boletim clg 14

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Boletim CLG ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 20 a 26 de agosto de 2012 14 Terceira marcha dos servidores federais exige reabertura de negociações ‘‘Amanhã vai ser maior". Este foi o sentimento deixado na segunda Marcha dos servidores federais de Sergipe que ocorreu no dia 9 de agosto. A promessa foi feita e cumprida. Mais de 1000 servidores federais marcharam pela pista que dá acesso à saída de Aracaju, na manhã da última quarta-feira, 15, exigindo do governo a reabertura das negociações. Esta já é a terceira Marcha Unificada dos servidores federais e reuniu professores federais, técnicos-administrativos da UFS, servidores do Instituto Federal de Sergipe (IFS), policiais rodoviários federais (PRF`s), servidores do IBGE, Funasa, Ibama, ICMBIO e os Condutores do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que deflagraram greve no dia 13 de agosto. A marcha teve concentração no Posto Rodoviário Federal, localizado na saída de Aracaju sentindo BR-101. De lá, os servidores federais caminharam até a sede da Fundação Nacional de Saúde, a Funasa. As faixas, bandeiras e gritos de ordem mostravam a indignação com o Governo Dilma. "Enquanto o serviço público está cada vez pior, o Governo Dilma destina dinheiro público para os banqueiros", afirma Elinos Sabino, representante do Comando de Greve Unificado e servidor da Funasa. Elinos ainda denuncia a falta de recursos para realização de obras do PAC e o número reduzido de servidores. "Não há verba, o governo não investe, nós queremos recursos liberados e não só anunciados", afirma. A situação se repete nas outras categorias dos servidores. Os Condutores do Samu, que prestam serviços 24h à população sergipana, marcharam para denunciar a situação precária de condições de trabalho. Segundo Fábio Feitosa, representante do movimento grevista do Samu, hoje, o salário dos condutores é pouco mais de um salário mínimo. "Queremos correção salarial e equiparação da carga horária. Exigir isso do governo é exigir um serviço público de qualidade", afirma. A representante do movimento grevista do Ibama, Telda Lima, explica que o governo vem negligenciando os serviços do Ibama. "Hoje não temos um prédio próprio para trabalhar, falta recursos para desenvolver os projetos e o governo vem fechando os escritórios do Ibama pelo país. Precisamos denunciar esta situação", afirma. Negociação Já! Nesta semana, a greve dos professores das universidades federais completou 95 dias. Das 59 universidades, 57 estão em greve e os professores reivindicam a aprovação do plano de carreira. Porém, segundo a representante do Comando Local de Greve, professora Sônia Meire, o governo vem sendo intransigente com os servidores. "Apesar de estarmos há três meses em greve, o governo só apresentou uma proposta e ainda não sinalizou uma nova negociação. Estamos na rua para denunciar o descaso com a Educação Pública e exigir negociação já!", relata Sonia, reafirmando o posicionamento dos professores de só sair da greve com o plano de carreira aprovado. Em Brasília, cerca de 10 mil servidores marcharam pela Esplanada dos Ministérios reivindicando a reabertura da negociação, na quarta-feira, 15. Segundo depoimento da Presidente Nacional do Andes-SN, Marinalva Oliveira, publicado no site <andes.org.br>, a greve e as marchas pelo país demonstram a insatisfação dos servidores. “A greve hoje em curso no serviço público federal e o tamanho dessa Marcha demonstram a indignação dos servidores com a intransigência do governo, que não dialoga com as categorias", afirma. Ainda no dia 15, mais de 80 professores, representantes de todos os estados brasileiros, estiveram em reunião com os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL- AP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF). Os senadores se comprometeram a cobrar do governo federal a reabertura de negociações com os docentes federais em greve. Artigo Greve Federal - Por Eliana Sampaio Romão p.5 Tire suas dúvidas sobre a greve p.3 Docentes definem contraproposta p.4

