cidade educadora 6

4
Évora, 19 de Julho de 2012 Newsletter Ano1 Nº6 Foto: António Carrapato Os políticos eborenses defendem a construção de Évora como cidade Educadora? O ciclo de debates “Habitar a Cidade. Construir Espaço Público” promove neste mês de julho a sua sexta edição. Qual o contributo que os partidos polí- ticos podem podem aportar à constru- ção de Évora, cidade educadora? Esta é a pergunta central do debate que conta com a participação de representantes dos partidos políticos representados na Assembleia Municipal de Évora: PS, CDU, PSD, BE. O professor do ensino secundário Ma- nuel Cabeça é a personalidade indicada pela estrutura concelhia do PS de Évo- ra para transmitir a posição deste parti- do político no que respeita à constru- ção de Évora, cidade educadora. O advogado e actual vereador na Câ- mara de Évora, Eduardo Luciano, é o porta voz do PCP para este encontro sobre Évora, cidade Educadora. O sociólogo Nuno Alas recentemente eleito presidente da secção de Évora do PSD, representa os sociais democratas nesta reflexão conjunta e pública. Amália de Oliveira, investigadora na Universidade de Évora, é eleita pelo BE na Assembleia Municipal. Reporta aqui as posições do seu partido relati- vas a Évora, cidade educadora. O Prof. Silvério da Rocha e Cunha, docente da Universidade de Évora, doutorado em teoria jurídico-política (área de Filosofia Política) conduz este debate aberto a todos os cidadãos inte- ressados em reflectir sobre o tema proposto. O lugar do encontro é um café no centro da mesma cidade, o Condestável. A hora marcada é o fim de tarde de quinta feira, dia 19 de Julho, entre as 17.30 e as 20.30h. ANTÓNIO CARRAPATO é o fotógrafo eborense que este mês partilha connosco o seu olhar sobre a cidade de Évo- ra. Passeia-se pelos bairros da Malagueira e Horta das Figueiras, pelas Piscinas, detêm- se junto às muralhas que envolvem o centro histórico (perto da Escola do Rossio) e mostra-nos a inespera- da vivência de uma cidade que, apesar de ser nossa, não é a que tínhamos guardada. É o inusitado que tam- bém faz a cidade. São imagens não esperadas de Évora, cidade edu- cadora. O próximo debate Na última quinta feira de Setembro, dia 27, à mesma hora, no mesmo local vamos reflectir sobre “A educação informal na construção de uma cidade educadora”. Com a participação do Prof. Doutor José Bravo Nico, docente da Universidade de Évora, e director da Escola Popular / Universidade Sénior Túlio Espanca e a moderação do Dr. Sancho Gomes, entre outros convidados. Entre a s muralhas e a Escola do Rossio

Upload: dores-correia

Post on 23-Feb-2016

226 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

news of education

TRANSCRIPT

Page 1: cidade educadora 6

É v o r a , 1 9 d e J u l h o d e 2 0 1 2 N e w s l e t t e r

A n o 1

N º 6

Fot

o: A

ntón

io C

arra

pato

Os políticos eborenses defendem a construção

de Évora como cidade Educadora? O ciclo de debates “Habitar a Cidade. Construir Espaço Público” promove neste mês de julho a sua sexta edição. Qual o contributo que os partidos polí-ticos podem podem aportar à constru-ção de Évora, cidade educadora? Esta é a pergunta central do debate que conta com a participação de representantes dos partidos políticos representados na Assembleia Municipal de Évora: PS, CDU, PSD, BE. O professor do ensino secundário Ma-nuel Cabeça é a personalidade indicada pela estrutura concelhia do PS de Évo-ra para transmitir a posição deste parti-do político no que respeita à constru-ção de Évora, cidade educadora. O advogado e actual vereador na Câ-mara de Évora, Eduardo Luciano, é o porta voz do PCP para este encontro sobre Évora, cidade Educadora. O sociólogo Nuno Alas recentemente eleito presidente da secção de Évora do PSD, representa os sociais democratas nesta reflexão conjunta e pública. Amália de Oliveira, investigadora na Universidade de Évora, é eleita pelo BE na Assembleia Municipal. Reporta aqui as posições do seu partido relati-vas a Évora, cidade educadora. O Prof. Silvério da Rocha e Cunha, docente da Universidade de Évora, doutorado em teoria jurídico-política (área de Filosofia Política) conduz este debate aberto a todos os cidadãos inte-

