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Fundamentos em Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação PROFA. IVETE PIERUCCINI CBD/ECA/USP 2015

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Bibliotecas Medievais Conservação e Controle

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Page 1: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

Fundamentos em Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação PROFA. IVETE PIERUCCINI CBD/ECA/USP 2015

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Bloco I - Conceitos e contextos de origem das áreas   23   de   março   –   Bibliotecas   medievais:   um   modelo   bibliotecário   de  conservação  e  controle  do  conhecimento    

  Texto:       MARTINS,  Wilson.  As  bibliotecas  na  An6guidade  e  na   Idade  Média.   In:  _______.     A   palavra   escrita:   história   do   livro,   da   imprensa   e   da  biblioteca.  2.ed.  São  Paulo  :  Á6ca,  1996.  p.82-­‐92.  

      

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O Nome da Rosa

  Discussão   do   filme,   tendo   como   foco   a  ordem  da  biblioteca.  

  Entende-­‐se   por   ordem   o   conjunto   de  elementos   que,   ar6culados,   definem   as  r e l a ç õe s   c om   o   c onhe c imen to  (PIERUCCINI,  2004).  

  Reconstruindo  a  narra6va  do  filme.  

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Contextos do modelo de biblioteca de conservação e controle

  A   fundação   de   um   quadro   mental   unificador,   através   da   recolha   das  heranças   do   conhecimento   an6go,   como   forma   de   estruturar   uma  sociedade  arrasada  territorialmente  e  culturalmente  debilitada.  

  Homens   medievais:   necessidade   de   desenvolver   formas,   ins6tuições,  que   assegurassem  a  busca,   a   guarda,   a  manutenção  e   a  mul6plicação  desse  bem  precioso  -­‐  o  saber.    

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Contextos do modelo de biblioteca de conservação e controle

  Durante  a  Idade  Média,  a  cultura  teve  um  forte  caráter  religioso  devido  ao   domínio   que   exerceu   a   Igreja   sobre   todos   os   aspectos   da   vida  co6diana  no  mundo  europeu,  a  par6r  do  desaparecimento  do   Império  no  Ocidente  e  a  consolidação  do  poder  pon6_cio.    

  O   uso   de   livros   e   a   preservação   de   registros   do   conhecimento  tornaram-­‐se  frequentes  e  imprescindíveis  nas  ocasiões  em  que  a  Igreja  precisou  cons6tuir  parte  de   leituras  do  An6go  e  do  Novo  Testamento,  de  instrução  Cristã  e  de  edificação.    

 

  Deste  modo,  toda  a   igreja  que  foi  fundada  se  tornou  o  núcleo  de  uma  biblioteca.    

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Contextos do modelo de biblioteca de conservação e controle

  Neste   contexto,   os   mosteiros,   na   Alta   Idade   Média,   subs6tuíram   as  ins6tuições  imperiais  na  preservação  e  difusão  de  cultura  escrita.  

  Ins6tuições:   os  Mosteiros,   onde   a   custódia   do   saber   era   confiada   aos  Monges   que   6nham   como   obrigação   cul6var   a   leitura   da   Bíblia   e   a  oração,   negando   os   textos   pagãos;   a   ordem   de   copiar   os   textos  sagrados   e   clássicos,   educar   os   filhos   da  nobreza,   enterrar   os  mortos,  cul6var  as  terras  incultas  e  nelas  construir  edi_cios.  

  Para  que  pudesse  haver   leitura   con6nuada  nos  mosteiros,   era  preciso  haver  bibliotecas,  e  para  isso,  desde  o  começo,  os  monges  começaram  a  colecionar  manuscritos  e  fazer  cópias  de  livros,  trocando-­‐os  e  pedindo-­‐os  emprestados  a  outros  mosteiros.    

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Bibliotecas medievais

  Bibliotecas  monás6cas/eclesiás6cas  

  Bibliotecas  das  universidades     Bibliotecas  par6culares  

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Bibliotecas monásticas: funcionamento

  Coleções   u6litárias,   formadas   visando   às   cerimônias   litúrgicas  organizadas   por   monges   e   clérigos,   tendo   em   vista   o   programa   de  ensino  das  escolas  monás6cas  e  episcopais.  

