barao de surui: 80 anos

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Instituto de Educação Barão de Suruí Cidade se mobilizou para construção do prédio Festa marca celebração de oito décadas ‘Damas’ e ‘barões’ guardam lembranças da história ‘Barão de Suruí’ foi o quarto ginásio do Estado de São Paulo 80 anos de história Suplemento especial do

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Suplemento especial do Jornal O Progresso de Tatuí em comemoração aos 80 anos do Instituto de Educação Barão de Suruí

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Instituto de Educação Barão de Suruí

Cidade se mobilizou para construção do prédio

Festa marca celebração de oito décadas

‘Damas’ e ‘barões’ guardam lembranças da história

‘Barão de Suruí’ foi o quarto ginásio do Estado de São Paulo

80 anos de história

Suplemento especial do

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Quanto de emoção e história guarda um pré-dio? Incontáveis. Os momentos que marcam a memória de “damas” e “barões” – como eram denominados os alunos do Instituto de Edu-cação Barão de Suruí – são tantos que faltaria papel para contá-los. Fundado num período em que os munícipes se cotizavam para trabalhar, no sentido mais literal da palavra, em prol de empreendimentos para beneficiar toda a coleti-vidade, o Instituto de Educação Barão de Suruí nasceu da necessidade aliada ao anseio de pro-gresso no ramo da educação.

Ao completar 80 anos de funcionamento, a instituição educacional carrega em si parte da história do desenvolvimento do município, uma vez que por tantos anos formou milhares de es-tudantes locais e de municípios da região.

A partir da coletânea de dados – alguns regis-trados em publicações caseiras, outras em pu-blicações virtuais e tantos outros a partir de con-versas com ex-alunos e professores – foi possível detectar que o apreço de todos os que definitiva-mente se envolveram na criação deste estabele-cimento educacional ultrapassa o reconhecimen-to natural a uma escola. Há, de fato, uma ligação emocional de ex-alunos com a história do “Barão do Suruí”. Ainda que a ligação, principalmente neste tablóide, esteja focada mais na fundação deste instituto de educação que no período atual, é de se esperar que, ao conhecer o engajamento de antes, os alunos da atualidade sejam conduzi-dos ao reconhecimento.

É natural do ser humano – ainda que, quan-do em excesso, a característica caminhe rapida-mente de virtude para defeito – a busca pelo re-conhecimento. Orgulhar-se, quando dentro dos parâmetros benéficos, de fazer parte da história do instituto, de ter passado pelas cadeiras de emissão ou recepção de conhecimento, de ter participado de registros e organizado ativida-des, de saber que a instituição é um resultado de trabalho árduo de toda uma comunidade, ou ainda que a história registrada é essencial para a preservação da memória de todo um municí-pio é expectativa desta publicação.

Este tablóide nasceu a pedidos do secretário de Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude, Jorge Rizek. Ele próprio um ex-aluno, um “ba-rão”, que hoje labuta nas iniciativas culturais e históricas. Ele integra a série de atividades e ações que marcam os 80 anos de fundação do Instituto de Educação Barão de Suruí.

EDITORIAL

O primeiro ginásio do Estado de São Paulo foi fundado na capital – ele também foi chamado de Colégio de São Paulo, Colégio Estadual “Franklin Delano Roosevelt”, Colégio Estadual “Presidente Roosevelt”, Colégio Estadual de São Paulo. Depois, foram fundados mais dois ginásios: o de Campinas, instalado a 4 de dezembro de 1896, e o de Ribeirão Preto, inaugurado em 1º de abril de 1907. Somente 24 anos depois, em Tatuí, foi fundado o 4º Ginásio Oficial do Estado de São Paulo, o Instituto de Edu-cação Barão de Suruí.

O processo de inauguração do estabelecimento de ensino durou uns bons dez anos. Do início dos requerimentos oficiais, à cessão do terreno e cons-trução, foram anos de mobilização pela fundação e, no meio deles, uma revolução.

Para descrever o cenário educacional nacional pelos idos de 20, é necessário citarmos a Escola Normal, surgida das necessidades da escola para todos, como uma instituição precária que abria ou fechava dependendo de decisões políticas. As pri-meiras escolas normais eram escolas de um único mestre e dirigidas apenas aos candidatos do sexo masculino. O ginásio (1º ciclo) estava voltado às crianças de mais de 11 anos que, após o primário, prestavam exame de admissão e tinha duração de quatro anos. Isso indicava que, em todo o interior do Estado de São Paulo, os estudantes não tinham a possibilidade de prosseguir na vida acadêmica aos 11 anos de idade – a não ser que viajassem para São Paulo. Esta necessidade, a de educar, iniciou uma grande mobilização no município.

Na época em que políticos e cidadãos se uniam por um bem comum, a história indica uma sé-rie de iniciativas – iniciadas e aprovadas antes e cujos resultados foram levados a cabo após a Revolução de 1930.

