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Interferência Organizacional com métodos de marketing em uma Economia solidária

Fernando Ribeiro Chagas

Gabriela Santos Tizzo

Isabela Ferreira Andrade

José Alvim Júnior

Raphael Carvalho Rosa

Resumo

A economia solidária tem enfrentado grandes desafios de marketing no Brasil. Hoje, diversas organizações que se enquadram nesse tipo de atividade devem estar atentas a uma série de fatores para a obtenção de um bom planejamento de marketing: a análise dos ambientes internos e externos, o estudo do macroambiente e o entendimento do ambiente de mercado, juntamente com os conceitos chave da bibliografia, com o objetivo de traçar estratégias que deem novas perspectivas de crescimento para a organização. Utilizando desses fatores como metodologia, o presente artigo possui como objetivo construir soluções viáveis e práticas para uma economia solidária, o grupo de dança denominado Grupo de Dança Black's de Rua, da cidade de Uberlândia-MG. Foi verificado que, se analisado corretamente, o mercado de Uberlândia possui algumas oportunidades, como a grande quantidade de faculdades e suas turmas realizando eventos de formatura e algumas ameaças, como a burocracia na obtenção de recursos mediante a lei Rouanet. Além disso, observou-se que o grupo possui ainda algumas fragilidades em seu produto, como a duração das apresentações e algumas forças como o vínculo com as crianças do bairro que atuam. Dessa forma, conclui-se que existem maneiras de planejar e organizar o marketing na economia solidária a fim de possibilitar a expansão dos negócios e fortalecer a criação cultural.

Palavras-chave: economia solidária, análise de mercado, dança, planejamento de marketing

1. Introdução

O ambiente de trabalho nos permite constatar a influência da hegemonia no modo de produção capitalista em que prevalecem os interesses individuais, a luta pelo poder e o trabalhador se encontra totalmente alienando, em contraponto a esse comportamento surgem às organizações da chamada economia solidária. Ao contrário do capitalismo, a economia solidária é gerida pelos próprios trabalhadores coletivamente de forma inteiramente democrática, além de se caracterizar como um modo de produção baseado na igualdade, uma vez que a separação entre meios de produção e trabalho não existe.

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No entanto, as organizações formadas por associações, cooperativas ou grupos com interesses comuns enfrentam muitos desafios em gerir e administrar o próprio negócio como a dificuldade na obtenção de crédito, a perda da consciência ideológica, a falta de políticas governamentais que ofereçam formação acadêmica e incentivem tais empreendimentos e principalmente conquistar novos consumidores e garantir seu espaço no mercado.

O marketing oferece ferramentas cruciais para os empreendimentos se inserirem no mercado de trabalho. Pode ser definido como um processo lógico que identifica necessidades define e mede o potencial de rentabilidade, identifica mercados-alvo e desenvolve estratégias e projetos adequados para criar o valor a ser entregue aos clientes. Portanto, o marketing oferece grandes bases para a solução dos problemas que os empreendimentos solidários enfrentam, uma vez que podem analisam o ambiente de mercado, oferecendo as diretrizes corretas a serem seguidas.

O presente artigo tem como objetivo oferecer soluções com fundamentos em marketing, para um empreendimento solidário, através da analise de seus pontos fortes e fracos e desenvolvimento de estratégias de longo e curto prazo que deem novas perspectivas de crescimento para a organização.

O empreendimento analisado foi o Black`s Dança de Rua Esperança (BDRE), sediado no bairro Esperança na cidade de Uberlândia, Minas Gerais. O BDRE é um grupo de dança formado por moradores do bairro, que visam à formação de caráter através da dança, utilizando diversas formas de expressão de movimentos com a finalidade de contar as diversas histórias culturais.

Para estudo do empreendimento foi utilizada como metodologia, uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo cujo método de procedimento escolhido foi o estudo de caso com observações diretas no local e que gera um caráter maior de profundidade e detalhamento a cerca do objeto estudado. Os dados foram coletados através de entrevistas com pessoas-chave da organização, realizadas no local em dois dias, além de uma análise de arquivos e documentos fornecidos pelos integrantes do projeto. Os dados foram analisados levando em conta como o marketing viabiliza a sustentabilidade de um empreendimento, além da história e ações realizadas pelos mesmos, bem como a sua intenção junto ao projeto.

2. Fundamentação Teórica

De acordo com Paul Singer (2000), economia Solidária é basicamente as atividades da economia de produção, distribuição, consumo poupança e crédito organizadas de uma maneira diferente dos modelos de gestão tradicionais, uma vez que é centrada na valorização do ser humano e não do capital. É uma maneira mais igualitária, menos hierarquizada e mais sustentável de gestão, pois ela prevê a preservação dos ecossistemas assim como a distribuição da renda arrecadada para todos que participam da organização.

‘’De forma alternativa ao modo de produção capitalista, a economia solidária configura-se em uma opção aos cidadãos marginalizados no mercado de trabalho’’ (SINGER, 2000, p. 72). De fato, devido às altas taxas de desemprego, a proposta cooperativista da economia solidária, foi uma solução encontrada por parte dos trabalhadores marginalizados do mercado de trabalho de gerarem renda para si mesmos e para a comunidade da qual fazem parte.

O brasileiro Euclides Mance (2003), um dos principais teóricos da economia solidária na América Latina, acredita que além da geração de novos postos de trabalho e

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da distribuição de renda essa maneira de gestão deve se preocupar com a efetiva viabilidade de desenvolvimento de projetos solidários na comunidade.

‘”Quando são organizadas, as redes locais operam no sentido de atender as demandas imediatas da população por trabalho, melhoria no consumo, educação, reafirmação da dignidade humana das pessoas e do seu direito ao bem-viver, ao mesmo tempo em que combatem as estruturas de exploração e dominação responsáveis pela pobreza e exclusão, e começam a implantar um novo modo de produzir, consumir e conviver ’’. (MANCE, 2003, p.221)

No entanto, Mance (2003) ressalta que a economia solidária enfrenta muitas dificuldades e obstáculos, dentre eles, o maior desafio é tornar-se uma economia orgânica e aberta a toda a sociedade, não sendo restrita à comunidade a qual faz parte. Certamente, esse processo de inclusão na sociedade necessita de alguma estratégia de marketing, para fazer com que as pessoas fora da comunidade conheçam e participem das atividades propostas feitas pela organização solidária. A American Marketing Association (AMA) define marketing como:

“O Marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado’’. (AMA, 2004, http://www.marketingpower.com/AboutAMA/Pages/DefinitionofMarketing.aspx)

Em termos gerais, o autor americano Philip Kotler (2006) afirma que marketing diz respeito a identificar e satisfazer as necessidades ou desejos humanos e sociais, transformando-as em uma oportunidade de negócios lucrativa. É possível fazer marketing de bens, serviços, eventos, experiências, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias, desde que haja uma demanda potencial para alguma dessas oportunidades.

