circus ball soccer

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FUTEBOL CIRCO DA BOLA V. 1.1 1 Por Fernando Zornitta Fotos Paulo Zornitta & Fernando Zornitta O futebol é a modalidade esportiva que mais mobiliza as massas no planeta. E, o esporte - tão somente o esporte como atividade e prática - deveria estar na raiz de tudo; mas paradoxalmente tem sido fantasiado e travestido de entretenimento, dando margem à exploração, ao negócio, ao circo da bola. Os clubes, que mantém acesa a chama das torcidas tornaram-se verdadeiros palcos do espetáculo e fonte de arrecadação de dinheiro de torcedores, mas também de fanáticos e neuróticos de todas as idades - que “ejaculam” suas emoções nos estádios e fora deles; “torcendo” por seus times e externando seus instintos que cada vez mais instigam a competição em vez de praticarem o esporte. Nesse contexto, os jogadores profissionais, tornaram-se não mais do que atores desses espetáculos, que precisam deles para perpetuar o circo da bola e continuarem faturando. Também se prestam a gestarem atletas, que depois tornam-se mercadoria e fonte de renda aos clubes. 1 É uma roda viva insana que não promove nem o esporte e nem o futebol. Também, não é uma recreação sadia para quem assiste e torce, pois incita a competição onde a vitória é o único objetivo possível, em que vemos os estádios se transformarem em arenas de guerra e suas redondezas em campos de batalha onde as torcidas digladiam – como nas arenas e as vezes até a morte. Exatamente como era no Coliseu de Roma, que oferecia “diversão” às massas em uma “arena” – que era o espaço para o combate – incitando a violência e nenhum outro benefício trazia ao espectador além do circo 2 . A principal entidade do futebol, a FIFA, renomeou o palco do circo da bola e do espetáculo futebolístico, ajudando a instigar a competição, mas principalmente o litígio (e talvez até não deixar que a atenção se foque na corrupção que permeia a alta cúpula da entidade). O que antes chamávamos de “estádio”, agora passamos a chamar de “arena”. Uma triste analogia; um claro convite à batalha, ao litígio, à guerra que não tem ficado só no campo; permeia as torcidas, vai para as ruas, espaços públicos, metrôs; instiga os instintos e todos os ódios; destrói patrimônio, ofende racialmente – nos remete às cavernas. Tudo aos olhos da contemporânea “humanidade”; de organismos internacionais, de governos que engolem sapos e financiam essa demente forma de futebol-espetáculo mediático manifestar-se. Que usa e abusa das forças de segurança pública para proteger o intocável circo da bola. 1 Do texto do autor, - BRASIL: CELEIRO DE ATLETAS OU DE FÊNIX DA BOLA ?. Fortaleza, 2006 2 Filosofia do “pão e circo”.

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F U T E B O L C I R C O D A B O L A V . 1 . 1 1

Por Fernando Zornitta

Fotos Paulo Zornitta & Fernando Zornitta

O futebol é a modalidade esportiva que mais mobiliza as massas no planeta. E, o esporte - tão

somente o esporte como atividade e prática - deveria estar na raiz de tudo; mas

paradoxalmente tem sido fantasiado e travestido de entretenimento, dando margem à

exploração, ao negócio, ao circo da bola.

Os clubes, que mantém acesa a chama das torcidas tornaram-se verdadeiros palcos do

espetáculo e fonte de arrecadação de dinheiro de torcedores, mas também de fanáticos e

neuróticos de todas as idades - que “ejaculam” suas emoções nos estádios e fora deles;

“torcendo” por seus times e externando seus instintos que cada vez mais instigam a competição

em vez de praticarem o esporte.

Nesse contexto, os jogadores profissionais, tornaram-se não mais do que atores desses

espetáculos, que precisam deles para perpetuar o circo da bola e continuarem faturando.

Também se prestam a gestarem atletas, que depois tornam-se mercadoria e fonte de renda aos

clubes.1

É uma roda viva insana que não promove nem o esporte e nem o futebol. Também, não é uma

recreação sadia para quem assiste e torce, pois incita a competição onde a vitória é o único

objetivo possível, em que vemos os estádios se transformarem em arenas de guerra e suas

redondezas em campos de batalha onde as torcidas digladiam – como nas arenas e as vezes até

a morte.