  Estas  escolas  obedecem  a   regras  de   leitura:   leitura  de   livros   sagrados,  razão   que   faz  mul6plicar   as   bibliotecas   nos  mosteiros   e   os   ateliês   de  copistas  (scriptorium).  

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Os sentidos do termo bibliotheca

 

 

Na   perspec6va   de   uma   história   monás6ca   (cultura   e   modo   de  espiritualidade  marcante  e  predominante  na  Idade  Média),  seria  possível  dis6nguirmos  dois  sen6dos  para  palavra  bibliotheca:  “depósito  de  livros”  e  “corpus  dos  livros  da  Escritura  Sagrada  ou  a  Bíblia”.      Na   Idade   Média,   um   mosteiro   não   estava   completo   sem   bibliotecas:  claustrum   sine   armario   sicut   castrum   sine   arnamentario   (mosteiro   sem  biblioteca  é  semelhante  a  uma  fortaleza  sem  armas).    

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Scriptorium Como   repositório   da   cultura   intelectual,   o   scriptorium   foi   o   espaço  des6nado  à  cópia  de  livros  manuscritos.    Os   scriptoria   e   as   coleções  de   livros  6veram  caracterís6cas  padronizadas  nos   primeiros   mosteiros   medievais.   O   bibliotecário   (armarius)   6nha   sob  sua  responsabilidade  o  scriptorium  e  o  cuidado  com  os  manuscritos.    No   início   da   Idade   Média   se   deu   um   processo   de   transformação   na  estrutura   e   forma   das   obras   escritas,   que   culminou   no   predomínio   do  códice.    A   cópia   de   livros   no   contexto   monás6co   foi   mais   que   um   trabalho:  considerado   como  exercício   espiritual  e   capaz  de   aprimorar  as   virtudes,  serviu  de  verdadeiro  alimento  à  alma.      

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Scriptorium  e  copistas  

O  Scriptorium  de  Echternach.    

Miniatura  de  um  códice.  Brema.  Staatsbibliothek,  

ms.  B  21.  

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Moralia  in  Job  -­‐  1111  (Cistercience)  

!Fonte:  hkp://www.paradoxplace.com/Insights/Cistercians/Cistercians.htm  

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Livro  de  Horas.  Inglaterra:  meados  do  século  XV.  

http://special.lib.gla.ac.uk/images/englangmss/H268_0037rwf.jpg

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Letra  Capitular  “R”  

!http://avellarte.blogspot.com.br/

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http://utriusquecosmi.blogspot.com/2010/04/o-codice-gigas-biblia-do-diabo.html

Códice  Giga  (Séc.  XIII):  “Com  um  dorso  de  aproximadamente  90  cm  trançado  a  mão,  50  cm  de   largura,   22   cm  de   grossura,   foram  necessárias   as   peles   de   cerca   de   160   jumentos   para  fabricar   suas   600   folhas.   Sua   capa   é   de   madeira   recoberta   com   couro   animal   e   possui  ornamentos   em  metal,   cuidadosamente   elaborados.   Com   um   peso   de   75   kg,   são   precisas  duas  pessoas  para  carregá-­‐lo”.  

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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/90/Monk_tasting_wine_from_a_barrel.jpg

A  degustação  de  vinhos  do  despenseiro-­‐monge.  Vê-­‐se  um  barril  enquanto  enche  um  jarro.  De  Li  Livres  dou  Santé  por  Aldobrandino  de  Sena  (França,  final  Séc.  XIII).

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Biblioteca  da  Abadia  de  Melk  -­‐  Áustria    

!

