bollywood brasil mar14

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A oitava edicao de Bollywood Brasil, primeira revista especializada em cinema indiano do Brasil. The eighth edition of Bollywood Brasil - the first on line magazine specialised on Indian cinema in Brazil.

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Caro (a) Leitor (a),

O ano de 2014 começa e nós seguimos divulgando o cinema indiano no Brasil.

Esta primeira edição do ano está cheia de surpresas. Temos uma matéria especial contando um pouco dos 25 anos de carreira do ator Salman Khan. Beatriz Seigner, diretora do filme Sonho Bollywoodiano, nos revela como foi produzir o primeiro longa metragem brasileiro na Índia e os planos para o futuro.

E quem está acostumado com uma Bollywood recatada, sem beijos ardentes ou polêmicas, vai conhecer nesta edição uma Bollywood muito mais apimentada! Trazemos ainda a crítica do filme Lunchbox (que foi premia-do no festival de Cannes) e a agenda de estreia dos próximos meses, além de uma matéria especial explicando a história do diwali e mostrando suas celebrações no Brasil.

Como sempre nossa revista foi feita com muito carinho e esperamos que vocês gostem.

Boa leitura e um Jolly Bolly 2014!Equipe da Bollywood Brasil

Bollywood Brasil

Expediente:Editor-chefe: André Ricardo

Redação: André Ricardo, Claudia Rabelo Lopes, Feliz Luz, Juily Manghirmalani, Rosely Toledo,Tiago Ursulino e Bibiana Nilsson

Edição e revisão: Claudia RebeloDiagramação: Aline Moreira, Bibiana Nilsson, Dayna Disha Malani e Juily Manghirmalani

Publicidade: Themis NascimentoDivulgação: Shadia Fernanda

Contato:

Redação: [email protected]ção: [email protected]

Anúncios/patrocínio: [email protected]

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pág. 4Entrevista com Beatriz Seigner

pág. 7Salman Khan: 25 anos de carreira

de um dos maiores astros de Bollywood

pág. 11Bollywood Apimentada!

pág.15O mais longo e iluminado festival indiano

pág.19Crítca: The Lunchbox

pág.21Agenda de Estreias

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indiana, estilo Odissi, junto com minha amiga Re-nata Pieratti. Estávamos no último ano do colegial, queríamos tirar um ano sabático antes de entrar numa universidade, e decidímos, ali naquelas aulas, que queríamos ir para a Índia – explorar o mundo e a nós mesmas, longe de todos os nossos condiciona-mentos sociais. Eu já havia feito um curta-metragem antes disso, era cinéfila, e sabia da paixão pelo cine-ma dos indianos. Isso sem dúvida trazia um interes-se à mais nesta viagem. Ficamos cerca de 6 meses lá, trabalhamos como voluntárias num hospitalzinho, tivemos aulas de Odissi com o Kelucharan Mohapa-tra em Orissa, e viajamos por quase todos os estados indianos, dos Himalaias, ao deserto do Paquisatão, ao Ganges, ao extremo Sul, com cerca de 5 dolares por dia. Foi uma das experiências mais transforma-

Beatriz Seigner é formada em cinema pela FAAP e começou sua carreira como cineasta desde muito jovem com o longa-metragem "Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano" (2010). Amante da cultura e cine-matografia indiana, ela nos responde sobre algumas curiosidades de sua carreira e de seu filme. Atualmente Beatriz ainda trabalha com cooproduções com a Índia e vai nos dar algumas dicas do que pode estar vindo por aí.

Bollywood Brasil: Como surgiu seu interesse em fazer filmes na Índia ou mesmo sobre questões sociais relacionadas à Índia?

Beatriz: Me apaixonei pela Índia através da Bháva-na Rhya, com quem eu fazia aulas de dança clássica

Entrevista com Beatriz Seigner

Por Juily Manghirmalani

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doras da minha vida. E do desejo de compartilhar as questões que os indianos me instigavam por lá, junto com a inquietude de diversos amigos atores queren-do experimentar fazer cinema, fez com o Bollywood Dream nascesse.

BB: Sobre a experiência de filmar lá, há grandes diferenças em relação ao Brasil? Sobre o Bolly-wood Dream, quais eram suas expectativas antes da gravação e o quanto o roteiro mudou após a chega-da na Índia?