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O Boletim CLG é um periódico do Comando Local de Greve da ADUFS com informações sobre o movimento grevista dos professores federais da UFS

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Boletim CLG

ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

20 a 26 de agosto de 201214

Terceira marcha dos servidores federaisexige reabertura de negociações

‘‘Amanhã vai ser maior". Este foi o sentimento deixado na segunda Marcha dos servidores federais de Sergipe que ocorreu no dia 9 de agosto. A promessa foi feita e cumprida. Mais de 1000 servidores federais marcharam pela pista que dá acesso à saída de Aracaju, na manhã da última quarta-feira, 15, exigindo do governo a reabertura das negociações. Esta já é a terceira Marcha Unificada dos servidores federais e reuniu professores federais, técnicos-administ rat ivos da UFS, servidores do Instituto Federal de Sergipe (IFS), policiais rodoviários federais (PRF`s), servidores do IBGE, Funasa, Ibama, ICMBIO e os Condutores do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que deflagraram greve no dia 13 de agosto.

A marcha teve concentração no Posto Rodoviário Federal, localizado na saída de Aracaju sentindo BR-101. De lá, os servidores federais caminharam até a sede da Fundação Nacional de Saúde, a Funasa. As faixas, bandeiras e gritos de ordem mostravam a indignação com o Governo Dilma.

"Enquanto o serviço público está cada vez pior, o Governo Dilma destina dinheiro público para os banqueiros", afirma Elinos Sabino, representante do Comando de Greve Unificado e servidor da Funasa. Elinos ainda denuncia a falta de recursos para realização de obras do PAC e o número reduzido de servidores. "Não há verba, o governo não investe, nós queremos recursos liberados e não só anunciados", afirma.

A situação se repete nas outras categorias dos servidores. Os Condutores do Samu, que prestam serviços 24h à população sergipana, marcharam para denunciar a situação precária de condições de trabalho. Segundo Fábio Feitosa, representante do movimento grevista do Samu, hoje, o salário dos condutores é pouco mais de um salário mínimo. " Q u e r e m o s c o r r e ç ã o s a l a r i a l e equiparação da carga horária. Exigir isso do governo é exigir um serviço público de qualidade", afirma.

A representante do movimento grevista do Ibama, Telda Lima, explica que o governo vem negligenciando os serviços do Ibama. "Hoje não temos um prédio próprio para trabalhar, falta recursos para desenvolver os projetos e o governo vem fechando os escritórios do Ibama pelo país. Precisamos denunciar esta situação", afirma.

Negociação Já!

Nesta semana, a greve dos professores das universidades federais completou 95 dias. Das 59 universidades, 57 estão em greve e os professores reivindicam a aprovação do plano de carreira. Porém, segundo a representante do Comando Local de Greve, professora Sônia Meire, o governo vem sendo intransigente com os servidores. "Apesar de estarmos há três meses em greve, o governo só apresentou uma proposta e ainda não sinalizou uma nova negociação. Estamos na rua para denunciar o descaso com a Educação Pública e exigir negociação já!", relata Sonia, reafirmando o posicionamento dos professores de só sair da greve com o plano de carreira aprovado.

Em Brasília, cerca de 10 mil servidores marcharam pe la Esp lanada dos Ministérios reivindicando a reabertura da negociação, na quarta-feira, 15. Segundo depoimento da Presidente Nacional do Andes-SN, Marinalva Oliveira, publicado no site <andes.org.br>, a greve e as marchas pelo país demonstram a insatisfação dos servidores. “A greve hoje em curso no serviço público federal e o tamanho dessa Marcha demonstram a indignação dos servidores com a intransigência do governo, que não dialoga com as categorias", afirma.

Ainda no dia 15, mais de 80 professores, representantes de todos os estados brasileiros, estiveram em reunião com os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF). Os senadores se comprometeram a cobrar do governo federal a reabertura de negociações com os docentes federais em greve.