Para Peter Drucker (1973), um dos principais autores da administração, o objetivo principal do marketing não é vender, sendo a venda apenas ‘’a ponta do iceberg’’. Para ele:

“O objetivo do marketing é tornar supérfluo o esforço da venda. Seu objetivo é entender tão bem o cliente que o produto ou serviço adequado a ele se venda sozinho. Idealmente o marketing deveria resultar em um cliente disposto a comprar. A única coisa necessária então seria tornar o produto ou serviço disponível’’. (DRUCKER, 1973, p.64).

Drucker (1973) ainda defende que o planejamento estratégico de marketing é um processo lógico que visa analisar as oportunidades, selecionar mercados- alvo e desenvolver estratégias e projetos de marketing. Não obstante, é imprescindível desenvolver uma marca forte, e principalmente, entregar valor ao cliente de maneira que ele se fidelize a marca ou serviço. Isso deve ser feito através de muita pesquisa, que vai desde a criação e entrega de valor para clientes de determinado nicho até uma análise das melhores oportunidades do mercado.

A essa extensa análise é dado o nome de SWOT (strengths, weaknesses, opportunities, threats), e o objetivo dela é analisar tanto os ambientes interno e externo à empresa, salientam Philip Kotler e Kevin Lane Keller (2006). Eles explicam que o macroambiente envolve as variáveis econômica, demográfica, tecnológica, político-legal e sociocultural, enquanto que o microambiente envolve os agentes clientes, concorrentes, distribuidores e fornecedores. Tanto o macro como o microambiente tem a

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capacidade de afetar os lucros da empresa, logo esta deve estar atenta a mudanças oportunidades e ameaças que cada ambiente proporciona.

Em seu livro, administração de marketing, Kotler e Keller (2006) ainda explicam o mix de marketing, composto pelos 4 P’s: produto, preço, praça e promoção.

O produto é um bem ou serviço, que deve ser desejado pelo cliente, o que é analisado pela hierarquia de valor. Para se ter uma identidade de marca, os produtos devem ter algum diferencial que os torne mais atrativos e desejados pelas pessoas que outros produtos oferecidos pela concorrência.

Preço é o único elemento do mix de marketing que produz receita; os demais produzem custos (KOTLER, KELLER 2006 p. 428). Deve-se elaborar uma estratégia de preço eficiente, para que o consumidor esteja disposto a pagar por aquele produto, o preço justo. Além disso, é possível atrair consumidores através de descontos, parcelamentos, financiamentos etc.

Praça ou canais de distribuição são organizações dependentes entre si que estão preocupadas em disponibilizar um produto ou serviço através de um processo que não deve apenas servir mercados, mas criar mercados. O produto deve estar acessível ao cliente, de modo que este possa adquiri-lo facilmente, sendo este canal direto (lojas de fábrica) ou indireto (através de intermediários).

Promoção é a maneira de divulgação do produto, o que influencia diretamente na maneira que as pessoas percebem a marca. Há basicamente alguns tipos de promoção como; propaganda (anúncios pagos por algum patrocinador que promove alguma ideia, bem ou serviço), promoção de vendas (cupons, prêmios ou concursos) e relações públicas (programas desenvolvidos para promover e proteger a imagem da empresa ou de algum produto da mesma). É muito importante, pois torna o consumidor ciente da existência de determinada empresa ou produto.

Para Cobra (1992, p. 322), “serviços são atividades, benefício ou satisfação oferecidos para venda”. O autor aponta ainda que o serviço é algo produzido e consumido ao mesmo tempo, tendo as características da intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. Os autores Booms e Bitner (BOOMS; BITNER apud KOTLER, 2002) foram os primeiros a sugerir a introdução de outros 3 P’s de serviços, conhecidos como prova física, pessoas e processos. Kotler (2002) define os 3 P’s como:

Prova física – é basicamente o local onde o serviço é prestado e os elementos que o constituem. São as condições físicas do ambiente onde o serviço é prestado, tal como decoração, limpeza e até mesmo o uniforme dos funcionários ou folhetos apresentados;

Pessoas – são os funcionários que interagem diretamente com os consumidores, os prestadores de serviços. Devem estar sempre bem humorados e informados sobre os serviços que serão vendidos;

Processos – diz respeito ao método usado para a venda do serviço, escolhido através de uma análise do perfil do cliente. Um restaurante pode servir comida self-service ou pratos à la carte, por exemplo.

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3. A Organização

O grupo Black’s Dança de Rua Esperança (BDRE) nasceu dentro do Centro de Assistência Fraternidade Universal – CEAFU que existe enquanto instituição no Bairro Esperança a mais de 10 anos. Em 2003 iniciou-se o projeto de dança de rua que originariamente começou com o nome Balé de Rua Esperança, devido à parceria firmada com o grupo de dança Balé de Rua. Em sua primeira aparição ao público de Uberlândia ainda em 2003, o grupo até então formado por 25 integrantes, venceu o Festival de Dança do Triângulo na categoria amador.

O grupo de dança ganhou força dentro do bairro e em 2004 possuía 52 integrantes, dessa forma o espaço para ensaios foi para a Escola Municipal do bairro (EMEI), pois os números de integrantes superava a capacidade do centro de assistência, onde antes eram os ensaios. O crescente número de alunos era respaldado pelos familiares, pois acreditavam que o grupo de dança poderia ajudar suas crianças e adolescentes e distanciá-los da criminalidade.

De 2004 até 2007 a parceria com a Cia. De Dança Balé de Rua se manteve, até que em 2007 a parceria acabou e houve a necessidade de alterar o nome do grupo. Em uma conversa interna entre seus participantes o grupo decidiu manter a sigla BDRE, uma vez que o grupo já era conhecido pela sigla, e alterou o nome para Black’s Dança de Rua Esperança.

