. Espero que gostem de nosso conto.”Matheus Cruz Riccio

“Sempre gostei de escrever, então ganhar o Con-curso Contando 2010 me fez sentir muito especial. É uma honra ganhar um concurso como esse e sa-ber que o conto que eu e Sophia criamos será pu-blicado em um livro, ainda mais um livro relacio-nado à escritora Marina Colasanti.”Patrícia Mutti e Mattos

“Sempre gostei muito de escrever e ter um conto meu publicado em um livro é uma experiência úni-ca, que nunca esquecerei. É uma honra ter feito parte de algo tão especial, e com a participação de Marina Colasanti.”Paula Leite Serra

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“Participar do Contando 2010 foi uma experiên-cia muito diferente de tudo o que eu já fiz. Eu me lembrarei com orgulho dessa experiência. Tenho o costume de ler bastante, então acho que isso real-mente me ajudou a escrever minha história. Dificil-mente esquecerei.”Rafaela Valentini Esequiel

“Foi uma honra participar de um concurso como esse, adoro ler e escrever, e fico muito grata por ser uma das escolhidas. O Contando 2010 foi uma experiência única e nunca esquecerei.”Raíssa Hallack Dreicon

“O Contando 2010 foi um evento um tanto mar-cante para mim, pelo fato de eu não ser uma aluna tão boa em redações. Então, para mim, seria im-possível ganhar esse concurso. Mas quando eu e minha parceira, Lia Paula, começamos a escrever nosso conto, foi como se eu tivesse mergulhado no meu próprio mundo de ideias, surgindo assim um conto maravilhoso. Agradeço a Marina Colasanti, à professora Sophia e ao Colégio Dante Alighieri por essa inesquecível e única oportunidade.”Renata Colla Thosi

“Eu realmente não esperava ganhar. Quando eu e minha colega Patrícia recebemos a notícia ficamos surpresas e felizes. Não tenho palavras para des-crever o quão legal foi ter vencido. Espero que to-dos gostem desse conto que fizemos.”Sophia Blasotti Leocadio

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“Participar do Contando 2010 foi maravilhoso e receber a notícia de que meu conto foi um dos fi-nalistas foi melhor ainda; nunca esperei que um dia fosse autografar um livro com um conto feito por mim. Com certeza valeu a pena o tempo que fiquei expondo as minhas ideias ao mundo.”Sophia Grazia Maria Kessin Longoni

“O Contando 2010 foi uma experiência única e es-pecial e me sinto muito gratificada e honrada em ganhar, e a publicação do conto em um livro que homenageará uma autora tão exemplar como a Marina Colasanti me torna muito feliz.” Tiffany Altenfelder Silva Mesquita D’Agostinho

“Foi muito interessante e divertido participar do Contando 2010 e ler os contos da Marina Colasanti. Após escrever os contos, tivemos que fazer várias modificações até acharmos que estava bom. Acho que essas atividades estimulam o interesse dos alu-nos para ler e para escrever.”Vitor Chiodo Soler

“Escrever o Contando 2010 foi uma experiência única e muito interessante. Ter a chance de partici-par do desenvolvimento do conto foi muito cons-trutivo para mim.”Weilin Christian Zago Wang

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97““a poesia não está somente onde

nos acostumamos a procurá-la,na dor de amor, na estrela d’alva,

na luz do amanhecer ou nas campinas em flor.a poesia está também onde permanece mais difícil vê-la

porque vestida de chita e não de dourado,nos fatos do cotidiano,

nos gestos mais simples do dia-a-dia.

Marina Colasanti

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Marina Colasanti (Sant’Anna) nasceu em 26 de setembro de 1937, em Asmara (Eritréia), Etiópia. Viveu sua infância na África (Eritréia, Líbia). Depois, seguiu para a Itália, onde morou 11 anos. Chegou ao Brasil em 1948, e sua família se radicou no Rio de Janeiro,onde reside desde então. Possui nacionalidade brasileira e naturalidade italiana.

Entre 1952 e 1956, estudou pintura com Catarina Baratelle; em 1958, já participava de vários salões de artes plásticas, como o III Salão de Arte Moderna. Nos anos seguintes, atuou como colaboradora de periódi-cos, apresentadora de televisão e roteirista.

Ingressou no Jornal do Brasil em 1962, como redatora do Caderno B. Desenvolveu as atividades de cronista, colunista, ilustradora, subedi-tora. Foi também editora do Caderno Infantil do mesmo jornal. Participou do Suplemento do Livro com numerosas resenhas.

Assinou seções nas revistas: Senhor, Fatos & Fotos, Ele e Ela, Fair-play, Claudia e Jóia.

Em 1976, ingressou na Editora Abril, na revista Nova, da qual já era colaboradora, com a função de Editora de Comportamento.

De fevereiro a julho de 1986, escreveu crônicas para a revista Man-chete.

Deixou a Editora Abril em 1992, como Editora Especial, após uma breve permanência na revista Claudia, tendo ganhado três Prêmios Abril de Jornalismo.

Breve Biografia

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De maio de 1991 a abril de 1993, assinou crônicas semanais no Jor-nal do Brasil.