ArtigoGreve Federal - Por Eliana

Sampaio Romãop.5

Tire suas dúvidas sobre a greve

p.3

Docentes definem contraproposta

p.4

A revolta crescente dos trabalhadores é a revolta das forças produtivas contra a decomposição do capital e a submissão nacional. A postura do governo Dilma frente à greve nacional dos docentes e, mais recentemente, dos técnicos-administrativos das universidades federais não é uma simples “contenda trabalhista”, embora a greve possua pauta precisa e objetiva: carreira e condições de trabalho. Após rejeitar a proposta do governo e manter a greve, entramos em outro nível de percepção. Formulamos amplas Assembleias em todo país, e aqui não foi diferente, para discutir quais pontos nossa proposta de carreira poderíamos flexibilizar, e assim decidimos alterar o piso e diminuir os steps entre os níveis.

Por outro lado, o governo aposta firmemente em uma negociação com Fasubra e Sinasefe, e tenta isolar completamente o ANDES-SN, que mantém princípios de estruturação da carreira, que tem uma concepção ampla de universidade. Mas isso não

é nada de novo. É uma tática que se iniciou efetivamente com a forja governamental do Proifes e que, nesta greve, se mostrou brutal.

Cumprimos nosso papel desta semana e estamos sendo vitoriosos em nossas ações de radicalização mesmo que a reabertura da mesa de negociações ainda não tenha se efetivado. Nosso desafio segue sendo manter a mobil ização, intensificando-a, para arrancar a reabertura das negociações ainda no âmbito do executivo. Por entender que o processo ainda não se fechou. Esta semana será decisiva para a luta pela reabertura das negociações no âmbito do executivo envolvendo MEC/MPOG e também a presidenta Dilma diretamente, a fim de que tenhamos êxito na negociação de nossa proposta antes do prazo de envio de Projeto de Lei, por parte do executivo, ao Congresso Nacional, que é 31 de agosto. Essa data não significa o encerramento de nossa greve e não finaliza nossa luta, mas há que se reconhecer que, ao seguir após esse prazo, se a categoria decidir continuar lutando por uma carreira com impactos orçamentários com efeito para 2013, teremos outro foco, que será lutar no parlamento para alterar um projeto de lei enviado

pelo executivo e que não terá contemplado as reivindicações da categoria docente em greve; em outro campo de batalha, que será o Congresso Nacional; e com outros atores para interlocução, que serão os parlamentares.

O nosso trabalho na base, a sintonia com a categoria e a percepção do movimento de resistência dos docentes nos possibilitará seguir nosso enfrentamento num contexto q u e a p r e s e n t a d i v e r s i d a d e s importantes, a fim de que nossa organização siga forte para este embate e para as inúmeras e p e r m a n e n t e s l u t a s q u e s e apresentam. Para tanto, a coesão da categoria e o fortalecimento das ações integradas do CLG são fundamentais. A consolidação desse acúmulo político e a persistência na luta serão as garantias da continuação da nossa trajetória em defesa da carreira e das condições de trabalho, em prol da educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada.

Com base neste contexto geral e considerando a dinâmica interna do nosso mov imen to pa red i s t a , reafirmamos que o processo não se fechou e, nesta semana, temos de redobrar nossas forças.

EXPEDIENTEDIRETORIA 2010-2012 - GESTÃO ‘‘A LUTA CONTINUA’’Presidente: Antônio Carlos Campos; Vice-presidente: Marcos Antônio da Silva Pedroso; Secretária: Manuela Ramos da Silva; Diretor Administrativo e Financeiro: Júlio Cesar Gandarela Resende;Diretor Acadêmico e Cultural: Fernando de Araújo Sá. Suplentes: Sonia Cristina Pimentel de Santana e Carlos Dias da Silva JuniorBoletim produzido pela ADUFS - Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino SuperiorEndereço: Av. Marechal Rondon, s/n, bairro Rosa Elze, São Cristóvão-SE Jornalismo: Raquel Brabec (DRT-1517) Estagiário em Design Gráfico e Charge: Fernando Caldas Colaboração: Pedro AlvesO conteúdo dos artigos assinados é responsabilidade dos autores e não corresponde necessariamente à opinião da diretoria da ADUFS Contato ADUFS: Tel.: (79) 3259-2021E-mail: adufs@infonet .com.br Site: http://www.adufs.org.brN° de Tiragem: 1000 exemplares

Editorial

Charge da semana

Esses sindicalistas EM GREVE lembram a gente nos bons tempos, nao ecompanheira?