ressados em reflectir sobre o tema proposto. O lugar do encontro é um café no centro da mesma cidade, o Condestável. A hora marcada é o fim de tarde de quinta feira, dia 19 de Julho, entre as 17.30 e as 20.30h.

ANTÓNIO CARRAPATO é o fotógrafo eborense que este mês partilha connosco o seu olhar sobre a cidade de Évo-ra. Passeia-se pelos bairros da Malagueira e Horta das Figueiras, pelas Piscinas, detêm-se junto às muralhas que envolvem o centro histórico (perto da Escola do Rossio) e mostra-nos a inespera-da vivência de uma cidade que, apesar de ser nossa, não é a que tínhamos guardada. É o inusitado que tam-bém faz a cidade. São imagens não esperadas de Évora, cidade edu-cadora.

O próximo debate Na última quinta feira de Setembro, dia 27, à mesma hora, no mesmo local

vamos reflectir sobre “A educação informal na construção de uma cidade educadora”. Com a participação do Prof. Doutor José Bravo Nico, docente da Universidade de Évora, e director da Escola Popular / Universidade Sénior Túlio Espanca e a moderação do Dr. Sancho Gomes, entre outros convidados.

Entre as muralhas e a Escola do Rossio

Page 2: cidade educadora 6

Como alcalde de Barcelona, ¿cuál es la mayor dificultad que encuentra en nuestra ciudad para su desarrollo como Ciudad Educadora?

Como sucede con cualquier tema emergente, la lucha siempre ha de ser contra las inercias. A base de diálogo y de un continuo esfu-erzo de explicación y convencimiento, hemos avanzado mucho. Y afortunadamente, las resistencias son testimoniales.

¿Qué otras ciudades del mundo cree usted que son un ejemplo de políticas adecuadas a las Ciudades Educadoras?

Resulta difícil destacar algunas ciudades, puesto que las más de 340 ciudades que hoy pertenecen a la Asociación Internacional de Ciudades Educadoras desarrollan unos principios u otros de la Carta de Ciudades Educadoras, de forma que todas pueden consti-tuir ejemplos para todas. Barcelona ha tenido como referente a diversas ciudades para el impulso de distintas políticas y actuacio-nes: Rennes, Turín, Rosario, Medellín y algunas otras pueden ser citadas como inspiradoras en diversos aspectos. Al mismo tiempo, Barcelona es considerada como modelo para otras muchas ciuda-des.

¿Cómo se podría animar a otras ciudades que aún no han fir-mado la Carta a unirse a la Asociación Internacional de Ciuda-des Educadoras?

Asociarse para aprender, para compartir prácticas y reflexiones, para colaborar, saberse parte de un conjunto con unos mismos obje-tivos y anhelos, refuerza a los distintos componentes de un colecti-vo. El diálogo y el intercambio en base a un nexo común –la Carta de Ciudades Educadoras- ayudan a las ciudades a mejorar sus polí-ticas y actuaciones. Hoy, el diálogo internacional entre ciudades, en un contexto de globalización, es absolutamente necesario. Hace falta hacer oír la voz de las ciudades afirmando y reclamando la importancia de la educación como instrumento irrenunciable de progreso individual, de cohesión social, de progreso económico y social. Y desde una plataforma como la Asociación Internacional de Ciudades Educadoras, esto es mucho más efectivo.

Os desafios

de uma cidade educadora: A perspectiva de um político

Jordi Hereu foi alcaide de Barcelona entre 2006 e 2011, a cidade de origem do conceito de cidade educadora, e que continua a pre-sidir à Associação de Cidades Educadoras (AICE).