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Bibliotecas  monás6cas:  caracterís6cas  e  organização      Quanto  às  suas  caracterís6cas  gerais  e  composições  _sicas,  as  bibliotecas  monás6cas  possuíam  aspectos  bastante  peculiares  e  comuns,  tais  como:    -­‐  forma  do  livro:  códices  de  pergaminho,  que  exigiam  muito  mais  espaço  em  comparação  ao  papiro;    -­‐  localização  das  bibliotecas:  os  manuscritos  e  códices  de  cada  mosteiro  eram   guardados   em   lugares   seguros.   Quando   a   coleção   era   pequena,  bastava  um  ou  dois  gavetões  ou  armários;    -­‐   disposição   interna:   livros   protegidos   dentro   dos   templos   ou   em   suas  imediações;    [  

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Bibliotecas  monás6cas:  caracterís6cas  e  organização  

-­‐   tamanho:  número  reduzido  de  volumes;    -­‐   divisão  da  coleção:  "coleção  interna”  e  uma  “coleção  externa”,  reservada  para  o  uso  da  escola;    -­‐   emprésJmo  de  livros:  muitas  bibliotecas  proibiam  o  emprés6mo  de  livros.  No  entanto,  em  alguns  mosteiros  o  emprés6mo  era  feito  aos  monges.      -­‐    catálogos:  os  catálogos  de  muitas  bibliotecas  monás6cas   revelaram  certa  uniformidade  no  agrupamento  dos  códices.  

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Bibliotecas  monás6cas:  caracterís6cas  e  organização  

Este  manuscrito  de  Roman  de  Troie,  escrito  na  Itália,  no  fim  do  Século  XIV,  ilustra  o  armário  para  se  guardar  os  livros.  Ms.  Fr.  782,  fol.  2  

v.  detalhe.  Biblioteca  Nacional,  Paris.  

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O bibliotecário monástico: um guardião do livro

  A  biblioteca  monás6ca  era,  em  geral,    essencialmente  local  de  depósito/estocagem:  o  livro  acompanha  o  leitor.  

  O   bibliotecário   tornou-­‐se,   durante   todo   o   período   medieval,   o  responsável  pela  ortodoxia  e  a  integridade  material  das  coleções,  ainda  limitadas,  porque  o  manuscrito  era  raro  e  di_cil  de  fabricar.  

  O   trabalho   do   bibliotecário   é   executar   inventários   da   coleção   e  registrar   os   emprésJmos.   Às   vezes,   aplicava-­‐se   a   regra   (Benoit)   que  mandava  distribuir,  no  início  da  Quaresma,  um  livro  a  cada  monge,  que  deveria  lê-­‐lo  do  começo  ao  fim  e  devolvê-­‐lo  no  final  do  ano.  Às  vezes  o  monge  pegava  o  livro  diretamente  do  armário.    

Page 22: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

O bibliotecário monástico: um guardião do livro

  No   convento   de   Bobbio   (norte   da   Itália),   um   ar6go   determina   que   o  bibliotecário  terá  tanto  a  guarda  dos  livros  como  a  chefia  dos  escribas.  Estes   importantes   personagens   nas   crescentes   instalações   de  bibliotecas   na   Europa   são   responsáveis   por   fazerem   chegar   à  posteridade  os  originais  de  obras  seculares  únicas.  

 

  A   figura   do   bibliotecário,   porém,   não   impede   o   vandalismo:   por  exemplo   a   prá6ca,   por   economia,   de   raspar   documentos     para   neles  serem  transcritos  novos  textos.  Assim,  dentre  outros,  Plauto  e    Eneida,  da  biblioteca  Ambrosiana,  foram  apagados  para  aí  ser  transcrito  o  livro  dos  Reis  e  textos  árabes.  >>>>  Palimpsestos.  

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Há  uma  vasta  literatura  a  respeito  do  papel  da  leitura  monásJca,  sobretudo  no  período  medieval.  Destaque  para  o  código  que  foi  uma  das  maiores  forças  para  organização  da  vida  espiritual  

nos  mosteiros  medievais:      

Regra  de  São  Bento  (Séc.  VI)  

!

O  livro  e  a  leitura  na  Idade  Média  

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Codex  de  Oxford.  Bodleian  Library  48  (700/710  d.C.)  