APENASpassado,apenas...

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Nº14

???Muitos questionamentos surgem durante o período de greve. Confira nesta matéria as principais dúvidas enviadas à ADUFS e entenda quais os procedimentos adotados em uma s i tuação de paralisação das atividades:

O primeiro ou o segundo semestre letivo da UFS 2012 será cancelado por conta dos 90 dias de greve?

Não. De acordo com a Pró-reitoria de Graduação da UFS, a decisão de um possível cancelamento de período cabe ao Conselho Superior, algo que não foi feito. A informação é que nenhuma instituição em greve até o momento adotou esse procedimento. Inclusive, no histórico da UFS, nunca um período foi cancelado devido à ocorrência de greve.

Após a greve, o calendário acadêmico será refeito. Segundo o presidente da ADUFS, professor Antônio Carlos, os docentes sempre repõem as aulas após o período de greve. “Nós não pretendemos prejudicar nossos alunos que estão para se formar e aqueles que ainda vão entrar na universidade”.

A greve termina obrigatoriamente depois de 90 ou 100 dias de paralisação?

Não. A assessoria jurídica da ADUFS

acaba?

Não necessariamente. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) orienta a elaboração e execução do orçamento anual e trata de vários outros temas, como alterações tributárias, gastos com pessoal, política fiscal e transferências da União. Segundo Antônio, o final de agosto é limitante para orçamento de 2013, mas não limita a definição de mudança na estrutura das carreiras internas do funcionalismo. “A greve não é só por salário, mas principalmente pela reestruturação da carreira”.

Os docentes estão lutando pelo apoio dos parlamentares para criação de Projeto de Lei (PL) para reestruturação da carreira a ser enviado ao Congresso Nacional.

As inscrições e a prova do vestibular da UFS 2013 ainda acontecerão neste ano?

Sim. A greve não alterou o processo do vestibular da UFS para início das aulas em 2013. Os estudantes devem efetuar a inscrição no período de 13 a 31 de agosto via internet através do endereço <www.ccv.u f s .b r> . Ao todo , são disponibilizadas 5.500 vagas, em 106 opções de cursos na modalidade presencial para os campi de Itabaiana, Lagarto, Laranjeiras e São Cristóvão.

esclarece que não há qualquer previsão legal de prazo máximo para o exercício do direito de greve, mesmo porque, nos termos do artigo 1º da Lei de Greve, cabe ao t raba lhador dec id i r sob re a oportunidade e conveniência do exercício deste direito.

Após a definição dos recursos para 2013 (Lei de Diretrizes Orçamentárias), com prazo até o fim de agosto, a greve

Dúvidas sobre a greve?

Em uma reunião com mais de 80 docentes, representando todos os estados brasileiros, os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) se comprometeram a cobrar do governo federal a reabertura de negociações com os docentes federais em greve. A paralisação completou três meses na sexta (17).

O encontro aconteceu na quarta-feira (15) no anexo 2 do Senado Federal, por solicitação do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN e contou também com a participação do CNG do Sinasefe.Em sua fala na abertura da reunião, Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN, fez um resgate do histórico de reuniões com o governo e dos fatores que levaram à greve no setor da Educação. Em agosto de 2011, as en t idades f i rmaram um acordo emergencial com o governo, que previa a reestruturação da carreira até março deste ano. No entanto, os trabalhos não avançaram. Ao contrário, nas mesas com os representantes dos ministérios do Planejamento e da Educação, o que se viu foi a intransigência em negociar pauta dos professores.

rápido possível”, registrou Suplicy.Cristovam Buarque ressaltou que a atitude dos senadores não era apenas em solidariedade aos trabalhadores, mas também em preocupação aos prejuízos que a atual situação traz para o Brasil. “Um país que tem uma greve dessa dimensão na Educação não sabe que já está no século 21”, apontou, criticando o descaso com o qual o governo vem tratando a Educação Pública.