Beatriz: Eu escrevi o roteiro pensando nas cenas que podiam ser filmadas nas ruas, que eu e outras pessoas já havíamos vivenciado na Índia. Lógico que eu es-tava muito aberta ao improviso, escolhi atores com os quais eu sabia que podia contar com este “jazz”, como dizíamos – ou seja, que soubessem improvisar impul-sionado pela plena vivência do momento presente e com as influências do acaso, ao mesmo tempo que soubessem voltar para a ‘harmonia’ geral do roteiro, e de cada cena. Como resultado conseguimos fazer uma ficção que tivesse esta textura e frescor de não se saber o que vai acontecer na próxima cena. E como o tema do filme era ‘sonho’ e ‘investigação das vontades’

ter a realidade documental bem impressa era bastante importante para criarmos esta distância entre o que as personagens estavam vivendo e seus desejos.

Com relação à produção do filme tivemos algumas di-ficuldades com a primeira equipe, que foi excelente na pré-produção, mas estava muito acostumada a filmar no esquema dos estúdios tradicionais da indústria de cinema indiano, com um número certo de planos e contra planos em closes, planos médios, planos aber-tos, e que não compreendiam a estética que buscáva-mos de realismo. Foi quando o Santosh Sivan, nosso produtor executivo, nos auxiliou na troca da equipe para uma menor, que estava disposta a filmar nas ruas, mais aberta ao acaso e ao improviso.

BB: Você enfrentou alguma dificuldade por conta da cultura indiana ou brasileira com a produção do filme?

Beatriz: Ambas equipes que tive na Índia nunca haviam filmado com uma diretora mulher. Percebi que este era um evento para eles: Ter uma mulher no comando. Mas logo se acostumaram, até que com a segunda equipe realmente formamos uma sinergia orgânica, que nos fez nos sentir em família.

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No Brasil, na época de captação de recursos, editais e etc, acho que havia um preconceito em não se achar possível fazer um filme brasileiro num lugar tão dis-tante. Acredito que hoje isso já não exista mais.”

BB: Caso ainda não tenha citado, há alguma ex-periência engraçada/inusitada que te marcou du-rante sua estadia na Índia?

Beatriz: Uma vez eu, quando eu estava lá com 18 anos, andando de moto, atropelei uma vaca que sur-giu do nada na estrada de um vilarejo perto de Pondi-cherry, no sul da Índia. E do acidente eu cai com a moto num tanque de água cheio de lama. E todos que estavam ali saíram correndo para socorrer a vaca. E eu fiquei sozinha na lama. Como não foi nada grave, nem comigo e nem com a vaca, até hoje rio quando lembro desta cena.

BB: Como você vê o futuro das cooproduções In-dia-Brasil?

Beatriz: No meu próximo filme tenho novamente co-produtores indianos, a Anurag Kashyap Films, que está investindo 20% do orçamento do filme para depois distribuí-lo nos cinemas lá. Mesmo este filme não tendo nada a ver com a Índia. Eu acho que pouco a pouco estamos abrindo este caminho. Para nós é um mercado de exibição valiosíssimo. Para eles é muito interessante nossas leis de incentivo e nosso fundo setorial audiovisual, uma vez que lá eles só contam com recursos privados. Acho que se o BRICS (Brasil Russia India China e Africa do Sul) juntassem seus

mercados de exibição conseguiríamos combater a he-gemonia norte americana nesta área.

BB: Você pretende fazer outras obras cinematográfi-cas (ou relacionadas) com a Índia?

Beatriz: Sim!

BB: Como está sua carreira? Quais seus planos atu-ais e futuros?

Beatriz: Se Ganesha continuar nos ajudando a tirar os obstáculos do caminho, ano que vem filmo meu próx-imo longa de ficção, “Los Silencios”, em co-produção com a Índia, a Colômbia e possívelmente México também.

BB: Você possui filmes ou diretores indianos favori-tos? Quais? Você se identifica com algum deles?

Beatriz: Adoro os filmes do Satyajit Ray, do Anurag Kashyap, do Vikramaditya Motwane, do Ritesh Ba-tra…… me identifico muito com o humanismo de todos eles. BB: E atores/atrizes indianos(as) favorito(as)?