Desde seu inicio até hoje o grupo se apresenta em feiras de economia solidária, eventos culturais, palestras sobre cultura urbana, festivais e recentemente participou do festival em Santa Maria - RS e teve participação na formatura da turma de moda da Universidade UNITRI.

Atualmente o grupo conta com aproximadamente 20 integrantes, sendo eles separados por idade de 8 a 14 anos o grupo se chama Esperancinha e é formado por 8 crianças dançarinas. Já o grupo principal (BDRE) possui 12 integrantes que dão aulas para o grupo Esperancinha e ensaiam para as apresentações futuras.

4. Análise do Macroambiente

Ambiente demográfico

A cidade de Uberlândia, segundo o IBGE, localidade onde o grupo de dança atua, é composta, atualmente, por aproximadamente 608 mil habitantes e se encontra em expansão territorial, sendo que a 55% da população é da etnia branca e 8.3% é preta. A maior parte dessa população se encontra entre os 20 e os 29 anos e possui, em sua maioria, domicílios particulares permanentes em forma de casa e apenas 13.1% mora em apartamentos. De forma geral, os domicílios possuem em torno de 2 a 3 moradores, sendo que eles não possuem responsabilidade compartilhada.

De 2000 a 2010, o IBGE informou que o número de pessoas com ensino superior no país aumentou significativamente de 4,4% para 7,9%, um aumento de quase 100% no país. Hoje, aproximadamente 50% das pessoas no Brasil não são alfabetizadas ou possuem fundamental incompleto. No entanto, nos anos 2000 esse número era de 66%, o que demonstra uma ligeira evolução nesse quesito.

Ambiente econômico

De acordo com o Censo IBGE 2010 a população de Uberlândia em sua maioria possui renda de 2 a 5 salários mínimos. Porém, há uma discrepância entre os salários

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mensais dos habitantes da etnia preta e dos brancos: 55,2% dos pretos recebem de ½ a 2 salários mínimos por mês contra 40,8% dos brancos.

O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) uberlandense, datado do ano 2000, é de 0,83; considerado um índice satisfatório para a média do estado, que é de 0,766; e da média nacional, que é de 0,757. A renda per capita da cidade é, atualmente, de R$ 865, sendo a 4ª no ranking do estado de Minas Gerais.

No Brasil, em 2010, aproximadamente 55% da população estava endividada; já em 2011, a porcentagem caiu para 50,4%. No entanto, o IEF (Índice de Expectativa das Famílias) aponta que 32% destas não possuiriam condições de quitar os débitos. Entre as famílias pesquisadas, quase 80% disseram que não estão ameaçados de perder o posto de trabalho, fazendo com que este seja o melhor índice de segurança do trabalho do ano pesquisado.

Ambiente natural

No que diz respeito ao ambiente natural do local de atuação do grupo de dança, pode-se dizer que a cidade possui níveis bastante satisfatórios de saneamento básico, como distribuição e redes de água e esgoto em quase todos os domicílios da cidade. No que se refere à energia elétrica, o grupo de dança, bem como quase todo o bairro, conta com uma rede elétrica normal da cidade, porém, com um custo bastante alto. Em seus treinamentos e aulas, o grupo de dança produz pouco lixo, que é coletado pela prefeitura regularmente, o que não afeta o meio-ambiente local.

Ambiente tecnológico

Por meio do decreto nº 7.175, de 12 de maio de 2010, a então presidenta Dilma Rousseff, em conjunto com o governo, iniciou o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), chamado também de Brasil Conectado. O plano tem em seus fundamentos o desenvolvimento da infraestrutura tecnológica de internet a preços mais acessíveis. O impacto desse plano, portanto, é possibilitar o compartilhamento de cultura e de conteúdos gerais, como educação, notícias e entretenimento para classes menos favorecidas. No entanto, a expansão desse plano até a cidade de Uberlândia e mais especificamente para o bairro Esperança pode demorar mais do que o previsto e, mesmo quando chegar, pode ser que a velocidade de internet não seja ideal para o objetivo principal do projeto.

Ambiente político-legal

No que diz respeito ao ambiente político-legal, pode-se destacar a Lei Rouanet, que, segundo o Ministério da Cultura do Brasil, é a lei que institui políticas públicas para a cultura nacional, promovendo, protegendo e valorizando as várias expressões culturais nacionais. Essa Lei, de dezembro de 1991, permite que pequena parte de alguns impostos, que são recolhidos por indivíduos e empresas pela Receita Federal, sejam investidos em cultura. No entanto, como as empresas e pessoas escolhem o destino do dinheiro, ou seja, para que tipo de expressão cultural desejam apoiar, a lei Rouanet obriga que as lideranças de movimentos culturais busquem o apoio de instituições privadas e da população de uma maneira não tão “cultural” e sim, como forma de manter sua própria existência.

Além disso, para obtenção de recursos através da lei de incentivo à cultura, é necessário que se desenvolva um projeto altamente complexo e que torna o processo

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ainda mais burocrático. Depois disso, para aprovação dos mesmos, os projetos passam por uma triagem e uma análise específica que segmenta as expressões culturais, o que dificulta ainda mais a captação por parte dos grupos culturais.

Ambiente sociocultural

Quanto ao cenário cultural da cidade de Uberlândia, podemos destacar alguns movimentos importantes e que são muito famosos, de acordo com a prefeitura:

O Congado, também conhecido como “congada” ou “congo”, é um festejo popular religioso afro-brasileiro mesclado com elementos religiosos católicos. É um movimento cultural sincrético, ou seja, envolve danças, cantos, instrumentos musicais e crenças. Esse movimento é marcado por passar por várias ruas da cidade entoando cânticos e músicas próprias de sua expressão cultural.

A Festa Junina, que envolve a celebração a Santo Antônio, dia 13; São João Batista, dia 24; e São Pedro, dia 29. Essa festa acontece nas vésperas da colheita do milho e de outros produtos da terra pela força da tradição de que se precisa da benção divina para que a colheita seja bem sucedida. Em Uberlândia, essas festas são muito comemoradas, com destaque para a Festa Junina do Bairro Umuarama e a do Mercado Municipal, ambas bastante famosas. Além disso, muitas festas costumam acontecer na zona rural, pois no entorno da cidade estão localizadas fazendas extremamente produtivas.