Em entrevista publicada por esta associação internacional (em http://w10.bcn.es/APPS/edubidce/adjArxiuAc.do?idadj=1922) afirma que “as cidades educadoras têm como principal desafio a informação e a comunicação com todos e cada um dos cidadãos”.

¿Qué se entiende desde la alcaldía de Barcelona por Ciudad Educadora?

Es una apuesta por la educación como instrumento para conseguir una ciudadanía más culta y más cohesionada. Es un reto perma-nente y un proceso constante, lo que nos lleva a un modo diferente de trabajar. Entendemos que la educación no es sólo responsabili-dad de un único departamento, es un compromiso de todo el gobierno local en respuesta a una realidad innegable. Gran parte de las políticas y actuaciones municipales, urbanismo, deporte, médio ambiente, cultura, economía, transportes, salud-, contienen vertientes educativas, quebes necesario descubrir y desarrollar, desde un trabajo transversal. La ciudad se nos presenta como un nuevo sistema educativo y el compromiso que representa incumbe al gobierno local, pero también a las distintas organizaciones soci-ales cuyas funciones y tareas se desarrollan en la misma dirección.

¿Podría resaltar un proyecto o experiencia realizado en Barce-lona en los últimos 20 años que, desde su punto de vista, haya potenciado la ciudad como espácio educador?

Me siento orgulloso de afirmar que actualmente sería difícil en-contrar un solo proyecto que no contemple la vertiente educativa. En este sentido, sería complicado ressaltar una única experiencia. Para poner unos pocos ejemplos, podríamos citar la implantación de la recogida selectiva, la mejora de la conexión de los barrios y del transporte público, el fomento de los espacios públicos, la adaptación arquitectónica de la ciudad para las personas con dis-capacidad, la creación de consejos de participación, el diseño participativo de los espacios públicos, el plan de bibliotecas, los programas pedagógicos de los museos, los centros cívicos, las campañas de salud, etc. Como he dicho antes, todas las actuacio-nes municipales tienen su vertiente educativa.

¿Cuál es la forma más eficaz de involucrar al ciudadano en los problemas y en la búsqueda de soluciones de la ciudad?

Escuchando mucho y haciendo visible la participación del ciuda-dano en el momento de la toma de decisiones. Para conseguirlo utilizamos diferentes instrumentos como los consejos de participa-ción, los pactos locales, herramientas de participación

electrónica... Ya he dicho en numerosas ocasiones que soy el al-calde de la gente de Barcelona, y por ello quiero escuchar todas las opiniones, conocer las diferentes sensibilidades. Nada de lo que pasa en Barcelona me es ajeno.

P á g i n a 2

Na Horta das Figueiras

Fot

o : A

ntón

io C

arra

pato

Page 3: cidade educadora 6

Tema

A cidade educadora como expressão de vontade colectiva

P á g i n a 3

O papel da política

na cidade

educadora

… para que a busca

da política represente

efectivamente

um meio do humano

tentar atingir,

sem medo,

a sua liberdade

e a sua libertação.

Para isso será

imprescindível,

em todo o caso,

que a formação

racional da vontade

colectiva seja

um efectivo espaço de

convergência

entre ética e política.

(CUNHA: 2006, p. 214).

A Cidade Educadora implica, para Silvério Rocha e Cunha, “um espaço real de convergência onde a forma-ção da vontade colectiva se opera aos vários níveis da sociedade, pois é nas suas respectivas interacções que se reconhecem, respeitam e permitem os espaços que pertencem ao outro. Mas opera-se a um nível que deve ser qualitativo, onde a cidadania se realiza depurando as suas instâncias reflexivas ”. (CUNHA: 2006, p. 214)

Partindo destas reflexões de um pro-fessor da Universidade de Évora, propomos para este debate quatro perguntas:

1. Qual a relação entre a política e a cidade educadora?

2. Como se cria um espaço de con-vergência entre a esfera da politica e a dimensão ética?

3. Que atenção dedicam os partidos políticos representados na Assem-bleia Municipal de Évora à questão da cidade educadora, enquanto construção social capaz de mobili-zar, por um lado, instrumentos ao nível da governação política e, por outro, atender às vivências dos seus

David Harvey, um dos geógrafos mais reconhecidos no plano internacional, autor de uma vasta obra onde analisa a cidade a partir de uma perspectiva mar-xista, propõe que pensemos a cidade educadora como “uma utopia dialética” e colectiva.