A Revolução de 1930, que pôs fim à Primeira Re-pública, foi, para muitos historiadores, o movimen-to mais importante da história do Brasil do século 20. Foi ela quem, para o historiador Boris Fausto, acabou com a “hegemonia da burguesia do café, desenlace inscrito na própria forma de inserção do Brasil, no sistema capitalista internacional”. Na Primeira República, o controle político e econômico do país estava nas mãos de fazendeiros, mesmo se

Uma batalha interrompida pela revolução

ExpedienteInstituto de Educação Barão de Suruí: 80 AnosEste tablóide foi produzido como forma de registrar os 80 anos de fundação do Instituto de Educação Barão de SuruíCoordenação: Jorge RizekPesquisas e textos: Deise Juliana de Oliveira / O Progresso de TatuíDiagramação: Erivelton de Morais / O Progresso de TatuíFotos: Arquivo Erasmo Peixoto Restauração: Thony Guedes

as atividades urbanas eram o pólo mais dinâmico da sociedade. Entre 1912 e 1929, a produção indus-trial cresceu cerca de 175%. No entanto, a política econômica do governo continuava privilegiando os lucros das atividades agrícolas. Mas, com a crise mundial do capitalismo em 1929, a economia ca-feeira não conseguiu manter-se. O presidente Wa-shington Luís (1926-1930), com algumas medidas, tentou conter a crise no Brasil, mas em vão. Em 1929, a produção brasileira chegava a 28,941 mi-lhões, mas só foram exportados 14,281 milhões de sacas, e isto num momento em que existiam imen-sos estoques acumulados.

O maior partido de oposição ao Partido Republi-cano de Washington Luís era a Aliança Liberal. Era liderado pelo então governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Dorneles Vargas. Mesmo sendo apoia-do por muitos políticos que tinham sido influentes na Primeira República, como os ex-presidentes Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, seu programa apresentava um certo avanço progressista: jornada de oito horas, voto feminino, apoio às classes ur-banas. A Aliança Liberal foi muito influenciada pelo tenentismo, um movimento de jovens militares que defendiam a moralização administrativa e cujo slo-gan era “Representação e Justiça”. Nas eleições de 1930, a Aliança Liberal perdeu, vencendo o candi-dato republicano Júlio Prestes. Mas, usando como pretexto o assassinato do aliancista João Pessoa por um simpatizante de Washington Luís, João Dan-tas, Getúlio Vargas e seus partidários organizaram um golpe que, em outubro de 1930, tirou Washing-ton Luís do poder. Getúlio Vargas tomou posse do governo no dia 3 de novembro 1930, data que ficou registrada como sendo o fim da Primeira República.

O desenvolvimento industrial a partir de então foi acompanhado por uma verdadeira revolução cultural e educacional que acabou garantindo o su-cesso de Vargas na sua tentativa de transformar a sociedade. Como disse Antônio Cândido, “não foi o movimento revolucionário que começou as refor-mas (do ensino); mas ele propiciou a sua extensão para todo o país”. Em 1920, reformas promovidas separadamente por Sampaio Dória, Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Fernando Campos já buscavam a renovação pedagógica. A partir de 1930, as medi

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das para a criação de um sistema educativo público foram controladas oficialmente pelo governo. Esta vonta-de de centralizar a formação e de tor-ná-la acessível aos mais pobres ficou clara com a criação do Ministério da Educação e Saúde em novembro de 1930. Com a difusão da instrução bá-sica, Vargas acreditava poder formar um povo mais consciente e mais apto às exigências democráticas, como o voto, e uma elite de futuros políticos, pensadores e técnicos. Além de haver um desenvolvimento educacional, houve uma verdadeira revolução cul-tural em relação à República Velha. O modernismo, tão criticado antes de 1930, tornou-se o movimento artísti-co principal a partir do golpe de Var-gas. A Academia de Letras, tão admi-rada antes, não tinha mais nenhum prestígio. A cultura predominante era a popular que, com o rádio, desenvolveu-se por todo o Brasil. Como analisou Antônio Cândido, “nos anos 30 e 40, por exemplo, o samba e a marcha, antes praticamente confinados aos morros e subúrbios do Rio, conquistaram o país e todas as classes, tornando-se um pão-nosso quotidiano de consumo cultural”.

A decisão de fundar em Tatuí o 4º Ginásio do Estado de São Paulo mobilizou a sociedade local. Conforme do-cumentos do acervo cedido por Célia Teixeira de Azevedo ao colégio, o Gymnasio Estadual de Tatuhy foi um evento “caro à história de Tatuí”. “Quis fazer reviver a perene re-cordação da intimidade com seres e coisas, testemunhas da fase de ideia, eclosão e realização de tão caro evento à história de Tatuí”, disse ela, na carta que acompanha o ma-terial guardado e colecionado pelo esposo. “Seria interes-sante que todo esse material se organizasse num sistema coerente de alusões. E se prestasse à consulta de todos os que, como nós, temos em elevado conceito tudo o que se refere a um passado. A um passado que dignifica e enobre-ce, como o é desta abençoada escola. O que era clausura e recesso, tornar-se-á patrimônio coletivo. Será esta a minha contribuição ao Ginásio de Tatuí. É a minha maneira de fazer sempre presente o meu inesquecível José Celso, ligando o seu nome a este Educandário que sempre se mante-ve numa linha de tradição e numa atitude de vanguarda”, destaca ela, sobre o esposo José Celso Azevedo, na carta datada de 3 de novembro de 1976.

Os documentos indicam que teve de existir muito bom senso para a conquista da escola. O ginásio – sonhado em 1923 e oficialmente criado pelo decreto número 2.017 em 26 de dezembro de 1924 – era anseio antigo. A lei foi uma inicia-tiva do deputado Laurindo Dias Mi-nhoto e, aprovada, foi promulgada

pelo então presidente do Estado de São Paulo, Carlos de Campos.