Atuou na televisão como entrevistadora de Sexo Indiscreto - TV Rio; entrevistadora de Olho por Olho na TV Tupi; foi editora e apresentadora do noticiário Primeira Mão - TV Rio, 1974; apresentadora e redatora do programa cultural Os Mágicos - TVE, 1976; âncora do programa cinema-tográfico Sábado Forte - TVE, de 1985 a 1988; e âncora do programa pa-trocinado pelo Instituto Italiano de Cultura, Imagens da Itália - TVE, de 1992 a 1993.

Em 1968, foi lançado seu primeiro livro, “Eu Sozinha”; desde então, publicou mais de 30 obras, entre literatura infantil e adulta. Seu primeiro livro de poesia, “Cada Bicho seu Capricho”, saiu em 1992. Em 1994 ga-nhou o Prêmio Jabuti de Poesia, por “Rota de Colisão” (1993), e o Prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, por “Ana Z Aonde Vai Você?”. Suas crônicas estão reunidas em vários livros, dentre os quais “Eu sei, mas não devia” (1992) que recebeu outro prêmio Jabuti, além de “Rota de Colisão” igualmente premiado.

Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infan-tis. Dentre outros escreveu “E por falar em amor”; “Contos de amor ras-gados”; “Aqui entre nós”, “Intimidade pública”, “Zooilógico”, “A morada do ser”, “A nova mulher” (que vendeu mais de 100.000 exemplares), “Mulher daqui pra frente”, “O leopardo é um animal delicado”, “Gargantas aber-tas” e os escritos para crianças “Uma idéia toda azul” e “Doze reis e a moça do labirinto de vento”. Colabora, também, em revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant’Anna com quem tem duas filhas: Fabiana e Alessandra.

Em suas obras, a autora reflete, a partir de fatos cotidianos, sobre a situação feminina, o amor, a arte, os problemas sociais brasileiros, sempre com aguçada sensibilidade.

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referências BiBliográficas

Uma Ideia Toda Azul (Epígrafe). Disponível em:http://www.arazao.net/uma-ideia-toda-azul.html

Acessado em 01/06/2010.

Colasanti, Marina. Doze Reis e a Moça No Labirinto Do Vento. A moça tecelã. Global editora.

Colasanti, Marina. Uma Ideia Toda Azul. A primeira só! Editora Nórdica. Colasanti, Marina. o leopardo é um animal delicado. Começou, ele disse. Editora Rocco

WebQuest Contos - Contando 2010. Disponível em: http://www.colegiodante.com.br/institucional/interfaces/WebQuest/wqcontos/index.htm Acessado em 01/06/2010.

Breve Biografia de Marina Colasanti. Disponível em:

http://www.juraemprosaeverso.com.br/Biografias/MarinaColasanti.htmAcessado em 01/06/2010.

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Presidente:Dr. José de Oliveira Messina

Diretor Pedagógico:Prof. Lauro Spaggiari

Assistente de direção (8os e 9osanos):Prof. Luis Patricio Raul Arriagada Sancho

Coordenação de Língua Portuguesa:Profa Maria Cleire Cordeiro

Coordenação de Tecnologia Educacional:Profa Valdenice Minatel Melo de Cerqueira

Orientadora educacional (8os e 9osanos):Profa Thatiana Segundo

Supervisor do Departamento de Audiovisual:

João Florencio Souza Filho

Supervisora do Depto. de Editoração/Gráfica:Vannia Chiodo Silva

Gerente de Comunicação e Eventos:Fernando Lopo Homem De Montes

Corpo docente - Língua Portuguesa:Profa Katia Maria Camargo Villari

Profa Sophia Maria Visconti

Corpo docente - Tecnologia:Profa Adriana de Freitas Sebastião

Profa Celia Regina Goulart da Silva Profa Rosângela Accioli Mengai

Projeto gráfico:

Profa Verônica Martins Cannatá

Fotos de Marina Colasanti:Alessandra Colasanti

Fotos dos alunos do Dante:Sandro Mitter

Acervo - Colégio Dante Alighieri

ficha Técnica

Livro Digital:David Henrique da cunha pereira Profa Renata Guimarães PastoreThiago Xavier Mansilla Maldonado

Departamentos envolvidos:AudiovisualEditoração e GráficaMarketing Língua PortuguesaTecnologia da InformaçãoTecnologia Educacional

Colégio Dante AlighieriAlameda Jaú, 1061 - CEP 01420-001 - SP

Tel.: (11) 3179-4400 - Fax: (11) 3289-9365www.colegiodante.com.br

E-mail: [email protected]

Créditos finais: Todas as fotos, informações e depoimentos publicados neste livro cedidos por terceiros somente foram utilizados após a expressa autorização de seus proprietários. Agradecemos a gentileza de todas as pessoas e empresas que, com sua colaboração, tornaram essa produção possível. Distribuição:O livro “Contando 2010 com Marina: os melhores contos do Dante 2010” é distribuído gratuitamente. Não é autorizada a comercializa-ção deste em banca, livraria, loja ou qualquer outro espaço comercial por parte de pessoa física ou jurídica. Reprodução: É proibida a reprodução total ou parcial deste livro. Nenhuma pessoa física ou jurídica está autorizada a representar, promover ou se pronunciar em nome deste livro ou de seus responsáveis. Esta proibição é válida dentro e fora do território nacional. Tiragem: 300 exemplares

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