A festa possui um episódio bem característico de sua tradição: a quadrilha, que inicialmente era uma dança para fazendeiros nobres, mas depois se tornou um feito caipira, com a inserção de elementos como roupas retalhadas e o “casamento da roça”. Além disso, a festa é, em geral, uma grande demonstração de fé religiosa, que se percebe facilmente no elemento da fogueira e do ditado popular “quem tem fé não queima o pé”.

O Festival do Triângulo, que tem como objetivos (segundo a secretaria municipal de cultura da cidade de Uberlândia): divulgar e incentivar o trabalho dos grupos, escolas, academias ou artistas independentes inscritos, propiciar a formação de público e fomentar o ensino/aprendizagem da dança em Uberlândia/MG e região; disponibiliza local, organização e público para apresentações de grupos de dança mediante inscrição paga anteriormente. O Festival atrai diversos grupos de dança pela sua visibilidade e por sua tradição, tornando as apresentações muito competitivas e acirrando a disputa entre os grupos.

Uberlândia também é destaque no que se refere ao cenário de festas de música eletrônica e de grandes eventos musicais de música sertaneja, que ocorrem na exposição agropecuária da cidade. Bares e restaurantes situados na principal avenida do município também expressam a preferência dos cidadãos em seu momento de entretenimento. A criação de novos shoppings e de novas oportunidades para se divertir demonstra que o Uberlandense está em busca de novas possibilidades de escolha, o que não deixa de ser um avanço para a competitividade interna da cidade em relação ao ambiente sociocultural. No entanto, a existência de poucos teatros prejudica a expressão de grupos de teatro e de dança.

Com relação ao cenário empresarial, Uberlândia se destaca por ser nacionalmente conhecida como um local de turismo de negócios. Com a ocorrência de muitos eventos, congressos, simpósios e encontros empresariais em muitos centros de convenções da cidade, habitantes de regiões próximas a Uberlândia migram temporariamente para o município, valorizando a cidade e os eventos que são aqui realizados.

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O panorama político-eleitoral da cidade, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, com a participação eleitoral aumentando e os resultados aparecendo de forma transparente e benéfica para a cidade, se demonstra cada vez mais maduro. Isso acontece, pois atualmente o eleitor possui maior instrução e também porque o número de candidatos com ensino superior cresceu quase 4%, o número de candidatos com fundamental completo quase 1% e o número de alfabetizados aproximadamente 3%.

Apesar disso, a grande procura pela vaga de vereador na câmera pode também ser explicada pela grande remuneração, que hoje é de aproximadamente R$ 15.000 por mês. Com o aumento do número de candidatos, a concorrência entre eles favorece a criação de propostas para a população e estimula que mais problemas da cidade sejam abordados e mais projetos discutidos.

Como Uberlândia possui uma universidade federal e inúmera outras faculdades particulares, a demanda por bailes de formatura com apresentações de bandas e outras atrações é grande. Nesse panorama, as turmas que se envolvem na formulação dessa festa estão em busca de tornar suas graduações algo marcante para suas vidas, o que deixa esse segmento bastante competitivo no mercado quando se refere em salão de eventos e organização de festas.

Em geral, o ambiente sociocultural da cidade é bastante diversificado e complexo, o que não favorece a aparição de expressões culturais de maneira fácil e tranquila. De certa forma, expressões que já se adequam aos padrões apresentados pelo município se absorvem mais facilmente na acirrada competitividade que existe na diversidade cultural e em sua penetração social.

5. Ambiente de Mercado

ClientesO BDRE (Blacks Dança de Rua Esperança) não possui nenhum cliente fixo.

Vivem de apresentações esporádicas, que na maioria das vezes, ocorrem sem remuneração. O grupo já se apresentou para os seguintes segmentos:

Faculdade particular Unitri, em 2012; Bairro Esperança, em escolas e lugares públicos do local, frequentemente; Cooperativa de Construção Civil (na cerimônia de abertura), em 2008; Prefeitura de Uberlândia, em 2008.

Verifica-se que os “clientes” que o grupo de dança possui são, em sua maioria, não relacionados à cultura e a dança de forma geral. São clientes que promovem apresentações para entretenimento de seu público, fazendo com que o BDRE não tenha tanto contato com organizações apoiadoras da libertação e expressão cultural.

Dessa forma, observa-se que para atendimento ao seu propósito de dança, o grupo precisa definir, de uma forma mais concisa, os seus clientes, ou seja, os principais públicos que irão receber apresentações pagas do conjunto. Essa definição promoverá uma identidade ao grupo e os posicionará diante do mercado.

Nesse ponto, nota-se que para que o produto principal do grupo seja essencialmente aproveitado pelos seus reais clientes, o conjunto deve se apresentar para alunos das Universidades, Escolas Primárias, Secundárias e Colegiais a fim de propagar a história da dança, de conquistas importantes, da libertação cultural e expressões de diversidade. Além disso, a dança pode ajudar em uma possível repaginação cultural dos estudantes: a dança como instrumento de diversificação aos ideais culturais existentes.

Fornecedores

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Conceitualmente, o grupo não possui fornecedores, apenas empresas, instituições ou pessoas que fazem doações para que as apresentações, treinos e aulas possam ser realizados. Uma dessas instituições é o Centro de Assistência Fraternidade Universal – CEAFU, que cede o local para o BDRE treinar e efetuar as aulas gratuitas de dança. Materiais como figurino, por exemplo, são esporadicamente doados por alunos de faculdades de moda. A maioria dos cd’s para a execução das músicas também são doados por frequentadores do centro espírita que apoia o grupo.

Dessa forma, a dependência do grupo a esses setores prejudica as apresentações, visto que algumas vezes as doações não são feitas e o conjunto acaba se preparando com o que já tem. É importante citar que essas maneiras de obtenção de recursos (matéria-prima) para as apresentações não ocorrem de maneira planejada.

IntermediáriosOs intermediários são aqueles que ajudam a empresa a promover o seu serviço.

Alguns desses intermediários são os festivais culturais que acontecem em todo o Brasil, os quais o BDRE pode se inscrever mediante pagamento. Os festivais que o grupo já participou foram:

Festival do Triângulo; Festival de Santa Maria, no Rio Grande do Sul; Festivais do Nordeste (RV Nordeste, Festival de Dança de Teresina, dentre

outros); Projeto Escadaria, em Belo Horizonte;

Nesses festivais os grupos têm a chance de se promoverem e mostrar a sua capacidade de dança e teatro para todos os jurados e espectadores. Na maioria das vezes, os festivais possuem premiação em dinheiro, o que chama ainda mais atenção desses conjuntos em todo o país. Alguns festivais, por serem muito concorridos, são muito famosos, como o próprio Festival do Triângulo, e exigem apresentações mais curtas, de 3 a 7 minutos, aproximadamente, para que todos os grupos se apresentem no tempo proposto.