Em 1925, foi oferecido pela municipalidade o prédio da antiga Câmara de Tatuí para funcionamento provisório. Também com o mesmo fim, foi oferecido o prédio do anti-go Teatrão. A fim de unir interesses e difundir a importân-cia da solicitação, foi criada a “Semana Pro Gymnasio”. Ela era uma espécie de mobilização oficial para que ele fosse, finalmente, inaugurado. Palestras, bate-papos, debates. Essas eram algumas das atividades realizadas em locais como o Cine São José e Clube Recreativo Tathuyense por uma comissão “pró gymnasio” formada por cônego Cor-rea de Carvalho, Gualter Nunes, José Celso Azevedo, Silvio Azevedo, João Padilha, Oscar Augusto Silveira da Mota e Pedro Voss Filho. As atividades eram não somente orga-nizadas, como atraíam grande número de espectadores e, em seguida, eram reportadas ao então presidente do Estado, Julio Prestes. Um telegrama endereçado a ele, em maio de 1929, transformou-se, depois, em panfleto distri-buído a toda a cidade. Nele, citava-se:

“Tem sido entusiasticamente ovacionado com calorosas manifestações em prol instalação Ginásio Tatuí. Essas vi-brantes aclamações demonstram reconhecimento desta cidade a V. Ex. que tanto se tem empenhado realização dessa idéia.”

Em “O Estado de S. Paulo”, de 15 de maio de 1929, repercutia a ação do gru-po. Publicação indicava que o trabalho dos tatuienses “despertava o mais vivo interesse na população desta Comarca, e principalmente entre os habitantes deste município, para que se torne re-alidade a instalação do Ginásio Oficial nesta cidade, ainda este ano”. “Para que seja cada vez maior o entusiasmo pela idéia, ficou resolvido que se constituísse a Semana Pró Ginásio”, cita-se.

Particularmente em 1929, diferentes veículos de comunicação publicavam ideias e debates sobre o ginásio em Tatuí. Nem todos traziam aspectos tão positivos da idealização. Em 21 de maio de 1929, o jornal “Tribuna Popular” pu-blicava como manchete: “Podemos es-perar o Gymnasio?”. A matéria isentava o governo do Estado e culpava as cida-des por não terem um imóvel adequado

para a inauguração do estabelecimento de ensino. “Perto vai de cinco anos que o Congresso votou a lei 2076, pela qual cria dois ginásios no Estado de S. Paulo: um em Tatuí, outro em Taubaté. A instalação de ambos até hoje não foi providenciada pelo Governo, ao qual nenhuma culpa cabe por isso, posto que, sancionada a referida lei, o legislador nela instituiu um artigo pelo qual obriga as respectivas edilidades daqueles municípios a fazerem, em primeiro lugar, os prédios apropriados, cujas plantas deveriam pre-viamente ser aprovadas pelo Governo do Estado. Segundo nos parece até a presente data as Câmaras das cidades não iniciaram as obras de construção do edifício”, citava a pu-blicação.

As lideranças locais aficionadas pelo sonho da inaugura-ção, continuavam a trabalhar e a incentivar a comunidade local. Panfleto distribuído ainda em maio de 1929 era dire-cionado aos chefes de família, anunciando para breve a ins-talação do ginásio estadual. “Não é um sonho, uma utopia, mas a pura realidade. O Ginásio, em apreço, vem satisfazer a uma velha, amadurecida aspiração do adiantado povo desta terra. Para serdes coerentes com as vossas nobres e patrióticas aspirações de pais amorosos, amparando vossa prole com o manto protetor da felicidade, que é a instrução, faz-se mister que desde já prepareis vossos

queridos filhos para os exames de admissão no Ginásio”, dizia a propaganda do externato.

Outro registro, datado de 28 de maio de 1929, afirma que Firmo Vieira de Camargo leva-ra até Júlio Prestes as plantas do prédio e conseguira dele a promessa de instalação no mes-mo ano do estabelecimento. Na volta, foi recebido com vivas na Praça da Matriz. “A cidade está movimentadíssima, notando-se um desusado entusiasmo pelo valiosíssimo interesse em be-nefício desta parte da zona So-rocabana”, dizia-se. “Jamais se notou aqui movimento coeso, vibrante e simpático, como

Início

Instituto de Educação Barão de Suruí (1940)

Construção do prédio do 4º ginásio do Estado (1930)

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esse promovido pela cruzada da semana Pró Ginásio.”

Segundo Rafael Orsi – um dos primeiros funcionários do Instituto de Ensino Barão de Suruí e o primeiro historiador da cidade de Tatuí -, em sua publicação “História Cro-nológica de Fatos Ocorridos na Cidade de Tatuí”, em 15 de janeiro de 1930 o prefeito municipal Nicolau Sinisgalli foi autorizado pela Câmara Municipal a levantar um em-préstimo de 200:000.000 para as obras do ginásio. O local da construção? Um terreno doado pelo industrial Carlos Orsi na praça que, na época, chamava-se Fernando Pres-tes (atualmente, Paulo Setúbal).

Já em 25 de outubro de 1930, Oscar Ma-chado, diretor de obras públicas do Estado, conseguiu do governo estadual a impor-tância de 100:000:000 para as obras. Ca-pitalistas como Joaquim Vieira de Campos também enviavam suas doações, assim como muitos outros modestos operários. Mesmo com o quadro político alterado a partir da revolução de 1930, as obras seguiram em ritmo lento, até que Camilo Vanni e outros políticos da cidade decidi-ram pressionar o interventor federal co-ronel João Alberto Lins de Barros.