Regra  de  São  Bento  

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“A   ociosidade   é   inimiga   da   alma;   por   isso   em   certas   horas   devem   ocupar-­‐se   os  irmãos  com  o  trabalho  manual,  e  em  outras  horas  com  a  leitura  espiritual.  [...]  Nos  dias  de  Quaresma,  porém,  de  manhã  até  o  fim  da  hora  terceira,  entreguem-­‐se  às  suas  leituras  [...].  Nesses  dias  de  Quaresma,  recebam  todos  respec6vamente  livros  da   biblioteca   e   leiam-­‐nos   pela  ordem   e   por   inteiro   [...].   Antes   de   tudo,   porém,  designem-­‐se  um  ou  dois  dos  mais  velhos,  os  quais  circulem  no  mosteiro  nas  horas  em   que   os   irmãos   se   entreguem   à   leitura   e   verão   se   não   há,   por   acaso,   algum  irmão  [...]  que  se  entrega  ao  ócio  ou  às  conversas,  e  que  não  está  aplicado  à  leitura  [...].   Se   um   tal   for   encontrado,   o   que   não   aconteça,   seja   cas6gado   primeira   e  segunda  vez:   se  não  se  emendar,   seja  subme6do  à  correção  regular  de   tal  modo  que  os  demais  temam”.      

O  livro  e  a  leitura  na  Idade  Média:  Regra  de  São  Bento,  Cap.  48    

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   Cada  um  dos  sen6dos  promove  um  Jpo  de  mediação:      “depósito  de  livros”  è    contato  entre  o  monge  (leitor)  e  o  codex  (livro).        “corpus  dos  livros  da  Escritura  Sagrada”  è    biblioteca  como  um  livro  em  si  mesma.      Nebulosidade  na  Jpologia  de  leitura  

O  livro  e  a  leitura  na  Idade  Média:  Regra  de  São  Bento  

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 Capítulo  48  da  Regra:  a  leitura  monás6ca  segue  um  ritmo,  uma  vez  que  os  livros  devem  ser  lidos  pela  ordem  e  por  inteiro.      Há  uma  temporalidade  na  ação  e  na  gestualidade  do  leitor,  pois  este  não  pode  pular  nenhuma  página.        A   ordem   e   vigilância   sobre   a   leitura   ganham   ênfase   quando   São   Bento  aponta  que  a  ociosidade  é  inimiga  da  alma.    Uma  das  formas  de  evitá-­‐la  é  justamente  pela  prá6ca  de  leitura,  de  modo  que  seja  supervisionada  pelo  monge  mais  velho.  

Leitura  e  mediação  na  Regra  de  São  Bento  

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 Leitura  è  alimento  espiritual.    Regra   de   São   Bento   è   sinais   de   leituras   individuais   e   voltadas   a   si  mesmo,  que  deveriam  ser  inspecionadas.  

A   leitura   silenciosa   entre   os   monges   na   Idade   Média   era   uma   prá6ca  predominante,  embora  ler  em  voz  alta  tenha  sido  bastante  comum.      Como  aponta  Alberto  Manguel  (1997),  o  silêncio  no  momento  da  leitura  e  a  falta  de  resposta  da  audiência  eram  necessários  não  só  para  garanJr  a  concentração,   mas   também   para   impedir   qualquer   vesVgio   de  comentário  par6cular  sobre  os  livros  lidos.  

Leitura  em  voz  alta  x  leitura  silenciosa  

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Mutações  da  leitura  Mundo  an6go  è  a  leitura  x  uso  da  voz.        An6guidade  tardia    è  uma  série  de  medidas  passaram  a  ser  tomadas  para  facilitar  a  leitura  e  memorização  do  texto,  tais  como  o  melhor  emprego  da  ortografia  e  o  conhecimento  daquilo  que  se  transcrevia.    Para  Guglielmo   Cavallo   (2003),   ao   criar   uma   verdadeira   escola  monás6ca,  Cassiodoro  (Séc.  V)    definiu  de  modo  completo  a  arte  de  escrever.    Mostrou  que  no  momento  em  que  o  monge   se  entrega   à   significação  do  texto  fica  ultrapassada  a  dimensão  técnica  e  manual  do  texto,  próprio  da  transcrição.    