Além disso, outra oportunidade que os festivais trazem aos grupos é a publicidade. Como o evento é composto por espectadores de todo o tipo, empresas que querem realizar campanhas sobre cultura e expressão popular acabam patrocinando certos conjuntos, a fim de terem seus nomes veiculados e/ou divulgados pelo festival e também pelos dançarinos. Os intermediários, por estarem nesse papel complexo de divulgação, promoção e distribuição, são extremamente importantes para os grupos de dança, visto que o seu trabalho cultural é espalhado e potencializado por eles. Dessa forma, os festivais passam a ser um investimento plausível e interessante para os bailarinos e eles têm sido cada vez mais uma boa fonte de recursos e ótimos divulgadores culturais.

ConcorrentesA análise sobre os concorrentes será direta e baseada nos três principais

concorrentes diretos que atuam no ramo do entretenimento cultural, expressado através de diversos tipos de danças e teatro em Uberlândia-MG. Os três podem ser vistos a seguir:

Uai Q DançaO Studio Uai Q Dança, situado em Uberlândia MG, na Rua Felisberto Carrejo,

86, no bairro fundinho, desenvolve suas atividades artísticas na cidade de Uberlândia-MG há 22 anos. Oferece cursos de Dança Educativa para crianças de 3 a 6 anos; Balé Clássico; Dança Moderna; Dança Contemporânea, Sapateado; Alongamento;

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Consciência Corporal; e Dança de Rua. Abriga a Cia Uai Q Dança que funciona em vários núcleos de ideias e formações; O Grupo de Estudos do Movimento - GESC (grupo para estudos teóricos/práticos de temas ligados à dança); O Palco de Arte (espaço cênico para apresentações de espetáculos) e o Projeto Cidadança (projeto de inclusão de pessoas que querem dançar e não podem por motivos diversos.

Grupontapé de teatroO Grupontapé, situado na cidade de Uberlândia MG, Rua Chile, 36, no bairro

Tibery, foi criado em 1994, durante a montagem do espetáculo “A Mulher Sem Pecado”, de Nelson Rodrigues. Como resultado deste projeto, quatro atores decidiram dedicar sua vida profissionalmente ao teatro, buscando a partir daí novos integrantes e diversas habilidades para somar a este objetivo.

Tem como princípio a difusão das artes cênicas comprometida com o desenvolvimento social, o grupo faz um trabalho continuo de criação em diferentes linguagens e linhas de pesquisa. Para manter seus projetos em andamento o GRUPO conta com elenco fixo de atores, professores graduados, diretores reconhecidos, consultores especializados e pessoal de apoio. Com seu repertório de espetáculos, oficinas e treinamentos direcionados para os variados públicos o GRUPO tem viajado por todo o país apresentando-se em teatros, empresas, escolas, praças públicas e espaços alternativos.

Cia de Dança Balé de RuaA Cia se situa em Uberlândia MG, na Avenida João Pinheiro, no bairro Brasil.

Fernando Narduchi, Marco Antônio Garcia e José Marciel Silva criaram a Cia. de Dança Balé de Rua (Street Ballet) em 1992, depois de colaborar por 4 anos no movimento grande dança urbana em Uberlândia, uma pequena cidade no meio do Brasil. O Bale Cia de Rua atualmente oferece formação em dança para mais de 300 jovens de diferentes partes do Uberlândia.

Recentemente a Cia. De Dança Balé de Rua fez um tour pelo mundo apresentando seu espetáculo para mais de 350.000 espectadores em países como, França, Suiça, Bélgica, Alemanha, Itália, Austrália, Tailândia e Reino Unido.

6. Ambiente Interno

Através do presente estudo foi possível observar a estrutura do grupo BRDE para entender como é o seu funcionamento interno, ações e planejamentos.

Segunda a coordenadora do grupo de dança, a equipe técnica é formada por quatro integrantes voluntários que cuidam das áreas administrativas do grupo, são eles: Natália D’arc, Coordenadora do projeto, formada em enfermagem que dedicada 30 horas semanais para o projeto. Julielise Lima, oficineira, formada em filosofia e Administração com carga horária semanal de 18horas. Ana Elisa, oficineira, advogada, com carga horária semanal de 24 horas e Betânia Cunha, tesoureira, formada em biologia, com dedicação de 18 horas semanas para o grupo.

Analisando a Infraestrutura, nota-se que o local de treinos e reuniões são realizados no espaço fornecido pelo (CEAFU) Centro de Assistência Fraternidade Universal, que fica no bairro Esperança. Anteriormente, os treinos eram feitos na escola do bairro, mas segundo a diretora do projeto, devido a alguns problemas eles voltaram a treinar na CEAFU. O local de treinamento é formado por cinco cômodos, sendo eles, uma cozinha, três salas, e um banheiro, toda a construção não foi terminada, as paredes estão no reboco e o piso é feito de cimentos com algumas partes cobertas por azulejo. Os cômodos são cobertos por telhas de amiantos, mas no espaço reservado para os treinos não existe nenhuma cobertura, o que impossibilita os ensaios em dias de chuva.

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Além disso, a iluminação a noite não é boa, pois as lâmpadas utilizadas não são específicas para os ensaios. A aparelhagem de som é antiga e composta por um pequeno som leitor de cd e fita, ligado a um caixa de som que reproduz o som para os ensaios. Devido à infraestrutura precária o alvará de funcionamento não foi liberado para o grupo, com a alegação de que será preciso reformar o espaço e adequá-lo as normas descritas no alvará, como o grupo não possui disponibilidade financeira, está sem o alvará de funcionamento.