Rando l fe Rod r i gues reg i s t rou a necessidade de ampliar o apoio entre os parlamentares, para criar uma comissão para pressionar o governo. “Vamos buscar de imediato apelar aos ministros que nos recebam e reabram as negociações com as entidades que representam os docentes federais. Estamos dispostos para sermos recebidos a qualquer hora. Tenho certeza que outros colegas se somarão”, conclui. Os senadores se comprometeram em encaminhar uma resposta ao ANDES-SN e ao Sinasefe tão logo obtivessem retorno dos ministros. Uma nova reunião deve acontecer na próxima semana, com a presença de deputados federais, para ampliar a comissão e o apoio parlamentar aos professores em greve.

Fonte: ANDES-SN

A presidente ressaltou que a greve segue forte e que os professores mantém a disposição de negociar, desde que o governo se disponha a dialogar com as reivindicações da categoria.

Segundo ela, as atitudes antissindicais do governo em assinar acordo com uma entidade que não representa a categoria e suspender as negociações de forma unilateral serviram para aumentar ainda mais a indignação dos professores.

Pressão dos parlamentares

Após a leitura da carta encaminhada pelo ANDES-SN aos ministérios da Educação e do Planejamento pedindo a reabertura de negociação, feita por Suplicy, os três senadores se comprometeram a encaminhar ainda no mesmo dia um email sol ic i tando aos ministros Alo iz io Mercadante e Miriam Belchior a reabertura de negociação com o ANDES-SN e com o Sinasefe. Os parlamentares irão ainda articular o apoio de outros senadores e também solicitar uma reunião tanto com o MEC quanto com o Planejamento, para cobrar uma solução para o impasse. “É importante continuarmos o esforço de diálogo e também buscar encaminhamentos o mais

Senadores apoiam reabertura de negociação do governo com docentes em greve

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“Reitor que paga grevista pratica improbidade administrativa”? Pergunta feita por jornalista Fernando Rodrigues aos leitores, após entrevista com o advogado da UNIÃO Luís Inácio Adams durante o programa “Poder e Política”, que ocorreu em 10/08/2012 no estúdio do Grupo Folha em Brasília – publicada no dia 11/08/2012.

NÃO. Se for certo que o empregado tem DEVERES e, em troca, o pagamento do salário, é certo, igualmente, que tem DIREITOS. Falar de deveres separados de direitos parece ser a pior lição que um professor, entre outros, pode ensinar aos seus alunos. A contradição criada é irreparável. Greve dos professores e, portanto, luta por condições objetivas de trabalho, apela para abertura de NEGOCIAÇÃO, disposição para o D I Á L O G O , c a p a c i d a d e d e ESCUTA na perspectiva da r e p a r a ç ã o / c o n q u i s t a d o s DIREITOS.

Este momento, indo um pouco adiante, exige, sobretudo, o uso da M E M Ó R I A - a t r i b u t o e s s e n c i a l m e n t e H U M A N O . Faculdade de que os reitores se utilizam para entender e fazer valer o pagamento dos professores em greve. Afinal, os reitores também já foram professores e sabem de suas tensões, de suas dores e indignações. Sabem dos deveres e direitos. Penso, então, que não é a capacidade administrativa dos reitores que deve ser colocada sob suspeita diante da autorização do pagamento, ainda tão defasado, de seus professores. Até porque, conforme reconhece o advogado da União, é dada ao Reitor a faculdade legal de “negociar os dias parados”. Não parece sensato, numa gestão que prima pela democracia, ir de encontro a essa faculdade. Assim, além de discordar, sugiro que a pergunta deveria e deve ser dirigida para quem autoriza o pagamento do salário, tão robusto, de um ministro que mostra descaso para com o cargo que ocupa, deixando muitas vezes a cadeira vazia e seus funcionários/as perplexos/as. Penso que o jornalista acerta