Os resultados foram sentidos em 23 de novembro de 1930, quando um aviso distri-buído na cidade advertia: “Foi acertada de-finitivamente a instalação e funcionamento do Ginásio de Tatuí”.

Em 7 de dezembro de 1930, o prédio do ginásio recebia sua cobertura e, no mesmo dia, foi colocada a pedra simbólica - tendo como oradores Oracy Gomes, Lázaro Maria da Silva, Pedro Voss Filho e Mário da Silva Teles.

Um panfleto da Junta Governativa anun-ciava para 2 de dezembro a inauguração

do edifício – o que acabou não ocorrendo oficialmente naquele ano. No panfleto, era solicitado um “ato com solenidade”, pedin-do que comércio e indústrias cerrassem suas portas para os operários e emprega-dos compartilharem as grandiosas festas”.

Ainda que a inauguração oficial tenha ocorrido somente em 26 de abril de 1931, o ginásio do Estado passou a funcionar ati-vamente desde o mês de março. No dia 17 de março, o diretor do Departamento de Educação, Lourenço Filho, designa Cesar Pietro Martinez para vir a Tatuí “com o fim de organizar o Ginásio”, cita Rafael Orsi. Já no dia 20, em uma das salas da Prefeitura Municipal, foi instalada provisoriamente a secretaria do ginásio - neste dia, foi afixado edital convocando os candidatos aos exa-mes de admissão ao estabelecimento. No dia 23, foi aberto o livro de inscrição aos exames de admissão ao ginásio e, nessa data, entraram os primeiros requerimen-tos de inscrição. A primeira a se inscrever ao exame foi Aparecida Bastos. Em 1º de abril, foram nomeados os primeiros 12 funcionários e, no dia 6 de abril, o organi-zador do ginásio e o prefeito Joaquim As-sunção Ribeiro transferiram para o prédio do ginásio todos os papéis de inscrição aos exames de admissão. No dia seguinte, to-maram posse de seus respectivos cargos: Rafael Orsi (terceiro escriturário), Ramiro Pimental (geografia e cosmografia), Domin-gos Vizioli (matemática), José Lannes (por-tuguês), Pedro Voss Filho (educação física), Ernesto Thenn de Barros (francês), Manoel Marcondes Machado (porteiro), Alberto Seabra Sobrinho (contínuo), Gastão Veiga

(contínuo), Otávio Pereira (servente) e Demitildes Paes (servente) – ainda, no dia 8, toma posse para o cargo de secretária Idalina Olimía Fer-nandes Távora, e, no dia 9, fo-ram encerradas as inscrições aos exames de admissão ao ginásio com 115 candidatos. Os exames tiveram início no dia 10 de abril e, no dia 13, foi apurado o resultado com a aprovação de 87 candidatos dos 115 inscritos. Foi aprova-da em primeiro lugar Romana Luiza Lemos de Andrade e foram transferidos, para a 1ª série, sete alunos. As aulas tiveram início em 15 de abril de 1931 e, ao meio-dia dessa data, foi feita uma homena-gem ao governo do Estado, na pessoa de Camilo Vanni, e ao prefeito Joaquim Assunção Ribeiro, falando na ocasião os

professores José Lannes e Pedro Voss Fi-lho. Falou também um aluno, oferecendo a Cesar Pietro Martines um ramalhete de flores, que agradeceu, depositando aos pés de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Tatuí.

A festa de inauguração do 4º Ginásio do Estado – atualmente a Escola Estadu-al “Barão de Suruí” durou um dia inteiro: das 5h da manhã às 3h da madrugada do dia seguinte. Às 5h da manhã, foi realiza-da alvorada e salva de 20 tiros. Às 10h, foi realizada missa em frente ao prédio, pelo monsenhor Domingos Magaldi. Às 11h, foram recebidos, na estação Sorocabana, o secretário da Educação, Edmundo Na-varro de Andrade, e o diretor geral do en-sino, Lourenço Filho, que foram saudados por Pedro Voss Filho. Ao meio-dia, chegou a maior autoridade: o interventor coronel João Alberto Lins de Barros e sua comitiva, saudados pela aluna Maria Isabel dos San-tos. Em uma das salas do ginásio, discur-saram Cesar Pietro Martines, monsenhor Domingos Magaldi, Idalina Olimpia Fernan-des Távora. Houve a benção do prédio pelo monsenhor. Na represa de água, houve um churrasco, onde oraram João Batista e Silva, João de Almeida Morais, Antonio Madureira, Lázara Maria da Silva, Na praça Fernando Prestes, houve uma audição do orfeão da escola de Itapetininga, sob a re-gência de Modesto Tavares de Lima, e con-certo pela Banda Santa Cruz. Às 20h, baile no Clube Tatuiense. Nessa mesma data, foi designado, para assumir a direção do gi-násio interinamente, José Lannes. A man-chete do jornal local datado de 26 de abril de 1931 indica: “Tatuí vive hoje o dia mais glorioso de sua história”.