Exatamente como era no Coliseu de Roma, que oferecia “diversão” às massas em uma “arena” –

que era o espaço para o combate – incitando a violência e nenhum outro benefício trazia ao

espectador além do circo2.

A principal entidade do futebol, a FIFA, renomeou o palco do circo da bola e do espetáculo

futebolístico, ajudando a instigar a competição, mas principalmente o litígio (e talvez até não

deixar que a atenção se foque na corrupção que permeia a alta cúpula da entidade). O que

antes chamávamos de “estádio”, agora passamos a chamar de “arena”. Uma triste analogia; um

claro convite à batalha, ao litígio, à guerra que não tem ficado só no campo; permeia as

torcidas, vai para as ruas, espaços públicos, metrôs; instiga os instintos e todos os ódios; destrói

patrimônio, ofende racialmente – nos remete às cavernas.

Tudo aos olhos da contemporânea “humanidade”; de organismos internacionais, de governos

que engolem sapos e financiam essa demente forma de futebol-espetáculo mediático

manifestar-se. Que usa e abusa das forças de segurança pública para proteger o intocável circo

da bola.

1Do texto do autor, - BRASIL: CELEIRO DE ATLETAS OU DE FÊNIX DA BOLA ?. Fortaleza, 2006

2Filosofia do “pão e circo”.

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Para reverter isso, as iniciativas de incentivo aos esportes – sejam públicas ou privadas - não

devem priorizar os clubes, que se prestam mais a desorientar e a desvirtuar o futebol e, seguem

com suas políticas no rumo e no espírito da competição em vez de focarem na prática

desportiva. Os clubes-empresa viraram grandes fontes de negócios, com fundos de

investimento, participações acionárias, comércio de bugigangas e comércio de seres humanos –

de jogadores e de jovens com potencial para tornarem-se atletas profissionais (tudo mais ou

menos legalizado, mas não eticamente conduzido) – dentre outros contrassensos alienígenas ao

esporte.

O futebol no início da sua gestação no Brasil – no começo do século XX3, tinha na prática

desportiva a base das iniciativas comunitárias e locais. De um esporte de elite, importado no

século XIX da Inglaterra e praticado em clubes fechados naquela época; foi o gosto pelo futebol

e a sua constante prática informal no Brasil que fez esse esporte popularizar-se, sendo

difundido em todos os recanto do país e sedimentando-se nas bases culturais de todas as

classes sociais, envolvendo todas as faixas etárias (desde a tenra idade), todas as etnias e ambos

os sexos.

O futebol como atividade humana, praticado a partir da livre escolha e opção por parte do

indivíduo e, sem um comprometimento profissional, pode ser considerado além de esporte,

uma atividade de lazer e recreação. E é assim mesmo que o futebol deveria continuar sendo

praticado, de forma espontânea, descompromissada e por livre opção; pois o futebol é antes de

tudo uma atividade humana de lazer e recreação.

Esse ato espontâneo de jogar, de brincar com a bola e com outras pessoas é que aproxima o

futebol de uma atividade de “recreação”, a qual por sua vez no Brasil contribuiu

significativamente para sedimentar essa base de difusão e da sua constante e continuada

prática. E essa “prática recreativa do futebol” que fez a modalidade esportiva esparramar-se

pelo país, a qual misturada à criatividade e ao dna brasileiro, fez fomentar várias gerações de

talentos.

No dizer de Gilberto Freire, o futebol brasileiro afastou-se do bem ordenado original britânico

para tornar-se a dança cheia de surpresas e de variações dionisíacas.

Mas enquanto as condições para a prática não existirem, enquanto a filosofia estiver

desalinhada e incentivando o que é ilógico e excludente, antiético e contraproducente, não

mais seremos um celeiro de talentos e nem veremos a possibilidade de profissionalização dos

nossos potenciais talentos, a não ser dos raros que passam pelo funil dos clubes e que se

prestam ao circo da bola.