quando coloca em questão a improbidade administrativa para pagamentos indevidos, mas erra no alvo. Em vez, então, de suspeitar da ( im)probidade adminis t rat iva daquele que autoriza o pagamento, que, aliás, é tão minguado, dos professores/as em greve que suspei te da autor ização do pagamento do salário, que, aliás, é tão robusto e nem sempre é a única fonte de renda, daqueles que não mostram determinação em enfrentar os conflitos e corresponder aos desafios que do cargo emergem. Não mostram, portanto, vontade cognitiva para atender os direitos de uma luta que se arrasta, não há tantos meses, mas há tantos anos.

Lembre-se de que, de acordo com COMÉNIO, são três faculdades que se enovelam e constituem a alma humana – “inteligência, vontade e memória.” A inteligência se movimenta ao fazer discernimento, “observar as diferenças das coisas,” ao separar o essenc ia l do secundário. A vontade permite escolher o que faz bem e a rejeitar o que é prejudicial. A memória, preciosa gaveta dos guardados humanos, “retém para o futuro as coisas de que alguma vez se ocuparam a inteligência e a vontade” (IB. séc. XVII).

O Senhor Excelentíssimo Ministro da Educação, todavia, parece esquecido de que foi professor. Parece esquecido do que escreveu. Esquece de suas reivindicações - q u a n d o n a é p o c a t a m b é m "representou" o professor na ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS D O C E N T E S D O E N S I N O SUPERIOR em 1984. O que foi dito pelo próprio ministro no dia 4 de julho de 1984 (Revista Veja) é útil para o momento atual - "Lutamos em várias frentes e temos um adversário claro: o projeto de universidade que nos vem sendo imposto pela política educacional do governo, desde o início da década de 70. Tal projeto desserve a universidade em vários aspectos. Nota-se que há uma desobrigação do Estado com relação à universidade."

Nota-se também que hoje, o professor não está apenas diante de

um único adversário – projeto de universidade frente à carreira docente, mas dois: a ausência de um representante de governo disposto a dialogar com a categoria e determinado a elaborar e apontar uma saída para mais de 90 dias de greve da universidade pública. A crise da universidade reflete também a c r i s e d e m i n i s t é r i o s , particularmente, de educação. Nota-se que há também, Senhor Jornalista e Excelentíssimo Advogado da União falta de CUIDADO por parte de quem foi credenciado para o enfrentamento do desconforto que invade também o interior da universidade pública. Cuidado, de acordo com Boff, é o cont rá r io de DESCASO, de DESCUIDO. Descuida o Sr. Dr. Excelentíssimo Ministro quando demora a negociar com os professores; descuida quando, mesmo agendado para receber a categoria, se ausenta participando de vários eventos fora do DF/país (Rio 20 e Olimpíadas), que, embora importantes, não estão diretamente ligados ao ministério da educação. Descuida, também, quando perde tanto tempo para elaborar e apresentar uma proposta de índole “mequetrefe”.

O Sr. Excelentíssimo Ministro da Educação comete descaso e descuido quando ignora que os motivos da luta dos professores se aproximam dos mesmos motivos já defendidos pelo Ministro quando foi professor “(...) o feijão e o sonho". Comete descaso quando esquece que já foi professor e até defensor da causa "(...) a profissão docente vem sendo destruída". Quando ignora que, de acordo com o ex-professor e hoje ministro, “muitos professores com o prejuízo para a qualidade dos serviços que prestam à universidade são obrigados a procurar outras fontes de renda." Assim, à relação entre patrão e empregado se torna ainda mais tensa, pois é, entre outros, a qualidade do trabalho docente que está em cheque, à elevação da condição humana que está em jogo e o rosto do professor/a que está exposto as mais duras críticas e acusações.