A inauguração

Primeira aula de educação física (1931)

Formandos (1943)

Alunos na praça Paulo Setúbal (1952)

Festa de formatura de professores (1952)

Formatura dos professorandos (1962)

Alunos Rui Baiardi, Antonio Vila Nova e outros

Ginásio do Estado (1938)

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1. José Celso de Mello 2. Augusta de Almeida3. José Teixeira Barbosa4. Antonio Rosa5. Volney Dias6. Djalma Nogueira Minhoto7. Fernando de Camargo8. Romana Luiza L. Andrade9. Ondina Helena de Moura10. Maria Isabel dos Santos11. Simeão Sobral de Oliveira12. Fábio de Mello Bonilha13. Maria Ignez de Arruda14. Pedro Biscaro Filho15. Irene Vanni16. José Orpheu Fogaça17. Esther F. Albuquerque18. Adelaide da Silva Campos19. José Vieira da Silva20. Paulo de Mello Bonilha21. Guaraciaba Carneiro22. Jose Celso Nogueira23. Moacyr de Moraes Terra24. Manoel Ary de Camargo25. Arthur Falcone Bellucci

Fundadores do Ginásio do Estado (26/04/1931)

BARÃO DE SURUÍManoel da Fonseca de Lima e Silva

foi o 17º presidente da Província do Estado de São Paulo. Coronel que ins-tituiu o Ensino Normal em São Paulo, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 10 de janeiro de 1793. Em 25 de no-vembro de 1806, sentou praça como primeiro-cadete do 1º Regimento de Infantaria de Linha – depois, passou pelos cargos de alferes, tenente-aju-dante e capitão. Em 1817, recebeu as insígnias de Cavaleiro de Cristo e, em 1823, combateu na Bahia. Em 1825, combateu em Montevidéu, e, em 1829, foi feito Cavaleiro da Ordem Rosa. Em 1836, foi eleito deputado providencial pelo Rio de Janeiro. Em 1844, foi nomeado presidente e co-mandante das armas da Província de São Paulo. Em 16 de março de 1846, sancionou a lei que instituiu o Ensino Normal em São Paulo. Por decreto de 2 de dezembro de 1854, recebeu o tí-tulo de “Barão de Suruí”. Faleceu em 1º de abril de 1869, aos 76 anos de idade, em sua terra natal.

Dr. Júlio Prestes de AlbuquerqueDr. Carlos de CamposDr. Laurindo Dias MinhotoJoão Alberto Lins de BarrosDr. Lourenço FilhoDr. Oscar MachadoDr. Lázaro Maria da SilvaDr. Arthur MotaProfessora Francisca Pereira RodriguesDr. Edmundo Navarro de AndradeFirmo Vieira de Camargo, Nicolau Si-nisgalli, doutor Gualter Nunes, José Ribeiro Menezes, Carlos Orsi, João Leite Paula, Oscar Azevedo, João Au-gusto Vieira, Joaquim Vieira de Cam-pos, José Celso Azevedo, João Padilha, Paulo Silvio Azevedo, Oscar Silveira da Mota, Pedro Voss Filho, Camilo Vanni, Joaquim Assunção Ribeiro, Laudelino Amaral Campos, José Menezes da Sil-va, doutor João Almeida Morais, Adol-fo Sampaio Dias, Rafael Orsi, Carlos Graziano.

Para inscrever-se ao Exame de Suficiência do Ginásio do Estado, conforme o “Diário Oficial”, de 22 de março de 1931, era neces-sário: “requerimento selado com estampilhada estadual de 2$000 feito pelo pai ou tutor do candidato e dirigido ao diretor de estabe-lecimento juntamente com os seguintes documentos: a) certidão de idade passada pelo registro civil, atestado médico que prove que o candidato não sofre moléstia contagiosa ou repugnante e ter sido vacinado”, além de ter a idade mínima de 10 anos. Para ingressar no Ginásio era necessário prestar prova de: português,

aritmética, geometria, história do Brasil, geografia geral, ciências físicas e naturais e desenho.”

Dentre os aprovados, havia 58 rapazes de Apiaí, Itaberá, Itararé, Faxina, Capão Bonito, Itapetininga, Tietê, Porto Feliz, Porangaba, Bofete e Guareí. Por haver tantos aprovados, os professores decidi-ram “dobrar classes, sem ônus para o Estado”.

Ao final do ano, dos 90 matriculados, 50 foram aprovados, 28 reprovados, 9 não alcançaram média e 3 não compareceram. Os primeiros aprovados foram:

26. Anna Vieira de Camargo27. Maria Helena Ribeiro28. Oscar M. Oliveira Gody29. Alzira Augusta Ribeiro30. Maria Ondina de Almeida31. Lúcia de Camargo Barros32. Silvino Arruda Stein33. Candido Sobral de Oliveira34. Edilson Pereira de Alencar35. Santina Araújo36. Maria Stella de Campos 37. Maria Apparecida Bastos38. Oswaldo Prestes Law39. Ruth Rocha40. Orlando de O. e Silva41. João Sommerhauser42. José Paulo Pierotti43. Clarisse Sommerhauser44. Gustavo Prestes Law45. Oscar Hoffmann46. Maria Benedicta da Costa47. José Carlos Paschoal48. Julieta Pires de Campos49. Angelo Ribeiro50. Benedicta de Mello Teixeira

Alunos no dia da 1ª aula do Gymnasio de Tatuhy, em 15 de abril de 1931

05Tatuí, 27 de abril de 2011

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O Instituto de Educação Barão de Suruí sempre celebrou à altura a batalha pela construção do 4º Ginásio do Estado. O jubileu de prata, em 1956, teve uma co-missão especial para organizar o evento coordenada pelo diretor professor Celso Vieira de Camargo e integrada por Aloy-sia Amparo, Francelina Machado Olivei-ra Holtz, Irene Cerqueira Cesar, Maria do Carmo Gregori, José Tomás Borges, Mário Araújo Junior, doutor Antonio Jarbas Veiga Barros, Aristides Vasconcelos, Paulo Ribei-ro, Jovira Rangel e Maria Helena Felippe da Costa. A festa contou com inauguração do retrato do patrono da escola, visita ao cemitério, festival dos alunos, conferência, apresentação musical e recebimento de caravanas de outras cidades – assim como competições esportivas, almoço, visita ao jardim da infância (com demonstração da banda rítmica), desfile dos estudantes com TG e “Salles Gomes”, números de orfeão, discursos de Paulo Ribeiro (representando a congregação) e Nelson Marcondes do Amaral (ex-alunos).