Beatriz: Eu sou fã do Amir Khan!! E acho fantástica o questionamento do sistema de ensino indiano que ele trouxe à tona com o Taare Zameen Paar e 3 idi-ots. Estes filmes deviam passar em todas as escolas e instituições de ensino do Brasil. Para pais, alunos e professores.

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Salman Khan: 25 anos de carreira de um dos maiores astros de Bollywood

Por Rosely Toledo

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Que festival é esse? Tem luzes, mas não é Natal. Marca o Ano Novo, mas não acontece dia 1º de Janei-ro. Dura cinco dias, mas não tem nada a ver com Car-naval. As pessoas se presenteiam doces (entre outros), mas não é Páscoa.

Quem pensou no Diwali, acertou. O Deepavali ou Di-wali é um dos maiores e mais importantes festivais in-dianos. O nome significa literalmente “fileira de luzes” e faz alusão às pequenas lâmpadas de argila com óleo que são acesas para representar o triunfo da luz sobre a escuridão; do bem sobre o mal; da sabedoria contra

a ignorância. Não é à toa que o Diwali é conhecido como festival das luzes.

A noite principal do festival coincide com a noite mais escura do ano, que no calendário hindu lunar/solar corresponde à primeira noite do mês Kartik. No calendário gregoriano (que utilizamos), a noite prin-cipal do Diwali ocorre entre outubro de novembro: trata-se a primeira Lua Nova de outono. Essa a tran-sição entre a Lua Minguante e a Lua Crescente, sig-nifica, em termos simbólicos, a passagem das trevas para a luz.

O mais longo e iluminado festival indiano

Por Bibiana Nilsson

Foto: Rosely Toledo

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As origens do festival remetem à vida rural. O Diwali era festejado após a última colheita antes do início do inverno: tempo de fechar as contas e planejar o ano seguinte. Para os hindus, tempo de agradecer e bus-car as bênçãos de Lakshmi, deusa da prosperidade. A tradição incorporou-se aos negócios, e, na Índia con-temporânea, o Diwali marca o final de um ano finan-ceiro, e o início do seguinte.

A celebração do Diwali para os hindus adquire nuanc-es regionais em cada parte do país. Varia, inclusive, a crença a respeito da origem do festival, do porquê da sua celebração. No norte do país, celebra-se o retorno

de Rama a Ayodhya, após vencer o demônio Ravana (qua havia capturado a esposa de Rama, Sita), história relatada no clássico Ramayana. Já no sul do país, é celebrado o dia em que Krishna derrota o demônio Narakasura (episódio detalhado no épico monumen-tal Mahabharata). No oeste, comemora-se a data em que Vishnu (um dos deuses integrantes da “santíssima trindade” hindu) expulsou o demônio King Bali para o mundo inferior.

Em muitos outros locais, celebra-se o aniversário de Lakshmi, que haveria nascido do oceano cósmico de leite, durante um embate entre as forças do bem e do

Realização da puja durante celebração do Diwali no ICC, em São Paulo Foto: Rosely Toledo

mal. Neste mesmo dia, Lakshmi casa-se com Vishnu (do qual Krishna e Rama são avatares). Em comum, todas as versões têm um elemento fundamental: a vitória do bem sobre o mal.

Além dos hindus, jains e sikhs também celebram o Diwali. Para o Jainismo, o Diwali marca o alcance do

nirvana (o despertar espiritual) de Mahavira (“fun-dador” do Jainismo). Já no Sikhismo comemora-se o dia em que Guru Hargobind Ji (o sexto guru sikh) foi libertado da prisão.

Cinco dias de festa e reflexãoA maneira de celebrar Diwali entre os hindus varia

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Tanupriya Das e o rangoli que desenhou à entrada de sua casa em Vadodara, Gujarat. Foto: Manoj K. Das

de acordo com as crenças, tradições, diretamente rel-acionadas ao local de origem das famílias. No entanto, alguns costumes se assemelham. Cada um dos cinco/seis dias do festival tem um nome, significado, e ritu-ais específicos a serem seguidos. A seguir, apresenta-mos cada um deles, de forma resumida. Escolhemos apenas um nome para essa apresentação. No entanto, quanto mais a fundo se pesquisa a respeito do Diwali e suas comemorações, mais se vê a riqueza e multipli-cidade de nomes, rituais e interpretações.