Para voltarmos a ver atletas com princípios, protagonistas da cidadania; os valores do esporte

priorizados, ou ainda, crianças esquecendo-se do mundo enquanto brincam com uma bola, não

são necessários muitos estudos científicos e nem jurídicos nesta especialidade, basta tão

3Do texto do autor, - BRASIL: CELEIRO DE ATLETAS OU DE FÊNIX DA BOLA ?. Fortaleza, 2006

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somente embasar-se nos princípios que fazem os homens estabelecer normas, regras e leis: na

ética e na promoção dos valores humanos, que deveriam ser os únicos a serem considerados.4

O Futebol e a Mudança de Foco Necessária

A competição faz parte do esporte contemporâneo, mas esta modalidade tem sido cada vez

mais desvirtuada e deturpada, favorecendo os oportunistas que corrompem o espírito do

esporte e se locupletam no falso poder, encastelando-se num sistema suicida do esporte, que

deve mudar e excrachar os que se locupletam.

Durante a Copa da FIFA em 2014, o Brasil e o mundo vivenciaram o que é considerado o maior

espetáculo da Terra. Jogos e mais jogos. Festa e mais festa. Mídia, propaganda e negócios; mas

também a subserviência imposta do país que hospedou o torneio5.

Não foi diferente nas últimas edições deste evento e não é diferente no ideário desta estrutura

que normatiza, fiscaliza e dá o rumo para a modalidade; que realiza os torneios e os trâmites

que envolvem clubes, transferências de jogadores de futebol no mundo.

Na organização e gestão; no padrão do evento, é inegável a competência da FIFA em fazer

acontecer e em promover esse grande espetáculo futebolístico a cada quatro anos e, para isso

adequando o país realizador às suas exigências e condições, fazendo-o aplicar os recursos

internos em infraestrutura viária e nos “elefantes brancos”6 – as “arenas” - que se prestam a

realização dos jogos e à promoção do circo da bola. Fazendo o país executar em curto espaço de

tempo as obras necessárias e que ele não planejou e nem realizou em décadas - obras patéticas

aos olhos da urbanística e realizadas só para ligar os aeroportos aos hotéis e estes aos estádios.

Depois da copa e nos jogos, estas arenas parecem mais mausoléus e tumbas do que estádios e,

quando em jogos de grandes disputas, como agora no campeonato nacional brasileiro, tornam-

se campos de guerras entre torcidas organizadas – daqueles que assistem e vão para extravasar

suas emoções, mas que não praticam o futebol.

No Brasil, obras para a pretensa mobilidade, feitas às pressas, desabaram (lembrando do

viaduto em Minas Gerais) e outras não terminadas se esparramam pelo país. Os clubes, por

aqui, estão todos endividados e devendo fortunas em impostos. Pediram e conseguiram através

da Presidência da República e de aprovação no legislativo parcelamento em 20 anos dos seus

débitos fiscais. Mantém-se ainda com recursos de mídia televisiva e marketing, de comércio de

jogadores e de ingressos7. Tornaram-se empresas e dependentes desse contexto que cada vez

mais se afasta dos princípios e benefícios que o esporte pode oferecer. Mas mal administrados e

focados nessa aura do espetáculo “absolutamente todos os clubes de futebol do Brasil são

deficitários” e os débitos dos grandes clubes superam 2,4 bilhões de Reais.

4Idem citação anterior.

5O que ficou claro com as vaias que receberam a Presidente Dilma Rousseff e o Presidente da FIFA Joseph Blatter

na abertura dos jogos. Também nas manifestações dos jovens pelas ruas do Brasil durante os jogos da Copa. 6“Copa: Prejuízo de 'elefantes brancos' já supera R$ 10 milhões” - em:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/02/150212_elefantes_brancos_copa_rm 7Segundo a Agência Brasil, a principal renda dos clubes vêm dos direitos de televisão 27% , da transferência de

jogadores 21%, dos patrocínios e publicidade ( 16%), da bilheteria 12%. (Cabe lembrar que o sistema de loterias públicas também alimenta esse sistema)

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O sistema vigente e capitaneado pela FIFA não é mais futebol; não é esporte, mas um grande

circo – o circo da bola.