O mesmo se repetiu nos 50 anos, 60, 70 e, agora, 80 anos de fundação.

Ex-alunos também costumam reunir-se para celebrar seus anos de “damas” e “barões”. A turma de 1972 e 1973, por exemplo, chega a manter um site com to-das as atividades realizadas – e histórias compartilhadas. “Estamos em 1972 e 1973, meninos e meninas correm contra o tem-po. Atravessam a praça Paulo Setúbal ou Pracinha do Barão apressadamente para não chegar após o sinal. Dona Geni, Seu Areski e Seu Ico estão à porta observando o movimento. O diretor - ai que medo - em profunda comunhão em seu trono sagrado, integra os olhares vigilantes. Os professo-res aguardam em sua sala o vai-e-vem da meninada: Dona Leila, incansável instru-tora das letras, incentivadora das compo-sições caprichadas, Dona Brasilísia e seus números às vezes imaginários pelo menos para nós, Seu Diógenes e sua física e ma-temática, Seu Ruedas, espanhol de san-gue, introspectivo, filósofo, Seu Menezes e nossa iniciação ao Latim, Dona Neyde nos ensinou o norte, Seu José dos Santos e os sustenidos, bemóis, clave de sol e nosso querido orfeão, Dona Rosinha de fantástica mão e bom gosto para as artes, Seu Mário Gallego, o grande amigo, alegre, as escultu-ras e poemas declamados com a alma... to-dos eram Seu e Dona. Enfim todos à espera da acomodação dos alunos para iniciarem

Celebrações mantêm viva a memória do estabelecimento de ensino

as lições. Alunos assentados, lá vêm os nossos mestres. Silêncio na sala. Mais um dia, mais esperanças de que o futuro sor-ria naqueles rostos ainda miúdos com seus cérebros faiscantes e desejosos de saber. Quanto aprendemos com eles. Mas não éramos apenas alunos ali. Éramos amigos. Estávamos sempre juntos em toda parte”, relembram os alunos.

A memória também está viva na mente de ex-alunos e ex-mestres do “Barão de Suruí”, como Acassil Camargo. Ele foi pro-fessor de desenho no Instituto de Educação Estadual “Barão de Suruí”. Ele se lembra de Luiza Azevedo, sua primeira professora de desenho – ele é artista plástico e foi pro-fessor de artes plásticas. Depois, teve aulas com Arnulpho Rolf Stadler... Até que virou professor. “Estava no terceiro colegial e o professor Celso de Mello era o dono da cadeira e, então, me chamaram para a di-retoria... Fiquei com medo porque nada tinha feito e naquela época ser chamado para a diretoria não era coisa boa”, inicia ele. “Chegando lá, levei um susto: estavam meu pai, o diretor, o vice-diretor, os dois inspetores – um estadual e outro federal – e o professor Nacif Farah. Aí, me disseram que eu tinha sido indicado para dar aulas e todos já tinham concordado... eu ainda era aluno do Científico e lecionei geometria, geometria descritiva, perspectiva...”, disse ele, que, ao todo, foi professor na escola por 36 anos.

No Instituto “Barão de Suruí”, Acassil Camargo dividia o porão com o professor Mário Gallego. De um lado, as aulas de trabalhos manuais e, de outro, os estudos de mísseis e aeromodelismo. “Os alunos estudavam física e química para fazer seus aviõezinhos e foguetinhos... Também testá-vamos e soltávamos, tanto que, certa vez,

esteve aqui o tenente-brigadeiro José Vaz da Silva, que achou o proje-to espetacular e colocou aviões – reais – à nossa disposição para conhecer locais interessantes para os estudos. Fato curioso foi quando um DC3 estava aqui e uma turma de alu-nos de Porangaba estava aqui. Voamos de verda-de, e os pais até hoje não acreditam nessa história”, disse ele.

Para o professor Acas-sil Camargo, os ex-alunos

do “Barão de Suruí” estão todos bem em-pregados e fazem sucesso no Brasil e ex-terior. “Sou um professor realizado. Todos os meus alunos estão bem, e cada vez que vêm para Tatuí, eles me visitam”.

O bom relacionamento é fruto da rotina que, na época, era marcada pelo respeito, ainda que de forma imposta. “Eles me cha-mavam de Hitler... para você ensinar algu-ma coisa, os alunos têm que ter capacidade de aprender, têm que prestar atenção, tem que estar tudo limpinho... E isso me fazia por ordem na classe”, conta ele.

A professora Nali Abissamra Cleto, que iniciou a atividade de lecionar em 1956, também tem boas memórias. Em qua-tro anos de atividades, ela orgulha-se dos alunos que teve – sempre “constantes e pontuais” –, mas o maior destaque foi o orfeão. Ela, que veio para o município ape-nas para trabalhar, apaixonou-se pela cida-de por causa do orfeão. “Quando eu che-guei de Matão, meus irmãos não queriam que eu ficasse aqui... Mas eu resolvi ficar. Ajeitei meus livros e roupas no hotelzinho Afonso. Mas, naquela noite, na esquina, houve uma briga na qual esfaquearam um homem e o mataram... Isso na minha pri-meira noite. Eu fiquei horrorizada, encaixo-tei tudo de novo e fui para o “Barão”, eu tinha que tomar posse”, disse ela.