Um dia antes do início das comemorações, as mul-heres da família costumam fazer jejum para evocar a graça divina, ao mesmo tempo em que oram para o bem-estar da família inteira. Esse dia é chamado Va-subaras.

O primeiro dia oficial de Diwali é chamado Dhant-rayodashi ou Dhanteras, e é dedicado à limpeza de casas, escritórios e outros espaços. Considera-se esse também um dia auspicioso para comprar ouro e utensílios domésticos, além de vestir roupas novas.No segundo dia, é feita a decoração especial para o

Diwali. Centenas de luzes e luminárias pequenas de argila são acesas à noite e rangolis (desenhos realiza-dos com areia colorida ou um pó especial para este design) são feitos no pátio e em frente às portas das casas, para dar as boas-vindas aos deuses. Esse segun-do dia é chamado Naraka Chaturdashi. Á noite acen-dem-se lâmpadas e são lançados fogos de artifício. As pessoas visitam seus parentes e amigos, presen-teiam-se doces.

O terceiro dia é dedicado à Lakshmi, a deusa de rique-za e da prosperidade. Em casa, costuma-se acender todas as luzes e lâmpadas, além de abrir todas as por-tas e janelas para receber a deusa. Também não pode faltar a puja. Como em todas as outras noites do festi-val, fogos de artifício são lançados no céu. Os homens de negócios fecham contas antigas.

O quarto dia é o primeiro do novo ano; chamado de Varshapratipada/ Pratipad Padwa. Além de ser uma data em que se visita parentes e amigos para desejar feliz ano novo, esse é também o dia em que se cel-ebra a relação matrimonial. Por inaugurar o novo

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Fogos de artifício colorem o céu de Vadodara, Gujarat. Foto: Manoj K. Das

ano financeiro, esse é considerado o dia mais aus-picioso para se iniciar novos negócios. No norte do país Índia, ocorre a Govardhana Puja: devotos constroem montes feitos de estrume de vaca (sim-bolizando Govardhana, a montanha que Krish-na levantou com o seu dedo para proteger o popu-lação de Vrindavan da ira de Indra) e os decoram.

O dia final do festival é chamado de Bhathru Dwith-iya. Este é um dia extremamente especial para as família indianas, pois é celebrado o relacionamentos entre irmãos e irmãs. Irmãs dão seu voto de amor e cuidado aos irmãos, que em troca juram-lhes amor e proteção.

Diwali no BrasilO crescente interesse pela cultura indiana, aliado a ini-ciativas como a abertura do Centro Cultural da Índia

em São Paulo (ICC) vem abrindo espaço para a desc-oberta das tradições indianas pelos brasileiros. Neste ano, o ICC promoveu o Diwali, Festival das Luzes de 2013 no próprio Centro Cultural. O evento contou com cerimônias tradicionais, dança clássica indiana, apresentação teatral, jantar e confraternização entre a comunidade frequentadora.

Ainda que restritas a São Paulo, iniciativas como essa têm uma importância irrefutável na promoção da cul-tura indiana no Brasil. A julgar por algumas das fotos que ilustram este texto, é possível perceber que a ma-gia e o significado primordial do Diwali - o triunfo da luz sobre a escuridão; do bem sobre o mal – não têm fronteiras.

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The Lunchbox é o nome do econômico mas profundo filme que surpreendeu a indústria híndi em 2013, desde sua boa recepção no Festival de Cannes em maio, de onde levou o prêmio de Escolha do Público na Semana Internacional da Crítica, até sua estreia na Índia e sua ótima avaliação pelos críticos e ra-zoável desempenho nas bilheterias (considerando ser uma produção que foge das convenções comer-ciais indianas). O filme também era o favorito para representar o país na premiação do Oscar este ano, mas outro longa (o gujarati The Good Road) foi envia-do como candidato. A escolha causou certa polêmi-ca entre os produtores de The Lunchbox, que viam o filme como uma chance concreta da Índia de levar o cobiçado prêmio para casa.