“a  significação  do  texto  vai  remeter    ao  mundo  interior  e  não  só  à  técnica  de  copiar”  

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Isso  que  na  An6guidade  tardia  e  Alta  Idade  Média  determinou  “[...]  a  úlJma   e  a  mais   radical  das  mudanças  nos  modos  de  produção  e  na  apresentação  da  página  escrita  é  a  subsJtuição  da  leitura  em  voz  alta  pela  silenciosa  ou  murmurada”  (CAVALLO,  2003).        Alguns  fatores:      -­‐    os   livros   eram   lidos   para   se   conhecer   Deus   e   para   edificação   do  espírito;  -­‐   a  6pologia  do  livro  da  época,  o  codex,  permi6a  uma  leitura  atenta  e  meditada;  -­‐    a   própria   vida   comunitária   dos  meios   religiosos   determinava   uma  leitura  em  voz  baixa.  

Mutações  da  leitura  

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 Paul  Saenger  (1990)  è  as  origens  da  leitura  silenciosa  estariam:      -­‐     no  abandono  da  escrita  conVnua;  -­‐    nas   separações   das   palavras   e   na   uJlização   de   ponto,   vírgula   e  letras  maiúsculas,  de  modo  que  com  a  adoção  de  recursos  gráficos  a  voz  não  seria  mais  necessária  para  dar  senJdo  à  escrita.        

Razões  da  mutação  seriam  mais  complexas    ê    ê    ê    

Mutações  da  leitura  

Page 32: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

“desaparecimento” da leitura em voz alta estaria ligada a uma

mudança cultural

taciturnidade dos homens

O  desaparecimento  da  leitura  em  voz  alta:  uma  nova  ordem  de  leitura  

O desaparecimento da leitura em voz alta foi uma mudança cultural ligada à taciturnidade dos

homens.

Page 33: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

O  desaparecimento  da  leitura  em  voz  alta:  uma  nova  ordem  de  leitura  cio  

São  Bento  

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Reflexões  sobre  o  livro,  a  leitura  e  as  bibliotecas  na  Idade  Média  

 

Na  forma  manuscrita,  o  livro  configurou-­‐se  como  um  objeto  distante,  mas  ao  mesmo   tempo   sempre  presente:   havia   uma   interligação   da   sabedoria  espiritual   alimentada   pelos   livros   das   bibliotecas   com   a   própria   vida  monás6ca.      Por  outro   lado,  há  uma  preocupação  na   Idade  Média  com  a  circulação  da  informação,   pois   se   deseja   evangelizar.   Havia   uma   preocupação   com   o  conteúdo   e   não   necessariamente   com   o   livro.   Tal   questão   ocorre  justamente  nos  dias  de  hoje  no  universo  da  informação  /  conhecimento.    A  ênfase  das  bibliotecas  neste  período  foi  acima  de  tudo  a  conservação  de  suas  coleções.  

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Surgimento das universidades

  A  melhoria  das  condições  de  vida  das  populações,  a  par6r  do  século  XII:   transformações   de   ordem   social,   econômica   e   cultural  determinaram  alterações  significa6vas  da  estrutura  da  sociedade.  

  A   fer6lização   das   terras   e   os   desenvolvimentos   agrícolas:  excedentes,  novo  florescimento  das  cidades  e  a  gradual  urbanização  da  sociedade    

  A  transformação  do  quadro  social   se  obje6va  na  ascensão  de  uma  nova  classe  social  -­‐  a  burguesia:  novos  comerciantes  que  financiam  e   fazem   florescer   a   racionalidade   que   determinará   o   designado  “Renascimento”,  a  par6r  dos  finais  do  século  XIV.  

  Nascem  as  grandes  universidades   (monastérios  e   catedrais  deixam  de  ser  os  únicos  centros  da  vida  cultural).  

Page 36: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

Surgimento das universidades Na  Baixa   Idade  Média,   com  o   aparecimento  das   universidades   (Sorbonne,  Oxford,  Bolonha...)  e  as  necessidades  de  se  impor  aJvidades  estudanJs,  as  bibliotecas  começaram  a  aparecer  em  número  cada  vez  maior  em  prédios  não  religiosos  como  universidades  e  cortes  (cons6tuídas  por  reis  e  grandes  senhores/par6culares),  entre  outras,  em  oposição  a  Alta  Idade  Média  onde  prevaleceram  aquelas  de  caráter  monás6co.    Um   traço  dominante  do  novo  período,  que   começou  com  o   início  do  Séc.  XIII,  foi  que  os  mosteiros  não  foram  mais  os  únicos  produtores  de  livros.      Os   centros   da   vida   intelectual   deslocaram-­‐se,   e   foi   justamente   nas  universidades  que  os  eruditos,  os  professores  e  os  estudantes  organizaram  juntamente  com  artesãos  especializados,  um  aJvo  comércio  de  livros.  