Os ensaios do grupo são realizados nas segundas, quinta e sextas das 18h30min às 20h30min. O primeiro grupo a ensaiar é o Esperancinha, formado pelas crianças do bairro, o professor faz parte do grupo principal do BDRE, o nome dele é Lucas e é responsável por repassar para as crianças as coreografias e ensaiá-las. Durante algum tempo, foi contratado pela fundação Icasu (Instituição Cristã de Assistência Social em Uberlândia) e recebia uma ajuda financeira para dar os ensaios, mas recentemente à parceria com a Icasu acabou e o professor realiza as aulas voluntariamente. Após os ensaios com as crianças o grupo principal se reúne para ensaiar suas danças, no caso do grupo principal não existe um professor, todos os integrantes são responsáveis por pensar em coreografias, danças, estilos, movimentos e repassar para o grupo, que após conversar, desenvolve toda a dança. O grupo se preocupa em montar a cada ano, uma história diferente para apresentar. Dessa forma todos os ensaios são baseados em um roteiro principal que se preocupa em contar uma história com temas sociais.

Os figurinos são desenhados especificamente para os espetáculos, dessa forma, a cada ano é preciso refazer o figurino. O grupo informou que não possui renda fixa, desta forma é inviável a reformulação dos figurinos anualmente, por isso o grupo desenvolveu algumas formas de fazê-los sem ter que bancá-los financeiramente. Muitos dos figurinos foram feitos pelos próprios integrantes, que pegaram roupas em casa ou de doações e confeccionaram. Além disso, recentemente o grupo BDRE recebeu uma ajuda da turma de Moda da Unitri, que formularam gratuitamente vários figurinos para o grupo.

Como foi dito anteriormente, o grupo não possui renda fixa, o que faz com que o grupo não tenha viabilidade financeira para dar continuidade aos seus projetos. Para que o projeto de sustente, a coordenadora Nathalia, informou que já foram feitos almoços para a comunidade organizados pelo grupo, sendo oferecidos pratos com galinhada, vinagrete e tutu de feijão por R$6,00. Além disso, recentemente em Junho o BDRE fechou uma parceria com o Gabarito, uma escola de cursinho de Uberlândia, e ficou responsável por fazer a festa junina para todos os alunos da escola. O local foi fornecido pelo Gabarito e a responsabilidade do grupo foi decorá-lo e fazer as comidas típicas para serem vendidas durante o evento, sendo assim toda a arrecadação com as vendas foram revertidas para o grupo BDRE.

O grupo BDRE se preocupou em registrar a patente do nome do grupo, pois segunda a coordenadora, com a patente registada o grupo conseguiu se diferenciar do Balé de Rua, outro grupo de dança de Uberlândia. É necessário também, que tenha o registro para que projetos de arrecadação financeira possam ser enviados para instituições governamentais e privadas, afim de que possam arrecadar de recursos para manter o grupo. Porém o dispêndio financeiro é alto, para que a patente fosse registrada durante 10 anos foram gastos em torno de R$3.000,00.

7. Análise Estratégica

Análise de SWOT

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Com a observação e estudo do ambiente externo (mercado e macroambiente) e da consolidação dos dados coletados no aspecto interno da organização, é possível listar, com uma análise matricial denominada SWOT, as potencialidades, fragilidades, ameaças e oportunidades que o grupo tem em seus desafios na construção de um planejamento estratégico de marketing. A tabela a seguir demonstra essa matriz:

POTENCIALIDADES

Dançam contando uma história (aspecto teatral);

Acreditam na dança como um dos aspectos formadores do caráter;

Entrosamento entre os membros do grupo;

Priorização do Bairro Esperança em apresentações inéditas;

Ensino de dança para crianças de escolas públicas do Bairro Esperança;

Possuem facilidade em dançar vários estilos musicais;

Valorizam as raízes do Street Dance.

FRAGILIDADES

Não possuem infraestrutura adequada para ensaios e aulas;

Dificuldade na captação de recursos para investimento;

Falta de planejamento de atividades referentes ao grupo principal;

Não formulação de projetos para captação de recursos mediante leis de incentivo a cultura;

Os integrantes do grupo não possuem dedicação exclusiva ao projeto;

Possuem apresentações mais longas, de aproximadamente 10 minutos;

Dificuldade em conseguir figurinos.

OPORTUNIDADES

Expansão territorial e da população municipal – Aumento do público potencial de espectadores;

Lei de incentivo atrelada a decisões empresariais;

Festival do Triângulo, que acontece todo ano;

Possibilidade de aquisição de banda larga gratuita;

Uberlândia concentra muitas faculdades particulares e uma Universidade Federal, o que gera uma demanda latente em bailes de formatura;

AMEAÇAS

Parte da população endividada;

Cenário cultural não tão flexível;

Dificuldade em captação de recursos mediante a Lei Rouanet (burocracia e complexidade nos projetos);

Existência de grupos da dança com mais capacidade financeira;

Poucos teatros para apresentações de grupos de teatro e dança.

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8. Estratégias

Estratégias para a dimensão Produto

Adaptar o estilo de dança ao conceito de abertura de bailes de formatura, com a intenção de passar a mensagem de conquista, realização de um sonho, esforço, etc. (curto prazo);

Aproveitando o cenário impactante da instalação e manutenção de inúmeras universidades de graduação superior na cidade e a existência de poucos teatros, uma das estratégias do grupo seria repaginar a sua apresentação casual, de modo que ela pudesse passar a mensagem e o lema de que se graduar em uma universidade é realmente uma conquista, que exigiu de cada um determinado esforço e dedicação. A dança, nesse aspecto, emocional e emblemático, provocará nos alunos uma sensação de dever cumprido, alívio e esperança para o futuro.

Para viabilizar essa modificação, sugere-se ao grupo que realize reuniões com turmas que estão prestes a se formar e identifique as principais motivações, problemas, desafios, dificuldades, anseios, vitórias etc, de toda a atividade que envolve cursar uma graduação superior. Além disso, é importante também que se obtenha um grande entendimento da visão cultural dos estudantes, para assim poder ir direto ao ponto: quando for necessário demonstrar seriedade, que referências culturais utilizar? Recomenda-se que o conjunto utilize, nos primeiros momentos, para fidelização e satisfação dos grupos estudantis, referências já conhecidas e entendidas por eles. Por exemplo, se a apresentação for para um grupo de estudantes de filosofia, as referências devem ser filósofos famosos e seus pensamentos, como August Kant e Sócrates, para que elas sejam apropriadas ao cenário em que a turma se encontra.

Confeccionar coreografias e danças em tempos mais curtos. (longo prazo)

Com o objetivo principal da participação nos festivais mais famosos, é interessante que o grupo pense em modificar o tempo de apresentação. Recomenda-se que o tempo total seja em torno de 3 a 6 minutos.