O Brasil já foi o país da prática desportiva, mas hoje se presta a contribuir para desprestigiar

esse esporte, a enriquecer os atores – jogadores, agentes, dirigentes, clubes e, principalmente

os coniventes com o circo: empresas patrocinadoras, mídia e o sistema que lhe dá suporte –

tudo sob o olhar desatento dos governantes, locupletados e omissos a esse poder de anestesiar

as massas e pela incompetência para fazer do futebol um esporte de fato e de direito para o

desenvolvimento humano; para permear com os seus valores individuais, sociais e daqueles

universais - de promoção da paz e do intercambio sociocultural, como foi proposto há mais de

sete séculos antes de Cristo nos Jogos Olímpicos da Grécia e reafirmado por Nelson Mandela.

A base para a prática, a infraestrutura física dos equipamentos inexiste ou está entregue ao

mais completo abandono e falta a orientação técnica para essa prática no Brasil. Nossas cidades

incham e se desqualificam sem a urbanística como guia para, a partir do planejamento, oferecer

as condições para o conforto humano – para habitar, trabalhar, circular e recrear; para os

serviços fundamentais e básicos de educação, saúde, segurança, saneamento básico – dentre

outros; mas principalmente para a inclusão8.

O esporte nesse contexto sequer é pensado como elemento compensador e necessário para a

saúde e bem estar humano, nesse demente estágio de involução contemporâneo. Só uma em

cada três crianças e jovens do mundo pratica alguma atividade esportiva. No Brasil uma em

cada seis e perto de zero% nas faixas de pessoas adultas e idosas. Em outros países mais

atrasados ou em áreas como as de conflito, essa taxa é bem maior, segundo dados da ONU.

A dissintonia das necessidades da infraestrutura para a prática desportiva com o luxo e o que é

esbanjado para a estrutura do circo da bola é um disparate. No Brasil, como de resto nos países

mais atrasados e com baixos indicadores de desenvolvimento humano, vemos mega estruturas

para o circo/espetáculo e nenhuma estrutura para a prática do esporte e lazer nas cercanias dos

nossos lares; vemos recursos públicos e das loterias públicas alimentando a voracidade desse

sistema onde os palhaços do circo somos nós, que elegemos um clube para torcer.

Doze mega “arenas” foram construídas para a Copa de 2014 no Brasil9, enquanto nenhuma

mínima estrutura para a prática desportiva nos bairros e periferias das cidades, que cada vez

mais exclui seus jovens10.

No site da FIFA, encontra-se o documento intitulado HOME of FIFA11, em que é apresentada a

sede da entidade na Suíça, com o qual pode-se fazer um paralelo do luxo ali existente com o

desleixo da infraestrutura desportiva para a prática disponível para a população no Brasil.

Para mostrar essa realidade, durante a Copa FIFA 2014 aqui no Brasil, convencemos uma equipe

de televisão europeia, a RTS (da Suíça) a nos acompanhar12 a uma visita no entorno da “Arena

8100% das cidades brasileiras não apresentam condições de acessibilidade para as pessoas com mobilidade

reduzida – idosos, obesos, pessoas com deficiências, mães com crianças de colo. 9 Ver fotos anexas das 12 “arenas”.

10 Ver exemplo em fotos anexas ao final do texto de uma realidade na cidade de Fortaleza e nas proximidades da

“arena Castelão” – uma das 12 sedes dos jogos da copa de 2014. 11

http://resources.fifa.com/mm/document/affederation/administration/01/28/72/70/hof-ee.pdf

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Castelão” de Fortaleza (que foi uma das 12 cidades sede dos jogos) para registrarem a não mais

de um km de raio deste estádio o paradoxo da realidade da infraestrutura de esporte e lazer das

comunidades nesta cidade – que é a igualmente desleixada em todo o país – comparativamente

ao do palco da bola do evento FIFA que estava ali ao lado.

Pois a matéria, comandada pelo repórter da RTS Miguel-Angel Aquiso serviria para ser veiculada

pela Rede na Europa, mas não sabemos se foi13 (Líderes comunitários, crianças, jovens e

profissional de educação física foram entrevistados e deram seus depoimentos para a equipe14)

e eles comprovaram o desleixo – e a inexistência destes - e os reclames das comunidades

entrevistadas.