Page 37: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

A nova ordem e as bibliotecas   Em   consequência:   maior   desenvolvimento   das   bibliotecas   e   de  laboratórios  laicos  de  copistas.     O  ensino  repousa  sobre  a  leitura  comentada  de  algumas  obras  e  a  disputa  (leitura  e  ques6onamento)  torna  o  livro  necessário  aos  estudantes,  cada  vez  mais  numerosos.     Se  não  mais   tão  raro,  o  manuscrito  ainda  é  muito  caro/custoso,  donde  a  criação  de  bibliotecas  comunitárias.  Elas  se  formam  nos  colégios,   primeiro   estágio   das   universidades.   A   criação   de  bibliotecas   da   universidade   é   atestada   a   par6r   do   Sec.   XV  (Orleans,   Caen,   Avignon)   e,   no   final   desse   século,   são   as   mais  ricas.     Em  Oxford,  o  colégio  de  Merton  dispõe  de  1  200  manuscritos;  em  Praga,   o   colégio   da   nação   Bohème   possui   1   500.   Em   1338,   o  colégio  da  Sorbonne  tem  1720  manuscritos.  

Page 38: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

Bibliotecas universitárias medievais: funcionamento

  Nas  universidades,  aparece  um  outro  6po  de  biblioteca:  a  biblioteca  de  referência,  magna  libraria  ou  libraria  communis,  sala  silenciosa  e  clara.  

  No   final   do   século   XIII,   na   biblioteca   da   Sorbonne,   300   itens   são  acorrentados  a  28  carteiras.  Esta  solução,  atestada  desde  1289,  permite  o   livre   acesso   sem   riscos.   Juntamente,   mantém-­‐se   a   parva   libraria,  cofres  e  armários  onde  se  encontram  mais  de  1000  volumes,  as  cópias,  as   obras   raramente   consultadas   e   os   manuscritos   des6nados   ao  emprés6mo.    

  Na   Inglaterra,  o  exemplo  mais   an6go  da  “biblioteca  acorrentada”   data  de  1320,  em  Oxford.  

Page 39: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT
Page 40: Bibliotecas Medievais Conservação e Controle PPT

Bibliotecas universitárias medievais: funcionamento   A   Biblioteca   acorrentada   –   uma   mutação   -­‐     a6ngiu   rapidamente   o  Ocidente  (Itália,  Holanda...).  

  Na   França   (Cluny),   há   manuscritos   que   foram   conservados   com  fragmentos  de  correntes,  bem  como  carteiras.  Nos  séculos  XIV    e  XV,  essas  carteiras  acorrentadas  condicionam  o  plano  e  as  disposições  das  bibliotecas,   impondo   uma   nova   arquitetura   que   contemplasse   a  acomodação  e  a  funcionalidade  dos  usos  dos  livros  e  mobiliários.  

  Dentre  esses,  enquanto  os   livros  estavam  sobre  as  carteiras  no  centro  do  ambiente,  os  muros  das  bibliotecas  medievais  eram  disponíveis  para  receber  decoração.  Ficaram  poucos  exemplos  disso.  Um  deles,  foi  o  da  biblioteca   do   capítulo   (lugar   em   que   se   reúnem   os   religiosos,  assembléia)   de   Puy,   onde   estão   representadas   as   Artes   Liberais:  gramá6ca,  dialé6ca,  retórica,  música.  

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http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kettenbuch_2.JPG?uselang=sv

Liber catenatus

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Tipografia: uma “revolução” para as bibliotecas

  Invenção  e  expansão  do  uso  do  papel  (sec.  XIII-­‐XIV)  tornou  o  manuscrito  menos  caro.  

  Invenção  da  prensa  de  6pos  móveis  de  Gutenberg  (sec.  XV)  permi6u  a  reprodu6bilidade  da  informação.  

  Aumenta  a  quan6dade  de  leitores.  