Trata-se da história de Ila (Nimrat Kaur) e do Sr. Fer-nandez (interpretado por Irrfan Khan, recentemente visto no Ocidente como o Pi adulto de As Aventu-ras de Pi). Ila é uma dona de casa que, preocupada com a indiferença do marido, procura reacender sua paixão arriscando receitas novas para enviar-lhe na hora do almoço. Utiliza para isso o eficiente sistema de entrega de marmitas de Mumbai, o dabbawala, que “nunca erra”. As ideias para novas receitas vêm da vizinha de cima de Ila, uma divertida personagem que passa o filme conversando aos berros com a protagonista, mas que nunca chegamos a ver.

A marmita de Ila agrada tanto o Sr. Fernandez que ele come tudo. Ao receber a lancheira de volta, Ila fica feliz: seu marido parece ter gostado da comida. Logo, no entanto, ela percebe que houve engano na entrega. Seguindo mais um conselho da vizinha de cima, Ila resolve então mandar, no dia seguinte, um bilhete dentro da lancheira. Começa assim a relação epistolar que liga o destino desses dois personagens abandonados.

The Lunchbox é o primeiro longa-metragem de Ritesh Batra, mas é claramente o trabalho de um diretor sensível e habilidoso. Situado em poucos e pequenos espaços (a pequena casa de Ila, o es-critório e a casa do Sr. Fernandez, um trem lotado), o filme mantém, através de uma talentosa edição,um ritmo agradável. Os “apertos” em que vivem os personagens comunicam bem um sentimento de im-potência, de incapacidade de mudar a própria vida, sentido tanto pela dona de casa como pelo futuro aposentado.

Essa sensação de enclausuramento em um mundo superlotado que pouco se importa com seus habi-tantes é ligeiramente aliviada pela presença dos per-sonagens laterais: a vizinha de cima e Shaikh. Os dois nos fazem rir ao longo de todo o filme, sendo exemplos de pessoas que conseguem (ao contrário dos personagens principais) enfrentar a dureza da vida de modo leve e sem perder o bom humor e a esperança.Num país de histórias de amor exuberantes, colo-ridas e cheias de músicas animadas, não foi sem surpresa que os fãs de cinema receberam esse novo filme em que o par romântico é formado por uma mulher de rosto desbotado, sem maquiagem, e um senhor rabugento e de cabelos brancos. Compartil-hando suas angústias mútuas, no entanto, os dois sentem vagamente que um sentimento há muito es-quecido parece querer renascer.Causando angústia e riso, solidão e esperança, The Lunchbox é talvez a melhor resposta do cinema contemporâneo para a pergunta: como contar uma história de amor nos dias de hoje? Como fazer duas pessoas cansadas da vida reencontrarem a esperan-ça de um futuro melhor? O filme traz isso aos seus personagens, homenageando com uma das grandes paixões indianas (o cinema) outra das suas paixões: o poder da comida.The Lunchbox foi exibido em São Paulo em 2013 dentro da programação da 37ª Mostra Internacional de Cinema, e deve estrear comercialmente nos cine-mas da cidade em 2014. É uma grande chance para conferir o cinema indiano na telona.

Os dabbawalas de Mumbai são de fato eficientes, tendo seu sistema sido estudado por grandes universidades: as chances de que uma marmita vá para a pessoa errada são mínimas, e The Lunchbox é a história de um dess-es raros erros. Um dia a marmita que Ila prepara para seu marido acaba chegando por engano no escritório do Sr. Fernandez, um homem solitário prestes a se aposentar. Para ocupar o seu lugar, o Sr. Fernandez deve treinar um novo funcionário da empresa, o ingênuo e sem-cerimônias Shaikh (Nawazuddin Siddiqui); avesso às relações sociais, no entanto, o velho homem não faz senão ignorar o novato.

Crítica - The Lunchboxpor Tiago Ursulino

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AGENDA DE ESTREIASpor Tiago Ursulino

SALA 1 SALA 2 SALA 3 SALA 4

Sholay 3D (3 de janeiro)Direção: Ramesh SippyDireção musical: R.D. Burman, Basu Manohari, Maruti RaoElenco: Dharmendra, Amitabh Bachchan, Hema Malini, Sanjeev Kumar, Jaya BachchanO clássico que dispensa apresentações finalmente ganha uma versão 3D. Que melhor jeito de começar o ano de 2014?