Para nortear esse tipo de mudança, é necessário que o grupo busque apoio em outras referências e estilos para que sua característica original de “dançar contando uma história” não seja modificada e nem prejudicada. Nesse ponto, seria interessante que o conjunto fizesse alguns testes no bairro Esperança e em praças públicas de novos formatos que podem agradar a quem geralmente participa desses festivais.

Estratégias para a dimensão Praça

Verificar a possibilidade de ensino do Street Dance nas Universidades de Uberlândia (UFU, Unitri, etc), com o objetivo de “vender” as apresentações aos graduandos. (curto prazo)

A intenção dessa estratégia seria, em conjunto com a reformulação do produto, vender apresentações aos graduandos que realizarão bailes de formatura. O ensino do Street Dance nas Universidades quebra, mais uma vez, um tabu de consumo cultural. A

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diversificação da sociedade, em termos culturais, é importantíssima para que esses estudantes vejam os benefícios e as vantagens de se ter, em seus bailes, apresentações de dança de rua.

Pensando dessa maneira, a venda da apresentação se torna mais fácil, visto que o contato com o público desejado será facilitado devido às aulas. É importante, nesse caso, viabilizar esse tipo de ensino dentro da Universidade consultando os responsáveis dentro dos campi e questionando sobre a possibilidade e retorno dessa proposta.

Participar de festivais culturais em Uberlândia, adaptando o estilo de dança atual ao requisitado nos festivais. (longo prazo)

Em conjunto com o produto, recomenda-se a participação nos festivais como objetivo principal a venda de shows aos públicos presentes. Ao mesmo tempo em que estiverem acontecendo as apresentações dos grupos de dança, uma pessoa deve ficar responsável por localizar e abordar possíveis clientes para o grupo.

A abordagem precisa ser de maneira clara e objetiva, porém focando na seguinte pergunta: o que a dança de rua e o BDRE podem fazer por esse cliente (empresa, pessoa, instituição, escola, etc.)? A localização deve depender, antes de tudo, na capacidade e interesse do cliente em ter um show de street dance no seu evento.

É importante que nesse caso específico dos festivais o grupo tenha consciência que, para esse propósito, o mais importante não é ganhar a premiação de acordo com os jurados e sim despertar o interesse do público presente, provocando uma demanda latente para suas apresentações. Dessa forma, para que a estratégia funcione é necessária uma grande preparação para o festival: formulação de uma boa apresentação, que seja significativa e interessante para o público; a detecção prévia dos públicos que irão participar dos festivais e, se for possível, o convite a públicos que podem agregar ao evento e por fim a manutenção da alegria em dançar, desde o momento de construção da coreografia até a apresentação final, pois a satisfação dos construtores de arte, como é o caso da dança de rua, determinam muito o seu resultado final.

Estratégias para a dimensão Promoção

Entrar em contato com sindicatos de bairros em que o grupo não é conhecido para verificar a possibilidade de vender produtos (gelados, cachorro quente, pipoca, etc) aos domingos, e, ao mesmo tempo, demonstrar a dança de rua (utilizando a rua como palco) como sendo um aspecto cultural. (curto longo)

Essa estratégia promoveria o grupo em outras localidades, destacando o aspecto humano, ou seja, de proximidade entre as pessoas do bairro, e cultural, fazendo com que a arte seja vista na rua, um lugar que as pessoas não veem como um cenário para isso. Dessa forma, a promoção deixa o grupo mais conhecido e posicionado no mercado de dança, fazendo com que ocorram comunicações de boca-a-boca (buzz marketing) sobre as aparições do grupo em diferentes bairros da cidade.

Em anexo a isso, recomenda-se a verificação de possibilidade da realização de treinos abertos em pistas de skate na cidade, bem como em praças públicas, a fim de promover ainda mais a intenção do grupo em se aproximar das pessoas e também aproximar as pessoas através da dança.

Utilizar o almoço de domingo para divulgar a agenda de apresentação do grupo. (curto prazo)

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Espera-se que, com essa estratégia, os clientes que geralmente vão à sede do grupo para comprar comida possam se informar melhor sobre a agenda do grupo e suas atividades. Isso é importante, pois torna a atividade fim do conjunto mais profissional e frequente: as pessoas vão passar a entender o grupo como algo mais focado, organizado e com boa perspectiva.

Criar perfis em redes sociais com contato, informações e atividades do grupo. (curto prazo)

A criação de perfis em redes sociais elimina a necessidade excessiva de procura dos clientes pelo grupo, e ao contrário, torna mais fácil a busca e a pesquisa sobre o BDRE. Recomenda-se que os perfis sejam atualizados pelo menos semanalmente ou a cada três dias para que os seguidores, clientes, possíveis clientes e fãs do grupo possam saber das novidades, marcar apresentações, agendar reuniões, realizar entrevistas, dentre outras possibilidades.

Estratégias para a dimensão Preço

Vender apresentações em bailes de formatura. (curto prazo)

Com o objetivo primordial em arrecadação de recursos financeiros, a realização de shows em bailes de formatura passa a ser uma estratégia viável e possível. A tradição da maioria das turmas de graduação de inúmeras faculdades em pagar por bailes de formatura e colações de grau consolida a estratégia.

No aspecto financeiro, têm-se duas opções, ambas terão como fim a remuneração do grupo através da venda de um show de street dance adaptado:

1. Formar parcerias com as empresas que realizam bailes e eventos

Nesse caso, o BDRE teria que entrar em contato com as empresas e propor, com uma apresentação bem detalhada, os benefícios de se vender conjuntamente, às turmas que irão se formar, apresentações de dança, com o modelo já detalhado acima na seção estratégica de produto, com o objetivo de valorizar e incrementar o baile das mesmas.

No contato com a empresa, recomenda-se que o grupo tenha preparado uma apresentação modelo, para que os gestores possam verificar a possibilidade e decidir sobre a proposta de uma maneira mais favorável ao conjunto. Além disso, para desencadear ainda mais a oportunidade, é possível observar que as empresas nesse setor estão em favorável concorrência, fazendo com que cada uma busque vantagens competitivas e diferenciais para se destacarem uma das outras.

Dessa forma, a empresa vendedora de bailes que adotasse em sua estratégia de vendas o oferecimento gratuito, para as turmas de graduação, de uma apresentação de Street Dance, teria vantagens se comparada às outras. No entanto, essa apresentação seria gratuita somente para as turmas de graduação, visto que a empresa de bailes e eventos pagaria um montante ao grupo de dança para que o show acontecesse.