A prática desportiva pode contribuir para fomentar os valores intrínsecos do esporte e ajudar a

oferecer a inclusão a milhões de jovens, que sem oportunidades migram para a criminalidade e

para as drogas, mas a cegueira dos gestores faz com que seja investido mais em forças de

segurança do que em prevenção.

Mas, para a prática desportiva é imprescindível a infraestrutura, consubstanciada por uma

orientação profissional e, tão somente nos propusemos a mostrar para a equipe da RTS o

paradoxo no Brasil; um país dos maiores concentradores de renda; o 3º mais violento do mundo

(que tem 19 das 50 cidades mais violentas do planeta) e que apresenta índices de criminalidade

alarmantes; para contribuir para a reversão e realinhamento das políticas públicas, mitigação da

violência e promoção da saúde através da prática desportiva; mas que para isso não oferece as

necessárias condições e nem o incentivo necessário.

O Brasil também é o campeão mundial em homicídios (11% de todos os homicídios do planeta

segundo a OMS/ONU) com uma média de 43,4 assassinatos de jovens por 100 mil habitantes e

mais de 60 mil vítimas de assassinatos por ano - 90% destes crimes nunca são elucidados e nem

os criminosos punidos. 54,3% do total dos assassinatos são de jovens, dos quais 77% são

negros).

O Brasil também é o país com maior número de roubos de toda a América Latina. O número de

roubos, assaltos, latrocínios é absurdo em todo o país e o sentimento de insegurança permeia

todas as partes. Somente no Estado de São Paulo, de janeiro a novembro de 2014 foram

registrados 286.000 roubos.

O custo da violência representa 5% do PIB do país e esse valor é 3 vezes maior do que os

investimentos destinados a segurança.

Fortaleza é a 8ª nesse triste ranking em que milhares de jovens perdem a vida todos os anos por

falta de oportunidade e assédio das drogas que conduzem à criminalidade. Durante os quatro

dias de carnaval de 2015, 79 vítimas de assassinatos no Estado do Ceará, sendo a quase

totalidade delas em Fortaleza.

Assim como registrado na matéria da RTS aqui em Fortaleza, em todas as cidades brasileiras

nossos espaços para a prática do esporte e lazer estão entregues ao mais completo abandono e

12

Iniciativa minha e de meu irmão Paulo Zornitta. 13

E se não foi, gostaríamos de saber o porquê não foi - lembrando que a RTS é Suíça. 14

Fotos desse momento em anexos ao final do texto.

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a infraestrutura nas proximidades dos nossos lares, que poderia oportunizar a base correta para

a prática desportiva, para a inclusão e para a formação atlética, no mais completo abandono e

aversão do poder público.

Mas num país governado e administrado por políticos despreparados e incompetentes, em que

a todos os escaninhos e todos os escalões da República estão contaminados pela corrupção; em

que os poderes constituídos não funcionam com independência, isso sequer chega a ser

enxergado e considerado como necessidade e direito, enquanto a futilidade e o desperdício que

permeiam o esporte são incentivados para o país sair bem na foto.

Há quase 5 anos, em junho de 2010, tendo participado em Brasília na III Conferência Nacional

do Esporte como delegado eleito do Estado do Ceará, levando a proposta de “realização do

inventário completo da infraestrutura de esporte e lazer em todos os municípios brasileiros para

fundamentar as políticas e ações para estas atividades”15, a qual foi aprovada em plenária e

incluída no Plano Decenal de Esporte do Governo Federal e, a partir daí tendo insistido junto às

instâncias ministeriais para que fosse instituído o “Programa Nacional de Qualificação dos

Equipamentos de Esporte e Lazer” a nível nacional – idealizado como ação para esse fim;

recebemos como resposta o silêncio das tumbas e a inação do poder público - do Ministério do

Esporte, do Governo Federal e de todas as instâncias políticas e administrativas – do município

à Brasília.