“O utopismo dialéctico não pode ser algo individual precisamente porque a cidade é um produto colectivo. Por conseguinte, há-de ser um projecto colectivo, um direito colectivo cujo

exercício depende essencialmente da criação de medidas colectivamente adoptadas para remodelar, conforme a nossa nova imagem, os espaços urba-nos, as condições do meio ambiente e as práticas sociais.”

Para Harvey o projecto de uma cidade educadora aproxima-se de uma revolu-ção, mas “as revoluções não são uma ruptura completa, e o que fazem é ape-nas dar uma volta às coisas. Podem ressuscitar antigos direitos e definir

novos: como o direito à cidade que não é simplesmente o direito a aceder ao que definem os especuladores e os pla-nificadores estatais, mas é um direito activo a fazer a cidade mais conforme os nossos desejos e a nos recrearmos de acordo com uma imagem diferente.”

Isto, num dos textos de referência do Banco Internacional de Documentos das Cidades Educadoras (BIDCE): http://w10.bcn.es/APPS/edubidce/adjArxiuAc.do?idadj=316

habitantes?

4. Que compromissos políticos poderão ser assumidos para com Évora, cidade que quer ser educadora?

(1) CUNHA, Silvério Rocha (2006). A legitimidade e fragilidade da Democracia- A propósito do pensamen-to de Paul Ricoeur. In A filosofia de Paul Ricoeur. HENRIQUES, Fernanda (coord.). Coimbra: Ariadne Editora, p. 214.

Dar uma volta às coisas

Na Malagueira

Foto: António Carrapato

Page 4: cidade educadora 6

ContactosContactosContactos Mail: [email protected] Blogue: http://evoracidadeeducadora.blogspot.com/

Facebook:: ww.facebook.com/events/323727374325849/

P á g i n a 4

Num texto intitulado “Governança e Edu-cação”, o politólogo catalão Joan Subirats propõe relacionar reflexões sobre as mu-danças da época que atravessamos com as novas dimensões da participação e da “governança”, procurando compreender que papel desempenha a educação, a par-tir de uma concepção vital e transversal dos seus conteúdos e impactos. Constata este autor que “As democracias ocidentais experimentaram nos últimos anos um aumento continuado da absten-ção eleitoral e uma descida significativa das taxas de filiação nos partidos políticos e grupos de interesse. O desinteresse, o

ceticismo, e o distanciamento da cidada-nia relativamente à política tradicional, baseada na participação através dos parti-dos, das grandes organizações corporati-vas e nas eleições, apontam para um certo distanciamento do modelo democrático predominante. A deriva delegativa das nossas democracias começa a ser questio-nada num novo contexto cultural marcado pelo predomínio de novos valores pós materialistas, ou pela emergência de uma sociedade mais educada e reflexiva, na qual os indivíduos se mostram cada vez menos dispostos a desempenhar papeis passivos e reivindicam um papel mais

activo e maior protagonismo nos proces-sos políticos.” No final, Subirats conclui que “a cidade, o espaço público, não são apenas actores e territórios educativos. A ênfase recai no cidadão e no seu processo de ação e rece-ção educativa. Educamo-nos exercendo cidadania, participando em compromissos colectivos, responsabilizando-nos com o que ocorre para além da esfera privada.”

Joan Subirats, politólogo catalão , Barcelona:

Santillana , 2008 , 2. Educación: el presente es el futuro (237-250) http://w10.bcn.es/APPS/

edubidce/adjArxiuAc.do?idadj=3205

Governança e Educação

No Centro Histórico Nas Piscinas Municipais

Fot

o: A

ntón

io C

arra

pato

Fot

o: A

ntón

io C

arra

pato