A professora chegou à cidade para subs-tituir o professor Nacif Farah nas aulas de música. Amedrontada pela péssima noite de sono e decidida a apenas dar uma úni-ca aula para tomar posse e, em seguida, deixar a cidade, entrou na sala. “Falei de

minha missão difícil de ter de substituir uma pessoa como Nacif Farah, falecido no ano anterior. Pedi para os alunos cantarem alguma coisa, e eles cantaram a ‘Valsa do Professor’, de Nacif Farah. Eu me apaixonei tremendamente, voltei para a diretoria e disse: ‘Professor, eu fico’. Fiquei aqui, co-nheci meu marido, nos casamos e sou mui-to feliz”.

Outra que guarda memórias é Carmelina Monteiro Pires de Campos, que foi aluna e professora da instituição. No período como aluna, ela lembra-se do professor que mais lhe dava medo: Ruedas. “O professor de português era imprevisível... Havia dias em que se um lápis caísse no chão era um in-ferno”, lembra ela, que também se recorda de outros professores, como Acassil Ca-margo, Laerte...

O fato do “Barão de Suruí” reunir tantas memórias tem a ver com um tal de “espíri-to de coleguismo”. “Ao mesmo tempo em que era tudo muito sério, havia um cole-guismo muito grande, uma afeição muito grande”.

Uma das figuras mais excêntricas era o professor de biologia doutor Jarbas: “A gente aprendeu biologia com ele... Ele era excêntrico, bravo... Havia quem desmaias-se na aula dele”, inicia ela. “Mas até hoje eu me lembro das famosas ‘chaves’ que ele nos propunha. Algo como: a biologia é a ciência que analisa, classifica, relacio-na e compara o ser humano em geral, os animais em particular...” E assim continua Carmelina que, depois, voltou como “ba-ronesa” – as professoras que lecionavam no instituto de educação eram chamadas assim porque, à época, os estudantes da instituição eram considerados “elite” e, portanto, mestras eram denominadas ba-ronesas.

Carlota Franco, ex-aluna do “Barão do Su-ruí”, foi casada com o excêntrico professor Jarbas. “Ele teve 22 processos nessa escola que questionavam conteúdo e forma de le-cionar. Ele ganhou todos e ainda foi escrito que um professor como ele era difícil de se encontrar. Ele dava algo muito superior ao curso”, lembra ela, que também foi aluna dele, em São Paulo. “Ele era muito bonito, as alunas se apaixonavam muito por ele... Nas aulas, ele nunca utilizava uma ficha, ele sabia tudo a respeito”, relembra.

Muitos nomes fazem a história do “Barão de Suruí”. E muitas também são as histórias de cada uma das pessoas que passaram por ali.

Orfeão incrível

70 anos do Barão de Suruí (1970)

06 Tatuí, 27 de abril de 2011

Page 7: Barao de Surui: 80 anos

Uma das atividades que integram a programação dos 80 anos da atual Escola Estadual “Barão de Suruí” é a instalação do monumento em homenagem ao professor Nacif Farah. A é obra do artista plástico Cláudio de Camargo.

Nacif Farah foi o primeiro professor de música do “Barão de Suruí”, tendo regido o notável “orfeon”. Sua estátua inte-gra a série “Capital da Música”, que eterniza ícones da músi-ca local. Um maestro já foi instalado na rotatória da avenida Firmo Vieira com a rua São Bento, próximo ao Conservatório. O monumento do músico João Baptista Del Fiol e seu violon-celo estão instalados na Praça da Matriz, em frente ao Hotel Del Fiol. O monumento de Bimbo Azevedo foi também insta-lado na Praça da Matriz, em frente ao Café Canção.

Os ícones de músicos tatuianos, instalados gradativa-mente, fazem parte de projeto turístico

da Prefeitura de Tatuí, com atuação da Secretaria Municipal de Cultura, Turis-mo, Esporte, Lazer e Juventude e do Comtur (Conselho Municipal de Turis-mo) e prevê 13 monumentos de per-sonalidades musicais.

Os próximos a serem homenageados são os tradicionais seresteiros. Noel Rudi e Zé Fiuza serão os primeiros, e

o trabalho seguirá com as esculturas de Dito Rolim, João do Irineu, Osmil Martins e

Raul Martins.A idealização do projeto é do publicitário Gio-

vani de Arruda Campos e as obras, do artista plástico Cláudio de Camargo.

Nacif Farah nasceu em Capivari, no dia 22 de agosto de 1902. Filho de José Ignácio Farah e Eduarda Lhamas Farah. Diplomou-se em primeiro lugar no curso de farmácia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ribeirão Preto. Sua formação mu-sical deve-se ao cônego Oscar Sampaio Peixoto, que procurou familiarizá-lo com os segredos da harmonia e contraponto.

Professor Nacif Farah terá monumento na praça Paulo Setúbal

NacifMeia-noite. Luar. Silêncio em tudo. Frio.

Hora de assombrações nos becos... nos quintais...Dorme do Poeta o bronze, entre o arvoredo, em paz.

Apenas, quando em quando, ulula um cão vadio...