Nesse tempo, os investimentos para a Copa da FIFA sugaram os recursos públicos e os 23

maiores clubes de futebol cercearam o Palácio do Planalto e a Presidência da República para

solicitar isenção e parcelamento dos seus débitos com impostos federais superiores a um bilhão

de Reais – e conseguiram o parcelamento em 200 meses. Recursos esses que poderiam ter

financiado a prática do esporte e não o circo da bola.

Os organismos internacionais, a ONU, suas agências e programas, governos e todas as entidades

representativas do esporte deveriam reorientar suas ações e focar no potencial da prática

desportiva e mitigar os efeitos nefastos do “espetáculo esportivo” na alma humana; destinando

neurônios e recursos para os verdadeiros valores e para a prática do esporte em todo o

planeta.16

Mas, contrariamente a isso e ao que o mundo do esporte precisa, acompanhamos uma luta e

políticas nas entidades desportivas por mais poder, pela perenidade quase imperial e para

continuar a impor seus objetivos que nada tem a ver com o esporte. Várias entidades – dentre

elas a FIFA (que no final de maio de 2015 elegerá seu novo presidente) – andam desalinhadas

dos verdadeiros fundamentos do esporte e do seu potencial benéfico para a promoção dos

valores humanos e universais, que por sua vez contribuem para a cooperação e o

estabelecimento da paz que o mundo precisa.

Enquanto essa patética política do circo da bola prevalecer, nenhuma possibilidade do esporte

cumprir o seu fundamental papel de promoção do desenvolvimento humano e construção de

um caminho positivo de compreensão e de entendimento entre as pessoas e povos, para a 15

Eixo 9 – da infraestrutura – ação 5 e metas – aprovado e constante do Plano Decenal de Esporte e Lazer do Governo Federal, em junho de 2010. 16

Dispomos de projeto efetivo de uma tecnologia social para essa mudança de rumo.

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sedimentação da estrada da paz e de um mundo melhor, mais ético, mais justo e igualitário –

que todos queremos e precisamos.

Nem o de promover os valores humanos e contribuir para a educação, para a saúde, para a

socialização – dentre outros aspectos positivos – os quais por sua vez poderiam contribuir

significativamente, para um profícuo intercambio sociocultural, para o desenvolvimento da

espécie humana, para as bases da tolerância entre os povos, para apaziguar os espíritos e para

promover a paz.

Para efetivar as mudanças, a filosofia e as ações das entidades esportivas – clubes, agremiações,

órgão públicos; a começar pela FIFA, devem mudar radicalmente e estruturalmente. Não é

questão de mudança de nome dos gestores e de quem comanda as entidades, mas de

compromisso com o esporte e com os seus valores que estão há muito esquecidos. Talvez o

caminho correto seja o de fechar a FIFA e abrir uma nova entidade, mais comprometida com o

esporte e com a prática esportiva, pois anuncia-se a provável reeleição de Josef Blater.

Um único projeto, se replicado pelo planeta como o “Luz para o Esporte”, idealizado pelo autor

e aplicado através de uma ONG criada em 2003 no nordeste brasileiro, pode fazer a diferença e

oferecer oportunidades, inclusão e profissionalização a bilhões de crianças e jovens; a adultos e

idosos do planeta através do esporte e pode ser replicado em todas as cidades brasileiras.

Mas para sua aceitação, o sistema tem de mudar a filosofia – do circo para a prática desportiva

como foco - e ser permeável aos princípios lógicos e éticos do esporte. Mude-se a filosofia e

mudar-se-á tudo, acabarão os problemas de litígios entre torcidas, as demonstrações de

racismo; acabará o contraste entre o luxo e o desleixo na infraestrutura para a prática do

esporte e lazer nas proximidades dos nossos lares; acabará a má destinação de recurso, o

desperdício e a corrupção; acabará o domínio imperial sobre a modalidade esportiva

capitaneada pela FIFA e a submissão de todo o planeta aos poucos que comandam a entidade e

os muitos que comercializam em nome do esporte.

Para isso, cada um e todos nós, temos parte da responsabilidade nesse processo de mudança de mentalidade e foco. Em nome e prevalência do espírito do esporte e do ideal olímpico, precisamos mudar o que aí está.