Não quero, nem eu nem meus colegas, deixar a profissão em

Greve Federal - resposta à entrevistaPor Eliana Sampaio Romão

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Nº14

não são suficientes para o alcance do objetivo maior desta Instituição. Todos sabem disso. É necessário que a pasta ocupada pelo atual ministro da educação corresponda a que veio. A cadeira do Senhor Exce len t í ss imo M in is t ro da Educação, ex-professor, ex-militante da causa educativa tem ficado vazia e fria. O que tem postergado a solução que a categoria, sem perder a esperança, espera, especificamente, desse ministério. Esperança de ser atendido/a, de ser respeitado/a, de ser bem pago/a e não se envergonhar do seu salário, de ser valorizado/a e de exercer, enfim, a profissão que abraçou dentro de condições dignas de trabalho. A d e m a i s , p r o f e s s o r e s d a Universidade Federal estão em

greve, mas acumulando horas dobradas de trabalho – produzindo, apresentando trabalhos em eventos, e x a m i n a n d o r e l a t ó r i o s , s i s t e m a t i z a n d o p a r e c e r e s , organizando eventos, organizando livros, participando de bancas, de reuniões, orientando, discutindo – n u m a p e r s p e c t i v a t r a n s e interdisciplinar os conflitos da categoria. Alimentando, enfim, por meio da luta, a esperança por dias melhores – pelo “feijão”, pelo “sonho” e dignidade. É relevante pensar, sim, no pagamento daqueles que estão a setor público, sobretudo, daqueles que recebem os maiores salários sem, todavia, dar conta das exigências da pasta que ocupa.

Profa. Dra. Eliana Sampaio Romão (DEDI –

Docentes definem contraproposta para o governo

Em assembleia ocorrida na manhã do dia 14 de agosto na ADUFS, os professores da UFS definiram os detalhes da contraproposta para a carreira docente. A deliberação foi enviada para o ANDES-SN no mesmo dia para apreciação dos pontos que receberam alterações. Todas as seções sindicais em greve reuniram-se de 13 a 14 de agosto para encaminhar ao sindicato nacional a contraproposta sobre a reestruturação da carreira.

Após amplo debate, os docentes da UFS aprovaram uma tabela com aplicação para 2013, rejeitando assim a proposta originária do ANDES relativa ao piso e steps, mas aprovando os demais pontos da proposta do ANDES, que são: garantia dos percentuais da titulação e do regime de trabalho, sem escalonamento, e flexibilização do impacto orçamentário. Também foi aprovado que esta proposta de flexibilização não pode prejudicar os direitos dos docentes independente de sua titulação ou nível.

Durante a assembleia, os professores também defenderam a continuidade da greve até que o Plano de Carreira proposto pelo ANDES com as alterações de piso salariais deliberadas na assembleia seja aprovado pelo Governo Federal.

Confira as tabelas com novos valores:

destaque, pois que não foi simples chegar a ser professor, menos ainda, do ensino superior da universidade federal. Quero mais. E quero no plural. Quero, além do "feijão e do sonho" já defendido pelo Senhor Ministro há 28 anos, insisto. Quero, e quero com uma multidão de docentes e alunos/as e todos que sabem o peso da EDUCAÇÃO nas suas vidas, DIGNIDADE. Assim, os meus alunos e dos meus colegas terão orgulho dos cursos que fizeram, dos professores/as que tiveram, da Universidade que dedicaram horas preciosas de suas vidas. Terão orgulho, enfim, do país em que vivem.