2. Vender apresentações e shows diretamente às turmas

A outra opção seria vender diretamente às turmas as apresentações de dança. Nesse caso, é importante destacar a flexibilidade nos momentos de pagamento, montagem de coreografia, horários, dentre outros. Além disso, a venda diretamente às turmas provoca também uma negociação diferente, que pode ser mais aberta: a mudança

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do tempo de apresentação, do valor de venda, da quantidade de dançarinos, do figurino, entre outros aspectos.

Confeccionar um manual de formulação de projetos para captação de recursos, como forma de facilitar o processo. (longo prazo)

A estratégia acima tem o objetivo de facilitar todo o processo de construção, formatação, realização e consolidação de um projeto de captação de recursos segundo leis de incentivo e cultura. Essa modelagem pode ser feita com base em algumas perguntas-base que norteiam a produção desse tipo de projeto, fazendo com que as respostas sejam facilmente adaptadas aos roteiros pré-estabelecidos do governo e de instituições de apoio à cultura, que são altamente burocráticos em seus moldes e que dificultam e muito a elaboração dos mesmos por indivíduos que não partilham do conhecimento acadêmico-científico.

Estratégias para a dimensão Pessoas

Incentivar os alunos de dança a prestarem vestibular, focalizando os cursos de dança, teatro e artes; provocar o espírito cultural dos mesmos. (longo prazo)

No aspecto “pessoas” a estratégia seria provocar o espírito cultural dos alunos do curso de dança, mantendo a paixão e a vontade em dançar não só na infância como na adolescência e na fase adulta. Para isso, recomenda-se que sejam disponibilizados à eles informações sobre os cursos de artes, dança e cultura das universidades presentes na cidade, dados sobre como o movimento se situa hoje no Brasil e no Mundo e apresentações de estudantes que já se formaram ou ainda estão se formando no curso.

Promover uma parceria com o curso de dança da UFU a fim de trocar experiências de coreografias, danças e estilos. (curto prazo)

A estratégia de promover uma parceria com o curso de dança da UFU visa o intercâmbio de informações sobre coreografias, estilos, movimentos e dança de uma forma mais acadêmica e profissional, dando ao grupo uma nova maneira de pensar. Além disso, destaca-se que o curso pode fazer um papel importante na consolidação do grupo como sendo algo bem recomendado dentro da UFU.

Estratégias para a dimensão Prova Física

Adequar e reformular o cartão de visitas do grupo aos padrões modernos. (curto prazo)

O cartão de visitas é uma das mais importantes provas físicas de um prestador de serviços e ele deve ser absolutamente claro, com informações importantes e objetivas, facilitando o contato do requerente e gerando negócios de maneira fácil e rápida. Nesse caso, a estratégia potencializaria o contato com os potenciais clientes e fortaleceria a rede de contatos do grupo com a distribuição dos cartões pela cidade, em eventos, shows e treinos.

Verificar a possibilidade de formar parcerias com cursos de moda e com lojas de vestuário. (longo prazo)

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Essas parcerias dariam ao grupo a chance de ter maior diversidade de figurino em suas apresentações. Recomenda-se que a parceria seja feita pensando em duas opções:

1. Na possibilidade do grupo realizar shows gratuitos para essas lojas/cursos em troca do figurino.

2. Na divulgação e promoção das lojas/alunos que cederam o figurino em apresentações fechadas e abertas do grupo que tenham uma boa audiência.

É importante perceber que as duas opções são justas e efetivas, mas é preciso avaliar o momento do grupo para poder escolher e verificar qual seria a melhor alternativa.

Estratégias para a dimensão Processos

Incluir um quadro de avisos para a demonstração da agenda de atividades do grupo, como forma de planejamento e organização. (curto prazo)

Planejamento e organização são dois fatores importantíssimos para que o grupo crie um padrão de qualidade e profissionalismo com o objetivo de otimizar todos os processos e atividades realizados pelo conjunto. Essa estratégia visa principalmente a diminuição dos imprevistos e a melhora na visualização de longo prazo dos integrantes do grupo.

Planejar a agenda de atividades do grupo com base em datas importantes (feriados, dia dos pais, dia das crianças, etc) e em épocas de oportunidade (olimpíadas, copa do mundo, etc). (longo prazo)

Para que o planejamento de atividades seja coerente com o que o grupo vende é necessário que seja feito um estudo prévio de datas importantes e épocas de oportunidade para eventos e shows de dança de rua e expressão cultural. A estratégia visa, nesse aspecto, promover eventos em datas essencialmente visadas pelo público com o objetivo de atingir o maior número de pessoas possível.

9. Considerações Finais

É comum que empreendimentos solidários enfrentem desafios em gerir e administrar seu próprio negócio, além de fatores externos burocráticos dificultarem o desenvolvimento correto de suas atividades. A metodologia do marketing oferece grandes bases para que os empreendimentos solidários enfrentem seus desafios, suas ferramentas são essenciais para que os problemas que envolvam o mix de marketing sejam resolvidos. A análise realizada juntamente ao grupo de dança BDRE permite identificar alguns desses problemas que norteiam os empreendimentos que ocorrem desde a falta de infraestrutura, problemas no produto e no desenvolvimento de processos, carência na divulgação, dificuldade em arrecadação de recursos até a falta de fatores de profissionalização.

Depois de realizado o estudo dos ambientes internos e externos, o estudo do macroambiente e o entendimento do ambiente de mercado foram traçadas novas estratégias de longo e curto prazo para proporcionar o crescimento do empreendimento.

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Desenvolveram-se soluções viáveis e práticas, baseadas em ferramentas de marketing, que proporcionarão uma melhora significativa nas áreas analisadas. Foram oferecidas soluções que geram oportunidades em todos os P’s do mix de marketing, que visam adaptar o estilo de dança para que possam apresentar em diversos locais, desenvolver parcerias para arrecadação de dinheiro, eventos para divulgação do produto, alternativas para aumentar o conhecimento e o profissionalismo, adequar o figurino e promover uma melhor autogestão de seus processos.

Portanto, investir em planejamento e organização é essencial para este empreendimento, já que com um planejamento das atividades correto o grupo poderá conquistar o seu mercado e otimizar o seus processos eliminando uma variedade de problemas.

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