________________________________________

Fernando Zornitta, Ambientalista, Arquiteto e Urbanista, Especialista em nível de pós-graduação em Lazer e Recreação (Escola Superior de Educação Física da UFRGS/Porto Alegre) e em Turismo, curso de pós-graduação da Organização Mundial de Turismo/ONU-Governo Italiano/SIST-Roma. Período presencial concluído de curso de doutorado junto à Universidade de Barcelona com projeto de pesquisa na AL & Caribe. Participou de Estagio de Aperfeiçoamento em Planejamento Turístico na Universidade de Messina – Itália; Formação como Técnico de Realização Audiovisual e desenvolve atividades como artista plástico e designer. Foi professor universitário em curso de turismo. Membro do FID – Fórum do Idoso e da Pessoa com Deficiência há 8 anos e durante mais de 6 anos contribuiu com os grupos de trabalho de planejamento da acessibilidade e de meio ambiente do Crea Ceará. Tem livro e vários artigos publicados em temas diversos. Pesquisador e palestrante sobre o tema “acessibilidade arquitetônica e urbanística” com mais de 100 exposições sobre o tema. E-mail: [email protected] _____________________________________________

– Fica autorizada a difusão do presente texto.

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Bola que as crianças do Bairro Serrinha, perto da Arena Castelão em Fortaleza tinham

para jogar quando da visita da equipe de televisão RTS da Suiça fez a matéria durante a

Copa do Mundo em 2014

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Repórter da RTS da Suíça Miguel-Angel Aquiso no Campo da Serrinha, Fortaleza, Brasil

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RTS no Campo da Serrinha, Fortaleza, Ceará, Brasil

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Campo do Serrinha – Fortaleza, Ceará, Brasil

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Campo do Serrinha – Fortaleza, Ceará, Brasil

Campo do Ômega, Bairro Serrinha – Fortaleza, Ceará, Brasil

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Equipe RTS (Rede de Televisão Suíça) e crianças que usam o Campo do Ômega

Campo do Ômega, Bairro Serrinha – Fortaleza, Ceará, Brasil

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Equipe da RTS entrevista lideranças comunitárias no Campo do Ômega

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Equipe da RTS entrevista lideranças comunitárias no Campo do Ômega

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Equipe da RTS entrevista lideranças comunitárias no Campo do Ômega

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Arenas Copa 2014 FIFA no Brasil - Fonte Wikipédia

Arena Castelão / Fortaleza

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Bola Oficial da FIFA na Copa 2014

”Bola Oficial” das Crianças do Campo do Ômega, Bairro Serrinha em Fortaleza

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Links de alguns outros textos do autor e documentos relacionados:

O ESPORTE É PARA A PAZ http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-esporte-para-a-paz-v2006

ESPAÇOS SAGRADOS http://www.slideshare.net/fernandozornitta/espaos-sagrados-v2013

- NEM SÓ PÃO; NEM SÓ CIRCO ! – Texto sobre as manifestações de junho de 2013 http://www.slideshare.net/fernandozornitta/no-s-po-nem-s-circo-by-fernando-zornitta

BASTA FUTEBOL CLUBE http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/basta-futebol-clube

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- O BRASIL NÃO EXISTE !!! http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-brasil-no-existe-d

A COPA DO MUNDO DE FUTEBOL, O TURISMO E OS PROBLEMAS PARA AS PCDs http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/a-copa-do-mundo-de-futebol-o-turismo-e-os-problemas-para-as-pc-ds-31782146

A COPA DO MUDO DE FUTEBOL – BENÇÃO OU MALDIÇÃO http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/copa-do-mundo-benao-ou-maldio

EL DEPORTE ES PARA LA PAZ http://www.redcreacion.org/cgi-bin/sitestats.gif?p=http%3A%2F%2Fwww.redcreacion.org%2Frelareti%2Fdocumentos%2FDeporteParalaPaz.html

Nossa proposta aprovada na CONFERÊNCIA NACIONAL DO ESPORTE Eixo 9 da Infraestrutura (ação 5 e metas) http://www.slideshare.net/fernandozornitta/plenaria-linha9

Nossa proposta de ideograma para um PLANO NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE ESPORTE E LAZER http://www.slideshare.net/fernandozornitta/plano-nacional-de-qualificao-dos-equip-de-esp-e-lazer-p2