Paranthe Wali Gali (17 de janeiro)Direção: Sachin GuptaDireção musical: Vasundhara DasElenco: Anuuj Saxena, Neha Pawar, Mohinder Gujral, Vijayant KohliEstreia do diretor teatral Sachin Gupta nos cinemas, o filme conta a história de um casal que vive na ruaParanthe Wali Gali, em Délhi, famosa por abrigar uma série de vendedores de paratha, um tipo de pão indi-ano.

Dedh Ishqiya (10 de janeiro)Direção: Abhishek ChaubeyDireção musical: Vishal BhardwajElenco: Arshad Warsi, Naseeruddin Shah, Madhuri Dix-it, Huma QureshiContinuação de Ishqiya (2010), conta a história dos dois ladrões românticos Khalujaan (Naseeruddin Shah) e Babban (Arshad Warsi), passando por todos os “sete estágios do amor” com Madhuri Dixit e Huma Qureshi.

Jai Ho (24 de janeiro)Direção: Sohail KhanElenco: Salman Khan, Daisy Shah, Sana Khan, TabuEnfrentando alguns atrasos e uma mudança de nome (antes o filme se chamaria Mental), a próxima estreia de Salman Khan será um remake do filme em telugu Stalin, de 2006

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SALA 5 SALA 6 SALA 7 SALA 8

Heartless (7 de fevereiro)

Direção: Shekhar SumanDireção musical: Gaurav DagaonkarElenco: Adhyayan Suman, Ariana Ayam, Om PuriAinda sem sinopse.

Highway (21 de fevereiro)

Direção: Imtiaz AliDireção musical: A.R. RahmanElenco: Alia Bhatt, Randeep HoodaO aguardado próximo filme de Imtiaz Ali (Jab We Met, Love Aaj Kal, Rockstar), em que a nova estrela Alia Bhatt vai deixar de lado todo o seu glamour de Student of the Year para encarnar uma garota que parte numa longa viagem. Ainda sem pôster ou sinopse oficiais.

Gunday (14 de fevereiro)

Direção: Ali Abbas ZafarDireção musical: Sohail SenElenco: Ranveer Singh, Arjun Kapoor, Priyanka Chopra, Irrfan KhanPróximo filme da Yash Raj Films. Ainda sem sinopse.

Shaadi Ke Side Effects (28 de fevereiro)

Direção: Saket ChowdharyDireção musical: PritamElenco: Farhan Akhtar, Vidya BalanO filme, cujo nome significa “efeitos colaterais do casa-mento”, é a continuação de Pyaar Ke Side Effects (“efei-tos colaterais do amor”), trazendo os personagens Sid e Trisha, agora casados, lidando com as dificuldades da vida conjugal.

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SALA 9 SALA 10 SALA 11 SALA 12

Gulaab Gang(7 de março)

Direção: Soumik SenDireção musical: Soumik SenElenco: Madhuri Dixit, Juhi ChawlaAinda sem sinopse, o filme trará Madhuri Dixit no papel principal. Pelo pôster, fica a curiosidade: que person-agem é essa que a musa encarnará?

Ragini MMS 2 (21 de março)

Direção: Bhushan PatelElenco: Sunny LeoneContinuação do filme de terror Ragini MMS (2011), inspirado pelo filme Atividade Paranormal e baseado numa história real.

Hate Story 2 (14 de março)

Direção: Vishal PandyaElenco: Sushant Singh, Surveen Chawla, Jay Bhanush-aliContinuação do thriller erótico Hate Story (2012).

Happy Ending (28 de março)

Direção: Krishna DK, Raj NidimoruDireção musical: PritamElenco: Saif Ali Khan, Ileana D’Cruz, Govinda, Preity Zinta, Kalki Koechlin, Kareena Kapoor Khan, Ranvir ShoreyNovo projeto da Illuminati Films (produtora de Saif Ali Khan) com direção da dupla responsável pelo filme Go Goa Gone (2013). Ainda sem sinopse ou pôster.