Os segmentos internos que constituem a universidade por si só

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Professores debatem resolução do CONSU na ADUFS

Os docentes da UFS realizaram um debate na quinta-feira, 16, no auditório da ADUFS, sobre a Resolução no 26/2012 do Conselho Universitário (CONSU), que estabelece normas e critérios para a progressão funcional dos docentes. A mesa foi composta pelos professores Antônio Carlos, Sônia Meire e Acacia Melo. Na ocasião, os presentes debateram os pontos da resolução que entram em conflito com os direitos dos docentes e propuseram uma reunião com o CONSU para retificar a apresentação das informações da resolução.

Servidores da Capes deflagram greve

Os servidores da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) deflagraram greve na segunda-feira (13). A associação que representa a categoria, AsCapes, informou que “a postura intransigente do Governo força os servidores da Carreira de Ciência e Tecnologia a se mobilizarem para uma greve geral da categoria”. Já os servidores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) realizaram assembleia geral na terça, 14, quando deliberaram indicativo de greve para os dias 15, 16 e 17. (ANDES-SN e Ascon)

Assembleia de bolsistas fortalece a luta dos estudantes trabalhadores

Universidade, trabalho e assistência estudantil. Estes foram os temas da Assembleia dos Bolsistas-Trabalho, realizada na tarde do dia 14, no hall do Restaurante Universitário (Resun). A assembleia contou com a presença de cerca de 40 bolsistas e recebeu a presença do técnico-administrativo Lucas Gama. Ele trouxe aos estudantes o debate de que o atraso (mais um) de 20 dias no recebimento da bolsa não é consequência da greve dos servidores, mas irresponsabilidade da reitoria na tentativa de dividir estudantes e trabalhadores. (Blog Comando de Mobilização Estudantil - UFS)

Governo federal e técnicos administrativos de universidades não entram em acordo e greve continua

15/08/2012 - O impasse entre governo federal e técnicos administrativos de universidades federais continua. Após cinco horas de reunião, representantes da Federação de S i n d i c a t o s d e Tr a b a l h a d o r e s d a s Universidades Brasileiras (Fasubra) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) mantiveram a rejeição à proposta do governo. Segundo o coordenador-geral do Sinasefe, Gutermberg Almeida, houve avanços em alguns pontos, no entanto, o reajuste de 15,8%, fracionado até 2015, foi mantido pelo governo e o item travou a negociação. (Agência Brasil)

NotíciasRápidas

CONVITECINE GREVE UNIFICADO

DATA: 22 de agosto (quarta-feira)HORA: 15h

LOCAL: Auditório ADUFSLeia a resenha deste filme

no site da ADUFS

Laura (Júlia Lemmertz) é uma documentarista que, após 20 anos de casamento, se separou recentemente. Percebendo que ainda possui questões mal resolvidas em relação à sua sexualidade, ela decide realizar um filme que aborde a sexualidade feminina nos dias atuais. Nesse mesmo período, ela se envolve com um novo amor.

FILME:

(Euclydes Marinho, 2008)

Seguido de debate com Sônia Meire (UFS) e Catarina Nascimento (UFS)

MULHERES SEXO VERDADES MENTIRAS

CINE GREVE

A GREVE CONTINUA

Era uma vez...Uma proposta ‘‘irrecusável’’...

1º DEMOROU 2 MESES PARA COMEÇAR A NEGOCIAR COM OS PROFESSORES;

2º NÃO LEVOU EM CONSIDERAÇÃO AS PROPOSTAS DOS PROFESSORES;

3º MANIPULOU OS NÚMEROS E NO FINAL NÃO DEU AUMENTO REAL;

4º APRESENTOU UMA PROPOSTA QUE APROFUNDA A DESESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA;

5º ASSINOU UM ACORDO COM UMA ENTIDADE QUE NÃO É RECONHECIDA PELA GRANDE MAIORIA DOS PROFESSORES;

POR ISSO:

Em virtude da dinâmica de greve, a agenda será publicada após a Assembléia Geral Permanente do dia 21/08/12. Divulgaremos a agenda da semana no site da ADUFS.

AGENDA DE GREVE DOS DOCENTES DA UFS