...No casarão da Escola – (eu sonho) – há boitatás...Perpassa-me, alto a baixo, um gélido arrepio...

E pálido, e assustado, a vida por um fio, junto deles estou – espectros infernais!

Que doido sarilhar no prédio a horas mortas!E eu vejo então no sonho, extático, surpreso, aos retintins sambando as túrgidas retortas...

e em rigoroso forma – estranhos sinfonistas –provetas e balões, no anfiteatro aceso,

na execução da “Ester” vibrando como artistas...

Extraído de “Suruíadas – Professores de Hoje e de Ontem do Instituto de Educação Barão de Suruí”. Versos de Hugo Pires, 1958.

É o autor da obra sacra “Sete Palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz”, a três vozes mistas (soprano, contralto e baixo), com acompanhamento de órgão ou harmônio, que foi premia-da pelo governo da Espanha e até hoje é executada durante as cerimônias da “Semana Santa” em igrejas da França, Portugal, Espanha e Brasil.

O revisor desta obra ficou extasiado diante dos profundos conhecimentos contrapontísticos demonstrados no trabalho do então jovem compositor, de 23 anos. Com 16 anos, Nacif compôs duas fantasias: “Éster” e “Noêmia”, prenúncio de um compositor sinfonista.

Lecionou música nas cidades de Franca, Casa Branca e Mogi Mirim, todas do Estado de São Paulo. Em 1931, veio para Tatuí, sendo o primeiro professor de música do Ginásio do Estado - “Barão de Suruí” (assumiu cadeira em 11 de setembro de 1931 e inaugurou o orfeon do ginásio estadual em 24 de novembro – semana de Santa Cecília, padroeira da música). Também nesta escola lecionou a disciplina de química por muitos anos con-secutivos. Organizou e regeu um orfeão de muitas vozes, que conquistou vários prêmios pelo Estado de São Paulo.

Foi um professor completo, pois, além de aulas de suas dis-ciplinas, orientava seus alunos nos mais amplos aspectos da educação integral. Foi o criador do côro “Santa Cecília”, da Igre-ja Matriz Nossa Senhora da Conceição, sendo seu organista e regente.

Casou-se em 1933, com a professora Francisca Vieira de Ca-margo Farah, nascida em Tatuí. Tiveram dois filhos: a professora Alzira Camargo Farah Loretti e o professor e pianista Mário Edi-son Camargo Farah.

Toda a obra composta por Nacif Farah apresenta uma varie-dade rítmica, melódica, riqueza harmônica e trato contrapon-tístico. Nas suas composições musicais, utilizou-se de poesias de Castro Alves, Fagundes Varela, José Lannes, Paulo Sílvio Aze-vedo e José Celso de Mello.

Nacif Farah faleceu na cidade de Tatuí em 15 de outubro de 1955, data em que se comemora o “Dia do Professor”.

07Tatuí, 27 de abril de 2011

Page 8: Barao de Surui: 80 anos

Programação variada marca celebração de oito décadas

Apoio Cultural:

Apoio - Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude

Os 80 anos da Escola Estadual “Barão de Suruí” foram marcados por uma série de atividades num progra-ma que incluiu ações musicais, premiação, exposição e baile.

Uma solenidade agendada para as 10h do dia 25 de abril marcou a abertura da exposição de fotos com a história do estabelecimento de ensino. No dia seguinte, houve desfile comemorativo na praça Paulo Setú-bal e inauguração do monumento em homenagem a Nacif Farah, seguido de culto ecumênico.

No dia 27, três ações acontecem a partir das 20h: exposição em homenagem a Mário Gallego, sarau com seresteiros e poetas, seguida da entrega do prêmio ao vencedor do “Concurso de Logotipo 80 Anos”. Um concerto com o Coral da Cidade José dos Santos acontece às 20h do dia 28. A programação termina no dia 29, a partir das 22h, com o “Baile do Barão”, na Associação Atlética XI de Agosto.

Uma marca dos 80

O diretor da Escola Estadual “Barão de Suruí”, Marcelo Miranda, coordenou uma comissão especial que elegeu uma marca para os 80 anos do estabelecimento de ensino. A comissão reuniu-se no dia 9 de março para escolher, dentre os logotipos inscritos, aquele que melhor representasse os 80 anos da escola.

A comissão esteve formada pelos professores Maria Cristina Manis (vice-diretora), Leila Sallum Menezes da Silva, Maria Aparecida Holtz de Campos, Angélica Prestes F. de Camargo, Daniela Fernanda Floriano Viei-ra, Wid Meyer Florentino Silva, Rute Severino, Neide Maria Formigoni Mazzer, Solange Aparecida de Paula Silva e por Claudemir R. Silva, Adriano Pontes de Toledo e Luiz Felipe P. de Carvalho.

A comissão elegeu cinco logotipos, sendo que o premiado em primeiro lugar, utilizado nos materiais de celebração, foi o desenvolvido por Rodolfo Peixoto, que também recebeu prêmio de R$ 1.000.

Em segundo lugar, ficou o logotipo elaborado por Cláudia Zaccarelli Ferreira. Em terceiro e quarto lugar, os inscritos por Marcos Rogério Bueno. O quinto foi o de Pedro Villa. Todos receberão certificados.

Construção do prédio do 4º ginásio do Estado‘Barão de Suruí’ (1930)

Galpão do pátio(1938)

Gabinete de química(1938)

Vista da Praça Paulo Setúbal(1940/45)