CARTA DE BRASÍLIA – Resultado da III CONFERÊNCIA NACIONAL DO ESPORTE http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/carta-brasilia-24495700

O CALDEIRÃO DA ACESSIBILIDADE http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-caldeiro-da-acessibilidade-v5-2013-d

+ DIREITOS, + DIGNIDADE, + URBANIDADE, + ACESSIBILIDADE: CALÇADAS ACESSIVEIS (publicado em livro, revista e sites de forma resumida. Aborda a questão da acessibilidade arquitetônica e urbanística e aponta com programas públicos para a mudança de postura da sociedade em função da eliminação de barreiras e promoção da acessibilidade) http://www.slideshare.net/fernandozornitta/artigo-caladas-zornitta-vfinal

ACESSIBILIDADE URBANA – CAMINHOS CONTRA O CAOS http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2014/02/19/noticiasjornalopiniao,3208846/acessibilidade-urbana-caminhos-contra-o-caos.shtml

PESSOAS INVISÍVEIS http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/invisveis

MENINAS DE FORTALEZA http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/meninas-de-fortaleza-c CIDADE ACESSÍVEL, EM BUSCA DOS CAMINHOS DA URBANIDADE E DO DIREITO UNIVERSAL http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/cidade-acessvel-fernando-zornitta

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PRAIA SEM FUTURO http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/praia-sem-futuro-bb

PRAIA DE IRACEMA, TURISMO, TUMORES E CÂNCER http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/praia-de-iracema-turismo-tumores-cncer-bb

O TURISMO NA PERSPECTIVA DA SUSTENTABILIDADE http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/o-turismo-na-perspectiva-da-sustententabilidade-24494459

TURISMO E O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE NO BRASIL http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/turismo-e-desafio-da-sustentabilidade-no-brasil-4

O CÂNCER DA TERRA http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/o-cncer-da-terra

PARACURUS http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/paracurus

ACEFALÉIA E O DÉFICIT HABITACIONAL http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/acefaleia-e-o-deficit-habitacional-30536793

DA MICRO E MÉDIA PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/da-micro-mdia-produo-e-consumo-de-energia

FID AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE ACESSIBILIDADE E A COPA DA FIFA EM FORTALEZA http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/96-audincia-do-fid-apresentao-acessibilidade-e-a-copa-da-fifa

PAZ NA TERRA http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/paz-na-terra-5d-paulo-fernando-zornitta

TURISMO E PROSTITUIÇÃO http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/turismo-prostituio-artigo-fernando-zornitta

SINCATUR – SISTEMA INTEGRADO DE CÂMARAS DE TURISMO http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/sincatur-resumo

PROPOSTAS DO FID AOS CANDIDATOS À PREFEITURA DE FORTALEZA http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/propostas-fid-aos-candidatos

TURISMO E GESTÃO http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/turismo-e-gesto

MORADORES DE RUA http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/moradores-de-ruad-24494998

TUDO SOB CONTROLE http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/tudo-sob-controle-d2

CREIO EM MIM – Poesia Oração http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/creio-em-mi-md

CARTA DO TURISMO SUSTENTÁVEL – ONU/UNESCO/INSULA – apresentei trabalho/contribuição http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/carta-do-turismo-sustentvel

- Outros textos em pdf:

ESTALEIRO OUT (DE FORTALEZA) – pdf anexo

A CAPACIDADE ORGANIZATIVA – pdf anexo

A COMUNICAÇÃO E AS BASES DA CIDADANIA

ENTRE OGIVAS, URÂNIO E PLUTÔNIO.

BISMARK CONTESTAÇÃO ENTREVISTA SOBRE TURISMO SUSTENTÁVEL – Protocolado SETUR

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BONO DAQUI A 50 ANOS ?!?!?!

CADÊ O NOSSO ESPELHO ?

GUARAMIRANGA, QUE RUMO ???

INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO E PROMOÇÃO TURÍSTICA

LIVRO DIGITAL MULTIMÍDIA

RIO + 10

RIO + 20

DIREITOS x DEVERES