  A  realeza  recria    ins6tuições  eruditas  (clássicas):  a  academia/escola  e  a  biblioteca.  

  O   estudo   das   fontes   –um   racionalismo   novo-­‐   subs6tui   os   estudos  cristãos.  

  No   século   XVI,   expandem-­‐se   diferentes   6pos   de   bibliotecas,   já  existentes   anteriormente:   bibliotecas   dos   humanistas,   bibliotecas   da  realeza,  bibliotecas  religiosas.  

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Tipografia: uma “revolução” para as bibliotecas   Um  período  de  transição:  

  Coleções  medievais:   servem  às   exigências   precisas   de  uma   ins6tuição  ou  de  alguém  em  par6cular.    

  Bibliotecas   do   Renascimento   (período   posterior):     afirmam   um   novo  modelo,   o   da   biblioteca   universal,   base   às   pesquisas   eruditas,  propostas  desde  o  século  XIV  na  Itália.  

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Renascimento, Reforma e Contra-Reforma   Contribuíram  para  a  mudança  de   tamanho,  usos  e  organização  das  bibliotecas.   Em   todas   as   bibliotecas   (Va6cana,   Ambrosiana,  Veneziana,  etc...)  crescem  as  estantes  pelas  paredes  ou  armários  que  passam  a  abrigar  as  volumosas  coleções  de  livros.  

  Assim:  

  Na   Idade  Média:   galerias   de   proporções  modestas,   livros   dispostos  sobre  “carteiras”,  com  2  ou  3  prateleiras  sob  elas  

  No  novo  quadro:    acervos  mul6plicados  →  necessidade  de  organizar  diferentemente  os  edi_cios,  as  classificações,  o  acesso.  

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A prática bibliotecária no Renascimento

  Século  XVII:  época  de  mudanças  significa6vas  na  ordem  do  pensamento  vigente  que  se  fez  refle6r  principalmente  no  plano  cien�fico.  O  homem  busca  explicações  racionais  para  os  fenômenos  do  universo.  

  Bibliotecários  renascenJstas:    são  grandes  caçadores  de  livros,  astutos  e  tenazes.  A  catalogação  não  é,  assim,  urgente.  Mais  importante:  a  aquisição,  a  produção  de  livros  (ORTEGA  Y  GASSET,  1967,  p.  7).  

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Bibliotecas do Renascimento: um novo modo de funcionamento   Bibliotecas  abertas  a  um  público  cada  vez  mais  diverso  e  cobrindo  outras  disciplinas   (não   mais   acervos   litúrgicos   e   ascé6cos)   necessitavam   de  outras  ferramentas  de  trabalho:  catálogos  acessíveis,  desenvolvimento  de  codificação,  classificação  sistemáJca,  catálogos  coleJvos.    

  Na   nova   ordem   informacional   pós-­‐imprensa   (Séc.   XV),   para   para   pôr  ordem   no   domínio   dos   livros,   seriam   necessários   (...não   somente)  filósofos-­‐bibliotecários  ou  bibliotecários-­‐filósofos  (como  fora  comum)  

  Com  a  organização  das  universidades  e  da  mul6plicação  dos   livros   (“há  tantos   livros   que   nem   há   tempo   de   ler   seus   �tulos”),   que   se   seguiu   à  invenção  da  6pografia,  as  bibliotecas  devem  ser  reclassificadas,  em  razão  de  que  mais  do  que  uma  ordem  dos  livros,  percebia-­‐se    a  “desordem  dos  livros”.  

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Biblioteca da Universidade de Leiden, 1610

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Em Escorial/Espanha   Aparece  uma  nova   concepção  de  edi_cio  para  abrigar  os   livros,  muito  numerosos:   estantes   murais   em   uma   grande   nave   de   65m   de  comprimento   por   11m   de   largura   e   12m   de   altura   (modelo   que   se  imporá  grada6vamente  às  grandes  bibliotecas,  a  par6r  de  1775  a  1850).  

  A  sala  de  leitura  parece  uma  loja,  graças  às  grandes  paredes  forradas  de  livros   até   o   teto.   Eram   necessárias   escadas   para   alcançar   os   livros,  muitas  vezes  colocados  em  filas  duplas.  

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